a carta roubada - Psicanálise & Barroco
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Estrutura, Memória e a Emergência da Lei no Seminário sobre “A Carta Roubada”<br />
1.1 Estrutura e Memória no Jogo do Par-ou-Ímpar<br />
Dois meninos brincam o velho jogo do par-ou-ímpar. Cada menino apenas escolhe<br />
se deseja naquela partida ser “par” ou “ímpar” e, posteriormente, mostram as mãos cada uma com<br />
alguns dedos esticados. Fazem a contagem do total de dedos esticados e verificam o resultado<br />
imprevisível de obter desta contagem um número par ou um número ímpar. É um jogo simples<br />
que não envolve estratégia, pois não há como prever quantos dedos mostrarão os dois jogadores.<br />
Podemos afirmar que o resultado do jogo é dado pelo acaso.<br />
Suponha, agora, que os meninos jogam partidas sucessivas cujos resultados pares<br />
serão representados aqui por sinais “+” e cujos resultados contrários (ímpares) serão<br />
representados por sinais “-“. Assim, por exemplo, uma seqüência possível de dez partidas pode<br />
ser representada por:<br />
+ - + - - + + - + -<br />
Primeira partida<br />
Décima partida<br />
Observe que convencionamos, sem nenhum prejuízo do que se prentede<br />
demonstrar, que uma seqüência de partidas se inicia sempre à esquerda e termina sempre à direita<br />
do leitor. Note também que a escolha dos sinais “+” e “-“ se dá apenas por um capricho e<br />
quaisquer outros sinais poderiam ser escolhidos.<br />
Seria possível prever, a partir de uma dada seqüência de partidas, qual o resultado<br />
mais provável da próxima partida Infelizmente, não! Em um jogo sem estratégia, os resultados<br />
Psicanálise & <strong>Barroco</strong> em revista v.6, n.2: 75-107, dez.2008 77