Meloidogyne enterolobii
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<strong>Meloidogyne</strong> <strong>enterolobii</strong><br />
nematologia.com.br<br />
prevalecendo M. <strong>enterolobii</strong> como nome válido.<br />
Embora polífaga, a espécie tem se destacado como<br />
importante parasita de goiabeira em quase todos os<br />
países produtores, inclusive no Brasil, onde já está<br />
amplamente disseminada.<br />
<strong>Meloidogyne</strong> <strong>enterolobii</strong><br />
Yang & Eisenback, 1983<br />
(= M. mayaguensis)<br />
Círculos azuis e pretos indicam moderada a ampla dispersão;<br />
amarelos, relatos raros (Invasive Species Compendium/CABI)<br />
Hospedeiros: a lista de hospedeiros inclui muitas<br />
hortaliças (tomate, berinjela, pimenta, pimentão,<br />
brócolis, abóbora, aipo e outras), batata, batatafumo,<br />
melancia, beterraba, soja, café,<br />
algumas espécies ornamentais e plantas daninhas.<br />
Todavia, a goiaba é a cultura que mais sofre perdas<br />
doce, feijão, devido ao parasitismo por esse nematoide.<br />
Morfologia: todos os estádios (Rammah & Hirschmann, 1988)<br />
Cortes perineais e perfil enzimático (C) com 2 bandas maiores<br />
e 2 menores para esterases e uma para malato-desidrogenase.<br />
Diagnose molecular em Blok et al., 2002 e Randig et al., 2009<br />
O nematoide de galhas da goiabeira<br />
Ocorrência: com relato inicial na China, em 1983,<br />
acabou confundida com outra espécie descrita em<br />
1988 como M. mayaguensis, , em Porto Rico. Em<br />
2009, consagrou-se se a sinonimização entre ambas,<br />
Súmula biológica: : reprodução por partenogênese<br />
mitótica obrigatória; no entanto, machos não são<br />
incomuns em populações sob condições naturais.<br />
A duração do ciclo, determinada em cultivares de<br />
tomate, foi de 3,5 semanas, à 26ºC. Trata-se de<br />
espécie capaz de parasitar várias cultivares de<br />
tomate, pimentão e batata-doce resistentes a M.<br />
incognita e a outros nematoides de galhas, o que<br />
lhe confere interesse e relevância ainda maiores.<br />
Sintomatologia: galhas abundantes nas raízes, em<br />
combinação com escassez de radicelas. Sob altas<br />
infestações, para vários hospedeiros, são comuns<br />
reboleiras de plantas enfezadas, cloróticas e<br />
improdutivas. Em goiaba, além das galhas bem<br />
visíveis e por vezes ocorrendo até mesmo na raiz<br />
pivotante, observam-se enfezamento, clorose e<br />
outros distúrbios nutricionais, bronzeamento de<br />
ramos, desfolha, produção de frutos de menor<br />
tamanho e em menor número e, por fim, morte.<br />
Tal quadro de sintomas levou pesquisadores do<br />
Brasil a designar vulgarmente esse mal como “o<br />
declínio da goiabeira” (ver<br />
fotos ilustrativas na<br />
sequência), ou the guava decline, em inglês.<br />
Créditos das fotos, não mencionados no texto: J.E. Almeida (2008); R.M.D.G. Carneiro et al. (2001)
<strong>Meloidogyne</strong> <strong>enterolobii</strong><br />
portadoras do gene Mir1 (portanto, com resistência<br />
a M. incognita e M. javanica), que são bastante<br />
cultivadas na Europa. Nos Estados Unidos, foi<br />
relatada na Flórida, em 2004, e cuidados vêm<br />
sendo adotados para coibir a sua disseminação.<br />
Há evidências, suportadas por dados de pesquisa<br />
recente (Gomes et al., 2011), de que o declínio da<br />
goiabeira constitua na verdade uma doença do tipo<br />
complexo, causada pelo efeito sinergístico de M.<br />
<strong>enterolobii</strong> e do fungo Fusarium solani, na qual o<br />
intenso parasitismo inicial do nematoide predispõe<br />
a planta ao subsequente apodrecimento do sistema<br />
radicular pelo fungo.<br />
Implicações quarentenárias: alertas de parte da<br />
Organização Européia para a Proteção de Plantas<br />
(EPPO) têm sido emitidos nos últimos anos em<br />
relação ao grande risco de M. <strong>enterolobii</strong> vir a ser<br />
efetivamente introduzida na Europa. O serviço<br />
quarentenário da Holanda realizou pelo menos 10<br />
interceptações de produtos agrícolas importados da<br />
África, Ásia e América do Sul, infectados com o<br />
nematoide, no período entre 1991 e 2007. Houve,<br />
também, detecções pontuais da espécie na França<br />
(um foco controlado em Concarneau, na região da<br />
Bretanha) e Suíça (em dois cultivos protegidos de<br />
produção de tomate e pepino). A causa maior da<br />
preocupação está associada à peculiaridade que o<br />
nematoide apresenta a de ser virulento a cultivares<br />
de plantas olerícolas, como tomate e pimentão,<br />
Manejo: nos casos de certas culturas, já se dispõe<br />
de clones ou cultivares resistentes para ocupação<br />
de áreas infestadas, como ocorre com pimentão,<br />
batata-doce, feijão, milho e até mesmo tomate.<br />
Para evitar pressão de seleção, recomenda-se a<br />
rotação de tais plantios com culturas más ou não<br />
hospedeiras, como o amendoim e alface.<br />
O manejo com aplicação de adubação química e<br />
fontes de matéria orgânica (esterco bovino, torta<br />
de filtro, cama de frango) é até possível, mas não<br />
econômico, em pomares de goiaba sob elevada<br />
infestação; se a infestação for baixa ou moderada,<br />
a prática poderá se mostrar eficiente e rentável.<br />
A erradicação de goiabal doente pode ser seguida<br />
de plantio de culturas muito resistentes como citros<br />
(tendo como porta-enxertos limão-cravo, tangerina<br />
Cleópatra ou limão-trifoliata), mamão (Formosa)<br />
ou maracujá (amarelo) ou por 2-3 anos de cultivo<br />
de hospedeiros anuais resistentes, pelo menos, para<br />
depois se cogitar, eventualmente, de retornar à<br />
goiabicultura no local.<br />
Onde ler mais a respeito<br />
Blok,V.C.; Wishart, J.; Fargette M.; Berthier, K. & Philips,<br />
M.S., 2002. Mitochondrial DNA differences distinguishing<br />
<strong>Meloidogyne</strong> mayaguensis from the major species of tropical<br />
root-knot nematodes. Nematology, 4: 773-781.<br />
European and Mediterranean Plant Protection Organisation<br />
(EPPO), 2011. <strong>Meloidogyne</strong> <strong>enterolobii</strong>: diagnostics. EPPO<br />
Bulletin, 41: 329-339.<br />
Gomes, V.M.; Souza, R.M.; Corrêa, F.M. & Dolinski, C.,<br />
2010. Management of <strong>Meloidogyne</strong> mayaguensis in comercial<br />
orchards with chemical fertilization and organic amendments.<br />
Nematologia Brasileira, 34 (1): 23-30.<br />
Gomes, V.M.; Souza, R.M.; Dias, V.M.; Silveira, S.F. &<br />
Dolinski, C., 2011. Guava decline: a complex disease involving<br />
<strong>Meloidogyne</strong> mayaguensis and Fusarium solani. Journal<br />
of Phytopathology, 159: 45-50.<br />
Randig, O.; Deau F.; Santos M.F.A.; Tigano, M.S.; Carneiro<br />
R.M.D.G. & Castagnone-Sereno, P. 2009. A novel speciesspecific<br />
satellite DNA family in the invasive root-knot nemaand<br />
its potential use for diag-<br />
tode <strong>Meloidogyne</strong> mayaguensis<br />
nostics. European Journal of Plant Pathology 125: 485-495.<br />
Créditos das fotos, não mencionados no texto: J.E. Almeida (2008); R.M.D.G. Carneiro et al. (2001)