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5 _Midnight_Sun

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Capítulo 10 - Teoria<br />

“Posso fazer só mais uma?” ela suplicou ao invés de responder ao meu pedido.<br />

Eu estava nervoso, ansioso pelo pior. E ainda, como era tentador prolongar esse momento.<br />

Ter Bella comigo, de boa vontade, só por mais alguns segundos. Eu suspirei com o dilema,<br />

então disse, “Uma.”<br />

“Bem…,” ela hesitou por um momento, como se estivesse decidindo qual pergunta ia fazer.<br />

“Você disse que sabia que eu não tinha entrado na livraria, e que eu tinha ido para o sul. Eu<br />

só estava me perguntando como você sabia disso.”<br />

Eu olhei para além do pára-brisa. Esta era outra questão que não revelava nada sobre ela, e<br />

muito sobre mim.<br />

“Eu pensei que não estávamos mais sendo evasivos.” ela disse, seu tom crítico e<br />

desapontado.<br />

Que irônico. Ela estava sendo cruelmente evasiva sem se quer tentar.<br />

Bem, ela me pediu para ser direto. E essa conversa não estava indo para nenhum lugar bom<br />

de qualquer forma.<br />

“Tudo bem, então.” eu disse “Eu segui o seu cheiro.”<br />

Eu queria ver o seu rosto, mas eu estava com medo do que eu ia ver. Ao invés disso, eu<br />

escutei a sua respiração acelerando e depois se estabilizando. Ela falou novamente após um<br />

momento, e a sua voz estava mais serena do que eu esperava.<br />

“E você também não respondeu uma das minhas perguntas”, ela disse.<br />

Eu olhei para baixo, em sua direção, com uma careta. Ela estava procrastinando, também.<br />

“Qual delas?”<br />

“Como funciona - essa coisa de ler mentes?” ela perguntou, reiterando a pergunta do<br />

restaurante. “Você pode ler a mente de todo mundo, em qualquer lugar? Como você faz<br />

isso? O resto da sua família pode…?” ela deixou sua voz morrer, corando novamente.<br />

“Isso é mais que uma”, eu disse.<br />

Ela somente me olhou, esperando pelas suas respostas.<br />

E por que não contar a ela? Ela já adivinhava a maior parte disso, e esse assunto era mais<br />

fácil do que aquele que se aproximava.<br />

“Não, sou só eu. E eu não consigo ouvir qualquer um, em qualquer lugar. Eu tenho que<br />

estar pelo menos um pouco perto. Quanto mais famili ar é a… voz de alguém, de mais longe<br />

eu posso ouví-la. Mas ainda assim, não mais longe que alguns quilômetros.” Eu tentei<br />

pensar em uma maneira de descrever isso de uma forma que soasse compreensível. Uma<br />

analogia a qual ela podia relacionar. “É como estar num corredor enorme e cheio de gente,<br />

todos falando ao mesmo tempo. É só um ruído - um zumbido de vozes no fundo. Até que<br />

eu me concentro em uma das vozes, e aí o que ela está pensando se torna claro. Na maioria<br />

das vezes eu desligo todas - se não eu posso me distrair demais. E então fica mais fácil<br />

parecer normal-” eu fiz uma careta “-Isso quando eu não estou respondendo acidentalmente<br />

ao pensamento das pessoas e não á suas vozes”.<br />

“Porque será que você não pode me ouvir?”, ela se admirou.<br />

“Eu não sei”, eu admiti. “A única suposição é que talvez a sua mente não trabalhe da forma<br />

como a deles trabalha. Como se os seus pensamentos estivessem na freqüência AM quando<br />

eu só posso ouvir Fm”.<br />

Eu percebi que ela poderia não gostar dessa analogia. A antecipação da sua reação me fez<br />

sorrir. Ela não me desapontou.

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