Carta de João Kopke dirigida a José Maria Lisboa quando da sua ...
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<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r nos ares os anileos mantos <strong>de</strong> tenuíssima neblina; a espaços, se<br />
ouvia o pio monótono <strong>da</strong>s perdizes na macega, e, <strong>de</strong> vez em <strong>quando</strong> o<br />
berrar prolongado dos terneiros nas mangueiras dos sítios que beiram as<br />
estra<strong>da</strong>.<br />
O caminho, como o anterior, e na phrase experessiva dos caipiras é muito<br />
dobrado.<br />
A curtas distâncias retesávamos as parelhas, <strong>sua</strong>rentas e pica<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s<br />
terríveis butucas, que as perseguiam.<br />
Por volta <strong>de</strong> meio-dia, chegamos à fazen<strong>da</strong> do Capitão Manoel Theodoro<br />
<strong>de</strong> Camargo. Hospitaleiro e chão, o velho recebeu os <strong>de</strong>sconhecidos com o<br />
riso nos lábios, e <strong>de</strong>leitou-os pela <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>sa do seu tratamento. Fartas<br />
tigelas <strong>de</strong> pingue leite mataram-nos o calor do sol ar<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> janeiro, e<br />
confesso que me atirei a ellas com uma fúria ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iramente bárbara.<br />
Jantamos após, fizemos o chylo em molle embalo <strong>de</strong> frescas alvíssimas<br />
re<strong>de</strong>s, e às três tão poucos momentos foram muitos para arraiguar-nos<br />
sympathias profun<strong>da</strong>s no coração. Com o cahir <strong>da</strong>s sombras, também<br />
nossas frontes se ensombraram. Lembranças dos que atraz ficavam!...<br />
Recor<strong>da</strong>ções vivas <strong>da</strong> Paulicéia queri<strong>da</strong>, rolavam grossas lágrimas<br />
tumultuosas pelas faces <strong>de</strong> minha companheira, e, do <strong>de</strong>sfilar <strong>da</strong>s serras –<br />
do murmúrio <strong>da</strong>s cascatas longínquas, do farfalhar <strong>da</strong> folhagem <strong>da</strong>s mattas<br />
– e ouvia erguer-se lângui<strong>da</strong>, perfuma<strong>da</strong>, explendi<strong>da</strong>mente bella, a minha<br />
dilecta Petrópolis!