11.01.2015 Views

CRM-PA trabalha a Educação Continuada - Conselho Regional de ...

CRM-PA trabalha a Educação Continuada - Conselho Regional de ...

CRM-PA trabalha a Educação Continuada - Conselho Regional de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

coluna do cfm<br />

Sobre a saú<strong>de</strong> do médico<br />

Dr. Antonio Gonçalves Pinheiro*<br />

C<br />

biopsicossocial<br />

onceituado está pela<br />

OMS que saú<strong>de</strong> é o<br />

ponto <strong>de</strong> equilíbrio<br />

necessário<br />

ao organismo<br />

para o exercício temporal da vida em<br />

sua plenitu<strong>de</strong>, e claro, aí se incluem<br />

<strong>de</strong>ntro dos nossos limites individuais<br />

outros conceitos sobre felicida<strong>de</strong>, satisfação<br />

e po<strong>de</strong>r. Todos estamos eternamente<br />

(enquanto dure, como dizia<br />

o poeta) à procura do Nirvana terreno:<br />

Saú<strong>de</strong>, Paz, Equilíbrio, Beleza,<br />

Fartura etc (e cada vez mais etc). Isto<br />

é o que nos move neste mundo cheio<br />

<strong>de</strong> contradições - Acreditar que o<br />

amanhã seja melhor para nós e para<br />

os que amamos, no olhar mais abrangente<br />

do amar.<br />

Tudo isto tem muito a ver com<br />

a profissão que nós médicos escolhemos,<br />

pois a nós cabe a busca incessante<br />

da saú<strong>de</strong>: Prevenção, Diagnóstico,<br />

Terapêutica e, se possível, a<br />

Cura. Claro que outras corporações<br />

da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> também transitam,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> suas competências, neste<br />

trabalho em prol do mesmo i<strong>de</strong>al,<br />

mas é inegável que a cobrança maior<br />

é ao médico, seja qual for sua especialida<strong>de</strong><br />

ou área <strong>de</strong> atuação. Ele<br />

será sempre o centro das <strong>de</strong>cisões e,<br />

portanto, o alvo nos momentos <strong>de</strong><br />

conflito.<br />

O <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medicina,<br />

em seu planejamento estratégico<br />

pautou para um momento futuro<br />

próximo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um<br />

programa que possa abordar a saú<strong>de</strong><br />

do médico, em vista da recente<br />

constatação em pesquisa própria já<br />

publicada, que o médico, apesar <strong>de</strong><br />

seu conhecimento, treinamento e habilida<strong>de</strong><br />

no campo da saú<strong>de</strong>, pa<strong>de</strong>ce<br />

<strong>de</strong> males <strong>de</strong>vastadores e evitáveis,<br />

alguns <strong>de</strong>les mercê da <strong>de</strong>sgastante<br />

ativida<strong>de</strong> específica profissional.<br />

Além do constante envolvimento<br />

com sentimentos limítrofes como<br />

a dor e a perda há todo um sistema<br />

burocrático paralisante que por vezes<br />

nos transmite um quê <strong>de</strong> impotência<br />

e incompreensão. Some-se a isto os<br />

salários baixos, cargas horárias <strong>de</strong>sgastantes,<br />

procedimentos mal remunerados<br />

e más condições <strong>de</strong> trabalho<br />

e termos um médico constantemente<br />

pressionado e sem expectativas <strong>de</strong><br />

futuro.<br />

Mais recentemente um viés belicoso<br />

nos confronta com nossos pacientes<br />

– as reclamações judiciais,<br />

seja por dano físico ou moral aumentam<br />

em ocorrência e modificam sobremaneira<br />

a secular e básica relação<br />

médico paciente. E aqui é bom ficar<br />

claro que em caso <strong>de</strong> infração ética<br />

ou técnica comprovada faz-se necessário<br />

a competente apuração.<br />

Tudo isto e mais os problemas<br />

inerentes ao dia a dia nos aproximaram<br />

perigosamente da precocida<strong>de</strong><br />

das doenças crônico <strong>de</strong>generativas<br />

e <strong>de</strong> outra alterações orgânicas. Os<br />

médicos hoje adoecem mais, cuidam<br />

pior da sua saú<strong>de</strong> e infelizmente em<br />

alguns casos enveredam por caminhos<br />

sem volta.<br />

Certamente é uma honra ser médico,<br />

há recompensas imateriais importantes<br />

e <strong>de</strong> certo modo po<strong>de</strong>mos<br />

dispor <strong>de</strong> bens e valores materiais<br />

durante nossas carreiras, mas já temos<br />

também como certo <strong>de</strong> que hoje<br />

é mais difícil exercer a medicina do<br />

que já foi ontem, e que pressões <strong>de</strong>ste<br />

conjunto da piora diminuiu nossa saú<strong>de</strong><br />

e nos alerta para um amanhã que<br />

po<strong>de</strong>rá ser sombrio, tanto individualmente<br />

como coletivamente. Depen<strong>de</strong><br />

em parte da efetiva participação <strong>de</strong><br />

todos para uma luta coesa e sem censuras<br />

políticas que nos permita analisar<br />

tudo o que está acontecendo e o<br />

que ainda po<strong>de</strong>rá vir a acontecer.<br />

*Conselheiro no <strong>Conselho</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Medicina-Pará<br />

RESOLUÇÃO CFM n° 1.939/2010<br />

Publicada no D.O.U. <strong>de</strong> 09 <strong>de</strong> fevereiro<br />

<strong>de</strong> 2010, seção I, p. 75)<br />

Proíbe a participação do médico em<br />

promoções relacionadas com o fornecimento<br />

<strong>de</strong> cupons, cartões <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontos<br />

e <strong>de</strong>mais documentos previstos nesta<br />

resolução para a aquisição <strong>de</strong> medicamentos,<br />

e dá outras providências.<br />

O CONSELHO FEDERAL DE ME-<br />

DICINA, no uso das atribuições conferidas<br />

pela Lei n° 3.268, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> setembro<br />

<strong>de</strong> 1957, regulamentada pelo Decreto n°<br />

44.045, <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1958, respectiva<br />

e posteriormente alterados pela Lei nº<br />

11.000, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004, e Decreto<br />

nº 6.821, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2009, e<br />

CONSIDERANDO o disposto contido<br />

no art. 2º e nas atribuições constantes<br />

do art. 15 da Lei nº 3.268/57;<br />

CONSIDERANDO a natureza jurídica<br />

<strong>de</strong> direito público da instituição <strong>Conselho</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medicina, bem como o<br />

munus do qual é dotada;<br />

CONSIDERANDO que a relação médico-paciente<br />

é o alicerce fundamental do<br />

exercício da Medicina, <strong>de</strong>vendo ocorrer<br />

<strong>de</strong> forma autônoma, sem condicionantes<br />

estranhas à mesma;<br />

CONSIDERANDO que a Medicina é<br />

uma profissão a serviço da saú<strong>de</strong> do ser humano<br />

e da coletivida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser exercida<br />

sem discriminação <strong>de</strong> qualquer natureza;<br />

CONSIDERANDO que o médico<br />

não po<strong>de</strong>, em qualquer circunstância ou<br />

sob qualquer pretexto, renunciar à sua liberda<strong>de</strong><br />

profissional, <strong>de</strong>vendo evitar que<br />

quaisquer restrições ou imposições possam<br />

prejudicar a eficácia e correção <strong>de</strong> seu<br />

trabalho;<br />

CONSIDERANDO que a Medicina não<br />

po<strong>de</strong>, em qualquer circunstância ou <strong>de</strong> qualquer<br />

forma, ser exercida como comércio;<br />

CONSIDERANDO que o trabalho do<br />

médico não po<strong>de</strong> ser explorado por terceiros<br />

com objetivos <strong>de</strong> lucro, finalida<strong>de</strong><br />

política ou religiosa;<br />

CONSIDERANDO que é vedado ao<br />

médico exercer a profissão com interação<br />

ou <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> farmácia, laboratório<br />

farmacêutico, ótica ou qualquer organização<br />

<strong>de</strong>stinada à fabricação, manipulação<br />

ou comercialização <strong>de</strong> produto <strong>de</strong> prescrição<br />

médica <strong>de</strong> qualquer natureza;<br />

CONSIDERANDO que é vedado ao<br />

médico obter vantagem pela comercialização<br />

<strong>de</strong> medicamentos, órteses ou próteses<br />

cuja compra <strong>de</strong>corra da influência direta<br />

em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional;<br />

CONSIDERANDO que a prática da<br />

promoção relacionada com o fornecimento<br />

<strong>de</strong> cupons ou cartões <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontos para<br />

a aquisição <strong>de</strong> medicamentos baseia-se na<br />

constituição <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong> dados com informações<br />

clínicas e a consequente estratificação<br />

e qualificação <strong>de</strong> usuários saudáveis<br />

e diagnosticados <strong>de</strong> acordo com o risco;<br />

CONSIDERANDO que a utilização<br />

<strong>de</strong>ssa metodologia caracteriza-se como<br />

prática cujos objetivos são eminentemente<br />

comerciais;<br />

CONSIDERANDO que o médico, ao<br />

se inserir como peça indispensável para<br />

esse tipo <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> vendas da indústria<br />

farmacêutica, exerce a Medicina como<br />

comércio, atuando em interação com o laboratório<br />

farmacêutico;<br />

CONSIDERANDO que ao fornecer<br />

o cupom ou o cartão para <strong>de</strong>scontos, a<strong>de</strong>rindo<br />

às regras da promoção que envolve<br />

a transmissão <strong>de</strong> dados, o médico praticamente<br />

revela o diagnóstico na medida em<br />

que possibilita seu conhecimento por inferência<br />

a partir da prescrição, o que fere o<br />

sigilo profissional;<br />

CONSIDERANDO o disposto no art.<br />

16, do Decreto-Lei nº 20.931/32, alíneas<br />

c, g e h;<br />

CONSIDERANDO que a prática comercial<br />

citada induz ao consumo <strong>de</strong> medicamentos<br />

e a sistematização sem qualquer<br />

critério na utilização <strong>de</strong> medicamentos <strong>de</strong><br />

uso contínuo, visto que, igualmente, há a<br />

indução do paciente a pensar sobre a <strong>de</strong>snecessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> um controle médico periódico<br />

da doença que o acomete;<br />

CONSIDERANDO, finalmente, o <strong>de</strong>cidido<br />

na reunião plenária realizada em 14<br />

<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2010,’’<br />

RESOLVE<br />

Art. 1º É vedado ao médico participar,<br />

direta ou indiretamente, <strong>de</strong> qualquer<br />

espécie <strong>de</strong> promoção relacionada com o<br />

fornecimento <strong>de</strong> cupons ou cartões <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontos<br />

aos pacientes, para a aquisição <strong>de</strong><br />

medicamentos.<br />

Parágrafo único. Inclui-se nessa vedação<br />

o preenchimento <strong>de</strong> qualquer espécie<br />

<strong>de</strong> cadastro, formulário, ficha, cartão<br />

<strong>de</strong> informações ou documentos assemelhados,<br />

em função das promoções mencionadas<br />

no caput <strong>de</strong>ste artigo.<br />

Art. 2º Esta resolução entrará em vigor<br />

na data <strong>de</strong> sua publicação, revogadas<br />

as disposições em contrário.<br />

Brasília-DF, 14 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2010<br />

ROBERTO LUIZ D’AVILA<br />

Presi<strong>de</strong>nte<br />

HENRIQUE BATISTA E SILVA<br />

Secretário-geral<br />

<strong>CRM</strong>-<strong>PA</strong> 4

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!