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Pssssssst... Don't know what is inside this document.. ;-)

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#11 - MAGAZINE


2 3


Próximo tema/Next issue:<br />

DOIS<br />

TWO<br />

Deadline: 20/02/10<br />

4 5


EDITORIAL<br />

EDITOR-CHEFE/PUBLISHER<br />

Eduardo Burger - e.burger@gmail.com<br />

CO-EDITOR/PUBLISHER<br />

Sandro Bueno - spbueno@gmail.com<br />

REVISOR/REVISOR<br />

Geraldo Escudero - gmescudero@gmail.com<br />

Julio Feriato - juliuscaligula@gmail.com<br />

COLABORAÇÃO/COLABORATION<br />

Ale Macedo<br />

Ana Himes<br />

Andreja Budjevac<br />

César Munhoz<br />

Dan pearlman<br />

Deco Vicente<br />

Eduardo Burger<br />

Felipe Bracelis<br />

Jeffrey Herrero<br />

Jener Gomes<br />

Mattia Paco Rizzi<br />

Michelle De lavega<br />

Nico Palomba<br />

No klassdesign<br />

Pilar Berrio<br />

Ricardo Silva<br />

Softmachine<br />

Thiago Carvalho Fernandes<br />

Timo Stammberger<br />

Willy Ollero<br />

AGRADECIMENTOS/THANKS<br />

WOOF’S SOUNDTRACK SPECIAL THANKS:<br />

CÉSAR MUNHOZ<br />

CONTATO/CONTACT<br />

contact@woofmagazine.net<br />

COLABORE/SUBMIT<br />

Para colaborar envie e-mail para:<br />

submit@woofmagazine.net<br />

A WOOF!MAGAZINE é uma publicação<br />

bimestral do WOOF!STUDIO<br />

São Paulo - SP - Brasil<br />

www.woofmagazine.net<br />

www.woofstudio.com.br<br />

Todos os artigos publicados na<br />

revista são de responsabilidade<br />

de seus autores. Não refletem<br />

necessariamente a opinião dos<br />

editores.<br />

É expressamente proibida a<br />

reprodução parcial ou total<br />

dos textos e das imagens por<br />

qualquer meio, sem a nossa prévia<br />

autorização.<br />

WOOF!MAGAZINE® é marca registrada.<br />

6<br />

7<br />

FOTO: EDUARDOBURGER


por Deco Vicente


E cá estou eu. Olhando para as<br />

paredes deste lugar que escolhi<br />

dividir com minha velha conhecida.<br />

Eu mudei. Ela não. Tem a mesma<br />

face disforme e inconfundível de<br />

sempre.<br />

É a velha tumba deste projeto<br />

mal-acabado de nosferatu que<br />

quis me tornar. A mesma casa.<br />

Mesmíssima. Já sem Helena. Ela<br />

não aceita o quanto precisava me<br />

libertar dos seus beijos, das manias<br />

de arrumação que começavam do<br />

nada e principalmente das canjas<br />

de galinha feitas prazerosamente<br />

às terças sem se importar com a<br />

temperatura do outro lado da janela.<br />

Por mais que me explicasse, jamais<br />

fugiria do rótulo de crápula ansioso<br />

em voltar a comer as meninascabeça<br />

frequentadoras das sessões<br />

de arte do cinema da augusta.<br />

10<br />

Logo eu, que não conseguia sequer<br />

dar um oi para qualquer uma que<br />

fosse centímetros mais bonita que<br />

Elza Soares sem estar devidamente<br />

apoiado em álcool. Que tinha<br />

vergonha de minhas pernas tortas<br />

sem serventia até pra montar em<br />

um pangaré raquítico com força para<br />

cavalgar apenas poucos metros.<br />

Não era esse o plano. Queria apenas<br />

olhar para aqueles olhos profundos,<br />

quase deformados de olheiras que<br />

não encarava fazia uns 13 anos,<br />

desde que a primeira menina<br />

surpreendentemente aceitou um sim<br />

e matou a era dos nãos eternos, o<br />

tom de toda adolescência. Sentir o<br />

hálito abafado e pegajoso grudando<br />

em meus passos, lembrando a cada<br />

momento da finitude que fica mais<br />

próxima em um piscar de olhos.<br />

Sentir-me vivo ao lado de minhas<br />

desobrigações.<br />

Não Helena, você não entende. Seria<br />

mais fácil, eu sei, se arrumasse uma<br />

pequena fútil de grandes argolas<br />

nas orelhas que servisse para você<br />

usar como argumento em conversas<br />

satíricas entre seu grupinho de<br />

amigas.<br />

Mas não é outra. É a de sempre.<br />

Que afugenta a geração valium,<br />

mas me impulsiona como se fosse<br />

mais um dentre os milhares de<br />

caranguejos-ferradura em busca das<br />

lascivas fêmeas de seis patas. A que<br />

me mostra de verdade. E, por isso<br />

mesmo, me impulsiona a mudar.<br />

É clichê, eu sei. Não são seus braços,<br />

Helena. Sou eu.<br />

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12<br />

WOOF !MAGAZINE<br />

TUBO DE ENSAIO: INTERIORES MUTANTES E POLIMÓRFICOS<br />

A agência criativa alemã dan<br />

pearlman inspira a próxima geração<br />

de design de interiores para o<br />

showroom, Create Berlin“ e para o<br />

Second Life.<br />

Desengane-se quem pensar que as<br />

Epiphytes são peças de mobiliário.<br />

Os protótipos criados pela agência<br />

criativa alemã dan pearlman<br />

são criaturas híbridas, únicas,<br />

de formas poligonais e evolução<br />

orgânica.<br />

Umas prolongam-se sobre<br />

mesas, sobem pelas paredes ou<br />

serpenteiam pelos tetos. Outras<br />

estão apenas suavemente dispostas<br />

sobre os interiores que as abrigam,<br />

cobertas com vegetação, adornando<br />

ou funcionalizando o espaço.<br />

Surpreendem sempre, quer pela<br />

capacidade de brilhar no escuro<br />

ou de garantir a sua utilidade de<br />

inúmeras formas.<br />

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WOOF !MAGAZINE<br />

WOOF !MAGAZINE 15


“Os nossos objetos são como<br />

mutantes criados a partir de áreas<br />

como a manufatura, o mobiliário<br />

e a biologia”, afirma Nicole Srock.<br />

Stanley, fundadora e managing<br />

director da dan pearlman.<br />

Entre as peças criadas para o<br />

showroom de apresentação e, em<br />

paralelo, para o “Second Life”,<br />

contam-se uma TV, colunas de<br />

som, candeeiros, vasos, pratos,<br />

espelhos e até mesmo um<br />

revisteiro.<br />

Criadas com um propósito<br />

experimentalista, as possibilidades<br />

que se abrem a estas peças são<br />

praticamente ilimitadas: possuem<br />

a capacidade de permear espaços<br />

reais e virtuais através da sua<br />

multi-dimensionalidade.<br />

O posicionamento destes<br />

organismos define a sua<br />

funcionalidade e a vontade<br />

dos humanos ou dos avatares<br />

determinando os parâmetros da<br />

sua performance.<br />

A (re)produção das peças decidese<br />

on demand. A assimilação<br />

inovadora de ambos habitats<br />

definiu não só a criação das peças<br />

e a sua experiência, mas também<br />

o seu desenvolvimento - a<br />

manufatura (artesanato digital)<br />

e materialização de organismos<br />

binários botânicos.<br />

Para o desenvolvimento destes<br />

protótipos existiu a preocupação<br />

de que fossem variáveis na forma,<br />

cor e posicionamento. O candeeiro<br />

trepadeira, que ondula sobre as<br />

mesas como uma planta rara, é um<br />

exemplo do processo, e tem como<br />

passo seguinte uma parceria com<br />

a Philips.<br />

Foi com esta perspectiva que a<br />

dan pearlman e a werk5 decidiram<br />

adivinhar o futuro do design de<br />

interiores e desbravar trilhos<br />

inovadores na sua produção: o<br />

mobiliário dissolve-se da sua<br />

aplicação fixa, imposta, e torna-se<br />

ligeiro e flexível, numa correlação<br />

entre o design 3d-CAD, a técnica<br />

simultânea 5-axis e o material<br />

CORIAN. O desenvolvimento do<br />

design e a sua experimentação<br />

foram cruzados repetidamente,<br />

tornando possível a realização<br />

em tempo real. “A habitação, a<br />

vida e o trabalho estão tornandose<br />

cada vez mais flexíveis e<br />

multifuncionais. Com as Epiphytes,<br />

queremos acompanhar este<br />

desenvolvimento,” garante Nicole<br />

Srock.Stanley.<br />

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18<br />

ABOUT ::DAN PEARLMAN<br />

Na dan pearlman, especialistas<br />

em comunicação estratégica,<br />

designers, arquitetos e produtores<br />

de mídia trabalham juntos para<br />

desenhar e conceber o universo<br />

ideal de cada marca.<br />

Com clientes espalhados por todo<br />

o globo, a dan pearlman criou o<br />

conceito visual de marca<br />

de empresas como a Audi,<br />

Lufthansa, BMW, Mini, Montblanc,<br />

German Wings, smart, Silhouette,<br />

Betty Barclay, Pimkie, Escada e<br />

mesmo o Zoo de Hannover.<br />

A área de especialização da dan<br />

pearlman é o brand management<br />

integrado e multi-funcional. As<br />

marcas, tal como os edifícios,<br />

são estruturas complexas. Estas<br />

apenas podem ser analisadas e<br />

geridas com a aplicação de um<br />

pensamento multidimensional e<br />

interdisciplinar. A dan pearlman dá<br />

resposta às necessidades dos seus<br />

clientes através de quatro unidades<br />

especializadas: strategy, retail,<br />

exhibition and media.<br />

CONTACT<br />

Diana Nóbrega<br />

d.nobrega@danpearlman.com<br />

dianadenobrega@gmail.com<br />

+49 0176 77 229379<br />

www.danpearlman.com<br />

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COMING SOON<br />

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SÉRVIA - WWW.FLICKR.COM/PHOTOS/ANDREJABUDJEVAC<br />

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Roteiro de RICARDO SILVA<br />

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INT. BAR GLS – NOITE<br />

DÊNIS, sentado no balcão, bebe sozinho, fuma. Bar cheio,<br />

movimentado, mesas animadas, alguns casais se beijam.<br />

Música eletrônica ao fundo. Dênis apaga o cigarro. CHICO entra<br />

e senta no banco à sua frente.<br />

CHICO<br />

Oi.<br />

DÊNIS<br />

(ainda soltando a fumaça, indiferente)<br />

Oi.<br />

CHICO<br />

Você vem sempre aqui?<br />

DÊNIS<br />

Se tá a fim de me xavecar, melhor começar com<br />

uma frase melhor. Nada contra, mas essa já tá batida.<br />

CHICO<br />

Desculpa, mas a frase foi sincera.<br />

É que eu bato ponto aqui e nunca te vi.<br />

DÊNIS<br />

Então tá respondida sua pergunta.<br />

Você já me viu aqui antes?<br />

CHICO<br />

Acho que não. Se tivesse visto, não teria esquecido.<br />

DÊNIS<br />

Cara, eu não tô legal. Tô de boa sozinho.<br />

Se você não se incomoda.<br />

CHICO<br />

Mas é claro que me incomodo.<br />

(estende a mão) Prazer. Chico.<br />

DÊNIS<br />

(se levantando) Pelo visto, não vou ter paz.<br />

Dênis tira dinheiro do bolso e coloca no balcão, apaga o<br />

cigarro, vai sair.<br />

CHICO<br />

(com a mão no ombro de Dênis)<br />

Ei, ei, calminha aí, guy.<br />

Eu só queria te conhecer um pouco melhor.<br />

Não quero gongar a noite de ninguém.<br />

DÊNIS<br />

(senta-se novamente)<br />

Qual o seu nome?<br />

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CHICO<br />

Chico.<br />

DÊNIS<br />

Então, Chico, você é um cara superbonito. Em qualquer<br />

outro dia, você não precisaria fazer o mínimo esforço pra<br />

conseguir o que quer. Mas hoje é um bad hair day.<br />

CHICO<br />

Ok. Mas acho pretensão você falar por mim. De repente,<br />

eu só tô a fim de bater um papo.<br />

DÊNIS<br />

Conheço esse papo de só bater um papo. Garçon, mais uma<br />

dose.


CHICO<br />

(ao garçon) Mais duas. (volta-se para Dênis). Sim,<br />

eu sou inconveniente e vou te acompanhar na próxima rodada.<br />

Não quer me contar por que o dia tá cinza hoje?<br />

DÊNIS<br />

Brigado, mas pra isso eu já tenho minha terapeuta.<br />

Eu falo pouco, sou de Escorpião.<br />

CHICO<br />

Ótimo! Já temos uma coisa em comum. Eu também costumo<br />

Olhar pras estrelas. Sou de Leão.<br />

DÊNIS<br />

Logo reparei pela juba.<br />

(Os dois começam a rir).<br />

CHICO<br />

Um a zero pra mim. Já consegui arrancar um riso do<br />

escorpiano carrancudo. Sabe seu ascendente?<br />

DÊNIS<br />

Áries, eu acho. Fiz uma vez nesses sites de astrologia.<br />

CHICO<br />

Hum... Marte é forte no seu mapa.<br />

DÊNIS<br />

E o que isso quer dizer, Mãe Dinah?<br />

CHICO<br />

Sei lá. Marte é guerra, é ímpeto, é sexo.<br />

DÊNIS<br />

Pronto. Chegou onde queria desde que sentou aqui na minha<br />

frente.<br />

CHICO<br />

Não sou eu que falo isso, são as estrelas. Olhar pro céu<br />

é olhar pra si mesmo, já diria o poeta.<br />

(O garçom chega com a garrafa e serve mais uma dose para<br />

Dênis e Chico. Eles agradecem e o garçon sai).<br />

DÊNIS<br />

Garoto, tenho que confessar, você é engraçado. Diferente,<br />

no mínimo. E olha que hoje eu não estou achando graça<br />

em nada.<br />

CHICO<br />

Mas por quê? Não se leve muito a sério. A vida é curta.<br />

DÊNIS<br />

Eu sei. Você é a segunda pessoa que me fala essa frase hoje.<br />

E justamente hoje eu tive essa nítida sensação de que<br />

o tempo passou muito depressa.<br />

Eu olhei pra trás e vi que não dava mais pra voltar.<br />

Foi foda!<br />

CHICO<br />

Hoje? Exatamente hoje?<br />

DÊNIS<br />

Hoje eu quis ter feito tudo diferente. Eu tive vontade<br />

de ter escolhido a estrada certa enquanto eu podia, enquanto<br />

ainda havia tempo.<br />

CHICO<br />

Que estrada? Do é que você tá falando?<br />

DÊNIS<br />

Da vida, cara. Dessa vida que você tá falando que é curta.<br />

E acredite, mesmo que tenha falado da boca pra fora, ela é.<br />

(Dênis acende outro cigarro, dá uma tragada).<br />

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DÊNIS<br />

Você fuma?<br />

CHICO<br />

Ainda não.<br />

(Ficam em silêncio por alguns segundos).<br />

DÊNIS<br />

(enquanto solta a fumaça)<br />

Hoje eu perdi meu emprego.<br />

Hoje eu perdi meu amor.<br />

CHICO<br />

Putz! Hardcore total! Mas o que é que aconteceu?<br />

Perdeu os dois ao mesmo tempo?<br />

DÊNIS<br />

Já ouviu aquela frase de que desgraça pouca é bobagem? Eu<br />

trabalho há vinte anos como diretor de publicidade, tinha ido<br />

gravar um comercial em Porto Alegre e os caras acharam tudo<br />

uma merda. Sobrou pra quem? Pro coroão aqui. Me falaram<br />

que eu tava enferrujado. Contrataram uns caras que acabaram<br />

de sair da PUC, uns gênios do Youtube, do Twitter, eu nem sei<br />

que porra é essa.<br />

CHICO<br />

Acredite, eu também não.<br />

DÊNIS<br />

Então é melhor saber pra não se tornar um marginal. O mundo<br />

tá high-tech demais, cara!<br />

CHICO<br />

Gongaram seu emprego por causa do Twitter? E o bofe?<br />

Como foi que ele gongou?<br />

DÊNIS<br />

Cheguei em casa e o Fabrício me falou ”eu te amo, mas tô<br />

apaixonado por outro cara, a vida é curta”. Simples e direto.<br />

Como se a gente se conhecesse há duas semanas e não há<br />

duas décadas.<br />

CHICO<br />

Duas décadas? Não! Para! Você tá de brincadeira!<br />

DÊNIS<br />

Brincadeira? Eu e o Fabrício começamos a ficar quando eu<br />

tinha 23 anos. Pode não parecer porque minha<br />

dermatologista é ótima, mas já tenho 43.<br />

CHICO<br />

Tô Barbie na caixa! Você ficou 20 anos com o cara e levou um<br />

pé na bunda? Puxa! Realmente hoje é um bad hair day!<br />

DÊNIS<br />

Viu como não era tipo? Você acredita que o Fabrício<br />

veio com um papinho de que a gente podia continuar amigos,<br />

que eu poderia continuar morando com ele até achar<br />

um lugar melhor.<br />

CHICO<br />

Filha da puta!<br />

DÊNIS<br />

Desgraçado! Como se eu tivesse morado esse tempo todo de<br />

favor, como se a gente não tivesse dividido despesas,<br />

amigos, a vida!<br />

CHICO<br />

Mas pensa pelo lado bom.<br />

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DÊNIS<br />

Que lado bom? Ele existe?<br />

CHICO<br />

Você tá solteiro, prontinho pra cair na noite! E a sua<br />

dermatologista é Deus! Quero o telefone dela agora!<br />

DÊNIS<br />

Sem essa, cara! Nunca tive paciência pra esse povinho<br />

pop-cult-descolado!<br />

Você sabe que nem me arrependo de ter ficado tanto tempo<br />

com o Fabrício? Eu não tenho muito saco pra esse mundo<br />

de neon.<br />

CHICO<br />

É, desse jeito fica difícil! Pra jogação tem que ter vocação!<br />

Tem que arriscar! A vida tá aí batendo na tua porta!<br />

DÊNIS<br />

Vida. A vida bateu a porta na minha cara, isso sim! Tô sem<br />

prumo, sem vontade de levantar a cabeça!<br />

Tô com vontade de desaparecer, de ir pra Índia ou fazer o<br />

caminho de Santiago. (tempo) Não, Santiago, não! Pra Índia<br />

que tem muita gente. Fazer aquele caminho sozinho já é<br />

exagero, até porque eu nunca fiquei sozinho.<br />

CHICO<br />

Quem é que gosta da solidão? A gente passa a vida inteira<br />

fugindo da solidão.<br />

DÊNIS<br />

Eu falei isso pra minha terapeuta e sabe o que foi que ela me<br />

disse? Que a solidão é boa, que ruim é o desamparo.<br />

CHICO<br />

Pra mim é tudo a mesma bosta!<br />

DÊNIS<br />

Ela me disse que é diferente, que você pode aproveitar seu<br />

momento de solidão pra fazer as coisas que você gosta,<br />

mas que o desamparo te empurra pro abismo.<br />

CHICO<br />

Que porra de abismo é esse?<br />

DÊNIS<br />

Sei lá. Mas ela me falou. E eu fiquei pensando nisso. Nesse<br />

abismo. Acho que é um lugar onde muitas pessoas<br />

estão e não se dão conta. A gente nunca olha pro que é feio<br />

porque a gente tem medo de se reconhecer ali.<br />

(O telefone de Dênis toca, ele o tira do bolso).<br />

CHICO<br />

É ele?<br />

(Dênis faz que sim com a cabeça).<br />

CHICO<br />

Você não vai atender?<br />

DÊNIS<br />

Deixa tocar mais um pouco. Deixa ele se sentir bastante<br />

culpado, pensando que eu me joguei de um viaduto, ou que<br />

uma hora dessas, eu tô preso no meio das ferragens do carro.<br />

(O telefone para de tocar).<br />

DÊNIS<br />

Valeu pelo papo, cara. Tô indo nessa.<br />

CHICO<br />

Mas já? Achei que essa fossa ia render uma boa bebedeira!<br />

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DÊNIS<br />

Fica pra outro dia.<br />

(Dênis se levanta. Deixa mais uma nota no balcão, vai sair).<br />

CHICO<br />

Ei, não vai deixar nem um telefone?<br />

DÊNIS<br />

Melhor não. Vamos deixar por conta do destino. Quem sabe um<br />

dia a gente se encontra à beira do abismo?<br />

CHICO<br />

À beira do abismo, boy, queira ou não queira, estamos prestes<br />

a voar. (Dênis vai embora. Em Chico, parado, observando-o).<br />

Corta para<br />

INT. CARRO EM MOVIMENTO – NOITE<br />

Dênis chora compulsivamente enquanto dirige. Trilha sonora:<br />

”Love is Colder Than Death”, The Virgins, que toca no som do<br />

carro. No banco do carona, o celular vibra. Focalizar visor que<br />

mostra o nome ‘meu amor’. O carro morre subitamente.<br />

Corta imediatamente para<br />

EXT. RUA DESERTA – NOITE<br />

DÊNIS desceu do carro, chuta a porta do veículo com muita<br />

raiva. Pega o celular no banco do carona. Atende.<br />

DÊNIS<br />

O que é? (tempo) Eu tô péssimo! Como que eu poderia estar?<br />

(tempo) Eu não sei onde eu estou. Eu comecei a<br />

dirigir sem rumo. Tô numa rua que nunca vi antes. Tô com<br />

fome, frio, medo de ser assaltado! Eu quero morrer! (tempo)<br />

Eu não sei o nome da rua! Já disse! (tempo) Pera, tem uma<br />

placa aqui. Eu vou olhar. (Dênis caminha até a placa).<br />

DÊNIS<br />

Tamoios esquina com Doutor Lino de Moraes Leme. (tempo)<br />

Tá. Eu tô te esperando. Liga pro seguro. Chama o guincho.<br />

(Dênis desliga o telefone, senta no capô do carro. CAM abre.<br />

Entra trilha sonora: “Love is Colder Than Death”, The Virgins).<br />

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FIM


CONTACT<br />

Timo Stammberger<br />

Quitzowstr. 146<br />

10559 Berlin<br />

Germany<br />

info [at] timostammberger.com<br />

www.timostammberger.com<br />

Stammberger was born in 1980 in<br />

Hamburg, he grew up there and in<br />

Frankfurt / Main. From 2006 to 2009<br />

he studied at the Ostkreuzschule for<br />

Photography / Berlin.<br />

Currently Stammberger works on<br />

different conceptual series.<br />

Above all his Underground Landscapes<br />

series deserves special mentioning. For<br />

this series Stammberger photographs<br />

partly with, sometimes without<br />

permission, the subway tunnels of cities<br />

such as Berlin, New York, Philadelphia,<br />

Lisboa or Stockholm.<br />

Stammberger lives and works in Berlin.<br />

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UNDERGROUND LANDSCAPES<br />

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URBAN ARTISTS<br />

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CITY STORIES<br />

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LATE HOURS<br />

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BERLIN NEWSPAPER<br />

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Linguamara<br />

Genoa, IT<br />

www.linguamara.tk<br />

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CONTACT<br />

Ana Himes<br />

contact@anahimes.es<br />

www.anahimes.es<br />

I was born in Burgos the same year<br />

that Naranjito does, the same that<br />

ARCO Art Festival celebrates its first<br />

edition, that the autobiography of<br />

Luis Buñuel “Mi último suspiro”<br />

is edited, when Michael Jackson<br />

Thriller hit goes our for sell, that<br />

Gabriel García Márquez receives<br />

the Nobel Prize or that Ingrid<br />

Bergman o Grace Kelly past away.<br />

After spending fourteen years in<br />

a nuns religion school and with a<br />

powerful need to cross the walls<br />

of Burgos, made me move away<br />

to Segovia to study Advertising<br />

and Public Relations. It was, the<br />

year with I ended up my degree<br />

when I was received my very first<br />

camera: a 350D. After a couple of<br />

months I moved to live to Madrid.<br />

And there, in the jungle, within<br />

work and more work, that photo<br />

hobby was turning out to, little<br />

by little, in my own space, in my<br />

own expression and extension<br />

of my eyes and my fingers. I´ve<br />

contributed for publications such<br />

Neo2, Lamono or mU and my works<br />

has been published in magazines<br />

from Argentina, USA, Colombia,<br />

Brasil, Alemania, Australia, Poland<br />

or England. Currently I´m maching<br />

the photographic works with<br />

other personal tasks and with a<br />

new artistic side: collages and<br />

illustration.<br />

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www.flickr.com/photos/willyollero<br />

www.willydibujando.blogspot.com<br />

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Porto Alegre/Brasil<br />

jener_pro@yahoo.com.br<br />

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Toulouse, France - noklassdesign.fr<br />

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Bogotá, Colombia - www.pilarberrio.com<br />

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Kovre, Italy - www.flickr.com/softmachine<br />

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Roma, Italia - www.nicopalomba.com<br />

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151


www.jeffreyherrero.com<br />

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www.carvalho-fernandes.com<br />

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São Paulo, Brasil - www.flickr.com/eduardoburger<br />

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São Paulo, Brasil<br />

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UPCOMING SHOWINGS<br />

Attleboro Arts Museum, Attleboro, MA,<br />

July, 2009.<br />

Home exhibitions<br />

Monarch Studio in Seattle WA, Sept. –<br />

Nov., 2009<br />

Full installation: 300 pillows hung with<br />

fishing line<br />

Villa Victoria Center for the Arts<br />

(formerly known as La Casa de la<br />

Cultura / Center for Latino Arts),<br />

Boston, MA, Sept. – Oct. 2009<br />

Border Crossings exhibition<br />

Jupiter Art Gallery<br />

Centralia, Washington<br />

Nov. – Dec., 2009<br />

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Dream House is hundreds of<br />

sewn paper pillows made from<br />

photocopies of my father’s<br />

finely hand drafted architectural<br />

drawings. It is about the<br />

relationship of dreams to reality. It<br />

also deals with the diversity of my<br />

family heritage and the experience<br />

of being a person of mixed race in<br />

modern culture.<br />

My father’s parents were Filipino<br />

and Nicaraguan immigrants. His<br />

drawings were small oases of relief<br />

that helped him cope with the<br />

strain of a long journey with Post<br />

Traumatic Stress Disorder, a result<br />

from his time spent as a combat<br />

Marine in the Korean War.<br />

The pillows are also related to<br />

my maternal grandmother who<br />

epitomized the skill of pragmatism.<br />

She was an expert seamstress<br />

and made clothes, quilts, curtains,<br />

place mats, tablecloths and other<br />

material items that were used in<br />

the tangible business of daily life.<br />

My mother’s side of the family<br />

is exclusively white American:<br />

Ranchers, Quakers and Wild West<br />

homesteaders.<br />

My parents were married in 1963,<br />

during the Civil Rights Movement in<br />

the US. At that time people were<br />

still being arrested as felons, fined,<br />

jailed and banished in some states<br />

for marrying outside of their race.<br />

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One of my experiences as a person<br />

of mixed race is that I have missed<br />

sense of connection that comes<br />

from belonging to a singular racial<br />

group with long practiced traditions<br />

seamlessly linking me to my genetic<br />

heritage. Racially I am a person<br />

divided into parts, and I’ve had no<br />

single name for what I am.<br />

Dream House fuses my family<br />

lineage into a single image.<br />

It represents the experiences<br />

surrounding my father’s dream<br />

houses, but is also the house of<br />

my own self; a complete house of<br />

history and belonging.<br />

A further developed installation of<br />

Dream House is proposed to exhibit<br />

in 2010. It will incorporate video,<br />

a 12 year old girl’s figurines, a<br />

giant paper dress made with the<br />

drawings, and more, amid mass<br />

arrangements of stacked, hung and<br />

pinned up pillows. The compositions<br />

will be reminiscent of architectural<br />

pathways and domestic archetypes,<br />

creating an elaborate luminous<br />

environment of texture and<br />

imagery.<br />

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COMING SOON<br />

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PRÓXIMO TEMA - DOIS<br />

DATA DE ENTREGA - 20/02/2010<br />

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