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Roteiro Visita Sub-Bacia Hidrográfica do Córrego do ... - CDCC - USP

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<strong>Roteiro</strong> <strong>Visita</strong><br />

<strong>Sub</strong>-<strong>Bacia</strong> Hidrográfica <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong><br />

Gregório


<strong>Roteiro</strong>: Silvia Ap. Martins <strong>do</strong>s Santos, André Salva<strong>do</strong>r, Paulo Henrique<br />

Peira Ruffino, Rita de Cássia de Almeida, Sandra Fagionato Ruffino<br />

<strong>Roteiro</strong> (1ª versão, 1995, revisa<strong>do</strong> 2007)<br />

São Carlos<br />

2008<br />

2


Os processos erosivos constata<strong>do</strong>s nessa região representam a<br />

intensidade dessa energia dentro <strong>do</strong> sistema, que terá como resulta<strong>do</strong><br />

final os sedimentos, que serão carrea<strong>do</strong>s para fora da bacia, através <strong>do</strong><br />

rio principal fechan<strong>do</strong> o ciclo: entrada → relação matéria e energia<br />

(paisagem) → saída.<br />

Bibliografia<br />

CRISTOFOLETTI, Antonio. Geomorfologia. Ed. Edgard Blucher. Rio<br />

Claro, 1974.<br />

LEINZ, Viktor & AMARAL, Sérgio Estanislau <strong>do</strong>. Geologia Geral. Ed.<br />

Nacional. São Paulo, 1980.<br />

MAURO, Claudio Antonio de. Lau<strong>do</strong>s periciais em depredações<br />

ambientais. Rio Claro, 1997.<br />

SUGUIO, Kenitiro. Rochas Sedimentares. Ed Edgard Blucher. São<br />

Paulo, 1980.<br />

TROPPMAIR, Helmunt. Biogeografia e Meio Ambiente. Rio Claro, 1995.<br />

Porque a <strong>Bacia</strong> Hidrográfica como Unidade de Ensino<br />

A bacia Hidrográfica é uma unidade biogeofísica terrestre, de fácil<br />

identificação e delimitação onde se dá efetivamente o ciclo de água<br />

continental.<br />

Em termos políticos, hoje a bacia hidrográfica é considerada como<br />

importante unidade de gestão ambiental. Neste senti<strong>do</strong> e, frente à crise<br />

mundial da água, as bacias hidrográficas são objetos de estu<strong>do</strong> e<br />

proposição de gestão que atendem não somente a manutenção <strong>do</strong> ciclo<br />

continental da água como também nos diferentes recursos biológicos e<br />

físicos como vegetação, solos, atmosfera local etc.<br />

Como podemos observar na definição a seguir, NACIF 1 apresenta a<br />

bacia hidrográfica como parte integrante de um sistema maior que<br />

propicia a sustentabilidade terrestre, visão bem distinta das<br />

apresentadas pela geografia física:<br />

“As <strong>Bacia</strong>s Hidrográficas são unidades que podem ser<br />

consideradas verdadeiras “células” cuja soma dá origem ao<br />

“teci<strong>do</strong>” chama<strong>do</strong> superfície terrestre. Os componentes dessas<br />

“células” são os recursos naturais e os homens, sen<strong>do</strong> que<br />

estes, através da sociedade, atuam como verdadeiros gerentes<br />

dessas unidades”.<br />

Objetivos da <strong>Visita</strong><br />

• Despertar o interesse pelas questões ambientais a partir da<br />

observação em campo;<br />

• Discutir o conceito de bacias hidrográficas e sua importância<br />

como unidade de gestão ambiental;<br />

• Observar os impactos ambientais causa<strong>do</strong>s pela ocupação<br />

humana na área rural e urbana;<br />

• Refletir sobre possíveis maneiras de minimizar os impactos<br />

observa<strong>do</strong>s.<br />

38<br />

Histórico da Ocupação Urbana da Cidade de São Carlos<br />

Historicamente, a maioria das cidades surgiu às margens <strong>do</strong>s rios. São<br />

Carlos, seguin<strong>do</strong> essa tendência, cresceu incorporan<strong>do</strong> os seus vários<br />

cursos d’água.<br />

Até o ano de 1940 a ocupação urbana se restringiu à sub-bacia <strong>do</strong><br />

Córrego <strong>do</strong> Gregório, sen<strong>do</strong> o entorno <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong> Monjolinho alcança<strong>do</strong><br />

pela urbanização a partir da década de 1940. Entretanto, o impacto em<br />

3


sua <strong>Bacia</strong> Hidrográfica tem origem nos primórdios da urbanização <strong>do</strong><br />

município, pois sen<strong>do</strong> o seu principal curso d’água, recebia de seus<br />

afluentes, já urbaniza<strong>do</strong>s, toda a carga da poluição decorrente <strong>do</strong>s<br />

esgotos <strong>do</strong>mésticos e industriais. Com a urbanização da área no<br />

entorno <strong>do</strong> rio, a paisagem sofre seu maior impacto e,<br />

conseqüentemente, suas águas passam a receber uma maior carga de<br />

poluentes urbanos.<br />

O fator principal dessa expansão foi o aumento gradativo da população<br />

urbana em virtude da mudança <strong>do</strong> eixo econômico da cidade a partir de<br />

1920, de eminentemente agrícola para um significativo processo de<br />

industrialização.<br />

Essa mudança torna-se mais acentuada com o advento da crise<br />

cafeeira, cujo êxo<strong>do</strong> rural tem como contraponto à ocupação de novas<br />

áreas urbanas no município e o inchaço <strong>do</strong> núcleo urbano passa a ser<br />

inevitável. Com o crescimento industrial cada vez mais acelera<strong>do</strong> e a<br />

falta de incentivo para a população rural permanecer no campo, as<br />

décadas de 1960 e 1970 registram um crescimento da população<br />

urbana ainda mais expressivo. Em decorrência dessa urbanização<br />

acelerada, os cursos d’água <strong>do</strong> município, principalmente da área<br />

urbana, passam a sofrer o seu maior impacto. O esgoto urbanoindustrial<br />

lança<strong>do</strong> sem tratamento em suas águas aumenta<br />

consideravelmente e a crescente ocupação de seu entorno em muito<br />

altera a sua paisagem.<br />

A cidade cresceu desordenadamente, sem a preocupação com o que<br />

esse crescimento mal planeja<strong>do</strong> pudesse causar ao meio ambiente. A<br />

falta de investimentos em equipamentos e serviços essenciais ampliou a<br />

vulnerabilidade, tanto da população urbana quanto da base biofísica em<br />

que está assentada. A demanda por água alterou-se completamente,<br />

tanto quantitativa como qualitativamente. A água de abastecimento que,<br />

no passa<strong>do</strong>, era suprida pelas nascentes <strong>do</strong> rio <strong>do</strong> Monjolinho, precisou<br />

ser obtida de outras quatro fontes, inclusive, a mais importante, externa<br />

à <strong>Bacia</strong> Hidrográfica <strong>do</strong> Rio <strong>do</strong> Monjolinho, que é a captação <strong>do</strong> Ribeirão<br />

Feijão.<br />

Como causas dessas mudanças impostas à paisagem pela<br />

industrialização e urbanização e da submissão <strong>do</strong>s cursos d’água aos<br />

diferentes e novos usos, a população afasta-se cada vez mais da idéia<br />

<strong>do</strong> curso d´ água enquanto elemento que tem movimento e ritmo<br />

naturais. Esquecemos que os rios e as bicas, assim como as árvores e<br />

4<br />

Fig.10 Água no subsolo<br />

Constata-se ainda que o nível freático é mais profun<strong>do</strong> em alta vertente,<br />

e vai tornan<strong>do</strong>-se raso em direção ao leito fluvial, até aflorar, dan<strong>do</strong><br />

origem ao rio. Essa é a explicação <strong>do</strong> porque os rios escoarem pelo<br />

canal e não infiltrarem, como observa<strong>do</strong> em outros locais da bacia (alta<br />

e média vertente). O volume de água capta<strong>do</strong> pelo leito fluvial é<br />

escoa<strong>do</strong> para fora da bacia, e somente retornará por meio <strong>do</strong>s<br />

processos de evaporação e precipitação pluvial sobre aquela região.<br />

O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ciclo da água em uma bacia hidrográfica, mostra que a<br />

água, além de ser drenada rapidamente, através <strong>do</strong> rio principal e de<br />

seus afluentes, também fica acumulada dentro da própria bacia, nos<br />

poros das rochas e <strong>do</strong> solo.<br />

Com isso, conclui-se que na verdade existem <strong>do</strong>is ciclos da água em<br />

uma bacia hidrográfica. O primeiro trata-se de um ciclo de pequena<br />

duração:<br />

Precipitação → Escoamento Superficial → Leito Fluvial<br />

O Segun<strong>do</strong> trata-se de um ciclo de longa duração:<br />

Precipitação → Percolação ( Armazenagem) → Leito Fluvial<br />

O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> ciclo hidrológico dentro da visão de bacia hidrográfica<br />

representa uma meto<strong>do</strong>logia eficaz na compreensão da dinâmica da<br />

mesma e da relação entre seus constituintes. Por isso, esse estu<strong>do</strong> por<br />

ser realiza<strong>do</strong> sob o ponto de vista, de um sistema aberto, com troca de<br />

energia e matéria.<br />

O ciclo da água representa a energia dentro <strong>do</strong> sistema bacia<br />

hidrográfica, sen<strong>do</strong> que a sua entrada, se faz por meio da precipitação<br />

pluvial. Os elementos constituintes da bacia hidrográfica, como o relevo,<br />

o solo, vegetação, homem, formam o sistema em si, e serão os<br />

responsáveis pela forma que essa energia irá atuar, elaboran<strong>do</strong> uma<br />

paisagem única para cada bacia, em diferentes lugares <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

37


O escoamento em subsuperfície acontece quan<strong>do</strong> o solo encontra-se<br />

satura<strong>do</strong> e água tende a percorrer mais em superfície que em subsolo.<br />

Nessa etapa configura-se um processo de transição.<br />

2. Percolação e Nível Freático<br />

Fig.9 Análise <strong>do</strong> Nível Freático<br />

O nível freático pode ser entendi<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> o local de contato, no<br />

subsolo, entre uma região <strong>do</strong> solo preenchida de ar em seus poros,<br />

também chamada de zona subsaturada, e área saturada de água. A<br />

diferença entre essas duas regiões está no fato de uma armazenar água<br />

temporariamente, enquanto a outra o faz de mo<strong>do</strong> permanente.<br />

A água ao atingir o solo infiltra-se rapidamente devi<strong>do</strong> a grande<br />

permeabilidade das camadas próximas a superfície. Porém, à medida<br />

que vai se aprofundan<strong>do</strong>, a porosidade diminui devi<strong>do</strong> a compactação<br />

realizada pelas camadas acima. Outro fator que dificulta a passagem é<br />

a presença de camadas rochosas que ainda não foram intemperizadas<br />

(transformadas em solo). Esse movimento da água no subsolo é<br />

denomina<strong>do</strong> percolação, e se compara<strong>do</strong> ao escoamento superficial,<br />

veremos que se trata de um movimento muito mais lento, pois o<br />

caminho percorri<strong>do</strong> possui maior grau de dificuldade. Ao atingir a região<br />

saturada, a água tende a ficar acumulada, preenchen<strong>do</strong> os poros <strong>do</strong><br />

solo ou da rocha. Na <strong>Bacia</strong> Hidrográfica, a água contida nessa região<br />

tende a percolar em direção ao leito fluvial devi<strong>do</strong> à configuração <strong>do</strong><br />

relevo ( Fig.8).<br />

36<br />

os animais fazem parte <strong>do</strong> nosso meio, <strong>do</strong> nosso cotidiano e de nossa<br />

história.<br />

Ocupação da <strong>Sub</strong>-<strong>Bacia</strong> <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório<br />

Gregório era um posseiro que vivia às margens <strong>do</strong> córrego, na região<br />

situada mais ou menos entre a Rua Episcopal e a Avenida São Carlos,<br />

daí a origem <strong>do</strong> nome <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> curso d’água. Na mesma região<br />

também morava Jesuíno de Arruda, e sua casa localizava-se no canto<br />

sudeste <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, onde hoje está sua estátua.<br />

Por determinação <strong>do</strong> Conde <strong>do</strong> Pinhal, na ocasião da fundação da<br />

cidade, essas terras precisavam ser desocupadas e o encarrega<strong>do</strong> de<br />

retirar o posseiro foi Jesuíno de Arruda. A desocupação deu muito<br />

trabalho, pois Gregório tinha roças e exigia uma remuneração pelas<br />

benfeitorias.<br />

O início da ocupação desta região que, mais tarde, viria a tornar-se o<br />

centro da cidade de São Carlos, ocorreu no entorno de onde se<br />

construiu a primeira capela, hoje, a Catedral São Carlos Borromeu. Na<br />

área diagonal à capela, o Conde <strong>do</strong> Pinhal ergueu seu casarão, onde<br />

atualmente é a sede da Prefeitura Municipal.<br />

A partir daí, a cidade iniciou seu crescimento até a Rua Major José<br />

Inácio, onde terminava a sesmaria <strong>do</strong> Pinhal e iniciava a sesmaria <strong>do</strong><br />

Monjolinho, cujo proprietário chamava-se Alkimim. Após a morte de<br />

Alkimim, Dona Alexandrina, sua esposa, <strong>do</strong>ou uma parte da sesmaria<br />

<strong>do</strong> Monjolinho para a cidade, o que então possibilitou o início de seu<br />

crescimento para o norte, acima da Rua Major José Inácio.<br />

Já a urbanização em direção à área sul da cidade se deu com a vinda<br />

da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, pois nas bordas desta<br />

região onde, mais tarde, seria a Vila Pra<strong>do</strong>, foram construídas as<br />

primeiras casas para servir de moradia aos ferroviários. O crescimento<br />

deste bairro foi alavanca<strong>do</strong> a partir da instalação das Indústrias Pereira<br />

Lopes e da construção da Igreja Santo Antônio.<br />

Descrição <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório<br />

O córrego <strong>do</strong> Gregório nasce em área rural, a leste da cidade de São<br />

Carlos, em uma região de aproximadamente 900 m de altitude, onde<br />

nascem também o Rio <strong>do</strong> Monjolinho e o Ribeirão <strong>do</strong>s Negros. Os três<br />

constituem importantes cursos d’água deste município.<br />

Percorre a área urbana no senti<strong>do</strong> leste - oeste atravessan<strong>do</strong> a região<br />

central e desaguan<strong>do</strong> no Rio <strong>do</strong> Monjolinho, na rotatória em frente ao<br />

5


shoppingcenter. Sua extensão é de aproximadamente 7 Km. A face<br />

norte é mais inclinada <strong>do</strong> que a face sul, o que determina um relevo<br />

acentua<strong>do</strong> que pode ser percebi<strong>do</strong> nas ruas perpendiculares ao curso<br />

d’água, tais como Rua D. Alexandrina e Av. São Carlos.<br />

O Gregório, assim como to<strong>do</strong> curso d’água, é abasteci<strong>do</strong> de duas<br />

maneiras: por água subterrânea e por água pluvial que chega<br />

diretamente, ou pelo escoamento superficial, isto é, a água que não se<br />

infiltra no solo, vai para o leito <strong>do</strong> córrego. O que determina a direção <strong>do</strong><br />

escoamento das águas pluviais é o relevo, que varia de região para<br />

região. A água que cai da chuva vai escoar sempre <strong>do</strong>s locais mais altos<br />

(chama<strong>do</strong>s de divisores de água) para os mais baixos, até encontrar os<br />

cursos de água.<br />

O processo de urbanização ocasionou mudanças no aspecto original <strong>do</strong><br />

Córrego <strong>do</strong> Gregório. Seu leito natural foi bastante modifica<strong>do</strong> na região<br />

central da cidade, sen<strong>do</strong> tira<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu caminho original, coloca<strong>do</strong> em<br />

linha reta e canaliza<strong>do</strong> em alguns trechos para construção de ruas,<br />

avenidas e bairros residenciais e comerciais.<br />

Toda a planície de inundação <strong>do</strong> Córrego na região <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> (a partir<br />

da Rua São Joaquim), com a urbanização da “baixada”, foram<br />

aterradas, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> retirada muita terra <strong>do</strong>s barrancos laterais, dan<strong>do</strong><br />

origem às praças da Piscina Municipal, <strong>do</strong>s Voluntários e <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong><br />

Municipal. É possível visualizar esta modificação, observan<strong>do</strong> os cortes<br />

nos terrenos dessas praças e a elevação da extremidade norte das<br />

mesmas. A terra dali retirada serviu para elevar o nível das ruas<br />

Alexandrina, Episcopal e da Avenida São Carlos, recobrin<strong>do</strong> a planície<br />

de inundação.<br />

Todas estas alterações no curso d’água e nas áreas marginais, levaram<br />

a uma profunda modificação no sistema de equilíbrio natural,<br />

aumentan<strong>do</strong> o impacto das enchentes: a impermeabilização <strong>do</strong> solo<br />

aumentou a quantidade e a velocidade com que a água de chuva chega<br />

ao córrego; por outro la<strong>do</strong>, a retilinização <strong>do</strong> curso d’água diminui a<br />

extensão <strong>do</strong> mesmo, aumentan<strong>do</strong> a velocidade da água. Água<br />

chegan<strong>do</strong> em maior quantidade e com alta velocidade, rapidamente<br />

atinge o nível maior <strong>do</strong> curso d’água, atingin<strong>do</strong> a planície de inundação<br />

que foi totalmente urbanizada, causan<strong>do</strong> as enchentes e alagamentos<br />

às suas margens.<br />

Para que esse problema não ocorra em outras localidades, deve-se<br />

planejar o assentamento e a expansão da cidade. É preciso considerar<br />

a natureza <strong>do</strong>s cursos d’água, respeitar a planície de inundação <strong>do</strong>s rios<br />

6<br />

O Ciclo Hidrológico em uma <strong>Bacia</strong> Hidrográfica<br />

1. Escoamento em subsolo dentro de uma <strong>Bacia</strong> Hidrográfica<br />

A água da chuva que cai em uma bacia é interceptada primeiramente<br />

pela vegetação das espécies mais altas às mais baixas. Nesse<br />

momento, uma parte da água é devolvida à atmosfera em forma de<br />

evaporação, que somada a transpiração da vegetação, é denominada<br />

como perda por evapotranspiração. O restante escorre por galhos e<br />

troncos até chegar ao solo, onde será rapidamente absorvida. A<br />

velocidade e a quantidade de água absorvida dependerá <strong>do</strong> tipo de solo<br />

encontra<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que, em solos de origem arenosa, a infiltração é<br />

maior que em solo argiloso.<br />

Ao atingir a saturação <strong>do</strong> solo, a água passa a escorrer pela superfície,<br />

inician<strong>do</strong> o escoamento. Nessa etapa, as formas <strong>do</strong> relevo serão<br />

atuantes, pois o escoamento superficial será regi<strong>do</strong> pelas<br />

características das vertentes da bacia. Em vertentes íngremes, a<br />

densidade de drenagem é alta por conta da gravidade, ocasionan<strong>do</strong><br />

assim maior processo erosivo das encostas. Portanto, a vegetação por<br />

meio de seus galhos, folhas e raízes, possui uma atuação importante<br />

no escoamento em superfície, pois funciona como um obstáculo<br />

natural, diminuin<strong>do</strong> a velocidade com que a água atinge o solo,<br />

facilitan<strong>do</strong> sua infiltração e amenizan<strong>do</strong> desta forma o processo erosivo.<br />

Além <strong>do</strong> escoamento superficial, são observa<strong>do</strong>s outros <strong>do</strong>is caminhos<br />

realiza<strong>do</strong>s pela água em uma <strong>Bacia</strong> Hidrográfica: o escoamento<br />

subsuperficial e o escoamento em subsolo (percolação).<br />

Fig.8 Trajeto da Água em uma <strong>Bacia</strong><br />

35


Fig.6 Perfil Longitudinal de um curso d’água<br />

Através <strong>do</strong> perfil longitudinal é possível também classificar cada trecho<br />

<strong>do</strong> rio ao longo <strong>do</strong> seu canal de escoamento:<br />

Fig.7 Classificação ao longo <strong>do</strong> seu canal de escoamento.<br />

e conservar as áreas verdes e permeáveis responsáveis pela infiltração<br />

das águas pluviais.<br />

Uma das áreas verdes permeáveis que ocorre naturalmente ao longo<br />

<strong>do</strong>s sistemas hídricos é a mata ciliar. Ela protege os cursos d’água<br />

funcionan<strong>do</strong> como filtro, evita a erosão e, conseqüentemente, o<br />

assoreamento <strong>do</strong>s rios, isto é, a deposição de solos e sedimentos que<br />

vão diminuin<strong>do</strong> a profundidade e a vazão das águas.<br />

Micro <strong>Bacia</strong>s Hidrográficas/Afluentes <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório<br />

(da nascente para a foz)<br />

• “Primeira água” – este nome não consta em carta, é da<strong>do</strong> pelos<br />

mora<strong>do</strong>res. É o primeiro afluente à margem direita, nasce na<br />

região <strong>do</strong>s bairros Tangará e Douradinho e desemboca no<br />

Córrego <strong>do</strong> Gregório antes da ro<strong>do</strong>via Washington Luis.<br />

• Córrego <strong>do</strong> Sorregotti - à margem direita. Nasce no bairro<br />

Tangará, próximo a Ro<strong>do</strong>via Washington Luis, e desemboca no<br />

Córrego <strong>do</strong> Gregório, na rotatória Celeste Zanon (Educativa).<br />

• Córrego <strong>do</strong> Lazarini - à margem direita. Nasce na Chácara <strong>do</strong><br />

Parque, região alta da Vila Nery, próximo ao Cristo e desemboca<br />

no Córrego <strong>do</strong> Gregório próximo à Rua Major Manuel Antonio de<br />

Matos.<br />

• Córrego <strong>do</strong> Simeão - à margem esquerda. Nasce na região da<br />

Praça Itália. Na Cooperativa de Lacticínio (Rua José Bonifácio)<br />

existe um ponto de abastecimento direto da nascente, onde a<br />

população vai buscar água. O córrego está totalmente<br />

canaliza<strong>do</strong> sob a Rua Episcopal, desembocan<strong>do</strong> no Córrego <strong>do</strong><br />

Gregório na região <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>.<br />

• Córrego <strong>do</strong> Biquinha, à margem direita. Nasce na região <strong>do</strong><br />

Teatro Municipal (Rua Padre Teixeira), é totalmente canaliza<strong>do</strong> e<br />

desemboca no Córrego <strong>do</strong> Gregório na altura da Rua Visconde<br />

de Inhaúma.<br />

34<br />

7


<strong>Roteiro</strong> da <strong>Visita</strong><br />

1. <strong>CDCC</strong><br />

É o ponto de partida para a visita. Nesse momento o monitor faz uma<br />

apresentação sobre a visita e verifica as concepções prévias que os<br />

alunos têm sobre os temas que serão aborda<strong>do</strong>s, como por exemplo, a<br />

<strong>Bacia</strong> Hidrográfica. Para tanto, é utilizada a maquete e o mapa da sub<br />

bacia hidrográfica <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório.<br />

O <strong>CDCC</strong> está inseri<strong>do</strong> nesta sub bacia em área urbana central, de<br />

característica pre<strong>do</strong>minantemente comercial.<br />

2. Bairro Lagoa Serena<br />

Fig.4 O Leito Fluvial<br />

2.4. Leito da Vazante<br />

Região mais baixa da bacia hidrográfica, onde o rio escoa em época de<br />

seca, isto é, com sua menor vazão anual.<br />

2.5. Leito Menor<br />

O leito menor é considera<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> o leito <strong>do</strong> rio propriamente<br />

dito, por ser bem encaixa<strong>do</strong> e delimita<strong>do</strong>, caracterizan<strong>do</strong>-se também<br />

como a área de ocupação da água em época de cheia.<br />

2.6. Leito Maior<br />

Denomina<strong>do</strong> também como planície de inundação, é nessa área que<br />

ocorrem as cheias mais elevadas, denominadas enchentes.<br />

Ponto localiza<strong>do</strong> próximo à área de nascente <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Simeão.<br />

Área totalmente urbanizada e impermeabilizada, com o córrego<br />

canaliza<strong>do</strong>.<br />

Nesse momento, o conceito de <strong>Bacia</strong> Hidrográfica é relembra<strong>do</strong>, agora<br />

ten<strong>do</strong> a oportunidade de se observar no campo. É abordada a questão<br />

da enchente, pois o local já sofreu bastante com esse problema, devi<strong>do</strong><br />

à impermeabilização <strong>do</strong> solo, ocupação não planejada, lixo na boca de<br />

lobo etc.<br />

Fig.5 Sucessão sazonal <strong>do</strong> escoamento em um leito fluvial<br />

2.7. Perfil Longitudinal de um Rio<br />

O perfil longitudinal de um rio está intimamente liga<strong>do</strong> ao relevo, pois<br />

corresponde à diferença de altitude entre a nascente e a confluência<br />

com um outro rio. Por isso, ao analisar o perfil longitudinal, é possível<br />

constatar sua declividade ou gradiente altimétrico, pois se trata de uma<br />

relação visual entre a altitude e o comprimento de um determina<strong>do</strong><br />

curso d’água.<br />

8<br />

33


topográficos ou divisores de água, e também vulgarmente de espigões<br />

dependen<strong>do</strong> da análise.<br />

Nos interflúvios pre<strong>do</strong>minam os processos de erosão areolar (em<br />

círculos), realizadas pelo intemperismo físico e químico, que tendem a<br />

rebaixar o relevo. Os sedimentos resultantes desses processos tendem<br />

a se deslocar em direção ao leito fluvial (canal <strong>do</strong> rio), caracterizan<strong>do</strong><br />

assim uma região fornece<strong>do</strong>ra de material.<br />

2.2.Vertentes<br />

Por definição, é considerada uma vertente, qualquer superfície que<br />

possua uma inclinação superior a 2°, ângulo suficiente para haver<br />

escoamento da água. Entretanto, as vertentes são mais <strong>do</strong> que<br />

superfícies inclinadas; são consideradas as partes mais importantes de<br />

uma bacia, principalmente por estabelecerem uma conexão dinâmica<br />

entre os topos <strong>do</strong>s interflúvios e o fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> vale, ou leito fluvial, e por<br />

comportarem geralmente, a maior parte da vegetação.<br />

O local apresenta excelente panorama de declividade <strong>do</strong> curso<br />

(observação da área não ocupada em direção ao centro) e, também,<br />

ótima oportunidade de discussão de política ambiental brasileira no que<br />

se refere às áreas de preservação permanente.<br />

3. Divisor de águas entre a sub bacia <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório<br />

e a sub bacia <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Medeiros. (Igreja Santo Antônio)<br />

Fig.3 Vertentes<br />

Além de servirem de região de transportes de sedimentos, a inclinação<br />

das vertentes é fundamental na densidade de drenagem em uma bacia.<br />

Em vertentes muito inclinadas e sem a presença de vegetação nas<br />

suas encostas, o resulta<strong>do</strong> em geral é rápi<strong>do</strong> e desastroso. A perda de<br />

solo causa voçorocas (grandes buracos) e os sedimentos são<br />

carrea<strong>do</strong>s em direção ao fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> vale, ocasionan<strong>do</strong> o assoreamento<br />

<strong>do</strong> rio, tornan<strong>do</strong>-se mais raso.<br />

2.3. O Leito Fluvial<br />

O leito fluvial é denomina<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> o canal de escoamento de um<br />

rio.<br />

Área pertencente à Vila Pra<strong>do</strong>, é densamente povoada e com comércio<br />

bem desenvolvi<strong>do</strong>. O bairro é corta<strong>do</strong> pela Avenida Sallum, ponto mais<br />

alto (altitude aproximada de 840 m) e divisor de águas entre a sub bacia<br />

hidrográfica <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório e a sub bacia hidrográfica <strong>do</strong><br />

Córrego <strong>do</strong> Medeiros (área conhecida como Bicão).<br />

Reforça-se a questão da impermeabilização <strong>do</strong> solo, ressaltan<strong>do</strong> a<br />

importância de manter parte deste permeável, exemplifican<strong>do</strong> com a<br />

própria Praça da Igreja quase toda calçada.<br />

A Avenida Sallum era a antiga estrada que ligava São Carlos a<br />

Descalva<strong>do</strong>.<br />

32<br />

9


4. Transição entre área urbana e rural próximo ao trevo da Av.<br />

Getúlio Vargas com Ro<strong>do</strong>via Washington Luis – (vista e<br />

comentada de dentro <strong>do</strong> ônibus)<br />

junção de <strong>do</strong>is de segunda, assim sucessivamente, forman<strong>do</strong> uma<br />

hierarquia. A conclusão dessa análise é de que, quanto maior for a<br />

ordem <strong>do</strong> rio principal, maior será a quantidade de rios existentes, e<br />

maior será também sua extensão.<br />

Em microbacias, os rios principais serão no máximo de 3° ordem,<br />

enquanto que em grandes bacias hidrográficas, como a <strong>do</strong> rio Tietê, por<br />

exemplo, pode-se chegar até a 10° ordem. Além disso, o escoamento<br />

das águas dentro de uma bacia segue um outro caminho, bem mais<br />

lento, através da infiltração no solo, em direção ao leito fluvial ou<br />

seguin<strong>do</strong> outros estratos geológicos subterrâneos que levam aos<br />

grandes aqüíferos.<br />

Uma outra característica importante no estu<strong>do</strong> sobre <strong>Bacia</strong>s<br />

Hidrográficas é a questão escalar. Dependen<strong>do</strong> da escala a<strong>do</strong>tada é<br />

possível verificar detalhes como relevo, solo, ocupação humana,<br />

encontra<strong>do</strong>s em microbacias (escala local), até a abrangência de uma<br />

mesobacia (escala continental), resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> agrupamento de inúmeras<br />

microbacias.<br />

2. Relevo<br />

De mo<strong>do</strong> geral, uma <strong>Bacia</strong> Hidrográfica pode ser melhor caracterizada,<br />

analisan<strong>do</strong>-se seu perfil topográfico.<br />

Área de transição entre a zona urbana e rural, ten<strong>do</strong> como limite a<br />

Ro<strong>do</strong>via Washington Luis. Pode-se também observar o vale <strong>do</strong> Córrego<br />

<strong>do</strong> Gregório e a sua ocupação irregular por loteamento. Neste local é<br />

possível observar os divisores de águas entre a sub bacia hidrográfica<br />

<strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório e a bacia hidrográfica <strong>do</strong> Ribeirão Feijão,<br />

principal ponto de captação de água superficial da cidade de São<br />

Carlos. Por ser ponto de transição entre zona urbana e rural, algumas<br />

áreas ainda são permeáveis.<br />

Fig.2 Características Físicas de uma <strong>Bacia</strong> Hidrográfica<br />

Dentro desta perspectiva de análise, é possível observar as seguintes<br />

partes de uma bacia:<br />

2.1.Interflúvios<br />

São regiões mais elevadas de uma <strong>Bacia</strong> Hidrográfica, servin<strong>do</strong> de<br />

divisor entre uma bacia e outra. Também são chama<strong>do</strong>s de divisores<br />

10<br />

31


<strong>Bacia</strong>s Hidrográficas<br />

André Salva<strong>do</strong>r<br />

Sandra Fagionato Ruffino,<br />

Silvia Ap. Martins <strong>do</strong>s Santos,<br />

Paulo Henrique Peira Ruffino<br />

Conceito de <strong>Bacia</strong> Hidrográfica<br />

Entende-se por <strong>Bacia</strong>s Hidrográficas, localidades da superfície terrestre<br />

separadas topograficamente entre si, cujas áreas funcionam como<br />

receptores naturais das águas da chuva. Devi<strong>do</strong> a isso, to<strong>do</strong> o volume<br />

de água capta<strong>do</strong> não infiltra<strong>do</strong> é automaticamente escoa<strong>do</strong> por meio de<br />

uma rede de drenagem das áreas mais altas para as mais baixas,<br />

seguin<strong>do</strong> uma hierarquia fluvial, até concentrarem-se em um único<br />

ponto, forman<strong>do</strong> um rio principal.<br />

Assim, o conceito de <strong>Bacia</strong> Hidrográfica pode ser entendi<strong>do</strong> por meio de<br />

<strong>do</strong>is aspectos: Rede Hidrográfica e Relevo.<br />

5. Área das Nascentes <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório (Sitio Santo<br />

Antonio)<br />

Fig.1 Análise da Hierarquia Fluvial<br />

1. A Rede Hidrográfica<br />

Rede Hidrográfica significa um conjunto de cursos d’água (rios)<br />

dispostos em hierarquias encontra<strong>do</strong>s nas bacias hidrográficas.<br />

Os rios de primeira ordem correspondem às nascentes, onde o volume<br />

de água ainda é baixo. Os rios de segunda ordem correspondem à<br />

junção de <strong>do</strong>is rios de primeira ordem e os rios de terceira ordem, a<br />

30<br />

Entrada em trecho com características rurais (fazendas, sítios,<br />

chácaras, etc.). Área ocupada principalmente por pastagens, sobre<br />

solos arenosos. O leito possui uma pequena área de mata ciliar, onde<br />

se encontram espécies arbóreas desenvolvidas. Nesta região há<br />

afloramento <strong>do</strong> lençol freático, constituin<strong>do</strong> as nascentes <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong><br />

Gregório.<br />

Essa área, hoje ocupada por pastagens e agricultura (café, cana-deaçúcar<br />

etc.), era anteriormente ocupada por vegetação de cerra<strong>do</strong>, que<br />

está diretamente relacionada com o solo arenoso, pre<strong>do</strong>minante na<br />

região, No leito <strong>do</strong> córrego é possível observar o afloramento de arenito.<br />

A área apresenta um resquício de mata ciliar já bastante degradada,<br />

porém de grande importância para a área. Possui características típicas,<br />

com árvores altas, grande quantidade de epífitas e musgos, solo rico em<br />

húmus, microclima mais frio e úmi<strong>do</strong>. Oferece abrigo e alimento para os<br />

animais ainda existentes, além da manutenção da diversidade biológica<br />

(fauna e flora) via conservação de corre<strong>do</strong>r ecológico.<br />

Nesse ponto específico são aborda<strong>do</strong>s temas importantes: como é<br />

formada a nascente; o que é lençol freático; alguns <strong>do</strong>s problemas<br />

decorrentes <strong>do</strong> mau uso da água; composição <strong>do</strong> solo desta região e da<br />

11


área urbana. Também é explicada a importância da mata ciliar para a<br />

manutenção da nascente; é citada a legislação ambiental em vigência<br />

(áreas de preservação permanente com 30 metros de largura ao longo<br />

<strong>do</strong>s cursos d’água e 50 metros de raio em áreas de nascentes) e a<br />

importância da sua manutenção na área urbana.<br />

6. Entrada <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório na área urbana (Cemitério<br />

Vertical)<br />

utilizadas podem, no decorrer de muitos anos, estas áreas podem ser<br />

novamente repovoadas por pela vegetação típica, chegan<strong>do</strong> a constitui<br />

uma mata ciliar, porém é difícil ocorrer devi<strong>do</strong> a descaracterização <strong>do</strong><br />

solos <strong>do</strong> local.<br />

Bibliografia<br />

RIBEIRO, José Felipe; WALTER, Bruno Macha<strong>do</strong> Teles. As Matas de<br />

Galeria no contexto <strong>do</strong> bioma cerra<strong>do</strong>. In RIBEIRO, José Felipe,<br />

FONSECA, Calos Eduar<strong>do</strong> Lazarini, SOUSA-SILVA, Carlos Eduar<strong>do</strong><br />

(Editores). Cerra<strong>do</strong>: caracterização e recuperação de matas de<br />

galeria. Planaltina: Embrapa Cerra<strong>do</strong>s, 2001. Pg. 29-47<br />

Além da ocupação urbana intensa e impermeabilização <strong>do</strong> solo, ainda<br />

existem algumas chácaras que ocupam o vale <strong>do</strong> córrego até a sua<br />

margem, geran<strong>do</strong> um impacto característico de invasão de área de<br />

preservação permanente por casas, animais, entulhos etc. É observada<br />

a ausência da mata ciliar e presença de vegetação rasteira. A qualidade<br />

da água é bem inferior a da nascente, eventualmente com a presença<br />

de grande quantidade de lixo, água de coloração esverdeada, forte o<strong>do</strong>r<br />

etc. É importante observar que nesse ponto, o córrego ainda corre sobre<br />

o leito de arenito.<br />

12<br />

29


urubu-rei, araras, tucanos, papagaios, gaviões, o tatu-peba, o tatugalinha,<br />

o tatu-canastra, o tatu-de-rabo-mole, o tamanduá-bandeira e o<br />

tamanduá-mirim, o vea<strong>do</strong> campeiro, o cateto, a anta, o cachorro-<strong>do</strong>mato,<br />

o cachorro-vinagre, o lobo-guará, a jaritataca, o gato mourisco, e<br />

muito raramente a onça-parda e a onça-pintada.<br />

Apesar de este bioma estar sen<strong>do</strong> muito explora<strong>do</strong> com fins<br />

agropecuários, em nossa região podemos ainda encontrar algumas<br />

manchas de cerra<strong>do</strong>, cerradão, campo limpo e campo sujo.<br />

Mata Ciliar<br />

As matas ciliares, de galeria ou de brejo (comuns na região) são<br />

compostas por uma vegetação densa que inclui desde espécies<br />

herbáceas e arbustivas até árvores de grande porte. Por estarem às<br />

margens <strong>do</strong>s rios, não apresentam adaptações que impedem um alto<br />

nível de transpiração, fazen<strong>do</strong> com que o grau de umidade no interior<br />

destas matas seja eleva<strong>do</strong>. Têm a função de proteger o curso d’água<br />

<strong>do</strong>s desbarrancamentos e da entrada de elementos carrea<strong>do</strong>s pela<br />

chuva, como lixo mal disposto (papéis, trapos, plásticos, latas),<br />

combustíveis de automóveis e defensivos agrícolas. Colabora também<br />

para a diminuição da variação da temperatura na água e serve como<br />

fonte de alimento para os organismos aquáticos.<br />

A mata ciliar é considerada o principal corre<strong>do</strong>r ecológico natural entre<br />

ecossistemas, por ser um local visita<strong>do</strong> por animais que estão à procura<br />

de água e são dispersores de sementes e poliniza<strong>do</strong>res. Nela se dá a<br />

troca genética entre populações de mesma espécie, porém de<br />

diferentes localidades, garantin<strong>do</strong> a variabilidade genética, fator<br />

importante para a sobrevivência das espécies.<br />

Apesar de sua importância ecológica, este tipo de vegetação é<br />

geralmente substituí<strong>do</strong> por agricultura ou pecuária, causan<strong>do</strong> perda de<br />

solo, assoreamento <strong>do</strong> rio e às vezes contaminação da água por<br />

agrotóxicos. Em áreas urbanas, a mata ciliar é substituída por casas e<br />

ruas, resultan<strong>do</strong> na aceleração da velocidade da água que chega e<br />

passa pelos corpos d’água causan<strong>do</strong> alagamentos em épocas de<br />

chuvas. Apesar de sua conservação ser garantida por lei (Lei nº 4771,<br />

de 15 set 1965), são raríssimos os casos em que os limites mínimos<br />

estabeleci<strong>do</strong>s (30 metros a cada margem) tem si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>s.<br />

As áreas já destruídas e ocupadas com outras formações vegetais<br />

podem ajudar a evitar o assoreamento, embora não seja<br />

ecologicamente eficientes como a mata ciliar. Caso não sejam mais<br />

28<br />

7. Parque da Chaminé (Fórum)<br />

Diferentemente da área da nascente, nesse ponto pode-se observar o<br />

rio corren<strong>do</strong> sobre afloramento de basalto, o que acontece desde a<br />

rotatória da Educativa e se estende até a sua foz, dan<strong>do</strong> característica<br />

encachoeirada ao córrego.<br />

A área é cortada pela Marginal, totalmente urbanizada e<br />

impermeabilizada, com exceção de alguns pontos ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Fórum.<br />

Pela ocupação mal planejada (retirada da mata ciliar, ocupação <strong>do</strong> vale<br />

etc), o córrego sofre com o desmoronamento de suas margens e<br />

descaracterização de seu leito; as águas apresentam, de maneira geral,<br />

cor escura e mau cheiro, provavelmente causa<strong>do</strong>s por vazamento ou<br />

ligações cruzadas (ligação de esgoto na rede pluvial).<br />

13


8. Foz <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório – junção com Rio Monjolinho<br />

(Rotatória <strong>do</strong> Cristo)<br />

Região onde o córrego é margea<strong>do</strong> pelas avenidas marginais onde<br />

persiste o problema da falta de planejamento. Essa área ainda não está<br />

totalmente urbanizada, assim, notam-se extensas áreas verdes<br />

resultantes da especulação imobiliária e/ou questões de ordem jurídica<br />

sobre proprietários. Nesta porção final da sub bacia hidrográfica a<br />

permeabilidade ainda é garantida por estas áreas, mas, de maneira<br />

indireta e não permanente. Durante to<strong>do</strong> o trajeto pela Marginal, nota-se<br />

a ausência de mata ciliar, e por esse motivo observa-se grandes áreas<br />

de desmoronamento das margens <strong>do</strong> córrego. A qualidade das águas<br />

<strong>do</strong> córrego não apresenta melhora. Do interior <strong>do</strong> ônibus é possível<br />

observar o encontro entre o Córrego <strong>do</strong> Gregório e o Rio <strong>do</strong> Monjolinho,<br />

sob a rotatória <strong>do</strong> Cristo.<br />

Neste ponto é feito o encerramento da visita com comentários e<br />

perguntas relacionadas a tu<strong>do</strong> que foi visto no trabalho de campo, com o<br />

objetivo de refletir sobre os impactos que o homem provoca na<br />

natureza, bem como as maneiras de minimizá-los.<br />

14<br />

• Campo Sujo, Campo Rupestre e Campo Limpo: formações<br />

Campestres caracterizadas pela presença de esparsos arbustos<br />

e subarbustos entremea<strong>do</strong>s no estrato herbáceo.<br />

Cerra<strong>do</strong> propriamente dito<br />

Os solos <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> são profun<strong>do</strong>s, arenosos com baixa retenção de<br />

água, baixo teor de matéria orgânica, além de decomposição lenta,<br />

fatores que levam a uma baixa concentração de nutrientes. Devi<strong>do</strong><br />

principalmente ao alto índice de alumínio, são bastante áci<strong>do</strong>s (pH entre<br />

4 e 5,5).<br />

A vegetação <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> está totalmente adaptada a estas<br />

características. Em resposta à profundidade <strong>do</strong> solo e à presença de<br />

água em suas camadas mais profundas (15 a 20 metros), as árvores,<br />

que chegam a atingir no máximo 20 metros, e os arbustos apresentam<br />

sistemas complexos de raízes subterrâneas. Tal fato lhes permite,<br />

mesmo na estiagem, obter o necessário suprimento de água, para que<br />

se protejam das queimadas e possam depois rebrotar. Já o aspecto<br />

xeromórfico que as plantas apresentam (ramos retorci<strong>do</strong>s, casca<br />

grossa, folhas espessas) é causa<strong>do</strong> pelas condições oligotróficas<br />

(pobres em nutrientes) devi<strong>do</strong> aos solos fortemente lixivia<strong>do</strong>s<br />

(“lava<strong>do</strong>s”), áci<strong>do</strong>s, com eleva<strong>do</strong>s teores de alumínio e ferro, pobres em<br />

nutrientes e praticamente desprovi<strong>do</strong> de húmus.<br />

O Cerra<strong>do</strong> apresenta também um estrato inferior composto por um<br />

tapete de gramíneas de aspecto rasteiro, com raízes pouco profundas,<br />

que recebe alta intensidade luminosa.. Na época da seca, este tapete<br />

rasteiro fica seco favorecen<strong>do</strong> a propagação de incêndios. É importante<br />

observar que incêndios não acontecem a to<strong>do</strong> o momento e que,<br />

quan<strong>do</strong> se repetem em pequenos intervalos de tempo, além de não<br />

permitirem que as plantas se desenvolvam, causam a perda de grande<br />

parte da fauna local.<br />

Associada a vegetação de Cerra<strong>do</strong> existe uma fauna diversificada e<br />

característica de cada fisionomia. Como exemplo, podemos citar o loboguará<br />

que com suas pernas longas e esguias vive a maior parte <strong>do</strong><br />

tempo nos campos onde se movimenta melhor para conseguir seu<br />

alimento e o cachorro vinagre que com suas pernas curtas caça com<br />

mais eficiência nas regiões de florestas.<br />

Dentre os vertebra<strong>do</strong>s de maior porte, são encontra<strong>do</strong>s em áreas de<br />

Cerra<strong>do</strong> a jibóia, a cascavel, várias espécies de jararaca, o lagarto teiú,<br />

a ema, a seriema, a curicaca, o urubu comum, o urubu caça<strong>do</strong>r, o<br />

27


26<br />

Bioma Cerra<strong>do</strong><br />

Sandra Fagionato Ruffino,<br />

Silvia Ap. Martins <strong>do</strong>s Santos,<br />

Paulo Henrique Peira Ruffino<br />

O Cerra<strong>do</strong> é um <strong>do</strong>s principais biomas brasileiros, o segun<strong>do</strong> maior <strong>do</strong><br />

Brasil supera<strong>do</strong> apenas pela Floresta Amazônica. Contém grande<br />

diversidade biológica (um terço da biodiversidade <strong>do</strong> nosso país) e por<br />

isso está sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> uma das 25 áreas mundiais prioritárias<br />

para a conservação.<br />

Abriga inúmeras nascentes e rios, ten<strong>do</strong> papel importante como<br />

fornece<strong>do</strong>r de água para as principais bacias hidrográficas da América<br />

<strong>do</strong> Sul, como por exemplo, <strong>do</strong>s Rios São Francisco, Paraná e Tocantins.<br />

É também área de recarga <strong>do</strong> Aqüífero Guarani, maior manancial de<br />

água <strong>do</strong>ce subterrâneo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

A área central <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> está concentrada no Planalto Central, nos<br />

esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Piauí, Maranhão, Tocantins, Bahia, Minas Gerais, Goiás,<br />

Mato Grosso, Mato Grosso <strong>do</strong> Sul, São Paulo e Paraná, mas chega<br />

também a Rondônia, Amazonas, Roraima e Amapá. Nossa região está<br />

inserida nas bacias <strong>do</strong> Tietê Jacaré e Mogi, região central paulista.<br />

Atualmente, no Esta<strong>do</strong> de São Paulo, verifica-se a mínima ocorrência de<br />

Cerra<strong>do</strong> no extremo oeste, curso superior <strong>do</strong> Rio Tietê, região central <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> onde está localiza<strong>do</strong> o município de São Carlos, nas regiões que<br />

margeiam o Rio Paraná e nas regiões litorâneas, incluin<strong>do</strong> também o<br />

Vale <strong>do</strong> Rio Paraíba, região de São Paulo e Bragança Paulista.<br />

O bioma Cerra<strong>do</strong> apresenta diferentes fisionomias que estão<br />

relacionadas a diferentes características <strong>do</strong> solo, tais como baixa<br />

fertilidade (baixo teor de cálcio) e solo fértil (alto teor de cálcio),<br />

profundidade e regime hídrico. Estas diferentes fisionomias são<br />

apresentadas por RIBEIRO; WALTER (2001) como sen<strong>do</strong>:<br />

• Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão: formações<br />

florestais com pre<strong>do</strong>minância de espécies arbóreas e formação<br />

de <strong>do</strong>ssel,<br />

• Cerra<strong>do</strong> propriamente dito, Parque de Cerra<strong>do</strong>, Palmeiral e<br />

Vereda: formações Savânicas, caracterizadas pela presença <strong>do</strong>s<br />

estratos arbóreos, arbustivos e herbáceos defini<strong>do</strong>s e com<br />

árvores distribuídas aleatoriamente ou ainda concentradas em<br />

locais específicos;<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

1. NACIF, P.G. S. Nota de abertura de monografia. In OLIVEIRA, M. C.<br />

R. As relações ambientais <strong>do</strong> Rio Cachoeira (Sul da Bahia). Ilhéus:<br />

Editus, 1995<br />

2. BRAGA, C. C. S. Contribuição <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da História e Geografia da<br />

Cidade e Município de São Carlos. Revista <strong>do</strong> Instituto Histórico e<br />

Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro. P 187<br />

3 TOLENTINO, M. Entrevista concedida por ocasião da confecção <strong>do</strong><br />

vídeo sobre o Córrego <strong>do</strong> Gregório.(24 de maio de 1999)<br />

15


Sugestões de Atividades<br />

I - Pré-Campo<br />

Para que a saída surta mais efeito é importante que o professor trabalhe<br />

anteriormente com seus alunos os temas a seguir: bacia hidrográfica,<br />

ciclo da água; ambientes urbano e rural.<br />

Mesmo que os alunos já tenham estuda<strong>do</strong> o assunto, solicita-se ao<br />

professor que revise os conceitos com esta abordagem de integração.<br />

Como sugestão para trabalhar o tema ambiente rural e urbano, o<br />

professor poderá fazer um debate entre os alunos. Pode-se dividir a sala<br />

em <strong>do</strong>is grupos, onde cada um defenderá um <strong>do</strong>s ambientes (urbano ou<br />

rural) e atacará o outro. Neste debate, os alunos deverão ser orienta<strong>do</strong>s<br />

a apontar as satisfações e insatisfações, tanto <strong>do</strong> ponto de vista<br />

habitacional, produtivo, como também ambiental.<br />

II - Pós-Campo<br />

De volta à sala, retome com os alunos o que viram. Organize com eles,<br />

a partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s aponta<strong>do</strong>s e das questões colocadas, temas a serem<br />

discuti<strong>do</strong>s durante as aulas. Tente encontrar respostas para as<br />

perguntas em materiais bibliográficos, junto com os alunos. Se não<br />

encontrar, sem problema, apenas deixe claro que procurou e encaminhe<br />

as questões ao <strong>CDCC</strong>.<br />

A Educação Ambiental é um processo que visa o reconhecimento de<br />

valores e aquisição de conhecimentos, objetivan<strong>do</strong> o desenvolvimento<br />

de habilidades e atitudes corretas frente ao meio e, portanto, está<br />

relacionada com a prática de tomadas de decisões e a ética que<br />

conduzem para a melhoria da qualidade de vida.<br />

Se cada indivíduo responsabilizar-se pelo ambiente em que vive<br />

teremos uma melhor qualidade de vida. Assim, um eficiente trabalho de<br />

Educação Ambiental é aquele realiza<strong>do</strong> no ambiente local <strong>do</strong> indivíduo.<br />

Só nos responsabilizamos efetivamente pelo que conhecemos e<br />

convivemos. A fim de conhecer um pouco mais sobre a região em que<br />

os alunos estudam, são propostas algumas atividades:<br />

1) Na bacia hidrográfica visitada podemos citar como principais usos <strong>do</strong><br />

espaço o cultivo de café, culturas temporárias, pastagens, lazer, mata<br />

ciliar e área urbana. Oriente os alunos para que façam o mesmo com a<br />

área que circunda a escola/casa/bairro. Seria interessante utilizar o<br />

mapa da sub-bacia, <strong>do</strong> município ou mesmo a planta <strong>do</strong> bairro para<br />

localizar as informações obtidas.<br />

ruas paralelas à Rua S. Carlos: Conselheiro José Bonifácio,<br />

Aquidabam, Riachuelo e Visconde de Inhaúma.<br />

Referências Bibliográficas<br />

BRAGA, Cincinato César da Silva. Contribuição ao Estu<strong>do</strong> da História e<br />

Geografia da Cidade e Município de São Carlos. Revista <strong>do</strong> Instituto<br />

Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro.<br />

DEVESCOVI, Regina C. Balieiro. 1987. Urbanização e Acumulação -<br />

um estu<strong>do</strong> sobre a cidade de São Carlos. Arquivo de História<br />

Contemporânea - UFSCar.<br />

NEVES, Ary Pinto das. São Carlos - Na Esteira <strong>do</strong> Tempo.<br />

16<br />

25


teria um grande lucro com o café e uma grande valorização de suas<br />

terras, empenhou-se nesse projeto de forma integral. Com o ajuda em<br />

forma de capital de outros fazendeiros da região, amigos e homens<br />

influentes da época, Antonio Carlos de Arruda Botelho conseguiu<br />

constituir a Companhia de Estrada de Ferro de Rio Claro, cuja carta de<br />

concessão foi outorgada pelo Governo Imperial em 04 de outubro de<br />

1880.<br />

Em 15 de outubro de 1884, a ferrovia chega oficialmente a São Carlos<br />

em grande festa, ligan<strong>do</strong>-a ao terminal da via férrea que chegava até<br />

Rio Claro. “Era São Carlos saudan<strong>do</strong> a chegada <strong>do</strong> progresso no<br />

século das luzes à terra de São Carlos Borromeu, graças,<br />

exclusivamente, à decisão e à capacidade de seus filhos.” (NEVES).<br />

Vale ressaltar que o trajeto originalmente feito pela Companhia de<br />

Estrada de Ferro de Rio Claro passava por terras <strong>do</strong> tenente coronel<br />

Antonio Carlos de Arruda Botelho - Barão <strong>do</strong> Pinhal (título de nobreza<br />

concedi<strong>do</strong> pelo Impera<strong>do</strong>r em 1880). Esse empreendimento valeu ao<br />

então Barão <strong>do</strong> Pinhal e futuro Conde muito prestígio econômico e<br />

político.<br />

Em mea<strong>do</strong>s de 1888, a Companhia Paulista mostrou interesse em<br />

adquirir a recém inaugurada linha, mas a proposta feita pela Companhia<br />

Rio Claro não foi aceita. No mês seguinte o Conde <strong>do</strong> Pinhal venderia a<br />

Companhia a um grupo de capitalistas ingleses e três anos depois a<br />

Companhia Paulista, reconhecen<strong>do</strong> seu erro, viria a comprar a<br />

Companhia Rio Claro <strong>do</strong>s ingleses por um preço muito maior <strong>do</strong> pedi<strong>do</strong><br />

pelo Conde <strong>do</strong> Pinhal.<br />

É importante salientar que a cafeicultura foi grande responsável pela<br />

urbanização da cidade de São Carlos e com a chegada da ferrovia essa<br />

urbanização se intensificou. Portanto, a ferrovia <strong>do</strong> complexo cafeeiro<br />

desempenhou papéis importantes: impulsionou a urbanização,<br />

possibilitou a viabilização e a ampliação da acumulação capitalista da<br />

região e <strong>do</strong> país. Isso se torna evidente “(...) pelas repercussões da<br />

implantação da ferrovia sobre a urbanização desse núcleo -<br />

contribuin<strong>do</strong> para a dinamização econômica da região e da cidade,<br />

facilitan<strong>do</strong> o deslocamento populacional e geran<strong>do</strong> atividades urbanas<br />

dela decorrentes (...)” (DEVESCOVI, 1987). A localização da estrada de<br />

ferro no alto da terceira colina, levou até lá a urbanização. Estenderamse<br />

até o pátio da estação as ruas General Osório, Bento Carlos (então<br />

Rua da Victória) e de Santa Cruz. Foram abertas simultaneamente as<br />

24<br />

2) Oriente os alunos para que percorram em grupo, os arre<strong>do</strong>res da<br />

escola, a fim de que cada grupo analise o ambiente sob uma ótica:<br />

Vegetação<br />

• A escola é bem arborizada? Tem sombras para o descanso e<br />

brincadeiras <strong>do</strong>s alunos?<br />

• A região possui praças, áreas de lazer ou resquícios de matas?<br />

• As ruas são bem arborizadas?<br />

Escolham um quarteirão próximo da escola e façam o levantamento <strong>do</strong><br />

número de árvores existentes por casa. Se quiser incrementar,<br />

identifique a diversidade de espécies por meio de características<br />

fisionômicas.<br />

Relevo e Hidrografia:<br />

• As ruas em geral possuem declives acentuadas, são planas,<br />

onduladas ou suavemente onduladas?<br />

• Em que ponto fica a escola: numa vertente, no divisor de águas<br />

ou no vale?<br />

• A qual sub-bacia hidrográfica a escola pertence?<br />

• Há córregos ou rios nas proximidades da escola?<br />

• Estão canaliza<strong>do</strong>s ou correm no seu curso normal?<br />

• Há mata ciliar?<br />

• Qual a qualidade aparente da água?<br />

• Há problemas com lixo no rio?<br />

Habitação<br />

• Como são as casas da região? Grandes ou pequenas? E os<br />

terrenos?<br />

• Há quintais e jardins? Estabeleça uma relação de área<br />

construída por área livre. Por exemplo: a metade <strong>do</strong> terreno está<br />

construída, a maior parte <strong>do</strong> terreno está construída...<br />

• Há recuo frontal ou a frente da casa é “colada” com a calçada?<br />

• Como são as calçadas? Têm floreiras, gramas ou são totalmente<br />

impermeabilizadas?<br />

Transporte:<br />

• As ruas são pavimentadas, asfaltadas? Têm buracos?<br />

• Como a região está servida de transporte coletivo (ônibus). Há<br />

um número razoável de ônibus ou não? E de linhas?<br />

• O trânsito na região é muito ou pouco intenso?<br />

• Faça um levantamento <strong>do</strong> número de carros que passam na<br />

frente da escola por minuto, nos horários de entrada e saída <strong>do</strong>s<br />

alunos.<br />

17


Textos Complementares<br />

<strong>Sub</strong> -<strong>Bacia</strong> Hidrográfica <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório<br />

Sandra Fagionato Ruffino,<br />

Silvia Ap. Martins <strong>do</strong>s Santos,<br />

Paulo Henrique Peira Ruffino<br />

Fundamentação Teórica<br />

A discussão e saída a campo pela área da <strong>Sub</strong>-<strong>Bacia</strong> Hidrográfica <strong>do</strong><br />

Córrego <strong>do</strong> Gregório são instrumentos efetivos na abordagem <strong>do</strong><br />

conteú<strong>do</strong> ambiental curricular sugeri<strong>do</strong> no PCN Meio Ambiente e<br />

também na visão e interpretação integra<strong>do</strong>ra e multidisciplinar<br />

objetivada com a nova Política Nacional de Educação Ambiental.<br />

Conceitos e Conteú<strong>do</strong>s<br />

A área da referida sub bacia hidrográfica, por abranger características<br />

distintas em toda a sua extensão, facilita diferentes interpretações de<br />

ordem de uso e ocupação <strong>do</strong> ambiente pelo homem (ação antrópica).<br />

De maneira geral sugere-se que haja distinção de objetivos dependen<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> ambiente a ser trabalha<strong>do</strong>, isto é: ambiente natural (áreas<br />

particulares naturais urbanas ou rurais e unidades de conservação),<br />

ambiente rural e urbano.<br />

Para o estu<strong>do</strong> de ambiente natural esta visita não se mostra adequada<br />

por não apresentar manchas significativas destas formações vegetais<br />

pre<strong>do</strong>minantes na região de São Carlos (Cerra<strong>do</strong>/Cerradão, Mata de<br />

Planalto e Mata de Araucárias). No entanto, a vegetação de mata de<br />

brejo ou galeria e sua fisionomia em vale encaixa<strong>do</strong> é visível na área de<br />

nascente, de fácil entendimento e identificação.<br />

A visita<br />

O percurso elabora<strong>do</strong> é propício para o desenvolvimento das<br />

discussões e vivências nos ambientes rurais e urbano. Portanto os<br />

objetivos pedagógicos devem considerar proposição, ação e<br />

reflexão/avaliação para estes <strong>do</strong>is ambientes em específico.<br />

A discussão<br />

Os ambientes urbano e rural de São Carlos, em especial na área da<br />

<strong>Sub</strong>-<strong>Bacia</strong> Hidrográfica <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório, se encontram muito<br />

altera<strong>do</strong>s/utiliza<strong>do</strong>s pelo homem de forma a manterem muito pouco das<br />

condições biológicas originais (a topografia foi pouco alterada com<br />

18<br />

suporte para colônias de bactérias, de tal maneira que elas<br />

metabolizavam a matéria orgânica <strong>do</strong> esgoto, purifican<strong>do</strong> a água, ao<br />

mesmo tempo em que a superfície ampla permitia uma sedimentação<br />

<strong>do</strong>s resíduos insolúveis e o arejamento da água. A água saia <strong>do</strong> terceiro<br />

tanque relativamente limpa e era lançada no Córrego <strong>do</strong> Gregório.<br />

Estação Ferroviária<br />

As plantações de café da região estavam em pleno desenvolvimento e<br />

o preço deste produto no merca<strong>do</strong> externo alcançava cada vez mais<br />

resulta<strong>do</strong>s favoráveis. Logo, era necessário que se apressasse a<br />

chegada <strong>do</strong> café <strong>do</strong>s fazendeiros são-carlenses ao porto de Santos,<br />

pois as perdas ocasionadas pelo transporte <strong>do</strong> produto em lombo de<br />

burro até Rio Claro eram muitas. A solução mais adequada para o<br />

momento era a ferrovia estender-se até a nossa região.<br />

Logo, para os cafeicultores sãocarlenses, principalmente Antônio Carlos<br />

de Arruda Botelho - futuro Conde <strong>do</strong> Pinhal era uma questão de<br />

sobrevivência que a ferrovia chegasse até São Carlos, preven<strong>do</strong> que se<br />

isso não acontecesse a cidade ficaria à margem <strong>do</strong> progresso, que<br />

acompanhava os trilhos da linha férrea.<br />

Em edição extraordinária a Câmara Municipal se reuniu em março de<br />

1876 para representar junto ao Impera<strong>do</strong>r a conveniência <strong>do</strong><br />

prolongamento <strong>do</strong>s trilhos de Rio Claro até São Carlos, dentro de um<br />

projeto de ligação com Mato Grosso, passan<strong>do</strong> por Santana <strong>do</strong><br />

Parnaíba.<br />

Entretanto, os dirigentes da Companhia Paulista tinham a intenção de<br />

que a ferrovia passasse por outros grandes centros produtores de café:<br />

os vales <strong>do</strong> Rio Tietê e <strong>do</strong> Mogi; as cidades de Jaú e de Ribeirão Preto.<br />

Esta intenção se justificava, pois estas eram regiões de terrenos de<br />

acesso quase plano, facilitan<strong>do</strong> a implantação da ferrovia, com menos<br />

custos e ten<strong>do</strong> prosseguimento para o interior.<br />

Ao encontro desta justificativa, a cidade de São Carlos, apesar de ter<br />

uma produção de café de boa qualidade e em franco crescimento,<br />

estava localizada na escarpa <strong>do</strong> planalto, de acesso difícil. Além disso,<br />

não existia interesse, por parte <strong>do</strong>s dirigentes da Companhia Paulista,<br />

em atingir o Mato Grosso, o que fazia dessa obra muito onerosa e sem<br />

grandes interesses econômicos.<br />

Como Antônio Carlos de Arruda Botelho tinha interesse pessoal que a<br />

ferrovia chegasse até São Carlos, por ser o principal produtor de café e<br />

possui<strong>do</strong>r de grande extensão de terras nessa região e sabe<strong>do</strong>r de que<br />

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Largo São Benedito – a capela ainda conserva traços da época - local<br />

<strong>do</strong> primeiro cemitério entre 1856 e 1882. A atual igreja foi inaugurada,<br />

provavelmente, em 30 de junho de 1897.<br />

Rua General Osório<br />

Prédio que ainda conserva a construção original, entre as ruas<br />

Riachuelo e Visconde de Inhaúma - foi residência de Gabriel Gagliardi,<br />

comerciante italiano. Construída em 1895, a parte de baixo <strong>do</strong> sobra<strong>do</strong><br />

servia para o armazém; as portas de madeira foram trabalhadas pelo<br />

artista Francisco Scalamandré. Atualmente passa por restauração.<br />

Prédio que ainda conserva a fachada original, na esquina da Rua<br />

General Osório com a Rua Riachuelo – originalmente prédio que,<br />

possivelmente, abrigou o primeiro banco de São Carlos, por isso as<br />

grades de ferro nas janelas. Hoje restaura<strong>do</strong>, abriga a sede da<br />

CIESP/São Carlos.<br />

Rua 9 de Julho<br />

Hoje o prédio <strong>do</strong> <strong>CDCC</strong> - abrigava a “Societá Dante Alighieri”, fundada<br />

em 15 de setembro de 1902, inicialmente com um só pavimento. Após<br />

reformas em 1921 passou a ter <strong>do</strong>is andares (o segun<strong>do</strong> andar<br />

destina<strong>do</strong> à parte social da colônia italiana, com teatro e salão de<br />

festas), estas feitas pelo mestre construtor Felício Bertoldi. Em 1945 foi<br />

alugada para a instalação da Escola de Engenharia de São Carlos.<br />

Cine São José - atualmente a loja Casa Verde - parte de cima (próximo<br />

ao telha<strong>do</strong>) ainda conserva traços da época.<br />

Rua Carlos Botelho<br />

Onde hoje compreende parte da <strong>USP</strong>, era local <strong>do</strong> Posto Zootécnico<br />

(funda<strong>do</strong>, aproximadamente, em 1905). A grade que hoje a<strong>do</strong>rna<br />

grande parte <strong>do</strong>s limites da <strong>USP</strong> na Rua Carlos Botelho pertenceu à<br />

praça em frente à Catedral, que antes era toda cercada.<br />

Marginal , atual SESC – primeira estação de tratamento de esgoto<br />

Em 1901 foi feito o projeto de tubulação de esgoto da cidade. O coletor<br />

principal seguia a margem esquerda <strong>do</strong> Gregório. Na chácara,<br />

conhecida como filtros, onde hoje é o atual SESC, foi construída a<br />

primeira e única estação de tratamento de esgoto, que funcionou de<br />

1925 a 1930. Esta estação era composta por três tanques<br />

intercomunicantes construí<strong>do</strong>s de alvenaria (20m X 20m, com 1m<br />

aproximadamente de profundidade). Entre um tanque e outro, eram<br />

instala<strong>do</strong>s orifícios que eram fecha<strong>do</strong>s com pedras, que serviam de<br />

22<br />

somente algumas retilinizações de curso d’água, e aterros localiza<strong>do</strong>s).<br />

A relevância desta situação e desta visita se dá pelo fato <strong>do</strong> aluno<br />

vivenciar exatamente as condições mais freqüentes de uso <strong>do</strong> ambiente<br />

no município. Este objetivo é muito importante visto que, em todas as<br />

orientações pedagógicas recentes e, principalmente na educação<br />

ambiental, a realidade local é tratada como palco das ações e reflexões<br />

necessárias a melhoria de qualidade de vida da comunidade.<br />

Pode-se pautar a visita em termos comparativos de conteú<strong>do</strong> entre os<br />

meios urbano e rural, por exemplo:<br />

• diferenças de uso <strong>do</strong> solo entre as áreas e seus impactos<br />

ambientais;<br />

• densidade populacional e condições de vida;<br />

• situação atual das áreas com relação aos recursos naturais<br />

(solo, água, vegetação, fauna);<br />

• infra-estrutura instalada (acessos, água, esgotos, energia<br />

elétrica, comércio, etc.)<br />

Área urbana e rural<br />

O espaço urbano é um espaço altera<strong>do</strong> e adapta<strong>do</strong> às ações humanas,<br />

porém o espaço agrícola também o é. Do ponto de vista físico, o que os<br />

distingue é a natureza e a aglomeração das adaptações. A maior parte<br />

das adaptações produzidas no espaço agrícola refere-se a modificações<br />

na flora, a qual é substituída por espécies convenientes (agriculturável).<br />

A maior parte das adaptações <strong>do</strong> espaço urbano é constituída de<br />

construções para inúmeras atividades que se passarão no seu interior,<br />

sejam elas de moradia, produção, de consumo, de troca, etc. A terra<br />

coberta apenas por vegetação é, no espaço urbano, a exceção,<br />

enquanto no espaço rural, a regra. As construções, constituin<strong>do</strong><br />

espaços internos, são exceções no espaço rural e regra no urbano.<br />

Mesmo as vias de ligação e circulação (transportes) são muito mais<br />

densas em áreas urbanas <strong>do</strong> que rurais.<br />

A urbanização provoca, portanto, maiores alterações ambientais,<br />

caben<strong>do</strong> aos planeja<strong>do</strong>res minimizar os impactos.<br />

A alta amplitude térmica está relacionada com a urbanização. Áreas<br />

pavimentadas absorvem mais calor durante o dia e eliminam durante a<br />

noite, aumentan<strong>do</strong> a temperatura. Além disso, com a pavimentação, há<br />

um escoamento mais rápi<strong>do</strong> da água e conseqüentemente, o solo seca<br />

mais rapidamente, diminuin<strong>do</strong> o processo de evaporação, o qual tem<br />

efeito de resfriamento da superfície da Terra. Um outro agravante para o<br />

19


aumento de temperatura no meio urbano são as máquinas e veículos<br />

que produzem calor.<br />

A velocidade <strong>do</strong>s ventos é menor nas cidades, em conseqüência de<br />

barreiras (edificações) que são criadas à sua circulação.<br />

Nas cidades observa-se maior precipitação pluvial <strong>do</strong> que nos<br />

ambientes rurais, pois as atividades humanas neste meio produzem<br />

maior número de núcleos de condensação (partículas suspensas no ar).<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a umidade relativa é menor.<br />

O desmatamento provoca alterações climáticas, pois a vegetação é<br />

responsável pela regularização da temperatura e da umidade, além de<br />

contribuir para uma melhor ventilação.<br />

O processo de urbanização pode provocar alterações significativas no<br />

ciclo hidrológico, principalmente sob os seguintes aspectos:<br />

20<br />

• aumento na concentração de água pluvial derivada da<br />

irregularidade de precipitações ao longo <strong>do</strong> ano;<br />

• diminuição da evapotranspiração, como conseqüência da<br />

redução da vegetação;<br />

• diminuição da infiltração da água, devi<strong>do</strong> à impermeabilização e<br />

compactação <strong>do</strong> solo, com conseqüente aumento da quantidade<br />

de líqui<strong>do</strong> escoa<strong>do</strong>;<br />

• consumo de água superficial e subterrânea, para abastecimento<br />

público, industrial e outros;<br />

• mudanças no nível <strong>do</strong> lençol freático, poden<strong>do</strong> ocorrer redução<br />

ou esgotamento <strong>do</strong> mesmo;<br />

• maior erosão <strong>do</strong> solo e conseqüente aumento <strong>do</strong> processo de<br />

assoreamento das águas superficiais;<br />

• aumento da ocorrência de enchentes;<br />

• poluição de águas superficiais e subterrâneas.<br />

Pontos Históricos da <strong>Sub</strong>-<strong>Bacia</strong> <strong>do</strong> Córrego <strong>do</strong> Gregório<br />

Rita de Cássia de Almeida<br />

Entre Largo da Santa Cruz e Estação Ferroviária<br />

Região no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s vales, delineada pelo córrego <strong>do</strong> Gregório<br />

(chama<strong>do</strong> nos primeiros <strong>do</strong>cumentos de “águas da servidão”) e de seu<br />

afluente Córrego <strong>do</strong> Simeão (canaliza<strong>do</strong> sob a Rua Episcopal, deságua<br />

no Córrego <strong>do</strong> Gregório perto <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> Municipal), teve desde a<br />

época de ocupação o nome de “baixada”. Nesse local foram erguidas as<br />

primeiras indústrias, quase artesanais, trazidas pelos imigrantes<br />

europeus, principalmente italianos, que ali fixaram residência. Essa<br />

região passou a ser denominada de “Piccola Calabria”, por muitos destes<br />

imigrantes serem originários desta região <strong>do</strong> sul da Itália.<br />

Rua Episcopal<br />

Em 1 o . de janeiro de 1903 é entregue à população o primeiro pavilhão<br />

<strong>do</strong> Merca<strong>do</strong>. Na ocasião, foi aberta a Rua <strong>do</strong> Merca<strong>do</strong> (hoje Rua<br />

Geminiano Costa), sen<strong>do</strong> o la<strong>do</strong> sul ocupa<strong>do</strong> por pequenas casas de<br />

comércio. Em 1907 foi inaugura<strong>do</strong> o segun<strong>do</strong> pavilhão destina<strong>do</strong> à<br />

venda de frutas e hortaliças.<br />

Rua José Bonifácio<br />

O Prédio da Escola Estadual de Ensino Fundamental Eugênio Franco<br />

teve sua construção iniciada em 1906. O edifício era destina<strong>do</strong> à<br />

“Escola Normal Complementar Conde <strong>do</strong> Pinhal” que permaneceu<br />

alguns anos sem ser ocupa<strong>do</strong>. Em 1911 neste prédio foi instalada a<br />

Escola Normal Secundário, até a construção de seu prédio próprio na<br />

Avenida São Carlos (EE Álvaro Guião).<br />

Uma das primeiras indústrias de porte instalada em São Carlos foi a<br />

Fábrica de Teci<strong>do</strong>s Magdalena, inaugurada em 03 de fevereiro de 1911,<br />

de propriedade da Companhia Industrial de São Carlos. A fábrica<br />

mantinha uma vila para abrigar seus funcionários, local que ainda hoje<br />

é chama<strong>do</strong> de “Beco da Magdalena” (na Rua Santa Cruz). Em 1916 a<br />

Fábrica de Teci<strong>do</strong>s entrou em crise e foi absorvida pela Companhia<br />

Fiação e Teci<strong>do</strong>s São Carlos. Paredões originais da época que até hoje<br />

resistem, na Rua José Bonifácio.<br />

Em 1930 a Johann Faber, de origem alemã e primeira multinacional<br />

instalada em São Carlos comprou a fábrica de lápis H. Fehr instalada<br />

na cidade desde 1926.<br />

Rua Bento Carlos<br />

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