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BRASIL:<br />
O NOVO JEITO DE GOVERNAR.<br />
PLANO DE GOVERNO DE AÉCIO NEVES E ALOYSIO NUNES<br />
2015 2018
APRESENTAÇÃO<br />
Nosso Plano de Governo, apresentado nesse<br />
momento à sociedade brasileira, enfatiza, de<br />
forma transparente, propostas e compromissos,<br />
ao invés de privilegiar apenas os tradicionais<br />
diagnósticos, exaustivamente abordados<br />
em campanhas presidenciais.<br />
Sao quatro grandes áreas apresentadas a seguir,<br />
por ordem alfabética, e que se constituem<br />
a partir de um compromisso primeiro:<br />
a defesa das liberdades, o respeito às diferenças<br />
e o compromisso com a transformação<br />
da realidade econômica e social do país.<br />
São elas:<br />
1. Cidadania plena: Direitos do cidadão e da<br />
sociedade.<br />
2. Desenvolvimento para todos.<br />
3. Estado Democrático, soberano, solidário<br />
e eficiente.<br />
4. Sustentabilidade: semeando o presente<br />
para colher o futuro.<br />
PRINCÍPIOS<br />
Todas as ações do nosso governo serão planejadas<br />
e implantadas a partir de sete princípios<br />
já apresentados publicamente nas Diretrizes<br />
do nosso Plano de Governo.<br />
São eles:<br />
1. Confiança;<br />
2. Transparência;<br />
3. Descentralização;<br />
4. Simplicidade;<br />
5. Inovação;<br />
6. Eficiência;<br />
7. Participação popular;<br />
Os últimos 30 anos foram fundamentais<br />
para a construção do Brasil do nosso tempo.<br />
Neste curto trecho de história, o país reconquistou<br />
a democracia; domou a inflação<br />
e ampliou a oferta de serviços básicos em<br />
áreas importantes, como saúde, educação,<br />
previdência, assistência social e telecomunicações.
Crescemos, melhoramos a distribuição de<br />
renda e começamos a nos abrir para o mundo,<br />
considerando os potenciais inexplorados<br />
da 7ª economia do planeta.<br />
Nesse processo, devemos reconhecer o papel<br />
crucial desempenhado por diferentes<br />
partidos e governos. Todos nós, brasileiros,<br />
nos orgulhamos desses avanços e da contribuição<br />
de cada cidadão para que essas conquistas<br />
fossem possíveis.<br />
No final da primeira década do novo século,<br />
tudo parecia estar pronto para garantir ao<br />
país um novo salto. Em especial, as condições<br />
excepcionais do longo trecho de prosperidade<br />
internacional daqueles anos, que<br />
impactaram o preço das nossas commodities<br />
nacionais e geraram um bom período de<br />
crescimento.<br />
Atravessamos os primeiros momentos da<br />
grande crise de 2008/2009 com relativa<br />
tranquilidade. O desempenho diferenciado<br />
dos demais países reforçou a impressão de<br />
que o Brasil poderia vir a ser a nação mais<br />
promissora entre os emergentes.<br />
Não foi o que se viu.<br />
Passo a passo e com enormes erros, o gigante<br />
adernou em mais uma década perdida.<br />
Acabamos portadores da pior equação entre<br />
as economias equivalentes – baixíssimo<br />
crescimento com inflação alta.<br />
O cenário seguinte foi o esperado: como<br />
o país não foi capaz de ouvir as inúmeras<br />
advertências sobre o quadro econômico em<br />
deterioração, terminamos migrando para a<br />
recessão, sem, no entanto, banir o recrudescimento<br />
da inflação. O descontrole do<br />
gasto público ocupa o espaço do necessário<br />
investimento; o intervencionismo gera insegurança<br />
jurídica; a contabilidade criativa e<br />
a corrupção endêmica instalada corroem a<br />
credibilidade e a confiança no país.<br />
Não vivemos apenas um momento passageiro<br />
de recessão, mas sim uma clara diminuição<br />
da nossa capacidade de crescimento.<br />
Esse quadro limita a expansão dos gastos e<br />
investimentos sociais necessária para transformar<br />
o Brasil em uma sociedade mais<br />
próspera e igual.<br />
Para superar este mau momento, é preciso,<br />
primeiro, valorizar o que já foi construído e<br />
preservar o que foi conquistado, aprendendo<br />
sempre com as lições do passado.
Mas, acima de tudo, é hora de olhar para<br />
frente: quais serão nossos próximos passos?<br />
Que novas conquistas vão nos mobilizar?<br />
Sabemos o que queremos e o que precisamos<br />
alcançar. Precisamos de um governo<br />
que não atrapalhe quem produz e funcione,<br />
cumprindo seus deveres e responsabilidades<br />
na garantia de serviços públicos de qualidade<br />
para a população; na criação das condições<br />
necessárias para a superação da pobreza<br />
e na geração de verdadeiras e igualitárias<br />
oportunidades para os brasileiros.<br />
Para que isso ocorra é essencial entender o<br />
que sentem e pensam as pessoas. As ruas<br />
falaram e nós ouvimos: os brasileiros cobram<br />
dos seus governantes o devido respeito<br />
aos governados e às suas demandas. Temos<br />
o direito de exigir que o poder público faça<br />
a sua parte, sem desperdiçar nem desviar os<br />
recursos que lhe entregamos com o nosso<br />
trabalho.<br />
FEDERAÇÃO SOLIDÁRIA<br />
O nosso plano se compromete com o resgate<br />
e o fortalecimento da Federação, hoje<br />
anêmica e enfraquecida, onde se constata<br />
a ausência de recursos e competências para<br />
que os poderes locais possam enfrentar os<br />
seus problemas e melhorar a qualidade de<br />
vida das suas comunidades.<br />
Dessa maneira, a revisão do pacto federativo,<br />
devolvendo-se a estados e municípios<br />
meios de prestarem serviços públicos de<br />
qualidade, torna-se uma urgência no Brasil<br />
atual. É unânime o entendimento de que a<br />
descentralização, um dos esteios deste plano<br />
de governo, deve ser reintroduzida como<br />
pilar do Estado brasileiro, permitindo que a<br />
solução dos problemas seja levada para perto<br />
de onde ele ocorrem, de forma mais rápida<br />
e econômica.<br />
A atual abusiva concentração de recursos na<br />
esfera federal deve ser corrigida, reconhecendo<br />
a estados e municípios autonomia e<br />
recursos para a implementação de políticas<br />
públicas adequadas para enfrentar os desafios<br />
regionais e locais.<br />
Deste modo, é preciso afirmar o que o governo<br />
federal, pode e deve fazer nos próximos<br />
anos para ajudar o Brasil e os brasileiros<br />
a avançarem na direção das suas aspirações.<br />
Este programa pretende ser a resposta da<br />
coligação Muda Brail a esses anseios
Enfrentamos, aqui, o desafio de fazer com<br />
que as múltiplas ações da máquina do governo<br />
não se dispersem nem se constituam<br />
em iniciativas isoladas mas, ao contrário,<br />
convirjam para o bem comum. Para tanto,<br />
devem, todas, compartilhar os mesmos princípios<br />
básicos, a mesma visão do que é fundamental<br />
para que o governo atenda às aspirações<br />
do povo e às necessidades do país.<br />
Por isso, explicitamos, em primeiro lugar,<br />
os princípios que inspiraram a construção<br />
de cada uma das propostas deste programa.<br />
São eles que nortearão nossas ações.<br />
As pessoas precisam confiar que o governo<br />
trabalha para elas e não contra elas, nem<br />
contra seus legítimos interesses. As leis e outras<br />
regras – decretos, regulamentos, instruções,<br />
resoluções, etc. – não podem mudar a<br />
todo o momento, ao sabor da vontade do dirigente<br />
público. Elas devem ser planejadas,<br />
norteadas pelo interesse público e discutidas<br />
com a população, para serem duradouras. O<br />
custo da frequente mudança de regras é a<br />
insegurança jurídica. Ela agrava a incerteza,<br />
que dificulta a vida do empreendedor, principalmente<br />
do micro e pequeno empresário.<br />
Espanta o capital externo, porque fica muito<br />
arriscado investir no Brasil. Tudo isso se traduz<br />
em menos investimentos, menos produção<br />
e menos empregos.<br />
CONFIANÇA<br />
Acreditamos que o Brasil precisa de confiança,<br />
antes de tudo. Esse é o primeiro e<br />
mais importante princípio com o qual nos<br />
comprometemos. O cidadão, as empresas e<br />
todas as demais instituições precisam voltar<br />
a confiar no governo e nos órgãos públicos.<br />
As incertezas e temores que tomaram trabalhadores,<br />
empresários, profissionais liberais<br />
e estudantes são o maior obstáculo à retomada<br />
do crescimento do país.<br />
Confiança significa criar um ambiente propício<br />
ao crescimento dos investimentos,<br />
do emprego e da renda. E, acima de tudo,<br />
significa criar um ambiente de respeito aos<br />
direitos e aspirações dos cidadãos por parte<br />
daqueles que os representam no governo.<br />
TRANSPARÊNCIA<br />
Outro importante princípio de boa governança<br />
é a transparência. Ela significa um dever<br />
do estado nacional e um direito dos cidadãos.<br />
Direito de conhecerem as motivações das<br />
escolhas realizadas e o destino dos recursos<br />
públicos obtidos mediante a cobrança de impostos.<br />
Contabilidade criativa, compras su-
perfaturadas, desvio de recursos, obras pela<br />
metade, entre tantas outras mazelas, precisam<br />
deixar de ser rotina no nosso pais.<br />
É nosso compromisso adotar as ferramentas<br />
mais modernas de gestão e os recursos das<br />
novas tecnologias para cuidar bem de cada<br />
centavo de dinheiro público e permitir um<br />
efetivo acompanhamento das despesas do<br />
Estado e de seus resultados.<br />
A centralização leva à padronização de iniciativas<br />
– trata como iguais realidades diferentes<br />
– e faz com que muitas decisões sejam<br />
tomadas sem um efetivo contato com<br />
a realidade, o que, muitas vezes, gera uma<br />
percepção equivocada sobre as prioridades .<br />
Conhecendo melhor a realidade de cada<br />
brasileiro , o governo erra menos.<br />
DESCENTRALIZAÇÃO<br />
Descentralização é princípio básico para<br />
governar bem um país continental como o<br />
Brasil. Significa, basicamente, que a prestação<br />
de serviços públicos executados pelo<br />
governo federal, de Brasília, devem ser compartilhados<br />
ou repartidos com os estados e<br />
municípios. O planejamento conjunto das<br />
demandas possibilitará a transferência dos<br />
recursos planejados e orçados, sem contingenciamento<br />
e, principalmente, um efetivo<br />
controle da qualidade e a eficiência dos serviços<br />
prestados.<br />
A importância da descentralização é clara<br />
em um país com mais de 5.500 municípios.<br />
É simplesmente impossível conhecer com<br />
precisão as necessidades das pessoas que vivem<br />
em todas as nossas cidades<br />
SIMPLICIDADE<br />
Outro princípio fundamental do nosso programa<br />
é a simplicidade. Precisamos simplificar,<br />
definitivamente, a vida das pessoas.<br />
Todos sabem o tempo perdido no país com<br />
filas intermináveis para conseguir um benefício<br />
ou serviço, um documento, ou muitas<br />
vezes até para obter uma informação.<br />
E isso não apenas nas repartições públicas,<br />
mas também em bancos, cartórios, aeroportos,<br />
etc.<br />
O Estado precisa parar de tomar o tempo do<br />
cidadão com exigências inúteis, como se ele<br />
não tivesse nenhum valor. A palavra-chave é<br />
desburocratizar, simplificar, e isso depende<br />
apenas da vontade do governo.
Além de facilitar a vida das pessoas, a simplificação<br />
permitirá que o governo tenha uma<br />
estrutura mais leve, mais enxuta e mais barata,<br />
podendo deslocar os funcionários e os<br />
recursos públicos de atividades burocráticas<br />
inúteis para as funções em que eles são mais<br />
necessários. A simplificação também significa,<br />
para as empresas, a redução das despesas<br />
realizadas com procedimentos inúteis<br />
na burocracia governamental<br />
Nesse mesmo sentido, de tornar mais simples<br />
a vida do cidadão, é imperativo também<br />
garantir o direito do consumidor. Não é possível<br />
gastar horas para reclamar sobre um<br />
serviço prestado ou um produto com defeito.<br />
Ou ter que brigar para não pagar por um<br />
serviço não solicitado.<br />
Vamos garantir que as leis de defesa do consumidor<br />
sejam cumpridas e que os problemas<br />
sejam resolvidos com maior rapidez,<br />
criando processos mais rápidos e instâncias<br />
mais ágeis, como mediadores, árbitros<br />
e tribunais de pequenas causas. É preciso<br />
também penalizar empresas e prestadores<br />
de serviços que não atendam aos direitos do<br />
consumidor.<br />
INOVAÇÃO<br />
Para encurtar a distância que nos separa dos<br />
países desenvolvidos e não ficarmos atrás<br />
dos países em desenvolvimento, o Brasil<br />
precisa de um governo efetivamente comprometido<br />
com o principio da inovação.<br />
Inovar é introduzir ou aperfeiçoar produtos,<br />
serviços e processos produtivos que atendam<br />
mais e melhor às necessidades das pessoas.<br />
A inovação é fundamental para aumentar a<br />
competitividade de nossas empresas e dos<br />
prestadores de serviços, tanto internamente<br />
como no exterior.<br />
Estamos atrasados nessa matéria. O Brasil<br />
tem um baixíssimo registro de patentes, as<br />
empresas e o governo investem pouco em<br />
inovação. É necessário aumentar os recursos<br />
destinados à inovação, tanto pelo setor<br />
público como pelo setor privado.<br />
Nosso país tem grandes centros de excelência<br />
em pesquisa, mas precisamos de mais.<br />
É fundamental fortalecer a pesquisa e a<br />
infraestrutura científica e tecnológica, que<br />
precisam alcançar padrões internacionais<br />
para impulsionar a economia, diversificando<br />
as atividades e agregando valor.
É por meio da introdução de novas tecnologias<br />
que aumentaremos a competitividade<br />
de nossos produtos, obtendo melhorias e reduções<br />
de preço, maior qualificação do trabalho,<br />
e aumento das exportações, trazendo<br />
benefícios para todo o país.<br />
EFICIÊNCIA<br />
Quanto à aplicação de recursos provenientes<br />
dos impostos, o Estado tem a obrigação<br />
de ser mais eficiente na sua alocação. Isso<br />
depende da valorização do princípio da eficiência<br />
em todas e cada uma das ações do<br />
governo. Quando defendemos a ideia força<br />
de um choque de gestão, defendemos um<br />
Estado capaz de gerir os recursos públicos<br />
de forma correta, com mais produtividade,<br />
fazer mais e melhor com menos dispêndio e<br />
com foco na melhoria da vida das pessoas.<br />
O desafio é aplicar bem o dinheiro do contribuinte<br />
brasileiro nas atividades e serviços<br />
públicos onde há mais carência e demandas<br />
coletivas.<br />
O momento exige modernização para habilitar<br />
organizações públicas mais enxutas, eficientes,<br />
rápidas e auditadas com rigor. Não<br />
há porque fazer gastos faraônicos em projetos<br />
que não terminam nunca. Basta visitar a<br />
lista de obras e projetos que não saíram do<br />
papel – mas o cidadão pagou pelo projeto;<br />
que foram iniciadas mas cuja entrega está<br />
atrasada em muitos anos; ou obras que tiveram<br />
seus orçamentos estourados em bilhões<br />
de reais. Esse é um dos retratos mais trágicos<br />
da ineficiência do atual governo e do<br />
descaso e desrespeito para com o dinheiro<br />
público. Não podemos mais conviver com a<br />
ineficiência.<br />
Como se sabe, o Governo padece de um<br />
agudo gigantismo. Atua com um número<br />
exagerado de ministérios, cargos e organizações.<br />
Em contrapartida, presta serviços<br />
de péssima qualidade à população. A corrupção,<br />
os desmandos, o desvio de dinheiro<br />
público, e a má alocação dos impostos arrecadados<br />
chegaram a níveis insuportáveis. É<br />
imperativo de uma nova ordem e de uma<br />
nova governança gastar melhor o dinheiro<br />
dos contribuintes e prestar contas sobre ele.<br />
PARTICIPAÇÃO POPULAR<br />
A boa governança tem o dever de se habilitar<br />
a desenvolver um inédito, consistente e<br />
permanente diálogo com a nossa sociedade,<br />
por meio das novas tecnologias de interatividade<br />
já disponíveis, além da modernização<br />
do aparato público formal, de maneira<br />
a prepará-lo a receber outras estruturas de<br />
representação cidadã.
O sistema democrático consagra, no escrutínio<br />
eleitoral, o momento maior de escolha<br />
do cidadão. O exercício da soberania cidadã<br />
é uma conquista das sociedades modernas,<br />
mas ela será insuficiente se estiver reduzida<br />
ao direito do voto. Todo e qualquer cidadão<br />
tem o direito de acompanhar e zelar pelo<br />
cumprimento das propostas apresentadas<br />
pelo governo. O isolamento nunca fez bem a<br />
qualquer administração.<br />
Para a Coligação Muda Brasil , é preciso<br />
avançar na construção de um diálogo transparente<br />
e permanente com a sociedade. A<br />
boa governança tem o dever de ampliar e<br />
aprofundar os canais de escuta e diálogo<br />
com os diversos grupos sociais, não só como<br />
oportunidades pontuais para prestação de<br />
contas, mas como espaços avançados de<br />
compartilhamento de idéias, proposições,<br />
encaminhamentos e decisões.<br />
Vivemos a era da comunicação total, onde<br />
todos produzem e consomem informações.<br />
Sob a ótica da governança pública responsável,<br />
é preciso não só modernizar o aparato<br />
público formal de relacionamento com a sociedade,<br />
mas também investir em novas tecnologias<br />
de interatividade e de aproximação<br />
com os diversos públicos de relacionamento.<br />
Diálogo pressupõe saber ouvir e apreender o<br />
que o outro tem a dizer. É chegada a hora<br />
de mudar conceitos e mecanismos há muito<br />
estabelecidos.<br />
Há muito a fazer e avançar quando o desafio<br />
é construir uma gestão realmente apta a ouvir<br />
as vozes da sociedade. Seja do ponto de<br />
vista institucional, pelo amadurecimento da<br />
democracia brasileira e dos canais de representação,<br />
seja pelo viés tecnológico, capaz de<br />
alargar todas as fronteiras de comunicação,<br />
nunca estivemos tão preparados para o exercício<br />
de uma gestão política comprometida,<br />
de fato, com a participação popular. O nosso<br />
programa aponta para o futuro – e o futuro<br />
exige de todos nós uma abertura inédita<br />
para o relacionamento com a comunidade.<br />
COMPROMISSOS<br />
Reafirmamos o nosso compromisso com as<br />
reformas tão necessárias e esperadas pelos<br />
brasileiros:<br />
1. Reforma dos serviços públicos, com<br />
o propósito de implementar uma radical<br />
melhoria da prestação dos serviços sob a<br />
guarda do Estado, com especial destaque<br />
para as áreas de saúde, educação, segurança<br />
e mobilidade urbana.<br />
2. Reforma da segurança pública, para<br />
implantar uma política de Estado nessa<br />
área, fortalecer e modernizar as forças de
segurança, apoiando o avanço da legislação<br />
penal, com o propósito de erradicar a<br />
impunidade e aumentar os níveis de segurança<br />
no país.<br />
3. Reforma política, com o propósito de tornar<br />
mais legítimo, confiável e transparente<br />
o sistema politico-partidário nacional.<br />
4. Reforma tributária, para fortalecer a<br />
Federação, simplificar o sistema tributário<br />
e reduzir o custo Brasil, aumentando a<br />
produtividade e gerando mais empregos.<br />
5. Reforma e aprimoramento da infraestrutura<br />
nacional, por meio de<br />
um amplo programa de investimento<br />
em todas as dimensões da infraestrutura<br />
do país, com regras claras e estáveis,<br />
incluindo mobilização de capital privado<br />
e a coordenação das várias instâncias de<br />
governo.<br />
O objetivo central desse conjunto de reformas<br />
é criar as condições para a retomada<br />
do crescimento do país e para o desenvolvimento<br />
de políticas que atendam, de forma<br />
inequívoca as demandas da população,<br />
abrindo caminho para a verdadeira superação<br />
da pobreza e para a garantia da melhoria<br />
da qualidade de vida do povo brasileiro.<br />
Iniciadas no início do mandato, as novas<br />
reformas serão conduzidas por meio de amplo<br />
processo de diálogo, com participação<br />
de agentes políticos, econômicos e sociais e<br />
instituições do terceiro setor<br />
O programa que a Coligação Muda Brasil<br />
oferece à sociedade vai ao encontro das aspirações<br />
de gerações de brasileiros: o Brasil<br />
pode e tem plenas condições de ser um<br />
país muito melhor para se viver. Estamos<br />
há muito tempo à espera de uma mudança<br />
efetiva que recoloque o país nas condições<br />
adequadas de um crescimento seguro, sustentável<br />
e alinhado com as mais legítimas<br />
proposições da sociedade. O patrimônio de<br />
riquezas de um país pertence ao seu povo.<br />
Um governo que se afasta do povo deixa de<br />
servir ao interesse público. O país precisa se<br />
reencontrar com a sua gente. Nos olhos de<br />
cada cidadão, é preciso voltar a ver o brilho<br />
da esperança e da confiança em um novo<br />
tempo.<br />
Acreditamos que esse tempo é possível de<br />
ser construído.<br />
Um tempo de mais cidadania. De mais direitos<br />
assegurados. De novas conquistas sociais.
Um tempo de maior crescimento e progresso<br />
para todos, em todas as regiões do país.<br />
De oportunidades reais para os que moram<br />
e trabalham nas grandes cidades, nas periferias<br />
e no interior, sem distinção. Para homens,<br />
mulheres, jovens, de todas as raças,<br />
credos e gêneros.<br />
Um tempo de valorização do empreendedorismo,<br />
do investimento produtivo, de respeito<br />
a todos os que produzem. De regras<br />
claras e transparentes. De cooperação entre<br />
governo, empresas e sociedade. De respeito<br />
ao cidadão.<br />
Um tempo de muito mais futuro para todos<br />
os filhos do Brasil. De expectativas fundadas<br />
em conquistas palpáveis. De orgulho<br />
para os brasileiros, fortalecido o sentimento<br />
de pertencimento a uma grande Nação. Um<br />
tempo de todos, para todos.<br />
Um tempo de coragem.<br />
Coragem para mudar, para acreditar, para<br />
iniciar uma nova jornada. De confiança e<br />
esperança.<br />
Este tempo é agora.<br />
Aécio Neves
ÍNDICE<br />
APRESENTAÇÃO<br />
COMPROMISSO PRIMEIRO<br />
CIDADANIA PLENA:<br />
DIREITOS DO CIDADÃO E DA SOCIEDADE<br />
DESENVOLVIMENTO PARA TODOS<br />
ESTADO DEMOCRÁTICO, SOBERANO,<br />
SOLIDÁRIO E EFICIENTE<br />
SUSTENTABILIDADE:<br />
SEMEANDO O PRESENTE PARA COLHER O FUTURO
CIDADANIA<br />
CULTURA<br />
DEFESA DA VIDA<br />
EDUCAÇÃO<br />
ESPORTE<br />
HABITAÇÃO<br />
PARCERIAS<br />
PROTEÇÃO COM DESENVOLVIMENTO SOCIAL<br />
SAÚDE<br />
SEGURANÇA<br />
TRABALHO E RENDA
16<br />
CIDADANIA<br />
CIDADANIA<br />
A PRINCIPAL CONQUISTA DOS BRASILEIROS<br />
O Brasil consolidou notáveis avanços institucionais,<br />
sociais e econômicos nas últimas<br />
décadas, especialmente com a reconquista<br />
do Estado democrático, mas somos um país<br />
ainda em construção. Há uma enorme tarefa<br />
a ser realizada em todos os campos, se sonhamos<br />
com uma nação mais moderna, mais<br />
justa, mais generosa com seus filhos. O Brasil<br />
que produz e gera riquezas, de boas escolas e<br />
hospitais, que acolhe suas crianças e idosos,<br />
que reconhece os direitos humanos e protege<br />
a sua gente, este Brasil deve ser de todos, e<br />
não de poucos. A esse território de oportunidades<br />
e igualdades compartilhadas por todos<br />
devemos chamar cidadania. A esse Brasil, ainda<br />
tão distante de tantos brasileiros, devemos<br />
dedicar o melhor de nossas energias para torná-lo<br />
realidade.<br />
A construção da cidadania impõe-se como um<br />
dos grandes desafios para o país, seja para o<br />
Estado, seja para a sociedade civil. A vida pode<br />
e deve ser melhor. Com mais justiça, menos<br />
miséria e desemprego, sem exclusão social,<br />
sem a violência que assola a juventude. Cidadania<br />
significa a eterna vigilância em relação a<br />
direitos políticos, sociais e civis, assim como a<br />
busca permanente por mais bem-estar econômico<br />
e social para todos. Ao fazer um país melhor,<br />
aumentamos o nosso sentimento de pertencimento<br />
à nação. Temos orgulho de nossas<br />
conquistas. Ao mesmo tempo, cidadania é o<br />
reconhecimento de valores compartilhados,<br />
algo de que não se pode abrir mão sem que se<br />
perca a identidade de ser o que somos. Ser cidadão<br />
é se reconhecer e reconhecer o outro. É<br />
ser único e, simultaneamente, ser coletivo. É<br />
ser íntegro como indivíduo e ético como grupo<br />
social.<br />
Cada um de nós é portador de sua própria história.<br />
Cada um de nós é um cidadão imperfeito,<br />
em constante amadurecimento. E é no<br />
convívio diário que estabelecemos as relações<br />
que tecem a nossa cidadania, fortalecendo o<br />
tecido social e construindo uma história comum<br />
a todos. A nossa história como nação.<br />
Ao Estado, cabe assegurar que as conquistas<br />
sejam preservadas e ampliadas. Cabe ser intolerante<br />
com a injustiça, de qualquer espécie.<br />
Não se pode reconhecer como nação o país<br />
que desampara e maltrata seus filhos.<br />
O encontro de cada brasileiro com a cidadania<br />
plena e sustentável tem sido um dos mais<br />
importantes desafios do Brasil em todas as<br />
épocas. A Constituição de 1988 é um marco<br />
histórico e fundamental para a cidadania brasileira,<br />
pois representa a vontade da nação de<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
17<br />
CIDADANIA<br />
garantir direitos plenos a todos e de estabelecer<br />
os deveres fundamentais do Estado.<br />
A promoção de uma cidadania plena e para<br />
todos, no entanto, é obra demorada. O Estado<br />
de Direitos sonhado pelos constituintes vem<br />
sendo construído dia a dia por todos os governos,<br />
em todas as esferas da Federação e, de<br />
uma maneira muito especial, por todos os brasileiros<br />
e brasileiras.<br />
O Partido da Social Democracia Brasileira<br />
(PSDB), desde sua fundação e em todas as<br />
oportunidades que teve de conduzir o Brasil<br />
e os diversos estados e municípios do país, e<br />
na sua ampla atuação legislativa, nunca fugiu<br />
dessa responsabilidade. O partido contribuiu<br />
sobremaneira para o aprimoramento de nossas<br />
instituições, para a correção dos rumos de<br />
nossa democracia e para a inovação e o aprimoramento<br />
de nossas políticas públicas.<br />
A dificuldade em se afirmar a cidadania reside<br />
precisamente no caráter multidimensional<br />
do conceito. Não é aceitável e não seria ético<br />
afirmar que alguém alcança a cidadania plena<br />
por cruzar uma linha imaginária de renda,<br />
quando ainda lhe faltam as condições básicas<br />
e fundamentais para tornar a sua própria existência<br />
plena. A renda é sim um dos pilares da<br />
cidadania e deve ser garantida por meio de<br />
políticas de inclusão no mercado de trabalho<br />
que signifiquem salários dignos e alcance dos<br />
potenciais e talentos humanos. A satisfação de<br />
tal requisito, no entanto, não pode prescindir<br />
de outras dimensões fundamentais.<br />
Na atual seção de nosso Plano, apresentaremos<br />
nossos compromissos e propostas para<br />
fazer o Brasil avançar em cada uma das dimensões<br />
da cidadania, conscientes da importância<br />
da intersetorialidade na ação do Estado<br />
e sabedores dos efeitos benéficos e multiplicadores<br />
de cada conquista. Assim, entendemos<br />
que garantir a saúde dos estudantes e trabalhadores<br />
significa melhorar o ensino e a produtividade;<br />
promover a segurança pública é<br />
garantir mais qualidade de vida e fortalecer a<br />
assistência resulta no aprimoramento dos direitos<br />
humanos.<br />
A erradicação da miséria e a superação da pobreza<br />
só significarão cidadania plena e só serão<br />
possíveis a partir da integração de um conjunto<br />
de políticas que, articuladas, assegurem que<br />
cada família brasileira possa, de fato, deixar o<br />
campo das privações e desproteções sociais.<br />
Nosso desafio é defender uma cidadania real<br />
para cada brasileiro que ainda convive com ausências,<br />
desigualdades e injustiças sociais.<br />
Não se acessa a cidadania por decreto e nem<br />
se garante cidadania apenas com discurso.<br />
Para tornar real o sonho dos brasileiros de hoje<br />
e daqueles que gravaram na Constituição de<br />
1988 as diretrizes de nosso destino, é preciso<br />
trabalhar e perseverar, com afinco e generosidade.<br />
Devemos reconhecer cada um dos passos<br />
que nos trouxeram até aqui e entender o<br />
nosso ponto de partida como resultado de um<br />
verdadeiro um mutirão de todos. É somente a<br />
partir de uma visão altiva que é possível pensar<br />
no Brasil cidadão, do presente e do futuro.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
18<br />
CIDADANIA<br />
CULTURA<br />
VALOR NACIONAL<br />
A cultura é, antes de tudo, a expressão do homem<br />
no mundo. A forma como nos comportamos,<br />
trabalhamos e relacionamos, como agimos<br />
na esfera familiar e na sociedade, como<br />
enxergamos o outro e a nós mesmos, a isso<br />
se chama cultura. Muito mais que formas<br />
de expressão artística, que são manifestações<br />
simbólicas de ideias e modos de ver a vida por<br />
meio de gestos culturais, a essência da cultura<br />
é a afirmação do homem diante de tudo que<br />
o envolve. A cultura move o homem, ao impor<br />
o conhecimento sobre a ignorância, a ação sobre<br />
a indiferença, a razão sobre o instinto. Se<br />
somos uma civilização humana e não apenas<br />
uma espécie animal, devemos isso à cultura.<br />
O domínio do fogo e do cozimento dos alimentos,<br />
o desenvolvimento de armas de defesa<br />
contra os predadores, a criação de códigos<br />
de comunicação como a escrita, tudo isso é<br />
da esfera do humano, portanto, tudo isso é<br />
cultura. Por isso estamos aqui, hoje, em pleno<br />
século XXI, refletindo sobre o nosso jeito de<br />
estar e atuar no mundo. Porque a cultura nos<br />
salvou e nos trouxe até aqui. Esse é o primeiro<br />
conceito a ser assimilado: cultura é território<br />
de transformação e mudança. É a afirmação<br />
do homem diante do mundo e da natureza.<br />
A cultura, portanto, é inerente ao homem.<br />
Não existe uma pessoa sem cultura. Pode<br />
existir alguém sem informação cultural, sem<br />
erudição, sem educação formal ou à margem<br />
do que formalmente se chama de cultura, mas<br />
todo ser humano é, em si, uma expressão da<br />
cultura. Se tal pessoa não tem acesso a formas<br />
de cultura tradicionais, como a literatura<br />
ou as artes plásticas, trata-se de uma exclusão<br />
política, mas que jamais será capaz de destruir<br />
o que há de cultura em cada ser humano. O<br />
discurso da cultura, portanto, deve partir do<br />
reconhecimento de que todos somos frutos da<br />
cultura.<br />
Indo mais à frente, se a cultura é que nos diferencia<br />
de todo o resto, é ela que nos identifica<br />
como seres humanos, pensantes, autônomos.<br />
A política, a economia, todas as formas<br />
de organização social derivam da cultura. Na<br />
cultura nos enxergamos e nos reconhecemos.<br />
É a cultura que nos identifica como nação e<br />
como um determinado povo. Não é a moeda<br />
adotada ou o partido político de plantão que<br />
identificam ou dão um rosto a uma nação. É<br />
a cultura que faz com que sejamos assim ou<br />
assado, de um jeito e não de outro. Por ser tão<br />
ampla e profunda, a cultura é pouco entendida<br />
e respeitada. Transformada em entretenimento,<br />
é esvaziada no que tem de transformador<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
19<br />
CIDADANIA<br />
e formador. A cultura é a maior depositária de<br />
valores de uma nação, de um povo. Ela está<br />
presente, cotidianamente, em todos os nossos<br />
gestos e decisões, desde a escolha de nossa<br />
alimentação e vestuário até a forma como nos<br />
deslocamos de um lugar a outro, passando<br />
pela linguagem que usamos, o comportamento<br />
adotado na esfera privada ou nas vias públicas,<br />
nas escolhas que fazemos a cada instante.<br />
Se comemos com garfo e faca e não com<br />
as mãos, se respeitamos o sinal vermelho, se<br />
usamos sapatos ou não, se elegemos a política<br />
como uma estratégia de mediação, em tudo<br />
isso, do mais prosaico gesto ao mais refinado<br />
pensamento, estamos no exercício da cultura.<br />
Pensar a cultura é pensar, portanto, no mundo<br />
que estamos a construir, todos os dias.<br />
Que valores queremos difundir? Que grupos<br />
sociais queremos incluir? Que tipo de cidadão<br />
queremos ajudar a formar? Que diálogo queremos<br />
promover entre pessoas e organizações?<br />
Quem somos, afinal, e o que queremos ser?<br />
Só a cultura nos dará essas respostas.<br />
Qualquer política de cultura deve ser pautada,<br />
antes de tudo, por esse reconhecimento<br />
da importância da cultura como fundamento<br />
de todas as ações. Pensar a cultura é pensar<br />
no país. Em todos os seus caminhos, projetos,<br />
ideias, ambições. O tamanho do nosso sonho<br />
deve ser medido pela profundidade da inserção<br />
da cultura naquilo que queremos fazer.<br />
Em seguida, é importante entender a cultura<br />
como o atestado de reconhecimento do indivíduo<br />
diante do outro. A cultura nos une e distingue,<br />
nos fortalece no que temos em comum e<br />
também para interagir com o outro. Construir<br />
políticas públicas de cultura significa estabelecer<br />
mecanismos, meios e processos capazes<br />
de fortalecer os elos culturais entre os grupos<br />
sociais, ao mesmo tempo em que respeita a<br />
enorme diversidade sobre a qual se expressa a<br />
cultura. O Brasil é um país mestiço e nessa diversidade<br />
encontra-se um tesouro inigualável<br />
de saber cultural.<br />
Cultura é transformação e mudança, mas é<br />
também memória e história. Não há contradição<br />
entre esses conceitos. O homem que<br />
muda e se renova precisa da memória para se<br />
reconhecer como grupo. Precisa da tradição e<br />
do conhecimento acumulados. Uma cultura<br />
que se destrói mata o saber. Mata o homem.<br />
Por isso o fazer cultural é tão rico, por acumular,<br />
ao mesmo tempo, o conhecimento que<br />
nos trouxe até aqui e a chama da invenção e<br />
da ousadia que nos levarão adiante.<br />
Passado, presente, futuro. Memória, conhecimento,<br />
inovação. O reconhecimento da diversidade<br />
e da pluralidade. O reconhecimento da<br />
diferença. O direito de uns e outros. A defesa<br />
do indivíduo e a construção do coletivo. A inclusão<br />
como um fortalecimento da cidadania.<br />
A cultura como legado e a arte como um direito.<br />
A vida como uma vitória do homem.<br />
A tradução desses conceitos deve ser a base<br />
de qualquer ação política na esfera da cultura.<br />
CULTURA E EDUCAÇÃO<br />
Temos um profundo déficit de educação científica<br />
e humanística, o que está diretamente<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
20<br />
CIDADANIA<br />
ligado à prioridade dada à cultura como ingrediente<br />
básico da educação. A cultura, especialmente<br />
a científica e humanística, constitui<br />
uma das principais geradoras das diferenças de<br />
desenvolvimento, pois ela é determinante no<br />
perfil de crescimento que se quer para o país.<br />
Não é apenas o PIB que cresce pouco, mas<br />
qual a qualidade do crescimento que desejamos?<br />
Entre as maiores economias do mundo, a<br />
brasileira é bastante frágil quando se analisam<br />
os vetores que podem sustentar o desempenho<br />
futuro, como o empreendedorismo e a capacidade<br />
de inovação de nossas instituições e organizações.<br />
Inovação é conhecimento, conhecimento<br />
é cultura, e educação sistematizada,<br />
organizada e bem orientada trata de expandir<br />
a inovação, colocando a cultura e o conhecimento<br />
a serviço do desenvolvimento do país.<br />
A escola é o espaço formal para aquisição e<br />
transmissão de conhecimento. É também espaço<br />
de formação e de contribuição para o fortalecimento<br />
de uma ética cidadã. Mas assim<br />
como a cultura é algo que se expressa em todas<br />
as atividades e ações do homem, também o<br />
conhecimento não é privilégio da escola ou da<br />
educação formal. A melhor escola é aquela que,<br />
além de realizar com excelência o processo formal<br />
de transmissão de conhecimento, também<br />
se articula a várias fontes de conhecimento que<br />
estão além da própria escola ou universidade –<br />
ou seja, com o conhecimento que a sociedade<br />
produz, seja na cultura popular, seja na cultura<br />
científica, nas produções artísticas ou movimentos<br />
sociais, na periferia ou nas grandes cidades,<br />
enfim, em todo o conhecimento que é<br />
produzido por indivíduos ou grupos.<br />
A educação de qualidade deve ser um direito<br />
de todos. Mas ela só será efetivamente transformadora<br />
se estiver contagiada pela cultura,<br />
pois é a cultura que determina para onde nos<br />
leva a educação. A educação é boa quando<br />
promove o conhecimento múltiplo, valoriza a<br />
pluralidade e a diversidade, estimula o intercâmbio<br />
de ideias e o pensamento crítico, valoriza<br />
a busca do conhecimento, semeia o espírito<br />
da inovação e cultiva o aprendizado como<br />
um valor contínuo. A educação não é boa apenas<br />
quando é para todos, ou seja, quando o ensino<br />
é universalizado, mas quando é realmente<br />
boa para todos.<br />
Educação e cultura são irmãs siamesas, destinadas<br />
a viver juntas para todo o sempre. Cultura<br />
é conhecimento e educação é como nos<br />
apropriamos desse conhecimento e o propagamos.<br />
Mas a educação também produz cultura,<br />
ao determinar as diversas formas de processamento<br />
do conhecimento. A educação de<br />
qualidade é determinante sobre o nosso lugar<br />
no mundo. Queremos ser simples processadores<br />
de conhecimento acumulado ou queremos<br />
produzir conhecimento que nos diferencie,<br />
nos qualifique, nos coloque em posição de<br />
igualdade com outros centros produtores de<br />
conhecimento?<br />
É preciso atuar bem nas duas pontas. Na educação<br />
básica, pois ela assegura as condições<br />
de oportunidade a que todos temos direito. É<br />
a educação básica que salva milhares de vítimas,<br />
já que a leitura e a escrita são ferramentas<br />
essenciais para se lidar com as questões<br />
práticas da vida cotidiana. A educação básica<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
21<br />
CIDADANIA<br />
também prepara para o mercado, forma profissionais,<br />
assegura condições mínimas de<br />
competitividade às pessoas. Mas é a educação<br />
de ponta, inovadora, criativa, que rompe<br />
as fronteiras para buscar informações novas,<br />
que se articula com o mundo todo e com todo<br />
mundo, é essa educação que ajuda a construir<br />
um país moderno, avançado, respeitado no<br />
planeta. É a educação de excelência, relevante,<br />
que faz diferença.<br />
E em todo esse ciclo, a educação que se articula<br />
com a cultura é aquela que ajuda a<br />
formar cidadãos melhores, mais conscientes,<br />
mais cooperativos, mais abertos e tolerantes,<br />
mais respeitosos em relação ao outro e às<br />
outras culturas. Educação e cultura têm um<br />
vasto campo em comum. Ambas são o melhor<br />
passaporte de afirmação de qualquer nação.<br />
INDÚSTRIA CRIATIVA<br />
O Brasil pode ser um protagonista mundial<br />
quando se fala em indústrias criativas, aquelas<br />
ligadas diretamente à produção do conhecimento<br />
e à atividade intelectual. Esse é um<br />
segmento que vem crescendo em índices superiores<br />
aos setores tradicionais da economia,<br />
em países como a França, a Espanha, os Estados<br />
Unidos. Setores como publicidade, arquitetura,<br />
mercado de arte, artesanato, moda,<br />
design, cinema, games, artes cênicas, editoração,<br />
mídias de entretenimento são áreas de<br />
enorme potencial, conectadas diretamente a<br />
outras como turismo, hotelaria, museus, gastronomia,<br />
espaços de arte etc. Esse conjunto<br />
de setores forma uma indústria vigorosa, geradora<br />
de empregos e renda, e que movimenta<br />
uma parcela significativa do PIB nacional,<br />
ainda não dimensionada adequadamente. Há<br />
muito a ser feito nessa área, desde que as indústrias<br />
criativas sejam consideradas como<br />
prioridade política e alavanca promissora de<br />
desenvolvimento econômico. E o que é melhor:<br />
temos uma cultura criativa in natura que<br />
pode explodir e se firmar diante do mundo,<br />
desde que devidamente apoiada, com atividades<br />
reguladas, boa articulação entre agentes<br />
públicos e privados, investimentos em infraestrutura<br />
cultural, apoio a projetos irradiadores e<br />
criação de linhas especiais de financiamento.<br />
O Brasil já é um centro mundial de criatividade,<br />
mas a política ainda não entendeu a força<br />
transformadora da cultura.<br />
Como impulso ao desenvolvimento da indústria<br />
criativa, é necessário investir em formação<br />
no campo cultural, ponto em que sempre faltou<br />
atenção nas políticas no campo cultural.<br />
Sempre demos ênfase à questão do financiamento<br />
da cultura, deixando de priorizar programas<br />
que apontam para a formação, qualificação<br />
e capacitação de pessoas. À exceção<br />
do eixo Rio-São Paulo, criam-se instituições,<br />
mas não gestores; financiam-se espetáculos de<br />
teatro, mas não técnicos em cenografia; estimulam-se<br />
as exposições de arte, mas não há<br />
montadores, e isso em todas as áreas. Esse é<br />
um vasto campo de cooperação entre a cultura<br />
e a educação. As leis de incentivo não dão<br />
conta desse aspecto, que precisa ser alcançado<br />
por meio de uma política cultural. O país<br />
demanda um sistema nacional de formação e<br />
qualificação em cultura.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
22<br />
CIDADANIA<br />
Na verdade, há muito a ser feito. O país convive<br />
com uma grande concentração de recursos<br />
e equipamentos culturais na região Sudeste.<br />
É preciso trabalhar muito para tornar menos<br />
desigual a oferta e o consumo de cultura nas<br />
regiões brasileiras.<br />
Uma gestão inovadora pode transformar radicalmente<br />
este país no segmento cultural.<br />
Somos mundialmente reconhecidos como<br />
um país musical, com uma cinematografia de<br />
qualidade, capaz de produzir televisão em alto<br />
nível e celebrado pela inventividade popular,<br />
especialmente no Carnaval, mas ainda tratamos<br />
essas áreas como adornos periféricos. É<br />
hora de dar à cultura o seu devido lugar de<br />
relevância.<br />
A ação do poder público deverá observar as seguintes<br />
diretrizes:<br />
• Ao Estado cabe ser divulgador, incentivador,<br />
fomentador e regulador do campo cultural,<br />
sem ser ausente, displicente, autoritário, arbitrário<br />
e/ou detentor de postura que leve a<br />
dirigismo cultural.<br />
• A ação no campo da cultura deve buscar a<br />
ampliação de direitos e uma perspectiva de<br />
convergência entre liberdade e igualdade<br />
(aprimoramento da democracia).<br />
• Deve prover meios para o crescimento autônomo<br />
da produção cultural e incentivar o<br />
fortalecimento da economia da cultura (subsídios,<br />
incentivos fiscais, entre outros).<br />
• Fomentar, reconhecer e apoiar as práticas<br />
culturais provenientes da sociedade civil.<br />
• Manter relações transversais, inter e intrassetoriais<br />
com as demais políticas de Estado, de<br />
modo a obter integração e coerência das ações.<br />
Assim, o Estado deverá desenvolver políticas<br />
culturais e programas de ação que sejam a<br />
afirmação da democracia, da diversidade e da<br />
liberdade de criação, de maneira a diminuir as<br />
desigualdades sociais e culturais e, ao mesmo<br />
tempo, levando a uma agenda de ampliação<br />
da cidadania, dentro de um leque de possibilidades,<br />
onde destacamos:<br />
• Pensar a produção cultural de forma sistêmica<br />
e integrada.<br />
• Criar mecanismos de transparência, consulta<br />
pública e “controle social” para balizar as<br />
políticas públicas de cultura.<br />
• Aumentar os investimentos diretos em cultura,<br />
aliados aos investimentos em infraestrutura,<br />
educação, ciência e tecnologia.<br />
• Incrementar o desenvolvimento econômico<br />
por meio de incentivo para a autonomia dos<br />
pequenos produtores culturais.<br />
• Incentivar a circulação da produção cultural<br />
brasileira, a preços populares e em localidades<br />
nas quais a ação pública é precária.<br />
• Promover o diálogo entre as culturas (nacional<br />
e internacionalmente) em um contexto de<br />
igualdade e cooperação (feiras e exposições).<br />
• Ampliar os equipamentos públicos culturais<br />
em moldes que privilegiem, em um mesmo<br />
local, as diversas linguagens culturais, o esporte,<br />
o lazer e a educação permanente.<br />
• Desenvolver programas de formação e gestão<br />
cultural, prosseguindo mais além da criação<br />
de programas para a formação de público<br />
voltado às linguagens artísticas e culturais.<br />
Certamente uma ação efetiva nessa área nos<br />
levará à construção de um imaginário e das<br />
identidades nacionais, à formação de cadeias<br />
e de redes de ações culturais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
23<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Introdução de uma visão integrada<br />
da ação cultural, abrangendo todas<br />
as instâncias governamentais.<br />
A política cultural deve manter relações<br />
transversais, inter e intrassetoriais<br />
com as demais políticas de Estado,<br />
de modo a obter a integração<br />
e a coerência das ações.<br />
▶ Compreensão e valorização da<br />
cultura, em suas diversas manifestações,<br />
como valor simbólico e responsável<br />
por parte expressiva da<br />
geração do PIB.<br />
▶ Implementação de políticas culturais<br />
que valorizem o patrimônio<br />
cultural material e imaterial, transformando-os<br />
em elementos estratégicos<br />
para o desenvolvimento de<br />
uma política de economia criativa.<br />
▶ Interação entre cultura e educação,<br />
com o fortalecimento do ensino<br />
das artes na Educação Básica,<br />
como fator catalisador, em que a<br />
aquisição do conhecimento caminha<br />
ao lado do exercício da criatividade<br />
e da apreensão das linguagens<br />
artísticas.<br />
▶ Adoção do conceito de policentrismo,<br />
por meio da valorização de<br />
manifestações culturais regionais,<br />
divulgando nossa cultura em suas<br />
diversas formas, como produto<br />
simbólico caracterizador de nossa<br />
singularidade.<br />
▶ Construção de um sistema nacional<br />
de formação e qualificação em<br />
cultura.<br />
▶ Fortalecimento da ação cultural<br />
internacional do Brasil, em especial<br />
frente aos países de língua portuguesa,<br />
mas também com programas<br />
especiais em relação à África e<br />
à América Latina, reforçando o diálogo<br />
com nossas raízes.<br />
▶ Fortalecimento da interface entre<br />
o Ministério da Educação e o Ministério<br />
da Cultura para o fomento de<br />
produções culturais, principalmente<br />
na área do audiovisual, voltadas<br />
especificamente para a interação<br />
com o projeto político pedagógico<br />
da área da educação.<br />
▶ Aprimoramento da Lei Rouanet,<br />
para impedir desvios de finalidade.<br />
▶ Defesa do patrimônio histórico<br />
cultural.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
24<br />
CIDADANIA<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Implantar novas bibliotecas e<br />
apoiar bibliotecas regionais de referência,<br />
detentoras de acervo de valor<br />
nacional, fortalecendo o Sistema<br />
Nacional de Bibliotecas.<br />
▶ Ampliar o Pronatec Cultura com<br />
cursos de formação na área da cultura,<br />
fortalecendo a ligação com a<br />
educação, englobando cursos de<br />
profissionalização em habilidades<br />
técnicas ou artísticas, para oferecer,<br />
prioritariamente aos jovens, uma alternativa<br />
de emancipação e formação<br />
profissional.<br />
▶ Criar fontes complementares de<br />
financiamento para atender às demandas<br />
culturais.<br />
▶ Revisar o Vale Cultura para que<br />
funcione efetivamente no acesso<br />
aos bens culturais.<br />
▶ Incrementar e simplificar o Fundo<br />
Setorial do Audiovisual para que os<br />
recursos cheguem aos produtores<br />
de cinema de forma mais rápida e<br />
mais simples.<br />
▶ Aprimorar a Lei de Direitos Autorais<br />
para garantir que a produção<br />
de conhecimento se dissemine pelo<br />
Brasil e promova uma melhor remuneração<br />
aos autores.<br />
▶ Institucionalizar o Plano Nacional<br />
do Livro e Leitura.<br />
▶ Implementar o censo da cultura,<br />
mapeando todos os equipamentos<br />
culturais do país, e organizar o<br />
mapa da cultura brasileira. O mapa<br />
permitirá a visualização dos vazios<br />
culturais e as demandas regionais.<br />
▶ Implantar o programa Caminhos<br />
da Cultura, de fomento à criação<br />
de novos equipamentos nos vazios<br />
culturais.<br />
▶ Elaborar uma política mais eficaz<br />
de apoio à difusão e à publicação<br />
da literatura brasileira, inclusive mediante<br />
a adoção de forte estímulo à<br />
formação de público leitor.<br />
▶ Articular a atividade cultural com<br />
a educação por meio do Fundo Nacional<br />
do Desenvolvimento da Educação.<br />
▶ Revigorar e retomar os pontos<br />
de cultura que estão abandonados<br />
pelo governo atual.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
25<br />
CIDADANIA<br />
▶ Estruturar o Programa Nacional<br />
da Memória Brasileira.<br />
▶ Criar a Certificação de Entidade<br />
Beneficente para a área da cultura<br />
(Cebas), possibilitando a isenção<br />
da cota patronal do INSS para entidades<br />
culturais sem fins lucrativos,<br />
reduzindo os custos da produção<br />
cultural e ampliando a formalização<br />
das relações de trabalho no setor.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
26<br />
CIDADANIA<br />
DEFESA DA VIDA<br />
O governo precisa estar atento à diversidade<br />
do seu povo e às vulnerabilidades econômicas,<br />
sociais, familiares e educacionais da população.<br />
Ainda existe muita desigualdade em nosso<br />
cotidiano e, diariamente, importantes parcelas<br />
da nossa população vivenciam, na prática,<br />
a ausência de efetividade de seus direitos no<br />
Brasil.<br />
Ao governo cabe impedir a ocorrência da negação<br />
de direitos, atuando de forma afirmativa<br />
para a redução do preconceito e de todas as<br />
formas de discriminação, em busca da promoção<br />
da igualdade de oportunidades.<br />
Defender a Vida é antes de tudo respeitar as<br />
diferenças e reconhecer que todos são iguais<br />
perante a lei, e que todos têm direito a igualdade<br />
de oportunidades.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
DIREITOS HUMANOS<br />
27<br />
CIDADANIA<br />
A CONSOLIDAÇÃO DA IGUALDADE<br />
É preciso construir no Brasil uma igualdade<br />
real e que seja vivenciada por todos os brasileiros.<br />
As diferenças e as diversidades não podem<br />
mais representar fragilidades e medos. A<br />
defesa intransigente dos Direitos Humanos é<br />
a defesa da vida.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Defesa e manutenção das ações<br />
afirmativas de inclusão social, inclusive<br />
cotas raciais e socioeconômicas.<br />
▶ Combate ao tráfico de mulheres e<br />
de crianças.<br />
▶ Fortalecimento de programa nacional<br />
de busca a crianças desaparecidas.<br />
▶ Combate ao abuso sexual de<br />
crianças e adolescentes.<br />
▶ Fortalecimento das Defensorias<br />
Públicas, visando facilitar o acesso<br />
à Justiça por todos os cidadãos.<br />
▶ Apoio à estruturação de Conselhos<br />
Tutelares, em especial nas<br />
áreas de maior incidência de violência,<br />
para se alcançar a universalização<br />
de sua atuação, em todo o País,<br />
até 2018.<br />
▶ Implementação de políticas públicas<br />
contra qualquer tipo de intolerância.<br />
▶ Apoio a linhas de pesquisa universitárias<br />
relativas à questão étnico-<br />
-racial e de orientação sexual.<br />
▶ Identificação das necessidades<br />
das diversas etnias ciganas no território<br />
nacional.<br />
▶ Estímulo aos movimentos de defesa<br />
dos direitos de afrodescenden<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
28<br />
CIDADANIA<br />
tes, LGBT, indígenas, quilombolas,<br />
mulheres e ciganos.<br />
▶ Implementação de programa de<br />
apoio e auxílio a comunidades quilombolas.<br />
▶ Apoio a ações estaduais e municipais<br />
destinadas à promoção da<br />
igualdade racial e ao combate à intolerância<br />
religiosa.<br />
▶ Organização de protocolos de<br />
prevenção ao racismo e à discriminação<br />
por orientação sexual, com<br />
participação das políticas de Justiça,<br />
Direitos Humanos, Assistência<br />
Social, Educação, Trabalho, Saúde e<br />
Igualdade Racial, em ampla parceria<br />
com a sociedade civil.<br />
▶ Ampliação da participação da<br />
Comunidade LGBT nos debates do<br />
Programa Brasil sem Homofobia, e<br />
articulação deste programa com as<br />
iniciativas estaduais e municipais.<br />
▶ Garantia de metas especiais para<br />
alfabetização e aumento da escolaridade<br />
da comunidade afrodescendente.<br />
▶ Apoio a iniciativas que busquem<br />
assegurar a identidade de gênero.<br />
▶ Garantia da igualdade de atenção<br />
aos processos de adoção para casais<br />
heterossexuais e homossexuais.<br />
▶ Toda forma de discriminação<br />
deve ser tratada como crime à pessoa<br />
humana.<br />
▶ Avaliação das Metas do Terceiro<br />
Plano Nacional de Direitos Humanos,<br />
buscando identificar os problemas<br />
que impedem a consolidação<br />
da igualdade.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Elaborar o 4º Plano Nacional de<br />
Direitos Humanos, que complete e<br />
aperfeiçoe as políticas públicas, em<br />
especial os Direitos Humanos, particularmente<br />
quanto aos setores<br />
mais vulneráveis.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
29<br />
CIDADANIA<br />
▶ Implantar Centros Especiais de<br />
Direitos Humanos para capacitar<br />
trabalhadores sociais de saúde e<br />
educação e promover a cultura da<br />
paz e de Direitos Humanos.<br />
▶ Realizar, em parceria com estados<br />
e municípios, o Censo Nacional de<br />
População de Rua e apoiar a reestruturação<br />
do sistema de abrigos e<br />
casas de acolhimento.<br />
▶ Instituir a agenda de reconstrução<br />
social em parceria com os movimentos<br />
de população de rua.<br />
▶ Criar Centros Integrados de Cidadania<br />
(CIC), que visam promover a<br />
mediação de conflitos com a participação<br />
de mediadores nas cidades<br />
mais violentas do Brasil.<br />
▶ Criar Centros Especiais Integrados<br />
de Cidadania para mediar conflitos<br />
em terras indígenas, comunidades<br />
tradicionais e quilombolas.<br />
▶ Criar Fórum Nacional de Diálogos<br />
para que a escuta das reivindicações<br />
dos movimentos sociais que<br />
lutam pela garantia de direitos de<br />
negros, indígenas, ciganos, quilombolas<br />
e LGBT sejam efetivados e<br />
garantidos.<br />
▶ Criar o programa Nome e Sobrenome<br />
para que todos possam ter<br />
acesso à documentação civil e trabalhista.<br />
▶ Fortalecer, descentralizar e ampliar<br />
a Ouvidoria Nacional de Direitos<br />
Humanos.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
30<br />
CIDADANIA<br />
IGUALDADE<br />
NA DIVERSIDADE E QUE SE CONSTRÓI A IGUALDADE<br />
Uma Nação de verdade não faz distinção entre<br />
seus filhos. Uma das maiores riquezas do Brasil<br />
é a sua diversidade cultural e racial. Somos<br />
uma gente mestiça que tem, em sua formação,<br />
a influência de culturas diversas como a europeia,<br />
a indígena e a africana. Da culinária à<br />
música, dos costumes religiosos à linguagem,<br />
nas artes e no trabalho, somos produto da mistura<br />
contagiante de saberes diversos. No Brasil<br />
da miscigenação, cantada em verso e prosa,<br />
há um fosso que separa o mito da realidade.<br />
O país da convivência fraterna entre as raças<br />
encobre uma marca de separação cruel que<br />
distingue, de um lado, a hegemonia branca, e<br />
de outro a maioria preta e parda, além dos povos<br />
indígenas, à margem de tudo. A exclusão é<br />
uma nódoa que mancha a nossa ainda jovem<br />
democracia. Mas é preciso enxergá-la e impedir<br />
que o silêncio seja uma arma de opressão.<br />
O Brasil é de todos. Mas onde estão os negros?<br />
É transparente a ausência de negros em postos<br />
mais elevados da administração publica e<br />
na iniciativa privada. Nesse sentido, não são<br />
apenas fundamentais, mas urgentes, as políticas<br />
públicas destinadas a promover a inclusão<br />
social de grupos determinados. A meritocracia<br />
é um valor, mas desde que sejam dadas oportunidades<br />
iguais a todos Em cada brasileiro,<br />
há um tanto da África escravizada e que nos<br />
abasteceu de mão de obra barata e servil durante<br />
um longo e vergonhoso período. Os navios<br />
negreiros nunca mais se foram, apesar da<br />
abolição. É preciso reconhecer a presença e a<br />
importância da cultura negra no Brasil que se<br />
projeta no mundo. Negros somos todos nós.<br />
Da mesma forma, somos também índios, vítimas<br />
de um longo processo de exclusão. As<br />
terras indígenas estão mais cobiçadas do que<br />
nunca, e é preciso entender os direitos desses<br />
irmãos da floresta. Cuidemos de todos, pois<br />
a nossa dívida social é enorme. Seremos um<br />
país melhor quando o silêncio em torno da exclusão<br />
de uns e de outros for definitivamente<br />
rompido.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
31<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
E PROPOSTAS:<br />
▶ Mobilizar as organizações e movimentos<br />
sociais de garantia dos<br />
direitos e da igualdade racial para<br />
que o Brasil avance ainda mais nesta<br />
questão:<br />
• Reafirmando o compromisso<br />
com cotas raciais nas universidades<br />
articulado com o programa<br />
Bolsa Treinamento que será criado<br />
no Ministério da Educação.<br />
• Apoiando cursos e pesquisas sobre<br />
a historia, cultura, gastronomia<br />
e religião com matrizes africanas.<br />
• Garantindo ações afirmativas para<br />
que homens e mulheres independente<br />
de raça, cor ou etnia tenham<br />
os mesmos direitos.<br />
▶ respeitar, dialogar e valorizar a<br />
cultura, valores e identidades dos<br />
vários povos indígenas que hoje<br />
convivem com dificuldades. Para<br />
isso vamos:<br />
▶ Revigorar a memória e as histórias<br />
dos povos indígenas no Brasil.<br />
▶ Estabelecer canal de diálogo com<br />
as comunidades indígenas para definição<br />
de uma agenda de prioridades.<br />
▶ Garantir que as escolas em tribos<br />
indígenas ensine o idioma da tribo e<br />
construa pontes pedagógicas com<br />
a diversidade cultural.<br />
▶ Enfrentar com urgência os graves<br />
problemas de saúde das comunidades<br />
indígenas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
32<br />
CIDADANIA<br />
INFÂNCIA<br />
COMEÇANDO BEM<br />
A cidadania no Brasil precisa ser compreendida<br />
como direito do brasileiro desde a infância.<br />
A primeira infância deve ser respeitada pelas<br />
políticas públicas como um desafio diário e<br />
continuado para que possamos alcançar um<br />
modelo de proteção e bem-estar social que orgulhe<br />
a nossa sociedade.<br />
O início da vida deve ser precedido da garantia<br />
de que toda a gestante tenha acesso ao pré-natal<br />
e ao parto seguro. Os pais devem ter condições<br />
efetivas de proteger seus filhos.<br />
A infância deve ser amparada por um Estado<br />
preocupado com a garantia de direitos sociais,<br />
a fim de que seja um tempo de afeto, ganhos e<br />
aprendizagem e não de sofrimento e luta pela<br />
sobrevivência, marcado por ausências sociais<br />
e econômicas.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Toda criança deve ter o direito de<br />
ser registrada na maternidade.<br />
▶ Apoio a Programas Municipais<br />
que visitem e acompanhem as<br />
crianças até seis anos de idade por<br />
equipe social para identificar suas<br />
privações e condições de vulnerabilidade,<br />
a fim de implantar ações<br />
para assegurar seus direitos.<br />
▶ Garantia da matrícula da criança<br />
em pré-escola aos quatro anos de<br />
idade.<br />
▶ Garantia de que toda criança permaneça<br />
na escola até a conclusão<br />
da educação básica.<br />
▶ Combate ao trabalho infantil.<br />
▶ Combate a toda forma de violên<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
33<br />
CIDADANIA<br />
cia e exploração, incluindo a sexual,<br />
de crianças e adolescentes.<br />
▶ Apoio ao Programa de Adoção<br />
de Crianças e Adolescentes, garantindo<br />
o direito de adoção por casais<br />
hetero e homossexuais.<br />
▶ Combate de forma permanente<br />
ao bullying infantil no Brasil.<br />
▶ Combate à obesidade infantil.<br />
▶ Apoio a um amplo programa para<br />
encontrar crianças desaparecidas<br />
ou traficadas no Brasil e no exterior.<br />
▶ Garantia de condições para que<br />
a família seja o principal espaço de<br />
proteção e desenvolvimento das<br />
crianças e adolescentes.<br />
▶ Garantia de que toda criança tenha<br />
acesso a creche, pré-escola e<br />
educação básica na idade certa.<br />
▶ Apoio a programas e campanhas<br />
de Combate à Violência Doméstica<br />
e Familiar.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Fortalecer o Programa Sentinela,<br />
que visa à prevenção do abuso<br />
e exploração sexual de crianças e<br />
adolescentes e criar condições aos<br />
vitimados e suas famílias para o resgate<br />
de seus direitos, com acesso<br />
amplo a serviços públicos e abordagem<br />
multidisciplinar.<br />
▶ Universalizar os Centros de Referência<br />
Especializada em Assistência<br />
Social (Creas), voltados para a<br />
atenção e tratamento de crianças<br />
vítimas de abuso e exploração sexual.<br />
▶ Fomentar e apoiar o Programa<br />
Família Acolhedora em todas as cidades<br />
brasileiras.<br />
▶ Organizar programas de formação<br />
de professores para prepara-<br />
-los à mitigação do bullying infantil<br />
nas escolas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
34<br />
CIDADANIA<br />
▶ Estruturar programas com conteúdos<br />
relacionados à infância e à<br />
adolescência para servidores da<br />
saúde, assistência social e educação.<br />
▶ Criar o Programa Brasileirinho<br />
com Nome e Sobrenome para que<br />
toda criança e adolescente tenha<br />
documentação civil.<br />
▶ Reestruturar todo o sistema de<br />
abrigos de crianças e adolescentes<br />
do Brasil, criando Protocolos de<br />
Atendimento e Apoio às Famílias.<br />
▶ Criar Programas de Suporte e<br />
Apoio para Pais que tenham dificuldades<br />
de lidar com as diferenças<br />
apresentadas pelos filhos.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
35<br />
CIDADANIA<br />
JUVENTUDE<br />
PRESENTE E FUTURO<br />
A juventude brasileira não é e nunca será um<br />
problema. Para nós a juventude é compromisso<br />
e solução.<br />
O jovem precisa ser protagonista da sua vida e,<br />
para tanto, é fundamental diminuir as vulnerabilidades<br />
que o impedem de vivenciar essa<br />
fase da vida com plenitude. As juventudes<br />
brasileiras são muitas e juntas, podem compor<br />
uma rede de soluções para os desafios que<br />
precisam ser enfrentados.<br />
O primeiro passo é compreender onde estão<br />
as barreiras que impedem o jovem de execer<br />
seu protagonismo. As privações na educação,<br />
na saúde, na segurança, no desenvolvimento<br />
social, entre outras áreas, configuram vulnerabilidades<br />
que se acentuam com a urgência de<br />
programas eficazes voltados para juventude. É<br />
preciso priorizar a redução da vulnerabilidade<br />
juvenil, mediante critérios objetivos e políticas<br />
integradas, de diálogo com o governo, mobilização<br />
social, educação, cultura, conexão, vida<br />
saudável, empreendedorismo, segurança, justiça,<br />
direitos humanos.<br />
Entre os vários eixos que constituem uma política<br />
intersetorial de juventude, a educação é<br />
certamente aquela com impacto mais eficaz<br />
na construção de um jovem protagonista. É<br />
inadmissível que cerca de 20 milhões de jovens<br />
não tenham concluído o Ensino Fundamental<br />
e Médio. A escola deve ser reinventada<br />
para, por meio de uma metodologia de qualidade,<br />
garantir uma formação integral do jovem<br />
que se prepara para um mundo conectado e<br />
globalizado.<br />
Os dados da Organização Internacional do<br />
Trabalho – OIT apontam que 20% dos jovens<br />
no Brasil não trabalham nem estudam e que<br />
46% não trabalham. Assim, será necessário<br />
adotar políticas eficazes de estímulo ao primeiro<br />
emprego com base em programas de<br />
escolarização e formação profissional, além da<br />
urgente adoção de práticas empreendedoras.<br />
É fundamental reduzir a violência que interrompe<br />
a vida de tantos jovens, especialmente<br />
aqueles expostos a algum forma de vulnerabilidade,<br />
bem como organizar e integrar ações<br />
de prevenção, atenção, apoio e atendimento<br />
a jovens envolvidos com uso de drogas.<br />
A política pública de juventude deve ser construída<br />
em conjunto com os jovens. Para tanto,<br />
conferências, conselhos, órgãos específicos de<br />
governo e organizações da sociedade civil devem<br />
ser fortalecidos para que possam exercer<br />
sua função de serem membros ativos no processo<br />
de construção das políticas públicas de<br />
juventude.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
36<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Garantia de nova oportunidade<br />
para todos os jovens que não terminaram<br />
a educação básica, por meio<br />
de programas complementares.<br />
▶ Estabelecimento de canais de<br />
diálogo da juventude com as estruturas<br />
de governo, devidamente articuladas,<br />
em todos os seus níveis.<br />
▶ Combate à evasão escolar de forma<br />
eficiente e inteligente.<br />
▶ Estimulo à conclusão da educação<br />
básica e da educação profissional,<br />
como o Pronatec, enfatizando<br />
também o desenvolvimento de<br />
competências e habilidades que<br />
permitam sua inserção no mercado<br />
de trabalho da economia criativa.<br />
▶ Estimulo à convivência e ao relacionamento<br />
dos diversos grupos e<br />
representações de jovens de todo o<br />
Brasil.<br />
▶ Estímulo à prática de esportes e<br />
de atividades culturais pelos jovens.<br />
▶ Garantia de participação dos jovens<br />
no processo de construção<br />
das políticas públicas de juventude.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Organizar amplo portal na internet<br />
que estimule o diálogo e a participação<br />
ativa e ofereça informações<br />
relevantes para esse segmento da<br />
população.<br />
▶ Implantar o sistema nacional de<br />
juventude e o fundo nacional de<br />
juventude, apoiando estados e municípios,<br />
com a adesão dos entes<br />
federados a um conjunto de compromissos,<br />
em matriz de responsabilidade<br />
compartilhada.<br />
▶ Criar a Agenda Jovem, que será<br />
uma nova forma de apoiar a juventude<br />
no Brasil. O jovem terá protagonismo<br />
na definição e solução de<br />
seus próprios problemas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
37<br />
CIDADANIA<br />
▶ Estruturar espaços de apoio e escuta<br />
para a juventude.<br />
▶ Criar o Programa Movimento de<br />
Ações em Rede, cujo objetivo é incentivar<br />
o surgimento de associações<br />
estudantis nas escolas e universidades.<br />
▶ Organizar núcleos de ideias criativas,<br />
em parceria com as prefeituras,<br />
para que o jovem tenha estímulo<br />
para seguir em frente com os seus<br />
sonhos.<br />
▶ Implementar programas especiais<br />
para a saúde de adolescentes e jovens.<br />
▶ Propor a criação de linhas de financiamentos<br />
para construção de<br />
áreas de lazer, em especial nas periferias<br />
das grandes cidades, para<br />
práticas de esportes e de atividades<br />
culturais.<br />
▶ Criar o Programa Jovens Ensinando<br />
Jovens, voltado o para jovens do<br />
Ensino Médio que serão tutorados<br />
por estudantes universitários.<br />
▶ Criar o Mutirão de Oportunidades,<br />
no qual o trabalho do jovem<br />
será estudar de 12 a 24 meses para<br />
concluir a educação básica, tendo<br />
como apoio o pagamento de um<br />
salário mínimo.<br />
▶ Enfrentar a violência como prioridade,<br />
pactuando metas para diminuir<br />
a criminalidade entre jovens.<br />
▶ Criar um programa de reinserção<br />
social para jovens egressos do sistema<br />
prisional.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
38<br />
CIDADANIA<br />
IDOSOS<br />
A IDADE DA RAZÃO<br />
O Brasil tem uma dívida social enorme com<br />
sua população idosa.<br />
O Governo Federal não regulou e nem organizou<br />
as competências dos cuidadores de idosos.<br />
Os beneficiários do Benefício de Prestação<br />
Continuada (BPC) não estão acessando<br />
programas de convivência Familiar e comunitária.<br />
O Sistema Único de Saúde (SUS) não<br />
desenvolveu uma política integral e transversal<br />
de atendimento aos idosos. Os planos de saúde<br />
não garantem os serviços contratados pela<br />
população idosa. As moradias dos idosos com<br />
maiores privações econômicas não possuem<br />
acessibilidade se segurança de mobilidade.<br />
No momento em que os brasileiros mais precisam<br />
de proteção e apoio, o que de fato encontram<br />
são respostas vazias e nenhuma ação<br />
efetiva que os faça sentirem protegidos, acolhidos<br />
e seguros.<br />
O envelhecimento não pode ser sinônimo de<br />
inseguranças. Envelhecer deve ser um processo<br />
no qual a sociedade e o Estado, juntos, garantam<br />
ao cidadão o reconhecimento, o apoio<br />
e a segurança que ele merece.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Implantação de medidas de proteção<br />
ao idoso em parceria com estados<br />
e municípios.<br />
▶ Reorganizar as práticas protetivas<br />
para idosos e definir padrões de<br />
qualidade para os serviços de atendimento<br />
comunitário e domiciliar.<br />
▶ Combate permanente, por meio<br />
de campanhas e ações ativas, contra<br />
maus-tratos a idosos.<br />
▶ Estímulo à criação de novas formas<br />
de trabalho e renda para os<br />
trabalhadores aposentados que<br />
queiram trabalhar.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
39<br />
CIDADANIA<br />
▶ Fortalecimento do Conselho Nacional<br />
de Idosos.<br />
▶ Estruturar política nacional de supervisão<br />
e acompanhamento das<br />
instituições asilares.<br />
▶ Divulgação do BPC para que todos<br />
os idosos que tenham direito<br />
possam acessá-lo.<br />
▶ Enfrentamento dos desafios decorrentes<br />
do envelhecimento da<br />
população e das mudanças da sociedade,<br />
com atenção aos fatores<br />
determinantes das enfermidades<br />
mais relevantes.<br />
▶ Garantia do acesso a medicamentos<br />
fundamentais para o tratamento<br />
entregues via o projeto Remédio<br />
em Casa, da política de saúde.<br />
▶ Acompanhamento e cumprimento<br />
do Estatuto do Idoso.<br />
▶ Reorganização da rede de acolhimento<br />
de idosos no Brasil.<br />
▶ Fortalecimento do Fundo Nacional<br />
do Idoso e estímulo à criação<br />
dos fundos estaduais e municipais..<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Implantar política pública de cuidadores<br />
de idosos, com a estruturação<br />
da carreira de cuidadores de<br />
idosos e organizando programas<br />
de capacitação e supervisão pelo<br />
SUS.<br />
▶ Criar amplo programa de melhoria,<br />
adaptação e segurança de<br />
mobilidade na casa de idosos beneficiários<br />
do BPC e com aposentadoria<br />
de até dois salários mínimos.<br />
▶ Criar o Protege Idosos, programa<br />
de combate aos maus-tratos a idosos.<br />
▶ Criar protocolo nacional de cuidados<br />
com idosos em instituição de<br />
longa permanência.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
40<br />
CIDADANIA<br />
▶ Lançar o DignaIdade em todo o<br />
Brasil, com 3 eixos: garantir que a<br />
família tenha condições de cuidar<br />
de seus idosos; garantir serviços de<br />
convivência; garantir qualidade no<br />
trabalho das instituições de longa<br />
permanência.<br />
▶ Apoiar a implantação de consultórios<br />
populares de saúde com foco<br />
em geriatria.<br />
▶ Apoiar a formação de especialistas<br />
em geriatria em todas as profissões<br />
de saúde.<br />
▶ Construir centros-dia para convivência<br />
e proteção social dos idosos<br />
em todo Brasil.<br />
▶ Criar programas de formação e<br />
capacitação na web para famílias<br />
que cuidam de seus idosos.<br />
▶ Apoiar residências médicas em<br />
geriatria.<br />
▶ Criar cursos de especialização<br />
para enfermeiros em cuidados de<br />
idosos.<br />
▶ Garantir atendimento médico domiciliar<br />
para idosos com mais de<br />
80 anos ou que sejam identificados<br />
com dificuldades de locomoção.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
41<br />
CIDADANIA<br />
MULHERES<br />
UMA QUESTÃO DA SOCIEDADE<br />
A ampliação da participação política e social<br />
das mulheres, fortalecendo seu papel como<br />
sujeito político e principalmente como sujeito<br />
de direitos, é um compromisso histórico do<br />
PSDB.<br />
O governo Fernando Henrique criou a Secretaria<br />
de Nacional dos Direitos da Mulher e<br />
assumiu também o desafio de colocar os benefícios<br />
dos programas de transferência de<br />
renda – como o Programa de Erradicação do<br />
Trabalho Infantil – em nome da mulher, considerando<br />
que é ela que efetivamente assume<br />
o compromisso e a responsabilidade com os filhos<br />
e outros membros vulneráveis da família.<br />
No entanto, mais de uma década depois, o<br />
Brasil é o 81º colocado em desigualdade de<br />
gênero entre 134 nações, e as palavras de<br />
Ruth Cardoso continuam extremamente pertinentes:<br />
“A questão das mulheres não é das<br />
mulheres, é dos homens também, é da sociedade,<br />
é um problema de igualdade. Não podemos<br />
mais falar em justiça social sem pensar<br />
em uma participação efetiva e em uma condição<br />
de igualdade dentro da nossa sociedade.<br />
Pensar em desenvolvimento social implica,<br />
primeiro, fazer quase o milagre de diminuir<br />
nossa desigualdade”.<br />
As políticas públicas para as mulheres devem<br />
ser transversais, inserindo a perspectiva de gênero,<br />
de forma permanente e sistemática, em<br />
todas as áreas e programas do governo.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Garantia de que o Plano Nacional<br />
de Políticas para as Mulheres será<br />
efetivado, para tornar realidade as<br />
suas metas e diretrizes.<br />
▶ Cumprimento dos tratados, acordos<br />
e convenções internacionais,<br />
assinados pelo Brasil, além de colocar<br />
em prática os mecanismos previstos<br />
para coibir a violação aos<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
42<br />
CIDADANIA<br />
direitos humanos das mulheres.<br />
▶ A educação deve ser efetivamente<br />
utilizada na formação de uma<br />
cultura de respeito à diversidade<br />
social, racial e orientação sexual.<br />
▶ Enfrentamento decisivo da questão<br />
da violência doméstica, aprimorando<br />
a legislação para proteger<br />
mulheres e crianças.<br />
▶ Consolidação da Rede de Enfrentamento<br />
à Violência Contra a Mulher<br />
como um programa de Estado<br />
e não de governo.<br />
▶ Otimização das ações na área<br />
da saúde da mulher, garantindo o<br />
desenvolvimento de programas<br />
e prestação de serviços de atendimentos<br />
planejados a partir dos<br />
diagnósticos locais das maiores demandas<br />
das mulheres.<br />
▶ Priorização da interlocução com<br />
os entes federados, para garantir a<br />
adequação das propostas e estratégias<br />
às realidades locais.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Fomentar a criação de comitês<br />
comunitários municipais, reunindo<br />
mulheres comprometidas com o<br />
aperfeiçoamento da democracia,<br />
com a promoção da ética, da cidadania,<br />
de ações sociais e de combate<br />
à corrupção e aos abusos econômicos.<br />
▶ Apoiar a criação de escola de<br />
tempo integral e a criação de creches<br />
que contribuem para liberar<br />
os pais para trabalho e/ou estudos.<br />
Os espaços físicos das creches poderão<br />
ser utilizados também para a<br />
alfabetização de mulheres adultas.<br />
▶ Promover campanhas preventivas<br />
de atendimento ao câncer de<br />
colo de útero, de mama e DSTs.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
43<br />
CIDADANIA<br />
▶ Organizar atendimento especial<br />
às mulheres quando portadoras de<br />
doenças sexualmente transmissíveis.<br />
▶ Promover o atendimento integral<br />
à mulher e à criança vítimas de violência<br />
doméstica.<br />
▶ Criar o Programa Mulheres Protegidas<br />
para ampliar as possibilidades<br />
de proteção às mulheres que<br />
denunciam a violência doméstica<br />
e não podem voltar para casa, para<br />
perto do agressor.<br />
▶ Estruturar rede atendimento e<br />
acolhimento de mulheres por meio<br />
de casas abrigos, casas-lares e famílias<br />
acolhedoras.<br />
▶ Criar o benefício social de proteção<br />
às mulheres vítimas de violência doméstica,<br />
familiar e comunitária.<br />
▶ Instituir pelo SUS tratamento de<br />
correção estética, incluindo cirurgias<br />
plásticas para as mulheres vítimas<br />
de deformações oriundas de<br />
violência doméstica, familiar e comunitária.<br />
▶ Reestruturar programa de combate<br />
à exploração sexual que atinjam<br />
meninas, jovens e mulheres no<br />
Brasil e no exterior.<br />
▶ Criar programas de resgate de<br />
mulheres escravas sexuais.<br />
▶ Implantar o programa Com Licença,<br />
Vou à Luta para mulheres com<br />
mais de 40 anos sem escolaridade<br />
e sem experiência profissional.<br />
▶ Encaminhar projeto de lei para<br />
que a licença maternidade de mães<br />
de filhos prematuros comece a<br />
contar a partir da alta do bebê, não<br />
considerando o período da internação<br />
hospitalar para esse fim.<br />
▶ Organizar a capacitação de educadores<br />
nas questões de gênero,<br />
visando desconstruir preconceitos<br />
e estereótipos.<br />
▶ Apoiar as mulheres empreendedoras,<br />
com financiamento subsidiado<br />
e apoio técnico para a formação<br />
das empresas e de cooperativas.<br />
▶ Ampliar as medidas existentes<br />
com vistas à eliminação do assédio<br />
sexual, da discriminação da mulher<br />
no emprego e na ocupação.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
44<br />
CIDADANIA<br />
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA<br />
BRASIL ACESSÍVEL<br />
O Brasil vem, ao longo dos anos, construindo<br />
planos, propostas e até mesmo programas que<br />
poucos resultados têm gerado para as pessoas<br />
com deficiência.<br />
A ação mais importante que temos, o Benefício<br />
da Prestação Continuada (BPC), foi aprovada<br />
na Lei Orgânica da Assistência Social em<br />
1993 e implantada em 1996.<br />
O BPC é, sem dúvida, a matriz do desenvolvimento<br />
e da proteção social e econômica das<br />
pessoas que enfrentam em seu dia a dia os desafios<br />
de um país pouco acessível.<br />
A questão da deficiência deve ser enfrentada<br />
de forma transversal e perpassa todos os itens<br />
do nosso programa. Nossas ações se estruturarão<br />
em três eixos temáticos: Educação, Trabalho<br />
e Saúde, conforme descritos a seguir:<br />
EDUCAÇÃO<br />
É fundamental a intensificação da capacitação<br />
contínua de professores e de toda a equipe<br />
escolar (em uma escola, do porteiro ao diretor;<br />
todos são educadores, tenham ou não consciência<br />
disso); e do preparo das escolas, a começar<br />
pelos edifícios (acessibilidade arquitetônica),<br />
para receber o aluno com deficiência.<br />
As tecnologias de informação e comunicação<br />
(TIC) aumentarão a permanência dos alunos<br />
com algum tipo de deficiência em todos os níveis<br />
de ensino.<br />
Se a evasão escolar já é alta entre a população<br />
comum, para o jovem que tem deficiência<br />
prosseguir nos estudos é um verdadeiro desafio.<br />
Além das barreiras arquitetônicas – falta<br />
de rampas, portas e banheiros adaptados – eles<br />
ainda têm de superar as barreiras pedagógicas.<br />
É importante que o aluno consiga terminar o<br />
curso, e isso não acontecerá se ele não conseguir<br />
se locomover ou não tiver equipamentos e<br />
materiais adequados a sua deficiência.<br />
Considerando que as exigências colocadas<br />
pelo mercado de trabalho são cada vez mais<br />
altas, é preciso confiar e investir no potencial<br />
dessa criança, desde cedo, para que tenha<br />
acesso a uma escola de qualidade, com os<br />
recursos pedagógicos de qualidade, professor<br />
qualificado, para que possa se realizar como<br />
pessoa e como cidadã.<br />
TRABALHO<br />
É preciso fortalecer o cumprimento da Lei de<br />
Cotas, para que a pessoa com deficiência pos<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
45<br />
CIDADANIA<br />
sa ter a oportunidade de uma vida plena, com<br />
acesso digno à educação e ao trabalho.<br />
Precisamos prever, ainda, a participação das<br />
pessoas com deficiência nos programas e<br />
cursos de formação profissional, oferecendo<br />
acesso arquitetônico, material adaptado e tecnologias<br />
que permitam ao profissional, assim<br />
como a qualquer outro, desenvolver todas as<br />
suas potencialidades. Garantir esse direito é<br />
permitir que essa pessoa tenha condições de<br />
ocupar o seu espaço no mercado de trabalho.<br />
SAÚDE<br />
É preciso cuidar da acessibilidade física dos<br />
serviços públicos de saúde; capacitar pessoal;<br />
ter material informativo, adaptado para deficiência,<br />
e fazer campanhas utilizando todos os<br />
recursos de acessibilidade.<br />
É preciso intensificar o atendimento da demanda<br />
por órteses e próteses por intermédio<br />
do SUS, em função das longas filas de espera.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ O apoio às pessoas com deficiência<br />
será uma ação de urgência<br />
social.<br />
▶ Apoio à criação de espaços apropriados<br />
para o debate sobre as necessidades<br />
e aspirações das pessoas<br />
com deficiência.<br />
▶ Apoio às pessoas com deficiência<br />
intelectual e múltipla, para que possam<br />
vir a ser protagonistas de seus<br />
direitos e deveres.<br />
▶ Garantia de participação da família<br />
nas formulações de políticas e<br />
na definição de ações a serem direcionadas<br />
pelo poder público ao<br />
desenvolvimento da pessoa com<br />
deficiência.<br />
▶ Incentivo ao desenvolvimento de<br />
pesquisas voltadas para as tecnologias<br />
assistivas e para as tecnologias<br />
sociais que aumentem a autonomia<br />
e a independência da pessoa com<br />
deficiência.<br />
▶ Integração de ações nas áreas de<br />
educação, saúde, assistência social,<br />
emprego e renda, mobilidade urbana,<br />
justiça e habitação, como forma<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
46<br />
CIDADANIA<br />
de potencializar as políticas públicas<br />
voltadas para pessoas com deficiência.<br />
▶ Apoio à educação inclusiva, intensificando<br />
a capacitação contínua<br />
de professores e de toda a<br />
equipe escolar, além do preparo da<br />
escola, sem prejuízo das escolas<br />
especiais, nos casos em que sejam<br />
necessárias.<br />
▶ Incentivo ao desenvolvimento de<br />
tecnologias de informação e comunicação<br />
que contemplem as características<br />
de cada deficiência, permitindo<br />
a evolução de escolaridade<br />
e gerando novas perspectivas de<br />
vida às pessoas com deficiência.<br />
▶ Defesa de condições de acessibilidade<br />
dos transportes públicos<br />
e incentivo aos programas municipais<br />
de acessibilidade.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Realizar parcerias entre instituições<br />
educacionais públicas e privadas,<br />
sem fins lucrativos, quando<br />
necessárias, no sentido de avançar<br />
para a construção de um sistema<br />
educacional que contemple o fortalecimento<br />
das escolas comuns e<br />
a permanência das escolas especiais,<br />
nos casos em que sejam necessárias.<br />
▶ Fortalecer o Atendimento Educacional<br />
Especializado (AEE), com<br />
materiais e recursos pedagógicos e<br />
a capacitação de professores.<br />
▶ Investir no desenvolvimento de<br />
Tecnologias de Informação e Comunicação<br />
(TIC) que contemplem<br />
as características de cada tipo de<br />
deficiência e na capacitação de<br />
professores para usá-las em sala de<br />
aula, como ferramentas de ensino/<br />
aprendizagem.<br />
▶ Formular, em parceria com as entidades<br />
sociais de proteção social,<br />
alternativas de acolhimento na ausência<br />
dos pais.<br />
▶ Reorganizar o financiamento das<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
47<br />
CIDADANIA<br />
entidades de proteção e desenvolvimento<br />
social por meio dos Fundos<br />
Nacional de Saúde, de Assistência<br />
Social e de Amparo ao Trabalhador.<br />
▶ Estruturar a Rede Nacional de<br />
Reabilitação e Readaptação, com<br />
centros e clínicas destinadas ao cuidado<br />
de portadores de deficiências<br />
físicas, garantindo o acesso gratuito<br />
aos profissionais e aos medicamentos<br />
e exames médicos necessários,<br />
assim como o fortalecimento dos<br />
serviços já existentes.<br />
▶ Estruturar programa nacional de<br />
empregabilidade para a contratação<br />
de pessoas com deficiência, integrado<br />
e articulado a programas e<br />
cursos de formação profissional.<br />
▶ Valorizar as instituições federais<br />
que atuam no apoio da pessoa com<br />
deficiência.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
48<br />
CIDADANIA<br />
EDUCAÇÃO<br />
O CAMINHO PARA O FUTURO<br />
O Brasil começou muito tarde a se preocupar<br />
com a educação. Precisamos acelerar para recuperar<br />
o tempo perdido. A universalização<br />
do acesso ao Ensino Fundamental foi alcançada<br />
ao final dos anos 1990, mas as metas do<br />
Plano Nacional de Educação de 2001 não foram<br />
atingidas: temos apenas 54% dos jovens<br />
de 15 a 17 anos no Ensino Médio, quando a<br />
meta era 100% em 2010; e somente 16% dos<br />
jovens de 18 a 24 anos no Ensino Superior,<br />
cuja meta era 30%. Entre as crianças de 4 a 5<br />
anos de idade, 15% não têm acesso à pré-escola.<br />
E, na medida em que ampliamos o acesso,<br />
os problemas de qualidade vão se tornando<br />
mais urgentes. A educação deve ser também<br />
reconhecida em seu papel de propulsora do<br />
desenvolvimento social e econômico e como<br />
instrumento de ampliação de oportunidades<br />
de emprego, acarretando, por decorrência, a<br />
redução de desigualdades sociais. É necessário<br />
garantir sua centralidade no conjunto das<br />
políticas públicas e, reconhecendo as especificidades<br />
locais e regionais, assegurar o desenvolvimento<br />
socioeconômico de todo o país.<br />
PRINCIPAIS INDICADORES<br />
EDUCACIONAIS<br />
• Faltam 980 mil vagas para universalizar a pré-<br />
-escola para crianças de 4 e 5 anos<br />
• Faltam 2,9 milhões de vagas em creches para<br />
atender 50% das crianças de até 3 anos até<br />
2024<br />
• Na Prova Brasil 2011: menos de 40% dos alunos<br />
do 5º ano, menos de 27% dos do 9º ano<br />
e menos de 29% dos do Ensino Médio estão<br />
no nível adequado de desempenho em língua<br />
portuguesa<br />
• 12% das escolas públicas têm infraestrutura<br />
adequada para atendimento dos estudantes<br />
• 640 mil docentes não têm formação adequada<br />
para ensinar, licenciatura ou formação<br />
complementar pedagógica<br />
• O salário médio de um professor com formação<br />
superior é metade dos rendimentos dos<br />
demais trabalhadores de nível superior<br />
• 2 milhões de jovens de 15 a 17 anos estão fora<br />
da escola<br />
• Apenas metade dos jovens tem Ensino Médio<br />
concluído aos 19 anos<br />
• A rede federal de escolas técnicas tem 210<br />
mil matrículas, contra 488 mil das redes estaduais<br />
e 632 mil do setor privado<br />
• 4 milhões, das 5,6 milhões de matrículas do<br />
Pronatec, até 2013, são em cursos de formação<br />
inicial e não de ensino técnico<br />
• Apenas 16% dos adultos de 18 a 24 anos têm<br />
acesso ao Ensino Superior<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
49<br />
CIDADANIA<br />
• 2, em cada 10 jovens que entram na faculdade,<br />
abandonam o curso<br />
Fontes: Censo Escolar 2012 e Pnad 2012.<br />
Avaliações internacionais e nacionais indicam<br />
que a qualidade da educação brasileira é extremamente<br />
baixa e muito desigual, com estudantes<br />
de famílias pobres tendo um rendimento<br />
escolar muito inferior aos de famílias<br />
mais ricas, que também têm a vantagem de<br />
frequentar escolas seletivas, públicas e particulares.<br />
Hoje sabemos que a educação nos<br />
primeiros anos é essencial para o pleno desenvolvimento<br />
social, emocional e cognitivo<br />
de todas as pessoas, mas a grande maioria de<br />
nossas creches e pré-escolas não têm instalações<br />
e profissionais preparados para atender<br />
às crianças. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental,<br />
os dados disponíveis indicam que<br />
não basta garantir a permanência da criança<br />
na escola: menos de 50% das crianças se alfabetizam<br />
ao final do terceiro ano, quando o<br />
ideal seria estarem alfabetizadas até o final do<br />
segundo ano, e muitas concluem o quinto ano<br />
como analfabetas funcionais. Nos anos finais,<br />
os problemas se agravam com altas taxas de<br />
repetência e de evasão a partir do sétimo ano.<br />
Como consequência, a maioria dos que concluem<br />
o Ensino Fundamental não adquirem<br />
as competências básicas de leitura, escrita e<br />
raciocínio matemático, base indispensável<br />
para prosseguir estudando. Chega-se assim<br />
ao Ensino Médio, o nível mais problemático<br />
da educação brasileira: altas taxas de evasão,<br />
falta de professores, currículo extenso e desconectado<br />
do mundo real, elevado número de<br />
alunos no ensino noturno, conteúdos e aulas<br />
que não fazem sentido para os jovens, pouco<br />
tempo na escola e resultados medíocres nas<br />
avaliações nacionais. E a minoria que chega<br />
ao Ensino Superior encontra uma qualidade<br />
muito desigual, com um número pequeno de<br />
instituições de destaque, e um número muito<br />
grande de instituições públicas ou privadas de<br />
baixa qualidade.<br />
Esses resultados muito sofríveis não podem<br />
ser explicados pelo baixo gasto público. O Brasil<br />
gasta hoje mais de 6% do Produto Interno<br />
Bruto em educação, aos quais se somam pelo<br />
menos mais 2% de gastos privados. Não é pouco.<br />
Trata-se de uma proporção elevada em termos<br />
internacionais, próxima à de países como<br />
Austrália e França. Com a aprovação do novo<br />
PNE (2014-2024) e com os recursos provenientes<br />
do Pré-Sal, a meta é que em alguns<br />
anos o país venha a investir 10% do PIB em<br />
educação. Porém, mais recursos não vão garantir<br />
a melhoria da qualidade do ensino. Para<br />
melhorar será preciso, antes de tudo, rever os<br />
critérios e prioridades do Governo Federal.<br />
Comprometida com a gestão adequada dos<br />
recursos públicos, a principal tarefa em educação<br />
da nova administração será garantir um<br />
nível adequado de qualidade educacional para<br />
todos e completar o acesso onde necessário. E<br />
isso só será possível trabalhando em parceria<br />
com governos estaduais, municipais, setor privado<br />
e sociedade civil. Essa tarefa demandará<br />
transformações profundas no funcionamento<br />
atual do sistema educacional, com mudanças<br />
nas relações federativas que incluem altera-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
50<br />
CIDADANIA<br />
ções na forma de financiamento, gestão escolar,<br />
currículo e avaliação.<br />
Outro aspecto fundamental é a carreira, a qualificação<br />
e a formação de professores, o que<br />
também está relacionado à questão da equidade.<br />
Transformar e tornar atraente a carreira<br />
de professores e incentivar mudanças nos programas<br />
de formação inicial e continuada são<br />
compromissos centrais de nosso programa de<br />
governo.<br />
Finalmente, para o equacionamento dos graves<br />
e complexos problemas historicamente<br />
enfrentados no campo educacional, tarefas<br />
emergenciais precisam ser enfrentadas, especialmente<br />
a erradicação do analfabetismo e do<br />
trabalho infantil, com garantia de permanência<br />
de toda criança na escola. Além disso, cada<br />
escola brasileira deverá se tornar um espaço<br />
seguro, inclusivo e acolhedor: um corpo docente,<br />
técnico e administrativo bem preparado<br />
e comprometido, adequada infraestrutura<br />
física, laboratorial e tecnológica, transporte<br />
escolar e alimentação de qualidade.<br />
Todos os brasileiros têm direito a uma educação<br />
de qualidade, em todos os níveis. E o<br />
grande desafio do país nos próximos anos será<br />
garantir a qualidade da educação, sustentada<br />
em uma concepção de direitos. Esse desafio<br />
inclui a universalização da Educação Básica<br />
dos 4 aos 17 anos e grande esforço em direção<br />
à ampliação do aprendizado. Supõe também<br />
políticas de acesso, permanência, redução da<br />
distorção idade-ano de escolaridade e maior<br />
equidade, ênfase na redução das desigualdades,<br />
ampliação das oportunidades aos estudantes<br />
mais carentes e respeito às diversidades.<br />
Para aqueles jovens que abandonaram<br />
a escola, será criado o programa Mutirão de<br />
Oportunidades, que concederá bolsas de um<br />
salário mínimo e acesso à qualificação profissional<br />
para que os jovens possam voltar ao<br />
ambiente escolar e concluir seus estudos. O<br />
programa será detalhado neste plano junto ao<br />
tema da Juventude.<br />
A sociedade quer mudança. Quer escolas<br />
organizadas que funcionem bem, com mais<br />
tempo para as crianças aprenderem, mais<br />
transparência na gestão de recursos públicos,<br />
mais eficiência na execução de políticas educacionais<br />
e mais professores bem preparados<br />
e remunerados adequadamente. Enfim, mais<br />
educação fazendo diferença efetiva na vida de<br />
nossos filhos.<br />
É preciso também propiciar condições adequadas<br />
para o ensino e o trabalho, bem como<br />
para o envolvimento das famílias, das comunidades<br />
e da sociedade em geral na vida escolar.<br />
Nenhuma escola poderá permanecer esquecida,<br />
devendo-se garantir condições dignas a<br />
todas elas, inclusive com políticas integradas<br />
que articulem as dimensões educacionais, de<br />
saúde, segurança e assistência social.<br />
A nova escola que propomos só será construída<br />
com mudanças institucionais, na gestão escolar,<br />
no modelo de financiamento, no regime de<br />
colaboração entre os entes federados, na construção<br />
de uma base curricular nacional e na lógica<br />
de avaliação com objetivos e metas claras.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
CIDADANIA<br />
TRANSFORMAÇÃO DA CARREIRA<br />
DE PROFESSORES E A PROMOÇÃO<br />
DE MUDANÇAS NA FORMAÇÃO INICIAL<br />
51<br />
A carreira de professor é a menos atraente e<br />
com a menor remuneração entre as de nível<br />
superior. É, porém, essencial que ela provoque<br />
o interesse de pessoas com mais formação,<br />
talento e motivação. Para tornar essa carreira<br />
realmente atrativa e prestigiosa, é necessário<br />
pagar mais e também garantir que professores<br />
mais dedicados e competentes tenham uma<br />
perspectiva estimulante pela frente. O Governo<br />
Federal deverá criar incentivos para atrair<br />
os melhores alunos de Ensino Médio, melhorar<br />
a formação, a carreira e a remuneração dos<br />
professores, bem como valorizar e reconhecer<br />
aqueles profissionais que mais contribuem<br />
para o desenvolvimento de seus alunos.<br />
Um professor competente, bem formado e<br />
bem remunerado significa pelo menos 25<br />
anos de bom ensino para centenas ou mesmo<br />
milhares de crianças e jovens. Depende dele,<br />
portanto, a sustentabilidade de qualquer reforma<br />
educacional no longo prazo.<br />
Como as carreiras são pouco atraentes, os melhores<br />
alunos do Ensino Médio demonstram<br />
pouco interesse pelo magistério. Para reverter<br />
essa situação, é preciso uma carreira atraente<br />
para os professores da Educação Básica, com<br />
salário equiparado às demais profissões. Uma<br />
carreira orientada pela necessidade inadiável<br />
de articular a valorização dos professores com<br />
a melhoria da aprendizagem dos alunos é um<br />
ponto fundamental para o estabelecimento da<br />
nova escola.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Adequado equilíbrio entre vencimento<br />
inicial e remuneração final.<br />
▶ Desenvolvimento profissional por<br />
meio de valorização da formação continuada<br />
para progressão na carreira.<br />
▶ Evolução funcional e incremento<br />
salarial com base em avaliações. A<br />
progressão na carreira e a melhoria<br />
salarial devem ser articuladas com<br />
a avaliação docente e com os resultados<br />
educacionais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
52<br />
CIDADANIA<br />
▶ Profissionalização da docência.<br />
Opção de ampliação progressiva<br />
da jornada de trabalho para 40 horas<br />
semanais e garantia das horas-<br />
-atividade.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
CIDADANIA<br />
FORMAÇÃO INICIAL<br />
E CONTINUADA DE PROFESSORES<br />
53<br />
Vários fatores contribuem para o sucesso da<br />
aprendizagem, mas o preparo e o compromisso<br />
do professor são o que tem mais impacto.<br />
Frequentemente, estudantes brasileiros não<br />
aprendem porque têm professores que não foram<br />
bem preparados para ensinar. E isso não é<br />
culpa do professor. São raros os cursos de formação<br />
profissional em nível superior que preparam<br />
os professores para ensinar e enfrentar<br />
de verdade os desafios da sala de aula. Trata-se<br />
de um triste círculo vicioso, que contribui para<br />
uma maior desigualdade educacional.<br />
Em geral, a situação dos cursos de formação<br />
de professores no Brasil pode ser resumida<br />
em: fragmentação, desarticulação e má qualidade.<br />
Portanto não adianta mais propor soluções<br />
parciais e tópicas. É preciso pensar o<br />
conjunto e ter uma estratégia de mudança por<br />
etapas.<br />
O Governo Federal não pode mais se omitir<br />
nesse assunto. A formação de professores<br />
é uma política nacional que deve ser liderada<br />
pelo Governo Federal e se constitui como<br />
uma das bases da nova escola. Cabe ao MEC<br />
coordenar a política nacional de formação de<br />
professores, tanto junto às instituições formadoras,<br />
públicas e privadas, como junto às secretarias<br />
municipais e estaduais de educação,<br />
responsáveis pela contratação de mais de 85%<br />
dos professores do país.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Implantação de bolsas de manutenção<br />
para formação inicial, extinguindo<br />
gradualmente os cursos noturnos<br />
presenciais para formar professores<br />
de educação infantil e dos anos iniciais<br />
do Ensino Fundamental.<br />
▶ Valorização da profissão do magistério,<br />
tornando mais competitiva<br />
a relação candidato/vaga para ingressar<br />
nos cursos de formação de<br />
professores e atrair mais talentos.<br />
▶ Apoio para a criação de espaços<br />
institucionais próprios e dedicados<br />
à formação de professores de Educação<br />
Básica.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
54<br />
CIDADANIA<br />
▶ Apoio a metodologias e práticas<br />
que ensinem a ensinar, com estágios<br />
nos moldes da residência pedagógica.<br />
▶ Incentivos a experiências de formação<br />
de professores em período<br />
integral e criação de um fundo de<br />
apoio a experiências inovadoras.<br />
▶ Estímulo para uso pedagógico de<br />
tecnologias da informação e comunicação<br />
nos cursos de formação de<br />
professores. Apoio a experiências<br />
de ensino que combinem tecnologias<br />
presenciais e a distância; salas<br />
de aulas invertidas; uso e elaboração<br />
de objetos virtuais de aprendizagem<br />
e todos os formatos viáveis<br />
de aprendizagem colaborativa.<br />
▶ Articulação entre os elementos<br />
oferecidos na formação de professores<br />
e os propostos no âmbito da<br />
base nacional comum. Deve incluir a<br />
organização de uma comissão que<br />
vai elaborar uma base nacional para<br />
cursos de formação de professores,<br />
incluindo todas as etapas da Educação<br />
Básica. Esse material orientará<br />
os currículos e programas das instituições<br />
de Ensino Superior formadoras<br />
de professores, tomando como<br />
referência as disposições normativas<br />
nacionais da Educação Básica.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Ampliar progressivamente a jornada<br />
de trabalho para 40 horas semanais,<br />
incorporando na jornada<br />
períodos para planejamento das<br />
aulas, capacitação, reuniões técnicas,<br />
encontro com os pais, correção<br />
de provas e demais atividades extraclasse.<br />
▶ Implantar bolsas de manutenção<br />
para formação inicial.<br />
▶ Criar incentivos para a escolha da<br />
carreira do magistério.<br />
▶ Criar fundo de apoio a experiências<br />
inovadoras.<br />
▶ Apoiar metodologias e práticas<br />
que ensinem a ensinar, com estágios<br />
docentes nos moldes da residência<br />
pedagógica.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
55<br />
CIDADANIA<br />
▶ Apoiar experiências de ensino que<br />
combinem tecnologias presenciais<br />
e a distância; salas de aula invertidas;<br />
uso e elaboração de objetos<br />
virtuais de aprendizagem e todos<br />
os formatos viáveis de aprendizagem<br />
colaborativa.<br />
▶ Organizar uma comissão para elaboração<br />
de base nacional para cursos<br />
de formação de professores de<br />
todas as etapas da Educação Básica,<br />
para orientar os currículos e programas<br />
das instituições de Ensino<br />
Superior formadoras de professores.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
CIDADANIA<br />
COMPROMISSO COM A EDUCAÇÃO BÁSICA<br />
56<br />
A educação básica passou por significativas<br />
mudanças institucionais nos últimos anos. Ao<br />
lado do Ensino Fundamental, os níveis infantil<br />
e médio passaram a integrar a educação básica.<br />
E, com o aumento da duração do Ensino<br />
Fundamental de oito para nove anos, o tempo<br />
obrigatório de permanência na escola no Brasil<br />
foi ampliado para 14 anos. Porém, a universalização<br />
do ensino básico e a proposição<br />
de uma oferta de maior qualidade continuam<br />
sendo objetivos de difícil realização.<br />
A universalização da educação básica com<br />
qualidade coloca enormes desafios para o<br />
Governo Federal, uma vez que os executores<br />
dessa política são os estados e municípios. A<br />
União produz regras e estimula ações em diferentes<br />
áreas, mas quem executa a política é,<br />
em última instância, o gestor local ou regional.<br />
Nesse sentido, o encaminhamento adequado<br />
das questões federativas – consideradas em<br />
toda sua complexidade institucional e diante<br />
da grande diversidade regional do país – é essencial<br />
para que o Governo Federal seja capaz<br />
de trazer contribuições substantivas neste<br />
campo.<br />
Gestão escolar, modelo de financiamento, regime<br />
de colaboração e base nacional comum<br />
dizem respeito a todos os níveis da educação<br />
básica:<br />
1) MELHOR GESTÃO E<br />
FUNCIONAMENTO DAS ESCOLAS<br />
As escolas têm uma função social a cumprir<br />
e devem ter apoio e autonomia para cumprir<br />
essas funções. A contrapartida das escolas é<br />
ter responsabilidade: apresentar aos pais e à<br />
sociedade serviço público de qualidade. A boa<br />
escola é aquela onde o aluno aprende.<br />
Já existem no Brasil experiências de compromissos<br />
formais entre escolas e governos estaduais<br />
e municipais, que precisam ser conhecidas<br />
e ampliadas, como, por exemplo, o acordo<br />
de resultados em Minas Gerais. Nesses acordos,<br />
as escolas, por meio de seus dirigentes,<br />
se responsabilizam por garantir a educação e<br />
a permanência dos alunos nas escolas, estabelecendo<br />
objetivos e metas em comum acordo,<br />
vinculadas a recursos comprometidos para sua<br />
execução.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
57<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Criação de incentivos do Governo<br />
Federal para a implantação de<br />
acordos de resultados entre governos<br />
locais e cada escola. Garantia<br />
às escolas de mais autonomia na<br />
gestão de recursos humanos e manutenção<br />
de equipamentos, com o<br />
compromisso de prestar contas à<br />
sociedade sobre como está desempenhando<br />
sua função social em relação<br />
às metas estabelecidas.<br />
▶ Estímulo à criação de academias<br />
de formação de lideranças em gestão<br />
escolar. É preciso formar dirigentes<br />
com capacidade de liderança,<br />
escolhidos sem interferência<br />
político-partidária, e apoiar a sua<br />
formação.<br />
▶ Apoio à participação das famílias<br />
nas escolas, bem como da sociedade<br />
em que elas estão inseridas – organizações<br />
religiosas, sociais, empresas<br />
etc.<br />
▶ Ampliação do engajamento da<br />
sociedade e a formação de parcerias.<br />
Permitir, como previsto na LDB,<br />
a experiência com outras formas jurídicas<br />
de organização das escolas,<br />
como Oscips, fundações e outras<br />
entidades de direito privado.<br />
2) NOVO MODELO DE<br />
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO E<br />
PRIORIDADES DE INVESTIMENTO<br />
O Governo Federal não executa a política de<br />
educação básica. O seu papel é estimular e<br />
induzir as melhores práticas de estados e municípios.<br />
No entanto, a União faz um investimento<br />
substancial no ensino básico, seja por<br />
meio da complementação dos recursos do<br />
Fundeb, seja pelos vultosos recursos públicos<br />
alocados no Fundo Nacional de Desenvolvimento<br />
da Educação (FNDE), que se destinam<br />
a uma gama diversificada de programas,<br />
incluindo merenda escolar, transporte escolar,<br />
livro didático e outros. O emprego mais criterioso<br />
desses recursos e a sua utilização de<br />
modo a induzir melhores práticas por parte<br />
dos gestores locais e regionais são essenciais<br />
para que o Governo Federal cumpra o seu papel<br />
de promover a melhora contínua da educação<br />
básica.<br />
Nesse sentido, é importante garantir que os<br />
recursos adicionais provenientes do Pré-Sal<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
58<br />
CIDADANIA<br />
não sejam distribuídos automaticamente pelo<br />
Fundeb, mas por intermédio de programas em<br />
que estados e municípios se comprometam a<br />
introduzir políticas adequadas, cumprindo<br />
metas específicas de melhoria de qualidade de<br />
sua educação, consideradas as especificidades<br />
regionais.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Modificação das regras de complementação<br />
do Fundeb, atualmente<br />
limitadas a apenas alguns<br />
estados e municípios.<br />
▶ Garantia de autonomia dos estados<br />
e municípios na definição de carreiras<br />
dos profissionais de educação,<br />
respeitadas as diretrizes nacionais.<br />
▶ Descentralização dos repasses financeiros<br />
adicionais para estados e<br />
municípios. Os repasses devem ser<br />
desburocratizados, sendo distribuídos<br />
com base em cumprimento de<br />
metas nacionais, regionais e locais.<br />
▶ Criação de uma linha específica<br />
de financiamento para ações associadas<br />
à avaliação externa e uso<br />
dos seus resultados para a melhoria<br />
das aprendizagens.<br />
▶ Modernização dos equipamentos<br />
escolares, incluindo a instalação de<br />
bibliotecas e laboratórios, computadores<br />
e acesso à internet e adequação<br />
térmica dos ambientes para as<br />
diferenças climáticas do país. Para<br />
viabilizar o amplo uso de tecnologias<br />
da comunicação e informação,<br />
o Governo Federal deverá garantir<br />
a todas as escolas brasileiras condições<br />
adequadas de infraestrutura,<br />
incluindo conexão wi-fi acessível a<br />
todo estudante e acesso a plataformas<br />
digitais de aprendizagem.<br />
▶ Implantação gradual da escola<br />
de tempo integral e progressiva,<br />
eliminação do ensino noturno para<br />
jovens que não trabalham. Hoje a<br />
maioria das escolas públicas brasileiras<br />
funciona em dois ou três turnos<br />
e muitas vezes o Ensino Médio<br />
se dá à noite por falta de espaço<br />
físico. Passar todas as crianças e jovens<br />
para tempo completo requer<br />
adquirir ou construir novos prédios<br />
e contratar mais professores e professoras,<br />
com a opção de regime de<br />
40 horas dedicadas integralmente<br />
às escolas a que estão vinculados.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
59<br />
CIDADANIA<br />
3) NOVO REGIME DE COLABORAÇÃO<br />
Um novo regime de cooperação entre União,<br />
estados e municípios é essencial, não apenas<br />
nos aspectos relacionados ao financiamento,<br />
mas em diferentes dimensões da educação<br />
básica. É verdade que o regime de colaboração<br />
existente enfrenta desafios decorrentes da<br />
concentração tributária na União, com o aumento<br />
da dependência financeira dos governos<br />
subnacionais. Mas a falta de coordenação<br />
atualmente existente diz respeito também a<br />
uma definição imprecisa do papel dos governos<br />
estaduais e a uma intensificação da relação<br />
direta da União com os municípios, como<br />
se as unidades da Federação tivessem um papel<br />
pouco relevante na oferta educacional. E<br />
tais dificuldades tendem a ser agravadas pela<br />
ausência de espaços deliberativos entre os<br />
executivos dos entes federados. É, assim, um<br />
desafio para o estabelecimento da nova escola<br />
articular interesses, competências e financiamento.<br />
COMPROMISSOS<br />
COLABORAÇÃO ENTRE A UNIÃO,<br />
ESTADOS E MUNICÍPIOS<br />
▶ Proposição de uma nova compreensão<br />
do papel do MEC como<br />
articulador e facilitador das ações<br />
dos estados e municípios. Estados e<br />
municípios são os agentes responsáveis<br />
pela execução das políticas<br />
de educação básica no país, sendo<br />
os únicos capazes de realizar intervenções<br />
focadas na escola e na sala<br />
de aula.<br />
▶ Melhoria da relação entre os três<br />
níveis de governo. Estabelecimento<br />
de um planejamento integrado entre<br />
Governo Federal, estados e municípios<br />
para a definição das estratégias<br />
de execução das metas do PNE.<br />
▶ Institucionalização de espaços<br />
deliberativos nacionais entre entes<br />
federados. Serão considerados<br />
aspectos normativos e executivos,<br />
como o conselho deliberativo da<br />
FNDE.<br />
▶ Especificação mais clara do regime<br />
de colaboração para a educação<br />
infantil e a educação profissional,<br />
reduzindo as desigualdades<br />
regionais.<br />
COLABORAÇÃO ENTRE ESTADOS<br />
E SEUS MUNICÍPIOS<br />
▶ Institucionalização de espaços<br />
interfederativos deliberativos estaduais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
60<br />
CIDADANIA<br />
▶ Estímulo ao planejamento conjunto<br />
da oferta das redes estaduais<br />
e municipais de ensino. Visa racionalizar<br />
a aplicação dos escassos recursos<br />
públicos e, onde for o caso,<br />
equacionar o problema do financiamento<br />
do transporte escolar.<br />
▶ Apoio no encaminhamento conjunto<br />
de aspectos relacionados à<br />
qualidade da educação escolar:<br />
maior articulação entre os currículos<br />
estaduais e municipais.<br />
▶ Promoção de programas de alfabetização<br />
nos anos iniciais do Ensino<br />
Fundamental.<br />
▶ Indução de atividades e programas<br />
de formação continuada de<br />
professores; capacitação e certificação<br />
de gestores escolares.<br />
▶ Contribuição para a harmonização<br />
de normas educacionais dos<br />
sistemas estaduais e municipais de<br />
ensino nos estados.<br />
4) CONSTRUÇÃO DE UMA BASE<br />
NACIONAL COMUM<br />
Seguindo práticas adotadas em todo o mundo,<br />
o Brasil precisa definir uma base nacional<br />
comum que garanta a todos os estudantes um<br />
conjunto de aprendizagens, conhecimentos e<br />
habilidades essenciais. Todos têm direito a conhecimentos<br />
adequados de linguagem e raciocínio<br />
matemático, que são o fundamento para<br />
os demais conhecimentos nas humanidades,<br />
ciências naturais, ciências sociais e tecnologia.<br />
Além de assegurar o direito ao aprendizado, a<br />
base nacional será referência obrigatória para:<br />
a construção de currículos em cada unidade<br />
da Federação conforme as orientações e preferências<br />
locais; a elaboração de livros didáticos<br />
e outros materiais de apoio; a organização da<br />
matriz de avaliação dos sistemas nacionais de<br />
avaliação; a orientação do processo de formação<br />
de professores.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Construção de uma base nacional<br />
comum com a participação das<br />
entidades representativas do setor<br />
educação, preservada a flexibilidade<br />
dos currículos estaduais e municipais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
61<br />
CIDADANIA<br />
▶ Apoio à assistência técnica para<br />
programas de alfabetização na idade<br />
adequada desenvolvidos por estados<br />
e municípios.<br />
▶ Apoio à produção de recursos didáticos<br />
e de tecnologias educacionais<br />
que tenham como referência a<br />
base nacional comum.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Descentralizar recursos financeiros<br />
adicionais para estados e municípios.<br />
▶ Implantar a escola de tempo integral<br />
no Brasil.<br />
▶ Eliminar progressivamente o ensino<br />
noturno para jovens que não<br />
trabalham.<br />
▶ Estabelecer planejamento integrado<br />
entre Governo Federal, estados<br />
e municípios para a definição<br />
das estratégias de execução das<br />
metas do segundo PNE.<br />
▶ Especificar o regime de colaboração<br />
para a educação infantil e a<br />
educação profissional, reduzindo<br />
as desigualdades regionais, estimulando<br />
o planejamento conjunto da<br />
oferta das redes estaduais e municipais<br />
de ensino, garantindo qualidade<br />
da aplicação de recursos públicos.<br />
▶ Criar uma linha específica de financiamento<br />
para ações associadas<br />
à avaliação externa e uso dos<br />
seus resultados para a melhoria das<br />
aprendizagens.<br />
▶ Apoiar e oferecer assistência técnica<br />
a programas de alfabetização<br />
na idade adequada desenvolvidos<br />
por estados e municípios.<br />
▶ Apoiar a produção de recursos<br />
didáticos e de tecnologias educacionais<br />
que tenham como referência<br />
a base nacional comum.<br />
▶ Rever e modernizar as matrizes<br />
de referência da avaliação da educação<br />
básica (Saeb/Prova Brasil).<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
62<br />
CIDADANIA<br />
▶ Pactuar as matrizes de avaliação<br />
com estados e municípios.<br />
▶ Criar um programa nacional de<br />
assistência técnica aos estados e<br />
municípios, apoiando modelos para<br />
acordo de resultados.<br />
▶ Incentivar o uso dos resultados<br />
das avaliações externas na melhoria<br />
da sala de aula e avanço do desempenho<br />
dos alunos.<br />
▶ Aprimorar o Exame Nacional do<br />
Ensino Médio (Enem) para atender<br />
à necessidade de diversificar a formação<br />
no Ensino Médio.<br />
▶ Reorganizar de forma qualitativa<br />
o Exame Nacional do Ensino Superior<br />
(Enade).<br />
▶ Estímulo à criação de academias<br />
de formação de lideranças em gestão<br />
escolar.<br />
▶ Modernizar as escolas, incluindo<br />
a instalação de bibliotecas e laboratórios,<br />
computadores, acesso à<br />
internet e adequação térmica dos<br />
ambientes.<br />
▶ Garantir que toda escola brasileira<br />
tenha conexão wi-fi acessível a todos<br />
os estudantes e professores.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
63<br />
CIDADANIA<br />
UMA VERDADEIRA POLÍTICA<br />
PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA<br />
A única forma de assegurar igualdade de oportunidades<br />
na vida e na escola é garantir condições<br />
para que toda criança nasça e se desenvolva<br />
em um ambiente sadio, livre de riscos<br />
e ameaças – independentemente da condição<br />
financeira dos pais. Isso implica reduzir os fatores<br />
de risco, em geral associados com a pobreza,<br />
e implantar políticas de desenvolvimento<br />
da criança de 0 a 3 anos que incluem ações<br />
integradas de educação, saúde e assistência às<br />
famílias.<br />
Na primeira infância os processos de aprendizagem<br />
são muito velozes e intensos. Uma política<br />
para garantir o desenvolvimento da criança<br />
de 0 a 3 anos deve: propiciar a qualidade<br />
da interação entre todos os aspectos sociais e<br />
emocionais que favorecem o desenvolvimento<br />
infantil e fortalecer as famílias para cuidar dos<br />
seus filhos.<br />
A universalização do acesso à pré-escola para<br />
crianças de 4 e 5 anos deverá ser cumprida até<br />
2016 e o desafio agora é garantir a qualidade<br />
do atendimento. Para cumprir a meta de 50%<br />
de atendimento de crianças de até 3 anos até<br />
2024, serão necessárias mais 2,9 milhões de<br />
vagas em creches.<br />
Nosso compromisso com a primeira infância<br />
vai além da construção de creches: queremos<br />
estimular formas alternativas de atendimento<br />
às famílias e às crianças; modelos integrados<br />
de atendimento em creches; e políticas integradas<br />
e flexíveis de atendimento às famílias<br />
com crianças, conforme suas diferentes situações<br />
e necessidades. Em alguns casos, o<br />
acesso à creche de qualidade é importante.<br />
Em outros, visitas regulares às famílias por<br />
técnicos de saúde, assistência social e educação<br />
podem ser mais indicadas.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Incentivo para os municípios implantarem<br />
políticas integradas para<br />
a primeira infância (saúde, assistência<br />
social e educação).<br />
▶ Criação de mecanismos de financiamento<br />
e de estímulos a formas<br />
alternativas de atendimento a<br />
crianças, rompendo com o modelo<br />
único de creches.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
64<br />
CIDADANIA<br />
▶ Expansão e aperfeiçoamento das<br />
ações federais de apoio à educação<br />
infantil. Desenvolver recursos<br />
pedagógicos, currículo e formação<br />
de profissionais para garantir o desenvolvimento<br />
social, emocional e<br />
comunicativo da criança.<br />
▶ Estabelecimento de mecanismos<br />
de regulação para assegurar a qualidade.<br />
Condições adequadas de<br />
funcionamento dos equipamentos;<br />
qualidade dos materiais didáticos e<br />
pedagógicos; proporção adequada<br />
entre adultos e crianças.<br />
▶ Estabelecimento de um sistema<br />
de monitoramento da qualidade da<br />
educação infantil (creche e pré-escola);<br />
▶ Desenvolvimento de programas<br />
de capacitação e certificação de<br />
educadores de primeira infância.<br />
Levar em conta os conhecimentos<br />
científicos sobre os fatores que promovem<br />
o desenvolvimento infantil,<br />
com ênfase em aspectos socioemocionais.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Criar formas alternativas de atendimento<br />
às famílias e às crianças,<br />
tais como: modelos integrados de<br />
atendimento em creches e políticas<br />
integradas e flexíveis de atendimento<br />
às famílias com crianças,<br />
conforme suas diferentes situações<br />
e necessidades.<br />
▶ Desenvolver recursos pedagógicos<br />
e tecnológicos, currículo e formação<br />
de profissionais para garantir<br />
o desenvolvimento social, emocional<br />
e comunicativo da criança.<br />
▶ Estabelecer mecanismos de regulação<br />
para assegurar a qualidade,<br />
tais como: condições adequadas de<br />
funcionamento dos equipamentos;<br />
qualidade dos materiais didáticos e<br />
pedagógicos; proporção adequada<br />
entre adultos e crianças.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
65<br />
CIDADANIA<br />
▶ Estabelecer um sistema de monitoramento<br />
da qualidade da educação<br />
infantil (creche e pré-escola).<br />
▶ Desenvolver programas de capacitação<br />
e certificação de educadores<br />
de primeira infância, em parceria<br />
com estados e municípios.<br />
▶ Estabelecer parceria do Governo<br />
Federal com a rede nacional pela<br />
primeira infância.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
CIDADANIA<br />
REFORÇO E CONSOLIDAÇÃO DO ENSINO<br />
FUNDAMENTAL BRASILEIRO<br />
66<br />
Uma das mais importantes conquistas da educação<br />
brasileira nas últimas décadas foi a universalização<br />
do acesso ao Ensino Fundamental.<br />
Desde o final dos anos 1990, mais de 95%<br />
das crianças de 7 a 14 anos estão na escola.<br />
No entanto, os indicadores de qualidade continuam<br />
sendo muito problemáticos.<br />
Os dados da Prova Brasil mostram que menos<br />
de 27% dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental<br />
têm os conhecimentos adequados<br />
para a série, e esse índice não tem melhorado<br />
nos últimos anos. E a evasão ainda é significativa<br />
nos anos finais do Ensino Fundamental.<br />
Além disso, os recursos não estão sendo<br />
alocados de modo eficiente. O orçamento do<br />
FNDE cresceu oito vezes na última década.<br />
Mesmo assim, a infraestrutura das escolas,<br />
por exemplo, continua precária. Apenas 12%<br />
das escolas têm estrutura para o adequado<br />
atendimento dos estudantes.<br />
Depois de superado o desafio da inclusão, o<br />
Brasil deve voltar-se agora para a qualidade<br />
do ensino. O nível de aprendizagem de nossos<br />
alunos é muito preocupante e a evolução não<br />
acontece na velocidade necessária.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Utilização dos recursos federais<br />
de forma mais eficiente, passando a<br />
utilizá-los como instrumentos para<br />
a indução da qualidade e redução<br />
da evasão.<br />
▶ Redução da idade ideal para a alfabetização<br />
de oito para sete anos.<br />
▶ Contribuição para o estabelecimento<br />
de práticas de cooperação<br />
mais estruturadas entre estados e<br />
municípios, de modo a que a transição<br />
de alunos entre sistemas de ensino<br />
possa se dar sem prejuízo para<br />
o aluno e para a aprendizagem.<br />
▶ Revisão da política do livro didático.<br />
Permitir que a escola opte por<br />
receber os recursos correspondentes,<br />
em vez de exemplares em papel,<br />
caso faça parte de redes com<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
67<br />
CIDADANIA<br />
sistemas de ensino estruturados reconhecidos<br />
pelo MEC.<br />
▶ Elaboração de política específica<br />
para o ciclo II do Ensino Fundamental<br />
em cooperação com os governos<br />
estaduais, de modo a contribuir<br />
para a redução da evasão e melhoria<br />
da qualidade.<br />
▶ Reforço e aprimoramento das<br />
práticas de apoio aos municípios de<br />
menor porte e mais pobres, reduzindo<br />
a desigualdade no interior do<br />
sistema e proporcionando um primeiro<br />
ciclo do Ensino Fundamental<br />
de maior qualidade.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Contribuir para o estabelecimento<br />
de práticas de cooperação mais<br />
estruturadas entre estados e municípios<br />
para que a transição entre<br />
sistemas de ensino ocorra sem prejuízo<br />
para o aluno.<br />
▶ Rever a política do livro didático,<br />
permitindo que a escola opte por<br />
receber os recursos correspondentes,<br />
em vez de exemplares em papel,<br />
caso faça parte de redes com<br />
sistemas de ensino estruturados reconhecidos<br />
pelo MEC.<br />
▶ Elaborar uma política específica<br />
para os anos finais do Ensino Fundamental<br />
em cooperação com os<br />
governos estaduais.<br />
▶ Promover programas de equiparação<br />
de alfabetização nos anos iniciais<br />
do Ensino Fundamental.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
CIDADANIA<br />
COMPROMISSO COM A REINVENÇÃO<br />
DOS PROGRAMAS VOLTADOS PARA<br />
A JUVENTUDE: PROGRAMA ESCOLA<br />
JOVEM E PROGRAMA PROMÉDIO<br />
68<br />
A escola de hoje não atende às expectativas<br />
e necessidades da juventude brasileira. Mudanças<br />
de grande amplitude como a crescente<br />
demanda por escolaridade, novas formações,<br />
percursos curriculares flexíveis e recursos pedagógicos<br />
tecnologicamente avançados vêm<br />
causando um impacto de proporções inéditas<br />
no campo educacional. E o advento da internet<br />
e das redes sociais acentua a limitação das<br />
metodologias mais ortodoxas ainda adotadas.<br />
Hoje, muitos jovens abandonam a escola antes<br />
de chegar ao Ensino Médio, ficando retidos<br />
nos anos finais do Ensino Fundamental.<br />
Para os que frequentam, a carga horária é insuficiente,<br />
as escolas acumulam dificuldades<br />
de várias ordens – inclusive sérios problemas<br />
de infraestrutura, segurança e ausência de<br />
professores. E, não menos grave, os conteúdos<br />
escolares se mostram muitas vezes desconectados<br />
da vida do estudante e percebidos como<br />
não tendo sentido.<br />
O ensino profissionalizante, por sua vez, continua<br />
a ter uma oferta limitada, sobretudo<br />
quando nos referimos aos chamados cursos<br />
técnicos com um ano e meio de duração. E<br />
mesmo essa oferta tem que ser readequada.<br />
Por um lado, os currículos proporcionados<br />
não são conectados aos conteúdos do Ensino<br />
Médio. Por outro, a oferta de ensino técnico<br />
frequentemente tem um viés acadêmico –<br />
orientado pela lógica do provedor educacional.<br />
Assim, mostra-se desconectada da dinâmica<br />
do mercado de trabalho, que passa por<br />
grande transformação, tanto em função da<br />
importante mudança setorial e locacional da<br />
atividade produtiva no Brasil, quanto devido à<br />
significativa transformação tecnológica a que<br />
assistimos.<br />
Em vista desses elementos, o programa Escola<br />
Jovem dará atenção particular aos programas<br />
voltados para jovens, oferecendo uma reflexão<br />
tanto sobre a situação do Ensino Médio,<br />
quanto àquela relacionada ao ensino profissionalizante.<br />
Há que se criar, também, novos formatos de<br />
financiamento e de acesso do jovem ao Ensino<br />
Médio. Para isso, estamos propondo a criação<br />
do programa Promédio. O programa será o<br />
Prouni do Ensino Médio. A ideia é dar acesso<br />
aos alunos carentes às escolas particulares.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
69<br />
CIDADANIA<br />
As escolas particulares que possuem certificado<br />
de filantropia – e, por isso, não pagam<br />
impostos – terão que oferecer bolsas de estudos<br />
equivalentes a 20% de sua renda. A partir<br />
do Cadastro Único dos Programas Sociais,<br />
uma seleção rigorosa determinará quem mais<br />
precisa acessar o programa. Posteriormente o<br />
programa será ampliado para ofertar cursos de<br />
línguas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
70<br />
CIDADANIA<br />
REFORMA DO ENSINO MÉDIO<br />
Nosso Ensino Médio, além de estar longe da<br />
universalização, convive com a acentuação de<br />
um cenário de baixa atratividade e ausência de<br />
significado da escola para o jovem, resultando<br />
em aprendizado insuficiente, altas taxas de<br />
evasão e dados inaceitáveis relativos à distorção<br />
idade-ano.<br />
Como fruto das defasagens educacionais vindas<br />
das etapas anteriores do ensino básico,<br />
o aprendizado tendo por base nosso extenso<br />
currículo tem se mostrado um exercício inglório,<br />
quando não meramente uma peça de<br />
ficção. E, não raro, os alunos que concluem<br />
o nível médio (60% aos 19 anos) o fazem sem<br />
dominar os conteúdos básicos do nível fundamental.<br />
Em vista desses elementos, é imperativo que<br />
o Ensino Médio assuma novos significados, de<br />
forma a atender às múltiplas exigências da sociedade<br />
contemporânea nos vários campos do<br />
saber e do trabalho.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Construção de novas diretrizes<br />
para o Ensino Médio, de modo<br />
coordenado com os estados, principais<br />
responsáveis por esse nível<br />
de ensino.<br />
▶ Transformação da escola em espaço<br />
que incentive a participação<br />
efetiva dos jovens, tornando-os<br />
protagonistas e sujeitos de suas<br />
trajetórias.<br />
▶ Construção de currículos mais<br />
pertinentes, para que os jovens<br />
possam perceber sua relevância e<br />
conexão com seu cotidiano e com<br />
sua vida, ampliando a liberdade de<br />
escolha segundo as trajetórias individuais.<br />
▶ Implantação de modelos mais<br />
leves, flexíveis e diversificados de<br />
percursos escolares. Os estudantes<br />
poderão escolher as áreas em que<br />
vão se aprofundar, preservando a<br />
necessidade de continuar avançando<br />
em linguagem e raciocínio ma-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
71<br />
CIDADANIA<br />
temático; escolher entre áreas mais<br />
técnicas e científicas ou as ciências<br />
sociais e humanas ou ainda o aprendizado<br />
prático para as profissões<br />
em parceria com o setor produtivo.<br />
▶ Eliminação progressiva do ensino<br />
noturno para menores de 16 anos,<br />
uma vez que se trata de um grupo<br />
etário que não pode trabalhar, segundo<br />
o Estatuto da Criança e do<br />
Adolescente.<br />
▶ Criação do programa Poupança<br />
Jovem, que oferecerá a jovens, que<br />
permanecerem na escola e tiverem<br />
um desempenho adequado, uma<br />
poupança que poderá ser sacada<br />
ao final do Ensino Médio.<br />
▶ Criação do Promédio, que dará<br />
acesso a jovens carentes às escolas<br />
de Ensino Médio particulares filantrópicas,<br />
com a concessão de bolsas<br />
a alunos de famílias selecionadas<br />
a partir do Cadastro Único de<br />
Programas Sociais – CadÚnico.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Construir novas diretrizes para o<br />
Ensino Médio, de modo coordenado<br />
com os estados, bem como o<br />
esforço continuado para expansão<br />
de vagas.<br />
▶ Implantar o programa Escola Jovem<br />
com modelos mais leves, flexíveis<br />
e diversificados de percursos<br />
escolares, nos quais os alunos poderão<br />
escolher as áreas em que vão<br />
estudar.<br />
▶ Eliminar progressivamente o ensino<br />
noturno para menores de 16<br />
anos.<br />
▶ Criar o programa Poupança Jovem,<br />
que garantirá aos jovens que<br />
terminarem o Ensino Médio uma<br />
poupança de até 3 mil reais.<br />
▶ Criar o Promédio, que garantirá<br />
bolsas a alunos de famílias carentes<br />
selecionadas no Cadastro Único de<br />
Programas Sociais – CadÚnico, nas<br />
escolas de Ensino Médio particulares<br />
filantrópicas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
CIDADANIA<br />
POR UM PROJETO ESTRUTURADO<br />
DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL<br />
72<br />
Além da reformulação do Ensino Médio, atenção<br />
especial será dada à educação profissional.<br />
O crescimento significativo da demanda por<br />
profissionais capacitados em todos os níveis<br />
é uma realidade do mercado de trabalho do<br />
país e do mundo. Vários estados brasileiros<br />
implantaram, ao longo dos anos, programas<br />
de educação profissional que buscaram atender<br />
a necessidades locais. E, com a criação do<br />
Pronatec, em 2011, houve uma ampliação da<br />
oferta de cursos técnicos e de cursos de qualificação<br />
profissional em todo o país por meio<br />
de Parcerias Público-Privadas (PPPs).<br />
No entanto, em que pese o grande volume de<br />
recursos investidos, esse programa tem apresentado<br />
resultados insuficientes e altíssimos<br />
níveis de evasão. Embora o Pronatec tenha<br />
ampliado a formação profissional, é urgente<br />
repensar seu modelo, para identificar as causas<br />
de sua baixa efetividade e possibilitar as<br />
necessárias correções de rumo. Um claro problema<br />
na concepção e execução do Pronatec<br />
é a subordinação da oferta de cursos aos interesses<br />
dos entes ofertantes, de forma desarticulada<br />
das vocações econômicas e demandas<br />
locais e sub-regionais.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Concepção e implantação de um<br />
modelo estratégico de oferta de<br />
cursos técnicos que considere a demanda<br />
específica de cada estado e<br />
suas microrregiões. Os cursos a serem<br />
oferecidos poderão ser concomitantes<br />
ou sequenciais ao Ensino<br />
Médio.<br />
▶ Alinhamento da oferta de cursos<br />
às características da economia de<br />
cada local e aos novos investimentos<br />
programados por empresas e<br />
governos. Identificar as demandas<br />
com maior taxa de empregabilidade<br />
e que, simultaneamente, estimulem<br />
o desenvolvimento dos arranjos<br />
produtivos locais.<br />
▶ Estabelecimento de critérios para<br />
a pactuação da oferta de vagas em<br />
todo o território nacional. É preci-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
73<br />
CIDADANIA<br />
so garantir a efetiva representatividade<br />
dos estados nos processos<br />
de planejamento e tomadas de decisão<br />
acerca da oferta de cursos e<br />
seu monitoramento e avaliação.<br />
▶ Aproveitamento das condições<br />
de oferta das redes estaduais. Essas<br />
redes deverão ser apoiadas em<br />
suas necessidades de infraestrutura<br />
laboratorial e tecnológica, para que<br />
a ampliação de vagas do Pronatec<br />
nas redes estaduais permita a articulação<br />
da oferta de educação profissional<br />
com as propostas curriculares<br />
do Ensino Médio.<br />
▶ Transparência e objetividade nos<br />
critérios de repasse de recursos aos<br />
estados, com base no cumprimento<br />
de metas previamente acordadas.<br />
Além do Pronatec, outros instrumentos<br />
existentes deverão ser<br />
potencializados e integrados, para<br />
que se evitem superposições e redundâncias,<br />
construindo um verdadeiro<br />
subsistema de educação profissional.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Conceber e implantar um modelo<br />
estratégico de oferta de cursos<br />
técnicos que considere a demanda<br />
específica de cada estado e suas<br />
microrregiões.<br />
▶ Oferecer cursos técnicos profissionalizantes<br />
articulados ou sequenciais<br />
ao Ensino Médio.<br />
▶ Ofertar cursos profissionalizantes<br />
alinhados às características da economia<br />
de cada local e aos novos investimentos<br />
programados por empresas<br />
e governos.<br />
▶ Estabelecer critérios para a pactuação<br />
da oferta de vagas para<br />
educação profissional em todo o<br />
território nacional.<br />
▶ Identificar as demandas com<br />
maior taxa de empregabilidade e<br />
que estimulem o desenvolvimento<br />
dos arranjos produtivos locais.<br />
▶ Construir um verdadeiro subsistema<br />
de educação profissional, po-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
74<br />
CIDADANIA<br />
tencializando e integrando outros<br />
instrumentos existentes, além do<br />
Pronatec, para evitar superposições<br />
e redundâncias.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
CIDADANIA<br />
INCLUSÃO E QUALIDADE NO ENSINO SUPERIOR<br />
75<br />
A expansão do Ensino Superior está ameaçada<br />
pelo desempenho insuficiente do nível médio.<br />
A matrícula dos jovens no Ensino Médio continua<br />
baixa e o número dos que o concluem na<br />
idade certa corresponde a menos de 50% da<br />
matrícula inicial. A reforma do Ensino Médio<br />
é um requisito fundamental para que se tenha<br />
uma forte expansão do Ensino Superior.<br />
Mas a reforma do nível médio não é suficiente.<br />
Somente o Ensino Superior de qualidade<br />
é capaz de oferecer os recursos humanos e os<br />
conhecimentos necessários ao enfrentamento<br />
dos desafios do nosso tempo. Dele depende a<br />
inovação que aumenta a competitividade das<br />
economias modernas e, assim, garante uma<br />
inserção positiva no cenário da globalização.<br />
Mas o Ensino Superior no Brasil tem experimentado<br />
ondas de crescimento sem que se<br />
tenha dado à sociedade garantias da qualidade<br />
dos cursos oferecidos e que todos os jovens<br />
aptos tenham efetivamente a oportunidade de<br />
ingressar nesse nível de ensino e de concluir<br />
os estudos com sucesso.<br />
A forte expansão observada no Ensino Superior<br />
privado, apoiada nos instrumentos do<br />
Prouni e Fies, ocorreu tendo por base uma estrutura<br />
de financiamento improvisada, cujos<br />
recursos envolvidos ainda não são inteiramente<br />
registrados no Orçamento Federal. Os instrumentos<br />
utilizados ampliam a insegurança<br />
jurídica de escolas, profissionais de ensino e<br />
alunos. A evasão é elevada, atingindo quase<br />
40%, e o nível de inadimplência, muito alto.<br />
Assim, os desafios do Ensino Superior se<br />
agrupam em torno de dois temas principais: a<br />
democratização do acesso aos jovens de 18 a<br />
24 anos e a constituição de uma rede de instituições<br />
de excelência mundial no ensino e na<br />
pesquisa.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Garantia de recursos para todos<br />
que querem acesso ao Ensino Superior.<br />
Ninguém deixará de cursar o<br />
Ensino Superior por falta de recursos.·<br />
Maior coordenação no investimento<br />
de recursos públicos em todas<br />
as esferas (municipal, estadual<br />
e federal).<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
76<br />
CIDADANIA<br />
▶ Articulação, de modo eficiente,<br />
da parceria com a iniciativa privada<br />
no esforço de ampliação das vagas<br />
e da qualificação.<br />
▶ Aprimoramento do Prouni e Fies<br />
de modo a operar como mecanismos<br />
de estímulo à qualificação e<br />
aumento da segurança jurídica de<br />
escolas e alunos.<br />
▶ Apoio à consolidação dos institutos<br />
federais tecnológicos: alternativa<br />
estratégica na formação de profissionais<br />
diretamente envolvidos<br />
com o aprimoramento do desempenho<br />
de nosso sistema produtivo.<br />
▶ Avaliação das condições de funcionamento<br />
das universidades e<br />
instituições de Ensino Superior para<br />
superar precariedades de expansões<br />
feitas e para garantir a sustentabilidade<br />
com qualidade.<br />
▶ Garantia de autonomia plena das<br />
universidades. Definir claramente<br />
os perfis de atuação das demais<br />
instituições de Ensino Superior e<br />
tecnológico federais.<br />
▶ Revisão do sistema de regulação<br />
e supervisão e assegurar maior segurança<br />
jurídica.<br />
▶ Revisão e aperfeiçoamento do<br />
sistema de avaliação de modo a<br />
contemplar a diversidade do sistema<br />
federal de Ensino Superior.<br />
▶ Diversificação do Ensino Superior.<br />
Definição de bons padrões de qualidade<br />
para instituições dedicadas à<br />
educação geral e preparação profissional,<br />
inclusive com o estímulo à<br />
ampliação da oferta de cursos tecnológicos<br />
nas áreas e regiões onde<br />
o efeito para a empregabilidade<br />
dos jovens for sensível.<br />
▶ Valorização e aperfeiçoamento<br />
do Programa Institucional de Bolsa<br />
de Iniciação à Docência (Pibid), de<br />
forma a articular as ações das instituições<br />
de ensino superior e das<br />
redes públicas de educação básica.<br />
Programas qualificados de estágios,<br />
com mecanismos de incentivo<br />
que garantam o envolvimento dos<br />
professores da rede pública no processo,<br />
são importantes elos nessa<br />
articulação.<br />
▶ Consolidação e ampliação da cooperação<br />
internacional entre universidades<br />
do país e do exterior. Viabilizar<br />
o aumento de intercâmbios de<br />
professores e alunos e integrar as<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
77<br />
CIDADANIA<br />
instituições de ensino superior brasileiras<br />
em redes de inovação.<br />
▶ Fortalecimento da Capes e seu importante<br />
papel no apoio à pós-graduação<br />
e à qualificação de nosso sistema<br />
de ensino como um todo.<br />
▶ Fomento ao desenvolvimento de<br />
pesquisas nas instituições universitárias<br />
públicas e privadas de excelência,<br />
de modo a garantir a competitividade<br />
do país em ciência,<br />
tecnologia e inovação.<br />
▶ Promover a coordenação entre as<br />
políticas de desenvolvimento científico,<br />
tecnológico e inovação e as<br />
políticas para o Ensino Superior. Fazer<br />
com que os avanços na área de<br />
ciência, tecnologia e inovação revertam<br />
em benefício da sociedade.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Avaliar as condições de funcionamento<br />
das universidades e instituições<br />
de ensino superior para superar<br />
precariedades de expansões<br />
feitas e para garantir a sustentabilidade<br />
com qualidade.<br />
▶ Definir claramente os perfis de<br />
atuação das instituições de ensino<br />
superior e tecnológicas federais.<br />
▶ Valorizar e aperfeiçoar o Pibid –<br />
Programa Institucional de Bolsa de<br />
Iniciação à Docência, de forma a articular<br />
as ações das instituições de<br />
ensino superior e das redes públicas<br />
de Educação Básica, por meio<br />
de programas qualificados de estágios<br />
e mecanismos de incentivo<br />
para os professores.<br />
▶ Fortalecer a Capes e seu importante<br />
papel no apoio à pós-graduação<br />
e à qualificação de nosso sistema<br />
de ensino como um todo.<br />
▶ Fomentar o desenvolvimento de<br />
pesquisas nas instituições universitárias<br />
públicas e privadas de excelência,<br />
de modo a garantir a competitividade<br />
do País em ciência,<br />
tecnologia e inovação.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
78<br />
CIDADANIA<br />
▶ Assegurar a coordenação entre<br />
as políticas de desenvolvimento<br />
científico, tecnológico e inovação e<br />
as políticas para o Ensino Superior.<br />
▶ Viabilizar o aumento de intercâmbios<br />
de professores e alunos<br />
e integrar as instituições de ensino<br />
superior brasileiras em redes de<br />
inovação.<br />
▶ Adotar programas extensivos de<br />
pré-qualificação e treinamento em<br />
línguas estrangeiras.<br />
▶ Criar programa de incentivo à<br />
conclusão do Ensino Superior.<br />
▶ Criar programa nacional de moradia<br />
estudantil para alunos que se<br />
deslocam de suas cidades para cursarem<br />
o Ensino Superior.<br />
▶ Reorganizar programa de alimentação<br />
para os estudantes de baixa<br />
renda das universidades públicas e<br />
privadas no Brasil.<br />
▶ Criar programa bolsa treinamento<br />
que articule o ensino, a extensão e<br />
o apoio social aos estudantes.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
79<br />
CIDADANIA<br />
ESPORTE<br />
EM MOVIMENTO<br />
Os brasileiros devem ser estimulados, cada dia<br />
mais, à prática de esportes na perspectiva da<br />
saúde, inclusão social e convivência comunitária.<br />
O esporte, além de um importante movimento<br />
pessoal, deve incentivar possibilidades de<br />
organização e convivência comunitária.<br />
Além de estimular a solidariedade, autoestima,<br />
tolerância, sentido do coletivo, cooperação,<br />
disciplina, capacidade de liderança, respeito<br />
a regras, noções de trabalho em equipe, pode<br />
auxiliar efetivamente na prevenção de doenças<br />
crônicas e um estilo de vida mais saudável.<br />
Os espaços para práticas esportivas no Brasil<br />
ainda são precários e inibem o desenvolvimento<br />
de práticas esportivas, da mesma forma que<br />
as escolas brasileiras ainda não possuem estruturas<br />
para a prática esportiva.<br />
É muito importante que a promoção e o desenvolvimento<br />
do esporte sejam uma poderosa<br />
ferramenta para o desenvolvimento humano,<br />
econômico e social.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Cumprimento, na execução dos<br />
programas e projetos esportivos,<br />
das diretrizes emanadas pelas Conferências<br />
Nacionais do Esporte.<br />
▶ Fomento à integração do atual<br />
modelo de formação dos atletas<br />
brasileiros com as escolas e as universidades.<br />
▶ Aprimoramento e maior acesso<br />
aos mecanismos de incentivo a atletas,<br />
técnicos e projetos esportivos.<br />
▶ Estabelecimento de diálogo permanente<br />
e cooperação efetiva com<br />
as organizações esportivas para<br />
desenvolver ao máximo a indústria<br />
do esporte, de forma transparente<br />
e democrática, contribuindo para o<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
80<br />
CIDADANIA<br />
crescimento do país e gerando emprego<br />
e renda.<br />
▶ Reconhecimento da importância<br />
dos clubes na matriz esportiva nacional.<br />
▶ Incentivo ao esporte escolar, valorizando<br />
as aulas de educação física,<br />
bem como o esporte e a atividade<br />
física no contraturno escolar.<br />
▶ Contribuição, junto a estados e<br />
municípios, para uma gestão eficiente<br />
dos equipamentos esportivos<br />
públicos, viabilizando sua plena<br />
utilização e manutenção.<br />
▶ Integração da política de esporte<br />
com as demais políticas públicas,<br />
especialmente de educação e de<br />
saúde.<br />
▶ Fiscalização efetiva do cumprimento<br />
da legislação, em especial<br />
que garanta a efetiva democratização<br />
das entidades esportivas.<br />
▶ Renovação da Lei de Incentivo ao<br />
Esporte.<br />
▶ Apoio aos estados e municípios<br />
na implantação de infraestrutura<br />
esportiva nas escolas.<br />
▶ Garantia de que os Jogos Olímpicos<br />
de 2016 sejam os mais bem<br />
realizados de todos os tempos.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Adotar as medidas propostas<br />
pela Carta Aberta aos Candidatos à<br />
Presidência, da organização Atletas<br />
pelo Brasil.<br />
▶ Criar comitê interministerial para<br />
articulação de programas e projetos<br />
voltados ao esporte, que envolva,<br />
no mínimo, os Ministérios do<br />
Esporte, Planejamento, Educação,<br />
Saúde e Cidades e com participação<br />
da sociedade civil.<br />
▶ Implementar atividades esportivas<br />
de qualidade em todas as escolas<br />
brasileiras, valorizando a importância<br />
da disciplina e promovendo<br />
um esporte inclusivo, que incentive<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
81<br />
CIDADANIA<br />
a diversidade, o trabalho em equipe<br />
e a criação de valores.<br />
▶ Implantar o Sistema Nacional de<br />
Esporte, definindo competências,<br />
responsabilidades dos entes federativos,<br />
financiamento do esporte,<br />
democratização das entidades que<br />
administram o esporte, entre outros.<br />
▶ Desburocratizar e dar celeridade<br />
na utilização da Lei de Incentivo ao<br />
Esporte.<br />
▶ Renovar a Lei de Incentivo ao Esporte.<br />
▶ Coletar periodicamente e disponibilizar<br />
publicamente dados sobre<br />
atividades físicas e esportivas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
82<br />
CIDADANIA<br />
HABITAÇÃO<br />
UM ESPAÇO DE PROTEÇÃO,<br />
CONVIVÊNCIA E QUALIDADE DE VIDA<br />
A moradia e o espaço que a rodeia devem representar<br />
para as famílias, crianças, adolescentes,<br />
jovens e adultos, antes de tudo, um<br />
ambiente de convivência, de solidariedade,<br />
de cultivo da cidadania e de segurança. Morar<br />
não pode e não deve ser vivenciado com símbolos<br />
negativos como a indiferença nas relações<br />
interpessoais e o medo, por exemplo.<br />
Morar deve ser o encontro das crianças, adolescentes,<br />
jovens, adultos e idosos, o encontro da<br />
família com a proteção e com as condições adequadas<br />
de convivência familiar e comunitária.<br />
A moradia precisa também oferecer condições<br />
adequadas para a saúde e o conforto dos moradores<br />
e seus custos não podem onerar as famílias<br />
a ponto de levá-los à inadimplência ou<br />
tornar-se um bem inacessível.<br />
Desse modo, o déficit habitacional não se restringe<br />
à ausência de moradias.<br />
É preciso considerar também como parte do<br />
déficit os domicílios precários; a coabitação<br />
familiar; o ônus excessivo com aluguel urbano;<br />
e o adensamento excessivo de domicílios<br />
alugados.<br />
O Brasil tem, ainda, uma enorme dívida habitacional<br />
que precisa ser identificada, reconhecida<br />
e planejada para ser reparada com a<br />
população. O déficit está estimado em 5,792<br />
milhões de domicílios, o que representa 9,1%<br />
dos domicílios particulares permanentes e improvisados<br />
existentes no país.<br />
Destes, 1,764 milhão refere-se às regiões metropolitanas<br />
e 4,027 milhões às demais áreas,<br />
conforme dados do Centro de Estatística da<br />
Fundação João Pinheiro.<br />
É importante observar que, dos mais de 5 milhões<br />
de déficit, 2,660 milhões (45,59%) são<br />
explicados pela coabitação familiar e 1,865<br />
milhão (32,19%) pelo ônus excessivo com<br />
aluguel, fator de grande importância para as<br />
famílias e motivador de invasões nos grandes<br />
centros urbanos.<br />
Muito se fala no programa Minha Casa, Minha<br />
Vida, mas o mais importante é reconhecer<br />
que ele precisa ser ajustado e complementado,<br />
com instrumentos efetivamente direcionados<br />
para a população mais pobre e, sobretudo,<br />
sem renda.<br />
Melhorar o Minha Casa, Minha Vida é um<br />
movimento responsável em direção a uma ci-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
83<br />
CIDADANIA<br />
dadania de qualidade e ao reconhecimento de<br />
que a moradia é uma urgência social para os<br />
brasileiros.<br />
Os programas habitacionais devem ser acompanhados<br />
de urbanização, mobilidade urbana<br />
e serviços públicos de qualidade, desenhados<br />
com base nos novos paradigmas da sustentabilidade.<br />
Do contrário, a moradia não estará<br />
cumprindo sua função igualmente importante<br />
de proteção à família.<br />
O resgate do passivo da urbanização irregular,<br />
com a promoção da regularização urbanística<br />
e fundiária, deve contar com apoio dos estados<br />
e municípios e movimentos de habitação<br />
popular.<br />
Temos que garantir que 100% dos conjuntos<br />
habitacionais construídos no Brasil nos últimos<br />
60 anos sejam reformados, reorganizados<br />
e tenham acesso a serviços públicos de qualidade.<br />
É importante, ainda, garantir agilidade para<br />
a produção de moradias com a participação<br />
responsável da iniciativa privada e apoio dos<br />
agentes promotores e financeiros, inclusive de<br />
entidades sociais organizadas.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Garantia de recursos, a título de<br />
subsídio, para a produção de moradias,<br />
provisão de infraestrutura,<br />
urbanização de favelas e apoio à<br />
aquisição de terras.<br />
▶ Garantia de assistência técnica<br />
vinculada à regularização fundiária<br />
e demais ações de desenvolvimento<br />
institucional e urbano.<br />
▶ Viabilização de desapropriações de<br />
terras adequadas à habitação social.<br />
▶ Estabelecimento de programas e<br />
ações adaptados às diferentes zonas<br />
bioclimáticas do país, respeitadas<br />
as necessidades e os perfis socioeconômicos<br />
regionais.<br />
▶ Promoção de projetos de urbanismo<br />
integradores das funções<br />
urbanas, com definição clara dos<br />
espaços condominiais, públicos, de<br />
comércio e serviços, áreas livres,<br />
áreas verdes para recreação e de<br />
preservação ambiental.<br />
▶ Garantia, nos projetos urbanísticos<br />
de moradia social, de qualidade<br />
socioambiental compatível com os<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
84<br />
CIDADANIA<br />
desafios dos problemas urbanos e<br />
em harmonia com as melhores tecnologias<br />
existentes.<br />
▶ Atendimento aos segmentos vulneráveis<br />
da população com soluções<br />
habitacionais adaptadas às<br />
diferentes situações socioeconômicas:<br />
população em situação de rua,<br />
indígenas, quilombolas, comunidades<br />
rurais.<br />
▶ Apoio a programas de melhorias<br />
habitacionais para famílias com<br />
renda familiar de até dois salários<br />
mínimos.<br />
▶ Apoio a programas de segurança<br />
e acessibilidade na moradia de idosos<br />
e pessoas com deficiência.<br />
▶ Atendimento prioritário às famílias<br />
de menor renda, com subsídios<br />
compatíveis à sua capacidade de<br />
pagamento, adotando para a política<br />
de concessão de subsídios o<br />
critério diferencial da renda familiar<br />
e o conceito de capacidade de pagamento<br />
das famílias.<br />
▶ Fortalecimento, no âmbito do<br />
Conselho Nacional das Cidades, do<br />
protagonismo da política de moradia<br />
social.<br />
▶ Revisão do quadro normativo e<br />
de procedimentos – incluindo cartórios,<br />
corregedorias, órgãos de licenciamento<br />
ambiental e outros –<br />
criando novos marcos regulatórios<br />
para recuperação urbana associada<br />
à regularização.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Reestruturar e aprimorar programa<br />
nacional de regularização fundiária,<br />
com metas a serem definidas<br />
pelas unidades federativas, com<br />
base no diagnóstico dos planos estaduais<br />
de habitação.<br />
▶ Garantir, além das cotas, o desenvolvimento<br />
de programas específicos<br />
para a população de idosos e<br />
pessoas com deficiência, de forma<br />
integrada com a gestão das políticas<br />
sociais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
85<br />
CIDADANIA<br />
▶ Priorizar investimento nas áreas<br />
de risco, com foco na urbanização<br />
das maiores favelas e assentamentos<br />
precários das metrópoles brasileiras<br />
e cidades de grande e médio<br />
porte.<br />
▶ Promover a articulação da política<br />
habitacional com a política de desenvolvimento<br />
urbano sustentável,<br />
por meio do estímulo à integração<br />
de investimentos em saneamento,<br />
mobilidade e gestão urbana e ambiental.<br />
▶ Lançar e financiar o Plano Nacional<br />
de Ciclovias, priorizando sua implantação<br />
em conjuntos habitacionais<br />
com mais de 500 unidades.<br />
▶ Criar cursos de especialização em<br />
moradia social nos 26 estados e DF<br />
para arquitetos e engenheiros.<br />
▶ Financiar os municípios na organização<br />
de programas populares<br />
de habitação nas áreas centrais da<br />
cidade.<br />
▶ Fomentar e integrar redes de<br />
apoio social na nova moradia e no<br />
novo bairro.<br />
▶ Criar linhas de crédito para melhoria<br />
e adaptação das habitações de<br />
idosos e pessoas com deficiência.<br />
▶ Estimular o desenvolvimento de<br />
uma arquitetura e técnicas construtivas<br />
sintonizadas com as diversas<br />
realidades bioclimáticas do país.<br />
▶ Incluir, nas moradias dos conjuntos<br />
habitacionais financiados pelo<br />
governo, a utilização de aquecimento<br />
solar, energia fotovoltaica e<br />
aproveitamento de água de chuva.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
86<br />
CIDADANIA<br />
PARCERIAS<br />
A vida diária do brasileiro é carregada de obstáculos<br />
e a construção das soluções não passa<br />
apenas pela decisão governamental. A população<br />
conhece melhor do que qualquer técnico<br />
suas prioridades sociais, culturais, educacionais,<br />
econômicas e comunitárias e não haverá<br />
desenvolvimento se não houver uma aliança<br />
entre o trabalho técnico e a vivência de cada<br />
brasileiro. O governo não pode e não deve<br />
querer enfrentar todos os seus desafios de forma<br />
solitária.<br />
O Brasil tem uma rede do terceiro setor engajada,<br />
qualificada e preparada para debater<br />
novas ações e tecnologias para o conjunto das<br />
políticas sociais, educacionais e culturais. A<br />
experiência acumulada por organizações da<br />
sociedade civil, movimentos sociais, coletivos<br />
públicos deve ser incorporada ao debate governamental.<br />
Dados da Pesquisa Fasfil 2010<br />
mostram que havia naquele ano mais de 290<br />
mil fundações privadas e associações sem fins<br />
lucrativos no Brasil, isso quando consideramos<br />
apenas as organizações formalizadas.<br />
Nos últimos anos, repetidas denúncias de<br />
corrupção envolvendo o repasse de recursos<br />
para entidades do terceiro setor foram enfrentadas<br />
pelo governo com um posicionamento<br />
altamente restritivo às parcerias, chegando a<br />
suspender repasses, gerando obstáculos para<br />
a continuidade de projetos e para sustentabilidade<br />
das organizações da sociedade civil.<br />
É nesse ponto que acreditamos em uma forma<br />
diferente de enfrentamento dos problemas.<br />
Não se pode combater o desvio de uma minoria<br />
com a imposição de restrições ao trabalho<br />
sério de um grande contingente de organizações<br />
comprometidas com o desenvolvimento<br />
social do país. O melhor remédio para esses<br />
casos é a transparência, que deve imperar em<br />
todas as fases da relação do governo com a sociedade,<br />
desde a seleção das entidades parceiras<br />
até a aplicação dos recursos e a prestação<br />
de contas dos resultados.<br />
Como em diversas áreas, é preciso reduzir a<br />
burocracia desnecessária, simplificar a miríade<br />
de títulos e certificações, ampliar o controle<br />
efetivo e a transparência sobre as parcerias. É<br />
importante incentivar a profissionalização, investindo<br />
fortemente em capacitação, e construir<br />
condições para ampliação da formalização<br />
das relações de trabalho no setor.<br />
É fundamental reconhecer a maturidade do<br />
terceiro setor e sua capacidade de contribuir<br />
com o desenvolvimento do Pais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
PARTICIPAÇÃO CIDADÃ<br />
87<br />
CIDADANIA<br />
CONVERSANDO É QUE A GENTE SE ENTENDE<br />
A construção do Brasil deve ser diária e precisa<br />
ser plural e coletiva. A construção do país<br />
não é e não pode ser isolada da realidade, que<br />
é múltipla e carregada de contradições.<br />
A participação de cada brasileiro pode se dar<br />
de muitas maneiras e estratégias, mas o mais<br />
importante é termos a certeza de que o país<br />
não é o resultado de posições singulares, ele<br />
não tem donos, e os monopólios de participação<br />
construídos nos últimos 12 anos, marcados<br />
pela cooptação e aparelhamento de instâncias<br />
formais de participação, devem ser revistos.<br />
Garantir a participação dos brasileiros é estar<br />
aberto às contradições, divergências e pluralidade.<br />
É garantir que todas as vozes dos brasileiros<br />
sejam escutadas e respeitadas, pois o<br />
sentido da participação é dar voz a todos e não<br />
apenas às pessoas que concordam com suas<br />
ideias.<br />
Para tanto, é necessário promover a revisão do<br />
decreto sobre participação social que foi imposto<br />
ao Brasil sem diálogo prévio com o Congresso<br />
Nacional e conselhos de direitos.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Realização de diálogos nacionais<br />
a partir de agenda de prioridades<br />
sociais, econômicas e comunitárias.<br />
▶ Ampliação de canais permanentes<br />
para o diálogo com o cidadão<br />
que queira interagir com o poder<br />
público.<br />
▶ Fortalecimento das conferências<br />
nacionais de políticas públicas.<br />
▶ Garantia de apoio técnico ao funcionamento<br />
dos conselhos nacionais,<br />
de modo a aprimorar a qualidade<br />
de sua atuação.<br />
▶ Instituição do fórum de articulação<br />
dos conselhos nacionais de políticas<br />
públicas para facilitar e construir<br />
sinergias.<br />
▶ Respeito ao calendário das conferências<br />
nacionais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
88<br />
CIDADANIA<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Realizar formação continuada de<br />
servidores públicos especialistas,<br />
em diálogo com a sociedade.<br />
▶ Instituir o Comitê de Ideias Criativas<br />
para receber sugestões da sociedade<br />
para serem apresentadas<br />
aos Conselhos Nacionais de Direitos<br />
de Políticas Públicas e a Comissão<br />
de Participação do Congresso<br />
Nacional.<br />
▶ Organizar e estruturar agendas<br />
descentralizadas em todo o território<br />
nacional para as autoridades<br />
federais conversarem e dialogarem<br />
com os diversos setores da sociedade.<br />
▶ Estruturar em cada ministério um<br />
núcleo de articulação e diálogos<br />
com a sociedade.<br />
▶ Construir marcos legais ativos e<br />
atualizados para o voluntariado,<br />
ações solidárias e participação popular<br />
em mobilizações de urgência<br />
nacional.<br />
▶ Utilizar a participação social no<br />
processo de diagnóstico da realidade<br />
envolvendo comunidades locais<br />
na discussão sobre privações sociais.<br />
▶ Criar agenda de prioridades sociais,<br />
econômicas e comunitárias<br />
com os conselhos de direitos.<br />
▶ Realizar e construir o mapa anual<br />
da participação social brasileira.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
89<br />
CIDADANIA<br />
TERCEIRO SETOR<br />
ESTADO E SOCIEDADE CONSTRUINDO EM CONJUNTO<br />
Historicamente, a implementação de políticas<br />
sociais, em vários países, seguiu uma lógica de<br />
parcerias entre o governo e a sociedade civil<br />
organizada. Basicamente, parte-se da constatação<br />
visível de que o governo, sozinho, não é<br />
capaz de cumprir com todos anseios da sociedade,<br />
se atuar de forma isolada e direta. Nesse<br />
ponto, surge uma lacuna e também uma oportunidade<br />
para criar formatos institucionais que<br />
possibilitem a execução de políticas sociais em<br />
parceria com a sociedade civil organizada.<br />
No Brasil, um importante movimento foi iniciado<br />
em 1995, com a publicação, pelo Governo<br />
Federal, do Plano Diretor de Reforma<br />
do Aparelho do Estado. A partir desse plano<br />
foram implantados os formatos institucionais<br />
de organizações sociais e Organizações da Sociedade<br />
Civil de Interesse Público como propulsoras<br />
de parcerias entre governo e sociedade<br />
civil organizada.<br />
Os desafios que o Brasil precisa vencer e superar<br />
são diários e de grandes proporções. A<br />
concepção de que o governo pode, sozinho,<br />
resolver todos os nossos problemas não faz<br />
mais sentido, precisamos cada vez mais compreender<br />
que a parceria e a solidariedade são<br />
aliadas estratégicas do desenvolvimento. É<br />
preciso ousar nesse ponto, considerando o<br />
terceiro setor como um aliado decisivo para a<br />
promoção das políticas sociais.<br />
As Organizações Não Governamentais (que<br />
possuam ou não títulos ou certificações específicas)<br />
e os movimentos sociais, ao longo<br />
da trajetória das políticas sociais no Brasil,<br />
cumpriram um papel fundamental para o<br />
modelo atual de desenvolvimento. É preciso<br />
compreender que, em vários setores, essas<br />
organizações e movimentos sociais possuem<br />
extrema legitimidade e expertise, tornando a<br />
utilização de parcerias um elemento fundamental<br />
para a melhoria do bem-estar social. É<br />
preciso que a sociedade seja atendida de uma<br />
forma cada vez melhor, em todos os sentidos,<br />
quantitativos e qualitativos, e, para tanto, o governo<br />
precisa da parceria com as organizações<br />
do terceiro setor.<br />
É preciso ousar, fortalecer o terceiro setor,<br />
para que o Brasil avance ainda mais nas políticas<br />
sociais. O marco regulatório das organizações<br />
da sociedade civil deve se constituir<br />
num elemento pacificador dos entendimentos<br />
e conceitos das parcerias entre o poder público<br />
e o terceiro setor.<br />
O mapeamento das entidades do terceiro setor<br />
garantirá transparência e divulgação das infor-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
90<br />
CIDADANIA<br />
mações sobre os projetos e programas já executados,<br />
fomentando a celebração de parcerias e<br />
o incremento das atividades executadas.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Consolidação, de forma objetiva<br />
e democrática, dos entendimentos<br />
relativos ao marco regulatório das<br />
organizações da sociedade civil.<br />
▶ Definição de uma área técnica<br />
responsável por desenvolver melhorias<br />
e coordenar os modelos de<br />
parceria entre o poder público e as<br />
organizações do terceiro setor, incluindo<br />
a formulação de estratégias<br />
para capacitação e qualificação do<br />
setor.<br />
▶ Introdução de um modelo de certificação<br />
de qualidade e resultado<br />
para as organizações do terceiro<br />
setor, como forma de apoiar e reconhecer<br />
o seu importante trabalho.<br />
▶ Garantia de que a contratação ou<br />
destinação de recursos ao terceiro<br />
setor vai requerer a sua gestão profissional,<br />
com transparência pública<br />
dos objetivos e resultados obtidos.<br />
▶ Estabelecimento de meios de<br />
controle e fiscalização periódica da<br />
aplicação de recursos públicos geridos<br />
pelas organizações sem fins<br />
lucrativos, com foco principal nos<br />
resultados sociais obtidos.<br />
▶ Divulgação de ações com resultados<br />
consistentes, para que possam<br />
ser desenvolvidas por outras organizações<br />
em diferentes estados e<br />
municípios.<br />
▶ Garantia de formação continuada<br />
em gestão e metodologias sociais<br />
para trabalhadores de organizações<br />
do terceiro setor.<br />
▶ Reconhecimento de que as organizações<br />
do terceiro setor serão<br />
tratadas como parceiras contínuas<br />
para o desenvolvimento do Brasil.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
91<br />
CIDADANIA<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Realizar o censo nacional do terceiro<br />
setor, que permitirá fazer um<br />
diagnóstico seguro, com informações<br />
úteis para direcionar a aplicação<br />
de recursos nas áreas sociais,<br />
educacionais, de saúde, culturais e<br />
ambientais em condições que atendam<br />
aos princípios constitucionais<br />
da economicidade e razoabilidade.<br />
▶ Estimular as universidades brasileiras<br />
a criar cursos de Tecnólogos<br />
em Gestão de Organizações do<br />
Terceiro Setor.<br />
▶ Criar banco nacional de currículos<br />
de trabalhadores do terceiro setor.<br />
▶ Criar um portal do terceiro setor,<br />
centralizando e dando transparência<br />
a todas as informações relativas<br />
a esta temática.<br />
▶ Aperfeiçoar o Certificação de Entidade<br />
Beneficente de Assistência<br />
Social (Cebas), nas áreas da assistência<br />
social, educação e saúde,<br />
bem como ampliar para as áreas de<br />
esporte, cultura e trabalho.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
CIDADANIA<br />
PROTEÇÃO COM DESENVOLVIMENTO SOCIAL<br />
92<br />
O Governo Federal iniciou a organização e a<br />
consolidação de sua rede de proteção social<br />
em 1996. De forma consistente o Brasil vem<br />
assumindo compromissos com os mais pobres.<br />
Mas a proteção deve ter a direção do desenvolvimento<br />
e da inclusão.<br />
Devem ser asseguradas ações, programas e<br />
benefícios que garantam para cada família as<br />
seguranças sociais necessárias para que possam<br />
promover a travessia para uma qualidade<br />
de vida melhor.<br />
O que buscamos consolidar não é apenas<br />
a gestão diária da pobreza, mas a sua real e<br />
transparente superação.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
CIDADANIA<br />
COMBATE À POBREZA E À DESIGUALDADE SOCIAL<br />
93<br />
O REAL FIM DA POBREZA<br />
Desde os anos 2000, as políticas de combate à<br />
pobreza no Brasil alcançaram, pela via do aumento<br />
da renda do trabalho e das transferências<br />
monetárias, uma redução significativa do<br />
número de pobres brasileiros.<br />
As políticas de transferência de renda têm<br />
sido o principal instrumento do modelo brasileiro<br />
de combate à pobreza nos últimos anos.<br />
A partir de programas implementados no governo<br />
do PSDB, o programa Bolsa Família<br />
trouxe avanços importantes, mas terminou limitando<br />
a ação do governo a um sistema de<br />
proteção social mínimo que priorizou apenas<br />
as transferências de renda aos grupos em situação<br />
de pobreza, deixando de lado o investimento<br />
na criação de oportunidades e na<br />
melhoria da qualidade dos serviços públicos a<br />
que essa população tem direito.<br />
Assim, embora o Bolsa Família cumpra um<br />
papel fundamental, é importante reconhecer<br />
que ele nao se constitui em uma política de<br />
efetiva emancipação da população mais pobre.<br />
A conjuntura atual de inflação crescente e<br />
crescimento econômico pífio tendem a agravar<br />
e neutralizar os ganhos anteriormente<br />
apresentados pelo programa.<br />
Desde o início dos anos 90 até 2010 vinha<br />
ocorrendo uma expressiva queda nos índices<br />
de pobreza e extrema pobreza. Nesta<br />
nova década os indicadores de redução<br />
estagnaram-se.<br />
Nos últimos anos não houve investimento social<br />
na expansão e na manutenção com qualidade<br />
dos serviços básicos fundamentais à<br />
habilitação de uma nova cidadania. Sem esses<br />
investimentos, não se tecem as mediações necessárias<br />
para o enfrentamento das desigualdades,<br />
a busca da equidade e da qualidade de<br />
vida para todos.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
94<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Transformação do Bolsa Família<br />
em política de Estado, incorporando-o<br />
à Lei Orgânica da Assistência<br />
Social – Loas e ratificando-o, dessa<br />
forma, como direito permanente<br />
das populações mais vulneráveis<br />
social e economicamente.<br />
▶ Garantia do que foi pactuado<br />
pelo Brasil nos Objetivos do Desenvolvimento<br />
do Milênio (ODM), no<br />
ano 2000, e ainda não cumprido no<br />
país: nenhum brasileiro pode viver<br />
com menos de 1,25 dólar por dia.<br />
▶ Avaliação responsável e com ampla<br />
participação social dos estudos do<br />
Tribunal de Contas da União (TCU),<br />
que afirmam que os dados do atual<br />
governo sobre os resultados do enfrentamento<br />
da extrema pobreza no<br />
Brasil são precários e não respeitam<br />
acordos internacionais.<br />
▶ Adoção do Índice de Pobreza<br />
Multidimensional (IPM), do Programa<br />
das Nações Unidas para o Desenvolvimento<br />
(Pnud), que mede a<br />
pobreza a partir das privações de<br />
saúde, educação, moradia e qualidade<br />
de vida.<br />
▶ Implantação de um movimento de<br />
busca ativa permanente, que identifique<br />
as pessoas extremamente<br />
pobres no Brasil, para que possam<br />
ser incluídas nos programas e projetos<br />
sociais. Essa busca deverá ser<br />
feita por meio de projetos como o<br />
Porta a Porta Nacional.<br />
▶ Adoção de incentivos para as famílias<br />
pobres que tiverem filhos<br />
concluindo o Ensino Fundamental<br />
e Médio, bem como a alfabetização,<br />
a formação e a qualificação de<br />
adultos.<br />
▶ Investimento massivo no acesso e<br />
na qualidade dos serviços de saúde,<br />
saneamento básico, educação e<br />
compromisso com a maior equidade<br />
da oferta dos mesmos.<br />
▶ Descentralização com maior protagonismo<br />
das regiões e municípios<br />
nos programas de erradicação<br />
da pobreza.<br />
▶ Participação e voz dos coletivos<br />
(comunidades) locais, incentivando<br />
as organizações da sociedade civil<br />
para seu engajamento nos projetos<br />
de erradicação da pobreza e melhoria<br />
da qualidade de vida.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
95<br />
CIDADANIA<br />
▶ Diversidade nas estratégias programáticas<br />
de erradicação da pobreza.<br />
▶ Inovação nos processos de proteção<br />
social para que funcionem<br />
como motor estratégico no enfrentamento<br />
à pobreza.<br />
▶ Criação de novas combinações<br />
programáticas na atenção às famílias,<br />
assim como inovação em rotas<br />
de aprendizagem que permitam às<br />
famílias construir efetivas oportunidades<br />
de vida com maior autonomia.<br />
▶ Manutenção, expansão e constante<br />
aprimoramento do Cadastro<br />
Único, que deve se constituir em<br />
plataforma de dados indispensável<br />
aos propósitos de erradicação da<br />
pobreza.<br />
▶ Priorização do conjunto de privações<br />
sociais identificadas no Cadastro<br />
Único do Bolsa Família em<br />
uma agenda social da família, que<br />
será criada com essa finalidade.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Implantar uma política consistente<br />
de combate à pobreza, que<br />
vai ampliar os benefícios do Bolsa<br />
Família, importante programa de<br />
transferência direta de renda, e dar<br />
apoio às famílias para que superem<br />
um conjunto de privações e de necessidades<br />
que ainda persistem.<br />
Nosso entendimento é o de que a<br />
pobreza não representa apenas a<br />
ausência de renda, mas inclui outras<br />
dimensões, cujo enfrentamento<br />
exige ação firme do Governo Federal<br />
como forma de garantir maior<br />
proteção às famílias.<br />
▶ Classificar todas as famílias do<br />
Cadastro Único do Governo Federal<br />
em níveis de risco. As famílias<br />
enfrentam problemas diferentes e<br />
devem, dessa forma, receber apoios<br />
diferenciados a partir da Agenda da<br />
Família.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
96<br />
CIDADANIA<br />
Os 5 níveis do risco social familiar<br />
• Risco 1: Família com alguma renda,<br />
mas sem benefícios como o Bolsa<br />
Família ou programa estadual similar.<br />
• Risco 2: Família com jovens com<br />
escolaridade, mas desempregados.<br />
• Risco 3: Moradores com mais de<br />
16 anos que não terminaram o<br />
Ensino Fundamental; jovens que<br />
abandonaram o ensino médio;<br />
adultos desempregados; situação<br />
de habitação precária; mulher<br />
chefe de família com escolaridade,<br />
mas desempregada.<br />
• Risco 4: Criança em idade escolar<br />
em situação de evasão escolar;<br />
idosos e pessoas com deficiência<br />
sem cuidados e sem acesso ao Benefício<br />
de Prestação Continuada<br />
(BPC); adolescente gestante (12 a<br />
17 anos), mesmo fazendo pré-natal;<br />
mulher chefe de família sem<br />
escolaridade e desempregada.<br />
• Risco 5: Criança em idade escolar<br />
(6 a 15 anos) fora da escola; gestante<br />
sem pré-natal; famílias sem<br />
renda (desempregados e sem benefícios<br />
– Bolsa Família ou BPC);<br />
situação de violência e abuso sexual<br />
na família.<br />
• Risco 5+: quando ocorrerem três<br />
problemas do Risco 5 concomitantemente.<br />
Entre o Risco 1 e o Risco 4 as famílias<br />
podem ganhar um + quando:<br />
• Algum membro da família (pai,<br />
mãe, filhos) estiver cumprindo<br />
pena no sistema penitenciário.<br />
• Algum adolescente da família estiver<br />
cumprindo medida socioeducativa<br />
em meio aberto.<br />
• Algum adolescente da família estiver<br />
cumprindo medida socioeducativa<br />
em meio fechado.<br />
▶ Criar o programa Família Brasileira,<br />
movimento importante para<br />
fortalecer o Bolsa Família, como estratégia<br />
de combate à pobreza de<br />
forma sustentável. Temos um longo<br />
caminho para que a família brasileira<br />
possa superar a miséria em outros<br />
campos que não o monetário.<br />
▶ Criar o Porta a Porta Nacional, que<br />
vai mapear as privações e construir<br />
as soluções a partir das demandas<br />
das famílias, comunidades, territórios<br />
e cidades.<br />
▶ Mapear os territórios mais vulneráveis<br />
do Brasil para implantar o<br />
projeto Áreas Livres de Pobreza.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
97<br />
CIDADANIA<br />
▶ Apresentar proposta de lei de<br />
transparência cidadã, para que todos<br />
os usuários do Bolsa Família e<br />
do Cadastro Único sejam informados<br />
anualmente dos benefícios sociais<br />
a que têm direito e dos quais<br />
não estejam usufruindo.<br />
▶ Criar o Banco Travessia, programa<br />
de poupança familiar que estimula<br />
as famílias a se qualificarem, estudarem<br />
e se inserirem no mercado<br />
de trabalho.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
ASSISTÊNCIA SOCIAL<br />
98<br />
CIDADANIA<br />
A GARANTIA DO DIREITO SOCIAL<br />
A política de assistência social é o resultado<br />
de uma construção coletiva de usuários, trabalhadores<br />
sociais, especialistas e movimentos<br />
sociais. A Constituição de 1988 define que é<br />
direito do cidadão e dever do Estado o acesso<br />
à assistência social. Desde 1995 o Brasil vem<br />
implantando de forma continuada uma política<br />
que rompeu com a lógica do favor e começou<br />
a construir dia a dia o caminho da travessia<br />
da exclusão para a inclusão social.<br />
A I Conferência Nacional de Assistência Social<br />
foi realizada em 1995 e desde então avanços<br />
se consolidam. Mas muito ainda precisa<br />
ser feito para que os brasileiros possam ter<br />
acesso a um Estado de Direito social consistente<br />
e universal.<br />
O Sistema Único de Assistência Social (Suas),<br />
aprovado na IV Conferência Nacional de Assistência<br />
Social em 2003, apenas foi definido<br />
em lei em 2011. Existe um longo caminho<br />
que precisamos percorrer para que o Suas seja<br />
de fato real e acessível a todos os brasileiros.<br />
O financiamento do Suas é precário e insuficiente<br />
para que as metas do Plano Decenal<br />
da Assistência Social, aprovado em 2005, sejam<br />
cumpridas. A Norma Operacional Básica<br />
de Recursos Humanos, aprovada desde 2007,<br />
não recebeu atenção do atual governo para<br />
que fosse consolidada a carreira dos trabalhadores<br />
do Suas. O Suas precisa fazer parte da<br />
agenda de prioridades do governo.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Valorização do protagonismo das<br />
famílias, cabendo ao governo o papel<br />
de identificar as necessidades<br />
básicas da população, garantindo<br />
acesso a serviços de boa qualidade.<br />
▶ Garantia de atenção integral à primeira<br />
infância em articulação com<br />
a política de educação.<br />
▶ Fortalecimento do Sistema Único<br />
de Assistência Social (Suas), in-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
99<br />
CIDADANIA<br />
cluindo o atendimento de famílias<br />
residentes em locais vulneráveis e<br />
ampliando a sua atuação na zona<br />
rural.<br />
▶ Fortalecimento da articulação entre<br />
os Centros de Referência de Assistência<br />
Social (Cras), os Centros<br />
de Referência Especializados em<br />
Assistência Social (Creas), escolas,<br />
unidades básicas de saúde, Programa<br />
de Saúde da Família (PSF) e demais<br />
políticas sociais.<br />
▶ Garantia de informações acessíveis<br />
sobre os programas e benefícios<br />
sociais por meio de campanhas<br />
direcionadas a seus beneficiários.<br />
▶ Estímulo a inovações tecnológicas<br />
nas políticas de assistência social.<br />
▶ Reestruturação e ampliação do<br />
Programa de Combate ao Abuso<br />
e Exploração Sexual de Crianças e<br />
Adolescentes.<br />
▶ Garantia do direito à escolaridade<br />
de crianças e adolescentes que<br />
recebam o Benefício de Prestação<br />
Continuada (BPC).<br />
▶ Respeito aos planos municipais<br />
de assistência social na alocação de<br />
verbas para os municípios, conforme<br />
decisão do Conselho Nacional<br />
de Assistência Social (CNAS).<br />
▶ Reestruturação do Programa de<br />
Erradicação do Trabalho Infantil e<br />
revisão dos valores repassados para<br />
o Jornada Ampliada.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Implantar o Programa Família<br />
Brasileira com as seguintes ações:<br />
• Identificar os brasileiros em situação<br />
de extrema vulnerabilidade<br />
inscritos no Cadastro Único de<br />
Programas Sociais do Governo<br />
Federal.<br />
• Classificar as famílias na metodologia<br />
do risco social familiar.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
100<br />
CIDADANIA<br />
▶ Apoiar as famílias com situações<br />
de desempregados, adultos com<br />
pouca escolaridade e moradias<br />
precárias.<br />
▶ Garantir que toda criança e adolescente<br />
esteja na escola.<br />
▶ Aumentar os recursos dos serviços<br />
socioassistenciais do Fundo<br />
Nacional de Assistência Social.<br />
▶ Aumentar os recursos do Fundo<br />
Nacional de Assistência Social destinados<br />
aos Centros de Referência<br />
da Assistência Social.<br />
▶ Ampliar o número de Centros de<br />
Referência da Assistência Social<br />
nas cidades e bairros mais pobres e<br />
vulneráveis.<br />
▶ Instituir a agenda de reorganização<br />
dos serviços socioassistenciais,<br />
em parceria com os conselhos municipais,<br />
estaduais e nacional de assistência<br />
social.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
CIDADANIA<br />
REFORMA AGRÁRIA E AGRICULTURA FAMILIAR<br />
101<br />
MUTIRÃO CIDADÃO PELO ACESSO À ALIMENTAÇÃO<br />
A cidadania é uma construção diária e sua<br />
consolidação é um esforço coletivo de muitos<br />
atores. Não existe cidadania plena sem que a<br />
fome seja definitivamente vencida. Não existirá<br />
cidadania plena sem que haja um olhar especial<br />
para os trabalhadores rurais comprometidos<br />
com o trabalho diário nos assentamentos<br />
da reforma agrária.<br />
Os desafios para a conquista da cidania plena<br />
por todos os brasileiros precisam deixar de<br />
ser vistos prioritariamente apenas na sua complexidade<br />
urbana, para serem compreendidos<br />
também nas especificidades das realidades<br />
das áreas rurais no Brasil. As políticas públicas<br />
de desenvolvimento sustentável da agricultura<br />
familiar, criadas a partir da década de 1990,<br />
precisam ser consolidadas, garantindo respeito<br />
à diversidade ambiental, social, cultural e<br />
econômica.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Apoio técnico e tecnológico para os<br />
assentamentos da reforma agrária.<br />
▶ Dinamização da pluriatividade<br />
econômica por meio das inovações<br />
tecnológicas e da democratização<br />
do acesso às tecnologias relacionadas<br />
a sistemas de produção sustentáveis,<br />
sobretudo de base agroecológica.<br />
▶ Fortalecimento dos fatores de<br />
atratividade geradores de qualidade<br />
de vida, inclusão social e igualdade<br />
de oportunidades nos espaços<br />
rurais.<br />
▶ Fortalecimento de arranjo institucional<br />
articulado de forma intersetorial,<br />
que estimule a integração<br />
das ações do Estado no âmbito das<br />
políticas públicas.<br />
▶ Respeito ao trabalho desenvolvido<br />
pelas organizações da sociedade<br />
civil no fortalecimento da agri-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
102<br />
CIDADANIA<br />
cultura familiar e reforma agrária.<br />
▶ Aproximação entre agricultores<br />
familiares e consumidores, priorizando<br />
circuitos de proximidade,<br />
conservação e valorização da agrobiodiversidade<br />
e das culturas alimentares<br />
regionais.<br />
▶ Reconhecimento do potencial<br />
econômico do extrativismo praticado<br />
pelas populações tradicionais,<br />
nos vários biomas, tendo como protagonistas<br />
os movimentos extrativistas,<br />
e reconhecendo as formas<br />
coletivas de gestão compartilhada.<br />
▶ Reconhecimento, pelo governo,<br />
da importância dos trabalhadores<br />
rurais no Brasil.<br />
▶ Reconhecimento e valorização da<br />
diversidade de sujeitos sociais e do<br />
seu significativo papel na produção<br />
alimentar dos brasileiros.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Destinar recursos para assegurar<br />
o acesso à terra e à reforma agrária.<br />
▶ Elaborar políticas públicas de redução<br />
de riscos para os pequenos<br />
produtores rurais da reforma agrária<br />
e da agricultura familiar.<br />
▶ Efetivar a Política Nacional de Segurança<br />
Alimentar e Nutricional.<br />
▶ Organizar pesquisas de extensão<br />
voltadas para a agricultura familiar,<br />
considerando as abordagens sistêmicas<br />
e agroecológicas.<br />
▶ Organizar e publicar editais voltados<br />
à promoção da Assistência<br />
Técnica e Extensão Rural (Ater)<br />
com enfoque agroecológico.<br />
▶ Implantar o sistema nacional de<br />
dados sobre estrutura fundiária, articulando<br />
e integrando as informações<br />
e dados de todos os órgãos<br />
do Governo Federal e dos governos<br />
estaduais responsáveis pelo tema.<br />
▶ Organizar redes e circuitos de<br />
comercialização que articulem, em<br />
diferentes escalas (local, regional e<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
103<br />
CIDADANIA<br />
nacional), a solidariedade e, o consumo<br />
responsável.<br />
▶ Incentivar e financiar feiras agroecológicas,<br />
grupos e redes de consumidores,<br />
alianças com o pequeno<br />
varejo e o tecido econômico local.<br />
▶ Organizar políticas públicas de<br />
abertura do mercado institucional<br />
para a agricultura familiar e produção<br />
dos assentamentos de reforma<br />
agrária, com destaque para o Programa<br />
de Aquisição de Alimentos<br />
(PAA) e o Programa Nacional de<br />
Alimentação Escolar (Pnae).<br />
▶ Criar condições efetivas para que<br />
os assentamentos da reforma agrária<br />
possam produzir alimentos e sejam<br />
sustentáveis em médio prazo.<br />
▶ Construir, com o Ministério da Justiça<br />
e Segurança Pública, um plano<br />
nacional de paz no campo.<br />
▶ Criar o Programa de Reestruturação<br />
dos Assentamentos da Reforma<br />
Agrária consolidados há mais de 10<br />
anos.<br />
▶ Reestruturar o Incra, garantindo<br />
uma gestão profissional.<br />
▶ Garantir que os novos assentamentos<br />
da reforma agrária tenham<br />
núcleos centrais de cidadania com<br />
unidade de saúde e escolas com<br />
pré-escola e Ensino Fundamental.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
SEGURANÇA ALIMENTAR<br />
104<br />
CIDADANIA<br />
NENHUM BRASILEIRO COM FOME<br />
O direito à alimentação adequada foi incluído<br />
na Constituição Federal em 2010, introduzindo<br />
a alimentação como direito social. Ainda<br />
em 2010, foi publicado o Decreto 7.272, regulamentando<br />
o Sistema Nacional de Segurança<br />
Alimentar (Sisan) e instituindo a Política Nacional<br />
de Segurança Alimentar e Nutricional.<br />
A modificação na Constituição é fruto da Lei<br />
Orgânica de Segurança Alimentar, de 2007,<br />
que institucionalizava a responsabilidade<br />
do poder público na promoção do direito de<br />
acesso regular e permanente a alimentos, em<br />
quantidade e qualidade suficientes, e criava o<br />
Sisan.<br />
O conceito da garantia à alimentação com práticas<br />
alimentares saudáveis – que respeitem a<br />
diversidade cultural e que sejam também social,<br />
econômica e ambientalmente sustentáveis<br />
– vai se concretizar com ações, programas<br />
e equipamentos de segurança alimentar presentes<br />
em cada município brasileiro, o ponto<br />
de chegada e partida na realização do Direito<br />
Humano à Alimentação Adequada (DHAA).<br />
Segundo o último relatório da FAO, órgão das<br />
Nações Unidas que trata de agricultura e alimentação,<br />
publicado em setembro de 2014,<br />
felizmente a fome deixou de ser um problema<br />
estrutural para o Brasil. No entanto, o país ainda<br />
tem 3,4 milhões de pessoas em situação de<br />
insegurança alimentar e grupos como quilombolas,<br />
indígenas e população ribeirinha que<br />
devem ser prioridade na garantia do DHAA.<br />
É fundamental a articulação intersetorial, para<br />
garantir a incorporação do direito à alimentação<br />
adequada nas políticas públicas sociais,<br />
promovendo a educação alimentar e nutricional<br />
e também a garantia da nutrição materno-<br />
-infantil-juvenil.<br />
O objetivo primordial é erradicar efetivamente<br />
a fome no Brasil.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
105<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Planejamento, implementação,<br />
monitoramento e avaliação das<br />
políticas públicas de segurança alimentar<br />
e fortalecimento do Sistema<br />
Nacional de Segurança Alimentar<br />
(Sisan).<br />
▶ Consolidação da intersetorialidade,<br />
da participação social e da gestão<br />
governamental regionalizada,<br />
eficiente, eficaz e transparente.<br />
▶ Universalização ao acesso à água<br />
de qualidade e em quantidade suficiente<br />
para o consumo da população<br />
e para a produção de alimentos<br />
da agricultura familiar de povos<br />
e comunidades tradicionais e da<br />
pesca e aquicultura, com prioridade<br />
para as famílias em situação de<br />
insegurança hídrica.<br />
▶ Priorização das famílias rurais<br />
e periurbanas nos programas de<br />
abastecimento alimentar.<br />
▶ Fortalecimento das ações de vigilância<br />
sanitária dos alimentos.<br />
▶ Respeito às comunidades tradicionais<br />
e aos hábitos alimentares<br />
locais.<br />
▶ Municipalização das ações de segurança<br />
alimentar e nutricional sustentável.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Identificar todas as famílias que<br />
permanecem em situação de insegurança<br />
alimentar por meio do<br />
Porta a Porta Nacional, em parceria<br />
com os municípios.<br />
▶ Garantir prioridade absoluta para<br />
a inclusão de crianças e gestantes<br />
em estado de subnutrição em projetos<br />
sociais e de segurança alimentar.<br />
▶ Ampliar o papel das escolas localizadas<br />
em regiões com índices<br />
elevados de insegurança alimentar,<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
106<br />
CIDADANIA<br />
transformando cada unidade escolar<br />
também num espaço de combate<br />
à fome.<br />
▶ Garantir atenção especial para escolas<br />
públicas em regiões onde a<br />
insegurança alimentar atinja níveis<br />
mais elevados que a média nacional.<br />
▶ Financiar os municípios para organização<br />
de rede de fornecimento<br />
de sementes para hortas e de pequenos<br />
animais para criação, tendo<br />
em vista a implantação de polos comunitários<br />
de segurança alimentar.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
PREVIDÊNCIA SOCIAL<br />
107<br />
CIDADANIA<br />
PROTEÇÃO SOCIAL DEPOIS DE UMA LONGA JORNADA<br />
A Previdência Social é direito de todo trabalhador<br />
e, portanto, é dever do Estado garantir<br />
sua sustentabilidade de longo prazo. Como<br />
seu financiamento envolve pacto de gerações,<br />
faz-se necessária uma ampla discussão com<br />
toda a sociedade para se alcançar uma solução<br />
estrutural que não sacrifique a renda do trabalhador.<br />
Além disso, é importante considerarmos<br />
que em muitas localidades do Brasil o benefício<br />
previdenciário é a mola propulsora das<br />
economias locais. O papel da Previdência no<br />
Brasil não pode ser apenas o de repor renda ou<br />
combater a pobreza. O papel da Previdência<br />
deve ser o de reconhecer e garantir direitos.<br />
O déficit da Previdência Social em 2013 foi de<br />
R$ 51,259 bilhões, 14,8% maior do que o de<br />
2012 e apresentando uma tendência crescente.<br />
Desta forma, o grande desafio que se apresenta<br />
é o de estabelecer as políticas que possibilitem<br />
termos um sistema previdenciário que<br />
possa ser, ao mesmo tempo, capaz de gerar<br />
inclusão, de garantir proteção social vis-à-vis<br />
a viabilidade do ponto de vista do equilíbrio<br />
fiscal, bem como de sua relação com a estratégia<br />
de desenvolvimento econômico. Para tal,<br />
o fortalecimento dos conselhos com participação<br />
quadripartite (governo, trabalhador ativo,<br />
aposentado e empregador) se apresenta como<br />
um canal de diálogo extremamente importante<br />
para a busca de novas pactuações acerca da<br />
questão. Além disso, como fator extrínseco, o<br />
que mais contribui para a diminuição do déficit<br />
da Previdência é o crescimento econômico,<br />
pois ele gera mais empregos, melhora<br />
a renda e, por consequência, aumenta a base<br />
contributiva.<br />
Outro desafio que se apresenta é o aumento<br />
da cobertura de segurados da Previdência.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
108<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
E PROPOSTAS<br />
▶ Enfrentar de forma cidadã o déficit<br />
da Previdência, assegurando todos<br />
os direitos dos aposentados e<br />
pensionistas.<br />
▶ Enfrentar o déficit da Previdência<br />
pelo incremento sustentado da atividade<br />
econômica.<br />
▶ Introduzir ações que visem à diminuição<br />
da informalidade da economia.<br />
▶ Adotar estratégias de combate às<br />
fraudes na concessão de benefícios,<br />
que drenam as receitas do sistema<br />
geral da Previdência Social.<br />
▶ Promover a revisão do Fator Previdenciário,<br />
buscando diminuir seu<br />
impacto negativo sobre as aposentadorias,<br />
por meio do diálogo com<br />
centrais sindicais e aposentados.<br />
▶ Transformar o Instituto Nacional<br />
de Seguro Social (INSS) em Instituto<br />
Nacional de Seguro Social e Cidadania<br />
(INSSC).<br />
▶ Garantir aos aposentados e pensionistas,<br />
por meio das agências do<br />
INSSC, ações sociais integrais e não<br />
apenas espaços de concessões de<br />
benefícios.<br />
▶ Melhorar permanentemente os<br />
serviços prestados aos beneficiários<br />
da Previdência.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
109<br />
CIDADANIA<br />
SAÚDE<br />
SAÚDE É VIDA<br />
Todas as pesquisas de opinião pública no Brasil<br />
revelam que a saúde é a maior preocupação<br />
dos brasileiros. Estamos de fato frente a<br />
uma enorme urgência, e o que temos visto<br />
como ação do atual governo são improvisos e<br />
medidas paliativas. A superação desse desafio<br />
demanda a organização de serviços de saúde<br />
de qualidade e investimentos consistentes em<br />
saneamento.<br />
A organização e a qualificação do sistema de<br />
saúde devem ser agenda central de todas as<br />
esferas governamentais e da sociedade civil organizada.<br />
A construção do Sistema Único de<br />
Saúde é um processo contínuo e permanente,<br />
marcado por grandes avanços, mas com muitos<br />
gargalos que precisam ser enfrentados.<br />
Já o saneamento é o setor mais carente da infraestrutura<br />
social brasileira, apesar de ser o<br />
mais próximo da maioria da população, estando<br />
intimamente ligado à vida diária das pessoas.<br />
Falar de saneamento é debater uma das<br />
mais importantes estratégias para a melhoria<br />
da saúde pública e do bem-estar população.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
110<br />
CIDADANIA<br />
SAÚDE<br />
POR UM SISTEMA PÚBLICO DE QUALIDADE<br />
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem seu<br />
marco inicial com a Constituição de 1988. Os<br />
constituintes, em nome da sociedade brasileira,<br />
fizeram uma aposta generosa e ousada. Migrar<br />
de um modelo excludente, centralizador,<br />
autoritário e hospitalocêntrico, para a construção<br />
de cidadania plena na saúde para todos os<br />
brasileiros, por meio de um sistema de acesso<br />
universal e cobertura integral, inclusivo, descentralizado,<br />
com grande integração federativa<br />
e forte participação social, focado na primazia<br />
da atenção primária como polo articulador do<br />
sistema, com ênfase na prevenção e na promoção<br />
da saúde. O acesso ao sistema público<br />
deixaria de ser um privilégio dos possuidores<br />
de carteira de trabalho para abranger todos os<br />
brasileiros sem nenhuma distinção, como direito<br />
do cidadão e dever do Estado.<br />
Nesses vinte e seis anos os avanços foram<br />
enormes. A mortalidade infantil caiu substancialmente,<br />
a estratégia da saúde da família se<br />
tornou uma realidade, doenças foram erradicadas,<br />
programas como os de combate à Aids<br />
e o de imunização se tornaram modelos para<br />
todo o mundo. Não há dúvidas de que a saúde<br />
hoje no Brasil é muito melhor que há vinte e<br />
seis anos. Mas as angústias e a avaliação negativa<br />
que a população têm em relação ao sistema<br />
nacional de saúde mostram claramente o<br />
quanto ainda há por fazer e os obstáculos que<br />
as pessoas encontram em seu cotidiano para<br />
ter acesso à atenção e aos cuidados essenciais<br />
necessários à sua saúde.<br />
O SUS é hoje a experiência mais exitosa de integração<br />
e cooperação dos três níveis de governo<br />
e foi uma das maiores experiências de inclusão<br />
social das últimas décadas. O SUS provocou<br />
inequivocamente a melhoria dos indicadores<br />
de saúde desde a década dos 80, mas após o<br />
período de consolidação do sistema entramos<br />
agora em sua fase de maturidade.<br />
O mundo todo tem discutido a impossibilidade<br />
de superarmos os desafios para oferecer<br />
resposta adequada às demandas da população<br />
na saúde apenas ofertando mais serviços. Há<br />
que se mudar o modelo de atenção à saúde.<br />
A simples pressão por incorporação de novas<br />
tecnologias é ineficaz, torna o sistema mais<br />
caro e não modifica as condições de saúde.<br />
No Brasil a fragmentação do sistema ainda<br />
é extrema. Aos olhos do cidadão na maioria<br />
das cidades e estados, o SUS parece um caleidoscópio<br />
fragmentado e confuso, no qual<br />
o direito de acesso vira, para as pessoas que<br />
buscam atendimento, uma verdadeira corrida<br />
de obstáculos e um labirinto indecifrável, sem<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
111<br />
CIDADANIA<br />
integração e coordenação. A integração entre<br />
promoção da saúde, vigilância, atenção primária,<br />
secundária e terciária e assistência farmacêutica<br />
é claramente insuficiente e, em alguns<br />
casos, inexistente. Só uma efetiva construção<br />
de redes integradas de atenção à saúde, tendo<br />
como grande maestro uma atenção primária<br />
qualificada, poderá apresentar resultados melhores<br />
em nossos indicadores nacionais de<br />
saúde.<br />
O desenvolvimento do SUS tem dado sinais<br />
claros de esgotamento nos últimos anos e não<br />
há soluções simples para problemas complexos.<br />
Não serão medidas superficiais, temporárias,<br />
demagógicas e presididas pelo marketing<br />
que possibilitarão o enfrentamento dos<br />
desafios que temos pela frente. Poucos são os<br />
avanços significativos recentemente introduzidos.<br />
Tanto que a marca do Governo Dilma se<br />
resumiu à importação de médicos estrangeiros,<br />
saída provisória, cheia de problemas, não<br />
sustentável no longo prazo e que desprezou os<br />
médicos brasileiros e a certificação da qualidade<br />
do atendimento à população. Os recursos<br />
são escassos. O gasto per capita é inferior<br />
ao de países como Chile e Argentina e muito<br />
inferior ao de países desenvolvidos como Portugal,<br />
Espanha, Reino Unido, Canadá, França,<br />
Alemanha e Itália, que possuem sistemas<br />
de acesso universal e cobertura integral. Os<br />
investimentos no SUS são muito inferiores<br />
proporcionalmente à população atendida do<br />
que a saúde complementar brasileira. Portanto,<br />
direitos generosos e amplos de cidadania<br />
assegurados pela nossa Constituição, confrontados<br />
com um inegável subfinanciamento do<br />
sistema público, resultam em fortes obstáculos<br />
no dia a dia da população que busca atendimento<br />
e no já crônico processo de judicialização<br />
da saúde.<br />
Para agravar o quadro, temos ainda fortes<br />
deficiências de gestão e custos crescentes,<br />
vinculados à permanente revolução científico-tecnológica<br />
no setor saúde e à transição<br />
demográfica com a clara e radical mudança no<br />
perfil da pirâmide etária da população. As manifestações<br />
dessa equação explosiva são muitas.<br />
Filas para cirurgias, exames e tratamentos,<br />
dificuldades de acesso a medicamentos, problemas<br />
crônicos de qualidade, conflitos sindicais,<br />
subdiagnóstico nas regiões mais pobres,<br />
grandes vazios assistenciais, desigualdades regionais<br />
gritantes. Só um verdadeiro choque de<br />
gestão na organização do SUS, o aumento dos<br />
recursos disponíveis, a mudança do modelo<br />
de atenção, uma eficiente regulação da incorporação<br />
tecnológica e forte liderança poderão<br />
superar o atual impasse e avançar na construção<br />
do sistema de saúde de nossos sonhos.<br />
Só mudanças substanciais nos modelos de<br />
atenção à saúde, financiamento e gestão podem<br />
resultar em transformações consistentes<br />
e eficazes para os problemas do sistema nacional<br />
de saúde. O Governo Federal tem o dever<br />
de chamar a si a liderança desse processo e<br />
reverter a tendência de queda proporcional e<br />
progressiva no investimento agregado na saúde<br />
pública brasileira.<br />
É isso que propõe o programa de governo: gestão<br />
de qualidade, mais investimento na saúde,<br />
como preconizou o movimento social co-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
112<br />
CIDADANIA<br />
nhecido como Saúde+10, superação da atual<br />
fragmentação do sistema de atenção, com a<br />
construção de redes assistenciais integradas<br />
ancoradas em uma sólida atenção primária, a<br />
partir da qualificação permanente da estratégia<br />
da saúde da família e de instrumentos integradores<br />
como o Cartão SUS, o prontuário<br />
eletrônico e eficientes centrais de regulação<br />
dos fluxos assistenciais.<br />
Paralelo a isso, deve-se estabelecer a transparência<br />
e a previsibilidade na atuação da Agência<br />
Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e<br />
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária<br />
(Anvisa). Grande atenção também deve merecer<br />
o desenvolvimento científico, tecnológico<br />
e industrial nas cadeias produtivas ligadas à<br />
saúde. O esforço necessário requer liderança,<br />
equipe de qualidade, clareza estratégica,<br />
profissionalismo baseado na meritocracia, eficiência<br />
e competência.<br />
Vale dizer, o SUS é uma solução com problemas,<br />
não um problema sem solução. O Governo<br />
Aécio Neves apostará na consolidação do<br />
sonho dos constituintes, avançando na construção<br />
de um sistema de saúde que ofereça<br />
acesso garantido e qualidade a todos os cidadãos<br />
brasileiros.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ A melhoria do sistema de saúde<br />
no país passa pelo enfrentamento<br />
de três pontos-chave: a) a garantia<br />
de financiamento adequado; b) a<br />
ampliação significativa da qualidade<br />
da gestão do sistema e dos serviços<br />
de saúde e; c) a estruturação<br />
do modelo de atenção baseado na<br />
organização de redes assistenciais<br />
integradas.<br />
▶ Em relação ao financiamento, o<br />
compromisso é apoiar a proposta<br />
popular de aplicação de 10% da receita<br />
corrente bruta da União para<br />
a saúde.<br />
▶ Além de maior participação no<br />
financiamento total da saúde, será<br />
preciso rever o modelo de remuneração<br />
baseado na tabela de procedimentos<br />
(que gera incentivos para<br />
que os prestadores do SUS ofertem<br />
serviços em função de interesses<br />
remuneratórios, e não da real necessidade<br />
dos cidadãos) por uma<br />
nova sistemática centrada no cuidado<br />
ao paciente.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
113<br />
CIDADANIA<br />
▶ Por sua vez, a melhoria da gestão<br />
é condição para que os recursos<br />
atuais e os novos recursos sejam<br />
aplicados de forma eficiente<br />
e possam ampliar a qualidade do<br />
atendimento à saúde da população.<br />
Nesse aspecto, buscar soluções inovadoras<br />
é fundamental, como, por<br />
exemplo, alternativas que levem em<br />
conta a importância da eficiência<br />
de escala e que considerem as possibilidades<br />
geradas pela tecnologia<br />
no mundo atual. Para que o sistema<br />
seja mais efetivo, as pessoas precisam<br />
ser tratadas no tempo certo,<br />
no local certo, com o custo certo,<br />
com a qualidade certa e de forma<br />
humanizada.<br />
▶ Melhorar a qualidade da gestão<br />
envolve ainda reconhecer que o sistema<br />
não pode mais atuar de forma<br />
curativa ou apenas quando o cidadão<br />
se dirige as unidades de saúde.<br />
Um sistema proativo que considera<br />
a situação epidemiológica<br />
atual e busca o engajamento dos<br />
cidadãos no cuidado com a própria<br />
saúde precisa ser implementado.<br />
Reconhecer que situações como as<br />
condições crônicas (entre elas hipertensão,<br />
depressão, entre outras)<br />
são as maiores causas de danos e<br />
óbito na população demanda uma<br />
urgente e significativa mudança no<br />
modelo de atenção.<br />
▶ Além de reconhecer os principais<br />
problemas de saúde e ajustar<br />
o modelo de atenção, de forma que<br />
ele seja mais proativo e resolutivo,<br />
é importante perceber as principais<br />
causas que geram os principais problemas<br />
de saúde. Hoje, por exemplo,<br />
enfrentamos uma epidemia de<br />
obesidade no mundo e também no<br />
Brasil. Atuar sobre as causas envolve<br />
fazer com que os cidadãos sejam<br />
apoiados pelo sistema de saúde<br />
no cuidado com a própria saúde,<br />
melhorando sua qualidade de vida<br />
e seus hábitos. Somente com essa<br />
mudança de paradigma será possível<br />
que o SUS resolva de fato os<br />
problemas de saúde da população.<br />
▶ Do ponto de vista da assistência,<br />
a atenção primária à saúde deve receber<br />
atenção prioritária, com uma<br />
política efetiva que induza à expansão<br />
do programa de saúde da família<br />
pelos municípios. É na atenção<br />
primária que 85% dos problemas<br />
de saúde da população podem ser<br />
solucionados, garantindo melhoria<br />
da qualidade de vida com a redução<br />
de internações desnecessárias.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
114<br />
CIDADANIA<br />
▶ A atenção primária é o principal<br />
ponto de contato e a porta de<br />
entrada do sistema de saúde para<br />
todos os cidadãos. Esses, por sua<br />
vez, na medida em que possuem<br />
problemas ou situações de saúde<br />
mais complexas, precisam acessar<br />
outros pontos de atenção, como<br />
centros especializados e hospitais.<br />
Assim, devem ser estruturadas as<br />
redes de atenção integradas e regionalizadas<br />
com intuito de garantir<br />
acesso à atenção especializada o<br />
mais próximo possível da residência<br />
de cada cidadão. Serão realizados<br />
os investimentos necessários para<br />
que a saúde em cada região possa<br />
ter qualidade e cobertura de atendimento.<br />
PROPOSTAS<br />
FINANCIAMENTO<br />
▶ Apoiar a implementação dos preceitos<br />
da Emenda Constitucional<br />
29 e a proposta popular dos 10%<br />
da Receita Corrente Bruta da União<br />
para o setor Saúde ou política similar<br />
que garanta um crescimento<br />
progressivo de financiamento para<br />
o setor.<br />
▶ Introduzir um eficiente sistema<br />
de controle de custos e buscar o<br />
aumento da produtividade dos recursos,<br />
fazendo mais e melhor com<br />
cada real do orçamento da saúde.<br />
▶ Criar um mecanismo institucional,<br />
em diálogo com o Poder Judiciário<br />
e o Ministério Público, para a efetiva<br />
e correta gestão da incorporação<br />
de novas tecnologias no SUS.<br />
▶ Erguer mecanismos avançados<br />
de transparência para o acompanhamento<br />
da execução orçamentária<br />
da saúde.<br />
▶ Combater sem tréguas a corrupção<br />
e o desperdício.<br />
▶ Promover amplo debate com o<br />
Congresso Nacional e a sociedade<br />
civil organizada sobre as perspecti-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
115<br />
CIDADANIA<br />
vas de longo prazo do financiamento<br />
da saúde vis-à-vis os direitos constitucionais<br />
de todos os cidadãos.<br />
▶ Fixar, através de projeto de lei, padrões<br />
de integralidade e cobertura.<br />
▶ Estabelecer um eficiente e moderno<br />
banco de preços que deverá<br />
ser referência para todas as compras<br />
do SUS e construir um sistema<br />
nacional de compras integradas.<br />
GESTÃO E RECURSOS HUMANOS<br />
▶ Introduzir ferramentas modernas<br />
de gestão como Cartão Cidadão<br />
Saúde, prontuário eletrônico interligando<br />
todos os pontos de atenção<br />
à população das redes assistenciais<br />
integradas, Protocolo de Manchester<br />
de classificação de risco e centrais<br />
de regulação de fluxos assistenciais,<br />
24 horas por dia, sete dias<br />
por semana.<br />
▶ Criar o Disque Cidadão Saúde<br />
para recolher as reclamações e denúncias<br />
dos usuários do SUS.<br />
▶ Fortalecimento do controle social<br />
do setor saúde, incluindo mecanismos<br />
de controle e de avaliação da<br />
satisfação dos usuários.<br />
▶ Fortalecer a profissionalização, a<br />
eficiência, a meritocracia, o desaparelhamento<br />
e não partidarização e<br />
a desburocratização da ANS e da<br />
Anvisa.<br />
▶ Aprimorar o relacionamento com<br />
estados e municípios, com o fortalecimento<br />
das instancias decisórias<br />
de integração federativa.<br />
▶ Enfrentar o desafio da pactuação<br />
assistencial interestadual, assunto<br />
que há anos requer uma solução,<br />
já que saúde não tem fronteiras e a<br />
responsabilização inequívoca deve<br />
atribuir claramente direitos e deveres<br />
entre os diversos níveis de gestão.<br />
▶ Fortalecer os sistemas de ouvidoria<br />
e auditoria no combate sem tréguas<br />
à corrupção e ao desperdício.<br />
▶ Implantar programas de valorização,<br />
apoio, qualificação e aperfeiçoamento<br />
dos profissionais da área<br />
de saúde.<br />
▶ Fortalecer e profissionalizar a<br />
gestão de todas as entidades ligadas<br />
ao Ministério da Saúde.<br />
▶ Formar uma equipe qualificada,<br />
experiente e formada com base na<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
116<br />
CIDADANIA<br />
meritocracia e não em arranjos partidários<br />
patrimonialistas e clientelistas.<br />
▶ Fortalecer a formação de profissionais<br />
de saúde nos níveis de<br />
graduação, pós-graduação, residências,<br />
tendo como parâmetro a<br />
qualidade do ensino, os vazios assistenciais<br />
e as lacunas do mercado<br />
do trabalho do setor saúde. Dar<br />
ênfase à formação em nível de residência<br />
médica nas áreas de pediatria,<br />
ginecologia e geriatria em todos<br />
os estados.<br />
▶ Fortalecer a Escola Nacional de<br />
Saúde Pública (Ensp) e formar uma<br />
rede com as escolas de saúde estaduais,<br />
para que elas capacitem<br />
e formem mais trabalhadores em<br />
saúde pública em todo o Brasil.<br />
▶ Instituir carreira nacional do SUS,<br />
a ser construída em conjunto com<br />
os estados e municípios, para acabar<br />
com a precarização do trabalho<br />
dos profissionais e a instabilidade<br />
do mercado de trabalho na saúde.<br />
▶ Estruturar as carreiras nacionais<br />
dos profissionais de saúde, a partir<br />
de amplo diálogo com estados,<br />
municípios e entidades representativas<br />
dos diversos segmentos profissionais,<br />
de forma inteligente, premiando<br />
o desempenho, o mérito e<br />
a formação continuada.<br />
ATENÇÃO PRIMÁRIA E<br />
PROMOÇÃO DA SAÚDE<br />
▶ Implementar o Canal Brasil Saúde,<br />
dedicado à qualificação e ao<br />
treinamento dos profissionais das<br />
equipes de saúde da família, com<br />
antenas em todos os pontos de<br />
atenção.<br />
▶ Fortalecer e incentivar a ampliação<br />
do Programa Saúde da Família<br />
– PSF para todo o território nacional,<br />
qualificando e ampliando a sua<br />
cobertura, sobretudo nas regiões<br />
mais pobres.<br />
▶ Realizar a contratualização de<br />
metas claras e prioritárias, sem dispersão<br />
de foco, para cada equipe<br />
do PSF, com prêmio pelo alcance<br />
das metas.<br />
▶ Concretizar um grande programa<br />
de educação permanente presencial,<br />
em parceria com as universidades.<br />
▶ Ampliar a experiência de telemedicina,<br />
em parcerias com centros<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
117<br />
CIDADANIA<br />
especializados e universitários, para<br />
apoiar e garantir a segunda opinião<br />
aos profissionais do PSF.<br />
▶ Transferir recursos para construção<br />
de estruturas físicas modernas<br />
e adequadas com equipamentos e<br />
mobiliário, para todas as equipes<br />
do PSF instaladas em soluções provisórias<br />
e improvisadas.<br />
▶ Aprimorar o programa Mais Médicos<br />
com mudança do marco legal<br />
que regula o acesso de estrangeiros<br />
ao mercado de trabalho nacional,<br />
com certificação de qualidade, equalização<br />
das remunerações e carreira<br />
nacional com concurso público.<br />
▶ Ofertar cursos preparatórios para<br />
médicos estrangeiros para permitir<br />
a realização de exames Revalida.<br />
▶ Ampliar significativamente e com<br />
qualidade o ensino médico para a<br />
ampliação da oferta de profissionais<br />
ao mercado de trabalho.<br />
▶ Desencadear o plano diretor da<br />
atenção primária em todos os municípios.<br />
▶ Estimular de forma vigorosa a<br />
promoção à saúde e o autocuidado<br />
nas condições crônicas.<br />
▶ Implantar uma política efetiva de<br />
educação e comunicação em saúde<br />
voltada para promoção da saúde<br />
e da prevenção ao alcance de<br />
todos, fortalecendo as práticas de<br />
autocuidado apoiado.<br />
▶ Estruturar uma política de combate<br />
à obesidade, trabalhando inclusive<br />
na formação dos cidadãos,<br />
melhorando a qualidade dos alimentos<br />
oferecidos nas escolas e a<br />
promoção da alimentação saudável<br />
no meio escolar.<br />
▶ Promover combate efetivo ao tabagismo,<br />
às drogas e ao consumo<br />
de álcool.<br />
REDES ASSISTENCIAIS<br />
INTEGRADAS<br />
▶ Construir, em parceria com estados<br />
e municípios, um novo modelo<br />
assistencial com foco no paciente e<br />
na continuidade dos cuidados, operando<br />
sempre dentro de verdadeiras<br />
redes assistenciais integradas,<br />
com prioridade para as redes da<br />
urgência e emergência, materno-<br />
-infantil, hipertensão e diabetes, da<br />
saúde do idoso e da saúde mental.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
118<br />
CIDADANIA<br />
▶ Enfrentar os desafios decorrentes<br />
do envelhecimento da população e<br />
das mudanças da sociedade, controlando<br />
os fatores determinantes<br />
das enfermidades mais relevantes,<br />
do ponto de vista de quantidade e<br />
qualidade de vida. <br />
▶ Promover esforço de integração<br />
transversal no governo, principalmente<br />
com as áreas da educação e do<br />
saneamento, visando à melhoria dos<br />
indicadores de saúde da população.<br />
▶ Integrar as redes assistenciais<br />
por meio de ferramentas de gestão<br />
como o Cartão Cidadão do SUS, o<br />
prontuário eletrônico em todos os<br />
pontos de atenção e as centrais de<br />
regulação dos fluxos assistenciais.<br />
▶ Estruturar centrais de regulação<br />
para agendamentos e movimentações<br />
de pacientes por telecomunicação,<br />
viabilizando a sequência do<br />
acesso entre todos os níveis e tipos<br />
de serviços – do médico de família<br />
ao hospital de alta complexidade.<br />
▶ Organizar e ampliar o acesso a<br />
consultas especializadas, exames e<br />
diagnóstico, fortalecendo o nível da<br />
atenção secundária com a construção<br />
de centros regionais de especialidades<br />
e exames e o estímulo à<br />
abertura de consultórios populares.<br />
▶ Fortalecer a rede hospitalar pública,<br />
filantrópica, de organizações<br />
sociais e privada conveniada, por<br />
meio de remuneração adequada e<br />
da migração definitiva do modelo<br />
de remuneração por procedimentos<br />
para a contratualização global<br />
com foco nas efetivas necessidades<br />
da população.<br />
▶ Estabelecer um programa de fortalecimento<br />
e modernização dos<br />
hospitais regionais, com recursos<br />
adicionais por cumprimento de metas,<br />
curso obrigatório para gestores<br />
hospitalares, construção de planos<br />
diretores dos hospitais, introdução<br />
obrigatória de ferramentas gerenciais<br />
visando ganhos de eficiência.<br />
As metas serão pactuadas nas instâncias<br />
integradoras das gestões<br />
municipais e estadual.<br />
▶ Reverter a queda do número de<br />
leitos hospitalares no Brasil, que<br />
vem decrescendo de forma continuada<br />
e progressiva desde 2003.<br />
▶ Ampliar a oferta de serviços de<br />
alta complexidade nas regiões mais<br />
pobres e distantes.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
119<br />
CIDADANIA<br />
▶ Implantar centros especiais de saúde<br />
com médicos especializados, exames<br />
e fornecimento de medicação.<br />
▶ Construir maternidades em todo<br />
o Brasil em parceria com os estados<br />
e municípios e garantir recursos<br />
para equipe multidisciplinar.<br />
▶ Implantar o programa Vai e Volta<br />
com Saúde nas cidades com maiores<br />
dificuldades de acesso a serviços especializados<br />
de saúde no Brasil.<br />
▶ Retomar a geração de demandas<br />
assistenciais programadas por intermédio<br />
de mutirões ou por serviços<br />
móveis temporários. <br />
▶ Organizar e difundir protocolos<br />
clínicos e linhas guias em relação às<br />
principais doenças, visando homogeneizar<br />
as condutas e a qualidade<br />
da atenção em todo o país.<br />
▶ Revigorar o programa HIV/Aids,<br />
com a qualidade que o tornou mundialmente<br />
reconhecido. <br />
▶ Organizar o sistema de transporte<br />
em saúde, incluindo a ampliação<br />
e regionalização do Samu e o componente<br />
de transporte para procedimentos<br />
eletivos.<br />
▶ Incentivar a criação de consultórios<br />
populares de saúde, por meio<br />
de parceria do Ministério da Saúde<br />
com o BNDES.<br />
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA E<br />
COMPLEXO PRODUTIVO<br />
▶ Implantar em todo o país unidades<br />
do programa Farmácia do Brasil,<br />
com ampliação dos itens constantes<br />
da farmácia básica, incentivo<br />
mensal para garantir a presença<br />
obrigatória de profissional farmacêutico,<br />
treinamento pelo Canal<br />
Brasil Saúde e implantação de sistema<br />
informatizado de gestão da<br />
assistência farmacêutica em cada<br />
unidade, interligado por internet,<br />
para planejamento, encomendas,<br />
acompanhamento do perfil do consumo<br />
de medicamentos e atualização<br />
de conhecimentos.<br />
▶ Implantar o programa Remédio<br />
em Casa para entrega domiciliar a<br />
pacientes com doenças crônicas<br />
como hipertensão, diabetes, HIV,<br />
cardiopatias.<br />
▶ Incentivar parcerias com o setor<br />
privado para o adensamento das<br />
cadeias produtivas na área de pro-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
120<br />
CIDADANIA<br />
dução de medicamentos, sobretudo<br />
na ampliação da produção no<br />
Brasil dos produtos biotecnológicos,<br />
por meio de financiamentos<br />
do BNDES e da utilização correta<br />
do poder de compra do SUS. Isto<br />
se dará com base nos princípios da<br />
transparência e da defesa do interesse<br />
público.<br />
▶ Apoiar os laboratórios oficiais<br />
como forma de reduzir o custo e<br />
aumentar o acesso da população a<br />
medicamentos.<br />
▶ Fortalecer e ampliar o complexo<br />
produtivo da saúde no Brasil, investindo<br />
no desenvolvimento de uma<br />
política de ciência, tecnologia e inovação<br />
e no fortalecimento da indústria<br />
farmacêutica nacional e dos<br />
laboratórios públicos oficiais.<br />
▶ Estimular o parque industrial produtor<br />
de equipamentos a partir de<br />
financiamentos e do correto uso do<br />
poder de compra do SUS.<br />
SAÚDE SUPLEMENTAR<br />
▶ Modernizar e fortalecer a ANS,<br />
com base nos princípios da transparência<br />
e da estabilidade regulatória,<br />
calibrando com eficiência a intervenção<br />
estatal, visando maximinizar<br />
os ganhos e garantir os direitos<br />
dos usuários dos planos de saúde<br />
e a eficiência do sistema como um<br />
todo, arbitrando a boa convivência<br />
entre usuários, profissionais, prestadores<br />
e planos de saúde.<br />
▶ Perseguir a diminuição substancial<br />
das reclamações dos usuários do sistema<br />
de saúde complementar.<br />
▶ Adotar as medidas necessárias<br />
para uma política proativa no setor<br />
de hemoderivados e, finalmente,<br />
implantar a produção nacional.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
121<br />
CIDADANIA<br />
SANEAMENTO<br />
A universalização da rede de abastecimento de<br />
água e da coleta de esgoto já foi alcançada em<br />
grande parte dos países desenvolvidos, ao mesmo<br />
tempo em que a gestão de resíduos sólidos<br />
também já está bem próximo da universalização<br />
em muitos deles. Fazer isso no Brasil, além<br />
de atender uma recomendação da Organização<br />
Mundial de Saúde (OMS), é iniciativa da<br />
mais alta relevância, resgatando uma dívida do<br />
passado, superando um grande desconforto do<br />
presente e estabelecendo uma condição essencial<br />
para desenho do nosso futuro.<br />
Os principais componentes do saneamento<br />
básico são requisitos essenciais para assegurar<br />
a saúde e a qualidade de vida da população,<br />
ressaltando a relação forte e direta entre<br />
ausência de saneamento e inúmeras doenças,<br />
impactando os gastos, tanto dos governos<br />
quanto das famílias com atendimentos e<br />
tratamentos nas áreas de saúde. Além disso,<br />
são as bases para a qualidade ambiental e têm<br />
impactos, também, nas condições de competividade<br />
e na atração e na manutenção de empreendimentos<br />
produtivos.<br />
Desse modo, a universalização da rede de<br />
abastecimento de água e da coleta e tratamento<br />
de esgoto, bem como a ampliação da coleta<br />
e do manejo dos resíduos sólidos, são prioridades<br />
relevantes de um plano de governo em<br />
qualquer nível, lembrando que o lançamento<br />
de esgoto in natura nos cursos de água constitui<br />
a principal fonte de poluição dos recursos<br />
hidrícos no Brasil.<br />
A vinculação estreita entre as políticas de<br />
habitação e as de saneamento leva à necessidade<br />
de que um conjunto de serviços deva<br />
ser viabilizado ao mesmo tempo em que são<br />
concebidos os planos habitacionais. Por outro<br />
lado, o tratamento das águas, tanto a que é<br />
servida aos domicílios em condições de potabilidade,<br />
quanto as águas que são devolvidas<br />
ao ambiente, não pode comprometer a saúde<br />
da população no presente e nem prejudicar a<br />
possibilidade de usufruto de gerações futuras.<br />
Há que se considerar também a vinculação<br />
nuclear da política de saneamento com as políticas<br />
de gestão de recursos hídricos. Vinculação<br />
relevante também se estabelece entre o<br />
uso das águas e as atividades produtivas industriais<br />
e agrícolas, tanto no que se refere à oferta,<br />
quanto ao despejo, com impactos extremamente<br />
relevantes nas condições ambientais e,<br />
por consequência, na elavação dos padrões de<br />
sustentabilidade.<br />
Enfim, o saneamento permeia as atividades<br />
econômicas, sociais e ambientais sob todos<br />
os ângulos, devendo, assim, constituir-se em<br />
questão nuclear de um plano de governo.<br />
Entre os serviços de saneamento básico, a distribuição<br />
de água por rede geral é aquele que<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
122<br />
CIDADANIA<br />
apresenta a maior cobertura territorial do país,<br />
coexistindo com formas alternativas de acesso<br />
à água, como poços artesianos, nascentes, carros-pipa,<br />
cisternas etc., comumente exploradas<br />
em áreas não abrangidas por esses serviços.<br />
Há, ainda, um enorme contingente de domicílios<br />
sem acesso a água potável, acentuadas<br />
carências em relação à coleta e tratamento de<br />
esgoto sanitário e um injustificável atraso na<br />
implementação da política de gestão de resíduos,<br />
notadamente em relação ao lixo urbano<br />
industrial, que só recentemente vem adquirindo<br />
papel relevante nesse contexto.<br />
Mais de 70% dos domicílios urbanos brasileiros<br />
possuem algum tipo de acesso a saneamento,<br />
espelhando um crescimento relevante<br />
nas últimas décadas. De um lado, apenas 33<br />
municípios brasileiros ainda permanecem sem<br />
serviços de abastecimento de água, notando-<br />
-se que o grau de cobertura é alto: o menor é<br />
de 80% (Norte), e o maior, no Sudeste (95%).<br />
Mas, por outro lado, a rede coletora de esgoto<br />
estava ausente em mais de 2 mil municípios,<br />
um número muito expressivo para o país, ressaltando<br />
a grave situação das regiões Nordeste<br />
(cobertura de apenas 24%) e Norte (cobertura<br />
de apenas 11%), enquanto que no Sudeste o<br />
grau de cobertura já chega a 75% do total de<br />
municípios.<br />
A ausência da rede de esgotamento sanitário<br />
ocorre em grande parte dos municípios com<br />
população inferior a 50 mil habitantes. Nesse<br />
grupo, estão presentes muitos municípios preponderantemente<br />
rurais e com população dispersa,<br />
o que acarreta maior dificuldade para<br />
ofertá-la. E, em grande parte dos municípios<br />
brasileiros, as redes de saneamento estão presentes<br />
tão somente na sede do município, e às<br />
vezes nem em toda a área urbana, deixando de<br />
atender às vilas, distritos e às áreas rurais.<br />
Assim, além da heterogeneidade regional e da<br />
dispersão em decorrência da forte relação entre<br />
densidade populacional e níveis de renda<br />
dos municípios e a oferta de saneamento, na<br />
escala intraurbana, o processo de universalização<br />
é também incompleto. Isso também ocorre<br />
em relação à gestão de resíduos sólidos e de<br />
águas pluviais.<br />
O enfretamento dessas questões exige um<br />
rol de ações complexas e um grande esforço<br />
de cooperação federativa. Mesmo tendo sido<br />
considerados pela Constituição Federal como<br />
serviços compartilhados entre os entes federativos<br />
(União, estados e municípios), ao Governo<br />
Federal cabe papel destacado na gestão<br />
de recursos hídricos de um modo geral e de<br />
saneamento básico em particular. Não pode,<br />
assim, de maneira nenhuma se ausentar desse<br />
tema, seja no papel de articulador das ações<br />
de interesse comum, seja como facilitador e<br />
financiador de projetos e inciativas das demais<br />
instâncias governamentais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
123<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Garantia de que o marco legal do<br />
setor (Lei 11.445/07) e sua regulamentação<br />
(Decreto 7.217/10), que<br />
estabeleceram a necessidade de<br />
planos municipais de saneamento<br />
até dezembro de 2013, sejam cumpridos<br />
em prazo determinado a ser<br />
pactuado com os municípios como<br />
poder concedente na área de saneamento<br />
(água, esgoto e lixo). Do<br />
mesmo modo, a implementação da<br />
Lei Nacional de Gestão de Resíduos<br />
demanda novos prazos, a serem repactuados,<br />
já que a eliminação dos<br />
lixões no tempo previsto não foi<br />
cumprida e a adoção da logística<br />
reversa vem sendo retardada.<br />
▶ Validação dos contratos de concessão<br />
e a criação de um instrumento<br />
de regulação que seja de<br />
fato cumprido, já que mais de 70%<br />
dos municípios não elaboraram<br />
seus planos por falta de condições<br />
técnicas/institucionais.<br />
▶ Aceleração do processo de universalização<br />
dos serviços de saneamento<br />
no Brasil.<br />
▶ Aumento do patamar de investimentos,<br />
que se encontram em níveis<br />
muito baixos, uma vez que as<br />
fontes de crédito tradicionais são<br />
insuficientes.<br />
▶ Criação de novas fontes de recursos<br />
para investimento e utilização<br />
de mecanismos do mercado de capitais<br />
para financiar e modernizar o<br />
setor e seus prestadores.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Garantir agilidade, tanto das fontes<br />
tradicionais de crédito (FGTS/<br />
CEF e FAT/BNDES), quanto nas<br />
aplicações diretas do Governo Federal,<br />
buscando a redefinição de<br />
procedimentos, num contexto de<br />
simplificação e eficiência.<br />
▶ Promover iniciativas de capacitação<br />
dos gestores municipais sobre<br />
programas governamentais relati-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
124<br />
CIDADANIA<br />
vos a saneamento, regras de concessão<br />
e, sobretudo, treinamentos<br />
para a formulação de projetos, contratos,<br />
convênios, e solicitações de<br />
financiamentos.<br />
▶ Promover o efetivo entrosamento<br />
entre os planos habitacionais e a<br />
oferta dos serviços de saneamento<br />
básico, especialmente em conjuntos<br />
habitacionais.<br />
▶ Incentivar o financiamento de<br />
operações de reestruturação empresarial<br />
voltadas a melhorar a gestão<br />
das empresas de saneamento.<br />
▶ Incentivar os bancos oficiais, assim<br />
como instituições multilaterais,<br />
a fornecerem garantias em operações<br />
de mercado, reduzindo riscos<br />
e custos de captação das empresas<br />
de saneamento.<br />
▶ Estimular o investimento em saneamento<br />
básico por parte dos fundos<br />
de pensão e de investimentos.<br />
▶ Desonerar as empresas prestadoras<br />
de serviço público de saneamento<br />
do PIS e Cofins para investimentos<br />
no setor.<br />
▶ Estimular a modernização da gestão<br />
dos prestadores dos serviços<br />
de abastecimento de água, coleta e<br />
tratamento de esgotos.<br />
▶ Criar condições para que os prestadores<br />
dos serviços utilizem novas<br />
formas de contratação, como as<br />
Parcerias Público-Privadas (PPPs).<br />
▶ Incentivar e financiar pesquisas<br />
na área de saneamento e reaproveitamento<br />
de resíduos sólidos, garantindo<br />
a difusão das novas tecnologias.<br />
▶ Apoiar os municípios com menos<br />
de 30.000 habitantes na implantação<br />
de projetos de coleta, reciclagem<br />
e destinação final ambientalmente<br />
adequada de resíduos,<br />
incluindo solução apropriada para<br />
os resíduos de saúde, visando à inadiável<br />
eliminação dos lixões.<br />
▶ Disponibilizar recursos para implantação<br />
de infraestrutura de saneamento<br />
nos conjuntos habitacionais<br />
do programa Minha Casa,<br />
Minha Vida.<br />
▶ Adotar iniciativas para financiamento<br />
não oneroso de infraestrutura<br />
de saneamento nas localidades<br />
menos favorecidas econômica<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
125<br />
CIDADANIA<br />
e socialmente, visando permitir a<br />
adoção de tarifas mais baixas para<br />
as populações mais pobres.<br />
▶ Implantar instância de coordenação<br />
e articulação da política de saneamento,<br />
na esfera federal, tendo<br />
em vista a pulverização atualmente<br />
existente, espalhada nos Ministérios<br />
das Cidades, Saúde/Funasa, Integração<br />
Regional, Meio Ambiente.<br />
▶ Promover a atualização do marco<br />
regulatório do setor, visando à incorporação<br />
das diretrizes ora propostas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
126<br />
CIDADANIA<br />
SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA<br />
UM CAMINHO REAL PARA A PAZ<br />
JUSTIÇA, CIDADANIA<br />
E SEGURANÇA PÚBLICA<br />
Desde 1980, mais de um milhão e duzentas<br />
mil pessoas foram vítimas de homicídios<br />
no Brasil. Em 2012, batemos o recorde com<br />
56.337 pessoas assassinadas. Em termos proporcionais,<br />
atingimos a inédita marca de 29<br />
para cada grupo de cem mil habitantes.<br />
Algumas regiões do país têm sido assoladas por<br />
uma verdadeira epidemia de morte por agressões.<br />
Assim, o Nordeste, que em 2000 exibia<br />
taxas de 20 por cem mil, assistiu a um crescimento<br />
de quase 100%, passando para 39. A<br />
região Sudeste nesse período, pelo contrário,<br />
assistiu a uma diminuição de 43% em suas taxas,<br />
passando de 37 por cem mil para 21.<br />
Essa estatística fica ainda mais dramática<br />
quando começamos a ver quem são as maiores<br />
vítimas. Trata-se de jovens, moradores das<br />
periferias urbanas e pobres. Entre os jovens,<br />
também quase duplicamos nossas taxas, saindo<br />
de 28 para 48. Para cada jovem branco assassinado,<br />
no último ano, tivemos 3,4 jovens<br />
negros, quase todos moradores de áreas pobres<br />
de grandes centros urbanos. Mais da metade<br />
(61%) dos homicídios que ocorrem hoje<br />
no Brasil concentra-se em uma das 87 áreas<br />
metropolitanas, um terço deles somente nas<br />
capitais. Quase 70% ocorreram por armas de<br />
fogo.<br />
Não por acaso, pesquisa feita pela Secretaria<br />
Nacional da Juventude, em 2013, revelou que<br />
a violência é o item que mais preocupa os jovens<br />
(24%). Os números da I Pesquisa Nacional<br />
de Vitimização, realizada pelo Datafolha,<br />
também mostrou a grave situação de medo<br />
e insegurança que vivem os brasileiros: 50%<br />
dos brasileiros temem morrer assassinados, e<br />
29% acreditam que podem ser vítimas de homicídios<br />
nos próximos 12 meses. Em consequência<br />
desse medo, quase 80% das pessoas<br />
evitam sair de casa portando muito dinheiro<br />
ou objetos de valor, 64% evitam sair à noite e<br />
19% chegam até mesmo a evitar contatos com<br />
seus vizinhos.<br />
Nossas cidades são fortificadas, com bairros<br />
inteiros submetidos aos mecanismos de vigilância<br />
de toda sorte, que terminaram tornando<br />
nossas residências verdadeiras unidades<br />
prisionais. Segundo registros das polícias dos<br />
estados, são em torno de 600 a 700 vítimas<br />
de roubo para cada grupo de 100 mil habitantes.<br />
São números bastante subestimados,<br />
pois muitos não registram suas queixas nas<br />
polícias, e as cifras devem ser de três a quatro<br />
vezes maiores.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
127<br />
CIDADANIA<br />
Chegar a essa situação não decorre apenas<br />
de uma causa singular, mas de um somatório<br />
de problemas, que terminaram se traduzindo<br />
numa ampla desestruturação de nosso<br />
sistema de justiça criminal. Os sucessivos<br />
governos democráticos não têm sido capazes<br />
de enfrentar esse desafio adequadamente. O<br />
Governo Fernando Henrique teve o mérito de<br />
consolidar e institucionalizar uma política de<br />
direitos humanos. O Governo Lula passou por<br />
diversas tentativas de formulação no âmbito da<br />
segurança, tais como o Sistema Único de Segurança<br />
(Susp) e o Pronasci. Em boa medida<br />
terminaram ficando no plano das ideias, sem<br />
maiores consequências na segurança pública.<br />
O Governo Dilma encarregou-se de desmontar<br />
essas inciativas de seu antecessor, reduzindo<br />
o orçamento do Pronasci, que era de 2,48<br />
bilhões, em 2010, para pouco mais de 1,08 bilhão,<br />
em 2013. A omissão no período recente<br />
explica, em boa medida, os índices superlativos<br />
a que chegamos. Com investimentos públicos<br />
consistentes na Segurança Pública e na<br />
justiça, é possível fazer uma grande diferença<br />
no curto prazo e diminuir o número de crimes<br />
cometidos e de infratores nas ruas.<br />
O QUE FAZER?<br />
Via de regra, algumas experiências bem-sucedidas<br />
de São Paulo e Minas Gerais compartilham<br />
algumas características que deverão<br />
nortear nosso plano de governo. Estamos falando<br />
de políticas amplas e sistêmicas, para<br />
tratar de problemas complexos e multifacetados.<br />
De um lado temos a nossa imensa dívida<br />
social, especialmente nas periferias urbanas,<br />
gerando uma fonte contínua de motivações<br />
para nossos jovens se envolverem em atividades<br />
delituosas e com o tráfico de drogas. De<br />
outro lado, temos um sistema de justiça criminal<br />
desestruturado e ineficaz para lidar com a<br />
complexidade dos problemas que a realidade<br />
contemporânea nos propõe.<br />
Por isso, nossa proposta desenvolve enfoque<br />
abrangente, tendo em vista todo o ciclo de<br />
gestação da violência, evitando que jovens se<br />
envolvam com o crime. Tratará da (A) prevenção<br />
e das maneiras de evitar a ocorrência de<br />
delitos criminais; (B) impunidade no país, por<br />
meio de uma série de reformas legislativas;<br />
(C) inovações nas polícias, de forma a torná-<br />
-las mais modernas, eficientes e profissionais<br />
e; (D) problema prisional, que se tornou hoje<br />
um dos mais graves problemas de segurança<br />
pública.<br />
Para que tudo isto seja possível, devemos<br />
assegurar um fluxo contínuo e estável de financiamentos<br />
para estados e municípios por<br />
intermédio de diferentes fundos, sem contingenciamento<br />
e buscando amparar a realização<br />
deles a partir de apoio técnico e administrativo.<br />
A liderança federal, sempre que necessária,<br />
será firme e vigorosa, no sentido de assegurar<br />
continuidade nas ações de justiça, organizações<br />
e buscando adequar as leis para o efetivo<br />
controle da criminalidade.<br />
Há em quase todos os estados vários exemplos<br />
de iniciativas malsucedidas que buscaram introduzir<br />
estratégias inovadoras na segurança<br />
pública com base em planos rígidos que não<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
128<br />
CIDADANIA<br />
levavam em conta o conhecimento acumulado<br />
no âmbito das próprias instituições de segurança<br />
e justiça. Mas há, também, exemplos<br />
de iniciativas eficazes, construídas a partir da<br />
observação do cotidiano dessas instituições.<br />
É possível destacar algumas experiências que<br />
foram bem-sucedidas porque justamente respeitaram<br />
esse diálogo e o conhecimento técnico<br />
acumulado nas polícias. Entre as políticas<br />
mais importantes nessa linhagem, estão: 1) as<br />
ações das polícias paulistas contra os homicídios<br />
em São Paulo; 2) O programa Fica Vivo,<br />
de Minas Gerais; 3) as Unidades de Polícia<br />
Pacificadora no Rio de Janeiro. Essas experiências<br />
demonstram que é possível produzir<br />
mudanças nas instituições policiais de forma<br />
incremental. São experiências que mudaram<br />
modelos táticos e operacionais adotados pelas<br />
polícias, ou introduziram mudanças gerenciais<br />
transformadoras. Hoje o crime é uma ameaça<br />
real à sociedade brasileira, e as mudanças que<br />
estão produzindo resultados são aquelas que<br />
justamente levam em conta a visão daqueles<br />
que planejam e executam o policiamento.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
129<br />
CIDADANIA<br />
JUSTIÇA<br />
JUSTIÇA PARA TODOS<br />
A ADVOCACIA E A DEFENSORIA<br />
PÚBLICA<br />
Entendemos que o estado de direito, norteador<br />
de todas as nossas ações, se baseia em instituições<br />
fortes; é o caso da advocacia, inclusive a de<br />
Estado e a Defensoria Pública. Para garantir e<br />
tornar efetivo o direito fundamental ao acesso à<br />
justiça por todos os brasileiros, é urgente fortalecer<br />
e ampliar a Defensoria Pública da União,<br />
de modo a dotá-la de capilaridade para alcançar<br />
todos os cidadãos que dela necessitem.<br />
Importante também valorizar e fortalecer as<br />
carreiras da advocacia pública, relevante instrumento<br />
na defesa do Estado.<br />
O PODER JUDICIÁRIO<br />
No nosso governo o Ministério da Justiça e Segurança<br />
Pública deverá transformar a Secretaria<br />
de Reforma do Judiciário em Secretaria de<br />
Cooperação com o Judiciário e com o Ministério<br />
Público (relacionamento institucional para<br />
ajudar a garantir condições de trabalho e atuação).<br />
Entendemos que a Justiça deve ser rápida.<br />
Justiça lenta contribui para a impunidade<br />
e para a insegurança jurídica, assim é preciso<br />
buscar mais e novos mecanismos de celeridade,<br />
não podendo faltar recursos orçamentários<br />
para a informatização do Poder Judiciário, em<br />
todo e qualquer estado brasileiro.<br />
Hoje os gargalos da Justiça não estão mais<br />
nos Tribunais Superiores, mas na segunda e<br />
primeira instância, que precisa ser valorizada,<br />
informatizada e equipada. Será nosso compromisso<br />
a eliminação do gargalo estrutural,<br />
para tanto é preciso inovar com criatividade<br />
e profissionalismo. Nesse contexto estamos<br />
propondo as ações que se seguem: a) buscar<br />
dar estrutura para videoconferências; b) proporcionar<br />
mecanismos modernos de vigilância<br />
do preso (pulseiras eletrônicas, mais simples e<br />
baratas que celas e que evitam jogar condenados<br />
de menor periculosidade em penitenciárias<br />
desnecessariamente); c) aumentar a competência<br />
dos juizados especiais (os antigos e<br />
bem-sucedidos juizados de pequenas causas);<br />
d) ampliar o número de Juizados Especiais Federais<br />
e dar condições materiais para instalar<br />
os Juizados Estaduais da Fazenda Pública; e)<br />
aprimorar o sistema prisional, tornando-o mais<br />
seguro e capaz de reinserir o condenado na<br />
sociedade; f) compromisso de não contingenciar<br />
verbas da área penitenciária (como é feito<br />
sistematicamente hoje); g) criar mecanismos<br />
para tornar menos atrativos os recursos a partir<br />
do segundo grau e valorizar as penas alternati-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
130<br />
CIDADANIA<br />
vas, sobretudo a prestação de serviços à comunidade,<br />
com fiscalização efetiva e não meramente<br />
virtual; h) incentivar meios alternativos<br />
de solução de conflitos, pois a experiência prática<br />
mostra que os meios tradicionais não têm<br />
atendido à demanda crescente.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Garantia da efetivação do direito<br />
fundamental de acesso à Justiça<br />
por todos os brasileiros.<br />
▶ Fortalecimento e ampliação da<br />
Defensoria Pública da União, de<br />
modo a dotá-la de capilaridade<br />
para alcançar todos os cidadãos<br />
que dela necessitem.<br />
▶ O Ministério da Justiça e Segurança<br />
Pública deverá transformar a<br />
Secretaria de Reforma do Judiciário<br />
em Secretaria de Cooperação<br />
com o Judiciário e com o Ministério<br />
Público, determinando um relacionamento<br />
institucional que garanta<br />
condições de trabalho e atuação.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Aumentar a competência dos juizados<br />
especiais, os antigos e bem-sucedidos<br />
juizados de pequenas causas.<br />
▶ Ampliar o número de Juizados<br />
Especiais Federais e dar condições<br />
materiais para instalar os Juizados<br />
Estaduais da Fazenda Pública.<br />
▶ Criar mecanismos para tornar menos<br />
atrativos os recursos a partir do<br />
segundo grau e valorizar as penas<br />
alternativas, sobretudo a prestação<br />
de serviços à comunidade, com fiscalização<br />
efetiva e não meramente<br />
virtual.<br />
▶ Incentivar os meios alternativos<br />
de solução de conflitos, pois a experiência<br />
mostra que os meios tradicionais<br />
não têm atendido à demanda<br />
crescente.<br />
▶ Financiar a informatização do Poder<br />
Judiciário em todos os estados<br />
brasileiros.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
SEGURANÇA PÚBLICA<br />
131<br />
CIDADANIA<br />
PREVENINDO A VIOLÊNCIA E CONSTRUINDO<br />
A PAZ EM NOSSAS COMUNIDADES<br />
A redução do número absurdo de homicídios,<br />
especialmente entre os jovens, deve ser uma<br />
prioridade absoluta para o Governo Federal.<br />
Isso requer estratégias mais abrangentes que se<br />
iniciam no plano da prevenção e se estendem<br />
às organizações policiais, infraestrutura legislativa,<br />
bem como ao sistema prisional.<br />
Vamos tratar da dimensão da prevenção.<br />
PREVENÇÃO E POLÍTICAS<br />
SOCIAIS: A NECESSIDADE DE<br />
PROGRAMAS FOCALIZADOS<br />
Um dos grandes equívocos no universo das<br />
políticas públicas no Brasil é a crença de que<br />
quaisquer políticas sociais têm impacto sobre<br />
taxas de criminalidade. Análises de programas<br />
como o Bolsa Família, ou outros de natureza genérica<br />
e universal, mostram seu baixo impacto<br />
nas taxas de crime. O que se requer são políticas<br />
focalizadas e voltadas especificamente para<br />
as várias facetas da segurança pública.<br />
A ausência dessas políticas tem levado à destruição<br />
do futuro de várias gerações de brasileiros.<br />
O genocídio de jovens é uma de nossas<br />
maiores tragédias, especialmente os negros,<br />
pobres e moradores da periferia, onde ocorrem<br />
majoritariamente. Ao lado disso, temos a insegurança<br />
das ruas, em virtude dos crimes contra<br />
o patrimônio que atemorizam os cidadãos brasileiros<br />
e que se encontram em crescimento em<br />
todo o país.<br />
Não há outra maneira de se enfrentar essa tragédia<br />
que não a partir de um enfoque integral,<br />
envolvendo ações de diversas áreas, bem como<br />
a participação ativa de diversos atores.<br />
POR UM CONCEITO DE<br />
PREVENÇÃO INTEGRAL: CASAS DE<br />
JUSTIÇA E CIDADANIA<br />
Serão construídos centros de prevenção nas<br />
áreas mais críticas em termos de violência, nos<br />
grandes centros urbanos brasileiros. Esses edifícios<br />
centralizarão vários serviços para a prevenção<br />
do crime em áreas de alta violência, bem<br />
como para a repressão qualificada, por meio de<br />
policiamento ostensivo e atividades de investigação.<br />
As Casas serão construídas no meio das áreas<br />
de risco e financiadas pelo Governo Federal.<br />
Ali se fará a articulação de (a) estratégias de<br />
policiamento de proximidade, semelhante às<br />
UPPs, no qual policiais ficarão alocados 24 ho-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
132<br />
CIDADANIA<br />
ras por dia nesses locais; (b) projetos de desenvolvimento<br />
local, em que constarão ações de<br />
estímulo ao empreendedorismo, qualificação<br />
profissional, reinserção de egressos do sistema<br />
prisional; (c) programas de mediação de conflitos;<br />
(d) rede de acolhimento e proteção de<br />
jovens; (e) gestão para projetos de recuperação<br />
urbana mais urgentes que se façam necessários<br />
nessas áreas.<br />
Trata-se de uma maneira extremamente eficiente<br />
de restauração da ordem em áreas violentas<br />
e dominadas pelo tráfico e pelo crime<br />
organizado, por meio de ações conjugadas de<br />
polícia e de desenvolvimento social.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ A primeira grande meta para a segurança<br />
pública é a transformação<br />
do Ministério da Justiça em Ministério<br />
da Justiça e Segurança Pública.<br />
▶ O Governo Federal vai liderar, de<br />
forma firme e vigorosa, a articulação<br />
e a coordenação de ações nacionais<br />
de segurança pública.<br />
▶ Implementação de uma política<br />
nacional de segurança construída<br />
com estados e municípios e com<br />
ampla participação e controle da<br />
sociedade.<br />
▶ Implementar programas e ações<br />
para garantir a redução progressiva<br />
e continuada do número de jovens<br />
envolvidos em crimes.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Criar Casas de Justiça e Cidadania<br />
nas áreas mais críticas em termos<br />
de violência, nos centros urbanos.<br />
▶ Organizar a repressão qualificada<br />
por meio de policiamento ostensivo<br />
e atividades de investigação integradas<br />
às Casas de Justiça e Cidadania.<br />
▶ Apoiar projetos de educação e<br />
formação profissional em tempo<br />
integral nas áreas de maior vulnerabilidade<br />
em relação à segurança.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
133<br />
CIDADANIA<br />
▶ Articular e integrar a Política de<br />
Segurança Pública com o Sistema<br />
Único de Assistência Social – Suas.<br />
▶ Prevenir a violência por meio de<br />
programas de infraestrutura urbana<br />
nas zonas centrais e comerciais,<br />
com implantação de centros de<br />
cultura e convivência para jovens,<br />
bibliotecas e unidades de empreendedorismo<br />
local.<br />
▶ Implantar, em parceria com estados<br />
e municípios, programas de<br />
prevenção a acidentes de trânsito.<br />
▶ Definir estratégias de prevenção<br />
como grupos de mútua ajuda,<br />
oportunidades de estudo, qualificação<br />
e ocupação, bem como o aconselhamento<br />
e o monitoramento por<br />
voluntários.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
134<br />
CIDADANIA<br />
REFORMA DA INFRAESTRUTURA<br />
LEGISLATIVA, PENAL E PROCESSUAL<br />
UMA LEI QUE PROMOVA A PAZ E A JUSTIÇA<br />
CÓDIGO PENAL<br />
E PROCESSO PENAL<br />
Um dos problemas que causam mais indignação<br />
aos brasileiros é a impunidade. Vários<br />
tipos de crimes, especialmente contra o patrimônio,<br />
mas especialmente homicídios, têm<br />
uma baixíssima taxa de condenação e prisão.<br />
Isto termina gerando um paradoxo: temos prisões<br />
superlotadas de pessoas pobres e sem a<br />
mínima capacidade de mobilizar quaisquer recursos<br />
em sua defesa, mas, ao mesmo tempo,<br />
muitos delinquentes são presos e terminam<br />
soltos retornando a seus bairros e comunidades.<br />
Como isso ocorre?<br />
Não se trata apenas de uma questão legislativa,<br />
embora ela seja central. A construção<br />
da impunidade no Brasil se inicia já na fase<br />
policial, com investigações precárias ou que<br />
simplesmente não ocorrem na grande maioria<br />
dos crimes, na desarticulação das polícias, em<br />
que uma nem sempre dá seguimento ao que a<br />
outra está fazendo. O Ministério Público nem<br />
sempre oferece denúncias por problemas em<br />
relação ao inquérito policial. Muitas vezes,<br />
juízes aplicam uma série de benefícios e recursos,<br />
previstos em lei, que terminam retardando<br />
indefinidamente a aplicação das penas.<br />
Nosso Código Penal é de 1940 e não acompanhou<br />
as evoluções do crime do século XXI.<br />
Apenas em 2013 conseguimos tipificar o crime<br />
organizado (Lei 12.850/2013). Ainda não<br />
temos uma legislação adequada para graves<br />
crimes cometidos na internet, como a pedofilia,<br />
por exemplo. Mas não está no Código Penal<br />
a origem da impunidade. Pelo contrário,<br />
ele é muito rigoroso. O problema reside em<br />
alguns aspectos do Código de Processo Penal,<br />
que é de 1973.<br />
É importante destacar que já se encontra no<br />
Congresso um grande número de iniciativas<br />
e projetos de qualidade que serão resgatados<br />
pelo governo, que os apoiará de acordo com<br />
a prioridade no combate à impunidade. Já no<br />
início do governo, nos encarregaremos de enviar,<br />
para avaliação do Congresso, um conjunto<br />
de medidas legislativas e apoiar uma série<br />
delas que lá se encontram, inclusive a reforma<br />
do Código Penal.<br />
Mas existem deficiências que não são apenas<br />
de conteúdos legislativos, mas da forma como<br />
ainda funcionam nossos tribunais. Processos<br />
que abarrotam nossas cortes poderiam tramitar<br />
com muito mais agilidade, se lançássemos<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
135<br />
CIDADANIA<br />
mão de modernas tecnologias de manejo eletrônico<br />
de documentos, tais como o processo<br />
eletrônico, integrando-as também aos inquéritos<br />
policiais.<br />
No tocante à legislação, pretendemos racionalizar<br />
e simplificar a legislação como um todo,<br />
retomando a consolidação, abandonada nos<br />
últimos anos. Entendemos que é uma questão<br />
de cidadania consolidar e simplificar emaranhados<br />
legislativos.<br />
JOVENS E MEDIDAS<br />
SOCIOEDUCATIVAS<br />
Segundo os últimos levantamentos disponíveis,<br />
tínhamos em 2011 cerca de 19.595 menores<br />
cumprindo medida socioeducativa. Isto<br />
representa menos de 3% da população prisional<br />
adulta. Desses, a grande maioria encontra-se<br />
cumprindo medida socioeducativa por roubo<br />
(38,1%), tráfico (26,6%), homicídio (8,4%) e<br />
latrocínio (1,4%).<br />
A responsabilidade do Governo Federal para<br />
com esses jovens e com a sociedade leva à proposição<br />
de três tipos de medidas:<br />
1. um conjunto de medidas de prevenção para<br />
gerar oportunidades e alternativas que evitem<br />
o envolvimento desses jovens com a<br />
criminalidade;<br />
2. o Governo Federal deve colaborar na criação<br />
de condições dignas e eficazes para o<br />
cumprimento de medidas socioeducativas<br />
em ambiente adequado, que possa contribuir<br />
com sua efetiva ressocialização;<br />
3. defendemos a proposta de que os maiores<br />
de 16 anos, que cometam crimes gravíssimos<br />
como homicídio qualificado e estupro,<br />
devam, mediante pedido ao Ministério Público<br />
e aceito pelo juiz responsável, cumprir<br />
tempo maior de detenção.<br />
O Governo Federal investirá os recursos e garantirá<br />
o suporte necessário à implementação<br />
do Estatuto da Criança e do Adolescente, dando<br />
treinamento e qualificação necessária para<br />
os conselheiros tutelares, bem como criando<br />
as condições materiais para seu cumprimento.<br />
Outros projetos buscarão diminuir o envolvimento<br />
daqueles que já passaram pelo sistema<br />
socioeducativo.<br />
O projeto Reconstruindo o Futuro apoiará<br />
jovens que se encontram acautelados, para<br />
resistirem ao envolvimento com atividades<br />
criminosas quando retornarem às suas comunidades,<br />
buscando reduzir com isso a reincidência.<br />
Isso envolverá desde estratégias de<br />
prevenção à participação em grupos de mútua<br />
ajuda, oportunidades de estudo, qualificação<br />
e ocupação, até o aconselhamento e o monitoramento<br />
por voluntários. Com isto se espera<br />
reduzir a exposição deles a fatores de risco.<br />
No que se refere ao sistema prisional, queremos<br />
nos comprometer com o fim da prática de<br />
contingenciamento de verbas para o sistema<br />
como um todo e em particular para a construção<br />
de unidades de internação para adolescentes<br />
em conflito com a lei.<br />
Paralelamente às ações já citadas, pretendemos<br />
manter e implementar programas claros<br />
de prevenção e combate à violência de gênero,<br />
racial, em razão de orientação sexual, contra<br />
crianças, idosos e indígenas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
136<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ O Governo Federal vai investir os<br />
recursos e garantir o suporte necessário<br />
à implementação do Estatuto<br />
da Criança e do Adolescente.<br />
▶ Construção, em parceria com a<br />
Política de Infância, Educação e Direitos<br />
Humanos, de processos de<br />
capacitação e qualificação necessária<br />
para os Conselheiros Tutelares.<br />
▶ Apoio à PEC 33/2012, do senador<br />
Aloysio Nunes.<br />
▶ Propor um conjunto de medidas<br />
legislativas, elaboradas por grupos<br />
de juristas de excelência, a serem<br />
encaminhadas ao Parlamento, visando<br />
à qualificação dos diversos<br />
projetos relativos à Lei Processual<br />
Penal e à Lei de Execução Penal,<br />
para combater a impunidade.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Criar mecanismos de estímulo<br />
para estados que reduzirem a impunidade<br />
dos crimes violentos.<br />
▶ Aprimorar a legislação para combater<br />
os crimes de colarinho branco,<br />
promover a prevenção e a repressão<br />
à corrupção e à lavagem de dinheiro.<br />
Para isso é urgente desenvolver<br />
ações de capacitação de agentes<br />
públicos para atuar nessa área.<br />
▶ Definir o que é “organização criminosa”,<br />
pois a atual legislação menciona,<br />
mas não define o que seja.<br />
▶ Aprimorar e tornar efetiva a legislação<br />
sobre crimes ambientais, em<br />
especial no que se refere a uma melhor<br />
articulação dos entes da federação<br />
na matéria.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
POLÍCIAS BRASILEIRAS<br />
137<br />
CIDADANIA<br />
TRABALHADORES DA SEGURANÇA E DA PAZ<br />
AS REFORMAS DAS POLÍCIAS<br />
BRASILEIRAS<br />
Existem aspectos institucionais que devem ser<br />
ponderados numa ampla reforma da justiça<br />
criminal brasileira. Uma das mais importantes<br />
organizações são as polícias. Não obstante os<br />
esforços e o profissionalismo de nossos policiais,<br />
o atual modelo não está funcionando e<br />
requererá uma série de ações no sentido de<br />
tornar as atividades policiais mais efetivas.<br />
Uma das formas para reverter essa situação<br />
será o apoio à formação, em larga escala, de<br />
policiais que atuem dentro da perspectiva do<br />
policiamento comunitário. Policiais comunitários<br />
não devem ser unidades separadas no<br />
interior das polícias, mas todas as suas atividades<br />
devem se orientar para o público e em<br />
parceria com ele. Vamos formar, em larga escala,<br />
policiais comunitários a partir de cursos<br />
a distância e atividades presenciais.<br />
É clara a necessidade de desenvolvimento de<br />
mecanismos que permitam a integração e a<br />
articulação entre as diferentes forças policiais.<br />
Pretendemos desenvolver inovações gerenciais,<br />
tais como protocolos de atuação conjunta entre<br />
as polícias e outros órgãos da justiça criminal.<br />
Essa metodologia de integração das ações policiais<br />
já foi testada em Minas Gerais por meio do<br />
programa Integração da Gestão em Segurança<br />
Pública (Igesp).<br />
O combate ao crime passa pelo maior empenho<br />
do Governo Federal na segurança pública,<br />
como no controle das fronteiras, portos e<br />
aeroportos, área em que pretendemos fortalecer<br />
a ação da Polícia Federal especialmente<br />
em relação ao contrabando, tráfico de armas<br />
e drogas. O combate aos crimes de colarinho<br />
branco, a prevenção e a repressão à corrupção<br />
e à lavagem de dinheiro necessitam urgentemente<br />
de ações de capacitação de agentes<br />
públicos para prevenir e reprimir esse tipo de<br />
delito. Nesse campo precisamos também que<br />
a lei defina o que é “organização criminosa”,<br />
pois a atual legislação menciona, mas não define,<br />
o que vem inibindo o combate efetivo a<br />
esse tipo de crime.<br />
CRIAÇÃO DE CENTROS DE<br />
INTELIGÊNCIA POLICIAL<br />
INTEGRADA<br />
O nosso governo implantará centros de análise<br />
criminal nos grandes centros urbanos do país.<br />
Eles serão implantados em municípios de médio<br />
e grande porte pelo Governo Federal, que<br />
se encarregará de: (a) fornecer equipamentos,<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
138<br />
CIDADANIA<br />
softwares e computadores; (b) treinamento e<br />
qualificação de analistas criminais, que se encarregarão<br />
da análise de dados criminais e de<br />
investigação; (c) preparar a utilização de mapas<br />
com os dados criminais. Com isso, espera-se<br />
promover maior segurança para a população,<br />
aumentando a inteligência da ação policial e<br />
permitindo um planejamento focalizado para<br />
as áreas de maior criminalidade.<br />
CRIAÇÃO DE UNIDADES DE<br />
REPRESSÃO A CRIMINOSOS<br />
CONTUMAZES<br />
Trata-se de apoiar a criação de unidades de<br />
monitoramento de delinquentes violentos, reincidentes<br />
e recorrentes, focalizando especialmente<br />
a ação de criminosos contumazes, que<br />
serão objeto de atenção especial e integrada<br />
por parte das polícias.<br />
Sabe-se que poucos criminosos cometem muitos<br />
crimes e são responsáveis pela maioria das<br />
ações criminosas. Da mesma maneira, poucos<br />
locais das cidades concentram um grande número<br />
de crimes. O objetivo será focar as ações<br />
nesses locais e criminosos.<br />
Toda polícia dos grandes centros terá uma<br />
unidade especialmente dedicada ao monitoramento<br />
de criminosos reincidentes, como<br />
parte de suas atividades de inteligência. Haverá<br />
softwares de monitoramento de grupos e<br />
atividades criminosas, com policiais treinados<br />
especificamente para a repressão desse tipo<br />
de crimes.<br />
Essas unidades poderão ser compostas de policiais<br />
de várias origens e atuarão em estreita<br />
conexão com os setores de inteligência das<br />
polícias.<br />
Vamos introduzir inovações gerenciais que visem:<br />
(a) integrar e unificar as ações das polícias<br />
brasileiras e; (b) introduzir mecanismos<br />
de incentivos com base em resultados por<br />
meio de:<br />
• fundo de valorização da polícia;<br />
• criação de metas para receber recursos do<br />
fundo;<br />
• publicidade das metas e resultados;<br />
• inovações organizacionais para atuação nas<br />
áreas metropolitanas;<br />
• sistemas unificados de informação, que incluam<br />
métodos de coleta, registro, processamento<br />
e compartilhamento de informação.<br />
As informações serão utilizadas como instrumentos<br />
de planejamento operacional das<br />
polícias, bem como de transparência de suas<br />
atividades;<br />
• homicídios contra policiais devem ter suas<br />
penas agravadas;<br />
• apoio e ampliação das Polícias Federais;<br />
• apoio às investigações com base científica,<br />
utilizando-se de modernas ferramentas de<br />
gestão e experiências de excelência das delegacias<br />
brasileiras.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
139<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Apoio à formação, em larga escala,<br />
de policiais que atuem dentro da<br />
perspectiva do policiamento comunitário.<br />
▶ Ampliação da efetividade do trabalho<br />
dos policiais, propiciando infraestrutura<br />
e equipamentos que<br />
permitam investigações com base<br />
científica, utilizando-se de modernas<br />
ferramentas de gestão e experiências<br />
de excelência das delegacias<br />
brasileiras.<br />
▶ Apoio, ampliação e melhoria das<br />
condições de trabalho da Polícia<br />
Federal.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Desenvolver inovações gerenciais<br />
como protocolos de atuação conjunta<br />
entre as polícias e outros órgãos<br />
da justiça criminal.<br />
▶ Fortalecer e ampliar programas de<br />
formação de policiais comunitários.<br />
▶ Criar centros de inteligência policial<br />
integrada nos grandes centros,<br />
com o apoio do governo para equipamentos,<br />
softwares e computadores;<br />
treinamento e qualificação de<br />
analistas criminais, que se encarregarão<br />
da análise de dados criminais<br />
e de investigação.<br />
▶ Criar unidades de repressão a criminosos<br />
contumazes. São unidades<br />
de monitoramento de delinquentes<br />
violentos, reincidentes e recorrentes,<br />
focalizando especialmente a<br />
ação desses criminosos, que serão<br />
objeto de atenção especial e integrada<br />
por parte das polícias.<br />
▶ Criar um fundo de valorização da<br />
polícia e estabelecer metas para<br />
acessar recursos do fundo.<br />
▶ Propor inovações organizacionais<br />
para atuação nas áreas metropolitanas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
140<br />
CIDADANIA<br />
▶ Implantar sistemas unificados de<br />
informação, que incluam métodos<br />
de coleta, registro, processamento<br />
e compartilhamento de informação.<br />
▶ Apoiar as inovações gerenciais<br />
que visem integrar e otimizar as<br />
ações das polícias brasileiras, bem<br />
como introduzir mecanismos de incentivos<br />
com base em resultados.<br />
▶ Criar o Programa Polícia na Rua<br />
para garantir que 50 mil policiais que<br />
hoje desempenham funções administrativas<br />
voltem a atuar nas ruas.<br />
▶ Apoiar a implementação de sistemas<br />
unificados de informação, que<br />
incluam métodos de coleta, registro,<br />
processamento e compartilhamento<br />
de informações.<br />
▶ Apoiar as investigações com base<br />
científica, utilizando modernas ferramentas<br />
de gestão e experiências<br />
de excelência das delegacias brasileiras<br />
e novas tecnologias existentes<br />
em nível nacional e internacional.<br />
▶ Propor aumento da pena para<br />
os crimes de violência ou ameaça<br />
praticados contra agentes públicos<br />
que tenham função na política de<br />
segurança: policiais, juízes, promotores<br />
e agentes prisionais.<br />
▶ Fortalecer a Polícia Federal e dar a<br />
total garantia de que suas ações tenham<br />
autonomia e independência.<br />
▶ Estabelecer políticas eficazes de<br />
combate à violência e à impunidade,<br />
com especial ênfase nos crimes<br />
violentos.<br />
▶ Prevenir e reprimir o contrabando,<br />
o tráfico de drogas e de armas<br />
e a lavagem de dinheiro.<br />
▶ Estimular o policiamento em áreas<br />
de intensa criminalidade, por meio<br />
do fornecimento de metodologia e<br />
treinamento adequados.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
SISTEMA PRISIONAL<br />
141<br />
CIDADANIA<br />
ESPAÇO DE JUSTIÇA E NÃO DE VINGANÇA<br />
A CRISE DO SISTEMA PRISIONAL<br />
Um dos pontos centrais de nossa crise na área<br />
de segurança é o sistema prisional. Prendemos<br />
muito quantitativamente, mas prendemos<br />
mal qualitativamente. O Brasil tinha, em<br />
2014, 563.526 presos no sistema penitenciário.<br />
Temos a quarta maior população prisional<br />
do mundo, atrás apenas de EUA (2.228.424);<br />
China (1.701.344) e Rússia (676.400). São 358<br />
presos para cada grupo de 100 mil habitantes,<br />
enquanto o México tem 212; África do Sul, 294;<br />
e Argentina, 149. Se somarmos a essa população<br />
as cerca de 148 mil pessoas que cumprem<br />
pena em prisão domiciliar, teremos um total de<br />
711.463. As condições carcerárias são precárias,<br />
e pouco tem sido feito para minimizar esse problema.<br />
O número de vagas no sistema penitenciário<br />
no Brasil em 2014 é de fato de 357.219.<br />
Os restantes 206.307, são o déficit do número<br />
de vagas, e que se constituem no contingente<br />
que compõe a superpopulação prisional. Esse<br />
tem sido um dos maiores ingredientes das sucessivas<br />
e violentas revoltas dentro do sistema<br />
a que temos assistido nos estados. No geral, temos<br />
1,7 preso por vaga no sistema prisional.<br />
Se adicionarmos a esses números a quantidade<br />
de pessoas com mandado de prisão em<br />
aberto no Cadastro Nacional de Mandado de<br />
Prisão, que é de 373.991, teríamos um déficit<br />
de 580.298. No entanto, o atual governo tem<br />
optado por fechar os olhos para esse problema,<br />
e assistir à grave convulsão social nos presídios<br />
como se o problema não fosse de sua alçada.<br />
Pelo contrário, optou por contingenciar o Fundo<br />
Penitenciário. Apenas no ano de 2011, dos<br />
R$ 270 milhões disponíveis, foram contingenciados<br />
R$ 148 milhões, o que daria para abrir<br />
3.379 vagas no sistema. Mas isto é muito pouco<br />
diante do enorme déficit que temos.<br />
Utilizaremos o instrumento das PPPs para suprir<br />
parte dessas vagas em parceria com o setor<br />
privado e utilizar formas mais eficientes de<br />
cumprimento de penas, tais como:<br />
• Associação de Assistência e Proteção aos<br />
Condenados (Apac);<br />
• uso de formas alternativas;<br />
• monitoramento eletrônico.<br />
Vamos ampliar e desenvolver sistemas de informações<br />
gerenciais adequados para a população<br />
prisional, permitindo separar presos de menor<br />
periculosidade que podem cumprir penas alternativas,<br />
tais como o uso de tornozeleiras eletrônicas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
142<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Não contingenciar os recursos do<br />
Fundo Penitenciário.<br />
▶ Reestruturar o sistema penitenciário<br />
no Brasil com apoio do Ministério<br />
da Justiça e Segurança Pública.<br />
▶ Utilizar mecanismos de Parceria<br />
Público-Privada (PPP), para abrir<br />
vagas e adotar formas alternativas,<br />
como o modelo Apac e monitoramentos<br />
eletrônicos, para presos de<br />
menor periculosidade.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Aprimorar o sistema prisional, tornando-o<br />
mais seguro e capaz de reinserir<br />
o condenado na sociedade,<br />
atuando com ações de educação,<br />
saúde, trabalho e garantindo atenção<br />
às famílias dos presos.<br />
▶ Criar o Programa Mutirão Penitenciário<br />
para identificar todos os<br />
prisioneiros que já cumpriram pena,<br />
mas continuam nos presídios devido<br />
à morosidade dos processos.<br />
▶ Ampliar e desenvolver sistemas<br />
de informações gerenciais adequados<br />
para a população prisional, permitindo<br />
separar presos de menor<br />
periculosidade, que podem cumprir<br />
penas alternativas ou utilizar tornozeleiras<br />
ou pulseiras eletrônicas e<br />
minorar o problema da superpopulação<br />
prisional.<br />
▶ Criar o Programa Agentes da Liberdade,<br />
em parceria com os estados,<br />
para que os egressos do sistema<br />
penitenciário sejam apoiados<br />
nos primeiros seis meses de retorno<br />
ao convívio social e possam ter<br />
apoio no encontro de trabalho e escolaridade.<br />
▶ Criar projeto de apoio aos jovens<br />
que retornam a suas famílias após<br />
o cumprimento de medidas socioeducativas.<br />
▶ Criar novas prisões federais, de<br />
forma a abrigar especialmente as<br />
lideranças do crime organizado.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
143<br />
CIDADANIA<br />
CONTROLE DO USO DE DROGAS<br />
UM DOS NOSSOS MAIS GRAVES PROBLEMAS<br />
A droga se transformou num dos mais graves<br />
problemas no Brasil. O crack, a droga mais perigosa<br />
da atualidade, rompeu os limites geográficos<br />
e sociais, invadiu o interior do país. Deste<br />
modo, esse tema deve ter uma abordagem mais<br />
abrangente, integrando políticas públicas de<br />
saúde, segurança pública e assistência social.<br />
A droga não é mais um problema apenas do<br />
usuário, mas, hoje, toda a sociedade brasileira<br />
precisa criar uma forte aliança que garanta um<br />
novo momento no país sobre uma tragédia social<br />
que se consolida em grande parte das famílias<br />
brasileiras.<br />
Um de nossos desafios é definir uma nova norma<br />
operacional, estrutural e rever as competências<br />
de atuação da Secretaria Nacional de<br />
Políticas sobre Drogas. A Senad não pode continuar<br />
a trabalhar de forma isolada. Ela deve<br />
facilitar estratégias de articulação, integração e<br />
transversalização das políticas setoriais de educação,<br />
assistência social, juventude, direitos humanos,<br />
saúde e segurança pública vinculadas<br />
à temática.<br />
Além disso, é necessário o reconhecimento de<br />
que o crack é um problema crônico de saúde<br />
pública.<br />
Da mesma forma, a política de saúde deve atuar<br />
de forma direta para a organização da rede de<br />
cuidados em álcool e drogas na estrutura do Sistema<br />
Único de Saúde.<br />
É importante reestruturar o Conselho Nacional<br />
de Políticas sobre Drogas, fortalecendo sua atuação<br />
e capacidade decisória. Temos que ampliar<br />
a participação da sociedade civil no combate ao<br />
uso de drogas.<br />
É necessária a desburocratização e a reformulação,<br />
em parceria com os estados, Judiciário e<br />
Ministério Público, das ações de arrecadação e<br />
destinação de bens e veículos apreendidos em<br />
decorrência do crime de tráfico de drogas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
144<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Convocação imediata da I Conferência<br />
Nacional de Políticas sobre<br />
Drogas, com etapas municipais e<br />
estaduais, promovendo um amplo<br />
debate nacional sobre as questões<br />
relacionadas à temática com o objetivo<br />
de redefinir as prioridades do<br />
governo.<br />
▶ Reestruturação do Observatório<br />
Brasileiro de Informações sobre<br />
Drogas, Obid.<br />
▶ Apoio aos estados e capitais na<br />
implantação de seus próprios observatórios,<br />
que deverão estar integrados,<br />
permitindo a sistematização<br />
e a divulgação de informações.<br />
▶ Implantação do programa Rede<br />
Complementar de Serviços, integrando<br />
ações de estados e municípios,<br />
articulando os mecanismos<br />
de apoio às comunidades terapêuticas,<br />
grupos de mútua ajuda, ações<br />
desenvolvidas por pastorais sociais<br />
e outras tecnologias comunitárias.<br />
▶ Revisão e flexibilização dos critérios<br />
para implantação de serviços<br />
da rede de atenção psicossocial em<br />
álcool e outras drogas, permitindo<br />
aos municípios de pequeno e médio<br />
porte o acesso a incentivos.<br />
▶ Instituição de política de incentivo<br />
e apoio para ampliar a oferta de<br />
centros de atenção psicossocial a<br />
usuários de álcool e drogas, permitindo<br />
ações de promoção e prevenção,<br />
de assistência e de inserção<br />
social para dependentes químicos<br />
e seus familiares.<br />
▶ Revisão imediata da tabela de financiamento<br />
da rede de atenção<br />
psicossocial, em especial os recursos<br />
destinados aos Caps-AD, ampliando<br />
a participação do Governo<br />
Federal nas ações de custeio e atividades<br />
de qualificação dos profissionais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
145<br />
CIDADANIA<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Criar a Rede Brasil de Pesquisa e<br />
Ensino em álcool e outras drogas,<br />
em parceria com entidades e segmentos<br />
da sociedade científica.<br />
▶ Realizar, com estados e municípios,<br />
o censo da rede de tratamento<br />
de dependência química.<br />
▶ Identificar os pontos mais vulneráveis<br />
de uso de drogas no Brasil,<br />
garantindo apoio aos estados e<br />
municípios para transformar esses<br />
pontos em áreas livres de drogas.<br />
▶ Desenvolver programa nacional de<br />
prevenção ao uso abusivo de álcool<br />
e outras drogas, em parceria com<br />
estados, municípios, empresas privadas<br />
e entidades do terceiro setor.<br />
▶ Apoiar comunidades terapêuticas<br />
e instituições afins, oferecendo<br />
estratégias de capacitação continuada<br />
para técnicos, voluntários<br />
e profissionais e a destinação<br />
de equipamentos e recursos para<br />
adaptação, ampliação e melhoria<br />
da infraestrutura de atendimento<br />
das entidades.<br />
▶ Apoiar a implantação de novos<br />
serviços, tais como repúblicas, unidades<br />
de permanência dia, serviços<br />
ambulatoriais especializados e outros,<br />
como medida de diversificação<br />
das abordagens e serviços.<br />
▶ Criar leitos no Sistema Único de<br />
Saúde para tratamento de dependentes<br />
químicos.<br />
▶ Implantar programa nacional de<br />
apoio aos familiares de usuários dependentes<br />
de álcool e outras drogas,<br />
em articulação com as entidades<br />
da sociedade civil.<br />
▶ Combater e reprimir a entrada de<br />
drogas no Brasil com fortalecimento<br />
da vigilância de fronteiras, aeroportos<br />
e portos.<br />
▶ Implantação de um programa nacional<br />
de apoio para reinserção social<br />
e produtiva de dependentes de<br />
álcool e outras drogas em articulação<br />
com as políticas de trabalho,<br />
qualificação profissional e Sistemas<br />
S (Sesi, Senai, Senar, Sesc, Senat e<br />
Senac).<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
146<br />
CIDADANIA<br />
TRABALHO E RENDA<br />
Não existirá inclusão social sustentável se os<br />
brasileiros não tiverem acesso ao trabalho ou a<br />
programas de geração de renda.<br />
As políticas sociais e a educação devem ser<br />
aliadas de forma permanente para que todo<br />
brasileiro tenha reais condições de buscar e<br />
conseguir um emprego ou ingressar em um<br />
programa de geração de renda.<br />
O trabalho precisa ser compreendido como<br />
um direito do brasileiro que deve ser acessado<br />
pelos caminhos formais, de maneira a garantir<br />
a todos os benefícios estabelecidos pela legislação<br />
brasileira.<br />
Da mesma forma que a Consolidação das Leis<br />
Trabalhistas veio apoiar o polo mais fraco das<br />
relações de trabalho, o Código de Defesa do<br />
Consumidor veio garantir direitos e reduzir a<br />
assimetria nas relações de mercado para quem<br />
consome. Avançamos muito desde a sua criação,<br />
mas há ainda um longo caminho a percorrer<br />
para o estabelecimento de novos patamares<br />
de atendimento ao consumidor e na agilidade<br />
de solução dos conflitos.<br />
A proteção do consumidor é a proteção do cidadão<br />
que trabalha, que gera renda, que produz<br />
sonhos e que consome.<br />
O Brasil está muito atrasado na defesa de seu<br />
consumidor, que antes de tudo é o trabalhador<br />
brasileiro que faz o dia a dia do país.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
147<br />
CIDADANIA<br />
TRABALHO E EMPREENDEDORISMO<br />
A INCLUSÃO SUSTENTÁVEL<br />
A mais profunda tradução da inclusão social<br />
se dá no acesso sustentável ao trabalho.<br />
Embora o país tenha apresentando taxas de<br />
desemprego relativamente satisfatórias nos últimos<br />
anos, o mundo do trabalho formal ainda<br />
está distante de muitos brasileiros. Além disso,<br />
nos últimos meses, o baixo dinamismo da<br />
economia brasileira vem produzindo impactos<br />
sobre a oferta de emprego.<br />
Para além dos problemas de oferta de empregos<br />
ou de oportunidades de uma atividade<br />
produtiva, que estão vinculados à dinâmica e<br />
à conjuntura econômica, os mais graves problemas<br />
encontram-se nos históricos hiatos da<br />
educação no país.<br />
O Brasil ainda convive com enormes vazios no<br />
campo do acesso ao trabalho, sobretudo pela<br />
baixa escolaridade e ausência de formação dos<br />
brasileiros em idade de trabalhar.<br />
O mercado de trabalho brasileiro vem passando<br />
por profundas transformações estruturais<br />
nas últimas décadas e é fundamental definir<br />
um rumo seguro para que não haja uma perigosa<br />
estagnação no desenvolvimento de postos<br />
de trabalho.<br />
Um Brasil de oportunidades deve ser parceiro<br />
daqueles que buscam empreender e acolher<br />
todos que aceitam o desafio de construir novas<br />
formas de renda e empregabilidade.<br />
O mercado de trabalho precisa se articular de<br />
forma consistente com o crescimento econômico<br />
do século XXI e, no caso brasileiro, enfrentar<br />
o baixo crescimento da economia.<br />
É necessário ampliar o emprego formal no Brasil<br />
e aumentar o número de postos de trabalho<br />
de forma continuada, com atenção especial<br />
aos grupos demográficos com baixa participação<br />
no mercado de trabalho (jovens, pessoas<br />
com mais de cinquenta anos e mulheres).<br />
O Brasil tem uma agenda social complexa e<br />
histórica. Chegou a hora de construirmos uma<br />
agenda de trabalho para que de fato a inclusão<br />
social seja sustentável.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
148<br />
CIDADANIA<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Fomento à criação de empregos<br />
formais de qualidade, com a garantia<br />
de todos os direitos trabalhistas.<br />
▶ Continuidade da política de ganhos<br />
reais do salário mínimo.<br />
▶ Reversão da tendência de diminuição<br />
dos recursos do Fundo de<br />
Amparo ao Trabalhador (FAT) destinados<br />
para a capacitação de trabalhadores,<br />
mediante recuperação<br />
e reorganização desse Fundo.<br />
▶ Combate permanente e repressão<br />
ao trabalho escravo e degradante.<br />
▶ Combate permanente e integrado<br />
ao trabalho infantil, sobretudo<br />
doméstico.<br />
▶ Combate e repressão aos exploradores<br />
de trabalhadores imigrantes.<br />
▶ Garantia de regularização dos trabalhadores<br />
rurais.<br />
▶ Promoção da segurança jurídica<br />
ao empreendedor.<br />
▶ Reconhecimento do fundamental<br />
papel dos sindicatos dos trabalhadores<br />
na construção de direitos humanos,<br />
sociais e trabalhistas.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Apoiar o associativismo e o cooperativismo,<br />
como instrumentos de<br />
geração de renda e oportunidades.<br />
▶ Estimular os arranjos produtivos<br />
locais, para a geração de empregos<br />
de qualidade.<br />
▶ Apoiar projetos locais de geração<br />
de renda, em articulação com estados<br />
e municípios.<br />
▶ Criar prêmio, por setor, e com visibilidade<br />
nacional, para empresas que<br />
reduzirem os acidentes de trabalho.<br />
▶ Ampliar programas de estímulo<br />
ao aumento da escolaridade do trabalhador.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
149<br />
CIDADANIA<br />
▶ Estimular a criação de novas formas<br />
de trabalho e renda para os<br />
trabalhadores aposentados que<br />
queiram continuar em atividade.<br />
▶ Apoiar os microempreendedores<br />
individuais, garantindo a expansão<br />
dessa modalidade, aumentando a<br />
formalização e instituição de espaços<br />
plurais para a sua formação.<br />
▶ Estimular o trabalho artesanal, em<br />
articulação com as políticas de cultura<br />
e turismo.<br />
▶ Estimular as empresas para que<br />
promovam, junto a seus empregados,<br />
programas de qualidade total e<br />
de inovações voltados à solução de<br />
problemas, melhoria de processos,<br />
segurança no trabalho e aumento<br />
da produtividade.<br />
▶ Ampliar os programas governamentais<br />
de apoio ao empreendedorismo.<br />
▶ Estruturar programa, articulado<br />
com as políticas de assistência social<br />
e educação, de busca ativa da<br />
população adulta em situação de<br />
desocupação.<br />
▶ Criar uma nova agenda do trabalho<br />
no Brasil com foco na população<br />
em idade de trabalho desempregada<br />
ou desocupada.<br />
▶ Fortalecer movimentos de escolarização<br />
para os desempregados<br />
e desocupados a partir de ampla<br />
participação da sociedade, empresas<br />
e movimentos sociais.<br />
▶ Reformar o Portal do Empreendedor,<br />
que possui baixa amplitude<br />
de serviços e informações, de forma<br />
a apresentar as ações articuladas<br />
do governo e órgãos parceiros<br />
e os serviços para a promoção do<br />
empreendedorismo, desburocratizando<br />
o diálogo e reduzindo processos.<br />
▶ Criar o Programa Brasil Descomplicado,<br />
por meio de ações coordenadas<br />
com os diversos órgãos do<br />
governo, com vistas a acelerar o<br />
tempo de abertura e fechamento<br />
de empresas.<br />
▶ Criar o Conselho Nacional de Empreendedorismo,<br />
para debate permanente<br />
sobre as oportunidades e dificuldades<br />
de se empreender no país e<br />
a deliberação de medidas e propostas<br />
para a redução do custo Brasil.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
150<br />
CIDADANIA<br />
▶ Fomentar a participação de micro<br />
e pequenas empresas nas compras<br />
governamentais para a geração de<br />
empregos locais.<br />
▶ Fortalecer o Sebrae para ampliar<br />
medidas específicas voltadas para<br />
o empreendedorismo.<br />
▶ Promover a formação continuada<br />
de servidores públicos especialistas<br />
em mediação trabalhista.<br />
▶ Criar agendas de melhorias da segurança<br />
do trabalhador e das condições<br />
do trabalho.<br />
▶ Criar programas específicos de<br />
formação e qualificação profissional,<br />
direcionados para as distintas<br />
faixas etárias, visando incorporá-<br />
-los ao mercado formal de trabalho,<br />
com especial atenção àqueles que<br />
recebem o seguro-desemprego.<br />
▶ Criar linhas estratégicas de fomento<br />
à economia solidária.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
151<br />
CIDADANIA<br />
DIREITOS DO CONSUMIDOR<br />
E DEFESA DA CONCORRÊNCIA<br />
PROTEGER O CONSUMIDOR É PROTEGER O CIDADÃO<br />
Entre os direitos de cidadania está a defesa<br />
do consumidor, direito especialmente relevante<br />
em uma economia de mercado. Proteger o<br />
consumidor é proteger o cidadão. Do ponto<br />
de vista constitucional, a proteção do consumidor<br />
tem como fundamento os artigos 5º, inciso<br />
XXXII, e art. 170 da Constituição Federal.<br />
Na sociedade contemporânea a relação entre<br />
os fornecedores e os consumidores é marcada<br />
pela vulnerabilidade do consumidor, e sua<br />
proteção tem como finalidade última o equilíbrio<br />
das relações de consumo.<br />
Quando o Governo Fernando Henrique conseguiu<br />
estabilizar a economia e acabar com a<br />
inflação, nos anos 90, tornou-se possível começar<br />
a efetivamente proteger os consumidores.<br />
E foi nesse contexto que se buscou implementar<br />
o Código de Defesa do Consumidor.<br />
Trata-se de uma lei moderna, elogiada em<br />
todo o mundo, que trouxe dignidade aos consumidores<br />
brasileiros. Está na hora de enfrentar<br />
os novos desafios que sugiram nos últimos<br />
anos e em função deles atualizar o Código de<br />
Defesa do Consumidor. Entre esses desafios<br />
podemos nos referir ao superendividamento<br />
dos consumidores, ao comércio por meio da<br />
internet e o consumo sustentável. Quanto a<br />
esse último tema, a área que tratar da defesa<br />
do consumidor deve atuar em conjunto com o<br />
Ministério do Meio Ambiente. De nada adianta<br />
um órgão do governo atuar em temas importantes<br />
como esse sem que os outros setores<br />
governamentais atuem de forma conjunta. O<br />
melhor exemplo que pode ser dado diz respeito<br />
à política nacional de resíduos sólidos: esse<br />
tema deve ser enfrentado de forma a articular<br />
e potencializar as ações de todas as esferas do<br />
governo. Tal atuação se inicia com políticas<br />
que incentivem padrões de produção sustentáveis<br />
e vai até a ideia de educar os consumidores<br />
para o consumo sustentável.<br />
Um tema que não é novo, mas que merecerá<br />
toda a atenção, é a proteção da saúde e a segurança<br />
dos consumidores. Os acidentes com<br />
produtos e serviços têm aumentado de forma<br />
importante e é preciso que tenhamos políticas<br />
integradas entre diversos órgãos públicos para<br />
o combate preventivo a tais acidentes. De nada<br />
adianta investir em regimes reparatórios de direitos<br />
quando se trata de saúde e segurança.<br />
O essencial é prevenir os danos e garantir que<br />
todos possam consumir com tranquilidade.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
152<br />
CIDADANIA<br />
Outra prioridade será a educação para o consumo,<br />
pois não devemos esquecer que o consumidor<br />
também deve ter seus interesses<br />
econômicos protegidos. A vida das famílias<br />
brasileiras não está fácil e é prioritário defender<br />
os orçamentos familiares. Para tanto, devem<br />
ser organizados cursos e seminários de<br />
educação financeira para os consumidores.<br />
Utilizar os recursos de forma adequada é um<br />
processo que exige conhecimento especializado.<br />
Mas é imprescindível que o Governo<br />
Federal atue nesse tema, estabelecendo ações<br />
voltadas à disseminação dos direitos do consumidor<br />
em todas as fases da educação formal,<br />
desde a pré-escola até o ensino superior.<br />
Mas a defesa do consumidor não deve ser feita<br />
apenas por um órgão central. Ela deve ser<br />
fruto de uma teia de entidades e associações<br />
coordenadas pelo Governo Federal. É por<br />
conta disto que a prioridade do futuro governo<br />
será instituir plenamente o sistema nacional<br />
de defesa do consumidor, de forma a potencializar<br />
as ações de âmbito estaduais e municipais,<br />
bem como da sociedade civil organizada.<br />
Cabe, em especial, ao Governo Federal<br />
centralizar e coordenar as ações desse sistema<br />
nacional. E todos têm um papel relevante a<br />
cumprir: Procons estaduais e municipais, associações<br />
civis, Ministério Público do Consumidor,<br />
juizados especiais, defensorias etc.<br />
Do ponto de vista da estrutura federal, é importante<br />
que a área do consumidor mantenha,<br />
pelo menos, o status de uma secretaria nacional.<br />
Assim, é essencial que a atual Secretaria<br />
Nacional do Consumidor (Senacon) seja estruturada<br />
para poder dar conta de seu papel<br />
de articulador do sistema nacional. Entre suas<br />
atribuições deve ser dado destaque às reclamações<br />
contra os serviços públicos concedidos<br />
e autorizados, por exemplo, os serviços de<br />
telefonia e das operadoras de planos de saúde.<br />
Não é mais possível que na segunda década<br />
do século XXI os consumidores continuem a<br />
enfrentar problemas que poderiam ter sido solucionados<br />
há muito tempo.<br />
A atuação do órgão federal central de defesa<br />
dos consumidores deve se pautar em duas<br />
frentes: em uma, abrir um diálogo com o setor<br />
empresarial interessado em aprimorar a proteção<br />
dos consumidores de seus produtos, buscando<br />
um equilíbrio nas relações de consumo;<br />
e, em outra, punir aqueles fornecedores que<br />
insistam em desrespeitar os consumidores.<br />
Sempre que for possível, o diálogo é a prioridade.<br />
Na impossibilidade, o Governo Federal<br />
não deve abrir mão de seu papel de defender<br />
os consumidores.<br />
Não podemos esquecer que as políticas públicas<br />
de defesa do consumidor devem sempre<br />
vir acompanhadas do estímulo à livre concorrência,<br />
impedindo práticas abusivas. É impossível<br />
defender os consumidores sem que<br />
exista uma estrutura federal competente que<br />
proteja a concorrência. A experiência internacional<br />
demonstra que a defesa do consumidor<br />
passa necessariamente por um forte combate<br />
às “posições dominantes”, que prejudicam a<br />
concorrência que deve existir no mercado.<br />
Enfim, se todos somos consumidores e muitos<br />
estamos em posição de vulnerabilidade no<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
153<br />
CIDADANIA<br />
mercado de consumo, a proteção dos consumidores<br />
é condição para o exercício da cidadania.<br />
E o Governo Federal deve ter uma estrutura<br />
condizente com o dever constitucional de<br />
proteger os consumidores.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Fortalecimento do sistema nacional<br />
de defesa do consumidor.<br />
▶ Fortalecimento das entidades civis<br />
que promovam a defesa do consumidor.<br />
▶ Manutenção e aprimoramento do<br />
Plano Nacional de Consumo e Cidadania<br />
– Plandec como uma forma<br />
de garantir a articulação interna<br />
das ações do Governo Federal em<br />
prol da defesa dos consumidores.<br />
▶ Incentivo e apoio à criação e manutenção<br />
de sistemas estaduais de<br />
defesa do consumidor.<br />
▶ Apoio para integração e fortalecimento<br />
das estruturas públicas de<br />
monitoramento de risco de produtos<br />
e serviços.<br />
▶ Apoio integral para a organização<br />
das informações das bases de dados<br />
de órgãos e entidades públicos<br />
em todas as esferas de governo, relacionados<br />
a acidentes de consumo.<br />
▶ Melhoria do sistema regulatório<br />
nacional de forma a garantir transparência<br />
nas ações governamentais,<br />
prestação de contas acessíveis<br />
aos consumidores, bem como proteção<br />
a seus direitos.<br />
▶ Articulação das ações dos órgãos<br />
de defesa do consumidor com os<br />
órgãos de defesa da concorrência.<br />
▶ Promoção de políticas públicas<br />
para a definição de padrões de produção<br />
e consumo sustentáveis.<br />
▶ Responsabilização dos fornecedores<br />
pelo recolhimento de resíduos<br />
decorrentes de produtos e<br />
serviços colocados no mercado de<br />
consumo.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
154<br />
CIDADANIA<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Restabelecer o Conselho Nacional<br />
de Defesa do Consumidor como fórum<br />
público para definição das políticas<br />
de defesa dos consumidores.<br />
▶ Instituir plenamente o sistema nacional<br />
de defesa do consumidor de<br />
forma a potencializar as ações de<br />
âmbito estadual e municipal, bem<br />
como da sociedade civil organizada.<br />
▶ Estruturar no Governo Federal a<br />
coordenação do sistema nacional<br />
de defesa do consumidor.<br />
▶ Criar programa de incentivo à redução<br />
de conflitos de consumo, pois<br />
é preciso dar atenção especial e preventiva<br />
a segmentos da economia<br />
com altos índices de reclamações<br />
por parte dos consumidores.<br />
▶ Criar o Programa Nacional de<br />
Prevenção de Acidentes de Consumo,<br />
integrando as ações dos órgãos<br />
responsáveis pela temática<br />
da saúde, segurança e qualidade<br />
de bens e serviços nas três esferas<br />
de governo e formando o cadastro<br />
nacional de acidentes de consumo,<br />
a fim de orientar políticas públicas<br />
capazes de proporcionar a prevenção<br />
à saúde e a segurança do<br />
consumidor e promover a elevação<br />
do padrão de segurança e qualidade<br />
de produtos e serviços oferecidos<br />
no mercado de consumo.<br />
▶ Criar, no âmbito da Secretaria Nacional<br />
do Consumidor (Senacon), o<br />
Grupo Especializado no Combate a<br />
Cartéis e outras Práticas Anticoncorrenciais,<br />
responsável por promover<br />
a integração das ações de<br />
proteção do consumidor e da concorrência<br />
em âmbito nacional, com<br />
foco prioritário na coibição a práticas<br />
de mercado abusivas e desleais<br />
que hoje não são apreciadas pelo<br />
Cade, em razão dos critérios de<br />
corte adotados pela entidade.<br />
▶ Criar programa nacional de educação<br />
para o consumo com objetivo<br />
de proteger o consumidor e<br />
instrumentalizá-lo para o exercício<br />
crítico e consciente de seus direitos<br />
e deveres, uma vez que o Brasil já<br />
conta hoje com milhões de brasileiros<br />
inadimplentes.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO<br />
MACROECONOMIA<br />
CRÉDITO E MERCADO DE CAPITAIS<br />
POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR:<br />
INTEGRAR O BRASIL AO MUNDO<br />
AGRICULTURA<br />
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />
COMPETIÇÃO<br />
INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA<br />
POLÍTICA INDUSTRIAL<br />
REFORMA TRIBUTÁRIA<br />
TURISMO
157<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO<br />
CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL COM JUSTIÇA SOCIAL<br />
O crescimento econômico continuado e sustentável<br />
gera as condições e possibilidades<br />
para a manutenção dos empregos, o aumento<br />
da renda dos trabalhadores, a criação de novos<br />
empreendimentos, a segurança para o consumo<br />
e a elevação dos padrões de bem-estar<br />
das famílias. O crescimento possibilita ainda<br />
a manutenção e a ampliação dos investimentos<br />
estatais em áreas prioritárias como saúde,<br />
educação e assistência social.<br />
A economia brasileira, a cada nova sondagem,<br />
vem apresentando sinais preocupantes de<br />
recessão. Mais grave, a baixa taxa de investimento<br />
do Brasil caiu ainda mais recentemente,<br />
chegando a um patamar de 16,5% do PIB,<br />
que compromete a taxa de crescimento daqui<br />
para frente.<br />
Em seu dia a dia as pessoas sentem cada vez<br />
mais a carestia. No acumulado de 12 meses, a<br />
taxa de inflação de 6,62%, medida pelo IPCA,<br />
já supera o teto da meta de inflação estabelecido<br />
pelo governo – 6,5%. O crescimento do<br />
PIB em 2014 será pífio (0,3%) e a previsão do<br />
Focus do BC para 2015 é de 1,0%, abaixo da<br />
previsão de crescimento de muitos países ricos<br />
e em desenvolvimento. Entre os Brics, o Brasil<br />
vem ocupando a lanterna do crescimento<br />
nesses últimos 12 anos, bem como as últimas<br />
posições entre os países da América Latina.<br />
O desafio de recolocar a economia brasileira<br />
nos trilhos da estabilidade e do crescimento é<br />
imperativo e urgente. A prioridade é conter a<br />
inflação e recuperar a credibilidade nacional e<br />
internacional do Brasil, revertendo a tendência<br />
atual à estagflação. Na era da economia do<br />
conhecimento, estruturar e ampliar os investimentos<br />
científicos, integrar o país às novas<br />
cadeias produtivas globais, introduzir uma política<br />
de infraestrutura logística avançada que<br />
seja eficiente e reduzir os entraves à competitividade<br />
são caminhos inequívocos a serem<br />
percorridos para a garantia da estabilidade e<br />
do desenvolvimento econômico.<br />
E, não menos importante, gerar confiança no<br />
empreendedor, na sua iniciativa em investir,<br />
como um ativo inalienável em um novo tempo<br />
de prosperidade.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
MACROECONOMIA<br />
158<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
NÃO PODEMOS SEGUIR COM INFLAÇÃO E SEM CRESCER<br />
No campo da macroeconomia, o objetivo<br />
maior é criar no Brasil um ambiente de menos<br />
incerteza e maior segurança, que garanta<br />
sem artificialismo e de forma sustentável taxas<br />
de juros real e nominal significativamente<br />
mais baixas que as atuais, semelhantes à média<br />
histórica dos países mais avançados. Essa<br />
é uma condição necessária para que possamos<br />
convergir para os melhores padrões de vida do<br />
planeta. Para tanto, firmamos aqui inequívoco<br />
compromisso com o chamado tripé macro:<br />
inflação na meta, ou seja, no centro da meta,<br />
superávit primário obtido sem artifícios contábeis<br />
e câmbio flutuante.<br />
Uma taxa de juros normal reduzirá a pressão<br />
de apreciação na taxa de câmbio e será um<br />
forte indutor do investimento no Brasil, beneficiando<br />
todos, e não apenas aqueles que<br />
têm acesso às taxas de juros subsidiadas do<br />
BNDES.<br />
COMPROMISSOS<br />
E PROPOSTAS<br />
▶ Autonomia operacional ao Banco<br />
Central, que irá, sem artificialismos,<br />
levar a taxa de inflação à meta de<br />
4,5% ao ano.<br />
▶ Uma vez atingida em dois a três<br />
anos, a meta de inflação será reduzida<br />
gradualmente até 3%, assim<br />
como a banda de flutuação, dos<br />
atuais 2% para 1,5%.<br />
▶ O Banco Central deverá também<br />
suavizar as flutuações do ciclo econômico<br />
e zelar pela estabilidade financeira.<br />
▶ Geração, em dois anos, de um<br />
superávit primário suficiente para,<br />
gradualmente, reduzir as dívidas<br />
líquida e bruta em comparação ao<br />
PIB. Esse superávit poderá ser ajus-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
159<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
tado para refletir o movimento cíclico<br />
da economia.<br />
▶ Inclusão, no cálculo dos gastos<br />
públicos do governo, de todas as<br />
despesas, subsídios e desonerações,<br />
sem uso de quaisquer artifícios.<br />
Essa é uma necessidade absoluta<br />
para a construção de um<br />
regime macroeconômico robusto e<br />
para que se cumpra a Lei de Responsabilidade<br />
Fiscal. Mais do que<br />
isso, é também uma condição básica<br />
para o funcionamento de uma<br />
democracia, que não admite espaços<br />
para gastos públicos omitidos<br />
do orçamento.<br />
▶ A carga tributária chegou a níveis<br />
bastante elevados, quando comparados<br />
com países de renda média<br />
semelhante à nossa. Para que a carga<br />
pare de crescer, ou pelo menos<br />
se estabilize, será necessário limitar<br />
a taxa de crescimento do gasto público<br />
à taxa de crescimento do PIB.<br />
▶ Minucioso esforço de acompanhamento<br />
e avaliação do gasto público,<br />
que dê transparência à aplicação<br />
desses recursos e permita o<br />
contraditório.<br />
▶ Aumento da taxa de investimento<br />
agregada da economia, de 16,5%<br />
do PIB para 24% do PIB, em quatro<br />
anos. Essa ambiciosa meta será<br />
atingida a partir da mudança do<br />
regime macroeconômico definida<br />
aqui e de um grande número de<br />
reformas de natureza microeconômica,<br />
por exemplo, as apresentadas<br />
nas seções sobre infraestrutura, reforma<br />
tributária e comércio exterior.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
160<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
CRÉDITO E MERCADO DE CAPITAIS<br />
Toda economia depende de crédito e capital<br />
para financiar o seu crescimento. Os bancos<br />
e o mercado de capitais têm um papel duplo,<br />
de receber e remunerar a poupança do país,<br />
e de reciclar esses recursos para os melhores<br />
investimentos. Quando bem feita, essa função<br />
contribui para um maior crescimento da produtividade<br />
da economia.<br />
O mercado financeiro no Brasil vem se desenvolvendo<br />
a partir do Plano Real, com destaque<br />
para a verdadeira revolução da governança corporativa<br />
das empresas, o que reduziu o risco<br />
para os investidores e o custo do capital para<br />
as empresas, e para o crescimento do crédito,<br />
especialmente aquele que se beneficia de taxas<br />
de juros mais baixas, como as dos empréstimos<br />
com garantias ou consignados.<br />
Apesar disto, a média das taxas de juros para<br />
as pessoas ainda se situa na faixa dos 28%, o<br />
que vem onerando imensamente a vida das famílias.<br />
Outro tema preocupante diz respeito ao excessivo<br />
crescimento dos empréstimos concedidos<br />
por bancos públicos, financiados em parte<br />
pela emissão de títulos públicos, que pressionam<br />
para cima a taxa de juros da economia.<br />
Parte relevante desses empréstimos representa<br />
um risco fiscal para o erário e, por atender<br />
a critérios políticos, reduz a produtividade e o<br />
crescimento.<br />
COMPROMISSOS<br />
E PROPOSTAS<br />
▶ Empregar nas empresas públicas<br />
alto padrão de governança e<br />
transparência, com o objetivo de<br />
aumentar sua eficiência e eliminar o<br />
aparelhamento e a corrupção.<br />
▶ Reviver o programa de redução<br />
do custo dos empréstimos bancários,<br />
que, a partir de 1999, diminuiu<br />
em mais de 20 pontos percentuais<br />
o custo médio do crédito no Brasil.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
161<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
▶ Reforçar programas de educação<br />
financeira nas escolas para que as<br />
pessoas saibam cuidar melhor de<br />
suas finanças, evitando a armadilha<br />
do crédito a taxas exorbitantes, que<br />
hoje tanto apertam o orçamento<br />
das famílias.<br />
▶ Trabalhar com o setor financeiro<br />
para desenvolver mecanismos que<br />
alonguem os prazos e reduzam os<br />
custos dos empréstimos concedidos<br />
em modalidades mais caras,<br />
adequadas apenas para linhas de<br />
crédito temporárias.<br />
▶ Definir critérios mais rigorosos<br />
para a concessão de créditos subsidiados,<br />
justificáveis seja por seu<br />
impacto distributivo ou nos casos<br />
em que o retorno para a sociedade<br />
como um todo superar o retorno<br />
privado daqueles que recebem<br />
o subsídio. Esses empréstimos devem<br />
ser avaliados e analisados de<br />
forma rigorosa e aberta, de forma a<br />
permitir sua expansão ou descontinuação,<br />
conforme for o caso.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
162<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
POLÍTICA DE COMÉRCIO EXTERIOR:<br />
INTEGRAR O BRASIL AO MUNDO<br />
A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO<br />
PARA O DESENVOLVIMENTO – SEUS DESAFIOS<br />
Os diagnósticos correntes sobre a doença brasileira<br />
de elevada inflação combinada com reduzido<br />
crescimento enfatizam o baixo investimento<br />
e a alta carga tributária, além de um<br />
baixo padrão educacional oferecido à população.<br />
Menor presença no debate sobre a doença<br />
brasileira tem tido um outro fator, de igual importância<br />
que os anteriores, a saber, a reduzida<br />
participação do comércio exterior na atividade<br />
econômica do país. O Brasil destoa dos demais<br />
países nesse quesito, tanto quanto ou mais do<br />
que na taxa de investimento, na carga tributária<br />
ou na qualificação da mão de obra.<br />
De fato, de acordo com o World FactBook, em<br />
termos do valor das exportações de mercadorias,<br />
em 2013 o Brasil ocupou apenas a 22ª<br />
posição no mundo, apesar de o PIB brasileiro<br />
ter sido o 7º maior. Trata-se de uma anomalia,<br />
pois os países com os maiores PIB do mundo<br />
são também os maiores exportadores do<br />
mundo. Assim, os EUA ocuparam o 1º lugar<br />
em termos de PIB e o 2º em exportações. A<br />
China ocupou o 2º lugar em termos de PIB<br />
e o 1º em exportações. O Japão teve o 3º lugar<br />
em termos de PIB e o 5º em exportações.<br />
A Alemanha se posicionou como a 4ª maior<br />
economia do mundo e a 3ª maior exportadora.<br />
A França teve o 5º maior PIB e foi a 6ª maior<br />
exportadora. O Reino Unido ocupou a 6ª posição<br />
em termos de PIB e a 4ª em termos de<br />
exportação.<br />
O isolamento do país em relação ao comércio<br />
internacional é preocupante, porque a<br />
evidência do pós-guerra sugere não haver caminho<br />
para o pleno desenvolvimento fora da<br />
integração com o resto da comunidade internacional.<br />
De fato, são poucos os países que<br />
conseguiram superar a chamada armadilha da<br />
renda média e chegar ao primeiro mundo nos<br />
últimos sessenta anos. Alguns, como Israel e<br />
os países do sudeste asiático – Coreia do Sul,<br />
Hong Kong, Singapura e Taiwan – o fizeram<br />
apoiados nas exportações industriais. Outros<br />
como Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal –<br />
nas exportações de serviços. Outros ainda,<br />
como a Austrália, a Nova Zelândia e a Noruega,<br />
nas exportações de commodities. Cada um<br />
à sua maneira, explorando suas respectivas dotações<br />
de recursos, mas todos eles com uma<br />
característica em comum: uma crescente integração<br />
com o comércio internacional.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
163<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
Esse é o desafio que o Brasil enfrenta. Para<br />
ultrapassar a renda média e se tornar próspero,<br />
é imperativo que deixe de ser um dos<br />
países mais fechados do mundo ao comércio<br />
internacional. Urge definir uma estratégia de<br />
integração competitiva das empresas brasileiras<br />
às cadeias mundiais de valor. Somente<br />
assim, além de sermos um exportador de<br />
commodities, conseguiremos desenvolver uma<br />
indústria e um setor de serviços competitivos.<br />
OS DESCAMINHOS DA POLÍTICA COMERCIAL BRASILEIRA<br />
Até o início do processo de liberalização comercial,<br />
em 1988, a estrutura de proteção<br />
em vigor no Brasil era praticamente a mesma<br />
que fora implantada 30 anos antes, em 1957,<br />
quando a substituição de importações encontrava-se<br />
em etapa inicial. A abertura comercial<br />
unilateral foi aprofundada em 1990 e concluída<br />
no final de 1993, eliminando ampla gama<br />
de barreiras não tarifárias fronteiriças e reduzindo<br />
a tarifa média de 57,5%, em 1987, para<br />
algo em torno de 13% no final de 1993. Em<br />
1994, no contexto da implantação do Plano<br />
Real, algumas reduções tarifárias adicionais<br />
foram aplicadas e a tarifa média nominal reduziu-se<br />
para 11,2%.<br />
A liberalização comercial marcou uma inflexão<br />
importante na trajetória das políticas industriais<br />
e de comércio exterior do Brasil – até<br />
então voltadas para o único objetivo de substituir<br />
importações e promover a implantação de<br />
novos setores industriais no país. Essa inflexão<br />
tem menos a ver com a intensidade da exposição<br />
à competição externa ou com a velocidade<br />
da abertura do que com a mudança de sinal<br />
que ela representou para os agentes econômicos:<br />
a valorização da competição como um<br />
instrumento da política de inserção internacional.<br />
Junto com a liberalização unilateral, a conclusão<br />
da Rodada Uruguai do Gatt e a constituição<br />
do Mercosul, ambos na primeira metade<br />
da década de 1990, foram os marcos mais relevantes<br />
na história da política comercial brasileira<br />
dos últimos 25 anos. Na Rodada Uruguai<br />
do Gatt, o Brasil assumiu pela primeira vez<br />
compromissos significativos de consolidação<br />
tarifária – o estabelecimento de limites máximos<br />
para as tarifas, ainda que elas tenham<br />
sido consolidadas em níveis geralmente bastante<br />
superiores aos efetivamente praticados<br />
pelo país, deixando expressiva margem de<br />
conforto para eventuais elevações unilaterais<br />
nas tarifas aplicadas.<br />
A integração sub-regional se inicia com a aproximação<br />
entre Brasil e Argentina e se consolida<br />
com a constituição do Mercosul. O bloco é<br />
criado como área de livre comércio, mas opta<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
164<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
pelo modelo de união aduaneira, por pressão<br />
do Brasil. A União Aduaneira é um modelo<br />
exigente, em termos de coordenação de políticas<br />
comerciais, e sua implementação foi comprometida<br />
pelas dificuldades econômicas que<br />
afetaram Brasil e Argentina no final dos anos<br />
1990.<br />
Essa fase não implicou o abandono das políticas<br />
ativas no âmbito industrial e de exportação,<br />
como o atestam o Programa Brasileiro<br />
de Qualidade e Produtividade (PBQP) e os<br />
mecanismos de apoio financeiro à exportação<br />
reintroduzidos (Proex) ou criados (Finamex) à<br />
época. A partir do final da década de 1990, enquanto<br />
o Mercosul entrava em um longo período<br />
de paralisia, o Brasil aprofundava negociações<br />
com seus mais importantes parceiros<br />
entre os países desenvolvidos: a União Europeia<br />
e os EUA (este, no âmbito da Alca). São<br />
precisamente essas iniciativas de negociação<br />
que sofrem o impacto da revisão de política<br />
externa do Governo Lula. O Brasil dá a sua<br />
contribuição para o fracasso da Alca e as negociações<br />
com a UE param, em 2004.<br />
O Governo Lula abandona a agenda econômica<br />
de integração internacional do Brasil e prioriza<br />
coalizões sul-sul e uma agenda regional<br />
que se pretende política e social. O resultado<br />
líquido desses movimentos foi o esvaziamento<br />
da agenda de negociações comerciais e o<br />
legado da irrelevância econômica do reduzido<br />
estoque de acordos comerciais firmados pelo<br />
Brasil. Além do Mercosul e dos acordos com<br />
os países andinos – que cobrem a grande maioria<br />
do universo tarifário, embora com exceções<br />
e longos períodos de redução de tarifas – o<br />
Brasil tem hoje acordos de livre comércio com<br />
três parceiros pouco relevantes (Egito, Israel<br />
e Palestina) e acordos irrelevantes de alcance<br />
parcial com dois parceiros potencialmente<br />
muito relevantes (Índia e África do Sul).<br />
A crise econômica internacional, a apreciação<br />
do real e o forte crescimento das importações<br />
industriais levaram o governo a acionar um<br />
arsenal de instrumentos de política comercial<br />
e industrial a partir de 2010, consolidados<br />
no Plano Brasil Maior – (PBM), de agosto de<br />
2011. Enquanto isso, a agenda de negociações<br />
comerciais entrava em modo de hibernação.<br />
A nova política é caracterizada por uma bateria<br />
de medidas nas áreas de promoção do investimento,<br />
proteção comercial, apoio às exportações<br />
e à inovação. O PBM intensificou o uso<br />
de mecanismos direcionados ao aumento do<br />
conteúdo nacional dos produtos industriais,<br />
como o condicionamento de concessão de incentivos<br />
fiscais e creditícios ao atendimento<br />
de elevados graus de conteúdo doméstico.<br />
A isso se somaram: expansão dos créditos do<br />
Tesouro ao BNDES, acompanhada do aumento<br />
do componente de subvenção nos programas<br />
oficiais; iniciativas para a desoneração da<br />
folha de pagamentos dos setores mais intensivos<br />
em mão de obra; medidas adicionais de<br />
aumento da proteção à produção doméstica,<br />
com a elevação de um ponto percentual sobre<br />
os encargos de PIS/ Cofins cobrados sobre os<br />
produtos importados e aumento de tarifas de<br />
importação de 100 produtos. Essas iniciativas<br />
foram complementadas por uma miríade de<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
165<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
programas desenhados para setores específicos,<br />
com incentivos variados.<br />
Ao longo de 2012 ficou patente que as medidas<br />
de política industrial e comercial adotadas<br />
não lograram cumprir o papel a elas atribuído<br />
pela estratégia de crescimento baseada no<br />
consumo doméstico, qual seja: o de garantir<br />
que os benefícios daquela expansão não fossem<br />
capturados pelas importações, mas sim<br />
pela produção doméstica. Ao contrário, o que<br />
se observou foi pressão sobre os custos de<br />
produção, fraco desempenho da indústria e<br />
aumento do coeficiente de importações da indústria<br />
de transformação.<br />
A consequência foi a volta ao debate do tema<br />
da falta de competitividade e da baixa e pouco<br />
dinâmica produtividade da indústria, até então<br />
ausente na agenda de políticas públicas.<br />
No entanto, a abordagem da agenda de produtividade<br />
e competitividade tem-se revelado<br />
uma tarefa árdua para o Governo Dilma, como<br />
fica patente nos vaivéns dos modelos de concessões<br />
de serviços de infraestrutura (portos,<br />
rodovias, aeroportos etc.).<br />
COMPROMISSOS<br />
UMA NOVA AGENDA PARA A PO-<br />
LÍTICA COMERCIAL<br />
▶ A nova política comercial deve ser<br />
orientada pelo objetivo de conectar<br />
a economia brasileira ao mundo.<br />
Trata-se de um imperativo da política<br />
de desenvolvimento: uma maior<br />
integração do país ao comércio internacional<br />
traria grandes benefícios<br />
diretos e indiretos. De um lado<br />
haveria ganhos de produtividade<br />
e tecnológicos, de outro seria um<br />
forte indutor para a simplificação e<br />
eventual redução da carga tributária,<br />
do aumento da taxa de investimento<br />
e da melhoria da qualidade<br />
do ensino e do ambiente de negócios.<br />
▶ A integração competitiva da economia<br />
brasileira ao mundo é essencial<br />
para reduzir o hiato tecnológico<br />
da indústria brasileira e para abrir<br />
caminho para uma estratégia de<br />
reindustrialização compatível com<br />
a dinâmica do sistema econômico<br />
internacional.<br />
▶ Na atual conjuntura econômica<br />
brasileira, a combinação de políticas<br />
requeridas para a recuperação da<br />
competitividade e para estimular a<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
166<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
maior e melhor inserção do país no<br />
comércio internacional inclui medidas<br />
de redução do custo Brasil, de<br />
ampliação do comércio exterior, de<br />
negociação de acordos comerciais<br />
e de apoio ao investimento externo<br />
de empresas brasileiras.<br />
▶ O debate sobre a ordem cronológica<br />
das reformas no Brasil – o<br />
que deveria vir primeiro: a redução<br />
do custo Brasil ou a ampliação do<br />
comércio? – teve efeito paralisante<br />
sobre a política comercial brasileira.<br />
Mas o contexto internacional, com<br />
o aprofundamento da fragmentação<br />
da produção em escala global<br />
e a negociação de mega-acordos<br />
de comércio, não permite que o<br />
país continue refém desse dilema.<br />
É hora de avançar nas duas frentes<br />
simultaneamente.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Reduzir os custos e melhorar o<br />
ambiente institucional.<br />
▶ Um programa de redução de custos<br />
focado nos fatores que oneram<br />
de forma especialmente intensa<br />
a produção para a exportação<br />
de produtos brasileiros é essencial<br />
para que a política comercial possa<br />
prover os resultados esperados.<br />
Essa agenda deve ser combinada à<br />
melhoria do ambiente institucional<br />
em áreas essenciais para a maior<br />
inserção nas cadeias de valor internacionais.<br />
▶ Entre as medidas que concretizam<br />
essa agenda, merecem atenção<br />
prioritária:<br />
• Desburocratizar as aduanas e os<br />
portos. Para uma participação efetiva<br />
nas cadeias globais de valor, o<br />
tempo é uma variável fundamental.<br />
Há uma abrangente agenda de<br />
facilitação de comércio a ser adotada,<br />
com ênfase na desburocratização<br />
das operações portuárias,<br />
que requer o engajamento de diferentes<br />
órgãos governamentais.<br />
• Reduzir a carga tributária sobre<br />
as exportações. Simplificar os regimes<br />
tributários nacionais, reduzindo<br />
os custos acessórios no<br />
cumprimento das exigências tri-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
167<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
butárias e eliminando os resíduos<br />
tributários incidentes sobre as exportações<br />
com o pagamento dos<br />
créditos tributários devidos aos<br />
exportadores, é fundamental para<br />
dar previsibilidade e maior competitividade<br />
à produção nacional.<br />
• Reforçar as instituições de regulação<br />
técnica e certificação de<br />
produtos (ex: INPI e Inmetro). A<br />
participação em cadeias globais<br />
de valor exige garantias de direito<br />
de propriedade para transferência<br />
de tecnologia ao longo da cadeia<br />
e capacidade de cumprimento de<br />
normas e regulamentos técnicos.<br />
É fundamental reduzir prazos na<br />
obtenção de patentes e desenvolver<br />
capacidade para participar de<br />
definição de normas e regulamentos<br />
internacionais que afetam as<br />
exportações brasileiras.<br />
• Reduzir os custos dos serviços. A<br />
fragmentação da produção em<br />
cadeias internacionais de valor aumentou<br />
a importância dos serviços<br />
para os fluxos de comércio. Os<br />
serviços no Brasil são caros e ruins,<br />
afetando as condições de competitividade<br />
dos demais setores.<br />
• Redefinir as políticas baseadas<br />
em exigências de conteúdo local.<br />
Esses programas devem ser progressivamente<br />
integrados a políticas<br />
horizontais e setoriais que<br />
permitam a participação do país<br />
em elos críticos das cadeias produtivas<br />
internacionais.<br />
▶ Promover a reforma tarifária do<br />
lado da política de importação, a<br />
reforma tarifária deve ser desenhada<br />
para conferir maior racionalidade<br />
à estrutura de proteção. A nova<br />
estrutura de proteção deve ser projetada<br />
de forma a dar previsibilidade<br />
de longo prazo. O cronograma<br />
de racionalização tarifária deve ser<br />
anunciado com antecedência e ser<br />
implementado de forma gradual.<br />
▶ A reforma tarifária deve ser orientada<br />
pelos seguintes objetivos: (i)<br />
reduzir o caráter de escalada tarifária<br />
da estrutura de proteção,<br />
tornando-a mais homogênea; (ii)<br />
simplificar a estrutura tarifária, definindo<br />
um número reduzido de níveis<br />
de alíquotas para o imposto de<br />
importação.<br />
▶ Promover a política comercial negociada.<br />
▶ Reafirmando o histórico compromisso<br />
do Brasil com o avanço de<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
168<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
uma agenda multilateral na OMC,<br />
cabe dar à agenda de negociações<br />
comerciais preferenciais a prioridade<br />
que lhe vem sendo negada nos<br />
últimos anos.<br />
▶ As negociações preferenciais têm<br />
papel relevante a cumprir na recuperação<br />
da competitividade da<br />
produção brasileira. A melhoria das<br />
condições de acesso dos produtos<br />
brasileiros aos grandes mercados<br />
externos favorecerá as exportações<br />
brasileiras. Para que os acordos preferenciais<br />
cumpram esse papel, a<br />
prioridade deve estar concentrada<br />
nos países desenvolvidos, nossos<br />
principais mercados de exportação<br />
e maior fonte de investimentos e financiamentos<br />
externos dirigidos ao<br />
Brasil. Esses acordos cumpririam<br />
a função adicional de permitir aos<br />
produtores nacionais concorrer nos<br />
mercados dos países desenvolvidos<br />
em condições mais vantajosas<br />
do que muitos concorrentes asiáticos<br />
(inclusive os chineses).<br />
▶ Nesse sentido, é essencial concluir<br />
as negociações, em curso, com<br />
a União Europeia. O bloco é o principal<br />
mercado para as exportações<br />
brasileiras e já há um grande esforço<br />
negociador despendido nessa<br />
frente de negociações. Além disso,<br />
é necessário lançar as bases para<br />
um acordo preferencial com os Estados<br />
Unidos, mercado tradicionalmente<br />
relevante para as exportações<br />
de manufaturados brasileiros.<br />
▶ A estratégia de relacionamento<br />
do Brasil com seu entorno geográfico<br />
– a América do Sul – deve ser<br />
revista em profundidade, de acordo<br />
com critérios econômicos e com<br />
uma visão que não se confunda<br />
com uma orientação ditada pelas<br />
afinidades político-ideológicas do<br />
partido no poder.<br />
▶ O Brasil deve liderar o projeto de<br />
criação de uma abrangente área de<br />
livre comércio incluindo o México<br />
e os países da América do Sul que<br />
desejarem juntar-se à iniciativa, a<br />
partir da convergência e do aprofundamento<br />
dos acordos sub-regionais<br />
e bilaterais já em vigor no<br />
continente. Essa prioridade deveria<br />
se desdobrar ainda no campo da<br />
infraestrutura, criando condições<br />
de integração física que permita<br />
o desenvolvimento da integração<br />
econômica.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
169<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
▶ Além disso, será necessário rever<br />
o modelo de integração do Mercosul,<br />
reduzindo o peso da união<br />
aduaneira – que tem se mostrado<br />
crescentemente disfuncional aos<br />
interesses e estratégias dos países –<br />
e atualizando a agenda de livre comércio,<br />
para que ela possa apoiar<br />
as atividades das empresas brasileiras<br />
na região.<br />
▶ Finalmente, a emergência da China<br />
trouxe profundas transformações<br />
para a economia global e tem<br />
impactado, por meio do comércio<br />
e do investimento, a economia brasileira,<br />
suas exportações e sua competitividade.<br />
O peso crescente da<br />
China e da região asiática obriga o<br />
Brasil a reavaliar prioridades estratégicas<br />
e a conferir àquela região<br />
atenção ampliada.<br />
▶ No caso da China, trata-se de definir<br />
uma estratégia de relacionamento<br />
com aquele país, dentro de<br />
uma perspectiva que vá além do<br />
curto prazo.<br />
▶ Promover políticas de apoio à<br />
internacionalização de empresas<br />
brasileiras. O apoio à internacionalização<br />
das empresas brasileiras<br />
compõe o quarto eixo da política<br />
comercial aqui proposta. Os investimentos<br />
diretos de empresas brasileiras<br />
no exterior são indutores<br />
importantes da incorporação de<br />
novas tecnologias e do aumento da<br />
produtividade das empresas brasileiras.<br />
A agenda de apoio ao investimento<br />
brasileiro no exterior deve<br />
levar em consideração:<br />
• Esses investimentos devem ser estimulados<br />
não como ocorre atualmente,<br />
com políticas concentradoras<br />
da renda voltadas para criar<br />
“campeões nacionais” à custa de<br />
financiamentos subsidiados ou da<br />
participação acionária do BNDES<br />
nessas empresas.<br />
• A revisão do regime tributário que<br />
rege a tributação dos lucros auferidos<br />
por subsidiárias de empresas<br />
brasileiras no exterior.<br />
• A negociação de acordos para<br />
evitar a dupla tributação com países<br />
relevantes como destino dos<br />
investimentos brasileiros no exterior.A<br />
negociação de acordos de<br />
proteção de investimentos que<br />
propiciem maior segurança jurídica<br />
para os investidores brasileiros<br />
em países mais sujeitos a mudanças<br />
de políticas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
170<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
AGRICULTURA<br />
PLANTANDO E CRESCENDO<br />
Nos últimos anos, ao crescimento da população<br />
e da urbanização soma-se a expansão da<br />
renda do mundo em desenvolvimento. O crescimento<br />
econômico da Índia e da China, as<br />
duas maiores populações do mundo, é de tal<br />
radicalismo que altera profundamente a demanda<br />
por alimentos. O crescimento chinês na<br />
verdade impulsiona o preço de todas as commmodities,<br />
não somente das agrícolas. A elevação<br />
no preço dos metais, do petróleo e da comida<br />
acaba por injetar renda nos países detentores<br />
de recursos naturais. O mundo árabe pode agora<br />
consumir mais alimentos, posto que a renda<br />
do petróleo permite melhora considerável no<br />
padrão de consumo de alimentos. A América<br />
Latina e a África, que são exportadores de metais<br />
e de petróleo, também passam pelo mesmo<br />
choque positivo de renda. A mudança no nível<br />
de renda altera definitivamente os padrões de<br />
consumo de alimentos e fibras.<br />
Simultaneamente a esses dois vetores de<br />
transformação, surge de modo inesperado a<br />
demanda por parte da agricultura de ampliar<br />
sua produção de energia. A expansão na produção<br />
de biocombustíveis foi de fato impressionante<br />
na última década. Merece destaque<br />
o enorme salto ocorrido nos EUA. Partindo<br />
de um volume modesto de produção de etanol<br />
de milho, o país atingiu em 2012 a produção<br />
de mais de 50 bilhões de litros de etanol<br />
fabricado com 130 milhões de toneladas de<br />
milho. Esse montante representa quase 15%<br />
da oferta global do cereal. Tamanha produção<br />
afetou significativamente o padrão de oferta e<br />
de preços do milho para o segmento de ração<br />
para produção de proteína animal. Além disso,<br />
vale observar que a Europa, o próprio Estados<br />
Unidos, Brasil e Argentina se engajaram em<br />
programas de produção de biodiesel que hoje<br />
alcançam proporções significativas. No caso<br />
brasileiro, por exemplo, chega-se a utilizar 10<br />
milhões de toneladas de soja para produzir<br />
óleo a ser queimado como biodiesel nos motores<br />
brasileiros. O mesmo se dá na Argentina.<br />
A consequência do uso de biocombustíveis a<br />
partir de fontes que tradicionalmente eram<br />
utilizadas para consumo humano ou animal<br />
mudou o patamar de preços desses produtos.<br />
Um quarto elemento pode ser incorporado a<br />
esse quadro de forte demanda. O enfraquecimento<br />
da economia norte-americana trouxe<br />
com ele perda de valor do dólar. Muitos investidores<br />
passaram a enxergar nos mercados<br />
agrícolas uma forma de se proteger da perda<br />
de valor da moeda americana. O mundo agrícola<br />
assistiu nos últimos dez anos à entrada<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
171<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
maciça de fundos de investimentos e especuladores<br />
nos mercados de futuros agrícolas. As<br />
posições compradas e vendidas desses agentes<br />
trouxeram grande volatilidade aos preços das<br />
commodities agrícolas, complicando o quadro<br />
de precificação desses produtos.<br />
Um quinto elemento precisa ser adicionado a<br />
esse contexto de transformação da demanda.<br />
As mudanças na política agrícola dos EUA e<br />
da Europa ajudaram a criar esse novo quadro<br />
de equilíbrio da economia agrícola internacional.<br />
As medidas liberalizantes iniciadas nos<br />
anos 80 e fortalecidas na década de 90 do<br />
século passado diminuíram sobremaneira a<br />
posição dos estoques reguladores detidos pelo<br />
setor público norte-americano e europeu.<br />
Num mundo globalizado, colocar preços mínimos<br />
acima do mercado internacional (como<br />
na Europa) leva à acumulação insuportável de<br />
estoque. Por razões que nada tinham que ver<br />
com a transformação das sociedades asiáticas,<br />
tampouco com os programas de biocombustíveis,<br />
os países desenvolvidos desmontaram<br />
suas políticas de preços mínimos e de carregamento<br />
de estoques reguladores. A consequência<br />
dessa transformação que levou duas<br />
décadas foi que os principais traders do mundo<br />
passaram a ter que mudar sua estratégia de<br />
abastecimento, posto que não poderiam mais<br />
contar com os estoques públicos americanos<br />
e europeus.<br />
A decisão estratégica nesses grandes grupos<br />
é hoje muito clara e foi o principal motor do<br />
financiamento da expansão da produção de<br />
soja nos anos 90 no Brasil. A estratégia adotada<br />
por essas grandes corporações foi procurar<br />
se abastecer nos dois hemisférios do globo.<br />
Como há alternância entre a safra e a entressafra<br />
entre os hemisférios, ou seja, quando<br />
o hemisfério norte está colhendo, o sul está<br />
plantando e vice-versa, é viável utilizar desse<br />
fato da produção escalonada em vez de formar<br />
estoques. Dessa maneira é possível comprar a<br />
soja brasileira em setembro, quando ela está<br />
sendo plantada para entrega em março, quando<br />
a soja americana está sendo plantada. Ao<br />
fazer isso, reduz-se substancialmente a quantidade<br />
de estoques necessários para atender ao<br />
comércio mundial. Entretanto, é forçoso reconhecer<br />
que o risco do novo modelo agrícola<br />
internacional é extremamente alto. Demanda<br />
forte com baixos estoques e com alta presença<br />
de especuladores acarreta instabilidade permanente<br />
e altos preços. Eis o novo equilíbrio<br />
da economia agrícola internacional.<br />
É nessa realidade que o problema da segurança<br />
alimentar ganhou força sem precedentes.<br />
A maior parte dos países que hoje passam por<br />
profunda transformação social e econômica<br />
(Ásia e Oriente Médio) não possuem recursos<br />
naturais suficientes para atender a suas<br />
demandas internas de alimentos. Há, portanto,<br />
forte preocupação com o futuro da oferta<br />
agrícola mundial. É nesse contexto que o Brasil<br />
ganha força geopolítica internacional, dada<br />
sua capacidade na expansão da oferta. É nesse<br />
contexto também que uma nova revolução<br />
agrícola é demandada da agricultura. Novamente<br />
a história está exigindo que a pesquisa<br />
agrícola encontre solução para o problema da<br />
produção de alimentos.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
172<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
A IMPORTÂNCIA GEOPOLÍTICA<br />
DA AGRICULTURA BRASILEIRA<br />
Somente cinco países possuem, hoje, três atributos<br />
principais que determinam a demanda<br />
por produtos agrícolas, ou seja, elevada população<br />
urbana, grande PIB e extensa área<br />
agrícola. São eles: Estados Unidos, China, Índia,<br />
Brasil e Rússia. Curiosamente, as quatro<br />
maiores agriculturas do mundo aí se encontram.<br />
De longe, Estados Unidos e China são<br />
hoje as maiores agriculturas do globo. Ambos<br />
os países produzem acima de 400 milhões de<br />
toneladas de grãos; Estados Unidos produzem<br />
40 milhões de toneladas de carne (suína, aves<br />
e bovina). A China alcança patamares de 72<br />
milhões de toneladas de carnes. A terceira<br />
maior agricultura em termos de produção de<br />
grãos é a Índia, que produz cerca de 240/250<br />
milhões de toneladas por ano. Entretanto, a<br />
Índia, é pequena produtora de carnes, alcançando<br />
a modesta casa de 4 milhões de toneladas.<br />
Do ponto de vista de grãos, o Brasil se posiciona<br />
na quarta colocação com produção de<br />
195 milhões de toneladas. Contudo, no que<br />
se refere à produção e carnes, o país alcançou<br />
25 milhões de toneladas ofertadas. É, portanto,<br />
uma potência agrícola internacional. Por<br />
ter uma população relativamente pequena, se<br />
comparada à China, por exemplo, o Brasil é<br />
capaz de produzir alimento para sua população,<br />
mas também para os demais continentes.<br />
A China, em contrapartida, a despeito de ser<br />
o maior produtor do mundo, não é capaz de<br />
produzir o suficiente para sua gigantesca população<br />
e se tornou um grande importador de<br />
alimentos. A China hoje rivaliza com o Japão<br />
na posição de maior importador de alimentos.<br />
O caso japonês é emblemático do que está por<br />
vir com o crescimento asiático. O Japão tem<br />
grande população, é o terceiro maior PIB do<br />
mundo e tem uma diminuta área agrícola. Por<br />
consequência, precisa importar alimentos.<br />
O quadro internacional de comércio é de fato<br />
impressionante. A transformação ocorrida nas<br />
últimas duas décadas no mundo do comércio<br />
internacional agrícola foi muito profunda. Em<br />
1990 o Japão já detinha o maior déficit comercial<br />
agrícola, alcançando US$ 47 bilhões.<br />
A Europa vinha em segundo lugar, com uma<br />
importação superando as exportações na magnitude<br />
de US$ 34 bilhões. Naquele momento,<br />
a Coreia e o Oriente Médio detinham déficits<br />
da ordem US$ 7 bilhões. É curioso observar<br />
que a China, em 1990, era superavitária no<br />
comércio de produtos agrícolas na ordem de<br />
US$ 2 bilhões. O maior superávit comercial<br />
do mundo era dos EUA, alcançando US$ 19<br />
bilhões. Brasil e Argentina tinham saldos positivos<br />
de US$ 7 bilhões. Passadas duas décadas,<br />
fica evidente o quadro de mudança no<br />
padrão de consumo de alimentos nos países<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
173<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
pobres. A China, que era superavitária, em<br />
2011 apresentou saldo comercial negativo de<br />
US$ 80 bilhões, aproximando-se do déficit comercial<br />
japonês, que atingiu a marca de US$<br />
84 bilhões. O Oriente Médio apresentou US$<br />
72 bilhões de déficit comercial agrícola. Coreia<br />
do Sul e Europa seguem sendo dois polos<br />
de forte importação de alimentos.<br />
Do lado superavitário fica evidente a importância<br />
das Américas na segurança alimentar<br />
internacional. O Brasil atingiu, de acordo com<br />
os dados da Organização Mundial do Comércio<br />
– OMC, um expressivo superávit de US$<br />
73 bilhões. A Argentina vem em segundo lugar,<br />
com saldo comercial positivo de alimentos<br />
de US$ 42 bilhões. Os Estados Unidos somaram<br />
em 2011 US$ 31 bilhões de saldo comercial<br />
agrícola.<br />
A importância brasileira no abastecimento<br />
internacional fica evidenciada em diversas cadeias<br />
de alimentos. O Brasil assume hoje posição<br />
de liderança nos mais importantes mercados<br />
agrícolas do mundo. O país é o maior<br />
exportador de soja, detendo 41% dos embarques<br />
mundiais. O país é o maior exportador<br />
mundial de açúcar, alcançando 46% do comércio<br />
praticado.<br />
É o maior exportador de suco de laranja, detendo<br />
81% da participação global. É o maior<br />
exportador de café, com 32% das exportações<br />
mundiais. É também o maior exportador de<br />
carne de frango, com um terço do comércio<br />
mundial, ou seja, o país se transformou numa<br />
potência agrícola internacional nessas últimas<br />
duas décadas.<br />
O futuro reserva ao Brasil um posicionamento<br />
ainda mais expressivo no abastecimento mundial.<br />
Ocorre que recursos naturais que permitem<br />
a expansão da produção de alimentos<br />
estão disponíveis no país: insolação adequada,<br />
disponibilidade de água e terras apropriadas<br />
ao cultivo.<br />
COMPROMISSOS<br />
RESGATE DO PAPEL DO MINISTÉ-<br />
RIO DA AGRICULTURA<br />
▶ Devolver ao Ministério da Agricultura<br />
e Pecuária (Mapa) seu poder<br />
de decisão sobre as políticas agrícolas.<br />
Resgatar a sua representatividade.<br />
▶ Resgatar o orçamento do Ministério<br />
e sua capacidade de execução.<br />
▶ Envolver o Mapa no tema das<br />
negociações de abertura de mercado,<br />
especialmente no que tange<br />
às questões de barreiras sanitá-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
174<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
rias, posto que no mais das vezes<br />
constituem barreiras não tarifárias<br />
relevantes. A morosidade do Estado<br />
brasileiro faz com que o Brasil<br />
aceite passivamente diversas situações<br />
evidentes de indevidas restrições<br />
ao comércio de produtos<br />
brasileiros.<br />
▶ Abertura do mercado para realizar<br />
acordos comerciais com blocos<br />
econômicos estratégicos, em especial<br />
Mercosul e União Europeia.<br />
PROPOSTAS<br />
TECNOLOGIA - BIOTECNOLOGIA<br />
▶ Criar regras claras para o desenvolvimento,<br />
uso e multiplicação dos<br />
diferentes produtos e processos da<br />
biotecnologia. A falta de clareza<br />
das regras vem desestimulando o<br />
investimento privado, comprometendo<br />
seriamente o surgimento de<br />
novas tecnologias.<br />
▶ Resgatar o papel central da<br />
CTNBIO. As decisões acerca de<br />
biotecnologia devem ser tomadas<br />
por especialistas, uma vez que são<br />
necessários diversos estudos científicos<br />
que exigem conhecimento<br />
específico e profundo no que diz<br />
respeito aos processos e produtos<br />
da biotecnologia. Seriedade e agilidade<br />
são os elementos-chave para<br />
que novas tecnologias permitam<br />
o desenvolvimento da agricultura<br />
brasileira.<br />
TECNOLOGIA - PESQUISA<br />
▶ Resgatar os investimentos em<br />
pesquisa pública no país. Integrar<br />
na forma de redes de trabalho os<br />
sistemas federais e estaduais de<br />
pesquisa.<br />
▶ Estimular e fortalecer os centros<br />
estaduais de pesquisa (a Embrapa<br />
não consegue sozinha atender<br />
a toda a demanda e complexidade<br />
da agropecuária brasileira).<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
175<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
▶ Envolver as universidades de ciências<br />
agrárias e biológicas na rede de<br />
desenvolvimento tecnológico. Há<br />
um enorme potencial de pesquisa<br />
sub-aproveitado nas universidades.<br />
É preciso estimular nas universidades<br />
federais o desenvolvimento<br />
de novas tecnologias em conjunto<br />
com o setor privado.<br />
TECNOLOGIA - SEGURANÇA DA<br />
PESQUISA E PATENTES<br />
▶ Assegurar proteção jurídica e policial<br />
aos centros de pesquisa do país<br />
(sejam eles públicos ou privados).<br />
▶ Melhorar o sistema brasileiro de<br />
patentes, dando-lhe mais agilidade.<br />
▶ Garantir o respeito ao direito de<br />
propriedade sobre a patente, reprimindo<br />
o uso indevido dos diferentes<br />
produtos e processos (pirateamento).<br />
AGRICULTURA DE QUALIDADE -<br />
SANIDADE<br />
▶ Resgatar o orçamento da defesa<br />
sanitária. Houve redução expressiva<br />
no decorrer dos últimos anos e não<br />
é possível num país de dimensões<br />
continentais contar com recursos<br />
tão escassos. O contingenciamento<br />
dos gastos promovido pelo Ministério<br />
da Fazenda levou à redução expressiva<br />
dos recursos para defesa<br />
sanitária.<br />
▶ Renovar o quadro de técnicos da<br />
vigilância sanitária.<br />
▶ Desenvolver trabalho conjunto<br />
com as vigilâncias sanitárias estaduais,<br />
a fim de maximizar os resultados<br />
das estruturas existentes no<br />
país.<br />
▶ Envolver o setor privado no controle.<br />
Diversas entidades, associações<br />
de classes e de criadores etc.<br />
contam com estrutura que pode<br />
auxiliar no controle e no combate a<br />
doenças.<br />
▶ Desenvolver um trabalho de harmonização<br />
dos sistemas de vigilância<br />
do Brasil com os demais países<br />
da região.<br />
▶ Erradicar a febre aftosa de todo o<br />
país, sem distinção de região.<br />
▶ Priorizar a erradicação e o controle<br />
de zoonoses: tuberculose, raiva,<br />
brucelose, clostridiose.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
176<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
▶ Desenvolver a educação sanitária<br />
dos produtores.<br />
▶ Priorizar o Programa Nacional de<br />
Controle de Resíduos.<br />
▶ Dotar o país de laboratórios com<br />
nível adequado de biossegurança.<br />
▶ Ter representantes permanentes<br />
em organismos técnicos como OIE<br />
e Codex.<br />
▶ Prevenir a influenza aviária, bem<br />
como a continuidade do controle<br />
da doença de New Castle e Marek,<br />
principalmente no caso de aves.<br />
▶ Promover a regionalizarção do<br />
país é fundamental para a segurança<br />
sanitária no caso de aves<br />
e suínos.<br />
AGRICULTURA DE QUALIDA-<br />
DE – RASTREABILIDADE E<br />
CERTIFICAÇÃO<br />
▶ Estimular a adoção voluntária de<br />
certificação.<br />
▶ Organizar e divulgar aos produtores<br />
os diferentes sistemas de certificação.<br />
▶ Exigir rastreabilidade em produtos<br />
de maior risco sanitário.<br />
AGRICULTURA DE QUALIDADE -<br />
BIOENERGIA<br />
▶ Refletir as condições de mercado<br />
no preço da gasolina. O álcool<br />
bresileiro é competitivo a preços<br />
de mercado. O estímulo dado pelo<br />
atual governo ao consumo de gasolina<br />
desestimulou o uso de etanol<br />
e acentuou os problemas financeiros<br />
da Petrobras.<br />
▶ Produzir energia limpa na entressafra<br />
da geração de energia hidráulica.<br />
O governo desestimulou a<br />
produção de energia de biomassa.<br />
A prioridade de energia limpa foi<br />
dada à energia eólica, assumindo<br />
parâmetros não factíveis de eficiência<br />
de geração de energia por parte<br />
dessa fonte energética. O resultado<br />
final foi que não se investiu mais em<br />
cogeração e atualmente no período<br />
seco estão se utilizando termoelétricas<br />
(operadas com óleo ou gás),<br />
o que claramente configura um desperdício<br />
de capacidade produtiva.<br />
▶ Estimular novamente a indústria<br />
de bioenergia no Brasil com apoio<br />
financeiro.<br />
▶ Cobrar da indústria automobilística,<br />
como contraparte das benesses<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
177<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
fiscais, um programa pragmático e<br />
com metas claras de melhoria de<br />
eficiência dos motores flex-fuel.<br />
▶ Realizar amplo programa de marketing<br />
internacional da energia limpa<br />
produzida no Brasil.<br />
PROTEÇÃO AO RISCO – RISCO DE<br />
PRODUTIVIDADE<br />
▶ Regulamentar o fundo de catástrofe.<br />
▶ Desenvolver sistema de resseguro.<br />
▶ Desenvolver amplo estudo técnico<br />
para normatização do seguro<br />
agrícola no Brasil.<br />
▶ Estimular a adesão ao seguro por<br />
meio de subsídios ao prêmio.<br />
▶ Envolver empresas do setor privado<br />
a fim de reduzir custos administrativos.<br />
▶ Selecionar culturas com maiores<br />
problemas (grãos).<br />
PROTEÇÃO AO RISCO – RISCO DE<br />
PREÇOS<br />
▶ Desenvolver e estimular o mercado<br />
de opções no Brasil. O elemento<br />
de defesa de risco mais adequado<br />
ao uso pelos agricultores é o mercado<br />
de opções.<br />
▶ Resgatar a atuação da Conab, estimulando<br />
a adoção do mercado de<br />
opções pelos produtores, cooperativas<br />
e empresas ligadas ao setor.<br />
A Conab tem larga experiência no<br />
uso desses instrumentos. Entretanto,<br />
no atual governo houve redução<br />
da presença da Conab como elemento-chave<br />
no desenvolvimento<br />
do mercado de opções.<br />
▶ Estímular o mercado futuro desenvolvendo<br />
linhas de crédito para<br />
o financiamento de margens.<br />
PROTEÇÃO AO RISCO – MERCA-<br />
DO FINANCEIRO<br />
▶ Promover ajuste fiscal como forma<br />
de reduzir a taxa básica de juro.<br />
▶ Estimular e divulgar os mecanismos<br />
de financiamento da agricultura.<br />
▶ Estimular o Banco do Brasil a divulgar<br />
os mecanismos de financiamento.<br />
PROTEÇÃO AO RISCO – INCERTE-<br />
ZA FUNDIÁRIA<br />
▶ Regularizar a titulação de todas<br />
as propriedades brasileiras.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
178<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
▶ Unificar os cadastros estaduais e<br />
federais no que diz respeito à titulação<br />
das propriedades, estabelecendo<br />
um cadastro único de terras.<br />
PROTEÇÃO AO RISCO – MERCA-<br />
DO FINANCEIRO: ESTRUTURA<br />
JURÍDICA<br />
▶ Estimular a adesão dos produtores<br />
ao regime de pessoa jurídica.<br />
▶ Desenvolver um modelo tributário<br />
como o Simples Agrícola.<br />
▶ Reduzir a taxa de juro será elemento<br />
vital à estratégia, por permitir<br />
a competição da oferta de<br />
crédito com as taxas de juro preferenciais.<br />
PROTEÇÃO AO RISCO<br />
▶ Utilizar o Mapa como apoio aos<br />
estudos técnicos sobre a legitimidade<br />
dos pleitos de reconhecimento<br />
de áreas indígenas.<br />
▶ Agilizar a aprovação de agroquímicos.<br />
▶ Contratar equipe maior para agilizar<br />
os estudos para aprovação das<br />
novas tecnologias.<br />
GENÉTICA: O PROBLEMA DA CO-<br />
BRANÇA DOS ROYALTIES SOBRE<br />
EVENTOS GENÉTICOS<br />
▶ Desenvolver um marco regulatório<br />
junto ao setor privado relativo<br />
aos direitos de royalties das tecnologias<br />
genéticas.<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
▶ Estabelecer Programa de Aquisição<br />
de Alimentos – PAA (Lei<br />
10.696/2003), de “prêmios financeiros”<br />
aos produtores que estejam<br />
em conformidade com a legislação<br />
ambiental ou que estejam realizando<br />
programas de restauração.<br />
▶ Criar o Programa de Aquisição de<br />
Mudas e Sementes Florestais (Pasem),<br />
com o objetivo de garantir<br />
a oferta das mesmas no processo<br />
de regularização ambiental de propriedades<br />
rurais e restauração florestal<br />
de assentamentos rurais de<br />
reforma agrária.<br />
▶ Estabelecer política de prevenção<br />
de conflitos em função de demarcações<br />
tardias, com previsão de indenização<br />
para os possuidores de<br />
títulos legítimos.<br />
▶ Estabelecer plano nacional de<br />
conservação do solo a ser liderado<br />
pelo Ministério da Agricultura e Ministério<br />
do Meio Ambiente.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
179<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO<br />
DESENVOLVIMENTO INTELIGENTE<br />
A produção de ciência e tecnologia é central<br />
para o desenvolvimento econômico e social.<br />
As possibilidades que se abrem na era do conhecimento<br />
transformam as relações humanas<br />
com repercussões definitivas para as formas<br />
de se produzir, comercializar, comunicar,<br />
aprender e ensinar. Os investimentos e a priorização<br />
dessa área, portanto, transbordam em<br />
benefícios para toda a sociedade, em todas as<br />
suas dimensões.<br />
O Brasil não tem sido capaz de acompanhar<br />
o ritmo da inovação e produção tecnológica<br />
mundial, inclusive quando comparamos com<br />
os demais países em situação de desenvolvimento<br />
semelhante. A falta de liderança e a<br />
incapacidade de consolidar um ambiente favorável<br />
à inovação se traduzem no não aproveitamento<br />
de oportunidades de desenvolvimento<br />
para o país.<br />
Reconhecer os principais desafios e estabelecer<br />
prioridades para ciência, tecnologia e inovação<br />
é fundamental para colocar o Brasil em<br />
posição de destaque internacional como produtor<br />
de conhecimento e, consequentemente,<br />
como um país que assegura, por meio de<br />
práticas inovadoras, mais justiça social e vigor<br />
econômico.<br />
Nos últimos 12 anos, ao mesmo tempo em<br />
que o Brasil passou por grandes e positivas<br />
mudanças sociais, nosso setor econômico não<br />
avançou em sua eficiência e competitividade.<br />
Nesse período, o nosso aumento de produtividade<br />
não só ficou abaixo do de nossos vizinhos,<br />
mas significativamente abaixo do nosso<br />
grupo de referência dos Brics.<br />
Durante esse período, passamos por inúmeros<br />
programas governamentais diferentes que<br />
visaram ao aumento dessa competitividade,<br />
com pouquíssimos benefícios, os quais também<br />
foram distribuídos de forma desigual entre<br />
os vários setores. Agravando ainda mais a<br />
situação, nos convertemos em uma das economias<br />
mais fechadas da América Latina, enquanto<br />
nossa carga tributária aumentou para<br />
níveis estarrecedores, sem um aumento correspondente<br />
da eficiência de nosso governo.<br />
Enquanto isso, a globalização e a internet demoliram<br />
qualquer barreira de acesso à informação,<br />
ajudando a quebrar nossos traumas<br />
coletivos de forma irreversível e em um curtíssimo<br />
espaço de tempo. Nesse novo contexto,<br />
reconhecemos a crescente importância da<br />
inovação, da inclusão digital e do empreendedorismo<br />
como ferramentas de desenvolvimen-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
180<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
to social e econômico, apresentando potencial<br />
de rapidamente mudar um país de patamar.<br />
Diante dessa realidade, acreditamos que o<br />
governo atual – resistente em largar as rédeas<br />
econômicas diante de um mundo que aceitou<br />
esta nova celeridade de ciclos econômicos –<br />
adotou um modelo de gestão que reconheça<br />
sua importância (evidenciado pelo aumento<br />
de investimento), mas se mostrou completamente<br />
inadequado e anacrônico em entregar<br />
resultados.<br />
Em nossa busca pela conquista de um Brasil<br />
inovador, em que a tecnologia é a ponta de<br />
lança de uma sociedade inclusiva, enxergamos<br />
também o potencial para uma mudança positiva<br />
e significativa em nossa política nacional<br />
de inovação e desenvolvimento industrial. No<br />
mesmo período, empregamos dezenas de bilhões<br />
de reais como Estado na busca da inovação<br />
– tanto da inovação pura, necessária, mas<br />
de aplicação prática incerta, como daquelas<br />
inovações práticas e necessárias para a competitividade<br />
de nossa indústria e para o aumento<br />
da qualidade de vida da população. Só o programa<br />
mais recente, o Inova Empresa, datado<br />
de 2011, se comprometeu a investir mais de<br />
R$32,5 bilhões de reais. O resultado visto tem<br />
sido uma piora na perspectiva de inovação pelas<br />
empresas, além de uma queda nos principais<br />
rankings de inovação e competitividade.<br />
As universidades públicas e as instituições<br />
de pesquisa, federais e estaduais precisam de<br />
apoio para investir mais na sua infraestrutura<br />
de pesquisa e nos demais instrumentos geradores<br />
de conhecimento básico e aplicado,<br />
além de mecanismos que garantam a retenção<br />
de nossos talentos no Brasil.<br />
Pouca pesquisa, porém, se faz direcionada<br />
para o desenvolvimento industrial, da agropecuária<br />
e do setor de serviços. Em patentes, a<br />
participação do Brasil continua muito reduzida,<br />
sem prioridades. Reforçar a mola do desenvolvimento<br />
significa elevar a capacidade de<br />
inovação tecnológica do país.<br />
Ademais, o ensino da tecnologia deve estar<br />
associado à resolução de problemas sociais e<br />
ambientais e a uma atitude empreendedora.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Aumento da parcela total de pesquisa<br />
e desenvolvimento privado<br />
no PIB para níveis comparáveis aos<br />
da OCDE até 2023.<br />
▶ Diminuição do custo de acesso<br />
do brasileiro aos serviços de comunicação<br />
(voz e dados) de forma<br />
sustentável.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
181<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
▶ Aumento da velocidade média de<br />
conexão de dados no Brasil para 30<br />
Mbps até 2022.<br />
▶ Redução de gargalos regulatórios<br />
para a implementação de novas<br />
tecnologias sem fim e de comunicação<br />
máquina a máquina.<br />
▶ Garantia de que todos os brasileiros,<br />
de 15 a 24 anos, tenham um<br />
nível básico de habilidades de informática.<br />
▶ Potencialização do bom uso pelos<br />
cidadãos e cidadãs das ferramentas<br />
de Tecnologia da Informação e<br />
Comunicação (TIC) disponíveis.<br />
▶ Fomento à criatividade e à inovação<br />
desde a base, por meio do acesso<br />
dos brasileiros aos métodos e ferramentas<br />
de criação já existentes.<br />
▶ Reforço do desenvolvimento brasileiro,<br />
elevando a capacidade de<br />
inovação tecnológica do país visando<br />
a um novo patamar de à competitividade<br />
e produtividade das<br />
empresas brasileiras nas cadeias<br />
globais de valor.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Estruturar um sistema nacional de<br />
ciência, tecnologia & inovação com<br />
governança clara e bem definida e<br />
acompanhamento pelo Conselho<br />
de Ciência e Tecnologia – CCT.<br />
▶ Revitalizar o Conselho Nacional<br />
de Ciência e Tecnologia.<br />
▶ Criar o Sistema Nacional de Ciência<br />
e Tecnologia, que possibilitará<br />
a articulação entre as políticas de<br />
educação e CT&I.<br />
▶ Criar programa nacional para formação<br />
de pesquisadores, considerando<br />
quantidade, qualidade e fixação<br />
descentralizada no país.<br />
▶ Fortalecer a pesquisa e a infraestrutura<br />
científica e tecnológica,<br />
eliminando a fragmentação, pul-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
182<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
verização e estabelecendo foco e<br />
prioridades em nível nacional.<br />
▶ Elaborar plano de elevação gradual<br />
dos investimentos – públicos e privados<br />
– em CT&I, buscando atingir, até<br />
2020, um patamar de 2,0% do PIB.<br />
▶ Criar programas de incentivo à<br />
pesquisa e à inovação nas empresas<br />
públicas e privadas, promovendo<br />
a modernização e a celeridade<br />
no sistema de registro de patentes.<br />
▶ Elaborar programa para internacionalização<br />
da ciência, envolvendo<br />
o intercâmbio de pesquisadores e a<br />
criação de infraestrutura adequada<br />
para receber cientistas estrangeiros.<br />
▶ Promover políticas de inovação<br />
em cadeias produtivas, integrando<br />
grandes, médias e pequenas empresas,<br />
assim como centros de pesquisa<br />
nacionais e internacionais.<br />
▶ Ampliar o programa Ciências sem<br />
Fronteiras, para incluir professores<br />
e pesquisadores.<br />
▶ Criar programa brasileiro de formação<br />
tecnológica, incentivando a<br />
formação de técnicos, engenheiros<br />
e pesquisadores em áreas aplicadas.<br />
▶ Manter e ampliar os movimentos<br />
de cooperação e diálogo entre os<br />
setores público e privado, incluindo<br />
representantes acadêmicos, empreendedores<br />
e lideranças empresariais.<br />
▶ Elaborar programa nacional de<br />
disseminação de pesquisas e conhecimentos<br />
em CT&I, incluindo a<br />
ciência na educação básica, com<br />
projetos de feiras e centros de ciências.<br />
▶ Implantar o Programa Nacional<br />
de Parques Tecnológicos de âmbito<br />
nacional e regional, com temas<br />
como bioenergia, química verde e<br />
TIC.<br />
▶ Reformar o sistema de incentivos<br />
fiscais e a política industrial para infraestrutura<br />
de TIC, equilibrando as<br />
demandas de longo prazo com a<br />
competitividade do setor no curto<br />
prazo.<br />
▶ Apoiar incubadoras de empresas,<br />
com caráter de inovação, como<br />
startups, em articulação com as<br />
universidades.<br />
▶ Instituir o Conselho Nacional de<br />
Inovação, responsável por desen-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
183<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
volver, monitorar e avaliar a estratégia<br />
nacional para inovação.<br />
▶ Expandir imediatamente o quadro<br />
funcional da Capes, contratando<br />
gestores especializados por<br />
áreas de estudo.<br />
▶ Aumentar o valor da bolsa de<br />
pesquisadores da Capes e CNPq.<br />
▶ Expandir o Plano Brasil Banda<br />
Larga, focando o aumento da velocidade<br />
média, a confiabilidade e a<br />
cobertura rural.<br />
▶ Incentivar a construção e a ampliação<br />
da rede de fibra ótica nacional<br />
pública e privada e a redundância<br />
de suas interligações com<br />
outros países.<br />
▶ Promover a construção e o uso<br />
de data centers locais para hospedagem,<br />
reduzindo os gargalos na<br />
rede nacional de telecomunicações<br />
e mitigando questões de segurança<br />
e privacidade.<br />
▶ Reformar o sistema de interconexão<br />
via celular, a fim de baratear o<br />
custo por minuto de voz e megabyte<br />
de dados.<br />
▶ Reformular o sistema de gestão<br />
nacional de radioespectro, respeitando<br />
as concessões atuais e atualizando<br />
os parâmetros de alocação<br />
futura.<br />
▶ Regulamentar e formalizar rádios<br />
comunitárias, inclusive com o subsídio<br />
a equipamentos modernos e<br />
confiáveis de radiodifusão.<br />
▶ Garantir a isenção de cobrança<br />
de tráfego para sites públicos e sites<br />
considerados de utilidade pública<br />
ou educacionais.<br />
▶ Estabelecer a adoção de licenças<br />
livres em todos os produtos do Governo<br />
Federal.<br />
▶ Reformular a política de compras<br />
do governo na promoção do desenvolvimento<br />
de softwares.<br />
▶ Garantir a preferência, na compra<br />
pelo governo, de softwares de<br />
desenvolvimento exclusivo às soluções<br />
de código-fonte aberto ou<br />
uso obrigatório de royalties no caso<br />
da venda de outras licenças.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
184<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
COMPETIÇÃO<br />
COMPETIÇÃO PARA O BEM-ESTAR DO CONSUMIDOR E<br />
COMPETITIVIDADE DAS EMPRESAS<br />
Políticas que estimulam competição trazem<br />
dois efeitos sobre o bem-estar dos cidadãos.<br />
O primeiro efeito é direto: acesso a bens mais<br />
baratos e de melhor qualidade. É sempre bom<br />
lembrar que nós, brasileiros, pagamos caríssimo<br />
por produtos que custam muito mais<br />
barato em outros países. O segundo efeito é<br />
indireto e, possivelmente, mais importante: a<br />
competição aumenta a produtividade de uma<br />
economia.<br />
Como o crescimento de longo prazo (e, como<br />
consequência, o bem-estar da população) está<br />
intimamente relacionado aos aumentos de<br />
produtividade, políticas que estimulem a competição<br />
são indutoras de crescimento.<br />
CRIAR CONDIÇÕES PARA MAIOR COMPETITIVIDADE AQUI<br />
DENTRO E PARA FORA<br />
Os preços no Brasil são notoriamente altos.<br />
Vários comentaristas mostram isso para vários<br />
produtos. Carros e aparelhos eletroeletrônicos<br />
são dois entre muitos exemplos. Vários são os<br />
suspeitos, como a alta carga tributária, o alto<br />
custo de energia e os altos juros pagos pelos<br />
produtores de bens e serviços. Falta de competição<br />
pelos consumidores brasileiros certamente<br />
é um dos problemas. Um dos grandes<br />
desafios é aumentar a competição para que tenhamos<br />
acesso a bens e serviços mais baratos.<br />
As empresas brasileiras também são vítimas<br />
da falta de competição. Insumos e bens intermediários<br />
caros diminuem a competitividade<br />
de nossas empresas no exterior, além de compor<br />
parte do custo que o consumidor paga na<br />
forma de preços altos. Um desafio é aumentar<br />
a competição pelo mercado de bens intermediários<br />
e insumos.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
185<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
COMPROMISSOS<br />
COMPROMISSOS: UMA NOVA<br />
AGENDA DE INDUÇÃO DA COM-<br />
PETIÇÃO<br />
▶ Temos compromisso com uma<br />
agenda que aumentará a competição,<br />
diminuindo preços e aumentando<br />
a oferta, tanto dos bens finais<br />
como dos bens de capital (máquinas)<br />
e intermediários.<br />
▶ O compromisso se materializa<br />
com: 1) o combate incessante à<br />
formação de cartéis; 2) o fortalecimento<br />
e o aprimoramento da análise<br />
de concentrações horizontais<br />
e verticais por parte do Conselho<br />
Administrativo de Defesa Econômica<br />
(Cade); 3) a coibição de abuso<br />
de posição dominante por parte de<br />
agentes que tenham poder de mercado,<br />
tanto no mercado de insumos<br />
como no mercado de produto; 4)<br />
medidas gerais de estimulo à competição.<br />
PROPOSTAS<br />
IMPLANTAR MEDIDAS QUE FACILI-<br />
TEM AÇÕES COLETIVAS PRIVADAS<br />
PARA RESSARCIMENTO DE DANOS<br />
CAUSADOS POR ARRANJOS DE<br />
CARTEL<br />
▶ A compensação dos consumidores<br />
que pagaram além do devido<br />
por causa do conluio cumpre os papéis<br />
de se restabelecer justiça (os<br />
prejudicados são ressarcidos pelo<br />
dano causado) e, não menos importante,<br />
de coibir esse comportamento.<br />
Diante da probabilidade de<br />
ter de ressarcir um valor não menor<br />
do que os benefícios que extraem<br />
do cartel, as firmas terão menos incentivos<br />
ao conluio.<br />
▶ Para que a compensação cumpra<br />
plenamente seus papéis, é necessário<br />
facilitar as condições para que os<br />
prejudicados demandem por reparos<br />
na justiça. Ações coletivas são<br />
uma forma eficiente de tornar ba-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
186<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
rata a busca por ressarcimento por<br />
parte de um prejudicado por cartéis.<br />
INSTITUIR A MULTA TRIPLA<br />
▶ Forçar os cartelistas a pagar somente<br />
os prejuízos causados não<br />
basta, porque há uma grande chance<br />
de se safar. Uma forma de lidar<br />
com esse problema é adotar multas<br />
que aumentem o custo caso o<br />
cartelista seja apanhado. Portanto,<br />
a instituição de multas triplas, que<br />
permitem que um tribunal de justiça<br />
triplique o montante de compensação<br />
por danos, é um mecanismo<br />
complementar às multas para dissuasão.<br />
PROPOR MEDIDAS PARA APRIMO-<br />
RAR E INTENSIFICAR A PRÁTICA<br />
DE IDENTIFICAÇÃO INDIRETA DE<br />
CARTÉIS, A PARTIR DE ANÁLISE<br />
CRITERIOSA DE DADOS E ESTU-<br />
DO DE MERCADOS PROPENSOS À<br />
CARTELIZAÇÃO<br />
▶ A intensificação do monitoramento<br />
por parte do Cade de potenciais<br />
mercados cartelizados é<br />
fundamental para que cartéis sejam<br />
desmontados. É insuficiente<br />
contar com denúncias por parte de<br />
compradores. Afinal, denunciar um<br />
fornecedor de um bem intermediário<br />
indispensável pode ter consequências<br />
deletérias para o fornecimento<br />
futuro desse bem para um<br />
produtor. Acordos de leniência são<br />
importantes, mas não bastam, porque<br />
em geral são feitos depois que<br />
o cartel operou por muito tempo e<br />
já prejudicou a concorrência. O monitoramento<br />
baseado no extenso<br />
conhecimento técnico do corpo de<br />
colaboradores do Cade e no constante<br />
desenvolvimento de técnicas<br />
estatísticas desenvolvidas para o<br />
uso em antitruste é ferramenta indispensável.<br />
UTILIZAR DESENHOS QUE ESTI-<br />
MULEM ENTRADA E COMPETIÇÃO<br />
EM LEILÕES. ADICIONALMENTE, E<br />
AO CONTRÁRIO DO QUE USUAL-<br />
MENTE OCORRE, O CADE DEVERÁ<br />
MONITORAR O COMPORTAMEN-<br />
TO DOS PARTICIPANTES ANTES E<br />
DURANTE O LEILÃO<br />
▶ Conluio em licitações é um problema<br />
grave. O Estado é lesado,<br />
reduzindo os recursos disponíveis<br />
para áreas fundamentais como<br />
educação, saúde e segurança. Em<br />
licitações, é crucial desenhar leilões<br />
que promovam a participação de<br />
vários interessados e estimulem a<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
187<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
competição efetiva entre eles. Muitas<br />
vezes a comunicação entre potenciais<br />
participantes é tratada com<br />
passividade por parte do Cade. Adicionalmente,<br />
numa licitação, é possível<br />
observar parte substancial do<br />
comportamento dos participantes,<br />
o que facilita a identificação das<br />
práticas colusivas. Portanto, o Cade<br />
deve monitorar ativa e preventivamente<br />
o comportamento dos concorrentes<br />
em leilões.<br />
MONITORAR AS SITUAÇÕES NAS<br />
QUAIS O FORNECEDOR DE UM<br />
INSUMO TAMBÉM POSSA COMPE-<br />
TIR NO MERCADO DE PRODUTO<br />
▶ Uma empresa integrada que produza<br />
um insumo utilizado no seu<br />
processo produtivo pode querer<br />
encarecer (ou mesmo não vender)<br />
o insumo para um competidor no<br />
mercado de produto. Esse comportamento<br />
predatório resulta em menor<br />
competição. É preciso monitoramento<br />
constante desses casos.<br />
MONITORAR PRÁTICAS ANTI-<br />
COMPETITIVAS POR PARTE DE<br />
EMPRESAS DOMINANTES<br />
▶ Uma empresa com posição dominante<br />
pode ter incentivos a competir<br />
de maneira predatória, cobrando<br />
de seus consumidores preços<br />
menores que o custo de produção,<br />
ou adotando práticas de fidelização<br />
anticompetitiva, com o intuito<br />
de eliminar competidores e obter<br />
maior poder de mercado no futuro.<br />
Monitorar essas formas de competição<br />
predatória é extremamente<br />
importante.<br />
PROMOVER A REVISÃO DE BAR-<br />
REIRAS TÉCNICAS ADVINDAS DE<br />
NORMAS INJUSTIFICÁVEIS<br />
▶ Barreiras técnicas podem ser usadas<br />
por produtores para manterem<br />
seu poder de mercado, muitas vezes<br />
disfarçadas de defesa dos interesses<br />
da sociedade. No Brasil,<br />
há cartéis condenados que fizeram<br />
uso de imposição de barreiras técnicas<br />
para impedir que consumidores<br />
substituíssem seus produtos<br />
por importados. É indispensável<br />
que barreiras técnicas não justificáveis<br />
sejam eliminadas.<br />
PROVER ACESSO DE TERCEI-<br />
ROS A FACILIDADES ESSENCIAIS<br />
PARA COMPETIÇÃO<br />
▶ Estimular a entrada é crucial. A<br />
competição potencial, na forma de<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
188<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
entrada de novos produtores caso<br />
haja lucros excepcionais, é uma<br />
forma de competição tão efetiva<br />
quanto a competição dos atuais<br />
concorrentes. Políticas que reduzam<br />
o custo de entrada terão, portanto,<br />
efeitos benéficos.<br />
▶ Uma forma de inibir a entrada é<br />
negar acesso a um insumo ou facilidade<br />
essencial para competição.<br />
Ao promover políticas que, sempre<br />
que possível, abram acesso às facilidades<br />
essenciais, cairão os custos<br />
de entrada e será estimulada a<br />
competição.<br />
REDUZIR O CUSTO DE SE FAZER<br />
NEGÓCIOS<br />
▶ As seguintes políticas serão implantadas<br />
para reduzir custos de<br />
entrada. Adoção de políticas que<br />
destravem, agilizem e desburocratizem<br />
os processos de aprovação<br />
pelo Estado. Eliminação de requerimentos<br />
desnecessários para se<br />
abrir e fechar firmas. Reduzir o tempo<br />
dedicado a atender burocracias<br />
múltiplas.<br />
RACIONALIZAR AS EXIGÊNCIAS<br />
DE CONTEÚDO NACIONAL<br />
▶ Políticas de exigência de conteúdo<br />
local são formas indiretas de se<br />
subsidiar produção local. A exigência<br />
de conteúdo nacional é uma forma<br />
bastante ineficiente de se subsidiar<br />
uma atividade. Se a atividade<br />
merece ser apoiada, que o seja diretamente,<br />
com subsídio direto.<br />
▶ As exigências de conteúdo nacional<br />
aumentam os custos dos produtores<br />
sujeitos a essas exigências, o<br />
que reduz a sua competitividade e<br />
insula de competição os potenciais<br />
beneficiados com a política, reduzindo<br />
seus incentivos a inovar e produzir<br />
de maneira mais eficiente.<br />
SIMPLIFICAR A ESTRUTURA DE<br />
TARIFAS DE IMPORTAÇÃO DE<br />
MODO A INCENTIVAR A CON-<br />
CORRÊNCIA DOMÉSTICA<br />
▶ Homogeneização da estrutura de<br />
proteção para evitar a escalada tarifária;<br />
diminuição do número de níveis<br />
tarifários para simplificação da<br />
estrutura tarifaria; redução do custo<br />
de bens intermediários e bens de<br />
capital.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
189<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
PROMOVER A REVISÃO GRA-<br />
DUAL DOS EMPRÉSTIMOS COM<br />
TAXAS SUBSIDIADAS A PROJE-<br />
TOS QUE NÃO AS JUSTIFIQUEM<br />
▶ A concessão de subsídios a projetos<br />
que não os justifiquem tem<br />
duas consequências ruins. O subsídio<br />
infla artificialmente os retornos<br />
de projetos e, com isso, maus projetos<br />
são levados a cabo. Maus projetos<br />
reduzem a produtividade da<br />
economia. Subsídios injustificados<br />
induzem uma diferença artificial de<br />
produtividade entre diferentes setores.<br />
Essa diferença reduz a produtividade<br />
da economia por uma<br />
razão simples: seria melhor alocar<br />
recursos nas atividades nas quais a<br />
produtividade é maior.<br />
▶ Por fim, os subsídios favorecerem<br />
algumas empresas em detrimento<br />
de outras, desvirtuando o processo<br />
competitivo justo. O resultado pode<br />
ser a sobrevivência de empresas<br />
que não sobreviveriam à competição,<br />
ou a eliminação de empresas<br />
mais produtivas, mas sem acesso<br />
aos subsídios.<br />
PROPOSTA 13: PROMOVER A<br />
NEUTRALIDADE NA COMPETI-<br />
ÇÃO ENTRE EMPRESA PRIVADAS<br />
E PÚBLICAS<br />
▶ O fato de empresas públicas poderem<br />
contar com financiamento<br />
mais barato ou garantias – explícitas<br />
ou implícitas – contra a falência<br />
distorce o processo produtivo. É<br />
fundamental nivelar a competição<br />
entre empresas públicas e privadas.<br />
IMPLANTAR MEDIDAS QUE RE-<br />
DUZAM CUSTOS DE TROCA E<br />
MUDANÇA DE CONSUMIDORES<br />
QUANDO RELEVANTES<br />
▶ Custos de troca e de mudança<br />
aumentam o poder de mercado de<br />
um produtor junto a consumidores<br />
que ele já serve. Esses custos reduzem<br />
competição em vários setores,<br />
como o bancário e de telefonia. Políticas<br />
que reduzam esses custos<br />
serão pró-competitivas, portanto.<br />
Em bancos, por exemplo, é preciso<br />
operacionalizar e dar agilidade ao<br />
cadastro positivo. Em telecomunicações,<br />
é preciso implantar efetivamente<br />
a agilização do cancelamento<br />
da conta.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
190<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
DESENHAR REGRAS MAIS EFE-<br />
TIVAS DE COMPRAS GOVERNA-<br />
MENTAIS QUE INDUZAM À COM-<br />
PETIÇÃO, A MENORES PREÇOS, A<br />
MAIOR QUALIDADE DESEJADA E<br />
A MENOS CORRUPÇÃO<br />
▶ Os montantes das compras públicas<br />
no Brasil são expressivos. Os<br />
bens e serviços adquiridos em licitações<br />
são pagos com impostos<br />
por todos nós, contribuintes. É fundamental<br />
que se desenhem regras<br />
que induzam a processos competitivos<br />
e inibam malfeitos em licitações<br />
e compras governamentais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
191<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA<br />
CONDIÇÕES REAIS PARA FAZER O BRASIL CRESCER<br />
INTRODUÇÃO<br />
Quando se fala em infraestrutura, qual deve<br />
ser o objetivo de um governo democrático, que<br />
preza pelo interesse da população e garante o<br />
uso judicioso dos recursos públicos – ou seja,<br />
o dinheiro de todos? Primeiro, modernizar a<br />
infraestrutura do país, de modo a promover o<br />
crescimento e melhorar a qualidade de vida<br />
da população. Segundo, aumentar a oferta e<br />
reduzir os custos associados ao uso da infraestrutura,<br />
de modo que a produção – seja da indústria,<br />
do agronegócio ou serviços – seja mais<br />
eficiente e competitiva. E o que fazer para modernizar<br />
e expandir a infraestrutura do país?<br />
Investir mais e melhor.<br />
Em 2013, o Brasil investiu 2,45% do PIB em<br />
infraestrutura. É muito pouco! Um parâmetro<br />
amplamente aceito indica que deveríamos<br />
estar investindo 3% do PIB apenas para compensar<br />
a depreciação do capital fixo per capita.<br />
Para sustentar um crescimento de 4% a.a. –<br />
hoje acima do nosso potencial, mas alcançável<br />
com reformas na economia – precisaríamos<br />
investir em infraestrutura algo da ordem de<br />
4,5% do PIB.<br />
A baixa taxa de investimento em infraestrutura<br />
é, porém, apenas parte do problema.<br />
Igualmente importante é que investimos mal.<br />
Ou seja, o Brasil necessita não apenas investir<br />
mais, como também melhorar a eficiência<br />
com que os investimentos são realizados. O<br />
país desperdiça um grande volume de recursos<br />
que aplica no setor por conta das conhecidas<br />
dificuldades de execução. E pode-se ainda<br />
questionar a qualidade do investimento, sendo<br />
comum encontrarmos estradas recém-construídas<br />
com buracos ou obras parcialmente<br />
incompletas. O resultado é que nem sempre<br />
os gastos entregam os benefícios prometidos.<br />
O desperdício de recursos é considerável.<br />
Quanta infraestrutura “compramos” com cerca<br />
de 2,5% do PIB de investimentos? As indicações<br />
são de que compramos pouco, por<br />
conta da baixa produtividade do investimento.<br />
E por que a baixa produtividade? Primeiro, por<br />
falta de um planejamento abrangente (inclusive<br />
no plano territorial, a exemplo de mobilidade<br />
urbana), pela fragilidade dos projetos ou<br />
ainda por falhas regulatórias. Segundo, pelas<br />
más escolhas do que e onde investir. Comumente<br />
nossas prioridades estão invertidas:<br />
deixamos, por exemplo, o transporte público<br />
de lado, quando esse deveria ser foco de todas<br />
as atenções no campo da mobilidade. Esquecemos<br />
o transporte de cargas sobre trilhos e<br />
sobre as águas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
192<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
Infelizmente, o Programa de Aceleração do<br />
Crescimento (PAC) não solucionou os nossos<br />
problemas. Além do fato de que grande parte<br />
do PAC é na realidade financiamento habitacional<br />
e não investimento em infraestrutura,<br />
os prazos do PAC não têm sido observados e<br />
a qualidade dos serviços é deficiente. Entre a<br />
revisão do PAC de dez. 2010 e a nova previsão<br />
de maio de 2014, houve um aumento médio<br />
dos custos em 44% e dos prazos em 80%.<br />
O problema do atraso, e a consequente alta<br />
dos custos, é geral. No PAC, dois em cada<br />
três projetos de transportes têm atraso de dois<br />
anos ou mais. Em saneamento, de 138 obras<br />
acompanhadas, apenas 28 tinham acompanhamento<br />
normal, contra 18 não iniciadas no<br />
prazo, 25 atrasadas e 47 paralisadas. Ademais,<br />
os resultados finais deixam a desejar: no caso<br />
dos serviços de dragagem do porto de Santos,<br />
boa parte dos recursos empregados foi para<br />
pouco: ao final, trechos importantes do canal<br />
de acesso voltaram a ficar assoreados e a prejudicar<br />
usuários.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Implantação de uma revolução em<br />
infraestrutura, reconhecendo que o<br />
Estado simplesmente não tem a capacidade<br />
e os meios de levar essa<br />
transformação adiante sem a ajuda<br />
do setor privado.<br />
▶ Garantia de que as obras relacionados<br />
à infraestrutura:<br />
• sejam entregues com menores<br />
custos e entregues nos prazos<br />
acordados;<br />
• durem por muitos anos e prestem<br />
serviços de melhor qualidade.<br />
▶ Investimento em infraestrutura<br />
será uma política de Estado, não o<br />
resultado de conchavos políticos<br />
ou a consequência de caprichos do<br />
governante de momento.<br />
▶ A política de investimento em infraestrutura<br />
reconhecerá as obrigações<br />
do Estado no âmbito do<br />
planejamento e da regulação, mas<br />
também suas limitações no plano<br />
do financiamento e, principalmente,<br />
da execução.<br />
▶ A política de investimento em infraestrutura<br />
será desenhada para de<br />
fato mobilizar o potencial de contribuição<br />
do setor privado – substituindo<br />
os subsídios e artificialismos<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
193<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
pela estabilidade de regras, um fluxo<br />
constante de projetos e uma boa<br />
estrutura de regulação.<br />
▶ Busca por um maior envolvimento<br />
dos bancos privados e do mercado<br />
de capitais no financiamento<br />
dos projetos.<br />
▶ Ao Estado caberá assegurar que<br />
os projetos obedeçam a uma lógica<br />
de planejamento e que sejam regulados<br />
e fiscalizados por agências<br />
que sejam de fato independentes e<br />
não meros apêndices do Executivo.<br />
▶ Os investimentos em infraestrutura<br />
serão bem planejados, com a definição<br />
apropriada de prioridades,<br />
eliminação de desperdícios, sobreposições<br />
e falta de articulação entre<br />
os modais.<br />
▶ Valer-se, de forma arrojada, dos<br />
mecanismos de PPP quando o setor<br />
privado, com oferta privada eficiente<br />
do serviço, puder cumprir<br />
uma missão pública e acelerar os<br />
investimentos necessários ao seu<br />
provimento na infraestrutura viária,<br />
em portos e aeroportos.<br />
PROPOSTAS<br />
CONTRATAR SERVIÇOS DE IN-<br />
FRAESTRUTURA EM VEZ DE OBRAS<br />
DE INFRAESTRUTURA<br />
▶ O governo deve se encarregar de<br />
definir de maneira precisa os serviços<br />
de infraestrutura a serem contratados,<br />
além de exigir garantias,<br />
prover incentivos e efetuar monitoramento<br />
a posteriori para garantir<br />
que esses serviços sejam entregues<br />
de acordo com os prazos e qualidades<br />
estabelecidos na contratação.<br />
Aos contratados, deve ser delegada<br />
a melhor forma de projetar e executar<br />
as obras associadas aos serviços<br />
que serão providos.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
194<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
CONTRATAR OBRAS DE INFRAES-<br />
TRUTURA, INVESTINDO MAIS NO<br />
PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO<br />
PROJETO BÁSICO E EXECUTI-<br />
VO, DEFININDO UM ORÇAMENTO<br />
CONFIÁVEL<br />
▶ Não se pode começar obras sem<br />
projeto básico e executivo, sem orçamento<br />
confiável, com base numa<br />
“conta de padeiro”. Devemos avaliar<br />
a receita do desastre: obras atrasadas,<br />
inacabadas, com orçamento<br />
estourado, a exemplo da Ferrovia<br />
Transnordestina, da Transposição<br />
do Rio São Francisco, da duplicação<br />
da BR-101, da refinaria Abreu e<br />
Lima e tantas outras. Qualquer obra<br />
– principalmente as financiadas direta<br />
ou indiretamente com recursos<br />
públicos – necessita passar por um<br />
crivo severo: a obra está corretamente<br />
projetada? E o projeto está<br />
detalhado o suficiente e elaborado<br />
de forma íntegra, de maneira que se<br />
possa fazer um orçamento realista?<br />
E é factível cumprir as etapas em<br />
tempo hábil, entregando o prometido<br />
em termos de qualidade e quantidade,<br />
mesmo quando se consideram<br />
as possíveis contingências? Ao<br />
responder de forma inequívoca a<br />
essas perguntas, o governo evitaria<br />
se lançar em aventuras; afinal, os recursos<br />
são da população.<br />
RESTABELECER PRINCÍPIOS RE-<br />
GULATÓRIOS, O QUE AJUDARÁ<br />
A ATRAIR O SETOR PRIVADO<br />
▶ As agências são órgãos de Estado;<br />
não de um governo A ou B. Elas<br />
não podem ser manipuladas pelo<br />
Executivo, usadas politicamente.<br />
Seu bom funcionamento não comporta<br />
nomeações para agradar a<br />
base do governo. As agências devem<br />
ser organismos técnicos e necessitam<br />
ser defendidas pela sociedade<br />
da penetração de interesses<br />
escusos. Só assim vão cumprir suas<br />
funções essenciais: assegurar que<br />
as tarifas cobradas estejam em linha<br />
com os custos dos serviços;<br />
fiscalizar a qualidade dos serviços<br />
prestados pelos concessionários; e<br />
estabelecer regras e normas estáveis,<br />
que não mudam ao sabor dos<br />
objetivos imediatistas do Executivo.<br />
Só assim se atrai o investimento de<br />
qualidade e se defende o interesse<br />
do consumidor.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
195<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
ALAVANCAR AO MÁXIMO O RE-<br />
SULTADO DA UTILIZAÇÃO DE<br />
RECURSOS PÚBLICOS SUBSI-<br />
DIADOS NOS PROJETOS DE IN-<br />
FRAESTRUTURA. ESTES SÓ SE-<br />
RÃO USADOS QUANDO E NA<br />
MEDIDA EM QUE OS PROJETOS<br />
GEREM BENEFÍCIOS SOCIAIS,<br />
MAS NÃO SEJAM AUTOFINAN-<br />
CIÁVEIS. NESTE CASO, O RECUR-<br />
SO ÀS PARCERIAS PÚBLICO-PRI-<br />
VADAS VIABILIZARÁ PROJETOS<br />
DE INFRAESTRUTURA UTILIZAN-<br />
DO O MÍNIMO DE RECURSOS PÚ-<br />
BLICOS E O MÁXIMO DE RECUR-<br />
SOS PRIVADOS, QUE, SEMPRE<br />
QUE POSSÍVEL, DEVERÃO SER A<br />
FONTE PREPONDERANTE DO FI-<br />
NANCIAMENTO À INFRAESTRU-<br />
TURA NO PAÍS<br />
▶ O governo não tem como continuar<br />
expandindo o orçamento dos<br />
bancos públicos – a exemplo do<br />
BNDES – sem colocar em questão<br />
a qualidade do seu crédito, aumentando<br />
a percepção de risco e gerando<br />
efeitos adversos por toda a economia.<br />
Em 2012, mais de 64% dos<br />
recursos investidos em infraestrutura<br />
vieram do governo ou tiveram<br />
garantias do Tesouro Nacional. No<br />
caso de transportes, esse percentual<br />
sobe para 79%!<br />
▶ Igualmente importante: os recursos<br />
subsidiados e vindos do setor<br />
público só devem ser utilizados para<br />
projetos que apresentem benefícios<br />
sociais, mas que não sejam autofinanciáveis.<br />
Nesses casos, embora<br />
seja desejável levar os projetos a<br />
cabo, os agentes privados não obterão<br />
o retorno por seus investimentos<br />
sem a parceria com o setor público.<br />
O subsídio, então, será a forma de<br />
dar aos agentes privados incentivos<br />
para levar a cabo projetos não rentáveis,<br />
mas que sejam benéficos para<br />
a sociedade como um todo. Essa é<br />
a justificativa para uso de subsídios<br />
em projetos de infraestrutura. Proceder<br />
de outra forma tem três consequências<br />
perversas: em primeiro<br />
lugar, os recursos subsidiados substituem<br />
a poupança privada; na medida<br />
em que o custo de capital próprio<br />
dos acionistas é maior do que o<br />
custo dos empréstimos do BNDES,<br />
as empresas têm um forte incentivo<br />
para distribuírem seus lucros, e não<br />
os reterem para aumentarem seus<br />
investimentos. Em segundo lugar,<br />
financiamento subsidiado faz com<br />
que maus projetos sejam levados a<br />
cabo: o subsídio infla artificialmente<br />
o retorno de um mau projeto. Em terceiro<br />
lugar, e não menos importante,<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
196<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
subsídios injustificados transferem<br />
renda da sociedade como um todo<br />
para os acionistas das empresas responsáveis<br />
pelo projeto, sendo, portanto,<br />
concentradores de renda.<br />
▶ E há uma razão adicional – e mesmo<br />
crítica – para envolver o setor<br />
privado no financiamento da infraestrutura<br />
do país: quando bancos, seguradoras<br />
e investidores direcionam<br />
seus recursos, o fazem com o máximo<br />
rigor, evitando financiar projetos<br />
de má qualidade ou com pouca viabilidade.<br />
Ao não mobilizar os recursos<br />
privados, o país desperdiça uma<br />
grande oportunidade de usar os financiadores<br />
e as seguradoras como<br />
filtro de qualidade e todos saem perdendo.<br />
Finalmente, é essencial mudar<br />
a forma de financiamento para<br />
uma estrutura que é comum internacionalmente<br />
– o project finance,<br />
alavancado por fontes privadas, que<br />
aliviaria as restrições a que as empresas<br />
estão hoje submetidas por<br />
falta de capacidade de dar garantias<br />
para os empréstimos.<br />
CORRIGIR OS MODELOS REGU-<br />
LATÓRIOS NOS SETORES DE IN-<br />
FRAESTRUTURA, CUJAS FALHAS<br />
AUMENTAM O ÔNUS DO GOVERNO<br />
E A INCERTEZA PARA O INVESTI-<br />
DOR. FEITAS AS CORREÇÕES, SERÁ<br />
DADA ESTABILIDADE ÀS REGRAS<br />
COM QUE OPERAM OS CONCES-<br />
SIONÁRIOS<br />
▶ É melhor, de modo geral, usar modelos<br />
testados, ajustar eventuais<br />
distorções, do que “zerar a pedra”,<br />
infringir direitos e gerar insegurança.<br />
Os ativos de infraestrutura têm,<br />
de modo geral, vida útil longa. Muitos,<br />
senão a maior parte dos investidores<br />
no setor, têm uma perspectiva<br />
de médio e longo prazo e uma<br />
preocupação com a sustentabilidade<br />
dos seus investimentos. Mais<br />
além da incerteza regulatória com a<br />
politização de algumas agências, é<br />
fundamental a estabilidade nos modelos<br />
de operação.<br />
▶ Em anos recentes, foram introduzidas<br />
mudanças – geralmente por<br />
meio de medidas provisórias – que<br />
alteraram profundamente os modelos<br />
de operação vigentes. Independentemente<br />
do mérito dessas<br />
medidas, a forma como foram feitas,<br />
por vezes atropelando o Congresso<br />
e ouvindo pouco a sociedade,<br />
gerou bastante insegurança no<br />
setor e questionamentos na justiça,<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
197<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
se tornando um freio para os investimentos.<br />
Assim ocorreu com a MP<br />
679, do setor elétrico, que não apenas<br />
causou enormes prejuízos ao<br />
setor (inclusive à Eletrobras) como<br />
gerou profunda desconfiança entre<br />
os investidores. A MP acabou ainda<br />
por prejudicar os consumidores,<br />
que foram instados a consumir uma<br />
energia escassa e, de acordo com os<br />
planos do governo atual, vão pagar<br />
caro por isso nos próximos anos.<br />
▶ Da mesma forma, a MP 595, dos<br />
portos, foi aprovada a toque de caixa<br />
e em muitos aspectos é um retrocesso,<br />
com a excessiva centralização<br />
das decisões em Brasília. Projetos<br />
mal concebidos foram apresentados<br />
pelo governo e rejeitados por<br />
operadores portuários e mesmo<br />
Companhias Docas; decisões foram<br />
tomadas e estão sendo contestadas<br />
na justiça; e investimentos significativos<br />
permanecem suspensos até o<br />
novo marco se sedimentar.<br />
▶ Outro caso emblemático é o setor<br />
ferroviário. É verdade que o país<br />
necessita balancear seus modais de<br />
transporte e expandir o peso das<br />
ferrovias e hidrovias, além da navegação<br />
de cabotagem. Porém, não é<br />
de uma penada que se resolve uma<br />
questão de grande complexidade.<br />
Expandir a malha ferroviária requer<br />
pensar em profundidade o modelo<br />
de financiamento e de operação das<br />
ferrovias, e tudo indica que as escolhas<br />
do governo não foram as mais<br />
adequadas.<br />
▶ O caso de rodovias é igualmente<br />
esclarecedor. Depois de quase três<br />
anos em que o governo insistiu em<br />
controlar a priori a taxa de retorno<br />
e ver os investidores se desinteressarem,<br />
fez-se uma meia-volta com<br />
competência e os leilões passaram<br />
a deslanchar. Qual foi o truque? Primeiro,<br />
ouvir o mercado, e não impor<br />
soluções de cima para baixo. Segundo,<br />
usar de forma adequada a Lei<br />
das Concessões, de 1995, que serve<br />
bem ao país depois de quase duas<br />
décadas (da mesma forma como a<br />
Lei das Parcerias Público-Privadas,<br />
de 2004, que governos estaduais –<br />
a exemplo de MG – têm se incumbido<br />
de fazer bom uso, e que anda<br />
esquecida pelo Governo Federal).<br />
Terceiro, criar um ambiente competitivo,<br />
assegurando que um número<br />
significativo de empresas concorra<br />
ativamente, dessa forma eliminando<br />
eventuais sobrelucros.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
198<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
DIMINUIR A SOBREPOSIÇÃO DE<br />
ENTES REGULATÓRIOS, UNIFI-<br />
CANDO AO MÁXIMO O PROCES-<br />
SO DE LICENCIAMENTO. PROPOR<br />
UM PROCEDIMENTO DE CONSUL-<br />
TA PRÉVIA NO LICENCIAMENTO<br />
▶ A necessidade de se reportar a<br />
múltiplos entes com atuação sobreposta<br />
aumenta o custo de operação<br />
de uma concessão para provisão<br />
de serviços de infraestrutura.<br />
Não menos importante, aumenta<br />
substancialmente o risco regulatório<br />
e, consequência, o custo de capital<br />
dos projetos, o que reduz sua<br />
atratividade para o setor privado. A<br />
implicação disso é a redução do investimento<br />
e/ou um aumento, pelo<br />
seu efeito sobre a taxa de retorno<br />
demandada pelos concessionários,<br />
do custo pago pela sociedade.<br />
▶ A unificação do processo de licenciamento<br />
reduzirá custos e aumentará<br />
a provisão de serviços de<br />
infraestrutura para os cidadãos. Os<br />
mesmo se aplica ao procedimento<br />
de consulta prévia, que, evidentemente,<br />
reduz os riscos aos quais o<br />
concessionário está exposto uma<br />
vez obtida a aprovação.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
POLÍTICA INDUSTRIAL<br />
199<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
CRESCIMENTO COM PRODUTIVIDADE E PERMANENTE<br />
INOVAÇÃO NOS PROCESSOS PRODUTIVOS<br />
A indústria está realmente enfrentando uma<br />
grande crise, representada por queda na participação<br />
no PIB, da produção física e na sua<br />
participação na pauta de exportação.<br />
De 1981 a 2007, a exportação de manufaturados<br />
sempre superou 50% do total das exportações<br />
brasileiras. Desde 2010 essa participação<br />
passou para menos de 40% do total exportado<br />
pelo Brasil. Adicionalmente, o saldo da Balança<br />
Comercial da manufatura passou de um<br />
superávit de US$ 5 bilhões, em 2006, para um<br />
déficit de US$ 105 bilhões, em 2013.<br />
É consensual que, no mundo pós-2008, há<br />
um excesso de oferta de produtos manufaturados<br />
e que esses produtos estão em busca de<br />
mercados onde há crescimento da demanda,<br />
como o Brasil. Dado o elevado custo de produção<br />
no Brasil, a tendência é de aumento<br />
das importações de produtos manufaturados<br />
e substituição da parte da produção doméstica<br />
por produtos importados. A preocupação<br />
maior, portanto, é com o que vem pela frente,<br />
mais do que o que ficou para trás.<br />
A indústria no Brasil sofre, em geral, por problemas<br />
micro (baixo crescimento da produtividade,<br />
baixa capacidade de inovação, elevado<br />
custo dos insumos etc.) e pelas consequências<br />
de um modelo macro baseado no gasto público<br />
crescente, carga tributária crescente e dependência<br />
da poupança externa para financiar<br />
o aumento do investimento.<br />
O desafio de retomar a competitividade da indústria<br />
brasileira, fomentar a internacionalização<br />
de nossas empresas e uma maior integração<br />
em cadeias de produção globais é urgente.<br />
O grande desafio não é promover um setor<br />
específico à custa dos demais, mas sim adotar<br />
políticas macroeconômicas em conjunto com<br />
políticas de aumento de competitividade que<br />
favoreçam todos os setores da economia e,<br />
principalmente, a indústria.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
200<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
COMPROMISSOS<br />
MAIOR INTEGRAÇÃO COM O RES-<br />
TO DO MUNDO<br />
▶ É indispensável redefinir o relacionamento<br />
da indústria brasileira<br />
com o resto do mundo. Uma visão<br />
bastante protecionista tem que ser<br />
substituída por uma visão de integração<br />
do nosso parque industrial<br />
com a indústria global. Isto é ainda<br />
mais importante quando se considera<br />
que a indústria global passa<br />
por uma nova revolução tecnológica,<br />
com cadeias de produção<br />
fragmentadas em diversos países.<br />
Não podemos ficar cada vez mais<br />
distantes do que fazem os polos industriais<br />
mais desenvolvidos.<br />
▶ Nesse contexto, é preciso considerar<br />
o Mercosul e a política comercial<br />
externa, a retomada do esforço<br />
exportador e a percepção de que,<br />
para produzir e exportar mais é preciso<br />
também importar mais, como<br />
faz inclusive a China, que, apesar de<br />
ser um país grande e exportador de<br />
manufaturas, importa perto de 30%<br />
do seu PIB.<br />
▶ O esforço de maior integração<br />
com o resto do mundo será uma<br />
agenda paralela às reformas microeconômicas,<br />
assim, a maior integração<br />
avançará em conjunto com<br />
a redução do custo Brasil, melhoria<br />
no ambiente de negócios, maiores<br />
estímulos à inovação, aumento da<br />
qualidade da educação e da produtividade<br />
do trabalhador e redução<br />
da taxa de juros.<br />
▶ Ou seja, a maior integração com o<br />
resto do mundo não pode ser vista<br />
como uma medida isolada, mas sim<br />
como um esforço complementar a<br />
uma agenda de reformas para melhorar<br />
a competitividade da economia<br />
brasileira.<br />
MELHORIA DO AMBIENTE MA-<br />
CROECONÔMICO E APROVAÇÃO<br />
DE REFORMAS MICROECONÔMI-<br />
CAS QUE AUMENTEM A PRODU-<br />
TIVIDADE DE TODOS OS SETO-<br />
RES DA ECONOMIA<br />
▶ Não há como ter uma indústria<br />
competitiva sem um setor de serviços<br />
competitivo e vice-versa. A atividade<br />
de design, que é importante<br />
para agregar valor a um produto,<br />
é muitas vezes uma atividade que<br />
ocorre fora da fábrica e até mesmo<br />
em um outro país.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
201<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
▶ Adicionalmente, um bom produto<br />
pode não ser competitivo pela<br />
demora e custo que leva para chegar<br />
ao consumidor final em decorrência<br />
da falta de investimento em<br />
logística. Por fim, é difícil o empresário<br />
planejar os investimentos se<br />
preços importantes para a competitividade<br />
de sua atividade (taxa de<br />
câmbio, tarifa da energia, custo de<br />
transporte etc.) sofrem mudanças<br />
bruscas devido a mudanças de regras<br />
constantes.<br />
▶ Uma verdadeira política industrial<br />
não se faz em “reuniões fechadas<br />
em Brasília”. A verdadeira política<br />
industrial também não é uma política<br />
que favorece setores da indústria<br />
à custa de outros ou mesmo<br />
aquela que discrimina entre atividades<br />
industriais e não industriais. No<br />
mundo moderno do séc. XXI é cada<br />
vez mais difícil apostar em setores.<br />
A tecnologia está embutida tanto<br />
em remédios e carros, quanto em<br />
roupas, sapatos e alimentos.<br />
▶ A preocupação não deveria ser<br />
com o que um país produz, mas<br />
como se produz e o ambiente macroeconômico<br />
que possibilite maior<br />
competividade de todos os setores.<br />
Para alcançarmos esse desafio,<br />
a agenda de competividade da indústria<br />
se mistura com a agenda de<br />
competitividade da economia.<br />
CRIAÇÃO DE UMA NOVA AGEN-<br />
DA PARA INDÚSTRIA<br />
▶ O PSDB entende que é necessário<br />
recuperar novamente a agenda<br />
de equilíbrio macroeconômico que<br />
permita que os empresários resgatem<br />
a confiança, no longo prazo, na<br />
economia brasileira e logo possam<br />
voltar a planejar e investir. A agenda<br />
de estabilização macro deve ser<br />
complementada por ações microeconômicas<br />
que melhorem o funcionamento<br />
da nossa economia, com<br />
impacto positivo na produtividade<br />
de todos os setores da economia.<br />
▶ Por exemplo, melhorar a qualidade<br />
do investimento em educação<br />
significa ter uma mão de obra mais<br />
escolarizada, o que torna mais fácil<br />
a transferência de tecnologia de<br />
outros países e inovação no “chão<br />
da fábrica”. Uma reforma para facilitar<br />
a abertura e o fechamento de<br />
empresas e diminuir a burocracia<br />
não será a solução para o nosso<br />
problema de competitividade, mas<br />
contribui com esse objetivo.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
202<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
▶ Aumentar os incentivos à P&D e<br />
inovação em todos os setores é algo<br />
que também ajuda o crescimento<br />
da produtividade, ainda mais se<br />
incentivos à inovação forem acompanhados<br />
de maior concorrência<br />
decorrente da maior abertura comercial.<br />
▶ Em resumo, o desafio maior para<br />
recuperar a competitividade da indústria<br />
doméstica é atuar nos fatores<br />
que afetam a competitividade<br />
de todos os setores da economia<br />
brasileira. Não há como, no mundo<br />
atual, alguém achar que uma política<br />
de subsídios, que precisa ser periodicamente<br />
renovada e de custo<br />
incerto, será suficiente para compensar<br />
a baixa qualidade de nossa<br />
educação, a nossa elevada carga<br />
tributária, o excesso de burocracia<br />
e a baixa integração da indústria<br />
brasileira nas cadeias globais de<br />
produção.<br />
▶ A solução para resgatar a competividade<br />
da indústria brasileira não<br />
é por meio da concessão de tratamento<br />
privilegiado para algumas<br />
poucas empresas com o objetivo<br />
criar “enclaves de produtividade”.<br />
O desafio é melhorar o ambiente<br />
macro, o funcionamento das instituições<br />
e incentivos à inovação para<br />
todas as empresas e setores.<br />
▶ A competividade da indústria<br />
está intrinsecamente ligada à competividade<br />
da economia brasileira e<br />
o nosso compromisso é resgatar a<br />
competitividade da indústria brasileira<br />
a partir dessa visão integrada<br />
da indústria com os demais setores<br />
da economia.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
203<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
PROPOSTAS<br />
MAIOR INTEGRAÇÃO COM O RES-<br />
TO DO MUNDO E PARTICIPAÇÃO<br />
MAIOR EM CADEIAS GLOBAIS DE<br />
PRODUÇÃO<br />
▶ É indiscutível a importância da<br />
maior integração das empresas<br />
brasileira nas cadeias de produção<br />
globais. Uma maior integração com<br />
o resto do mundo significa ter acesso<br />
a produtos e insumos de melhorar<br />
qualidade que contribuem para<br />
a maior competitividade das empresas<br />
brasileiras. Assim, o PSDB se<br />
propõe a implementar as medidas<br />
necessárias que facilitem e permitam<br />
maior integração de nossas<br />
empresas nas cadeias globais de<br />
produção.<br />
▶ Essa agenda, como detalhado em<br />
outra seção deste plano de governo,<br />
envolve uma nova política de<br />
comércio exterior, além de médias<br />
mais amplas de reformas macro e<br />
microeconômicas que possibilitem<br />
que os nossos empresários se integrem<br />
ao comércio mundial em condições<br />
mais homogêneas. Não há<br />
como exigir eficiência do empresário<br />
e maior integração nas cadeias<br />
globais de produção quando ele<br />
trabalha sob uma legislação tributária<br />
que o leva a gastar 2.600 horas<br />
do ano fiscal apenas para cumprir<br />
com as suas obrigações fiscais<br />
e tributárias.<br />
▶ Assim, a proposta para facilitar a<br />
integração das empresas brasileiras<br />
nas cadeias globais de produção<br />
não é uma medida isolada nem direcionada<br />
a uns poucos setores. Essa<br />
medida faz parte de um conjunto<br />
de medidas de reformas macro e<br />
micro que levariam à redução do<br />
custo Brasil, permitindo que nossas<br />
empresas se integrem ao comércio<br />
mundial de forma competitiva.<br />
INCENTIVAR MAIOR INTEGRA-<br />
ÇÃO ENTRE INDÚSTRIA, AGRI-<br />
CULTURA E SERVIÇOS<br />
▶ A indústria tem que ser vista na<br />
sua conexão com o agronegócio, o<br />
único segmento realmente competitivo<br />
da economia brasileira. Existe<br />
muito que avançar nessa área,<br />
como produção de energia, álcoolquímica,<br />
novos produtos, serviços<br />
industriais etc.<br />
▶ A indústria tem que se integrar<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
204<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
mais com o setor de serviços, tanto<br />
no que concerne aos produtos de<br />
consumo (varejo, confecções, calçados<br />
e têxteis), como o que concerne<br />
à venda de equipamentos<br />
(vender soluções e não máquinas,<br />
como projetos e melhorias em gestão<br />
de energia, segurança, gestão<br />
de certos ativos etc.).<br />
▶ O desafio para o Brasil não é decidir<br />
quais produtos manufaturados<br />
o país dever exportar, mas sim de<br />
que forma esses produtos conseguem<br />
agregar valor, porque incorporam<br />
na sua produção inovação<br />
em produto ou processo, inovação<br />
em design, materiais especiais e/ou<br />
uma estratégia ligada ao desenvolvimento<br />
de marcas.<br />
MELHORAR O AMBIENTE MA-<br />
CROECONÔMICO PARA QUE<br />
SEJA CONSISTENTE COM UM<br />
MODELO QUE AUMENTE A COM-<br />
PETITIVIDADE SISTÊMICA DA IN-<br />
DÚSTRIA<br />
▶ Não existe uma bala de prata que<br />
resolva a perda sistêmica de competitividade<br />
industrial. Muitas iniciativas<br />
terão que ser tomadas e<br />
exigirão tempo para surtirem efeito.<br />
Parte dessas ações vêm da área<br />
macro, como melhoria tributária,<br />
redução consistente de juros, permitida<br />
por uma melhor política fiscal,<br />
que leve a uma taxa de câmbio<br />
mais competitiva para indústria que<br />
resulte do aumento da poupança<br />
doméstica.<br />
DEFINIR AÇÕES MICROECONÔ-<br />
MICAS VOLTADAS PARA: REDU-<br />
ÇÃO DE PREÇO DOS INSUMOS<br />
BÁSICOS DA INDÚSTRIA, MAIO-<br />
RES INCENTIVOS À INOVAÇÃO E<br />
MAIOR TREINAMENTO DA MÃO<br />
DE OBRA E MECANIZAÇÃO DO<br />
PROCESSO DE PRODUÇÃO<br />
▶ Além da área macro, muitas ações<br />
do plano micro são desejáveis e necessárias.<br />
Sem pretender ser exaustivo,<br />
citam-se em seguida algumas<br />
delas.<br />
▶ As matérias-primas básicas, metálicas<br />
e químicas não podem ter<br />
preços locais muito maiores que os<br />
dos similares importados colocados<br />
no mercado interno. A política de<br />
preços da Petrobras deveria levar<br />
este conceito em consideração: é<br />
difícil existir competitividade quando<br />
se cobram preços de monopólio<br />
para gás natural, nafta e outros derivados.<br />
Apenas assim a manufatu-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
205<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
ra tem chance de competir com as<br />
importações e exportar.<br />
▶ Assim como ocorre na cadeia do<br />
agronegócio, é indispensável que as<br />
inovações sejam mais presentes na<br />
indústria local. O papel do Estado<br />
neste quesito é fundamental, inclusive,<br />
com o uso de recursos a fundo<br />
perdido no fomento à inovação<br />
e constante avaliação dos casos de<br />
sucesso e fracasso.<br />
▶ Considerando-se o aperto no<br />
mercado de trabalho, parece indispensável<br />
um esforço na direção de<br />
maior mecanização, robotização e<br />
automação no setor. Só assim, poderemos<br />
ter uma elevação significativa<br />
na produtividade do trabalho<br />
no segmento industrial. Precisamos<br />
de empregos de melhor qualidade,<br />
o que só existirá com maior qualificação<br />
do pessoal e maior estoque<br />
de capital por trabalhador.<br />
MELHORAR A QUALIDADE DA<br />
INFRAESTRUTURA E DIMINUIR A<br />
BUROCRACIA<br />
▶ Também para o setor industrial<br />
(como no resto da economia), um<br />
avanço significativo na qualidade<br />
da infraestrutura e na redução do<br />
custo de logística é indispensável.<br />
Uma melhor infraestrutura propiciará<br />
redução de custo para os produtos<br />
de diversos setores e facilitará<br />
a maior integração com cadeias<br />
globais de produção.<br />
▶ A excessiva regulação do mercado<br />
de trabalho está colocando<br />
custos extraordinariamente altos,<br />
diretos e indiretos para o setor. Não<br />
se fala apenas aqui dos custos trabalhistas,<br />
mas também dos efeitos<br />
financeiros de regulamentos, como<br />
a normativa regulamentadora NR<br />
12 – Segurança no Trabalho em Máquinas<br />
e Equipamentos.<br />
▶ É fundamental mudar a percepção<br />
de que no Brasil empreender é<br />
demasiadamente complicado e desanimador.<br />
▶ Regulação e exigências burocráticas<br />
em outras áreas têm que ser reduzidas,<br />
inclusive na área parafiscal.<br />
A própria Receita admite que muitos<br />
formulários a serem preenchidos<br />
são duplicados ou desnecessários.<br />
Muito da nossa má posição no<br />
ranking do Doing Business, do Banco<br />
Mundial, decorre desse tipo de<br />
problema, além da multiplicidade<br />
de impostos e contribuições.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
206<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
O USO DE INCENTIVOS PARA IN-<br />
DÚSTRIA DEVE SER TRANSPA-<br />
RENTE, AVALIADO E UTILIZADO<br />
COMO UM INSTRUMENTO TEM-<br />
PORÁRIO DE FOMENTO AO CRES-<br />
CIMENTO DA PRODUTIVIDADE<br />
▶ É perfeitamente razoável que se<br />
concedam incentivos, de várias<br />
naturezas, para as empresas. Entretanto,<br />
eles devem sempre ser<br />
transparentes, temporários e estar<br />
associados a contrapartes de desempenho.<br />
▶ A concessão de subsídios é justificável<br />
em épocas de crise e como<br />
instrumento temporário de fomento<br />
setorial. Mas a concessão de<br />
subsídios deve priorizar projetos de<br />
inovação, que são projetos que, em<br />
geral, resultam em externalidades<br />
positivas: beneficiam diversas empresas<br />
e setores da economia e não<br />
apenas o setor beneficiado.<br />
▶ O BNDES e outras agências de<br />
crédito têm um papel importante a<br />
cumprir. Entretanto, aqui também<br />
a transparência e a universalidades<br />
das regras têm que ser claramente<br />
estabelecidas. Uma política de<br />
subsídios de elevado custo para o<br />
contribuinte não deve ser nem o<br />
principal instrumento de fomento<br />
à indústria como passou a ser a regra<br />
dos últimos anos. Além de não<br />
resolver o problema, tem elevado<br />
custo fiscal em um país que já tem<br />
uma carga tributária excessiva e<br />
onde se investe pouco.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
REFORMA TRIBUTÁRIA<br />
207<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
O Brasil é um país de elevada carga tributária<br />
para seu nível atual de desenvolvimento. Temos<br />
uma carga tributária de 36% do PIB para um país<br />
com o PIB per capita de R$ 24 mil. Em geral,<br />
países com carga tributária semelhante à nossa<br />
têm um PIB per capita quase três vezes superior<br />
ao nosso. Assim, aumentar a carga tributária deixou<br />
de ser uma opção viável para o financiamento<br />
das políticas públicas.<br />
Por outro lado, no curto-prazo, também não<br />
há espaço para reduzir fortemente a carga tributária,<br />
dado o elevado crescimento do gasto<br />
público nos últimos quatro anos. De 2011 a<br />
2014, a despesa não financeira do Governo<br />
Central (Governo Federal, Previdência e Banco<br />
Central) deverá crescer em 2,2% do PIB,<br />
um crescimento do gasto em quatro anos que<br />
será equivalente ao crescimento dos doze anos<br />
(1999-2010) que antecederam o governo atual.<br />
Este forte crescimento da despesa nos levou<br />
a uma situação de risco fiscal, algo que já havíamos<br />
resolvido no passado com a introdução<br />
do regime de metas de superávit primário, em<br />
1999, em conjunto com a aprovação da Lei de<br />
Responsabilidade Fiscal, em 2000. O superávit<br />
primário do setor público em 12 meses, até<br />
julho de 2014, foi de 1,2% do PIB, nível insuficiente<br />
nas condições atuais para estabilizar a<br />
razão da dívida bruta e líquida do setor público<br />
em relação ao PIB.<br />
A situação chega até a ser mais grave, porque,<br />
quando descontadas as receitas atípicas,<br />
aquelas que não se repetem ao longo dos anos,<br />
e quando computadas as despesas não pagas,<br />
o superávit primário do setor público (sem truques)<br />
está próximo de “zero”. Assim, o próximo<br />
governo terá que perseguir o duplo objetivo de<br />
avançar em uma reforma tributária, que é necessária<br />
e inadiável, e simultaneamente recuperar<br />
a o superávit primário do setor público.<br />
De qualquer forma, se não há espaço fiscal<br />
para uma redução imediata da carga tributária<br />
devido à herança maldita do governo atual,<br />
é possível uma melhoria substancial no nosso<br />
sistema tributário, que é extremamente complexo.<br />
Por exemplo, o número elevado de impostos<br />
e contribuições aumentam muito a burocracia<br />
e o custo das empresas de cumprirem<br />
com suas obrigações ficais.<br />
De acordo com dados do Banco Mundial, as<br />
empresas no Brasil levam cerca de 2.600 horas<br />
para cumprirem com suas obrigações fiscais,<br />
ante um média de apenas 366 horas para<br />
todos os países da América Latina e Caribe.<br />
Assim, é possível avançar de forma rápida na<br />
forte redução do número de impostos e contribuições<br />
e caminhar para a implementação<br />
de um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA)<br />
nacional, compartilhado entre Governo Federal<br />
e estados.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
208<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
COMPROMISSOS<br />
SIMPLIFICAÇÃO TRIBUTÁRIA NO<br />
CURTO PRAZO E REDUÇÃO DA<br />
CARGA TRIBUTÁRIA NO LONGO<br />
PRAZO. REDUZIR E SIMPLICAR O<br />
NÚMERO DE IMPOSTOS E CONTRI-<br />
BUIÇÕES<br />
▶ É possível qualificar como reforma<br />
tributária um conjunto de alterações<br />
nas disposições legais que<br />
regulam o tamanho e a estrutura<br />
dos impostos, taxas e contribuições<br />
vigentes em determinado país. Tais<br />
mudanças influem diretamente na<br />
vida da população, dos empresários<br />
e do setor público.<br />
▶ Dado que esse é um processo que<br />
modifica a situação de todos, ele é<br />
por natureza um evento difícil, exigindo<br />
uma grande habilidade política<br />
para se chegar a um consenso.<br />
Para isso é preciso um partido político<br />
estruturado e com a tradição<br />
de saber montar e administrar uma<br />
ampla coalização pró-reformas. Essas<br />
são características dos governos<br />
do PSDB.<br />
▶ O desafio imediato da reforma tributária<br />
é simplificar radicalmente a<br />
legislação tributária e trazer previsibilidade<br />
para o horizonte de planejamento<br />
das empresas. Em um segundo<br />
momento, o PSDB buscará<br />
o controle do crescimento do gasto<br />
púbico e, assim, uma redução gradual<br />
e permanente da carga tributária<br />
do Brasil.<br />
SISTEMA TRIBUTÁRIO SIMPLES<br />
COM REGRAS ESTÁVEIS<br />
▶ O sistema tributário brasileiro<br />
provoca danos à competitividade,<br />
eficiência econômica e alocação de<br />
recursos. As exportações e os investimentos<br />
produtivos ainda são<br />
taxados, indiretamente, porque os<br />
créditos dos insumos e dos bens de<br />
capital não são devolvidos depois<br />
que acumulados. Esse era um problema<br />
crônico do ICMS, mas cresceu<br />
de forma acelerada no âmbito<br />
dos tributos federais, com créditos<br />
acumulados em tributos como IPI,<br />
PIS e Cofins.<br />
▶ Essas contribuições até passaram<br />
a contar com um regime não cumulativo<br />
desde 2004, mas ele é restrito<br />
basicamente às empresas que declaram<br />
IR pelo lucro real. Na prática,<br />
os créditos continuam sendo acumulados,<br />
sobretudo nas exporta-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
209<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
ções e no agrobusiness. O prejuízo<br />
é imenso, reduzindo a competividade<br />
do produto nacional internamente<br />
e externamente, incentivando<br />
a verticalização das empresas e<br />
onerando excessivamente os bens<br />
de capital, que tradicionalmente<br />
possuem cadeias produtivas mais<br />
longas.<br />
▶ Além dos problemas acima, o<br />
nosso sistema tributário é baseado<br />
em mudanças constantes de regras,<br />
que prejudicam as decisões de investimento<br />
das empresas. Uma decisão<br />
de internacionalização que levou<br />
anos de planejamento pode ser<br />
tornar inviável quando o governo<br />
passa a dar uma nova interpretação<br />
sobre a tributação que incide sobre<br />
o lucro reinvestido por empresas<br />
brasileiras em outros países.<br />
▶ O compromisso do PSDB é encaminhar<br />
no primeiro semestre do<br />
novo governo uma proposta de reforma<br />
tributária com base nos seguintes<br />
princípios: (i) reduzir o número<br />
de impostos e contribuições,<br />
(ii) aperfeiçoar a técnica da não<br />
cumulatividade para os tributos federais;<br />
(iii) agilizar o aproveitamento<br />
dos saldos credores acumulados,<br />
especialmente por exportadores e<br />
investidores; (iv) instituir o cadastro<br />
fiscal único; e (v) implementar um<br />
Imposto sobre Valor Adicionado<br />
(IVA) nacional. Esses compromissos<br />
serão detalhados nas propostas<br />
seguintes.<br />
PROPOSTAS<br />
IMPLEMENTAR A SISTEMÁTICA<br />
DE CRÉDITO FINANCEIRO PARA<br />
TODOS OS TRIBUTOS FEDERAIS<br />
▶ Um dos grandes problemas do<br />
nosso sistema tributário é o crédito<br />
das empresas na compra de insumos<br />
para a produção. Os insumos<br />
destinados a integrar fisicamente<br />
o produto industrializado geram<br />
um crédito para as empresas. Mas<br />
o mesmo insumo, quando utilizado<br />
no processo administrativo da em-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
210<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
presa, não gera crédito. Essa diferença<br />
significa que uma parte da<br />
energia que uma empresa compra<br />
gera crédito e outra não, como se<br />
o processo produtivo não despendesse<br />
da parte administrativa e<br />
gestão de uma empresa.<br />
▶ Assim, uma proposta imediata da<br />
reforma tributária é aperfeiçoar a<br />
técnica da não cumulatividade para<br />
o caso dos tributos federais, IPI, Cofins<br />
e PIS. Há que se abandonar a<br />
sistemática de crédito físico – que<br />
só dá crédito para insumos destinados<br />
a integrar fisicamente o produto<br />
industrializado – e implantar<br />
a sistemática de crédito financeiro,<br />
que permite às empresas recuperar<br />
todo e qualquer tributo federal sobre<br />
as compras que realizam, inclusive<br />
de bens para uso e consumo<br />
próprio e para o ativo permanente.<br />
fisco. Aqui há duas formas de se resolver<br />
esse problema. Primeiro, será<br />
proposta a possibilidade de compensação<br />
entre tributos de qualquer<br />
natureza, no âmbito de um<br />
mesmo ente federativo, por meio<br />
de lei complementar. Isso significa,<br />
na prática, que empresas poderão<br />
pagar com seus créditos de tributos<br />
federais suas obrigações junto<br />
ao INSS.<br />
▶ Segundo, a solução acima não soluciona<br />
o problema do excesso de<br />
acúmulo de crédito do ICMS dos<br />
exportadores. Nesse caso, o Governo<br />
Federal se compromete ajudar<br />
os estados a implementar um<br />
mercado secundário de créditos de<br />
ICMS, possibilitando que empresas<br />
com excesso de créditos transfiram<br />
esses direitos para firmas devedoras<br />
do fisco estadual.<br />
AGILIZAR O APROVEITAMENTO<br />
DOS SALDOS CREDORES ACUMU-<br />
LADOS, ESPECIALMENTE POR EX-<br />
PORTADORES E INVESTIDORES<br />
▶ Um outro grande problema do<br />
nosso sistema tributário é o excesso<br />
de créditos que empresas<br />
exportadoras acumulam junto ao<br />
INSTITUIR O CADASTRO FISCAL<br />
ÚNICO<br />
▶ Ainda na linha de simplificação,<br />
grande parte da complexidade do<br />
sistema tributário nacional poderia<br />
ser eliminada com a instituição,<br />
por meio de Projeto de Lei Complementar,<br />
do cadastro fiscal úni-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
211<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
co dos contribuintes. Se o objetivo<br />
no longo prazo da adoção de um<br />
novo sistema tributário no Brasil é<br />
que ele seja antes de tudo simplificado<br />
e racional – para não falar em<br />
mais justo e pró-eficiência – e que<br />
lá a reforma caminhe gradualmente,<br />
é preciso começar por algo que<br />
seja marcante e definitivo da nova<br />
estratégia nacional.<br />
▶ Para o cidadão, significa que ele<br />
ou sua empresa terão um único número<br />
de identificação para se relacionar<br />
com o fisco e também para<br />
qualquer outra forma de contato<br />
com qualquer órgão da administração<br />
pública brasileira – para a segurança<br />
pública, para votar, para ir à<br />
escola pública, ao hospital público,<br />
para receber a previdência, o seguro-desemprego,<br />
a bolsa família.<br />
A ideia é que, quando a criança for<br />
registrada no cartório, a certidão de<br />
nascimento já informe um número<br />
que ela poderá usar para o resto de<br />
sua vida. Não seria difícil e nem caro<br />
recadastrar todos os brasileiros.<br />
▶ A adoção da identidade única traria<br />
muitos benefícios. A fiscalização<br />
de impostos seria apenas o ponto<br />
de partida, pois, com identidade<br />
única, as bases de dados poderão<br />
ser compartilhadas entre as diferentes<br />
autoridades fazendárias e a<br />
corrupção seria combatida de forma<br />
implacável. A eficiência dos serviços<br />
e gastos públicos poderá dar<br />
um salto de qualidade enorme, pois<br />
haverá um só prontuário eletrônico<br />
para usar qualquer unidade do SUS<br />
em qualquer lugar do país – e também<br />
aí fiscalizar o que a rede lhe<br />
presta de serviços. Os criminosos<br />
poderão ter finalmente um banco<br />
nacional de procurados etc.<br />
▶ Os benefícios sociais já são pagos<br />
com cartões, mas um para cada<br />
caso. Já foi aprovada uma lei prevendo<br />
a integração das identidades,<br />
mas não foi implementada. Precisamos<br />
construir o caminho para uma<br />
verdadeira transparência cidadã em<br />
que todos os brasileiros inscritos no<br />
cadastro único sejam informados<br />
anualmente de seus direitos sociais<br />
ainda não conquistados. Um sistema<br />
direto de informação, com gestão<br />
social de um conselho formado<br />
por usuários, trabalhadores sociais,<br />
gestores e Ministério Público. As famílias<br />
precisam conhecer os direitos<br />
que não estão vivenciando. Que<br />
a criança tem direito a uma vaga<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
212<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
na escola, que o adulto pode voltar<br />
a estudar e que a moradia em que<br />
vive não está segura.<br />
CRIAR UM IMPOSTO SOBRE VALOR<br />
ADICIONADO (IVA) NACIONAL.<br />
▶ O sistema tributário atual do Brasil<br />
foi criado, em 1965, para uma<br />
economia fechada e pouco diversificada,<br />
sem políticas sociais ativas<br />
em uma Federação centralizada. O<br />
novo sistema tributário teria como<br />
objetivo revisar as competências<br />
tributárias (unificar impostos e contribuições<br />
sobre mesma base) e repartições<br />
(alargar base de cálculo<br />
de fundos e vinculações).<br />
▶ De acordo com essa estratégia, a<br />
proposta é radicalizar na simplificação<br />
do sistema e propor a criação<br />
de um único e amplo Imposto sobre<br />
Valor Adicionado (IVA) Nacional. O<br />
IVA Nacional incorporará tanto o<br />
ICMS como todo e qualquer tributo<br />
federal que hoje incide sobre o faturamento<br />
ou a receita das empresas,<br />
como é o caso IPI; das contribuições<br />
sociais, Cofins e PIS; e das<br />
contribuições econômicas, como<br />
Cide, Fundo de Universalização<br />
dos Serviços de Telecomunicações<br />
(Fust) e Fundo para o Desenvolvimento<br />
Tecnológico das Telecomunicações<br />
(Funttel). O novo imposto<br />
será um autêntico tributo sobre valor<br />
adicionado, nos moldes adotados<br />
na Europa há tempos e, agora,<br />
na imensa maioria dos países.<br />
▶ O IVA terá legislação e arrecadação<br />
nacional. O que será compartilhado<br />
entre a União e os estados é<br />
a receita do IVA, e não a competência<br />
para a sua criação (que será da<br />
União) ou para a sua cobrança (que<br />
será dos estados). Adicionalmente,<br />
as exportações terão imunidade do<br />
IVA e será reforçada a garantia de<br />
aproveitamento dos eventuais saldos<br />
credores acumulados.<br />
▶ Em paralelo com a criação do IVA,<br />
será proposta a criação de um fundo<br />
de compensações, na forma de<br />
transferência da União em favor dos<br />
estados que tenham sofrido perdas<br />
financeiras depois da criação do<br />
novo sistema tributário e com base<br />
no IVA. A origem dos recursos será<br />
a receita tributária federal, a mesma<br />
base dos fundos de participação.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
213<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
TURISMO<br />
IR E VIR COM QUALIDADE<br />
A falta de políticas públicas e de infraestrutura<br />
básica estão entre os fatores que levaram o<br />
Brasil, de 2009 a 2013, a cair seis posições, da<br />
45ª posição para 51ª posição, no ranking mundial<br />
do relatório The Travel & Tourism Competitiveness<br />
Report, publicado pelo Fórum<br />
Econômico Mundial (WEF) em 2014. Nesse<br />
relatório, que tem como subtítulo “reduzindo<br />
barreiras para o crescimento econômico e a<br />
criação de empregos”, o Brasil ocupa o 1º lugar<br />
em recursos naturais em todo o mundo,<br />
por outro lado, ocupa a posição 129ª entre 140<br />
países, na oferta de infraestrutura de transporte<br />
terrestre. E a 131ª posição no indicador<br />
“qualidade da infraestrutura do transporte aéreo”.<br />
O documento chama a atenção para o<br />
fato de que o Brasil, que recebe megaeventos<br />
tais como Copa do Mundo e Olimpíadas, em<br />
contraste assiste também a uma queda acentuada<br />
em seus indicadores de competitividade<br />
em turismo. O relatório em questão reúne<br />
os diversos indicadores que norteiam as suas<br />
conclusões em 3 grandes grupos:<br />
• Pessoas, recursos naturais e recursos culturais,<br />
no qual o Brasil ocupa a 12ª posição,<br />
com destaque para a 1ª posição mundial em<br />
recursos naturais.<br />
• Ambiente de negócios e infraestrutura, em<br />
que ocupa a 76ª posição.<br />
• Estrutura de regulamentação de viagem e<br />
turismo, em que ocupamos a 82ª posição,<br />
com destaque negativo para o indicador<br />
“normativo legal”, no qual ocupamos a 119ª<br />
posição.<br />
Assim, o Brasil, que ocupa o 1º lugar em competitividade<br />
em turismo no quesito recursos<br />
naturais, convive com um dos piores indicadores<br />
no ambiente legal, que deveria ser parceiro<br />
e direto incentivador das empresas de turismo.<br />
Hoje, o setor convive com um enorme potencial<br />
de crescimento e de geração de empregos<br />
de qualidade e, por outro lado, refém de<br />
um excesso de regulamentações burocráticas,<br />
onerosas e morosas.<br />
Compete à União desenvolver políticas públicas<br />
de turismo e definir mecanismos de gestão,<br />
por constatar que são bens públicos, em<br />
regime de exclusividade para legislar e competência<br />
para gerir: os mares, os rios, as ilhas<br />
e os recursos naturais, as cavidades naturais<br />
subterrâneas, os sítios e outros potenciais turísticos,<br />
bem como outros insumos presentes<br />
no território brasileiro: água, energia, telecomunicações<br />
conforme disposto no artigo 20<br />
da Carta Magna. Esses insumos são recursos<br />
estratégicos para garantir a oferta e a acessibilidade<br />
dos cidadãos aos principais destinos. O<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
214<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
país tem um marco legal com legados históricos<br />
de excesso de exigências burocráticas, inócuas,<br />
que não asseguram efetividade na ação.<br />
Um dos principais desafios do setor terciário<br />
no Brasil é promover reformas estruturantes,<br />
regulação, conhecimento e inovação, acesso<br />
a informação sobre mercados, financiamento<br />
e governança corporativa. O Brasil tem baixos<br />
índices de investimento em ciência e tecnologia<br />
e de qualificação de mão de obra para o<br />
setor como um todo.<br />
A adoção de decisões estratégicas em turismo<br />
requer informações qualificadas que permitam<br />
orientar adequadamente as políticas e a<br />
formulção de políticas de desenvolvimento,<br />
diz o secretrário Geral da Organização Mundial<br />
de Turismo, Taleb Rifai. O compêndio de<br />
estatísticas de turismo de 2013 registra os dados<br />
de 215 países no período de 2007 a 2011.<br />
O Brasil tem se destacado como um grande<br />
emissor de turistas e fraco desempenho no turismo<br />
emissivo ou turismo interno. Segundo<br />
a Organização Mundial de Turismo (WTO),<br />
o Brasil e outros países emissores de turistas<br />
(com perda de receita econômica) deveriam<br />
mudar estruturalmente o seu modelo de negócios<br />
e promover trocas internacionais para<br />
assegurar a competitividade e a racionalidade<br />
de custos<br />
O ambiente institucional é de baixa governança<br />
na gestão pública federal. Há falta de<br />
articulação da área do turismo com órgãos e<br />
entidades responsáveis pela elaboração de estratégias<br />
de desenvolvimento do Brasil. Todo<br />
o esforço institucional está centrado na promoção<br />
do destino brasileiro, sem levar em<br />
consideração a estruturação dos atrativos e<br />
destinos internos. A função está fora do eixo<br />
do desenvolvimento econômico, não integra<br />
os principais comitês e fóruns internacionais e<br />
nacionais de formulação e implementação de<br />
políticas e transportes, esportes e lazer, meio<br />
ambiente e outros dos quais depende diretamente.<br />
Também não possui articulação com<br />
os programas e projetos estruturadores dos<br />
governos e não aloca recursos orçamentários<br />
condizentes com as necessidades locais. O<br />
atual modelo de desenvolvimento do turismo<br />
é a regionalização do território, com a criação<br />
de circuitos e polos, mas o financiamento da<br />
atividade é meramente local. Assim, não há<br />
competitividade no setor. Os preços da hotelaria,<br />
deslocamento interno e demais serviços<br />
são mais caros do que as demais cidades da<br />
América Latina, da Europa e dos Estados Unidos<br />
e de outros países concorrentes. A oferta<br />
de cursos de formação de gestores técnicos e<br />
demais profissionais da área está em queda,<br />
uma vez que os empresários nãos os absorvem,<br />
pela instabilidade da regulamentação e<br />
falta de política de incentivos ao setor.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
215<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
COMPROMISSOS<br />
E PROPOSTAS<br />
▶ Desenvolver políticas públicas nacionais<br />
de desenvolvimento econômico<br />
do turismo que assegurem o<br />
uso sustentável dos recursos culturais<br />
e naturais, visando aumentar a<br />
produtividade e a competitividade<br />
dos destinos turísticos internos.<br />
▶ Implementar políticas públicas de<br />
promoção dos destinos internos<br />
por meio da simplificação e desburocratização<br />
dos marcos regulatórios<br />
de transportes, telecomunicações,<br />
energia, energia e água,<br />
atrativos naturais e culturais e outros<br />
afins, sob a responsabilidade<br />
da União, como forma de promover<br />
o turismo interno.<br />
▶ Promover a articulação entre os<br />
entes da Federação e atores societários<br />
privados, em especial com os<br />
agentes econômicos, para assegurar<br />
qualidade na oferta de produtos<br />
e destinos turísticos e a sustentabilidade<br />
do setor.<br />
▶ Criar mecanismos de promoção<br />
e apoio à estruturação da indústria<br />
turística, em especial os meios de<br />
hospedagem, alimentos e bebidas,<br />
transportes, agenciamento, atividades<br />
culturais, esporte e lazer, comércio<br />
de bens e serviços associados<br />
ao turismo.<br />
▶ Desenvolver programas e projetos<br />
integrados com a finalidade de<br />
melhorar a sinalização turística e a<br />
mobilidade urbana e rural.<br />
▶ Atuar de forma integrada na fiscalização<br />
e no monitoramento do<br />
turismo emissor, visando evitar a<br />
entrada irregular de produtos que<br />
possam ameaçar a economia local<br />
e regional.<br />
▶ Desenvolver programas de ciência<br />
e tecnologia que visem à qualificação<br />
profissional e à geração de<br />
pesquisa e inovação, em especial<br />
para estímulo tecnológico e intercâmbio<br />
acadêmico.<br />
▶ Rever os modelos de regulação<br />
da atividade econômica de modo a<br />
assegurar a inserção de projetos de<br />
preservação da cultura local e sustentabilidade<br />
dos recursos naturais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
216<br />
DESENVOLVIMENTO<br />
▶ Elaborar os planos de manejo e<br />
promover o uso público das unidades<br />
de conservação federais como<br />
ativos do setor do turismo, com<br />
destaque para a urgente regulamentação<br />
dos atuais parques nacionais,<br />
como forma potencial de<br />
criação de atividades turísticas e de<br />
empresas de qualidade.<br />
▶ Estruturar programas e projetos<br />
de formação e profissionalização<br />
dos integrantes da cadeia produtiva<br />
do turismo.<br />
▶ Promover ações que visem atender<br />
às necessidades do mercado sobre<br />
a contratação de mão de obra<br />
sazonal, bem como assegurar os direitos<br />
sociais dos trabalhadores.<br />
▶ Implantar modelo integrado e sistêmico<br />
de governança para a institucionalização<br />
da função turismo,<br />
criar sistemas de cooperação entre<br />
os entes públicos e privados.<br />
▶ Promover a desregulamentação<br />
do setor.<br />
▶ Criar linhas de crédito de fomento<br />
à matriz insumo/produto turístico,<br />
em especial para micro e pequenas<br />
empresas como forma de incentivo<br />
ao crescimento dos investimentos<br />
em infraestrutura turística, para<br />
permitir a expansão da atividade e<br />
valorização do artesanato e a economia<br />
criativa no turismo.<br />
▶ Intensificar o apoio aos Conventions<br />
& Bureaus na captação de megaeventos<br />
sustentáveis que promovam<br />
o destino turístico brasileiro.<br />
▶ Implantar a gestão das unidades<br />
de conservação como instrumento<br />
de desenvolvimento regional, como<br />
ativos estratégicos com potencial<br />
de geração de emprego e renda,<br />
mediante políticas adequadas de<br />
turismo sustentável.<br />
▶ Estimular a criação de programas<br />
especais de turismo de observação<br />
de aves, baleias, turismo espeleológico,<br />
turismo histórico e cultural,<br />
turismo rural e de negócios.<br />
▶ Incentivar em maior intensidade<br />
a captação de eventos esportivos,<br />
culturais e de negócios internacionais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
INTRODUÇÃO<br />
ESTADO DEMOCRÁTICO<br />
GESTÃO PÚBLICA<br />
RELAÇÃO COM OS SERVIDORES<br />
DESBUROCRATIZAÇÃO<br />
RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />
DEFESA NACIONAL<br />
PACTO FEDERATIVO<br />
E DESENVOLVIMENTO REGIONAL<br />
REFORMA POLÍTICA
219<br />
ESTADO<br />
INTRODUÇÃO<br />
UM DIREITO DO CIDADÃO<br />
Diariamente, milhões de brasileiros são vítimas<br />
de serviços públicos de má qualidade, ou<br />
sequer têm acesso a serviços básicos como os<br />
de saúde, educação, segurança, saneamento<br />
básico e transporte público.<br />
Em função desse cenário, a população desenvolve<br />
uma avaliação negativa da administração<br />
pública, aumentando sua percepção de que o<br />
Estado brasileiro não atende às suas necessidades<br />
e não está preocupado em melhorar a<br />
sua qualidade de vida.<br />
Essa percepção é prejudicial para a consolidação<br />
da democracia e para a construção de uma<br />
economia competitiva, capaz de gerar bem-estar<br />
para todos. Se a população e os agentes<br />
econômicos não enxergam o Estado como um<br />
aliado, eles não o valorizam e se voltam para<br />
soluções individuais sem a preocupação de<br />
se empenhar por soluções coletivas, tornando<br />
mais difícil a vida em sociedade.<br />
Se a administração pública e seus servidores,<br />
sejam eles dirigentes políticos ou técnicos,<br />
eleitos ou não, não são percebidos como promotores<br />
do interesse público, mas sim como<br />
instrumentos de interesses particulares, está<br />
aberto o caminho da deslegitimação do Estado<br />
e do seu consequente enfraquecimento.<br />
O Estado, como sabemos, é o instrumento<br />
fundamental de ação coletiva de que a sociedade<br />
dispõe e é essencial para assegurar o<br />
respeito à ordem legal, a igualdade de oportunidades<br />
e a promoção do bem-estar, bases de<br />
uma sociedade democrática sustentável.<br />
A sociedade não pode prescindir, para o seu<br />
desenvolvimento político, cultural, econômico<br />
e social, de um Estado eficiente, eficaz, efetivo<br />
e comprometido com o interesse público.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
ESTADO DEMOCRÁTICO<br />
220<br />
ESTADO<br />
A RECUPERAÇÃO DA CONFIANÇA NAS INSTITUIÇÕES<br />
Nosso primeiro compromisso é com o estado<br />
democrático de direito, garantidor do respeito<br />
às liberdades civis, dos direitos humanos e das<br />
garantias fundamentais dos cidadãos.<br />
O programa de transformação do país que ora<br />
propomos fundamenta-se no respeito às instituições,<br />
cuja confiança é chave para o sucesso<br />
das nações: porque estimula e encoraja a<br />
participação e as manifestações da cidadania,<br />
garante o pleno exercício das liberdades, resguarda<br />
o respeito à ordem democrática e assegura<br />
as condições para o desenvolvimento.<br />
Consideramos que o Brasil ainda está distante<br />
de transformar em realidade cotidiana as normas<br />
constitucionais que asseguram direitos<br />
fundamentais civis, políticos, sociais, econômicos<br />
e culturais aos nossos cidadãos.<br />
O país falha, todos os dias, no fundamental:<br />
no direito à vida, à moradia, à alimentação,<br />
à saúde, ao conhecimento, às liberdades de<br />
pensamento, de expressão, de crença, de escolha.<br />
Falha na garantia dos direitos econômicos,<br />
políticos, sociais e culturais.<br />
Além disso, o equilíbrio entre os poderes vem<br />
sendo rompido e a atividade política tem sido<br />
desmoralizada, resultando em desrespeito ao<br />
equilíbrio democrático. Setores importantes<br />
da sociedade vêm perdendo canais legítimos<br />
de organização e manifestação.<br />
Em paralelo, busca-se legitimar a prática da<br />
intolerância, da hostilidade e da calúnia contra<br />
opositores. Esse conjunto de ações deteriorou<br />
o ambiente político do país e fez aumentar<br />
a desconfiança dos brasileiros na atividade<br />
pública.<br />
É chegada a hora de dar respostas claras e efetivas<br />
às mudanças reclamadas pelos brasileiros,<br />
no sentido de restaurar a fé e a confiança<br />
dos cidadãos no Brasil e nas possibilidades de<br />
seu próprio crescimento e ascensão social, em<br />
ambiente de ética e respeito. Nosso governo<br />
não se omitirá na intransigente defesa das liberdades,<br />
no respeito às instituições e no fortalecimento<br />
do estado democrático de direito.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
221<br />
ESTADO<br />
COMPROMISSOS/<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Restaurar valores e ideais caros<br />
aos brasileiros: ética, dignidade,<br />
honra, solidariedade, transparência.<br />
▶ Colocar o poder público a serviço da<br />
coletividade e dos interesses da nação.<br />
▶ Radicalizar a democracia brasileira.<br />
▶ Fortalecer e aperfeiçoar as instituições,<br />
para que, com a necessária<br />
autonomia, possam exercer seu papel<br />
na defesa da sociedade.<br />
▶ Resgatar o respeito entre poderes<br />
e instituições autônomas, restringindo,<br />
por exemplo, o uso de instrumentos<br />
atípicos, como as medidas<br />
provisórias, que usurpam prerrogativas<br />
legais do Legislativo.<br />
▶ Combater de maneira intransigente<br />
a corrupção.<br />
▶ Garantir a lisura e a transparência<br />
no trato do interesse público, o respeito<br />
aos direitos da cidadania e assegurar<br />
o pleno cumprimento dos<br />
deveres do Estado.<br />
▶ Aprofundar a defesa das liberdades,<br />
em especial a de imprensa,<br />
valor fundamental da democracia<br />
brasileira.<br />
▶ Aumentar a transparência nos<br />
atos do poder público, de forma a<br />
garantir o livre acesso dos cidadãos<br />
a decisões do Estado.<br />
▶ Estabelecer canais de diálogo e<br />
interação institucional com movimentos<br />
de representação da sociedade<br />
civil, como sindicatos, instituições<br />
classistas e movimentos<br />
sociais.<br />
▶ Estabelecer absoluto compromisso<br />
com a firme defesa dos direitos<br />
humanos e com o respeito aos direitos<br />
das minorias.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
222<br />
ESTADO<br />
GESTÃO PÚBLICA<br />
GASTAR MENOS COM O GOVERNO<br />
PARA GASTAR MAIS COM AS PESSOAS<br />
As mudanças que se fazem necessárias exigem<br />
a continuidade e o avanço das políticas<br />
de reforma da gestão pública, que só se viabilizarão<br />
com o apoio da sociedade.<br />
Inegavelmente houve avanços significativos nos<br />
últimos 25 anos. A Constituição de 1988 corporificava<br />
um ambicioso projeto de sociedade<br />
com um abrangente estado de bem-estar social.<br />
Não obstante, nossa Carta Magna não dispunha<br />
de mecanismos (e em alguns casos<br />
impossibilitava sua criação) essenciais para<br />
dinamizar a economia de mercado e tornar a<br />
administração pública mais efetiva e eficiente<br />
– muito embora fortalecesse o concurso público,<br />
o sistema de planejamento, a descentralização<br />
e a responsabilidade compartilhada com<br />
os outros entes da Federação.<br />
Se no momento de sua promulgação faltaram<br />
as condições materiais concretas para a efetiva<br />
implementação dos seus preceitos, a década<br />
de 1990 iniciou a criação das bases de um<br />
novo dinamismo, disciplinando as finanças<br />
públicas, fazendo o Estado sair da crise fiscal,<br />
que o assolava há décadas, e propondo uma<br />
renovada agenda de reformas e aperfeiçoamentos<br />
institucionais na administração pública,<br />
que permitiram a ampliação de políticas de<br />
inclusão social na década seguinte.<br />
Contudo, a agenda de reformas iniciada foi<br />
paralisada. Torna-se necessário mobilizar as<br />
forças políticas e a sociedade para acelerar o<br />
processo de reforma do Estado, fortalecendo<br />
sua capacidade de prestação de serviços e,<br />
com isso, recuperar sua legitimidade, a partir<br />
da reversão da percepção desfavorável da população<br />
sobre a sua importância como fator de<br />
melhoria da qualidade de vida.<br />
É necessário ampliar e aprofundar esta agenda<br />
para que as ações já implementadas possam<br />
ter continuidade em uma nova etapa que potencialize<br />
os impactos positivos que possam<br />
ser alcançados.<br />
Da mesma forma vamos ampliar a participação<br />
da população na formulação, implantação<br />
e avaliação das políticas públicas, aumentando<br />
a transparência do processo decisório e da<br />
execução das políticas públicas.<br />
Em última instância, o modelo de gestão contribuirá<br />
para a redução dos gastos correntes do<br />
Estado, assegurando recursos para serem alocados<br />
em investimentos para os cidadãos.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
223<br />
ESTADO<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Reestruturação do planejamento<br />
governamental.<br />
▶ Reorganização institucional da<br />
administração pública federal.<br />
▶ Implantação de gestão meritocrática<br />
por meio de avaliações de desempenhos<br />
institucional e individual.<br />
▶ Criação de modelo de governança<br />
por resultados.<br />
▶ Desenvolvimento de metodologias<br />
de controles focados nos resultados.<br />
▶ Busca de parcerias com o setor<br />
privado para o desenvolvimento de<br />
investimentos de interesse público.<br />
▶ Modernização das compras e<br />
contratações governamentais.<br />
▶ Utilização de critérios de sustentabilidade<br />
nas compras governamentais.<br />
▶ Fomento à participação de micro<br />
e pequenas empresas nas compras<br />
governamentais para geração de<br />
empregos locais.<br />
▶ Potencialização da utilização de<br />
ferramentas de governo eletrônico,<br />
trazendo a administração pública<br />
federal para patamares contemporâneos<br />
de interação com o cidadão.<br />
▶ Combate intransigente a toda<br />
forma de corrupção e ao aparelhamento<br />
da máquina pública.<br />
▶ Ampliação dos mecanismos de<br />
transparência e participação popular.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Planejar o país para o longo prazo,<br />
desdobrando as metas de médio e<br />
curto prazo.<br />
▶ Criar o modelo de orçamento para<br />
resultados, propiciando transparência<br />
nas finanças públicas e clara conexão<br />
com os objetivos de médio e<br />
longo prazo.<br />
▶ Promover de forma sistemática<br />
a avaliação das políticas públicas<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
224<br />
ESTADO<br />
para que os recursos públicos possam<br />
ser investidos nas políticas de<br />
maior retorno social e econômico.<br />
▶ Implantar os Contratos de Gestão com<br />
pactuação de metas e gerenciamento<br />
intensivo dos programas prioritários.<br />
▶ Criar o Prêmio por Produtividade<br />
como mecanismo de incentivo<br />
ao alcance de resultados, que será<br />
pago proporcionalmente às metas<br />
alcançadas.<br />
▶ Promover extinções e fusões de<br />
Ministérios, com redução do número<br />
de cargos comissionados de livre<br />
nomeação, de forma a tornar a administração<br />
pública mais enxuta e<br />
operante.<br />
▶ Criar a Certificação Ocupacional,<br />
de forma a aumentar o grau de profissionalização<br />
da administração<br />
pública, privilegiando o mérito no<br />
acesso aos cargos públicos de direção<br />
e assessoramento, por meio de<br />
processos seletivos transparentes,<br />
impessoais e ajustados aos respectivos<br />
perfis e atribuições.<br />
▶ Revigorar as escolas de governo<br />
(Enap e Esaf) para a promoção<br />
dos programas de formação continuada<br />
dos servidores federais para<br />
atração e retenção de talentos.<br />
▶ Implantar modelo de planejamento<br />
da força de trabalho necessária<br />
para implementação das políticas<br />
públicas.<br />
▶ Criar e implantar o modelo de<br />
avaliação de desempenho individual<br />
e utilizá-lo como mecanismo<br />
para promoções e progressões nas<br />
carreiras.<br />
▶ Implantar o modelo de remuneração<br />
variável para criar incentivos<br />
à maior produtividade individual e<br />
institucional.<br />
▶ Disciplinar, por meio de ato de delegação,<br />
as operações de PPPs de<br />
interesse federal e estadual, para<br />
que possam ser executadas diretamente<br />
pelos estados.<br />
▶ Viabilizar canais de relacionamento<br />
personalizado entre o governo e<br />
o cidadão nas diversas demandas,<br />
especialmente nas áreas de educação,<br />
saúde, segurança e assistência.<br />
▶ Utilizar os dispositivos móveis<br />
para obtenção de serviços públicos<br />
sem a necessidade de deslocamen-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
225<br />
ESTADO<br />
tos desnecessários e o desperdício<br />
de tempo em filas.<br />
▶ Utilizar as redes sociais para potencializar<br />
os mecanismos de participação<br />
da sociedade na formulação,<br />
execução e controle das<br />
políticas públicas.<br />
▶ Potencializar a utilização pelas<br />
empresas, cidadãos e empreendedores<br />
do ativo econômico que é o<br />
conjunto dos dados e informações<br />
produzidas pelo Estado através do<br />
processamento e disponibilização<br />
desse acervo via internet (dados<br />
abertos).<br />
▶ Simplificar e reduzir custos nos<br />
processos internos do governo<br />
com a integração dos sistemas de<br />
gestão e eliminação da tramitação<br />
de papéis.<br />
▶ Modernizar o sistema de compras<br />
governamentais e gestão contratual<br />
para maior previsibilidade e segurança<br />
ao Estado e aos fornecedores.<br />
▶ Modernizar a Lei 8666/93 para<br />
reduzir gargalos nas aquisições, nas<br />
obras, adequando os processos de<br />
aquisição e alienação aos padrões<br />
tecnológicos contemporâneos.<br />
▶ Auxiliar os municípios no desenvolvimento<br />
de processos de planejamento,<br />
orçamento, gestão e<br />
compras públicas, inclusive com a<br />
disponibilização de sistemas corporativos,<br />
para que haja um salto<br />
de qualidade na gestão municipal.<br />
▶ Restabelecer a autonomia dos<br />
entes regulatórios, com seleção de<br />
dirigentes sujeitos a processos meritocráticos.<br />
▶ Redimensionar processos e quadros<br />
das agências reguladoras.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
226<br />
ESTADO<br />
RELAÇÃO COM OS SERVIDORES<br />
A PONTE ENTRE O CIDADÃO E O ESTADO<br />
O sucesso da administração de um governo<br />
também depende da inter-relação entre o poder<br />
público, seus servidores e a sociedade.<br />
Se essa relação não for bem-sucedida, a administração<br />
governamental certamente será<br />
prejudicada. Precisamos avançar para um<br />
modelo de gestão de pessoas, focado no desenvolvimento<br />
do servidor e na meritocracia,<br />
o que requer o fortalecimento do diálogo permanente<br />
com servidores e seus respectivos<br />
sindicatos.<br />
É necessário balancear as relações entre servidor,<br />
governo e cidadãos, de forma a buscar<br />
o equilíbrio para atendimento das demandas,<br />
uma vez que todas são legítimas e os recursos<br />
são limitados. O princípio norteador desse<br />
equilíbrio é que “um governo se faz com pessoas<br />
e para as pessoas”.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Fortalecimento de planos de carreira,<br />
cargos e salários.<br />
▶ Implantar modelo de política remuneratória<br />
que assegure a compatibilidade<br />
entre sistema de remuneração<br />
e equilíbrio fiscal, dando<br />
previsibilidade aos servidores e ao<br />
governo.<br />
▶ Priorização do servidor de carreira<br />
na ocupação dos cargos de direção<br />
e assessoramento.<br />
▶ Formação continuada dos servidores<br />
públicos.<br />
▶ Garantia do diálogo permanente<br />
com as entidades representativas<br />
dos servidores, de forma a subsidiar<br />
o processo de informação para<br />
decisões, reduzindo eventuais tensões<br />
entre o governo e as categorias<br />
representativas dos servidores.<br />
▶ Garantia de que as negociações<br />
considerem os interesses das partes<br />
(sociedade, governo e servidores).<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
227<br />
ESTADO<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Fortalecer as instâncias de negociação<br />
permanente com os servidores<br />
– mesa de diálogo e negociações<br />
permanentes que busquem<br />
reunir todos os atores envolvidos<br />
para que as demandas sejam apresentadas,<br />
avaliadas e debatidas.<br />
▶ Instituir, em parceria com os sindicatos<br />
e associações representativas,<br />
um modelo de política remuneratória<br />
que assegure o desenvolvimento<br />
nas carreiras.<br />
▶ Criar a data-base para reajustes<br />
salariais dos servidores.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
DESBUROCRATIZAÇÃO<br />
228<br />
ESTADO<br />
MENOS PAPEL, MAIS RESULTADO<br />
Para tornar a vida mais simples é necessário<br />
descomplicar as relações entre governo e cidadãos,<br />
governo e empresários e governo com o<br />
próprio governo.<br />
Autorizações, licenças, documentos, cadastramentos<br />
e tantas outras comprovações requerem<br />
agendamentos, prazos, filas e impedem<br />
ou postergam a realização de empreendimentos<br />
que contribuam para o desenvolvimento<br />
do Brasil. Não se pode esquecer que o desperdício<br />
de tempo é um custo, tanto para as empresas,<br />
como para as pessoas e para o próprio<br />
governo.<br />
O tema desburocratização faz parte do contexto<br />
mais amplo da reforma administrativa e do<br />
Pacto Federativo. Na reforma administrativa<br />
ressalta-se a definição das responsabilidades<br />
das instituições federais e a consequente redução<br />
do número de órgãos responsáveis por<br />
determinada autorização ou licença – a simplificação<br />
deve acontecer durante a implantação<br />
da nova e mais eficiente estrutura da administração<br />
federal. Por outro lado, no Pacto Federativo,<br />
podem ser transferidas do Governo<br />
Federal para os estados e municípios aquelas<br />
atribuições e responsabilidades que facilitem<br />
o atendimento às pessoas, respeitando-se as<br />
diversidades e as necessidades locais.<br />
Torna-se fundamental mapear as principais<br />
barreiras que os empreendedores brasileiros<br />
enfrentam para desenvolverem suas atividades,<br />
assim como as que dificultavam a implantação<br />
de novos empreendimentos, buscando<br />
reduzir a burocracia e o peso do Estado sobre<br />
as empresas. Como exemplo, o Banco Mundial,<br />
pelo uso da metodologia Doing Business,<br />
indica que a abertura de uma empresa no Brasil<br />
leva 107 dias.<br />
Um ambiente de negócios desburocratizado<br />
contribuirá para a atração de novos investimentos<br />
e para a geração de emprego e renda<br />
para a população. Para tanto, será garantida<br />
política transversal de desburocratização que<br />
perpasse todos os órgãos e entidades da administração<br />
pública federal.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
229<br />
ESTADO<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Redução das exigências legais e<br />
dos prazos para obtenção de licenças,<br />
autorizações e provimento de<br />
informações.<br />
▶ Melhoria da posição do país no<br />
ranking mundial de facilidade para<br />
fazer negócios. Em 2014 o Brasil<br />
aparece em 116º lugar pela metodologia<br />
do Doing Business do Banco<br />
Mundial.<br />
▶ Descomplicação do dia a dia das<br />
pessoas e das organizações, reduzindo<br />
o desperdício de tempo e,<br />
consequentemente, os custos, contribuindo<br />
para o aumento dos investimentos<br />
e para a melhoria do<br />
índice de competitividade do Brasil.<br />
▶ Identificação das atribuições da<br />
administração pública federal que<br />
podem e devem ser transferidas,<br />
revertendo o processo de centralização<br />
ocorrido nos últimos anos e<br />
dando mais autonomia aos estados<br />
e municípios.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Criar o Programa Brasil Descomplicado,<br />
por meio de ações coordenadas<br />
com os diversos órgãos do<br />
governo.<br />
▶ Facilitar o processo de abertura,<br />
alterações e encerramento de empresas<br />
de grande, médio ou pequeno<br />
porte, tornando-o mais simplificado<br />
e ágil.<br />
▶ Criar a agenda dos diálogos com<br />
os movimentos empresariais, associações<br />
de classe, as confederações<br />
e as federações estaduais,<br />
bem como as organizações da sociedade<br />
civil para identificação de<br />
demandas e prioridades.<br />
▶ Criar o Programa Governo sem<br />
Papel, com o objetivo de reduzir o<br />
volume de documentos impressos<br />
e contribuir para o uso racional e<br />
sustentável dos recursos do Estado.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
230<br />
ESTADO<br />
▶ Estimular o uso intensivo da certificação<br />
digital e assinatura eletrônica<br />
de documentos, eliminando<br />
a impressão e a manutenção em<br />
meio físico.<br />
▶ Identificar e compartilhar as melhores<br />
práticas de atendimento aos<br />
cidadãos nos estados e municípios<br />
e incentivar a sua utilização.<br />
▶ Criar a Base Única do Cidadão, de<br />
forma a consolidar todos os documentos<br />
e informações de relacionamento<br />
do cidadão com o Estado,<br />
reduzindo a exigência excessiva de<br />
comprovação documental da administração<br />
pública brasileira, podendo<br />
ser acessada por todos os<br />
serviços públicos nas três esferas<br />
de governo.<br />
▶ Fazer a identificação biométrica a<br />
partir da base única para criar alternativas<br />
à utilização de documentos<br />
pessoais, simplificando o relacionamento<br />
do Estado e cidadãos.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
231<br />
ESTADO<br />
RELAÇÕES INTERNACIONAIS<br />
DIALOGANDO COM UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO<br />
O propósito fundamental da política externa<br />
do Brasil é contribuir para o desenvolvimento<br />
do país. Ao contrário de outros, que têm desafios<br />
militares e de segurança, somos um país<br />
pacífico e não ameaçado, cuja prioridade só<br />
pode ser a melhoria das condições de vida de<br />
nossa sociedade.<br />
Em escala mundial, nossa política deve ser<br />
universal, ou seja, sem premissas ideológicas<br />
ou visões excludentes. Tendo-se transformado<br />
em uma das maiores economias do planeta,<br />
com crescente voz nos grandes círculos mundiais<br />
do poder, o Brasil deve ter uma atitude<br />
afirmativa em todos os tabuleiros em que atua.<br />
Estando, há vinte anos, em alta na hierarquia<br />
do poder mundial, nosso país precisa seguir<br />
conquistando espaços e consolidando um<br />
papel compatível com nossa importância internacional.<br />
Na América do Sul situa-se nosso<br />
palco histórico. Por sua índole e postura, o<br />
Brasil não entra em guerras com seus dez vizinhos<br />
há 144 anos. Poucos países podem dizer<br />
o mesmo. O traçado de todas as nossas fronteiras<br />
foi totalmente resolvido e não temos que<br />
lidar com querelas desgastantes, como muitos<br />
países. Como o maior país da região, é importante<br />
manter uma política de bom relacionamento<br />
com todos, sem orientar nossa atuação<br />
por critérios ideológicos e sem nos furtarmos a<br />
ajudar a resolver litígios regionais. Temos uma<br />
longa tradição dessa conduta, como atesta<br />
mais recentemente a liderança brasileira, em<br />
1998, na resolução definitiva do conflito militar<br />
que opunha Peru e Equador há décadas.<br />
A crescente presença externa do Brasil ocorreu,<br />
sobretudo, pela habilidade de obter êxitos<br />
pela afirmação dos valores de sua cultura ocidental,<br />
pela ação construtiva que sempre teve<br />
na promoção da paz e dos grandes consensos<br />
internacionais. O Brasil é candidato legítimo<br />
a um assento permanente no Conselho de<br />
Segurança da ONU, pelas nossas credenciais<br />
históricas de país responsável e construtivo.<br />
O Brasil é hoje um interlocutor de peso nos<br />
temas globais como comércio, meio ambiente<br />
e mudanças climáticas, direitos humanos,<br />
energia renovável, água e não proliferação de<br />
armas nucleares. Membro fundador do Gatt,<br />
das Nações Unidas, do Banco Mundial e do<br />
Fundo Monetário Internacional, desempenha<br />
um papel ativo e positivo nesses organismos e<br />
integra o G-20 financeiro com presença afirmativa<br />
nas discussões sobre governança global.<br />
É nessas áreas que podemos aumentar<br />
nosso papel internacional.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
232<br />
ESTADO<br />
A internacionalização da economia e das companhias<br />
brasileiras é um reflexo da vitalidade<br />
de nossa economia e da sofisticação de nosso<br />
empresariado. O progresso que conseguimos<br />
coloca o Brasil como a sétima economia do<br />
mundo e faz dele uma potência agrícola mundial.<br />
A cooperação técnica e financeira que o<br />
Brasil oferece aos países em desenvolvimento<br />
da América Latina e África nos coloca hoje<br />
com destaque entre os maiores doadores internacionais.<br />
Nos próximos anos, será cada vez mais relevante<br />
a inserção competitiva internacional do<br />
Brasil, inclusive com participação crescente<br />
nas cadeias internacionais de produção. Com<br />
esse objetivo, o governo brasileiro terá que<br />
assumir responsabilidades crescentes, respeitando<br />
seus compromissos internacionais,<br />
e fomentar aquela participação tendo como<br />
critério fundamental a defesa dos interesses<br />
nacionais.<br />
Diante dos grandes desafios interno e externo,<br />
o Brasil precisa ousar e ter uma visão de futuro.<br />
Devemos sair de uma posição defensiva<br />
para a afirmação de um grande papel brasileiro<br />
na cena internacional, compatível com a capacidade<br />
produtiva de nosso povo e a dimensão<br />
de nossa economia.<br />
O cenário internacional experimentou na última<br />
década mudanças profundas, aceleradas<br />
pela crise financeira e econômica de 2008.<br />
São exemplos dessas mudanças:<br />
• o gradual deslocamento do centro de poder<br />
econômico mundial do Atlântico para o Pacífico,<br />
tendo como principal motor o rápido<br />
crescimento da China e seu entorno;<br />
• expansão de um novo padrão produtivo, baseado<br />
em cadeias globais de valor, produção<br />
modular e redes logísticas mundiais;<br />
• peso crescente dos países emergentes e em<br />
desenvolvimento no comércio internacional<br />
e nos fluxos de investimentos; desenvolvimento<br />
da multipolaridade dos centros de<br />
poder econômico e político, com maior participação<br />
dos países emergentes e consolidação<br />
de novos grupamentos, a exemplo do<br />
G-20, do Brics;<br />
• aceleração sem precedentes da comunicação<br />
em escala global e surgimento das redes<br />
sociais, com forte impacto comportamental,<br />
social, cultural e político.<br />
O multilateralismo passa por um longo período<br />
de crise de representatividade. As Nações<br />
Unidas perderam influência nas questões de<br />
paz e segurança. O Conselho de Segurança<br />
não mais representa as forças que influem<br />
no cenário internacional atual, haja vista sua<br />
incapacidade de conter ou resolver crises. O<br />
esvaziamento e as dificuldades da Organização<br />
Mundial de Comércio (OMC), mesmo<br />
após a decisão de definir uma agenda para a<br />
retomada das negociações multilaterais da Rodada<br />
de Doha, colocam problemas novos para<br />
os países em desenvolvimento. Ao mesmo<br />
tempo, novas propostas de acordos bilaterais,<br />
regionais e intercontinentais introduzem importantes<br />
elementos na avaliação da inserção<br />
competitiva externa do Brasil. Devemos ava-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
233<br />
ESTADO<br />
liar num primeiro momento, em profundidade<br />
e sem preconceitos, a evolução e o impacto<br />
para nós desses novos instrumentos de regulação<br />
do comércio internacional.<br />
O cenário internacional vive hoje momento de<br />
transição para uma nova ordem cujos contornos<br />
ainda não estão nítidos. Embora a crise financeira<br />
de 2008 tenha levantado sérios questionamentos<br />
sobre os excessos do mercado na<br />
intermediação, o seu papel como alocador de<br />
recursos continuará fundamental e tende a<br />
crescer mesmo em países com forte presença<br />
do Estado, como a China e outros asiáticos. O<br />
equilíbrio delicado entre as forças de mercado<br />
e o papel do Estado é influenciado pelo cenário<br />
internacional, mas, em última instância,<br />
deve ser determinado pelas particularidades<br />
históricas e institucionais de cada sociedade.<br />
Cabe ao Brasil analisar de forma atenta e objetiva<br />
as transformações do cenário externo<br />
de forma a potencializar sua ação internacional.<br />
Em qualquer cenário, a política externa<br />
– não somente em sua vertente política, mas<br />
também sob o ângulo econômico, comercial,<br />
financeiro, agrícola, energético, tecnológico,<br />
do desenvolvimento sustentável, cultural, de<br />
direitos humanos, entre outros – constitui ao<br />
mesmo tempo vitrine e aspecto catalizador do<br />
desenvolvimento nacional.<br />
No cenário externo, o Brasil deve construir e<br />
consolidar pontes com o mundo exterior. É indispensável,<br />
contudo, avaliar cuidadosamente<br />
em que áreas geográficas ou temáticas queremos<br />
buscar um papel maior. Equívocos de<br />
percepção podem acabar por dificultar a defesa<br />
de nossos verdadeiros interesses e afetar<br />
nossa capacidade diplomática.<br />
A janela de oportunidade que representou o<br />
rápido crescimento da economia mundial nos<br />
anos 2000 levou a uma superestimativa do potencial<br />
brasileiro. Na área da política externa,<br />
aquele período coincidiu com ações voluntaristas<br />
pouco características da tradicional diplomacia<br />
brasileira e grande expansão do número<br />
de representações brasileiras no exterior,<br />
independentemente de seu custo-benefício<br />
social e no longo prazo. Também marcaram<br />
a atuação brasileira a busca de um assento<br />
permanente em um Conselho de Segurança<br />
das Nações Unidas reformado, a aproximação<br />
comercial e política com os países do sul,<br />
em particular o continente africano, além da<br />
ênfase no fortalecimento das instituições regionais,<br />
sobretudo na América do Sul. Relativamente,<br />
pouco se fez em relação aos países<br />
asiáticos, polo de maior dinamismo econômico<br />
mundial.<br />
Em anos mais recentes, embora prevaleçam<br />
em alguma medida as iniciativas anteriores, a<br />
política externa tem padecido de falta de rumo<br />
e de decisões que nem sempre se baseiam no<br />
interesse nacional de longo prazo.<br />
A face mais notória da política externa nos<br />
últimos anos tem sido a sua capacidade de<br />
desconstruir a coerência e a excelência que<br />
sempre marcaram a atuação externa do Brasil<br />
no exterior, executada primordialmente pelo<br />
Itamaraty, tradicional instituição do Estado e<br />
do serviço público brasileiro, respeitada pelos<br />
seus pares mundo afora. Aquela desconstru-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
234<br />
ESTADO<br />
ção se deu sobretudo pela prevalência da ideologia<br />
em muitas ações de política externa na<br />
América do Sul, em que a liderança brasileira<br />
foi omissa e saiu arranhada, com importantes<br />
consequências para o longo prazo e para a<br />
própria imagem do Brasil no mundo. Exemplo<br />
disso foi a inação diante da nacionalização das<br />
refinarias da Petrobras na Bolívia, a suspensão<br />
do Paraguai do Mercosul, a forma como se<br />
processou o ingresso da Venezuela no bloco,<br />
a ajuda financeira a Cuba, o tratamento dado<br />
à questão do senador boliviano exilado na embaixada<br />
em La Paz e a tibieza brasileira na crise<br />
política na Venezuela.<br />
Àqueles desacertos, somam-se outros característicos<br />
da falta de coordenação entre os objetivos<br />
de política externa e as próprias políticas<br />
domésticas. Exemplo disso foi o fiasco da política<br />
externa que apresentava as exportações<br />
de etanol brasileiro como a grande saída para a<br />
questão energética em muitos países, ao mesmo<br />
tempo em que a política interna de preços<br />
no setor energético minava qualquer possibilidade<br />
de sucesso no curto e médio prazo.<br />
O Brasil, sétima economia mundial, aparece<br />
naturalmente como ator importante e relevante<br />
em qualquer projeção de cenário internacional<br />
para as próximas décadas. Mas para que<br />
essas projeções possam concretizar-se, será<br />
preciso corrigir o rumo da política externa, restabelecendo<br />
sua coerência com os princípios<br />
de moderação e independência que marcaram<br />
a história diplomática brasileira, de forma que<br />
a ação externa volte a atender prioritariamente<br />
aos interesses do Brasil na sua rota de desenvolvimento<br />
econômico e social, e não a objetivos<br />
baseados em afinidades ideológicas.<br />
A política externa de um país deve ser, por<br />
natureza, uma política de Estado, com elementos<br />
de continuidade e outros que buscam<br />
acompanhar as transformações do próprio<br />
país e do mundo. Restabelecer a coerência da<br />
política externa brasileira com os objetivos do<br />
desenvolvimento nacional e as oportunidades<br />
que se abrem ao Brasil no século XXI também<br />
envolve reexaminar prioridades, à luz daqueles<br />
objetivos.<br />
O Brasil vem desempenhando importante papel<br />
nas conferências mundiais sobre temas<br />
globais, como desenvolvimento sustentável,<br />
energia, democracia, direitos humanos, não<br />
proliferação nuclear, entre outros, atuação que<br />
deve pautar-se pelos objetivos de longo prazo<br />
do desenvolvimento e refletir os valores domésticos.<br />
O Brasil terá, ainda, de assumir novas<br />
responsabilidades nos temas globais e nas<br />
áreas de conflito onde manifestamos interesse<br />
em ter um papel mais preeminente, como na<br />
África, o que acarreta custos. Nos novos temas<br />
(terrorismo, guerra cibernética, governança na<br />
internet), o governo brasileiro deverá atualizar<br />
as políticas e a ação no exterior.<br />
A atuação brasileira em grupamentos como o<br />
G-20 e Brics deve contribuir para reforçar as<br />
posições defendidas nos organismos multilaterais.<br />
Uma das principais prioridades da política externa<br />
brasileira é o Mercosul, hoje bastante<br />
enfraquecido por episódios recentes em que<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
235<br />
ESTADO<br />
se privilegiaram aspectos ideológicos nas decisões<br />
do bloco e sobretudo pelo desrespeito<br />
às regras comerciais que pautaram os acordos<br />
constitutivos, tal como enunciadas no Tratado<br />
de Assunção e no Protocolo de Ouro Preto.<br />
Como ponto de partida da liderança do país no<br />
continente sul-americano, é preciso reexaminar<br />
a compatibilidade de certas características<br />
do bloco aos interesses de inserção internacional<br />
do Brasil no mundo e buscar flexibilizá-las<br />
sempre que necessário. Em seu aspecto político,<br />
é preciso garantir que o bloco contribua<br />
para a imagem de seus membros na comunidade<br />
internacional e que sua atuação seja<br />
consistente com valores expressos em nossa<br />
Constituição. Do ponto de vista comercial, o<br />
Mercosul está isolado e desvalorizado, tendo<br />
assinado nos últimos anos poucos acordos de<br />
comércio, de significação muito limitada. No<br />
momento, tampouco está clara a possibilidade<br />
de êxito das negociações com a União Europeia.<br />
É preciso redirecionar os esforços do<br />
bloco para a abertura comercial e a busca de<br />
aumentar a competividade de seus membros.<br />
Para tanto, poderá ser preciso considerar alternativas,<br />
como, por exemplo, a priorização do<br />
bloco como área de livre comércio.<br />
No que se refere às relações bilaterais, é preciso<br />
ter estratégias claras com os principais<br />
parceiros comerciais brasileiros, em particular<br />
China e Estados Unidos. Uma estratégia<br />
para a China, por sua distância geográfica e<br />
cultural, requer especial empenho da diplomacia<br />
na coordenação de todas as esferas de<br />
governo para a implementação de ações de<br />
longo prazo, que aumentem a capacidade do<br />
governo, das empresas, da academia e da sociedade<br />
brasileira de compreender, planejar e<br />
beneficiar-se das relações com essa que será<br />
em poucos anos a maior economia mundial.<br />
Na OMC, o Brasil deverá atuar visando fortalecer<br />
as negociações multilaterais de comércio e<br />
a capacitação de especialistas no setor público<br />
e no setor privado com vistas a contribuir para<br />
os interesses do país no seio da organização.<br />
Finalmente, a política externa poderá em muito<br />
beneficiar-se de uma revalorização do Itamaraty<br />
e do contínuo aprimoramento de seus<br />
quadros e modernização de sua gestão. Cabe<br />
ao Itamaraty ter atuação reforçada em face<br />
das grandes demandas externas e internas, incluindo<br />
a proteção aos brasileiros e também<br />
o contínuo aprofundamento do diálogo interno<br />
com outros ministérios, governos regionais<br />
brasileiros, Congresso, sociedade civil, empresariado<br />
e academia, no contexto do apoio<br />
à formulação e à execução de uma política externa<br />
que seja de fato expressão dos interesses<br />
nacionais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
236<br />
ESTADO<br />
COMPROMISSOS/<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Restabelecer a coerência com<br />
os princípios de moderação e independência<br />
na sua formulação e<br />
execução, com vistas à prevalência<br />
dos interesses brasileiros e dos<br />
objetivos de longo prazo de desenvolvimento<br />
nacional, eliminando<br />
vieses baseados em afinidades<br />
ideológicas;<br />
▶ Reavaliar prioridades estratégicas<br />
à luz das transformações do cenário<br />
internacional no século XXI, com<br />
peso crescente da Ásia, capitaneada<br />
pela China e seu entorno, que<br />
devem receber atenção ampliada,<br />
ao lado de novas estratégias para<br />
os Estados Unidos e outros países<br />
desenvolvidos;<br />
▶ Reexaminar a posição do Brasil<br />
no tocante à integração regional e<br />
ao Mercosul, com vistas a restabelecer<br />
a primazia dos valores do regionalismo<br />
aberto;<br />
▶ Buscar concluir as negociações<br />
em curso com a União Europeia;<br />
▶ Definir nova estratégia de negociações<br />
comerciais bilaterais, regionais<br />
e globais;<br />
▶ Avaliar com profundidade as implicações<br />
de iniciativas de busca de<br />
um papel maior que nosso poder<br />
internacional permite, pois equívocos<br />
acabam dificultando a defesa<br />
dos nossos verdadeiros interesses,<br />
como foi o caso da empreitada fracassada<br />
das negociações sobre o<br />
programa nuclear do Irã em 2010;<br />
▶ Revalorizar o Itamaraty, que deve<br />
tornar a ser o fulcro da formulação<br />
de nossa política externa, submetida<br />
como sempre à decisão presidencial.<br />
Ao mesmo tempo, garantir<br />
o contínuo aprimoramento de<br />
seus quadros e a modernização da<br />
gestão.<br />
▶ Assegurar que os consulados brasileiros<br />
ofereçam assistência adequada<br />
aos brasileiros no exterior.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
237<br />
ESTADO<br />
DEFESA NACIONAL<br />
SOBERANIA DE UM POVO<br />
Nenhum país que ocupe um espaço importante<br />
entre as nações pode ignorar as preocupações<br />
com sua segurança e com as formas de<br />
ampliar seus mecanismos de defesa.<br />
O envolvimento do país com suas forças de paz<br />
em situações de conflito aumentaram as responsabilidades<br />
das Forças Armadas, demandando<br />
respostas rápidas para os novos desafios.<br />
É imperativo e urgente resgatar a defesa para<br />
a esfera das funções de Estado do governo na<br />
consecução dos objetivos estratégicos da segurança.<br />
É essencial rever o atual Plano de Articulação<br />
e Equipamentos de Defesa, Paed, estabelecido<br />
em 2011 para o período até 2030, adequando<br />
sua ambição com a efetiva formação<br />
de clusters tecnológico-industriais, em parceria<br />
com universidades.<br />
Os setores aeroespacial, cibernético, nuclear e<br />
de gestão de situações e espaços de operações<br />
complexos devem ser priorizados, tendo como<br />
pilares a inovação tecnológica conjugada e a<br />
transferência efetiva de tecnologia para a sustentação<br />
do ciclo de vida de capacidades.<br />
São enormes os desafios representados pelos<br />
crimes transnacionais (contrabando, tráfico<br />
de armas e de drogas) e pelo crescente armamentismo,<br />
que exigem maior envolvimento do<br />
Itamaraty, não só nas discussões, como também<br />
indicam a necessidade das questões de<br />
segurança e defesa entrarem no discurso diplomático<br />
brasileiro.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
238<br />
ESTADO<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Compromisso com a defesa e a<br />
promoção da paz, com a democracia<br />
e direitos humanos e com a busca<br />
de soluções pacíficas de conflitos.<br />
▶ A política de defesa nacional será<br />
reiterada como uma política de Estado,<br />
e revisada, dentro de uma<br />
perspectiva de continuidade e permanência.<br />
▶ Será também revisado o Livro<br />
Branco da Defesa, que é o mecanismo<br />
por meio do qual o governo<br />
dará transparência aos assuntos<br />
relacionados à defesa, permitindo<br />
que os cidadãos conheçam a política<br />
de Estado e os desafios do país<br />
para a área.<br />
▶ A revisão do Livro Branco de Defesa<br />
permitirá que ele cumpra efetivamente<br />
sua função instrumental<br />
de dar capilaridade para a defesa<br />
integral dentro da segurança multidimensional.<br />
▶ A defesa das fronteiras, em especial<br />
na região amazônica, inclusive<br />
em função da defesa da biodiversidade<br />
e das plataformas de produção<br />
e de perfuração em nosso mar<br />
territorial, é urgente e passou a ser<br />
uma questão de segurança nacional.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Modernizar a defesa nacional, estabelecendo<br />
prioridades políticas<br />
claras para a gestão superior e a<br />
adequação dos programas estratégicos<br />
de aquisições militares.<br />
▶ Assegurar a eficácia operacional<br />
integrada com eficiência na aplicação<br />
de recursos públicos.<br />
▶ Apoiar a modernização da gestão<br />
administrativa das Forças Armadas,<br />
com a incorporação de novas competências<br />
e perfis de desempenho,<br />
a partir da readequação dos currículos<br />
do sistema de educação profissional.<br />
▶ Consolidar a indústria nacional de<br />
defesa, inclusive como referência<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
239<br />
ESTADO<br />
para o desenvolvimento tecnológico<br />
da indústria nacional.<br />
▶ Modernizar a base industrial de<br />
defesa, estimulando as empresas<br />
estratégicas de defesa a ampliar<br />
seus gastos em pesquisa e desenvolvimento.<br />
▶ Atualizar a política nacional de<br />
defesa, da estratégia nacional de<br />
defesa e do Livro Branco de Defesa,<br />
que devem refletir as diretrizes<br />
políticas de governo.<br />
▶ Introduzir, de forma sistemática e<br />
sustentável, mecanismos de governança<br />
institucional na execução das<br />
políticas de defesa nacional.<br />
▶ Garantir a revisão periódica e o<br />
alinhamento dos programas estratégicos,<br />
tendo como aspecto fundamental<br />
o envolvimento da base<br />
industrial de defesa brasileira.<br />
▶ Ampliar a coordenação entre<br />
o Ministério da Defesa, o Itamaraty<br />
e os órgãos de planejamento<br />
e gestão do governo em todas as<br />
dimensões de segurança, na construção<br />
de mecanismos de alerta e<br />
prevenção de conflitos, construção<br />
de medidas de confiança mútua,<br />
cooperação com as nações amigas,<br />
de atualização tecnológica, de participação<br />
em organizações internacionais,<br />
apoio a missões de paz em<br />
cumprimento a resoluções e iniciativas<br />
da ONU.<br />
▶ Reestruturar e modernizar todos<br />
os instrumentos essenciais para<br />
que as Forças Armadas possam<br />
proteger nossas fronteiras, combater<br />
o tráfico internacional de drogas<br />
e defender o país dos crimes que<br />
coloquem a soberania nacional em<br />
risco.<br />
▶ Incentivar a incorporação de mulheres<br />
às Forças Armadas, como forma<br />
de superação das barreiras de<br />
gênero e aproveitamento de sua capacidade<br />
como força pacificadora.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
240<br />
ESTADO<br />
PACTO FEDERATIVO<br />
E DESENVOLVIMENTO REGIONAL<br />
O fortalecimento da Federação brasileira tem<br />
sido objeto de constantes debates ao longo dos<br />
últimos anos. É senso comum que a Federação<br />
está doente. Enfraquecida e debilitada, a<br />
forma de Estado no Brasil não vem cumprindo<br />
o papel que foi concebido quando o Estado<br />
Federal foi implantado no Brasil, com autonomia<br />
das unidades federadas, de modo a garantir<br />
recursos e competências para os poderes<br />
locais enfrentarem os problemas e melhorar a<br />
qualidade de vida de suas comunidades.<br />
Desta maneira, a revisão do Pacto Federativo,<br />
devolvendo-se a estados e municípios meios<br />
de prestarem serviços públicos de qualidade,<br />
torna-se uma urgência no Brasil atual. É unânime<br />
o entendimento de que a descentralização,<br />
um dos esteios deste plano de governo,<br />
deve ser introduzida, com vigor, no Estado<br />
brasileiro. Levar a solução do problema para<br />
perto de onde ele ocorre permite uma solução<br />
muito mais rápida e econômica, enfrentando<br />
o tema onde se manifesta.<br />
A atual abusiva concentração de recursos na<br />
esfera federal deve ser corrigida, com brevidade,<br />
reconhecendo a estados e municípios autonomia<br />
e recursos para a implementação de<br />
políticas públicas adequadas para enfrentar os<br />
desafios regionais e locais.<br />
O novo governo deverá atuar nesse assunto no<br />
início do mandato, em articulação com os governadores<br />
e prefeitos, para a apresentação de<br />
uma proposta objetiva de revisão da Federação,<br />
descentralizando-se recursos e reconhecendo<br />
a autonomia de cada ente federado.<br />
O debate sobre o Pacto Federativo será articulado<br />
com a temática do desenvolvimento<br />
regional.<br />
Não há como pensar em um novo ciclo de desenvolvimento<br />
nacional sem considerar como base<br />
fundamental o desenvolvimento regional. Nunca<br />
teremos pleno desenvolvimento com o país cada<br />
vez mais concentrado em ilhas de prosperidade e<br />
extensos vazios de produção e riquezas.<br />
O estabelecimento de políticas públicas regionais<br />
é um componente fundamental para<br />
articulação do Pacto Federativo.<br />
O desenvolvimento econômico e social se dá<br />
no território e, para tanto, a associação do regime<br />
de partilha de recursos na Federação às<br />
políticas de promoção do desenvolvimento e<br />
de redução das desigualdades regionais deve<br />
ser tratada como prioritária no âmbito do planejamento<br />
do Governo Federal.<br />
Implementar políticas públicas ativas de desenvolvimento<br />
e de planejamento regional se<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
241<br />
ESTADO<br />
dá com a constituição de um novo ambiente<br />
institucional que bem articule as diferentes instâncias<br />
de poder do Estado e a conciliação dos<br />
interesses nacionais, tratando com coerência,<br />
atenção e equilíbrio as necessidades de cada<br />
uma das regiões que compõem a Federação.<br />
O Pacto Federativo tendo por base o desenvolvimento<br />
regional é uma alternativa promissora<br />
para um novo ciclo virtuoso de desenvolvimento<br />
no Estado brasileiro, conciliando<br />
inclusão social com uma economia dinâmica<br />
e diversificada.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Avanço na discussão da renegociação<br />
da dívida dos estados com a<br />
União.<br />
▶ Apoio a formas de cooperação<br />
federativa, como consórcios, para<br />
aprimorar e otimizar os recursos<br />
públicos.<br />
▶ Implementação de políticas integradas<br />
em áreas estratégicas, como<br />
segurança e educação.<br />
▶ Introdução de mecanismo de<br />
consulta permanente aos governadores<br />
de Estado.<br />
▶ Identificação de competências<br />
conflitantes com o objetivo de harmonizar<br />
a atuação de cada esfera<br />
federada.<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Propor a alteração da legislação<br />
tributária, de forma a proteger os<br />
recursos de estados e municípios<br />
de eventuais benefícios fiscais concedidos<br />
pela União.<br />
▶ Repassar os recursos voluntários<br />
a estados e municípios por meio de<br />
fundos, agilizando e desburocratizando<br />
os processos.<br />
▶ Descentralizar serviços federais<br />
mais adequados à execução em nível<br />
regional ou local, com garantia<br />
de repasse do respectivo recurso<br />
financeiro.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
242<br />
ESTADO<br />
PLANO NORDESTE FORTE<br />
O objetivo do Nordeste Forte é encontrar soluções<br />
de desenvolvimento econômico sustentável,<br />
redução das desigualdades e integração<br />
regional a partir de suas próprias vocações<br />
e potencialidades.<br />
A região possui um território bastante extenso,<br />
correspondente a 18% do total nacional, e uma<br />
diversidade de recursos e riquezas naturais<br />
equivalentes a alguns países desenvolvidos.<br />
Mas é preciso cada vez mais que o Nordeste<br />
se reconheça e se organize como uma região<br />
essencialmente plural. E para uma região plural,<br />
soluções plurais.<br />
Há um Nordeste moderno, conectado com o<br />
Brasil e com o mundo, e outro comparável aos<br />
países mais pobres do planeta. Por isso, a organização<br />
espacial no Nordeste Forte terá como<br />
base as vocações das microrregiões, individualizando<br />
as soluções e superando a ausência institucional<br />
quase absoluta nessas localidades.<br />
O que o Nordeste pode fazer pelo Brasil? É<br />
preciso que o Nordeste potencialize regionalmente<br />
exemplos relevantes de processos<br />
de desenvolvimento bem construídos. Não<br />
faltam referenciais positivos em segmentos<br />
como educação, programas de saúde, gestão<br />
pública, centros de tecnologia e inovação, polos<br />
industriais ou de economia criativa.<br />
Assim, o Nordeste pode e deve representar<br />
papel de protagonismo em um novo ciclo de<br />
desenvolvimento do país, sobretudo enfatizando<br />
a consolidação e potencialização de<br />
segmentos como indústria de base e transformação,<br />
energia, agronegócio e novas fronteiras<br />
agrícolas, turismo, mas também em vocações<br />
regionais específicas que precisam de atuação<br />
decisiva do Governo Federal, como a lavoura<br />
cacaueira, o setor sucroalcooleiro, os centros<br />
de ciência e tecnologia já avançados em alguns<br />
estados.<br />
Se o Nordeste for bem no desenvolvimento<br />
das suas potencialidades, o Brasil multiplica<br />
significativamente a sua capacidade de crescimento<br />
e competitividade. E é isso que o Nordeste<br />
pode fazer pelo Brasil.<br />
O que o Brasil pode fazer pelo Nordeste? De<br />
forma geral, a atuação nacional pode impactar<br />
positivamente o Nordeste com: (a) um plano<br />
consistente de curto, médio e longo prazo, (b)<br />
ampliação de recursos para áreas estratégicas e<br />
(c) incentivo ao desenvolvimento econômico.<br />
Primeiro, um plano para a região é necessário.<br />
Não há solução para o Brasil sem solução para<br />
o Nordeste, que possui quase um terço da<br />
população e menos de 15% do PIB nacional.<br />
Falta ao Brasil um projeto de desenvolvimento<br />
para o Nordeste.<br />
Segundo, é preciso ampliar recursos. Apesar<br />
de ter passado por um processo recente de<br />
desenvolvimento econômico e ampliação de<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
243<br />
ESTADO<br />
renda acima da média nacional, em um plano<br />
geral pode-se perceber que pouco houve de<br />
investimentos para o Nordeste além da participação<br />
proporcional da região no país em<br />
referenciais como população e PIB.<br />
Terceiro, o incentivo ao desenvolvimento econômico<br />
sustentável deve ser parte integrante<br />
de uma política diferenciada nacional para o<br />
Nordeste. Somente os investimentos em infraestrutura<br />
não são suficientes para promover<br />
as alavancagens necessárias, e há pouco ou<br />
nenhum programa de transformação regional<br />
que se originou de um projeto nacional de incentivos.<br />
Com plano, recursos e incentivos, a consolidação<br />
de um Nordeste Forte é desafio imediato,<br />
através de um modelo de desenvolvimento<br />
construído sobre bases e conceitos inteligentes,<br />
inovadores e com propósitos de perpetuidade,<br />
e que permita a equidade de oportunidades<br />
entre as populações de todas as regiões<br />
do Brasil.<br />
Assim, a máxima de que o “Brasil não pode<br />
crescer sem que o Nordeste cresça” é uma<br />
realidade mais do que óbvia, pois o Nordeste<br />
é uma região estratégica, e os investimentos,<br />
desde que feitos e suportados por projetos tecnicamente<br />
corretos e eficientemente geridos,<br />
terão a rentabilidade e o retorno assegurados<br />
e os impactos econômicos e sociais ampliados<br />
de forma significativa.<br />
O Nordeste Forte é um plano com características<br />
bidirecionais, tanto no sentido do Nordeste<br />
para o Brasil, quanto do Brasil para o<br />
Nordeste. É preciso que o Nordeste reconheça<br />
e potencialize seus caminhos e que o Brasil<br />
seja afirmativo e pragmático na execução de<br />
um plano de desenvolvimento a partir de investimentos<br />
e incentivos diferenciados.<br />
INFRAESTRUTURA<br />
E COMPETITIVIDADE<br />
Meta-síntese<br />
Concluir e potencializar os principais<br />
eixos intermodais estruturantes<br />
da região e estabelecer novos<br />
projetos, com foco em Parcerias<br />
Público-Privadas (PPPs).<br />
Principais ações<br />
1. Concluir a Ferrovia Transnordestina,<br />
ajustando o seu projeto original<br />
de forma a suprir lacunas<br />
relevantes que ampliem o desenvolvimento<br />
de áreas importantes<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
244<br />
ESTADO<br />
não contempladas dos Estados<br />
da Paraíba, Rio Grande do Norte e<br />
Piauí (ligação Cerrado-Teresina).<br />
2. Aprimorar o modal rodoviário,<br />
superando deficiências históricas<br />
de integração da região, com<br />
destaque para as obras de manutenção<br />
e duplicação das estradas<br />
federais, a exemplo dos gargalos<br />
da BR-324, BR-242, BR-101, além<br />
dos eixos rodoviários da BR-116<br />
entre o Sudeste e Fortaleza, da<br />
BR-110 Mossoró-Salvador, e da<br />
BR-020 Barreiras-Fortaleza.<br />
3. Expandir a malha ferroviária da<br />
região, em especial a conclusão<br />
da Ferrovia Oeste-Leste, atualmente<br />
atrasada, com custos além<br />
do previstos e sérios problemas<br />
para implantação do Porto-Sul.<br />
Importante observar todas as<br />
salvaguardas ambientais e socioambientais<br />
necessárias à conservação<br />
dos fragmentos de biodiversidade<br />
e Mata Atlântica da<br />
região.<br />
4. Ampliar os investimentos públicos<br />
e incentivar investimentos<br />
privados na consolidação e modernização<br />
de complexos portuários,<br />
superando problemas<br />
atuais, que vão desde adequações<br />
a dragagens e ampliações<br />
em praticamente todos os portos<br />
nordestinos, com destaque para<br />
a operação acima da capacidade<br />
dos portos de Recife e São Luís,<br />
além dos potenciais gargalos em<br />
Natal, Salvador, Fortaleza, Pecém<br />
e Maceió.<br />
5. Fortalecer o papel das hidrovias<br />
do São Francisco e do Parnaíba<br />
como importantes articuladores<br />
intrarregionais e inter-regionais<br />
com as regiões Sudeste, Centro-<br />
-Oeste e Norte.<br />
6. Diagnosticar e reformular as estratégias<br />
de implantação das refinarias<br />
Abreu e Lima, Premium I<br />
e Premium II, superando os atuais<br />
obstáculos de prazos e custos<br />
mal planejados, garantindo a efetiva<br />
conclusão.<br />
7. Garantir a disponibilidade de<br />
energia elétrica para a região<br />
Nordeste, com destaque para o<br />
potencial eólico e solar, cujas cadeias<br />
de suprimentos representarão<br />
um novo vetor de investimentos<br />
produtivos no Nordeste.<br />
8. Investir em infraestrutura turística,<br />
com potencialização ou consoli-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
245<br />
ESTADO<br />
dação de no mínimo vinte polos<br />
turísticos relevantes internacionalmente.<br />
Especial atenção à estrutura<br />
para o turismo de negócios<br />
e de eventos na região, como<br />
centros de convenções mais preparados<br />
e modernos. Outros três<br />
temas são relevantes: a desoneração<br />
de combustível para voos<br />
para o Nordeste; o investimento<br />
no restauro e uso do patrimônio<br />
arquitetônico, artístico e cultural;<br />
e a promoção turística nos mercados<br />
emissores nacionais e internacionais.<br />
O SEMIÁRIDO<br />
Meta-síntese<br />
Elevar a renda per capita, Ideb e<br />
IDH da região semiárida às médias<br />
da região Nordeste em dez anos.<br />
Principais ações<br />
1. Implantar o Programa Decenal<br />
de Desenvolvimento do Semiárido,<br />
de forma articulada com<br />
os estados nordestinos, com orçamentos<br />
plurianuais aprovados<br />
pelo Congresso Nacional e que<br />
tenha continuidade ao longo de<br />
diferentes governos, evitando a<br />
interrupção tão prejudicial à consecução<br />
dos objetivos.<br />
2. Concluir a Transposição do Rio<br />
São Francisco, com prazos e<br />
custos rigorosamente (re)negociados,<br />
aprovados e definidos, e<br />
ações importantes, como a revitalização<br />
do Rio São Francisco e<br />
a recuperação da sua foz associada<br />
com projetos complementares,<br />
como o Baixio de Irecê, na<br />
Bahia, e a ligação entre as bacias<br />
do Parnaíba e do São Francisco,<br />
beneficiando diretamente o semiárido<br />
do Piauí e a conclusão do<br />
Canal do Sertão Alagoano.<br />
3. Investir e viabilizar financiamentos<br />
na perenização e adequação<br />
de sistemas existentes de abastecimento<br />
de água, garantindo a<br />
capacidade de suporte hídrico e<br />
alimentar às unidades produtivas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
246<br />
ESTADO<br />
4. Integrar mananciais com ampliações<br />
por poços e cisternas, revitalizar<br />
pequenas barragens, como<br />
também investir em complexos<br />
sistemas integrados de regiões<br />
metropolitanas.<br />
5. Estabelecer financiamentos extremamente<br />
diferenciados para<br />
programas de recuperação, perfuração<br />
e instalação de poços<br />
tubulares e adutoras, captação<br />
e armazenamento de água de<br />
chuva, terras molhadas, mecanização<br />
agrícola, água subterrânea,<br />
revitalização de pequenas barragens<br />
e produção de peixes do<br />
Semiárido e a criação de animais<br />
na Caatinga.<br />
6. Implantar programa diferenciado<br />
de educação do Semiárido,<br />
com redução do analfabetismo à<br />
média do Nordeste em dez anos.<br />
Programa de bolsas de financiamento<br />
para estudantes que ingressarem<br />
em institutos técnicos,<br />
faculdades e universidades, para<br />
custear moradia, transporte, alimentação<br />
e aquisição de equipamentos<br />
de estudos, com juros e<br />
prazos especiais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
247<br />
ESTADO<br />
REFORMA POLÍTICA<br />
A POLÍTICA COMO O CAMINHO DA MUDANÇA<br />
O Brasil não pode mais adiar o desafio de debater,<br />
construir e realizar uma sólida reforma<br />
política. Os avanços que o país precisa e deseja<br />
acabam sufocados em geral pelo engessamento<br />
da atual política brasileira.<br />
O que é mais importante neste momento é<br />
que tenhamos a coragem de afirmar que temos<br />
que superar as práticas políticas que estão<br />
impedindo a gestão pública de avançar e o<br />
Estado de ser mais eficiente.<br />
A reforma política não é uma decisão do presidente<br />
da República, mas ele tem um papel<br />
fundamental e estratégico para garantir que<br />
ela de fato ocorra.<br />
E é um compromisso inadiável, que será enfrentado<br />
por nós no início do governo.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ O espaço de debate da reforma<br />
política se dará no Congresso Nacional,<br />
que poderá aprovar a convocação<br />
de referendos ou plebiscitos,<br />
como define a Constituição.<br />
▶ Estabelecimento de diálogo com<br />
a sociedade brasileira sobre a importância<br />
e a urgência da reforma<br />
política.<br />
▶ A reforma política não implicará<br />
prorrogação de qualquer mandato.<br />
▶ A reforma política vai garantir espaços<br />
para que as minorias tenham<br />
condições de realizarem suas defesas<br />
e apresentarem suas propostas.<br />
▶ As propostas de alterações nas<br />
regras eleitorais vigentes devem<br />
ser planejadas para que comecem<br />
a valer a partir da eleição de 2018 e<br />
se consolidem na eleição de 2022.<br />
▶ Redefinição dos critérios de uso<br />
das medidas provisórias.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
248<br />
ESTADO<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Fim da reeleição para presidente<br />
da República, governadores e<br />
prefeitos.<br />
▶ Mandatos de cinco anos para todos<br />
os cargos do Executivo e Legislativo<br />
com a unificação do período<br />
da eleição e dos mandatos.<br />
▶ Voto distrital misto: os estados<br />
seriam divididos em distritos. Uma<br />
parte dos candidatos ao Legislativo<br />
seria eleita pelo distrito, como se<br />
fosse uma eleição majoritária. A outra<br />
parte seria eleita mediante a votação<br />
em lista definida pelo partido.<br />
▶ Fim das coligações proporcionais<br />
nas eleições para deputado federal,<br />
estadual e vereador.<br />
▶ Reduzir o número de suplentes<br />
para o Senado, de dois para um.<br />
▶ Cláusula de desempenho: mínimo<br />
eleitoral, pela qual um partido deve<br />
ter um percentual mínimo de votos<br />
em uma quantidade determinada<br />
de estados para que acesse os<br />
benefícios partidários, como representação<br />
na Câmara dos Deputados,<br />
indicação de líder de bancada,<br />
fundo partidário e tempo de TV, entre<br />
outros.<br />
▶ Mudança da regra para concessão<br />
de tempo de TV para propaganda<br />
eleitoral: em uma eleição majoritária,<br />
seriam computados os tempos de TV<br />
dos partidos que compõem a chapa,<br />
ou seja, do candidato e seu vice.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
INTRODUÇÃO<br />
A URGENTE AGENDA DAS ÁGUAS<br />
CIDADES SUSTENTÁVEIS E MOBILIDADE URBANA<br />
ENERGIA<br />
SUSTENTABILIDADE, MUDANÇAS CLIMÁTICAS,<br />
BIODIVERSIDADE E MEIO AMBIENTE
251<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
INTRODUÇÃO<br />
SUSTENTABILIDADE: SEMEANDO O PRESENTE PARA<br />
COLHER O FUTURO<br />
O Brasil tem a oportunidade de se tornar o<br />
primeiro grande país desenvolvido com uma<br />
economia de baixo carbono, com ampla participação<br />
de energias renováveis e de práticas<br />
industriais, comerciais, agrícolas e de transportes<br />
sustentáveis. Inovando na gestão de cidades,<br />
tornando-as mais resilientes.<br />
Uma política de sustentabilidade tem valor<br />
fundamental para o futuro do Brasil. Abrangendo<br />
todas as áreas de atuação governamental,<br />
torna-se a cada dia uma demanda mais ampla<br />
da sociedade, em seu compromisso com a<br />
qualidade de vida de todos e com o futuro.<br />
▶ Transição para uma economia de<br />
baixo carbono<br />
Um dos maiores desafios deste início de século<br />
é o enfrentamento do aquecimento global.<br />
As consequências do aumento da temperatura<br />
média do planeta são dramáticas na vida<br />
das pessoas em todo o mundo, bem como na<br />
economia dos países, que devem assumir sua<br />
responsabilidade em duas direções complementares.<br />
A primeira, no campo da mitigação, diminuindo<br />
as emissões de gases efeito estufa (GEE).<br />
No Brasil, vamos manter a redução do desmatamento<br />
da Amazônia, do Cerrado e dos<br />
demais biomas, bem como assegurar uma<br />
matriz energética limpa, uma agricultura de<br />
baixo carbono e uma boa gestão de resíduos. A<br />
segunda, no campo da adaptação, vamos preparar<br />
o país para os impactos da mudança do<br />
clima com estratégias que aumentem a capacidade<br />
de enfrentar os incidentes climáticos<br />
graves como enchentes, inundações, ondas de<br />
calor e secas prolongadas.<br />
Os efeitos da mudança do clima no Brasil afetarão<br />
de forma intensiva a economia brasileira<br />
em vários setores, impondo-se, portanto, o<br />
dever de estabelecermos uma política arrojada<br />
de adaptação a ser pactuada com o setor empresarial,<br />
com os estados e municípios, amparada<br />
pelo “estado da arte” da comunidade<br />
científica e a sociedade civil.<br />
O aquecimento global já está afetando o ciclo<br />
hidrológico e o regime de chuvas no país, comprometendo<br />
o abastecimento de água de grandes<br />
cidades, a prática de certas atividades agrícolas<br />
e o suprimento de energia hidroelétrica.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
252<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
Nesse contexto, vamos priorizar a transição<br />
para uma economia de baixo carbono. Isto significa<br />
um papel protagonista para o poder público<br />
em termos de adoção de novas políticas<br />
que complementem as estratégias de comando<br />
e controle.<br />
Em termos práticos, adotaremos instrumentos<br />
econômicos que estimulem, efetivamente,<br />
uma agricultura de baixo carbono, padrões<br />
rigorosos de eficiência energética, conservação<br />
da biodiversidade e conservação do solo<br />
e água. Utilizaremos o poder de compras governamentais<br />
mediante ampliação das práticas<br />
de licitação sustentável no país, uma vez<br />
que representam uma parte expressiva do PIB<br />
nacional. Com isso, estaremos viabilizando, a<br />
médio prazo, a economia brasileira a produzir<br />
bens e serviços sustentáveis, garantindo-lhes<br />
acesso a mercados internacionais.<br />
Compartilhamos do entendimento, hoje em<br />
debate, de que é fundamental a precificação<br />
do carbono, caso se queira assegurar o compromisso<br />
internacional de admitir um aumento da<br />
matriz energética menos dependente das fontes<br />
fósseis e garantir a redução do desmatamento<br />
dos biomas brasileiros. Não se pode esquecer<br />
que os próximos quinze anos são absolutamente<br />
essenciais para que se possa reduzir drasticamente<br />
as emissões de GEE no planeta.<br />
▶ Desenvolvimento sustentável e<br />
políticas públicas<br />
Torna-se necessário um novo desenho institucional<br />
para enfrentar a complexidade dos desafios,<br />
sendo que o Governo Federal assumirá<br />
a liderança na coordenação e articulação dos<br />
estados e municípios com o claro propósito de<br />
garantir a efetividade e operacionalidade das<br />
políticas públicas. Para tanto, promoverá arranjos<br />
institucionais com o setor empresarial,<br />
a sociedade civil e comunidade científica para<br />
que a sustentabilidade esteja presente e seja<br />
algo concreto na vida das pessoas.<br />
A comunidade internacional assumiu o compromisso<br />
de oferecer um novo tratado em<br />
2015, em Paris, que assegure a estabilidade<br />
climática do planeta, com o objetivo de fixar<br />
limites globais para a emissão de GEE. Além<br />
disso, nesse mesmo ano, haverá a pactuação<br />
dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável<br />
em substituição aos Objetivos do Milênio.<br />
Vamos desempenhar um papel de vanguarda<br />
nos encaminhamentos dessas questões na<br />
agenda internacional.<br />
À frente do governo brasileiro, o presidente da<br />
República vai assumir pessoalmente essa agenda,<br />
procurando resgatar a liderança brasileira<br />
junto a outros chefes de Estado, a exemplo do<br />
que Fernando Henrique Cardoso fez quando<br />
da criação do Fórum Brasileiro de Mudança<br />
do Clima. Assim, o Brasil estará atuando com<br />
firmeza nos desafios globais planetários, tais<br />
como a mudança do clima, os oceanos, a conservação<br />
da biodiversidade, a proteção da camada<br />
de ozônio, enfim, todos aqueles dos quais<br />
dependem as futuras gerações.<br />
Reside aí o grande diferencial do desenvolvimento<br />
sustentável que adotaremos: pensar sempre<br />
no horizonte de tempo das futuras gerações.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
253<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
▶ Conservação e economia da<br />
biodiversidade<br />
O Brasil é um dos mais importantes países<br />
com megabiodiversidade distribuída nos seus<br />
principais biomas – Amazônia, Pantanal, Mata<br />
Atlântica, Pampas, Cerrado e Caatinga. Parte<br />
desta biodiversidade se encontra protegida<br />
pelas Unidades de Conservação, ainda que<br />
seja necessário torná-las efetivas, uma vez que<br />
grande parte ainda são “parques de papel”,<br />
parte deles abandonada e suscetível de invasões<br />
de várias naturezas. Um país com nome<br />
de árvore e com a maior extensão de floresta<br />
tropical do planeta em seu território não pode<br />
negligenciar esse tema.<br />
Recentemente o Programa das Nações Unidas<br />
para Meio Ambiente (Pnuma) divulgou o<br />
importante documento “Economia dos Ecossistemas<br />
e da Biodiversidade” (Teeb – The<br />
Economics of Ecosystems and Biodiversity),<br />
cujo objetivo principal foi o de demonstrar a<br />
importância econômica da biodiversidade.<br />
Apontou os diversos serviços ecossistêmicos<br />
indispensáveis para a agricultura, a exemplo<br />
da polinização realizada pelas abelhas, bem<br />
como o valor representado pelo carbono estocado<br />
nas florestas.<br />
Mais recentemente, foi criada a Plataforma<br />
Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços<br />
Ecossistêmicos (IPBES – Intergovernamental<br />
Platform on Biodiversity and Ecosystems<br />
Services), com o objetivo de transformar-se na<br />
grande referência do conhecimento sobre a<br />
biodiversidade do mundo.<br />
No Brasil, para que seja possível conhecer e<br />
conservar a biodiversidade, torna-se necessária<br />
a implantação de uma vigorosa política de<br />
Pagamento por Serviços Ambientais (PSA),<br />
reconhecendo, assim, a importância da sua<br />
contribuição para o equilíbrio ecológico e para<br />
a economia brasileira, remunerando os seus<br />
diversos provedores, sejam eles populações<br />
tradicionais que convivem harmoniosamente<br />
com os ecossistemas, bem como os proprietários<br />
rurais.<br />
Além da perda de habitats, há que se lembrar<br />
que uma das grandes ameaças à biodiversidade<br />
é a introdução de espécies invasoras da flora e<br />
da fauna. Elas trazem enormes prejuízos econômicos<br />
e muitas vezes comprometem atividades<br />
econômicas de grande valor, a exemplo da lagarta<br />
Helicoverpa armigera, sem registros no Brasil até<br />
dois anos atrás, e que hoje impactam a produtividade<br />
do cultivo de algodão, soja, milho e tomate.<br />
É necessária edição de legislação específica<br />
sobre a matéria, bem como o fortalecimento<br />
das atividades de fiscalização fitossanitária.<br />
No que diz respeito às Unidades de Conservação,<br />
é fundamental garantir a sua efetiva implantação<br />
por iniciativas que vão desde a sua<br />
regularização fundiária, passando pela realização<br />
e implementação dos respectivos planos<br />
de manejo. No que se refere às Metas de<br />
Aichi de Biodiversidade (princípios do Plano<br />
Estratégico para a Biodiversidade 2011-2020,<br />
traçados no ano de 2011, em Nagoya, no Japão),<br />
há necessidade de ampliação de áreas<br />
protegidas de biomas sem proteção adequada,<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
254<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
especialmente no ambiente marinho, cujo número<br />
no país é pouco representativo.<br />
Vale assinalar, ainda, que há necessidade de<br />
um grande esforço no sentido de reconhecer<br />
as Unidades de Conservação como ativos estratégicos<br />
essenciais para a implantação de<br />
um novo perfil de desenvolvimento regional<br />
com inclusão social e geração de renda, mediante<br />
implantação de infraestrutura de visitação<br />
com o objetivo de torná-las acessíveis e,<br />
simultaneamente, autossustentáveis.<br />
Parte significativa da biodiversidade brasileira<br />
está associada aos ecossistemas florestais, à<br />
medida em que temos em nosso território a<br />
maior porção de floresta tropical do mundo e<br />
grande extensão de terras com vocação para a<br />
silvicultura. Essa realidade impõe a necessidade<br />
de uma robusta política florestal, que exige<br />
do Governo Federal, tendo em vista a nova<br />
Lei Florestal brasileira, apoiar estados, municípios<br />
e produtores rurais para o cumprimento<br />
à obrigatoriedade de implantação do Cadastro<br />
Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização<br />
Ambiental (PRA) nas propriedades<br />
rurais. Isso deve ser feito de forma que<br />
a recuperação da reserva legal, das áreas de<br />
preservação permanente e de uso restrito e o<br />
reflorestamento com finalidade múltipla (ecológica<br />
e econômica) ocorram no contexto mais<br />
amplo da restauração dos ecossistemas afetados<br />
pela ação antrópica.<br />
É importante assinalar a necessidade de promover<br />
um processo de restauração de alguns<br />
biomas, com o objetivo de se assegurar a capacidade<br />
de prover serviços ecossistêmicos.<br />
Especialmente processos de restauração florestal,<br />
a exemplo do Pacto pela Restauração<br />
da Mata Atlântica, firmado entre vários entes<br />
públicos, sociedade civil, comunidade científica<br />
e proprietários rurais.<br />
O Brasil deve mobilizar a sua capacidade científica<br />
e técnica para criar legislação específica<br />
para cada um de seus biomas, com o objetivo<br />
de garantir o uso sustentável de seus territórios<br />
e seus recursos naturais, na perspectiva<br />
de uma “economia brasileira da biodiversidade<br />
e serviços ecossistêmicos”. Apenas o bioma<br />
Mata Atlântica é portador de uma legislação<br />
específica, ainda que a Constituição Federal<br />
de 1988 determine que os biomas considerados<br />
“patrimônio nacional” sejam regulamentados<br />
por lei.<br />
Atenção especial deve ser dada ao bioma amazônico,<br />
pela importância por ele representada<br />
no contexto nacional e internacional. Articulação<br />
de ações com os países vizinhos deve ser<br />
prioritária, inclusive com a ideia de elaborar<br />
por meio do Tratado de Cooperação Amazônica<br />
(TCA) um esforço para identificar os<br />
impactos do aquecimento global sobre a Bacia<br />
Amazônica, a exemplo do que foi feito no<br />
Ártico.<br />
▶ Complementação do PIB com<br />
novos indicadores e métricas<br />
inovadoras<br />
Estamos assistindo a novas demandas no século<br />
XXI, que exigem que repensemos as<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
255<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
métricas utilizadas pelos países para avaliar o<br />
desempenho de suas economias. Nessa direção,<br />
o Brasil, em complemento aos métodos<br />
relativos à determinação do PIB, desenvolverá<br />
indicadores que tragam novas avaliações. Estimularemos<br />
outros métodos de elaboração das<br />
contas nacionais, acompanhando recomendações<br />
de importantes documentos internacionais,<br />
a exemplo do Teeb – The Economics of<br />
Ecosystems and Biodiversity (A Economia dos<br />
Ecossistemas e da Biodiversidade).<br />
É um debate que será incorporado na agenda<br />
brasileira, a exemplo do que sugeriu o relatório<br />
“Stiglitz-Sen-Fitoussi”. Com isso, a democracia<br />
brasileira ganha à medida que o cidadão<br />
comum se apropria desses novos indicadores,<br />
facilitando o exercício pleno de sua cidadania.<br />
Exemplos como o aumento do consumo de<br />
combustível provocado pelos congestionamentos<br />
de nossas cidades, que na metodologia<br />
tradicional impactam positivamente na contabilização<br />
do PIB, demonstram a necessidade<br />
do desenvolvimento de novas métricas.<br />
Essa exigência de novas métricas se aplica ao<br />
setor público e empresarial. A instituição de<br />
relatórios de sustentabilidade para ambos é<br />
uma tendência positiva, permitindo uma avaliação<br />
crítica por todas as partes interessadas.<br />
No Brasil, a Bovespa, desde 2005, adotou o<br />
Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE),<br />
uma ferramenta para análise corporativa da<br />
performance de empresas listadas sob o aspecto<br />
da sustentabilidade em suas várias dimensões.<br />
▶ Repensando as instituições<br />
É imperiosa a necessidade de redesenhar as<br />
instituições voltadas à sustentabilidade e ao<br />
desenvolvimento sustentável. Uma abordagem<br />
holística se impõe, com o objetivo de garantir<br />
um efetivo diálogo horizontal na esfera<br />
federal, com o engajamento dos estados, municípios,<br />
setor empresarial e a sociedade civil.<br />
Entre as iniciativas a serem adotadas para modernizar<br />
a gestão ambiental estão:<br />
• Garantia de que critérios de sustentabilidade<br />
estejam presentes nas suas três dimensões<br />
– social, ambiental e econômica – nos<br />
processos de tomada de decisão das políticas<br />
públicas.<br />
• Utilização do poder de compras governamentais<br />
mediante um programa robusto de<br />
licitação sustentável no país.<br />
• Estímulo à produção de bens, produtos e<br />
serviços com menor impacto socioambiental,<br />
de forma a torná-los acessíveis a todas<br />
as pessoas, independentemente do seu poder<br />
aquisitivo.<br />
• Licenciamento ambiental integrado aos demais<br />
instrumentos da política ambiental,<br />
como o Zoneamento Econômico Ecológico<br />
(ZEE) e a Avaliação Ambiental Estratégica<br />
(AAE), como o monitoramento da qualidade<br />
ambiental, entre outros. Adoção da AAE<br />
e utilização do ZEE, em escala adequada,<br />
na concepção dos grandes programas e<br />
projetos governamentais e daqueles financiados<br />
pelo governo, visando à inclusão da<br />
dimensão ambiental no momento em que é<br />
tomada a decisão do investimento.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
256<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
• Aperfeiçoamento do sistema nacional de<br />
licenciamento, com ênfase nas mudanças<br />
introduzidas pela Lei Complementar<br />
140. Eliminar demandas burocráticas e<br />
cartoriais. E, em função da natureza dos<br />
empreendimentos e de seus impactos, clarificar<br />
através do Conama as exigências a<br />
serem atendidas no âmbito dos EIA/Rima e<br />
RAPs (Relatório Ambiental Preliminar).<br />
• Aperfeiçoar mecanismos de acompanhamento<br />
do licenciamento ambiental em<br />
todas as suas etapas, com ênfase no cumprimento<br />
das condicionalidades assumidas<br />
pelos empreendedores.<br />
• Fortalecimento do Sistema Nacional do<br />
Meio Ambiente (Sisnama), com atenção<br />
especial às deficiências dos órgãos federais,<br />
estaduais e municipais de meio ambiente.<br />
• Fortalecimento da sociedade civil voltada<br />
para iniciativas ambientais de mudança do<br />
clima, conservação da biodiversidade, do<br />
bem-estar animal e de desenvolvimento<br />
sustentável.<br />
• Estimular a integração entre órgãos licenciadores<br />
e o Ministério Público, de modo<br />
a diminuir a judicialização dos conflitos.<br />
Conceber novos mecanismos de mediação<br />
de conflitos.<br />
Entre eles, com repercussão mundial, está a<br />
questão dos direitos dos animais, que hoje está<br />
presente em praticamente todos os países.<br />
O consumidor, hoje, exige o atendimento a<br />
certas condições de bem-estar animal que<br />
contemplam métodos éticos no seu abate e<br />
transporte. Políticas públicas claras e compromissos<br />
com esses novos temas representam<br />
postura e visão contemporâneas de cidadania.<br />
Implantaremos uma moderna política de proteção<br />
dos direitos dos animais, em sintonia<br />
com iniciativas em curso no âmbito da sociedade<br />
brasileira e em vários países.<br />
Como exemplo, está o surgimento de uma<br />
nova atividade econômica relativa ao turismo<br />
de observação de espécies, com grande repercussão<br />
para as comunidades locais, como já<br />
acontece no litoral brasileiro, no caso da baleia.<br />
Outras espécies, hoje ameaçadas, a exemplo<br />
dos tubarões, podem estimular um turismo<br />
específico, gerando toda uma economia com<br />
repercussões positivas em toda a cadeia.<br />
▶ Permeabilidade a novos temas<br />
A partir do ano 2000, a comunidade científica<br />
passou a constatar o fenômeno de acidificação<br />
dos oceanos, o que hoje representa a maior<br />
ameaça à vida marinha e às populações que<br />
vivem da pesca. Vamos lidar com esses novos<br />
temas.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
257<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
A URGENTE AGENDA DAS ÁGUAS<br />
A VIDA NA SUA PLENITUDE<br />
A escassez de recursos hídricos para abastecimento<br />
público, para geração de energia elétrica<br />
e irrigação, em algumas regiões, demonstra<br />
que a Política Nacional das Águas e o Sistema<br />
Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos<br />
(SNGRH) por ela desenhado, embora<br />
reconhecidamente moderna e avançada, sofre<br />
com a precariedade e os erros de sua implementação.<br />
Entre eles, destacam-se a inércia<br />
do Conselho Nacional de Recursos Hídricos<br />
(CNRH), a fragilidade institucional do SN-<br />
GRH e a ausência de políticas públicas articuladas<br />
na esfera da Federação para incentivar<br />
a implantação de infraestrutura hídrica de<br />
interesse público, além do precário funcionamento<br />
dos Comitês de Bacias Hidrográficas,<br />
importante mecanismo de gestão colegiada e<br />
participativa a ser tratado com prioridade, especialmente<br />
como instância destinada a definir<br />
a alocação dos recursos hídricos e gerir o<br />
conflito pelo uso da água.<br />
Nesse contexto, não é mais admissível que o<br />
Brasil continue tratando a gestão das águas<br />
com base na equivocada suposição de que<br />
temos abundância de recursos hídricos, cuja<br />
principal consequência é a cultura do desperdício.<br />
Vale lembrar ainda que a disponibilidade<br />
de água no país é desigualmente distribuída,<br />
uma vez que está concentrada na Amazônia,<br />
além de possuir uma área semiárida de quase<br />
um milhão de km², maior do que o território<br />
da França, onde a escassez é crônica.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ O Brasil está vivendo, pela primeira<br />
vez na sua história, o advento de<br />
graves crises de água, de modo que<br />
é necessário que esse tema seja reforçado<br />
na agenda política brasileira.<br />
Isso significa, claramente, o enfrentamento<br />
do problema de uma<br />
perspectiva holística, que permita<br />
mudar a gestão dos nossos recursos<br />
hídricos. Temos já no Brasil uma<br />
legislação que permite um avanço<br />
significativo por meio dos comi-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
258<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
tês de bacia, enquadramento dos<br />
corpos d’água e uma série de outros<br />
instrumentos. A existência da<br />
Agência Nacional de Águas (ANA)<br />
foi um passo importante, e temos<br />
que aproveitar o capital intelectual<br />
que ela possui para avançar na implementação<br />
das políticas públicas.<br />
Atenção especial deve ser dada à<br />
gestão de águas subterrâneas em<br />
conjunto com os estados a quem<br />
cabe, em última instância, a sua responsabilidade.<br />
▶ Estudos importantes mostram<br />
que muitas cidades do mundo têm<br />
o abastecimento de água vinculado<br />
à existência de áreas florestadas.<br />
Por essa razão, entendemos que é<br />
necessário garantir a proteção dessas<br />
áreas por meio da manutenção<br />
ou ampliação de unidades de conservação,<br />
de modo que devemos<br />
estimular a sinergia entre o Sistema<br />
Nacional de Unidades de Conservação<br />
(Snuc) e a Política Nacional de<br />
Recursos Hídricos, garantindo, assim,<br />
a qualidade e a vazão necessária<br />
ao abastecimento de água das<br />
cidades brasileiras.<br />
▶ Hoje, a questão da água está definitivamente<br />
presente na agenda da<br />
sociedade e no meio empresarial,<br />
cabendo ao Governo Federal estabelecer<br />
politicas públicas voltadas à<br />
gestão eficiente desses recursos. O<br />
consumidor tem ciência da escassez<br />
existente em relação à água e,<br />
uma vez portador das informações,<br />
tende a privilegiar bens e serviços<br />
oferecidos com os devidos cuidados.<br />
Por sua vez, na esfera internacional,<br />
o tema adquiriu um peso<br />
estratégico, de modo que o Brasil<br />
deverá exercer liderança para que<br />
a comunidade internacional avance<br />
no tratamento em termos dos<br />
cuidados específicos que devem<br />
ser conferidos ao assunto. É bom<br />
lembrar que a água-doce é considerada,<br />
por importantes entidades<br />
acadêmicas, como um dos grandes<br />
limites do planeta. Destaca-se ainda<br />
a importância da cooperação com<br />
os países vizinhos, com os quais<br />
compartilhamos as grandes bacias<br />
hidrográficas dos Rios Amazonas e<br />
Prata.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
259<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Fortalecimento do Sistema Nacional<br />
de Gerenciamento dos Recursos<br />
Hídricos. Atenção especial deve ser<br />
dada ao impacto do aquecimento<br />
global no ciclo hidrológico, com o<br />
objetivo de estabelecimento de políticas<br />
de adaptação e mitigação em<br />
relação ao risco de desastres naturais,<br />
tais como enchentes, inundações<br />
e grandes deslizamentos.<br />
▶ Estabelecer de metas de redução<br />
de desperdício nas redes públicas<br />
com calendário determinado, com<br />
disponibilização de linhas de crédito<br />
específicas para estimular novas<br />
tecnologias de gestão das redes.<br />
▶ Estímular, em conjunto com estados<br />
e municípios, a implantação de<br />
medidores de consumo individuais.<br />
▶ Editar normas para reúso de água.<br />
▶ Dar atenção especial à Política de<br />
Pagamento por Serviços Ambientais<br />
para os produtores rurais que<br />
conservam vegetação protetora<br />
dos recursos hídricos.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
SUSTENTABILIDADE<br />
CIDADES SUSTENTÁVEIS E MOBILIDADE URBANA<br />
260<br />
NOVOS TEMPOS, NOVOS RUMOS<br />
Cerca de 85% da população brasileira é urbana,<br />
com grande parte vivendo em metrópoles.<br />
A redução da mobilidade urbana nos nossos<br />
grandes centros tem trazido imensos prejuízos<br />
à qualidade de vida, degradando os espaços<br />
públicos, com sérios danos ambientais e, em<br />
consequência, à saúde pública. O Governo<br />
Federal deve exercer um papel transformador<br />
nas políticas e práticas urbanas brasileiras, empregando<br />
um repertório amplo de iniciativas<br />
que estimulem a adoção de abordagens integradoras<br />
e de inovações. Incentivar caminhadas<br />
e o uso da bicicleta para estimular estilos<br />
de vida mais saudáveis. Desenvolver modelos<br />
de “código de obras” e legislação de uso do<br />
solo que contemplem menor uso de energia e<br />
água e ampliação de áreas verdes. Estimular o<br />
teletrabalho, evitando deslocamentos.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ A constatação da realidade urbana<br />
do Brasil exige do poder público<br />
a adoção de uma abordagem<br />
urbanística inovadora: uma visão<br />
holística. Políticas públicas de abastecimento<br />
de água, saneamento<br />
básico, mobilidade, gestão de resíduos,<br />
planejamento urbano, uso do<br />
solo e áreas verdes são interdependentes.<br />
▶ Inegavelmente, há um grande déficit<br />
de serviços públicos em todos<br />
esses setores, o que ficou evidenciado<br />
pelas manifestações de junho<br />
de 2013. Como tornar as cidades<br />
brasileiras mais sustentáveis e resilientes<br />
se torna um dos grandes desafios<br />
dos governantes em todas as<br />
esferas.<br />
▶ Não são mais admissíveis políticas<br />
de estímulo ao transporte individual<br />
para se combater a crise,<br />
quando as mesmas provocam os<br />
enormes congestionamentos nas<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
261<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
cidades brasileiras médias e grandes.<br />
Há necessidade de se resgatar<br />
a perspectiva de longo prazo, cabendo<br />
ao Governo Federal, em articulação<br />
com os estados e municípios,<br />
repensar novas estratégias de<br />
financiamento, com a finalidade de<br />
garantir mecanismos de implementação<br />
das várias legislações que<br />
pesam sobre as cidades.<br />
▶ As exigências contidas nas legislações<br />
devem se tornar instrumentos<br />
eficazes para garantir melhor qualidade<br />
de vida aos cidadãos. Assim,<br />
o Governo Federal articulará, na<br />
sua esfera, ações que assegurem a<br />
efetividade dos planos municipais<br />
de mobilidade urbana, de gestão<br />
de resíduos sólidos, entre outros.<br />
Em relação aos estados, promover<br />
planos metropolitanos, levando em<br />
conta que cabe a eles legislar sobre<br />
essa matéria.<br />
▶ As políticas econômicas vão viabilizar<br />
e estimular claramente políticas<br />
urbanas inovadoras, estimulando<br />
o transporte público sustentável,<br />
o que inclui, entre outras iniciativas,<br />
a adoção de combustíveis renováveis.<br />
E na gestão de resíduos, adotaremos<br />
estímulos tributários para<br />
viabilizar a logística reversa.<br />
▶ No campo climático, as cidades<br />
terão cada vez mais protagonismo.<br />
Por essa razão, as principais cidades<br />
mundiais se organizaram em<br />
torno de uma iniciativa denominada<br />
C 40, com o objetivo de trocar<br />
experiências no campo de mitigação<br />
de GEE e de adaptação às mudanças<br />
do clima.<br />
▶ Recentemente, foi criado o G 27,<br />
reunindo as principais capitais brasileiras,<br />
com o objetivo de se replicar<br />
a ideia do C 40. As oportunidades<br />
de mitigação são inúmeras, mediante<br />
estímulo ao transporte público e<br />
não motorizado, edifícios sustentáveis,<br />
implantação de áreas verdes<br />
para se evitar as ilhas de calor. Por<br />
outro lado, há muito o que se fazer<br />
no campo da adaptação, preparando<br />
as cidades brasileiras para enfrentar<br />
as inundações e enchentes,<br />
a elevação do nível do mar nas cidades<br />
da costa e as ondas de calor.<br />
▶ O papel do Governo Federal é crucial.<br />
Será protagonista na implantação<br />
de políticas públicas de uso de<br />
energias alternativas nas cidades,<br />
possibilitando a venda de excedentes,<br />
além de fixação de padrões rigorosos<br />
de eficiência energética.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
262<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
▶ Um governo compatível com o<br />
mundo em que vivemos deverá estar<br />
aberto a inovações como a internet<br />
das coisas, que certamente terá um<br />
grande impacto na mobilidade pessoal<br />
nas cidades brasileiras. O conceito<br />
de economia criativa – como uma<br />
ideia de desenvolvimento de atividades<br />
econômicas associadas a novas<br />
tecnologias, moda, design, arquitetura,<br />
gastronomia, entretenimento<br />
e turismo – deve ser estimulado nas<br />
estratégias das cidades brasileiras.<br />
▶ O Governo Federal estará aberto<br />
também às novas demandas que<br />
afligem os cidadãos, a exemplo da<br />
poluição sonora em nossas cidades.<br />
Esses temas devem trazer estratégias<br />
de prevenção no campo da<br />
saúde pública, valendo lembrar que<br />
a poluição do ar em muitas cidades<br />
brasileiras faz diminuir a expectativa<br />
de vida e agrava os custos do<br />
Sistema Único de Saúde (SUS).<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Implementar a Política Nacional<br />
de Mobilidade Urbana, priorizando<br />
o transporte público, bem como o<br />
transporte não motorizado nas cidades<br />
brasileiras, tornando-os alternativas<br />
viáveis, seguras e concretas<br />
em relação ao transporte individual.<br />
▶ Buscar uma mobilidade sustentável<br />
para as cidades brasileiras, por<br />
meio da integração dos diversos<br />
modais de transporte público em<br />
operação, pela continuidade e aceleração<br />
das obras em curso, pela<br />
expansão dos atendimentos às regiões<br />
metropolitanas e pelo incentivo<br />
à incorporação de inovações<br />
nas soluções já existentes e a serem<br />
implementadas.<br />
▶ Articular os diversos agentes envolvidos,<br />
no âmbito estadual e municipal,<br />
para aumentar a integração<br />
do transporte urbano com outras<br />
políticas públicas, como o uso do<br />
solo, habitação e meio ambiente,<br />
buscando atender, inclusive, aos<br />
novos conglomerados urbanos.<br />
▶ Apoiar a inovação e a criação de<br />
soluções tecnológicas originais e a<br />
busca de recursos para investimen-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
263<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
tos como parcerias público-privadas<br />
(PPPs) e concessões de operações<br />
urbanas.<br />
▶ Apoiar os estados e municípios na<br />
implantação de centros integrados<br />
de logística, na busca de soluções<br />
para a redução de trânsito de veículos<br />
pesados nos grandes centros<br />
e na implantação de sistemas cicloviários<br />
nas cidades.<br />
▶ Estimular a adoção de políticas<br />
estaduais, metropolitanas e municipais<br />
relativas à mudança do clima,<br />
com ênfase em medidas de mitigação<br />
e adaptação.<br />
▶ Desenvolver novos indicadores de<br />
qualidade de vida, com o objetivo<br />
de orientar ações do poder público<br />
e apoiar os cidadãos na formulação<br />
de suas demandas.<br />
▶ Incentivar os transportes públicos,<br />
principalmente os sobre trilhos, destinando<br />
recursos – inclusive subsidiados<br />
– para obras estruturantes nos<br />
principais centros urbanos.<br />
▶ Incentivar a renovação e a modernização<br />
da frota de trens, metrôs e<br />
ônibus, impondo novos parâmetros<br />
de qualidade. Incentivar a utilização<br />
de veículos com motores híbridos,<br />
movidos a hidrogênio e elétricos,<br />
entre outros.<br />
▶ Incentivar a adoção de horários<br />
variados para jornadas de trabalho,<br />
evitando-se os períodos de rush, e<br />
incentivar a adoção de modalidades<br />
de teletrabalho nas atividades<br />
e/ou setores onde isso for possível,<br />
como forma de reduzir deslocamentos<br />
desnecessários e pressões<br />
adicionais de demanda sobre o setor<br />
de transportes.<br />
▶ Apoiar novos modais alternativos<br />
de transporte, como os sistemas<br />
cicloviários.<br />
▶ Transferir a malha ferroviária metropolitana<br />
de cargas para os estados<br />
– quando as linhas não estiverem<br />
sendo usadas – para a<br />
implantação de projetos de trens<br />
metropolitanos.<br />
▶ Criar marcos regulatórios para o<br />
trânsito em pequenas cidades, com<br />
o objetivo de evitar e melhorar a<br />
gestão dos congestionamentos.<br />
▶ Desenvolver políticas educativas de<br />
trânsito com estados e municípios.<br />
Estabelecer metas conjuntas para a<br />
redução das vítimas de trânsito.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
264<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
▶ Garantir padrões rigorosos de<br />
qualidade do ar dos centros urbanos<br />
brasileiros por meio do fortalecimento<br />
dos programas Proconve e<br />
Promotos, com as atualizações necessárias<br />
de acordo com a Organização<br />
Mundial de Saúde.<br />
▶ Utilizar instrumentos econômicos<br />
para estimular o consumo de combustíveis<br />
mais limpos, com eliminação<br />
acelerada daqueles com maior<br />
teor de enxofre em todo o território<br />
nacional. Ênfase na implantação<br />
dos programas de inspeção e manutenção<br />
veicular em articulação<br />
com estados e municípios.<br />
▶ Estabelecer uma política nacional<br />
de combate à poluição sonora<br />
em articulação com estados e<br />
municípios.<br />
▶ Estimular o monitoramento da<br />
balneabilidade das praias em articulação<br />
com estados e municípios.<br />
▶ Apoiar o mapeamento e a proteção<br />
das áreas suscetíveis à ocorrência<br />
de deslizamentos de grande<br />
impacto, inundações bruscas ou<br />
processos geológicos ou hidrológicos<br />
correlatos, compatibilizando a<br />
política urbana com a Política Nacional<br />
de Proteção e Defesa Civil.<br />
▶ Adotar ferramentas macroeconômicas<br />
– em coordenação com<br />
estados e municípios – que viabilizem<br />
claramente as políticas urbanas<br />
sustentáveis, como o transporte<br />
público, o transporte individual<br />
não motorizado, a construção de<br />
edifícios sustentáveis, a implantação<br />
de áreas verdes para evitar as<br />
ilhas de calor, e o uso de energia<br />
solar e de microturbinas eólicas nas<br />
cidades, possibilitando a venda de<br />
excedentes.<br />
▶ Dar atenção aos serviços ambientais<br />
urbanos como a arborização,<br />
criação e manutenção de parques<br />
urbanos e coleta e reciclagem de lixo.<br />
▶ Apoiar os municípios na implantação<br />
de projetos de gestão de resíduos,<br />
incluindo a coleta seletiva, a<br />
reciclagem e a destinação final ambientalmente<br />
adequada.<br />
▶ Adotar políticas públicas de inclusão<br />
social produtiva dos catadores,<br />
a exemplo do programa Bolsa Recilagem<br />
de Minas Gerais.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
265<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
ENERGIA<br />
ENERGIA LIMPA E AUTOSSUFICIENTE<br />
A energia é parte da infraestrutura do país e<br />
essencial para o crescimento sustentável da<br />
economia.<br />
O Brasil tem fontes diversificadas e abundantes<br />
de energia e, por isso, é fundamental para<br />
o desenvolvimento do setor a definição clara<br />
de uma política energética coerente e harmonizada<br />
com as necessidades do país, que almeja<br />
ocupar e se manter em uma posição de<br />
destaque no cenário internacional.<br />
Nos últimos anos, o modelo energético tem se<br />
sustentado em políticas de controle de preço<br />
para assegurar o controle da inflação.<br />
O governo atual optou pela intervenção direta<br />
nas atividades regulatórias, em vez de planejar<br />
um ciclo virtuoso de energia competitiva e investimentos<br />
no setor.<br />
Desse modo, o bom funcionamento do setor<br />
energético demanda o fortalecimento do tripé:<br />
planejamento, gestão e regulação eficientes.<br />
Daremos importância à produção de petróleo<br />
do Pré-sal, sem prejuízo da expansão das fontes<br />
renováveis de energia, incluindo a retomada<br />
do programa do etanol.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ Definição de uma matriz energética<br />
que contemple as várias fontes<br />
de energia, possibilitando com<br />
isso segurança no fornecimento<br />
de energia, com baixo impacto<br />
ambiental.<br />
▶ Ampliação da participação de fontes<br />
renováveis de energia na matriz<br />
energética brasileira, incluindo-se aí<br />
uma maior penetração da energia<br />
eólica, solar e biomassa, além de<br />
hidrelétricas reversíveis, adaptando-se<br />
algumas usinas hidrelétricas<br />
existentes para esse fim.<br />
▶ Implementação de programas de<br />
eficiência energética, redução de<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
266<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
perda e conservação de energia em<br />
todos os setores. Ênfase no gerenciamento<br />
pelo lado da demanda.<br />
▶ Fortalecimento da governança<br />
das instituições encarregadas da<br />
formulação de políticas, gestão e<br />
regulação do setor.<br />
▶ Redução do risco regulatório no<br />
setor de energia. Regras claras e<br />
duradouras garantem a entrada de<br />
novas empresas, gerando incentivos<br />
para novos investimentos.<br />
▶ Viabilização de novas fontes de<br />
financiamento para o investimento<br />
e expansão do sistema elétrico<br />
brasileiro.<br />
▶ Garantia da participação da sociedade<br />
civil no Conselho Nacional<br />
de Planejamento Energético.<br />
▶ Execução de planejamento energético<br />
coparticipativo com os<br />
estados da Federação.<br />
▶ Recuperação da importância e do<br />
pioneirismo do Brasil na produção<br />
de energia limpa e renovável, com<br />
crescimento da produção e da produtividade,<br />
especialmente em terras<br />
degradadas.<br />
▶ Resgate do papel da Petrobras e<br />
sua valorização como instrumento<br />
vital da política energética brasileira.<br />
▶ Melhoria da governança das empresas<br />
estatais e instituições setoriais<br />
responsáveis pelo tripé planejamento,<br />
gestão e regulação<br />
eficientes.<br />
▶ Estímulo à implantação de mecanismos<br />
de maior profissionalização<br />
nas empresas estatais, mediante<br />
contratos de gestão atrelados a<br />
metas operacionais e financeiras e<br />
estabelecimento de níveis de excelência<br />
em matéria de governança.<br />
▶ Valorização da diversidade de<br />
fontes e das características regionais<br />
na redefinição da matriz energética<br />
brasileira, procurando equilibrar<br />
a busca de autossuficiência<br />
com sustentabilidade.<br />
▶ Implantação de processo que promova<br />
e assegure mais transparência<br />
e previsibilidade na formação de<br />
preços e tarifas no setor de energia.<br />
▶ Garantir que os recursos gerados<br />
pelo Pré-sal sejam efetivamente<br />
usados em políticas de educação e<br />
saúde pública.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
267<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
PROPOSTAS<br />
▶ Garantir segurança energética<br />
com modicidade tarifária.<br />
▶ Exigir, por meio das instituições<br />
responsáveis, a garantia de qualidade<br />
e pontualidade nos investimentos<br />
e, em contrapartida, a garantia<br />
da sua segurança jurídico-regulatória<br />
durante a execução.<br />
▶ Definir de forma clara o papel do<br />
etanol anidro e hidratado na matriz<br />
de combustíveis brasileira e estabelecimento<br />
de metas.<br />
▶ Adotar política tributária que considere<br />
as vantagens ambientais dos<br />
biocombustíveis.<br />
▶ Estabeler um marco regulatório<br />
estável, com regras de longo prazo,<br />
para desenvolvimento do setor sucroalcooleiro.<br />
▶ Realizar políticas públicas capazes<br />
de garantir a previsibilidade do<br />
setor de etanol e biodiesel, de forma<br />
a estimular os investimentos e o<br />
crescimento da produtividade agrícola<br />
e industrial.<br />
▶ Buscar a autossuficiência do Brasil<br />
em petróleo, com atenção especial<br />
à necessidade de promoção da responsabilidade<br />
ambiental por meio<br />
da implementação e do aprimoramento<br />
dos planos e programas de<br />
prevenção e gerenciamento de riscos.<br />
▶ Assegurar a existência de infraestrutura<br />
para enfrentar acidentes, de<br />
modo a permitir atuação imediata<br />
para minimização dos danos.<br />
▶ Estabelecer calendário para leilões<br />
de petróleo e gás natural, tanto<br />
para áreas offshore como onshore.<br />
O calendário de leilões assegura<br />
previsibilidade para que as empresas<br />
se preparem adequadamente e<br />
incluam o Brasil em seus planos de<br />
investimentos.<br />
▶ Implantar planejamento e regulação<br />
do setor de gás natural, de<br />
forma a resgatar a sua importância<br />
como insumo industrial, com vistas<br />
a aumentar a oferta do produto.<br />
▶ Estimular a formação de parcerias<br />
da Petrobras com empresas privadas<br />
do setor de gás natural, o que<br />
permite o mútuo acesso aos dutos<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
268<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
de escoamento e de transporte,<br />
plantas de regaseificação e unidades<br />
de tratamento de gás.<br />
▶ Definir plano para aumentar a<br />
malha de gasodutos para o transporte,<br />
baseado em regras claras e<br />
de mercado.<br />
▶ Criar condições de competitividade<br />
para que o gás natural venha a<br />
se configurar como combustível de<br />
transição para um consumo energético<br />
mais limpo, a exemplo do<br />
que vem ocorrendo em outros países.<br />
▶ Elaborar políticas para o aumento<br />
da cogeração e do uso do Gás<br />
Natural Veicular (GNV), que trará<br />
como vantagem a diminuição das<br />
importações de gasolina.<br />
▶ Incentivar distribuidoras e geradoras<br />
elétricas para instalação de<br />
unidades de geração de energia<br />
distribuída a gás natural e cogeração.<br />
▶ Realizar investimentos em tecnologias<br />
de baixo carbono, com atenção<br />
especial para capacitar o país<br />
a instalar uma indústria fotovoltaica<br />
competitiva.<br />
▶ Incentivar a microgeração distribuída,<br />
de forma a permitir que o<br />
cidadão possa gerar parte de seu<br />
consumo próprio através do uso da<br />
energia solar e eólica.<br />
▶ Elaborar um cronograma para a<br />
realização dos leilões de energia,<br />
contemplando as diversas fontes,<br />
de forma a diversificar a matriz<br />
energética e garantir maior confiabilidade<br />
ao sistema.<br />
▶ Equalizar as regras de incentivos,<br />
subsídios e financiamentos públicos<br />
para as diversas fontes de energia.<br />
Estimular a troca da iluminação<br />
pública por lâmpadas de baixo consumo<br />
energético e menor impacto<br />
na biodiversidade.<br />
▶ Estímular redes inteligentes de<br />
energia.<br />
▶ Investir no desenvolvimento de<br />
tecnologia de ponta para exploração<br />
de petróleo, a fim de assegurar<br />
que a exploração da camada<br />
Pré-sal aconteça de forma eficiente,<br />
progressiva, continuada e segura.<br />
▶ Fortalecer o Procel e o Conpet, visando<br />
dinamizar os programas de<br />
eficiência energética.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
SUSTENTABILIDADE<br />
SUSTENTABILIDADE, MUDANÇAS CLIMÁTICAS,<br />
BIODIVERSIDADE E MEIO AMBIENTE<br />
269<br />
VIDA SOLIDÁRIA<br />
No final do século XX, emergiu no mundo o<br />
conceito de cidadania planetária. Hoje o cidadão<br />
de qualquer parte do mundo está investido<br />
de um conjunto de novos direitos e deveres,<br />
em função das ameaças às condições<br />
de vida no planeta: aquecimento global, diminuição<br />
da camada de ozônio, acidificação dos<br />
oceanos, perda da biodiversidade, menor disponibilidade<br />
de água-doce, poluição química<br />
e aumento do fluxo de nitrogênio e fósforo nos<br />
ecossistemas. Esses direitos e deveres devem<br />
fazer parte da agenda dos governos e da comunidade.<br />
Essa cidadania planetária significa que o cidadão<br />
deve ter condições de bem-estar em<br />
termos concretos, especialmente nas cidades:<br />
respirar ar puro, ter água de qualidade, segurança<br />
pública, saneamento e alimentos saudáveis,<br />
boas condições de mobilidade urbana,<br />
acesso à educação, à saúde, lazer e cultura.<br />
Significa mais solidariedade e mais justiça.<br />
Para tanto, novas estratégias devem ser pactuadas<br />
nas várias esferas, tais como: local, regional,<br />
nacional e supranacional.<br />
Novos instrumentos e métricas devem ser<br />
estabelecidos em complementariedade ao<br />
Produto Interno Bruto (PIB), contemplando<br />
outras dimensões da vida contemporânea dos<br />
cidadãos.<br />
COMPROMISSOS<br />
▶ A alteração significativa de ecossistemas<br />
e a consequente perda de<br />
habitats, associada à caça e pesca<br />
ilegais, afetam negativamente<br />
a fauna terrestre e aquática. Isso<br />
está ocorrendo no Brasil, tornando<br />
necessário revigorar o papel<br />
do Estado na proteção à fauna e à<br />
flora, incluindo uma atuação firme<br />
no combate ao tráfico nacional e<br />
internacional de animais silvestres.<br />
Propomos, assim, uma política na-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
270<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
cional de proteção à fauna silvestre,<br />
incluindo o direito dos animais, de<br />
modo a permitir a implementação<br />
da Lei Complementar 140, de 8 de<br />
dezembro de 2011, apoiando a atuação<br />
dos estados e municípios.<br />
▶ Posição de liderança da Presidência<br />
da República nas questões de<br />
sustentabilidade, visando garantir<br />
um efetivo diálogo horizontal na<br />
esfera federal, com o engajamento<br />
dos estados, municípios, setor empresarial<br />
e a sociedade civil.<br />
▶ Protagonismo na coordenação<br />
e articulação dos atores sociais e<br />
agentes econômicos envolvidos no<br />
desenvolvimento sustentável, em<br />
articulação com estados e municípios,<br />
e papel de vanguarda nos encaminhamentos<br />
dessas questões<br />
na agenda internacional. Especial<br />
atenção à 21ª Conferência das Partes<br />
da Convenção de Mudança do<br />
Clima, a ser realizada em 2015, e<br />
aos desdobramentos daí decorrentes,<br />
bem como ao estabelecimento<br />
dos Objetivos do Desenvolvimento<br />
Sustentável em substituição aos<br />
Objetivos do Milênio. Nessa agenda<br />
internacional, o Brasil deve liderar<br />
iniciativas que protejam os oceanos<br />
e manter o seu papel de conservação<br />
do ambiente antártico, além de<br />
apoiar ostensivamente mudanças<br />
necessárias no Protocolo de Montreal,<br />
que trata da proteção da camada<br />
de ozônio.<br />
▶ Valorização do Fórum Brasileiro<br />
de Mudanças Climáticas como lócus<br />
de discussão da mudança do<br />
clima no âmbito das negociações<br />
internacionais e no plano doméstico.<br />
A Presidência da República<br />
deverá retomar uma participação<br />
ativa no Fórum, de modo que o presidente<br />
possa estabelecer um diálogo<br />
pessoal com outros chefes de<br />
Estado, com o objetivo de alcançar<br />
um acordo global que permita que<br />
o aumento médio da temperatura,<br />
até o fim do século, se mantenha<br />
em no máximo 2 o C.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
271<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
PROPOSTAS<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
▶ Criar uma instância junto à Presidência<br />
da República de modo a<br />
articular horizontalmente todos os<br />
ministérios envolvidos com os tratados<br />
internacionais dos quais o Brasil<br />
é signatário, bem como perante a<br />
Organização Mundial do Comércio,<br />
Organização Internacional do Trabalho,<br />
Organização Mundial de Saúde,<br />
Programa das Nações Unidas<br />
para o Meio Ambiente (Pnuma), Organização<br />
das Nações Unidas para<br />
Agricultura e Alimentação (FAO),<br />
entre outros. Essa instância terá o<br />
papel de monitorar a implementação<br />
dos compromissos adotados<br />
pelo Brasil internacionalmente.<br />
▶ Adotar modelo de governança<br />
matricial, atribuindo responsabilidades<br />
ambientais às instâncias<br />
governamentais encarregadas<br />
das políticas setoriais, com metas<br />
de qualidade ambiental a serem<br />
cumpridas.<br />
▶ Formular políticas públicas para<br />
estimular a transição para uma economia<br />
de baixo carbono, visando<br />
ao enfrentamento do aquecimento<br />
global. Adoção de medidas voltadas<br />
à redução do desmatamento<br />
da Amazônia, do Cerrado e dos<br />
demais biomas e emprego de instrumentos<br />
econômicos que estimulem,<br />
efetivamente, uma agricultura<br />
de baixo carbono, padrões rigorosos<br />
de eficiência energética, de incentivo<br />
a fontes renováveis de energia,<br />
conservação da biodiversidade<br />
e conservação do solo e da água.<br />
BIODIVERSIDADE<br />
▶ Dar atenção especial à efetiva implantação<br />
das Unidades de Conservação<br />
e ampliação das mesmas em<br />
biomas sem proteção adequada,<br />
com atenção especial ao ambiente<br />
marinho, dando cumprimento ao<br />
Plano Estratégico para a Biodiversidade<br />
2011-2020, traçado no ano de<br />
2010, em Nagoya, Japão.<br />
▶ Reconhecer o papel das populações<br />
tradicionais na conservação da<br />
biodiversidade. Valorizar o conhecimento<br />
dessas populações mediante<br />
política e legislação específicas.<br />
▶ Implantar a gestão das Unidades<br />
de Conservação como instrumento<br />
de desenvolvimento regional, com<br />
ênfase na ideia de que são ativos<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
272<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
estratégicos com potencial de geração<br />
de renda, mediante políticas<br />
adequadas de turismo sustentável.<br />
▶ Utilizar parcerias público-privadas<br />
como instrumento eficaz de financiamento<br />
para as Unidades de<br />
Conservação e estímulo a atividades<br />
econômicas no seu entorno.<br />
▶ Desenvolver um programa de formação<br />
de corredores ecológicos<br />
com a utilização do Cadastro Ambiental<br />
Rural (CAR) e do Programa<br />
de Regularização Ambiental (PRA),<br />
de forma a garantir a conectividade<br />
das UCs e áreas com fragmentos<br />
florestais significativos.<br />
▶ Reconhecer que as áreas indígenas<br />
são instrumentos importantes<br />
de conservação dos biomas<br />
brasileiros.<br />
▶ Promover processos de restauração<br />
dos biomas mais afetados<br />
pela ação antrópica, tendo como<br />
foco especial as bacias hidrográficas,<br />
com o objetivo de assegurar<br />
a capacidade de provimento de<br />
serviços ecossistêmicos, a exemplo<br />
do Pacto pela Restauração da<br />
Mata Atlântica firmado entre vários<br />
entes públicos, sociedade civil, comunidade<br />
científica e proprietários<br />
rurais.<br />
▶ Atenção à formação de corredores<br />
ecológicos que permitam a<br />
conectividade entre os vários fragmentos<br />
florestais.<br />
▶ Estabelecer uma política de pagamento<br />
por serviços ambientais,<br />
com o estabelecimento de critérios<br />
de mensuração dos mesmos, em<br />
articulação com as principais experiências<br />
internacionais no âmbito<br />
das Convenções de Biodiversidade,<br />
Clima e Desertificação.<br />
▶ Editar normas específicas sobre<br />
a introdução de espécies invasoras,<br />
bem como fortalecimento das atividades<br />
de fiscalização fitossanitária.<br />
▶ Estabelecer políticas específicas<br />
para os vários biomas brasileiros –<br />
Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado,<br />
Caatinga, Pantanal, Pampas e Zona<br />
Costeira. No caso da Amazônia, fortalecer<br />
a articulação de ações com<br />
os países vizinhos, por meio do Tratado<br />
de Cooperação Amazônica<br />
(TCA), com o objetivo de se elaborar<br />
um grande estudo sobre os<br />
impactos do aquecimento global<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
273<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
sobre a Bacia Amazônica, a exemplo<br />
do que foi feito no Ártico. Esse<br />
bioma requer atenção especial pela<br />
importância que possui no contexto<br />
nacional e internacional.<br />
▶ Estabelecer uma política nacional<br />
de conservação da fauna silvestre<br />
e de proteção dos animais, com o<br />
objetivo de garantir a articulação e<br />
a sinergia entre o Governo Federal<br />
e os governos estaduais.<br />
▶ Estabelecer parcerias com os Órgãos<br />
Estaduais de Meio Ambiente<br />
(Oemas) e a sociedade civil para<br />
monitoramento dos biomas brasileiros,<br />
a exemplo do que é realizado<br />
na Mata Atlântica e no bioma<br />
amazônico.<br />
▶ Apoiar a Plataforma Intergovernamental<br />
sobre Biodiversidade e<br />
Serviços Ecossistêmicos (IPBES)/<br />
Intergovernmental Plataform on<br />
Biodiversity and Ecosystem Services,<br />
pelo fato do Brasil ser um país<br />
megadiverso.<br />
▶ Dar atenção especial ao tema dos<br />
oceanos, promovendo o conhecimento<br />
dos impactos do processo<br />
de acidificação, perda da biodiversidade<br />
e lançamento de resíduos<br />
nos mesmos. No plano internacional,<br />
defender uma política afirmativa<br />
para que os oceanos sejam<br />
priorizados no âmbito dos tratados<br />
internacionais. No plano nacional,<br />
o Governo Federal assumirá uma<br />
liderança efetiva na implantação<br />
de uma política de gerenciamento<br />
costeiro com os estados e municípios,<br />
com o objetivo de promover o<br />
ordenamento sustentável da nossa<br />
zona costeira e promover a restauração<br />
dos ecossistemas marinho-<br />
-costeiros. Nosso governo reafirma<br />
o compromisso do Brasil com a iniciativa<br />
de transformar o Atlântico<br />
Sul em santuário das baleias, visando<br />
à proibição de sua caça.<br />
POLÍTICA FLORESTAL<br />
▶ Implantar uma Política Nacional<br />
de Florestas, com ênfase no estímulo<br />
à recuperação das áreas previstas<br />
no Código Florestal, inscritas no<br />
Cadastro Ambiental Rural (CAR) e<br />
constantes do Programa de Regularização<br />
Ambiental (PRA). Promoção<br />
do manejo florestal sustentável<br />
das florestas tropicais e implantação<br />
de um programa de florestas<br />
plantadas, que deve contemplar a<br />
expansão da indústria de base florestal<br />
e o cultivo de espécies de<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
274<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
madeiras nobres de ciclo longo. Fazer<br />
investimentos em pesquisa de<br />
silvicultura de árvores nativas.<br />
▶ Dar atenção especial às iniciativas<br />
de concessão florestal, utilizando<br />
as florestas públicas e as unidades<br />
de conservação de uso sustentável,<br />
visando valorar economicamente<br />
a floresta em pé e sedentarizar<br />
a atividade econômica madeireira,<br />
reduzindo a oferta de madeira<br />
ilegal, “legal” fraudada e legal não<br />
sustentável.<br />
▶ Estabelecer políticas tributárias<br />
com base na análise do ciclo de<br />
vida dos produtos e desempenho<br />
ambiental, com foco em toda a cadeia<br />
produtiva. Aspectos relativos à<br />
durabilidade e à reparabilidade devem<br />
ser levados em conta.<br />
▶ Incluir critérios de sustentabilidade<br />
nos projetos habitacionais, com<br />
o objetivo de estimular habitações<br />
sustentáveis em termos de conforto<br />
térmico, saúde e segurança dos<br />
materiais, eficiência energética, uso<br />
eficiente e reúso de água, coleta seletiva<br />
e utilização de água de chuva.<br />
Estimular o uso de energia solar<br />
com a utilização de linhas de crédito<br />
específicas.<br />
▶ Incentivar a recuperação de moradias<br />
degradadas nos centros das<br />
cidades ou, onde não for possível,<br />
planejamento da localização preferencial<br />
de novos empreendimentos<br />
em áreas que sejam objeto de<br />
projetos de mobilidade, ou que<br />
disponham de condições de acesso.<br />
Excluir a implantação de novos<br />
projetos habitacionais em áreas<br />
de risco sujeitas a deslizamentos,<br />
enchentes ou inundações, áreas<br />
ambientalmente vulneráveis, portadoras<br />
de mananciais ou com biodiversidade<br />
expressiva.<br />
▶ Implementar Política Nacional de<br />
Resíduos Sólidos na perspectiva de<br />
estimular a economia circular no<br />
Brasil (reciclar, reutilizar e remanufaturar<br />
sempre que possível).<br />
▶ Reconhecer os serviços ambientais<br />
realizados pelos catadores.<br />
▶ Criar estímulos para que os bens<br />
e serviços brasileiros estejam aptos<br />
a atender às certificações existentes<br />
nos países desenvolvidos, de<br />
modo a garantir a competitividade<br />
e o acesso a mercados internacionais.<br />
Apoiar os pequenos produtores,<br />
praticantes da agricultura fa-<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
275<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
miliar, para que possam atender as<br />
certificações.<br />
▶ Garantir o acesso pela internet ao<br />
processo de licenciamento ambiental<br />
em relação aos órgãos integrantes<br />
do Sistema Nacional do Meio<br />
Ambiente (Sisnama).<br />
▶ Incluir variável ambiental e os custos<br />
ambientais de mitigação e compensação<br />
já nas primeiras fases<br />
de análise da viabilidade dos empreendimentos<br />
(projetos e obras)<br />
de infraestrutura. Introduzir avaliação<br />
ambiental estratégica como<br />
elemento facilitador do processo<br />
de decisão desses últimos.<br />
▶ Revisar o atual modelo de licenciamento<br />
ambiental, objetivando a<br />
sua simplificação e eficácia.<br />
▶ Criar um marco regulatório sobre<br />
passivos ambientais com o objetivo<br />
de estimular a sua identificação<br />
e, com isso, definir uma política de<br />
estímulos à sua resolução em um<br />
prazo determinado. Especial ênfase<br />
deve ser dada às áreas contaminadas,<br />
de acordo com as diretrizes já<br />
existentes definidas pelo Conama.<br />
▶ Articular, junto à CVM, a edição de<br />
normas que viabilizem maior transparência<br />
aos acionistas no que tange<br />
ao desempenho socioambiental<br />
e de sustentabilidade das empresas.<br />
▶ Implantar política nacional de<br />
educação ambiental em conjunto<br />
com o Ministério da Educação, bem<br />
como com os estados e municípios.<br />
Atenção especial deve ser dada ao<br />
consumo consciente.<br />
▶ Fortalecer programas de eliminação<br />
de substâncias persistentes,<br />
biocumulativas e tóxicas (PBTs);<br />
compostos orgânicos persistentes<br />
(POPs); substâncias químicas cancerígenas<br />
ou mutagênicas; substâncias<br />
destruidoras do ozônio (ODS);<br />
e mercúrio.<br />
▶ Combater comércio ilegal de animais<br />
silvestres e produtos madeireiros,<br />
enfatizando o papel da cooperação<br />
internacional nessa matéria.<br />
Levando em consideração que o<br />
Brasil é um dos maiores consumidores<br />
de madeira ilegal de floresta<br />
tropical, estabelecer uma força-tarefa<br />
para: a) aprimorar ações de<br />
monitoramento e controle do transporte<br />
e comercialização de madeiras<br />
e das serrarias; b) estabelecer<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE
276<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
mecanismos que vedem aquisição<br />
pelo poder público de madeira sem<br />
origem controlada.<br />
▶ Adotar política de proteção aos<br />
direitos dos animais, em sintonia<br />
com iniciativas em curso na sociedade<br />
brasileira e em vários países.<br />
Atualizar a legislação nacional sobre<br />
o tema, incluindo o fim de testes<br />
com animais em cosmético.<br />
PLANO DE GOVERNO AÉCIO PRESIDENTE