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Mulheres negras brasileiras e os resultados de Durban

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O não estabelecimento e/ou disponibilização <strong>de</strong> informações sobre<br />

indicadores quantitativ<strong>os</strong> e qualitativ<strong>os</strong> e metas prop<strong>os</strong>tas e realizadas<br />

dificulta a avaliação da efetivida<strong>de</strong> das ações <strong>de</strong>senvolvidas. O que já<br />

<strong>de</strong>monstra as limitações na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste programa, também expressa<br />

na pequena abrangência ou alcance discriminatório implícito no requisito<br />

<strong>de</strong> contrato formal <strong>de</strong> trabalho para a concessão <strong>de</strong> financiamento, o<br />

que exclui gran<strong>de</strong> parte das mulheres <strong>negras</strong> e indígenas atuantes nesta<br />

profissão. Ainda assim, nenhuma medida efetiva <strong>de</strong> garantia do direito<br />

à formalização no trabalho doméstico foi tomada. Limitações também<br />

visíveis n<strong>os</strong> valores <strong>de</strong> financiamento habitacional, o que obriga as trabalhadoras<br />

domésticas resi<strong>de</strong>ntes n<strong>os</strong> gran<strong>de</strong>s centr<strong>os</strong> a adquirir moradias<br />

ina<strong>de</strong>quadas; nas medidas <strong>de</strong> aumento da escolarida<strong>de</strong> e da qualificação<br />

profissional das trabalhadoras, cujo principal entrave para sua realização<br />

foi o <strong>de</strong>scumprimento sistemático por parte <strong>de</strong> empregadores/as da legislação<br />

em relação à carga horária <strong>de</strong> trabalho, sem que qualquer medida <strong>de</strong><br />

correção f<strong>os</strong>se tomada; na falta <strong>de</strong> mecanism<strong>os</strong> <strong>de</strong> inibição das ações <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sestímulo à organização das trabalhadoras exercido por gran<strong>de</strong> parte<br />

d<strong>os</strong>/as empregadores/as, o que dificulta seu ativismo e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> ações que confrontem e impeçam tais padrões <strong>de</strong> exploração; e na exclusão<br />

das organizações <strong>de</strong> mulheres <strong>negras</strong>, que atuam mais frontalmente nas<br />

lutas antirracistas e antissexistas, fatores fundamentais da subordinação<br />

do trabalho doméstico, d<strong>os</strong> mecanism<strong>os</strong> <strong>de</strong> participação ou pactuação.<br />

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MULHERES NEGRAS BRASILEIRAS E OS RESULTADOS DE DURBAN<br />

D. EDUCAÇÃO<br />

A educação tem sido vista pelas mulheres <strong>negras</strong> como estratégica para<br />

a alteração das condições <strong>de</strong> subordinação em que vivem as mulheres<br />

e toda a população negra. Assim, é p<strong>os</strong>sível encontrar, ao longo da história<br />

do Brasil, exempl<strong>os</strong> do gran<strong>de</strong> investimento que estas têm feito e<br />

que se traduzem nas crescentes taxas <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> média das mulheres<br />

<strong>negras</strong> ao longo <strong>de</strong> todo o século XX, a <strong>de</strong>speito da inexistência <strong>de</strong><br />

qualquer programa ou política <strong>de</strong> ação afirmativa dirigido ao fomento<br />

da maior escolarização <strong>de</strong>ste grupo específico. Assim, seria p<strong>os</strong>sível<br />

supor que medidas governamentais voltadas para a ampliação da escolarida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> segment<strong>os</strong> excluíd<strong>os</strong> da socieda<strong>de</strong> buscariam potencializar<br />

as ações já empreendidas pelas mulheres <strong>negras</strong>. No entanto, tal opção<br />

não se realizou até o momento.

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