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Diretrizes SBD 2013-2014<br />
72<br />
pesquisa para avaliação da função da<br />
célula β pela dosagem do peptídio C e<br />
da detecção de marcadores do processo<br />
autoimune a partir da pesquisa de<br />
autoanticorpos anti-ilhota (anti-GAD,<br />
anti-IA2, ICA e anti-insulina).<br />
Segundo o consenso da Associação<br />
Americana de Diabetes (ADA), deverá<br />
submeter-se à triagem para DM2<br />
na infância toda criança obesa (índice<br />
de massa corporal [IMC] maior que o<br />
percentil 85 para idade e sexo, ou peso<br />
maior que 120% do ideal para estatura)<br />
que apresente dois ou mais dos fatores<br />
de risco a seguir: (1) história familiar<br />
positiva para DM2 em parentes de primeiro<br />
ou segundo grau; (2) grupo<br />
étnico de risco (índios americanos, afroamericanos,<br />
hispânicos, asiáticos/habitantes<br />
de ilhas do pacífico); (3) sinais de<br />
RI ou condições associadas à RI (AN, hipertensão<br />
arterial, dislipidemia, SOP).<br />
A triagem deverá ser realizada, preferentemente,<br />
com a glicemia de jejum, a<br />
cada dois anos, com início após os 10<br />
anos de idade (D). 41<br />
Os níveis para a glicemia de jejum,<br />
com base nos critérios atualmente<br />
adotados para o diagnóstico do DM2,<br />
são os mesmos para adultos ou crianças.<br />
Entretanto, é interessante comunicar<br />
que a classificação, em percentis,<br />
das glicemias de jejum obtidas em um<br />
grupo de 305 crianças e adolescentes<br />
normais da grande São Paulo apenas<br />
5% estão entre 106 e 108 mg/dl (C). 26<br />
Recente consenso foi publicado<br />
pela Academia Americana de Pediatria<br />
(A), 42 no intuito de melhor guiar o tratamento<br />
de pacientes entre 10-18 anos<br />
de idade com diagnóstico de DM2. Tal<br />
consenso foi elaborado com a colaboração<br />
da Associação Americana de Diabetes,<br />
Sociedade de Endocrinologia<br />
Pediátrica, Academia Americana de<br />
Médicos de Família e Academia de Nutrição<br />
e Dieta. Segundo este guideline,<br />
em pacientes jovens, deve-se considerar<br />
o diagnóstico de DM2 típico quando<br />
apresentarem os seguintes critérios:<br />
• Sobrepeso ou obesidade (respectivamente<br />
para sexo e idade com<br />
percentil do IMC ≥ 85-94 e > P95).<br />
• Forte história familiar de DM2.<br />
• Substancial capacidade residual de<br />
secreção de insulina ao diagnóstico<br />
(comprovada por concentração<br />
elevada ou normal de insulina e<br />
peptídeo C).<br />
• Início insidioso da doença.<br />
• Presença de RI (evidência clínica de<br />
SOP e de AN).<br />
• Exclusão de existência de diabetes<br />
autoimune (autoanticorpos tipicamente<br />
associados ao DM1 negativos).<br />
Esses pacientes apresentam<br />
mais comumente presença de hipertensão<br />
e dislipidemia do que<br />
pacientes portadores de DM1.<br />
Tratamento<br />
As metas para o tratamento do DM2 no<br />
jovem não diferem das propostas para<br />
o DM1, como manter o jovem assintomático,<br />
prevenir complicações agudas<br />
e crônicas da hiperglicemia, tentando<br />
alcançar normoglicemia, sem hipoglicemias<br />
frequentes, e manter um ritmo<br />
normal de crescimento e desenvolvimento,<br />
além do controle do peso. Entretanto,<br />
vários são os desafios enfrentados<br />
no tratamento do jovem com<br />
DM2. A natureza insidiosa da síndrome,<br />
o atraso na procura pela assistência<br />
médica e o reconhecimento tardio pelo<br />
pediatra, ainda pouco familiarizado<br />
com a doença, estão entre os fatores<br />
considerados nesse sentido. O adolescente,<br />
quando da eclosão da doença, já<br />
possui um padrão de comportamento<br />
estabelecido em relação à alimentação<br />
e à atividade física. A baixa adesão ao<br />
tratamento decorre da resistência às<br />
mudanças de hábitos, somada às características<br />
próprias da idade e, ainda,<br />
ao fato de esses indivíduos não apresentarem<br />
sintomas.<br />
A importância do envolvimento familiar<br />
no manejo do DM2 na infância<br />
foi demonstrada em um estudo comparando<br />
dois grupos de crianças afroamericanas.<br />
Em um grupo o cuidador<br />
participou ativamente do manejo do<br />
diabetes, enquanto no outro a participação<br />
do cuidador foi aleatória. A supervisão<br />
direta da criança com DM2<br />
teve efeito positivo no controle glicêmico<br />
(B). 43<br />
Outro estudo reforça esse conceito,<br />
mediante avaliação da capacidade<br />
dos pais em treinarem seus filhos a se<br />
alimentarem melhor. Nesse grupo houve<br />
redução significativa do IMC, apesar<br />
de não terem recebido nenhuma orientação<br />
específica sobre dieta ou exercícios,<br />
indicando que a obesidade pediátrica<br />
é um problema do complexo<br />
familiar (C). 44<br />
O ponto fundamental do tratamento<br />
é a modificação do estilo de<br />
vida, incluindo modificações dietéticas<br />
e aumento da atividade física. A dieta<br />
com restrição calórica adequada à idade<br />
melhora a tolerância à glicose e a<br />
sensibilidade insulínica por diminuir a<br />
produção hepática de glicose. O exercício<br />
aumenta a sensibilidade periférica<br />
à insulina por meio da diminuição<br />
da massa gorda.<br />
A dieta sugerida para crianças e<br />
adolescentes deve ser equilibrada e<br />
com restrição calórica orientada para<br />
que a perda ponderal possa ocorrer de<br />
modo gradual. Estudo randomizado<br />
controlado com jovens portadores de<br />
DM2, que foram submetidos a um programa<br />
de perda de peso, mostrou melhora<br />
do HOMA-IR, do percentual de<br />
gordura corporal e do escore z‐IMC em<br />
24 meses (A). 45<br />
Entretanto, devido à dificuldade<br />
de se conseguir bons resultados com