Olá/Hola/Ciao/Bonjour/ Γειά σου/Hallo/God Dag/Salut/Zdravo/Hello/Ahoj/Helo/Helló/ Hei Geo-stories of our places and people: Tinalhas “Ei-los, os sobreiros sanguíneos, as oliveiras torcidas, troncos que pareciam músculos depois de dissecados, (…) e os ranchos escuros do entardecer, vindos dos montados, quando uma paz vasta, sem fim, fica suspensa, tal os fumos do Inverno, sobre a terra ofegante, e as abas retalhadas da Guardunha, cerco de uma solidão estagnada, sem medida, sem tempo,…). Assim nos é descrita a paisagem plana e intemporal de Tinalhas no prólogo do romance “Casa da Malta”, escrito em 1944 por Fernando Namora, um dos maiores escritores portugueses do séc. XX e figura incontornável da corrente neorrealista. A Casa da Malta, fonte de inspiração do médico caloiro e que se situava mesmo em frente ao seu consultório, ainda lá está, imortalizada num título de uma sua obra. Mas Tinalhas é mais: é a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, datada de 1576, de que se destaca a Capela do Santíssimo, jóia da arquitectura, com altar muito raro; a Capela do Espírito Santo, com cruzeiros adossados à frontaria no séc. XVIII; é a capela de S. Pedro, datada do séc. XVII; são os 16 cruzeiros que se encontravam espalhados pelas entradas da aldeia, para impedir o acesso do demónio; são as casas brasonadas dos viscondes de Tinalhas e os solares nobres dos “brasileiros” bem sucedidos; o Rossio, o “salão de visitas” da aldeia, com grande número de edifícios seculares ainda bem conservados. Tinalhas é também as suas gentes, os Sumagreiros como eram assim chamados no tempo em que o tingimento de peles era uma actividade económica do lugar. Aqui nasceu Estevão Dias Cabral, matemático da segunda metade do séc. XVIII, que deixou obra da maior importância no campo da Hidráulica, inventando métodos de cálculo de velocidades de fluxo e de medição de caudais. De regresso a Portugal, membro da Real Academia das Ciências de Lisboa, Estevão Dias Cabral estudou os problemas relacionados com a regulação dos rios Tejo e Mondego, entre outros, no interesse da agricultura e da navegabilidade dos rios. Nestes planos do Ocreza, onde por 16,2km2, na sua vasta maioria, a diferença de cotas não ultrapassa os 22 m, em plena Meseta atravessada por uma drenagem quase insignificante, historicamente escassa, Tinalhas é hoje a morada para 585 pessoas. Localizada no Campo de Castelo Branco, prevalece ainda o pomar e o olival, em solos pobres onde a produção florestal vai ganhando terreno. Só as “lincheiras” de granito porfiroide irrompem do manto verde, de que se destaca a lendária Nave Redonda e a sua moura das passas de ouro. Mas a albufeira da Marateca não anda longe, pelo que o futuro passa pela produção biológica de hortofrutícolas, que possa de novo abastecer a região e ir mais além. A aposta pode estar em novos produtos, como em espécies autóctones bem adaptadas a estes solos pobres, caso do Sumagre, que possui grande aplicabilidade nas indústrias farmacêutica (os seus taninos hidrolisáveis são um bactericida e um inibidor da replicação do vírus HIV sida) e de tinturaria, assim como na gastronomia, muito apreciada como especiaria no Médio Oriente. A existência de uma forte componente de associativismo em Tinalhas, destacando-se no caso a Sumagre – Associação de Dinamização e Salvaguarda Patrimonial, pode alavancar a valorização histórica, ecológica, etnobotânica e nutricional, assim como a produção local da espécie Rhus coriaia para uso industrial.
Olá/Hola/Ciao/Bonjour/ Γειά σου/Hallo/God Dag/Salut/Zdravo/Hello/Ahoj/Helo/Helló/ Hei Mas outros produtos de reconhecida qualidade são hoje produzidos em Tinalhas, caso da jeropiga, os quais deverão procurar a certificação e mercados que os valorizem. No que diz respeito ao sector turístico, Tinalhas como terra onde nasceu Estevão Dias Cabral, deverá saber criar um espaço dedicado ao ilustre cientista, dando particular destaque à sua obra e ao contributo que os seus estudos tiveram para a melhoria das condições de vida em Portugal. Bibliografia recomendada: Brás Jorge, H. 1996. Tinalhas meu berço, minha raiz. Edição do Autor, Castelo Branco. Shabbir, A. 2012. Rhus coriaria LINN, a plant of medicinal, nutritional and industrial importance: a review. The Journal of Animal & Plant Sciences, 22(2), 505-512. O Editor Carlos Neto de Carvalho Coordenador Científico do <strong>Geopark</strong> <strong>Naturtejo</strong> da Meseta Meridional Geólogo Capa: Nuno Dias (Objetiva: <strong>Geopark</strong> Project, www.naturtejo.com/objetiva)