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equipamentos urbanos de bambu com ligações de fibras vegetais ...

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Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba<br />

Centro <strong>de</strong> tecnologia<br />

programa <strong>de</strong> pós-graduação em engenharia urbana<br />

-mestrado-<br />

EQUIPAMENTOS URBANOS DE BAMBU COM LIGAÇÕES DE<br />

FIBRAS VEGETAIS EM MATRIZES POLIMÉRICAS<br />

por<br />

Tina Miriam Meyer<br />

Dissertação <strong>de</strong> Mestrado apresentada à Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba,<br />

Para a obtenção do grau <strong>de</strong> Mestre<br />

João Pessoa - Paraíba agosto – 2006


Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba<br />

Centro <strong>de</strong> tecnologia<br />

programa <strong>de</strong> pós-graduação em engenharia urbana<br />

-mestrado-<br />

EQUIPAMENTOS URBANOS DE BAMBU COM LIGAÇÕES DE<br />

FIBRAS VEGETAIS EM MATRIZES POLIMÉRICAS<br />

Dissertação submetida ao Programa <strong>de</strong> Pós-<br />

Graduação em Engenharia Urbana da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba, <strong>com</strong>o parte<br />

dos requisitos necessários para a obtenção do<br />

título <strong>de</strong> Mestre.<br />

Tina Miriam Meyer<br />

ORIENTADOR: Prof. Dr. Normando Barbosa Perazzo<br />

João Pessoa - Paraíba agosto – 2006


“Centros <strong>urbanos</strong> mo<strong>de</strong>rnos não <strong>de</strong>stroem a experiência humana.<br />

O que a <strong>de</strong>strói é a civilização que adotamos.”<br />

Milton Santos


DEDICATÓRIA<br />

Ao meu amado noivo Roberto Oshiro.<br />

À minha família na Alemanha.


AGRADECIMENTOS<br />

Ao Professor Normando Perazzo Barbosa pela orientação, revisão, sugestões, discussões e<br />

<strong>de</strong>dicação durante a realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Ao Professor Sandro Mar<strong>de</strong>n Torres pelas sugestões dadas ao longo do período laboratorial.<br />

Ao Professor Rodinei Me<strong>de</strong>iros Gomes pelo apoio nos ensaios experimentais no Laboratório<br />

<strong>de</strong> Solidificação Rápida.<br />

Aos funcionários e técnicos do LABEME pela contribuição.<br />

Ao INBAR pela divulgação internacional do trabalho<br />

À coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Pós-graduação <strong>de</strong> Engenharia Urbana pelo apoio prestado.<br />

Ao Professor Felix Rodrigues em nome da assessoria internacional.<br />

À Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Paraíba.<br />

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para realização <strong>de</strong>sta pesquisa.


RESUMO<br />

Uma das maiores dificulda<strong>de</strong>s do uso do <strong>bambu</strong> nas construções é a conexão dos<br />

colmos entre si. A forma oca e cilíndrica limita a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>ligações</strong>. O presente trabalho<br />

apresenta diversos tipos <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> <strong>de</strong>senvolvidas <strong>com</strong> base em mantas <strong>de</strong> sisal em matrizes<br />

poliméricas. Estas estão projetadas <strong>de</strong> forma a dar flexibilida<strong>de</strong> ao arquiteto: facilitar as<br />

conexões tridimensionais, ser resistente às forças aplicadas e ao <strong>de</strong>sgaste. Em laboratório,<br />

foram elaboradas <strong>ligações</strong> tubulares lineares <strong>com</strong> <strong>fibras</strong> <strong>de</strong> sisal em uma matriz da resina<br />

poliéster. O processamento da confecção dos diversos tipos <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> foi estudado nas três<br />

fases: mistura, impregnação e moldagem (manual). Foram feitos ensaios <strong>de</strong> caracterização da<br />

resina, da manta e dos <strong>com</strong>pósitos. As <strong>ligações</strong> foram ensaiadas em <strong>com</strong>pressão, flexão e<br />

tração. Em <strong>com</strong>pressão, a ligação <strong>de</strong>senvolvida permaneceu intacta até o esmagamento dos<br />

colmos. Resultados semelhantes se observam no ensaio <strong>de</strong> flexão, tanto <strong>com</strong> pinos quanto<br />

sem pinos. Observou-se que nestes ensaios a ligação praticamente não sofreu danos. Em<br />

tração a ligação mostrou resistência mais baixa que do <strong>bambu</strong> e a presença <strong>de</strong> pinos foi<br />

necessário. Com base neste tipo <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> foram elaboradas propostas arquitetônicas,<br />

usando <strong>com</strong>o elemento estrutural básico uma treliça. Foi construído um protótipo<br />

<strong>de</strong>monstrativo no campus da UFPB. Os cálculos estruturais realizados mostraram que as<br />

<strong>ligações</strong> propostas são capazes <strong>de</strong> resistir <strong>com</strong> segurança às ações atuantes.<br />

Palavras–chave: Bambu, <strong>com</strong>pósito, <strong>ligações</strong>, sisal, matriz polimérica.


ABSTRACT<br />

One of the largest difficulties concerning the use of bamboo in constructions is the<br />

connection of the culms. The hollow and cylindrical form limits the variety of connections.<br />

The present work presents several types of connections <strong>de</strong>veloped with sisal blankets in<br />

polymer matrixes. Those connections are <strong>de</strong>signed in way to give flexibility for the architect,<br />

facilitating the use of three-dimensional joints, and at the same time, being resistant to loads<br />

and waste. In laboratory, linear tubular joints with sisal fibers in matrix of polyester resin<br />

were elaborated. The casting process of the several types of connections is distinguished in 3<br />

phases: mixing, impregnation and molding (manual). The connections of the sisal <strong>com</strong>posites<br />

and resins were tested in <strong>com</strong>pression, bending and tension. In <strong>com</strong>pression, the <strong>de</strong>veloped<br />

connection remained intact until the <strong>de</strong>formation of the culms. Similar results are observed in<br />

the bending test, as far with pins as without pins, the connection did not present <strong>de</strong>formations.<br />

In tension the connection presented lower strength than the bamboo and the presence of<br />

metallic pins was necessary. Based in this type of connections were elaborated architectural<br />

projects, using just a basic structural element. It was built a prototype at the UFPB. The<br />

structural calculations showed that the proposed connections are capable to resist with safety<br />

to the applied forces.<br />

Keywords: Bamboo, <strong>com</strong>posite, joints, sisal, polymer matrix.


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 1<br />

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................................... 5<br />

2.1 MATERIAIS NÃO CONVENCIONAIS.................................................................... 6<br />

2.2 EQUIPAMENTOS URBANOS................................................................................... 7<br />

2.2.1 Desenvolvimento sustentável......................................................................................... 7<br />

2.2.2 Analise das necessida<strong>de</strong>s................................................................................................ 10<br />

2.3 BAMBU.......................................................................................................................... 12<br />

2.3.1 Distribuição geográfica.................................................................................................. 12<br />

2.3.2 Espécies e taxonomia..................................................................................................... 13<br />

2.3.3 Bambu <strong>com</strong>o material <strong>de</strong> construção............................................................................ 14<br />

2.3.4 Tratamento <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>.................................................................................................... 17<br />

2.3.5 Anatomia e proprieda<strong>de</strong>s............................................................................................... 19<br />

2.3.6 Ligações.......................................................................................................................... 21<br />

2.3.6.1 Tipologia das <strong>ligações</strong>............................................................................................... 22<br />

2.3.6.2 Consi<strong>de</strong>rações sobre <strong>ligações</strong>.................................................................................... 27<br />

2.4 COMPÓSITOS............................................................................................................. 28<br />

2.4.1 Processos <strong>de</strong> fabricação................................................................................................ 29<br />

2.5 FIBRAS.......................................................................................................................... 31<br />

2.5.1 Proprieda<strong>de</strong>s físicas e mecânicas.................................................................................. 31<br />

2.5.2 Composições químicas................................................................................................... 32


3 MATERIAIS E METODOS<br />

3.1 MATERIAIS................................................................................................................. 34<br />

3.1.1 Bambu............................................................................................................................. 34<br />

3.1.2 Fibras <strong>vegetais</strong>................................................................................................................ 35<br />

3.1.3 Matriz polimérica........................................................................................................... 36<br />

3.1.4 Talco............................................................................................................................... 36<br />

3.2 METODOS.................................................................................................................... 36<br />

3.2.1 Características físicas da resina.................................................................................... 36<br />

3.2.2 Processo <strong>de</strong> moldagem................................................................................................... 37<br />

3.2.2.1 Ligação por bandagem.............................................................................................. 37<br />

3.2.2.2 Ligação pré-fabricada............................................................................................... 38<br />

3.2.2.3 Teor <strong>de</strong> <strong>fibras</strong>............................................................................................................. 40<br />

3.2.3 Ensaios mecânicos......................................................................................................... 41<br />

3.2.3.1 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão............................................................... 41<br />

3.2.3.2 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> flexão........................................................................ 42<br />

3.2.3.3 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> tração........................................................................ 43<br />

3.2.4 Proposição <strong>de</strong> <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong>........................................................................... 44


4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................... 45<br />

4.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA RESINA.......................................................... 45<br />

4.2 PROCESSO DE MOLDAGEM...................................................................................47<br />

4.3 DESEMPENHO DAS LIGAÇÕES............................................................................. 47<br />

4.3.1 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão.................................................................... 47<br />

4.3.1.1 Ligação por bandagem.............................................................................................. 47<br />

4.3.1.2 Ligação pré-fabricada............................................................................................... 50<br />

4.3.2 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> flexão............................................................................. 52<br />

4.3.3 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> tração............................................................................. 54<br />

4.3.3.1 Materiais básicos e <strong>com</strong>pósito................................................................................... 54<br />

4.3.3.2 Ligação....................................................................................................................... 57<br />

4.4 PROJETO ARQUITECTÔNICO............................................................................... 59<br />

4.4.1 Projeto............................................................................................................................. 59<br />

4.4.2 Verificação estrutural da proposta arquitetônica......................................................... 67<br />

4.4.3 Construção <strong>de</strong> protótipo................................................................................................. 69<br />

5 CONCLUSÕES............................................................................................................... 73<br />

5.1 LIGAÇÕES.................................................................................................................... 73<br />

5.2 PROJETO ARQUITECTÔNICO............................................................................... 74<br />

5.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...................................................... 75<br />

6 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 76


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 2.1 –<br />

Figura 2.2 –<br />

Construções mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> terra (a) Igreja no sul da França;<br />

e <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> (b), casa <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> em Darmstadt (Alemanha)............................. 6<br />

Construções <strong>de</strong> Ebio<strong>bambu</strong>: (a) Playground/Cunha-SP e<br />

(b) Espaço promocional/Ilha <strong>de</strong> Caras-RJ........................................................ 9<br />

Figura 2.3 – Coreto <strong>com</strong> estrutura <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>, <strong>de</strong>senvolvido na UNB – BR......................... 9<br />

Figura 2.4 –<br />

Construções <strong>de</strong> Jörg Stamm: (a) ponte em Armênia, Colômbia,<br />

(b) galpão em Popayán, Colômbia.......................................................... 10<br />

Figura 2.5 – (a) Centro <strong>com</strong>ercial <strong>de</strong> ambulantes, (b) barraca em aço, João Pessoa............ 11<br />

Figura 2.6 –<br />

(a) Ponto <strong>de</strong> venda, (b) Coberta temporária;<br />

(c) Parada <strong>de</strong> ônibus <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>; realizado pelo INBAR......................... 12<br />

Figura 2.7 – Localização dos <strong>bambu</strong>zais.............................................................................. 13<br />

Figura 2.8 – Vulgaris............................................................................................................. 14<br />

Figura 2.9 – Dentrocalamos.................................................................................................. 14<br />

Figura 2.10 – Guadua.............................................................................................................. 14<br />

Figura 2.11 – Obras <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> <strong>de</strong> Colômbia: (a) Cobertura feita pelo Vélez,<br />

(b) casa feita pelo Marcelo Villegas....................................................... 15<br />

Figura 2.12 - Estrutura <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> para propaganda, Alemanha............................................. 16<br />

Figura 2.13 - Estrutura <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> em Me<strong>de</strong>llin, Colômbia.................................................... 16<br />

Figura 2.14 – Procedimento ao livre....................................................................................... 18<br />

Figura 2.15 – Procedimento em estufa.................................................................................... 18<br />

Figura 2.16 – Secção transversal............................................................................................. 19<br />

Figura 2.17 – Detalhe nó......................................................................................................... 19


Figura 2.18 - Distribuição das <strong>fibras</strong> ao longo da espessura da pare<strong>de</strong> do colmo<br />

(direção radial).................................................................................................. 20<br />

Figura 2.19 – Seqüência <strong>de</strong> esmagamento.............................................................................. 21<br />

Figura 2.20 – Correção das <strong>ligações</strong>....................................................................................... 22<br />

Figura 2.21 - Ligação proposta pelo Lopez............................................................................ 22<br />

Figura 2.22 – Ligação Vélez: (a) <strong>de</strong>talhe injeção do concreto;<br />

(b) <strong>de</strong>talhe Zeri-Pavillon, Alemanha................................................................ 23<br />

Figura 2.23 – Ligações <strong>com</strong> chapas metálicas: (a) Simon Vélez (b) Renzo Piano................. 24<br />

Figura 2.24 – (a) Protótipo; (b) Ruptura da ligação proposta pelo Moreira............................ 25<br />

Figura 2.25 – Ligação encaixada <strong>com</strong> <strong>bambu</strong> proposta pelo Lopez....................................... 25<br />

Figura 2.26 - Ligações propostas pelo Christoph Töngens ................................................... 26<br />

Figura 2.27 - Ligação proposta pelo Tim Laubermann ......................................................... 27<br />

Figura 2.28 - Estruturas cobertas <strong>com</strong> materiais <strong>com</strong>pósitos................................................. 29<br />

Figura 3.1 – (a) Tratamento <strong>com</strong> óleo Diesel; (b) Secagem dos colmos.............................. 34<br />

Figura 3.2 – Corpos <strong>de</strong> prova Bambusa vulgaris em teste <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão........................... 35<br />

Figura 3.3 – Mantas <strong>de</strong> <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong>.................................................................................. 36<br />

Figura 3.4 – (a) Aparelho <strong>de</strong> Vicat; (b) corpos <strong>de</strong> prova para ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão........... 37<br />

Figura 3.5 – (a) Preparação <strong>de</strong> um <strong>com</strong>pósito; (b) uma ligação realizada............................ 38<br />

Figura 3.6 – Ligação tridimensional...................................................................................... 38<br />

Figura 3.7 – Ligação pré-fabricada....................................................................................... 39<br />

Figura 3.8 – (a) Mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> PVC; (b) Aplicação da resina; (c) Ligação endurecida............... 40<br />

Figura 3.9 –<br />

Compósito plano para extração <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> prova<br />

para ensaio <strong>de</strong> tração......................................................................................... 40<br />

Figura 3.10 – Ensaios <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão da ligação por bandagem<br />

(sisal/juta) <strong>com</strong> EPS.......................................................................................... 41


Figura 3.11 – Ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão <strong>de</strong> colmos em contato nas extremida<strong>de</strong>s<br />

(a) <strong>com</strong> e sem (b) ligação.................................................................................. 42<br />

Figura 3.12 – Ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão da ligação pré-fabricada............................................... 42<br />

Figura 3.13 – Ensaio <strong>de</strong> flexão em colmos unidos pela ligação proposta............................... 43<br />

Figura 3.14 – Ensaio <strong>de</strong> tração em <strong>com</strong>pósitos....................................................................... 44<br />

Figura 3.15 – Ensaio <strong>de</strong> resistência à tração da ligação.......................................................... 44<br />

Figura 4.1 –<br />

Figura 4.2 –<br />

(a) Tempos <strong>de</strong> inicio e <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> pega;<br />

(b) resistência à <strong>com</strong>pressão da resina.............................................................. 46<br />

Ligação <strong>com</strong> juta: flambagem; ligação <strong>com</strong> sisal,<br />

<strong>de</strong>slizamento sem ruptura................................................................................. 47<br />

Figura 4.3 – Colmo penetrando um no outro nos limites <strong>de</strong> carga....................................... 49<br />

Figura 4.4 – Ligação impedindo fissura longitudinal........................................................... 50<br />

Figura 4.5 – Relação entre teor <strong>de</strong> fibra e resistência à <strong>com</strong>pressão.................................... 51<br />

Figura 4.6 –<br />

Ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão e corpos <strong>de</strong> prova da ligação<br />

pré-fabricada após ensaio.................................................................................. 51<br />

Figura 4.7 - Colmo inteiro <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> sem nó nos apoios..................................................... 52<br />

Figura 4.8 – Colmo inteiro <strong>com</strong> nó nos apoios..................................................................... 53<br />

Figura 4.9 – Colmos ligados no centro................................................................................. 53<br />

Figura 4.10 – Colmos ligados no centro <strong>com</strong> presença <strong>de</strong> pinos metálicos............................ 54<br />

Figura 4.11 – Relação <strong>de</strong>formação - tensão da resina............................................................. 55<br />

Figura 4.12 – Relação tensão - <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> sisal............................................................... 56<br />

Figura 4.13 – Relação tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>com</strong>pósito...................................................... 56<br />

Figura 4.14 – (a) Ensaio <strong>de</strong> tração (pino <strong>bambu</strong>); (b) Corpos <strong>de</strong> prova<br />

após do ensaio ................................................................................................... 58<br />

Figura 4.15 – (a) Ensaio <strong>de</strong> tração (pino aço); (b) Corpos <strong>de</strong> prova após do ensaio............... 58<br />

Figura 4.16 – Treliça <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>............................................................................................... 59


Figura 4.17 – Detalhes da treliça <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>............................................................................ 60<br />

Figura 4.18 - Proposta 1: (a) barraca <strong>de</strong> ambulante, (b) <strong>de</strong>talhes........................................... 61<br />

Figura 4.19 - Proposta 1: (a) variação da estrutura, (b) <strong>de</strong>talhes........................................... 62<br />

Figura 4.20 – Proposta 2: (a) parada <strong>de</strong> ônibus, (b) <strong>de</strong>talhe.................................................... 63<br />

Figura 4.21 – Proposta 3: (a) cobertura pequena (uso diverso), (b) <strong>de</strong>talhe........................... 64<br />

Figura 4.22 – Proposta 4: cobertura gran<strong>de</strong> (uso diverso)...................................................... 65<br />

Figura 4.23 – Proposta 5: estacionamento coberto................................................................. 66<br />

Figura 4.24 – (a) Pórtico <strong>com</strong> cargas verticais; (b) Pórtico <strong>com</strong> cargas verticais<br />

e horizontais..................................................................................................... 68<br />

Figura 4.25 – Esforço Normal: (a) carga vertical, (b) carga vertical e horizontal.................. 68<br />

Figura 4.26 – Momento fletor: (a) carga vertical, (b) carga vertical e horizontal................... 69<br />

Figura 4.27 – (a) Corte dos <strong>bambu</strong>s; (b) Treliça sem ligação................................................. 70<br />

Figura 4.28 – Corte das mantas <strong>de</strong> sisal.................................................................................. 70<br />

Figura 4.29 – Fixação das mantas <strong>de</strong> sisal <strong>com</strong> a matriz........................................................ 70<br />

Figura 4.30 – Montagem das colunas <strong>com</strong> a treliça................................................................ 71<br />

Figura 4.31 – Montagem das colunas <strong>com</strong> a treliça................................................................ 71<br />

Figura 4.32 – (a) Inserção <strong>de</strong> concreto nas colunas; (b) Fixação das colunas no<br />

fundamento....................................................................................................... 71<br />

Figura 4.33 – Montagem dos banzos e do telhado................................................................... 72<br />

Figura 4.34 – Montagem da estrutura....................................................................................... 72<br />

Figura 4.35 – Protótipo construído........................................................................................... 72


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 2.1 – Energia usada para produção em <strong>com</strong>paração <strong>com</strong> a tensão............................ 17<br />

Tabela 2.2 – Proprieda<strong>de</strong>s físicas e mecânicas das <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong>....................................... 32<br />

Tabela 2.3 – Composição química <strong>de</strong> diferentes <strong>fibras</strong> naturais........................................... 33<br />

Tabela 4.1 – Tempos <strong>de</strong> inicio e <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> pega e resistência ã <strong>com</strong>pressão<br />

<strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> resina............................................................................. 45<br />

Tabela 4.2 – Ligação <strong>com</strong> o <strong>com</strong>pósito <strong>com</strong> sisal................................................................. 48<br />

Tabela 4.3 – Ligação <strong>com</strong> o <strong>com</strong>pósito <strong>com</strong> juta.................................................................. 48<br />

Tabela 4.4 – Tensão máxima no contato dos colmos............................................................ 50<br />

Tabela 4.5 – Resultados do ensaio <strong>de</strong> tração (pino <strong>bambu</strong>)................................................... 57<br />

Tabela 4.6 – Resultados do ensaio <strong>de</strong> tração (pino aço: d=9mm)......................................... 57


1 INTRODUÇÃO<br />

Nos últimos anos, a preocupação <strong>com</strong> a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, a preservação ambiental,<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento e aplicação <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> baixo custo, renováveis e o consumo reduzido<br />

<strong>de</strong> energia, tem sido constante em todas as áreas, principalmente na construção civil<br />

(Ghavami, 1992). A solução para este problema está na substituição dos produtos<br />

convencionais por outros <strong>com</strong> proprieda<strong>de</strong>s similares, trazendo vantagens tanto econômicas<br />

quanto técnicas. Um exemplo <strong>de</strong> um material não convencional é o <strong>bambu</strong>.<br />

Janssen (1995) salientou que embora seja possível executar uma construção apenas<br />

<strong>com</strong> <strong>bambu</strong>, costuma-se também associa-lo a outros materiais, <strong>com</strong>o ma<strong>de</strong>ira e terra,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da disponibilida<strong>de</strong> do local. De acordo <strong>com</strong> Barbosa e Ino (1998), na Costa Rica<br />

a produção habitacional em <strong>bambu</strong> gira em torno <strong>de</strong> 1500 casas por ano, as quais apresentam<br />

<strong>de</strong>sempenhos que aten<strong>de</strong>m aos requisitos exigidos pela ONU para construção <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<br />

habitacionais.<br />

O <strong>bambu</strong> é um material natural, consi<strong>de</strong>rado pelas pessoas da renda baixa <strong>com</strong>o um<br />

símbolo <strong>de</strong> sua pobreza, mas, segundo os relatórios científicos dos engenheiros <strong>de</strong> construção<br />

alemães, o <strong>bambu</strong> aten<strong>de</strong> a todos os padrões e normas dos códigos <strong>de</strong> construção da<br />

Alemanha, um país que não planta qualquer espécie (TÖNGENS, C., 2005).<br />

Atualmente o <strong>bambu</strong> é encontrado principalmente em construções <strong>de</strong> casas e<br />

artesanato, raramente em <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong>, paisagismo e eventos. A infra-estrutura é um<br />

dos mais importantes fatores no urbanismo, tendo assim a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se propor soluções<br />

a<strong>de</strong>quadas por esta área. A construção <strong>de</strong> novos <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong>, por exemplo, paradas<br />

<strong>de</strong> ônibus, parques infantis, praças e monumentos, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver harmonicamente uma<br />

1


cida<strong>de</strong> <strong>com</strong> a introdução <strong>de</strong> novos materiais. O objeto <strong>de</strong>ste estudo visa à utilização do <strong>bambu</strong><br />

<strong>com</strong>o material base na construção <strong>de</strong>sses <strong>equipamentos</strong>.<br />

Na busca <strong>de</strong> uma solução viável e econômica, que o urbanismo mo<strong>de</strong>rno requer, o<br />

<strong>bambu</strong> se encaixa perfeitamente no setor <strong>de</strong> <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong>, pois é um material leve,<br />

<strong>de</strong> fácil manuseio, transporte, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> rápido crescimento e reprodução.<br />

Sua utilização é feita sem o <strong>de</strong>senraizamento ou replantio, <strong>de</strong> forma que po<strong>de</strong>m ser<br />

implantados plantios <strong>de</strong> contenção <strong>de</strong> talu<strong>de</strong>s ou <strong>de</strong> solos instáveis. Seu uso fomentará o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> materiais não convencionais, melhorando assim a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da<br />

população. Alejandro Luiz Pereira (Instituto do Bambu, INBAR) expôs sobre a viabilida<strong>de</strong><br />

social, ambiental e econômica do <strong>bambu</strong> no Brasil: aproveitamento, potencialida<strong>de</strong>s,<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho, incremento <strong>de</strong> renda da população rural e<br />

projetos <strong>de</strong> habitação.<br />

Antigamente e atualmente a maioria das <strong>ligações</strong> usadas em <strong>bambu</strong> e mesmo<br />

ma<strong>de</strong>ira, são feitas <strong>com</strong> aço. O material tem a vantagem da alta resistência a todos os<br />

carregamentos, mas as <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> corrosão, alto peso e a flexibilida<strong>de</strong> limitada. Des<strong>de</strong><br />

os anos 70 estão sendo <strong>de</strong>senvolvidos materiais avançados, constituídos <strong>de</strong> polímeros<br />

sintéticos, usados <strong>com</strong>o reforço em <strong>com</strong>pósitos, os quais, nos paises industrializados, estão<br />

gradualmente substituindo o aço.<br />

Materiais poliméricos reforçados <strong>com</strong> <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong> po<strong>de</strong>m ser capazes <strong>de</strong> permitir<br />

a confecção <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> dos mais diversos tipos, <strong>com</strong> praticida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sempenho. Seu baixo<br />

peso e sua diversida<strong>de</strong> geométrica facilitam a confecção das <strong>ligações</strong> entre os colmos <strong>de</strong><br />

<strong>bambu</strong>, hoje um fator limitante <strong>de</strong> seu uso.<br />

Este trabalho vem propor uma alternativa para as <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> aço em estruturas <strong>de</strong><br />

<strong>bambu</strong>, sendo feito <strong>com</strong> materiais <strong>com</strong>pósitos reforçados <strong>com</strong> <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong> que po<strong>de</strong><br />

contribuir para iniciar o processo <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> novos materiais nesta área.<br />

2


Quanto aos objetivos da presente dissertação, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>screver os seguintes:<br />

Objetivo geral:<br />

• Analisar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> e <strong>fibras</strong> naturais em matrizes<br />

<strong>de</strong> polímeros na construção ou montagem <strong>de</strong> <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong>,<br />

enfocando a problemática <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> estruturais, pensando na sua<br />

flexibilida<strong>de</strong>.<br />

Objetivos específicos:<br />

• Efetuar a revisão <strong>de</strong> literatura dos <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong>, registrando as<br />

necessida<strong>de</strong>s principais e os métodos <strong>de</strong> construção.<br />

• Estudar e analisar o uso <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> na construção civil, visando os<br />

<strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong> e as <strong>ligações</strong>.<br />

• Estudar e analisar o uso das <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong> e dos polímeros, visando a<br />

resolução do problema das <strong>ligações</strong> em estruturas <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>.<br />

• Estudar em laboratório a resistência dos diversos tipos <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> <strong>com</strong> <strong>fibras</strong><br />

<strong>vegetais</strong> em matrizes <strong>de</strong> polímeros.<br />

• Propor diversos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong> em <strong>bambu</strong>, usando as<br />

<strong>ligações</strong> <strong>de</strong>senvolvidas.<br />

Justificativa:<br />

• Reativar o uso <strong>de</strong> materiais não convencionais<br />

• Aplicar o uso <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> para os <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong> (ainda pouco usados).<br />

• Desenvolver o emprego <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> <strong>com</strong> materiais poliméricos reforçados,<br />

para permitir a confecção <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> dos mais diversos tipos, <strong>com</strong> facilida<strong>de</strong><br />

e <strong>de</strong>sempenho.<br />

3


O presente trabalho é <strong>com</strong>posto por cinco capítulos organizado <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>scrita a<br />

seguir:<br />

No capitulo um, apresenta-se à introdução, que abrange o tema, os objetivos e a<br />

justificativa para a realização <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

No capitulo dois, faz-se uma revisão bibliográfica sobre a utilização <strong>de</strong> materiais não<br />

convencionais, visando os <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong>, incluindo exemplos e analises das<br />

necessida<strong>de</strong>s atuais através <strong>de</strong> pesquisa realizados em João Pessoa. Trata-se <strong>de</strong> uma revisão<br />

geral sobre o <strong>bambu</strong>, abordando a taxonomia, seus usos diversos, os tratamento, as<br />

proprieda<strong>de</strong>s físicas e mecânicas e as <strong>ligações</strong>. Também são mostrados os materiais<br />

<strong>com</strong>pósitos, abordando os processos <strong>de</strong> fabricação e as proprieda<strong>de</strong>s físicas, mecânicas e<br />

químicas das <strong>fibras</strong>.<br />

No capitulo três, apresentam-se os materiais empregados na pesquisa e a<br />

metodologia utilizada. Os procedimentos experimentais foram divididos em quatro fases: (1)<br />

Características físicas da resina; (2) Processo <strong>de</strong> moldagem; (3) Ensaios mecânicos; (4)<br />

Projeto arquitetônico.<br />

No capitulo quatro, encontram-se os resultados obtidos nos ensaios mecânicos dos<br />

corpos-<strong>de</strong>-prova e os cálculos do projeto arquitetônico.<br />

No capitulo cinco, apresentam-se as conclusões do trabalho e as sugestões para<br />

estudos futuros.<br />

4


2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

Na época da revolução industrial surgiram novos materiais <strong>com</strong>o aço, concreto,<br />

ferro, vidro e cerâmica, também chamados materiais convencionais. Esses materiais foram<br />

símbolos da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e são capazes <strong>de</strong> satisfazer as necessida<strong>de</strong>s da construção civil do<br />

mundo inteiro. A automação dos processos da fabricação <strong>de</strong>sses materiais possibilitou a<br />

produção em série, em gran<strong>de</strong> escala e <strong>com</strong> baixo custo. Nesse período houve uma migração<br />

exacerbada do campo para as cida<strong>de</strong>s, pois os trabalhadores rurais se transferiram para os<br />

gran<strong>de</strong>s distritos industriais. As gran<strong>de</strong>s metrópoles cresceram no século 20 mais que <strong>de</strong>z<br />

vezes; <strong>com</strong>o por exemplo, Nova York que passou <strong>de</strong> 60.000 para 600.000 habitantes ou Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro que passou <strong>de</strong> 40.000 para 600.000 habitantes. Assim, surgiu um gran<strong>de</strong> déficit<br />

habitacional e em pouco tempo precisou-se construir uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitações.<br />

Os materiais industrializados <strong>com</strong>o cimento e aço possibilitaram a realização <strong>de</strong> construções<br />

em pouco tempo e ainda integrar os processos <strong>de</strong> racionalização <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra.<br />

Na década <strong>de</strong> 60, <strong>com</strong> a crise do petróleo, <strong>com</strong>eçou pela primeira vez uma análise<br />

crítica dos materiais convencionais. O problema é que eles consomem gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

energia em sua produção, emitem CO 2 na atmosfera e geram resíduos. Atualmente, lutando<br />

contra o efeito estufa e a escassez <strong>de</strong> recursos, os objetivos da humanida<strong>de</strong> precisam ser<br />

revistos. Nas áreas <strong>de</strong> arquitetura e engenharia é possível pensar em materiais e técnicas <strong>de</strong><br />

construção que não são maléficas ao meio ambiente.<br />

Assim, <strong>com</strong>o citou o prof. Gernot Minke (1984), da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Kassel, na<br />

Alemanha, a arquitetura do futuro será aquela que terá em mente a conservação dos<br />

recursos naturais, a redução da poluição e a geração <strong>de</strong> emprego sem aumentar o custo da<br />

construção.<br />

5


A utilização <strong>de</strong> materiais locais, não convencionais e disponíveis em abundância tais<br />

<strong>com</strong>o o <strong>bambu</strong> e as <strong>fibras</strong> naturais po<strong>de</strong>m ajudar a minimizar o problema dos custos<br />

construtivos, gerar mais empregos e contribuir para a redução dos impactos ambientais.<br />

2.1 MATERIAIS NÃO CONVENCIONAIS<br />

Des<strong>de</strong> que o homem <strong>com</strong>eçou a construir cida<strong>de</strong>s, há cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z mil anos,<br />

evi<strong>de</strong>ntemente, os primeiros materiais <strong>de</strong> construção utilizados foram aqueles ofertados pela<br />

natureza <strong>com</strong>o pedra, palha, galhos, troncos <strong>de</strong> árvores e, sem dúvida, a terra (BARBOSA,<br />

N.P. et al. 2002). Esses materiais são chamados tradicionais ou não convencionais. Com o<br />

avanço técnico e a imposição da cultura da socieda<strong>de</strong> industrial a imagem <strong>de</strong>sses materiais se<br />

tornou o símbolo <strong>de</strong> pobreza, regresso técnico e aparência “feia”.<br />

Durante muito tempo os pesquisadores preferiam investir nos métodos<br />

convencionais para colaborar <strong>com</strong> as gran<strong>de</strong>s indústrias da construção civil e <strong>de</strong>monstrar o<br />

espírito futurista. De acordo <strong>com</strong> Lengen (1997) o mundo se transformou muito; hoje em dia<br />

há escassez <strong>de</strong> matérias tradicionais <strong>de</strong> construção e <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra qualificada para aplicálos.<br />

Devido aos <strong>de</strong>safios atuais da questão habitacional <strong>de</strong>vem-se apresentar alternativas,<br />

aplicando no processo construtivo uma <strong>com</strong>binação <strong>de</strong> técnicas tradicionais e mo<strong>de</strong>rnas<br />

<strong>com</strong>o, por exemplo, as resultados na Figura 2.1.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 2.1 – Construções mo<strong>de</strong>rnas <strong>de</strong> terra (a), Igreja no sul da França e <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> (b), casa<br />

<strong>de</strong> <strong>bambu</strong> em Darmstadt (Alemanha)<br />

6


Em virtu<strong>de</strong> da crescente falta <strong>de</strong> matéria prima convencional na construção, nos<br />

últimos anos, os materiais tradicionais vem sendo reutilizados. Nas universida<strong>de</strong>s surgiram<br />

cursos sobre o assunto para revitalizar as técnicas quase esquecidas. Verificando também o<br />

aparecimento <strong>de</strong> institutos pesquisa em materiais não convencionais, <strong>com</strong>o por exemplo,<br />

ABMTENC (Brasil), BAMBUBRASILEIRO (Brasil), CRATerre (França), PROTERRA<br />

(América Latina), INBAR (China) entre outros.<br />

Assim po<strong>de</strong>-se observar um avanço na investigação cientifica <strong>de</strong>sta área, apesar da<br />

hegemonia dos materiais convencionais, sobretudo na indústria, on<strong>de</strong> a porcentagem <strong>de</strong><br />

pesquisa ainda é muito pequena. O objetivo do futuro <strong>de</strong>ve ser convencer o mercado, <strong>com</strong><br />

exemplos <strong>com</strong>o na Franca e na Alemanha, que os materiais não convencionais po<strong>de</strong>m ser<br />

capazes <strong>de</strong> representar o progresso técnico do século 21.<br />

2.2 EQUIPAMENTOS URBANOS<br />

2.2.1 Desenvolvimento sustentavel<br />

Um dos objetivos principais do planejamento urbano mo<strong>de</strong>rno é obter um<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável. De acordo <strong>com</strong> o dicionário Aurélio, sustentável é o que po<strong>de</strong><br />

ser capaz <strong>de</strong> se manter mais ou menos constante, ou estável, por longo período. Em outras<br />

palavras, é o que permanece e continua, o que não se esgota pelos processos <strong>de</strong> renovação.<br />

Biologicamente, a sustentabilida<strong>de</strong> ocorre na medida em que os elementos químicos que<br />

formam o nosso meio ambiente são consumidos e retornam à natureza para serem reutilizados<br />

continuamente, <strong>com</strong>o uma reciclagem natural. Assim, po<strong>de</strong>-se dizer que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável significa “um <strong>de</strong>senvolvimento que tem que satisfazer as exigências presentes das<br />

gerações atuais, sem <strong>com</strong>prometer as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das gerações futuras,<br />

7


ou seja, um <strong>de</strong>senvolvimento realizado hoje, mas que perdure para que outras gerações se<br />

beneficiem (World Comission on Environment and Development, 1987)”.<br />

O <strong>bambu</strong> e as <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong> são <strong>de</strong> fácil acesso para as pessoas carentes. Visto que o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável tem que também satisfazer as carências locais, o envolvimento<br />

das pessoas locais <strong>com</strong> o planejamento e a execução do projeto é essencial. Para que possam<br />

participar, as pessoas locais necessitam receber as informações necessárias e conseguir as<br />

técnicas através do ensino e da assistência.<br />

O presente projeto abrange o setor <strong>de</strong> <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong>, que serão projetados<br />

<strong>com</strong> materiais não convencionais, neste caso <strong>com</strong> <strong>bambu</strong> e <strong>fibras</strong> naturais. Esta investigação<br />

preten<strong>de</strong> contribuir para um <strong>de</strong>senvolvimento sustentável através da divulgação do <strong>bambu</strong> na<br />

construção urbana no Brasil, on<strong>de</strong> ainda é consi<strong>de</strong>rado <strong>com</strong>o ma<strong>de</strong>ira dos pobres.<br />

Diversos grupos <strong>de</strong> pesquisadores <strong>de</strong> diferentes entida<strong>de</strong>s estão trabalhando para<br />

mudar esse cenário, por exemplo, a escola <strong>de</strong> bioarquitetura Ebio<strong>bambu</strong> , também um centro<br />

<strong>de</strong> pesquisa e tecnologia experimental em <strong>bambu</strong>, situada em Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mauá (RJ).<br />

Fundada em 2002, a escola tem por meta disseminar as técnicas construtivas que utilizam o<br />

<strong>bambu</strong> (Figura 2.2) e outros materiais consi<strong>de</strong>rados naturais ou ecológicos, <strong>com</strong>o terra e<br />

<strong>fibras</strong>. "Acreditamos que o <strong>bambu</strong> é uma opção mais sustentável às ma<strong>de</strong>iras <strong>de</strong><br />

reflorestamento, auto-renovável e <strong>de</strong> rápido crescimento. O eucalipto, por exemplo, leva seis<br />

anos para ser cortado e o <strong>bambu</strong> só três anos. Além disso, não é necessário ser replantado",<br />

afirma Celina Llerena, arquiteta e diretora da Ebio<strong>bambu</strong>.<br />

Também existem vários universida<strong>de</strong>s que pesquisam sobre construções <strong>com</strong><br />

materiais não convencionais, por exemplo, a PUC-RJ, UFPB-PB, UNB-BR (Figura 2.3), etc.<br />

Parte do estímulo à pesquisa vem do sucesso obtido em países vizinhos. Na Colômbia e no<br />

Equador, on<strong>de</strong> construir <strong>com</strong> <strong>bambu</strong> já faz parte da cultura local e arquitetos e engenheiros<br />

8


<strong>com</strong>o Simón Vélez, Oscar Hidalgo Lopez e Jörg Stamm (Figura 2.4) são conhecidos<br />

internacionalmente por seus projetos.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 2.2 – Construções <strong>de</strong> Ebio<strong>bambu</strong>: (a) Playground/Cunha-SP e (b) Espaço<br />

promocional/Ilha <strong>de</strong> Caras-RJ (BAMBUBRASILEIRO, 2006)<br />

Figura 2.3 – Coreto <strong>com</strong> estrutura <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>,<br />

<strong>de</strong>senvolvido na UNB – BR (AMBTEC, 2005)<br />

9


(a) (b)<br />

Figura 2.4 – Construções <strong>de</strong> Jörg Stamm: (a) ponte em Armênia, Colômbia,<br />

(b) galpão em Popayán, Colômbia (CONBAM, 2005)<br />

2.2.2 Analise das necessida<strong>de</strong>s<br />

Para conhecer melhor as necessida<strong>de</strong>s da população brasileira foi escolhida a cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> João Pessoa (PB) que apresenta um gran<strong>de</strong> déficit <strong>de</strong> <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong> e foi feita uma<br />

análise mais <strong>de</strong>talhada. Uma pesquisa (DEMANDA, 2005) elaborada pela prefeitura <strong>de</strong> João<br />

Pessoa forneceu dados importantes, para esta pesquisa on<strong>de</strong> foram analisados os seguintes<br />

tópicos: pavimentação, segurança, saú<strong>de</strong>, educação, lazer, creche, saneamento, moradia,<br />

emprego, transporte, limpeza e profissionalização. Nos diferentes bairros foram encontrados<br />

resultados <strong>de</strong>ssemelhantes. De acordo <strong>com</strong> a pesquisa, o ponto segurança precisa ser<br />

melhorado em todos os bairros. Este fato salienta a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soluções mais inteligentes.<br />

Um mo<strong>de</strong>lo que reúna soluções para este problema <strong>de</strong>ve conter o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s funcionais que <strong>com</strong>binem uma parada <strong>de</strong> ônibus, local <strong>de</strong> <strong>com</strong>ercio, informações<br />

úteis, sistema <strong>de</strong> iluminação e coleta <strong>de</strong> lixo, para suprir a <strong>de</strong>ficiência dos atuais <strong>equipamentos</strong><br />

instalados e melhorar a segurança da população.<br />

A prefeitura <strong>de</strong> João Pessoa iniciou recentemente uma campanha para tirar os<br />

ambulantes da rua. São propostos espaços fechados, semelhante à mercados, para aglutinar os<br />

10


<strong>com</strong>erciantes, melhorar o visual da cida<strong>de</strong>, a higiene e a segurança <strong>de</strong> todos. Atualmente as<br />

barracas dos ambulantes são feitos em aço e custam cerca <strong>de</strong> R$ 350 (Figura 2.5). A idéia da<br />

prefeitura é construir postos <strong>de</strong> venda <strong>com</strong> materiais não convencionais. A Figura 2.6<br />

apresenta soluções possíveis <strong>de</strong> <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong> <strong>com</strong> <strong>bambu</strong>.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 2.5 – (a) Centro <strong>com</strong>ercial <strong>de</strong> ambulantes, (b) barraca em aço, João Pessoa - PB<br />

(a)<br />

(b)<br />

11


(c)<br />

Figura 2.6 – (a) Ponto <strong>de</strong> venda, (b) Coberta temporária; (c) Parada <strong>de</strong> ônibus <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>;<br />

Resultados <strong>de</strong> um workshop, realizado pelo INBAR.<br />

2.3 BAMBU<br />

2.3.1 Distribuição geográfica<br />

Todos os continentes, <strong>com</strong> exceção da Europa possuem espécies nativas <strong>de</strong> <strong>bambu</strong><br />

(GHAVAMI & HOMBEECK, 1981). Estas gramíneas crescem em temperaturas entre 8° e<br />

36°, embora se <strong>de</strong>senvolvam melhor em regiões subtropicais e tropicais. A distribuição<br />

natural dos <strong>bambu</strong>s abrange gran<strong>de</strong> parte da América (FIGURA 2.7). Encontram-se<br />

espalhadas espécies nativas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a parte sul – oriental dos Estados Unidos até o centro da<br />

Argentina e Chile. Na Ásia on<strong>de</strong> existe o maior numero <strong>de</strong> espécies, o <strong>bambu</strong> é nativo em<br />

toda a zona sul – oriental do continente incluindo suas ilhas. Na África <strong>de</strong>senvolve-se na zona<br />

tropical e na ilha <strong>de</strong> Madagascar. Na Oceania é nativo na Austrália, Nova Guiné e Ilhas do<br />

Oceano Pacifico (MARTINESI & GHAVAMI, 1985).<br />

12


Figura 2.7 – Localização dos <strong>bambu</strong>zais<br />

Na América são encontradas 40% das espécies <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> lenhosos do mundo,<br />

aproximadamente 32 espécies em 22 gêneros. O Brasil é o país <strong>com</strong> maior diversida<strong>de</strong> e<br />

reúne 81% dos gêneros (LONDOÑO, 1990)<br />

2.3.2 Espécies e taxonomia<br />

No mundo existem cerca <strong>de</strong> onze mil espécies <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>, divididas em cerca <strong>de</strong><br />

noventa gêneros e são encontradas em altitu<strong>de</strong>s que variam <strong>de</strong> zero a quatro mil e oitocentos<br />

metros (BAMBU BRASILEIRO, 2006). Resistem a temperaturas abaixo <strong>de</strong> zero,<br />

temperaturas tropicais e crescem <strong>com</strong>o pequenas gramíneas ou chegam a extremos <strong>de</strong><br />

quarenta metros <strong>de</strong> altura. No Brasil existem muitas espécies nativas e não-nativas. O <strong>bambu</strong><br />

da espécie Bambusa vulgaris é muito encontrado em todo o país, porém é originário da China,<br />

possui colmos grossos e <strong>de</strong> cor ver<strong>de</strong> (Figura 2.8). Neste trabalho se utiliza esta espécie<br />

<strong>de</strong>vido à sua disponibilida<strong>de</strong> local, apresentando proprieda<strong>de</strong>s mecânicas semelhantes a outras<br />

espécies ainda não muito difundidas no Nor<strong>de</strong>ste do Brasil (Dendrocalamus,Guadua). A<br />

espécie Dendrocalamus é também oriunda da Ásia e encontram-se em mais quantida<strong>de</strong> no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro - RJ - e em Campo Gran<strong>de</strong> - MS. Essas po<strong>de</strong>m chegar a vinte e cinco<br />

centímetros <strong>de</strong> diâmetro e cerca <strong>de</strong> vinte e cinco metros <strong>de</strong> altura (Figura 2.9). O <strong>bambu</strong><br />

13


Guadua tem uma importância significativa na economia <strong>de</strong> Equador e Colômbia. É uma<br />

espécie conhecida dos nativos há pelo menos cinco mil anos. O Guadua angustifolia possui<br />

espécies <strong>com</strong> elevada resistência, sendo notadamente tido <strong>com</strong>o um excelente material <strong>de</strong><br />

construção. Sua característica mais importante é os nós brancos. Encontram-se vastas florestas<br />

naturais <strong>de</strong> Guadua na Amazônia e em gran<strong>de</strong> parte do território brasileiro, do sul a norte<br />

(Figura 2.10).<br />

Figura 2.8 - Vulgaris Figura 2.9 - Dentrocalamos Figura 2.10 – Guadua<br />

(BAMBU BRASILEIRO)<br />

2.3.3 Bambu <strong>com</strong>o material <strong>de</strong> construção<br />

Há séculos o <strong>bambu</strong> sempre teve um papel importante na construção em paises<br />

tropicais, sobretudo na Ásia, on<strong>de</strong> se encontra a origem da planta. Na China, por exemplo, o<br />

<strong>bambu</strong> foi utilizado para a construção <strong>de</strong> pontes, conseguido vencer vãos superiores a 100m.<br />

No mudo inteiro existem vários diferentes modos <strong>de</strong> utilizações dos colmos: <strong>com</strong>o<br />

alimento (broto <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>), moradia, objetos <strong>de</strong> uso domestico, ferramentas, instrumentos<br />

musicais, dutos, artesanato, monumentos, andaimes <strong>de</strong>ntre inúmeras outras (HIDALGO,<br />

1974).<br />

14


Na Colômbia, o <strong>bambu</strong> é empregado <strong>com</strong> maior assiduida<strong>de</strong>, ultrapassando o uso <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira. Entida<strong>de</strong>s <strong>com</strong>o a Sociedad Colombiana <strong>de</strong>l Bambu, <strong>de</strong>senvolvem grandiosos<br />

trabalhos sobre os <strong>bambu</strong>s, inserindo profissionais <strong>com</strong>o cientistas, engenheiros, arquitetos,<br />

industriais, artesãos e agricultores, em conjunto <strong>com</strong> corporações autônomas, universida<strong>de</strong>s e<br />

o governo fe<strong>de</strong>ral, em seus projetos. Po<strong>de</strong>-se observar através da Figura 2.11 importantes<br />

obras arquitetônicas <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> na Colômbia.<br />

Recentemente <strong>de</strong>spertou novamente a curiosida<strong>de</strong> sobre esta planta <strong>com</strong> a<br />

distribuição difundida, a elevada taxa <strong>de</strong> crescimento e o uso multifuncional (LIESE, W.<br />

1985) <strong>com</strong>o as Figuras 2.12 a 2.13 <strong>de</strong>monstram.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 2.11 – Obras <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> <strong>de</strong> Colômbia: (a) Cobertura feita pelo Vélez, (BAMBU, 2006)<br />

(b) casa feito pelo Marcelo Villegas (MARCELOVILLEGAS, 2006)<br />

15


Figura 2.12 - Estrutura <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> para propaganda, Alemanha (CONBAM, 2005)<br />

Figura 2.13 - Estrutura <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> em Me<strong>de</strong>llin, Colômbia (BAMBOO-SPACE, 2006)<br />

O holandês Jules Janssen (1985) difundiu muito o <strong>bambu</strong> para mostrar suas<br />

vantagens em <strong>com</strong>paração <strong>com</strong> outros materiais. Ele usou para isso quatro variáveis: energia<br />

utilizada para a produção em MJ/kg (1) incluindo transporte, peso específico em kg/m³ (2),<br />

capacida<strong>de</strong> energética para a produção em MJ/m³ (3) para <strong>com</strong>parar <strong>com</strong> a fadiga do material<br />

(4) e obter finalmente um valor que mostre a relação entre energia necessária e fadiga (5).<br />

Com esse estudo se observou que o <strong>bambu</strong> obtém melhor resultado, ou seja, é o material que<br />

requer menos energia <strong>de</strong> produção por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fadiga (Tabela 2.1).<br />

16


Tabela 2.1 – Energia usada para produção em <strong>com</strong>paração <strong>com</strong> a tensão.<br />

Material<br />

Energia para<br />

produção<br />

MJ/kg<br />

(1)<br />

Peso<br />

específico<br />

kg/m³<br />

(2)<br />

Energia para<br />

produção<br />

MJ/m³<br />

(3)<br />

Tensão <strong>de</strong><br />

serviço<br />

N/mm²<br />

(4)<br />

Concreto 0,8 2400 1920 8 240<br />

Aço 30 7800 234000 160 1500<br />

Ma<strong>de</strong>ira 1 600 600 7,5 80<br />

Bambu 0,5 600 300 12 25<br />

Energia por<br />

unid. tensão<br />

MJ/m³<br />

(5)<br />

Ghavami (1989) afirmou que o <strong>bambu</strong> po<strong>de</strong>, em muitos casos, substituir o aço na<br />

construção civil, além <strong>de</strong> ser um recurso renovável, <strong>com</strong> baixo custo <strong>de</strong> produção e pouco<br />

poluente.<br />

2.3.4 Tratamento do <strong>bambu</strong><br />

O <strong>bambu</strong> é uma planta que possui um rápido crescimento, atingido seu tamanho<br />

máximo <strong>de</strong> três a seis meses, após ter brotado do solo. Os próximos meses serão necessários<br />

para lignificação dos tecidos, até atingirem resistência máxima por volta dos três anos<br />

(MOREIRA e GHAVAMI, 1997). Para as construções <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> terem maior durabilida<strong>de</strong> e<br />

manterem seus aspectos estéticos é necessário que uma série <strong>de</strong> procedimentos sejam<br />

adotados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a escolha dos colmos até o seu emprego.<br />

• O corte <strong>de</strong>ve ser feito durante a época seca do ano, quando há menos insetos<br />

(LENGEN, 1997). É re<strong>com</strong>endável também que seja cortado na lua minguante<br />

quando o teor <strong>de</strong> água nos capilares é menor, para diminuir os ataques <strong>de</strong> insetos e o<br />

aparecimento <strong>de</strong> fissuras (CONBAM, 2005).<br />

17


• Após o corte <strong>de</strong>ve ser feita a cura na touceira, que tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expulsar a<br />

seiva ou diminuir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amido para tornar os colmos menos susceptíveis<br />

ao ataque <strong>de</strong> insetos. Esta cura po<strong>de</strong> ser feita também por imersão ou por<br />

aquecimento.<br />

• A secagem po<strong>de</strong> ser realizada <strong>de</strong> duas formas diferentes: ao ar livre, cerca <strong>de</strong> quatro<br />

a seis meses; em fogo ou em estufa, <strong>de</strong> dois a três semanas (aumenta a resistência aos<br />

insetos), conforme as Figuras 2.14 e 2.15.<br />

• Os tratamentos preservativos po<strong>de</strong>m ser feitos através <strong>de</strong> métodos químicos<br />

(método <strong>de</strong> boucherie injetando sulfato <strong>de</strong> cobre, imersão <strong>com</strong> Ácido bórico, Bórax<br />

Cloreto <strong>de</strong> zinco, óleo <strong>de</strong> diesel,...) ou <strong>de</strong>fumando o <strong>bambu</strong>, introduzindo-o num<br />

<strong>com</strong>partimento <strong>com</strong> pouca saída <strong>de</strong> ar que tenha fogo e fumaça sob os colmos <strong>de</strong><br />

<strong>bambu</strong>.<br />

Figura 2.14 – Procedimento ao livre Figura 2.15 – Procedimento em estufa<br />

(CONBAM, 2005) (CONBAM, 2005)<br />

18


2.3.5 Anatomia e proprieda<strong>de</strong>s<br />

O Bambu <strong>de</strong>tém proprieda<strong>de</strong>s mecânicas muito boas. Para enten<strong>de</strong>r isso é necessário<br />

estudar suas características anatômicas e morfológicas.<br />

A seção transversal do <strong>bambu</strong> é oca, assim muito útil para o uso estrutural em<br />

<strong>com</strong>paração <strong>com</strong> uma seção maciça (ex. ma<strong>de</strong>ira). Quando o <strong>bambu</strong> é usado <strong>com</strong>o viga, ele<br />

necessita <strong>de</strong> 57% material e somente 40% quando usado <strong>com</strong>o coluna <strong>com</strong>parado <strong>com</strong> uma<br />

seção maciça. A forma cilíndrica do colmo causa um <strong>de</strong>créscimo em sua resistência por volta<br />

<strong>de</strong> 15%, bem menor que a estimativa da maioria dos engenheiros. O próximo fator que<br />

influencia as proprieda<strong>de</strong>s do <strong>bambu</strong> é a rigi<strong>de</strong>z dos nós e dos diafragmas que melhoram sua<br />

resistência à <strong>com</strong>pressão dos colmos e impe<strong>de</strong>m a flambagem das <strong>fibras</strong> (Figura 2.16). Estes<br />

suportam a estrutura, sobretudo quando dois colmos se ligam (Figura 2.17) (JANSSEN,<br />

1985).<br />

diafragma<br />

Nó<br />

internó<br />

Figura 2.16 – Secção transversal Figura 2.17 – Detalhe nó<br />

(CONBAM, 2005) (JANSSEN, 1985)<br />

Liese (1985) e Ghavami (1989) afirmam que as proprieda<strong>de</strong>s físicas <strong>de</strong> um colmo <strong>de</strong><br />

<strong>bambu</strong>, <strong>com</strong>o cor, altura, internós diâmetro e espessura da pare<strong>de</strong> são relacionadas à espécie e<br />

à ida<strong>de</strong> do <strong>bambu</strong>. As características mecânicas são influenciadas principalmente por fatores<br />

19


<strong>com</strong>o: espécie, ida<strong>de</strong>, solo do <strong>bambu</strong>zal, condições climáticas, época <strong>de</strong> colheita, teor <strong>de</strong><br />

umida<strong>de</strong>, presença ou ausência <strong>de</strong> nós nas amostras testadas e da metodologia do ensaio.<br />

A resistência à tração do <strong>bambu</strong> é alta. Estudados por Ghavami (1995), a resistência<br />

<strong>com</strong> e sem nó varia entre 40 MPa e 215 MPa, e seu modulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> entre 5,5 GPa e<br />

18 GPa. Em geral, a resistência à <strong>com</strong>pressão <strong>de</strong> 20 MPa e 120 MPa é 30% menor que a<br />

resistência à tração. Quanto a resistência à flexão, que é importante na análise estrutural, os<br />

valores situam-se na faixa <strong>de</strong> 30 MPa a 170 MPa.<br />

Microscopicamente o <strong>bambu</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um material <strong>com</strong>pósito formado<br />

por feixes <strong>de</strong> <strong>fibras</strong> fortemente a<strong>de</strong>ridas a uma substância aglutinante, a lignina (BARBOSA e<br />

GHAVAMI, 2005). No sentido radial as <strong>fibras</strong> não se distribuem homogeneamente na matriz<br />

<strong>de</strong> lignina. Há uma maior concentração <strong>de</strong> <strong>fibras</strong> nas proximida<strong>de</strong>s da face externa, sendo a<br />

fase responsável pela resistência à tração, <strong>com</strong>o se vê na Figura 2.18 obtida na PUC - Rio. Na<br />

mecânica um material <strong>com</strong>pósito é formado por um material macio e fraco e um material duro<br />

e forte. No caso <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> o primeiro é o celulose e o segundo a lignina. Outros <strong>com</strong>pósitos<br />

muito conhecidos são concretos reforçados e poliéster <strong>com</strong> <strong>fibras</strong>.<br />

Figura 2.18 - Distribuição das <strong>fibras</strong> ao longo da espessura da pare<strong>de</strong> do colmo (direção<br />

radial).<br />

20


2.3.6 Ligações<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste tópico consiste em sistematizar as diversas técnicas <strong>de</strong> <strong>ligações</strong><br />

utilizadas em elementos estruturais <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>. As <strong>ligações</strong>, um dos aspectos <strong>de</strong> maior<br />

interesse para viabilizar a utilização <strong>de</strong>ste material para fins estruturais, tem sido tema para<br />

recentes pesquisas.<br />

De acordo <strong>com</strong> Lopez (1974), o <strong>bambu</strong> tem baixa resistência ao cisalhamento, fato<br />

que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado no projeto das juntas. A presença dos nós nas <strong>ligações</strong> aumenta em<br />

50% a resistência ao cisalhamento ao longo das <strong>fibras</strong>, atingindo um valor médio <strong>de</strong><br />

1,67 MPa. Outra observação importante, é que em cada um dos extremos das peças <strong>de</strong> <strong>bambu</strong><br />

envolvidas nas <strong>ligações</strong> <strong>de</strong>vem conter um nó, caso contrário, as cargas verticais transmitidas<br />

neste apoio causam um esmagamento das peças, <strong>com</strong>prometendo as <strong>ligações</strong> (Figura 2.19).<br />

Porém, não sendo possível a coincidência dos nós em cada extremida<strong>de</strong> das peças, po<strong>de</strong>-se<br />

optar pela utilização <strong>de</strong> um segmento <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou mesmo um nó <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>, <strong>de</strong> mesmo<br />

diâmetro em seu interior conforme a Figura 2.20. Segundo Lopez (1974), em nenhuma<br />

hipótese <strong>de</strong>ve-se fazer cavas nas vigas, pois <strong>de</strong>vido à predominância <strong>de</strong> <strong>fibras</strong> verticais no<br />

<strong>bambu</strong>, estas vigas facilmente se romperiam; os encaixes <strong>de</strong>vem ser realizados apenas em<br />

peças verticais.<br />

Figura 2.19 – Seqüência <strong>de</strong> esmagamento (LOPEZ 1981)<br />

21


Figura 2.20 – Correção das <strong>ligações</strong> (LOPEZ 1981)<br />

2.3.6.1 Tipologia das Ligações<br />

a) Peças amarradas<br />

São pouco eficientes, porém muito utilizadas, as <strong>ligações</strong> feitas apenas <strong>com</strong> cordas e<br />

arames não possuem rigi<strong>de</strong>z satisfatória para a utilização em elementos estruturais, pois o<br />

<strong>bambu</strong> possui alto índice <strong>de</strong> retratilida<strong>de</strong>. Este tipo se re<strong>com</strong>enda somente para a construção<br />

<strong>de</strong> andaimes e estruturas temporários.<br />

Lopez (1981) apresenta uma série <strong>de</strong> idéias para conexão dos colmos usando<br />

amarrações e arames (Figura 2.21), mas que não seriam muito a<strong>de</strong>quadas para <strong>equipamentos</strong><br />

<strong>urbanos</strong> contemporâneas. Ligações <strong>de</strong>ste tipo po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>smontadas pelo vandalismo.<br />

Figura 2.21 - Ligação proposta por Lopez (1981).<br />

22


) Peças parafusadas<br />

O <strong>bambu</strong> não resiste às pregações, <strong>de</strong>vido sua constituição ser basicamente <strong>com</strong>posta<br />

por <strong>fibras</strong> paralelas muito longas, <strong>com</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> especifica muito alta, principalmente nas<br />

pare<strong>de</strong>s externas, <strong>com</strong> gran<strong>de</strong> tendência ao fendimento. As <strong>ligações</strong> mais indicadas, por<br />

proporcionar maior estabilida<strong>de</strong>, são as parafusadas, pois há um corte das <strong>fibras</strong>, sem o<br />

afastamento entre elas, evitando assim as fissuras. A gran<strong>de</strong> vantagem das <strong>ligações</strong><br />

parafusadas é permitir a transferência dos esforços por meio <strong>de</strong> pinos. Na maior parte das<br />

<strong>ligações</strong> observadas, utilizam-se peças cilíndricas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira no interior do <strong>bambu</strong> ou<br />

concreto injetado nos internós que fazem parte das <strong>ligações</strong> para evitar fissuras. Esta ligação é<br />

citada em várias bibliografias <strong>com</strong>o “Ligação Vélez” (Figura 2.22) que foi o primeiro<br />

arquiteto a experimentar esta ligação. Usam-se chapas metálicas para aumentar a baixa<br />

resistência à tração da ligação parafusada (Figura 2.23).<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 2.22 – Ligação Vélez: (a) <strong>de</strong>talhe injeção do concreto; (b) <strong>de</strong>talhe Zeri-Pavillon,<br />

Alemanha (SPACE-BAMBOO, 2006).<br />

23


(a)<br />

(b)<br />

Figura 2.23 – Ligações <strong>com</strong> chapas metálicas: (a) Simon Vélez (LOPEZ, 2002)<br />

(b) Renzo Piano (SPACE-BAMBOO, 2006).<br />

Moreira (1991) propõe <strong>ligações</strong> para estruturas treliçadas espaciais <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> (Figura<br />

2.24), usando pinos metálicos e chapas <strong>de</strong> aço. Para melhor aproveitamento das treliças, à<br />

exceção do peso próprio dos seus elementos constituintes, as <strong>de</strong>mais cargas, oriundas <strong>de</strong> sua<br />

relação <strong>com</strong> o meio ambiente, foram aplicadas nos nós. Deste modo i<strong>de</strong>alizado, somente<br />

forças axiais seriam transmitidas entre os elementos, po<strong>de</strong>ndo-se distinguir um campo <strong>de</strong><br />

tensões <strong>de</strong> tração contínuo, que mecanicamente, equilibra um campo <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>pressão, também contínuo. Definindo-se a eficiência da ligação <strong>com</strong>o a razão entre força<br />

resistente da ligação e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga do <strong>bambu</strong>. Esta ligação estudada mostra-se<br />

eficiente na <strong>com</strong>pressão <strong>de</strong> elementos esbeltos e semi-esbeltos e pouco eficientes para<br />

<strong>com</strong>pressão <strong>de</strong> elementos curtos e elementos tracionados.<br />

24


(a)<br />

(b)<br />

Figura 2.24 – (a) Protótipo; (b) Ruptura da ligação proposta pelo Moreira (1991).<br />

O uso <strong>de</strong> pinos possibilita a transferência das cargas assim aumentando a resistência.<br />

Este tipo <strong>de</strong> conexão tem a vantagem da facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fabricação e a <strong>de</strong>svantagem <strong>de</strong> expor o<br />

<strong>bambu</strong> a carga cisalhante na direção das <strong>fibras</strong>.<br />

c) Peças Encaixadas<br />

Dotado <strong>de</strong> uma resina natural protetora, o <strong>bambu</strong> possuí uma superfície<br />

extremamente lisa, o que dificulta o travamento das <strong>ligações</strong>. Desta maneira, várias formas <strong>de</strong><br />

usinagem foram adotadas para evitar a movimentação das peças. A maneira mais simples <strong>de</strong><br />

ligar segmentos <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> é pela sobreposição <strong>de</strong> colmos usados <strong>de</strong> forma côncava,<br />

permitindo a fixação das peças que permanecem em sua forma roliça (Figura 2.25). Os cortes<br />

<strong>de</strong>vem ser feitos sempre o mais próximo a um nó possível, aumentando assim, a resistência da<br />

peça e evitando fissuras.<br />

Figura 2.25 – Ligação encaixada <strong>com</strong> <strong>bambu</strong> proposta pelo Lopez (1981).<br />

25


Mas não existe somente a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar o próprio <strong>bambu</strong> para as <strong>ligações</strong><br />

encaixadas. O engenheiro alemão Christoph Töngens apresenta uma série <strong>de</strong> estudos sobre o<br />

assunto <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> encaixadas (Figura 2.26). Foi <strong>de</strong>senvolvido um produto, conbam, que<br />

facilita a ligação <strong>de</strong> projetos tridimensionais. O material proposto é <strong>de</strong> aço fino inoxidável ou<br />

um <strong>com</strong>pósito <strong>de</strong> <strong>fibras</strong> <strong>de</strong> vidro. A ligação é usada na forma <strong>de</strong> bandagem ou encaixamento.<br />

Ensaios <strong>de</strong> resistência à tração, realizados no instituto <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> construção civil RTW-<br />

Aachen (Alemanha), confirmam o aproveitamento da força <strong>de</strong> tração do <strong>bambu</strong>. Este tipo<br />

mostra bem as possibilida<strong>de</strong>s do planejamento mo<strong>de</strong>rno <strong>com</strong> o <strong>bambu</strong>.<br />

Figura 2.26 - Ligações propostas pelo Christoph Töngens (2005)<br />

Uma idéia <strong>de</strong> encaixamento no interior foi realizada pelo arquiteto Tim Laubermann<br />

(2004) junto <strong>com</strong> a Universida<strong>de</strong> Me<strong>de</strong>llín (Colômbia) e TU Berlin (Alemanha). Usou-se um<br />

cilindro <strong>de</strong> aço, encaixado no interior <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> e fixado <strong>com</strong> pinos metálicos. A junção <strong>com</strong><br />

os outros elementos estruturais foi realizada através <strong>de</strong> um aço redondo (Figura 2.27).<br />

26


Figura 2.27 - Ligação proposta pelo Tim Laubermann (BAMBOO-SPACE, 2004)<br />

2.3.6.2 Consi<strong>de</strong>rações sobre <strong>ligações</strong><br />

Um dos problemas mais freqüentes nas <strong>ligações</strong> é a variação do diâmetro das peças<br />

<strong>de</strong> <strong>bambu</strong>. Ocorrem gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s na execução <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> que utilizam segmentos <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira, pois a usinagem <strong>de</strong>ssas peças roliças <strong>de</strong> pequenas dimensões proporcionaria uma<br />

técnica muito artesanal, não sendo <strong>com</strong>patível <strong>com</strong> a intenção <strong>de</strong> produção em larga escala,<br />

portanto pré-fabricada e racionalizada. De acordo <strong>com</strong> Lopez (1981), as <strong>ligações</strong> parafusadas<br />

enrijecidas <strong>com</strong> aglomerados, apresentaram melhor <strong>de</strong>sempenho estrutural e facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

montagem. Na utilização <strong>de</strong> peças metálicas obtiveram-se resultados satisfatórios,<br />

principalmente em relação à facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> montagem.<br />

Apresentando elevados índices <strong>de</strong> variação dimensionais <strong>de</strong> retração e inchação, não<br />

é re<strong>com</strong>endável a utilização <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> apenas amarradas, pois não atingem a estabilida<strong>de</strong><br />

solicitada para estruturas em geral. As peças <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> quando retraem tornam as amarrações<br />

frouxas e a estrutura per<strong>de</strong> sua estabilida<strong>de</strong>.<br />

A utilização <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> basicamente encaixadas há gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> na<br />

<strong>com</strong>patibilida<strong>de</strong> do diâmetro entre as peças. Po<strong>de</strong>-se observar que quando a peça entalhada,<br />

apresentada <strong>de</strong> forma côncava, possui o diâmetro excessivamente maior que a peça roliça, a<br />

ligação torna-se instável pela tendência <strong>de</strong> rotação entre elas. Por outro lado, quando a peça<br />

côncava possui um diâmetro consi<strong>de</strong>ravelmente menor do que a roliça, a extremida<strong>de</strong> da peça<br />

27


entalhada po<strong>de</strong>rá sofrer fissuras, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da carga aplicada sobre a mesma. Mas, apesar<br />

das dificulda<strong>de</strong>s na <strong>com</strong>patibilida<strong>de</strong> do diâmetro entre as peças, torna-se necessário a<br />

utilização <strong>de</strong> encaixes entre os <strong>bambu</strong>s em qualquer tipo <strong>de</strong> ligação, seja parafusada ou<br />

amarrada, porém se faz necessária uma análise da finalida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong>sta ligação para<br />

verificar a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua aplicação.<br />

Outro fator que requer certo cuidado na montagem <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> é a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> esmagamento das peças horizontais. Deve-se evitar a ocorrência <strong>de</strong>ste fato,<br />

procurando utilizar os segmentos horizontais <strong>com</strong> nós na região on<strong>de</strong> ocorra o<br />

<strong>de</strong>scarregamento das cargas verticais. Porém, não sendo possível a coincidência dos nós nas<br />

<strong>ligações</strong>, os segmentos horizontais <strong>de</strong>vem ser enrijecidos <strong>com</strong> uma peça <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, concreto<br />

ou alguma resina <strong>com</strong> resistência a<strong>de</strong>quada ao esforço solicitado.<br />

O domínio físico-matemático do <strong>com</strong>portamento estrutural dos <strong>bambu</strong>s, bem <strong>com</strong>o o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> conexões eficientes e <strong>de</strong> custo <strong>com</strong>petitivo, é fundamental para que o<br />

<strong>bambu</strong> possa participar do mercado oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção. Sem este amparo,<br />

sua aplicação estaria restrita a estruturas simples ou um uso exclusivamente intuitivo, o que<br />

não seria suficiente para tornar o <strong>bambu</strong> um elemento estrutural manipulável pela engenharia.<br />

2.4 COMPÓSITOS<br />

Materiais <strong>com</strong>pósitos encontram-se em muitos produtos usados no nosso dia-adia,<strong>com</strong>o<br />

por exemplo em carros, barcos, <strong>equipamentos</strong> esportivos, etc. Além disso,<br />

<strong>com</strong>pósitos são utilizados<br />

na construção civil, sobretudo para formas livres, estádios e<br />

coberturas (Figura 2.28). As características mais vantajosas são: a baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, rigi<strong>de</strong>z,<br />

resistência às forcas aplicadas, ao impacto, à abrasão e a resistência à corrosão. Segundo<br />

Mallick e Newman (1990) materiais <strong>com</strong>pósitos são os resultados <strong>de</strong> novas técnicas <strong>com</strong><br />

vistas a substituir materiais tradicionais tais <strong>com</strong>o aço, alumínio, ma<strong>de</strong>ira e concreto.<br />

28


Figura 2.28 – Estruturas cobertas <strong>com</strong> materiais <strong>com</strong>pósitos (CENO-TEC, 2005)<br />

Um <strong>com</strong>pósito consiste na <strong>com</strong>binação física <strong>de</strong> dois ou mais materiais capaz <strong>de</strong> aliar<br />

as proprieda<strong>de</strong>s dos <strong>com</strong>ponentes individuais, aten<strong>de</strong>ndo as <strong>de</strong>mandas não atingidas pelos<br />

mesmos materiais separadamente. Assim, po<strong>de</strong>m-se obter produtos <strong>com</strong> melhor <strong>de</strong>sempenho<br />

e <strong>com</strong> vantagens econômicas. Num <strong>com</strong>pósito há normalmente a fase continua também<br />

chamada matriz, na qual é colocado um material <strong>de</strong> reforço, fase <strong>de</strong>scontinua, na forma <strong>de</strong><br />

fibra. A fase continua tem a função <strong>de</strong> proteger e separar os elementos <strong>de</strong> reforço, transferir<br />

tensões e ser responsável pelas características superficiais, <strong>com</strong>o resistência às solventes e à<br />

umida<strong>de</strong>. As proprieda<strong>de</strong>s mecânicas teóricas <strong>de</strong> um <strong>com</strong>pósito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos fatores<br />

seguintes: proprieda<strong>de</strong>s dos materiais constituintes (<strong>fibras</strong> e matriz), concentração das <strong>fibras</strong> e<br />

orientação das <strong>fibras</strong> conforme Dantas (2004), Cavalcanti (2000) e Rowel (1996).<br />

2.4.1 Processos <strong>de</strong> fabricação<br />

A fabricação <strong>de</strong> plásticos reforçados <strong>com</strong> <strong>fibras</strong> continua acontece <strong>de</strong> diversas<br />

maneiras. Fatores <strong>com</strong>o resistência, acabamento e economia <strong>de</strong>terminam à escolha do método<br />

i<strong>de</strong>al para fabricação. De acordo <strong>com</strong> Quirino (1997) existem vários processos <strong>de</strong> moldagem,<br />

<strong>de</strong>ntre esse serão apresentados os mais utilizados:<br />

29


• A pultrusão é utilizada para a fabricação <strong>de</strong> <strong>com</strong>ponentes que possuem<br />

<strong>com</strong>primento continuo e uma área <strong>de</strong> seção transversal <strong>de</strong> amostra (varas <strong>de</strong> pescar,<br />

traves, hastes, etc). Com esta técnica <strong>fibras</strong> contínuas são impregnadas <strong>com</strong> uma<br />

resina termofixa; estes são puxados através <strong>de</strong> um mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> aço que pré-forma a<br />

amostra <strong>de</strong>sejada e também estabelece a razão resina/fibra. A porcentagem <strong>de</strong><br />

produção é alta e uma extensa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas é possível.<br />

• O enrolamento (filament winding) é um processo em que o material <strong>de</strong> reforço,<br />

cordões ou fitas <strong>de</strong> fibra, após passar por tanques <strong>de</strong> impregnação, é enrolado sobre<br />

mandril apropriado formando peças cilíndricas <strong>com</strong>o tubos e recipientes. Permite<br />

fabricar uma extensa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas estruturais que não são limitadas em suas<br />

formas <strong>de</strong> superfícies e adaptar a forma <strong>de</strong> enrolar o material <strong>de</strong> reforço às exigências<br />

<strong>de</strong> máxima resistência <strong>de</strong> cada caso particular.<br />

• A laminação à pistola (spray-up) trata-se <strong>de</strong> processo <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> aberto a<strong>de</strong>quado a<br />

baixas e médias escalas <strong>de</strong> produção. Esse processo requer baixo investimento em<br />

<strong>equipamentos</strong> e é extremamente simples.<br />

• A laminação manual (hand-lay-up) po<strong>de</strong> ser obtida pela impregnação <strong>com</strong> um<br />

pincel ou um rolo <strong>de</strong> cada uma das camadas <strong>de</strong> reforço <strong>com</strong> a resina. Esse método<br />

tem sido utilizado também para a produção <strong>de</strong> baixo custo, em pequena escala, <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>ponentes estruturais.<br />

No projeto <strong>de</strong> estudo foi utilizado o ultimo método por causa das vantagens do baixo<br />

investimento em <strong>equipamentos</strong>, a flexibilida<strong>de</strong> do projeto e da simplicida<strong>de</strong> do processo.<br />

Embora tal processo produza peças <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, ele não permite um controle rigoroso da<br />

proporção entre resina e fibra no <strong>com</strong>posto resultante, o qual e responsável para as<br />

proprieda<strong>de</strong>s mecânicas. Assim é importante <strong>de</strong>senvolver métodos que permitem estimar as<br />

30


proprieda<strong>de</strong>s mecânicas <strong>de</strong> uma lamina <strong>de</strong> resina reforçada por fibra <strong>com</strong> uma proporção<br />

arbitraria entre os materiais constituintes (ALMEIDA et al.).<br />

2.5 FIBRAS<br />

As <strong>fibras</strong> naturais, em abundância no Brasil, se forem direcionadas para<br />

investimentos em novos materiais <strong>com</strong>pósitos, po<strong>de</strong>m conter o êxodo rural e impulsionar o<br />

crescimento econômico no setor agrícola (YOUNG, 1997). Não sempre foi assim, na década<br />

<strong>de</strong> 60, o Brasil foi o maior exportador <strong>de</strong> sisal mundialmente. Mais, na década <strong>de</strong> 70 o<br />

<strong>de</strong>scobrimento <strong>de</strong> uma nova alternativa em matéria-prima para produção <strong>de</strong> fios e cordas<br />

sintéticos, <strong>de</strong>rivados do petróleo foi responsável para o abandono <strong>de</strong> sisal no Brasil<br />

(QUIRINO, 1997).<br />

Muitas <strong>fibras</strong> naturais têm sido utilizadas <strong>com</strong>o reforços para <strong>com</strong>pósitos, entre elas<br />

<strong>de</strong>stacam-se: linho, coco, juta, rami, algodão e sisal. O sisal apresentou uma serie <strong>de</strong><br />

vantagens que já estão viabilizando a sua aplicação em várias indústrias, <strong>com</strong>o <strong>com</strong>pósito no<br />

ramo automobilístico, e <strong>com</strong>o fio na agricultura.<br />

O uso <strong>de</strong> <strong>fibras</strong> naturais em <strong>com</strong>pósitos reforçados não constitui uma novida<strong>de</strong>.<br />

Como pesquisadores alemães afirmam o uso <strong>de</strong> <strong>com</strong>pósitos reforçados <strong>com</strong> <strong>fibras</strong> naturais na<br />

indústria automóvel para revestimentos interiores já foi muito tempo aprovado (BLEDZKI,<br />

1998).<br />

2.5.1 Fibras <strong>vegetais</strong> e suas proprieda<strong>de</strong>s físicas e mecânicas<br />

As <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong> apresentam as vantagens <strong>de</strong> baixo custo, leveza, provém <strong>de</strong> fontes<br />

renováveis <strong>de</strong> matéria–prima, são bio<strong>de</strong>gradáveis não poluem o ambiente e mostram<br />

31


esistência especifica elevada. De forma geral um bom conjunto <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s mecânicas<br />

<strong>com</strong>o a tabela 2.2 apresenta.<br />

Tabela 2.2 – Proprieda<strong>de</strong>s físicas e mecânicas das <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong> (TOLEDO FILHO, 1997)<br />

Fibras<br />

Diâm.<br />

(mm)<br />

Comp.<br />

(cm)<br />

Peso<br />

Especifico<br />

(KN/m³)<br />

Absorção<br />

Água<br />

(%)<br />

Resist.<br />

à tração<br />

(MPa)<br />

Def.<br />

ruptura<br />

(%)<br />

Módulo<br />

Elasticida<strong>de</strong><br />

(GPa)<br />

Sisal 0,05-0,5 38-94 12-14,5 123-250 227-1002 3-7 9-27<br />

Juta 0,1-0,4 18-80 10 25-214,1 240-550 1,2-3 17,4-32<br />

Coco 0,1-0,6 5-35 6,7-14 67-180 60-200 10-51 2-6<br />

Piaçava 0,1-0,9 17-218 8-11 34-108 50-143 4-6 5,6-21,8<br />

Bambu 0,35 22-27 - - 270-575 3,2 28,8-270<br />

Apesar <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> pesquisas estarem sendo executadas visando o uso<br />

<strong>de</strong> <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong> <strong>com</strong>o reforço em matrizes, elas ainda não se apresentam <strong>com</strong>o uma escolha<br />

automáticA. Os principais problemas observados sobre tal uso estão relacionados <strong>com</strong> o baixo<br />

módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>, a alta absorção <strong>de</strong> água, a susceptibilida<strong>de</strong> a ataque <strong>de</strong> fungos e<br />

insetos, a durabilida<strong>de</strong> das <strong>fibras</strong> em meio alcalino e a variação das proprieda<strong>de</strong>s das <strong>fibras</strong> <strong>de</strong><br />

mesmo tipo (TOLEDO FILHO, 1993).<br />

2.5.2 Fibras <strong>vegetais</strong> e suas <strong>com</strong>posições químicas<br />

A qualida<strong>de</strong> das <strong>fibras</strong> naturais é influenciada por diferentes fatores: condições<br />

climáticas, ida<strong>de</strong>, tipo <strong>de</strong> solo e processo <strong>de</strong> extração. Os <strong>com</strong>ponentes químicos principais<br />

das <strong>fibras</strong> são celulose, hemicelulose, lignina, pectina, ceras e substancias solúveis em água.<br />

Valores médios da <strong>com</strong>posição química são mostrados na Tabela 2.3.<br />

32


A quantida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> celulose e lignina influi diretamente nas proprieda<strong>de</strong>s<br />

a<strong>de</strong>sivas da fibra. Em geral, nos <strong>com</strong>pósitos reforçados por <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong>, a celulose é<br />

responsável pela ligação ao polímero, enquanto a lignina atua impedindo a difusão da celulose<br />

na matriz, dificultando a a<strong>de</strong>rência da fibra ao polímero e também impedindo que a fibra se<br />

difunda extensivamente na matriz (DE PAULA et al., 1996). Assim o algodão, <strong>com</strong> a<br />

inexistência <strong>de</strong> lignina, teria as melhores condições visando somente à interface polímero e<br />

fibra, mais em relação à resistência, que é mais importante, <strong>com</strong>o mostrando no capitulo<br />

anterior, a juta e o sisal <strong>de</strong>monstram os melhores valores.<br />

Tabela 2.3 – Composição química <strong>de</strong> diferentes <strong>fibras</strong> naturais (BLEDZKI, 1996)<br />

juta sisal algodão linho<br />

Celulose 64,4 65,8 82,7 64,1<br />

Hemicelulose 12,0 12,0 5,7 16,7<br />

Pectina 0,2 0,8 5,7 1,8<br />

Lignina 11,8 9,9 - 2,0<br />

Água soluvel 1,1 1,2 1,0 3,9<br />

Cera 0,5 0,3 0,6 1,5<br />

Agua 10,0 10,0 10,0 10,0<br />

33


3 MATERIAIS E METODOS<br />

3.1 MATERIAIS<br />

3.1.1 Bambu<br />

Foram usados <strong>bambu</strong>s maduros da espécie Bambusa vulgaris, que é a espécie mais<br />

encontrada no estado da Paraíba, na forma <strong>de</strong> colmos inteiros. A ida<strong>de</strong> dos colmos foi<br />

estimada entre dois e três anos. A secagem dos mesmos foi feita ao ar livre, em ambiente <strong>de</strong><br />

laboratório (Figura 3.1). . Os colmos foram submetidos a tratamentos imunizantes <strong>com</strong> óleo<br />

Diesel (Figura 3.1a). A secagem dos mesmos foi feita ao ar livre, em ambiente <strong>de</strong> laboratório<br />

(Figura 3.1b).<br />

(a) (b)<br />

Figura 3.1 – (a) Tratamento <strong>com</strong> óleo Diesel; (b) Secagem dos colmos.<br />

As resistências à <strong>com</strong>pressão medidas em corpos-<strong>de</strong>-prova <strong>com</strong> altura igual ao<br />

diâmetro (Figura 3.2) indicaram resistências à <strong>com</strong>pressão entre 39 e 64 MPa, medidas em 9<br />

amostras não do mesmo colmo, da base (B), do centro (M) e do topo (T) <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> a<br />

norma AC 162 (ICBO) proposta pelo INBAR (International Network of Rattan and Bamboo).<br />

Estes valores são coerentes <strong>com</strong> os indicados pelo Barbosa et al. (1991), <strong>de</strong> 35 a 60 MPa para<br />

34


esta espécie <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>. Note-se a enorme variação <strong>de</strong> resistência do material vegetal, também<br />

atestada por outros autores.<br />

Figura 3.2 – corpos-<strong>de</strong>-prova Bambusa vulgaris em teste <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão<br />

3.1.2 Fibras <strong>vegetais</strong><br />

Foram utilizadas <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong> <strong>de</strong> sisal e <strong>de</strong> juta na forma <strong>de</strong> mantas. Estas são<br />

empregadas na produção <strong>de</strong> revestimentos <strong>de</strong> piso (carpete), <strong>com</strong> trama <strong>de</strong> fios <strong>de</strong> 2,0 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro em média, malha estreita e peso teórico <strong>de</strong> 1285 g/m 2 (Figura 3.3a). Já o tecido <strong>de</strong><br />

juta é usado em sacaria, <strong>com</strong> trama <strong>de</strong> fios <strong>de</strong> 1,5 mm <strong>de</strong> diâmetro em média, malha<br />

relativamente estreita e peso teórico 340 g/m 2 (Figura 3.3b). A malha <strong>de</strong> sisal é bem mais<br />

rígida que a <strong>de</strong> juta.<br />

35


(a) – sisal<br />

( b) – juta<br />

Figura 3.3 – Mantas <strong>de</strong> <strong>fibras</strong> <strong>vegetais</strong><br />

3.1.3 Matriz polimérica<br />

Utilizou-se <strong>com</strong>o matriz resina <strong>de</strong> poliéster pré-acelerado, fornecido pela empresa RF<br />

Químicos LTDA, sob o código L-110. Foi adicionado um catalisador, para aceleração do<br />

processo <strong>de</strong> polimerização.<br />

3.1.4 Talco<br />

Nos estudos mais avançados foi experimentada a adição <strong>de</strong> talco industrial, para<br />

tornar a resina mais viscosa. O talco foi adicionado na proporção <strong>de</strong> 10 %.<br />

3.2 METODOS<br />

3.2.1 Características físicas da resina<br />

O tempo e a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> endurecimento da resina polimérica são sensíveis ao teor<br />

<strong>de</strong> catalisador. Foi então feito o ensaio <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> pega, <strong>de</strong> forma semelhante à que se faz<br />

<strong>com</strong> o cimento (aparelho <strong>de</strong> Vicat). Foram usados tubos <strong>de</strong> PVC, <strong>com</strong>o mol<strong>de</strong>, <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong><br />

36


2,15 cm e altura <strong>de</strong> 4,3 cm. A resina foi misturada <strong>com</strong> diferentes teores <strong>de</strong> catalisador,<br />

variando entre 1% e 5%, e colocada nos mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> PVC. A cada cinco minutos foi anotado o<br />

valor <strong>de</strong> penetração da agulha do aparelho indicado na Figura 3.3. Assim obteve-se o tempo<br />

em que à resina permanecia líquida e o intervalo em que ocorria a solidificação. Chamou-se<br />

então, início <strong>de</strong> pega o tempo posterior quando a agulha já não toca mais a base do<br />

equipamento <strong>de</strong> medição, e fim <strong>de</strong> pega o tempo em que a agulha não penetra mais no corpo<br />

<strong>de</strong> prova. Depois do endurecimento <strong>de</strong> 24h foi medida a resistência à <strong>com</strong>pressão dos corpos<strong>de</strong>-prova<br />

<strong>de</strong> resina (Figura 3.4) em uma maquina universal dos ensaios.<br />

(a) (b)<br />

Figura 3.4 – (a) Aparelho <strong>de</strong> Vicat; (b) corpos-<strong>de</strong>-prova para ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão<br />

3.2.2 Processo <strong>de</strong> moldagem<br />

No presente trabalho foi utilizado o método <strong>de</strong> laminação manual (hand-lay-up) por<br />

causa das vantagens do baixo investimento em <strong>equipamentos</strong>, da flexibilida<strong>de</strong> e da<br />

simplicida<strong>de</strong> do mesmo. Foram pensadas inicialmente em se realizar dois tipos <strong>de</strong> ligação,<br />

uma na forma <strong>de</strong> bandagem e outra <strong>com</strong> um mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, tipo pré-fabricado.<br />

3.2.2.1 Ligação por bandagem<br />

Primeiro se preparo à lâmina do <strong>com</strong>pósito, mostrada na Figura 3.5, <strong>com</strong> uma<br />

proporção <strong>de</strong> catalisador <strong>de</strong> 2 %. Foram utilizados dois pedaços <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>sa vulgaris <strong>com</strong><br />

37


uma altura <strong>de</strong> 10 cm. Antes do endurecimento, <strong>com</strong> ela se envolve, <strong>com</strong>o uma bandagem, os<br />

dois pedaços <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> a serem unidos. Para evitar o escoamento da resina foi colocado um<br />

filme plástico em volta e fixado <strong>com</strong> um cordão <strong>de</strong> sisal.<br />

(a) (b)<br />

Figura 3.5 – (a) Preparação <strong>de</strong> um <strong>com</strong>pósito; (b) uma ligação realizada<br />

Um processo parecido foi aplicado para confeccionar <strong>ligações</strong> tridimensionais.<br />

Foram empregados três pedaços <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> e juntados através <strong>de</strong> bandagem <strong>de</strong> mantas <strong>de</strong> sisal<br />

impregnados <strong>com</strong> a resina (Figura 3.6.)<br />

Figura 3.6 – Ligação tridimensional<br />

3.2.2.2 Ligação pré-fabricada<br />

A ligação tubular pré-fabricada faz e uso <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, <strong>com</strong>o se vê na<br />

Figura 3.7. Com objetivo <strong>de</strong> facilitar a <strong>de</strong>smoldagem, usou se uma cera líquida para formas <strong>de</strong><br />

concreto, DESMOL, e um filme plástico, <strong>de</strong>vido à tendência que o poliéster tem <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rir às<br />

superfícies. O tecido <strong>de</strong> sisal <strong>com</strong>o recebido foi cortado e pesado. Pesou-se o poliéster e o


catalisador (2% em peso) e fez-se a mistura dos mesmos. Depois <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10 min <strong>de</strong><br />

espera, correspon<strong>de</strong>ndo quase que ao inicio <strong>de</strong> pega a resina foi colocada no tecido <strong>de</strong> sisal e<br />

espalhada manualmente até a fibra ficar <strong>com</strong>pletamente encharcada. Fechou-se o mol<strong>de</strong><br />

quando a resina estava próximo do ponto <strong>de</strong> gelificação. Depois <strong>de</strong> mais ou menos 15 min,<br />

colocou-se um dispositivo <strong>com</strong>primindo e <strong>de</strong>ixou-se endurecer à temperatura ambiente por<br />

um período <strong>de</strong> 24h. Devido à aplicação <strong>de</strong> uma <strong>com</strong>pressão radial, melhorou-se a distribuição<br />

da resina no <strong>com</strong>pósito. Foram produzidas <strong>ligações</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>primento variando <strong>de</strong> 60 mm a<br />

100 mm. O diâmetro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das dimensões do mol<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong> variar <strong>com</strong>o se queira. A<br />

intenção é a fixação <strong>de</strong>ssa ligação tubular nos colmos através <strong>de</strong> pinos.<br />

Figura 3.7 – Ligação pré-fabricada<br />

Foram confeccionadas também <strong>ligações</strong> tridimensionais. Usou-se um mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> PVC<br />

(tubulações <strong>de</strong> esgoto, Figura 3.8 a) e tecido <strong>de</strong> sisal, cortado e fixado no mol<strong>de</strong> <strong>com</strong> um<br />

cordão. Neste caso fui adicionado 10 % <strong>de</strong> talco para facilitar o processo <strong>de</strong> impregnação. A<br />

resina foi aplicada <strong>com</strong> um pincel (Figura 3.8 b), endureceu por 24h e finalmente o <strong>com</strong>pósito<br />

foi retirada do mol<strong>de</strong> (Figura 3.8 c).


(a) (b) (c)<br />

Figura 3.8 – (a) Mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> PVC; (b) Aplicação da resina; (c) Ligação endurecida.<br />

Para produzir o <strong>com</strong>pósito plano, a ser usado em testes <strong>de</strong> resistência à tração,<br />

adotou-se o mesmo procedimento. Foram moldados pequenas placas <strong>com</strong> dimensões 150mm<br />

x 150mm x 4mm, <strong>com</strong> aproximadamente 30 % <strong>de</strong> fibra (Figura 3.9).<br />

Também foram<br />

moldadas placas planas só <strong>com</strong> a resina.<br />

Figura 3.9 – Compósito plano para extração <strong>de</strong> corpos-<strong>de</strong>-prova para ensaio <strong>de</strong> tração<br />

3.2.2.3 Teor <strong>de</strong> <strong>fibras</strong><br />

O teor <strong>de</strong> <strong>fibras</strong> foi <strong>de</strong>terminado por gravimétrica. O tecido <strong>de</strong> sisal após ter sido<br />

cortado nas dimensões do mol<strong>de</strong>, foi pesado antes e após o laminado ser produzido. O teor <strong>de</strong><br />

<strong>fibras</strong> foi calculado <strong>com</strong>o a relação entre o peso do reforço e o peso do laminado produzido.


3.2.3 Ensaios mecânicos<br />

O <strong>bambu</strong> e os <strong>com</strong>pósitos foram testados visando à <strong>de</strong>terminação das suas<br />

resistências mecânicas. Também foi verificada a resistência da resina e da fibra<br />

separadamente.<br />

3.2.3.1 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão<br />

Em principio tentou-se verificar <strong>com</strong>o se <strong>com</strong>portaria a ligação por bandagem num<br />

ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão. Foram então feitas <strong>ligações</strong> em dois pedaços <strong>de</strong> colmo <strong>com</strong> altura <strong>de</strong><br />

10 cm, afastados entre si por uma pequena camada <strong>de</strong> EPS (Figura 3.10) e <strong>com</strong> diferentes<br />

<strong>com</strong>primentos <strong>de</strong> contato <strong>com</strong> o colmo. O processo <strong>de</strong> moldagem foi feito <strong>com</strong>o <strong>de</strong>scrito em<br />

item 3.2.2.1. Foram testados <strong>com</strong>pósitos <strong>com</strong> sisal e <strong>com</strong> juta. O ensaio foi realizado em<br />

máquina <strong>de</strong> ensaio à <strong>com</strong>pressão em corpos-<strong>de</strong>-prova tubulares.<br />

Figura 3.10 – Ensaios <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão da ligação por bandagem (sisal/juta) <strong>com</strong> EPS<br />

Em seguida foram feitos teste <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão <strong>com</strong> os colmos em contato entre si. Foi<br />

ensaiado um corpo-<strong>de</strong>-prova <strong>com</strong> e sem ligação, conforme mostra a Figura 3.11. Procurou-se<br />

manter aproximadamente a mesma esbeltez.


(a) (b)<br />

Figura 3.11 – Ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão <strong>de</strong> colmos em contato nas extremida<strong>de</strong>s<br />

(a) <strong>com</strong> e sem (b) ligação<br />

Também foi verificado o <strong>com</strong>portamento da ligação pré-fabricada isolada em<br />

<strong>com</strong>pressão (Figura 3.12). O corpo-<strong>de</strong>-prova foi confeccionado <strong>com</strong>o <strong>de</strong>scrito em item<br />

3.2.2.2. Usou-se altura igual diâmetro para se po<strong>de</strong>r <strong>com</strong>parar a tensão máxima <strong>com</strong> a <strong>de</strong><br />

corpos-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>.<br />

Figura 3.12 – Ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão da ligação pré-fabricada<br />

3.2.3.2 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> flexão<br />

Foram unidos colmos <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> formando uma peça única, conforme Figura 3.13,<br />

para ensaio <strong>de</strong> flexão simples (quatro pontos). A distancia entre os apoios foi <strong>de</strong> 59 cm e<br />

distancia media das cargas aplicadas <strong>de</strong> 23 cm. Foram feitas <strong>ligações</strong> sem e <strong>com</strong> nó no centro


da ligação. O carregamento foi aplicado <strong>de</strong> forma crescente e verificada a carga máxima e o<br />

estado da ligação após o ensaio. Em um dos casos, usaram-se pinos <strong>de</strong> aço. Os colmos<br />

testados tinham aproximadamente as mesmas dimensões.<br />

Figura 3.13 – Ensaio <strong>de</strong> flexão em colmos unidos pela ligação proposta<br />

3.2.3.3 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> tração<br />

Foram produzidos corpos-<strong>de</strong>-prova na forma <strong>de</strong> barras retangulares a partir dos<br />

laminados do item 3.1.3.2 nas dimensões prescritas em pela Norma ASTM D 3039, serrados e<br />

<strong>com</strong> o acabamento feito por lixas n° 100 e n° 180. As dimensões reais utilizadas foram:<br />

Comprimento: 90 mm; Largura: 10 mm; Espessura: 4 mm; Comprimento útil: 40 mm.<br />

Também foram preparadas barras retangulares <strong>com</strong> as mesmas dimensões só <strong>com</strong> a<br />

resina e só <strong>com</strong> o tecido <strong>de</strong> sisal.<br />

Em seguida foram confeccionados corpos-<strong>de</strong>-prova tubulares (Figura 3.15), que foram<br />

fixados por um pino <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> nos colmos e o conjunto submetido o ensaio <strong>de</strong> tração. Foram<br />

testados três afastamentos do pino à extremida<strong>de</strong> da ligação em <strong>com</strong>pósito: 3 cm, 4 cm e 5cm.<br />

Os testes foram realizados em uma maquina <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> marca SHIMADZU,<br />

mo<strong>de</strong>lo Servopulser 50 kN (Figura 3.14) <strong>com</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carregamento <strong>de</strong> 4,8 mm/min. A<br />

resistência da ligação correspon<strong>de</strong> à carga máxima obtida.


Figura 3.14 – Ensaio <strong>de</strong> tração em <strong>com</strong>pósitos<br />

Figura 3.15 – Ensaio <strong>de</strong> resistência à tração da ligação<br />

3.2.4 Proposição <strong>de</strong> <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong><br />

Através <strong>de</strong> maquetes, <strong>de</strong>senhos e plantas realizaram-se diferentes proposições para<br />

<strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong> <strong>com</strong>o barraca <strong>de</strong> ambulantes, parada <strong>de</strong> ônibus, cobertura <strong>de</strong><br />

estacionamento <strong>de</strong> automóvel, etc, <strong>com</strong> base no <strong>bambu</strong> e as <strong>ligações</strong> <strong>de</strong>senvolvidas. As<br />

estruturas foram calculadas <strong>de</strong> sorte a se ter as forças atuantes nos elementos <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> e nas<br />

<strong>ligações</strong>.


4 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

4.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA RESINA<br />

Os resultados dos tempos <strong>de</strong> inicio e <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> pega da resina e a resistência à<br />

<strong>com</strong>pressão estão dispostas na Tabela 4.1 e na Figura 4.1. Vê-se que o aumento <strong>de</strong> teor <strong>de</strong><br />

catalisador não faz diminuir linearmente o inicio e o fim <strong>de</strong> pega. O resultado po<strong>de</strong> ser<br />

influenciado pela realização dos ensaios durante diferentes dias. Até o teor <strong>de</strong> 2 % observa-se<br />

certa continuida<strong>de</strong> tanto na diminuição <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> pega quanto no aumento da resistência. A<br />

partir daí já não se observa mais continuida<strong>de</strong>, nem no tempo <strong>de</strong> pega nem na resistência. A<br />

melhor resistência à <strong>com</strong>pressão ocorreu <strong>com</strong> o teor <strong>de</strong> 2 % <strong>de</strong> catalisador, portanto foi este o<br />

escolhido para a laminação do <strong>com</strong>pósito. Também o intervalo entre inicio e fim <strong>de</strong> pega é<br />

suficiente para se executar o processo <strong>de</strong> confecção da ligação.<br />

Note-se a excelente resistência da resina, que, embora medida em corpos-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong><br />

pequena dimensão (o que sobre-valoriza o valor medido), chegou a superar 120 MPa.<br />

Tabela 4.1 – Tempos <strong>de</strong> inicio e <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> pega e resistência ã <strong>com</strong>pressão<br />

<strong>de</strong> corpos-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong> resina<br />

Teor catal.<br />

(%)<br />

Início<br />

(min)<br />

Fim<br />

(min)<br />

Resistência<br />

(MPa)<br />

1,0 25 35 95,26<br />

1,5 20 25 106,73<br />

1,9 10 15 114,77<br />

2,0 15 20 127,39<br />

2,1 10 15 110,18<br />

2,2 10 15 103,29<br />

2,5 15 20 89,52<br />

3,0 15 20 107,88<br />

3,5 10 20 113,62<br />

5,0 10 15 61,97


45<br />

penetracao (mm)<br />

40<br />

35<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

1,00%<br />

1,50%<br />

1,90%<br />

2,00%<br />

2,10%<br />

2,20%<br />

2,50%<br />

3,00%<br />

3,50%<br />

5,00%<br />

0<br />

0 5 10 15 20 25 30 35<br />

tempo (min)<br />

(a)<br />

140,00<br />

2,00%<br />

120,00<br />

100,00<br />

1,00%<br />

1,50%<br />

1,90%<br />

2,10%<br />

2,20%<br />

2,50%<br />

3,00% 3,50% 5,00%<br />

Ten sao (MPa)<br />

80,00<br />

60,00<br />

40,00<br />

20,00<br />

0,00<br />

% <strong>de</strong> catalisador<br />

(b)<br />

Figura 4.1 – (a) Tempos <strong>de</strong> inicio e <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> pega; (b) resistência à <strong>com</strong>pressão da resina


4.2 PROCESSO DE MOLDAGEM<br />

O conhecimento obtido pelos ensaios sobre a resina, possibilitou melhorar bastante o<br />

processo <strong>de</strong> laminação. A partir <strong>de</strong> então, passou-se a realizar a fixação das mantas <strong>de</strong> sisal<br />

seja nos colmos <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> a serem ligados, seja no mol<strong>de</strong> interior para a ligação pré-fabricada<br />

no inicio <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> pega. Assim, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ocorrer o escoamento da resina.<br />

Observou se também que os corpos-<strong>de</strong>-prova confeccionados <strong>com</strong> mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

mostram uma superfície mais homogênea e <strong>de</strong> melhor acabamento.<br />

4.3 DESEMPENHO DAS LIGAÇÕES<br />

4.3.1 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão<br />

4.3.1.1 Ligação por bandagem<br />

Nos casos em que os colmos ficaram separados houve diferente <strong>com</strong>portamento das<br />

<strong>ligações</strong> <strong>com</strong> os <strong>com</strong>pósitos <strong>com</strong> juta e <strong>com</strong> sisal. No primeiro caso, verificou-se que a<br />

ligação flambou no espaçamento entre os colmos (Figura 4.2), a tensão transversal <strong>de</strong> tração<br />

surgida chegou mesmo a rasgar, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> flambar, a manta <strong>de</strong> juta. No caso da ligação <strong>com</strong><br />

sisal, a rigi<strong>de</strong>z é muito maior, assim <strong>com</strong>o a resistência à tração. Assim, em vez <strong>de</strong> flambar,<br />

há perda <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência e os colmos <strong>de</strong>slizam até encontrarem-se os topos.<br />

Figura 4.2 – Ligação <strong>com</strong> juta: flambagem; ligação <strong>com</strong> sisal, <strong>de</strong>slizamento sem ruptura


Para efeito <strong>de</strong> <strong>com</strong>paração, foi admitida uma tensão convencional correspon<strong>de</strong>ndo à<br />

força aplicada dividida pela área da seção transversal média dos colmos unidos. Nas Tabelas<br />

4.2 e 4.3 vê-se que o <strong>com</strong>primento da ligação em contato <strong>com</strong> o colmo não influiu na<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga. Isto quer dizer que a a<strong>de</strong>rência não é <strong>de</strong>terminante na carga última. Na<br />

realida<strong>de</strong>, durante o ensaio, tem-se um primeiro pico <strong>de</strong> carga que indica a perda <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência,<br />

essa sim, função do <strong>com</strong>primento da ligação. Infelizmente, por <strong>de</strong>ficiência da instrumentação,<br />

não se conseguiu <strong>de</strong>terminá-lo <strong>com</strong> precisão.<br />

Tabela 4.2 – Ligação <strong>com</strong> o <strong>com</strong>pósito <strong>com</strong> sisal<br />

amostra 7 amostra 8 amostra 9<br />

Comprimento (cm) 7 8 9<br />

Diâmetro ext (cm) 5,2 5,3 5,35<br />

Diâmetro int (cm) 3,95 4 4,15<br />

Área (cm²) 8,98 9,50 8,95<br />

Força max (kN) 275 230 163<br />

Tensão max (MPa) 30,61 24,22 18,15<br />

Tabela 4.3 – Ligação <strong>com</strong> o <strong>com</strong>pósito <strong>com</strong> juta<br />

amostra 10 amostra 11 amostra 12<br />

<strong>com</strong>primento (cm) 8 9 10<br />

diâmetro ext (cm) 5,7 5,525 5,75<br />

diâmetro int (cm) 4,675 4,475 4,475<br />

Área (cm²) 8,35 8,25 10,24<br />

Força (kN) 120 113 168<br />

Tensão (MPa) 14,37 13,64 16,36<br />

Nas Tabelas 4.3 e 4.4 po<strong>de</strong>-se ver que a ligação <strong>com</strong> juta conduziu a menores cargas<br />

últimas que a ligação <strong>com</strong> sisal. No caso da juta, a carga máxima está sendo a que provocou a<br />

flambagem da ligação. No caso do sisal há um <strong>de</strong>slizamento lento dos colmos <strong>de</strong>ntro da


ligação e a carga última <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>o os colmos entram em contato <strong>de</strong> topo. Quanto<br />

maior a área <strong>de</strong> contato, maior a capacida<strong>de</strong> da ligação. Como o Bambusa vulgaris apresenta<br />

muitas imperfeições, é gran<strong>de</strong> a disparida<strong>de</strong> nos resultados. Casos houve <strong>de</strong> um dos colmos<br />

fraturarem e penetrarem no outro, <strong>com</strong>o mostra a Figura 4.3.<br />

Figura 4.3 – Colmo penetrando um no outro nos limites <strong>de</strong> carga<br />

Os testes mostraram que:<br />

• A ligação é sensível às variações geométricas (diâmetro, paralelismo, etc.).<br />

• Po<strong>de</strong>m ocorrer penetrações entre os colmos por falta da linearida<strong>de</strong>.<br />

• A a<strong>de</strong>rência do <strong>bambu</strong> <strong>com</strong> a ligação conduz a relativamente pequena<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga. Em <strong>com</strong>pressão é necessário que os topos dos colmos<br />

estejam em contato entre si e esse contato seja o mais regular possível.<br />

No caso dos testes realizados <strong>com</strong> os colmos diretamente em contato entre si,<br />

percebeu-se que a função da ligação é mais <strong>de</strong> não permitir a separação do colmo fraturado<br />

por conta das tensões <strong>de</strong> tração radiais. Sendo baixa a resistência à tração do <strong>bambu</strong><br />

transversalmente às <strong>fibras</strong>, ocorre a trinca que se po<strong>de</strong> ver na Figura 4.4. Havendo a ligação<br />

<strong>com</strong> o <strong>com</strong>pósito, as tensões <strong>de</strong> tração são resistidas pelo mesmo e no trecho da ligação


aquela fissura não aparece. A Tabela 4.4 mostra que o <strong>com</strong>pósito não influi na tensão média<br />

final.<br />

Figura 4.4 – Ligação impedindo fissura longitudinal<br />

Tabela 4.4 – Tensão máxima no contato dos colmos<br />

<strong>com</strong> ligação sem ligação<br />

diâmetro ext (cm) 6,7 5,45<br />

diâmetro int (cm) 5,5 4,3<br />

Área (cm²) 11,50 8,81<br />

Força (kN) 425 313<br />

Tensão (MPa) 36,96 35,49<br />

4.3.1.2 Ligação pré-fabricada<br />

Na ligação feita por bandagem, não se consegue <strong>de</strong>terminar <strong>com</strong> precisão o teor <strong>de</strong><br />

<strong>fibras</strong>, porque não é possível pesar o laminado endurecido separadamente do colmo. Já na<br />

ligação pré-fabricada há essa possibilida<strong>de</strong>.<br />

A Figura 4.5 <strong>de</strong>monstra que existe uma relação entre o teor <strong>de</strong> fibra e a resistência à<br />

<strong>com</strong>pressão: quanto menor o teor <strong>de</strong> <strong>fibras</strong>, maior a resistência. Cada resultado correspon<strong>de</strong> à<br />

média <strong>de</strong> 2 corpos-<strong>de</strong>-prova.


30,00<br />

25,00<br />

26,90%; 25,18<br />

20,00<br />

Tension (MPa)<br />

15,00<br />

10,00<br />

28,40%; 14,48<br />

29,50%; 10,07<br />

5,00<br />

0,00<br />

1<br />

Composites<br />

Figura 4.5 – Relação entre teor <strong>de</strong> fibra e resistência à <strong>com</strong>pressão<br />

Na Figura 4.6 vê-se que ocorreu flambagem no topo do corpo <strong>de</strong> prova em vez <strong>de</strong><br />

acontecer no centro. Isto po<strong>de</strong> ser atribuído a imperfeições dos elementos testados e da altura<br />

igual diâmetro. A ruptura não é brusca, percebendo-se que o trecho <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte da curva<br />

carga-<strong>de</strong>formação é bastante longo, indicando ductilida<strong>de</strong> e tenacida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>pósito.<br />

Figura 4.6 – Ensaio <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão e corpos-<strong>de</strong>-prova da ligação pré-fabricada após ensaio


4.3.2 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> flexão<br />

Nas Figuras 4.7 a 4.10 po<strong>de</strong>m-se ver os casos em que foram testadas as <strong>ligações</strong> em<br />

flexão. Os corpos-<strong>de</strong>-prova foram submetidos a ensaio <strong>de</strong> quatro pontos. Assim, no trecho<br />

<strong>com</strong> esforço cortante constante, a tensão <strong>de</strong> cisalhamento é <strong>de</strong>terminante na ruptura. Isto<br />

porque a resistência ao cisalhamento paralelo às <strong>fibras</strong> é baixa, quando <strong>com</strong>parada <strong>com</strong> a<br />

resistência à tração.<br />

Na Figura 4.7 vê-se o ensaio <strong>de</strong> um colmo único, sem emenda. A fissura <strong>de</strong><br />

cisalhamento ocorre exatamente on<strong>de</strong> às tensões são máximas, ou seja, a meia altura da seção.<br />

Depois <strong>de</strong> formada essa fissura, ocorreu o esmagamento da extremida<strong>de</strong>. A força máxima<br />

passou <strong>de</strong> 4,0 kN.<br />

Figura 4.7 - Colmo inteiro <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> sem nó nos apoios<br />

Na Figura 4.8 po<strong>de</strong>-se notar que a presença do nó na extremida<strong>de</strong> melhorou o<br />

<strong>de</strong>sempenho do colmo no ensaio. Houve a formação da fissura a meia altura do colmo, mas o<br />

esmagamento foi evitado, havendo significativo acréscimo na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga.


Figura 4.8 – Colmo inteiro <strong>com</strong> nó nos apoios<br />

Na Figura 4.9 vê-se o ensaio <strong>de</strong> uma peça emendada por bandagem. No caso, notouse<br />

uma flexibilida<strong>de</strong> maior que nos casos anteriores. Isto após haver <strong>de</strong>scolamento na parte<br />

inferior da ligação. Nas vizinhanças da carga última, além da fissura <strong>de</strong> cisalhamento, chegou<br />

a haver ligeiro esmagamento no contato da carga.<br />

Figura 4.9 – Colmos ligados no centro<br />

A ligação <strong>com</strong> pinos metálicos indicada na Figura 4.10 teve excelente <strong>de</strong>sempenho.<br />

Agora não houve separação da ligação, impedida pelos pinos. A flexibilida<strong>de</strong> foi maior que<br />

nos colmos sem emendas, mas já menor que no caso da ligação sem pinos. Após o ensaio a<br />

ligação permaneceu em muito boas condições, a ruptura acontecendo mais por esmagamento<br />

localizado do colmo nos pontos <strong>de</strong> aplicação da carga.


Figura 4.10– Colmos ligados no centro <strong>com</strong> presença <strong>de</strong> pinos metálicos<br />

Do exposto, po<strong>de</strong>-se perceber a importância <strong>de</strong> se fazer <strong>com</strong> que no apoio haja a presença<br />

<strong>de</strong> nó.<br />

4.3.3 Comportamento no ensaio <strong>de</strong> tração<br />

4.3.3.1 Materiais básicos e <strong>com</strong>pósito<br />

A Figura 4.11 apresenta três curvas carga-<strong>de</strong>formação da matriz polimérica. Nota-se um<br />

<strong>com</strong>portamento aproximadamente linear, até proximida<strong>de</strong>s da ruptura que ocorre <strong>de</strong> maneira<br />

brusca. Para <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> 1 % a resina apresentou uma tensão da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 MPa. A<br />

tensão máxima ficou próxima <strong>de</strong> 35 MPa.<br />

Na Figura 4.12 vê-se o <strong>com</strong>portamento do tecido <strong>de</strong> fibra. Aqui, a área consi<strong>de</strong>rada foi a<br />

largura da manta vezes sua espessura, não representando os resultados a resistência do<br />

material em si. As <strong>fibras</strong> individuais po<strong>de</strong>m ter resistência superior a 600 MPa (TOLEDO<br />

FILHO, R. D. 1997). No caso, a tensão convencional adotada chegou a 20 MPa, mas para<br />

<strong>de</strong>formações <strong>de</strong> 1 % tem-se somente uma tensão <strong>de</strong> 2 MPa. Isto porque, no corpo-<strong>de</strong>-prova ao<br />

ser tracionado, primeiro <strong>com</strong>eça a ocorrer a retificação dos fios e cordões, resultando em uma


curva convexa no inicio do gráfico tensão-<strong>de</strong>formação. Depois que as <strong>fibras</strong> ficam bem<br />

esticadas o material <strong>com</strong>eça a aumentar a rigi<strong>de</strong>z.<br />

A curva relativa à amostra dois da Figura 4.12 tem pico <strong>de</strong> tensão inferior aos<br />

<strong>de</strong>mais porque nela constavam apenas quatro cordões longitudinais ao passo que as <strong>de</strong>mais<br />

apresentavam cinco cordões.<br />

Na Figura 4.13 tem-se agora as curvas tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>com</strong>pósito. Veja-se que<br />

se chegou a uma tensão máxima <strong>de</strong> 24 MPa, mas <strong>com</strong> uma <strong>de</strong>formação alta. Para tensões <strong>de</strong> 6<br />

– 12 MPa o material apresentou uma pequena <strong>de</strong>formação em torno <strong>de</strong> 1% que é valor<br />

satisfatório na construção civil. Foram testadas duas formas <strong>de</strong> corpos-<strong>de</strong>-prova, indicados na<br />

Figura 4.13, mas o <strong>com</strong>portamento tensão-<strong>de</strong>formação foi semelhante.<br />

40<br />

amostra 2 amostra 3 amostra 4<br />

35<br />

30<br />

tensão (MPa)<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

<strong>de</strong>formação (%)<br />

Figura 4.11– Relação <strong>de</strong>formação - tensão da resina


amostra 1 amostra 2 amostra 3<br />

25<br />

20<br />

tensão (MPa)<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20<br />

<strong>de</strong>formação (%)<br />

Figura 4.12 – Relação tensão - <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> sisal<br />

test 1 test 4 test 5 test 7<br />

25<br />

Test 1,7<br />

20<br />

Test 4,5<br />

tensão (MPa)<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20<br />

<strong>de</strong>formação (%)<br />

Figura 4.13 – Relação tensão-<strong>de</strong>formação do <strong>com</strong>pósito


4.3.3.2 Ligação<br />

Nas <strong>ligações</strong> tubulares submetidas à tração foram testadas diferentes distancias do<br />

pino à extremida<strong>de</strong>. As Tabelas 4.5 e 4.6 mostram os resultados e as Figura 4.14 e 4.15 os<br />

corpos-<strong>de</strong>-prova após do ensaio. Usaram-se neste ensaio pinos <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> e pinos <strong>de</strong> aço.<br />

Observa-se nos ensaio tanto <strong>com</strong> pino <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> <strong>com</strong>o <strong>com</strong> pino <strong>de</strong> aço, quanto maior a<br />

distância entre extremida<strong>de</strong> e pino quanto maior a resistência. Para 3 e 4 centímetro <strong>de</strong><br />

afastamento ocorreu rasgamento da ligação, ao passo que <strong>com</strong> 5 cm, a ligação ficou quase<br />

intacta e quem falhou foi o pino <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>.<br />

Em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> o pino <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> não ter ficado <strong>com</strong> a circular, difícil fica achar uma<br />

tensão <strong>de</strong> contato entre ele e a pare<strong>de</strong> do tubo. No entanto, <strong>com</strong> o pino metálico, po<strong>de</strong>-se<br />

obter este parâmetro, que está indicado na Tabela 4.6. Vê-se que <strong>com</strong> o pino <strong>de</strong> aço, material<br />

muito mais rígido, a resistência aumenta em relação ao ensaio <strong>com</strong> pino <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>. A tensão<br />

<strong>de</strong> contato é bastante elevada. Para aumentar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga da ligação, po<strong>de</strong>-se<br />

aumentar o diâmetro e/ou o número <strong>de</strong> pinos.<br />

Tabela 4.5 – Resultados do ensaio <strong>de</strong> tração (pino <strong>bambu</strong>)<br />

Unida<strong>de</strong><br />

Corpo<br />

<strong>de</strong> prova<br />

Corpo <strong>de</strong><br />

prova<br />

Corpo <strong>de</strong><br />

prova<br />

Distância até extremida<strong>de</strong> cm 5 4 3<br />

Força máx. kN 2,9 2,7 2,6<br />

Tabela 4.6 – Resultados do ensaio <strong>de</strong> tração (pino aço: d=9mm)<br />

Unida<strong>de</strong><br />

Corpo<br />

<strong>de</strong> prova<br />

Corpo <strong>de</strong><br />

prova<br />

Corpo <strong>de</strong><br />

prova<br />

Distância até extremida<strong>de</strong> cm 5 4 3<br />

Força máx. kN 4,6 4,3 3,4<br />

Tensão <strong>de</strong> contato MPa 60,5 56,7 44,7


5<br />

4 3<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 4.14 – (a) Ensaio <strong>de</strong> tração (pino <strong>bambu</strong>); (b) Corpos-<strong>de</strong>-prova após do ensaio.<br />

5<br />

4 3<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 4.15 – (a) Ensaio <strong>de</strong> tração (pino aço); (b) Corpos-<strong>de</strong>-prova após do ensaio.


4.4 PROJETO ARQUITECTÕNICO<br />

4.4.1 Projeto<br />

Ressalta-se que o projeto arquitetônico dos <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong> visa <strong>de</strong>monstrar a<br />

viabilida<strong>de</strong> das estruturas feitas <strong>com</strong> materiais não convencionais, neste caso o <strong>bambu</strong> e o<br />

sisal, através <strong>de</strong> propostas arquitetônicas sustentáveis que empreguem materiais disponíveis<br />

na região e busquem a harmonia <strong>com</strong> o meio ambiente.<br />

Objetivo do projeto arquitetônico foi o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um elemento estrutural<br />

que possa ser utilizado em várias soluções. Este elemento é pré-fabricado para reduzir os<br />

custos produtivos e evitar os problemas no processo <strong>de</strong> produção. Foi escolhida a geometria<br />

da treliça (Figura 4.16) que possibilita aten<strong>de</strong>r a este requerimento. Primeiro foram elaboradas<br />

os <strong>de</strong>talhes da treliça (Figura 4.17), usando as <strong>ligações</strong> <strong>de</strong>senvolvidas <strong>com</strong> <strong>fibras</strong> <strong>de</strong> sisal em<br />

matrizes poliméricas. Após, foram projetadas diversos propostas <strong>de</strong>monstradas nas Figuras<br />

4.18 a 4.23, incluindo os <strong>de</strong>talhes da fundação proposta <strong>com</strong> concreto armado.<br />

Figura 4.16 – Treliça <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>


Figura 4.17 – Detalhes da treliça <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>


(a)<br />

(b)<br />

Figura 4.18 - Proposta 1: (a) barraca <strong>de</strong> ambulante, (b) <strong>de</strong>talhes


(a)<br />

(b)<br />

Figura 4.19 - Proposta 1: (a) variação da estrutura, (b) <strong>de</strong>talhes


(a)<br />

(b)<br />

Figura 4.20 – Proposta 2: (a) parada <strong>de</strong> ônibus, (b) <strong>de</strong>talhe


(a)<br />

(b)<br />

Figura 4.21 – Proposta 3: (a) cobertura pequena (uso diverso), (b) <strong>de</strong>talhe


Figura 4.22 – Proposta 4: cobertura gran<strong>de</strong> (uso diverso)


Figura 4.23 – Proposta 5: estacionamento coberto


4.4.2 Verificação estrutural da proposta arquitetônica<br />

Foram analisadas através <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> cálculos (Ftool) a proposta um<br />

apresentada no item anterior.<br />

Foi consi<strong>de</strong>rado peso próprio da telha (tipo Onduline) <strong>de</strong> 5 kgf/m 2 e uma sobrecarga<br />

vertical correspon<strong>de</strong>nte a vento a 20 kgf/m 2 . Consi<strong>de</strong>rando-se que há dois pórticos, meta<strong>de</strong> do<br />

carregamento vai para cada um <strong>de</strong>les. A área <strong>de</strong> influência é aproximadamente 4,8 m 2 o que<br />

implica numa carga total <strong>de</strong> 4,8 x 25 = 120 kgf, por pórtico. Como há terças <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> para<br />

apoio das telhas, po<strong>de</strong>-se admitir carga concentrada <strong>de</strong> 120/6 =20 kgf, ou seja, 0,2 kN. No nó<br />

central apoiam-se duas terças, daí o maior valor da força ali aplicada. Na Figura 4.24 tem-se o<br />

esquema <strong>de</strong> cálculo. Foi também verificado o pórtico <strong>com</strong> carga horizontal <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte<br />

a uma ação <strong>de</strong> vento <strong>de</strong> 20 kgf/m 2 .<br />

Na Figura 4.25 vêm-se os esforços normais. Observa-se que o maior esforço normal<br />

na treliça é <strong>de</strong> 1 KN. Nos ensaios realizados o menor valor resistido pela ligação foi 3,4 KN,<br />

usando-se pino <strong>de</strong> aço e 2,6 KN quando se usou pino <strong>de</strong> <strong>bambu</strong>. Tem-se então um fator <strong>de</strong><br />

segurança superior a 3.<br />

Na Figura 4.26 tem-se o momento fletor. O esforço <strong>de</strong> flexão encontrado no banzo<br />

superior foi apenas <strong>de</strong> 0,1 KNm, que é facilmente suportada pela ligação.


(a)<br />

(b)<br />

Figura 4.24 – (a) Pórtico <strong>com</strong> cargas verticais; (b) Pórtico <strong>com</strong> cargas verticais e horizontais<br />

Figura 4.25 – Esforço Normal: (a) carga vertical, (b) carga vertical e horizontal


Figura 4.26 – Momento fletor: (a) carga vertical, (b) carga vertical e horizontal<br />

4.4.3 Construção <strong>de</strong> protótipo<br />

O elemento estrutural, a treliça, apresentada anteriormente, contendo colmos <strong>de</strong><br />

<strong>bambu</strong> e <strong>ligações</strong> feitas <strong>com</strong> sisal em matrizes poliméricas, foi utilizado para a construção <strong>de</strong><br />

um primeiro protótipo, que po<strong>de</strong>ria ser uma parada <strong>de</strong> ônibus, ou barraca <strong>de</strong> ambulantes. As<br />

Figuras 4.27 a 4.29 mostram as diferentes etapas <strong>de</strong> fabricação da treliça. Primeiro foram<br />

cortados os colmos <strong>de</strong> <strong>bambu</strong> e apos às mantas <strong>de</strong> sisal para cada tipo <strong>de</strong> ligação. Em seguida,<br />

elas foram fixadas <strong>com</strong> cordões <strong>de</strong> sisal e impregnadas <strong>com</strong> a resina.<br />

As colunas foram cortadas e furadas para se po<strong>de</strong>r fixar as treliças (Figuras 4.30 a<br />

4.31). Uma fundação <strong>de</strong> concreto nas dimensões 40 x 40 cm foi preparada. Após <strong>de</strong><br />

endurecimento o interno final das colunas foram preenchidas <strong>com</strong> concreto (Figura 4.32) e<br />

colocadas em cima da fundação (Figura 4.33) on<strong>de</strong> havia um ferro <strong>de</strong> espera. Por ultimo se<br />

colocou a treliça na posição final, através <strong>de</strong> pinos, e se cobriu a estrutura <strong>com</strong> telhas tipo<br />

Onduline.


(a)<br />

(b)<br />

Figura 4.27 – (a) Corte dos <strong>bambu</strong>s; (b) Treliça sem ligação.<br />

Figura 4.28 – Corte das mantas <strong>de</strong> sisal<br />

Figura 4.29 – Fixação das mantas <strong>de</strong> sisal <strong>com</strong> a matriz


Figura 4.30 – Pré-montagem das colunas <strong>com</strong> a treliça<br />

Figura 4.31 – Pré-montagem das colunas <strong>com</strong> a treliça<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 4.32 – (a) Inserção <strong>de</strong> concreto nas colunas; (b) Fixação das colunas no fundamento.


Figura 4.33 – Montagem dos banzos e do telhado<br />

Figura 4.34 – Montagem da estrutura<br />

Figura 4.35 – Protótipo concluido


5 CONCLUSÕES<br />

Neste capitulo são apresentadas as principais consi<strong>de</strong>rações finais sobre as <strong>ligações</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvidas, as propostas <strong>de</strong> <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong> e também algumas sugestões para<br />

trabalhos futuros, que po<strong>de</strong>m vir a contribuir para a utilização <strong>de</strong> materiais amigáveis.<br />

Resumidamente po<strong>de</strong>-se dizer que as conexões feitas <strong>com</strong> sisal em matrizes<br />

poliméricas po<strong>de</strong>m ser uma alternativa viável, po<strong>de</strong>ndo substituir as <strong>ligações</strong> em aço. As<br />

gran<strong>de</strong>s vantagens são a leveza e a simplicida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> <strong>ligações</strong>.<br />

5.1 LIGAÇÕES<br />

• A resina polimérica utilizada apresenta resistência à <strong>com</strong>pressão da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

120 MPa e o teor <strong>de</strong> catalisador mais apropriado encontrado para este trabalho foi <strong>de</strong><br />

2%.<br />

• Em <strong>com</strong>pressão, a ligação estudada funciona muito melhor se houver contato direto<br />

entre as extremida<strong>de</strong>s dos colmos. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga da ligação está ligada à<br />

área <strong>de</strong> contato entre elas, suas dimensões e linearida<strong>de</strong> das peças ligadas. A ligação<br />

por bandagem <strong>com</strong> o <strong>com</strong>pósito <strong>de</strong> juta apresentou menor resistência que aquela <strong>de</strong><br />

sisal, porém ela po<strong>de</strong> ser melhorada se mais <strong>de</strong> uma camada do tecido <strong>de</strong> <strong>fibras</strong> for<br />

colocada. Na ligação pré-fabricada observa-se a tendência do aumento da resistência<br />

à <strong>com</strong>pressão quando há uma diminuição do número <strong>de</strong> <strong>fibras</strong> na mesma camada.<br />

• Em flexão, a ligação tem boa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cargas, embora conduza a uma maior<br />

flexibilida<strong>de</strong> que o colmo inteiro. Os testes mostraram que a inclusão <strong>de</strong> pinos<br />

melhora o <strong>com</strong>portamento da ligação e, neste caso, po<strong>de</strong>-se mesmo dizer que não foi<br />

a ligação que limitou a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, mas sim outros fenômenos <strong>com</strong>o o


cisalhamento e/ou esmagamento localizado dos colmos nos pontos <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong><br />

carga.<br />

• Em tração observa-se que a distancia do pino à extremida<strong>de</strong> da ligação influencia na<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga. Afastamentos pequenos fazem o tecido rasgar-se. Uma<br />

distância <strong>de</strong> 5 cm parece já ser suficiente para que não ocorra o rasgamento e sim um<br />

esmagamento no contato pino-<strong>com</strong>pósito. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga po<strong>de</strong> ser aumentada<br />

aumentando-se o diâmetro dos pinos ou mesmo seu número.<br />

5.2 PROJETO ARQUITETÔNICO<br />

• O elemento estrutural básico da treliça proposta possibilita uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

projetos arquitetônicos para diversos <strong>equipamentos</strong> <strong>urbanos</strong>. A pré-fabricação da<br />

treliça acelera o processo <strong>de</strong> construção, diminui os custos produtivos e erros na<br />

execução.<br />

• As <strong>ligações</strong> realizadas por bandagem <strong>com</strong> mantas <strong>de</strong> sisal em matrizes poliméricas se<br />

mostraram viáveis apesar <strong>de</strong> uma superfície menos homogênea que das <strong>ligações</strong> préfabricadas<br />

lineares.<br />

• A partir dos dados obtidos foram calculadas as tensões nas <strong>ligações</strong> tridimensionais.<br />

Os resultados indicam que os <strong>com</strong>pósitos tubulares <strong>de</strong>senvolvidos atingiram<br />

proprieda<strong>de</strong>s superiores às requeridas. Portanto, os dados indicam a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

empregar este tipo <strong>de</strong> <strong>ligações</strong> utilizando os <strong>com</strong>pósitos investigados neste trabalho,<br />

em substituição ao aço, que é o material utilizado normalmente para esta finalida<strong>de</strong>.


5.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS<br />

Em se tratando <strong>de</strong> um trabalho pioneiro realizado em curto espaço <strong>de</strong> tempo, certamente<br />

muitos aspectos merecem serem melhor estudados e mais bem estabelecidos.<br />

Po<strong>de</strong>-se citar:<br />

• Realização <strong>de</strong> um maior número <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão, flexão e tração nas<br />

<strong>ligações</strong> tridimensionais, que permitam estabelecer estatisticamente sua resistência.<br />

• Melhorar o processo <strong>de</strong> confecção das <strong>ligações</strong> tridimensionais (usando mol<strong>de</strong>s)<br />

para ter um resultado estético melhor e homogêneo.<br />

• Estabelecer <strong>com</strong> mais precisão a resistência da ligação <strong>com</strong> pinos sob tração, em<br />

função do diâmetro, número <strong>de</strong> pinos e afastamentos da extremida<strong>de</strong>.<br />

• Estudar a durabilida<strong>de</strong> dos <strong>com</strong>pósitos <strong>de</strong>senvolvidos para as <strong>ligações</strong> sob condições<br />

<strong>de</strong> serviço.


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