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A Vida do Grande D. Quixote - Culturgest

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O Autor<br />

António José da Silva, O Judeu, nascera no<br />

Rio de Janeiro em 1705, de uma das famílias<br />

cristãs-novas que se tinham recolhi<strong>do</strong> à relativa<br />

tolerância religiosa que as condições<br />

da colonização brasileira e o trata<strong>do</strong> de paz<br />

com os Holandeses impuseram até fins<br />

<strong>do</strong> século XVII. Com 8 anos de idade, vem<br />

com o pai, que era advoga<strong>do</strong> e poetava,<br />

para Lisboa, seguin<strong>do</strong> a mãe, trazida sob<br />

prisão como judaizante. Em 1726, quan<strong>do</strong><br />

já estudava direito em Coimbra, é preso,<br />

juntamente com a mãe, que anteriormente<br />

se “reconciliara” num auto-de-fé. Sujeito a<br />

tormentos que o incapacitaram de assinar<br />

o auto durante várias semanas, “reconcilia-se”<br />

num auto-de-fé (o que volta a acontecer<br />

à mãe após três anos de prisão e tortura).<br />

Conclui a formatura em 1728, casa-se,<br />

e em 1737 é novamente preso (aliás sem denúncia).<br />

O processo inquisitorial foi conduzi<strong>do</strong><br />

com especial malevolência, mas a sua<br />

leitura parece mostrar que António José da<br />

Silva não era judaizante. Apesar disso foi<br />

condena<strong>do</strong> à morte e executa<strong>do</strong> no auto<br />

da fé de Outubro de 1739 em Lisboa. Como<br />

sucedia a to<strong>do</strong>s os condena<strong>do</strong>s que declaravam<br />

querer morrer na religião católica, foi<br />

garrota<strong>do</strong> antes de acesa a fogueira.<br />

António José Saraiva e Óscar Lopes,<br />

História da Literatura Portuguesa,<br />

5ª ed., Porto Editora.<br />

A decadência <strong>do</strong> teatro espanhol e o custo<br />

proibitivo da ópera italiana para uma parte<br />

<strong>do</strong> público <strong>do</strong>s antigos pátios fomentou<br />

ainda outro tipo de espectáculo: o teatro<br />

de bonecos articula<strong>do</strong>s, ou bonifrates,<br />

cujas cenas principais rematavam por árias<br />

ou minuetes canta<strong>do</strong>s a solo, a duo, a trio,<br />

ou ainda, excepcionalmente, por uma ou<br />

duas vozes mais. Este género de espectáculo<br />

deve ter nasci<strong>do</strong> em Itália como imitação<br />

jocosa da ópera. Entre nós, tais peças<br />

aparecem abusivamente designadas como<br />

óperas. Não se sabe por que vias o género<br />

se vem a constituir em Lisboa na década de<br />

30 <strong>do</strong> século XVIII, como é que se lhe veio a<br />

adaptar um salão <strong>do</strong> conde Soure, à rua da<br />

Rosa, sob o nome de Teatro <strong>do</strong> Bairro Alto.<br />

Já Rodrigues Lobo, numa carta, comparava<br />

as celas <strong>do</strong>s Capuchinhos a “uma casinha de<br />

bonifrates”. Por alusões das peças, fica-se<br />

saben<strong>do</strong> que os fantoches eram de cortiça<br />

pintada e ataviada, e articula<strong>do</strong>s com arame.<br />

As representações exigiam um número considerável<br />

de panos de fun<strong>do</strong>, sempre mais<br />

de uma dezena, e o manejo complica<strong>do</strong> de<br />

objectos: uma escada, uma caixa de abrir e<br />

fechar, um barco, uma mesa posta, um moinho,<br />

etc. Há também razões para crer que algumas<br />

peças chegaram a ser representadas<br />

por autênticos actores, provavelmente mediante<br />

adaptação. O grande anima<strong>do</strong>r literário<br />

deste género de espectáculo parece ter<br />

si<strong>do</strong> o cristão-novo António José da Silva.<br />

Obras<br />

Idem, Ibidem<br />

1733 Outubro, Teatro <strong>do</strong> Bairro Alto<br />

<strong>Vida</strong> <strong>do</strong> <strong>Grande</strong> D. <strong>Quixote</strong> de la<br />

Mancha e <strong>do</strong> Gor<strong>do</strong> Sancho Pança<br />

1734 Abril, Teatro <strong>do</strong> Bairro Alto<br />

Esopaida ou <strong>Vida</strong> de Esopo<br />

1735 Maio, Teatro <strong>do</strong> Bairro Alto<br />

Os Encantos de Medeia<br />

1736 Janeiro, Teatro <strong>do</strong> Bairro Alto<br />

Anfitrião ou Júpiter e Alcmena<br />

1736 Novembro, Teatro <strong>do</strong> Bairro Alto<br />

Labirinto de Creta<br />

1737 Carnaval, Teatro <strong>do</strong> Bairro Alto<br />

Guerras <strong>do</strong> Alecrim e Mangerona<br />

1737 Maio, Teatro <strong>do</strong> Bairro Alto<br />

As Variedades de Proteu<br />

1738 Janeiro, Teatro <strong>do</strong> Bairro Alto<br />

Precipício de Faetonte<br />

El Prodigio de Amarante<br />

(manuscrito em espanhol, sem data)<br />

Obras <strong>do</strong> Diabinho da Mão Furada (prosa)

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