05.02.2015 Views

NOS DOMÍNIOS DA MEDIUNIDADE

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

35 – <strong>NOS</strong> <strong>DOMÍNIOS</strong> <strong>DA</strong> MEDIUNI<strong>DA</strong>DE<br />

7<br />

Socorro Espiritual<br />

Sob a influência de Clementino, que o envolvia inteiramente, Silva<br />

levantara-se e dirigia-se ao comunicante com bondade:<br />

— Meu amigo, tenhamos calma e roguemos o amparo divino!<br />

— Estou doente, desesperado...<br />

— Sim, todos somos enfermos, mas não nos cabe perder a confiança.<br />

Somos filhos de Nosso Pai Celestial que é sempre pródigo de amor.<br />

— É padre<br />

— Não. Sou seu irmão.<br />

— Mentira. Nem o conheço...<br />

— Somos uma só família, à frente de Deus.<br />

O interlocutor conturbado riu-se irônico e acentuou:<br />

— Deve ser algum sacerdote fanatizado para conversar nestes termos!..<br />

A paciência do doutrinador sensibilizava-nos. Não recebia Libório, qual se<br />

fora defrontado por um habitante das sombras, suscetível de acordar-lhe qualquer<br />

impulso de curiosidade menos digna. Ainda mesmo descontando o valioso concurso<br />

do mentor que o acompanhava, Raul emitia de si mesmo sincera compaixão de<br />

mistura com inequívoco interesse paternal. Acolhia o hóspede sem estranheza ou<br />

irritação, como se o fizesse a um familiar que regressasse demente ao santuário<br />

doméstico. Talvez por essa razão o obsessor a seu turno se revelava menos<br />

agastadiço. Tão logo passou a entender-se, de algum modo, com o dirigente da casa,<br />

observamos que Eugênia se revigorava no esforço assistencial que lhe competia.<br />

— Não sou um ministro religioso — continuava Raul, imperturbável —,<br />

mas desejo me aceite como seu amigo.<br />

— Que irrisão! Não existem amigos quando a miséria está conosco... Dos<br />

companheiros que conheci, todos me abandonaram. Resta-me apenas Sara! Sara,<br />

que não deixarei...<br />

Fixou a expressão de quem se detinha na lembrança da pessoa a quem se<br />

referira e acrescentou com recalcada indignação:<br />

— Ignoro por que me entravam agora os passos. É inútil. Aliás, não sei a<br />

razão pela qual me contenho. Um homem provocado, qual me vejo, decerto deveria<br />

esbofeteá-los a todos... Afinal, que fazem aqui estes cavalheiros silenciosos e estas<br />

mulheres mudas Que pretendem de mim<br />

— Estamos em prece por sua paz — falou Silva, com inflexão de bondade e<br />

carinho.<br />

— Grande novidade! Que há de comum entre nós Devo-lhes algo<br />

— Pelo contrário — exclamou o interlocutor, convicto —, nós somos quem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!