Boletim da Sociedade Martins Sarmento - Setembro 2006 - Casa de ...
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Durante o mês <strong>de</strong> Julho, no Salão Nobre <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Sarmento</strong>, foi feito o<br />
lançamento <strong>de</strong> dois novos livros <strong>de</strong> autoria do jornalista e membro <strong>da</strong> Direcção <strong>da</strong> SMS,<br />
Armindo Cacha<strong>da</strong>, intitulados: “Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Taipas: <strong>da</strong>s origens ao final do século XIX - Monografia<br />
e Roteiro Turístico” e “Guimarães -Cem anos <strong>da</strong> Marcha Gualteriana nas Festas <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>”.<br />
Trata-se <strong>de</strong> dois trabalhos <strong>de</strong> investigação, <strong>de</strong> contexto monográfico, importantes para o<br />
conhecimento <strong>de</strong> diferentes reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s do concelho vimaranense. Para o levantamento<br />
documental necessário à elaboração <strong>de</strong>stes dois estudos, o autor socorreu-se,<br />
abun<strong>da</strong>mentemente, <strong>da</strong> preciosa documentação existente na Biblioteca e Arquivos <strong>da</strong><br />
Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Sarmento</strong>.<br />
A freguesia <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Taipas foi eleva<strong>da</strong><br />
a vila em 1940, mas ain<strong>da</strong> não dispunha <strong>de</strong> uma<br />
publicação monográfica que documentasse a<br />
sua importância histórica, patrimonial, cultural<br />
e turística, no contexto concelhio e regional. Esta<br />
publicação, que abarca o período histórico <strong>da</strong>s<br />
origens ao final do século XIX foi, por isso<br />
mesmo, muito bem recebi<strong>da</strong> nos meios culturais<br />
taipenses, que aguar<strong>da</strong>m agora o segundo<br />
volume <strong>da</strong> obra, cuja temática abor<strong>da</strong>rá o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> locali<strong>da</strong><strong>de</strong> ao longo do<br />
século XX.<br />
Na investigação do seu trabalho, o autor partiu<br />
<strong>da</strong> situação estratégica <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Taipas na<br />
Bacia do Ave para compreen<strong>de</strong>r o<br />
posicionamento <strong>de</strong>ste território em relação aos<br />
aglomerados populacionais <strong>da</strong> pré e<br />
protohistória. Com efeito, o vale do Ave, por<br />
on<strong>de</strong> se esten<strong>de</strong> o território <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Tapas<br />
e <strong>da</strong>s freguesias circunvizinhas, está cercado<br />
por colinas montanhosas on<strong>de</strong>, outrora, havia<br />
inúmeros povoados castrejos: a Citânia <strong>de</strong><br />
Briteiros, o Castro <strong>de</strong> Sabroso, e os povoados<br />
fortificados <strong>de</strong> Santa Marta <strong>da</strong>s Cortiças<br />
(Falperra), Outinho, São Bartolomeu, São<br />
Miguel-o-Anjo, Senhoras do Monte, Santa<br />
Eulália <strong>de</strong> Fermentões, Santiago <strong>de</strong> Pencelo,<br />
Prazins Santo Tirso e Prazins Santa Eufémia.<br />
Mais a nor<strong>de</strong>ste, havia povoações fortifica<strong>da</strong>s<br />
nos montes que envolviam a locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> S.<br />
Torcato. As povoações que aqui viviam, na pré<br />
ou na proto-história, encontravam os seus<br />
recursos <strong>de</strong> subsistência nas encostas e no vale<br />
do Ave: caça, pesca, pastoreio, florestas, frutas,<br />
água, agricultura e outros recursos.<br />
As <strong>de</strong>scobertas arqueológicas e os escritos <strong>de</strong><br />
Francisco <strong>Martins</strong> <strong>Sarmento</strong>, Mário Cardoso,<br />
Luís <strong>de</strong> Pina e outros arqueólogos mais recentes,<br />
constituíram um gran<strong>de</strong> manancial informativo<br />
para a estruturação do conteúdo histórico e<br />
cultural referente às origens dos povos que<br />
habitaram primitivamente as Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Taipas.<br />
De uma forma sucinta, o livro faz referência aos<br />
testemunhos físicos <strong>da</strong> presença dos primitivos<br />
povos em Cal<strong>de</strong>las e na região que é ain<strong>da</strong><br />
possível i<strong>de</strong>ntificar : Na préhistória<br />
– as inúmeras gravuras rupestres que é possível<br />
encontrar na Citânia ou em rochas dispersas<br />
pela zona envolvente a Cal<strong>de</strong>las; na protohistória<br />
- as velhas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s fortifica<strong>da</strong>s no alto<br />
dos montes, conheci<strong>da</strong>s por castros, com o seu<br />
tipo característico <strong>de</strong> habitação redon<strong>da</strong>; no<br />
início <strong>da</strong> era cristã - a presença romana na<br />
locali<strong>da</strong><strong>de</strong>, com os vestígios que ali ficaram: a<br />
Ara <strong>de</strong> Nerva, o complexo termal; o Penedo <strong>de</strong><br />
Trajano, o miliário <strong>de</strong> San<strong>de</strong> que i<strong>de</strong>ntificava<br />
passagem por esta locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> romana<br />
que ligava a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Bracara Augusta a Emerita<br />
Augusta; a ponte <strong>de</strong> S. João (Campelos); na I<strong>da</strong><strong>de</strong><br />
Média: - a passagem dos povos suevos,<br />
visigóticos e árabes.<br />
Aparecem, <strong>de</strong>pois, no século X e XI, as primeiras<br />
referências escritas à paróquia e locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
S. Tomé <strong>de</strong> Cal<strong>de</strong>las. A obramonográfica bebe,<br />
<strong>de</strong>pois, na informação recolhi<strong>da</strong> pelas<br />
Inquirições realiza<strong>da</strong>s ao longo do século XIII e<br />
início do século XIV, nos documentos <strong>de</strong><br />
emprazamento <strong>de</strong> quintas pertencentes à<br />
Colegia<strong>da</strong> <strong>da</strong> Oliveira, nas Memórias Paroquiais<br />
<strong>de</strong> 1758, no Inquérito Paroquial <strong>de</strong> 1842 e em<br />
muitos outros documentos. Reconstitui,<br />
também, o historial <strong>da</strong> Igreja e paróquia <strong>de</strong><br />
Cal<strong>de</strong>las e refaz o quadro dos párocos que<br />
assistiram religiosamente a locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
séc. XIII à actuali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />
A Capela <strong>de</strong> Santo António e a sua <strong>de</strong>struição; o<br />
Pontilhão <strong>da</strong>s Taipas e eventual época <strong>da</strong> sua<br />
construção; a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> termal e a indústria <strong>da</strong><br />
cutelaria, são outros temas abor<strong>da</strong>dos nesta<br />
monografia, que o autor complementa com um<br />
elaborado guia turístico, on<strong>de</strong> se procura<br />
i<strong>de</strong>ntificar os elementos históricos e<br />
patrimoniais que constituem, ain<strong>da</strong> hoje, os<br />
principais motivos <strong>de</strong> atracção turística na<br />
locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Taipas.<br />
Guimarães comemorou, em Agosto <strong>de</strong> <strong>2006</strong>,<br />
o centenário <strong>da</strong> criação <strong>da</strong>s Festas <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />
Gualterianas, com um programa que procurou<br />
reconstituir os números festivos tradicionais<br />
<strong>de</strong> maior êxito popular ao longo <strong>de</strong> todo este<br />
período. Destes, a Marcha Gualteriana é, sem<br />
dúvi<strong>da</strong>, o mais empolgante e o mais<br />
significativo, sem o qual as festas gualteriannas<br />
não teriam alcançado nem a longevi<strong>da</strong><strong>de</strong>, nem<br />
a projecção que hoje <strong>de</strong>têm no panorama<br />
festivo nacional. Entre as iniciativas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s<br />
a evocar a efeméri<strong>de</strong>, a Comissão Artística <strong>da</strong><br />
Marcha Gualteriana promoveu uma publicação<br />
monográfica sobre o centenário <strong>da</strong>s festas <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, cuja investigação foi entregue ao<br />
jornalista Armindo Cacha<strong>da</strong>, autor <strong>de</strong> outros<br />
estudos sobre a mesma temática.<br />
Com a elaboração <strong>de</strong>ste trabalho, o autor<br />
preten<strong>de</strong>u efectuar um levantamento<br />
documental, o mais alargado mas também o<br />
mais sintético possível, sobre o que foram os<br />
cem anos <strong>de</strong> Gualterianas, comemora<strong>da</strong>s na<br />
edição festiva <strong>de</strong>ste ano. Para tanto,<br />
pesquisou, ano por ano, os aspectos mais<br />
salientes <strong>da</strong>s festas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os seus cartazes e<br />
folhetos <strong>de</strong> propagan<strong>da</strong>, ornamentações<br />
citadinas, programas festivos ou comissões<br />
organizadoras, às figuras que o tempo ligou<br />
<strong>de</strong>finitivamente ao evento e a outros aspectos<br />
que, ao longo <strong>de</strong> déca<strong>da</strong>s, foram cristalizando<br />
em tradições que hoje constituem um<br />
ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro património cultural para<br />
Guimarães, património esse que se torna<br />
necessário continuar a investigar e conhecer,<br />
para melhor se po<strong>de</strong>r valorizar e salvaguar<strong>da</strong>r.