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Ravena Dias Melo - Jardim Botânico do Rio de Janeiro

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Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />

Escola Nacional <strong>de</strong> Botânica Tropical<br />

A subfamília Panicoi<strong>de</strong>ae (Poaceae) no Parque Estadual<br />

<strong>do</strong> Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil<br />

<strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong> <strong>Melo</strong><br />

2007


II<br />

Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />

Escola Nacional <strong>de</strong> Botânica Tropical<br />

A subfamília Panicoi<strong>de</strong>ae (Poaceae) no Parque Estadual<br />

<strong>do</strong> Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil<br />

<strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong> <strong>Melo</strong><br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> apresentada ao Programa <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação em Botânica, Escola Nacional <strong>de</strong><br />

Botânica Tropical, <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong><br />

Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, como parte <strong>do</strong>s requisitos<br />

necessários à obtenção <strong>do</strong> título <strong>de</strong> Mestre em<br />

Botânica.<br />

Orienta<strong>do</strong>ra: Rafaela Campostrini Forzza<br />

<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />

Junho 2007


III<br />

A subfamília Panicoi<strong>de</strong>ae (Poaceae) no Parque Estadual <strong>do</strong><br />

Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil<br />

<strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong> <strong>Melo</strong><br />

Dissertação submetida ao corpo <strong>do</strong>cente da Escola Nacional <strong>de</strong><br />

Botânica Tropical, Instituto <strong>de</strong> Pesquisas <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Janeiro</strong> – JBRJ, como parte <strong>do</strong>s requisitos necessários a obtenção <strong>do</strong><br />

grau <strong>de</strong> Mestre.<br />

Aprovada por:<br />

Prof._____________________________ - Dra. Rafaela Campostrini Forzza<br />

Prof._____________________________ - Dra. Andréa Ferreira Costa<br />

Prof._____________________________ - Dra. Elsie Franklin Guimarães<br />

<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong><br />

2007


IV<br />

Penso 99 vezes e nada <strong>de</strong>scubro. Deixo <strong>de</strong> pensar,<br />

mergulho no silêncio e a verda<strong>de</strong> me é revelada..<br />

Albert Einstein


V<br />

Dedico esse trabalho aos meus pais, Sulamita e<br />

Roberto, ao meu irmão Bruno, aos meus avós,<br />

ao meu companheiro <strong>de</strong> jornada Luiz Felipe e à<br />

Rosana.


VI<br />

Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

À minha família pelo apoio, incentivo e amor incondicional,<br />

especialmente aos meus pais, pela compreensão e por me ensinarem a<br />

ter força e <strong>de</strong>terminação na conquista <strong>do</strong>s objetivos. À prima Rosana,<br />

por ter me acolhi<strong>do</strong> tão carinhosamente em sua casa durante a visita<br />

aos herbários <strong>de</strong> São Paulo e por sua preocupação constante com<br />

minha formação.<br />

Ao Luiz Felipe, companheiro <strong>de</strong> muitas jornadas que<br />

pacientemente sempre esteve ao meu la<strong>do</strong>, nas conquistas e nas<br />

perdas.<br />

Não tenho palavras para agra<strong>de</strong>cer à Rafaela, cuja orientação<br />

ultrapassou a mera relação <strong>de</strong> orienta<strong>do</strong>r-aluno, pois posso afirmar que<br />

na figura da minha orienta<strong>do</strong>ra encontrei uma amiga que sempre esteve<br />

disposta a ajudar, em to<strong>do</strong>s os aspectos e to<strong>do</strong>s os momentos.<br />

Agra<strong>de</strong>ço infinitamente por ter acredita<strong>do</strong> em mim, por sua<br />

compreensão, por seu apoio constante, incentivo e exemplo <strong>de</strong> amor à<br />

ciência.<br />

À Dra. Elsie por estar sempre disposta a nos receber em sua sala<br />

seja para uma conversa informal ou para sanar alguma dúvida.<br />

Aos amigos que tornam a vida tão mais alegre e rica. Àqueles<br />

companheiros da Botânica: Raquel Monteiro, Valquíria Resen<strong>de</strong>,<br />

Mariana Saavedra, Rafael Borges, Luiz Menini e Ana Lúcia.<br />

Expresso gratidão imensurável e profunda ao José Fernan<strong>do</strong><br />

Baumgratz e Adriana Lobão, pelo estímulo, pelo auxílio e assistência<br />

direta. Sem o estímulo e a ajuda <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is talvez este trabalho não se<br />

concluísse.<br />

Agra<strong>de</strong>ço imensamente ao Fabrício M. Ferreira, Pedro Viana e ao<br />

Tarciso Filgueiras pelos comentários valiosos acerca das Gramineae e<br />

pelas dicas <strong>de</strong> bibliografia e, mais ainda, pelo auxílio com i<strong>de</strong>ntificações.<br />

À Cláudia Miranda <strong>de</strong> Barros pelas ilustrações e <strong>de</strong>dicação<br />

carinhosa ao que informalmente <strong>de</strong>nominamos “agrostografia”.


VII<br />

À Escola Nacional <strong>de</strong> Botânica Tropical e ao <strong>Jardim</strong> Botânico <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, por toda a estrutura e apoio da<strong>do</strong>.<br />

Aos funcionários <strong>do</strong> RB por terem si<strong>do</strong> sempre solícitos, e aos<br />

cura<strong>do</strong>res e funcionários <strong>do</strong>s herbários visita<strong>do</strong>s pela atenção.<br />

Ao CNPq pela bolsa concedida.<br />

Ao IEF, pois sem o consentimento <strong>do</strong> mesmo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong>sse trabalho não teria si<strong>do</strong> possível.<br />

A Deus pela perfeição da existência.<br />

Enfim agra<strong>de</strong>ço a to<strong>do</strong>s que <strong>de</strong> alguma forma contribuíram para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta dissertação, direta ou indiretamente. Peço<br />

<strong>de</strong>sculpas se <strong>de</strong>ixei alguém <strong>de</strong> fora. Só quero que saibam que sou<br />

imensamente grata a to<strong>do</strong>s.


VIII<br />

Resumo<br />

O Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca (PEIB) localiza-se no su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong><br />

Minas Gerais, nos municípios <strong>de</strong> Lima Duarte e Santa Rita <strong>do</strong> Ibitipoca<br />

(21°40’-21°44’S e 43°52’-43°55’W) e abrange 1.923,5 hectares da Serra<br />

<strong>do</strong> Ibitipoca. A altimetria média nos <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Parque é <strong>de</strong> 1.500<br />

metros, sen<strong>do</strong> o pico mais alto da Serra, a Lombada, com 1.784 metros.<br />

A vegetação pre<strong>do</strong>minante na área é o campo rupestre com enclaves <strong>de</strong><br />

florestas. O clima é mesotérmico úmi<strong>do</strong> com invernos secos e verões<br />

amenos. O presente trabalho faz parte <strong>de</strong> um projeto maior que visa<br />

conhecer a flora vascular <strong>do</strong> Parque e para tanto, foram realizadas<br />

coletas bimestrais e os espécimes incluí<strong>do</strong>s no herbário RB. No PEIB<br />

Panicoi<strong>de</strong>ae está representada por 43 espécies e 18 gêneros. Dentre eles<br />

<strong>de</strong>stacam-se Axonopus (7 spp.) e Paspalum (7 spp.), Andropogon (5 spp.)<br />

e Panicum (5 spp.). A maioria das espécies encontradas no Parque<br />

distribui-se amplamente pela América <strong>do</strong> Sul e algumas são<br />

pantropicais, mas sempre associadas a cerra<strong>do</strong>s, campos rupestres e<br />

algumas a ambientes florestais. Destaca-se ainda a ocorrência <strong>de</strong><br />

Melinis minutiflora (capim-gordura), invasora, encontrada nos locais<br />

on<strong>de</strong> a visitação é intensa. São apresentadas <strong>de</strong>scrições, chaves <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação e ilustrações para auxiliar na i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s táxons.


IX<br />

Abstract<br />

The Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca (PEIB), is situated in the southeast<br />

of Minas Gerais, in the municipality of Lima Duarte and Santa Rita<br />

<strong>do</strong> Ibitipoca (21°40’-21°44’S and 43°52’-4°55’W) and covers about<br />

1.923,5 hectares of Serra <strong>do</strong> Ibitipoca. The average altitu<strong>de</strong> of the Park<br />

is 1.500 meters, the highest peak is the Lombada, with 1.784 meters.<br />

The pre<strong>do</strong>minant vegetation in the area is campo rupestre, but there<br />

also enclaves of forest. The climate is mesotermic humid with dry<br />

winters and mild summers. The present work is part of a larger project<br />

that aims to <strong>de</strong>scribe the vascular flora of the Park and for this,<br />

bimestrial collections were ma<strong>de</strong> and the specimens were inclu<strong>de</strong>d at<br />

the Herbarium RB. The Panicoi<strong>de</strong>ae are represented in the PEIB by 43<br />

species and 18 genera. Amongst them, the largest genera are Axonopus<br />

(7 spp.) and Paspalum (7 spp.), Andropogon (5 spp.) and Panicum (5<br />

spp.). Most species found at the Park are wi<strong>de</strong>ly distributed through<br />

South America and some of them are pantropical, but always associated<br />

with open habitats. Melinis minutiflora (capim-gordura), a weed, foun<strong>de</strong>d<br />

where visitation is intense. Descriptions, i<strong>de</strong>ntification keys and<br />

illustrations to helpful in the i<strong>de</strong>ntification of taxa are presented.


X<br />

Lista <strong>de</strong> Figuras<br />

Pág.<br />

Figura 1: Localização <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca (extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

Menini-Neto 2005)................................................................5<br />

Figura 2: Foto satélite da região <strong>do</strong> PEIB, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o contraste em<br />

relação às adjacências (extraída <strong>do</strong> programa Google<br />

Earth).....................................................................................6<br />

Figura 3: Mapa da vegetação <strong>do</strong> PEIB e seu entorno (extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Araújo<br />

2003)......................................................................................<br />

7<br />

Figura 4: Tipos vegetacionais encontra<strong>do</strong>s no PEIB: A. campo com<br />

cactáceas. B. mata ciliar. C. campos encharcáveis D. floresta<br />

ombrófila <strong>de</strong>nsa alto montana. E. campo rupestre. F. matas<br />

ciliares/mata <strong>de</strong> neblina. G. campo rupestre arbustivo. H.<br />

mata <strong>de</strong> neblina. Fotos: Equipe Flora Vascular <strong>do</strong><br />

PEIB.......................................................................................8<br />

Figura 5: áreas <strong>de</strong> campo rupestre em Minas Gerais e biomas<br />

circundantes (adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> EMATER/Geominas).....................9<br />

Figura 6: A-B Andropogon bicornis: A. inflorescência, B. pares <strong>de</strong><br />

espiguetas; C A. lateralis: par <strong>de</strong> espiguetas; D A.<br />

leucostachyus: par <strong>de</strong> espiguetas; E-F A. macrothrix: E.<br />

inflorescência, F. par <strong>de</strong> espiguetas; G-H A. virgatus: G.<br />

inflorescência, H. pares <strong>de</strong> espiguetas. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 163; C<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 16; D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 167; E-F Oliveira 15; G-H Ferreira<br />

686)...................................................................................29<br />

Figura 7: inflorescência jovem <strong>de</strong> Saccharum asperum. Foto: Rafaela<br />

Forzza................................................................................31<br />

Figura 8: A-B Saccharum asperum: A. inflorescência; B. par <strong>de</strong><br />

espiguetas séssil e pedicelada, ambas <strong>de</strong>senvolvidas. C-E<br />

Trachypogon spicatus: C. hábito; D. ramo florífero; E.<br />

espigueta pedicelada (A-B Ferreira 618; C-E Ferreira<br />

579)...................................................................................32


XI<br />

Figura 9: A-B Schizachyrium con<strong>de</strong>nsatum: A. hábito; B. par <strong>de</strong><br />

espiguetas. C-D S. tenerum: C. hábito; D. par <strong>de</strong> espiguetas<br />

(A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 231; C-D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 164).............................36<br />

Figura 10: campos com Trachypogon spicatus. Foto: Rafaela<br />

Forzza................................................................................38<br />

Figura 11: A-D Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix A. hábito, B. tría<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

espiguetas, C. espigueta isolada e D. antécio inferior com<br />

flor masculina. (A-B Me<strong>de</strong>iros 356; C-D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />

140).................................................................................41<br />

Figura 12: A-C Axonopus aureus: A. hábito; B. ráquis; C. espigueta. D.<br />

A. brasiliensis: espigueta. E. A. complanatus: espigueta. F.<br />

A. fastigiatus: espigueta. G. A. fissifolius: espigueta. H. A.<br />

polystachyus: espigueta. I-J A. siccus: I. hábito; J.<br />

espigueta. (A-C <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 244; D Ferreira 604, <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />

223; E <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 172; F <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 177; G Oliveira s.n; H<br />

Oliveira 31; I-J Ferreira 607 Forzza 3963).........................50<br />

Figura 13: Axonopus siccus (<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 295), presença <strong>de</strong> plântulas<br />

crescen<strong>do</strong> na espigueta, fenômeno <strong>de</strong>scrito como proliferação<br />

vegetativa. Foto: Claudine Massi Mynssen.........................51<br />

Figura 14: Gluma superior e lema inferior <strong>de</strong> Digitaria corynotricha,<br />

evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong>s tricomas claviformes na<br />

superfície. Foto: <strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong><br />

Miranda.............................................................................56<br />

Figura 15: A-B Dichanthelium superatum: A. hábito; B. espigueta. C-D<br />

Digitaria ciliaris: C. hábito; D. espigueta. E D. corynotricha:<br />

espigueta. F D. fuscescens: espigueta. G-H D. horizontalis: G.<br />

inflorescência; H. espigueta. (A-B Ferreira 992, C-D Ferreira<br />

954, E Ferreira 951, F Ferreira 565, G-H <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 235<br />

b).......................................................................................59<br />

Figura 16: A Echinolaena inflexa: hábito. B-C Homolepis glutinosa: B.<br />

hábito; C. espigueta. D-E Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia: D. hábito;<br />

E. espigueta. (A Forzza 3297; B-C <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 170; D-E Eiterer


XII<br />

s.n.)....................................................................................6<br />

5<br />

Figura 17: A-E Ichnanthus inconstans: A. hábito; B. espigueta; C. lema<br />

superior com apêndices aliformes na base; D. ramos da<br />

inflorescência teratológica; E. <strong>de</strong>talhe <strong>do</strong> ramo florífero<br />

teratológico. F-H I. leiocarpus: F. hábito; G. espigueta; H.<br />

lema superior com apêndices aliformes na base. I Melinis<br />

minutiflora: espigueta. J-K Oplismenus hirtellus: J. hábito; K.<br />

racemo com grupo <strong>de</strong> espiguetas. (A-E Ferreira 574; F-H<br />

Forzza 3296, Krieger s.n.; I <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 186; J-K Forzza<br />

3315).................................................................................72<br />

Figura 18: população <strong>de</strong> Panicum aristellum na margem <strong>de</strong> curso<br />

d’água. Foto: Rafaela Forzza...............................................74<br />

Figura 19: População <strong>de</strong> Panicum euprepes. Foto: Claudine Massi<br />

Mynssen..........................................................................77<br />

Figura 20: Panicum aristellum: A. espigueta. P. cyanescens: B. hábito; C.<br />

espigueta. P. euprepes:: D. inflorescência; E. espigueta. P.<br />

ovuliferum: F. hábito; G. espigueta. P. sellowii: H. espigueta.<br />

(A <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 18; B-C <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 153; D-E Forzza 3549; F-G<br />

Ferreira 947; H <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 139).........................................80<br />

Figura 21: Paspalum hyalinum, lema inferior com porção central<br />

hialina. Foto: <strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong><br />

Miranda...........................................................................83<br />

Figura 22: Paspalum dilatatum: A. inflorescência; B. espigueta. P.<br />

hyalinum: C. inflorescência; D. espigueta. P. juerguensii: E.<br />

inflorescência; F. espigueta. P. notatum: G. espigueta. (A-B<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 241; C-D Ferreira 1022; E-F <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 169; G<br />

Ferreira 953)....................................................................86<br />

Figura 23: Paspalum nutans: A. hábito; B. espigueta. P. paniculatum: C.<br />

inflorescência; D. espigueta. P. polyphyllum: E. hábito; F.<br />

espigueta. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong>11, <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong>183; C-D Ferreira 949;<br />

E-F Forzza 3131)................................................................91


XIII<br />

Figura 24: aspecto geral das espiguetas <strong>de</strong> Pseu<strong>de</strong>chinolaena<br />

polystachya, vista da gluma inferior (GI) com curtos<br />

tricomas híspi<strong>do</strong>s e gluma superior (GS) com tricomas<br />

uncina<strong>do</strong>s. Foto: <strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong><br />

Miranda...........................................................................93<br />

Figura 25: Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya: A. hábito; B. espigueta.<br />

Steinchisma <strong>de</strong>cipiens: C. hábito; D. espigueta. (A-B <strong>Dias</strong>-<br />

<strong>Melo</strong> 226; C-D Oliveira 61)................................................96


XIV<br />

Sumário<br />

Pág.<br />

1. Introdução........................................................................................1<br />

2. Revisão da literatura........................................................................ 2<br />

2.1 Diversida<strong>de</strong> e distribuição geográfica ........................................ 2<br />

2.2 Histórico <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s em Poaceae............................................. 3<br />

3. Material e Méto<strong>do</strong>s.......................................................................... 4<br />

3.1 Área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>............................................................................4<br />

3.2 Trabalho <strong>de</strong> campo e em laboratório..........................................10<br />

4. Resulta<strong>do</strong>s e discussão...................................................................11<br />

4.1 Poaceae.....................................................................................13<br />

4.2 Panicoi<strong>de</strong>ae...............................................................................14<br />

4.3 Lista das espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae ocorrentes no PEIB................15<br />

4.4 Chave para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> tribos, gêneros e espécies <strong>de</strong><br />

Panicoi<strong>de</strong>ae ocorrentes no PEIB.....................................................17<br />

4.5 Tribo Andropogoneae.................................................................24<br />

Andropogon bicornis.....................................................................24<br />

Andropogon lateralis.....................................................................25<br />

Andropogon<br />

leucostachyus............................................................26<br />

Andropogon macrothrix.................................................................26<br />

Andropogon virgatus.....................................................................27<br />

Saccharum asperum…….………………..….………………………………30<br />

Schizachyrium con<strong>de</strong>nsatum…….……....……………………...…………33<br />

Schizachyrium tenerum…………….………...……………………………..34<br />

Trachypogon spicatus….………….…………………………………………37<br />

4.6 Tribo Arundinelleae...................................................................39<br />

Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix……………………………….……………………39<br />

4.7 Tribo Paniceae..........................................................................42<br />

Axonopus aureus..........................................................................42<br />

Axonopus brasiliensis...................................................................43<br />

Axonopus complanatus.................................................................44<br />

Axonopus fastigiatus….................................................................45


XV<br />

Axonopus fissifolius......................................................................46<br />

Axonopus polystachyus.................................................................47<br />

Axonopus siccus...........................................................................48<br />

Dichanthelium superatum..............................................................52<br />

Digitaria ciliaris.............................................................................54<br />

Digitaria corynotricha....................................................................55<br />

Digitaria fuscescens......................................................................56<br />

Digitaria horizontalis.....................................................................57<br />

Echinolaena inflexa.......................................................................60<br />

Homolepis glutinosa......................................................................62<br />

Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia...............................................................63<br />

Ichnanthus incontans....................................................................66<br />

Ichnanthus leiocarpus....................................................................68<br />

Melinis minutiflora.........................................................................69<br />

Oplismenus hirtellus......................................................................70<br />

Panicum aristellum........................................................................73<br />

Panicum cyanescens.....................................................................75<br />

Panicum euprepes.........................................................................76<br />

Panicum ovuliferum.......................................................................78<br />

Panicum sellowii............................................................................79<br />

Paspalum dilatatum.......................................................................81<br />

Paspalum hyalinum.......................................................................82<br />

Paspalum juerguensii.....................................................................83<br />

Paspalum notatum.........................................................................84<br />

Paspalum nutans...........................................................................87<br />

Paspalum paniculatum...................................................................88<br />

Paspalum polyphylum....................................................................89<br />

Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya......................................................92<br />

Steinchisma <strong>de</strong>cipiens....................................................................94<br />

5. Conclusões.....................................................................................97<br />

6. Referências bibliográficas..............................................................100


XVI


1<br />

1. Introdução<br />

O Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca (PEIB) localiza-se no distrito <strong>de</strong><br />

Conceição <strong>do</strong> Ibitipoca, nos municípios <strong>de</strong> Lima Duarte e Santa Rita <strong>do</strong><br />

Ibitipoca, su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Minas Gerais. A vegetação pre<strong>do</strong>minante na área é o<br />

campo rupestre com enclaves <strong>de</strong> florestas estacional, ombrófila e nebular<br />

(Fontes 1997, Ro<strong>de</strong>la 1998, <strong>Dias</strong> et al. 2002). O PEIB está inseri<strong>do</strong> no<br />

Complexo da Mantiqueira (CETEC 1983), embora tenha si<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> por<br />

Ferreira & Magalhães (1977) como área disjunta da ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> Espinhaço por<br />

apresentarem vegetação bastante semelhante.<br />

Des<strong>de</strong> o século passa<strong>do</strong>, a Serra <strong>do</strong> Ibitipoca <strong>de</strong>sperta o interesse em<br />

estu<strong>do</strong>s botânicos, como foi o caso <strong>do</strong> naturalista A. Saint-Hilaire, que no ano<br />

<strong>de</strong> 1822 percorreu a área coletan<strong>do</strong> inúmeras plantas da região, muitas <strong>de</strong>las<br />

novas espécies para a ciência (Salimena-Pires 1997). Tal interesse persiste até<br />

os dias <strong>de</strong> hoje, não somente em Ibitipoca, como em outros locais <strong>de</strong><br />

composição florística semelhante.<br />

Apesar das dificulda<strong>de</strong>s inerentes e das poucas listas publicadas, Giulietti<br />

et al. (2000) estimaram para os campos rupestres em torno <strong>de</strong> 3.000 espécies,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o número total ser o <strong>do</strong>bro <strong>de</strong>ste valor. Em relação ao en<strong>de</strong>mismo,<br />

estima-se que 30% das espécies sejam endêmicas <strong>de</strong>ste tipo vegetacional<br />

(Giulietti et al. 1987). Segun<strong>do</strong> Harley (1995) as áreas montanhosas on<strong>de</strong> se<br />

encontram os campos rupestres, são comparáveis a ilhas separadas por<br />

condições ecológicas muito diferentes das que existem nas terras baixas,<br />

atuan<strong>do</strong> como barreira para migração. Isto resulta num sistema biológico <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> interesse no que concerne ao estu<strong>do</strong> da flora e da fauna.<br />

Nos estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s em áreas <strong>de</strong> campos rupestres, Poaceae tem si<strong>do</strong><br />

apontada como uma das principais famílias botânicas, não só em<br />

diversida<strong>de</strong>, mas também em biomassa (Harley & Simmons 1986, Giulietti et<br />

al. 1987, Harley 1995, Zappi et al. 2003, Pirani et al. 2003). Em Ibitipoca,<br />

essa tendência tem se manti<strong>do</strong> conforme citam Andra<strong>de</strong> & Sousa (1995),<br />

principalmente em relação à subfamília Panicoi<strong>de</strong>ae, que é a mais numerosa<br />

<strong>de</strong>ntre as Poaceae e costuma apresentar maior riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>do</strong> que as<br />

outras subfamílias.


2<br />

O estu<strong>do</strong> aqui apresenta<strong>do</strong> é parte <strong>de</strong> um projeto maior <strong>de</strong> inventário on<strong>de</strong><br />

diversos estudantes e pesquisa<strong>do</strong>res estão envolvi<strong>do</strong>s. Os objetivos <strong>de</strong>ste<br />

trabalho foram complementar e atualizar o levantamento <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae no<br />

PEIB; elaborar <strong>de</strong>scrições, chaves <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação e ilustrações para as<br />

espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae ocorrentes na área; indicar a distribuição geográfica<br />

<strong>de</strong>stas espécies, fornecer informações sobre tais espécies para auxiliar no<br />

plano <strong>de</strong> conservação e manejo que vem sen<strong>do</strong> elabora<strong>do</strong> para a unida<strong>de</strong>;<br />

contribuir para a confecção <strong>do</strong> checklist da flora vascular <strong>do</strong> Parque; bem<br />

como enriquecer o conhecimento sobre a flora <strong>do</strong>s campos rupestres <strong>de</strong><br />

Minas Gerais.<br />

2. Revisão da Literatura<br />

2.1 Diversida<strong>de</strong> e distribuição geográfica<br />

O número estima<strong>do</strong> <strong>de</strong> espécies para a família é quase unânime na<br />

opinião da comunida<strong>de</strong> científica, cerca <strong>de</strong> 10.000, porém o número <strong>de</strong><br />

gêneros é bastante variável (Dahlgren et al. 1985, Clayton & Renvoize 1986,<br />

Judziewicz 1990), sen<strong>do</strong> aceito atualmente o número proposto por Watson &<br />

Dalwitz (1992), que é <strong>de</strong> 793. No Brasil, Poaceae está representada por cerca<br />

<strong>de</strong> 1.370 espécies agrupadas em 197 gêneros, distribuídas por to<strong>do</strong>s os<br />

ecossistemas. Este número representa mais <strong>de</strong> 13% da diversida<strong>de</strong> mundial<br />

da família (Burman 1985).<br />

A família ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o círculo polar ao equa<strong>do</strong>r e <strong>de</strong> cumes <strong>de</strong><br />

montanhas ao nível <strong>do</strong> mar. Poucas formações vegetais não têm gramíneas e<br />

muitas, como os estepes, pradarias, campos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, campo rupestre e<br />

cerra<strong>do</strong>, são <strong>do</strong>minadas por estas (Heywood 1993). Aproximadamente 1/3 da<br />

cobertura vegetal da terra compreen<strong>de</strong> savanas, campos e outros<br />

ecossistemas <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s por gramíneas (Shantz 1954).<br />

As savanas e outros ecossistemas <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s por gramíneas são<br />

encontra<strong>do</strong>s on<strong>de</strong> a precipitação é sazonal, ou em monções. A precipitação<br />

varia amplamente <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 500 mm/ano por um ou <strong>do</strong>is meses, a mais<br />

<strong>de</strong> 1.500 mm/ano com uma curta estação seca (Bourlière & Hadley 1983<br />

apud Jacobs et al. 1999). Os campos tempera<strong>do</strong>s, em oposição às savanas,


3<br />

são encontra<strong>do</strong>s em latitu<strong>de</strong>s medianas ou em altas elevações on<strong>de</strong> a<br />

precipitação é insuficiente para suportar o crescimento <strong>de</strong> árvores, porém<br />

maior <strong>do</strong> que aquelas que resultam nos <strong>de</strong>sertos (Ripley 1992 apud Jacobs et<br />

al. 1999).<br />

2.2 Histórico <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s em Poaceae<br />

A história da classificação das gramíneas começou com o tratamento <strong>do</strong><br />

grupo por Teophrastus (século IV a.C.) na obra Enquiry Into Plants, on<strong>de</strong> o<br />

autor dividiu todas as plantas em quatro grupos: árvores, arbustos,<br />

subarbustos e ervas, o livro VII <strong>do</strong> tratamento foi intitula<strong>do</strong> “Of Herbaceous<br />

Plants: Cereals, Pulses, and Summer Crops”. O Tratamento obviamente foi<br />

utilitário, e não <strong>de</strong>finiu a família como uma unida<strong>de</strong> distinta e inclusiva.<br />

Havia uma tendência em agrupar ervas graminói<strong>de</strong>s – Juncaceae, Gramineae<br />

e Cyperaceae – mas nenhum <strong>do</strong>s herbalistas erigiu uma categoria que<br />

incluísse apenas gramíneas. Jussieu (1789) foi o primeiro a aplicar o nome<br />

Gramineae e erigiu um grupo que incluía apenas gramíneas (Pohl 1981).<br />

No Brasil, a primeira obra on<strong>de</strong> as Gramineae são retratadas é a Florae<br />

Fluminensis <strong>de</strong> Vellozo (1825), que apesar <strong>de</strong> constar apenas <strong>do</strong>is nomes <strong>do</strong><br />

grupo em questão, sua importância não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scurada, pois se trata <strong>do</strong><br />

marco inicial <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s da flora brasileira. Vellozo finalizou esta obra em<br />

1790, porém sua publicação ocorreu tardiamente em 1825<br />

(www.franciscanos.org.Br/noticias.noticias_especiais). No ano <strong>de</strong> 1823, Raddi<br />

publicou a obra Agrostografia Brasiliensis, que contém 65 espécies, cinco<br />

novos gêneros, 35 novas espécies e uma nova combinação<br />

(www.sma.unibo.it/erbario/tipiraddi.html). Essa obra foi resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua<br />

viagem pelo Brasil nos anos <strong>de</strong> 1817 e 1818, na companhia <strong>de</strong> Spix, Martius,<br />

Pohl e outros naturalistas (fr.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Raddi).<br />

Posteriormente têm-se Agrostologia brasiliensis, publicada por Nees<br />

(1829) na Flora brasiliensis. Também publica<strong>do</strong> na Flora brasiliensis há o<br />

trabalho <strong>de</strong> Döll & Hackel (1871, 1883), apresentan<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 1.820 nomes<br />

e 685 espécies (www.cria.org.br/eventos/flora/ apresentacao/2).<br />

Outra importante obra sobre Gramineae não só para o Brasil, como<br />

para toda a América <strong>do</strong> Sul é: Lés Graminees <strong>de</strong>´l Amerique du Sud (1825-


4<br />

1833). Publicada em <strong>do</strong>is volumes, esta obra foi resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong><br />

Kunth nos espécimes coleta<strong>do</strong>s por Alexan<strong>de</strong>r von Humboldt e Aimé<br />

Bonpland em suas viagens à América <strong>do</strong> Sul<br />

(pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Sigismund_Kunth).<br />

Outra obra que merece <strong>de</strong>staque apesar <strong>de</strong> não ser para o Brasil é<br />

Flora of the Guianas (Judziewicz 1990), neste trabalho são apresentadas 320<br />

espécies da Guiana, 253 <strong>do</strong> Suriname e 262 da Guiana Francesa, <strong>de</strong>stas<br />

menos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z são endêmicas das Guianas e a maioria <strong>do</strong>s taxa também<br />

ocorre na Venezuela e no Brasil. Também merece ser mencionada a obra <strong>de</strong><br />

Clayton & Renvoize (1986) Genera Graminum: Grasses of the World, on<strong>de</strong> os<br />

autores abordam temas como morfologia, reprodução, anatomia,<br />

classificação, evolução e tratamento <strong>de</strong>scritivo, com sinopse das subfamílias,<br />

tribos e subtribos, além das <strong>de</strong>scrições e número <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> 651 gêneros<br />

e a distribuição geográfica <strong>do</strong>s mesmos. Há também o Catalogue of New<br />

World Grasses (CNWG) um trabalho contínuo existente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ano <strong>de</strong> 2000,<br />

disponível em versão impressa e através <strong>do</strong> site <strong>do</strong> MOBOT, on<strong>de</strong> é<br />

frequentemente atualiza<strong>do</strong>. Do qual participam agrostólogos <strong>de</strong> cinco<br />

instituições, responsáveis pela atualização <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s nomenclaturais, tipos,<br />

sinonímias, taxonomia <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral e distribuição das espécies <strong>de</strong><br />

Poaceae que ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Alaska até a Terra <strong>do</strong> Fogo.<br />

Dentre as obras mais recentes e <strong>de</strong> âmbito nacional têm-se The Grass<br />

of Bahia (Renvoize 1984) e a Flora <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo (2001), edita<strong>do</strong> por<br />

Longhi-Wagner e colabora<strong>do</strong>res. Além <strong>de</strong>stas, merecem <strong>de</strong>staque outras floras<br />

realizadas em áreas <strong>de</strong> campo rupestre: Flora <strong>de</strong> Grão Mogol (Longhi-Wagner<br />

& To<strong>de</strong>schini 2004); Flora <strong>do</strong> Pico das Almas (Renvoize 1995); Florula <strong>de</strong><br />

Mucugê (Harley & Simmons 1986) e Flora da Serra <strong>do</strong> Cipó (Burman et al.<br />

1987).<br />

3. Material e Méto<strong>do</strong>s<br />

3.1 Área <strong>de</strong> estu<strong>do</strong><br />

O Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca está localiza<strong>do</strong> nos municípios <strong>de</strong> Lima<br />

Duarte e Santa Rita <strong>do</strong> Ibitipoca, no su<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Minas Gerais, entre as


5<br />

coor<strong>de</strong>nadas 21°40’-21°44’S e 43°52’-43°55’W (Fig. 1), abrangen<strong>do</strong> 1.923,5<br />

hectares da Serra <strong>do</strong> Ibitipoca. A área é protegida pelo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1965, sob<br />

a responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Instituto Estadual <strong>de</strong> Florestas (IEF-MG) e foi<br />

transforma<strong>do</strong> em Parque em 1973 pela lei n° 6.126 <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> julho <strong>do</strong> referi<strong>do</strong><br />

ano (IEF, Brandt Meio Ambiente 1994).<br />

Geomorfologicamente, a Serra <strong>do</strong> Ibitipoca está inserida no Complexo da<br />

Mantiqueira, cujo relevo é caracteriza<strong>do</strong> por escarpas altas ou colinas com<br />

altitu<strong>de</strong>s variáveis entre 1.200 a 1.782 metros (CETEC 1983) que contrastam<br />

com os arre<strong>do</strong>res (Corrêa-Neto 1997) (Fig. 2). Estrutura-se por uma gran<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>bra recumbente (Nummer 1991), formada por litotipos pertencentes ao<br />

Ciclo Deposicional Andrelândia e composta basicamente <strong>de</strong> quartzitos<br />

sacaroidais grosseiros com muscovita intercala<strong>do</strong>s por quartzitos finos<br />

micáceos e biotita-xistos (Andreis et al. 1989). No Parque são encontra<strong>do</strong>s<br />

solos litólicos, cambissolos, areias quartzosas, latossolo e solos orgânicos<br />

(Fontes 1997).<br />

Figura 1: Localização <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Ibitipoca (extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Menini-Neto 2005).


6<br />

A altimetria média <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Parque é <strong>de</strong> 1.500 metros<br />

enquanto o entorno apresenta altitu<strong>de</strong>s entre 700 e 900 metros. O pico mais<br />

alto da Serra, Pico <strong>do</strong> Ibitipoca ou Lombada, atinge 1.784 metros (Ro<strong>de</strong>la<br />

1998). O clima <strong>do</strong> Parque é classifica<strong>do</strong> como Cwb, segun<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong><br />

classificação <strong>de</strong> Köppen, isto é, mesotérmico úmi<strong>do</strong> com invernos secos e<br />

verões amenos. A precipitação anual média fica em torno <strong>de</strong> 1.532 mm e a<br />

temperatura anual média é <strong>de</strong> 18.9º C (CETEC 1983).<br />

Figura 2: Foto satélite da região <strong>do</strong> PEIB, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o contraste em relação às<br />

adjacências (extraída <strong>do</strong> programa Google Earth).<br />

Ururahy et al. (1983) referem-se à vegetação da Serra <strong>do</strong> Ibitipoca como<br />

um refúgio ecológico alto-montano <strong>de</strong> vegetação arbustiva, inseri<strong>do</strong> na região<br />

fitoecológica da Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual. Nesta formação <strong>de</strong>stacamse<br />

as famílias Eriocaulaceae, Velloziaceae, Melastomataceae, Ericaceae,<br />

Rubiaceae e Compositae (Ferreira & Magalhães 1977). Andra<strong>de</strong> & Sousa<br />

(1995) propuseram quatro formações básicas para área: campos graminosos,<br />

pre<strong>do</strong>minantes nos pontos mais eleva<strong>do</strong>s; campos graminosos com arbustos<br />

e arvoretas; campos rupestres, se referin<strong>do</strong> a vegetação rupícola <strong>do</strong>s<br />

afloramentos, e capões <strong>de</strong> mata, classifica<strong>do</strong>s como floresta estacional


7<br />

semi<strong>de</strong>cidual. Por outro la<strong>do</strong>, Fontes (1997) <strong>de</strong>nomina as matas encontradas<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Parque <strong>de</strong> florestas ombrófilas <strong>de</strong>nsas ou nebulares.<br />

Ro<strong>de</strong>la (1998) diferenciou sete unida<strong>de</strong>s distintas <strong>de</strong> vegetação <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>do</strong> Parque: floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual montana; floresta <strong>de</strong>nsa<br />

altimontana; capões <strong>de</strong> mata e matas ciliares; cerra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>; campos<br />

rupestres; campos graminosos e campos encharcáveis. Em uma proposta<br />

mais recente, Araújo (2003) dividiu a vegetação <strong>do</strong> Parque em oito formações<br />

vegetacionais, sen<strong>do</strong> elas: floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual; floresta ombrófila<br />

<strong>de</strong>nsa alto-montana (mata gran<strong>de</strong>); mata ciliar/mata <strong>de</strong> neblina; campo<br />

rupestre arbustivo; campo rupestre; campo sujo encharcável; campo com<br />

cactáceas e cerra<strong>do</strong> <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> (Fig. 3 e 4).<br />

Figura 3: Mapa da vegetação <strong>do</strong> PEIB e seu entorno (extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Araújo 2003).


8<br />

A<br />

B<br />

C<br />

D<br />

E<br />

F<br />

G<br />

H<br />

G<br />

H


9<br />

Figura 4: Tipos vegetacionais encontra<strong>do</strong>s no PEIB: A. campo com cactáceas. B.<br />

mata ciliar. Analisan<strong>do</strong> C. campos diferentes encharcáveis trabalhos D. floresta realiza<strong>do</strong>s ombrófila ao <strong>de</strong>nsa longo alto das montana. décadasE.<br />

para campo as rupestre. Serras F. <strong>de</strong> matas Minas ciliares/mata Gerais e da <strong>de</strong> neblina. Bahia, po<strong>de</strong>mos G. campo rupestre concluir arbustivo. que, taisH.<br />

fisionomias mata <strong>de</strong> neblina. distintas Fotos: encontradas Equipe Flora Vascular em Ibitipoca <strong>do</strong> PEIB. se encaixam na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

campos rupestres, que é composto por um mosaico <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s (Harley<br />

& Simmons 1986, Giulietti & Pirani 1988, Harley 1995, Meneses & Giulietti<br />

2000). Exceção se faz à presença <strong>de</strong> floresta ombrófila <strong>de</strong>nsa, que não<br />

ocorre na gran<strong>de</strong> maioria das regiões, on<strong>de</strong> existem as formações <strong>de</strong>ste<br />

ecossistema. Provavelmente, a ocorrência <strong>de</strong>ste tipo vegetacional está<br />

diretamente relacionada à posição geográfica da Serra <strong>do</strong> Ibitipoca, que está<br />

inserida nos <strong>do</strong>mínios da floresta atlântica. Este fato diferencia<br />

substancialmente a área <strong>do</strong> Ibitipoca <strong>do</strong>s campos rupestres da Ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong><br />

Espinhaço <strong>de</strong> Minas Gerais e Bahia, que são circunda<strong>do</strong>s por cerra<strong>do</strong> e<br />

caatinga, respectivamente (Giulietti et al. 1987) (Fig. 5).


10<br />

Figura 5: áreas <strong>de</strong> campo rupestre em Minas Gerais e biomas circundantes<br />

(adapta<strong>do</strong> <strong>de</strong> EMATER/Geominas).


11<br />

3.2 Trabalho <strong>de</strong> campo e em laboratório<br />

Realizou-se a pesquisa <strong>de</strong> campo no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2003 a<br />

agosto <strong>de</strong> 2005, totalizan<strong>do</strong> seis expedições <strong>de</strong> coleta. Expedições <strong>de</strong> coleta<br />

que foram realizadas em diferentes datas por outros membros <strong>do</strong> “Projeto<br />

Flora Vascular <strong>do</strong> PEIB”, também contribuíram para a amostragem da<br />

presente dissertação. A coleta <strong>do</strong>s espécimes foi realizada em toda a área <strong>do</strong><br />

Parque, cobrin<strong>do</strong> todas as suas vertentes, ambientes e altitu<strong>de</strong>s. Apenas os<br />

espécimes férteis foram coleta<strong>do</strong>s, estes foram prensa<strong>do</strong>s e tiveram seus<br />

da<strong>do</strong>s relevantes anota<strong>do</strong>s no momento da coleta. A preparação <strong>do</strong> material<br />

seguiu a meto<strong>do</strong>logia usual <strong>de</strong> herborização, as exsicatas foram <strong>de</strong>positadas<br />

no herbário RB com duplicatas enviadas a diversos herbários.<br />

As espécies foram <strong>de</strong>scritas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os procedimentos clássicos<br />

em taxonomia e a<strong>do</strong>tadas as terminologias propostas por Lawrence (1951),<br />

Radford et al. (1974) e Longhi-Wagner et al. (2001). As <strong>de</strong>scrições abrangem<br />

especialmente as características diagnósticas <strong>de</strong> cada táxon. A distribuição<br />

geográfica tem por base da<strong>do</strong>s bibliográficos e coleções examinadas.<br />

Para cada táxon abor<strong>do</strong>u-se os aspectos nomenclaturais, taxonômicos e<br />

a sua distribuição geográfica, bem como aspectos populacionais <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

Parque. As ilustrações foram elaboradas enfocan<strong>do</strong> principalmente caracteres<br />

diagnósticos que auxiliam no reconhecimento das espécies.<br />

Foram visita<strong>do</strong>s os herbários da Região Su<strong>de</strong>ste que apresentam as<br />

coleções mais representativas <strong>do</strong> grupo em questão e também on<strong>de</strong> estão<br />

<strong>de</strong>positadas as coletas realizadas anteriormente no Parque. Os herbários<br />

consulta<strong>do</strong>s foram: BHCB, CESJ, RB, SP e SPF (acrônimos segun<strong>do</strong> Holmgren<br />

et al. 1990).


12<br />

4. Resulta<strong>do</strong>s e discussão<br />

Em 1970, Leopol<strong>do</strong> Krieger e Dimitri Sucre elaboraram um relatório<br />

para a Serra <strong>do</strong> Ibitipoca e no mesmo citavam a existência <strong>de</strong> 14 espécies <strong>de</strong><br />

Poaceae, mas estas espécies não foram discriminadas pelos autores. Ferreira<br />

& Magalhães (1977) elaboraram uma listagem para a serra <strong>do</strong> Ibitipoca e<br />

registraram apenas uma espécie <strong>de</strong> Poaceae ocorrente na área, que seria a<br />

Aristida sactae-luciae Trin., pertencente à subfamília Aristi<strong>do</strong>i<strong>de</strong>ae. Oliveira<br />

(1992) realizou o primeiro levantamento especificamente tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Poaceae<br />

nos <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> Parque e referiu 23 espécies, agrupadas em 16 gêneros.<br />

Neste trabalho Panicoi<strong>de</strong>ae constava <strong>de</strong> 17 espécies e 11 gêneros. Andra<strong>de</strong> &<br />

Sousa (1995) citam oito espécies <strong>de</strong> Poaceae para o PEIB, <strong>de</strong>stas, cinco são<br />

Panicoi<strong>de</strong>ae.<br />

Mais recentemente numa lista parcial elaborada por Salimena & Forzza<br />

(da<strong>do</strong>s não publica<strong>do</strong>s), Poaceae estava representada por 26 espécies e 16<br />

gêneros e Panicoi<strong>de</strong>ae representada por 21 espécies e 11 gêneros, porém<br />

algumas espécies <strong>de</strong>ssa lista foram sinonimizadas, como é o caso <strong>de</strong> Panicum<br />

nervosum Lam. sinônimo <strong>de</strong> P. superatum Hack., que atualmente está<br />

posicionada em Dichanthelium, e P. teretifolium Hack. que é sinônimo <strong>de</strong> P.<br />

euprepes. Ou seja, atualizan<strong>do</strong> os nomes essa lista compreendia 19 espécies<br />

e 12 gêneros.<br />

No presente estu<strong>do</strong> foram encontradas 43 espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae,<br />

distribuídas em 18 gêneros agrupa<strong>do</strong>s em três tribos: Andropogoneae,<br />

Arundinelleae e Paniceae. Andropogoneae está representada por nove<br />

espécies e quatro gêneros, Arundinelleae com um gênero e uma única espécie<br />

e Paniceae com 33 espécies e 13 gêneros.<br />

A maioria das espécies encontradas no Parque distribui-se amplamente<br />

pela América <strong>do</strong> Sul e algumas são pantropicais, mas sempre associadas a<br />

cerra<strong>do</strong>s, campos rupestres e algumas a ambientes florestais.<br />

Praticamente em toda a área <strong>do</strong> PEIB foi possível encontrar espécies <strong>de</strong><br />

Panicoi<strong>de</strong>ae, a exceção se faz somente em relação à Mata Gran<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> o<br />

grupo apresenta-se <strong>de</strong> forma escassa e representa<strong>do</strong> apenas por Ichnanthus.<br />

Segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) e Clayton & Renvoize (1986) Ichnanthus é um


13<br />

gênero associa<strong>do</strong> a locais úmi<strong>do</strong>s e, frequentemente, encontra<strong>do</strong> no interior<br />

ou bordas <strong>de</strong> mata. As matas nebulares também não apresentam uma<br />

expressiva riqueza <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae, porém algumas espécies como<br />

Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya e Oplismenus hirtellus po<strong>de</strong>m ser observadas.<br />

A maior riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae é encontrada nos campos<br />

rupestres, on<strong>de</strong> ocorrem táxons que praticamente <strong>de</strong>finem a fisionomia, como<br />

Trachypogon spicatus, Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix, Axonopus brasiliensis,<br />

Axonopus fastigiatus e Paspalum polyphyllum. A área <strong>do</strong> Monjolinho<br />

apresenta uma gran<strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae. Segun<strong>do</strong><br />

Salimena-Pires (1997), a vegetação <strong>do</strong> Monjolinho difere das outras <strong>do</strong> PEIB<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao intemperismo químico sobre rochas <strong>do</strong> tipo biotita-xisto, que ali<br />

ocorre, geran<strong>do</strong> solos argilosos e espessos e resultan<strong>do</strong> numa flora similar à<br />

<strong>do</strong>s cerra<strong>do</strong>s associa<strong>do</strong>s à Ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> Espinhaço <strong>de</strong> Minas Gerais. Exatamente<br />

neste local foram encontradas espécies como Echinolaena inflexa e Axonopus<br />

siccus, que são tipicamente encontradas em áreas <strong>de</strong> cerra<strong>do</strong>. Nas áreas<br />

sombreadas <strong>de</strong>sse mesmo local, próximo à Mata Gran<strong>de</strong>, foi encontrada<br />

Homolepis glutinosa, espécie comumente encontrada em borda <strong>de</strong> floresta.<br />

Também foram encontradas no PEIB, as espécies Andropogon bicornis e<br />

Melinis minutiflora, consi<strong>de</strong>radas ru<strong>de</strong>rais. A. bicornis é uma espécie que<br />

ocorre em campos, cerra<strong>do</strong>s e em locais altera<strong>do</strong>s, principalmente em beiras<br />

<strong>de</strong> estradas. Já M. minutiflora, o capim-gordura, é uma espécie africana,<br />

porém cultivada e naturalizada nos trópicos (Longhi-Wagner et al. 2001) e<br />

ocorre em locais altera<strong>do</strong>s. Segun<strong>do</strong> Salimena-Pires (1997) a presença <strong>de</strong>sta<br />

espécie no PEIB po<strong>de</strong> ser um resquício <strong>do</strong> uso <strong>do</strong>s campos rupestres locais<br />

como pastos e acrescenta ainda dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer manejo <strong>de</strong>sta espécie,<br />

pois a mesma tem alto po<strong>de</strong>r competitivo. Leopol<strong>do</strong> Krieger e Dimitri Sucre no<br />

relatório que elaboraram para a Serra <strong>do</strong> Ibitipoca em 1970 já apontavam a<br />

presença <strong>do</strong> mesmo na área, além <strong>de</strong> expressarem sua preocupação com esse<br />

fato. Porém, o que po<strong>de</strong>mos observar é que a espécie está confinada às áreas<br />

<strong>de</strong> intensa visitação como bordas <strong>de</strong> trilhas e próximo <strong>de</strong> cachoeiras. Também<br />

nos parece que, apesar <strong>do</strong> difícil manejo, a espécie não está amplian<strong>do</strong> sua<br />

ocorrência no Parque.


14<br />

4.1 Poaceae Barnhart, Bull. Torrey Bot. Club 22: 7. 1895.<br />

(Gramineae A. L. Jussieu, G. Pl. 28: 1789)<br />

Plantas anuais ou perenes; colmos cespitosos, eretos, <strong>de</strong>cumbentes,<br />

rizomatosos ou escan<strong>de</strong>ntes, herbáceos ou lignifica<strong>do</strong>s, sóli<strong>do</strong>s ou fistulosos,<br />

ramifica<strong>do</strong>s ou não, provi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> nós e entrenós. Folhas alterno-dísticas;<br />

bainha foliar aberta ou fechada; lígula geralmente presente na junção entre a<br />

bainha e a lâmina, lígula interna presente (raramente ausente) na superfície<br />

adaxial, lígula externa às vezes presente na superfície abaxial; lâmina linear a<br />

filiforme, lanceolada a ovada, paralelinérvia (raramente com nervuras<br />

oblíquas), base da lâmina às vezes portan<strong>do</strong> aurículas em ambos os la<strong>do</strong>s na<br />

região ligular, às vezes peciolada. Inflorescência terminal ou axilar, laxa ou<br />

contraída, composta por inflorescências parciais reduzidas (espiguetas),<br />

dispostas em uma a várias espigas, racemos ou panículas. Espiguetas muito<br />

diversas na sua estrutura, mas tipicamente consistin<strong>do</strong> <strong>de</strong> um eixo (a<br />

ráquila), com uma ou duas brácteas estéreis (glumas), estas persistentes ou<br />

caducas, 0-muito nervadas; ráquila acima das glumas portan<strong>do</strong> flósculos (ou<br />

antécios) <strong>de</strong> disposição alterno-dística, estes persistentes ou <strong>de</strong>cíduos;<br />

antécios consistin<strong>do</strong> <strong>de</strong> brácteas (o lema) mais externas, e o primeiro<br />

apêndice <strong>do</strong> eixo floral (a pálea) circundan<strong>do</strong> uma flor reduzida; lema 1-muito<br />

nerva<strong>do</strong>, arista<strong>do</strong> ou não; pálea tipicamente bicarenada, às vezes ausente.<br />

Flor bissexual ou unissexual, perianto reduzi<strong>do</strong> (lodículas) (0-)2-3; androceu<br />

<strong>de</strong> (1-2-) 3-6(-muitos) estames; gineceu bi ou tricarpelar com ovário<br />

unilocular, uniovula<strong>do</strong>, estiletes 2-3, estigmas (1-)2-3, híspi<strong>do</strong>s a plumosos.<br />

Fruto cariopse, às vezes muito modificada, assemelhan<strong>do</strong>-se a um fruto<br />

carnoso.<br />

Dahlgren et al. (1985) posicionam Poaceae na superor<strong>de</strong>m<br />

Commelinanae, que abriga as or<strong>de</strong>ns Poales, Cyperales, Commelinales e<br />

Hydatellales. Poaceae insere-se em Poales junto com outras seis famílias:<br />

Flagellariaceae, Joinvilleaceae, Ec<strong>de</strong>iocoleaceae, Anarthriaceae, Restionaceae<br />

e Centrolepidaceae.<br />

À luz da sistemática filogenética, várias novas propostas têm si<strong>do</strong><br />

sugeridas para agrupar as Monocotiledôneas. Na proposta mais recente<br />

(Chase et al. 2000) estão incluídas em Poales, algumas famílias antes


15<br />

posicionadas em outras or<strong>de</strong>ns. Segun<strong>do</strong> a proposta <strong>de</strong>sses autores, Poales<br />

passa a ter 17 famílias em vez <strong>de</strong> sete, a saber, Anarthriaceae, Bromeliaceae,<br />

Centrolepidaceae, Cyperaceae, Ec<strong>de</strong>iocoleaceae, Eriocaulaceae,<br />

Flagellariaceae, Joinvilleaceae, Juncaceae, Mayacaceae, Poaceae,<br />

Rapateaceae, Restionaceae, Sparganiaceae, Thurniaceae (incluin<strong>do</strong><br />

Prioniaceae), Typhaceae e Xyridaceae (incluin<strong>do</strong> Abolbodaceae).<br />

Quanto à divisão interna da família, várias propostas têm si<strong>do</strong> feitas ao<br />

longo <strong>do</strong>s anos. Dahlgren et al. (1985) divi<strong>de</strong>m Poaceae em sete subfamílias:<br />

Bambusoi<strong>de</strong>ae, Arundinoi<strong>de</strong>ae, Centothecoi<strong>de</strong>ae, Chlori<strong>do</strong>i<strong>de</strong>ae, Panicoi<strong>de</strong>ae,<br />

Pooi<strong>de</strong>ae e Stipoi<strong>de</strong>ae.<br />

Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pelo Grass Phylogeny Working Group (2001),<br />

propõem que a família seja dividida em <strong>do</strong>ze subfamílias: Anomochlooi<strong>de</strong>ae,<br />

Aristi<strong>do</strong>i<strong>de</strong>ae, Arundinoi<strong>de</strong>ae, Bambusoi<strong>de</strong>ae, Centothecoi<strong>de</strong>ae,<br />

Chlori<strong>do</strong>i<strong>de</strong>ae, Danthonioi<strong>de</strong>ae, Ehrhrartoi<strong>de</strong>ae, Panicoi<strong>de</strong>ae, Pharoi<strong>de</strong>ae,<br />

Pooi<strong>de</strong>ae e Puelioi<strong>de</strong>ae. Neste trabalho, um conjunto <strong>de</strong> espécies ainda<br />

permanece com seu posicionamento incerto (incertae sedis).<br />

4.2 Panicoi<strong>de</strong>ae Link, Hort. Berol. 1: 202. 1827.<br />

Ervas com lâminas foliares lineares, às vezes pecioladas; bainha não<br />

auriculada; lígula abaxial geralmente ausente, ocasionalmente presente como<br />

uma fina linha <strong>de</strong> tricomas, lígula adaxial fimbriada ou membranosa,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser ciliada e, às vezes, ausente. Inflorescência em espiga, panícula<br />

ou complexas combinações <strong>de</strong>stas; espiguetas breve ou longo pediceladas,<br />

<strong>do</strong>rsalmente comprimidas, <strong>de</strong>sarticulan<strong>do</strong>-se abaixo das glumas, simples ou<br />

pareadas, 2-flora, flósculo inferior masculino ou estéril, flósculo superior<br />

bissexua<strong>do</strong>; glumas duas; lema pouco uncina<strong>do</strong>, se arista<strong>do</strong>, a arista é<br />

simples; pálea <strong>de</strong>senvolvida, reduzida ou ausente; lodículas duas, às vezes<br />

ausentes, cuneadas, livres, suculentas, geralmente glabras; estames 3; ovário<br />

geralmente glabro; estiletes 2, livres ou fundi<strong>do</strong>s; estigmas 2, raramente 1 ou<br />

3. Cariopse com o hilo usualmente reduzi<strong>do</strong>, en<strong>do</strong>sperma compacto, sem<br />

lipí<strong>de</strong>o; embrião usualmente gran<strong>de</strong>, epiblasto ausente ou raramente<br />

presente, fenda escutelar presente, entrenó <strong>do</strong> mesocótilo alonga<strong>do</strong>. Número<br />

básico <strong>de</strong> cromossomos x = 5, (7), 9, 10, (12), (14) (GPWG 2001).


16<br />

Panicoi<strong>de</strong>ae ocorre nas regiões tropicais e subtropicais, com ocasionais<br />

registros nas regiões temperadas (Chapman 1996). É um grupo monofilético,<br />

irmão <strong>de</strong> Centothecoi<strong>de</strong>ae (Gómez-Martinez & Culham 2000). Neste mesmo<br />

trabalho, a subfamília é dividida em três tribos: Andropogoneae,<br />

Arundinelleae e Paniceae. Porém, estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s pelo GPWG (2001)<br />

propõem que Panicoi<strong>de</strong>ae inclua aproximadamente 3.270 espécies, e seis<br />

tribos, sen<strong>do</strong> elas: Andropogoneae, Arundinelleae, Hubbardiaceae, Isachneae,<br />

Paniceae e Steyermarkochloeae. Neste trabalho os autores não citam o<br />

número <strong>de</strong> gêneros aceitos para a subfamília, mas Clayton & Renvoize (1986)<br />

citam 292 gêneros. No presente estu<strong>do</strong> segue-se a proposta <strong>de</strong> GPWG (2001)<br />

para subfamílias e tribos, e para gêneros Clayton & Renvoize (1986),<br />

consentin<strong>do</strong> com as atualizações <strong>do</strong> CNWG.<br />

4.3 Lista das espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae ocorrentes no PEIB.<br />

* Espécies não referidas anteriormente para o PEIB<br />

◊<br />

Nome atualiza<strong>do</strong><br />

Andropogoneae<br />

1 Andropogon bicornis L.<br />

2 Andropogon lateralis Nees<br />

3 Andropogon leucostachyus Kunth*<br />

4 Andropogon macrothrix Trin.<br />

5 Andropogon virgatus Desv.*<br />

6 Saccharum asperum (Nees) Steud.<br />

7 Schizachyrium con<strong>de</strong>nsatum (Kunth) Nees*<br />

8 Schizachyrium tenerum Nees<br />

9 Trachypogon spicatus (L. f.) Kuntze<br />

Arundinelleae<br />

10 Lou<strong>de</strong>tiopsis chrisothryx (Nees) Conert<br />

Paniceae<br />

11 Axonopus aureus P. Beauv.<br />

12 Axonopus brasiliensis (Spreng.) Kuhlm.<br />

13 Axonopus complanatus (Nees) De<strong>de</strong>cca*<br />

14 Axonopus fastigiatus (Nees) Kuhlm.


17<br />

15 Axonopus fissifolius (Raddi) Kuhlm.*<br />

16 Axonopus polystachyus G. A. Black<br />

17 Axonopus siccus (Nees) Kuhlm.<br />

18 Dichanthelium superatum (Hack.) Zuloaga ◊<br />

19 Digitaria ciliaris (Retz.) Koeler*<br />

20 Digitaria corynotricha (Hack.) Henrard*<br />

21 Digitaria fuscescens (J. Presl) Henrard*<br />

22 Digitaria horizontalis Willd.*<br />

23 Echinolaena inflexa (Poir.) Chase<br />

24 Homolepis glutinosa (Sw.) Zuloaga & So<strong>de</strong>rstr.*<br />

25 Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia (Raddi) Chase*<br />

26 Ichnanthus inconstans (Trin.) Döll<br />

27 Ichnanthus leiocarpus (Spreng.) Kunth<br />

28 Melinis minutiflora P. Beauv.<br />

29 Oplismenus hirtellus (L.) P. Beauv.*<br />

30 Panicum aristellum Döll*<br />

31 Panicum cyanescens Nees*<br />

32 Panicum euprepes Renv.<br />

33 Panicum ovuliferum Trin.*<br />

34 Panicum sellowii Nees*<br />

35 Paspalum dilatatum Poir.*<br />

36 Paspalum hyalinum Nees*<br />

37 Paspalum juerguensii Hack.*<br />

38 Paspalum notatum Flüggé*<br />

39 Paspalum nutans Lam.*<br />

40 Paspalum paniculatum L.*<br />

41 Paspalum polyphylum Nees<br />

42 Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya (Kunth) Stapf.*<br />

43 Steinchisma <strong>de</strong>cipiens (Nees) W. V. Br*


18<br />

4.4 Chave para a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> tribos, gêneros e espécies <strong>de</strong><br />

Panicoi<strong>de</strong>ae ocorrentes no PEIB<br />

1. Articulação entre a ráquila e pedicelo da espigueta localizada<br />

acima das glumas, estas persistentes na inflorescência após a queda<br />

<strong>do</strong>s antécios maduros. Espiguetas acrótonas em tría<strong>de</strong>s, a<strong>de</strong>nsadas<br />

entre si, simulan<strong>do</strong> uma única espigueta<br />

.....................................................<br />

......................................... Arundinelleae (10. Lou<strong>de</strong>tiopsis<br />

chrysothrix)<br />

1’. Articulação entre ráquila e pedicelo da espigueta localizada abaixo<br />

das glumas, estas e os antécios maduros caducos simultaneamente.<br />

Espiguetas acrótonas solitárias ou binárias, neste caso não<br />

simulan<strong>do</strong> uma única espigueta.<br />

2. Nó da ráquis com duas espiguetas, sen<strong>do</strong> a proximal séssil<br />

(geralmente bissexuada) e a distal pedicelada (geralmente neutra,<br />

às vezes bissexuada ou unisexuada); glumas <strong>de</strong> consistência mais<br />

rígida que a <strong>do</strong> antécio superior, este hialino. Entrenós da ráquis<br />

e pedicelos em geral <strong>de</strong>nsamente pilosos. Diásporos com duas<br />

espiguetas ...................................................... Andropogoneae<br />

3. Espiguetas homógamas ...................... 6. Saccharum<br />

asperum<br />

3’. Espiguetas heterógamas.<br />

4. Espiguetas com calo agu<strong>do</strong> e pungente, as sésseis<br />

masculinas, as pediceladas bissexuadas<br />

..............................<br />

.........................................................9. Trachypogon<br />

spicatus<br />

4’. Espiguetas com calo obtuso, não pungente, as sésseis<br />

bissexuadas ou femininas, as pediceladas masculinas ou<br />

neutras.<br />

5. Espatéola com um ramo florífero.


19<br />

6. Gluma inferior da espigueta séssil plana ou<br />

côncava ................................................ 5.<br />

Andropogon virgatus<br />

6’. Gluma inferior da espigueta séssil convexa<br />

........... ...........................................................<br />

Schizachyrium<br />

7. Ramos floríferos flexuosos na maturida<strong>de</strong>;<br />

espigueta pedicelada neutra ....... 7. S.<br />

con<strong>de</strong>nsatum<br />

7’. Ramos floríferos eretos na maturida<strong>de</strong>;<br />

espigueta pedicelada bissexuada .......................<br />

8. S. tenerum<br />

5’. Espatéola com <strong>do</strong>is ou mais ramos floríferos<br />

......................................................................<br />

Andropogon<br />

8. Inflorescências com mais <strong>de</strong> 8 ramos<br />

............................................................... 1. A.<br />

bicornis<br />

8’. Inflorescências com 2-7 ramos.<br />

9. Espiguetas pediceladas <strong>de</strong>senvolvidas,<br />

masculinas ....................................... 2. A.<br />

lateralis<br />

9’. Espiguetas pediceladas rudimentares, neutras.<br />

10. Espiguetas sésseis 2,5-3,2 mm compr.;<br />

aristas 1,7-4 mm compr. ........ 3. A.<br />

leucostachyus<br />

10’. Espiguetas sésseis 4-6 mm compr.;<br />

aristas 10-16 mm compr. ..................... 4. A.<br />

macrothrix<br />

2’. Nó da ráquis com espigueta solitária (bissexuada), às vezes 2-3<br />

espiguetas (em grupos), se duas, ambas curtamente pediceladas<br />

(bissexuadas); glumas <strong>de</strong> consistência igual ou menos rígida que<br />

a <strong>do</strong> antécio superior, este não hialino. Entrenós da ráquis e


20<br />

pedicelos geralmente glabros ou esparsamente pilosos. Diásporos<br />

com espigueta solitária .............................................................<br />

Paniceae<br />

11. Ramos das inflorescências não secundifloros.<br />

12. Gluma inferior reduzida, ca. 1/5 <strong>do</strong> comprimento da<br />

gluma superior; lema inferior bífi<strong>do</strong>, arista<strong>do</strong><br />

........................................................... 28. Melinis<br />

minutiflora<br />

12’. Gluma inferior <strong>de</strong>senvolvida, 1/4-1/2 <strong>do</strong><br />

comprimento da gluma superior; lema inferior inteiro,<br />

mútico.<br />

13. Lema superior apendicula<strong>do</strong> na base da face<br />

ventral .....................................................................<br />

Ichnanthus<br />

14. Lâminas foliares <strong>de</strong> base subcordada, não<br />

pecioladas; lema superior com alas <strong>de</strong> 0,3-0,7<br />

mm compr., parcialmente a<strong>de</strong>ridas à base <strong>do</strong><br />

lema ..................................................... 26. I.<br />

inconstans<br />

14’. Lâminas foliares <strong>de</strong> base atenuada,<br />

curtamente pecioladas; lema superior com alas<br />

<strong>de</strong> 1,3-1,8 mm compr., não a<strong>de</strong>ridas à base <strong>do</strong><br />

lema ...................................................... 27. I.<br />

leiocarpus<br />

13’. Lema superior não apendicula<strong>do</strong> na base da face<br />

ventral.<br />

15. Panículas contraídas.<br />

16. Pálea inferior presente; antécio superior<br />

papiloso, cartilaginoso<br />

.....................................<br />

................................... 43. Steinchisma<br />

<strong>de</strong>cipiens


21<br />

16’. Pálea inferior ausente; antécio superior<br />

não papiloso, hialino ..... 25. Hymenachne<br />

<strong>do</strong>nacifolia<br />

15’. Panículas laxas.<br />

17. Comprimento e largura (2,2-3,5 x 1,2-2<br />

mm) das glumas inferiores subiguais ou um<br />

pouco maiores que os das glumas superiores<br />

(2,2-2,7 x 1,2-2 mm) e <strong>do</strong>s antécios<br />

superiores (2,5-3 x 1,2-1,5 mm) ..................<br />

24. Homolepis glutinosa<br />

17’. Comprimento e largura (1-3 x 0,3-1,7<br />

mm) das glumas inferiores menor <strong>do</strong> que o<br />

das glumas superiores (1,3-4,8 x 0,6-2 mm) e<br />

<strong>do</strong> antécio (1,3-4,3 x 0,8-2 mm).<br />

18. Gluma superior 8-nervada e lema<br />

inferior 7-nerva<strong>do</strong><br />

..................................<br />

.................... 18. Dichanthelium<br />

superatum<br />

18’. Gluma superior e lema inferior até 5-<br />

nerva<strong>do</strong>s .......................................<br />

Panicum<br />

19. Glumas e lema inferior<br />

aristula<strong>do</strong>s ...................................<br />

30. P. aristellum<br />

19’. Glumas e lema inferior não<br />

aristula<strong>do</strong>s.<br />

20. Base da gluma inferior<br />

envolven<strong>do</strong> a gluma superior<br />

......................... 33. P.<br />

ovuliferum<br />

20’. Base da gluma inferior não<br />

envolven<strong>do</strong> a gluma superior.


22<br />

21. Plantas 0,6-1,2 m alt.<br />

.................... 32. P.<br />

euprepes<br />

21’. Plantas 15-36 cm alt.<br />

22. Lâminas foliares<br />

com base assimétrica;<br />

panículas 10-13 x 5-<br />

8,5 cm ............ 34. P.<br />

sellowii<br />

22’. Lâminas foliares<br />

com base simétrica;<br />

panículas 4,5-6 x 2-5<br />

cm...............................<br />

................ 31. P.<br />

cyanescens<br />

11’. Ramos das inflorescências secundifloros.<br />

23. Gluma inferior presente, <strong>de</strong>senvolvida.<br />

24. Gluma inferior aristada ........ 29. Oplismenus<br />

hirtellus<br />

24’. Gluma inferior não aristada.<br />

25. Gluma inferior 3-nervada, ápice apicula<strong>do</strong>,<br />

gluma superior com tricomas uncina<strong>do</strong>s<br />

.............................................................................<br />

.................................. 42. Pseu<strong>de</strong>chinolaena<br />

polystachya<br />

25’. Gluma inferior 7-9-nervada, ápice acumina<strong>do</strong>;<br />

gluma superior com esparsos tricomas hirtos<br />

alguns <strong>de</strong> base tuberculada ............. 23.<br />

Echinolaena inflexa<br />

23’. Gluma inferior ausente ou, se presente, reduzida.<br />

26. Gluma superior com a face abaxial voltada para a<br />

ráquis ..............................................................<br />

Axonopus


23<br />

27. Inflorescências com 5-16 racemos<br />

subverticila<strong>do</strong>s<br />

.............................................................. 17. A.<br />

siccus<br />

27’. Inflorescências com 2-4 racemos verticila<strong>do</strong>s<br />

ou subverticila<strong>do</strong>s.<br />

28. Ráquis pilosas, tricomas tubercula<strong>do</strong>s.<br />

29. Margem da ráquis e espiguetas<br />

portan<strong>do</strong> longos tricomas alvos ........ 12.<br />

A. brasiliensis<br />

29’. Margem da ráquis com longos<br />

tricomas castanho-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s e espiguetas<br />

portan<strong>do</strong> curtos tricomas, que caducam<br />

com a maturida<strong>de</strong> .............................. 11.<br />

A. aureus<br />

28’. Ráquis glabras ou glabrescentes.<br />

30. Gluma superior 2-(3)-<br />

nervada,............................ 14. A.<br />

fastigiatus<br />

30’. Gluma superior 4-nervada.<br />

31. Espiguetas 1,7-2 mm compr.;<br />

gluma superior com base comosa<br />

................................... 15. A.<br />

fissifolius<br />

31’. Espiguetas 2-2,7 mm compr.;<br />

gluma superior não comosa.<br />

32. Plantas não cespitosas; gluma<br />

superior com ápice simétrico, lema<br />

superior liso com curtos tricomas<br />

no ápice ................... 13. A.<br />

complanatus<br />

32’. Plantas cespitosas; gluma<br />

superior com ápice assimétrico,


24<br />

lema superior esparsamente<br />

papiloso com ápice papiloso .....<br />

16. A. polystachyus<br />

26’. Gluma superior com a face adaxial voltada para a<br />

ráquis.<br />

33. Lema superior com margens recobrin<strong>do</strong><br />

totalmente a pálea ....................................<br />

Digitaria<br />

34. Lema inferior e gluma superior com<br />

tricomas claviformes ........................... 20. D.<br />

corynotricha<br />

34’. Lema inferior e gluma superior<br />

pubescentes com tricomas seríceos.<br />

35. Gluma inferior presente .. 19. D.<br />

ciliaris<br />

35’. Gluma inferior ausente.<br />

36. Plantas 9-25 cm alt.,<br />

inflorescências com 2-3 racemos<br />

............................... 21. D.<br />

fuscescens<br />

36’. Plantas 68-90 cm alt.,<br />

inflorescências com 4-22 racemos<br />

.............................. 22. D.<br />

horizontalis<br />

33’. Lema superior com margens não recobrin<strong>do</strong><br />

totalmente a pálea ..................................<br />

Paspalum<br />

37. Inflorescências com racemos conjuga<strong>do</strong>s,<br />

divergentes ............................... 38. P.<br />

notatum<br />

37’. Inflorescências com racemos alternos.


25<br />

38. Gluma superior e lema inferior com<br />

a porção central hialina ...... 36. P.<br />

hyalinum<br />

38’. Gluma superior e lema inferior<br />

uniforme.<br />

39. Gluma superior com tricomas<br />

longos, 2-5 mm compr., nas<br />

margens ................................ 41. P.<br />

polyphyllum<br />

39’. Gluma superior glabra ou<br />

portan<strong>do</strong> curtos tricomas, menores<br />

que 2 mm compr., nas margens<br />

40. Gluma superior 5-nervada.<br />

41. Plantas 1,14-1,4 m alt.;<br />

espiguetas 2,3-2,7 x 1,5-<br />

1,7 mm; lema inferior 3-<br />

nerva<strong>do</strong> ...................... 35.<br />

P. dilatatum<br />

41’. Plantas 35-70 cm alt.;<br />

espiguetas 2-2,2 x 1-1,2<br />

mm; lema inferior 5-<br />

nerva<strong>do</strong> .........................<br />

39. P. nutans<br />

40’. Gluma superior 3-nervada.<br />

42. Inflorescências com 5-<br />

16 racemos; ráquis 0,4-0,7<br />

mm larg.; espiguetas<br />

glabras ou<br />

glabrescentes.....................<br />

........................ 37. P.<br />

juerguensii<br />

42’. Inflorescências com ca.<br />

21 racemos, ráquis 0,3-0,4


26<br />

mm larg.; espiguetas<br />

vilosas ................. 40. P.<br />

paniculatum


27<br />

TRIBO ANDROPOGONEAE<br />

(85 gêneros; 960 spp.)<br />

No PEIB 4 gêneros; 9 espécies<br />

Andropogon L., Sp. Pl.: 1045. 1753.<br />

Clayton & Renvoize (1986) aceitam para o gênero cerca <strong>de</strong> 100<br />

espécies <strong>de</strong> distribuição tropical. Para o Novo Mun<strong>do</strong> o Catalogue of<br />

New World Grasses (CNWG) (2006) refere 54 espécies. Andropogon é um<br />

<strong>do</strong>s gêneros <strong>do</strong>minantes nas vegetações savânicas, mas algumas<br />

espécies ocorrem nos campos <strong>de</strong> montanhas tropicais (Clayton &<br />

Renvoize 1986). No Brasil são encontradas 28 espécies (Zanin & Longhi-<br />

Wagner 2006), das quais cinco ocorrem no PEIB.<br />

1. Andropogon bicornis L., Sp. Pl. 2: 1046. 1753.<br />

Figura 6: A e B.<br />

Plantas perenes, 0,5-1,6 m alt., cespitosas; lígula membranosociliada;<br />

lâminas foliares 11-52 x 0,2-0,5 cm, lineares, face adaxial<br />

geralmente pilosa, face abaxial escabra na nervura mediana e próximo à<br />

região ligular com tricomas <strong>de</strong> ca. 4 mm, auriculada, ápice agu<strong>do</strong>, sem<br />

estreitamento na base, margem pilosa. Inflorescência 10-21 cm<br />

compr., corimbiforme, com mais <strong>de</strong> 8 ramos floríferos, com muitas<br />

espatéolas evi<strong>de</strong>ntes, 2 ramos floríferos por espatéola, 2-4 cm compr.,<br />

parcial ou totalmente exsertos; entrenós da ráquis e <strong>do</strong>s pedicelos<br />

<strong>de</strong>nsamente pilosos, tricomas alvos, se<strong>do</strong>sos, 6-8 mm compr.<br />

Espiguetas sésseis 3-4 mm compr., bissexuadas, múticas; espiguetas<br />

pediceladas 0,7-1,1 mm compr., rudimentares, neutras, as duas<br />

pediceladas <strong>do</strong> ápice <strong>do</strong>s ramos <strong>de</strong>siguais, uma rudimentar e neutra, a<br />

outra <strong>de</strong>senvolvida e masculina, mútica. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 19.VI.1991, R. C. Oliveira et al. 34 (CESJ, RB);<br />

14.III.1996, L. G. Ro<strong>de</strong>la AC-146 (CESJ); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al.<br />

163 (K, RB e SP).<br />

Distribuição geográfica e habitat: ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México até a<br />

Argentina. No Brasil há registro para to<strong>do</strong>s os esta<strong>do</strong>s sen<strong>do</strong> a única


28<br />

exceção o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte (Zanin & Longhi-Wagner 2006).<br />

Andropogon bicornis é uma planta comum em locais altera<strong>do</strong>s como<br />

beiras <strong>de</strong> estradas e também áreas <strong>de</strong> cerra<strong>do</strong>, campo rupestre, locais<br />

brejosos, bordas <strong>de</strong> matas e terrenos arenosos. No PEIB ocorre em<br />

populações esparsas na trilha da Prainha para o Monjolinho, aos 1.377<br />

m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Também ocorre na Lagoa Seca, que é um local úmi<strong>do</strong><br />

sujeito à inundação.<br />

Andropogon bicornis po<strong>de</strong> ser facilmente diferencia<strong>do</strong> pela<br />

presença <strong>de</strong> duas espiguetas pediceladas no ápice <strong>do</strong>s ramos floríferos.<br />

2. Andropogon lateralis Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1): 329. 1829.<br />

Figura 6: C.<br />

Plantas perenes, 0,5-1 m alt., cespitosas, rizomatosas; lígula<br />

membranoso-ciliada; lâminas foliares 7-48 x 0,1-0,7 cm, lineares,<br />

planas ou involutas, face adaxial glabra, abaxial escabra, ápice obtuso a<br />

subagu<strong>do</strong>, margem com tricomas <strong>de</strong> ca. 1 mm compr., sem<br />

estreitamento na base, base com tricomas <strong>de</strong> ca. 5mm. Inflorescência<br />

3-7 cm compr., 3-7 ramos floríferos por espatéola, 3-7 cm compr.,<br />

conjuga<strong>do</strong>s ou subdigita<strong>do</strong>s, exsertos da espatéola; entrenós da ráquis e<br />

pedicelos <strong>de</strong>nsamente pilosos, tricomas alvos, se<strong>do</strong>sos, 2-3 mm compr.<br />

Espiguetas sésseis 4-5 mm compr., bissexuadas, arista 5-8 mm<br />

compr.; espiguetas pediceladas 5-7 mm compr., <strong>de</strong>senvolvidas,<br />

masculinas, múticas. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 12.IX.1991, S. M. S. Verar<strong>do</strong> et al. s.n. (CEN n.v.,<br />

CESJ 25367); 2.XI.1991, R. C. Oliveira 48 (CESJ); 19.X.2003, R. <strong>Dias</strong>-<br />

<strong>Melo</strong> et al. 18 (K, RB, SP); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 596 (CESJ);<br />

26.X.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 185 (K, RB, SP); 26.X.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />

et al. 188 (K, RB, SP); 28.X.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 199 (K, RB, SP).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Zanin & Longhi-Wagner<br />

(2006) esta espécie ocorre por toda a América <strong>do</strong> Sul e no Brasil ocorre<br />

nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amazonas, Maranhão, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Goiás, Mato<br />

Grosso, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, Minas Gerais, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, São Paulo,<br />

Paraná, Santa Catarina e <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. No levantamento <strong>do</strong>s


29<br />

herbários também foram encontra<strong>do</strong>s registros para os esta<strong>do</strong>s da<br />

Bahia e Tocantins (Harley 50191 et al. (SP), Men<strong>do</strong>nça 3996 (SP),<br />

respectivamente). No PEIB ocorre na Ponte <strong>de</strong> Pedra, em mata ciliar e<br />

nas trilhas para o Pião e na Lagoa Seca, sempre no campo rupestre.<br />

3. Andropogon leucostachyus Kunth in Humb., Bonpl. & Kunth, Nov.<br />

gen. sp. 1: 187. 1816.<br />

Figura 6: D.<br />

Plantas perenes, 0,7-1 m alt., cespitosas; lígula membranosa;<br />

lâminas foliares 6-52 x 0,1-0,4 cm, lineares, face adaxial e abaxial<br />

escabras, ápice agu<strong>do</strong>, margem escaberula, sem estreitamento na base.<br />

Inflorescência 1,5-4,5 cm compr., 2-6 ramos floríferos por espatéola,<br />

1,5-4,5 cm compr., conjuga<strong>do</strong>s ou digita<strong>do</strong>s, exsertos das espatéolas;<br />

entrenós da ráquis e pedicelos <strong>de</strong>nsamente pilosos, tricomas alvos,<br />

se<strong>do</strong>sos, 4-6 mm compr. Espiguetas sésseis 2,5-3,2 mm compr.,<br />

bissexuadas, geralmente aristadas, arista 1,7-4 mm compr., menos<br />

freqüentemente espiguetas múticas; espiguetas pediceladas 0,8-1,5 mm<br />

compr., rudimentares, neutras, múticas ou aristuladas. Cariopse não<br />

vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 22.II.1992, M. Eiterer s.n. (CESJ 25717, RB);<br />

20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 585 (CESJ, RB); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<br />

<strong>Melo</strong> et al. 167 (K, RB, SP).<br />

Distribuição geográfica e habitat: ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México até Argentina<br />

e no Brasil só não foi encontra<strong>do</strong> registro para o Acre (Renvoize 1984,<br />

Longhi-Wagner et al. 2001, Zanin & Longhi-Wagner 2006). É uma<br />

espécie que ocorre em áreas <strong>de</strong> cerra<strong>do</strong>, campo rupestre, campos<br />

hidromórficos, bordas <strong>de</strong> mata e locais altera<strong>do</strong>s. No PEIB ocorre no<br />

camping em solo arenoso; na trilha Monjolinho para a Lagoa Seca, ca.<br />

1.398 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, e na trilha Monjolinho para o Pião, no campo<br />

rupestre.<br />

4. Andropogon macrothrix Trin., Mém. Acad. Imp. Sci. St.-Pétersbourg,<br />

Sér. 6, Sci. Math. 2(3): 270. 1832.


30<br />

Figura 6: E e F.<br />

Plantas perenes, 36-70 cm alt., cespitosas; lígula membranosociliada;<br />

lâminas foliares (2)3-15 x 0,1-0,4 cm, lineares, planas, às vezes<br />

conduplicadas, face abaxial glabra, face adaxial escabra, ápice<br />

subagu<strong>do</strong> a bífi<strong>do</strong>, margem da base glabra e <strong>do</strong> ápice escabérula, sem<br />

estreitamento na base. Inflorescência 3-6 cm compr., com 2-4 ramos<br />

floríferos por espatéola, 3-6 cm compr., conjuga<strong>do</strong>s ou subdigita<strong>do</strong>s,<br />

exsertos da espatéola; entrenós da ráquis e pedicelos <strong>de</strong>nsamente<br />

pilosos, tricomas alvos, se<strong>do</strong>sos, 2-4 mm compr. Espiguetas sésseis, 4-<br />

6 mm compr., bissexuadas, arista 10-16 mm compr.; espiguetas<br />

pediceladas 3-4 mm compr., reduzidas, neutras, múticas ou<br />

aristuladas. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 3.XI.1991, R. C. Oliveira 60 (CESJ, RB);<br />

27.VII.1991, M. Eiterer s.n. (BHCB, CESJ 24870, MBM n.v., RB);<br />

19.VI.1991, R. C. Oliveira et al. 15 (CESJ, RB). 22.II.1992, M. Eiterer<br />

s.n. (CESJ 25719); 24.III.2001, M. A. Heluey et al. 82 (CESJ);<br />

20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 608 (CESJ, FLOR n.v, RB); 4.II.2004,<br />

R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 146 (K, RB, SP); 5.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 155 (K,<br />

RB, SP); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 176 (K, RB, SP).<br />

Distribuição geográfica e habitat: ocorre na Argentina, Bolívia,<br />

Paraguai, Uruguai e no Brasil, <strong>do</strong> Mato Grosso ao <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul<br />

(Renvoize 1984, Longhi-Wagner et al. 2001 e Zanin & Longhi-Wagner<br />

2006). Ocorre em áreas <strong>de</strong> campo, cerra<strong>do</strong>, campo rupestre, em borda<br />

<strong>de</strong> floresta ombrófila <strong>de</strong>nsa e com muita freqüência em locais alaga<strong>do</strong>s.<br />

No PEIB ocorre atrás <strong>do</strong> refeitório, na Ponte <strong>de</strong> Pedra, na Prainha, na<br />

trilha <strong>do</strong> Monjolinho para a Lagoa Seca, <strong>de</strong>sta para a Janela <strong>do</strong> Céu e<br />

nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Cruzeiro, entre fendas <strong>de</strong> rocha, em solo arenoso e<br />

no campo encharcável, sempre em local ensolara<strong>do</strong>.<br />

5. Andropogon virgatus Desv. ex Ham., Prodr. Pl. Ind. Occid. 9. 1825.<br />

Figura 6: G e H.<br />

Plantas perenes, 36-50 cm alt., cespitosas; lígula membranosociliada;<br />

lâminas foliares 6,5-14 x 0,1-0,3 cm, lineares, conduplicadas,


31<br />

ambas as faces glabras, ápice subagu<strong>do</strong> a obtuso, margem levemente<br />

ciliada a escabra, sem estreitamento na base. Inflorescência 12-15 cm<br />

compr., congesta, composta; um ramo florífero por espatéola, 6-10 mm<br />

compr., parcialmente exsertos das espatéolas, estas vermelhas e<br />

numerosas (vistosas); entrenós da ráquis e pedicelos esparsamente<br />

pilosos. Espiguetas pediceladas e sésseis <strong>de</strong> tamanho igual, 3,5-4 mm<br />

compr., não aristadas, ambas <strong>de</strong>senvolvidas, embora as pediceladas<br />

possam ser neutras ou masculinas. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 30.III.2004, F. M. Ferreira et al. 686 (RB, UFP<br />

n.v.).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Zanin & Longhi-Wagner<br />

(2006) esta espécie ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México até a Argentina e Uruguai.<br />

Andropogon virgatus é comumente encontra<strong>do</strong> em locais brejosos, ou<br />

em solo arenoso temporariamente alaga<strong>do</strong>. No PEIB ocorre na trilha<br />

Lagoa Seca para a Janela <strong>do</strong> Céu à ca. 1.409 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, forman<strong>do</strong><br />

gran<strong>de</strong>s touceiras, porém pouco freqüentes.<br />

Andropogon virgatus po<strong>de</strong> ser facilmente confundida com espécies<br />

<strong>de</strong> Schizachyrium por apresentar um único ramo florífero por espatéola.<br />

Porém, em Andropogon a gluma inferior da espigueta séssil é plana ou<br />

côncava e em Schizachyrium esta é convexa.


32<br />

Figura 6: A-B Andropogon bicornis: A. inflorescência, B. pares <strong>de</strong> espiguetas; C A. lateralis:<br />

par <strong>de</strong> espiguetas; D A. leucostachyus: par <strong>de</strong> espiguetas; E-F A. macrothrix: E.<br />

inflorescência, F. par <strong>de</strong> espiguetas; G-H A. virgatus: G. inflorescência, H. pares <strong>de</strong><br />

espiguetas. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 163; C <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 16; D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 167; E-F Oliveira 15; G-H<br />

Ferreira 686).


33<br />

Saccharum L., Sp. Pl. 1: 54. 1753.<br />

Segun<strong>do</strong> Clayton & Renvoize (1986) este gênero possui 35-40<br />

espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais,<br />

principalmente em margens <strong>de</strong> rios e vales, mas algumas espécies<br />

ocorrem em encostas abertas. O CNWG (2003) refere 14 espécies para o<br />

gênero. No PEIB apenas uma espécie é registrada.<br />

6. Saccharum asperum (Nees) Steud., Syn. Pl. Glumac. 1: 407. 1854.<br />

Figura 7; 8: A e B.<br />

Plantas perenes, 1-2,5 m alt., cespitosas; nós pilosos; lígula<br />

membranosa; lâminas foliares 10-86 x 0,5-2,4 cm, linear-lanceoladas,<br />

glabras ou levemente escabras em ambas as faces. Inflorescência<br />

contraída, 27-30 cm compr., rósea ou arroxeada quan<strong>do</strong> jovem e<br />

esbranquiçada quan<strong>do</strong> madura; entrenós da ráquis <strong>de</strong>sarticulan<strong>do</strong>-se,<br />

estes e os pedicelos pilosos, tricomas 1-4 mm compr., anel <strong>de</strong> tricomas<br />

3-7 mm compr. na base da espigueta séssil. Espiguetas sésseis e<br />

pediceladas 4-5 mm compr., arista <strong>de</strong> 5-7 mm compr., base com anel <strong>de</strong><br />

tricomas <strong>de</strong> 4-5 mm compr.; glumas glabras, 2-3-nervada, ápice bífi<strong>do</strong>,<br />

a inferior com margem escabra. Cariopse ca. 1,8 x 0,4 mm, castanhoescura.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 3.II.1993, R. C. Oliveira 145 (CESJ, RB);<br />

21.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 618 (CESJ, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />

et al. 145 (K, RB, SP); 18.I.2005, R. C. Forzza et al. 3930 (K, MBM, RB,<br />

SP).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al.<br />

(2001) esta espécie ocorre na Venezuela, Paraguai, Argentina e Brasil.<br />

Saccharum asperum é uma espécie relacionada a cursos d’água e locais<br />

brejosos. No PEIB ocorre no Lago das Miragens próximo ao curso d’água<br />

e próximo ao Monjolinho, em local brejoso.


Figura 7: inflorescência jovem <strong>de</strong> Saccharum asperum. Foto: Rafaela Forzza.<br />

34


35<br />

Figura 8: A-B Saccharum asperum: A. inflorescência; B. par <strong>de</strong> espiguetas séssil e<br />

pedicelada, ambas <strong>de</strong>senvolvidas. C-E Trachypogon spicatus: C. hábito; D. ramo florífero; E.<br />

espigueta pedicelada (A-B Ferreira 618; C-E Ferreira 579).


36<br />

Schizachyrium Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1): 331. 1829.<br />

Gênero com cerca <strong>de</strong> 60 espécies, distribuídas nas regiões<br />

tropicais e esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se para as subtropicais (Renvoize 1984). Türpe<br />

(1984) cita 10 espécies para a América <strong>do</strong> Sul. Para o Novo Mun<strong>do</strong>, o<br />

CNWG (2003) aceita 30 espécies. Clayton & Renvoize (1986) chamam<br />

atenção para o fato <strong>de</strong>ste gênero ser estreitamente relaciona<strong>do</strong> a<br />

Andropogon seção Leptopogon, sen<strong>do</strong> distinto por seus racemos simples.<br />

Porém, algumas espécies <strong>de</strong> Andropogon também têm racemos simples,<br />

então a diferenciação é feita pela nervura intercarinal e ápice <strong>do</strong>s<br />

entrenós fimbria<strong>do</strong>s. Andropogon também possui a gluma inferior da<br />

espigueta séssil plana ou côncava, enquanto em Schizachyrium esta é<br />

convexa. No PEIB, Schizachyrium está representa<strong>do</strong> por duas espécies.<br />

7. Schizachyrium con<strong>de</strong>nsatum (Kunth) Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1):<br />

333. 1829.<br />

Figura 9: A e B.<br />

Plantas cespitosas, 0,7-1 m alt.; lígula membranosa; lâminas<br />

foliares 3-12 x 0,2-0,4 cm, lineares, planas ou involutas, face adaxial<br />

escabra ou ambas as faces glabras e escabras ao longo da nervura<br />

central, ápice agu<strong>do</strong>, margem escabra, sem estreitamento na base.<br />

Inflorescência com um ramo florífero por espatéola, 0,5-3,5 cm compr.,<br />

ramos flexuosos na maturida<strong>de</strong>, parcialmente incluí<strong>do</strong>s na espatéola,<br />

estas evi<strong>de</strong>ntes e numerosas; entrenós da ráquis e <strong>do</strong>s pedicelos<br />

pilosos, tricomas 1,5-2 mm compr., alvos e se<strong>do</strong>sos. Espiguetas sésseis<br />

4-6 mm compr., bissexuadas, aristadas, gluma inferior convexa, glabra<br />

e lisa, sem nervuras no seu <strong>do</strong>rso, com ápice bífi<strong>do</strong> e escabérulo; gluma<br />

superior comprimida lateralmente, uniquilhada, glabra, porém<br />

escabérula na porção da quilha, a nervura se prolonga no ápice da<br />

gluma em uma arístula; lema inferior hialino; lema superior com duas<br />

alas hialinas, arista<strong>do</strong>, arista geniculada, coluna ca. 6 mm compr.,<br />

castanho-<strong>do</strong>urada, súbula ca. 9 mm compr., helicoidal, <strong>de</strong>senrolan<strong>do</strong>se<br />

<strong>do</strong> ápice para a base; espigueta pedicelada ca. 4 mm compr., neutra,<br />

rudimentar, escabérula, aristada, arista ca. 2 mm compr., pedicelo ca.


37<br />

3 mm compr., piloso nas laterais, tricomas ca. 2 mm compr., alvos e<br />

se<strong>do</strong>sos. Cariopse castanho-<strong>do</strong>urada, com ápice bífi<strong>do</strong>.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 13.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 231 (K, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Türpe (1984) esta espécie<br />

distribui-se por toda a América <strong>do</strong> Sul, porém através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

herbário constatou-se a ocorrência <strong>de</strong>sta espécie também na América<br />

Central e na Costa Rica. No Brasil ocorre no Pará, <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Norte,<br />

Paraíba, Bahia, Mato Grosso, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Goiás, Mato Grosso <strong>do</strong><br />

Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> <strong>Janeiro</strong>, São Paulo, Paraná e<br />

<strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al. (2001) e Renvoize<br />

(1984) esta espécie ocorre em cerra<strong>do</strong>s, campos secos com solos<br />

arenosos ou pedregosos, e em locais altera<strong>do</strong>s. Através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

herbário constatou-se também que esta espécie é comumente<br />

encontrada em áreas <strong>de</strong> campo rupestre. No PEIB foi coletada na trilha<br />

<strong>do</strong> Cruzeiro para a Lombada, no campo, forman<strong>do</strong> populações esparsas.<br />

8. Schizachyrium tenerum Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1): 336. 1829.<br />

Figura 9: C e D.<br />

Plantas cespitosas 30-75 cm alt.; colmos eretos ou fracamente<br />

ascen<strong>de</strong>ntes, esparsamente ramifica<strong>do</strong>s nos nós superiores; lígula<br />

membranoso-ciliada; lâminas foliares 3-13 x 0,05-0,3 cm, filiformes a<br />

lineares, planas ou conduplicadas, glabras em ambas as faces, tricomas<br />

marginais <strong>de</strong> 1-4 mm na porção basal. Inflorescência 1-11 cm compr.,<br />

ramos floríferos eretos na maturida<strong>de</strong>, solitários ou 2-5, terminais,<br />

colmos floríferos parcialmente incluí<strong>do</strong>s ou totalmente exsertos da<br />

espatéola; entrenós da ráquis e pedicelos retos na maturida<strong>de</strong>, entrenós<br />

da ráquis pilosos na base, pedicelos pilosos na porção superior <strong>de</strong> uma<br />

das margens. Espiguetas sésseis 4-6 mm compr., aristas 4-7 mm<br />

compr.; gluma inferior convexa, glabra ou escabérula; espiguetas<br />

pediceladas 3-5 mm compr., <strong>de</strong>senvolvidas, bissexuadas, glabras ou<br />

escabérulas, múticas ou aristadas.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 8.VII.1990, R. C. Oliveira s.n. (CESJ 25202, RB);<br />

19.VI.1991, R. C. Oliveira et al. 18 (CEN n.v., CESJ); 3.II.1993, R. C.


38<br />

Oliveira 136 (BHCB, CESJ); XII.1998, L. G. Ro<strong>de</strong>la Q9-190 (CESJ);<br />

30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 164 (K, RB); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et<br />

al. 171 (CEPEC, K, MBM, RB, SP).<br />

Distribuição geográfica e habitat: Türpe (1984) cita que esta espécie<br />

distribui-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o sul <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s até a Argentina em<br />

penhascos rochosos e <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s com cobertura graminosa e locais<br />

quentes. No Brasil através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> herbário verificou-se a<br />

ocorrência da mesma no Maranhão, Bahia, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Goiás,<br />

Minas Gerais, São Paulo e <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, em campo graminoso,<br />

campo rupestre e borda <strong>de</strong> mata semi<strong>de</strong>cídua. No PEIB ocorre <strong>de</strong> forma<br />

esparsa no campo rupestre na entrada <strong>do</strong> Parque, entre fendas <strong>de</strong><br />

rocha; na trilha Monjolinho para a Lagoa Seca; na trilha Lagoa Seca<br />

para a Janela <strong>do</strong> Céu, e na trilha <strong>do</strong> Cruzeiro para a Lombada, em solo<br />

arenoso e em local ensolara<strong>do</strong>.


40<br />

Figura 9: A-B Schizachyrium con<strong>de</strong>nsatum: A. hábito; B. par <strong>de</strong> espiguetas. C-D S.<br />

tenerum: C. hábito; D. par <strong>de</strong> espiguetas (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 231; C-D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 164).


41<br />

Trachypogon Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1): 341. 1829.<br />

Gênero que apresenta <strong>de</strong>limitação específica confusa, haven<strong>do</strong><br />

divergências quanto à sua taxonomia. Renvoize (1984) cita cinco<br />

espécies e Clayton & Renvoize (1986) aceitam três. Por outro la<strong>do</strong>,<br />

Longhi-Wagner et al. (2001) aceitam 15 espécies. O CNWG (2006) aceita<br />

para o Novo Mun<strong>do</strong> três espécies. Em relação à sua distribuição ocorre<br />

na África e nas Américas. No PEIB Trachypogon está representa<strong>do</strong> por<br />

apenas uma espécie.<br />

9. Trachypogon spicatus (L. f.) Kuntze, Revis. Gen. Pl. 2: 794. 1891.<br />

Figura 8: C-E; 10<br />

Plantas perenes, 0,45-1 m alt., cespitosas; nós portan<strong>do</strong> um anel<br />

<strong>de</strong> tricomas seríceos. Bainhas foliares pubescentes; lígula membranosa;<br />

lâminas foliares 5-25 x 0,1-0,5 cm, lineares, planas ou convolutas,<br />

pilosas em ambas as faces. Inflorescência com 1-3 ramos floríferos, 5-<br />

18 cm compr.; entrenós da ráquis glabros, nós pilosos e pedicelos<br />

esparsamente pilosos. Espiguetas sésseis 5-8 mm compr., múticas,<br />

masculinas, pilosas; espiguetas pediceladas, 6,5-7,2 mm compr.<br />

excluin<strong>do</strong> o calo agu<strong>do</strong> e pungente, aristadas, arista 1,6-6 cm compr.,<br />

bissexuadas, pilosas.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 21.I.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 887 (BHCB);<br />

22.I.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 886 (BHCB); 6.II.1989. L. Krieger & Leise<br />

s.n. (BR n.v., CESJ 25302, HURG n.v.); 19.VI.1991, R. C. Oliveira et al.<br />

21 (BHCB, CEN n.v., CESJ, MBM n.v.); 14.II.1996, L. G. Ro<strong>de</strong>la Q6-72,<br />

(CESJ); III.1999, L. G. Ro<strong>de</strong>la Q1-23 (CESJ 36822, RB); 18.X.2003, R.<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 8 (RB); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 579 (CESJ, RB);<br />

20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 582 (CESJ, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />

et al. 142 (K, MBM, RB, SP); 5.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 157 (CEPEC,<br />

K, MBM, RB, SP); 30.III.2004, F. M. Ferreira et al. 677 (K, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta<br />

espécie ocorre na África e nas Américas em dunas litorâneas, cerra<strong>do</strong> e<br />

campo rupestre <strong>de</strong> 0 a 1.000 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No PEIB, T. spicatus ocorre<br />

nas trilhas Monjolinho para o Pico <strong>do</strong> Pião e para a Lagoa Seca, no


42<br />

campo atrás <strong>do</strong> camping, na estrada para o limite norte <strong>do</strong> Parque, no<br />

campo rupestre sobre solo arenoso. É uma espécie bastante freqüente<br />

no Parque <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> a paisagem em algumas áreas (Fig. 10).<br />

Trachypogon spicatus é uma espécie <strong>de</strong> difícil circunscrição.<br />

Atualmente, existe uma tendência em aceitar um conceito mais amplo<br />

para o táxon (CNWG 2006), sob o qual são sinonimiza<strong>do</strong>s os seguintes<br />

nomes: T. gouinii E. Fourn., T. montufarii (Kunth) Nees, T. polymorphus<br />

Hack., T. ligularis Nees, T. micans An<strong>de</strong>rsson e T. canescens Nees.<br />

Figura 10: campos com Trachypogon spicatus. Foto: Rafaela Forzza.


43<br />

TRIBO ARUNDINELLEAE<br />

(12 gêneros; 175 spp.)<br />

No PEIB um gênero; uma espécie<br />

Lou<strong>de</strong>tiopsis Conert, Bot. Jahrb. Syst. 77: 277. 1957.<br />

Gênero com 11 espécies tropicais encontradas no oeste da África<br />

e na América <strong>do</strong> Sul. O CNWG (2003) cita a existência <strong>de</strong> uma única<br />

espécie para o Novo Mun<strong>do</strong>, a qual está representada no PEIB.<br />

10. Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix (Nees) Conert, Bot. Jahrb. Syst. 77: 285.<br />

1957.<br />

Figura 11: A-D.<br />

Plantas perenes, 0,54-1 m alt., cespitosas. Bainhas foliares<br />

pilosas; lígula pilosa; lâminas foliares 12-37 x 0,1-0,4 cm, convolutas,<br />

raramente planas ou conduplicadas, face abaxial glabra, face adaxial<br />

pilosa ou glabrescentes, com tricomas longos e se<strong>do</strong>sos. Inflorescência<br />

paniculada, aberta, pauciflora, 7-26 cm compr., ramos comumente<br />

secundifloros, pedicelos hirsutos, tricomas <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s. Espiguetas 12-16<br />

mm compr., excluin<strong>do</strong> aristas, subsésseis, em grupos <strong>de</strong> (2) 3 dan<strong>do</strong> a<br />

impressão <strong>de</strong> uma só espigueta longo-pedicelada; glumas agudas, a<br />

inferior 9-11 mm compr., hirsutas, tricomas <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s <strong>de</strong> base<br />

tuberculada e castanha, a superior 14-16 mm compr., glabra ou com<br />

tricomas alvos ou <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s esparsos; antécio inferior neutro ou<br />

masculino; lema inferior 13-14 mm compr., membranoso, glabro,<br />

mútico; antécio superior caduco na maturação; lema superior 6-8 mm<br />

compr., cartáceo, com tricomas se<strong>do</strong>sos e alvos, ápice bífi<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ntes 1-2<br />

mm compr., entre os quais se origina uma arista reta ou geniculada <strong>de</strong><br />

4,5-7 cm compr., composta pela coluna, <strong>do</strong>urada, <strong>de</strong>senvolvida e<br />

helicoidal, pela súbula, reta e estramínea, e pelo calo 0,5-1,2 mm<br />

compr., piloso, trunca<strong>do</strong>, bífi<strong>do</strong> ou oblíquo, sen<strong>do</strong> tais aristas caducas<br />

na maturação. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 21.I.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 884 (BHCB);<br />

30.XI.1991, M. L. G. Lisboa s.n. (CESJ 25889); 5.XII.1992, R. C. Oliveira


44<br />

101 (CESJ, RB); 6.II.1996, L. G. Ro<strong>de</strong>la RQ1-2 (CESJ); 18.X.2003, R.<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 10 (RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 140 (K, RB, SP);<br />

30.XI.2004, E. S. Me<strong>de</strong>iros et al. 356 (RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix ocorre no<br />

Brasil Central, em Minas Gerais e São Paulo, em cerra<strong>do</strong> e campo<br />

rupestre (Longhi-Wagner et al. 2001; Longhi-Wagner & To<strong>de</strong>schini<br />

2004). Através <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> herbário foi possível verificar também, sua<br />

ocorrência nos campos rupestres da Bahia (M. L. Fonseca et al. 2796<br />

(SP)). No PEIB esta espécie foi comumente coletada nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />

camping, na trilha para o Cruzeiro, próximo a Gruta <strong>do</strong> Monjolinho e<br />

também na vertente su<strong>do</strong>este da Lombada, em campo rupestre.


45<br />

Figura 11: A-D Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix A. hábito, B. tría<strong>de</strong> <strong>de</strong> espiguetas, C.<br />

espigueta isolada e D. antécio inferior com flor masculina. (A-B Me<strong>de</strong>iros 356; C-D<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 140).<br />

Figura 11: A-D Lou<strong>de</strong>tiopsis chrysothrix A. hábito, B. tría<strong>de</strong> <strong>de</strong> espiguetas, C. espigueta<br />

isolada e D. antécio inferior com flor masculina. (A-B Me<strong>de</strong>iros 356; C-D <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 140).


46<br />

TRIBO PANICEAE<br />

(101 gêneros; 2000 spp.)<br />

No PEIB 13 gêneros; 33 espécies<br />

Axonopus P. Beauv., Ess. Agrostogr. 12. 1812.<br />

Gênero nativo <strong>do</strong>s trópicos e subtrópicos das Américas, com<br />

alguns representantes introduzi<strong>do</strong>s no Velho Mun<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> Clayton<br />

& Renvoize (1986) o gênero abriga 110 espécies; Giral<strong>do</strong>-Cañas (2002)<br />

aceitam apenas 65 espécies e o CNWG (2006) aponta 85 espécies. No<br />

PEIB Axonopus está representa<strong>do</strong> por sete espécies.<br />

Muitas das espécies hoje posicionadas em Axonopus<br />

originalmente foram <strong>de</strong>scritas em Paspalum. Outro gênero facilmente<br />

confundi<strong>do</strong> com Axonopus é Digitaria. Porém, Axonopus difere <strong>de</strong>stes,<br />

respectivamente, na posição das espiguetas, as quais apresentam o<br />

<strong>do</strong>rso da gluma superior e <strong>do</strong> lema superior oposto a ráquis e a<br />

presença <strong>de</strong> espiguetas solitárias em cada nó da ráquis (Giral<strong>do</strong>-Cañas<br />

2001). A inflorescência e os caracteres vegetativos são notavelmente<br />

uniformes, o que torna o gênero facilmente reconhecível, porém dificulta<br />

a taxonomia interna, já que as diferenças entre muitas das espécies são<br />

insignificantes (Clayton & Renvoize 1986).<br />

11. Axonopus aureus P. Beauv., Ess. Agrostogr. 12. 1812.<br />

Figura 12: A-C.<br />

Plantas perenes, 56-80 cm alt., cespitosas, às vezes levemente<br />

<strong>de</strong>cumbentes; nós glabros. Bainhas foliares glabras ou pilosas na<br />

margem; lígula membranoso-ciliada; prefoliação convoluta; lâminas<br />

foliares 3-8 x 0,08-0,2 cm, lineares ou linear-lanceoladas, glabras ou<br />

glabrescentes, ápice agu<strong>do</strong>, margem ciliada ou portan<strong>do</strong> tricomas<br />

tubercula<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ca. 5 mm compr. Inflorescência 2-4 racemos<br />

subdigita<strong>do</strong>s, 2,5-6 cm compr.; ráquis setosa, margem portan<strong>do</strong><br />

tricomas tubercula<strong>do</strong>s, longos, castanho-<strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s, no ápice <strong>do</strong>s<br />

pedicelos tais tricomas também estão presentes forman<strong>do</strong> tufos sob as<br />

espiguetas. Espiguetas 1,2-1,5 x 0,7-0,9 mm, elípticas; gluma inferior


47<br />

ausente; gluma superior 1,2-1,5 x 0,7-0,9 mm, 2-nervada, nervuras<br />

pouco aparentes, nervura central ausente, ápice obtuso, com tricomas<br />

curtos que caducam com a maturida<strong>de</strong>; lema inferior 1,2-1,5 x 0,7-0,9<br />

mm, 2-nerva<strong>do</strong>, nervura pouco aparente, nervura central ausente, ápice<br />

obtuso, com tricomas curtos que caducam com a maturida<strong>de</strong>; antécio<br />

superior 1,2-1,5 x 0,7-0,9 mm, levemente papiloso, glabro, castanho,<br />

brilhoso, coriáceo. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 3.II.1993, R. C. Oliveira 144 (CESJ, RB);<br />

30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 161 (K, RB); 18.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et<br />

al. 244 (K, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: esta espécie ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a América<br />

Central e Antilhas ao sul <strong>do</strong> Brasil em cerra<strong>do</strong>, campo, campo rupestre<br />

e restinga (Renvoize 1984, Judziewicz 1990, Longhi-Wagner et al. 2001,<br />

Longhi-Wagner & To<strong>de</strong>schini 2004). No PEIB ocorre com freqüência e<br />

forma gran<strong>de</strong>s populações na trilha da Prainha para o Monjolinho e<br />

também no acesso para a Gruta <strong>do</strong> Monjolinho, em solo areno-argiloso<br />

ou argiloso, ao sol ou em áreas sombreadas por can<strong>de</strong>ia (Eremanthus<br />

erythropappus (DC.) MacLeish).<br />

Giral<strong>do</strong>-Cañas (2001) afirma que nos campos e cerra<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

Brasil, é comum que A. aureus cresça associada a espécies <strong>de</strong><br />

Trachypogon, Byrsonima e Curatella. O autor relata ainda que esta é<br />

uma espécie muito variável, tanto em seus caracteres vegetativos<br />

quanto nos reprodutivos.<br />

12. Axonopus brasiliensis (Spreng.) Kuhlm., Comm. Lin. Telegr., Bot.<br />

67(11): 47. 1922.<br />

Figura 12: D.<br />

Plantas perenes, 60-65 cm alt., cespitosas; nós glabros. Bainhas<br />

foliares tornan<strong>do</strong>-se fibrosas junto à base da planta quan<strong>do</strong> velhas,<br />

glabras, margem ciliada; lígula membranoso-ciliada; prefoliação<br />

convoluta; lâminas foliares 13-22 x 0,05-0,1 cm, lineares, convolutas,<br />

glabras, ápice obtuso ou subagu<strong>do</strong>, margem com tricomas<br />

tubercula<strong>do</strong>s. Inflorescência 2-3(-4) racemos digita<strong>do</strong>s ou


48<br />

subdigita<strong>do</strong>s, 6,5-10,3 cm compr.; ráquis com tricomas tubercula<strong>do</strong>s,<br />

longos e alvos na margem. Espiguetas 3,5-4 x 0,9-1,2 mm,<br />

estreitamente elípticas a lanceoladas; gluma inferior ausente; gluma<br />

superior 3,5-4 x 0,9-1,2 mm, 5-nervada, tricomas tubercula<strong>do</strong>s, longos<br />

e alvos ao longo das nervuras, nervuras salientes, ápice agu<strong>do</strong>; lema<br />

inferior estéril, 3,5-4 x 0,9-1,2 mm, 3-4 nerva<strong>do</strong>, com tricomas<br />

tubercula<strong>do</strong>s, longos e alvos ao longo das nervuras, nervuras salientes,<br />

ápice agu<strong>do</strong>; antécio superior frutífero 3,5-4 x 0,9-1,2 mm, castanhoclaro<br />

a castanho-escuro, coriáceo; lema superior glabro, ápice pubérulo;<br />

pálea superior levemente papilosa, portan<strong>do</strong> curtos tricomas no ápice.<br />

Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 29.VI.1991, F. R. Salimena s.n. (CESJ 25468);<br />

5.XII.1992, R. C. Oliveira 98 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al.<br />

604 (CESJ, RB); 16.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 223 (K, RB).<br />

Distribuição geográfica: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) e Longhi-Wagner et<br />

al. (2001) A. brasiliensis ocorre no Paraguai e Brasil, em cerra<strong>do</strong>s,<br />

campos secos, campos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> ocorrência mais rara em<br />

banha<strong>do</strong>s. Giral<strong>do</strong>-Cañas (2002) cita que a distribuição <strong>de</strong>sta espécie se<br />

esten<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Amazonas e Bahia até o Paraná, ocorren<strong>do</strong><br />

também na porção oriental da Bolívia, crescen<strong>do</strong> em áreas abertas <strong>de</strong><br />

serras, em savanas <strong>de</strong> areias brancas, em campinas e nos afloramentos<br />

rochosos <strong>do</strong> Escu<strong>do</strong> Brasileiro, entre 100 e 1.300 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No<br />

PEIB é encontrada nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> camping, nas trilhas da<br />

Prainha para o Monjolinho e <strong>do</strong> Monjolinho para a Lagoa Seca,<br />

ocorren<strong>do</strong> no campo rupestre entre populações <strong>de</strong> Lou<strong>de</strong>tiopsis<br />

chrysothrix, em solo arenoso, em solo rico em húmus ou menos<br />

frequentemente em solo argiloso.<br />

13. Axonopus complanatus (Nees) De<strong>de</strong>cca, Bragantia 15: 265. 1956.<br />

Figura 12: E.<br />

Plantas perenes, 10-17 cm alt., não cespitosas, estoloníferas; nós<br />

glabros a pilosos. Bainhas foliares glabras a pilosas, margem lisa; lígula<br />

membranoso-ciliada; prefoliação conduplicada; lâminas foliares 1,2-4 x


49<br />

1,5-3,5 cm, conduplicadas ou planas, glabras em ambas as faces, ápice<br />

obtuso, assimétrico e retuso, margem no ápice escabra e na base<br />

esparsamente coberta por tricomas finos, <strong>de</strong> base tuberculada.<br />

Inflorescência 2-3 racemos verticila<strong>do</strong>s ou subverticila<strong>do</strong>s, conjuga<strong>do</strong>s<br />

a subconjuga<strong>do</strong>s, 2-4 cm compr., inflorescências axilares presentes;<br />

ráquis glabra, escabérula na margem, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta.<br />

Espiguetas 2-2,3 x 0,7-0,8 mm, oval-lanceoladas; gluma inferior<br />

ausente; gluma superior 2-2,3 x 0,7-0,8 mm, 4-nervada, sem nervura<br />

central evi<strong>de</strong>nte, ápice agu<strong>do</strong>, simétrico, com esparsos tricomas<br />

próximos às nervuras e na base, escabérula em direção ao ápice,<br />

membranácea a hialina, ver<strong>de</strong>-estramínea com máculas vináceas,<br />

paleácea; antécio inferior neutro; lema inferior 2-2,1 x 0,7-0,8 mm, 2 ou<br />

4 nerva<strong>do</strong>, sem nervura central evi<strong>de</strong>nte, ápice agu<strong>do</strong>, subglabro,<br />

membranáceo a halino, ver<strong>de</strong>-estramíneo com máculas vináceas; pálea<br />

inferior ausente; antécio superior frutífero; lema superior 2-2,1 x 0,7-<br />

0,8 mm, liso, coriáceo, ápice agu<strong>do</strong>, com curtos tricomas. Cariopse não<br />

vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 172 (K, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: Longhi-Wagner et al. (2001) citam a<br />

distribuição <strong>de</strong>sta espécie apenas para o Brasil, on<strong>de</strong> ocorre nas<br />

Regiões Nor<strong>de</strong>ste, Centro-Oeste e Su<strong>de</strong>ste. No PEIB foi coletada apenas<br />

na trilha da Lagoa Seca para a Janela <strong>do</strong> Céu.<br />

14. Axonopus fastigiatus (Nees ex Trin.) Kuhlm., Comm. Lin. Telegr.,<br />

Bot. 67(11): 87. 1922.<br />

Figura 12: F.<br />

Plantas perenes, 16-28 cm alt., cespitosas; base freqüentemente<br />

bulbosa; nós glabros. Bainhas foliares curtamente pilosas; lígula pilosa;<br />

prefoliação convoluta; lâminas foliares 2-7 x 0,07-0,2 cm, lineares,<br />

planas ou conduplicadas, face abaxial pilosa, face adaxial pilosa a<br />

glabrescente, ápice agu<strong>do</strong>. Inflorescência 2-3 racemos conjuga<strong>do</strong>s, 3,5-<br />

6 cm compr.; ráquis glabra ou escabérula. Espiguetas 2,5-3,5 x 0,6-0,9<br />

mm, estreitamente elípticas a oblongas; gluma inferior ausente; gluma


50<br />

superior 2,5-3,5 x 0,6-0,9 mm, 2 (-3) nervada, margem ciliada com<br />

tricomas pectina<strong>do</strong>s, membranácea, lema inferior, 2 (-3) nerva<strong>do</strong>,<br />

margem ciliada com tricomas pectina<strong>do</strong>s a subglabra, membranáceo;<br />

pálea inferior ausente; antécio superior 2,5-3,5 x 0,6-0,9 mm, pubérulo,<br />

portan<strong>do</strong> um tufo <strong>de</strong> tricomas, estramíneo, ápice agu<strong>do</strong>. Cariopse não<br />

vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 12.V.1970, L. Krieger s.n. (CESJ 8565, RB);<br />

27.IV.1988, P. Andra<strong>de</strong> 1176 (BHCB); XII.1998, L. G. Ro<strong>de</strong>la Qd-2<br />

(CESJ); 24.III.2001, M. A. Heluey et al. 81 (CESJ); 24.III.2001, M. A.<br />

Heluey et al. 92 (CESJ); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 177 (K, MBM,<br />

RB, SP); 17.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 232 (K, RB, SP); 9.VIII.2005, R.<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 291 (RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: Renvoize (1984) e Longhi-Wagner &<br />

To<strong>de</strong>schini (2004) citam a ocorrência <strong>de</strong> A. fastigiatus nos campos<br />

rupestres da Bahia, Goiás e Minas Gerais. É comumente encontrada<br />

nas partes altas <strong>do</strong> Parque, como nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Cruzeiro, na<br />

Lombada e Janela <strong>do</strong> Céu, no campo rupestre ou em campos<br />

encharcáveis.<br />

15. Axonopus fissifolius (Raddi) Kuhlm., Comm. Lin. Telegr., Bot. 67(11):<br />

87. 1922.<br />

Figura 12: G.<br />

Plantas perenes, 5-8 cm alt., estoloníferas; nós glabros. Bainhas<br />

foliares glabras, pilosas na margem próxima à região ligular; lígula<br />

membranoso-ciliada; prefoliação conduplicada; lâminas foliares 2-4 x<br />

0,1-0,2 cm, planas ou conduplicadas, glabras em ambas as faces, ápice<br />

obtuso e assimétrico ou retuso, bífi<strong>do</strong> nas planas, escabérulas na<br />

margem e no ápice. Inflorescência 2-3 racemos conjuga<strong>do</strong>s,<br />

verticila<strong>do</strong>s, 2-3,5 cm compr., axilas portan<strong>do</strong> curtos tricomas,<br />

inflorescências axilares presentes; ráquis glabra, escabérula na<br />

margem, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta. Espiguetas 1,7-2 x 0,4-0,7<br />

mm, oblongas a estreitamente oblongo-lanceoladas; gluma inferior<br />

ausente; gluma superior 1,7-2 x 0,4-0,7 mm, 4-nervada, sem nervura


51<br />

central evi<strong>de</strong>nte, ápice apicula<strong>do</strong>, pilosa na margem e ao longo das<br />

nervuras, base comosa; antécio inferior neutro; lema inferior 1,7-1,9 x<br />

0,4-0,7 mm, 2-nerva<strong>do</strong>, sem nervura central evi<strong>de</strong>nte, ápice apicula<strong>do</strong>,<br />

pilosida<strong>de</strong> semelhante à da gluma superior; pálea inferior ausente;<br />

antécio superior frutífero; lema superior glabro, liso, ápice papiloso.<br />

Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 2.XI.1991, R. C. Oliveira s.n. (CESJ 25529, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) e Longhi-<br />

Wagner et al. (2001) esta espécie ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s até a<br />

Argentina, em cerra<strong>do</strong>s, campos e campos rupestres, em solos rochosos<br />

ou pedregosos e, também em locais perturba<strong>do</strong>s, em grama<strong>do</strong>s e em<br />

várzeas arenosas. No PEIB foi coletada apenas em uma população que<br />

formava um pequeno grama<strong>do</strong> na trilha para o Pico <strong>do</strong> Pião, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então não foi recoletada.<br />

16. Axonopus polystachyus G. A. Black, Advancing Frontiers Pl. Sci. 5:<br />

62. 1963.<br />

Figura 12: H.<br />

Plantas perenes, ca. 83 cm alt., cespitosas; nós pilosos a<br />

glabrescentes. Bainhas foliares glabras, margem escabra; lígula<br />

membranoso-ciliada; prefoliação conduplicada; lâminas foliares 5-33 x<br />

0,2-1,1 cm, planas ou conduplicadas, face adaxial glabra, face abaxial<br />

portan<strong>do</strong> tricomas setosos a glabrescente, ápice obtuso e assimétrico,<br />

retuso, às vezes acumina<strong>do</strong>, escabérulo, margem escabra.<br />

Inflorescência com 3 racemos subconjuga<strong>do</strong>s, subverticila<strong>do</strong>s, 10-13<br />

cm compr., inflorescências axilares presentes, axilas seríceas; ráquis<br />

glabra, margem escabra, às vezes com tricomas finos e longos próximos<br />

aos pedicelos, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta. Espiguetas 2,1-2,7 x 0,6-<br />

0,8 mm, estreitamente elíptico-lanceoladas; gluma inferior ausente;<br />

gluma superior 2,1-2,7 x 0,6-0,8 mm, 4-nervada, sem nervura central<br />

evi<strong>de</strong>nte, base não comosa, ápice agu<strong>do</strong> ou apicula<strong>do</strong>, assimétrico,<br />

pilosida<strong>de</strong> fina e esparsa ao longo das nervuras, hialina; antécio inferior<br />

neutro; lema inferior 2,1-2,4 x 0,6-0,8 mm, 2-4 nerva<strong>do</strong>, subglabro,


52<br />

hialino; pálea inferior ausente; antécio superior frutífero; lema superior<br />

2,1-2,6 x 0,6-0,8 mm, esparsamente papiloso, glabro, membranáceo,<br />

ápice subagu<strong>do</strong>, papiloso. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 20.VI.1991, R. C. Oliveira 31 (CEN n.v., CESJ,<br />

RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: Longhi-Wagner et al. (2001) citam<br />

que esta espécie ocorre no Sul e Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil, em campo cerra<strong>do</strong>,<br />

ao longo <strong>de</strong> ro<strong>do</strong>vias, em floresta secundária e é freqüente em áreas<br />

roçadas. No PEIB foi coleta<strong>do</strong> próximo a Ponte <strong>de</strong> Pedra, na margem <strong>do</strong><br />

<strong>Rio</strong> <strong>do</strong> Salto, forman<strong>do</strong> <strong>de</strong>nsas touceiras.<br />

17. Axonopus siccus (Nees) Kuhlm., Comm. Lin. Telegr., Bot. 67(11): 87.<br />

1922.<br />

Figura 12: I e J; 13<br />

Planta perene, 0,5-1 m alt., cespitosa; nós pilosos. Bainhas<br />

foliares glabras ou com pilosida<strong>de</strong> esparsa, margem inteira, glabra;<br />

lígula membranoso-ciliada com cílios longos ou pilosa; prefoliação<br />

convoluta; lâminas foliares 7-35 x 0,08-0,3 cm, filiformes, convolutas<br />

ou involutas, cilíndricas, raro planas, glabras em ambas as faces, ou<br />

escabras na face abaxial e pilosas na adaxial, ápice acumina<strong>do</strong> e<br />

pungente, margem serreada, às vezes com tricomas. Inflorescência<br />

com 5-16 racemos alternos ou subverticila<strong>do</strong>s, 5-19 cm compr.; ráquis<br />

escabra. Espiguetas 1,8-2,5 x 0,6-0,9 mm; gluma inferior ausente,<br />

gluma superior 1,8-2,5 x 0,6-0,9 mm, 5-7 nerva<strong>do</strong>, nervuras evi<strong>de</strong>ntes,<br />

nervura central evi<strong>de</strong>nte, ápice agu<strong>do</strong>, glabra ou esparsamente pilosa<br />

entre as nervuras, tricomas curtos; lema inferior 1,7-2,4 x 0,6-0,9 mm,<br />

5-7 nerva<strong>do</strong>, nervuras evi<strong>de</strong>ntes, nervura central evi<strong>de</strong>nte, ápice agu<strong>do</strong>,<br />

glabro ou finamente piloso entre as nervuras, tricomas esparsos e<br />

curtos; antécio superior 1,7-2,3 x 0,6-0,9 mm, glabro, levemente<br />

papiloso, subcoriáceo, estramíneo, ápice subagu<strong>do</strong>. Cariopse não vista.


53<br />

Material Examina<strong>do</strong>: 19.VI.1991, M. C. Brügger s.n. (CEN n.v., CESJ<br />

24818, HURG n.v.); 2.XI.1991, R. C. Oliveira s.n. (CESJ 32625, RB);<br />

22.II.1992, M. Eiterer et al. s.n. (CESJ 25712); 22.II.1992, M. Eiterer s.n.<br />

(CESJ 25722); 3.II.1993, R. C. Oliveira 138 (CESJ); 8.II.1996, L. G.<br />

Ro<strong>de</strong>la Q2-27 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 584 (CESJ);<br />

20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 586 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira<br />

et al. 588 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 593 (CESJ, RB);<br />

20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 595 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira<br />

et al. 597 (CESJ); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 601 (CESJ);<br />

20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 607 (CESJ, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />

et al. 141 (K, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 144 (K, RB); 5.II.2004, R.<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 151 (K, RB, SP); 20.I.2005, R. C. Forzza et al. 3963 (K,<br />

MBM, RB, SP); 17.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 235 a (K, RB);<br />

9.VIII.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 295 (RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) Axonopus<br />

siccus ocorre na Bolívia, Paraguai, Argentina e no Brasil. Longhi-<br />

Wagner et al. (2001) acrescentam ainda a ocorrência <strong>de</strong>sta espécie no<br />

Uruguai, e no Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Mato Grosso ao <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, em<br />

cerra<strong>do</strong>, em campo seco a úmi<strong>do</strong>, em solo arenoso e areno-argiloso.<br />

Axonopus siccus ocorre em vários pontos <strong>do</strong> PEIB, mas forma<br />

populações pequenas e esparsas. Foi coletada na entrada <strong>do</strong> Paque, nas<br />

proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> camping, na Ponte <strong>de</strong> Pedra próximo ao <strong>Rio</strong> <strong>do</strong> Salto,<br />

na trilha da Ponte <strong>de</strong> Pedra para a Cachoeira <strong>do</strong>s Macacos, da trilha<br />

Monjolinho para o Pico <strong>do</strong> Pião e para a Lagoa Seca, nas proximida<strong>de</strong>s<br />

<strong>do</strong> Cruzeiro e da Lombada. Ocorre principalmente no campo rupestre,<br />

mas também po<strong>de</strong> ser encontrada em campos encharcáveis, em solo<br />

arenoso ou em areia misturada a húmus, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1.255 m a 1.650 m <strong>de</strong><br />

altitu<strong>de</strong>.<br />

Um aspecto interessante a ser menciona<strong>do</strong> sobre Axonopus siccus<br />

é o registro <strong>de</strong> plântulas crescen<strong>do</strong> no interior das espiguetas em uma<br />

das populações <strong>do</strong> Parque (<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 295) (Fig. 14). Giral<strong>do</strong>-Cañas<br />

(2001) registrou a ocorrência <strong>de</strong> fato semelhante em Axonopus aureus e<br />

o <strong>de</strong>finiu como proliferação vegetativa. O autor afirma ainda que este é


54<br />

um fenômeno comum nas espécies perenes <strong>de</strong> regiões temperadas e<br />

ártico-alpinas, on<strong>de</strong> as mesmas têm um perío<strong>do</strong> curto <strong>de</strong> crescimento.<br />

Assim, tais espécies produzem plântulas na espigueta ao invés <strong>de</strong><br />

flósculos, as plântulas caem e ao cair no solo enraízam. Tal fenômeno<br />

po<strong>de</strong> estar associa<strong>do</strong> à reprodução vegetativa, po<strong>de</strong> ser resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

teratologia ou <strong>de</strong> variação nos fatores ambientais. Mas é preciso<br />

verificar se, se trata <strong>de</strong> proliferação vegetativa ou viviparida<strong>de</strong>. Seja qual<br />

for o caso, merece estu<strong>do</strong>s aprofunda<strong>do</strong>s, pois ambos se tratam <strong>de</strong><br />

rarida<strong>de</strong>s em espécies tropicais, principalmente em Paniceae, como cita<br />

Giral<strong>do</strong>-Cañas (2001).


55<br />

Figura 12: A-C Axonopus aureus: A. hábito; B. ráquis; C. espigueta. D. A. brasiliensis:<br />

espigueta. E. A. complanatus: espigueta. F. A. fastigiatus: espigueta. G. A. fissifolius:<br />

espigueta. H. A. polystachyus: espigueta. I-J A. siccus: I. hábito; J. espigueta. (A-C <strong>Dias</strong>-<br />

<strong>Melo</strong> 244; D Ferreira 604, <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 223; E <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 172; F <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 177; G Oliveira<br />

s.n; H Oliveira 31; I-J Ferreira 607 Forzza 3963).


56<br />

Figura 13: Axonopus siccus (<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 295), presença <strong>de</strong> plântulas<br />

crescen<strong>do</strong> na espigueta, fenômeno <strong>de</strong>scrito como proliferação vegetativa.<br />

Foto: Claudine Massi Mynssen.


57<br />

Dichanthelium (Hitchc. & Chase) Gould, Brittonia 26(1): 59. 1974.<br />

Até a década <strong>de</strong> 1970 Dichanthelium era posicionada em Panicum<br />

subgênero Dichanthelium seção Dichanthelium. Gould (1974) com base<br />

no dimorfismo foliar e floral, nível <strong>de</strong> ploidia, síndrome Kranz e<br />

ornamentação <strong>do</strong> antécio superior eleva a secção a catergoria genérica.<br />

Pohl (1981) e outros autores como Morrone & Zuloaga (1991) o<br />

mantiveram como subgênero <strong>de</strong> Panicum, pois achavam que os<br />

caracteres referi<strong>do</strong>s por Gould (1974) não eram a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s ou<br />

suficientes para segregar os <strong>do</strong>is taxa, geran<strong>do</strong> discussões<br />

subseqüentes (Zuloaga et al. 1993). Estu<strong>do</strong>s filogenéticos tais como<br />

Zuloaga et al. (2000), Duvall et al. (2001) e Aliscioni et al. (2003) têm<br />

aponta<strong>do</strong> o <strong>de</strong>smembramento <strong>de</strong> Panicum como um to<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> aceita a<br />

proposta <strong>de</strong> Gould (1974). Dichanthelium ocorre na América Central,<br />

Antilhas e América <strong>do</strong> Sul em bordas <strong>de</strong> matas ou em locais abertos, em<br />

solos arenosos úmi<strong>do</strong>s ou secos. O CNWG (2006) cita 57 espécies. No<br />

PEIB está representa<strong>do</strong> por uma espécie apenas.<br />

18. Dichanthelium superatum (Hack.) Zuloaga, Amer. J. Bot. 90(5): 817.<br />

2003.<br />

Figura 15: A e B.<br />

Planta perene, 50-75 cm alt., rizomatosa, ereto-<strong>de</strong>cumbente,<br />

flexuosa; nós pilosos a glabrescentes. Bainhas foliares pilosas, porém<br />

com o envelhecimento da planta a pilosida<strong>de</strong> permanece apenas na<br />

margem; colo piloso; lígula membranoso-ciliada, curtamente<br />

membranosa, longamente ciliada; lâminas foliares 5,5-15 x 0,6-1 cm,<br />

linear-lanceoladas, planas, ambas as faces pilosas a glabrescentes,<br />

ápice agu<strong>do</strong> e pungente, margem serreada com tricoma estrigosos, base<br />

reta. Inflorescência 7-13 x 3-6 cm, panícula aberta, contraída quan<strong>do</strong><br />

jovem. Espiguetas 2,3-3 x 1-1,1 mm, oval-lanceoladas, glabras; gluma<br />

inferior 1,6-2 x 0,7-0,9 mm, oval-lanceolada, 3-nervada, nervura central<br />

fortemente marcada, ápice agu<strong>do</strong>, glabra; gluma superior 2-2,3 x 1-1,1<br />

mm, ellíptica, 8-nervada, ápice arre<strong>do</strong>nda<strong>do</strong>, glabra; antécio inferior<br />

com flor masculina; lema inferior 2-2,5 x 1-1,1 mm, 7-nerva<strong>do</strong>, ápice


58<br />

subagu<strong>do</strong>; pálea inferior hialina; antécio superior frutífero 2,3-3 x 1-1,1<br />

mm, glabro, lustroso, cartilaginoso, ápice subagu<strong>do</strong>; lema superior com<br />

duas pregas plissadas na base. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 2.XI.1991, R. C. Oliveira 35 (BHCB, CESJ);<br />

3.II.1993, R. C. Oliveira 148 (CESJ, RB); 18.X.2003, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 9<br />

(RB); 7.III.2006, F. M. Ferreira et al. 992 (CESJ, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Zuloaga et al. (1993) e<br />

Longhi-Wagner (2001), esta espécie ocorre no Brasil, <strong>do</strong> Espírito Santo<br />

ao <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, <strong>de</strong> 900 a 2.650 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No PEIB ocorre<br />

freqüentemente na trilha <strong>do</strong> Monjolinho para o Pico <strong>do</strong> Pião e para a<br />

Lagoa Seca, e <strong>de</strong>sta para a Janela <strong>do</strong> Céu, em beira <strong>de</strong> mata ciliar e em<br />

campo <strong>de</strong> solo arenoso, forman<strong>do</strong> touceiras.<br />

Digitaria Haller, Hist. Stirp. Helv. 2: 244. 1768.<br />

Segun<strong>do</strong> Clayton & Renvoize (1986) este gênero possui cerca <strong>de</strong> 230<br />

espécies distribuídas em regiões tropicais e subtropicais <strong>de</strong> ambos os<br />

hemisférios. Judziewicz (1990) aponta a existência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 175<br />

espécies. Para Watson & Dalwitz (1992) Digitaria possui cerca <strong>de</strong> 220<br />

espécies, distribuídas em regiões tropicais e subtropicais ou menos<br />

comumente nas regiões temperadas. Para o no Novo Mun<strong>do</strong>, Judziewicz<br />

(1990) cita 75 espécies sen<strong>do</strong> muitas daninhas e poucas cultivadas<br />

como forrageiras ou cereais. Porém, segun<strong>do</strong> o CNWG (2006) o Novo<br />

Mun<strong>do</strong> abriga 97 espécies. O Brasil é o país das Américas que possui a<br />

maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Digitaria, apresentan<strong>do</strong> 12 exóticas e 26 nativas,<br />

das quais nove são endêmicas. A riqueza específica é praticamente<br />

equivalente entre as Regiões Sul, Su<strong>de</strong>ste, Centro-Oeste e Nor<strong>de</strong>ste,<br />

com uma redução na Região Norte. Habitam formações como campos<br />

naturais, cerra<strong>do</strong>s, restingas, campos rupestres, sen<strong>do</strong> comuns em<br />

locais altera<strong>do</strong>s (Canto-Dorow & Longhi-Wagner 2001). No PEIB está<br />

representa<strong>do</strong> por quatro espécies. É provável que o estabelecimento das<br />

espécies <strong>de</strong> Digitaria no PEIB seja algo recente (ten<strong>do</strong> em vista as datas<br />

das coletas) e talvez esteja relacionada à intensa visitação que o PEIB<br />

recebe.


59<br />

19. Digitaria ciliaris (Retz.) Koeler, Descr. Gram. 27. 1802.<br />

Figura 15: C e D.<br />

Planta anual, 20-30 cm alt., <strong>de</strong>cumbente, radicante nos nós<br />

inferiores; nós pilosos a glabrescentes. Bainhas foliares pilosas a<br />

glabrescentes, tricomas esparsos com base tuberculada; lígula<br />

membranosa; prefoliação convoluta; lâminas foliares 2,9-5 x 0,2-0,5<br />

cm, linear-lanceoladas, ambas as faces glabras ou com tricomas<br />

tubercula<strong>do</strong>s esparsos, margem serreada. Inflorescência com 2-3<br />

ramos subverticila<strong>do</strong>s a verticila<strong>do</strong>s, 4-7 cm compr., axilas pubérulas;<br />

ráquis 0,2-0,5 mm larg., margem escabra, terminan<strong>do</strong> em uma<br />

espigueta. Espiguetas binadas, lanceoladas, pubescentes, tricomas<br />

seríceos presentes na gluma superior e lema inferior; gluma inferior 0,3-<br />

0,5 mm compr., ápice agu<strong>do</strong>; gluma superior 1,6-1,8 x 0,4-0,6 mm,<br />

ápice agu<strong>do</strong>, 3 ou 5 nervada, pilosa em toda sua extensão; antécio<br />

inferior neutro; lema inferior 2,8-3 x 0,7-1 mm, 5-7 nerva<strong>do</strong>, ápice<br />

agu<strong>do</strong>, piloso na margem; pálea inferior ausente; antécio superior<br />

frutífero 2,7-2,9 x 0,7-1 mm, papiloso, castanho escuro na maturação,<br />

membranáceo, lema superior sem nervura aparente. Cariopse não<br />

vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 19.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 567 (CESJ, RB);<br />

6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 954 (CESJ, RB);<br />

Distribuição geográfica e habitat: ocorre através <strong>do</strong>s trópicos e<br />

subtrópicos. No Brasil distribui-se amplamente por quase to<strong>do</strong> o<br />

território nacional, em locais altera<strong>do</strong>s <strong>de</strong> campo e cerra<strong>do</strong>, bem como<br />

beira <strong>de</strong> estradas e caminhos (Renvoize 1984, Longhi-Wagner 2001).<br />

Segun<strong>do</strong> Judziewicz (1990) esta espécie é uma erva daninha pantropical<br />

e Boldrini et al. (2005) afirmam que a mesma é uma invasora comum <strong>de</strong><br />

lavouras <strong>de</strong> verão, como soja, milho e arroz. No PEIB foi encontrada em<br />

borda <strong>de</strong> mata na trilha entre a casa <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e o centro <strong>de</strong><br />

informação. A ocorrência <strong>de</strong> D. ciliaris neste local po<strong>de</strong> ser atribuída ao<br />

fato <strong>do</strong> local ser <strong>de</strong> intensa passagem <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stres e veículos.


60<br />

20. Digitaria corynotricha (Hack.) Henrard, Me<strong>de</strong>d. Rijks-Herb. 61: 2.<br />

1930.<br />

Figura 14; 15: E.<br />

Planta perene, ca. 70 cm alt., cespitosa; nós glabros a<br />

subglabros;. Bainhas foliares glabras, portan<strong>do</strong> tricomas na margem<br />

principalmente em direção ao ápice, tornan<strong>do</strong>-se fibrosas na<br />

maturida<strong>de</strong> da planta; lígula membranosa; prefoliação convoluta;<br />

lâminas foliares 11-27 x 0,4-0,6 cm, linear-lanceoladas, planas, face<br />

abaxial escabra, ou ambas as faces portan<strong>do</strong> finos e esparsos tricomas,<br />

que aumentam <strong>de</strong> concentração em direção à região ligular, margem<br />

inteira, lisa. Inflorescência com 2-4 racemos subdigita<strong>do</strong>s, 2-10 cm<br />

compr., axilas glabras; ráquis 0,4-0,7 mm larg., margem escabra,<br />

terminan<strong>do</strong> em uma espigueta. Espiguetas em grupos <strong>de</strong> 2-5, elípticolanceoladas,<br />

com tricomas claviformes entre as nervuras, estramíneos a<br />

castanhos-escuros, curtos e adpressos à gluma superior e lema inferior;<br />

gluma inferior 0,1-0,2 mm compr.; gluma superior 1-2 x 0,5-1 mm, 3-5<br />

nervada, ápice obtuso a subagu<strong>do</strong>, membranácea; antécio inferior<br />

neutro; lema inferior 1,8-2 x 0,9-1,1 mm, 5-7 nerva<strong>do</strong>, ápice obtuso,<br />

membranáceo; pálea inferior ausente; antécio superior frutífero 1,9-2,1<br />

x 0,9-1,1 mm, sem nervuras aparentes, papiloso, castanho-escuro a<br />

nigrescente na maturação, coriáceo, ápice apicula<strong>do</strong>. Cariopse não<br />

vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 951 (CESJ, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: Renvoize (1984) cita a ocorrência<br />

<strong>de</strong>sta espécie no Brasil e Paraguai, em cerra<strong>do</strong> ou campo seco. No PEIB<br />

ocorre na trilha entre a casa <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e o centro <strong>de</strong> informações,<br />

em borda <strong>de</strong> mata.<br />

Digitaria corynotricha é uma espécie <strong>de</strong> fácil reconhecimento<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos seus tricomas claviformes, que assemelham-se a pequenos<br />

grãos <strong>de</strong> areia gruda<strong>do</strong>s na superfície das espiguetas (Fig. 14).


61<br />

Figura 14: Gluma superior e lema inferior <strong>de</strong> Digitaria corynotricha,<br />

evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong>s tricomas claviformes na superfície. Foto: <strong>Ravena</strong><br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong> Miranda.<br />

21. Digitaria fuscescens (J. Presl) Henrard, Me<strong>de</strong>d. Rijks-Herb. 61: 8.<br />

1930.<br />

Figura 15: F.<br />

Plantas perenes, 9-25 cm alt., estoloníferas; nós glabros. Bainhas<br />

foliares glabras, margem lisa, membranosa, alguns espécimes<br />

apresentam bainhas velhas fibrosas; lígula membranosa; prefoliação<br />

convoluta; lâminas foliares 1,3-3,6 x 0,27-0,4 cm, oval-lanceoladas,<br />

glabras, apenas com poucos tricomas próximo à região ligular, margem<br />

escabérula. Inflorescência com 2-3 racemos verticila<strong>do</strong>s, conjuga<strong>do</strong>s<br />

ou subconjuga<strong>do</strong>s, 2-5,5 cm compr., axila, pubérula; ráquis 0,4-0,6<br />

mm larg., margem escabérula, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta.<br />

Espiguetas em grupos <strong>de</strong> (2-) 3, elíptico-lanceoladas, pubescentes;<br />

gluma inferior ausente; gluma superior 1,1-1,3 x 0,4-0,6 mm, 3-


62<br />

nervada, ápice obtuso, portan<strong>do</strong> tricomas seríceos entre as nervuras;<br />

antécio inferior neutro; lema inferior 1,2-1,6 x 0,4-0,6 mm, 5-7 nerva<strong>do</strong>,<br />

ápice obtuso, pubérulo, tricomas curtos e finos entre as nervuras; pálea<br />

ausente; antécio superior frutífero 1,2-1,7 x 0,4-0,6 mm, levemente<br />

papiloso, castanho-claro a castanho-escuro na maturação, coriáceo,<br />

ápice agu<strong>do</strong>. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 19.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 565 (CESJ, RB);<br />

6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 952 (CESJ, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: Renvoize (1984) cita que esta é uma<br />

espécie <strong>do</strong> su<strong>de</strong>ste da Ásia introduzida nos trópicos e que ocorre em<br />

cerra<strong>do</strong>, restinga e locais altera<strong>do</strong>s, entre 0 e 1.000 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>.<br />

Judziewicz (1990) diz que é uma espécie nativa da Ásia tropical,<br />

ocasionalmente introduzida na África tropical e no Novo Mun<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong><br />

uma daninha comum em áreas aban<strong>do</strong>nadas. Segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner<br />

et al. (2001), D. fuscescens é nativa das ilhas <strong>do</strong> Oceano Índico e<br />

su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Pacífico, provavelmente introduzida na América <strong>do</strong> Sul e<br />

amplamente distribuída por quase to<strong>do</strong> o Brasil, ocorre em solos<br />

arenosos e é invasora <strong>de</strong> pomares e cultivos <strong>de</strong> Pinus sp. No PEIB foi<br />

coletada ao la<strong>do</strong> da casa <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e em borda <strong>de</strong> mata na trilha<br />

entre a casa <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e o centro <strong>de</strong> informação. Assim como D.<br />

ciliaris, esta espécie foi coletada no local <strong>do</strong> PEIB on<strong>de</strong> a movimentação<br />

<strong>de</strong> pe<strong>de</strong>stres e veículos é mais intensa.<br />

22. Digitaria horizontalis Willd., Enum. Pl. 92. 1809.<br />

Figura 15: G e H.<br />

Plantas anuais, 68-90 cm alt., <strong>de</strong>cumbentes, não radicantes nos<br />

nós inferiores. Bainhas foliares pilosas a glabras, quan<strong>do</strong> pilosas<br />

apresentam tricomas <strong>de</strong> base tuberculada, não se tornan<strong>do</strong> fibrosas<br />

com a maturida<strong>de</strong>; nós glabros; lígula membranosa; lâminas foliares 3-<br />

42 x 0,5-1,2 cm, linear-lanceoladas, ambas as faces glabras a pilosas,<br />

tricomas <strong>de</strong> base não tuberculada, caducos com a maturida<strong>de</strong>, ápice<br />

agu<strong>do</strong>, margem escabérula. Inflorescência com 4-22 racemos,<br />

subverticila<strong>do</strong>s a verticila<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 5-15 cm compr., axilas pubérulas,


63<br />

portan<strong>do</strong> alguns poucos tricomas longos; ráquis 0,3-0,5 mm larg.,<br />

margem escabra, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta. Espiguetas binadas,<br />

lanceoladas, pubescentes, tricomas seríceos, presentes nas glumas<br />

superiores e lemas inferiores; gluma inferior ausente; gluma superior<br />

1,6-2 x 0,4-0,5 mm larg., 3-nervada, ápice obtuso a subagu<strong>do</strong>; antécio<br />

inferior neutro; lema inferior 2,3-2,5 x 0,7-1,5 mm, 5-7-nerva<strong>do</strong>, ápice<br />

agu<strong>do</strong>, glabro ao longo da nervura central, piloso apenas nas nervuras<br />

laterais e na margem; pálea inferior ausente; antécio superior frutífero<br />

2,2-2,4 x 0,7-1,5 mm, glabro, escabérulo no ápice, levemente rugoso<br />

transversalmente, castanho-claro na maturação, lema superior com<br />

nervura central marcada no ápice. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 17.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 235 b (K, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al.<br />

(2001), esta espécie é freqüente em regiões tropicais <strong>de</strong> ambos os<br />

hemisférios, ocorren<strong>do</strong> na América <strong>do</strong> Sul <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as Guianas até a<br />

Bolívia, Paraguai e Argentina, e é amplamente distribuída em quase<br />

to<strong>do</strong> o Brasil. É uma espécie daninha, que ocorre em cerra<strong>do</strong>s, áreas<br />

alteradas, sen<strong>do</strong> também invasoras <strong>de</strong> cafezais e cultivos <strong>de</strong> pinheiros e<br />

ocorre até os 1.200 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No PEIB foi coletada na beira <strong>de</strong><br />

trilha nas proximida<strong>de</strong>s da gruta <strong>do</strong>s Três Arcos, em local ensolara<strong>do</strong> e<br />

sobre solo arenoso. O local on<strong>de</strong> a espécie foi coletada recebe intensa<br />

visitação <strong>de</strong> turistas.


64<br />

Figura 15: A-B Dichanthelium superatum: A. hábito; B. espigueta. C-D Digitaria ciliaris:<br />

C. hábito; D. espigueta. E D. corynotricha: espigueta. F D. fuscescens: espigueta. G-H D.<br />

horizontalis: G. inflorescência; H. espigueta. (A-B Ferreira 992, C-D Ferreira 954, E<br />

Ferreira 951, F Ferreira 565, G-H <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 235 b).


65<br />

Echinolaena Desv., J. Bot. Agric. 1: 75. 1813.<br />

Renvoize (1984) cita seis espécies para o gênero, duas <strong>de</strong><br />

Madagascar e quatro da América tropical. Por outro la<strong>do</strong>, Clayton &<br />

Renvoize (1986) e Judziewicz (1990) citam que este é um gênero com<br />

oito espécies que ocorre em savanas, duas em Madagascar e seis na<br />

América <strong>do</strong> Sul. O CNWG (2006) cita seis espécies. No PEIB está<br />

representa<strong>do</strong> por uma espécie apenas.<br />

23. Echinolaena inflexa (Poir.) Chase, Proc. Biol. Soc. Wash. 24: 117.<br />

1911.<br />

Figura 16: A.<br />

Plantas anuais ou perenes, 49-65 cm alt., cespitosas, radicantes<br />

nos nós inferiores; nós glabrescentes. Bainhas foliares glabras, margem<br />

ciliada, colo piloso ou glabro; lígula ciliada; lâminas foliares 2,5-7 x 0,2-<br />

0,5 cm, lanceoladas ou linear-lanceoladas, face adaxial glabra, face<br />

abaxial pilosa a gabrescente, ápice agu<strong>do</strong> ou acumina<strong>do</strong>, margem<br />

serreada as vezes portan<strong>do</strong> tricomas tubercula<strong>do</strong>s, base subcordada,<br />

tubercula<strong>do</strong>-pilosas. Inflorescências 2,5-4 cm compr., ramo solitário,<br />

unilateral, reflexo, divergente; ráquis 0,8-1 mm larg., tricomas<br />

hirsutulos em toda sua extensão às vezes com tricomas tubercula<strong>do</strong>s e<br />

margem com tricomas tubercula<strong>do</strong>s. Espiguetas 6-12 x 0,8-2,5 mm,<br />

elíptico-lanceoladas, alternadas; gluma inferior 6-12 x 0,8-2,5 mm, 7-9<br />

nervada, com tricomas híspi<strong>do</strong>-tubercula<strong>do</strong>s, coriácea, acuminada,<br />

margem membranácea; gluma superior 4-10 x 0,8-2 mm, 5-7 nervada,<br />

acuminada, portan<strong>do</strong> <strong>de</strong> maneira esparsa tricomas hirtos em toda sua<br />

extensão, os <strong>do</strong> ápice mais longos, alguns tubercula<strong>do</strong>s; antécio inferior<br />

neutro ou masculino; lema inferior ca. 5 mm compr., 5-nerva<strong>do</strong>, agu<strong>do</strong>,<br />

subcoriáceo; pálea inferior ca. 5 mm compr., aguda, portan<strong>do</strong> em sua<br />

base vestígio <strong>de</strong> lodículas; antécio superior ca. 4 mm compr., coriáceo,<br />

brilhoso, pardacento, portan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is apêndices aliformes laterais na<br />

base da região ventral; anteras alvas e estigmas amarelos. Cariopse não<br />

vista.


66<br />

Material examina<strong>do</strong>: 14.V.1970, L. Krieger s.n. (BHCB, CESJ 8543,<br />

ESA n.v., MBM n.v.); 6.IV.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 959 (BHCB);<br />

19.V.1991, F. R. Salimena et al. s.n. (BR n.v., CESJ 24674, HURG n.v.);<br />

22.II.1992, M. Eiterer et al. (CESJ 25699); 31.III.2004, R. C. Forzza et al.<br />

3297 (RB); 16.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 204 (K, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984),<br />

Judziewicz (1990) e Longhi-Wagner et al. (2001) E. inflexa ocorre na<br />

Colômbia, Venezuela, Guianas e Brasil, on<strong>de</strong> tem como limite sul <strong>de</strong><br />

ocorrência o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, sempre relaciona<strong>do</strong> a cerra<strong>do</strong> ou<br />

campos. No PEIB ocorre na trilha da lanchonete para a Ponte <strong>de</strong> Pedra,<br />

na trilha da Ponte <strong>de</strong> Pedra para a Cachoeira <strong>do</strong>s Macacos e na trilha<br />

da Prainha para o Monjolinho, no campo rupestre e campo rupestre<br />

arbustivo, em solo arenoso, on<strong>de</strong> forma gran<strong>de</strong>s populações.<br />

Esta é uma espécie facilmente reconhecida no campo pela<br />

disposição alternada das espiguetas sobre a ráquis, isso lhe confere um<br />

aspecto bicolor visto que uma das faces da espigueta é mais clara que a<br />

outra.<br />

Segun<strong>do</strong> Davidse (1987 apud Judziewicz 1990) os apêndices<br />

aliformes na base <strong>do</strong> lema superior são elaiossomos o que facilita a<br />

dispersão por formigas.<br />

Homolepis Chase, Proc. Biol. Soc. Wash. 24: 146. 1911.<br />

Gênero comumente confundi<strong>do</strong> com Panicum, porém a<br />

combinação <strong>de</strong> longas glumas, espigueta lanceolada e lema superior<br />

estreito nunca ocorre em Panicum. A anatomia da lâmina foliar é<br />

peculiar, com complexa nervura central e células fusói<strong>de</strong>s (Clayton &<br />

Renvoize, 1986). Segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) e Clayton & Renvoize (1986)<br />

este gênero possui três espécies que ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México até o<br />

Brasil, em campos graminosos. Para Judziewicz (1990), o gênero é<br />

composto por cinco espécies <strong>de</strong> borda <strong>de</strong> mata ou locais abertos que<br />

ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México, Antilhas a Argentina. Segun<strong>do</strong> o CNWG (2006)


67<br />

Homolepis abriga cinco espécies. No PEIB está representa<strong>do</strong> por uma<br />

única espécie.


68<br />

24. Homolepis glutinosa (Sw.) Zuloaga & So<strong>de</strong>rstr., Smithsonian Contr.<br />

Bot. 59: 19. 1985.<br />

Figura 16: B e C.<br />

Plantas perenes 0,7-1,2 m alt., <strong>de</strong>cumbentes, radicantes nos nós<br />

inferiores; nós glabros. Bainhas foliares híspidas, margem ciliada; colo<br />

piloso; lígula membranoso-ciliada, curtamente ciliada; lâminas foliares<br />

9-29 x 1-2 cm, lanceoladas, base da lâmina portan<strong>do</strong> tricomas<br />

próximos à região ligular, ambas as faces escabras, ápice agu<strong>do</strong>,<br />

margem escabra, sutilmente atenuadas em direção à base.<br />

Inflorescência 15-24 x 4-19 cm; ramos verticila<strong>do</strong>s na base e alternos<br />

ou opostos no ápice. Espiguetas 2,5-3,5 x 1,2-2 mm, obovais ou<br />

elípticas, glabras, viscosas; gluma inferior 2,2-3,0 x 1,2-2 mm, 5-<br />

nervada, subaguda ate apiculada; gluma superior 2,2-2,7 x 1,2-2 mm,<br />

7-nervada, truncada a obtusa; antécio inferior neutro, lema inferior 2,2-<br />

3 x 1,2-2 mm, 4 ou 5-nerva<strong>do</strong>, agu<strong>do</strong>; pálea inferior ca. 2 x 0,5 mm,<br />

lanceolada, paleácea; antécio superior 2,5-3,5 x 1,2-1,5 mm,<br />

estreitamente elíptico, brilhoso, portan<strong>do</strong> tricomas diminutos no ápice.<br />

Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 170 (K, MBM, RB,<br />

SP).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Pohl (1980 apud Pereira<br />

1986) ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México e Caribe até o Paraguai, preferin<strong>do</strong> áreas<br />

<strong>de</strong> mata entre 700 a 1.800 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Para Judziewicz (1990) e<br />

Longhi-Wagner et al. (2001) ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México e Antilhas até a<br />

Argentina, em margens <strong>de</strong> mata ou clareiras, campos e restingas, <strong>de</strong> 0 a<br />

2.500 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No PEIB ocorre na trilha Monjolinho para a Lagoa<br />

Seca, a aproximadamente 1.398 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> forman<strong>do</strong> pequena<br />

população.<br />

Homolepis glutinosa po<strong>de</strong> ser facilmente reconhecida pelas<br />

inflorescências viscosas. Kuhlmann & Kuhn (1947 apud Pereira 1986),<br />

afirmam que esta espécie possui os seus frutos 1 envolvi<strong>do</strong>s por uma<br />

secreção pegajosa que, quan<strong>do</strong> maduros, a<strong>de</strong>rem facilmente aos pêlos<br />

<strong>do</strong>s animais e à roupa e assim são transporta<strong>do</strong>s para longe. Segun<strong>do</strong><br />

1. Filgueiras (1986) salienta que o termo “fruto” emprega<strong>do</strong> com liberda<strong>de</strong> na literatura agrostológica é, na realida<strong>de</strong>, a estrutura<br />

que, mo<strong>de</strong>rnamente, chamamos <strong>de</strong> antécio.


69<br />

Zuloaga (1978 apud Pereira 1986) a espigueta se torna viscosa na<br />

maturida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à presença <strong>de</strong> tricomas secretores no lema estéril.<br />

Estes tricomas são <strong>de</strong>scritos como bicelulares, oblongos, com a célula<br />

inferior mais curta que a superior, conten<strong>do</strong> uma resina que é<br />

excretada na maturida<strong>de</strong> da espigueta.<br />

Hymenachne P. Beauv., Ess. Agrostogr. 48. 1812.<br />

Renvoize (1984) cita para este gênero <strong>de</strong>z espécies, distribuídas<br />

nos trópicos da Ásia, África e Novo Mun<strong>do</strong>. Clayton & Renvoize (1986)<br />

citam cinco espécies tropicais, comuns em locais brejosos. Para<br />

Judziewicz (1990) este é um gênero pantropical, com cerca <strong>de</strong> cinco<br />

espécies que ocorrem em ambientes palu<strong>do</strong>sos ou aquáticos. Para o<br />

Novo Mun<strong>do</strong>, o CNWG (2006) cita quatro espécies. No PEIB é<br />

representa<strong>do</strong> por uma espécie.<br />

25. Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia (Raddi) Chase, J. Wash. Acad. Sci. 13(9):<br />

177. 1923.<br />

Figura 16: D e E.<br />

Plantas perenes, ca. 1 m alt., cespitosas; nós glabros. Bainhas<br />

foliares pubérulas, margem glabra; colo cilia<strong>do</strong>, castanho-escuro; lígula<br />

membranoso-ciliada; lâminas foliares 14-23,5 x 2-2,5 cm, lanceoladas,<br />

escabérulas em ambas as faces, ápice agu<strong>do</strong>, margem ciliada, base<br />

pubérula. Inflorescência ca. 21 cm compr., panícula contraída.<br />

Espiguetas 2-2,5 x 0,6-1,8 mm, elíptico-lanceoladas, agudas a<br />

subagudas, pilosas; gluma inferior ca. 2,3 x 1,7 mm, 3-nervada, ápice<br />

agu<strong>do</strong> a subagu<strong>do</strong>, escabérula, nervura central escabra, com um sutil<br />

achatamento lateral; gluma superior ca. 2,2 x 0,5 mm, 3-5 nervada,<br />

ápice agu<strong>do</strong>, hispídula em toda sua extensão, passan<strong>do</strong> a escabra em<br />

direção ao ápice, principalmente nas nervuras; antécio inferior neutro;<br />

lema inferior ca. 1,6 x 0,4 mm, 3-nerva<strong>do</strong>, hispídulo em toda sua<br />

extensão; pálea inferior ausente; antécio superior ca. 1 x 0,4 mm, não<br />

papiloso, hialino. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 2.XI.1991, M. Eiterer s.n. et al. (CESJ 25685).


70<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Judziewicz (1990) ocorre<br />

na Costa Rica e Cuba até a Bolívia e Argentina, em locais abertos e<br />

úmi<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> freqüente em águas rasas. Longhi-Wagner et al. (2001)<br />

citam que esta espécie ocorre <strong>de</strong> Cuba ao Brasil, em campos abertos e<br />

úmi<strong>do</strong>s e margem <strong>de</strong> rios. Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia não foi recoletada<br />

durante o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> e no único exemplar<br />

proce<strong>de</strong>nte da área não consta a localização precisa da coleta. Porém,<br />

indica que a espécie foi coletada próximo <strong>de</strong> curso d’água, em terreno<br />

arenoso, forman<strong>do</strong> uma pequena população.


71<br />

Figura 16: A Echinolaena inflexa: hábito. B-C Homolepis glutinosa: B. hábito; C.<br />

espigueta. D-E Hymenachne <strong>do</strong>nacifolia: D. hábito; E. espigueta. (A Forzza 3297; B-C<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 170; D-E CESJ 25685).


72<br />

Ichnanthus P. Beauv., Ess. Agrostogr. 56. 1812.<br />

Renvoize (1984) cita para o gênero 25 espécies, a maioria<br />

neotropical. Segun<strong>do</strong> Clayton & Renvoize (1986) o gênero é composto<br />

por 33 espécies neotropicais e uma pantropical. O CNWG (2006) aceita<br />

31 espécies. No PEIB está representa<strong>do</strong> por duas espécies. Segun<strong>do</strong><br />

Judziewicz (1990), este gênero é comumente encontra<strong>do</strong> em bordas <strong>de</strong><br />

matas, mas algumas espécies também ocorrem em cerra<strong>do</strong> aberto ou<br />

em matas <strong>de</strong>nsas.<br />

26. Ichnanthus inconstans (Trin. ex Nees) Döll in Martius & Eichler, Fl.<br />

bras. 2(2): 284.1877.<br />

Figura 17: A-E.<br />

Planta perene, 0,5-1,15 m alt., rizomatosa, ereta, às vezes<br />

<strong>de</strong>cumbente; nós glabrescentes. Bainhas foliares <strong>de</strong>nsamente pilosas a<br />

glabrescentes, margem pilosa, alguns tricomas com base tuberculada;<br />

colo <strong>de</strong>nsamente piloso; lígula membranoso-ciliada, curtamente<br />

membranosa, longamente ciliada; lâminas foliares 3-10 x 0,5-1,3 cm,<br />

lanceoladas a elíptico-lanceoladas, planas, pilosa a glabra em ambas as<br />

faces, ápice acumina<strong>do</strong>, margem curtamente serreada, base<br />

subcordada, sem pecíolo. Inflorescência 5-12 x 2-8 cm, paniculada,<br />

subaberta a aberta, raramente pouco ramificada, ramos secundários<br />

quan<strong>do</strong> presentes muito curtos, não ultrapassam ca. 1 cm compr.<br />

Espiguetas 2,7-3,7 x 0,6-0,9 mm, estreitamente elíptico-lanceoladas,<br />

glabras ou escabérulas; gluma inferior 2,5-3,2 x 0,6-0,8 mm, 3(5)-<br />

nervada, estreitamente elíptico-lanceolada, ápice cauda<strong>do</strong>, escabérula<br />

ou glabra, nervura central fortemente marcada; gluma superior 2,6-3,7<br />

x 0,6-0,9 mm, 5-nervada, estreitamente elíptico-lanceolada, ápice agu<strong>do</strong><br />

a cauda<strong>do</strong>, escabérula em direção ao ápice, ápice com curta pilosida<strong>de</strong>,<br />

nervura central fortemente marcada; antécio inferior portan<strong>do</strong> flor<br />

masculina; lema inferior 2,7-3,7 x 0,6-0,9 mm, 5(7)-nerva<strong>do</strong>,<br />

estreitamente elíptico-lanceola<strong>do</strong>, ápice agu<strong>do</strong>, portan<strong>do</strong> pilosida<strong>de</strong>;<br />

pálea inferior membranácea; antécio superior frutífero; lema superior<br />

com alas <strong>de</strong> 0,3-0,7 mm compr., parcialmente a<strong>de</strong>ri<strong>do</strong>s à base <strong>do</strong> lema


73<br />

superior, o conjunto lema e pálea superiores é glabro <strong>de</strong> consistência<br />

coriácea e ápice cuspida<strong>do</strong>; estames vinosos. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 25.V.1988, P. Andra<strong>de</strong> 1214 (BHCB); 20.VI.1991,<br />

R. C. Oliveira 20 (CEN n.v., CESJ, RB); 2.XI.1991, R. C. Oliveira s.n.<br />

(CESJ 26221, RB); 5.XII.1992, R. C. Oliveira 121 (CESJ, RB);<br />

19.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 573 (CESJ, RB); 20.XII.2003, F. M.<br />

Ferreira et al. 609 (CESJ, RB); 20.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 612<br />

(CESJ, RB); 21.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 615 (CESJ, RB);<br />

21.XII.2003, F. M. Ferreira et al. 616 (CESJ, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong><br />

et al. 143 (K, RB, SP); 5.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 159 (K, RB);<br />

19.I.2005, R. C. Forzza et al. 3946 (CEPEC, K, MBM, RB, SP);<br />

16.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 203 (RB); 17.III.2005, R. Marquette et al.<br />

3584 (RB); 9.VIII.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 292 (CEPEC, K, MBM, RB,<br />

SP); 7.III.2006, F. M. Ferreira et al. 981 (CESJ, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: a espécie ocorre no Peru, Brasil,<br />

Bolívia, Paraguai e Argentina (Renvoize 1984, Boechat 2005). Para o<br />

Brasil, Boechat (2005) verificou a ocorrência <strong>de</strong>sta espécie em Roraima,<br />

Maranhão, Ceará, Bahia, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Goiás, Mato Grosso, Mato<br />

Grosso <strong>do</strong> Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.<br />

Ainda segun<strong>do</strong> a autora, Ichnanthus inconstans ocorre em cerra<strong>do</strong> e<br />

cerradão, campo, campo rupestre, sen<strong>do</strong> menos freqüentemente em<br />

áreas sombreadas <strong>de</strong> mata e em áreas arenosas. No PEIB ocorre nas<br />

matas ou em bordas das mesmas, ou mais dificilmente no campo<br />

rupestre, entre fendas <strong>de</strong> rocha e em solo arenoso. Geralmente em<br />

<strong>de</strong>nsas populações.<br />

Alguns materiais examina<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PEIB apresentam<br />

envassouramento (caule ereto ramifica<strong>do</strong> na parte superior) ou<br />

espiguetas teratológicas (Boechat 2005) e colmos freqüentemente<br />

tornan<strong>do</strong>-se sublenhosos. A autora cita o material coleta<strong>do</strong> em Ibitipoca<br />

como “material examina<strong>do</strong> atípico” e acrescenta que os exemplares que<br />

possuem “envassouramento”, foram coleta<strong>do</strong>s sobre pedras quartzíticas<br />

e em campo rupestre com abundância <strong>de</strong> arenito. Para a autora o<br />

fenômeno resulta da proliferação <strong>do</strong>s ramos superiores e redução nas


74<br />

dimensões da planta, folhas, panícula e espiguetas, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> <strong>de</strong>scrito<br />

por Stieber (1982) como resposta ao pastoreio.<br />

27. Ichnanthus leiocarpus (Spreng.) Kunth, Rév. gram. 2: 507.1831.<br />

Figura 17: F-H.<br />

Planta perene, 0,3-1,5 m alt. rizomatosa, ereta ou <strong>de</strong>cumbente;<br />

nós pilosos a glabrescentes. Bainhas foliares pubescentes a<br />

glabrescentes, margem pubescente; colo lanoso a sericeo; lígula pilosa;<br />

lâminas foliares 4,5-9,5 x 0,9-1,8 cm, estreitamente elípticolanceoladas,<br />

setosa a glabrescente em ambas as faces, ápice agu<strong>do</strong>,<br />

margem escabérula às vezes portan<strong>do</strong> tricomas hirsútulos, base<br />

atenuada, curtamente pecioladas. Inflorescência 4,5-15,5 x 1-2 cm,<br />

panícula contraída a subaberta, mo<strong>de</strong>radamente a muito ramificada.<br />

Espiguetas 4-5 x 1,2-2 mm, lanceoladas, às vezes lateralmente<br />

comprimidas, escabérulas a glabras; gluma inferior 4,8-5 x 1,2-1,8 mm,<br />

3-nervada, lanceolada, ápice cuspida<strong>do</strong>, escabérula, principalmente na<br />

nervura central; gluma superior 4,2-5 x 1-1,5 mm, 5-nervada,<br />

lanceolada, ápice agu<strong>do</strong> a cuspida<strong>do</strong>, escabérula, principalmente em<br />

direção ao ápice, nervura central fortemente marcada; antécio inferior<br />

neutro ou estamina<strong>do</strong>; lema inferior, 4-5 x 1,2-2 mm, (3)5-nerva<strong>do</strong>,<br />

lanceola<strong>do</strong>, ápice agu<strong>do</strong> a cuspida<strong>do</strong>, escabérulo, principalmente em<br />

direção ao ápice; pálea inferior membranácea; antécio superior frutífero<br />

3,5-4 x 1-1,2 mm; lema superior com alas <strong>de</strong> 1,3-1,8 mm compr., não<br />

a<strong>de</strong>ridas à base <strong>do</strong> lema superior; o conjunto lema e pálea superiores<br />

apresenta ápice agu<strong>do</strong> a cuspida<strong>do</strong>, glabro, com leve rugosida<strong>de</strong><br />

longitudinal, coriáceo; estigma vinoso. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 6.II.1989, L. Krieger et al. s.n. (CESJ 25300, RB);<br />

19.X.2003, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 15 (RB); 21.XII.2003, F. M. Ferreira et al.<br />

614 (CESJ, RB); 4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 138 (K, RB); 5.II.2004, R.<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 158 (RB); 31.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 182 (K, MBM,<br />

RB, SP); 17.III.2005, R. Marquette et al. 3585 (RB); 26.V.2005, R. C.<br />

Forzza et al. 3983 (K, RB, SP); 9.VIII.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 294 (K,<br />

MBM RB, SP).


75<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Stieber (1982), Renvoize<br />

(1984) e Judziewicz (1990) esta espécie ocorre nas matas <strong>do</strong> Brasil,<br />

Venezuela, Guiana e Trinda<strong>de</strong>. No Brasil sua ocorrência se registra <strong>do</strong><br />

Ceará ao <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul (Boechat 2005). Ichnanthus leiocarpus<br />

ocorre na borda ou interior <strong>de</strong> florestas secundárias, pluviais, higrófilas,<br />

na caatinga arbórea, em solo com afloramento <strong>de</strong> rochas e em encostas.<br />

No PEIB foi coletada nas matas ou nas bordas das mesmas, e também<br />

em mata ciliar, menos comumente ocorre entre fendas <strong>de</strong> rocha. Apesar<br />

<strong>de</strong> ser uma espécie freqüentemente coletada forma populações<br />

esparsas.<br />

Melinis P. Beauv., Ess. Agrostogr. 54. 1812.<br />

Renvoize (1984), Clayton & Renvoize (1986), Judziewicz (1990) e<br />

Longhi-Wagner (2001) citam que este gênero é composto por onze<br />

espécies, a maioria africana e uma espécie pantropical. O CNWG (2006)<br />

cita apenas duas espécies para o gênero. No PEIB, está representa<strong>do</strong><br />

por uma espécie.<br />

28. Melinis minutiflora P. Beauv., Ess. Agrostogr. 54. 1812.<br />

Figura 17: I.<br />

Plantas perenes, 35-74 cm alt., <strong>de</strong>cumbentes; nós pilosos.<br />

Bainhas foliares portan<strong>do</strong> tricomas glandulres; lígula pilosa; lâminas<br />

foliares 3-15 x 0,3-0,7 cm, linear-lanceoladas, planas, portan<strong>do</strong><br />

tricomas glandulares em ambas s faces, ápice agu<strong>do</strong>, base reta.<br />

Inflorescência 10-24 cm compr., paniculada. Espigueta 2-2,2 x 1 mm<br />

compr., escabérula; gluma inferior 0,1-0,2 x 0,2 mm, ca. 1/5 da gluma<br />

superior, amplamente ovada, ápice emargina<strong>do</strong>; gluma superior 2-2,2 x<br />

1 mm, oval, ápice bífi<strong>do</strong>, a nervura central prolongan<strong>do</strong>-se numa<br />

arístula; lema inferior 2-2,2 x 0,6 mm, bífi<strong>do</strong>, arista<strong>do</strong>, arista <strong>de</strong> 5-12<br />

mm compr., antécio superior frutífero, ca. 2 mm compr. Cariopse não<br />

vista.


76<br />

Material examina<strong>do</strong>: 25.VI.1987, H. C. Souza et al. s.n. (BHCB 14584);<br />

18.VI.1994, M. C. M. Garcia 3 (CESJ); 26.X.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 186<br />

(K, MBM, RB, SP).<br />

Distribuição geográfica e habitat: para Renvoize (1984) esta é uma<br />

espécie que ocorre por to<strong>do</strong>s os trópicos, em locais abertos e altera<strong>do</strong>s,<br />

<strong>de</strong> 0 a 900 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Judziewicz (1990) afirma que esta espécie<br />

ocorre na África, porém recentemente se tornou pantropical por causa<br />

da introdução para forragens. Longhi-Wagner et al. (2001) afirmam que<br />

a mesma é cultivada e naturalizada nos trópicos, ocorren<strong>do</strong> em locais<br />

abertos e perturba<strong>do</strong>s. No Parque ocorre em diversas áreas,<br />

principalmente on<strong>de</strong> a visitação é intensa, como borda <strong>de</strong> trilhas,<br />

cachoeiras e entradas das grutas. Provavelmente foi introduzida no<br />

Parque na época em que a área era utilizada como pastagem.<br />

Conhecida como capim-gordura ou capim-mela<strong>do</strong>, por possuír<br />

tricomas glandulares em sua superfície que quan<strong>do</strong> tocada libera<br />

viscosida<strong>de</strong> dan<strong>do</strong> a sensação <strong>de</strong> gordura ou mela<strong>do</strong>.<br />

Oplismenus P. Beauv., Fl. Oware 2: 14. 1807 (1810).<br />

Renvoize (1984) cita para este gênero cinco espécies distribuídas<br />

nos trópicos. Clayton & Renvoize (1986) concordam com o número <strong>de</strong><br />

espécies, e acrescentam que po<strong>de</strong>m ocorrer também em regiões<br />

subtropicais, em bordas <strong>de</strong> matas. Os autores mencionam ainda a<br />

similarida<strong>de</strong> entre as espécies <strong>do</strong> gênero. Judziewicz (1990) amplia o<br />

número <strong>de</strong> espécies para 15, sen<strong>do</strong> quatro neotropicais e 11<br />

pantropicais. O CNWG (2006) aceita três espécies. No PEIB está<br />

representa<strong>do</strong> por uma única espécie.<br />

29. Oplismenus hirtellus (L.) P. Beauv., Ess. Agrostogr. 54, 168, 170.<br />

1812.<br />

Figura 17: J e K.<br />

Plantas anuais ou perenes, 24-56 cm alt., estoloníferas,<br />

<strong>de</strong>cumbentes. Bainhas foliares com tricomas esparsos em sua extensão<br />

e <strong>de</strong>nso na margem; colo piloso, sem lígula externa; lígula membranoso-


77<br />

ciliada; lâminas foliares 1-4,5 x 0,4-1 cm, linear-lanceoladas a ovallanceoladas,<br />

pubescentes em ambas as faces, ápice agu<strong>do</strong>, base<br />

pubescente, margem escabra. Inflorescência 2-17 cm compr., com 3-6<br />

racemos <strong>de</strong> 2-7 mm compr., com grupos <strong>de</strong> espiguetas congestas<br />

distanciadas 0,3-1,5 cm entre si; ráquis esparsamente híspida, escabra<br />

nas margens; ráquis 0,5-1 mm larg. Espiguetas pubescentes; gluma<br />

inferior 1,2-3 mm compr., arista 3-7 mm compr.; gluma superior 1,7-2<br />

mm compr., arista <strong>de</strong> 1-2 mm compr.; antécio inferior neutro; pálea<br />

inferior ausente; antécio superior 2-2,3 x 0,6-0,8 mm, liso e brilhoso.<br />

Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 31.III.2004, R. C. Forzza et al. 3315 (K, RB);<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) ocorre nos<br />

trópicos, excluin<strong>do</strong> Índia e China, em borda <strong>de</strong> matas e em altitu<strong>de</strong>s<br />

que variam entre 50 a 350 m. Judziewicz (1990) cita que a mesma<br />

ocorre nos trópicos <strong>do</strong> velho mun<strong>do</strong>, e no novo mun<strong>do</strong> ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

México e Antilhas até a Argentina, <strong>de</strong> 0 a 2.000 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong><br />

comum em borda <strong>de</strong> matas, especialmente em clareiras e ao longo <strong>de</strong><br />

trilhas e estradas. Longhi-Wagner et al. (2001) citam que esta é uma<br />

espécie pantropical, umbrófila, encontrada em interior <strong>de</strong> mata. No<br />

PEIB foi coletada na borda <strong>de</strong> mata <strong>de</strong> grotão atrás da lanchonete.<br />

Clayton & Renvoize (1986) citam a presença <strong>de</strong> secreção viscosa<br />

nas aristas <strong>de</strong> Oplismenus como uma forma rara <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> frutos<br />

nas gramíneas.


78<br />

Figura 17: A-E Ichnanthus inconstans: A. hábito; B. espigueta; C. lema superior com<br />

apêndices aliformes na base; D. ramos da inflorescência teratológica; E. <strong>de</strong>talhe <strong>do</strong> ramo<br />

florífero teratológico. F-H I. leiocarpus: F. hábito; G. espigueta; H. lema superior com<br />

apêndices aliformes na base. I Melinis minutiflora: espigueta. J-K Oplismenus hirtellus: J.<br />

hábito; K. racemo com grupo <strong>de</strong> espiguetas. (A-E Ferreira 574; F-H Forzza 3296, CESJ<br />

25300; I <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 186; J-K Forzza 3315).


79<br />

Panicum L., Sp. Pl. 1: 55. 1753.<br />

Renvoize (1984) aceita a existência <strong>de</strong> aproximadamente 500<br />

espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Clayton & Renvoize (1986) apontam a existência <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 470<br />

espécies pantropicais, que se esten<strong>de</strong>m para as regiões temperadas da<br />

América <strong>do</strong> Norte. Judziewicz (1990) acredita que existam cerca <strong>de</strong> 600<br />

espécies amplamente distribuídas nas áreas tropicais a temperadas <strong>de</strong><br />

ambos os hemisférios. Longhi-Wagner et al. (2001) aceitam cerca <strong>de</strong> 500<br />

espécies <strong>de</strong> regiões tropicais, subtropicais e temperadas. Para o Novo<br />

Mun<strong>do</strong>, Judziewicz (1990) cita a existência <strong>de</strong> aproximadamente 250<br />

espécies nos trópicos. É consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s maiores gêneros <strong>de</strong>ntre as<br />

Panicoi<strong>de</strong>ae, porém estu<strong>do</strong>s recentes <strong>de</strong>monstram que este é um gênero<br />

polifilético (GPWG 2001) e propostas para <strong>de</strong>smembrá-lo têm si<strong>do</strong> feitas.<br />

Atualmente, o CNWG (2006), aceita 182 espécies. Para o Brasil,<br />

Burman (1985) cita a existência <strong>de</strong> 165 espécies <strong>de</strong> Panicum s.l.. No<br />

PEIB o gênero está representa<strong>do</strong> por cinco espécies.<br />

30. Panicum aristellum Döll, Fl. bras. 2(2): 221. 1877.<br />

Figura 18; 19: A.<br />

Planta perene, 1,5-2 m alt., cespitosa, ereta; nós glabros.<br />

Bainhas foliares com tricomas marginais <strong>de</strong>nsos a sub<strong>de</strong>nsos; colo<br />

glabro, sem lígula externa; lígula membranoso-ciliada; lâminas foliares<br />

18-94 x 1-1,5 cm, lineares, planas, agudas, face abaxial escabra ou<br />

glabra, face adaxial glabra, margem escabra, base reta, simétrica, sem<br />

pecíolo. Inflorescência 33-40 cm compr., panícula, subaberta, quan<strong>do</strong><br />

jovem vinácea; ráquis escabra e portan<strong>do</strong> alguns tricomas hirsútulos,<br />

caducos com a maturida<strong>de</strong> da inflorescência; axilas pilosas. Espiguetas<br />

5-6 mm compr., estreito elípticas, solitárias, glabras; glumas<br />

aristuladas, arístulas <strong>de</strong> (0,5)1-1,2 mm compr.; gluma inferior 1,5-2,8<br />

mm compr., 1-3 nervada, base não abraçan<strong>do</strong> a gluma superior,<br />

nervura central evi<strong>de</strong>nte e escabra, as outras duas nervuras quan<strong>do</strong><br />

presentes são fracamente marcadas; gluma superior 4-4,8 mm compr.,<br />

5-nervada, nervuras evi<strong>de</strong>ntes, a central escabra e as outras lisas;


80<br />

antécio inferior com flor masculina; lema inferior 3-3,2 mm compr., 3-5-<br />

nerva<strong>do</strong>, ápice agu<strong>do</strong> ou aristula<strong>do</strong>; pálea inferior 2,9-3,1 mm compr.,<br />

subigual ao lema inferior; antécio superior frutífero, 3-3,3 mm compr.,<br />

sem estípite na base, liso, glabro, cartilaginoso; estigmas castanhos e<br />

anteras roxas. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 19.X.2003, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 18 (RB); 8.III.2006,<br />

F. M. Ferreira et al. 1021 (CESJ, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al.<br />

(2001) esta espécie ocorre no Brasil, <strong>de</strong> Minas Gerais até o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Sul em terrenos arenosos e brejos e em beira <strong>de</strong> floresta ombrófila<br />

<strong>de</strong>nsa. No PEIB foi coletada na Ponte <strong>de</strong> Pedra, em mata ciliar, na<br />

Prainha na margem <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>do</strong> Salto, praticamente <strong>de</strong>ntro d’água (Fig.<br />

18).<br />

Figura 18: população <strong>de</strong> Panicum aristellum na margem <strong>de</strong> curso<br />

d’água. Foto: Rafaela Forzza.


81<br />

31. Panicum cyanescens Nees ex Trin., Gram. Panic. 202. 1826.<br />

Figura 19: B e C.<br />

Planta perene, 26-36 cm alt., rizomatosa, cespitosa às vezes<br />

<strong>de</strong>cumbente; nós pilosos a glabros. Bainhas foliares pilosas a<br />

glabrescentes; colo glabro; lígula membranosa; lâminas foliares 2,5-4,5<br />

x 0,3-0,5 cm, linear-lanceoladas a lanceoladas, planas, ambas as faces<br />

pilosas a glabrescentes, ápice agu<strong>do</strong>-acumina<strong>do</strong>, margem pilosa a<br />

glabrescente, base levemente arre<strong>do</strong>ndada, simétrica, sem pecíolo.<br />

Inflorescência 4,5-6 x 2-5 cm., panícula aberta; ráquis glabra; axilas<br />

glabras. Espiguetas 1,3-1,6 x 0,9-1 mm, amplamente ovada a ovada,<br />

solitárias, glabrescentes; gluma inferior 1,1-1,2 x 0,4-0,6 mm, 3(5)-<br />

nervada, ovada, ápice agu<strong>do</strong>, às vezes mucrona<strong>do</strong>, glabra a<br />

glabrescente, base não abraçan<strong>do</strong> a gluma superior; gluma superior<br />

1,3-1,5 x 0,6-0,8 mm, 3-5 nervada, ovada, ápice acumina<strong>do</strong>, glabra a<br />

glabrescente; antécio inferior com flor masculina; lema inferior 1,3-1,6 x<br />

0,9-1 mm, 5-nerva<strong>do</strong>, ápice acumina<strong>do</strong>, glabro a glabrescente; pálea<br />

inferior membranácea; antécio superior frutífero, 1,3-1,5 x 0,6-0,8 mm,<br />

glabro, foliáceos, ápice acumina<strong>do</strong>. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 6.II.1989, L. Krieger et al. s.n. (CEN n.v., CESJ<br />

25878, RB); 22.II.1992, M. Eiterer s.n. (CESJ 25715); 3.II.1993, R. C.<br />

Oliveira 141 (CESJ, RB); 8.II.1996, L. G. Ro<strong>de</strong>la CAQ2-43 (CESJ);<br />

5.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 153 (K, MBM RB, SP); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<br />

<strong>Melo</strong> et al. 174 (RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984), P.<br />

cyanescens ocorre da Venezuela ao sul <strong>do</strong> Brasil em campos e locais<br />

úmi<strong>do</strong>s. Judziewicz (1990) cita a ocorrência <strong>de</strong>sta espécie <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

México e Trinda<strong>de</strong> até o Brasil, em brejos a savanas secas <strong>de</strong> 100 a<br />

1.200 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al. (2001) e Longhi-<br />

Wagner & To<strong>de</strong>schini (2004) esta espécie ocorre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a América<br />

Central até Brasil e Argentina, em campo natural, campos <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>,<br />

solo arenoso, brejos e solos alaga<strong>do</strong>s. No PEIB ocorre na trilha <strong>do</strong><br />

Monjolinho para a Lagoa Seca, <strong>de</strong>sta para a Janela <strong>do</strong> Céu (ca. 1.409 m<br />

<strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) e nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Cruzeiro (ca. 1.560 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>),


82<br />

em arenito encharca<strong>do</strong>, ou campo arenoso e sobre húmus, em<br />

populações esparsas.<br />

33. Panicum euprepes Renvoize, Kew Bull. 32(2): 422. 1978.<br />

Figura 19; 20: D e E.<br />

Planta perene, 0,6-1,2 m alt., cespitosa; nós glabros. Bainhas<br />

foliares pilosas, glabrescentes no ápice, tricomas marcescentes nas<br />

margens; colo glabro, sem lígula externa; lígula membranoso-ciliada;<br />

lâminas foliares 10-25 x 0,3-0,5 cm, lineares, planas, tornan<strong>do</strong>-se<br />

involutas com o envelhecimento da planta, ambas as faces glabras,<br />

ápice agu<strong>do</strong> e pungente, margem escabra, portan<strong>do</strong> longos tricomas na<br />

porção basal, base reta, simétrica, sem pecíolo. Inflorescência 8-14 x<br />

4-7 cm, rosada ou ver<strong>de</strong> passan<strong>do</strong> a vinácea, paniculada, subaberta;<br />

ráquis glabra; axilas pilosas a glabrescentes nas ramificações basais e<br />

glabras nas apicais. Espiguetas 2,2-2,5 x 1,1-1,4 mm, ovadas,<br />

solitárias, glabras; gluma inferior 1,2-1,7 x 1 mm, 3-nervada, ovada a<br />

amplamente ovada, ápice obtuso, base não abraçan<strong>do</strong> a gluma<br />

superior, glabra, nervura central fortemente marcada forman<strong>do</strong> uma<br />

quilha; gluma superior 2,2-2,5 x 1,1-1,4 mm, 5-nervada, ovada, ápice<br />

obuso, glabra, nervura central fortemente marcada; antécio inferior<br />

portan<strong>do</strong> flor masculina; lema inferior 2,2-2,5 x 1,1-1,4 mm, 5-nerva<strong>do</strong>,<br />

ápice obtuso, glabro; pálea inferior membranácea; antécio superior<br />

frutífero, 1,8-2 X 0,8-1 mm, ápice subagu<strong>do</strong>, lustroso, cartáceo; lema<br />

superior 1-nerva<strong>do</strong>; estigmas rosa<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> jovens, passan<strong>do</strong> a roxos<br />

quan<strong>do</strong> maduros; anteras atro-purpúreas. Cariopse ca. 0,7 x 0,3 mm.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 2.X.1970, L. Krieger s.n. (BHCB, CEN n.v.,<br />

CEPEC n.v., CESJ 9471, HURG n.v.); 26.VII.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al.<br />

1005 (BHCB); 8.X.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 1048 (BHCB); 5.II.2004, R.<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 150 (K, RB, SP); 30.III.2004, R. C. Forzza et al. 3283 (K,<br />

MBM, RB, SP); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 173 (K, MBM, RB, SP);<br />

26.VII.2004, R. C. Forzza et al. 3549 (CEPEC, K, MBM, RB, SP);<br />

18.III.2005, R. Marquette et al. 3602 (RB); 27.V.2005, R. C. Forzza et al.


83<br />

3996 (CEPEC, K, MBM, RB, SP); 9.VIII.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 296 (K,<br />

RB, SP); 10.VIII.2005 R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 305 (K, RB, SP).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta<br />

espécie ocorre nos campos rupestres da Bahia e Minas Gerais <strong>de</strong> 1.300<br />

a 1.600 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. No PEIB foi coletada em diferentes locais, entre<br />

1.400 e 1700 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>, em campo encharcável, campo rupestre<br />

arbustivo e próximo <strong>de</strong> mata <strong>de</strong> galeria, em solo arenoso, arenosoúmi<strong>do</strong><br />

ou argilo-pedregoso. Forma <strong>de</strong>nsas touceiras.<br />

Figura 19: População <strong>de</strong> Panicum euprepes. Foto: Claudine Massi<br />

Mynssen.


84<br />

32. Panicum ovuliferum Trin., Gram. Panic. 191. 1826.<br />

Figura 20: F e G.<br />

Plantas perenes, 25-46 cm alt., <strong>de</strong>cumbentes, radicantes nos nós<br />

inferiores; nós pilosos. Bainhas foliares pilosas a glabrescentes,<br />

margem pilosa; colo piloso; lígula membranosa com ápice ciliola<strong>do</strong>;<br />

lâminas foliares 2,5-7 x 0,4–0,9 cm, lanceoladas, planas, ápice<br />

acumina<strong>do</strong>, margem escabra, base assimétrica, com longos tricomas<br />

próximo a região ligular, com pecíolo, face adaxial escabra e com<br />

tricomas esparsos, face abaxial escabra. Inflorescência jovem, ca. 1,5 x<br />

0,3 cm, paniculada, ráquis escaberula a glabrescente, axilas glabras.<br />

Espiguetas 3,8-4,3 x 1,7-2 mm, oval-lanceoladas, solitárias, hirsutula;<br />

gluma inferior 2,8-3 x 1,3-1,7 mm, 3-nervada, ovada a oval-lanceolada,<br />

ápice obtuso, base abraçan<strong>do</strong> a gluma superior, pilosa entre as<br />

nervuras e nas margens, alguns tricomas com base tuberculada; gluma<br />

superior 3,8-4,3 x 1,7-2 mm, 5-7-nervada, oval-lanceolada, ápice<br />

subagu<strong>do</strong>, agu<strong>do</strong> até acumina<strong>do</strong>, pilosa; antécio inferior neutro; lema<br />

inferior 3,8-4,3 x 1,7-2 mm, 5-7-nerva<strong>do</strong>, oval-lanceola<strong>do</strong>, ápice obtuso<br />

a agu<strong>do</strong>, piloso a glabrescente; pálea inferior ausente; antécio superior<br />

frutífero, 3,6-4,1 x 1,7-2 mm, com marcas <strong>de</strong> nervuras no ápice, ápice<br />

apicula<strong>do</strong>, glabro, com pouca rugosida<strong>de</strong> tranversal, membranáceo a<br />

coriáceo. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 947 (CESJ, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Rosengurtt et al. (1970<br />

apud Pereira 1986) esta espécie ocorre no Brasil, Paraguai, Argentina e<br />

Uruguai, neste último trata-se <strong>de</strong> forragem palatável, pouco produtiva,<br />

que vegeta na sombra <strong>de</strong> bosques serranos. Em Poços <strong>de</strong> Caldas, como<br />

cita Pereira (1986) ocorre na borda <strong>de</strong> bosques e é um importante<br />

componente <strong>do</strong> estrato herbáceo. Longhi-Wagner et al. (2001) apontam<br />

a ocorrência <strong>de</strong>sta espécie na Colômbia, Venezuela, Bolívia, Paraguai,<br />

Argentina e Brasil, nas Regiões Centro-Oeste, Su<strong>de</strong>ste e Sul em interior<br />

<strong>de</strong> mata. No PEIB há somente uma coleta da espécie na Gruta <strong>do</strong>s<br />

Coelhos, local <strong>de</strong> mata em meio ao campo rupestre.


85<br />

34. Panicum sellowii Nees, Fl. Bras. Enum. Pl. 2(1): 153-154. 1829.<br />

Figura 20: H.<br />

Planta perene, 15-35 cm alt., <strong>de</strong>cumbente, radicante nos nós<br />

inferiores; nós pilosos a glabrescentes. Bainhas foliares pilosas, alguns<br />

<strong>do</strong>s tricomas com base tuberculada; colo piloso; lígula membranosa;<br />

lâminas foliares 1,7-11,5 x 0,4-1,2 cm, linear-lanceoladas a<br />

lanceoladas, planas, ápice acumina<strong>do</strong>, margem escabra, base<br />

arre<strong>do</strong>ndada, às vezes assimétrica, sem pecíolo, com longos tricomas<br />

próximo à região ligular, ambas as faces pilosas a glabrescentes.<br />

Inflorescência 10-13 x 5-8,5 cm, panícula, laxa, pauciflora; ráquis<br />

escabra e hirsuta a glabrescente; axilas glabras. Espiguetas 1,8-2,2 x<br />

0,8-1 mm, ovadas, solitárias, ápice subagu<strong>do</strong>; gluma inferior 1-1,3 x<br />

0,3-0,5 mm, 3-nervada, lanceolada a oval- lanceolada, ápice agu<strong>do</strong>,<br />

base não abraçan<strong>do</strong> a gluma superior, glabrescente; gluma superior<br />

1,8-2 x 0,8-1 mm, 5-nervada, ovada a oval lanceolada, ápice subagu<strong>do</strong><br />

a agu<strong>do</strong>, glabrescente; antécio inferior neutro; lema inferior 1,8-2 x 0,8-<br />

1 mm, 5-nerva<strong>do</strong>; pálea inferior reduzida, paleácea; antécio superior<br />

frutífero, 1,8-2,2 x 0,8-1 mm, castanho-escuro na maturação, ápice<br />

apicula<strong>do</strong>, glabro, lustroso, com pouca rugosida<strong>de</strong> transversal,<br />

cartáceo. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 3.II.1993, R. C. Oliveira s.n. (CESJ 26368, RB);<br />

4.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 139 (RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta<br />

espécie ocorre das Antilhas até ao norte da Argentina, em locais<br />

sombrea<strong>do</strong>s, raramente em locais abertos, <strong>de</strong> 200 a 1.600 m <strong>de</strong><br />

altitu<strong>de</strong>. Judziewicz (1990) e Longhi-Waner et al. (2001) acrescentam<br />

sua ocorrência ao sul <strong>do</strong> México. No Brasil a espécie ocorre no Pará e<br />

nas Regiões Nor<strong>de</strong>ste, Centro-Oeste, Su<strong>de</strong>ste e Sul, em cerra<strong>do</strong>s,<br />

campos abertos, secos e arenosos ou úmi<strong>do</strong>s, campos sujos e em<br />

interior <strong>de</strong> mata (Longhi-Wagner et al. 2001). No PEIB, foi coletada no<br />

interior <strong>de</strong> mata <strong>de</strong> grotão (ca. 1.326 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) e também próximo<br />

ao Monjolinho, em solo argiloso.


86<br />

Figura 20: Panicum aristellum: A. espigueta. P. cyanescens: B. hábito; C. espigueta. P.<br />

euprepes: D. inflorescência; E. espigueta. P. ovuliferum: F. hábito; G. espigueta. P.<br />

sellowii: H. espigueta. (A <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 18; B-C <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 153; D-E Forzza 3549; F-G Ferreira<br />

947; H <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 139).


87<br />

Paspalum L., Syst. Nat. (ed. 10) 2: 846, 855, 1359. 1759.<br />

Renvoize (1984) cita para o gênero cerca <strong>de</strong> 250 espécies. Clayton<br />

& Renvoize (1986) apontam cerca <strong>de</strong> 330 espécies. Judziewicz (1990)<br />

aceita a existência <strong>de</strong> aproximadamente 400 espécies, amplamente<br />

distribuídas em áreas tropicais ou subtropicais, com o centro <strong>de</strong><br />

diversida<strong>de</strong> nos trópicos americanos, especialmente o Brasil, on<strong>de</strong> para<br />

o autor ocorrem cerca <strong>de</strong> 300 espécies. O CNWG (2006) cita 308<br />

espécies. No PEIB está representa<strong>do</strong> por sete espécies.<br />

35. Paspalum dilatatum Poir., Encycl. 5: 35. 1804.<br />

Figura 22: A e B.<br />

Plantas perenes, 1,14-1,40 m alt., cespitosas; nós glabros.<br />

Bainhas foliares glabrescentes ou pilosas, portan<strong>do</strong> na margem e no<br />

ápice esparsos tricomas <strong>de</strong> base tuberculada; lígula membranosa;<br />

prefoliação não vista; lâminas foliares 9-52 x 0,5-2,2 cm, lanceoladas,<br />

planas, ápice agu<strong>do</strong>, base não estreitada, margem escabra, glabras em<br />

ambas as faces, lanuginosa próximo à região ligular. Inflorescência<br />

com 6-8 racemos alternos 6-12 cm compr., os basais maiores que os<br />

apicais; axilas pilosas; ráquis 0,8-1 mm larg., glabras, papilosas, ver<strong>de</strong>s<br />

ou estramíneas, margem glabra, lisa, não alada, terminan<strong>do</strong> em um ou<br />

<strong>do</strong>is pares <strong>de</strong> espiguetas; pedicelos glabros, lisos. Espiguetas 2,3-2,7 x<br />

1,5-1,7 mm, binadas, oblongo-lanceoladas, castanhas-claras, ápice<br />

subagu<strong>do</strong>, às vezes apicula<strong>do</strong>, margens e porção central da gluma<br />

superior e lema inferior portan<strong>do</strong> tricomas seríceos; gluma inferior<br />

ausente; gluma superior 2,2-2,6 x 1,5-1,7 mm, 5-nervada, ápice<br />

apicula<strong>do</strong>, membranácea, não alada; antécio inferior neutro; lema<br />

inferior 2,3-2,7 x 1,5-1,7 mm, 3-nerva<strong>do</strong>, ápice subagu<strong>do</strong>,<br />

membranáceo, não plica<strong>do</strong>; pálea inferior ausente; antécio superior<br />

frutífero, 2,3-2,7 x 1,5-1,7 mm, ova<strong>do</strong>, papiloso, cartilaginoso,<br />

castanho-claro; anteras nigrescentes. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 18.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 241 (CEPEC, K,<br />

MBM, RB, SP).


88<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Judziewicz (1990) esta<br />

espécie é nativa <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> Brasil e norte da Argentina, mas agora é<br />

amplamente cultivada pelo mun<strong>do</strong> nas áreas subtropicais e tropicais<br />

como forrageira. No PEIB ocorre na trilha <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> visitantes para o<br />

camping ou lanchonete, forman<strong>do</strong> população esparsa em solo arenoso e<br />

em local sombrea<strong>do</strong>.<br />

Clayton & Renvoize (1986) citam que esta espécie cultivada para<br />

forragem, às vezes se torna uma daninha in<strong>de</strong>sejável. Longhi-Wagner et<br />

al. (2001) citam ainda que P. dilatatum pertence ao grupo informal<br />

“Dilatata”, no qual convivem biótipos sexuais e apomíticos.<br />

36. Paspalum hyalinum Nees ex Trin., Gram. Panic. 103. 1826.<br />

Figura 21; 22: C e D.<br />

Plantas perenes, 28-42 cm alt., cespitosas, rizomas curtos; nós<br />

glabros. Bainhas foliares com longos tricomas, margem inteira; lígula<br />

membranosa; prefoliação conduplicada ou involuta; lâminas foliares<br />

2,2-14,3 x 0,1-0,2 cm, linear-lanceoladas, planas ou involutas, ápice<br />

agu<strong>do</strong>, margem com tricomas tubercula<strong>do</strong>s, ambas as faces pilosas.<br />

Inflorescência com 2 racemos <strong>de</strong> 1,2-3,5 cm compr., alternos; axilas<br />

com longos tricomas; ráquis ca. 0,5 mm larg., glabras, lisas,<br />

estramínea, margem ciliada, não alada, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta;<br />

pedicelos glabros ou pilosos na base, escabérulos. Espiguetas 1,1-1,3 x<br />

0,6-0,8 mm, solitárias, oblongo-elípticas, ápice subagu<strong>do</strong> a obtuso,<br />

glabras, estramíneas; gluma inferior ausente; gluma superior 1,1-1,3 x<br />

0,6-0,8 mm, 4-nervada, ápice subagu<strong>do</strong> a obtuso, glabra, hialina na<br />

porção central, não alada, membranácea; antécio inferior neutro; lema<br />

inferior 1,1-1,3 x 0,6-0,8 mm, 2-nerva<strong>do</strong>, ápice subagu<strong>do</strong>, glabro, não<br />

plica<strong>do</strong>, hialino na porção central, membranáceo; pálea inferior<br />

ausente; antécio superior frutífero, 1,1-1,3 x 0,6-0,8 mm, oblongoelíptico,<br />

glabro, membranáceo, estramíneo, brilhoso. Cariopse não<br />

vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 8.III.2006, F. M. Ferreira et al. 1022 (CESJ, RB).


89<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Sendulski & Burman<br />

(1980) esta espécie ocorre nas Guianas, Venezuela, Bolívia, Brasil e<br />

Paraguai. Judziewicz (1990) afirma a ocorrência da mesma na<br />

Colômbia, Venezuela, ocasionalmente nas Guianas até o sul <strong>do</strong> Brasil,<br />

em savanas secas. Longhi-Wagner et al. (2001) citam a ocorrência <strong>de</strong><br />

Paspalum hyalinum <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Guiana Inglesa até o Paraguai e Brasil, nas<br />

Regiões Centro-Oeste e Su<strong>de</strong>ste. No PEIB foi coletada na trilha para o<br />

Lago <strong>do</strong>s Espelhos, no campo rupestre.<br />

Paspalum hyalinum po<strong>de</strong> ser diferenciada por apresentar a<br />

porção central <strong>do</strong> lema inferior hialina (Fig. 22). Sendulski & Burman<br />

(1980) e Judziewicz (1990) citam que a espécie pertence ao grupo<br />

informal “Parviflora”.<br />

Figura 21: Paspalum hyalinum, lema inferior com porção central<br />

hialina. Foto: <strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong> Miranda.<br />

37. Paspalum juerguensii Hack., Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 7: 312.<br />

1909.<br />

Figura 22: E e F.<br />

Plantas perenes, 75-140 cm alt., cespitosas; nós pilosos. Bainhas<br />

foliares glabras, com tricomas tubercula<strong>do</strong>s na margem; lígula


90<br />

membranosa; prefoliação conduplicada; lâminas foliares 5-29 x 0,2-1,9<br />

cm, lanceoladas, planas, ápice agu<strong>do</strong>, margem escabérula portan<strong>do</strong><br />

esparsos tricomas hirtos, base não estreitada, pilosa próximo à região<br />

ligular, face adaxial setosa, abaxial glabra. Inflorescência com 5-16<br />

racemos alternos, 1,5-6 cm compr., os racemos basais maiores que os<br />

apicais; axilas pilosas; ráquis 0,4-0,7 mm larg., glabrescente,<br />

escabérula, ver<strong>de</strong> ou estramínea, margem não alada, glabra, lisa,<br />

terminan<strong>do</strong> em uma par <strong>de</strong> espiguetas; pedicelos escabérulos.<br />

Espiguetas 1,1-1,3 x 0,8-1 mm, binadas, suborbiculares, estramíneas<br />

passan<strong>do</strong> a vináceas, ápice subagu<strong>do</strong> a obtuso, às vezes apicula<strong>do</strong>,<br />

glabras a glabrescentes; gluma inferior ausente; gluma superior 1-1,2 x<br />

0,8-1 mm, 3-nervada, nervura central não projetan<strong>do</strong>-se em quilha,<br />

ápice obtuso, glabrescente, membranosa, não alada; antécio inferior<br />

neutro; lema inferior 1,1-1,3 x 0,8-1 mm, 3-nerva<strong>do</strong>, ápice subagu<strong>do</strong>,<br />

glabrescente, membranoso, não plica<strong>do</strong>; pálea inferior ausente; antécio<br />

superior frutífero, 1,1-1,3 x 0,8-1 mm, amplamente elíptico, glabro, liso,<br />

lustroso, cartilaginoso. Cariopse 0,4-0,8 x 0,2-0,6 mm, elíptico a<br />

amplamente elíptico, castanho-escuro.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 169 (K, RB, SP);<br />

7.III.2005, F. M. Ferreira et al. 985 (CESJ, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al.<br />

(2001) esta espécie ocorre no Equa<strong>do</strong>r, Bolívia, Argentina e Brasil, <strong>de</strong><br />

São Paulo até o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, em florestas secundárias e margens<br />

<strong>de</strong> estradas. No PEIB foi coletada na trilha <strong>do</strong> Monjolinho para a Lagoa<br />

Seca (ca. 1.398 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>) e na trilha da Lagoa Seca para a Janela<br />

<strong>do</strong> Céu, no campo rupestre. Até o presente estu<strong>do</strong> P. juerguensii não<br />

tinha registro em Minas Gerais.<br />

Paspalum juerguensii assemelha-se a P. paniculatum da qual<br />

difere pela pilosida<strong>de</strong> da espigueta e na disposição <strong>do</strong>s ramos da<br />

inflorescência.<br />

38. Paspalum notatum Flüggé, Gram. Monogr., Paspalum 106. 1810.<br />

Figura 22: G.


91<br />

Planta perene, ca. 60 cm alt., cespitosa; nós glabros. Bainhas<br />

foliares glabras com tricomas setosos na margem; lígula membranosociliada;<br />

prefoliação convoluta; lâminas foliares 4,5-15,5 x 0,2-0,8 cm,<br />

lanceoladas, lineares quan<strong>do</strong> jovens, planas ou conduplicadas, ápice<br />

agu<strong>do</strong>, sem estreitamento em direção à base, pubérulas próximo à<br />

região ligular, pilosas na face abaxial e glabras a esparsamente hirsuta<br />

na face adaxial. Inflorescência com 2 racemos conjuga<strong>do</strong>s, divergentes,<br />

ca. 8 cm compr.; axilas pilosas; ráquis ca. 1 mm larg., glabra, lisa,<br />

ver<strong>de</strong> ou estramínea, margem não alada, lisa, escabra, terminan<strong>do</strong> em<br />

uma espigueta; pedicelos escabérulos. Espiguetas 2,9-3,5 x 1,9-3 mm,<br />

solitárias, suborbiculares a oval-lanceoladas, obtusas a emarginadas,<br />

glabras, estramíneas a ver<strong>de</strong>s; gluma inferior ausente; gluma superior<br />

2,5-3,4 x 2-2,1 mm, 3-5-nervada, ápice emargina<strong>do</strong>, glabra,<br />

membranosa, não alada; antécio inferior neutro; lema inferior 2,5-3,4 x<br />

2-2,1 mm, 3-5-nerva<strong>do</strong>, ápice obtuso, glabro, membranoso, não plica<strong>do</strong>;<br />

pálea inferior ausente; antécio superior frutífero 2,5-3,2 x 2-2,1 mm,<br />

com 3 nervuras fracamente marcadas, oval-lanceola<strong>do</strong>, obtuso, glabro,<br />

com pequena rugosida<strong>de</strong>, estramíneo, cartilaginoso. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 953 (CESJ, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta<br />

espécie distribui-se <strong>de</strong> maneira ampla através da América Central e<br />

América <strong>do</strong> Sul, em campos úmi<strong>do</strong>s e locais altera<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 0-2.000 m <strong>de</strong><br />

altitu<strong>de</strong>. Judziewicz (1990) cita que esta espécie é nativa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o México<br />

e Antilhas até a Argentina, porém agora cultivada em áreas subtropicais<br />

e tropicais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Longhi-Wagner et al. (2001) apontam sua<br />

ocorrência <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s até Uruguai, Argentina e Brasil, da<br />

Bahia até o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, ocorren<strong>do</strong> em ambientes bastante<br />

diversifica<strong>do</strong>s, geralmente em solos secos. No PEIB ocorre na trilha<br />

entre a casa <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r e o centro <strong>de</strong> informações, em borda <strong>de</strong><br />

mata.<br />

Paspalum notatum é uma espécie amplamente utilizada em<br />

grama<strong>do</strong>s e as varieda<strong>de</strong>s mais robustas têm si<strong>do</strong> selecionadas para


92<br />

pastagens e controle <strong>de</strong> erosão (Renvoize 1984). Judziewicz (1990) cita<br />

que esta espécie pertence ao grupo informal “Notata”.


93<br />

Figura 22: Paspalum dilatatum: A. inflorescência; B. espigueta. P. hyalinum: C.<br />

inflorescência; D. espigueta. P. juerguensii: E. inflorescência; F. espigueta. P. notatum: G.<br />

espigueta. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 241; C-D Ferreira 1022; E-F <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 169; G Ferreira 953).


94<br />

39. Paspalum nutans Lam., Tabl. Encycl. 1: 175. 1791.<br />

Figura 23: A e B.<br />

Plantas perenes, 35-70 cm alt., cespitosa <strong>de</strong>cumbentes; nós<br />

pilosos ou glabros. Bainhas foliares glabras, pubescentes nas margens<br />

ou totalmente pubescentes; lígula membranosa; prefoliação convoluta;<br />

lâminas foliares 4,5-17 x 0,5-1,2 cm, oblanceoladas a lanceoladas,<br />

planas, ápice agu<strong>do</strong>, margem ciliada, não estreitan<strong>do</strong> em direção a<br />

base, ambas as faces setosas. Inflorescência com 1-6 racemos alternos<br />

ca. 2-5,5 cm compr.; ráquis 0,6-0,8 mm larg., glabra, lisa, esver<strong>de</strong>ada,<br />

margem não alada, lisa, glabra, terminan<strong>do</strong> em uma espigueta;<br />

pedicelos glabros ou com tricomas curtos. Espiguetas 2-2,2 x 1-1,2<br />

mm, binadas, obovais, ápice obtuso, estramíneas; gluma inferior<br />

ausente; gluma superior 1,9-2,1 x 1-1,2 mm, 5-nervada, ápice obtuso,<br />

glabra ou esparsamente pilosa, membranácea, não alada; antécio<br />

inferior neutro; lema inferior 2-2,2 x 1-1,2 mm, 5-nerva<strong>do</strong>, ápice<br />

obtuso, membranáceo, glabro, não plica<strong>do</strong>; pálea inferior ausente;<br />

antécio superior frutífero, 2-2,2 x 1-1,2 mm, sem nervuras aparentes,<br />

elíptico-oboval, glabro, liso a finamente granuloso-estria<strong>do</strong>. Cariopse<br />

não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 5.XII.1992, R. C. Oliveira 126 (CESJ, RB);<br />

3.II.1993, R. C. Oliveira 139 (CESJ); 3.II.1993 R. C. Oliveira 146 (CESJ,<br />

RB); 18.X.2003, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 18 (RB); 30.III.2004, F. M. Ferreira et<br />

al. 723 (RB); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 178 (K, RB); 31.III.2004, R.<br />

<strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 183 (RB); 17.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 227 (K, RB);<br />

7.III.2006, F. M. Ferreira et al. 986 (CESJ, RB); 8.III.2006, F. M. Ferreira<br />

et al. 1008 (CESJ, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al.<br />

(2001) esta espécie ocorre <strong>de</strong> Honduras até o Brasil e na Ilha Mauritius,<br />

na África, e no Brasil <strong>do</strong> Pará e Pernambuco até Santa Catarina, em<br />

locais <strong>de</strong> meia sombra, em mata secundária baixa e matas <strong>de</strong> litoral. No<br />

PEIB Paspalum nutans foi encontrada em várias localida<strong>de</strong>s como em<br />

mata <strong>de</strong> can<strong>de</strong>ia, no campo rupestre arbustivo, no interior <strong>de</strong> mata ou


95<br />

nos campos encharcáveis, sempre em locais úmi<strong>do</strong>s e sombrea<strong>do</strong>s e em<br />

pequenas populações.<br />

Segun<strong>do</strong> Longhi-Wagner et al. (2001) a diferença entre P.<br />

<strong>de</strong>cumbens e P. nutans é a presença constante da gluma inferior em P.<br />

<strong>de</strong>cumbens, já em P. nutans a presença da gluma inferior é ocasional e<br />

ocorre apenas no par secundário <strong>de</strong> espiguetas. Nenhum <strong>do</strong>s<br />

exemplares provenientes <strong>do</strong> PEIB possuem a gluma inferior, se<br />

caracterizan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa forma como P. nutans.<br />

Segun<strong>do</strong> Judziewicz (1990) esta é uma espécie <strong>do</strong> grupo informal<br />

“Decumbente”.<br />

40. Paspalum paniculatum L., Syst. Nat. (ed. 10) 855. 1759.<br />

Figura 23: C e D.<br />

Planta perene, ca. 1,16 m alt., cespitosa; nós pilosos;. Bainhas<br />

foliares setosas, margem portan<strong>do</strong> tricomas loriformes; lígula<br />

membranosa; prefoliação convoluta; lâminas foliares 9,5-43,5 x 0,7-2,1<br />

cm, lanceoladas, planas, ápice agu<strong>do</strong>, margem escabra, não estreitan<strong>do</strong><br />

em direção à base, setosa em ambas as faces, lanuginosa próximo à<br />

região ligular. Inflorescência com ca. 21 racemos alternos 4-12 cm<br />

compr., os basais maiores que os apicais; axilas hirsutas; ráquis 0,3-<br />

0,4 mm larg., glabra, margem portan<strong>do</strong> esparsos tricomas<br />

tubercula<strong>do</strong>s, não alada, ver<strong>de</strong> ou estramínea, terminan<strong>do</strong> em um par<br />

<strong>de</strong> espiguetas; pedicelos escabérulos. Espiguetas 1,3-1,7 x 1-1,2 mm,<br />

binadas, amplamente ovadas, ápice obtuso, vilosas, estramíneas; gluma<br />

inferior ausente; gluma superior 1,2-1,6 x 1-1,2 mm, 3-nervada, ápice<br />

obtuso, membranácea, não alada, vilosa; antécio inferior neutro; lema<br />

inferior 1,3-1,7 x 1-1,2 mm, 3-nerva<strong>do</strong>, ápice obtuso, esparsamente<br />

viloso, membranáceo, não plica<strong>do</strong>; pálea inferior ausente; antécio<br />

superior frutífero, 1,3-1,7 x 1-1,2 mm, ova<strong>do</strong> a amplamente ova<strong>do</strong>, sem<br />

nervuras aparentes, glabro, com pequena rugosida<strong>de</strong>. Cariopse ca. 0,8<br />

x 0,7 mm, castanho-claro.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 6.III.2006, F. M. Ferreira et al. 949 (CESJ, RB).


96<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta<br />

espécie ocorre amplamente na América tropical, também na África<br />

tropical, Austrália, Nova Guiné e Polinésia, em borda <strong>de</strong> mata, campos<br />

ou grama<strong>do</strong>s e locais altera<strong>do</strong>s, <strong>de</strong> 20-1.100 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Longhi-<br />

Wagner et al. (2001) citam a mesma como cosmopolita, ocorren<strong>do</strong> em<br />

locais altera<strong>do</strong>s. Sendulski & Labouriau (1966) e Heringer et al. (1977<br />

apud Pereira 1986), a relacionam entre as gramíneas componentes da<br />

flora <strong>do</strong>s cerra<strong>do</strong>s. Pereira (1986) observou uma preferência <strong>de</strong>sta<br />

espécie por locais sombrea<strong>do</strong>s ao longo <strong>de</strong> capoeiras. Chase (1929 apud<br />

Pereira 1986) refere-se a mesma como invasora <strong>de</strong> áreas cultivadas e<br />

aban<strong>do</strong>nadas, especialmente em baixas altitu<strong>de</strong>s, porém ocorren<strong>do</strong><br />

também aos 2.100 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Paspalum paniculatum foi citada por<br />

Leitão Filho et al. (1972) como uma das invasoras comuns nos cafezais<br />

paulistas. No PEIB foi coletada na trilha para a casa <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res,<br />

em borda <strong>de</strong> mata, à sombra.<br />

Judziewicz (1990) cita que a mesma pertence ao grupo informal<br />

“Paniculata”.<br />

41. Paspalum polyphyllum Nees ex Trin., Gram. Panic. 114. 1826.<br />

Figura 23: E e F.<br />

Plantas perenes, 48,5-50,5 cm alt., cespitosas; nós glabros.<br />

Bainhas foliares pilosas no ápice, margem inteira, glabrescentes na<br />

base; lígula membranosa; prefoliação conduplicada; lâminas foliares<br />

2,2-9 x 0,2-0,5 cm, lanceoladas, planas, ápice agu<strong>do</strong>, margem com<br />

tricomas tubercula<strong>do</strong>s, base não estreitada, pubescentes em ambas as<br />

faces. Inflorescência com 1-3 racemos alternos <strong>de</strong> 2-8 cm compr.;<br />

axilas hirsutas; ráquis 1-2 mm larg., pubescentes, margem não alada,<br />

ciliada; pedicelos com tricomas curtos. Espiguetas 2-3 x 0,8-1 mm,<br />

binadas ou solitárias, ovadas, ápice agu<strong>do</strong>, alvas; gluma inferior<br />

ausente; gluma superior 2-3,1 x 0,8-1 mm, 3-nervada, ápice agu<strong>do</strong>,<br />

pilosa, com tricomas tubercula<strong>do</strong>s longos (2-5 mm compr.) na margem,<br />

membranosa, não alada; antécio inferior neutro; lema inferior 2-2,9 x<br />

0,8-1 mm, 3-nerva<strong>do</strong>, glabro, ápice agu<strong>do</strong> a subagu<strong>do</strong> portan<strong>do</strong> curtos


97<br />

tricomas, membranoso; pálea inferior ausente; antécio superior<br />

frutífero, 2-3 x 0,8-1 mm, estreitamente elíptico a ova<strong>do</strong>, estramíneo,<br />

glabro ou com curtos tricomas no ápice, liso, membranáceo, sem<br />

nervuras aparentes; anteras negras. Cariopse não vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 5.V.1987, P. Andra<strong>de</strong> et al. 955 (BHCB);<br />

19.VI.1991, R. C. Oliveira et al 1 (CESJ); 8.II.2001, R. C. Forzza et al.<br />

1785 (CESJ); 5.II.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 154 (K, RB, SP); 10.III.2004,<br />

R. C. Forzza et al. 3131 (K, RB, SP); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 165<br />

(K, RB); 30.III.2004, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 166 (RB); 31.VIII.2004, M. M.<br />

Saavedra et al. 199 (RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: Renvoize (1984) aponta a ocorrência<br />

<strong>de</strong>sta espécie no Brasil e Paraguai, em campo cerra<strong>do</strong> ou campo<br />

rupestre, entre 640 a 1.700 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Para Longhi-Wagner et al.<br />

(2001) esta espécie ocorre no Paraguai, Uruguai, Argentina, Bolívia e<br />

Brasil, em Goiás e Minas Gerais até o <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Pereira (1986)<br />

cita que esta espécie prefere locais abertos ou pouco “sujos” e campos<br />

<strong>de</strong> maior altitu<strong>de</strong>. Magalhães (1956a apud Pereira 1986) a cita como<br />

freqüente nos campos alpinos <strong>de</strong> Minas Gerais, em áreas com umida<strong>de</strong>,<br />

planas ou com <strong>de</strong>clives leves da Serra <strong>do</strong> Cipó. No PEIB ocorre na trilha<br />

<strong>do</strong> Monjolinho para a Lagoa Seca (ca. 1.398m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>), trilha para a<br />

Gruta <strong>do</strong>s Viajantes, <strong>de</strong>sta para o Pico <strong>do</strong> Pião (entre 1.700-1.800 m <strong>de</strong><br />

altitu<strong>de</strong>), trilha para o Cruzeiro e trilha para a Lombada, no campo<br />

rupestre ou campo encharcável. Os indivíduos ocorrem <strong>de</strong> maneira<br />

isolada no campo ou forman<strong>do</strong> pequenas touceiras.<br />

Longhi-Wagner et al. (2001) indicam que P. polyphyllum é uma<br />

espécie relacionada ao grupo informal “Ceresia”.


98<br />

Figura 23: Paspalum nutans: A. hábito; B. espigueta. P. paniculatum: C. inflorescência;<br />

D. espigueta. P. polyphyllum: E. hábito; F. espigueta. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 11, <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 183;<br />

C-D Ferreira 949; E-F Forzza 3131).


99<br />

Pseu<strong>de</strong>chinolaena Stapf, Fl. Trop. Afr. 9: 494. 1919.<br />

Gênero constituí<strong>do</strong> por seis espécies, sen<strong>do</strong> cinco endêmicas <strong>de</strong><br />

Madagascar e uma pantropical e está relaciona<strong>do</strong> a ambientes florestais<br />

(Renvoize 1984; Clayton & Renvoize 1986 e Judziewicz 1990). Para o<br />

Novo Mun<strong>do</strong> o CNWG (2006) cita uma espécie, e esta ocorre no PEIB.<br />

42. Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya (Kunth) Stapf, Fl. Trop. Afr. 9: 495.<br />

1919.<br />

Figura 24; 25: A e B.<br />

Plantas perenes, 40-50 cm alt., estoloníferas. Bainhas foliares<br />

ciliadas nas margens ou hirsutula em toda sua extensão; lígula<br />

membranosa; lâminas foliares 1,5-4,5 x 0,5-1,2 cm, oval-lanceoladas,<br />

setosas em ambas as faces. Inflorescência 5-17,2 cm compr., <strong>de</strong> 4-6<br />

racemos, os inferiores 2-3,5 cm compr.; ráquis levemente escabra.<br />

Espiguetas 2,5-3,5 mm compr.; gluma inferior 2-3 x 1-1,5 mm, 3-<br />

nervada com curtos tricomas híspi<strong>do</strong>s, a nervura central prolongan<strong>do</strong>se<br />

em um apículo; gluma superior 2,2-3 x 1,2-1,5 mm, 5-nervada, com<br />

tricomas uncina<strong>do</strong>s na maturação e híspi<strong>do</strong> nas imaturas; antécio<br />

inferior 2,5-3,5 mm compr., neutro ou masculino, membranáceo ou<br />

subcoriáceo, neste caso papiloso e com <strong>do</strong>rso hialino; antécio superior<br />

frutífero; lema superior 2-2,5 mm compr., coriáceo, liso, brilhoso.<br />

Cariopse ca. 1,8 x 1 mm, elíptica.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 17.III.2005, R. <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> et al. 226 (K, MBM, RB,<br />

SP).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Renvoize (1984) esta é uma<br />

espécie pantropical que ocorre em bordas <strong>de</strong> mata e locais altera<strong>do</strong>s, <strong>de</strong><br />

0-900 m <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Longhi-Wagner et al. (2001) acrescentam que esta<br />

é uma espécie que ocorre no interior <strong>de</strong> mata úmida, em clareiras semisombreadas<br />

e em capoeira sombreada e úmida. No PEIB foi coletada na<br />

Gruta das Bromélias, em local úmi<strong>do</strong>, sombrea<strong>do</strong>, em solo com matéria<br />

orgânica, forman<strong>do</strong> uma pequena população.


100<br />

Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya era consi<strong>de</strong>rada a única<br />

representante <strong>do</strong> gênero até que Bosser (1975) afirmasse a existência <strong>de</strong><br />

outras cinco espécies endêmicas <strong>de</strong> Madagascar.<br />

GS<br />

GI<br />

Figura 24: aspecto geral das espiguetas <strong>de</strong> Pseu<strong>de</strong>chinolaena polystachya, vista<br />

da gluma inferior (GI) com curtos tricomas híspi<strong>do</strong>s e gluma superior (GS) com<br />

tricomas uncina<strong>do</strong>s. Foto: <strong>Ravena</strong> <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> & Cláudia <strong>de</strong> Miranda.<br />

Steinchisma Raf., Bull. Bot. (Geneve) 1: 220. 1830.<br />

Zuloaga et al. (1998) cita que Rafinesque (1830) estabeleceu o<br />

gênero Steinchisma e que posteriormente muitas divergências sobre o<br />

seu posicionamento surgiram. Ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> o mesmo consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

pertencente à seção Laxa <strong>de</strong> Panicum, posteriormente um subgênero <strong>de</strong><br />

Panicum. Recentemente, Clayton & Renvoize (1986) revalidaram o<br />

gênero. Para os autores Steinchisma distingue-se <strong>de</strong> Panicum por


101<br />

apresentar a pálea inferior expandida na maturida<strong>de</strong> da espigueta<br />

(diferença essa já proposta por Nash (1903) e também por possuir<br />

espécies com inflorescências laxas a contraídas, sem espiguetas<br />

dispostas em racemos unilaterais, com antécio superior verrucoso em<br />

toda sua superfície, e a maioria <strong>de</strong> suas espécies são intermediárias<br />

entre as Kranz e as não Kranz (características propostas por Brown<br />

(1977). Porém, Zuloaga (1987) publicou novamente Steinchisma como<br />

um subgênero <strong>de</strong> Panicum. Watson & Dallwitz (1992) trataram<br />

Steinchisma com quatro espécies, a nível genérico, mas <strong>de</strong>ixaram claro<br />

que sua posição taxonômica é arbitrária, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser incluí<strong>do</strong> como um<br />

subgênero <strong>de</strong> Panicum. A análise cladística <strong>de</strong>senvolvida por Zuloaga et<br />

al. (1998) suporta a hipótese que consi<strong>de</strong>ra Steinchisma um grupo<br />

monofilético, sustenta<strong>do</strong> por duas sinapomorfias que são o número <strong>de</strong><br />

células clorenquimáticas entre faces vasculares e a presença <strong>de</strong><br />

cloroplastos na bainha parenquimática. Segun<strong>do</strong> o CNWG (2006)<br />

Steinchisma é composto por sete espécies <strong>de</strong> ocorrência apenas<br />

americana (<strong>do</strong> sul <strong>do</strong>s EUA até a Argentina), sen<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong> em<br />

terrenos úmi<strong>do</strong>s.<br />

43. Steinchisma <strong>de</strong>cipiens (Nees ex Trin.) W.V. Br., Mem. Torrey Bot.<br />

Club 23(3): 20. 1977.<br />

Figura 25: C e D.<br />

Plantas perenes ca. 19 cm alt.; rizomatosas. Bainhas foliares<br />

glabras, margem lisa ou com tricomas setulosos em direção ao ápice;<br />

colo glabro; lígula membranoso-ciliada; lâminas foliares 2,5-6 x 0,2- 0,3<br />

cm, planas, ápice acumina<strong>do</strong>, margem finamente serreada, face adaxial<br />

pilosa a glabrescente, face abaxial glabra. Inflorescência 2-4 cm<br />

compr., panícula contraída, espiciforme, ramos curtos, con<strong>de</strong>nsa<strong>do</strong>s;<br />

ráquis glabra. Espiguetas 1,7-2 x 0,7-0,9 mm, arroxeadas; gluma<br />

inferior 0,8-1 mm compr., 3-nervada, ápice subagu<strong>do</strong> a agu<strong>do</strong>; gluma<br />

superior 1,5-1,8 x 0,4-0,8 mm, 5(4)-nervada, ápice subagu<strong>do</strong> a<br />

acumina<strong>do</strong>; antécio inferior neutro; lema inferior 1,6-1,9 x 0,4-0,7 mm,<br />

3-5-nerva<strong>do</strong>, ápice agu<strong>do</strong>; pálea inferior 1,7-2,2 x 0,7-0,9 mm; antécio


102<br />

superior 1,6-1,9 x 0,4-0,8 mm, papiloso, cartilaginoso. Cariopse não<br />

vista.<br />

Material examina<strong>do</strong>: 3.XI.1991, R. C. Oliveira 61 (CESJ); 19.IX.2006,<br />

F. M. Ferreira et al. 1129 (K, RB).<br />

Distribuição geográfica e habitat: segun<strong>do</strong> Zuloaga et al. (1998) esta é<br />

uma espécie sul-americana, sen<strong>do</strong> encontrada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Colômbia e norte<br />

<strong>do</strong> Brasil até o Paraguai, Uruguai, Bolívia e Argentina, habitan<strong>do</strong> solos<br />

úmi<strong>do</strong>s, em bordas <strong>de</strong> brejos ou lagos, ou ao longo <strong>de</strong> cursos d’água<br />

sobre solo arenoso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nível <strong>do</strong> mar a aproximadamente 1.600 m<br />

<strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>. Para o Brasil, Longhi-Wagner et al. (2001) citam sua<br />

ocorrência na Bahia, e da Região Centro-Oeste até a Região Sul, em<br />

campo, cerra<strong>do</strong>, restinga, brejo e em margem <strong>de</strong> lagos e córregos. No<br />

PEIB foi coleta<strong>do</strong> na Prainha, em local inunda<strong>do</strong> pela chuva e próximo<br />

ao Monjolinho, em campo alaga<strong>do</strong>, próximo a curso d’água.


103<br />

Figura 25: Pseu<strong>do</strong>chinolaena polystachya: A. hábito; B. espigueta. Steinchisma<br />

<strong>de</strong>cipiens: C. hábito; D. espigueta. (A-B <strong>Dias</strong>-<strong>Melo</strong> 226; C-D Oliveira 61).


104<br />

5. Conclusões<br />

z Através <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> foi possível registrar a presença <strong>de</strong> 18<br />

gêneros e 43 espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> acresci<strong>do</strong>s à<br />

lista previamente elaborada por Salimena & Forzza (da<strong>do</strong>s não<br />

publica<strong>do</strong>s) seis gêneros e 24 espécies.<br />

z Através da análise da distribuição geográfica po<strong>de</strong>-se dizer que as<br />

espécies <strong>de</strong> Panicoi<strong>de</strong>ae encontradas no PEIB são <strong>de</strong> ampla<br />

distribuição, porém associadas a fitofisionomias e biomas como<br />

campos, campos encharcáveis, cerra<strong>do</strong>s, campos rupestres e<br />

ambientes florestais.<br />

z A ampla distribuição geográfica implica no fato <strong>de</strong> que esse é um<br />

bom grupo para indicar locais e áreas pouco coleta<strong>do</strong>s. Um<br />

exemplo a ser cita<strong>do</strong> é Andropogon bicornis, encontra<strong>do</strong><br />

praticamente em to<strong>do</strong> o território nacional e até <strong>do</strong> continente<br />

americano, a ausência <strong>de</strong>sta espécie em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s locais po<strong>de</strong><br />

ser um indício <strong>de</strong> escassez <strong>de</strong> coleta no mesmo.<br />

z A riqueza <strong>de</strong> espécies encontrada no PEIB po<strong>de</strong> ser atribuída à<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> nichos e microclimas que as diferentes<br />

fitofisionomias <strong>do</strong> PEIB provêem ao grupo.<br />

z A presença <strong>de</strong> Melinis minutiflora (capim-gordura) foi relacionada<br />

ao fato da área ter si<strong>do</strong> anteriormente utilizada como pastagem.<br />

Coincidência ou não, as maiores populações da mesma estão<br />

exatamente nos locais on<strong>de</strong> a visitação é intensa, como na trilha<br />

para a Cachoeira <strong>do</strong>s Macacos e nas cercanias da Gruta <strong>do</strong>s Três<br />

Arcos. Embora no Parque as populações tenham se mostra<strong>do</strong><br />

estáveis, é pru<strong>de</strong>nte manter o monitoramente constante <strong>de</strong>stas<br />

populações, pois a espécie ten<strong>de</strong> ao alastramento <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao seu<br />

alto po<strong>de</strong>r competitivo. Ten<strong>do</strong> isto si<strong>do</strong> posto, é solícita a


105<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s sítios mais sensíveis <strong>do</strong> PEIB, para que se possa<br />

minimizar ou mesmo proibir a visitação em tais áreas, evitan<strong>do</strong><br />

assim o surgimento <strong>de</strong>sta espécie tão competitiva e <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong><br />

espécies nativas.<br />

z Por muito tempo a preocupação em relação às plantas invasora só<br />

se <strong>de</strong>u em função <strong>de</strong> Melinis minutiflora, mas o presente estu<strong>do</strong><br />

mostrou que outras espécies ru<strong>de</strong>rais tais como Paspalum<br />

notatum, Paspalum dilatatum e Paspalum paniculatum, além <strong>de</strong><br />

espécies <strong>de</strong> Digitaria têm coloniza<strong>do</strong> a área <strong>do</strong> PEIB, embora sua<br />

ocorrência seja <strong>de</strong> maneira discreta e tímida, ainda assim é<br />

preciso que as populações <strong>de</strong>stas espécies sejam monitoradas,<br />

embora aparentemente as mesmas não ofereçam qualquer<br />

malefício às espécies nativas.<br />

z Praticamente todas as coletas para as espécies <strong>de</strong> Digitaria são<br />

recentes. Apontan<strong>do</strong> que o estabelecimento <strong>de</strong>sse gênero no PEIB<br />

é um fato recente e merece<strong>do</strong>r <strong>de</strong> atenção, já que as espécies<br />

<strong>de</strong>sse gênero em sua maioria são consi<strong>de</strong>radas daninhas.<br />

z A dificulda<strong>de</strong> na <strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> algumas espécies <strong>de</strong>nota uma<br />

necessida<strong>de</strong> urgente em estu<strong>do</strong>s aprofunda<strong>do</strong>s sobre as mesmas,<br />

tais como revisões e/ou filogenias. Essa dificulda<strong>de</strong> ocorreu<br />

principalmente nas espécies <strong>do</strong>s gêneros Axonopus, Ichnanthus,<br />

Panicum, Dichanthelium, Paspalum e Trachypogon.<br />

z É sabi<strong>do</strong> que os campos rupestres abrigam uma vasta riqueza <strong>de</strong><br />

espécies vegetais, mas por enquanto os números são apenas<br />

pressupostos. Os trabalhos que vêm sen<strong>do</strong> concluí<strong>do</strong>s têm<br />

mostra<strong>do</strong> que esse número está aquém <strong>do</strong> que se espera, tal<br />

como foi o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa dissertação. Os campos rupestres <strong>de</strong><br />

Minas Gerais são invocativos e merece<strong>do</strong>res <strong>de</strong> mais estu<strong>do</strong>s<br />

sobre sua diversida<strong>de</strong>.


106<br />

z Estu<strong>do</strong>s sobre Poaceae/Panicoi<strong>de</strong>ae <strong>de</strong>vem ser mais estimula<strong>do</strong>s,<br />

pois este é um <strong>do</strong>s grupos mais importantes na composição <strong>do</strong>s<br />

campos rupestres e estu<strong>do</strong>s sobre o mesmo são subsídios para<br />

um manejo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação.


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