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Semana <strong>de</strong> História da UFF<br />

23 a 27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Resumos<br />

Comissão Organizadora<br />

Alan Dutra Cardoso<br />

Lara Rodrigues <strong>de</strong> Brito Pinheiro<br />

Paula <strong>de</strong> Souza Valle Justen<br />

Sarah Vanessa dos Santos Correa<br />

Vanessa Costa Ferreira<br />

Niterói<br />

2015


Semana <strong>de</strong> História da UFF<br />

23 a 27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

Informações Gerais<br />

Blog: http://semana<strong>de</strong>historiauff.wordspress.com<br />

Facebook: https://www.facebook.com/pages/Semana-<strong>de</strong>-Hist%C3%B3ria-da-<br />

UFF/256296871088937<br />

Contato: shuff2015.1@gmail.com<br />

A responsabilida<strong>de</strong> pelos <strong>resumos</strong> é exclusiva dos respectivos autores.


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE<br />

Reitor: Sidney Luiz <strong>de</strong> Matos Mello<br />

Vice-Reitor: Antonio Claudio Lucas da Nóbrega<br />

Coor<strong>de</strong>nação do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em História: Ana Maria Mauad <strong>de</strong> Souza<br />

Andra<strong>de</strong> Essus e Samantha Viz Quadrat<br />

Chefia do Departamento <strong>de</strong> História: Adriene Baron Tacla e Maria Verónica Secreto<br />

Ferreras<br />

Coor<strong>de</strong>nação da Graduação em História: Alexandre Vieira Ribeiro e Luiz Fernando Saraiva<br />

Diagramação: Alan Dutra Cardoso<br />

Revisão: Vanessa Costa Ferreira


Conteúdos<br />

Apresentação ………………………………………………………………….…. 6<br />

Programação Geral …………………………………………………………….… 7<br />

Minicursos ……………………………………………………………………... 10<br />

Mesas redondas (<strong>resumos</strong> e títulos) ..................................................................... 12<br />

Gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> Horários das Sessões <strong>de</strong> comunicações (10h às13h) ………………... 20<br />

Resumo das comunicações ................................................................………………... 26


5<br />

"Sei que meu trabalho não resolve os problemas dos pesquisadores que lidam com fenômenos<br />

i<strong>de</strong>ológicos. Minha ambição é apenas ajudá-los a não se confundir, diante <strong>de</strong> um quadro tão<br />

impregnado <strong>de</strong> relativismo e tão pressionado por fetiches conservadores, como o que temos<br />

agora".<br />

Leandro Kon<strong>de</strong>r, filósofo e historiador.


Apresentação<br />

6<br />

A Semana <strong>de</strong> História da UFF é o fruto da iniciativa e esforço coletivo dosestudantes <strong>de</strong><br />

História organizados. Contamos como apoio do Departamento <strong>de</strong> História, do Programa <strong>de</strong> Pósgraduação<br />

em História (PPGH), da Pró-reitoria <strong>de</strong> Assuntos Estudantis (PROAES), do Núcleo<br />

<strong>de</strong> Estudos Contemporâneos (NEC), da Revista <strong>de</strong> História da Biblioteca Nacional (RHBN), da<br />

Re<strong>de</strong> Proprietas, da Associação Nacional <strong>de</strong> História – Seção Rio <strong>de</strong> Janeiro (ANPUH-Rio), do<br />

Centro Acadêmico <strong>de</strong> História (CAHIS-UFF) e do CEO-NUPEHC.<br />

O <strong>de</strong>bate <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias é elemento crucial à formação e ao ofício do historiador. O objetivo<br />

da Semana <strong>de</strong> História é, <strong>de</strong>ssa forma, gerar <strong>de</strong>bates sobre as pesquisas que vêm sendo<br />

<strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong>ntro e fora da UFF, constituindo um espaço amplo, <strong>de</strong>mocrático e saudável<br />

para o intercâmbio <strong>de</strong>conhecimentos.


7<br />

Programação Geral<br />

Segunda-feira, 23 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

10h às 13h: Sessões <strong>de</strong> comunicações<br />

14h30min às 15h30min: Minicursos<br />

16h às 17:30min: Mesa redonda. A importância em se discutir a Epistemologia no<br />

campo historiográfico. Profa. Dra. Giselle Venâncio (UFF), Profa. Dra.Renata<br />

Schittino (UFF) e Prof. Dr. Guilherme Neves (UFF).<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Vanessa Ferreira<br />

18h: Mesa <strong>de</strong> Abertura. Leandro Kon<strong>de</strong>r: história e engajamento legítimo. Profa.<br />

Dra.Ismênia Martins (UFF), Prof. Dr. Carlos Addor (UFF), Prof. Dr. Ricardo<br />

Figueiredo (UFRJ) e Deputado Fe<strong>de</strong>ral Alessandro Molon.<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Profa. Dra. Márcia Maria Menen<strong>de</strong>s Motta<br />

Terça-feira, 24 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

10h às 13h: Sessões <strong>de</strong> comunicações<br />

14h30min às 15h30min: Minicursos<br />

16h às 17:30min: Mesa redonda. Antiguida<strong>de</strong> Clássica: problemas e abordagens.<br />

Prof. Dr. Alexandre Moraes (UFF) e Profa. Bruna Moraes da Silva (UFRJ).<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Sarah Correia<br />

18h: Mesa redonda. Arte e Literatura no Egito antigo. Profa. Dra. Nely Feitoza<br />

(LASALLE) e Profa. Gisela Chapot (PPGH-UFF).<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Lara Pinheiro


8<br />

Quarta-feira, 25 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

10h às 13h: Sessões <strong>de</strong> comunicações<br />

14h30min às 15h30min: Minicursos<br />

16h às 17:30min: Mesa redonda. Religião e religiosida<strong>de</strong> medieval: perspectivas <strong>de</strong><br />

estudo no mundo contemporâneo. Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos (UFF),<br />

Profa. Dra. Carolina Fortes (UFF-PUCG) e Prof. Dr. Paulo Duarte (UFRJ).<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Paula Justen<br />

18h: Conferência. A História Política da Ida<strong>de</strong> Média no século XXI. Problemas e<br />

questões para a produção da UFF. Profa. Dra. Vânia Fróes.<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Paula Justen<br />

Quinta-feira, 26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

10h às 13h: Sessões <strong>de</strong> comunicações<br />

14h30min às 15h30min: Minicursos<br />

16h às 17:30min: Mesa redonda. Terra e Território no Império Português. Profa.<br />

Dra. Marina Monteiro Machado (UERJ) e Profa. Dra. Nívia Pombo (UERJ).<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan Dutra<br />

18h: Mesa redonda. Pobreza e Religiosida<strong>de</strong> no Brasil Colonial. Prof. Dr. Renato<br />

Franco (UFF) e Prof. Dr. Jorge Victor Araújo (UFRJ).<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan Dutra


9<br />

Sexta-feira, 27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

10h às 13h: Sessões <strong>de</strong> comunicações<br />

14h30min às 15h30min: Minicursos<br />

16h às 17:30min: Mesa redonda. Um país-continente: conflitos e proprieda<strong>de</strong>s no<br />

Brasil. Profa. Dra. Márcia Motta (UFF), Prof. Dr. Francivaldo Nunes (UFPA) e Prof.<br />

Dr. Tarcísio Motta <strong>de</strong> Carvalho (Colégio Pedro II)<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan Dutra<br />

18h: Mesa redonda. A figura <strong>de</strong> Luís Carlos Prestes e o contexto histórico <strong>de</strong> sua<br />

atuação política. Prof. Dr. Daniel Aarão Reis (UFF) e Prof. Dr. Francisco Carlos<br />

Teixeira (UFRJ).<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Vanessa Ferreira


10<br />

Minicursos<br />

História, Arqueologia e Cultura Material: entre ciência e educação.<br />

Ana Carolina Moliterno (UFF)<br />

Rennan <strong>de</strong> Souza Lemos (Museu Nacional/UFRJ)<br />

Neste minicurso discutiremos o estudo da cultura material em História e Arqueologia.<br />

Hoje em dia, os Estudos <strong>de</strong> Cultura Material consistem numa área consolidada <strong>de</strong>ntro<br />

das humanida<strong>de</strong>s. Arqueólogos, antropólogos, historiadores e pesquisadores <strong>de</strong> outras<br />

áreas vêm se engajando no estudo das relações entre os seres humanos e a<br />

materialida<strong>de</strong>. Nesse contexto, buscaremos apresentar novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa<br />

e <strong>de</strong> engajamento com a cultura material. Trataremos <strong>de</strong> exemplos dos mundos antigo e<br />

contemporâneo, com ênfase em questões como po<strong>de</strong>r e política, paisagem,<br />

fenomenologia, arqueologia dos sentidos, novas tecnologias, patrimônio arqueológico,<br />

museus e educação.<br />

Formas <strong>de</strong> dominação na Ida<strong>de</strong> Média: teoria, metodologia e historiografia.<br />

Thiago Pereira da Silva Magela (UFF)<br />

Eduardo Cardoso Daflon (UFF)<br />

Este minicurso visa discutir questões relativas ao estudo das relações <strong>de</strong> dominação na<br />

Ida<strong>de</strong> Média. Utilizaremos exemplos tanto da Alta Ida<strong>de</strong> Média como da Baixa Ida<strong>de</strong><br />

Média, abordando as formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência em sua historicida<strong>de</strong>, enfocando<br />

principalmente nas relações entre o campesinato e a aristocracia. Além disso, trataremos<br />

<strong>de</strong> questões teóricas e metodológicas relativas ao estudo e pesquisa da Ida<strong>de</strong> Média,<br />

especialmente no que se refere às contribuições do Marxismo.<br />

450 anos <strong>de</strong>pois.<br />

Thiago Vinícius Mantuano da Fonseca (UFF)<br />

O minicurso que se preten<strong>de</strong> tem como objetivo a discussão sobre a relação da cida<strong>de</strong><br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro e o seu porto. A cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro foi constituída em função <strong>de</strong>


sua baía, por ser colônia e estar ligada umbilicalmente à sua metrópole, teve no porto o<br />

centro nervoso <strong>de</strong> sua vida durante a maior parte dos seus 450 anos. A efeméri<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve<br />

servir para recuperarmos a importância <strong>de</strong>ssa zona para a cida<strong>de</strong>, seu valor histórico,<br />

cultural, material e imaterial. Além disso, <strong>de</strong>bateremos como a influência da região<br />

portuária perpassou a história do Rio <strong>de</strong> Janeiro e como sua socieda<strong>de</strong> foi marcada pela<br />

movimentação econômica, política e social ali ocorrida. No momento em que o Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro completa 450 anos, o po<strong>de</strong>r público vem investindo maciçamente na região<br />

portuária, visando articular passado e futuro. Nossas reflexões e <strong>de</strong>bates estarão<br />

centrados no século XIX, porém, não nos furtaremos a voltar em seu passado colonial e<br />

pensar seu rumo enquanto república. Trabalharemos com os mais variados olhares<br />

temáticos, preten<strong>de</strong>ndo abordar esse espaço tão importante para a nossa cida<strong>de</strong> e<br />

buscando projetar <strong>de</strong> forma crítica o futuro da região.<br />

11<br />

brasileira.<br />

Maria Alice Tallemberg Soares (UFF)<br />

Minicurso que se preten<strong>de</strong> tem como objetivo abordar algumas questões relativas à<br />

alimentação e à construção da chamada “cozinha brasileira” como uma expressão <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural. Através da apresentação <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> caso, observar como, a<br />

alimentação, a diversida<strong>de</strong> étnica é utilizada no processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma dada<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.


12<br />

Mesas redondas (<strong>resumos</strong> e títulos)<br />

23/03 – Teoria da História<br />

A importância em se discutir a Epistemologia no campo historiográfico.<br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 16h<br />

Teoria pra quê?<br />

Profa. Dra. Giselle Venâncio (UFF)<br />

A comunicação tem como objetivo discutir o lugar da reflexão teórica na investigação<br />

histórica. Preten<strong>de</strong> refletir sobre como se relacionam as questões teóricas e as ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> pesquisa empírica propostas pelo historiador.<br />

Epistemologia, Ciência e História<br />

Prof. Dr. Guilherme Pereira das Neves (UFF)<br />

Ao longo dos séculos XIX e XX, à medida que as ciências da natureza ganhavam<br />

importância no mundo contemporâneo, a epistemologia consolidou-se como domínio<br />

próprio <strong>de</strong> investigação. No mesmo período, a história constituiu-se como uma<br />

disciplina, mas sua valida<strong>de</strong> como conhecimento mostrou-se bem mais difícil <strong>de</strong><br />

estabelecer. A apresentação quer estimular uma reflexão sobre essa diferença.<br />

Hermenêutica contemporânea e a questão da historicida<strong>de</strong><br />

Profa. Dra. Renata Schittino (UFF)<br />

A proposta do trabalho é pensar o redimensionamento da noção <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong><br />

científica promovido pela hermenêutica contemporânea, observando <strong>de</strong> que modo estão<br />

em jogo novas questões para a produção do conhecimento histórico. Trata-se <strong>de</strong><br />

enten<strong>de</strong>r como a concepção <strong>de</strong> historicida<strong>de</strong> se torna elemento central e possibilida<strong>de</strong><br />

constitutiva do exercício historiográfico.


13<br />

24/03 – História Antiga<br />

Antiguida<strong>de</strong> clássica: problemas e abordagens.<br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 16h<br />

Entre o herói e o cidadão: uma análise comparada do código <strong>de</strong> conduta guerreiro<br />

nas obras homéricas e tucidiana.<br />

Profa. Bruna Moraes da Silva (UFRJ)<br />

Através <strong>de</strong> uma análise pautada no comparativismo histórico, propomos nesta<br />

comunicação evi<strong>de</strong>nciar as similitu<strong>de</strong>s, singularida<strong>de</strong>s e diferenças entre os códigos <strong>de</strong><br />

conduta guerreiro presentes nas obras homéricas, Ilíada e Odisseia, e os existentes na<br />

Atenas Clássica, <strong>de</strong>scritos na Guerra do Peloponeso, <strong>de</strong> Tucídi<strong>de</strong>s.<br />

AKROTIRI sob as cinzas do vulcão.<br />

Prof. Dr. Alexandre Moraes (UFF)<br />

O objetivo <strong>de</strong> nossa comunicação é discutir algumas questões relacionadas ao sítio<br />

arqueológico <strong>de</strong> Akrotiri, localizado na ilha <strong>de</strong> Santorini, Grécia. Sabe-se que no<br />

Período Minóico Recente IA (ou, mais precisamente, por volta <strong>de</strong> 1.520 a.C.) a cida<strong>de</strong><br />

foi soterrada por uma erupção vulcânica. As escavações ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1967, apesar <strong>de</strong><br />

uma série <strong>de</strong> interrupções. Após uma breve síntese da história e da importância<br />

estratégica da cida<strong>de</strong> para o conhecimento das socieda<strong>de</strong>s do mar Egeu, teceremos<br />

breves consi<strong>de</strong>rações sobre como as relações do presente influenciam a produção do<br />

conhecimento em História Antiga.


14<br />

Arte e literatura no Egito antigo.<br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 18h<br />

Culto, Intimida<strong>de</strong> e Exibições Públicas: Um Panorama Geral Acerca das Imagens<br />

Régias Amarnianas (1353-1335 a.C.).<br />

Profa. Gisela Chapot (PPGH-UFF)<br />

No reinado do faraó Akhenaton, a família real amarniana dominou a cena religiosa do<br />

período, protagonizando uma nova visão <strong>de</strong> mundo, na qual a mesma substituiu o antigo<br />

panteão usurpando papéis divinos nos mais diversos contextos. Demonstraremos <strong>de</strong> que<br />

maneira o material imagético foi crucial para construir e sustentar tal cosmovisão<br />

durante a reforma <strong>de</strong> Amarna.<br />

OS TEXTOS DAS PIRÂMIDES: TEXTO FUNDADOR DA TRADIÇÃO<br />

LITERÁRIA RELIGIOSA EGÍPCIA.<br />

Profa. Dra. Nely Feitoza (LASALLE)<br />

A gran<strong>de</strong> tradição religiosa egípcia, que marcou esta socieda<strong>de</strong> ao longo <strong>de</strong> sua história<br />

três vezes milenar teve por base uma série <strong>de</strong> fórmulas, ritos e mitos que nos foram<br />

revelados nas pare<strong>de</strong>s das Pirâmi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> faraós do Reino Antigo, os quais foram<br />

<strong>de</strong>nominados como os Textos das Pirâmi<strong>de</strong>s. Constituem-se como os textos religiosos<br />

mais antigos até agora datados na história da humanida<strong>de</strong>. Este trabalho preten<strong>de</strong><br />

apresentar estes documentos como textos fundadores <strong>de</strong> toda literatura religiosa egípcia<br />

que se modificou ao longo dos milênios, mas manteve os ecos <strong>de</strong>stes textos ancestrais<br />

em sua cultura literária em geral e religiosa em particular.


15<br />

25/03 – História Medieval<br />

Religião e religiosida<strong>de</strong> medieval: perspectivas <strong>de</strong> estudo no mundo<br />

contemporâneo.<br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 16h<br />

"A Igreja medieval em <strong>de</strong>bate: possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estudo sobre o episcopado<br />

oci<strong>de</strong>ntal na Primeira Ida<strong>de</strong> Média (séculos IV-VI)"<br />

Prof. Dr. Paulo Duarte (UFRJ)<br />

Uma crítica às formas <strong>de</strong> fetichização da religião na Ida<strong>de</strong> Média.<br />

Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos (UFF)<br />

A Historiografia contemporânea sobre a Or<strong>de</strong>m dos Pregadores na Ida<strong>de</strong> Média.<br />

Profa. Dra. Carolina Fortes (UFF-PUCG)<br />

Conferência<br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 18h<br />

A História Política da Ida<strong>de</strong> Média no século XXI. Problemas e questões para a<br />

produção da UFF.<br />

Profa. Dra. Vânia Fróes.


16<br />

26/03 – História Mo<strong>de</strong>rna<br />

Terra e Território no Império Português<br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 16h<br />

Estadistas, cronistas e colonos na construção da unida<strong>de</strong> territorial do Império.<br />

Séculos XVI, XVII e XVIII.<br />

Profa. Dra. Nívia Pombo (UERJ)<br />

O que era o Império Português? Quais as justificativas jurídicas ou políticas para a<br />

afirmação <strong>de</strong> ser Portugal um império na Época Mo<strong>de</strong>rna? Que ruptura conceitual o<br />

período realiza em relação ao i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> império do Sacro Império Romano-Germânico?<br />

O propósito <strong>de</strong>sta comunicação é proporcionar reflexões sobre a noção <strong>de</strong> império,<br />

mobilizando para isso um conjunto <strong>de</strong> escritos assinados por cronistas, colonos e<br />

estadistas, durante o período supracitado. A discussão também permitirá pensar no<br />

sentido da construção <strong>de</strong> outra noção: a <strong>de</strong> unida<strong>de</strong> territorial da América portuguesa.<br />

Entre Fronteiras: terras indígenas nos sertões fluminenses (1790-1824)<br />

Profa. Dra. Marina Monteiro Machado (UERJ)<br />

Tendo como pano <strong>de</strong> fundo as transformações políticas e administrativas em Portugal e<br />

na América portuguesa na passagem do século XVIII para o XIX, esta comunicação<br />

analisa a dinâmica <strong>de</strong> ocupação e expansão das fronteiras na região <strong>de</strong> Valença,<br />

capitania do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Embora relativamente próximo da capital, o vale do Rio<br />

Paraíba do Sul era em gran<strong>de</strong> parte ocupado por índios livres quando suas terras férteis<br />

passaram a ser cobiçadas por colonos. Focalizando o período entre 1790 e 1824,<br />

reconstrói-se a formação e a breve história do al<strong>de</strong>amento indígena <strong>de</strong> Nossa Senhora da<br />

Glória <strong>de</strong> Valença. Ao reduzir a escala <strong>de</strong> observação, foi possível <strong>de</strong>strinchar a<br />

dinâmica da disputa pela terra, envolvendo sesmeiros, fazen<strong>de</strong>iros, padres, agentes do<br />

governo e os próprios indígenas, cujas fluidas alianças estavam sujeitas às inflexões nas<br />

políticas <strong>de</strong> colonização ocasionadas pela sequência <strong>de</strong> mudanças políticas no período -<br />

que terminaram por fazer <strong>de</strong>saparecer o al<strong>de</strong>amento.


17<br />

Pobreza e religiosida<strong>de</strong> no Brasil Colonial<br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 18h<br />

“N é ” “ z ” na<br />

América portuguesa.<br />

Prof. Dr. Jorge Victor Araujo<br />

Esta apresentação preten<strong>de</strong> discutir alguns aspectos das vivências e das<br />

representações em torno do estado <strong>de</strong> “pobre” na América portuguesa. Para tal, serão<br />

usados dados <strong>de</strong> minha pesquisa <strong>de</strong> doutorado e algumas obras da historiografia<br />

brasileira. O objetivo é fomentar um <strong>de</strong>bate sobre os usos das categorias apresentadas.<br />

Religião e pobreza na época mo<strong>de</strong>rna<br />

Prof. Dr. Renato Franco (UFF)<br />

Ao longo da Época Mo<strong>de</strong>rna, a pobreza era uma <strong>de</strong>voção. Por isso, não era um dado a<br />

ser eliminado, mas mantido e, no limite, mitigado pelas ações <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>. No império<br />

português, as diferentes apropriações religiosas da palavra “pobreza” encararam a<br />

condição com notória con<strong>de</strong>scendência. A presente comunicação traçará um itinerário<br />

dos principais sentidos religiosos que a palavra assumiu nas socieda<strong>de</strong>s católicas entre<br />

os séculos XVI e XVIII.


18<br />

27/03 – História Contemporânea<br />

Um país-continente: conflitos e proprieda<strong>de</strong>s no Brasil<br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 16h<br />

Proprieda<strong>de</strong> e agricultura em terras <strong>de</strong> al<strong>de</strong>amentos e colônias agrícolas ao Norte<br />

do Império brasileiro.<br />

Prof. Dr. Francivaldo Alves Nunes (UFPA)<br />

A proposta é <strong>de</strong>stacar como os agentes públicos concebiam a concessão <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong> sobre a terra nos al<strong>de</strong>amentos e colônias agrícolas na Amazônia do século<br />

XIX. Demonstraremos que al<strong>de</strong>amentos e colônias constituíam espaços mo<strong>de</strong>lares <strong>de</strong><br />

socialização, em que a política governamental <strong>de</strong> institucionalização <strong>de</strong> direitos <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong> sobre a terra, subordinada a uma disciplina do trabalho agrícola.<br />

Coerção e Consenso na Primeira República: A Guerra do Contestado (1912 - 1916)<br />

Prof. Dr. Tarcísio Motta <strong>de</strong> Carvalho (Colégio Pedro II)<br />

O objetivo da comunicação é a <strong>de</strong> relacionar a construção do Estado na Primeira<br />

República e a Guerra do Contestado. Procuramos compreen<strong>de</strong>r a intervenção armada,<br />

através da violência física estatizada, enquanto instrumento garantidor <strong>de</strong> uma<br />

<strong>de</strong>terminada dominação <strong>de</strong> classe. A Guerra do Contestado, ocorrida entre os anos <strong>de</strong><br />

1912 e 1916 nos sertões catarinenses é um episódio privilegiado para analisarmos este<br />

processo, justamente porque os caboclos daquela região resistiram a tais mudanças,<br />

revelando que as construções i<strong>de</strong>ológicas que procuravam caracterizar esse processo<br />

como benéfico e inevitável não tiveram a força <strong>de</strong> se impor pelo consenso. Ao mesmo<br />

tempo, na tentativa <strong>de</strong> justificar a intervenção armada, as classes dirigentes, tanto<br />

nacionais quanto locais, tiveram <strong>de</strong> lançar mão <strong>de</strong> todo um arsenal discursivo que,<br />

mesmo reforçado pela guerra, teve <strong>de</strong> expor suas contradições e seu conteúdo <strong>de</strong> classe.


História rural, memória e amnésia social no Brasil<br />

Profa. Dra. Márcia Maria Menen<strong>de</strong>s Motta (UFF)<br />

19<br />

A presente comunicação enfatiza que a luta entre comunida<strong>de</strong>s rurais e fazen<strong>de</strong>iros tem<br />

uma história, cuja marca é o fenômeno da grilagem. Tais lutas são reiteradamente<br />

apagadas e <strong>de</strong>struídas por um processo <strong>de</strong> amnésia social sobre os embates no campo<br />

brasileiro. Além disso, discute que o processo <strong>de</strong> constituição <strong>de</strong> “proprieda<strong>de</strong>s<br />

inventadas” está assentado na noção <strong>de</strong> que o domínio sobre terras <strong>de</strong> outrem po<strong>de</strong> ser<br />

conseguido pelo falseamento <strong>de</strong> documentos. A partir das reflexões <strong>de</strong> Thompson e H.<br />

Ostrom, a comunicação <strong>de</strong>snuda também que a proprieda<strong>de</strong> privada não é uma evolução<br />

natural da proprieda<strong>de</strong> comum, mas uma realida<strong>de</strong> construída, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> regras que<br />

a <strong>de</strong>finem. Para fazer jus à proposta, Motta apresenta os casos dos Faxinais no Paraná e<br />

o chamado Fundo do Pasto na Bahia, em suas relações com os conflitos rurais no país.<br />

A figura <strong>de</strong> Luís Carlos Prestes e o contexto histórico <strong>de</strong> sua atuação política<br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 18h<br />

Luis Carlos Prestes, um revolucionário entre dois mundos.<br />

Prof. Dr. Daniel Aarão Reis Filho (UFF)<br />

A trajetória <strong>de</strong> Prestes - do tenentismo ao comunismo. A experiência da insurreição <strong>de</strong><br />

1935 e seu fracasso. Os anos <strong>de</strong> prisão e o fim do Estado Novo, em 1945. O PCB na<br />

legalida<strong>de</strong>: Prestes, senador da República. O retorno à clan<strong>de</strong>stinida<strong>de</strong> e a<br />

<strong>de</strong>sestalinização. O PCB e Prestes na conjuntura mais quente da república brasileira:<br />

1961-1964. A <strong>de</strong>rrota das esquerdas em 1964 e seu impacto na trajetória <strong>de</strong> Prestes. O<br />

PCB e Prestes e a luta contra a ditatura. Prestes nos anos 1980 - um revolucionário em<br />

tempos <strong>de</strong> reformas. O legado <strong>de</strong> Prestes e <strong>de</strong> sua trajetória.


20<br />

Gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> Horários das Sessões <strong>de</strong> comunicações (10h às13h)<br />

Horários Sala 510<br />

(Bloco O)<br />

10:00 às<br />

11:30<br />

Mesa 01 – Intelectuais,<br />

política e literatura: um<br />

diálogo na história.<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Vanessa Ferreira<br />

Antonio Lessa (UFF)<br />

Victor Couto (UFF)<br />

Rodrigo Fampa (UFF)<br />

Dia 23 <strong>de</strong> março – TEORIA DA HISTÓRIA<br />

Auditório<br />

(2º andar bloco O)<br />

Mesa 02 – Ensino <strong>de</strong><br />

história na<br />

contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Alan Dutra<br />

Érika Maria <strong>de</strong> Araújo<br />

(UERJ – FFP) e Manoel<br />

Azevedo (UERJ – FFP)<br />

Carlos <strong>de</strong> Oliveira (UCB)<br />

e Michelle Oliveira<br />

(UCB)<br />

Caroline Araújo (UFF) e<br />

Alexandre Silva (UFF)<br />

Sala 310<br />

(Bloco N)<br />

Mesa 03 – Literatura<br />

e História<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

André Barbosa<br />

André Barbosa (UFF)<br />

Edson <strong>de</strong> Lima<br />

(UNIRIO)<br />

Mariana Tavares<br />

(UFF)<br />

Sala N303<br />

(Bloco N)<br />

Mesa 04 – Memória e<br />

historiografia<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Hugo Farias<br />

Hugo Farias (UFRJ)<br />

Júlia Manacorda<br />

(PUC-RJ)<br />

João Victor Lima<br />

(UERJ-FFP)<br />

Viviane Silva (UERJ)<br />

11: 30 às<br />

13:00<br />

Mesa 05 – Discussões<br />

historiográficas<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Vanessa Ferreira<br />

Geise <strong>de</strong> Souza (UFFS)<br />

João Gabriel Ramos<br />

(UFF)<br />

Pedro Gama (UFRJ)<br />

Mesa 06 – Educação:<br />

cultura material e<br />

produção do<br />

conhecimento didático<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Luiza Sarraff<br />

Luiza Sarraff (UERJ –<br />

FFP)<br />

Marlon Barcelos (Ins.<br />

Arq. Brasileira – Fac.<br />

Re<strong>de</strong>ntor)<br />

Ana Luiza Poyares<br />

(UERJ) e Lívia <strong>de</strong> Souza<br />

(UERJ)<br />

Mesa 07 –<br />

Paradigmas<br />

historiográficos em<br />

<strong>de</strong>bate<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Jonathas <strong>de</strong> Oliveira<br />

Jonathas <strong>de</strong> Oliveira<br />

(UFRJ)<br />

Marcio Antônio<br />

Monteiro (UFF)<br />

Thaís Marcello <strong>de</strong><br />

Almeida (UFRRJ)<br />

Mesa 08 – Cinema,<br />

arte e filosofia em<br />

<strong>de</strong>bate na história<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Alan Dutra<br />

Cairo Barbosa (UERJ)<br />

Carlos Vinicius<br />

Taveira (PUC-RJ)<br />

João Gomes Junior<br />

(UFRRJ)


21<br />

Dia 24 <strong>de</strong> março – HISTÓRIA ANTIGA<br />

Horários Sala 510<br />

(bloco O)<br />

Mesa 01 – Representações da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> no mundo antigo<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Thaís Santos<br />

Auditório<br />

(2º andar do bloco O)<br />

Mesa 02 – Antiguida<strong>de</strong> clássica:<br />

problemas e abordagens<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Camila Jourdan<br />

10:00 às 11:30<br />

Mates Mello (UFF)<br />

Airan Borges (UFRJ)<br />

Pierre Romana (UERJ)<br />

Thais Santos (UFF)<br />

Talita Silva (UFF)<br />

Camila Jourdan (UFF)<br />

Juliana dos Santos (UFF)<br />

Mariana Virgolino (UFF)<br />

11: 30 às 13:00<br />

Mesa 03 – Egito Antigo: múltiplos<br />

diálogos<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Lara Pinheiro<br />

Letícia Gomes (UFRJ)<br />

Flávia Reis (Fac. Int. Simonsen)<br />

Mesa 04 – Diálogos politicos,<br />

culturais e econômicos na Roma<br />

Antiga<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Leonardo Cabral<br />

Leonardo Cabral (UFRRJ)<br />

Vânia Vidal (UNIRIO)<br />

Maria <strong>de</strong> Narazeth Sant’Angelo<br />

(UNIRIO)


22<br />

Horários Sala 510<br />

(bloco O)<br />

Dia 25 <strong>de</strong> março – HISTÓRIA MEDIEVAL<br />

Auditório<br />

(2º andar do bloco O)<br />

Sala 310<br />

(bloco N)<br />

10:00 às<br />

11:30<br />

Mesa 01 – Mundo<br />

islâmico, mundo <strong>de</strong><br />

possibilida<strong>de</strong>s<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Paula<br />

Justen<br />

Mesa 02 – Dinâmicas <strong>de</strong><br />

marginalização na Ida<strong>de</strong><br />

Média<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Wan<strong>de</strong>rson<br />

Pereira<br />

Afonso Teixeira (UFF) Flávia Vianna (UFF)<br />

Dandara Prenda (UFF) Wan<strong>de</strong>rson Pereira<br />

Lucas Pereira<br />

(UFMG)<br />

(UNIABEU) Matheus Camacho (UFF)<br />

Mesa 03 – Po<strong>de</strong>r régio,<br />

or<strong>de</strong>m senhorial e justiça<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Danielle<br />

Silva<br />

Danielle Silva (UFRRJ)<br />

Franklin Filho (UFF)<br />

Lucas Calvo (Fac. São<br />

Bento)<br />

Caio Barros (UFRRJ)<br />

Diogo Santos (UERJ)<br />

11: 30 às<br />

13:00<br />

Mesa 04 – Igreja<br />

Católica: instituição e<br />

visões <strong>de</strong> mundo<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Douglas<br />

Ban<strong>de</strong>ira<br />

Alexsandra Pimentel<br />

França (UFMG)<br />

Douglas Ban<strong>de</strong>ira<br />

(UFF)<br />

Caio Rodrigues<br />

(UFRRJ)<br />

Mesa 05 –<br />

Representações da<br />

socieda<strong>de</strong> medieval<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Paula<br />

Justen<br />

Vânia Vidal (UNIRIO)<br />

Anna Carla <strong>de</strong> Castro<br />

(UFF)<br />

Bruno Godinho<br />

(UNIRIO)<br />

Maycon Tannis (PUC-RJ)<br />

Mesa 06 – Grupo <strong>de</strong><br />

estudos sobre História do<br />

Japão (GEHJA –<br />

CEIA/UFF)<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Douglas<br />

Almeida<br />

Douglas Almeida (UFF)<br />

Larissa Nogueira (UFRJ)<br />

Mateus Nascimento<br />

(UFF)<br />

Thiago Carvalho (Estácio<br />

<strong>de</strong> Sá)


23<br />

26/09 –<br />

Horário<br />

Sala 510<br />

(bloco O)<br />

Dia 26 <strong>de</strong> março – HISTÓRIA MODERNA<br />

Auditório<br />

(2º andar do bloco O)<br />

Sala 310<br />

(bloco N)<br />

Sala 303<br />

(bloco N)<br />

10:00 às<br />

11:30<br />

Mesa 01 – O Brasil<br />

colonial setecentista<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Douglas<br />

Santos<br />

Fabio Lobão (UFF)<br />

Douglas Corrêa (UFF)<br />

Mesa 02 – Religião e<br />

religiosida<strong>de</strong> no Império<br />

Português<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Verônica<br />

Gomes<br />

Veronica Gomes (UFF)<br />

Rachel Romano (UFRJ)<br />

Gislaine Pinto (UFMG)<br />

Mesa 03 – Instituições<br />

e práticas religiosas no<br />

mundo mo<strong>de</strong>rno<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Caroline<br />

Gue<strong>de</strong>s<br />

Jorge Leão (UFF)<br />

Laís Marcoje (UFRJ)<br />

Caroline Gue<strong>de</strong>s (UFF)<br />

Mesa 04 – O mundo<br />

mo<strong>de</strong>rno nos séculos<br />

XVII e XVIII:<br />

múltiplas abordagens<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan<br />

Dutra<br />

Luciano da Costa<br />

(UFF)<br />

Eduardo Pimenta<br />

(UFF)<br />

Lívia Roberge (UFF) e<br />

João Vela (UFSC)<br />

Aryanne da Silva<br />

(UNIRIO)<br />

11: 30 às<br />

13:00<br />

Mesa 05 – A questão<br />

indígena nas Américas:<br />

os casos espanhol e<br />

português<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Suelen<br />

Julio<br />

Suelen Julio (UFF)<br />

Daniella Machado<br />

(UFRJ)<br />

Luiz Filho (UFF)<br />

Mesa 06 – Po<strong>de</strong>r e política<br />

no Brasil oitocentista<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan Dutra<br />

Gabriel Gaspar (UFF)<br />

Higor da Silva (UFF)<br />

Mesa 07 – Relações<br />

coloniais e culturais no<br />

Império Português<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Fernanda<br />

Fagun<strong>de</strong>s<br />

Fernanda Fagun<strong>de</strong>s<br />

(FIOCRUZ)<br />

Thaís Dias (UNIRIO)<br />

Vanessa Bittencourt<br />

(UFF)<br />

Natalia Maria dos<br />

Santos (UERJ)


Auditório<br />

(2º andar do bloco O)<br />

Mesa 01 –<br />

Universida<strong>de</strong>s,<br />

Ditaduras e<br />

movimentações<br />

políticas na 2ª meta<strong>de</strong><br />

do séc. XX no Brasil<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan<br />

Dutra<br />

Alan Dutra (UFF)<br />

Wesley Carvalho<br />

(UFF)<br />

Priscila Almeida<br />

Rafaela Domingues<br />

(UFRJ)<br />

Sala 510<br />

(bloco O)<br />

Mesa 02 –<br />

Alemanha no<br />

séc. XX:<br />

diferentes<br />

perspectivas<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Felipe Antunes<br />

Agatha Lopes<br />

(UFF)<br />

Felipe Mesquista<br />

(UFF)<br />

Rafael Haddad<br />

(UFF)<br />

Sala 310<br />

(bloco N)<br />

Mesa 03 –<br />

Imprensa em<br />

discussão na<br />

História<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Vanessa<br />

Gonçalves<br />

Vanessa<br />

Gonçalves (UFF)<br />

Elias Bento<br />

(UFU)<br />

Roger da Silva<br />

(UFF)<br />

Carlos H. Leite<br />

(UEL)<br />

Dia 27 <strong>de</strong> março – HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA<br />

10:00 às 11:30<br />

Sala 303<br />

(bloco N)<br />

Mesa 04 –<br />

Relações políticas,<br />

sociais,<br />

econômicas e<br />

culturais no Brasil<br />

Império<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Gabriel Maraschin<br />

Gabriel Maraschin<br />

(UNIRIO)<br />

Monique Sousa<br />

(UERJ-FFP)<br />

Pedro H. Carvalho<br />

(UFF)<br />

Arthur Santos<br />

(UNIFESP)<br />

Sala 308<br />

(bloco N)<br />

Mesa 05 –<br />

Instituições e<br />

políticas<br />

econômicosociais<br />

no Brasil<br />

Império<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Marconni<br />

Marotta<br />

Marconni<br />

Marotta (UFF)<br />

Anne Caroline <strong>de</strong><br />

Castro (UFF)<br />

Bruna Teixeira<br />

(UNIFESP)<br />

Sala 312<br />

(bloco N)<br />

Mesa 06 –<br />

Cinema e<br />

Literatura no<br />

mundo<br />

contemporâneo<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Vanessa Ferreira<br />

Daiana Neto<br />

(UFJF)<br />

Quézia Brandão<br />

(USP)<br />

Carlos dos<br />

Santos (UFRJ)<br />

Pedro H. Leite<br />

(UFJF)<br />

Sala 314<br />

(bloco N)<br />

Mesa 07 – As<br />

mulheres e seus<br />

papéis na história:<br />

múltiplas abordagens<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Larissa<br />

Souza<br />

Helena Ferreira<br />

(UFF)<br />

Clara Crível (UFF)<br />

Priscila Araújo<br />

(UERJ)<br />

Larissa <strong>de</strong> Souza<br />

(FIOCRUZ)<br />

Sala 316<br />

(bloco N)<br />

Mesa 08 –<br />

Religião e<br />

religiosida<strong>de</strong> no<br />

Brasil<br />

contemporâneo<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Leandro Silveira<br />

Taís Noronha<br />

(UGR)<br />

Blonsom Ramos<br />

(UFF)<br />

Marcelo <strong>de</strong><br />

Almeida (UERJ)<br />

Patrick Monteiro<br />

(UFF)<br />

Sala 205<br />

(bloco N)<br />

24<br />

Mesa 09 – Brasil<br />

Império em<br />

<strong>de</strong>bate<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Daiane Azeredo<br />

Camila Freire<br />

(UERJ-FFP)<br />

Tatiane Queiroz<br />

(UNIRIO)<br />

Daine Azeredo<br />

(UFRRJ)


25<br />

Sala 510<br />

(bloco O)<br />

Auditório<br />

(2º andar do bloco O)<br />

Mesa 10 – Mesa 11 – Discussões<br />

Regionalismos em étnico-raciais na<br />

<strong>de</strong>bate: estudos <strong>de</strong> contemporaneida<strong>de</strong><br />

caso<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Pedro Silva<br />

Pedro Silva (UFF)<br />

Romero Bastos<br />

(UNIRIO)<br />

Michele Dias<br />

(UNIFESP)<br />

Guilherme dos<br />

Santos Marques<br />

(UERJ-FFP)<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan<br />

Dutra<br />

Rafael da Silva<br />

(UNIFESP)<br />

Amanda Fará (UFF)<br />

Ana Carla da Fonseca<br />

(UNIFESP)<br />

Camila das Chagas<br />

(UFF)<br />

Sala 310<br />

(bloco N)<br />

Mesa 12 –<br />

Organizações e<br />

movimentações<br />

no Brasil<br />

República<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Raphael Duarte<br />

Geferson <strong>de</strong><br />

Jesus<br />

(UNIFESP)<br />

Raphael Duarte<br />

(UFF)<br />

Maria Clara <strong>de</strong><br />

Castro<br />

(UNIFESP)<br />

Elisabeth Passos<br />

(UERJ) e Luis<br />

Miranda (UERJ)<br />

Dia 27 <strong>de</strong> março – HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA<br />

11:30 às 13:00<br />

Sala 303<br />

(bloco N)<br />

Mesa 13 –<br />

Discutindo<br />

instituições,<br />

história e<br />

historiografia das<br />

relações raciais<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Leandro Silveira<br />

Maria Clara<br />

Cavalcanti (UFF)<br />

Emanoel Germano<br />

(UFRJ)<br />

Núbia Moreno<br />

(UFF)<br />

Ana Paula da<br />

Conceição<br />

(UFRJ)<br />

Sala 308<br />

(bloco N)<br />

Mesa 14 – O<br />

rural brasileiro:<br />

múltiplas<br />

abordagens<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Pedro Cassiano<br />

Gustavo Fialho<br />

(UFF)<br />

Pedro Cassiano<br />

(UFF)<br />

Gabriela Costa<br />

(UNIFESP)<br />

Sala 312<br />

(bloco N)<br />

Mesa 15 –<br />

Memória, bens<br />

culturais e artes<br />

em discussão<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Adriana <strong>de</strong> Jesus<br />

Adriana <strong>de</strong> Jesus<br />

(UNIFESP)<br />

Luiza Amaral<br />

(PUC-RJ)<br />

Marcus Vinicius<br />

<strong>de</strong> Oliveira<br />

(UFF)<br />

Priscilla Silva<br />

(UEL)<br />

Sala 314<br />

(bloco N)<br />

Mesa 16 – Literatura<br />

e escrita da História<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Vanessa Ferreira<br />

Thais Pilotto (UERJ)<br />

Morgana da Silva<br />

(UFRRJ)<br />

Sala 316<br />

(bloco N)<br />

Mesa 17 –<br />

Produções<br />

literárias: um<br />

diálogo com a<br />

História<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Daniel da Silva<br />

José Roberto Saiol<br />

(UERJ)<br />

Daniel da Silva<br />

(UFJF)<br />

Geovanni<br />

Mannarino (UFF)<br />

Sala 205<br />

(bloco N)<br />

Mesa 18 –<br />

Diálogos no<br />

mundo<br />

contemporâneo<br />

Coor<strong>de</strong>nação:<br />

Guidyon Lima<br />

José Marcio<br />

Júnio (UGR)<br />

Luiz Magalhães<br />

(UFRRJ)<br />

Filipe Oliveira<br />

(UFF) e Meyre<br />

Teixeira (UFF)<br />

Guidyon Lima<br />

(UFMG)<br />

Sala 210 (bloco N)<br />

Mesa 19 – Instituições políticas e comerciais no Brasil República<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Luan Siqueira<br />

Danilo Firmino (UERJ – FFP)<br />

André Luiz Nogueira (UNIRIO)<br />

Luan Siqueira (UFRRJ)


26<br />

Resumos das Comunicações<br />

Segunda-feira, 23 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

Teoria e Ensino da História<br />

MESA 01 – Intelectuais, Política e Literatura: um diálogo na História<br />

Sala 510 (Bloco O) – 10:00 às 11:30.<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Vanessa Ferreira<br />

Literatura como fonte: três perspectivas sobre as funções da arte<br />

Antonio Lessa Kerstenetzky (UFF)<br />

É um pressuposto da história cultural que as diversas manifestações artísticas dos homens<br />

através dos tempos falam algo sobre o modo como viviam. Mas quão fiel é, por exemplo, a<br />

literatura enquanto fonte? A questão é parte <strong>de</strong> um dos maiores problemas da filosofia da<br />

estética, o da “autonomia da obra <strong>de</strong> arte”: seria toda a arte necessariamente engajada com os<br />

interesses daqueles que a produziram, à la Marx, Hegel e outros “conteudistas”, ou seria a arte<br />

“finalida<strong>de</strong> sem fim”, à la Kant e os <strong>de</strong>mais “formalistas”?<br />

Para discutir a questão, escolhi três autores. Aristóteles, na Poética, inaugura a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a<br />

“literatura” fala sobre o mundo real, o que para ele significa falar sobre a estrutura inteligível do<br />

que existe. E.P. Thompson, em seu ensaio Commitment in Poetry (1978), recupera a i<strong>de</strong>ia sobre<br />

o po<strong>de</strong>r do poeta em falar sobre a realida<strong>de</strong>; menos metafísico que Aristóteles, sua “realida<strong>de</strong>”<br />

se limita ao campo da política (com o que concordariam muitos historiadores). Por fim, para se<br />

contrapor aos dois, introduzo um formalista, o russo Viktor Shklovsky. Em seu Arte como<br />

Técnica, Shklovsky <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a função da arte é fazer o mundo estranho e menos<br />

compreensível, o que seria um impedimento para seu uso como fonte.<br />

Por uma nova História da Política<br />

Victor Couto Tiribás (UFF)<br />

Espera-se <strong>de</strong> todo historiador que ele tenha clareza em duas proposições <strong>de</strong> sua disciplina: (i)<br />

acontecimentos históricos contam com boa dose <strong>de</strong> acaso; (ii) tais acontecimentos jamais se<br />

repetem. Porém, na contramão <strong>de</strong>sses preceitos, estamos vivendo uma hiperpolitização do<br />

mundo. Pululam campos como biopolítica (Foucault), antropologia política (Clastres) e ciência


27<br />

política, que alçam a Política a mero estatuto <strong>de</strong> predicado <strong>de</strong> outras sendas do conhecimento.<br />

Assim, <strong>de</strong>scaracterizam-na enquanto fenômeno histórico e imputam-lhe odores universais,<br />

atemporais.<br />

A comunicação tentará mostrar as razões <strong>de</strong>ste ocorrido, no intuito <strong>de</strong> restituir à Política o<br />

estatuto <strong>de</strong> esfera autônoma. Para tanto, é preciso uma teoria histórica <strong>de</strong>scritiva e indiciária<br />

(Ginzburg), ao invés <strong>de</strong> uma história das i<strong>de</strong>ias políticas perpetrada pelo contextualismo <strong>de</strong><br />

Cambridge (Skinner/Pocock) ou pela história dos conceitos (Koselleck). Tais correntes, embora<br />

mapeiem bem a pluralida<strong>de</strong> do termo ao longo dos séculos, pouco nos ajudam a enten<strong>de</strong>r o que<br />

foi a experiência da política.<br />

Com a apresentação d’um breve panorama da socieda<strong>de</strong> grega Arcaica e Clássica, por análise <strong>de</strong><br />

média duração (Brau<strong>de</strong>l), elucidarei os principais elementos para o seu surgimento e<br />

manutenção. Depois, abordarei seu <strong>de</strong>clínio a partir da con<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Sócrates e da fundação da<br />

Teoria Política por Platão. Esta Tradição representa a <strong>de</strong>cadência da Política (Nietzsche/Arendt),<br />

e é sob ela que toda gama <strong>de</strong> pensadores políticos mo<strong>de</strong>rnos assentar-se-á.<br />

Entre o começo e a novida<strong>de</strong>: uma perspectiva arendtiana da História.<br />

Rodrigo Fampa Negreiros Lima (UFF)<br />

Em “As armadilhas da história universal”, Marcelo Jasmin coteja os fundamentos, Antigo(s) e<br />

Mo<strong>de</strong>rno(s), que guiavam o <strong>de</strong>senvolvimento histórico da(s) comunida<strong>de</strong>(s) humana(s). O que<br />

permite que Jasmin perpasse <strong>de</strong> um a outro é o que há <strong>de</strong> comum entre essas duas<br />

macroconcepções: a crença <strong>de</strong> que o sentido (correto/digno) do movimento histórico encontra<br />

seu ímã em algum “lugar” no tempo, precisamente datado ou não. Tanto a crença antiga na<br />

(tendência à) repetição quanto a mo<strong>de</strong>rna na caminhada triunfante rumo ao futuro pleno e<br />

acabado são concepções exclusivistas <strong>de</strong> História, ou seja, pautam, por motivos distintos, o<br />

<strong>de</strong>sempenho histórico da comunida<strong>de</strong> humana segundo uma lógica <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro e fora. Também as<br />

aproxima a incorrigível imperfeição do presente – <strong>de</strong>slocado ou atrasado – e a obliteração da<br />

intervenção humana na confecção <strong>de</strong>sse enredo. Com sorte, caberia ao homem discernir e<br />

executar o <strong>de</strong>sígnio. Discernir, não produzir. A pensadora da teoria política Hannah Arendt<br />

argumenta que ambos os modos <strong>de</strong> se estabelecer o sentido da história estão equivocados<br />

justamente por suprimir a ação humana <strong>de</strong>ssa arquitetura. A partir <strong>de</strong> uma breve análise <strong>de</strong> como<br />

a autora se relaciona com dois gran<strong>de</strong>s representantes <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>ssas macroconcepções,<br />

Aristóteles e Kant, pretendo indicar como Arendt, com seu original conceito <strong>de</strong> ação e a partir<br />

<strong>de</strong> sua análise das Revoluções Francesa e Americana, sugere um cenário que não se confun<strong>de</strong><br />

nem com um nem com outro.


MESA 02 – Ensino <strong>de</strong> História na contemporaneida<strong>de</strong><br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan Dutra<br />

28<br />

Os usos das múltiplas linguagens no Ensino <strong>de</strong> História: reflexões sobre o currículo <strong>de</strong><br />

História para o ensino fundamental na escola contemporânea.<br />

Erika Maria <strong>de</strong> Araujo Pessanha (UERJ-FFP)<br />

Emanoel Azevedo (UERJ – FFP)<br />

Preten<strong>de</strong>-se, com este trabalho, apresentar uma reflexão a partir da observação <strong>de</strong> aulas em<br />

turmas dos dois últimos anos do ensino fundamental, realizada no PIBID/CAPES, em uma<br />

escola pública estadual <strong>de</strong> São Gonçalo/RJ. Cabe ressaltar que, consi<strong>de</strong>ramos que os alunos da<br />

escola parceira têm apreendido com mais facilida<strong>de</strong> os conteúdos históricos a partir da<br />

proposição <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que priorizem a utilização <strong>de</strong> imagens, filmes e dramatizações; que<br />

muitos alunos verbalizam que não conseguem relacionar os temas abordados em História com a<br />

vivência <strong>de</strong>les e que os conceitos não são compreendidos, mas sim <strong>de</strong>corados.<br />

O professor <strong>de</strong> História torna-se uma figura estratégica e essencial na condução do processo <strong>de</strong><br />

ensino e aprendizagem na sala <strong>de</strong> aula; primeiro, porque faz a mediação das representações<br />

sociais compartilhadas pelos alunos, conduzindo-os ao questionamento dos<br />

fatos/acontecimentos e posicionamentos diante do que lhes foi ensinado; segundo, cria<br />

processos <strong>de</strong> didatização do conhecimento e avaliação dos percursos <strong>de</strong> aprendizagem dos seus<br />

alunos.<br />

A utilização da imagem como recurso pelo professor da educação básica, que tem tarefa <strong>de</strong><br />

tornar o passado compreensível aos seus alunos, tem sido uma das fontes privilegiadas na<br />

transmissão do conhecimento histórico escolar, uma vez que possibilita o processo <strong>de</strong><br />

pluralização <strong>de</strong> sentidos e diferentes olhares acerca do que se observa.<br />

Práticas Docentes e Representações dos estagiários <strong>de</strong> História no Ensino Fundamental II.<br />

Carlos Elvécio <strong>de</strong> Oliveira (UCB)<br />

Michelle Oliveira da Silva (UCB)<br />

Este projeto <strong>de</strong> iniciação científica 2014/2015, oriundo do Laboratório <strong>de</strong> Pesquisa em História<br />

da Universida<strong>de</strong> Castelo Branco têm como objetivo geral investigar possíveis representações<br />

sobre práticas docentes do ensino fundamental II, construídas por graduandos-estagiários em<br />

escolas <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s empobrecidas da zona oeste do Rio <strong>de</strong> Janeiro. e ensino. Desta forma,<br />

este projeto <strong>de</strong>seja <strong>de</strong>senvolver as seguintes ações: i<strong>de</strong>ntificar as representações <strong>de</strong> prática


29<br />

docente dos estagiários em história em seu campo <strong>de</strong> atuação, verificar <strong>de</strong> que forma estas<br />

representações são constituídas nas relações <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong> com os seus ‘pares’ e com os ‘alunosempobrecidos’<br />

do ambiente escolar e averiguar em que medida estas representações po<strong>de</strong>m<br />

interferir na organização dos conteúdos e suas primeiras práticas no ambiente escolar como<br />

estagiários, po<strong>de</strong>ndo criar alguns ‘estigmas’ sobre as relações com estes alunos empobrecidos,<br />

saberes e/outras representações que se encontram no seu processo inicial <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

profissional docente. Esta pesquisa <strong>de</strong> cunho qualitativo utilizará <strong>de</strong> uma abordagem<br />

psicossocial da educação, a partir da teoria das representações sociais <strong>de</strong> Serge Moscovici em<br />

uma abordagem societal <strong>de</strong> Willem Doise (2001) e sua relação com a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> profissional <strong>de</strong><br />

Arthur Vianna Ferreira (2012). Por fim, este projeto se propõe a uma reflexão sobre a<br />

capacida<strong>de</strong> dos conteúdos específicos do curso <strong>de</strong> história na promoção da instrumentalização<br />

básica para aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas das escolas <strong>de</strong> regiões empobrecidas.<br />

Palavras- Chaves: Práticas docentes – Ensino <strong>de</strong> História – Representações – Pobres<br />

Prática docente, construção <strong>de</strong> saberes e alternativas pedagógicas para o Ensino <strong>de</strong><br />

História no Ensino Fundamental<br />

Caroline Pereira Barros Araujo (UFF )<br />

Alexandre <strong>de</strong> Oliveira Silva (UFF)<br />

Este trabalho, concebido <strong>de</strong>ntro do âmbito do Programa Institucional <strong>de</strong> Bolsas <strong>de</strong> Iniciação à<br />

Docência – PIBID/UFF, busca compartilhar o movimento <strong>de</strong> construção e aprimoramento da<br />

prática docente dos pibidianos da disciplina História que atuam no Colégio Estadual Aurelino<br />

Leal, situada no município <strong>de</strong> Niterói.<br />

Objetivamos fazer apontamentos sobre o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> conhecimentos pelos<br />

“sujeitos jovens” e <strong>de</strong>monstraremos como práticas docentes alternativas contribuem para a<br />

criação <strong>de</strong> vínculos <strong>de</strong> afeto e para outra forma <strong>de</strong> relação com o conhecimento.<br />

Para isso, daremos visibilida<strong>de</strong> às ativida<strong>de</strong>s curriculares alternativas <strong>de</strong>senvolvidas no Aurelino<br />

Leal, fugindo do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> aula-padrão expositiva, <strong>de</strong>ntre as quais <strong>de</strong>stacamos a Oficina <strong>de</strong><br />

Conceitos Históricos, on<strong>de</strong> é realizado um movimento <strong>de</strong> reconstrução <strong>de</strong> conceitos históricos<br />

que auxiliem os alunos no processo <strong>de</strong> aprendizagem dos conhecimentos curriculares previstos<br />

para o seu ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>; a Oficina Repensar, que elege um tema específico, geralmente<br />

que está sendo vivenciado pelos alunos para que este possa repensá-los a partir <strong>de</strong> múltiplos<br />

referenciais e abordagens, contribuindo para a formação <strong>de</strong> sujeito crítico e reflexivo; e, por<br />

último, daremos ênfase a experiência da Roda <strong>de</strong> Leitura, que tem como objetivo articular os<br />

conteúdos da disciplina História, presentes no currículo oficial com uma proposta <strong>de</strong> leitura<br />

coletiva <strong>de</strong> um livro no horário do recreio, uma vez por semana.


Mesa 03 – Literatura e História<br />

Sala 310 (Bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: André Barbosa<br />

30<br />

História, gênero e literatura na série paradidática Eles Fizeram a História do Brasil.<br />

André Barbosa Fraga (UFF)<br />

O presente trabalho está situado na área <strong>de</strong> estudo conhecida como Ensino <strong>de</strong> História e tem por<br />

objetivo enfocar a importância <strong>de</strong> pesquisas que pretendam investigar a produção <strong>de</strong> diferenças<br />

e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero nos livros paradidáticos <strong>de</strong> história.<br />

Tendo em vista o reduzido número <strong>de</strong> trabalhos acadêmicos voltados para tal temática, um <strong>de</strong><br />

nossos intuitos é dar atenção ao livro paradidático, material pedagógico que tem sido pouco<br />

estudado, mas que foi e continua sendo um instrumento escolar muito importante, que vem<br />

servindo e influenciando os alunos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo.<br />

Contribuindo para isso, analisamos uma coleção <strong>de</strong> livros paradidáticos chamada Eles Fizeram a<br />

História do Brasil, escrita por Roberto da Mota Macedo, professor do Colégio Pedro II, e<br />

publicada em 1963 pela editora Record. Ao ter essa coleção como objeto central, é possível<br />

pensar como esse material pedagógico muitas vezes apresenta textos e ilustrações que<br />

reproduzem e veiculam <strong>de</strong>terminadas representações <strong>de</strong>siguais sobre os papéis das mulheres e<br />

dos homens na socieda<strong>de</strong>.<br />

História e ficção: Oscilações no texto ficcional<br />

Edson Silva <strong>de</strong> Lima (UNIRIO)<br />

Esse trabalho tem por intenção abordar a discussão em torno da questão da narrativa na<br />

historiografia vislumbrando as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conhecer o passado, a partir do dialogo entre<br />

história e ciência, história e realida<strong>de</strong>, e, finalmente, história e ficção.<br />

Essas questões, <strong>de</strong>safiadoras para historiografia pelo menos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a chamada “virada<br />

lingüística”, me permitiram fazer uma escolha. Mergulhar nessas questões, mas também,<br />

acrescentar ao <strong>de</strong>bate a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber no texto ficcional, marcações do real, ou seja,<br />

elementos que não apenas permitam pinçar <strong>de</strong>sse texto especifico alguns enquadramentos dos<br />

acontecimentos (frames), mas também compreen<strong>de</strong>r seu papel ativo, no processo <strong>de</strong> préformação<br />

social. Nesse sentido, a ficção é aqui consi<strong>de</strong>rada como elemento central na<br />

organização, interpretação, e como escrita da história, sendo, portanto um espaço fértil <strong>de</strong><br />

convergência entre os campos disciplinares, ora em conflito, ora em diálogo. Nessa condição<br />

atribuída ao texto ficcional encontramos, por conseguinte, um lugar on<strong>de</strong> se estabelece uma


31<br />

relação com a ilusão, com o prazer e com a imaginação; mostrando assim sua potencialida<strong>de</strong><br />

crítica; oferecendo nesse tocante, “respostas que são metáforas <strong>de</strong> perguntas” (JAUSS,<br />

1979:158). Em outras palavras: “A representação da ficção não é uma representação do mundo,<br />

mas sim uma representação da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização dos complexos da experiência”<br />

(STIERLE, 1979:168).<br />

A “ ” – Pequena análise sobre o projeto da Enciclopédia<br />

Brasileira do Instituto Nacional do Livro entre o mo<strong>de</strong>rnismo e nacionalismo (1937-1973)<br />

Mariana Rodrigues Tavares (UFF)<br />

Esta comunicação se <strong>de</strong>stina a apresentar o projeto da Enciclopédia Brasileira do Instituto<br />

Nacional do Livro. Preten<strong>de</strong>-se analisá-lo sob o viés do movimento mo<strong>de</strong>rnista que esteve em<br />

voga <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras décadas do século XX e que conduziu inúmeros projetos nacionalistas<br />

nesses primeiros anos. Nesse sentido, discuto a criação do Instituto Nacional do Livro em 1937,<br />

ano que foi o primeiro do Estado Novo <strong>de</strong> Getúlio Vargas e também a primeira vez que, na<br />

visão dos homens que o compunham o aparelho estatal, o “Brasil” concretamente, se tornava<br />

“brasileiro”. Enquanto Rodrigo Melo Franco <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> e o grupo <strong>de</strong> intelectuais mo<strong>de</strong>rnistas<br />

mineiros discutia a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> patrimônio para o recém-criado Serviço do Patrimônio<br />

Histórico e Artístico Nacional, coube ao ministro Gustavo Capanema e os intelectuais ao seu<br />

redor atribuir sentido também aos monumentos <strong>de</strong> papel, os livros. Nesse momento, cultura e<br />

nação unificavam-se, constituindo a <strong>de</strong>finição do que era ser um legítimo brasileiro. No Brasil,<br />

inaugurava-se um período <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> criação e preservação do patrimônio histórico, artístico e<br />

letrado fundado sobre sua i<strong>de</strong>ntificação direta com o Estado. Aos intelectuais do ministério<br />

Capanema coube à incumbência <strong>de</strong> monumentalizar a nossa história e eleger seus cânones. Ao<br />

Estado, a função <strong>de</strong> fundar instituições culturais <strong>de</strong>dicadas as mais diversas áreas. É nesse<br />

ínterim que se inseriu o Instituto do Livro e seu projeto principal, a Enciclopédia Brasileira,<br />

objeto <strong>de</strong>sta apresentação.


Mesa 04 – Memória e Historiografia<br />

Sala N303 – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Hugo Farias<br />

32<br />

MEMÓRIA E HISTÓRIA: O discurso não linear na construção da narrativa histórica; o<br />

exemplo da trajetória do violão no Rio <strong>de</strong> Janeiro no início do século XX.<br />

Hugo Farias <strong>de</strong> Sousa (UFRJ)<br />

Este trabalho tem como objetivo <strong>de</strong>bater a construção <strong>de</strong> discursos históricos que não se<br />

prendam a um linearida<strong>de</strong> espaço temporal dos fatos históricos, ou que pensem os<br />

acontecimentos em um linha evolutiva. Para este fim iremos utilizar dois autores que tratam da<br />

construção <strong>de</strong> memória e história. O primeiro autor é Fernando Catroga, que em seu trabalho<br />

“Memória, História e historiografia” nos traz o conceito <strong>de</strong> memória. O autor nos apresenta<br />

como a construção dos discursos e narrativas se fazem <strong>de</strong> forma condicionada, por afetos do<br />

próprio pesquisador ou por condições do meio. Catroga afirma que a memória se faz sempre<br />

por uma ótica e <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> lado inúmeras outras questões que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância<br />

para o entendimento dos fatos, mas que são <strong>de</strong>ixados <strong>de</strong> lado por parte da historiografia, pois<br />

quando o historiador vai narrar os fatos históricos, ele sempre faz para um <strong>de</strong>terminado grupo,<br />

que por vezes faz o uso <strong>de</strong>sse discurso para se justificar no po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas socieda<strong>de</strong>s,<br />

por exemplo .O outro autor a ser observado neste trabalho é Vanda Lima Bellard Freire que em<br />

seu trabalho “A história da música em questão, uma reflexão metodológica” , on<strong>de</strong> nos traz o<br />

seu conceito <strong>de</strong> tempo não linear. Este conceito é <strong>de</strong> importância para este trabalho, pois a<br />

autora nos mostra que os caminhos que muitas vezes são trilhados pelos historiadores tem uma<br />

construção linear <strong>de</strong> fatos e <strong>de</strong> tempo. A autora utiliza a história da música para exemplificar<br />

suas i<strong>de</strong>ias a respeito da construção <strong>de</strong> um discurso histórico não linear, seja em espaço ou<br />

tempo. Para que estas questões sejam postas na prática da historiografia, iremos utilizar algumas<br />

consi<strong>de</strong>rações da pesquisa <strong>de</strong> mestrado em andamento <strong>de</strong> Hugo Farias <strong>de</strong> Sousa (Escola <strong>de</strong><br />

Música da UFRJ), que trata sobre a trajetória do violão no Rio <strong>de</strong> Janeiro no século XX. Esta<br />

pesquisa servirá <strong>de</strong> exemplo para mostrar alguns autores que tratam do violão no Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

<strong>de</strong>monstrando os tipos <strong>de</strong> discurso que encontramos na literatura sobre o assunto. Através disso<br />

se busca <strong>de</strong>bater a construção dos discursos não lineares na produção da memória.


33<br />

A aporia <strong>de</strong> Auschwitz é a própria aporia da História: a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dizer<br />

integralmente o passado e a urgência em dizê-lo.<br />

Júlia Tinoco Manacorda (PUC-RJ)<br />

Po<strong>de</strong>-se tomar o título <strong>de</strong>ste trabalho como seu resumo, apresentar a aporia <strong>de</strong> Auschwitz, isto é,<br />

a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> testemunho como a própria exigência do mesmo,como aporia da História, a<br />

impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representação integral do passado. Em prol <strong>de</strong> clarificar melhor essa questão<br />

apresentada por Agamben em O que resta <strong>de</strong> Auschwitz, usamos a obra do italiano Primo Levi,<br />

em particular, seu relato autobiográfico É isto um homem?no intuito <strong>de</strong> exemplificar a<br />

dificulda<strong>de</strong> e exigência <strong>de</strong> fala. Será <strong>de</strong>senvolvida a afirmação <strong>de</strong> Agamben a partir <strong>de</strong> uma<br />

análise da filosofia da história <strong>de</strong> Walter Benjamin. Ao longo da comunicação, serão<br />

apresentados alguns conceitos chaves da obra <strong>de</strong> Benjamin: rememoração, transmissão,<br />

apresentação, testemunho e apokatastasis, além da aproximação alegórica do figura do<br />

historiador com o catador <strong>de</strong> trapos <strong>de</strong> Bau<strong>de</strong>laire. No entanto, o objetivo principal <strong>de</strong>sta<br />

comunicação não é só evi<strong>de</strong>nciar a aporia da escrita histórica, mas estudar como essa condição<br />

fundamental aponta não só o caminho epistemológico da disciplina, mas também, e<br />

principalmente, suas preocupações éticas – em especial: é preciso dizer o passado para que não<br />

se esqueça, e não se repita jamais.<br />

A história Social e a Begriffsgeschichte. A complexa relação do “ -<br />

h ”.<br />

João Victor da Mota Uzer Lima (UERJ – FFP)<br />

Em Futuro Passado, Reinhart Koselleck apresenta as diferenças entre as disciplinas <strong>de</strong> História<br />

dos Conceitos e a História Social, sendo a primeira uma abordagem filosófica, com método<br />

proveniente da história das terminologias, gramática e filosofia; e a segunda, uma vertente que<br />

procura abordar as formações das socieda<strong>de</strong>s, grupos sociais, teoremas econômicos, entre<br />

diversos outros fatos. No entanto, o historiador alemão apresenta uma interação complexa entre<br />

as disciplinas. Em razão do alargamento do campo da história, Hebe Castro afirmou que “a<br />

história social passa a ser encarada como uma perspectiva <strong>de</strong> síntese” <strong>de</strong> forma que “em história<br />

todos os níveis <strong>de</strong> abordagem estão inscritos no social e se interligam”, tanto a História Política,<br />

a História Econômica, a Micro-História, entre outras, “usam” da história social, mas a História<br />

Conceitual (Begriffsgeschichte) atua em uma reciprocida<strong>de</strong>.<br />

A análise <strong>de</strong> um conceito exige a contextualização linguística assim como a não linguística, ou<br />

seja, social; por outro lado, o discurso faz uso, inescapavelmente, <strong>de</strong> conceitos; e, como o<br />

discurso é formado pela linguagem, sendo esta – como compreen<strong>de</strong> a vertente britânica da


34<br />

“Análise <strong>de</strong> Discurso Critica” – parte indissociável da socieda<strong>de</strong>, uma vez que se constrói por<br />

consequência <strong>de</strong> efeitos sociais, <strong>de</strong>monstra como: O social influencia o discurso, que por sua<br />

vez faz uso <strong>de</strong> conceitos que só po<strong>de</strong>m ser compreendidos por inteiros através do estudo da<br />

socieda<strong>de</strong> que os criou e os ressignificou. A história dos conceitos, a história dos discursos e a<br />

história social estão sempre em paralelo, complementando-se e evi<strong>de</strong>nciando uma relação<br />

complexa e frutífera se bem aplicada e compreendida.<br />

Palavras Chave: História Conceitual, História Social, História dos Discursos.<br />

Entre a la<strong>de</strong>ira e a <strong>de</strong>voção: o Morro <strong>de</strong> Santa Teresa – influências religiosas no cenário<br />

carioca.<br />

Viviane Fernan<strong>de</strong>s Silva (UERJ)<br />

Em meados do século XVIII, Jacinta Rodrigues Ayres tomou visibilida<strong>de</strong> no cenário carioca,<br />

tanto por vias <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>voção a Santa Teresa quanto pelo modo contemplativo que adotou para<br />

sua vida, inspirando a instituição da Or<strong>de</strong>m Religiosa das Carmelitas Descalças no Brasil. Seu<br />

fervor religioso repercutiu na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, este também tributaria para a edificação<br />

do convento em <strong>de</strong>dicado à santa que posteriormente nomearia o morro <strong>de</strong> Santa Teresa.<br />

Nesse sentido, o presente trabalho enquanto exercício <strong>de</strong> reflexão procura assinalar as<br />

influências e contribuições da Or<strong>de</strong>m das Carmelitas Descalças, sob a "personalida<strong>de</strong>" <strong>de</strong><br />

Jacinta Rodrigues na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, bem como sua interferência na dinâmica<br />

sociocultural do espaço urbano.<br />

Assim sendo, inserimos nosso trabalho no diálogo entre os campos da História Cultural e dos<br />

estudos <strong>de</strong> Religião, tendo como fio condutor a História Local, que nos permitirá focalizar o<br />

papel da tradição católica na formação do Morro <strong>de</strong> Santa Teresa. Com isso preten<strong>de</strong>mos<br />

apresentar as possibilida<strong>de</strong>s interdisciplinares da nossa disciplina, bem como ensejar o <strong>de</strong>bate<br />

acerca dos discursos sobre e no interior da cida<strong>de</strong>.<br />

Mesa 05 – Discussões historiográficas<br />

Sala 510 (Bloco O) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Vanessa Ferreira<br />

A miséria da teoria: a polêmica Thompson-Althusser<br />

Geise Targa <strong>de</strong> Souza (Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Fronteira Sul)<br />

O historiador marxista britânico, Edward P. Thompson, publicou A Miséria da Teoria em 1978,<br />

obra na qual, empreen<strong>de</strong> uma crítica in totum ao pensamento <strong>de</strong> Louis Althusser. A polêmica


35<br />

po<strong>de</strong> ser dividida em duas dimensões inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, a saber: a teórica, que constitui a<br />

discussão em torno dos antagonismos estabelecidos entre i<strong>de</strong>alismo vsmaterialismo histórico,<br />

teoricismovsempirismo, prática teórica vslógica histórica e humanismo vsanti-humanismo<br />

teórico; e, a política, que envolve a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma moralida<strong>de</strong> comunista e a crítica ao<br />

estalinismo, que para Thompson teria sido sistematizado teoricamente pela corrente<br />

althusseriana. O objeto da presente pesquisa, constitui o embate em torno da elaboração na<br />

teoria marxista da história <strong>de</strong> uma teoria do conhecimento, portanto, privilegia as discussões<br />

suscitadas em torno da dimensão teórica e preten<strong>de</strong> analisar como as questões e soluções<br />

alternativas esboçadas na diatribe po<strong>de</strong>m contribuir para o <strong>de</strong>senvolvimento do materialismo<br />

histórico. Toda a crítica <strong>de</strong> Thompson está pautada em um comprometimento moral na<br />

produção <strong>de</strong>sse conhecimento, por isso o anti-humanismo teórico e a noção processo sem<br />

sujeito não são aceitáveis. Suas críticas, nesse sentido, <strong>de</strong>monstram que Thompson não<br />

reconhece a distinção proposta pela corrente althusseriana entre objeto <strong>de</strong> conhecimento e objeto<br />

real. Sua proposta alternativa é fundamentada no conceito <strong>de</strong> experiência e na <strong>de</strong>fesa da lógica<br />

histórica.<br />

Palavras-chave: Materialismo histórico. Louis Althusser. Edward Thompson.<br />

A Noção <strong>de</strong> História(s) a partir do pensamento lévistraussiano.<br />

João Gabriel Ramos Men<strong>de</strong>s da Cunha (UFF)<br />

Pensando no <strong>de</strong>bate Tempo e História <strong>de</strong>ntro da perspectiva lévistraussiana acredito que seja<br />

interessante apontar os possíveis usos e <strong>de</strong>susos <strong>de</strong> tal método <strong>de</strong>ntro do campo teórico e<br />

metodológico analisados. Assim, busco, nesse trabalho fazer uma análise interdisciplinar entre<br />

História e Antropologia. Então seguindo nessa temática, é possível dizer que o pensamento<br />

estruturalista na antropologia, <strong>de</strong>senvolvido por Clau<strong>de</strong> Lévi-Strauss, foi alvo <strong>de</strong> críticas. Sendo<br />

que uma <strong>de</strong>ssas criticas diz respeito ao pensamento do autor sobre a noção <strong>de</strong> história, para<br />

alguns críticos Lévi-Strauss é um pensador que não leva em consi<strong>de</strong>ração os processos <strong>de</strong><br />

mudança. Contudo, após novas leituras <strong>de</strong> alguns textos do autor, além <strong>de</strong> artigos <strong>de</strong><br />

comentadores, é possível <strong>de</strong>scartar essa hipótese. Isso porque foi justamente Lévi-Strauss que<br />

trouxe um novo <strong>de</strong>bate entre história e antropologia, ao pensar na história a partir <strong>de</strong> três<br />

perspectivas, e assim diminuindo uma certa distancia entre as duas disciplinas. A primeira<br />

perspectiva diz respeito a história como metodologia, a segunda é sobre a noção <strong>de</strong> historicida<strong>de</strong><br />

e a terceira é direcionda a Filosofia da História. Dito isso, é viável argumentar que a noção <strong>de</strong><br />

história assume uma dimensão importante <strong>de</strong>ntro da teoria <strong>de</strong>senvolvida por Lévi-Strauss e é tal<br />

dimensão que se torna interessante para pensar e explorar.


36<br />

A const h ó “H ó U v ” H. G. W .<br />

Pedro Nogueira da Gama (UFRJ)<br />

A partir da 2ª meta<strong>de</strong> do século XIX, escritores como H. G. Wells e Jules Verne escreveram<br />

romances cujos temas e ambientes se referiam <strong>de</strong> certa forma à história humana, às<br />

possibilida<strong>de</strong>s investigativas da ciência e aos potenciais caminhos em direção ao futuro, nem<br />

sempre otimistas. Alguns <strong>de</strong>sses escritores não se limitaram à produção ficcional. Além <strong>de</strong><br />

letrados e profundamente cultos, eram singulares observadores e críticos do seu tempo. Entre<br />

esses homens <strong>de</strong> letras, estava Herbert George Wells (1866-1946), popularmente conhecido<br />

como H. G. Wells, um dos autores mais importantes da literatura “científica” do seu tempo.<br />

Entretanto, sua obra não ficcional é bem menos conhecida e investigada. Assim, o objetivo<br />

principal <strong>de</strong>ssa pesquisa é propor possíveis interpretações para o sentido da História em H. G.<br />

Wells a partir da análise <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus escritos não ficcionais <strong>de</strong> maior sucesso editorial, The<br />

OutlineofHistory: Being a PlainHistoryof Life andMankind, publicado primeiramente em 1919,<br />

cuja tradução no Brasil ficou a cargo <strong>de</strong> Anísio Teixeira, adquirindo o título “História<br />

Universal”. Entendo que está presente na obra do escritor inglês a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o entendimento<br />

da história <strong>de</strong> uma forma ampla, “universal”, diferentemente do sentido nacional, teria evitado<br />

os flagelos das guerras, em especial da I Guerra Mundial. Por fim, Wells <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> uma utilida<strong>de</strong><br />

prática da história, relacionada a um valor moral e educador nela existente.<br />

Mesa 06 – Educação: cultura material e produção do conhecimento didático<br />

Auditório (2° andar do bloco O) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Luiza Sarraff<br />

Livros didáticos: temas e perspectivas para o futuro.<br />

Luiza Rafaela Bezerra Sarraff (UERJ – FFP)<br />

Ao longo dos últimos anos foi possível observar um aumento expressivo nas pesquisas sobre os<br />

livros didáticos <strong>de</strong> história e as formas <strong>de</strong> abordagem <strong>de</strong> tal tema. Neste sentido, este artigo visa<br />

trazer um panorama da construção <strong>de</strong>ste campo <strong>de</strong> estudo em expansão e apontar perspectivas<br />

para o futuro <strong>de</strong>sta área.<br />

Educação Patrimonial e Arqueologia: O Sambaqui da Beirada em Saquarema<br />

Marlon Barcelos Ferreira (Instituto <strong>de</strong> Arqueologia Brasileira -Faculda<strong>de</strong> Re<strong>de</strong>ntor)<br />

As evidências arqueológicas indicam a presença <strong>de</strong> diferentes populações em gran<strong>de</strong>s áreas do


37<br />

Brasil no período pré-contato. Umas <strong>de</strong>ssas populações <strong>de</strong>ixaram enormes montes <strong>de</strong> conchas<br />

espalhados pelo litoral brasileiro e que são conhecidos como sambaquis. Eles acabaram se<br />

constituindo nos sítios arqueológicos mais comuns em nosso litoral. Neste trabalho<br />

procuraremos ressaltar <strong>de</strong> forma breve a importância arqueológica e histórica dos sambaquis e<br />

daremos uma ênfase especial a um tema recente nas políticas relacionadas à divulgação e<br />

preservação do patrimônio histórico e arqueológico: o uso da Educação Patrimonial no processo<br />

<strong>de</strong> construção da cidadania e <strong>de</strong> preservação dos sambaquis e <strong>de</strong>mais sítios arqueológicos. Está<br />

metodologia educacional, que congrega arqueologia e história, foi <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> Educação<br />

Patrimonial, se constituindo em um assunto recente no Brasil, tendo se <strong>de</strong>stacado apenas em<br />

1983, quando aconteceu o I Seminário sobre o Uso Educacional <strong>de</strong> Museus e Monumentos, no<br />

Museu Imperial em Petrópolis. Para melhor compreen<strong>de</strong>r o que é Educação Patrimonial,<br />

conheceremos e discutiremos os trabalhos realizados na Praça Sambaqui da Beirada em<br />

Saquarema, um trabalho pioneiro <strong>de</strong> exposição arqueológica e educação, como forma <strong>de</strong><br />

ressaltar e compreen<strong>de</strong>r a importância da educação patrimonial para a preservação do<br />

patrimônio arqueológico e principalmente para a formação <strong>de</strong> cidadãos críticos e capazes.<br />

MUSEU DA MA É “UMA” P NTE MET D LÓGICA PA A ENSIN DE<br />

HISTÓRIA.<br />

Ana Luiza Magalhães Poyaes (UERJ)<br />

Lívia Dinamarco <strong>de</strong> Souza (UERJ)<br />

O presente resumo tem por objeto o Museu da Maré, a metodologia consiste em analisar sua<br />

importância e seu olhar diferenciado para a <strong>de</strong>sconstrução das narrativas exclu<strong>de</strong>ntes e lineares<br />

que são normalmente retratadas nos museus nacionais, comumente pautados em uma<br />

historiografia tradicional. O intuito <strong>de</strong>ste estudo é o reconhecimento da memória urbana e<br />

periférica, possibilitando a valorização das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s sociais em questão, visando uma<br />

aproximação entre a História e os alunos da Re<strong>de</strong> Pública do Município, on<strong>de</strong> a maior parcela é<br />

<strong>de</strong> moradores <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s. É através <strong>de</strong> ações didáticas que visamos sistematizar um<br />

conhecimento que dialogue entre o discurso do museu em questão e o Ensino <strong>de</strong> História.<br />

O museu selecionado apresenta na exposição uma organização temporal tendo como foco a<br />

narrativa histórica com seus sujeitos construtores, proporcionando um papel ativo aos<br />

moradores da Comunida<strong>de</strong> na construção <strong>de</strong> “uma história vista <strong>de</strong> baixo”, dialogando com a<br />

História Social. Esse novo olhar nos incita a pensar que o estudo da história <strong>de</strong> “pessoas<br />

comuns” não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sassociado <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações mais amplas <strong>de</strong> estrutura e po<strong>de</strong>r social.<br />

As fontes utilizadas para tal objetivo serão bibliografias relacionadas à construção <strong>de</strong> conceitos<br />

como História Social, Documento Monumento e Culturas Periféricas, sendo indispensáveis


38<br />

autores como Jim Sharpe, Jaques Le Goff, Paulo Freire, Mário Chagas e Bianca Freire -<br />

Me<strong>de</strong>iros.<br />

Palavras chave: Museu Maré, História e Ensino <strong>de</strong> História.<br />

Mesa 07 – Paradigmas historiográficos em <strong>de</strong>bate<br />

Sala 310 (Bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Jonathas <strong>de</strong> Oliveira<br />

História Comparada: contribuições e reflexões sobre o estudo comparado.<br />

Jonathas Ribeiro dos Santos Campos <strong>de</strong> Oliveira (UFRJ)<br />

Nesta comunicação, trabalharemos a História Comparada pensando a linha que a <strong>de</strong>fine como<br />

metodologia <strong>de</strong> pesquisa aplicada aos estudos históricos. A História Comparada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seu<br />

nascimento, a partir da sistematização proposta por Marc Bloch (1928), até os dias atuais,<br />

sofrera contribuições expressivas no âmbito dos estudos teórico-metodológicos. Tais<br />

contribuições vieram em virtu<strong>de</strong> das novas realida<strong>de</strong>s com as quais a historicida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>frontou.<br />

Nesse sentido, nossa proposta recai em refletir sobre seu <strong>de</strong>senvolvimento e discussões ao longo<br />

do tempo, além das contribuições recebidas por parte dos estudiosos que sobre o método se<br />

<strong>de</strong>bruçaram. Tomando por referencial o produto dos referidos estudos, buscaremos <strong>de</strong>terminar o<br />

que acreditamos serem os elementos básicos que <strong>de</strong>finiriam se uma pesquisa se enquadra ou não<br />

<strong>de</strong>ntro do que compreen<strong>de</strong>mos por um Estudo Comparado.<br />

O estudo dos partidos políticos após a renovação da História do Trabalho: da apologética<br />

história do movimento operário à hostil Nova História Política<br />

Marcio Antonio Lauria <strong>de</strong> Moraes Monteiro (UFF)<br />

Já é bastante conhecido o processo <strong>de</strong> transformação-crise-recuperação pelo qual passou o<br />

campo da História do Trabalho – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as suas origens, ainda como “história do movimento<br />

operário”, até propostas inovadoras atuais, com a <strong>de</strong> uma “História Global do Trabalho”. Algo<br />

menos <strong>de</strong>batido, entretanto, é como que os estudos acerca <strong>de</strong> partidos e organizações políticas<br />

similares da classe trabalhadora passaram a ser marginalizados, diante da centralida<strong>de</strong> que<br />

adquiriram os estudos acerca do “trabalhador anônimo”, e a forma como tem sido estudados<br />

atualmente. Essa marginalização, que fez com que tais objetos praticamente <strong>de</strong>saparecessem do<br />

campo da História do Trabalho, os levou a serem apropriados pela “Nova História Política” –<br />

marcada por um viés culturalista, frequentemente anticomunista e apologético da or<strong>de</strong>m<br />

capitalista. Assim, a apresentação aqui proposta terá por objetivo mapear tal trajetória dos


39<br />

partidos políticos enquanto objetos <strong>de</strong> análise histórica e analisar criticamente a forma como<br />

vêm sendo atualmente estudados pelos a<strong>de</strong>ptos da Nova História Política, <strong>de</strong>strinchando seus<br />

pressupostos teóricos e problemas analíticos. Também se discutirá a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um resgate<br />

<strong>de</strong>sses objetos pela História do Trabalho, que possibilite sua rearticulação com os estudos sobre<br />

o chamado “mundo do trabalho” e com as sofisticadas propostas metodológicas e teóricas que<br />

esse campo vem acumulando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suas gran<strong>de</strong>s transformações das décadas <strong>de</strong> 1960-70 e cuja<br />

relevância será <strong>de</strong>talhada.<br />

Escrita da História e Geografia no Brasil Oitocentista: Os Estudos <strong>de</strong> Henrique<br />

Beaurepaire-Rohan<br />

Thaís Marcello <strong>de</strong> Almeida (UFRRJ)<br />

A pesquisa tem como objetivo abordar a relação entre a história e a geografia no Brasil<br />

oitocentista, mediante a análise dos estudos <strong>de</strong> Henrique Beaurepaire-Rohan. O recorte temporal<br />

escolhido são os anos <strong>de</strong> 1846 até 1877. A escolha do período está relacionada a data <strong>de</strong><br />

publicação das fontes a serem estudadas . Essas foram obras produzidas pelo engenheiro militar<br />

e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), Henrique Beaurepaire-Rohan,<br />

que <strong>de</strong>monstrou interesse pelo conhecimento cartográfico e geográfico. Destarte, a proposição<br />

da pesquisa é estudar como Beaurepaire-Rohan propôs a escrita da história e o estudo da<br />

geografia do Brasil, levando em conta a sua vinculação ao IGHB. A escolha do tema justifica-se<br />

pelo interesse em explicitar a relação da história com a geografia no século XIX, momento em<br />

que as fronteiras disciplinares não estavam <strong>de</strong>finidas.<br />

É possível perceber que em Henrique BeaurepaireRohan um amplo interesse em promover e<br />

aperfeiçoar o conhecimento geográfico no Brasil. Desse modo, as suas obras contribuíram para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento da escrita da história, porém, as suas contribuições mais significativas foram<br />

na geografia. A<strong>de</strong>mais, as leituras feitas até o momento, na pesquisa, conduziram-nos à seguinte<br />

questão: Henrique BeaurepaireRohan consi<strong>de</strong>rava a geografia como um saber subordinado à<br />

história – segundo a concepção predominante até a segunda meta<strong>de</strong> do século XIX?


Mesa 08 – Cinema, arte e filosofia em <strong>de</strong>bate na História<br />

Sala 303 (Bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan Dutra<br />

40<br />

Notas preliminares sobre o Surrealismo: Lowy, Benjamin e Adorno<br />

Cairo <strong>de</strong> Souza Barbosa (UERJ)<br />

O presente trabalho preten<strong>de</strong> esboçar uma discussão importante nos âmbitos da sociologia<br />

literatura e da historiografia literária: o lugar do Surrealismo na crítica à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> capitalista<br />

e sua relação intima com o marxismo. Em um primeiro momento, buscaremos uma <strong>de</strong>finição<br />

simples e ampla sobre aquilo que Michel Lowy (2002) classificou como um “cometa<br />

incendiário no céu da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>”. Posteriormente, buscaremos discutir a perspectiva <strong>de</strong> dois<br />

autores: Benjamin (1994), <strong>de</strong> um lado, ressalta o caminho que o Surrealismo tomou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suas<br />

origens até o estagio <strong>de</strong> maior politização e engajamento, passando <strong>de</strong> uma atitu<strong>de</strong><br />

extremamente contemplativa a uma posição <strong>de</strong> pretensão revolucionária, radicalizando o<br />

conceito <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> em um fundo teórico e filosófico ligado à percepção do materialismo<br />

dialético; Adorno (2012), por sua vez, volta sua preocupação para a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação da forma, pautada na idéia <strong>de</strong> “explosão do inconsciente” e do rearranjo da<br />

configuração da realida<strong>de</strong>. Cotejando-os, buscaremos traçar algumas <strong>de</strong>finições e, sobretudo,<br />

relacioná-lo ao pensamento crítico do marxismo.<br />

Palavras-chave: surrealismo; marxismo; mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

A teoria da história da arte em Georges Didi Huberman<br />

Carlos Vinicius da Silva Taveira (PUC-RIO)<br />

O filosofo e historiador da arte francês Georges Didi-Huberman é um dos principais<br />

nomes no estudo da história da arte na contemporaneida<strong>de</strong>. Autor <strong>de</strong> vários livros e possuindo<br />

trabalhos envolvendo diversos objetos artísticos, entre esses, uma gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua obra<br />

<strong>de</strong>dicada aos estudos da teoria da história da arte propondo novas formas <strong>de</strong> pensar a articulação<br />

da história com o objeto da arte.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ssa apresentação é justamente analisar brevemente como o autor procura<br />

uma nova forma <strong>de</strong> abordagem para o uso da imagem que na sua visão po<strong>de</strong> ser pensada como<br />

um elemento constituído <strong>de</strong> autonomia capaz <strong>de</strong> produzir uma peculiar reflexão subjetiva,<br />

pontos esses, que parecem pouco salientados na atual escrita da disciplina. Partindo <strong>de</strong>sse<br />

pressuposto, para sustentar sua tese o autor constrói com auxilio <strong>de</strong> autores como Freud e<br />

Benjamin, uma critica queretorna aos primórdios da fundação da disciplina “história da arte” no


41<br />

século XV, chegando aos dias atuais, propondo novas estrategias <strong>de</strong> leitura da arte.<br />

Dito isto, em livros como Diante da imagem e O que vemos, o que nos olha,já publicados nos<br />

Brasil e “Ante eltiempo: História <strong>de</strong>l arte y anacronismo” os usos da história como campo <strong>de</strong><br />

estudo da arte são questionados trazendo perguntas que po<strong>de</strong>mos expandir para os <strong>de</strong>mais<br />

objetos da história. Diversos <strong>de</strong>bates <strong>de</strong>vem ser enfrentados e a arte ou a produção <strong>de</strong> objetos <strong>de</strong><br />

arte é capaz <strong>de</strong> fornecer uma contribuição essencial oferecendo todo um conjunto <strong>de</strong> respostas e<br />

interrogações.<br />

Por fim, a conclusão que se preten<strong>de</strong> com essa apresentação é mostrar mediante a<br />

transdicisplinarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimentos que o autor utiliza que a critica contemporânea da<br />

história da arte construiu formas <strong>de</strong> pensar mantendo variados elementos e formas <strong>de</strong> ver a arte<br />

que remetem a um passado visto como morto e distante, o contrário do que percebemos em<br />

inúmeros textos atuais.<br />

DIÁLOGOS ENTRE CINEMA E HISTÓRIA: O filme como fonte e em sala <strong>de</strong> aula<br />

João Gomes Junior (UFRRJ)<br />

A partir da proposta <strong>de</strong> um diálogo entre a Nova História Cultural e a Sociologia do Cinema,<br />

esta comunicação visa apresentar, <strong>de</strong> forma sintética, <strong>de</strong> que maneira aspectos da relação entre o<br />

cinema e a socieda<strong>de</strong>, principalmente o discurso empregado nos filmes, po<strong>de</strong>m ser utilizados<br />

como documentos em História. Igualmente, planeja-se aqui fazer uma breve explanação sobre<br />

os usos do cinema em sala <strong>de</strong> aula e sobre os resultados nesta área obtidos na experiência do<br />

subprojeto Pibid “Diversas linguagens no ensino <strong>de</strong> História: cinema, jornal e história oral”,<br />

aplicado no Colégio Estadual Dom Adriano Hipólito, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense.<br />

Para tanto, a discussão se baseará em teóricos que estudaram o cinema como fonte para as<br />

ciências sociais ou contra-análise da socieda<strong>de</strong>, bem como seus usos na escola, tais como Walter<br />

Benjamin, José D’Assunção Barros, Marc Ferro, Gilmar Santana e Mônica Almeida Kornis.


Terça-feira, 24 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

História Antiga<br />

42<br />

MESA 01 – Representações da I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> no Mundo Antigo<br />

Sala 510 (Bloco O) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Thaís Santos<br />

Ser grego em Heródoto<br />

Mateus Mello Araujo da Silva (UFF)<br />

É comum, inclusive no meio acadêmico, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que todos os gregos tinham uma<br />

percepção clara da fronteira étnica entre eles próprios e aqueles ditos como bárbaros. Mas a<br />

realida<strong>de</strong>, encontrada nas fontes, mostra-se mais complexa. Para isso, será usada a obra<br />

Histórias, do historiador Heródoto, em meio a seus relatos sobre gregos e não-gregos.<br />

Uma das passagens mais reproduzidas da obra <strong>de</strong> Heródoto é aquela em que os<br />

representantes <strong>de</strong> Atenas buscam aliviar o temor dos representantes dos lace<strong>de</strong>mônios, <strong>de</strong> que os<br />

atenienses pu<strong>de</strong>ssem trair a causa dos helenos e se aliar aos bárbaros persas. Para tal, os<br />

atenienses citam as razões que os impediriam <strong>de</strong> trair seus aliados helenos. A primeira razão<br />

seria a vingança dos templos incendiados pelas sacrílegas tropas persas. Também são citados a<br />

unida<strong>de</strong> dos helenos pelo sangue e pela língua, os templos dos <strong>de</strong>uses e sacrifícios feitos em<br />

comum, e a semelhança dos costumes.<br />

Esse complexo <strong>de</strong> carácteres étnicos é mobilizado <strong>de</strong> diferentes formas ao longo da obra.<br />

Na presente comunicação, será analisado o papel <strong>de</strong>sses carácteres, e como po<strong>de</strong>m ser<br />

mobilizados <strong>de</strong> diferentes formas por variados interesses, para incluir ou excluir um grupo<br />

específico da categoria <strong>de</strong> heleno.<br />

Entre embates e negociações: as elites indígenas e os processos <strong>de</strong> romanização da<br />

Península Ibérica.<br />

Airan dos Santos Borges (UFRJ)<br />

Durante o Principado, diante do contato com experiências culturais tão distintas, foram<br />

construídas ‘mensagens oficiais’ que buscavam elaborar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> ‘espaço-imperial’ para<br />

os romanos. Para tanto foram criados sistemas classificatórios – simbólico-sociais – e<br />

representacionais que marcavam as distinções entre romanos e entre os romanos e os ‘outros’.<br />

Neste contexto sociopolítico e cultural, foram <strong>de</strong>senvolvidas obras que buscavam sistematizar<br />

os símbolos <strong>de</strong> referências e atitu<strong>de</strong>s particulares que <strong>de</strong>limitavam a cultura imperial romana.


43<br />

Aqui se inclui a autobiografia <strong>de</strong> Otávio Augusto, o mapa atribuído à M. Agripa, a Geografia <strong>de</strong><br />

Estrabão e a obra <strong>de</strong> Plínio – o velho, para citar alguns exemplos.<br />

Em tais obras a fala principal é a <strong>de</strong>scrição romana dos lugares, pessoas e hábitos<br />

culturais das comunida<strong>de</strong>s provinciais. O presente trabalho tem como proposta matizar essa<br />

questão e buscar as outras vozes <strong>de</strong>sse período esbarra em problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m documental uma<br />

vez que o sistema cultural da maioria das comunida<strong>de</strong>s peninsulares não incluía o registro<br />

sistemático dos acontecimentos. Por outro lado, a introdução do hábito epigráfico foi uma<br />

realida<strong>de</strong> trazida pela presença romana. Diante disso, a busca pelas outras vozes, para além da<br />

<strong>de</strong>scrição romana dos acontecimentos, revela-se um <strong>de</strong>safio. Como uma saída possível, optamos<br />

por reconduzir o olhar <strong>de</strong> observação para a documentação gerada pelo universo peninsular.<br />

Nesse sentido, a documentação que, em parte, auxilia nessa tarefa consiste nos tratados <strong>de</strong><br />

hospitalida<strong>de</strong> entre as comunida<strong>de</strong>s e a oficialida<strong>de</strong> romana. Nossa proposta consiste, então, em<br />

cotejar as informações presentes nos textos oficiais e as adaptações e ajustes apresentados pela<br />

documentação epigráfica. Sabemos que ambos os suportes dialogam profundamente com a<br />

oficialida<strong>de</strong> romana, contudo, ao se ajustar as realida<strong>de</strong>s locais, a documentação epigráfica po<strong>de</strong><br />

salientar aspectos não evi<strong>de</strong>nciados em outros registros textuais.<br />

É ‘ ’ o <strong>de</strong> discurso e representação do bárbaro na Atenas <strong>de</strong> seu<br />

tempo.<br />

Pierre Romana Fernan<strong>de</strong>s (UERJ)<br />

O fenômeno das Guerras Greco-Pérsicas no início do século V a.C. reconfigurou o panorama<br />

geo-político da Héla<strong>de</strong> e gerou novas perspectivas literárias acerca das fronteiras culturais entre<br />

helênicos e os povos envolvidos no conflito, sobretudo àqueles subordinados ao Império Persa,<br />

elevados à condição <strong>de</strong> bárbaros. Uma das primeiras tragédias que chegou aos nossos tempos,<br />

Persas <strong>de</strong> Ésquilo – encenada pela primeira vez em 472 a.C. em Atenas – consiste no relato<br />

poético da expedição armada do rei persa Xerxes e a batalha naval <strong>de</strong>cisiva <strong>de</strong> Salamina. Esta<br />

obra, no discurso das transformações políticas atenienses pós-guerra, reflete as representações<br />

do bárbaro em virtu<strong>de</strong> do reforço em espaço público da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> helênica, sobretudo dos<br />

cidadãos <strong>de</strong> Atenas no início do século V a.C.<br />

O comércio e o consumo do vinho no sul da Gália na Ida<strong>de</strong> do Ferro<br />

Thaís Rodrigues dos Santos (UFF)<br />

O Sul da Gália, durante a Ida<strong>de</strong> do Ferro, estava inserido no contexto <strong>de</strong> Colonização<br />

grega, já que, por volta <strong>de</strong> 600 a.C., gregos habitantes da polis Focéia, fundaram a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>


44<br />

Marselha. Esta cida<strong>de</strong> se expandiu, fundou suas próprias colônias e passou a além <strong>de</strong> importar<br />

produtos da Focéia, a produzir seus próprios produtos locais, como vinho e cerâmicas.<br />

Des<strong>de</strong> sua fundação, Marselha esteve ro<strong>de</strong>ada por populações celtas com as quais os<br />

gregos mantiveram contatos. A partir <strong>de</strong>sse contato, <strong>de</strong>senvolveram-se relações comerciais. Há<br />

pesquisadores que <strong>de</strong>fendam que essas populações celtas estavam sendo helenizadas por<br />

consumirem produtos gregos e incorporarem algumas técnicas gregas para confecção <strong>de</strong><br />

produtos locais. Porém, pesquisadores <strong>de</strong> vertente pós-colonial apontam que havia uma seleção<br />

quanto à incorporação <strong>de</strong> técnicas e o gosto local para os produtos importados, e que este último<br />

era bem específico e estava plenamente direcionado para o consumo <strong>de</strong> apenas um produto, o<br />

vinho.<br />

O gosto pelo vinho por essas populações celtas da região <strong>de</strong>senvolveu-se em algumas<br />

localida<strong>de</strong>s, como Saint-Blaise, antes do contato com os gregos, importando-se vinho etrusco.<br />

Com o contato acentuado das populações celtas com os gregos, o consumo do vinho se difundiu<br />

por todo o sul da Gália. Porém, o consumo do vinho por essas populações nunca <strong>de</strong>sbancou o<br />

consumo das bebidas locais, como a cerveja. As bebidas locais sempre permaneceram como as<br />

bebidas mais consumidas <strong>de</strong>ntre os celtas do sul da Gália.<br />

MESA 2 – Antiguida<strong>de</strong> Clássica: Problemas e Abordagens<br />

Auditório (2° andar do bloco O) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Camila Jourdan<br />

A construção da representação <strong>de</strong> Clitemnestra como uma mulher transgressora no<br />

imaginário grego<br />

Talita Nunes Silva (UFF)<br />

De Homero (VIII séc.a.C.) à Euripí<strong>de</strong>s (séc.Va.C.), dos vasos arcaicos à cerâmica italiota <strong>de</strong><br />

figuras vermelhas, Clitemnestra é representada como a mulher adúltera que participa - passiva<br />

ou ativamente - do assassinato <strong>de</strong> seu marido e assim se distancia do comportamento esperado<br />

<strong>de</strong> uma mulher virtuosa. Nesta comunicação buscaremos por meio da análise da documentação<br />

textual referente ao Período Arcaico os termos e passagens que se referem a Clitemnestra como<br />

uma mulher ‘transgressora’. Deste modo, buscaremos perceber a construção <strong>de</strong> uma tradição na<br />

representação da heroína como uma mulher transgressora no imaginário grego. Além disto,<br />

observaremos que a personagem transgri<strong>de</strong> o comportamento <strong>de</strong>sejável a uma mulher grega por<br />

cometer <strong>de</strong>svios a valores e atos que <strong>de</strong>viam ser observados especificamente pelo gênero<br />

feminino, assim como a princípios e atitu<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>veriam ser seguidos pela socieda<strong>de</strong> grega <strong>de</strong><br />

modo geral. Do mesmo modo, verificaremos que como Clitemnestra os personagens masculinos


45<br />

que a ela se relacionam na poesia do Período Arcaico (Egisto, Agamêmnon e Orestes) cometem<br />

atos que transgri<strong>de</strong>m valores e costumes a serem observados pelos gregos.<br />

Temístocles sob o olhar <strong>de</strong> Plutarco: os ardis na batalha <strong>de</strong> Salamina<br />

Camila Alves Jourdan (UFF)<br />

Inserido no movimento da Segunda Sofística, o biógrafo Plutarco, nascido na região grega da<br />

Beócia aproximadamente na meta<strong>de</strong> do século I d.C., viveu sob o domínio do Império Romano<br />

e escreveu uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> textos, com gran<strong>de</strong> inspiração das obras <strong>de</strong> Heródoto e<br />

Tucídi<strong>de</strong>s. Os textos <strong>de</strong> Plutarco estão repletos <strong>de</strong> seu intento pedagógico; especialmente o<br />

conjunto <strong>de</strong> textos sob o nome <strong>de</strong> “Vidas Paralelas”, em que é visível a redação <strong>de</strong> forma<br />

educativa e um final <strong>de</strong> caráter moralizador. Quando narra a vida do estrátego ateniense<br />

Temístocles, Plutarco manifesta o caráter “natural” <strong>de</strong> Temístocles para a sagacida<strong>de</strong>. É esta<br />

esperteza amplamente utilizada no contexto da batalha naval em Salamina (480 a.C.) entre<br />

helenos e persas. Assim, nesta comunicação objetivamos evi<strong>de</strong>nciar, a partir da análise textual,<br />

as atribuições empregadas por Plutarco para caracterizar Temístocles no que tange seu caráter<br />

astucioso (métis), bem como sua relação coma vitória naval helênica em Salamina.<br />

Sexualida<strong>de</strong> feminina e representação do Eros no óikos ateniense (século V a.C)<br />

Juliana Magalhães dos Santos (UFF)<br />

Esta comunicação possui o objetivo <strong>de</strong> abordar brevemente as representações do Eros na casa<br />

ateniense (óikos), a partir <strong>de</strong> uma ótica centrada na relação com o gênero feminino. A<br />

prostituição e o casamento, são aspectos da sexualida<strong>de</strong> que nos permite pensar sobre a lenta<br />

migração da imagem do <strong>de</strong>us, <strong>de</strong> potencia ativa, avassaladora e muitas vezes <strong>de</strong>smedida, para a<br />

representante <strong>de</strong> aspectos “românticos” coroados pelo casamento. Esse arco <strong>de</strong> representações<br />

possui impacto direto sobre as mulheres atenienses e a sua relação com o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> cidadania.<br />

Oferendas votivas e agón no santuário a Deméter e Koré em Acrocorinto<br />

Mariana Figueiredo Virgolino (UFF)<br />

No santuário das <strong>de</strong>usas Deméter e Koré em Acrocorinto, a colina sagrada da pólis coríntia, as<br />

mulheres da cida<strong>de</strong> podiam tanto construir e reforçar seu pertencimento através das práticas<br />

religiosas. A tirania Cypsélida buscou beneficiar cultos populares como o <strong>de</strong> Deméter e Koré,<br />

ao mesmo tempo que buscava modos <strong>de</strong> inibir a influência aristocrática.<br />

Vemos, todavia, que a harmonia entre os grupos femininos da cida<strong>de</strong> não era completa, uma vez


46<br />

que oblações votivas <strong>de</strong> alto custo marcavam o contraste social entre as mais abastadas e as<br />

pertencentes às camadas mais humil<strong>de</strong>s. Nesta comunicação trataremos da diferenciação social e<br />

ritual marcada nas <strong>de</strong>dicações votivas <strong>de</strong>ste santuário, abordando o espaço religioso como um<br />

local <strong>de</strong> disputa por prestígio e reforço <strong>de</strong> privilégios socioeconômicos.<br />

MESA 3 – Egito Antigo: Múltiplos Diálogos<br />

Sala 510 (Bloco O) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Lara Pinheiro<br />

“ S h V ” F D v v C E A<br />

Letícia Gomes do Nascimento (UFRJ)<br />

A crença no pós-vida não era evi<strong>de</strong>ntemente exclusiva dos egípcios antigos. Não obstante,<br />

as práticas funerárias egípcias angariaram gran<strong>de</strong> esforço e <strong>de</strong>dicação mais do que qualquer<br />

outra cultura da antiguida<strong>de</strong> ou contemporânea. A medida que os egípcios refinaram sua<br />

concepção a respeito da morte, suas práticas e os elementos nela envolvidos também foram<br />

sendo modificados. Preten<strong>de</strong>-se aqui abordar <strong>de</strong> forma objetiva o <strong>de</strong>senvolvimento dos caixões<br />

no Egito Antigo, sua função não só como dispositivo protetor do corpo mumificado, mas como<br />

elemento fundamental nos ritos funerários, assegurando ao morto a manutenção da vida no<br />

Mundo dos Mortos.<br />

Hashepsut legitima her<strong>de</strong>ira do trono ou uma usurpadora?<br />

Flávia <strong>de</strong> Souza Reis (Faculda<strong>de</strong>s Integradas Simonsen)<br />

O projeto <strong>de</strong> pesquisa “Hatshepsut: Legítima Her<strong>de</strong>ira do Trono ou uma Usurpadora?”<br />

tem comotemática analisar que a questão da mulher no po<strong>de</strong>r não é algo recente. Citamos como<br />

exemplo, a Rainha Hatshepsut que se tornou Faraó do Egito por volta <strong>de</strong> 1473 A.C.<br />

Debater a legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa conquista é um ponto muito significativo para este projeto,<br />

pois através <strong>de</strong>le, tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> analisar todos os argumentos por Hatshepsut, com<br />

a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inibir qualquer contestação ao seu po<strong>de</strong>r, uma vez que atuou <strong>de</strong> maneira<br />

semelhante aos Faraós que a antece<strong>de</strong>ram, tanto no cunho religioso quanto político.<br />

Verificou-se sua relação com Tutmés III, seus títulos reais, a importância da alteração <strong>de</strong><br />

sua imagem e inserção <strong>de</strong> um “sobrenome” faraônico, como também suas construções. Outro<br />

quesito observado foi o fator sanguíneo ligado às linhagens nessa parte da XVIII Dinastia.<br />

O estudo aqui proposto é mostrar que a mulher já exercia papéis importantes <strong>de</strong><br />

li<strong>de</strong>rança, mesmo numa época dominada pela hegemonia masculina. Hatshepsut <strong>de</strong>ixou como<br />

herança para todas as civilizações, a importância do fim do preconceito <strong>de</strong> gênero e da


capacida<strong>de</strong> que uma mulher possuipara comandar uma nação com autorida<strong>de</strong> e respeito.<br />

47<br />

Mesa 4 – Diálogos políticos, culturais e econômicos na Roma Antiga<br />

Auditório (2° andar do bloco O) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Leonardo Cabral<br />

Aspectos econômicos das perseguições aos cristãos nas províncias romanas nos séculos II e<br />

III d.C<br />

Leonardo Cabral (UFRRJ)<br />

Este trabalho tem por objetivo a busca pelos aspectos econômicos que levaram às<br />

perseguições aos cristãos entre os séculos II e III d. C. Estão sendo realizadas as seguintes<br />

etapas da pesquisa: mapeamento das comunida<strong>de</strong>s cristãs do período estudado, busca <strong>de</strong> fontes e<br />

discussão dos motivos os quais levaram à expansão do cristianismo e motivos <strong>de</strong> perseguição e<br />

a existência ou não <strong>de</strong> ortodoxia antes do Concílio <strong>de</strong> Nicéia, o primeiro dos Concílios que<br />

<strong>de</strong>ram início à formação <strong>de</strong> uma doutrina cristã em consenso com todas as igrejas. O orientador<br />

do projeto, professor Marcos Caldas, fez um levantamento das comunida<strong>de</strong>s cristãs entre os<br />

séculos I e IV d.C. e está no momento, junto ao bolsista, completando uma tabela que relaciona<br />

o século, a comunida<strong>de</strong> cristã presente no período, as construções cristãs nelas feitas e as fontes<br />

que comprovam suas existências; para esta tarefa foi utilizada também uma fonte secundária<br />

com quantida<strong>de</strong> menor <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s, complementar ao trabalho. Além disso, estão sendo<br />

discutidos os tópicos acima citados com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prosseguir para as etapas seguintes com<br />

o conhecimento necessário, com ênfase, no momento, na questão da ortodoxia antes <strong>de</strong> Nicéia.<br />

Triunfo Imperial Romano: a Cruz Gemada <strong>de</strong> Augusto na legitimação do Sacro<br />

Império da Alta Ida<strong>de</strong> Média.<br />

Vânia Vidal Luiz (UNIRIO)<br />

Essa comunicação tem como objetivo discutir a representação do conceito <strong>de</strong> imperium no<br />

camafeu augustano da Cruz Gemada <strong>de</strong> Lotário (séc. XI) e suas apropriações pela Ida<strong>de</strong> Média<br />

no estabelecimento das bases simbólicas do Sacro Império não apenas como continuação <strong>de</strong><br />

Roma, mas como a própria Roma. A partir da compreensão patrística <strong>de</strong> que a cruz, como<br />

representação, converte-se no signum da vitória <strong>de</strong> Cristo sobre o mundo, a morte e o pecado<br />

personificando a promessa da Salvação, e que re-liga o passado ao futuro através do culto do<br />

presente. Sustentamos que a centralida<strong>de</strong> da figura <strong>de</strong> Augusto, nessa cruz, não é ocasional.<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma linguagem iconográfica intencional, que aliada a outros elementos do objeto,


48<br />

nos faz crer que o culto prestado não se atém ao Cristo e à vitória sobre a morte, mas ao<br />

imperium romanorum e sua vitória sobre a civilização.<br />

O De Rerum Natura <strong>de</strong> Lucrécio no contexto da recepção do epicurismo pela elite romana<br />

do século I AEC<br />

Maria <strong>de</strong> Nazareth Eichler Sant’Angelo (UNIRIO)<br />

A proposta da presente comunicação é investigar as condições <strong>de</strong> recepção das escolas<br />

filosóficas helenísticas, notadamente a epicurista, pela elite da Roma tardo-republicana. A<br />

crítica ten<strong>de</strong> a atribuir uma importância maior ao estoicismo e a <strong>de</strong>scurar em suas análises o<br />

ímpeto com que os círculos <strong>de</strong>ssa elite acolheram as convicções epicuristas. A análise se<br />

concentrará na i<strong>de</strong>ntificação dos agentes e espaços <strong>de</strong> experiência implicados na circulação,<br />

leitura, recitação e audição <strong>de</strong> tratados e poemas epicuristas no período em questão. Veremos<br />

que um dos locais mais importantes <strong>de</strong> performance literária <strong>de</strong> textos epicuristas são as vilas e<br />

seus banquetes, cujas características remontam à tradição dos carmina convivalia. Tal<br />

investigação se justifica na medida em que busco esclarecer, em minha pesquisa <strong>de</strong> doutorado,<br />

em que medida o poeta e filósofo Lucrécio (94/93-51/50 AEC) foi bem-sucedido em sua<br />

tentativa <strong>de</strong> converter a ratio epicurista no vetor <strong>de</strong> orientação das tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e<br />

estratégias <strong>de</strong> ação política da elite romana nos espaços públicos da urbs do século I AEC, ou<br />

seja, no contexto do cumprimento <strong>de</strong> suas obrigações magistrais e sacerdotais e na condução dos<br />

rituais cívico-religiosos.<br />

Quarta-feira, 25 <strong>de</strong> março <strong>de</strong>2015<br />

História Medieval<br />

Mesa 01 – Mundo islâmico, mundo <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s<br />

Sala 510 (bloco O) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Paula Justen<br />

I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e alterida<strong>de</strong> no mundo árabe-islâmico através da viagem <strong>de</strong> IbnBattuta (1304-<br />

1368)<br />

Afonso Celso Malecha Teixeira (UFF)<br />

Este trabalho disserta sobre o binômio i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>-alterida<strong>de</strong> no mundo árabe-islâmico medieval,<br />

a partir do relato <strong>de</strong> viagem <strong>de</strong> IbnBattuta (1304-1368).


49<br />

Compreen<strong>de</strong>mos a viagem não apenas como um <strong>de</strong>slocamento no espaço, mas também como<br />

um fenômeno cultural a partir do qual po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r as formas <strong>de</strong> como se dava a<br />

construção da alterida<strong>de</strong> e, neste exercício, perceber as bases da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do viajante.<br />

Portanto, estudar o livro <strong>de</strong> viagens <strong>de</strong> IbnBattuta nos permite compreen<strong>de</strong>r não só como os<br />

muçulmanos percebiam os Outros, mas também como entendiam a si mesmos.<br />

A partir da noção <strong>de</strong> umma(comunida<strong>de</strong> muçulmana), percebe-se uma unida<strong>de</strong> entre todos os<br />

fiéis muçulmanos do mundo. Ao <strong>de</strong>slocar-se por toda a comunida<strong>de</strong> muçulmana, IbnBattuta é<br />

testemunha <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> cultural, na qual o sentimento <strong>de</strong> pertencimento a ummaé um dos<br />

pilares fundamentais da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> muçulmana. Entretanto, isso não o impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer<br />

uma hieraquia <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la. Na comunida<strong>de</strong> muçulmana, há aqueles que se aproximam mais do<br />

i<strong>de</strong>al do bom muçulmano e outros que revelam-se perigosos para a unida<strong>de</strong> política da ummae<br />

para o cumprimento da ortodoxia sunnita.<br />

Em um contexto <strong>de</strong> fragmentação política, guerras religiosas internas, proclamação <strong>de</strong> diferentes<br />

califados, IbnBattuta consegue dar provas da unida<strong>de</strong>, força e coesão da umma, apesar das<br />

<strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s. Nosso viajante se apresenta como um fiel <strong>de</strong>fensor <strong>de</strong>ssa unida<strong>de</strong>, saudoso do<br />

gran<strong>de</strong> Califado, mas esperançoso que esse passado glorioso retorne.<br />

A consolidação do Califado Abássida e a valorização do conhecimento pelos árabes<br />

Dandara Arsi Prenda (UFF)<br />

Este trabalho tem como objetivo fazer um balanço da conjectura histórica que se<br />

encontra <strong>de</strong>limitada pelo recorte temporal que a fonte a ser utilizada, a obra Kalila e Dimna,<br />

apresenta sendo este, respectivamente, o século VIII d.C. Neste sentido, a obra <strong>de</strong>senvolve-se no<br />

período entre a transição do fim do Califado Omíada (datado entre 661-750) e as tentativas <strong>de</strong><br />

consolidação por parte dos soberanos que compuseram o preâmbulo do Califado Abássida<br />

(<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a tomada do po<strong>de</strong>r em 750, até o reinado <strong>de</strong> al-Mansur que se inicia em 754-75 e se<br />

esten<strong>de</strong> até 786 d. C.).<br />

Porém muito além da queda <strong>de</strong> uma casa para a ascensão <strong>de</strong> outra, este momento <strong>de</strong><br />

transição aborda questões muito mais profundas, e que a obra revela <strong>de</strong> forma indireta, como a<br />

questão da sucessão dos governantes, o maior problema do Império Islâmico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a morte do<br />

Profeta Muhammad.<br />

Nestes mol<strong>de</strong>s, analisar-se-á no presente trabalho, as questões acerca dos diversos<br />

<strong>de</strong>safios e dificulda<strong>de</strong> para a formação <strong>de</strong> um Estado Islâmico. Serão analisados a formação e os<br />

fundamentos das dissidências religiosas entre os muçulmanos, as correntes xiita e sunita, que se<br />

constituíram em


50<br />

disputas, causando longo da história do Império Árabe fissuras que, conjuntamente, com outros<br />

fatores levaram ao esfacelamento do po<strong>de</strong>r do Califado.<br />

Entrelaçado aos <strong>de</strong>sdobramentos do Império Islâmico encontra-se a história do suposto<br />

letrado IbnAlmuqaffa, tradutor da obra Kalila e Dimna. Ao mesmo tempo em que se<br />

problematizará o recorte histórico supracitado, serão abordadas questões acerca das vicissitu<strong>de</strong>s<br />

do autor, analisando-se uma breve biografia, que se encontra no corpus documental. Com a<br />

análise da vida <strong>de</strong>ste letrado, em conjunto com a bibiografia, busca-se compreen<strong>de</strong>r a vida nas<br />

cortes árabes medievais e, sobretudo, fazer uma reflexão acercadas disputas em busca do posto<br />

<strong>de</strong> Califa.<br />

Parte <strong>de</strong>sta análise se apoia na trajetória <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ste letrado, que ascen<strong>de</strong> socialmente<br />

enquanto os Omíadas estão no po<strong>de</strong>r. Contudo, é na corte Abássida que o ousado letrado ganha<br />

espaço e participa do jogo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que mais uma vez testa o Império com a questão da<br />

sucessão legítima e reconhecida. O tradutor IbnAlmuqaffa possuía o cargo <strong>de</strong> escriba, auxiliar e<br />

conselheiro <strong>de</strong> AbdullāhIbnAlī e <strong>de</strong> SulayymānIbnAlī, ambos tios do Califa AbūJafarAlmanṣūr,<br />

e neste cenário, ambos disputavam com o sobrinho a autorida<strong>de</strong> e o reconhecimento do po<strong>de</strong>r<br />

perante o Império.<br />

Portanto, o propósito <strong>de</strong>ste trabalho é analisar este período histórico através das linhas<br />

<strong>de</strong>scritas por IbnAlmuqaffa nas vicissitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um livro e seu autor, porém, tendo como espinha<br />

dorsal a questão do problema da autorida<strong>de</strong> do soberano e o seu reconhecimento.<br />

Devshirme: Sistema <strong>de</strong> Recrutamento Infantil Militar Otomano (Séculos XIV-XV)<br />

Lucas Martiniano Pereira (UNIABEU)<br />

Através <strong>de</strong> uma análise centrada na Instituição Devshirme, prática <strong>de</strong> recrutamento <strong>de</strong> jovens<br />

cristãos das regiões sob a tutela do Império Otomano, iniciado por volta do século XIII d.C.,<br />

procura-se enten<strong>de</strong>r como a mesma influenciou o Exército a ponto <strong>de</strong> torná-los um dos povos<br />

mais temidos no fim da Ida<strong>de</strong> Média e início da Mo<strong>de</strong>rna. Preten<strong>de</strong>-se analisar também os<br />

processos mais específicos <strong>de</strong>sse recrutamento, on<strong>de</strong> os jovens tornavam-se escravos exclusivos<br />

do Sultão Otomano, e da sua formação, educação <strong>de</strong>ntro do mundo muçulmano e a<br />

transformação que os fazem se tornar guerreiros exemplares, compondo a elite militar e a<br />

camada mais alta da administração do sultanato.


Mesa 2 – Dinâmicas <strong>de</strong> marginalização na Ida<strong>de</strong> Média<br />

Auditório (2° andar do bloco O) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Wan<strong>de</strong>rson Pereira<br />

51<br />

The medieval outsi<strong>de</strong>rs: pobreza e marginalização em fins da Ida<strong>de</strong> Média<br />

Flavia Vianna do Nascimento (UFF)<br />

Os períodos finais da Ida<strong>de</strong> Média – séculos XIV e XV – são caracterizados por uma crise do<br />

sistema feudal. Um dos reflexos <strong>de</strong>ssa crise é um <strong>de</strong>sequilíbrio na organização social.<br />

Marginalização, êxodo rural e revoltas populares são alguns dos traços <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>sequilíbrio. Os<br />

Estados procuraram agir contra esta situação, através <strong>de</strong> legislações <strong>de</strong> controle da força <strong>de</strong><br />

trabalho e <strong>de</strong> repressão á vadiagem.<br />

A presente comunicação tem como objetivo enten<strong>de</strong>r as categorias “pobre”, “marginal” e<br />

“vagabundo”, além <strong>de</strong> mostrar o quanto a crise econômica é concatenada com os processos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stituição e marginalização. Usarei como fonte para o artigo a obra Lazarillo <strong>de</strong> Tormes,<br />

escrita por autor anônimo, em espanhol, durante o século XVI. Apesar da datação, o texto traz<br />

importantes indícios da situação social das camadas populares durante os séculos XIV e XV. É a<br />

partir da análise <strong>de</strong>la que procurarei relacionar os processos <strong>de</strong> marginalização com a chamada<br />

crise do sistema feudal.<br />

Palavras-chave: Marginal – Literatura – Ida<strong>de</strong> Média.<br />

Pater Pauper: a manifestação política do Affectus Pietatis na condução dos pobres na<br />

realeza Capetíngia (séc. XIII)<br />

Wan<strong>de</strong>rson Henrique Pereira (UFMG)<br />

Nosso objetivo é enten<strong>de</strong>r a mobilização do conceito <strong>de</strong> affectus <strong>de</strong>ntro das relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

entre o rei e os súditos na política régia Capetíngia, sobretudo no reinado <strong>de</strong> Luís IX,<br />

canonizado como São Luís. Para atingir esse objetivo, utilizaremos a Eruditio Regum et<br />

principum, finalizado por volta <strong>de</strong> 1259 por Gilberto <strong>de</strong> Tournai, minorita e professor <strong>de</strong><br />

teólogia da universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris. O Eruditio é um tratado pedagógico inserido <strong>de</strong>ntro da<br />

literatura política dos Espelhos <strong>de</strong> príncipe, que eram direcinadosaos monarcas. Seu objetivo era<br />

ensinar como os reis, príncipes e seus futuros <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>veriam governar <strong>de</strong> forma correta<br />

seus reinos. Esses tratados políticos, geralmente encomendados pelos próprios reis, tendiam a<br />

elaborar as diretrizes morais e éticas para o sucesso do governante, teorizando um mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>al<br />

<strong>de</strong> realeza Cristã. Na obra em analise, atentaremos para as representações do rei, enquanto<br />

aquele que <strong>de</strong>ve sentir um profundo affectuspietatis pelos seus súditos, principalmente pelos


52<br />

mais pobres (pauper), dos quais o rei <strong>de</strong>ve proteger assim como um pai protege seus filhos.<br />

Nesse sentido o rei é representado no <strong>de</strong>correr da obra como o pater pauper (pai dos pobres). O<br />

rei <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>monstrar essa afeição por meio <strong>de</strong> ações caritativas direcionadas aos súditos no<br />

<strong>de</strong>correr da condução dos mesmos, <strong>de</strong>monstrando o amor do rei e em contrapartida esperando<br />

recebê-lo dos próprios súditos.<br />

Uma breve reflexão acerca da relação cida<strong>de</strong>-campo. O Foral <strong>de</strong> Guimarães (Portugal –<br />

Séc. XI).<br />

Matheus Gadioli Pires Camacho (UFF)<br />

O presente trabalho consistirá num esforço inicial <strong>de</strong> análise do Foral <strong>de</strong> Guimarães, cuja<br />

datação correspon<strong>de</strong> ao século XI, sendo concedido à cida<strong>de</strong> pelo Con<strong>de</strong> Dom Henrique. O foral<br />

é um documento instituído por um senhor para uma comunida<strong>de</strong> que se submete a seu po<strong>de</strong>r e<br />

jurisdição, discriminando <strong>de</strong>veres e direitos mútuos, conce<strong>de</strong>ndo-lhe certo grau <strong>de</strong> autonomia<br />

em troca <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas rendas. De natureza jurídica, tal documentação, além das normativas,<br />

nos revela rendas diversas arrecadadas pelo senhor sobre o comércio, os produtos etc. Os forais<br />

constituem uma espécie <strong>de</strong> janela para a compreensão <strong>de</strong> outra relação fundamental que se<br />

esten<strong>de</strong> aos dias atuais, mas com outra roupagem: a relação cida<strong>de</strong>-campo.<br />

Des<strong>de</strong> a revolução agrícola, é possível dizer que um segmento social fundamental para a<br />

reprodução da humanida<strong>de</strong> se faz presente, o campesinato. A historiografia por muito o abstraiu<br />

da própria história, uma vez que os registros trabalhados pelos historiadores não se referem<br />

diretamente ao campesinato, mas sempre aos senhores, a uma proprieda<strong>de</strong> ou aos produtos.<br />

Porém, se esquecem <strong>de</strong> que o senhor não pegava no arado para trabalhar o solo; a proprieda<strong>de</strong>,<br />

quando doada, levava consigo famílias ali alocadas, e os produtos eram fruto do trabalho<br />

camponês. Será este tipo <strong>de</strong> olhar que buscaremos lançar sobre a fonte, reconhecendo os espaços<br />

e as ações que fazem com que seja possível perguntar até on<strong>de</strong> estudar as cida<strong>de</strong>s na Ida<strong>de</strong><br />

Média também não é um estudo acerca do campesinato.


Mesa 3 – Po<strong>de</strong>r régio, or<strong>de</strong>m senhorial e justiça<br />

Sala 310 (bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Danielle Silva<br />

53<br />

Queenship – Consi<strong>de</strong>rações sobre o po<strong>de</strong>r da Rainha medieval.<br />

Danielle <strong>de</strong> Oliveira dos Santos Silva (UFRRJ)<br />

Este trabalho tem por objetivo explorar <strong>de</strong> forma inicial o conceito <strong>de</strong> queenship. Esse conceito<br />

tem sido trabalhado por historiadores anglo-saxões cujas pesquisas vêm sendo publicadas nos<br />

últimos vinte anos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1990, e aparece <strong>de</strong> forma comparativa ao conceito<br />

análogo <strong>de</strong> kingship que trata do po<strong>de</strong>r do rei. Historiadores ibéricos também têm usado o termo<br />

em inglês para <strong>de</strong>finir o que viria a ser as prerrogativas da rainha medieval, por falta <strong>de</strong> uma<br />

palavra que possa dar precisão ao termo nas línguas portuguesa e espanhola.<br />

Partindo da leitura dos trabalhos <strong>de</strong> John CarmiParsons, <strong>de</strong> TheresaVann, e <strong>de</strong> outros autores<br />

anglo saxões, temos tido contato com várias obras e coletâneas <strong>de</strong> artigos on<strong>de</strong> diversos<br />

historiadores especialistas na área dissertam sobre a participação das rainhas da Ida<strong>de</strong> Média nos<br />

meandros do po<strong>de</strong>r, e novas consi<strong>de</strong>rações sobre nosso objeto <strong>de</strong> estudo, as rainhas regentes,<br />

estão surgindo em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>sta nova possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> análise.<br />

Nesta pesquisa têm sido tratadas questões pertinentes à rainha, com um recorte na Península<br />

Ibérica e buscado analisar as oportunida<strong>de</strong>s e possibilida<strong>de</strong>s que as soberanas tiveram <strong>de</strong><br />

exercerem <strong>de</strong> fato o po<strong>de</strong>r político nos países on<strong>de</strong> viveram. O estudo das mulheres na Ida<strong>de</strong><br />

Média se divi<strong>de</strong> entre a leitura dos discursos dos clérigos e a realida<strong>de</strong>. Se discursivamente as<br />

mulheres medievais são mostradas como seres inferiores e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, ao realizarmos as<br />

leituras das fontes eclesiásticas, em outros documentos, como crônicas ou papéis <strong>de</strong><br />

chancelarias, po<strong>de</strong>mos encontrar os vestígios da participação política das mulheres oriundas da<br />

realeza nos assuntos referentes ao governo do reino.<br />

Nesta pesquisa, interessa aprofundar quais as circunstâncias que levaram mulheres ao exercício<br />

do po<strong>de</strong>r. Quais os acontecimentos que tornavam a ranha apta a ser regente do reino? A<br />

ausência do marido? A menorida<strong>de</strong> do filho? Ser a única her<strong>de</strong>ira disponível? Quais alianças<br />

<strong>de</strong>veriam ser feitas para sustentar o po<strong>de</strong>r feminino ante uma parentela masculina ansiosa por<br />

suas próprias oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se impor e exercer o governo? Em quais momentos o reinado <strong>de</strong><br />

uma rainha era aceito como a melhor possibilida<strong>de</strong> para o reino?


Os julgamentos contra os animas na Baixa Ida<strong>de</strong> Média: o caso da porca <strong>de</strong> Falaise<br />

54<br />

Franklin Maciel Tavares Filho (UFF)<br />

Este trabalho apresenta algumas consi<strong>de</strong>rações acerca dos julgamentos contra animais na Baixa<br />

Ida<strong>de</strong> Média. Na Europa Medieval, o julgamento <strong>de</strong> animais era comum, já que se acreditava<br />

que, se eles eram responsáveis por crimes, <strong>de</strong>veriam respon<strong>de</strong>r por eles. Em 1386, um<br />

julgamento na cida<strong>de</strong> francesa <strong>de</strong> Falaise con<strong>de</strong>nou o réu à pena máxima, enforcamento em<br />

praça pública, por cometer infanticídio, assassinato <strong>de</strong> criança. No dia da execução, o povo se<br />

aglomerou para ver o espetáculo. Pela importância da solenida<strong>de</strong>, o carrasco recebeu um par <strong>de</strong><br />

luvas brancas. No centro do show estava a ré: uma porca.<br />

A paz <strong>de</strong> Deus e seu papel na estruturação da or<strong>de</strong>m senhorial francesa (888-1095)<br />

Lucas Moreira Calvo (Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Bento do RJ)<br />

A comunicação apresentará os resultados da monografia <strong>de</strong>senvolvida no curso <strong>de</strong> pósgraduação<br />

lato sensu da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Bento do Rio <strong>de</strong> Janeiro. O tema trabalhado foi o<br />

papel da paz <strong>de</strong> Deus na consolidação da or<strong>de</strong>m senhorial francesa nos arredores do ano mil.<br />

Para tal, analisamos o discurso das atas conciliares <strong>de</strong> Charroux (989) e Le Puy (994) e o<br />

discurso do papa Urbano II no concílio <strong>de</strong> Clermont (1095). A paz <strong>de</strong> Deus geralmente é<br />

interpretada como um movimento <strong>de</strong> pacificação contrário à anarquia e violência endêmica da<br />

socieda<strong>de</strong> feudal, no entanto, este trabalho <strong>de</strong>sconstrói esse tipo <strong>de</strong> interpretação, caracterizando<br />

a paz <strong>de</strong> Deus como um movimento senhorial reformista que objetivava remo<strong>de</strong>lar a or<strong>de</strong>m<br />

social <strong>de</strong> acordo com os interesses eclesiásticos. Nesse sentido, longe <strong>de</strong> se opor à violência<br />

cavaleiresca, a paz <strong>de</strong> Deus normatizou a cavalaria feudal, colaborando para construir uma<br />

or<strong>de</strong>m social dominada por senhores e preservada pela violência, porém, submissa ao controle<br />

da Igreja. Dessa forma, o trabalho teve como principais objetivos: (1) analisar as interpretações<br />

“mutacionistas” e “antimutacionistas” sobre a paz <strong>de</strong> Deus e seu contexto; (2) examinar o<br />

discurso materializado nas atas conciliares <strong>de</strong> Charroux e Le Puy e o discurso enunciado pelo<br />

papa Urbano II no concílio <strong>de</strong> Clermont (1095); (3) compreen<strong>de</strong>r o papel da paz <strong>de</strong> Deus na<br />

estruturação da or<strong>de</strong>m senhorial francesa.


A justiça como pilar da realeza medieval inglesa (início do século XV)<br />

55<br />

Caio <strong>de</strong> Barros Martins Costa (UFRRJ)<br />

Des<strong>de</strong> a gran<strong>de</strong> obra <strong>de</strong> Marc Bloch sobre o caráter sobrenatural das realezas francesa e inglesa,<br />

diversos trabalhos tinham como centralida<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r os elementos que compunham a<br />

i<strong>de</strong>ologia política da era medieval. Com relação aos ingleses, diversas as pesquisas costumam<br />

citar a sacralida<strong>de</strong> pautada na taumaturgia. A historiografia britânica em si pouca analisa os<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> rei existente na mentalida<strong>de</strong> da época, reservando-se principalmente no estudo do<br />

militarismo dos séculos XIV e XV. Sendo assim, havia outros elementos da sacralida<strong>de</strong> na<br />

Inglaterra medieval? E quais seriam tais elementos?<br />

O presente trabalho é fruto <strong>de</strong> uma pesquisa monográfica ainda em andamento que busca a<br />

compreensão dos elementos simbólicos que constituíam o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> rei na monarquia inglesa do<br />

início do século XV. É utilizada como fonte principal da pesquisa a obra do poeta inglês<br />

Thomas Hoccleve, The regimentofprinces. Busca-se analisar com a justiça - um dos elementos<br />

supracitados - se constituía como um dos pilares da monarquia. Já citará Jean Jacques<br />

Chevallier, que implantar a justiça é uma finalida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r político medieval, on<strong>de</strong> “realeza é<br />

justiça; tirania é injustiça” (CHEVALLIER, 1982, p. 205).<br />

A formação da Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cavalaria entre os séculos XII-XIII: Uma discussão<br />

historiográfica<br />

Diogo Rodrigues dos Santos (UERJ)<br />

Em nossa exposição almejamos analisar as concepções historiográficas referentes a instituição<br />

da Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cavalaria Medieval, com o recorte temporal nos séculos XII e XIII. Dessa forma,<br />

nosso estudo pautou-se na produção dos seguintes pesquisadores: Marc Bloch, George Duby,<br />

Jean Flori, Dominique Barthélemy, Alain Demurger além dos brasileiros Ricardo da Costa, e<br />

Hilário Franco Júnior. O método do <strong>de</strong>bate historiográfico torna-se um elemento central, para<br />

que possamos observar a convergência e divergência, das perspectivas sobre o nosso objeto <strong>de</strong><br />

pesquisa e assim explanar a Cavalaria Medieval dos séculos XII-XIII não como um grupo<br />

militar a cavalo, mas como uma Ordo (Or<strong>de</strong>m) com características próprias <strong>de</strong> um grupamento<br />

específico.


Mesa 4 – Igreja Católica: instituição e visões <strong>de</strong> mundo<br />

Sala 510 (bloco O) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Douglas Ban<strong>de</strong>ira<br />

56<br />

AS RELAÇÕES MATRIMONIAIS NA REALEZA VISIGÓTICA E AS PRETENSÕES<br />

POLÍTICAS DO BISPO ISIDORO DE SEVILHA<br />

Alexsandra Pimentel França (UFMG)<br />

Preten<strong>de</strong>mos investigar a dimensão política das relações matrimoniais régias, tendo em vista a<br />

perspectiva <strong>de</strong> Isidoro <strong>de</strong> Sevilha sobre o matrimônio diante da situação política do reino<br />

visigodo. O período estudado faz um aparato da história do casamento e busca, precisamente,<br />

analisar o reino entre os séculos VI a VIII. A análise parte da interpretação dos acordos jurídicos<br />

discorrido nos Concílios convocados nos séculos pretendidos e nas obras <strong>de</strong>ixadas por Isidoro, o<br />

bispo <strong>de</strong> Sevilha. O matrimonio faz alusão a questões políticas e como tal, é <strong>de</strong> acordo que, há<br />

<strong>de</strong> existir uma relação direta entre, o seu <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma instituição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r,<br />

que legitima o matrimonio. Dirigimos nossos estudos à investigação sobre a relação <strong>de</strong><br />

Atanagildo com sua influente esposa Goswinta, que interviu fortemente na governança <strong>de</strong> seu<br />

marido. As relações que suce<strong>de</strong>ram <strong>de</strong>sse enlace <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram em longos processos <strong>de</strong><br />

manobras políticas diante do instável cenário entre as casas régias merovíngia e visigoda.<br />

Apontaremos para o papel <strong>de</strong>senvolvido pelas mulheres e sua importância na diplomacia entre<br />

as distintas casas reais, merovíngia e visigoda. Preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>senvolver uma analise no que diz<br />

respeito ao gran<strong>de</strong> projeto diplomático almejado pelos merovíngios e Goswinta em oposição ao<br />

que o Bispo Isidoro <strong>de</strong> Sevilha pretendia em relação aos visigodos.<br />

A confraria <strong>de</strong> Sancti Spiritus <strong>de</strong> Villalpando: Análise <strong>de</strong> uma confraria <strong>de</strong> clérigos (Sécs.<br />

XIV-XV)<br />

Douglas Ribeiro da Rosa Ban<strong>de</strong>ira (UFF)<br />

Esta apresentação consiste em apontamentos inicias <strong>de</strong> um projeto apresentado ao PIBIC-UFF<br />

sob a orientação do Prof. Dr. Mário Jorge da Motta Bastos. A proposta <strong>de</strong> trabalho tem como<br />

objetivo analisar as transformações ocorridas no patrimônio fundiário da confraria <strong>de</strong><br />

SanctiSpiritus <strong>de</strong> Villalpando, situado em Tierra <strong>de</strong> Campos (Espanha), durante os séculos XIV<br />

e XV. Propomo-nos, essencialmente, a abordar os instrumentos, formas e iniciativas promovidas<br />

pela confraria que <strong>de</strong>ram ensejo à configuração <strong>de</strong> seu patrimônio fundiário durante a Baixa<br />

Ida<strong>de</strong> Média, consi<strong>de</strong>rando ainda as tendências dominantes no período. Basear-nos-emos na<br />

análise da Documentación Medieval <strong>de</strong>lArchivoParroquial <strong>de</strong> Villalpando (Zamora), conjunto


57<br />

<strong>de</strong> fontes que praticamente permaneceu inédita até a sua publicação, em 1988, sob a direção <strong>de</strong><br />

Ángel Vaca Lorenzo. A documentação contém duzentos e trinta e três unida<strong>de</strong>s diplomáticas,<br />

datadas entre os anos <strong>de</strong> 1278 e 1499, documentos que versam sobre compras, vendas, trocas e<br />

doações <strong>de</strong> bens entre particulares e, em sua maioria, entre instituições.<br />

Transição da práxis <strong>de</strong>vocional: Corpus Mysticum e a construção do imaginário medieval<br />

oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> por Santa Catarina <strong>de</strong> Siena (1347-1380)<br />

Caio César Rodrigues (UFRRJ)<br />

O projeto <strong>de</strong> pesquisa analisa através dos indícios coletados na obra Diálogo da Divina<br />

Providência <strong>de</strong> Catarina <strong>de</strong> Sena, escrita entre 1377 e 1378, a construção e o entendimento <strong>de</strong><br />

aspectos particulares do imaginário social medieval Oci<strong>de</strong>ntal como parte i<strong>de</strong>alizada <strong>de</strong> um<br />

corpus mysticum <strong>de</strong> Cristo.O tema justifica-se em evi<strong>de</strong>nciar num plano cultural os conflitos e<br />

relações sociais <strong>de</strong> um mundo em transformação. As i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Catarina <strong>de</strong> Sena são frutos <strong>de</strong><br />

uma tradição anterior que passa por influxos <strong>de</strong> sua experiência <strong>de</strong> fé.<br />

A partir <strong>de</strong> nossa análise, os indícios nos levam a concluir que a tradição cristã, através da<br />

Patrística e do discurso místico, modificaram as representações e as práticas dos leigos<br />

estabelecendo um habitus religioso, a saber, “um principio gerador <strong>de</strong> todos os pensamentos,<br />

percepções e ações” que ajusta a práxis <strong>de</strong>vocional, à visão política do mundo social. Essas<br />

representações, segundo Bourdieu, dizem respeito à visão que um indivíduo ou um grupo<br />

constroem <strong>de</strong> sua cultura ou socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> forma a conter em seus discursos o peso do<br />

imaginário acerca do cotidiano, e das percepções do mundo natural e o sobrenatural. Contudo,<br />

por mais original que Catarina nos pareça, ela compartilha com muitos outros autores o<br />

imaginário e as representações da socieda<strong>de</strong> medieval Oci<strong>de</strong>ntal. Bem como, não po<strong>de</strong>mos<br />

negligenciar sua participação nos significados compartilhados pela socieda<strong>de</strong> à qual pertence.<br />

Mesa 5 – Representações da socieda<strong>de</strong> medieval<br />

Auditório (2º andar do bloco O) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Paula Justen<br />

FLORENÇA E O DEBATE DOS SÁBIOS: O DISCURSO DA CIDADE MEDIEVAL DO<br />

SÉC. XIV EM GIOVANNI VILLANI.<br />

Vânia Vidal Luiz (UNIRIO)<br />

Sob o contexto <strong>de</strong> efervescência urbana e cultural experimentado pela península italiana ao<br />

longo dos séc. XIII XIV, Giovanni Villani, banqueiro e diplomata florentino elabora uma


58<br />

ambiciosa obra <strong>de</strong> cronística urbana – A Nuova Cronica – com o objetivo <strong>de</strong> exultar a gran<strong>de</strong>za,<br />

a força e sobretudo o esplendor cultural <strong>de</strong> Florença em relação à Toscana com a construção da<br />

imagem <strong>de</strong>sta como uma cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar ‘filha e exemplo <strong>de</strong> Roma’.<br />

Mo<strong>de</strong>lar não apenas em sua configuração arquitetônica mas ao diálogo intelectual que<br />

suscita na toscana, que a faz se equiparar ao fórum romano por excelência. Através do uso das<br />

diferentes retóricas que permeiam o ambiente intelectual florentino e que constroem o conceito<br />

<strong>de</strong> história expresso na vasta cronística urbana da região, composta pelo <strong>de</strong>bate franciscano e<br />

dominicano, pelas sucessivas incorporações míticas do diálogo entre o Antigo e o Novo, e os<br />

embates políticos, Villani encontra a verda<strong>de</strong>ira “linguagem da cida<strong>de</strong>”, em que verda<strong>de</strong> e<br />

ficção se misturam e entrelaçam, oferecendo-nos uma experiência única do fenômeno urbano<br />

medieval.<br />

Uma análise da pluralida<strong>de</strong> e trocas culturais através da literatura <strong>de</strong> viagens no<br />

Mediterrâneo do século XII<br />

Anna Carla Monteiro <strong>de</strong> Castro (UFF)<br />

A comunicação tem por objetivo apresentar, em estágio preliminar, a pesquisa <strong>de</strong> doutorado, em<br />

andamento, sobre relatos <strong>de</strong> viajantes no Mediterrâneo Oci<strong>de</strong>ntal no século XII. Partindo <strong>de</strong><br />

narrativas <strong>de</strong> origem cristã, muçulmana e judaica, a pesquisa tem como intenção <strong>de</strong>monstrar a<br />

pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste mundo multifacetado, on<strong>de</strong> as trocas culturais são intensas, mesmo<br />

consi<strong>de</strong>rando-se o período dos relatos, todos situados entre a Segunda e a Terceira Cruzadas.<br />

Partindo das narrativas <strong>de</strong> IbnJubayr, al Idrisi, Benjamin <strong>de</strong> Tu<strong>de</strong>la e <strong>de</strong> Richard <strong>de</strong> Templo, a<br />

pesquisa tem por objetivo apontar a dinâmica e flui<strong>de</strong>z do mundo do Mediterrâneo Oci<strong>de</strong>ntal,<br />

num momento <strong>de</strong> tensões que não impe<strong>de</strong> o trânsito <strong>de</strong> pessoas e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias. Este mundo<br />

apresenta-se como uma fronteira porosa, que embora pu<strong>de</strong>sse reter certos elementos, é<br />

plenamente fluida a outros. Vemos, assim, intenso fluxo na região e os relatos <strong>de</strong>sses viajantes<br />

revelam o encontro entre culturas díspares, as tensões criadas por estes contatos e o<br />

estranhamento das partes envolvidas, fazendo do Mediterrâneo um espaço privilegiado para<br />

compreensão das trocas reais e simbólicas entre culturas e das relações <strong>de</strong> alterida<strong>de</strong>s advindas<br />

<strong>de</strong>sses encontros.<br />

Problemáticas da historiografia da Alquimia<br />

Bruno Sousa Silva Godinho (UNIRIO)<br />

O texto a ser apresentado consiste em trecho <strong>de</strong> minha monografia <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso,<br />

“Alquimia e Cosmo: misticismo e concepção <strong>de</strong> mundo no século XV”. Pretendo expor as


59<br />

vertentes da incipiente historiografia da alquimia e suas críticas, assim como tentar <strong>de</strong>monstrar a<br />

relevância dos estudos <strong>de</strong>sta área para uma renovada compreensão do Medievo e Ida<strong>de</strong><br />

Mo<strong>de</strong>rna.<br />

A alquimia <strong>de</strong>sempenha importante papel, embora ainda obscurecido pela historiografia<br />

tradicional das Ida<strong>de</strong>s Média e Mo<strong>de</strong>rna, na construção do saber e das ciências mo<strong>de</strong>rnas. Os<br />

exemplos mais claros disso encontram-se na química e medicina. Estudiosos como Paracelso<br />

estiveram ligados às tradições alquímicas e, consequentemente, ao hermetismo. Importa, pois,<br />

mostrar como essa corrente <strong>de</strong> pensamento foi capaz <strong>de</strong> estruturar uma área específica do saber<br />

(a alquimia) e quais as influências <strong>de</strong>sta na construção do espectro das mentalida<strong>de</strong>s e práticas<br />

científicas e mesmo metafísicas na passagem do Medievo à Ida<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna.<br />

Discutir a historiografia da alquimia visa, portanto, buscar as melhores teorias e métodos <strong>de</strong><br />

aproximação e estudo <strong>de</strong>ste tema para que se faça uma contribuição genuína à escrita da<br />

História.<br />

Renascimento cultural do século XX-XIII na tópica satírica dos Carmina Burana<br />

Maycon da Silva Tannis (PUC-RIO)<br />

Neste trabalho, pretendo analisar aspectos das transformações socioculturais verificadas no<br />

“Renascimento Cultural do século XII” a partir da interpretação dos textos satíricos dos<br />

chamados Carmina Burana. A partir <strong>de</strong>ssas fontes, tentarei refletir sobre transformações<br />

culturais no medievo europeu. A proposta se insere na longa tradição <strong>de</strong> estudos sobre o ”Riso”,<br />

o Risível e o Satírico, que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Aristóteles aos tempos atuais, por conta da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>strutiva e construtiva que as diferentes formas <strong>de</strong> riso e humor possuem em todas<br />

as épocas, até mesmo naquelas em que ele foi perseguido ou con<strong>de</strong>nado. E esse trabalho partirá<br />

da noção <strong>de</strong> Renascimento Cultural do Século XII, proposta por Charles Homer Haskins, em<br />

constante diálogo com Jakob Burckhardt, e retomada mais tar<strong>de</strong> por Jacques Verger, tal<br />

compreensão <strong>de</strong>fine um Renascimento Cultural do Século XII nasce como uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

explicar as profundas transformações que ocorreram no período citado e <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r como<br />

essas transformações se mostram no relato cotidiano e da cultura. Para a compreensão do<br />

contexto em que os poemas dos Carmina Burana, foram produzidos <strong>de</strong> modo a recompor os<br />

interesses e estratégias presentes nos textos satíricos e que movem a relação entre ação crítica e<br />

objeto criticado.


60<br />

Mesa 6 – Grupo <strong>de</strong> Estudos sobre História do Japão (GEHJA – CEIA – UFF)<br />

Sala 310 (bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Douglas Almeida<br />

Os Disparos <strong>de</strong> Tanegashima: <strong>de</strong>batendo a introdução das armas <strong>de</strong> fogo no estilo <strong>de</strong><br />

combate samurai.<br />

Douglas Magalhães Almeida (UFF)<br />

Durante o período feudal japonês uma intensa tormenta fizera um navio Junco chinês ancorar<br />

em uma <strong>de</strong> suas ilhas, <strong>de</strong>sembarcando alguns aventureiros portugueses que haviam retornado <strong>de</strong><br />

Goa com artefatos bastante exóticos. O lor<strong>de</strong> da ilha japonesa <strong>de</strong> Tanegashima, Tokitaka foi o<br />

primeiro a adquirir os incríveis arcabuzes com fecho <strong>de</strong> pe<strong>de</strong>rneira. A introdução das armas <strong>de</strong><br />

fogo no Japão, iniciadas por este episódio, produziram um dos primeiros gran<strong>de</strong>s contatos da<br />

cultura nipônica feudal com o Oci<strong>de</strong>nte que já se mo<strong>de</strong>rnizava, o que traria gran<strong>de</strong> repercussão<br />

na mentalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combate japonês.<br />

Partindo da tese <strong>de</strong> John Keegan, “a guerra po<strong>de</strong> ser, entre muitas coisas, a perpetuação da<br />

cultura por intermédio <strong>de</strong> seus próprios meios”, este trabalho tem como intenção analisar as<br />

influências e consequências da inserção das armas <strong>de</strong> fogo no estilo <strong>de</strong> combate japonês, ainda<br />

sob uma tradição feudal no séc. XVI, e como sua pratica e uso foi utilizada na cultura militar<br />

samurai, <strong>de</strong>batendo polêmicas como a “proibição” <strong>de</strong> seu uso por afetar valores <strong>de</strong> combate<br />

entre os guerreiros japoneses durante o SengokuJidai.<br />

Processos <strong>de</strong> tumulação na antiguida<strong>de</strong> japonesa: o caso dos túmulos Kofun<br />

Larissa Bianca Nogueira Redditt(UFRJ)<br />

Durante o período Kofun, que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> 250 d.C. a 710 d.C., os lí<strong>de</strong>res regionais e centrais<br />

do arquipélago japonês eram enterrados em monumentos funerários <strong>de</strong> tipo tumulusKofuns, que<br />

<strong>de</strong>ram nome ao período. A presente comunicação busca analisar os processos <strong>de</strong> tumulação<br />

japonesa durante as três fases do Período Kofun (inicial, média e final), abordando ainda o<br />

<strong>de</strong>bate das datações utilizadas para a história japonesa. Dada a impossibilida<strong>de</strong> da utilização <strong>de</strong><br />

documentação textual para gran<strong>de</strong> parte do período abordado, uma vez que sua produção ainda<br />

não existia no Japão, utilizaremos a cultura material para uma abordagem arqueológica do tema.


61<br />

Abordagens históricas em Mononoke Hime: narrativas, mensagens e ensino <strong>de</strong> história<br />

através das animações japonesas.<br />

Mateus Martins do Nascimento (UFF)<br />

A relação entre mídia e mensagem não é nova. Des<strong>de</strong> a introdução contínua e intensa da cultura<br />

oci<strong>de</strong>ntal pelos portos japoneses com a abertura cultural-econômica aos EUA, no séc. XIX, e<br />

principalmente ao final da Segunda Guerra Mundial, houve uma resposta por meio da mídia a<br />

fim <strong>de</strong> resgatar tradições e reforçá-la nos jovens, inclusive exportando para que os nipônicos<br />

imigrantes também tivessem acesso. O resultado foi que <strong>de</strong> um território acostumado a assimilar<br />

características do Oci<strong>de</strong>nte, passou a influenciar os povos além <strong>de</strong> suas fronteiras orientais, não<br />

se tratando apenas em tecnologia, mas em bens culturais. O Japão se tornou pop.<br />

Este trabalho provém <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates realizados no âmbito do GEHJA durante todo o ano <strong>de</strong> 2014,<br />

on<strong>de</strong> o foco é trabalhar o conceito <strong>de</strong> resistência cultural japonesa, proposto pela Prof.ª Célia<br />

Sakurai, aplicado na famosa animação MononokeHime (Princesa Mononoke), produzido pelos<br />

StudiosGhibli e estreado no final dos anos 90, on<strong>de</strong> encontramos vários elementos representados<br />

da história e cultura japonesa, como a <strong>de</strong>cadência dos Emishi/Ainu, a introdução das armas <strong>de</strong><br />

fogo e a veneração aos Kamis pelo Shintoísmo.<br />

A poética da textualização cênica no Teatro Nô: reflexões e refrações entre o clássico<br />

oriental e o mo<strong>de</strong>rno oci<strong>de</strong>ntal<br />

Thiago Oliveira Carvalho (Estácio <strong>de</strong> Sá)<br />

A partir do texto <strong>de</strong> Hagoromo (O manto <strong>de</strong> plumas) – emblemática peça do repertório Nô<br />

atribuída a MotokiyoZeami –, na tradução <strong>de</strong> Haroldo <strong>de</strong> Campos (2006), preten<strong>de</strong>-se mapear<br />

certos aspectos estilístico-temáticos relativos a uma operação <strong>de</strong> esvaziamento literário – por<br />

uma espécie <strong>de</strong> teatralização da linguagem ou textualização do cênico – no próprio espaço do<br />

texto: o código plástico-ornamental; o sincretismo entre texto, música e dança; o amortecimento<br />

da trama. Esboça-se, neste sentido, uma espécie <strong>de</strong> fio “arqueológico” entre a tradição do teatro<br />

clássico japonês e a formulação <strong>de</strong> um subgênero teatral mo<strong>de</strong>rno – o drama estático –,<br />

constituindo, no limite, um quadro propulsor para o <strong>de</strong>senvolvimento do teatro vanguardista –<br />

“não-textual” – teorizado por AntoninArtaud (2006). Assim, com base nas contribuições<br />

semióticas <strong>de</strong> Roland Barthes (2007), é possível pensar o Nô como uma interface metonímica <strong>de</strong><br />

um “Japão” ancorado na experiência estética do vazio.


Quinta-feira, 26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

História Mo<strong>de</strong>rna<br />

62<br />

Mesa 01 – O Brasil colonial setecentista<br />

Sala 510 (bloco O) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Douglas Santos<br />

O nascimento <strong>de</strong> um herói: Bento do Amaral Coutinho e as disputas político-familiares no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro setecentista.<br />

Fabio Lobão Marques dos Santos (UFF)<br />

Os anos <strong>de</strong> 1710 e 1711 foram marcados, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, pelas investidas corsárias<br />

francesas. O <strong>de</strong>senrolar das arribadas, notadamente o sequestro da cida<strong>de</strong> pelas forças li<strong>de</strong>radas<br />

por René Duguay-Trouin em 1711, levou a alterações substanciais no cotidiano dos moradores<br />

locais. Dezenas, talvez centenas <strong>de</strong> mortes <strong>de</strong> ambos os lados foram contabilizadas. Uma <strong>de</strong>ssas<br />

mortes, contudo, mereceu gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na documentação coeva. Trata-se <strong>de</strong> Bento do<br />

Amaral Coutinho, membro <strong>de</strong> importante família da região da Guanabara.<br />

Episódio extraordinário, a invasão <strong>de</strong> 1711 acabou por ser incorporada nos discursos da<br />

época, passando a figurar como argumento político nas disputas entre bandos e famílias que se<br />

<strong>de</strong>senrolavam em torno da eleição para os cargos da república, em especial a Câmara. Os<br />

Azeredo Coutinho, cujas disputas com os Correia <strong>de</strong> Sá marcaram o início do século XVIII,<br />

encabeçavam importante bando do qual fazia parte nossa personagem principal.<br />

Bento do Amaral Coutinho foi alçado, nos anos subsequentes, à posição <strong>de</strong> herói. Sua<br />

morte em combate sintetizou o espírito da varonia e da coragem e serviu para a construção da<br />

mácula da covardia daqueles que somente fugiram e capitularam com o inimigo: o governador<br />

Francisco <strong>de</strong> Castro Morais e seus aliados, os Correia <strong>de</strong> Sá.<br />

Esta comunicação busca, <strong>de</strong>sta forma, apresentar os elementos constitutivos dos<br />

discursos daqueles que, aproveitando-se da <strong>de</strong>vassa que o rei D. João V manda tirar acerca do<br />

episódio da invasão <strong>de</strong> 1711, utilizaram a morte <strong>de</strong> um membro <strong>de</strong> seu bando para buscar apoio<br />

a sua causa e fazer pesar sobre os adversários as culpas e responsabilida<strong>de</strong>s pelo ocorrido.<br />

Elite colonial e criminalida<strong>de</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro setecentista.<br />

Douglas Corrêa <strong>de</strong> Paulo Santos (UFF)<br />

Na comunicação apresentada pretendo tratar da experiência <strong>de</strong> uma família senhorial<br />

setecentista do Rio <strong>de</strong> Janeiro, os Gurgéis do Amaral. Família emergente na segunda meta<strong>de</strong> do


63<br />

século XVII que se torna parte da elite colonial e cujos conflitos que travou com outras famílias<br />

e oficiais da socieda<strong>de</strong> carioca foram marcados pelo uso da violência como método <strong>de</strong> disputa<br />

contra seus inimigos. A partir <strong>de</strong>sse caso pretendo <strong>de</strong>monstrar como a dinâmica socieda<strong>de</strong><br />

colonial, sobretudo do século XVIII forneceu oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ascensão sociais que os homens<br />

e mulheres daquele tempo souberam aproveitar utilizando todas as armas que possuíram.<br />

Objetiva <strong>de</strong>monstrar a eficácia <strong>de</strong>ssa prática criminosa pela parentela que mesmo acusada <strong>de</strong><br />

terríveis atrocida<strong>de</strong>s permaneceu ocupando postos na administração colonial e sendo prestigiada<br />

no meio social. Ressalto assim que o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mando violento rural dos senhores <strong>de</strong> escravos<br />

também po<strong>de</strong>ria se transpor para os espaços urbanos da cida<strong>de</strong>, já que essas personagens<br />

circulavam por todo Centro-Sul da América portuguesa. Concluo que o uso sistemático da<br />

violência foi parte da cultura política dos bandos <strong>de</strong> elite que dominaram Brasil colônia.<br />

Mesa 02 – Religião e religiosida<strong>de</strong> no Império Português<br />

Auditório (2° andar do bloco O) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Veronica Gomes<br />

Na mira da Inquisição: as relações interétnicas dos padres sodomitas no Império<br />

português<br />

Veronica <strong>de</strong> Jesus Gomes (UFF)<br />

Ancorada em processos dos Tribunais da Inquisição <strong>de</strong> Lisboa e <strong>de</strong> Goa, esta comunicação visa<br />

analisar as relações interétnicas <strong>de</strong> quatro padres sodomitas, cujos intercursos sexuais<br />

envolveram indivíduos pertencentes aos diferentes grupos étnicos do Império português, entre<br />

os séculos XVII e XVIII. Ao que parece, a cor <strong>de</strong>sses “parceiros” esteve diretamente ligada ao<br />

lugar por eles ocupado na rígida hierarquia social do Antigo Regime. Desse modo, ser negro,<br />

mulato, pardo, mameluco ou trigueiro significou, muitas vezes, estar numa posição subalterna,<br />

<strong>de</strong>monstrando que cor e hierarquizações não foram elementos dissociados. Intenta-se observar a<br />

utilização do po<strong>de</strong>r e da violência, sem per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista as particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssas relações, a<br />

partir <strong>de</strong> uma perspectiva comparativa entre os distintos espaços do império.<br />

Mouriscas judaizantes no Portugal do século XVI<br />

Rachel Romano dos Santos (UFRJ)<br />

Esta comunicação preten<strong>de</strong> a análise <strong>de</strong> processos inquisitoriais portugueses datados do século<br />

XVI. Trata-se <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> duas mouriscas (mouras convertidas ao Cristianismo), mãe e<br />

filha, acusadas <strong>de</strong> Judaísmo pelo Tribunal do Santo Ofício <strong>de</strong> Lisboa, em 1558/9. Esta pesquisa


64<br />

tem como objetivo o estudo, através dos processos, das crenças e práticas religiosas relatadas,<br />

bem como a motivação para o cruzamento cultural e religioso das duas principais minorias<br />

étnicas <strong>de</strong> conversos em Portugal no século XVI, a saber, mouriscos e cristãos-novos <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us.<br />

Antônia Vaz (IANTT, Tribunal <strong>de</strong> Lisboa, processo nº 6732), mourisca proveniente do<br />

Marrocos, fez parte da leva <strong>de</strong> imigrantes mouros/mouriscos feitos cativos pelos avanços<br />

marítimos, militares e comerciais dos portugueses no Norte da África, na segunda década do<br />

século XVI. Sua filha, Catarina Vaz (IANTT, Tribunal <strong>de</strong> Lisboa, processo nº12774), nascida<br />

do seu relacionamento com um cristão-novo, mantém as práticas criptojudaicas aprendidas na<br />

infância em sua vida adulta, conforme informado em seu processo.<br />

As práticas observadas a partir da leitura dos processos inquisitoriais são o resultado das<br />

interações culturais e sociais entre os mouriscos imigrantes, a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us conversos<br />

e a socieda<strong>de</strong> cristã-velha. As mouriscas <strong>de</strong>sta comunicação adotaram práticas sabidamente<br />

ilícitas no reino luso, e mantiveram suas crenças, inclusive, no interior dos cárceres.<br />

Cristãos-novos na Época Mo<strong>de</strong>rna: a emigração como estratégia <strong>de</strong> manutenção da fé<br />

mosaica.<br />

Gislaine Gonçalves Dias Pinto (UFMG)<br />

O presente trabalho discutirá a atuação da Inquisição Portuguesa no que se refere à perseguição<br />

aos cristãos-novos durante a Época Mo<strong>de</strong>rna. Buscar-se-á discutir os mecanismos utilizados -<br />

por alguns sujeitos que compunham este grupo - para manter a fé mosaica numa socieda<strong>de</strong> em<br />

que tal prática era proibida.<br />

Antes <strong>de</strong> analisarmos o objeto aqui proposto, elucidaremos alguns elementos acerca da<br />

socieda<strong>de</strong> inserida neste território no período que antece<strong>de</strong>u a dita Reconquista, no intuito <strong>de</strong><br />

buscar compreen<strong>de</strong>r sua composição e os conflitos que surgiram <strong>de</strong>vido a mudanças <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e<br />

efetivação <strong>de</strong> uma crença sobre as <strong>de</strong>mais.<br />

A título <strong>de</strong> exemplificação, analisaremos o segundo processo pelo qual passou o cristão-novo<br />

Martinho da Cunha <strong>de</strong> Oliveira, processado duas vezes pelo Tribunal do Santo Ofício, por crime<br />

<strong>de</strong> criptojudaísmo e levado a auto <strong>de</strong> fé em 24 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1747.


Mesa 03 – Instituições e práticas religiosas no mundo Mo<strong>de</strong>rno<br />

Sala 310 (bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Caroline Gue<strong>de</strong>s<br />

65<br />

A Companhia <strong>de</strong> Jesus e “Irmãos” Asiáticos: a relevância dos colégios e dos seminários na<br />

Índia, no Japão e em Macau como suporte para as missões (1542-1606).<br />

Jorge Henrique Cardoso Leão (UFF)<br />

Reconhecida em 1540 pelo papado, a Companhia <strong>de</strong> Jesus foi utilizada como instrumento<br />

difusor da doutrina católica nos espaços <strong>de</strong> presença europeia fora da Europa. Ao longo do<br />

século XVI os jesuítas se instalaram na América Hispânica, no Brasil, na África, na Índia<br />

Portuguesa e no Extremo Oriente, esse processo é conhecido pela historiografia recente como a<br />

diáspora missionária. O trato com o outro sempre foi o principal obstáculo no processo <strong>de</strong><br />

evangelização. Por mais que tivessem uma boa formação e fossem a<strong>de</strong>ptos <strong>de</strong> métodos lúdicos,<br />

a mensagem cristã estava fadada a esbarra em questões relativas aos códigos linguísticos,<br />

culturais e religiosos dos povos autóctones. Visando transpor essas barreiras, os inacianos<br />

investiram em um projeto educacional baseado na edificação <strong>de</strong> colégios e seminários como<br />

centros <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> agentes nativos cristianizados que colaborassem com os padres na<br />

difusão do evangelho, exercendo o papel <strong>de</strong> auxiliares, <strong>de</strong> tradutores ou <strong>de</strong> catequistas. Como<br />

referência a essa estratégia, a presente comunicação tem por objetivo chamar a atenção para um<br />

breve <strong>de</strong>bate acerca da dinâmica estabelecida entre essas instituições no continente asiático,<br />

enfatizando a formação e o papel <strong>de</strong>sses “irmãos” asiáticos no cotidiano da Companhia <strong>de</strong><br />

Jesus em Goa, em Macau e no Japão. Como recorte cronológico, optou-se por iniciar em 1542<br />

com a chegada <strong>de</strong> Francisco Xavier SJ ao continente asiático e por encerrar a análise em 1606,<br />

com o falecimento do padre visitador Alessandro Valignano SJ, sendo um dos jesuítas que mais<br />

contribuiu para a difusão dos colégios e dos seminários na região. Para auxiliar no<br />

esclarecimento da questão proposta serão analisadas algumas fontes impressas, tais como, a<br />

correspondência jesuítica e outras obras <strong>de</strong> época publicadas pelos inacianos.


O Vilancico na Capela Real Portuguesa: o Natal <strong>de</strong> 1640<br />

66<br />

Laís Morgado Marcoje (UFRJ)<br />

Embora seja pouco conhecido no Brasil, há uma vasta documentação <strong>de</strong> Vilancicos na<br />

Biblioteca Nacional do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Beatriz Santos <strong>de</strong>fine-os como um gênero poético<br />

musical. Partindo <strong>de</strong> obras como a <strong>de</strong> Rui Lopes, observa-se que o vilancico é oriundo <strong>de</strong><br />

pequenos versos, chamados <strong>de</strong> vilancetes,que no século XV passaram a ser acompanhados <strong>de</strong><br />

música. O vilancico teria surgido no final da Ida<strong>de</strong> Média na região da Península Ibérica. Outro<br />

fator importante que caracteriza os primeiros vilancicos é a presença <strong>de</strong> conteúdos profanos.<br />

Deste modo, era um gênero cultivado fora das igrejas, além <strong>de</strong> estarem situados no campesinato.<br />

Entretanto, o vilancico não fica restrito a este espaço, é aceito pela aristocracia e é introduzido<br />

nas igrejas ibéricas. Estudos como o <strong>de</strong> Paul Laird <strong>de</strong>monstram o uso do vilancico para<br />

engran<strong>de</strong>cer a figura do monarca. Este presente trabalho preten<strong>de</strong> analisar o uso <strong>de</strong> um vilancico<br />

específico a partir da ótica dos já citados especialistas <strong>de</strong>ntro da conjuntura da Restauração<br />

Portuguesa <strong>de</strong> 1640.<br />

Santos negros e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> entre Rios na crise do Antigo Regime Colonial.<br />

Caroline dos Santos Gue<strong>de</strong>s (UFF)<br />

A pesquisa propõe apresentar duas irmanda<strong>de</strong>s negras no mundo colonial ibérico. Estas são as<br />

irmanda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Santo Elesbão e Santa Efigênia no Rio <strong>de</strong> Janeiro e a irmanda<strong>de</strong> <strong>de</strong> San Baltasar<br />

no Rio da Prata. A escolha <strong>de</strong> ambas instituições se dá em função <strong>de</strong> uma história conectada que<br />

busca analisar conjunturas semelhantes, tais confrarias que são ibéricas, urbanas, coloniais,<br />

<strong>de</strong>stinadas a pessoas <strong>de</strong> cor e tem santos negros como patronos.<br />

É importante analisar o controle <strong>de</strong>ssas instituições por parte das autorida<strong>de</strong>s, os<br />

conflitos que as cercam, as hierarquias, o que essas irmanda<strong>de</strong>s significam para os negros em<br />

meio ao cotidiano escravocrata e em que medida as mesmas são incorporadas na realida<strong>de</strong><br />

africana e afro-<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte.<br />

Entre as fontes documentais estudadas para tal investigação estão os compromissos das<br />

irmanda<strong>de</strong>s; Mapas do século XVIII; troca <strong>de</strong> correspondências entre autorida<strong>de</strong>s e as<br />

irmanda<strong>de</strong>s e permissões para trocar <strong>de</strong> igreja.


Mesa 04 – O mundo Mo<strong>de</strong>rno nos séculos XVII e XVIII: múltiplas abordagens.<br />

Sala 303 (bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan Dutra<br />

67<br />

3˚ C E í P .<br />

Luciano Cesar da Costa (UFF)<br />

A presente comunicação visa entrelaçar abordagens teóricas e empíricas, tendo como ênfase o<br />

período da Restauração Portuguesa e os conflitos políticos a ela inerentes. No plano teórico<br />

utilizarei as obras <strong>de</strong> John Pocock e Quentin Skinner utilizando o importante conceito <strong>de</strong><br />

“linguagens políticas” para melhor expressar os diversos jogos políticos entre os nobres<br />

cortesãos portugueses, tentando mapear suas linguagens entre 1640 e 1668. Entre as fontes<br />

elencadas para a pesquisa tomaremos em análise a importante obra do 3˚ Con<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ericeira, D.<br />

Luís <strong>de</strong> Meneses, notável nobre português e membro preeminente da Aca<strong>de</strong>mia Real <strong>de</strong><br />

História. Ericeira em sua principal obra, História <strong>de</strong> Portugal Restaurado, relata os diversos<br />

conflitos políticos do período em especial aqueles que envolviam os dois irmãos reais, D. Pedro<br />

e D. Afonso, que disputavam a coroa. A trama se complexifica quando percebemos que Ericeira<br />

apoiava claramente o infante D. Pedro, tornando aquela linguagem política marcada pelo <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> reconhecimento e ascensão social por parte <strong>de</strong> D. Pedro. Assim, para contrapor as memórias<br />

do con<strong>de</strong> utilizaremos outras fontes da época como Catasprophe e Anticatastrophe <strong>de</strong> Portugal.<br />

Como <strong>de</strong>sfecho <strong>de</strong>ssa trama temos ainda o suicídio do con<strong>de</strong>, que segundo as fontes sofria <strong>de</strong><br />

“ataques <strong>de</strong> melancolia” e a marcante ascensão <strong>de</strong> D. Pedro ao trono.<br />

Memórias <strong>de</strong> um soldado da fortuna ou os infortunos <strong>de</strong> um soldado realista? O caso <strong>de</strong><br />

Sir James Turner (1615–1686?).<br />

Eduardo Garcia Cabral Pimenta (UFF)<br />

Durante as guerras civis nas ilhas britânicas, muitos soldados, principalmente escoceses e<br />

irlan<strong>de</strong>ses que serviam em regimentos mercenários em guerras no continente, voltaram para<br />

casa quando começaram a receber notícias alarmantes sobre o conflito eminente. A experiência<br />

relatada nas diversas memórias escritas por esses soldados <strong>de</strong>monstram que, muitas vezes o<br />

processo <strong>de</strong> lealda<strong>de</strong> a uma causa po<strong>de</strong>ria se mostrar altamente conflituoso e instável,<br />

principalmente quando seus interesses não se encontravam plenamente contemplados em<br />

nenhum dos lados. Tendo no início da guerra se juntado aos presbiterianos escoceses para só<br />

<strong>de</strong>pois a<strong>de</strong>rir a causa que alegava sempre ter sido fiel, o exmercenário escocês James Turner<br />

(1615–1686?), passaria sua vida tendo que comprovar sua lealda<strong>de</strong> a causa realista, chegando


68<br />

até à ativamente perseguir presbiterianos recalcitrantes às reformas episcopais durante a<br />

Restauração, ficaria para sempre lembrado por autores como Walter Scott como o típico<br />

mercenário”. Esse trabalho, fruto <strong>de</strong> uma monografia em curso, tem como objetivo <strong>de</strong>monstrar<br />

seus resultados parciais, construindo a partir <strong>de</strong> uma análise microsociológica das memórias <strong>de</strong><br />

James Turner, um sentido em meio aos conflitos e incertezas que o levaram a tais lealda<strong>de</strong>s<br />

transitórias e esperando po<strong>de</strong>r também i<strong>de</strong>ntificar indícios, a partir <strong>de</strong> outros realistas que o<br />

cercavam e com quem conviveu, <strong>de</strong> como se constituiu politicamente a resistência realista<br />

durante seus anos em exílio na década <strong>de</strong> 1650.<br />

Palavras-chaves: Memória mercenários, Interregnum, inglês, conflitos.<br />

A v v 1640 D “v ê ” I<br />

século XVII.<br />

Lívia Bernar<strong>de</strong>s Roberge (UFF)<br />

João Marcelo Vela (UFSC)<br />

A Revolução Inglesa <strong>de</strong> 1640 caracteriza-se enquanto um evento histórico mundialmente<br />

conhecido pelo clássico embate entre os roundheads <strong>de</strong> Oliver Cromwell e os cavaliers,<br />

<strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> Charles I. Entretanto, trabalhos como o do historiador inglês Christopher Hill<br />

romperam com esta dualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forças políticas apresentada pela historiografia tradicional,<br />

revelando outros atores políticos que participaram da revolução. Um <strong>de</strong>stes grupos era o dos<br />

diggers, sendo o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho conce<strong>de</strong>r-lhes maior visibilida<strong>de</strong> histórica, bem como<br />

problematizar a característica pela qual se tornaram conhecidos: a da ocupação <strong>de</strong> terras<br />

cercadas com base na força bruta. Como fontes foram utilizados os panfletos através dos quais<br />

os diggers veiculavam suas i<strong>de</strong>ias, produzidos entre os anos <strong>de</strong> 1640 e 1660.<br />

O testamento mo<strong>de</strong>rno para além do cunho soteriológico.<br />

Aryanne Faustina da Silva (UNIRIO)<br />

Vista sob a perspectiva <strong>de</strong> muitos historiadores, a prática testamentária foi e é compreendida<br />

como um “ato religioso” e, para além disso, tem se revelado uma fonte diversificada <strong>de</strong> estudo<br />

no que se refere aos estudos sobre o passado. Entretanto, fica evi<strong>de</strong>nte que os testamentos ainda<br />

não tiveram toda a sua potencialida<strong>de</strong> explorada. As pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas a partir da<br />

consulta aos documentos <strong>de</strong> “última vonta<strong>de</strong>” se enquadraram em interpretações analíticas que<br />

privilegiavam tanto a História Cultural - a partir do momento em que buscaram a compreensão<br />

dos mecanismos dos rituais fúnebres <strong>de</strong> certos indivíduos, assim como o seu entendimento sobre<br />

o além-túmulo –, quanto da História Social – quando se preten<strong>de</strong>u explorar a forma como


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<strong>de</strong>terminados grupos atuavam e se relacionavam <strong>de</strong>ntro da dinâmica social em que faziam parte.<br />

A presente comunicação visa abordar pontos que sinalizam o fato <strong>de</strong> que não existem, para o<br />

âmbito da historiografia nacional, trabalhos que se <strong>de</strong>diquem à pesquisa da prática testamentária<br />

mo<strong>de</strong>rna (no que tange à Europa e ao próprio Brasil, principalmente, o Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

setecentista) visando os seus quesitos burocráticos e legais.<br />

Mesa 05 – A questão indígena nas Américas: os casos espanhol e português.<br />

Sala 510 (bloco O) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Suelen Julio<br />

Mulheres indígenas em espaços fronteiriços: uma discussão.<br />

Suelen Siqueira Julio (UFF)<br />

Na comunicação abordarei, <strong>de</strong> forma breve, uma discussão sobre o tema das fronteiras, nela<br />

inserindo questões <strong>de</strong> etnicida<strong>de</strong> e gênero. Irei apontar algumas formas através das quais as<br />

mulheres indígenas foram inseridas na socieda<strong>de</strong> colonial portuguesa, nos momentos <strong>de</strong><br />

expansão <strong>de</strong>sta. Abordarei, especificamente, a capitania <strong>de</strong> Goiás entre a segunda meta<strong>de</strong> do<br />

século XVIII e a primeira do XIX, porém, irei apontar trabalhos <strong>de</strong> autores que tratam <strong>de</strong> temas<br />

semelhantes em outros espaços fronteiriços.<br />

Busco fornecer elementos para complexificar a imagem da contribuição das índias para a<br />

história do Brasil, abordando-as em sua historicida<strong>de</strong> e problematizando algumas representações<br />

estereotipadas sobre essas mulheres.<br />

Tenho como fontes crônicas e documentos oficiais publicados na Revista do Instituto<br />

Histórico e Geográfico Brasileiro; além <strong>de</strong> escritos <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s, consultas ao Conselho<br />

Ultramarino e outros documentos existentes no Arquivo Ultramarino. A metodologia empregada<br />

consistirá na leitura crítica das fontes e seu cruzamento com a bibliografia, que inclui trabalhos<br />

sobre povos indígenas em diferentes tempos, espaços e etnias, bem como artigos sobre gênero e<br />

história das mulheres, entre outros.<br />

“Conhecer para dominar” v z í<br />

Bernardino <strong>de</strong> Sahagún. México- século XVI<br />

Daniella Machado Fraga (UFRJ)<br />

Reconhecido por muitos estudiosos como primeiro etnógrafo da América, o franciscano<br />

Bernardino <strong>de</strong> Sahagún (1499-1590) representou um dos mais atuantes religiosos no processo<br />

<strong>de</strong> conquista territorial e cultural empreendido pelos espanhóis nos séculos XVI e XVII no


70<br />

México. A presente comunicação possui como objetivo, analisar as estratégias das apropriações<br />

culturais indígenas a partir da obra: Historia General <strong>de</strong> Las cosas <strong>de</strong> la Nueva España,<br />

produzida pelo franciscano em 1588.<br />

Reunindo os mais variados temas acerca da organização social, cultural e política das<br />

populações astecas anteriores a conquista espanhola em 1521, a obra, segundo o próprio<br />

franciscano, serviria como um dicionário que facilitaria a comunicação entre as diferentes<br />

composições linguísticas presentes na socieda<strong>de</strong> colonial mexicana.<br />

As tensões resultantes do contato entre as culturas astecas e espanholas tornou o aprendizado da<br />

língua um instrumento interessante para o <strong>de</strong>licado momento social <strong>de</strong> formação da socieda<strong>de</strong><br />

colonial mexicana. As estratégias <strong>de</strong> reconhecimento para diferenciar o que seria aceito como<br />

veneração Católica ou prática herege <strong>de</strong>verão ser consi<strong>de</strong>radas. O respaldo teórico dos conceitos<br />

trabalhados por Serge Gruzinski como a oci<strong>de</strong>ntalização do imaginário e a idolatria nos<br />

ajudarão a pensar a problemática das construções dos discursos <strong>de</strong> dominação e missão religiosa<br />

na Novo Mundo.<br />

Palavras- chave: Idolatria, B.Sahagún, México, Cultura Nahua<br />

“A h v A o<br />

E ú ”.<br />

Luiz Pedro Dario Filho (UFF)<br />

Por muito tempo atravessada por teorias evolucionistas e raciais, a historiografia ban<strong>de</strong>irante<br />

encontrou muitas dificulda<strong>de</strong>s, ao longo <strong>de</strong> todo o século XX, para estabelecer as suas bases<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sólida pesquisa histórica. Foi somente a partir da obra Negros da terra, escrita por<br />

John M. Monteiro e publicada no Brasil em 1994, que o núcleo colonial do planalto paulista<br />

passou, <strong>de</strong>finitivamente, a se afastar das fronteiras da mitificação.<br />

Nesta comunicação trabalharei com a obra Os primeiros troncos paulistas, publicada em<br />

1936 pelo historiador Alfredo Ellis Júnior. Pretendo esmiuçar, mesmo que <strong>de</strong> forma breve, a<br />

perspectiva teórica evolucionista com a qual o autor trabalhou e os seus efeitos para a<br />

historiografia que trata da vila paulista colonial. Para tal missão, dialogarei também com o livro<br />

Evolução do povo brasileiro, escrito por Oliveira Vianna em 1917, obra tambem relevante<br />

<strong>de</strong>ntro do pensamento evolucionista brasileiro.<br />

Pela sua influência no tema, acredito que analisar a obra <strong>de</strong> Ellis Júnior é fundamental para que<br />

se possa enten<strong>de</strong>r as bases sob as quais se solidificaram muitas das imagens cristalizadas a<br />

respeito dos ban<strong>de</strong>irantes paulistas ao longo do século passado. É apenas na compreensão do seu<br />

pensamento, em toda a sua complexida<strong>de</strong>, que acredito ser possível <strong>de</strong>sconstruir por completo


71<br />

certos traços míticos que ainda resistem a acompanhar a percepção histórica sobre esses<br />

colonos. E é isso que pretendo <strong>de</strong>monstrar nesse trabalho, mesmo que <strong>de</strong> forma ainda tímida.<br />

Mesa 06 – Po<strong>de</strong>r e política no Brasil oitocentista<br />

Auditório (2° andar do bloco O) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan Dutra<br />

Luís dos Santos Vilhena: Pensamento Ilustrado na Colônia.<br />

Gabriel <strong>de</strong> Abreu Machado Gaspar (UFF)<br />

Luís dos Santos Vilhena nasceu em 1744 e no ano <strong>de</strong> 1787 foi <strong>de</strong>signado para o lugar <strong>de</strong> mestre<br />

régio <strong>de</strong> grego na Bahia. É autor <strong>de</strong> 24 cartas que <strong>de</strong>screvem e analisam a América Portuguesa<br />

no final do século XVIII. As primeiras 20 cartas foram escritas na colônia e são <strong>de</strong>stinadas a<br />

"Filopono", que po<strong>de</strong>-se traduzir por "aquele que aprecia o esforço do trabalho", <strong>de</strong>dicadas ao<br />

príncipe regente D. João. As <strong>de</strong>mais, foram completadas em Portugal e en<strong>de</strong>reçadas a<br />

"Patrífilo", Rodrigo <strong>de</strong> Sousa Coutinho, Secretário da Marinha e do Ultramar (1795-1801). É<br />

possível i<strong>de</strong>ntificar um alinhamento entre as i<strong>de</strong>ias do professor régio e as do ministro, ambos<br />

em um espaço das Luzes portuguesas, preocupadas, sobretudo, em corrigir as <strong>de</strong>ficiências da<br />

administração e em promover a expansão da agricultura na colônia por meio <strong>de</strong> conhecimentos<br />

práticos e <strong>de</strong> métodos mais racionais. Neste trabalho analisou-se a 24ª. Carta, publicada sob o<br />

título <strong>de</strong> "Pensamentos políticos sobre a Colônia" <strong>de</strong>stacando seu caráter ilustrado sob os<br />

seguintes aspectos: suas consi<strong>de</strong>rações sobre a população, a proposta <strong>de</strong> uma lei <strong>de</strong> terras e as<br />

duras críticas ao comércio.<br />

O Alvará da Intendência-Geral <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> 1760 e a pobreza na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

Higor Camara da Silva (UFF)<br />

Em 1760, foi <strong>de</strong>cretado por D. José I, sob as orientações <strong>de</strong> Marquês <strong>de</strong> Pombal, um<br />

alvará com força <strong>de</strong> lei em que se <strong>de</strong>terminava a criação da Polícia da Corte, na tentativa <strong>de</strong><br />

promover a paz pública e reestabelecer a or<strong>de</strong>m social <strong>de</strong> todo o reino português. O documento,<br />

que consta <strong>de</strong> 21 novas medidas para reformular a segurança pública <strong>de</strong> Portugal, reflete sobre<br />

diversos problemas sociais urbanos que o reino enfrentava durante o século XVIII. Entre essas<br />

medidas estão a criação do cargo <strong>de</strong> Inten<strong>de</strong>nte Geral <strong>de</strong> Polícia da Corte e do Reino,<br />

responsável por repassar aos ministros tudo o que afetaria a tranquilida<strong>de</strong> pública. Essa e outras<br />

iniciativas não surgiram por acaso; ao longo da segunda meta<strong>de</strong> do século XVIII, Portugal foi<br />

mais um dos muitos reinos buscando soluções para as altas taxas <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> que


72<br />

infestavam, sobretudo, os centros urbanos. A pobreza, que durante séculos fazia parte da<br />

estrutura social, começou a ser enxergada como um mal endêmico, que se prolifera cada vez<br />

mais. Conhecidos como “vagabundos” e “ociosos”, diversos grupos foram associados ao crime<br />

e à insalubrida<strong>de</strong> nas cida<strong>de</strong>s, e o Estado encabeçou o combate a esse cenário consi<strong>de</strong>rado<br />

caótico para as elites lusitanas (e europeias). Esta comunicação preten<strong>de</strong>, a partir do <strong>de</strong>creto <strong>de</strong><br />

1760, contextualizar a criação da Intendência <strong>de</strong> Polícia <strong>de</strong> Lisboa, que funcionou como um<br />

importante órgão contra a “vadiagem” em Portugal.<br />

Mesa 07 – Relações coloniais e culturais no Império Português<br />

Sala 310 (bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Fernanda Fagun<strong>de</strong>s<br />

Boticas, funcionários do ultramar e intermediários do tráfico a serviço da cura: final do<br />

século XVIII e início do século XIX Brasil/Angola.<br />

Fernanda Ribeiro Rocha Fagun<strong>de</strong>s (FIOCRUZ)<br />

As reformas ilustradas nas ciências do final século XVIII em Coimbra, feitas pelo marquês <strong>de</strong><br />

Pombal em 1770, permitiram observar a formação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimentos úteis ao<br />

Estado. Houve uma preocupação com as doenças e a saú<strong>de</strong> dos povos, isso refletiu em uma<br />

maior valorização da botânica; a criação <strong>de</strong> órgãos específicos para cuidar da saú<strong>de</strong>, higiene<br />

pública, fiscalizar e autorizar profissionais <strong>de</strong> cura (Protomedicato em 1782 e Fisicatura-Mor em<br />

1808); a criação da Real Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências em 1779, para promover o saber pratico em<br />

proveito público; a Farmacopéia Geral do reino em 1794, para regular as boticas do ultramar; e<br />

as Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medicina na América portuguesa em 1832. Essas transformações fortaleceram<br />

a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação, que o Império Ultramarino português montou ao longo dos séculos <strong>de</strong><br />

exploração dos domínios do ultramar. Segundo Ângela Domingues 1 e Kury 2 os funcionários do<br />

ultramar participavam <strong>de</strong> uma prática científica, rotina dos Impérios do final do século XVIII e<br />

princípios do XIX. Eles articulavam o projeto integrado <strong>de</strong> colonização por meio <strong>de</strong> informação<br />

cientifica coletada, <strong>de</strong> caráter prático, e que circulava por meio <strong>de</strong> panfletos, livros e impressos.<br />

Dessa forma viajantes naturalistas, capitães- generais, médicos, cirurgiões- sangradores,<br />

companhias religiosas coletavam informações úteis ao Estado, que circulavam conforme a nova<br />

perspectiva global transcontinental <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> conhecimentos e objetos, em um sistema <strong>de</strong><br />

1 DOMINGUES, Ângela. Para um melhor conhecimento dos domínios coloniais: a constituição <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

informação no império português em finais dos setecentos. História, Ciência, Saú<strong>de</strong>- Manguinhos, Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

v.8, supl., 2001, pp.823-838.<br />

2 KURY, Lorelai. Homens <strong>de</strong> ciência no Brasil: impérios coloniais e circulação <strong>de</strong> informação (1780- 1810).<br />

História, Ciências, Saú<strong>de</strong>- Manguinhos, Rio <strong>de</strong> Janeiro, v.11, supl1, 2004, pp. 109-129.


73<br />

re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> indivíduos, informações e <strong>de</strong> alianças, inserida no contexto da História Atlântica, que<br />

envolve tanto as costas atlânticas da América portuguesa e <strong>de</strong> Angola.<br />

Tensões e relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na montagem da colonização do Brasil.<br />

Thaís Silva Félix Dias (UNIRIO)<br />

A comunicação a ser apresentada busca compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que forma as relações entre o po<strong>de</strong>r<br />

central e os po<strong>de</strong>res periféricos, já existentes no Estado Mo<strong>de</strong>rno Português, foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidas na socieda<strong>de</strong> do Brasil colonial. Para isso preten<strong>de</strong>-se analisar as relações <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r entre a metrópole portuguesa e sua colônia brasileira, representadas na relação entre o<br />

Governo-Geral, sob a jurisdição do primeiro governador geral Tomé <strong>de</strong> Sousa, e a Capitania <strong>de</strong><br />

Pernambuco, administrada por Duarte Coelho, entre os anos <strong>de</strong> 1548 a 1553.<br />

A escolha por esta <strong>de</strong>limitação cronológica correspon<strong>de</strong> ao período no qual Tomé <strong>de</strong> Souza<br />

ficou no cargo como governador geral, representando assim um primeiro momento da<br />

implantação do Governo-Geral na colônia. Da mesma forma a escolha é baseada na relevância<br />

econômica que a capitania <strong>de</strong> Pernambuco tinha <strong>de</strong>ntro da economia colonial lusa – consi<strong>de</strong>rada<br />

uma das mais prósperas -, no prestígio que seu donatário possuía perante o monarca e nos tensos<br />

diálogos que existiram entre o governador geral e Duarte Coelho, tensões expressas nas cartas<br />

que ambos escreveram ao monarca D. João III no presente recorte cronológico.<br />

A relevância da pesquisa está em abordar o Estado não apenas como uma representação<br />

institucional do po<strong>de</strong>r, mas também como resultado <strong>de</strong> práticas sociais historicamente<br />

estabelecidas, ampliando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se compreen<strong>de</strong>r as estruturas estatais<br />

historicamente, para além do recorte proposto.<br />

Palavras chaves: Estado Mo<strong>de</strong>rno Português- Relações <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>r –Brasil Colonial<br />

Representações femininas no Teatro <strong>de</strong> Antonio Ribeiro Chiado<br />

Vanessa Gonçalves Bittencourt <strong>de</strong> Souza (UFF)<br />

Ao longo do século XVI, o poeta português Antonio Ribeiro Chiado teria produzido cerca <strong>de</strong><br />

cinco peças teatrais, uma <strong>de</strong>las ainda <strong>de</strong>saparecida. Consi<strong>de</strong>rado um dos principais expoentes da<br />

Escola Vicentina, Chiado <strong>de</strong>sfrutou <strong>de</strong> certa fama em Lisboa até meados da década <strong>de</strong> 1550,<br />

vindo a representar seu Auto da Natural Invenção na corte <strong>de</strong> D. João III. Atento aos costumes<br />

populares e sempre disposto a satirizar as relações familiares e os abusos do clero, o poeta nos<br />

oferece um retrato crítico sobre a socieda<strong>de</strong> portuguesa quinhentista. Entre os temas abordados<br />

por Chiado em suas principais peças, o universo feminino certamente po<strong>de</strong> ser reconhecido<br />

como um dos mais importantes e mais bem explorados. Assim sendo, o objetivo <strong>de</strong>sta


74<br />

comunicação é analisar as representações sobre a mulher portuguesa no teatro <strong>de</strong> Antonio<br />

Ribeiro Chiado.<br />

Patronagem Científica <strong>de</strong> Dom Rodrigo <strong>de</strong> Souza Coutinho<br />

Natalia Maria Andra<strong>de</strong> dos Santos (UERJ)<br />

O trabalho aqui proposto é referente ao Ministro Dom Rodrigo <strong>de</strong> Souza Coutinho (Ministro do<br />

Ultramar e da Marinha em Portugal do século XVIII e Ministro dos Estrangeiros e da Guerra no<br />

Brasil Joanino) na área da História das Ciências. O tema principal se insere no contexto do<br />

Iluminismo, na virada do século XVIII para o XIX. O objetivo é i<strong>de</strong>ntificar as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

patronagem que o Ministro po<strong>de</strong> ter realizado quando atuou tanto em Portugal, quanto no Brasil.<br />

Pretendo observar e fazer um paralelo entre o que está nas fontes e o que se conhece do período<br />

em questão. A intenção é <strong>de</strong>monstrar o papel ativo do Ministro Dom Rodrigo <strong>de</strong> Souza<br />

Coutinho no incentivo às ciências e às artes. Esse tipo <strong>de</strong> atuação po<strong>de</strong> ser percebido em sua<br />

correspondência como Ministro da Guerra, mas também em sua influência na imprensa<br />

portuguesa e brasileira, mesmo após a sua morte. Aqui, vou tratar da patronagem científica <strong>de</strong><br />

Dom Rodrigo na correspondência do Ministério da Guerra no ano <strong>de</strong> 1808.<br />

Sexta-feira, 27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2015<br />

História Contemporânea<br />

Mesa 01 – Universida<strong>de</strong>s, Ditaduras e Movimentações políticas na 2ª meta<strong>de</strong> do século XX<br />

no Brasil<br />

Auditório (2° andar do bloco O) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan Dutra<br />

“D U v ‘M z ’ U v ” h<br />

sobre Educação Superior no Brasil da segunda meta<strong>de</strong> do século XX.<br />

Alan Dutra Cardoso (UFF)<br />

Esta comunicação é fruto <strong>de</strong> uma primeira reflexão ao redor <strong>de</strong> questões relativas ao Ensino<br />

Superior no Brasil, a partir das proposições levantadas pela Profa. Maria <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

Albuquerque Fávero e das discussões ocorridas na disciplina Universida<strong>de</strong> e Ditadura,<br />

conduzida pela Profa. Doutoranda Ludmila Gama (PPGH-UFF). O objetivo proposto é discutir<br />

as propostas reformadoras do Plano Atcon e das contidas no Relatório da Comissão Meira<br />

Mattos e sua ligação, no plano i<strong>de</strong>ológico, com a Teoria do Capital Humano, objeto <strong>de</strong><br />

investigação do pedagogo Gaudêncio Frigotto. Em suma, propõe uma pequena análise <strong>de</strong> como


75<br />

se pensou, por parte <strong>de</strong> setores da classe dominante, as políticas educativas para as<br />

Universida<strong>de</strong>s do Brasil na segunda meta<strong>de</strong> do século XX, assim como essas foram se<br />

transformando e, aquelas, implantadas na socieda<strong>de</strong> brasileira a partir <strong>de</strong>sse período.<br />

O Curso <strong>de</strong> Mestrado em História da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Fluminense na década <strong>de</strong><br />

1970.<br />

Wesley Rodrigues <strong>de</strong> Carvalho (UFF)<br />

A comunicação, <strong>de</strong> caráter introdutório, apresentará características da pós-graduação em<br />

História na UFF, principalmente no que se refere aos trabalhos discentes (as dissertações), ao<br />

corpo docente e à sua organização burocrática. Trata-se <strong>de</strong> um esforço <strong>de</strong> compreensão da<br />

prática historiográfica que consi<strong>de</strong>ra como contexto <strong>de</strong> produção o espaço acadêmico e suas<br />

formas <strong>de</strong> organização e política.<br />

Órgãos <strong>de</strong> vigilância e controle na Ditadura Militar e a comunida<strong>de</strong> acadêmica: análise<br />

documental a partir <strong>de</strong> ofícios confi<strong>de</strong>nciais da Escola Politécnica da UFBA entre 1971 a<br />

1974.<br />

Anne Alves da Silveira (UFBA)<br />

Ceci Bastos <strong>de</strong> Souza Pardo Casas (UFBA)<br />

Louise Anunciação Fonseca <strong>de</strong> Oliveira (UFBA)<br />

O intuito <strong>de</strong>ste paper é o <strong>de</strong> apresentar a contribuição <strong>de</strong> uma intervenção arquivística junto aos<br />

ofícios confi<strong>de</strong>nciais da Escola Politécnica da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia para levantar<br />

informações sobre ações do Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral (DPF) e da Assessoria Especial <strong>de</strong><br />

Segurança e Informação (AESI) na UFBA, durante o Golpe Militar <strong>de</strong> 1964, nessa unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ensino. Apesar <strong>de</strong> tratarmos nesse trabalho <strong>de</strong> todos os membros perseguidos da comunida<strong>de</strong><br />

acadêmica, durante a ditadura militar, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do cargo ou estágio <strong>de</strong> aprendizagem, será<br />

priorizado as ações dos órgãos contra os docentes. Esta Assessoria, criada no âmbito da UFBA,<br />

em 19 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1972, e vinculada a Divisão <strong>de</strong> Segurança e Informação do Ministério da<br />

Educação e Cultura (MEC/DSI), subsidiária do Sistema Nacional <strong>de</strong> Informação e<br />

Contrainformação (Sisni), tinha como objetivo levantar informações sobre discentes, docentes e<br />

funcionários da Universida<strong>de</strong> durante o período da ditadura militar, até então realizada pelo<br />

DPF. No presente estudo, o foco é a <strong>de</strong>scrição arquivística e a respectiva informação gerada a<br />

partir <strong>de</strong>sta para propiciar o acesso à informação. O estudo, <strong>de</strong> caráter exploratório e <strong>de</strong>scritivo,<br />

analisa os dados obtidos numa abordagem sócio-histórica, a fim <strong>de</strong> possibilitar sua inter-relação<br />

com o contexto social no qual estavam inseridos. Como resultado <strong>de</strong>sta pesquisa, as ações dos


76<br />

atores envolvidos foram reconstituídas na busca <strong>de</strong> uma compreensão dos fatos ocorridos na<br />

Escola Politécnica.<br />

Palavras-chave: Ditadura civil-militar. Acesso à informação. Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Assessoria <strong>de</strong> Segurança e Informação. Escola Politécnica. Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia.<br />

Ditadura e Judiciário: a atuação do judiciário no caso do atentado ao Riocentro (1981)<br />

Rafaela Domingues Pereira (UFRJ)<br />

Este trabalho tem como objetivo analisar a atuação e o comportamento do judiciário do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro diante do atentado ao Riocentro, em 1981. Para tanto, se parte <strong>de</strong> duas hipóteses, a<br />

primeira <strong>de</strong> que o Regime Militar brasileiro se caracterizou pela preocupação com a<br />

representação <strong>de</strong> uma legalida<strong>de</strong> e pelo normal fucionamento das instituições judiciais, já a<br />

segunda que houve uma efetiva colaboração do judiciário com o regime, na medida em que o<br />

processo judicial não busca apontar os culpados, mas somente representa um tratamento judicial<br />

do episódio. Quanto a metodologia, a pesquisa orientou-se pela análise dos autos do processo,<br />

em conjunto com pesquisa arquivística realizada no Arquivo Nacional (AN), Arquivo Público<br />

do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (APERJ) e Biblioteca Nacional (BN), com coleta <strong>de</strong> dados sobre os<br />

envolvidos no processo e também dos relatos da imprensa da época. Nossas conclusões<br />

provisórias apontam que houve manipulação por parte dos encarregados do inquéritos policialmilitar,<br />

que foram utilizadas diferentes estratégias <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> uma narrativa farsa acerca<br />

do atentado nos inquérito e também que consenso entre militares e aparato da Justiça também<br />

passava, pelo apoio das elites civis a Ditadura Militar.<br />

Mesa 02 – Alemanha no século XX: diferentes perspectivas<br />

Sala 510 (bloco O) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Felipe Antunes<br />

Utópica Inocência: Estudantes alemães na Primeira Guerra Mundial<br />

Agatha <strong>de</strong> Souza Lopes (UFF)<br />

Contradizendo a percepção da Universida<strong>de</strong> como ambiente teorético, trago ao <strong>de</strong>bate o<br />

episódio ocorrido em Langemarck, por ocasião da Primeira Batalha <strong>de</strong> Ypres, conhecido como<br />

Massacre dos Inocentes (em alemão: Kin<strong>de</strong>rmord).<br />

Tal artigo preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>smistificar o imaginário que coroou jovens soldados do 4º Exército<br />

Alemão como mártires ingênuos, trazendo em auxílio da análise todo um plano <strong>de</strong> fundo social<br />

e moral rebentado nas universida<strong>de</strong>s.


77<br />

Ao confrontar a teoria e a prática, resgata-se autores militares apreciados pela Geração<br />

<strong>de</strong> 1914, como Clausewitz e Henri Jomini, traçando paralelos entre as estratégias dos manuais e<br />

a realida<strong>de</strong> experimentada no front. Tal aproximação, feita também através <strong>de</strong> relatos e<br />

publicações da época, dialoga com questões universais: motivação e i<strong>de</strong>ário <strong>de</strong> massas, o fato<br />

histórico segundo distintas percepções da mídia e socieda<strong>de</strong>, como <strong>de</strong>cantar a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

lendas cristalizadas por décadas.<br />

Embaso-me, pois, teoricamente nos estudos do professor-historiador germanófilo<br />

Konrad Jarausch. Em uma tentativa <strong>de</strong> propor um questionamento e mexer com distintas<br />

interpretações e i<strong>de</strong>ias – por exemplo, que estudantes são antagônicos a guerra, ou que civis<br />

foram brutalmente assassinados – dá-se o artigo Utópica Inocência, cujas premissas<br />

transcen<strong>de</strong>m a Primeira Guerra Mundial e a Alemanha.<br />

Palavras-chave: civis na guerra; estudantes na guerra; história social alemã; Massacre dos<br />

Inocentes; Primeira Guerra Mundial.<br />

A ascensão do nazismo na Alemanha: dos fracassos da revolução alemã ao papel do<br />

stalinismo na ascensão <strong>de</strong> Hitler.<br />

Felipe Mesquita Antunes (UFF)<br />

O artigo busca elucidar o fenômeno da ascensão do nazismo na Alemanha à luz dos que<br />

estiveram no lado extremo oposto. Ou seja, do ponto <strong>de</strong> vista da esquerda alemã e internacional,<br />

investigando a ação <strong>de</strong> seus partidos operários em conexão com a classe trabalhadora alemã e o<br />

papel exercido pelos organismos internacionais comunistas, sobretudo o papel da terceira<br />

internacional sob o comando stalinista. Baseia-se em interpretações e textos <strong>de</strong> diferentes<br />

autores sobre o processo da revolução alemã, passando pelos seus dilemas, atores sociais e<br />

limites, e finaliza com ênfase nas análises do Trotskismo acerca da relação entre o Stalinismo e<br />

o surgimento do Nazismo.<br />

Memória e representações da Segunda Guerra Mundial em museus e memoriais alemães<br />

(1950-2014)<br />

Rafael Haddah Cury Pinto (UFF)<br />

A Segunda Guerra Mundial, diante da magnitu<strong>de</strong> dos acontecimentos relacionados, po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada um dos conflitos mais <strong>de</strong>cisivos e importantes na história da humanida<strong>de</strong>. Sua<br />

influência po<strong>de</strong> ser percebida ainda nos dias atuais, através <strong>de</strong> fatos, ações, i<strong>de</strong>ias e<br />

representações, que remetem suas origens ao conflito bélico. A Alemanha, que iniciou as<br />

hostilida<strong>de</strong>s em 1939, apresentava um grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição e <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m social <strong>de</strong> difícil


78<br />

mensuração em 1945; durante o processo <strong>de</strong> conquista do país pelos Aliados (Estados Unidos da<br />

América - EUA, Grã-Bretanha, França e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS), a<br />

representação e divulgação dos fatos que ocorriam estava diretamente ligada aos contextos<br />

políticos em vigor no período. Além dos problemas ocasionados pelas disputas da Guerra Fria, a<br />

Alemanha tinha ainda muitas questões internas a resolver no pós-guerra. O uso e as<br />

representações da memória são, portanto, cruciais para enten<strong>de</strong>rmos como a compreensão dos<br />

alemães acerca da Segunda Guerra Mundial foi construída a partir da década <strong>de</strong> 1950, e<br />

permaneceram paulatinamente sendo reafirmadas ainda hoje. Após a reunificação alemã em<br />

1989, diversas instituições que objetivam a abordagem da memória do conflito bélico surgiram,<br />

com suas vertentes não tendo a “obrigação” <strong>de</strong> uma propaganda i<strong>de</strong>ológica dicotômica, mas<br />

sim, objetivos instrutivos e pedagógicos, diversificando seus focos <strong>de</strong> atuação e ampliando o<br />

conhecimento sobre a guerra.<br />

Mesa 03 – Imprensa em discussão na História<br />

Sala 310 (bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Vanessa Gonçalves<br />

I H ó ’ N v M<br />

Vanessa da Cunha Gonçalves (UFF)<br />

No contexto das discussões em torno do futuro do país, a década <strong>de</strong> 1870 foi marcada por<br />

movimentos que <strong>de</strong>fendiam a abolição total da escravidão e a proclamação da república no<br />

Brasil. E o papel da imprensa nesse momento é a <strong>de</strong> um canal <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> culturas<br />

políticas. O movimento da geração <strong>de</strong> 1870 – A partitr da perspectiva <strong>de</strong> Angela Alonso –<br />

configurou-se no momento em que a antiga formação social colonial emergiu como tema dos<br />

<strong>de</strong>bates políticos. A década <strong>de</strong> 1870 é marcada pela re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> setores estratégicos na<br />

política e também na socieda<strong>de</strong> brasileira, e é nesse contexto que O Novo Mundo está inserido.<br />

Em outubro <strong>de</strong> 1870 foi publicado pela primeira vez O Novo Mundo – periódico fundado por<br />

José Carlos Rodrigues (1844-1923). Tinha publicação mensal, era editado nos Estados Unidos,<br />

em Português, para distribuição no Brasil - circulou até 1879.<br />

O Novo Mundo “nasceu” em um ano emblemático da história do Brasil, um período em que a<br />

discussão sobre os rumos do país e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional ocupavam todos os cantos da<br />

socieda<strong>de</strong>. Essa geração estava profundamente engajada na vida do país e interessada nos rumos<br />

para o caminho do futuro. Foi palco <strong>de</strong> importantes <strong>de</strong>bates político-sociais em um momento em<br />

que havia uma intensa discussão sobre os alicerces da nação brasileira, ou seja, temas como a<br />

abolição da escravidão, proclamação da república e também o <strong>de</strong>stino dos escravos estavam


ecorrentemente sendo colocados em questão por diversos setores da socieda<strong>de</strong>.<br />

79<br />

A monarquia brasileira em folhetins: literatura e política na imprensa carioca (1882)<br />

Elias Ferreira Bento (UFU)<br />

Este trabalho tem por objetivo analisar três romances que versam sobre o roubo das jóias da<br />

família real brasileira (1882), verificando <strong>de</strong> que forma surgem em meio à gran<strong>de</strong> repercussão<br />

que o episódio tomou na imprensa (jornais) e como os escritores ridicularizaram e teceram<br />

várias críticas ao imperador. São eles: As jóias da coroa <strong>de</strong> Raul Pompéia (publicado no jornal<br />

Gazeta <strong>de</strong> Notícias); Um roubo no Olimpo <strong>de</strong> Artur Azevedo (publicado no jornal Gazetinha); e<br />

A ponte do catete, possivelmente <strong>de</strong> José do Patrocínio (publicado no jornal Gazeta da Tar<strong>de</strong>).<br />

A utilização da literatura como fonte amplia os horizontes <strong>de</strong> análise sobre o passado, uma vez<br />

que sua produção está intrinsecamente ligada à estrutura social, ao espaço e ao tempo em que foi<br />

criada, trazendo em seu bojo as tensões <strong>de</strong> seu tempo, conflitos cotidianos, aspirações e projetos<br />

para o futuro. Os trabalhos estão sendo <strong>de</strong>senvolvidos no sentido <strong>de</strong> se inserir autores e obras<br />

literárias em processos históricos <strong>de</strong>terminados, analisando <strong>de</strong> que literatura se está falando,<br />

quais suas características e como <strong>de</strong>terminado autor concebe sua obra, para captar elementos<br />

que vão além do simples relato dos autores. Percebeu-se que a imagem do monarca é permeada<br />

por uma série <strong>de</strong> ritos e símbolos que são partes integrantes e primordiais para o funcionamento<br />

daquele sistema. Os trabalhos apontam no sentido <strong>de</strong> que é justamente na <strong>de</strong>sconstrução <strong>de</strong>ssa<br />

imagem que os literatos vão trabalhar, em oposição à monarquia.<br />

O Jornal do Commercio, o abolicionismo e o jogo político imperial: notas <strong>de</strong> pesquisa<br />

Roger Aníbal Lambert da Silva (UFF)<br />

Nosso objetivo nesta comunicação é discutir a relação entre o Jornal do Commercio e o<br />

abolicionismo no âmbito do jogo político imperial. Não obstante se apresentasse como um<br />

órgão <strong>de</strong>dicado especialmente ao comércio, o periódico era “uma publicação oficiosa do<br />

governo”. Veremos que a partir <strong>de</strong> meados <strong>de</strong> 1884, durante o ministério Dantas, expressões<br />

como “insurreição” e “sublevação” eram veiculadas em alguns jornais no sentido <strong>de</strong> construir<br />

um quadro <strong>de</strong> insegurança e perigo à or<strong>de</strong>m pública, <strong>de</strong> modo a ressaltar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>são ao gradualismo, mas também como arma política contra o ministério, sugerindo que era<br />

indispensável uma inversão partidária para o restabelecimento da or<strong>de</strong>m pública. Neste<br />

momento, o Jornal do Commercio se constituiu em um espaço <strong>de</strong> contestação à retórica da<br />

ameaça – mobilizada contra o ministério Dantas – e <strong>de</strong> combate ao imobilismo escravista. Já<br />

nos meses finais <strong>de</strong> 1887, durante o ministério Cotegipe, expressões como “insurreição” e


80<br />

“sublevação” eram veiculadas no Jornal do Commercio, também <strong>de</strong> modo a construir um clima<br />

<strong>de</strong> perigo e ressaltar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são ao gradualismo, mas agora como uma arma<br />

política em <strong>de</strong>fesa do ministério, sugerindo que era imprescindível a permanência do mesmo<br />

para o restabelecimento da or<strong>de</strong>m pública. Sendo assim, neste momento, o Jornal do<br />

Commercio se constituiu em um espaço <strong>de</strong> veiculação da retórica da ameaça – mobilizada em<br />

<strong>de</strong>fesa do ministério Cotegipe – e <strong>de</strong> combate à radicalização abolicionista.<br />

Imprensa e historiografia: os jornais como fonte <strong>de</strong> pesquisa histórica<br />

Carlos Henrique Ferreira Leite (UEL)<br />

Este trabalho tem como objetivo analisar e problematizar o uso dos jornais enquanto fonte e<br />

objeto <strong>de</strong> pesquisa para o conhecimento histórico. Neste sentido, buscamos apresentar as<br />

discussões teóricas e metodológicas referentes as possíveis abordagens e caminhos que o<br />

historiador <strong>de</strong>ve seguir para fazer a História por meio da Imprensa.<br />

Mesa 04 – Relações políticas, sociais, econômicas e culturais no Brasil Império<br />

Sala 303 (bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Gabriel Maraschin<br />

Uma visão <strong>de</strong> mundo saquarema: ensaio sobre seus pensamentos políticos<br />

Gabriel <strong>de</strong> Azevedo Maraschin (UNIRIO)<br />

O objetivo <strong>de</strong>sse artigo está em explorar o pensamento político dos conservadores, em especial<br />

os saquaremas, no momento <strong>de</strong> construção do Estado Imperial entre os anos <strong>de</strong> 1830 e 1850.<br />

Para isso, serão realizadas análises sobre Thomas Hobbes e Jeremy Bentham como mo<strong>de</strong>los a<br />

compreen<strong>de</strong>rem a metodologia política saquarema e como esse pensamento se concretiza na<br />

realização <strong>de</strong> obras públicas ao longo da década <strong>de</strong> 1840.<br />

A realização <strong>de</strong>sta pesquisa veio a partir dos estudos <strong>de</strong> montagem do trabalho final <strong>de</strong><br />

graduação da UFF, em 2012. Ao estudarmos a tributação como forma <strong>de</strong> construção do Estado,<br />

po<strong>de</strong>mos perceber, em cima das leituras <strong>de</strong> Ilmar Mattos (1990), que o pensamento conservador<br />

se <strong>de</strong>staca no período do Regresso e se diferencia do pensamento dos ditos Liberais por<br />

seguirem, <strong>de</strong> uma maneira geral, as visões <strong>de</strong> Hobbes sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> um<br />

Estado centralizado e soberano e o utilitarismo <strong>de</strong> Bentham no que tange a legitimar a vida<br />

<strong>de</strong>sse mesmo Estado e <strong>de</strong> suas classes políticas a partir da construção <strong>de</strong> uma legislação<br />

moralista.<br />

Portanto, tais autores servirão <strong>de</strong> base para um olhar mais preciso sobre a maneira <strong>de</strong> pensar


81<br />

politicamente, assim como a atuação prática, do grupo saquarema. Como políticos munidos da<br />

filosofia da práxis, aplicaram seus conhecimentos em diversos setores da administração estatal,<br />

como foi o caso das obras públicas no Rio <strong>de</strong> Janeiro, para a consolidação <strong>de</strong> um projeto<br />

político que visava reproduzir a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> escravocrata.<br />

O Dicotômico Abreu e Lima: Monarquia Brasileira e Repúblicas Sul - Americanas no<br />

Século XIX.<br />

Monique Santana <strong>de</strong> Oliveira Sousa (UERJ – FFP)<br />

Pertencente a dois mudos, o General Abreu e Lima, representa simultaneamente o embate entre<br />

republicas Sul - Americanas e monarquia brasileira no século XIX, pernambucano, nascido em<br />

1794, combatente nas guerras <strong>de</strong> emancipação ao lado <strong>de</strong> Simon Bolívar e <strong>de</strong>fensor da<br />

Monarquia brasileira na figura <strong>de</strong> D. Pedro, o General, acreditava que o sistema monárquico era<br />

o melhor governo para o Brasil, pois não seria possível implantar um regime republicano em<br />

uma socieda<strong>de</strong> escravista que dês dos primórdios da colonização não tinha bases solidas para<br />

esse tipo <strong>de</strong> governo, porque não havendo a liberda<strong>de</strong> total, não seria possível aspirar<br />

completamente à liberda<strong>de</strong> política.<br />

Segundo ele “os governos são criados para os povos e não os povos para certa classe <strong>de</strong><br />

governo.” (ABREU E LIMA, 1835, P.38), <strong>de</strong>ste modo, os brasileiros seriam in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e<br />

ricos, todavia, sempre teriam um regime monárquico porque apenas este manteria a or<strong>de</strong>m. De<br />

acordo com Abreu e Lima, para construir um sistema republicano era necessário uma revolução<br />

<strong>de</strong> princípios, e inserir o povo em um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> governo sem que haja uma mudança <strong>de</strong><br />

conceitos e idéias se resumiria a uma dissolução total visto que, os países republicanos adotaram<br />

tal governo por revoluções e por reformas <strong>de</strong> suas respectivas socieda<strong>de</strong>s, coisa está que não<br />

ocorreu no Brasil, então, o único mo<strong>de</strong>lo que evitaria à anarquia e que se ajustava a socieda<strong>de</strong><br />

escravocrata brasileira era o sistema monárquico.<br />

O ultramontanismo no Império: o caso <strong>de</strong> D. Antônio <strong>de</strong> Macedo Costa<br />

Pedro Henrique Duarte Figueira Carvalho (UFF)<br />

Em reação ao avanço do mundo mo<strong>de</strong>rno, o papado, ao longo do século XIX, tomou uma série<br />

<strong>de</strong> medidas para recuperar sua supremacia e instituir um po<strong>de</strong>r universal, entre elas estão: a<br />

restauração da Companhia <strong>de</strong> Jesus em 1814 e promulgação do Syllabus em 1864 por Pio IX,<br />

buscando reafirmar o primado da religião sobre a política, movimento <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong><br />

ultramontano. Neste trabalho, busco analisar como o ultramontanismo se <strong>de</strong>senvolveu no Brasil<br />

através da figura <strong>de</strong> D. Antônio <strong>de</strong> Macedo Costa, bispo do Pará entre 1860 e 1890, e um dos


82<br />

principais envolvidos na Questão Religiosa, sendo preso em 1874 por suas convicções<br />

ultramontanas, e que, junto com a prisão D. Vital Maria <strong>de</strong> Oliveira, acabou gerando atritos<br />

futuros entre o Império e o papado. Como último ponto, busca-se analisar como a Questão<br />

Religiosa, segundo José Murilo <strong>de</strong> Carvalho, constitui-se no principal <strong>de</strong>safio a soberania do<br />

Império e como ela refletia a política religiosa do Estado.<br />

Formação partidária e elite provincial maranhense em meados do Novecentos: a noção <strong>de</strong><br />

“P ”.<br />

Arthur Roberto Germano Santos (UNIFESP)<br />

Nas discussões recentes sobre a organização partidária no Brasil Império (da Regência à<br />

Conciliação), tem-se enfatizado as diferenças i<strong>de</strong>ológicas entre os dois principais partidos<br />

politicos, bem como a relevância <strong>de</strong>ssas clivagens para a aprovação das reformas institucionais<br />

pelas quais o Estado brasileiro passou na primeira meta<strong>de</strong> do novecentos. Essa discussão, no<br />

entanto, quando voltada para a disputa partidária provincial, caracteriza-a como localista,<br />

personalista, paroquial e contingencial, na contramão das interpretações que compreen<strong>de</strong>m as<br />

elites provinciais, e seus interesses, como parte fundamental da formação do estado nacional<br />

brasileiro. Nesse sentido, este trabalho busca, a partir <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>bate, analisar a organização<br />

partidária maranhense na década <strong>de</strong> 40 do século XIX. A partir disto, tenta compreen<strong>de</strong>r a<br />

estrutura partidária maranhense no periodo e o papel das elites provinciais na sua construção e<br />

composição; tenta, ainda observar a pertinência (ou não) das noções <strong>de</strong> “Partido da Or<strong>de</strong>m” e<br />

“Partido da Oposição” para a análise <strong>de</strong> uma esfera <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r para além do governo central.<br />

Mesa 05 – Instituições e políticas econômico-sociais no Brasil Império<br />

Sala 308 (bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Marconni Marotta<br />

Aposentadorias, pensões e mutualida<strong>de</strong>: a corrida pelo futuro assegurado no Segundo<br />

Reinado.<br />

Marconni Marotta (UFF)<br />

Neste trabalho, preten<strong>de</strong>mos explorar a hipótese historiográfica <strong>de</strong> que, a ausência ou a presença<br />

<strong>de</strong> sistemas estatais <strong>de</strong> previdência social influiu diretamente, respectivamente, na expansão e na<br />

contração do fenômeno associativo no Brasil. Sobretudo, preten<strong>de</strong>mos testar esta hipótese para<br />

o período do Segundo Reinado, em que os estudiosos argumentam que, a falta <strong>de</strong> políticas<br />

públicas <strong>de</strong> proteção e assistência permitiu a proliferação <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s, como as socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>


83<br />

socorros mútuos. Para isso, preten<strong>de</strong>mos explorar ao máximo a concepção <strong>de</strong> inexistência <strong>de</strong><br />

qualquer forma <strong>de</strong> amparo público no período imperial, como os estudiosos dos sistemas <strong>de</strong><br />

previdência estatal argumentam. Nesse sentido, estudaremos fontes que informam acerca da<br />

prática <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> aposentadorias e pensões por parte do governo imperial. Prática, que<br />

alcançava uma parcela significativa daqueles que eram consi<strong>de</strong>rados funcionários públicos civis,<br />

políticos e militares. Portanto, será preciso compreen<strong>de</strong>r ainda o alcance da legislação imperial,<br />

que, <strong>de</strong> certa forma, prescrevia o direito à aposentadoria e pensão aos diversos cargos. De modo<br />

que, foi pela articulação <strong>de</strong>stas normas, que um significativo grupo <strong>de</strong> pessoas fizeram<br />

<strong>de</strong>mandas por tais benefícios, na forma <strong>de</strong> direitos aos cidadãos. Por outro lado, a existência <strong>de</strong><br />

entida<strong>de</strong>s mutualistas, expressa a busca pelo amparo <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> caráter securitário, <strong>de</strong><br />

âmbito privado, na ausência ou perante a pouca expressivida<strong>de</strong> dos benefícios públicos.<br />

Os trabalhadores e a cida<strong>de</strong>: a legislação da Câmara Municipal do Rio <strong>de</strong> Janeiro a<br />

respeito do trabalho (1822-1889)<br />

Anne Caroline Ferreira do Nascimento <strong>de</strong> Castro (UFF)<br />

A Câmara Municipal do Rio <strong>de</strong> Janeiro instituiu diversos Códigos <strong>de</strong> Posturas (conjunto <strong>de</strong> leis<br />

municipais), no período Imperial, estes buscavam regular aspectos da vida urbana no município,<br />

entre quais o trabalho. Interessa-nos compreen<strong>de</strong>r a atuação da lei municipal na vida urbana<br />

através dos Códigos <strong>de</strong> Posturas, com foco nos Códigos <strong>de</strong> 1830 e 1838. Preten<strong>de</strong>-se perceber<br />

em que medida a legislação municipal lida com o surgimento <strong>de</strong> novas <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> mão <strong>de</strong><br />

obra. Para isso dialoga-se com uma importante transformação na historiografia brasileira<br />

contemporânea, que respeito à inclusão dos trabalhadores escravizados entre os objetos da<br />

história social do trabalho. Com base na supracitada historiografia, busca-se dialogar sobre a<br />

atuação do Estado na regulação do trabalho no Rio <strong>de</strong> Janeiro Imperial. Para alcançar tal<br />

objetivo investigou-se <strong>de</strong> que forma os Códigos <strong>de</strong> Postura analisados versam sobre a questão<br />

do trabalho e dos trabalhadores. Preten<strong>de</strong>-se ainda averiguar como se dava a construção <strong>de</strong>ssas<br />

leis, bem como os conflitos, pertinentes a esse processo, entre a Câmara e outras instâncias <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r (governo central e Polícia). Busca-se igualmente compreen<strong>de</strong>r quais as leituras e<br />

expectativas dos trabalhadores sobre tais posturas e suas instâncias <strong>de</strong> negociação, e, assim<br />

colaborar para uma discussão sobre o papel das Câmaras Municipais no período Imperial.<br />

A Guarda Municipal permanente na província <strong>de</strong> São Paulo (1834-1850).<br />

Bruna Prudêncio Teixeira (UNIFESP)<br />

A presente pesquisa tem como principal objetivo analisar a ação e organização da


84<br />

Guarda Municipal permanente na província <strong>de</strong> São Paulo entre os anos <strong>de</strong> 1834-1850. Para isso,<br />

analisamos as leis referentes ao policiamento, levantadas no arquivo da ALESP, bem como,<br />

correspondências entre polícia e governo disponíveis no APESP. A pesquisa tem como marco<br />

inicial o ano <strong>de</strong> 1834, uma vez que, foi a partir do Ato Adicional que as províncias ganharam<br />

autonomia legislativa e liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação no âmbito do policiamento. Assim, sabendo que<br />

havia outros corpos exercendo funções policiais, como, a Guarda Nacional e as Guardas<br />

Policiais, buscamos compreen<strong>de</strong>r a organização e ação policial da Guarda Municipal<br />

permanente, inserida no quadro <strong>de</strong> multiplicida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> forças que <strong>de</strong>sempenhavam ativida<strong>de</strong>s<br />

policiais no interior da província.<br />

Nesse sentido, em paralelo à Guarda Municipal permanente, focamos nosso olhar,<br />

sobretudo nas Guardas Policiais, analisando-as como instituições responsáveis pelo<br />

policiamento das municipalida<strong>de</strong>s. Com isso, no atual momento <strong>de</strong> pesquisa, comparando a<br />

Guarda Municipal permanente com as <strong>de</strong>mais, concluímos tratar-se da primeira tentativa <strong>de</strong><br />

profissionalização <strong>de</strong> um corpo responsável pela polícia, bem como a principal força policial<br />

administrada diretamente pela capital provincial. Portanto, buscamos compreen<strong>de</strong>r a<br />

organização e ação policial da Guarda, bem como a nova dinâmica <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, instaurada a partir<br />

do Ato Adicional, entre centro e municípios da província.<br />

Mesa 06 – Cinema e Literatura no mundo contemporâneo<br />

Sala 312 (bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Vanessa Ferreira<br />

Consi<strong>de</strong>rações acerca da literatura <strong>de</strong> viagem em Domingo F. Sarmiento e Paul Groussac<br />

Daiana Pereira Neto (UFJF)<br />

A literatura <strong>de</strong> viagem foi um gênero muito em voga no século XIX. Ao pensarmos nesse tipo<br />

<strong>de</strong> literatura, geralmente a relacionamos a visão <strong>de</strong> viajantes europeus acerca do continente<br />

latino-americano. Este trabalho tem o objetivo <strong>de</strong> privilegiar os trabalhos <strong>de</strong> dois autores, o<br />

argentino, Domingo Faustino Sarmiento e do franco-argentino, Paul Groussac.<br />

Ambos os autores possuem fortes relações com a Argentina. Sarmiento, autor mais conhecido<br />

entre nós brasileiros, foi uma figura importante na construção <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional, sendo<br />

suas obras consi<strong>de</strong>radas fundamentais neste processo pós-in<strong>de</strong>pendência. Me ocuparei<br />

principalmente <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus textos <strong>de</strong> viagem chamado, Viajes por Europa, Africa i América<br />

(1845-1847). O segundo autor Paul Groussac, nascido na França, se mudou aos 18 anos para a<br />

Argentina, país no qual <strong>de</strong>cidiu viver e on<strong>de</strong> faleceu em 1929. Seu trabalho possui vários pontos<br />

<strong>de</strong> aproximação no que diz respeito a obra <strong>de</strong> Sarmiento, neste trabalho me <strong>de</strong>dicarei


85<br />

especialmente ao texto <strong>de</strong> viagem, Del Plata al Niágara.<br />

Assim sendo, compreendo que suas obras possuem vários pontos <strong>de</strong> comparação, fornecendo<br />

elementos que po<strong>de</strong>m ajudar-nos a compreen<strong>de</strong>r as conjunturas nas quais viveram e atuaram.<br />

A Ida<strong>de</strong> da Terra: Glauber Rocha e a pluralida<strong>de</strong> latino-americana em perspectiva<br />

Quezia da Silva Brandão (USP)<br />

A comunicação objetiva realizar uma análise acerca da produção cinematográfica A Ida<strong>de</strong> da<br />

Terra (1980), do diretor Glauber Rocha, pensando as representações da América Latina<br />

construídas pelo filme, síntese representativa do projeto político-cultural concebido pelo<br />

cineasta brasileiro. Partindo da análise da trajetória do cineasta <strong>de</strong>ntro do Movimento do Nuevo<br />

Cine Latinoamericano, gestado na década <strong>de</strong> 1950 e iniciado nos anos 1960, o filme será<br />

compreendido para além <strong>de</strong> uma inovação estética <strong>de</strong> cinema, como um projeto teórico para se<br />

repensar a América Latina, valorizando as raízes afroíndias e reconsi<strong>de</strong>rando o passado colonial<br />

em termos <strong>de</strong> herança histórica e cultural. Abordando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as questões colocadas pela<br />

historiografia da América Latina até os pressupostos teórico-metodológicos concernentes à<br />

relação Cinema e História, este trabalho propõe-se a apresentar – <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um recorte<br />

específico a respeito da pluralida<strong>de</strong> cultural latino-americana explorada pelo filme – uma nova<br />

perspectiva sobre a história do continente contribuindo para atenuar as resistências quanto ao<br />

reconhecimento <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> latino-americana no Brasil e colaborando com a atual<br />

temática <strong>de</strong> integração territorial do continente.<br />

O Protagonista <strong>de</strong> Cinema dos 60: os heróis masculinos da Nova Hollywood<br />

Carlos Vinicius Silva dos Santos (UFRJ)<br />

A comunicação preten<strong>de</strong> abordar a representação masculina operada em obras selecionadas do<br />

conjunto <strong>de</strong> produções cinematográficas comumente <strong>de</strong>nominado “Nova Hollywood”. Estas<br />

obras, realizadas entre os anos finais da década <strong>de</strong> 1960 e o ano <strong>de</strong> 1980, veiculam personagens<br />

masculinas caracterizadas por um complexo <strong>de</strong> elementos que os diferenciam dos tradicionais<br />

heróis cinematográficos do cinema clássico hollywoodiano. Sublinhados pelo sentimento <strong>de</strong><br />

angústia, as personagens <strong>de</strong> parte significativa dos filmes do período pautam-se por um<br />

comportamento errante, sempre em busca <strong>de</strong> seu lugar <strong>de</strong> pertencimento no mundo, ora<br />

almejando compreen<strong>de</strong>r a realida<strong>de</strong> na qual se inserem, ora em flagrante oposição a esta mesma<br />

realida<strong>de</strong>. Assim, objetiva-se examinar a constituição das personagens em contato direto com a<br />

atmosfera do período, marcada pela contracultura dos anos 1960, bem como pelo <strong>de</strong>salento<br />

ocasionado pela crise econômica, pela <strong>de</strong>rrota no Vietnã e pelos escândalos políticos dos anos


1970, nos Estados Unidos da América.<br />

86<br />

O olhar do Exílio: a representação <strong>de</strong> Cuba em Três Tristes Tigres (1965) <strong>de</strong> Guillermo<br />

Cabrera Infante.<br />

Pedro Henrique Leite (UFJF)<br />

Partindo do pressuposto apontado pelo historiador mexicano Enrique Krauze (2010, p. 269) <strong>de</strong><br />

que a ficção po<strong>de</strong> iluminar processos históricos complexos, e também amparado em Roger<br />

Chartier (1990, pp. 16-17) que propõe analisarmos “como <strong>de</strong>terminada realida<strong>de</strong> cultural foi<br />

construída, pensada, dada a ler”, proponho uma apresentação da obra Três Tristes Tigres (1965)<br />

do escritor cubano Guillermo Cabrera Infante, levando em especial consi<strong>de</strong>ração o contexto do<br />

exílio vivido pelo autor quando da composição do romance. Parto da concepção <strong>de</strong> que a obra é<br />

fruto do complexo contexto político existente em Cuba no período subsequente à Revolução <strong>de</strong><br />

1959, po<strong>de</strong>ndo servir como um importante material <strong>de</strong> pesquisa, um espaço em que Infante<br />

expressou seu olhar sobre o país na condição <strong>de</strong> exilado. O objetivo principal é perceber como a<br />

produção cultural <strong>de</strong> um período histórico específico po<strong>de</strong> refletir um sistema próprio <strong>de</strong><br />

representação do mundo social criado por seus atores. Filio-me, sobretudo, à <strong>de</strong>fesa feita por<br />

Sidney Chalhoub e Leonardo Pereira (1998, p. 7) <strong>de</strong> pensar as obras literárias como produções<br />

culturais conectadas à socieda<strong>de</strong> que as produz, pensando-as não em sua “suposta autonomia”<br />

em relação ao meio, mas sim no modo como ela estabelece sua relação com a realida<strong>de</strong> social.<br />

PALAVRAS CHAVE: Três Tristes Tigres, Guillermo Cabrera Infante, Exílio, Produção<br />

Cultural.<br />

Mesa 07 – As mulheres e seus papéis na História: múltiplas abordagens<br />

Sala 314 (bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Larissa Souza<br />

O universo cangaceiro <strong>de</strong> muitas Marias: a entrada <strong>de</strong> mulheres no bando <strong>de</strong> Lampião<br />

Helena Ferreira Lobão Diniz (UFF)<br />

A partir da década <strong>de</strong> 1930 até 1938, muitas mulheres entraram para o bando <strong>de</strong> Lampião.<br />

A presente comunicação preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>bater a participação feminina <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste grupo<br />

bandoleiro, discutindo sua real atuação. Sob uma ótica <strong>de</strong> abordagem da História Cultural<br />

preten<strong>de</strong>-se questionar as continuida<strong>de</strong>s do comportamento feminino versus subversões<br />

femininas <strong>de</strong>ntro da estrutura social que se compôs o espaço do cangaço, como também<br />

questionar o processo <strong>de</strong> criação do feminino naquela área. A introjeção <strong>de</strong> uma nova


87<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, "o ser cangaceira", experiência nunca ocorrida em nenhum grupo <strong>de</strong> banditismo<br />

social, gera gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>bates a respeito. As cangaceiras, mulheres advindas do sertão nor<strong>de</strong>stino<br />

<strong>de</strong>sfrutaram <strong>de</strong>sta experiência <strong>de</strong> formas distintas, porém algo em comum serviu como elo <strong>de</strong><br />

ligação no trajeto <strong>de</strong> Dadá, Maria Bonita, Lídia, Sila, Rosinha; todas elas e tantas outras<br />

romperam com o binômio esposa/mãe, para executarem novos papéis pautados em liberda<strong>de</strong> no<br />

exercício da sexualida<strong>de</strong>, o <strong>de</strong>stino da maternida<strong>de</strong> e a própria formalização do matrimônio.<br />

Embora tais mulheres tivessem uma autonomia em relação à estrutura coronelista, é<br />

fundamental ressaltar que estas eram submetidas a uma estrutura <strong>de</strong> hierarquia e a um código <strong>de</strong><br />

honra no bando,sendo assim mulheres ainda atreladas a configuração patriarcal.<br />

Mulheres anarquistas no Brasil: entre afirmações e invisibilida<strong>de</strong>s (1890-1930)<br />

Clara Iamê Ferreira Crível (UFF)<br />

Esta pesquisa buscou evi<strong>de</strong>nciar o universo <strong>de</strong> existência e militância das mulheres que<br />

seguiram a i<strong>de</strong>ologia anarquista, durante os anos compreendidos como a Primeira República,<br />

entre o Rio <strong>de</strong> Janeiro e São Paulo – contexto este <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>staque do anarquismo no Brasil.<br />

Para tal, seguiu dois vieses <strong>de</strong> análise e problematizações. Ao se resgatar a história das mulheres<br />

naquele movimento que é social, i<strong>de</strong>ológico, cultural, artístico e que possui profundas críticas à<br />

moral estabelecida, <strong>de</strong>paramo-nos com a lacuna histórica que vem tomando a memória da<br />

militância a partir da perspectiva masculina dominante – o que em geral também é<br />

negligenciada na própria historiografia e a invisibiliza. Por outro lado, procura afastar-se <strong>de</strong>sta<br />

escrita predominante masculina da história quando tornamos claros os movimentos e a produção<br />

intelectual produzidos por aquelas mulheres. Deste modo, o trabalho insere-se nos estudos das<br />

relações <strong>de</strong> gênero e metodologicamente proporciona caminhos para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma<br />

epistemologia feminista que preten<strong>de</strong> ser emancipadora, rompendo com o mo<strong>de</strong>lo<br />

hierarquizante <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> conhecimento e com o paradigma do homem-brancoheterossexual<br />

como sujeito histórico universal.<br />

Rádio Mulher: um instrumento <strong>de</strong> voz<br />

Priscila <strong>de</strong> Oliveira Araújo (UERJ)<br />

O presente trabalho foi elaborado por meio <strong>de</strong> uma entrevista com as três vozes que<br />

comandam a Rádio Mulher, localizada no Complexo do Alemão, cuja programação é voltada<br />

para temas como bem-estar, saú<strong>de</strong>, comportamento, tendo como foco maior o combate à<br />

violência contra a mulher. O que torna essa rádio peculiar é o fato <strong>de</strong> ser comandada e<br />

organizada por mulheres, uma vez que esse é, como outros instrumentos <strong>de</strong> comunicação,


88<br />

normalmente exclusivo do universo masculino, dando assim voz a este personagem tão atuante<br />

e cada vez mais em voga na História, a mulher.<br />

Tendo em vista que a Historia Oral dá voz à história não oficial, a dos oprimidos,<br />

esquecidos, a dos “não heróis”, que com suas memórias, enriquecem a historia local e, se<br />

ampliada seu foco, enriquecem também a historia nacional, a intenção <strong>de</strong>sse trabalho é estudar<br />

por meio da metodologia da História Oral um instrumento <strong>de</strong> voz dado à mulher, neste caso o<br />

rádio.<br />

Palavras-Chave: História Oral; História do Tempo Presente; Rádio; Mulher<br />

Centro <strong>de</strong> Referência <strong>de</strong> Mulheres da Maré Carminha Rosa: implementação <strong>de</strong> Políticas<br />

Públicas <strong>de</strong> Assistência (2004-2013)<br />

Larissa Velasquez <strong>de</strong> Souza (FIOCRUZ)<br />

Esta comunicação tem como principal objeto <strong>de</strong> investigação o Centro <strong>de</strong> Referência <strong>de</strong><br />

Mulheres da Maré Carminha Rosa (CRMMCR), criado em 2000, que se constitui como um<br />

programa integrante do Núcleo <strong>de</strong> Estudos em Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-<br />

DH), órgão suplementar do Centro <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro (CFCH/UFRJ). A atuação do Centro consiste em aten<strong>de</strong>r e oferecer<br />

acompanhamento psicossocial e jurídico, orientar sobre as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero e fortalecer<br />

a cidadania das mulheres em situação <strong>de</strong> violência doméstica.<br />

O objetivo geral <strong>de</strong>ste trabalho é analisar o processo histórico <strong>de</strong> criação do Centro no contexto<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>bates e conquistas sociais referentes aos direitos das mulheres, com <strong>de</strong>staque para a<br />

atuação dos profissionais vinculados à instituição. Tal estudo está sendo realizado através da<br />

análise das oficinas oferecidas no centro e seu papel na aplicação das políticas públicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

direcionadas a atenção a mulher vítima <strong>de</strong> violência doméstica, verificando como estas políticas<br />

são implementadas no contexto específico da comunida<strong>de</strong> da Maré.<br />

Estão sendo utilizadas as Legislações Fe<strong>de</strong>rais e Estaduais referentes às políticas públicas para<br />

as mulheres, a documentação do CRMMCR, com base teórica <strong>de</strong> análise na história das<br />

mulheres, estudos <strong>de</strong> gênero e violência urbana, com foco no processo <strong>de</strong> constituição e<br />

implementação das políticas públicas <strong>de</strong> assistência.


Mesa 08 – Religião e Religiosida<strong>de</strong> no Brasil Contemporâneo<br />

Sala 316 (bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Leandro Silveira<br />

89<br />

Joãozinho da Goméia - A importância do babalorixá no município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias.<br />

Taís Fernanda Noronha (Universida<strong>de</strong> do Gran<strong>de</strong> Rio)<br />

Joãozinho da Goméia, que tem em seu registro <strong>de</strong> nascimento o nome João Alves Torres Filho,<br />

nasceu no ano <strong>de</strong> 1914, no interior da Bahia, e veio para o Rio <strong>de</strong> Janeiro na década <strong>de</strong> 1940,<br />

instalando-se em Duque <strong>de</strong> Caxias, na Baixada Fluminense, on<strong>de</strong> construiu a sua autorida<strong>de</strong><br />

como sacerdote religioso. O babalorixá iniciou a sua trajetória no candomblé na Bahia, tendo<br />

<strong>de</strong>staque não apenas no campo religioso, mas na mídia baiana e carioca. Isto em razão <strong>de</strong> sua<br />

relação com intelectuais do período, das performances como bailarino, das polêmicas nas quais<br />

se envolvia, principalmente, com seguidores das religiões <strong>de</strong> matrizes africanas e por sua<br />

atuação e participação no carnaval carioca. Nossa investigação tem como objetivo um <strong>de</strong>bate<br />

historiográfico referente ao processo histórico das religiões <strong>de</strong> matrizes africanas na região da<br />

Baixada Fluminense, tendo como <strong>de</strong>staque a trajetória do pai <strong>de</strong> santo Joãozinho da Goméia e a<br />

importância que o mesmo teve no município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias. Neste recorte <strong>de</strong> nossa<br />

pesquisa, procuramos compreen<strong>de</strong>r, entre os estudos referentes à trajetória daquele que foi<br />

consi<strong>de</strong>rado o “Rei do Candomblé”, a notorieda<strong>de</strong> e a fama que Joãozinho da Goméia obteve<br />

como pai <strong>de</strong> santo, não só em Duque <strong>de</strong> Caxias, mas em todo o Rio <strong>de</strong> Janeiro, não se<br />

restringindo apenas ao campo religioso, mas também aos contatos com a mídia e integrantes da<br />

alta socieda<strong>de</strong> carioca.<br />

O entrelaçamento e dinâmicas das narrativas que constroem a memória do candomblé<br />

carioca.<br />

Blonsom <strong>de</strong> Faria Ramos (UFF)<br />

O candomblé, religião <strong>de</strong> matriz afro-brasileira, atualmente tem sido alvo <strong>de</strong> uma crescente<br />

visibilida<strong>de</strong> pública, seja pelos registros nos livros <strong>de</strong> tombo e da retórica <strong>de</strong> preservação dos<br />

patrimônios culturais afro-brasileiros ou pelo crescente movimento <strong>de</strong> afirmação religiosa,<br />

através <strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> religiosa e <strong>de</strong> sua consequente veiculação nos canais <strong>de</strong><br />

informação.<br />

Percebemos que a historiografia sobre o candomblé no Rio <strong>de</strong> Janeiro é muito carente <strong>de</strong><br />

estudos aprofundados sobre a religião, sobretudo no tocante do contexto histórico. A nação<br />

Efon (Lokiti Efon), fora fundada por volta <strong>de</strong> 1850 pelos africanos Tio Firmo <strong>de</strong> Osun (Babá


90<br />

Irufá 3 ) e Maria Bernarda da Paixão (A<strong>de</strong>bolui). A casa <strong>de</strong> culto fundada por eles, o Asé Yangbá<br />

Oloroke ti Efon 4 , ou simplesmente como era chamado, o terreiro do Oloroke, ficava situada à<br />

rua Antonio Costa, nº 12 – antiga travessa <strong>de</strong> Oloke, no bairro do Engenho Velho <strong>de</strong> Brotas –<br />

Salvador – Bahia.<br />

Em 1936 morre Maria Violão e na década <strong>de</strong> 1940, Cristovão se transfere para o Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

fixando-se no bairro do Pantanal, pertencente ao município <strong>de</strong> Duque <strong>de</strong> Caxias.<br />

Complexos processos <strong>de</strong> disputas pela sucessão sacerdotal da casa <strong>de</strong>sarticulam os a<strong>de</strong>ptos, o<br />

terreiro do Oloroke fora <strong>de</strong>sativado, transformando-se assim o Ilê Asé Fon Ogun Anaueji Ibelé<br />

Nioman – Asé Pantanal, a casa matriz da nação.<br />

Sem uma casa matriz e com raríssimos iniciados <strong>de</strong>ixados na Bahia, o Efon se populariza na<br />

região su<strong>de</strong>ste, sobretudo a Baixada Fluminense e Região metropolitana do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Dois nomes se <strong>de</strong>stacam nesse processo, Waldomiro Baiano, iniciado ainda na Bahia que veio<br />

para o Rio <strong>de</strong> Janeiro junto com Cristovão e Alvinho <strong>de</strong> Omulu, iniciado no Asé Pantanal.<br />

Ambos foram os pais <strong>de</strong> santo mais <strong>de</strong>stacados o processo <strong>de</strong> difusão da nação, tanto no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro quanto em São Paulo. Nesse processo <strong>de</strong> construção e consolidação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sociabilida<strong>de</strong>, já na década <strong>de</strong> 1960/70 esses lí<strong>de</strong>res tiveram conviveram com vários<br />

correligionários <strong>de</strong> nações diversas, além <strong>de</strong> outras religiões, complexificando muitos dos seus<br />

elementos rituais, emaranhando-os com outros elementos tradicionais <strong>de</strong> outros grupos,<br />

construindo uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> adaptada aos novos locais on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolviam.<br />

A temática das religiões afro-brasileiras é tradicionalmente domínio do campo da antropologia,<br />

sendo que nestes estudos a história da comunida<strong>de</strong>/terreiro é <strong>de</strong>stacada como contexto, quando<br />

não é tratada como um simples conjunto <strong>de</strong> eventos cronológicos sem conexão com a vida em<br />

socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacando-se nomes e momentos consi<strong>de</strong>rados relevantes numa escolha que nem<br />

sempre privilegia a experiência do grupo, mas <strong>de</strong> indivíduos isolados.<br />

A bibliografia especializada no tema do candomblé é em geral dividida em dois grupos,<br />

<strong>de</strong>nominados afrocêntricos e crioulistas. Embora na revisão bibliográfica do tema esses dois<br />

grupos se <strong>de</strong>staquem, <strong>de</strong>stacaremos as narrativas recolhidas e analisadas sob a perspectiva da<br />

metodologia da História Oral.<br />

Campanha da Fraternida<strong>de</strong>: o apoio da CNBB a Teologia da Libertação<br />

Marcelo Macedo <strong>de</strong> Almeida (UERJ)<br />

A pesquisa trata sobre como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aproximava<br />

a Doutrina Social da Igreja com os i<strong>de</strong>ais da Teologia da Libertação (TL) durante a segunda fase<br />

da Campanha da Fraternida<strong>de</strong> (CF), entre 1973 e 1984.<br />

3 As palavras entre parênteses referem-se aos nomes rituais, também chamados <strong>de</strong> orukó.<br />

4 Primeiro templo que se tem notícias <strong>de</strong>sse grupo religioso.


91<br />

A CNBB apoiava a i<strong>de</strong>ologia da Teologia da Libertação nos textos da Campanha da<br />

Fraternida<strong>de</strong> e essa mensagem era repassada aos fieis: clérigos e leigos. Explicitamente<br />

<strong>de</strong>fendido nos Textos-Base das CFs <strong>de</strong>ssa Segunda Etapa, que foram voltados para a realida<strong>de</strong><br />

social do povo brasileiro e trata temas como fome, miséria, <strong>de</strong>semprego e pobreza como<br />

“pecado social”.<br />

Muitos trabalhos acadêmicos tratam o diálogo entre a Igreja Católica e a política no Brasil, mas<br />

poucos relatando como era a voz oficial da Igreja, através da CNBB. Os que fazem relatam isso<br />

através <strong>de</strong> cartas e documentos da entida<strong>de</strong>, mas nunca com uma série <strong>de</strong> documentos tão<br />

abrangente como a Campanhas da Fraternida<strong>de</strong>, pois não dialoga apenas com clérigos e<br />

interessados com o discurso da Igreja, mas com todos os fieis, uma vez que 40 dias no ano, no<br />

período da Quaresma, o tema da campanha era pregado nas missas, chegando, assim, até o<br />

povo.<br />

Esta pesquisa tenta i<strong>de</strong>ntificar como o tema da campanha era tratado nas diversas partes do<br />

documento, voltados para sacerdotes, leigos, jovens e crianças. Através dos sermões propostos,<br />

po<strong>de</strong>mos ter um panorama <strong>de</strong> como esses padres tentavam entrelaçar i<strong>de</strong>ias do marxismo com a<br />

filosofia cristã, para conseguir esse feito eles compararam a “socieda<strong>de</strong> comunista” com o<br />

chamado “Reino <strong>de</strong> Deus na Terra”, afirmando que tanto Marx e Cristo queriam construir uma<br />

socieda<strong>de</strong> igualitária e sem excessos e apenas usavam, para isso, ferramentas distintas.<br />

O anteparo do sagrado: a liga eleitoral católica e a indissolubilida<strong>de</strong> do casamento na<br />

Constituição <strong>de</strong> 1934<br />

Patrick Correa Monteiro (UFF)<br />

O presente trabalho aborda a atuação da Liga Eleitoral Católica (LEC) na Constituição <strong>de</strong> 1934,<br />

com vistas ao amparo constitucional da instituição matrimonial como vínculo indissolúvel.<br />

Enfoca-se nesse contexto a articulação <strong>de</strong> intelectuais e políticos em torno da Igreja Católica, na<br />

finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar anteparos jurídicos contra <strong>de</strong>terminados projetos liberais, <strong>de</strong>stacando-se no<br />

presente ensaio o dispositivo da indissolubilida<strong>de</strong> do casamento como barreira ao crescente<br />

avanço dos <strong>de</strong>bates sobre o divórcio no Brasil nas primeiras décadas do século XX.


Mesa 09 – Brasil Império em <strong>de</strong>bate<br />

Sala 205 (bloco N) – 10:00 às 11:30<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Daiane Azeredo<br />

92<br />

A Socieda<strong>de</strong> Cearense Libertadora e um projeto <strong>de</strong> abolição no Ceará (1881 – 1884)<br />

Camila <strong>de</strong> Sousa Freire (UERJ – FFP)<br />

O trabalho a ser apresentado é resultado da minha pesquisa da Monografia e da pesquisa <strong>de</strong> IC<br />

na qual trabalho, que busca analisar a escrita da História Nacional nas primeiras décadas<br />

republicanas. Na Monografia analiso o movimento abolicionista na Província do Ceará, que<br />

culmina em sua abolição total em 1884, quatro anos antes da Lei Áurea, e que insere-se na<br />

pesquisa <strong>de</strong> IC a partir do momento em que a abolição <strong>de</strong>sta província será usada<br />

posteriormente nesse processo <strong>de</strong> escrita da História Nacional, como um feito fortalecedor da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional e regional.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é analisar o movimento abolicionista cearense, a partir <strong>de</strong> conceitos<br />

tais como: centro/periferia, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional/nacional, radicalida<strong>de</strong>/conservadorismo e<br />

alterida<strong>de</strong>; bem como as influências <strong>de</strong>sses intelectuais e suas tentativas <strong>de</strong> legitimação. Para<br />

tanto são usados os seguintes autores: Michael Pollak, Maurice Halbwaches, Anne-Marie<br />

Thiesse, Benedict An<strong>de</strong>rson, Carlo Guinzburg, Tzvetán Todorov, Roger Chartier, Raimundo<br />

Girão, Pedro A. <strong>de</strong> O. Silva, entre outros. O movimento abolicionista cearense é então analisado<br />

a partir da atuação da Socieda<strong>de</strong> Cearense Libertadora, a principal socieda<strong>de</strong> abolicionista<br />

daquela província, li<strong>de</strong>rando o movimento; e seu jornal, o Libertador, no qual era exposta sua<br />

propaganda. Dessa forma analiso o pioneirismo do abolicionismo cearense e suas relações com<br />

as <strong>de</strong>mais províncias do país, neste momento em lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no movimento abolicionista<br />

brasileiro.<br />

A divulgação <strong>de</strong> uma Pedagogia politica conservadora por Justiniano José da Rocha em O<br />

Brasil em 1843.<br />

Tatiane Rocha <strong>de</strong> Queiroz (UNIRIO)<br />

Este trabalho consiste no estudo e na análise <strong>de</strong> um dicionário Critico da Língua Política<br />

publicado na seção Lições da Experiência do periódico O Brasil, no ano <strong>de</strong> 1843. O periódico<br />

supracitado foi criado em 1840, pelos jornalistas Justiniano José da Rocha e Firmino Rodrigues<br />

da S. a pedido do então Ministro da Justiça Paulino José Soares <strong>de</strong> Sousa, representante do<br />

grupo político Regressista. Ele achava que as opiniões e os atos do governo, além <strong>de</strong> sua<br />

publicida<strong>de</strong> oficial, <strong>de</strong>veriam ser explicitados e <strong>de</strong>fendidos por um periódico que equilibrasse as


93<br />

discussões políticas que se davam na imprensa naquele período. Fato que <strong>de</strong>monstra que<br />

imprensa no século XIX se tornou um gran<strong>de</strong> polo irradiador <strong>de</strong> novas i<strong>de</strong>ias políticas e <strong>de</strong><br />

fixação <strong>de</strong> ‘’velhos’’ significados.<br />

De forma que em nossa análise partiremos do pressuposto <strong>de</strong> que o dicionário Critico da Língua<br />

Política orientou e fixou significados que pu<strong>de</strong>ram informar a política, do grupo o qual<br />

Justiniano J. da Rocha era coligado – partido regressista, futuro partido conservadores. Como<br />

também a <strong>de</strong> seus opositores políticos – grupo progressista, futuro partido Liberal. Ou seja,<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos que competiu a esse dicionário instituir uma nova ‘linguagem política’’ que<br />

servisse a instituição da or<strong>de</strong>m qual os regressistas- conservadores tanto almejavam estabelecer<br />

como projeto <strong>de</strong> Estado e Nação.<br />

Po<strong>de</strong>r e barganha: mulheres cariocas no mercado creditício nas duas primeiras décadas<br />

do século XIX<br />

Daiane Estevam Azeredo (UFRRJ)<br />

Este trabalho tem por objeto analisar como as mulheres se colocavam em uma socieda<strong>de</strong> do tipo<br />

patriarcal e em que medida estas participaram como agentes no mercado creditício fluminense<br />

entre os anos <strong>de</strong> 1800 e 1820. Preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>monstrar por meio da análise <strong>de</strong> escrituras <strong>de</strong><br />

dívida, venda com débito e quitação do Primeiro Ofício <strong>de</strong> Notas do Rio <strong>de</strong> Janeiro que o fato<br />

<strong>de</strong> ser mulher no período colonial brasileiro não inibiu as participações nas negociações e nem o<br />

intercâmbio <strong>de</strong> crédito entre homens e mulheres. Acreditamos que mesmo com a premissa <strong>de</strong><br />

que o campo dos negócios <strong>de</strong>veria ser regido preferencialmente por algum homem da família,<br />

algumas mulheres participaram como sujeitos ativos nas negociações creditícias. Dessa maneira,<br />

preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>monstrar quais foram as motivações econômicas e sociais que impulsionaram ou<br />

impeliram essas mulheres a estabeleceram transações <strong>de</strong> crédito, atuando assim no sentido<br />

contrário ao que a estrutura da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminava.


Mesa 10 – Regionalismo em <strong>de</strong>bate: estudos <strong>de</strong> caso<br />

Sala 510 (bloco O) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Pedro Silva<br />

94<br />

A prefeitura do Distrito Fe<strong>de</strong>ral nos tempos <strong>de</strong> Dodsworth: administração e intervenção<br />

urbana (1937-1945). Notas <strong>de</strong> uma pesquisa em andamento.<br />

Pedro Sousa da Silva (UFF)<br />

O presente trabalho tem o objetivo <strong>de</strong> apresentar os resultados iniciais da pesquisa sobre o<br />

mandato do interventor Henrique Dodsworth no Rio <strong>de</strong> Janeiro dos tempos do Estado Novo. Tal<br />

analise, a se foca sobre um período da História do Distrito fe<strong>de</strong>ral on<strong>de</strong> centralização política e<br />

repressão às oposições se combinaram com um programa <strong>de</strong> reformas do espaço público da<br />

capital fe<strong>de</strong>ral cujo maior símbolo foi a abertura da Avenida Presi<strong>de</strong>nte Vargas. Surgindo como<br />

uma solução conservadora para estabilizar as disputas políticas <strong>de</strong>correntes do repentino fim da<br />

gestão <strong>de</strong> Pedro Ernesto, a interventoria <strong>de</strong> Henrique Dodsworth se prolongaria por<br />

praticamente toda a duração da ditadura do Estado Novo. Analisar o estabelecimento <strong>de</strong>ste<br />

governo, junto às relações sociais implícitas nas intervenções no espaço urbano realizadas por<br />

este governo se constitui como um horizonte <strong>de</strong> pesquisa, cujas perspectivas iniciais serão<br />

apresentadas.<br />

Os espaços <strong>de</strong> disputa <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> da elite local <strong>de</strong> São João <strong>de</strong><br />

Meriti (1930-1937)<br />

Romero Jasku Bastos (UNIRIO)<br />

O presente trabalho tem por objetivo reconstruir as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> e os espaços <strong>de</strong><br />

disputa <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que forneceram a base para o surgimento <strong>de</strong> novos atores e para a manutenção<br />

<strong>de</strong> certos grupos enquanto classe dominante em São João <strong>de</strong> Meriti, então distrito <strong>de</strong> Nova<br />

Iguaçu, durante o período que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1930 até 1937, ano do golpe dá inicio ao Estado<br />

Novo, período <strong>de</strong> exceção que altera radicalmente a dinâmica do jogo político na Baixada<br />

Fluminense. Assim, a partir da análise e interpretação da forma <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong> alguns dos<br />

principais atores pertencentes às elites políticas locais <strong>de</strong> São João <strong>de</strong> Meriti, trata-se <strong>de</strong><br />

recuperar as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> e os espaços <strong>de</strong> disputa <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, procurando <strong>de</strong>svendar<br />

como essas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> e as disputas políticas no interior <strong>de</strong>sses espaços interferiram<br />

na maneira como as elites locais recrutavam seus membros e permitiram a manutenção <strong>de</strong> certos<br />

grupos enquanto classe dominante num quadro <strong>de</strong> profundas mudanças e transformações que<br />

também se fizeram sentir no município <strong>de</strong> Nova Iguaçu nos anos que se seguiram após a


95<br />

revolução <strong>de</strong> 1930, quando houve uma alteração no jogo político do município fluminense, com<br />

antigas li<strong>de</strong>ranças per<strong>de</strong>ndo espaço e ce<strong>de</strong>ndo lugar a novos atores que surgiam.<br />

A Caixa Estadual <strong>de</strong> Casas para o Povo – CECAP – e o interior paulista: a atuação <strong>de</strong><br />

uma autarquia governamental na construção <strong>de</strong> conjuntos habitacionais.<br />

Michele Aparecida Siqueira Dias (UNIFESP)<br />

A presente pesquisa <strong>de</strong> iniciação científica preten<strong>de</strong> refletir sobre as bases <strong>de</strong> atuação do<br />

primeiro órgão do governo do Estado <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong>stinado a produção <strong>de</strong> habitação social, a<br />

autarquia CECAP – Caixa Estadual <strong>de</strong> Casas para o Povo – durante o período da ditadura civil –<br />

militar.<br />

Segundo a historiografia da habitação social, o período militar foi caracterizado pela<br />

institucionalização <strong>de</strong> órgãos fe<strong>de</strong>rais para garantir recursos <strong>de</strong>stinados ao financiamento <strong>de</strong><br />

moradias, ao mesmo passo em que as soluções construtivas utilizadas <strong>de</strong>monstravam um<br />

interesse maior nos aspectos financeiros do que na inserção urbana e qualida<strong>de</strong> arquitetônica.<br />

Esta pesquisa preten<strong>de</strong> analisar três conjuntos habitacionais promovidos pela CECAP no interior<br />

<strong>de</strong> São Paulo (nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Taubaté, Serra Negra e Caçapava) durante a década <strong>de</strong> 1970 –<br />

momento em que a autarquia propôs a construção <strong>de</strong> habitações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> como parte <strong>de</strong><br />

uma política governamental para o <strong>de</strong>senvolvimento do interior do Estado. Para analise <strong>de</strong>sta<br />

pesquisa, preten<strong>de</strong>mos compreen<strong>de</strong>r como estes conjuntos habitacionais se inseriram na malha<br />

urbana, seus pressupostos arquitetônicos mo<strong>de</strong>rnos e o que foi efetivamente construído, em<br />

meio a uma crise contemporânea da arquitetura mo<strong>de</strong>rna e a política habitacional empregada<br />

pelo governo <strong>de</strong> São Paulo até o momento em que a autarquia foi <strong>de</strong>sativada.<br />

Enraizamento Político e Reforma Urbana: a Praça da República e o Porto <strong>de</strong> Niterói no<br />

governo <strong>de</strong> Feliciano Sodré (1924-1927).<br />

Guilherme dos Santos Cavotti Marques (UERJ – FFP)<br />

Nas duas primeiras décadas do século XX, Niterói fora objeto <strong>de</strong> intervenções urbanas que,<br />

apesar <strong>de</strong> menor escala quando comparadas as do Rio <strong>de</strong> Janeiro, se configuraram pela sua<br />

relevância na transformação do espaço urbano e social, sendo igualmente compreendido como a<br />

materialização <strong>de</strong> um novo projeto político.<br />

Após duas décadas <strong>de</strong> domínio nilista, assentadas nas bases <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r locais, o plano político no<br />

Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro passa por intensas mudanças durante a década <strong>de</strong> 1920, sobretudo após<br />

a vitória <strong>de</strong> Artur Bernar<strong>de</strong>s nas eleições presi<strong>de</strong>nciais. Neste cenário, após sofrer importantes<br />

<strong>de</strong>fecções, o grupo capitaneado por Nilo Peçanha se enfraquece, per<strong>de</strong>ndo espaço para a então


96<br />

oposição centrada na figura <strong>de</strong> Feliciano Sodré.<br />

Por seu turno, Sodré viria a encampar um novo projeto urbano para a capital, possibilitado<br />

através <strong>de</strong> empréstimos internacionais e acordos com o plano fe<strong>de</strong>ral, com a construção <strong>de</strong><br />

estruturas que visariam, através da retórica política, dotar Niterói <strong>de</strong> maior in<strong>de</strong>pendência frente<br />

à cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, reafirmando a sua capitalida<strong>de</strong>. Estas intervenções viriam a resultar<br />

na construção da Praça da República e no Porto <strong>de</strong> Niterói, entre os anos <strong>de</strong> 1924-27.<br />

Temos por objetivo <strong>de</strong>stacar a dimensão política <strong>de</strong> tais intervenções, ou seja, para além <strong>de</strong><br />

estarem alinhadas aos interesses do novo grupo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, tais obras teriam por objetivo um<br />

maior enraizamento <strong>de</strong> Sodré no Estado do Rio. Igualmente, procuraremos <strong>de</strong>stacar as<br />

diferenças entre os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> intervenção no espaço urbano entre os grupos chefiados por Nilo<br />

Peçanha e Feliciano Sodré, afinal, enquanto o primeiro advogava uma intervenção <strong>de</strong> cunho<br />

liberal, Sodré encampava o discurso da intervenção tutelada pelo Estado.<br />

Mesa 11 – Discussões étnico-raciais na Contemporaneida<strong>de</strong><br />

Auditório (2° andar do bloco O) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Alan Dutra<br />

“V z A â N ó v os Estados Unidos<br />

(1772-1897)”<br />

Rafael Domingos Oliveira da Silva (UNIFESP)<br />

Esta pesquisa consiste na análise <strong>de</strong> autobiografias e memórias escritas por negras e negros<br />

escravizados e libertos, sobretudo em língua inglesa, entre 1772 e 1897. Procura-se<br />

compreen<strong>de</strong>r essas narrativas por meio das dinâmicas da produção social da escrita e da<br />

memória sobre a escravidão negra, a partir da noção <strong>de</strong> experiência. As slaves narratives, como<br />

são conhecidos esses documentos, foram produzidas em torno da luta abolicionista ou por ela<br />

foram utilizadas, e constituem um corpus textual com gran<strong>de</strong> potencial para a compreensão<br />

das complexas formas <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> lutas pela liberda<strong>de</strong> no contexto da<br />

escravidão. Articulando saberes que circulavam no Atlântico, como as práticas <strong>de</strong> letramento e<br />

cristianização, esses documentos representam as vozes <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> sujeitos escravizados<br />

que, com sua agência, constituíram o Atlântico Negro. Esta comunicação busca apresentar a<br />

potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes relatos para a historiografia da escravidão nas Américas, sugerindo<br />

aproximações com a experiência da escravidão no Brasil.


97<br />

“D A ” M ó N v Ch<br />

Science e Nação Zumbi na formação do Movimento Manguebeat (1980-1997)<br />

Amanda Fará <strong>de</strong> Lucas (UFF)<br />

O tema abordado por essa pesquisa perscruta as memórias e narrativas da banda pernambucana<br />

Chico Science e Nação Zumbi na construção do movimento Manguebeat, entre os anos <strong>de</strong> 1980<br />

e 1997.<br />

Chico Science ficou conhecido por produzir uma obra musical que integra ritmos brasileiros e<br />

ritmos internacionais. Em meio aos <strong>de</strong>safios da globalização, o grupo Chico Science e Nação<br />

Zumbi ao lado <strong>de</strong> Mundo Livre S/A, Faces do Subúrbio, Sheik Tosado e Mestre Ambrósio,<br />

reformularam conceitos <strong>de</strong> música no cenário brasileiro, além <strong>de</strong> levantar questões sobre a<br />

política vigente as relações sociais do estado <strong>de</strong> Pernambuco.<br />

Science se calcou na diversida<strong>de</strong> biológica dos manguezais e nos conceitos sobre o mangue<br />

utilizados por Josué <strong>de</strong> Castro para caracterizar o cenário musical <strong>de</strong> Recife e Olinda. Chamou<br />

então o movimento <strong>de</strong> Manguebeat, introduzindo a palavra beat, para qualifica-lo como a batida<br />

do Mangue.<br />

Neste sentido, a metodologia usada nesta pesquisa conta com aportes das áreas da História Oral<br />

e da História e Música. Possui como base teórica os conceitos <strong>de</strong> hibridismo cultural apontado<br />

por Néstor Canclini, os conceitos <strong>de</strong> memória, narrativa e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> explicitado por diversos<br />

historiadores, entre eles Pierre Laborie além do conceito <strong>de</strong> performance <strong>de</strong>senvolvido por Paul<br />

Zumthor.<br />

Museu e socieda<strong>de</strong>: os ecos do Museu Afro Brasil. Um estudo sobre o discurso da Museu e<br />

o movimento negro brasileiro contemporâneo.<br />

Ana Carla Hansen da Fonseca (UNIFESP)<br />

Tomando por base a análise proferida por Hartog (2006) referente ao Presentismo e à obsessão<br />

pela preservação da memória, a pesquisa, em andamento, visa analisar como tais fenômenos<br />

contemporâneos acima referidos, fazem com que diferentes grupos coloquem em pauta<br />

memórias que antes eram renegadas pela historiografia e memória oficial.<br />

Neste contexto, busca-se analisar como o atual Regime <strong>de</strong> Historicida<strong>de</strong> e também as discussões<br />

a respeito do Pan-Africanismo influenciaram a fundação do Museu Afro Brasil (MAB) na<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, no ano <strong>de</strong> 2004, e como este, por sua vez, influencia a socieda<strong>de</strong> na busca<br />

da valorização da memória negra, através <strong>de</strong> seu discurso expositivo. Desta forma, a presente<br />

pesquisa analisa o museu como um espaço ativo nas discussões políticas da socieda<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo<br />

ser circunscrito em um conceito <strong>de</strong> “Museu-Partido”, por ter claramente pautas políticas


98<br />

<strong>de</strong>fendidas a partir <strong>de</strong> sua expografia.<br />

Futuramente, ainda em <strong>de</strong>finição, a pesquisa preten<strong>de</strong> verificar a recepção do museu na<br />

socieda<strong>de</strong>, especificamente através <strong>de</strong> grupos representantes <strong>de</strong> esferas do Movimento Negro,<br />

que versam sobre o mesmo tema presente na instituição museológica, buscando verificar<br />

aproximações e/ou distanciamentos quanto aos pontos <strong>de</strong>fendidos pelo MAB.<br />

Esta é uma pesquisa <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> mestrado, realizado na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo,<br />

financiada pela CAPES.<br />

I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, raça e classe: poesia e negritu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Solano Trinda<strong>de</strong> (1940-1960)<br />

Camila Pizzolotto Alves das Chagas (UFF)<br />

O presente projeto tem como objeto <strong>de</strong> pesquisa as poesias <strong>de</strong> Solano Trinda<strong>de</strong> e a relação entre<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> negra, raça e classe social na obra do poeta e sua inserção no movimento negro, no<br />

período que vai <strong>de</strong> 1940 até 1960. A pesquisa preten<strong>de</strong> aprofundar estudos iniciados na<br />

monografia <strong>de</strong>senvolvida por mim no curso <strong>de</strong> História, on<strong>de</strong> comecei a analisar as relações<br />

entre o movimento negro brasileiro, a poesia <strong>de</strong> Solano Trinda<strong>de</strong> e a produção <strong>de</strong> um<br />

contradiscurso presente em seus poemas que tinham como tema o candomblé.<br />

Nascido em Pernambuco, em 1908, Trinda<strong>de</strong> foi um dos primeiros poetas a introduzir temas,<br />

ritmos e expressões do candomblé na poesia brasileira, valorizando a negritu<strong>de</strong> e reivindicando<br />

origens africanas. Colocou no centro das atenções uma simbologia que, embora fosse velha<br />

conhecida dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> escravos, era nova <strong>de</strong>ntro da poesia e dos círculos literários. O<br />

poeta assume a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> que vai levar ao longo da vida: é preto, pobre e proletário, <strong>de</strong> modo<br />

que sua obra e militância estão diretamente ligadas a essas três características.<br />

A luta em duas frentes vai <strong>de</strong>finir a vida <strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong>. Se por um lado militava no movimento<br />

negro, produzia poemas e textos sobre religiões afro-brasileiras e exaltava a afirmação <strong>de</strong> uma<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> negra, por outro o poeta pernambucano não podia ignorar que a luta pelo fim do<br />

racismo era uma luta pelo fim <strong>de</strong> toda e qualquer exploração, <strong>de</strong> nível internacional, que<br />

juntasse todos os trabalhadores do mundo.


Mesa 12 – Organizações e movimentações políticas no Brasil República<br />

Sala 310 (bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Raphael Duarte<br />

99<br />

Trajetória política do militante comunista João da Costa Falcão durante o Estado Novo<br />

Geferson Santana <strong>de</strong> Jesus (UNIFESP)<br />

A presente comunicação se propõe a refletir sobre o movimento antifascista no Estado da Bahia,<br />

a partir das memórias do militante comunista, empresário e jornalista João da Costa Falcão. Ele<br />

é consi<strong>de</strong>rado um dos mais importantes lí<strong>de</strong>res do movimento político-partidário do Partido<br />

Comunista do Brasil (PCB), e esteve envolvido juntamente com os comunistas da célula baiana<br />

do PCB no movimento antifascista que se <strong>de</strong>senvolveu e propagou pelo território baiano com a<br />

<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> guerra <strong>de</strong> 1942, feita pelo Estado Novo do presi<strong>de</strong>nte Getúlio Dornelles Vargas<br />

aos eixistas li<strong>de</strong>rados por Adolf Hitler na Alemanha e Benito Mussolini na Itália. Essa gran<strong>de</strong><br />

movimentação contou com a colaboração <strong>de</strong> multifacetados sujeitos sociais e políticos,<br />

compondo um verda<strong>de</strong>iro front que incentivou movimentos antifascistas em outros Estados<br />

brasileiros. A partir das memórias <strong>de</strong>sse comunista narradas em quarto livros (auto)biográficos,<br />

nos incumbimos <strong>de</strong> refletir criticamente sobre esse movimento tentando enten<strong>de</strong>r suas<br />

especificida<strong>de</strong>s, e repercussões no cenário nacional, regional e local, especialmente sua<br />

militância ferrenha contra o Eixo, pregando o ódio e <strong>de</strong>struição aos seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Esta<br />

reflexão, parte dos pressupostos teórico-metodológicos da chamada Nova História Política<br />

formulados pelo historiador francês René Rémond, assim como das discussões teóricas<br />

referentes ao campo da memória <strong>de</strong> Maurice Halbwachs, Pierre Nora, Michel Pollack, Jacques<br />

Le Goff e Philippe Lejeune.<br />

Partido dos Trabalhadores, cultura política e circulação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias<br />

Raphael Fernan<strong>de</strong>s Xavier Duarte (UFF)<br />

A partir <strong>de</strong> um estudo atento da revista Teoria e Debate, <strong>de</strong> circulação interna do Partido dos<br />

Trabalhadores, criada no ano <strong>de</strong> 1986, <strong>de</strong> suas interseções com o partido e dos fluxos dos seus<br />

mais diversos agentes em seu interior; buscamos observar o movimento e o papel das i<strong>de</strong>ias e<br />

sua circulação para as mudanças do PT. Para tal analisamos da 1º a 50º edição da revista, que se<br />

localizam no período histórico <strong>de</strong> 1987 a 2002, anos que coinci<strong>de</strong>m com suas mudanças<br />

fisionômicas. Acreditamos que seu intuito inicial seria ampliar e aperfeiçoar o processo <strong>de</strong><br />

circulação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias entre as camadas dirigentes, intelectuais do partido e a base militante,<br />

contribuindo para formar um campo semântico comum, um universo cultural compartilhado,


100<br />

permitindo um sentimento <strong>de</strong> pertencimento e a construção <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> militante e<br />

partidária.<br />

Nosso interesse resi<strong>de</strong> no entendimento da revista quanto um espaço <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> distinto<br />

dos espaços formais do partido, pois não era premente a disputa <strong>de</strong>liberada <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, mas pelas<br />

suas características refletia estes enfrentamentos, porém, mobilizando outros recursos. Sendo<br />

ponto <strong>de</strong> contato entre intelectuais ― profissionais do mundo das i<strong>de</strong>ias ― dirigentes<br />

partidários, políticos profissionais e militantes do partido, com suas formas diferenciadas <strong>de</strong><br />

apropriações, práticas e usos das i<strong>de</strong>ias. Concluímos que a revista em suas seções refletiu o<br />

percurso feito pelo PT em respostas às mudanças históricas que culminaram em alterações em<br />

sua fisionomia.<br />

Entre cartas: uma contribuição para o estudo da Revolução <strong>de</strong> 1924 em São Paulo e <strong>de</strong><br />

suas ligações com a Coluna Miguel Costa Prestes<br />

Maria Clara Spada <strong>de</strong> Castro (UNIFESP)<br />

Este mestrado tem como tema as ligações entre a revolta tenentista <strong>de</strong> 1924 na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo com a Coluna Miguel Costa Prestes, tendo como objeto <strong>de</strong> estudo os participantes <strong>de</strong>stes<br />

movimentos, sejam eles civis ou militares. Seu recorte historiográfico se inicia com o preparo da<br />

rebelião em São Paulo ainda em 1923 e se encerra em 1927 quando os participantes da Coluna<br />

Miguel Costa Prestes se exilaram na Bolívia.<br />

O trabalho busca compreen<strong>de</strong>r, principalmente, por meio das cartas trocadas entre os<br />

rebel<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> suas trajetórias, como se <strong>de</strong>u a formação da chamada Coluna Miguel Costa Prestes<br />

a partir da retirada das tropas revolucionárias da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo em 27 <strong>de</strong> julho 1924, que<br />

marcharam em direção a Foz do Iguaçu, on<strong>de</strong> se juntaram às tropas do capitão Luís Carlos<br />

Prestes, optando, assim, pela tática <strong>de</strong> guerra <strong>de</strong> movimento.<br />

Os agentes em questão não se limitam às li<strong>de</strong>ranças, origem social, gênero ou profissão,<br />

uma vez que os chamados "tenentes" também possuíam outras patentes, ou ainda, não as<br />

possuíam como no caso dos operários e profissionais liberais que se envolveram nos<br />

movimentos caracterizados como apenas militares na década 1920. Dessa maneira outras<br />

questões permeiam o trabalho como <strong>de</strong> que forma estes movimentos se organizaram, a partir dos<br />

interesses e objetivos particulares dos grupos diversos que a constituíram? quem eram estes<br />

sujeitos? <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vieram? como se inseriram no meio militar? <strong>de</strong> que forma se relacionavam no<br />

dia-a-dia?


101<br />

Vem pra rua vem, ecoa em 2015? Uma análise das manifestações <strong>de</strong> 2013 sob uma<br />

perspectiva jurídica-histórica<br />

Elisabeth da Silva dos Passos (UERJ)<br />

Luis Claudio Silva Miranda (UERJ)<br />

Em 2013, as diversas capitais do país foram tomadas pelas multidões que requeriam a<br />

diminuição do valor das passagens. Conseguiram o feito. Mas, em 2015, os aumentos foram<br />

retomados e poucos foram às ruas. O que torna o evento <strong>de</strong> 2013 singular? E o que gerou este<br />

distanciamento das ruas em 2015? Compreen<strong>de</strong>r este evento, não é uma tarefa fácil. Poucos<br />

historiadores se posicionaram sobre o tema, ou mesmo os <strong>de</strong>mais estudiosos das ciências sociais<br />

e políticas. Ainda hoje, poucos se <strong>de</strong>bruçam sobre este tema. Assim, <strong>de</strong>vido ao tempo curto para<br />

analisarmos as manifestações e suas consequências. Propomos-nos, nesta época <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

discussões políticas, nos centrarmos sobre uma das principais questões que emergiram após as<br />

manifestações <strong>de</strong> 2013, que é a da Reforma Política. Percebe-se, inicialmente, a gran<strong>de</strong><br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se apreen<strong>de</strong>r o “fazer a política” nos mol<strong>de</strong>s tradicionais, através da<br />

representativida<strong>de</strong> dos partidos políticos ou mesmo <strong>de</strong> li<strong>de</strong>res, em suas atuações no Congresso<br />

Nacional e nas Assembleias Legislativas Estaduais. Em novos tempos, novas formas e<br />

questionamentos surgem. Nesta comunicação direcionaremos a nossa análise para a proposição<br />

<strong>de</strong>sta reforma política.<br />

Mesa 13 – Discutindo Instituições, História e historiografia das relações raciais<br />

Sala 303 (bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Leandro Silveira<br />

“Q v ?” I N M ú<br />

Lamartine Babo.<br />

Maria Clara Martins Cavalcanti (UFF)<br />

A constituição do projeto <strong>de</strong> nação brasileira empreendido durante a Era Vargas foi<br />

marcada pela necessida<strong>de</strong> da afirmação do país como um local <strong>de</strong> convívio harmônico entre as<br />

três raças que o compunham. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional que emergia colocava em voga a<br />

valorização da mestiçagem e surgiam assim novos investimentos nas concepções das teorias<br />

raciais no Brasil. O espaço da cultura popular não ficou a parte <strong>de</strong>ssas concepções e a temática<br />

da mestiçagem esteve presente em muitas produções musicais do período. O governo e os<br />

intelectuais empreen<strong>de</strong>ram um processo <strong>de</strong> valorização <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas manifestações culturais<br />

populares a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitar o que era legitimamente brasileiro pelo seu caráter único, mestiço e


102<br />

por isso, estritamente nacional. Nesse sentido, percebe-se que tanto a produção intelectual sobre<br />

a mistura das raças, quanto a produção musical popular, estabeleceram relações com o projeto<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional que estava em voga no período. O que se preten<strong>de</strong> fundamentalmente<br />

nesse trabalho é enten<strong>de</strong>r quais os elementos <strong>de</strong>sse projeto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional percorreram a<br />

produção da música popular no governo Vargas, principalmente na voz do conhecido<br />

compositor <strong>de</strong> marchinhas Lamartine Babo. Faz-se imprescindível pontuar que o contexto<br />

social, político e econômico do país exercem uma influência consi<strong>de</strong>rável na produção musical<br />

do período e enten<strong>de</strong>r quais elementos permeiam essa produção significa <strong>de</strong>svendar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

significados que se estabelecem <strong>de</strong> cima para baixo (do governo para os cantores), mas também<br />

<strong>de</strong> baixo para cima.<br />

Entrando pelo buraco da fechadura: <strong>de</strong> olho na janela e com os ouvidos na rua, a moral no<br />

interior das Associações dos Homens <strong>de</strong> Cor<br />

Emanoel da Cunha Germano (UFRJ)<br />

Tendo em vista as novas pesquisas contemporâneas comprometidas a analisar o campo da pósabolição<br />

no contexto da realida<strong>de</strong> brasileira, poucas têm <strong>de</strong>safiado aspectos no que tange a<br />

construção das moralida<strong>de</strong>s nas associações dos homens <strong>de</strong> cor. Possivelmente a repercussão <strong>de</strong><br />

alguns trabalhos sobre o pós-emancipação dos escravos nas Américas, tem <strong>de</strong>monstrado<br />

comparações relevantes, ao captar os diversos sentidos e significados o movimento histórico das<br />

diversas experiências e perspectivas do pós-abolição no ambiente das i<strong>de</strong>ias na socieda<strong>de</strong><br />

brasileira, e é claro que, com características próprias.<br />

É chamando atenção para o interior das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>s que as associações dos homens<br />

<strong>de</strong> cor vieram a se tornar um fenômeno com a virada do ultimo quartel do século XIX. Suas<br />

formações foram elaboradas, frente uma socieda<strong>de</strong> pós-escravista, com a união <strong>de</strong> seus pares<br />

para através <strong>de</strong>las ajudarem-se mutuamente. O aspecto que chama atenção <strong>de</strong>sse processo é que<br />

esses agentes eram formados tanto por escravos africanos cativos, quanto por libertos do treze<br />

<strong>de</strong> maio, isso por meio <strong>de</strong> sindicatos, clubes, organizações, <strong>de</strong>ntre outras congregações que<br />

foram erigidas antes e após abolição <strong>de</strong> 1888.<br />

Contudo, <strong>de</strong>monstrar-se-á no percorrer do trabalho, assim como, apresentará quão significativo<br />

é compreen<strong>de</strong>rmos os aspectos que fomentaram as agências <strong>de</strong>sses grupos que sistematizaram<br />

todo um emaranhado <strong>de</strong> proposições históricas que hoje são analisadas à luz dos estudos sobre o<br />

pós-emancipação.


103<br />

Além <strong>de</strong> uma partida <strong>de</strong> futebol: um campeonato na Província Ultramarina <strong>de</strong> Angola<br />

Núbia Aguilar Moreno (UFF)<br />

As praticas esportivas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a antiguida<strong>de</strong>, vinculam-se a um papel fundamental do âmbito<br />

social. Com sua proliferação no século XIX, com uma associação a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, teremos<br />

as mesmas esten<strong>de</strong>ndo-se ao continente africano. Mais do que jogos a serem realizados o<br />

esporte é um intenso agente no processo <strong>de</strong> colonização, sendo uma via <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong><br />

costumes e práticas portuguesas nas socieda<strong>de</strong>s então ditas conquistadas, ao mesmo tempo em<br />

que ele possui gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> canalização das angustias e da resistência dos colonizados. O<br />

objetivo <strong>de</strong>sse trabalho é analisar a manifestação do esporte na socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Angola no século<br />

XX, mostrando como este reproduz um forte meio <strong>de</strong> resistência à situação colonial.<br />

“ ” (1820-1830)<br />

Ana Paula da Conceição Nascimento<br />

O abandono da interpretação <strong>de</strong> uma África essencializada se mostra importante não apenas<br />

para a compreensão da dinâmica própria <strong>de</strong>ssa região, como também para a análise da formação<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s em diversos contextos ao longo do Atlântico. Assim,a perspectiva que contempla<br />

a multiplicida<strong>de</strong> colabora para um maior entendimento da atuação e inserção <strong>de</strong> homens e<br />

mulheres oriundos daquelas regiões, notadamente em situação <strong>de</strong> cativeiro. Consonante com<br />

essa interpretação, diferentes autores empreen<strong>de</strong>m pesquisas cujo foco temático aborda os<br />

africanos e suas variadas <strong>de</strong>signações e regiões <strong>de</strong> procedência.<br />

Por outro lado, os estudos frequentam em <strong>de</strong>masia os registros relativos aos personagens<br />

i<strong>de</strong>ntificados como proce<strong>de</strong>ntes da África Oci<strong>de</strong>ntal, com especial atenção aos <strong>de</strong>nominados<br />

“negros minas”. Mas, para além dos grupos situados na supracitada <strong>de</strong>nominação, procuramos<br />

contemplar no presente estudo a trajetória <strong>de</strong> homens e mulheres que mantinham diferentes<br />

ligações com a região i<strong>de</strong>ntificada como Benguela e seus arredores. Os cenários <strong>de</strong> análise são<br />

as cida<strong>de</strong>s do Rio <strong>de</strong> Janeiro e Benguela. Por meio do levantamento <strong>de</strong> testamentos, inventários,<br />

registros <strong>de</strong> batismos e anúncios <strong>de</strong> jornais procuramos i<strong>de</strong>ntificar e analisar as diferentes<br />

estratégias sociais <strong>de</strong> homens e mulheres que experienciaram viagens entre esses dois portos.<br />

Assim, enfocamos histórias <strong>de</strong> indivíduos que trafegaram pelas margens do oceano Atlântico,<br />

em situação <strong>de</strong> cativeiro ou em condição <strong>de</strong> livres com o intuito analisar os vínculos entre essas<br />

duas regiões. Para tal objetivo, as experiências sociais cotidianas são contempladas no sentido<br />

<strong>de</strong> melhor compreen<strong>de</strong>r como os escravos “benguelas” ou a população livre oriunda daquela<br />

região elaboravam estratégias e construíam laços <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>, no contexto do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, em conexão com o porto <strong>de</strong> Benguela.<br />

Palavras-chaves: Benguela – Comércio – I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>


Mesa 14 – O rural brasileiro: múltiplas abordagens<br />

Sala 308 (bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Pedro Cassiano<br />

104<br />

Quando narrar é resistir: o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização do sertão mineiro na voz <strong>de</strong> velhos<br />

sertanejos.<br />

Gustavo Ferreira Fialho (UFF)<br />

O sertão <strong>de</strong> Minas Gerais foi, <strong>de</strong> certo modo, imortalizado na obra <strong>de</strong> Guimarães Rosa como um<br />

lugar místico, <strong>de</strong> muitas belezas naturais e gran<strong>de</strong>s contadores <strong>de</strong> “casos”. É ainda, nas palavras<br />

<strong>de</strong> Rosa, um “entre-lugar”, on<strong>de</strong> as oposições se misturam e são possíveis; bem e o mal, homem<br />

e natureza, amor e violência, tradicional e mo<strong>de</strong>rno muitas vezes se confun<strong>de</strong>m, fazendo<br />

enriquecer a experiência dos homens e mulheres. A partir dos anos 60, entretanto, a região<br />

passou por um processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização, comum ao meio rural brasileiro. Não só a produção<br />

agrícola e suas relações foram modificadas, mas também o intercâmbio cultural cida<strong>de</strong>-campo<br />

intensificou-se, <strong>de</strong>vido principalmente à expansão do rádio e televisão.<br />

Assim, o homem do sertão perdia suas referências tradicionais. Esta comunicação preten<strong>de</strong><br />

refletir sobre a narrativa e a construção da memória <strong>de</strong> velhos sertanejos mineiros, os contadores<br />

<strong>de</strong> “casos”, diante das mudanças ocorridas no meio rural brasileiro na segunda meta<strong>de</strong> do século<br />

XX. É possível, através <strong>de</strong> suas narrativas, alcançar um aspecto mais total <strong>de</strong>ste processo <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rnização, que passe pela subjetivida<strong>de</strong> dos agentes históricos e pelo conflito entre as visões<br />

<strong>de</strong> mundo sertaneja e mo<strong>de</strong>rna. Ligados à tradição, estes sertanejos encontram em suas estórias a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistirem.<br />

Extensão rural e o II Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento (II PND) – 1974-1979<br />

Pedro Cassiano Farias <strong>de</strong> Oliveira (UFF)<br />

O presente trabalho visa, através <strong>de</strong> uma análise da bibliografia e <strong>de</strong> documentos originais,<br />

buscar a relação entre a criação da Empresa Brasileira <strong>de</strong> Assistência Técnica e Extensão Rural<br />

(EMBRATER) e o II Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento (II PND) lançado pelo governo<br />

ditatorial do general Ernesto Geisel (1974-1979). O principal objetivo do referido plano era<br />

estabelecer bases sólidas na economia para um novo ciclo <strong>de</strong> crescimento semelhante ao<br />

ocorrido no período do suposto “milagre econômico brasileiro” (1968-1973) e dar legitimida<strong>de</strong><br />

ao regime autoritário civil/empresarial/militar. O Plano tinha o objetivo <strong>de</strong> enfrentar as crises<br />

externas – fim do acordo <strong>de</strong> Breton Woods e crise do Petróleo – e internas – endividamento<br />

externo altíssimo e inflação <strong>de</strong>scontrolada – que o país herdou do “milagre econômico”. Para


105<br />

tal, o II PND apostou numa “marcha forçada” <strong>de</strong>senvolvimentista que incluía diretrizes para<br />

valorização das empresas nacionais, investimento em energia, transporte, ciência e tecnologia,<br />

contenção da estatização em áreas produtivas e limitação da atuação das empresas estrangeiras.<br />

No II PND o setor agropecuário coube um duplo e contraditório papel: aumentar a<br />

produção <strong>de</strong> alimentos e <strong>de</strong> produtos exportáveis para equilibrar a balança <strong>de</strong> pagamentos do<br />

país (NETO, 1997). É a partir <strong>de</strong>ssa diretriz que ocorre a criação, em 1974, da EMBRATER<br />

como meio <strong>de</strong> promover a difusão técnica e tecnológica tanto produtores <strong>de</strong> alimentos e <strong>de</strong><br />

produtos exportáveis.<br />

A criação da EMBRATER obe<strong>de</strong>cia aos mol<strong>de</strong>s da Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária<br />

(EMBRAPA) criada um ano antes. Resumidamente, a extensão rural no Brasil apresentava-se<br />

como uma proposta dita educativa <strong>de</strong> introduzir técnicas e tecnologias para produtores rurais<br />

não mo<strong>de</strong>rnizados. Longe <strong>de</strong> propostas reformistas e mantendo a distância <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates sobre a<br />

estrutura agrária <strong>de</strong>sigual no país, o extensionismo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua criação privilegiaria pequenos<br />

produtores rurais, sobretudo proprietários, por estes po<strong>de</strong>rem obter recursos através <strong>de</strong> crédito<br />

rural para implantarem as técnicas e tecnologias transmitidas sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentarem<br />

sua proprieda<strong>de</strong>. A EMBRATER manteria o atendimento aos pequenos produtores, apesar da<br />

vinculação do crédito rural com o extensionismo não ser tão inseparável como antes. Contudo, a<br />

empresa ao consagrar o produtivismo como principal objetivo da extensão, secundarizou a<br />

questão da assistência <strong>de</strong> cunho mais social para os pequenos produtores. Assim, cursos <strong>de</strong><br />

economia doméstica, instrução <strong>de</strong> como fazer fossas e outras ações assistencialistas ficaram<br />

per<strong>de</strong>ram funcionários e importância.<br />

Em 1979 a mudança nos cálculos dos juros do crédito rural aumentaram<br />

significativamente os custos dos empréstimos eliminando o subsídio repassado aos produtores<br />

rurais através <strong>de</strong> juros negativos. Assim, o crédito para investimentos que custeava a compra <strong>de</strong><br />

insumos agrícolas e maquinaria, estava escasso inclusive para àqueles que <strong>de</strong>tinham maior<br />

capital, os médios e gran<strong>de</strong>s produtores e quase nulo para os pequenos. Isso dificultaria a ação<br />

extensionista junto à pequenos produtores sendo um duro golpe e con<strong>de</strong>nando a <strong>de</strong>cadência do<br />

extensionismo no meio rural na década <strong>de</strong> 80.<br />

De qualquer forma, a ousadia na proposta do plano talvez tenha sido o seu “calcanhar <strong>de</strong><br />

Aquiles”, pois a concretização <strong>de</strong> todas as metas e diretrizes, já no final dos anos 70, foi<br />

reformulada pelo Ministro do Planejamento – e mentor do II PND – João Paulo dos Reis<br />

Velloso e pelo Ministro da Fazenda, Mario Henrique Simonsen. É nesse momento que vemos<br />

que a EMBRATER que <strong>de</strong>tinha um papel principal dar sinais <strong>de</strong> estagnação, pois não conseguia<br />

dar prosseguimento nos objetivos <strong>de</strong> longo prazo.


O Cangaço na pena do Velho Graça<br />

106<br />

Gabriela <strong>de</strong> Oliveira Nery Costa (UNIFESP)<br />

Este trabalho é parte do <strong>de</strong>senvolvimento do projeto <strong>de</strong> mestrado “Sob papel e tinta: as classes<br />

populares nos escritos <strong>de</strong> Graciliano Ramos durante o Estado Novo (1937-1945)”, <strong>de</strong>senvolvido<br />

com financiamento da FAPESP.<br />

Graciliano Ramos foi reconhecido como um gran<strong>de</strong> escritor ainda em vida e a importância <strong>de</strong><br />

sua obra se refletiu, gradativamente, na produção <strong>de</strong> uma extensa bibliografia sobre seus<br />

trabalhos - especialmente no campo da Crítica e Teoria Literária. Se este movimento é evi<strong>de</strong>nte,<br />

e com foco principalmente em sua produção romanesca, o mesmo ainda não se dá no campo da<br />

História e em escritos consi<strong>de</strong>rados, por vezes, periféricos: sua produção <strong>de</strong> crônicas, artigos e<br />

cartas.<br />

Esta proposta <strong>de</strong> comunicação tem como foco lidar com a produção do autor publicada na<br />

imprensa durante o Estado Novo. Na busca por compreen<strong>de</strong>r Graciliano Ramos mediante as<br />

contradições <strong>de</strong> seu tempo, vivenciando tensões e experiências que certamente se refletiram em<br />

sua obra e em sua forma <strong>de</strong> ver o mundo, preten<strong>de</strong>-se tomar aqui as formas como o Velho Graça<br />

colocava sob suas lentes e sob sua pena o Cangaço nor<strong>de</strong>stino. Na tentativa <strong>de</strong> analisar as mais<br />

diversas facetas <strong>de</strong>ste movimento, Ramos caminha atento a aspectos importantes como as<br />

relações <strong>de</strong> opressão as quais os sertanejos eram submetidos, a escassez e a insegurança<br />

estrutural que rondavam as classes populares do sertão nor<strong>de</strong>stino e os extensos domínios do<br />

coronelismo, percepções estas que serão analisadas aqui a partir <strong>de</strong> artigos e crônicas produzidos<br />

pelo autor.<br />

Mesa 15 – Memória, bens culturais e artes em discussão<br />

Sala 312 (bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Adriana <strong>de</strong> Jesus<br />

O IPHAN e os bens culturais <strong>de</strong> natureza imaterial: a busca por uma origem cultural<br />

nacional (2000-2012)<br />

Adriana Rodrigues <strong>de</strong> Jesus (UNIFESP)<br />

Com base nas diretrizes estabelecidas pelas leis fe<strong>de</strong>rais e pela prática <strong>de</strong> reconhecimento do<br />

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN - que <strong>de</strong>terminam o que é<br />

patrimônio imaterial no Brasil, a pesquisa objetiva a reflexão sobre o que o Instituto legitima<br />

como cultura nacional sob a perspectiva da categoria cultura intangível. Para tal, serão<br />

analisados pedidos <strong>de</strong> registro que tiveram sua solicitação in<strong>de</strong>ferida e\ou modificada pelo órgão


107<br />

na década <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>sta política no país (2000 – 2012). A análise <strong>de</strong>stas propostas abre a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão sobre a concepção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>fendida pelo IPHAN; a<br />

<strong>de</strong>terminação do que seria cultura tradicional e popular; sua associação ao discurso <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa da<br />

diversida<strong>de</strong> cultural; as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> “origem” e “cultura nacional” com um discurso<br />

historicamente construído.<br />

Os casos apontam, ao menos preliminarmente, o quanto a política <strong>de</strong> patrimônio imaterial está<br />

alinhada não só ao repertório discursivo da UNESCO, mas também à trajetória <strong>de</strong>ssa questão no<br />

plano nacional.<br />

Assim, as razões para os seus in<strong>de</strong>ferimentos apontam para um possível<br />

conjunto <strong>de</strong> elementos que norteiam as avaliações do IPHAN no tocante à patrimonialização <strong>de</strong><br />

bens <strong>de</strong> natureza intangível. As práticas do órgão, bem como as fontes documentais analisadas,<br />

sugerem que a questão da patrimonialização compõem um conjunto não homogêneo <strong>de</strong><br />

interesses e entendimentos, evi<strong>de</strong>nciando na ação do reconhecimento e registro, avanços,<br />

limites, disputas e (in)<strong>de</strong>finições.<br />

Lina Bo Bardi: arquiteta sobre o manto da memória<br />

Luiza Batista Amaral (PUC-RIO)<br />

A arquiteta italiana Lina Bo Bardi chega ao Brasil em 1946 trazendo a crença no po<strong>de</strong>r<br />

transformador da arquitetura. O olhar <strong>de</strong> Bo Bardi para arquitetura encontra o <strong>de</strong> Walter<br />

Benjamin para a história, ambas feitas <strong>de</strong> rastros, <strong>de</strong> simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pequenos pontos <strong>de</strong><br />

experiência. A “arquitetura pobre” se transforma em “história pobre”, não no sentido <strong>de</strong>notativo<br />

da palavra, mas na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fazer história através <strong>de</strong> narrativas, pequenas gotas <strong>de</strong><br />

vivência que lentamente caem sobre o concreto duro, e aos poucos vão cobrindo a arquitetura<br />

com o manto da experiência.<br />

A valorização da vivência e da narrativa oferecida nos projetos <strong>de</strong> Bo Bardi vão <strong>de</strong> encontro ao<br />

movimento artístico contemporâneo brasileiro, profundamente marcado pela valorização do<br />

sensorial. A arquitetura <strong>de</strong> Lina Bo Bardi se faz como os Bichos <strong>de</strong> Lygia Clark, um objeto<br />

inicialmente incógnito que ganha vida através do tocar, do sentir do público, e aos poucos no<br />

encontro do subjetivo com a estrutura, esta vai se tornando obra. Diante da dimensão relacional<br />

proposta pela arquiteta em suas edificações, é possível afirmar que estas quebram com uma<br />

cronologia histórica fundada em passado presente e futuro, valorizando o tempo da narrativa e<br />

da experiência, assim tomando o tempo agora (Jetztzeit) como única possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

perceber a história, feita pelos fragmentos e pelos rastros <strong>de</strong> Benjamin.


Retratos do Brasil: Fotografia Pública nos arquivos do IBGE<br />

108<br />

Marcus Vinicius <strong>de</strong> Oliveira da Silva (UFF)<br />

A presente comunicação irá abordar a Fotografia Pública no Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e<br />

Estatística (IBGE). Com uma reflexão da prática fotográfica e composição da imagem técnica,<br />

elementos usados também para pensar o conceito norteador da exposição, a abordagem dará<br />

<strong>de</strong>staque para a Coleção dos Trabalhos Geográficos <strong>de</strong> Campo, elencando duas expedições para<br />

exemplificar as questões levantadas inicialmente e mostrar, a partir <strong>de</strong>las, as contribuições do<br />

projeto <strong>de</strong> pesquisa, que está inserido, para os pesquisadores da área e as instituições portadoras<br />

<strong>de</strong>sses acervos.<br />

Conseguirei? Paulo Menten e o Campo das Artes em meados da Década <strong>de</strong> 1960 em São<br />

Paulo: Táticas <strong>de</strong> Inserção<br />

Priscilla Perrud Silva (UEL)<br />

De acordo com as proposições conceituais <strong>de</strong> Michel <strong>de</strong> Certeau, enten<strong>de</strong>mos que o artista<br />

visual paulistano Paulo Menten (1927-2011) se utilizou <strong>de</strong> táticas a fim <strong>de</strong> alcançar sua<br />

principal estratégia, que era a <strong>de</strong> expor suas obras na Bienal <strong>de</strong> São Paulo, esta que visava<br />

acima <strong>de</strong> tudo, sua inserção <strong>de</strong>finitiva no campo das artes no período <strong>de</strong> meados da década <strong>de</strong><br />

1960, quando <strong>de</strong>cidiu enfim <strong>de</strong>ixar seu trabalho como bancário e seguir em <strong>de</strong>finitivo a carreira<br />

artística. Enquanto um artista com a carreira em ascensão, Paulo Menten havia se proposto a ser<br />

aceito nesta exposição em específico por conta <strong>de</strong> sua importância para meio artístico nacional e<br />

internacional. Pois ele acreditava que, expondo nesse evento, consumaria sua inserção neste<br />

campo e consolidaria seu reconhecimento enquanto artista, lugar social que almejava. Por meio<br />

da laboração e efetivação <strong>de</strong> tais táticas, o artista alcançou enfim sua estratégia quando<br />

participou <strong>de</strong> duas Exposições Bienais Internacionais <strong>de</strong> São Paulo: a IX Bienal <strong>de</strong> São Paulo<br />

em 1967 e a X Bienal <strong>de</strong> São Paulo em 1969. Nossa interpretação <strong>de</strong>ste movimento se baseia na<br />

discussão da trajetória, tanto pessoal como profissional do artista, por meio do uso <strong>de</strong><br />

documentos <strong>de</strong> caráter pessoal, aliada à problematização da atuação individual mediante a um<br />

<strong>de</strong>terminado grupo, pensando-se nos movimentos <strong>de</strong> produção da arte, buscando neste<br />

questionamento uma zona <strong>de</strong> intersecção entre as dimensões históricas, sociais, e culturais do<br />

meio artístico.


Mesa 16 – Literatura e escrita da História<br />

Sala 314 (bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Vanessa Ferreira<br />

109<br />

Gonçalves <strong>de</strong> Magalhães e Santiago Nunes Ribeiro: visões sobre a história da literatura<br />

brasileira<br />

Thais Ferreira Pilotto (UERJ)<br />

Neste trabalho busco analisar duas correntes <strong>de</strong> interpretação da história da literatura<br />

brasileira na primeira meta<strong>de</strong> do século XIX. A primeira empreendida por Domingo José<br />

Gonçalves <strong>de</strong> Magalhães com a publicação do Ensaio sobre a história da literatura do Brasil na<br />

revista romântica Nitheroy no ano <strong>de</strong> 1836 e a segunda iniciada alguns anos <strong>de</strong>pois por Santiago<br />

Nunes Ribeiro, com a publicação do artigo Da nacionalida<strong>de</strong> da literatura brasileira na revista<br />

romântica Minerva Brasiliense, no ano <strong>de</strong> 1843. Temos assim, duas linhas <strong>de</strong> interpretação<br />

sobre a história da literatura brasileira, que revelam concepções <strong>de</strong> literatura, história e história<br />

da literatura, uma na qual Magalhães afirma que a literatura brasileira só surge, <strong>de</strong> fato, a partir<br />

da emancipação política e outra sustentada por Santiago que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ra a existência <strong>de</strong> uma<br />

literatura que podia ser chamada <strong>de</strong> brasileira <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a colônia, na medida em que este<br />

consi<strong>de</strong>rava a literatura a expressão <strong>de</strong> um povo, <strong>de</strong> suas condições físicas e sociais.<br />

Sendo assim, minha proposta neste trabalho será traçar uma comparação entre esses dois<br />

discursos, assim como apresentar as influências que os mesmos sofreram e a importância <strong>de</strong><br />

ambos no movimento romântico. A escolha <strong>de</strong>sses dois letrados justifica-se pela influência que<br />

tinham em suas re<strong>de</strong>s intelectuais e pelos seus esforços em construir uma história para a<br />

incipiente literatura brasileira e com isto contribuir para a construção <strong>de</strong> um sentimento<br />

nacional.<br />

Conflito político em quadrinhos: o embate entre catolicismo e comunismo na obra Tintim<br />

no País dos Sovietes<br />

Morgana O. Rocha da Silva (UFRRJ)<br />

O quadrinho Tintim no País dos Sovietes foi lançado na Bélgica, no período entre guerras, mais<br />

exatamente em 1929. Como muitas histórias em quadrinhos, o personagem surgiu nas páginas<br />

<strong>de</strong> um jornal, no caso, um periódico católico, dirigido pelo padre Norbert Wallez. A obra <strong>de</strong>u<br />

inícios às aventuras <strong>de</strong> Tintim, personagem que tomou proporção mundial.<br />

O que se nota na leitura do quadrinhos (que após publicados no jornal, foram reunidos em um<br />

único livro) é um discurso <strong>de</strong> constante <strong>de</strong>svalorização da experiência soviética. Neste


110<br />

exemplar, Tintim viaja como um repórter do próprio jornal o qual seu autor publica os<br />

quadrinhos, o Le Petit Vingtème, com a companhia <strong>de</strong> seu cachorro, que na tradução para o<br />

português chama-se Milu.<br />

Ao longo do quadrinhos, Tintim sofre diversos atentados por parte do governo soviético e<br />

apresenta a URSS com uma visão extremamente negativa. Além da violência, são constantes as<br />

representações <strong>de</strong> carestia, associadas às ações do governo soviético. O quadrinhos po<strong>de</strong>ria ser<br />

visto como uma crítica ao modo como se <strong>de</strong>u a implementação do comunismo na URSS, se não<br />

houvesse como impulso para o discurso <strong>de</strong> <strong>de</strong>squalificação uma corrente política católica belga.<br />

O personagem foi criado com a influência do padre Wallez, que sugeriu que Tintim fosse um<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> jovem católico, aconselhando o autor que o personagem tivesse como primeira<br />

aventura a URSS. Portanto, além <strong>de</strong> uma crítica específica ao regime soviético, o quadrinhos<br />

carrega consigo o conflito entre uma corrente política relacionada ao catolicismo e o<br />

comunismo.<br />

Mesa 17 – Produções literárias: um diálogo com a História<br />

Sala 316 (bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Daniel da Silva<br />

“D oi inventado o Feuilleton-Roman, e do sucesso <strong>de</strong> Alexandre Dumas (1836-<br />

1850)”.<br />

José Roberto Silvestre Saiol (UERJ)<br />

O século XIX francês acompanhou a conformação do chamado Movimento Romântico,<br />

profundamente marcado pela influência das duas gran<strong>de</strong>s revoluções do século XVIII: a<br />

Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Acompanhou também a difusão do Romance<br />

enquanto gênero literário plenamente consolidado. Este trabalho preten<strong>de</strong> discutir a emergência<br />

do Romance-Folhetim – e, sobretudo, o Romance-Folhetim histórico – na França, bem como<br />

realizar algumas consi<strong>de</strong>rações acerca <strong>de</strong> sua relação com a ficção e com o processo <strong>de</strong><br />

“<strong>de</strong>mocratização da imprensa”. Apresenta ainda um pouco da trajetória <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> Alexandre<br />

Dumas (1802-1870) – a quem se atribui o mérito <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r ao gênero folhetinesco sua “forma<br />

<strong>de</strong>finitiva” – a partir da categoria <strong>de</strong> “escritor rentável”.


A teoria do riso em Stendhal: as diferentes percepções do humor.<br />

111<br />

Daniel Eveling da Silva (UFJF)<br />

O texto “Diário Literário”, que compõem a edição portuguesa <strong>de</strong> “Do Riso: um ensaio<br />

filosófico sobre um tema difícil,” <strong>de</strong> Stendhal problematiza, pela visão do autor, algumas<br />

percepções <strong>de</strong> como a comicida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria ser percebida na França do período oitocentista e no<br />

período anterior. Ao analisar a linguagem usada e as metáforas empregadas, por Stendhal, posso<br />

notar alguns pontos <strong>de</strong> vista para a composição <strong>de</strong> uma “estrutura do riso” que po<strong>de</strong>m ser<br />

separadas em diferentes percepções do cômico, e sua apresentação cultural e social. Tais<br />

divisões po<strong>de</strong>riam ser: o gracejo; o bom tom; as conveniências; as alegrias. Dessa forma,<br />

pretendo estabelecer alguns apontamentos <strong>de</strong> como a teoria do riso, em Stendhal, po<strong>de</strong> ser<br />

percebida no período e sua recuperação, po<strong>de</strong> ser percebida com aspectos semelhantes com a<br />

história cultural do humor. Visto percebo que Stendhal estabeleceu uma historicida<strong>de</strong> sobre as<br />

questões relativas ao humor e ao riso, bem como concepções filosóficas que permeiam o tema.<br />

A literatura como arma no processo <strong>de</strong> libertação da África: o caso <strong>de</strong> Chinua Achebe.<br />

Giovanni Garcia Mannarino (UFF)<br />

Este trabalho tem como objetivo analisar a utilização da literatura como mecanismo <strong>de</strong> embate<br />

cultural e resistência no processo <strong>de</strong> libertação da África a partir <strong>de</strong> meados do século XX. Farei<br />

um estudo <strong>de</strong> caso sobre o projeto literário e a obra do autor nigeriano Chinua Achebe. Seus<br />

romances, que tomam a história da Nigéria como cenário <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do colonialismo até a<br />

in<strong>de</strong>pendência, contribuem não só para a construção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e da nacionalida<strong>de</strong>, mas<br />

também para combater as imagens negativas sobre a África e os africanos que circulavam pelos<br />

romances europeus sobre o continente.<br />

Mesa 18 – Diálogos no mundo contemporâneo<br />

Sala 205 (bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Guidyon Lima<br />

Presi<strong>de</strong>ncialismo <strong>de</strong> Coalizão: As alianças possíveis no início da suposta homogeneização<br />

do Estado Nacional<br />

José Marcio Figueira Junior (Universida<strong>de</strong> do Gran<strong>de</strong> Rio)<br />

O pensamento histórico que utiliza como instrumento o termo “presi<strong>de</strong>ncialismo <strong>de</strong> coalizão”,<br />

<strong>de</strong> Sergio Abranches, possui em caráter principal a discussão contemporânea sobre os fios


112<br />

condutores entre a socieda<strong>de</strong> e os representantes escolhidos pela mesma <strong>de</strong>ntro da atual<br />

<strong>de</strong>mocracia brasileira. Ao buscar certas características no passado, são perceptíveis as<br />

transformações no formato do presi<strong>de</strong>ncialismo, as alianças que nascem e morrem em seu<br />

interior, e as consequências das movimentações entre seus agentes. Ao observar certo período<br />

pós-golpe civil-militar, em 1964, a análise histórica revela que, apesar <strong>de</strong> parecer um efeito <strong>de</strong><br />

homogeneida<strong>de</strong> por conta da centralização do Estado Nacional nas mãos dos militares, é <strong>de</strong><br />

extrema verossimilida<strong>de</strong> a existência <strong>de</strong> grupos heterogêneos e da existência <strong>de</strong> laços políticos<br />

entre eles, tanto <strong>de</strong>ntro quanto fora da administração do Regime, o que leva a uma reflexão<br />

acerca do espaço que mora entre os representantes e representados <strong>de</strong>ntro da atual <strong>de</strong>mocracia.<br />

Portanto, pensar historicamente e ligar pontos entre esses fenômenos e os atuais, principalmente<br />

em meio ao aparecimento das i<strong>de</strong>ias sobre reformas na política brasileira, é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância para que vários fundamentos possam ser rediscutidos, inclusive o criado por Sergio,<br />

pensando sobre a diminuição do espaço entre a socieda<strong>de</strong> e seus representantes.<br />

Ódio na re<strong>de</strong>: homofobia e extrema-direita do tempo presente, perspectivas a partir da<br />

análise do stromfront.org.<br />

Luiz Paulo <strong>de</strong> Araújo Magalhães (UFRRJ)<br />

Falar <strong>de</strong> extrema direita é falar <strong>de</strong> um campo político-i<strong>de</strong>ológico amplo e diverso em suas<br />

manifestações. É possível afirmar que quando tratamos do campo, tratamos com projetos <strong>de</strong><br />

mundo que são, entre outras coisas, exclu<strong>de</strong>ntes, geralmente baseados em nacionalismos<br />

racistas e <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> formas autoritárias e /ou totalitárias <strong>de</strong> governo (HAINSWORTH,<br />

2008:8 ; EATWEL e MUDDE 2004:6,10; IGNAZI 2003:6). Neste trabalho pretendo lançar<br />

perspectivas sobre se e como a homofobia se relaciona a tais projetos e em que medida.<br />

A internet tem sido espaço privilegiado para a divulgação <strong>de</strong> material, propaganda e<br />

organização do campo em questão (EATWELL, 2004). As fontes utilizadas aqui são textos<br />

publicados no sítio stromfront.org, submetidos à análise qualitativa<br />

No caso i<strong>de</strong>ntificamos que as manifestações <strong>de</strong> discursos homofóbicos <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong><br />

compreensões da homossexualida<strong>de</strong> como um corporamento legitimado e produzido no espaço<br />

público por aquilo que nas fontes é chamado <strong>de</strong> “agenda gay” supostamente controlada por<br />

ju<strong>de</strong>us e/ou como uma ameça para a construção do nacionalismo branco e da manutenção <strong>de</strong><br />

valores morais tradicionais.<br />

A análise permite sugerir que a homofobia não é mais um tema marginal para o campo em<br />

questão e revela que a atenção dispensada a ela é tão consi<strong>de</strong>rável quanto temas mais<br />

tradicionais, como o racismo e totalitarismo. Contudo, esta constatação <strong>de</strong>riva do caso estudado<br />

e merece ser consi<strong>de</strong>rada provisória até que um número maior <strong>de</strong> casos possam ser estudados.


113<br />

Sob o olhar da Nação: Os concursos <strong>de</strong> beleza como objeto historiográfico.<br />

Filipe Oliveira da Silva (UFF)<br />

Meyre Valle Teixeira (UFF)<br />

Este artigo tem por finalida<strong>de</strong> propor algumas possibilida<strong>de</strong>s analíticas para os concursos <strong>de</strong><br />

beleza no Brasil. Para dado objetivo, toma-se como investigação peculiar os concorridos<br />

eventos do "Miss Brasil" que elegem a representação feminina da Nação. Explorando esta<br />

seleção estética, segmentamos os fios que tecem este texto em três momentos bem <strong>de</strong>finidos: em<br />

primeiro lugar, estabelecemos uma crítica textual à abordagem historiográfica diante <strong>de</strong>ste<br />

objeto específico. Em seguida, traçamos, em sentido amplo, a historicida<strong>de</strong> dos concursos <strong>de</strong><br />

beleza neste país. Cientes disso, projetamos, por fim, horizontes <strong>de</strong> discussão historiográfica que<br />

enfatiza a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes, temas e abordagens para a investigação <strong>de</strong> tal competição.<br />

Fora do Eixo: perspectivas <strong>de</strong> diálogo nas experiências <strong>de</strong> produção cultural, ativismo e<br />

re<strong>de</strong>s<br />

Guidyon Augusto Almeida Lima (UFMG)<br />

O objetivo <strong>de</strong>sta comunicação é expor uma análise da estrutura das linhas <strong>de</strong> diálogo, instituídas<br />

pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> coletivos e instituições culturais Fora do Eixo, nos âmbitos <strong>de</strong> produção cultural,<br />

ativismo social (incluindo análise superficial do midiativismo), e a articulação em re<strong>de</strong>s.<br />

Tomando como aporte teórico principal a obra “Novos Bárbaros – A Aventura Política do Fora<br />

do Eixo”, do cientista social Rodrigo Savazoni, on<strong>de</strong> utilizaremos dados disponíveis em meios<br />

digitais para explicitar o processo <strong>de</strong> parcerias e correlações com o cenário sociocultural, ao<br />

qual a re<strong>de</strong> prezou e se articulou ao longo <strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> construção e consolidação (2005 –<br />

2013). Buscaremos apontar como o Fora do Eixo instituiu um diálogo com os mais diversos<br />

movimentos do cenário sociocultural, através <strong>de</strong> suas próprias perspectivas <strong>de</strong> produção,<br />

ativismo e i<strong>de</strong>ologia. Em fase final da análise, seguiremos <strong>de</strong>purando os processos <strong>de</strong><br />

articulação da Re<strong>de</strong> com seus parceiros, e expondo os resultados <strong>de</strong>stes para uma composição <strong>de</strong><br />

nova perspectiva <strong>de</strong> cultura, ativismo em re<strong>de</strong> e movimentos sociais.


Mesa 19 – Instituições políticas e comerciais no Brasil República<br />

Sala 210 (bloco N) – 11:30 às 13:00<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Luan Siqueira<br />

114<br />

Mercadão <strong>de</strong> Madureira: Comércio <strong>de</strong> animais e tradição<br />

Danilo Monteiro Firmino (UERJ – FFP)<br />

O presente trabalho tem como objetivo ser complemento do projeto “A pulsão romântica em<br />

transe. Um estudo comparativo da religiosida<strong>de</strong> afro brasileira na Alemanha e em Portugal”,<br />

<strong>de</strong>senvolvido pela Prof. Dra. Joana Bahia (professora associada da UERJ/Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Formação <strong>de</strong> Professores, doutora em Antropologia Social pelo Museu<br />

Nacional/PPGAS/UFRJ). Uma das propostas do projeto principal era dar continuida<strong>de</strong> ao estudo<br />

no Brasil, com a análise das re<strong>de</strong>s sociais tanto no plano familiar e pessoal, no que tange às<br />

conexões religiosas formadas pelos atores sociais em trânsito na Alemanha, Brasil e Portugal.<br />

Tal pesquisa analisa sua história comercial, a influência inicial dos imigrantes portugueses e a<br />

gradual importância que as religiões afro-brasileiros adquirem no Mercadão. Na primeira etapa,<br />

foi realizado trabalho <strong>de</strong> campo e entrevistas com dois comerciantes <strong>de</strong> artigos religiosos, uma<br />

pessoa responsável pelo marketing e publicida<strong>de</strong> do referido mercado e oito pessoas no setor<br />

das ervas e flores. Nessa nova etapa, entrevistamos os comerciantes <strong>de</strong> animais, para<br />

compreen<strong>de</strong>r a importância do comércio <strong>de</strong> animais para <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> parte importante da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do referido mercado, essa pautada em aspectos das religiões <strong>de</strong> matrizes africanas.<br />

Em um primeiro momento foi possível concluir que o sacrifício dos animais servem não apenas<br />

<strong>de</strong> alimento para os próprios orixás, tornando-se o ponto alto do contato entre a divinda<strong>de</strong> e o<br />

a<strong>de</strong>pto, mas também para um dos aspectos <strong>de</strong>finidores <strong>de</strong>sse comércio. Ervas e animais são<br />

consi<strong>de</strong>rados os artigos centrais <strong>de</strong>finidores da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> fluxo e troca <strong>de</strong> energia que circulam<br />

entre orixás e pessoas e também usados pelos seus comerciantes como elementos simbólicos na<br />

construção e manutenção <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> tradição do mercado.<br />

Palavras-chave: Mercadão <strong>de</strong> Madureira, religião, comércio <strong>de</strong> animais, tradição<br />

Movimentação militar no atlântico Sul: A Marinha do Brasil, os acordos diplomáticos e a<br />

revitalização dos meios navais brasileiros (1941-1945)<br />

Andre Luiz Melo Tinoco Nogueira (UNIRIO)<br />

O presente texto tem como objetivo abordar sobre a movimentação beligerante no Atlântico Sul,<br />

os acordos firmados, bem como abordar a participação da Marinha do Brasil, suas condições<br />

estruturais e logísticas referentes as condições bélicas e <strong>de</strong> seus meios navais, antes e durante a<br />

<strong>de</strong>claração <strong>de</strong> beligerância entre Brasil e países do Eixo e as ações que se <strong>de</strong>senvolveram no


115<br />

contexto da II GM, precisamente no que diz respeito à missões realizadas no <strong>de</strong>correr da<br />

Campanha do Atlântico. A aliança com os Estados Unidos por meio <strong>de</strong> acordos, permitiu o<br />

aperfeiçoamento e avanço brasileiro em melhorias navais, e preparar nossa frota naval para as<br />

ações no Atlântico. Alianças se <strong>de</strong>ram por acordos que consistiam em uma assistência<br />

econômica, financeira e militar, e vendas <strong>de</strong> armas, como pelo Lend and Lease, suprindo as<br />

<strong>de</strong>mandas na questão <strong>de</strong> armamentos e suprimentos, como pelo a<strong>de</strong>stramento e recursos obtidos,<br />

o qual gerou aumento do nosso efetivo bélico naval e ofereceu suporte na capacitação dos<br />

jovens marinheiros sem experiência na guerra submarina. A documentação refere-se aos<br />

registros e ofícios organizados pelo Estado Maior da Armada e encontrados no Arquivo da<br />

Marinha–DPHDM/RJ), com informações para análise das operações navais brasileiras,<br />

principalmente na missão dos comboios <strong>de</strong> navios que faziam a escolta <strong>de</strong> navios mercantes e<br />

patrulhamento das linhas marítimas <strong>de</strong> logística entre os portos aliados.<br />

“Maçonaria, política e socieda<strong>de</strong> em fins do Império e início da Primeira República: a<br />

L j V ”<br />

Luan Men<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros Siqueira (UFRRJ)<br />

O presente trabalho está voltado para a análise das relações entre a Maçonaria (socieda<strong>de</strong> secreta<br />

que teve presença marcante na in<strong>de</strong>pendência do país, em 1822, e na proclamação da República,<br />

em 1889), a socieda<strong>de</strong> e a política brasileira no período assinalado. É importante assinalar, a<br />

bibliografia pertinente, em geral, vem sublinhando as ligações entre importantes li<strong>de</strong>ranças<br />

políticas do país, como José Bonifácio, D. Pedro I, José Maria da Silva Paranhos (o Viscon<strong>de</strong> do<br />

Rio Branco) e a maçonaria. Compreen<strong>de</strong>r o papel <strong>de</strong>sempenhado por esta instituição em<br />

diferentes contextos, os temas que mobilizaram a socieda<strong>de</strong> secreta e o perfil <strong>de</strong> seus membros<br />

são objetivos <strong>de</strong>sse projeto. Para viabilizar esse estudo, tomamos como fonte os livros <strong>de</strong> atas,<br />

<strong>de</strong> presença e <strong>de</strong> movimentação financeira da Loja capitular Viscon<strong>de</strong> do Rio Branco. A partir<br />

<strong>de</strong>sses documentos, visa-se analisar os temas, discussões políticas e sociais abordados entre os<br />

membros da maçonaria e como essa instituição se posicionou em diferentes momentos no<br />

cenário brasileiro do período a ser estudado. Através <strong>de</strong>ssas atas é possível acompanhar as<br />

reuniões, a frequencia dos participantes, as contribuições financeiras, locais <strong>de</strong> moradia,<br />

propostas <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> obras, cooperações e os seus respectivos “pseudônios” adotados<br />

<strong>de</strong>ntro da loja maçônica. A pesquisa prevê ainda a utilização do método prosopográfico, com o<br />

objetivo <strong>de</strong> traçar, através <strong>de</strong> um estudo biográfico coletivo, o perfil dos membros da maçonaria.

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