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Corpo do trabalho.pdf - Ubi Thesis

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Desenvolvimento de uma Estratégia Terapêutica para Libertação Vectorizada de Fármacos no cólon:<br />

Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

Introdução<br />

1 - Ciclodextrinas – Estrutura e Propriedades<br />

As ciclodextrinas (CDs), descobertas pela primeira vez em 1891 por Villiers, são<br />

oligossacarídeos cíclicos resultantes da hidrólise enzimática <strong>do</strong> ami<strong>do</strong> por acção da enzima<br />

ciclodextrina-glicosil-transferase (CGTase), produzida por diversos microorganismos,<br />

nomeadamente <strong>do</strong> género Bacillus [1-3]. As CDs são compostas por unidades D-<br />

glucopiranosídicas (glucose) ligadas entre si por ligações α-1,4 glicosídicas [1, 2, 4, 5] (figura<br />

1).<br />

Figura 1 – Representação da ligação α- 1,4 glicosídica das CDs [7].<br />

As unidades de glucose apresentam-se na conformação em cadeira, e não haven<strong>do</strong> livre<br />

rotação das ligações glicosídicas, obtém-se a forma tronco-cónica das CDs (figura 2). O cone é<br />

forma<strong>do</strong> pelo esqueleto de carbonos das unidades de glucose e pelos átomos de oxigénio<br />

glicosídicos [6]. Os grupos hidróxilo primários, liga<strong>do</strong>s aos átomos C-6 das unidades de<br />

glucose, encontram-se posiciona<strong>do</strong>s na extremidade mais estreita <strong>do</strong> cone [4]. Por outro la<strong>do</strong>,<br />

os grupos hidróxilo secundários, liga<strong>do</strong>s aos átomos C-2 e C-3 das unidades de glucose, estão<br />

na extremidade mais larga <strong>do</strong> cone e tornam a superfície externa da CD hidrofílica [1]. O<br />

interior da cavidade interna da CD é delimitada pelo alinhamento <strong>do</strong>s hidrogénios C(3)-H e<br />

C(5)-H e pelo oxigénio da ligação éter C(1)-O-C(4), que lhe conferem um carácter hidrofóbico<br />

[2] (figura 2). Esta característica das CDs permite a formação de complexos de inclusão, isto<br />

é, entidades compostas por duas ou mais moléculas em que a molécula hospedeira, neste<br />

caso a CD, inclui total ou parcialmente a molécula hóspede, sem que ocorra o<br />

estabelecimento de ligações covalentes [1, 6].<br />

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Desenvolvimento de uma Estratégia Terapêutica para Libertação Vectorizada de Fármacos no cólon:<br />

Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

Hidróxilo primário<br />

Hidróxilos secundários<br />

Figura 2 – Representação tridimensional da forma tronco-cónica das CDs e identificação <strong>do</strong>s<br />

hidróxilos primários e secundários [11, 12].<br />

No seu esta<strong>do</strong> natural as CDs são moléculas rígidas, cristalinas e homogéneas que oferecem<br />

inúmeras vantagens de utilização em função <strong>do</strong> seu tamanho, forma e grupos funcionais livres<br />

[1].<br />

Existem três tipos de ciclodextrinas naturais mais comuns que são a αCD, βCD e γCD,<br />

conten<strong>do</strong> 6, 7 e 8 unidades de glucose, respectivamente [1, 2, 6] (figura 3). As CDs com<br />

número inferior a 6 unidades de glucose não existem por razões estereoquímicas. Aquelas<br />

compostas por mais de 8 unidades de glucose já foram produzidas, contu<strong>do</strong> com um<br />

rendimento muito baixo. Além disso possuem propriedades complexantes fracas, da<strong>do</strong> que<br />

não possuem uma cavidade com estrutura rígida e, portanto, têm reduzi<strong>do</strong> interesse<br />

farmacêutico e comercial [1, 11].<br />

Figura 3 - Representação esquemática da αCD (a), βCD (b) e γCD (c) [6].<br />

Das CDs naturais, a βCD é a mais utilizada no campo farmacêutico pois, embora apresente<br />

reduzida solubilidade aquosa, possui uma cavidade interna com dimensões adequadas para<br />

incorporar um eleva<strong>do</strong> número de fármacos aromáticos hidrofóbicos [6]. Para além disso, é<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

obtida industrialmente com maior qualidade, rendimento e a baixos custos comparativamente<br />

às outras CDs. Esta CD encontra-se aprovada com o estatuto de excipiente farmacêutico<br />

poden<strong>do</strong> ser utilizada em preparações farmacêuticas [1]. A tabela 1 resume as propriedades<br />

físico-químicas mais importantes das CDs naturais [1-3].<br />

Tabela 1 – Propriedades físico-químicas das CDs naturais<br />

CD<br />

Nº de unidades Massa Molecular Diâmetro interno Solubilidade aquosa<br />

de glucose (g/mol) da cavidade (Å) a 25ºC (g/100mL)<br />

αCD 6 972 4,7-5,3 14,5<br />

βCD 7 1135 6,0-6,5 1,85<br />

γCD 8 1297 7,5-8,3 23,2<br />

1.1 – Complexos de Inclusão<br />

As CDs são largamente usadas como agentes complexantes devi<strong>do</strong> às várias vantagens que<br />

apresentam: (i) possuem uma estrutura química bem definida com possibilidade de sofrerem<br />

modificações químicas; (ii) existem CDs com diferentes tamanhos de cavidade permitin<strong>do</strong> a<br />

inclusão de moléculas com diferentes dimensões; (iii) apresentam reduzida actividade<br />

farmacológica e toxicológica [13].<br />

A capacidade que as CDs têm em formarem complexos de inclusão com moléculas específicas,<br />

depende da compatibilidade geométrica entre a molécula hóspede e a cavidade da CD. A<br />

formação de tais complexos é determinada pelas características das moléculas hóspedes<br />

nomeadamente o tamanho, a geometria e a polaridade [6]. Apenas as moléculas ou grupos<br />

funcionais apolares, cujas dimensões sejam inferiores às da cavidade da CD podem ser<br />

incluí<strong>do</strong>s na mesma [1]. Desta forma, devi<strong>do</strong> ao tamanho da cavidade, a αCD complexa<br />

preferencialmente pequenas moléculas ou moléculas com cadeias laterais alifáticas,<br />

enquanto que a βCD pode complexar anéis aromáticos. A γCD permite complexar moléculas<br />

de maior tamanho, como por exemplo esteróides [14].<br />

Os complexos de inclusão apresentam natureza hidrofílica alteran<strong>do</strong> as propriedades físicoquímicas<br />

e biológicas das moléculas hóspedes, neste caso a <strong>do</strong>s fármacos, da<strong>do</strong> que<br />

apresentam maior hidrossolubilidade que o fármaco livre. Desta forma, mediante<br />

complexação, determinadas propriedades <strong>do</strong> fármaco são melhoradas, tais como a sua<br />

solubilidade, taxa de dissolução, permeabilidade, biodisponibilidade e estabilidade [4].<br />

Consequentemente, a formação de complexos de inclusão também aumenta a eficácia e<br />

actividade terapêutica <strong>do</strong> fármaco. Assim, o efeito farmacológico é optimiza<strong>do</strong>, permitin<strong>do</strong> a<br />

redução da <strong>do</strong>se de fármaco administra<strong>do</strong> e uma diminuição <strong>do</strong>s efeitos adversos associa<strong>do</strong>s<br />

[15].<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

Nos complexos fármaco-CD não ocorre formação nem quebra de ligações covalentes. Em<br />

solução aquosa, o complexo dissocia-se e as moléculas de fármaco livre permanecem em<br />

equilíbrio dinâmico com as moléculas de fármaco complexadas [6]. Somente o fármaco na<br />

forma livre sofre absorção e atinge a circulação sistémica. No entanto, tal equilíbrio não é<br />

vantajoso quan<strong>do</strong> se pretende uma entrega direccionada <strong>do</strong> fármaco ao sítio alvo visto que o<br />

complexo se dissocia antes de atingir o respectivo alvo terapêutico [16-19]. Este<br />

inconveniente pode ser ultrapassa<strong>do</strong> através da formação de conjuga<strong>do</strong>s entre fármacos e<br />

CDs, que será discuti<strong>do</strong> mais adiante.<br />

2 – Ciclodextinas como transporta<strong>do</strong>res naturais de fármacos<br />

para o cólon<br />

As patologias <strong>do</strong> cólon são cada vez mais preocupantes, desde a obstipação, diarreia, <strong>do</strong>ença<br />

intestinal inflamatória (<strong>do</strong>ença de Crohn e colite ulcerativa), até ao carcinoma <strong>do</strong> cólon, o<br />

qual é o terceiro tipo de cancro com maior prevalência em homens e mulheres [5].<br />

Sistemas de libertação oral de fármacos direcciona<strong>do</strong>s para o cólon têm revela<strong>do</strong> grande<br />

importância para o transporte de vários agentes terapêuticos, sen<strong>do</strong> também benéficos no<br />

tratamento eficiente de <strong>do</strong>enças desenvolvidas localmente no cólon [20]. Para além da<br />

terapia local, o cólon pode ser útil como uma via de absorção sistémica de fármacos [21]. No<br />

entanto existem vários obstáculos na entrega de fármacos ao cólon, entre os quais se<br />

destacam as várias barreiras que este deve ultrapassar ao longo <strong>do</strong> tracto gastrointestinal<br />

(TGI) superior, nomeadamente as vias de absorção, bem como a hidrólise que pode sofrer ao<br />

longo <strong>do</strong> mesmo [5].<br />

Após administração oral, as CDs são praticamente resistentes à hidrólise pelo áci<strong>do</strong> gástrico,<br />

amilases salivares e pancreáticas, e muito pouco absorvidas na passagem pelo estômago e<br />

intestino delga<strong>do</strong>, devi<strong>do</strong> à sua natureza hidrofílica e volumosa [22, 23]. No entanto as CDs<br />

sofrem degradação enzimática pela vasta microflora existente no cólon, nomeadamente<br />

Bacteróides, que as dissociam em pequenos sacári<strong>do</strong>s, permitin<strong>do</strong> a sua absorção pelo<br />

intestino grosso [19, 24-27]. Esta propriedade biodegradável das CDs tem demonstra<strong>do</strong><br />

interesse no desenvolvimento de formas farmacêuticas de entrega específica de fármacos<br />

para o cólon [19].<br />

Estu<strong>do</strong>s anteriores revelam que os transporta<strong>do</strong>res naturais mais comuns para a entrega<br />

direccionada de fármacos ao cólon são os polissacarídeos, como as CDs, as quais<br />

demonstraram ser seguras e estáveis [28].<br />

Entre as diversas classes de fármacos que existem, está a ser explorada a utilização <strong>do</strong>s antiinflamatórios<br />

não esteróides (AINEs) para melhorar o tratamento de patologias inflamatórias<br />

associadas ao cólon. De facto, sabe-se que os AINEs podem ser usa<strong>do</strong>s com sucesso na<br />

prevenção e tratamento de colites e carcinomas a nível colorectal [5, 16].<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

3 - Anti-inflamatórios não esteróides (AINEs)<br />

Os AINEs constituem uma classe de fármacos amplamente prescritos e usa<strong>do</strong>s como<br />

analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios. O seu mecanismo de acção baseia-se na<br />

inibição da ciclooxigenase (COX), também conhecida por prostaglandina sintetase, que é uma<br />

enzima bifuncional que converte o áci<strong>do</strong> araquidónico em diferentes prostanóides, como o<br />

tromboxano A 2 , a prostaciclina (PGI 2 ) e as prostaglandinas (PG) PGD 2 , PGF 2α e PGE 2 , os quais<br />

actuam como media<strong>do</strong>res inflamatórios [16, 29, 30].<br />

Foram caracterizadas duas isoformas da COX: (i) COX-1, uma enzima constitutiva localizada<br />

em teci<strong>do</strong>s sãos (normais) e (ii) COX-2 que é indutiva e localiza-se principalmente em teci<strong>do</strong>s<br />

inflama<strong>do</strong>s.<br />

A COX-1 apresenta actividade citoprotectora da mucosa gástrica através da produção de<br />

prostaglandinas essenciais, nomeadamente a PGI 2 e a PGE 2 , que mantêm a integridade <strong>do</strong><br />

TGI, a homeostasia vascular e modulam o fluxo sanguíneo renal. A sua inibição resulta nos<br />

principais efeitos gastrointestinais <strong>do</strong>s AINEs.<br />

A COX-2 medeia o processo inflamatório, contribuin<strong>do</strong> para a <strong>do</strong>r e inflamação [16, 30, 31].<br />

Assim, os inibi<strong>do</strong>res selectivos da COX-2 têm alguma preferência na medida em que reduzem<br />

os efeitos gastrointestinais associa<strong>do</strong>s.<br />

Entre os anti-inflamatórios não esteróides destaca-se o diclofenac como sen<strong>do</strong> um potencial<br />

candidato na terapêutica para libertação específica no cólon devi<strong>do</strong> às suas propriedades<br />

anti-inflamatórias e quimiopreventivas <strong>do</strong> cancro <strong>do</strong> cólon, sen<strong>do</strong> ainda de salientar que este<br />

apresenta boa solubilidade ao pH <strong>do</strong> cólon, e consequentemente é bem absorvi<strong>do</strong> [22, 32,<br />

33].<br />

3.1 - Diclofenac de sódio<br />

O diclofenac, áci<strong>do</strong> [2-(2,6-diclorofenil) amino] fenilacético, apresenta fórmula molecular<br />

C 14 H 11 Cl 2 NO 2 , sen<strong>do</strong> um inibi<strong>do</strong>r não selectivo da COX. É um fármaco largamente prescrito<br />

para o alívio da <strong>do</strong>r, tratamento de esta<strong>do</strong>s inflamatórios e desordens músculo-esqueléticas,<br />

como artrites, tendinites, <strong>do</strong>r de costas, e espondilite aquilosa. Possui ainda propriedades<br />

antipiréticas e analgésicas [8]. É um áci<strong>do</strong> fraco, com pKa de sensivelmente 4,18 (a 25ºC), e a<br />

sua solubilidade depende <strong>do</strong> pH <strong>do</strong> meio de dissolução [34]. De uma forma geral, apresenta<br />

boa solubilidade em pH na faixa de 7,0-8,0, e é praticamente insolúvel em meio áci<strong>do</strong>. Neste<br />

<strong>trabalho</strong> experimental utilizou-se o sal sódico <strong>do</strong> diclofenac - C 14 H 10 Cl 2 NNaO 2 (figura 4) .<br />

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Desenvolvimento de uma Estratégia Terapêutica para Libertação Vectorizada de Fármacos no cólon:<br />

Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

Figura 4 – Estrutura molecular <strong>do</strong> diclofenac de sódio [8]<br />

Após administração por via oral o diclofenac é absorvi<strong>do</strong>, no entanto sofre metabolismo de<br />

primeira passagem no fíga<strong>do</strong> o que pode reduzir a sua biodisponibilidade em 50 a 60% da <strong>do</strong>se<br />

administrada. Tal como os outros AINEs, não é estável no ambiente acídico <strong>do</strong> estômago,<br />

estan<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> a efeitos gastrointestinais como ulcerações, hemorragias, erosão da<br />

mucosa, entre outros [22, 28, 35]. Embora o fármaco se encontre na forma não ionizada em<br />

condições ácidas, ele apresenta baixa solubilidade, o que consequentemente dificulta a sua<br />

absorção [36]. Pode também ocorrer uma ciclização intramolecular <strong>do</strong> fármaco, alteran<strong>do</strong> a<br />

sua estrutura e conduzin<strong>do</strong> à sua inactivação [37, 38]. Deste mo<strong>do</strong>, a formação de um<br />

profármaco conten<strong>do</strong> o diclofenac e direccionan<strong>do</strong>-o para o cólon poderá tornar-se vantajoso,<br />

como se irá verificar seguidamente.<br />

4 - Conjuga<strong>do</strong>s de CD como uma estratégia terapêutica para a<br />

entrega de fármacos especificamente no cólon<br />

Estu<strong>do</strong>s revelam que vários AINEs têm si<strong>do</strong> complexa<strong>do</strong>s com CDs, nomeadamente o<br />

ibuprofeno, o ketoprofeno, a in<strong>do</strong>metacina, o diclofenac, o naproxeno, o nimesulide, o<br />

eto<strong>do</strong>lac, entre outros, e alguns até já se encontram comercializa<strong>do</strong>s [16].<br />

No entanto, a formação de complexos de inclusão com as CDs é insuficiente para eliminar o<br />

efeito irritante na mucosa gástrica, resultante <strong>do</strong> grupo carboxílico presente no fármaco<br />

livre, e solubilizar completamente o fármaco de forma a facilitar a sua absorção [16]. Assim<br />

sen<strong>do</strong>, a situação ideal seria mascarar temporariamente o grupo carboxílico acídico de forma<br />

a reduzir ou evitar a irritação gastrointestinal local, e transportar o fármaco especificamente<br />

para o cólon, sen<strong>do</strong> o uso de profármacos um <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s adequa<strong>do</strong>s para atingir este<br />

objectivo [16, 30].<br />

A conjugação de CDs com os AINEs, em que o fármaco se encontra covalentemente liga<strong>do</strong> à<br />

CD, constitui um exemplo concreto de um profármaco para a entrega direccionada ao cólon.<br />

Por sua vez, estes profármacos apresentam várias vantagens para solucionar os diversos<br />

problemas descritos anteriormente, nomeadamente, reduzem os efeitos adversos associa<strong>do</strong>s<br />

aos AINEs, uma vez que o fármaco será liberta<strong>do</strong> especificamente no sítio alvo, neste caso o<br />

cólon, ultrapassan<strong>do</strong> as barreiras <strong>do</strong> TGI superior e manten<strong>do</strong> o seu potencial terapêutico.<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

Assim, a libertação <strong>do</strong> fármaco está dependente <strong>do</strong> pH e/ou das enzimas presentes no cólon<br />

que rodeiam o profármaco [5]. O fármaco não é modifica<strong>do</strong> e, portanto, o conjuga<strong>do</strong> mantém<br />

as mesmas indicações terapêuticas e mesmas características farmacológicas que o fármaco<br />

livre [16].<br />

A entrega específica de profármacos de AINEs ao cólon requer várias considerações,<br />

nomeadamente as propriedades <strong>do</strong> fármaco e <strong>do</strong> transporta<strong>do</strong>r, bem como o tipo de ligação<br />

envolvida na síntese <strong>do</strong> profármaco. De facto, já foram desenvolvi<strong>do</strong>s alguns prófarmacos<br />

específicos para o cólon, conten<strong>do</strong> metronidazole, áci<strong>do</strong> nalidíxico, alguns antimicrobianos,<br />

áci<strong>do</strong> ursodeoxicólico, 5-fluorouracilo e 9-aminocampotechina [25]. Por outro la<strong>do</strong>, existem<br />

outros fármacos candidatos a profármacos específicos para o cólon, entre os quais se<br />

destacam agentes imunossupressores, utiliza<strong>do</strong>s no tratamento da <strong>do</strong>ença intestinal<br />

inflamatória, e vermicidas utiliza<strong>do</strong>s no tratamento de parasitas intestinais [16, 25].<br />

Resulta<strong>do</strong>s de estu<strong>do</strong>s anteriores demonstram que os conjuga<strong>do</strong>s éster têm maior potencial<br />

em libertar o fármaco no cólon comparativamente aos conjuga<strong>do</strong>s amida [17, 39]. Os ésteres<br />

apresentam estabilidade química razoável in vitro, sen<strong>do</strong> uma característica ideal para a sua<br />

formulação. Por sua vez, os ésteres servem de substratos para as esterases in vivo [40] .<br />

Assim, no caso <strong>do</strong>s conjuga<strong>do</strong>s éster a libertação <strong>do</strong> fármaco ocorre pela abertura <strong>do</strong> anel da<br />

CD o que, consequentemente, permite a entrega específica <strong>do</strong> fármaco no cólon.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, nos conjuga<strong>do</strong>s amida o fármaco não é liberta<strong>do</strong> no cólon após a abertura <strong>do</strong><br />

anel da CD. As ligações amida são resistentes às enzimas bacterianas e são fracamente<br />

absorvidas através <strong>do</strong> TGI devi<strong>do</strong> à sua elevada hidrofilia [3, 18]. Pelos motivos acima<br />

descritos, os conjuga<strong>do</strong>s éster são preferíveis, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> sintetiza<strong>do</strong> um conjuga<strong>do</strong> éster no<br />

<strong>trabalho</strong> experimental em causa.<br />

Objectivos <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong><br />

Objectivo geral<br />

Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s de βCD com o diclofenac de sódio<br />

utilizan<strong>do</strong> a radiação de microondas.<br />

Objectivos específicos<br />

Determinação da melhor temperatura para a formação <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> em N,Ndimetilformamida<br />

(DMF), varian<strong>do</strong> o parâmetro da temperatura no microondas entre os 100 e<br />

200ºC.<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

Determinação da melhor temperatura para a formação <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> em<br />

polietilenoglicol 200 (PEG-200), varian<strong>do</strong> o parâmetro da temperatura no microondas entre os<br />

100 e 200ºC.<br />

Determinação <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong>s conjuga<strong>do</strong>s puros obti<strong>do</strong>s.<br />

Materiais e Méto<strong>do</strong>s<br />

Materiais<br />

A β-ciclodextrina hidratada (βCD), o cloreto de p-toluenosulfonilo (TsCl) e a DIAION TM HP-20<br />

foram adquiri<strong>do</strong>s à Sigma-Aldrich Química SA. O diclofenac de sódio (Dic) foi gentilmente<br />

cedi<strong>do</strong> pela Labesfal Genéricos. O N,N-dimetilformamida (DMF) foi forneci<strong>do</strong> pela Empresa<br />

Merck KGaA. O DMF foi seco com peneiros moleculares, previamente à sua utilização, de<br />

forma a torná-lo anidro. O polietilenoglicol (PEG-200) com peso molecular entre 190-210 foi<br />

adquiri<strong>do</strong> à BDH Chemicals Ltd. O hidróxi<strong>do</strong> de sódio em pellets foi forneci<strong>do</strong> pela Panreac<br />

Química SA. O cloreto de amónio, a acetona, o metanol e o éter etílico foram forneci<strong>do</strong>s pela<br />

Empresa José Manuel Gomes <strong>do</strong>s Santos, Lda. Utilizou-se água desionizada em to<strong>do</strong>s os<br />

ensaios realiza<strong>do</strong>s.<br />

Méto<strong>do</strong>s<br />

Reacção em microondas<br />

A reacção de síntese <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac foi realizada em tubos de vidro<br />

apropria<strong>do</strong>s de parede espessa, com capacidade de 10 mL, sela<strong>do</strong>s com uma tampa em<br />

teflon, utilizan<strong>do</strong> o Sistema Focaliza<strong>do</strong> de Microondas para Síntese Química – CEM Discover S.<br />

As condições de pressão e tempo de reacção mantiveram-se constantes, a 75W e 40 minutos,<br />

respectivamente. Variaram-se as condições de temperatura, entre 100 a 200ºC, e o solvente<br />

utiliza<strong>do</strong> (DMF e PEG-200).<br />

Cromatografia em camada fina (TLC)<br />

A formação <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac após a reacção em microondas foi controlada por<br />

TLC. A TLC realizou-se em placas de alumínio revestidas por gele de sílica (TLC sílica gel<br />

60F 254 , Merck kGaA), que foram eluídas numa mistura de acetonitrilo/água/amónia<br />

concentrada (6:3:1, v/v). A revelação das manchas foi obtida por imersão da placa numa<br />

solução de p-anisaldeí<strong>do</strong> (2mL)/ etanol (36mL)/ áci<strong>do</strong> acético (5 a 6 gotas)/ áci<strong>do</strong> sulfúrico<br />

(2mL), segui<strong>do</strong> de aquecimento a 150ºC durante aproximadamente 5 minutos.<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência em Fase Reversa (RP-HPLC)<br />

A RP-HPLC foi realizada em aparelho HP-1100, constituí<strong>do</strong> por uma bomba quaternária e um<br />

detector UV a 254 nm. A separação foi efectuada através da coluna XTerra TM RP 18 (4.6 x<br />

250nm, 5µm). As amostras foram eluídas com acetonitrilo e uma solução de áci<strong>do</strong><br />

trifluoroacético a 0,4% em água, a<strong>do</strong>ptan<strong>do</strong> um fluxo de 1,2 mL/min numa corrida de 20<br />

minutos ao longo da qual o gradiente da fase móvel variou da seguinte forma: 0 min – 10:90;<br />

15 min – 90:10; 20 min – 10:90.<br />

Os solventes utiliza<strong>do</strong>s na fase móvel apresentavam grau HPLC e foram adequadamente<br />

filtra<strong>do</strong>s através de membranas de nylon com poros de 0,45µm e desgaseifica<strong>do</strong>s por<br />

sonicação durante 10-15 minutos.<br />

As amostras a analisar foram dissolvidas em 1 mL de metanol.<br />

Cromatografia de Adsorção<br />

A purificação <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac realizou-se através de cromatografia de adsorção.<br />

Para tal utilizou-se uma coluna preenchida, sensivelmente até 1/3, com resina DIAION HP-20.<br />

A eluição ocorreu através de um gradiente de água e metanol em proporções decrescentes de<br />

polaridade. A eluição foi monitorizada por TLC.<br />

Liofilização<br />

As amostras de conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac foram congeladas por imersão num banho de etanol<br />

a -50ºC (Shell Freezer, Labconco, Freezone® modelo 79490). Posteriormente, as amostras<br />

congeladas foram liofilizadas num liofiliza<strong>do</strong>r (Lyph-lock 6 apparatus, Labconco) até obtenção<br />

de um pó.<br />

Procedimento Experimental<br />

Síntese da βCD-6-monotosilada<br />

A síntese da βCD-6-monotosilada realizou-se de acor<strong>do</strong> com o descrito na bibliografia [27],<br />

i.e., uma mistura de βCD hidratada (10g, 8,68mmol) e de cloreto de p-toluenosulfonilo<br />

(2,50g, 13,1mmol) foram dissolvi<strong>do</strong>s em água destilada (220mL). A solução resultante foi<br />

agitada à temperatura ambiente durante 2 horas sob atmosfera inerte de azoto.<br />

Posteriormente, adicionou-se uma solução aquosa de hidróxi<strong>do</strong> de sódio (2,5M, 40mL) e a<br />

solução manteve-se em agitação contínua durante 10min, segui<strong>do</strong> de filtração sob vácuo de<br />

forma a remover o cloreto de p-toluenosulfonilo que não reagiu. Ao filtra<strong>do</strong> foi adiciona<strong>do</strong><br />

cloreto de amónio de forma a reduzir o pH para aproximadamente 10. A solução resultante foi<br />

refrigerada durante a noite, e posteriormente filtrada sob vácuo obten<strong>do</strong>-se um precipita<strong>do</strong><br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

branco. Este pó branco foi lava<strong>do</strong> com acetona e água, e seco sob vácuo de forma a garantir a<br />

obtenção de 5,0g de composto tosila<strong>do</strong>, o qual é directamente utiliza<strong>do</strong> no passo seguinte.<br />

Síntese <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac<br />

Num tubo de microondas dissolveu-se 429,3mg de βCD-6-monotosilada em 3mL de DMF anidro<br />

ou em 3mL de PEG-200. Adicionou-se o diclofenac de sódio (105,9mg, 0.333mmol). O tubo foi<br />

sela<strong>do</strong> apropriadamente e a mistura reaccional foi agitada num campo magnético sob<br />

radiação microondas, aquecida a temperaturas compreendidas entre os 100 e 200ºC, durante<br />

40 minutos a uma potência de 75W.<br />

Depois de arrefeci<strong>do</strong> à temperatura ambiente, o produto foi precipita<strong>do</strong> com acetona, filtrouse<br />

e após lavagens sucessivas com acetona e éter etílico foi sujeito a secagem. A formação <strong>do</strong><br />

conjuga<strong>do</strong> foi confirmada por TLC e HPLC.<br />

O conjuga<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> (250-350mg) foi posteriormente purifica<strong>do</strong> através de cromatografia de<br />

adsorção (DIAION HP-20), ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> eluí<strong>do</strong> com uma mistura de água/metanol, com aumento<br />

sucessivo <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> de metanol. O metanol foi removi<strong>do</strong> por evaporação a pressão<br />

reduzida, entre 55-60ºC, e o soluto resultante foi dissolvi<strong>do</strong> num pouco de água e<br />

posteriormente sujeito a liofilização de forma a obter o conjuga<strong>do</strong> puro.<br />

Resulta<strong>do</strong>s e Discussão<br />

1 - Síntese <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac<br />

Entre os méto<strong>do</strong>s descritos para a síntese <strong>do</strong>s conjuga<strong>do</strong>s éster, o que foi realiza<strong>do</strong> no<br />

presente <strong>trabalho</strong> envolve duas etapas: (i) formação de um deriva<strong>do</strong> tosila<strong>do</strong> da βCD e (ii)<br />

reacção nucleofílica entre o deriva<strong>do</strong> tosila<strong>do</strong> da βCD e o diclofenac de sódio.<br />

A síntese <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> encontra-se esquematizada na seguinte figura (figura 5).<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

Figura 5 - Esquema da síntese <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac: (i) reacção de tosilação da βCD com o cloreto<br />

de p-toluenosulfonilo (ii) obtenção <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac por reacção de substituição nucleofílica da<br />

βCD-6-monotosilada<br />

As CDs têm vários grupos funcionais susceptíveis de sofrerem derivatização, sen<strong>do</strong> as reacções<br />

de adição e substituição nucleofílica <strong>do</strong>s grupos hidróxilo as mais frequentemente estudadas<br />

[7]. A βCD apresenta sete hidróxilos primários e catorze hidróxilos secundários passíveis de<br />

derivatização.<br />

Dos três tipos de grupos hidróxilos presentes na βCD o grupo hidróxilo C-6 é o mais básico e,<br />

portanto, o mais nucleofílico. O hidróxilo C-2 é o mais acídico, e o C-3 é o mais inacessível<br />

devi<strong>do</strong> ao impedimento estérico. Posto isto, e sob condições normais, agentes electrofílicos<br />

sofrem ataque pelo grupo hidróxilo mais reactivo, ou seja, o C-6 [41-43].<br />

Na reacção i), o grupo hidróxilo primário (C-6) da βCD vai reagir com o cloreto de p-<br />

toluenosulfonilo (TsCL). O TsCl é um reagente electrofílico muito usa<strong>do</strong> em síntese orgânica<br />

que converte álcoois em ésteres correspondentes <strong>do</strong> áci<strong>do</strong> p-toluenosulfónico, conheci<strong>do</strong>s por<br />

deriva<strong>do</strong>s tosil ou “tosila<strong>do</strong>s” [41].<br />

A preparação destes ésteres de tosil ocorre na presença de uma base que neutraliza o áci<strong>do</strong><br />

clorídrico (HCl) forma<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> essa a principal função <strong>do</strong> hidróxi<strong>do</strong> de sódio (NaOH)<br />

adiciona<strong>do</strong>. A base é utilizada de forma a evitar a degradação das CDs em meio acídico forte.<br />

Da<strong>do</strong> que o grupo sulfonilo é um melhor grupo de saída comparativamente ao grupo hidroxilo<br />

(OH), a sua substituição por um grupo mais reactivo facilita a reacção seguinte, ou seja, o<br />

ataque nucleofílico pelo diclofenac de sódio [44]. Assim sen<strong>do</strong>, as CDs tosiladas são<br />

intermediários importantes na síntese de novos compostos [41] e neste <strong>trabalho</strong> experimental<br />

a βCD-6-monotosilada foi o intermediário utiliza<strong>do</strong> na formação <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac.<br />

Na reacção ii) verificou-se a ocorrência de uma substituição nucleofílica bimolecular (SN2) da<br />

βCD tosilada pelo diclofenac de sódio, sob radiação de microondas. Nas reacções<br />

bimoleculares a velocidade de reacção depende da concentração de <strong>do</strong>is reagentes e o passo<br />

limitante envolve a colisão entre duas moléculas. No diclofenac de sódio, o oxigénio liga<strong>do</strong> ao<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

grupo carbonilo está carrega<strong>do</strong> negativamente e tendencialmente reage com o carbono<br />

primário (C-6) da βCD antes <strong>do</strong> grupo migrante (tosilo) sair.<br />

Nesta última reacção foram utilizadas as radiações de microondas. Estas são radiações não<br />

ionizantes formadas por ondas electromagnéticas com comprimentos de onda da ordem de 1<br />

mm a 1 m, com frequências compreendidas entre 300MHz e 300GHz. Localizam-se entre as<br />

regiões de infravermelhos e as radiofrequências no espectro electromagnético [45, 46].<br />

O microondas permite controlar to<strong>do</strong>s os parâmetros reaccionais, tais como temperatura,<br />

pressão e potência, obten<strong>do</strong>-se maior reprodutibilidade e segurança nos ensaios realiza<strong>do</strong>s<br />

[45]. Além disso, esta tecnologia apresenta inúmeras vantagens quan<strong>do</strong> comparada com o<br />

aquecimento convencional, nomeadamente, (i) promove um aumento da velocidade da<br />

reacção ao reduzir os tempos de reacção; (ii) permite obter melhores rendimentos; (iii) reduz<br />

e/ou previne a formação de produtos indesejáveis resultantes da decomposição térmica,<br />

como resíduos orgânicos e (iv) permite a obtenção de reacções térmicas rápidas e uniformes<br />

[45, 47]. Por todas as razões acima descritas, a utilização de microondas em síntese química<br />

tem revela<strong>do</strong> grande interesse.<br />

Os solventes utiliza<strong>do</strong>s na reacção em microondas foram o DMF e o PEG-200, ambos solventes<br />

polares e bem aqueci<strong>do</strong>s pelo microondas, uma vez que apresentam pontos de ebulição e<br />

constantes dieléctricas eleva<strong>do</strong>s [48, 49].<br />

2 - Determinação da melhor temperatura para a formação <strong>do</strong><br />

conjuga<strong>do</strong> em N,N-dimetilformamida (DMF), varian<strong>do</strong> o<br />

parâmetro da temperatura no microondas<br />

Após a reacção em microondas utilizan<strong>do</strong> o solvente DMF e varian<strong>do</strong> a temperatura entre os<br />

100-200ºC, pesou-se 1mg <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> (n=3), dilui-se em 1mL de metanol e a amostra<br />

foi analisada em HPLC. As médias das respectivas áreas sob a curva (AUC) estão representadas<br />

na seguinte tabela.<br />

Tabela 2 – Média das AUC obtidas por HPLC utilizan<strong>do</strong> o solvente DMF<br />

Solvente<br />

DMF<br />

Temperatura 100ºC 140ºC 160ºC 200ºC<br />

Média das AUC 174,27 246,97 199,87 163,67<br />

Após análise da tabela observou-se que as melhores temperaturas para a formação <strong>do</strong><br />

conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac em DMF são a 140ºC e 160ºC, sen<strong>do</strong> a temperatura de 140ºC a que<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

apresentou uma área superior. Posteriormente, estes <strong>do</strong>is conjuga<strong>do</strong>s foram purifica<strong>do</strong>s de<br />

forma a determinar o seu rendimento. Os baixos valores de área obti<strong>do</strong>s para as temperaturas<br />

de 100 e 200ºC provavelmente devem-se a reacções incompletas para a temperatura de 100ºC<br />

e a ocorrência de degradação para temperaturas elevadas. Assim, possivelmente a 200ºC<br />

ocorreu alguma degradação <strong>do</strong> diclofenac de sódio, traduzin<strong>do</strong>-se numa menor formação de<br />

conjuga<strong>do</strong>.<br />

3 - Determinação da melhor temperatura para a formação <strong>do</strong><br />

conjuga<strong>do</strong> em polietilenoglicol 200 (PEG-200), varian<strong>do</strong> o<br />

parâmetro da temperatura no microondas<br />

Repetiu-se o mesmo procedimento descrito acima para o solvente PEG-200 obten<strong>do</strong>-se os<br />

seguintes resulta<strong>do</strong>s:<br />

Tabela 3 - Média das AUC obtidas por HPLC utilizan<strong>do</strong> o solvente PEG-200<br />

Solvente<br />

PEG-200<br />

Temperatura 100ºC 140ºC 160ºC 200ºC<br />

Média das AUC 120,23 189,90 189,03 97,23<br />

Após análise da tabela verificou-se que as melhores temperaturas para a formação <strong>do</strong><br />

conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac em PEG-200 são a 140ºC e 160ºC, sem diferenças significativas<br />

entre ambos os valores. A possível justificação pelo facto de a 100ºC e a 200ºC se terem<br />

obti<strong>do</strong> áreas inferiores é a mesma descrita acima no ponto 2, ou seja, no primeiro caso pensase<br />

que a reacção foi incompleta, e no segun<strong>do</strong> caso possivelmente ocorreu alguma<br />

degradação <strong>do</strong> diclofenac. Por outro la<strong>do</strong>, foi notória uma diminuição das áreas obtidas em<br />

PEG-200 relativamente às áreas obtidas em DMF. Este facto pode-se justificar provavelmente<br />

porque o DMF é um solvente melhor aqueci<strong>do</strong> pelo microondas comparativamente ao PEG-<br />

200, uma vez que apresenta uma constante dieléctrica superior a este, permitin<strong>do</strong> que a<br />

reacção ocorra em maior extensão. Outro factor preponderante pode ser a falta de<br />

homogeneidade das amostras analisadas em HPLC, uma vez que o conjuga<strong>do</strong> se encontrava<br />

impuro. Também estes <strong>do</strong>is conjuga<strong>do</strong>s foram purifica<strong>do</strong>s para posteriormente se proceder ao<br />

cálculo <strong>do</strong>s respectivos rendimentos.<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

4 - Determinação <strong>do</strong> rendimento <strong>do</strong>s conjuga<strong>do</strong>s puros obti<strong>do</strong>s<br />

4.1 – Massa de conjuga<strong>do</strong> impuro (massa inicial) sujeita a purificação<br />

As massas de conjuga<strong>do</strong> impuro pesadas inicialmente para posterior purificação encontram-se<br />

na tabela seguinte:<br />

Tabela 4 - Massas <strong>do</strong>s conjuga<strong>do</strong>s impuros pesadas para as temperaturas de 140 e 160ºC, nos solventes<br />

DMF e PEG-200.<br />

Solvente<br />

Temperatura<br />

Massa inicial de<br />

conjuga<strong>do</strong> a purificar<br />

(mg)<br />

DMF 140ºC 300<br />

DMF 160ºC 300<br />

PEG-200 140ºC 239,40<br />

PEG-200 160ºC 233,60<br />

A tabela 4 indica que a quantidade de conjuga<strong>do</strong> impuro pesa<strong>do</strong> para as temperaturas de<br />

140ºC e 160ºC em DMF foi a mesma, enquanto que no solvente PEG-200 a massa pesada foi<br />

variável. Por outro la<strong>do</strong>, as massas pesadas relativamente aos conjuga<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s com o<br />

solvente DMF foram superiores relativamente às massas pesadas quan<strong>do</strong> se utilizou o PEG-<br />

200. Esta variabilidade na pesagem está relacionada com a massa de conjuga<strong>do</strong> obtida após a<br />

reacção em microondas.<br />

4.2 – Massa de conjuga<strong>do</strong> puro (massa final) após liofilização<br />

As massas de conjuga<strong>do</strong> anteriormente pesadas foram então sujeitas a purificação mediante<br />

cromatografia de adsorção. Posteriormente, os conjuga<strong>do</strong>s puros obti<strong>do</strong>s foram sujeitos a<br />

liofilização e as massas finais obtidas em ambos os solventes e nas respectivas temperaturas,<br />

encontram-se descritas na tabela 5.<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

Tabela 5 - Massas <strong>do</strong>s conjuga<strong>do</strong>s puros obtidas às temperaturas de 140 e 160ºC, nos solventes DMF e<br />

PEG-200.<br />

Solvente<br />

Temperatura<br />

Massa final de conjuga<strong>do</strong><br />

puro (mg)<br />

DMF 140ºC 60,40<br />

DMF 160ºC 60,30<br />

PEG-200 140ºC 7,20<br />

PEG-200 160ºC 6,30<br />

Através da análise da tabela 5 verifica-se que houve diferenças significativas na massa final<br />

de conjuga<strong>do</strong> puro obtida nos solventes DMF e PEG-200. Por outro la<strong>do</strong>, não houve diferença<br />

notória entre as massas obtidas às temperaturas de 140ºC e 160ºC no solvente DMF. Já no<br />

solvente PEG-200 o mesmo não foi observa<strong>do</strong>. Os valores obti<strong>do</strong>s estão em concordância com<br />

os rendimentos calcula<strong>do</strong>s para as respectivas amostras, realizan<strong>do</strong>-se a discussão deste<br />

ponto juntamente com o seguinte.<br />

4.3 – Cálculo <strong>do</strong> rendimento<br />

Utilizan<strong>do</strong> as massas <strong>do</strong>s respectivos conjuga<strong>do</strong>s puros e impuros, ou seja, o valor obti<strong>do</strong> de<br />

conjuga<strong>do</strong> e o valor espera<strong>do</strong> de conjuga<strong>do</strong>, respectivamente, procedeu-se ao cálculo <strong>do</strong>s<br />

rendimentos de acor<strong>do</strong> com a expressão abaixo indicada, exemplifican<strong>do</strong> para o conjuga<strong>do</strong><br />

obti<strong>do</strong> a 140ºC em DMF. Os resulta<strong>do</strong>s encontram-se esquematiza<strong>do</strong>s na tabela 6.<br />

Tabela 6 - Rendimentos calcula<strong>do</strong>s para os conjuga<strong>do</strong>s previamente selecciona<strong>do</strong>s.<br />

Solvente Temperatura<br />

Massa de<br />

Massa de conjuga<strong>do</strong><br />

conjuga<strong>do</strong><br />

obti<strong>do</strong> (mg)<br />

espera<strong>do</strong> (mg)<br />

Rendimento (%)<br />

DMF 140ºC 60,40 300 20,13<br />

DMF 160ºC 60,30 300 20,10<br />

PEG-200 140ºC 7,20 239,40 3,01<br />

PEG-200 160ºC 6,30 233,60 2,70<br />

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Optimização <strong>do</strong> processo de síntese de conjuga<strong>do</strong>s entre a β-Ciclodextrina e o Diclofenac de sódio<br />

Da análise da tabela 6 é possível observar que os melhores rendimentos obti<strong>do</strong>s foram para as<br />

temperaturas de 140ºC e 160ºC no solvente DMF, sem diferenças significativas entre ambos os<br />

valores. Por outro la<strong>do</strong>, foi notória uma diminuição acentuada <strong>do</strong>s rendimentos obti<strong>do</strong>s para<br />

ambas as temperaturas quan<strong>do</strong> o solvente utiliza<strong>do</strong> foi o PEG-200, comparativamente ao<br />

solvente DMF, apesar <strong>do</strong>s valores obti<strong>do</strong>s para ambas as temperaturas no solvente PEG-200<br />

serem muito aproxima<strong>do</strong>s. Verificou-se para a temperatura de 140ºC um rendimento superior<br />

em ambos os solventes relativamente à temperatura de 160ºC.<br />

As estruturas moleculares <strong>do</strong> DMF e <strong>do</strong> PEG-200 encontram-se representadas na figura 6.<br />

Ambos os solventes são polares, no entanto o DMF é um solvente aprótico e o PEG-200 é um<br />

solvente prótico.<br />

Figura 6- Representação esquemática das estruturas moleculares <strong>do</strong> PEG-200 e <strong>do</strong><br />

DMF [9, 10].<br />

Um solvente designa-se prótico se possuir átomos de hidrogénio liga<strong>do</strong>s a átomos bastante<br />

electronegativos, como por exemplo o oxigénio. Os átomos de hidrogénio, através <strong>do</strong><br />

estabelecimento de ligações de hidrogénio, têm a capacidade de solvatar espécies de carga<br />

negativa, como os nucleófilos, diminuin<strong>do</strong> a sua mobilidade e tornan<strong>do</strong>-os menos reactivos.<br />

Assim o ataque nucleofílico encontra-se dificulta<strong>do</strong>.<br />

Contrariamente aos solventes próticos, os solventes apróticos não apresentam átomos de<br />

hidrogénio liga<strong>do</strong>s a átomos electronegativos, capazes de estabelecer ligações de hidrogénio<br />

com nucleófilos. Além disso, os solventes polares apróticos mantêm a capacidade de<br />

estabilizar espécies de carga positiva, pelo que ajudarão a estabilizar o esta<strong>do</strong> de transição.<br />

Assim, os nucleófilos não perdem reactividade nestes solventes, e as reacções de SN2<br />

realizam-se preferencialmente em solventes polares apróticos [50].<br />

Posto isto, esta é uma possível justificação pelo facto de se ter obti<strong>do</strong> um rendimento<br />

bastante baixo no solvente PEG-200 comparativamente ao solvente DMF, uma vez que o PEG-<br />

200 é um solvente prótico, e de acor<strong>do</strong> com o que está descrito na literatura, pode não ter<br />

favoreci<strong>do</strong> o ataque nucleofílico, e consequentemente a formação <strong>do</strong> respectivo conjuga<strong>do</strong>.<br />

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No entanto, a escolha <strong>do</strong> solvente PEG-200 para a execução da reacção de conjugação em<br />

microondas não foi realizada ao acaso. O PEG é um polímero hidrofílico deriva<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

etilenoglicol disponível numa vasta gama de pesos moleculares, entre 200 a 8000 [51, 52]. À<br />

temperatura ambiente os PEGs que apresentam peso molecular inferior a 600 são líqui<strong>do</strong>s,<br />

enquanto que os de peso molecular superior são sóli<strong>do</strong>s.<br />

O PEG-200 é hidrossolúvel e solúvel em vários solventes orgânicos. Contrariamente aos<br />

solventes orgânicos, como o DMF, os PEGs de baixo peso molecular não são voláteis e são<br />

pouco inflamáveis. Apresentam também estabilidade a temperaturas elevadas, bem como em<br />

meio acídico e básico [53, 54].<br />

Para além destas características vantajosas, o PEG apresenta ainda baixa toxicidade e<br />

imunogenicidade, é também biodegradável e biocompatível. De facto, o PEG faz parte da<br />

lista GRAS (compounds Generally Recognized as Safe) da FDA (Food and Drug Administration)<br />

e está aprova<strong>do</strong> para aplicação em humanos por via oral, intravenosa e tópica [55]. Assim, o<br />

ideal seria substituir o DMF pelo PEG, uma vez que o DMF é um solvente orgânico tóxico para<br />

o ser humano e para o meio ambiente [51].<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a escolha específica <strong>do</strong> PEG-200 deve-se ao facto de que à medida que o peso<br />

molecular <strong>do</strong>s PEGs aumenta, a sua polaridade diminui. Como a polaridade é um factor a ter<br />

em consideração na eficácia <strong>do</strong> aquecimento por microondas, seleccionou-se o PEG-200 por<br />

ser o de mais baixo peso molecular, logo o mais polar.<br />

Além disso, encontra-se descrito na literatura que apesar <strong>do</strong> PEG-200 ser um solvente prótico,<br />

possui zonas apróticas constituídas pelas unidades de óxi<strong>do</strong> de etileno [53]. Assim, na sua<br />

utilização supôs-se que ele poderia favorecer de alguma forma a reacção SN2. E tal facto<br />

ocorreu, o qual pode ser observa<strong>do</strong> através das áreas apresentadas na tabela 3, nas quais se<br />

verifica que ocorreu formação de conjuga<strong>do</strong> após reacção em microondas.<br />

Outra hipótese colocada para tentar perceber o baixo rendimento na obtenção <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong><br />

com o PEG-200 pode ser o facto de a purificação por adsorção em coluna não ser o méto<strong>do</strong><br />

mais adequa<strong>do</strong> para a purificação destes conjuga<strong>do</strong>s. Por outro la<strong>do</strong>, a purificação pode não<br />

ter ocorri<strong>do</strong> conforme espera<strong>do</strong>, referin<strong>do</strong>-se algumas justificações para tal facto tais como:<br />

(i) a resina utilizada poderia não estar hidratada o suficiente para realizar a purificação<br />

correctamente; (ii) fraca adsorção <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> à coluna, e consequentemente a sua perda<br />

durante a eluição; (iii) o conjuga<strong>do</strong> a purificar não foi suficientemente concentra<strong>do</strong>, haven<strong>do</strong><br />

perdas <strong>do</strong> mesmo na purificação uma vez que não se verificou a sua eluição por TLC; (iv) o<br />

eluente utiliza<strong>do</strong> – metanol – poderia não ter provoca<strong>do</strong> dessorção <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong>; (v) a resina<br />

utilizada pode não ser a mais apropriada para a purificação <strong>do</strong>s conjuga<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em PEG-<br />

200.<br />

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No entanto, o motivo exacto para os baixos valores de rendimento calcula<strong>do</strong>s na obtenção <strong>do</strong><br />

conjuga<strong>do</strong> em PEG-200 ainda é desconheci<strong>do</strong> e terá que ser confirma<strong>do</strong> em <strong>trabalho</strong>s futuros.<br />

Relativamente aos rendimentos obti<strong>do</strong>s para os conjuga<strong>do</strong>s prepara<strong>do</strong>s em DMF, apesar de<br />

neste solvente ter si<strong>do</strong> obti<strong>do</strong> o melhor rendimento, este continua a ser baixo (20%), facto<br />

que não seria de esperar uma vez que o DMF é um solvente aprótico e favorece as reacções<br />

SN2. Tal aspecto pode estar relaciona<strong>do</strong> com a natureza <strong>do</strong> nucleófilo.<br />

O diclofenac de sódio é um nucleófilo bastante volumoso com um pKa de 4,18 (a 25ºC), o que<br />

significa que ele é um áci<strong>do</strong> fraco. As reacções SN2 são favorecidas pela utilização de um<br />

solvente polar aprótico (como o DMF), um nucleófilo forte (base forte) e um bom grupo de<br />

saída (base fraca, tal como o tosilo). Assim sen<strong>do</strong>, nucleófilos que sejam áci<strong>do</strong>s fracos e que<br />

apresentam maior volume (como o diclofenac de sódio) têm menor nucleofilicidade e reagem<br />

mais lentamente numa reacção SN2 pois têm mais dificuldade em atacar [9, 50].<br />

Conclusão<br />

De acor<strong>do</strong> com o <strong>trabalho</strong> realiza<strong>do</strong> e os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s é possível concluir que as<br />

melhores condições para a síntese <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac são a 140ºC ou a 160ºC no<br />

solvente DMF, com rendimentos de 20,13% e 20,10%, respectivamente. No solvente PEG-200,<br />

os rendimentos obti<strong>do</strong>s foram bastante inferiores, isto é, 3,01% e 2,70% a 140ºC e 160ºC,<br />

respectivamente.<br />

De uma forma geral, a 140ºC obtiveram-se os melhores rendimentos, nomeadamente para o<br />

solvente DMF, no entanto, mesmo para este solvente o valor obti<strong>do</strong> foi muito semelhante<br />

comparativamente aos valores obti<strong>do</strong>s em sínteses anteriores (a 160ºC, 75W, 40 minutos).<br />

Portanto, não se pode considerar que se conseguiu optimizar a síntese <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong>, mas<br />

pode afirmar-se que para temperaturas inferiores (140ºC) obteve-se um rendimento<br />

ligeiramente mais eleva<strong>do</strong>.<br />

Como o tempo foi escasso para a realização deste projecto de investigação, as hipóteses<br />

descritas na discussão <strong>do</strong> ponto 4.3 não foram totalmente exploradas, nomeadamente (i) os<br />

baixos rendimentos obti<strong>do</strong>s na preparação <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> o solvente PEG-200; (ii) o<br />

baixo, ainda que melhor, rendimento calcula<strong>do</strong> para o conjuga<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong> no solvente DMF;<br />

(iii) o méto<strong>do</strong> de purificação utiliza<strong>do</strong> não ter si<strong>do</strong> o mais adequa<strong>do</strong>.<br />

Estes resulta<strong>do</strong>s sugerem a necessidade de continuar a explorar as melhores condições de<br />

reacção de síntese <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> βCD-Diclofenac de forma a obter maior rendimento,<br />

recorren<strong>do</strong> a solventes polares apróticos (que favorecem reacções SN2), bem aqueci<strong>do</strong>s pelo<br />

microondas e que apresentem baixa toxicidade.<br />

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Perspectivas futuras<br />

Como <strong>trabalho</strong> futuro a desenvolver seria importante explorar as reacções de preparação <strong>do</strong><br />

conjuga<strong>do</strong> em microondas nestes solventes, contu<strong>do</strong> varian<strong>do</strong> outros parâmetros reaccionais<br />

em microondas tais como a potência e o tempo de reacção. Também seria interessante<br />

avaliar a utilização de outros PEGs de baixo peso molecular, bem como pesquisar e testar a<br />

utilização de outros solventes polares apróticos que sejam bem aqueci<strong>do</strong>s por microondas, e<br />

que sejam preferencialmente pouco tóxicos.<br />

Seria igualmente interessante continuar a explorar a reacção de preparação <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> em<br />

PEG-200 uma vez que é um solvente menos tóxico que o DMF, estan<strong>do</strong> aprova<strong>do</strong> pela FDA<br />

como sen<strong>do</strong> um composto seguro para o ser humano. De facto, existem fármacos, produtos<br />

cosméticos, entre outros, comercializa<strong>do</strong>s que possuem PEG na sua constituição. A principal<br />

vantagem da utilização <strong>do</strong> PEG-200 relativamente ao DMF na preparação <strong>do</strong> conjuga<strong>do</strong> reside<br />

no facto de, devi<strong>do</strong> à baixa toxicidade apresentada pelo PEG-200, ser facilitada a adaptação<br />

da preparação <strong>do</strong>s respectivos conjuga<strong>do</strong>s à escala industrial.<br />

Por fim, seria também importante estudar outros méto<strong>do</strong>s alternativos de purificação,<br />

utilizan<strong>do</strong> para o efeito outras resinas ou outro tipo de material.<br />

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