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O ESTUDO DA SOCIEDADE HUMANA Victor, o “selvagem de ...

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<strong>Victor</strong>, o “selvagem <strong>de</strong> Aveyron”.<br />

O <strong>ESTUDO</strong> <strong>DA</strong> SOCIE<strong>DA</strong>DE <strong>HUMANA</strong><br />

Sua história oficial começa em 1797, quando um menino inteiramente nu, que fugia do contato com as<br />

pessoas, foi visto pela primeira vez na floresta. Em 1800 foi capturado no distrito <strong>de</strong> Aveyron. Era um menino <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, sua fisionomia foi <strong>de</strong>scrita como graciosa, sorria involuntariamente e seu corpo<br />

apresentava particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar coberto <strong>de</strong> cicatrizes.<br />

<strong>Victor</strong>, não falava e parecia não enten<strong>de</strong>r o que falavam com ele; apesar do rigoroso inverno rejeitava<br />

roupas e o uso <strong>de</strong> cama, dormindo no chão. Quando procurava fugir, locomovia-se apoiado nas mãos e nos pés.<br />

Alguns médicos, como os franceses Esquirol (1772-1840) e Pinel (1745-1826), diagnosticaram o menino<br />

selvagem como idiota (nomenclatura que hoje correspon<strong>de</strong> à <strong>de</strong>ficiência mental grave). Mas o médico psiquiatra<br />

Jean-Marie Gaspard Itard, diretor <strong>de</strong> um instituto <strong>de</strong> surdos-mudos, não compartilhando com a opinião dos colegas,<br />

propõe uma questão: Quais as conseqüências da privação do convívio social e da ausência absoluta da educação<br />

social humana para a inteligência <strong>de</strong> um adolescente que viveu assim, separado <strong>de</strong> indivíduos <strong>de</strong> sua espécie?<br />

Acompanhando <strong>de</strong> perto e trabalhando vários anos com <strong>Victor</strong> para educá-lo, Itard formula a hipótese <strong>de</strong> que a<br />

maior parte das <strong>de</strong>ficiências intelectuais e sociais não é inata, mas tem sua origem na ausência da socialização, na<br />

falta <strong>de</strong> comunicação com os semelhantes. O isolamento social prejudica a sociabilida<strong>de</strong> do indivíduo. Os fatos<br />

sociais, embora exteriores, são introjetados pelo indivíduo e exercem sobre ele um po<strong>de</strong>r coercitivo, já que<br />

<strong>de</strong>terminam seu comportamento.<br />

Outro exemplo ocorreu na Índia em 1921, duas meninas, Amala e Camala, foram <strong>de</strong>scobertas numa caverna,<br />

vivendo entre lobos. Com aproximadamente 4 e 8 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, foram confiadas a um asilo e passaram a ser<br />

observadas por estudiosos. Amala a mais jovem não resistiu a nova vida e logo morreu, a outra, porém viveu cerca<br />

<strong>de</strong> oito anos.<br />

Ambas apresentavam hábitos bastante diferentes aos nossos e muito semelhante aos animais. Cheiravam a<br />

comida antes <strong>de</strong> tocá-la, não usavam as mãos para comer ou beber; possuíam aguda sensibilida<strong>de</strong> auditiva e o olfato<br />

bastante <strong>de</strong>senvolvido; locomoviam-se apoiadas nas mãos e nos pés e preferiam a companhia <strong>de</strong> animais do que dos<br />

homens.<br />

Temos dois casos clássicos que mostram como indivíduos criados fora da convivência humana, em completo<br />

e permanente isolamento social, dificilmente adotam hábitos humanos.<br />

DE QUE SE OCUPAM AS CIÊNCIAS SOCIAIS<br />

O comportamento humano é muito diversificado. Cada indivíduo recebe influência <strong>de</strong> seu meio, forma-se <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terminada maneira e age no meio social <strong>de</strong> acordo com sua formação. O indivíduo apren<strong>de</strong> com o meio, mas<br />

também po<strong>de</strong> transformá-lo em sua ação social.<br />

Ao longo da história a espécie humana organizou sua vida em socieda<strong>de</strong>. As ciências sociais pesquisam e<br />

estudam o comportamento social humano e suas várias formas <strong>de</strong> organização.<br />

Ocupando-se sistematicamente do comportamento social humano, o objeto das ciências sociais é o ser<br />

humano e suas relações sociais. Portando, o objetivo é ampliar o conhecimento sobre o ser humano em suas<br />

interações sociais.<br />

DIVISÃO <strong>DA</strong>S CIÊNCIAS SOCIAIS<br />

Com o avanço do conhecimento, tornou-se necessário uma divisão das ciências sociais para facilitar a<br />

sistematização dos estudos:


• Sociologia – estuda as relações sociais e as formas <strong>de</strong> associações, consi<strong>de</strong>rando as interações que ocorrem na vida<br />

em socieda<strong>de</strong>. A sociologia abrange o estudo dos grupos sócias, dos fatos sociais, da divisão da socieda<strong>de</strong> em<br />

camadas, da mobilida<strong>de</strong> social, dos processos <strong>de</strong> cooperação, competição e conflito na socieda<strong>de</strong>.<br />

• Economia – estuda as ativida<strong>de</strong>s humanas ligadas a produção, circulação, distribuição e consumo <strong>de</strong> bens e serviços.<br />

• Antropologia – estuda e pesquisa as semelhanças e as diferenças culturais entre os vários agrupamentos humanos,<br />

assim como a origem e a evolução das culturas<br />

• Política – estuda a distribuição do po<strong>de</strong>r na socieda<strong>de</strong>, bem como a formação e o <strong>de</strong>senvolvimento das diversas<br />

formas <strong>de</strong> governo.<br />

Não existe uma divisão nítida entre essas disciplinas, embora cada uma se ocupe com um aspecto social, elas são<br />

complementares entre si e atuam juntas para explicar os fenômenos da vida em socieda<strong>de</strong>.<br />

O SURGIMENTO <strong>DA</strong> SOCIOLOGIA<br />

Na antiguida<strong>de</strong>, a primeira tentativa <strong>de</strong> um estudo sistemático da socieda<strong>de</strong> acorre com Platão (427–347 a. C.);<br />

<strong>de</strong>pois com Aristóteles (384-322 a. C.) ao qual afirma que “o homem nasce para viver em socieda<strong>de</strong>”.<br />

No século XVIII, vários fatores contribuíram para o avanço do estudo da socieda<strong>de</strong>. Entre eles, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stacar<br />

Jean-Jacques Rousseau que afirma que “o homem nasce puro, a socieda<strong>de</strong> é que o corrompe”, reconhecendo a<br />

influência que a socieda<strong>de</strong> exerce sobre os indivíduos.<br />

Mas foi no século XIX que a investigação dos fenômenos sociais ganhou um caráter verda<strong>de</strong>iramente científico.<br />

Augusto Comte (1798-1857) é tradicionalmente consi<strong>de</strong>rado o pai da sociologia. Mas foi com Émile Durkheim<br />

(1858-1917) que a sociologia passa a ser consi<strong>de</strong>rada com uma ciência e como tal se <strong>de</strong>senvolveu. Durkheim<br />

formulou as primeiras orientações para a sociologia e <strong>de</strong>monstrou que os fatos sociais têm características próprias.<br />

Para ele, a sociologia é o estudo dos fatos sociais.<br />

Fatos sociais são o modo <strong>de</strong> pensar, sentir e agir <strong>de</strong> um grupo social. Embora sejam exteriores, são introjetados<br />

pelos indivíduos e exercem sobre ele po<strong>de</strong>r coercitivo (os indivíduos se sentem obrigados a seguir o comportamento<br />

estabelecido).<br />

CONTATOS SOCIAIS<br />

A convivência humana pressupõe uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> contatos sociais. Porém, são dois os padrões<br />

básicos <strong>de</strong>sses contatos:<br />

• Contatos sociais primários – são os contatos pessoais, diretos e que tem uma forte base emocional, pois as pessoas<br />

envolvidas compartilham suas experiências individuais. Ex.: família e amigos.<br />

• Contatos sociais secundários – são os contatos impessoais, calculados, formais. Trata-se mais <strong>de</strong> um meio para<br />

atingir um fim. Ex.: o cliente com o caixa do banco.<br />

Com a industrialização e a conseqüente urbanização diminuíram os grupos <strong>de</strong> contatos primários, pois a cida<strong>de</strong> é<br />

a área em que mais há grupos nos quais predominam os contatos secundários.<br />

CONVÍVIO<br />

A história <strong>de</strong>monstra que o convívio social foi e continua a ser <strong>de</strong>cisivo para o <strong>de</strong>senvolvimento da humanida<strong>de</strong>.<br />

As <strong>de</strong>scobertas feitas por um grupo, quando comunicadas as outras pessoas, tornam-se estímulo e ponto <strong>de</strong> partida<br />

para aperfeiçoamento e novas <strong>de</strong>scobertas.<br />

A ausência <strong>de</strong> contatos sociais caracteriza o isolamento social; existem mecanismos que reforçam isso. Entre eles<br />

estão as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social e as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social.


As atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m social envolvem os vários tipos <strong>de</strong> preconceitos (Nelson Man<strong>de</strong>la, na luta contra o<br />

apartheid, em 1994) e as atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m individual que reforça o isolamento social é a timi<strong>de</strong>z, o preconceito e a<br />

<strong>de</strong>sconfiança.<br />

PROCESSOS SOCIAIS<br />

Processo é o nome que se dá a contínua mudança <strong>de</strong> alguma coisa numa direção <strong>de</strong>finida. Processo social indica<br />

interação social, movimento, mudança. São as diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos atuam uns<br />

com os outros, a forma como os indivíduos se relacionam e estabelecem relações sociais.<br />

No grupo social ou na socieda<strong>de</strong> como um todo, os indivíduos e os grupos se reúnem e se separam, associam-se<br />

e dissociam-se. Assim os processos sociais po<strong>de</strong>m ser associativos e dissociativos.<br />

Os principais processos sociais associativos são: cooperação, acomodação e assimilação.<br />

Os principais processos sociais dissociativos são: competição e conflito.<br />

COMUNI<strong>DA</strong>DE<br />

A proximida<strong>de</strong> física entre as pessoas, que a vida em comunida<strong>de</strong> proporciona, permite vínculos mais<br />

significativos entre elas e, portanto, um maior sentimento <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>.<br />

Assim os limites são um dos fatores importantes levados em conta pelo sociólogo ao <strong>de</strong>screver e analisar uma<br />

comunida<strong>de</strong>. Outro fator importante é i<strong>de</strong>ntificar o tipo <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>, isto é, i<strong>de</strong>ntificar se é comunitária<br />

(tipicamente pequena, com uma divisão simples do trabalho, com relações duradouras e inclusivas), ou societária<br />

(acentuada divisão do trabalho, com relações transitórias, superficiais e impessoais).<br />

CI<strong>DA</strong><strong>DA</strong>NIA<br />

Cidadão é um indivíduo que tem consciência <strong>de</strong> seus direitos e <strong>de</strong>veres e participa ativamente <strong>de</strong> todas as<br />

questões da socieda<strong>de</strong>.<br />

A cidadania está diretamente vinculada aos direitos humanos, uma longa e penosa conquista da humanida<strong>de</strong>,<br />

que teve seu reconhecimento formal com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada em 1948 pela<br />

ONU.<br />

MINORIAS<br />

O processo <strong>de</strong> globalização promoveu a massificação, a homogeneização e a padronização cultural. Afirmando<br />

sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, as minorias imprimem marcantes diferenças na realida<strong>de</strong> atual. A medida que reivindicam direitos e<br />

contestam certas normas sócias, por se sentirem excluídas, as minorias organizam movimentos sociais, políticos,<br />

étnicos, raciais e sexuais, que vem dando um novo sentido a noção <strong>de</strong> cidadania.<br />

A exclusão social é muito forte entre as minorias e origina diferentes grupos <strong>de</strong> excluídos.

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