30.12.2014 Views

Edição 45 - Instituto de Engenharia

Edição 45 - Instituto de Engenharia

Edição 45 - Instituto de Engenharia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

entrevista<br />

Pratini <strong>de</strong> Moraes – É uma<br />

proposta muito interessante, mas<br />

que peca pelo custo da matéria prima.<br />

Escolher a soja, para fazer biodiesel,<br />

com a soja faltando, que fornece<br />

no máximo 18% ou 21% <strong>de</strong> óleo,<br />

<br />

é viável, se usar óleos vindos do <strong>de</strong>ndê,<br />

por exemplo, porque têm mais <strong>de</strong><br />

50% <strong>de</strong> óleo. É necessário fazer mais<br />

pesquisas. Plantar produtos com alta<br />

produtivida<strong>de</strong>, com teor <strong>de</strong> óleo importante<br />

e que não comprometam a<br />

alimentação do povo.<br />

<br />

Qual a perspectiva que o senhor<br />

enxerga para o preço<br />

dos alimentos daqui pra frente<br />

Pratini <strong>de</strong> Moraes - Nós já<br />

tivemos e vamos ter ainda algumas<br />

reduções. Por enquanto são inexpressivas,<br />

porque existem algumas<br />

bolhas. Por exemplo, a bolha dos<br />

hedge founds investindo em mercadorias,<br />

em mercados futuros, que<br />

está diminuindo. Agora, uma coisa<br />

é certa. Há mais gente comendo no<br />

mundo e a <strong>de</strong>manda vai aumentar.<br />

Os preços dos alimentos não terão<br />

uma queda tão importante, quanto<br />

outros preços industriais. O que<br />

sobre certos aspectos é muito bom<br />

para o Brasil, pois vai po<strong>de</strong>r produzir<br />

mais, exportar mais e aumentar<br />

sua renda por meio do agronegócio e<br />

da ca<strong>de</strong>ia produtiva. É preciso evitar<br />

que estes aumentos <strong>de</strong> preços cheguem<br />

ao consumidor. É necessário<br />

olhar com muita atenção para um<br />

negócio chamado distribuição.<br />

<br />

Os Estados emergentes como<br />

compradores e <strong>de</strong>stinos das<br />

exportações do agronegócio<br />

brasileiro diminuem o impacto<br />

negativo do subsídio dos países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos<br />

Pratini <strong>de</strong> Moraes – Não há a<br />

menor dúvida. O gran<strong>de</strong> mercado do<br />

agronegócio brasileiro são os países<br />

Pratini <strong>de</strong> Moraes<br />

“Os preços dos<br />

alimentos não<br />

terão uma queda<br />

tão importante,<br />

quanto outros<br />

preços industriais.<br />

O que sobre certos<br />

aspectos é muito<br />

bom para o Brasil”<br />

Foto: Olga Vlahou/CartaCapital<br />

emergentes. A Europa, os Estados<br />

Unidos e o Japão são os consumidores<br />

do cafezinho <strong>de</strong> e sobremesa.<br />

Compram café, açúcar, frutas e<br />

compravam cacau. Os emergentes<br />

compram nossa produção <strong>de</strong> soja,<br />

<strong>de</strong> algodão e sucos. O Brasil precisa<br />

<strong>de</strong>senvolver cada vez mais o relacionamento<br />

com estes países, pois estão<br />

crescendo, suas populações têm mais<br />

renda e a primeira coisa que os povos<br />

<strong>de</strong> menor renda fazem é comer melhor.<br />

A tendência é que a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong><br />

alimentos vai seguir aumentando.<br />

<br />

O senhor acredita que vai<br />

faltar comida por causa do<br />

etanol<br />

Pratini <strong>de</strong> Moraes – No Brasil<br />

não. Nos Estados Unidos até po<strong>de</strong>. O<br />

programa <strong>de</strong> álcool brasileiro é consistente,<br />

sob o ponto <strong>de</strong> vista tecnológico,<br />

agronômico e econômico. A lavoura<br />

<strong>de</strong> cana po<strong>de</strong> produzir até 150<br />

toneladas <strong>de</strong> cana por hectare. Nós só<br />

usamos no Brasil 7,4% do território<br />

brasileiro para as culturas anuais e as<br />

permanentes. Somos um dos países<br />

que usa menos terra em relação ao<br />

seu território. Temos muito espaço.<br />

A produtivida<strong>de</strong> da cana é 50 vezes<br />

maior que a soja, por isso a cana é<br />

nômico.<br />

A produtivida<strong>de</strong> do milho é<br />

importante, por hectare, mas é muito<br />

menor também. Além disso, precisa<br />

trazer energia <strong>de</strong> fora e, ao utilizá-lo,<br />

faltará para ração e para alimentação<br />

popular. O programa <strong>de</strong> milho dos<br />

Estados Unidos é, inclusive, uma das<br />

<br />

alimentos no mundo.<br />

Como surgiu este processo in-<br />

<br />

Pratini <strong>de</strong> Moraes – Tem<br />

quatro origens. Primeiro, tem mais<br />

gente comendo. Segundo, durante<br />

décadas, os preços dos alimentos fo-<br />

<br />

subsídios europeus, que mantiveram<br />

os preços baixos, <strong>de</strong>sestimulando<br />

países emergentes a produzir. Terceiro,<br />

o etanol nos Estados Unidos é<br />

<br />

à alimentação mundial. E em quarto<br />

lugar, a presença <strong>de</strong> investidores no<br />

mercado <strong>de</strong> commodities.<br />

IE<br />

<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> Agosto 2008 nº <strong>45</strong> 5<br />

Entrevista.indd 5 25/8/2008 10:20:16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!