19.01.2015 Views

Boletim da Sociedade Martins Sarmento - Setembro 2006 - Casa de ...

Boletim da Sociedade Martins Sarmento - Setembro 2006 - Casa de ...

Boletim da Sociedade Martins Sarmento - Setembro 2006 - Casa de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Durante o mês <strong>de</strong> Julho, no Salão Nobre <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Sarmento</strong>, foi feito o<br />

lançamento <strong>de</strong> dois novos livros <strong>de</strong> autoria do jornalista e membro <strong>da</strong> Direcção <strong>da</strong> SMS,<br />

Armindo Cacha<strong>da</strong>, intitulados: “Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Taipas: <strong>da</strong>s origens ao final do século XIX - Monografia<br />

e Roteiro Turístico” e “Guimarães -Cem anos <strong>da</strong> Marcha Gualteriana nas Festas <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong>”.<br />

Trata-se <strong>de</strong> dois trabalhos <strong>de</strong> investigação, <strong>de</strong> contexto monográfico, importantes para o<br />

conhecimento <strong>de</strong> diferentes reali<strong>da</strong><strong>de</strong>s do concelho vimaranense. Para o levantamento<br />

documental necessário à elaboração <strong>de</strong>stes dois estudos, o autor socorreu-se,<br />

abun<strong>da</strong>mentemente, <strong>da</strong> preciosa documentação existente na Biblioteca e Arquivos <strong>da</strong><br />

Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Martins</strong> <strong>Sarmento</strong>.<br />

A freguesia <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Taipas foi eleva<strong>da</strong><br />

a vila em 1940, mas ain<strong>da</strong> não dispunha <strong>de</strong> uma<br />

publicação monográfica que documentasse a<br />

sua importância histórica, patrimonial, cultural<br />

e turística, no contexto concelhio e regional. Esta<br />

publicação, que abarca o período histórico <strong>da</strong>s<br />

origens ao final do século XIX foi, por isso<br />

mesmo, muito bem recebi<strong>da</strong> nos meios culturais<br />

taipenses, que aguar<strong>da</strong>m agora o segundo<br />

volume <strong>da</strong> obra, cuja temática abor<strong>da</strong>rá o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> locali<strong>da</strong><strong>de</strong> ao longo do<br />

século XX.<br />

Na investigação do seu trabalho, o autor partiu<br />

<strong>da</strong> situação estratégica <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Taipas na<br />

Bacia do Ave para compreen<strong>de</strong>r o<br />

posicionamento <strong>de</strong>ste território em relação aos<br />

aglomerados populacionais <strong>da</strong> pré e<br />

protohistória. Com efeito, o vale do Ave, por<br />

on<strong>de</strong> se esten<strong>de</strong> o território <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Tapas<br />

e <strong>da</strong>s freguesias circunvizinhas, está cercado<br />

por colinas montanhosas on<strong>de</strong>, outrora, havia<br />

inúmeros povoados castrejos: a Citânia <strong>de</strong><br />

Briteiros, o Castro <strong>de</strong> Sabroso, e os povoados<br />

fortificados <strong>de</strong> Santa Marta <strong>da</strong>s Cortiças<br />

(Falperra), Outinho, São Bartolomeu, São<br />

Miguel-o-Anjo, Senhoras do Monte, Santa<br />

Eulália <strong>de</strong> Fermentões, Santiago <strong>de</strong> Pencelo,<br />

Prazins Santo Tirso e Prazins Santa Eufémia.<br />

Mais a nor<strong>de</strong>ste, havia povoações fortifica<strong>da</strong>s<br />

nos montes que envolviam a locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> S.<br />

Torcato. As povoações que aqui viviam, na pré<br />

ou na proto-história, encontravam os seus<br />

recursos <strong>de</strong> subsistência nas encostas e no vale<br />

do Ave: caça, pesca, pastoreio, florestas, frutas,<br />

água, agricultura e outros recursos.<br />

As <strong>de</strong>scobertas arqueológicas e os escritos <strong>de</strong><br />

Francisco <strong>Martins</strong> <strong>Sarmento</strong>, Mário Cardoso,<br />

Luís <strong>de</strong> Pina e outros arqueólogos mais recentes,<br />

constituíram um gran<strong>de</strong> manancial informativo<br />

para a estruturação do conteúdo histórico e<br />

cultural referente às origens dos povos que<br />

habitaram primitivamente as Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Taipas.<br />

De uma forma sucinta, o livro faz referência aos<br />

testemunhos físicos <strong>da</strong> presença dos primitivos<br />

povos em Cal<strong>de</strong>las e na região que é ain<strong>da</strong><br />

possível i<strong>de</strong>ntificar : Na préhistória<br />

– as inúmeras gravuras rupestres que é possível<br />

encontrar na Citânia ou em rochas dispersas<br />

pela zona envolvente a Cal<strong>de</strong>las; na protohistória<br />

- as velhas ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s fortifica<strong>da</strong>s no alto<br />

dos montes, conheci<strong>da</strong>s por castros, com o seu<br />

tipo característico <strong>de</strong> habitação redon<strong>da</strong>; no<br />

início <strong>da</strong> era cristã - a presença romana na<br />

locali<strong>da</strong><strong>de</strong>, com os vestígios que ali ficaram: a<br />

Ara <strong>de</strong> Nerva, o complexo termal; o Penedo <strong>de</strong><br />

Trajano, o miliário <strong>de</strong> San<strong>de</strong> que i<strong>de</strong>ntificava<br />

passagem por esta locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> estra<strong>da</strong> romana<br />

que ligava a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Bracara Augusta a Emerita<br />

Augusta; a ponte <strong>de</strong> S. João (Campelos); na I<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Média: - a passagem dos povos suevos,<br />

visigóticos e árabes.<br />

Aparecem, <strong>de</strong>pois, no século X e XI, as primeiras<br />

referências escritas à paróquia e locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

S. Tomé <strong>de</strong> Cal<strong>de</strong>las. A obramonográfica bebe,<br />

<strong>de</strong>pois, na informação recolhi<strong>da</strong> pelas<br />

Inquirições realiza<strong>da</strong>s ao longo do século XIII e<br />

início do século XIV, nos documentos <strong>de</strong><br />

emprazamento <strong>de</strong> quintas pertencentes à<br />

Colegia<strong>da</strong> <strong>da</strong> Oliveira, nas Memórias Paroquiais<br />

<strong>de</strong> 1758, no Inquérito Paroquial <strong>de</strong> 1842 e em<br />

muitos outros documentos. Reconstitui,<br />

também, o historial <strong>da</strong> Igreja e paróquia <strong>de</strong><br />

Cal<strong>de</strong>las e refaz o quadro dos párocos que<br />

assistiram religiosamente a locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

séc. XIII à actuali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

A Capela <strong>de</strong> Santo António e a sua <strong>de</strong>struição; o<br />

Pontilhão <strong>da</strong>s Taipas e eventual época <strong>da</strong> sua<br />

construção; a activi<strong>da</strong><strong>de</strong> termal e a indústria <strong>da</strong><br />

cutelaria, são outros temas abor<strong>da</strong>dos nesta<br />

monografia, que o autor complementa com um<br />

elaborado guia turístico, on<strong>de</strong> se procura<br />

i<strong>de</strong>ntificar os elementos históricos e<br />

patrimoniais que constituem, ain<strong>da</strong> hoje, os<br />

principais motivos <strong>de</strong> atracção turística na<br />

locali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Cal<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Taipas.<br />

Guimarães comemorou, em Agosto <strong>de</strong> <strong>2006</strong>,<br />

o centenário <strong>da</strong> criação <strong>da</strong>s Festas <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

Gualterianas, com um programa que procurou<br />

reconstituir os números festivos tradicionais<br />

<strong>de</strong> maior êxito popular ao longo <strong>de</strong> todo este<br />

período. Destes, a Marcha Gualteriana é, sem<br />

dúvi<strong>da</strong>, o mais empolgante e o mais<br />

significativo, sem o qual as festas gualteriannas<br />

não teriam alcançado nem a longevi<strong>da</strong><strong>de</strong>, nem<br />

a projecção que hoje <strong>de</strong>têm no panorama<br />

festivo nacional. Entre as iniciativas <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s<br />

a evocar a efeméri<strong>de</strong>, a Comissão Artística <strong>da</strong><br />

Marcha Gualteriana promoveu uma publicação<br />

monográfica sobre o centenário <strong>da</strong>s festas <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, cuja investigação foi entregue ao<br />

jornalista Armindo Cacha<strong>da</strong>, autor <strong>de</strong> outros<br />

estudos sobre a mesma temática.<br />

Com a elaboração <strong>de</strong>ste trabalho, o autor<br />

preten<strong>de</strong>u efectuar um levantamento<br />

documental, o mais alargado mas também o<br />

mais sintético possível, sobre o que foram os<br />

cem anos <strong>de</strong> Gualterianas, comemora<strong>da</strong>s na<br />

edição festiva <strong>de</strong>ste ano. Para tanto,<br />

pesquisou, ano por ano, os aspectos mais<br />

salientes <strong>da</strong>s festas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os seus cartazes e<br />

folhetos <strong>de</strong> propagan<strong>da</strong>, ornamentações<br />

citadinas, programas festivos ou comissões<br />

organizadoras, às figuras que o tempo ligou<br />

<strong>de</strong>finitivamente ao evento e a outros aspectos<br />

que, ao longo <strong>de</strong> déca<strong>da</strong>s, foram cristalizando<br />

em tradições que hoje constituem um<br />

ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro património cultural para<br />

Guimarães, património esse que se torna<br />

necessário continuar a investigar e conhecer,<br />

para melhor se po<strong>de</strong>r valorizar e salvaguar<strong>da</strong>r.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!