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Células-tronco: tratamento para a Esclerose Lateral ... - ABrELA

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Células-<strong>tronco</strong>: <strong>tratamento</strong> <strong>para</strong> a <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica?<br />

Miguel Mitne Neto<br />

Os diversos tecidos que compõe o corpo são formados por células<br />

especializadas em suas respectivas funções. Por exemplo, as células musculares<br />

apresentam forma e organização interna que permitem o seu encurtamento <strong>para</strong> a<br />

contração muscular. No caso das células nervosas, estas características estão voltadas<br />

<strong>para</strong> a transmissão dos sinais nervosos, sejam eles elétricos ou químicos.<br />

As células-<strong>tronco</strong> são assim denominadas pela sua capacidade de multiplicação<br />

e diferenciação. Elas se encontram num estágio prévio ao da especialização celular,<br />

podendo, substituir as células que constituem diversos tecidos. Esta característica é<br />

denominada pluripotência.<br />

As células-<strong>tronco</strong> podem ser divididas em ADULTAS ou EMBRIONÁRIAS. As<br />

ADULTAS estão presentes no organismo já formado e são responsáveis por substituir<br />

células senis, re<strong>para</strong>r tecidos lesados, além de re-popular regiões que estejam sob<br />

estresse. Elas são encontradas em quase todos os tecidos corpóreos, como muscular,<br />

nervoso e sanguíneo. A medula óssea é um exemplo de material rico em células-<strong>tronco</strong><br />

adultas. A população celular aí presente é responsável pela produção das células<br />

sanguíneas que são periodicamente renovadas. Existe uma restrição na variedade de<br />

tecidos nos quais as células-<strong>tronco</strong> adultas podem se diferenciar, por isso sua<br />

“potência” é limitada.<br />

Presentes no embrião em formação, as células-<strong>tronco</strong> embrionárias são capazes<br />

de se diferenciar em qualquer tecido do corpo. Desta forma, são denominadas<br />

pluripotentes.<br />

O estudo das células-<strong>tronco</strong> não está limitado às estratégias de substituição<br />

celular, mas ao modo como estas células se comportam no organismo e como são<br />

controlados os estágios de pluripotência e diferenciação.<br />

O advento da reprogramação celular trouxe uma nova classe de células<br />

pluripotentes, denominadas células iPSC, ou células pluripotentes induzidas. Elas são<br />

geradas a partir da modificação genética de uma célula completamente diferenciada,<br />

que passa, então, a apresentar características de uma célula-<strong>tronco</strong> embrionária. As<br />

iPSC permitiriam que os genomas de pessoas afetadas por doenças genéticas fossem<br />

capturados em um estágio celular que pode ser conduzido à diferenciação de qualquer<br />

tecido corporal. Esta alternativa permite que doenças genéticas sejam modeladas num<br />

sistema muito próximo ao encontrado no organismo do paciente. As iPSCs estão sendo


utilizadas <strong>para</strong> modelar, in vitro, a <strong>Esclerose</strong> <strong>Lateral</strong> Amiotrófica. Apesar do rápido<br />

avanço, essa tecnologia ainda depende de aprimoramentos antes de responder à<br />

questões como: por quê apenas os neurônios motores são afetados?<br />

Devido às características de multiplicação celular e capacidade de substituir de<br />

outras células, as células-<strong>tronco</strong> constituem uma grande esperança <strong>para</strong> a re<strong>para</strong>ção<br />

de tecidos lesados.<br />

A terapia celular na ELA já está em fase de teste. Entretanto, devido à<br />

complexidade dos neurônios motores (seu tamanho, a interação com o sistema<br />

muscular e seu metabolismo específico), a estratégia terapêutica utilizada reside na<br />

substituição ou re-população das células que promovem a sobrevivência dos neurônios<br />

motores, no lugar de substituí-los diretamente. Espera-se que as células inejtadas<br />

produzam fatores que melhorem as condições dos neurônios motores, ou que pelo<br />

menos, retardem a morte dos mesmos.<br />

Trabalhos realizados na Itália e nos EUA estão verificando a SEGURANÇA e<br />

EFICÁCIA da aplicação de células-<strong>tronco</strong> adultas em pacientes com ELA. Tanto o<br />

grupo da pesquisadora Letizia Mazzini (Itália) quanto a empresa TCA Cellular Therapy<br />

(EUA) lançam mão da retirada das células-<strong>tronco</strong> adultas dos próprios pacientes,<br />

promovem sua expansão no laboratório e depois re-aplicam-nas na medula espinhal.<br />

Estes são estudos EXPERIMENTAIS que ainda necessitam de outras VALIDAÇÕES.<br />

O número exato de células, quantas aplicação são necessárias e o melhor local de<br />

injeção ainda são pontos as serem estabelecidos antes de serem oferecidos como<br />

<strong>tratamento</strong>.<br />

A empresa Neuralstem recebeu, no ano passado, permissão do FDA <strong>para</strong><br />

realizar o primeiro estudo com células-<strong>tronco</strong> embrionárias em pacientes com ELA, nos<br />

EUA. Em seu update, no final de 2010, a empresa já havia injetado as células em seis<br />

pacientes. Os resultados iniciais incentivaram a ampliação do estudo <strong>para</strong> 18<br />

pacientes. Novamente, o primeiro objetivo é verificar se estas células são seguras.<br />

Ressalvas a esse estudo são feitas pela grande probabilidade de geração de tumores a<br />

partir das células-<strong>tronco</strong> embrionárias.<br />

O grande diferencial dos estudos citados está no rigoroso controle que as<br />

agências governamentais exercem sobre os mesmos. Neste aspecto, observa-se uma<br />

crescente oferta de <strong>tratamento</strong>s celulares pelo mundo todo, mas sem a avaliação de<br />

entidades competentes. A falta de controle sobre estes procedimentos levanta<br />

suspeitas sobre sua condução, a qualidade do material e se realmente são aplicadas<br />

células-<strong>tronco</strong> nos pacientes que a eles se sujeitam.<br />

O uso das células-<strong>tronco</strong> ainda está em fase de testes e não pode ser<br />

considerado como um <strong>tratamento</strong>, neste momento. A terapia celular é uma grande


esperança <strong>para</strong> a ELA, entretanto, sua indicação somente poderá ser feita após<br />

comprovadas a segurança e a eficácia.

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