MARKETING DE VAREJO: ASPECTOS DA HISTÓRIA DO COMÉRCIO EM SÃO PAULO
O comércio na cidade de São Paulo do final do século XlX ao século XX,com o surgimento do crediário e grande lojas de departamento.
O comércio na cidade de São Paulo do final do século XlX ao século XX,com o surgimento do crediário e grande lojas de departamento.
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Roberto Bassi Ribeiro Soares *<br />
<strong>MARKETING</strong> <strong>DE</strong> <strong>VAREJO</strong>:<br />
<strong>ASPECTOS</strong> <strong>DA</strong> <strong>HISTÓRIA</strong> <strong>DO</strong><br />
<strong>COMÉRCIO</strong> <strong>EM</strong> <strong>SÃO</strong> <strong>PAULO</strong><br />
Em 1900, São Paulo tinha 239.820 habitantes. Em<br />
relação ao censo demográfico de 1890, a<br />
população havia crescido 168%, registrando-se uma taxa<br />
anual de crescimento de 14%, ou seja, a mais alta taxa<br />
observada ao longo do período de 1872 a 1950. Os dados<br />
econômicos apontam uma economia extremamente<br />
dinâmica, absorvendo grandes contingentes de mão-deobra<br />
de vários pontos do país e do exterior: isto<br />
impulsionava o crescimento da cidade, num ritmo inusitado.<br />
São Paulo enriquecia e isso se expressava na sua vida<br />
cultural e na modernização de seu comércio. Em 1900, a<br />
cidade instalava seus bondes elétricos; em 1903 iniciavamse<br />
as obras de construção do Teatro Municipal dirigidas<br />
por Ramos de Azevedo; em 1911 era instalada a Pinacoteca<br />
do Estado, em 1912, São Paulo contava com 45 cinemas.<br />
É nesse quadro de prosperidade que seu comércio se<br />
moderniza e em 1913 surge o Mappin Stores (Brazil) Limited,<br />
primeira loja de departamentos da cidade.<br />
A autorização para o Mappin Stores instalar-se no Brasil<br />
ocorreu através do decreto presidencial n o 10.536, assinado<br />
pelo Presidente da República Hermes da Fonseca, em 19<br />
de novembro de 1913. Era uma autorização muito elástica:<br />
o Mappin Stores podia trabalhar com importação e<br />
exportação de qualquer artigo, podia dedicar-se a todo tipo<br />
*<br />
Economista, mestrando em Administração de Empresas na PUC-SP.<br />
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de transação comercial, além de atuar<br />
na confecção de roupas, rendas,<br />
chapéus, artefatos de couro, móveis e<br />
estofados. Podia construir desvios de<br />
estradas-de-ferro e carris, prover e<br />
dirigir salas de leitura, bibliotecas, casas<br />
de bebidas, receber dinheiro em<br />
depósito a juros ou mantê-lo sob sua<br />
guarda; organizar fazendas, produzir e<br />
comercializar leite, hortaliças, flores.<br />
Diante de tão amplos poderes, o<br />
Mappin Stores instalou-se em São Paulo, na rua 15 de<br />
Novembro, que na época constituía, com as ruas Direita e<br />
São Bento, o famoso Triângulo, que congregava o comércio<br />
elegante da cidade, com as melhores lojas, cinemas,<br />
restaurantes, confeitarias, redações de jornais, hotéis de<br />
elevado prestígio. Era, em suma, o centro comercial, social<br />
e político da cidade, o local do fútingue, dos passeios dos<br />
homens e mulheres bem vestidos, das famílias que<br />
tomavam sorvetes nos fins de tarde, após o jantar, em<br />
confeitarias elegantes, forradas de espelhos, ostentando<br />
lustres de cristal.<br />
Nesse ponto da cidade, o comércio varejista voltavase<br />
para um segmento privilegiado da população, que tentava<br />
pautar sua conduta por padrões ditados por Paris e Londres,<br />
já que o eixo econômico mundial ainda estava centrado na<br />
Europa. Enriquecido pela produção cafeeira e suas<br />
extensões, esse segmento tinha vida farta e luxuosa, e<br />
distraía-se no Triângulo, com as últimas novidades que o<br />
comércio trazia da Europa; ao mesmo tempo, estabelecia<br />
um modelo de comportamento a outros setores da<br />
população, que aspiravam por um estilo de vida tão<br />
sofisticado e elegante, e freqüentavam também a região,<br />
para, no mínimo, colocarem-se a par das novidades.<br />
As vitrines do Triângulo se tornaram famosas nos anos<br />
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dez e vinte e dali se estenderam até a Praça da República,<br />
tendo a Rua Barão de Itapetininga se tornado um símbolo<br />
do comércio varejista elegante, nos anos trinta, quarenta e<br />
cinqüenta.<br />
Era inquestionável, na época, o prestígio de Paris,<br />
como centro mundial da moda, por isso<br />
toda uma terminologia francesa estendeuse<br />
ao comércio local, para nomear<br />
tecidos, estilos, modelos de roupa. Na<br />
época, tornaram-se comuns anúncios de<br />
modelos em crepe georgete, corsage<br />
pregueado, blusa forrada com foulard de<br />
seda, faille preto. Havia roupas para<br />
d’aprés-midi, ou soirée, sem faltar<br />
manteaux, robe de chambre, robe de sport, além de<br />
peignoirs e matinées guarnecidos com fitas e point a jour,<br />
como estão amplamente anunciados em jornais e revistas<br />
da época.<br />
Um rápido olhar sobre esses documentos permite que<br />
se vislumbre um pouco da história do marketing de varejo<br />
e da moda em São Paulo, além da modernização de seu<br />
comércio, com a implantação de lojas de departamento, no<br />
início do século XX.<br />
Lojas de Departamento<br />
Por incrível que pareça, para o comércio europeu a<br />
Idade Média durou até o século XVIII, com a manutenção<br />
da rigorosa especialização que, desde os tempos medievais,<br />
marcava a atividade mercantil. De acordo com as leis das<br />
corporações de ofício, originadas na Idade Média, um<br />
comerciante só podia vender os produtos fabricados por<br />
ele mesmo. Na França, em 1791, com a lei Chapelier, foram<br />
rompidas as amarras impostas pelas leis corporativistas e,<br />
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só então, abriram-se de forma ampla as possibilidades para<br />
que as lojas diversificassem sua oferta de mercadorias e<br />
pudessem crescer.<br />
A consolidação da tendência de concentração do<br />
comércio no centro das cidades foi favorecida pelo<br />
desenvolvimento dos transportes coletivos, no século XIX,<br />
com o crescimento urbano. Os transportes coletivos<br />
facilitavam o ato de fazer compras longe de casa e, como<br />
seria mais confortável encontrar variedade de mercadorias<br />
num mesmo estabelecimento, fortalecia-se o conceito de<br />
comércio integrado, “magasins”, lojas de departamento.<br />
Empresas como a Galerie Lafayette em Paris, a Harrods<br />
em Londres, consolidaram-se, impondo um novo modelo<br />
ao comércio.<br />
O conceito de loja de departamento é explicitado em<br />
“Le Commerce Integré, revue de la chambre du Commerce<br />
de Paris”, em sua edição n o 53, de 1962, como um<br />
“estabelecimento estruturado em grandes espaços<br />
consagrados à venda, um conjunto dividido em pequenos<br />
boxes, contendo numerosas mercadorias e enorme número<br />
de referências; preços ligeiramente mais baixos que os das<br />
lojas tradicionais; número cada vez maior de serviços para<br />
o cliente: empresa de viagem, agência de espetáculos,<br />
guichês de bancos, aluguel de ferramentas, aparelhos de<br />
limpeza, salão de beleza, massagem, etc., bem como<br />
restaurantes, lanchonetes, cafés e salões de chá, onde<br />
periodicamente se faz apresentação da moda”.<br />
Em São Paulo, a instalação do Mappin Stores obedecia<br />
à nova tendência do mercado, embora, em Londres, a<br />
Mappin & Webb (fundada em 1774 em Sheffield e logo<br />
transferida para Londres) fosse especializada em prataria,<br />
porcelanas e cristais. Inaugurada em São Paulo, em 29 de<br />
novembro de 1913, o Mappin Stores surgiu com 11<br />
departamentos e 40 funcionários. Cresceu rapidamente, e,<br />
em 1916, já triplicava o número de departamentos; em 1919<br />
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mudou-se para um prédio na atual Praça do Patriarca, no<br />
local onde hoje se situa a agência Patriarca do Unibanco. O<br />
novo prédio, em estilo art nouveau, valorizava no térreo as<br />
vitrines, que se incorporavam às suas estratégias de venda.<br />
Internamente, a loja seguia o padrão dos grandes<br />
magazines europeus, deixando claro - através de elementos<br />
decorativos como tapetes, cristais e espelhos nas paredesseu<br />
requinte para um público elitizado. Faziam parte de seu<br />
esquema porteiros uniformizados, que recebiam os clientes;<br />
garçons que lhes ofereciam petit fours, café ou chá, numa<br />
salinha de espera, enquanto o vendedor lhes apresentava<br />
a mercadoria solicitada.<br />
Ainda no começo do século, foi significativa a presença<br />
em São Paulo da Casa Alemã, que começou como loja de<br />
confecção na Rua 25 de Março, fundada em 1883, e que,<br />
nos anos vinte, mudou-se para a Rua General Carneiro.<br />
Mais tarde mudou-se para a Rua Direita, onde já se instalou<br />
como loja de departamento, funcionando até 1950, com o<br />
nome de Galeria Paulista de Modas.<br />
Novas lojas de departamento surgiram em São Paulo,<br />
no início dos anos 40, como a Isnard que, desde 1905,<br />
estava instalada na cidade como casa especializada. Em<br />
1944 surgiu a Clipper ligada a “A Exposição”, que estava<br />
voltada para a moda masculina, e em 1949 foi inaugurada a<br />
Sears Roebuck, trazendo, com todo o seu poderio<br />
econômico, o dinamismo das estratégias norte-americanas<br />
de vendas. A concorrência se acirrava, obrigando o Mappin<br />
a mudar seu estilo aristocrático, para se popularizar visto<br />
que as camadas médias entravam em fase de grande<br />
consumo e o grupo Clipper, através da loja “A Exposição”<br />
instituía um sistema de crédito amplo, voltado para<br />
segmentos populares. “Basta ser um rapaz direito para ter<br />
crédito na Exposição”, era o slogan da campanha publicitária<br />
das lojas A Exposição, do grupo Clipper, que popularizou o<br />
sistema de crediário em São Paulo. O Mappin criou seu<br />
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Departamento de Compras com Financiamento em 1952. A<br />
Exposição já o possuia desde 1929, embora somente para<br />
clientes selecionados. “Satisfação garantida ou o seu<br />
dinheiro de volta” - dizia a Sears, numa campanha<br />
permanente definindo o próprio slogan da empresa. Ao<br />
mesmo tempo que estabelecia o padrão de confiança entre<br />
loja e cliente, a Sears alardeava a imensa variedade de seu<br />
estoque, desafiando: “Encontre alguma coisa que não tenha<br />
aqui”.<br />
A Clipper, por sua vez, organizava desfiles de moda,<br />
anunciando para as adolescentes: “Só a Clipper tem a moda<br />
para a garôta soquete! ” Promovia o Desfile Garôta-Soquete,<br />
às tardes, no terceiro andar, com a presença de artistas<br />
como Tony Campello e o Conjunto The Jordans, que<br />
apresentavam shows para a ruidosa platéia.<br />
Estratégias de Venda.<br />
Na história do comércio de São Paulo, o Mappin<br />
destacou-se desde o início por cuidar do uso do espaço de<br />
exposição de suas mercadorias, maximizando a<br />
conveniência do cliente, sem descuidar da segurança dos<br />
produtos expostos. Assim, fugiu ao hábito que havia no<br />
comércio de se empilhar às portas<br />
as mercadorias, ou de expor<br />
caoticamente os produtos e<br />
instituiu, no início, um sistema em<br />
que o cliente solicitava a<br />
mercadoria e a aguardava numa<br />
saleta de espera, com todo o<br />
conforto. As mercadorias, que<br />
ficavam expostas, estavam<br />
fechadas em vitrines ou prateleiras<br />
com janelas de vidro.<br />
A partir de 1939, o Mappin<br />
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atravessou o Viaduto do Chá, mudou-se para a Praça Ramos<br />
de Azevedo, dispondo de instalações amplas (cerca de 6000<br />
m 2 ) num edifício art déco, com relógio inglês e ali<br />
redesenhou seu espaço interno. As mercadorias ficavam<br />
expostas em móveis de madeira, com paredes e tampos<br />
de vidro. Os clientes circulavam livremente por entre os<br />
balcões, que ocupavam o espaço de maneira estratégica.<br />
Sabe-se que o espaço afeta as compras, como agente<br />
modificador do comportamento do cliente. A utilização<br />
adequada de espaços e designs pode afetar a percepção<br />
do consumidor, despertar-lhe a simpatia, estimulá-lo à<br />
compra e, nesse sentido, as estratégias utilizadas pela loja<br />
eram corretas e correspondiam a uma utilização de modelos<br />
que vinham dos Estados Unidos, que já haviam assumido<br />
a hegemonia econômica mundial.<br />
No térreo do Mappin, as vitrines induziam o cliente a<br />
entrar no estabelecimento e a instituição de temas na<br />
montagem das vitrines foi um achado altamente estimulante.<br />
Temas como a paz no final da 2 a Guerra Mundial, ou sobre<br />
a conquista da Copa do Mundo de Futebol predispunham<br />
o transeunte a parar, olhar e até entrar - e, no mínimo,<br />
predispunha-o a uma reação de simpatia e identificação.<br />
Ao lado disso, outros temas foram introduzidos, como “o<br />
dia dos namorados”, “dia das mães”, “natal” e outros.<br />
Ao lado desses cuidados, desde o início, a primeira<br />
loja de departamentos da cidade lançou mão de publicidade<br />
nos jornais e valeu-se amplamente de veículos de circulação<br />
dirigida. Comunicava-se com as diferentes colônias que<br />
compunham a estrutura demográfica da cidade, publicando<br />
anúncios em italiano do jornal “Fanfulla”, em japonês no<br />
jornal “Nippak Shimbum”, em húngaro no jornal “Magyar<br />
Kjság”, entre outros. Além disso, publicava volantes em<br />
alemão, francês, inglês, chinês. Essas publicações, além<br />
de informar àqueles cidadãos estrangeiros que ainda não<br />
sabiam se comunicar em português, a respeito das<br />
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mercadorias da loja, tinham também a capacidade de cativar<br />
o cliente, estabelecendo uma relação de familiaridade, de<br />
proximidade entre a loja e a colônia.<br />
A empresa também confeccionava catálogos,<br />
remetidos pelo correio, onde, além das novidades oferecidas<br />
pela loja, registrava um rol de produtos que o cliente podia<br />
solicitar por reembolso postal, através da caixa postal n o<br />
1391. Os clientes da capital podiam fazer seus pedidos<br />
através de telefone, discando o número 45. Toda a história<br />
da moda, dos anos dez aos anos sessenta, passaram pelos<br />
desfiles de moda e vitrines de lojas de departamento de<br />
São Paulo. De melindrosas dos anos vinte à tendência militar<br />
dos anos trinta, com as linhas do ombro e da cintura mais<br />
marcadas, até os vestidos com estampas em<br />
“pois”(bolinhas miúdas como ervilhas), dos anos quarenta,<br />
com a inclusão de pulôveres, tecidos sanforizados, maiôs<br />
com saia choche e busto marcado, turbantes femininos e<br />
linho cru para praia e campo, traduzindo a influência norteamericana<br />
— tudo isso, passando pela roupa pronta, que<br />
se tornara de alto consumo, pela sua praticidade, foram<br />
vistas pela população, em todos os tipos de mídia e se<br />
tornaram espetáculos nas vitrines. O prêt-à-porter foi<br />
lançado pelo Mappin somente no final dos anos quarenta,<br />
em 1948. A moda vaporosa dos anos cinqüenta, com saias<br />
amplas, cintura apertada, “vespa” e blusas tomara-que-caia;<br />
os vestidos tubinho ou mini-saias dos anos sessenta e as<br />
calças boca-de-sino dos anos setenta, passando pela<br />
institucionalização do jeans e tênis, foram sempre<br />
anunciados não só por todos os tipos de mídia, impressa e<br />
eletrônica, como, também, através das vitrines, um<br />
instrumento de grande poder no marketing de varejo,<br />
conforme a localização e a situação do estabelecimento.<br />
O Mappin foi pioneiro na prestação de serviços aos<br />
clientes, e um bom exemplo disso é a frota de furgões da<br />
loja que, desde o dia da inauguração, já estava funcionando,<br />
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ajudando o cliente no transporte das<br />
mercadorias, da loja para sua casa.<br />
Era um serviço inovador, realizado<br />
numa época em que ainda se<br />
utilizavam muito o transporte com<br />
carroças nas entregas a domicílio.<br />
Mais tarde, a Clipper inovaria, criando<br />
no início dos anos sessenta uma linha<br />
de ônibus, gratuita, ligando o centro<br />
da cidade, Praça do Patriarca, onde<br />
estava a loja A Exposição (de seu<br />
grupo), à sua loja no Largo Santa<br />
Cecília.<br />
O Mappin se notabilizou, ainda,<br />
pelo seu salão de chá, ponto de<br />
encontro de gente elegante nos anos<br />
quarenta. A Sears manteve, ao longo de sua existência,<br />
seu snack bar com serviço de lanches e almoços. A Mesbla,<br />
as Lojas Americanas e Lojas Brasileiras tiveram nas suas<br />
lanchonetes um tipo de serviço muito concorrido.<br />
Uma das maiores inovações do Mappin, que contribuiu<br />
para a popularização da loja, foi a institucionalização das<br />
liquidações. Não que o Mappin tenha trazido a “liquidação”<br />
para São Paulo, ela já existia em algumas lojas, mas foi o<br />
Mappin que deu início ao lançamento sistemático das<br />
liquidações. As promoções de vendas, ligadas a<br />
determinadas épocas, como Carnaval e Semana Santa(com<br />
roupas escuras para missas e procissões), foram comuns<br />
nas décadas de vinte e trinta. Em meados da década de<br />
trinta, instituiu campanhas promocionais ligadas à Páscoa,<br />
com ovos de chocolate, roupas, presentes. Além disso,<br />
havia promoções ligadas às temporadas líricas do Teatro<br />
Municipal, com ofertas, além de roupas, de bolsas, carteiras,<br />
colares, brincos, flores artificiais, leques de plumas,<br />
perfumes de luxo.<br />
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As liquidações tipo “Quinzena de Tapetes”, ou<br />
liquidações semestrais, foram instituídas na década de trinta<br />
e se fortaleceram, dando, até hoje, característica muito forte<br />
e marcante à política de comercialização da empresa.<br />
A inegável importância do varejo no contexto<br />
mercadológico e econômico fica evidenciada não só porque<br />
muitos milhões de dólares são movimentados diariamente,<br />
mas, também, pela sua capacidade de criar emprego e girar<br />
a economia.<br />
O varejo é formado por um complexo constituído por<br />
três composições. A primeira refere-se aos bens e serviços<br />
oferecidos ao cliente; a segunda à distribuição e a terceira<br />
à comunicação. A história do comércio mostra que, ao lado<br />
do capital empregado, a boa assimilação das mudanças<br />
que se operam na sociedade e a sensibilidade a novos<br />
apelos, ajudam no estabelecimento de políticas que têm<br />
dado certo. Habilidades em marketing, organização,<br />
logística, sistemas de informação bem estruturados, aliados<br />
à habilidade no trato com funcionários e clientes, além de<br />
atualização constante, política de preços, qualidade e<br />
agilidade de ação em relação aos concorrentes são<br />
fundamentais no estabelecimento da política geral de<br />
comercialização de uma empresa desse setor. Um aspecto<br />
que não pode ser descuidado refere-se à pós-compra, que<br />
estabelece o atendimento ao cliente depois do encerramento<br />
de um negócio. Este tipo de atendimento leva o cliente a<br />
confiar na empresa, sentir-se seguro em relação a ela,<br />
gerando um processo de fidelização ao estabelecimento.<br />
Atualmente, diante das mudanças que se operam no<br />
plano global da economia, nem sempre uma grande<br />
estrutura garantirá o êxito de um empreendimento.<br />
Pequenas estruturas, bem gerenciadas, sustentadas na<br />
qualidade dos serviços oferecidos, ágeis na ação e bem<br />
organizadas na sua comunicação, com sistemas e<br />
estratégias adequadas a objetivos e situações, podem<br />
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alcançar resultados muito satisfatórios, garantindo sua<br />
sobrevivência no mercado.<br />
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121 T<strong>EM</strong>A