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Saúde Bucal do Trabalhador: Os Exames Admissional e Periódico ...

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O<strong>do</strong>ntologia e Sociedade © 1999<br />

Vol. 1, No. 1/2, 15-18, 1999.<br />

Printed in Brazil.<br />

Artigo<br />

Saúde <strong>Bucal</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r: <strong>Os</strong> <strong>Exames</strong> <strong>Admissional</strong> e Periódico<br />

como um Sistema de Informação em Saúde<br />

Worker Oral Health: The <strong>Admissional</strong> and Periodical Examinations as<br />

an Information Health System<br />

Maria Ercilia de Araujo a *, Alcides Gonini Júnior b<br />

a Departamento de O<strong>do</strong>ntologia Social, Faculdade de O<strong>do</strong>ntologia,<br />

Universidade de São Paulo<br />

b Faculdade de O<strong>do</strong>ntologia, Universidade de São Paulo<br />

Resumo. As condições de trabalho interferem na qualidade de saúde bucal <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res,<br />

poden<strong>do</strong> desencadear alterações na mucosa bucal, traumas e outros agravos. O presente trabalho<br />

teve como objetivo destacar a saúde bucal <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r como um novo campo de atuação<br />

profissional para o cirurgião dentista. Este novo campo deve abordar de forma objetiva a epidemiologia<br />

e patologia desses problemas, estudar o impacto que possam causar à qualidade de vida <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res, trazen<strong>do</strong> à tona novos elementos na análise da causalidade das <strong>do</strong>enças e <strong>do</strong>s motivos<br />

de sua maior incidência e manutenção em determina<strong>do</strong>s segmentos da sociedade. <strong>Os</strong> autores<br />

concluem que, com a conscientização da classe o<strong>do</strong>ntológica para os problemas relaciona<strong>do</strong>s à saúde<br />

bucal <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, implementar-se-á um novo campo de atuação profissional, o qual deverá<br />

instruir a elaboração de um programa de saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r mais adequa<strong>do</strong>.<br />

Palavras-Chave: o<strong>do</strong>ntologia ocupacional; saúde bucal; o<strong>do</strong>ntologia em saúde pública<br />

Abstract. The work conditions interfere in the quality of the workers’ oral health. In fact, they<br />

can promote oral mucous alterations, traumas and other diseases. The present study’s aim was to<br />

emphasize the worker’s oral health as a new field of professional performance for the dental surgeon.<br />

This new field should approach the epidemiology and pathology of those problems, studying the<br />

impact that they cause in the workers’ quality of life. This field should also highlight new elements<br />

to the causal analysis of the diseases and the reasons of its larger incidence and maintenance in some<br />

social segments. The authors conclude that, with this understanding, dental surgeons can implement<br />

a new professional field for their activity, which should guide the elaboration of new and more<br />

appropriate programs to promote the worker’s health.<br />

Keywords: occupational dentistry; oral health; public health dentistry<br />

Introdução<br />

Desde a promulgação da Constituição Federal, em<br />

1988, e a conseqüente criação <strong>do</strong> Sistema Único de Saúde<br />

(SUS), Brasil, 1988, um capítulo específico foi cria<strong>do</strong> com<br />

as diretrizes para atender a saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r brasileiro.<br />

Várias diretrizes já foram postas em prática, porém os<br />

programas de saúde propriamente, principalmente <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r,<br />

muitas vezes esbarram nos contextos social,<br />

econômico e político <strong>do</strong> momento, geran<strong>do</strong> mudanças de<br />

enfoque e priorização de metas.<br />

Dentro <strong>do</strong>s enfoques gera<strong>do</strong>s não só pela Constituição,<br />

encontra-se atualmente em evidência a chamada medicina<br />

<strong>do</strong> trabalho, uma especialidade criada não só pelas necessidades<br />

da classe em questão, mas principalmente por motivos<br />

legais, em decorrência das leis vinculadas ao<br />

Ministério <strong>do</strong> Trabalho, que exige exames médicos para<br />

* Av. Prof. Lineu Prestes 2227, 05508-900 São Paulo - SP, Brasil; e-mail: mearaujo@fo.usp.br


16 Araujo & Gonini Júnior O<strong>do</strong>ntologia e Sociedade<br />

contratação ou demissão <strong>do</strong> quadro pessoal de qualquer<br />

empresa (Brasil, 1991).<br />

Fazen<strong>do</strong> uma análise <strong>do</strong> conceito básico de saúde proposto<br />

por Wylie,1980, poderíamos afirmar que saúde “é a<br />

perfeita e contínua adaptação <strong>do</strong> organismo ao ambiente”,<br />

e identifican<strong>do</strong> o ambiente cita<strong>do</strong> como um ambiente de<br />

trabalho, veremos a sua relação hoje com o aparecimento<br />

de muitas <strong>do</strong>enças ocupacionais, ten<strong>do</strong> como exemplo as<br />

L.E.R. (lesões por esforço repetitivo), uma patologia em<br />

evidência atualmente.<br />

Toman<strong>do</strong> deste ponto de vista a saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r,<br />

verificaremos que o ambiente anteriormente cita<strong>do</strong> também<br />

estabelece um vínculo com a cavidade oral como concluiu<br />

Esteves em 1982, citan<strong>do</strong> que a presença <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r em<br />

ambientes com a existência de agentes patogênicos pode<br />

levar ao aparecimento de dermatoses ocupacionais com<br />

conseqüentes manifestações bucais.<br />

Araujo, em 1998, concluiu que as condições de trabalho<br />

interferem na qualidade de saúde bucal <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res,<br />

e que tal alteração poderia desencadear alterações na mucosa<br />

bucal, que muitas vezes permitem um diagnóstico<br />

precoce de um envolvimento sistêmico.<br />

Hoje, porém, não se faz uma o<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> trabalho<br />

voltada para a identificação epidemiológica, catalogação<br />

ou prevenção das <strong>do</strong>enças, e sim de maneira usual, simplesmente<br />

curativa.<br />

A saúde bucal <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r<br />

A O<strong>do</strong>ntologia, em alguns poucos casos, tem se preocupa<strong>do</strong><br />

com pesquisas e normalizações, de forma dispersa e<br />

insuficiente; embora o interesse o<strong>do</strong>ntológico nesta área<br />

não seja pequeno, abrangen<strong>do</strong> certas <strong>do</strong>enças profissionais,<br />

como por exemplo o saturnismo, onde o Cirurgião Dentista<br />

muito pode contribuir para o diagnóstico, verificamos<br />

somente algumas pesquisas relativas a esta <strong>do</strong>ença profissional<br />

e uma listagem de produtos nocivos à saúde <strong>do</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>r, já bastante antiga (Chaves, 1986; Garrafa,<br />

1983).<br />

É importante não só levantar os problemas bucais que<br />

podem afetar diretamente os trabalha<strong>do</strong>res, se analisar concretamente<br />

a epidemiologia e patologia desses problemas,<br />

como também estudar o impacto que possam ocasionar em<br />

suas qualidades de vida, trazen<strong>do</strong> à tona novos elementos<br />

na análise da causalidade das <strong>do</strong>enças e <strong>do</strong>s porquês da sua<br />

maior ocorrência e manutenção em determina<strong>do</strong>s segmentos<br />

da sociedade.<br />

Há que se considerar ainda o desconhecimento da<br />

problemática de saúde bucal por parte <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res,<br />

falta de interesse e conhecimento <strong>do</strong>s profissionais da saúde<br />

no que se refere ao estu<strong>do</strong> e interpretação correta <strong>do</strong>s<br />

problemas de saúde bucal que afetam aos trabalha<strong>do</strong>res e a<br />

necessidade de uma política de saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r firme<br />

e eficaz.<br />

A prática, hoje, em relação à saúde bucal <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r,<br />

se refere a exames admissionais, processa<strong>do</strong>s por o<strong>do</strong>ntologia<br />

de grupos ou empresariais, que vendem certo trabalho<br />

por preço anteriormente estipula<strong>do</strong> e de acor<strong>do</strong> com determina<strong>do</strong>s<br />

padrões encomenda<strong>do</strong>s pelos emprega<strong>do</strong>res.<br />

Desta forma, o Cirurgião-Dentista estará selecionan<strong>do</strong> o<br />

operário conforme as normas estabelecidas pelo contratante.<br />

Dentro <strong>do</strong> aspecto conceitual da saúde, ten<strong>do</strong> em vista<br />

mais especificamente a saúde bucal <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r,<br />

diríamos que “é a parte da atenção à saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r,<br />

que trata de promover, preservar e recuperar a saúde bucal<br />

<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, conseqüente <strong>do</strong>s agravos, afecções ou<br />

<strong>do</strong>enças <strong>do</strong> exercício profissional, e que tem manifestações<br />

bucais, deven<strong>do</strong> ter sua ação voltada à prevenção de to<strong>do</strong>s<br />

os agravos laborais, ou seja, objetiva a prevenção de<br />

<strong>do</strong>enças decorrentes da atuação profissional e <strong>do</strong>s acidentes<br />

de trabalho” (Araujo, 1998).<br />

Apesar da saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r não ser uma área recente,<br />

veremos que tanto o médico quanto o cirurgião<br />

dentista não demonstram muito interesse por esta área<br />

específica, principalmente por desconhecerem as implicações<br />

<strong>do</strong> tema, ten<strong>do</strong> em vista neste caso, uma abordagem<br />

o<strong>do</strong>ntológica.<br />

O Departamento Intersindical de Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas<br />

de Saúde e <strong>do</strong>s Ambientes de Trabalho (DIESAT) revelou,<br />

em 1989, que não se conhece o número exato de trabalha<strong>do</strong>res<br />

afeta<strong>do</strong>s por determinadas <strong>do</strong>enças profissionais, em<br />

decorrência da ausência de centros de referência em<br />

medicina <strong>do</strong> trabalho ao alcance de to<strong>do</strong>s.<br />

Em decorrência disto, não se conhece a severidade <strong>do</strong><br />

quadro epidemiológico de muitas afecções bucais que<br />

acometem os trabalha<strong>do</strong>res, restringin<strong>do</strong>-se a atenção<br />

o<strong>do</strong>ntológica existente nos níveis primário, secundário e<br />

terciário, respectivamente, a cuida<strong>do</strong>s com o ambiente de<br />

trabalho e controle periódico da população, atendimento<br />

presta<strong>do</strong> em âmbito ambulatorial e atendimentos em âmbito<br />

hospitalar para os acidentes <strong>do</strong> trabalho.<br />

Além disso, existe uma terceirização de serviços o<strong>do</strong>ntológicos<br />

ao trabalha<strong>do</strong>r, mas que foge à necessidade contextual<br />

enquanto o<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> trabalho verdadeira, pela<br />

falta de uma atenção especializada e a ausência de centros<br />

de referência específicos.<br />

O que identifica-se no momento é a realização de uma<br />

medicina de trabalho mais eficiente, onde dela fazem parte<br />

o médico <strong>do</strong> trabalho, a enfermeira <strong>do</strong> trabalho, a auxiliar<br />

<strong>do</strong> trabalho, o psicólogo <strong>do</strong> trabalho, o engenheiro de<br />

segurança no trabalho, os educa<strong>do</strong>res sanitários, os químicos,<br />

e não se incorpora a esta equipe, nem há qualquer<br />

referência legal <strong>do</strong> cirurgião-dentista <strong>do</strong> trabalho.<br />

Infelizmente, ainda não existe uma política de saúde <strong>do</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>r que seja eficaz. Porém, a partir da descentralização<br />

operacional proporciona<strong>do</strong> pelo S.U.S., talvez o trabalha<strong>do</strong>r<br />

venha a adquirir noções de direitos, inclusive com


Vol. 1, No. 1/2, 1999 Saúde <strong>Bucal</strong> <strong>do</strong> Trabalha<strong>do</strong>r 17<br />

relação aos riscos no exercício de suas funções, apoia<strong>do</strong>s<br />

inclusive pelas negociações coletivas de trabalho.<br />

Diagnóstico de problemas de saúde <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r<br />

O processo da “história natural da <strong>do</strong>ença” proposto por<br />

Leavell e Clark, em 1976, traduz-se num triângulo epidemiológico,<br />

onde os vértices são representa<strong>do</strong>s por um<br />

agente, um hospedeiro e um meio ambiente.<br />

Toman<strong>do</strong> o enfoque <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r, podemos descrever<br />

que o agente patogênico seria um elemento mecânico,<br />

físico, químico ou biológico que pode gerar um estímulo<br />

em um hospedeiro que tem seus fatores intrínsecos molda<strong>do</strong>s<br />

por seus hábitos, saúde e ocupação, associa<strong>do</strong>s ao meio<br />

ambiente físico, biológico, social ou econômico, resultan<strong>do</strong>,<br />

conforme o desequilíbrio ou não destes fatores, em<br />

um processo de <strong>do</strong>ença ocupacional instalada.<br />

A equação acima representada não é tão simples assim,<br />

limitan<strong>do</strong> Mendes, 1996, a afirmar que “é competência<br />

específica da medicina <strong>do</strong> trabalho, dirigir o foco de sua<br />

atenção sobre o homem que trabalha - o hospedeiro”.<br />

Portanto, para fazermos um completo estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> hospedeiro,<br />

faremos a abordagem sob três aspectos: clínico,<br />

laboratorial e epidemiológico, ainda segun<strong>do</strong> Mendes,<br />

1996. No primeiro, além <strong>do</strong>s fatores chama<strong>do</strong>s modifica<strong>do</strong>res,<br />

temos a história profissional, descreven<strong>do</strong> minuciosamente<br />

a ocupação atual e anterior <strong>do</strong> indivíduo. Na<br />

seqüência, temos o caráter complementar da investigação,<br />

com vistas a quantificar uma possível exposição e conseqüente<br />

absorção de um agente patogênico e por fim temos<br />

a abordagem epidemiológica, encaran<strong>do</strong> a saúde ocupacional<br />

com caráter comunitário, permitin<strong>do</strong> uma análise<br />

mais profunda das possíveis causas de uma patologia instalada.<br />

Dessa forma, é necessário identificar se através da exposição<br />

ao agente sofrida por um trabalha<strong>do</strong>r, em decorrência<br />

<strong>do</strong> tempo inclusive, não surge o chama<strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

patogênico da <strong>do</strong>ença, caracteriza<strong>do</strong> pelo aparecimento de<br />

uma possível lesão passível de identificação clínica, ou<br />

somente através de instrumentos ou indica<strong>do</strong>res biológicos<br />

que definam tal exposição.<br />

Sistema de informação em saúde<br />

Segun<strong>do</strong> Lilienfeld, 1978, a epidemiologia é sobretu<strong>do</strong><br />

“um méto<strong>do</strong> de raciocinar sobre <strong>do</strong>ença”, o que, dentro da<br />

saúde ocupacional ou o<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> trabalho, está muito<br />

distante de ser um fato concreto.<br />

Desta forma, os autores reforçam a idéia de que, através<br />

da inclusão da o<strong>do</strong>ntologia no Programa de Controle<br />

Médico de Saúde Ocupacional, normatizada (P.C.M.S.O.)<br />

pela Norma Regulamenta<strong>do</strong>ra n° 7 (NR7), Brasil, 1991,<br />

a<strong>do</strong>tada pelo Ministério <strong>do</strong> Trabalho, além de atestar a<br />

saúde oral dentro <strong>do</strong> sistema de saúde ocupacional, criariase<br />

um banco de da<strong>do</strong>s para a área o<strong>do</strong>ntológica.<br />

Além disso, a participação da o<strong>do</strong>ntologia junto à<br />

medicina na expedição <strong>do</strong>s exames médicos admissional e<br />

periódico geraria a criação de uma nova especialidade,<br />

novas fontes de emprego, favorecen<strong>do</strong> inclusive a criação<br />

de uma nova linha de pesquisa em o<strong>do</strong>ntologia.<br />

Para tornar possível a atividade proposta como fonte<br />

epidemiológica, relacionada às <strong>do</strong>enças profissionais, no<br />

exame clínico rotineiro e obrigatório <strong>do</strong> P.C.M.S.O. deveria<br />

ser incluí<strong>do</strong> o exame o<strong>do</strong>ntológico, utilizan<strong>do</strong>-se inicialmente<br />

uma ficha simplificada da Organização Mundial<br />

da Saúde (OMS), apresentada por Pinto, em 1994, onde<br />

constam exames de dentes, mucosa e articulações, além da<br />

possibilidade da utilização <strong>do</strong> Código Internacional de<br />

Doenças (CID).<br />

Este exame, uma vez anexa<strong>do</strong> ao prontuário médico,<br />

favoreceria o cruzamento de informações pessoais e <strong>do</strong><br />

local de trabalho, auxilian<strong>do</strong> no desenvolvimento de uma<br />

lista de verificação de possíveis <strong>do</strong>enças por função, semelhante<br />

à proposta por Schour e Sarnat, em 1942.<br />

Objetivos<br />

A criação da o<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> trabalho, com base no<br />

exposto acima, poderia:<br />

• levantar os problemas bucais que podem afetar a<br />

classe trabalha<strong>do</strong>ra<br />

• determinar um perfil patológico de uma população e<br />

a existência ou não de patologias em níveis<br />

aceitáveis ou não<br />

• estudar as conseqüências de uma exposição a agentes<br />

patológicos<br />

• determinar riscos ocupacionais<br />

• efetuar um diagnóstico precoce de alterações bucais<br />

ou mesmos sistêmicas<br />

• identificar a necessidade ou não de mudanças no<br />

processo de trabalho<br />

• identificar o nível de atuação dada à saúde bucal<br />

• estimular a participação da classe trabalha<strong>do</strong>ra na<br />

reinvindicação de melhores condições de trabalho e<br />

saúde<br />

• definir bases científicas para a aplicação de um diagnóstico<br />

mais preciso.<br />

Conclusões<br />

<strong>Os</strong> autores concluem que com a conscientização da<br />

classe o<strong>do</strong>ntológica para o problema relaciona<strong>do</strong> com a<br />

o<strong>do</strong>ntologia <strong>do</strong> trabalho pode-se definir a médio prazo um<br />

novo campo de atuação profissional, o qual fornecerá da<strong>do</strong>s<br />

epidemiológicos que definirão as medidas de controle necessárias<br />

para a elaboração de um programa de saúde que<br />

seja ideal ao trabalha<strong>do</strong>r.<br />

Quanto à saúde bucal <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res, como área<br />

específica da O<strong>do</strong>ntologia Social será necessário: prevenir<br />

os efeitos nocivos das condições de trabalho e suas influências<br />

sobre a saúde, sen<strong>do</strong> que a prevenção deve sempre


18 Araujo & Gonini Júnior O<strong>do</strong>ntologia e Sociedade<br />

antecipar-se à ocorrência <strong>do</strong>s agravos, definida a partir <strong>do</strong><br />

mapeamento de riscos <strong>do</strong> trabalho; conscientizar o trabalha<strong>do</strong>r<br />

da importância de preservar a saúde bucal como<br />

fator significante da saúde geral; diagnosticar precocemente<br />

enfermidades específicas ou sistêmicas com manifestações<br />

bucais correlacionadas ao ambiente de trabalho;<br />

contribuir com as demais áreas profissionais da saúde e<br />

segurança <strong>do</strong> trabalho, em todas as ações que visem preservar<br />

a integridade <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r.<br />

Referências Bibliográficas<br />

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bucais decorrentes de agentes químicos no<br />

processo de galvanoplastia: sua importância para a<br />

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de Doutora<strong>do</strong>, FOUSP, p. 126.<br />

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NR 7 - Programa de controle médico de saúde<br />

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trabalho - Doenças profissionais, ed. R. Mendes, p.<br />

45-57, São Paulo, Sarvier.<br />

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In: Medicina <strong>do</strong> trabalho - Doenças profissionais, ed.<br />

R. Mendes, p. 45-57, São Paulo, Sarvier.<br />

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13. WYLIE C.M., 1980. The definition and measurement<br />

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trabalho - Doenças profissionais. São Paulo: Sarvier,<br />

p. 45.

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