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Narrador – Era uma vez um livro de contos de fadas que vivia na ...

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<strong>Narrador</strong> – <strong>Era</strong> <strong><strong>um</strong>a</strong> <strong>vez</strong> <strong>um</strong> <strong>livro</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong> <strong>que</strong> <strong>vivia</strong> <strong>na</strong> biblioteca<br />

<strong>de</strong> <strong><strong>um</strong>a</strong> escola. Chamava-se Sésamo e o<br />

e o seu maior <strong>de</strong>sejo era conseguir contar<br />

todas as suas histórias até ao fim, por<strong>que</strong><br />

já ninguém o <strong>que</strong>ria ouvir. Precisava <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

encantamento mágico, mas não havia fada<br />

<strong>que</strong> lhe valesse e o tor<strong>na</strong>sse interessante<br />

aos olhos dos h<strong><strong>um</strong>a</strong>nos e dos seus outros colegas <strong>livro</strong>s.<br />

Sésamo – <strong>Era</strong> <strong><strong>um</strong>a</strong> <strong>vez</strong>…<br />

Livro <strong>de</strong> anedotas – <strong>Era</strong> <strong><strong>um</strong>a</strong> <strong>vez</strong> o quê Um príncipe, <strong>um</strong> gigante, <strong><strong>um</strong>a</strong> fada…<br />

Baaahh, sempre as mesmas historinhas da Carochinha! Já ninguém acredita<br />

nisso, Sésamo! Ouve mas é as minhas anedotas, tenho aqui <strong><strong>um</strong>a</strong>s bem giras!<br />

<strong>Narrador</strong> – E o Sésamo quase chorava <strong>de</strong> tristeza por<strong>que</strong> já ninguém <strong>que</strong>ria<br />

saber como per<strong>de</strong>ra a Cin<strong>de</strong>rela o sapatinho ou por <strong>que</strong> motivo se picara a<br />

Bela Adormecida n<strong><strong>um</strong>a</strong> roca.<br />

Os meninos, e até mesmo os <strong>livro</strong>s,<br />

interessavam-se ape<strong>na</strong>s pelos super-heróis<br />

vindos do espaço e pelos tru<strong>que</strong>s das artes<br />

marciais… o mundo da fantasia passara <strong>de</strong><br />

moda.<br />

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<strong>Narrador</strong> – Certo dia, aconteceu <strong><strong>um</strong>a</strong> coisa<br />

muito estranha <strong>na</strong> biblioteca. Todos os<br />

<strong>livro</strong>s diziam uns aos outros coisas patetas,<br />

sem sentido, mentiras sem pés nem<br />

cabeça, e repetiam sem parar:<br />

Livro 1 – Enganei-te, apanhei-te!<br />

Livro 2 – Com <strong><strong>um</strong>a</strong> pinga <strong>de</strong> leite!<br />

<strong>Narrador</strong> – Só mais tar<strong>de</strong> o Sésamo<br />

percebeu <strong>que</strong> era dia 1 <strong>de</strong> Abril, o Dia das<br />

Mentiras. A princípio, ele nem <strong>que</strong>ria<br />

acreditar <strong>que</strong> os h<strong><strong>um</strong>a</strong>nos se lembrassem<br />

<strong>de</strong> celebrar <strong><strong>um</strong>a</strong> coisa tão ruim e gostassem <strong>de</strong> enga<strong>na</strong>r os outros.<br />

Depois, percebeu <strong>que</strong> eram ape<strong>na</strong>s brinca<strong>de</strong>iras <strong>que</strong> tor<strong>na</strong>vam as pessoas<br />

bem-dispostas. Reparou também <strong>que</strong> as mentiras, ao contrário das suas<br />

histórias, eram interessantes,<br />

por<strong>que</strong> todos gostavam <strong>de</strong> as ouvir.<br />

Foi então <strong>que</strong> tomou a <strong>de</strong>cisão mais<br />

importante da sua vida.<br />

Vou contar tudo ao contrário. Se<br />

todos gostam <strong>de</strong> mentiras, tal<strong>vez</strong><br />

achem mais piada às minhas<br />

histórias se elas forem também <strong><strong>um</strong>a</strong><br />

mentira!<br />

E, nesse mesmo dia, à noite, tratou<br />

<strong>de</strong> pôr em prática o seu plano.<br />

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Sésamo – Há muitos poucos anos atrás,<br />

n<strong><strong>um</strong>a</strong> floresta com muito poucas árvores,<br />

n<strong>um</strong> castelo muito pe<strong>que</strong>no e em ruí<strong>na</strong>s,<br />

<strong>na</strong>sceu <strong><strong>um</strong>a</strong> meni<strong>na</strong> <strong>de</strong> cabelo <strong>de</strong>sgrenhado<br />

e pele negra como o carvão. Por causa<br />

<strong>de</strong>ste seu aspecto <strong>de</strong>ram-lhe o nome <strong>de</strong><br />

Negra <strong>de</strong> Carvão e celebraram o seu<br />

<strong>na</strong>scimento com <strong><strong>um</strong>a</strong> gran<strong>de</strong> festa, <strong>que</strong><br />

contou com a presença <strong>de</strong> todos os<br />

habitantes da floresta.<br />

Negra <strong>de</strong> Carvão foi crescendo e tornou-se muito rebel<strong>de</strong>.<br />

Adorava pôr gel no cabelo, pintar os olhos <strong>de</strong> preto e vestir roupas <strong>de</strong> cabedal<br />

<strong>que</strong> lhe davam <strong>um</strong> aspecto feroz. Vaidosa, passava os dias ao espelho e<br />

chegava mesmo a falar com ele:<br />

– Espelho, espelho meu, há alguém mais radical do <strong>que</strong> eu<br />

<strong>Narrador</strong> – Sésamo interrompeu a sua leitura para olhar o público à sua<br />

volta. Todos os <strong>livro</strong>s estavam <strong>de</strong> folhas abertas, muito atentos, a ouvir a sua<br />

história. Pareciam não saber muito bem o<br />

<strong>que</strong> pensar.<br />

Sésamo – Então, amigos, estão a gostar<br />

BD – Mas… mas… essa história está muito<br />

diferente… acho <strong>que</strong> não era bem assim!<br />

Dicionário <strong>de</strong> Inglês – É muito cool!<br />

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<strong>Narrador</strong> – Sésamo estava muito contente,<br />

por<strong>que</strong> o seu plano estava a resultar e<br />

continuou cada <strong>vez</strong> mais entusiasmado.<br />

Nos dias <strong>que</strong> se seguiram, todas as noites,<br />

o Sésamo contou histórias ao contrário.<br />

Até <strong>que</strong>, no terceiro dia do mês, <strong>de</strong>u-se<br />

<strong><strong>um</strong>a</strong> coisa <strong>que</strong> ninguém esperava...<br />

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<strong>Narrador</strong> – <strong>Era</strong> <strong>de</strong> manhã bem cedo e a<br />

biblioteca tinha <strong>um</strong> ar estranho e<br />

misterioso, ainda <strong>um</strong> pouco escura e sem<br />

ninguém. Foi então <strong>que</strong> a enorme porta <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira se abriu, <strong>de</strong>ixando passar a mais<br />

bela meni<strong>na</strong> <strong>que</strong> Sésamo já tinha visto.<br />

Circundava-a <strong><strong>um</strong>a</strong> luz cintilante e trazia,<br />

<strong>na</strong> mão, <strong><strong>um</strong>a</strong> varinha mágica. Para Sésamo,<br />

só podia ser a sua fada-madrinha...<br />

Fi<strong>na</strong>lmente, tinha chegado! Ela aproximouse<br />

<strong>de</strong> Sésamo, retirou-o da estante e, olhando o seu título – Sésamo –, sorriu<br />

encantada.<br />

Fada-madrinha – Abre-te, Sésamo!<br />

<strong>Narrador</strong> – Sésamo obe<strong>de</strong>ceu-lhe, revelando-lhe os seus <strong>contos</strong>-mentiras.<br />

Ao ver o <strong>que</strong> o <strong>livro</strong> tinha feito, ela percebeu <strong>de</strong> imediato o <strong>que</strong> se passava<br />

e <strong>de</strong>cidiu dar-lhe <strong><strong>um</strong>a</strong> lição. Trouxe para a biblioteca os seus sete alunos<br />

pe<strong>que</strong>ninos, <strong>que</strong> estavam ansiosos por ouvir<br />

histórias <strong>de</strong> encantar, e começou a ler.<br />

Os meninos escutavam muito atentamente a<br />

história <strong>de</strong> Negra <strong>de</strong> Carvão <strong>que</strong> a professora<br />

começara a contar.<br />

Mas logo per<strong>de</strong>ram a sua serenida<strong>de</strong> e<br />

contrariaram toda a<strong>que</strong>la história, <strong>que</strong> não era<br />

<strong>na</strong>da do <strong>que</strong> esperavam ouvir.<br />

Aluno 1 – Tem <strong>de</strong> ser “Há muitos e muitos<br />

anos”, não po<strong>de</strong> ser “há poucos anos atrás”,<br />

como diz esse conto.<br />

Aluno 2 – E a heroí<strong>na</strong> é <strong><strong>um</strong>a</strong> princesa branca<br />

como a neve… Isso está tudo ao contrário,<br />

professora. Quem inventou essa história<br />

tão feia<br />

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Fada-madrinha – Calma, calma, vocês têm<br />

razão! Os <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong> não têm tempo,<br />

passaram-se há muitos anos, não sabemos<br />

bem quando. E têm lugares e pessoas<br />

mágicas, muito diferentes das pessoas <strong>de</strong><br />

hoje em dia. São eles <strong>que</strong> nos ensi<strong>na</strong>m o<br />

<strong>que</strong> está certo e <strong>que</strong> o Bem <strong>de</strong>ve sempre<br />

triunfar <strong>na</strong>s nossas vidas.<br />

Aluno 2 – Ensi<strong>na</strong>m-nos a ser bons e a saber<br />

sonhar, não é professora<br />

Fada-madrinha – Sim, é importante ter <strong>um</strong><br />

pouco <strong>de</strong> fantasia <strong>na</strong>s nossas vidas. É por<br />

isso <strong>que</strong> os <strong>contos</strong> <strong>de</strong> <strong>fadas</strong> não <strong>de</strong>vem ser<br />

iguais ao mundo real…<br />

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<strong>Narrador</strong> – Entretanto, todos os <strong>livro</strong>s da<br />

biblioteca ouviam o <strong>que</strong> se estava a passar<br />

e arrependiam-se <strong>de</strong> ter levado Sésamo<br />

a inventar <strong>contos</strong>-mentiras, <strong>que</strong> <strong>na</strong>da<br />

tinham a ver com o mundo da fantasia.<br />

Sésamo estava também pensativo e<br />

percebia agora como tinha sido pateta: é<br />

verda<strong>de</strong> <strong>que</strong> toda a gente já conhecia as<br />

suas velhas histórias, mas só assim elas<br />

tinham valor; davam gran<strong>de</strong>s lições <strong>de</strong><br />

moral e, ao mesmo tempo, eram <strong><strong>um</strong>a</strong> viagem até ao mundo do sonho.<br />

Então, a fada-madrinha <strong>de</strong> Sésamo tocou <strong>na</strong>s suas pági<strong>na</strong>s com a sua varinha<br />

mágica, agora dourada, e todos os seus <strong>contos</strong> voltaram ao <strong>que</strong> eram.<br />

Fada-madrinha – A mentira tem per<strong>na</strong>s curtas, Sésamo. Devemos sempre<br />

dizer a verda<strong>de</strong> e sermos nós próprios. Agora <strong>que</strong> apren<strong>de</strong>ste esta lição,<br />

ensi<strong>na</strong>-a aos outros.<br />

Sésamo – Obrigado, madrinha. Só <strong>um</strong> pedido mais... Queria tanto ser lido<br />

até ao fim e <strong>que</strong> gostassem das minhas<br />

histórias...<br />

Fada-madrinha – Acho <strong>que</strong> os teus amigos<br />

já perceberam <strong>que</strong> os teus <strong>contos</strong> são<br />

importantes...<br />

<strong>Narrador</strong> – E <strong>na</strong> verda<strong>de</strong> todos os <strong>livro</strong>s da<br />

biblioteca começaram a pedir-lhe <strong>que</strong><br />

contasse histórias <strong>de</strong> <strong>fadas</strong>... e assim viveram<br />

felizes para sempre.<br />

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