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Por Andreia Ferreira - Projeto Spurgeon

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A Espada e a Espatula<br />

<strong>Por</strong> Carlos António da Rocha<br />

Johann Sebastian Bach (Eisenach, 21<br />

de março de 1685 — Leipzig, 28 de<br />

julho de 1750). Eisenach foi, bem a<br />

propósito, o seu berço natal. Ali, no<br />

castelo de Wartburg, algum tempo<br />

antes, Lutero havia-se recolhido para traçar<br />

os planos da Reforma. O mesmo espírito que<br />

presidiu à Reforma foi o que deu vida e força<br />

à sua obra: a paixão pelo Cristianismo na sua<br />

pureza primitiva. A grande obra da vida de<br />

Bach foi oferecer-nos uma versão musical do<br />

Cristianismo. Os pintores do Renascimento,<br />

os seus escultores e arquitetos, cuidaram de<br />

fixar o espírito cristão em linhas, cores e volumes.<br />

Bach transformou o Cristianismo em<br />

som. E essa versão é, sem dúvida, a mais fiel,<br />

a mais pura e a mais profunda. Há, entre a<br />

música e o Cristianismo, um parentesco íntimo.<br />

Em ambos o que vale é o que não se vê,<br />

o real é o que está acima dos nossos sentidos.<br />

O Reino de Cristo não é o mundo físico: o seu<br />

domínio começa justamente onde termina a<br />

nossa capacidade de ver, de compreender<br />

e de sentir. O reino de Cristo é uma linguagem<br />

além das palavras, uma escada que nos<br />

liga ao mundo que os nossos pés não podem<br />

atingir, mas onde a nossa alma se sente como<br />

em sua própria pátria. A música no Cristianismo<br />

representa um esforço no sentido do<br />

crente se libertar do frio e imutável silêncio<br />

que o cerca, para entrar em comunhão com<br />

o Seu Criador, Salvador e Senhor, que o acolhe.<br />

A música, como toda linguagem, é uma<br />

criação coletiva, uma convenção geralmente<br />

aceite. Onde cada qual inventa a sua linguagem,<br />

ninguém se entende. Há sempre<br />

uma Torre de Babel no fim de toda a cultura:<br />

o povo que deixa de ter uma linguagem<br />

comum, deixa de ter, também, um mesmo<br />

destino. O Cristianismo foi a grande paixão<br />

do tempo de Bach, e a sua própria. Ele<br />

é protestante no exato sentido de Lutero: o<br />

seu desejo era o regresso à verdadeira doutrina<br />

de Cristo, isenta das adaptações e das<br />

interpretações dos Padres. A sua música fixa<br />

e exalta de tal forma esse sentimento que dá<br />

a impressão de uma longa prece, que sobe<br />

42 | <strong>Projeto</strong> <strong>Spurgeon</strong>

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