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31 <strong>de</strong> Julho a 02 <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong> 2008<br />
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS:<br />
IDENTIFICAÇÃO DE FATORES<br />
FACILITADORES E INIBIDORES DO<br />
CAPITAL SOCIAL NO SETOR DE<br />
CONFECÇÃO DE SÃO GONÇALO (RJ).<br />
Flávia Azevedo Dias da Rocha (UNESA)<br />
flavia@opentec.com.br<br />
Levi Nazareth <strong>de</strong> Amorim (UNESA)<br />
levi@predialnet.com.br<br />
Luiz Martins <strong>de</strong> Melo (UNESA)<br />
luizmelo@fujb.ufrj.br<br />
Resumo<br />
As constantes alterações que ocorrem no cenário empresarial<br />
fazem com que as <strong>pequenas</strong> <strong>empresas</strong> busquem, com intensida<strong>de</strong>, um<br />
processo <strong>de</strong> gestão mais competitiva. Para competirem em um mercado<br />
altamente complexo, as organizações estão buscando formar re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
cooperação, o que muitas vezes culmina em um processo <strong>de</strong><br />
aglomeração <strong>de</strong> <strong>empresas</strong>. As conexões estabelecidas no aglomerado<br />
constituem-se em um ativo - capital social - que produz ganhos<br />
econômicos, além daqueles obtidos pela divisão do trabalho. Neste<br />
contexto, compreen<strong>de</strong>r a dinâmica da articulação entre as <strong>empresas</strong> é<br />
fundamental para a promoção e fortalecimento do capital social e para<br />
a criação <strong>de</strong> um planejamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do aglomerado.<br />
Foram levantadas, a partir dos estudos <strong>de</strong>senvolvidos por PUTNAM<br />
(2000), as características essenciais do capital social e confrontada<br />
com a realida<strong>de</strong> existente na Configuração Produtiva Local (CPL) do<br />
setor <strong>de</strong> confecção do município <strong>de</strong> São Gonçalo (RJ). Os resultados<br />
revelam que os vínculos estabelecidos entre as <strong>micro</strong> e <strong>pequenas</strong><br />
<strong>empresas</strong> formais da região, são inconstantes. A carência <strong>de</strong><br />
confiança, cooperação, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compartilhar/trocar<br />
informações, trabalho em equipe, normas e sistemas <strong>de</strong> participação<br />
cívica dificultam a promoção e o fortalecimento do capital social.<br />
Abstract<br />
The current competitive scene has transformed the relations between<br />
companies, over all the <strong>micro</strong> and small ones. To compete in a complex<br />
market, the organizations are forming cooperation nets, what produces<br />
a process of companie’s agglomerration. The connections established
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in the agglomeration consist in an active - social capital - that it<br />
produces economic profits, beyond those gotten by the division of the<br />
work. In this context, to un<strong>de</strong>rstand the dynamics of the joint between<br />
the companies is essential for he promotion and the strengthening of<br />
the social capital and for the creation of an agglomeration<br />
<strong>de</strong>velopment planning. It were searched, from the studies <strong>de</strong>veloped by<br />
PUTNAM (2000), the essential characteristics of the social capital and<br />
then, these characteristics were compared with the reality existent in<br />
the Local Productive Configuration of confection sector of São<br />
Gonçalo city (RJ). The results point that the bonds established between<br />
the <strong>micro</strong> and small formal companies of the region are fragile and<br />
fickle. The lack of the characteristics investigated - confi<strong>de</strong>nce,<br />
cooperation, capacity to share/to change information, work in team,<br />
norms and systems of civic participation - makes it difficult the<br />
promotion and the strengthening of the social capital.<br />
Palavras-chaves: Capital Social, Micro e <strong>pequenas</strong> <strong>empresas</strong>,<br />
Aglomerados produtivos locais.<br />
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1. Introdução<br />
As transformações econômicas ocorridas no final do século XX, a globalização, aliada<br />
aos novos paradigmas da tecnologia da informação e da comunicação, alteraram<br />
profundamente o ambiente em que operam as <strong>empresas</strong>, passando a exigir das mesmas a<br />
execução <strong>de</strong> um forte processo <strong>de</strong> reestruturação produtiva em busca <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>,<br />
como condição indispensável a sua sobrevivência.<br />
Micro e Pequenas Empresas (MPE's), que representam 98,7% do total das <strong>empresas</strong><br />
brasileiras, segundo o cadastro central <strong>de</strong> <strong>empresas</strong> do IBGE (2005), não ficaram à margem<br />
<strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>. Além do imperativo <strong>de</strong> adaptação a uma “nova or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> mercado”, as MPE’s<br />
precisam superar, a cada dia, uma série <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s que são inerentes ao segmento,<br />
principalmente as relativas ao seu tamanho e ao fato <strong>de</strong> agirem isoladamente. Segundo<br />
pesquisa do SEBRAE (2004), os resultados mostram que as principais razões para gran<strong>de</strong><br />
mortalida<strong>de</strong> das <strong>pequenas</strong> <strong>empresas</strong> antes <strong>de</strong> completarem quatro anos <strong>de</strong> vida são: falta <strong>de</strong><br />
conhecimentos gerenciais, <strong>de</strong>scontrole <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa, alto endividamento e falha no<br />
planejamento inicial.<br />
A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> alianças entre <strong>empresas</strong>, permitindo que cada uma<br />
<strong>de</strong>las se concentrem em suas competências essenciais e, assim <strong>de</strong>senvolvam vantagem<br />
competitiva (BATEMAN e SNELL, 1998), abriu caminho para as <strong>pequenas</strong> <strong>empresas</strong><br />
competirem <strong>de</strong> outras formas: li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> custos, ao participar <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> topdown; ou<br />
flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> custos, ao formar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>empresas</strong> flexíveis . Mas para as <strong>pequenas</strong><br />
<strong>empresas</strong> a complexida<strong>de</strong> da gestão cotidiana não disponibiliza ao proprietário-gerente tempo<br />
ou informações necessárias às <strong>de</strong>cisões empresariais <strong>de</strong> longo prazo. (CASAROTTO FILHO<br />
e PIRES, 2001).<br />
Para tentar superar essas dificulda<strong>de</strong>s, as MPE’s vêm se inserindo em diversas formas<br />
<strong>de</strong> cooperação produtiva local entre <strong>empresas</strong>. A idéia básica é que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
associações produtivas <strong>de</strong> MPE’s é um importante instrumento para geração <strong>de</strong> pólos <strong>de</strong><br />
crescimento e <strong>de</strong>scentralização industrial, po<strong>de</strong>ndo permitir a superação <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s e<br />
proporcionar a geração <strong>de</strong> vantagens. (CASAROTTO FILHO e PIRES, 2001).<br />
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As experiências <strong>de</strong> distritos industriais bem-sucedidos (final dos anos 1970 é início<br />
dos anos 1980) em especial os casos da chamada Terceira Itália e do Vale do Silício na<br />
Califórnia, colocaram o local como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover <strong>de</strong>senvolvimento endógeno,<br />
abrindo caminhos alternativos <strong>de</strong> crescimento para países e regiões em atraso relativo.<br />
Reavaliou-se a importância das <strong>micro</strong> e <strong>pequenas</strong> <strong>empresas</strong>, sendo também consi<strong>de</strong>rados<br />
capazes <strong>de</strong> gerar dinamismo econômico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que aglomeradas no espaço geográfico. Essa<br />
possibilida<strong>de</strong>, por sua vez, alterou o escopo <strong>de</strong> política pública, direcionando-a não mais para<br />
a pequena empresa isolada, mas para o seu entorno econômico-institucional.<br />
Neste sentido, este estudo que compreen<strong>de</strong> as <strong>micro</strong> e <strong>pequenas</strong> <strong>empresas</strong> (MPE´s) da<br />
Configuração Produtiva Local (CPL) do setor <strong>de</strong> confecção do município <strong>de</strong> São Gonçalo<br />
(RJ) tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigar a seguinte questão: Quais características dos vínculos<br />
estabelecidos entre as MPE´s da Configuração Produtiva Local <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> São Gonçalo<br />
que facilitam ou dificultam a promoção e o fortalecimento do capital social da região?<br />
2. Método <strong>de</strong> Pesquisa<br />
Apesar da pequena participação das Micro e Pequenas Empresas (MPE´s) <strong>de</strong> forma<br />
mais efetiva e estruturada, com práticas e programas gerenciais no mundo empresarial, optouse<br />
por trabalhar com <strong>pequenas</strong> <strong>empresas</strong>, e fornecer subsídios a estes pequenos empresários<br />
sobre a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interação entre os diversos agentes sociais.<br />
A Configuração Produtiva Local (CPL) em análise surgiu na década <strong>de</strong> 1970, com a<br />
instalação na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> três gran<strong>de</strong>s <strong>empresas</strong> do setor <strong>de</strong> confecção. Uma <strong>de</strong>las pertencente a<br />
um empresário do setor e originário do estado do Espírito Santo e duas outras se formaram<br />
através <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores da região. Conforme dados da pesquisa<br />
<strong>de</strong>senvolvida pelo SEBRAE (2005) em conjunto com o Instituto <strong>de</strong> Economia da<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>empresas</strong> formais do setor <strong>de</strong><br />
confecção <strong>de</strong> São Gonçalo, em 2004, atingia o total <strong>de</strong> 124 <strong>empresas</strong> com 3225 empregados.<br />
Os principais focos <strong>de</strong> concentração das MPE's no município estão localizados nos<br />
bairros <strong>de</strong> Alcântara, Rocha e Nova Cida<strong>de</strong>. Este último conta com a recente instalação <strong>de</strong> um<br />
shopping: Shopping das Fábricas que foi construído através <strong>de</strong> investimento particular <strong>de</strong> um<br />
empresário local, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> servir como pólo concentrador <strong>de</strong> negócios para as<br />
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<strong>empresas</strong> do setor <strong>de</strong> confecção da região. É composto por 23 lojas, um restaurante, banheiros<br />
e área <strong>de</strong> repouso para motoristas.<br />
A amostra pesquisada foi <strong>de</strong> 34 <strong>empresas</strong>, sendo 20 <strong>micro</strong><strong>empresas</strong> e 14 <strong>pequenas</strong><br />
<strong>empresas</strong>, que atuam legalmente na CPL do setor <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> São Gonçalo/RJ no período<br />
<strong>de</strong> junho a setembro <strong>de</strong> 2006. Portanto, esta pesquisa não contemplou as MPE's informais da<br />
região. A maioria das MPE's entrevistadas (97%) é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e uma minoria (38%) é <strong>de</strong><br />
origem familiar. Em relação ao nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> dos <strong>micro</strong> e pequenos empresários<br />
entrevistados, 50% possuem nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> superior, 44% ensino médio e apenas 06%<br />
ensino fundamental. Os entrevistados contatados são proprietários das MPE's do setor <strong>de</strong><br />
confecção da região.<br />
Este Estudo <strong>de</strong> Caso, <strong>de</strong> abordagem quali-quantitativa, utilizou entrevista semiestruturada<br />
como método <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados. A apresentação dos resultados utilizou<br />
estatística <strong>de</strong>scritiva e foram organizadas em categorias. Posteriormente, os resultados foram<br />
tratados segundo a análise <strong>de</strong> conteúdo. As questões que serviram <strong>de</strong> roteiro para as<br />
entrevistas foram levantadas a partir dos estudos <strong>de</strong>senvolvidos por Putnam (2000).<br />
3. Pequenas Empresas no Brasil<br />
Segundo Kristiane Cêra e Edmundo Escrivão Filho (2003), <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar a<br />
importância <strong>de</strong> uma abordagem diferenciada da pequena empresa, é necessário compreen<strong>de</strong>r<br />
as particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua gestão segundo alguns aspectos: estruturais, contextuais e<br />
comportamentais.<br />
Entre as particularida<strong>de</strong>s estruturais po<strong>de</strong>-se citar a informalida<strong>de</strong> das relações na<br />
pequena empresa, pessoas na organização com número reduzido, ina<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> técnicas<br />
gerenciais, entre outras. Referem-se aos aspectos organizacionais internos da pequena<br />
empresa. (TERENCE, 2002). Peter Drucker (1981) afirma que o maior problema das<br />
<strong>pequenas</strong> <strong>empresas</strong> é que geralmente são pequenos <strong>de</strong>mais para manter a administração.<br />
Entre as particularida<strong>de</strong>s contextuais estão à carência <strong>de</strong> informação, a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
acesso a treinamento e a fontes <strong>de</strong> financiamento.<br />
Já as particularida<strong>de</strong>s comportamentais estão os aspectos pessoais do pequeno<br />
empresário, são <strong>empresas</strong> dirigidas pelo próprio proprietário, muitas vezes o fundador, um<br />
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empreen<strong>de</strong>dor que <strong>de</strong>senvolveu suas ativida<strong>de</strong>s com um estilo pessoal próprio, baseado em<br />
crenças, ambições e utilização <strong>de</strong> improvisação (LONGENECKER et al., 1997)<br />
Nesse estudo, utiliza-se a conceituação do Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e<br />
Pequenas Empresas (SEBRAE), on<strong>de</strong> Microempresa para Comércio e Serviços: até 09<br />
empregados e Indústria e Construção: até 19 empregados. Para Pequena empresa <strong>de</strong> 10 a 49<br />
empregados quando Comércio e Serviços e <strong>de</strong> 20 a 99 empregados na indústria e construção.<br />
4. Aglomerados produtivos locais<br />
O termo aglomeração tem como aspecto central a proximida<strong>de</strong> territorial <strong>de</strong> agentes<br />
econômicos, políticos e sociais (<strong>empresas</strong> e outras instituições e organizações públicas e<br />
privadas). Uma questão importante, associada a esse termo, é a formação <strong>de</strong> economias <strong>de</strong><br />
aglomeração, ou seja, as vantagens oriundas da proximida<strong>de</strong> geográfica dos agentes,<br />
incluindo acesso a matérias-primas, equipamentos, mão-<strong>de</strong>-obra e outros (BRITTO, 2002).<br />
Dentro <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>finição genérica, é possível incluir os mais variados tipos <strong>de</strong><br />
aglomerados citados na literatura, on<strong>de</strong> várias terminologias foram criadas no intuito <strong>de</strong><br />
melhor expressar as principais características e especificida<strong>de</strong>s dos mais variados tipos <strong>de</strong><br />
aglomerações <strong>de</strong> <strong>empresas</strong> (BRITTO, 2002). Nesse sentido, distrito industrial, configuração<br />
produtiva local, pólo industrial, re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>empresas</strong>, clusters, arranjo e sistema produtivo local e<br />
outros, expressam o envolvimento <strong>de</strong> diferentes atores (<strong>empresas</strong> e <strong>de</strong>mais instituições<br />
públicas e privadas) e refletem formas distintas <strong>de</strong> articulação, coor<strong>de</strong>nação e vínculos.<br />
Porter (1999, p.211), por exemplo, <strong>de</strong>fine clusters como “um agrupamento<br />
geograficamente concentrado <strong>de</strong> <strong>empresas</strong> inter-relacionadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado setor e<br />
instituições correlatas, vinculadas por elementos comuns e complementares”. Para o autor, os<br />
clusters assumem diversas formas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> sua profundida<strong>de</strong> e sofisticação, mas a<br />
maioria inclui <strong>empresas</strong> <strong>de</strong> produtos ou serviços finais, fornecedores <strong>de</strong> insumos<br />
especializados, componentes, equipamentos e serviços, instituições financeiras e <strong>empresas</strong> em<br />
setores correlatos. Os aglomerados geralmente também incluem <strong>empresas</strong> em setores a<br />
jusante (distribuidores ou clientes), fabricantes <strong>de</strong> produtos complementares, fornecedores <strong>de</strong><br />
infra-estrutura especializada, instituições governamentais e outras, <strong>de</strong>dicadas ao treinamento<br />
especializado, educação, informação, pesquisa e suporte técnico (como universida<strong>de</strong>s, centros<br />
<strong>de</strong> estudos e prestadores <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> treinamento vocacional), e agências <strong>de</strong> normatização.<br />
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Muitos aglomerados incluem associações comerciais e outras entida<strong>de</strong>s associativas do setor<br />
privado, que apóiam seus participantes.<br />
Arranjos Produtivos Locais (APL’s) são “aglomerações territoriais <strong>de</strong> agentes<br />
econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto específico <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />
econômicas – que apresentam vínculos, mesmo que incipientes”. Dessa forma, esses autores<br />
preferem utilizar o termo Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (SPIL’s) para <strong>de</strong>finir<br />
aqueles “arranjos em que inter<strong>de</strong>pendência, articulação e vínculos consistentes resultam em<br />
interação, cooperação e aprendizagem, com potencial <strong>de</strong> gerar incremento da capacida<strong>de</strong><br />
inovativa endógena, da competitivida<strong>de</strong> e do <strong>de</strong>senvolvimento local”. Arranjos Produtivos<br />
Locais (APL’s) são aqueles casos que não apresentam significativa articulação entre os<br />
agentes e que, assim, não po<strong>de</strong>m se caracterizar como sistemas (LASTRES e CASSIOLATO,<br />
2003).<br />
Fauré e Hasenclever (2000) <strong>de</strong>finem Configuração Produtiva Local (CPL) como o<br />
“conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> produção, comércio e serviços, situados em espaços <strong>de</strong><br />
proximida<strong>de</strong> mais ou menos <strong>de</strong>limitada e empreendidos por <strong>empresas</strong> <strong>de</strong> pequeno porte,<br />
eventualmente estruturadas em torno <strong>de</strong> <strong>empresas</strong> maiores”. A respeito das CPL’s, La Rovere<br />
(2003) faz uma abordagem interessante. Para ela a CPL é <strong>de</strong>terminada por fatores históricos e<br />
pelas vocações econômicas da região e não possui necessariamente laços <strong>de</strong> cooperação entre<br />
as <strong>empresas</strong>. As <strong>empresas</strong> situadas numa CPL po<strong>de</strong>m vir a constituir um cluster caso no<br />
<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s estabeleçam laços <strong>de</strong> cooperação que resultem em ganhos <strong>de</strong><br />
eficiência coletiva. Do mesmo modo, as <strong>empresas</strong> <strong>de</strong> uma CPL po<strong>de</strong>m constituir um distrito<br />
industrial, ou mesmo um sistema produtivo local, caso, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver laços <strong>de</strong><br />
cooperação entre si, alcancem um grau <strong>de</strong> institucionalização <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s que permita a<br />
obtenção <strong>de</strong> ganhos <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>.<br />
Apesar <strong>de</strong>, aca<strong>de</strong>micamente, serem apresentados vários termos para as aglomerações<br />
existentes, o termo mais usado nos trabalhos práticos junto às <strong>empresas</strong> é “Arranjo Produtivo<br />
Local” (APL). Dessa forma, os vários termos <strong>de</strong>finidos serão utilizados neste trabalho como<br />
sinônimos e estarão se referindo aos conceitos anteriormente apresentados, inclusive<br />
Configuração Produtiva Local (CPL).<br />
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4.1Vantagens Competitivas <strong>de</strong> Aglomerações <strong>de</strong> Empresas<br />
Além das características positivas já <strong>de</strong>scritas, algumas vantagens inci<strong>de</strong>ntais –<br />
<strong>de</strong>nominadas economias externas (MARSHALL, 1996) – po<strong>de</strong>m ser analisadas mais<br />
cuidadosamente para a promoção <strong>de</strong> aglomerações <strong>de</strong> <strong>empresas</strong>. Essas vantagens inci<strong>de</strong>ntais,<br />
para Schmitz (1997), se somadas a ações planejadas entre os agentes envolvidos (economias<br />
internas) resultam em “eficiência coletiva”.<br />
Para Britto (2002, p.348) “a presença <strong>de</strong> externalida<strong>de</strong>s em re<strong>de</strong>, em <strong>de</strong>terminados<br />
mercados, reflete a existência <strong>de</strong> efeitos diretos e indiretos da inter<strong>de</strong>pendência entre as<br />
<strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> agentes que neles atuam”. O mesmo autor apresenta os seguintes tipos <strong>de</strong><br />
externalida<strong>de</strong>s em re<strong>de</strong> mais presentes na literatura: (1) técnicas - nas quais a<br />
inter<strong>de</strong>pendência entre os agentes resulta em modificações nas funções <strong>de</strong> produção; (2)<br />
pecuniárias - que se traduzem em uma mudança nos preços relativos dos fatores; (3)<br />
tecnológicas - referentes ao ritmo <strong>de</strong> adoções <strong>de</strong> novas tecnologias e (4) <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda -<br />
presentes em situações nas quais a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> bens oferecidos por cada unida<strong>de</strong> é afetada por<br />
modificações da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> outras unida<strong>de</strong>s ou nas quais a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> um consumidor<br />
individual é influenciada pela <strong>de</strong>manda agregada do mesmo bem.<br />
As MPE´S inseridas em aglomerados produtivos locais não se beneficiam somente das<br />
externalida<strong>de</strong>s existentes, mas, também, <strong>de</strong> um ambiente facilitador da aprendizagem coletiva<br />
e redutor <strong>de</strong> incertezas dinâmicas através das re<strong>de</strong>s horizontais, verticais e <strong>de</strong> cooperação<br />
(SANTOS; CROCCO E LEMOS, 2003). Através das re<strong>de</strong>s horizontais, as MPE´S po<strong>de</strong>m<br />
coletivamente atingir economias <strong>de</strong> escala acima da capacida<strong>de</strong> individual <strong>de</strong> cada empresa;<br />
realizar compras conjuntas <strong>de</strong> insumos; atingir uma escala ótima no uso do maquinário;<br />
realizar marketing conjunto; e combinar suas capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção para aten<strong>de</strong>r pedidos<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> escala. Através <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s verticais, as MPE´S po<strong>de</strong>m se especializar nos seus<br />
negócios e reduzir os riscos associados à introdução <strong>de</strong> novos produtos. Por outro lado,<br />
através da cooperação, é possível o <strong>de</strong>senvolvimento da aprendizagem coletiva, on<strong>de</strong> idéias<br />
são trocadas e <strong>de</strong>senvolvidas e o conhecimento compartilhado, numa tentativa coletiva <strong>de</strong><br />
melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos e processos, coor<strong>de</strong>nar ações e realizar a resolução <strong>de</strong><br />
problemas conjuntamente.<br />
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5. Capital Social<br />
Após a publicação do artigo <strong>de</strong> Ronald Coase em 1937, intitulado “A natureza da<br />
firma”, a teoria econômica passou a reconhecer além dos custos <strong>de</strong> produção, os custos <strong>de</strong><br />
transação, tornando-os significativos na produção empresarial (VILELLA, 2005). Os custos<br />
<strong>de</strong> transação são os custos <strong>de</strong> negociar, <strong>de</strong> redigir e <strong>de</strong> garantir o cumprimento <strong>de</strong> contratos,<br />
<strong>de</strong> estabelecer marcas e <strong>de</strong> obter informações.<br />
Segundo Vilella (2005, p.9) “é necessário consi<strong>de</strong>rar os fatores cruciais nos custos <strong>de</strong><br />
transação tais como a racionalida<strong>de</strong> limitada dos agentes econômicos, a complexida<strong>de</strong> e<br />
incerteza do ambiente e os diferentes tipos <strong>de</strong> contratos estabelecidos entre as organizações”<br />
e, observar também, que os contextos complexos e incertos possibilitam iniciativas<br />
oportunistas por parte <strong>de</strong> alguns agentes envolvidos.<br />
Pensar em “eficiência coletiva” (objetivo final e vital <strong>de</strong> qualquer aglomerado<br />
produtivo local <strong>de</strong> <strong>empresas</strong>) é pensar na minimização dos custos <strong>de</strong> transação entre os vários<br />
agentes que compõem uma re<strong>de</strong>. Nesse contexto cabe um importante conceito: <strong>de</strong> “capital<br />
social”, que é aqui compreendido como características da organização social, como confiança,<br />
normas e sistemas que contribuem para aumentar a eficiência da socieda<strong>de</strong> (PUTNAM,<br />
2000).<br />
Gerenciar todos os agentes envolvidos nesses aglomerados é uma tarefa difícil, ainda<br />
mais objetivando maximização <strong>de</strong> lucro e minimização dos custos <strong>de</strong> transação. Existem<br />
riscos envolvidos nesse processo como, por exemplo, o comportamento oportunista por parte<br />
dos agentes. Esses riscos também significam custos gerados nas transações <strong>de</strong>ssas re<strong>de</strong>s.<br />
Assim, espera-se que um aglomerado <strong>de</strong> <strong>empresas</strong>, através da acumulação <strong>de</strong> capital<br />
social, possa buscar a otimização dos seus custos <strong>de</strong> transação. Isso implica em diminuição<br />
das incertezas que caracterizam um processo <strong>de</strong> transação e o caminho para uma estrutura<br />
organizacional que estabeleça um conjunto <strong>de</strong> regras que governem <strong>de</strong>terminadas transações<br />
entre os agentes. Os responsáveis pela gestão <strong>de</strong> relacionamento nos aglomerados <strong>de</strong>vem<br />
preocupar-se com tais fatores para minimização dos custos/maximização dos resultados.<br />
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6. Apresentação e Análise dos resultados<br />
Os resultados serão apresentados inicialmente através das características gerais das<br />
MPE´s pesquisadas e, em seguida, os resultados foram separados em categorias, a saber:<br />
participação cívica local; grau <strong>de</strong> confiança, cooperação e trabalho em equipe; grau <strong>de</strong><br />
compartilhamento <strong>de</strong> informações; regras sociais na CPL que facilitam ou dificultam a<br />
promoção e o fortalecimento do capital social da região.<br />
6.1 Apresentação dos Resultados<br />
6.1.1 Características Gerais das MPE´S<br />
A maior parte das <strong>empresas</strong> que participaram <strong>de</strong>ste estudo encontra-se em ativida<strong>de</strong> há<br />
vários anos – quase meta<strong>de</strong> tem entre cinco e <strong>de</strong>z anos e 44% possuem mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z nos – o<br />
que aponta para certa estabilida<strong>de</strong> das <strong>empresas</strong> do ramo <strong>de</strong> confecção do município <strong>de</strong> São<br />
Gonçalo. No total foram pesquisadas 20 <strong>micro</strong><strong>empresas</strong> (até 19 empregados) e 14 <strong>pequenas</strong><br />
<strong>empresas</strong> (entre 20 e 99 empregados), todas legalmente constituídas. A maioria das MPE´s<br />
entrevistadas (97%) são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e uma minoria (38%) são <strong>de</strong> origem familiar. Em<br />
relação ao nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> dos <strong>micro</strong> e pequenos empresários entrevistados, 50%<br />
possuem nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> superior, 44% ensino médio e apenas 06% ensino fundamental.<br />
6.1.2 Sistemas <strong>de</strong> participação cívica local<br />
O grau <strong>de</strong> conhecimento e a<strong>de</strong>são das MPE´s locais a projetos existentes em benefício<br />
do próprio setor e/ou a entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe é mínima, como mostra a tabela 01. De um total <strong>de</strong><br />
trinta e quatro <strong>micro</strong> e pequenos empresários entrevistados, apenas oito (24%) respon<strong>de</strong>ram<br />
que participam <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s cívicas no interior da CPL, contra vinte e seis (76%) que<br />
disseram que não participam.<br />
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Tabela 01 – Grau <strong>de</strong> participação cívica das MPE´s (%)<br />
Sim<br />
Não<br />
Quantida<strong>de</strong> % Quantida<strong>de</strong> %<br />
Possui conhecimento 12 35% 22 65%<br />
Participa 08 24% 26 76%<br />
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários da pesquisa.<br />
O baixo nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento dos sistemas <strong>de</strong> participação cívica local, que<br />
compromete a formação <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças capazes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar, organizar e encaminhar pleitos<br />
coletivos (PUTNAM, 2000) é evi<strong>de</strong>nciado pela inexistência <strong>de</strong> um Sindicato Patronal<br />
representativo e atuante na região. Observa-se que o Sindicato Patronal foi apontado, por<br />
todos que fizeram menção a sua existência, como inoperante e representação legal.<br />
Dentre os principais motivos apontados pela maioria dos entrevistados, como<br />
inibidores à participação cívica das MPE´S <strong>de</strong>stacam-se: (1) o alto grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança<br />
existente entre os agentes locais e (2) questões ligadas ao SEBRAE, enquanto lí<strong>de</strong>r do projeto<br />
<strong>de</strong> revitalização que se encontra em andamento.<br />
Em relação ao alto nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança, talvez reflita o baixo grau <strong>de</strong><br />
compartilhamento <strong>de</strong> normas e valores entre os agentes locais, como também a falta <strong>de</strong><br />
interesse em subordinar propostas individuais às coletivos (FUKUYAMA, 1996). Evidências<br />
neste sentido apontam para baixa capacida<strong>de</strong> das MPE´S em se associarem uma as outras.<br />
Outro aspecto que foi citado como inibidor à participação das MPE´s no projeto<br />
li<strong>de</strong>rado pelo SEBRAE diz respeito ao local on<strong>de</strong> são realizadas as reuniões do projeto, o<br />
Shopping das Fábricas. Do total <strong>de</strong> oito MPE´S que participam do projeto, apenas duas (25%)<br />
não possuem lojas <strong>de</strong> varejo no interior do Shopping das Fábricas. Observa-se que o projeto<br />
tornou-se quase que uma exclusivida<strong>de</strong> das MPE´s que possuem lojas no Shopping, <strong>de</strong>ixando<br />
a margem uma maioria consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> MPE´s da região.<br />
Apesar do baixo grau <strong>de</strong> participação cívica das MPE´s locais, observa-se um relativo<br />
consenso entre as mesmas que o engajamento em ações coletivas intra CPL po<strong>de</strong> proporcionar<br />
benefícios que dificilmente seriam alcançados através <strong>de</strong> ações isoladas. A tabela 02 apresenta<br />
os principais benefícios esperados pelos <strong>micro</strong> e pequenos empresários locais, <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong><br />
ações coletivas. Vale ressaltar que a pergunta tal qual formulada na entrevista, não exigia que<br />
os empresários hierarquizassem os benefícios.<br />
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Tabela 02 – Percentual representativo dos benefícios esperados<br />
Quantida<strong>de</strong> %<br />
Treinamentos e cursos 10 30%<br />
Fortalecimento da imagem<br />
da CPL<br />
Melhoria da infra-estrutura<br />
do Centro comercial do<br />
Alcântara<br />
10 30%<br />
09 27%<br />
Menor carga tributária 09 27%<br />
Maior união entre as<br />
MPE´S<br />
Maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha<br />
junto aos setores público e<br />
privado<br />
06 18%<br />
04 12%<br />
Cooperativa <strong>de</strong> exportação 04 12%<br />
Linhas <strong>de</strong> financiamento 04 12%<br />
Formação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra<br />
local (costureiras)<br />
Melhores condições na<br />
compra <strong>de</strong> matérias-primas<br />
Participação em eventos<br />
(palestras, feiras, etc.).<br />
04 12%<br />
03 09%<br />
02 06%<br />
Novos conhecimentos 01 03%<br />
Aumento das vendas 01 03%<br />
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários da pesquisa.<br />
6.1.3 Grau <strong>de</strong> confiança, cooperação e trabalho em equipe<br />
As MPE´s <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> São Gonçalo, mostram-se, em sua maioria, incapazes <strong>de</strong><br />
construir relações <strong>de</strong> cooperação e trabalho em equipe que permitam uma progressão <strong>de</strong> suas<br />
respectivas habilida<strong>de</strong>s (Tabela 3). Por um lado, a inexistência <strong>de</strong> associação empresarial<br />
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capaz <strong>de</strong> fazer com que este conjunto <strong>de</strong> MPE´s atue como ca<strong>de</strong>ia, po<strong>de</strong> justificar a pouca<br />
integração em termos <strong>de</strong> relações <strong>de</strong> trabalho em equipe. A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer<br />
cooperação horizontal po<strong>de</strong> estar vinculada à incapacida<strong>de</strong> das MPE´s locais em superar os<br />
conflitos da competição, como também os elevados níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança existente.<br />
Tabela 03 – Grau <strong>de</strong> confiança, cooperação e habilida<strong>de</strong> para trabalhar em equipe (%).<br />
Excelente Bom Regular Deficiente Péssimo<br />
Quant<br />
.<br />
%<br />
Quant<br />
.<br />
%<br />
Quant<br />
.<br />
% Quant. % Quant. %<br />
Confiança nas<br />
MPE´S.<br />
Cooperação<br />
com as<br />
MPE´S.<br />
0 0% 01 03% 09 26,5% 09 26,5% 15 44%<br />
0 0% 02 06% 10 29% 06 18% 16 47%<br />
Trabalho em<br />
equipe.<br />
0 0% 04 12% 09 26,5% 05 14,5% 16 47%<br />
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários da pesquisa.<br />
6.1.4 Existência <strong>de</strong> regras sociais na CPL<br />
As relações entre as MPE´s locais são estabelecidas, em sua maioria, na informalida<strong>de</strong><br />
e <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> amparo por parte <strong>de</strong> qualquer instituição formal (Tabela 4).<br />
Alguns relatos obtidos nas entrevistas, e que reforçam os possíveis impactos<br />
<strong>de</strong>correntes da ausência <strong>de</strong> regras sociais na CPL, dão conta da existência <strong>de</strong> alguns <strong>micro</strong> e<br />
pequenos empresários que, na clara intenção <strong>de</strong> obterem vantagens individuais, <strong>de</strong>scumprem<br />
facilmente acordos previamente pactuados.<br />
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Tabela 04 – Percentual representativo da existência <strong>de</strong> regras sociais<br />
Sim<br />
Não<br />
Quant. % Quant. %<br />
Existe punição 09 26,5% 25 73,5%<br />
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários da pesquisa.<br />
6.1.5 Troca e compartilhamento <strong>de</strong> informações<br />
Na CPL pesquisada os contatos entre a maioria das MPE´s são raros. Em sua maioria,<br />
vivem num mundo fragmentado, conhecem e se comunicam, quando muito, com seus<br />
concorrentes mais próximos e familiares e, mesmo assim, sobre assuntos que não<br />
comprometam sua posição no mercado (Tabela 5). De forma idêntica, os canais <strong>de</strong> troca <strong>de</strong><br />
informações entre as MPE´s e o SEBRAE são frágeis e <strong>de</strong>ficientes, haja vista a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
MPE´s (65%) que respon<strong>de</strong>ram que <strong>de</strong>sconhecem o projeto <strong>de</strong> revitalização do setor <strong>de</strong><br />
confecção <strong>de</strong> São Gonçalo que se encontra em andamento.<br />
Tabela 05 – Grau representativo da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trocar informações (%)<br />
Sempre Frequentemente Às vezes Raramente Nunca<br />
Quant. % Quant. % Quant. % Quant. % Quant. %<br />
Obter<br />
informações.<br />
Trocar idéias a<br />
s/ setor.<br />
Contar uma<br />
novida<strong>de</strong>.<br />
Dividir um<br />
problema.<br />
02 06 08 23,5% 11 32,5% 05 14,5% 08 23,5%<br />
01 03% 11 32,5% 07 20,5% 04 12% 11 32%<br />
01 03% 08 23,5% 12 35% 03 09% 10 29,5%<br />
0 0% 09 26,5% 06 17,5% 05 15% 14 41%<br />
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Pedir uma<br />
sugestão.<br />
0 0% 10 29,5% 06 17,5% 08 23,5% 10 29,5%<br />
Fonte: Elaboração própria com base em dados primários da pesquisa.<br />
Não existe na CPL uma Associação Empresarial capaz <strong>de</strong> processar temas <strong>de</strong><br />
interesses das MPE´s locais que facilite e estimule a comunicação. Os próprios <strong>micro</strong>s e<br />
pequenos empresários reconhecem a dificulda<strong>de</strong> da implantação <strong>de</strong> práticas cooperativas na<br />
ausência <strong>de</strong> espaços institucionais que o promovam. Visto que a participação das MPE´s e<br />
instituições locais na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> informação são <strong>de</strong> fundamental importância<br />
para o sucesso da promoção e fortalecimento do capital social da região, à medida que as<br />
relações puramente <strong>de</strong> mercado mostram-se incapazes <strong>de</strong> estimular o compartilhamento <strong>de</strong><br />
informações e conhecimentos requeridos (ALBAGLI E MACIEL, 2003), surge na CPL uma<br />
gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação concreta do SEBRAE.<br />
6.2 Análise dos Resultados<br />
A análise dos resultados revela que todos os elementos que compõem o capital social:<br />
confiança, normas e sistemas, não se apresentaram satisfatoriamente <strong>de</strong>senvolvidos entre as<br />
MPE´s da CPL do setor <strong>de</strong> confecção do município <strong>de</strong> São Gonçalo. Portanto, as<br />
características investigadas das relações entre as MPE´s locais dificultam a promoção e o<br />
fortalecimento do capital social da região.<br />
Os sistemas <strong>de</strong> participação cívica representam uma intensa interação horizontal, se<br />
revelando uma forma essencial <strong>de</strong> capital social: quanto mais <strong>de</strong>senvolvidos forem esses<br />
sistemas, maior será a probabilida<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> promover cooperação, confiança, facilitar<br />
a comunicação e inibir ações oportunistas (PUTNAM, 2000).<br />
Um dos motivos para a pouca participação, po<strong>de</strong> ser associado ao baixo grau <strong>de</strong><br />
difusão <strong>de</strong> informações acerca <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> apoio institucional dirigidas às MPE´S locais,<br />
pois apenas doze dos entrevistados possuem conhecimento da existência do projeto <strong>de</strong><br />
revitalização do setor <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> São Gonçalo (li<strong>de</strong>rado pelo SEBRAE), ao passo que<br />
vinte e dois o <strong>de</strong>sconhecem.<br />
Uma outra possível razão, para o baixo grau <strong>de</strong> participação cívica existente, po<strong>de</strong><br />
estar relacionada à inexistência <strong>de</strong> exemplos anteriores <strong>de</strong> colaboração cívica bem sucedida<br />
(PUTNAM, 2000), pois os exemplos observados na CPL (cursos e duas participações em<br />
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eventos externos) são raros, incipientes e, na opinião <strong>de</strong> alguns <strong>micro</strong> e pequenos empresários,<br />
<strong>de</strong> sucesso duvidoso.<br />
A Confiança é <strong>de</strong>finida por Fukuyama (1996) como sendo a expectativa <strong>de</strong><br />
reciprocida<strong>de</strong> que pessoas <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, baseadas em normas partilhadas, têm acerca<br />
do comportamento dos outros. Quem sente e sabe que po<strong>de</strong> confiar recebe mais colaboração e<br />
aproveita melhor as oportunida<strong>de</strong>s que aparecem. Algo bem diferente da realida<strong>de</strong> observada<br />
na CPL em estudo.<br />
Capital Social expressa, basicamente, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> estabelecer laços<br />
<strong>de</strong> confiança interpessoal e re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação cujos benefícios são comuns a todo o grupo<br />
ou a toda socieda<strong>de</strong> (FUKUYAMA, 1996).<br />
Verifica-se, assim, a existência <strong>de</strong> um amplo campo <strong>de</strong> atuação para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações que visem melhorias das relações <strong>de</strong> confiança, cooperação e<br />
trabalho em equipe na CPL. Nesse sentido, convém lembrar Putnam (2000, p.181) quando<br />
menciona que “a confiança social po<strong>de</strong> fluir <strong>de</strong> duas fontes conexas: as regras <strong>de</strong><br />
reciprocida<strong>de</strong> e os sistemas <strong>de</strong> participação cívica”. Mesmo em comunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> são baixos<br />
os níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento dos sistemas <strong>de</strong> participação cívica, como no caso específico da<br />
CPL em estudo, o autor <strong>de</strong>staca que é possível mudar hábitos e dinâmicas sociais <strong>de</strong> forma a<br />
produzir capital social.<br />
A partir do conceito <strong>de</strong> capital social proposto por Putnam (2000), on<strong>de</strong> o autor<br />
<strong>de</strong>staca a importância <strong>de</strong> algumas características da organização social, como confiança,<br />
normas e sistemas, po<strong>de</strong>mos observar que essas características <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m, em gran<strong>de</strong> medida,<br />
do fluxo e da qualida<strong>de</strong> das informações existentes <strong>de</strong>ntro da organização social.<br />
Quanto maior for a comunicação entre os agentes, maior será a confiança mútua e<br />
mais facilida<strong>de</strong>s as <strong>empresas</strong> terão para cooperar. Em situações adversas, como as observadas<br />
nesta pesquisa, a <strong>de</strong>ficiência dos sistemas <strong>de</strong> informação compromete a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
geração <strong>de</strong> confiança e cooperação e, por conseguinte, a obtenção dos ganhos provenientes da<br />
eficiência coletiva. Cabe lembrar que, no atual contexto <strong>de</strong> acirrada competitivida<strong>de</strong> entre as<br />
<strong>empresas</strong>, a capacida<strong>de</strong> das <strong>empresas</strong> em transformar informações em conhecimentos, através<br />
<strong>de</strong> seus processos <strong>de</strong> aprendizado, torna-se fundamental para seu <strong>de</strong>sempenho competitivo<br />
(LA ROVERE, 2003).<br />
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Normas sociais dão sentido à socieda<strong>de</strong>, orientam ações, tornam previsíveis<br />
<strong>de</strong>terminados comportamentos, conferem textura e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> à socieda<strong>de</strong>. È nesse sentido que<br />
po<strong>de</strong>m ser também <strong>de</strong>finidas como capital social (COLEMAN, 1980, apud ARAÙJO, 2003).<br />
7. Conclusão<br />
Este estudo <strong>de</strong>monstrou que as características das relações entre as MPE´s<br />
investigadas, dificultam a promoção e o fortalecimento do capital social da região. Observa-se<br />
que o baixo nível <strong>de</strong> acumulação <strong>de</strong> capital social tem sido a causa do baixo grau <strong>de</strong><br />
cooperação entre os agentes, que por sua vez, dificulta a obtenção <strong>de</strong> possíveis ganhos<br />
provenientes da aglomeração territorial <strong>de</strong> <strong>empresas</strong>, bem como, o <strong>de</strong>senvolvimento local. Por<br />
isso, acredita-se que um aglomerado local <strong>de</strong> <strong>empresas</strong>, por si só, não assegura as condições<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. É também importante que as <strong>empresas</strong> estabeleçam laços <strong>de</strong> confiança e<br />
<strong>de</strong>senvolvam práticas <strong>de</strong> cooperação.<br />
Observou-se, que os vínculos estabelecidos entre as MPE´s locais são frágeis e<br />
inconstantes, quando existentes. A confiança, um componente básico do capital social que<br />
promove a cooperação, não foi encontrada entre as MPE´s investigadas, observou-se, pelo<br />
contrário, um alto grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança existente entre essas <strong>micro</strong> e <strong>pequenas</strong> <strong>empresas</strong>.<br />
O elevado grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança torna as MPE´s incapazes <strong>de</strong> construírem relações <strong>de</strong><br />
cooperação e trabalho em equipe, impedindo, <strong>de</strong>ssa forma, a progressão <strong>de</strong> suas respectivas<br />
habilida<strong>de</strong>s, bem como, a conquista <strong>de</strong> um gama <strong>de</strong> benefícios que são almejados pelas<br />
próprias MPE´s. Na verda<strong>de</strong>, este clima <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança mútua impõe uma espécie <strong>de</strong> ônus<br />
sobre todas as ativida<strong>de</strong>s econômicas das próprias MPE´s locais.<br />
De forma geral, prevalece o isolamento das MPE´s locais, o que reforça as rivalida<strong>de</strong>s<br />
existentes e compromete o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> e atuação do Sindicato Patronal local.<br />
Em suma, todas as <strong>de</strong>clarações dos <strong>micro</strong> e pequenos empresários entrevistados indicam<br />
<strong>de</strong>scontentamento com o baixo grau <strong>de</strong> cooperação entre as <strong>empresas</strong> e a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
estabelecimento <strong>de</strong> práticas cooperativas, salvo alguns poucos esforços mais recentes.<br />
Em relação aos sistemas <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> informações e idéias, cujo êxito fortalece a<br />
confiança mútua e estimula a cooperação, observa-se em linhas gerais, que os contatos entre<br />
as MPE´s locais são raros. De forma idêntica, os canais <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> informações entre o<br />
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SEBRAE e as MPE´s são frágeis e <strong>de</strong>ficientes, haja vista o baixo número <strong>de</strong> MPE´s locais que<br />
conhecem o projeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do setor que encontra-se em andamento.<br />
Não existe na CPL uma agência ou fórum capaz <strong>de</strong> processar temas <strong>de</strong> interesse das<br />
MPE´s que facilite e estimule a comunicação. No atual estágio, qualquer agente que tente<br />
li<strong>de</strong>rar a CPL <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> São Gonçalo terá dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> legitimar-se frente às MPE´s<br />
locais.<br />
In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das barreiras observadas, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong><br />
informações, com participação das MPE´s e instituições locais na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong>sta política é <strong>de</strong><br />
fundamental importância para a promoção e fortalecimento do capital da região. Isto porque, a<br />
organização dos fluxos <strong>de</strong> informações possibilita que as MPE´s possam <strong>de</strong>senvolver sistemas<br />
que não permitem apenas trocar informações <strong>de</strong>ntro da CPL, mas também, utilizar estas<br />
informações para o <strong>de</strong>senvolvimento dos laços <strong>de</strong> confiança e <strong>de</strong> cooperação.<br />
Enten<strong>de</strong>-se que num ambiente on<strong>de</strong> prevalece a <strong>de</strong>sconfiança, falta <strong>de</strong> cooperação e<br />
oportunismo, a dimensão dos sistemas <strong>de</strong> participação cívica é aquela, que por excelência,<br />
po<strong>de</strong> proporcionar vantagens coletivas e <strong>de</strong>senvolver os níveis <strong>de</strong> confiança e cooperação da<br />
comunida<strong>de</strong>.<br />
As iniciativas <strong>de</strong> articulação institucional observadas são resultados <strong>de</strong> ações do<br />
SEBRAE que po<strong>de</strong>m até aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s imediatas, mas como são isoladas e <strong>de</strong> curto<br />
prazo, parecem não gerar resultados duradouros. Verifica-se, portanto, que há um gran<strong>de</strong><br />
espaço para ser efetivamente ocupado pelas entida<strong>de</strong>s que assinaram o acordo <strong>de</strong> apoio às<br />
Micro e Pequenas Empresas do setor <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> São Gonçalo.<br />
Em relação às regras sociais, as relações entre as MPE´s são em sua maioria,<br />
<strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> amparo por parte <strong>de</strong> qualquer instituição formal. Observa-se que estas relações<br />
são bastante informais, o que não <strong>de</strong>fine compromissos estruturados.<br />
A ausência <strong>de</strong> amparo institucional, evi<strong>de</strong>nciada pela inexistência <strong>de</strong> ação ou iniciativa<br />
coletiva dirigida à criação <strong>de</strong> regras sociais que prescrevam ações e comportamentos, expõe<br />
às <strong>micro</strong> e <strong>pequenas</strong> <strong>empresas</strong> locais às ações <strong>de</strong> oportunistas. Observa-se, que o papel das<br />
Instituições formais seria justamente o <strong>de</strong> inibir ações oportunistas através da criação <strong>de</strong><br />
normas claras que garantam o cumprimento dos contratos.<br />
Para finalizar, esperamos que este estudo aju<strong>de</strong> a estimular o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stas e<br />
outras proposições e que contribua para a promoção e o fortalecimento do capital social das<br />
Micro e Pequenas Empresas do setor <strong>de</strong> confecção <strong>de</strong> São Gonçalo.<br />
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