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BRASIL:<br />

O NOVO JEITO DE GOVERNAR.<br />

PLANO DE GOVERNO DE AÉCIO NEVES E ALOYSIO NUNES<br />

2015 2018


APRESENTAÇÃO<br />

Nosso Plano de Governo, apresentado nesse<br />

momento à sociedade brasileira, enfatiza, de<br />

forma transparente, propostas e compromissos,<br />

ao invés de privilegiar apenas os tradicionais<br />

diagnósticos, exaustivamente abordados<br />

em campanhas presidenciais.<br />

Sao quatro grandes áreas apresentadas a seguir,<br />

por ordem alfabética, e que se constituem<br />

a partir de um compromisso primeiro:<br />

a defesa das liberdades, o respeito às diferenças<br />

e o compromisso com a transformação<br />

da realidade econômica e social do país.<br />

São elas:<br />

1. Cidadania plena: Direitos do cidadão e da<br />

sociedade.<br />

2. Desenvolvimento para todos.<br />

3. Estado Democrático, soberano, solidário<br />

e eficiente.<br />

4. Sustentabilidade: semeando o presente<br />

para colher o futuro.<br />

PRINCÍPIOS<br />

Todas as ações do nosso governo serão planejadas<br />

e implantadas a partir de sete princípios<br />

já apresentados publicamente nas Diretrizes<br />

do nosso Plano de Governo.<br />

São eles:<br />

1. Confiança;<br />

2. Transparência;<br />

3. Descentralização;<br />

4. Simplicidade;<br />

5. Inovação;<br />

6. Eficiência;<br />

7. Participação popular;<br />

Os últimos 30 anos foram fundamentais<br />

para a construção do Brasil do nosso tempo.<br />

Neste curto trecho de história, o país reconquistou<br />

a democracia; domou a inflação<br />

e ampliou a oferta de serviços básicos em<br />

áreas importantes, como saúde, educação,<br />

previdência, assistência social e telecomunicações.


Crescemos, melhoramos a distribuição de<br />

renda e começamos a nos abrir para o mundo,<br />

considerando os potenciais inexplorados<br />

da 7ª economia do planeta.<br />

Nesse processo, devemos reconhecer o papel<br />

crucial desempenhado por diferentes<br />

partidos e governos. Todos nós, brasileiros,<br />

nos orgulhamos desses avanços e da contribuição<br />

de cada cidadão para que essas conquistas<br />

fossem possíveis.<br />

No final da primeira década do novo século,<br />

tudo parecia estar pronto para garantir ao<br />

país um novo salto. Em especial, as condições<br />

excepcionais do longo trecho de prosperidade<br />

internacional daqueles anos, que<br />

impactaram o preço das nossas commodities<br />

nacionais e geraram um bom período de<br />

crescimento.<br />

Atravessamos os primeiros momentos da<br />

grande crise de 2008/2009 com relativa<br />

tranquilidade. O desempenho diferenciado<br />

dos demais países reforçou a impressão de<br />

que o Brasil poderia vir a ser a nação mais<br />

promissora entre os emergentes.<br />

Não foi o que se viu.<br />

Passo a passo e com enormes erros, o gigante<br />

adernou em mais uma década perdida.<br />

Acabamos portadores da pior equação entre<br />

as economias equivalentes – baixíssimo<br />

crescimento com inflação alta.<br />

O cenário seguinte foi o esperado: como<br />

o país não foi capaz de ouvir as inúmeras<br />

advertências sobre o quadro econômico em<br />

deterioração, terminamos migrando para a<br />

recessão, sem, no entanto, banir o recrudescimento<br />

da inflação. O descontrole do<br />

gasto público ocupa o espaço do necessário<br />

investimento; o intervencionismo gera insegurança<br />

jurídica; a contabilidade criativa e<br />

a corrupção endêmica instalada corroem a<br />

credibilidade e a confiança no país.<br />

Não vivemos apenas um momento passageiro<br />

de recessão, mas sim uma clara diminuição<br />

da nossa capacidade de crescimento.<br />

Esse quadro limita a expansão dos gastos e<br />

investimentos sociais necessária para transformar<br />

o Brasil em uma sociedade mais<br />

próspera e igual.<br />

Para superar este mau momento, é preciso,<br />

primeiro, valorizar o que já foi construído e<br />

preservar o que foi conquistado, aprendendo<br />

sempre com as lições do passado.


Mas, acima de tudo, é hora de olhar para<br />

frente: quais serão nossos próximos passos?<br />

Que novas conquistas vão nos mobilizar?<br />

Sabemos o que queremos e o que precisamos<br />

alcançar. Precisamos de um governo<br />

que não atrapalhe quem produz e funcione,<br />

cumprindo seus deveres e responsabilidades<br />

na garantia de serviços públicos de qualidade<br />

para a população; na criação das condições<br />

necessárias para a superação da pobreza<br />

e na geração de verdadeiras e igualitárias<br />

oportunidades para os brasileiros.<br />

Para que isso ocorra é essencial entender o<br />

que sentem e pensam as pessoas. As ruas<br />

falaram e nós ouvimos: os brasileiros cobram<br />

dos seus governantes o devido respeito<br />

aos governados e às suas demandas. Temos<br />

o direito de exigir que o poder público faça<br />

a sua parte, sem desperdiçar nem desviar os<br />

recursos que lhe entregamos com o nosso<br />

trabalho.<br />

FEDERAÇÃO SOLIDÁRIA<br />

O nosso plano se compromete com o resgate<br />

e o fortalecimento da Federação, hoje<br />

anêmica e enfraquecida, onde se constata<br />

a ausência de recursos e competências para<br />

que os poderes locais possam enfrentar os<br />

seus problemas e melhorar a qualidade de<br />

vida das suas comunidades.<br />

Dessa maneira, a revisão do pacto federativo,<br />

devolvendo-se a estados e municípios<br />

meios de prestarem serviços públicos de<br />

qualidade, torna-se uma urgência no Brasil<br />

atual. É unânime o entendimento de que a<br />

descentralização, um dos esteios deste plano<br />

de governo, deve ser reintroduzida como<br />

pilar do Estado brasileiro, permitindo que a<br />

solução dos problemas seja levada para perto<br />

de onde ele ocorrem, de forma mais rápida<br />

e econômica.<br />

A atual abusiva concentração de recursos na<br />

esfera federal deve ser corrigida, reconhecendo<br />

a estados e municípios autonomia e<br />

recursos para a implementação de políticas<br />

públicas adequadas para enfrentar os desafios<br />

regionais e locais.<br />

Deste modo, é preciso afirmar o que o governo<br />

federal, pode e deve fazer nos próximos<br />

anos para ajudar o Brasil e os brasileiros<br />

a avançarem na direção das suas aspirações.<br />

Este programa pretende ser a resposta da<br />

coligação Muda Brail a esses anseios


Enfrentamos, aqui, o desafio de fazer com<br />

que as múltiplas ações da máquina do governo<br />

não se dispersem nem se constituam<br />

em iniciativas isoladas mas, ao contrário,<br />

convirjam para o bem comum. Para tanto,<br />

devem, todas, compartilhar os mesmos princípios<br />

básicos, a mesma visão do que é fundamental<br />

para que o governo atenda às aspirações<br />

do povo e às necessidades do país.<br />

Por isso, explicitamos, em primeiro lugar,<br />

os princípios que inspiraram a construção<br />

de cada uma das propostas deste programa.<br />

São eles que nortearão nossas ações.<br />

As pessoas precisam confiar que o governo<br />

trabalha para elas e não contra elas, nem<br />

contra seus legítimos interesses. As leis e outras<br />

regras – decretos, regulamentos, instruções,<br />

resoluções, etc. – não podem mudar a<br />

todo o momento, ao sabor da vontade do dirigente<br />

público. Elas devem ser planejadas,<br />

norteadas pelo interesse público e discutidas<br />

com a população, para serem duradouras. O<br />

custo da frequente mudança de regras é a<br />

insegurança jurídica. Ela agrava a incerteza,<br />

que dificulta a vida do empreendedor, principalmente<br />

do micro e pequeno empresário.<br />

Espanta o capital externo, porque fica muito<br />

arriscado investir no Brasil. Tudo isso se traduz<br />

em menos investimentos, menos produção<br />

e menos empregos.<br />

CONFIANÇA<br />

Acreditamos que o Brasil precisa de confiança,<br />

antes de tudo. Esse é o primeiro e<br />

mais importante princípio com o qual nos<br />

comprometemos. O cidadão, as empresas e<br />

todas as demais instituições precisam voltar<br />

a confiar no governo e nos órgãos públicos.<br />

As incertezas e temores que tomaram trabalhadores,<br />

empresários, profissionais liberais<br />

e estudantes são o maior obstáculo à retomada<br />

do crescimento do país.<br />

Confiança significa criar um ambiente propício<br />

ao crescimento dos investimentos,<br />

do emprego e da renda. E, acima de tudo,<br />

significa criar um ambiente de respeito aos<br />

direitos e aspirações dos cidadãos por parte<br />

daqueles que os representam no governo.<br />

TRANSPARÊNCIA<br />

Outro importante princípio de boa governança<br />

é a transparência. Ela significa um dever<br />

do estado nacional e um direito dos cidadãos.<br />

Direito de conhecerem as motivações das<br />

escolhas realizadas e o destino dos recursos<br />

públicos obtidos mediante a cobrança de impostos.<br />

Contabilidade criativa, compras su-


perfaturadas, desvio de recursos, obras pela<br />

metade, entre tantas outras mazelas, precisam<br />

deixar de ser rotina no nosso pais.<br />

É nosso compromisso adotar as ferramentas<br />

mais modernas de gestão e os recursos das<br />

novas tecnologias para cuidar bem de cada<br />

centavo de dinheiro público e permitir um<br />

efetivo acompanhamento das despesas do<br />

Estado e de seus resultados.<br />

A centralização leva à padronização de iniciativas<br />

– trata como iguais realidades diferentes<br />

– e faz com que muitas decisões sejam<br />

tomadas sem um efetivo contato com<br />

a realidade, o que, muitas vezes, gera uma<br />

percepção equivocada sobre as prioridades .<br />

Conhecendo melhor a realidade de cada<br />

brasileiro , o governo erra menos.<br />

DESCENTRALIZAÇÃO<br />

Descentralização é princípio básico para<br />

governar bem um país continental como o<br />

Brasil. Significa, basicamente, que a prestação<br />

de serviços públicos executados pelo<br />

governo federal, de Brasília, devem ser compartilhados<br />

ou repartidos com os estados e<br />

municípios. O planejamento conjunto das<br />

demandas possibilitará a transferência dos<br />

recursos planejados e orçados, sem contingenciamento<br />

e, principalmente, um efetivo<br />

controle da qualidade e a eficiência dos serviços<br />

prestados.<br />

A importância da descentralização é clara<br />

em um país com mais de 5.500 municípios.<br />

É simplesmente impossível conhecer com<br />

precisão as necessidades das pessoas que vivem<br />

em todas as nossas cidades<br />

SIMPLICIDADE<br />

Outro princípio fundamental do nosso programa<br />

é a simplicidade. Precisamos simplificar,<br />

definitivamente, a vida das pessoas.<br />

Todos sabem o tempo perdido no país com<br />

filas intermináveis para conseguir um benefício<br />

ou serviço, um documento, ou muitas<br />

vezes até para obter uma informação.<br />

E isso não apenas nas repartições públicas,<br />

mas também em bancos, cartórios, aeroportos,<br />

etc.<br />

O Estado precisa parar de tomar o tempo do<br />

cidadão com exigências inúteis, como se ele<br />

não tivesse nenhum valor. A palavra-chave é<br />

desburocratizar, simplificar, e isso depende<br />

apenas da vontade do governo.


Além de facilitar a vida das pessoas, a simplificação<br />

permitirá que o governo tenha uma<br />

estrutura mais leve, mais enxuta e mais barata,<br />

podendo deslocar os funcionários e os<br />

recursos públicos de atividades burocráticas<br />

inúteis para as funções em que eles são mais<br />

necessários. A simplificação também significa,<br />

para as empresas, a redução das despesas<br />

realizadas com procedimentos inúteis<br />

na burocracia governamental<br />

Nesse mesmo sentido, de tornar mais simples<br />

a vida do cidadão, é imperativo também<br />

garantir o direito do consumidor. Não é possível<br />

gastar horas para reclamar sobre um<br />

serviço prestado ou um produto com defeito.<br />

Ou ter que brigar para não pagar por um<br />

serviço não solicitado.<br />

Vamos garantir que as leis de defesa do consumidor<br />

sejam cumpridas e que os problemas<br />

sejam resolvidos com maior rapidez,<br />

criando processos mais rápidos e instâncias<br />

mais ágeis, como mediadores, árbitros<br />

e tribunais de pequenas causas. É preciso<br />

também penalizar empresas e prestadores<br />

de serviços que não atendam aos direitos do<br />

consumidor.<br />

INOVAÇÃO<br />

Para encurtar a distância que nos separa dos<br />

países desenvolvidos e não ficarmos atrás<br />

dos países em desenvolvimento, o Brasil<br />

precisa de um governo efetivamente comprometido<br />

com o principio da inovação.<br />

Inovar é introduzir ou aperfeiçoar produtos,<br />

serviços e processos produtivos que atendam<br />

mais e melhor às necessidades das pessoas.<br />

A inovação é fundamental para aumentar a<br />

competitividade de nossas empresas e dos<br />

prestadores de serviços, tanto internamente<br />

como no exterior.<br />

Estamos atrasados nessa matéria. O Brasil<br />

tem um baixíssimo registro de patentes, as<br />

empresas e o governo investem pouco em<br />

inovação. É necessário aumentar os recursos<br />

destinados à inovação, tanto pelo setor<br />

público como pelo setor privado.<br />

Nosso país tem grandes centros de excelência<br />

em pesquisa, mas precisamos de mais.<br />

É fundamental fortalecer a pesquisa e a<br />

infraestrutura científica e tecnológica, que<br />

precisam alcançar padrões internacionais<br />

para impulsionar a economia, diversificando<br />

as atividades e agregando valor.


É por meio da introdução de novas tecnologias<br />

que aumentaremos a competitividade<br />

de nossos produtos, obtendo melhorias e reduções<br />

de preço, maior qualificação do trabalho,<br />

e aumento das exportações, trazendo<br />

benefícios para todo o país.<br />

EFICIÊNCIA<br />

Quanto à aplicação de recursos provenientes<br />

dos impostos, o Estado tem a obrigação<br />

de ser mais eficiente na sua alocação. Isso<br />

depende da valorização do princípio da eficiência<br />

em todas e cada uma das ações do<br />

governo. Quando defendemos a ideia força<br />

de um choque de gestão, defendemos um<br />

Estado capaz de gerir os recursos públicos<br />

de forma correta, com mais produtividade,<br />

fazer mais e melhor com menos dispêndio e<br />

com foco na melhoria da vida das pessoas.<br />

O desafio é aplicar bem o dinheiro do contribuinte<br />

brasileiro nas atividades e serviços<br />

públicos onde há mais carência e demandas<br />

coletivas.<br />

O momento exige modernização para habilitar<br />

organizações públicas mais enxutas, eficientes,<br />

rápidas e auditadas com rigor. Não<br />

há porque fazer gastos faraônicos em projetos<br />

que não terminam nunca. Basta visitar a<br />

lista de obras e projetos que não saíram do<br />

papel – mas o cidadão pagou pelo projeto;<br />

que foram iniciadas mas cuja entrega está<br />

atrasada em muitos anos; ou obras que tiveram<br />

seus orçamentos estourados em bilhões<br />

de reais. Esse é um dos retratos mais trágicos<br />

da ineficiência do atual governo e do<br />

descaso e desrespeito para com o dinheiro<br />

público. Não podemos mais conviver com a<br />

ineficiência.<br />

Como se sabe, o Governo padece de um<br />

agudo gigantismo. Atua com um número<br />

exagerado de ministérios, cargos e organizações.<br />

Em contrapartida, presta serviços<br />

de péssima qualidade à população. A corrupção,<br />

os desmandos, o desvio de dinheiro<br />

público, e a má alocação dos impostos arrecadados<br />

chegaram a níveis insuportáveis. É<br />

imperativo de uma nova ordem e de uma<br />

nova governança gastar melhor o dinheiro<br />

dos contribuintes e prestar contas sobre ele.<br />

PARTICIPAÇÃO POPULAR<br />

A boa governança tem o dever de se habilitar<br />

a desenvolver um inédito, consistente e<br />

permanente diálogo com a nossa sociedade,<br />

por meio das novas tecnologias de interatividade<br />

já disponíveis, além da modernização<br />

do aparato público formal, de maneira<br />

a prepará-lo a receber outras estruturas de<br />

representação cidadã.


O sistema democrático consagra, no escrutínio<br />

eleitoral, o momento maior de escolha<br />

do cidadão. O exercício da soberania cidadã<br />

é uma conquista das sociedades modernas,<br />

mas ela será insuficiente se estiver reduzida<br />

ao direito do voto. Todo e qualquer cidadão<br />

tem o direito de acompanhar e zelar pelo<br />

cumprimento das propostas apresentadas<br />

pelo governo. O isolamento nunca fez bem a<br />

qualquer administração.<br />

Para a Coligação Muda Brasil , é preciso<br />

avançar na construção de um diálogo transparente<br />

e permanente com a sociedade. A<br />

boa governança tem o dever de ampliar e<br />

aprofundar os canais de escuta e diálogo<br />

com os diversos grupos sociais, não só como<br />

oportunidades pontuais para prestação de<br />

contas, mas como espaços avançados de<br />

compartilhamento de idéias, proposições,<br />

encaminhamentos e decisões.<br />

Vivemos a era da comunicação total, onde<br />

todos produzem e consomem informações.<br />

Sob a ótica da governança pública responsável,<br />

é preciso não só modernizar o aparato<br />

público formal de relacionamento com a sociedade,<br />

mas também investir em novas tecnologias<br />

de interatividade e de aproximação<br />

com os diversos públicos de relacionamento.<br />

Diálogo pressupõe saber ouvir e apreender o<br />

que o outro tem a dizer. É chegada a hora<br />

de mudar conceitos e mecanismos há muito<br />

estabelecidos.<br />

Há muito a fazer e avançar quando o desafio<br />

é construir uma gestão realmente apta a ouvir<br />

as vozes da sociedade. Seja do ponto de<br />

vista institucional, pelo amadurecimento da<br />

democracia brasileira e dos canais de representação,<br />

seja pelo viés tecnológico, capaz de<br />

alargar todas as fronteiras de comunicação,<br />

nunca estivemos tão preparados para o exercício<br />

de uma gestão política comprometida,<br />

de fato, com a participação popular. O nosso<br />

programa aponta para o futuro – e o futuro<br />

exige de todos nós uma abertura inédita<br />

para o relacionamento com a comunidade.<br />

COMPROMISSOS<br />

Reafirmamos o nosso compromisso com as<br />

reformas tão necessárias e esperadas pelos<br />

brasileiros:<br />

1. Reforma dos serviços públicos, com<br />

o propósito de implementar uma radical<br />

melhoria da prestação dos serviços sob a<br />

guarda do Estado, com especial destaque<br />

para as áreas de saúde, educação, segurança<br />

e mobilidade urbana.<br />

2. Reforma da segurança pública, para<br />

implantar uma política de Estado nessa<br />

área, fortalecer e modernizar as forças de


segurança, apoiando o avanço da legislação<br />

penal, com o propósito de erradicar a<br />

impunidade e aumentar os níveis de segurança<br />

no país.<br />

3. Reforma política, com o propósito de tornar<br />

mais legítimo, confiável e transparente<br />

o sistema politico-partidário nacional.<br />

4. Reforma tributária, para fortalecer a<br />

Federação, simplificar o sistema tributário<br />

e reduzir o custo Brasil, aumentando a<br />

produtividade e gerando mais empregos.<br />

5. Reforma e aprimoramento da infraestrutura<br />

nacional, por meio de<br />

um amplo programa de investimento<br />

em todas as dimensões da infraestrutura<br />

do país, com regras claras e estáveis,<br />

incluindo mobilização de capital privado<br />

e a coordenação das várias instâncias de<br />

governo.<br />

O objetivo central desse conjunto de reformas<br />

é criar as condições para a retomada<br />

do crescimento do país e para o desenvolvimento<br />

de políticas que atendam, de forma<br />

inequívoca as demandas da população,<br />

abrindo caminho para a verdadeira superação<br />

da pobreza e para a garantia da melhoria<br />

da qualidade de vida do povo brasileiro.<br />

Iniciadas no início do mandato, as novas<br />

reformas serão conduzidas por meio de amplo<br />

processo de diálogo, com participação<br />

de agentes políticos, econômicos e sociais e<br />

instituições do terceiro setor<br />

O programa que a Coligação Muda Brasil<br />

oferece à sociedade vai ao encontro das aspirações<br />

de gerações de brasileiros: o Brasil<br />

pode e tem plenas condições de ser um<br />

país muito melhor para se viver. Estamos<br />

há muito tempo à espera de uma mudança<br />

efetiva que recoloque o país nas condições<br />

adequadas de um crescimento seguro, sustentável<br />

e alinhado com as mais legítimas<br />

proposições da sociedade. O patrimônio de<br />

riquezas de um país pertence ao seu povo.<br />

Um governo que se afasta do povo deixa de<br />

servir ao interesse público. O país precisa se<br />

reencontrar com a sua gente. Nos olhos de<br />

cada cidadão, é preciso voltar a ver o brilho<br />

da esperança e da confiança em um novo<br />

tempo.<br />

Acreditamos que esse tempo é possível de<br />

ser construído.<br />

Um tempo de mais cidadania. De mais direitos<br />

assegurados. De novas conquistas sociais.


Um tempo de maior crescimento e progresso<br />

para todos, em todas as regiões do país.<br />

De oportunidades reais para os que moram<br />

e trabalham nas grandes cidades, nas periferias<br />

e no interior, sem distinção. Para homens,<br />

mulheres, jovens, de todas as raças,<br />

credos e gêneros.<br />

Um tempo de valorização do empreendedorismo,<br />

do investimento produtivo, de respeito<br />

a todos os que produzem. De regras<br />

claras e transparentes. De cooperação entre<br />

governo, empresas e sociedade. De respeito<br />

ao cidadão.<br />

Um tempo de muito mais futuro para todos<br />

os filhos do Brasil. De expectativas fundadas<br />

em conquistas palpáveis. De orgulho<br />

para os brasileiros, fortalecido o sentimento<br />

de pertencimento a uma grande Nação. Um<br />

tempo de todos, para todos.<br />

Um tempo de coragem.<br />

Coragem para mudar, para acreditar, para<br />

iniciar uma nova jornada. De confiança e<br />

esperança.<br />

Este tempo é agora.<br />

Aécio Neves


ÍNDICE<br />

APRESENTAÇÃO<br />

COMPROMISSO PRIMEIRO<br />

CIDADANIA PLENA:<br />

DIREITOS DO CIDADÃO E DA SOCIEDADE<br />

DESENVOLVIMENTO PARA TODOS<br />

ESTADO DEMOCRÁTICO, SOBERANO,<br />

SOLIDÁRIO E EFICIENTE<br />

SUSTENTABILIDADE:<br />

SEMEANDO O PRESENTE PARA COLHER O FUTURO


CIDADANIA<br />

CULTURA<br />

DEFESA DA VIDA<br />

EDUCAÇÃO<br />

ESPORTE<br />

HABITAÇÃO<br />

PARCERIAS<br />

PROTEÇÃO COM DESENVOLVIMENTO SOCIAL<br />

SAÚDE<br />

SEGURANÇA<br />

TRABALHO E RENDA


16<br />

CIDADANIA<br />

CIDADANIA<br />

A PRINCIPAL CONQUISTA DOS BRASILEIROS<br />

O Brasil consolidou notáveis avanços institucionais,<br />

sociais e econômicos nas últimas<br />

décadas, especialmente com a reconquista<br />

do Estado democrático, mas somos um país<br />

ainda em construção. Há uma enorme tarefa<br />

a ser realizada em todos os campos, se sonhamos<br />

com uma nação mais moderna, mais<br />

justa, mais generosa com seus filhos. O Brasil<br />

que produz e gera riquezas, de boas escolas e<br />

hospitais, que acolhe suas crianças e idosos,<br />

que reconhece os direitos humanos e protege<br />

a sua gente, este Brasil deve ser de todos, e<br />

não de poucos. A esse território de oportunidades<br />

e igualdades compartilhadas por todos<br />

devemos chamar cidadania. A esse Brasil, ainda<br />

tão distante de tantos brasileiros, devemos<br />

dedicar o melhor de nossas energias para torná-lo<br />

realidade.<br />

A construção da cidadania impõe-se como um<br />

dos grandes desafios para o país, seja para o<br />

Estado, seja para a sociedade civil. A vida pode<br />

e deve ser melhor. Com mais justiça, menos<br />

miséria e desemprego, sem exclusão social,<br />

sem a violência que assola a juventude. Cidadania<br />

significa a eterna vigilância em relação a<br />

direitos políticos, sociais e civis, assim como a<br />

busca permanente por mais bem-estar econômico<br />

e social para todos. Ao fazer um país melhor,<br />

aumentamos o nosso sentimento de pertencimento<br />

à nação. Temos orgulho de nossas<br />

conquistas. Ao mesmo tempo, cidadania é o<br />

reconhecimento de valores compartilhados,<br />

algo de que não se pode abrir mão sem que se<br />

perca a identidade de ser o que somos. Ser cidadão<br />

é se reconhecer e reconhecer o outro. É<br />

ser único e, simultaneamente, ser coletivo. É<br />

ser íntegro como indivíduo e ético como grupo<br />

social.<br />

Cada um de nós é portador de sua própria história.<br />

Cada um de nós é um cidadão imperfeito,<br />

em constante amadurecimento. E é no<br />

convívio diário que estabelecemos as relações<br />

que tecem a nossa cidadania, fortalecendo o<br />

tecido social e construindo uma história comum<br />

a todos. A nossa história como nação.<br />

Ao Estado, cabe assegurar que as conquistas<br />

sejam preservadas e ampliadas. Cabe ser intolerante<br />

com a injustiça, de qualquer espécie.<br />

Não se pode reconhecer como nação o país<br />

que desampara e maltrata seus filhos.<br />

O encontro de cada brasileiro com a cidadania<br />

plena e sustentável tem sido um dos mais<br />

importantes desafios do Brasil em todas as<br />

épocas. A Constituição de 1988 é um marco<br />

histórico e fundamental para a cidadania brasileira,<br />

pois representa a vontade da nação de<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


17<br />

CIDADANIA<br />

garantir direitos plenos a todos e de estabelecer<br />

os deveres fundamentais do Estado.<br />

A promoção de uma cidadania plena e para<br />

todos, no entanto, é obra demorada. O Estado<br />

de Direitos sonhado pelos constituintes vem<br />

sendo construído dia a dia por todos os governos,<br />

em todas as esferas da Federação e, de<br />

uma maneira muito especial, por todos os brasileiros<br />

e brasileiras.<br />

O Partido da Social Democracia Brasileira<br />

(PSDB), desde sua fundação e em todas as<br />

oportunidades que teve de conduzir o Brasil<br />

e os diversos estados e municípios do país, e<br />

na sua ampla atuação legislativa, nunca fugiu<br />

dessa responsabilidade. O partido contribuiu<br />

sobremaneira para o aprimoramento de nossas<br />

instituições, para a correção dos rumos de<br />

nossa democracia e para a inovação e o aprimoramento<br />

de nossas políticas públicas.<br />

A dificuldade em se afirmar a cidadania reside<br />

precisamente no caráter multidimensional<br />

do conceito. Não é aceitável e não seria ético<br />

afirmar que alguém alcança a cidadania plena<br />

por cruzar uma linha imaginária de renda,<br />

quando ainda lhe faltam as condições básicas<br />

e fundamentais para tornar a sua própria existência<br />

plena. A renda é sim um dos pilares da<br />

cidadania e deve ser garantida por meio de<br />

políticas de inclusão no mercado de trabalho<br />

que signifiquem salários dignos e alcance dos<br />

potenciais e talentos humanos. A satisfação de<br />

tal requisito, no entanto, não pode prescindir<br />

de outras dimensões fundamentais.<br />

Na atual seção de nosso Plano, apresentaremos<br />

nossos compromissos e propostas para<br />

fazer o Brasil avançar em cada uma das dimensões<br />

da cidadania, conscientes da importância<br />

da intersetorialidade na ação do Estado<br />

e sabedores dos efeitos benéficos e multiplicadores<br />

de cada conquista. Assim, entendemos<br />

que garantir a saúde dos estudantes e trabalhadores<br />

significa melhorar o ensino e a produtividade;<br />

promover a segurança pública é<br />

garantir mais qualidade de vida e fortalecer a<br />

assistência resulta no aprimoramento dos direitos<br />

humanos.<br />

A erradicação da miséria e a superação da pobreza<br />

só significarão cidadania plena e só serão<br />

possíveis a partir da integração de um conjunto<br />

de políticas que, articuladas, assegurem que<br />

cada família brasileira possa, de fato, deixar o<br />

campo das privações e desproteções sociais.<br />

Nosso desafio é defender uma cidadania real<br />

para cada brasileiro que ainda convive com ausências,<br />

desigualdades e injustiças sociais.<br />

Não se acessa a cidadania por decreto e nem<br />

se garante cidadania apenas com discurso.<br />

Para tornar real o sonho dos brasileiros de hoje<br />

e daqueles que gravaram na Constituição de<br />

1988 as diretrizes de nosso destino, é preciso<br />

trabalhar e perseverar, com afinco e generosidade.<br />

Devemos reconhecer cada um dos passos<br />

que nos trouxeram até aqui e entender o<br />

nosso ponto de partida como resultado de um<br />

verdadeiro um mutirão de todos. É somente a<br />

partir de uma visão altiva que é possível pensar<br />

no Brasil cidadão, do presente e do futuro.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


18<br />

CIDADANIA<br />

CULTURA<br />

VALOR NACIONAL<br />

A cultura é, antes de tudo, a expressão do homem<br />

no mundo. A forma como nos comportamos,<br />

trabalhamos e relacionamos, como agimos<br />

na esfera familiar e na sociedade, como<br />

enxergamos o outro e a nós mesmos, a isso<br />

se chama cultura. Muito mais que formas<br />

de expressão artística, que são manifestações<br />

simbólicas de ideias e modos de ver a vida por<br />

meio de gestos culturais, a essência da cultura<br />

é a afirmação do homem diante de tudo que<br />

o envolve. A cultura move o homem, ao impor<br />

o conhecimento sobre a ignorância, a ação sobre<br />

a indiferença, a razão sobre o instinto. Se<br />

somos uma civilização humana e não apenas<br />

uma espécie animal, devemos isso à cultura.<br />

O domínio do fogo e do cozimento dos alimentos,<br />

o desenvolvimento de armas de defesa<br />

contra os predadores, a criação de códigos<br />

de comunicação como a escrita, tudo isso é<br />

da esfera do humano, portanto, tudo isso é<br />

cultura. Por isso estamos aqui, hoje, em pleno<br />

século XXI, refletindo sobre o nosso jeito de<br />

estar e atuar no mundo. Porque a cultura nos<br />

salvou e nos trouxe até aqui. Esse é o primeiro<br />

conceito a ser assimilado: cultura é território<br />

de transformação e mudança. É a afirmação<br />

do homem diante do mundo e da natureza.<br />

A cultura, portanto, é inerente ao homem.<br />

Não existe uma pessoa sem cultura. Pode<br />

existir alguém sem informação cultural, sem<br />

erudição, sem educação formal ou à margem<br />

do que formalmente se chama de cultura, mas<br />

todo ser humano é, em si, uma expressão da<br />

cultura. Se tal pessoa não tem acesso a formas<br />

de cultura tradicionais, como a literatura<br />

ou as artes plásticas, trata-se de uma exclusão<br />

política, mas que jamais será capaz de destruir<br />

o que há de cultura em cada ser humano. O<br />

discurso da cultura, portanto, deve partir do<br />

reconhecimento de que todos somos frutos da<br />

cultura.<br />

Indo mais à frente, se a cultura é que nos diferencia<br />

de todo o resto, é ela que nos identifica<br />

como seres humanos, pensantes, autônomos.<br />

A política, a economia, todas as formas<br />

de organização social derivam da cultura. Na<br />

cultura nos enxergamos e nos reconhecemos.<br />

É a cultura que nos identifica como nação e<br />

como um determinado povo. Não é a moeda<br />

adotada ou o partido político de plantão que<br />

identificam ou dão um rosto a uma nação. É<br />

a cultura que faz com que sejamos assim ou<br />

assado, de um jeito e não de outro. Por ser tão<br />

ampla e profunda, a cultura é pouco entendida<br />

e respeitada. Transformada em entretenimento,<br />

é esvaziada no que tem de transformador<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


19<br />

CIDADANIA<br />

e formador. A cultura é a maior depositária de<br />

valores de uma nação, de um povo. Ela está<br />

presente, cotidianamente, em todos os nossos<br />

gestos e decisões, desde a escolha de nossa<br />

alimentação e vestuário até a forma como nos<br />

deslocamos de um lugar a outro, passando<br />

pela linguagem que usamos, o comportamento<br />

adotado na esfera privada ou nas vias públicas,<br />

nas escolhas que fazemos a cada instante.<br />

Se comemos com garfo e faca e não com<br />

as mãos, se respeitamos o sinal vermelho, se<br />

usamos sapatos ou não, se elegemos a política<br />

como uma estratégia de mediação, em tudo<br />

isso, do mais prosaico gesto ao mais refinado<br />

pensamento, estamos no exercício da cultura.<br />

Pensar a cultura é pensar, portanto, no mundo<br />

que estamos a construir, todos os dias.<br />

Que valores queremos difundir? Que grupos<br />

sociais queremos incluir? Que tipo de cidadão<br />

queremos ajudar a formar? Que diálogo queremos<br />

promover entre pessoas e organizações?<br />

Quem somos, afinal, e o que queremos ser?<br />

Só a cultura nos dará essas respostas.<br />

Qualquer política de cultura deve ser pautada,<br />

antes de tudo, por esse reconhecimento<br />

da importância da cultura como fundamento<br />

de todas as ações. Pensar a cultura é pensar<br />

no país. Em todos os seus caminhos, projetos,<br />

ideias, ambições. O tamanho do nosso sonho<br />

deve ser medido pela profundidade da inserção<br />

da cultura naquilo que queremos fazer.<br />

Em seguida, é importante entender a cultura<br />

como o atestado de reconhecimento do indivíduo<br />

diante do outro. A cultura nos une e distingue,<br />

nos fortalece no que temos em comum e<br />

também para interagir com o outro. Construir<br />

políticas públicas de cultura significa estabelecer<br />

mecanismos, meios e processos capazes<br />

de fortalecer os elos culturais entre os grupos<br />

sociais, ao mesmo tempo em que respeita a<br />

enorme diversidade sobre a qual se expressa a<br />

cultura. O Brasil é um país mestiço e nessa diversidade<br />

encontra-se um tesouro inigualável<br />

de saber cultural.<br />

Cultura é transformação e mudança, mas é<br />

também memória e história. Não há contradição<br />

entre esses conceitos. O homem que<br />

muda e se renova precisa da memória para se<br />

reconhecer como grupo. Precisa da tradição e<br />

do conhecimento acumulados. Uma cultura<br />

que se destrói mata o saber. Mata o homem.<br />

Por isso o fazer cultural é tão rico, por acumular,<br />

ao mesmo tempo, o conhecimento que<br />

nos trouxe até aqui e a chama da invenção e<br />

da ousadia que nos levarão adiante.<br />

Passado, presente, futuro. Memória, conhecimento,<br />

inovação. O reconhecimento da diversidade<br />

e da pluralidade. O reconhecimento da<br />

diferença. O direito de uns e outros. A defesa<br />

do indivíduo e a construção do coletivo. A inclusão<br />

como um fortalecimento da cidadania.<br />

A cultura como legado e a arte como um direito.<br />

A vida como uma vitória do homem.<br />

A tradução desses conceitos deve ser a base<br />

de qualquer ação política na esfera da cultura.<br />

CULTURA E EDUCAÇÃO<br />

Temos um profundo déficit de educação científica<br />

e humanística, o que está diretamente<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


20<br />

CIDADANIA<br />

ligado à prioridade dada à cultura como ingrediente<br />

básico da educação. A cultura, especialmente<br />

a científica e humanística, constitui<br />

uma das principais geradoras das diferenças de<br />

desenvolvimento, pois ela é determinante no<br />

perfil de crescimento que se quer para o país.<br />

Não é apenas o PIB que cresce pouco, mas<br />

qual a qualidade do crescimento que desejamos?<br />

Entre as maiores economias do mundo, a<br />

brasileira é bastante frágil quando se analisam<br />

os vetores que podem sustentar o desempenho<br />

futuro, como o empreendedorismo e a capacidade<br />

de inovação de nossas instituições e organizações.<br />

Inovação é conhecimento, conhecimento<br />

é cultura, e educação sistematizada,<br />

organizada e bem orientada trata de expandir<br />

a inovação, colocando a cultura e o conhecimento<br />

a serviço do desenvolvimento do país.<br />

A escola é o espaço formal para aquisição e<br />

transmissão de conhecimento. É também espaço<br />

de formação e de contribuição para o fortalecimento<br />

de uma ética cidadã. Mas assim<br />

como a cultura é algo que se expressa em todas<br />

as atividades e ações do homem, também o<br />

conhecimento não é privilégio da escola ou da<br />

educação formal. A melhor escola é aquela que,<br />

além de realizar com excelência o processo formal<br />

de transmissão de conhecimento, também<br />

se articula a várias fontes de conhecimento que<br />

estão além da própria escola ou universidade –<br />

ou seja, com o conhecimento que a sociedade<br />

produz, seja na cultura popular, seja na cultura<br />

científica, nas produções artísticas ou movimentos<br />

sociais, na periferia ou nas grandes cidades,<br />

enfim, em todo o conhecimento que é<br />

produzido por indivíduos ou grupos.<br />

A educação de qualidade deve ser um direito<br />

de todos. Mas ela só será efetivamente transformadora<br />

se estiver contagiada pela cultura,<br />

pois é a cultura que determina para onde nos<br />

leva a educação. A educação é boa quando<br />

promove o conhecimento múltiplo, valoriza a<br />

pluralidade e a diversidade, estimula o intercâmbio<br />

de ideias e o pensamento crítico, valoriza<br />

a busca do conhecimento, semeia o espírito<br />

da inovação e cultiva o aprendizado como<br />

um valor contínuo. A educação não é boa apenas<br />

quando é para todos, ou seja, quando o ensino<br />

é universalizado, mas quando é realmente<br />

boa para todos.<br />

Educação e cultura são irmãs siamesas, destinadas<br />

a viver juntas para todo o sempre. Cultura<br />

é conhecimento e educação é como nos<br />

apropriamos desse conhecimento e o propagamos.<br />

Mas a educação também produz cultura,<br />

ao determinar as diversas formas de processamento<br />

do conhecimento. A educação de<br />

qualidade é determinante sobre o nosso lugar<br />

no mundo. Queremos ser simples processadores<br />

de conhecimento acumulado ou queremos<br />

produzir conhecimento que nos diferencie,<br />

nos qualifique, nos coloque em posição de<br />

igualdade com outros centros produtores de<br />

conhecimento?<br />

É preciso atuar bem nas duas pontas. Na educação<br />

básica, pois ela assegura as condições<br />

de oportunidade a que todos temos direito. É<br />

a educação básica que salva milhares de vítimas,<br />

já que a leitura e a escrita são ferramentas<br />

essenciais para se lidar com as questões<br />

práticas da vida cotidiana. A educação básica<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


21<br />

CIDADANIA<br />

também prepara para o mercado, forma profissionais,<br />

assegura condições mínimas de<br />

competitividade às pessoas. Mas é a educação<br />

de ponta, inovadora, criativa, que rompe<br />

as fronteiras para buscar informações novas,<br />

que se articula com o mundo todo e com todo<br />

mundo, é essa educação que ajuda a construir<br />

um país moderno, avançado, respeitado no<br />

planeta. É a educação de excelência, relevante,<br />

que faz diferença.<br />

E em todo esse ciclo, a educação que se articula<br />

com a cultura é aquela que ajuda a<br />

formar cidadãos melhores, mais conscientes,<br />

mais cooperativos, mais abertos e tolerantes,<br />

mais respeitosos em relação ao outro e às<br />

outras culturas. Educação e cultura têm um<br />

vasto campo em comum. Ambas são o melhor<br />

passaporte de afirmação de qualquer nação.<br />

INDÚSTRIA CRIATIVA<br />

O Brasil pode ser um protagonista mundial<br />

quando se fala em indústrias criativas, aquelas<br />

ligadas diretamente à produção do conhecimento<br />

e à atividade intelectual. Esse é um<br />

segmento que vem crescendo em índices superiores<br />

aos setores tradicionais da economia,<br />

em países como a França, a Espanha, os Estados<br />

Unidos. Setores como publicidade, arquitetura,<br />

mercado de arte, artesanato, moda,<br />

design, cinema, games, artes cênicas, editoração,<br />

mídias de entretenimento são áreas de<br />

enorme potencial, conectadas diretamente a<br />

outras como turismo, hotelaria, museus, gastronomia,<br />

espaços de arte etc. Esse conjunto<br />

de setores forma uma indústria vigorosa, geradora<br />

de empregos e renda, e que movimenta<br />

uma parcela significativa do PIB nacional,<br />

ainda não dimensionada adequadamente. Há<br />

muito a ser feito nessa área, desde que as indústrias<br />

criativas sejam consideradas como<br />

prioridade política e alavanca promissora de<br />

desenvolvimento econômico. E o que é melhor:<br />

temos uma cultura criativa in natura que<br />

pode explodir e se firmar diante do mundo,<br />

desde que devidamente apoiada, com atividades<br />

reguladas, boa articulação entre agentes<br />

públicos e privados, investimentos em infraestrutura<br />

cultural, apoio a projetos irradiadores e<br />

criação de linhas especiais de financiamento.<br />

O Brasil já é um centro mundial de criatividade,<br />

mas a política ainda não entendeu a força<br />

transformadora da cultura.<br />

Como impulso ao desenvolvimento da indústria<br />

criativa, é necessário investir em formação<br />

no campo cultural, ponto em que sempre faltou<br />

atenção nas políticas no campo cultural.<br />

Sempre demos ênfase à questão do financiamento<br />

da cultura, deixando de priorizar programas<br />

que apontam para a formação, qualificação<br />

e capacitação de pessoas. À exceção<br />

do eixo Rio-São Paulo, criam-se instituições,<br />

mas não gestores; financiam-se espetáculos de<br />

teatro, mas não técnicos em cenografia; estimulam-se<br />

as exposições de arte, mas não há<br />

montadores, e isso em todas as áreas. Esse é<br />

um vasto campo de cooperação entre a cultura<br />

e a educação. As leis de incentivo não dão<br />

conta desse aspecto, que precisa ser alcançado<br />

por meio de uma política cultural. O país<br />

demanda um sistema nacional de formação e<br />

qualificação em cultura.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


22<br />

CIDADANIA<br />

Na verdade, há muito a ser feito. O país convive<br />

com uma grande concentração de recursos<br />

e equipamentos culturais na região Sudeste.<br />

É preciso trabalhar muito para tornar menos<br />

desigual a oferta e o consumo de cultura nas<br />

regiões brasileiras.<br />

Uma gestão inovadora pode transformar radicalmente<br />

este país no segmento cultural.<br />

Somos mundialmente reconhecidos como<br />

um país musical, com uma cinematografia de<br />

qualidade, capaz de produzir televisão em alto<br />

nível e celebrado pela inventividade popular,<br />

especialmente no Carnaval, mas ainda tratamos<br />

essas áreas como adornos periféricos. É<br />

hora de dar à cultura o seu devido lugar de<br />

relevância.<br />

A ação do poder público deverá observar as seguintes<br />

diretrizes:<br />

• Ao Estado cabe ser divulgador, incentivador,<br />

fomentador e regulador do campo cultural,<br />

sem ser ausente, displicente, autoritário, arbitrário<br />

e/ou detentor de postura que leve a<br />

dirigismo cultural.<br />

• A ação no campo da cultura deve buscar a<br />

ampliação de direitos e uma perspectiva de<br />

convergência entre liberdade e igualdade<br />

(aprimoramento da democracia).<br />

• Deve prover meios para o crescimento autônomo<br />

da produção cultural e incentivar o<br />

fortalecimento da economia da cultura (subsídios,<br />

incentivos fiscais, entre outros).<br />

• Fomentar, reconhecer e apoiar as práticas<br />

culturais provenientes da sociedade civil.<br />

• Manter relações transversais, inter e intrassetoriais<br />

com as demais políticas de Estado, de<br />

modo a obter integração e coerência das ações.<br />

Assim, o Estado deverá desenvolver políticas<br />

culturais e programas de ação que sejam a<br />

afirmação da democracia, da diversidade e da<br />

liberdade de criação, de maneira a diminuir as<br />

desigualdades sociais e culturais e, ao mesmo<br />

tempo, levando a uma agenda de ampliação<br />

da cidadania, dentro de um leque de possibilidades,<br />

onde destacamos:<br />

• Pensar a produção cultural de forma sistêmica<br />

e integrada.<br />

• Criar mecanismos de transparência, consulta<br />

pública e “controle social” para balizar as<br />

políticas públicas de cultura.<br />

• Aumentar os investimentos diretos em cultura,<br />

aliados aos investimentos em infraestrutura,<br />

educação, ciência e tecnologia.<br />

• Incrementar o desenvolvimento econômico<br />

por meio de incentivo para a autonomia dos<br />

pequenos produtores culturais.<br />

• Incentivar a circulação da produção cultural<br />

brasileira, a preços populares e em localidades<br />

nas quais a ação pública é precária.<br />

• Promover o diálogo entre as culturas (nacional<br />

e internacionalmente) em um contexto de<br />

igualdade e cooperação (feiras e exposições).<br />

• Ampliar os equipamentos públicos culturais<br />

em moldes que privilegiem, em um mesmo<br />

local, as diversas linguagens culturais, o esporte,<br />

o lazer e a educação permanente.<br />

• Desenvolver programas de formação e gestão<br />

cultural, prosseguindo mais além da criação<br />

de programas para a formação de público<br />

voltado às linguagens artísticas e culturais.<br />

Certamente uma ação efetiva nessa área nos<br />

levará à construção de um imaginário e das<br />

identidades nacionais, à formação de cadeias<br />

e de redes de ações culturais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


23<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Introdução de uma visão integrada<br />

da ação cultural, abrangendo todas<br />

as instâncias governamentais.<br />

A política cultural deve manter relações<br />

transversais, inter e intrassetoriais<br />

com as demais políticas de Estado,<br />

de modo a obter a integração<br />

e a coerência das ações.<br />

▶ Compreensão e valorização da<br />

cultura, em suas diversas manifestações,<br />

como valor simbólico e responsável<br />

por parte expressiva da<br />

geração do PIB.<br />

▶ Implementação de políticas culturais<br />

que valorizem o patrimônio<br />

cultural material e imaterial, transformando-os<br />

em elementos estratégicos<br />

para o desenvolvimento de<br />

uma política de economia criativa.<br />

▶ Interação entre cultura e educação,<br />

com o fortalecimento do ensino<br />

das artes na Educação Básica,<br />

como fator catalisador, em que a<br />

aquisição do conhecimento caminha<br />

ao lado do exercício da criatividade<br />

e da apreensão das linguagens<br />

artísticas.<br />

▶ Adoção do conceito de policentrismo,<br />

por meio da valorização de<br />

manifestações culturais regionais,<br />

divulgando nossa cultura em suas<br />

diversas formas, como produto<br />

simbólico caracterizador de nossa<br />

singularidade.<br />

▶ Construção de um sistema nacional<br />

de formação e qualificação em<br />

cultura.<br />

▶ Fortalecimento da ação cultural<br />

internacional do Brasil, em especial<br />

frente aos países de língua portuguesa,<br />

mas também com programas<br />

especiais em relação à África e<br />

à América Latina, reforçando o diálogo<br />

com nossas raízes.<br />

▶ Fortalecimento da interface entre<br />

o Ministério da Educação e o Ministério<br />

da Cultura para o fomento de<br />

produções culturais, principalmente<br />

na área do audiovisual, voltadas<br />

especificamente para a interação<br />

com o projeto político pedagógico<br />

da área da educação.<br />

▶ Aprimoramento da Lei Rouanet,<br />

para impedir desvios de finalidade.<br />

▶ Defesa do patrimônio histórico<br />

cultural.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


24<br />

CIDADANIA<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Implantar novas bibliotecas e<br />

apoiar bibliotecas regionais de referência,<br />

detentoras de acervo de valor<br />

nacional, fortalecendo o Sistema<br />

Nacional de Bibliotecas.<br />

▶ Ampliar o Pronatec Cultura com<br />

cursos de formação na área da cultura,<br />

fortalecendo a ligação com a<br />

educação, englobando cursos de<br />

profissionalização em habilidades<br />

técnicas ou artísticas, para oferecer,<br />

prioritariamente aos jovens, uma alternativa<br />

de emancipação e formação<br />

profissional.<br />

▶ Criar fontes complementares de<br />

financiamento para atender às demandas<br />

culturais.<br />

▶ Revisar o Vale Cultura para que<br />

funcione efetivamente no acesso<br />

aos bens culturais.<br />

▶ Incrementar e simplificar o Fundo<br />

Setorial do Audiovisual para que os<br />

recursos cheguem aos produtores<br />

de cinema de forma mais rápida e<br />

mais simples.<br />

▶ Aprimorar a Lei de Direitos Autorais<br />

para garantir que a produção<br />

de conhecimento se dissemine pelo<br />

Brasil e promova uma melhor remuneração<br />

aos autores.<br />

▶ Institucionalizar o Plano Nacional<br />

do Livro e Leitura.<br />

▶ Implementar o censo da cultura,<br />

mapeando todos os equipamentos<br />

culturais do país, e organizar o<br />

mapa da cultura brasileira. O mapa<br />

permitirá a visualização dos vazios<br />

culturais e as demandas regionais.<br />

▶ Implantar o programa Caminhos<br />

da Cultura, de fomento à criação<br />

de novos equipamentos nos vazios<br />

culturais.<br />

▶ Elaborar uma política mais eficaz<br />

de apoio à difusão e à publicação<br />

da literatura brasileira, inclusive mediante<br />

a adoção de forte estímulo à<br />

formação de público leitor.<br />

▶ Articular a atividade cultural com<br />

a educação por meio do Fundo Nacional<br />

do Desenvolvimento da Educação.<br />

▶ Revigorar e retomar os pontos<br />

de cultura que estão abandonados<br />

pelo governo atual.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


25<br />

CIDADANIA<br />

▶ Estruturar o Programa Nacional<br />

da Memória Brasileira.<br />

▶ Criar a Certificação de Entidade<br />

Beneficente para a área da cultura<br />

(Cebas), possibilitando a isenção<br />

da cota patronal do INSS para entidades<br />

culturais sem fins lucrativos,<br />

reduzindo os custos da produção<br />

cultural e ampliando a formalização<br />

das relações de trabalho no setor.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


26<br />

CIDADANIA<br />

DEFESA DA VIDA<br />

O governo precisa estar atento à diversidade<br />

do seu povo e às vulnerabilidades econômicas,<br />

sociais, familiares e educacionais da população.<br />

Ainda existe muita desigualdade em nosso<br />

cotidiano e, diariamente, importantes parcelas<br />

da nossa população vivenciam, na prática,<br />

a ausência de efetividade de seus direitos no<br />

Brasil.<br />

Ao governo cabe impedir a ocorrência da negação<br />

de direitos, atuando de forma afirmativa<br />

para a redução do preconceito e de todas as<br />

formas de discriminação, em busca da promoção<br />

da igualdade de oportunidades.<br />

Defender a Vida é antes de tudo respeitar as<br />

diferenças e reconhecer que todos são iguais<br />

perante a lei, e que todos têm direito a igualdade<br />

de oportunidades.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


DIREITOS HUMANOS<br />

27<br />

CIDADANIA<br />

A CONSOLIDAÇÃO DA IGUALDADE<br />

É preciso construir no Brasil uma igualdade<br />

real e que seja vivenciada por todos os brasileiros.<br />

As diferenças e as diversidades não podem<br />

mais representar fragilidades e medos. A<br />

defesa intransigente dos Direitos Humanos é<br />

a defesa da vida.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Defesa e manutenção das ações<br />

afirmativas de inclusão social, inclusive<br />

cotas raciais e socioeconômicas.<br />

▶ Combate ao tráfico de mulheres e<br />

de crianças.<br />

▶ Fortalecimento de programa nacional<br />

de busca a crianças desaparecidas.<br />

▶ Combate ao abuso sexual de<br />

crianças e adolescentes.<br />

▶ Fortalecimento das Defensorias<br />

Públicas, visando facilitar o acesso<br />

à Justiça por todos os cidadãos.<br />

▶ Apoio à estruturação de Conselhos<br />

Tutelares, em especial nas<br />

áreas de maior incidência de violência,<br />

para se alcançar a universalização<br />

de sua atuação, em todo o País,<br />

até 2018.<br />

▶ Implementação de políticas públicas<br />

contra qualquer tipo de intolerância.<br />

▶ Apoio a linhas de pesquisa universitárias<br />

relativas à questão étnico-<br />

-racial e de orientação sexual.<br />

▶ Identificação das necessidades<br />

das diversas etnias ciganas no território<br />

nacional.<br />

▶ Estímulo aos movimentos de defesa<br />

dos direitos de afrodescenden<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


28<br />

CIDADANIA<br />

tes, LGBT, indígenas, quilombolas,<br />

mulheres e ciganos.<br />

▶ Implementação de programa de<br />

apoio e auxílio a comunidades quilombolas.<br />

▶ Apoio a ações estaduais e municipais<br />

destinadas à promoção da<br />

igualdade racial e ao combate à intolerância<br />

religiosa.<br />

▶ Organização de protocolos de<br />

prevenção ao racismo e à discriminação<br />

por orientação sexual, com<br />

participação das políticas de Justiça,<br />

Direitos Humanos, Assistência<br />

Social, Educação, Trabalho, Saúde e<br />

Igualdade Racial, em ampla parceria<br />

com a sociedade civil.<br />

▶ Ampliação da participação da<br />

Comunidade LGBT nos debates do<br />

Programa Brasil sem Homofobia, e<br />

articulação deste programa com as<br />

iniciativas estaduais e municipais.<br />

▶ Garantia de metas especiais para<br />

alfabetização e aumento da escolaridade<br />

da comunidade afrodescendente.<br />

▶ Apoio a iniciativas que busquem<br />

assegurar a identidade de gênero.<br />

▶ Garantia da igualdade de atenção<br />

aos processos de adoção para casais<br />

heterossexuais e homossexuais.<br />

▶ Toda forma de discriminação<br />

deve ser tratada como crime à pessoa<br />

humana.<br />

▶ Avaliação das Metas do Terceiro<br />

Plano Nacional de Direitos Humanos,<br />

buscando identificar os problemas<br />

que impedem a consolidação<br />

da igualdade.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Elaborar o 4º Plano Nacional de<br />

Direitos Humanos, que complete e<br />

aperfeiçoe as políticas públicas, em<br />

especial os Direitos Humanos, particularmente<br />

quanto aos setores<br />

mais vulneráveis.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


29<br />

CIDADANIA<br />

▶ Implantar Centros Especiais de<br />

Direitos Humanos para capacitar<br />

trabalhadores sociais de saúde e<br />

educação e promover a cultura da<br />

paz e de Direitos Humanos.<br />

▶ Realizar, em parceria com estados<br />

e municípios, o Censo Nacional de<br />

População de Rua e apoiar a reestruturação<br />

do sistema de abrigos e<br />

casas de acolhimento.<br />

▶ Instituir a agenda de reconstrução<br />

social em parceria com os movimentos<br />

de população de rua.<br />

▶ Criar Centros Integrados de Cidadania<br />

(CIC), que visam promover a<br />

mediação de conflitos com a participação<br />

de mediadores nas cidades<br />

mais violentas do Brasil.<br />

▶ Criar Centros Especiais Integrados<br />

de Cidadania para mediar conflitos<br />

em terras indígenas, comunidades<br />

tradicionais e quilombolas.<br />

▶ Criar Fórum Nacional de Diálogos<br />

para que a escuta das reivindicações<br />

dos movimentos sociais que<br />

lutam pela garantia de direitos de<br />

negros, indígenas, ciganos, quilombolas<br />

e LGBT sejam efetivados e<br />

garantidos.<br />

▶ Criar o programa Nome e Sobrenome<br />

para que todos possam ter<br />

acesso à documentação civil e trabalhista.<br />

▶ Fortalecer, descentralizar e ampliar<br />

a Ouvidoria Nacional de Direitos<br />

Humanos.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


30<br />

CIDADANIA<br />

IGUALDADE<br />

NA DIVERSIDADE E QUE SE CONSTRÓI A IGUALDADE<br />

Uma Nação de verdade não faz distinção entre<br />

seus filhos. Uma das maiores riquezas do Brasil<br />

é a sua diversidade cultural e racial. Somos<br />

uma gente mestiça que tem, em sua formação,<br />

a influência de culturas diversas como a europeia,<br />

a indígena e a africana. Da culinária à<br />

música, dos costumes religiosos à linguagem,<br />

nas artes e no trabalho, somos produto da mistura<br />

contagiante de saberes diversos. No Brasil<br />

da miscigenação, cantada em verso e prosa,<br />

há um fosso que separa o mito da realidade.<br />

O país da convivência fraterna entre as raças<br />

encobre uma marca de separação cruel que<br />

distingue, de um lado, a hegemonia branca, e<br />

de outro a maioria preta e parda, além dos povos<br />

indígenas, à margem de tudo. A exclusão é<br />

uma nódoa que mancha a nossa ainda jovem<br />

democracia. Mas é preciso enxergá-la e impedir<br />

que o silêncio seja uma arma de opressão.<br />

O Brasil é de todos. Mas onde estão os negros?<br />

É transparente a ausência de negros em postos<br />

mais elevados da administração publica e<br />

na iniciativa privada. Nesse sentido, não são<br />

apenas fundamentais, mas urgentes, as políticas<br />

públicas destinadas a promover a inclusão<br />

social de grupos determinados. A meritocracia<br />

é um valor, mas desde que sejam dadas oportunidades<br />

iguais a todos Em cada brasileiro,<br />

há um tanto da África escravizada e que nos<br />

abasteceu de mão de obra barata e servil durante<br />

um longo e vergonhoso período. Os navios<br />

negreiros nunca mais se foram, apesar da<br />

abolição. É preciso reconhecer a presença e a<br />

importância da cultura negra no Brasil que se<br />

projeta no mundo. Negros somos todos nós.<br />

Da mesma forma, somos também índios, vítimas<br />

de um longo processo de exclusão. As<br />

terras indígenas estão mais cobiçadas do que<br />

nunca, e é preciso entender os direitos desses<br />

irmãos da floresta. Cuidemos de todos, pois<br />

a nossa dívida social é enorme. Seremos um<br />

país melhor quando o silêncio em torno da exclusão<br />

de uns e de outros for definitivamente<br />

rompido.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


31<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

E PROPOSTAS:<br />

▶ Mobilizar as organizações e movimentos<br />

sociais de garantia dos<br />

direitos e da igualdade racial para<br />

que o Brasil avance ainda mais nesta<br />

questão:<br />

• Reafirmando o compromisso<br />

com cotas raciais nas universidades<br />

articulado com o programa<br />

Bolsa Treinamento que será criado<br />

no Ministério da Educação.<br />

• Apoiando cursos e pesquisas sobre<br />

a historia, cultura, gastronomia<br />

e religião com matrizes africanas.<br />

• Garantindo ações afirmativas para<br />

que homens e mulheres independente<br />

de raça, cor ou etnia tenham<br />

os mesmos direitos.<br />

▶ respeitar, dialogar e valorizar a<br />

cultura, valores e identidades dos<br />

vários povos indígenas que hoje<br />

convivem com dificuldades. Para<br />

isso vamos:<br />

▶ Revigorar a memória e as histórias<br />

dos povos indígenas no Brasil.<br />

▶ Estabelecer canal de diálogo com<br />

as comunidades indígenas para definição<br />

de uma agenda de prioridades.<br />

▶ Garantir que as escolas em tribos<br />

indígenas ensine o idioma da tribo e<br />

construa pontes pedagógicas com<br />

a diversidade cultural.<br />

▶ Enfrentar com urgência os graves<br />

problemas de saúde das comunidades<br />

indígenas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


32<br />

CIDADANIA<br />

INFÂNCIA<br />

COMEÇANDO BEM<br />

A cidadania no Brasil precisa ser compreendida<br />

como direito do brasileiro desde a infância.<br />

A primeira infância deve ser respeitada pelas<br />

políticas públicas como um desafio diário e<br />

continuado para que possamos alcançar um<br />

modelo de proteção e bem-estar social que orgulhe<br />

a nossa sociedade.<br />

O início da vida deve ser precedido da garantia<br />

de que toda a gestante tenha acesso ao pré-natal<br />

e ao parto seguro. Os pais devem ter condições<br />

efetivas de proteger seus filhos.<br />

A infância deve ser amparada por um Estado<br />

preocupado com a garantia de direitos sociais,<br />

a fim de que seja um tempo de afeto, ganhos e<br />

aprendizagem e não de sofrimento e luta pela<br />

sobrevivência, marcado por ausências sociais<br />

e econômicas.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Toda criança deve ter o direito de<br />

ser registrada na maternidade.<br />

▶ Apoio a Programas Municipais<br />

que visitem e acompanhem as<br />

crianças até seis anos de idade por<br />

equipe social para identificar suas<br />

privações e condições de vulnerabilidade,<br />

a fim de implantar ações<br />

para assegurar seus direitos.<br />

▶ Garantia da matrícula da criança<br />

em pré-escola aos quatro anos de<br />

idade.<br />

▶ Garantia de que toda criança permaneça<br />

na escola até a conclusão<br />

da educação básica.<br />

▶ Combate ao trabalho infantil.<br />

▶ Combate a toda forma de violên<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


33<br />

CIDADANIA<br />

cia e exploração, incluindo a sexual,<br />

de crianças e adolescentes.<br />

▶ Apoio ao Programa de Adoção<br />

de Crianças e Adolescentes, garantindo<br />

o direito de adoção por casais<br />

hetero e homossexuais.<br />

▶ Combate de forma permanente<br />

ao bullying infantil no Brasil.<br />

▶ Combate à obesidade infantil.<br />

▶ Apoio a um amplo programa para<br />

encontrar crianças desaparecidas<br />

ou traficadas no Brasil e no exterior.<br />

▶ Garantia de condições para que<br />

a família seja o principal espaço de<br />

proteção e desenvolvimento das<br />

crianças e adolescentes.<br />

▶ Garantia de que toda criança tenha<br />

acesso a creche, pré-escola e<br />

educação básica na idade certa.<br />

▶ Apoio a programas e campanhas<br />

de Combate à Violência Doméstica<br />

e Familiar.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Fortalecer o Programa Sentinela,<br />

que visa à prevenção do abuso<br />

e exploração sexual de crianças e<br />

adolescentes e criar condições aos<br />

vitimados e suas famílias para o resgate<br />

de seus direitos, com acesso<br />

amplo a serviços públicos e abordagem<br />

multidisciplinar.<br />

▶ Universalizar os Centros de Referência<br />

Especializada em Assistência<br />

Social (Creas), voltados para a<br />

atenção e tratamento de crianças<br />

vítimas de abuso e exploração sexual.<br />

▶ Fomentar e apoiar o Programa<br />

Família Acolhedora em todas as cidades<br />

brasileiras.<br />

▶ Organizar programas de formação<br />

de professores para prepara-<br />

-los à mitigação do bullying infantil<br />

nas escolas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


34<br />

CIDADANIA<br />

▶ Estruturar programas com conteúdos<br />

relacionados à infância e à<br />

adolescência para servidores da<br />

saúde, assistência social e educação.<br />

▶ Criar o Programa Brasileirinho<br />

com Nome e Sobrenome para que<br />

toda criança e adolescente tenha<br />

documentação civil.<br />

▶ Reestruturar todo o sistema de<br />

abrigos de crianças e adolescentes<br />

do Brasil, criando Protocolos de<br />

Atendimento e Apoio às Famílias.<br />

▶ Criar Programas de Suporte e<br />

Apoio para Pais que tenham dificuldades<br />

de lidar com as diferenças<br />

apresentadas pelos filhos.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


35<br />

CIDADANIA<br />

JUVENTUDE<br />

PRESENTE E FUTURO<br />

A juventude brasileira não é e nunca será um<br />

problema. Para nós a juventude é compromisso<br />

e solução.<br />

O jovem precisa ser protagonista da sua vida e,<br />

para tanto, é fundamental diminuir as vulnerabilidades<br />

que o impedem de vivenciar essa<br />

fase da vida com plenitude. As juventudes<br />

brasileiras são muitas e juntas, podem compor<br />

uma rede de soluções para os desafios que<br />

precisam ser enfrentados.<br />

O primeiro passo é compreender onde estão<br />

as barreiras que impedem o jovem de execer<br />

seu protagonismo. As privações na educação,<br />

na saúde, na segurança, no desenvolvimento<br />

social, entre outras áreas, configuram vulnerabilidades<br />

que se acentuam com a urgência de<br />

programas eficazes voltados para juventude. É<br />

preciso priorizar a redução da vulnerabilidade<br />

juvenil, mediante critérios objetivos e políticas<br />

integradas, de diálogo com o governo, mobilização<br />

social, educação, cultura, conexão, vida<br />

saudável, empreendedorismo, segurança, justiça,<br />

direitos humanos.<br />

Entre os vários eixos que constituem uma política<br />

intersetorial de juventude, a educação é<br />

certamente aquela com impacto mais eficaz<br />

na construção de um jovem protagonista. É<br />

inadmissível que cerca de 20 milhões de jovens<br />

não tenham concluído o Ensino Fundamental<br />

e Médio. A escola deve ser reinventada<br />

para, por meio de uma metodologia de qualidade,<br />

garantir uma formação integral do jovem<br />

que se prepara para um mundo conectado e<br />

globalizado.<br />

Os dados da Organização Internacional do<br />

Trabalho – OIT apontam que 20% dos jovens<br />

no Brasil não trabalham nem estudam e que<br />

46% não trabalham. Assim, será necessário<br />

adotar políticas eficazes de estímulo ao primeiro<br />

emprego com base em programas de<br />

escolarização e formação profissional, além da<br />

urgente adoção de práticas empreendedoras.<br />

É fundamental reduzir a violência que interrompe<br />

a vida de tantos jovens, especialmente<br />

aqueles expostos a algum forma de vulnerabilidade,<br />

bem como organizar e integrar ações<br />

de prevenção, atenção, apoio e atendimento<br />

a jovens envolvidos com uso de drogas.<br />

A política pública de juventude deve ser construída<br />

em conjunto com os jovens. Para tanto,<br />

conferências, conselhos, órgãos específicos de<br />

governo e organizações da sociedade civil devem<br />

ser fortalecidos para que possam exercer<br />

sua função de serem membros ativos no processo<br />

de construção das políticas públicas de<br />

juventude.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


36<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Garantia de nova oportunidade<br />

para todos os jovens que não terminaram<br />

a educação básica, por meio<br />

de programas complementares.<br />

▶ Estabelecimento de canais de<br />

diálogo da juventude com as estruturas<br />

de governo, devidamente articuladas,<br />

em todos os seus níveis.<br />

▶ Combate à evasão escolar de forma<br />

eficiente e inteligente.<br />

▶ Estimulo à conclusão da educação<br />

básica e da educação profissional,<br />

como o Pronatec, enfatizando<br />

também o desenvolvimento de<br />

competências e habilidades que<br />

permitam sua inserção no mercado<br />

de trabalho da economia criativa.<br />

▶ Estimulo à convivência e ao relacionamento<br />

dos diversos grupos e<br />

representações de jovens de todo o<br />

Brasil.<br />

▶ Estímulo à prática de esportes e<br />

de atividades culturais pelos jovens.<br />

▶ Garantia de participação dos jovens<br />

no processo de construção<br />

das políticas públicas de juventude.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Organizar amplo portal na internet<br />

que estimule o diálogo e a participação<br />

ativa e ofereça informações<br />

relevantes para esse segmento da<br />

população.<br />

▶ Implantar o sistema nacional de<br />

juventude e o fundo nacional de<br />

juventude, apoiando estados e municípios,<br />

com a adesão dos entes<br />

federados a um conjunto de compromissos,<br />

em matriz de responsabilidade<br />

compartilhada.<br />

▶ Criar a Agenda Jovem, que será<br />

uma nova forma de apoiar a juventude<br />

no Brasil. O jovem terá protagonismo<br />

na definição e solução de<br />

seus próprios problemas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


37<br />

CIDADANIA<br />

▶ Estruturar espaços de apoio e escuta<br />

para a juventude.<br />

▶ Criar o Programa Movimento de<br />

Ações em Rede, cujo objetivo é incentivar<br />

o surgimento de associações<br />

estudantis nas escolas e universidades.<br />

▶ Organizar núcleos de ideias criativas,<br />

em parceria com as prefeituras,<br />

para que o jovem tenha estímulo<br />

para seguir em frente com os seus<br />

sonhos.<br />

▶ Implementar programas especiais<br />

para a saúde de adolescentes e jovens.<br />

▶ Propor a criação de linhas de financiamentos<br />

para construção de<br />

áreas de lazer, em especial nas periferias<br />

das grandes cidades, para<br />

práticas de esportes e de atividades<br />

culturais.<br />

▶ Criar o Programa Jovens Ensinando<br />

Jovens, voltado o para jovens do<br />

Ensino Médio que serão tutorados<br />

por estudantes universitários.<br />

▶ Criar o Mutirão de Oportunidades,<br />

no qual o trabalho do jovem<br />

será estudar de 12 a 24 meses para<br />

concluir a educação básica, tendo<br />

como apoio o pagamento de um<br />

salário mínimo.<br />

▶ Enfrentar a violência como prioridade,<br />

pactuando metas para diminuir<br />

a criminalidade entre jovens.<br />

▶ Criar um programa de reinserção<br />

social para jovens egressos do sistema<br />

prisional.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


38<br />

CIDADANIA<br />

IDOSOS<br />

A IDADE DA RAZÃO<br />

O Brasil tem uma dívida social enorme com<br />

sua população idosa.<br />

O Governo Federal não regulou e nem organizou<br />

as competências dos cuidadores de idosos.<br />

Os beneficiários do Benefício de Prestação<br />

Continuada (BPC) não estão acessando<br />

programas de convivência Familiar e comunitária.<br />

O Sistema Único de Saúde (SUS) não<br />

desenvolveu uma política integral e transversal<br />

de atendimento aos idosos. Os planos de saúde<br />

não garantem os serviços contratados pela<br />

população idosa. As moradias dos idosos com<br />

maiores privações econômicas não possuem<br />

acessibilidade se segurança de mobilidade.<br />

No momento em que os brasileiros mais precisam<br />

de proteção e apoio, o que de fato encontram<br />

são respostas vazias e nenhuma ação<br />

efetiva que os faça sentirem protegidos, acolhidos<br />

e seguros.<br />

O envelhecimento não pode ser sinônimo de<br />

inseguranças. Envelhecer deve ser um processo<br />

no qual a sociedade e o Estado, juntos, garantam<br />

ao cidadão o reconhecimento, o apoio<br />

e a segurança que ele merece.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Implantação de medidas de proteção<br />

ao idoso em parceria com estados<br />

e municípios.<br />

▶ Reorganizar as práticas protetivas<br />

para idosos e definir padrões de<br />

qualidade para os serviços de atendimento<br />

comunitário e domiciliar.<br />

▶ Combate permanente, por meio<br />

de campanhas e ações ativas, contra<br />

maus-tratos a idosos.<br />

▶ Estímulo à criação de novas formas<br />

de trabalho e renda para os<br />

trabalhadores aposentados que<br />

queiram trabalhar.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


39<br />

CIDADANIA<br />

▶ Fortalecimento do Conselho Nacional<br />

de Idosos.<br />

▶ Estruturar política nacional de supervisão<br />

e acompanhamento das<br />

instituições asilares.<br />

▶ Divulgação do BPC para que todos<br />

os idosos que tenham direito<br />

possam acessá-lo.<br />

▶ Enfrentamento dos desafios decorrentes<br />

do envelhecimento da<br />

população e das mudanças da sociedade,<br />

com atenção aos fatores<br />

determinantes das enfermidades<br />

mais relevantes.<br />

▶ Garantia do acesso a medicamentos<br />

fundamentais para o tratamento<br />

entregues via o projeto Remédio<br />

em Casa, da política de saúde.<br />

▶ Acompanhamento e cumprimento<br />

do Estatuto do Idoso.<br />

▶ Reorganização da rede de acolhimento<br />

de idosos no Brasil.<br />

▶ Fortalecimento do Fundo Nacional<br />

do Idoso e estímulo à criação<br />

dos fundos estaduais e municipais..<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Implantar política pública de cuidadores<br />

de idosos, com a estruturação<br />

da carreira de cuidadores de<br />

idosos e organizando programas<br />

de capacitação e supervisão pelo<br />

SUS.<br />

▶ Criar amplo programa de melhoria,<br />

adaptação e segurança de<br />

mobilidade na casa de idosos beneficiários<br />

do BPC e com aposentadoria<br />

de até dois salários mínimos.<br />

▶ Criar o Protege Idosos, programa<br />

de combate aos maus-tratos a idosos.<br />

▶ Criar protocolo nacional de cuidados<br />

com idosos em instituição de<br />

longa permanência.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


40<br />

CIDADANIA<br />

▶ Lançar o DignaIdade em todo o<br />

Brasil, com 3 eixos: garantir que a<br />

família tenha condições de cuidar<br />

de seus idosos; garantir serviços de<br />

convivência; garantir qualidade no<br />

trabalho das instituições de longa<br />

permanência.<br />

▶ Apoiar a implantação de consultórios<br />

populares de saúde com foco<br />

em geriatria.<br />

▶ Apoiar a formação de especialistas<br />

em geriatria em todas as profissões<br />

de saúde.<br />

▶ Construir centros-dia para convivência<br />

e proteção social dos idosos<br />

em todo Brasil.<br />

▶ Criar programas de formação e<br />

capacitação na web para famílias<br />

que cuidam de seus idosos.<br />

▶ Apoiar residências médicas em<br />

geriatria.<br />

▶ Criar cursos de especialização<br />

para enfermeiros em cuidados de<br />

idosos.<br />

▶ Garantir atendimento médico domiciliar<br />

para idosos com mais de<br />

80 anos ou que sejam identificados<br />

com dificuldades de locomoção.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


41<br />

CIDADANIA<br />

MULHERES<br />

UMA QUESTÃO DA SOCIEDADE<br />

A ampliação da participação política e social<br />

das mulheres, fortalecendo seu papel como<br />

sujeito político e principalmente como sujeito<br />

de direitos, é um compromisso histórico do<br />

PSDB.<br />

O governo Fernando Henrique criou a Secretaria<br />

de Nacional dos Direitos da Mulher e<br />

assumiu também o desafio de colocar os benefícios<br />

dos programas de transferência de<br />

renda – como o Programa de Erradicação do<br />

Trabalho Infantil – em nome da mulher, considerando<br />

que é ela que efetivamente assume<br />

o compromisso e a responsabilidade com os filhos<br />

e outros membros vulneráveis da família.<br />

No entanto, mais de uma década depois, o<br />

Brasil é o 81º colocado em desigualdade de<br />

gênero entre 134 nações, e as palavras de<br />

Ruth Cardoso continuam extremamente pertinentes:<br />

“A questão das mulheres não é das<br />

mulheres, é dos homens também, é da sociedade,<br />

é um problema de igualdade. Não podemos<br />

mais falar em justiça social sem pensar<br />

em uma participação efetiva e em uma condição<br />

de igualdade dentro da nossa sociedade.<br />

Pensar em desenvolvimento social implica,<br />

primeiro, fazer quase o milagre de diminuir<br />

nossa desigualdade”.<br />

As políticas públicas para as mulheres devem<br />

ser transversais, inserindo a perspectiva de gênero,<br />

de forma permanente e sistemática, em<br />

todas as áreas e programas do governo.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Garantia de que o Plano Nacional<br />

de Políticas para as Mulheres será<br />

efetivado, para tornar realidade as<br />

suas metas e diretrizes.<br />

▶ Cumprimento dos tratados, acordos<br />

e convenções internacionais,<br />

assinados pelo Brasil, além de colocar<br />

em prática os mecanismos previstos<br />

para coibir a violação aos<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


42<br />

CIDADANIA<br />

direitos humanos das mulheres.<br />

▶ A educação deve ser efetivamente<br />

utilizada na formação de uma<br />

cultura de respeito à diversidade<br />

social, racial e orientação sexual.<br />

▶ Enfrentamento decisivo da questão<br />

da violência doméstica, aprimorando<br />

a legislação para proteger<br />

mulheres e crianças.<br />

▶ Consolidação da Rede de Enfrentamento<br />

à Violência Contra a Mulher<br />

como um programa de Estado<br />

e não de governo.<br />

▶ Otimização das ações na área<br />

da saúde da mulher, garantindo o<br />

desenvolvimento de programas<br />

e prestação de serviços de atendimentos<br />

planejados a partir dos<br />

diagnósticos locais das maiores demandas<br />

das mulheres.<br />

▶ Priorização da interlocução com<br />

os entes federados, para garantir a<br />

adequação das propostas e estratégias<br />

às realidades locais.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Fomentar a criação de comitês<br />

comunitários municipais, reunindo<br />

mulheres comprometidas com o<br />

aperfeiçoamento da democracia,<br />

com a promoção da ética, da cidadania,<br />

de ações sociais e de combate<br />

à corrupção e aos abusos econômicos.<br />

▶ Apoiar a criação de escola de<br />

tempo integral e a criação de creches<br />

que contribuem para liberar<br />

os pais para trabalho e/ou estudos.<br />

Os espaços físicos das creches poderão<br />

ser utilizados também para a<br />

alfabetização de mulheres adultas.<br />

▶ Promover campanhas preventivas<br />

de atendimento ao câncer de<br />

colo de útero, de mama e DSTs.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


43<br />

CIDADANIA<br />

▶ Organizar atendimento especial<br />

às mulheres quando portadoras de<br />

doenças sexualmente transmissíveis.<br />

▶ Promover o atendimento integral<br />

à mulher e à criança vítimas de violência<br />

doméstica.<br />

▶ Criar o Programa Mulheres Protegidas<br />

para ampliar as possibilidades<br />

de proteção às mulheres que<br />

denunciam a violência doméstica<br />

e não podem voltar para casa, para<br />

perto do agressor.<br />

▶ Estruturar rede atendimento e<br />

acolhimento de mulheres por meio<br />

de casas abrigos, casas-lares e famílias<br />

acolhedoras.<br />

▶ Criar o benefício social de proteção<br />

às mulheres vítimas de violência doméstica,<br />

familiar e comunitária.<br />

▶ Instituir pelo SUS tratamento de<br />

correção estética, incluindo cirurgias<br />

plásticas para as mulheres vítimas<br />

de deformações oriundas de<br />

violência doméstica, familiar e comunitária.<br />

▶ Reestruturar programa de combate<br />

à exploração sexual que atinjam<br />

meninas, jovens e mulheres no<br />

Brasil e no exterior.<br />

▶ Criar programas de resgate de<br />

mulheres escravas sexuais.<br />

▶ Implantar o programa Com Licença,<br />

Vou à Luta para mulheres com<br />

mais de 40 anos sem escolaridade<br />

e sem experiência profissional.<br />

▶ Encaminhar projeto de lei para<br />

que a licença maternidade de mães<br />

de filhos prematuros comece a<br />

contar a partir da alta do bebê, não<br />

considerando o período da internação<br />

hospitalar para esse fim.<br />

▶ Organizar a capacitação de educadores<br />

nas questões de gênero,<br />

visando desconstruir preconceitos<br />

e estereótipos.<br />

▶ Apoiar as mulheres empreendedoras,<br />

com financiamento subsidiado<br />

e apoio técnico para a formação<br />

das empresas e de cooperativas.<br />

▶ Ampliar as medidas existentes<br />

com vistas à eliminação do assédio<br />

sexual, da discriminação da mulher<br />

no emprego e na ocupação.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


44<br />

CIDADANIA<br />

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA<br />

BRASIL ACESSÍVEL<br />

O Brasil vem, ao longo dos anos, construindo<br />

planos, propostas e até mesmo programas que<br />

poucos resultados têm gerado para as pessoas<br />

com deficiência.<br />

A ação mais importante que temos, o Benefício<br />

da Prestação Continuada (BPC), foi aprovada<br />

na Lei Orgânica da Assistência Social em<br />

1993 e implantada em 1996.<br />

O BPC é, sem dúvida, a matriz do desenvolvimento<br />

e da proteção social e econômica das<br />

pessoas que enfrentam em seu dia a dia os desafios<br />

de um país pouco acessível.<br />

A questão da deficiência deve ser enfrentada<br />

de forma transversal e perpassa todos os itens<br />

do nosso programa. Nossas ações se estruturarão<br />

em três eixos temáticos: Educação, Trabalho<br />

e Saúde, conforme descritos a seguir:<br />

EDUCAÇÃO<br />

É fundamental a intensificação da capacitação<br />

contínua de professores e de toda a equipe<br />

escolar (em uma escola, do porteiro ao diretor;<br />

todos são educadores, tenham ou não consciência<br />

disso); e do preparo das escolas, a começar<br />

pelos edifícios (acessibilidade arquitetônica),<br />

para receber o aluno com deficiência.<br />

As tecnologias de informação e comunicação<br />

(TIC) aumentarão a permanência dos alunos<br />

com algum tipo de deficiência em todos os níveis<br />

de ensino.<br />

Se a evasão escolar já é alta entre a população<br />

comum, para o jovem que tem deficiência<br />

prosseguir nos estudos é um verdadeiro desafio.<br />

Além das barreiras arquitetônicas – falta<br />

de rampas, portas e banheiros adaptados – eles<br />

ainda têm de superar as barreiras pedagógicas.<br />

É importante que o aluno consiga terminar o<br />

curso, e isso não acontecerá se ele não conseguir<br />

se locomover ou não tiver equipamentos e<br />

materiais adequados a sua deficiência.<br />

Considerando que as exigências colocadas<br />

pelo mercado de trabalho são cada vez mais<br />

altas, é preciso confiar e investir no potencial<br />

dessa criança, desde cedo, para que tenha<br />

acesso a uma escola de qualidade, com os<br />

recursos pedagógicos de qualidade, professor<br />

qualificado, para que possa se realizar como<br />

pessoa e como cidadã.<br />

TRABALHO<br />

É preciso fortalecer o cumprimento da Lei de<br />

Cotas, para que a pessoa com deficiência pos<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


45<br />

CIDADANIA<br />

sa ter a oportunidade de uma vida plena, com<br />

acesso digno à educação e ao trabalho.<br />

Precisamos prever, ainda, a participação das<br />

pessoas com deficiência nos programas e<br />

cursos de formação profissional, oferecendo<br />

acesso arquitetônico, material adaptado e tecnologias<br />

que permitam ao profissional, assim<br />

como a qualquer outro, desenvolver todas as<br />

suas potencialidades. Garantir esse direito é<br />

permitir que essa pessoa tenha condições de<br />

ocupar o seu espaço no mercado de trabalho.<br />

SAÚDE<br />

É preciso cuidar da acessibilidade física dos<br />

serviços públicos de saúde; capacitar pessoal;<br />

ter material informativo, adaptado para deficiência,<br />

e fazer campanhas utilizando todos os<br />

recursos de acessibilidade.<br />

É preciso intensificar o atendimento da demanda<br />

por órteses e próteses por intermédio<br />

do SUS, em função das longas filas de espera.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ O apoio às pessoas com deficiência<br />

será uma ação de urgência<br />

social.<br />

▶ Apoio à criação de espaços apropriados<br />

para o debate sobre as necessidades<br />

e aspirações das pessoas<br />

com deficiência.<br />

▶ Apoio às pessoas com deficiência<br />

intelectual e múltipla, para que possam<br />

vir a ser protagonistas de seus<br />

direitos e deveres.<br />

▶ Garantia de participação da família<br />

nas formulações de políticas e<br />

na definição de ações a serem direcionadas<br />

pelo poder público ao<br />

desenvolvimento da pessoa com<br />

deficiência.<br />

▶ Incentivo ao desenvolvimento de<br />

pesquisas voltadas para as tecnologias<br />

assistivas e para as tecnologias<br />

sociais que aumentem a autonomia<br />

e a independência da pessoa com<br />

deficiência.<br />

▶ Integração de ações nas áreas de<br />

educação, saúde, assistência social,<br />

emprego e renda, mobilidade urbana,<br />

justiça e habitação, como forma<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


46<br />

CIDADANIA<br />

de potencializar as políticas públicas<br />

voltadas para pessoas com deficiência.<br />

▶ Apoio à educação inclusiva, intensificando<br />

a capacitação contínua<br />

de professores e de toda a<br />

equipe escolar, além do preparo da<br />

escola, sem prejuízo das escolas<br />

especiais, nos casos em que sejam<br />

necessárias.<br />

▶ Incentivo ao desenvolvimento de<br />

tecnologias de informação e comunicação<br />

que contemplem as características<br />

de cada deficiência, permitindo<br />

a evolução de escolaridade<br />

e gerando novas perspectivas de<br />

vida às pessoas com deficiência.<br />

▶ Defesa de condições de acessibilidade<br />

dos transportes públicos<br />

e incentivo aos programas municipais<br />

de acessibilidade.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Realizar parcerias entre instituições<br />

educacionais públicas e privadas,<br />

sem fins lucrativos, quando<br />

necessárias, no sentido de avançar<br />

para a construção de um sistema<br />

educacional que contemple o fortalecimento<br />

das escolas comuns e<br />

a permanência das escolas especiais,<br />

nos casos em que sejam necessárias.<br />

▶ Fortalecer o Atendimento Educacional<br />

Especializado (AEE), com<br />

materiais e recursos pedagógicos e<br />

a capacitação de professores.<br />

▶ Investir no desenvolvimento de<br />

Tecnologias de Informação e Comunicação<br />

(TIC) que contemplem<br />

as características de cada tipo de<br />

deficiência e na capacitação de<br />

professores para usá-las em sala de<br />

aula, como ferramentas de ensino/<br />

aprendizagem.<br />

▶ Formular, em parceria com as entidades<br />

sociais de proteção social,<br />

alternativas de acolhimento na ausência<br />

dos pais.<br />

▶ Reorganizar o financiamento das<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


47<br />

CIDADANIA<br />

entidades de proteção e desenvolvimento<br />

social por meio dos Fundos<br />

Nacional de Saúde, de Assistência<br />

Social e de Amparo ao Trabalhador.<br />

▶ Estruturar a Rede Nacional de<br />

Reabilitação e Readaptação, com<br />

centros e clínicas destinadas ao cuidado<br />

de portadores de deficiências<br />

físicas, garantindo o acesso gratuito<br />

aos profissionais e aos medicamentos<br />

e exames médicos necessários,<br />

assim como o fortalecimento dos<br />

serviços já existentes.<br />

▶ Estruturar programa nacional de<br />

empregabilidade para a contratação<br />

de pessoas com deficiência, integrado<br />

e articulado a programas e<br />

cursos de formação profissional.<br />

▶ Valorizar as instituições federais<br />

que atuam no apoio da pessoa com<br />

deficiência.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


48<br />

CIDADANIA<br />

EDUCAÇÃO<br />

O CAMINHO PARA O FUTURO<br />

O Brasil começou muito tarde a se preocupar<br />

com a educação. Precisamos acelerar para recuperar<br />

o tempo perdido. A universalização<br />

do acesso ao Ensino Fundamental foi alcançada<br />

ao final dos anos 1990, mas as metas do<br />

Plano Nacional de Educação de 2001 não foram<br />

atingidas: temos apenas 54% dos jovens<br />

de 15 a 17 anos no Ensino Médio, quando a<br />

meta era 100% em 2010; e somente 16% dos<br />

jovens de 18 a 24 anos no Ensino Superior,<br />

cuja meta era 30%. Entre as crianças de 4 a 5<br />

anos de idade, 15% não têm acesso à pré-escola.<br />

E, na medida em que ampliamos o acesso,<br />

os problemas de qualidade vão se tornando<br />

mais urgentes. A educação deve ser também<br />

reconhecida em seu papel de propulsora do<br />

desenvolvimento social e econômico e como<br />

instrumento de ampliação de oportunidades<br />

de emprego, acarretando, por decorrência, a<br />

redução de desigualdades sociais. É necessário<br />

garantir sua centralidade no conjunto das<br />

políticas públicas e, reconhecendo as especificidades<br />

locais e regionais, assegurar o desenvolvimento<br />

socioeconômico de todo o país.<br />

PRINCIPAIS INDICADORES<br />

EDUCACIONAIS<br />

• Faltam 980 mil vagas para universalizar a pré-<br />

-escola para crianças de 4 e 5 anos<br />

• Faltam 2,9 milhões de vagas em creches para<br />

atender 50% das crianças de até 3 anos até<br />

2024<br />

• Na Prova Brasil 2011: menos de 40% dos alunos<br />

do 5º ano, menos de 27% dos do 9º ano<br />

e menos de 29% dos do Ensino Médio estão<br />

no nível adequado de desempenho em língua<br />

portuguesa<br />

• 12% das escolas públicas têm infraestrutura<br />

adequada para atendimento dos estudantes<br />

• 640 mil docentes não têm formação adequada<br />

para ensinar, licenciatura ou formação<br />

complementar pedagógica<br />

• O salário médio de um professor com formação<br />

superior é metade dos rendimentos dos<br />

demais trabalhadores de nível superior<br />

• 2 milhões de jovens de 15 a 17 anos estão fora<br />

da escola<br />

• Apenas metade dos jovens tem Ensino Médio<br />

concluído aos 19 anos<br />

• A rede federal de escolas técnicas tem 210<br />

mil matrículas, contra 488 mil das redes estaduais<br />

e 632 mil do setor privado<br />

• 4 milhões, das 5,6 milhões de matrículas do<br />

Pronatec, até 2013, são em cursos de formação<br />

inicial e não de ensino técnico<br />

• Apenas 16% dos adultos de 18 a 24 anos têm<br />

acesso ao Ensino Superior<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


49<br />

CIDADANIA<br />

• 2, em cada 10 jovens que entram na faculdade,<br />

abandonam o curso<br />

Fontes: Censo Escolar 2012 e Pnad 2012.<br />

Avaliações internacionais e nacionais indicam<br />

que a qualidade da educação brasileira é extremamente<br />

baixa e muito desigual, com estudantes<br />

de famílias pobres tendo um rendimento<br />

escolar muito inferior aos de famílias<br />

mais ricas, que também têm a vantagem de<br />

frequentar escolas seletivas, públicas e particulares.<br />

Hoje sabemos que a educação nos<br />

primeiros anos é essencial para o pleno desenvolvimento<br />

social, emocional e cognitivo<br />

de todas as pessoas, mas a grande maioria de<br />

nossas creches e pré-escolas não têm instalações<br />

e profissionais preparados para atender<br />

às crianças. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental,<br />

os dados disponíveis indicam que<br />

não basta garantir a permanência da criança<br />

na escola: menos de 50% das crianças se alfabetizam<br />

ao final do terceiro ano, quando o<br />

ideal seria estarem alfabetizadas até o final do<br />

segundo ano, e muitas concluem o quinto ano<br />

como analfabetas funcionais. Nos anos finais,<br />

os problemas se agravam com altas taxas de<br />

repetência e de evasão a partir do sétimo ano.<br />

Como consequência, a maioria dos que concluem<br />

o Ensino Fundamental não adquirem<br />

as competências básicas de leitura, escrita e<br />

raciocínio matemático, base indispensável<br />

para prosseguir estudando. Chega-se assim<br />

ao Ensino Médio, o nível mais problemático<br />

da educação brasileira: altas taxas de evasão,<br />

falta de professores, currículo extenso e desconectado<br />

do mundo real, elevado número de<br />

alunos no ensino noturno, conteúdos e aulas<br />

que não fazem sentido para os jovens, pouco<br />

tempo na escola e resultados medíocres nas<br />

avaliações nacionais. E a minoria que chega<br />

ao Ensino Superior encontra uma qualidade<br />

muito desigual, com um número pequeno de<br />

instituições de destaque, e um número muito<br />

grande de instituições públicas ou privadas de<br />

baixa qualidade.<br />

Esses resultados muito sofríveis não podem<br />

ser explicados pelo baixo gasto público. O Brasil<br />

gasta hoje mais de 6% do Produto Interno<br />

Bruto em educação, aos quais se somam pelo<br />

menos mais 2% de gastos privados. Não é pouco.<br />

Trata-se de uma proporção elevada em termos<br />

internacionais, próxima à de países como<br />

Austrália e França. Com a aprovação do novo<br />

PNE (2014-2024) e com os recursos provenientes<br />

do Pré-Sal, a meta é que em alguns<br />

anos o país venha a investir 10% do PIB em<br />

educação. Porém, mais recursos não vão garantir<br />

a melhoria da qualidade do ensino. Para<br />

melhorar será preciso, antes de tudo, rever os<br />

critérios e prioridades do Governo Federal.<br />

Comprometida com a gestão adequada dos<br />

recursos públicos, a principal tarefa em educação<br />

da nova administração será garantir um<br />

nível adequado de qualidade educacional para<br />

todos e completar o acesso onde necessário. E<br />

isso só será possível trabalhando em parceria<br />

com governos estaduais, municipais, setor privado<br />

e sociedade civil. Essa tarefa demandará<br />

transformações profundas no funcionamento<br />

atual do sistema educacional, com mudanças<br />

nas relações federativas que incluem altera-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


50<br />

CIDADANIA<br />

ções na forma de financiamento, gestão escolar,<br />

currículo e avaliação.<br />

Outro aspecto fundamental é a carreira, a qualificação<br />

e a formação de professores, o que<br />

também está relacionado à questão da equidade.<br />

Transformar e tornar atraente a carreira<br />

de professores e incentivar mudanças nos programas<br />

de formação inicial e continuada são<br />

compromissos centrais de nosso programa de<br />

governo.<br />

Finalmente, para o equacionamento dos graves<br />

e complexos problemas historicamente<br />

enfrentados no campo educacional, tarefas<br />

emergenciais precisam ser enfrentadas, especialmente<br />

a erradicação do analfabetismo e do<br />

trabalho infantil, com garantia de permanência<br />

de toda criança na escola. Além disso, cada<br />

escola brasileira deverá se tornar um espaço<br />

seguro, inclusivo e acolhedor: um corpo docente,<br />

técnico e administrativo bem preparado<br />

e comprometido, adequada infraestrutura<br />

física, laboratorial e tecnológica, transporte<br />

escolar e alimentação de qualidade.<br />

Todos os brasileiros têm direito a uma educação<br />

de qualidade, em todos os níveis. E o<br />

grande desafio do país nos próximos anos será<br />

garantir a qualidade da educação, sustentada<br />

em uma concepção de direitos. Esse desafio<br />

inclui a universalização da Educação Básica<br />

dos 4 aos 17 anos e grande esforço em direção<br />

à ampliação do aprendizado. Supõe também<br />

políticas de acesso, permanência, redução da<br />

distorção idade-ano de escolaridade e maior<br />

equidade, ênfase na redução das desigualdades,<br />

ampliação das oportunidades aos estudantes<br />

mais carentes e respeito às diversidades.<br />

Para aqueles jovens que abandonaram<br />

a escola, será criado o programa Mutirão de<br />

Oportunidades, que concederá bolsas de um<br />

salário mínimo e acesso à qualificação profissional<br />

para que os jovens possam voltar ao<br />

ambiente escolar e concluir seus estudos. O<br />

programa será detalhado neste plano junto ao<br />

tema da Juventude.<br />

A sociedade quer mudança. Quer escolas<br />

organizadas que funcionem bem, com mais<br />

tempo para as crianças aprenderem, mais<br />

transparência na gestão de recursos públicos,<br />

mais eficiência na execução de políticas educacionais<br />

e mais professores bem preparados<br />

e remunerados adequadamente. Enfim, mais<br />

educação fazendo diferença efetiva na vida de<br />

nossos filhos.<br />

É preciso também propiciar condições adequadas<br />

para o ensino e o trabalho, bem como<br />

para o envolvimento das famílias, das comunidades<br />

e da sociedade em geral na vida escolar.<br />

Nenhuma escola poderá permanecer esquecida,<br />

devendo-se garantir condições dignas a<br />

todas elas, inclusive com políticas integradas<br />

que articulem as dimensões educacionais, de<br />

saúde, segurança e assistência social.<br />

A nova escola que propomos só será construída<br />

com mudanças institucionais, na gestão escolar,<br />

no modelo de financiamento, no regime de<br />

colaboração entre os entes federados, na construção<br />

de uma base curricular nacional e na lógica<br />

de avaliação com objetivos e metas claras.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


CIDADANIA<br />

TRANSFORMAÇÃO DA CARREIRA<br />

DE PROFESSORES E A PROMOÇÃO<br />

DE MUDANÇAS NA FORMAÇÃO INICIAL<br />

51<br />

A carreira de professor é a menos atraente e<br />

com a menor remuneração entre as de nível<br />

superior. É, porém, essencial que ela provoque<br />

o interesse de pessoas com mais formação,<br />

talento e motivação. Para tornar essa carreira<br />

realmente atrativa e prestigiosa, é necessário<br />

pagar mais e também garantir que professores<br />

mais dedicados e competentes tenham uma<br />

perspectiva estimulante pela frente. O Governo<br />

Federal deverá criar incentivos para atrair<br />

os melhores alunos de Ensino Médio, melhorar<br />

a formação, a carreira e a remuneração dos<br />

professores, bem como valorizar e reconhecer<br />

aqueles profissionais que mais contribuem<br />

para o desenvolvimento de seus alunos.<br />

Um professor competente, bem formado e<br />

bem remunerado significa pelo menos 25<br />

anos de bom ensino para centenas ou mesmo<br />

milhares de crianças e jovens. Depende dele,<br />

portanto, a sustentabilidade de qualquer reforma<br />

educacional no longo prazo.<br />

Como as carreiras são pouco atraentes, os melhores<br />

alunos do Ensino Médio demonstram<br />

pouco interesse pelo magistério. Para reverter<br />

essa situação, é preciso uma carreira atraente<br />

para os professores da Educação Básica, com<br />

salário equiparado às demais profissões. Uma<br />

carreira orientada pela necessidade inadiável<br />

de articular a valorização dos professores com<br />

a melhoria da aprendizagem dos alunos é um<br />

ponto fundamental para o estabelecimento da<br />

nova escola.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Adequado equilíbrio entre vencimento<br />

inicial e remuneração final.<br />

▶ Desenvolvimento profissional por<br />

meio de valorização da formação continuada<br />

para progressão na carreira.<br />

▶ Evolução funcional e incremento<br />

salarial com base em avaliações. A<br />

progressão na carreira e a melhoria<br />

salarial devem ser articuladas com<br />

a avaliação docente e com os resultados<br />

educacionais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


52<br />

CIDADANIA<br />

▶ Profissionalização da docência.<br />

Opção de ampliação progressiva<br />

da jornada de trabalho para 40 horas<br />

semanais e garantia das horas-<br />

-atividade.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


CIDADANIA<br />

FORMAÇÃO INICIAL<br />

E CONTINUADA DE PROFESSORES<br />

53<br />

Vários fatores contribuem para o sucesso da<br />

aprendizagem, mas o preparo e o compromisso<br />

do professor são o que tem mais impacto.<br />

Frequentemente, estudantes brasileiros não<br />

aprendem porque têm professores que não foram<br />

bem preparados para ensinar. E isso não é<br />

culpa do professor. São raros os cursos de formação<br />

profissional em nível superior que preparam<br />

os professores para ensinar e enfrentar<br />

de verdade os desafios da sala de aula. Trata-se<br />

de um triste círculo vicioso, que contribui para<br />

uma maior desigualdade educacional.<br />

Em geral, a situação dos cursos de formação<br />

de professores no Brasil pode ser resumida<br />

em: fragmentação, desarticulação e má qualidade.<br />

Portanto não adianta mais propor soluções<br />

parciais e tópicas. É preciso pensar o<br />

conjunto e ter uma estratégia de mudança por<br />

etapas.<br />

O Governo Federal não pode mais se omitir<br />

nesse assunto. A formação de professores<br />

é uma política nacional que deve ser liderada<br />

pelo Governo Federal e se constitui como<br />

uma das bases da nova escola. Cabe ao MEC<br />

coordenar a política nacional de formação de<br />

professores, tanto junto às instituições formadoras,<br />

públicas e privadas, como junto às secretarias<br />

municipais e estaduais de educação,<br />

responsáveis pela contratação de mais de 85%<br />

dos professores do país.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Implantação de bolsas de manutenção<br />

para formação inicial, extinguindo<br />

gradualmente os cursos noturnos<br />

presenciais para formar professores<br />

de educação infantil e dos anos iniciais<br />

do Ensino Fundamental.<br />

▶ Valorização da profissão do magistério,<br />

tornando mais competitiva<br />

a relação candidato/vaga para ingressar<br />

nos cursos de formação de<br />

professores e atrair mais talentos.<br />

▶ Apoio para a criação de espaços<br />

institucionais próprios e dedicados<br />

à formação de professores de Educação<br />

Básica.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


54<br />

CIDADANIA<br />

▶ Apoio a metodologias e práticas<br />

que ensinem a ensinar, com estágios<br />

nos moldes da residência pedagógica.<br />

▶ Incentivos a experiências de formação<br />

de professores em período<br />

integral e criação de um fundo de<br />

apoio a experiências inovadoras.<br />

▶ Estímulo para uso pedagógico de<br />

tecnologias da informação e comunicação<br />

nos cursos de formação de<br />

professores. Apoio a experiências<br />

de ensino que combinem tecnologias<br />

presenciais e a distância; salas<br />

de aulas invertidas; uso e elaboração<br />

de objetos virtuais de aprendizagem<br />

e todos os formatos viáveis<br />

de aprendizagem colaborativa.<br />

▶ Articulação entre os elementos<br />

oferecidos na formação de professores<br />

e os propostos no âmbito da<br />

base nacional comum. Deve incluir a<br />

organização de uma comissão que<br />

vai elaborar uma base nacional para<br />

cursos de formação de professores,<br />

incluindo todas as etapas da Educação<br />

Básica. Esse material orientará<br />

os currículos e programas das instituições<br />

de Ensino Superior formadoras<br />

de professores, tomando como<br />

referência as disposições normativas<br />

nacionais da Educação Básica.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Ampliar progressivamente a jornada<br />

de trabalho para 40 horas semanais,<br />

incorporando na jornada<br />

períodos para planejamento das<br />

aulas, capacitação, reuniões técnicas,<br />

encontro com os pais, correção<br />

de provas e demais atividades extraclasse.<br />

▶ Implantar bolsas de manutenção<br />

para formação inicial.<br />

▶ Criar incentivos para a escolha da<br />

carreira do magistério.<br />

▶ Criar fundo de apoio a experiências<br />

inovadoras.<br />

▶ Apoiar metodologias e práticas<br />

que ensinem a ensinar, com estágios<br />

docentes nos moldes da residência<br />

pedagógica.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


55<br />

CIDADANIA<br />

▶ Apoiar experiências de ensino que<br />

combinem tecnologias presenciais<br />

e a distância; salas de aula invertidas;<br />

uso e elaboração de objetos<br />

virtuais de aprendizagem e todos<br />

os formatos viáveis de aprendizagem<br />

colaborativa.<br />

▶ Organizar uma comissão para elaboração<br />

de base nacional para cursos<br />

de formação de professores de<br />

todas as etapas da Educação Básica,<br />

para orientar os currículos e programas<br />

das instituições de Ensino<br />

Superior formadoras de professores.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


CIDADANIA<br />

COMPROMISSO COM A EDUCAÇÃO BÁSICA<br />

56<br />

A educação básica passou por significativas<br />

mudanças institucionais nos últimos anos. Ao<br />

lado do Ensino Fundamental, os níveis infantil<br />

e médio passaram a integrar a educação básica.<br />

E, com o aumento da duração do Ensino<br />

Fundamental de oito para nove anos, o tempo<br />

obrigatório de permanência na escola no Brasil<br />

foi ampliado para 14 anos. Porém, a universalização<br />

do ensino básico e a proposição<br />

de uma oferta de maior qualidade continuam<br />

sendo objetivos de difícil realização.<br />

A universalização da educação básica com<br />

qualidade coloca enormes desafios para o<br />

Governo Federal, uma vez que os executores<br />

dessa política são os estados e municípios. A<br />

União produz regras e estimula ações em diferentes<br />

áreas, mas quem executa a política é,<br />

em última instância, o gestor local ou regional.<br />

Nesse sentido, o encaminhamento adequado<br />

das questões federativas – consideradas em<br />

toda sua complexidade institucional e diante<br />

da grande diversidade regional do país – é essencial<br />

para que o Governo Federal seja capaz<br />

de trazer contribuições substantivas neste<br />

campo.<br />

Gestão escolar, modelo de financiamento, regime<br />

de colaboração e base nacional comum<br />

dizem respeito a todos os níveis da educação<br />

básica:<br />

1) MELHOR GESTÃO E<br />

FUNCIONAMENTO DAS ESCOLAS<br />

As escolas têm uma função social a cumprir<br />

e devem ter apoio e autonomia para cumprir<br />

essas funções. A contrapartida das escolas é<br />

ter responsabilidade: apresentar aos pais e à<br />

sociedade serviço público de qualidade. A boa<br />

escola é aquela onde o aluno aprende.<br />

Já existem no Brasil experiências de compromissos<br />

formais entre escolas e governos estaduais<br />

e municipais, que precisam ser conhecidas<br />

e ampliadas, como, por exemplo, o acordo<br />

de resultados em Minas Gerais. Nesses acordos,<br />

as escolas, por meio de seus dirigentes,<br />

se responsabilizam por garantir a educação e<br />

a permanência dos alunos nas escolas, estabelecendo<br />

objetivos e metas em comum acordo,<br />

vinculadas a recursos comprometidos para sua<br />

execução.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


57<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Criação de incentivos do Governo<br />

Federal para a implantação de<br />

acordos de resultados entre governos<br />

locais e cada escola. Garantia<br />

às escolas de mais autonomia na<br />

gestão de recursos humanos e manutenção<br />

de equipamentos, com o<br />

compromisso de prestar contas à<br />

sociedade sobre como está desempenhando<br />

sua função social em relação<br />

às metas estabelecidas.<br />

▶ Estímulo à criação de academias<br />

de formação de lideranças em gestão<br />

escolar. É preciso formar dirigentes<br />

com capacidade de liderança,<br />

escolhidos sem interferência<br />

político-partidária, e apoiar a sua<br />

formação.<br />

▶ Apoio à participação das famílias<br />

nas escolas, bem como da sociedade<br />

em que elas estão inseridas – organizações<br />

religiosas, sociais, empresas<br />

etc.<br />

▶ Ampliação do engajamento da<br />

sociedade e a formação de parcerias.<br />

Permitir, como previsto na LDB,<br />

a experiência com outras formas jurídicas<br />

de organização das escolas,<br />

como Oscips, fundações e outras<br />

entidades de direito privado.<br />

2) NOVO MODELO DE<br />

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO E<br />

PRIORIDADES DE INVESTIMENTO<br />

O Governo Federal não executa a política de<br />

educação básica. O seu papel é estimular e<br />

induzir as melhores práticas de estados e municípios.<br />

No entanto, a União faz um investimento<br />

substancial no ensino básico, seja por<br />

meio da complementação dos recursos do<br />

Fundeb, seja pelos vultosos recursos públicos<br />

alocados no Fundo Nacional de Desenvolvimento<br />

da Educação (FNDE), que se destinam<br />

a uma gama diversificada de programas,<br />

incluindo merenda escolar, transporte escolar,<br />

livro didático e outros. O emprego mais criterioso<br />

desses recursos e a sua utilização de<br />

modo a induzir melhores práticas por parte<br />

dos gestores locais e regionais são essenciais<br />

para que o Governo Federal cumpra o seu papel<br />

de promover a melhora contínua da educação<br />

básica.<br />

Nesse sentido, é importante garantir que os<br />

recursos adicionais provenientes do Pré-Sal<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


58<br />

CIDADANIA<br />

não sejam distribuídos automaticamente pelo<br />

Fundeb, mas por intermédio de programas em<br />

que estados e municípios se comprometam a<br />

introduzir políticas adequadas, cumprindo<br />

metas específicas de melhoria de qualidade de<br />

sua educação, consideradas as especificidades<br />

regionais.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Modificação das regras de complementação<br />

do Fundeb, atualmente<br />

limitadas a apenas alguns<br />

estados e municípios.<br />

▶ Garantia de autonomia dos estados<br />

e municípios na definição de carreiras<br />

dos profissionais de educação,<br />

respeitadas as diretrizes nacionais.<br />

▶ Descentralização dos repasses financeiros<br />

adicionais para estados e<br />

municípios. Os repasses devem ser<br />

desburocratizados, sendo distribuídos<br />

com base em cumprimento de<br />

metas nacionais, regionais e locais.<br />

▶ Criação de uma linha específica<br />

de financiamento para ações associadas<br />

à avaliação externa e uso<br />

dos seus resultados para a melhoria<br />

das aprendizagens.<br />

▶ Modernização dos equipamentos<br />

escolares, incluindo a instalação de<br />

bibliotecas e laboratórios, computadores<br />

e acesso à internet e adequação<br />

térmica dos ambientes para as<br />

diferenças climáticas do país. Para<br />

viabilizar o amplo uso de tecnologias<br />

da comunicação e informação,<br />

o Governo Federal deverá garantir<br />

a todas as escolas brasileiras condições<br />

adequadas de infraestrutura,<br />

incluindo conexão wi-fi acessível a<br />

todo estudante e acesso a plataformas<br />

digitais de aprendizagem.<br />

▶ Implantação gradual da escola<br />

de tempo integral e progressiva,<br />

eliminação do ensino noturno para<br />

jovens que não trabalham. Hoje a<br />

maioria das escolas públicas brasileiras<br />

funciona em dois ou três turnos<br />

e muitas vezes o Ensino Médio<br />

se dá à noite por falta de espaço<br />

físico. Passar todas as crianças e jovens<br />

para tempo completo requer<br />

adquirir ou construir novos prédios<br />

e contratar mais professores e professoras,<br />

com a opção de regime de<br />

40 horas dedicadas integralmente<br />

às escolas a que estão vinculados.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


59<br />

CIDADANIA<br />

3) NOVO REGIME DE COLABORAÇÃO<br />

Um novo regime de cooperação entre União,<br />

estados e municípios é essencial, não apenas<br />

nos aspectos relacionados ao financiamento,<br />

mas em diferentes dimensões da educação<br />

básica. É verdade que o regime de colaboração<br />

existente enfrenta desafios decorrentes da<br />

concentração tributária na União, com o aumento<br />

da dependência financeira dos governos<br />

subnacionais. Mas a falta de coordenação<br />

atualmente existente diz respeito também a<br />

uma definição imprecisa do papel dos governos<br />

estaduais e a uma intensificação da relação<br />

direta da União com os municípios, como<br />

se as unidades da Federação tivessem um papel<br />

pouco relevante na oferta educacional. E<br />

tais dificuldades tendem a ser agravadas pela<br />

ausência de espaços deliberativos entre os<br />

executivos dos entes federados. É, assim, um<br />

desafio para o estabelecimento da nova escola<br />

articular interesses, competências e financiamento.<br />

COMPROMISSOS<br />

COLABORAÇÃO ENTRE A UNIÃO,<br />

ESTADOS E MUNICÍPIOS<br />

▶ Proposição de uma nova compreensão<br />

do papel do MEC como<br />

articulador e facilitador das ações<br />

dos estados e municípios. Estados e<br />

municípios são os agentes responsáveis<br />

pela execução das políticas<br />

de educação básica no país, sendo<br />

os únicos capazes de realizar intervenções<br />

focadas na escola e na sala<br />

de aula.<br />

▶ Melhoria da relação entre os três<br />

níveis de governo. Estabelecimento<br />

de um planejamento integrado entre<br />

Governo Federal, estados e municípios<br />

para a definição das estratégias<br />

de execução das metas do PNE.<br />

▶ Institucionalização de espaços<br />

deliberativos nacionais entre entes<br />

federados. Serão considerados<br />

aspectos normativos e executivos,<br />

como o conselho deliberativo da<br />

FNDE.<br />

▶ Especificação mais clara do regime<br />

de colaboração para a educação<br />

infantil e a educação profissional,<br />

reduzindo as desigualdades<br />

regionais.<br />

COLABORAÇÃO ENTRE ESTADOS<br />

E SEUS MUNICÍPIOS<br />

▶ Institucionalização de espaços<br />

interfederativos deliberativos estaduais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


60<br />

CIDADANIA<br />

▶ Estímulo ao planejamento conjunto<br />

da oferta das redes estaduais<br />

e municipais de ensino. Visa racionalizar<br />

a aplicação dos escassos recursos<br />

públicos e, onde for o caso,<br />

equacionar o problema do financiamento<br />

do transporte escolar.<br />

▶ Apoio no encaminhamento conjunto<br />

de aspectos relacionados à<br />

qualidade da educação escolar:<br />

maior articulação entre os currículos<br />

estaduais e municipais.<br />

▶ Promoção de programas de alfabetização<br />

nos anos iniciais do Ensino<br />

Fundamental.<br />

▶ Indução de atividades e programas<br />

de formação continuada de<br />

professores; capacitação e certificação<br />

de gestores escolares.<br />

▶ Contribuição para a harmonização<br />

de normas educacionais dos<br />

sistemas estaduais e municipais de<br />

ensino nos estados.<br />

4) CONSTRUÇÃO DE UMA BASE<br />

NACIONAL COMUM<br />

Seguindo práticas adotadas em todo o mundo,<br />

o Brasil precisa definir uma base nacional<br />

comum que garanta a todos os estudantes um<br />

conjunto de aprendizagens, conhecimentos e<br />

habilidades essenciais. Todos têm direito a conhecimentos<br />

adequados de linguagem e raciocínio<br />

matemático, que são o fundamento para<br />

os demais conhecimentos nas humanidades,<br />

ciências naturais, ciências sociais e tecnologia.<br />

Além de assegurar o direito ao aprendizado, a<br />

base nacional será referência obrigatória para:<br />

a construção de currículos em cada unidade<br />

da Federação conforme as orientações e preferências<br />

locais; a elaboração de livros didáticos<br />

e outros materiais de apoio; a organização da<br />

matriz de avaliação dos sistemas nacionais de<br />

avaliação; a orientação do processo de formação<br />

de professores.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Construção de uma base nacional<br />

comum com a participação das<br />

entidades representativas do setor<br />

educação, preservada a flexibilidade<br />

dos currículos estaduais e municipais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


61<br />

CIDADANIA<br />

▶ Apoio à assistência técnica para<br />

programas de alfabetização na idade<br />

adequada desenvolvidos por estados<br />

e municípios.<br />

▶ Apoio à produção de recursos didáticos<br />

e de tecnologias educacionais<br />

que tenham como referência a<br />

base nacional comum.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Descentralizar recursos financeiros<br />

adicionais para estados e municípios.<br />

▶ Implantar a escola de tempo integral<br />

no Brasil.<br />

▶ Eliminar progressivamente o ensino<br />

noturno para jovens que não<br />

trabalham.<br />

▶ Estabelecer planejamento integrado<br />

entre Governo Federal, estados<br />

e municípios para a definição<br />

das estratégias de execução das<br />

metas do segundo PNE.<br />

▶ Especificar o regime de colaboração<br />

para a educação infantil e a<br />

educação profissional, reduzindo<br />

as desigualdades regionais, estimulando<br />

o planejamento conjunto da<br />

oferta das redes estaduais e municipais<br />

de ensino, garantindo qualidade<br />

da aplicação de recursos públicos.<br />

▶ Criar uma linha específica de financiamento<br />

para ações associadas<br />

à avaliação externa e uso dos<br />

seus resultados para a melhoria das<br />

aprendizagens.<br />

▶ Apoiar e oferecer assistência técnica<br />

a programas de alfabetização<br />

na idade adequada desenvolvidos<br />

por estados e municípios.<br />

▶ Apoiar a produção de recursos<br />

didáticos e de tecnologias educacionais<br />

que tenham como referência<br />

a base nacional comum.<br />

▶ Rever e modernizar as matrizes<br />

de referência da avaliação da educação<br />

básica (Saeb/Prova Brasil).<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


62<br />

CIDADANIA<br />

▶ Pactuar as matrizes de avaliação<br />

com estados e municípios.<br />

▶ Criar um programa nacional de<br />

assistência técnica aos estados e<br />

municípios, apoiando modelos para<br />

acordo de resultados.<br />

▶ Incentivar o uso dos resultados<br />

das avaliações externas na melhoria<br />

da sala de aula e avanço do desempenho<br />

dos alunos.<br />

▶ Aprimorar o Exame Nacional do<br />

Ensino Médio (Enem) para atender<br />

à necessidade de diversificar a formação<br />

no Ensino Médio.<br />

▶ Reorganizar de forma qualitativa<br />

o Exame Nacional do Ensino Superior<br />

(Enade).<br />

▶ Estímulo à criação de academias<br />

de formação de lideranças em gestão<br />

escolar.<br />

▶ Modernizar as escolas, incluindo<br />

a instalação de bibliotecas e laboratórios,<br />

computadores, acesso à<br />

internet e adequação térmica dos<br />

ambientes.<br />

▶ Garantir que toda escola brasileira<br />

tenha conexão wi-fi acessível a todos<br />

os estudantes e professores.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


63<br />

CIDADANIA<br />

UMA VERDADEIRA POLÍTICA<br />

PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA<br />

A única forma de assegurar igualdade de oportunidades<br />

na vida e na escola é garantir condições<br />

para que toda criança nasça e se desenvolva<br />

em um ambiente sadio, livre de riscos<br />

e ameaças – independentemente da condição<br />

financeira dos pais. Isso implica reduzir os fatores<br />

de risco, em geral associados com a pobreza,<br />

e implantar políticas de desenvolvimento<br />

da criança de 0 a 3 anos que incluem ações<br />

integradas de educação, saúde e assistência às<br />

famílias.<br />

Na primeira infância os processos de aprendizagem<br />

são muito velozes e intensos. Uma política<br />

para garantir o desenvolvimento da criança<br />

de 0 a 3 anos deve: propiciar a qualidade<br />

da interação entre todos os aspectos sociais e<br />

emocionais que favorecem o desenvolvimento<br />

infantil e fortalecer as famílias para cuidar dos<br />

seus filhos.<br />

A universalização do acesso à pré-escola para<br />

crianças de 4 e 5 anos deverá ser cumprida até<br />

2016 e o desafio agora é garantir a qualidade<br />

do atendimento. Para cumprir a meta de 50%<br />

de atendimento de crianças de até 3 anos até<br />

2024, serão necessárias mais 2,9 milhões de<br />

vagas em creches.<br />

Nosso compromisso com a primeira infância<br />

vai além da construção de creches: queremos<br />

estimular formas alternativas de atendimento<br />

às famílias e às crianças; modelos integrados<br />

de atendimento em creches; e políticas integradas<br />

e flexíveis de atendimento às famílias<br />

com crianças, conforme suas diferentes situações<br />

e necessidades. Em alguns casos, o<br />

acesso à creche de qualidade é importante.<br />

Em outros, visitas regulares às famílias por<br />

técnicos de saúde, assistência social e educação<br />

podem ser mais indicadas.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Incentivo para os municípios implantarem<br />

políticas integradas para<br />

a primeira infância (saúde, assistência<br />

social e educação).<br />

▶ Criação de mecanismos de financiamento<br />

e de estímulos a formas<br />

alternativas de atendimento a<br />

crianças, rompendo com o modelo<br />

único de creches.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


64<br />

CIDADANIA<br />

▶ Expansão e aperfeiçoamento das<br />

ações federais de apoio à educação<br />

infantil. Desenvolver recursos<br />

pedagógicos, currículo e formação<br />

de profissionais para garantir o desenvolvimento<br />

social, emocional e<br />

comunicativo da criança.<br />

▶ Estabelecimento de mecanismos<br />

de regulação para assegurar a qualidade.<br />

Condições adequadas de<br />

funcionamento dos equipamentos;<br />

qualidade dos materiais didáticos e<br />

pedagógicos; proporção adequada<br />

entre adultos e crianças.<br />

▶ Estabelecimento de um sistema<br />

de monitoramento da qualidade da<br />

educação infantil (creche e pré-escola);<br />

▶ Desenvolvimento de programas<br />

de capacitação e certificação de<br />

educadores de primeira infância.<br />

Levar em conta os conhecimentos<br />

científicos sobre os fatores que promovem<br />

o desenvolvimento infantil,<br />

com ênfase em aspectos socioemocionais.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Criar formas alternativas de atendimento<br />

às famílias e às crianças,<br />

tais como: modelos integrados de<br />

atendimento em creches e políticas<br />

integradas e flexíveis de atendimento<br />

às famílias com crianças,<br />

conforme suas diferentes situações<br />

e necessidades.<br />

▶ Desenvolver recursos pedagógicos<br />

e tecnológicos, currículo e formação<br />

de profissionais para garantir<br />

o desenvolvimento social, emocional<br />

e comunicativo da criança.<br />

▶ Estabelecer mecanismos de regulação<br />

para assegurar a qualidade,<br />

tais como: condições adequadas de<br />

funcionamento dos equipamentos;<br />

qualidade dos materiais didáticos e<br />

pedagógicos; proporção adequada<br />

entre adultos e crianças.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


65<br />

CIDADANIA<br />

▶ Estabelecer um sistema de monitoramento<br />

da qualidade da educação<br />

infantil (creche e pré-escola).<br />

▶ Desenvolver programas de capacitação<br />

e certificação de educadores<br />

de primeira infância, em parceria<br />

com estados e municípios.<br />

▶ Estabelecer parceria do Governo<br />

Federal com a rede nacional pela<br />

primeira infância.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


CIDADANIA<br />

REFORÇO E CONSOLIDAÇÃO DO ENSINO<br />

FUNDAMENTAL BRASILEIRO<br />

66<br />

Uma das mais importantes conquistas da educação<br />

brasileira nas últimas décadas foi a universalização<br />

do acesso ao Ensino Fundamental.<br />

Desde o final dos anos 1990, mais de 95%<br />

das crianças de 7 a 14 anos estão na escola.<br />

No entanto, os indicadores de qualidade continuam<br />

sendo muito problemáticos.<br />

Os dados da Prova Brasil mostram que menos<br />

de 27% dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental<br />

têm os conhecimentos adequados<br />

para a série, e esse índice não tem melhorado<br />

nos últimos anos. E a evasão ainda é significativa<br />

nos anos finais do Ensino Fundamental.<br />

Além disso, os recursos não estão sendo<br />

alocados de modo eficiente. O orçamento do<br />

FNDE cresceu oito vezes na última década.<br />

Mesmo assim, a infraestrutura das escolas,<br />

por exemplo, continua precária. Apenas 12%<br />

das escolas têm estrutura para o adequado<br />

atendimento dos estudantes.<br />

Depois de superado o desafio da inclusão, o<br />

Brasil deve voltar-se agora para a qualidade<br />

do ensino. O nível de aprendizagem de nossos<br />

alunos é muito preocupante e a evolução não<br />

acontece na velocidade necessária.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Utilização dos recursos federais<br />

de forma mais eficiente, passando a<br />

utilizá-los como instrumentos para<br />

a indução da qualidade e redução<br />

da evasão.<br />

▶ Redução da idade ideal para a alfabetização<br />

de oito para sete anos.<br />

▶ Contribuição para o estabelecimento<br />

de práticas de cooperação<br />

mais estruturadas entre estados e<br />

municípios, de modo a que a transição<br />

de alunos entre sistemas de ensino<br />

possa se dar sem prejuízo para<br />

o aluno e para a aprendizagem.<br />

▶ Revisão da política do livro didático.<br />

Permitir que a escola opte por<br />

receber os recursos correspondentes,<br />

em vez de exemplares em papel,<br />

caso faça parte de redes com<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


67<br />

CIDADANIA<br />

sistemas de ensino estruturados reconhecidos<br />

pelo MEC.<br />

▶ Elaboração de política específica<br />

para o ciclo II do Ensino Fundamental<br />

em cooperação com os governos<br />

estaduais, de modo a contribuir<br />

para a redução da evasão e melhoria<br />

da qualidade.<br />

▶ Reforço e aprimoramento das<br />

práticas de apoio aos municípios de<br />

menor porte e mais pobres, reduzindo<br />

a desigualdade no interior do<br />

sistema e proporcionando um primeiro<br />

ciclo do Ensino Fundamental<br />

de maior qualidade.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Contribuir para o estabelecimento<br />

de práticas de cooperação mais<br />

estruturadas entre estados e municípios<br />

para que a transição entre<br />

sistemas de ensino ocorra sem prejuízo<br />

para o aluno.<br />

▶ Rever a política do livro didático,<br />

permitindo que a escola opte por<br />

receber os recursos correspondentes,<br />

em vez de exemplares em papel,<br />

caso faça parte de redes com<br />

sistemas de ensino estruturados reconhecidos<br />

pelo MEC.<br />

▶ Elaborar uma política específica<br />

para os anos finais do Ensino Fundamental<br />

em cooperação com os<br />

governos estaduais.<br />

▶ Promover programas de equiparação<br />

de alfabetização nos anos iniciais<br />

do Ensino Fundamental.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


CIDADANIA<br />

COMPROMISSO COM A REINVENÇÃO<br />

DOS PROGRAMAS VOLTADOS PARA<br />

A JUVENTUDE: PROGRAMA ESCOLA<br />

JOVEM E PROGRAMA PROMÉDIO<br />

68<br />

A escola de hoje não atende às expectativas<br />

e necessidades da juventude brasileira. Mudanças<br />

de grande amplitude como a crescente<br />

demanda por escolaridade, novas formações,<br />

percursos curriculares flexíveis e recursos pedagógicos<br />

tecnologicamente avançados vêm<br />

causando um impacto de proporções inéditas<br />

no campo educacional. E o advento da internet<br />

e das redes sociais acentua a limitação das<br />

metodologias mais ortodoxas ainda adotadas.<br />

Hoje, muitos jovens abandonam a escola antes<br />

de chegar ao Ensino Médio, ficando retidos<br />

nos anos finais do Ensino Fundamental.<br />

Para os que frequentam, a carga horária é insuficiente,<br />

as escolas acumulam dificuldades<br />

de várias ordens – inclusive sérios problemas<br />

de infraestrutura, segurança e ausência de<br />

professores. E, não menos grave, os conteúdos<br />

escolares se mostram muitas vezes desconectados<br />

da vida do estudante e percebidos como<br />

não tendo sentido.<br />

O ensino profissionalizante, por sua vez, continua<br />

a ter uma oferta limitada, sobretudo<br />

quando nos referimos aos chamados cursos<br />

técnicos com um ano e meio de duração. E<br />

mesmo essa oferta tem que ser readequada.<br />

Por um lado, os currículos proporcionados<br />

não são conectados aos conteúdos do Ensino<br />

Médio. Por outro, a oferta de ensino técnico<br />

frequentemente tem um viés acadêmico –<br />

orientado pela lógica do provedor educacional.<br />

Assim, mostra-se desconectada da dinâmica<br />

do mercado de trabalho, que passa por<br />

grande transformação, tanto em função da<br />

importante mudança setorial e locacional da<br />

atividade produtiva no Brasil, quanto devido à<br />

significativa transformação tecnológica a que<br />

assistimos.<br />

Em vista desses elementos, o programa Escola<br />

Jovem dará atenção particular aos programas<br />

voltados para jovens, oferecendo uma reflexão<br />

tanto sobre a situação do Ensino Médio,<br />

quanto àquela relacionada ao ensino profissionalizante.<br />

Há que se criar, também, novos formatos de<br />

financiamento e de acesso do jovem ao Ensino<br />

Médio. Para isso, estamos propondo a criação<br />

do programa Promédio. O programa será o<br />

Prouni do Ensino Médio. A ideia é dar acesso<br />

aos alunos carentes às escolas particulares.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


69<br />

CIDADANIA<br />

As escolas particulares que possuem certificado<br />

de filantropia – e, por isso, não pagam<br />

impostos – terão que oferecer bolsas de estudos<br />

equivalentes a 20% de sua renda. A partir<br />

do Cadastro Único dos Programas Sociais,<br />

uma seleção rigorosa determinará quem mais<br />

precisa acessar o programa. Posteriormente o<br />

programa será ampliado para ofertar cursos de<br />

línguas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


70<br />

CIDADANIA<br />

REFORMA DO ENSINO MÉDIO<br />

Nosso Ensino Médio, além de estar longe da<br />

universalização, convive com a acentuação de<br />

um cenário de baixa atratividade e ausência de<br />

significado da escola para o jovem, resultando<br />

em aprendizado insuficiente, altas taxas de<br />

evasão e dados inaceitáveis relativos à distorção<br />

idade-ano.<br />

Como fruto das defasagens educacionais vindas<br />

das etapas anteriores do ensino básico,<br />

o aprendizado tendo por base nosso extenso<br />

currículo tem se mostrado um exercício inglório,<br />

quando não meramente uma peça de<br />

ficção. E, não raro, os alunos que concluem<br />

o nível médio (60% aos 19 anos) o fazem sem<br />

dominar os conteúdos básicos do nível fundamental.<br />

Em vista desses elementos, é imperativo que<br />

o Ensino Médio assuma novos significados, de<br />

forma a atender às múltiplas exigências da sociedade<br />

contemporânea nos vários campos do<br />

saber e do trabalho.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Construção de novas diretrizes<br />

para o Ensino Médio, de modo<br />

coordenado com os estados, principais<br />

responsáveis por esse nível<br />

de ensino.<br />

▶ Transformação da escola em espaço<br />

que incentive a participação<br />

efetiva dos jovens, tornando-os<br />

protagonistas e sujeitos de suas<br />

trajetórias.<br />

▶ Construção de currículos mais<br />

pertinentes, para que os jovens<br />

possam perceber sua relevância e<br />

conexão com seu cotidiano e com<br />

sua vida, ampliando a liberdade de<br />

escolha segundo as trajetórias individuais.<br />

▶ Implantação de modelos mais<br />

leves, flexíveis e diversificados de<br />

percursos escolares. Os estudantes<br />

poderão escolher as áreas em que<br />

vão se aprofundar, preservando a<br />

necessidade de continuar avançando<br />

em linguagem e raciocínio ma-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


71<br />

CIDADANIA<br />

temático; escolher entre áreas mais<br />

técnicas e científicas ou as ciências<br />

sociais e humanas ou ainda o aprendizado<br />

prático para as profissões<br />

em parceria com o setor produtivo.<br />

▶ Eliminação progressiva do ensino<br />

noturno para menores de 16 anos,<br />

uma vez que se trata de um grupo<br />

etário que não pode trabalhar, segundo<br />

o Estatuto da Criança e do<br />

Adolescente.<br />

▶ Criação do programa Poupança<br />

Jovem, que oferecerá a jovens, que<br />

permanecerem na escola e tiverem<br />

um desempenho adequado, uma<br />

poupança que poderá ser sacada<br />

ao final do Ensino Médio.<br />

▶ Criação do Promédio, que dará<br />

acesso a jovens carentes às escolas<br />

de Ensino Médio particulares filantrópicas,<br />

com a concessão de bolsas<br />

a alunos de famílias selecionadas<br />

a partir do Cadastro Único de<br />

Programas Sociais – CadÚnico.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Construir novas diretrizes para o<br />

Ensino Médio, de modo coordenado<br />

com os estados, bem como o<br />

esforço continuado para expansão<br />

de vagas.<br />

▶ Implantar o programa Escola Jovem<br />

com modelos mais leves, flexíveis<br />

e diversificados de percursos<br />

escolares, nos quais os alunos poderão<br />

escolher as áreas em que vão<br />

estudar.<br />

▶ Eliminar progressivamente o ensino<br />

noturno para menores de 16<br />

anos.<br />

▶ Criar o programa Poupança Jovem,<br />

que garantirá aos jovens que<br />

terminarem o Ensino Médio uma<br />

poupança de até 3 mil reais.<br />

▶ Criar o Promédio, que garantirá<br />

bolsas a alunos de famílias carentes<br />

selecionadas no Cadastro Único de<br />

Programas Sociais – CadÚnico, nas<br />

escolas de Ensino Médio particulares<br />

filantrópicas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


CIDADANIA<br />

POR UM PROJETO ESTRUTURADO<br />

DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL<br />

72<br />

Além da reformulação do Ensino Médio, atenção<br />

especial será dada à educação profissional.<br />

O crescimento significativo da demanda por<br />

profissionais capacitados em todos os níveis<br />

é uma realidade do mercado de trabalho do<br />

país e do mundo. Vários estados brasileiros<br />

implantaram, ao longo dos anos, programas<br />

de educação profissional que buscaram atender<br />

a necessidades locais. E, com a criação do<br />

Pronatec, em 2011, houve uma ampliação da<br />

oferta de cursos técnicos e de cursos de qualificação<br />

profissional em todo o país por meio<br />

de Parcerias Público-Privadas (PPPs).<br />

No entanto, em que pese o grande volume de<br />

recursos investidos, esse programa tem apresentado<br />

resultados insuficientes e altíssimos<br />

níveis de evasão. Embora o Pronatec tenha<br />

ampliado a formação profissional, é urgente<br />

repensar seu modelo, para identificar as causas<br />

de sua baixa efetividade e possibilitar as<br />

necessárias correções de rumo. Um claro problema<br />

na concepção e execução do Pronatec<br />

é a subordinação da oferta de cursos aos interesses<br />

dos entes ofertantes, de forma desarticulada<br />

das vocações econômicas e demandas<br />

locais e sub-regionais.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Concepção e implantação de um<br />

modelo estratégico de oferta de<br />

cursos técnicos que considere a demanda<br />

específica de cada estado e<br />

suas microrregiões. Os cursos a serem<br />

oferecidos poderão ser concomitantes<br />

ou sequenciais ao Ensino<br />

Médio.<br />

▶ Alinhamento da oferta de cursos<br />

às características da economia de<br />

cada local e aos novos investimentos<br />

programados por empresas e<br />

governos. Identificar as demandas<br />

com maior taxa de empregabilidade<br />

e que, simultaneamente, estimulem<br />

o desenvolvimento dos arranjos<br />

produtivos locais.<br />

▶ Estabelecimento de critérios para<br />

a pactuação da oferta de vagas em<br />

todo o território nacional. É preci-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


73<br />

CIDADANIA<br />

so garantir a efetiva representatividade<br />

dos estados nos processos<br />

de planejamento e tomadas de decisão<br />

acerca da oferta de cursos e<br />

seu monitoramento e avaliação.<br />

▶ Aproveitamento das condições<br />

de oferta das redes estaduais. Essas<br />

redes deverão ser apoiadas em<br />

suas necessidades de infraestrutura<br />

laboratorial e tecnológica, para que<br />

a ampliação de vagas do Pronatec<br />

nas redes estaduais permita a articulação<br />

da oferta de educação profissional<br />

com as propostas curriculares<br />

do Ensino Médio.<br />

▶ Transparência e objetividade nos<br />

critérios de repasse de recursos aos<br />

estados, com base no cumprimento<br />

de metas previamente acordadas.<br />

Além do Pronatec, outros instrumentos<br />

existentes deverão ser<br />

potencializados e integrados, para<br />

que se evitem superposições e redundâncias,<br />

construindo um verdadeiro<br />

subsistema de educação profissional.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Conceber e implantar um modelo<br />

estratégico de oferta de cursos<br />

técnicos que considere a demanda<br />

específica de cada estado e suas<br />

microrregiões.<br />

▶ Oferecer cursos técnicos profissionalizantes<br />

articulados ou sequenciais<br />

ao Ensino Médio.<br />

▶ Ofertar cursos profissionalizantes<br />

alinhados às características da economia<br />

de cada local e aos novos investimentos<br />

programados por empresas<br />

e governos.<br />

▶ Estabelecer critérios para a pactuação<br />

da oferta de vagas para<br />

educação profissional em todo o<br />

território nacional.<br />

▶ Identificar as demandas com<br />

maior taxa de empregabilidade e<br />

que estimulem o desenvolvimento<br />

dos arranjos produtivos locais.<br />

▶ Construir um verdadeiro subsistema<br />

de educação profissional, po-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


74<br />

CIDADANIA<br />

tencializando e integrando outros<br />

instrumentos existentes, além do<br />

Pronatec, para evitar superposições<br />

e redundâncias.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


CIDADANIA<br />

INCLUSÃO E QUALIDADE NO ENSINO SUPERIOR<br />

75<br />

A expansão do Ensino Superior está ameaçada<br />

pelo desempenho insuficiente do nível médio.<br />

A matrícula dos jovens no Ensino Médio continua<br />

baixa e o número dos que o concluem na<br />

idade certa corresponde a menos de 50% da<br />

matrícula inicial. A reforma do Ensino Médio<br />

é um requisito fundamental para que se tenha<br />

uma forte expansão do Ensino Superior.<br />

Mas a reforma do nível médio não é suficiente.<br />

Somente o Ensino Superior de qualidade<br />

é capaz de oferecer os recursos humanos e os<br />

conhecimentos necessários ao enfrentamento<br />

dos desafios do nosso tempo. Dele depende a<br />

inovação que aumenta a competitividade das<br />

economias modernas e, assim, garante uma<br />

inserção positiva no cenário da globalização.<br />

Mas o Ensino Superior no Brasil tem experimentado<br />

ondas de crescimento sem que se<br />

tenha dado à sociedade garantias da qualidade<br />

dos cursos oferecidos e que todos os jovens<br />

aptos tenham efetivamente a oportunidade de<br />

ingressar nesse nível de ensino e de concluir<br />

os estudos com sucesso.<br />

A forte expansão observada no Ensino Superior<br />

privado, apoiada nos instrumentos do<br />

Prouni e Fies, ocorreu tendo por base uma estrutura<br />

de financiamento improvisada, cujos<br />

recursos envolvidos ainda não são inteiramente<br />

registrados no Orçamento Federal. Os instrumentos<br />

utilizados ampliam a insegurança<br />

jurídica de escolas, profissionais de ensino e<br />

alunos. A evasão é elevada, atingindo quase<br />

40%, e o nível de inadimplência, muito alto.<br />

Assim, os desafios do Ensino Superior se<br />

agrupam em torno de dois temas principais: a<br />

democratização do acesso aos jovens de 18 a<br />

24 anos e a constituição de uma rede de instituições<br />

de excelência mundial no ensino e na<br />

pesquisa.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Garantia de recursos para todos<br />

que querem acesso ao Ensino Superior.<br />

Ninguém deixará de cursar o<br />

Ensino Superior por falta de recursos.·<br />

Maior coordenação no investimento<br />

de recursos públicos em todas<br />

as esferas (municipal, estadual<br />

e federal).<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


76<br />

CIDADANIA<br />

▶ Articulação, de modo eficiente,<br />

da parceria com a iniciativa privada<br />

no esforço de ampliação das vagas<br />

e da qualificação.<br />

▶ Aprimoramento do Prouni e Fies<br />

de modo a operar como mecanismos<br />

de estímulo à qualificação e<br />

aumento da segurança jurídica de<br />

escolas e alunos.<br />

▶ Apoio à consolidação dos institutos<br />

federais tecnológicos: alternativa<br />

estratégica na formação de profissionais<br />

diretamente envolvidos<br />

com o aprimoramento do desempenho<br />

de nosso sistema produtivo.<br />

▶ Avaliação das condições de funcionamento<br />

das universidades e<br />

instituições de Ensino Superior para<br />

superar precariedades de expansões<br />

feitas e para garantir a sustentabilidade<br />

com qualidade.<br />

▶ Garantia de autonomia plena das<br />

universidades. Definir claramente<br />

os perfis de atuação das demais<br />

instituições de Ensino Superior e<br />

tecnológico federais.<br />

▶ Revisão do sistema de regulação<br />

e supervisão e assegurar maior segurança<br />

jurídica.<br />

▶ Revisão e aperfeiçoamento do<br />

sistema de avaliação de modo a<br />

contemplar a diversidade do sistema<br />

federal de Ensino Superior.<br />

▶ Diversificação do Ensino Superior.<br />

Definição de bons padrões de qualidade<br />

para instituições dedicadas à<br />

educação geral e preparação profissional,<br />

inclusive com o estímulo à<br />

ampliação da oferta de cursos tecnológicos<br />

nas áreas e regiões onde<br />

o efeito para a empregabilidade<br />

dos jovens for sensível.<br />

▶ Valorização e aperfeiçoamento<br />

do Programa Institucional de Bolsa<br />

de Iniciação à Docência (Pibid), de<br />

forma a articular as ações das instituições<br />

de ensino superior e das<br />

redes públicas de educação básica.<br />

Programas qualificados de estágios,<br />

com mecanismos de incentivo<br />

que garantam o envolvimento dos<br />

professores da rede pública no processo,<br />

são importantes elos nessa<br />

articulação.<br />

▶ Consolidação e ampliação da cooperação<br />

internacional entre universidades<br />

do país e do exterior. Viabilizar<br />

o aumento de intercâmbios de<br />

professores e alunos e integrar as<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


77<br />

CIDADANIA<br />

instituições de ensino superior brasileiras<br />

em redes de inovação.<br />

▶ Fortalecimento da Capes e seu importante<br />

papel no apoio à pós-graduação<br />

e à qualificação de nosso sistema<br />

de ensino como um todo.<br />

▶ Fomento ao desenvolvimento de<br />

pesquisas nas instituições universitárias<br />

públicas e privadas de excelência,<br />

de modo a garantir a competitividade<br />

do país em ciência,<br />

tecnologia e inovação.<br />

▶ Promover a coordenação entre as<br />

políticas de desenvolvimento científico,<br />

tecnológico e inovação e as<br />

políticas para o Ensino Superior. Fazer<br />

com que os avanços na área de<br />

ciência, tecnologia e inovação revertam<br />

em benefício da sociedade.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Avaliar as condições de funcionamento<br />

das universidades e instituições<br />

de ensino superior para superar<br />

precariedades de expansões<br />

feitas e para garantir a sustentabilidade<br />

com qualidade.<br />

▶ Definir claramente os perfis de<br />

atuação das instituições de ensino<br />

superior e tecnológicas federais.<br />

▶ Valorizar e aperfeiçoar o Pibid –<br />

Programa Institucional de Bolsa de<br />

Iniciação à Docência, de forma a articular<br />

as ações das instituições de<br />

ensino superior e das redes públicas<br />

de Educação Básica, por meio<br />

de programas qualificados de estágios<br />

e mecanismos de incentivo<br />

para os professores.<br />

▶ Fortalecer a Capes e seu importante<br />

papel no apoio à pós-graduação<br />

e à qualificação de nosso sistema<br />

de ensino como um todo.<br />

▶ Fomentar o desenvolvimento de<br />

pesquisas nas instituições universitárias<br />

públicas e privadas de excelência,<br />

de modo a garantir a competitividade<br />

do País em ciência,<br />

tecnologia e inovação.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


78<br />

CIDADANIA<br />

▶ Assegurar a coordenação entre<br />

as políticas de desenvolvimento<br />

científico, tecnológico e inovação e<br />

as políticas para o Ensino Superior.<br />

▶ Viabilizar o aumento de intercâmbios<br />

de professores e alunos<br />

e integrar as instituições de ensino<br />

superior brasileiras em redes de<br />

inovação.<br />

▶ Adotar programas extensivos de<br />

pré-qualificação e treinamento em<br />

línguas estrangeiras.<br />

▶ Criar programa de incentivo à<br />

conclusão do Ensino Superior.<br />

▶ Criar programa nacional de moradia<br />

estudantil para alunos que se<br />

deslocam de suas cidades para cursarem<br />

o Ensino Superior.<br />

▶ Reorganizar programa de alimentação<br />

para os estudantes de baixa<br />

renda das universidades públicas e<br />

privadas no Brasil.<br />

▶ Criar programa bolsa treinamento<br />

que articule o ensino, a extensão e<br />

o apoio social aos estudantes.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


79<br />

CIDADANIA<br />

ESPORTE<br />

EM MOVIMENTO<br />

Os brasileiros devem ser estimulados, cada dia<br />

mais, à prática de esportes na perspectiva da<br />

saúde, inclusão social e convivência comunitária.<br />

O esporte, além de um importante movimento<br />

pessoal, deve incentivar possibilidades de<br />

organização e convivência comunitária.<br />

Além de estimular a solidariedade, autoestima,<br />

tolerância, sentido do coletivo, cooperação,<br />

disciplina, capacidade de liderança, respeito<br />

a regras, noções de trabalho em equipe, pode<br />

auxiliar efetivamente na prevenção de doenças<br />

crônicas e um estilo de vida mais saudável.<br />

Os espaços para práticas esportivas no Brasil<br />

ainda são precários e inibem o desenvolvimento<br />

de práticas esportivas, da mesma forma que<br />

as escolas brasileiras ainda não possuem estruturas<br />

para a prática esportiva.<br />

É muito importante que a promoção e o desenvolvimento<br />

do esporte sejam uma poderosa<br />

ferramenta para o desenvolvimento humano,<br />

econômico e social.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Cumprimento, na execução dos<br />

programas e projetos esportivos,<br />

das diretrizes emanadas pelas Conferências<br />

Nacionais do Esporte.<br />

▶ Fomento à integração do atual<br />

modelo de formação dos atletas<br />

brasileiros com as escolas e as universidades.<br />

▶ Aprimoramento e maior acesso<br />

aos mecanismos de incentivo a atletas,<br />

técnicos e projetos esportivos.<br />

▶ Estabelecimento de diálogo permanente<br />

e cooperação efetiva com<br />

as organizações esportivas para<br />

desenvolver ao máximo a indústria<br />

do esporte, de forma transparente<br />

e democrática, contribuindo para o<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


80<br />

CIDADANIA<br />

crescimento do país e gerando emprego<br />

e renda.<br />

▶ Reconhecimento da importância<br />

dos clubes na matriz esportiva nacional.<br />

▶ Incentivo ao esporte escolar, valorizando<br />

as aulas de educação física,<br />

bem como o esporte e a atividade<br />

física no contraturno escolar.<br />

▶ Contribuição, junto a estados e<br />

municípios, para uma gestão eficiente<br />

dos equipamentos esportivos<br />

públicos, viabilizando sua plena<br />

utilização e manutenção.<br />

▶ Integração da política de esporte<br />

com as demais políticas públicas,<br />

especialmente de educação e de<br />

saúde.<br />

▶ Fiscalização efetiva do cumprimento<br />

da legislação, em especial<br />

que garanta a efetiva democratização<br />

das entidades esportivas.<br />

▶ Renovação da Lei de Incentivo ao<br />

Esporte.<br />

▶ Apoio aos estados e municípios<br />

na implantação de infraestrutura<br />

esportiva nas escolas.<br />

▶ Garantia de que os Jogos Olímpicos<br />

de 2016 sejam os mais bem<br />

realizados de todos os tempos.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Adotar as medidas propostas<br />

pela Carta Aberta aos Candidatos à<br />

Presidência, da organização Atletas<br />

pelo Brasil.<br />

▶ Criar comitê interministerial para<br />

articulação de programas e projetos<br />

voltados ao esporte, que envolva,<br />

no mínimo, os Ministérios do<br />

Esporte, Planejamento, Educação,<br />

Saúde e Cidades e com participação<br />

da sociedade civil.<br />

▶ Implementar atividades esportivas<br />

de qualidade em todas as escolas<br />

brasileiras, valorizando a importância<br />

da disciplina e promovendo<br />

um esporte inclusivo, que incentive<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


81<br />

CIDADANIA<br />

a diversidade, o trabalho em equipe<br />

e a criação de valores.<br />

▶ Implantar o Sistema Nacional de<br />

Esporte, definindo competências,<br />

responsabilidades dos entes federativos,<br />

financiamento do esporte,<br />

democratização das entidades que<br />

administram o esporte, entre outros.<br />

▶ Desburocratizar e dar celeridade<br />

na utilização da Lei de Incentivo ao<br />

Esporte.<br />

▶ Renovar a Lei de Incentivo ao Esporte.<br />

▶ Coletar periodicamente e disponibilizar<br />

publicamente dados sobre<br />

atividades físicas e esportivas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


82<br />

CIDADANIA<br />

HABITAÇÃO<br />

UM ESPAÇO DE PROTEÇÃO,<br />

CONVIVÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA<br />

A moradia e o espaço que a rodeia devem representar<br />

para as famílias, crianças, adolescentes,<br />

jovens e adultos, antes de tudo, um<br />

ambiente de convivência, de solidariedade,<br />

de cultivo da cidadania e de segurança. Morar<br />

não pode e não deve ser vivenciado com símbolos<br />

negativos como a indiferença nas relações<br />

interpessoais e o medo, por exemplo.<br />

Morar deve ser o encontro das crianças, adolescentes,<br />

jovens, adultos e idosos, o encontro da<br />

família com a proteção e com as condições adequadas<br />

de convivência familiar e comunitária.<br />

A moradia precisa também oferecer condições<br />

adequadas para a saúde e o conforto dos moradores<br />

e seus custos não podem onerar as famílias<br />

a ponto de levá-los à inadimplência ou<br />

tornar-se um bem inacessível.<br />

Desse modo, o déficit habitacional não se restringe<br />

à ausência de moradias.<br />

É preciso considerar também como parte do<br />

déficit os domicílios precários; a coabitação<br />

familiar; o ônus excessivo com aluguel urbano;<br />

e o adensamento excessivo de domicílios<br />

alugados.<br />

O Brasil tem, ainda, uma enorme dívida habitacional<br />

que precisa ser identificada, reconhecida<br />

e planejada para ser reparada com a<br />

população. O déficit está estimado em 5,792<br />

milhões de domicílios, o que representa 9,1%<br />

dos domicílios particulares permanentes e improvisados<br />

existentes no país.<br />

Destes, 1,764 milhão refere-se às regiões metropolitanas<br />

e 4,027 milhões às demais áreas,<br />

conforme dados do Centro de Estatística da<br />

Fundação João Pinheiro.<br />

É importante observar que, dos mais de 5 milhões<br />

de déficit, 2,660 milhões (45,59%) são<br />

explicados pela coabitação familiar e 1,865<br />

milhão (32,19%) pelo ônus excessivo com<br />

aluguel, fator de grande importância para as<br />

famílias e motivador de invasões nos grandes<br />

centros urbanos.<br />

Muito se fala no programa Minha Casa, Minha<br />

Vida, mas o mais importante é reconhecer<br />

que ele precisa ser ajustado e complementado,<br />

com instrumentos efetivamente direcionados<br />

para a população mais pobre e, sobretudo,<br />

sem renda.<br />

Melhorar o Minha Casa, Minha Vida é um<br />

movimento responsável em direção a uma ci-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


83<br />

CIDADANIA<br />

dadania de qualidade e ao reconhecimento de<br />

que a moradia é uma urgência social para os<br />

brasileiros.<br />

Os programas habitacionais devem ser acompanhados<br />

de urbanização, mobilidade urbana<br />

e serviços públicos de qualidade, desenhados<br />

com base nos novos paradigmas da sustentabilidade.<br />

Do contrário, a moradia não estará<br />

cumprindo sua função igualmente importante<br />

de proteção à família.<br />

O resgate do passivo da urbanização irregular,<br />

com a promoção da regularização urbanística<br />

e fundiária, deve contar com apoio dos estados<br />

e municípios e movimentos de habitação<br />

popular.<br />

Temos que garantir que 100% dos conjuntos<br />

habitacionais construídos no Brasil nos últimos<br />

60 anos sejam reformados, reorganizados<br />

e tenham acesso a serviços públicos de qualidade.<br />

É importante, ainda, garantir agilidade para<br />

a produção de moradias com a participação<br />

responsável da iniciativa privada e apoio dos<br />

agentes promotores e financeiros, inclusive de<br />

entidades sociais organizadas.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Garantia de recursos, a título de<br />

subsídio, para a produção de moradias,<br />

provisão de infraestrutura,<br />

urbanização de favelas e apoio à<br />

aquisição de terras.<br />

▶ Garantia de assistência técnica<br />

vinculada à regularização fundiária<br />

e demais ações de desenvolvimento<br />

institucional e urbano.<br />

▶ Viabilização de desapropriações de<br />

terras adequadas à habitação social.<br />

▶ Estabelecimento de programas e<br />

ações adaptados às diferentes zonas<br />

bioclimáticas do país, respeitadas<br />

as necessidades e os perfis socioeconômicos<br />

regionais.<br />

▶ Promoção de projetos de urbanismo<br />

integradores das funções<br />

urbanas, com definição clara dos<br />

espaços condominiais, públicos, de<br />

comércio e serviços, áreas livres,<br />

áreas verdes para recreação e de<br />

preservação ambiental.<br />

▶ Garantia, nos projetos urbanísticos<br />

de moradia social, de qualidade<br />

socioambiental compatível com os<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


84<br />

CIDADANIA<br />

desafios dos problemas urbanos e<br />

em harmonia com as melhores tecnologias<br />

existentes.<br />

▶ Atendimento aos segmentos vulneráveis<br />

da população com soluções<br />

habitacionais adaptadas às<br />

diferentes situações socioeconômicas:<br />

população em situação de rua,<br />

indígenas, quilombolas, comunidades<br />

rurais.<br />

▶ Apoio a programas de melhorias<br />

habitacionais para famílias com<br />

renda familiar de até dois salários<br />

mínimos.<br />

▶ Apoio a programas de segurança<br />

e acessibilidade na moradia de idosos<br />

e pessoas com deficiência.<br />

▶ Atendimento prioritário às famílias<br />

de menor renda, com subsídios<br />

compatíveis à sua capacidade de<br />

pagamento, adotando para a política<br />

de concessão de subsídios o<br />

critério diferencial da renda familiar<br />

e o conceito de capacidade de pagamento<br />

das famílias.<br />

▶ Fortalecimento, no âmbito do<br />

Conselho Nacional das Cidades, do<br />

protagonismo da política de moradia<br />

social.<br />

▶ Revisão do quadro normativo e<br />

de procedimentos – incluindo cartórios,<br />

corregedorias, órgãos de licenciamento<br />

ambiental e outros –<br />

criando novos marcos regulatórios<br />

para recuperação urbana associada<br />

à regularização.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Reestruturar e aprimorar programa<br />

nacional de regularização fundiária,<br />

com metas a serem definidas<br />

pelas unidades federativas, com<br />

base no diagnóstico dos planos estaduais<br />

de habitação.<br />

▶ Garantir, além das cotas, o desenvolvimento<br />

de programas específicos<br />

para a população de idosos e<br />

pessoas com deficiência, de forma<br />

integrada com a gestão das políticas<br />

sociais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


85<br />

CIDADANIA<br />

▶ Priorizar investimento nas áreas<br />

de risco, com foco na urbanização<br />

das maiores favelas e assentamentos<br />

precários das metrópoles brasileiras<br />

e cidades de grande e médio<br />

porte.<br />

▶ Promover a articulação da política<br />

habitacional com a política de desenvolvimento<br />

urbano sustentável,<br />

por meio do estímulo à integração<br />

de investimentos em saneamento,<br />

mobilidade e gestão urbana e ambiental.<br />

▶ Lançar e financiar o Plano Nacional<br />

de Ciclovias, priorizando sua implantação<br />

em conjuntos habitacionais<br />

com mais de 500 unidades.<br />

▶ Criar cursos de especialização em<br />

moradia social nos 26 estados e DF<br />

para arquitetos e engenheiros.<br />

▶ Financiar os municípios na organização<br />

de programas populares<br />

de habitação nas áreas centrais da<br />

cidade.<br />

▶ Fomentar e integrar redes de<br />

apoio social na nova moradia e no<br />

novo bairro.<br />

▶ Criar linhas de crédito para melhoria<br />

e adaptação das habitações de<br />

idosos e pessoas com deficiência.<br />

▶ Estimular o desenvolvimento de<br />

uma arquitetura e técnicas construtivas<br />

sintonizadas com as diversas<br />

realidades bioclimáticas do país.<br />

▶ Incluir, nas moradias dos conjuntos<br />

habitacionais financiados pelo<br />

governo, a utilização de aquecimento<br />

solar, energia fotovoltaica e<br />

aproveitamento de água de chuva.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


86<br />

CIDADANIA<br />

PARCERIAS<br />

A vida diária do brasileiro é carregada de obstáculos<br />

e a construção das soluções não passa<br />

apenas pela decisão governamental. A população<br />

conhece melhor do que qualquer técnico<br />

suas prioridades sociais, culturais, educacionais,<br />

econômicas e comunitárias e não haverá<br />

desenvolvimento se não houver uma aliança<br />

entre o trabalho técnico e a vivência de cada<br />

brasileiro. O governo não pode e não deve<br />

querer enfrentar todos os seus desafios de forma<br />

solitária.<br />

O Brasil tem uma rede do terceiro setor engajada,<br />

qualificada e preparada para debater<br />

novas ações e tecnologias para o conjunto das<br />

políticas sociais, educacionais e culturais. A<br />

experiência acumulada por organizações da<br />

sociedade civil, movimentos sociais, coletivos<br />

públicos deve ser incorporada ao debate governamental.<br />

Dados da Pesquisa Fasfil 2010<br />

mostram que havia naquele ano mais de 290<br />

mil fundações privadas e associações sem fins<br />

lucrativos no Brasil, isso quando consideramos<br />

apenas as organizações formalizadas.<br />

Nos últimos anos, repetidas denúncias de<br />

corrupção envolvendo o repasse de recursos<br />

para entidades do terceiro setor foram enfrentadas<br />

pelo governo com um posicionamento<br />

altamente restritivo às parcerias, chegando a<br />

suspender repasses, gerando obstáculos para<br />

a continuidade de projetos e para sustentabilidade<br />

das organizações da sociedade civil.<br />

É nesse ponto que acreditamos em uma forma<br />

diferente de enfrentamento dos problemas.<br />

Não se pode combater o desvio de uma minoria<br />

com a imposição de restrições ao trabalho<br />

sério de um grande contingente de organizações<br />

comprometidas com o desenvolvimento<br />

social do país. O melhor remédio para esses<br />

casos é a transparência, que deve imperar em<br />

todas as fases da relação do governo com a sociedade,<br />

desde a seleção das entidades parceiras<br />

até a aplicação dos recursos e a prestação<br />

de contas dos resultados.<br />

Como em diversas áreas, é preciso reduzir a<br />

burocracia desnecessária, simplificar a miríade<br />

de títulos e certificações, ampliar o controle<br />

efetivo e a transparência sobre as parcerias. É<br />

importante incentivar a profissionalização, investindo<br />

fortemente em capacitação, e construir<br />

condições para ampliação da formalização<br />

das relações de trabalho no setor.<br />

É fundamental reconhecer a maturidade do<br />

terceiro setor e sua capacidade de contribuir<br />

com o desenvolvimento do Pais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


PARTICIPAÇÃO CIDADÃ<br />

87<br />

CIDADANIA<br />

CONVERSANDO É QUE A GENTE SE ENTENDE<br />

A construção do Brasil deve ser diária e precisa<br />

ser plural e coletiva. A construção do país<br />

não é e não pode ser isolada da realidade, que<br />

é múltipla e carregada de contradições.<br />

A participação de cada brasileiro pode se dar<br />

de muitas maneiras e estratégias, mas o mais<br />

importante é termos a certeza de que o país<br />

não é o resultado de posições singulares, ele<br />

não tem donos, e os monopólios de participação<br />

construídos nos últimos 12 anos, marcados<br />

pela cooptação e aparelhamento de instâncias<br />

formais de participação, devem ser revistos.<br />

Garantir a participação dos brasileiros é estar<br />

aberto às contradições, divergências e pluralidade.<br />

É garantir que todas as vozes dos brasileiros<br />

sejam escutadas e respeitadas, pois o<br />

sentido da participação é dar voz a todos e não<br />

apenas às pessoas que concordam com suas<br />

ideias.<br />

Para tanto, é necessário promover a revisão do<br />

decreto sobre participação social que foi imposto<br />

ao Brasil sem diálogo prévio com o Congresso<br />

Nacional e conselhos de direitos.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Realização de diálogos nacionais<br />

a partir de agenda de prioridades<br />

sociais, econômicas e comunitárias.<br />

▶ Ampliação de canais permanentes<br />

para o diálogo com o cidadão<br />

que queira interagir com o poder<br />

público.<br />

▶ Fortalecimento das conferências<br />

nacionais de políticas públicas.<br />

▶ Garantia de apoio técnico ao funcionamento<br />

dos conselhos nacionais,<br />

de modo a aprimorar a qualidade<br />

de sua atuação.<br />

▶ Instituição do fórum de articulação<br />

dos conselhos nacionais de políticas<br />

públicas para facilitar e construir<br />

sinergias.<br />

▶ Respeito ao calendário das conferências<br />

nacionais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


88<br />

CIDADANIA<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Realizar formação continuada de<br />

servidores públicos especialistas,<br />

em diálogo com a sociedade.<br />

▶ Instituir o Comitê de Ideias Criativas<br />

para receber sugestões da sociedade<br />

para serem apresentadas<br />

aos Conselhos Nacionais de Direitos<br />

de Políticas Públicas e a Comissão<br />

de Participação do Congresso<br />

Nacional.<br />

▶ Organizar e estruturar agendas<br />

descentralizadas em todo o território<br />

nacional para as autoridades<br />

federais conversarem e dialogarem<br />

com os diversos setores da sociedade.<br />

▶ Estruturar em cada ministério um<br />

núcleo de articulação e diálogos<br />

com a sociedade.<br />

▶ Construir marcos legais ativos e<br />

atualizados para o voluntariado,<br />

ações solidárias e participação popular<br />

em mobilizações de urgência<br />

nacional.<br />

▶ Utilizar a participação social no<br />

processo de diagnóstico da realidade<br />

envolvendo comunidades locais<br />

na discussão sobre privações sociais.<br />

▶ Criar agenda de prioridades sociais,<br />

econômicas e comunitárias<br />

com os conselhos de direitos.<br />

▶ Realizar e construir o mapa anual<br />

da participação social brasileira.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


89<br />

CIDADANIA<br />

TERCEIRO SETOR<br />

ESTADO E SOCIEDADE CONSTRUINDO EM CONJUNTO<br />

Historicamente, a implementação de políticas<br />

sociais, em vários países, seguiu uma lógica de<br />

parcerias entre o governo e a sociedade civil<br />

organizada. Basicamente, parte-se da constatação<br />

visível de que o governo, sozinho, não é<br />

capaz de cumprir com todos anseios da sociedade,<br />

se atuar de forma isolada e direta. Nesse<br />

ponto, surge uma lacuna e também uma oportunidade<br />

para criar formatos institucionais que<br />

possibilitem a execução de políticas sociais em<br />

parceria com a sociedade civil organizada.<br />

No Brasil, um importante movimento foi iniciado<br />

em 1995, com a publicação, pelo Governo<br />

Federal, do Plano Diretor de Reforma<br />

do Aparelho do Estado. A partir desse plano<br />

foram implantados os formatos institucionais<br />

de organizações sociais e Organizações da Sociedade<br />

Civil de Interesse Público como propulsoras<br />

de parcerias entre governo e sociedade<br />

civil organizada.<br />

Os desafios que o Brasil precisa vencer e superar<br />

são diários e de grandes proporções. A<br />

concepção de que o governo pode, sozinho,<br />

resolver todos os nossos problemas não faz<br />

mais sentido, precisamos cada vez mais compreender<br />

que a parceria e a solidariedade são<br />

aliadas estratégicas do desenvolvimento. É<br />

preciso ousar nesse ponto, considerando o<br />

terceiro setor como um aliado decisivo para a<br />

promoção das políticas sociais.<br />

As Organizações Não Governamentais (que<br />

possuam ou não títulos ou certificações específicas)<br />

e os movimentos sociais, ao longo<br />

da trajetória das políticas sociais no Brasil,<br />

cumpriram um papel fundamental para o<br />

modelo atual de desenvolvimento. É preciso<br />

compreender que, em vários setores, essas<br />

organizações e movimentos sociais possuem<br />

extrema legitimidade e expertise, tornando a<br />

utilização de parcerias um elemento fundamental<br />

para a melhoria do bem-estar social. É<br />

preciso que a sociedade seja atendida de uma<br />

forma cada vez melhor, em todos os sentidos,<br />

quantitativos e qualitativos, e, para tanto, o governo<br />

precisa da parceria com as organizações<br />

do terceiro setor.<br />

É preciso ousar, fortalecer o terceiro setor,<br />

para que o Brasil avance ainda mais nas políticas<br />

sociais. O marco regulatório das organizações<br />

da sociedade civil deve se constituir<br />

num elemento pacificador dos entendimentos<br />

e conceitos das parcerias entre o poder público<br />

e o terceiro setor.<br />

O mapeamento das entidades do terceiro setor<br />

garantirá transparência e divulgação das infor-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


90<br />

CIDADANIA<br />

mações sobre os projetos e programas já executados,<br />

fomentando a celebração de parcerias e<br />

o incremento das atividades executadas.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Consolidação, de forma objetiva<br />

e democrática, dos entendimentos<br />

relativos ao marco regulatório das<br />

organizações da sociedade civil.<br />

▶ Definição de uma área técnica<br />

responsável por desenvolver melhorias<br />

e coordenar os modelos de<br />

parceria entre o poder público e as<br />

organizações do terceiro setor, incluindo<br />

a formulação de estratégias<br />

para capacitação e qualificação do<br />

setor.<br />

▶ Introdução de um modelo de certificação<br />

de qualidade e resultado<br />

para as organizações do terceiro<br />

setor, como forma de apoiar e reconhecer<br />

o seu importante trabalho.<br />

▶ Garantia de que a contratação ou<br />

destinação de recursos ao terceiro<br />

setor vai requerer a sua gestão profissional,<br />

com transparência pública<br />

dos objetivos e resultados obtidos.<br />

▶ Estabelecimento de meios de<br />

controle e fiscalização periódica da<br />

aplicação de recursos públicos geridos<br />

pelas organizações sem fins<br />

lucrativos, com foco principal nos<br />

resultados sociais obtidos.<br />

▶ Divulgação de ações com resultados<br />

consistentes, para que possam<br />

ser desenvolvidas por outras organizações<br />

em diferentes estados e<br />

municípios.<br />

▶ Garantia de formação continuada<br />

em gestão e metodologias sociais<br />

para trabalhadores de organizações<br />

do terceiro setor.<br />

▶ Reconhecimento de que as organizações<br />

do terceiro setor serão<br />

tratadas como parceiras contínuas<br />

para o desenvolvimento do Brasil.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


91<br />

CIDADANIA<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Realizar o censo nacional do terceiro<br />

setor, que permitirá fazer um<br />

diagnóstico seguro, com informações<br />

úteis para direcionar a aplicação<br />

de recursos nas áreas sociais,<br />

educacionais, de saúde, culturais e<br />

ambientais em condições que atendam<br />

aos princípios constitucionais<br />

da economicidade e razoabilidade.<br />

▶ Estimular as universidades brasileiras<br />

a criar cursos de Tecnólogos<br />

em Gestão de Organizações do<br />

Terceiro Setor.<br />

▶ Criar banco nacional de currículos<br />

de trabalhadores do terceiro setor.<br />

▶ Criar um portal do terceiro setor,<br />

centralizando e dando transparência<br />

a todas as informações relativas<br />

a esta temática.<br />

▶ Aperfeiçoar o Certificação de Entidade<br />

Beneficente de Assistência<br />

Social (Cebas), nas áreas da assistência<br />

social, educação e saúde,<br />

bem como ampliar para as áreas de<br />

esporte, cultura e trabalho.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


CIDADANIA<br />

PROTEÇÃO COM DESENVOLVIMENTO SOCIAL<br />

92<br />

O Governo Federal iniciou a organização e a<br />

consolidação de sua rede de proteção social<br />

em 1996. De forma consistente o Brasil vem<br />

assumindo compromissos com os mais pobres.<br />

Mas a proteção deve ter a direção do desenvolvimento<br />

e da inclusão.<br />

Devem ser asseguradas ações, programas e<br />

benefícios que garantam para cada família as<br />

seguranças sociais necessárias para que possam<br />

promover a travessia para uma qualidade<br />

de vida melhor.<br />

O que buscamos consolidar não é apenas<br />

a gestão diária da pobreza, mas a sua real e<br />

transparente superação.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


CIDADANIA<br />

COMBATE À POBREZA E À DESIGUALDADE SOCIAL<br />

93<br />

O REAL FIM DA POBREZA<br />

Desde os anos 2000, as políticas de combate à<br />

pobreza no Brasil alcançaram, pela via do aumento<br />

da renda do trabalho e das transferências<br />

monetárias, uma redução significativa do<br />

número de pobres brasileiros.<br />

As políticas de transferência de renda têm<br />

sido o principal instrumento do modelo brasileiro<br />

de combate à pobreza nos últimos anos.<br />

A partir de programas implementados no governo<br />

do PSDB, o programa Bolsa Família<br />

trouxe avanços importantes, mas terminou limitando<br />

a ação do governo a um sistema de<br />

proteção social mínimo que priorizou apenas<br />

as transferências de renda aos grupos em situação<br />

de pobreza, deixando de lado o investimento<br />

na criação de oportunidades e na<br />

melhoria da qualidade dos serviços públicos a<br />

que essa população tem direito.<br />

Assim, embora o Bolsa Família cumpra um<br />

papel fundamental, é importante reconhecer<br />

que ele nao se constitui em uma política de<br />

efetiva emancipação da população mais pobre.<br />

A conjuntura atual de inflação crescente e<br />

crescimento econômico pífio tendem a agravar<br />

e neutralizar os ganhos anteriormente<br />

apresentados pelo programa.<br />

Desde o início dos anos 90 até 2010 vinha<br />

ocorrendo uma expressiva queda nos índices<br />

de pobreza e extrema pobreza. Nesta<br />

nova década os indicadores de redução<br />

estagnaram-se.<br />

Nos últimos anos não houve investimento social<br />

na expansão e na manutenção com qualidade<br />

dos serviços básicos fundamentais à<br />

habilitação de uma nova cidadania. Sem esses<br />

investimentos, não se tecem as mediações necessárias<br />

para o enfrentamento das desigualdades,<br />

a busca da equidade e da qualidade de<br />

vida para todos.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


94<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Transformação do Bolsa Família<br />

em política de Estado, incorporando-o<br />

à Lei Orgânica da Assistência<br />

Social – Loas e ratificando-o, dessa<br />

forma, como direito permanente<br />

das populações mais vulneráveis<br />

social e economicamente.<br />

▶ Garantia do que foi pactuado<br />

pelo Brasil nos Objetivos do Desenvolvimento<br />

do Milênio (ODM), no<br />

ano 2000, e ainda não cumprido no<br />

país: nenhum brasileiro pode viver<br />

com menos de 1,25 dólar por dia.<br />

▶ Avaliação responsável e com ampla<br />

participação social dos estudos do<br />

Tribunal de Contas da União (TCU),<br />

que afirmam que os dados do atual<br />

governo sobre os resultados do enfrentamento<br />

da extrema pobreza no<br />

Brasil são precários e não respeitam<br />

acordos internacionais.<br />

▶ Adoção do Índice de Pobreza<br />

Multidimensional (IPM), do Programa<br />

das Nações Unidas para o Desenvolvimento<br />

(Pnud), que mede a<br />

pobreza a partir das privações de<br />

saúde, educação, moradia e qualidade<br />

de vida.<br />

▶ Implantação de um movimento de<br />

busca ativa permanente, que identifique<br />

as pessoas extremamente<br />

pobres no Brasil, para que possam<br />

ser incluídas nos programas e projetos<br />

sociais. Essa busca deverá ser<br />

feita por meio de projetos como o<br />

Porta a Porta Nacional.<br />

▶ Adoção de incentivos para as famílias<br />

pobres que tiverem filhos<br />

concluindo o Ensino Fundamental<br />

e Médio, bem como a alfabetização,<br />

a formação e a qualificação de<br />

adultos.<br />

▶ Investimento massivo no acesso e<br />

na qualidade dos serviços de saúde,<br />

saneamento básico, educação e<br />

compromisso com a maior equidade<br />

da oferta dos mesmos.<br />

▶ Descentralização com maior protagonismo<br />

das regiões e municípios<br />

nos programas de erradicação<br />

da pobreza.<br />

▶ Participação e voz dos coletivos<br />

(comunidades) locais, incentivando<br />

as organizações da sociedade civil<br />

para seu engajamento nos projetos<br />

de erradicação da pobreza e melhoria<br />

da qualidade de vida.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


95<br />

CIDADANIA<br />

▶ Diversidade nas estratégias programáticas<br />

de erradicação da pobreza.<br />

▶ Inovação nos processos de proteção<br />

social para que funcionem<br />

como motor estratégico no enfrentamento<br />

à pobreza.<br />

▶ Criação de novas combinações<br />

programáticas na atenção às famílias,<br />

assim como inovação em rotas<br />

de aprendizagem que permitam às<br />

famílias construir efetivas oportunidades<br />

de vida com maior autonomia.<br />

▶ Manutenção, expansão e constante<br />

aprimoramento do Cadastro<br />

Único, que deve se constituir em<br />

plataforma de dados indispensável<br />

aos propósitos de erradicação da<br />

pobreza.<br />

▶ Priorização do conjunto de privações<br />

sociais identificadas no Cadastro<br />

Único do Bolsa Família em<br />

uma agenda social da família, que<br />

será criada com essa finalidade.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Implantar uma política consistente<br />

de combate à pobreza, que<br />

vai ampliar os benefícios do Bolsa<br />

Família, importante programa de<br />

transferência direta de renda, e dar<br />

apoio às famílias para que superem<br />

um conjunto de privações e de necessidades<br />

que ainda persistem.<br />

Nosso entendimento é o de que a<br />

pobreza não representa apenas a<br />

ausência de renda, mas inclui outras<br />

dimensões, cujo enfrentamento<br />

exige ação firme do Governo Federal<br />

como forma de garantir maior<br />

proteção às famílias.<br />

▶ Classificar todas as famílias do<br />

Cadastro Único do Governo Federal<br />

em níveis de risco. As famílias<br />

enfrentam problemas diferentes e<br />

devem, dessa forma, receber apoios<br />

diferenciados a partir da Agenda da<br />

Família.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


96<br />

CIDADANIA<br />

Os 5 níveis do risco social familiar<br />

• Risco 1: Família com alguma renda,<br />

mas sem benefícios como o Bolsa<br />

Família ou programa estadual similar.<br />

• Risco 2: Família com jovens com<br />

escolaridade, mas desempregados.<br />

• Risco 3: Moradores com mais de<br />

16 anos que não terminaram o<br />

Ensino Fundamental; jovens que<br />

abandonaram o ensino médio;<br />

adultos desempregados; situação<br />

de habitação precária; mulher<br />

chefe de família com escolaridade,<br />

mas desempregada.<br />

• Risco 4: Criança em idade escolar<br />

em situação de evasão escolar;<br />

idosos e pessoas com deficiência<br />

sem cuidados e sem acesso ao Benefício<br />

de Prestação Continuada<br />

(BPC); adolescente gestante (12 a<br />

17 anos), mesmo fazendo pré-natal;<br />

mulher chefe de família sem<br />

escolaridade e desempregada.<br />

• Risco 5: Criança em idade escolar<br />

(6 a 15 anos) fora da escola; gestante<br />

sem pré-natal; famílias sem<br />

renda (desempregados e sem benefícios<br />

– Bolsa Família ou BPC);<br />

situação de violência e abuso sexual<br />

na família.<br />

• Risco 5+: quando ocorrerem três<br />

problemas do Risco 5 concomitantemente.<br />

Entre o Risco 1 e o Risco 4 as famílias<br />

podem ganhar um + quando:<br />

• Algum membro da família (pai,<br />

mãe, filhos) estiver cumprindo<br />

pena no sistema penitenciário.<br />

• Algum adolescente da família estiver<br />

cumprindo medida socioeducativa<br />

em meio aberto.<br />

• Algum adolescente da família estiver<br />

cumprindo medida socioeducativa<br />

em meio fechado.<br />

▶ Criar o programa Família Brasileira,<br />

movimento importante para<br />

fortalecer o Bolsa Família, como estratégia<br />

de combate à pobreza de<br />

forma sustentável. Temos um longo<br />

caminho para que a família brasileira<br />

possa superar a miséria em outros<br />

campos que não o monetário.<br />

▶ Criar o Porta a Porta Nacional, que<br />

vai mapear as privações e construir<br />

as soluções a partir das demandas<br />

das famílias, comunidades, territórios<br />

e cidades.<br />

▶ Mapear os territórios mais vulneráveis<br />

do Brasil para implantar o<br />

projeto Áreas Livres de Pobreza.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


97<br />

CIDADANIA<br />

▶ Apresentar proposta de lei de<br />

transparência cidadã, para que todos<br />

os usuários do Bolsa Família e<br />

do Cadastro Único sejam informados<br />

anualmente dos benefícios sociais<br />

a que têm direito e dos quais<br />

não estejam usufruindo.<br />

▶ Criar o Banco Travessia, programa<br />

de poupança familiar que estimula<br />

as famílias a se qualificarem, estudarem<br />

e se inserirem no mercado<br />

de trabalho.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


ASSISTÊNCIA SOCIAL<br />

98<br />

CIDADANIA<br />

A GARANTIA DO DIREITO SOCIAL<br />

A política de assistência social é o resultado<br />

de uma construção coletiva de usuários, trabalhadores<br />

sociais, especialistas e movimentos<br />

sociais. A Constituição de 1988 define que é<br />

direito do cidadão e dever do Estado o acesso<br />

à assistência social. Desde 1995 o Brasil vem<br />

implantando de forma continuada uma política<br />

que rompeu com a lógica do favor e começou<br />

a construir dia a dia o caminho da travessia<br />

da exclusão para a inclusão social.<br />

A I Conferência Nacional de Assistência Social<br />

foi realizada em 1995 e desde então avanços<br />

se consolidam. Mas muito ainda precisa<br />

ser feito para que os brasileiros possam ter<br />

acesso a um Estado de Direito social consistente<br />

e universal.<br />

O Sistema Único de Assistência Social (Suas),<br />

aprovado na IV Conferência Nacional de Assistência<br />

Social em 2003, apenas foi definido<br />

em lei em 2011. Existe um longo caminho<br />

que precisamos percorrer para que o Suas seja<br />

de fato real e acessível a todos os brasileiros.<br />

O financiamento do Suas é precário e insuficiente<br />

para que as metas do Plano Decenal<br />

da Assistência Social, aprovado em 2005, sejam<br />

cumpridas. A Norma Operacional Básica<br />

de Recursos Humanos, aprovada desde 2007,<br />

não recebeu atenção do atual governo para<br />

que fosse consolidada a carreira dos trabalhadores<br />

do Suas. O Suas precisa fazer parte da<br />

agenda de prioridades do governo.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Valorização do protagonismo das<br />

famílias, cabendo ao governo o papel<br />

de identificar as necessidades<br />

básicas da população, garantindo<br />

acesso a serviços de boa qualidade.<br />

▶ Garantia de atenção integral à primeira<br />

infância em articulação com<br />

a política de educação.<br />

▶ Fortalecimento do Sistema Único<br />

de Assistência Social (Suas), in-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


99<br />

CIDADANIA<br />

cluindo o atendimento de famílias<br />

residentes em locais vulneráveis e<br />

ampliando a sua atuação na zona<br />

rural.<br />

▶ Fortalecimento da articulação entre<br />

os Centros de Referência de Assistência<br />

Social (Cras), os Centros<br />

de Referência Especializados em<br />

Assistência Social (Creas), escolas,<br />

unidades básicas de saúde, Programa<br />

de Saúde da Família (PSF) e demais<br />

políticas sociais.<br />

▶ Garantia de informações acessíveis<br />

sobre os programas e benefícios<br />

sociais por meio de campanhas<br />

direcionadas a seus beneficiários.<br />

▶ Estímulo a inovações tecnológicas<br />

nas políticas de assistência social.<br />

▶ Reestruturação e ampliação do<br />

Programa de Combate ao Abuso<br />

e Exploração Sexual de Crianças e<br />

Adolescentes.<br />

▶ Garantia do direito à escolaridade<br />

de crianças e adolescentes que<br />

recebam o Benefício de Prestação<br />

Continuada (BPC).<br />

▶ Respeito aos planos municipais<br />

de assistência social na alocação de<br />

verbas para os municípios, conforme<br />

decisão do Conselho Nacional<br />

de Assistência Social (CNAS).<br />

▶ Reestruturação do Programa de<br />

Erradicação do Trabalho Infantil e<br />

revisão dos valores repassados para<br />

o Jornada Ampliada.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Implantar o Programa Família<br />

Brasileira com as seguintes ações:<br />

• Identificar os brasileiros em situação<br />

de extrema vulnerabilidade<br />

inscritos no Cadastro Único de<br />

Programas Sociais do Governo<br />

Federal.<br />

• Classificar as famílias na metodologia<br />

do risco social familiar.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


100<br />

CIDADANIA<br />

▶ Apoiar as famílias com situações<br />

de desempregados, adultos com<br />

pouca escolaridade e moradias<br />

precárias.<br />

▶ Garantir que toda criança e adolescente<br />

esteja na escola.<br />

▶ Aumentar os recursos dos serviços<br />

socioassistenciais do Fundo<br />

Nacional de Assistência Social.<br />

▶ Aumentar os recursos do Fundo<br />

Nacional de Assistência Social destinados<br />

aos Centros de Referência<br />

da Assistência Social.<br />

▶ Ampliar o número de Centros de<br />

Referência da Assistência Social<br />

nas cidades e bairros mais pobres e<br />

vulneráveis.<br />

▶ Instituir a agenda de reorganização<br />

dos serviços socioassistenciais,<br />

em parceria com os conselhos municipais,<br />

estaduais e nacional de assistência<br />

social.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


CIDADANIA<br />

REFORMA AGRÁRIA E AGRICULTURA FAMILIAR<br />

101<br />

MUTIRÃO CIDADÃO PELO ACESSO À ALIMENTAÇÃO<br />

A cidadania é uma construção diária e sua<br />

consolidação é um esforço coletivo de muitos<br />

atores. Não existe cidadania plena sem que a<br />

fome seja definitivamente vencida. Não existirá<br />

cidadania plena sem que haja um olhar especial<br />

para os trabalhadores rurais comprometidos<br />

com o trabalho diário nos assentamentos<br />

da reforma agrária.<br />

Os desafios para a conquista da cidania plena<br />

por todos os brasileiros precisam deixar de<br />

ser vistos prioritariamente apenas na sua complexidade<br />

urbana, para serem compreendidos<br />

também nas especificidades das realidades<br />

das áreas rurais no Brasil. As políticas públicas<br />

de desenvolvimento sustentável da agricultura<br />

familiar, criadas a partir da década de 1990,<br />

precisam ser consolidadas, garantindo respeito<br />

à diversidade ambiental, social, cultural e<br />

econômica.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Apoio técnico e tecnológico para os<br />

assentamentos da reforma agrária.<br />

▶ Dinamização da pluriatividade<br />

econômica por meio das inovações<br />

tecnológicas e da democratização<br />

do acesso às tecnologias relacionadas<br />

a sistemas de produção sustentáveis,<br />

sobretudo de base agroecológica.<br />

▶ Fortalecimento dos fatores de<br />

atratividade geradores de qualidade<br />

de vida, inclusão social e igualdade<br />

de oportunidades nos espaços<br />

rurais.<br />

▶ Fortalecimento de arranjo institucional<br />

articulado de forma intersetorial,<br />

que estimule a integração<br />

das ações do Estado no âmbito das<br />

políticas públicas.<br />

▶ Respeito ao trabalho desenvolvido<br />

pelas organizações da sociedade<br />

civil no fortalecimento da agri-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


102<br />

CIDADANIA<br />

cultura familiar e reforma agrária.<br />

▶ Aproximação entre agricultores<br />

familiares e consumidores, priorizando<br />

circuitos de proximidade,<br />

conservação e valorização da agrobiodiversidade<br />

e das culturas alimentares<br />

regionais.<br />

▶ Reconhecimento do potencial<br />

econômico do extrativismo praticado<br />

pelas populações tradicionais,<br />

nos vários biomas, tendo como protagonistas<br />

os movimentos extrativistas,<br />

e reconhecendo as formas<br />

coletivas de gestão compartilhada.<br />

▶ Reconhecimento, pelo governo,<br />

da importância dos trabalhadores<br />

rurais no Brasil.<br />

▶ Reconhecimento e valorização da<br />

diversidade de sujeitos sociais e do<br />

seu significativo papel na produção<br />

alimentar dos brasileiros.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Destinar recursos para assegurar<br />

o acesso à terra e à reforma agrária.<br />

▶ Elaborar políticas públicas de redução<br />

de riscos para os pequenos<br />

produtores rurais da reforma agrária<br />

e da agricultura familiar.<br />

▶ Efetivar a Política Nacional de Segurança<br />

Alimentar e Nutricional.<br />

▶ Organizar pesquisas de extensão<br />

voltadas para a agricultura familiar,<br />

considerando as abordagens sistêmicas<br />

e agroecológicas.<br />

▶ Organizar e publicar editais voltados<br />

à promoção da Assistência<br />

Técnica e Extensão Rural (Ater)<br />

com enfoque agroecológico.<br />

▶ Implantar o sistema nacional de<br />

dados sobre estrutura fundiária, articulando<br />

e integrando as informações<br />

e dados de todos os órgãos<br />

do Governo Federal e dos governos<br />

estaduais responsáveis pelo tema.<br />

▶ Organizar redes e circuitos de<br />

comercialização que articulem, em<br />

diferentes escalas (local, regional e<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


103<br />

CIDADANIA<br />

nacional), a solidariedade e, o consumo<br />

responsável.<br />

▶ Incentivar e financiar feiras agroecológicas,<br />

grupos e redes de consumidores,<br />

alianças com o pequeno<br />

varejo e o tecido econômico local.<br />

▶ Organizar políticas públicas de<br />

abertura do mercado institucional<br />

para a agricultura familiar e produção<br />

dos assentamentos de reforma<br />

agrária, com destaque para o Programa<br />

de Aquisição de Alimentos<br />

(PAA) e o Programa Nacional de<br />

Alimentação Escolar (Pnae).<br />

▶ Criar condições efetivas para que<br />

os assentamentos da reforma agrária<br />

possam produzir alimentos e sejam<br />

sustentáveis em médio prazo.<br />

▶ Construir, com o Ministério da Justiça<br />

e Segurança Pública, um plano<br />

nacional de paz no campo.<br />

▶ Criar o Programa de Reestruturação<br />

dos Assentamentos da Reforma<br />

Agrária consolidados há mais de 10<br />

anos.<br />

▶ Reestruturar o Incra, garantindo<br />

uma gestão profissional.<br />

▶ Garantir que os novos assentamentos<br />

da reforma agrária tenham<br />

núcleos centrais de cidadania com<br />

unidade de saúde e escolas com<br />

pré-escola e Ensino Fundamental.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


SEGURANÇA ALIMENTAR<br />

104<br />

CIDADANIA<br />

NENHUM BRASILEIRO COM FOME<br />

O direito à alimentação adequada foi incluído<br />

na Constituição Federal em 2010, introduzindo<br />

a alimentação como direito social. Ainda<br />

em 2010, foi publicado o Decreto 7.272, regulamentando<br />

o Sistema Nacional de Segurança<br />

Alimentar (Sisan) e instituindo a Política Nacional<br />

de Segurança Alimentar e Nutricional.<br />

A modificação na Constituição é fruto da Lei<br />

Orgânica de Segurança Alimentar, de 2007,<br />

que institucionalizava a responsabilidade<br />

do poder público na promoção do direito de<br />

acesso regular e permanente a alimentos, em<br />

quantidade e qualidade suficientes, e criava o<br />

Sisan.<br />

O conceito da garantia à alimentação com práticas<br />

alimentares saudáveis – que respeitem a<br />

diversidade cultural e que sejam também social,<br />

econômica e ambientalmente sustentáveis<br />

– vai se concretizar com ações, programas<br />

e equipamentos de segurança alimentar presentes<br />

em cada município brasileiro, o ponto<br />

de chegada e partida na realização do Direito<br />

Humano à Alimentação Adequada (DHAA).<br />

Segundo o último relatório da FAO, órgão das<br />

Nações Unidas que trata de agricultura e alimentação,<br />

publicado em setembro de 2014,<br />

felizmente a fome deixou de ser um problema<br />

estrutural para o Brasil. No entanto, o país ainda<br />

tem 3,4 milhões de pessoas em situação de<br />

insegurança alimentar e grupos como quilombolas,<br />

indígenas e população ribeirinha que<br />

devem ser prioridade na garantia do DHAA.<br />

É fundamental a articulação intersetorial, para<br />

garantir a incorporação do direito à alimentação<br />

adequada nas políticas públicas sociais,<br />

promovendo a educação alimentar e nutricional<br />

e também a garantia da nutrição materno-<br />

-infantil-juvenil.<br />

O objetivo primordial é erradicar efetivamente<br />

a fome no Brasil.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


105<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Planejamento, implementação,<br />

monitoramento e avaliação das<br />

políticas públicas de segurança alimentar<br />

e fortalecimento do Sistema<br />

Nacional de Segurança Alimentar<br />

(Sisan).<br />

▶ Consolidação da intersetorialidade,<br />

da participação social e da gestão<br />

governamental regionalizada,<br />

eficiente, eficaz e transparente.<br />

▶ Universalização ao acesso à água<br />

de qualidade e em quantidade suficiente<br />

para o consumo da população<br />

e para a produção de alimentos<br />

da agricultura familiar de povos<br />

e comunidades tradicionais e da<br />

pesca e aquicultura, com prioridade<br />

para as famílias em situação de<br />

insegurança hídrica.<br />

▶ Priorização das famílias rurais<br />

e periurbanas nos programas de<br />

abastecimento alimentar.<br />

▶ Fortalecimento das ações de vigilância<br />

sanitária dos alimentos.<br />

▶ Respeito às comunidades tradicionais<br />

e aos hábitos alimentares<br />

locais.<br />

▶ Municipalização das ações de segurança<br />

alimentar e nutricional sustentável.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Identificar todas as famílias que<br />

permanecem em situação de insegurança<br />

alimentar por meio do<br />

Porta a Porta Nacional, em parceria<br />

com os municípios.<br />

▶ Garantir prioridade absoluta para<br />

a inclusão de crianças e gestantes<br />

em estado de subnutrição em projetos<br />

sociais e de segurança alimentar.<br />

▶ Ampliar o papel das escolas localizadas<br />

em regiões com índices<br />

elevados de insegurança alimentar,<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


106<br />

CIDADANIA<br />

transformando cada unidade escolar<br />

também num espaço de combate<br />

à fome.<br />

▶ Garantir atenção especial para escolas<br />

públicas em regiões onde a<br />

insegurança alimentar atinja níveis<br />

mais elevados que a média nacional.<br />

▶ Financiar os municípios para organização<br />

de rede de fornecimento<br />

de sementes para hortas e de pequenos<br />

animais para criação, tendo<br />

em vista a implantação de polos comunitários<br />

de segurança alimentar.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


PREVIDÊNCIA SOCIAL<br />

107<br />

CIDADANIA<br />

PROTEÇÃO SOCIAL DEPOIS DE UMA LONGA JORNADA<br />

A Previdência Social é direito de todo trabalhador<br />

e, portanto, é dever do Estado garantir<br />

sua sustentabilidade de longo prazo. Como<br />

seu financiamento envolve pacto de gerações,<br />

faz-se necessária uma ampla discussão com<br />

toda a sociedade para se alcançar uma solução<br />

estrutural que não sacrifique a renda do trabalhador.<br />

Além disso, é importante considerarmos<br />

que em muitas localidades do Brasil o benefício<br />

previdenciário é a mola propulsora das<br />

economias locais. O papel da Previdência no<br />

Brasil não pode ser apenas o de repor renda ou<br />

combater a pobreza. O papel da Previdência<br />

deve ser o de reconhecer e garantir direitos.<br />

O déficit da Previdência Social em 2013 foi de<br />

R$ 51,259 bilhões, 14,8% maior do que o de<br />

2012 e apresentando uma tendência crescente.<br />

Desta forma, o grande desafio que se apresenta<br />

é o de estabelecer as políticas que possibilitem<br />

termos um sistema previdenciário que<br />

possa ser, ao mesmo tempo, capaz de gerar<br />

inclusão, de garantir proteção social vis-à-vis<br />

a viabilidade do ponto de vista do equilíbrio<br />

fiscal, bem como de sua relação com a estratégia<br />

de desenvolvimento econômico. Para tal,<br />

o fortalecimento dos conselhos com participação<br />

quadripartite (governo, trabalhador ativo,<br />

aposentado e empregador) se apresenta como<br />

um canal de diálogo extremamente importante<br />

para a busca de novas pactuações acerca da<br />

questão. Além disso, como fator extrínseco, o<br />

que mais contribui para a diminuição do déficit<br />

da Previdência é o crescimento econômico,<br />

pois ele gera mais empregos, melhora<br />

a renda e, por consequência, aumenta a base<br />

contributiva.<br />

Outro desafio que se apresenta é o aumento<br />

da cobertura de segurados da Previdência.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


108<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

E PROPOSTAS<br />

▶ Enfrentar de forma cidadã o déficit<br />

da Previdência, assegurando todos<br />

os direitos dos aposentados e<br />

pensionistas.<br />

▶ Enfrentar o déficit da Previdência<br />

pelo incremento sustentado da atividade<br />

econômica.<br />

▶ Introduzir ações que visem à diminuição<br />

da informalidade da economia.<br />

▶ Adotar estratégias de combate às<br />

fraudes na concessão de benefícios,<br />

que drenam as receitas do sistema<br />

geral da Previdência Social.<br />

▶ Promover a revisão do Fator Previdenciário,<br />

buscando diminuir seu<br />

impacto negativo sobre as aposentadorias,<br />

por meio do diálogo com<br />

centrais sindicais e aposentados.<br />

▶ Transformar o Instituto Nacional<br />

de Seguro Social (INSS) em Instituto<br />

Nacional de Seguro Social e Cidadania<br />

(INSSC).<br />

▶ Garantir aos aposentados e pensionistas,<br />

por meio das agências do<br />

INSSC, ações sociais integrais e não<br />

apenas espaços de concessões de<br />

benefícios.<br />

▶ Melhorar permanentemente os<br />

serviços prestados aos beneficiários<br />

da Previdência.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


109<br />

CIDADANIA<br />

SAÚDE<br />

SAÚDE É VIDA<br />

Todas as pesquisas de opinião pública no Brasil<br />

revelam que a saúde é a maior preocupação<br />

dos brasileiros. Estamos de fato frente a<br />

uma enorme urgência, e o que temos visto<br />

como ação do atual governo são improvisos e<br />

medidas paliativas. A superação desse desafio<br />

demanda a organização de serviços de saúde<br />

de qualidade e investimentos consistentes em<br />

saneamento.<br />

A organização e a qualificação do sistema de<br />

saúde devem ser agenda central de todas as<br />

esferas governamentais e da sociedade civil organizada.<br />

A construção do Sistema Único de<br />

Saúde é um processo contínuo e permanente,<br />

marcado por grandes avanços, mas com muitos<br />

gargalos que precisam ser enfrentados.<br />

Já o saneamento é o setor mais carente da infraestrutura<br />

social brasileira, apesar de ser o<br />

mais próximo da maioria da população, estando<br />

intimamente ligado à vida diária das pessoas.<br />

Falar de saneamento é debater uma das<br />

mais importantes estratégias para a melhoria<br />

da saúde pública e do bem-estar população.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


110<br />

CIDADANIA<br />

SAÚDE<br />

POR UM SISTEMA PÚBLICO DE QUALIDADE<br />

O Sistema Único de Saúde (SUS) tem seu<br />

marco inicial com a Constituição de 1988. Os<br />

constituintes, em nome da sociedade brasileira,<br />

fizeram uma aposta generosa e ousada. Migrar<br />

de um modelo excludente, centralizador,<br />

autoritário e hospitalocêntrico, para a construção<br />

de cidadania plena na saúde para todos os<br />

brasileiros, por meio de um sistema de acesso<br />

universal e cobertura integral, inclusivo, descentralizado,<br />

com grande integração federativa<br />

e forte participação social, focado na primazia<br />

da atenção primária como polo articulador do<br />

sistema, com ênfase na prevenção e na promoção<br />

da saúde. O acesso ao sistema público<br />

deixaria de ser um privilégio dos possuidores<br />

de carteira de trabalho para abranger todos os<br />

brasileiros sem nenhuma distinção, como direito<br />

do cidadão e dever do Estado.<br />

Nesses vinte e seis anos os avanços foram<br />

enormes. A mortalidade infantil caiu substancialmente,<br />

a estratégia da saúde da família se<br />

tornou uma realidade, doenças foram erradicadas,<br />

programas como os de combate à Aids<br />

e o de imunização se tornaram modelos para<br />

todo o mundo. Não há dúvidas de que a saúde<br />

hoje no Brasil é muito melhor que há vinte e<br />

seis anos. Mas as angústias e a avaliação negativa<br />

que a população têm em relação ao sistema<br />

nacional de saúde mostram claramente o<br />

quanto ainda há por fazer e os obstáculos que<br />

as pessoas encontram em seu cotidiano para<br />

ter acesso à atenção e aos cuidados essenciais<br />

necessários à sua saúde.<br />

O SUS é hoje a experiência mais exitosa de integração<br />

e cooperação dos três níveis de governo<br />

e foi uma das maiores experiências de inclusão<br />

social das últimas décadas. O SUS provocou<br />

inequivocamente a melhoria dos indicadores<br />

de saúde desde a década dos 80, mas após o<br />

período de consolidação do sistema entramos<br />

agora em sua fase de maturidade.<br />

O mundo todo tem discutido a impossibilidade<br />

de superarmos os desafios para oferecer<br />

resposta adequada às demandas da população<br />

na saúde apenas ofertando mais serviços. Há<br />

que se mudar o modelo de atenção à saúde.<br />

A simples pressão por incorporação de novas<br />

tecnologias é ineficaz, torna o sistema mais<br />

caro e não modifica as condições de saúde.<br />

No Brasil a fragmentação do sistema ainda<br />

é extrema. Aos olhos do cidadão na maioria<br />

das cidades e estados, o SUS parece um caleidoscópio<br />

fragmentado e confuso, no qual<br />

o direito de acesso vira, para as pessoas que<br />

buscam atendimento, uma verdadeira corrida<br />

de obstáculos e um labirinto indecifrável, sem<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


111<br />

CIDADANIA<br />

integração e coordenação. A integração entre<br />

promoção da saúde, vigilância, atenção primária,<br />

secundária e terciária e assistência farmacêutica<br />

é claramente insuficiente e, em alguns<br />

casos, inexistente. Só uma efetiva construção<br />

de redes integradas de atenção à saúde, tendo<br />

como grande maestro uma atenção primária<br />

qualificada, poderá apresentar resultados melhores<br />

em nossos indicadores nacionais de<br />

saúde.<br />

O desenvolvimento do SUS tem dado sinais<br />

claros de esgotamento nos últimos anos e não<br />

há soluções simples para problemas complexos.<br />

Não serão medidas superficiais, temporárias,<br />

demagógicas e presididas pelo marketing<br />

que possibilitarão o enfrentamento dos<br />

desafios que temos pela frente. Poucos são os<br />

avanços significativos recentemente introduzidos.<br />

Tanto que a marca do Governo Dilma se<br />

resumiu à importação de médicos estrangeiros,<br />

saída provisória, cheia de problemas, não<br />

sustentável no longo prazo e que desprezou os<br />

médicos brasileiros e a certificação da qualidade<br />

do atendimento à população. Os recursos<br />

são escassos. O gasto per capita é inferior<br />

ao de países como Chile e Argentina e muito<br />

inferior ao de países desenvolvidos como Portugal,<br />

Espanha, Reino Unido, Canadá, França,<br />

Alemanha e Itália, que possuem sistemas<br />

de acesso universal e cobertura integral. Os<br />

investimentos no SUS são muito inferiores<br />

proporcionalmente à população atendida do<br />

que a saúde complementar brasileira. Portanto,<br />

direitos generosos e amplos de cidadania<br />

assegurados pela nossa Constituição, confrontados<br />

com um inegável subfinanciamento do<br />

sistema público, resultam em fortes obstáculos<br />

no dia a dia da população que busca atendimento<br />

e no já crônico processo de judicialização<br />

da saúde.<br />

Para agravar o quadro, temos ainda fortes<br />

deficiências de gestão e custos crescentes,<br />

vinculados à permanente revolução científico-tecnológica<br />

no setor saúde e à transição<br />

demográfica com a clara e radical mudança no<br />

perfil da pirâmide etária da população. As manifestações<br />

dessa equação explosiva são muitas.<br />

Filas para cirurgias, exames e tratamentos,<br />

dificuldades de acesso a medicamentos, problemas<br />

crônicos de qualidade, conflitos sindicais,<br />

subdiagnóstico nas regiões mais pobres,<br />

grandes vazios assistenciais, desigualdades regionais<br />

gritantes. Só um verdadeiro choque de<br />

gestão na organização do SUS, o aumento dos<br />

recursos disponíveis, a mudança do modelo<br />

de atenção, uma eficiente regulação da incorporação<br />

tecnológica e forte liderança poderão<br />

superar o atual impasse e avançar na construção<br />

do sistema de saúde de nossos sonhos.<br />

Só mudanças substanciais nos modelos de<br />

atenção à saúde, financiamento e gestão podem<br />

resultar em transformações consistentes<br />

e eficazes para os problemas do sistema nacional<br />

de saúde. O Governo Federal tem o dever<br />

de chamar a si a liderança desse processo e<br />

reverter a tendência de queda proporcional e<br />

progressiva no investimento agregado na saúde<br />

pública brasileira.<br />

É isso que propõe o programa de governo: gestão<br />

de qualidade, mais investimento na saúde,<br />

como preconizou o movimento social co-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


112<br />

CIDADANIA<br />

nhecido como Saúde+10, superação da atual<br />

fragmentação do sistema de atenção, com a<br />

construção de redes assistenciais integradas<br />

ancoradas em uma sólida atenção primária, a<br />

partir da qualificação permanente da estratégia<br />

da saúde da família e de instrumentos integradores<br />

como o Cartão SUS, o prontuário<br />

eletrônico e eficientes centrais de regulação<br />

dos fluxos assistenciais.<br />

Paralelo a isso, deve-se estabelecer a transparência<br />

e a previsibilidade na atuação da Agência<br />

Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e<br />

da Agência Nacional de Vigilância Sanitária<br />

(Anvisa). Grande atenção também deve merecer<br />

o desenvolvimento científico, tecnológico<br />

e industrial nas cadeias produtivas ligadas à<br />

saúde. O esforço necessário requer liderança,<br />

equipe de qualidade, clareza estratégica,<br />

profissionalismo baseado na meritocracia, eficiência<br />

e competência.<br />

Vale dizer, o SUS é uma solução com problemas,<br />

não um problema sem solução. O Governo<br />

Aécio Neves apostará na consolidação do<br />

sonho dos constituintes, avançando na construção<br />

de um sistema de saúde que ofereça<br />

acesso garantido e qualidade a todos os cidadãos<br />

brasileiros.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ A melhoria do sistema de saúde<br />

no país passa pelo enfrentamento<br />

de três pontos-chave: a) a garantia<br />

de financiamento adequado; b) a<br />

ampliação significativa da qualidade<br />

da gestão do sistema e dos serviços<br />

de saúde e; c) a estruturação<br />

do modelo de atenção baseado na<br />

organização de redes assistenciais<br />

integradas.<br />

▶ Em relação ao financiamento, o<br />

compromisso é apoiar a proposta<br />

popular de aplicação de 10% da receita<br />

corrente bruta da União para<br />

a saúde.<br />

▶ Além de maior participação no<br />

financiamento total da saúde, será<br />

preciso rever o modelo de remuneração<br />

baseado na tabela de procedimentos<br />

(que gera incentivos para<br />

que os prestadores do SUS ofertem<br />

serviços em função de interesses<br />

remuneratórios, e não da real necessidade<br />

dos cidadãos) por uma<br />

nova sistemática centrada no cuidado<br />

ao paciente.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


113<br />

CIDADANIA<br />

▶ Por sua vez, a melhoria da gestão<br />

é condição para que os recursos<br />

atuais e os novos recursos sejam<br />

aplicados de forma eficiente<br />

e possam ampliar a qualidade do<br />

atendimento à saúde da população.<br />

Nesse aspecto, buscar soluções inovadoras<br />

é fundamental, como, por<br />

exemplo, alternativas que levem em<br />

conta a importância da eficiência<br />

de escala e que considerem as possibilidades<br />

geradas pela tecnologia<br />

no mundo atual. Para que o sistema<br />

seja mais efetivo, as pessoas precisam<br />

ser tratadas no tempo certo,<br />

no local certo, com o custo certo,<br />

com a qualidade certa e de forma<br />

humanizada.<br />

▶ Melhorar a qualidade da gestão<br />

envolve ainda reconhecer que o sistema<br />

não pode mais atuar de forma<br />

curativa ou apenas quando o cidadão<br />

se dirige as unidades de saúde.<br />

Um sistema proativo que considera<br />

a situação epidemiológica<br />

atual e busca o engajamento dos<br />

cidadãos no cuidado com a própria<br />

saúde precisa ser implementado.<br />

Reconhecer que situações como as<br />

condições crônicas (entre elas hipertensão,<br />

depressão, entre outras)<br />

são as maiores causas de danos e<br />

óbito na população demanda uma<br />

urgente e significativa mudança no<br />

modelo de atenção.<br />

▶ Além de reconhecer os principais<br />

problemas de saúde e ajustar<br />

o modelo de atenção, de forma que<br />

ele seja mais proativo e resolutivo,<br />

é importante perceber as principais<br />

causas que geram os principais problemas<br />

de saúde. Hoje, por exemplo,<br />

enfrentamos uma epidemia de<br />

obesidade no mundo e também no<br />

Brasil. Atuar sobre as causas envolve<br />

fazer com que os cidadãos sejam<br />

apoiados pelo sistema de saúde<br />

no cuidado com a própria saúde,<br />

melhorando sua qualidade de vida<br />

e seus hábitos. Somente com essa<br />

mudança de paradigma será possível<br />

que o SUS resolva de fato os<br />

problemas de saúde da população.<br />

▶ Do ponto de vista da assistência,<br />

a atenção primária à saúde deve receber<br />

atenção prioritária, com uma<br />

política efetiva que induza à expansão<br />

do programa de saúde da família<br />

pelos municípios. É na atenção<br />

primária que 85% dos problemas<br />

de saúde da população podem ser<br />

solucionados, garantindo melhoria<br />

da qualidade de vida com a redução<br />

de internações desnecessárias.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


114<br />

CIDADANIA<br />

▶ A atenção primária é o principal<br />

ponto de contato e a porta de<br />

entrada do sistema de saúde para<br />

todos os cidadãos. Esses, por sua<br />

vez, na medida em que possuem<br />

problemas ou situações de saúde<br />

mais complexas, precisam acessar<br />

outros pontos de atenção, como<br />

centros especializados e hospitais.<br />

Assim, devem ser estruturadas as<br />

redes de atenção integradas e regionalizadas<br />

com intuito de garantir<br />

acesso à atenção especializada o<br />

mais próximo possível da residência<br />

de cada cidadão. Serão realizados<br />

os investimentos necessários para<br />

que a saúde em cada região possa<br />

ter qualidade e cobertura de atendimento.<br />

PROPOSTAS<br />

FINANCIAMENTO<br />

▶ Apoiar a implementação dos preceitos<br />

da Emenda Constitucional<br />

29 e a proposta popular dos 10%<br />

da Receita Corrente Bruta da União<br />

para o setor Saúde ou política similar<br />

que garanta um crescimento<br />

progressivo de financiamento para<br />

o setor.<br />

▶ Introduzir um eficiente sistema<br />

de controle de custos e buscar o<br />

aumento da produtividade dos recursos,<br />

fazendo mais e melhor com<br />

cada real do orçamento da saúde.<br />

▶ Criar um mecanismo institucional,<br />

em diálogo com o Poder Judiciário<br />

e o Ministério Público, para a efetiva<br />

e correta gestão da incorporação<br />

de novas tecnologias no SUS.<br />

▶ Erguer mecanismos avançados<br />

de transparência para o acompanhamento<br />

da execução orçamentária<br />

da saúde.<br />

▶ Combater sem tréguas a corrupção<br />

e o desperdício.<br />

▶ Promover amplo debate com o<br />

Congresso Nacional e a sociedade<br />

civil organizada sobre as perspecti-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


115<br />

CIDADANIA<br />

vas de longo prazo do financiamento<br />

da saúde vis-à-vis os direitos constitucionais<br />

de todos os cidadãos.<br />

▶ Fixar, através de projeto de lei, padrões<br />

de integralidade e cobertura.<br />

▶ Estabelecer um eficiente e moderno<br />

banco de preços que deverá<br />

ser referência para todas as compras<br />

do SUS e construir um sistema<br />

nacional de compras integradas.<br />

GESTÃO E RECURSOS HUMANOS<br />

▶ Introduzir ferramentas modernas<br />

de gestão como Cartão Cidadão<br />

Saúde, prontuário eletrônico interligando<br />

todos os pontos de atenção<br />

à população das redes assistenciais<br />

integradas, Protocolo de Manchester<br />

de classificação de risco e centrais<br />

de regulação de fluxos assistenciais,<br />

24 horas por dia, sete dias<br />

por semana.<br />

▶ Criar o Disque Cidadão Saúde<br />

para recolher as reclamações e denúncias<br />

dos usuários do SUS.<br />

▶ Fortalecimento do controle social<br />

do setor saúde, incluindo mecanismos<br />

de controle e de avaliação da<br />

satisfação dos usuários.<br />

▶ Fortalecer a profissionalização, a<br />

eficiência, a meritocracia, o desaparelhamento<br />

e não partidarização e<br />

a desburocratização da ANS e da<br />

Anvisa.<br />

▶ Aprimorar o relacionamento com<br />

estados e municípios, com o fortalecimento<br />

das instancias decisórias<br />

de integração federativa.<br />

▶ Enfrentar o desafio da pactuação<br />

assistencial interestadual, assunto<br />

que há anos requer uma solução,<br />

já que saúde não tem fronteiras e a<br />

responsabilização inequívoca deve<br />

atribuir claramente direitos e deveres<br />

entre os diversos níveis de gestão.<br />

▶ Fortalecer os sistemas de ouvidoria<br />

e auditoria no combate sem tréguas<br />

à corrupção e ao desperdício.<br />

▶ Implantar programas de valorização,<br />

apoio, qualificação e aperfeiçoamento<br />

dos profissionais da área<br />

de saúde.<br />

▶ Fortalecer e profissionalizar a<br />

gestão de todas as entidades ligadas<br />

ao Ministério da Saúde.<br />

▶ Formar uma equipe qualificada,<br />

experiente e formada com base na<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


116<br />

CIDADANIA<br />

meritocracia e não em arranjos partidários<br />

patrimonialistas e clientelistas.<br />

▶ Fortalecer a formação de profissionais<br />

de saúde nos níveis de<br />

graduação, pós-graduação, residências,<br />

tendo como parâmetro a<br />

qualidade do ensino, os vazios assistenciais<br />

e as lacunas do mercado<br />

do trabalho do setor saúde. Dar<br />

ênfase à formação em nível de residência<br />

médica nas áreas de pediatria,<br />

ginecologia e geriatria em todos<br />

os estados.<br />

▶ Fortalecer a Escola Nacional de<br />

Saúde Pública (Ensp) e formar uma<br />

rede com as escolas de saúde estaduais,<br />

para que elas capacitem<br />

e formem mais trabalhadores em<br />

saúde pública em todo o Brasil.<br />

▶ Instituir carreira nacional do SUS,<br />

a ser construída em conjunto com<br />

os estados e municípios, para acabar<br />

com a precarização do trabalho<br />

dos profissionais e a instabilidade<br />

do mercado de trabalho na saúde.<br />

▶ Estruturar as carreiras nacionais<br />

dos profissionais de saúde, a partir<br />

de amplo diálogo com estados,<br />

municípios e entidades representativas<br />

dos diversos segmentos profissionais,<br />

de forma inteligente, premiando<br />

o desempenho, o mérito e<br />

a formação continuada.<br />

ATENÇÃO PRIMÁRIA E<br />

PROMOÇÃO DA SAÚDE<br />

▶ Implementar o Canal Brasil Saúde,<br />

dedicado à qualificação e ao<br />

treinamento dos profissionais das<br />

equipes de saúde da família, com<br />

antenas em todos os pontos de<br />

atenção.<br />

▶ Fortalecer e incentivar a ampliação<br />

do Programa Saúde da Família<br />

– PSF para todo o território nacional,<br />

qualificando e ampliando a sua<br />

cobertura, sobretudo nas regiões<br />

mais pobres.<br />

▶ Realizar a contratualização de<br />

metas claras e prioritárias, sem dispersão<br />

de foco, para cada equipe<br />

do PSF, com prêmio pelo alcance<br />

das metas.<br />

▶ Concretizar um grande programa<br />

de educação permanente presencial,<br />

em parceria com as universidades.<br />

▶ Ampliar a experiência de telemedicina,<br />

em parcerias com centros<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


117<br />

CIDADANIA<br />

especializados e universitários, para<br />

apoiar e garantir a segunda opinião<br />

aos profissionais do PSF.<br />

▶ Transferir recursos para construção<br />

de estruturas físicas modernas<br />

e adequadas com equipamentos e<br />

mobiliário, para todas as equipes<br />

do PSF instaladas em soluções provisórias<br />

e improvisadas.<br />

▶ Aprimorar o programa Mais Médicos<br />

com mudança do marco legal<br />

que regula o acesso de estrangeiros<br />

ao mercado de trabalho nacional,<br />

com certificação de qualidade, equalização<br />

das remunerações e carreira<br />

nacional com concurso público.<br />

▶ Ofertar cursos preparatórios para<br />

médicos estrangeiros para permitir<br />

a realização de exames Revalida.<br />

▶ Ampliar significativamente e com<br />

qualidade o ensino médico para a<br />

ampliação da oferta de profissionais<br />

ao mercado de trabalho.<br />

▶ Desencadear o plano diretor da<br />

atenção primária em todos os municípios.<br />

▶ Estimular de forma vigorosa a<br />

promoção à saúde e o autocuidado<br />

nas condições crônicas.<br />

▶ Implantar uma política efetiva de<br />

educação e comunicação em saúde<br />

voltada para promoção da saúde<br />

e da prevenção ao alcance de<br />

todos, fortalecendo as práticas de<br />

autocuidado apoiado.<br />

▶ Estruturar uma política de combate<br />

à obesidade, trabalhando inclusive<br />

na formação dos cidadãos,<br />

melhorando a qualidade dos alimentos<br />

oferecidos nas escolas e a<br />

promoção da alimentação saudável<br />

no meio escolar.<br />

▶ Promover combate efetivo ao tabagismo,<br />

às drogas e ao consumo<br />

de álcool.<br />

REDES ASSISTENCIAIS<br />

INTEGRADAS<br />

▶ Construir, em parceria com estados<br />

e municípios, um novo modelo<br />

assistencial com foco no paciente e<br />

na continuidade dos cuidados, operando<br />

sempre dentro de verdadeiras<br />

redes assistenciais integradas,<br />

com prioridade para as redes da<br />

urgência e emergência, materno-<br />

-infantil, hipertensão e diabetes, da<br />

saúde do idoso e da saúde mental.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


118<br />

CIDADANIA<br />

▶ Enfrentar os desafios decorrentes<br />

do envelhecimento da população e<br />

das mudanças da sociedade, controlando<br />

os fatores determinantes<br />

das enfermidades mais relevantes,<br />

do ponto de vista de quantidade e<br />

qualidade de vida.
<br />

▶ Promover esforço de integração<br />

transversal no governo, principalmente<br />

com as áreas da educação e do<br />

saneamento, visando à melhoria dos<br />

indicadores de saúde da população.<br />

▶ Integrar as redes assistenciais<br />

por meio de ferramentas de gestão<br />

como o Cartão Cidadão do SUS, o<br />

prontuário eletrônico em todos os<br />

pontos de atenção e as centrais de<br />

regulação dos fluxos assistenciais.<br />

▶ Estruturar centrais de regulação<br />

para agendamentos e movimentações<br />

de pacientes por telecomunicação,<br />

viabilizando a sequência do<br />

acesso entre todos os níveis e tipos<br />

de serviços – do médico de família<br />

ao hospital de alta complexidade.<br />

▶ Organizar e ampliar o acesso a<br />

consultas especializadas, exames e<br />

diagnóstico, fortalecendo o nível da<br />

atenção secundária com a construção<br />

de centros regionais de especialidades<br />

e exames e o estímulo à<br />

abertura de consultórios populares.<br />

▶ Fortalecer a rede hospitalar pública,<br />

filantrópica, de organizações<br />

sociais e privada conveniada, por<br />

meio de remuneração adequada e<br />

da migração definitiva do modelo<br />

de remuneração por procedimentos<br />

para a contratualização global<br />

com foco nas efetivas necessidades<br />

da população.<br />

▶ Estabelecer um programa de fortalecimento<br />

e modernização dos<br />

hospitais regionais, com recursos<br />

adicionais por cumprimento de metas,<br />

curso obrigatório para gestores<br />

hospitalares, construção de planos<br />

diretores dos hospitais, introdução<br />

obrigatória de ferramentas gerenciais<br />

visando ganhos de eficiência.<br />

As metas serão pactuadas nas instâncias<br />

integradoras das gestões<br />

municipais e estadual.<br />

▶ Reverter a queda do número de<br />

leitos hospitalares no Brasil, que<br />

vem decrescendo de forma continuada<br />

e progressiva desde 2003.<br />

▶ Ampliar a oferta de serviços de<br />

alta complexidade nas regiões mais<br />

pobres e distantes.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


119<br />

CIDADANIA<br />

▶ Implantar centros especiais de saúde<br />

com médicos especializados, exames<br />

e fornecimento de medicação.<br />

▶ Construir maternidades em todo<br />

o Brasil em parceria com os estados<br />

e municípios e garantir recursos<br />

para equipe multidisciplinar.<br />

▶ Implantar o programa Vai e Volta<br />

com Saúde nas cidades com maiores<br />

dificuldades de acesso a serviços especializados<br />

de saúde no Brasil.<br />

▶ Retomar a geração de demandas<br />

assistenciais programadas por intermédio<br />

de mutirões ou por serviços<br />

móveis temporários.
<br />

▶ Organizar e difundir protocolos<br />

clínicos e linhas guias em relação às<br />

principais doenças, visando homogeneizar<br />

as condutas e a qualidade<br />

da atenção em todo o país.<br />

▶ Revigorar o programa HIV/Aids,<br />

com a qualidade que o tornou mundialmente<br />

reconhecido.
<br />

▶ Organizar o sistema de transporte<br />

em saúde, incluindo a ampliação<br />

e regionalização do Samu e o componente<br />

de transporte para procedimentos<br />

eletivos.<br />

▶ Incentivar a criação de consultórios<br />

populares de saúde, por meio<br />

de parceria do Ministério da Saúde<br />

com o BNDES.<br />

ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E<br />

COMPLEXO PRODUTIVO<br />

▶ Implantar em todo o país unidades<br />

do programa Farmácia do Brasil,<br />

com ampliação dos itens constantes<br />

da farmácia básica, incentivo<br />

mensal para garantir a presença<br />

obrigatória de profissional farmacêutico,<br />

treinamento pelo Canal<br />

Brasil Saúde e implantação de sistema<br />

informatizado de gestão da<br />

assistência farmacêutica em cada<br />

unidade, interligado por internet,<br />

para planejamento, encomendas,<br />

acompanhamento do perfil do consumo<br />

de medicamentos e atualização<br />

de conhecimentos.<br />

▶ Implantar o programa Remédio<br />

em Casa para entrega domiciliar a<br />

pacientes com doenças crônicas<br />

como hipertensão, diabetes, HIV,<br />

cardiopatias.<br />

▶ Incentivar parcerias com o setor<br />

privado para o adensamento das<br />

cadeias produtivas na área de pro-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


120<br />

CIDADANIA<br />

dução de medicamentos, sobretudo<br />

na ampliação da produção no<br />

Brasil dos produtos biotecnológicos,<br />

por meio de financiamentos<br />

do BNDES e da utilização correta<br />

do poder de compra do SUS. Isto<br />

se dará com base nos princípios da<br />

transparência e da defesa do interesse<br />

público.<br />

▶ Apoiar os laboratórios oficiais<br />

como forma de reduzir o custo e<br />

aumentar o acesso da população a<br />

medicamentos.<br />

▶ Fortalecer e ampliar o complexo<br />

produtivo da saúde no Brasil, investindo<br />

no desenvolvimento de uma<br />

política de ciência, tecnologia e inovação<br />

e no fortalecimento da indústria<br />

farmacêutica nacional e dos<br />

laboratórios públicos oficiais.<br />

▶ Estimular o parque industrial produtor<br />

de equipamentos a partir de<br />

financiamentos e do correto uso do<br />

poder de compra do SUS.<br />

SAÚDE SUPLEMENTAR<br />

▶ Modernizar e fortalecer a ANS,<br />

com base nos princípios da transparência<br />

e da estabilidade regulatória,<br />

calibrando com eficiência a intervenção<br />

estatal, visando maximinizar<br />

os ganhos e garantir os direitos<br />

dos usuários dos planos de saúde<br />

e a eficiência do sistema como um<br />

todo, arbitrando a boa convivência<br />

entre usuários, profissionais, prestadores<br />

e planos de saúde.<br />

▶ Perseguir a diminuição substancial<br />

das reclamações dos usuários do sistema<br />

de saúde complementar.<br />

▶ Adotar as medidas necessárias<br />

para uma política proativa no setor<br />

de hemoderivados e, finalmente,<br />

implantar a produção nacional.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


121<br />

CIDADANIA<br />

SANEAMENTO<br />

A universalização da rede de abastecimento de<br />

água e da coleta de esgoto já foi alcançada em<br />

grande parte dos países desenvolvidos, ao mesmo<br />

tempo em que a gestão de resíduos sólidos<br />

também já está bem próximo da universalização<br />

em muitos deles. Fazer isso no Brasil, além<br />

de atender uma recomendação da Organização<br />

Mundial de Saúde (OMS), é iniciativa da<br />

mais alta relevância, resgatando uma dívida do<br />

passado, superando um grande desconforto do<br />

presente e estabelecendo uma condição essencial<br />

para desenho do nosso futuro.<br />

Os principais componentes do saneamento<br />

básico são requisitos essenciais para assegurar<br />

a saúde e a qualidade de vida da população,<br />

ressaltando a relação forte e direta entre<br />

ausência de saneamento e inúmeras doenças,<br />

impactando os gastos, tanto dos governos<br />

quanto das famílias com atendimentos e<br />

tratamentos nas áreas de saúde. Além disso,<br />

são as bases para a qualidade ambiental e têm<br />

impactos, também, nas condições de competividade<br />

e na atração e na manutenção de empreendimentos<br />

produtivos.<br />

Desse modo, a universalização da rede de<br />

abastecimento de água e da coleta e tratamento<br />

de esgoto, bem como a ampliação da coleta<br />

e do manejo dos resíduos sólidos, são prioridades<br />

relevantes de um plano de governo em<br />

qualquer nível, lembrando que o lançamento<br />

de esgoto in natura nos cursos de água constitui<br />

a principal fonte de poluição dos recursos<br />

hidrícos no Brasil.<br />

A vinculação estreita entre as políticas de<br />

habitação e as de saneamento leva à necessidade<br />

de que um conjunto de serviços deva<br />

ser viabilizado ao mesmo tempo em que são<br />

concebidos os planos habitacionais. Por outro<br />

lado, o tratamento das águas, tanto a que é<br />

servida aos domicílios em condições de potabilidade,<br />

quanto as águas que são devolvidas<br />

ao ambiente, não pode comprometer a saúde<br />

da população no presente e nem prejudicar a<br />

possibilidade de usufruto de gerações futuras.<br />

Há que se considerar também a vinculação<br />

nuclear da política de saneamento com as políticas<br />

de gestão de recursos hídricos. Vinculação<br />

relevante também se estabelece entre o<br />

uso das águas e as atividades produtivas industriais<br />

e agrícolas, tanto no que se refere à oferta,<br />

quanto ao despejo, com impactos extremamente<br />

relevantes nas condições ambientais e,<br />

por consequência, na elavação dos padrões de<br />

sustentabilidade.<br />

Enfim, o saneamento permeia as atividades<br />

econômicas, sociais e ambientais sob todos<br />

os ângulos, devendo, assim, constituir-se em<br />

questão nuclear de um plano de governo.<br />

Entre os serviços de saneamento básico, a distribuição<br />

de água por rede geral é aquele que<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


122<br />

CIDADANIA<br />

apresenta a maior cobertura territorial do país,<br />

coexistindo com formas alternativas de acesso<br />

à água, como poços artesianos, nascentes, carros-pipa,<br />

cisternas etc., comumente exploradas<br />

em áreas não abrangidas por esses serviços.<br />

Há, ainda, um enorme contingente de domicílios<br />

sem acesso a água potável, acentuadas<br />

carências em relação à coleta e tratamento de<br />

esgoto sanitário e um injustificável atraso na<br />

implementação da política de gestão de resíduos,<br />

notadamente em relação ao lixo urbano<br />

industrial, que só recentemente vem adquirindo<br />

papel relevante nesse contexto.<br />

Mais de 70% dos domicílios urbanos brasileiros<br />

possuem algum tipo de acesso a saneamento,<br />

espelhando um crescimento relevante<br />

nas últimas décadas. De um lado, apenas 33<br />

municípios brasileiros ainda permanecem sem<br />

serviços de abastecimento de água, notando-<br />

-se que o grau de cobertura é alto: o menor é<br />

de 80% (Norte), e o maior, no Sudeste (95%).<br />

Mas, por outro lado, a rede coletora de esgoto<br />

estava ausente em mais de 2 mil municípios,<br />

um número muito expressivo para o país, ressaltando<br />

a grave situação das regiões Nordeste<br />

(cobertura de apenas 24%) e Norte (cobertura<br />

de apenas 11%), enquanto que no Sudeste o<br />

grau de cobertura já chega a 75% do total de<br />

municípios.<br />

A ausência da rede de esgotamento sanitário<br />

ocorre em grande parte dos municípios com<br />

população inferior a 50 mil habitantes. Nesse<br />

grupo, estão presentes muitos municípios preponderantemente<br />

rurais e com população dispersa,<br />

o que acarreta maior dificuldade para<br />

ofertá-la. E, em grande parte dos municípios<br />

brasileiros, as redes de saneamento estão presentes<br />

tão somente na sede do município, e às<br />

vezes nem em toda a área urbana, deixando de<br />

atender às vilas, distritos e às áreas rurais.<br />

Assim, além da heterogeneidade regional e da<br />

dispersão em decorrência da forte relação entre<br />

densidade populacional e níveis de renda<br />

dos municípios e a oferta de saneamento, na<br />

escala intraurbana, o processo de universalização<br />

é também incompleto. Isso também ocorre<br />

em relação à gestão de resíduos sólidos e de<br />

águas pluviais.<br />

O enfretamento dessas questões exige um<br />

rol de ações complexas e um grande esforço<br />

de cooperação federativa. Mesmo tendo sido<br />

considerados pela Constituição Federal como<br />

serviços compartilhados entre os entes federativos<br />

(União, estados e municípios), ao Governo<br />

Federal cabe papel destacado na gestão<br />

de recursos hídricos de um modo geral e de<br />

saneamento básico em particular. Não pode,<br />

assim, de maneira nenhuma se ausentar desse<br />

tema, seja no papel de articulador das ações<br />

de interesse comum, seja como facilitador e<br />

financiador de projetos e inciativas das demais<br />

instâncias governamentais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


123<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Garantia de que o marco legal do<br />

setor (Lei 11.445/07) e sua regulamentação<br />

(Decreto 7.217/10), que<br />

estabeleceram a necessidade de<br />

planos municipais de saneamento<br />

até dezembro de 2013, sejam cumpridos<br />

em prazo determinado a ser<br />

pactuado com os municípios como<br />

poder concedente na área de saneamento<br />

(água, esgoto e lixo). Do<br />

mesmo modo, a implementação da<br />

Lei Nacional de Gestão de Resíduos<br />

demanda novos prazos, a serem repactuados,<br />

já que a eliminação dos<br />

lixões no tempo previsto não foi<br />

cumprida e a adoção da logística<br />

reversa vem sendo retardada.<br />

▶ Validação dos contratos de concessão<br />

e a criação de um instrumento<br />

de regulação que seja de<br />

fato cumprido, já que mais de 70%<br />

dos municípios não elaboraram<br />

seus planos por falta de condições<br />

técnicas/institucionais.<br />

▶ Aceleração do processo de universalização<br />

dos serviços de saneamento<br />

no Brasil.<br />

▶ Aumento do patamar de investimentos,<br />

que se encontram em níveis<br />

muito baixos, uma vez que as<br />

fontes de crédito tradicionais são<br />

insuficientes.<br />

▶ Criação de novas fontes de recursos<br />

para investimento e utilização<br />

de mecanismos do mercado de capitais<br />

para financiar e modernizar o<br />

setor e seus prestadores.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Garantir agilidade, tanto das fontes<br />

tradicionais de crédito (FGTS/<br />

CEF e FAT/BNDES), quanto nas<br />

aplicações diretas do Governo Federal,<br />

buscando a redefinição de<br />

procedimentos, num contexto de<br />

simplificação e eficiência.<br />

▶ Promover iniciativas de capacitação<br />

dos gestores municipais sobre<br />

programas governamentais relati-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


124<br />

CIDADANIA<br />

vos a saneamento, regras de concessão<br />

e, sobretudo, treinamentos<br />

para a formulação de projetos, contratos,<br />

convênios, e solicitações de<br />

financiamentos.<br />

▶ Promover o efetivo entrosamento<br />

entre os planos habitacionais e a<br />

oferta dos serviços de saneamento<br />

básico, especialmente em conjuntos<br />

habitacionais.<br />

▶ Incentivar o financiamento de<br />

operações de reestruturação empresarial<br />

voltadas a melhorar a gestão<br />

das empresas de saneamento.<br />

▶ Incentivar os bancos oficiais, assim<br />

como instituições multilaterais,<br />

a fornecerem garantias em operações<br />

de mercado, reduzindo riscos<br />

e custos de captação das empresas<br />

de saneamento.<br />

▶ Estimular o investimento em saneamento<br />

básico por parte dos fundos<br />

de pensão e de investimentos.<br />

▶ Desonerar as empresas prestadoras<br />

de serviço público de saneamento<br />

do PIS e Cofins para investimentos<br />

no setor.<br />

▶ Estimular a modernização da gestão<br />

dos prestadores dos serviços<br />

de abastecimento de água, coleta e<br />

tratamento de esgotos.<br />

▶ Criar condições para que os prestadores<br />

dos serviços utilizem novas<br />

formas de contratação, como as<br />

Parcerias Público-Privadas (PPPs).<br />

▶ Incentivar e financiar pesquisas<br />

na área de saneamento e reaproveitamento<br />

de resíduos sólidos, garantindo<br />

a difusão das novas tecnologias.<br />

▶ Apoiar os municípios com menos<br />

de 30.000 habitantes na implantação<br />

de projetos de coleta, reciclagem<br />

e destinação final ambientalmente<br />

adequada de resíduos,<br />

incluindo solução apropriada para<br />

os resíduos de saúde, visando à inadiável<br />

eliminação dos lixões.<br />

▶ Disponibilizar recursos para implantação<br />

de infraestrutura de saneamento<br />

nos conjuntos habitacionais<br />

do programa Minha Casa,<br />

Minha Vida.<br />

▶ Adotar iniciativas para financiamento<br />

não oneroso de infraestrutura<br />

de saneamento nas localidades<br />

menos favorecidas econômica<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


125<br />

CIDADANIA<br />

e socialmente, visando permitir a<br />

adoção de tarifas mais baixas para<br />

as populações mais pobres.<br />

▶ Implantar instância de coordenação<br />

e articulação da política de saneamento,<br />

na esfera federal, tendo<br />

em vista a pulverização atualmente<br />

existente, espalhada nos Ministérios<br />

das Cidades, Saúde/Funasa, Integração<br />

Regional, Meio Ambiente.<br />

▶ Promover a atualização do marco<br />

regulatório do setor, visando à incorporação<br />

das diretrizes ora propostas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


126<br />

CIDADANIA<br />

SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA<br />

UM CAMINHO REAL PARA A PAZ<br />

JUSTIÇA, CIDADANIA<br />

E SEGURANÇA PÚBLICA<br />

Desde 1980, mais de um milhão e duzentas<br />

mil pessoas foram vítimas de homicídios<br />

no Brasil. Em 2012, batemos o recorde com<br />

56.337 pessoas assassinadas. Em termos proporcionais,<br />

atingimos a inédita marca de 29<br />

para cada grupo de cem mil habitantes.<br />

Algumas regiões do país têm sido assoladas por<br />

uma verdadeira epidemia de morte por agressões.<br />

Assim, o Nordeste, que em 2000 exibia<br />

taxas de 20 por cem mil, assistiu a um crescimento<br />

de quase 100%, passando para 39. A<br />

região Sudeste nesse período, pelo contrário,<br />

assistiu a uma diminuição de 43% em suas taxas,<br />

passando de 37 por cem mil para 21.<br />

Essa estatística fica ainda mais dramática<br />

quando começamos a ver quem são as maiores<br />

vítimas. Trata-se de jovens, moradores das<br />

periferias urbanas e pobres. Entre os jovens,<br />

também quase duplicamos nossas taxas, saindo<br />

de 28 para 48. Para cada jovem branco assassinado,<br />

no último ano, tivemos 3,4 jovens<br />

negros, quase todos moradores de áreas pobres<br />

de grandes centros urbanos. Mais da metade<br />

(61%) dos homicídios que ocorrem hoje<br />

no Brasil concentra-se em uma das 87 áreas<br />

metropolitanas, um terço deles somente nas<br />

capitais. Quase 70% ocorreram por armas de<br />

fogo.<br />

Não por acaso, pesquisa feita pela Secretaria<br />

Nacional da Juventude, em 2013, revelou que<br />

a violência é o item que mais preocupa os jovens<br />

(24%). Os números da I Pesquisa Nacional<br />

de Vitimização, realizada pelo Datafolha,<br />

também mostrou a grave situação de medo<br />

e insegurança que vivem os brasileiros: 50%<br />

dos brasileiros temem morrer assassinados, e<br />

29% acreditam que podem ser vítimas de homicídios<br />

nos próximos 12 meses. Em consequência<br />

desse medo, quase 80% das pessoas<br />

evitam sair de casa portando muito dinheiro<br />

ou objetos de valor, 64% evitam sair à noite e<br />

19% chegam até mesmo a evitar contatos com<br />

seus vizinhos.<br />

Nossas cidades são fortificadas, com bairros<br />

inteiros submetidos aos mecanismos de vigilância<br />

de toda sorte, que terminaram tornando<br />

nossas residências verdadeiras unidades<br />

prisionais. Segundo registros das polícias dos<br />

estados, são em torno de 600 a 700 vítimas<br />

de roubo para cada grupo de 100 mil habitantes.<br />

São números bastante subestimados,<br />

pois muitos não registram suas queixas nas<br />

polícias, e as cifras devem ser de três a quatro<br />

vezes maiores.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


127<br />

CIDADANIA<br />

Chegar a essa situação não decorre apenas<br />

de uma causa singular, mas de um somatório<br />

de problemas, que terminaram se traduzindo<br />

numa ampla desestruturação de nosso<br />

sistema de justiça criminal. Os sucessivos<br />

governos democráticos não têm sido capazes<br />

de enfrentar esse desafio adequadamente. O<br />

Governo Fernando Henrique teve o mérito de<br />

consolidar e institucionalizar uma política de<br />

direitos humanos. O Governo Lula passou por<br />

diversas tentativas de formulação no âmbito da<br />

segurança, tais como o Sistema Único de Segurança<br />

(Susp) e o Pronasci. Em boa medida<br />

terminaram ficando no plano das ideias, sem<br />

maiores consequências na segurança pública.<br />

O Governo Dilma encarregou-se de desmontar<br />

essas inciativas de seu antecessor, reduzindo<br />

o orçamento do Pronasci, que era de 2,48<br />

bilhões, em 2010, para pouco mais de 1,08 bilhão,<br />

em 2013. A omissão no período recente<br />

explica, em boa medida, os índices superlativos<br />

a que chegamos. Com investimentos públicos<br />

consistentes na Segurança Pública e na<br />

justiça, é possível fazer uma grande diferença<br />

no curto prazo e diminuir o número de crimes<br />

cometidos e de infratores nas ruas.<br />

O QUE FAZER?<br />

Via de regra, algumas experiências bem-sucedidas<br />

de São Paulo e Minas Gerais compartilham<br />

algumas características que deverão<br />

nortear nosso plano de governo. Estamos falando<br />

de políticas amplas e sistêmicas, para<br />

tratar de problemas complexos e multifacetados.<br />

De um lado temos a nossa imensa dívida<br />

social, especialmente nas periferias urbanas,<br />

gerando uma fonte contínua de motivações<br />

para nossos jovens se envolverem em atividades<br />

delituosas e com o tráfico de drogas. De<br />

outro lado, temos um sistema de justiça criminal<br />

desestruturado e ineficaz para lidar com a<br />

complexidade dos problemas que a realidade<br />

contemporânea nos propõe.<br />

Por isso, nossa proposta desenvolve enfoque<br />

abrangente, tendo em vista todo o ciclo de<br />

gestação da violência, evitando que jovens se<br />

envolvam com o crime. Tratará da (A) prevenção<br />

e das maneiras de evitar a ocorrência de<br />

delitos criminais; (B) impunidade no país, por<br />

meio de uma série de reformas legislativas;<br />

(C) inovações nas polícias, de forma a torná-<br />

-las mais modernas, eficientes e profissionais<br />

e; (D) problema prisional, que se tornou hoje<br />

um dos mais graves problemas de segurança<br />

pública.<br />

Para que tudo isto seja possível, devemos<br />

assegurar um fluxo contínuo e estável de financiamentos<br />

para estados e municípios por<br />

intermédio de diferentes fundos, sem contingenciamento<br />

e buscando amparar a realização<br />

deles a partir de apoio técnico e administrativo.<br />

A liderança federal, sempre que necessária,<br />

será firme e vigorosa, no sentido de assegurar<br />

continuidade nas ações de justiça, organizações<br />

e buscando adequar as leis para o efetivo<br />

controle da criminalidade.<br />

Há em quase todos os estados vários exemplos<br />

de iniciativas malsucedidas que buscaram introduzir<br />

estratégias inovadoras na segurança<br />

pública com base em planos rígidos que não<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


128<br />

CIDADANIA<br />

levavam em conta o conhecimento acumulado<br />

no âmbito das próprias instituições de segurança<br />

e justiça. Mas há, também, exemplos<br />

de iniciativas eficazes, construídas a partir da<br />

observação do cotidiano dessas instituições.<br />

É possível destacar algumas experiências que<br />

foram bem-sucedidas porque justamente respeitaram<br />

esse diálogo e o conhecimento técnico<br />

acumulado nas polícias. Entre as políticas<br />

mais importantes nessa linhagem, estão: 1) as<br />

ações das polícias paulistas contra os homicídios<br />

em São Paulo; 2) O programa Fica Vivo,<br />

de Minas Gerais; 3) as Unidades de Polícia<br />

Pacificadora no Rio de Janeiro. Essas experiências<br />

demonstram que é possível produzir<br />

mudanças nas instituições policiais de forma<br />

incremental. São experiências que mudaram<br />

modelos táticos e operacionais adotados pelas<br />

polícias, ou introduziram mudanças gerenciais<br />

transformadoras. Hoje o crime é uma ameaça<br />

real à sociedade brasileira, e as mudanças que<br />

estão produzindo resultados são aquelas que<br />

justamente levam em conta a visão daqueles<br />

que planejam e executam o policiamento.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


129<br />

CIDADANIA<br />

JUSTIÇA<br />

JUSTIÇA PARA TODOS<br />

A ADVOCACIA E A DEFENSORIA<br />

PÚBLICA<br />

Entendemos que o estado de direito, norteador<br />

de todas as nossas ações, se baseia em instituições<br />

fortes; é o caso da advocacia, inclusive a de<br />

Estado e a Defensoria Pública. Para garantir e<br />

tornar efetivo o direito fundamental ao acesso à<br />

justiça por todos os brasileiros, é urgente fortalecer<br />

e ampliar a Defensoria Pública da União,<br />

de modo a dotá-la de capilaridade para alcançar<br />

todos os cidadãos que dela necessitem.<br />

Importante também valorizar e fortalecer as<br />

carreiras da advocacia pública, relevante instrumento<br />

na defesa do Estado.<br />

O PODER JUDICIÁRIO<br />

No nosso governo o Ministério da Justiça e Segurança<br />

Pública deverá transformar a Secretaria<br />

de Reforma do Judiciário em Secretaria de<br />

Cooperação com o Judiciário e com o Ministério<br />

Público (relacionamento institucional para<br />

ajudar a garantir condições de trabalho e atuação).<br />

Entendemos que a Justiça deve ser rápida.<br />

Justiça lenta contribui para a impunidade<br />

e para a insegurança jurídica, assim é preciso<br />

buscar mais e novos mecanismos de celeridade,<br />

não podendo faltar recursos orçamentários<br />

para a informatização do Poder Judiciário, em<br />

todo e qualquer estado brasileiro.<br />

Hoje os gargalos da Justiça não estão mais<br />

nos Tribunais Superiores, mas na segunda e<br />

primeira instância, que precisa ser valorizada,<br />

informatizada e equipada. Será nosso compromisso<br />

a eliminação do gargalo estrutural,<br />

para tanto é preciso inovar com criatividade<br />

e profissionalismo. Nesse contexto estamos<br />

propondo as ações que se seguem: a) buscar<br />

dar estrutura para videoconferências; b) proporcionar<br />

mecanismos modernos de vigilância<br />

do preso (pulseiras eletrônicas, mais simples e<br />

baratas que celas e que evitam jogar condenados<br />

de menor periculosidade em penitenciárias<br />

desnecessariamente); c) aumentar a competência<br />

dos juizados especiais (os antigos e<br />

bem-sucedidos juizados de pequenas causas);<br />

d) ampliar o número de Juizados Especiais Federais<br />

e dar condições materiais para instalar<br />

os Juizados Estaduais da Fazenda Pública; e)<br />

aprimorar o sistema prisional, tornando-o mais<br />

seguro e capaz de reinserir o condenado na<br />

sociedade; f) compromisso de não contingenciar<br />

verbas da área penitenciária (como é feito<br />

sistematicamente hoje); g) criar mecanismos<br />

para tornar menos atrativos os recursos a partir<br />

do segundo grau e valorizar as penas alternati-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


130<br />

CIDADANIA<br />

vas, sobretudo a prestação de serviços à comunidade,<br />

com fiscalização efetiva e não meramente<br />

virtual; h) incentivar meios alternativos<br />

de solução de conflitos, pois a experiência prática<br />

mostra que os meios tradicionais não têm<br />

atendido à demanda crescente.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Garantia da efetivação do direito<br />

fundamental de acesso à Justiça<br />

por todos os brasileiros.<br />

▶ Fortalecimento e ampliação da<br />

Defensoria Pública da União, de<br />

modo a dotá-la de capilaridade<br />

para alcançar todos os cidadãos<br />

que dela necessitem.<br />

▶ O Ministério da Justiça e Segurança<br />

Pública deverá transformar a<br />

Secretaria de Reforma do Judiciário<br />

em Secretaria de Cooperação<br />

com o Judiciário e com o Ministério<br />

Público, determinando um relacionamento<br />

institucional que garanta<br />

condições de trabalho e atuação.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Aumentar a competência dos juizados<br />

especiais, os antigos e bem-sucedidos<br />

juizados de pequenas causas.<br />

▶ Ampliar o número de Juizados<br />

Especiais Federais e dar condições<br />

materiais para instalar os Juizados<br />

Estaduais da Fazenda Pública.<br />

▶ Criar mecanismos para tornar menos<br />

atrativos os recursos a partir do<br />

segundo grau e valorizar as penas<br />

alternativas, sobretudo a prestação<br />

de serviços à comunidade, com fiscalização<br />

efetiva e não meramente<br />

virtual.<br />

▶ Incentivar os meios alternativos<br />

de solução de conflitos, pois a experiência<br />

mostra que os meios tradicionais<br />

não têm atendido à demanda<br />

crescente.<br />

▶ Financiar a informatização do Poder<br />

Judiciário em todos os estados<br />

brasileiros.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


SEGURANÇA PÚBLICA<br />

131<br />

CIDADANIA<br />

PREVENINDO A VIOLÊNCIA E CONSTRUINDO<br />

A PAZ EM NOSSAS COMUNIDADES<br />

A redução do número absurdo de homicídios,<br />

especialmente entre os jovens, deve ser uma<br />

prioridade absoluta para o Governo Federal.<br />

Isso requer estratégias mais abrangentes que se<br />

iniciam no plano da prevenção e se estendem<br />

às organizações policiais, infraestrutura legislativa,<br />

bem como ao sistema prisional.<br />

Vamos tratar da dimensão da prevenção.<br />

PREVENÇÃO E POLÍTICAS<br />

SOCIAIS: A NECESSIDADE DE<br />

PROGRAMAS FOCALIZADOS<br />

Um dos grandes equívocos no universo das<br />

políticas públicas no Brasil é a crença de que<br />

quaisquer políticas sociais têm impacto sobre<br />

taxas de criminalidade. Análises de programas<br />

como o Bolsa Família, ou outros de natureza genérica<br />

e universal, mostram seu baixo impacto<br />

nas taxas de crime. O que se requer são políticas<br />

focalizadas e voltadas especificamente para<br />

as várias facetas da segurança pública.<br />

A ausência dessas políticas tem levado à destruição<br />

do futuro de várias gerações de brasileiros.<br />

O genocídio de jovens é uma de nossas<br />

maiores tragédias, especialmente os negros,<br />

pobres e moradores da periferia, onde ocorrem<br />

majoritariamente. Ao lado disso, temos a insegurança<br />

das ruas, em virtude dos crimes contra<br />

o patrimônio que atemorizam os cidadãos brasileiros<br />

e que se encontram em crescimento em<br />

todo o país.<br />

Não há outra maneira de se enfrentar essa tragédia<br />

que não a partir de um enfoque integral,<br />

envolvendo ações de diversas áreas, bem como<br />

a participação ativa de diversos atores.<br />

POR UM CONCEITO DE<br />

PREVENÇÃO INTEGRAL: CASAS DE<br />

JUSTIÇA E CIDADANIA<br />

Serão construídos centros de prevenção nas<br />

áreas mais críticas em termos de violência, nos<br />

grandes centros urbanos brasileiros. Esses edifícios<br />

centralizarão vários serviços para a prevenção<br />

do crime em áreas de alta violência, bem<br />

como para a repressão qualificada, por meio de<br />

policiamento ostensivo e atividades de investigação.<br />

As Casas serão construídas no meio das áreas<br />

de risco e financiadas pelo Governo Federal.<br />

Ali se fará a articulação de (a) estratégias de<br />

policiamento de proximidade, semelhante às<br />

UPPs, no qual policiais ficarão alocados 24 ho-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


132<br />

CIDADANIA<br />

ras por dia nesses locais; (b) projetos de desenvolvimento<br />

local, em que constarão ações de<br />

estímulo ao empreendedorismo, qualificação<br />

profissional, reinserção de egressos do sistema<br />

prisional; (c) programas de mediação de conflitos;<br />

(d) rede de acolhimento e proteção de<br />

jovens; (e) gestão para projetos de recuperação<br />

urbana mais urgentes que se façam necessários<br />

nessas áreas.<br />

Trata-se de uma maneira extremamente eficiente<br />

de restauração da ordem em áreas violentas<br />

e dominadas pelo tráfico e pelo crime<br />

organizado, por meio de ações conjugadas de<br />

polícia e de desenvolvimento social.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ A primeira grande meta para a segurança<br />

pública é a transformação<br />

do Ministério da Justiça em Ministério<br />

da Justiça e Segurança Pública.<br />

▶ O Governo Federal vai liderar, de<br />

forma firme e vigorosa, a articulação<br />

e a coordenação de ações nacionais<br />

de segurança pública.<br />

▶ Implementação de uma política<br />

nacional de segurança construída<br />

com estados e municípios e com<br />

ampla participação e controle da<br />

sociedade.<br />

▶ Implementar programas e ações<br />

para garantir a redução progressiva<br />

e continuada do número de jovens<br />

envolvidos em crimes.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Criar Casas de Justiça e Cidadania<br />

nas áreas mais críticas em termos<br />

de violência, nos centros urbanos.<br />

▶ Organizar a repressão qualificada<br />

por meio de policiamento ostensivo<br />

e atividades de investigação integradas<br />

às Casas de Justiça e Cidadania.<br />

▶ Apoiar projetos de educação e<br />

formação profissional em tempo<br />

integral nas áreas de maior vulnerabilidade<br />

em relação à segurança.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


133<br />

CIDADANIA<br />

▶ Articular e integrar a Política de<br />

Segurança Pública com o Sistema<br />

Único de Assistência Social – Suas.<br />

▶ Prevenir a violência por meio de<br />

programas de infraestrutura urbana<br />

nas zonas centrais e comerciais,<br />

com implantação de centros de<br />

cultura e convivência para jovens,<br />

bibliotecas e unidades de empreendedorismo<br />

local.<br />

▶ Implantar, em parceria com estados<br />

e municípios, programas de<br />

prevenção a acidentes de trânsito.<br />

▶ Definir estratégias de prevenção<br />

como grupos de mútua ajuda,<br />

oportunidades de estudo, qualificação<br />

e ocupação, bem como o aconselhamento<br />

e o monitoramento por<br />

voluntários.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


134<br />

CIDADANIA<br />

REFORMA DA INFRAESTRUTURA<br />

LEGISLATIVA, PENAL E PROCESSUAL<br />

UMA LEI QUE PROMOVA A PAZ E A JUSTIÇA<br />

CÓDIGO PENAL<br />

E PROCESSO PENAL<br />

Um dos problemas que causam mais indignação<br />

aos brasileiros é a impunidade. Vários<br />

tipos de crimes, especialmente contra o patrimônio,<br />

mas especialmente homicídios, têm<br />

uma baixíssima taxa de condenação e prisão.<br />

Isto termina gerando um paradoxo: temos prisões<br />

superlotadas de pessoas pobres e sem a<br />

mínima capacidade de mobilizar quaisquer recursos<br />

em sua defesa, mas, ao mesmo tempo,<br />

muitos delinquentes são presos e terminam<br />

soltos retornando a seus bairros e comunidades.<br />

Como isso ocorre?<br />

Não se trata apenas de uma questão legislativa,<br />

embora ela seja central. A construção<br />

da impunidade no Brasil se inicia já na fase<br />

policial, com investigações precárias ou que<br />

simplesmente não ocorrem na grande maioria<br />

dos crimes, na desarticulação das polícias, em<br />

que uma nem sempre dá seguimento ao que a<br />

outra está fazendo. O Ministério Público nem<br />

sempre oferece denúncias por problemas em<br />

relação ao inquérito policial. Muitas vezes,<br />

juízes aplicam uma série de benefícios e recursos,<br />

previstos em lei, que terminam retardando<br />

indefinidamente a aplicação das penas.<br />

Nosso Código Penal é de 1940 e não acompanhou<br />

as evoluções do crime do século XXI.<br />

Apenas em 2013 conseguimos tipificar o crime<br />

organizado (Lei 12.850/2013). Ainda não<br />

temos uma legislação adequada para graves<br />

crimes cometidos na internet, como a pedofilia,<br />

por exemplo. Mas não está no Código Penal<br />

a origem da impunidade. Pelo contrário,<br />

ele é muito rigoroso. O problema reside em<br />

alguns aspectos do Código de Processo Penal,<br />

que é de 1973.<br />

É importante destacar que já se encontra no<br />

Congresso um grande número de iniciativas<br />

e projetos de qualidade que serão resgatados<br />

pelo governo, que os apoiará de acordo com<br />

a prioridade no combate à impunidade. Já no<br />

início do governo, nos encarregaremos de enviar,<br />

para avaliação do Congresso, um conjunto<br />

de medidas legislativas e apoiar uma série<br />

delas que lá se encontram, inclusive a reforma<br />

do Código Penal.<br />

Mas existem deficiências que não são apenas<br />

de conteúdos legislativos, mas da forma como<br />

ainda funcionam nossos tribunais. Processos<br />

que abarrotam nossas cortes poderiam tramitar<br />

com muito mais agilidade, se lançássemos<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


135<br />

CIDADANIA<br />

mão de modernas tecnologias de manejo eletrônico<br />

de documentos, tais como o processo<br />

eletrônico, integrando-as também aos inquéritos<br />

policiais.<br />

No tocante à legislação, pretendemos racionalizar<br />

e simplificar a legislação como um todo,<br />

retomando a consolidação, abandonada nos<br />

últimos anos. Entendemos que é uma questão<br />

de cidadania consolidar e simplificar emaranhados<br />

legislativos.<br />

JOVENS E MEDIDAS<br />

SOCIOEDUCATIVAS<br />

Segundo os últimos levantamentos disponíveis,<br />

tínhamos em 2011 cerca de 19.595 menores<br />

cumprindo medida socioeducativa. Isto<br />

representa menos de 3% da população prisional<br />

adulta. Desses, a grande maioria encontra-se<br />

cumprindo medida socioeducativa por roubo<br />

(38,1%), tráfico (26,6%), homicídio (8,4%) e<br />

latrocínio (1,4%).<br />

A responsabilidade do Governo Federal para<br />

com esses jovens e com a sociedade leva à proposição<br />

de três tipos de medidas:<br />

1. um conjunto de medidas de prevenção para<br />

gerar oportunidades e alternativas que evitem<br />

o envolvimento desses jovens com a<br />

criminalidade;<br />

2. o Governo Federal deve colaborar na criação<br />

de condições dignas e eficazes para o<br />

cumprimento de medidas socioeducativas<br />

em ambiente adequado, que possa contribuir<br />

com sua efetiva ressocialização;<br />

3. defendemos a proposta de que os maiores<br />

de 16 anos, que cometam crimes gravíssimos<br />

como homicídio qualificado e estupro,<br />

devam, mediante pedido ao Ministério Público<br />

e aceito pelo juiz responsável, cumprir<br />

tempo maior de detenção.<br />

O Governo Federal investirá os recursos e garantirá<br />

o suporte necessário à implementação<br />

do Estatuto da Criança e do Adolescente, dando<br />

treinamento e qualificação necessária para<br />

os conselheiros tutelares, bem como criando<br />

as condições materiais para seu cumprimento.<br />

Outros projetos buscarão diminuir o envolvimento<br />

daqueles que já passaram pelo sistema<br />

socioeducativo.<br />

O projeto Reconstruindo o Futuro apoiará<br />

jovens que se encontram acautelados, para<br />

resistirem ao envolvimento com atividades<br />

criminosas quando retornarem às suas comunidades,<br />

buscando reduzir com isso a reincidência.<br />

Isso envolverá desde estratégias de<br />

prevenção à participação em grupos de mútua<br />

ajuda, oportunidades de estudo, qualificação<br />

e ocupação, até o aconselhamento e o monitoramento<br />

por voluntários. Com isto se espera<br />

reduzir a exposição deles a fatores de risco.<br />

No que se refere ao sistema prisional, queremos<br />

nos comprometer com o fim da prática de<br />

contingenciamento de verbas para o sistema<br />

como um todo e em particular para a construção<br />

de unidades de internação para adolescentes<br />

em conflito com a lei.<br />

Paralelamente às ações já citadas, pretendemos<br />

manter e implementar programas claros<br />

de prevenção e combate à violência de gênero,<br />

racial, em razão de orientação sexual, contra<br />

crianças, idosos e indígenas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


136<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ O Governo Federal vai investir os<br />

recursos e garantir o suporte necessário<br />

à implementação do Estatuto<br />

da Criança e do Adolescente.<br />

▶ Construção, em parceria com a<br />

Política de Infância, Educação e Direitos<br />

Humanos, de processos de<br />

capacitação e qualificação necessária<br />

para os Conselheiros Tutelares.<br />

▶ Apoio à PEC 33/2012, do senador<br />

Aloysio Nunes.<br />

▶ Propor um conjunto de medidas<br />

legislativas, elaboradas por grupos<br />

de juristas de excelência, a serem<br />

encaminhadas ao Parlamento, visando<br />

à qualificação dos diversos<br />

projetos relativos à Lei Processual<br />

Penal e à Lei de Execução Penal,<br />

para combater a impunidade.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Criar mecanismos de estímulo<br />

para estados que reduzirem a impunidade<br />

dos crimes violentos.<br />

▶ Aprimorar a legislação para combater<br />

os crimes de colarinho branco,<br />

promover a prevenção e a repressão<br />

à corrupção e à lavagem de dinheiro.<br />

Para isso é urgente desenvolver<br />

ações de capacitação de agentes<br />

públicos para atuar nessa área.<br />

▶ Definir o que é “organização criminosa”,<br />

pois a atual legislação menciona,<br />

mas não define o que seja.<br />

▶ Aprimorar e tornar efetiva a legislação<br />

sobre crimes ambientais, em<br />

especial no que se refere a uma melhor<br />

articulação dos entes da federação<br />

na matéria.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


POLÍCIAS BRASILEIRAS<br />

137<br />

CIDADANIA<br />

TRABALHADORES DA SEGURANÇA E DA PAZ<br />

AS REFORMAS DAS POLÍCIAS<br />

BRASILEIRAS<br />

Existem aspectos institucionais que devem ser<br />

ponderados numa ampla reforma da justiça<br />

criminal brasileira. Uma das mais importantes<br />

organizações são as polícias. Não obstante os<br />

esforços e o profissionalismo de nossos policiais,<br />

o atual modelo não está funcionando e<br />

requererá uma série de ações no sentido de<br />

tornar as atividades policiais mais efetivas.<br />

Uma das formas para reverter essa situação<br />

será o apoio à formação, em larga escala, de<br />

policiais que atuem dentro da perspectiva do<br />

policiamento comunitário. Policiais comunitários<br />

não devem ser unidades separadas no<br />

interior das polícias, mas todas as suas atividades<br />

devem se orientar para o público e em<br />

parceria com ele. Vamos formar, em larga escala,<br />

policiais comunitários a partir de cursos<br />

a distância e atividades presenciais.<br />

É clara a necessidade de desenvolvimento de<br />

mecanismos que permitam a integração e a<br />

articulação entre as diferentes forças policiais.<br />

Pretendemos desenvolver inovações gerenciais,<br />

tais como protocolos de atuação conjunta entre<br />

as polícias e outros órgãos da justiça criminal.<br />

Essa metodologia de integração das ações policiais<br />

já foi testada em Minas Gerais por meio do<br />

programa Integração da Gestão em Segurança<br />

Pública (Igesp).<br />

O combate ao crime passa pelo maior empenho<br />

do Governo Federal na segurança pública,<br />

como no controle das fronteiras, portos e<br />

aeroportos, área em que pretendemos fortalecer<br />

a ação da Polícia Federal especialmente<br />

em relação ao contrabando, tráfico de armas<br />

e drogas. O combate aos crimes de colarinho<br />

branco, a prevenção e a repressão à corrupção<br />

e à lavagem de dinheiro necessitam urgentemente<br />

de ações de capacitação de agentes<br />

públicos para prevenir e reprimir esse tipo de<br />

delito. Nesse campo precisamos também que<br />

a lei defina o que é “organização criminosa”,<br />

pois a atual legislação menciona, mas não define,<br />

o que vem inibindo o combate efetivo a<br />

esse tipo de crime.<br />

CRIAÇÃO DE CENTROS DE<br />

INTELIGÊNCIA POLICIAL<br />

INTEGRADA<br />

O nosso governo implantará centros de análise<br />

criminal nos grandes centros urbanos do país.<br />

Eles serão implantados em municípios de médio<br />

e grande porte pelo Governo Federal, que<br />

se encarregará de: (a) fornecer equipamentos,<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


138<br />

CIDADANIA<br />

softwares e computadores; (b) treinamento e<br />

qualificação de analistas criminais, que se encarregarão<br />

da análise de dados criminais e de<br />

investigação; (c) preparar a utilização de mapas<br />

com os dados criminais. Com isso, espera-se<br />

promover maior segurança para a população,<br />

aumentando a inteligência da ação policial e<br />

permitindo um planejamento focalizado para<br />

as áreas de maior criminalidade.<br />

CRIAÇÃO DE UNIDADES DE<br />

REPRESSÃO A CRIMINOSOS<br />

CONTUMAZES<br />

Trata-se de apoiar a criação de unidades de<br />

monitoramento de delinquentes violentos, reincidentes<br />

e recorrentes, focalizando especialmente<br />

a ação de criminosos contumazes, que<br />

serão objeto de atenção especial e integrada<br />

por parte das polícias.<br />

Sabe-se que poucos criminosos cometem muitos<br />

crimes e são responsáveis pela maioria das<br />

ações criminosas. Da mesma maneira, poucos<br />

locais das cidades concentram um grande número<br />

de crimes. O objetivo será focar as ações<br />

nesses locais e criminosos.<br />

Toda polícia dos grandes centros terá uma<br />

unidade especialmente dedicada ao monitoramento<br />

de criminosos reincidentes, como<br />

parte de suas atividades de inteligência. Haverá<br />

softwares de monitoramento de grupos e<br />

atividades criminosas, com policiais treinados<br />

especificamente para a repressão desse tipo<br />

de crimes.<br />

Essas unidades poderão ser compostas de policiais<br />

de várias origens e atuarão em estreita<br />

conexão com os setores de inteligência das<br />

polícias.<br />

Vamos introduzir inovações gerenciais que visem:<br />

(a) integrar e unificar as ações das polícias<br />

brasileiras e; (b) introduzir mecanismos<br />

de incentivos com base em resultados por<br />

meio de:<br />

• fundo de valorização da polícia;<br />

• criação de metas para receber recursos do<br />

fundo;<br />

• publicidade das metas e resultados;<br />

• inovações organizacionais para atuação nas<br />

áreas metropolitanas;<br />

• sistemas unificados de informação, que incluam<br />

métodos de coleta, registro, processamento<br />

e compartilhamento de informação.<br />

As informações serão utilizadas como instrumentos<br />

de planejamento operacional das<br />

polícias, bem como de transparência de suas<br />

atividades;<br />

• homicídios contra policiais devem ter suas<br />

penas agravadas;<br />

• apoio e ampliação das Polícias Federais;<br />

• apoio às investigações com base científica,<br />

utilizando-se de modernas ferramentas de<br />

gestão e experiências de excelência das delegacias<br />

brasileiras.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


139<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Apoio à formação, em larga escala,<br />

de policiais que atuem dentro da<br />

perspectiva do policiamento comunitário.<br />

▶ Ampliação da efetividade do trabalho<br />

dos policiais, propiciando infraestrutura<br />

e equipamentos que<br />

permitam investigações com base<br />

científica, utilizando-se de modernas<br />

ferramentas de gestão e experiências<br />

de excelência das delegacias<br />

brasileiras.<br />

▶ Apoio, ampliação e melhoria das<br />

condições de trabalho da Polícia<br />

Federal.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Desenvolver inovações gerenciais<br />

como protocolos de atuação conjunta<br />

entre as polícias e outros órgãos<br />

da justiça criminal.<br />

▶ Fortalecer e ampliar programas de<br />

formação de policiais comunitários.<br />

▶ Criar centros de inteligência policial<br />

integrada nos grandes centros,<br />

com o apoio do governo para equipamentos,<br />

softwares e computadores;<br />

treinamento e qualificação de<br />

analistas criminais, que se encarregarão<br />

da análise de dados criminais<br />

e de investigação.<br />

▶ Criar unidades de repressão a criminosos<br />

contumazes. São unidades<br />

de monitoramento de delinquentes<br />

violentos, reincidentes e recorrentes,<br />

focalizando especialmente a<br />

ação desses criminosos, que serão<br />

objeto de atenção especial e integrada<br />

por parte das polícias.<br />

▶ Criar um fundo de valorização da<br />

polícia e estabelecer metas para<br />

acessar recursos do fundo.<br />

▶ Propor inovações organizacionais<br />

para atuação nas áreas metropolitanas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


140<br />

CIDADANIA<br />

▶ Implantar sistemas unificados de<br />

informação, que incluam métodos<br />

de coleta, registro, processamento<br />

e compartilhamento de informação.<br />

▶ Apoiar as inovações gerenciais<br />

que visem integrar e otimizar as<br />

ações das polícias brasileiras, bem<br />

como introduzir mecanismos de incentivos<br />

com base em resultados.<br />

▶ Criar o Programa Polícia na Rua<br />

para garantir que 50 mil policiais que<br />

hoje desempenham funções administrativas<br />

voltem a atuar nas ruas.<br />

▶ Apoiar a implementação de sistemas<br />

unificados de informação, que<br />

incluam métodos de coleta, registro,<br />

processamento e compartilhamento<br />

de informações.<br />

▶ Apoiar as investigações com base<br />

científica, utilizando modernas ferramentas<br />

de gestão e experiências<br />

de excelência das delegacias brasileiras<br />

e novas tecnologias existentes<br />

em nível nacional e internacional.<br />

▶ Propor aumento da pena para<br />

os crimes de violência ou ameaça<br />

praticados contra agentes públicos<br />

que tenham função na política de<br />

segurança: policiais, juízes, promotores<br />

e agentes prisionais.<br />

▶ Fortalecer a Polícia Federal e dar a<br />

total garantia de que suas ações tenham<br />

autonomia e independência.<br />

▶ Estabelecer políticas eficazes de<br />

combate à violência e à impunidade,<br />

com especial ênfase nos crimes<br />

violentos.<br />

▶ Prevenir e reprimir o contrabando,<br />

o tráfico de drogas e de armas<br />

e a lavagem de dinheiro.<br />

▶ Estimular o policiamento em áreas<br />

de intensa criminalidade, por meio<br />

do fornecimento de metodologia e<br />

treinamento adequados.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


SISTEMA PRISIONAL<br />

141<br />

CIDADANIA<br />

ESPAÇO DE JUSTIÇA E NÃO DE VINGANÇA<br />

A CRISE DO SISTEMA PRISIONAL<br />

Um dos pontos centrais de nossa crise na área<br />

de segurança é o sistema prisional. Prendemos<br />

muito quantitativamente, mas prendemos<br />

mal qualitativamente. O Brasil tinha, em<br />

2014, 563.526 presos no sistema penitenciário.<br />

Temos a quarta maior população prisional<br />

do mundo, atrás apenas de EUA (2.228.424);<br />

China (1.701.344) e Rússia (676.400). São 358<br />

presos para cada grupo de 100 mil habitantes,<br />

enquanto o México tem 212; África do Sul, 294;<br />

e Argentina, 149. Se somarmos a essa população<br />

as cerca de 148 mil pessoas que cumprem<br />

pena em prisão domiciliar, teremos um total de<br />

711.463. As condições carcerárias são precárias,<br />

e pouco tem sido feito para minimizar esse problema.<br />

O número de vagas no sistema penitenciário<br />

no Brasil em 2014 é de fato de 357.219.<br />

Os restantes 206.307, são o déficit do número<br />

de vagas, e que se constituem no contingente<br />

que compõe a superpopulação prisional. Esse<br />

tem sido um dos maiores ingredientes das sucessivas<br />

e violentas revoltas dentro do sistema<br />

a que temos assistido nos estados. No geral, temos<br />

1,7 preso por vaga no sistema prisional.<br />

Se adicionarmos a esses números a quantidade<br />

de pessoas com mandado de prisão em<br />

aberto no Cadastro Nacional de Mandado de<br />

Prisão, que é de 373.991, teríamos um déficit<br />

de 580.298. No entanto, o atual governo tem<br />

optado por fechar os olhos para esse problema,<br />

e assistir à grave convulsão social nos presídios<br />

como se o problema não fosse de sua alçada.<br />

Pelo contrário, optou por contingenciar o Fundo<br />

Penitenciário. Apenas no ano de 2011, dos<br />

R$ 270 milhões disponíveis, foram contingenciados<br />

R$ 148 milhões, o que daria para abrir<br />

3.379 vagas no sistema. Mas isto é muito pouco<br />

diante do enorme déficit que temos.<br />

Utilizaremos o instrumento das PPPs para suprir<br />

parte dessas vagas em parceria com o setor<br />

privado e utilizar formas mais eficientes de<br />

cumprimento de penas, tais como:<br />

• Associação de Assistência e Proteção aos<br />

Condenados (Apac);<br />

• uso de formas alternativas;<br />

• monitoramento eletrônico.<br />

Vamos ampliar e desenvolver sistemas de informações<br />

gerenciais adequados para a população<br />

prisional, permitindo separar presos de menor<br />

periculosidade que podem cumprir penas alternativas,<br />

tais como o uso de tornozeleiras eletrônicas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


142<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Não contingenciar os recursos do<br />

Fundo Penitenciário.<br />

▶ Reestruturar o sistema penitenciário<br />

no Brasil com apoio do Ministério<br />

da Justiça e Segurança Pública.<br />

▶ Utilizar mecanismos de Parceria<br />

Público-Privada (PPP), para abrir<br />

vagas e adotar formas alternativas,<br />

como o modelo Apac e monitoramentos<br />

eletrônicos, para presos de<br />

menor periculosidade.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Aprimorar o sistema prisional, tornando-o<br />

mais seguro e capaz de reinserir<br />

o condenado na sociedade,<br />

atuando com ações de educação,<br />

saúde, trabalho e garantindo atenção<br />

às famílias dos presos.<br />

▶ Criar o Programa Mutirão Penitenciário<br />

para identificar todos os<br />

prisioneiros que já cumpriram pena,<br />

mas continuam nos presídios devido<br />

à morosidade dos processos.<br />

▶ Ampliar e desenvolver sistemas<br />

de informações gerenciais adequados<br />

para a população prisional, permitindo<br />

separar presos de menor<br />

periculosidade, que podem cumprir<br />

penas alternativas ou utilizar tornozeleiras<br />

ou pulseiras eletrônicas e<br />

minorar o problema da superpopulação<br />

prisional.<br />

▶ Criar o Programa Agentes da Liberdade,<br />

em parceria com os estados,<br />

para que os egressos do sistema<br />

penitenciário sejam apoiados<br />

nos primeiros seis meses de retorno<br />

ao convívio social e possam ter<br />

apoio no encontro de trabalho e escolaridade.<br />

▶ Criar projeto de apoio aos jovens<br />

que retornam a suas famílias após<br />

o cumprimento de medidas socioeducativas.<br />

▶ Criar novas prisões federais, de<br />

forma a abrigar especialmente as<br />

lideranças do crime organizado.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


143<br />

CIDADANIA<br />

CONTROLE DO USO DE DROGAS<br />

UM DOS NOSSOS MAIS GRAVES PROBLEMAS<br />

A droga se transformou num dos mais graves<br />

problemas no Brasil. O crack, a droga mais perigosa<br />

da atualidade, rompeu os limites geográficos<br />

e sociais, invadiu o interior do país. Deste<br />

modo, esse tema deve ter uma abordagem mais<br />

abrangente, integrando políticas públicas de<br />

saúde, segurança pública e assistência social.<br />

A droga não é mais um problema apenas do<br />

usuário, mas, hoje, toda a sociedade brasileira<br />

precisa criar uma forte aliança que garanta um<br />

novo momento no país sobre uma tragédia social<br />

que se consolida em grande parte das famílias<br />

brasileiras.<br />

Um de nossos desafios é definir uma nova norma<br />

operacional, estrutural e rever as competências<br />

de atuação da Secretaria Nacional de<br />

Políticas sobre Drogas. A Senad não pode continuar<br />

a trabalhar de forma isolada. Ela deve<br />

facilitar estratégias de articulação, integração e<br />

transversalização das políticas setoriais de educação,<br />

assistência social, juventude, direitos humanos,<br />

saúde e segurança pública vinculadas<br />

à temática.<br />

Além disso, é necessário o reconhecimento de<br />

que o crack é um problema crônico de saúde<br />

pública.<br />

Da mesma forma, a política de saúde deve atuar<br />

de forma direta para a organização da rede de<br />

cuidados em álcool e drogas na estrutura do Sistema<br />

Único de Saúde.<br />

É importante reestruturar o Conselho Nacional<br />

de Políticas sobre Drogas, fortalecendo sua atuação<br />

e capacidade decisória. Temos que ampliar<br />

a participação da sociedade civil no combate ao<br />

uso de drogas.<br />

É necessária a desburocratização e a reformulação,<br />

em parceria com os estados, Judiciário e<br />

Ministério Público, das ações de arrecadação e<br />

destinação de bens e veículos apreendidos em<br />

decorrência do crime de tráfico de drogas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


144<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Convocação imediata da I Conferência<br />

Nacional de Políticas sobre<br />

Drogas, com etapas municipais e<br />

estaduais, promovendo um amplo<br />

debate nacional sobre as questões<br />

relacionadas à temática com o objetivo<br />

de redefinir as prioridades do<br />

governo.<br />

▶ Reestruturação do Observatório<br />

Brasileiro de Informações sobre<br />

Drogas, Obid.<br />

▶ Apoio aos estados e capitais na<br />

implantação de seus próprios observatórios,<br />

que deverão estar integrados,<br />

permitindo a sistematização<br />

e a divulgação de informações.<br />

▶ Implantação do programa Rede<br />

Complementar de Serviços, integrando<br />

ações de estados e municípios,<br />

articulando os mecanismos<br />

de apoio às comunidades terapêuticas,<br />

grupos de mútua ajuda, ações<br />

desenvolvidas por pastorais sociais<br />

e outras tecnologias comunitárias.<br />

▶ Revisão e flexibilização dos critérios<br />

para implantação de serviços<br />

da rede de atenção psicossocial em<br />

álcool e outras drogas, permitindo<br />

aos municípios de pequeno e médio<br />

porte o acesso a incentivos.<br />

▶ Instituição de política de incentivo<br />

e apoio para ampliar a oferta de<br />

centros de atenção psicossocial a<br />

usuários de álcool e drogas, permitindo<br />

ações de promoção e prevenção,<br />

de assistência e de inserção<br />

social para dependentes químicos<br />

e seus familiares.<br />

▶ Revisão imediata da tabela de financiamento<br />

da rede de atenção<br />

psicossocial, em especial os recursos<br />

destinados aos Caps-AD, ampliando<br />

a participação do Governo<br />

Federal nas ações de custeio e atividades<br />

de qualificação dos profissionais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


145<br />

CIDADANIA<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Criar a Rede Brasil de Pesquisa e<br />

Ensino em álcool e outras drogas,<br />

em parceria com entidades e segmentos<br />

da sociedade científica.<br />

▶ Realizar, com estados e municípios,<br />

o censo da rede de tratamento<br />

de dependência química.<br />

▶ Identificar os pontos mais vulneráveis<br />

de uso de drogas no Brasil,<br />

garantindo apoio aos estados e<br />

municípios para transformar esses<br />

pontos em áreas livres de drogas.<br />

▶ Desenvolver programa nacional de<br />

prevenção ao uso abusivo de álcool<br />

e outras drogas, em parceria com<br />

estados, municípios, empresas privadas<br />

e entidades do terceiro setor.<br />

▶ Apoiar comunidades terapêuticas<br />

e instituições afins, oferecendo<br />

estratégias de capacitação continuada<br />

para técnicos, voluntários<br />

e profissionais e a destinação<br />

de equipamentos e recursos para<br />

adaptação, ampliação e melhoria<br />

da infraestrutura de atendimento<br />

das entidades.<br />

▶ Apoiar a implantação de novos<br />

serviços, tais como repúblicas, unidades<br />

de permanência dia, serviços<br />

ambulatoriais especializados e outros,<br />

como medida de diversificação<br />

das abordagens e serviços.<br />

▶ Criar leitos no Sistema Único de<br />

Saúde para tratamento de dependentes<br />

químicos.<br />

▶ Implantar programa nacional de<br />

apoio aos familiares de usuários dependentes<br />

de álcool e outras drogas,<br />

em articulação com as entidades<br />

da sociedade civil.<br />

▶ Combater e reprimir a entrada de<br />

drogas no Brasil com fortalecimento<br />

da vigilância de fronteiras, aeroportos<br />

e portos.<br />

▶ Implantação de um programa nacional<br />

de apoio para reinserção social<br />

e produtiva de dependentes de<br />

álcool e outras drogas em articulação<br />

com as políticas de trabalho,<br />

qualificação profissional e Sistemas<br />

S (Sesi, Senai, Senar, Sesc, Senat e<br />

Senac).<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


146<br />

CIDADANIA<br />

TRABALHO E RENDA<br />

Não existirá inclusão social sustentável se os<br />

brasileiros não tiverem acesso ao trabalho ou a<br />

programas de geração de renda.<br />

As políticas sociais e a educação devem ser<br />

aliadas de forma permanente para que todo<br />

brasileiro tenha reais condições de buscar e<br />

conseguir um emprego ou ingressar em um<br />

programa de geração de renda.<br />

O trabalho precisa ser compreendido como<br />

um direito do brasileiro que deve ser acessado<br />

pelos caminhos formais, de maneira a garantir<br />

a todos os benefícios estabelecidos pela legislação<br />

brasileira.<br />

Da mesma forma que a Consolidação das Leis<br />

Trabalhistas veio apoiar o polo mais fraco das<br />

relações de trabalho, o Código de Defesa do<br />

Consumidor veio garantir direitos e reduzir a<br />

assimetria nas relações de mercado para quem<br />

consome. Avançamos muito desde a sua criação,<br />

mas há ainda um longo caminho a percorrer<br />

para o estabelecimento de novos patamares<br />

de atendimento ao consumidor e na agilidade<br />

de solução dos conflitos.<br />

A proteção do consumidor é a proteção do cidadão<br />

que trabalha, que gera renda, que produz<br />

sonhos e que consome.<br />

O Brasil está muito atrasado na defesa de seu<br />

consumidor, que antes de tudo é o trabalhador<br />

brasileiro que faz o dia a dia do país.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


147<br />

CIDADANIA<br />

TRABALHO E EMPREENDEDORISMO<br />

A INCLUSÃO SUSTENTÁVEL<br />

A mais profunda tradução da inclusão social<br />

se dá no acesso sustentável ao trabalho.<br />

Embora o país tenha apresentando taxas de<br />

desemprego relativamente satisfatórias nos últimos<br />

anos, o mundo do trabalho formal ainda<br />

está distante de muitos brasileiros. Além disso,<br />

nos últimos meses, o baixo dinamismo da<br />

economia brasileira vem produzindo impactos<br />

sobre a oferta de emprego.<br />

Para além dos problemas de oferta de empregos<br />

ou de oportunidades de uma atividade<br />

produtiva, que estão vinculados à dinâmica e<br />

à conjuntura econômica, os mais graves problemas<br />

encontram-se nos históricos hiatos da<br />

educação no país.<br />

O Brasil ainda convive com enormes vazios no<br />

campo do acesso ao trabalho, sobretudo pela<br />

baixa escolaridade e ausência de formação dos<br />

brasileiros em idade de trabalhar.<br />

O mercado de trabalho brasileiro vem passando<br />

por profundas transformações estruturais<br />

nas últimas décadas e é fundamental definir<br />

um rumo seguro para que não haja uma perigosa<br />

estagnação no desenvolvimento de postos<br />

de trabalho.<br />

Um Brasil de oportunidades deve ser parceiro<br />

daqueles que buscam empreender e acolher<br />

todos que aceitam o desafio de construir novas<br />

formas de renda e empregabilidade.<br />

O mercado de trabalho precisa se articular de<br />

forma consistente com o crescimento econômico<br />

do século XXI e, no caso brasileiro, enfrentar<br />

o baixo crescimento da economia.<br />

É necessário ampliar o emprego formal no Brasil<br />

e aumentar o número de postos de trabalho<br />

de forma continuada, com atenção especial<br />

aos grupos demográficos com baixa participação<br />

no mercado de trabalho (jovens, pessoas<br />

com mais de cinquenta anos e mulheres).<br />

O Brasil tem uma agenda social complexa e<br />

histórica. Chegou a hora de construirmos uma<br />

agenda de trabalho para que de fato a inclusão<br />

social seja sustentável.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


148<br />

CIDADANIA<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Fomento à criação de empregos<br />

formais de qualidade, com a garantia<br />

de todos os direitos trabalhistas.<br />

▶ Continuidade da política de ganhos<br />

reais do salário mínimo.<br />

▶ Reversão da tendência de diminuição<br />

dos recursos do Fundo de<br />

Amparo ao Trabalhador (FAT) destinados<br />

para a capacitação de trabalhadores,<br />

mediante recuperação<br />

e reorganização desse Fundo.<br />

▶ Combate permanente e repressão<br />

ao trabalho escravo e degradante.<br />

▶ Combate permanente e integrado<br />

ao trabalho infantil, sobretudo<br />

doméstico.<br />

▶ Combate e repressão aos exploradores<br />

de trabalhadores imigrantes.<br />

▶ Garantia de regularização dos trabalhadores<br />

rurais.<br />

▶ Promoção da segurança jurídica<br />

ao empreendedor.<br />

▶ Reconhecimento do fundamental<br />

papel dos sindicatos dos trabalhadores<br />

na construção de direitos humanos,<br />

sociais e trabalhistas.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Apoiar o associativismo e o cooperativismo,<br />

como instrumentos de<br />

geração de renda e oportunidades.<br />

▶ Estimular os arranjos produtivos<br />

locais, para a geração de empregos<br />

de qualidade.<br />

▶ Apoiar projetos locais de geração<br />

de renda, em articulação com estados<br />

e municípios.<br />

▶ Criar prêmio, por setor, e com visibilidade<br />

nacional, para empresas que<br />

reduzirem os acidentes de trabalho.<br />

▶ Ampliar programas de estímulo<br />

ao aumento da escolaridade do trabalhador.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


149<br />

CIDADANIA<br />

▶ Estimular a criação de novas formas<br />

de trabalho e renda para os<br />

trabalhadores aposentados que<br />

queiram continuar em atividade.<br />

▶ Apoiar os microempreendedores<br />

individuais, garantindo a expansão<br />

dessa modalidade, aumentando a<br />

formalização e instituição de espaços<br />

plurais para a sua formação.<br />

▶ Estimular o trabalho artesanal, em<br />

articulação com as políticas de cultura<br />

e turismo.<br />

▶ Estimular as empresas para que<br />

promovam, junto a seus empregados,<br />

programas de qualidade total e<br />

de inovações voltados à solução de<br />

problemas, melhoria de processos,<br />

segurança no trabalho e aumento<br />

da produtividade.<br />

▶ Ampliar os programas governamentais<br />

de apoio ao empreendedorismo.<br />

▶ Estruturar programa, articulado<br />

com as políticas de assistência social<br />

e educação, de busca ativa da<br />

população adulta em situação de<br />

desocupação.<br />

▶ Criar uma nova agenda do trabalho<br />

no Brasil com foco na população<br />

em idade de trabalho desempregada<br />

ou desocupada.<br />

▶ Fortalecer movimentos de escolarização<br />

para os desempregados<br />

e desocupados a partir de ampla<br />

participação da sociedade, empresas<br />

e movimentos sociais.<br />

▶ Reformar o Portal do Empreendedor,<br />

que possui baixa amplitude<br />

de serviços e informações, de forma<br />

a apresentar as ações articuladas<br />

do governo e órgãos parceiros<br />

e os serviços para a promoção do<br />

empreendedorismo, desburocratizando<br />

o diálogo e reduzindo processos.<br />

▶ Criar o Programa Brasil Descomplicado,<br />

por meio de ações coordenadas<br />

com os diversos órgãos do<br />

governo, com vistas a acelerar o<br />

tempo de abertura e fechamento<br />

de empresas.<br />

▶ Criar o Conselho Nacional de Empreendedorismo,<br />

para debate permanente<br />

sobre as oportunidades e dificuldades<br />

de se empreender no país e<br />

a deliberação de medidas e propostas<br />

para a redução do custo Brasil.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


150<br />

CIDADANIA<br />

▶ Fomentar a participação de micro<br />

e pequenas empresas nas compras<br />

governamentais para a geração de<br />

empregos locais.<br />

▶ Fortalecer o Sebrae para ampliar<br />

medidas específicas voltadas para<br />

o empreendedorismo.<br />

▶ Promover a formação continuada<br />

de servidores públicos especialistas<br />

em mediação trabalhista.<br />

▶ Criar agendas de melhorias da segurança<br />

do trabalhador e das condições<br />

do trabalho.<br />

▶ Criar programas específicos de<br />

formação e qualificação profissional,<br />

direcionados para as distintas<br />

faixas etárias, visando incorporá-<br />

-los ao mercado formal de trabalho,<br />

com especial atenção àqueles que<br />

recebem o seguro-desemprego.<br />

▶ Criar linhas estratégicas de fomento<br />

à economia solidária.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


151<br />

CIDADANIA<br />

DIREITOS DO CONSUMIDOR<br />

E DEFESA DA CONCORRÊNCIA<br />

PROTEGER O CONSUMIDOR É PROTEGER O CIDADÃO<br />

Entre os direitos de cidadania está a defesa<br />

do consumidor, direito especialmente relevante<br />

em uma economia de mercado. Proteger o<br />

consumidor é proteger o cidadão. Do ponto<br />

de vista constitucional, a proteção do consumidor<br />

tem como fundamento os artigos 5º, inciso<br />

XXXII, e art. 170 da Constituição Federal.<br />

Na sociedade contemporânea a relação entre<br />

os fornecedores e os consumidores é marcada<br />

pela vulnerabilidade do consumidor, e sua<br />

proteção tem como finalidade última o equilíbrio<br />

das relações de consumo.<br />

Quando o Governo Fernando Henrique conseguiu<br />

estabilizar a economia e acabar com a<br />

inflação, nos anos 90, tornou-se possível começar<br />

a efetivamente proteger os consumidores.<br />

E foi nesse contexto que se buscou implementar<br />

o Código de Defesa do Consumidor.<br />

Trata-se de uma lei moderna, elogiada em<br />

todo o mundo, que trouxe dignidade aos consumidores<br />

brasileiros. Está na hora de enfrentar<br />

os novos desafios que sugiram nos últimos<br />

anos e em função deles atualizar o Código de<br />

Defesa do Consumidor. Entre esses desafios<br />

podemos nos referir ao superendividamento<br />

dos consumidores, ao comércio por meio da<br />

internet e o consumo sustentável. Quanto a<br />

esse último tema, a área que tratar da defesa<br />

do consumidor deve atuar em conjunto com o<br />

Ministério do Meio Ambiente. De nada adianta<br />

um órgão do governo atuar em temas importantes<br />

como esse sem que os outros setores<br />

governamentais atuem de forma conjunta. O<br />

melhor exemplo que pode ser dado diz respeito<br />

à política nacional de resíduos sólidos: esse<br />

tema deve ser enfrentado de forma a articular<br />

e potencializar as ações de todas as esferas do<br />

governo. Tal atuação se inicia com políticas<br />

que incentivem padrões de produção sustentáveis<br />

e vai até a ideia de educar os consumidores<br />

para o consumo sustentável.<br />

Um tema que não é novo, mas que merecerá<br />

toda a atenção, é a proteção da saúde e a segurança<br />

dos consumidores. Os acidentes com<br />

produtos e serviços têm aumentado de forma<br />

importante e é preciso que tenhamos políticas<br />

integradas entre diversos órgãos públicos para<br />

o combate preventivo a tais acidentes. De nada<br />

adianta investir em regimes reparatórios de direitos<br />

quando se trata de saúde e segurança.<br />

O essencial é prevenir os danos e garantir que<br />

todos possam consumir com tranquilidade.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


152<br />

CIDADANIA<br />

Outra prioridade será a educação para o consumo,<br />

pois não devemos esquecer que o consumidor<br />

também deve ter seus interesses<br />

econômicos protegidos. A vida das famílias<br />

brasileiras não está fácil e é prioritário defender<br />

os orçamentos familiares. Para tanto, devem<br />

ser organizados cursos e seminários de<br />

educação financeira para os consumidores.<br />

Utilizar os recursos de forma adequada é um<br />

processo que exige conhecimento especializado.<br />

Mas é imprescindível que o Governo<br />

Federal atue nesse tema, estabelecendo ações<br />

voltadas à disseminação dos direitos do consumidor<br />

em todas as fases da educação formal,<br />

desde a pré-escola até o ensino superior.<br />

Mas a defesa do consumidor não deve ser feita<br />

apenas por um órgão central. Ela deve ser<br />

fruto de uma teia de entidades e associações<br />

coordenadas pelo Governo Federal. É por<br />

conta disto que a prioridade do futuro governo<br />

será instituir plenamente o sistema nacional<br />

de defesa do consumidor, de forma a potencializar<br />

as ações de âmbito estaduais e municipais,<br />

bem como da sociedade civil organizada.<br />

Cabe, em especial, ao Governo Federal<br />

centralizar e coordenar as ações desse sistema<br />

nacional. E todos têm um papel relevante a<br />

cumprir: Procons estaduais e municipais, associações<br />

civis, Ministério Público do Consumidor,<br />

juizados especiais, defensorias etc.<br />

Do ponto de vista da estrutura federal, é importante<br />

que a área do consumidor mantenha,<br />

pelo menos, o status de uma secretaria nacional.<br />

Assim, é essencial que a atual Secretaria<br />

Nacional do Consumidor (Senacon) seja estruturada<br />

para poder dar conta de seu papel<br />

de articulador do sistema nacional. Entre suas<br />

atribuições deve ser dado destaque às reclamações<br />

contra os serviços públicos concedidos<br />

e autorizados, por exemplo, os serviços de<br />

telefonia e das operadoras de planos de saúde.<br />

Não é mais possível que na segunda década<br />

do século XXI os consumidores continuem a<br />

enfrentar problemas que poderiam ter sido solucionados<br />

há muito tempo.<br />

A atuação do órgão federal central de defesa<br />

dos consumidores deve se pautar em duas<br />

frentes: em uma, abrir um diálogo com o setor<br />

empresarial interessado em aprimorar a proteção<br />

dos consumidores de seus produtos, buscando<br />

um equilíbrio nas relações de consumo;<br />

e, em outra, punir aqueles fornecedores que<br />

insistam em desrespeitar os consumidores.<br />

Sempre que for possível, o diálogo é a prioridade.<br />

Na impossibilidade, o Governo Federal<br />

não deve abrir mão de seu papel de defender<br />

os consumidores.<br />

Não podemos esquecer que as políticas públicas<br />

de defesa do consumidor devem sempre<br />

vir acompanhadas do estímulo à livre concorrência,<br />

impedindo práticas abusivas. É impossível<br />

defender os consumidores sem que<br />

exista uma estrutura federal competente que<br />

proteja a concorrência. A experiência internacional<br />

demonstra que a defesa do consumidor<br />

passa necessariamente por um forte combate<br />

às “posições dominantes”, que prejudicam a<br />

concorrência que deve existir no mercado.<br />

Enfim, se todos somos consumidores e muitos<br />

estamos em posição de vulnerabilidade no<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


153<br />

CIDADANIA<br />

mercado de consumo, a proteção dos consumidores<br />

é condição para o exercício da cidadania.<br />

E o Governo Federal deve ter uma estrutura<br />

condizente com o dever constitucional de<br />

proteger os consumidores.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Fortalecimento do sistema nacional<br />

de defesa do consumidor.<br />

▶ Fortalecimento das entidades civis<br />

que promovam a defesa do consumidor.<br />

▶ Manutenção e aprimoramento do<br />

Plano Nacional de Consumo e Cidadania<br />

– Plandec como uma forma<br />

de garantir a articulação interna<br />

das ações do Governo Federal em<br />

prol da defesa dos consumidores.<br />

▶ Incentivo e apoio à criação e manutenção<br />

de sistemas estaduais de<br />

defesa do consumidor.<br />

▶ Apoio para integração e fortalecimento<br />

das estruturas públicas de<br />

monitoramento de risco de produtos<br />

e serviços.<br />

▶ Apoio integral para a organização<br />

das informações das bases de dados<br />

de órgãos e entidades públicos<br />

em todas as esferas de governo, relacionados<br />

a acidentes de consumo.<br />

▶ Melhoria do sistema regulatório<br />

nacional de forma a garantir transparência<br />

nas ações governamentais,<br />

prestação de contas acessíveis<br />

aos consumidores, bem como proteção<br />

a seus direitos.<br />

▶ Articulação das ações dos órgãos<br />

de defesa do consumidor com os<br />

órgãos de defesa da concorrência.<br />

▶ Promoção de políticas públicas<br />

para a definição de padrões de produção<br />

e consumo sustentáveis.<br />

▶ Responsabilização dos fornecedores<br />

pelo recolhimento de resíduos<br />

decorrentes de produtos e<br />

serviços colocados no mercado de<br />

consumo.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


154<br />

CIDADANIA<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Restabelecer o Conselho Nacional<br />

de Defesa do Consumidor como fórum<br />

público para definição das políticas<br />

de defesa dos consumidores.<br />

▶ Instituir plenamente o sistema nacional<br />

de defesa do consumidor de<br />

forma a potencializar as ações de<br />

âmbito estadual e municipal, bem<br />

como da sociedade civil organizada.<br />

▶ Estruturar no Governo Federal a<br />

coordenação do sistema nacional<br />

de defesa do consumidor.<br />

▶ Criar programa de incentivo à redução<br />

de conflitos de consumo, pois<br />

é preciso dar atenção especial e preventiva<br />

a segmentos da economia<br />

com altos índices de reclamações<br />

por parte dos consumidores.<br />

▶ Criar o Programa Nacional de<br />

Prevenção de Acidentes de Consumo,<br />

integrando as ações dos órgãos<br />

responsáveis pela temática<br />

da saúde, segurança e qualidade<br />

de bens e serviços nas três esferas<br />

de governo e formando o cadastro<br />

nacional de acidentes de consumo,<br />

a fim de orientar políticas públicas<br />

capazes de proporcionar a prevenção<br />

à saúde e a segurança do<br />

consumidor e promover a elevação<br />

do padrão de segurança e qualidade<br />

de produtos e serviços oferecidos<br />

no mercado de consumo.<br />

▶ Criar, no âmbito da Secretaria Nacional<br />

do Consumidor (Senacon), o<br />

Grupo Especializado no Combate a<br />

Cartéis e outras Práticas Anticoncorrenciais,<br />

responsável por promover<br />

a integração das ações de<br />

proteção do consumidor e da concorrência<br />

em âmbito nacional, com<br />

foco prioritário na coibição a práticas<br />

de mercado abusivas e desleais<br />

que hoje não são apreciadas pelo<br />

Cade, em razão dos critérios de<br />

corte adotados pela entidade.<br />

▶ Criar programa nacional de educação<br />

para o consumo com objetivo<br />

de proteger o consumidor e<br />

instrumentalizá-lo para o exercício<br />

crítico e consciente de seus direitos<br />

e deveres, uma vez que o Brasil já<br />

conta hoje com milhões de brasileiros<br />

inadimplentes.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO<br />

MACROECONOMIA<br />

CRÉDITO E MERCADO DE CAPITAIS<br />

POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR:<br />

INTEGRAR O BRASIL AO MUNDO<br />

AGRICULTURA<br />

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

COMPETIÇÃO<br />

INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA<br />

POLÍTICA INDUSTRIAL<br />

REFORMA TRIBUTÁRIA<br />

TURISMO


157<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO<br />

CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL COM JUSTIÇA SOCIAL<br />

O crescimento econômico continuado e sustentável<br />

gera as condições e possibilidades<br />

para a manutenção dos empregos, o aumento<br />

da renda dos trabalhadores, a criação de novos<br />

empreendimentos, a segurança para o consumo<br />

e a elevação dos padrões de bem-estar<br />

das famílias. O crescimento possibilita ainda<br />

a manutenção e a ampliação dos investimentos<br />

estatais em áreas prioritárias como saúde,<br />

educação e assistência social.<br />

A economia brasileira, a cada nova sondagem,<br />

vem apresentando sinais preocupantes de<br />

recessão. Mais grave, a baixa taxa de investimento<br />

do Brasil caiu ainda mais recentemente,<br />

chegando a um patamar de 16,5% do PIB,<br />

que compromete a taxa de crescimento daqui<br />

para frente.<br />

Em seu dia a dia as pessoas sentem cada vez<br />

mais a carestia. No acumulado de 12 meses, a<br />

taxa de inflação de 6,62%, medida pelo IPCA,<br />

já supera o teto da meta de inflação estabelecido<br />

pelo governo – 6,5%. O crescimento do<br />

PIB em 2014 será pífio (0,3%) e a previsão do<br />

Focus do BC para 2015 é de 1,0%, abaixo da<br />

previsão de crescimento de muitos países ricos<br />

e em desenvolvimento. Entre os Brics, o Brasil<br />

vem ocupando a lanterna do crescimento<br />

nesses últimos 12 anos, bem como as últimas<br />

posições entre os países da América Latina.<br />

O desafio de recolocar a economia brasileira<br />

nos trilhos da estabilidade e do crescimento é<br />

imperativo e urgente. A prioridade é conter a<br />

inflação e recuperar a credibilidade nacional e<br />

internacional do Brasil, revertendo a tendência<br />

atual à estagflação. Na era da economia do<br />

conhecimento, estruturar e ampliar os investimentos<br />

científicos, integrar o país às novas<br />

cadeias produtivas globais, introduzir uma política<br />

de infraestrutura logística avançada que<br />

seja eficiente e reduzir os entraves à competitividade<br />

são caminhos inequívocos a serem<br />

percorridos para a garantia da estabilidade e<br />

do desenvolvimento econômico.<br />

E, não menos importante, gerar confiança no<br />

empreendedor, na sua iniciativa em investir,<br />

como um ativo inalienável em um novo tempo<br />

de prosperidade.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


MACROECONOMIA<br />

158<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

NÃO PODEMOS SEGUIR COM INFLAÇÃO E SEM CRESCER<br />

No campo da macroeconomia, o objetivo<br />

maior é criar no Brasil um ambiente de menos<br />

incerteza e maior segurança, que garanta<br />

sem artificialismo e de forma sustentável taxas<br />

de juros real e nominal significativamente<br />

mais baixas que as atuais, semelhantes à média<br />

histórica dos países mais avançados. Essa<br />

é uma condição necessária para que possamos<br />

convergir para os melhores padrões de vida do<br />

planeta. Para tanto, firmamos aqui inequívoco<br />

compromisso com o chamado tripé macro:<br />

inflação na meta, ou seja, no centro da meta,<br />

superávit primário obtido sem artifícios contábeis<br />

e câmbio flutuante.<br />

Uma taxa de juros normal reduzirá a pressão<br />

de apreciação na taxa de câmbio e será um<br />

forte indutor do investimento no Brasil, beneficiando<br />

todos, e não apenas aqueles que<br />

têm acesso às taxas de juros subsidiadas do<br />

BNDES.<br />

COMPROMISSOS<br />

E PROPOSTAS<br />

▶ Autonomia operacional ao Banco<br />

Central, que irá, sem artificialismos,<br />

levar a taxa de inflação à meta de<br />

4,5% ao ano.<br />

▶ Uma vez atingida em dois a três<br />

anos, a meta de inflação será reduzida<br />

gradualmente até 3%, assim<br />

como a banda de flutuação, dos<br />

atuais 2% para 1,5%.<br />

▶ O Banco Central deverá também<br />

suavizar as flutuações do ciclo econômico<br />

e zelar pela estabilidade financeira.<br />

▶ Geração, em dois anos, de um<br />

superávit primário suficiente para,<br />

gradualmente, reduzir as dívidas<br />

líquida e bruta em comparação ao<br />

PIB. Esse superávit poderá ser ajus-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


159<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

tado para refletir o movimento cíclico<br />

da economia.<br />

▶ Inclusão, no cálculo dos gastos<br />

públicos do governo, de todas as<br />

despesas, subsídios e desonerações,<br />

sem uso de quaisquer artifícios.<br />

Essa é uma necessidade absoluta<br />

para a construção de um<br />

regime macroeconômico robusto e<br />

para que se cumpra a Lei de Responsabilidade<br />

Fiscal. Mais do que<br />

isso, é também uma condição básica<br />

para o funcionamento de uma<br />

democracia, que não admite espaços<br />

para gastos públicos omitidos<br />

do orçamento.<br />

▶ A carga tributária chegou a níveis<br />

bastante elevados, quando comparados<br />

com países de renda média<br />

semelhante à nossa. Para que a carga<br />

pare de crescer, ou pelo menos<br />

se estabilize, será necessário limitar<br />

a taxa de crescimento do gasto público<br />

à taxa de crescimento do PIB.<br />

▶ Minucioso esforço de acompanhamento<br />

e avaliação do gasto público,<br />

que dê transparência à aplicação<br />

desses recursos e permita o<br />

contraditório.<br />

▶ Aumento da taxa de investimento<br />

agregada da economia, de 16,5%<br />

do PIB para 24% do PIB, em quatro<br />

anos. Essa ambiciosa meta será<br />

atingida a partir da mudança do<br />

regime macroeconômico definida<br />

aqui e de um grande número de<br />

reformas de natureza microeconômica,<br />

por exemplo, as apresentadas<br />

nas seções sobre infraestrutura, reforma<br />

tributária e comércio exterior.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


160<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

CRÉDITO E MERCADO DE CAPITAIS<br />

Toda economia depende de crédito e capital<br />

para financiar o seu crescimento. Os bancos<br />

e o mercado de capitais têm um papel duplo,<br />

de receber e remunerar a poupança do país,<br />

e de reciclar esses recursos para os melhores<br />

investimentos. Quando bem feita, essa função<br />

contribui para um maior crescimento da produtividade<br />

da economia.<br />

O mercado financeiro no Brasil vem se desenvolvendo<br />

a partir do Plano Real, com destaque<br />

para a verdadeira revolução da governança corporativa<br />

das empresas, o que reduziu o risco<br />

para os investidores e o custo do capital para<br />

as empresas, e para o crescimento do crédito,<br />

especialmente aquele que se beneficia de taxas<br />

de juros mais baixas, como as dos empréstimos<br />

com garantias ou consignados.<br />

Apesar disto, a média das taxas de juros para<br />

as pessoas ainda se situa na faixa dos 28%, o<br />

que vem onerando imensamente a vida das famílias.<br />

Outro tema preocupante diz respeito ao excessivo<br />

crescimento dos empréstimos concedidos<br />

por bancos públicos, financiados em parte<br />

pela emissão de títulos públicos, que pressionam<br />

para cima a taxa de juros da economia.<br />

Parte relevante desses empréstimos representa<br />

um risco fiscal para o erário e, por atender<br />

a critérios políticos, reduz a produtividade e o<br />

crescimento.<br />

COMPROMISSOS<br />

E PROPOSTAS<br />

▶ Empregar nas empresas públicas<br />

alto padrão de governança e<br />

transparência, com o objetivo de<br />

aumentar sua eficiência e eliminar o<br />

aparelhamento e a corrupção.<br />

▶ Reviver o programa de redução<br />

do custo dos empréstimos bancários,<br />

que, a partir de 1999, diminuiu<br />

em mais de 20 pontos percentuais<br />

o custo médio do crédito no Brasil.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


161<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

▶ Reforçar programas de educação<br />

financeira nas escolas para que as<br />

pessoas saibam cuidar melhor de<br />

suas finanças, evitando a armadilha<br />

do crédito a taxas exorbitantes, que<br />

hoje tanto apertam o orçamento<br />

das famílias.<br />

▶ Trabalhar com o setor financeiro<br />

para desenvolver mecanismos que<br />

alonguem os prazos e reduzam os<br />

custos dos empréstimos concedidos<br />

em modalidades mais caras,<br />

adequadas apenas para linhas de<br />

crédito temporárias.<br />

▶ Definir critérios mais rigorosos<br />

para a concessão de créditos subsidiados,<br />

justificáveis seja por seu<br />

impacto distributivo ou nos casos<br />

em que o retorno para a sociedade<br />

como um todo superar o retorno<br />

privado daqueles que recebem<br />

o subsídio. Esses empréstimos devem<br />

ser avaliados e analisados de<br />

forma rigorosa e aberta, de forma a<br />

permitir sua expansão ou descontinuação,<br />

conforme for o caso.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


162<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR:<br />

INTEGRAR O BRASIL AO MUNDO<br />

A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO<br />

PARA O DESENVOLVIMENTO – SEUS DESAFIOS<br />

Os diagnósticos correntes sobre a doença brasileira<br />

de elevada inflação combinada com reduzido<br />

crescimento enfatizam o baixo investimento<br />

e a alta carga tributária, além de um<br />

baixo padrão educacional oferecido à população.<br />

Menor presença no debate sobre a doença<br />

brasileira tem tido um outro fator, de igual importância<br />

que os anteriores, a saber, a reduzida<br />

participação do comércio exterior na atividade<br />

econômica do país. O Brasil destoa dos demais<br />

países nesse quesito, tanto quanto ou mais do<br />

que na taxa de investimento, na carga tributária<br />

ou na qualificação da mão de obra.<br />

De fato, de acordo com o World FactBook, em<br />

termos do valor das exportações de mercadorias,<br />

em 2013 o Brasil ocupou apenas a 22ª<br />

posição no mundo, apesar de o PIB brasileiro<br />

ter sido o 7º maior. Trata-se de uma anomalia,<br />

pois os países com os maiores PIB do mundo<br />

são também os maiores exportadores do<br />

mundo. Assim, os EUA ocuparam o 1º lugar<br />

em termos de PIB e o 2º em exportações. A<br />

China ocupou o 2º lugar em termos de PIB<br />

e o 1º em exportações. O Japão teve o 3º lugar<br />

em termos de PIB e o 5º em exportações.<br />

A Alemanha se posicionou como a 4ª maior<br />

economia do mundo e a 3ª maior exportadora.<br />

A França teve o 5º maior PIB e foi a 6ª maior<br />

exportadora. O Reino Unido ocupou a 6ª posição<br />

em termos de PIB e a 4ª em termos de<br />

exportação.<br />

O isolamento do país em relação ao comércio<br />

internacional é preocupante, porque a<br />

evidência do pós-guerra sugere não haver caminho<br />

para o pleno desenvolvimento fora da<br />

integração com o resto da comunidade internacional.<br />

De fato, são poucos os países que<br />

conseguiram superar a chamada armadilha da<br />

renda média e chegar ao primeiro mundo nos<br />

últimos sessenta anos. Alguns, como Israel e<br />

os países do sudeste asiático – Coreia do Sul,<br />

Hong Kong, Singapura e Taiwan – o fizeram<br />

apoiados nas exportações industriais. Outros<br />

como Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal –<br />

nas exportações de serviços. Outros ainda,<br />

como a Austrália, a Nova Zelândia e a Noruega,<br />

nas exportações de commodities. Cada um<br />

à sua maneira, explorando suas respectivas dotações<br />

de recursos, mas todos eles com uma<br />

característica em comum: uma crescente integração<br />

com o comércio internacional.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


163<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

Esse é o desafio que o Brasil enfrenta. Para<br />

ultrapassar a renda média e se tornar próspero,<br />

é imperativo que deixe de ser um dos<br />

países mais fechados do mundo ao comércio<br />

internacional. Urge definir uma estratégia de<br />

integração competitiva das empresas brasileiras<br />

às cadeias mundiais de valor. Somente<br />

assim, além de sermos um exportador de<br />

commodities, conseguiremos desenvolver uma<br />

indústria e um setor de serviços competitivos.<br />

OS DESCAMINHOS DA POLÍTICA COMERCIAL BRASILEIRA<br />

Até o início do processo de liberalização comercial,<br />

em 1988, a estrutura de proteção<br />

em vigor no Brasil era praticamente a mesma<br />

que fora implantada 30 anos antes, em 1957,<br />

quando a substituição de importações encontrava-se<br />

em etapa inicial. A abertura comercial<br />

unilateral foi aprofundada em 1990 e concluída<br />

no final de 1993, eliminando ampla gama<br />

de barreiras não tarifárias fronteiriças e reduzindo<br />

a tarifa média de 57,5%, em 1987, para<br />

algo em torno de 13% no final de 1993. Em<br />

1994, no contexto da implantação do Plano<br />

Real, algumas reduções tarifárias adicionais<br />

foram aplicadas e a tarifa média nominal reduziu-se<br />

para 11,2%.<br />

A liberalização comercial marcou uma inflexão<br />

importante na trajetória das políticas industriais<br />

e de comércio exterior do Brasil – até<br />

então voltadas para o único objetivo de substituir<br />

importações e promover a implantação de<br />

novos setores industriais no país. Essa inflexão<br />

tem menos a ver com a intensidade da exposição<br />

à competição externa ou com a velocidade<br />

da abertura do que com a mudança de sinal<br />

que ela representou para os agentes econômicos:<br />

a valorização da competição como um<br />

instrumento da política de inserção internacional.<br />

Junto com a liberalização unilateral, a conclusão<br />

da Rodada Uruguai do Gatt e a constituição<br />

do Mercosul, ambos na primeira metade<br />

da década de 1990, foram os marcos mais relevantes<br />

na história da política comercial brasileira<br />

dos últimos 25 anos. Na Rodada Uruguai<br />

do Gatt, o Brasil assumiu pela primeira vez<br />

compromissos significativos de consolidação<br />

tarifária – o estabelecimento de limites máximos<br />

para as tarifas, ainda que elas tenham<br />

sido consolidadas em níveis geralmente bastante<br />

superiores aos efetivamente praticados<br />

pelo país, deixando expressiva margem de<br />

conforto para eventuais elevações unilaterais<br />

nas tarifas aplicadas.<br />

A integração sub-regional se inicia com a aproximação<br />

entre Brasil e Argentina e se consolida<br />

com a constituição do Mercosul. O bloco é<br />

criado como área de livre comércio, mas opta<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


164<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

pelo modelo de união aduaneira, por pressão<br />

do Brasil. A União Aduaneira é um modelo<br />

exigente, em termos de coordenação de políticas<br />

comerciais, e sua implementação foi comprometida<br />

pelas dificuldades econômicas que<br />

afetaram Brasil e Argentina no final dos anos<br />

1990.<br />

Essa fase não implicou o abandono das políticas<br />

ativas no âmbito industrial e de exportação,<br />

como o atestam o Programa Brasileiro<br />

de Qualidade e Produtividade (PBQP) e os<br />

mecanismos de apoio financeiro à exportação<br />

reintroduzidos (Proex) ou criados (Finamex) à<br />

época. A partir do final da década de 1990, enquanto<br />

o Mercosul entrava em um longo período<br />

de paralisia, o Brasil aprofundava negociações<br />

com seus mais importantes parceiros<br />

entre os países desenvolvidos: a União Europeia<br />

e os EUA (este, no âmbito da Alca). São<br />

precisamente essas iniciativas de negociação<br />

que sofrem o impacto da revisão de política<br />

externa do Governo Lula. O Brasil dá a sua<br />

contribuição para o fracasso da Alca e as negociações<br />

com a UE param, em 2004.<br />

O Governo Lula abandona a agenda econômica<br />

de integração internacional do Brasil e prioriza<br />

coalizões sul-sul e uma agenda regional<br />

que se pretende política e social. O resultado<br />

líquido desses movimentos foi o esvaziamento<br />

da agenda de negociações comerciais e o<br />

legado da irrelevância econômica do reduzido<br />

estoque de acordos comerciais firmados pelo<br />

Brasil. Além do Mercosul e dos acordos com<br />

os países andinos – que cobrem a grande maioria<br />

do universo tarifário, embora com exceções<br />

e longos períodos de redução de tarifas – o<br />

Brasil tem hoje acordos de livre comércio com<br />

três parceiros pouco relevantes (Egito, Israel<br />

e Palestina) e acordos irrelevantes de alcance<br />

parcial com dois parceiros potencialmente<br />

muito relevantes (Índia e África do Sul).<br />

A crise econômica internacional, a apreciação<br />

do real e o forte crescimento das importações<br />

industriais levaram o governo a acionar um<br />

arsenal de instrumentos de política comercial<br />

e industrial a partir de 2010, consolidados<br />

no Plano Brasil Maior – (PBM), de agosto de<br />

2011. Enquanto isso, a agenda de negociações<br />

comerciais entrava em modo de hibernação.<br />

A nova política é caracterizada por uma bateria<br />

de medidas nas áreas de promoção do investimento,<br />

proteção comercial, apoio às exportações<br />

e à inovação. O PBM intensificou o uso<br />

de mecanismos direcionados ao aumento do<br />

conteúdo nacional dos produtos industriais,<br />

como o condicionamento de concessão de incentivos<br />

fiscais e creditícios ao atendimento<br />

de elevados graus de conteúdo doméstico.<br />

A isso se somaram: expansão dos créditos do<br />

Tesouro ao BNDES, acompanhada do aumento<br />

do componente de subvenção nos programas<br />

oficiais; iniciativas para a desoneração da<br />

folha de pagamentos dos setores mais intensivos<br />

em mão de obra; medidas adicionais de<br />

aumento da proteção à produção doméstica,<br />

com a elevação de um ponto percentual sobre<br />

os encargos de PIS/ Cofins cobrados sobre os<br />

produtos importados e aumento de tarifas de<br />

importação de 100 produtos. Essas iniciativas<br />

foram complementadas por uma miríade de<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


165<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

programas desenhados para setores específicos,<br />

com incentivos variados.<br />

Ao longo de 2012 ficou patente que as medidas<br />

de política industrial e comercial adotadas<br />

não lograram cumprir o papel a elas atribuído<br />

pela estratégia de crescimento baseada no<br />

consumo doméstico, qual seja: o de garantir<br />

que os benefícios daquela expansão não fossem<br />

capturados pelas importações, mas sim<br />

pela produção doméstica. Ao contrário, o que<br />

se observou foi pressão sobre os custos de<br />

produção, fraco desempenho da indústria e<br />

aumento do coeficiente de importações da indústria<br />

de transformação.<br />

A consequência foi a volta ao debate do tema<br />

da falta de competitividade e da baixa e pouco<br />

dinâmica produtividade da indústria, até então<br />

ausente na agenda de políticas públicas.<br />

No entanto, a abordagem da agenda de produtividade<br />

e competitividade tem-se revelado<br />

uma tarefa árdua para o Governo Dilma, como<br />

fica patente nos vaivéns dos modelos de concessões<br />

de serviços de infraestrutura (portos,<br />

rodovias, aeroportos etc.).<br />

COMPROMISSOS<br />

UMA NOVA AGENDA PARA A PO-<br />

LÍTICA COMERCIAL<br />

▶ A nova política comercial deve ser<br />

orientada pelo objetivo de conectar<br />

a economia brasileira ao mundo.<br />

Trata-se de um imperativo da política<br />

de desenvolvimento: uma maior<br />

integração do país ao comércio internacional<br />

traria grandes benefícios<br />

diretos e indiretos. De um lado<br />

haveria ganhos de produtividade<br />

e tecnológicos, de outro seria um<br />

forte indutor para a simplificação e<br />

eventual redução da carga tributária,<br />

do aumento da taxa de investimento<br />

e da melhoria da qualidade<br />

do ensino e do ambiente de negócios.<br />

▶ A integração competitiva da economia<br />

brasileira ao mundo é essencial<br />

para reduzir o hiato tecnológico<br />

da indústria brasileira e para abrir<br />

caminho para uma estratégia de<br />

reindustrialização compatível com<br />

a dinâmica do sistema econômico<br />

internacional.<br />

▶ Na atual conjuntura econômica<br />

brasileira, a combinação de políticas<br />

requeridas para a recuperação da<br />

competitividade e para estimular a<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


166<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

maior e melhor inserção do país no<br />

comércio internacional inclui medidas<br />

de redução do custo Brasil, de<br />

ampliação do comércio exterior, de<br />

negociação de acordos comerciais<br />

e de apoio ao investimento externo<br />

de empresas brasileiras.<br />

▶ O debate sobre a ordem cronológica<br />

das reformas no Brasil – o<br />

que deveria vir primeiro: a redução<br />

do custo Brasil ou a ampliação do<br />

comércio? – teve efeito paralisante<br />

sobre a política comercial brasileira.<br />

Mas o contexto internacional, com<br />

o aprofundamento da fragmentação<br />

da produção em escala global<br />

e a negociação de mega-acordos<br />

de comércio, não permite que o<br />

país continue refém desse dilema.<br />

É hora de avançar nas duas frentes<br />

simultaneamente.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Reduzir os custos e melhorar o<br />

ambiente institucional.<br />

▶ Um programa de redução de custos<br />

focado nos fatores que oneram<br />

de forma especialmente intensa<br />

a produção para a exportação<br />

de produtos brasileiros é essencial<br />

para que a política comercial possa<br />

prover os resultados esperados.<br />

Essa agenda deve ser combinada à<br />

melhoria do ambiente institucional<br />

em áreas essenciais para a maior<br />

inserção nas cadeias de valor internacionais.<br />

▶ Entre as medidas que concretizam<br />

essa agenda, merecem atenção<br />

prioritária:<br />

• Desburocratizar as aduanas e os<br />

portos. Para uma participação efetiva<br />

nas cadeias globais de valor, o<br />

tempo é uma variável fundamental.<br />

Há uma abrangente agenda de<br />

facilitação de comércio a ser adotada,<br />

com ênfase na desburocratização<br />

das operações portuárias,<br />

que requer o engajamento de diferentes<br />

órgãos governamentais.<br />

• Reduzir a carga tributária sobre<br />

as exportações. Simplificar os regimes<br />

tributários nacionais, reduzindo<br />

os custos acessórios no<br />

cumprimento das exigências tri-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


167<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

butárias e eliminando os resíduos<br />

tributários incidentes sobre as exportações<br />

com o pagamento dos<br />

créditos tributários devidos aos<br />

exportadores, é fundamental para<br />

dar previsibilidade e maior competitividade<br />

à produção nacional.<br />

• Reforçar as instituições de regulação<br />

técnica e certificação de<br />

produtos (ex: INPI e Inmetro). A<br />

participação em cadeias globais<br />

de valor exige garantias de direito<br />

de propriedade para transferência<br />

de tecnologia ao longo da cadeia<br />

e capacidade de cumprimento de<br />

normas e regulamentos técnicos.<br />

É fundamental reduzir prazos na<br />

obtenção de patentes e desenvolver<br />

capacidade para participar de<br />

definição de normas e regulamentos<br />

internacionais que afetam as<br />

exportações brasileiras.<br />

• Reduzir os custos dos serviços. A<br />

fragmentação da produção em<br />

cadeias internacionais de valor aumentou<br />

a importância dos serviços<br />

para os fluxos de comércio. Os<br />

serviços no Brasil são caros e ruins,<br />

afetando as condições de competitividade<br />

dos demais setores.<br />

• Redefinir as políticas baseadas<br />

em exigências de conteúdo local.<br />

Esses programas devem ser progressivamente<br />

integrados a políticas<br />

horizontais e setoriais que<br />

permitam a participação do país<br />

em elos críticos das cadeias produtivas<br />

internacionais.<br />

▶ Promover a reforma tarifária do<br />

lado da política de importação, a<br />

reforma tarifária deve ser desenhada<br />

para conferir maior racionalidade<br />

à estrutura de proteção. A nova<br />

estrutura de proteção deve ser projetada<br />

de forma a dar previsibilidade<br />

de longo prazo. O cronograma<br />

de racionalização tarifária deve ser<br />

anunciado com antecedência e ser<br />

implementado de forma gradual.<br />

▶ A reforma tarifária deve ser orientada<br />

pelos seguintes objetivos: (i)<br />

reduzir o caráter de escalada tarifária<br />

da estrutura de proteção,<br />

tornando-a mais homogênea; (ii)<br />

simplificar a estrutura tarifária, definindo<br />

um número reduzido de níveis<br />

de alíquotas para o imposto de<br />

importação.<br />

▶ Promover a política comercial negociada.<br />

▶ Reafirmando o histórico compromisso<br />

do Brasil com o avanço de<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


168<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

uma agenda multilateral na OMC,<br />

cabe dar à agenda de negociações<br />

comerciais preferenciais a prioridade<br />

que lhe vem sendo negada nos<br />

últimos anos.<br />

▶ As negociações preferenciais têm<br />

papel relevante a cumprir na recuperação<br />

da competitividade da<br />

produção brasileira. A melhoria das<br />

condições de acesso dos produtos<br />

brasileiros aos grandes mercados<br />

externos favorecerá as exportações<br />

brasileiras. Para que os acordos preferenciais<br />

cumpram esse papel, a<br />

prioridade deve estar concentrada<br />

nos países desenvolvidos, nossos<br />

principais mercados de exportação<br />

e maior fonte de investimentos e financiamentos<br />

externos dirigidos ao<br />

Brasil. Esses acordos cumpririam<br />

a função adicional de permitir aos<br />

produtores nacionais concorrer nos<br />

mercados dos países desenvolvidos<br />

em condições mais vantajosas<br />

do que muitos concorrentes asiáticos<br />

(inclusive os chineses).<br />

▶ Nesse sentido, é essencial concluir<br />

as negociações, em curso, com<br />

a União Europeia. O bloco é o principal<br />

mercado para as exportações<br />

brasileiras e já há um grande esforço<br />

negociador despendido nessa<br />

frente de negociações. Além disso,<br />

é necessário lançar as bases para<br />

um acordo preferencial com os Estados<br />

Unidos, mercado tradicionalmente<br />

relevante para as exportações<br />

de manufaturados brasileiros.<br />

▶ A estratégia de relacionamento<br />

do Brasil com seu entorno geográfico<br />

– a América do Sul – deve ser<br />

revista em profundidade, de acordo<br />

com critérios econômicos e com<br />

uma visão que não se confunda<br />

com uma orientação ditada pelas<br />

afinidades político-ideológicas do<br />

partido no poder.<br />

▶ O Brasil deve liderar o projeto de<br />

criação de uma abrangente área de<br />

livre comércio incluindo o México<br />

e os países da América do Sul que<br />

desejarem juntar-se à iniciativa, a<br />

partir da convergência e do aprofundamento<br />

dos acordos sub-regionais<br />

e bilaterais já em vigor no<br />

continente. Essa prioridade deveria<br />

se desdobrar ainda no campo da<br />

infraestrutura, criando condições<br />

de integração física que permita<br />

o desenvolvimento da integração<br />

econômica.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


169<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

▶ Além disso, será necessário rever<br />

o modelo de integração do Mercosul,<br />

reduzindo o peso da união<br />

aduaneira – que tem se mostrado<br />

crescentemente disfuncional aos<br />

interesses e estratégias dos países –<br />

e atualizando a agenda de livre comércio,<br />

para que ela possa apoiar<br />

as atividades das empresas brasileiras<br />

na região.<br />

▶ Finalmente, a emergência da China<br />

trouxe profundas transformações<br />

para a economia global e tem<br />

impactado, por meio do comércio<br />

e do investimento, a economia brasileira,<br />

suas exportações e sua competitividade.<br />

O peso crescente da<br />

China e da região asiática obriga o<br />

Brasil a reavaliar prioridades estratégicas<br />

e a conferir àquela região<br />

atenção ampliada.<br />

▶ No caso da China, trata-se de definir<br />

uma estratégia de relacionamento<br />

com aquele país, dentro de<br />

uma perspectiva que vá além do<br />

curto prazo.<br />

▶ Promover políticas de apoio à<br />

internacionalização de empresas<br />

brasileiras. O apoio à internacionalização<br />

das empresas brasileiras<br />

compõe o quarto eixo da política<br />

comercial aqui proposta. Os investimentos<br />

diretos de empresas brasileiras<br />

no exterior são indutores<br />

importantes da incorporação de<br />

novas tecnologias e do aumento da<br />

produtividade das empresas brasileiras.<br />

A agenda de apoio ao investimento<br />

brasileiro no exterior deve<br />

levar em consideração:<br />

• Esses investimentos devem ser estimulados<br />

não como ocorre atualmente,<br />

com políticas concentradoras<br />

da renda voltadas para criar<br />

“campeões nacionais” à custa de<br />

financiamentos subsidiados ou da<br />

participação acionária do BNDES<br />

nessas empresas.<br />

• A revisão do regime tributário que<br />

rege a tributação dos lucros auferidos<br />

por subsidiárias de empresas<br />

brasileiras no exterior.<br />

• A negociação de acordos para<br />

evitar a dupla tributação com países<br />

relevantes como destino dos<br />

investimentos brasileiros no exterior.A<br />

negociação de acordos de<br />

proteção de investimentos que<br />

propiciem maior segurança jurídica<br />

para os investidores brasileiros<br />

em países mais sujeitos a mudanças<br />

de políticas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


170<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

AGRICULTURA<br />

PLANTANDO E CRESCENDO<br />

Nos últimos anos, ao crescimento da população<br />

e da urbanização soma-se a expansão da<br />

renda do mundo em desenvolvimento. O crescimento<br />

econômico da Índia e da China, as<br />

duas maiores populações do mundo, é de tal<br />

radicalismo que altera profundamente a demanda<br />

por alimentos. O crescimento chinês na<br />

verdade impulsiona o preço de todas as commmodities,<br />

não somente das agrícolas. A elevação<br />

no preço dos metais, do petróleo e da comida<br />

acaba por injetar renda nos países detentores<br />

de recursos naturais. O mundo árabe pode agora<br />

consumir mais alimentos, posto que a renda<br />

do petróleo permite melhora considerável no<br />

padrão de consumo de alimentos. A América<br />

Latina e a África, que são exportadores de metais<br />

e de petróleo, também passam pelo mesmo<br />

choque positivo de renda. A mudança no nível<br />

de renda altera definitivamente os padrões de<br />

consumo de alimentos e fibras.<br />

Simultaneamente a esses dois vetores de<br />

transformação, surge de modo inesperado a<br />

demanda por parte da agricultura de ampliar<br />

sua produção de energia. A expansão na produção<br />

de biocombustíveis foi de fato impressionante<br />

na última década. Merece destaque<br />

o enorme salto ocorrido nos EUA. Partindo<br />

de um volume modesto de produção de etanol<br />

de milho, o país atingiu em 2012 a produção<br />

de mais de 50 bilhões de litros de etanol<br />

fabricado com 130 milhões de toneladas de<br />

milho. Esse montante representa quase 15%<br />

da oferta global do cereal. Tamanha produção<br />

afetou significativamente o padrão de oferta e<br />

de preços do milho para o segmento de ração<br />

para produção de proteína animal. Além disso,<br />

vale observar que a Europa, o próprio Estados<br />

Unidos, Brasil e Argentina se engajaram em<br />

programas de produção de biodiesel que hoje<br />

alcançam proporções significativas. No caso<br />

brasileiro, por exemplo, chega-se a utilizar 10<br />

milhões de toneladas de soja para produzir<br />

óleo a ser queimado como biodiesel nos motores<br />

brasileiros. O mesmo se dá na Argentina.<br />

A consequência do uso de biocombustíveis a<br />

partir de fontes que tradicionalmente eram<br />

utilizadas para consumo humano ou animal<br />

mudou o patamar de preços desses produtos.<br />

Um quarto elemento pode ser incorporado a<br />

esse quadro de forte demanda. O enfraquecimento<br />

da economia norte-americana trouxe<br />

com ele perda de valor do dólar. Muitos investidores<br />

passaram a enxergar nos mercados<br />

agrícolas uma forma de se proteger da perda<br />

de valor da moeda americana. O mundo agrícola<br />

assistiu nos últimos dez anos à entrada<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


171<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

maciça de fundos de investimentos e especuladores<br />

nos mercados de futuros agrícolas. As<br />

posições compradas e vendidas desses agentes<br />

trouxeram grande volatilidade aos preços das<br />

commodities agrícolas, complicando o quadro<br />

de precificação desses produtos.<br />

Um quinto elemento precisa ser adicionado a<br />

esse contexto de transformação da demanda.<br />

As mudanças na política agrícola dos EUA e<br />

da Europa ajudaram a criar esse novo quadro<br />

de equilíbrio da economia agrícola internacional.<br />

As medidas liberalizantes iniciadas nos<br />

anos 80 e fortalecidas na década de 90 do<br />

século passado diminuíram sobremaneira a<br />

posição dos estoques reguladores detidos pelo<br />

setor público norte-americano e europeu.<br />

Num mundo globalizado, colocar preços mínimos<br />

acima do mercado internacional (como<br />

na Europa) leva à acumulação insuportável de<br />

estoque. Por razões que nada tinham que ver<br />

com a transformação das sociedades asiáticas,<br />

tampouco com os programas de biocombustíveis,<br />

os países desenvolvidos desmontaram<br />

suas políticas de preços mínimos e de carregamento<br />

de estoques reguladores. A consequência<br />

dessa transformação que levou duas<br />

décadas foi que os principais traders do mundo<br />

passaram a ter que mudar sua estratégia de<br />

abastecimento, posto que não poderiam mais<br />

contar com os estoques públicos americanos<br />

e europeus.<br />

A decisão estratégica nesses grandes grupos<br />

é hoje muito clara e foi o principal motor do<br />

financiamento da expansão da produção de<br />

soja nos anos 90 no Brasil. A estratégia adotada<br />

por essas grandes corporações foi procurar<br />

se abastecer nos dois hemisférios do globo.<br />

Como há alternância entre a safra e a entressafra<br />

entre os hemisférios, ou seja, quando<br />

o hemisfério norte está colhendo, o sul está<br />

plantando e vice-versa, é viável utilizar desse<br />

fato da produção escalonada em vez de formar<br />

estoques. Dessa maneira é possível comprar a<br />

soja brasileira em setembro, quando ela está<br />

sendo plantada para entrega em março, quando<br />

a soja americana está sendo plantada. Ao<br />

fazer isso, reduz-se substancialmente a quantidade<br />

de estoques necessários para atender ao<br />

comércio mundial. Entretanto, é forçoso reconhecer<br />

que o risco do novo modelo agrícola<br />

internacional é extremamente alto. Demanda<br />

forte com baixos estoques e com alta presença<br />

de especuladores acarreta instabilidade permanente<br />

e altos preços. Eis o novo equilíbrio<br />

da economia agrícola internacional.<br />

É nessa realidade que o problema da segurança<br />

alimentar ganhou força sem precedentes.<br />

A maior parte dos países que hoje passam por<br />

profunda transformação social e econômica<br />

(Ásia e Oriente Médio) não possuem recursos<br />

naturais suficientes para atender a suas<br />

demandas internas de alimentos. Há, portanto,<br />

forte preocupação com o futuro da oferta<br />

agrícola mundial. É nesse contexto que o Brasil<br />

ganha força geopolítica internacional, dada<br />

sua capacidade na expansão da oferta. É nesse<br />

contexto também que uma nova revolução<br />

agrícola é demandada da agricultura. Novamente<br />

a história está exigindo que a pesquisa<br />

agrícola encontre solução para o problema da<br />

produção de alimentos.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


172<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

A IMPORTÂNCIA GEOPOLÍTICA<br />

DA AGRICULTURA BRASILEIRA<br />

Somente cinco países possuem, hoje, três atributos<br />

principais que determinam a demanda<br />

por produtos agrícolas, ou seja, elevada população<br />

urbana, grande PIB e extensa área<br />

agrícola. São eles: Estados Unidos, China, Índia,<br />

Brasil e Rússia. Curiosamente, as quatro<br />

maiores agriculturas do mundo aí se encontram.<br />

De longe, Estados Unidos e China são<br />

hoje as maiores agriculturas do globo. Ambos<br />

os países produzem acima de 400 milhões de<br />

toneladas de grãos; Estados Unidos produzem<br />

40 milhões de toneladas de carne (suína, aves<br />

e bovina). A China alcança patamares de 72<br />

milhões de toneladas de carnes. A terceira<br />

maior agricultura em termos de produção de<br />

grãos é a Índia, que produz cerca de 240/250<br />

milhões de toneladas por ano. Entretanto, a<br />

Índia, é pequena produtora de carnes, alcançando<br />

a modesta casa de 4 milhões de toneladas.<br />

Do ponto de vista de grãos, o Brasil se posiciona<br />

na quarta colocação com produção de<br />

195 milhões de toneladas. Contudo, no que<br />

se refere à produção e carnes, o país alcançou<br />

25 milhões de toneladas ofertadas. É, portanto,<br />

uma potência agrícola internacional. Por<br />

ter uma população relativamente pequena, se<br />

comparada à China, por exemplo, o Brasil é<br />

capaz de produzir alimento para sua população,<br />

mas também para os demais continentes.<br />

A China, em contrapartida, a despeito de ser<br />

o maior produtor do mundo, não é capaz de<br />

produzir o suficiente para sua gigantesca população<br />

e se tornou um grande importador de<br />

alimentos. A China hoje rivaliza com o Japão<br />

na posição de maior importador de alimentos.<br />

O caso japonês é emblemático do que está por<br />

vir com o crescimento asiático. O Japão tem<br />

grande população, é o terceiro maior PIB do<br />

mundo e tem uma diminuta área agrícola. Por<br />

consequência, precisa importar alimentos.<br />

O quadro internacional de comércio é de fato<br />

impressionante. A transformação ocorrida nas<br />

últimas duas décadas no mundo do comércio<br />

internacional agrícola foi muito profunda. Em<br />

1990 o Japão já detinha o maior déficit comercial<br />

agrícola, alcançando US$ 47 bilhões.<br />

A Europa vinha em segundo lugar, com uma<br />

importação superando as exportações na magnitude<br />

de US$ 34 bilhões. Naquele momento,<br />

a Coreia e o Oriente Médio detinham déficits<br />

da ordem US$ 7 bilhões. É curioso observar<br />

que a China, em 1990, era superavitária no<br />

comércio de produtos agrícolas na ordem de<br />

US$ 2 bilhões. O maior superávit comercial<br />

do mundo era dos EUA, alcançando US$ 19<br />

bilhões. Brasil e Argentina tinham saldos positivos<br />

de US$ 7 bilhões. Passadas duas décadas,<br />

fica evidente o quadro de mudança no<br />

padrão de consumo de alimentos nos países<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


173<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

pobres. A China, que era superavitária, em<br />

2011 apresentou saldo comercial negativo de<br />

US$ 80 bilhões, aproximando-se do déficit comercial<br />

japonês, que atingiu a marca de US$<br />

84 bilhões. O Oriente Médio apresentou US$<br />

72 bilhões de déficit comercial agrícola. Coreia<br />

do Sul e Europa seguem sendo dois polos<br />

de forte importação de alimentos.<br />

Do lado superavitário fica evidente a importância<br />

das Américas na segurança alimentar<br />

internacional. O Brasil atingiu, de acordo com<br />

os dados da Organização Mundial do Comércio<br />

– OMC, um expressivo superávit de US$<br />

73 bilhões. A Argentina vem em segundo lugar,<br />

com saldo comercial positivo de alimentos<br />

de US$ 42 bilhões. Os Estados Unidos somaram<br />

em 2011 US$ 31 bilhões de saldo comercial<br />

agrícola.<br />

A importância brasileira no abastecimento<br />

internacional fica evidenciada em diversas cadeias<br />

de alimentos. O Brasil assume hoje posição<br />

de liderança nos mais importantes mercados<br />

agrícolas do mundo. O país é o maior<br />

exportador de soja, detendo 41% dos embarques<br />

mundiais. O país é o maior exportador<br />

mundial de açúcar, alcançando 46% do comércio<br />

praticado.<br />

É o maior exportador de suco de laranja, detendo<br />

81% da participação global. É o maior<br />

exportador de café, com 32% das exportações<br />

mundiais. É também o maior exportador de<br />

carne de frango, com um terço do comércio<br />

mundial, ou seja, o país se transformou numa<br />

potência agrícola internacional nessas últimas<br />

duas décadas.<br />

O futuro reserva ao Brasil um posicionamento<br />

ainda mais expressivo no abastecimento mundial.<br />

Ocorre que recursos naturais que permitem<br />

a expansão da produção de alimentos<br />

estão disponíveis no país: insolação adequada,<br />

disponibilidade de água e terras apropriadas<br />

ao cultivo.<br />

COMPROMISSOS<br />

RESGATE DO PAPEL DO MINISTÉ-<br />

RIO DA AGRICULTURA<br />

▶ Devolver ao Ministério da Agricultura<br />

e Pecuária (Mapa) seu poder<br />

de decisão sobre as políticas agrícolas.<br />

Resgatar a sua representatividade.<br />

▶ Resgatar o orçamento do Ministério<br />

e sua capacidade de execução.<br />

▶ Envolver o Mapa no tema das<br />

negociações de abertura de mercado,<br />

especialmente no que tange<br />

às questões de barreiras sanitá-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


174<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

rias, posto que no mais das vezes<br />

constituem barreiras não tarifárias<br />

relevantes. A morosidade do Estado<br />

brasileiro faz com que o Brasil<br />

aceite passivamente diversas situações<br />

evidentes de indevidas restrições<br />

ao comércio de produtos<br />

brasileiros.<br />

▶ Abertura do mercado para realizar<br />

acordos comerciais com blocos<br />

econômicos estratégicos, em especial<br />

Mercosul e União Europeia.<br />

PROPOSTAS<br />

TECNOLOGIA - BIOTECNOLOGIA<br />

▶ Criar regras claras para o desenvolvimento,<br />

uso e multiplicação dos<br />

diferentes produtos e processos da<br />

biotecnologia. A falta de clareza<br />

das regras vem desestimulando o<br />

investimento privado, comprometendo<br />

seriamente o surgimento de<br />

novas tecnologias.<br />

▶ Resgatar o papel central da<br />

CTNBIO. As decisões acerca de<br />

biotecnologia devem ser tomadas<br />

por especialistas, uma vez que são<br />

necessários diversos estudos científicos<br />

que exigem conhecimento<br />

específico e profundo no que diz<br />

respeito aos processos e produtos<br />

da biotecnologia. Seriedade e agilidade<br />

são os elementos-chave para<br />

que novas tecnologias permitam<br />

o desenvolvimento da agricultura<br />

brasileira.<br />

TECNOLOGIA - PESQUISA<br />

▶ Resgatar os investimentos em<br />

pesquisa pública no país. Integrar<br />

na forma de redes de trabalho os<br />

sistemas federais e estaduais de<br />

pesquisa.<br />

▶ Estimular e fortalecer os centros<br />

estaduais de pesquisa (a Embrapa<br />

não consegue sozinha atender<br />

a toda a demanda e complexidade<br />

da agropecuária brasileira).<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


175<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

▶ Envolver as universidades de ciências<br />

agrárias e biológicas na rede de<br />

desenvolvimento tecnológico. Há<br />

um enorme potencial de pesquisa<br />

sub-aproveitado nas universidades.<br />

É preciso estimular nas universidades<br />

federais o desenvolvimento<br />

de novas tecnologias em conjunto<br />

com o setor privado.<br />

TECNOLOGIA - SEGURANÇA DA<br />

PESQUISA E PATENTES<br />

▶ Assegurar proteção jurídica e policial<br />

aos centros de pesquisa do país<br />

(sejam eles públicos ou privados).<br />

▶ Melhorar o sistema brasileiro de<br />

patentes, dando-lhe mais agilidade.<br />

▶ Garantir o respeito ao direito de<br />

propriedade sobre a patente, reprimindo<br />

o uso indevido dos diferentes<br />

produtos e processos (pirateamento).<br />

AGRICULTURA DE QUALIDADE -<br />

SANIDADE<br />

▶ Resgatar o orçamento da defesa<br />

sanitária. Houve redução expressiva<br />

no decorrer dos últimos anos e não<br />

é possível num país de dimensões<br />

continentais contar com recursos<br />

tão escassos. O contingenciamento<br />

dos gastos promovido pelo Ministério<br />

da Fazenda levou à redução expressiva<br />

dos recursos para defesa<br />

sanitária.<br />

▶ Renovar o quadro de técnicos da<br />

vigilância sanitária.<br />

▶ Desenvolver trabalho conjunto<br />

com as vigilâncias sanitárias estaduais,<br />

a fim de maximizar os resultados<br />

das estruturas existentes no<br />

país.<br />

▶ Envolver o setor privado no controle.<br />

Diversas entidades, associações<br />

de classes e de criadores etc.<br />

contam com estrutura que pode<br />

auxiliar no controle e no combate a<br />

doenças.<br />

▶ Desenvolver um trabalho de harmonização<br />

dos sistemas de vigilância<br />

do Brasil com os demais países<br />

da região.<br />

▶ Erradicar a febre aftosa de todo o<br />

país, sem distinção de região.<br />

▶ Priorizar a erradicação e o controle<br />

de zoonoses: tuberculose, raiva,<br />

brucelose, clostridiose.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


176<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

▶ Desenvolver a educação sanitária<br />

dos produtores.<br />

▶ Priorizar o Programa Nacional de<br />

Controle de Resíduos.<br />

▶ Dotar o país de laboratórios com<br />

nível adequado de biossegurança.<br />

▶ Ter representantes permanentes<br />

em organismos técnicos como OIE<br />

e Codex.<br />

▶ Prevenir a influenza aviária, bem<br />

como a continuidade do controle<br />

da doença de New Castle e Marek,<br />

principalmente no caso de aves.<br />

▶ Promover a regionalizarção do<br />

país é fundamental para a segurança<br />

sanitária no caso de aves<br />

e suínos.<br />

AGRICULTURA DE QUALIDA-<br />

DE – RASTREABILIDADE E<br />

CERTIFICAÇÃO<br />

▶ Estimular a adoção voluntária de<br />

certificação.<br />

▶ Organizar e divulgar aos produtores<br />

os diferentes sistemas de certificação.<br />

▶ Exigir rastreabilidade em produtos<br />

de maior risco sanitário.<br />

AGRICULTURA DE QUALIDADE -<br />

BIOENERGIA<br />

▶ Refletir as condições de mercado<br />

no preço da gasolina. O álcool<br />

bresileiro é competitivo a preços<br />

de mercado. O estímulo dado pelo<br />

atual governo ao consumo de gasolina<br />

desestimulou o uso de etanol<br />

e acentuou os problemas financeiros<br />

da Petrobras.<br />

▶ Produzir energia limpa na entressafra<br />

da geração de energia hidráulica.<br />

O governo desestimulou a<br />

produção de energia de biomassa.<br />

A prioridade de energia limpa foi<br />

dada à energia eólica, assumindo<br />

parâmetros não factíveis de eficiência<br />

de geração de energia por parte<br />

dessa fonte energética. O resultado<br />

final foi que não se investiu mais em<br />

cogeração e atualmente no período<br />

seco estão se utilizando termoelétricas<br />

(operadas com óleo ou gás),<br />

o que claramente configura um desperdício<br />

de capacidade produtiva.<br />

▶ Estimular novamente a indústria<br />

de bioenergia no Brasil com apoio<br />

financeiro.<br />

▶ Cobrar da indústria automobilística,<br />

como contraparte das benesses<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


177<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

fiscais, um programa pragmático e<br />

com metas claras de melhoria de<br />

eficiência dos motores flex-fuel.<br />

▶ Realizar amplo programa de marketing<br />

internacional da energia limpa<br />

produzida no Brasil.<br />

PROTEÇÃO AO RISCO – RISCO DE<br />

PRODUTIVIDADE<br />

▶ Regulamentar o fundo de catástrofe.<br />

▶ Desenvolver sistema de resseguro.<br />

▶ Desenvolver amplo estudo técnico<br />

para normatização do seguro<br />

agrícola no Brasil.<br />

▶ Estimular a adesão ao seguro por<br />

meio de subsídios ao prêmio.<br />

▶ Envolver empresas do setor privado<br />

a fim de reduzir custos administrativos.<br />

▶ Selecionar culturas com maiores<br />

problemas (grãos).<br />

PROTEÇÃO AO RISCO – RISCO DE<br />

PREÇOS<br />

▶ Desenvolver e estimular o mercado<br />

de opções no Brasil. O elemento<br />

de defesa de risco mais adequado<br />

ao uso pelos agricultores é o mercado<br />

de opções.<br />

▶ Resgatar a atuação da Conab, estimulando<br />

a adoção do mercado de<br />

opções pelos produtores, cooperativas<br />

e empresas ligadas ao setor.<br />

A Conab tem larga experiência no<br />

uso desses instrumentos. Entretanto,<br />

no atual governo houve redução<br />

da presença da Conab como elemento-chave<br />

no desenvolvimento<br />

do mercado de opções.<br />

▶ Estímular o mercado futuro desenvolvendo<br />

linhas de crédito para<br />

o financiamento de margens.<br />

PROTEÇÃO AO RISCO – MERCA-<br />

DO FINANCEIRO<br />

▶ Promover ajuste fiscal como forma<br />

de reduzir a taxa básica de juro.<br />

▶ Estimular e divulgar os mecanismos<br />

de financiamento da agricultura.<br />

▶ Estimular o Banco do Brasil a divulgar<br />

os mecanismos de financiamento.<br />

PROTEÇÃO AO RISCO – INCERTE-<br />

ZA FUNDIÁRIA<br />

▶ Regularizar a titulação de todas<br />

as propriedades brasileiras.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


178<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

▶ Unificar os cadastros estaduais e<br />

federais no que diz respeito à titulação<br />

das propriedades, estabelecendo<br />

um cadastro único de terras.<br />

PROTEÇÃO AO RISCO – MERCA-<br />

DO FINANCEIRO: ESTRUTURA<br />

JURÍDICA<br />

▶ Estimular a adesão dos produtores<br />

ao regime de pessoa jurídica.<br />

▶ Desenvolver um modelo tributário<br />

como o Simples Agrícola.<br />

▶ Reduzir a taxa de juro será elemento<br />

vital à estratégia, por permitir<br />

a competição da oferta de<br />

crédito com as taxas de juro preferenciais.<br />

PROTEÇÃO AO RISCO<br />

▶ Utilizar o Mapa como apoio aos<br />

estudos técnicos sobre a legitimidade<br />

dos pleitos de reconhecimento<br />

de áreas indígenas.<br />

▶ Agilizar a aprovação de agroquímicos.<br />

▶ Contratar equipe maior para agilizar<br />

os estudos para aprovação das<br />

novas tecnologias.<br />

GENÉTICA: O PROBLEMA DA CO-<br />

BRANÇA DOS ROYALTIES SOBRE<br />

EVENTOS GENÉTICOS<br />

▶ Desenvolver um marco regulatório<br />

junto ao setor privado relativo<br />

aos direitos de royalties das tecnologias<br />

genéticas.<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

▶ Estabelecer Programa de Aquisição<br />

de Alimentos – PAA (Lei<br />

10.696/2003), de “prêmios financeiros”<br />

aos produtores que estejam<br />

em conformidade com a legislação<br />

ambiental ou que estejam realizando<br />

programas de restauração.<br />

▶ Criar o Programa de Aquisição de<br />

Mudas e Sementes Florestais (Pasem),<br />

com o objetivo de garantir<br />

a oferta das mesmas no processo<br />

de regularização ambiental de propriedades<br />

rurais e restauração florestal<br />

de assentamentos rurais de<br />

reforma agrária.<br />

▶ Estabelecer política de prevenção<br />

de conflitos em função de demarcações<br />

tardias, com previsão de indenização<br />

para os possuidores de<br />

títulos legítimos.<br />

▶ Estabelecer plano nacional de<br />

conservação do solo a ser liderado<br />

pelo Ministério da Agricultura e Ministério<br />

do Meio Ambiente.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


179<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />

DESENVOLVIMENTO INTELIGENTE<br />

A produção de ciência e tecnologia é central<br />

para o desenvolvimento econômico e social.<br />

As possibilidades que se abrem na era do conhecimento<br />

transformam as relações humanas<br />

com repercussões definitivas para as formas<br />

de se produzir, comercializar, comunicar,<br />

aprender e ensinar. Os investimentos e a priorização<br />

dessa área, portanto, transbordam em<br />

benefícios para toda a sociedade, em todas as<br />

suas dimensões.<br />

O Brasil não tem sido capaz de acompanhar<br />

o ritmo da inovação e produção tecnológica<br />

mundial, inclusive quando comparamos com<br />

os demais países em situação de desenvolvimento<br />

semelhante. A falta de liderança e a<br />

incapacidade de consolidar um ambiente favorável<br />

à inovação se traduzem no não aproveitamento<br />

de oportunidades de desenvolvimento<br />

para o país.<br />

Reconhecer os principais desafios e estabelecer<br />

prioridades para ciência, tecnologia e inovação<br />

é fundamental para colocar o Brasil em<br />

posição de destaque internacional como produtor<br />

de conhecimento e, consequentemente,<br />

como um país que assegura, por meio de<br />

práticas inovadoras, mais justiça social e vigor<br />

econômico.<br />

Nos últimos 12 anos, ao mesmo tempo em<br />

que o Brasil passou por grandes e positivas<br />

mudanças sociais, nosso setor econômico não<br />

avançou em sua eficiência e competitividade.<br />

Nesse período, o nosso aumento de produtividade<br />

não só ficou abaixo do de nossos vizinhos,<br />

mas significativamente abaixo do nosso<br />

grupo de referência dos Brics.<br />

Durante esse período, passamos por inúmeros<br />

programas governamentais diferentes que<br />

visaram ao aumento dessa competitividade,<br />

com pouquíssimos benefícios, os quais também<br />

foram distribuídos de forma desigual entre<br />

os vários setores. Agravando ainda mais a<br />

situação, nos convertemos em uma das economias<br />

mais fechadas da América Latina, enquanto<br />

nossa carga tributária aumentou para<br />

níveis estarrecedores, sem um aumento correspondente<br />

da eficiência de nosso governo.<br />

Enquanto isso, a globalização e a internet demoliram<br />

qualquer barreira de acesso à informação,<br />

ajudando a quebrar nossos traumas<br />

coletivos de forma irreversível e em um curtíssimo<br />

espaço de tempo. Nesse novo contexto,<br />

reconhecemos a crescente importância da<br />

inovação, da inclusão digital e do empreendedorismo<br />

como ferramentas de desenvolvimen-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


180<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

to social e econômico, apresentando potencial<br />

de rapidamente mudar um país de patamar.<br />

Diante dessa realidade, acreditamos que o<br />

governo atual – resistente em largar as rédeas<br />

econômicas diante de um mundo que aceitou<br />

esta nova celeridade de ciclos econômicos –<br />

adotou um modelo de gestão que reconheça<br />

sua importância (evidenciado pelo aumento<br />

de investimento), mas se mostrou completamente<br />

inadequado e anacrônico em entregar<br />

resultados.<br />

Em nossa busca pela conquista de um Brasil<br />

inovador, em que a tecnologia é a ponta de<br />

lança de uma sociedade inclusiva, enxergamos<br />

também o potencial para uma mudança positiva<br />

e significativa em nossa política nacional<br />

de inovação e desenvolvimento industrial. No<br />

mesmo período, empregamos dezenas de bilhões<br />

de reais como Estado na busca da inovação<br />

– tanto da inovação pura, necessária, mas<br />

de aplicação prática incerta, como daquelas<br />

inovações práticas e necessárias para a competitividade<br />

de nossa indústria e para o aumento<br />

da qualidade de vida da população. Só o programa<br />

mais recente, o Inova Empresa, datado<br />

de 2011, se comprometeu a investir mais de<br />

R$32,5 bilhões de reais. O resultado visto tem<br />

sido uma piora na perspectiva de inovação pelas<br />

empresas, além de uma queda nos principais<br />

rankings de inovação e competitividade.<br />

As universidades públicas e as instituições<br />

de pesquisa, federais e estaduais precisam de<br />

apoio para investir mais na sua infraestrutura<br />

de pesquisa e nos demais instrumentos geradores<br />

de conhecimento básico e aplicado,<br />

além de mecanismos que garantam a retenção<br />

de nossos talentos no Brasil.<br />

Pouca pesquisa, porém, se faz direcionada<br />

para o desenvolvimento industrial, da agropecuária<br />

e do setor de serviços. Em patentes, a<br />

participação do Brasil continua muito reduzida,<br />

sem prioridades. Reforçar a mola do desenvolvimento<br />

significa elevar a capacidade de<br />

inovação tecnológica do país.<br />

Ademais, o ensino da tecnologia deve estar<br />

associado à resolução de problemas sociais e<br />

ambientais e a uma atitude empreendedora.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Aumento da parcela total de pesquisa<br />

e desenvolvimento privado<br />

no PIB para níveis comparáveis aos<br />

da OCDE até 2023.<br />

▶ Diminuição do custo de acesso<br />

do brasileiro aos serviços de comunicação<br />

(voz e dados) de forma<br />

sustentável.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


181<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

▶ Aumento da velocidade média de<br />

conexão de dados no Brasil para 30<br />

Mbps até 2022.<br />

▶ Redução de gargalos regulatórios<br />

para a implementação de novas<br />

tecnologias sem fim e de comunicação<br />

máquina a máquina.<br />

▶ Garantia de que todos os brasileiros,<br />

de 15 a 24 anos, tenham um<br />

nível básico de habilidades de informática.<br />

▶ Potencialização do bom uso pelos<br />

cidadãos e cidadãs das ferramentas<br />

de Tecnologia da Informação e<br />

Comunicação (TIC) disponíveis.<br />

▶ Fomento à criatividade e à inovação<br />

desde a base, por meio do acesso<br />

dos brasileiros aos métodos e ferramentas<br />

de criação já existentes.<br />

▶ Reforço do desenvolvimento brasileiro,<br />

elevando a capacidade de<br />

inovação tecnológica do país visando<br />

a um novo patamar de à competitividade<br />

e produtividade das<br />

empresas brasileiras nas cadeias<br />

globais de valor.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Estruturar um sistema nacional de<br />

ciência, tecnologia & inovação com<br />

governança clara e bem definida e<br />

acompanhamento pelo Conselho<br />

de Ciência e Tecnologia – CCT.<br />

▶ Revitalizar o Conselho Nacional<br />

de Ciência e Tecnologia.<br />

▶ Criar o Sistema Nacional de Ciência<br />

e Tecnologia, que possibilitará<br />

a articulação entre as políticas de<br />

educação e CT&I.<br />

▶ Criar programa nacional para formação<br />

de pesquisadores, considerando<br />

quantidade, qualidade e fixação<br />

descentralizada no país.<br />

▶ Fortalecer a pesquisa e a infraestrutura<br />

científica e tecnológica,<br />

eliminando a fragmentação, pul-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


182<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

verização e estabelecendo foco e<br />

prioridades em nível nacional.<br />

▶ Elaborar plano de elevação gradual<br />

dos investimentos – públicos e privados<br />

– em CT&I, buscando atingir, até<br />

2020, um patamar de 2,0% do PIB.<br />

▶ Criar programas de incentivo à<br />

pesquisa e à inovação nas empresas<br />

públicas e privadas, promovendo<br />

a modernização e a celeridade<br />

no sistema de registro de patentes.<br />

▶ Elaborar programa para internacionalização<br />

da ciência, envolvendo<br />

o intercâmbio de pesquisadores e a<br />

criação de infraestrutura adequada<br />

para receber cientistas estrangeiros.<br />

▶ Promover políticas de inovação<br />

em cadeias produtivas, integrando<br />

grandes, médias e pequenas empresas,<br />

assim como centros de pesquisa<br />

nacionais e internacionais.<br />

▶ Ampliar o programa Ciências sem<br />

Fronteiras, para incluir professores<br />

e pesquisadores.<br />

▶ Criar programa brasileiro de formação<br />

tecnológica, incentivando a<br />

formação de técnicos, engenheiros<br />

e pesquisadores em áreas aplicadas.<br />

▶ Manter e ampliar os movimentos<br />

de cooperação e diálogo entre os<br />

setores público e privado, incluindo<br />

representantes acadêmicos, empreendedores<br />

e lideranças empresariais.<br />

▶ Elaborar programa nacional de<br />

disseminação de pesquisas e conhecimentos<br />

em CT&I, incluindo a<br />

ciência na educação básica, com<br />

projetos de feiras e centros de ciências.<br />

▶ Implantar o Programa Nacional<br />

de Parques Tecnológicos de âmbito<br />

nacional e regional, com temas<br />

como bioenergia, química verde e<br />

TIC.<br />

▶ Reformar o sistema de incentivos<br />

fiscais e a política industrial para infraestrutura<br />

de TIC, equilibrando as<br />

demandas de longo prazo com a<br />

competitividade do setor no curto<br />

prazo.<br />

▶ Apoiar incubadoras de empresas,<br />

com caráter de inovação, como<br />

startups, em articulação com as<br />

universidades.<br />

▶ Instituir o Conselho Nacional de<br />

Inovação, responsável por desen-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


183<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

volver, monitorar e avaliar a estratégia<br />

nacional para inovação.<br />

▶ Expandir imediatamente o quadro<br />

funcional da Capes, contratando<br />

gestores especializados por<br />

áreas de estudo.<br />

▶ Aumentar o valor da bolsa de<br />

pesquisadores da Capes e CNPq.<br />

▶ Expandir o Plano Brasil Banda<br />

Larga, focando o aumento da velocidade<br />

média, a confiabilidade e a<br />

cobertura rural.<br />

▶ Incentivar a construção e a ampliação<br />

da rede de fibra ótica nacional<br />

pública e privada e a redundância<br />

de suas interligações com<br />

outros países.<br />

▶ Promover a construção e o uso<br />

de data centers locais para hospedagem,<br />

reduzindo os gargalos na<br />

rede nacional de telecomunicações<br />

e mitigando questões de segurança<br />

e privacidade.<br />

▶ Reformar o sistema de interconexão<br />

via celular, a fim de baratear o<br />

custo por minuto de voz e megabyte<br />

de dados.<br />

▶ Reformular o sistema de gestão<br />

nacional de radioespectro, respeitando<br />

as concessões atuais e atualizando<br />

os parâmetros de alocação<br />

futura.<br />

▶ Regulamentar e formalizar rádios<br />

comunitárias, inclusive com o subsídio<br />

a equipamentos modernos e<br />

confiáveis de radiodifusão.<br />

▶ Garantir a isenção de cobrança<br />

de tráfego para sites públicos e sites<br />

considerados de utilidade pública<br />

ou educacionais.<br />

▶ Estabelecer a adoção de licenças<br />

livres em todos os produtos do Governo<br />

Federal.<br />

▶ Reformular a política de compras<br />

do governo na promoção do desenvolvimento<br />

de softwares.<br />

▶ Garantir a preferência, na compra<br />

pelo governo, de softwares de<br />

desenvolvimento exclusivo às soluções<br />

de código-fonte aberto ou<br />

uso obrigatório de royalties no caso<br />

da venda de outras licenças.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


184<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

COMPETIÇÃO<br />

COMPETIÇÃO PARA O BEM-ESTAR DO CONSUMIDOR E<br />

COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS<br />

Políticas que estimulam competição trazem<br />

dois efeitos sobre o bem-estar dos cidadãos.<br />

O primeiro efeito é direto: acesso a bens mais<br />

baratos e de melhor qualidade. É sempre bom<br />

lembrar que nós, brasileiros, pagamos caríssimo<br />

por produtos que custam muito mais<br />

barato em outros países. O segundo efeito é<br />

indireto e, possivelmente, mais importante: a<br />

competição aumenta a produtividade de uma<br />

economia.<br />

Como o crescimento de longo prazo (e, como<br />

consequência, o bem-estar da população) está<br />

intimamente relacionado aos aumentos de<br />

produtividade, políticas que estimulem a competição<br />

são indutoras de crescimento.<br />

CRIAR CONDIÇÕES PARA MAIOR COMPETITIVIDADE AQUI<br />

DENTRO E PARA FORA<br />

Os preços no Brasil são notoriamente altos.<br />

Vários comentaristas mostram isso para vários<br />

produtos. Carros e aparelhos eletroeletrônicos<br />

são dois entre muitos exemplos. Vários são os<br />

suspeitos, como a alta carga tributária, o alto<br />

custo de energia e os altos juros pagos pelos<br />

produtores de bens e serviços. Falta de competição<br />

pelos consumidores brasileiros certamente<br />

é um dos problemas. Um dos grandes<br />

desafios é aumentar a competição para que tenhamos<br />

acesso a bens e serviços mais baratos.<br />

As empresas brasileiras também são vítimas<br />

da falta de competição. Insumos e bens intermediários<br />

caros diminuem a competitividade<br />

de nossas empresas no exterior, além de compor<br />

parte do custo que o consumidor paga na<br />

forma de preços altos. Um desafio é aumentar<br />

a competição pelo mercado de bens intermediários<br />

e insumos.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


185<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

COMPROMISSOS<br />

COMPROMISSOS: UMA NOVA<br />

AGENDA DE INDUÇÃO DA COM-<br />

PETIÇÃO<br />

▶ Temos compromisso com uma<br />

agenda que aumentará a competição,<br />

diminuindo preços e aumentando<br />

a oferta, tanto dos bens finais<br />

como dos bens de capital (máquinas)<br />

e intermediários.<br />

▶ O compromisso se materializa<br />

com: 1) o combate incessante à<br />

formação de cartéis; 2) o fortalecimento<br />

e o aprimoramento da análise<br />

de concentrações horizontais<br />

e verticais por parte do Conselho<br />

Administrativo de Defesa Econômica<br />

(Cade); 3) a coibição de abuso<br />

de posição dominante por parte de<br />

agentes que tenham poder de mercado,<br />

tanto no mercado de insumos<br />

como no mercado de produto; 4)<br />

medidas gerais de estimulo à competição.<br />

PROPOSTAS<br />

IMPLANTAR MEDIDAS QUE FACILI-<br />

TEM AÇÕES COLETIVAS PRIVADAS<br />

PARA RESSARCIMENTO DE DANOS<br />

CAUSADOS POR ARRANJOS DE<br />

CARTEL<br />

▶ A compensação dos consumidores<br />

que pagaram além do devido<br />

por causa do conluio cumpre os papéis<br />

de se restabelecer justiça (os<br />

prejudicados são ressarcidos pelo<br />

dano causado) e, não menos importante,<br />

de coibir esse comportamento.<br />

Diante da probabilidade de<br />

ter de ressarcir um valor não menor<br />

do que os benefícios que extraem<br />

do cartel, as firmas terão menos incentivos<br />

ao conluio.<br />

▶ Para que a compensação cumpra<br />

plenamente seus papéis, é necessário<br />

facilitar as condições para que os<br />

prejudicados demandem por reparos<br />

na justiça. Ações coletivas são<br />

uma forma eficiente de tornar ba-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


186<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

rata a busca por ressarcimento por<br />

parte de um prejudicado por cartéis.<br />

INSTITUIR A MULTA TRIPLA<br />

▶ Forçar os cartelistas a pagar somente<br />

os prejuízos causados não<br />

basta, porque há uma grande chance<br />

de se safar. Uma forma de lidar<br />

com esse problema é adotar multas<br />

que aumentem o custo caso o<br />

cartelista seja apanhado. Portanto,<br />

a instituição de multas triplas, que<br />

permitem que um tribunal de justiça<br />

triplique o montante de compensação<br />

por danos, é um mecanismo<br />

complementar às multas para dissuasão.<br />

PROPOR MEDIDAS PARA APRIMO-<br />

RAR E INTENSIFICAR A PRÁTICA<br />

DE IDENTIFICAÇÃO INDIRETA DE<br />

CARTÉIS, A PARTIR DE ANÁLISE<br />

CRITERIOSA DE DADOS E ESTU-<br />

DO DE MERCADOS PROPENSOS À<br />

CARTELIZAÇÃO<br />

▶ A intensificação do monitoramento<br />

por parte do Cade de potenciais<br />

mercados cartelizados é<br />

fundamental para que cartéis sejam<br />

desmontados. É insuficiente<br />

contar com denúncias por parte de<br />

compradores. Afinal, denunciar um<br />

fornecedor de um bem intermediário<br />

indispensável pode ter consequências<br />

deletérias para o fornecimento<br />

futuro desse bem para um<br />

produtor. Acordos de leniência são<br />

importantes, mas não bastam, porque<br />

em geral são feitos depois que<br />

o cartel operou por muito tempo e<br />

já prejudicou a concorrência. O monitoramento<br />

baseado no extenso<br />

conhecimento técnico do corpo de<br />

colaboradores do Cade e no constante<br />

desenvolvimento de técnicas<br />

estatísticas desenvolvidas para o<br />

uso em antitruste é ferramenta indispensável.<br />

UTILIZAR DESENHOS QUE ESTI-<br />

MULEM ENTRADA E COMPETIÇÃO<br />

EM LEILÕES. ADICIONALMENTE, E<br />

AO CONTRÁRIO DO QUE USUAL-<br />

MENTE OCORRE, O CADE DEVERÁ<br />

MONITORAR O COMPORTAMEN-<br />

TO DOS PARTICIPANTES ANTES E<br />

DURANTE O LEILÃO<br />

▶ Conluio em licitações é um problema<br />

grave. O Estado é lesado,<br />

reduzindo os recursos disponíveis<br />

para áreas fundamentais como<br />

educação, saúde e segurança. Em<br />

licitações, é crucial desenhar leilões<br />

que promovam a participação de<br />

vários interessados e estimulem a<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


187<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

competição efetiva entre eles. Muitas<br />

vezes a comunicação entre potenciais<br />

participantes é tratada com<br />

passividade por parte do Cade. Adicionalmente,<br />

numa licitação, é possível<br />

observar parte substancial do<br />

comportamento dos participantes,<br />

o que facilita a identificação das<br />

práticas colusivas. Portanto, o Cade<br />

deve monitorar ativa e preventivamente<br />

o comportamento dos concorrentes<br />

em leilões.<br />

MONITORAR AS SITUAÇÕES NAS<br />

QUAIS O FORNECEDOR DE UM<br />

INSUMO TAMBÉM POSSA COMPE-<br />

TIR NO MERCADO DE PRODUTO<br />

▶ Uma empresa integrada que produza<br />

um insumo utilizado no seu<br />

processo produtivo pode querer<br />

encarecer (ou mesmo não vender)<br />

o insumo para um competidor no<br />

mercado de produto. Esse comportamento<br />

predatório resulta em menor<br />

competição. É preciso monitoramento<br />

constante desses casos.<br />

MONITORAR PRÁTICAS ANTI-<br />

COMPETITIVAS POR PARTE DE<br />

EMPRESAS DOMINANTES<br />

▶ Uma empresa com posição dominante<br />

pode ter incentivos a competir<br />

de maneira predatória, cobrando<br />

de seus consumidores preços<br />

menores que o custo de produção,<br />

ou adotando práticas de fidelização<br />

anticompetitiva, com o intuito<br />

de eliminar competidores e obter<br />

maior poder de mercado no futuro.<br />

Monitorar essas formas de competição<br />

predatória é extremamente<br />

importante.<br />

PROMOVER A REVISÃO DE BAR-<br />

REIRAS TÉCNICAS ADVINDAS DE<br />

NORMAS INJUSTIFICÁVEIS<br />

▶ Barreiras técnicas podem ser usadas<br />

por produtores para manterem<br />

seu poder de mercado, muitas vezes<br />

disfarçadas de defesa dos interesses<br />

da sociedade. No Brasil,<br />

há cartéis condenados que fizeram<br />

uso de imposição de barreiras técnicas<br />

para impedir que consumidores<br />

substituíssem seus produtos<br />

por importados. É indispensável<br />

que barreiras técnicas não justificáveis<br />

sejam eliminadas.<br />

PROVER ACESSO DE TERCEI-<br />

ROS A FACILIDADES ESSENCIAIS<br />

PARA COMPETIÇÃO<br />

▶ Estimular a entrada é crucial. A<br />

competição potencial, na forma de<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


188<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

entrada de novos produtores caso<br />

haja lucros excepcionais, é uma<br />

forma de competição tão efetiva<br />

quanto a competição dos atuais<br />

concorrentes. Políticas que reduzam<br />

o custo de entrada terão, portanto,<br />

efeitos benéficos.<br />

▶ Uma forma de inibir a entrada é<br />

negar acesso a um insumo ou facilidade<br />

essencial para competição.<br />

Ao promover políticas que, sempre<br />

que possível, abram acesso às facilidades<br />

essenciais, cairão os custos<br />

de entrada e será estimulada a<br />

competição.<br />

REDUZIR O CUSTO DE SE FAZER<br />

NEGÓCIOS<br />

▶ As seguintes políticas serão implantadas<br />

para reduzir custos de<br />

entrada. Adoção de políticas que<br />

destravem, agilizem e desburocratizem<br />

os processos de aprovação<br />

pelo Estado. Eliminação de requerimentos<br />

desnecessários para se<br />

abrir e fechar firmas. Reduzir o tempo<br />

dedicado a atender burocracias<br />

múltiplas.<br />

RACIONALIZAR AS EXIGÊNCIAS<br />

DE CONTEÚDO NACIONAL<br />

▶ Políticas de exigência de conteúdo<br />

local são formas indiretas de se<br />

subsidiar produção local. A exigência<br />

de conteúdo nacional é uma forma<br />

bastante ineficiente de se subsidiar<br />

uma atividade. Se a atividade<br />

merece ser apoiada, que o seja diretamente,<br />

com subsídio direto.<br />

▶ As exigências de conteúdo nacional<br />

aumentam os custos dos produtores<br />

sujeitos a essas exigências, o<br />

que reduz a sua competitividade e<br />

insula de competição os potenciais<br />

beneficiados com a política, reduzindo<br />

seus incentivos a inovar e produzir<br />

de maneira mais eficiente.<br />

SIMPLIFICAR A ESTRUTURA DE<br />

TARIFAS DE IMPORTAÇÃO DE<br />

MODO A INCENTIVAR A CON-<br />

CORRÊNCIA DOMÉSTICA<br />

▶ Homogeneização da estrutura de<br />

proteção para evitar a escalada tarifária;<br />

diminuição do número de níveis<br />

tarifários para simplificação da<br />

estrutura tarifaria; redução do custo<br />

de bens intermediários e bens de<br />

capital.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


189<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

PROMOVER A REVISÃO GRA-<br />

DUAL DOS EMPRÉSTIMOS COM<br />

TAXAS SUBSIDIADAS A PROJE-<br />

TOS QUE NÃO AS JUSTIFIQUEM<br />

▶ A concessão de subsídios a projetos<br />

que não os justifiquem tem<br />

duas consequências ruins. O subsídio<br />

infla artificialmente os retornos<br />

de projetos e, com isso, maus projetos<br />

são levados a cabo. Maus projetos<br />

reduzem a produtividade da<br />

economia. Subsídios injustificados<br />

induzem uma diferença artificial de<br />

produtividade entre diferentes setores.<br />

Essa diferença reduz a produtividade<br />

da economia por uma<br />

razão simples: seria melhor alocar<br />

recursos nas atividades nas quais a<br />

produtividade é maior.<br />

▶ Por fim, os subsídios favorecerem<br />

algumas empresas em detrimento<br />

de outras, desvirtuando o processo<br />

competitivo justo. O resultado pode<br />

ser a sobrevivência de empresas<br />

que não sobreviveriam à competição,<br />

ou a eliminação de empresas<br />

mais produtivas, mas sem acesso<br />

aos subsídios.<br />

PROPOSTA 13: PROMOVER A<br />

NEUTRALIDADE NA COMPETI-<br />

ÇÃO ENTRE EMPRESA PRIVADAS<br />

E PÚBLICAS<br />

▶ O fato de empresas públicas poderem<br />

contar com financiamento<br />

mais barato ou garantias – explícitas<br />

ou implícitas – contra a falência<br />

distorce o processo produtivo. É<br />

fundamental nivelar a competição<br />

entre empresas públicas e privadas.<br />

IMPLANTAR MEDIDAS QUE RE-<br />

DUZAM CUSTOS DE TROCA E<br />

MUDANÇA DE CONSUMIDORES<br />

QUANDO RELEVANTES<br />

▶ Custos de troca e de mudança<br />

aumentam o poder de mercado de<br />

um produtor junto a consumidores<br />

que ele já serve. Esses custos reduzem<br />

competição em vários setores,<br />

como o bancário e de telefonia. Políticas<br />

que reduzam esses custos<br />

serão pró-competitivas, portanto.<br />

Em bancos, por exemplo, é preciso<br />

operacionalizar e dar agilidade ao<br />

cadastro positivo. Em telecomunicações,<br />

é preciso implantar efetivamente<br />

a agilização do cancelamento<br />

da conta.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


190<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

DESENHAR REGRAS MAIS EFE-<br />

TIVAS DE COMPRAS GOVERNA-<br />

MENTAIS QUE INDUZAM À COM-<br />

PETIÇÃO, A MENORES PREÇOS, A<br />

MAIOR QUALIDADE DESEJADA E<br />

A MENOS CORRUPÇÃO<br />

▶ Os montantes das compras públicas<br />

no Brasil são expressivos. Os<br />

bens e serviços adquiridos em licitações<br />

são pagos com impostos<br />

por todos nós, contribuintes. É fundamental<br />

que se desenhem regras<br />

que induzam a processos competitivos<br />

e inibam malfeitos em licitações<br />

e compras governamentais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


191<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA<br />

CONDIÇÕES REAIS PARA FAZER O BRASIL CRESCER<br />

INTRODUÇÃO<br />

Quando se fala em infraestrutura, qual deve<br />

ser o objetivo de um governo democrático, que<br />

preza pelo interesse da população e garante o<br />

uso judicioso dos recursos públicos – ou seja,<br />

o dinheiro de todos? Primeiro, modernizar a<br />

infraestrutura do país, de modo a promover o<br />

crescimento e melhorar a qualidade de vida<br />

da população. Segundo, aumentar a oferta e<br />

reduzir os custos associados ao uso da infraestrutura,<br />

de modo que a produção – seja da indústria,<br />

do agronegócio ou serviços – seja mais<br />

eficiente e competitiva. E o que fazer para modernizar<br />

e expandir a infraestrutura do país?<br />

Investir mais e melhor.<br />

Em 2013, o Brasil investiu 2,45% do PIB em<br />

infraestrutura. É muito pouco! Um parâmetro<br />

amplamente aceito indica que deveríamos<br />

estar investindo 3% do PIB apenas para compensar<br />

a depreciação do capital fixo per capita.<br />

Para sustentar um crescimento de 4% a.a. –<br />

hoje acima do nosso potencial, mas alcançável<br />

com reformas na economia – precisaríamos<br />

investir em infraestrutura algo da ordem de<br />

4,5% do PIB.<br />

A baixa taxa de investimento em infraestrutura<br />

é, porém, apenas parte do problema.<br />

Igualmente importante é que investimos mal.<br />

Ou seja, o Brasil necessita não apenas investir<br />

mais, como também melhorar a eficiência<br />

com que os investimentos são realizados. O<br />

país desperdiça um grande volume de recursos<br />

que aplica no setor por conta das conhecidas<br />

dificuldades de execução. E pode-se ainda<br />

questionar a qualidade do investimento, sendo<br />

comum encontrarmos estradas recém-construídas<br />

com buracos ou obras parcialmente<br />

incompletas. O resultado é que nem sempre<br />

os gastos entregam os benefícios prometidos.<br />

O desperdício de recursos é considerável.<br />

Quanta infraestrutura “compramos” com cerca<br />

de 2,5% do PIB de investimentos? As indicações<br />

são de que compramos pouco, por<br />

conta da baixa produtividade do investimento.<br />

E por que a baixa produtividade? Primeiro, por<br />

falta de um planejamento abrangente (inclusive<br />

no plano territorial, a exemplo de mobilidade<br />

urbana), pela fragilidade dos projetos ou<br />

ainda por falhas regulatórias. Segundo, pelas<br />

más escolhas do que e onde investir. Comumente<br />

nossas prioridades estão invertidas:<br />

deixamos, por exemplo, o transporte público<br />

de lado, quando esse deveria ser foco de todas<br />

as atenções no campo da mobilidade. Esquecemos<br />

o transporte de cargas sobre trilhos e<br />

sobre as águas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


192<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

Infelizmente, o Programa de Aceleração do<br />

Crescimento (PAC) não solucionou os nossos<br />

problemas. Além do fato de que grande parte<br />

do PAC é na realidade financiamento habitacional<br />

e não investimento em infraestrutura,<br />

os prazos do PAC não têm sido observados e<br />

a qualidade dos serviços é deficiente. Entre a<br />

revisão do PAC de dez. 2010 e a nova previsão<br />

de maio de 2014, houve um aumento médio<br />

dos custos em 44% e dos prazos em 80%.<br />

O problema do atraso, e a consequente alta<br />

dos custos, é geral. No PAC, dois em cada<br />

três projetos de transportes têm atraso de dois<br />

anos ou mais. Em saneamento, de 138 obras<br />

acompanhadas, apenas 28 tinham acompanhamento<br />

normal, contra 18 não iniciadas no<br />

prazo, 25 atrasadas e 47 paralisadas. Ademais,<br />

os resultados finais deixam a desejar: no caso<br />

dos serviços de dragagem do porto de Santos,<br />

boa parte dos recursos empregados foi para<br />

pouco: ao final, trechos importantes do canal<br />

de acesso voltaram a ficar assoreados e a prejudicar<br />

usuários.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Implantação de uma revolução em<br />

infraestrutura, reconhecendo que o<br />

Estado simplesmente não tem a capacidade<br />

e os meios de levar essa<br />

transformação adiante sem a ajuda<br />

do setor privado.<br />

▶ Garantia de que as obras relacionados<br />

à infraestrutura:<br />

• sejam entregues com menores<br />

custos e entregues nos prazos<br />

acordados;<br />

• durem por muitos anos e prestem<br />

serviços de melhor qualidade.<br />

▶ Investimento em infraestrutura<br />

será uma política de Estado, não o<br />

resultado de conchavos políticos<br />

ou a consequência de caprichos do<br />

governante de momento.<br />

▶ A política de investimento em infraestrutura<br />

reconhecerá as obrigações<br />

do Estado no âmbito do<br />

planejamento e da regulação, mas<br />

também suas limitações no plano<br />

do financiamento e, principalmente,<br />

da execução.<br />

▶ A política de investimento em infraestrutura<br />

será desenhada para de<br />

fato mobilizar o potencial de contribuição<br />

do setor privado – substituindo<br />

os subsídios e artificialismos<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


193<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

pela estabilidade de regras, um fluxo<br />

constante de projetos e uma boa<br />

estrutura de regulação.<br />

▶ Busca por um maior envolvimento<br />

dos bancos privados e do mercado<br />

de capitais no financiamento<br />

dos projetos.<br />

▶ Ao Estado caberá assegurar que<br />

os projetos obedeçam a uma lógica<br />

de planejamento e que sejam regulados<br />

e fiscalizados por agências<br />

que sejam de fato independentes e<br />

não meros apêndices do Executivo.<br />

▶ Os investimentos em infraestrutura<br />

serão bem planejados, com a definição<br />

apropriada de prioridades,<br />

eliminação de desperdícios, sobreposições<br />

e falta de articulação entre<br />

os modais.<br />

▶ Valer-se, de forma arrojada, dos<br />

mecanismos de PPP quando o setor<br />

privado, com oferta privada eficiente<br />

do serviço, puder cumprir<br />

uma missão pública e acelerar os<br />

investimentos necessários ao seu<br />

provimento na infraestrutura viária,<br />

em portos e aeroportos.<br />

PROPOSTAS<br />

CONTRATAR SERVIÇOS DE IN-<br />

FRAESTRUTURA EM VEZ DE OBRAS<br />

DE INFRAESTRUTURA<br />

▶ O governo deve se encarregar de<br />

definir de maneira precisa os serviços<br />

de infraestrutura a serem contratados,<br />

além de exigir garantias,<br />

prover incentivos e efetuar monitoramento<br />

a posteriori para garantir<br />

que esses serviços sejam entregues<br />

de acordo com os prazos e qualidades<br />

estabelecidos na contratação.<br />

Aos contratados, deve ser delegada<br />

a melhor forma de projetar e executar<br />

as obras associadas aos serviços<br />

que serão providos.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


194<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

CONTRATAR OBRAS DE INFRAES-<br />

TRUTURA, INVESTINDO MAIS NO<br />

PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO<br />

PROJETO BÁSICO E EXECUTI-<br />

VO, DEFININDO UM ORÇAMENTO<br />

CONFIÁVEL<br />

▶ Não se pode começar obras sem<br />

projeto básico e executivo, sem orçamento<br />

confiável, com base numa<br />

“conta de padeiro”. Devemos avaliar<br />

a receita do desastre: obras atrasadas,<br />

inacabadas, com orçamento<br />

estourado, a exemplo da Ferrovia<br />

Transnordestina, da Transposição<br />

do Rio São Francisco, da duplicação<br />

da BR-101, da refinaria Abreu e<br />

Lima e tantas outras. Qualquer obra<br />

– principalmente as financiadas direta<br />

ou indiretamente com recursos<br />

públicos – necessita passar por um<br />

crivo severo: a obra está corretamente<br />

projetada? E o projeto está<br />

detalhado o suficiente e elaborado<br />

de forma íntegra, de maneira que se<br />

possa fazer um orçamento realista?<br />

E é factível cumprir as etapas em<br />

tempo hábil, entregando o prometido<br />

em termos de qualidade e quantidade,<br />

mesmo quando se consideram<br />

as possíveis contingências? Ao<br />

responder de forma inequívoca a<br />

essas perguntas, o governo evitaria<br />

se lançar em aventuras; afinal, os recursos<br />

são da população.<br />

RESTABELECER PRINCÍPIOS RE-<br />

GULATÓRIOS, O QUE AJUDARÁ<br />

A ATRAIR O SETOR PRIVADO<br />

▶ As agências são órgãos de Estado;<br />

não de um governo A ou B. Elas<br />

não podem ser manipuladas pelo<br />

Executivo, usadas politicamente.<br />

Seu bom funcionamento não comporta<br />

nomeações para agradar a<br />

base do governo. As agências devem<br />

ser organismos técnicos e necessitam<br />

ser defendidas pela sociedade<br />

da penetração de interesses<br />

escusos. Só assim vão cumprir suas<br />

funções essenciais: assegurar que<br />

as tarifas cobradas estejam em linha<br />

com os custos dos serviços;<br />

fiscalizar a qualidade dos serviços<br />

prestados pelos concessionários; e<br />

estabelecer regras e normas estáveis,<br />

que não mudam ao sabor dos<br />

objetivos imediatistas do Executivo.<br />

Só assim se atrai o investimento de<br />

qualidade e se defende o interesse<br />

do consumidor.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


195<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

ALAVANCAR AO MÁXIMO O RE-<br />

SULTADO DA UTILIZAÇÃO DE<br />

RECURSOS PÚBLICOS SUBSI-<br />

DIADOS NOS PROJETOS DE IN-<br />

FRAESTRUTURA. ESTES SÓ SE-<br />

RÃO USADOS QUANDO E NA<br />

MEDIDA EM QUE OS PROJETOS<br />

GEREM BENEFÍCIOS SOCIAIS,<br />

MAS NÃO SEJAM AUTOFINAN-<br />

CIÁVEIS. NESTE CASO, O RECUR-<br />

SO ÀS PARCERIAS PÚBLICO-PRI-<br />

VADAS VIABILIZARÁ PROJETOS<br />

DE INFRAESTRUTURA UTILIZAN-<br />

DO O MÍNIMO DE RECURSOS PÚ-<br />

BLICOS E O MÁXIMO DE RECUR-<br />

SOS PRIVADOS, QUE, SEMPRE<br />

QUE POSSÍVEL, DEVERÃO SER A<br />

FONTE PREPONDERANTE DO FI-<br />

NANCIAMENTO À INFRAESTRU-<br />

TURA NO PAÍS<br />

▶ O governo não tem como continuar<br />

expandindo o orçamento dos<br />

bancos públicos – a exemplo do<br />

BNDES – sem colocar em questão<br />

a qualidade do seu crédito, aumentando<br />

a percepção de risco e gerando<br />

efeitos adversos por toda a economia.<br />

Em 2012, mais de 64% dos<br />

recursos investidos em infraestrutura<br />

vieram do governo ou tiveram<br />

garantias do Tesouro Nacional. No<br />

caso de transportes, esse percentual<br />

sobe para 79%!<br />

▶ Igualmente importante: os recursos<br />

subsidiados e vindos do setor<br />

público só devem ser utilizados para<br />

projetos que apresentem benefícios<br />

sociais, mas que não sejam autofinanciáveis.<br />

Nesses casos, embora<br />

seja desejável levar os projetos a<br />

cabo, os agentes privados não obterão<br />

o retorno por seus investimentos<br />

sem a parceria com o setor público.<br />

O subsídio, então, será a forma de<br />

dar aos agentes privados incentivos<br />

para levar a cabo projetos não rentáveis,<br />

mas que sejam benéficos para<br />

a sociedade como um todo. Essa é<br />

a justificativa para uso de subsídios<br />

em projetos de infraestrutura. Proceder<br />

de outra forma tem três consequências<br />

perversas: em primeiro<br />

lugar, os recursos subsidiados substituem<br />

a poupança privada; na medida<br />

em que o custo de capital próprio<br />

dos acionistas é maior do que o<br />

custo dos empréstimos do BNDES,<br />

as empresas têm um forte incentivo<br />

para distribuírem seus lucros, e não<br />

os reterem para aumentarem seus<br />

investimentos. Em segundo lugar,<br />

financiamento subsidiado faz com<br />

que maus projetos sejam levados a<br />

cabo: o subsídio infla artificialmente<br />

o retorno de um mau projeto. Em terceiro<br />

lugar, e não menos importante,<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


196<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

subsídios injustificados transferem<br />

renda da sociedade como um todo<br />

para os acionistas das empresas responsáveis<br />

pelo projeto, sendo, portanto,<br />

concentradores de renda.<br />

▶ E há uma razão adicional – e mesmo<br />

crítica – para envolver o setor<br />

privado no financiamento da infraestrutura<br />

do país: quando bancos, seguradoras<br />

e investidores direcionam<br />

seus recursos, o fazem com o máximo<br />

rigor, evitando financiar projetos<br />

de má qualidade ou com pouca viabilidade.<br />

Ao não mobilizar os recursos<br />

privados, o país desperdiça uma<br />

grande oportunidade de usar os financiadores<br />

e as seguradoras como<br />

filtro de qualidade e todos saem perdendo.<br />

Finalmente, é essencial mudar<br />

a forma de financiamento para<br />

uma estrutura que é comum internacionalmente<br />

– o project finance,<br />

alavancado por fontes privadas, que<br />

aliviaria as restrições a que as empresas<br />

estão hoje submetidas por<br />

falta de capacidade de dar garantias<br />

para os empréstimos.<br />

CORRIGIR OS MODELOS REGU-<br />

LATÓRIOS NOS SETORES DE IN-<br />

FRAESTRUTURA, CUJAS FALHAS<br />

AUMENTAM O ÔNUS DO GOVERNO<br />

E A INCERTEZA PARA O INVESTI-<br />

DOR. FEITAS AS CORREÇÕES, SERÁ<br />

DADA ESTABILIDADE ÀS REGRAS<br />

COM QUE OPERAM OS CONCES-<br />

SIONÁRIOS<br />

▶ É melhor, de modo geral, usar modelos<br />

testados, ajustar eventuais<br />

distorções, do que “zerar a pedra”,<br />

infringir direitos e gerar insegurança.<br />

Os ativos de infraestrutura têm,<br />

de modo geral, vida útil longa. Muitos,<br />

senão a maior parte dos investidores<br />

no setor, têm uma perspectiva<br />

de médio e longo prazo e uma<br />

preocupação com a sustentabilidade<br />

dos seus investimentos. Mais<br />

além da incerteza regulatória com a<br />

politização de algumas agências, é<br />

fundamental a estabilidade nos modelos<br />

de operação.<br />

▶ Em anos recentes, foram introduzidas<br />

mudanças – geralmente por<br />

meio de medidas provisórias – que<br />

alteraram profundamente os modelos<br />

de operação vigentes. Independentemente<br />

do mérito dessas<br />

medidas, a forma como foram feitas,<br />

por vezes atropelando o Congresso<br />

e ouvindo pouco a sociedade,<br />

gerou bastante insegurança no<br />

setor e questionamentos na justiça,<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


197<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

se tornando um freio para os investimentos.<br />

Assim ocorreu com a MP<br />

679, do setor elétrico, que não apenas<br />

causou enormes prejuízos ao<br />

setor (inclusive à Eletrobras) como<br />

gerou profunda desconfiança entre<br />

os investidores. A MP acabou ainda<br />

por prejudicar os consumidores,<br />

que foram instados a consumir uma<br />

energia escassa e, de acordo com os<br />

planos do governo atual, vão pagar<br />

caro por isso nos próximos anos.<br />

▶ Da mesma forma, a MP 595, dos<br />

portos, foi aprovada a toque de caixa<br />

e em muitos aspectos é um retrocesso,<br />

com a excessiva centralização<br />

das decisões em Brasília. Projetos<br />

mal concebidos foram apresentados<br />

pelo governo e rejeitados por<br />

operadores portuários e mesmo<br />

Companhias Docas; decisões foram<br />

tomadas e estão sendo contestadas<br />

na justiça; e investimentos significativos<br />

permanecem suspensos até o<br />

novo marco se sedimentar.<br />

▶ Outro caso emblemático é o setor<br />

ferroviário. É verdade que o país<br />

necessita balancear seus modais de<br />

transporte e expandir o peso das<br />

ferrovias e hidrovias, além da navegação<br />

de cabotagem. Porém, não é<br />

de uma penada que se resolve uma<br />

questão de grande complexidade.<br />

Expandir a malha ferroviária requer<br />

pensar em profundidade o modelo<br />

de financiamento e de operação das<br />

ferrovias, e tudo indica que as escolhas<br />

do governo não foram as mais<br />

adequadas.<br />

▶ O caso de rodovias é igualmente<br />

esclarecedor. Depois de quase três<br />

anos em que o governo insistiu em<br />

controlar a priori a taxa de retorno<br />

e ver os investidores se desinteressarem,<br />

fez-se uma meia-volta com<br />

competência e os leilões passaram<br />

a deslanchar. Qual foi o truque? Primeiro,<br />

ouvir o mercado, e não impor<br />

soluções de cima para baixo. Segundo,<br />

usar de forma adequada a Lei<br />

das Concessões, de 1995, que serve<br />

bem ao país depois de quase duas<br />

décadas (da mesma forma como a<br />

Lei das Parcerias Público-Privadas,<br />

de 2004, que governos estaduais –<br />

a exemplo de MG – têm se incumbido<br />

de fazer bom uso, e que anda<br />

esquecida pelo Governo Federal).<br />

Terceiro, criar um ambiente competitivo,<br />

assegurando que um número<br />

significativo de empresas concorra<br />

ativamente, dessa forma eliminando<br />

eventuais sobrelucros.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


198<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

DIMINUIR A SOBREPOSIÇÃO DE<br />

ENTES REGULATÓRIOS, UNIFI-<br />

CANDO AO MÁXIMO O PROCES-<br />

SO DE LICENCIAMENTO. PROPOR<br />

UM PROCEDIMENTO DE CONSUL-<br />

TA PRÉVIA NO LICENCIAMENTO<br />

▶ A necessidade de se reportar a<br />

múltiplos entes com atuação sobreposta<br />

aumenta o custo de operação<br />

de uma concessão para provisão<br />

de serviços de infraestrutura.<br />

Não menos importante, aumenta<br />

substancialmente o risco regulatório<br />

e, consequência, o custo de capital<br />

dos projetos, o que reduz sua<br />

atratividade para o setor privado. A<br />

implicação disso é a redução do investimento<br />

e/ou um aumento, pelo<br />

seu efeito sobre a taxa de retorno<br />

demandada pelos concessionários,<br />

do custo pago pela sociedade.<br />

▶ A unificação do processo de licenciamento<br />

reduzirá custos e aumentará<br />

a provisão de serviços de<br />

infraestrutura para os cidadãos. Os<br />

mesmo se aplica ao procedimento<br />

de consulta prévia, que, evidentemente,<br />

reduz os riscos aos quais o<br />

concessionário está exposto uma<br />

vez obtida a aprovação.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


POLÍTICA INDUSTRIAL<br />

199<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

CRESCIMENTO COM PRODUTIVIDADE E PERMANENTE<br />

INOVAÇÃO NOS PROCESSOS PRODUTIVOS<br />

A indústria está realmente enfrentando uma<br />

grande crise, representada por queda na participação<br />

no PIB, da produção física e na sua<br />

participação na pauta de exportação.<br />

De 1981 a 2007, a exportação de manufaturados<br />

sempre superou 50% do total das exportações<br />

brasileiras. Desde 2010 essa participação<br />

passou para menos de 40% do total exportado<br />

pelo Brasil. Adicionalmente, o saldo da Balança<br />

Comercial da manufatura passou de um<br />

superávit de US$ 5 bilhões, em 2006, para um<br />

déficit de US$ 105 bilhões, em 2013.<br />

É consensual que, no mundo pós-2008, há<br />

um excesso de oferta de produtos manufaturados<br />

e que esses produtos estão em busca de<br />

mercados onde há crescimento da demanda,<br />

como o Brasil. Dado o elevado custo de produção<br />

no Brasil, a tendência é de aumento<br />

das importações de produtos manufaturados<br />

e substituição da parte da produção doméstica<br />

por produtos importados. A preocupação<br />

maior, portanto, é com o que vem pela frente,<br />

mais do que o que ficou para trás.<br />

A indústria no Brasil sofre, em geral, por problemas<br />

micro (baixo crescimento da produtividade,<br />

baixa capacidade de inovação, elevado<br />

custo dos insumos etc.) e pelas consequências<br />

de um modelo macro baseado no gasto público<br />

crescente, carga tributária crescente e dependência<br />

da poupança externa para financiar<br />

o aumento do investimento.<br />

O desafio de retomar a competitividade da indústria<br />

brasileira, fomentar a internacionalização<br />

de nossas empresas e uma maior integração<br />

em cadeias de produção globais é urgente.<br />

O grande desafio não é promover um setor<br />

específico à custa dos demais, mas sim adotar<br />

políticas macroeconômicas em conjunto com<br />

políticas de aumento de competitividade que<br />

favoreçam todos os setores da economia e,<br />

principalmente, a indústria.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


200<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

COMPROMISSOS<br />

MAIOR INTEGRAÇÃO COM O RES-<br />

TO DO MUNDO<br />

▶ É indispensável redefinir o relacionamento<br />

da indústria brasileira<br />

com o resto do mundo. Uma visão<br />

bastante protecionista tem que ser<br />

substituída por uma visão de integração<br />

do nosso parque industrial<br />

com a indústria global. Isto é ainda<br />

mais importante quando se considera<br />

que a indústria global passa<br />

por uma nova revolução tecnológica,<br />

com cadeias de produção<br />

fragmentadas em diversos países.<br />

Não podemos ficar cada vez mais<br />

distantes do que fazem os polos industriais<br />

mais desenvolvidos.<br />

▶ Nesse contexto, é preciso considerar<br />

o Mercosul e a política comercial<br />

externa, a retomada do esforço<br />

exportador e a percepção de que,<br />

para produzir e exportar mais é preciso<br />

também importar mais, como<br />

faz inclusive a China, que, apesar de<br />

ser um país grande e exportador de<br />

manufaturas, importa perto de 30%<br />

do seu PIB.<br />

▶ O esforço de maior integração<br />

com o resto do mundo será uma<br />

agenda paralela às reformas microeconômicas,<br />

assim, a maior integração<br />

avançará em conjunto com<br />

a redução do custo Brasil, melhoria<br />

no ambiente de negócios, maiores<br />

estímulos à inovação, aumento da<br />

qualidade da educação e da produtividade<br />

do trabalhador e redução<br />

da taxa de juros.<br />

▶ Ou seja, a maior integração com o<br />

resto do mundo não pode ser vista<br />

como uma medida isolada, mas sim<br />

como um esforço complementar a<br />

uma agenda de reformas para melhorar<br />

a competitividade da economia<br />

brasileira.<br />

MELHORIA DO AMBIENTE MA-<br />

CROECONÔMICO E APROVAÇÃO<br />

DE REFORMAS MICROECONÔMI-<br />

CAS QUE AUMENTEM A PRODU-<br />

TIVIDADE DE TODOS OS SETO-<br />

RES DA ECONOMIA<br />

▶ Não há como ter uma indústria<br />

competitiva sem um setor de serviços<br />

competitivo e vice-versa. A atividade<br />

de design, que é importante<br />

para agregar valor a um produto,<br />

é muitas vezes uma atividade que<br />

ocorre fora da fábrica e até mesmo<br />

em um outro país.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


201<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

▶ Adicionalmente, um bom produto<br />

pode não ser competitivo pela<br />

demora e custo que leva para chegar<br />

ao consumidor final em decorrência<br />

da falta de investimento em<br />

logística. Por fim, é difícil o empresário<br />

planejar os investimentos se<br />

preços importantes para a competitividade<br />

de sua atividade (taxa de<br />

câmbio, tarifa da energia, custo de<br />

transporte etc.) sofrem mudanças<br />

bruscas devido a mudanças de regras<br />

constantes.<br />

▶ Uma verdadeira política industrial<br />

não se faz em “reuniões fechadas<br />

em Brasília”. A verdadeira política<br />

industrial também não é uma política<br />

que favorece setores da indústria<br />

à custa de outros ou mesmo<br />

aquela que discrimina entre atividades<br />

industriais e não industriais. No<br />

mundo moderno do séc. XXI é cada<br />

vez mais difícil apostar em setores.<br />

A tecnologia está embutida tanto<br />

em remédios e carros, quanto em<br />

roupas, sapatos e alimentos.<br />

▶ A preocupação não deveria ser<br />

com o que um país produz, mas<br />

como se produz e o ambiente macroeconômico<br />

que possibilite maior<br />

competividade de todos os setores.<br />

Para alcançarmos esse desafio,<br />

a agenda de competividade da indústria<br />

se mistura com a agenda de<br />

competitividade da economia.<br />

CRIAÇÃO DE UMA NOVA AGEN-<br />

DA PARA INDÚSTRIA<br />

▶ O PSDB entende que é necessário<br />

recuperar novamente a agenda<br />

de equilíbrio macroeconômico que<br />

permita que os empresários resgatem<br />

a confiança, no longo prazo, na<br />

economia brasileira e logo possam<br />

voltar a planejar e investir. A agenda<br />

de estabilização macro deve ser<br />

complementada por ações microeconômicas<br />

que melhorem o funcionamento<br />

da nossa economia, com<br />

impacto positivo na produtividade<br />

de todos os setores da economia.<br />

▶ Por exemplo, melhorar a qualidade<br />

do investimento em educação<br />

significa ter uma mão de obra mais<br />

escolarizada, o que torna mais fácil<br />

a transferência de tecnologia de<br />

outros países e inovação no “chão<br />

da fábrica”. Uma reforma para facilitar<br />

a abertura e o fechamento de<br />

empresas e diminuir a burocracia<br />

não será a solução para o nosso<br />

problema de competitividade, mas<br />

contribui com esse objetivo.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


202<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

▶ Aumentar os incentivos à P&D e<br />

inovação em todos os setores é algo<br />

que também ajuda o crescimento<br />

da produtividade, ainda mais se<br />

incentivos à inovação forem acompanhados<br />

de maior concorrência<br />

decorrente da maior abertura comercial.<br />

▶ Em resumo, o desafio maior para<br />

recuperar a competitividade da indústria<br />

doméstica é atuar nos fatores<br />

que afetam a competitividade<br />

de todos os setores da economia<br />

brasileira. Não há como, no mundo<br />

atual, alguém achar que uma política<br />

de subsídios, que precisa ser periodicamente<br />

renovada e de custo<br />

incerto, será suficiente para compensar<br />

a baixa qualidade de nossa<br />

educação, a nossa elevada carga<br />

tributária, o excesso de burocracia<br />

e a baixa integração da indústria<br />

brasileira nas cadeias globais de<br />

produção.<br />

▶ A solução para resgatar a competividade<br />

da indústria brasileira não<br />

é por meio da concessão de tratamento<br />

privilegiado para algumas<br />

poucas empresas com o objetivo<br />

criar “enclaves de produtividade”.<br />

O desafio é melhorar o ambiente<br />

macro, o funcionamento das instituições<br />

e incentivos à inovação para<br />

todas as empresas e setores.<br />

▶ A competividade da indústria<br />

está intrinsecamente ligada à competividade<br />

da economia brasileira e<br />

o nosso compromisso é resgatar a<br />

competitividade da indústria brasileira<br />

a partir dessa visão integrada<br />

da indústria com os demais setores<br />

da economia.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


203<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

PROPOSTAS<br />

MAIOR INTEGRAÇÃO COM O RES-<br />

TO DO MUNDO E PARTICIPAÇÃO<br />

MAIOR EM CADEIAS GLOBAIS DE<br />

PRODUÇÃO<br />

▶ É indiscutível a importância da<br />

maior integração das empresas<br />

brasileira nas cadeias de produção<br />

globais. Uma maior integração com<br />

o resto do mundo significa ter acesso<br />

a produtos e insumos de melhorar<br />

qualidade que contribuem para<br />

a maior competitividade das empresas<br />

brasileiras. Assim, o PSDB se<br />

propõe a implementar as medidas<br />

necessárias que facilitem e permitam<br />

maior integração de nossas<br />

empresas nas cadeias globais de<br />

produção.<br />

▶ Essa agenda, como detalhado em<br />

outra seção deste plano de governo,<br />

envolve uma nova política de<br />

comércio exterior, além de médias<br />

mais amplas de reformas macro e<br />

microeconômicas que possibilitem<br />

que os nossos empresários se integrem<br />

ao comércio mundial em condições<br />

mais homogêneas. Não há<br />

como exigir eficiência do empresário<br />

e maior integração nas cadeias<br />

globais de produção quando ele<br />

trabalha sob uma legislação tributária<br />

que o leva a gastar 2.600 horas<br />

do ano fiscal apenas para cumprir<br />

com as suas obrigações fiscais<br />

e tributárias.<br />

▶ Assim, a proposta para facilitar a<br />

integração das empresas brasileiras<br />

nas cadeias globais de produção<br />

não é uma medida isolada nem direcionada<br />

a uns poucos setores. Essa<br />

medida faz parte de um conjunto<br />

de medidas de reformas macro e<br />

micro que levariam à redução do<br />

custo Brasil, permitindo que nossas<br />

empresas se integrem ao comércio<br />

mundial de forma competitiva.<br />

INCENTIVAR MAIOR INTEGRA-<br />

ÇÃO ENTRE INDÚSTRIA, AGRI-<br />

CULTURA E SERVIÇOS<br />

▶ A indústria tem que ser vista na<br />

sua conexão com o agronegócio, o<br />

único segmento realmente competitivo<br />

da economia brasileira. Existe<br />

muito que avançar nessa área,<br />

como produção de energia, álcoolquímica,<br />

novos produtos, serviços<br />

industriais etc.<br />

▶ A indústria tem que se integrar<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


204<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

mais com o setor de serviços, tanto<br />

no que concerne aos produtos de<br />

consumo (varejo, confecções, calçados<br />

e têxteis), como o que concerne<br />

à venda de equipamentos<br />

(vender soluções e não máquinas,<br />

como projetos e melhorias em gestão<br />

de energia, segurança, gestão<br />

de certos ativos etc.).<br />

▶ O desafio para o Brasil não é decidir<br />

quais produtos manufaturados<br />

o país dever exportar, mas sim de<br />

que forma esses produtos conseguem<br />

agregar valor, porque incorporam<br />

na sua produção inovação<br />

em produto ou processo, inovação<br />

em design, materiais especiais e/ou<br />

uma estratégia ligada ao desenvolvimento<br />

de marcas.<br />

MELHORAR O AMBIENTE MA-<br />

CROECONÔMICO PARA QUE<br />

SEJA CONSISTENTE COM UM<br />

MODELO QUE AUMENTE A COM-<br />

PETITIVIDADE SISTÊMICA DA IN-<br />

DÚSTRIA<br />

▶ Não existe uma bala de prata que<br />

resolva a perda sistêmica de competitividade<br />

industrial. Muitas iniciativas<br />

terão que ser tomadas e<br />

exigirão tempo para surtirem efeito.<br />

Parte dessas ações vêm da área<br />

macro, como melhoria tributária,<br />

redução consistente de juros, permitida<br />

por uma melhor política fiscal,<br />

que leve a uma taxa de câmbio<br />

mais competitiva para indústria que<br />

resulte do aumento da poupança<br />

doméstica.<br />

DEFINIR AÇÕES MICROECONÔ-<br />

MICAS VOLTADAS PARA: REDU-<br />

ÇÃO DE PREÇO DOS INSUMOS<br />

BÁSICOS DA INDÚSTRIA, MAIO-<br />

RES INCENTIVOS À INOVAÇÃO E<br />

MAIOR TREINAMENTO DA MÃO<br />

DE OBRA E MECANIZAÇÃO DO<br />

PROCESSO DE PRODUÇÃO<br />

▶ Além da área macro, muitas ações<br />

do plano micro são desejáveis e necessárias.<br />

Sem pretender ser exaustivo,<br />

citam-se em seguida algumas<br />

delas.<br />

▶ As matérias-primas básicas, metálicas<br />

e químicas não podem ter<br />

preços locais muito maiores que os<br />

dos similares importados colocados<br />

no mercado interno. A política de<br />

preços da Petrobras deveria levar<br />

este conceito em consideração: é<br />

difícil existir competitividade quando<br />

se cobram preços de monopólio<br />

para gás natural, nafta e outros derivados.<br />

Apenas assim a manufatu-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


205<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

ra tem chance de competir com as<br />

importações e exportar.<br />

▶ Assim como ocorre na cadeia do<br />

agronegócio, é indispensável que as<br />

inovações sejam mais presentes na<br />

indústria local. O papel do Estado<br />

neste quesito é fundamental, inclusive,<br />

com o uso de recursos a fundo<br />

perdido no fomento à inovação<br />

e constante avaliação dos casos de<br />

sucesso e fracasso.<br />

▶ Considerando-se o aperto no<br />

mercado de trabalho, parece indispensável<br />

um esforço na direção de<br />

maior mecanização, robotização e<br />

automação no setor. Só assim, poderemos<br />

ter uma elevação significativa<br />

na produtividade do trabalho<br />

no segmento industrial. Precisamos<br />

de empregos de melhor qualidade,<br />

o que só existirá com maior qualificação<br />

do pessoal e maior estoque<br />

de capital por trabalhador.<br />

MELHORAR A QUALIDADE DA<br />

INFRAESTRUTURA E DIMINUIR A<br />

BUROCRACIA<br />

▶ Também para o setor industrial<br />

(como no resto da economia), um<br />

avanço significativo na qualidade<br />

da infraestrutura e na redução do<br />

custo de logística é indispensável.<br />

Uma melhor infraestrutura propiciará<br />

redução de custo para os produtos<br />

de diversos setores e facilitará<br />

a maior integração com cadeias<br />

globais de produção.<br />

▶ A excessiva regulação do mercado<br />

de trabalho está colocando<br />

custos extraordinariamente altos,<br />

diretos e indiretos para o setor. Não<br />

se fala apenas aqui dos custos trabalhistas,<br />

mas também dos efeitos<br />

financeiros de regulamentos, como<br />

a normativa regulamentadora NR<br />

12 – Segurança no Trabalho em Máquinas<br />

e Equipamentos.<br />

▶ É fundamental mudar a percepção<br />

de que no Brasil empreender é<br />

demasiadamente complicado e desanimador.<br />

▶ Regulação e exigências burocráticas<br />

em outras áreas têm que ser reduzidas,<br />

inclusive na área parafiscal.<br />

A própria Receita admite que muitos<br />

formulários a serem preenchidos<br />

são duplicados ou desnecessários.<br />

Muito da nossa má posição no<br />

ranking do Doing Business, do Banco<br />

Mundial, decorre desse tipo de<br />

problema, além da multiplicidade<br />

de impostos e contribuições.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


206<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

O USO DE INCENTIVOS PARA IN-<br />

DÚSTRIA DEVE SER TRANSPA-<br />

RENTE, AVALIADO E UTILIZADO<br />

COMO UM INSTRUMENTO TEM-<br />

PORÁRIO DE FOMENTO AO CRES-<br />

CIMENTO DA PRODUTIVIDADE<br />

▶ É perfeitamente razoável que se<br />

concedam incentivos, de várias<br />

naturezas, para as empresas. Entretanto,<br />

eles devem sempre ser<br />

transparentes, temporários e estar<br />

associados a contrapartes de desempenho.<br />

▶ A concessão de subsídios é justificável<br />

em épocas de crise e como<br />

instrumento temporário de fomento<br />

setorial. Mas a concessão de<br />

subsídios deve priorizar projetos de<br />

inovação, que são projetos que, em<br />

geral, resultam em externalidades<br />

positivas: beneficiam diversas empresas<br />

e setores da economia e não<br />

apenas o setor beneficiado.<br />

▶ O BNDES e outras agências de<br />

crédito têm um papel importante a<br />

cumprir. Entretanto, aqui também<br />

a transparência e a universalidades<br />

das regras têm que ser claramente<br />

estabelecidas. Uma política de<br />

subsídios de elevado custo para o<br />

contribuinte não deve ser nem o<br />

principal instrumento de fomento<br />

à indústria como passou a ser a regra<br />

dos últimos anos. Além de não<br />

resolver o problema, tem elevado<br />

custo fiscal em um país que já tem<br />

uma carga tributária excessiva e<br />

onde se investe pouco.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


REFORMA TRIBUTÁRIA<br />

207<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

O Brasil é um país de elevada carga tributária<br />

para seu nível atual de desenvolvimento. Temos<br />

uma carga tributária de 36% do PIB para um país<br />

com o PIB per capita de R$ 24 mil. Em geral,<br />

países com carga tributária semelhante à nossa<br />

têm um PIB per capita quase três vezes superior<br />

ao nosso. Assim, aumentar a carga tributária deixou<br />

de ser uma opção viável para o financiamento<br />

das políticas públicas.<br />

Por outro lado, no curto-prazo, também não<br />

há espaço para reduzir fortemente a carga tributária,<br />

dado o elevado crescimento do gasto<br />

público nos últimos quatro anos. De 2011 a<br />

2014, a despesa não financeira do Governo<br />

Central (Governo Federal, Previdência e Banco<br />

Central) deverá crescer em 2,2% do PIB,<br />

um crescimento do gasto em quatro anos que<br />

será equivalente ao crescimento dos doze anos<br />

(1999-2010) que antecederam o governo atual.<br />

Este forte crescimento da despesa nos levou<br />

a uma situação de risco fiscal, algo que já havíamos<br />

resolvido no passado com a introdução<br />

do regime de metas de superávit primário, em<br />

1999, em conjunto com a aprovação da Lei de<br />

Responsabilidade Fiscal, em 2000. O superávit<br />

primário do setor público em 12 meses, até<br />

julho de 2014, foi de 1,2% do PIB, nível insuficiente<br />

nas condições atuais para estabilizar a<br />

razão da dívida bruta e líquida do setor público<br />

em relação ao PIB.<br />

A situação chega até a ser mais grave, porque,<br />

quando descontadas as receitas atípicas,<br />

aquelas que não se repetem ao longo dos anos,<br />

e quando computadas as despesas não pagas,<br />

o superávit primário do setor público (sem truques)<br />

está próximo de “zero”. Assim, o próximo<br />

governo terá que perseguir o duplo objetivo de<br />

avançar em uma reforma tributária, que é necessária<br />

e inadiável, e simultaneamente recuperar<br />

a o superávit primário do setor público.<br />

De qualquer forma, se não há espaço fiscal<br />

para uma redução imediata da carga tributária<br />

devido à herança maldita do governo atual,<br />

é possível uma melhoria substancial no nosso<br />

sistema tributário, que é extremamente complexo.<br />

Por exemplo, o número elevado de impostos<br />

e contribuições aumentam muito a burocracia<br />

e o custo das empresas de cumprirem<br />

com suas obrigações ficais.<br />

De acordo com dados do Banco Mundial, as<br />

empresas no Brasil levam cerca de 2.600 horas<br />

para cumprirem com suas obrigações fiscais,<br />

ante um média de apenas 366 horas para<br />

todos os países da América Latina e Caribe.<br />

Assim, é possível avançar de forma rápida na<br />

forte redução do número de impostos e contribuições<br />

e caminhar para a implementação<br />

de um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA)<br />

nacional, compartilhado entre Governo Federal<br />

e estados.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


208<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

COMPROMISSOS<br />

SIMPLIFICAÇÃO TRIBUTÁRIA NO<br />

CURTO PRAZO E REDUÇÃO DA<br />

CARGA TRIBUTÁRIA NO LONGO<br />

PRAZO. REDUZIR E SIMPLICAR O<br />

NÚMERO DE IMPOSTOS E CONTRI-<br />

BUIÇÕES<br />

▶ É possível qualificar como reforma<br />

tributária um conjunto de alterações<br />

nas disposições legais que<br />

regulam o tamanho e a estrutura<br />

dos impostos, taxas e contribuições<br />

vigentes em determinado país. Tais<br />

mudanças influem diretamente na<br />

vida da população, dos empresários<br />

e do setor público.<br />

▶ Dado que esse é um processo que<br />

modifica a situação de todos, ele é<br />

por natureza um evento difícil, exigindo<br />

uma grande habilidade política<br />

para se chegar a um consenso.<br />

Para isso é preciso um partido político<br />

estruturado e com a tradição<br />

de saber montar e administrar uma<br />

ampla coalização pró-reformas. Essas<br />

são características dos governos<br />

do PSDB.<br />

▶ O desafio imediato da reforma tributária<br />

é simplificar radicalmente a<br />

legislação tributária e trazer previsibilidade<br />

para o horizonte de planejamento<br />

das empresas. Em um segundo<br />

momento, o PSDB buscará<br />

o controle do crescimento do gasto<br />

púbico e, assim, uma redução gradual<br />

e permanente da carga tributária<br />

do Brasil.<br />

SISTEMA TRIBUTÁRIO SIMPLES<br />

COM REGRAS ESTÁVEIS<br />

▶ O sistema tributário brasileiro<br />

provoca danos à competitividade,<br />

eficiência econômica e alocação de<br />

recursos. As exportações e os investimentos<br />

produtivos ainda são<br />

taxados, indiretamente, porque os<br />

créditos dos insumos e dos bens de<br />

capital não são devolvidos depois<br />

que acumulados. Esse era um problema<br />

crônico do ICMS, mas cresceu<br />

de forma acelerada no âmbito<br />

dos tributos federais, com créditos<br />

acumulados em tributos como IPI,<br />

PIS e Cofins.<br />

▶ Essas contribuições até passaram<br />

a contar com um regime não cumulativo<br />

desde 2004, mas ele é restrito<br />

basicamente às empresas que declaram<br />

IR pelo lucro real. Na prática,<br />

os créditos continuam sendo acumulados,<br />

sobretudo nas exporta-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


209<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

ções e no agrobusiness. O prejuízo<br />

é imenso, reduzindo a competividade<br />

do produto nacional internamente<br />

e externamente, incentivando<br />

a verticalização das empresas e<br />

onerando excessivamente os bens<br />

de capital, que tradicionalmente<br />

possuem cadeias produtivas mais<br />

longas.<br />

▶ Além dos problemas acima, o<br />

nosso sistema tributário é baseado<br />

em mudanças constantes de regras,<br />

que prejudicam as decisões de investimento<br />

das empresas. Uma decisão<br />

de internacionalização que levou<br />

anos de planejamento pode ser<br />

tornar inviável quando o governo<br />

passa a dar uma nova interpretação<br />

sobre a tributação que incide sobre<br />

o lucro reinvestido por empresas<br />

brasileiras em outros países.<br />

▶ O compromisso do PSDB é encaminhar<br />

no primeiro semestre do<br />

novo governo uma proposta de reforma<br />

tributária com base nos seguintes<br />

princípios: (i) reduzir o número<br />

de impostos e contribuições,<br />

(ii) aperfeiçoar a técnica da não<br />

cumulatividade para os tributos federais;<br />

(iii) agilizar o aproveitamento<br />

dos saldos credores acumulados,<br />

especialmente por exportadores e<br />

investidores; (iv) instituir o cadastro<br />

fiscal único; e (v) implementar um<br />

Imposto sobre Valor Adicionado<br />

(IVA) nacional. Esses compromissos<br />

serão detalhados nas propostas<br />

seguintes.<br />

PROPOSTAS<br />

IMPLEMENTAR A SISTEMÁTICA<br />

DE CRÉDITO FINANCEIRO PARA<br />

TODOS OS TRIBUTOS FEDERAIS<br />

▶ Um dos grandes problemas do<br />

nosso sistema tributário é o crédito<br />

das empresas na compra de insumos<br />

para a produção. Os insumos<br />

destinados a integrar fisicamente<br />

o produto industrializado geram<br />

um crédito para as empresas. Mas<br />

o mesmo insumo, quando utilizado<br />

no processo administrativo da em-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


210<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

presa, não gera crédito. Essa diferença<br />

significa que uma parte da<br />

energia que uma empresa compra<br />

gera crédito e outra não, como se<br />

o processo produtivo não despendesse<br />

da parte administrativa e<br />

gestão de uma empresa.<br />

▶ Assim, uma proposta imediata da<br />

reforma tributária é aperfeiçoar a<br />

técnica da não cumulatividade para<br />

o caso dos tributos federais, IPI, Cofins<br />

e PIS. Há que se abandonar a<br />

sistemática de crédito físico – que<br />

só dá crédito para insumos destinados<br />

a integrar fisicamente o produto<br />

industrializado – e implantar<br />

a sistemática de crédito financeiro,<br />

que permite às empresas recuperar<br />

todo e qualquer tributo federal sobre<br />

as compras que realizam, inclusive<br />

de bens para uso e consumo<br />

próprio e para o ativo permanente.<br />

fisco. Aqui há duas formas de se resolver<br />

esse problema. Primeiro, será<br />

proposta a possibilidade de compensação<br />

entre tributos de qualquer<br />

natureza, no âmbito de um<br />

mesmo ente federativo, por meio<br />

de lei complementar. Isso significa,<br />

na prática, que empresas poderão<br />

pagar com seus créditos de tributos<br />

federais suas obrigações junto<br />

ao INSS.<br />

▶ Segundo, a solução acima não soluciona<br />

o problema do excesso de<br />

acúmulo de crédito do ICMS dos<br />

exportadores. Nesse caso, o Governo<br />

Federal se compromete ajudar<br />

os estados a implementar um<br />

mercado secundário de créditos de<br />

ICMS, possibilitando que empresas<br />

com excesso de créditos transfiram<br />

esses direitos para firmas devedoras<br />

do fisco estadual.<br />

AGILIZAR O APROVEITAMENTO<br />

DOS SALDOS CREDORES ACUMU-<br />

LADOS, ESPECIALMENTE POR EX-<br />

PORTADORES E INVESTIDORES<br />

▶ Um outro grande problema do<br />

nosso sistema tributário é o excesso<br />

de créditos que empresas<br />

exportadoras acumulam junto ao<br />

INSTITUIR O CADASTRO FISCAL<br />

ÚNICO<br />

▶ Ainda na linha de simplificação,<br />

grande parte da complexidade do<br />

sistema tributário nacional poderia<br />

ser eliminada com a instituição,<br />

por meio de Projeto de Lei Complementar,<br />

do cadastro fiscal úni-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


211<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

co dos contribuintes. Se o objetivo<br />

no longo prazo da adoção de um<br />

novo sistema tributário no Brasil é<br />

que ele seja antes de tudo simplificado<br />

e racional – para não falar em<br />

mais justo e pró-eficiência – e que<br />

lá a reforma caminhe gradualmente,<br />

é preciso começar por algo que<br />

seja marcante e definitivo da nova<br />

estratégia nacional.<br />

▶ Para o cidadão, significa que ele<br />

ou sua empresa terão um único número<br />

de identificação para se relacionar<br />

com o fisco e também para<br />

qualquer outra forma de contato<br />

com qualquer órgão da administração<br />

pública brasileira – para a segurança<br />

pública, para votar, para ir à<br />

escola pública, ao hospital público,<br />

para receber a previdência, o seguro-desemprego,<br />

a bolsa família.<br />

A ideia é que, quando a criança for<br />

registrada no cartório, a certidão de<br />

nascimento já informe um número<br />

que ela poderá usar para o resto de<br />

sua vida. Não seria difícil e nem caro<br />

recadastrar todos os brasileiros.<br />

▶ A adoção da identidade única traria<br />

muitos benefícios. A fiscalização<br />

de impostos seria apenas o ponto<br />

de partida, pois, com identidade<br />

única, as bases de dados poderão<br />

ser compartilhadas entre as diferentes<br />

autoridades fazendárias e a<br />

corrupção seria combatida de forma<br />

implacável. A eficiência dos serviços<br />

e gastos públicos poderá dar<br />

um salto de qualidade enorme, pois<br />

haverá um só prontuário eletrônico<br />

para usar qualquer unidade do SUS<br />

em qualquer lugar do país – e também<br />

aí fiscalizar o que a rede lhe<br />

presta de serviços. Os criminosos<br />

poderão ter finalmente um banco<br />

nacional de procurados etc.<br />

▶ Os benefícios sociais já são pagos<br />

com cartões, mas um para cada<br />

caso. Já foi aprovada uma lei prevendo<br />

a integração das identidades,<br />

mas não foi implementada. Precisamos<br />

construir o caminho para uma<br />

verdadeira transparência cidadã em<br />

que todos os brasileiros inscritos no<br />

cadastro único sejam informados<br />

anualmente de seus direitos sociais<br />

ainda não conquistados. Um sistema<br />

direto de informação, com gestão<br />

social de um conselho formado<br />

por usuários, trabalhadores sociais,<br />

gestores e Ministério Público. As famílias<br />

precisam conhecer os direitos<br />

que não estão vivenciando. Que<br />

a criança tem direito a uma vaga<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


212<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

na escola, que o adulto pode voltar<br />

a estudar e que a moradia em que<br />

vive não está segura.<br />

CRIAR UM IMPOSTO SOBRE VALOR<br />

ADICIONADO (IVA) NACIONAL.<br />

▶ O sistema tributário atual do Brasil<br />

foi criado, em 1965, para uma<br />

economia fechada e pouco diversificada,<br />

sem políticas sociais ativas<br />

em uma Federação centralizada. O<br />

novo sistema tributário teria como<br />

objetivo revisar as competências<br />

tributárias (unificar impostos e contribuições<br />

sobre mesma base) e repartições<br />

(alargar base de cálculo<br />

de fundos e vinculações).<br />

▶ De acordo com essa estratégia, a<br />

proposta é radicalizar na simplificação<br />

do sistema e propor a criação<br />

de um único e amplo Imposto sobre<br />

Valor Adicionado (IVA) Nacional. O<br />

IVA Nacional incorporará tanto o<br />

ICMS como todo e qualquer tributo<br />

federal que hoje incide sobre o faturamento<br />

ou a receita das empresas,<br />

como é o caso IPI; das contribuições<br />

sociais, Cofins e PIS; e das<br />

contribuições econômicas, como<br />

Cide, Fundo de Universalização<br />

dos Serviços de Telecomunicações<br />

(Fust) e Fundo para o Desenvolvimento<br />

Tecnológico das Telecomunicações<br />

(Funttel). O novo imposto<br />

será um autêntico tributo sobre valor<br />

adicionado, nos moldes adotados<br />

na Europa há tempos e, agora,<br />

na imensa maioria dos países.<br />

▶ O IVA terá legislação e arrecadação<br />

nacional. O que será compartilhado<br />

entre a União e os estados é<br />

a receita do IVA, e não a competência<br />

para a sua criação (que será da<br />

União) ou para a sua cobrança (que<br />

será dos estados). Adicionalmente,<br />

as exportações terão imunidade do<br />

IVA e será reforçada a garantia de<br />

aproveitamento dos eventuais saldos<br />

credores acumulados.<br />

▶ Em paralelo com a criação do IVA,<br />

será proposta a criação de um fundo<br />

de compensações, na forma de<br />

transferência da União em favor dos<br />

estados que tenham sofrido perdas<br />

financeiras depois da criação do<br />

novo sistema tributário e com base<br />

no IVA. A origem dos recursos será<br />

a receita tributária federal, a mesma<br />

base dos fundos de participação.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


213<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

TURISMO<br />

IR E VIR COM QUALIDADE<br />

A falta de políticas públicas e de infraestrutura<br />

básica estão entre os fatores que levaram o<br />

Brasil, de 2009 a 2013, a cair seis posições, da<br />

45ª posição para 51ª posição, no ranking mundial<br />

do relatório The Travel & Tourism Competitiveness<br />

Report, publicado pelo Fórum<br />

Econômico Mundial (WEF) em 2014. Nesse<br />

relatório, que tem como subtítulo “reduzindo<br />

barreiras para o crescimento econômico e a<br />

criação de empregos”, o Brasil ocupa o 1º lugar<br />

em recursos naturais em todo o mundo,<br />

por outro lado, ocupa a posição 129ª entre 140<br />

países, na oferta de infraestrutura de transporte<br />

terrestre. E a 131ª posição no indicador<br />

“qualidade da infraestrutura do transporte aéreo”.<br />

O documento chama a atenção para o<br />

fato de que o Brasil, que recebe megaeventos<br />

tais como Copa do Mundo e Olimpíadas, em<br />

contraste assiste também a uma queda acentuada<br />

em seus indicadores de competitividade<br />

em turismo. O relatório em questão reúne<br />

os diversos indicadores que norteiam as suas<br />

conclusões em 3 grandes grupos:<br />

• Pessoas, recursos naturais e recursos culturais,<br />

no qual o Brasil ocupa a 12ª posição,<br />

com destaque para a 1ª posição mundial em<br />

recursos naturais.<br />

• Ambiente de negócios e infraestrutura, em<br />

que ocupa a 76ª posição.<br />

• Estrutura de regulamentação de viagem e<br />

turismo, em que ocupamos a 82ª posição,<br />

com destaque negativo para o indicador<br />

“normativo legal”, no qual ocupamos a 119ª<br />

posição.<br />

Assim, o Brasil, que ocupa o 1º lugar em competitividade<br />

em turismo no quesito recursos<br />

naturais, convive com um dos piores indicadores<br />

no ambiente legal, que deveria ser parceiro<br />

e direto incentivador das empresas de turismo.<br />

Hoje, o setor convive com um enorme potencial<br />

de crescimento e de geração de empregos<br />

de qualidade e, por outro lado, refém de<br />

um excesso de regulamentações burocráticas,<br />

onerosas e morosas.<br />

Compete à União desenvolver políticas públicas<br />

de turismo e definir mecanismos de gestão,<br />

por constatar que são bens públicos, em<br />

regime de exclusividade para legislar e competência<br />

para gerir: os mares, os rios, as ilhas<br />

e os recursos naturais, as cavidades naturais<br />

subterrâneas, os sítios e outros potenciais turísticos,<br />

bem como outros insumos presentes<br />

no território brasileiro: água, energia, telecomunicações<br />

conforme disposto no artigo 20<br />

da Carta Magna. Esses insumos são recursos<br />

estratégicos para garantir a oferta e a acessibilidade<br />

dos cidadãos aos principais destinos. O<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


214<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

país tem um marco legal com legados históricos<br />

de excesso de exigências burocráticas, inócuas,<br />

que não asseguram efetividade na ação.<br />

Um dos principais desafios do setor terciário<br />

no Brasil é promover reformas estruturantes,<br />

regulação, conhecimento e inovação, acesso<br />

a informação sobre mercados, financiamento<br />

e governança corporativa. O Brasil tem baixos<br />

índices de investimento em ciência e tecnologia<br />

e de qualificação de mão de obra para o<br />

setor como um todo.<br />

A adoção de decisões estratégicas em turismo<br />

requer informações qualificadas que permitam<br />

orientar adequadamente as políticas e a<br />

formulção de políticas de desenvolvimento,<br />

diz o secretrário Geral da Organização Mundial<br />

de Turismo, Taleb Rifai. O compêndio de<br />

estatísticas de turismo de 2013 registra os dados<br />

de 215 países no período de 2007 a 2011.<br />

O Brasil tem se destacado como um grande<br />

emissor de turistas e fraco desempenho no turismo<br />

emissivo ou turismo interno. Segundo<br />

a Organização Mundial de Turismo (WTO),<br />

o Brasil e outros países emissores de turistas<br />

(com perda de receita econômica) deveriam<br />

mudar estruturalmente o seu modelo de negócios<br />

e promover trocas internacionais para<br />

assegurar a competitividade e a racionalidade<br />

de custos<br />

O ambiente institucional é de baixa governança<br />

na gestão pública federal. Há falta de<br />

articulação da área do turismo com órgãos e<br />

entidades responsáveis pela elaboração de estratégias<br />

de desenvolvimento do Brasil. Todo<br />

o esforço institucional está centrado na promoção<br />

do destino brasileiro, sem levar em<br />

consideração a estruturação dos atrativos e<br />

destinos internos. A função está fora do eixo<br />

do desenvolvimento econômico, não integra<br />

os principais comitês e fóruns internacionais e<br />

nacionais de formulação e implementação de<br />

políticas e transportes, esportes e lazer, meio<br />

ambiente e outros dos quais depende diretamente.<br />

Também não possui articulação com<br />

os programas e projetos estruturadores dos<br />

governos e não aloca recursos orçamentários<br />

condizentes com as necessidades locais. O<br />

atual modelo de desenvolvimento do turismo<br />

é a regionalização do território, com a criação<br />

de circuitos e polos, mas o financiamento da<br />

atividade é meramente local. Assim, não há<br />

competitividade no setor. Os preços da hotelaria,<br />

deslocamento interno e demais serviços<br />

são mais caros do que as demais cidades da<br />

América Latina, da Europa e dos Estados Unidos<br />

e de outros países concorrentes. A oferta<br />

de cursos de formação de gestores técnicos e<br />

demais profissionais da área está em queda,<br />

uma vez que os empresários nãos os absorvem,<br />

pela instabilidade da regulamentação e<br />

falta de política de incentivos ao setor.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


215<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

COMPROMISSOS<br />

E PROPOSTAS<br />

▶ Desenvolver políticas públicas nacionais<br />

de desenvolvimento econômico<br />

do turismo que assegurem o<br />

uso sustentável dos recursos culturais<br />

e naturais, visando aumentar a<br />

produtividade e a competitividade<br />

dos destinos turísticos internos.<br />

▶ Implementar políticas públicas de<br />

promoção dos destinos internos<br />

por meio da simplificação e desburocratização<br />

dos marcos regulatórios<br />

de transportes, telecomunicações,<br />

energia, energia e água,<br />

atrativos naturais e culturais e outros<br />

afins, sob a responsabilidade<br />

da União, como forma de promover<br />

o turismo interno.<br />

▶ Promover a articulação entre os<br />

entes da Federação e atores societários<br />

privados, em especial com os<br />

agentes econômicos, para assegurar<br />

qualidade na oferta de produtos<br />

e destinos turísticos e a sustentabilidade<br />

do setor.<br />

▶ Criar mecanismos de promoção<br />

e apoio à estruturação da indústria<br />

turística, em especial os meios de<br />

hospedagem, alimentos e bebidas,<br />

transportes, agenciamento, atividades<br />

culturais, esporte e lazer, comércio<br />

de bens e serviços associados<br />

ao turismo.<br />

▶ Desenvolver programas e projetos<br />

integrados com a finalidade de<br />

melhorar a sinalização turística e a<br />

mobilidade urbana e rural.<br />

▶ Atuar de forma integrada na fiscalização<br />

e no monitoramento do<br />

turismo emissor, visando evitar a<br />

entrada irregular de produtos que<br />

possam ameaçar a economia local<br />

e regional.<br />

▶ Desenvolver programas de ciência<br />

e tecnologia que visem à qualificação<br />

profissional e à geração de<br />

pesquisa e inovação, em especial<br />

para estímulo tecnológico e intercâmbio<br />

acadêmico.<br />

▶ Rever os modelos de regulação<br />

da atividade econômica de modo a<br />

assegurar a inserção de projetos de<br />

preservação da cultura local e sustentabilidade<br />

dos recursos naturais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


216<br />

DESENVOLVIMENTO<br />

▶ Elaborar os planos de manejo e<br />

promover o uso público das unidades<br />

de conservação federais como<br />

ativos do setor do turismo, com<br />

destaque para a urgente regulamentação<br />

dos atuais parques nacionais,<br />

como forma potencial de<br />

criação de atividades turísticas e de<br />

empresas de qualidade.<br />

▶ Estruturar programas e projetos<br />

de formação e profissionalização<br />

dos integrantes da cadeia produtiva<br />

do turismo.<br />

▶ Promover ações que visem atender<br />

às necessidades do mercado sobre<br />

a contratação de mão de obra<br />

sazonal, bem como assegurar os direitos<br />

sociais dos trabalhadores.<br />

▶ Implantar modelo integrado e sistêmico<br />

de governança para a institucionalização<br />

da função turismo,<br />

criar sistemas de cooperação entre<br />

os entes públicos e privados.<br />

▶ Promover a desregulamentação<br />

do setor.<br />

▶ Criar linhas de crédito de fomento<br />

à matriz insumo/produto turístico,<br />

em especial para micro e pequenas<br />

empresas como forma de incentivo<br />

ao crescimento dos investimentos<br />

em infraestrutura turística, para<br />

permitir a expansão da atividade e<br />

valorização do artesanato e a economia<br />

criativa no turismo.<br />

▶ Intensificar o apoio aos Conventions<br />

& Bureaus na captação de megaeventos<br />

sustentáveis que promovam<br />

o destino turístico brasileiro.<br />

▶ Implantar a gestão das unidades<br />

de conservação como instrumento<br />

de desenvolvimento regional, como<br />

ativos estratégicos com potencial<br />

de geração de emprego e renda,<br />

mediante políticas adequadas de<br />

turismo sustentável.<br />

▶ Estimular a criação de programas<br />

especais de turismo de observação<br />

de aves, baleias, turismo espeleológico,<br />

turismo histórico e cultural,<br />

turismo rural e de negócios.<br />

▶ Incentivar em maior intensidade<br />

a captação de eventos esportivos,<br />

culturais e de negócios internacionais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


INTRODUÇÃO<br />

ESTADO DEMOCRÁTICO<br />

GESTÃO PÚBLICA<br />

RELAÇÃO COM OS SERVIDORES<br />

DESBUROCRATIZAÇÃO<br />

RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />

DEFESA NACIONAL<br />

PACTO FEDERATIVO<br />

E DESENVOLVIMENTO REGIONAL<br />

REFORMA POLÍTICA


219<br />

ESTADO<br />

INTRODUÇÃO<br />

UM DIREITO DO CIDADÃO<br />

Diariamente, milhões de brasileiros são vítimas<br />

de serviços públicos de má qualidade, ou<br />

sequer têm acesso a serviços básicos como os<br />

de saúde, educação, segurança, saneamento<br />

básico e transporte público.<br />

Em função desse cenário, a população desenvolve<br />

uma avaliação negativa da administração<br />

pública, aumentando sua percepção de que o<br />

Estado brasileiro não atende às suas necessidades<br />

e não está preocupado em melhorar a<br />

sua qualidade de vida.<br />

Essa percepção é prejudicial para a consolidação<br />

da democracia e para a construção de uma<br />

economia competitiva, capaz de gerar bem-estar<br />

para todos. Se a população e os agentes<br />

econômicos não enxergam o Estado como um<br />

aliado, eles não o valorizam e se voltam para<br />

soluções individuais sem a preocupação de<br />

se empenhar por soluções coletivas, tornando<br />

mais difícil a vida em sociedade.<br />

Se a administração pública e seus servidores,<br />

sejam eles dirigentes políticos ou técnicos,<br />

eleitos ou não, não são percebidos como promotores<br />

do interesse público, mas sim como<br />

instrumentos de interesses particulares, está<br />

aberto o caminho da deslegitimação do Estado<br />

e do seu consequente enfraquecimento.<br />

O Estado, como sabemos, é o instrumento<br />

fundamental de ação coletiva de que a sociedade<br />

dispõe e é essencial para assegurar o<br />

respeito à ordem legal, a igualdade de oportunidades<br />

e a promoção do bem-estar, bases de<br />

uma sociedade democrática sustentável.<br />

A sociedade não pode prescindir, para o seu<br />

desenvolvimento político, cultural, econômico<br />

e social, de um Estado eficiente, eficaz, efetivo<br />

e comprometido com o interesse público.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


ESTADO DEMOCRÁTICO<br />

220<br />

ESTADO<br />

A RECUPERAÇÃO DA CONFIANÇA NAS INSTITUIÇÕES<br />

Nosso primeiro compromisso é com o estado<br />

democrático de direito, garantidor do respeito<br />

às liberdades civis, dos direitos humanos e das<br />

garantias fundamentais dos cidadãos.<br />

O programa de transformação do país que ora<br />

propomos fundamenta-se no respeito às instituições,<br />

cuja confiança é chave para o sucesso<br />

das nações: porque estimula e encoraja a<br />

participação e as manifestações da cidadania,<br />

garante o pleno exercício das liberdades, resguarda<br />

o respeito à ordem democrática e assegura<br />

as condições para o desenvolvimento.<br />

Consideramos que o Brasil ainda está distante<br />

de transformar em realidade cotidiana as normas<br />

constitucionais que asseguram direitos<br />

fundamentais civis, políticos, sociais, econômicos<br />

e culturais aos nossos cidadãos.<br />

O país falha, todos os dias, no fundamental:<br />

no direito à vida, à moradia, à alimentação,<br />

à saúde, ao conhecimento, às liberdades de<br />

pensamento, de expressão, de crença, de escolha.<br />

Falha na garantia dos direitos econômicos,<br />

políticos, sociais e culturais.<br />

Além disso, o equilíbrio entre os poderes vem<br />

sendo rompido e a atividade política tem sido<br />

desmoralizada, resultando em desrespeito ao<br />

equilíbrio democrático. Setores importantes<br />

da sociedade vêm perdendo canais legítimos<br />

de organização e manifestação.<br />

Em paralelo, busca-se legitimar a prática da<br />

intolerância, da hostilidade e da calúnia contra<br />

opositores. Esse conjunto de ações deteriorou<br />

o ambiente político do país e fez aumentar<br />

a desconfiança dos brasileiros na atividade<br />

pública.<br />

É chegada a hora de dar respostas claras e efetivas<br />

às mudanças reclamadas pelos brasileiros,<br />

no sentido de restaurar a fé e a confiança<br />

dos cidadãos no Brasil e nas possibilidades de<br />

seu próprio crescimento e ascensão social, em<br />

ambiente de ética e respeito. Nosso governo<br />

não se omitirá na intransigente defesa das liberdades,<br />

no respeito às instituições e no fortalecimento<br />

do estado democrático de direito.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


221<br />

ESTADO<br />

COMPROMISSOS/<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Restaurar valores e ideais caros<br />

aos brasileiros: ética, dignidade,<br />

honra, solidariedade, transparência.<br />

▶ Colocar o poder público a serviço da<br />

coletividade e dos interesses da nação.<br />

▶ Radicalizar a democracia brasileira.<br />

▶ Fortalecer e aperfeiçoar as instituições,<br />

para que, com a necessária<br />

autonomia, possam exercer seu papel<br />

na defesa da sociedade.<br />

▶ Resgatar o respeito entre poderes<br />

e instituições autônomas, restringindo,<br />

por exemplo, o uso de instrumentos<br />

atípicos, como as medidas<br />

provisórias, que usurpam prerrogativas<br />

legais do Legislativo.<br />

▶ Combater de maneira intransigente<br />

a corrupção.<br />

▶ Garantir a lisura e a transparência<br />

no trato do interesse público, o respeito<br />

aos direitos da cidadania e assegurar<br />

o pleno cumprimento dos<br />

deveres do Estado.<br />

▶ Aprofundar a defesa das liberdades,<br />

em especial a de imprensa,<br />

valor fundamental da democracia<br />

brasileira.<br />

▶ Aumentar a transparência nos<br />

atos do poder público, de forma a<br />

garantir o livre acesso dos cidadãos<br />

a decisões do Estado.<br />

▶ Estabelecer canais de diálogo e<br />

interação institucional com movimentos<br />

de representação da sociedade<br />

civil, como sindicatos, instituições<br />

classistas e movimentos<br />

sociais.<br />

▶ Estabelecer absoluto compromisso<br />

com a firme defesa dos direitos<br />

humanos e com o respeito aos direitos<br />

das minorias.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


222<br />

ESTADO<br />

GESTÃO PÚBLICA<br />

GASTAR MENOS COM O GOVERNO<br />

PARA GASTAR MAIS COM AS PESSOAS<br />

As mudanças que se fazem necessárias exigem<br />

a continuidade e o avanço das políticas<br />

de reforma da gestão pública, que só se viabilizarão<br />

com o apoio da sociedade.<br />

Inegavelmente houve avanços significativos nos<br />

últimos 25 anos. A Constituição de 1988 corporificava<br />

um ambicioso projeto de sociedade<br />

com um abrangente estado de bem-estar social.<br />

Não obstante, nossa Carta Magna não dispunha<br />

de mecanismos (e em alguns casos<br />

impossibilitava sua criação) essenciais para<br />

dinamizar a economia de mercado e tornar a<br />

administração pública mais efetiva e eficiente<br />

– muito embora fortalecesse o concurso público,<br />

o sistema de planejamento, a descentralização<br />

e a responsabilidade compartilhada com<br />

os outros entes da Federação.<br />

Se no momento de sua promulgação faltaram<br />

as condições materiais concretas para a efetiva<br />

implementação dos seus preceitos, a década<br />

de 1990 iniciou a criação das bases de um<br />

novo dinamismo, disciplinando as finanças<br />

públicas, fazendo o Estado sair da crise fiscal,<br />

que o assolava há décadas, e propondo uma<br />

renovada agenda de reformas e aperfeiçoamentos<br />

institucionais na administração pública,<br />

que permitiram a ampliação de políticas de<br />

inclusão social na década seguinte.<br />

Contudo, a agenda de reformas iniciada foi<br />

paralisada. Torna-se necessário mobilizar as<br />

forças políticas e a sociedade para acelerar o<br />

processo de reforma do Estado, fortalecendo<br />

sua capacidade de prestação de serviços e,<br />

com isso, recuperar sua legitimidade, a partir<br />

da reversão da percepção desfavorável da população<br />

sobre a sua importância como fator de<br />

melhoria da qualidade de vida.<br />

É necessário ampliar e aprofundar esta agenda<br />

para que as ações já implementadas possam<br />

ter continuidade em uma nova etapa que potencialize<br />

os impactos positivos que possam<br />

ser alcançados.<br />

Da mesma forma vamos ampliar a participação<br />

da população na formulação, implantação<br />

e avaliação das políticas públicas, aumentando<br />

a transparência do processo decisório e da<br />

execução das políticas públicas.<br />

Em última instância, o modelo de gestão contribuirá<br />

para a redução dos gastos correntes do<br />

Estado, assegurando recursos para serem alocados<br />

em investimentos para os cidadãos.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


223<br />

ESTADO<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Reestruturação do planejamento<br />

governamental.<br />

▶ Reorganização institucional da<br />

administração pública federal.<br />

▶ Implantação de gestão meritocrática<br />

por meio de avaliações de desempenhos<br />

institucional e individual.<br />

▶ Criação de modelo de governança<br />

por resultados.<br />

▶ Desenvolvimento de metodologias<br />

de controles focados nos resultados.<br />

▶ Busca de parcerias com o setor<br />

privado para o desenvolvimento de<br />

investimentos de interesse público.<br />

▶ Modernização das compras e<br />

contratações governamentais.<br />

▶ Utilização de critérios de sustentabilidade<br />

nas compras governamentais.<br />

▶ Fomento à participação de micro<br />

e pequenas empresas nas compras<br />

governamentais para geração de<br />

empregos locais.<br />

▶ Potencialização da utilização de<br />

ferramentas de governo eletrônico,<br />

trazendo a administração pública<br />

federal para patamares contemporâneos<br />

de interação com o cidadão.<br />

▶ Combate intransigente a toda<br />

forma de corrupção e ao aparelhamento<br />

da máquina pública.<br />

▶ Ampliação dos mecanismos de<br />

transparência e participação popular.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Planejar o país para o longo prazo,<br />

desdobrando as metas de médio e<br />

curto prazo.<br />

▶ Criar o modelo de orçamento para<br />

resultados, propiciando transparência<br />

nas finanças públicas e clara conexão<br />

com os objetivos de médio e<br />

longo prazo.<br />

▶ Promover de forma sistemática<br />

a avaliação das políticas públicas<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


224<br />

ESTADO<br />

para que os recursos públicos possam<br />

ser investidos nas políticas de<br />

maior retorno social e econômico.<br />

▶ Implantar os Contratos de Gestão com<br />

pactuação de metas e gerenciamento<br />

intensivo dos programas prioritários.<br />

▶ Criar o Prêmio por Produtividade<br />

como mecanismo de incentivo<br />

ao alcance de resultados, que será<br />

pago proporcionalmente às metas<br />

alcançadas.<br />

▶ Promover extinções e fusões de<br />

Ministérios, com redução do número<br />

de cargos comissionados de livre<br />

nomeação, de forma a tornar a administração<br />

pública mais enxuta e<br />

operante.<br />

▶ Criar a Certificação Ocupacional,<br />

de forma a aumentar o grau de profissionalização<br />

da administração<br />

pública, privilegiando o mérito no<br />

acesso aos cargos públicos de direção<br />

e assessoramento, por meio de<br />

processos seletivos transparentes,<br />

impessoais e ajustados aos respectivos<br />

perfis e atribuições.<br />

▶ Revigorar as escolas de governo<br />

(Enap e Esaf) para a promoção<br />

dos programas de formação continuada<br />

dos servidores federais para<br />

atração e retenção de talentos.<br />

▶ Implantar modelo de planejamento<br />

da força de trabalho necessária<br />

para implementação das políticas<br />

públicas.<br />

▶ Criar e implantar o modelo de<br />

avaliação de desempenho individual<br />

e utilizá-lo como mecanismo<br />

para promoções e progressões nas<br />

carreiras.<br />

▶ Implantar o modelo de remuneração<br />

variável para criar incentivos<br />

à maior produtividade individual e<br />

institucional.<br />

▶ Disciplinar, por meio de ato de delegação,<br />

as operações de PPPs de<br />

interesse federal e estadual, para<br />

que possam ser executadas diretamente<br />

pelos estados.<br />

▶ Viabilizar canais de relacionamento<br />

personalizado entre o governo e<br />

o cidadão nas diversas demandas,<br />

especialmente nas áreas de educação,<br />

saúde, segurança e assistência.<br />

▶ Utilizar os dispositivos móveis<br />

para obtenção de serviços públicos<br />

sem a necessidade de deslocamen-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


225<br />

ESTADO<br />

tos desnecessários e o desperdício<br />

de tempo em filas.<br />

▶ Utilizar as redes sociais para potencializar<br />

os mecanismos de participação<br />

da sociedade na formulação,<br />

execução e controle das<br />

políticas públicas.<br />

▶ Potencializar a utilização pelas<br />

empresas, cidadãos e empreendedores<br />

do ativo econômico que é o<br />

conjunto dos dados e informações<br />

produzidas pelo Estado através do<br />

processamento e disponibilização<br />

desse acervo via internet (dados<br />

abertos).<br />

▶ Simplificar e reduzir custos nos<br />

processos internos do governo<br />

com a integração dos sistemas de<br />

gestão e eliminação da tramitação<br />

de papéis.<br />

▶ Modernizar o sistema de compras<br />

governamentais e gestão contratual<br />

para maior previsibilidade e segurança<br />

ao Estado e aos fornecedores.<br />

▶ Modernizar a Lei 8666/93 para<br />

reduzir gargalos nas aquisições, nas<br />

obras, adequando os processos de<br />

aquisição e alienação aos padrões<br />

tecnológicos contemporâneos.<br />

▶ Auxiliar os municípios no desenvolvimento<br />

de processos de planejamento,<br />

orçamento, gestão e<br />

compras públicas, inclusive com a<br />

disponibilização de sistemas corporativos,<br />

para que haja um salto<br />

de qualidade na gestão municipal.<br />

▶ Restabelecer a autonomia dos<br />

entes regulatórios, com seleção de<br />

dirigentes sujeitos a processos meritocráticos.<br />

▶ Redimensionar processos e quadros<br />

das agências reguladoras.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


226<br />

ESTADO<br />

RELAÇÃO COM OS SERVIDORES<br />

A PONTE ENTRE O CIDADÃO E O ESTADO<br />

O sucesso da administração de um governo<br />

também depende da inter-relação entre o poder<br />

público, seus servidores e a sociedade.<br />

Se essa relação não for bem-sucedida, a administração<br />

governamental certamente será<br />

prejudicada. Precisamos avançar para um<br />

modelo de gestão de pessoas, focado no desenvolvimento<br />

do servidor e na meritocracia,<br />

o que requer o fortalecimento do diálogo permanente<br />

com servidores e seus respectivos<br />

sindicatos.<br />

É necessário balancear as relações entre servidor,<br />

governo e cidadãos, de forma a buscar<br />

o equilíbrio para atendimento das demandas,<br />

uma vez que todas são legítimas e os recursos<br />

são limitados. O princípio norteador desse<br />

equilíbrio é que “um governo se faz com pessoas<br />

e para as pessoas”.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Fortalecimento de planos de carreira,<br />

cargos e salários.<br />

▶ Implantar modelo de política remuneratória<br />

que assegure a compatibilidade<br />

entre sistema de remuneração<br />

e equilíbrio fiscal, dando<br />

previsibilidade aos servidores e ao<br />

governo.<br />

▶ Priorização do servidor de carreira<br />

na ocupação dos cargos de direção<br />

e assessoramento.<br />

▶ Formação continuada dos servidores<br />

públicos.<br />

▶ Garantia do diálogo permanente<br />

com as entidades representativas<br />

dos servidores, de forma a subsidiar<br />

o processo de informação para<br />

decisões, reduzindo eventuais tensões<br />

entre o governo e as categorias<br />

representativas dos servidores.<br />

▶ Garantia de que as negociações<br />

considerem os interesses das partes<br />

(sociedade, governo e servidores).<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


227<br />

ESTADO<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Fortalecer as instâncias de negociação<br />

permanente com os servidores<br />

– mesa de diálogo e negociações<br />

permanentes que busquem<br />

reunir todos os atores envolvidos<br />

para que as demandas sejam apresentadas,<br />

avaliadas e debatidas.<br />

▶ Instituir, em parceria com os sindicatos<br />

e associações representativas,<br />

um modelo de política remuneratória<br />

que assegure o desenvolvimento<br />

nas carreiras.<br />

▶ Criar a data-base para reajustes<br />

salariais dos servidores.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


DESBUROCRATIZAÇÃO<br />

228<br />

ESTADO<br />

MENOS PAPEL, MAIS RESULTADO<br />

Para tornar a vida mais simples é necessário<br />

descomplicar as relações entre governo e cidadãos,<br />

governo e empresários e governo com o<br />

próprio governo.<br />

Autorizações, licenças, documentos, cadastramentos<br />

e tantas outras comprovações requerem<br />

agendamentos, prazos, filas e impedem<br />

ou postergam a realização de empreendimentos<br />

que contribuam para o desenvolvimento<br />

do Brasil. Não se pode esquecer que o desperdício<br />

de tempo é um custo, tanto para as empresas,<br />

como para as pessoas e para o próprio<br />

governo.<br />

O tema desburocratização faz parte do contexto<br />

mais amplo da reforma administrativa e do<br />

Pacto Federativo. Na reforma administrativa<br />

ressalta-se a definição das responsabilidades<br />

das instituições federais e a consequente redução<br />

do número de órgãos responsáveis por<br />

determinada autorização ou licença – a simplificação<br />

deve acontecer durante a implantação<br />

da nova e mais eficiente estrutura da administração<br />

federal. Por outro lado, no Pacto Federativo,<br />

podem ser transferidas do Governo<br />

Federal para os estados e municípios aquelas<br />

atribuições e responsabilidades que facilitem<br />

o atendimento às pessoas, respeitando-se as<br />

diversidades e as necessidades locais.<br />

Torna-se fundamental mapear as principais<br />

barreiras que os empreendedores brasileiros<br />

enfrentam para desenvolverem suas atividades,<br />

assim como as que dificultavam a implantação<br />

de novos empreendimentos, buscando<br />

reduzir a burocracia e o peso do Estado sobre<br />

as empresas. Como exemplo, o Banco Mundial,<br />

pelo uso da metodologia Doing Business,<br />

indica que a abertura de uma empresa no Brasil<br />

leva 107 dias.<br />

Um ambiente de negócios desburocratizado<br />

contribuirá para a atração de novos investimentos<br />

e para a geração de emprego e renda<br />

para a população. Para tanto, será garantida<br />

política transversal de desburocratização que<br />

perpasse todos os órgãos e entidades da administração<br />

pública federal.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


229<br />

ESTADO<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Redução das exigências legais e<br />

dos prazos para obtenção de licenças,<br />

autorizações e provimento de<br />

informações.<br />

▶ Melhoria da posição do país no<br />

ranking mundial de facilidade para<br />

fazer negócios. Em 2014 o Brasil<br />

aparece em 116º lugar pela metodologia<br />

do Doing Business do Banco<br />

Mundial.<br />

▶ Descomplicação do dia a dia das<br />

pessoas e das organizações, reduzindo<br />

o desperdício de tempo e,<br />

consequentemente, os custos, contribuindo<br />

para o aumento dos investimentos<br />

e para a melhoria do<br />

índice de competitividade do Brasil.<br />

▶ Identificação das atribuições da<br />

administração pública federal que<br />

podem e devem ser transferidas,<br />

revertendo o processo de centralização<br />

ocorrido nos últimos anos e<br />

dando mais autonomia aos estados<br />

e municípios.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Criar o Programa Brasil Descomplicado,<br />

por meio de ações coordenadas<br />

com os diversos órgãos do<br />

governo.<br />

▶ Facilitar o processo de abertura,<br />

alterações e encerramento de empresas<br />

de grande, médio ou pequeno<br />

porte, tornando-o mais simplificado<br />

e ágil.<br />

▶ Criar a agenda dos diálogos com<br />

os movimentos empresariais, associações<br />

de classe, as confederações<br />

e as federações estaduais,<br />

bem como as organizações da sociedade<br />

civil para identificação de<br />

demandas e prioridades.<br />

▶ Criar o Programa Governo sem<br />

Papel, com o objetivo de reduzir o<br />

volume de documentos impressos<br />

e contribuir para o uso racional e<br />

sustentável dos recursos do Estado.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


230<br />

ESTADO<br />

▶ Estimular o uso intensivo da certificação<br />

digital e assinatura eletrônica<br />

de documentos, eliminando<br />

a impressão e a manutenção em<br />

meio físico.<br />

▶ Identificar e compartilhar as melhores<br />

práticas de atendimento aos<br />

cidadãos nos estados e municípios<br />

e incentivar a sua utilização.<br />

▶ Criar a Base Única do Cidadão, de<br />

forma a consolidar todos os documentos<br />

e informações de relacionamento<br />

do cidadão com o Estado,<br />

reduzindo a exigência excessiva de<br />

comprovação documental da administração<br />

pública brasileira, podendo<br />

ser acessada por todos os<br />

serviços públicos nas três esferas<br />

de governo.<br />

▶ Fazer a identificação biométrica a<br />

partir da base única para criar alternativas<br />

à utilização de documentos<br />

pessoais, simplificando o relacionamento<br />

do Estado e cidadãos.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


231<br />

ESTADO<br />

RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />

DIALOGANDO COM UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO<br />

O propósito fundamental da política externa<br />

do Brasil é contribuir para o desenvolvimento<br />

do país. Ao contrário de outros, que têm desafios<br />

militares e de segurança, somos um país<br />

pacífico e não ameaçado, cuja prioridade só<br />

pode ser a melhoria das condições de vida de<br />

nossa sociedade.<br />

Em escala mundial, nossa política deve ser<br />

universal, ou seja, sem premissas ideológicas<br />

ou visões excludentes. Tendo-se transformado<br />

em uma das maiores economias do planeta,<br />

com crescente voz nos grandes círculos mundiais<br />

do poder, o Brasil deve ter uma atitude<br />

afirmativa em todos os tabuleiros em que atua.<br />

Estando, há vinte anos, em alta na hierarquia<br />

do poder mundial, nosso país precisa seguir<br />

conquistando espaços e consolidando um<br />

papel compatível com nossa importância internacional.<br />

Na América do Sul situa-se nosso<br />

palco histórico. Por sua índole e postura, o<br />

Brasil não entra em guerras com seus dez vizinhos<br />

há 144 anos. Poucos países podem dizer<br />

o mesmo. O traçado de todas as nossas fronteiras<br />

foi totalmente resolvido e não temos que<br />

lidar com querelas desgastantes, como muitos<br />

países. Como o maior país da região, é importante<br />

manter uma política de bom relacionamento<br />

com todos, sem orientar nossa atuação<br />

por critérios ideológicos e sem nos furtarmos a<br />

ajudar a resolver litígios regionais. Temos uma<br />

longa tradição dessa conduta, como atesta<br />

mais recentemente a liderança brasileira, em<br />

1998, na resolução definitiva do conflito militar<br />

que opunha Peru e Equador há décadas.<br />

A crescente presença externa do Brasil ocorreu,<br />

sobretudo, pela habilidade de obter êxitos<br />

pela afirmação dos valores de sua cultura ocidental,<br />

pela ação construtiva que sempre teve<br />

na promoção da paz e dos grandes consensos<br />

internacionais. O Brasil é candidato legítimo<br />

a um assento permanente no Conselho de<br />

Segurança da ONU, pelas nossas credenciais<br />

históricas de país responsável e construtivo.<br />

O Brasil é hoje um interlocutor de peso nos<br />

temas globais como comércio, meio ambiente<br />

e mudanças climáticas, direitos humanos,<br />

energia renovável, água e não proliferação de<br />

armas nucleares. Membro fundador do Gatt,<br />

das Nações Unidas, do Banco Mundial e do<br />

Fundo Monetário Internacional, desempenha<br />

um papel ativo e positivo nesses organismos e<br />

integra o G-20 financeiro com presença afirmativa<br />

nas discussões sobre governança global.<br />

É nessas áreas que podemos aumentar<br />

nosso papel internacional.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


232<br />

ESTADO<br />

A internacionalização da economia e das companhias<br />

brasileiras é um reflexo da vitalidade<br />

de nossa economia e da sofisticação de nosso<br />

empresariado. O progresso que conseguimos<br />

coloca o Brasil como a sétima economia do<br />

mundo e faz dele uma potência agrícola mundial.<br />

A cooperação técnica e financeira que o<br />

Brasil oferece aos países em desenvolvimento<br />

da América Latina e África nos coloca hoje<br />

com destaque entre os maiores doadores internacionais.<br />

Nos próximos anos, será cada vez mais relevante<br />

a inserção competitiva internacional do<br />

Brasil, inclusive com participação crescente<br />

nas cadeias internacionais de produção. Com<br />

esse objetivo, o governo brasileiro terá que<br />

assumir responsabilidades crescentes, respeitando<br />

seus compromissos internacionais,<br />

e fomentar aquela participação tendo como<br />

critério fundamental a defesa dos interesses<br />

nacionais.<br />

Diante dos grandes desafios interno e externo,<br />

o Brasil precisa ousar e ter uma visão de futuro.<br />

Devemos sair de uma posição defensiva<br />

para a afirmação de um grande papel brasileiro<br />

na cena internacional, compatível com a capacidade<br />

produtiva de nosso povo e a dimensão<br />

de nossa economia.<br />

O cenário internacional experimentou na última<br />

década mudanças profundas, aceleradas<br />

pela crise financeira e econômica de 2008.<br />

São exemplos dessas mudanças:<br />

• o gradual deslocamento do centro de poder<br />

econômico mundial do Atlântico para o Pacífico,<br />

tendo como principal motor o rápido<br />

crescimento da China e seu entorno;<br />

• expansão de um novo padrão produtivo, baseado<br />

em cadeias globais de valor, produção<br />

modular e redes logísticas mundiais;<br />

• peso crescente dos países emergentes e em<br />

desenvolvimento no comércio internacional<br />

e nos fluxos de investimentos; desenvolvimento<br />

da multipolaridade dos centros de<br />

poder econômico e político, com maior participação<br />

dos países emergentes e consolidação<br />

de novos grupamentos, a exemplo do<br />

G-20, do Brics;<br />

• aceleração sem precedentes da comunicação<br />

em escala global e surgimento das redes<br />

sociais, com forte impacto comportamental,<br />

social, cultural e político.<br />

O multilateralismo passa por um longo período<br />

de crise de representatividade. As Nações<br />

Unidas perderam influência nas questões de<br />

paz e segurança. O Conselho de Segurança<br />

não mais representa as forças que influem<br />

no cenário internacional atual, haja vista sua<br />

incapacidade de conter ou resolver crises. O<br />

esvaziamento e as dificuldades da Organização<br />

Mundial de Comércio (OMC), mesmo<br />

após a decisão de definir uma agenda para a<br />

retomada das negociações multilaterais da Rodada<br />

de Doha, colocam problemas novos para<br />

os países em desenvolvimento. Ao mesmo<br />

tempo, novas propostas de acordos bilaterais,<br />

regionais e intercontinentais introduzem importantes<br />

elementos na avaliação da inserção<br />

competitiva externa do Brasil. Devemos ava-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


233<br />

ESTADO<br />

liar num primeiro momento, em profundidade<br />

e sem preconceitos, a evolução e o impacto<br />

para nós desses novos instrumentos de regulação<br />

do comércio internacional.<br />

O cenário internacional vive hoje momento de<br />

transição para uma nova ordem cujos contornos<br />

ainda não estão nítidos. Embora a crise financeira<br />

de 2008 tenha levantado sérios questionamentos<br />

sobre os excessos do mercado na<br />

intermediação, o seu papel como alocador de<br />

recursos continuará fundamental e tende a<br />

crescer mesmo em países com forte presença<br />

do Estado, como a China e outros asiáticos. O<br />

equilíbrio delicado entre as forças de mercado<br />

e o papel do Estado é influenciado pelo cenário<br />

internacional, mas, em última instância,<br />

deve ser determinado pelas particularidades<br />

históricas e institucionais de cada sociedade.<br />

Cabe ao Brasil analisar de forma atenta e objetiva<br />

as transformações do cenário externo<br />

de forma a potencializar sua ação internacional.<br />

Em qualquer cenário, a política externa<br />

– não somente em sua vertente política, mas<br />

também sob o ângulo econômico, comercial,<br />

financeiro, agrícola, energético, tecnológico,<br />

do desenvolvimento sustentável, cultural, de<br />

direitos humanos, entre outros – constitui ao<br />

mesmo tempo vitrine e aspecto catalizador do<br />

desenvolvimento nacional.<br />

No cenário externo, o Brasil deve construir e<br />

consolidar pontes com o mundo exterior. É indispensável,<br />

contudo, avaliar cuidadosamente<br />

em que áreas geográficas ou temáticas queremos<br />

buscar um papel maior. Equívocos de<br />

percepção podem acabar por dificultar a defesa<br />

de nossos verdadeiros interesses e afetar<br />

nossa capacidade diplomática.<br />

A janela de oportunidade que representou o<br />

rápido crescimento da economia mundial nos<br />

anos 2000 levou a uma superestimativa do potencial<br />

brasileiro. Na área da política externa,<br />

aquele período coincidiu com ações voluntaristas<br />

pouco características da tradicional diplomacia<br />

brasileira e grande expansão do número<br />

de representações brasileiras no exterior,<br />

independentemente de seu custo-benefício<br />

social e no longo prazo. Também marcaram<br />

a atuação brasileira a busca de um assento<br />

permanente em um Conselho de Segurança<br />

das Nações Unidas reformado, a aproximação<br />

comercial e política com os países do sul,<br />

em particular o continente africano, além da<br />

ênfase no fortalecimento das instituições regionais,<br />

sobretudo na América do Sul. Relativamente,<br />

pouco se fez em relação aos países<br />

asiáticos, polo de maior dinamismo econômico<br />

mundial.<br />

Em anos mais recentes, embora prevaleçam<br />

em alguma medida as iniciativas anteriores, a<br />

política externa tem padecido de falta de rumo<br />

e de decisões que nem sempre se baseiam no<br />

interesse nacional de longo prazo.<br />

A face mais notória da política externa nos<br />

últimos anos tem sido a sua capacidade de<br />

desconstruir a coerência e a excelência que<br />

sempre marcaram a atuação externa do Brasil<br />

no exterior, executada primordialmente pelo<br />

Itamaraty, tradicional instituição do Estado e<br />

do serviço público brasileiro, respeitada pelos<br />

seus pares mundo afora. Aquela desconstru-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


234<br />

ESTADO<br />

ção se deu sobretudo pela prevalência da ideologia<br />

em muitas ações de política externa na<br />

América do Sul, em que a liderança brasileira<br />

foi omissa e saiu arranhada, com importantes<br />

consequências para o longo prazo e para a<br />

própria imagem do Brasil no mundo. Exemplo<br />

disso foi a inação diante da nacionalização das<br />

refinarias da Petrobras na Bolívia, a suspensão<br />

do Paraguai do Mercosul, a forma como se<br />

processou o ingresso da Venezuela no bloco,<br />

a ajuda financeira a Cuba, o tratamento dado<br />

à questão do senador boliviano exilado na embaixada<br />

em La Paz e a tibieza brasileira na crise<br />

política na Venezuela.<br />

Àqueles desacertos, somam-se outros característicos<br />

da falta de coordenação entre os objetivos<br />

de política externa e as próprias políticas<br />

domésticas. Exemplo disso foi o fiasco da política<br />

externa que apresentava as exportações<br />

de etanol brasileiro como a grande saída para a<br />

questão energética em muitos países, ao mesmo<br />

tempo em que a política interna de preços<br />

no setor energético minava qualquer possibilidade<br />

de sucesso no curto e médio prazo.<br />

O Brasil, sétima economia mundial, aparece<br />

naturalmente como ator importante e relevante<br />

em qualquer projeção de cenário internacional<br />

para as próximas décadas. Mas para que<br />

essas projeções possam concretizar-se, será<br />

preciso corrigir o rumo da política externa, restabelecendo<br />

sua coerência com os princípios<br />

de moderação e independência que marcaram<br />

a história diplomática brasileira, de forma que<br />

a ação externa volte a atender prioritariamente<br />

aos interesses do Brasil na sua rota de desenvolvimento<br />

econômico e social, e não a objetivos<br />

baseados em afinidades ideológicas.<br />

A política externa de um país deve ser, por<br />

natureza, uma política de Estado, com elementos<br />

de continuidade e outros que buscam<br />

acompanhar as transformações do próprio<br />

país e do mundo. Restabelecer a coerência da<br />

política externa brasileira com os objetivos do<br />

desenvolvimento nacional e as oportunidades<br />

que se abrem ao Brasil no século XXI também<br />

envolve reexaminar prioridades, à luz daqueles<br />

objetivos.<br />

O Brasil vem desempenhando importante papel<br />

nas conferências mundiais sobre temas<br />

globais, como desenvolvimento sustentável,<br />

energia, democracia, direitos humanos, não<br />

proliferação nuclear, entre outros, atuação que<br />

deve pautar-se pelos objetivos de longo prazo<br />

do desenvolvimento e refletir os valores domésticos.<br />

O Brasil terá, ainda, de assumir novas<br />

responsabilidades nos temas globais e nas<br />

áreas de conflito onde manifestamos interesse<br />

em ter um papel mais preeminente, como na<br />

África, o que acarreta custos. Nos novos temas<br />

(terrorismo, guerra cibernética, governança na<br />

internet), o governo brasileiro deverá atualizar<br />

as políticas e a ação no exterior.<br />

A atuação brasileira em grupamentos como o<br />

G-20 e Brics deve contribuir para reforçar as<br />

posições defendidas nos organismos multilaterais.<br />

Uma das principais prioridades da política externa<br />

brasileira é o Mercosul, hoje bastante<br />

enfraquecido por episódios recentes em que<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


235<br />

ESTADO<br />

se privilegiaram aspectos ideológicos nas decisões<br />

do bloco e sobretudo pelo desrespeito<br />

às regras comerciais que pautaram os acordos<br />

constitutivos, tal como enunciadas no Tratado<br />

de Assunção e no Protocolo de Ouro Preto.<br />

Como ponto de partida da liderança do país no<br />

continente sul-americano, é preciso reexaminar<br />

a compatibilidade de certas características<br />

do bloco aos interesses de inserção internacional<br />

do Brasil no mundo e buscar flexibilizá-las<br />

sempre que necessário. Em seu aspecto político,<br />

é preciso garantir que o bloco contribua<br />

para a imagem de seus membros na comunidade<br />

internacional e que sua atuação seja<br />

consistente com valores expressos em nossa<br />

Constituição. Do ponto de vista comercial, o<br />

Mercosul está isolado e desvalorizado, tendo<br />

assinado nos últimos anos poucos acordos de<br />

comércio, de significação muito limitada. No<br />

momento, tampouco está clara a possibilidade<br />

de êxito das negociações com a União Europeia.<br />

É preciso redirecionar os esforços do<br />

bloco para a abertura comercial e a busca de<br />

aumentar a competividade de seus membros.<br />

Para tanto, poderá ser preciso considerar alternativas,<br />

como, por exemplo, a priorização do<br />

bloco como área de livre comércio.<br />

No que se refere às relações bilaterais, é preciso<br />

ter estratégias claras com os principais<br />

parceiros comerciais brasileiros, em particular<br />

China e Estados Unidos. Uma estratégia<br />

para a China, por sua distância geográfica e<br />

cultural, requer especial empenho da diplomacia<br />

na coordenação de todas as esferas de<br />

governo para a implementação de ações de<br />

longo prazo, que aumentem a capacidade do<br />

governo, das empresas, da academia e da sociedade<br />

brasileira de compreender, planejar e<br />

beneficiar-se das relações com essa que será<br />

em poucos anos a maior economia mundial.<br />

Na OMC, o Brasil deverá atuar visando fortalecer<br />

as negociações multilaterais de comércio e<br />

a capacitação de especialistas no setor público<br />

e no setor privado com vistas a contribuir para<br />

os interesses do país no seio da organização.<br />

Finalmente, a política externa poderá em muito<br />

beneficiar-se de uma revalorização do Itamaraty<br />

e do contínuo aprimoramento de seus<br />

quadros e modernização de sua gestão. Cabe<br />

ao Itamaraty ter atuação reforçada em face<br />

das grandes demandas externas e internas, incluindo<br />

a proteção aos brasileiros e também<br />

o contínuo aprofundamento do diálogo interno<br />

com outros ministérios, governos regionais<br />

brasileiros, Congresso, sociedade civil, empresariado<br />

e academia, no contexto do apoio<br />

à formulação e à execução de uma política externa<br />

que seja de fato expressão dos interesses<br />

nacionais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


236<br />

ESTADO<br />

COMPROMISSOS/<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Restabelecer a coerência com<br />

os princípios de moderação e independência<br />

na sua formulação e<br />

execução, com vistas à prevalência<br />

dos interesses brasileiros e dos<br />

objetivos de longo prazo de desenvolvimento<br />

nacional, eliminando<br />

vieses baseados em afinidades<br />

ideológicas;<br />

▶ Reavaliar prioridades estratégicas<br />

à luz das transformações do cenário<br />

internacional no século XXI, com<br />

peso crescente da Ásia, capitaneada<br />

pela China e seu entorno, que<br />

devem receber atenção ampliada,<br />

ao lado de novas estratégias para<br />

os Estados Unidos e outros países<br />

desenvolvidos;<br />

▶ Reexaminar a posição do Brasil<br />

no tocante à integração regional e<br />

ao Mercosul, com vistas a restabelecer<br />

a primazia dos valores do regionalismo<br />

aberto;<br />

▶ Buscar concluir as negociações<br />

em curso com a União Europeia;<br />

▶ Definir nova estratégia de negociações<br />

comerciais bilaterais, regionais<br />

e globais;<br />

▶ Avaliar com profundidade as implicações<br />

de iniciativas de busca de<br />

um papel maior que nosso poder<br />

internacional permite, pois equívocos<br />

acabam dificultando a defesa<br />

dos nossos verdadeiros interesses,<br />

como foi o caso da empreitada fracassada<br />

das negociações sobre o<br />

programa nuclear do Irã em 2010;<br />

▶ Revalorizar o Itamaraty, que deve<br />

tornar a ser o fulcro da formulação<br />

de nossa política externa, submetida<br />

como sempre à decisão presidencial.<br />

Ao mesmo tempo, garantir<br />

o contínuo aprimoramento de<br />

seus quadros e a modernização da<br />

gestão.<br />

▶ Assegurar que os consulados brasileiros<br />

ofereçam assistência adequada<br />

aos brasileiros no exterior.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


237<br />

ESTADO<br />

DEFESA NACIONAL<br />

SOBERANIA DE UM POVO<br />

Nenhum país que ocupe um espaço importante<br />

entre as nações pode ignorar as preocupações<br />

com sua segurança e com as formas de<br />

ampliar seus mecanismos de defesa.<br />

O envolvimento do país com suas forças de paz<br />

em situações de conflito aumentaram as responsabilidades<br />

das Forças Armadas, demandando<br />

respostas rápidas para os novos desafios.<br />

É imperativo e urgente resgatar a defesa para<br />

a esfera das funções de Estado do governo na<br />

consecução dos objetivos estratégicos da segurança.<br />

É essencial rever o atual Plano de Articulação<br />

e Equipamentos de Defesa, Paed, estabelecido<br />

em 2011 para o período até 2030, adequando<br />

sua ambição com a efetiva formação<br />

de clusters tecnológico-industriais, em parceria<br />

com universidades.<br />

Os setores aeroespacial, cibernético, nuclear e<br />

de gestão de situações e espaços de operações<br />

complexos devem ser priorizados, tendo como<br />

pilares a inovação tecnológica conjugada e a<br />

transferência efetiva de tecnologia para a sustentação<br />

do ciclo de vida de capacidades.<br />

São enormes os desafios representados pelos<br />

crimes transnacionais (contrabando, tráfico<br />

de armas e de drogas) e pelo crescente armamentismo,<br />

que exigem maior envolvimento do<br />

Itamaraty, não só nas discussões, como também<br />

indicam a necessidade das questões de<br />

segurança e defesa entrarem no discurso diplomático<br />

brasileiro.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


238<br />

ESTADO<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Compromisso com a defesa e a<br />

promoção da paz, com a democracia<br />

e direitos humanos e com a busca<br />

de soluções pacíficas de conflitos.<br />

▶ A política de defesa nacional será<br />

reiterada como uma política de Estado,<br />

e revisada, dentro de uma<br />

perspectiva de continuidade e permanência.<br />

▶ Será também revisado o Livro<br />

Branco da Defesa, que é o mecanismo<br />

por meio do qual o governo<br />

dará transparência aos assuntos<br />

relacionados à defesa, permitindo<br />

que os cidadãos conheçam a política<br />

de Estado e os desafios do país<br />

para a área.<br />

▶ A revisão do Livro Branco de Defesa<br />

permitirá que ele cumpra efetivamente<br />

sua função instrumental<br />

de dar capilaridade para a defesa<br />

integral dentro da segurança multidimensional.<br />

▶ A defesa das fronteiras, em especial<br />

na região amazônica, inclusive<br />

em função da defesa da biodiversidade<br />

e das plataformas de produção<br />

e de perfuração em nosso mar<br />

territorial, é urgente e passou a ser<br />

uma questão de segurança nacional.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Modernizar a defesa nacional, estabelecendo<br />

prioridades políticas<br />

claras para a gestão superior e a<br />

adequação dos programas estratégicos<br />

de aquisições militares.<br />

▶ Assegurar a eficácia operacional<br />

integrada com eficiência na aplicação<br />

de recursos públicos.<br />

▶ Apoiar a modernização da gestão<br />

administrativa das Forças Armadas,<br />

com a incorporação de novas competências<br />

e perfis de desempenho,<br />

a partir da readequação dos currículos<br />

do sistema de educação profissional.<br />

▶ Consolidar a indústria nacional de<br />

defesa, inclusive como referência<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


239<br />

ESTADO<br />

para o desenvolvimento tecnológico<br />

da indústria nacional.<br />

▶ Modernizar a base industrial de<br />

defesa, estimulando as empresas<br />

estratégicas de defesa a ampliar<br />

seus gastos em pesquisa e desenvolvimento.<br />

▶ Atualizar a política nacional de<br />

defesa, da estratégia nacional de<br />

defesa e do Livro Branco de Defesa,<br />

que devem refletir as diretrizes<br />

políticas de governo.<br />

▶ Introduzir, de forma sistemática e<br />

sustentável, mecanismos de governança<br />

institucional na execução das<br />

políticas de defesa nacional.<br />

▶ Garantir a revisão periódica e o<br />

alinhamento dos programas estratégicos,<br />

tendo como aspecto fundamental<br />

o envolvimento da base<br />

industrial de defesa brasileira.<br />

▶ Ampliar a coordenação entre<br />

o Ministério da Defesa, o Itamaraty<br />

e os órgãos de planejamento<br />

e gestão do governo em todas as<br />

dimensões de segurança, na construção<br />

de mecanismos de alerta e<br />

prevenção de conflitos, construção<br />

de medidas de confiança mútua,<br />

cooperação com as nações amigas,<br />

de atualização tecnológica, de participação<br />

em organizações internacionais,<br />

apoio a missões de paz em<br />

cumprimento a resoluções e iniciativas<br />

da ONU.<br />

▶ Reestruturar e modernizar todos<br />

os instrumentos essenciais para<br />

que as Forças Armadas possam<br />

proteger nossas fronteiras, combater<br />

o tráfico internacional de drogas<br />

e defender o país dos crimes que<br />

coloquem a soberania nacional em<br />

risco.<br />

▶ Incentivar a incorporação de mulheres<br />

às Forças Armadas, como forma<br />

de superação das barreiras de<br />

gênero e aproveitamento de sua capacidade<br />

como força pacificadora.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


240<br />

ESTADO<br />

PACTO FEDERATIVO<br />

E DESENVOLVIMENTO REGIONAL<br />

O fortalecimento da Federação brasileira tem<br />

sido objeto de constantes debates ao longo dos<br />

últimos anos. É senso comum que a Federação<br />

está doente. Enfraquecida e debilitada, a<br />

forma de Estado no Brasil não vem cumprindo<br />

o papel que foi concebido quando o Estado<br />

Federal foi implantado no Brasil, com autonomia<br />

das unidades federadas, de modo a garantir<br />

recursos e competências para os poderes<br />

locais enfrentarem os problemas e melhorar a<br />

qualidade de vida de suas comunidades.<br />

Desta maneira, a revisão do Pacto Federativo,<br />

devolvendo-se a estados e municípios meios<br />

de prestarem serviços públicos de qualidade,<br />

torna-se uma urgência no Brasil atual. É unânime<br />

o entendimento de que a descentralização,<br />

um dos esteios deste plano de governo,<br />

deve ser introduzida, com vigor, no Estado<br />

brasileiro. Levar a solução do problema para<br />

perto de onde ele ocorre permite uma solução<br />

muito mais rápida e econômica, enfrentando<br />

o tema onde se manifesta.<br />

A atual abusiva concentração de recursos na<br />

esfera federal deve ser corrigida, com brevidade,<br />

reconhecendo a estados e municípios autonomia<br />

e recursos para a implementação de<br />

políticas públicas adequadas para enfrentar os<br />

desafios regionais e locais.<br />

O novo governo deverá atuar nesse assunto no<br />

início do mandato, em articulação com os governadores<br />

e prefeitos, para a apresentação de<br />

uma proposta objetiva de revisão da Federação,<br />

descentralizando-se recursos e reconhecendo<br />

a autonomia de cada ente federado.<br />

O debate sobre o Pacto Federativo será articulado<br />

com a temática do desenvolvimento<br />

regional.<br />

Não há como pensar em um novo ciclo de desenvolvimento<br />

nacional sem considerar como base<br />

fundamental o desenvolvimento regional. Nunca<br />

teremos pleno desenvolvimento com o país cada<br />

vez mais concentrado em ilhas de prosperidade e<br />

extensos vazios de produção e riquezas.<br />

O estabelecimento de políticas públicas regionais<br />

é um componente fundamental para<br />

articulação do Pacto Federativo.<br />

O desenvolvimento econômico e social se dá<br />

no território e, para tanto, a associação do regime<br />

de partilha de recursos na Federação às<br />

políticas de promoção do desenvolvimento e<br />

de redução das desigualdades regionais deve<br />

ser tratada como prioritária no âmbito do planejamento<br />

do Governo Federal.<br />

Implementar políticas públicas ativas de desenvolvimento<br />

e de planejamento regional se<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


241<br />

ESTADO<br />

dá com a constituição de um novo ambiente<br />

institucional que bem articule as diferentes instâncias<br />

de poder do Estado e a conciliação dos<br />

interesses nacionais, tratando com coerência,<br />

atenção e equilíbrio as necessidades de cada<br />

uma das regiões que compõem a Federação.<br />

O Pacto Federativo tendo por base o desenvolvimento<br />

regional é uma alternativa promissora<br />

para um novo ciclo virtuoso de desenvolvimento<br />

no Estado brasileiro, conciliando<br />

inclusão social com uma economia dinâmica<br />

e diversificada.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Avanço na discussão da renegociação<br />

da dívida dos estados com a<br />

União.<br />

▶ Apoio a formas de cooperação<br />

federativa, como consórcios, para<br />

aprimorar e otimizar os recursos<br />

públicos.<br />

▶ Implementação de políticas integradas<br />

em áreas estratégicas, como<br />

segurança e educação.<br />

▶ Introdução de mecanismo de<br />

consulta permanente aos governadores<br />

de Estado.<br />

▶ Identificação de competências<br />

conflitantes com o objetivo de harmonizar<br />

a atuação de cada esfera<br />

federada.<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Propor a alteração da legislação<br />

tributária, de forma a proteger os<br />

recursos de estados e municípios<br />

de eventuais benefícios fiscais concedidos<br />

pela União.<br />

▶ Repassar os recursos voluntários<br />

a estados e municípios por meio de<br />

fundos, agilizando e desburocratizando<br />

os processos.<br />

▶ Descentralizar serviços federais<br />

mais adequados à execução em nível<br />

regional ou local, com garantia<br />

de repasse do respectivo recurso<br />

financeiro.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


242<br />

ESTADO<br />

PLANO NORDESTE FORTE<br />

O objetivo do Nordeste Forte é encontrar soluções<br />

de desenvolvimento econômico sustentável,<br />

redução das desigualdades e integração<br />

regional a partir de suas próprias vocações<br />

e potencialidades.<br />

A região possui um território bastante extenso,<br />

correspondente a 18% do total nacional, e uma<br />

diversidade de recursos e riquezas naturais<br />

equivalentes a alguns países desenvolvidos.<br />

Mas é preciso cada vez mais que o Nordeste<br />

se reconheça e se organize como uma região<br />

essencialmente plural. E para uma região plural,<br />

soluções plurais.<br />

Há um Nordeste moderno, conectado com o<br />

Brasil e com o mundo, e outro comparável aos<br />

países mais pobres do planeta. Por isso, a organização<br />

espacial no Nordeste Forte terá como<br />

base as vocações das microrregiões, individualizando<br />

as soluções e superando a ausência institucional<br />

quase absoluta nessas localidades.<br />

O que o Nordeste pode fazer pelo Brasil? É<br />

preciso que o Nordeste potencialize regionalmente<br />

exemplos relevantes de processos<br />

de desenvolvimento bem construídos. Não<br />

faltam referenciais positivos em segmentos<br />

como educação, programas de saúde, gestão<br />

pública, centros de tecnologia e inovação, polos<br />

industriais ou de economia criativa.<br />

Assim, o Nordeste pode e deve representar<br />

papel de protagonismo em um novo ciclo de<br />

desenvolvimento do país, sobretudo enfatizando<br />

a consolidação e potencialização de<br />

segmentos como indústria de base e transformação,<br />

energia, agronegócio e novas fronteiras<br />

agrícolas, turismo, mas também em vocações<br />

regionais específicas que precisam de atuação<br />

decisiva do Governo Federal, como a lavoura<br />

cacaueira, o setor sucroalcooleiro, os centros<br />

de ciência e tecnologia já avançados em alguns<br />

estados.<br />

Se o Nordeste for bem no desenvolvimento<br />

das suas potencialidades, o Brasil multiplica<br />

significativamente a sua capacidade de crescimento<br />

e competitividade. E é isso que o Nordeste<br />

pode fazer pelo Brasil.<br />

O que o Brasil pode fazer pelo Nordeste? De<br />

forma geral, a atuação nacional pode impactar<br />

positivamente o Nordeste com: (a) um plano<br />

consistente de curto, médio e longo prazo, (b)<br />

ampliação de recursos para áreas estratégicas e<br />

(c) incentivo ao desenvolvimento econômico.<br />

Primeiro, um plano para a região é necessário.<br />

Não há solução para o Brasil sem solução para<br />

o Nordeste, que possui quase um terço da<br />

população e menos de 15% do PIB nacional.<br />

Falta ao Brasil um projeto de desenvolvimento<br />

para o Nordeste.<br />

Segundo, é preciso ampliar recursos. Apesar<br />

de ter passado por um processo recente de<br />

desenvolvimento econômico e ampliação de<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


243<br />

ESTADO<br />

renda acima da média nacional, em um plano<br />

geral pode-se perceber que pouco houve de<br />

investimentos para o Nordeste além da participação<br />

proporcional da região no país em<br />

referenciais como população e PIB.<br />

Terceiro, o incentivo ao desenvolvimento econômico<br />

sustentável deve ser parte integrante<br />

de uma política diferenciada nacional para o<br />

Nordeste. Somente os investimentos em infraestrutura<br />

não são suficientes para promover<br />

as alavancagens necessárias, e há pouco ou<br />

nenhum programa de transformação regional<br />

que se originou de um projeto nacional de incentivos.<br />

Com plano, recursos e incentivos, a consolidação<br />

de um Nordeste Forte é desafio imediato,<br />

através de um modelo de desenvolvimento<br />

construído sobre bases e conceitos inteligentes,<br />

inovadores e com propósitos de perpetuidade,<br />

e que permita a equidade de oportunidades<br />

entre as populações de todas as regiões<br />

do Brasil.<br />

Assim, a máxima de que o “Brasil não pode<br />

crescer sem que o Nordeste cresça” é uma<br />

realidade mais do que óbvia, pois o Nordeste<br />

é uma região estratégica, e os investimentos,<br />

desde que feitos e suportados por projetos tecnicamente<br />

corretos e eficientemente geridos,<br />

terão a rentabilidade e o retorno assegurados<br />

e os impactos econômicos e sociais ampliados<br />

de forma significativa.<br />

O Nordeste Forte é um plano com características<br />

bidirecionais, tanto no sentido do Nordeste<br />

para o Brasil, quanto do Brasil para o<br />

Nordeste. É preciso que o Nordeste reconheça<br />

e potencialize seus caminhos e que o Brasil<br />

seja afirmativo e pragmático na execução de<br />

um plano de desenvolvimento a partir de investimentos<br />

e incentivos diferenciados.<br />

INFRAESTRUTURA<br />

E COMPETITIVIDADE<br />

Meta-síntese<br />

Concluir e potencializar os principais<br />

eixos intermodais estruturantes<br />

da região e estabelecer novos<br />

projetos, com foco em Parcerias<br />

Público-Privadas (PPPs).<br />

Principais ações<br />

1. Concluir a Ferrovia Transnordestina,<br />

ajustando o seu projeto original<br />

de forma a suprir lacunas<br />

relevantes que ampliem o desenvolvimento<br />

de áreas importantes<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


244<br />

ESTADO<br />

não contempladas dos Estados<br />

da Paraíba, Rio Grande do Norte e<br />

Piauí (ligação Cerrado-Teresina).<br />

2. Aprimorar o modal rodoviário,<br />

superando deficiências históricas<br />

de integração da região, com<br />

destaque para as obras de manutenção<br />

e duplicação das estradas<br />

federais, a exemplo dos gargalos<br />

da BR-324, BR-242, BR-101, além<br />

dos eixos rodoviários da BR-116<br />

entre o Sudeste e Fortaleza, da<br />

BR-110 Mossoró-Salvador, e da<br />

BR-020 Barreiras-Fortaleza.<br />

3. Expandir a malha ferroviária da<br />

região, em especial a conclusão<br />

da Ferrovia Oeste-Leste, atualmente<br />

atrasada, com custos além<br />

do previstos e sérios problemas<br />

para implantação do Porto-Sul.<br />

Importante observar todas as<br />

salvaguardas ambientais e socioambientais<br />

necessárias à conservação<br />

dos fragmentos de biodiversidade<br />

e Mata Atlântica da<br />

região.<br />

4. Ampliar os investimentos públicos<br />

e incentivar investimentos<br />

privados na consolidação e modernização<br />

de complexos portuários,<br />

superando problemas<br />

atuais, que vão desde adequações<br />

a dragagens e ampliações<br />

em praticamente todos os portos<br />

nordestinos, com destaque para<br />

a operação acima da capacidade<br />

dos portos de Recife e São Luís,<br />

além dos potenciais gargalos em<br />

Natal, Salvador, Fortaleza, Pecém<br />

e Maceió.<br />

5. Fortalecer o papel das hidrovias<br />

do São Francisco e do Parnaíba<br />

como importantes articuladores<br />

intrarregionais e inter-regionais<br />

com as regiões Sudeste, Centro-<br />

-Oeste e Norte.<br />

6. Diagnosticar e reformular as estratégias<br />

de implantação das refinarias<br />

Abreu e Lima, Premium I<br />

e Premium II, superando os atuais<br />

obstáculos de prazos e custos<br />

mal planejados, garantindo a efetiva<br />

conclusão.<br />

7. Garantir a disponibilidade de<br />

energia elétrica para a região<br />

Nordeste, com destaque para o<br />

potencial eólico e solar, cujas cadeias<br />

de suprimentos representarão<br />

um novo vetor de investimentos<br />

produtivos no Nordeste.<br />

8. Investir em infraestrutura turística,<br />

com potencialização ou consoli-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


245<br />

ESTADO<br />

dação de no mínimo vinte polos<br />

turísticos relevantes internacionalmente.<br />

Especial atenção à estrutura<br />

para o turismo de negócios<br />

e de eventos na região, como<br />

centros de convenções mais preparados<br />

e modernos. Outros três<br />

temas são relevantes: a desoneração<br />

de combustível para voos<br />

para o Nordeste; o investimento<br />

no restauro e uso do patrimônio<br />

arquitetônico, artístico e cultural;<br />

e a promoção turística nos mercados<br />

emissores nacionais e internacionais.<br />

O SEMIÁRIDO<br />

Meta-síntese<br />

Elevar a renda per capita, Ideb e<br />

IDH da região semiárida às médias<br />

da região Nordeste em dez anos.<br />

Principais ações<br />

1. Implantar o Programa Decenal<br />

de Desenvolvimento do Semiárido,<br />

de forma articulada com<br />

os estados nordestinos, com orçamentos<br />

plurianuais aprovados<br />

pelo Congresso Nacional e que<br />

tenha continuidade ao longo de<br />

diferentes governos, evitando a<br />

interrupção tão prejudicial à consecução<br />

dos objetivos.<br />

2. Concluir a Transposição do Rio<br />

São Francisco, com prazos e<br />

custos rigorosamente (re)negociados,<br />

aprovados e definidos, e<br />

ações importantes, como a revitalização<br />

do Rio São Francisco e<br />

a recuperação da sua foz associada<br />

com projetos complementares,<br />

como o Baixio de Irecê, na<br />

Bahia, e a ligação entre as bacias<br />

do Parnaíba e do São Francisco,<br />

beneficiando diretamente o semiárido<br />

do Piauí e a conclusão do<br />

Canal do Sertão Alagoano.<br />

3. Investir e viabilizar financiamentos<br />

na perenização e adequação<br />

de sistemas existentes de abastecimento<br />

de água, garantindo a<br />

capacidade de suporte hídrico e<br />

alimentar às unidades produtivas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


246<br />

ESTADO<br />

4. Integrar mananciais com ampliações<br />

por poços e cisternas, revitalizar<br />

pequenas barragens, como<br />

também investir em complexos<br />

sistemas integrados de regiões<br />

metropolitanas.<br />

5. Estabelecer financiamentos extremamente<br />

diferenciados para<br />

programas de recuperação, perfuração<br />

e instalação de poços<br />

tubulares e adutoras, captação<br />

e armazenamento de água de<br />

chuva, terras molhadas, mecanização<br />

agrícola, água subterrânea,<br />

revitalização de pequenas barragens<br />

e produção de peixes do<br />

Semiárido e a criação de animais<br />

na Caatinga.<br />

6. Implantar programa diferenciado<br />

de educação do Semiárido,<br />

com redução do analfabetismo à<br />

média do Nordeste em dez anos.<br />

Programa de bolsas de financiamento<br />

para estudantes que ingressarem<br />

em institutos técnicos,<br />

faculdades e universidades, para<br />

custear moradia, transporte, alimentação<br />

e aquisição de equipamentos<br />

de estudos, com juros e<br />

prazos especiais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


247<br />

ESTADO<br />

REFORMA POLÍTICA<br />

A POLÍTICA COMO O CAMINHO DA MUDANÇA<br />

O Brasil não pode mais adiar o desafio de debater,<br />

construir e realizar uma sólida reforma<br />

política. Os avanços que o país precisa e deseja<br />

acabam sufocados em geral pelo engessamento<br />

da atual política brasileira.<br />

O que é mais importante neste momento é<br />

que tenhamos a coragem de afirmar que temos<br />

que superar as práticas políticas que estão<br />

impedindo a gestão pública de avançar e o<br />

Estado de ser mais eficiente.<br />

A reforma política não é uma decisão do presidente<br />

da República, mas ele tem um papel<br />

fundamental e estratégico para garantir que<br />

ela de fato ocorra.<br />

E é um compromisso inadiável, que será enfrentado<br />

por nós no início do governo.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ O espaço de debate da reforma<br />

política se dará no Congresso Nacional,<br />

que poderá aprovar a convocação<br />

de referendos ou plebiscitos,<br />

como define a Constituição.<br />

▶ Estabelecimento de diálogo com<br />

a sociedade brasileira sobre a importância<br />

e a urgência da reforma<br />

política.<br />

▶ A reforma política não implicará<br />

prorrogação de qualquer mandato.<br />

▶ A reforma política vai garantir espaços<br />

para que as minorias tenham<br />

condições de realizarem suas defesas<br />

e apresentarem suas propostas.<br />

▶ As propostas de alterações nas<br />

regras eleitorais vigentes devem<br />

ser planejadas para que comecem<br />

a valer a partir da eleição de 2018 e<br />

se consolidem na eleição de 2022.<br />

▶ Redefinição dos critérios de uso<br />

das medidas provisórias.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


248<br />

ESTADO<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Fim da reeleição para presidente<br />

da República, governadores e<br />

prefeitos.<br />

▶ Mandatos de cinco anos para todos<br />

os cargos do Executivo e Legislativo<br />

com a unificação do período<br />

da eleição e dos mandatos.<br />

▶ Voto distrital misto: os estados<br />

seriam divididos em distritos. Uma<br />

parte dos candidatos ao Legislativo<br />

seria eleita pelo distrito, como se<br />

fosse uma eleição majoritária. A outra<br />

parte seria eleita mediante a votação<br />

em lista definida pelo partido.<br />

▶ Fim das coligações proporcionais<br />

nas eleições para deputado federal,<br />

estadual e vereador.<br />

▶ Reduzir o número de suplentes<br />

para o Senado, de dois para um.<br />

▶ Cláusula de desempenho: mínimo<br />

eleitoral, pela qual um partido deve<br />

ter um percentual mínimo de votos<br />

em uma quantidade determinada<br />

de estados para que acesse os<br />

benefícios partidários, como representação<br />

na Câmara dos Deputados,<br />

indicação de líder de bancada,<br />

fundo partidário e tempo de TV, entre<br />

outros.<br />

▶ Mudança da regra para concessão<br />

de tempo de TV para propaganda<br />

eleitoral: em uma eleição majoritária,<br />

seriam computados os tempos de TV<br />

dos partidos que compõem a chapa,<br />

ou seja, do candidato e seu vice.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


INTRODUÇÃO<br />

A URGENTE AGENDA DAS ÁGUAS<br />

CIDADES SUSTENTÁVEIS E MOBILIDADE URBANA<br />

ENERGIA<br />

SUSTENTABILIDADE, MUDANÇAS CLIMÁTICAS,<br />

BIODIVERSIDADE E MEIO AMBIENTE


251<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

INTRODUÇÃO<br />

SUSTENTABILIDADE: SEMEANDO O PRESENTE PARA<br />

COLHER O FUTURO<br />

O Brasil tem a oportunidade de se tornar o<br />

primeiro grande país desenvolvido com uma<br />

economia de baixo carbono, com ampla participação<br />

de energias renováveis e de práticas<br />

industriais, comerciais, agrícolas e de transportes<br />

sustentáveis. Inovando na gestão de cidades,<br />

tornando-as mais resilientes.<br />

Uma política de sustentabilidade tem valor<br />

fundamental para o futuro do Brasil. Abrangendo<br />

todas as áreas de atuação governamental,<br />

torna-se a cada dia uma demanda mais ampla<br />

da sociedade, em seu compromisso com a<br />

qualidade de vida de todos e com o futuro.<br />

▶ Transição para uma economia de<br />

baixo carbono<br />

Um dos maiores desafios deste início de século<br />

é o enfrentamento do aquecimento global.<br />

As consequências do aumento da temperatura<br />

média do planeta são dramáticas na vida<br />

das pessoas em todo o mundo, bem como na<br />

economia dos países, que devem assumir sua<br />

responsabilidade em duas direções complementares.<br />

A primeira, no campo da mitigação, diminuindo<br />

as emissões de gases efeito estufa (GEE).<br />

No Brasil, vamos manter a redução do desmatamento<br />

da Amazônia, do Cerrado e dos<br />

demais biomas, bem como assegurar uma<br />

matriz energética limpa, uma agricultura de<br />

baixo carbono e uma boa gestão de resíduos. A<br />

segunda, no campo da adaptação, vamos preparar<br />

o país para os impactos da mudança do<br />

clima com estratégias que aumentem a capacidade<br />

de enfrentar os incidentes climáticos<br />

graves como enchentes, inundações, ondas de<br />

calor e secas prolongadas.<br />

Os efeitos da mudança do clima no Brasil afetarão<br />

de forma intensiva a economia brasileira<br />

em vários setores, impondo-se, portanto, o<br />

dever de estabelecermos uma política arrojada<br />

de adaptação a ser pactuada com o setor empresarial,<br />

com os estados e municípios, amparada<br />

pelo “estado da arte” da comunidade<br />

científica e a sociedade civil.<br />

O aquecimento global já está afetando o ciclo<br />

hidrológico e o regime de chuvas no país, comprometendo<br />

o abastecimento de água de grandes<br />

cidades, a prática de certas atividades agrícolas<br />

e o suprimento de energia hidroelétrica.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


252<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

Nesse contexto, vamos priorizar a transição<br />

para uma economia de baixo carbono. Isto significa<br />

um papel protagonista para o poder público<br />

em termos de adoção de novas políticas<br />

que complementem as estratégias de comando<br />

e controle.<br />

Em termos práticos, adotaremos instrumentos<br />

econômicos que estimulem, efetivamente,<br />

uma agricultura de baixo carbono, padrões<br />

rigorosos de eficiência energética, conservação<br />

da biodiversidade e conservação do solo<br />

e água. Utilizaremos o poder de compras governamentais<br />

mediante ampliação das práticas<br />

de licitação sustentável no país, uma vez<br />

que representam uma parte expressiva do PIB<br />

nacional. Com isso, estaremos viabilizando, a<br />

médio prazo, a economia brasileira a produzir<br />

bens e serviços sustentáveis, garantindo-lhes<br />

acesso a mercados internacionais.<br />

Compartilhamos do entendimento, hoje em<br />

debate, de que é fundamental a precificação<br />

do carbono, caso se queira assegurar o compromisso<br />

internacional de admitir um aumento da<br />

matriz energética menos dependente das fontes<br />

fósseis e garantir a redução do desmatamento<br />

dos biomas brasileiros. Não se pode esquecer<br />

que os próximos quinze anos são absolutamente<br />

essenciais para que se possa reduzir drasticamente<br />

as emissões de GEE no planeta.<br />

▶ Desenvolvimento sustentável e<br />

políticas públicas<br />

Torna-se necessário um novo desenho institucional<br />

para enfrentar a complexidade dos desafios,<br />

sendo que o Governo Federal assumirá<br />

a liderança na coordenação e articulação dos<br />

estados e municípios com o claro propósito de<br />

garantir a efetividade e operacionalidade das<br />

políticas públicas. Para tanto, promoverá arranjos<br />

institucionais com o setor empresarial,<br />

a sociedade civil e comunidade científica para<br />

que a sustentabilidade esteja presente e seja<br />

algo concreto na vida das pessoas.<br />

A comunidade internacional assumiu o compromisso<br />

de oferecer um novo tratado em<br />

2015, em Paris, que assegure a estabilidade<br />

climática do planeta, com o objetivo de fixar<br />

limites globais para a emissão de GEE. Além<br />

disso, nesse mesmo ano, haverá a pactuação<br />

dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável<br />

em substituição aos Objetivos do Milênio.<br />

Vamos desempenhar um papel de vanguarda<br />

nos encaminhamentos dessas questões na<br />

agenda internacional.<br />

À frente do governo brasileiro, o presidente da<br />

República vai assumir pessoalmente essa agenda,<br />

procurando resgatar a liderança brasileira<br />

junto a outros chefes de Estado, a exemplo do<br />

que Fernando Henrique Cardoso fez quando<br />

da criação do Fórum Brasileiro de Mudança<br />

do Clima. Assim, o Brasil estará atuando com<br />

firmeza nos desafios globais planetários, tais<br />

como a mudança do clima, os oceanos, a conservação<br />

da biodiversidade, a proteção da camada<br />

de ozônio, enfim, todos aqueles dos quais<br />

dependem as futuras gerações.<br />

Reside aí o grande diferencial do desenvolvimento<br />

sustentável que adotaremos: pensar sempre<br />

no horizonte de tempo das futuras gerações.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


253<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

▶ Conservação e economia da<br />

biodiversidade<br />

O Brasil é um dos mais importantes países<br />

com megabiodiversidade distribuída nos seus<br />

principais biomas – Amazônia, Pantanal, Mata<br />

Atlântica, Pampas, Cerrado e Caatinga. Parte<br />

desta biodiversidade se encontra protegida<br />

pelas Unidades de Conservação, ainda que<br />

seja necessário torná-las efetivas, uma vez que<br />

grande parte ainda são “parques de papel”,<br />

parte deles abandonada e suscetível de invasões<br />

de várias naturezas. Um país com nome<br />

de árvore e com a maior extensão de floresta<br />

tropical do planeta em seu território não pode<br />

negligenciar esse tema.<br />

Recentemente o Programa das Nações Unidas<br />

para Meio Ambiente (Pnuma) divulgou o<br />

importante documento “Economia dos Ecossistemas<br />

e da Biodiversidade” (Teeb – The<br />

Economics of Ecosystems and Biodiversity),<br />

cujo objetivo principal foi o de demonstrar a<br />

importância econômica da biodiversidade.<br />

Apontou os diversos serviços ecossistêmicos<br />

indispensáveis para a agricultura, a exemplo<br />

da polinização realizada pelas abelhas, bem<br />

como o valor representado pelo carbono estocado<br />

nas florestas.<br />

Mais recentemente, foi criada a Plataforma<br />

Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços<br />

Ecossistêmicos (IPBES – Intergovernamental<br />

Platform on Biodiversity and Ecosystems<br />

Services), com o objetivo de transformar-se na<br />

grande referência do conhecimento sobre a<br />

biodiversidade do mundo.<br />

No Brasil, para que seja possível conhecer e<br />

conservar a biodiversidade, torna-se necessária<br />

a implantação de uma vigorosa política de<br />

Pagamento por Serviços Ambientais (PSA),<br />

reconhecendo, assim, a importância da sua<br />

contribuição para o equilíbrio ecológico e para<br />

a economia brasileira, remunerando os seus<br />

diversos provedores, sejam eles populações<br />

tradicionais que convivem harmoniosamente<br />

com os ecossistemas, bem como os proprietários<br />

rurais.<br />

Além da perda de habitats, há que se lembrar<br />

que uma das grandes ameaças à biodiversidade<br />

é a introdução de espécies invasoras da flora e<br />

da fauna. Elas trazem enormes prejuízos econômicos<br />

e muitas vezes comprometem atividades<br />

econômicas de grande valor, a exemplo da lagarta<br />

Helicoverpa armigera, sem registros no Brasil até<br />

dois anos atrás, e que hoje impactam a produtividade<br />

do cultivo de algodão, soja, milho e tomate.<br />

É necessária edição de legislação específica<br />

sobre a matéria, bem como o fortalecimento<br />

das atividades de fiscalização fitossanitária.<br />

No que diz respeito às Unidades de Conservação,<br />

é fundamental garantir a sua efetiva implantação<br />

por iniciativas que vão desde a sua<br />

regularização fundiária, passando pela realização<br />

e implementação dos respectivos planos<br />

de manejo. No que se refere às Metas de<br />

Aichi de Biodiversidade (princípios do Plano<br />

Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020,<br />

traçados no ano de 2011, em Nagoya, no Japão),<br />

há necessidade de ampliação de áreas<br />

protegidas de biomas sem proteção adequada,<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


254<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

especialmente no ambiente marinho, cujo número<br />

no país é pouco representativo.<br />

Vale assinalar, ainda, que há necessidade de<br />

um grande esforço no sentido de reconhecer<br />

as Unidades de Conservação como ativos estratégicos<br />

essenciais para a implantação de<br />

um novo perfil de desenvolvimento regional<br />

com inclusão social e geração de renda, mediante<br />

implantação de infraestrutura de visitação<br />

com o objetivo de torná-las acessíveis e,<br />

simultaneamente, autossustentáveis.<br />

Parte significativa da biodiversidade brasileira<br />

está associada aos ecossistemas florestais, à<br />

medida em que temos em nosso território a<br />

maior porção de floresta tropical do mundo e<br />

grande extensão de terras com vocação para a<br />

silvicultura. Essa realidade impõe a necessidade<br />

de uma robusta política florestal, que exige<br />

do Governo Federal, tendo em vista a nova<br />

Lei Florestal brasileira, apoiar estados, municípios<br />

e produtores rurais para o cumprimento<br />

à obrigatoriedade de implantação do Cadastro<br />

Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização<br />

Ambiental (PRA) nas propriedades<br />

rurais. Isso deve ser feito de forma que<br />

a recuperação da reserva legal, das áreas de<br />

preservação permanente e de uso restrito e o<br />

reflorestamento com finalidade múltipla (ecológica<br />

e econômica) ocorram no contexto mais<br />

amplo da restauração dos ecossistemas afetados<br />

pela ação antrópica.<br />

É importante assinalar a necessidade de promover<br />

um processo de restauração de alguns<br />

biomas, com o objetivo de se assegurar a capacidade<br />

de prover serviços ecossistêmicos.<br />

Especialmente processos de restauração florestal,<br />

a exemplo do Pacto pela Restauração<br />

da Mata Atlântica, firmado entre vários entes<br />

públicos, sociedade civil, comunidade científica<br />

e proprietários rurais.<br />

O Brasil deve mobilizar a sua capacidade científica<br />

e técnica para criar legislação específica<br />

para cada um de seus biomas, com o objetivo<br />

de garantir o uso sustentável de seus territórios<br />

e seus recursos naturais, na perspectiva<br />

de uma “economia brasileira da biodiversidade<br />

e serviços ecossistêmicos”. Apenas o bioma<br />

Mata Atlântica é portador de uma legislação<br />

específica, ainda que a Constituição Federal<br />

de 1988 determine que os biomas considerados<br />

“patrimônio nacional” sejam regulamentados<br />

por lei.<br />

Atenção especial deve ser dada ao bioma amazônico,<br />

pela importância por ele representada<br />

no contexto nacional e internacional. Articulação<br />

de ações com os países vizinhos deve ser<br />

prioritária, inclusive com a ideia de elaborar<br />

por meio do Tratado de Cooperação Amazônica<br />

(TCA) um esforço para identificar os<br />

impactos do aquecimento global sobre a Bacia<br />

Amazônica, a exemplo do que foi feito no<br />

Ártico.<br />

▶ Complementação do PIB com<br />

novos indicadores e métricas<br />

inovadoras<br />

Estamos assistindo a novas demandas no século<br />

XXI, que exigem que repensemos as<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


255<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

métricas utilizadas pelos países para avaliar o<br />

desempenho de suas economias. Nessa direção,<br />

o Brasil, em complemento aos métodos<br />

relativos à determinação do PIB, desenvolverá<br />

indicadores que tragam novas avaliações. Estimularemos<br />

outros métodos de elaboração das<br />

contas nacionais, acompanhando recomendações<br />

de importantes documentos internacionais,<br />

a exemplo do Teeb – The Economics of<br />

Ecosystems and Biodiversity (A Economia dos<br />

Ecossistemas e da Biodiversidade).<br />

É um debate que será incorporado na agenda<br />

brasileira, a exemplo do que sugeriu o relatório<br />

“Stiglitz-Sen-Fitoussi”. Com isso, a democracia<br />

brasileira ganha à medida que o cidadão<br />

comum se apropria desses novos indicadores,<br />

facilitando o exercício pleno de sua cidadania.<br />

Exemplos como o aumento do consumo de<br />

combustível provocado pelos congestionamentos<br />

de nossas cidades, que na metodologia<br />

tradicional impactam positivamente na contabilização<br />

do PIB, demonstram a necessidade<br />

do desenvolvimento de novas métricas.<br />

Essa exigência de novas métricas se aplica ao<br />

setor público e empresarial. A instituição de<br />

relatórios de sustentabilidade para ambos é<br />

uma tendência positiva, permitindo uma avaliação<br />

crítica por todas as partes interessadas.<br />

No Brasil, a Bovespa, desde 2005, adotou o<br />

Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE),<br />

uma ferramenta para análise corporativa da<br />

performance de empresas listadas sob o aspecto<br />

da sustentabilidade em suas várias dimensões.<br />

▶ Repensando as instituições<br />

É imperiosa a necessidade de redesenhar as<br />

instituições voltadas à sustentabilidade e ao<br />

desenvolvimento sustentável. Uma abordagem<br />

holística se impõe, com o objetivo de garantir<br />

um efetivo diálogo horizontal na esfera<br />

federal, com o engajamento dos estados, municípios,<br />

setor empresarial e a sociedade civil.<br />

Entre as iniciativas a serem adotadas para modernizar<br />

a gestão ambiental estão:<br />

• Garantia de que critérios de sustentabilidade<br />

estejam presentes nas suas três dimensões<br />

– social, ambiental e econômica – nos<br />

processos de tomada de decisão das políticas<br />

públicas.<br />

• Utilização do poder de compras governamentais<br />

mediante um programa robusto de<br />

licitação sustentável no país.<br />

• Estímulo à produção de bens, produtos e<br />

serviços com menor impacto socioambiental,<br />

de forma a torná-los acessíveis a todas<br />

as pessoas, independentemente do seu poder<br />

aquisitivo.<br />

• Licenciamento ambiental integrado aos demais<br />

instrumentos da política ambiental,<br />

como o Zoneamento Econômico Ecológico<br />

(ZEE) e a Avaliação Ambiental Estratégica<br />

(AAE), como o monitoramento da qualidade<br />

ambiental, entre outros. Adoção da AAE<br />

e utilização do ZEE, em escala adequada,<br />

na concepção dos grandes programas e<br />

projetos governamentais e daqueles financiados<br />

pelo governo, visando à inclusão da<br />

dimensão ambiental no momento em que é<br />

tomada a decisão do investimento.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


256<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

• Aperfeiçoamento do sistema nacional de<br />

licenciamento, com ênfase nas mudanças<br />

introduzidas pela Lei Complementar<br />

140. Eliminar demandas burocráticas e<br />

cartoriais. E, em função da natureza dos<br />

empreendimentos e de seus impactos, clarificar<br />

através do Conama as exigências a<br />

serem atendidas no âmbito dos EIA/Rima e<br />

RAPs (Relatório Ambiental Preliminar).<br />

• Aperfeiçoar mecanismos de acompanhamento<br />

do licenciamento ambiental em<br />

todas as suas etapas, com ênfase no cumprimento<br />

das condicionalidades assumidas<br />

pelos empreendedores.<br />

• Fortalecimento do Sistema Nacional do<br />

Meio Ambiente (Sisnama), com atenção<br />

especial às deficiências dos órgãos federais,<br />

estaduais e municipais de meio ambiente.<br />

• Fortalecimento da sociedade civil voltada<br />

para iniciativas ambientais de mudança do<br />

clima, conservação da biodiversidade, do<br />

bem-estar animal e de desenvolvimento<br />

sustentável.<br />

• Estimular a integração entre órgãos licenciadores<br />

e o Ministério Público, de modo<br />

a diminuir a judicialização dos conflitos.<br />

Conceber novos mecanismos de mediação<br />

de conflitos.<br />

Entre eles, com repercussão mundial, está a<br />

questão dos direitos dos animais, que hoje está<br />

presente em praticamente todos os países.<br />

O consumidor, hoje, exige o atendimento a<br />

certas condições de bem-estar animal que<br />

contemplam métodos éticos no seu abate e<br />

transporte. Políticas públicas claras e compromissos<br />

com esses novos temas representam<br />

postura e visão contemporâneas de cidadania.<br />

Implantaremos uma moderna política de proteção<br />

dos direitos dos animais, em sintonia<br />

com iniciativas em curso no âmbito da sociedade<br />

brasileira e em vários países.<br />

Como exemplo, está o surgimento de uma<br />

nova atividade econômica relativa ao turismo<br />

de observação de espécies, com grande repercussão<br />

para as comunidades locais, como já<br />

acontece no litoral brasileiro, no caso da baleia.<br />

Outras espécies, hoje ameaçadas, a exemplo<br />

dos tubarões, podem estimular um turismo<br />

específico, gerando toda uma economia com<br />

repercussões positivas em toda a cadeia.<br />

▶ Permeabilidade a novos temas<br />

A partir do ano 2000, a comunidade científica<br />

passou a constatar o fenômeno de acidificação<br />

dos oceanos, o que hoje representa a maior<br />

ameaça à vida marinha e às populações que<br />

vivem da pesca. Vamos lidar com esses novos<br />

temas.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


257<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

A URGENTE AGENDA DAS ÁGUAS<br />

A VIDA NA SUA PLENITUDE<br />

A escassez de recursos hídricos para abastecimento<br />

público, para geração de energia elétrica<br />

e irrigação, em algumas regiões, demonstra<br />

que a Política Nacional das Águas e o Sistema<br />

Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos<br />

(SNGRH) por ela desenhado, embora<br />

reconhecidamente moderna e avançada, sofre<br />

com a precariedade e os erros de sua implementação.<br />

Entre eles, destacam-se a inércia<br />

do Conselho Nacional de Recursos Hídricos<br />

(CNRH), a fragilidade institucional do SN-<br />

GRH e a ausência de políticas públicas articuladas<br />

na esfera da Federação para incentivar<br />

a implantação de infraestrutura hídrica de<br />

interesse público, além do precário funcionamento<br />

dos Comitês de Bacias Hidrográficas,<br />

importante mecanismo de gestão colegiada e<br />

participativa a ser tratado com prioridade, especialmente<br />

como instância destinada a definir<br />

a alocação dos recursos hídricos e gerir o<br />

conflito pelo uso da água.<br />

Nesse contexto, não é mais admissível que o<br />

Brasil continue tratando a gestão das águas<br />

com base na equivocada suposição de que<br />

temos abundância de recursos hídricos, cuja<br />

principal consequência é a cultura do desperdício.<br />

Vale lembrar ainda que a disponibilidade<br />

de água no país é desigualmente distribuída,<br />

uma vez que está concentrada na Amazônia,<br />

além de possuir uma área semiárida de quase<br />

um milhão de km², maior do que o território<br />

da França, onde a escassez é crônica.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ O Brasil está vivendo, pela primeira<br />

vez na sua história, o advento de<br />

graves crises de água, de modo que<br />

é necessário que esse tema seja reforçado<br />

na agenda política brasileira.<br />

Isso significa, claramente, o enfrentamento<br />

do problema de uma<br />

perspectiva holística, que permita<br />

mudar a gestão dos nossos recursos<br />

hídricos. Temos já no Brasil uma<br />

legislação que permite um avanço<br />

significativo por meio dos comi-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


258<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

tês de bacia, enquadramento dos<br />

corpos d’água e uma série de outros<br />

instrumentos. A existência da<br />

Agência Nacional de Águas (ANA)<br />

foi um passo importante, e temos<br />

que aproveitar o capital intelectual<br />

que ela possui para avançar na implementação<br />

das políticas públicas.<br />

Atenção especial deve ser dada à<br />

gestão de águas subterrâneas em<br />

conjunto com os estados a quem<br />

cabe, em última instância, a sua responsabilidade.<br />

▶ Estudos importantes mostram<br />

que muitas cidades do mundo têm<br />

o abastecimento de água vinculado<br />

à existência de áreas florestadas.<br />

Por essa razão, entendemos que é<br />

necessário garantir a proteção dessas<br />

áreas por meio da manutenção<br />

ou ampliação de unidades de conservação,<br />

de modo que devemos<br />

estimular a sinergia entre o Sistema<br />

Nacional de Unidades de Conservação<br />

(Snuc) e a Política Nacional de<br />

Recursos Hídricos, garantindo, assim,<br />

a qualidade e a vazão necessária<br />

ao abastecimento de água das<br />

cidades brasileiras.<br />

▶ Hoje, a questão da água está definitivamente<br />

presente na agenda da<br />

sociedade e no meio empresarial,<br />

cabendo ao Governo Federal estabelecer<br />

politicas públicas voltadas à<br />

gestão eficiente desses recursos. O<br />

consumidor tem ciência da escassez<br />

existente em relação à água e,<br />

uma vez portador das informações,<br />

tende a privilegiar bens e serviços<br />

oferecidos com os devidos cuidados.<br />

Por sua vez, na esfera internacional,<br />

o tema adquiriu um peso<br />

estratégico, de modo que o Brasil<br />

deverá exercer liderança para que<br />

a comunidade internacional avance<br />

no tratamento em termos dos<br />

cuidados específicos que devem<br />

ser conferidos ao assunto. É bom<br />

lembrar que a água-doce é considerada,<br />

por importantes entidades<br />

acadêmicas, como um dos grandes<br />

limites do planeta. Destaca-se ainda<br />

a importância da cooperação com<br />

os países vizinhos, com os quais<br />

compartilhamos as grandes bacias<br />

hidrográficas dos Rios Amazonas e<br />

Prata.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


259<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Fortalecimento do Sistema Nacional<br />

de Gerenciamento dos Recursos<br />

Hídricos. Atenção especial deve ser<br />

dada ao impacto do aquecimento<br />

global no ciclo hidrológico, com o<br />

objetivo de estabelecimento de políticas<br />

de adaptação e mitigação em<br />

relação ao risco de desastres naturais,<br />

tais como enchentes, inundações<br />

e grandes deslizamentos.<br />

▶ Estabelecer de metas de redução<br />

de desperdício nas redes públicas<br />

com calendário determinado, com<br />

disponibilização de linhas de crédito<br />

específicas para estimular novas<br />

tecnologias de gestão das redes.<br />

▶ Estímular, em conjunto com estados<br />

e municípios, a implantação de<br />

medidores de consumo individuais.<br />

▶ Editar normas para reúso de água.<br />

▶ Dar atenção especial à Política de<br />

Pagamento por Serviços Ambientais<br />

para os produtores rurais que<br />

conservam vegetação protetora<br />

dos recursos hídricos.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


SUSTENTABILIDADE<br />

CIDADES SUSTENTÁVEIS E MOBILIDADE URBANA<br />

260<br />

NOVOS TEMPOS, NOVOS RUMOS<br />

Cerca de 85% da população brasileira é urbana,<br />

com grande parte vivendo em metrópoles.<br />

A redução da mobilidade urbana nos nossos<br />

grandes centros tem trazido imensos prejuízos<br />

à qualidade de vida, degradando os espaços<br />

públicos, com sérios danos ambientais e, em<br />

consequência, à saúde pública. O Governo<br />

Federal deve exercer um papel transformador<br />

nas políticas e práticas urbanas brasileiras, empregando<br />

um repertório amplo de iniciativas<br />

que estimulem a adoção de abordagens integradoras<br />

e de inovações. Incentivar caminhadas<br />

e o uso da bicicleta para estimular estilos<br />

de vida mais saudáveis. Desenvolver modelos<br />

de “código de obras” e legislação de uso do<br />

solo que contemplem menor uso de energia e<br />

água e ampliação de áreas verdes. Estimular o<br />

teletrabalho, evitando deslocamentos.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ A constatação da realidade urbana<br />

do Brasil exige do poder público<br />

a adoção de uma abordagem<br />

urbanística inovadora: uma visão<br />

holística. Políticas públicas de abastecimento<br />

de água, saneamento<br />

básico, mobilidade, gestão de resíduos,<br />

planejamento urbano, uso do<br />

solo e áreas verdes são interdependentes.<br />

▶ Inegavelmente, há um grande déficit<br />

de serviços públicos em todos<br />

esses setores, o que ficou evidenciado<br />

pelas manifestações de junho<br />

de 2013. Como tornar as cidades<br />

brasileiras mais sustentáveis e resilientes<br />

se torna um dos grandes desafios<br />

dos governantes em todas as<br />

esferas.<br />

▶ Não são mais admissíveis políticas<br />

de estímulo ao transporte individual<br />

para se combater a crise,<br />

quando as mesmas provocam os<br />

enormes congestionamentos nas<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


261<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

cidades brasileiras médias e grandes.<br />

Há necessidade de se resgatar<br />

a perspectiva de longo prazo, cabendo<br />

ao Governo Federal, em articulação<br />

com os estados e municípios,<br />

repensar novas estratégias de<br />

financiamento, com a finalidade de<br />

garantir mecanismos de implementação<br />

das várias legislações que<br />

pesam sobre as cidades.<br />

▶ As exigências contidas nas legislações<br />

devem se tornar instrumentos<br />

eficazes para garantir melhor qualidade<br />

de vida aos cidadãos. Assim,<br />

o Governo Federal articulará, na<br />

sua esfera, ações que assegurem a<br />

efetividade dos planos municipais<br />

de mobilidade urbana, de gestão<br />

de resíduos sólidos, entre outros.<br />

Em relação aos estados, promover<br />

planos metropolitanos, levando em<br />

conta que cabe a eles legislar sobre<br />

essa matéria.<br />

▶ As políticas econômicas vão viabilizar<br />

e estimular claramente políticas<br />

urbanas inovadoras, estimulando<br />

o transporte público sustentável,<br />

o que inclui, entre outras iniciativas,<br />

a adoção de combustíveis renováveis.<br />

E na gestão de resíduos, adotaremos<br />

estímulos tributários para<br />

viabilizar a logística reversa.<br />

▶ No campo climático, as cidades<br />

terão cada vez mais protagonismo.<br />

Por essa razão, as principais cidades<br />

mundiais se organizaram em<br />

torno de uma iniciativa denominada<br />

C 40, com o objetivo de trocar<br />

experiências no campo de mitigação<br />

de GEE e de adaptação às mudanças<br />

do clima.<br />

▶ Recentemente, foi criado o G 27,<br />

reunindo as principais capitais brasileiras,<br />

com o objetivo de se replicar<br />

a ideia do C 40. As oportunidades<br />

de mitigação são inúmeras, mediante<br />

estímulo ao transporte público e<br />

não motorizado, edifícios sustentáveis,<br />

implantação de áreas verdes<br />

para se evitar as ilhas de calor. Por<br />

outro lado, há muito o que se fazer<br />

no campo da adaptação, preparando<br />

as cidades brasileiras para enfrentar<br />

as inundações e enchentes,<br />

a elevação do nível do mar nas cidades<br />

da costa e as ondas de calor.<br />

▶ O papel do Governo Federal é crucial.<br />

Será protagonista na implantação<br />

de políticas públicas de uso de<br />

energias alternativas nas cidades,<br />

possibilitando a venda de excedentes,<br />

além de fixação de padrões rigorosos<br />

de eficiência energética.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


262<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

▶ Um governo compatível com o<br />

mundo em que vivemos deverá estar<br />

aberto a inovações como a internet<br />

das coisas, que certamente terá um<br />

grande impacto na mobilidade pessoal<br />

nas cidades brasileiras. O conceito<br />

de economia criativa – como uma<br />

ideia de desenvolvimento de atividades<br />

econômicas associadas a novas<br />

tecnologias, moda, design, arquitetura,<br />

gastronomia, entretenimento<br />

e turismo – deve ser estimulado nas<br />

estratégias das cidades brasileiras.<br />

▶ O Governo Federal estará aberto<br />

também às novas demandas que<br />

afligem os cidadãos, a exemplo da<br />

poluição sonora em nossas cidades.<br />

Esses temas devem trazer estratégias<br />

de prevenção no campo da<br />

saúde pública, valendo lembrar que<br />

a poluição do ar em muitas cidades<br />

brasileiras faz diminuir a expectativa<br />

de vida e agrava os custos do<br />

Sistema Único de Saúde (SUS).<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Implementar a Política Nacional<br />

de Mobilidade Urbana, priorizando<br />

o transporte público, bem como o<br />

transporte não motorizado nas cidades<br />

brasileiras, tornando-os alternativas<br />

viáveis, seguras e concretas<br />

em relação ao transporte individual.<br />

▶ Buscar uma mobilidade sustentável<br />

para as cidades brasileiras, por<br />

meio da integração dos diversos<br />

modais de transporte público em<br />

operação, pela continuidade e aceleração<br />

das obras em curso, pela<br />

expansão dos atendimentos às regiões<br />

metropolitanas e pelo incentivo<br />

à incorporação de inovações<br />

nas soluções já existentes e a serem<br />

implementadas.<br />

▶ Articular os diversos agentes envolvidos,<br />

no âmbito estadual e municipal,<br />

para aumentar a integração<br />

do transporte urbano com outras<br />

políticas públicas, como o uso do<br />

solo, habitação e meio ambiente,<br />

buscando atender, inclusive, aos<br />

novos conglomerados urbanos.<br />

▶ Apoiar a inovação e a criação de<br />

soluções tecnológicas originais e a<br />

busca de recursos para investimen-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


263<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

tos como parcerias público-privadas<br />

(PPPs) e concessões de operações<br />

urbanas.<br />

▶ Apoiar os estados e municípios na<br />

implantação de centros integrados<br />

de logística, na busca de soluções<br />

para a redução de trânsito de veículos<br />

pesados nos grandes centros<br />

e na implantação de sistemas cicloviários<br />

nas cidades.<br />

▶ Estimular a adoção de políticas<br />

estaduais, metropolitanas e municipais<br />

relativas à mudança do clima,<br />

com ênfase em medidas de mitigação<br />

e adaptação.<br />

▶ Desenvolver novos indicadores de<br />

qualidade de vida, com o objetivo<br />

de orientar ações do poder público<br />

e apoiar os cidadãos na formulação<br />

de suas demandas.<br />

▶ Incentivar os transportes públicos,<br />

principalmente os sobre trilhos, destinando<br />

recursos – inclusive subsidiados<br />

– para obras estruturantes nos<br />

principais centros urbanos.<br />

▶ Incentivar a renovação e a modernização<br />

da frota de trens, metrôs e<br />

ônibus, impondo novos parâmetros<br />

de qualidade. Incentivar a utilização<br />

de veículos com motores híbridos,<br />

movidos a hidrogênio e elétricos,<br />

entre outros.<br />

▶ Incentivar a adoção de horários<br />

variados para jornadas de trabalho,<br />

evitando-se os períodos de rush, e<br />

incentivar a adoção de modalidades<br />

de teletrabalho nas atividades<br />

e/ou setores onde isso for possível,<br />

como forma de reduzir deslocamentos<br />

desnecessários e pressões<br />

adicionais de demanda sobre o setor<br />

de transportes.<br />

▶ Apoiar novos modais alternativos<br />

de transporte, como os sistemas<br />

cicloviários.<br />

▶ Transferir a malha ferroviária metropolitana<br />

de cargas para os estados<br />

– quando as linhas não estiverem<br />

sendo usadas – para a<br />

implantação de projetos de trens<br />

metropolitanos.<br />

▶ Criar marcos regulatórios para o<br />

trânsito em pequenas cidades, com<br />

o objetivo de evitar e melhorar a<br />

gestão dos congestionamentos.<br />

▶ Desenvolver políticas educativas de<br />

trânsito com estados e municípios.<br />

Estabelecer metas conjuntas para a<br />

redução das vítimas de trânsito.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


264<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

▶ Garantir padrões rigorosos de<br />

qualidade do ar dos centros urbanos<br />

brasileiros por meio do fortalecimento<br />

dos programas Proconve e<br />

Promotos, com as atualizações necessárias<br />

de acordo com a Organização<br />

Mundial de Saúde.<br />

▶ Utilizar instrumentos econômicos<br />

para estimular o consumo de combustíveis<br />

mais limpos, com eliminação<br />

acelerada daqueles com maior<br />

teor de enxofre em todo o território<br />

nacional. Ênfase na implantação<br />

dos programas de inspeção e manutenção<br />

veicular em articulação<br />

com estados e municípios.<br />

▶ Estabelecer uma política nacional<br />

de combate à poluição sonora<br />

em articulação com estados e<br />

municípios.<br />

▶ Estimular o monitoramento da<br />

balneabilidade das praias em articulação<br />

com estados e municípios.<br />

▶ Apoiar o mapeamento e a proteção<br />

das áreas suscetíveis à ocorrência<br />

de deslizamentos de grande<br />

impacto, inundações bruscas ou<br />

processos geológicos ou hidrológicos<br />

correlatos, compatibilizando a<br />

política urbana com a Política Nacional<br />

de Proteção e Defesa Civil.<br />

▶ Adotar ferramentas macroeconômicas<br />

– em coordenação com<br />

estados e municípios – que viabilizem<br />

claramente as políticas urbanas<br />

sustentáveis, como o transporte<br />

público, o transporte individual<br />

não motorizado, a construção de<br />

edifícios sustentáveis, a implantação<br />

de áreas verdes para evitar as<br />

ilhas de calor, e o uso de energia<br />

solar e de microturbinas eólicas nas<br />

cidades, possibilitando a venda de<br />

excedentes.<br />

▶ Dar atenção aos serviços ambientais<br />

urbanos como a arborização,<br />

criação e manutenção de parques<br />

urbanos e coleta e reciclagem de lixo.<br />

▶ Apoiar os municípios na implantação<br />

de projetos de gestão de resíduos,<br />

incluindo a coleta seletiva, a<br />

reciclagem e a destinação final ambientalmente<br />

adequada.<br />

▶ Adotar políticas públicas de inclusão<br />

social produtiva dos catadores,<br />

a exemplo do programa Bolsa Recilagem<br />

de Minas Gerais.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


265<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

ENERGIA<br />

ENERGIA LIMPA E AUTOSSUFICIENTE<br />

A energia é parte da infraestrutura do país e<br />

essencial para o crescimento sustentável da<br />

economia.<br />

O Brasil tem fontes diversificadas e abundantes<br />

de energia e, por isso, é fundamental para<br />

o desenvolvimento do setor a definição clara<br />

de uma política energética coerente e harmonizada<br />

com as necessidades do país, que almeja<br />

ocupar e se manter em uma posição de<br />

destaque no cenário internacional.<br />

Nos últimos anos, o modelo energético tem se<br />

sustentado em políticas de controle de preço<br />

para assegurar o controle da inflação.<br />

O governo atual optou pela intervenção direta<br />

nas atividades regulatórias, em vez de planejar<br />

um ciclo virtuoso de energia competitiva e investimentos<br />

no setor.<br />

Desse modo, o bom funcionamento do setor<br />

energético demanda o fortalecimento do tripé:<br />

planejamento, gestão e regulação eficientes.<br />

Daremos importância à produção de petróleo<br />

do Pré-sal, sem prejuízo da expansão das fontes<br />

renováveis de energia, incluindo a retomada<br />

do programa do etanol.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ Definição de uma matriz energética<br />

que contemple as várias fontes<br />

de energia, possibilitando com<br />

isso segurança no fornecimento<br />

de energia, com baixo impacto<br />

ambiental.<br />

▶ Ampliação da participação de fontes<br />

renováveis de energia na matriz<br />

energética brasileira, incluindo-se aí<br />

uma maior penetração da energia<br />

eólica, solar e biomassa, além de<br />

hidrelétricas reversíveis, adaptando-se<br />

algumas usinas hidrelétricas<br />

existentes para esse fim.<br />

▶ Implementação de programas de<br />

eficiência energética, redução de<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


266<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

perda e conservação de energia em<br />

todos os setores. Ênfase no gerenciamento<br />

pelo lado da demanda.<br />

▶ Fortalecimento da governança<br />

das instituições encarregadas da<br />

formulação de políticas, gestão e<br />

regulação do setor.<br />

▶ Redução do risco regulatório no<br />

setor de energia. Regras claras e<br />

duradouras garantem a entrada de<br />

novas empresas, gerando incentivos<br />

para novos investimentos.<br />

▶ Viabilização de novas fontes de<br />

financiamento para o investimento<br />

e expansão do sistema elétrico<br />

brasileiro.<br />

▶ Garantia da participação da sociedade<br />

civil no Conselho Nacional<br />

de Planejamento Energético.<br />

▶ Execução de planejamento energético<br />

coparticipativo com os<br />

estados da Federação.<br />

▶ Recuperação da importância e do<br />

pioneirismo do Brasil na produção<br />

de energia limpa e renovável, com<br />

crescimento da produção e da produtividade,<br />

especialmente em terras<br />

degradadas.<br />

▶ Resgate do papel da Petrobras e<br />

sua valorização como instrumento<br />

vital da política energética brasileira.<br />

▶ Melhoria da governança das empresas<br />

estatais e instituições setoriais<br />

responsáveis pelo tripé planejamento,<br />

gestão e regulação<br />

eficientes.<br />

▶ Estímulo à implantação de mecanismos<br />

de maior profissionalização<br />

nas empresas estatais, mediante<br />

contratos de gestão atrelados a<br />

metas operacionais e financeiras e<br />

estabelecimento de níveis de excelência<br />

em matéria de governança.<br />

▶ Valorização da diversidade de<br />

fontes e das características regionais<br />

na redefinição da matriz energética<br />

brasileira, procurando equilibrar<br />

a busca de autossuficiência<br />

com sustentabilidade.<br />

▶ Implantação de processo que promova<br />

e assegure mais transparência<br />

e previsibilidade na formação de<br />

preços e tarifas no setor de energia.<br />

▶ Garantir que os recursos gerados<br />

pelo Pré-sal sejam efetivamente<br />

usados em políticas de educação e<br />

saúde pública.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


267<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

PROPOSTAS<br />

▶ Garantir segurança energética<br />

com modicidade tarifária.<br />

▶ Exigir, por meio das instituições<br />

responsáveis, a garantia de qualidade<br />

e pontualidade nos investimentos<br />

e, em contrapartida, a garantia<br />

da sua segurança jurídico-regulatória<br />

durante a execução.<br />

▶ Definir de forma clara o papel do<br />

etanol anidro e hidratado na matriz<br />

de combustíveis brasileira e estabelecimento<br />

de metas.<br />

▶ Adotar política tributária que considere<br />

as vantagens ambientais dos<br />

biocombustíveis.<br />

▶ Estabeler um marco regulatório<br />

estável, com regras de longo prazo,<br />

para desenvolvimento do setor sucroalcooleiro.<br />

▶ Realizar políticas públicas capazes<br />

de garantir a previsibilidade do<br />

setor de etanol e biodiesel, de forma<br />

a estimular os investimentos e o<br />

crescimento da produtividade agrícola<br />

e industrial.<br />

▶ Buscar a autossuficiência do Brasil<br />

em petróleo, com atenção especial<br />

à necessidade de promoção da responsabilidade<br />

ambiental por meio<br />

da implementação e do aprimoramento<br />

dos planos e programas de<br />

prevenção e gerenciamento de riscos.<br />

▶ Assegurar a existência de infraestrutura<br />

para enfrentar acidentes, de<br />

modo a permitir atuação imediata<br />

para minimização dos danos.<br />

▶ Estabelecer calendário para leilões<br />

de petróleo e gás natural, tanto<br />

para áreas offshore como onshore.<br />

O calendário de leilões assegura<br />

previsibilidade para que as empresas<br />

se preparem adequadamente e<br />

incluam o Brasil em seus planos de<br />

investimentos.<br />

▶ Implantar planejamento e regulação<br />

do setor de gás natural, de<br />

forma a resgatar a sua importância<br />

como insumo industrial, com vistas<br />

a aumentar a oferta do produto.<br />

▶ Estimular a formação de parcerias<br />

da Petrobras com empresas privadas<br />

do setor de gás natural, o que<br />

permite o mútuo acesso aos dutos<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


268<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

de escoamento e de transporte,<br />

plantas de regaseificação e unidades<br />

de tratamento de gás.<br />

▶ Definir plano para aumentar a<br />

malha de gasodutos para o transporte,<br />

baseado em regras claras e<br />

de mercado.<br />

▶ Criar condições de competitividade<br />

para que o gás natural venha a<br />

se configurar como combustível de<br />

transição para um consumo energético<br />

mais limpo, a exemplo do<br />

que vem ocorrendo em outros países.<br />

▶ Elaborar políticas para o aumento<br />

da cogeração e do uso do Gás<br />

Natural Veicular (GNV), que trará<br />

como vantagem a diminuição das<br />

importações de gasolina.<br />

▶ Incentivar distribuidoras e geradoras<br />

elétricas para instalação de<br />

unidades de geração de energia<br />

distribuída a gás natural e cogeração.<br />

▶ Realizar investimentos em tecnologias<br />

de baixo carbono, com atenção<br />

especial para capacitar o país<br />

a instalar uma indústria fotovoltaica<br />

competitiva.<br />

▶ Incentivar a microgeração distribuída,<br />

de forma a permitir que o<br />

cidadão possa gerar parte de seu<br />

consumo próprio através do uso da<br />

energia solar e eólica.<br />

▶ Elaborar um cronograma para a<br />

realização dos leilões de energia,<br />

contemplando as diversas fontes,<br />

de forma a diversificar a matriz<br />

energética e garantir maior confiabilidade<br />

ao sistema.<br />

▶ Equalizar as regras de incentivos,<br />

subsídios e financiamentos públicos<br />

para as diversas fontes de energia.<br />

Estimular a troca da iluminação<br />

pública por lâmpadas de baixo consumo<br />

energético e menor impacto<br />

na biodiversidade.<br />

▶ Estímular redes inteligentes de<br />

energia.<br />

▶ Investir no desenvolvimento de<br />

tecnologia de ponta para exploração<br />

de petróleo, a fim de assegurar<br />

que a exploração da camada<br />

Pré-sal aconteça de forma eficiente,<br />

progressiva, continuada e segura.<br />

▶ Fortalecer o Procel e o Conpet, visando<br />

dinamizar os programas de<br />

eficiência energética.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


SUSTENTABILIDADE<br />

SUSTENTABILIDADE, MUDANÇAS CLIMÁTICAS,<br />

BIODIVERSIDADE E MEIO AMBIENTE<br />

269<br />

VIDA SOLIDÁRIA<br />

No final do século XX, emergiu no mundo o<br />

conceito de cidadania planetária. Hoje o cidadão<br />

de qualquer parte do mundo está investido<br />

de um conjunto de novos direitos e deveres,<br />

em função das ameaças às condições<br />

de vida no planeta: aquecimento global, diminuição<br />

da camada de ozônio, acidificação dos<br />

oceanos, perda da biodiversidade, menor disponibilidade<br />

de água-doce, poluição química<br />

e aumento do fluxo de nitrogênio e fósforo nos<br />

ecossistemas. Esses direitos e deveres devem<br />

fazer parte da agenda dos governos e da comunidade.<br />

Essa cidadania planetária significa que o cidadão<br />

deve ter condições de bem-estar em<br />

termos concretos, especialmente nas cidades:<br />

respirar ar puro, ter água de qualidade, segurança<br />

pública, saneamento e alimentos saudáveis,<br />

boas condições de mobilidade urbana,<br />

acesso à educação, à saúde, lazer e cultura.<br />

Significa mais solidariedade e mais justiça.<br />

Para tanto, novas estratégias devem ser pactuadas<br />

nas várias esferas, tais como: local, regional,<br />

nacional e supranacional.<br />

Novos instrumentos e métricas devem ser<br />

estabelecidos em complementariedade ao<br />

Produto Interno Bruto (PIB), contemplando<br />

outras dimensões da vida contemporânea dos<br />

cidadãos.<br />

COMPROMISSOS<br />

▶ A alteração significativa de ecossistemas<br />

e a consequente perda de<br />

habitats, associada à caça e pesca<br />

ilegais, afetam negativamente<br />

a fauna terrestre e aquática. Isso<br />

está ocorrendo no Brasil, tornando<br />

necessário revigorar o papel<br />

do Estado na proteção à fauna e à<br />

flora, incluindo uma atuação firme<br />

no combate ao tráfico nacional e<br />

internacional de animais silvestres.<br />

Propomos, assim, uma política na-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


270<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

cional de proteção à fauna silvestre,<br />

incluindo o direito dos animais, de<br />

modo a permitir a implementação<br />

da Lei Complementar 140, de 8 de<br />

dezembro de 2011, apoiando a atuação<br />

dos estados e municípios.<br />

▶ Posição de liderança da Presidência<br />

da República nas questões de<br />

sustentabilidade, visando garantir<br />

um efetivo diálogo horizontal na<br />

esfera federal, com o engajamento<br />

dos estados, municípios, setor empresarial<br />

e a sociedade civil.<br />

▶ Protagonismo na coordenação<br />

e articulação dos atores sociais e<br />

agentes econômicos envolvidos no<br />

desenvolvimento sustentável, em<br />

articulação com estados e municípios,<br />

e papel de vanguarda nos encaminhamentos<br />

dessas questões<br />

na agenda internacional. Especial<br />

atenção à 21ª Conferência das Partes<br />

da Convenção de Mudança do<br />

Clima, a ser realizada em 2015, e<br />

aos desdobramentos daí decorrentes,<br />

bem como ao estabelecimento<br />

dos Objetivos do Desenvolvimento<br />

Sustentável em substituição aos<br />

Objetivos do Milênio. Nessa agenda<br />

internacional, o Brasil deve liderar<br />

iniciativas que protejam os oceanos<br />

e manter o seu papel de conservação<br />

do ambiente antártico, além de<br />

apoiar ostensivamente mudanças<br />

necessárias no Protocolo de Montreal,<br />

que trata da proteção da camada<br />

de ozônio.<br />

▶ Valorização do Fórum Brasileiro<br />

de Mudanças Climáticas como lócus<br />

de discussão da mudança do<br />

clima no âmbito das negociações<br />

internacionais e no plano doméstico.<br />

A Presidência da República<br />

deverá retomar uma participação<br />

ativa no Fórum, de modo que o presidente<br />

possa estabelecer um diálogo<br />

pessoal com outros chefes de<br />

Estado, com o objetivo de alcançar<br />

um acordo global que permita que<br />

o aumento médio da temperatura,<br />

até o fim do século, se mantenha<br />

em no máximo 2 o C.<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


271<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

PROPOSTAS<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

▶ Criar uma instância junto à Presidência<br />

da República de modo a<br />

articular horizontalmente todos os<br />

ministérios envolvidos com os tratados<br />

internacionais dos quais o Brasil<br />

é signatário, bem como perante a<br />

Organização Mundial do Comércio,<br />

Organização Internacional do Trabalho,<br />

Organização Mundial de Saúde,<br />

Programa das Nações Unidas<br />

para o Meio Ambiente (Pnuma), Organização<br />

das Nações Unidas para<br />

Agricultura e Alimentação (FAO),<br />

entre outros. Essa instância terá o<br />

papel de monitorar a implementação<br />

dos compromissos adotados<br />

pelo Brasil internacionalmente.<br />

▶ Adotar modelo de governança<br />

matricial, atribuindo responsabilidades<br />

ambientais às instâncias<br />

governamentais encarregadas<br />

das políticas setoriais, com metas<br />

de qualidade ambiental a serem<br />

cumpridas.<br />

▶ Formular políticas públicas para<br />

estimular a transição para uma economia<br />

de baixo carbono, visando<br />

ao enfrentamento do aquecimento<br />

global. Adoção de medidas voltadas<br />

à redução do desmatamento<br />

da Amazônia, do Cerrado e dos<br />

demais biomas e emprego de instrumentos<br />

econômicos que estimulem,<br />

efetivamente, uma agricultura<br />

de baixo carbono, padrões rigorosos<br />

de eficiência energética, de incentivo<br />

a fontes renováveis de energia,<br />

conservação da biodiversidade<br />

e conservação do solo e da água.<br />

BIODIVERSIDADE<br />

▶ Dar atenção especial à efetiva implantação<br />

das Unidades de Conservação<br />

e ampliação das mesmas em<br />

biomas sem proteção adequada,<br />

com atenção especial ao ambiente<br />

marinho, dando cumprimento ao<br />

Plano Estratégico para a Biodiversidade<br />

2011-2020, traçado no ano de<br />

2010, em Nagoya, Japão.<br />

▶ Reconhecer o papel das populações<br />

tradicionais na conservação da<br />

biodiversidade. Valorizar o conhecimento<br />

dessas populações mediante<br />

política e legislação específicas.<br />

▶ Implantar a gestão das Unidades<br />

de Conservação como instrumento<br />

de desenvolvimento regional, com<br />

ênfase na ideia de que são ativos<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


272<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

estratégicos com potencial de geração<br />

de renda, mediante políticas<br />

adequadas de turismo sustentável.<br />

▶ Utilizar parcerias público-privadas<br />

como instrumento eficaz de financiamento<br />

para as Unidades de<br />

Conservação e estímulo a atividades<br />

econômicas no seu entorno.<br />

▶ Desenvolver um programa de formação<br />

de corredores ecológicos<br />

com a utilização do Cadastro Ambiental<br />

Rural (CAR) e do Programa<br />

de Regularização Ambiental (PRA),<br />

de forma a garantir a conectividade<br />

das UCs e áreas com fragmentos<br />

florestais significativos.<br />

▶ Reconhecer que as áreas indígenas<br />

são instrumentos importantes<br />

de conservação dos biomas<br />

brasileiros.<br />

▶ Promover processos de restauração<br />

dos biomas mais afetados<br />

pela ação antrópica, tendo como<br />

foco especial as bacias hidrográficas,<br />

com o objetivo de assegurar<br />

a capacidade de provimento de<br />

serviços ecossistêmicos, a exemplo<br />

do Pacto pela Restauração da<br />

Mata Atlântica firmado entre vários<br />

entes públicos, sociedade civil, comunidade<br />

científica e proprietários<br />

rurais.<br />

▶ Atenção à formação de corredores<br />

ecológicos que permitam a<br />

conectividade entre os vários fragmentos<br />

florestais.<br />

▶ Estabelecer uma política de pagamento<br />

por serviços ambientais,<br />

com o estabelecimento de critérios<br />

de mensuração dos mesmos, em<br />

articulação com as principais experiências<br />

internacionais no âmbito<br />

das Convenções de Biodiversidade,<br />

Clima e Desertificação.<br />

▶ Editar normas específicas sobre<br />

a introdução de espécies invasoras,<br />

bem como fortalecimento das atividades<br />

de fiscalização fitossanitária.<br />

▶ Estabelecer políticas específicas<br />

para os vários biomas brasileiros –<br />

Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado,<br />

Caatinga, Pantanal, Pampas e Zona<br />

Costeira. No caso da Amazônia, fortalecer<br />

a articulação de ações com<br />

os países vizinhos, por meio do Tratado<br />

de Cooperação Amazônica<br />

(TCA), com o objetivo de se elaborar<br />

um grande estudo sobre os<br />

impactos do aquecimento global<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


273<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

sobre a Bacia Amazônica, a exemplo<br />

do que foi feito no Ártico. Esse<br />

bioma requer atenção especial pela<br />

importância que possui no contexto<br />

nacional e internacional.<br />

▶ Estabelecer uma política nacional<br />

de conservação da fauna silvestre<br />

e de proteção dos animais, com o<br />

objetivo de garantir a articulação e<br />

a sinergia entre o Governo Federal<br />

e os governos estaduais.<br />

▶ Estabelecer parcerias com os Órgãos<br />

Estaduais de Meio Ambiente<br />

(Oemas) e a sociedade civil para<br />

monitoramento dos biomas brasileiros,<br />

a exemplo do que é realizado<br />

na Mata Atlântica e no bioma<br />

amazônico.<br />

▶ Apoiar a Plataforma Intergovernamental<br />

sobre Biodiversidade e<br />

Serviços Ecossistêmicos (IPBES)/<br />

Intergovernmental Plataform on<br />

Biodiversity and Ecosystem Services,<br />

pelo fato do Brasil ser um país<br />

megadiverso.<br />

▶ Dar atenção especial ao tema dos<br />

oceanos, promovendo o conhecimento<br />

dos impactos do processo<br />

de acidificação, perda da biodiversidade<br />

e lançamento de resíduos<br />

nos mesmos. No plano internacional,<br />

defender uma política afirmativa<br />

para que os oceanos sejam<br />

priorizados no âmbito dos tratados<br />

internacionais. No plano nacional,<br />

o Governo Federal assumirá uma<br />

liderança efetiva na implantação<br />

de uma política de gerenciamento<br />

costeiro com os estados e municípios,<br />

com o objetivo de promover o<br />

ordenamento sustentável da nossa<br />

zona costeira e promover a restauração<br />

dos ecossistemas marinho-<br />

-costeiros. Nosso governo reafirma<br />

o compromisso do Brasil com a iniciativa<br />

de transformar o Atlântico<br />

Sul em santuário das baleias, visando<br />

à proibição de sua caça.<br />

POLÍTICA FLORESTAL<br />

▶ Implantar uma Política Nacional<br />

de Florestas, com ênfase no estímulo<br />

à recuperação das áreas previstas<br />

no Código Florestal, inscritas no<br />

Cadastro Ambiental Rural (CAR) e<br />

constantes do Programa de Regularização<br />

Ambiental (PRA). Promoção<br />

do manejo florestal sustentável<br />

das florestas tropicais e implantação<br />

de um programa de florestas<br />

plantadas, que deve contemplar a<br />

expansão da indústria de base florestal<br />

e o cultivo de espécies de<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


274<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

madeiras nobres de ciclo longo. Fazer<br />

investimentos em pesquisa de<br />

silvicultura de árvores nativas.<br />

▶ Dar atenção especial às iniciativas<br />

de concessão florestal, utilizando<br />

as florestas públicas e as unidades<br />

de conservação de uso sustentável,<br />

visando valorar economicamente<br />

a floresta em pé e sedentarizar<br />

a atividade econômica madeireira,<br />

reduzindo a oferta de madeira<br />

ilegal, “legal” fraudada e legal não<br />

sustentável.<br />

▶ Estabelecer políticas tributárias<br />

com base na análise do ciclo de<br />

vida dos produtos e desempenho<br />

ambiental, com foco em toda a cadeia<br />

produtiva. Aspectos relativos à<br />

durabilidade e à reparabilidade devem<br />

ser levados em conta.<br />

▶ Incluir critérios de sustentabilidade<br />

nos projetos habitacionais, com<br />

o objetivo de estimular habitações<br />

sustentáveis em termos de conforto<br />

térmico, saúde e segurança dos<br />

materiais, eficiência energética, uso<br />

eficiente e reúso de água, coleta seletiva<br />

e utilização de água de chuva.<br />

Estimular o uso de energia solar<br />

com a utilização de linhas de crédito<br />

específicas.<br />

▶ Incentivar a recuperação de moradias<br />

degradadas nos centros das<br />

cidades ou, onde não for possível,<br />

planejamento da localização preferencial<br />

de novos empreendimentos<br />

em áreas que sejam objeto de<br />

projetos de mobilidade, ou que<br />

disponham de condições de acesso.<br />

Excluir a implantação de novos<br />

projetos habitacionais em áreas<br />

de risco sujeitas a deslizamentos,<br />

enchentes ou inundações, áreas<br />

ambientalmente vulneráveis, portadoras<br />

de mananciais ou com biodiversidade<br />

expressiva.<br />

▶ Implementar Política Nacional de<br />

Resíduos Sólidos na perspectiva de<br />

estimular a economia circular no<br />

Brasil (reciclar, reutilizar e remanufaturar<br />

sempre que possível).<br />

▶ Reconhecer os serviços ambientais<br />

realizados pelos catadores.<br />

▶ Criar estímulos para que os bens<br />

e serviços brasileiros estejam aptos<br />

a atender às certificações existentes<br />

nos países desenvolvidos, de<br />

modo a garantir a competitividade<br />

e o acesso a mercados internacionais.<br />

Apoiar os pequenos produtores,<br />

praticantes da agricultura fa-<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


275<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

miliar, para que possam atender as<br />

certificações.<br />

▶ Garantir o acesso pela internet ao<br />

processo de licenciamento ambiental<br />

em relação aos órgãos integrantes<br />

do Sistema Nacional do Meio<br />

Ambiente (Sisnama).<br />

▶ Incluir variável ambiental e os custos<br />

ambientais de mitigação e compensação<br />

já nas primeiras fases<br />

de análise da viabilidade dos empreendimentos<br />

(projetos e obras)<br />

de infraestrutura. Introduzir avaliação<br />

ambiental estratégica como<br />

elemento facilitador do processo<br />

de decisão desses últimos.<br />

▶ Revisar o atual modelo de licenciamento<br />

ambiental, objetivando a<br />

sua simplificação e eficácia.<br />

▶ Criar um marco regulatório sobre<br />

passivos ambientais com o objetivo<br />

de estimular a sua identificação<br />

e, com isso, definir uma política de<br />

estímulos à sua resolução em um<br />

prazo determinado. Especial ênfase<br />

deve ser dada às áreas contaminadas,<br />

de acordo com as diretrizes já<br />

existentes definidas pelo Conama.<br />

▶ Articular, junto à CVM, a edição de<br />

normas que viabilizem maior transparência<br />

aos acionistas no que tange<br />

ao desempenho socioambiental<br />

e de sustentabilidade das empresas.<br />

▶ Implantar política nacional de<br />

educação ambiental em conjunto<br />

com o Ministério da Educação, bem<br />

como com os estados e municípios.<br />

Atenção especial deve ser dada ao<br />

consumo consciente.<br />

▶ Fortalecer programas de eliminação<br />

de substâncias persistentes,<br />

biocumulativas e tóxicas (PBTs);<br />

compostos orgânicos persistentes<br />

(POPs); substâncias químicas cancerígenas<br />

ou mutagênicas; substâncias<br />

destruidoras do ozônio (ODS);<br />

e mercúrio.<br />

▶ Combater comércio ilegal de animais<br />

silvestres e produtos madeireiros,<br />

enfatizando o papel da cooperação<br />

internacional nessa matéria.<br />

Levando em consideração que o<br />

Brasil é um dos maiores consumidores<br />

de madeira ilegal de floresta<br />

tropical, estabelecer uma força-tarefa<br />

para: a) aprimorar ações de<br />

monitoramento e controle do transporte<br />

e comercialização de madeiras<br />

e das serrarias; b) estabelecer<br />

PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE


276<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

mecanismos que vedem aquisição<br />

pelo poder público de madeira sem<br />

origem controlada.<br />

▶ Adotar política de proteção aos<br />

direitos dos animais, em sintonia<br />

com iniciativas em curso na sociedade<br />

brasileira e em vários países.<br />

Atualizar a legislação nacional sobre<br />

o tema, incluindo o fim de testes<br />

com animais em cosmético.<br />

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