Ravena Dias Melo - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
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Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />
Escola Nacional <strong>de</strong> Botânica Tropical<br />
A subfamília Panicoi<strong>de</strong>ae (Poaceae) no Parque Estadual<br />
<strong>do</strong> Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil<br />
<strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong> <strong>Melo</strong><br />
2007
II<br />
Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />
Escola Nacional <strong>de</strong> Botânica Tropical<br />
A subfamília Panicoi<strong>de</strong>ae (Poaceae) no Parque Estadual<br />
<strong>do</strong> Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil<br />
<strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong> <strong>Melo</strong><br />
Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> apresentada ao Programa <strong>de</strong><br />
Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional <strong>de</strong><br />
Botânica Tropical, <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong><br />
Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, como parte <strong>do</strong>s requisitos<br />
necessários à obtenção <strong>do</strong> título <strong>de</strong> Mestre em<br />
Botânica.<br />
Orienta<strong>do</strong>ra: Rafaela Campostrini Forzza<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />
Junho 2007
III<br />
A subfamília Panicoi<strong>de</strong>ae (Poaceae) no Parque Estadual <strong>do</strong><br />
Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil<br />
<strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong> <strong>Melo</strong><br />
Dissertação submetida ao corpo <strong>do</strong>cente da Escola Nacional <strong>de</strong><br />
Botânica Tropical, Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Janeiro</strong> – JBRJ, como parte <strong>do</strong>s requisitos necessários a obtenção <strong>do</strong><br />
grau <strong>de</strong> Mestre.<br />
Aprovada por:<br />
Prof._____________________________ - Dra. Rafaela Campostrini Forzza<br />
Prof._____________________________ - Dra. Andréa Ferreira Costa<br />
Prof._____________________________ - Dra. Elsie Franklin Guimarães<br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />
2007
IV<br />
Penso 99 vezes e nada <strong>de</strong>scubro. Deixo <strong>de</strong> pensar,<br />
mergulho no silêncio e a verda<strong>de</strong> me é revelada..<br />
Albert Einstein
V<br />
Dedico esse trabalho aos meus pais, Sulamita e<br />
Roberto, ao meu irmão Bruno, aos meus avós,<br />
ao meu companheiro <strong>de</strong> jornada Luiz Felipe e à<br />
Rosana.
VI<br />
Agra<strong>de</strong>cimentos<br />
À minha família pelo apoio, incentivo e amor incondicional,<br />
especialmente aos meus pais, pela compreensão e por me ensinarem a<br />
ter força e <strong>de</strong>terminação na conquista <strong>do</strong>s objetivos. À prima Rosana,<br />
por ter me acolhi<strong>do</strong> tão carinhosamente em sua casa durante a visita<br />
aos herbários <strong>de</strong> São Paulo e por sua preocupação constante com<br />
minha formação.<br />
Ao Luiz Felipe, companheiro <strong>de</strong> muitas jornadas que<br />
pacientemente sempre esteve ao meu la<strong>do</strong>, nas conquistas e nas<br />
perdas.<br />
Não tenho palavras para agra<strong>de</strong>cer à Rafaela, cuja orientação<br />
ultrapassou a mera relação <strong>de</strong> orienta<strong>do</strong>r-aluno, pois posso afirmar que<br />
na figura da minha orienta<strong>do</strong>ra encontrei uma amiga que sempre esteve<br />
disposta a ajudar, em to<strong>do</strong>s os aspectos e to<strong>do</strong>s os momentos.<br />
Agra<strong>de</strong>ço infinitamente por ter acredita<strong>do</strong> em mim, por sua<br />
compreensão, por seu apoio constante, incentivo e exemplo <strong>de</strong> amor à<br />
ciência.<br />
À Dra. Elsie por estar sempre disposta a nos receber em sua sala<br />
seja para uma conversa informal ou para sanar alguma dúvida.<br />
Aos amigos que tornam a vida tão mais alegre e rica. Àqueles<br />
companheiros da Botânica: Raquel Monteiro, Valquíria Resen<strong>de</strong>,<br />
Mariana Saavedra, Rafael Borges, Luiz Menini e Ana Lúcia.<br />
Expresso gratidão imensurável e profunda ao José Fernan<strong>do</strong><br />
Baumgratz e Adriana Lobão, pelo estímulo, pelo auxílio e assistência<br />
direta. Sem o estímulo e a ajuda <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is talvez este trabalho não se<br />
concluísse.<br />
Agra<strong>de</strong>ço imensamente ao Fabrício M. Ferreira, Pedro Viana e ao<br />
Tarciso Filgueiras pelos comentários valiosos acerca das Gramineae e<br />
pelas dicas <strong>de</strong> bibliografia e, mais ainda, pelo auxílio com i<strong>de</strong>ntificações.<br />
À Cláudia Miranda <strong>de</strong> Barros pelas ilustrações e <strong>de</strong>dicação<br />
carinhosa ao que informalmente <strong>de</strong>nominamos “agrostografia”.
VII<br />
À Escola Nacional <strong>de</strong> Botânica Tropical e ao <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, por toda a estrutura e apoio da<strong>do</strong>.<br />
Aos funcionários <strong>do</strong> RB por terem si<strong>do</strong> sempre solícitos, e aos<br />
cura<strong>do</strong>res e funcionários <strong>do</strong>s herbários visita<strong>do</strong>s pela atenção.<br />
Ao CNPq pela bolsa concedida.<br />
Ao IEF, pois sem o consentimento <strong>do</strong> mesmo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>sse trabalho não teria si<strong>do</strong> possível.<br />
A Deus pela perfeição da existência.<br />
Enfim agra<strong>de</strong>ço a to<strong>do</strong>s que <strong>de</strong> alguma forma contribuíram para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta dissertação, direta ou indiretamente. Peço<br />
<strong>de</strong>sculpas se <strong>de</strong>ixei alguém <strong>de</strong> fora. Só quero que saibam que sou<br />
imensamente grata a to<strong>do</strong>s.
VIII<br />
Resumo<br />
O Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca (PEIB) localiza-se no su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong><br />
Minas Gerais, nos municípios <strong>de</strong> Lima Duarte e Santa Rita <strong>do</strong> Ibitipoca<br />
(21°40’-21°44’S e 43°52’-43°55’W) e abrange 1.923,5 hectares da Serra<br />
<strong>do</strong> Ibitipoca. A altimetria média nos <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Parque é <strong>de</strong> 1.500<br />
metros, sen<strong>do</strong> o pico mais alto da Serra, a Lombada, com 1.784 metros.<br />
A vegetação pre<strong>do</strong>minante na área é o campo rupestre com enclaves <strong>de</strong><br />
florestas. O clima é mesotérmico úmi<strong>do</strong> com invernos secos e verões<br />
amenos. O presente trabalho faz parte <strong>de</strong> um projeto maior que visa<br />
conhecer a flora vascular <strong>do</strong> Parque e para tanto, foram realizadas<br />
coletas bimestrais e os espécimes incluí<strong>do</strong>s no herbário RB. No PEIB<br />
Panicoi<strong>de</strong>ae está representada por 43 espécies e 18 gêneros. Dentre eles<br />
<strong>de</strong>stacam-se Axonopus (7 spp.) e Paspalum (7 spp.), Andropogon (5 spp.)<br />
e Panicum (5 spp.). A maioria das espécies encontradas no Parque<br />
distribui-se amplamente pela América <strong>do</strong> Sul e algumas são<br />
pantropicais, mas sempre associadas a cerra<strong>do</strong>s, campos rupestres e<br />
algumas a ambientes florestais. Destaca-se ainda a ocorrência <strong>de</strong><br />
Melinis minutiflora (capim-gordura), invasora, encontrada nos locais<br />
on<strong>de</strong> a visitação é intensa. São apresentadas <strong>de</strong>scrições, chaves <strong>de</strong><br />
i<strong>de</strong>ntificação e ilustrações para auxiliar na i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s táxons.
IX<br />
Abstract<br />
The Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca (PEIB), is situated in the southeast<br />
of Minas Gerais, in the municipality of Lima Duarte and Santa Rita<br />
<strong>do</strong> Ibitipoca (21°40’-21°44’S and 43°52’-4°55’W) and covers about<br />
1.923,5 hectares of Serra <strong>do</strong> Ibitipoca. The average altitu<strong>de</strong> of the Park<br />
is 1.500 meters, the highest peak is the Lombada, with 1.784 meters.<br />
The pre<strong>do</strong>minant vegetation in the area is campo rupestre, but there<br />
also enclaves of forest. The climate is mesotermic humid with dry<br />
winters and mild summers. The present work is part of a larger project<br />
that aims to <strong>de</strong>scribe the vascular flora of the Park and for this,<br />
bimestrial collections were ma<strong>de</strong> and the specimens were inclu<strong>de</strong>d at<br />
the Herbarium RB. The Panicoi<strong>de</strong>ae are represented in the PEIB by 43<br />
species and 18 genera. Amongst them, the largest genera are Axonopus<br />
(7 spp.) and Paspalum (7 spp.), Andropogon (5 spp.) and Panicum (5<br />
spp.). Most species found at the Park are wi<strong>de</strong>ly distributed through<br />
South America and some of them are pantropical, but always associated<br />
with open habitats. Melinis minutiflora (capim-gordura), a weed, foun<strong>de</strong>d<br />
where visitation is intense. Descriptions, i<strong>de</strong>ntification keys and<br />
illustrations to helpful in the i<strong>de</strong>ntification of taxa are presented.
X<br />
Lista <strong>de</strong> Figuras<br />
Pág.<br />
Figura 1: Localização <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca (extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Menini-Neto 2005)................................................................5<br />
Figura 2: Foto satélite da região <strong>do</strong> PEIB, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o contraste em<br />
relação às adjacências (extraída <strong>do</strong> programa Google<br />
Earth).....................................................................................6<br />
Figura 3: Mapa da vegetação <strong>do</strong> PEIB e seu entorno (extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Araújo<br />
2003)......................................................................................<br />
7<br />
Figura 4: Tipos vegetacionais encontra<strong>do</strong>s no PEIB: A. campo com<br />
cactáceas. B. mata ciliar. C. campos encharcáveis D. floresta<br />
ombrófila <strong>de</strong>nsa alto montana. E. campo rupestre. F. matas<br />
ciliares/mata <strong>de</strong> neblina. G. campo rupestre arbustivo. H.<br />
mata <strong>de</strong> neblina. Fotos: Equipe Flora Vascular <strong>do</strong><br />
PEIB.......................................................................................8<br />
Figura 5: áreas <strong>de</strong> campo rupestre em Minas Gerais e biomas<br />
circundantes (adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> EMATER/Geominas).....................9<br />
Figura 6: A-B Andropogon bicornis: A. inflorescência, B. pares <strong>de</strong><br />
espiguetas; C A. lateralis: par <strong>de</strong> espiguetas; D A.<br />
leucostachyus: par <strong>de</strong> espiguetas; E-F A. macrothrix: E.<br />
inflorescência, F. par <strong>de</strong> espiguetas; G-H A. virgatus: G.<br />
inflorescência, H. pares <strong>de</strong> espiguetas. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 163; C<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 16; D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 167; E-F Oliveira 15; G-H Ferreira<br />
686)...................................................................................29<br />
Figura 7: inflorescência jovem <strong>de</strong> Saccharum asperum. Foto: Rafaela<br />
Forzza................................................................................31<br />
Figura 8: A-B Saccharum asperum: A. inflorescência; B. par <strong>de</strong><br />
espiguetas séssil e pedicelada, ambas <strong>de</strong>senvolvidas. C-E<br />
Trachypogon spicatus: C. hábito; D. ramo florífero; E.<br />
espigueta pedicelada (A-B Ferreira 618; C-E Ferreira<br />
579)...................................................................................32
XI<br />
Figura 9: A-B Schizachyrium con<strong>de</strong>nsatum: A. hábito; B. par <strong>de</strong><br />
espiguetas. C-D S. tenerum: C. hábito; D. par <strong>de</strong> espiguetas<br />
(A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 231; C-D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 164).............................36<br />
Figura 10: campos com Trachypogon spicatus. Foto: Rafaela<br />
Forzza................................................................................38<br />
Figura 11: A-D Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix A. hábito, B. tría<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
espiguetas, C. espigueta isolada e D. antécio inferior com<br />
flor masculina. (A-B Me<strong>de</strong>iros 356; C-D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />
140).................................................................................41<br />
Figura 12: A-C Axonopus aureus: A. hábito; B. ráquis; C. espigueta. D.<br />
A. brasiliensis: espigueta. E. A. complanatus: espigueta. F.<br />
A. fastigiatus: espigueta. G. A. fissifolius: espigueta. H. A.<br />
polystachyus: espigueta. I-J A. siccus: I. hábito; J.<br />
espigueta. (A-C <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 244; D Ferreira 604, <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />
223; E <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 172; F <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 177; G Oliveira s.n; H<br />
Oliveira 31; I-J Ferreira 607 Forzza 3963).........................50<br />
Figura 13: Axonopus siccus (<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 295), presença <strong>de</strong> plântulas<br />
crescen<strong>do</strong> na espigueta, fenômeno <strong>de</strong>scrito como proliferação<br />
vegetativa. Foto: Claudine Massi Mynssen.........................51<br />
Figura 14: Gluma superior e lema inferior <strong>de</strong> Digitaria corynotricha,<br />
evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong>s tricomas claviformes na<br />
superfície. Foto: <strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong><br />
Miranda.............................................................................56<br />
Figura 15: A-B Dichanthelium superatum: A. hábito; B. espigueta. C-D<br />
Digitaria ciliaris: C. hábito; D. espigueta. E D. corynotricha:<br />
espigueta. F D. fuscescens: espigueta. G-H D. horizontalis: G.<br />
inflorescência; H. espigueta. (A-B Ferreira 992, C-D Ferreira<br />
954, E Ferreira 951, F Ferreira 565, G-H <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 235<br />
b).......................................................................................59<br />
Figura 16: A Echinolaena inflexa: hábito. B-C Homolepis glutinosa: B.<br />
hábito; C. espigueta. D-E Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia: D. hábito;<br />
E. espigueta. (A Forzza 3297; B-C <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 170; D-E Eiterer
XII<br />
s.n.)....................................................................................6<br />
5<br />
Figura 17: A-E Ichnanthus inconstans: A. hábito; B. espigueta; C. lema<br />
superior com apêndices aliformes na base; D. ramos da<br />
inflorescência teratológica; E. <strong>de</strong>talhe <strong>do</strong> ramo florífero<br />
teratológico. F-H I. leiocarpus: F. hábito; G. espigueta; H.<br />
lema superior com apêndices aliformes na base. I Melinis<br />
minutiflora: espigueta. J-K Oplismenus hirtellus: J. hábito; K.<br />
racemo com grupo <strong>de</strong> espiguetas. (A-E Ferreira 574; F-H<br />
Forzza 3296, Krieger s.n.; I <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 186; J-K Forzza<br />
3315).................................................................................72<br />
Figura 18: população <strong>de</strong> Panicum aristellum na margem <strong>de</strong> curso<br />
d’água. Foto: Rafaela Forzza...............................................74<br />
Figura 19: População <strong>de</strong> Panicum euprepes. Foto: Claudine Massi<br />
Mynssen..........................................................................77<br />
Figura 20: Panicum aristellum: A. espigueta. P. cyanescens: B. hábito; C.<br />
espigueta. P. euprepes:: D. inflorescência; E. espigueta. P.<br />
ovuliferum: F. hábito; G. espigueta. P. sellowii: H. espigueta.<br />
(A <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 18; B-C <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 153; D-E Forzza 3549; F-G<br />
Ferreira 947; H <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 139).........................................80<br />
Figura 21: Paspalum hyalinum, lema inferior com porção central<br />
hialina. Foto: <strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong><br />
Miranda...........................................................................83<br />
Figura 22: Paspalum dilatatum: A. inflorescência; B. espigueta. P.<br />
hyalinum: C. inflorescência; D. espigueta. P. juerguensii: E.<br />
inflorescência; F. espigueta. P. notatum: G. espigueta. (A-B<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 241; C-D Ferreira 1022; E-F <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 169; G<br />
Ferreira 953)....................................................................86<br />
Figura 23: Paspalum nutans: A. hábito; B. espigueta. P. paniculatum: C.<br />
inflorescência; D. espigueta. P. polyphyllum: E. hábito; F.<br />
espigueta. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong>11, <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong>183; C-D Ferreira 949;<br />
E-F Forzza 3131)................................................................91
XIII<br />
Figura 24: aspecto geral das espiguetas <strong>de</strong> Pseu<strong>de</strong>chinolaena<br />
polystachya, vista da gluma inferior (GI) com curtos<br />
tricomas híspi<strong>do</strong>s e gluma superior (GS) com tricomas<br />
uncina<strong>do</strong>s. Foto: <strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong><br />
Miranda...........................................................................93<br />
Figura 25: Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya: A. hábito; B. espigueta.<br />
Steinchisma <strong>de</strong>cipiens: C. hábito; D. espigueta. (A-B <strong>Dias</strong>-<br />
<strong>Melo</strong> 226; C-D Oliveira 61)................................................96
XIV<br />
Sumário<br />
Pág.<br />
1. Introdução........................................................................................1<br />
2. Revisão da literatura........................................................................ 2<br />
2.1 Diversida<strong>de</strong> e distribuição geográfica ........................................ 2<br />
2.2 Histórico <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s em Poaceae............................................. 3<br />
3. Material e Méto<strong>do</strong>s.......................................................................... 4<br />
3.1 Área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>............................................................................4<br />
3.2 Trabalho <strong>de</strong> campo e em laboratório..........................................10<br />
4. Resulta<strong>do</strong>s e discussão...................................................................11<br />
4.1 Poaceae.....................................................................................13<br />
4.2 Panicoi<strong>de</strong>ae...............................................................................14<br />
4.3 Lista das espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae ocorrentes no PEIB................15<br />
4.4 Chave para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> tribos, gêneros e espécies <strong>de</strong><br />
Panicoi<strong>de</strong>ae ocorrentes no PEIB.....................................................17<br />
4.5 Tribo Andropogoneae.................................................................24<br />
Andropogon bicornis.....................................................................24<br />
Andropogon lateralis.....................................................................25<br />
Andropogon<br />
leucostachyus............................................................26<br />
Andropogon macrothrix.................................................................26<br />
Andropogon virgatus.....................................................................27<br />
Saccharum asperum…….………………..….………………………………30<br />
Schizachyrium con<strong>de</strong>nsatum…….……....……………………...…………33<br />
Schizachyrium tenerum…………….………...……………………………..34<br />
Trachypogon spicatus….………….…………………………………………37<br />
4.6 Tribo Arundinelleae...................................................................39<br />
Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix……………………………….……………………39<br />
4.7 Tribo Paniceae..........................................................................42<br />
Axonopus aureus..........................................................................42<br />
Axonopus brasiliensis...................................................................43<br />
Axonopus complanatus.................................................................44<br />
Axonopus fastigiatus….................................................................45
XV<br />
Axonopus fissifolius......................................................................46<br />
Axonopus polystachyus.................................................................47<br />
Axonopus siccus...........................................................................48<br />
Dichanthelium superatum..............................................................52<br />
Digitaria ciliaris.............................................................................54<br />
Digitaria corynotricha....................................................................55<br />
Digitaria fuscescens......................................................................56<br />
Digitaria horizontalis.....................................................................57<br />
Echinolaena inflexa.......................................................................60<br />
Homolepis glutinosa......................................................................62<br />
Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia...............................................................63<br />
Ichnanthus incontans....................................................................66<br />
Ichnanthus leiocarpus....................................................................68<br />
Melinis minutiflora.........................................................................69<br />
Oplismenus hirtellus......................................................................70<br />
Panicum aristellum........................................................................73<br />
Panicum cyanescens.....................................................................75<br />
Panicum euprepes.........................................................................76<br />
Panicum ovuliferum.......................................................................78<br />
Panicum sellowii............................................................................79<br />
Paspalum dilatatum.......................................................................81<br />
Paspalum hyalinum.......................................................................82<br />
Paspalum juerguensii.....................................................................83<br />
Paspalum notatum.........................................................................84<br />
Paspalum nutans...........................................................................87<br />
Paspalum paniculatum...................................................................88<br />
Paspalum polyphylum....................................................................89<br />
Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya......................................................92<br />
Steinchisma <strong>de</strong>cipiens....................................................................94<br />
5. Conclusões.....................................................................................97<br />
6. Referências bibliográficas..............................................................100
XVI
1<br />
1. Introdução<br />
O Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca (PEIB) localiza-se no distrito <strong>de</strong><br />
Conceição <strong>do</strong> Ibitipoca, nos municípios <strong>de</strong> Lima Duarte e Santa Rita <strong>do</strong><br />
Ibitipoca, su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Minas Gerais. A vegetação pre<strong>do</strong>minante na área é o<br />
campo rupestre com enclaves <strong>de</strong> florestas estacional, ombrófila e nebular<br />
(Fontes 1997, Ro<strong>de</strong>la 1998, <strong>Dias</strong> et al. 2002). O PEIB está inseri<strong>do</strong> no<br />
Complexo da Mantiqueira (CETEC 1983), embora tenha si<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> por<br />
Ferreira & Magalhães (1977) como área disjunta da ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> Espinhaço por<br />
apresentarem vegetação bastante semelhante.<br />
Des<strong>de</strong> o século passa<strong>do</strong>, a Serra <strong>do</strong> Ibitipoca <strong>de</strong>sperta o interesse em<br />
estu<strong>do</strong>s botânicos, como foi o caso <strong>do</strong> naturalista A. Saint-Hilaire, que no ano<br />
<strong>de</strong> 1822 percorreu a área coletan<strong>do</strong> inúmeras plantas da região, muitas <strong>de</strong>las<br />
novas espécies para a ciência (Salimena-Pires 1997). Tal interesse persiste até<br />
os dias <strong>de</strong> hoje, não somente em Ibitipoca, como em outros locais <strong>de</strong><br />
composição florística semelhante.<br />
Apesar das dificulda<strong>de</strong>s inerentes e das poucas listas publicadas, Giulietti<br />
et al. (2000) estimaram para os campos rupestres em torno <strong>de</strong> 3.000 espécies,<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o número total ser o <strong>do</strong>bro <strong>de</strong>ste valor. Em relação ao en<strong>de</strong>mismo,<br />
estima-se que 30% das espécies sejam endêmicas <strong>de</strong>ste tipo vegetacional<br />
(Giulietti et al. 1987). Segun<strong>do</strong> Harley (1995) as áreas montanhosas on<strong>de</strong> se<br />
encontram os campos rupestres, são comparáveis a ilhas separadas por<br />
condições ecológicas muito diferentes das que existem nas terras baixas,<br />
atuan<strong>do</strong> como barreira para migração. Isto resulta num sistema biológico <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> interesse no que concerne ao estu<strong>do</strong> da flora e da fauna.<br />
Nos estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s em áreas <strong>de</strong> campos rupestres, Poaceae tem si<strong>do</strong><br />
apontada como uma das principais famílias botânicas, não só em<br />
diversida<strong>de</strong>, mas também em biomassa (Harley & Simmons 1986, Giulietti et<br />
al. 1987, Harley 1995, Zappi et al. 2003, Pirani et al. 2003). Em Ibitipoca,<br />
essa tendência tem se manti<strong>do</strong> conforme citam Andra<strong>de</strong> & Sousa (1995),<br />
principalmente em relação à subfamília Panicoi<strong>de</strong>ae, que é a mais numerosa<br />
<strong>de</strong>ntre as Poaceae e costuma apresentar maior riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>do</strong> que as<br />
outras subfamílias.
2<br />
O estu<strong>do</strong> aqui apresenta<strong>do</strong> é parte <strong>de</strong> um projeto maior <strong>de</strong> inventário on<strong>de</strong><br />
diversos estudantes e pesquisa<strong>do</strong>res estão envolvi<strong>do</strong>s. Os objetivos <strong>de</strong>ste<br />
trabalho foram complementar e atualizar o levantamento <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae no<br />
PEIB; elaborar <strong>de</strong>scrições, chaves <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e ilustrações para as<br />
espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae ocorrentes na área; indicar a distribuição geográfica<br />
<strong>de</strong>stas espécies, fornecer informações sobre tais espécies para auxiliar no<br />
plano <strong>de</strong> conservação e manejo que vem sen<strong>do</strong> elabora<strong>do</strong> para a unida<strong>de</strong>;<br />
contribuir para a confecção <strong>do</strong> checklist da flora vascular <strong>do</strong> Parque; bem<br />
como enriquecer o conhecimento sobre a flora <strong>do</strong>s campos rupestres <strong>de</strong><br />
Minas Gerais.<br />
2. Revisão da Literatura<br />
2.1 Diversida<strong>de</strong> e distribuição geográfica<br />
O número estima<strong>do</strong> <strong>de</strong> espécies para a família é quase unânime na<br />
opinião da comunida<strong>de</strong> científica, cerca <strong>de</strong> 10.000, porém o número <strong>de</strong><br />
gêneros é bastante variável (Dahlgren et al. 1985, Clayton & Renvoize 1986,<br />
Judziewicz 1990), sen<strong>do</strong> aceito atualmente o número proposto por Watson &<br />
Dalwitz (1992), que é <strong>de</strong> 793. No Brasil, Poaceae está representada por cerca<br />
<strong>de</strong> 1.370 espécies agrupadas em 197 gêneros, distribuídas por to<strong>do</strong>s os<br />
ecossistemas. Este número representa mais <strong>de</strong> 13% da diversida<strong>de</strong> mundial<br />
da família (Burman 1985).<br />
A família ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o círculo polar ao equa<strong>do</strong>r e <strong>de</strong> cumes <strong>de</strong><br />
montanhas ao nível <strong>do</strong> mar. Poucas formações vegetais não têm gramíneas e<br />
muitas, como os estepes, pradarias, campos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, campo rupestre e<br />
cerra<strong>do</strong>, são <strong>do</strong>minadas por estas (Heywood 1993). Aproximadamente 1/3 da<br />
cobertura vegetal da terra compreen<strong>de</strong> savanas, campos e outros<br />
ecossistemas <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s por gramíneas (Shantz 1954).<br />
As savanas e outros ecossistemas <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s por gramíneas são<br />
encontra<strong>do</strong>s on<strong>de</strong> a precipitação é sazonal, ou em monções. A precipitação<br />
varia amplamente <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 500 mm/ano por um ou <strong>do</strong>is meses, a mais<br />
<strong>de</strong> 1.500 mm/ano com uma curta estação seca (Bourlière & Hadley 1983<br />
apud Jacobs et al. 1999). Os campos tempera<strong>do</strong>s, em oposição às savanas,
3<br />
são encontra<strong>do</strong>s em latitu<strong>de</strong>s medianas ou em altas elevações on<strong>de</strong> a<br />
precipitação é insuficiente para suportar o crescimento <strong>de</strong> árvores, porém<br />
maior <strong>do</strong> que aquelas que resultam nos <strong>de</strong>sertos (Ripley 1992 apud Jacobs et<br />
al. 1999).<br />
2.2 Histórico <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s em Poaceae<br />
A história da classificação das gramíneas começou com o tratamento <strong>do</strong><br />
grupo por Teophrastus (século IV a.C.) na obra Enquiry Into Plants, on<strong>de</strong> o<br />
autor dividiu todas as plantas em quatro grupos: árvores, arbustos,<br />
subarbustos e ervas, o livro VII <strong>do</strong> tratamento foi intitula<strong>do</strong> “Of Herbaceous<br />
Plants: Cereals, Pulses, and Summer Crops”. O Tratamento obviamente foi<br />
utilitário, e não <strong>de</strong>finiu a família como uma unida<strong>de</strong> distinta e inclusiva.<br />
Havia uma tendência em agrupar ervas graminói<strong>de</strong>s – Juncaceae, Gramineae<br />
e Cyperaceae – mas nenhum <strong>do</strong>s herbalistas erigiu uma categoria que<br />
incluísse apenas gramíneas. Jussieu (1789) foi o primeiro a aplicar o nome<br />
Gramineae e erigiu um grupo que incluía apenas gramíneas (Pohl 1981).<br />
No Brasil, a primeira obra on<strong>de</strong> as Gramineae são retratadas é a Florae<br />
Fluminensis <strong>de</strong> Vellozo (1825), que apesar <strong>de</strong> constar apenas <strong>do</strong>is nomes <strong>do</strong><br />
grupo em questão, sua importância não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scurada, pois se trata <strong>do</strong><br />
marco inicial <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s da flora brasileira. Vellozo finalizou esta obra em<br />
1790, porém sua publicação ocorreu tardiamente em 1825<br />
(www.franciscanos.org.Br/noticias.noticias_especiais). No ano <strong>de</strong> 1823, Raddi<br />
publicou a obra Agrostografia Brasiliensis, que contém 65 espécies, cinco<br />
novos gêneros, 35 novas espécies e uma nova combinação<br />
(www.sma.unibo.it/erbario/tipiraddi.html). Essa obra foi resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua<br />
viagem pelo Brasil nos anos <strong>de</strong> 1817 e 1818, na companhia <strong>de</strong> Spix, Martius,<br />
Pohl e outros naturalistas (fr.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Raddi).<br />
Posteriormente têm-se Agrostologia brasiliensis, publicada por Nees<br />
(1829) na Flora brasiliensis. Também publica<strong>do</strong> na Flora brasiliensis há o<br />
trabalho <strong>de</strong> Döll & Hackel (1871, 1883), apresentan<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 1.820 nomes<br />
e 685 espécies (www.cria.org.br/eventos/flora/ apresentacao/2).<br />
Outra importante obra sobre Gramineae não só para o Brasil, como<br />
para toda a América <strong>do</strong> Sul é: Lés Graminees <strong>de</strong>´l Amerique du Sud (1825-
4<br />
1833). Publicada em <strong>do</strong>is volumes, esta obra foi resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong><br />
Kunth nos espécimes coleta<strong>do</strong>s por Alexan<strong>de</strong>r von Humboldt e Aimé<br />
Bonpland em suas viagens à América <strong>do</strong> Sul<br />
(pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Sigismund_Kunth).<br />
Outra obra que merece <strong>de</strong>staque apesar <strong>de</strong> não ser para o Brasil é<br />
Flora of the Guianas (Judziewicz 1990), neste trabalho são apresentadas 320<br />
espécies da Guiana, 253 <strong>do</strong> Suriname e 262 da Guiana Francesa, <strong>de</strong>stas<br />
menos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z são endêmicas das Guianas e a maioria <strong>do</strong>s taxa também<br />
ocorre na Venezuela e no Brasil. Também merece ser mencionada a obra <strong>de</strong><br />
Clayton & Renvoize (1986) Genera Graminum: Grasses of the World, on<strong>de</strong> os<br />
autores abordam temas como morfologia, reprodução, anatomia,<br />
classificação, evolução e tratamento <strong>de</strong>scritivo, com sinopse das subfamílias,<br />
tribos e subtribos, além das <strong>de</strong>scrições e número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> 651 gêneros<br />
e a distribuição geográfica <strong>do</strong>s mesmos. Há também o Catalogue of New<br />
World Grasses (CNWG) um trabalho contínuo existente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 2000,<br />
disponível em versão impressa e através <strong>do</strong> site <strong>do</strong> MOBOT, on<strong>de</strong> é<br />
frequentemente atualiza<strong>do</strong>. Do qual participam agrostólogos <strong>de</strong> cinco<br />
instituições, responsáveis pela atualização <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s nomenclaturais, tipos,<br />
sinonímias, taxonomia <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral e distribuição das espécies <strong>de</strong><br />
Poaceae que ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Alaska até a Terra <strong>do</strong> Fogo.<br />
Dentre as obras mais recentes e <strong>de</strong> âmbito nacional têm-se The Grass<br />
of Bahia (Renvoize 1984) e a Flora <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo (2001), edita<strong>do</strong> por<br />
Longhi-Wagner e colabora<strong>do</strong>res. Além <strong>de</strong>stas, merecem <strong>de</strong>staque outras floras<br />
realizadas em áreas <strong>de</strong> campo rupestre: Flora <strong>de</strong> Grão Mogol (Longhi-Wagner<br />
& To<strong>de</strong>schini 2004); Flora <strong>do</strong> Pico das Almas (Renvoize 1995); Florula <strong>de</strong><br />
Mucugê (Harley & Simmons 1986) e Flora da Serra <strong>do</strong> Cipó (Burman et al.<br />
1987).<br />
3. Material e Méto<strong>do</strong>s<br />
3.1 Área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong><br />
O Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca está localiza<strong>do</strong> nos municípios <strong>de</strong> Lima<br />
Duarte e Santa Rita <strong>do</strong> Ibitipoca, no su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Minas Gerais, entre as
5<br />
coor<strong>de</strong>nadas 21°40’-21°44’S e 43°52’-43°55’W (Fig. 1), abrangen<strong>do</strong> 1.923,5<br />
hectares da Serra <strong>do</strong> Ibitipoca. A área é protegida pelo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1965, sob<br />
a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Instituto Estadual <strong>de</strong> Florestas (IEF-MG) e foi<br />
transforma<strong>do</strong> em Parque em 1973 pela lei n° 6.126 <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> julho <strong>do</strong> referi<strong>do</strong><br />
ano (IEF, Brandt Meio Ambiente 1994).<br />
Geomorfologicamente, a Serra <strong>do</strong> Ibitipoca está inserida no Complexo da<br />
Mantiqueira, cujo relevo é caracteriza<strong>do</strong> por escarpas altas ou colinas com<br />
altitu<strong>de</strong>s variáveis entre 1.200 a 1.782 metros (CETEC 1983) que contrastam<br />
com os arre<strong>do</strong>res (Corrêa-Neto 1997) (Fig. 2). Estrutura-se por uma gran<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong>bra recumbente (Nummer 1991), formada por litotipos pertencentes ao<br />
Ciclo Deposicional Andrelândia e composta basicamente <strong>de</strong> quartzitos<br />
sacaroidais grosseiros com muscovita intercala<strong>do</strong>s por quartzitos finos<br />
micáceos e biotita-xistos (Andreis et al. 1989). No Parque são encontra<strong>do</strong>s<br />
solos litólicos, cambissolos, areias quartzosas, latossolo e solos orgânicos<br />
(Fontes 1997).<br />
Figura 1: Localização <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca (extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Menini-Neto 2005).
6<br />
A altimetria média <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Parque é <strong>de</strong> 1.500 metros<br />
enquanto o entorno apresenta altitu<strong>de</strong>s entre 700 e 900 metros. O pico mais<br />
alto da Serra, Pico <strong>do</strong> Ibitipoca ou Lombada, atinge 1.784 metros (Ro<strong>de</strong>la<br />
1998). O clima <strong>do</strong> Parque é classifica<strong>do</strong> como Cwb, segun<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong><br />
classificação <strong>de</strong> Köppen, isto é, mesotérmico úmi<strong>do</strong> com invernos secos e<br />
verões amenos. A precipitação anual média fica em torno <strong>de</strong> 1.532 mm e a<br />
temperatura anual média é <strong>de</strong> 18.9º C (CETEC 1983).<br />
Figura 2: Foto satélite da região <strong>do</strong> PEIB, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o contraste em relação às<br />
adjacências (extraída <strong>do</strong> programa Google Earth).<br />
Ururahy et al. (1983) referem-se à vegetação da Serra <strong>do</strong> Ibitipoca como<br />
um refúgio ecológico alto-montano <strong>de</strong> vegetação arbustiva, inseri<strong>do</strong> na região<br />
fitoecológica da Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual. Nesta formação <strong>de</strong>stacamse<br />
as famílias Eriocaulaceae, Velloziaceae, Melastomataceae, Ericaceae,<br />
Rubiaceae e Compositae (Ferreira & Magalhães 1977). Andra<strong>de</strong> & Sousa<br />
(1995) propuseram quatro formações básicas para área: campos graminosos,<br />
pre<strong>do</strong>minantes nos pontos mais eleva<strong>do</strong>s; campos graminosos com arbustos<br />
e arvoretas; campos rupestres, se referin<strong>do</strong> a vegetação rupícola <strong>do</strong>s<br />
afloramentos, e capões <strong>de</strong> mata, classifica<strong>do</strong>s como floresta estacional
7<br />
semi<strong>de</strong>cidual. Por outro la<strong>do</strong>, Fontes (1997) <strong>de</strong>nomina as matas encontradas<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Parque <strong>de</strong> florestas ombrófilas <strong>de</strong>nsas ou nebulares.<br />
Ro<strong>de</strong>la (1998) diferenciou sete unida<strong>de</strong>s distintas <strong>de</strong> vegetação <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>do</strong> Parque: floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual montana; floresta <strong>de</strong>nsa<br />
altimontana; capões <strong>de</strong> mata e matas ciliares; cerra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>; campos<br />
rupestres; campos graminosos e campos encharcáveis. Em uma proposta<br />
mais recente, Araújo (2003) dividiu a vegetação <strong>do</strong> Parque em oito formações<br />
vegetacionais, sen<strong>do</strong> elas: floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual; floresta ombrófila<br />
<strong>de</strong>nsa alto-montana (mata gran<strong>de</strong>); mata ciliar/mata <strong>de</strong> neblina; campo<br />
rupestre arbustivo; campo rupestre; campo sujo encharcável; campo com<br />
cactáceas e cerra<strong>do</strong> <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> (Fig. 3 e 4).<br />
Figura 3: Mapa da vegetação <strong>do</strong> PEIB e seu entorno (extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Araújo 2003).
8<br />
A<br />
B<br />
C<br />
D<br />
E<br />
F<br />
G<br />
H<br />
G<br />
H
9<br />
Figura 4: Tipos vegetacionais encontra<strong>do</strong>s no PEIB: A. campo com cactáceas. B.<br />
mata ciliar. Analisan<strong>do</strong> C. campos diferentes encharcáveis trabalhos D. floresta realiza<strong>do</strong>s ombrófila ao <strong>de</strong>nsa longo alto das montana. décadasE.<br />
para campo as rupestre. Serras F. <strong>de</strong> matas Minas ciliares/mata Gerais e da <strong>de</strong> neblina. Bahia, po<strong>de</strong>mos G. campo rupestre concluir arbustivo. que, taisH.<br />
fisionomias mata <strong>de</strong> neblina. distintas Fotos: encontradas Equipe Flora Vascular em Ibitipoca <strong>do</strong> PEIB. se encaixam na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />
campos rupestres, que é composto por um mosaico <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s (Harley<br />
& Simmons 1986, Giulietti & Pirani 1988, Harley 1995, Meneses & Giulietti<br />
2000). Exceção se faz à presença <strong>de</strong> floresta ombrófila <strong>de</strong>nsa, que não<br />
ocorre na gran<strong>de</strong> maioria das regiões, on<strong>de</strong> existem as formações <strong>de</strong>ste<br />
ecossistema. Provavelmente, a ocorrência <strong>de</strong>ste tipo vegetacional está<br />
diretamente relacionada à posição geográfica da Serra <strong>do</strong> Ibitipoca, que está<br />
inserida nos <strong>do</strong>mínios da floresta atlântica. Este fato diferencia<br />
substancialmente a área <strong>do</strong> Ibitipoca <strong>do</strong>s campos rupestres da Ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong><br />
Espinhaço <strong>de</strong> Minas Gerais e Bahia, que são circunda<strong>do</strong>s por cerra<strong>do</strong> e<br />
caatinga, respectivamente (Giulietti et al. 1987) (Fig. 5).
10<br />
Figura 5: áreas <strong>de</strong> campo rupestre em Minas Gerais e biomas circundantes<br />
(adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> EMATER/Geominas).
11<br />
3.2 Trabalho <strong>de</strong> campo e em laboratório<br />
Realizou-se a pesquisa <strong>de</strong> campo no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2003 a<br />
agosto <strong>de</strong> 2005, totalizan<strong>do</strong> seis expedições <strong>de</strong> coleta. Expedições <strong>de</strong> coleta<br />
que foram realizadas em diferentes datas por outros membros <strong>do</strong> “Projeto<br />
Flora Vascular <strong>do</strong> PEIB”, também contribuíram para a amostragem da<br />
presente dissertação. A coleta <strong>do</strong>s espécimes foi realizada em toda a área <strong>do</strong><br />
Parque, cobrin<strong>do</strong> todas as suas vertentes, ambientes e altitu<strong>de</strong>s. Apenas os<br />
espécimes férteis foram coleta<strong>do</strong>s, estes foram prensa<strong>do</strong>s e tiveram seus<br />
da<strong>do</strong>s relevantes anota<strong>do</strong>s no momento da coleta. A preparação <strong>do</strong> material<br />
seguiu a meto<strong>do</strong>logia usual <strong>de</strong> herborização, as exsicatas foram <strong>de</strong>positadas<br />
no herbário RB com duplicatas enviadas a diversos herbários.<br />
As espécies foram <strong>de</strong>scritas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os procedimentos clássicos<br />
em taxonomia e a<strong>do</strong>tadas as terminologias propostas por Lawrence (1951),<br />
Radford et al. (1974) e Longhi-Wagner et al. (2001). As <strong>de</strong>scrições abrangem<br />
especialmente as características diagnósticas <strong>de</strong> cada táxon. A distribuição<br />
geográfica tem por base da<strong>do</strong>s bibliográficos e coleções examinadas.<br />
Para cada táxon abor<strong>do</strong>u-se os aspectos nomenclaturais, taxonômicos e<br />
a sua distribuição geográfica, bem como aspectos populacionais <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />
Parque. As ilustrações foram elaboradas enfocan<strong>do</strong> principalmente caracteres<br />
diagnósticos que auxiliam no reconhecimento das espécies.<br />
Foram visita<strong>do</strong>s os herbários da Região Su<strong>de</strong>ste que apresentam as<br />
coleções mais representativas <strong>do</strong> grupo em questão e também on<strong>de</strong> estão<br />
<strong>de</strong>positadas as coletas realizadas anteriormente no Parque. Os herbários<br />
consulta<strong>do</strong>s foram: BHCB, CESJ, RB, SP e SPF (acrônimos segun<strong>do</strong> Holmgren<br />
et al. 1990).
12<br />
4. Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />
Em 1970, Leopol<strong>do</strong> Krieger e Dimitri Sucre elaboraram um relatório<br />
para a Serra <strong>do</strong> Ibitipoca e no mesmo citavam a existência <strong>de</strong> 14 espécies <strong>de</strong><br />
Poaceae, mas estas espécies não foram discriminadas pelos autores. Ferreira<br />
& Magalhães (1977) elaboraram uma listagem para a serra <strong>do</strong> Ibitipoca e<br />
registraram apenas uma espécie <strong>de</strong> Poaceae ocorrente na área, que seria a<br />
Aristida sactae-luciae Trin., pertencente à subfamília Aristi<strong>do</strong>i<strong>de</strong>ae. Oliveira<br />
(1992) realizou o primeiro levantamento especificamente tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Poaceae<br />
nos <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Parque e referiu 23 espécies, agrupadas em 16 gêneros.<br />
Neste trabalho Panicoi<strong>de</strong>ae constava <strong>de</strong> 17 espécies e 11 gêneros. Andra<strong>de</strong> &<br />
Sousa (1995) citam oito espécies <strong>de</strong> Poaceae para o PEIB, <strong>de</strong>stas, cinco são<br />
Panicoi<strong>de</strong>ae.<br />
Mais recentemente numa lista parcial elaborada por Salimena & Forzza<br />
(da<strong>do</strong>s não publica<strong>do</strong>s), Poaceae estava representada por 26 espécies e 16<br />
gêneros e Panicoi<strong>de</strong>ae representada por 21 espécies e 11 gêneros, porém<br />
algumas espécies <strong>de</strong>ssa lista foram sinonimizadas, como é o caso <strong>de</strong> Panicum<br />
nervosum Lam. sinônimo <strong>de</strong> P. superatum Hack., que atualmente está<br />
posicionada em Dichanthelium, e P. teretifolium Hack. que é sinônimo <strong>de</strong> P.<br />
euprepes. Ou seja, atualizan<strong>do</strong> os nomes essa lista compreendia 19 espécies<br />
e 12 gêneros.<br />
No presente estu<strong>do</strong> foram encontradas 43 espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae,<br />
distribuídas em 18 gêneros agrupa<strong>do</strong>s em três tribos: Andropogoneae,<br />
Arundinelleae e Paniceae. Andropogoneae está representada por nove<br />
espécies e quatro gêneros, Arundinelleae com um gênero e uma única espécie<br />
e Paniceae com 33 espécies e 13 gêneros.<br />
A maioria das espécies encontradas no Parque distribui-se amplamente<br />
pela América <strong>do</strong> Sul e algumas são pantropicais, mas sempre associadas a<br />
cerra<strong>do</strong>s, campos rupestres e algumas a ambientes florestais.<br />
Praticamente em toda a área <strong>do</strong> PEIB foi possível encontrar espécies <strong>de</strong><br />
Panicoi<strong>de</strong>ae, a exceção se faz somente em relação à Mata Gran<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> o<br />
grupo apresenta-se <strong>de</strong> forma escassa e representa<strong>do</strong> apenas por Ichnanthus.<br />
Segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) e Clayton & Renvoize (1986) Ichnanthus é um
13<br />
gênero associa<strong>do</strong> a locais úmi<strong>do</strong>s e, frequentemente, encontra<strong>do</strong> no interior<br />
ou bordas <strong>de</strong> mata. As matas nebulares também não apresentam uma<br />
expressiva riqueza <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae, porém algumas espécies como<br />
Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya e Oplismenus hirtellus po<strong>de</strong>m ser observadas.<br />
A maior riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae é encontrada nos campos<br />
rupestres, on<strong>de</strong> ocorrem táxons que praticamente <strong>de</strong>finem a fisionomia, como<br />
Trachypogon spicatus, Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix, Axonopus brasiliensis,<br />
Axonopus fastigiatus e Paspalum polyphyllum. A área <strong>do</strong> Monjolinho<br />
apresenta uma gran<strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae. Segun<strong>do</strong><br />
Salimena-Pires (1997), a vegetação <strong>do</strong> Monjolinho difere das outras <strong>do</strong> PEIB<br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao intemperismo químico sobre rochas <strong>do</strong> tipo biotita-xisto, que ali<br />
ocorre, geran<strong>do</strong> solos argilosos e espessos e resultan<strong>do</strong> numa flora similar à<br />
<strong>do</strong>s cerra<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s à Ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> Espinhaço <strong>de</strong> Minas Gerais. Exatamente<br />
neste local foram encontradas espécies como Echinolaena inflexa e Axonopus<br />
siccus, que são tipicamente encontradas em áreas <strong>de</strong> cerra<strong>do</strong>. Nas áreas<br />
sombreadas <strong>de</strong>sse mesmo local, próximo à Mata Gran<strong>de</strong>, foi encontrada<br />
Homolepis glutinosa, espécie comumente encontrada em borda <strong>de</strong> floresta.<br />
Também foram encontradas no PEIB, as espécies Andropogon bicornis e<br />
Melinis minutiflora, consi<strong>de</strong>radas ru<strong>de</strong>rais. A. bicornis é uma espécie que<br />
ocorre em campos, cerra<strong>do</strong>s e em locais altera<strong>do</strong>s, principalmente em beiras<br />
<strong>de</strong> estradas. Já M. minutiflora, o capim-gordura, é uma espécie africana,<br />
porém cultivada e naturalizada nos trópicos (Longhi-Wagner et al. 2001) e<br />
ocorre em locais altera<strong>do</strong>s. Segun<strong>do</strong> Salimena-Pires (1997) a presença <strong>de</strong>sta<br />
espécie no PEIB po<strong>de</strong> ser um resquício <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s campos rupestres locais<br />
como pastos e acrescenta ainda dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer manejo <strong>de</strong>sta espécie,<br />
pois a mesma tem alto po<strong>de</strong>r competitivo. Leopol<strong>do</strong> Krieger e Dimitri Sucre no<br />
relatório que elaboraram para a Serra <strong>do</strong> Ibitipoca em 1970 já apontavam a<br />
presença <strong>do</strong> mesmo na área, além <strong>de</strong> expressarem sua preocupação com esse<br />
fato. Porém, o que po<strong>de</strong>mos observar é que a espécie está confinada às áreas<br />
<strong>de</strong> intensa visitação como bordas <strong>de</strong> trilhas e próximo <strong>de</strong> cachoeiras. Também<br />
nos parece que, apesar <strong>do</strong> difícil manejo, a espécie não está amplian<strong>do</strong> sua<br />
ocorrência no Parque.
14<br />
4.1 Poaceae Barnhart, Bull. Torrey Bot. Club 22: 7. 1895.<br />
(Gramineae A. L. Jussieu, G. Pl. 28: 1789)<br />
Plantas anuais ou perenes; colmos cespitosos, eretos, <strong>de</strong>cumbentes,<br />
rizomatosos ou escan<strong>de</strong>ntes, herbáceos ou lignifica<strong>do</strong>s, sóli<strong>do</strong>s ou fistulosos,<br />
ramifica<strong>do</strong>s ou não, provi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> nós e entrenós. Folhas alterno-dísticas;<br />
bainha foliar aberta ou fechada; lígula geralmente presente na junção entre a<br />
bainha e a lâmina, lígula interna presente (raramente ausente) na superfície<br />
adaxial, lígula externa às vezes presente na superfície abaxial; lâmina linear a<br />
filiforme, lanceolada a ovada, paralelinérvia (raramente com nervuras<br />
oblíquas), base da lâmina às vezes portan<strong>do</strong> aurículas em ambos os la<strong>do</strong>s na<br />
região ligular, às vezes peciolada. Inflorescência terminal ou axilar, laxa ou<br />
contraída, composta por inflorescências parciais reduzidas (espiguetas),<br />
dispostas em uma a várias espigas, racemos ou panículas. Espiguetas muito<br />
diversas na sua estrutura, mas tipicamente consistin<strong>do</strong> <strong>de</strong> um eixo (a<br />
ráquila), com uma ou duas brácteas estéreis (glumas), estas persistentes ou<br />
caducas, 0-muito nervadas; ráquila acima das glumas portan<strong>do</strong> flósculos (ou<br />
antécios) <strong>de</strong> disposição alterno-dística, estes persistentes ou <strong>de</strong>cíduos;<br />
antécios consistin<strong>do</strong> <strong>de</strong> brácteas (o lema) mais externas, e o primeiro<br />
apêndice <strong>do</strong> eixo floral (a pálea) circundan<strong>do</strong> uma flor reduzida; lema 1-muito<br />
nerva<strong>do</strong>, arista<strong>do</strong> ou não; pálea tipicamente bicarenada, às vezes ausente.<br />
Flor bissexual ou unissexual, perianto reduzi<strong>do</strong> (lodículas) (0-)2-3; androceu<br />
<strong>de</strong> (1-2-) 3-6(-muitos) estames; gineceu bi ou tricarpelar com ovário<br />
unilocular, uniovula<strong>do</strong>, estiletes 2-3, estigmas (1-)2-3, híspi<strong>do</strong>s a plumosos.<br />
Fruto cariopse, às vezes muito modificada, assemelhan<strong>do</strong>-se a um fruto<br />
carnoso.<br />
Dahlgren et al. (1985) posicionam Poaceae na superor<strong>de</strong>m<br />
Commelinanae, que abriga as or<strong>de</strong>ns Poales, Cyperales, Commelinales e<br />
Hydatellales. Poaceae insere-se em Poales junto com outras seis famílias:<br />
Flagellariaceae, Joinvilleaceae, Ec<strong>de</strong>iocoleaceae, Anarthriaceae, Restionaceae<br />
e Centrolepidaceae.<br />
À luz da sistemática filogenética, várias novas propostas têm si<strong>do</strong><br />
sugeridas para agrupar as Monocotiledôneas. Na proposta mais recente<br />
(Chase et al. 2000) estão incluídas em Poales, algumas famílias antes
15<br />
posicionadas em outras or<strong>de</strong>ns. Segun<strong>do</strong> a proposta <strong>de</strong>sses autores, Poales<br />
passa a ter 17 famílias em vez <strong>de</strong> sete, a saber, Anarthriaceae, Bromeliaceae,<br />
Centrolepidaceae, Cyperaceae, Ec<strong>de</strong>iocoleaceae, Eriocaulaceae,<br />
Flagellariaceae, Joinvilleaceae, Juncaceae, Mayacaceae, Poaceae,<br />
Rapateaceae, Restionaceae, Sparganiaceae, Thurniaceae (incluin<strong>do</strong><br />
Prioniaceae), Typhaceae e Xyridaceae (incluin<strong>do</strong> Abolbodaceae).<br />
Quanto à divisão interna da família, várias propostas têm si<strong>do</strong> feitas ao<br />
longo <strong>do</strong>s anos. Dahlgren et al. (1985) divi<strong>de</strong>m Poaceae em sete subfamílias:<br />
Bambusoi<strong>de</strong>ae, Arundinoi<strong>de</strong>ae, Centothecoi<strong>de</strong>ae, Chlori<strong>do</strong>i<strong>de</strong>ae, Panicoi<strong>de</strong>ae,<br />
Pooi<strong>de</strong>ae e Stipoi<strong>de</strong>ae.<br />
Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pelo Grass Phylogeny Working Group (2001),<br />
propõem que a família seja dividida em <strong>do</strong>ze subfamílias: Anomochlooi<strong>de</strong>ae,<br />
Aristi<strong>do</strong>i<strong>de</strong>ae, Arundinoi<strong>de</strong>ae, Bambusoi<strong>de</strong>ae, Centothecoi<strong>de</strong>ae,<br />
Chlori<strong>do</strong>i<strong>de</strong>ae, Danthonioi<strong>de</strong>ae, Ehrhrartoi<strong>de</strong>ae, Panicoi<strong>de</strong>ae, Pharoi<strong>de</strong>ae,<br />
Pooi<strong>de</strong>ae e Puelioi<strong>de</strong>ae. Neste trabalho, um conjunto <strong>de</strong> espécies ainda<br />
permanece com seu posicionamento incerto (incertae sedis).<br />
4.2 Panicoi<strong>de</strong>ae Link, Hort. Berol. 1: 202. 1827.<br />
Ervas com lâminas foliares lineares, às vezes pecioladas; bainha não<br />
auriculada; lígula abaxial geralmente ausente, ocasionalmente presente como<br />
uma fina linha <strong>de</strong> tricomas, lígula adaxial fimbriada ou membranosa,<br />
po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser ciliada e, às vezes, ausente. Inflorescência em espiga, panícula<br />
ou complexas combinações <strong>de</strong>stas; espiguetas breve ou longo pediceladas,<br />
<strong>do</strong>rsalmente comprimidas, <strong>de</strong>sarticulan<strong>do</strong>-se abaixo das glumas, simples ou<br />
pareadas, 2-flora, flósculo inferior masculino ou estéril, flósculo superior<br />
bissexua<strong>do</strong>; glumas duas; lema pouco uncina<strong>do</strong>, se arista<strong>do</strong>, a arista é<br />
simples; pálea <strong>de</strong>senvolvida, reduzida ou ausente; lodículas duas, às vezes<br />
ausentes, cuneadas, livres, suculentas, geralmente glabras; estames 3; ovário<br />
geralmente glabro; estiletes 2, livres ou fundi<strong>do</strong>s; estigmas 2, raramente 1 ou<br />
3. Cariopse com o hilo usualmente reduzi<strong>do</strong>, en<strong>do</strong>sperma compacto, sem<br />
lipí<strong>de</strong>o; embrião usualmente gran<strong>de</strong>, epiblasto ausente ou raramente<br />
presente, fenda escutelar presente, entrenó <strong>do</strong> mesocótilo alonga<strong>do</strong>. Número<br />
básico <strong>de</strong> cromossomos x = 5, (7), 9, 10, (12), (14) (GPWG 2001).
16<br />
Panicoi<strong>de</strong>ae ocorre nas regiões tropicais e subtropicais, com ocasionais<br />
registros nas regiões temperadas (Chapman 1996). É um grupo monofilético,<br />
irmão <strong>de</strong> Centothecoi<strong>de</strong>ae (Gómez-Martinez & Culham 2000). Neste mesmo<br />
trabalho, a subfamília é dividida em três tribos: Andropogoneae,<br />
Arundinelleae e Paniceae. Porém, estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pelo GPWG (2001)<br />
propõem que Panicoi<strong>de</strong>ae inclua aproximadamente 3.270 espécies, e seis<br />
tribos, sen<strong>do</strong> elas: Andropogoneae, Arundinelleae, Hubbardiaceae, Isachneae,<br />
Paniceae e Steyermarkochloeae. Neste trabalho os autores não citam o<br />
número <strong>de</strong> gêneros aceitos para a subfamília, mas Clayton & Renvoize (1986)<br />
citam 292 gêneros. No presente estu<strong>do</strong> segue-se a proposta <strong>de</strong> GPWG (2001)<br />
para subfamílias e tribos, e para gêneros Clayton & Renvoize (1986),<br />
consentin<strong>do</strong> com as atualizações <strong>do</strong> CNWG.<br />
4.3 Lista das espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae ocorrentes no PEIB.<br />
* Espécies não referidas anteriormente para o PEIB<br />
◊<br />
Nome atualiza<strong>do</strong><br />
Andropogoneae<br />
1 Andropogon bicornis L.<br />
2 Andropogon lateralis Nees<br />
3 Andropogon leucostachyus Kunth*<br />
4 Andropogon macrothrix Trin.<br />
5 Andropogon virgatus Desv.*<br />
6 Saccharum asperum (Nees) Steud.<br />
7 Schizachyrium con<strong>de</strong>nsatum (Kunth) Nees*<br />
8 Schizachyrium tenerum Nees<br />
9 Trachypogon spicatus (L. f.) Kuntze<br />
Arundinelleae<br />
10 Lou<strong>de</strong>tiopsis chrisothryx (Nees) Conert<br />
Paniceae<br />
11 Axonopus aureus P. Beauv.<br />
12 Axonopus brasiliensis (Spreng.) Kuhlm.<br />
13 Axonopus complanatus (Nees) De<strong>de</strong>cca*<br />
14 Axonopus fastigiatus (Nees) Kuhlm.
17<br />
15 Axonopus fissifolius (Raddi) Kuhlm.*<br />
16 Axonopus polystachyus G. A. Black<br />
17 Axonopus siccus (Nees) Kuhlm.<br />
18 Dichanthelium superatum (Hack.) Zuloaga ◊<br />
19 Digitaria ciliaris (Retz.) Koeler*<br />
20 Digitaria corynotricha (Hack.) Henrard*<br />
21 Digitaria fuscescens (J. Presl) Henrard*<br />
22 Digitaria horizontalis Willd.*<br />
23 Echinolaena inflexa (Poir.) Chase<br />
24 Homolepis glutinosa (Sw.) Zuloaga & So<strong>de</strong>rstr.*<br />
25 Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia (Raddi) Chase*<br />
26 Ichnanthus inconstans (Trin.) Döll<br />
27 Ichnanthus leiocarpus (Spreng.) Kunth<br />
28 Melinis minutiflora P. Beauv.<br />
29 Oplismenus hirtellus (L.) P. Beauv.*<br />
30 Panicum aristellum Döll*<br />
31 Panicum cyanescens Nees*<br />
32 Panicum euprepes Renv.<br />
33 Panicum ovuliferum Trin.*<br />
34 Panicum sellowii Nees*<br />
35 Paspalum dilatatum Poir.*<br />
36 Paspalum hyalinum Nees*<br />
37 Paspalum juerguensii Hack.*<br />
38 Paspalum notatum Flüggé*<br />
39 Paspalum nutans Lam.*<br />
40 Paspalum paniculatum L.*<br />
41 Paspalum polyphylum Nees<br />
42 Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya (Kunth) Stapf.*<br />
43 Steinchisma <strong>de</strong>cipiens (Nees) W. V. Br*
18<br />
4.4 Chave para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> tribos, gêneros e espécies <strong>de</strong><br />
Panicoi<strong>de</strong>ae ocorrentes no PEIB<br />
1. Articulação entre a ráquila e pedicelo da espigueta localizada<br />
acima das glumas, estas persistentes na inflorescência após a queda<br />
<strong>do</strong>s antécios maduros. Espiguetas acrótonas em tría<strong>de</strong>s, a<strong>de</strong>nsadas<br />
entre si, simulan<strong>do</strong> uma única espigueta<br />
.....................................................<br />
......................................... Arundinelleae (10. Lou<strong>de</strong>tiopsis<br />
chrysothrix)<br />
1’. Articulação entre ráquila e pedicelo da espigueta localizada abaixo<br />
das glumas, estas e os antécios maduros caducos simultaneamente.<br />
Espiguetas acrótonas solitárias ou binárias, neste caso não<br />
simulan<strong>do</strong> uma única espigueta.<br />
2. Nó da ráquis com duas espiguetas, sen<strong>do</strong> a proximal séssil<br />
(geralmente bissexuada) e a distal pedicelada (geralmente neutra,<br />
às vezes bissexuada ou unisexuada); glumas <strong>de</strong> consistência mais<br />
rígida que a <strong>do</strong> antécio superior, este hialino. Entrenós da ráquis<br />
e pedicelos em geral <strong>de</strong>nsamente pilosos. Diásporos com duas<br />
espiguetas ...................................................... Andropogoneae<br />
3. Espiguetas homógamas ...................... 6. Saccharum<br />
asperum<br />
3’. Espiguetas heterógamas.<br />
4. Espiguetas com calo agu<strong>do</strong> e pungente, as sésseis<br />
masculinas, as pediceladas bissexuadas<br />
..............................<br />
.........................................................9. Trachypogon<br />
spicatus<br />
4’. Espiguetas com calo obtuso, não pungente, as sésseis<br />
bissexuadas ou femininas, as pediceladas masculinas ou<br />
neutras.<br />
5. Espatéola com um ramo florífero.
19<br />
6. Gluma inferior da espigueta séssil plana ou<br />
côncava ................................................ 5.<br />
Andropogon virgatus<br />
6’. Gluma inferior da espigueta séssil convexa<br />
........... ...........................................................<br />
Schizachyrium<br />
7. Ramos floríferos flexuosos na maturida<strong>de</strong>;<br />
espigueta pedicelada neutra ....... 7. S.<br />
con<strong>de</strong>nsatum<br />
7’. Ramos floríferos eretos na maturida<strong>de</strong>;<br />
espigueta pedicelada bissexuada .......................<br />
8. S. tenerum<br />
5’. Espatéola com <strong>do</strong>is ou mais ramos floríferos<br />
......................................................................<br />
Andropogon<br />
8. Inflorescências com mais <strong>de</strong> 8 ramos<br />
............................................................... 1. A.<br />
bicornis<br />
8’. Inflorescências com 2-7 ramos.<br />
9. Espiguetas pediceladas <strong>de</strong>senvolvidas,<br />
masculinas ....................................... 2. A.<br />
lateralis<br />
9’. Espiguetas pediceladas rudimentares, neutras.<br />
10. Espiguetas sésseis 2,5-3,2 mm compr.;<br />
aristas 1,7-4 mm compr. ........ 3. A.<br />
leucostachyus<br />
10’. Espiguetas sésseis 4-6 mm compr.;<br />
aristas 10-16 mm compr. ..................... 4. A.<br />
macrothrix<br />
2’. Nó da ráquis com espigueta solitária (bissexuada), às vezes 2-3<br />
espiguetas (em grupos), se duas, ambas curtamente pediceladas<br />
(bissexuadas); glumas <strong>de</strong> consistência igual ou menos rígida que<br />
a <strong>do</strong> antécio superior, este não hialino. Entrenós da ráquis e
20<br />
pedicelos geralmente glabros ou esparsamente pilosos. Diásporos<br />
com espigueta solitária .............................................................<br />
Paniceae<br />
11. Ramos das inflorescências não secundifloros.<br />
12. Gluma inferior reduzida, ca. 1/5 <strong>do</strong> comprimento da<br />
gluma superior; lema inferior bífi<strong>do</strong>, arista<strong>do</strong><br />
........................................................... 28. Melinis<br />
minutiflora<br />
12’. Gluma inferior <strong>de</strong>senvolvida, 1/4-1/2 <strong>do</strong><br />
comprimento da gluma superior; lema inferior inteiro,<br />
mútico.<br />
13. Lema superior apendicula<strong>do</strong> na base da face<br />
ventral .....................................................................<br />
Ichnanthus<br />
14. Lâminas foliares <strong>de</strong> base subcordada, não<br />
pecioladas; lema superior com alas <strong>de</strong> 0,3-0,7<br />
mm compr., parcialmente a<strong>de</strong>ridas à base <strong>do</strong><br />
lema ..................................................... 26. I.<br />
inconstans<br />
14’. Lâminas foliares <strong>de</strong> base atenuada,<br />
curtamente pecioladas; lema superior com alas<br />
<strong>de</strong> 1,3-1,8 mm compr., não a<strong>de</strong>ridas à base <strong>do</strong><br />
lema ...................................................... 27. I.<br />
leiocarpus<br />
13’. Lema superior não apendicula<strong>do</strong> na base da face<br />
ventral.<br />
15. Panículas contraídas.<br />
16. Pálea inferior presente; antécio superior<br />
papiloso, cartilaginoso<br />
.....................................<br />
................................... 43. Steinchisma<br />
<strong>de</strong>cipiens
21<br />
16’. Pálea inferior ausente; antécio superior<br />
não papiloso, hialino ..... 25. Hymenachne<br />
<strong>do</strong>nacifolia<br />
15’. Panículas laxas.<br />
17. Comprimento e largura (2,2-3,5 x 1,2-2<br />
mm) das glumas inferiores subiguais ou um<br />
pouco maiores que os das glumas superiores<br />
(2,2-2,7 x 1,2-2 mm) e <strong>do</strong>s antécios<br />
superiores (2,5-3 x 1,2-1,5 mm) ..................<br />
24. Homolepis glutinosa<br />
17’. Comprimento e largura (1-3 x 0,3-1,7<br />
mm) das glumas inferiores menor <strong>do</strong> que o<br />
das glumas superiores (1,3-4,8 x 0,6-2 mm) e<br />
<strong>do</strong> antécio (1,3-4,3 x 0,8-2 mm).<br />
18. Gluma superior 8-nervada e lema<br />
inferior 7-nerva<strong>do</strong><br />
..................................<br />
.................... 18. Dichanthelium<br />
superatum<br />
18’. Gluma superior e lema inferior até 5-<br />
nerva<strong>do</strong>s .......................................<br />
Panicum<br />
19. Glumas e lema inferior<br />
aristula<strong>do</strong>s ...................................<br />
30. P. aristellum<br />
19’. Glumas e lema inferior não<br />
aristula<strong>do</strong>s.<br />
20. Base da gluma inferior<br />
envolven<strong>do</strong> a gluma superior<br />
......................... 33. P.<br />
ovuliferum<br />
20’. Base da gluma inferior não<br />
envolven<strong>do</strong> a gluma superior.
22<br />
21. Plantas 0,6-1,2 m alt.<br />
.................... 32. P.<br />
euprepes<br />
21’. Plantas 15-36 cm alt.<br />
22. Lâminas foliares<br />
com base assimétrica;<br />
panículas 10-13 x 5-<br />
8,5 cm ............ 34. P.<br />
sellowii<br />
22’. Lâminas foliares<br />
com base simétrica;<br />
panículas 4,5-6 x 2-5<br />
cm...............................<br />
................ 31. P.<br />
cyanescens<br />
11’. Ramos das inflorescências secundifloros.<br />
23. Gluma inferior presente, <strong>de</strong>senvolvida.<br />
24. Gluma inferior aristada ........ 29. Oplismenus<br />
hirtellus<br />
24’. Gluma inferior não aristada.<br />
25. Gluma inferior 3-nervada, ápice apicula<strong>do</strong>,<br />
gluma superior com tricomas uncina<strong>do</strong>s<br />
.............................................................................<br />
.................................. 42. Pseu<strong>de</strong>chinolaena<br />
polystachya<br />
25’. Gluma inferior 7-9-nervada, ápice acumina<strong>do</strong>;<br />
gluma superior com esparsos tricomas hirtos<br />
alguns <strong>de</strong> base tuberculada ............. 23.<br />
Echinolaena inflexa<br />
23’. Gluma inferior ausente ou, se presente, reduzida.<br />
26. Gluma superior com a face abaxial voltada para a<br />
ráquis ..............................................................<br />
Axonopus
23<br />
27. Inflorescências com 5-16 racemos<br />
subverticila<strong>do</strong>s<br />
.............................................................. 17. A.<br />
siccus<br />
27’. Inflorescências com 2-4 racemos verticila<strong>do</strong>s<br />
ou subverticila<strong>do</strong>s.<br />
28. Ráquis pilosas, tricomas tubercula<strong>do</strong>s.<br />
29. Margem da ráquis e espiguetas<br />
portan<strong>do</strong> longos tricomas alvos ........ 12.<br />
A. brasiliensis<br />
29’. Margem da ráquis com longos<br />
tricomas castanho-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s e espiguetas<br />
portan<strong>do</strong> curtos tricomas, que caducam<br />
com a maturida<strong>de</strong> .............................. 11.<br />
A. aureus<br />
28’. Ráquis glabras ou glabrescentes.<br />
30. Gluma superior 2-(3)-<br />
nervada,............................ 14. A.<br />
fastigiatus<br />
30’. Gluma superior 4-nervada.<br />
31. Espiguetas 1,7-2 mm compr.;<br />
gluma superior com base comosa<br />
................................... 15. A.<br />
fissifolius<br />
31’. Espiguetas 2-2,7 mm compr.;<br />
gluma superior não comosa.<br />
32. Plantas não cespitosas; gluma<br />
superior com ápice simétrico, lema<br />
superior liso com curtos tricomas<br />
no ápice ................... 13. A.<br />
complanatus<br />
32’. Plantas cespitosas; gluma<br />
superior com ápice assimétrico,
24<br />
lema superior esparsamente<br />
papiloso com ápice papiloso .....<br />
16. A. polystachyus<br />
26’. Gluma superior com a face adaxial voltada para a<br />
ráquis.<br />
33. Lema superior com margens recobrin<strong>do</strong><br />
totalmente a pálea ....................................<br />
Digitaria<br />
34. Lema inferior e gluma superior com<br />
tricomas claviformes ........................... 20. D.<br />
corynotricha<br />
34’. Lema inferior e gluma superior<br />
pubescentes com tricomas seríceos.<br />
35. Gluma inferior presente .. 19. D.<br />
ciliaris<br />
35’. Gluma inferior ausente.<br />
36. Plantas 9-25 cm alt.,<br />
inflorescências com 2-3 racemos<br />
............................... 21. D.<br />
fuscescens<br />
36’. Plantas 68-90 cm alt.,<br />
inflorescências com 4-22 racemos<br />
.............................. 22. D.<br />
horizontalis<br />
33’. Lema superior com margens não recobrin<strong>do</strong><br />
totalmente a pálea ..................................<br />
Paspalum<br />
37. Inflorescências com racemos conjuga<strong>do</strong>s,<br />
divergentes ............................... 38. P.<br />
notatum<br />
37’. Inflorescências com racemos alternos.
25<br />
38. Gluma superior e lema inferior com<br />
a porção central hialina ...... 36. P.<br />
hyalinum<br />
38’. Gluma superior e lema inferior<br />
uniforme.<br />
39. Gluma superior com tricomas<br />
longos, 2-5 mm compr., nas<br />
margens ................................ 41. P.<br />
polyphyllum<br />
39’. Gluma superior glabra ou<br />
portan<strong>do</strong> curtos tricomas, menores<br />
que 2 mm compr., nas margens<br />
40. Gluma superior 5-nervada.<br />
41. Plantas 1,14-1,4 m alt.;<br />
espiguetas 2,3-2,7 x 1,5-<br />
1,7 mm; lema inferior 3-<br />
nerva<strong>do</strong> ...................... 35.<br />
P. dilatatum<br />
41’. Plantas 35-70 cm alt.;<br />
espiguetas 2-2,2 x 1-1,2<br />
mm; lema inferior 5-<br />
nerva<strong>do</strong> .........................<br />
39. P. nutans<br />
40’. Gluma superior 3-nervada.<br />
42. Inflorescências com 5-<br />
16 racemos; ráquis 0,4-0,7<br />
mm larg.; espiguetas<br />
glabras ou<br />
glabrescentes.....................<br />
........................ 37. P.<br />
juerguensii<br />
42’. Inflorescências com ca.<br />
21 racemos, ráquis 0,3-0,4
26<br />
mm larg.; espiguetas<br />
vilosas ................. 40. P.<br />
paniculatum
27<br />
TRIBO ANDROPOGONEAE<br />
(85 gêneros; 960 spp.)<br />
No PEIB 4 gêneros; 9 espécies<br />
Andropogon L., Sp. Pl.: 1045. 1753.<br />
Clayton & Renvoize (1986) aceitam para o gênero cerca <strong>de</strong> 100<br />
espécies <strong>de</strong> distribuição tropical. Para o Novo Mun<strong>do</strong> o Catalogue of<br />
New World Grasses (CNWG) (2006) refere 54 espécies. Andropogon é um<br />
<strong>do</strong>s gêneros <strong>do</strong>minantes nas vegetações savânicas, mas algumas<br />
espécies ocorrem nos campos <strong>de</strong> montanhas tropicais (Clayton &<br />
Renvoize 1986). No Brasil são encontradas 28 espécies (Zanin & Longhi-<br />
Wagner 2006), das quais cinco ocorrem no PEIB.<br />
1. Andropogon bicornis L., Sp. Pl. 2: 1046. 1753.<br />
Figura 6: A e B.<br />
Plantas perenes, 0,5-1,6 m alt., cespitosas; lígula membranosociliada;<br />
lâminas foliares 11-52 x 0,2-0,5 cm, lineares, face adaxial<br />
geralmente pilosa, face abaxial escabra na nervura mediana e próximo à<br />
região ligular com tricomas <strong>de</strong> ca. 4 mm, auriculada, ápice agu<strong>do</strong>, sem<br />
estreitamento na base, margem pilosa. Inflorescência 10-21 cm<br />
compr., corimbiforme, com mais <strong>de</strong> 8 ramos floríferos, com muitas<br />
espatéolas evi<strong>de</strong>ntes, 2 ramos floríferos por espatéola, 2-4 cm compr.,<br />
parcial ou totalmente exsertos; entrenós da ráquis e <strong>do</strong>s pedicelos<br />
<strong>de</strong>nsamente pilosos, tricomas alvos, se<strong>do</strong>sos, 6-8 mm compr.<br />
Espiguetas sésseis 3-4 mm compr., bissexuadas, múticas; espiguetas<br />
pediceladas 0,7-1,1 mm compr., rudimentares, neutras, as duas<br />
pediceladas <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong>s ramos <strong>de</strong>siguais, uma rudimentar e neutra, a<br />
outra <strong>de</strong>senvolvida e masculina, mútica. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 19.VI.1991, R. C. Oliveira et al. 34 (CESJ, RB);<br />
14.III.1996, L. G. Ro<strong>de</strong>la AC-146 (CESJ); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al.<br />
163 (K, RB e SP).<br />
Distribuição geográfica e habitat: ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México até a<br />
Argentina. No Brasil há registro para to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s sen<strong>do</strong> a única
28<br />
exceção o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte (Zanin & Longhi-Wagner 2006).<br />
Andropogon bicornis é uma planta comum em locais altera<strong>do</strong>s como<br />
beiras <strong>de</strong> estradas e também áreas <strong>de</strong> cerra<strong>do</strong>, campo rupestre, locais<br />
brejosos, bordas <strong>de</strong> matas e terrenos arenosos. No PEIB ocorre em<br />
populações esparsas na trilha da Prainha para o Monjolinho, aos 1.377<br />
m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Também ocorre na Lagoa Seca, que é um local úmi<strong>do</strong><br />
sujeito à inundação.<br />
Andropogon bicornis po<strong>de</strong> ser facilmente diferencia<strong>do</strong> pela<br />
presença <strong>de</strong> duas espiguetas pediceladas no ápice <strong>do</strong>s ramos floríferos.<br />
2. Andropogon lateralis Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1): 329. 1829.<br />
Figura 6: C.<br />
Plantas perenes, 0,5-1 m alt., cespitosas, rizomatosas; lígula<br />
membranoso-ciliada; lâminas foliares 7-48 x 0,1-0,7 cm, lineares,<br />
planas ou involutas, face adaxial glabra, abaxial escabra, ápice obtuso a<br />
subagu<strong>do</strong>, margem com tricomas <strong>de</strong> ca. 1 mm compr., sem<br />
estreitamento na base, base com tricomas <strong>de</strong> ca. 5mm. Inflorescência<br />
3-7 cm compr., 3-7 ramos floríferos por espatéola, 3-7 cm compr.,<br />
conjuga<strong>do</strong>s ou subdigita<strong>do</strong>s, exsertos da espatéola; entrenós da ráquis e<br />
pedicelos <strong>de</strong>nsamente pilosos, tricomas alvos, se<strong>do</strong>sos, 2-3 mm compr.<br />
Espiguetas sésseis 4-5 mm compr., bissexuadas, arista 5-8 mm<br />
compr.; espiguetas pediceladas 5-7 mm compr., <strong>de</strong>senvolvidas,<br />
masculinas, múticas. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 12.IX.1991, S. M. S. Verar<strong>do</strong> et al. s.n. (CEN n.v.,<br />
CESJ 25367); 2.XI.1991, R. C. Oliveira 48 (CESJ); 19.X.2003, R. <strong>Dias</strong>-<br />
<strong>Melo</strong> et al. 18 (K, RB, SP); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 596 (CESJ);<br />
26.X.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 185 (K, RB, SP); 26.X.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />
et al. 188 (K, RB, SP); 28.X.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 199 (K, RB, SP).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Zanin & Longhi-Wagner<br />
(2006) esta espécie ocorre por toda a América <strong>do</strong> Sul e no Brasil ocorre<br />
nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amazonas, Maranhão, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Goiás, Mato<br />
Grosso, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, Minas Gerais, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, São Paulo,<br />
Paraná, Santa Catarina e <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. No levantamento <strong>do</strong>s
29<br />
herbários também foram encontra<strong>do</strong>s registros para os esta<strong>do</strong>s da<br />
Bahia e Tocantins (Harley 50191 et al. (SP), Men<strong>do</strong>nça 3996 (SP),<br />
respectivamente). No PEIB ocorre na Ponte <strong>de</strong> Pedra, em mata ciliar e<br />
nas trilhas para o Pião e na Lagoa Seca, sempre no campo rupestre.<br />
3. Andropogon leucostachyus Kunth in Humb., Bonpl. & Kunth, Nov.<br />
gen. sp. 1: 187. 1816.<br />
Figura 6: D.<br />
Plantas perenes, 0,7-1 m alt., cespitosas; lígula membranosa;<br />
lâminas foliares 6-52 x 0,1-0,4 cm, lineares, face adaxial e abaxial<br />
escabras, ápice agu<strong>do</strong>, margem escaberula, sem estreitamento na base.<br />
Inflorescência 1,5-4,5 cm compr., 2-6 ramos floríferos por espatéola,<br />
1,5-4,5 cm compr., conjuga<strong>do</strong>s ou digita<strong>do</strong>s, exsertos das espatéolas;<br />
entrenós da ráquis e pedicelos <strong>de</strong>nsamente pilosos, tricomas alvos,<br />
se<strong>do</strong>sos, 4-6 mm compr. Espiguetas sésseis 2,5-3,2 mm compr.,<br />
bissexuadas, geralmente aristadas, arista 1,7-4 mm compr., menos<br />
freqüentemente espiguetas múticas; espiguetas pediceladas 0,8-1,5 mm<br />
compr., rudimentares, neutras, múticas ou aristuladas. Cariopse não<br />
vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 22.II.1992, M. Eiterer s.n. (CESJ 25717, RB);<br />
20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 585 (CESJ, RB); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<br />
<strong>Melo</strong> et al. 167 (K, RB, SP).<br />
Distribuição geográfica e habitat: ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México até Argentina<br />
e no Brasil só não foi encontra<strong>do</strong> registro para o Acre (Renvoize 1984,<br />
Longhi-Wagner et al. 2001, Zanin & Longhi-Wagner 2006). É uma<br />
espécie que ocorre em áreas <strong>de</strong> cerra<strong>do</strong>, campo rupestre, campos<br />
hidromórficos, bordas <strong>de</strong> mata e locais altera<strong>do</strong>s. No PEIB ocorre no<br />
camping em solo arenoso; na trilha Monjolinho para a Lagoa Seca, ca.<br />
1.398 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, e na trilha Monjolinho para o Pião, no campo<br />
rupestre.<br />
4. Andropogon macrothrix Trin., Mém. Acad. Imp. Sci. St.-Pétersbourg,<br />
Sér. 6, Sci. Math. 2(3): 270. 1832.
30<br />
Figura 6: E e F.<br />
Plantas perenes, 36-70 cm alt., cespitosas; lígula membranosociliada;<br />
lâminas foliares (2)3-15 x 0,1-0,4 cm, lineares, planas, às vezes<br />
conduplicadas, face abaxial glabra, face adaxial escabra, ápice<br />
subagu<strong>do</strong> a bífi<strong>do</strong>, margem da base glabra e <strong>do</strong> ápice escabérula, sem<br />
estreitamento na base. Inflorescência 3-6 cm compr., com 2-4 ramos<br />
floríferos por espatéola, 3-6 cm compr., conjuga<strong>do</strong>s ou subdigita<strong>do</strong>s,<br />
exsertos da espatéola; entrenós da ráquis e pedicelos <strong>de</strong>nsamente<br />
pilosos, tricomas alvos, se<strong>do</strong>sos, 2-4 mm compr. Espiguetas sésseis, 4-<br />
6 mm compr., bissexuadas, arista 10-16 mm compr.; espiguetas<br />
pediceladas 3-4 mm compr., reduzidas, neutras, múticas ou<br />
aristuladas. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 3.XI.1991, R. C. Oliveira 60 (CESJ, RB);<br />
27.VII.1991, M. Eiterer s.n. (BHCB, CESJ 24870, MBM n.v., RB);<br />
19.VI.1991, R. C. Oliveira et al. 15 (CESJ, RB). 22.II.1992, M. Eiterer<br />
s.n. (CESJ 25719); 24.III.2001, M. A. Heluey et al. 82 (CESJ);<br />
20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 608 (CESJ, FLOR n.v, RB); 4.II.2004,<br />
R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 146 (K, RB, SP); 5.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 155 (K,<br />
RB, SP); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 176 (K, RB, SP).<br />
Distribuição geográfica e habitat: ocorre na Argentina, Bolívia,<br />
Paraguai, Uruguai e no Brasil, <strong>do</strong> Mato Grosso ao <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul<br />
(Renvoize 1984, Longhi-Wagner et al. 2001 e Zanin & Longhi-Wagner<br />
2006). Ocorre em áreas <strong>de</strong> campo, cerra<strong>do</strong>, campo rupestre, em borda<br />
<strong>de</strong> floresta ombrófila <strong>de</strong>nsa e com muita freqüência em locais alaga<strong>do</strong>s.<br />
No PEIB ocorre atrás <strong>do</strong> refeitório, na Ponte <strong>de</strong> Pedra, na Prainha, na<br />
trilha <strong>do</strong> Monjolinho para a Lagoa Seca, <strong>de</strong>sta para a Janela <strong>do</strong> Céu e<br />
nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Cruzeiro, entre fendas <strong>de</strong> rocha, em solo arenoso e<br />
no campo encharcável, sempre em local ensolara<strong>do</strong>.<br />
5. Andropogon virgatus Desv. ex Ham., Prodr. Pl. Ind. Occid. 9. 1825.<br />
Figura 6: G e H.<br />
Plantas perenes, 36-50 cm alt., cespitosas; lígula membranosociliada;<br />
lâminas foliares 6,5-14 x 0,1-0,3 cm, lineares, conduplicadas,
31<br />
ambas as faces glabras, ápice subagu<strong>do</strong> a obtuso, margem levemente<br />
ciliada a escabra, sem estreitamento na base. Inflorescência 12-15 cm<br />
compr., congesta, composta; um ramo florífero por espatéola, 6-10 mm<br />
compr., parcialmente exsertos das espatéolas, estas vermelhas e<br />
numerosas (vistosas); entrenós da ráquis e pedicelos esparsamente<br />
pilosos. Espiguetas pediceladas e sésseis <strong>de</strong> tamanho igual, 3,5-4 mm<br />
compr., não aristadas, ambas <strong>de</strong>senvolvidas, embora as pediceladas<br />
possam ser neutras ou masculinas. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 30.III.2004, F. M. Ferreira et al. 686 (RB, UFP<br />
n.v.).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Zanin & Longhi-Wagner<br />
(2006) esta espécie ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México até a Argentina e Uruguai.<br />
Andropogon virgatus é comumente encontra<strong>do</strong> em locais brejosos, ou<br />
em solo arenoso temporariamente alaga<strong>do</strong>. No PEIB ocorre na trilha<br />
Lagoa Seca para a Janela <strong>do</strong> Céu à ca. 1.409 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, forman<strong>do</strong><br />
gran<strong>de</strong>s touceiras, porém pouco freqüentes.<br />
Andropogon virgatus po<strong>de</strong> ser facilmente confundida com espécies<br />
<strong>de</strong> Schizachyrium por apresentar um único ramo florífero por espatéola.<br />
Porém, em Andropogon a gluma inferior da espigueta séssil é plana ou<br />
côncava e em Schizachyrium esta é convexa.
32<br />
Figura 6: A-B Andropogon bicornis: A. inflorescência, B. pares <strong>de</strong> espiguetas; C A. lateralis:<br />
par <strong>de</strong> espiguetas; D A. leucostachyus: par <strong>de</strong> espiguetas; E-F A. macrothrix: E.<br />
inflorescência, F. par <strong>de</strong> espiguetas; G-H A. virgatus: G. inflorescência, H. pares <strong>de</strong><br />
espiguetas. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 163; C <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 16; D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 167; E-F Oliveira 15; G-H<br />
Ferreira 686).
33<br />
Saccharum L., Sp. Pl. 1: 54. 1753.<br />
Segun<strong>do</strong> Clayton & Renvoize (1986) este gênero possui 35-40<br />
espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais,<br />
principalmente em margens <strong>de</strong> rios e vales, mas algumas espécies<br />
ocorrem em encostas abertas. O CNWG (2003) refere 14 espécies para o<br />
gênero. No PEIB apenas uma espécie é registrada.<br />
6. Saccharum asperum (Nees) Steud., Syn. Pl. Glumac. 1: 407. 1854.<br />
Figura 7; 8: A e B.<br />
Plantas perenes, 1-2,5 m alt., cespitosas; nós pilosos; lígula<br />
membranosa; lâminas foliares 10-86 x 0,5-2,4 cm, linear-lanceoladas,<br />
glabras ou levemente escabras em ambas as faces. Inflorescência<br />
contraída, 27-30 cm compr., rósea ou arroxeada quan<strong>do</strong> jovem e<br />
esbranquiçada quan<strong>do</strong> madura; entrenós da ráquis <strong>de</strong>sarticulan<strong>do</strong>-se,<br />
estes e os pedicelos pilosos, tricomas 1-4 mm compr., anel <strong>de</strong> tricomas<br />
3-7 mm compr. na base da espigueta séssil. Espiguetas sésseis e<br />
pediceladas 4-5 mm compr., arista <strong>de</strong> 5-7 mm compr., base com anel <strong>de</strong><br />
tricomas <strong>de</strong> 4-5 mm compr.; glumas glabras, 2-3-nervada, ápice bífi<strong>do</strong>,<br />
a inferior com margem escabra. Cariopse ca. 1,8 x 0,4 mm, castanhoescura.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 3.II.1993, R. C. Oliveira 145 (CESJ, RB);<br />
21.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 618 (CESJ, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />
et al. 145 (K, RB, SP); 18.I.2005, R. C. Forzza et al. 3930 (K, MBM, RB,<br />
SP).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al.<br />
(2001) esta espécie ocorre na Venezuela, Paraguai, Argentina e Brasil.<br />
Saccharum asperum é uma espécie relacionada a cursos d’água e locais<br />
brejosos. No PEIB ocorre no Lago das Miragens próximo ao curso d’água<br />
e próximo ao Monjolinho, em local brejoso.
Figura 7: inflorescência jovem <strong>de</strong> Saccharum asperum. Foto: Rafaela Forzza.<br />
34
35<br />
Figura 8: A-B Saccharum asperum: A. inflorescência; B. par <strong>de</strong> espiguetas séssil e<br />
pedicelada, ambas <strong>de</strong>senvolvidas. C-E Trachypogon spicatus: C. hábito; D. ramo florífero; E.<br />
espigueta pedicelada (A-B Ferreira 618; C-E Ferreira 579).
36<br />
Schizachyrium Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1): 331. 1829.<br />
Gênero com cerca <strong>de</strong> 60 espécies, distribuídas nas regiões<br />
tropicais e esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se para as subtropicais (Renvoize 1984). Türpe<br />
(1984) cita 10 espécies para a América <strong>do</strong> Sul. Para o Novo Mun<strong>do</strong>, o<br />
CNWG (2003) aceita 30 espécies. Clayton & Renvoize (1986) chamam<br />
atenção para o fato <strong>de</strong>ste gênero ser estreitamente relaciona<strong>do</strong> a<br />
Andropogon seção Leptopogon, sen<strong>do</strong> distinto por seus racemos simples.<br />
Porém, algumas espécies <strong>de</strong> Andropogon também têm racemos simples,<br />
então a diferenciação é feita pela nervura intercarinal e ápice <strong>do</strong>s<br />
entrenós fimbria<strong>do</strong>s. Andropogon também possui a gluma inferior da<br />
espigueta séssil plana ou côncava, enquanto em Schizachyrium esta é<br />
convexa. No PEIB, Schizachyrium está representa<strong>do</strong> por duas espécies.<br />
7. Schizachyrium con<strong>de</strong>nsatum (Kunth) Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1):<br />
333. 1829.<br />
Figura 9: A e B.<br />
Plantas cespitosas, 0,7-1 m alt.; lígula membranosa; lâminas<br />
foliares 3-12 x 0,2-0,4 cm, lineares, planas ou involutas, face adaxial<br />
escabra ou ambas as faces glabras e escabras ao longo da nervura<br />
central, ápice agu<strong>do</strong>, margem escabra, sem estreitamento na base.<br />
Inflorescência com um ramo florífero por espatéola, 0,5-3,5 cm compr.,<br />
ramos flexuosos na maturida<strong>de</strong>, parcialmente incluí<strong>do</strong>s na espatéola,<br />
estas evi<strong>de</strong>ntes e numerosas; entrenós da ráquis e <strong>do</strong>s pedicelos<br />
pilosos, tricomas 1,5-2 mm compr., alvos e se<strong>do</strong>sos. Espiguetas sésseis<br />
4-6 mm compr., bissexuadas, aristadas, gluma inferior convexa, glabra<br />
e lisa, sem nervuras no seu <strong>do</strong>rso, com ápice bífi<strong>do</strong> e escabérulo; gluma<br />
superior comprimida lateralmente, uniquilhada, glabra, porém<br />
escabérula na porção da quilha, a nervura se prolonga no ápice da<br />
gluma em uma arístula; lema inferior hialino; lema superior com duas<br />
alas hialinas, arista<strong>do</strong>, arista geniculada, coluna ca. 6 mm compr.,<br />
castanho-<strong>do</strong>urada, súbula ca. 9 mm compr., helicoidal, <strong>de</strong>senrolan<strong>do</strong>se<br />
<strong>do</strong> ápice para a base; espigueta pedicelada ca. 4 mm compr., neutra,<br />
rudimentar, escabérula, aristada, arista ca. 2 mm compr., pedicelo ca.
37<br />
3 mm compr., piloso nas laterais, tricomas ca. 2 mm compr., alvos e<br />
se<strong>do</strong>sos. Cariopse castanho-<strong>do</strong>urada, com ápice bífi<strong>do</strong>.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 13.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 231 (K, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Türpe (1984) esta espécie<br />
distribui-se por toda a América <strong>do</strong> Sul, porém através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
herbário constatou-se a ocorrência <strong>de</strong>sta espécie também na América<br />
Central e na Costa Rica. No Brasil ocorre no Pará, <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte,<br />
Paraíba, Bahia, Mato Grosso, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Goiás, Mato Grosso <strong>do</strong><br />
Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, São Paulo, Paraná e<br />
<strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al. (2001) e Renvoize<br />
(1984) esta espécie ocorre em cerra<strong>do</strong>s, campos secos com solos<br />
arenosos ou pedregosos, e em locais altera<strong>do</strong>s. Através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
herbário constatou-se também que esta espécie é comumente<br />
encontrada em áreas <strong>de</strong> campo rupestre. No PEIB foi coletada na trilha<br />
<strong>do</strong> Cruzeiro para a Lombada, no campo, forman<strong>do</strong> populações esparsas.<br />
8. Schizachyrium tenerum Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1): 336. 1829.<br />
Figura 9: C e D.<br />
Plantas cespitosas 30-75 cm alt.; colmos eretos ou fracamente<br />
ascen<strong>de</strong>ntes, esparsamente ramifica<strong>do</strong>s nos nós superiores; lígula<br />
membranoso-ciliada; lâminas foliares 3-13 x 0,05-0,3 cm, filiformes a<br />
lineares, planas ou conduplicadas, glabras em ambas as faces, tricomas<br />
marginais <strong>de</strong> 1-4 mm na porção basal. Inflorescência 1-11 cm compr.,<br />
ramos floríferos eretos na maturida<strong>de</strong>, solitários ou 2-5, terminais,<br />
colmos floríferos parcialmente incluí<strong>do</strong>s ou totalmente exsertos da<br />
espatéola; entrenós da ráquis e pedicelos retos na maturida<strong>de</strong>, entrenós<br />
da ráquis pilosos na base, pedicelos pilosos na porção superior <strong>de</strong> uma<br />
das margens. Espiguetas sésseis 4-6 mm compr., aristas 4-7 mm<br />
compr.; gluma inferior convexa, glabra ou escabérula; espiguetas<br />
pediceladas 3-5 mm compr., <strong>de</strong>senvolvidas, bissexuadas, glabras ou<br />
escabérulas, múticas ou aristadas.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 8.VII.1990, R. C. Oliveira s.n. (CESJ 25202, RB);<br />
19.VI.1991, R. C. Oliveira et al. 18 (CEN n.v., CESJ); 3.II.1993, R. C.
38<br />
Oliveira 136 (BHCB, CESJ); XII.1998, L. G. Ro<strong>de</strong>la Q9-190 (CESJ);<br />
30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 164 (K, RB); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et<br />
al. 171 (CEPEC, K, MBM, RB, SP).<br />
Distribuição geográfica e habitat: Türpe (1984) cita que esta espécie<br />
distribui-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o sul <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s até a Argentina em<br />
penhascos rochosos e <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s com cobertura graminosa e locais<br />
quentes. No Brasil através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> herbário verificou-se a<br />
ocorrência da mesma no Maranhão, Bahia, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Goiás,<br />
Minas Gerais, São Paulo e <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, em campo graminoso,<br />
campo rupestre e borda <strong>de</strong> mata semi<strong>de</strong>cídua. No PEIB ocorre <strong>de</strong> forma<br />
esparsa no campo rupestre na entrada <strong>do</strong> Parque, entre fendas <strong>de</strong><br />
rocha; na trilha Monjolinho para a Lagoa Seca; na trilha Lagoa Seca<br />
para a Janela <strong>do</strong> Céu, e na trilha <strong>do</strong> Cruzeiro para a Lombada, em solo<br />
arenoso e em local ensolara<strong>do</strong>.
40<br />
Figura 9: A-B Schizachyrium con<strong>de</strong>nsatum: A. hábito; B. par <strong>de</strong> espiguetas. C-D S.<br />
tenerum: C. hábito; D. par <strong>de</strong> espiguetas (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 231; C-D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 164).
41<br />
Trachypogon Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1): 341. 1829.<br />
Gênero que apresenta <strong>de</strong>limitação específica confusa, haven<strong>do</strong><br />
divergências quanto à sua taxonomia. Renvoize (1984) cita cinco<br />
espécies e Clayton & Renvoize (1986) aceitam três. Por outro la<strong>do</strong>,<br />
Longhi-Wagner et al. (2001) aceitam 15 espécies. O CNWG (2006) aceita<br />
para o Novo Mun<strong>do</strong> três espécies. Em relação à sua distribuição ocorre<br />
na África e nas Américas. No PEIB Trachypogon está representa<strong>do</strong> por<br />
apenas uma espécie.<br />
9. Trachypogon spicatus (L. f.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 2: 794. 1891.<br />
Figura 8: C-E; 10<br />
Plantas perenes, 0,45-1 m alt., cespitosas; nós portan<strong>do</strong> um anel<br />
<strong>de</strong> tricomas seríceos. Bainhas foliares pubescentes; lígula membranosa;<br />
lâminas foliares 5-25 x 0,1-0,5 cm, lineares, planas ou convolutas,<br />
pilosas em ambas as faces. Inflorescência com 1-3 ramos floríferos, 5-<br />
18 cm compr.; entrenós da ráquis glabros, nós pilosos e pedicelos<br />
esparsamente pilosos. Espiguetas sésseis 5-8 mm compr., múticas,<br />
masculinas, pilosas; espiguetas pediceladas, 6,5-7,2 mm compr.<br />
excluin<strong>do</strong> o calo agu<strong>do</strong> e pungente, aristadas, arista 1,6-6 cm compr.,<br />
bissexuadas, pilosas.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 21.I.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 887 (BHCB);<br />
22.I.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 886 (BHCB); 6.II.1989. L. Krieger & Leise<br />
s.n. (BR n.v., CESJ 25302, HURG n.v.); 19.VI.1991, R. C. Oliveira et al.<br />
21 (BHCB, CEN n.v., CESJ, MBM n.v.); 14.II.1996, L. G. Ro<strong>de</strong>la Q6-72,<br />
(CESJ); III.1999, L. G. Ro<strong>de</strong>la Q1-23 (CESJ 36822, RB); 18.X.2003, R.<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 8 (RB); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 579 (CESJ, RB);<br />
20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 582 (CESJ, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />
et al. 142 (K, MBM, RB, SP); 5.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 157 (CEPEC,<br />
K, MBM, RB, SP); 30.III.2004, F. M. Ferreira et al. 677 (K, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta<br />
espécie ocorre na África e nas Américas em dunas litorâneas, cerra<strong>do</strong> e<br />
campo rupestre <strong>de</strong> 0 a 1.000 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No PEIB, T. spicatus ocorre<br />
nas trilhas Monjolinho para o Pico <strong>do</strong> Pião e para a Lagoa Seca, no
42<br />
campo atrás <strong>do</strong> camping, na estrada para o limite norte <strong>do</strong> Parque, no<br />
campo rupestre sobre solo arenoso. É uma espécie bastante freqüente<br />
no Parque <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> a paisagem em algumas áreas (Fig. 10).<br />
Trachypogon spicatus é uma espécie <strong>de</strong> difícil circunscrição.<br />
Atualmente, existe uma tendência em aceitar um conceito mais amplo<br />
para o táxon (CNWG 2006), sob o qual são sinonimiza<strong>do</strong>s os seguintes<br />
nomes: T. gouinii E. Fourn., T. montufarii (Kunth) Nees, T. polymorphus<br />
Hack., T. ligularis Nees, T. micans An<strong>de</strong>rsson e T. canescens Nees.<br />
Figura 10: campos com Trachypogon spicatus. Foto: Rafaela Forzza.
43<br />
TRIBO ARUNDINELLEAE<br />
(12 gêneros; 175 spp.)<br />
No PEIB um gênero; uma espécie<br />
Lou<strong>de</strong>tiopsis Conert, Bot. Jahrb. Syst. 77: 277. 1957.<br />
Gênero com 11 espécies tropicais encontradas no oeste da África<br />
e na América <strong>do</strong> Sul. O CNWG (2003) cita a existência <strong>de</strong> uma única<br />
espécie para o Novo Mun<strong>do</strong>, a qual está representada no PEIB.<br />
10. Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix (Nees) Conert, Bot. Jahrb. Syst. 77: 285.<br />
1957.<br />
Figura 11: A-D.<br />
Plantas perenes, 0,54-1 m alt., cespitosas. Bainhas foliares<br />
pilosas; lígula pilosa; lâminas foliares 12-37 x 0,1-0,4 cm, convolutas,<br />
raramente planas ou conduplicadas, face abaxial glabra, face adaxial<br />
pilosa ou glabrescentes, com tricomas longos e se<strong>do</strong>sos. Inflorescência<br />
paniculada, aberta, pauciflora, 7-26 cm compr., ramos comumente<br />
secundifloros, pedicelos hirsutos, tricomas <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s. Espiguetas 12-16<br />
mm compr., excluin<strong>do</strong> aristas, subsésseis, em grupos <strong>de</strong> (2) 3 dan<strong>do</strong> a<br />
impressão <strong>de</strong> uma só espigueta longo-pedicelada; glumas agudas, a<br />
inferior 9-11 mm compr., hirsutas, tricomas <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s <strong>de</strong> base<br />
tuberculada e castanha, a superior 14-16 mm compr., glabra ou com<br />
tricomas alvos ou <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s esparsos; antécio inferior neutro ou<br />
masculino; lema inferior 13-14 mm compr., membranoso, glabro,<br />
mútico; antécio superior caduco na maturação; lema superior 6-8 mm<br />
compr., cartáceo, com tricomas se<strong>do</strong>sos e alvos, ápice bífi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntes 1-2<br />
mm compr., entre os quais se origina uma arista reta ou geniculada <strong>de</strong><br />
4,5-7 cm compr., composta pela coluna, <strong>do</strong>urada, <strong>de</strong>senvolvida e<br />
helicoidal, pela súbula, reta e estramínea, e pelo calo 0,5-1,2 mm<br />
compr., piloso, trunca<strong>do</strong>, bífi<strong>do</strong> ou oblíquo, sen<strong>do</strong> tais aristas caducas<br />
na maturação. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 21.I.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 884 (BHCB);<br />
30.XI.1991, M. L. G. Lisboa s.n. (CESJ 25889); 5.XII.1992, R. C. Oliveira
44<br />
101 (CESJ, RB); 6.II.1996, L. G. Ro<strong>de</strong>la RQ1-2 (CESJ); 18.X.2003, R.<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 10 (RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 140 (K, RB, SP);<br />
30.XI.2004, E. S. Me<strong>de</strong>iros et al. 356 (RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix ocorre no<br />
Brasil Central, em Minas Gerais e São Paulo, em cerra<strong>do</strong> e campo<br />
rupestre (Longhi-Wagner et al. 2001; Longhi-Wagner & To<strong>de</strong>schini<br />
2004). Através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> herbário foi possível verificar também, sua<br />
ocorrência nos campos rupestres da Bahia (M. L. Fonseca et al. 2796<br />
(SP)). No PEIB esta espécie foi comumente coletada nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />
camping, na trilha para o Cruzeiro, próximo a Gruta <strong>do</strong> Monjolinho e<br />
também na vertente su<strong>do</strong>este da Lombada, em campo rupestre.
45<br />
Figura 11: A-D Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix A. hábito, B. tría<strong>de</strong> <strong>de</strong> espiguetas, C.<br />
espigueta isolada e D. antécio inferior com flor masculina. (A-B Me<strong>de</strong>iros 356; C-D<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 140).<br />
Figura 11: A-D Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix A. hábito, B. tría<strong>de</strong> <strong>de</strong> espiguetas, C. espigueta<br />
isolada e D. antécio inferior com flor masculina. (A-B Me<strong>de</strong>iros 356; C-D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 140).
46<br />
TRIBO PANICEAE<br />
(101 gêneros; 2000 spp.)<br />
No PEIB 13 gêneros; 33 espécies<br />
Axonopus P. Beauv., Ess. Agrostogr. 12. 1812.<br />
Gênero nativo <strong>do</strong>s trópicos e subtrópicos das Américas, com<br />
alguns representantes introduzi<strong>do</strong>s no Velho Mun<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> Clayton<br />
& Renvoize (1986) o gênero abriga 110 espécies; Giral<strong>do</strong>-Cañas (2002)<br />
aceitam apenas 65 espécies e o CNWG (2006) aponta 85 espécies. No<br />
PEIB Axonopus está representa<strong>do</strong> por sete espécies.<br />
Muitas das espécies hoje posicionadas em Axonopus<br />
originalmente foram <strong>de</strong>scritas em Paspalum. Outro gênero facilmente<br />
confundi<strong>do</strong> com Axonopus é Digitaria. Porém, Axonopus difere <strong>de</strong>stes,<br />
respectivamente, na posição das espiguetas, as quais apresentam o<br />
<strong>do</strong>rso da gluma superior e <strong>do</strong> lema superior oposto a ráquis e a<br />
presença <strong>de</strong> espiguetas solitárias em cada nó da ráquis (Giral<strong>do</strong>-Cañas<br />
2001). A inflorescência e os caracteres vegetativos são notavelmente<br />
uniformes, o que torna o gênero facilmente reconhecível, porém dificulta<br />
a taxonomia interna, já que as diferenças entre muitas das espécies são<br />
insignificantes (Clayton & Renvoize 1986).<br />
11. Axonopus aureus P. Beauv., Ess. Agrostogr. 12. 1812.<br />
Figura 12: A-C.<br />
Plantas perenes, 56-80 cm alt., cespitosas, às vezes levemente<br />
<strong>de</strong>cumbentes; nós glabros. Bainhas foliares glabras ou pilosas na<br />
margem; lígula membranoso-ciliada; prefoliação convoluta; lâminas<br />
foliares 3-8 x 0,08-0,2 cm, lineares ou linear-lanceoladas, glabras ou<br />
glabrescentes, ápice agu<strong>do</strong>, margem ciliada ou portan<strong>do</strong> tricomas<br />
tubercula<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ca. 5 mm compr. Inflorescência 2-4 racemos<br />
subdigita<strong>do</strong>s, 2,5-6 cm compr.; ráquis setosa, margem portan<strong>do</strong><br />
tricomas tubercula<strong>do</strong>s, longos, castanho-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s, no ápice <strong>do</strong>s<br />
pedicelos tais tricomas também estão presentes forman<strong>do</strong> tufos sob as<br />
espiguetas. Espiguetas 1,2-1,5 x 0,7-0,9 mm, elípticas; gluma inferior
47<br />
ausente; gluma superior 1,2-1,5 x 0,7-0,9 mm, 2-nervada, nervuras<br />
pouco aparentes, nervura central ausente, ápice obtuso, com tricomas<br />
curtos que caducam com a maturida<strong>de</strong>; lema inferior 1,2-1,5 x 0,7-0,9<br />
mm, 2-nerva<strong>do</strong>, nervura pouco aparente, nervura central ausente, ápice<br />
obtuso, com tricomas curtos que caducam com a maturida<strong>de</strong>; antécio<br />
superior 1,2-1,5 x 0,7-0,9 mm, levemente papiloso, glabro, castanho,<br />
brilhoso, coriáceo. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 3.II.1993, R. C. Oliveira 144 (CESJ, RB);<br />
30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 161 (K, RB); 18.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et<br />
al. 244 (K, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: esta espécie ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a América<br />
Central e Antilhas ao sul <strong>do</strong> Brasil em cerra<strong>do</strong>, campo, campo rupestre<br />
e restinga (Renvoize 1984, Judziewicz 1990, Longhi-Wagner et al. 2001,<br />
Longhi-Wagner & To<strong>de</strong>schini 2004). No PEIB ocorre com freqüência e<br />
forma gran<strong>de</strong>s populações na trilha da Prainha para o Monjolinho e<br />
também no acesso para a Gruta <strong>do</strong> Monjolinho, em solo areno-argiloso<br />
ou argiloso, ao sol ou em áreas sombreadas por can<strong>de</strong>ia (Eremanthus<br />
erythropappus (DC.) MacLeish).<br />
Giral<strong>do</strong>-Cañas (2001) afirma que nos campos e cerra<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
Brasil, é comum que A. aureus cresça associada a espécies <strong>de</strong><br />
Trachypogon, Byrsonima e Curatella. O autor relata ainda que esta é<br />
uma espécie muito variável, tanto em seus caracteres vegetativos<br />
quanto nos reprodutivos.<br />
12. Axonopus brasiliensis (Spreng.) Kuhlm., Comm. Lin. Telegr., Bot.<br />
67(11): 47. 1922.<br />
Figura 12: D.<br />
Plantas perenes, 60-65 cm alt., cespitosas; nós glabros. Bainhas<br />
foliares tornan<strong>do</strong>-se fibrosas junto à base da planta quan<strong>do</strong> velhas,<br />
glabras, margem ciliada; lígula membranoso-ciliada; prefoliação<br />
convoluta; lâminas foliares 13-22 x 0,05-0,1 cm, lineares, convolutas,<br />
glabras, ápice obtuso ou subagu<strong>do</strong>, margem com tricomas<br />
tubercula<strong>do</strong>s. Inflorescência 2-3(-4) racemos digita<strong>do</strong>s ou
48<br />
subdigita<strong>do</strong>s, 6,5-10,3 cm compr.; ráquis com tricomas tubercula<strong>do</strong>s,<br />
longos e alvos na margem. Espiguetas 3,5-4 x 0,9-1,2 mm,<br />
estreitamente elípticas a lanceoladas; gluma inferior ausente; gluma<br />
superior 3,5-4 x 0,9-1,2 mm, 5-nervada, tricomas tubercula<strong>do</strong>s, longos<br />
e alvos ao longo das nervuras, nervuras salientes, ápice agu<strong>do</strong>; lema<br />
inferior estéril, 3,5-4 x 0,9-1,2 mm, 3-4 nerva<strong>do</strong>, com tricomas<br />
tubercula<strong>do</strong>s, longos e alvos ao longo das nervuras, nervuras salientes,<br />
ápice agu<strong>do</strong>; antécio superior frutífero 3,5-4 x 0,9-1,2 mm, castanhoclaro<br />
a castanho-escuro, coriáceo; lema superior glabro, ápice pubérulo;<br />
pálea superior levemente papilosa, portan<strong>do</strong> curtos tricomas no ápice.<br />
Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 29.VI.1991, F. R. Salimena s.n. (CESJ 25468);<br />
5.XII.1992, R. C. Oliveira 98 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al.<br />
604 (CESJ, RB); 16.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 223 (K, RB).<br />
Distribuição geográfica: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) e Longhi-Wagner et<br />
al. (2001) A. brasiliensis ocorre no Paraguai e Brasil, em cerra<strong>do</strong>s,<br />
campos secos, campos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ocorrência mais rara em<br />
banha<strong>do</strong>s. Giral<strong>do</strong>-Cañas (2002) cita que a distribuição <strong>de</strong>sta espécie se<br />
esten<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amazonas e Bahia até o Paraná, ocorren<strong>do</strong><br />
também na porção oriental da Bolívia, crescen<strong>do</strong> em áreas abertas <strong>de</strong><br />
serras, em savanas <strong>de</strong> areias brancas, em campinas e nos afloramentos<br />
rochosos <strong>do</strong> Escu<strong>do</strong> Brasileiro, entre 100 e 1.300 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No<br />
PEIB é encontrada nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> camping, nas trilhas da<br />
Prainha para o Monjolinho e <strong>do</strong> Monjolinho para a Lagoa Seca,<br />
ocorren<strong>do</strong> no campo rupestre entre populações <strong>de</strong> Lou<strong>de</strong>tiopsis<br />
chrysothrix, em solo arenoso, em solo rico em húmus ou menos<br />
frequentemente em solo argiloso.<br />
13. Axonopus complanatus (Nees) De<strong>de</strong>cca, Bragantia 15: 265. 1956.<br />
Figura 12: E.<br />
Plantas perenes, 10-17 cm alt., não cespitosas, estoloníferas; nós<br />
glabros a pilosos. Bainhas foliares glabras a pilosas, margem lisa; lígula<br />
membranoso-ciliada; prefoliação conduplicada; lâminas foliares 1,2-4 x
49<br />
1,5-3,5 cm, conduplicadas ou planas, glabras em ambas as faces, ápice<br />
obtuso, assimétrico e retuso, margem no ápice escabra e na base<br />
esparsamente coberta por tricomas finos, <strong>de</strong> base tuberculada.<br />
Inflorescência 2-3 racemos verticila<strong>do</strong>s ou subverticila<strong>do</strong>s, conjuga<strong>do</strong>s<br />
a subconjuga<strong>do</strong>s, 2-4 cm compr., inflorescências axilares presentes;<br />
ráquis glabra, escabérula na margem, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta.<br />
Espiguetas 2-2,3 x 0,7-0,8 mm, oval-lanceoladas; gluma inferior<br />
ausente; gluma superior 2-2,3 x 0,7-0,8 mm, 4-nervada, sem nervura<br />
central evi<strong>de</strong>nte, ápice agu<strong>do</strong>, simétrico, com esparsos tricomas<br />
próximos às nervuras e na base, escabérula em direção ao ápice,<br />
membranácea a hialina, ver<strong>de</strong>-estramínea com máculas vináceas,<br />
paleácea; antécio inferior neutro; lema inferior 2-2,1 x 0,7-0,8 mm, 2 ou<br />
4 nerva<strong>do</strong>, sem nervura central evi<strong>de</strong>nte, ápice agu<strong>do</strong>, subglabro,<br />
membranáceo a halino, ver<strong>de</strong>-estramíneo com máculas vináceas; pálea<br />
inferior ausente; antécio superior frutífero; lema superior 2-2,1 x 0,7-<br />
0,8 mm, liso, coriáceo, ápice agu<strong>do</strong>, com curtos tricomas. Cariopse não<br />
vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 172 (K, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: Longhi-Wagner et al. (2001) citam a<br />
distribuição <strong>de</strong>sta espécie apenas para o Brasil, on<strong>de</strong> ocorre nas<br />
Regiões Nor<strong>de</strong>ste, Centro-Oeste e Su<strong>de</strong>ste. No PEIB foi coletada apenas<br />
na trilha da Lagoa Seca para a Janela <strong>do</strong> Céu.<br />
14. Axonopus fastigiatus (Nees ex Trin.) Kuhlm., Comm. Lin. Telegr.,<br />
Bot. 67(11): 87. 1922.<br />
Figura 12: F.<br />
Plantas perenes, 16-28 cm alt., cespitosas; base freqüentemente<br />
bulbosa; nós glabros. Bainhas foliares curtamente pilosas; lígula pilosa;<br />
prefoliação convoluta; lâminas foliares 2-7 x 0,07-0,2 cm, lineares,<br />
planas ou conduplicadas, face abaxial pilosa, face adaxial pilosa a<br />
glabrescente, ápice agu<strong>do</strong>. Inflorescência 2-3 racemos conjuga<strong>do</strong>s, 3,5-<br />
6 cm compr.; ráquis glabra ou escabérula. Espiguetas 2,5-3,5 x 0,6-0,9<br />
mm, estreitamente elípticas a oblongas; gluma inferior ausente; gluma
50<br />
superior 2,5-3,5 x 0,6-0,9 mm, 2 (-3) nervada, margem ciliada com<br />
tricomas pectina<strong>do</strong>s, membranácea, lema inferior, 2 (-3) nerva<strong>do</strong>,<br />
margem ciliada com tricomas pectina<strong>do</strong>s a subglabra, membranáceo;<br />
pálea inferior ausente; antécio superior 2,5-3,5 x 0,6-0,9 mm, pubérulo,<br />
portan<strong>do</strong> um tufo <strong>de</strong> tricomas, estramíneo, ápice agu<strong>do</strong>. Cariopse não<br />
vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 12.V.1970, L. Krieger s.n. (CESJ 8565, RB);<br />
27.IV.1988, P. Andra<strong>de</strong> 1176 (BHCB); XII.1998, L. G. Ro<strong>de</strong>la Qd-2<br />
(CESJ); 24.III.2001, M. A. Heluey et al. 81 (CESJ); 24.III.2001, M. A.<br />
Heluey et al. 92 (CESJ); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 177 (K, MBM,<br />
RB, SP); 17.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 232 (K, RB, SP); 9.VIII.2005, R.<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 291 (RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: Renvoize (1984) e Longhi-Wagner &<br />
To<strong>de</strong>schini (2004) citam a ocorrência <strong>de</strong> A. fastigiatus nos campos<br />
rupestres da Bahia, Goiás e Minas Gerais. É comumente encontrada<br />
nas partes altas <strong>do</strong> Parque, como nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Cruzeiro, na<br />
Lombada e Janela <strong>do</strong> Céu, no campo rupestre ou em campos<br />
encharcáveis.<br />
15. Axonopus fissifolius (Raddi) Kuhlm., Comm. Lin. Telegr., Bot. 67(11):<br />
87. 1922.<br />
Figura 12: G.<br />
Plantas perenes, 5-8 cm alt., estoloníferas; nós glabros. Bainhas<br />
foliares glabras, pilosas na margem próxima à região ligular; lígula<br />
membranoso-ciliada; prefoliação conduplicada; lâminas foliares 2-4 x<br />
0,1-0,2 cm, planas ou conduplicadas, glabras em ambas as faces, ápice<br />
obtuso e assimétrico ou retuso, bífi<strong>do</strong> nas planas, escabérulas na<br />
margem e no ápice. Inflorescência 2-3 racemos conjuga<strong>do</strong>s,<br />
verticila<strong>do</strong>s, 2-3,5 cm compr., axilas portan<strong>do</strong> curtos tricomas,<br />
inflorescências axilares presentes; ráquis glabra, escabérula na<br />
margem, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta. Espiguetas 1,7-2 x 0,4-0,7<br />
mm, oblongas a estreitamente oblongo-lanceoladas; gluma inferior<br />
ausente; gluma superior 1,7-2 x 0,4-0,7 mm, 4-nervada, sem nervura
51<br />
central evi<strong>de</strong>nte, ápice apicula<strong>do</strong>, pilosa na margem e ao longo das<br />
nervuras, base comosa; antécio inferior neutro; lema inferior 1,7-1,9 x<br />
0,4-0,7 mm, 2-nerva<strong>do</strong>, sem nervura central evi<strong>de</strong>nte, ápice apicula<strong>do</strong>,<br />
pilosida<strong>de</strong> semelhante à da gluma superior; pálea inferior ausente;<br />
antécio superior frutífero; lema superior glabro, liso, ápice papiloso.<br />
Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 2.XI.1991, R. C. Oliveira s.n. (CESJ 25529, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) e Longhi-<br />
Wagner et al. (2001) esta espécie ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s até a<br />
Argentina, em cerra<strong>do</strong>s, campos e campos rupestres, em solos rochosos<br />
ou pedregosos e, também em locais perturba<strong>do</strong>s, em grama<strong>do</strong>s e em<br />
várzeas arenosas. No PEIB foi coletada apenas em uma população que<br />
formava um pequeno grama<strong>do</strong> na trilha para o Pico <strong>do</strong> Pião, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
então não foi recoletada.<br />
16. Axonopus polystachyus G. A. Black, Advancing Frontiers Pl. Sci. 5:<br />
62. 1963.<br />
Figura 12: H.<br />
Plantas perenes, ca. 83 cm alt., cespitosas; nós pilosos a<br />
glabrescentes. Bainhas foliares glabras, margem escabra; lígula<br />
membranoso-ciliada; prefoliação conduplicada; lâminas foliares 5-33 x<br />
0,2-1,1 cm, planas ou conduplicadas, face adaxial glabra, face abaxial<br />
portan<strong>do</strong> tricomas setosos a glabrescente, ápice obtuso e assimétrico,<br />
retuso, às vezes acumina<strong>do</strong>, escabérulo, margem escabra.<br />
Inflorescência com 3 racemos subconjuga<strong>do</strong>s, subverticila<strong>do</strong>s, 10-13<br />
cm compr., inflorescências axilares presentes, axilas seríceas; ráquis<br />
glabra, margem escabra, às vezes com tricomas finos e longos próximos<br />
aos pedicelos, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta. Espiguetas 2,1-2,7 x 0,6-<br />
0,8 mm, estreitamente elíptico-lanceoladas; gluma inferior ausente;<br />
gluma superior 2,1-2,7 x 0,6-0,8 mm, 4-nervada, sem nervura central<br />
evi<strong>de</strong>nte, base não comosa, ápice agu<strong>do</strong> ou apicula<strong>do</strong>, assimétrico,<br />
pilosida<strong>de</strong> fina e esparsa ao longo das nervuras, hialina; antécio inferior<br />
neutro; lema inferior 2,1-2,4 x 0,6-0,8 mm, 2-4 nerva<strong>do</strong>, subglabro,
52<br />
hialino; pálea inferior ausente; antécio superior frutífero; lema superior<br />
2,1-2,6 x 0,6-0,8 mm, esparsamente papiloso, glabro, membranáceo,<br />
ápice subagu<strong>do</strong>, papiloso. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 20.VI.1991, R. C. Oliveira 31 (CEN n.v., CESJ,<br />
RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: Longhi-Wagner et al. (2001) citam<br />
que esta espécie ocorre no Sul e Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil, em campo cerra<strong>do</strong>,<br />
ao longo <strong>de</strong> ro<strong>do</strong>vias, em floresta secundária e é freqüente em áreas<br />
roçadas. No PEIB foi coleta<strong>do</strong> próximo a Ponte <strong>de</strong> Pedra, na margem <strong>do</strong><br />
<strong>Rio</strong> <strong>do</strong> Salto, forman<strong>do</strong> <strong>de</strong>nsas touceiras.<br />
17. Axonopus siccus (Nees) Kuhlm., Comm. Lin. Telegr., Bot. 67(11): 87.<br />
1922.<br />
Figura 12: I e J; 13<br />
Planta perene, 0,5-1 m alt., cespitosa; nós pilosos. Bainhas<br />
foliares glabras ou com pilosida<strong>de</strong> esparsa, margem inteira, glabra;<br />
lígula membranoso-ciliada com cílios longos ou pilosa; prefoliação<br />
convoluta; lâminas foliares 7-35 x 0,08-0,3 cm, filiformes, convolutas<br />
ou involutas, cilíndricas, raro planas, glabras em ambas as faces, ou<br />
escabras na face abaxial e pilosas na adaxial, ápice acumina<strong>do</strong> e<br />
pungente, margem serreada, às vezes com tricomas. Inflorescência<br />
com 5-16 racemos alternos ou subverticila<strong>do</strong>s, 5-19 cm compr.; ráquis<br />
escabra. Espiguetas 1,8-2,5 x 0,6-0,9 mm; gluma inferior ausente,<br />
gluma superior 1,8-2,5 x 0,6-0,9 mm, 5-7 nerva<strong>do</strong>, nervuras evi<strong>de</strong>ntes,<br />
nervura central evi<strong>de</strong>nte, ápice agu<strong>do</strong>, glabra ou esparsamente pilosa<br />
entre as nervuras, tricomas curtos; lema inferior 1,7-2,4 x 0,6-0,9 mm,<br />
5-7 nerva<strong>do</strong>, nervuras evi<strong>de</strong>ntes, nervura central evi<strong>de</strong>nte, ápice agu<strong>do</strong>,<br />
glabro ou finamente piloso entre as nervuras, tricomas esparsos e<br />
curtos; antécio superior 1,7-2,3 x 0,6-0,9 mm, glabro, levemente<br />
papiloso, subcoriáceo, estramíneo, ápice subagu<strong>do</strong>. Cariopse não vista.
53<br />
Material Examina<strong>do</strong>: 19.VI.1991, M. C. Brügger s.n. (CEN n.v., CESJ<br />
24818, HURG n.v.); 2.XI.1991, R. C. Oliveira s.n. (CESJ 32625, RB);<br />
22.II.1992, M. Eiterer et al. s.n. (CESJ 25712); 22.II.1992, M. Eiterer s.n.<br />
(CESJ 25722); 3.II.1993, R. C. Oliveira 138 (CESJ); 8.II.1996, L. G.<br />
Ro<strong>de</strong>la Q2-27 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 584 (CESJ);<br />
20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 586 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira<br />
et al. 588 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 593 (CESJ, RB);<br />
20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 595 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira<br />
et al. 597 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 601 (CESJ);<br />
20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 607 (CESJ, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />
et al. 141 (K, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 144 (K, RB); 5.II.2004, R.<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 151 (K, RB, SP); 20.I.2005, R. C. Forzza et al. 3963 (K,<br />
MBM, RB, SP); 17.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 235 a (K, RB);<br />
9.VIII.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 295 (RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) Axonopus<br />
siccus ocorre na Bolívia, Paraguai, Argentina e no Brasil. Longhi-<br />
Wagner et al. (2001) acrescentam ainda a ocorrência <strong>de</strong>sta espécie no<br />
Uruguai, e no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Mato Grosso ao <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, em<br />
cerra<strong>do</strong>, em campo seco a úmi<strong>do</strong>, em solo arenoso e areno-argiloso.<br />
Axonopus siccus ocorre em vários pontos <strong>do</strong> PEIB, mas forma<br />
populações pequenas e esparsas. Foi coletada na entrada <strong>do</strong> Paque, nas<br />
proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> camping, na Ponte <strong>de</strong> Pedra próximo ao <strong>Rio</strong> <strong>do</strong> Salto,<br />
na trilha da Ponte <strong>de</strong> Pedra para a Cachoeira <strong>do</strong>s Macacos, da trilha<br />
Monjolinho para o Pico <strong>do</strong> Pião e para a Lagoa Seca, nas proximida<strong>de</strong>s<br />
<strong>do</strong> Cruzeiro e da Lombada. Ocorre principalmente no campo rupestre,<br />
mas também po<strong>de</strong> ser encontrada em campos encharcáveis, em solo<br />
arenoso ou em areia misturada a húmus, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1.255 m a 1.650 m <strong>de</strong><br />
altitu<strong>de</strong>.<br />
Um aspecto interessante a ser menciona<strong>do</strong> sobre Axonopus siccus<br />
é o registro <strong>de</strong> plântulas crescen<strong>do</strong> no interior das espiguetas em uma<br />
das populações <strong>do</strong> Parque (<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 295) (Fig. 14). Giral<strong>do</strong>-Cañas<br />
(2001) registrou a ocorrência <strong>de</strong> fato semelhante em Axonopus aureus e<br />
o <strong>de</strong>finiu como proliferação vegetativa. O autor afirma ainda que este é
54<br />
um fenômeno comum nas espécies perenes <strong>de</strong> regiões temperadas e<br />
ártico-alpinas, on<strong>de</strong> as mesmas têm um perío<strong>do</strong> curto <strong>de</strong> crescimento.<br />
Assim, tais espécies produzem plântulas na espigueta ao invés <strong>de</strong><br />
flósculos, as plântulas caem e ao cair no solo enraízam. Tal fenômeno<br />
po<strong>de</strong> estar associa<strong>do</strong> à reprodução vegetativa, po<strong>de</strong> ser resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
teratologia ou <strong>de</strong> variação nos fatores ambientais. Mas é preciso<br />
verificar se, se trata <strong>de</strong> proliferação vegetativa ou viviparida<strong>de</strong>. Seja qual<br />
for o caso, merece estu<strong>do</strong>s aprofunda<strong>do</strong>s, pois ambos se tratam <strong>de</strong><br />
rarida<strong>de</strong>s em espécies tropicais, principalmente em Paniceae, como cita<br />
Giral<strong>do</strong>-Cañas (2001).
55<br />
Figura 12: A-C Axonopus aureus: A. hábito; B. ráquis; C. espigueta. D. A. brasiliensis:<br />
espigueta. E. A. complanatus: espigueta. F. A. fastigiatus: espigueta. G. A. fissifolius:<br />
espigueta. H. A. polystachyus: espigueta. I-J A. siccus: I. hábito; J. espigueta. (A-C <strong>Dias</strong>-<br />
<strong>Melo</strong> 244; D Ferreira 604, <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 223; E <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 172; F <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 177; G Oliveira<br />
s.n; H Oliveira 31; I-J Ferreira 607 Forzza 3963).
56<br />
Figura 13: Axonopus siccus (<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 295), presença <strong>de</strong> plântulas<br />
crescen<strong>do</strong> na espigueta, fenômeno <strong>de</strong>scrito como proliferação vegetativa.<br />
Foto: Claudine Massi Mynssen.
57<br />
Dichanthelium (Hitchc. & Chase) Gould, Brittonia 26(1): 59. 1974.<br />
Até a década <strong>de</strong> 1970 Dichanthelium era posicionada em Panicum<br />
subgênero Dichanthelium seção Dichanthelium. Gould (1974) com base<br />
no dimorfismo foliar e floral, nível <strong>de</strong> ploidia, síndrome Kranz e<br />
ornamentação <strong>do</strong> antécio superior eleva a secção a catergoria genérica.<br />
Pohl (1981) e outros autores como Morrone & Zuloaga (1991) o<br />
mantiveram como subgênero <strong>de</strong> Panicum, pois achavam que os<br />
caracteres referi<strong>do</strong>s por Gould (1974) não eram a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s ou<br />
suficientes para segregar os <strong>do</strong>is taxa, geran<strong>do</strong> discussões<br />
subseqüentes (Zuloaga et al. 1993). Estu<strong>do</strong>s filogenéticos tais como<br />
Zuloaga et al. (2000), Duvall et al. (2001) e Aliscioni et al. (2003) têm<br />
aponta<strong>do</strong> o <strong>de</strong>smembramento <strong>de</strong> Panicum como um to<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> aceita a<br />
proposta <strong>de</strong> Gould (1974). Dichanthelium ocorre na América Central,<br />
Antilhas e América <strong>do</strong> Sul em bordas <strong>de</strong> matas ou em locais abertos, em<br />
solos arenosos úmi<strong>do</strong>s ou secos. O CNWG (2006) cita 57 espécies. No<br />
PEIB está representa<strong>do</strong> por uma espécie apenas.<br />
18. Dichanthelium superatum (Hack.) Zuloaga, Amer. J. Bot. 90(5): 817.<br />
2003.<br />
Figura 15: A e B.<br />
Planta perene, 50-75 cm alt., rizomatosa, ereto-<strong>de</strong>cumbente,<br />
flexuosa; nós pilosos a glabrescentes. Bainhas foliares pilosas, porém<br />
com o envelhecimento da planta a pilosida<strong>de</strong> permanece apenas na<br />
margem; colo piloso; lígula membranoso-ciliada, curtamente<br />
membranosa, longamente ciliada; lâminas foliares 5,5-15 x 0,6-1 cm,<br />
linear-lanceoladas, planas, ambas as faces pilosas a glabrescentes,<br />
ápice agu<strong>do</strong> e pungente, margem serreada com tricoma estrigosos, base<br />
reta. Inflorescência 7-13 x 3-6 cm, panícula aberta, contraída quan<strong>do</strong><br />
jovem. Espiguetas 2,3-3 x 1-1,1 mm, oval-lanceoladas, glabras; gluma<br />
inferior 1,6-2 x 0,7-0,9 mm, oval-lanceolada, 3-nervada, nervura central<br />
fortemente marcada, ápice agu<strong>do</strong>, glabra; gluma superior 2-2,3 x 1-1,1<br />
mm, ellíptica, 8-nervada, ápice arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>, glabra; antécio inferior<br />
com flor masculina; lema inferior 2-2,5 x 1-1,1 mm, 7-nerva<strong>do</strong>, ápice
58<br />
subagu<strong>do</strong>; pálea inferior hialina; antécio superior frutífero 2,3-3 x 1-1,1<br />
mm, glabro, lustroso, cartilaginoso, ápice subagu<strong>do</strong>; lema superior com<br />
duas pregas plissadas na base. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 2.XI.1991, R. C. Oliveira 35 (BHCB, CESJ);<br />
3.II.1993, R. C. Oliveira 148 (CESJ, RB); 18.X.2003, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 9<br />
(RB); 7.III.2006, F. M. Ferreira et al. 992 (CESJ, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Zuloaga et al. (1993) e<br />
Longhi-Wagner (2001), esta espécie ocorre no Brasil, <strong>do</strong> Espírito Santo<br />
ao <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, <strong>de</strong> 900 a 2.650 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No PEIB ocorre<br />
freqüentemente na trilha <strong>do</strong> Monjolinho para o Pico <strong>do</strong> Pião e para a<br />
Lagoa Seca, e <strong>de</strong>sta para a Janela <strong>do</strong> Céu, em beira <strong>de</strong> mata ciliar e em<br />
campo <strong>de</strong> solo arenoso, forman<strong>do</strong> touceiras.<br />
Digitaria Haller, Hist. Stirp. Helv. 2: 244. 1768.<br />
Segun<strong>do</strong> Clayton & Renvoize (1986) este gênero possui cerca <strong>de</strong> 230<br />
espécies distribuídas em regiões tropicais e subtropicais <strong>de</strong> ambos os<br />
hemisférios. Judziewicz (1990) aponta a existência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 175<br />
espécies. Para Watson & Dalwitz (1992) Digitaria possui cerca <strong>de</strong> 220<br />
espécies, distribuídas em regiões tropicais e subtropicais ou menos<br />
comumente nas regiões temperadas. Para o no Novo Mun<strong>do</strong>, Judziewicz<br />
(1990) cita 75 espécies sen<strong>do</strong> muitas daninhas e poucas cultivadas<br />
como forrageiras ou cereais. Porém, segun<strong>do</strong> o CNWG (2006) o Novo<br />
Mun<strong>do</strong> abriga 97 espécies. O Brasil é o país das Américas que possui a<br />
maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Digitaria, apresentan<strong>do</strong> 12 exóticas e 26 nativas,<br />
das quais nove são endêmicas. A riqueza específica é praticamente<br />
equivalente entre as Regiões Sul, Su<strong>de</strong>ste, Centro-Oeste e Nor<strong>de</strong>ste,<br />
com uma redução na Região Norte. Habitam formações como campos<br />
naturais, cerra<strong>do</strong>s, restingas, campos rupestres, sen<strong>do</strong> comuns em<br />
locais altera<strong>do</strong>s (Canto-Dorow & Longhi-Wagner 2001). No PEIB está<br />
representa<strong>do</strong> por quatro espécies. É provável que o estabelecimento das<br />
espécies <strong>de</strong> Digitaria no PEIB seja algo recente (ten<strong>do</strong> em vista as datas<br />
das coletas) e talvez esteja relacionada à intensa visitação que o PEIB<br />
recebe.
59<br />
19. Digitaria ciliaris (Retz.) Koeler, Descr. Gram. 27. 1802.<br />
Figura 15: C e D.<br />
Planta anual, 20-30 cm alt., <strong>de</strong>cumbente, radicante nos nós<br />
inferiores; nós pilosos a glabrescentes. Bainhas foliares pilosas a<br />
glabrescentes, tricomas esparsos com base tuberculada; lígula<br />
membranosa; prefoliação convoluta; lâminas foliares 2,9-5 x 0,2-0,5<br />
cm, linear-lanceoladas, ambas as faces glabras ou com tricomas<br />
tubercula<strong>do</strong>s esparsos, margem serreada. Inflorescência com 2-3<br />
ramos subverticila<strong>do</strong>s a verticila<strong>do</strong>s, 4-7 cm compr., axilas pubérulas;<br />
ráquis 0,2-0,5 mm larg., margem escabra, terminan<strong>do</strong> em uma<br />
espigueta. Espiguetas binadas, lanceoladas, pubescentes, tricomas<br />
seríceos presentes na gluma superior e lema inferior; gluma inferior 0,3-<br />
0,5 mm compr., ápice agu<strong>do</strong>; gluma superior 1,6-1,8 x 0,4-0,6 mm,<br />
ápice agu<strong>do</strong>, 3 ou 5 nervada, pilosa em toda sua extensão; antécio<br />
inferior neutro; lema inferior 2,8-3 x 0,7-1 mm, 5-7 nerva<strong>do</strong>, ápice<br />
agu<strong>do</strong>, piloso na margem; pálea inferior ausente; antécio superior<br />
frutífero 2,7-2,9 x 0,7-1 mm, papiloso, castanho escuro na maturação,<br />
membranáceo, lema superior sem nervura aparente. Cariopse não<br />
vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 19.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 567 (CESJ, RB);<br />
6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 954 (CESJ, RB);<br />
Distribuição geográfica e habitat: ocorre através <strong>do</strong>s trópicos e<br />
subtrópicos. No Brasil distribui-se amplamente por quase to<strong>do</strong> o<br />
território nacional, em locais altera<strong>do</strong>s <strong>de</strong> campo e cerra<strong>do</strong>, bem como<br />
beira <strong>de</strong> estradas e caminhos (Renvoize 1984, Longhi-Wagner 2001).<br />
Segun<strong>do</strong> Judziewicz (1990) esta espécie é uma erva daninha pantropical<br />
e Boldrini et al. (2005) afirmam que a mesma é uma invasora comum <strong>de</strong><br />
lavouras <strong>de</strong> verão, como soja, milho e arroz. No PEIB foi encontrada em<br />
borda <strong>de</strong> mata na trilha entre a casa <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e o centro <strong>de</strong><br />
informação. A ocorrência <strong>de</strong> D. ciliaris neste local po<strong>de</strong> ser atribuída ao<br />
fato <strong>do</strong> local ser <strong>de</strong> intensa passagem <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stres e veículos.
60<br />
20. Digitaria corynotricha (Hack.) Henrard, Me<strong>de</strong>d. Rijks-Herb. 61: 2.<br />
1930.<br />
Figura 14; 15: E.<br />
Planta perene, ca. 70 cm alt., cespitosa; nós glabros a<br />
subglabros;. Bainhas foliares glabras, portan<strong>do</strong> tricomas na margem<br />
principalmente em direção ao ápice, tornan<strong>do</strong>-se fibrosas na<br />
maturida<strong>de</strong> da planta; lígula membranosa; prefoliação convoluta;<br />
lâminas foliares 11-27 x 0,4-0,6 cm, linear-lanceoladas, planas, face<br />
abaxial escabra, ou ambas as faces portan<strong>do</strong> finos e esparsos tricomas,<br />
que aumentam <strong>de</strong> concentração em direção à região ligular, margem<br />
inteira, lisa. Inflorescência com 2-4 racemos subdigita<strong>do</strong>s, 2-10 cm<br />
compr., axilas glabras; ráquis 0,4-0,7 mm larg., margem escabra,<br />
terminan<strong>do</strong> em uma espigueta. Espiguetas em grupos <strong>de</strong> 2-5, elípticolanceoladas,<br />
com tricomas claviformes entre as nervuras, estramíneos a<br />
castanhos-escuros, curtos e adpressos à gluma superior e lema inferior;<br />
gluma inferior 0,1-0,2 mm compr.; gluma superior 1-2 x 0,5-1 mm, 3-5<br />
nervada, ápice obtuso a subagu<strong>do</strong>, membranácea; antécio inferior<br />
neutro; lema inferior 1,8-2 x 0,9-1,1 mm, 5-7 nerva<strong>do</strong>, ápice obtuso,<br />
membranáceo; pálea inferior ausente; antécio superior frutífero 1,9-2,1<br />
x 0,9-1,1 mm, sem nervuras aparentes, papiloso, castanho-escuro a<br />
nigrescente na maturação, coriáceo, ápice apicula<strong>do</strong>. Cariopse não<br />
vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 951 (CESJ, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: Renvoize (1984) cita a ocorrência<br />
<strong>de</strong>sta espécie no Brasil e Paraguai, em cerra<strong>do</strong> ou campo seco. No PEIB<br />
ocorre na trilha entre a casa <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e o centro <strong>de</strong> informações,<br />
em borda <strong>de</strong> mata.<br />
Digitaria corynotricha é uma espécie <strong>de</strong> fácil reconhecimento<br />
<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos seus tricomas claviformes, que assemelham-se a pequenos<br />
grãos <strong>de</strong> areia gruda<strong>do</strong>s na superfície das espiguetas (Fig. 14).
61<br />
Figura 14: Gluma superior e lema inferior <strong>de</strong> Digitaria corynotricha,<br />
evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong>s tricomas claviformes na superfície. Foto: <strong>Ravena</strong><br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong> Miranda.<br />
21. Digitaria fuscescens (J. Presl) Henrard, Me<strong>de</strong>d. Rijks-Herb. 61: 8.<br />
1930.<br />
Figura 15: F.<br />
Plantas perenes, 9-25 cm alt., estoloníferas; nós glabros. Bainhas<br />
foliares glabras, margem lisa, membranosa, alguns espécimes<br />
apresentam bainhas velhas fibrosas; lígula membranosa; prefoliação<br />
convoluta; lâminas foliares 1,3-3,6 x 0,27-0,4 cm, oval-lanceoladas,<br />
glabras, apenas com poucos tricomas próximo à região ligular, margem<br />
escabérula. Inflorescência com 2-3 racemos verticila<strong>do</strong>s, conjuga<strong>do</strong>s<br />
ou subconjuga<strong>do</strong>s, 2-5,5 cm compr., axila, pubérula; ráquis 0,4-0,6<br />
mm larg., margem escabérula, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta.<br />
Espiguetas em grupos <strong>de</strong> (2-) 3, elíptico-lanceoladas, pubescentes;<br />
gluma inferior ausente; gluma superior 1,1-1,3 x 0,4-0,6 mm, 3-
62<br />
nervada, ápice obtuso, portan<strong>do</strong> tricomas seríceos entre as nervuras;<br />
antécio inferior neutro; lema inferior 1,2-1,6 x 0,4-0,6 mm, 5-7 nerva<strong>do</strong>,<br />
ápice obtuso, pubérulo, tricomas curtos e finos entre as nervuras; pálea<br />
ausente; antécio superior frutífero 1,2-1,7 x 0,4-0,6 mm, levemente<br />
papiloso, castanho-claro a castanho-escuro na maturação, coriáceo,<br />
ápice agu<strong>do</strong>. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 19.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 565 (CESJ, RB);<br />
6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 952 (CESJ, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: Renvoize (1984) cita que esta é uma<br />
espécie <strong>do</strong> su<strong>de</strong>ste da Ásia introduzida nos trópicos e que ocorre em<br />
cerra<strong>do</strong>, restinga e locais altera<strong>do</strong>s, entre 0 e 1.000 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>.<br />
Judziewicz (1990) diz que é uma espécie nativa da Ásia tropical,<br />
ocasionalmente introduzida na África tropical e no Novo Mun<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong><br />
uma daninha comum em áreas aban<strong>do</strong>nadas. Segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner<br />
et al. (2001), D. fuscescens é nativa das ilhas <strong>do</strong> Oceano Índico e<br />
su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Pacífico, provavelmente introduzida na América <strong>do</strong> Sul e<br />
amplamente distribuída por quase to<strong>do</strong> o Brasil, ocorre em solos<br />
arenosos e é invasora <strong>de</strong> pomares e cultivos <strong>de</strong> Pinus sp. No PEIB foi<br />
coletada ao la<strong>do</strong> da casa <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e em borda <strong>de</strong> mata na trilha<br />
entre a casa <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e o centro <strong>de</strong> informação. Assim como D.<br />
ciliaris, esta espécie foi coletada no local <strong>do</strong> PEIB on<strong>de</strong> a movimentação<br />
<strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stres e veículos é mais intensa.<br />
22. Digitaria horizontalis Willd., Enum. Pl. 92. 1809.<br />
Figura 15: G e H.<br />
Plantas anuais, 68-90 cm alt., <strong>de</strong>cumbentes, não radicantes nos<br />
nós inferiores. Bainhas foliares pilosas a glabras, quan<strong>do</strong> pilosas<br />
apresentam tricomas <strong>de</strong> base tuberculada, não se tornan<strong>do</strong> fibrosas<br />
com a maturida<strong>de</strong>; nós glabros; lígula membranosa; lâminas foliares 3-<br />
42 x 0,5-1,2 cm, linear-lanceoladas, ambas as faces glabras a pilosas,<br />
tricomas <strong>de</strong> base não tuberculada, caducos com a maturida<strong>de</strong>, ápice<br />
agu<strong>do</strong>, margem escabérula. Inflorescência com 4-22 racemos,<br />
subverticila<strong>do</strong>s a verticila<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 5-15 cm compr., axilas pubérulas,
63<br />
portan<strong>do</strong> alguns poucos tricomas longos; ráquis 0,3-0,5 mm larg.,<br />
margem escabra, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta. Espiguetas binadas,<br />
lanceoladas, pubescentes, tricomas seríceos, presentes nas glumas<br />
superiores e lemas inferiores; gluma inferior ausente; gluma superior<br />
1,6-2 x 0,4-0,5 mm larg., 3-nervada, ápice obtuso a subagu<strong>do</strong>; antécio<br />
inferior neutro; lema inferior 2,3-2,5 x 0,7-1,5 mm, 5-7-nerva<strong>do</strong>, ápice<br />
agu<strong>do</strong>, glabro ao longo da nervura central, piloso apenas nas nervuras<br />
laterais e na margem; pálea inferior ausente; antécio superior frutífero<br />
2,2-2,4 x 0,7-1,5 mm, glabro, escabérulo no ápice, levemente rugoso<br />
transversalmente, castanho-claro na maturação, lema superior com<br />
nervura central marcada no ápice. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 17.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 235 b (K, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al.<br />
(2001), esta espécie é freqüente em regiões tropicais <strong>de</strong> ambos os<br />
hemisférios, ocorren<strong>do</strong> na América <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as Guianas até a<br />
Bolívia, Paraguai e Argentina, e é amplamente distribuída em quase<br />
to<strong>do</strong> o Brasil. É uma espécie daninha, que ocorre em cerra<strong>do</strong>s, áreas<br />
alteradas, sen<strong>do</strong> também invasoras <strong>de</strong> cafezais e cultivos <strong>de</strong> pinheiros e<br />
ocorre até os 1.200 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No PEIB foi coletada na beira <strong>de</strong><br />
trilha nas proximida<strong>de</strong>s da gruta <strong>do</strong>s Três Arcos, em local ensolara<strong>do</strong> e<br />
sobre solo arenoso. O local on<strong>de</strong> a espécie foi coletada recebe intensa<br />
visitação <strong>de</strong> turistas.
64<br />
Figura 15: A-B Dichanthelium superatum: A. hábito; B. espigueta. C-D Digitaria ciliaris:<br />
C. hábito; D. espigueta. E D. corynotricha: espigueta. F D. fuscescens: espigueta. G-H D.<br />
horizontalis: G. inflorescência; H. espigueta. (A-B Ferreira 992, C-D Ferreira 954, E<br />
Ferreira 951, F Ferreira 565, G-H <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 235 b).
65<br />
Echinolaena Desv., J. Bot. Agric. 1: 75. 1813.<br />
Renvoize (1984) cita seis espécies para o gênero, duas <strong>de</strong><br />
Madagascar e quatro da América tropical. Por outro la<strong>do</strong>, Clayton &<br />
Renvoize (1986) e Judziewicz (1990) citam que este é um gênero com<br />
oito espécies que ocorre em savanas, duas em Madagascar e seis na<br />
América <strong>do</strong> Sul. O CNWG (2006) cita seis espécies. No PEIB está<br />
representa<strong>do</strong> por uma espécie apenas.<br />
23. Echinolaena inflexa (Poir.) Chase, Proc. Biol. Soc. Wash. 24: 117.<br />
1911.<br />
Figura 16: A.<br />
Plantas anuais ou perenes, 49-65 cm alt., cespitosas, radicantes<br />
nos nós inferiores; nós glabrescentes. Bainhas foliares glabras, margem<br />
ciliada, colo piloso ou glabro; lígula ciliada; lâminas foliares 2,5-7 x 0,2-<br />
0,5 cm, lanceoladas ou linear-lanceoladas, face adaxial glabra, face<br />
abaxial pilosa a gabrescente, ápice agu<strong>do</strong> ou acumina<strong>do</strong>, margem<br />
serreada as vezes portan<strong>do</strong> tricomas tubercula<strong>do</strong>s, base subcordada,<br />
tubercula<strong>do</strong>-pilosas. Inflorescências 2,5-4 cm compr., ramo solitário,<br />
unilateral, reflexo, divergente; ráquis 0,8-1 mm larg., tricomas<br />
hirsutulos em toda sua extensão às vezes com tricomas tubercula<strong>do</strong>s e<br />
margem com tricomas tubercula<strong>do</strong>s. Espiguetas 6-12 x 0,8-2,5 mm,<br />
elíptico-lanceoladas, alternadas; gluma inferior 6-12 x 0,8-2,5 mm, 7-9<br />
nervada, com tricomas híspi<strong>do</strong>-tubercula<strong>do</strong>s, coriácea, acuminada,<br />
margem membranácea; gluma superior 4-10 x 0,8-2 mm, 5-7 nervada,<br />
acuminada, portan<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira esparsa tricomas hirtos em toda sua<br />
extensão, os <strong>do</strong> ápice mais longos, alguns tubercula<strong>do</strong>s; antécio inferior<br />
neutro ou masculino; lema inferior ca. 5 mm compr., 5-nerva<strong>do</strong>, agu<strong>do</strong>,<br />
subcoriáceo; pálea inferior ca. 5 mm compr., aguda, portan<strong>do</strong> em sua<br />
base vestígio <strong>de</strong> lodículas; antécio superior ca. 4 mm compr., coriáceo,<br />
brilhoso, pardacento, portan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is apêndices aliformes laterais na<br />
base da região ventral; anteras alvas e estigmas amarelos. Cariopse não<br />
vista.
66<br />
Material examina<strong>do</strong>: 14.V.1970, L. Krieger s.n. (BHCB, CESJ 8543,<br />
ESA n.v., MBM n.v.); 6.IV.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 959 (BHCB);<br />
19.V.1991, F. R. Salimena et al. s.n. (BR n.v., CESJ 24674, HURG n.v.);<br />
22.II.1992, M. Eiterer et al. (CESJ 25699); 31.III.2004, R. C. Forzza et al.<br />
3297 (RB); 16.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 204 (K, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984),<br />
Judziewicz (1990) e Longhi-Wagner et al. (2001) E. inflexa ocorre na<br />
Colômbia, Venezuela, Guianas e Brasil, on<strong>de</strong> tem como limite sul <strong>de</strong><br />
ocorrência o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, sempre relaciona<strong>do</strong> a cerra<strong>do</strong> ou<br />
campos. No PEIB ocorre na trilha da lanchonete para a Ponte <strong>de</strong> Pedra,<br />
na trilha da Ponte <strong>de</strong> Pedra para a Cachoeira <strong>do</strong>s Macacos e na trilha<br />
da Prainha para o Monjolinho, no campo rupestre e campo rupestre<br />
arbustivo, em solo arenoso, on<strong>de</strong> forma gran<strong>de</strong>s populações.<br />
Esta é uma espécie facilmente reconhecida no campo pela<br />
disposição alternada das espiguetas sobre a ráquis, isso lhe confere um<br />
aspecto bicolor visto que uma das faces da espigueta é mais clara que a<br />
outra.<br />
Segun<strong>do</strong> Davidse (1987 apud Judziewicz 1990) os apêndices<br />
aliformes na base <strong>do</strong> lema superior são elaiossomos o que facilita a<br />
dispersão por formigas.<br />
Homolepis Chase, Proc. Biol. Soc. Wash. 24: 146. 1911.<br />
Gênero comumente confundi<strong>do</strong> com Panicum, porém a<br />
combinação <strong>de</strong> longas glumas, espigueta lanceolada e lema superior<br />
estreito nunca ocorre em Panicum. A anatomia da lâmina foliar é<br />
peculiar, com complexa nervura central e células fusói<strong>de</strong>s (Clayton &<br />
Renvoize, 1986). Segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) e Clayton & Renvoize (1986)<br />
este gênero possui três espécies que ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México até o<br />
Brasil, em campos graminosos. Para Judziewicz (1990), o gênero é<br />
composto por cinco espécies <strong>de</strong> borda <strong>de</strong> mata ou locais abertos que<br />
ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México, Antilhas a Argentina. Segun<strong>do</strong> o CNWG (2006)
67<br />
Homolepis abriga cinco espécies. No PEIB está representa<strong>do</strong> por uma<br />
única espécie.
68<br />
24. Homolepis glutinosa (Sw.) Zuloaga & So<strong>de</strong>rstr., Smithsonian Contr.<br />
Bot. 59: 19. 1985.<br />
Figura 16: B e C.<br />
Plantas perenes 0,7-1,2 m alt., <strong>de</strong>cumbentes, radicantes nos nós<br />
inferiores; nós glabros. Bainhas foliares híspidas, margem ciliada; colo<br />
piloso; lígula membranoso-ciliada, curtamente ciliada; lâminas foliares<br />
9-29 x 1-2 cm, lanceoladas, base da lâmina portan<strong>do</strong> tricomas<br />
próximos à região ligular, ambas as faces escabras, ápice agu<strong>do</strong>,<br />
margem escabra, sutilmente atenuadas em direção à base.<br />
Inflorescência 15-24 x 4-19 cm; ramos verticila<strong>do</strong>s na base e alternos<br />
ou opostos no ápice. Espiguetas 2,5-3,5 x 1,2-2 mm, obovais ou<br />
elípticas, glabras, viscosas; gluma inferior 2,2-3,0 x 1,2-2 mm, 5-<br />
nervada, subaguda ate apiculada; gluma superior 2,2-2,7 x 1,2-2 mm,<br />
7-nervada, truncada a obtusa; antécio inferior neutro, lema inferior 2,2-<br />
3 x 1,2-2 mm, 4 ou 5-nerva<strong>do</strong>, agu<strong>do</strong>; pálea inferior ca. 2 x 0,5 mm,<br />
lanceolada, paleácea; antécio superior 2,5-3,5 x 1,2-1,5 mm,<br />
estreitamente elíptico, brilhoso, portan<strong>do</strong> tricomas diminutos no ápice.<br />
Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 170 (K, MBM, RB,<br />
SP).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Pohl (1980 apud Pereira<br />
1986) ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México e Caribe até o Paraguai, preferin<strong>do</strong> áreas<br />
<strong>de</strong> mata entre 700 a 1.800 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Para Judziewicz (1990) e<br />
Longhi-Wagner et al. (2001) ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México e Antilhas até a<br />
Argentina, em margens <strong>de</strong> mata ou clareiras, campos e restingas, <strong>de</strong> 0 a<br />
2.500 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No PEIB ocorre na trilha Monjolinho para a Lagoa<br />
Seca, a aproximadamente 1.398 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> forman<strong>do</strong> pequena<br />
população.<br />
Homolepis glutinosa po<strong>de</strong> ser facilmente reconhecida pelas<br />
inflorescências viscosas. Kuhlmann & Kuhn (1947 apud Pereira 1986),<br />
afirmam que esta espécie possui os seus frutos 1 envolvi<strong>do</strong>s por uma<br />
secreção pegajosa que, quan<strong>do</strong> maduros, a<strong>de</strong>rem facilmente aos pêlos<br />
<strong>do</strong>s animais e à roupa e assim são transporta<strong>do</strong>s para longe. Segun<strong>do</strong><br />
1. Filgueiras (1986) salienta que o termo “fruto” emprega<strong>do</strong> com liberda<strong>de</strong> na literatura agrostológica é, na realida<strong>de</strong>, a estrutura<br />
que, mo<strong>de</strong>rnamente, chamamos <strong>de</strong> antécio.
69<br />
Zuloaga (1978 apud Pereira 1986) a espigueta se torna viscosa na<br />
maturida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à presença <strong>de</strong> tricomas secretores no lema estéril.<br />
Estes tricomas são <strong>de</strong>scritos como bicelulares, oblongos, com a célula<br />
inferior mais curta que a superior, conten<strong>do</strong> uma resina que é<br />
excretada na maturida<strong>de</strong> da espigueta.<br />
Hymenachne P. Beauv., Ess. Agrostogr. 48. 1812.<br />
Renvoize (1984) cita para este gênero <strong>de</strong>z espécies, distribuídas<br />
nos trópicos da Ásia, África e Novo Mun<strong>do</strong>. Clayton & Renvoize (1986)<br />
citam cinco espécies tropicais, comuns em locais brejosos. Para<br />
Judziewicz (1990) este é um gênero pantropical, com cerca <strong>de</strong> cinco<br />
espécies que ocorrem em ambientes palu<strong>do</strong>sos ou aquáticos. Para o<br />
Novo Mun<strong>do</strong>, o CNWG (2006) cita quatro espécies. No PEIB é<br />
representa<strong>do</strong> por uma espécie.<br />
25. Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia (Raddi) Chase, J. Wash. Acad. Sci. 13(9):<br />
177. 1923.<br />
Figura 16: D e E.<br />
Plantas perenes, ca. 1 m alt., cespitosas; nós glabros. Bainhas<br />
foliares pubérulas, margem glabra; colo cilia<strong>do</strong>, castanho-escuro; lígula<br />
membranoso-ciliada; lâminas foliares 14-23,5 x 2-2,5 cm, lanceoladas,<br />
escabérulas em ambas as faces, ápice agu<strong>do</strong>, margem ciliada, base<br />
pubérula. Inflorescência ca. 21 cm compr., panícula contraída.<br />
Espiguetas 2-2,5 x 0,6-1,8 mm, elíptico-lanceoladas, agudas a<br />
subagudas, pilosas; gluma inferior ca. 2,3 x 1,7 mm, 3-nervada, ápice<br />
agu<strong>do</strong> a subagu<strong>do</strong>, escabérula, nervura central escabra, com um sutil<br />
achatamento lateral; gluma superior ca. 2,2 x 0,5 mm, 3-5 nervada,<br />
ápice agu<strong>do</strong>, hispídula em toda sua extensão, passan<strong>do</strong> a escabra em<br />
direção ao ápice, principalmente nas nervuras; antécio inferior neutro;<br />
lema inferior ca. 1,6 x 0,4 mm, 3-nerva<strong>do</strong>, hispídulo em toda sua<br />
extensão; pálea inferior ausente; antécio superior ca. 1 x 0,4 mm, não<br />
papiloso, hialino. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 2.XI.1991, M. Eiterer s.n. et al. (CESJ 25685).
70<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Judziewicz (1990) ocorre<br />
na Costa Rica e Cuba até a Bolívia e Argentina, em locais abertos e<br />
úmi<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> freqüente em águas rasas. Longhi-Wagner et al. (2001)<br />
citam que esta espécie ocorre <strong>de</strong> Cuba ao Brasil, em campos abertos e<br />
úmi<strong>do</strong>s e margem <strong>de</strong> rios. Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia não foi recoletada<br />
durante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> e no único exemplar<br />
proce<strong>de</strong>nte da área não consta a localização precisa da coleta. Porém,<br />
indica que a espécie foi coletada próximo <strong>de</strong> curso d’água, em terreno<br />
arenoso, forman<strong>do</strong> uma pequena população.
71<br />
Figura 16: A Echinolaena inflexa: hábito. B-C Homolepis glutinosa: B. hábito; C.<br />
espigueta. D-E Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia: D. hábito; E. espigueta. (A Forzza 3297; B-C<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 170; D-E CESJ 25685).
72<br />
Ichnanthus P. Beauv., Ess. Agrostogr. 56. 1812.<br />
Renvoize (1984) cita para o gênero 25 espécies, a maioria<br />
neotropical. Segun<strong>do</strong> Clayton & Renvoize (1986) o gênero é composto<br />
por 33 espécies neotropicais e uma pantropical. O CNWG (2006) aceita<br />
31 espécies. No PEIB está representa<strong>do</strong> por duas espécies. Segun<strong>do</strong><br />
Judziewicz (1990), este gênero é comumente encontra<strong>do</strong> em bordas <strong>de</strong><br />
matas, mas algumas espécies também ocorrem em cerra<strong>do</strong> aberto ou<br />
em matas <strong>de</strong>nsas.<br />
26. Ichnanthus inconstans (Trin. ex Nees) Döll in Martius & Eichler, Fl.<br />
bras. 2(2): 284.1877.<br />
Figura 17: A-E.<br />
Planta perene, 0,5-1,15 m alt., rizomatosa, ereta, às vezes<br />
<strong>de</strong>cumbente; nós glabrescentes. Bainhas foliares <strong>de</strong>nsamente pilosas a<br />
glabrescentes, margem pilosa, alguns tricomas com base tuberculada;<br />
colo <strong>de</strong>nsamente piloso; lígula membranoso-ciliada, curtamente<br />
membranosa, longamente ciliada; lâminas foliares 3-10 x 0,5-1,3 cm,<br />
lanceoladas a elíptico-lanceoladas, planas, pilosa a glabra em ambas as<br />
faces, ápice acumina<strong>do</strong>, margem curtamente serreada, base<br />
subcordada, sem pecíolo. Inflorescência 5-12 x 2-8 cm, paniculada,<br />
subaberta a aberta, raramente pouco ramificada, ramos secundários<br />
quan<strong>do</strong> presentes muito curtos, não ultrapassam ca. 1 cm compr.<br />
Espiguetas 2,7-3,7 x 0,6-0,9 mm, estreitamente elíptico-lanceoladas,<br />
glabras ou escabérulas; gluma inferior 2,5-3,2 x 0,6-0,8 mm, 3(5)-<br />
nervada, estreitamente elíptico-lanceolada, ápice cauda<strong>do</strong>, escabérula<br />
ou glabra, nervura central fortemente marcada; gluma superior 2,6-3,7<br />
x 0,6-0,9 mm, 5-nervada, estreitamente elíptico-lanceolada, ápice agu<strong>do</strong><br />
a cauda<strong>do</strong>, escabérula em direção ao ápice, ápice com curta pilosida<strong>de</strong>,<br />
nervura central fortemente marcada; antécio inferior portan<strong>do</strong> flor<br />
masculina; lema inferior 2,7-3,7 x 0,6-0,9 mm, 5(7)-nerva<strong>do</strong>,<br />
estreitamente elíptico-lanceola<strong>do</strong>, ápice agu<strong>do</strong>, portan<strong>do</strong> pilosida<strong>de</strong>;<br />
pálea inferior membranácea; antécio superior frutífero; lema superior<br />
com alas <strong>de</strong> 0,3-0,7 mm compr., parcialmente a<strong>de</strong>ri<strong>do</strong>s à base <strong>do</strong> lema
73<br />
superior, o conjunto lema e pálea superiores é glabro <strong>de</strong> consistência<br />
coriácea e ápice cuspida<strong>do</strong>; estames vinosos. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 25.V.1988, P. Andra<strong>de</strong> 1214 (BHCB); 20.VI.1991,<br />
R. C. Oliveira 20 (CEN n.v., CESJ, RB); 2.XI.1991, R. C. Oliveira s.n.<br />
(CESJ 26221, RB); 5.XII.1992, R. C. Oliveira 121 (CESJ, RB);<br />
19.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 573 (CESJ, RB); 20.XII.2003, F. M.<br />
Ferreira et al. 609 (CESJ, RB); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 612<br />
(CESJ, RB); 21.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 615 (CESJ, RB);<br />
21.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 616 (CESJ, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />
et al. 143 (K, RB, SP); 5.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 159 (K, RB);<br />
19.I.2005, R. C. Forzza et al. 3946 (CEPEC, K, MBM, RB, SP);<br />
16.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 203 (RB); 17.III.2005, R. Marquette et al.<br />
3584 (RB); 9.VIII.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 292 (CEPEC, K, MBM, RB,<br />
SP); 7.III.2006, F. M. Ferreira et al. 981 (CESJ, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: a espécie ocorre no Peru, Brasil,<br />
Bolívia, Paraguai e Argentina (Renvoize 1984, Boechat 2005). Para o<br />
Brasil, Boechat (2005) verificou a ocorrência <strong>de</strong>sta espécie em Roraima,<br />
Maranhão, Ceará, Bahia, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Goiás, Mato Grosso, Mato<br />
Grosso <strong>do</strong> Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.<br />
Ainda segun<strong>do</strong> a autora, Ichnanthus inconstans ocorre em cerra<strong>do</strong> e<br />
cerradão, campo, campo rupestre, sen<strong>do</strong> menos freqüentemente em<br />
áreas sombreadas <strong>de</strong> mata e em áreas arenosas. No PEIB ocorre nas<br />
matas ou em bordas das mesmas, ou mais dificilmente no campo<br />
rupestre, entre fendas <strong>de</strong> rocha e em solo arenoso. Geralmente em<br />
<strong>de</strong>nsas populações.<br />
Alguns materiais examina<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PEIB apresentam<br />
envassouramento (caule ereto ramifica<strong>do</strong> na parte superior) ou<br />
espiguetas teratológicas (Boechat 2005) e colmos freqüentemente<br />
tornan<strong>do</strong>-se sublenhosos. A autora cita o material coleta<strong>do</strong> em Ibitipoca<br />
como “material examina<strong>do</strong> atípico” e acrescenta que os exemplares que<br />
possuem “envassouramento”, foram coleta<strong>do</strong>s sobre pedras quartzíticas<br />
e em campo rupestre com abundância <strong>de</strong> arenito. Para a autora o<br />
fenômeno resulta da proliferação <strong>do</strong>s ramos superiores e redução nas
74<br />
dimensões da planta, folhas, panícula e espiguetas, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> <strong>de</strong>scrito<br />
por Stieber (1982) como resposta ao pastoreio.<br />
27. Ichnanthus leiocarpus (Spreng.) Kunth, Rév. gram. 2: 507.1831.<br />
Figura 17: F-H.<br />
Planta perene, 0,3-1,5 m alt. rizomatosa, ereta ou <strong>de</strong>cumbente;<br />
nós pilosos a glabrescentes. Bainhas foliares pubescentes a<br />
glabrescentes, margem pubescente; colo lanoso a sericeo; lígula pilosa;<br />
lâminas foliares 4,5-9,5 x 0,9-1,8 cm, estreitamente elípticolanceoladas,<br />
setosa a glabrescente em ambas as faces, ápice agu<strong>do</strong>,<br />
margem escabérula às vezes portan<strong>do</strong> tricomas hirsútulos, base<br />
atenuada, curtamente pecioladas. Inflorescência 4,5-15,5 x 1-2 cm,<br />
panícula contraída a subaberta, mo<strong>de</strong>radamente a muito ramificada.<br />
Espiguetas 4-5 x 1,2-2 mm, lanceoladas, às vezes lateralmente<br />
comprimidas, escabérulas a glabras; gluma inferior 4,8-5 x 1,2-1,8 mm,<br />
3-nervada, lanceolada, ápice cuspida<strong>do</strong>, escabérula, principalmente na<br />
nervura central; gluma superior 4,2-5 x 1-1,5 mm, 5-nervada,<br />
lanceolada, ápice agu<strong>do</strong> a cuspida<strong>do</strong>, escabérula, principalmente em<br />
direção ao ápice, nervura central fortemente marcada; antécio inferior<br />
neutro ou estamina<strong>do</strong>; lema inferior, 4-5 x 1,2-2 mm, (3)5-nerva<strong>do</strong>,<br />
lanceola<strong>do</strong>, ápice agu<strong>do</strong> a cuspida<strong>do</strong>, escabérulo, principalmente em<br />
direção ao ápice; pálea inferior membranácea; antécio superior frutífero<br />
3,5-4 x 1-1,2 mm; lema superior com alas <strong>de</strong> 1,3-1,8 mm compr., não<br />
a<strong>de</strong>ridas à base <strong>do</strong> lema superior; o conjunto lema e pálea superiores<br />
apresenta ápice agu<strong>do</strong> a cuspida<strong>do</strong>, glabro, com leve rugosida<strong>de</strong><br />
longitudinal, coriáceo; estigma vinoso. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 6.II.1989, L. Krieger et al. s.n. (CESJ 25300, RB);<br />
19.X.2003, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 15 (RB); 21.XII.2003, F. M. Ferreira et al.<br />
614 (CESJ, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 138 (K, RB); 5.II.2004, R.<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 158 (RB); 31.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 182 (K, MBM,<br />
RB, SP); 17.III.2005, R. Marquette et al. 3585 (RB); 26.V.2005, R. C.<br />
Forzza et al. 3983 (K, RB, SP); 9.VIII.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 294 (K,<br />
MBM RB, SP).
75<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Stieber (1982), Renvoize<br />
(1984) e Judziewicz (1990) esta espécie ocorre nas matas <strong>do</strong> Brasil,<br />
Venezuela, Guiana e Trinda<strong>de</strong>. No Brasil sua ocorrência se registra <strong>do</strong><br />
Ceará ao <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul (Boechat 2005). Ichnanthus leiocarpus<br />
ocorre na borda ou interior <strong>de</strong> florestas secundárias, pluviais, higrófilas,<br />
na caatinga arbórea, em solo com afloramento <strong>de</strong> rochas e em encostas.<br />
No PEIB foi coletada nas matas ou nas bordas das mesmas, e também<br />
em mata ciliar, menos comumente ocorre entre fendas <strong>de</strong> rocha. Apesar<br />
<strong>de</strong> ser uma espécie freqüentemente coletada forma populações<br />
esparsas.<br />
Melinis P. Beauv., Ess. Agrostogr. 54. 1812.<br />
Renvoize (1984), Clayton & Renvoize (1986), Judziewicz (1990) e<br />
Longhi-Wagner (2001) citam que este gênero é composto por onze<br />
espécies, a maioria africana e uma espécie pantropical. O CNWG (2006)<br />
cita apenas duas espécies para o gênero. No PEIB, está representa<strong>do</strong><br />
por uma espécie.<br />
28. Melinis minutiflora P. Beauv., Ess. Agrostogr. 54. 1812.<br />
Figura 17: I.<br />
Plantas perenes, 35-74 cm alt., <strong>de</strong>cumbentes; nós pilosos.<br />
Bainhas foliares portan<strong>do</strong> tricomas glandulres; lígula pilosa; lâminas<br />
foliares 3-15 x 0,3-0,7 cm, linear-lanceoladas, planas, portan<strong>do</strong><br />
tricomas glandulares em ambas s faces, ápice agu<strong>do</strong>, base reta.<br />
Inflorescência 10-24 cm compr., paniculada. Espigueta 2-2,2 x 1 mm<br />
compr., escabérula; gluma inferior 0,1-0,2 x 0,2 mm, ca. 1/5 da gluma<br />
superior, amplamente ovada, ápice emargina<strong>do</strong>; gluma superior 2-2,2 x<br />
1 mm, oval, ápice bífi<strong>do</strong>, a nervura central prolongan<strong>do</strong>-se numa<br />
arístula; lema inferior 2-2,2 x 0,6 mm, bífi<strong>do</strong>, arista<strong>do</strong>, arista <strong>de</strong> 5-12<br />
mm compr., antécio superior frutífero, ca. 2 mm compr. Cariopse não<br />
vista.
76<br />
Material examina<strong>do</strong>: 25.VI.1987, H. C. Souza et al. s.n. (BHCB 14584);<br />
18.VI.1994, M. C. M. Garcia 3 (CESJ); 26.X.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 186<br />
(K, MBM, RB, SP).<br />
Distribuição geográfica e habitat: para Renvoize (1984) esta é uma<br />
espécie que ocorre por to<strong>do</strong>s os trópicos, em locais abertos e altera<strong>do</strong>s,<br />
<strong>de</strong> 0 a 900 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Judziewicz (1990) afirma que esta espécie<br />
ocorre na África, porém recentemente se tornou pantropical por causa<br />
da introdução para forragens. Longhi-Wagner et al. (2001) afirmam que<br />
a mesma é cultivada e naturalizada nos trópicos, ocorren<strong>do</strong> em locais<br />
abertos e perturba<strong>do</strong>s. No Parque ocorre em diversas áreas,<br />
principalmente on<strong>de</strong> a visitação é intensa, como borda <strong>de</strong> trilhas,<br />
cachoeiras e entradas das grutas. Provavelmente foi introduzida no<br />
Parque na época em que a área era utilizada como pastagem.<br />
Conhecida como capim-gordura ou capim-mela<strong>do</strong>, por possuír<br />
tricomas glandulares em sua superfície que quan<strong>do</strong> tocada libera<br />
viscosida<strong>de</strong> dan<strong>do</strong> a sensação <strong>de</strong> gordura ou mela<strong>do</strong>.<br />
Oplismenus P. Beauv., Fl. Oware 2: 14. 1807 (1810).<br />
Renvoize (1984) cita para este gênero cinco espécies distribuídas<br />
nos trópicos. Clayton & Renvoize (1986) concordam com o número <strong>de</strong><br />
espécies, e acrescentam que po<strong>de</strong>m ocorrer também em regiões<br />
subtropicais, em bordas <strong>de</strong> matas. Os autores mencionam ainda a<br />
similarida<strong>de</strong> entre as espécies <strong>do</strong> gênero. Judziewicz (1990) amplia o<br />
número <strong>de</strong> espécies para 15, sen<strong>do</strong> quatro neotropicais e 11<br />
pantropicais. O CNWG (2006) aceita três espécies. No PEIB está<br />
representa<strong>do</strong> por uma única espécie.<br />
29. Oplismenus hirtellus (L.) P. Beauv., Ess. Agrostogr. 54, 168, 170.<br />
1812.<br />
Figura 17: J e K.<br />
Plantas anuais ou perenes, 24-56 cm alt., estoloníferas,<br />
<strong>de</strong>cumbentes. Bainhas foliares com tricomas esparsos em sua extensão<br />
e <strong>de</strong>nso na margem; colo piloso, sem lígula externa; lígula membranoso-
77<br />
ciliada; lâminas foliares 1-4,5 x 0,4-1 cm, linear-lanceoladas a ovallanceoladas,<br />
pubescentes em ambas as faces, ápice agu<strong>do</strong>, base<br />
pubescente, margem escabra. Inflorescência 2-17 cm compr., com 3-6<br />
racemos <strong>de</strong> 2-7 mm compr., com grupos <strong>de</strong> espiguetas congestas<br />
distanciadas 0,3-1,5 cm entre si; ráquis esparsamente híspida, escabra<br />
nas margens; ráquis 0,5-1 mm larg. Espiguetas pubescentes; gluma<br />
inferior 1,2-3 mm compr., arista 3-7 mm compr.; gluma superior 1,7-2<br />
mm compr., arista <strong>de</strong> 1-2 mm compr.; antécio inferior neutro; pálea<br />
inferior ausente; antécio superior 2-2,3 x 0,6-0,8 mm, liso e brilhoso.<br />
Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 31.III.2004, R. C. Forzza et al. 3315 (K, RB);<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) ocorre nos<br />
trópicos, excluin<strong>do</strong> Índia e China, em borda <strong>de</strong> matas e em altitu<strong>de</strong>s<br />
que variam entre 50 a 350 m. Judziewicz (1990) cita que a mesma<br />
ocorre nos trópicos <strong>do</strong> velho mun<strong>do</strong>, e no novo mun<strong>do</strong> ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
México e Antilhas até a Argentina, <strong>de</strong> 0 a 2.000 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong><br />
comum em borda <strong>de</strong> matas, especialmente em clareiras e ao longo <strong>de</strong><br />
trilhas e estradas. Longhi-Wagner et al. (2001) citam que esta é uma<br />
espécie pantropical, umbrófila, encontrada em interior <strong>de</strong> mata. No<br />
PEIB foi coletada na borda <strong>de</strong> mata <strong>de</strong> grotão atrás da lanchonete.<br />
Clayton & Renvoize (1986) citam a presença <strong>de</strong> secreção viscosa<br />
nas aristas <strong>de</strong> Oplismenus como uma forma rara <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> frutos<br />
nas gramíneas.
78<br />
Figura 17: A-E Ichnanthus inconstans: A. hábito; B. espigueta; C. lema superior com<br />
apêndices aliformes na base; D. ramos da inflorescência teratológica; E. <strong>de</strong>talhe <strong>do</strong> ramo<br />
florífero teratológico. F-H I. leiocarpus: F. hábito; G. espigueta; H. lema superior com<br />
apêndices aliformes na base. I Melinis minutiflora: espigueta. J-K Oplismenus hirtellus: J.<br />
hábito; K. racemo com grupo <strong>de</strong> espiguetas. (A-E Ferreira 574; F-H Forzza 3296, CESJ<br />
25300; I <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 186; J-K Forzza 3315).
79<br />
Panicum L., Sp. Pl. 1: 55. 1753.<br />
Renvoize (1984) aceita a existência <strong>de</strong> aproximadamente 500<br />
espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Clayton & Renvoize (1986) apontam a existência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 470<br />
espécies pantropicais, que se esten<strong>de</strong>m para as regiões temperadas da<br />
América <strong>do</strong> Norte. Judziewicz (1990) acredita que existam cerca <strong>de</strong> 600<br />
espécies amplamente distribuídas nas áreas tropicais a temperadas <strong>de</strong><br />
ambos os hemisférios. Longhi-Wagner et al. (2001) aceitam cerca <strong>de</strong> 500<br />
espécies <strong>de</strong> regiões tropicais, subtropicais e temperadas. Para o Novo<br />
Mun<strong>do</strong>, Judziewicz (1990) cita a existência <strong>de</strong> aproximadamente 250<br />
espécies nos trópicos. É consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores gêneros <strong>de</strong>ntre as<br />
Panicoi<strong>de</strong>ae, porém estu<strong>do</strong>s recentes <strong>de</strong>monstram que este é um gênero<br />
polifilético (GPWG 2001) e propostas para <strong>de</strong>smembrá-lo têm si<strong>do</strong> feitas.<br />
Atualmente, o CNWG (2006), aceita 182 espécies. Para o Brasil,<br />
Burman (1985) cita a existência <strong>de</strong> 165 espécies <strong>de</strong> Panicum s.l.. No<br />
PEIB o gênero está representa<strong>do</strong> por cinco espécies.<br />
30. Panicum aristellum Döll, Fl. bras. 2(2): 221. 1877.<br />
Figura 18; 19: A.<br />
Planta perene, 1,5-2 m alt., cespitosa, ereta; nós glabros.<br />
Bainhas foliares com tricomas marginais <strong>de</strong>nsos a sub<strong>de</strong>nsos; colo<br />
glabro, sem lígula externa; lígula membranoso-ciliada; lâminas foliares<br />
18-94 x 1-1,5 cm, lineares, planas, agudas, face abaxial escabra ou<br />
glabra, face adaxial glabra, margem escabra, base reta, simétrica, sem<br />
pecíolo. Inflorescência 33-40 cm compr., panícula, subaberta, quan<strong>do</strong><br />
jovem vinácea; ráquis escabra e portan<strong>do</strong> alguns tricomas hirsútulos,<br />
caducos com a maturida<strong>de</strong> da inflorescência; axilas pilosas. Espiguetas<br />
5-6 mm compr., estreito elípticas, solitárias, glabras; glumas<br />
aristuladas, arístulas <strong>de</strong> (0,5)1-1,2 mm compr.; gluma inferior 1,5-2,8<br />
mm compr., 1-3 nervada, base não abraçan<strong>do</strong> a gluma superior,<br />
nervura central evi<strong>de</strong>nte e escabra, as outras duas nervuras quan<strong>do</strong><br />
presentes são fracamente marcadas; gluma superior 4-4,8 mm compr.,<br />
5-nervada, nervuras evi<strong>de</strong>ntes, a central escabra e as outras lisas;
80<br />
antécio inferior com flor masculina; lema inferior 3-3,2 mm compr., 3-5-<br />
nerva<strong>do</strong>, ápice agu<strong>do</strong> ou aristula<strong>do</strong>; pálea inferior 2,9-3,1 mm compr.,<br />
subigual ao lema inferior; antécio superior frutífero, 3-3,3 mm compr.,<br />
sem estípite na base, liso, glabro, cartilaginoso; estigmas castanhos e<br />
anteras roxas. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 19.X.2003, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 18 (RB); 8.III.2006,<br />
F. M. Ferreira et al. 1021 (CESJ, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al.<br />
(2001) esta espécie ocorre no Brasil, <strong>de</strong> Minas Gerais até o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong><br />
<strong>do</strong> Sul em terrenos arenosos e brejos e em beira <strong>de</strong> floresta ombrófila<br />
<strong>de</strong>nsa. No PEIB foi coletada na Ponte <strong>de</strong> Pedra, em mata ciliar, na<br />
Prainha na margem <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>do</strong> Salto, praticamente <strong>de</strong>ntro d’água (Fig.<br />
18).<br />
Figura 18: população <strong>de</strong> Panicum aristellum na margem <strong>de</strong> curso<br />
d’água. Foto: Rafaela Forzza.
81<br />
31. Panicum cyanescens Nees ex Trin., Gram. Panic. 202. 1826.<br />
Figura 19: B e C.<br />
Planta perene, 26-36 cm alt., rizomatosa, cespitosa às vezes<br />
<strong>de</strong>cumbente; nós pilosos a glabros. Bainhas foliares pilosas a<br />
glabrescentes; colo glabro; lígula membranosa; lâminas foliares 2,5-4,5<br />
x 0,3-0,5 cm, linear-lanceoladas a lanceoladas, planas, ambas as faces<br />
pilosas a glabrescentes, ápice agu<strong>do</strong>-acumina<strong>do</strong>, margem pilosa a<br />
glabrescente, base levemente arre<strong>do</strong>ndada, simétrica, sem pecíolo.<br />
Inflorescência 4,5-6 x 2-5 cm., panícula aberta; ráquis glabra; axilas<br />
glabras. Espiguetas 1,3-1,6 x 0,9-1 mm, amplamente ovada a ovada,<br />
solitárias, glabrescentes; gluma inferior 1,1-1,2 x 0,4-0,6 mm, 3(5)-<br />
nervada, ovada, ápice agu<strong>do</strong>, às vezes mucrona<strong>do</strong>, glabra a<br />
glabrescente, base não abraçan<strong>do</strong> a gluma superior; gluma superior<br />
1,3-1,5 x 0,6-0,8 mm, 3-5 nervada, ovada, ápice acumina<strong>do</strong>, glabra a<br />
glabrescente; antécio inferior com flor masculina; lema inferior 1,3-1,6 x<br />
0,9-1 mm, 5-nerva<strong>do</strong>, ápice acumina<strong>do</strong>, glabro a glabrescente; pálea<br />
inferior membranácea; antécio superior frutífero, 1,3-1,5 x 0,6-0,8 mm,<br />
glabro, foliáceos, ápice acumina<strong>do</strong>. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 6.II.1989, L. Krieger et al. s.n. (CEN n.v., CESJ<br />
25878, RB); 22.II.1992, M. Eiterer s.n. (CESJ 25715); 3.II.1993, R. C.<br />
Oliveira 141 (CESJ, RB); 8.II.1996, L. G. Ro<strong>de</strong>la CAQ2-43 (CESJ);<br />
5.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 153 (K, MBM RB, SP); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<br />
<strong>Melo</strong> et al. 174 (RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984), P.<br />
cyanescens ocorre da Venezuela ao sul <strong>do</strong> Brasil em campos e locais<br />
úmi<strong>do</strong>s. Judziewicz (1990) cita a ocorrência <strong>de</strong>sta espécie <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
México e Trinda<strong>de</strong> até o Brasil, em brejos a savanas secas <strong>de</strong> 100 a<br />
1.200 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al. (2001) e Longhi-<br />
Wagner & To<strong>de</strong>schini (2004) esta espécie ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a América<br />
Central até Brasil e Argentina, em campo natural, campos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>,<br />
solo arenoso, brejos e solos alaga<strong>do</strong>s. No PEIB ocorre na trilha <strong>do</strong><br />
Monjolinho para a Lagoa Seca, <strong>de</strong>sta para a Janela <strong>do</strong> Céu (ca. 1.409 m<br />
<strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) e nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Cruzeiro (ca. 1.560 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>),
82<br />
em arenito encharca<strong>do</strong>, ou campo arenoso e sobre húmus, em<br />
populações esparsas.<br />
33. Panicum euprepes Renvoize, Kew Bull. 32(2): 422. 1978.<br />
Figura 19; 20: D e E.<br />
Planta perene, 0,6-1,2 m alt., cespitosa; nós glabros. Bainhas<br />
foliares pilosas, glabrescentes no ápice, tricomas marcescentes nas<br />
margens; colo glabro, sem lígula externa; lígula membranoso-ciliada;<br />
lâminas foliares 10-25 x 0,3-0,5 cm, lineares, planas, tornan<strong>do</strong>-se<br />
involutas com o envelhecimento da planta, ambas as faces glabras,<br />
ápice agu<strong>do</strong> e pungente, margem escabra, portan<strong>do</strong> longos tricomas na<br />
porção basal, base reta, simétrica, sem pecíolo. Inflorescência 8-14 x<br />
4-7 cm, rosada ou ver<strong>de</strong> passan<strong>do</strong> a vinácea, paniculada, subaberta;<br />
ráquis glabra; axilas pilosas a glabrescentes nas ramificações basais e<br />
glabras nas apicais. Espiguetas 2,2-2,5 x 1,1-1,4 mm, ovadas,<br />
solitárias, glabras; gluma inferior 1,2-1,7 x 1 mm, 3-nervada, ovada a<br />
amplamente ovada, ápice obtuso, base não abraçan<strong>do</strong> a gluma<br />
superior, glabra, nervura central fortemente marcada forman<strong>do</strong> uma<br />
quilha; gluma superior 2,2-2,5 x 1,1-1,4 mm, 5-nervada, ovada, ápice<br />
obuso, glabra, nervura central fortemente marcada; antécio inferior<br />
portan<strong>do</strong> flor masculina; lema inferior 2,2-2,5 x 1,1-1,4 mm, 5-nerva<strong>do</strong>,<br />
ápice obtuso, glabro; pálea inferior membranácea; antécio superior<br />
frutífero, 1,8-2 X 0,8-1 mm, ápice subagu<strong>do</strong>, lustroso, cartáceo; lema<br />
superior 1-nerva<strong>do</strong>; estigmas rosa<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> jovens, passan<strong>do</strong> a roxos<br />
quan<strong>do</strong> maduros; anteras atro-purpúreas. Cariopse ca. 0,7 x 0,3 mm.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 2.X.1970, L. Krieger s.n. (BHCB, CEN n.v.,<br />
CEPEC n.v., CESJ 9471, HURG n.v.); 26.VII.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al.<br />
1005 (BHCB); 8.X.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 1048 (BHCB); 5.II.2004, R.<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 150 (K, RB, SP); 30.III.2004, R. C. Forzza et al. 3283 (K,<br />
MBM, RB, SP); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 173 (K, MBM, RB, SP);<br />
26.VII.2004, R. C. Forzza et al. 3549 (CEPEC, K, MBM, RB, SP);<br />
18.III.2005, R. Marquette et al. 3602 (RB); 27.V.2005, R. C. Forzza et al.
83<br />
3996 (CEPEC, K, MBM, RB, SP); 9.VIII.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 296 (K,<br />
RB, SP); 10.VIII.2005 R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 305 (K, RB, SP).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta<br />
espécie ocorre nos campos rupestres da Bahia e Minas Gerais <strong>de</strong> 1.300<br />
a 1.600 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No PEIB foi coletada em diferentes locais, entre<br />
1.400 e 1700 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, em campo encharcável, campo rupestre<br />
arbustivo e próximo <strong>de</strong> mata <strong>de</strong> galeria, em solo arenoso, arenosoúmi<strong>do</strong><br />
ou argilo-pedregoso. Forma <strong>de</strong>nsas touceiras.<br />
Figura 19: População <strong>de</strong> Panicum euprepes. Foto: Claudine Massi<br />
Mynssen.
84<br />
32. Panicum ovuliferum Trin., Gram. Panic. 191. 1826.<br />
Figura 20: F e G.<br />
Plantas perenes, 25-46 cm alt., <strong>de</strong>cumbentes, radicantes nos nós<br />
inferiores; nós pilosos. Bainhas foliares pilosas a glabrescentes,<br />
margem pilosa; colo piloso; lígula membranosa com ápice ciliola<strong>do</strong>;<br />
lâminas foliares 2,5-7 x 0,4–0,9 cm, lanceoladas, planas, ápice<br />
acumina<strong>do</strong>, margem escabra, base assimétrica, com longos tricomas<br />
próximo a região ligular, com pecíolo, face adaxial escabra e com<br />
tricomas esparsos, face abaxial escabra. Inflorescência jovem, ca. 1,5 x<br />
0,3 cm, paniculada, ráquis escaberula a glabrescente, axilas glabras.<br />
Espiguetas 3,8-4,3 x 1,7-2 mm, oval-lanceoladas, solitárias, hirsutula;<br />
gluma inferior 2,8-3 x 1,3-1,7 mm, 3-nervada, ovada a oval-lanceolada,<br />
ápice obtuso, base abraçan<strong>do</strong> a gluma superior, pilosa entre as<br />
nervuras e nas margens, alguns tricomas com base tuberculada; gluma<br />
superior 3,8-4,3 x 1,7-2 mm, 5-7-nervada, oval-lanceolada, ápice<br />
subagu<strong>do</strong>, agu<strong>do</strong> até acumina<strong>do</strong>, pilosa; antécio inferior neutro; lema<br />
inferior 3,8-4,3 x 1,7-2 mm, 5-7-nerva<strong>do</strong>, oval-lanceola<strong>do</strong>, ápice obtuso<br />
a agu<strong>do</strong>, piloso a glabrescente; pálea inferior ausente; antécio superior<br />
frutífero, 3,6-4,1 x 1,7-2 mm, com marcas <strong>de</strong> nervuras no ápice, ápice<br />
apicula<strong>do</strong>, glabro, com pouca rugosida<strong>de</strong> tranversal, membranáceo a<br />
coriáceo. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 947 (CESJ, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Rosengurtt et al. (1970<br />
apud Pereira 1986) esta espécie ocorre no Brasil, Paraguai, Argentina e<br />
Uruguai, neste último trata-se <strong>de</strong> forragem palatável, pouco produtiva,<br />
que vegeta na sombra <strong>de</strong> bosques serranos. Em Poços <strong>de</strong> Caldas, como<br />
cita Pereira (1986) ocorre na borda <strong>de</strong> bosques e é um importante<br />
componente <strong>do</strong> estrato herbáceo. Longhi-Wagner et al. (2001) apontam<br />
a ocorrência <strong>de</strong>sta espécie na Colômbia, Venezuela, Bolívia, Paraguai,<br />
Argentina e Brasil, nas Regiões Centro-Oeste, Su<strong>de</strong>ste e Sul em interior<br />
<strong>de</strong> mata. No PEIB há somente uma coleta da espécie na Gruta <strong>do</strong>s<br />
Coelhos, local <strong>de</strong> mata em meio ao campo rupestre.
85<br />
34. Panicum sellowii Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1): 153-154. 1829.<br />
Figura 20: H.<br />
Planta perene, 15-35 cm alt., <strong>de</strong>cumbente, radicante nos nós<br />
inferiores; nós pilosos a glabrescentes. Bainhas foliares pilosas, alguns<br />
<strong>do</strong>s tricomas com base tuberculada; colo piloso; lígula membranosa;<br />
lâminas foliares 1,7-11,5 x 0,4-1,2 cm, linear-lanceoladas a<br />
lanceoladas, planas, ápice acumina<strong>do</strong>, margem escabra, base<br />
arre<strong>do</strong>ndada, às vezes assimétrica, sem pecíolo, com longos tricomas<br />
próximo à região ligular, ambas as faces pilosas a glabrescentes.<br />
Inflorescência 10-13 x 5-8,5 cm, panícula, laxa, pauciflora; ráquis<br />
escabra e hirsuta a glabrescente; axilas glabras. Espiguetas 1,8-2,2 x<br />
0,8-1 mm, ovadas, solitárias, ápice subagu<strong>do</strong>; gluma inferior 1-1,3 x<br />
0,3-0,5 mm, 3-nervada, lanceolada a oval- lanceolada, ápice agu<strong>do</strong>,<br />
base não abraçan<strong>do</strong> a gluma superior, glabrescente; gluma superior<br />
1,8-2 x 0,8-1 mm, 5-nervada, ovada a oval lanceolada, ápice subagu<strong>do</strong><br />
a agu<strong>do</strong>, glabrescente; antécio inferior neutro; lema inferior 1,8-2 x 0,8-<br />
1 mm, 5-nerva<strong>do</strong>; pálea inferior reduzida, paleácea; antécio superior<br />
frutífero, 1,8-2,2 x 0,8-1 mm, castanho-escuro na maturação, ápice<br />
apicula<strong>do</strong>, glabro, lustroso, com pouca rugosida<strong>de</strong> transversal,<br />
cartáceo. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 3.II.1993, R. C. Oliveira s.n. (CESJ 26368, RB);<br />
4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 139 (RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta<br />
espécie ocorre das Antilhas até ao norte da Argentina, em locais<br />
sombrea<strong>do</strong>s, raramente em locais abertos, <strong>de</strong> 200 a 1.600 m <strong>de</strong><br />
altitu<strong>de</strong>. Judziewicz (1990) e Longhi-Waner et al. (2001) acrescentam<br />
sua ocorrência ao sul <strong>do</strong> México. No Brasil a espécie ocorre no Pará e<br />
nas Regiões Nor<strong>de</strong>ste, Centro-Oeste, Su<strong>de</strong>ste e Sul, em cerra<strong>do</strong>s,<br />
campos abertos, secos e arenosos ou úmi<strong>do</strong>s, campos sujos e em<br />
interior <strong>de</strong> mata (Longhi-Wagner et al. 2001). No PEIB, foi coletada no<br />
interior <strong>de</strong> mata <strong>de</strong> grotão (ca. 1.326 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) e também próximo<br />
ao Monjolinho, em solo argiloso.
86<br />
Figura 20: Panicum aristellum: A. espigueta. P. cyanescens: B. hábito; C. espigueta. P.<br />
euprepes: D. inflorescência; E. espigueta. P. ovuliferum: F. hábito; G. espigueta. P.<br />
sellowii: H. espigueta. (A <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 18; B-C <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 153; D-E Forzza 3549; F-G Ferreira<br />
947; H <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 139).
87<br />
Paspalum L., Syst. Nat. (ed. 10) 2: 846, 855, 1359. 1759.<br />
Renvoize (1984) cita para o gênero cerca <strong>de</strong> 250 espécies. Clayton<br />
& Renvoize (1986) apontam cerca <strong>de</strong> 330 espécies. Judziewicz (1990)<br />
aceita a existência <strong>de</strong> aproximadamente 400 espécies, amplamente<br />
distribuídas em áreas tropicais ou subtropicais, com o centro <strong>de</strong><br />
diversida<strong>de</strong> nos trópicos americanos, especialmente o Brasil, on<strong>de</strong> para<br />
o autor ocorrem cerca <strong>de</strong> 300 espécies. O CNWG (2006) cita 308<br />
espécies. No PEIB está representa<strong>do</strong> por sete espécies.<br />
35. Paspalum dilatatum Poir., Encycl. 5: 35. 1804.<br />
Figura 22: A e B.<br />
Plantas perenes, 1,14-1,40 m alt., cespitosas; nós glabros.<br />
Bainhas foliares glabrescentes ou pilosas, portan<strong>do</strong> na margem e no<br />
ápice esparsos tricomas <strong>de</strong> base tuberculada; lígula membranosa;<br />
prefoliação não vista; lâminas foliares 9-52 x 0,5-2,2 cm, lanceoladas,<br />
planas, ápice agu<strong>do</strong>, base não estreitada, margem escabra, glabras em<br />
ambas as faces, lanuginosa próximo à região ligular. Inflorescência<br />
com 6-8 racemos alternos 6-12 cm compr., os basais maiores que os<br />
apicais; axilas pilosas; ráquis 0,8-1 mm larg., glabras, papilosas, ver<strong>de</strong>s<br />
ou estramíneas, margem glabra, lisa, não alada, terminan<strong>do</strong> em um ou<br />
<strong>do</strong>is pares <strong>de</strong> espiguetas; pedicelos glabros, lisos. Espiguetas 2,3-2,7 x<br />
1,5-1,7 mm, binadas, oblongo-lanceoladas, castanhas-claras, ápice<br />
subagu<strong>do</strong>, às vezes apicula<strong>do</strong>, margens e porção central da gluma<br />
superior e lema inferior portan<strong>do</strong> tricomas seríceos; gluma inferior<br />
ausente; gluma superior 2,2-2,6 x 1,5-1,7 mm, 5-nervada, ápice<br />
apicula<strong>do</strong>, membranácea, não alada; antécio inferior neutro; lema<br />
inferior 2,3-2,7 x 1,5-1,7 mm, 3-nerva<strong>do</strong>, ápice subagu<strong>do</strong>,<br />
membranáceo, não plica<strong>do</strong>; pálea inferior ausente; antécio superior<br />
frutífero, 2,3-2,7 x 1,5-1,7 mm, ova<strong>do</strong>, papiloso, cartilaginoso,<br />
castanho-claro; anteras nigrescentes. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 18.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 241 (CEPEC, K,<br />
MBM, RB, SP).
88<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Judziewicz (1990) esta<br />
espécie é nativa <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil e norte da Argentina, mas agora é<br />
amplamente cultivada pelo mun<strong>do</strong> nas áreas subtropicais e tropicais<br />
como forrageira. No PEIB ocorre na trilha <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> visitantes para o<br />
camping ou lanchonete, forman<strong>do</strong> população esparsa em solo arenoso e<br />
em local sombrea<strong>do</strong>.<br />
Clayton & Renvoize (1986) citam que esta espécie cultivada para<br />
forragem, às vezes se torna uma daninha in<strong>de</strong>sejável. Longhi-Wagner et<br />
al. (2001) citam ainda que P. dilatatum pertence ao grupo informal<br />
“Dilatata”, no qual convivem biótipos sexuais e apomíticos.<br />
36. Paspalum hyalinum Nees ex Trin., Gram. Panic. 103. 1826.<br />
Figura 21; 22: C e D.<br />
Plantas perenes, 28-42 cm alt., cespitosas, rizomas curtos; nós<br />
glabros. Bainhas foliares com longos tricomas, margem inteira; lígula<br />
membranosa; prefoliação conduplicada ou involuta; lâminas foliares<br />
2,2-14,3 x 0,1-0,2 cm, linear-lanceoladas, planas ou involutas, ápice<br />
agu<strong>do</strong>, margem com tricomas tubercula<strong>do</strong>s, ambas as faces pilosas.<br />
Inflorescência com 2 racemos <strong>de</strong> 1,2-3,5 cm compr., alternos; axilas<br />
com longos tricomas; ráquis ca. 0,5 mm larg., glabras, lisas,<br />
estramínea, margem ciliada, não alada, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta;<br />
pedicelos glabros ou pilosos na base, escabérulos. Espiguetas 1,1-1,3 x<br />
0,6-0,8 mm, solitárias, oblongo-elípticas, ápice subagu<strong>do</strong> a obtuso,<br />
glabras, estramíneas; gluma inferior ausente; gluma superior 1,1-1,3 x<br />
0,6-0,8 mm, 4-nervada, ápice subagu<strong>do</strong> a obtuso, glabra, hialina na<br />
porção central, não alada, membranácea; antécio inferior neutro; lema<br />
inferior 1,1-1,3 x 0,6-0,8 mm, 2-nerva<strong>do</strong>, ápice subagu<strong>do</strong>, glabro, não<br />
plica<strong>do</strong>, hialino na porção central, membranáceo; pálea inferior<br />
ausente; antécio superior frutífero, 1,1-1,3 x 0,6-0,8 mm, oblongoelíptico,<br />
glabro, membranáceo, estramíneo, brilhoso. Cariopse não<br />
vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 8.III.2006, F. M. Ferreira et al. 1022 (CESJ, RB).
89<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Sendulski & Burman<br />
(1980) esta espécie ocorre nas Guianas, Venezuela, Bolívia, Brasil e<br />
Paraguai. Judziewicz (1990) afirma a ocorrência da mesma na<br />
Colômbia, Venezuela, ocasionalmente nas Guianas até o sul <strong>do</strong> Brasil,<br />
em savanas secas. Longhi-Wagner et al. (2001) citam a ocorrência <strong>de</strong><br />
Paspalum hyalinum <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Guiana Inglesa até o Paraguai e Brasil, nas<br />
Regiões Centro-Oeste e Su<strong>de</strong>ste. No PEIB foi coletada na trilha para o<br />
Lago <strong>do</strong>s Espelhos, no campo rupestre.<br />
Paspalum hyalinum po<strong>de</strong> ser diferenciada por apresentar a<br />
porção central <strong>do</strong> lema inferior hialina (Fig. 22). Sendulski & Burman<br />
(1980) e Judziewicz (1990) citam que a espécie pertence ao grupo<br />
informal “Parviflora”.<br />
Figura 21: Paspalum hyalinum, lema inferior com porção central<br />
hialina. Foto: <strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong> Miranda.<br />
37. Paspalum juerguensii Hack., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 7: 312.<br />
1909.<br />
Figura 22: E e F.<br />
Plantas perenes, 75-140 cm alt., cespitosas; nós pilosos. Bainhas<br />
foliares glabras, com tricomas tubercula<strong>do</strong>s na margem; lígula
90<br />
membranosa; prefoliação conduplicada; lâminas foliares 5-29 x 0,2-1,9<br />
cm, lanceoladas, planas, ápice agu<strong>do</strong>, margem escabérula portan<strong>do</strong><br />
esparsos tricomas hirtos, base não estreitada, pilosa próximo à região<br />
ligular, face adaxial setosa, abaxial glabra. Inflorescência com 5-16<br />
racemos alternos, 1,5-6 cm compr., os racemos basais maiores que os<br />
apicais; axilas pilosas; ráquis 0,4-0,7 mm larg., glabrescente,<br />
escabérula, ver<strong>de</strong> ou estramínea, margem não alada, glabra, lisa,<br />
terminan<strong>do</strong> em uma par <strong>de</strong> espiguetas; pedicelos escabérulos.<br />
Espiguetas 1,1-1,3 x 0,8-1 mm, binadas, suborbiculares, estramíneas<br />
passan<strong>do</strong> a vináceas, ápice subagu<strong>do</strong> a obtuso, às vezes apicula<strong>do</strong>,<br />
glabras a glabrescentes; gluma inferior ausente; gluma superior 1-1,2 x<br />
0,8-1 mm, 3-nervada, nervura central não projetan<strong>do</strong>-se em quilha,<br />
ápice obtuso, glabrescente, membranosa, não alada; antécio inferior<br />
neutro; lema inferior 1,1-1,3 x 0,8-1 mm, 3-nerva<strong>do</strong>, ápice subagu<strong>do</strong>,<br />
glabrescente, membranoso, não plica<strong>do</strong>; pálea inferior ausente; antécio<br />
superior frutífero, 1,1-1,3 x 0,8-1 mm, amplamente elíptico, glabro, liso,<br />
lustroso, cartilaginoso. Cariopse 0,4-0,8 x 0,2-0,6 mm, elíptico a<br />
amplamente elíptico, castanho-escuro.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 169 (K, RB, SP);<br />
7.III.2005, F. M. Ferreira et al. 985 (CESJ, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al.<br />
(2001) esta espécie ocorre no Equa<strong>do</strong>r, Bolívia, Argentina e Brasil, <strong>de</strong><br />
São Paulo até o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, em florestas secundárias e margens<br />
<strong>de</strong> estradas. No PEIB foi coletada na trilha <strong>do</strong> Monjolinho para a Lagoa<br />
Seca (ca. 1.398 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) e na trilha da Lagoa Seca para a Janela<br />
<strong>do</strong> Céu, no campo rupestre. Até o presente estu<strong>do</strong> P. juerguensii não<br />
tinha registro em Minas Gerais.<br />
Paspalum juerguensii assemelha-se a P. paniculatum da qual<br />
difere pela pilosida<strong>de</strong> da espigueta e na disposição <strong>do</strong>s ramos da<br />
inflorescência.<br />
38. Paspalum notatum Flüggé, Gram. Monogr., Paspalum 106. 1810.<br />
Figura 22: G.
91<br />
Planta perene, ca. 60 cm alt., cespitosa; nós glabros. Bainhas<br />
foliares glabras com tricomas setosos na margem; lígula membranosociliada;<br />
prefoliação convoluta; lâminas foliares 4,5-15,5 x 0,2-0,8 cm,<br />
lanceoladas, lineares quan<strong>do</strong> jovens, planas ou conduplicadas, ápice<br />
agu<strong>do</strong>, sem estreitamento em direção à base, pubérulas próximo à<br />
região ligular, pilosas na face abaxial e glabras a esparsamente hirsuta<br />
na face adaxial. Inflorescência com 2 racemos conjuga<strong>do</strong>s, divergentes,<br />
ca. 8 cm compr.; axilas pilosas; ráquis ca. 1 mm larg., glabra, lisa,<br />
ver<strong>de</strong> ou estramínea, margem não alada, lisa, escabra, terminan<strong>do</strong> em<br />
uma espigueta; pedicelos escabérulos. Espiguetas 2,9-3,5 x 1,9-3 mm,<br />
solitárias, suborbiculares a oval-lanceoladas, obtusas a emarginadas,<br />
glabras, estramíneas a ver<strong>de</strong>s; gluma inferior ausente; gluma superior<br />
2,5-3,4 x 2-2,1 mm, 3-5-nervada, ápice emargina<strong>do</strong>, glabra,<br />
membranosa, não alada; antécio inferior neutro; lema inferior 2,5-3,4 x<br />
2-2,1 mm, 3-5-nerva<strong>do</strong>, ápice obtuso, glabro, membranoso, não plica<strong>do</strong>;<br />
pálea inferior ausente; antécio superior frutífero 2,5-3,2 x 2-2,1 mm,<br />
com 3 nervuras fracamente marcadas, oval-lanceola<strong>do</strong>, obtuso, glabro,<br />
com pequena rugosida<strong>de</strong>, estramíneo, cartilaginoso. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 953 (CESJ, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta<br />
espécie distribui-se <strong>de</strong> maneira ampla através da América Central e<br />
América <strong>do</strong> Sul, em campos úmi<strong>do</strong>s e locais altera<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 0-2.000 m <strong>de</strong><br />
altitu<strong>de</strong>. Judziewicz (1990) cita que esta espécie é nativa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México<br />
e Antilhas até a Argentina, porém agora cultivada em áreas subtropicais<br />
e tropicais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Longhi-Wagner et al. (2001) apontam sua<br />
ocorrência <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s até Uruguai, Argentina e Brasil, da<br />
Bahia até o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, ocorren<strong>do</strong> em ambientes bastante<br />
diversifica<strong>do</strong>s, geralmente em solos secos. No PEIB ocorre na trilha<br />
entre a casa <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e o centro <strong>de</strong> informações, em borda <strong>de</strong><br />
mata.<br />
Paspalum notatum é uma espécie amplamente utilizada em<br />
grama<strong>do</strong>s e as varieda<strong>de</strong>s mais robustas têm si<strong>do</strong> selecionadas para
92<br />
pastagens e controle <strong>de</strong> erosão (Renvoize 1984). Judziewicz (1990) cita<br />
que esta espécie pertence ao grupo informal “Notata”.
93<br />
Figura 22: Paspalum dilatatum: A. inflorescência; B. espigueta. P. hyalinum: C.<br />
inflorescência; D. espigueta. P. juerguensii: E. inflorescência; F. espigueta. P. notatum: G.<br />
espigueta. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 241; C-D Ferreira 1022; E-F <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 169; G Ferreira 953).
94<br />
39. Paspalum nutans Lam., Tabl. Encycl. 1: 175. 1791.<br />
Figura 23: A e B.<br />
Plantas perenes, 35-70 cm alt., cespitosa <strong>de</strong>cumbentes; nós<br />
pilosos ou glabros. Bainhas foliares glabras, pubescentes nas margens<br />
ou totalmente pubescentes; lígula membranosa; prefoliação convoluta;<br />
lâminas foliares 4,5-17 x 0,5-1,2 cm, oblanceoladas a lanceoladas,<br />
planas, ápice agu<strong>do</strong>, margem ciliada, não estreitan<strong>do</strong> em direção a<br />
base, ambas as faces setosas. Inflorescência com 1-6 racemos alternos<br />
ca. 2-5,5 cm compr.; ráquis 0,6-0,8 mm larg., glabra, lisa, esver<strong>de</strong>ada,<br />
margem não alada, lisa, glabra, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta;<br />
pedicelos glabros ou com tricomas curtos. Espiguetas 2-2,2 x 1-1,2<br />
mm, binadas, obovais, ápice obtuso, estramíneas; gluma inferior<br />
ausente; gluma superior 1,9-2,1 x 1-1,2 mm, 5-nervada, ápice obtuso,<br />
glabra ou esparsamente pilosa, membranácea, não alada; antécio<br />
inferior neutro; lema inferior 2-2,2 x 1-1,2 mm, 5-nerva<strong>do</strong>, ápice<br />
obtuso, membranáceo, glabro, não plica<strong>do</strong>; pálea inferior ausente;<br />
antécio superior frutífero, 2-2,2 x 1-1,2 mm, sem nervuras aparentes,<br />
elíptico-oboval, glabro, liso a finamente granuloso-estria<strong>do</strong>. Cariopse<br />
não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 5.XII.1992, R. C. Oliveira 126 (CESJ, RB);<br />
3.II.1993, R. C. Oliveira 139 (CESJ); 3.II.1993 R. C. Oliveira 146 (CESJ,<br />
RB); 18.X.2003, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 18 (RB); 30.III.2004, F. M. Ferreira et<br />
al. 723 (RB); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 178 (K, RB); 31.III.2004, R.<br />
<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 183 (RB); 17.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 227 (K, RB);<br />
7.III.2006, F. M. Ferreira et al. 986 (CESJ, RB); 8.III.2006, F. M. Ferreira<br />
et al. 1008 (CESJ, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al.<br />
(2001) esta espécie ocorre <strong>de</strong> Honduras até o Brasil e na Ilha Mauritius,<br />
na África, e no Brasil <strong>do</strong> Pará e Pernambuco até Santa Catarina, em<br />
locais <strong>de</strong> meia sombra, em mata secundária baixa e matas <strong>de</strong> litoral. No<br />
PEIB Paspalum nutans foi encontrada em várias localida<strong>de</strong>s como em<br />
mata <strong>de</strong> can<strong>de</strong>ia, no campo rupestre arbustivo, no interior <strong>de</strong> mata ou
95<br />
nos campos encharcáveis, sempre em locais úmi<strong>do</strong>s e sombrea<strong>do</strong>s e em<br />
pequenas populações.<br />
Segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al. (2001) a diferença entre P.<br />
<strong>de</strong>cumbens e P. nutans é a presença constante da gluma inferior em P.<br />
<strong>de</strong>cumbens, já em P. nutans a presença da gluma inferior é ocasional e<br />
ocorre apenas no par secundário <strong>de</strong> espiguetas. Nenhum <strong>do</strong>s<br />
exemplares provenientes <strong>do</strong> PEIB possuem a gluma inferior, se<br />
caracterizan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma como P. nutans.<br />
Segun<strong>do</strong> Judziewicz (1990) esta é uma espécie <strong>do</strong> grupo informal<br />
“Decumbente”.<br />
40. Paspalum paniculatum L., Syst. Nat. (ed. 10) 855. 1759.<br />
Figura 23: C e D.<br />
Planta perene, ca. 1,16 m alt., cespitosa; nós pilosos;. Bainhas<br />
foliares setosas, margem portan<strong>do</strong> tricomas loriformes; lígula<br />
membranosa; prefoliação convoluta; lâminas foliares 9,5-43,5 x 0,7-2,1<br />
cm, lanceoladas, planas, ápice agu<strong>do</strong>, margem escabra, não estreitan<strong>do</strong><br />
em direção à base, setosa em ambas as faces, lanuginosa próximo à<br />
região ligular. Inflorescência com ca. 21 racemos alternos 4-12 cm<br />
compr., os basais maiores que os apicais; axilas hirsutas; ráquis 0,3-<br />
0,4 mm larg., glabra, margem portan<strong>do</strong> esparsos tricomas<br />
tubercula<strong>do</strong>s, não alada, ver<strong>de</strong> ou estramínea, terminan<strong>do</strong> em um par<br />
<strong>de</strong> espiguetas; pedicelos escabérulos. Espiguetas 1,3-1,7 x 1-1,2 mm,<br />
binadas, amplamente ovadas, ápice obtuso, vilosas, estramíneas; gluma<br />
inferior ausente; gluma superior 1,2-1,6 x 1-1,2 mm, 3-nervada, ápice<br />
obtuso, membranácea, não alada, vilosa; antécio inferior neutro; lema<br />
inferior 1,3-1,7 x 1-1,2 mm, 3-nerva<strong>do</strong>, ápice obtuso, esparsamente<br />
viloso, membranáceo, não plica<strong>do</strong>; pálea inferior ausente; antécio<br />
superior frutífero, 1,3-1,7 x 1-1,2 mm, ova<strong>do</strong> a amplamente ova<strong>do</strong>, sem<br />
nervuras aparentes, glabro, com pequena rugosida<strong>de</strong>. Cariopse ca. 0,8<br />
x 0,7 mm, castanho-claro.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 949 (CESJ, RB).
96<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta<br />
espécie ocorre amplamente na América tropical, também na África<br />
tropical, Austrália, Nova Guiné e Polinésia, em borda <strong>de</strong> mata, campos<br />
ou grama<strong>do</strong>s e locais altera<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> 20-1.100 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Longhi-<br />
Wagner et al. (2001) citam a mesma como cosmopolita, ocorren<strong>do</strong> em<br />
locais altera<strong>do</strong>s. Sendulski & Labouriau (1966) e Heringer et al. (1977<br />
apud Pereira 1986), a relacionam entre as gramíneas componentes da<br />
flora <strong>do</strong>s cerra<strong>do</strong>s. Pereira (1986) observou uma preferência <strong>de</strong>sta<br />
espécie por locais sombrea<strong>do</strong>s ao longo <strong>de</strong> capoeiras. Chase (1929 apud<br />
Pereira 1986) refere-se a mesma como invasora <strong>de</strong> áreas cultivadas e<br />
aban<strong>do</strong>nadas, especialmente em baixas altitu<strong>de</strong>s, porém ocorren<strong>do</strong><br />
também aos 2.100 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Paspalum paniculatum foi citada por<br />
Leitão Filho et al. (1972) como uma das invasoras comuns nos cafezais<br />
paulistas. No PEIB foi coletada na trilha para a casa <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res,<br />
em borda <strong>de</strong> mata, à sombra.<br />
Judziewicz (1990) cita que a mesma pertence ao grupo informal<br />
“Paniculata”.<br />
41. Paspalum polyphyllum Nees ex Trin., Gram. Panic. 114. 1826.<br />
Figura 23: E e F.<br />
Plantas perenes, 48,5-50,5 cm alt., cespitosas; nós glabros.<br />
Bainhas foliares pilosas no ápice, margem inteira, glabrescentes na<br />
base; lígula membranosa; prefoliação conduplicada; lâminas foliares<br />
2,2-9 x 0,2-0,5 cm, lanceoladas, planas, ápice agu<strong>do</strong>, margem com<br />
tricomas tubercula<strong>do</strong>s, base não estreitada, pubescentes em ambas as<br />
faces. Inflorescência com 1-3 racemos alternos <strong>de</strong> 2-8 cm compr.;<br />
axilas hirsutas; ráquis 1-2 mm larg., pubescentes, margem não alada,<br />
ciliada; pedicelos com tricomas curtos. Espiguetas 2-3 x 0,8-1 mm,<br />
binadas ou solitárias, ovadas, ápice agu<strong>do</strong>, alvas; gluma inferior<br />
ausente; gluma superior 2-3,1 x 0,8-1 mm, 3-nervada, ápice agu<strong>do</strong>,<br />
pilosa, com tricomas tubercula<strong>do</strong>s longos (2-5 mm compr.) na margem,<br />
membranosa, não alada; antécio inferior neutro; lema inferior 2-2,9 x<br />
0,8-1 mm, 3-nerva<strong>do</strong>, glabro, ápice agu<strong>do</strong> a subagu<strong>do</strong> portan<strong>do</strong> curtos
97<br />
tricomas, membranoso; pálea inferior ausente; antécio superior<br />
frutífero, 2-3 x 0,8-1 mm, estreitamente elíptico a ova<strong>do</strong>, estramíneo,<br />
glabro ou com curtos tricomas no ápice, liso, membranáceo, sem<br />
nervuras aparentes; anteras negras. Cariopse não vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 5.V.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 955 (BHCB);<br />
19.VI.1991, R. C. Oliveira et al 1 (CESJ); 8.II.2001, R. C. Forzza et al.<br />
1785 (CESJ); 5.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 154 (K, RB, SP); 10.III.2004,<br />
R. C. Forzza et al. 3131 (K, RB, SP); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 165<br />
(K, RB); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 166 (RB); 31.VIII.2004, M. M.<br />
Saavedra et al. 199 (RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: Renvoize (1984) aponta a ocorrência<br />
<strong>de</strong>sta espécie no Brasil e Paraguai, em campo cerra<strong>do</strong> ou campo<br />
rupestre, entre 640 a 1.700 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Para Longhi-Wagner et al.<br />
(2001) esta espécie ocorre no Paraguai, Uruguai, Argentina, Bolívia e<br />
Brasil, em Goiás e Minas Gerais até o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Pereira (1986)<br />
cita que esta espécie prefere locais abertos ou pouco “sujos” e campos<br />
<strong>de</strong> maior altitu<strong>de</strong>. Magalhães (1956a apud Pereira 1986) a cita como<br />
freqüente nos campos alpinos <strong>de</strong> Minas Gerais, em áreas com umida<strong>de</strong>,<br />
planas ou com <strong>de</strong>clives leves da Serra <strong>do</strong> Cipó. No PEIB ocorre na trilha<br />
<strong>do</strong> Monjolinho para a Lagoa Seca (ca. 1.398m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>), trilha para a<br />
Gruta <strong>do</strong>s Viajantes, <strong>de</strong>sta para o Pico <strong>do</strong> Pião (entre 1.700-1.800 m <strong>de</strong><br />
altitu<strong>de</strong>), trilha para o Cruzeiro e trilha para a Lombada, no campo<br />
rupestre ou campo encharcável. Os indivíduos ocorrem <strong>de</strong> maneira<br />
isolada no campo ou forman<strong>do</strong> pequenas touceiras.<br />
Longhi-Wagner et al. (2001) indicam que P. polyphyllum é uma<br />
espécie relacionada ao grupo informal “Ceresia”.
98<br />
Figura 23: Paspalum nutans: A. hábito; B. espigueta. P. paniculatum: C. inflorescência;<br />
D. espigueta. P. polyphyllum: E. hábito; F. espigueta. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 11, <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 183;<br />
C-D Ferreira 949; E-F Forzza 3131).
99<br />
Pseu<strong>de</strong>chinolaena Stapf, Fl. Trop. Afr. 9: 494. 1919.<br />
Gênero constituí<strong>do</strong> por seis espécies, sen<strong>do</strong> cinco endêmicas <strong>de</strong><br />
Madagascar e uma pantropical e está relaciona<strong>do</strong> a ambientes florestais<br />
(Renvoize 1984; Clayton & Renvoize 1986 e Judziewicz 1990). Para o<br />
Novo Mun<strong>do</strong> o CNWG (2006) cita uma espécie, e esta ocorre no PEIB.<br />
42. Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya (Kunth) Stapf, Fl. Trop. Afr. 9: 495.<br />
1919.<br />
Figura 24; 25: A e B.<br />
Plantas perenes, 40-50 cm alt., estoloníferas. Bainhas foliares<br />
ciliadas nas margens ou hirsutula em toda sua extensão; lígula<br />
membranosa; lâminas foliares 1,5-4,5 x 0,5-1,2 cm, oval-lanceoladas,<br />
setosas em ambas as faces. Inflorescência 5-17,2 cm compr., <strong>de</strong> 4-6<br />
racemos, os inferiores 2-3,5 cm compr.; ráquis levemente escabra.<br />
Espiguetas 2,5-3,5 mm compr.; gluma inferior 2-3 x 1-1,5 mm, 3-<br />
nervada com curtos tricomas híspi<strong>do</strong>s, a nervura central prolongan<strong>do</strong>se<br />
em um apículo; gluma superior 2,2-3 x 1,2-1,5 mm, 5-nervada, com<br />
tricomas uncina<strong>do</strong>s na maturação e híspi<strong>do</strong> nas imaturas; antécio<br />
inferior 2,5-3,5 mm compr., neutro ou masculino, membranáceo ou<br />
subcoriáceo, neste caso papiloso e com <strong>do</strong>rso hialino; antécio superior<br />
frutífero; lema superior 2-2,5 mm compr., coriáceo, liso, brilhoso.<br />
Cariopse ca. 1,8 x 1 mm, elíptica.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 17.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 226 (K, MBM, RB,<br />
SP).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta é uma<br />
espécie pantropical que ocorre em bordas <strong>de</strong> mata e locais altera<strong>do</strong>s, <strong>de</strong><br />
0-900 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Longhi-Wagner et al. (2001) acrescentam que esta<br />
é uma espécie que ocorre no interior <strong>de</strong> mata úmida, em clareiras semisombreadas<br />
e em capoeira sombreada e úmida. No PEIB foi coletada na<br />
Gruta das Bromélias, em local úmi<strong>do</strong>, sombrea<strong>do</strong>, em solo com matéria<br />
orgânica, forman<strong>do</strong> uma pequena população.
100<br />
Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya era consi<strong>de</strong>rada a única<br />
representante <strong>do</strong> gênero até que Bosser (1975) afirmasse a existência <strong>de</strong><br />
outras cinco espécies endêmicas <strong>de</strong> Madagascar.<br />
GS<br />
GI<br />
Figura 24: aspecto geral das espiguetas <strong>de</strong> Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya, vista<br />
da gluma inferior (GI) com curtos tricomas híspi<strong>do</strong>s e gluma superior (GS) com<br />
tricomas uncina<strong>do</strong>s. Foto: <strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong> Miranda.<br />
Steinchisma Raf., Bull. Bot. (Geneve) 1: 220. 1830.<br />
Zuloaga et al. (1998) cita que Rafinesque (1830) estabeleceu o<br />
gênero Steinchisma e que posteriormente muitas divergências sobre o<br />
seu posicionamento surgiram. Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> o mesmo consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />
pertencente à seção Laxa <strong>de</strong> Panicum, posteriormente um subgênero <strong>de</strong><br />
Panicum. Recentemente, Clayton & Renvoize (1986) revalidaram o<br />
gênero. Para os autores Steinchisma distingue-se <strong>de</strong> Panicum por
101<br />
apresentar a pálea inferior expandida na maturida<strong>de</strong> da espigueta<br />
(diferença essa já proposta por Nash (1903) e também por possuir<br />
espécies com inflorescências laxas a contraídas, sem espiguetas<br />
dispostas em racemos unilaterais, com antécio superior verrucoso em<br />
toda sua superfície, e a maioria <strong>de</strong> suas espécies são intermediárias<br />
entre as Kranz e as não Kranz (características propostas por Brown<br />
(1977). Porém, Zuloaga (1987) publicou novamente Steinchisma como<br />
um subgênero <strong>de</strong> Panicum. Watson & Dallwitz (1992) trataram<br />
Steinchisma com quatro espécies, a nível genérico, mas <strong>de</strong>ixaram claro<br />
que sua posição taxonômica é arbitrária, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser incluí<strong>do</strong> como um<br />
subgênero <strong>de</strong> Panicum. A análise cladística <strong>de</strong>senvolvida por Zuloaga et<br />
al. (1998) suporta a hipótese que consi<strong>de</strong>ra Steinchisma um grupo<br />
monofilético, sustenta<strong>do</strong> por duas sinapomorfias que são o número <strong>de</strong><br />
células clorenquimáticas entre faces vasculares e a presença <strong>de</strong><br />
cloroplastos na bainha parenquimática. Segun<strong>do</strong> o CNWG (2006)<br />
Steinchisma é composto por sete espécies <strong>de</strong> ocorrência apenas<br />
americana (<strong>do</strong> sul <strong>do</strong>s EUA até a Argentina), sen<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> em<br />
terrenos úmi<strong>do</strong>s.<br />
43. Steinchisma <strong>de</strong>cipiens (Nees ex Trin.) W.V. Br., Mem. Torrey Bot.<br />
Club 23(3): 20. 1977.<br />
Figura 25: C e D.<br />
Plantas perenes ca. 19 cm alt.; rizomatosas. Bainhas foliares<br />
glabras, margem lisa ou com tricomas setulosos em direção ao ápice;<br />
colo glabro; lígula membranoso-ciliada; lâminas foliares 2,5-6 x 0,2- 0,3<br />
cm, planas, ápice acumina<strong>do</strong>, margem finamente serreada, face adaxial<br />
pilosa a glabrescente, face abaxial glabra. Inflorescência 2-4 cm<br />
compr., panícula contraída, espiciforme, ramos curtos, con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>s;<br />
ráquis glabra. Espiguetas 1,7-2 x 0,7-0,9 mm, arroxeadas; gluma<br />
inferior 0,8-1 mm compr., 3-nervada, ápice subagu<strong>do</strong> a agu<strong>do</strong>; gluma<br />
superior 1,5-1,8 x 0,4-0,8 mm, 5(4)-nervada, ápice subagu<strong>do</strong> a<br />
acumina<strong>do</strong>; antécio inferior neutro; lema inferior 1,6-1,9 x 0,4-0,7 mm,<br />
3-5-nerva<strong>do</strong>, ápice agu<strong>do</strong>; pálea inferior 1,7-2,2 x 0,7-0,9 mm; antécio
102<br />
superior 1,6-1,9 x 0,4-0,8 mm, papiloso, cartilaginoso. Cariopse não<br />
vista.<br />
Material examina<strong>do</strong>: 3.XI.1991, R. C. Oliveira 61 (CESJ); 19.IX.2006,<br />
F. M. Ferreira et al. 1129 (K, RB).<br />
Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Zuloaga et al. (1998) esta é<br />
uma espécie sul-americana, sen<strong>do</strong> encontrada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Colômbia e norte<br />
<strong>do</strong> Brasil até o Paraguai, Uruguai, Bolívia e Argentina, habitan<strong>do</strong> solos<br />
úmi<strong>do</strong>s, em bordas <strong>de</strong> brejos ou lagos, ou ao longo <strong>de</strong> cursos d’água<br />
sobre solo arenoso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nível <strong>do</strong> mar a aproximadamente 1.600 m<br />
<strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Para o Brasil, Longhi-Wagner et al. (2001) citam sua<br />
ocorrência na Bahia, e da Região Centro-Oeste até a Região Sul, em<br />
campo, cerra<strong>do</strong>, restinga, brejo e em margem <strong>de</strong> lagos e córregos. No<br />
PEIB foi coleta<strong>do</strong> na Prainha, em local inunda<strong>do</strong> pela chuva e próximo<br />
ao Monjolinho, em campo alaga<strong>do</strong>, próximo a curso d’água.
103<br />
Figura 25: Pseu<strong>do</strong>chinolaena polystachya: A. hábito; B. espigueta. Steinchisma<br />
<strong>de</strong>cipiens: C. hábito; D. espigueta. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 226; C-D Oliveira 61).
104<br />
5. Conclusões<br />
z Através <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foi possível registrar a presença <strong>de</strong> 18<br />
gêneros e 43 espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> acresci<strong>do</strong>s à<br />
lista previamente elaborada por Salimena & Forzza (da<strong>do</strong>s não<br />
publica<strong>do</strong>s) seis gêneros e 24 espécies.<br />
z Através da análise da distribuição geográfica po<strong>de</strong>-se dizer que as<br />
espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae encontradas no PEIB são <strong>de</strong> ampla<br />
distribuição, porém associadas a fitofisionomias e biomas como<br />
campos, campos encharcáveis, cerra<strong>do</strong>s, campos rupestres e<br />
ambientes florestais.<br />
z A ampla distribuição geográfica implica no fato <strong>de</strong> que esse é um<br />
bom grupo para indicar locais e áreas pouco coleta<strong>do</strong>s. Um<br />
exemplo a ser cita<strong>do</strong> é Andropogon bicornis, encontra<strong>do</strong><br />
praticamente em to<strong>do</strong> o território nacional e até <strong>do</strong> continente<br />
americano, a ausência <strong>de</strong>sta espécie em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s locais po<strong>de</strong><br />
ser um indício <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> coleta no mesmo.<br />
z A riqueza <strong>de</strong> espécies encontrada no PEIB po<strong>de</strong> ser atribuída à<br />
varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> nichos e microclimas que as diferentes<br />
fitofisionomias <strong>do</strong> PEIB provêem ao grupo.<br />
z A presença <strong>de</strong> Melinis minutiflora (capim-gordura) foi relacionada<br />
ao fato da área ter si<strong>do</strong> anteriormente utilizada como pastagem.<br />
Coincidência ou não, as maiores populações da mesma estão<br />
exatamente nos locais on<strong>de</strong> a visitação é intensa, como na trilha<br />
para a Cachoeira <strong>do</strong>s Macacos e nas cercanias da Gruta <strong>do</strong>s Três<br />
Arcos. Embora no Parque as populações tenham se mostra<strong>do</strong><br />
estáveis, é pru<strong>de</strong>nte manter o monitoramente constante <strong>de</strong>stas<br />
populações, pois a espécie ten<strong>de</strong> ao alastramento <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao seu<br />
alto po<strong>de</strong>r competitivo. Ten<strong>do</strong> isto si<strong>do</strong> posto, é solícita a
105<br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s sítios mais sensíveis <strong>do</strong> PEIB, para que se possa<br />
minimizar ou mesmo proibir a visitação em tais áreas, evitan<strong>do</strong><br />
assim o surgimento <strong>de</strong>sta espécie tão competitiva e <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong><br />
espécies nativas.<br />
z Por muito tempo a preocupação em relação às plantas invasora só<br />
se <strong>de</strong>u em função <strong>de</strong> Melinis minutiflora, mas o presente estu<strong>do</strong><br />
mostrou que outras espécies ru<strong>de</strong>rais tais como Paspalum<br />
notatum, Paspalum dilatatum e Paspalum paniculatum, além <strong>de</strong><br />
espécies <strong>de</strong> Digitaria têm coloniza<strong>do</strong> a área <strong>do</strong> PEIB, embora sua<br />
ocorrência seja <strong>de</strong> maneira discreta e tímida, ainda assim é<br />
preciso que as populações <strong>de</strong>stas espécies sejam monitoradas,<br />
embora aparentemente as mesmas não ofereçam qualquer<br />
malefício às espécies nativas.<br />
z Praticamente todas as coletas para as espécies <strong>de</strong> Digitaria são<br />
recentes. Apontan<strong>do</strong> que o estabelecimento <strong>de</strong>sse gênero no PEIB<br />
é um fato recente e merece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> atenção, já que as espécies<br />
<strong>de</strong>sse gênero em sua maioria são consi<strong>de</strong>radas daninhas.<br />
z A dificulda<strong>de</strong> na <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> algumas espécies <strong>de</strong>nota uma<br />
necessida<strong>de</strong> urgente em estu<strong>do</strong>s aprofunda<strong>do</strong>s sobre as mesmas,<br />
tais como revisões e/ou filogenias. Essa dificulda<strong>de</strong> ocorreu<br />
principalmente nas espécies <strong>do</strong>s gêneros Axonopus, Ichnanthus,<br />
Panicum, Dichanthelium, Paspalum e Trachypogon.<br />
z É sabi<strong>do</strong> que os campos rupestres abrigam uma vasta riqueza <strong>de</strong><br />
espécies vegetais, mas por enquanto os números são apenas<br />
pressupostos. Os trabalhos que vêm sen<strong>do</strong> concluí<strong>do</strong>s têm<br />
mostra<strong>do</strong> que esse número está aquém <strong>do</strong> que se espera, tal<br />
como foi o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa dissertação. Os campos rupestres <strong>de</strong><br />
Minas Gerais são invocativos e merece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> mais estu<strong>do</strong>s<br />
sobre sua diversida<strong>de</strong>.
106<br />
z Estu<strong>do</strong>s sobre Poaceae/Panicoi<strong>de</strong>ae <strong>de</strong>vem ser mais estimula<strong>do</strong>s,<br />
pois este é um <strong>do</strong>s grupos mais importantes na composição <strong>do</strong>s<br />
campos rupestres e estu<strong>do</strong>s sobre o mesmo são subsídios para<br />
um manejo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação.
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