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Interdiscursividade e intertextualidade no gênero “contrato das ...

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Revista do Programa de Pós-Graduação em Estudo de Linguagens<br />

Universidade do Estado da Bahia – UNEB<br />

Departamento de Ciências Humanas – DCH I<br />

NÚMERO 03 – dezembro de 2011<br />

ISSN: 2176-5782<br />

2. Conceituando a interdiscursividade<br />

Nesta seção, <strong>no</strong>s debruçaremos <strong>no</strong> conceito do “interdiscurso”, partindo do<br />

pressuposto de que na utilização da linguagem, os indivíduos irão estruturar sua fala sempre<br />

por meio da palavra do “outro”. A partir de tal concepção, partiremos da premissa de que a<br />

linguagem possui como característica de estruturação a utilização de diversos discursos que<br />

são gerados, historicamente, <strong>no</strong>s diferentes grupos sociais. Tal concepção acerca da natureza<br />

da linguagem só fora possível mediante o conceito de “dialogismo” a partir dos estudos de<br />

Mikhail Bakhtin (1997).<br />

O autor, ao estudar o fenôme<strong>no</strong> da enunciação verbal, reforçou a ideia de que a<br />

linguagem é, antes de tudo, uma forma de interação com o mundo. Para ele, ig<strong>no</strong>rar tal<br />

natureza discursiva é o mesmo que “ig<strong>no</strong>rar a ligação que existe entre a linguagem e a vida”<br />

(BARROS, 2003, p. 2).<br />

Analisando a perspectiva discursiva proposta por Bakhtin, devemos salientar que o<br />

conceito de dialogismo bakhtinia<strong>no</strong> se desenvolve em duas perspectivas distintas. A primeira<br />

evoca o texto como elemento de ligação entre o locutor (o produtor do texto) e o interlocutor<br />

(o destinatário). A partir dessa perspectiva, hoje se pode afirmar que a leitura é um fenôme<strong>no</strong><br />

processual, não sendo mais concebida como apenas um “produto” que é gerado,<br />

automaticamente, quando um dado texto é acessado pelos leitores.<br />

A segunda reside <strong>no</strong> fato de que, ao interagir por meio do texto, os indivíduos buscam<br />

diferentes discursos, historicamente situados, para elaborar seus enunciados. Por conta disso,<br />

pode-se afirmar que, ao elaborarmos um texto qualquer, não tomamos uma palavra que seja<br />

<strong>no</strong>ssa, propriamente, mas evocamos, sempre, diferentes discursos, que foram utilizados por<br />

outros sujeitos históricos.<br />

A partir dessa segunda concepção, observamos que, conforme postula Fiorin (2004, p.<br />

37), “existe uma dialogização interna da palavra, que é perpassada sempre pela palavra do

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