You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
CapaOK.indd 1 4/4/2008 13:11:33
Expediente<br />
Publicação Ofi cial do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 - Vila Mariana<br />
São Paulo - SP - 04012-180<br />
www.iengenharia.org.br<br />
04 Entrevista<br />
Unica: aíses em <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>vem produzir álcool<br />
21 Cultura<br />
Museu da Língua Portuguesa<br />
Presi<strong>de</strong>nte<br />
E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Administração e Finanças<br />
Camil Eid<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s Técnicas<br />
Paulo Ferreira<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Relações Externas<br />
Ozires Silva<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Assuntos<br />
Internos e Associativos<br />
Dario Rais Lopes<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Administração<br />
da Se<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campo<br />
Permínio Alves Maia <strong>de</strong> Amorim Neto<br />
Conselho Editorial<br />
Presi<strong>de</strong>nte: E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim<br />
João Ernesto Figueiredo<br />
Roberto Kochen<br />
Victor Brecheret Filho<br />
17 <strong>Engenharia</strong><br />
Jornalista Responsável<br />
Viviane Nunes - MTb: 41.631<br />
Redação<br />
Av. Dr. Dante Pazzanese, 120 - Vila Mariana<br />
São Paulo - SP - 04012-180<br />
Tel.: (11) 3466-9200<br />
E-mail: imprensa@iengenharia.org.br<br />
Publicida<strong>de</strong><br />
(11) 3466-9200<br />
Diagramação / Projeto<br />
Alexandre Mazega (Just Layout)<br />
João Vitor V. M. Reis (Just Layout)<br />
Rodrigo Araujo (Just Layout)<br />
Flávio Pavan (Just Layout)<br />
Textos: Viviane Nunes e Fernanda Nagatomi<br />
É permitido o uso <strong>de</strong> reportagens do Jornal do<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que citada a fonte<br />
e comunicado à redação. Os artigos publicados<br />
com assinatura não traduzem necessariamente<br />
a opinião do jornal. Sua publicação obe<strong>de</strong>ce ao<br />
propósito <strong>de</strong> estimular o <strong>de</strong>bate dos problemas<br />
brasileiros e <strong>de</strong> refl etir as diversas tendências<br />
do pensamento contemporâneo.<br />
Indústria do álcool em franco crescimento<br />
EDITORIAL 03<br />
LEITOR 07<br />
OPINIÃO 08<br />
MESA REDONDA 10<br />
DIREITO 12<br />
ECONOMIA 13<br />
14 ARTIGO ESPECIAL<br />
16 ASSOCIADOS<br />
20 CURSOS<br />
22 ACONTECE<br />
23 CRÔNICA<br />
Indice<strong>42</strong>.indd 2 4/4/2008 13:16:30
Palavras do Presi<strong>de</strong>nte<br />
Rio Ma<strong>de</strong>ira:<br />
uma solução precária<br />
Engº. E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim<br />
Presi<strong>de</strong>nte do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Foto: <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Arecente licitação para privatização<br />
da Usina Hidroelétrica<br />
<strong>de</strong> Santo Antonio<br />
no Rio Ma<strong>de</strong>ira coloca<br />
em evidência o processo<br />
bastante danoso, <strong>de</strong> mediocrização<br />
que assola o país, cuja tendência é se<br />
agravar no futuro.<br />
Por pressão dos movimentos sociais<br />
e organizações ambientais fundamentalistas,<br />
o potencial energético do Rio<br />
Ma<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong> outros rios da Amazônia<br />
tem sido <strong>de</strong>sperdiçados por critérios<br />
supostamente preservacionistas, cujos<br />
benefícios, se avaliados <strong>de</strong> forma realista,<br />
não se sustentam.<br />
Toda vez que se constrói um aproveitamento<br />
hidroelétrico cria-se um reservatório<br />
cujas dimensões <strong>de</strong>finirão o benefício<br />
energético que se quer retirar do local.<br />
Assim, tanto a barragem quanto o reservatório<br />
têm algumas funções que são variáveis<br />
<strong>de</strong> projeto: a altura <strong>de</strong> queda que<br />
afeta diretamente a potência do aproveitamento,<br />
o volume útil do reservatório,<br />
cuja função é regularizar a vazão efluente<br />
que promove o aumento da energia firme<br />
do local e dos <strong>de</strong>mais aproveitamentos<br />
à jusante, além <strong>de</strong> armazenar água para<br />
distribuí-la pelos diversos fins em períodos<br />
<strong>de</strong>sfavoráveis.<br />
Em geral, os gran<strong>de</strong>s reservatórios são<br />
projetados nos trechos iniciais dos rios,<br />
pois estes nascem em regiões montanhosas<br />
e não causam inundações muito<br />
extensas. Desta forma, o benefício da regularização<br />
se esten<strong>de</strong>rá por todo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do rio, havendo um ganho<br />
<strong>de</strong> energia em seu aproveitamento total.<br />
Este parâmetro tem que ser confrontado<br />
com os <strong>de</strong>mais critérios e usos<br />
que se possa fazer no local, como<br />
navegação, controle <strong>de</strong> cheias, irrigação,<br />
aspectos ambientais, ocupação<br />
e organização da área, terras indígenas,<br />
Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação, áreas<br />
prioritárias, ecossistemas aquáticos e<br />
terrestres, base econômica, etc.<br />
No caso do Rio Ma<strong>de</strong>ira, o fanatismo<br />
conservacionista utópico, provocou o<br />
abandono da solução mais conveniente.<br />
E o projeto que previa a construção<br />
<strong>de</strong> reservatório com área inundada <strong>de</strong><br />
1550 km², foi abandonado pela construção<br />
<strong>de</strong> duas usinas <strong>de</strong> baixa queda,<br />
UHE Santo Antonio e UHE Jirau, com<br />
243 km², praticamente a fi o d’água.<br />
Na fantasiosa mente dos ambientalistas<br />
brasileiros, as funções <strong>de</strong> reservatório<br />
e regularização foram substituídas<br />
por um maior número <strong>de</strong> turbinas,<br />
que fi carão paradas nas épocas <strong>de</strong><br />
baixa vazão, turbinando-se apenas o<br />
volume <strong>de</strong> água da vazão natural.<br />
Em termos práticos, graças à estupi<strong>de</strong>z<br />
reinante nos gabinetes <strong>de</strong> Brasília,<br />
a energia correspon<strong>de</strong>nte a uma usina<br />
do porte <strong>de</strong> Ilha Solteira, fundamental<br />
para um país que tem vivido os últimos<br />
anos à beira <strong>de</strong> racionamentos por<br />
falta <strong>de</strong> planejamento e gestão a<strong>de</strong>quada<br />
<strong>de</strong> seus recursos naturais, será<br />
<strong>de</strong>sperdiçada em nome da fl oresta.<br />
Ao que parece, para esta pequena<br />
parcela <strong>de</strong> iluminados, o fato <strong>de</strong> esta<br />
energia perdida ter <strong>de</strong> ser produzida<br />
por fontes bem mais caras e poluentes,<br />
como nucleares ou térmicas a<br />
carvão ou gás importado é irrelevante.<br />
Também é irrelevante o impacto na<br />
economia brasileira, ao distorcer nossa<br />
matriz e encarecer bens, serviços e<br />
produtos exportáveis.<br />
Quanto aos risíveis argumentos ambientalistas,<br />
<strong>de</strong> que a redução <strong>de</strong> área<br />
inundada será compensada com preservação<br />
<strong>de</strong> fl oresta, manutenção <strong>de</strong><br />
reserva indígena, ou ativida<strong>de</strong>s exploratórias<br />
reguladas, já se sabe o fi m; serão<br />
perdidos na realida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>smatamento<br />
e ocupação <strong>de</strong>scontrolada da<br />
fl oresta, que tem levado à <strong>de</strong>struição<br />
pura e simples <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s áreas da<br />
Amazônia, complementado pela perda<br />
<strong>de</strong>fi nitiva <strong>de</strong> boa parte do potencial hidroelétrico<br />
brasileiro.<br />
IE<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
3<br />
Presi<strong>de</strong>nte<strong>42</strong>.indd 3 4/4/2008 13:16:58
Entrevista<br />
Unica:<br />
Países em <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>vem produzir álcool<br />
O Jornal do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> participou da entrevista coletiva, promovida<br />
pela Unica (União da Indústria <strong>de</strong> Cana-<strong>de</strong>-açúcar) e Apex-Brasil (Agência<br />
Brasileira <strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong> Exportações e Investimentos). As instituições estão<br />
unindo esforços para promover a imagem do etanol brasileiro <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>açúcar<br />
como energia limpa e renovável no exterior. As duas entida<strong>de</strong>s assinaram<br />
em fevereiro, em São Paulo, um convênio que prevê investimentos<br />
compartilhados no valor <strong>de</strong> R$ 16.456.992,00 até o fi nal <strong>de</strong> 2009. O projeto a<br />
ser <strong>de</strong>senvolvido pela Apex-Brasil e pela Unica compreen<strong>de</strong> a sensibilização e<br />
capacitação da oferta <strong>de</strong> etanol brasileiro, estudos <strong>de</strong> inteligência comercial e,<br />
principalmente, ações <strong>de</strong> promoção comercial e <strong>de</strong> imagem. Os mercadosalvo<br />
são países da América do Norte, Europa e Ásia. O primeiro escritório <strong>de</strong><br />
representação do setor já foi instalado pela Unica nos Estados Unidos, em<br />
Washington - local consi<strong>de</strong>rado estratégico para a atuação junto ao governo<br />
americano e aos formadores <strong>de</strong> opinião. O segundo <strong>de</strong>verá ser instalado em<br />
Bruxelas, Bélgica, e o terceiro em um país do leste asiático, a ser <strong>de</strong>fi nido.<br />
<br />
<br />
Qual é a produção <strong>de</strong><br />
álcool no Mundo<br />
Marcos Sawaya Jank - O Mundo<br />
produz 50 bilhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> álcool.<br />
O mercado global <strong>de</strong> álcool (etanol)<br />
é <strong>de</strong> cinco bilhões <strong>de</strong> litros (incluindo<br />
exportação e importação). Portanto,<br />
o consumo é <strong>de</strong> apenas 10% do que<br />
o Mundo produz. E o Brasil, sozinho,<br />
está produzindo 22 bilhões <strong>de</strong> litros<br />
<strong>de</strong> álcool. O mercado mundial inteiro<br />
não chega a um quarto do que o<br />
Brasil produz.<br />
<br />
Quanto o Brasil exporta<br />
Marcos Sawaya Jank - Em torno<br />
<strong>de</strong> 3,6 bilhões <strong>de</strong> litros.<br />
Quais são os principais<br />
exportadores<br />
Marcos Sawaya Jank - Brasil, com<br />
60%. Já para as importações, Estados<br />
Unidos, em alguns momentos,<br />
principalmente em 2006. Este ano,<br />
os americanos voltam a ser importadores,<br />
por causa do alto preço<br />
do milho; a Suécia, ocasionalmente;<br />
a Índia e alguns países menores. O<br />
mercado é muito volátil. E a maior<br />
parte <strong>de</strong>ste mercado ainda está ligada<br />
a bebidas: álcool <strong>de</strong> cana, para<br />
indústria <strong>de</strong> bebidas e outros usos,<br />
não necessariamente para movimentar<br />
automóveis. Para se ter uma idéia,<br />
todos os bio-combustíveis juntos não<br />
chegam a 1% da produção mundial<br />
<strong>de</strong> fósseis. Dentro dos bio-combustíveis,<br />
o mercado <strong>de</strong> exportação e<br />
importação é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10% da<br />
produção. Portanto, por mais que se<br />
esteja falando <strong>de</strong> álcool no Mundo,<br />
ainda é incipiente. Existe uma contradição,<br />
que enten<strong>de</strong>mos ser quase<br />
inaceitável: pelo fato do mercado <strong>de</strong><br />
combustíveis fósseis ser totalmente<br />
liberalizado no Mundo, comercializase<br />
o que se quer: exportação ou importação.<br />
Mas as pessoas querem<br />
se livrar dos fósseis, porque são<br />
fi nitos, caros e poluentes. A melhor<br />
alternativa existente hoje, que são os<br />
bio-combustíveis e particularmente o<br />
4<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
Entrevista_3pg.indd 4 4/4/2008 13:18:34
Entrevista<br />
“<br />
A idéia da Unica<br />
é que não vai existir<br />
mercado <strong>de</strong> álcool<br />
(exportação e importação)<br />
se não houver produção<br />
e consumo <strong>de</strong> álcool.<br />
O mercado se cria a<br />
partir do momento<br />
em que os países<br />
<strong>de</strong>senvolvem programa<br />
<strong>de</strong> produção e consumo<br />
<strong>de</strong> álcool.<br />
“<br />
Foto: Viviane Nunes<br />
Marcos Sawaya Jank<br />
Presi<strong>de</strong>nte Unica<br />
álcool, ainda são mercados protegidos<br />
e muito pequenos.<br />
<br />
Qual o potencial dos Mercados<br />
da Europa e da Ásia E como<br />
se po<strong>de</strong> aumentar as exportações<br />
<strong>de</strong> álcool do Brasil Qual é a<br />
meta da Unica para 2010<br />
Marcos Sawaya Jank - Justamente<br />
porque o mercado é muito protegido,<br />
na Europa, Estados Unidos e Ásia,<br />
não há uma meta precisa <strong>de</strong> quanto<br />
será incrementado nas nossas exportações.<br />
É muito difícil dizer quanto<br />
vamos ven<strong>de</strong>r em um ano ou dois,<br />
porque <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito <strong>de</strong> se reduzir<br />
o protecionismo. O potencial maior,<br />
em curto prazo, é o mercado norteamericano.<br />
Os Estados Unidos estão<br />
saindo <strong>de</strong> 30 bilhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> álcool<br />
produzido para 140 bilhões, nos<br />
próximos 15 anos. Em 2007, foram<br />
28 bilhões e em 2022 vão chegar a<br />
136 bilhões <strong>de</strong> litros, por causa da<br />
nova lei energética americana. Isto<br />
representa seis vezes o que o Brasil<br />
produz hoje. Po<strong>de</strong> ser um gran<strong>de</strong><br />
mercado, se os americanos abrirem<br />
uma pequena porta para importação<br />
<strong>de</strong> álcool. Esta porta não está<br />
aberta ainda, porque toda a política<br />
“Nós somos<br />
favoráveis a<br />
quaisquer ações<br />
que aumentem a<br />
liqui<strong>de</strong>z e a presença<br />
<strong>de</strong> agentes na<br />
comercialização<br />
<strong>de</strong> álcool.”<br />
norte-americana tem sido <strong>de</strong> incentivar<br />
o álcool <strong>de</strong> milho nos Estados<br />
Unidos e não importar álcool. Ainda<br />
há uma tarifa extremamente alta<br />
imposta ao produto brasileiro, que<br />
precisa ser combatida. O segundo<br />
mercado potencial é a União Européia,<br />
que acaba <strong>de</strong> aprovar a diretiva<br />
européia para bio-combustíveis,<br />
que prevê 10% <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong><br />
combustíveis fósseis por renováveis<br />
até 2020. Enten<strong>de</strong>mos que isto é um<br />
mercado que se constrói, na or<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong> 25 bilhões <strong>de</strong> litros. Hoje está muito<br />
centralizado em poucos países. A<br />
Suécia, por exemplo, é um país que<br />
já optou pelo álcool. Mas há que se<br />
<strong>de</strong>senvolver em outros países. Daí<br />
a idéia <strong>de</strong> trabalhar Espanha, Alemanha,<br />
França, entre outros países<br />
europeus. A Ásia não tem ainda uma<br />
política <strong>de</strong>fi nida, como há na Europa<br />
e Estados Unidos. Mas iniciativas<br />
estão aparecendo. O Japão po<strong>de</strong><br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
5<br />
Entrevista_3pg.indd 5 4/4/2008 13:18:38
Entrevista<br />
ter 7% <strong>de</strong> substituição, a Índia 10%.<br />
Sabemos que a longo e médio prazo,<br />
os gran<strong>de</strong>s mercados serão os<br />
asiáticos, pois é lá que vai crescer o<br />
consumo per capta <strong>de</strong> combustíveis<br />
nos próximos anos.<br />
<br />
A construção <strong>de</strong>stes mercados,<br />
passa pela construção <strong>de</strong> novos<br />
pólos produtores <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>açúcar.<br />
Além do mercado <strong>de</strong> álcool,<br />
abre-se a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços<br />
e tecnologia. Como a Unica vai trabalhar<br />
O que está sendo investido<br />
em termos <strong>de</strong> tecnologia<br />
Marcos Sawaya Jank - A idéia da<br />
Unica é que não vai existir mercado<br />
<strong>de</strong> álcool (exportação e importação)<br />
se não houver produção e consumo<br />
<strong>de</strong> álcool. O mercado se cria a partir<br />
do momento em que os países <strong>de</strong>senvolvem<br />
programa <strong>de</strong> produção e<br />
consumo <strong>de</strong> álcool. Para isto, o Brasil<br />
não po<strong>de</strong> se colocar como único<br />
supridor do mercado mundial. Os<br />
países não vão <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> comprar<br />
petróleo, que é extremamente concentrado<br />
hoje, para comprar álcool<br />
<strong>de</strong> poucas fontes. A Unica apóia o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da produção e do<br />
consumo <strong>de</strong> álcool em todo o Mundo.<br />
Nós enten<strong>de</strong>mos que se o mercado<br />
for liberado a contento, a produção<br />
<strong>de</strong> etanol <strong>de</strong> cana, em países em<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, será uma enorme<br />
oportunida<strong>de</strong> e não uma ameaça,<br />
pois sabemos que o etanol <strong>de</strong> cana é<br />
mais produtivo, eficiente que o <strong>de</strong> milho<br />
ou <strong>de</strong> trigo ou <strong>de</strong> beterraba. Neste<br />
processo, temos que convencer os<br />
países a não só produzir e consumir<br />
bio-combustíveis, mas também comprar<br />
bio-combustíveis, principalmente<br />
dos países em <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Hoje há 20 países, no mundo fóssil,<br />
suprindo 200 países. Só <strong>de</strong> cana, há<br />
96 produzindo. Os países po<strong>de</strong>riam<br />
perfeitamente aumentar sua produção,<br />
principalmente África e América<br />
Latina. O Brasil foi pioneiro não só no<br />
programa <strong>de</strong> álcool, pois tem álcool<br />
distribuído em todos os 36 mil postos<br />
do país, com pelo menos uma bomba<br />
<strong>de</strong>ste combustível. Temos a maior<br />
frota flex do mundo. Em fevereiro, o<br />
consumo <strong>de</strong> álcool foi maior do que<br />
o <strong>de</strong> gasolina. Somos pioneiros e temos<br />
a melhor tecnologia para fazer<br />
açúcar, álcool e bio-eletricida<strong>de</strong>, por<br />
causa das indústrias <strong>de</strong> cal<strong>de</strong>iras,<br />
turbinas, instaladas em São Paulo.<br />
Tudo po<strong>de</strong> ser parte <strong>de</strong>ste projeto.<br />
<br />
Qual a posição da Unica para<br />
a produção <strong>de</strong> açúcar e álcool<br />
para este ano<br />
Marcos Sawaya Jank - Ainda não<br />
temos esta projeção para 2008. Vamos<br />
montar a primeira projeção <strong>de</strong><br />
produção e oferta <strong>de</strong> álcool no final<br />
<strong>de</strong> março. Vamos mostrar que se reduziu<br />
a queima em 2007.<br />
<br />
O que o senhor acha sobre a<br />
venda direta das usinas para<br />
o consumidor, o setor quer esta<br />
aproximação Em especial, o que<br />
o senhor acha da emenda do <strong>de</strong>putado<br />
Men<strong>de</strong>s Thame, (venda direta<br />
da usina <strong>de</strong> álcool hidratado<br />
para os postos reven<strong>de</strong>dores ou<br />
mesmo para os consumidores finais)<br />
com este objetivo<br />
Marcos Sawaya Jank - Este projeto<br />
todo tem a ver com a aproximação<br />
com o consumidor, no sentido consumidor<br />
global. É um passo importante<br />
que o setor dá para estar próximo ao<br />
consumidor final, dos governos, da<br />
mídia, das Ongs. Preten<strong>de</strong>mos, com<br />
este projeto, dialogar muito mais com<br />
o nosso consumidor lá fora. Aqui, o<br />
comercio interno, não é objeto <strong>de</strong>ste<br />
convênio. Mas é obvio que quando temos<br />
85% sendo comercializado aqui,<br />
temos que estudar mecanismos que<br />
permitam que esta comercialização<br />
transcorra <strong>de</strong> maneira mais eficiente.<br />
O que a Unica vê na comercialização<br />
<strong>de</strong> álcool é a adulteração e a sonegação<br />
presentes nos postos <strong>de</strong> combustível.<br />
Então, houve todo um combate<br />
e nós achamos absolutamente necessário,<br />
mas isto por medidas que foram<br />
impostas pela ANP e pelo governo,<br />
causando um certo engessamento<br />
da comercialização <strong>de</strong> álcool. Hoje, a<br />
concentração das compras nas mãos<br />
<strong>de</strong> meia dúzia <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s distribuidoras<br />
ficou muito flagrante. Nós enten<strong>de</strong>mos<br />
que seria importante que houvesse<br />
medidas que aumentassem a<br />
liqui<strong>de</strong>z do mercado <strong>de</strong> álcool. O mercado<br />
<strong>de</strong> álcool é um mercado quase<br />
pré-histórico, comparado com outras<br />
commodities, porque se compra e se<br />
ven<strong>de</strong> álcool hoje pelo preço spot,<br />
não há mercado futuro, não há possibilida<strong>de</strong><br />
dos agentes entrarem fazendo<br />
estoques, porque tem que passar<br />
por algumas companhias; nós não<br />
conseguimos chegar direto ao posto<br />
<strong>de</strong> combustível, portanto gostaríamos<br />
que este mercado tivesse mais liqui<strong>de</strong>z.<br />
Não é só a venda direta a posto,<br />
mas são várias alternativas que estão<br />
sendo colocadas, para que aumente e<br />
liqui<strong>de</strong>z, a presença <strong>de</strong> agentes, para<br />
que o mercado futuro se <strong>de</strong>senvolva,<br />
para que não haja tanta variação <strong>de</strong><br />
preço nos períodos entre safras. Nós<br />
queremos reduzir a volatilida<strong>de</strong> ao<br />
longo do ano, que é muito gran<strong>de</strong>,<br />
porque se produz álcool seis, sete<br />
meses ao ano, consumindo o produto<br />
em doze meses. Então, realmente<br />
precisaria haver um mecanismo para<br />
que outros agentes entrassem e nos<br />
ajudassem a fazer o carregamento<br />
dos estoques. Nós somos favoráveis<br />
a quaisquer ações que aumentem a<br />
liqui<strong>de</strong>z e a presença <strong>de</strong> agentes na<br />
comercialização <strong>de</strong> álcool.<br />
<br />
Então a medida do Men<strong>de</strong>s<br />
Thame é positiva<br />
Marcos Sawaya Jank - É positiva,<br />
assim como outras que estão sendo<br />
colocadas. Achamos que temos<br />
uma chance <strong>de</strong> ouro neste momento<br />
para mudar, <strong>de</strong> vez, os mecanismos<br />
ligados à comercialização <strong>de</strong> álcool.<br />
Como se sabe, há um <strong>de</strong>bate que foi<br />
colocado recentemente, que diz respeito<br />
à medida provisória 413, a taxação<br />
do álcool passa do distribuidor<br />
para o produtor, a taxação do PIS/Cofins.<br />
Então nos <strong>de</strong>bates que vão existir<br />
nos próximos meses, no Governo,<br />
é muito importante que se chegue a<br />
um sistema <strong>de</strong> comercialização mais<br />
eficiente, como ocorre com o açúcar,<br />
com a soja e tantos outros produtos.<br />
Algo que permita a entrada <strong>de</strong> mais<br />
players no mercado, que dê a liqui<strong>de</strong>z,<br />
que vai reduzir a volatilida<strong>de</strong>. A<br />
volatilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preços que existe hoje<br />
é das mais altas que se conhece e<br />
não interessa nem ao produtor, nem<br />
ao consumidor e nem ao governo.<br />
Temos que reduzi-la.<br />
IE<br />
6<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
Entrevista_3pg.indd 6 4/4/2008 13:18:38
Leitor<br />
Impunida<strong>de</strong><br />
Uma das más leis já está prestes a funcionar, <strong>de</strong> forma discriminatória.<br />
Com efeito, a simples leitura dos jornais revela<br />
que idosos e <strong>de</strong>ficientes físicos serão os primeiros motoristas<br />
a terem suas cartas <strong>de</strong> habilitação cassadas, sem nenhum<br />
exame <strong>de</strong> suas respectivas fichas pregressas, no que concerne<br />
a terem dado causa eventual à provocação <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes.<br />
Enquanto isso, irão prosseguir impunes os que trafegam<br />
pelos acostamentos, os que costuram nas estradas<br />
e nas vias urbanas, os motoqueiros que não respeitam as<br />
mas elementares leis <strong>de</strong> circulação, etc., etc.<br />
O que está matando, Sr. Presi<strong>de</strong>nte, é a impunida<strong>de</strong> e<br />
não as restrições que passarão a ser impostas a idosos,<br />
<strong>de</strong>ficientes físicos, diabéticos e outros que, normalmente,<br />
trafegam <strong>de</strong>ntro das leis e com responsabilida<strong>de</strong>.<br />
Engenheiro José Carlos Pellegrino<br />
Membro do CRE, CIPS<br />
Colocações<br />
Parabéns pelos editoriais recentes!! A Classe Tecnológica<br />
precisa mudar sua postura na socieda<strong>de</strong>.<br />
Engenheiro Roberto Lima<br />
Induscon Empreendimentos<br />
Parabéns<br />
No papel <strong>de</strong> engenheiro civil, membro do Conselho<br />
Consultivo do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> e <strong>de</strong>putado fe<strong>de</strong>ral,<br />
quero dar os parabéns pelo artigo “Sobre interesses particulares<br />
e públicos”. Como parlamentar, saúdo a iniciativa<br />
e corroboro com a manifestação contrária ao projeto <strong>de</strong><br />
criação da Obenc. Conte comigo nesta luta!<br />
Arnaldo Jardim<br />
Engenheiro Civil (Poli/Usp), vice-li<strong>de</strong>r do PPS na Câmara Fe<strong>de</strong>ral e<br />
membro do Conselho Consultivo do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Artigo<br />
Parabéns pelo artigo (Espetáculos da <strong>Engenharia</strong>). Seria<br />
ótimo que a imprensa divulgasse.<br />
Engenheiro Marcos Geribello<br />
Atuação<br />
Parabéns por sua atuação à frente do <strong>Instituto</strong>.<br />
Antônio <strong>de</strong> Sousa Ramalho<br />
Presi<strong>de</strong>nte Sintraconsp (Sindicato dos Trabalhadores<br />
nas Indústrias da Construção Civil <strong>de</strong> São Paulo)<br />
Saudações<br />
E<strong>de</strong>mar, parabéns! Você tem coragem mesmo! E... sem<br />
papas na língua! A classe estava precisando disso!<br />
Helena Men<strong>de</strong>s<br />
Motocicletas<br />
Primeiramente, parabéns por sua administração,<br />
nesta sua gestão à frente do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />
principalmente pelas atitu<strong>de</strong>s críticas-constritivas naquilo<br />
que nós engenheiros, obrigatoriamente, <strong>de</strong>veríamos<br />
estar participando, e um bando <strong>de</strong> curiosos<br />
políticos, usando a palavra Gestão, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m irresponsavelmente<br />
sobre coisas que não têm a mesma condição<br />
técnica <strong>de</strong> se opinar!<br />
Lendo seu artigo, concordo plenamente, e me coloco à<br />
disposição, para contribuir e muito, no que tange às motos<br />
no trânsito. Em 1973, eu e mais três colegas <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong>,<br />
fomos treinados pela Motor Honda CO, em pilotagem<br />
com segurança, para que nós <strong>de</strong>pois treinássemos,<br />
os “bentevis”, lembra-se, as policias militares <strong>de</strong> diversos<br />
Estados brasileiros, a Polícia do Exército e o público<br />
geral, naquela época, <strong>de</strong>ntro do Ibirapuera em frente ao<br />
café concerto. Este treinamento necessitava conceitos<br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, por isto fomos contratados como estagiários,<br />
Posso te garantir, se meta<strong>de</strong> do que apren<strong>de</strong>mos, e<br />
principalmente com a responsabilida<strong>de</strong> social dos fabricantes<br />
e “NÃO INTERFERÊNCIA BURRA E IRRESPON-<br />
SÁVEL DO GOVERNO”, ainda po<strong>de</strong>remos sugerir várias<br />
mudanças que irão contribuir e muito para a diminuição<br />
das mortes <strong>de</strong> “motoqueiros” e não <strong>de</strong> “motociclistas” em<br />
nosso trânsito maluco.<br />
Engenheiro L. Fernando Portella<br />
Diretor Intercomsult<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
7<br />
Leitor<strong>42</strong>.indd 7 4/4/2008 13:19:01
Opinião<br />
Pedágio Urbano na<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />
Oproblema da mobilida<strong>de</strong><br />
na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo,<br />
com 38,6 milhões <strong>de</strong><br />
viagens dia, precisa ser<br />
entendido através da<br />
relação entre <strong>de</strong>manda e capacida<strong>de</strong><br />
das vias e da inexistência <strong>de</strong> um<br />
efetivo sistema <strong>de</strong> transporte público<br />
sobre trilhos e ônibus, apesar dos<br />
esforços atualmente <strong>de</strong>senvolvidos<br />
pelo governo para sua ampliação.<br />
É notório o crescimento da frota <strong>de</strong><br />
veículos enquanto o sistema viário<br />
permanece, praticamente, o mesmo.<br />
Como não se po<strong>de</strong> aumentar, rapidamente,<br />
a capacida<strong>de</strong> das ruas,<br />
sobra a alternativa da imposição<br />
<strong>de</strong> restrições à <strong>de</strong>manda, havendo<br />
inúmeras proposições a este respeito:<br />
escalonamento <strong>de</strong> horários,<br />
conforme o tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>, carga<br />
e <strong>de</strong>scarga noturna, proibição <strong>de</strong> estacionamento<br />
junto ao meio fio,<br />
rodízio por final <strong>de</strong> placa etc.<br />
No caso especifi co do pedágio<br />
urbano, que possui vários<br />
<strong>de</strong>fensores, algumas poucas<br />
cida<strong>de</strong>s do mundo o adotaram,<br />
<strong>de</strong>stacando-se Londres com 7,5<br />
milhões <strong>de</strong> habitantes.<br />
Quem lá já esteve sabe da efi -<br />
ciência do seu metrô com 408<br />
km <strong>de</strong> extensão e 274 estações ,<br />
integrado aos trens <strong>de</strong> subúrbio<br />
e às linhas <strong>de</strong> ônibus. Assim, ir<br />
ao centro da cida<strong>de</strong> com automóvel<br />
po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um privilégio<br />
para <strong>de</strong>sfrute pleno <strong>de</strong> conforto, pois<br />
há outras alternativas disponíveis.<br />
Há ainda a ser consi<strong>de</strong>rado que,<br />
na Inglaterra, o nível mediano <strong>de</strong><br />
salário não se diferencia muito dos<br />
valores máximo e mínimo, o que facilita<br />
a fi xação <strong>de</strong> uma tarifa mais<br />
justa sem a penalização excessiva<br />
do motorista.<br />
Estas rápidas consi<strong>de</strong>rações já<br />
mostram as difi culda<strong>de</strong>s da adoção<br />
<strong>de</strong>sta solução no presente estágio<br />
em que se encontra a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />
Paulo, com 11 milhões <strong>de</strong> habitantes<br />
e 57,6 km <strong>de</strong> metrô e 58 estações.<br />
Eng. Nelson M. El-Hage<br />
“Ainda há muito <strong>de</strong>srespeito<br />
e que ganhos po<strong>de</strong>m ser<br />
conseguidos em benefício<br />
do trânsito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />
efi cientemente fi scalizado.”<br />
Assim, não temos ainda opções<br />
razoáveis <strong>de</strong> transporte para oferecer<br />
àqueles que não po<strong>de</strong>m se <strong>de</strong>slocar<br />
com seu veículo, apesar dos<br />
esforços para mo<strong>de</strong>rnização dos<br />
257 km <strong>de</strong> linha da CPTM, construção<br />
<strong>de</strong> nova linha <strong>de</strong> metrô e faixas<br />
exclusivas <strong>de</strong> ônibus.<br />
Por outro lado, <strong>de</strong>ve ser também<br />
consi<strong>de</strong>rado o nosso padrão <strong>de</strong> renda,<br />
que ainda apresenta <strong>de</strong>sníveis<br />
Foto: Viviane Nunes<br />
Nelson M. El-Hage<br />
Ex-presi<strong>de</strong>nte da CET - Companhia <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Tráfego<br />
muito acentuados, com os salários<br />
apresentando gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sníveis por<br />
categoria profi ssional, o que difi culta<br />
a fi xação do preço do pedágio.<br />
Se for um valor elevado, poucos<br />
po<strong>de</strong>rão pagar, ou seja, os mais ricos<br />
terão um privilégio, o que se torna<br />
elitista. Caso ele seja baixo, terá<br />
pouca efi cácia como redutor <strong>de</strong> viagens,<br />
tornando-se mais uma maneira<br />
para o aumento <strong>de</strong> arrecadação<br />
do governo.<br />
É preciso lembrar também que<br />
haverá necessida<strong>de</strong> da implantação<br />
<strong>de</strong> toda a infra-estrutura <strong>de</strong> controles<br />
eletrônicos, cujos custos po<strong>de</strong>riam,<br />
isto sim, serem usados para o aprimoramento<br />
do atual rodízio que, apesar<br />
<strong>de</strong> não ser fiscalizado em todas<br />
as vias <strong>de</strong> sua abrangência, teve 1,4<br />
milhão <strong>de</strong> multas no ano passado,<br />
mostrando que ainda há muito <strong>de</strong>srespeito<br />
e que ganhos po<strong>de</strong>m<br />
ser conseguidos em benefício do<br />
trânsito <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que eficientemente<br />
fiscalizado.<br />
Portanto, antes <strong>de</strong> “copiarmos”<br />
o pedágio urbano <strong>de</strong> outros<br />
países, há outras ações a<br />
serem implementadas em benefício<br />
do trânsito da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
São Paulo.<br />
No caso <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda,<br />
ainda é possível ter algum<br />
ganho com o atual rodízio,<br />
fi scalizando-o através <strong>de</strong> câmeras<br />
fotográfi cas, penalizando efetivamente<br />
os veículos infratores.<br />
Para aumentar a capacida<strong>de</strong> das<br />
vias, <strong>de</strong>ntre varias propostas, <strong>de</strong>stacamos<br />
a implantação <strong>de</strong> mais semáforos<br />
inteligentes e a proibição,<br />
com efetiva fi scalização do estacionamento<br />
em ruas importantes para a<br />
fl ui<strong>de</strong>z do tráfego.<br />
IE<br />
8<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
Opniao<strong>42</strong>.indd 8 4/4/2008 13:19:57
Opinião<br />
Pedágio Urbano:<br />
Solução ou Problema<br />
Tem-se falado muito sobre<br />
a utilização do pedágio<br />
urbano como uma das<br />
possíveis soluções para o<br />
trânsito <strong>de</strong> São Paulo.<br />
Acho que existe muita confusão sobre<br />
o que isso significa <strong>de</strong> fato. Pedágio,<br />
segundo o Dicionário Michaelis da<br />
Língua Portuguesa, é “s.m.: Taxa que<br />
se paga ao governo ou a uma autarquia<br />
para se ter o direito à passagem<br />
por uma estrada, quer por veículos,<br />
quer por pessoas ou gado”.<br />
É uma medida que existe há muito<br />
tempo em rodovias com o objetivo <strong>de</strong><br />
arrecadar valores, <strong>de</strong> quem as utiliza,<br />
para melhoria da infra-estrutura <strong>de</strong>las.<br />
Quando se fala em pedagiar vias<br />
urbanas, o assunto toma outras<br />
proporções, pois os motivos são<br />
bem diferentes.<br />
Objetiva-se dificultar o uso das vias<br />
mais congestionadas por excesso<br />
<strong>de</strong> veículos e muita gente<br />
reage negativamente a essa imposição,<br />
pois acha que já paga<br />
impostos para a manutenção da<br />
infra-estrutura e que não <strong>de</strong>veria<br />
pagar para usá-la.<br />
Na área urbana, um tipo <strong>de</strong><br />
“pedágio” já vendo sendo usado<br />
há muito tempo.<br />
É o conceito <strong>de</strong> estacionamento<br />
rotativo pago: nada mais é do<br />
que um pagamento pela utilização<br />
do espaço público para estacionar<br />
e obrigar sua rotativida<strong>de</strong>,<br />
permitindo que outras pessoas possam<br />
se utilizar do mesmo espaço, <strong>de</strong><br />
maneira <strong>de</strong>mocrática, pagando.<br />
Este conceito já foi bem assimilado<br />
pela população, mas, em contrapartida,<br />
o outro conceito <strong>de</strong> pagamento<br />
do espaço público para circular e<br />
restringir o uso das vias ainda está<br />
em processo <strong>de</strong> discussão entre os<br />
técnicos, aceitação da população e<br />
análise <strong>de</strong> riscos políticos.<br />
Um exemplo <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> pedágio<br />
que, no meu enten<strong>de</strong>r, po<strong>de</strong>ria<br />
ser mais facilmente aceita pela<br />
população, seria no centro <strong>de</strong> São<br />
Arqª. Maria da Penha Pereira Nobre<br />
“Quando se fala em<br />
pedagiar vias urbanas,<br />
o assunto toma outras<br />
proporções, pois<br />
os motivos são<br />
bem diferentes. ”<br />
Paulo que hoje é restrito à circulação<br />
<strong>de</strong> táxis e pessoas autorizadas<br />
por serem proprietários <strong>de</strong> vagas <strong>de</strong><br />
estacionamento ou por motivos <strong>de</strong><br />
dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> locomoção.<br />
A utilização <strong>de</strong> pedágio na região<br />
po<strong>de</strong>ria dar uma maior abertura a<br />
toda a população, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os<br />
usuários pagassem pela circulação<br />
interna à área, não sendo permitido,<br />
<strong>de</strong> qualquer maneira, o estacionamento<br />
nas vias.<br />
Enquanto não tivermos alternativas<br />
viáveis para <strong>de</strong>sestímulo ao uso<br />
do carro particular, com transporte<br />
<strong>de</strong> massa a<strong>de</strong>quado à <strong>de</strong>manda e<br />
políticas públicas integradas para<br />
tratar os problemas <strong>de</strong> trânsito, é<br />
muito difícil à imposição <strong>de</strong> medidas<br />
mais restritivas como o pedágio<br />
urbano, que só seria viável se tivessem<br />
alternativas não pagas para o<br />
<strong>de</strong>slocamento dos veículos.<br />
As medidas para redução dos problemas<br />
que vivemos hoje no trânsito<br />
<strong>de</strong> São Paulo têm que ser tomadas<br />
com base em discussões abrangentes<br />
das políticas públicas que, ao<br />
longo dos anos, foram cada vez mais<br />
sendo tratadas <strong>de</strong> forma isolada.<br />
Hoje em dia, é necessário um<br />
esforço gigantesco para obtenção<br />
<strong>de</strong> melhorias mínimas no<br />
trânsito e, por isso, se já per<strong>de</strong>mos<br />
no século passado “o<br />
bon<strong>de</strong> da história” não agindo<br />
<strong>de</strong> forma integrada no momento<br />
oportuno, acho que <strong>de</strong>vemos<br />
correr atrás do tempo e iniciar já<br />
um processo <strong>de</strong> gestão urbana<br />
que enxergue o todo (trabalho,<br />
moradia, saú<strong>de</strong>, educação, lazer<br />
etc.) e particularize o individual,<br />
pois não dá mais para dissociar<br />
o trânsito das <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> governo<br />
e dos Planos Diretores que <strong>de</strong>finem<br />
o uso do solo das cida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> maneira<br />
a envolver todos as instâncias<br />
governamentais junto a socieda<strong>de</strong>,<br />
procurando obter no futuro melhores<br />
condições <strong>de</strong> vida para quem mora e<br />
trabalha na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. IE<br />
Maria da Penha Pereira Nobre<br />
Arquiteta, urbanista e coor<strong>de</strong>nadora da Divisão Técnica <strong>de</strong> Trânsito do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Foto: Arquivo Pessoal<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
9<br />
Opniao<strong>42</strong>.indd 9 4/4/2008 13:19:58
Mesa Redonda<br />
A Aviação Civil precisa<br />
<strong>de</strong> uma agenda positiva<br />
Éinteressante como o termo<br />
cunhado pela mídia<br />
para <strong>de</strong>screver a crise <strong>de</strong><br />
abastecimento <strong>de</strong> energia<br />
elétrica durante o governo<br />
FHC – o “Apagão” – foi adaptado<br />
para <strong>de</strong>nominar outra crise também<br />
<strong>de</strong>fl agrada pelas <strong>de</strong>fi ciências <strong>de</strong> investimento<br />
em infra-estrutura, gerando<br />
o apelido “Apagão Aéreo”.<br />
Nenhum dos dois apagões teve<br />
a discutível honra <strong>de</strong> ser a primeira<br />
grave crise <strong>de</strong> infra-estrutura do<br />
país, nem <strong>de</strong> ser a primeira a ameaçar<br />
seu <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
O que foi particularmente curioso<br />
no caso Apagão Aéreo foi a forma<br />
inesperada como se instalou, no<br />
rastro <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nte aéreo,<br />
e sua lenta e segura progressão em<br />
direção a um caos cada dia maior.<br />
Com as autorida<strong>de</strong>s paralisadas<br />
entre as disputas trabalhistas dos<br />
controladores e a absoluta falta <strong>de</strong><br />
coor<strong>de</strong>nação entre a Agência Nacional<br />
<strong>de</strong> Aviação Civil (ANAC), o Departamento<br />
<strong>de</strong> Controle do Espaço<br />
Aéreo (DECEA) e a Empresa Brasileira<br />
<strong>de</strong> Infra-Estrutura Aeroportuária<br />
(INFRAERO), a cada dia multiplicavam-se<br />
os confl itos nos aeroportos,<br />
os atrasos e cancelamentos, e os<br />
<strong>de</strong>sentendimentos entre os executivos<br />
governamentais.<br />
Foi necessário que ocorresse<br />
um segundo aci<strong>de</strong>nte, ainda mais<br />
grave que o primeiro, para que o<br />
Governo Fe<strong>de</strong>ral unifi casse o comando<br />
do gerenciamento da crise,<br />
ao que se seguiram medidas<br />
administrativas diversas, que após<br />
6 meses conseguiram fi nalmente<br />
controlar a situação.<br />
É uma lástima, contudo, que as<br />
preocupações governamentais continuem<br />
limitadas às medidas restritivas<br />
<strong>de</strong> tráfego aéreo em algumas<br />
áreas nevrálgicas do país.<br />
Impor limites <strong>de</strong> distância <strong>de</strong> vôos<br />
a partir <strong>de</strong> Congonhas, aumentar as<br />
tarifas <strong>de</strong> permanência dos aviões<br />
nos pátios dos Aeroportos <strong>de</strong> Con-<br />
Eng. Adalberto Febeliano<br />
gonhas e Internacional <strong>de</strong> Guarulhos,<br />
reduzir artifi cialmente o número<br />
<strong>de</strong> vôos por hora no Aeroporto <strong>de</strong><br />
Congonhas <strong>de</strong> 48 para 34, todas são<br />
formas efi cazes <strong>de</strong> diminuir o número<br />
<strong>de</strong> vôos atrasados e cancelados,<br />
pela simples razão <strong>de</strong> que há menos<br />
vôos para se atrasar ou cancelar.<br />
O país precisa mais do que isso<br />
– muito mais. Em 1997 o total <strong>de</strong><br />
passageiros domésticos transportados<br />
foi <strong>de</strong> 23,4 milhões, um número<br />
pálido frente aos 50 milhões transportados<br />
em 2007. Isso leva a uma<br />
taxa <strong>de</strong> crescimento médio anualizada,<br />
nesse período <strong>de</strong> 10 anos, <strong>de</strong><br />
impressionantes 7,9%.<br />
O que houve no Brasil, e que permitiu<br />
esse crescimento elevadíssimo,<br />
foi a <strong>de</strong>sregulamentação da Indústria<br />
<strong>de</strong> Transporte Aéreo, com o Estado<br />
abrindo mão da prerrogativa <strong>de</strong><br />
controlar preços, rotas, freqüências<br />
e aviões operados pelas empresas<br />
aéreas, como <strong>de</strong> resto foi a receita<br />
Adalberto Febeliano<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte executivo da Abag (Associação Brasileira <strong>de</strong> Aviação Geral)<br />
Foto: Petrônio Cinque<br />
seguida em quase todo o mundo.<br />
O fi m da regulamentação governamental<br />
e o acirramento da competição<br />
entre as empresas levaram a<br />
preços menores, estruturas <strong>de</strong> vendas<br />
e <strong>de</strong> distribuição mais efi cientes<br />
e a esquemas <strong>de</strong> fi nanciamento <strong>de</strong><br />
passagens acessíveis às classes<br />
menos favorecidas.<br />
Faltou aos governos <strong>de</strong>sse período,<br />
contudo, a coragem <strong>de</strong> levar a<br />
<strong>de</strong>sregulamentação e o estímulo à<br />
competição também para a área <strong>de</strong><br />
infra-estrutura aeroportuária e aeronáutica,<br />
e hoje é claro o <strong>de</strong>scompasso<br />
entre as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um setor<br />
que cresceu mais <strong>de</strong> 12% ao ano<br />
nos últimos 2 anos e organizações<br />
estatais que precisam da imposição<br />
<strong>de</strong> restrições às operações aéreas<br />
para evitar a continuida<strong>de</strong> da crise.<br />
A socieda<strong>de</strong> brasileira não po<strong>de</strong><br />
mais aceitar essas políticas.<br />
As restrições <strong>de</strong> curto prazo foram<br />
bem vindas, mas é chegada a hora<br />
<strong>de</strong> se passar <strong>de</strong>las para uma agenda<br />
positiva, <strong>de</strong> estímulo ainda maior<br />
à competição entre as empresas aéreas<br />
existentes e que preten<strong>de</strong>m se<br />
instalar no país.<br />
Construção <strong>de</strong> novos aeroportos e<br />
<strong>de</strong> novos terminais <strong>de</strong> passageiros,<br />
reequipamento <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> controle<br />
<strong>de</strong> tráfego aéreo e <strong>de</strong> centros<br />
<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra, e a<br />
aplicação <strong>de</strong> capitais privados sempre<br />
que o Estado brasileiro não tiver<br />
a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento ou a<br />
agilida<strong>de</strong> administrativa necessárias<br />
para agir são as medidas que o setor<br />
hoje clama.<br />
É fi ndo o tempo <strong>de</strong> restringir, e<br />
chegada a hora <strong>de</strong> construir, crescer,<br />
<strong>de</strong>senvolver, gerar empregos e<br />
riquezas.<br />
O Estado não po<strong>de</strong> ser uma âncora<br />
que impeça a Indústria <strong>de</strong> Transporte<br />
Aéreo <strong>de</strong> voar mais alto. IE<br />
10<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
Mesa<strong>42</strong>.indd 10 4/4/2008 13:20:37
Mesa Redonda<br />
Transporte aéreo no Brasil:<br />
oportunida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>safios<br />
Uma discussão objetiva,<br />
como a da mesa redonda<br />
sobre aviação, feita no<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
no último dia 25 <strong>de</strong> fevereiro,<br />
mostra claramente a importância<br />
e o potencial do transporte aéreo<br />
no mundo e, em especial, no Brasil.<br />
Em termos globais, a importância<br />
do transporte aéreo po<strong>de</strong> ser atestada<br />
pelos seguintes fatos:<br />
<br />
dial, o transporte aéreo respon<strong>de</strong><br />
por 40% <strong>de</strong> todo o valor comercial,<br />
embora seja responsável pela movimentação<br />
<strong>de</strong> apenas 1% do peso<br />
total, o que realça a importância<br />
dos aeroportos, que neste século<br />
<strong>de</strong>sempenham o mesmo papel dos<br />
portos no século XIX;<br />
<br />
ros transportados em 2005, com a<br />
perspectiva <strong>de</strong> transportar 4,5 bilhões<br />
em 2025;<br />
<br />
retos na casa dos US$ 3 trilhões;<br />
<br />
uma frota <strong>de</strong> 22 mil aeronaves em<br />
1.670 aeroportos.<br />
No âmbito da América Latina, o<br />
transporte aéreo é responsável por 27<br />
milhões <strong>de</strong> empregos diretos e indiretos<br />
e impactos sócio-econômicos na<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 157 bilhões. Neste contexto,<br />
o mercado brasileiro, o maior da<br />
região, é visto com especial atenção.<br />
No Brasil, entre 1990 e 2006, praticamente<br />
triplicou o número <strong>de</strong> passageiros<br />
embarcados tanto em vôos<br />
domésticos (<strong>de</strong> 15 para 45 milhões)<br />
como internacionais (4 para 12 milhões<br />
<strong>de</strong> passageiros embarcados).<br />
Ressalte-se que, no segmento internacional,<br />
reduziu-se significativamente a<br />
participação <strong>de</strong> empresas brasileiras<br />
- em 1990, meta<strong>de</strong> dos passageiros<br />
internacionais embarcados no Brasil<br />
fez uso <strong>de</strong> empresas nacionais, participação<br />
da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 35% em 2006,<br />
como conseqüência da interrupção<br />
das operações da Varig.<br />
O caso Varig teve refl exos tam-<br />
Eng. Dario Rais Lopes<br />
bém no mercado nacional, que hoje<br />
<br />
GOL, responsável por 90 % do mercado,<br />
cenário propício à geração <strong>de</strong><br />
barreiras à entrada <strong>de</strong> novos operadores,<br />
com os impactos <strong>de</strong>correntes<br />
da redução da competição.<br />
Apesar <strong>de</strong>stes problemas, o mercado<br />
brasileiro <strong>de</strong> transporte aéreo<br />
ainda exibe um enorme potencial.<br />
A análise da propensão a viajar<br />
por avião, feita pelo cruzamento da<br />
renda per capita com o número <strong>de</strong><br />
viagens per capita, aponta o Brasil,<br />
assim como outros países da Améri-<br />
<br />
numa posição em que um pequeno<br />
incremento na renda per capita po<strong>de</strong><br />
se traduzir em um signifi cativo aumento<br />
no número anual <strong>de</strong> viagens<br />
aéreas per capita. A consolidação<br />
da estabilida<strong>de</strong> econômica e a continuida<strong>de</strong><br />
do crescimento garantem<br />
a concretização <strong>de</strong>ste potencial.<br />
Não é outro o motivo do recente<br />
início <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> mais uma<br />
Dario Rais Lopes<br />
Vice-presi<strong>de</strong>nte do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
Foto: Petrônio Cinque<br />
empresa (FLEX), bem como da movimentação<br />
do empreen<strong>de</strong>dor David<br />
Neelman, da Web Jet, no sentido <strong>de</strong><br />
viabilizar uma nova empresa doméstica,<br />
com aviões da Embraer.<br />
Consensualmente, as discussões da<br />
mesa redonda indicaram que a superação<br />
dos problemas e a concretização<br />
do potencial e oportunida<strong>de</strong>s expostos<br />
requerem ações <strong>de</strong> três naturezas:<br />
<br />
ressante divergência sobre a possibilida<strong>de</strong><br />
e conveniência do aproveitamento<br />
do atual CBA - Código<br />
Brasileiro <strong>de</strong> Aeronáutica, mas com<br />
um consenso: in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> se<br />
utilizar como referência a legislação<br />
existente está clara a necessida<strong>de</strong><br />
(e urgência) em se estabelecer um<br />
marco regulatório consistente e mo<strong>de</strong>rno<br />
para o setor, focado prioritariamente<br />
nas questões operacionais,<br />
com um interesse secundário na regulação<br />
econômica;<br />
<br />
tuária, buscando a individualização<br />
(ou ao menos a redução do tamanho<br />
das atuais re<strong>de</strong>s) na administração<br />
dos aeroportos e uma maior e efetiva<br />
participação da iniciativa privada;<br />
3. Desenvolvimento <strong>de</strong> uma “engenharia<br />
institucional”, formatando as<br />
bases <strong>de</strong> um relacionamento entre o<br />
órgão regulador e os <strong>de</strong>mais componentes<br />
do sistema através <strong>de</strong> uma visão<br />
sistêmica e integrada, resultando<br />
em políticas <strong>de</strong> longo prazo que consi<strong>de</strong>rem<br />
as especificida<strong>de</strong>s do modo, as<br />
características <strong>de</strong> toda ca<strong>de</strong>ia produtiva<br />
(e sua inter<strong>de</strong>pendência com outros<br />
segmentos do setor produtivo), além<br />
das diferenças geopolíticas do país.<br />
Em relação a este último item, um<br />
importante <strong>de</strong>sdobramento da mesa<br />
redonda é anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discussão<br />
do papel dos engenheiros neste<br />
processo, tema que será objeto <strong>de</strong> um<br />
seminário específico que estamos planejando<br />
para o próximo mês.<br />
IE<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
11<br />
Mesa<strong>42</strong>.indd 11 4/4/2008 13:20:38
Direito<br />
Características do equilíbrio<br />
econômico-financeiro<br />
Os contratos <strong>de</strong> engenharia<br />
e construção são<br />
conhecidos pela sua<br />
complexida<strong>de</strong>, pelo seu<br />
longo prazo e, merecidamente<br />
ou não, pelo gran<strong>de</strong> número<br />
<strong>de</strong> disputas e controvérsias nas quais<br />
se envolvem suas partes, empresas<br />
<strong>de</strong> engenharia, empreiteiras, governo<br />
e fi nanciadores. A enorme maioria<br />
<strong>de</strong>stas disputas, no entanto, não chega<br />
ao Judiciário e, mesmo que o mecanismo<br />
<strong>de</strong> resolução fi nal seja por<br />
excelência a arbitragem, os famosos<br />
pleitos ocorrem também com tal freqüência<br />
que po<strong>de</strong>m até mesmo ser<br />
consi<strong>de</strong>rados como um mecanismo<br />
corrente <strong>de</strong> ajuste contratual.<br />
Tais pleitos, resultantes <strong>de</strong> alterações<br />
<strong>de</strong> escopo, <strong>de</strong> prazo, <strong>de</strong> preço<br />
e outras têm fundamento em alguns<br />
conceitos jurídicos centrais, <strong>de</strong>ntre os<br />
quais um dos principais e mais utilizados<br />
é o princípio da manutenção<br />
do equilíbrio econômico-fi nanceiro.<br />
O conceito <strong>de</strong> Equilíbrio Econômico-Financeiro,<br />
já clássico do direito,<br />
nasce da idéia <strong>de</strong> que as partes que<br />
entram em um contrato o fazem sabendo<br />
dos seus custos e dos seus<br />
ganhos, reais ou potenciais, <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> certos limites, constituindo-se<br />
então uma equação econômicofi<br />
nanceira que exprime os custos e<br />
benefícios que cada parte obtém assinando<br />
tal contrato. Nos contratos<br />
continuados, cuja execução se prolonga<br />
no tempo, os custos e benefícios<br />
po<strong>de</strong>m até mudar, mas a manutenção<br />
do equilíbrio entre estes,<br />
entre as prestações e contraprestações<br />
das partes, é fundamental.<br />
Assim sendo, as alterações excessivas<br />
e imprevisíveis nesta relação <strong>de</strong><br />
equilíbrio <strong>de</strong>vem ser analisadas pelas<br />
partes para que, <strong>de</strong> comum acordo,<br />
busquem uma forma <strong>de</strong> sanar tal <strong>de</strong>sequilíbrio,<br />
renegociando ou rescindindo<br />
o contrato, segundo facultado<br />
pelos artigos 478/479 do Código Civil<br />
Fabio Alves Moura<br />
Brasileiro, pois que sem este equilíbrio<br />
torna-se excessivamente danoso para<br />
uma das partes.<br />
Para que seja então discutido e<br />
analisado a manutenção do equilíbrio<br />
econômico-fi nanceiro, além <strong>de</strong> uma<br />
documentação probatória a<strong>de</strong>quada<br />
capaz <strong>de</strong> provar a real alteração<br />
<strong>de</strong> tal equilíbrio, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar<br />
dois pontos essenciais na origem do<br />
<strong>de</strong>sequilíbrio, quais sejam: ele precisa<br />
ter sido causado por um fato<br />
imprevisível e exterior à vonta<strong>de</strong> das<br />
partes contratantes.<br />
A exteriorida<strong>de</strong> da causa do ato é<br />
evi<strong>de</strong>ntemente um fator necessário,<br />
pois como já estabelece o famoso<br />
brocado jurídico, “a ninguém é dado<br />
beneficiar-se <strong>de</strong> sua própria torpeza”,<br />
o que quer dizer que tendo uma das<br />
partes dado causa à situação que<br />
alterou o equilíbrio do contrato, como<br />
por exemplo a parte que contrata mais<br />
funcionários do que o necessário, gerando,<br />
além <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra ociosa,<br />
um custo que po<strong>de</strong> ser muito maior do<br />
que o inicialmente previsto, e por con-<br />
Foto: Arquivo Pessoal<br />
seguinte um <strong>de</strong>sequilíbrio econômico<br />
financeiro do contrato. A esta parte do<br />
contrato é claro que não é dado o direito<br />
<strong>de</strong> resolver o contrato ou pleitear<br />
uma revisão dos valores do mesmo por<br />
<strong>de</strong>sequilíbrio econômico-financeiro.<br />
O outro ponto, a imprevisibilida<strong>de</strong><br />
do evento causador do <strong>de</strong>sequilíbrio,<br />
é mais sutil, pois que <strong>de</strong>ve a parte <strong>de</strong>monstrar<br />
que não po<strong>de</strong>ria prever tal<br />
evento e, por conseguinte, tentar proteger-se<br />
contra o mesmo; é a chamada<br />
Teoria da Imprevisão. Nesse ponto, o<br />
conceito <strong>de</strong> manutenção do equilíbrio<br />
econômico-financeiro parece conflitar<br />
com a idéia <strong>de</strong> risco do negócio,<br />
mas tal não ocorre, pois só po<strong>de</strong>m se<br />
beneficiar da teoria da imprevisão os<br />
fatos que forem claramente imprevisíveis<br />
quando da assinatura do contrato,<br />
tanto pela sua simples ocorrência,<br />
quanto na sua quantida<strong>de</strong>, como no<br />
caso do regime pluviométrico: se as<br />
chuvas forem muito mais intensas do<br />
que nos anos anteriores isso po<strong>de</strong><br />
caracterizar um fato imprevisível, ou<br />
mesmo previsível, porém com conseqüência<br />
imprevisível.<br />
Finalmente, importante ressaltar<br />
que, embora o artigo 478 do nosso<br />
Código Civil faculte às partes resolver<br />
o contrato em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> onerosida<strong>de</strong><br />
excessiva, o que nada mais é do que<br />
a manifestação mais clara da quebra<br />
do equilíbrio econômico-financeiro do<br />
contrato, as partes têm ainda a obrigação<br />
<strong>de</strong> renegociar o mesmo antes<br />
<strong>de</strong> rescindi-lo, uma vez que, além do<br />
princípio da boa-fé, o Código Civil atual,<br />
<strong>de</strong> 2002, estabelece o conceito <strong>de</strong><br />
função social do contrato, segundo o<br />
qual os contratos tem uma função social<br />
– por promover o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do país, gerar empregos e etc – e por<br />
isso, conclui a doutrina, as partes <strong>de</strong>vem<br />
esforçar-se para mantê-lo. IE<br />
Fabio Alves Moura<br />
Advogado associado à Emerenciano, Baggio e Associados - Advogados e pesquisador da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris sobre<br />
Infra-Estrutura na América Latina.<br />
12<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
Direito<strong>42</strong>.indd 12 4/4/2008 13:20:58
Economia<br />
Que tal acabar<br />
com o IRPF<br />
Aclasse média brasileira<br />
tem sido o estrato social<br />
mais prejudicado<br />
pela política econômica<br />
nos últimos 10 anos.<br />
Esse grupo vem sendo penalizado<br />
fortemente em função <strong>de</strong> ações<br />
que benefi ciaram as camadas <strong>de</strong><br />
renda baixa e alta.<br />
A política econômica tem benefi -<br />
ciado os mais pobres por conta <strong>de</strong><br />
ações redistributivista e os mais ricos<br />
por causa dos elevados juros.<br />
A ampliação dos programas na área<br />
da segurida<strong>de</strong> e os ganhos expressivos<br />
dos rentistas e proprietários <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>s negócios foram fatores que<br />
transferiram renda para esses<br />
estratos sociais.<br />
Essa transferência <strong>de</strong> renda<br />
para o topo e para a base da<br />
pirâmi<strong>de</strong> exerceu forte pressão<br />
sobre o orçamento público e a<br />
classe média está tendo que<br />
pagar a conta. Há estimativas<br />
que apontam que os impostos<br />
abocanham cerca da meta<strong>de</strong><br />
da renda <strong>de</strong>sse grupo. É um elevado<br />
ônus composto por tributos sobre<br />
patrimônio (IPTU e IPVA), sobre<br />
o consumo (ICMS, PIS/Cofi ns, ISS,<br />
etc) e renda (IRPF).<br />
O atual governo, acertadamente,<br />
<strong>de</strong>senvolveu uma política que resgatou<br />
um expressivo contingente social<br />
que vivia em condições <strong>de</strong> pobreza<br />
e miséria. Porém, isso não po<strong>de</strong> continuar<br />
sendo praticado às custas do<br />
empobrecimento da classe média.<br />
Chegou o momento <strong>de</strong> aliviar o<br />
peso dos impostos para a classe<br />
média. Afi nal, esse estrato representa<br />
um dos pilares do <strong>de</strong>senvolvimento<br />
econômico e, como tal, não<br />
<strong>de</strong>veria ser castigado como vem<br />
ocorrendo no Brasil.<br />
O governo vem sinalizando que<br />
Marcos Cintra<br />
“Chegou o momento<br />
<strong>de</strong> aliviar o peso dos<br />
impostos para a<br />
classe média.”<br />
no processo <strong>de</strong> reforma tributária<br />
irá <strong>de</strong>sonerar o IRPF criando alíquotas<br />
intermediárias <strong>de</strong> 20% e 25%<br />
entre as atuais <strong>de</strong> 15% e 27,5%.<br />
Essa medida não vai proporcionar<br />
benefícios signifi cativos para<br />
a classe média, uma vez que a<br />
magnitu<strong>de</strong> da opressão tributária vivida<br />
por esse grupo é brutal.<br />
Estive com o ministro Guido Mantega<br />
no fi nal <strong>de</strong> fevereiro para expor<br />
a ele uma proposta que será enca-<br />
Foto: Arquivo Pessoal<br />
minha pela bancada do Partido da<br />
República (PR) na Câmara dos Deputados<br />
e que irá efetivamente aliviar<br />
o custo tributário para a classe<br />
média. A idéia é acabar com o imposto<br />
<strong>de</strong> renda das pessoas físicas<br />
até um <strong>de</strong>terminado limite.<br />
Para benefi ciar a classe média<br />
propus que fosse extinto o IRPF até<br />
um <strong>de</strong>terminado valor, que po<strong>de</strong>ria<br />
chegar a um teto <strong>de</strong> R$ 30 mil<br />
por mês, ou seja, para quem ganha<br />
acima <strong>de</strong>sse limite o imposto continuaria<br />
existindo com alíquota <strong>de</strong><br />
27,5%. A alternativa para substituir<br />
a arrecadação obtida dos que ganham<br />
abaixo <strong>de</strong>sse limite se daria<br />
através da cobrança do imposto<br />
<strong>de</strong> renda mínimo, que seria<br />
arrecadado através <strong>de</strong> uma<br />
alíquota <strong>de</strong> 0,5% sobre o crédito<br />
das movimentações fi nanceiras.<br />
Não haveria cobrança<br />
das pessoas que movimentam<br />
até o limite <strong>de</strong> isenção do IRPF,<br />
que hoje é <strong>de</strong> R$ 1.372,81.<br />
Para se ter uma idéia, o IRPF<br />
arrecadou R$ 56 bilhões em 2007<br />
e as pessoas que ganham mais <strong>de</strong><br />
R$ 30 mil pagaram R$ 6 bilhões. A<br />
cobrança <strong>de</strong> 0,5% sobre as movimentações<br />
fi nanceiras arrecadaria<br />
R$ 46,5 bilhões e a diferença para<br />
chegar aos R$ 50 bilhões (R$ 3,5<br />
bilhões) po<strong>de</strong>ria ser obtida com a<br />
regulamentação do Imposto sobre<br />
Gran<strong>de</strong>s Fortunas, previsto no artigo<br />
153 da Constituição, ou então através<br />
da redução do limite mensal <strong>de</strong><br />
R$ 30 mil para R$ 25 mil ou outro valor<br />
a ser <strong>de</strong>fi nido.<br />
Marcos Cintra Cavalcanti <strong>de</strong> Albuquerque<br />
Doutor em Economia pela Universida<strong>de</strong> Harvard (EUA), professor titular e vice-presi<strong>de</strong>nte da Fundação Getulio Vargas.<br />
Internet: www.marcoscintra.org / E-mail - mcintra@marcoscintra.org<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
13<br />
Economia<strong>42</strong>.indd 13 4/4/2008 13:36:37
Artigo Especial<br />
Representativida<strong>de</strong><br />
Entida<strong>de</strong> é essência, individualida<strong>de</strong>,<br />
ente, ser, grupo que<br />
administra as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
uma classe: associação, socieda<strong>de</strong>,<br />
instituição, instituto,<br />
conselho, fe<strong>de</strong>ração, confe<strong>de</strong>ração,<br />
universida<strong>de</strong>, sindicato, cooperativa,<br />
igreja, clube, agremiação.<br />
Classe é categoria, or<strong>de</strong>m, plana, hierarquia,<br />
qualida<strong>de</strong>, finesse; categoria <strong>de</strong><br />
cidadãos baseado em distinções <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />
social ou jurídica.<br />
As Entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Classe cultivam, por<br />
princípio, o altruísmo e entre seus objetivos<br />
<strong>de</strong>stacam os interesses da Comunida<strong>de</strong><br />
e questões profissionais e mesmo<br />
pessoais <strong>de</strong> seus membros.<br />
Os engenheiros têm a nível fe<strong>de</strong>ral o<br />
CONFEA, a FEBRAE e no Estado <strong>de</strong> São<br />
Paulo a FAEASP, o CREA, o <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong>, o SEESP – Sindicato dos<br />
Engenheiros e mais <strong>de</strong> uma centena <strong>de</strong><br />
Associações vinculadas à especialida<strong>de</strong>,<br />
gran<strong>de</strong>s empresas, municípios e às<br />
respectivas escolas.<br />
A or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> alguns números:<br />
há no Estado <strong>de</strong> São Paulo 300<br />
mil engenheiros, o <strong>Instituto</strong> conta com 3<br />
mil mil sócios, o SEESP tem 25 mil efetivos,<br />
os Politécnicos são 25 mil, dos quais<br />
1.500 participam da correspon<strong>de</strong>nte Associação,<br />
a Associação dos Engenheiros<br />
Politécnicos.<br />
Essa frustrante participação <strong>de</strong>monstra<br />
indiferença à união, sugere, <strong>de</strong>ntre suas<br />
causas, o relacionamento Universida<strong>de</strong>-<br />
Diplomados:<br />
1 - O brasileiro, talvez pela herança<br />
genética, religiosa e colonialista se caracteriza<br />
pelo individualismo, imediatismo,<br />
materialismo, não acalenta o espírito<br />
associativo, antes fomenta uma “cultura<br />
anti-social, antiprofi ssional, antiproducente”,<br />
que explica a insignifi cante porcentagem<br />
<strong>de</strong> membros <strong>de</strong>ssas particulares<br />
entida<strong>de</strong>s.<br />
2 - Embora bilateral, esse ângulo da<br />
sociabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser estimulado pela<br />
Universida<strong>de</strong> (núcleo <strong>de</strong> conhecimento,<br />
cultura, participação social e <strong>de</strong>senvolvimento<br />
integral), por uma questão <strong>de</strong> natural<br />
hierarquia e o universitário sensibilizado,<br />
doutrinado para o benefício <strong>de</strong>ssa<br />
entrosagem ao ensino, à socieda<strong>de</strong>, ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento e a si próprio.<br />
O nível <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> flui do conceito<br />
<strong>de</strong> comunicação reinante nas<br />
Universida<strong>de</strong>s:<br />
a - Interna: entre Faculda<strong>de</strong>s e nelas<br />
entre diretoria, corpo docente, corpo discente<br />
e funcionários; b- Externa: entre<br />
Universida<strong>de</strong>s e cada Faculda<strong>de</strong> com as<br />
congêneres, os centros <strong>de</strong> pesquisa, seus<br />
diplomados, entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe, a socieda<strong>de</strong>,<br />
o mercado e o ambiente científicotecnológico-técnico<br />
do Exterior.<br />
3 - As Universida<strong>de</strong>s públicas carecem<br />
<strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> toda or<strong>de</strong>m.<br />
4 - As Escolas têm a oferecer educação<br />
continuada, pós-graduação, palestras,<br />
seminários, congressos, biblioteca, site,<br />
intercâmbio.<br />
5 - Os formados e empresas têm, à disposição<br />
das Escolas, idéias, experiência<br />
e apoio financeiro a Programas <strong>de</strong> Bolsas,<br />
<strong>de</strong> Pesquisas e para a<strong>de</strong>quar a infra-estrutura<br />
acadêmica básica ao Ensino e aos<br />
trabalhos correlatos.<br />
6 - Apenas para ilustrar, as Universida<strong>de</strong>s<br />
estaduni<strong>de</strong>nses, cana<strong>de</strong>nses e<br />
européias mantêm próximo e permanente<br />
contacto com seus diplomados; elas os<br />
valorizam e são importantes para eles,<br />
possibilitando o usufruto recíproco <strong>de</strong>sse<br />
vínculo. As Associações <strong>de</strong> ex-alunos integram<br />
as Escolas, e, a participação <strong>de</strong>les<br />
nessas entida<strong>de</strong>s é bastante expressiva.<br />
A aristocrática e internacionalmente<br />
conceituada Harvard University - Cambridge,<br />
Massachusetts, USA - estabelecida<br />
em 1.636, entre as Faculda<strong>de</strong>s tradicionais,<br />
mantinha a <strong>Engenharia</strong> meio<br />
secundária (Division of Engineering and<br />
Applied Sciences, oriunda da Lawrence<br />
Scientific School criada em 1.847 e incorporada<br />
a Harvard em 1906). Em 2007 a<br />
promoveu a Faculda<strong>de</strong>, Harvard School of<br />
Engineering and Applied Sciences.<br />
A Direção da nova Escola, ofi cializada<br />
em 20 <strong>de</strong> setembro, distribuiu aos amigos<br />
e diplomados o documento Engineering<br />
a Renaissance – Enhancing Education,<br />
Advancing Research, Bettering Society<br />
- on<strong>de</strong> explicita a visão, organização,<br />
proposta <strong>de</strong> trabalho e enfatiza o alcance<br />
e ecletismo da <strong>Engenharia</strong>, sua proximida<strong>de</strong><br />
à biologia e à química, sua potência<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tecnologias<br />
e técnicas, na realização <strong>de</strong> estudos,<br />
pesquisas (básica e orientada), projetos<br />
e seu in<strong>de</strong>clinável compromisso com a<br />
Socieda<strong>de</strong> e o Ambiente.<br />
A filosofia <strong>de</strong> Harvard resi<strong>de</strong> na harmonia<br />
e integração das faculda<strong>de</strong>s, disciplinas,<br />
professores, alunos e funcionários;<br />
tem 10 principais unida<strong>de</strong>s acadêmicas,<br />
11 faculda<strong>de</strong>s e mais 09 no exterior. No<br />
ano letivo 2006/07 abrigava 6.715 alunos<br />
na graduação, 12.<strong>42</strong>4 em pós e especialização,<br />
975 em atualização, totalizando<br />
20.0<strong>42</strong> estudantes (72 freqüentam dois<br />
cursos). Seus ex-alunos vivos somam<br />
aproximadamente 270 mil e por ela passaram<br />
43 laureados com o Prêmio Nobel.<br />
A receita do ano fiscal 2006 somou<br />
US$ 3 bilhões equilibrando a <strong>de</strong>spesa; a<br />
rubrica “endowments”, no ano fiscal <strong>de</strong><br />
2007, acumulava US$ 34,9 bilhões. Tratase<br />
<strong>de</strong> ativo financeiro diferido, oriundo <strong>de</strong><br />
compromisso legal <strong>de</strong> doação, em vida e/<br />
ou após a morte. Estatísticas indicam a or<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za anual <strong>de</strong>ssa receita. As<br />
cifras do “endowments” <strong>de</strong>stacam a Universida<strong>de</strong><br />
no concerto do ensino superior<br />
nos EUA: item pon<strong>de</strong>rável na classificação<br />
qualitativa, aval para os empréstimos<br />
<strong>de</strong>stinados a alterações imobiliárias, ajudam<br />
a bem remunerar professores e pesquisadores,<br />
receber estrangeiros, manter<br />
a<strong>de</strong>quadas instalações e os programas<br />
<strong>de</strong> apoio a alunos.<br />
Mr. Venkatesh Narayanamurti, Reitor<br />
da recém estabelecida Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong>, nos remeteu em novembro<br />
pp. quatro exemplares do citado documento,<br />
que entregamos ao <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong>, Sindicato dos Engenheiros<br />
e à Escola Politécnica.<br />
A sociabilida<strong>de</strong>, recurso mental que<br />
predispõe as pessoas à harmonia do convívio,<br />
tem raízes na família e se esten<strong>de</strong>,<br />
com o tempo, a outros ambientes: vizinhança,<br />
escolas, esporte e lazer, trabalho,<br />
ofício. Os antece<strong>de</strong>ntes e a situação<br />
econômica caracterizam o nível <strong>de</strong>sses<br />
ambientes e conseqüentemente balizam<br />
o comportamento.<br />
De maneira efetiva o exercício da<br />
profi ssão passa ser o centro das ações<br />
e reforça a compreensão da lei, da responsabilida<strong>de</strong>,<br />
<strong>de</strong>veres, direitos, autorespeito,<br />
respeito a todos a tudo, interesses<br />
trabalhistas e pessoais, e, do porquê<br />
da socialida<strong>de</strong>.<br />
Em se tratando <strong>de</strong> profissionais liberais,<br />
a Universida<strong>de</strong>, a par da formação, busca<br />
sedimentar nos alunos o alcance da solidarieda<strong>de</strong><br />
e da integrada Associação <strong>de</strong><br />
diplomados, com os quais mantém próximo<br />
e permanente contacto.<br />
Entre nós entretanto, a Universida<strong>de</strong><br />
não orienta o aluno para o social, não oficializa<br />
a Associação <strong>de</strong> Diplomados, aliás<br />
o relacionamento com eles se caracteriza<br />
pela ausência. Ela os ignora, nada lhes<br />
oferece nada lhes pe<strong>de</strong>, por isso o vínculo,<br />
apenas emocional, se esvai com o<br />
tempo e está a exigir um sério trabalho <strong>de</strong><br />
conscientização, a começar pela Escola,<br />
para ser profissionalmente estabelecido e<br />
elevar, a níveis efetivos, uma permanente<br />
participação dos diplomados em suas várias<br />
Entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Classe.<br />
IE<br />
Eng. Benedicto A. dos Santos Silva<br />
14<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
Especial.indd 14 4/4/2008 13:23:39
AnunciosIE.indd 15 3/4/2008 13:43:24
Associados<br />
Novos Associados<br />
Cumprimentamos os novos associados aprovados na reunião<br />
do Conselho Deliberativo do dia 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2008<br />
Americo Shiniti Oura<br />
Alexandre Luis Grecco Martins<br />
Emilton Rodrigues das Neves<br />
Luisa Xavier da Silveira Rosa<br />
Amilcar Melen<strong>de</strong>z<br />
Alexandre Susyn<br />
Estevan da Silva Belnomo<br />
Marcelo Bonin<br />
André Iasi Moura<br />
Amanda Pedrassolli <strong>de</strong> Jesus<br />
Fábio Barboza Cabral<br />
Marcela Tomie Freire Ouno<br />
Antonio Carlos Cor<strong>de</strong>iro<br />
Ana Carolina Rodrigues<br />
Fabricio Jose Oliveira <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong><br />
Marco Antonio Salvador<br />
Antonio Luiz Rigo<br />
Ana Christina Ramos Nayme<br />
Felipe Jong Min Lee<br />
Marco Aurélio Carida<br />
Antonio Walter <strong>de</strong> Souza Gama<br />
André Gun Young Lee<br />
Felipe Pinho Gonçalves Rosa<br />
Maria Carolina M. D. N. Branco<br />
Beatriz Vidigal X. da S. Rosa<br />
André Zakaib Audi<br />
Felipe Trinda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oliveira<br />
Mariana Hurtado <strong>de</strong> Almeida<br />
Claudia Sofner<br />
Bárbara Ballrque<br />
Fernando <strong>de</strong> Souza Carvalho<br />
Mário G. <strong>de</strong> Lima Murakami<br />
Claudio Pedrosa <strong>de</strong> A. Melo<br />
Brayan Dib <strong>de</strong> Almeida<br />
Gabriel Pereira Sergio<br />
Mayra Menezes Mainardi<br />
Daniel <strong>de</strong> Mattos Prado<br />
Bruna Solon<br />
Gabriela Santos Carvalho<br />
Nathaly M. Priebe<br />
Danilo Luiz Iasi Moura<br />
Bruno Georiane Rocha Turco<br />
Guilherme Almeida Pillon<br />
Nelson Ta<strong>de</strong>u V. Leite<br />
Denise Naia dos Santos<br />
Bruno Na<strong>de</strong>u<br />
Guilherme Augusto Sant”Ana<br />
Paula Pelegrina Pedroso<br />
Euler Fernando Giordano<br />
Bruno Pereira Angelim<br />
Guilherme B. Barroso Bonfitto<br />
Priscila Athay<strong>de</strong> Pazini<br />
Erico da Gama Torres<br />
Bruno Plá <strong>de</strong> Paula Souza<br />
Guilherme Folkmann Costa<br />
Rafael Crispaldi Ferreira<br />
Fernando Spanó Gomi<strong>de</strong><br />
Bruno Santin Cascapera<br />
Guilherme Sampaio Cavalheiro<br />
Rafael Moreira Men<strong>de</strong>s<br />
José Ayres <strong>de</strong> Campos<br />
Bruno Takao Horie<br />
Gustavo <strong>de</strong> Souza Jardim<br />
Raoni Franco<br />
José Francisco Alves dos Santos<br />
Bryan Hebert O. Botari<br />
Heber Pedao<br />
Rejiane da Silva Rodrigues<br />
Jiro Hashizume<br />
Caio Cesar Silva e Souza<br />
Henrique Arjona M. <strong>de</strong> Oliveira<br />
Renata Aparecida Ananias<br />
Luis Carlos <strong>de</strong> Noronha Pinto<br />
Caio Zamberlan Salgado<br />
Hugo Lustosa <strong>de</strong> Figueiredo<br />
Rodrigo Forgiarini Lucca<br />
Marilia Moreira Graciano<br />
Camilla Aporta Lemos<br />
Isabel <strong>de</strong> Castro Tourinho<br />
Rodrigo Klein Santos<br />
Marilsa Natsue Narimatsu<br />
Carlos Eduardo Nosrala Júnior<br />
João Paulo Ferraz Brito<br />
Roger Ackermann Carvalho<br />
Priscila Egg Ribeiro <strong>de</strong> Oliveira<br />
Carolina <strong>de</strong> Aquino Bonilha<br />
Janaina Ferreira Marques<br />
Rúbia Rezen<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lima<br />
Régis Fernan<strong>de</strong>s Bueno<br />
Carolina Garcia Ferreira Geral<strong>de</strong>s<br />
Jessica Wetterlein dos Reis<br />
Samir Magnani Real<br />
Respicio A. do E. Santo Jr.<br />
Carolina Paz Bozo<br />
Jessie Barbosa Santana<br />
San<strong>de</strong>r Cristiano H. G. Kenmoti<br />
Samuel Maimoni <strong>de</strong> Figueiredo<br />
Cauê Pião Paraguassu<br />
José Guilherme Amuchastegui<br />
Ta<strong>de</strong>usz Alabi<br />
Sarah Celi dos Santos<br />
Chistian Sloniak<br />
José Pedro Catani <strong>de</strong> Paula Filho<br />
Tatiany Emy Yoshida<br />
Valmir Tavares<br />
Cleiton Vieira Amaral <strong>de</strong> Santana<br />
José Ricardo Biczola Junior<br />
Thais Helena Gervásio<br />
Marcelo Matos Nogueira<br />
Danilo <strong>de</strong> Marchi Vesco<br />
Juliana Carnelóz S. <strong>de</strong> Almeida<br />
Valmir <strong>de</strong> Oliveira Junior<br />
Marta Roxane R. Zimmermann<br />
Demis R. Teixeira <strong>de</strong> Oliveira<br />
Juliana Ponzoni Ferrara Altieri<br />
Victor Machado<br />
Jose Antonio Passos Men<strong>de</strong>s<br />
Denis Mastrorosa Baesso<br />
Kallebe Coelho Pimentel<br />
Victor Luiz Cassini<br />
Julio César Dal Monte<br />
Dennis Pedrassoli Santos<br />
Karoline Fernan<strong>de</strong>s Paiva<br />
Vinícius Cunha Teixeira<br />
Ricardo Porto Facchini<br />
Diego Roberto Ribeiro Sanches<br />
Klaus Bozzato<br />
Roque Vicente Siniscalco<br />
Edmar Magnago Klein<br />
Konrad Porto Kaninski<br />
Valdizar Nascimento <strong>de</strong> Souza<br />
Wan<strong>de</strong>nir Corrêa Fagun<strong>de</strong>s<br />
Washington Ossamu Sugano<br />
A<strong>de</strong>mar Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Vargas<br />
Alexandre Carlos <strong>de</strong> Souza<br />
Eduardo Bork Alvo<br />
Eduardo Ta<strong>de</strong>u Huada<br />
Edwin Jason Lee<br />
Elisa A. Gonçalves Moreira<br />
Elisamara Figueiredo Silva<br />
Larissa Schechtel Oliveira<br />
Lucas <strong>de</strong> Palma<br />
Lucas Von Zuben Foga<br />
Lucian Gabriel Bendini Vieira<br />
Luiza Iversson Pacce<br />
Associado<br />
remido em 31<br />
<strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2008<br />
Carlos Augusto Barbosa Hirsch<br />
16<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
Associados<strong>42</strong>.indd 16 4/4/2008 13:24:09
Notícias da <strong>Engenharia</strong><br />
Indústria do álcool<br />
em franco crescimento<br />
Aprocura por combustíveis<br />
alternativos está<br />
aumentando. Etanol e<br />
biodiesel po<strong>de</strong>m ser a<br />
saída para evitar futuros<br />
apagões, além <strong>de</strong> ser energia limpa<br />
e renovável, diferentemente dos <strong>de</strong>rivados<br />
fósseis. Em virtu<strong>de</strong> disto, a<br />
construção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s industriais<br />
cresce a ritmo acelerado.<br />
No Brasil, a maior empresa responsável<br />
pela fabricação <strong>de</strong> usinas, <strong>de</strong>tentora<br />
<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 90% do mercado,<br />
é a Dedini S/A Indústrias <strong>de</strong> Base. A<br />
corporação, com 87 anos <strong>de</strong> existência,<br />
foi formada pela fusão das empresas<br />
Codistil, Padoni e Zanini. Seu<br />
fundador, Mário Dedini, veio da Itália,<br />
começou a trabalhar para a família<br />
Ometto, que já atuava no mercado <strong>de</strong><br />
açúcar e etanol. Ele fazia manutenção<br />
nas usinas, passando a conhecer<br />
o processo <strong>de</strong> fabricação do açúcar.<br />
Na ocasião, as Oficinas Dedini foram<br />
criadas, iniciando sua história industrial.<br />
Com o passar do tempo, a empresa<br />
aumentou a linha <strong>de</strong> atuação,<br />
além <strong>de</strong> açúcar, etanol e energia,<br />
através do fornecimento <strong>de</strong> cal<strong>de</strong>iras<br />
e plantas térmicas, também produz<br />
equipamentos para: cervejarias, tratamento<br />
<strong>de</strong> efluentes, papel e celulose,<br />
química, petroquímica, mineração,<br />
si<strong>de</strong>rurgia e hidro-geração. “Este<br />
portfólio contribuiu para a empresa<br />
enfrentar as crises da década <strong>de</strong> 90,<br />
os anos economicamente perdidos<br />
no Brasil. Havia a compensação,<br />
quando um setor ficava mais fraco”,<br />
comentou Sérgio Barreira, diretor superinten<strong>de</strong>nte<br />
<strong>de</strong> Açúcar e Alcoól.<br />
Essa amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos e serviços<br />
permite que a empresa acompanhe<br />
e atenda às necessida<strong>de</strong>s<br />
dos mercados interno e externo e<br />
faz da Dedini um dos mais importan-<br />
Cal<strong>de</strong>ira para co-geração <strong>de</strong> energia<br />
tes fabricantes <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital<br />
do Brasil, lí<strong>de</strong>r mundial no mercado<br />
sucroalcooleiro.<br />
No século XX, a economia brasileira<br />
voltou a crescer, em especial a<br />
indústria da cana, com a produção<br />
<strong>de</strong> etanol e açúcar, o que propiciou<br />
o aumento das fábricas. Atualmente,<br />
o parque fabril da Dedini é composto<br />
por seis unida<strong>de</strong>s: em Piracicaba,<br />
está a parte <strong>de</strong> mecânica pesada<br />
(usinagem e moendas), cal<strong>de</strong>iraria<br />
<strong>de</strong> inox e <strong>de</strong> aço carbono, além da<br />
matriz; em Sertãozinho, existem outras<br />
três fábricas: uma mecânica,<br />
uma fábrica <strong>de</strong> cal<strong>de</strong>iras e uma cal<strong>de</strong>iraria<br />
pesada; em Maceió, outra<br />
mecânica, e, em Recife, outra cal<strong>de</strong>iraria.<br />
Trabalham na companhia cerca <strong>de</strong><br />
seis mil funcionários. Destes, aproximadamente<br />
300 são engenheiros. “E<br />
estamos buscando mais com ou sem<br />
experiência, em engenharia mecânica,<br />
química, entre outras áreas da<br />
engenharia”, comentou Sérgio.<br />
Bio-combustível - O diretor explicou<br />
que, com o preço do barril <strong>de</strong><br />
petróleo a mais <strong>de</strong> U$ 100 e permanecendo<br />
nesta condição, associado<br />
às condições ambientais, que o<br />
mundo começa a sofrer, cada vez<br />
mais acentuadamente, principalmente<br />
pelos combustíveis fósseis,<br />
os bio-combustíveis passaram a ser<br />
uma alternativa importantíssima para<br />
aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um bilhão <strong>de</strong><br />
veículos rodando no mundo. “Não<br />
se conseguirá, rapidamente, fazer a<br />
substituição nestes veículos, por outros<br />
combustíveis, como hidrogênio”.<br />
Fotos: Divulgação Dedini<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
17<br />
<strong>Engenharia</strong><strong>42</strong>.indd 17 4/4/2008 13:25:23
Notícias da <strong>Engenharia</strong><br />
De fato, existe um período para<br />
a substituição gradativa, que não<br />
acontecerá em menos <strong>de</strong> 20 anos.<br />
Tal situação cria gran<strong>de</strong>s oportunida<strong>de</strong>s<br />
para os bio-combustíveis,<br />
como bioetanol e biodiesel, afinal<br />
são <strong>de</strong> fontes renováveis, com custo<br />
cada vez mais competitivo.<br />
O Brasil é o único país no mundo<br />
que tem a aplicação em carros<br />
100% etanol ou em carros flex, além<br />
da mistura <strong>de</strong> 25% na gasolina. Isto<br />
permitirá ao país se configurar como<br />
um mo<strong>de</strong>lo para outras nações, já<br />
que o potencial do etanol é enorme.<br />
Ele po<strong>de</strong> ser produzido <strong>de</strong> fontes<br />
inesgotáveis <strong>de</strong> matérias-primas. A<br />
mais econômica e mais aplicada,<br />
nas condições brasileiras, é a cana<strong>de</strong>-açúcar,<br />
pois propicia o produto<br />
pronto para a produção do etanol.<br />
Os outros são as chamadas amiláceas:<br />
mandioca, milho, trigo, sorgo<br />
e as celulósicas: ma<strong>de</strong>ira, capim,<br />
restos vegetais <strong>de</strong> qualquer natureza<br />
e o próprio bagaço da cana. O<br />
carvão também é fonte, mas, neste<br />
caso, não-renovável, tornando-se<br />
pouco atraente.<br />
Outro ponto importante é que cada<br />
país tem condições <strong>de</strong> produzir sua<br />
própria fonte <strong>de</strong> etanol, seja celulósica<br />
ou amilácea, pois, além <strong>de</strong> fontes<br />
inesgotáveis, a preservação ambiental<br />
que o etanol traz é surpreen<strong>de</strong>nte:<br />
não tem particulatos e a emissão<br />
<strong>de</strong> CO² é muito menor. “Des<strong>de</strong> que<br />
se toma a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> plantar o primeiro<br />
pé <strong>de</strong> cana até o consumo do<br />
etanol <strong>de</strong>ste pé, para cada mil litros,<br />
só é gerado 309 kg <strong>de</strong> CO². Com a<br />
gasolina, partindo do petróleo, até o<br />
consumo, <strong>de</strong> mil litros, são gerados<br />
3.600 kg <strong>de</strong> CO²”, explanou. Partindo<br />
<strong>de</strong>ste princípio, a poluição gerada<br />
para fazer o mesmo trabalho é<br />
quase 11 vezes maior.<br />
Fábrica <strong>de</strong> etanol - A Dedini possui<br />
tecnologia própria para fornecer em<br />
regime “chave em mãos”, usinas <strong>de</strong><br />
açúcar e <strong>de</strong>stilarias completas com<br />
fabricação própria dos equipamentos<br />
e sistemas integrados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
recepção, o preparo e o processamento<br />
da cana, a extração e o tratamento<br />
do caldo geração <strong>de</strong> vapor e<br />
a cogeração <strong>de</strong> energia exce<strong>de</strong>nte<br />
até a produção <strong>de</strong> álcool e açúcar,<br />
num prazo <strong>de</strong> até 24 meses.<br />
As plantas (fábricas) projetadas<br />
atualmente são gran<strong>de</strong>s e a tendência<br />
é que sejam ainda maiores,<br />
para aumentar a viabilida<strong>de</strong> econômica.<br />
Ou seja: <strong>de</strong>vem processar<br />
entre três e cinco milhões <strong>de</strong> toneladas<br />
<strong>de</strong> cana por ano. No passado<br />
a limitação era <strong>de</strong> um milhão. A<br />
empresa po<strong>de</strong> fabricar até 30 plantas<br />
por ano, tanto para o mercado<br />
interno quanto para o externo.<br />
Cal<strong>de</strong>iras – Atua no mercado <strong>de</strong><br />
cal<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os anos 50. Forneceu<br />
mais <strong>de</strong> 100 plantas completas<br />
<strong>de</strong> co-geração e mais <strong>de</strong> 1400 equipamentos<br />
<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> vapor para<br />
os mais diversos mercados, participando<br />
dos maiores projetos <strong>de</strong> cogeração<br />
no Brasil e na América Latina.<br />
A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricação é <strong>de</strong><br />
40 por ano, mas há em carteira 36.<br />
Co-geração <strong>de</strong> energia – É o processo<br />
aplicado às indústrias que<br />
<strong>de</strong>mandam vapor. É a geração <strong>de</strong><br />
energia térmica e elétrica simultaneamente<br />
a partir da queima <strong>de</strong><br />
um combustível, on<strong>de</strong> um gerador<br />
é acionado produzindo energia elétrica,<br />
aproveitando-se o calor gerado<br />
pela combustão no processo. O<br />
objetivo é gerar economia na área<br />
<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>s: água, vapor, energia<br />
elétrica, calor, ar comprimido etc. A<br />
aplicação é em diversos segmentos:<br />
refinaria, fábrica <strong>de</strong> doces, cervejaria,<br />
entre outras.<br />
Equipamento da usina <strong>de</strong> biodiesel do Grupo Bertin<br />
“Toda usina <strong>de</strong> açúcar co-gera.<br />
A co-geração tem uma importância<br />
fundamental atualmente”, disse o<br />
diretor. Isto porque as fontes para<br />
aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda crescente <strong>de</strong><br />
energia elétrica do Brasil são as hidrelétricas.<br />
Mas para a construção<br />
<strong>de</strong> uma nova, a <strong>de</strong>mora é entre cinco<br />
e seis anos para sua finalização.<br />
“A Santo Antônio, no Rio Ma<strong>de</strong>ira,<br />
vai gerar energia em 2012, se tudo<br />
correr bem. Estamos produzindo<br />
energia elétrica no Amazonas, enquanto<br />
o gran<strong>de</strong> consumo está na<br />
região centro-sul. Por causa das<br />
linhas <strong>de</strong> transmissão, o custo é<br />
enorme”, argumentou. Outras alternativas<br />
são as termoelétricas, mas<br />
são plantas que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> combustíveis<br />
que não estão tão disponíveis:<br />
carvão e gás.<br />
Biomassa – A biomassa não é exclusivamente<br />
a cana, mas também<br />
restos <strong>de</strong> florestas. Por exemplo,<br />
para a indústria <strong>de</strong> papel e celulose,<br />
não interessam os galhos, flores, folhas,<br />
e o tronco até uma <strong>de</strong>terminada<br />
altura. Sob este raciocínio, toda a<br />
sobra da floresta é biomassa e po<strong>de</strong><br />
ser queimada. Determinados capins<br />
po<strong>de</strong>m ser fonte <strong>de</strong> energia para gerar<br />
energia elétrica. Por exemplo, o<br />
Grupo Pão <strong>de</strong> Açúcar comprou uma<br />
planta na Bahia, que vai trabalhar<br />
com o capim elefante, encontrado<br />
18<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
<strong>Engenharia</strong><strong>42</strong>.indd 18 4/4/2008 13:25:26
Notícias da <strong>Engenharia</strong><br />
Foto aérea da planta <strong>de</strong> Piracicaba<br />
em beira <strong>de</strong> estrada.<br />
Uma das maiores preocupações<br />
da empresa é a tecnologia. Nos últimos<br />
anos, introduziu enormes modificações<br />
nos equipamentos <strong>de</strong> etanol<br />
e geração <strong>de</strong> vapor. A eficiência<br />
dos equipamentos cresceu 15% a<br />
20%, graças às inovações.<br />
“Há uma preocupação em oferecer<br />
ao mercado, produtos novos e<br />
mais eficientes e com custos mais<br />
competitivos. A construção <strong>de</strong> usinas<br />
sustentáveis também está em<br />
fase adiantada. Ou seja: toda a inquietação<br />
que o mercado externo<br />
tem tido, <strong>de</strong> que o etanol brasileiro<br />
não é sustentável, nós estamos tentando<br />
resolver e fazer com que a<br />
geração <strong>de</strong> poluentes seja a menos<br />
possível, que os operadores que trabalham<br />
na planta tenham conforto e<br />
segurança para trabalhar e que as<br />
usinas sejam rentáveis para que o<br />
investidor se sinta estimulado em investir”,<br />
concluiu.<br />
O segundo gran<strong>de</strong> projeto da empresa<br />
é fazer com que as usinas,<br />
além do etanol, do açúcar e da bioenergia,<br />
sejam produtoras <strong>de</strong> água<br />
potável, porque a cana, quando entra<br />
na usina nada mais é do que reservatório<br />
<strong>de</strong> água. Hoje esta água<br />
sai da indústria como um tipo <strong>de</strong><br />
efluente, subproduto utilizado para<br />
fertilização dos canaviais.<br />
As usinas <strong>de</strong> açúcar estão espalhadas<br />
por todo o Brasil: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
Amazônia, entrando pelo nor<strong>de</strong>ste,<br />
<strong>de</strong>scendo pela região centro-sul, até<br />
o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Todas têm capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> co-geração, assim, é<br />
possível colocar energia em diversos<br />
pontos do Brasil, diminuindo a necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> transmissão.<br />
Toda a energia produzida na usina<br />
Costa Pinto, do Grupo Cosan, em<br />
Piracicaba, é consumida na cida<strong>de</strong>.<br />
Tudo é jogado em re<strong>de</strong> e distribuído,<br />
Destilarias produzida pela Dedini<br />
barateando a custo.<br />
Com o corte cada vez mais mecanizado,<br />
a utilização do palhiço (a polpa<br />
da cana, as folhas que ficam na ponta<br />
da cana e algumas palhas) é fundamental,<br />
já que 70% do gomo da cana<br />
é água e açúcar e 30% são fibras. O<br />
palhiço também tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
geração <strong>de</strong> combustível. “De um caminhão<br />
<strong>de</strong> cana, que chega a uma indústria<br />
projetada e fabricada pela Dedini,<br />
é possível extrair etanol, se quiser<br />
açúcar e bio-eletricida<strong>de</strong>”, falou.<br />
A empresa também <strong>de</strong>senvolveu<br />
uma planta integrada <strong>de</strong> etanol e<br />
biodiesel. Já foram vendidas 10 <strong>de</strong><br />
biodiesel, não integradas, mas autônomas,<br />
que processam o óleo <strong>de</strong><br />
soja e fazem o combustível. Gran<strong>de</strong><br />
parte dos 2% mandatórios na mistura<br />
com o diesel sai <strong>de</strong> instalações<br />
que a Dedini forneceu (a partir <strong>de</strong> 3<br />
<strong>de</strong> julho, passa a ser 3%).<br />
A fábrica do Grupo Bertin, que<br />
produz biodisel há um ano também<br />
é da Dedini. É uma planta que tem<br />
capacida<strong>de</strong> para produzir 100 mil<br />
toneladas por ano <strong>de</strong> biodiesel, partindo<br />
do sebo do boi, pois este nada<br />
mais é do que um óleo. Tanto o sebo<br />
quanto o óleo, têm as mesmas características<br />
químicas. Fazendo-se<br />
mistura com álcool e um catalisador,<br />
obtém-se o biodiesel.<br />
IE<br />
Viviane Nunes<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
19<br />
<strong>Engenharia</strong><strong>42</strong>.indd 19 4/4/2008 13:25:29
Informe-se<br />
Cursos<br />
DIREITO E PERÍCIA JUDICIAL – CURSO BÁSICO<br />
Dias 14, 23 e 28 <strong>de</strong> abril, das 19h às 22h – Tem o intuito<br />
<strong>de</strong> enfocar a legislação referente às atuações do Engenheiro<br />
Avaliador, situá-lo no campo forense, ensinando<br />
como se <strong>de</strong>senvolve um processo judicial. O professor,<br />
o engenheiro e advogado José Fiker, é doutor em Semiótica<br />
e Lingüística Geral, perito judicial e pós-graduado<br />
em Perícias e Administração. R$ 260 para associados e<br />
R$ 380 para não-associados.<br />
FORMAÇÃO DE AUDITORES AMBIENTAIS<br />
De 14 a 18 <strong>de</strong> abril, das 18h30 às 22h45 – Visa proporcionar<br />
conhecimento da prática <strong>de</strong> como bem executar<br />
auditorias ambientais. O engenheiro Luiz Fernando Joly<br />
Assumpção, auditor com experiência nas áreas <strong>de</strong> Segurança<br />
do Trabalho <strong>de</strong> Meio Ambiente, mestre em <strong>Engenharia</strong><br />
e Ciência dos Materiais e doutorando em <strong>Engenharia</strong><br />
e Gerenciamento <strong>de</strong> Riscos, dará o curso. R$ 600 para<br />
associados e R$ 720 para não-associados.<br />
CONCRETO<br />
O engenheiro Egydio Hervé Neto, com formação em Auditoria<br />
e Sistemas da Qualida<strong>de</strong> pelo Inmetro, especialista<br />
e consultor em Qualida<strong>de</strong> e Tecnologia do Concreto,<br />
ministrará dois cursos:<br />
GECON – GERENCIAMENTO<br />
DE CONCRETAGENS EM EDIFÍCIOS<br />
Dia 17 <strong>de</strong> abril, das 8h às 18h – O objetivo é mostrar a<br />
aplicação da planilha Gecon, ferramenta Excel utilizada<br />
para organização e armazenamento das informações <strong>de</strong><br />
planejamento, em coerência com o cronograma da obra,<br />
especificações do projeto e resultados do controle. R$<br />
180 para associados e R$ 240 para não-associados.<br />
CONTROLE TECNOLÓGICO DO CONCRETO<br />
Dia 15 <strong>de</strong> maio, das 8h às 18h – Tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
mostrar o procedimento correto do manuseio do concreto,<br />
<strong>de</strong> acordo com as normas em vigor. R$ 180 para<br />
associados e R$ 240 para não-associados.<br />
CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
O engenheiro Marco Antonio Aranciba Rodriguez, mestre<br />
em <strong>Engenharia</strong> e doutor em <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> Produção,<br />
dará dois cursos:<br />
COORDENAÇÃO E COMPATIBILIZAÇÃO<br />
DE PROJETOS DE EDIFICAÇÕES<br />
Dias 23 e 24 <strong>de</strong> abril, das 8h às 18h – Com o propósito<br />
<strong>de</strong> apresentar os principais conceitos sobre a gestão da<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> projetos na construção civil e as principais<br />
técnicas e metodologias para a efetiva coor<strong>de</strong>nação e<br />
compatibilização <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> edificações. R$ 380 para<br />
associados e R$ 480 para não-associados.<br />
INOVAÇÃO TECNOLÓGICA<br />
NA CONSTRUÇÃO CIVIL<br />
Dias 7 e 8 <strong>de</strong> maio, das 8h às 18h – O intuito é apresentar<br />
os principais conceitos do assunto, compreen<strong>de</strong>ndo aspectos<br />
relativos à gestão <strong>de</strong> tecnologia, <strong>de</strong>sempenho das<br />
edificações, racionalização, construtibilida<strong>de</strong> e industrialização<br />
da construção. R$ 380 para associados e R$ 480<br />
para não-associados.<br />
GEOSSINTÉTICOS: CONCEITOS, APLICAÇÕES,<br />
NOÇÕES DE DIMENSIONAMENTO E TÉCNICAS<br />
DE INSTALAÇÃO<br />
Dia 6 <strong>de</strong> maio, das 8h às 18h – O engenheiro civil Benedito<br />
<strong>de</strong> Souza Bueno, mestre em Geotecnia, mentor e coor<strong>de</strong>nador<br />
do Laboratório <strong>de</strong> Geossintéticos do Departamento <strong>de</strong><br />
Geotecnia da Escola <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> <strong>de</strong> São Carlos (USP),<br />
ministrará o curso, com o objetivo <strong>de</strong> transmitir informações e<br />
conhecimentos básicos sobre os geossintéticos, suas aplicações,<br />
noções <strong>de</strong> dimensionamento e técnicas <strong>de</strong> instalação.<br />
R$ 100 para associados e R$ 125 para não-associados.<br />
VIABILIDADE EXECUTIVA DE EMPREENDIMENTOS<br />
Dia 14 <strong>de</strong> maio, das 8h às 17h – O instrutor é Djalma<br />
Pinto Pessôa Neto, engenheiro civil, especialista em Custos,<br />
mestre em <strong>Engenharia</strong> Civil. R$ 180 para associados<br />
e R$ 240 para não-associados.<br />
Mais informações no site iengenharia.org.br, pelo<br />
e-mail cursos@iengenharia.org.br ou pelo telefone<br />
(11) 3466-9253.<br />
Palestras<br />
No dia 17 <strong>de</strong> abril, às 20h30, o Departamento <strong>de</strong><br />
<strong>Engenharia</strong> Civil e a Divisão Técnica <strong>de</strong> Estruturas<br />
do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> promoverão a palestra<br />
“Estrutura do Hospital e Maternida<strong>de</strong> São Luiz –<br />
Anália Franco”. O expositor, o engenheiro Virgilio<br />
Augusto Ramos, é especialista em Estruturas.<br />
Inscrições gratuitas pelo telefone (11) 3466-9250<br />
ou pelo e-mail divtec@iengenharia.org.br.<br />
20<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
Cursos<strong>42</strong>.indd 20 4/4/2008 13:26:02
Cultura<br />
Museu da<br />
Língua Portuguesa<br />
Com dois anos, completados<br />
em 21 <strong>de</strong> março,<br />
o Museu da Língua Portuguesa,<br />
que já recebeu<br />
mais <strong>de</strong> 1,1 milhão <strong>de</strong><br />
visitantes, terá, a partir <strong>de</strong> junho, Machado<br />
<strong>de</strong> Assis na exposição temporária<br />
do primeiro pavimento.<br />
Criado pela Fundação Roberto Marinho<br />
para o centenário do prédio da<br />
Estação da Luz, no Centro <strong>de</strong> São<br />
Paulo, o Museu é gerido pelo <strong>Instituto</strong><br />
Brasil Leitor e faz parte da Secretaria<br />
<strong>de</strong> Estado da Cultura <strong>de</strong> São Paulo.<br />
São aproximadamente 4 mil metros<br />
quadrados <strong>de</strong> área abertos para a visitação,<br />
on<strong>de</strong> apresenta ao público a história,<br />
a importância e as variações da<br />
língua Portuguesa. Além disso, oferece<br />
cursos e eventos para professores, estudiosos<br />
e público em geral, tudo sob a<br />
gestão do <strong>Instituto</strong> Brasil Leitor.<br />
No térreo, entre os dois elevadores<br />
panorâmicos está a Árvore <strong>de</strong> Palavras,<br />
criada pelo arquiteto e <strong>de</strong>signer<br />
Rafi c Farah. Em suas folhas são projetados<br />
os contornos <strong>de</strong> vários objetos<br />
e suas raízes são formadas por<br />
diversas palavras.<br />
A próxima parada é o terceiro pavimento,<br />
on<strong>de</strong> está localizado o Auditório,<br />
para 180 lugares. Um fi lme <strong>de</strong><br />
15 minutos mostra a origem e a história<br />
da Língua Portuguesa.<br />
Atrás da tela do Auditório, está a<br />
Praça da Língua. Como um planetário<br />
da Língua Portuguesa, quatro projetores<br />
exibem imagens no teto em<br />
formato piramidal da Estação da Luz,<br />
acompanhando áudio com uma antologia<br />
da literatura brasileira.<br />
No segundo pavimento, encontramse:<br />
Gran<strong>de</strong> Galeria – uma tela <strong>de</strong> 106<br />
metros <strong>de</strong> comprimento on<strong>de</strong> são exibidos<br />
onze filmes <strong>de</strong> seis minutos, produzidos<br />
pela TV Zero, Magnetoscópio<br />
e Já Filmes, que tratam dos seguintes<br />
temas: cotidiano, música, relações humanas,<br />
culinária, natureza e cultura,<br />
raiz lusa, religiões, festas, carnaval,<br />
futebol e danças; Palavras Cruzadas<br />
- são oito totens multimídia e interativos<br />
<strong>de</strong>dicados às influências das línguas e<br />
dos povos que contribuíram para formar<br />
o português do Brasil;<br />
Linha do Tempo da História da<br />
Língua Portuguesa - é formada por<br />
três linhas paralelas: a linha da língua<br />
portuguesa; a linha das línguas africanas;<br />
e a linha das línguas ameríndias.<br />
A partir do século XVI, as três linhas<br />
se fun<strong>de</strong>m em uma única: a Linha do<br />
Português do Brasil; e Beco das Palavras<br />
– um jogo eletrônico interativo,<br />
com tecnologia que utiliza infravermelho,<br />
permite brincar com as palavras,<br />
juntando seus pedaços e <strong>de</strong>scobrindo<br />
a etimologia <strong>de</strong> cada um dos termos.<br />
Já no primeiro piso, abriga a área<br />
<strong>de</strong> exposições temporárias, atualmente<br />
Gilberto Freyre – Intérprete do<br />
Brasil está em cartaz.<br />
IE<br />
FernandaNagatomi<br />
Serviço:<br />
Museu da Língua Portuguesa<br />
Praça da Luz, s/nº, Centro - São<br />
Paulo/SP<br />
(11) 3326-0775<br />
De terça a domingo, das 10h às 18h.<br />
O mito rodoviarismo brasileiro<br />
Geraldo Vianna<br />
NTC&Logística - 2007<br />
74 páginas<br />
Este livro traz algumas revelações<br />
surpreen<strong>de</strong>ntes, que contrariam<br />
tudo o que sempre se disse a<br />
respeito do transporte brasileiro.<br />
Temos uma infra-estrutura nanica<br />
e, com ela, não daremos conta <strong>de</strong><br />
crescer o que po<strong>de</strong>mos e precisamos crescer. Como financiar<br />
o enorme esforço que precisa ser feto para nos<br />
<strong>de</strong>ixar numa posição menos vexatória (e frágil) neste<br />
fundamento estratégico Eis a questão que precisa ser<br />
enfrentada e respondida com a maior urgência.<br />
Palavras Cruzadas<br />
Às últimas terças <strong>de</strong> cada mês, o<br />
horário é estendido até 22h<br />
Ingresso: R$ 4,00<br />
Estudantes com carteirinha pagam<br />
meia-entrada<br />
Aos sábados a visitação é gratuita.<br />
Iluminação – Teoria e Projeto<br />
Délio Pereira Guerrini<br />
Editora Érica – 2007<br />
136 páginas<br />
R$ 37<br />
Esta publicação <strong>de</strong>staca os temas<br />
essenciais da iluminação<br />
com uma linguagem simples<br />
e objetiva. Conceitua luz e espectro<br />
eletromagnético, visão<br />
e iluminação. Traz uma abordagem<br />
da cor, incluindo sua temperatura e o<br />
índice <strong>de</strong> reprodução e <strong>de</strong>fine a física da luz.<br />
Apresenta as fontes artificiais da luz com as<br />
últimas inovações, como LEDs e indução magnética,<br />
além <strong>de</strong> diagramas fotométricos.<br />
Fotos: Luciano Bogado<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
21<br />
Cultura<strong>42</strong>.indd 21 4/4/2008 13:26:33
Acontece<br />
01 02<br />
04<br />
05<br />
03<br />
Fotos: Petrônio Cinque, Viviane Nunes e Arquivo do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
06<br />
08<br />
07<br />
01 - E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim, presi<strong>de</strong>nte do <strong>Instituto</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, e José Serra, governador <strong>de</strong><br />
São Paulo, para coletiva sobre Operação <strong>de</strong> Trânsito<br />
para o Carnaval.<br />
02 – Mesa Redonda Energia: Victor Brecheret Filho,<br />
Carlos Roberto Silvestrin e Ismael Junqueira.<br />
03 – Mauro Arce, secretário <strong>de</strong> Transportes do Estado<br />
<strong>de</strong> São Paulo, Alberto Goldman, vice-governador<br />
<strong>de</strong> São Paulo, e Lair Krahembubhl, secretário <strong>de</strong> Habitação,<br />
durante evento da Dersa.<br />
04 – Mesa Redonda Aviação: Francisco Christovam,<br />
diretor <strong>de</strong> Relações Institucionais do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />
Dario Rais Lopes, vice-presi<strong>de</strong>nte do <strong>Instituto</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>, E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim, Respício do<br />
Espírito Santo, professor da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, e Adalberto Febeliano, vice-presi<strong>de</strong>nte<br />
da Abag, e Ozires Silva, vice-presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Relações<br />
Externas do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>.<br />
05 – Mesa Redonda Energia: Miracyr Marcato, diretor<br />
<strong>de</strong> Relações Internacionais do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong>,<br />
E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim, Mario Veiga e<br />
Walter Coronado Antunes.<br />
Aconteceu há 30 anos<br />
06 – Mesa Redonda Aviação: Dario Rais Lopes,<br />
E<strong>de</strong>mar <strong>de</strong> Souza Amorim, Camil Eid e Respício<br />
do Espírito Santo.<br />
07 – Roger Agnelli, presi<strong>de</strong>nte da Vale e Camil Eid.<br />
08 – Ex-presi<strong>de</strong>ntes do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong><br />
reunidos em evento: Hélio Martins <strong>de</strong> Oliveira, Jan<br />
Arpad Mihalik, Bernardino Pimentel Men<strong>de</strong>s, João<br />
Soares do Amaral Neto, Flávio <strong>de</strong> Sá Bierrembach<br />
22<br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
Acontece<strong>42</strong>.indd 22 4/4/2008 13:29:01
Crônica<br />
Histórias Curiosas<br />
na Profissão<br />
Uma fundação gigantesca para uma pequena obra<br />
Estávamos na década <strong>de</strong> 60. Os edifícios com<br />
estruturas metálicas eram raros e pouco conhecidos.<br />
Aliás, como infelizmente ainda o é hoje, apesar da<br />
atual existência dos perfis laminados e <strong>de</strong> toda<br />
as <strong>de</strong>mais matérias primas e toda a tecnologia<br />
necessária para esse tipo <strong>de</strong> processo construtivo. Construção<br />
industrializada, ainda não entrou no conhecimento geral, com<br />
suas múltiplas qualida<strong>de</strong>s e vantagens.<br />
Mas, já naquela época, eu trabalhava no ramo, pois<br />
comecei por volta <strong>de</strong> 1950. Havia criado uma empresa para<br />
projetar, fabricar e montar estruturas. Na gran<strong>de</strong> maioria eram<br />
estruturas para edifícios industriais e para armazenamentos.<br />
Fechamos um contrato com uma empresa japonesa<br />
<strong>de</strong> Ituverava, região algodoeira, bem além <strong>de</strong> Ribeirão<br />
Preto, a cerca <strong>de</strong> 450km <strong>de</strong> São Paulo. Região naquela<br />
ocasião, em franco <strong>de</strong>senvolvimento, produtora não só do<br />
algodão propriamente dito, mas também do caroço, para<br />
a industria <strong>de</strong> óleos comestíveis.<br />
Eu havia realizado algumas obras na região, e estava<br />
começando a fi car conhecido no ramo das estruturas. Mal<br />
sabia como seria longa e prazerosa essa ativida<strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />
atuo até hoje.<br />
Um belo dia surge no escritório um jovem japonês, que<br />
me pediu para projetar e fornecer as estruturas <strong>de</strong> alguns<br />
galpões para armazenamento do produto. O dono da<br />
fi rma algodoeira, seu pai, Sr. Nakano, que nada conhecia<br />
<strong>de</strong> construções e muito menos <strong>de</strong> estruturas metálicas,<br />
aceitou minha proposta e confi ou no jovem engenheiro.<br />
Muito feliz, comecei o projeto e iniciamos a fabricação.<br />
A primeira coisa que se provi<strong>de</strong>nciou, como <strong>de</strong> praxe,<br />
foram os <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> locação das colunas, e os <strong>de</strong>talhes<br />
do sistema <strong>de</strong> ancoragem nos blocos <strong>de</strong> concreto, os<br />
quais seriam feitos pelo cliente.<br />
O <strong>de</strong>senho foi enviado pelo correio (infelizmente não<br />
existiam as ferramentas <strong>de</strong> Auto Cad e muito menos a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> envios por e-mail).<br />
O prazo era curto e as estruturas <strong>de</strong>veriam ser embarcadas<br />
em poucas semanas, período em que os blocos <strong>de</strong> fundação<br />
<strong>de</strong>veriam ser feitos pelo empreiteiro do Sr. Nakano.<br />
A rigor não se tratava <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> obra. Eram<br />
galpões em pórticos, com vão <strong>de</strong> 15m, altura <strong>de</strong> 6m e<br />
50m <strong>de</strong> comprimento.<br />
Pelas reações indicadas em nossos <strong>de</strong>senhos, os blocos<br />
não <strong>de</strong>veriam ser muito gran<strong>de</strong>s.<br />
Em nosso <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> bases, costumávamos enviar os<br />
<strong>de</strong>talhes dos nichos <strong>de</strong> ancoragem, ou seja, dos buracos<br />
<strong>de</strong> seção retangular on<strong>de</strong> os chumbadores <strong>de</strong>veriam fi car<br />
enganchados em travessas atravessadas próximas do<br />
fundo, e <strong>de</strong>pois preenchidos <strong>de</strong> concreto.<br />
Estes nichos tinham medidas <strong>de</strong> aproximadamente<br />
120mmx 250mm por 300mm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>.<br />
Evi<strong>de</strong>ntemente nosso <strong>de</strong>senho se referia a nichos <strong>de</strong><br />
ancoragem e não propriamente aos blocos. Estes <strong>de</strong>veriam<br />
ser dimensionados por profi ssionais da área <strong>de</strong> concreto,<br />
por conta do cliente, e <strong>de</strong> acordo com nossas informações<br />
<strong>de</strong> cargas, executados pela equipe da obra. Deveríamos<br />
apenas aguardar o aviso <strong>de</strong> estarem prontas as bases com<br />
os respectivos nichos, para <strong>de</strong>spacharmos a estrutura<br />
rumo à obra, para sua correspon<strong>de</strong>nte montagem.<br />
Uma manhã recebo um telefonema do fi lho do<br />
proprietário.<br />
“Papai muiiiiiito bravo com o senhor! Ele per<strong>de</strong>u<br />
confi ança e quer senhor aqui na obra com urgência”.<br />
E continuou,”Bases <strong>de</strong> concreto muito gran<strong>de</strong>s..........<br />
o empreiteiro falou que senhor errou tudo.........Vão fi car<br />
muito mais caras, e papai falou que não tem dinheiro para<br />
jogar fora!”.....etc, etc.<br />
Aflito e preocupado, peguei meu carro e me man<strong>de</strong>i para<br />
Ituverava. Cerca <strong>de</strong> 450 km que se lavava mais <strong>de</strong> 6 horas.<br />
Cheguei à tardinha. O fi lho do Sr. Nakano me esperava,<br />
provavelmente para amortecer o meu iminente encontro<br />
com o “papai”.<br />
“Dr. Paulo, o senhor errou no projeto das fundações. Só<br />
para fazer os buracos das bases vamos gastar quase toda<br />
a verba prevista para os blocos <strong>de</strong> concreto. Impossível.<br />
um buraco <strong>de</strong> 1,20 m x 2,5 e com profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 3m. Está<br />
fi cando muito caro. Mais caro que toda a estrutura.......”<br />
Enquanto ele falava, dirigia-mo-nos para o local da obra.<br />
Lá estava o Nakano, <strong>de</strong> olhar que parecia um Samurai,<br />
ao lado <strong>de</strong> um monte <strong>de</strong> terra la<strong>de</strong>ando um buraco on<strong>de</strong><br />
eu caberia, <strong>de</strong>itado com tranqüilida<strong>de</strong>. Pensei que estaria<br />
vendo a minha sepultura.......<br />
O que havia acontecido Simplesmente confundiram<br />
as minhas medidas em milímetros, tradicionalmente<br />
utilizadas em <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> estruturas metálicas, como se<br />
fossem em centímetros, comumente usadas em obras <strong>de</strong><br />
concreto ou na construção civil em geral.<br />
Após as <strong>de</strong>vidas explicações, me vi a salvo e fui<br />
convidado para tomar um sakê com os pedidos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>sculpas, no estilo nipônico.<br />
A partir <strong>de</strong>ste dia, todos os <strong>de</strong>senhos que executei pela<br />
minha empresa e até hoje (por via das duvidas) tem uma<br />
nota (medidas em mm).<br />
Muitas outras empresas passaram a indicar em seus<br />
<strong>de</strong>senhos este aviso, que para quem é do ramo é obvio, mas<br />
sempre ainda po<strong>de</strong>rá existir algum “japonês” <strong>de</strong>savisado.<br />
Fiquei amigo do Nakano, e realizei muitas outras obras<br />
para ele e para os “japoneses” da região.<br />
IE<br />
Paulo Andra<strong>de</strong><br />
<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Engenharia</strong> abril 2008 nº <strong>42</strong><br />
23<br />
Cronica<strong>42</strong>.indd 23 4/4/2008 13:30:59
AnunciosIE.indd 24 3/4/2008 13:44:07