NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE
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109 – <strong>NOS</strong> <strong>DOMÍNIOS</strong> <strong>DA</strong> MEDIUNI<strong>DA</strong>DE<br />
Incapaz de entender-se com a filha, desejou despedir-se de velha irmã que residia a<br />
longa distância. Vimo-la, num supremo esforço, concentrando os próprios<br />
pensamentos para satisfazer a essa derradeira aspiração...<br />
Anésia, por sua vez, sob a influência de Teonília, percebeu que a genitora<br />
atingira a estação terminal da existência terrestre e, enlaçando-a, carinhosamente,<br />
orava em pranto silencioso. A agonizante entendeu-a, mas apenas derramou<br />
comoventes lágrimas como resposta.<br />
Demorando na filha o olhar dorido e ansioso, Dona Elisa projetou-se, por<br />
fim, em nosso meio, mantendo-se, porém, ainda ligada ao veículo físico por um laço<br />
de prateada substância. Enquanto se lhe inteiriçavam os membros, um só<br />
pensamento lhe predominava no espírito — dizer adeus à última irmã consanguínea<br />
que lhe restava na Terra.<br />
Envolvida na onda de forças, nascida de sua própria obstinação, afastou-se,<br />
ligeira, volitando automaticamente no rumo da cidade em que se lhe situava a<br />
parenta.<br />
Correspondendo à ordem de Áulus, passamos a segui-la de perto. Dezenas<br />
de quilômetros foram instantaneamente vencidos. Em plena noite alta, colocamo-nos<br />
ao lado dela, num aposento mal iluminado, em que venerável anciã dormia<br />
tranquila.<br />
— Matilde! Matilde!...<br />
A recém-chegada tentou despertá-la, à pressa, mas em vão. Consciente de<br />
que não dispunha senão de rápidos instantes, vibrou algumas pancadas no leito da<br />
irmã, que acordou de chofre, entrando, de imediato, em sua esfera de influência.<br />
Dona Elisa passou a falar-lhe, atormentada.<br />
Dona Matilde, contudo, não lhe escutava as palavras pelos condutos<br />
auditivos do vaso carnal e sim pelo cérebro, através de ondas mentais, em forma de<br />
pensamentos a lhe remoinharem ao redor da cabeça.<br />
Reerguendo-se, inquieta, falou de si para consigo:<br />
— ―Elisa morreu‖.<br />
Indicando-nos as duas irmãs juntas, o Assistente explicou:<br />
— Temos aqui uni dos tipos habituais de comunicação nas ocorrências de<br />
morte. Pela persistência com que se repetem, os cientistas do mundo são<br />
constrangidos a examiná-los. Alguns atribuem esses fatos a transmissões de ondas<br />
telepáticas, ao passo que outros neles encontraram os chamados ―fenômenos de<br />
monição. Isso tudo, porém, reduz-se na Doutrina do Espiritismo à verdade simples e<br />
pura da comunhão direta entre as almas imortais.<br />
— Todas as pessoas, desde que o desejem — perguntou meu colega —,<br />
podem efetuar semelhantes despedidas, quando partem da Terra<br />
— Sim, Hilário, você diz bem quando afirma ―desde que o desejem‖,<br />
porque semelhantes comunicações, no instante da morte, somente se realizam por<br />
aqueles que concentram a própria força mental num propósito dessa espécie.<br />
Todavia, não dispúnhamos de tempo para maiores conversações.<br />
Dona Elisa, após liberar-se do anseio que lhe inquietava o campo Intimo,<br />
qual se o corpo distante lhe reclamasse a presença, à feição do que ocorre num caso<br />
de desdobramento vulgar, voltou, de imediato, a casa.<br />
Seguindo-a de perto, notamo-la menos aflita, embora fatigada. No aposento