Respostas termorreguladoras de ovinos da raça Morada Nova no ...

Respostas termorreguladoras de ovinos da raça Morada Nova no
Semi Árido Brasileiro
Débora Andréa Evangelista F. MORAIS 1 , Jacinara Hody G. Morais 2 ,
Dowglish Ferreira CHAVES 2 , André Menezes do VALE 1 , Marcio
Nogueira RODRIGUES 4 , Olivardo FACÓ 5 , Edgard C. PIMENTA-FILHO 6
1debora_ufersa@hotmail.com Dep. Ciências Animais, Universidade Federal Rural do Semi Arido –
Mossoró - Brasil, 2narinhazootecnista@hotmail.com, 3dowglish@hotmail.com,
4 marcio_medvet@hotmail.com, 5 Embrapa Caprinos e Ovinos - faco@cnpc.embrapa.br, 6
edgard@cca.ufpb.br; wallace@hotmail.com
RESUMO: Com o objetivo de caracterizar as reações fisiológicas de termorregulação de ovelhas da raça
Morada Nova durante o período chuvoso, foram registradas a temperatura retal, a freqüência respiratória e a
concentração de Tiroxina (T 4), além dos escores corporais em 180 ovelhas pertencentes a seis rebanhos
comerciais no estado do Rio Grande do Norte, região semi árida brasileira. Verificou-se efeito linear da
temperatura do ar sobre a FR, e da TR sobre a FR e as concentrações de T 4. Os animais utilizaram a termólise
respiratória, no entanto mantiveram a homeotermia e as concentrações de T 4 dentro dos valores normais, o que
pode influencias positivamente as funções orgânicas, inclusive as ligadas à produção.
1. INTRODUÇÃO
A Morada Nova é a principal raça autóctone de ovinos do Nordeste Brasileiro. Apresentam
pequeno porte, no entanto, são dotados de notória adaptação às condições climáticas do semi árido,
elevada prolificidade e boa habilidade materna, constituindo-se em importante material genético para
os sistemas de produção de carne ovina em todo Brasil. No entanto, essa resistência aos climas
severos pode ser associada à utilização de mecanismos fisiológicos capazes de interferir no
desempenho dos mesmos.
Um dos mecanismos mais utilizados pelos animais é a redução da taxa metabólica,
normalmente controlada pela atividade do eixo Hipotálamo – Hipófise – Tireóide. Os hormônios da
tireóide têm um papel permissivo na termorregulação, controlando a termogênese obrigatória.
Todavia, essa glândula é sensível ao efeito do estresse calórico, reduzindo sua atividade em
decorrência dos ajustes fisiológicos durante a exposição às altas temperaturas. Assim, a secreção de
Tiroxina (T 4 ) torna-se um importante indicador de estresse térmico, sobretudo porque também
participa das reações metabólicas globais, interferindo diretamente nos processos produtivos. O
presente estudo objetivou caracterizar reações fisiológicas de termorregulação e suas possíveis
interferências na secreção de T 4 de ovinos Morada Nova criados no ambiente semi árido brasileiro.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido no período de janeiro a março de 2009, quando foram realizadas
coletas em seis rebanhos no estado do Rio Grande do Norte, situado na região semi árida do
Nordeste brasileiro. Foram avaliados 30 animais adultos em cada propriedade, nos quais foi
registrado a escore corporal, em escala variando de 1 a 5. Em seguida foram registradas a frequência
respiratória, por meio de um estetoscópio, e a temperatura retal, com o auxílio de um termômetro
clínico digital. Foi também retirada uma amostra de sangue, de cada animal, as quais foram
centrifugadas e o soro armazenado a -20ºC, em microtubos de 1,5 mL e levadas ao Laboratório de
Biometeorologia da UFERSA, onde foram realizadas as dosagens de T 4 pelo método ELISA.
Os dados foram submetidos à análise de variância, segundo modelo estatístico que incluía os
efeitos de escore corporal e de rebanho dentro de estado.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Verificou-se efeito linear da temperatura do ar sobre a FR, e da TR sobre a FR e as
concentrações de T 4 (Tabela 1), evidenciando que estas características sofrem grande influência das
condições ambientais e que juntamente com a TR são mecanismos de respostas, a curto e médio
prazo, ao excesso de calor incidente sobre os animais.

A concentração de T 4 não sofreu influência significativa da temperatura ambiental, sugerindo
que a liberação de sinais que inibem a secreção de T 4 não foi alterada por estresse térmico. A
secreção de T 4 teve associação significativa com a TR, que pode ser justificado pelo fato de que os
animais podem responder de diversas formas as condições de ambiente, resultando em uma
elevação da TR com consequente diminuição da liberação dos hormônios termogênicos como o T 4 ,
com o intuito de diminuírem o calor endógeno, em um ambiente com elevada incidência de radiação.
Tabela 1. Resumo da análise de variância para temperatura do retal (TR), tiroxina (T 4 ) e frequência
respiratória (FR) de ovelhas Morada Nova criadas no Ceará e no Rio Grande do Norte.
G L
Quadrados Médios
Fontes de Variação TR FR T 4 TR (ºC) FR (mov/min) T 4 (µg/dL)
Rebanho 5 5 5 8,13** 217,27** 31,26**
REGRESSÕES
Temperatura do Ar (°C) 1 1 1 0,09 ns 35,54* 1,19 ns
Umidade Relativa do Ar (%) 1 1 1 0,26 ns 55,91 ns 0,72 ns
Temperatura Retal (°C) - 1 1 - 225,83* 3,72*
Média Geral 38,69±0,55 47,73±7,87 4,23±1,12
Coeficiente de variação (CV%) 1,42 16,49 26,40
Coeficiente de determinação (r 2 ) 0,65 0,63 0,69
**(P