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Acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia, de 19 de ... - Cite

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ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (Terceira Secção)<br />

<strong>19</strong> <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2012 (*)<br />

«Segurança social <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res migrantes – Regulamento (CE) n.° 987/2009 – Artigo<br />

44.°, n.° 2 – Análise <strong>do</strong> direito à pensão <strong>de</strong> velhice – Contagem <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>de</strong><br />

filhos cumpri<strong>do</strong>s noutro Esta<strong>do</strong>-Membro – Aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> – Artigo 21.° TFUE – Livre circulação<br />

<strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dãos»<br />

No processo C-522/10,<br />

que tem por objeto um pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão prejudicial nos termos <strong>do</strong> artigo 267.° TFUE,<br />

apresenta<strong>do</strong> pelo Sozialgericht Würzburg (Alemanha), por <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2010,<br />

entra<strong>da</strong> no <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça em 9 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2010, no processo<br />

Doris Reichel-Albert<br />

contra<br />

Deutsche Rentenversicherung Nordbayern,<br />

O TRIBUNAL DE JUSTIÇA (Terceira Secção),<br />

composto por: K. Lenaerts, presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> secção, J. Malenovský, R. Silva <strong>de</strong> Lapuerta, G.<br />

Arestis e D. Šváby (relator), juízes,<br />

advoga<strong>do</strong>-geral: N. Jääskinen,<br />

secretário: A. Impellizzeri, administra<strong>do</strong>ra,<br />

vistos os autos e após a audiência <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2012,<br />

vistas as observações apresenta<strong>da</strong>s:<br />

– em representação <strong>de</strong> Doris Reichel-Albert, por J. Schwach, Rechtsanwalt,<br />

– em representação <strong>da</strong> Deutsche Rentenversicherung Nordbayern, por W. Willeke,<br />

Direktor,<br />

– em representação <strong>do</strong> Governo alemão, por T. Henze e J. Möller, na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

agentes,<br />

– em representação <strong>do</strong> Governo austríaco, por C. Pesen<strong>do</strong>rfer, na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> agente,<br />

– em representação <strong>da</strong> Comissão <strong>Europeia</strong>, por V. Kreuschitz e M. van Hoof, na<br />

quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> agentes,<br />

ouvi<strong>da</strong>s as conclusões <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>-geral na audiência <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2012,<br />

profere o presente<br />

Acórdão<br />

1 O pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão prejudicial tem por objeto a interpretação <strong>do</strong> artigo 44.°, n.° 2, <strong>do</strong>


Regulamento (CE) n.° 987/2009 <strong>do</strong> Parlamento Europeu e <strong>do</strong> Conselho, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

2009, que estabelece as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong> Regulamento (CE) n.° 883/2004<br />

relativo à coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> segurança social (JO L 284, p. 1).<br />

2 Este pedi<strong>do</strong> foi apresenta<strong>do</strong> no âmbito <strong>de</strong> um litígio que opõe Doris Reichel-Albert à<br />

Deutsche Rentenversicherung Nordbayern (a seguir «DRN») <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à recusa <strong>de</strong>sta em tomar<br />

em consi<strong>de</strong>ração e imputar, para efeitos <strong>de</strong> cálculo <strong>da</strong> futura pensão <strong>de</strong> velhice <strong>de</strong> Doris<br />

Reichel-Albert, os «perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s à educação <strong>do</strong>s filhos» e os «perío<strong>do</strong>s a tomar em<br />

consi<strong>de</strong>ração» por ela cumpri<strong>do</strong>s na Bélgica.<br />

Quadro jurídico<br />

Regulamentação <strong>da</strong> União<br />

Regulamento (CEE) n.° 1408/71<br />

3 O artigo 13.°, n.° 2, <strong>do</strong> Regulamento (CEE) n.° 1408/71 <strong>do</strong> Conselho, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> <strong>19</strong>71,<br />

relativo à aplicação <strong>do</strong>s regimes <strong>de</strong> segurança social aos trabalha<strong>do</strong>res assalaria<strong>do</strong>s e aos<br />

membros <strong>da</strong> sua família que se <strong>de</strong>slocam no interior <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> (JO L 149, p. 2;<br />

EE 05 F1 p. 98), prevê uma série <strong>de</strong> regras com vista a <strong>de</strong>terminar a legislação aplicável na<br />

matéria. Estas regras aplicam-se sem prejuízo <strong>do</strong>s artigos 14.° a 17.° <strong>de</strong>ste regulamento que<br />

contém diversas regras especiais.<br />

4 O artigo 13.°, n.° 2, alínea a), <strong>de</strong>ste regulamento dispõe:<br />

«A pessoa que exerça uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> assalaria<strong>da</strong> no território <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong>-Membro está<br />

sujeito à legislação <strong>de</strong>sse Esta<strong>do</strong>, mesmo se residir no território <strong>de</strong> outro Esta<strong>do</strong>-Membro ou<br />

se a empresa ou enti<strong>da</strong><strong>de</strong> patronal que a emprega tiver a sua se<strong>de</strong> ou <strong>do</strong>micílio no território<br />

<strong>de</strong> outro Esta<strong>do</strong>-Membro.»<br />

5 O artigo 13.°, n.° 2, alínea f), <strong>do</strong> Regulamento (CEE) n.° 1408/71, introduzi<strong>do</strong> pelo<br />

Regulamento (CEE) n.° 2<strong>19</strong>5/91 <strong>do</strong> Conselho, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> <strong>19</strong>91, que altera o<br />

Regulamento n.° 1408/71 e o Regulamento (CEE) n.° 574/72, que estabelece as regras <strong>de</strong><br />

aplicação <strong>do</strong> Regulamento (CEE) n.° 1408/71 (JO L 206, p. 2), com efeitos a partir <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> <strong>19</strong>91, prevê:<br />

«A pessoa à qual a legislação <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong>-Membro <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser aplicável, sem que lhe seja<br />

aplicável a legislação <strong>de</strong> um outro Esta<strong>do</strong>-Membro em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com uma <strong>da</strong>s regras<br />

enuncia<strong>da</strong>s nas alíneas prece<strong>de</strong>ntes ou com uma <strong>da</strong>s exceções ou regras especiais<br />

constantes <strong>do</strong>s artigo 14.° a 17.°, está sujeita à legislação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Membro no território <strong>do</strong><br />

qual resi<strong>de</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as disposições <strong>de</strong>sta legislação.»<br />

Regulamento (CE) n.° 883/2004<br />

6 O Regulamento (CE) n.° 883/2004 <strong>do</strong> Parlamento Europeu e <strong>do</strong> Conselho, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong><br />

2004, relativo à coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> segurança social (JO L 166, p. 1), entrou em<br />

vigor em 20 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2004, tem por objeto coor<strong>de</strong>nar os sistemas nacionais <strong>de</strong> segurança<br />

social. Nos termos <strong>do</strong> artigo 91.°, é aplicável a partir <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> em vigor <strong>do</strong><br />

regulamento <strong>de</strong> aplicação, o Regulamento n.° 987/2009, ou seja, em 1 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010, e<br />

substitui o dispositivo anterior mo<strong>de</strong>rnizan<strong>do</strong>-o e simplifican<strong>do</strong>-o.<br />

7 O artigo 87.° <strong>do</strong> Regulamento n.° 883/2004, que estabelece as «disposições transitórias»,<br />

dispõe:


«1. O presente regulamento não confere qualquer direito em relação a um perío<strong>do</strong> anterior<br />

à <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> sua aplicação.<br />

2. Qualquer perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> seguro, bem como, se for caso disso, qualquer perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

emprego, <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta própria ou <strong>de</strong> residência cumpri<strong>do</strong> ao abrigo <strong>da</strong> legislação <strong>de</strong><br />

um Esta<strong>do</strong>-Membro antes <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong> presente regulamento num <strong>da</strong><strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>-Membro é ti<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração para a <strong>de</strong>terminação <strong>do</strong>s direitos adquiri<strong>do</strong>s ao<br />

abrigo <strong>do</strong> presente regulamento.<br />

3. Sem prejuízo <strong>do</strong> n.° 1, um direito é adquiri<strong>do</strong> ao abrigo <strong>do</strong> presente regulamento mesmo<br />

que se refira a uma eventuali<strong>da</strong><strong>de</strong> ocorri<strong>da</strong> antes <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> sua aplicação num <strong>da</strong><strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>-Membro.<br />

[…]»<br />

Regulamento n.° 987/2009<br />

8 O Regulamento n.° 987/2009 estabelece as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong> Regulamento <strong>de</strong><br />

base n.° 883/2004, em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o artigo 89.° <strong>do</strong> mesmo.<br />

9 O artigo 44.° <strong>do</strong> Regulamento n.° 987/2009, que tem por epígrafe «Contagem <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> educação <strong>de</strong> filhos», dispõe:<br />

«1. Para efeitos <strong>do</strong> presente artigo, enten<strong>de</strong>-se por ‘perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> filhos’<br />

qualquer perío<strong>do</strong> que seja toma<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração ao abrigo <strong>da</strong> legislação sobre pensões <strong>de</strong><br />

um Esta<strong>do</strong>-Membro ou relativamente ao qual um suplemento <strong>de</strong> pensão seja concedi<strong>do</strong><br />

explicitamente pelo facto <strong>de</strong> uma pessoa ter educa<strong>do</strong> um filho, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

utiliza<strong>do</strong> para calcular tal perío<strong>do</strong> e <strong>de</strong> este ser contabiliza<strong>do</strong> durante o tempo <strong>da</strong> educação <strong>do</strong><br />

filho ou <strong>de</strong> ser retroativamente reconheci<strong>do</strong>.<br />

2. Sempre que, ao abrigo <strong>da</strong> legislação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Membro competente nos termos <strong>do</strong><br />

título II <strong>do</strong> regulamento <strong>de</strong> base, não sejam toma<strong>do</strong>s em consi<strong>de</strong>ração quaisquer perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

educação <strong>de</strong> filhos, a instituição <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Membro cuja legislação nos termos <strong>do</strong> título II <strong>do</strong><br />

regulamento <strong>de</strong> base era aplicável à pessoa em causa <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao exercício <strong>de</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

por conta <strong>de</strong> outrem ou por conta própria à <strong>da</strong>ta em que, ao abrigo <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> legislação, o<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> filhos começou a ser toma<strong>do</strong> em consi<strong>de</strong>ração relativamente ao<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte em causa, continua a ser responsável pela contagem <strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação<br />

<strong>de</strong> filhos, nos termos <strong>da</strong> sua legislação, como se a educação <strong>de</strong> filhos tivesse ocorri<strong>do</strong> no seu<br />

próprio território.<br />

[…]»<br />

10 O artigo 93.° <strong>de</strong>ste regulamento, que tem por epígrafe «disposições transitórias», está<br />

redigi<strong>do</strong> nestes termos:<br />

«O disposto no artigo 87.° <strong>do</strong> regulamento <strong>de</strong> base é aplicável às situações abrangi<strong>da</strong>s pelo<br />

regulamento <strong>de</strong> aplicação.»<br />

Legislação alemã<br />

11 A legislação alemã prevê <strong>do</strong>is mecanismos <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> em conta <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação <strong>de</strong><br />

filhos no quadro <strong>do</strong> regime legal <strong>da</strong>s pensões <strong>de</strong> reforma. O primeiro consiste na contagem<br />

<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s à educação <strong>de</strong> filhos («Kin<strong>de</strong>rerziehungszeiten») como perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

cotização obrigatória no âmbito <strong>do</strong> regime legal <strong>de</strong> seguro <strong>de</strong> velhice, permitin<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta forma<br />

contabilizar os referi<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s para o cálculo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> carência exigi<strong>do</strong> para beneficiar<br />

<strong>de</strong> uma pensão <strong>de</strong> velhice. O segun<strong>do</strong> consiste nos perío<strong>do</strong>s a tomar em consi<strong>de</strong>ração<br />

(«Berücksichtigungszeiten»), os quais não criam qualquer direito à pensão, mas entram no


cálculo <strong>de</strong> certos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> carência, preservam a proteção reconheci<strong>da</strong> às pessoas com uma<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> limita<strong>da</strong> para assegurar a sua subsistência e têm um efeito positivo no valor<br />

atribuí<strong>do</strong> aos perío<strong>do</strong>s sem cotização.<br />

12 O § 56 <strong>do</strong> Livro VI <strong>do</strong> Código <strong>da</strong> Segurança Social (Sozialgesetzbuch, a seguir «SGB VI»),<br />

que tem por título «Perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> um filho», dispõe:<br />

«1) Os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> um filho são os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s à educação <strong>de</strong> um<br />

filho até aos três anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação é imputa<strong>do</strong> a um <strong>do</strong>s progenitores<br />

<strong>do</strong> filho (§ 56, n.° 1, primeiro perío<strong>do</strong>, ponto 3, e n.° 3, pontos 2 e 3, <strong>do</strong> Livro I) se<br />

1. o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação for atribuível a esse progenitor,<br />

2. a educação tiver ocorri<strong>do</strong> no território <strong>da</strong> República Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Alemanha ou se a tal for<br />

equiparável e<br />

3. a imputação <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação não for excluí<strong>da</strong> para esse progenitor.<br />

[…]<br />

3) O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação ocorreu no território <strong>da</strong> República Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Alemanha se o<br />

progenitor que <strong>de</strong>la esteve encarrega<strong>do</strong> aí tiver residi<strong>do</strong> habitualmente com o filho. É<br />

equipara<strong>da</strong> à educação no território <strong>da</strong> República Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Alemanha a situação em que o<br />

progenitor encarrega<strong>do</strong> <strong>da</strong> educação residiu habitualmente com o seu filho no estrangeiro e aí<br />

cumpriu perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cotização obrigatória durante a educação ou imediatamente antes <strong>do</strong><br />

nascimento <strong>do</strong> filho, a título <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta <strong>de</strong> outrem ou por conta própria que aí<br />

exerceu. Em caso <strong>de</strong> residência comum no estrangeiro <strong>do</strong>s cônjuges ou parceiros <strong>de</strong> facto, tal<br />

aplica-se igualmente ao caso em que o cônjuge ou parceiro <strong>do</strong> progenitor encarrega<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

educação tiver cumpri<strong>do</strong> tais perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cotização obrigatória ou não os tiver cumpri<strong>do</strong><br />

apenas por se incluir nas pessoas menciona<strong>da</strong>s no § 5, n. os 1 e 4, ou por estar isento <strong>do</strong><br />

seguro obrigatório.<br />

[…]»<br />

13 O § 57 <strong>do</strong> SGB VI, que tem por título «Perío<strong>do</strong>s a ter em consi<strong>de</strong>ração», tem a seguinte<br />

re<strong>da</strong>ção:<br />

«O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong>dica<strong>do</strong> à educação <strong>de</strong> um filho até aos <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> constitui um perío<strong>do</strong> a<br />

tomar em consi<strong>de</strong>ração para um <strong>do</strong>s progenitores se se verificarem os requisitos para a<br />

imputação <strong>de</strong> um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> um filho […]»<br />

14 Para os filhos nasci<strong>do</strong>s antes <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> <strong>19</strong>92, o § 249 <strong>do</strong> SGB VI reduz <strong>de</strong> três anos<br />

para <strong>do</strong>ze meses os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cotização a título <strong>da</strong> educação <strong>de</strong> um filho.<br />

Litígio no processo principal e questões prejudiciais<br />

15 Doris Reichel-Albert, <strong>de</strong> nacionali<strong>da</strong><strong>de</strong> alemã, exerceu uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta <strong>de</strong> outrem na<br />

República Fe<strong>de</strong>ral <strong>da</strong> Alemanha on<strong>de</strong> residiu até 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> <strong>19</strong>80. Em segui<strong>da</strong> recebeu<br />

um subsídio <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego atribuí<strong>do</strong> por este Esta<strong>do</strong>-Membro, cujo pagamento terminou em<br />

10 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>19</strong>80.<br />

16 De 1 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> <strong>19</strong>80 a 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> <strong>19</strong>86, residiu na Bélgica com o seu cônjuge, que<br />

exercia uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta <strong>de</strong> outrem. O casal teve <strong>do</strong>is filhos, nasci<strong>do</strong>s na Bélgica,<br />

respetivamente em 25 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> <strong>19</strong>81 e 29 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>19</strong>84.<br />

17 A partir <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> <strong>19</strong>84, a senhora Reichel-Albert cotizou voluntariamente para o


egime legal <strong>de</strong> reforma na Alemanha.<br />

18 Em 1 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> <strong>19</strong>86, a senhora Reichel-Albert, o seu cônjuge e os seus filhos foram<br />

oficialmente <strong>de</strong>clara<strong>do</strong>s resi<strong>de</strong>ntes na Alemanha.<br />

<strong>19</strong> Por <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2008 e <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008, a DRN rejeitou o pedi<strong>do</strong><br />

apresenta<strong>do</strong> pela senhora Reichel-Albert no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> serem toma<strong>do</strong>s em consi<strong>de</strong>ração os<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s à educação <strong>do</strong>s filhos e os «perío<strong>do</strong>s a ter em consi<strong>de</strong>ração» cumpri<strong>do</strong>s<br />

durante a sua permanência na Bélgica, com o fun<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> que, durante este perío<strong>do</strong>, a<br />

educação <strong>do</strong>s filhos ocorreu no estrangeiro. Apenas os perío<strong>do</strong>s a contar <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>86, <strong>da</strong>ta a partir <strong>da</strong> qual a família em causa voltou a estar <strong>de</strong> novo oficialmente <strong>do</strong>micilia<strong>da</strong><br />

na Alemanha, foram leva<strong>do</strong>s em consi<strong>de</strong>ração, a título <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> filhos. Em 1 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008, a senhora Reichel-Albert apresentou uma reclamação, que a DRN<br />

in<strong>de</strong>feriu por <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2009.<br />

20 As <strong>de</strong>cisões <strong>da</strong> DRN realçam que, durante a sua permanência na Bélgica, não foi manti<strong>da</strong> a<br />

ligação exigi<strong>da</strong> com a vi<strong>da</strong> profissional na Alemanha nem por intermédio <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong><br />

emprego <strong>da</strong> senhora. Reichel-Albert nem através <strong>do</strong> seu cônjuge, uma vez que <strong>de</strong>correu mais<br />

<strong>de</strong> um mês completo entre o fim <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta <strong>de</strong> outrem ou por conta própria <strong>da</strong><br />

senhora Reichel-Albert – a que é equipara<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> subsídio <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego – e o<br />

início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> filhos.<br />

21 Por requerimento <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2009, Doris Reichel-Albert interpôs no Sozialgericht<br />

Würzburg um recurso <strong>de</strong> anulação <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão proferi<strong>da</strong> sobre a reclamação em 29 <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 2009, em que pedia que a DRN fosse obriga<strong>da</strong> a tomar em consi<strong>de</strong>ração os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

25 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> <strong>19</strong>81 a 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> <strong>19</strong>86, no que respeita ao primeiro <strong>do</strong>s seus filhos, e <strong>de</strong><br />

29 <strong>de</strong> outubro <strong>19</strong>84 a 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> <strong>19</strong>86, no que respeita ao segun<strong>do</strong>. Em apoio <strong>do</strong> seu<br />

recurso, fez alusão aos acórdãos <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2000, Elsen (C-135/99, Colet.,<br />

p. I-10409), e <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2002, Kauer (C-28/00, Colet., p. I-1343), e alega que não<br />

tinha, à época, <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> completamente a Alemanha para residir na Bélgica.<br />

22 O Sozialgericht Würzburg consi<strong>de</strong>rou que a leitura conjuga<strong>da</strong> <strong>do</strong> § 56, n.° 3, <strong>do</strong> SGB VI e <strong>do</strong><br />

artigo 44.°°, n.° 2, <strong>do</strong> Regulamento n.° 987/2009 não permitia à senhora Reichel-Albert a<br />

imputação <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação controverti<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s seus filhos, nem na Alemanha, nem<br />

na Bélgica, na medi<strong>da</strong> em que ela não exercia qualquer ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> – por conta <strong>de</strong> outrem ou<br />

por conta própria – à <strong>da</strong>ta em que os referi<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s tinham começa<strong>do</strong>, e que <strong>de</strong>ssa forma<br />

a interessa<strong>da</strong> seria penaliza<strong>da</strong> pelo exercício <strong>do</strong> direito <strong>de</strong> que goza nos termos <strong>do</strong> artigo<br />

21.° TFUE, o direito <strong>de</strong> circular e permanecer livremente no território <strong>da</strong> União <strong>Europeia</strong>.<br />

23 Nestas condições, o Sozialgericht Würzburg <strong>de</strong>cidiu suspen<strong>de</strong>r a instância e colocar ao<br />

<strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça as seguintes questões prejudiciais:<br />

«1) Deve o artigo 44.°°, n.° 2, <strong>do</strong> Regulamento [n.° 987/2009] ser interpreta<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong><br />

que se opõe a uma regulamentação <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong>-Membro nos termos <strong>da</strong> qual os<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>do</strong>s filhos cumpri<strong>do</strong>s noutro Esta<strong>do</strong>-Membro <strong>da</strong> União <strong>Europeia</strong><br />

só po<strong>de</strong>m ser reconheci<strong>do</strong>s como perío<strong>do</strong>s cumpri<strong>do</strong>s em território nacional quan<strong>do</strong> o<br />

progenitor encarrega<strong>do</strong> <strong>da</strong> educação tiver residi<strong>do</strong> habitualmente no estrangeiro com o<br />

filho e, durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> educação ou imediatamente antes <strong>do</strong> nascimento <strong>do</strong> filho,<br />

tiver cumpri<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cotização obrigatória por ter exerci<strong>do</strong> nesse país uma<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta <strong>de</strong> outrem ou por conta própria ou quan<strong>do</strong>, em caso <strong>de</strong> residência<br />

comum no estrangeiro <strong>do</strong>s cônjuges ou <strong>do</strong>s parceiros <strong>de</strong> facto, o cônjuge ou o parceiro<br />

<strong>do</strong> progenitor encarrega<strong>do</strong> <strong>da</strong> educação tiver cumpri<strong>do</strong> esses perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cotização<br />

obrigatória ou não os tiver cumpri<strong>do</strong> por pertencer às pessoas menciona<strong>da</strong>s no § 5,<br />

n. os 1 e 4, <strong>do</strong> SGB VI, ou por estar isento <strong>da</strong> obrigação <strong>de</strong> seguro obrigatório ao abrigo<br />

<strong>do</strong> § 6 <strong>do</strong> SGB VI (§§ 56, n.° 3, segun<strong>do</strong> e terceiro perío<strong>do</strong>s, 57 e 249 <strong>do</strong> SGB VI)?


2) Deve o artigo 44.°°, n.° 2, <strong>do</strong> Regulamento [n.° 987/2009] ser interpreta<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong>,<br />

para além <strong>da</strong> letra, <strong>de</strong> que, a título <strong>de</strong> exceção, <strong>de</strong>vem ser ti<strong>do</strong>s em conta os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

educação <strong>do</strong>s filhos também no caso <strong>de</strong> não ter si<strong>do</strong> exerci<strong>da</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta<br />

<strong>de</strong> outrem ou por conta própria, quan<strong>do</strong>, <strong>de</strong> outra forma, os referi<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s não sejam<br />

computa<strong>do</strong>s nos termos <strong>da</strong> legislação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Membro competente nem <strong>da</strong> <strong>de</strong> outro<br />

Esta<strong>do</strong>-Membro em que a pessoa tenha residi<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma habitual durante a educação<br />

<strong>do</strong>s filhos?»<br />

Quanto às questões prejudiciais<br />

Observações preliminares quanto à aplicabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ratione temporis <strong>do</strong> artigo 44.° <strong>do</strong><br />

Regulamento n.° 987/2009<br />

24 Atenta a cronologia <strong>da</strong> matéria <strong>de</strong> facto em causa no processo principal, como resulta <strong>do</strong>s<br />

n. os 15 a 21 <strong>do</strong> presente acórdão, bem como <strong>da</strong> <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> entra<strong>da</strong> em vigor <strong>do</strong> Regulamento<br />

n.° 987/2009, importa, antes <strong>de</strong> mais, verificar se o artigo 44.° <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> regulamento cuja<br />

interpretação é pedi<strong>da</strong> pelo órgão jurisdicional <strong>de</strong> reenvio é efetivamente aplicável ratione<br />

temporis aos factos em causa no processo principal.<br />

25 A este respeito, é jurisprudência assente que, regra geral, o princípio <strong>da</strong> segurança jurídica se<br />

opõe a que o alcance temporal <strong>de</strong> um ato <strong>da</strong> União tenha o seu início em <strong>da</strong>ta anterior à <strong>da</strong><br />

publicação <strong>de</strong>sse ato, exceto, a título excecional, quan<strong>do</strong> uma finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> interesse geral o<br />

exige e a confiança legítima <strong>do</strong>s interessa<strong>do</strong>s seja <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente respeita<strong>da</strong>, e ain<strong>da</strong> na medi<strong>da</strong><br />

em que resulte claramente <strong>do</strong>s termos, <strong>da</strong> finali<strong>da</strong><strong>de</strong> ou <strong>da</strong> economia <strong>da</strong>s regras em causa<br />

que tal efeito lhes <strong>de</strong>ve ser atribuí<strong>do</strong> (v., neste senti<strong>do</strong>, acórdão <strong>de</strong> <strong>19</strong> <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2009,<br />

Mitsui & Co. Deutschland, C-256/07, Colet., p. I-<strong>19</strong>51, n.° 32 e jurisprudência referi<strong>da</strong>).<br />

26 No artigo 97.° <strong>do</strong> Regulamento n.° 987/2009, o legisla<strong>do</strong>r <strong>da</strong> União fixou a entra<strong>da</strong> em vigor<br />

<strong>de</strong>ste regulamento em 1 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 sem nenhum outro consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> ou qualquer outra<br />

disposição <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> regulamento que possam ser entendi<strong>do</strong>s como visan<strong>do</strong> fixar o início <strong>da</strong><br />

aplicação no tempo <strong>do</strong> artigo 44.° <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> regulamento numa <strong>da</strong>ta anterior à <strong>da</strong> publicação<br />

<strong>de</strong>sse diploma legal. Pelo contrário, resulta <strong>do</strong> artigo 87.°, n.° 1, <strong>do</strong> Regulamento n.° 883/2004,<br />

o qual se aplica às situações regi<strong>da</strong>s pelo Regulamento n.° 987/2009 em conformi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o<br />

artigo 93.° <strong>de</strong>ste, que esse regulamento não atribui qualquer direito para o perío<strong>do</strong> anterior à<br />

<strong>da</strong>ta <strong>da</strong> sua aplicação, ou seja, antes <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010.<br />

27 Ora, na esteira <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong>-geral no n.° 40 <strong>da</strong>s suas conclusões, importa salientar que,<br />

quan<strong>do</strong> a DNR tomou as <strong>de</strong>cisões controverti<strong>da</strong>s no processo principal, recusan<strong>do</strong>-se a tomar<br />

em consi<strong>de</strong>ração os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação controverti<strong>do</strong>s <strong>da</strong> senhora Reichel-Albert, o<br />

Regulamento n.° 987/2009 não era ain<strong>da</strong> aplicável.<br />

28 Por conseguinte, o artigo 44.° <strong>do</strong> Regulamento n.° 987/2009 não é aplicável ratione temporis<br />

aos factos em causa no processo principal.<br />

29 Nestas circunstâncias, são, em princípio, as regras <strong>da</strong> União em matéria <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong>s<br />

regimes nacionais <strong>de</strong> segurança social tal como resultantes <strong>do</strong> Regulamento n.° 1408/71,<br />

interpreta<strong>da</strong>s à luz <strong>da</strong>s disposições pertinentes <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> FUE e em especial, as relativas à<br />

livre circulação <strong>de</strong> pessoas a que o órgão jurisdicional <strong>de</strong> reenvio se refere na sua <strong>de</strong>cisão,<br />

que <strong>de</strong>vem aplicar-se aos factos em causa no processo principal.<br />

30 Contu<strong>do</strong>, o Regulamento n.° 1408/71 não estabelece nenhuma regra específica aplicável à<br />

imputação, no âmbito <strong>do</strong> seguro <strong>de</strong> velhice, <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s consagra<strong>do</strong>s à educação <strong>de</strong> um<br />

filho, cumpri<strong>do</strong>s noutro Esta<strong>do</strong>-Membro, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> as questões coloca<strong>da</strong>s pelo órgão<br />

jurisdicional <strong>de</strong> reenvio ser entendi<strong>da</strong>s como visan<strong>do</strong>, no essencial, <strong>de</strong>terminar se, numa<br />

situação como a que está em causa no processo principal, o artigo 21.° TFUE <strong>de</strong>ve ser


interpreta<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que obriga a instituição competente <strong>de</strong> um primeiro Esta<strong>do</strong>-Membro a<br />

tomar em consi<strong>de</strong>ração, para efeitos <strong>da</strong> concessão <strong>de</strong> uma pensão <strong>de</strong> velhice, os perío<strong>do</strong>s<br />

consagra<strong>do</strong>s à educação <strong>de</strong> um filho cumpri<strong>do</strong>s noutro Esta<strong>do</strong>-Membro, como se esses<br />

perío<strong>do</strong>s tivessem si<strong>do</strong> cumpri<strong>do</strong>s no território nacional por uma pessoa que, no momento <strong>de</strong><br />

nascimento <strong>do</strong>s seus filhos, tivesse <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalhar nesse primeiro Esta<strong>do</strong>-Membro e<br />

tivesse temporariamente fixa<strong>do</strong> a sua residência no território <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Membro sem<br />

aí ter exerci<strong>do</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta <strong>de</strong> outrem ou uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta própria.<br />

Quanto às questões prejudiciais<br />

31 Importa, num primeiro momento, <strong>de</strong>terminar qual o Esta<strong>do</strong>-Membro cuja legislação <strong>de</strong>ve<br />

<strong>de</strong>finir ou admitir como perío<strong>do</strong>s equipara<strong>do</strong>s a perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seguro propriamente ditos os<br />

perío<strong>do</strong>s consagra<strong>do</strong>s pela recorri<strong>da</strong> no processo principal à educação <strong>do</strong>s seus filhos, na<br />

Bélgica, entre o ano <strong>de</strong> <strong>19</strong>81 e o ano <strong>de</strong> <strong>19</strong>86 e, num segun<strong>do</strong> momento, na hipótese em que<br />

a legislação alemã seja a <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>, apreciar se as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> em consi<strong>de</strong>ração<br />

<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>do</strong>s filhos previstos por tal legislação é conforme ao artigo<br />

21.° TFUE.<br />

32 Quanto à legislação aplicável, como pertinentemente alega<strong>do</strong> pelo Governo alemão na<br />

audiência, o direito à toma<strong>da</strong> em consi<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>s pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> filhos só po<strong>de</strong> ser<br />

basea<strong>do</strong> nas disposições legais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Membro a que a pessoa em causa estava sujeita<br />

no momento <strong>de</strong> nascimento <strong>da</strong> criança.<br />

33 Resulta <strong>do</strong>s autos <strong>do</strong> processo principal que a senhora Reichel-Albert - ten<strong>do</strong> residi<strong>do</strong>,<br />

trabalha<strong>do</strong> e cotiza<strong>do</strong> para o regime <strong>de</strong> seguro <strong>de</strong> velhice na Alemanha até 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

<strong>19</strong>80 - se mu<strong>do</strong>u para a Bélgica on<strong>de</strong> continuou a receber um subsídio <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego até 30<br />

<strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>19</strong>80 e teve duas crianças; reinstalou-se oficialmente com a sua família em 1<br />

<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> <strong>19</strong>86 na Alemanha, on<strong>de</strong> retomou uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> profissional regular.<br />

34 Nestas condições, mesmo que se admitisse que <strong>de</strong>via ser ti<strong>da</strong> em consi<strong>de</strong>ração o artigo 13.°,<br />

n.° 2, alínea f), introduzi<strong>do</strong> no Regulamento n.° 1408/71 pelo Regulamento n.° 2<strong>19</strong>5/91, isto é,<br />

posteriormente ao cumprimento <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s consagra<strong>do</strong>s pela senhora Reichel-Albert à<br />

educação <strong>do</strong>s seus filhos na Bélgica, essa disposição não seria pertinente, nas circunstâncias<br />

<strong>do</strong> caso vertente no processo principal, no que se refere à relevância <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

educação no âmbito <strong>do</strong> seguro <strong>de</strong> velhice (v., neste senti<strong>do</strong>, acórdão Kauer, já referi<strong>do</strong>,<br />

n.° 31).<br />

35 Com efeito, quan<strong>do</strong> uma pessoa, como é o caso <strong>da</strong> senhora Reichel-Albert, tiver trabalha<strong>do</strong><br />

e cotiza<strong>do</strong> exclusivamente num único e mesmo Esta<strong>do</strong>-Membro, quer anteriormente quer<br />

posteriormente a ter transferi<strong>do</strong> temporariamente a sua residência por razões estritamente<br />

familiares para outro Esta<strong>do</strong>-Membro no qual nunca trabalhou nem cotizou, há que<br />

reconhecer que existe uma relação suficiente entre esses perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>do</strong>s filhos e<br />

os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seguro cumpri<strong>do</strong>s a título <strong>do</strong> exercício <strong>de</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> profissional no<br />

primeiro Esta<strong>do</strong>-Membro (v., neste senti<strong>do</strong>, acórdãos, já referi<strong>do</strong>s, Elsen, n. os 25 a 28, e<br />

Kauer, n.° 32). Foi efetivamente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao cumprimento <strong>de</strong>sses perío<strong>do</strong>s que a senhora<br />

Reichel-Albert pediu à DRN que tomasse em consi<strong>de</strong>ração os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s à<br />

educação <strong>do</strong>s filhos durante a interrupção <strong>da</strong> sua carreira profissional.<br />

36 Em consequência, há que consi<strong>de</strong>rar que a legislação alemã é aplicável numa situação como<br />

a <strong>da</strong> senhora Reichel-Albert e que, no que diz respeito à imputação <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong>dica<strong>do</strong>s à<br />

educação <strong>de</strong> filhos <strong>da</strong> interessa<strong>da</strong> no quadro <strong>do</strong> seguro <strong>de</strong> velhice, po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se que a<br />

senhora Reichel-Albert está abrangi<strong>da</strong> pela legislação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Membro <strong>da</strong> sua residência


nos perío<strong>do</strong>s em causa (v., neste senti<strong>do</strong>, acórdão Elsen, já referi<strong>do</strong>, n.° 28).<br />

37 Relativamente às mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> em consi<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>de</strong><br />

filhos, importa apreciar a compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> à luz <strong>do</strong> artigo 21.° TFUE <strong>de</strong> disposições nacionais<br />

como as que constam <strong>do</strong>s §§ 56 e 57 <strong>do</strong> SGB VI e por cuja aplicação, para efeitos <strong>da</strong><br />

concessão <strong>de</strong> uma pensão <strong>de</strong> velhice pela instituição competente <strong>de</strong> um Esta<strong>do</strong>-Membro, os<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> filhos cumpri<strong>do</strong>s fora <strong>do</strong> território <strong>de</strong>sse Esta<strong>do</strong>-Membro,<br />

contrariamente aos cumpri<strong>do</strong>s no território nacional, só são toma<strong>do</strong>s em consi<strong>de</strong>ração quan<strong>do</strong><br />

o progenitor encarrega<strong>do</strong> <strong>da</strong> educação <strong>do</strong>s filhos tiver residi<strong>do</strong> habitualmente com o seu filho<br />

no estrangeiro e aí tenha cumpri<strong>do</strong> os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cotização durante a educação ou<br />

imediatamente antes <strong>do</strong> nascimento <strong>do</strong> filho a título <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta <strong>de</strong> outrem ou por<br />

conta própria que aí tenha exerci<strong>do</strong>.<br />

38 A este respeito, há que recor<strong>da</strong>r que os Esta<strong>do</strong>s-Membros, embora mantenham a sua<br />

competência para organizar os seus sistemas <strong>de</strong> segurança social, <strong>de</strong>vem, no exercício <strong>de</strong>ssa<br />

competência, respeitar o direito <strong>da</strong> União, em especial as disposições <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> relativas à<br />

livre circulação <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos garanti<strong>da</strong> pelo artigo 21.° TFUE (v., neste senti<strong>do</strong>, acórdãos<br />

Elsen, já referi<strong>do</strong>, n.° 33, e <strong>de</strong> 1 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2008, Governo <strong>da</strong> Communauté française e<br />

gouvernement wallon, C-212/06, Colet., p. I-1683, n.° 43).<br />

39 Mais exatamente, o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça, no n.° 34 <strong>do</strong> acórdão Elsen, já referi<strong>do</strong>, teve já a<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> constatar que as disposições em causa no processo principal, numa versão<br />

anterior, <strong>de</strong>sfavorecem os nacionais <strong>da</strong> União que exerceram o seu direito <strong>de</strong> circular e <strong>de</strong><br />

permanecer livremente nos Esta<strong>do</strong>s-Membros, garanti<strong>do</strong> pelo artigo 21.° TFUE.<br />

40 Numa situação como a <strong>da</strong> senhora Reichel-Albert, as disposições em causa conduzem a que<br />

uma pessoa que tenha educa<strong>do</strong> os filhos não ten<strong>do</strong> adquiri<strong>do</strong>, a título <strong>de</strong> uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por<br />

conta <strong>de</strong> outrem ou por conta própria, perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cotização obrigatórios durante a educação<br />

<strong>do</strong>s seus filhos ou imediatamente antes <strong>de</strong> eles terem nasci<strong>do</strong>, fica priva<strong>da</strong>, para efeitos <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> montante <strong>da</strong> sua pensão, <strong>do</strong> direito à contagem <strong>do</strong>s seus perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

educação <strong>do</strong>s filhos pelo simples facto <strong>de</strong> ter fixa<strong>do</strong> temporariamente a sua residência noutro<br />

Esta<strong>do</strong>-Membro, mesmo que não tenha exerci<strong>do</strong> nenhuma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> por conta <strong>de</strong> outrem ou<br />

por conta própria neste segun<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Membro.<br />

41 Ao fazê-lo, essa pessoa fica sujeita, no Esta<strong>do</strong>-Membro <strong>de</strong> que é nacional, a um tratamento<br />

menos favorável <strong>do</strong> que aquele <strong>de</strong> que beneficiaria se não tivesse exerci<strong>do</strong> os direitos<br />

conferi<strong>do</strong>s pelo Trata<strong>do</strong> em matéria <strong>de</strong> livre circulação (v., acórdão <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2011,<br />

Stewart, C-503/09, ain<strong>da</strong> não publica<strong>do</strong> na Coletânea, n.° 83 e jurisprudência cita<strong>da</strong>).<br />

42 Ora, uma legislação nacional que coloque certos nacionais numa situação <strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem<br />

pelo simples facto <strong>de</strong> terem exerci<strong>do</strong> o seu direito <strong>de</strong> livre circulação e <strong>de</strong> permanência noutro<br />

Esta<strong>do</strong>-Membro geraria, portanto, uma <strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento contrária aos princípios<br />

subjacentes ao estatuto <strong>de</strong> ci<strong>da</strong>dão <strong>da</strong> União, ou seja, a garantia <strong>de</strong> um mesmo tratamento<br />

jurídico no exercício <strong>da</strong> sua liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> circulação (acórdão <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2006,<br />

Turpeinen, C-520/04, Colet., p. I-10685, n.° 22).<br />

43 Além disso, não está <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> nem sequer foi alega<strong>do</strong> pelo Esta<strong>do</strong>-Membro em causa<br />

que uma legislação como a que está em discussão no processo principal seja suscetível <strong>de</strong><br />

ser justifica<strong>da</strong> por consi<strong>de</strong>rações objetivas e proporciona<strong>da</strong>s ao objetivo legitimamente<br />

prossegui<strong>do</strong> pelo direito nacional (v., neste senti<strong>do</strong>, acórdão <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011, Runevič<br />

Vardyn e Wardyn, C-391/09, ain<strong>da</strong> não publica<strong>do</strong> na Coletânea, n.° 83 e jurisprudência<br />

cita<strong>da</strong>).


44 Por conseguinte, há que concluir que, num contexto como o que está em causa no processo<br />

principal, a não consi<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> educação efetua<strong>do</strong>s fora <strong>do</strong> território nacional,<br />

tal como previsto nos §§ 56 e 57 <strong>do</strong> SGB VI, é contrária ao artigo 21.° TFUE.<br />

45 Destarte, e face às consi<strong>de</strong>rações que prece<strong>de</strong>m, é <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às questões coloca<strong>da</strong>s que,<br />

numa situação como a que está em causa no processo principal, o artigo 21.° TFUE <strong>de</strong>ve ser<br />

interpreta<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que obriga a instituição competente <strong>de</strong> um primeiro<br />

Esta<strong>do</strong>-Membro a tomar em consi<strong>de</strong>ração, para efeitos <strong>da</strong> concessão <strong>de</strong> uma pensão <strong>de</strong><br />

velhice, os perío<strong>do</strong>s consagra<strong>do</strong>s à educação <strong>do</strong>s filhos cumpri<strong>do</strong>s num segun<strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>-Membro como se esses perío<strong>do</strong>s tivessem si<strong>do</strong> cumpri<strong>do</strong>s no seu território nacional<br />

no caso <strong>de</strong> uma pessoa que apenas exerceu ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s profissionais nesse primeiro<br />

Esta<strong>do</strong>-Membro e que, no momento em que nasceram os seus filhos, tinha temporariamente<br />

<strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalhar e fixa<strong>do</strong> a sua residência, por motivos estritamente familiares, no<br />

território <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Membro.<br />

Quanto às <strong>de</strong>spesas<br />

46 Revestin<strong>do</strong> o processo, quanto às partes na causa principal, a natureza <strong>de</strong> inci<strong>de</strong>nte<br />

suscita<strong>do</strong> perante o órgão jurisdicional <strong>de</strong> reenvio, compete a este <strong>de</strong>cidir quanto às<br />

<strong>de</strong>spesas. As <strong>de</strong>spesas efetua<strong>da</strong>s pelas outras partes para a apresentação <strong>de</strong> observações<br />

ao <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça não são reembolsáveis.<br />

Pelos fun<strong>da</strong>mentos expostos, o <strong>Tribunal</strong> <strong>de</strong> Justiça (Terceira Secção) <strong>de</strong>clara:<br />

Numa situação como a que está em causa no processo principal, o artigo 21.° TFUE<br />

<strong>de</strong>ve ser interpreta<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que obriga a instituição competente <strong>de</strong> um primeiro<br />

Esta<strong>do</strong>-Membro a tomar em consi<strong>de</strong>ração, para efeitos <strong>da</strong> concessão <strong>de</strong> uma pensão<br />

<strong>de</strong> velhice, os perío<strong>do</strong>s consagra<strong>do</strong>s à educação <strong>do</strong>s filhos cumpri<strong>do</strong>s num segun<strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>-Membro como se esses perío<strong>do</strong>s tivessem si<strong>do</strong> cumpri<strong>do</strong>s no seu território<br />

nacional, no caso <strong>de</strong> uma pessoa que apenas exerceu ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s profissionais nesse<br />

primeiro Esta<strong>do</strong>-Membro e que, no momento em que nasceram os seus filhos, tinha<br />

temporariamente <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalhar e fixa<strong>do</strong> a sua residência, por motivos<br />

estritamente familiares, no território <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>-Membro.<br />

Assinaturas<br />

* Língua <strong>do</strong> processo: alemão.

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