cemitérios municipais de curitiba - Grupo Positivo - Universidade ...
cemitérios municipais de curitiba - Grupo Positivo - Universidade ...
cemitérios municipais de curitiba - Grupo Positivo - Universidade ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Universida<strong>de</strong> <strong>Positivo</strong><br />
Mestrado Profissional em Gestão Ambiental<br />
CEMITÉRIOS MUNICIPAIS DE CURITIBA:<br />
INSTALAÇÕES E INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DAS<br />
ÁGUAS SUBTERRÂNEAS<br />
CRISTIANE MARIA BORN<br />
CURITIBA<br />
2011
CEMITÉRIOS MUNICIPAIS DE CURITIBA:<br />
INSTALAÇÕES E INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS<br />
CRISTIANE MARIA BORN<br />
2<br />
0<br />
1<br />
1
CRISTIANE MARIA BORN<br />
CEMITÉRIOS MUNICIPAIS DE CURITIBA:<br />
INSTALAÇÕES E INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS<br />
Dissertação apresentada como requisito para<br />
obtenção do título <strong>de</strong> Mestre em Gestão Ambiental<br />
do curso <strong>de</strong> Mestrado Profissional em Gestão<br />
Ambiental, da Universida<strong>de</strong> <strong>Positivo</strong> (UP).<br />
Orientadora: Profª Dra. Selma Aparecida Cubas<br />
Co-orientadora: Prof ª Dra. Cíntia Mara Ribas <strong>de</strong><br />
Oliveira.<br />
Área <strong>de</strong> Concentração: Gestão Ambiental<br />
Linha <strong>de</strong> Pesquisa: Avaliação e Mo<strong>de</strong>lagem<br />
Socioambientais<br />
CURITIBA<br />
2011
Dados Internacionais <strong>de</strong> Catalogação na Publicação (CIP)<br />
Biblioteca da Universida<strong>de</strong> <strong>Positivo</strong> - Curitiba - PR<br />
B736<br />
Born, Cristiane Maria.<br />
Cemitérios <strong>municipais</strong> <strong>de</strong> Curitiba : instalações e influência<br />
na qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas / Cristiane Maria Born. ―<br />
Curitiba : Universida<strong>de</strong> <strong>Positivo</strong>, 2011.<br />
134 f. : il.<br />
Dissertação (mestrado) – Universida<strong>de</strong> <strong>Positivo</strong>, 2011.<br />
Orientadora : Prof. Dr. Selma Aparecida Cubas.<br />
1. Cemitérios. 2. Contaminação. 3. Águas subterrâneas.<br />
4. Curitiba. I. Título.<br />
CDU 556.3
CRISTIANE MARIA BORN<br />
TÍTULO: “CEMITÉRIOS MUNICIPAIS DE CURITIBA:<br />
INSTALAÇÕES E INFLUÊNCIA NA QUALIDADE DAS ÁGUAS<br />
SUBTERRÂNEAS.”<br />
ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO PARCIAL<br />
PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO AMBIENTAL (área <strong>de</strong><br />
concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO<br />
AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE POSITIVO. A DISSERTAÇÃO FOI APROVADA EM SUA<br />
FORMA FINAL EM SESSÃO PÚBLICA DE DEFESA, NO DIA 30 DE ABRIL DE 2011,<br />
PELA BANCA EXAMINADORA COMPOSTA PELOS SEGUINTES PROFESSORES:<br />
1) Profª. Drª. Selma Aparecida Cubas – Universida<strong>de</strong> <strong>Positivo</strong> (Presi<strong>de</strong>nte);<br />
2) Prof. Dr. Julio Gomes - Universida<strong>de</strong> <strong>Positivo</strong> (Examinador);<br />
3) Profª. Drª. Eliane Carvalho <strong>de</strong> Vasconcelos – Universida<strong>de</strong> <strong>Positivo</strong><br />
(Examinadora);<br />
4) Profª. Drª. Maria Cristina Borba Braga – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná<br />
(Examinadora);<br />
5) Profª. Drª. Cíntia Mara Ribas <strong>de</strong> Oliveira - Universida<strong>de</strong> <strong>Positivo</strong> (Co-orientadora).<br />
CURITIBA – PR, BRASIL<br />
__________________________________<br />
PROF. DR. MAURÍCIO DZIEDZIC<br />
COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL
AGRADECIMENTOS<br />
Em primeiro lugar, agra<strong>de</strong>ço a Deus por ter permitido a realização <strong>de</strong> um sonho.<br />
Ao Marcus, companheiro que nem mesmo à distância fez diminuir sua presença e<br />
apoio. E à pequena Julia, que, mesmo com seus poucos anos, já percebeu que estudar faz<br />
parte <strong>de</strong> nossas vidas. Obrigada, meus amores.<br />
Aos meus pais, Rodolpho e Nair, eternos e admiráveis, que sempre incentivaram a<br />
continuida<strong>de</strong> do saber, a busca pelo justo e certo, com dignida<strong>de</strong> e sabedoria. Meu eterno<br />
obrigado, sempre, sempre, sempre!!!<br />
A minha irmã, Líliam, incansável incentivadora, que fez observações importantes na<br />
construção <strong>de</strong>ste estudo. Obrigada!<br />
Agra<strong>de</strong>ço às minhas orientadoras, Selma e Cíntia, pela amiza<strong>de</strong>, pelo respeito, pelo<br />
comprometimento nesta caminhada e, principalmente, nos momentos difíceis, quando este<br />
trabalho parecia infindável, emergiam soluções simples, óbvias e tudo voltava a seguir no<br />
rumo <strong>de</strong>sejado.<br />
Agra<strong>de</strong>ço à Secretaria Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>de</strong> Curitiba, que permitiu abraçar<br />
o <strong>de</strong>safio e realizar este sonho.<br />
Às amigas Dâmaris Seraphim e Marcia Frasson, agra<strong>de</strong>ço a cumplicida<strong>de</strong>, o incentivo<br />
presentes em todo o tempo e, ainda, o prazer da <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>stas pessoas maravilhosas que<br />
vocês são.<br />
Aos colegas <strong>de</strong> trabalho, em especial, ao Rony pela troca <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> química,<br />
por vezes incompreensível e que se tornava tão clara quanto a água que bebemos.<br />
Ao Geoprocessamento, Luiz Miguez, Natalie e Elizabete, agra<strong>de</strong>ço a disponibilida<strong>de</strong>,<br />
a atenção, as opiniões, as sugestões e o apoio.<br />
A Mayumi e aos técnicos da Ecotécnica Tecnologia e Consultoria, pelas informações e<br />
conhecimento compartilhados.<br />
A todos, muito obrigada!
“Os ventos que às vezes tiram algo que amamos, são os mesmos ventos que nos trazem algo<br />
que apren<strong>de</strong>mos a amar... Por isto não <strong>de</strong>vemos chorar pelo que nos foi tirado e sim, apren<strong>de</strong>r<br />
a amar o que nos foi dado. Pois, tudo aquilo que é realmente nosso, nunca se vai para<br />
sempre”. (Bob Marley)
RESUMO<br />
O sepultamento dos corpos é uma prática comum para o homem, refletindo suas crenças e<br />
valores religiosos. Após a morte, o corpo humano passa por um processo natural <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>composição, resultando na geração do necrochorume. Contudo, os cemitérios não têm sido<br />
incluídos nas listas das fontes tradicionais <strong>de</strong> contaminação ambiental, mesmo que sejam<br />
reconhecidos pela legislação ambiental vigente como tais. Esta pesquisa tem por objetivo<br />
geral avaliar as instalações dos cemitérios <strong>municipais</strong> <strong>de</strong> Curitiba e a possível influência sobre<br />
a qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas, por meio da avaliação da situação dos jazigos, da<br />
vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero nestas áreas. O objeto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>ste trabalho correspon<strong>de</strong>u a<br />
quatro áreas <strong>municipais</strong> <strong>de</strong> sepultamentos: Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula,<br />
Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>, Cemitério Municipal do Boqueirão e Cemitério Municipal<br />
Santa Cândida. A pesquisa realizada envolveu a seleção das áreas <strong>de</strong> estudo, vistorias nos<br />
locais, avaliação da situação dos jazigos, da vulnerabilida<strong>de</strong> do aqüífero e, para o Cemitério<br />
Municipal Água Ver<strong>de</strong>, dos resultados das campanhas <strong>de</strong> monitoramento (físico-químico e<br />
microbiológico) e a correlação entre os parâmetros avaliados para os anos <strong>de</strong> 2004, 2007 e<br />
2009, a fim <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar possíveis contaminações das águas subterrâneas por necrochorume.<br />
Os Cemitérios Municipais <strong>de</strong> Curitiba totalizam 32.132 jazigos, havendo uma predominância<br />
<strong>de</strong> gavetas aéreas (21.555 jazigos) e <strong>de</strong> jazigos revestidos com pedra ornamental (15.080<br />
jazigos). A avaliação da situação dos jazigos constatou que 56,06% dos jazigos existentes<br />
apresentam danos aparentes em sua estrutura, sendo a maior incidência <strong>de</strong> rachadura naqueles<br />
construídos com acabamento convencional argamassado e sem pintura. Os danos mais<br />
frequentes foram rachaduras nos jazigos revestidos com acabamento convencional, jazigos<br />
com revestimento parcialmente comprometido i<strong>de</strong>ntificado pela queda <strong>de</strong> reboco, além da<br />
falta <strong>de</strong> pintura, sugerindo baixo índice <strong>de</strong> manutenção dos espaços. O Cemitério Municipal<br />
Boqueirão apresentou o maior número <strong>de</strong> danos múltiplos por jazigo (3,86 danos por jazigo) e<br />
o Cemitério São Francisco <strong>de</strong> Paula apresentou o mais baixo (2,07 danos por jazigo). Foi<br />
constatado que o Cemitério Municipal Santa Cândida ocupa uma área <strong>de</strong> alta vulnerabilida<strong>de</strong><br />
à contaminação do aquífero, por estar assentado em uma região cuja geologia predominante é<br />
o Embasamento Cristalino. Em relação às contaminações das águas subterrâneas do Cemitério<br />
Municipal Água Ver<strong>de</strong>, as anomalias encontradas nos resultados não permitiram correlacionar<br />
com o <strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong> cemiterial, em função dos resultados obtidos nos poços<br />
<strong>de</strong> monitoramento à montante, dos resultados <strong>de</strong> alguns parâmetros que po<strong>de</strong>m refletir a<br />
influência <strong>de</strong> características naturais da composição química do aqüífero Guabirotuba e pela<br />
aplicação <strong>de</strong> diferentes métodos <strong>de</strong> análises laboratoriais para um mesmo parâmetro. Sendo<br />
assim, é necessária a adoção <strong>de</strong> medidas corretivas e preventivas que garantam a<br />
estanqueida<strong>de</strong> dos jazigos, por meio <strong>de</strong> boas práticas <strong>de</strong> engenharia, bem como do<br />
acompanhamento e fiscalização quanto ao agravamento da situação dos jazigos críticos, e<br />
envolvendo os cessionários na manutenção preventiva. Quanto ao monitoramento da<br />
qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas, sugere-se uma revisão das especificações técnicas para<br />
contratação <strong>de</strong> empresas especializadas para coleta e análise das amostras e padronização <strong>de</strong><br />
métodos analíticos, com o objetivo <strong>de</strong> garantir a confiabilida<strong>de</strong> dos dados para que possam ser<br />
usados como ferramentas efetivas para gestão ambiental.<br />
Palavras-chave: cemitérios, contaminação, águas subterrâneas, Curitiba.
ABSTRACT<br />
The burial of the bodies is a common practice for men, reflecting their beliefs and religious<br />
values. After <strong>de</strong>ath, the body goes through a natural process of <strong>de</strong>composition, resulting in the<br />
generation of a leachate. However, the cemeteries have not been inclu<strong>de</strong>d in the lists of the<br />
traditional sources of environmental contamination, <strong>de</strong>spite of being recognized as such by<br />
environmental legislation. This study aims to evaluate the facilities of the general municipal<br />
cemeteries in Curitiba and their possible influence on the groundwater quality through the<br />
assessment of the situation of the graves, and the vulnerability of the aquifer in these areas.<br />
The object of the present study correspon<strong>de</strong>d to four municipal areas of burial: Municipal<br />
Cemetery São Francisco <strong>de</strong> Paula, Municipal Cemetery Água Ver<strong>de</strong>, Municipal Cemetery<br />
Boqueirão and Municipal Cemetery Santa Candida. The research involved the selection of the<br />
studied areas, survey the sites, the burial vaults structure assessment, the vulnerability of the<br />
aquifer and, for the Municipal Cemetery Água Ver<strong>de</strong>, the results of monitoring programs<br />
(physical, chemical and microbiological) and the correlation between the parameters for the<br />
years 2004, 2007 and 2009, to i<strong>de</strong>ntify the groundwater contamination from cemetery<br />
leachate. The Municipal Cemeteries of Curitiba have 32,132 burial vaults, with a<br />
predominance of graves above the ground (21,555 units) and those covered with ornamental<br />
stone (15,080 graves). Apparent structural damages were i<strong>de</strong>ntified in 56.06% of the graves,<br />
and the highest inci<strong>de</strong>nce of cracks was observed for those built with conventional mortar and<br />
unpainted walls. The most frequent damages were cracks in conventional coated graves,<br />
graves with partially compromised coating i<strong>de</strong>ntified by falling plaster, and the lack of paint,<br />
suggesting a low rate of space maintenance. The Municipal Cemetery Boqueirão had the<br />
highest number of multiple damaged units (3.86 damages per grave) and the Municipal<br />
Cemetery São Francisco <strong>de</strong> Paula had the lowest one (2.07 damages per grave). The<br />
Municipal Cemetery Santa Candida corresponds to a high vulnerability area in relation to the<br />
aquifer contamination, due to the crystalline basement geological predominance in this region.<br />
In relation to the groundwater contamination of the Municipal Cemetery Água Ver<strong>de</strong>, the<br />
anomalies found in the results failed to correlate with the graveyard activity, in comparison<br />
with the upstream monitoring wells, the results of some parameters that may reflect the<br />
influence of natural characteristics of the chemical composition of the Guabirotuba aquifer<br />
and the application of different methods of laboratory tests for the same parameter. It is<br />
therefore necessary to adopt corrective and preventive measurements to ensure the tightness<br />
of graves, applying good engineering practices, as well as monitoring and surveillance for the<br />
worst graves, and involving assignees in preventive maintenance. Concerning the monitoring<br />
of groundwater quality, a review of technical specifications for contracting specialized<br />
laboratories for collection and analysis of samples following standard methods must be<br />
implemented to improve the groundwater quality monitoring, in or<strong>de</strong>r to ensure the reliability<br />
of collected data to be used as effective tools for environmental management.<br />
Keywords: cemeteries, contamination, groundwater, Curitiba.
LISTA DE TABELAS<br />
Tabela 2. 1 – Elementos típicos <strong>de</strong> corpo humano adulto masculino (70kg) ........................... 20<br />
Tabela 2. 2 – Outros elementos <strong>de</strong> compõem o corpo humano adulto masculino (70kg)........ 20<br />
Tabela 2. 3 – Concentração <strong>de</strong> elementos-traços em fluídos humanos .................................... 21<br />
Tabela 2. 4 – Proprieda<strong>de</strong>s da cadaverina e putrescina ............................................................ 23<br />
Tabela 2. 5 – Definição das classes <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminação dos aqüíferos<br />
subterrâneos. ............................................................................................................................. 33<br />
Tabela 2. 6 – Bactérias típicas encontradas no corpo humano. ................................................ 34<br />
Tabela 2. 7 – Emissão potencialmente contaminante (kg) proveniente <strong>de</strong> um sepultamento<br />
simples (70kg) .......................................................................................................................... 36<br />
Tabela 2. 8 – Limites quantitativos para avaliação da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas. ....... 44<br />
Tabela 3. 1 – Resumo estatístico dos parâmetros químicos das águas do aquíferos do<br />
Embasamento Cristalino em MG. L -1 ....................................................................................... 56<br />
Tabela 3. 2 – Resumo estatístico dos parâmetros químicos das águas do aquífero Guabirotuba<br />
em mg. L -1 ................................................................................................................................ 57<br />
Tabela 3. 3 – Número <strong>de</strong> poços <strong>de</strong> monitoramente por cemitério <strong>de</strong> Curitiba em 1999, 2004 e<br />
2007 .......................................................................................................................................... 61<br />
Tabela 3. 4 – Procedimentos analíticos utilizados pelos laboratórios na <strong>de</strong>terminação das<br />
concentrações dos parâmetros bacteriológicos e físico-químicos. ........................................... 64<br />
Tabela 4. 1 – Características físicas dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal São<br />
Francisco <strong>de</strong> Paula .................................................................................................................... 67<br />
Tabela 4. 2 - Características físicas dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal<br />
Água Ver<strong>de</strong> ............................................................................................................................... 72<br />
Tabela 4. 3 - Características físicas dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal<br />
Boqueirão ................................................................................................................................. 76<br />
Tabela 4. 4 - Características físicas dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal<br />
Santa Cândida ........................................................................................................................... 79<br />
Tabela 5. 1 - Avaliação <strong>de</strong> campo dos tipos <strong>de</strong> jazigos nos Cemitérios Municipais em Curitiba<br />
.................................................................................................................................................. 83<br />
Tabela 5. 2 - Número <strong>de</strong> jazigos por tipos <strong>de</strong> revestimentos nos Cemitérios Municipais em<br />
Curitiba ..................................................................................................................................... 85<br />
Tabela 5. 3 - Avaliação <strong>de</strong> campo dos danos i<strong>de</strong>ntificados nos jazigos nos Cemitérios<br />
Municipais <strong>de</strong> Curitiba ............................................................................................................. 87<br />
Tabela 5. 4 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados<br />
do Complexo Atuba do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula para o ano <strong>de</strong> 2007 ..... 96<br />
Tabela 5. 5 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos da<br />
Formação Guabirotuba do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula para o ano <strong>de</strong> 2007 97<br />
Tabela 5. 6 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados<br />
da Formação Guabirotuba no Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> para o ano <strong>de</strong> 2007 ............. 98<br />
Tabela 5. 7 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados<br />
do Embasamento Cristalino do Cemitério Municipal Boqueirão para o ano <strong>de</strong> 2007 ........... 100<br />
Tabela 5. 8 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados<br />
da Formação Guabirotuba do Cemitério Municipal Boqueirão para o ano <strong>de</strong> 2007 .............. 100<br />
Tabela 5. 9 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados<br />
do Embasamento Cristalino do Cemitério Municipal Santa Cândida para o ano <strong>de</strong> 2007 ..... 101<br />
Tabela 5. 10 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados<br />
da Formação Guabirotuba do Cemitério Municipal Santa Cândida para o ano <strong>de</strong> 2007 ....... 102
Tabela 5. 11 - Quadro-síntese da vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático dos Cemitérios<br />
Municipais <strong>de</strong> Curitiba aplicado o método GOD ................................................................... 103
LISTA DE ILUSTRAÇÕES<br />
Figura 2. 1 – Movimentação vertical e horizontal <strong>de</strong> possíveis contaminantes em cada zona <strong>de</strong><br />
solo ........................................................................................................................................... 26<br />
Figura 2. 2 - Variações <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidráulica e os tipos <strong>de</strong> solos associados. ......... 29<br />
Figura 2. 3 – Figura que apresenta as três fases <strong>de</strong> análise proposta pelo método GOD ......... 32<br />
Figura 2. 4 – Perfil esquemático dos poços <strong>de</strong> monitoramento ................................................ 45<br />
Figura 3. 1 – Mapa <strong>de</strong> localização <strong>de</strong> Curitiba no estado do Paraná, no Brasil e América do<br />
Sul. ............................................................................................................................................ 53<br />
Figura 3. 2 – Mapa <strong>de</strong> geologia e unida<strong>de</strong>s litoestratigráficas <strong>de</strong> Curitiba .............................. 54<br />
Figura 3. 3 – Mapa do Município <strong>de</strong> Curitiba por bacia hidrográfica e localização dos<br />
Cemitérios Municipais .............................................................................................................. 58<br />
Figura 4. 1 – Exemplos <strong>de</strong> cemitérios ...................................................................................... 65<br />
Figura 4. 2 – Foto do portal <strong>de</strong> entrada do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula ....... 66<br />
Figura 4. 3 - Lay-out do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula (A) e fotos aéreas<br />
parciais da área sobreposta aos poços <strong>de</strong> monitoramento e potenciometria dos anos 2004 (B),<br />
2007 (C) e 2009 (D). ................................................................................................................ 69<br />
Figura 4. 4 - Foto do portão principal <strong>de</strong> entrada do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> - Praça<br />
Sagrado Coração <strong>de</strong> Jesus ........................................................................................................ 71<br />
Figura 4. 5 - Lay-out do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> (A) e fotos aéreas parciais da área<br />
sobreposta aos poços <strong>de</strong> monitoramento e potenciometria dos anos 2004 (B), 2007 (C) e 2009<br />
(D). ............................................................................................................................................ 73<br />
Figura 4. 6 - Mapa da aérea do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> sobreposta à possível área<br />
<strong>de</strong> alagamento simulada. Destaque em amarelo correspon<strong>de</strong>nte à área passível <strong>de</strong> alagamento.<br />
.................................................................................................................................................. 74<br />
Figura 4. 7 - Foto do portão <strong>de</strong> acesso principal do Cemitério Municipal Boqueirão ............. 75<br />
Figura 4. 8 - Lay-out do Cemitério Municipal Boqueirão (A) e fotos aéreas parciais<br />
sobrepostas aos poços <strong>de</strong> monitoramento e potenciometria dos anos 2007 (B), 2009 (C). ..... 77<br />
Figura 4. 9 - Foto da vista parcial do interior do Cemitério Municipal Santa Cândida ........... 78<br />
Figura 4. 10 - Lay-out do Cemitério Municipal Santa Cândida (A) e fotos aéreas parciais da<br />
área sobreposta aos poços <strong>de</strong> monitoramento e potenciometria dos anos 2004 (B), 2007 (C) e<br />
2009 (D). ................................................................................................................................... 81<br />
Figura 5. 1 - Fotos gerais da predominância <strong>de</strong> jazigos por Cemitérios Municipais em Curitiba<br />
.................................................................................................................................................. 84<br />
Figura 5. 2 - Fotos gerais dos tipos <strong>de</strong> revestimentos dos jazigos por Cemitérios Municipais<br />
em Curitiba (A: Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula, B: Cemitério Municipal Água<br />
Ver<strong>de</strong>, C: Cemitério Municipal Boqueirão e D: Cemitério Municipal Santa Cândida.) .......... 86<br />
Figura 5. 3 - Gráfico comparativo entre o número <strong>de</strong> jazigos que apresentaram e os que não<br />
apresentaram danos por Cemitérios Municipais em Curitiba. .................................................. 88<br />
Figura 5. 4 - Gráfico comparativo do número total <strong>de</strong> danos mais representativos i<strong>de</strong>ntificados<br />
e tipos <strong>de</strong> danos associados nos Cemitérios Municipais <strong>de</strong> Curitiba ....................................... 90<br />
Figura 5. 5 - Fotos gerais <strong>de</strong> jazigos com danos <strong>de</strong> basculamento nos Cemitérios Municipais<br />
em Curitiba ............................................................................................................................... 92<br />
Figura 5. 6 - Gráfico do comparativo entre o número <strong>de</strong> jazigos existentes e o número <strong>de</strong><br />
danos encontrados nos jazigos por Cemitérios Municipais em Curitiba. ................................. 93<br />
Figura 5. 7 - Mapa da formação geológica da área do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong><br />
Paula. ........................................................................................................................................ 95<br />
Figura 5. 8 - Mapa da formação geológica regional com <strong>de</strong>staque para a área do Cemitério<br />
Municipal Boqueirão). .............................................................................................................. 99<br />
Figura 5. 9 - Mapa da geologia local do Cemitério Municipal Santa Cândida ...................... 101
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente<br />
SEMA - Secretaria <strong>de</strong> Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos<br />
OMS – Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />
WHO - World Health Organization<br />
DBO – Demanda Bioquímica <strong>de</strong> Oxigênio<br />
DQO – Demanda Química <strong>de</strong> Oxigênio<br />
CETESB - Companhia <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Saneamento Ambiental<br />
pH – Potencial Hidrogeniônico<br />
EIA / RIMA - Estudo <strong>de</strong> Impacto Ambiental / Relatório <strong>de</strong> Impacto Ambiental<br />
LAS - Licença Ambiental Simplificado<br />
LP – Licença Prévia<br />
LI – Licença <strong>de</strong> Instalação<br />
LO – Licença <strong>de</strong> Operação<br />
SMMA - Secretaria Municipal do Meio Ambiente<br />
PCA - Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental<br />
IAP – Instituto Ambiental do Paraná<br />
PM – Poço <strong>de</strong> Monitoramento<br />
PP – Poço Piezométrico<br />
SF – Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula<br />
AV – Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong><br />
BQ – Cemitério Municipal Boqueirão<br />
SC – Cemitério Municipal Santa Cândida<br />
VMP – Valores Máximos Permitidos<br />
NCMF.100 mL -1 – número mais provável <strong>de</strong> colônias – método membrana filtrante
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14<br />
1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 16<br />
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 17<br />
2.1 CEMITÉRIOS .................................................................................................................... 17<br />
2.2 O CORPO HUMANO PÓS-MORTE E A FORMAÇÃO DO NECROCHORUME .......... 19<br />
2.3 ASPECTOS AMBIENTAIS DA INSTALAÇÃO DOS CEMITÉRIOS ............................ 24<br />
2.4 VULNERABILIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ............................................... 28<br />
2.5 SIGNIFICADO AMBIENTAL E SANITÁRIO DOS PARÂMETROS DE QUALIDADE<br />
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E SUA RELAÇÃO COM O NECROCHORUME ............ 33<br />
2.5.1 Parâmetros microbiológicos ............................................................................................ 34<br />
2.5.2 Parâmetros químicos ....................................................................................................... 36<br />
2.5.3 Parâmetros físicos ............................................................................................................ 39<br />
2.6 ASPECTOS LEGAIS: FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL .................................... 40<br />
2.7 PUBLICAÇÕES SOBRE CONTAMINAÇÃO EM ÁREAS DE CEMITÉRIOS .............. 45<br />
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 52<br />
3.1 SELEÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO ............................................................................. 52<br />
3.2 VISTORIA LOCAL ............................................................................................................ 59<br />
3.3 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS CONSTRUTIVOS DOS JAZIGOS .............................. 59<br />
3.4 AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE DO AQUÍFERO ............................................ 60<br />
3.5 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DAS CAMPANHAS DE MONITORAMENTO<br />
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS ........................................................................................... 60<br />
3.5.1 Poços <strong>de</strong> Monitoramento ................................................................................................. 61<br />
3.5.2 Procedimento <strong>de</strong> Coleta das Águas Subterrâneas nos Poços <strong>de</strong> Monitoramento ............ 62<br />
3.5.3 Avaliação <strong>de</strong> Parâmetros <strong>de</strong> Monitoramento................................................................... 63<br />
4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................. 65<br />
4.1 CEMITÉRIO MUNICIPAL SÃO FRANCISCO DE PAULA - SF .................................... 66<br />
4.2 CEMITÉRIO MUNICIPAL ÁGUA VERDE - AV ............................................................ 70<br />
4.3 CEMITÉRIO MUNICIPAL DO BOQUEIRÃO - BQ ........................................................ 74<br />
4.4 CEMITÉRIO MUNICIPAL DE SANTA CÂNDIDA - SC ................................................ 78<br />
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 82<br />
5.1 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS CONSTRUTIVOS DOS JAZIGOS .............................. 82
5.2 AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE DO AQUÍFERO ............................................ 94<br />
5.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DOS POÇOS DE<br />
MONITORAMENTO DO CEMITÉRIO MUNICIPAL ÁGUA VERDE .............................. 104<br />
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ....................................................................... 113<br />
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 117<br />
APENDICE A – RESULTADOS DAS ANÁLISES DAS AMOSTRAS DE ÁGUA<br />
SUBTERRÂNEA DOS POÇOS DE MONITORAMENTO DO CEMITÉRIO<br />
MUNICIPAL ÁGUA VERDE ............................................................................................. 125<br />
ANEXO A – MAPA DA ÁREA DO CEMITÉRIO MUNICIPAL ÁGUA VERDE E O<br />
LEVANTAMENTO PLANIALTIMÉTRICO (CURITIBA, 2008) ................................. 130<br />
ANEXO B – MAPA DA ÁREA DO CEMITÉRIO MUNICIPAL ÁGUA VERDE E A<br />
DISTRIBUIÇÃO POR TIPO DE JAZIGO ....................................................................... 131<br />
ANEXO C – MAPA DA ÁREA DO CEMITÉRIO MUNICIPAL ÁGUA VERDE E A<br />
SITUAÇÃO DOS JAZIGOS COM RACHADURAS E VAZAMENTOS DE LÍQUIDOS<br />
................................................................................................................................................ 132<br />
ANEXO D – MAPA DA ÁREA DO CEMITÉRIO MUNICIPAL ÁGUA VERDE E A<br />
SITUAÇÃO DOS JAZIGOS RELACIONADOS À VEGETAÇÃO JUNTO À BASE...<br />
................................................................................................................................................ 133<br />
ANEXO E – MAPA DA ÁREA DO CEMITÉRIO MUNICIPAL ÁGUA VERDE E A<br />
SITUAÇÃO DAS TAMPAS DOS JAZIGOS .................................................................... 134
14<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
O ato <strong>de</strong> enterrar os corpos <strong>de</strong> entes queridos é uma prática comum para o homem,<br />
refletindo suas crenças e valores religiosos. No século XVIII foram repensadas as instalações<br />
dos cemitérios em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> vários fatores, como por exemplo: o paradigma corrente, a<br />
transição do Iluminismo, a racionalização, provocada pela Revolução Industrial e pela<br />
Revolução Francesa, e a separação do Estado da Igreja. Com o crescimento urbano no fim do<br />
século XVIII e o <strong>de</strong>senvolvimento da higiene pública, os espaços urbanos, entre eles os<br />
cemitérios, começaram a ser vistos como locais potenciais <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> fenômenos<br />
epidêmicos ou endêmicos.<br />
Nos dias atuais, a dinâmica ocupacional dos centros urbanos tem promovido o<br />
crescimento das cida<strong>de</strong>s e os cemitérios passaram a estar inseridos, novamente, no meio<br />
urbano, agravado pelo fato <strong>de</strong>, muitas vezes, não possuírem uma instalação a<strong>de</strong>quada, com<br />
falhas <strong>de</strong> manutenção e operação, não impedindo totalmente a contaminação do solo e da<br />
água, representando, assim, um risco para a saú<strong>de</strong> das pessoas das regiões sob sua influência.<br />
A contaminação da água e do solo po<strong>de</strong> ocorrer durante a fase coliquativa <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>composição dos cadáveres, que libera o necrochorume, uma solução aquosa, rica em sais<br />
minerais, substâncias orgânicas <strong>de</strong>gradáveis e variado grau <strong>de</strong> patogenicida<strong>de</strong>. Segundo<br />
Matos (2001), se não houver condições favoráveis ao isolamento do necrochorume ou dos<br />
produtos <strong>de</strong> coliquação 1 , haverá possivelmente o contato com o solo e águas subterrâneas que<br />
serão veículos disseminadores da contaminação. O resultado disto é expor a população ao<br />
consumo das águas subterrâneas contaminadas e que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar um problema <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong> pública, na medida em que a água é um veículo importante <strong>de</strong> disseminação <strong>de</strong> doenças<br />
(MIGLIORINI et al., 2007).<br />
Assim, o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição dos corpos é um aspecto <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong><br />
ambiental bastante significativo, principalmente se houver contato com o solo e água. Além<br />
disso, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das condições ambientais, temperatura, umida<strong>de</strong>, ventilação e tipo <strong>de</strong> solo,<br />
é possível que influencie na aceleração ou retardamento dos fenômenos transformativos.<br />
Migliorini (1994), Migliorini et al. (2007) e Campos (2007) enfatizam que estudos geológicos<br />
e hidrogeológicos são necessários, por serem instrumentos <strong>de</strong> avaliação do risco <strong>de</strong><br />
contaminação dos cemitérios, uma vez que po<strong>de</strong>m expor a saú<strong>de</strong> da população do entorno.<br />
1 De acordo com a Resolução SEMA n° 2 / 2009, da Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Meio Ambiente, produto <strong>de</strong><br />
coliquação é <strong>de</strong>finido como “líquido bio<strong>de</strong>gradável oriundo do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> corpos ou partes”,<br />
também sendo chamado <strong>de</strong> necrochorume (SEMA, 2009, p.2)
15<br />
O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, por meio das Resoluções n°<br />
335/2003 e 368/2006, especifica tecnicamente o licenciamento ambiental <strong>de</strong> cemitérios,<br />
enten<strong>de</strong>ndo que esta ativida<strong>de</strong> resulta em impacto ambiental, estabelecendo critérios <strong>de</strong><br />
implantação, como por exemplo, afastamento <strong>de</strong> divisas, plantio <strong>de</strong> vegetação, drenagem <strong>de</strong><br />
águas pluviais, parâmetros e periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> monitoramento das águas subterrâneas<br />
(CONAMA, 2003; CONAMA, 2006).<br />
Em Curitiba, existem quatro cemitérios <strong>municipais</strong>: Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>,<br />
Cemitério Municipal Santa Cândida, Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula e Cemitério<br />
Municipal Boqueirão. Na época em que foram implantados, estavam afastados da área urbana,<br />
construídos sem nenhum estudo geológico e hidrogeológico, e hoje se encontram totalmente<br />
inseridos na malha urbana da cida<strong>de</strong>.<br />
Em virtu<strong>de</strong> da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> ações em termos <strong>de</strong> gestão ambiental,<br />
principalmente em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> passivo ambiental e do estabelecido pela legislação, a<br />
presente pesquisa fez uma avaliação dos aspectos <strong>de</strong> conservação e manutenção dos jazigos,<br />
com levantamento <strong>de</strong> campo dos danos apresentados, uma avaliação das características da<br />
geologia local on<strong>de</strong> estes cemitérios estão assentados, bem como a vulnerabilida<strong>de</strong> natural<br />
<strong>de</strong>stes aquíferos, por meio da aplicação <strong>de</strong> método específico e uma avaliação dos resultados<br />
<strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong> monitoramento da qualida<strong>de</strong> da água subterrânea para o Cemitério<br />
Municipal Água Ver<strong>de</strong>, buscando correlacioná-las para verificar a possível influência na<br />
qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas <strong>de</strong> cada área e sugerindo medidas corretivas práticas<br />
operacionais.
16<br />
1.1 OBJETIVOS<br />
Geral:<br />
Avaliar as instalações dos cemitérios <strong>municipais</strong> <strong>de</strong> Curitiba e a possível influência<br />
sobre a qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas.<br />
Específicos:<br />
1. Avaliar os aspectos construtivos dos jazigos existentes nas áreas dos cemitérios<br />
<strong>municipais</strong> <strong>de</strong> Curitiba;<br />
2. Avaliar a vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero das áreas subterrâneas <strong>de</strong>stes cemitérios, a fim<br />
<strong>de</strong> verificar as condições naturais a que estes aquíferos estão expostos às<br />
contaminações;<br />
3. Avaliar a qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério<br />
Municipal Água Ver<strong>de</strong> e a possível influência da ativida<strong>de</strong> cemiterial sobre a<br />
qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas.
17<br />
2 REVISÃO DE LITERATURA<br />
2.1 CEMITÉRIOS<br />
Nos tempos pré-cristãos, já havia sítios <strong>de</strong> sepultamentos, como as pirâmi<strong>de</strong>s dos<br />
faraós, necrópoles <strong>de</strong> Tebas e Menfis, tumbas nas rochas em Cirenaica, tumbas <strong>de</strong> pedras na<br />
Etrúria e Campânia. Também existiam as vias extramuros <strong>de</strong> Roma e as sepulturas nas<br />
montanhas dos hebreus. Porém, a <strong>de</strong>nominação cemitério surgiu apenas no ano III por<br />
Emiliano e <strong>de</strong>signava lugares sepulcrais dos ju<strong>de</strong>us e cristãos (CAROLLO, 1995).<br />
A origem da palavra cemitério vem do grego koimetérion que significa dormitório e<br />
em latim coemeteriu que significa recinto on<strong>de</strong> se enterram e guardam os mortos. Outros<br />
sinôninos po<strong>de</strong>m ser dados, como: campo-santo, carneiro, cida<strong>de</strong> dos pés juntos, necrópole,<br />
sepulcrário, última morada. 2 A <strong>de</strong>nominação cemitério está atrelado a religião hebraicocristã,<br />
cujo significado seria um sono profundo que termina com a ressurreição, ou seja,<br />
“lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso” (CAROLLO, 1995; DUARTE, 2009). Na terminologia hebraica, o<br />
cemitério é <strong>de</strong>signado por outros termos: Berth Olam (casa da eternida<strong>de</strong>) e Beth ha’hayim<br />
(casa da vida) (MATOS, 2001).<br />
Do período medieval até o século XVII, os mortos pertencentes à nobreza eram<br />
enterrados próximos dos santos ou <strong>de</strong> suas relíquias, perto do altar dos sacramentos, sob as<br />
pedras da nave ou no claustro do mosteiro. Os outros eram enterrados em locais próximos das<br />
igrejas, geralmente em lugares altos. Acreditava-se que <strong>de</strong>sta forma se garantiria uma<br />
intercessão especial dos santos, o direito à salvação e que uma espécie <strong>de</strong> imortalida<strong>de</strong> por<br />
proximida<strong>de</strong> (CAROLLO, 1995; CAMPOS, 2007; DUARTE, 2009).<br />
Entretanto, durante o século XVIII, com o <strong>de</strong>senvolvimento do capitalismo foi<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado um movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento da população para as cida<strong>de</strong>s, com o propósito<br />
<strong>de</strong> ocupar os postos <strong>de</strong> trabalho. Esta situação provocou uma ocupação acelerada e<br />
<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada, que aliada à falta <strong>de</strong> infraestrutura, principalmente <strong>de</strong> saneamento básico,<br />
agravou e aumentou as epi<strong>de</strong>mias, como por exemplo, da peste bubônica que iniciou no<br />
século XIV e tornou-se en<strong>de</strong>mia até o século XVIII, quando se <strong>de</strong>scobriu a sua causa. Eram<br />
tantos mortos que a população reagia <strong>de</strong> forma temerosa e angustiada, <strong>de</strong>spejando muitas<br />
vezes seus mortos na rua, que eram recolhidos e jogados em espaços murados (cemitérios),<br />
sem nenhum cuidado. Ou seja, a prática dos sepultamentos consistia em sobrepor os<br />
2 Definição extraída <strong>de</strong> FERREIRA, Aurélio Buarque <strong>de</strong> Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua<br />
Portuguesa. Curitiba, 2004, 3ª edição, p. 437.
18<br />
cadáveres uns aos outros até atingirem ou ultrapassarem os muros que cercavam as áreas dos<br />
cemitérios. Porém, quando os corpos iniciavam o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição exalavam gases<br />
e a população acreditava que, sob a influência dos elementos atmosféricos geravam-se<br />
miasmas 3 ou vapores nocivos à saú<strong>de</strong> que infectavam o ar, sendo consi<strong>de</strong>rado um dos gran<strong>de</strong>s<br />
fatores patógenos para disseminação <strong>de</strong> doenças.<br />
Consi<strong>de</strong>rando a possibilida<strong>de</strong> do cemitério ser um foco <strong>de</strong> contaminação do ar,<br />
Fourcroy, químico do final do século XVIII, estudou as relações entre os organismos vivos e<br />
o ar nas áreas <strong>de</strong> cemitérios e sugeriu a transferência dos cemitérios para locais afastados da<br />
população, recomendando o isolamento físico das áreas e a proibindo sepultamentos no<br />
interior das igrejas. A partir <strong>de</strong> 1740, culminando em 1780, foram realizadas as primeiras<br />
transferências dos cemitérios para as periferias das cida<strong>de</strong>s, com a individualização dos<br />
sepultamentos, <strong>de</strong>limitação dos espaços tumulares, or<strong>de</strong>namento em quadras, numeração e<br />
i<strong>de</strong>ntificação dos jazigos (FOUCALT, 2001; DUARTE, 2009).<br />
Estas ações foram impulsionadas por motivos político-sanitários, para que pu<strong>de</strong>ssem<br />
avaliar os locais <strong>de</strong> acúmulo e amontoamento dos resíduos gerados no espaço urbano, que<br />
porventura provocassem doenças, que fossem locais favoráveis à formação e a difusão <strong>de</strong><br />
epi<strong>de</strong>mias. Assim, indiretamente estariam favorecendo a circulação não só <strong>de</strong> pessoas, mas<br />
também da água e do ar. O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio das cida<strong>de</strong>s passou a ser a unificação dos centros<br />
urbanos, com o requilíbrio e a neutralização das tensões políticas inerentes ao<br />
empobrecimento e a periferização da população operária (FOUCALT, 2001).<br />
No Brasil, a prática <strong>de</strong> sepultamentos adotada foi trazida pelos portugueses através dos<br />
missionários e padres jesuítas. Os nobres eram enterrados ou sepultados no interior das<br />
igrejas, adotando as mesmas práticas européias <strong>de</strong> sepultamentos, entretanto o mais remoto<br />
exemplo <strong>de</strong> sepultamento <strong>de</strong> um brasileiro nato é o da índia tupinambá Catharina Álvares<br />
Paraguassú (1509? -1589), que ao casar-se com o nobre Diogo Álvares, o “Caramuru”,<br />
tornou-se católica e apta a ter seu <strong>de</strong>scanso no interior da Igreja <strong>de</strong> Nossa Senhora da Graça<br />
<strong>de</strong> Salvador, Bahia (CAROLLO, 1995). Contudo, para aquelas pessoas cujas famílias não<br />
possuíam recursos financeiros, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da religião, escravos e con<strong>de</strong>nados, os<br />
sepultamentos eram feitos fora dos limites das igrejas (DUARTE, 2009).<br />
Somente em 1789, D. Maria <strong>de</strong> Portugal recomendou a construção <strong>de</strong> cemitérios<br />
convencionais no Brasil. Estes cemitérios convencionais seriam providos <strong>de</strong> muros<br />
<strong>de</strong>limitando a área, com um solene portal <strong>de</strong> entrada reforçando a idéia <strong>de</strong> instituição fechada.<br />
3 Emanações <strong>de</strong> gases do solo com cheiro fétido, apontado como causa <strong>de</strong> várias doenças endêmicas.
19<br />
A primeira lei colonial brasileira que regulamentava os sepultamentos foi a Carta<br />
Régia n° 18, criada pelo príncipe D. João, em 1801, em que proibia qualquer tipo <strong>de</strong> enterro<br />
em área urbana. A obrigatorieda<strong>de</strong> do cumprimento ocorreu somente em 1828 quando D.<br />
Pedro I promulgou a lei imperial <strong>de</strong> estruturação dos municípios, responsabilizando-os pelas<br />
questões sanitárias (DUARTE, 2009).<br />
Entre os anos <strong>de</strong> 1801 a 1820, Curitiba permanecia sepultando seus mortos no interior<br />
das igrejas, especialmente da antiga matriz <strong>de</strong> Nossa Senhora da Luz <strong>de</strong> Curitiba, na Igreja do<br />
Rosário e Capela Nossa Senhora do Terço, localizada próxima à matriz. Em 1815, em razão<br />
<strong>de</strong> uma epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> varíola que assolou a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba e arredores, foi construído o<br />
Cemitério do Sítio do Mato ou dos bexiguentos, como ficou popularmente conhecido,<br />
localizado no bairro Cristo Rei (CAROLLO, 1995).<br />
Atualmente, os cemitérios possuem naturezas administrativas diferenciadas. Estes<br />
espaços são instituições públicas <strong>municipais</strong>, religiosas ou privadas. Em Curitiba, são ao todo<br />
23 cemitérios, sendo 04 administrados pelo po<strong>de</strong>r público municipal, 13 pertencentes a<br />
instituições religiosas, 05 particulares e um cemitério do tipo vertical.<br />
E neste contexto histórico com amplo reflexo social, causado pela propagação das<br />
epi<strong>de</strong>mias, <strong>de</strong>spertou à atenção dos estudiosos para o estudo da <strong>de</strong>composição natural do<br />
corpo humano, além da intensificação da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> afastamento das construções da<br />
população e a releitura das formas <strong>de</strong> sepultamentos praticadas.<br />
2.2 O CORPO HUMANO PÓS-MORTE E A FORMAÇÃO DO NECROCHORUME<br />
A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) apresenta a composição típica do corpo<br />
humano adulto masculino e seus elementos, como po<strong>de</strong> ser visualizado na Tabela 2.1. Além<br />
disso, os mesmos estudos afirmam que a composição do corpo <strong>de</strong> uma mulher é<br />
proporcionalmente entre dois terços e três quartos da composição do corpo <strong>de</strong> um homem<br />
adulto, com aproximadamente 70 kg (ÜÇISIK; RUSHBROOK, 1998; DENT, 2002).
20<br />
Tabela 2. 1 – Elementos típicos <strong>de</strong> corpo humano adulto masculino (70kg)<br />
CONSTITUINTES ELEMENTARES QUANTIDADE (g)<br />
Carbono 16.000<br />
Nitrogênio 1.800<br />
Cálcio 1.100<br />
Fósforo 500<br />
Enxofre 140<br />
Potássio 140<br />
Sódio 100<br />
Cloro 95<br />
Magnésio 19<br />
Ferro 4,2<br />
Fonte: Adaptado a partir <strong>de</strong> Üçisik e Rushbrook, 1998.<br />
Forbes 4 (1987, apud DENT, 2002) afirma que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água no organismo não<br />
po<strong>de</strong> ser exatamente quantificável, contudo consi<strong>de</strong>ra-se que 70 a 74% da massa corporal seja<br />
composta por água, que contém, aproximadamente, 64% <strong>de</strong> água, 20% <strong>de</strong> proteína, 10% <strong>de</strong><br />
gorduras, 1% <strong>de</strong> carboidratos e 5% <strong>de</strong> minerais. Dent (2002) ainda relaciona outros elementos<br />
representativos que compõem o corpo humano, como oxigênio, hidrogênio, silício, entre<br />
outros, indicados na Tabela 2.2.<br />
Tabela 2. 2 – Outros elementos <strong>de</strong> compõem o corpo humano adulto masculino (70kg)<br />
OUTROS CONSTITUINTES QUANTIDADE (g)<br />
Oxigênio 43.000<br />
Hidrogênio 7.000<br />
Silício 18<br />
Ferro 4,2<br />
Flúor 2,6<br />
Zinco 2,3<br />
Cobre 0,07<br />
Manganês 0,01<br />
Estrôncio 0,32<br />
Bromo 0,2<br />
Alumínio 0,06<br />
Cádmio 0,05<br />
Boro < 0,05<br />
Níquel 0,01<br />
Molibdênio < 0,01<br />
Cromo < 0,002<br />
Fonte: Adaptado a partir <strong>de</strong> Dent, 2002.<br />
Além dos elementos <strong>de</strong>scritos na Tabela 2.2, o corpo humano também é constituído<br />
por elementos-traço importantes, como arsênio, selênio, zinco, entre outros apresentados na<br />
Tabela 2.3.<br />
4 FORBES, G.B. Human body composition, growth, aging, nutrition and activity. New York, USA Springer-<br />
Verlag, 1987.
21<br />
Tabela 2. 3 – Concentração <strong>de</strong> elementos-traços em fluídos humanos<br />
ELEMENTOS URINA (μg.L -1 ) SANGUE (μg.L -1 )<br />
Arsênio 16,7 - 20 5 – 7,9<br />
Cádmio 0,8 – 0,86 0,6 - 1<br />
Cromo 0,4 – 0,61 0,23 – 2,8<br />
Cobalto 0,57 0,39 -0,20<br />
Cobre 23 – 28 960 - 1225<br />
Chumbo 11 - 17 123 – 157,7<br />
Manganês 0,6 – 1,2 8,8 – 13,6<br />
Mercúrio 3,5 – 4,3 5,3 – 9,5<br />
Níquel 0,9 – 2,5 2,3<br />
Selênio 22,1 - 40 105 – 107,5<br />
Zinco 449 - 456 6340 - 6400<br />
Fonte: Adaptado a partir <strong>de</strong> Dent, 2002.<br />
Estes valores apresentados na Tabela 2.3 foram extraídos dos mo<strong>de</strong>los gerais e valores<br />
<strong>de</strong> referência para anatomia ou líquido metabólico dos europeus, comumente usados em<br />
pesquisas <strong>de</strong> composição humana. Sendo assim, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas a natureza do ser<br />
humano, as suas associações ambientais e os riscos da vida a vários produtos químicos que<br />
irão influenciar a sua composição, assim como também as questões <strong>de</strong> gênero genético e<br />
cultural, a proporção em pesos corporais entre mulheres, homens, crianças e adultos (DENT,<br />
2002).<br />
A <strong>de</strong>struição natural dos corpos efetua-se numa sequência <strong>de</strong> quatro períodos: período<br />
<strong>de</strong> coloração, gasoso, coliquativo e esqueletização.<br />
A <strong>de</strong>composição inicia quase que imediatamente após a morte, sendo possível<br />
caracterizá-la por alterações espontâneas. As trocas nutritivas das células são anuladas,<br />
acarretando a <strong>de</strong>struição dos tecidos e acidificação do meio, a partir <strong>de</strong> reações químicas e<br />
biológicas <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> autólise (BANDARRA, 1999). O período <strong>de</strong> coloração inicia-se<br />
após a autólise, pela ação dos microrganismos (aeróbios, anaeróbios e facultativos) presentes<br />
no trato intestinal e respiratório, que inva<strong>de</strong>m os tecidos do corpo.<br />
Dent (2002) cita que inicialmente os organismos aeróbios diminuem a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
oxigênio dos tecidos, criando condições favoráveis para que os microrganismos anaeróbios<br />
<strong>de</strong>componham o corpo e permitam o avanço dos estágios <strong>de</strong> putrefação. Além disso, os<br />
organismos anaeróbios também po<strong>de</strong>m migrar do solo e do ar para os restos mortais nos<br />
últimos estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição. Os organismos anaeróbios representam cerca <strong>de</strong> 90%<br />
<strong>de</strong>stes organismos, tais como: Bacterio<strong>de</strong>s spp. , Bifidobacteria, Eubactéria e em menores<br />
proporções Enterococcus como Lactobacillus, Streptococcus spp. e Enterobacteriaceae<br />
(ÜÇISIK; RUSHBROOK, 1998).
22<br />
No período gasoso, são formados os gases mercaptanas, gás sulfídrico (H 2 S), gás<br />
carbônico (CO 2 ), metano (CH 4 ) e amônia (NH 3 ) no interior do cadáver, que começam a se<br />
espalhar por <strong>de</strong>ntro do corpo. O odor é causado por alguns <strong>de</strong>stes gases e por pequena<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mercaptana, substância que contém sulfeto <strong>de</strong> hidrogênio ligado a carbono<br />
saturado (MIGLIORINI et al., 2007). A fase gasosa <strong>de</strong>senvolve-se por um prazo mínimo <strong>de</strong><br />
três semanas, po<strong>de</strong>ndo prolongar-se por um período maior, <strong>de</strong>ntro das variações em que<br />
atuam os múltiplos fatores que influem na evolução putrefativa.<br />
A próxima fase é a putrefação, cujo fenômeno transformativo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição<br />
continua por meio da liquefação (DENT, 2002). Nesta fase ocorrem reações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m físicoquímica,<br />
que agem na <strong>de</strong>composição da matéria orgânica, pela ação das enzimas e bactérias<br />
microbianas, resultando na <strong>de</strong>struição dos tecidos em gases, líquidos e sais (CAMPOS, 2007).<br />
É a <strong>de</strong>gradação dos tecidos moles para uma irreconhecível massa, beneficiado pela quebra <strong>de</strong><br />
proteínas, carboidratos e gorduras presentes no corpo humano em unida<strong>de</strong>s mais simples,<br />
permitindo que microrganismos cresçam no substrato (DENT, 2002).<br />
A <strong>de</strong>struição dos tecidos po<strong>de</strong> ser influenciada por fatores intrínsecos e extrínsecos. Os<br />
fatores intrínsecos são pertinentes ao próprio corpo, tais como: ida<strong>de</strong>, constituição física e<br />
causa mortis. Os fatores extrínsecos são pertinentes ao ambiente on<strong>de</strong> o corpo foi <strong>de</strong>positado,<br />
tais como: temperatura, umida<strong>de</strong>, aeração, constituição mineralógica, permeabilida<strong>de</strong>, entre<br />
outros (CAMPOS, 2007).<br />
A ação conjunta das bactérias e da fauna necrófaga resulta na geração dos produtos da<br />
coliquação <strong>de</strong>nominado necrochorume (CAMPOS, 2007). É uma solução <strong>de</strong> cor castanhoacinzentanda,<br />
com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 1,23 g.cm -3 , mais viscosa que a água, pH entre 5 e 9 e<br />
temperatura <strong>de</strong> 23 a 28ºC, possui odor forte, com grau variado <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> e patogenicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> bactérias e vírus. Segundo Silva (1998), Matos (2001) e Campos (2007) o necrochorume<br />
constitui-se <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> água, 30% <strong>de</strong> sais minerais dissolvidos e 10% <strong>de</strong> substâncias<br />
complexas bio<strong>de</strong>gradáveis, <strong>de</strong>nominadas diaminas 5 tóxicas, conhecidas como putrescina (1,4<br />
butanodiamina) e cadaverina (1,5 pentanodiamina). As proprieda<strong>de</strong>s da cadaverina e da<br />
putrescina po<strong>de</strong>m ser visualizadas na Tabela 2.4.<br />
5 Diaminas são consi<strong>de</strong>rados venenos potentes, que não dispõem <strong>de</strong> antídotos eficientes e possuem dose letal por<br />
ingestão oral (DL50 oral) <strong>de</strong> 56 mg.kg -1 (25ºC) (CAMPOS, 2007).
Tabela 2. 4 – Proprieda<strong>de</strong>s da cadaverina e putrescina<br />
PROPRIEDADES CADAVERINA (C 5 H 14 N 2 ) PUTRESCINA (C 4 H 12 N 2 )<br />
(1,4 – Diaminapentano) (1,4 – Diaminabutano)<br />
Massa moelcular 102,18 88,15<br />
Densida<strong>de</strong> 0,873 g.cm -3 0,877 g.cm -3<br />
Ponto <strong>de</strong> fusão 26° - 28°C 27° - 28°C<br />
Ponto <strong>de</strong> ebulição 178° - 180°C 158° - 160°C<br />
Ponto <strong>de</strong> fulgor 62°C 51°C<br />
N20D índice <strong>de</strong> refração 1,4582 1,4569<br />
Solubilida<strong>de</strong> em água (23° - 28°C) Elevada Elevada<br />
% nas substâncias orgânicas (~10%) ~23% ~25%<br />
Toxicida<strong>de</strong> Elevada Elevada<br />
Coloração Pardacenta Pardacenta<br />
Odor Corrosivo Corrosivo<br />
Fonte: Silva, 1998.<br />
23<br />
Silva (1998), Matos (2001) e Campos (2007) também citam que as substâncias<br />
complexas bio<strong>de</strong>gradáveis (cadaverina, putrescina entre outras) po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>gradadas<br />
gerando amônio (NH + 4 ). O amônio po<strong>de</strong> ser gerado, em condições anaeróbias, pela hidrólise<br />
das moléculas orgânicas, seguindo as reações 1 e 2 (MATOS, 2001):<br />
proteínas + H 2 O → aminoácidos (carboxila + amina) (1)<br />
aminoácidos (carboxila + amina) → NH 4<br />
+<br />
+ compostos orgânicos (2)<br />
Para Madigan et al. (1997, apud MATOS, 2001), um grupo <strong>de</strong> clostrídios obtém sua<br />
energia por meio da fermentação <strong>de</strong> aminoácidos (ácido isobutírico, sulfeto <strong>de</strong> hidrogênio,<br />
metilmercaptana, cadaverina e putrescina). Esses clostrídios são capazes <strong>de</strong> fermentar a<br />
putrescina segundo a reação 3:<br />
10 C 4 H 12 N 2 + + 26 H 2 O → 6 acetato - + 7 butirato - + 20 NH 4<br />
+<br />
+ 16 H 2 + 13H + (3)<br />
Consumindo oxigênio, a matéria orgânica é oxidada, conforme reação 4:<br />
CH 2 O + O 2 → CO 2 + H 2 O (4)<br />
E o amônio é transformado em nitrato, conforme reação global <strong>de</strong> nitrificação, <strong>de</strong>scrita<br />
pela reação 5 (MADIGAN et al., 1997 apud MATOS, 2001):<br />
NH 4<br />
+<br />
+ 2 O 2 → NO 3 - + 2H + + H 2 O (5)
24<br />
O tempo <strong>de</strong> duração da fase coliquativa é <strong>de</strong> seis a oito meses, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das<br />
condições ambientais do local. Cada corpo <strong>de</strong>composto libera em torno <strong>de</strong> 30 a 40 L <strong>de</strong><br />
necrochorume, <strong>de</strong> maneira intermitente, com gran<strong>de</strong> tendência <strong>de</strong> polimerização, ou seja,<br />
enquanto per<strong>de</strong> água com celerida<strong>de</strong>, incrementa a viscosida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> num curto<br />
período <strong>de</strong> tempo, reduz-se a pó e não permeia para o solo circunvizinho. Os ensaios<br />
realizados por Silva (1998) resultaram numa polimerização e pulverização a uma razão <strong>de</strong> 1 L<br />
em 84 h, reduzindo-se a cerca <strong>de</strong> 50 g <strong>de</strong> um pó mineral inerte, esbranquiçado (SILVA,<br />
1998).<br />
A última fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição humana é a esqueletização on<strong>de</strong> as partes mais<br />
resistentes, como ossos, <strong>de</strong>ntes e cartilagens, permanecem articulados pelos ligamentos até<br />
que finalmente será submetido ao intemperismo químico inorgânico (DENT, 2002).<br />
2.3 ASPECTOS AMBIENTAIS DA INSTALAÇÃO DOS CEMITÉRIOS<br />
Segundo a <strong>de</strong>finição contida na Resolução CONAMA n° 01/86, “impacto ambiental é<br />
qualquer ação que provoque alteração das proprieda<strong>de</strong>s físicas, químicas e biológicas do meio<br />
ambiente, causada por qualquer forma <strong>de</strong> matéria ou energia resultante das ativida<strong>de</strong>s<br />
humanas” diretas ou indiretas. E como a <strong>de</strong>finição da localização <strong>de</strong> cemitérios até então não<br />
estava necessariamente vinculada a nenhum tipo <strong>de</strong> preocupação ambiental, aplicação <strong>de</strong> boas<br />
práticas <strong>de</strong> operação ou sequer havia legislação própria, favorecendo a potencialização dos<br />
riscos ambientais há uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprofundamento do conhecimento dos impactos<br />
sobre a qualida<strong>de</strong> da água e do solo <strong>de</strong>correntes dos sepultamentos.<br />
Apesar da Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) não ter registros sobre epi<strong>de</strong>mias ou<br />
doenças infecciosas que po<strong>de</strong>m ter como fonte causadora a infiltração originada em áreas <strong>de</strong><br />
cemitérios, ainda não há dados científicos claros e suficientes capazes <strong>de</strong> dirimir todas as<br />
dúvidas (ÜÇISIK; RUSHBROOK, 1998).<br />
A Agência Ambiental Inglesa (ENVIRONMENT AGENCY, 2004) aponta fatores <strong>de</strong><br />
vulnerabilida<strong>de</strong> das águas subterrâneas:<br />
a) natureza e o tipo <strong>de</strong> solo: pelo potencial <strong>de</strong> lixiviação e a vulnerabilida<strong>de</strong><br />
proveniente das proprieda<strong>de</strong>s físicas do solo que po<strong>de</strong>m interferir na migração da<br />
água e da capacida<strong>de</strong> natural <strong>de</strong> atenuação dos contaminantes;
25<br />
b) profundida<strong>de</strong> do lençol freático e a consequente camada <strong>de</strong> solo na zona não<br />
saturada que po<strong>de</strong> atenuar a contaminação dos meios físico, biológico e químico;<br />
c) mecanismos <strong>de</strong> fluxo das águas subterrâneas nos espaços intergranulares ou pelas<br />
fissuras do solo.<br />
O aquífero é suscetível e vulnerável a contaminações pelo seu posicionamento<br />
espacial no meio físico e tem seu acesso facilitado aos vetores químicos e microbiológicos<br />
(ROMANÓ, 2004), proporcionando carreamento e lixiviação <strong>de</strong> águas superficiais infiltradas<br />
(CAMPOS, 2007). Romanó (2004) cita que a recarga do aquífero é naturalmente direta,<br />
perfazendo 40% do total precipitado, em algumas situações geológicas e Silva (1998),<br />
Pacheco (2000), Romanó (2004) e Migliorini et al. (2007) afirmam que se houver o<br />
extravasamento do necrochorume, suas implicações serão diretas no aquífero freático,<br />
po<strong>de</strong>ndo permanecer localizada e até disseminar-se através da pluma <strong>de</strong> contaminação.<br />
A movimentação da água subterrânea sempre ocorre <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> alto potencial para<br />
áreas <strong>de</strong> baixo, sendo que a superfície do lençol freático po<strong>de</strong> ser conhecida por meio <strong>de</strong><br />
medições dos níveis <strong>de</strong> água em poços, <strong>de</strong>finindo uma superfície potenciométrica e <strong>de</strong><br />
contorno físico do lençol. As águas subterrâneas possuem uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentação<br />
muito mais lenta que as águas superficiais, po<strong>de</strong>ndo caracterizá-la sob o regime <strong>de</strong><br />
escoamento laminar, com taxas <strong>de</strong> recarga anuais muito pequenas em <strong>de</strong>trimento da<br />
composição da geologia local (CLEARY, 2007).<br />
A interação entre solo e água subterrânea contaminada po<strong>de</strong> servir como um sistema<br />
eficaz nos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> matéria orgânica; nesta purificação estão inclusas a<br />
remoção dos microrganismos e redução <strong>de</strong> vários compostos químicos (MIGLIORINI et al.,<br />
2007). Porém, a complexida<strong>de</strong> da composição do solo po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar intensas reações<br />
bioquímicas e os contaminantes po<strong>de</strong>m mudar enquanto percolam no solo (ENVIRONMENT<br />
AGENCY, 2004). A Figura 2.1 apresenta a movimentação vertical e horizontal esperada <strong>de</strong><br />
possíveis contaminantes em cada zona do solo (saturado e não-saturado) até atingir o aquífero<br />
freático.
SOLO<br />
26<br />
ZONA DE SOLO (1)<br />
SEPULTURA<br />
ZONA NÃO -SATURADA<br />
(2)<br />
NÍVEL DE ÁGUA<br />
ZONA SATURADA<br />
(3)<br />
DIREÇÃO DE FLUXO<br />
Figura 2. 1 – Movimentação vertical e horizontal <strong>de</strong> possíveis contaminantes em cada zona <strong>de</strong> solo<br />
Fonte: Adaptado a partir <strong>de</strong> Environment Agency, 2004.<br />
Os contaminantes provenientes do corpo sepultado po<strong>de</strong>m migrar da zona do solo (1),<br />
por meio da intensa <strong>de</strong>gradação química e bioquímica, atingindo a zona não-saturada do<br />
aquífero subjacente (2) e para a zona saturada do aquífero (3). Pacheco (2000) e Silva (1998)<br />
<strong>de</strong>stacam que quanto menos profundo for o nível do aquífero freático, mais suscetíveis à<br />
inundação estão as sepulturas, tornando o aquífero vulnerável às contaminações pelo<br />
transporte <strong>de</strong> vetores químicos e microbiológicos contidos no necrochorume.<br />
A zona não-saturada do solo (2) atua como uma barreira natural, dificultando o<br />
transporte dos produtos <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição aos aquíferos, funcionando como filtro absorvente e<br />
redutor da <strong>de</strong>gradação química e bioquímica <strong>de</strong> alguns microrganismos e elementos da<br />
<strong>de</strong>composição durante o processo <strong>de</strong> putrefação. Os poluentes fecais são <strong>de</strong>gradados e<br />
tornam-se compostos inócuos e quanto maior o tempo <strong>de</strong> residência mais afetará a efetiva<br />
remoção <strong>de</strong> bactérias e vírus (CAMPOS, 2007). Silva (1998) ainda <strong>de</strong>staca que quanto maior<br />
a profundida<strong>de</strong> do aquífero freático, menor será o teor <strong>de</strong> oxigênio dissolvido, ten<strong>de</strong>ndo a um<br />
ambiente anaeróbio, favorecendo a existência dos patógenos.<br />
Segundo Campos (2007), os processos biológicos e físico-químicos <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>puração<br />
do solo tornam-se favoráveis quando há uma combinação da condutivida<strong>de</strong> hidráulica,<br />
granulometria, composição mineralógica, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca catiônica, permeabilida<strong>de</strong>,<br />
umida<strong>de</strong>, presença <strong>de</strong> nutrientes e condições <strong>de</strong> aeração. Em condições <strong>de</strong>sfavoráveis,<br />
dificulta-se a eliminação <strong>de</strong> microrganismos patogênicos e facilita a contaminação das águas<br />
subterrâneas. O autor ainda cita que solos com composição maior <strong>de</strong> argila do que <strong>de</strong> areia<br />
são mais eficientes na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong> microrganismos, favorecendo a
27<br />
auto<strong>de</strong>puração. No entanto, solos cuja composição é mais arenosa, com número maior <strong>de</strong><br />
vazios e presença <strong>de</strong> fraturas, favorecem a contaminação, afirmação em concordância com<br />
Martins et al. (1991), que observaram que a permeabilida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> solo, com<br />
níveis <strong>de</strong> lençol <strong>de</strong> pequena profundida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> favorecer a passagem <strong>de</strong> bactérias no solo e<br />
dos túmulos para as águas subterrâneas.<br />
A remoção dos microrganismos do solo é inversamente proporcional ao tamanho dos<br />
grãos do solo, ocorrendo preferencialmente nos primeiros 6 mm <strong>de</strong> solo; o aumento da<br />
profundida<strong>de</strong> e a presença dos microrganismos torna o solo apto a comportar-se como filtro<br />
(MATOS, 2001; MIGLIORINI et al., 2007).<br />
A zona saturada do solo (3) atua nos processos <strong>de</strong> interceptação, adsorção e<br />
bio<strong>de</strong>gradação dos contaminantes, dando continuida<strong>de</strong> à <strong>de</strong>composição, além <strong>de</strong> ser um<br />
facilitador da percolação por meio da água presente nos poros e fraturas da camada<br />
(CAMPOS, 2007). O autor ainda <strong>de</strong>staca que o grau <strong>de</strong> filtração <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da natureza do<br />
aquífero e as reações químicas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da composição da água subterrânea. Silva (1998)<br />
enfatiza que, em função das características constitutivas do solo, a percolação <strong>de</strong><br />
contaminante po<strong>de</strong> ser facilitada ou dificultada e profundida<strong>de</strong> do aquífero freático po<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar os processos <strong>de</strong> contaminação.<br />
Matos (2001) e Campos (2007) citam que outros fatores po<strong>de</strong>m influenciar na<br />
sobrevivência e transporte <strong>de</strong> microrganismos são: temperatura, umida<strong>de</strong>, aeração, tipo <strong>de</strong><br />
solo e sua composição mineralógica, permeabilida<strong>de</strong>, que serão abordados posteriormente.<br />
Outros fatores como ida<strong>de</strong> do cadáver, composição do corpo e a causa-mortis po<strong>de</strong>m<br />
constituir num conjunto <strong>de</strong> variáveis capaz <strong>de</strong> influenciar significativamente a putrefação<br />
(CAMPOS, 2007).<br />
Campos (2007) aponta a interação entre a temperatura, umida<strong>de</strong> e ventilação na<br />
aceleração ou retardamento dos fenômenos transformativos do corpo humano:<br />
a) temperaturas entre 25º e 35º C são mais favoráveis à transformação por<br />
influenciar a evaporação da água contida nos corpos e os processos <strong>de</strong><br />
fermentação; temperaturas baixas retardam a <strong>de</strong>composição;<br />
b) umida<strong>de</strong> influencia na <strong>de</strong>gradação da matéria orgânica e na sobrevivência dos<br />
microrganismos, umida<strong>de</strong>s altas facilitam os processos <strong>de</strong> conservação;<br />
c) ventilação facilita a ação <strong>de</strong> microrganismos e organismos aeróbios, sendo mais<br />
retardada a <strong>de</strong>composição quando o sepultamento é por tumulação;
28<br />
d) sepultamento no solo na zona não saturada é natural <strong>de</strong>gradador da matéria<br />
orgânica, contudo as condições mineralógicas e <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong>sacelerar a <strong>de</strong>composição.<br />
Nos estudos <strong>de</strong>senvolvidos por Silva (1998), outro aspecto a ser consi<strong>de</strong>rado é a<br />
qualida<strong>de</strong> das urnas funerárias tem papel fundamental no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação dos caixões,<br />
po<strong>de</strong>ndo influenciar no tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição cadavérica e produzir lixiviado <strong>de</strong> óxidos<br />
metálicos prejudiciais ao solo e água subterrânea, como por exemplo, titânio, cromo, cádmio,<br />
chumbo, ferro, manganês, mercúrio, níquel, entre outros.<br />
A Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) sugere que os caixões <strong>de</strong>vem ser feitos <strong>de</strong><br />
material bio<strong>de</strong>gradável, sem produtos químicos que venham a agredir o meio ambiente.<br />
(ÜÇISIK; RUSHBROOK, 1998). Nas práticas atuais <strong>de</strong> sepultamentos no Reino Unido são<br />
utilizados caixões construídos em aglomerados em MDF com uma chapa <strong>de</strong> papel, ou caixão<br />
bio<strong>de</strong>gradável <strong>de</strong> papelão (ENVIRONMENT AGENCY, 2004). Santarsiero et al. (2000)<br />
concluíram, na avaliação dos aspectos ambientais da realida<strong>de</strong> italiana, que tanto os caixões<br />
como os cemitérios po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados ineficientes reatores biológicos. Resguardadas as<br />
proporções entre os impactos pontuais gerados pelos caixões e o impacto da área do<br />
cemitério, ambos propiciam uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições físicas, químicas e bioquímicas,<br />
relativamente difíceis <strong>de</strong> modificar ou controlar uma vez instaladas.<br />
Pelas diferentes realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> implantação nos diversos países, a legislação passa a ter<br />
um papel prepon<strong>de</strong>rante, estabelecendo as diretrizes técnicas para o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />
engenharia <strong>de</strong> cemitérios. A contaminação das águas subterrâneas por microrganismos<br />
existentes nos corpos em <strong>de</strong>composição, aliado à precarieda<strong>de</strong> da estanqueida<strong>de</strong> e o não<br />
confinamento dos jazigos po<strong>de</strong>m provocar problemas ambientais, como irradiação <strong>de</strong> mau<br />
cheiro, atração <strong>de</strong> vetores, facilitando a disseminação da contaminação, além <strong>de</strong> tornar a água<br />
do subsolo insalubre para consumo (MATOS, 2001; MIGLIORINI, 2007). E por conta <strong>de</strong><br />
todo este conjunto <strong>de</strong> variáveis possíveis, Campos (2007) sugere que se estabeleça um<br />
perímetro <strong>de</strong> proteção sanitária para as áreas internas e externas aos cemitérios.<br />
2.4 VULNERABILIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS<br />
A água subterrânea tem sua origem na superfície, assim como as precipitações e<br />
infiltrações, que ao permearem por meios porosos ou fraturados do solo, formarão aos
29<br />
aquíferos (CLEARY, 2007; FOSTER, 2002). Por <strong>de</strong>finição, “aquíferos são uma formação<br />
geológica com suficiente permeabilida<strong>de</strong> e porosida<strong>de</strong> interconectada para armazenar e<br />
transmitir quantida<strong>de</strong>s significativas <strong>de</strong> água, sob gradientes hidráulicos naturais” (CLEARY,<br />
2007).<br />
Este regime <strong>de</strong> escoamento po<strong>de</strong> ser expresso pela condutivida<strong>de</strong> hidráulica (k), o qual<br />
indica a facilida<strong>de</strong> com que a água flui por meio da camada confinante ou pelo aquífero. A<br />
condutivida<strong>de</strong> hidráulica é função <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s do meio poroso e das características do<br />
fluído. Sendo assim, quanto mais permeável o material geológico, maior a condutivida<strong>de</strong><br />
hidráulica. Isto po<strong>de</strong> ser verificado na Figura 2.2, on<strong>de</strong> Feitosa e Manoel Filho (2000)<br />
<strong>de</strong>monstram as variações da condutivida<strong>de</strong> hidráulica e quais os tipos <strong>de</strong> materiais cujas<br />
características os representam.<br />
K (cm.s -1 ) 10 2 10 1 10 0 10 -1 10 -2 10 -3 10 -4 10 -5 10 -6 10 -7 10 -8 10 -9 10 -10 10 -11<br />
Permeabilida<strong>de</strong> Permeável Semipermeável Impermeável<br />
Aquífero Bom Pobre Não tem proprieda<strong>de</strong>s aquiferas<br />
Cascalho Areia pura ou areia Areia muito fina, silte<br />
Solo<br />
puro com cascalho<br />
Solo orgânico Argila<br />
estratificada<br />
Argila não intemperizada<br />
Rocha Rocha petrolífera Arenito Calcário, Granito<br />
dolomita<br />
K (cm 2 ) 10 -3 10 -4 10 -5 10 -6 10 -7 10 -8 10 -9 10 -10 10 -11 10 -12 10 -13 10 -14 10 -15 10 -16<br />
Figura 2. 2 - Variações <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidráulica e os tipos <strong>de</strong> solos associados.<br />
Fonte: Feitosa e Manoel Filho, 2000.<br />
Cleary (2007) <strong>de</strong>staca que a geologia sempre será heterogênea ou anisotrópica,<br />
refletindo em complicações hidrogeológicas que afetam a velocida<strong>de</strong> e a direção do fluxo das<br />
águas subterrâneas. Quando ocorrem lentes permeáveis, elas funcionam como atrativos sobre<br />
o fluxo <strong>de</strong> água subterrânea, modificando o comportamento das linhas equipotenciais. Então,<br />
os diferentes tipos <strong>de</strong> composições do solo po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finir o grau <strong>de</strong> confinamento dos<br />
aquíferos. Os solos cujas camadas forem predominantemente argilosas e confinadas possuem<br />
a característica <strong>de</strong> serem impermeáveis. Contudo, em termos <strong>de</strong> poluição do solo, estas<br />
camadas propiciam a permanência dos contaminantes por mais tempo (CLEARY, 2007).<br />
O movimento da água e transporte <strong>de</strong> poluentes provenientes da superfície do solo até<br />
os aqüíferos po<strong>de</strong>m, em muitos casos, ser um processo muito lento, levar anos ou décadas<br />
antes do impacto <strong>de</strong> um inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> poluição, contudo a preocupação da contaminação das<br />
águas subterrâneas se refere, principalmente, aos aquíferos livres ou subterrâneos,
30<br />
especialmente, aqueles cujo aqüífero é mais superficial. Isto po<strong>de</strong> trazer um gran<strong>de</strong> benefício,<br />
favorecendo com tempo suficiente para a <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> contaminantes <strong>de</strong>gradáveis e<br />
também po<strong>de</strong> trazer um problema sério, como encorajar a complacência sobre a probabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> penetração <strong>de</strong> poluentes persistentes (FOSTER et al., 1988).<br />
A vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um aquífero à poluição se dá pela maior ou menor<br />
susceptibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser afetado por uma carga contaminante imposta, po<strong>de</strong>ndo ser<br />
caracterizada por dois fatores: acessibilida<strong>de</strong> da zona saturada à penetração <strong>de</strong> poluentes e<br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenuação, resultante <strong>de</strong> retenção físico-química (FOSTER et al., 1988).<br />
Segundo Foster (2002), é fundamental observar as três leis sobre vulnerabilida<strong>de</strong> das águas<br />
subterrâneas:<br />
a) todo aquífero tem algum grau <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> à contaminação;<br />
b) qualquer evolução <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> à contaminação dos aquíferos contém<br />
incertezas;<br />
c) ao avaliar a vulnerabilida<strong>de</strong> nos sistemas mais complexos, corre-se o risco <strong>de</strong><br />
avaliar o óbvio e não se distinguir o que é sutil.<br />
Ferreira (1998), ao avaliar a poluição das águas subterrâneas dos aquíferos <strong>de</strong><br />
Portugal, apresenta a análise <strong>de</strong> mapas <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> das águas subterrâneas produzidos<br />
por métodos <strong>de</strong>senvolvidos na França e Reino Unido.<br />
Para a avaliação da vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Valence, França, publicado pela BRGM 6 em<br />
1979, foram consi<strong>de</strong>rados os seguintes critérios para a confecção do mapa:<br />
a) avaliação o valor do aquífero como fonte <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água,<br />
b) capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção relativa aos poluentes provenientes da superfície do solo,<br />
c) tempo <strong>de</strong> percurso do poluente da superfície até o aquífero,<br />
d) e a persistência do poluente no aquífero.<br />
Entretanto, segundo o autor, o método apresenta-se muito amplo, misturando<br />
conceitos distintos, fatores estáticos e dinâmicos.<br />
Já os mapas <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do Reino Unido, elaborados pelo Institute of<br />
Geological Sciences, em 1983, baseiam-se em quatro classes que correspon<strong>de</strong>m ao tempo <strong>de</strong><br />
6 Bureau <strong>de</strong> Recherches Géologiques et Minières
31<br />
percurso <strong>de</strong> um poluente conservativo, não-adsorvível e não-absorvível, através da zona nãosaturada<br />
do solo (FERREIRA, 1998).<br />
Aller (1987) <strong>de</strong>senvolveu um índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominado DRASTIC 7 para a<br />
Agência <strong>de</strong> Proteção Ambiental dos Estados Unidos, com características <strong>de</strong> simplicida<strong>de</strong> e<br />
utilida<strong>de</strong>, fundamentado “num conjunto <strong>de</strong> procedimentos que permitem integrar vários<br />
parâmetros caracterizadores do meio subterrâneo e da sua especificida<strong>de</strong>”. Correspon<strong>de</strong> à<br />
média <strong>de</strong> sete valores correspon<strong>de</strong>ntes aos seguintes sete parâmetros ou indicadores<br />
hidrogeológicos: profundida<strong>de</strong> da zona não-saturada do solo (D), recarga profunda dos<br />
aquíferos (R), material do aquífero (A), tipo <strong>de</strong> solo (S), topografia (T), impacto da zona nãosaturada<br />
(I) e condutivida<strong>de</strong> hidráulica (C).<br />
Outro método para <strong>de</strong>terminação da vulnerabilida<strong>de</strong> dos aquíferos é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong><br />
GOD 8 e é expresso por meio <strong>de</strong> um índice numérico, que correspon<strong>de</strong> ao grau <strong>de</strong><br />
confinamento da água subterrânea (G), ocorrência <strong>de</strong> estratos geológicos e grau <strong>de</strong><br />
consolidação da zona não saturada ou camadas confinadas (O) e profundida<strong>de</strong> do nível da<br />
água subterrânea (D). Fundamenta-se nos mecanismos <strong>de</strong> recarga e na capacida<strong>de</strong> natural dos<br />
materiais que compõem os extratos das zonas não saturadas em atenuar fluídos, variável em<br />
função das condições geológicas superficiais e das profundida<strong>de</strong>s do nível <strong>de</strong> água<br />
subterrânea (FOSTER et al., 2002). O método está subdividido em três fases <strong>de</strong> atribuição <strong>de</strong><br />
valores interligados e sucessivos, representadas na Figura 2.3, que culminará na obtenção <strong>de</strong><br />
um índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> natural do aquífero.<br />
A primeira fase <strong>de</strong> atribuição correspon<strong>de</strong> à i<strong>de</strong>ntificação do tipo e do grau <strong>de</strong><br />
confinamento hidráulico da água subterrânea (G), apresentados num intervalo <strong>de</strong> 0 a 1, cuja<br />
pontuação varia para confinamento artesiano, confinado, semi-confinado, não confinado<br />
(coberto) e não confinado. Os aquíferos confinados são formações geológicas permeáveis,<br />
contornadas por camadas relativamente impermeáveis e que estão sob pressões maiores que a<br />
pressão atmosférica e difere dos aquíferos não-confinados pela superfície freática que não está<br />
impedida <strong>de</strong> se movimentar para cima e para baixo, através <strong>de</strong> materiais menos permeáveis,<br />
tais como camadas <strong>de</strong> argilas (FOSTER et al., 2002).<br />
A segunda fase <strong>de</strong> contribuição consiste na valoração da ocorrência e caracterização<br />
geológica da zona não saturada, compreendido numa escala variável <strong>de</strong> 0,4 a 1, atribuído <strong>de</strong><br />
acordo com o estrato geológico (O) encontrado na área em avaliação, em termos do: (a) grau<br />
7 DRASTIC significa <strong>de</strong>pth to the water table (D), net recharge (R), aquifer material (A), soil type (S),<br />
topography (T), impact of the unsaturated zone (I) e hydraulic conductivity (C)<br />
8 GOD significa groundwater hydraulic confinement (G), overlaying strata (O) e <strong>de</strong>pth to groundwater tabel<br />
(D),
32<br />
<strong>de</strong> consolidação, consi<strong>de</strong>rando a provável presença ou ausência <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> por<br />
fissuras) e (b) tipo <strong>de</strong> litologia, que indiretamente consi<strong>de</strong>ra a porosida<strong>de</strong> efetiva,<br />
permeabilida<strong>de</strong> da matriz e conteúdo <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> na zona não-saturada ou retenção específica<br />
(FOSTER et al., 2002).<br />
Figura 2. 3 – Figura que apresenta as três fases <strong>de</strong> análise proposta pelo método GOD<br />
Fonte: SMMA, 2008a.
33<br />
E a terceira fase <strong>de</strong> atribuição consiste na atribuição <strong>de</strong> valor <strong>de</strong> acordo com a<br />
distância ou a profundida<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> água em aqüíferos não-confinados ou a profundida<strong>de</strong><br />
do teto do primeiro aqüífero confinado (D), valorando numa escala compreendida entre 0,6 a<br />
1 (FOSTER et al., 2002).<br />
O produto dos três fatores resulta numa classe <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> natural à poluição do<br />
aquífero que varia <strong>de</strong> extrema, alta, mo<strong>de</strong>rada, baixa a <strong>de</strong>sprezível, expresso numa escala <strong>de</strong><br />
0,1 a 1, em termos relativos (FOSTER et al., 2002). A nomenclatura <strong>de</strong> cada classe possui<br />
caráter restritivo, refletindo a sensibilida<strong>de</strong> natural das características dos estratos geológicos<br />
e pedológicos na zona não saturada e das condições hidrogeológicas do aquífero (ocorrência e<br />
profundida<strong>de</strong> do nível da água subterrânea), conforme apresentadas na Tabela 2.5.<br />
Tabela 2. 5 – Definição das classes <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminação dos aqüíferos subterrâneos.<br />
CLASSES DE<br />
DEFINIÇÃO<br />
VULNERABILIDADE<br />
Extrema Vulnerável a maioria dos contaminantes com impacto rápido em<br />
muitos cenários <strong>de</strong> contaminação.<br />
Alta<br />
Vulnerável a muitos contaminantes (exceto os que são fortemente<br />
absorvidos ou facilmente transformados) em muitos cenários <strong>de</strong><br />
contaminação.<br />
Mo<strong>de</strong>rada Vulnerável a alguns contaminantes apenas quando são continuamente<br />
<strong>de</strong>scarregados ou lixiviados.<br />
Baixa Apenas vulnerável a contaminantes conservativos quando são<br />
<strong>de</strong>scarregados ou lixiviados continuamente por longos períodos.<br />
Insignificante Presença <strong>de</strong> camadas <strong>de</strong> confinamento no fluxo vertical insignificante.<br />
Fonte: FOSTER et al., 2002.<br />
Este é um método simplificado <strong>de</strong> dados disponíveis das variáveis geológicas e <strong>de</strong><br />
processos hidrogeológicos, ambos naturalmente complexos, com o propósito <strong>de</strong> indicar<br />
genericamente o potencial <strong>de</strong> contaminação da água subterrânea, permitindo avaliar propostas<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e da política <strong>de</strong> proteção das águas subterrâneas, bem como embasar<br />
<strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> controle e monitoramento quanto a qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stas águas (FOSTER et al.,<br />
2002).<br />
2.5 SIGNIFICADO AMBIENTAL E SANITÁRIO DOS PARÂMETROS DE QUALIDADE<br />
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E SUA RELAÇÃO COM O NECROCHORUME<br />
Para caracterizar o necrochorume e a possível contaminação das águas subterrâneas,<br />
oriundas do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição, são utilizados parâmetros microbiológicos, químicos<br />
e físicos. As análises laboratoriais das águas subterrâneas permitem verificar o atendimento da
34<br />
legislação ambiental, avaliar o histórico da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas, acompanharem<br />
possíveis contaminações, levantar passivos ambientais e possibilitar ações preventivas e <strong>de</strong><br />
controle.<br />
2.5.1 Parâmetros microbiológicos<br />
Devido à composição bioquímica do necrochorume, é provável encontrar números<br />
elevados <strong>de</strong> bactérias <strong>de</strong>gradadoras <strong>de</strong> matéria orgânica (bactérias heterotróficas), <strong>de</strong> proteínas<br />
(bactérias proteolíticas) e lipídios (bactérias lipolíticas). Os organismos envolvidos no<br />
processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição são geralmente avaliados a partir <strong>de</strong> matéria fecal e <strong>de</strong> esgotos.<br />
Dent (2002) apresenta as informações obtidas por Corry (CORRY, 1978 apud DENT, 2002)<br />
sobre as populações microbianas do pós-morte, <strong>de</strong>monstrado na Tabela 2.6.<br />
Tabela 2. 6 – Bactérias típicas encontradas no corpo humano.<br />
PARTES DO CORPO<br />
GÊNERO TÍPICO<br />
Colon<br />
Bacterio<strong>de</strong>s, Clostridium, Escherichia, Proteus<br />
Orelha<br />
Corynebacterium, Mycobacterium, Staphylococcus<br />
Olhos<br />
Staphylococcus, Corynebacterium,<br />
Propionnibacterium<br />
Boca<br />
Actinomyces, Bacterio<strong>de</strong>s, Streptococcus<br />
Cavida<strong>de</strong>s nasais Corynebacterium, Staphylococcus<br />
Nasofaringe Streptococcus, Haemophilus<br />
Pele<br />
Propionnibacterium, Staphylococcus<br />
Estômago Helicobacter pylori<br />
Uretra<br />
Acinetobacter, Escherichia, Staphylococcus<br />
Vagina<br />
Acinetobacter, Corynebacterium, Lactobacillus,<br />
Staphylococcus<br />
Fonte: Adaptado a partir <strong>de</strong> Dent, 2002.<br />
Também é possível encontrar bactérias que são normalmente excretadas por humanos<br />
e animais, como Escherichia coli, Enterobacter, Klebsiella e Citrobacter (as quatro formam o<br />
grupo coliforme total), Streptococcus faecalis, alguns clostrídios como Clostridium perfringes<br />
e Clostridium welchii, entre outros. E po<strong>de</strong>m estar presentes bactérias patogênicas, como<br />
Salmonella typhi, e vírus humanos, como enterovírus (MATOS, 2001). Nos esgotos também<br />
são encontradas algumas das bactérias citadas acima e os vírus comuns do gênero Echovirus,<br />
Enterovirus, Hepatite A, poliovírus e rotavírus.<br />
As bactérias que pertencem ao grupo coliforme são comumente utilizadas como<br />
indicadores indiretos <strong>de</strong> contaminação, tanto em termos quantitativos como qualitativos<br />
(MARTINS et al., 1991), restritos ao trato intestinal <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> sangue quente
35<br />
(ENVIROMENT AGENCY, 2007b; CETESB, 2008). Está presente em cerca <strong>de</strong> 1/3 a 1/5 do<br />
peso das fezes humanas e apresenta uma sobrevida maior que a maioria das bactérias<br />
patogênicas intestinais (von SPERLING, 2005).<br />
De acordo com a CETESB (2008), a concentração <strong>de</strong> coliformes indica a possibilida<strong>de</strong><br />
da existência <strong>de</strong> microrganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão <strong>de</strong> doenças <strong>de</strong><br />
veiculação hídrica, tais como febre tifói<strong>de</strong>, febre paratifói<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sinteria bacilar e cólera<br />
(CETESB, 2008).<br />
De acordo com Martins et al. (1991, p. 1), “a maior vantagem é que coliformes fecais<br />
não tem <strong>de</strong>monstrado condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento no meio aquático, diferindo dos<br />
coliformes totais, e sobrevivem tempo suficiente para ser um indicador útil”.<br />
Além <strong>de</strong>sses, outros indicadores têm sido utilizados para avaliação da qualida<strong>de</strong> das<br />
águas, os clostrídios sulfito redutores, que são bactérias formadoras <strong>de</strong> esporos, mais<br />
resistentes às condições adversas, permanecendo por longo período <strong>de</strong> tempo no solo, o que<br />
permite que sejam indicadores <strong>de</strong> poluição remota (MADIGAN, 2004).<br />
Para evi<strong>de</strong>nciação dos riscos da presença <strong>de</strong> microrganismos patogênicos nas águas<br />
subterrâneas, tem sido também utilizada a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> Salmonella sp, pois neste gênero,<br />
encontram-se bactérias responsáveis pela febre tifói<strong>de</strong> e por infecções gastro-intestinais <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong> importância para a saú<strong>de</strong> pública (MARTINS et al., 1991; MADIGAN, 2004). No<br />
entanto, Martins et al. (1991) citam que as bactérias proteolíticas e lipolíticas são comumente<br />
estudadas na microbiologia <strong>de</strong> alimentos como <strong>de</strong>compositores <strong>de</strong> carnes e outros produtos <strong>de</strong><br />
origem animal. A presença <strong>de</strong>stes microrganismos e as interações possíveis com o ambiente,<br />
<strong>de</strong> modo especial, as águas subterrâneas, suscitam a verificação da influência das instalações e<br />
dos procedimentos operacionais nos cemitérios e a i<strong>de</strong>ntificação das possíveis causas para os<br />
impactos.<br />
As bactérias possuem a característica <strong>de</strong> sobreviver por mais tempo quando há<br />
ocorrência <strong>de</strong> temperaturas mais baixas, solos mais úmidos, com menor ativida<strong>de</strong> microbiana,<br />
ambiente mais alcalino e com maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria orgânica. Os vírus possuem uma<br />
sobrevida maior em temperaturas mais baixas, alguns sofrem inativação na presença <strong>de</strong><br />
ativida<strong>de</strong> microbiana, outros são protegidos pela adsorção, po<strong>de</strong>ndo sobreviver por mais<br />
tempo (MATOS, 2001). Para Romero (1970) apud Matos (2001), o tempo <strong>de</strong> sobrevivência<br />
<strong>de</strong> vírus e bactérias é variável entre dois a três meses.<br />
Matos (2001), ao analisar o transporte feito por bactérias, concluiu que este se dá por<br />
alguns metros, diminuindo a concentração com o aumento da distância em relação à fonte <strong>de</strong><br />
contaminação. Relata também que os vírus parecem ter maior mobilida<strong>de</strong> que as bactérias,
36<br />
tendo sido transportados por pelos menos 3,20 m na zona não saturada do solo até alcançar o<br />
aquífero. Pacheco (2000) afirma que o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> bactérias em águas subterrâneas varia<br />
<strong>de</strong> 15 a 30 m em meios saturados e <strong>de</strong> vírus po<strong>de</strong> chegar a 60 m.<br />
2.5.2 Parâmetros químicos<br />
Os contaminantes provenientes da <strong>de</strong>composição humana são encontrados na forma <strong>de</strong><br />
elementos dissolvidos, gasosos e nitrogênio dissolvido, na forma amoniacal. O potencial<br />
poluidor do corpo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fatores intrínsecos ao local <strong>de</strong> sepultamento,<br />
como: pH, clima, litologia do solo, condições <strong>de</strong> confinamento.<br />
A Agência Ambiental Inglesa (ENVIROMENT AGENCY, 2004) cita que a<br />
<strong>de</strong>composição é mais intensa no primeiro ano e, nos anos subsequentes, a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>composição <strong>de</strong>cai ano a ano até atingir 10 anos <strong>de</strong> sepultamento. A estimativa <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> contaminantes em função do tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> um corpo<br />
humano típico <strong>de</strong> 70 kg está ilustrada na Tabela 2.7.<br />
Tabela 2. 7 – Emissão potencialmente contaminante (kg) proveniente <strong>de</strong> um sepultamento simples<br />
(70kg)<br />
ANO COT * NH 4 Ca Mg Na K P SO 4 Cl Fe<br />
1 6,00 0,87 0,56 0,010 0,050 0,070 0,250 0,210 0,048 0,020<br />
2 3,00 0,44 0,28 0,005 0,025 0,035 0,125 0,110 0,024 0,010<br />
3 1,50 0,22 0,14 0,003 0,013 0,018 0,063 0,054 0,012 0,005<br />
4 0,75 0,11 0,07 0,001 0,006 0,009 0,032 0,027 0,006 0,003<br />
5 0,37 0,05 0,03
37<br />
entorno, principalmente, pelo consumo <strong>de</strong> água do aquífero freático captada <strong>de</strong> poços<br />
localizados na área <strong>de</strong> influência do cemitério.<br />
Os parâmetros que compõem a análise química da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas<br />
são: <strong>de</strong>manda bioquímica <strong>de</strong> oxigênio (DBO), <strong>de</strong>manda química <strong>de</strong> oxigênio (DQO), nitrito,<br />
nitrato, nitrogênio amoniacal, fosfato total, cloretos, ferro, chumbo, magnésio, cálcio. Uma<br />
característica comum entre eles é que todos aparecem em águas naturais <strong>de</strong>vido às <strong>de</strong>scargas<br />
<strong>de</strong> esgotos sanitários.<br />
A <strong>de</strong>manda bioquímica <strong>de</strong> oxigênio (DBO) reflete uma medida da poluição orgânica,<br />
sendo uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio requerido para “estabilizar, através <strong>de</strong> processos<br />
bioquímicos, a matéria orgânica carbonácea” (von SPERLING, 2005, p. 90). É uma medida<br />
da poluição, que ao sofrer elevação quantitativa indica contaminação <strong>de</strong> origem<br />
predominantemente orgânica que em altas concentrações diminui a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio na<br />
água, provocando o <strong>de</strong>sequilíbrio no meio aquático (CETESB, 2008).<br />
A <strong>de</strong>manda química <strong>de</strong> oxigênio (DQO) é uma estimativa da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material<br />
orgânico por reação química e redutível presente na água (von SPERLING, 2005). É valido<br />
ressaltar, entretanto, que os valores da DQO são maiores que os da DBO, sendo uma relação<br />
3/1 quando aplicado a tratamentos biológicos (CETESB, 2008).<br />
Analisar conjuntamente os resultados da DQO com a DBO serve para observar a<br />
bio<strong>de</strong>gradabilida<strong>de</strong> da contaminação. Os resultados da DQO <strong>de</strong> uma amostra são superiores a<br />
DBO, contudo quanto mais se aproximarem estes valores significa que mais bio<strong>de</strong>gradável<br />
será o efluente (CETESB, 2008).<br />
A dureza é um índice que me<strong>de</strong> a concentração <strong>de</strong> íons cálcio e magnésio, proveniente<br />
naturalmente do carbonato <strong>de</strong> cálcio (CaCO 3 ) e nos locais dos cemitérios é disponibilizado<br />
pela <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> ossos e adição <strong>de</strong> cal nas sepulturas (NEIRA et al., 2008). Também<br />
relaciona a capacida<strong>de</strong> da água em produzir espuma a partir do sabão, e quanto mais “dura”<br />
for a água, mais difícil será a formação <strong>de</strong> espuma a partir do sabão.<br />
Já o nitrogênio po<strong>de</strong> ser encontrado nas águas subterrâneas nas formas <strong>de</strong> nitrogênio<br />
orgânico, amoniacal, nitrito e nitrato, sendo os esgotos sanitários sua principal fonte. O<br />
nitrogênio orgânico presente nas águas é, geralmente, <strong>de</strong>vida à presença <strong>de</strong> proteínas e o<br />
nitrogênio amoniacal pela hidrólise da uréia (CETESB, 2008). A presença do nitrogênio no<br />
necrochorume é <strong>de</strong>corrente das sucessivas reações pós-morte até a formação da putrescina,<br />
que pela ação <strong>de</strong> patógenos, converte-a em acetato, butirato, amônio, gás hidrogênio e cátion<br />
hidrogênio.
38<br />
O nitrato é a principal forma combinada <strong>de</strong> nitrogênio encontrada nas águas naturais,<br />
contudo sua presença em concentrações maiores que 5 mg.L -1 po<strong>de</strong> refletir condições não<br />
sanitárias. O nitrito é encontrado em quantida<strong>de</strong>s menores nas águas superficiais e sua<br />
presença na água indica processos biológicos em ativida<strong>de</strong>. A amônia também é resultante da<br />
redução biológica <strong>de</strong> nitratos ou nitritos sob condições anaeróbias, em concentrações mais<br />
elevadas po<strong>de</strong> ser tóxica e concentrações superiores a 0,1 mg.L -1 po<strong>de</strong>m indicar influências<br />
antrópicas. Os nitratos são tóxicos, causando uma doença chamada metahemoglobinemia<br />
infantil, letal para as crianças, on<strong>de</strong> o nitrato se reduz a nitrito na corrente sanguínea,<br />
competindo com o oxigênio livre, tornando o sangue azul (CETESB, 2008).<br />
O fósforo é um elemento não metálico que po<strong>de</strong> ocorrer em numerosas formas<br />
(orgânicas ou inorgânicas), po<strong>de</strong>ndo estar presente nas águas na forma <strong>de</strong> espécies dissolvidas<br />
ou particuladas e constitui, junto com o nitrogênio, um dos principais nutrientes para<br />
estabilização da matéria orgânica nos processos biológicos. Não apresenta problemas <strong>de</strong><br />
or<strong>de</strong>m sanitária nas águas <strong>de</strong> abastecimento, normalmente não é tóxico para o homem e<br />
animais, constituindo um elemento essencial para o crescimento das plantas e é utilizado para<br />
caracterização <strong>de</strong> corpos d´água (von SPERLING, 2005). Contudo, Silva afirma que a<br />
toxicida<strong>de</strong> química dos produtos da coliquação diluídos em água está relacionada aos teores<br />
anômalos <strong>de</strong> compostos das ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> fósforo e do nitrogênio, metais pesados e aminas<br />
(SILVA, 1998).<br />
Os íons <strong>de</strong> cloreto são encontrados em quase todas as águas naturais, inclusive na água<br />
<strong>de</strong> chuva e principalmente, em elevadas concentrações, na água do mar. Em <strong>de</strong>terminadas<br />
quantida<strong>de</strong>s confere sabor salgado à água. Sua presença também po<strong>de</strong> ser antropogênica,<br />
proveniente <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> efluentes domésticos e industriais (von SPERLING, 2005). As<br />
concentrações <strong>de</strong> cloretos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das condições locais, variando consi<strong>de</strong>ravelmente. De<br />
acordo com estimativas da Environment Agency (2004), a carga <strong>de</strong> cloretos representa 0,59 %<br />
do total das emissões potencialmente contaminantes provenientes <strong>de</strong> um sepultamento<br />
simples (70 kg).<br />
O ferro é o quarto elemento mais abundante da crosta terrestre, sendo encontrado tanto<br />
na forma do íon Fe 2+ como Fe 3+ . O ferro é um elemento <strong>de</strong>rivado naturalmente do<br />
intemperismo da crosta terrestre, oriundo principalmente <strong>de</strong> rochas ígneas e minérios, sendo<br />
proveniente também <strong>de</strong> rochas metamórficas e sedimentares (ENVIRONMENT AGENCY,<br />
2007a; von SPERLING, 2005). Diversas fontes po<strong>de</strong>m contribuir com a elevação das<br />
concentrações <strong>de</strong> ferro no ambiente, entre as quais se <strong>de</strong>stacam: os resíduos industriais, a<br />
queima <strong>de</strong> carvão e coque, as drenagens ácidas <strong>de</strong> mineração, o processamento <strong>de</strong> minérios e
39<br />
a corrosão do ferro e do aço. Nas águas subterrâneas, o ferro ocorre naturalmente quando há<br />
pouco ou nenhum oxigênio, em áreas on<strong>de</strong> o fluxo <strong>de</strong> água é mais lento e que fluem por solos<br />
ricos em matéria orgânica (ENVIRONMENT AGENCY, 2007a).<br />
O chumbo, um elemento <strong>de</strong> ocorrência natural no ambiente, po<strong>de</strong> ser encontrado tanto<br />
na forma solúvel ou em suspensão na água. Em função da baixa solubilida<strong>de</strong>, a concentração<br />
<strong>de</strong> chumbo encontrada normalmente nas águas naturais é baixa. De acordo com Mc Neely et<br />
al. (1979), a concentração <strong>de</strong> chumbo na água e sua toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos seguintes<br />
parâmetros: dureza, pH, alcalinida<strong>de</strong> e oxigênio dissolvido presente na água. Contudo, se a<br />
exposição ao chumbo for aguda po<strong>de</strong> causar inflamação gastrointestinal, vômitos e diarréias e<br />
se a exposição for prolongada po<strong>de</strong>m causar danos renais, cardiovasculares, neurológicos, nos<br />
músculos e nos ossos. Tem caráter acumulativo, provocando envenenamento crônico, mais<br />
conhecido como saturnismo (CETESB, 2008).<br />
O magnésio é um elemento classificado como metal alcalino-terroso e um constituinte<br />
comum das águas naturais, que juntamente com o cálcio é um dos principais constituintes da<br />
dureza total da água. O magnésio é um elemento não tóxico e não oferece riscos à saú<strong>de</strong><br />
humana ou a vida aquática; e o cálcio, por sua vez, é relativamente abundante na crosta<br />
terrestre e altamente solúvel, o que torna a ocorrência <strong>de</strong>ste elemento na água muito frequente<br />
(von SPERLING, 2005). De acordo com estimativas da Environment Agency (2004), a carga<br />
<strong>de</strong> cálcio representa aproximadamente 7% do total das emissões potencialmente contaminante<br />
<strong>de</strong> um sepultamento típico (70 kg).<br />
2.5.3 Parâmetros físicos<br />
Os parâmetros ditos físicos são representados pelos seguintes indicadores: turbi<strong>de</strong>z,<br />
cor, sólidos dissolvidos totais e dureza.<br />
A CETESB (2008) <strong>de</strong>fine que a cor <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong> água está associada ao grau <strong>de</strong><br />
redução <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> que a luz sofre ao atravessá-la <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> sólidos<br />
dissolvidos, principalmente em material coloidal orgânico e inorgânico. Esta redução se dá<br />
por absorção <strong>de</strong> parte da radiação eletromagnética.<br />
Já a turbi<strong>de</strong>z é <strong>de</strong>finida como o grau <strong>de</strong> atenuação <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> que um feixe <strong>de</strong> luz<br />
sofre ao atravessá-la, <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> sólidos em suspensão, tais como partículas<br />
inorgânicas (areia, silte e argila) e <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos orgânicos, algas e bactérias. Esta redução se dá<br />
por absorção e espalhamento, uma vez que as partículas que provocam turbi<strong>de</strong>z são maiores<br />
que o comprimento <strong>de</strong> onda da luz branca (CETESB, 2008).
40<br />
Os sólidos dissolvidos totais representam a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substâncias dissolvidas na<br />
água, o qual é utilizado normalmente como parâmetro <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> da água para consumo<br />
humano. A matéria sólida total presente na água po<strong>de</strong> ser dividida em duas categorias<br />
principais: os sólidos em suspensão e os sólidos dissolvidos, estes por sua vez são<br />
constituídos por partículas sólidas coloidais e por sólidos dissolvidos na água. A presença<br />
<strong>de</strong>stes solutos altera as proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas da água. Altas concentrações <strong>de</strong> sólidos<br />
dissolvidos totais limitam a disponibilida<strong>de</strong> das águas como fonte <strong>de</strong> abastecimento (von<br />
SPERLING, 1996).<br />
A condutivida<strong>de</strong> elétrica expressa a capacida<strong>de</strong> da água em conduzir a corrente<br />
elétrica, representando uma medida indireta da concentração <strong>de</strong> poluentes. Isto se <strong>de</strong>ve pelo<br />
fato <strong>de</strong> indicar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sais existentes na amostra <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das concentrações<br />
iônicas e da temperatura. A condutivida<strong>de</strong> aumenta à medida que mais sólidos dissolvidos são<br />
adicionados no aquífero (CETESB, 2008).<br />
Outro parâmetro importante é o potencial hidrogeniônico (pH) que influencia<br />
diretamente sobre a fisiologia <strong>de</strong> diversas espécies, contribuir com a precipitação <strong>de</strong><br />
elementos químicos tóxicos como metais pesados e exercer efeitos <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
nutrientes (CETESB, 2008).<br />
2.6 ASPECTOS LEGAIS: FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL<br />
Os aspectos legais são exíguos para muitas cida<strong>de</strong>s, dificultando a obtenção da<br />
legislação a cerca <strong>de</strong>ste assunto. Santarsiero et al. (2000) afirmam que na Itália há limitação<br />
<strong>de</strong> espaço para os cemitérios existentes e dificulda<strong>de</strong>s em encontrar novas áreas, o que tem<br />
preocupado autorida<strong>de</strong>s <strong>municipais</strong> das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte. Na Inglaterra, há<br />
legislação específica para localização, <strong>de</strong>senvolvimento e exploração <strong>de</strong> cemitérios, sendo a<br />
Agência <strong>de</strong> Meio Ambiente (Environment Agency) a responsável por proteger a qualida<strong>de</strong><br />
das águas superficiais e subterrâneas, através do estabelecimento <strong>de</strong> políticas e práticas que<br />
impeçam a poluição.<br />
No Brasil, não há lei fe<strong>de</strong>ral que discipline o regime dos bens funerários,<br />
especialmente no que diz respeito às necrópoles e as sepulturas. Na Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />
1998, o serviço funerário é <strong>de</strong> competência predominante dos municípios, sendo dado aos<br />
gestores públicos o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir os investimentos quando julgar conveniente e oportuno<br />
(SILVESTRE, 2006).
41<br />
Dentro das competências que cabe ao legislador fe<strong>de</strong>ral, as resoluções expedidas pelo<br />
CONAMA são as norteadoras do licenciamento <strong>de</strong> cemitérios.<br />
Licenciamento ambiental é <strong>de</strong>finido como:<br />
“procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente<br />
licencia a localização, instalação, ampliação e a operação <strong>de</strong><br />
empreendimentos e ativida<strong>de</strong>s utilizadoras <strong>de</strong> recursos ambientais,<br />
consi<strong>de</strong>radas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob<br />
qualquer forma, possam causar <strong>de</strong>gradação ambiental (RESOLUÇÃO<br />
CONAMA nº 237/97, p.1).”<br />
Levando em consi<strong>de</strong>ração as especificida<strong>de</strong>s e os riscos ambientais, as resoluções<br />
CONAMA nº 335/2003 e sua alteração subsequente CONAMA n° 368/2006 dispõem<br />
especificamente sobre licenciamento ambiental <strong>de</strong> cemitérios, as quais servem <strong>de</strong><br />
embasamento para a legislação estadual.<br />
A Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA) do Estado do<br />
Paraná aprovou recentemente a Resolução SEMA n° 02/09, na qual <strong>de</strong>fine que “os cemitérios<br />
são lugares <strong>de</strong>stinados a sepultamentos <strong>de</strong> cadáveres humanos ou não”, ou seja, pessoas<br />
falecidas, membros amputados e restos mortais. Também reafirma que a ativida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvida nos cemitérios é <strong>de</strong> efetivo potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação ambiental <strong>de</strong>corrente da sua<br />
implantação e operação. Define que a exigibilida<strong>de</strong> do EIA / RIMA ou qualquer outro<br />
instrumento <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> controle ambiental será analisado por Câmara Técnica a ser<br />
constituída para tal finalida<strong>de</strong>. A Resolução também <strong>de</strong>fine requisitos mínimos a serem<br />
atendidos como:<br />
a) Prover <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> drenagem superficial a<strong>de</strong>quado e suficiente, incluindo<br />
acessórios e dispositivos para captar, encaminhar e dispor das águas pluviais;<br />
b) Manter recuo do perímetro <strong>de</strong> 5 m no mínimo;<br />
c) Plantar árvores somente em áreas a<strong>de</strong>quadas ou em locais on<strong>de</strong> as raízes não<br />
causem danos aos jazigos;<br />
d) Escolher local cuja permeabilida<strong>de</strong> do substrato seja menor que 10 -5 cm.s -1 ; em<br />
situações contrárias, adotar medidas adicionais <strong>de</strong> impermeabilização para<br />
impedir a percolação <strong>de</strong> possíveis contaminantes em direção ao aquífero freático;<br />
e) Garantir que o nível do lençol freático estará a uma distância mínima <strong>de</strong> 1,50 m<br />
do fundo do jazigo.
42<br />
Além disso, proíbe a implantação <strong>de</strong> cemitérios em áreas úmidas, em terrenos sujeitos<br />
a inundação permanente ou eventual, no interior das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação, áreas <strong>de</strong><br />
preservação permanente e fica restrita a instalação e ampliação em áreas <strong>de</strong> mananciais <strong>de</strong><br />
abastecimento público.<br />
Quanto ao monitoramento das águas subterrâneas, a Resolução SEMA nº 02/2009<br />
resguarda o órgão ambiental estadual o direito <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir, caso a caso, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
implantação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> poços <strong>de</strong> monitoramento. Porém, <strong>de</strong>fine os parâmetros que<br />
porventura venham a ser monitorados e que serão amostrados, que são: alcalinida<strong>de</strong>, dureza<br />
total, dureza (cálcio e magnésio), pH, condutivida<strong>de</strong>, oxigênio dissolvido, oxigênio<br />
consumido, cloreto, amônia e nitrato. Estas amostras serão coletadas e analisadas <strong>de</strong> acordo<br />
com o tempo <strong>de</strong> implantação dos cemitérios. Para aqueles em que ocorram indícios <strong>de</strong><br />
contaminação, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> passivo ambiental.<br />
A nova legislação (Resolução SEMA nº 02/2009) suprimiu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar<br />
os parâmetros microbiológicos, que até então estavam entre os parâmetros <strong>de</strong> análises na<br />
Resolução SEMA nº19/2004 e que <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser obrigatórios. Destaque para a Salmonella<br />
sp., parâmetro significativo por ser um indicador <strong>de</strong> agente etiológico relacionado com as<br />
enfermida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> veiculação hídrica: febre tifói<strong>de</strong> e febre paratifói<strong>de</strong> e que estão amplamente<br />
presentes na natureza e se encontram normalmente no trato intestinal <strong>de</strong> animais e humanos.<br />
A presença <strong>de</strong> Salmonella sp. nas águas subterrâneas po<strong>de</strong> estar relacionada a sistemas <strong>de</strong><br />
tratamento <strong>de</strong> esgotos, fezes <strong>de</strong> animais e necrochorume. Outros parâmetros microbiológicos<br />
retirados da avaliação (coliformes fecais, bactérias heterotróficas, bactérias mesófilas) e<br />
encontrados em águas contaminadas permitem apontar as condições higiênicas do local ou<br />
amostra e estão associados à presença <strong>de</strong> esgotos domésticos, fezes <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> sangue<br />
quente e po<strong>de</strong>m provocar várias doenças, sendo comuns fortes distúrbios gastrointestinais,<br />
tais como vômitos, cólicas e diarréias (MIGLIORINI et al., 2007).<br />
A Resolução SEMA n° 02/09 estabelece critérios para enquadramentos e suas<br />
respectivas formas <strong>de</strong> licenciamento:<br />
a) Cemitérios existentes, novos ou a ampliar em município com população inferior a<br />
30.000 habitantes, não integrante <strong>de</strong> regiões conurbadas e com capacida<strong>de</strong><br />
limitada a 1.500 jazigos po<strong>de</strong>m requerer a licença ambiental simplificada (LAS);<br />
b) Cemitérios existentes, que estejam regularizando seu licenciamento ambiental,<br />
com início <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> funcionamento comprovadamente anterior a 03
43<br />
<strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2003, po<strong>de</strong>rão solicitar a licença ambiental <strong>de</strong> operação (LO) ou a<br />
licença ambiental simplificada.<br />
c) Cemitérios novos em município com população superior a 30.000 habitantes,<br />
integrante <strong>de</strong> regiões conurbadas e com capacida<strong>de</strong> superior a 1.500 jazigos<br />
<strong>de</strong>verão requerer licenciamento completo.<br />
Em atendimento a Resolução CONAMA n° 402/08, a Secretaria Municipal <strong>de</strong> Meio<br />
Ambiente <strong>de</strong> Curitiba (SMMA) estuda uma resolução própria, na qual disporá sobre critérios<br />
para licenciamento <strong>de</strong> cemitérios no município.<br />
No que diz respeito à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> valores máximos permitidos para garantir a<br />
qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas e solo para fins <strong>de</strong> avaliação ambiental, o município <strong>de</strong><br />
Curitiba possui o Decreto Municipal n° 1190/04 que <strong>de</strong>fine os parâmetros <strong>de</strong> referência para<br />
verificação e acompanhamento. Complementarmente aos parâmetros não contemplados no<br />
referido <strong>de</strong>creto, referencia-se aos estabelecidos pela Resolução CONAMA n° 396/2008, que<br />
estabelece a classificação e enquadramento das águas, uma vez que não se tem cadastro<br />
fi<strong>de</strong>digno das captações <strong>de</strong> águas subterrâneas nas imediações dos cemitérios em estudo e,<br />
portanto, sendo possível que a população do entorno imediato consuma esta água.<br />
Tem-se ainda, a Resolução CONAMA n° 357/2005 que classifica os corpos <strong>de</strong> água,<br />
dá diretrizes ambientais para o seu enquadramento e estabelece as condições e padrões <strong>de</strong><br />
lançamentos <strong>de</strong> efluentes.<br />
E por fim, a Portaria do Ministério da Saú<strong>de</strong> n° 518/04 que <strong>de</strong>fine os padrões <strong>de</strong><br />
potabilida<strong>de</strong> da água. A Tabela 2.8 sintetiza os padrões <strong>de</strong> avaliação para qualida<strong>de</strong> das águas<br />
subterrâneas, sendo adotado pelo município o padrão que for mais restritivo.<br />
As amostras para avaliação dos parâmetros são coletadas <strong>de</strong> poços <strong>de</strong> monitoramento<br />
instalados nos cemitérios <strong>de</strong> acordo com a NBR 13895/97. A implantação do sistema <strong>de</strong><br />
monitoramento é <strong>de</strong>finida pela <strong>de</strong>terminação do sentido do fluxo <strong>de</strong> escoamento e a<br />
localização dos poços <strong>de</strong> monitoramento. Por sua vez, a <strong>de</strong>terminação do sentido do fluxo <strong>de</strong><br />
escoamento é <strong>de</strong>finida pelo método <strong>de</strong> gradiente hidráulico, através da leitura da variação do<br />
nível estático, empregando-se levantamento <strong>de</strong> campo por meio <strong>de</strong> medidor <strong>de</strong> nível. E a<br />
localização dos poços <strong>de</strong> monitoramento é função da geologia local, consi<strong>de</strong>rando a<br />
<strong>de</strong>terminação do coeficiente <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> do solo, associada à i<strong>de</strong>ntificação da direção e<br />
sentido do fluxo do aquífero freático.
Tabela 2. 8 – Limites quantitativos para avaliação da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas.<br />
PARÂMETROS<br />
ANALISADOS<br />
UNIDADE DECR.<br />
MUN. N°<br />
PORT.<br />
MS<br />
RES.<br />
CONAMA<br />
44<br />
RES.<br />
CONAMA<br />
N° 357/05<br />
1190/04 Nº 518/04 N° 396/08<br />
Condutivida<strong>de</strong> μS.cm -1 n.e n.e. n.e. n.e<br />
DBO mg.L -1 n.e n.e. n.e. < 3<br />
DQO mg.L -1 n.e n.e. n.e. n.e<br />
pH (a 20ºC) - 6,0 a 9,5 6,0 a 9,5 n.e. 6,0 a 9,5<br />
Cor uH n.e 15 n.e. n.e<br />
Dureza mg.L -1 n.e 500 n.e. n.e<br />
Nitrogênio Amoniacal (NH 3 )<br />
mg.L -1 n.e n.e n.e 3,7 para<br />
pH < 7,5<br />
Sólidos Dissolvidos Totais mg.L -1 n.e. 1.000 1.000 500<br />
Bactérias Heterotróficas UFC.mL -1 n.e. 500 n.e. n.e.<br />
Bactérias Mesófilas UFC.mL -1 n.e. n.e. n.e. n.e.<br />
Coliformes Fecais P/A 100 mL n.e. ausência ausência ausência<br />
Salmonellas P/A 100 mL n.e. n.e. n.e. n.e.<br />
Cloreto mg.L -1 250 250 250 250<br />
Fosfato mg.L -1 0,02 n.e. n.e. n.e.<br />
Fósforo total mg.L -1 0,02 n.e. n.e. 0,025<br />
Nitrato mg.L -1 10 10 10 10<br />
Sulfato mg.L -1 250 250 250 250<br />
Cálcio mg.L -1 n.e. n.e. n.e. n.e.<br />
Sódio mg.L -1 200 200 200 n.e.<br />
Chumbo mg.L -1 n.e. 0,01 0,01 0,01<br />
Ferro mg.L -1 n.e. 0,3 0,3 0,3<br />
Magnésio mg.L -1 n.e. n.e. n.e. n.e.<br />
Zinco mg.L -1 n.e. 5 5 0,18<br />
Cádmio mg.L -1 n.e. 0,005 0,005 0,001<br />
Cobre mg.L -1 n.e. 2 2 0,009<br />
n.e.: não encontrado<br />
Fonte: Adaptado a partir <strong>de</strong> CONAMA, 2005; 2008, MS, 2004 e CURITIBA, 2004.<br />
Tendo como referencial a norma brasileira NBR 13.895/97, a Resolução SMMA n°<br />
001/96 fixa as condições exigíveis para a construção <strong>de</strong> poços <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> aquífero<br />
freático. O número mínimo <strong>de</strong> poços <strong>de</strong> monitoramento são três, sendo um obrigatoriamente a<br />
montante da área, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permitir a avaliação da qualida<strong>de</strong> da águas subterrâneas<br />
antes <strong>de</strong> percorrer a área e os <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>vem ser instalados não alinhados, à jusante, para<br />
avaliar uma possível interferência na qualida<strong>de</strong> original da água subterrânea local.<br />
Os poços <strong>de</strong> monitoramento, conforme mostra a Figura 2.4, constituem-se<br />
basicamente <strong>de</strong> revestimento interno, filtro, pré-filtro, proteção sanitária, tampão, sistema <strong>de</strong><br />
proteção, selo e preenchimento.
45<br />
Figura 2. 4 – Perfil esquemático dos poços <strong>de</strong> monitoramento<br />
Fonte: Disponível em: . Acesso em: 21 mai 2010.<br />
2.7 PUBLICAÇÕES SOBRE CONTAMINAÇÃO EM ÁREAS DE CEMITÉRIOS<br />
Os estudos relativos à contaminação proveniente <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> cemitérios ainda são<br />
incipientes, o que torna seu aprofundamento absolutamente indispensável. A coletânea <strong>de</strong><br />
trabalhos publicados e <strong>de</strong>stacados refere-se a estudos <strong>de</strong> casos que possam subsidiar a<br />
fundamentação da análise dos resultados esperados nesta proposta.
46<br />
Knight e Dent (1995) publicaram uma avaliação do papel da hidrogeologia nos<br />
cemitérios, tendo o Botany Cemeterie (Sidney, Austrália) como objeto <strong>de</strong> estudo por estar<br />
implantado sobre um aquífero não consolidado <strong>de</strong> pequenos <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> areia sobre<br />
<strong>de</strong>pósitos fluviais <strong>de</strong> uma antiga enseada. O aquífero é parcialmente drenado por um córrego,<br />
alimenta nascente e acentua os sulcos da Formação Hawkesbury 9 . A investigação teve por<br />
objetivo avaliar a capacida<strong>de</strong> do aquífero para extração e reutilização da água subterrânea<br />
para fins <strong>de</strong> irrigação do próprio empreendimento.<br />
As conclusões do trabalho apontam para a a<strong>de</strong>quabilida<strong>de</strong> do uso das águas<br />
subterrâneas para fins <strong>de</strong> irrigação. Os autores afirmaram que estes resultados po<strong>de</strong>m ser<br />
reflexos <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fatores como <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sepultamentos, ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sepultamentos,<br />
número <strong>de</strong> amostras. E que bactérias e vírus transmitidos pela água são frágeis fora <strong>de</strong>la e,<br />
consequentemente, possuem um risco baixo no uso das águas subterrâneas para irrigação.<br />
Martins et al. (1991) avaliaram a qualida<strong>de</strong> sanitária e higiênica das águas<br />
subterrâneas dos cemitérios da Vila Formosa, Vila Nova Cachoeirinha e Areia Branca,<br />
localizados os dois primeiros na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e o terceiro na Baixada Santista. O<br />
Cemitério da Vila Formosa está implantado numa área geológica <strong>de</strong> predomínio <strong>de</strong><br />
sedimentos terciários da Bacia <strong>de</strong> São Paulo, on<strong>de</strong> ocorre alternância <strong>de</strong> solos argilosos e<br />
areno-argilosos, tendo sido verificado que o nível do aquífero freático variou entre 4 e 12 m<br />
<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>. O Cemitério Vila Nova Cachoeirinha está implantado numa área<br />
predominantemente arenosa, com níveis mais argilosos e nível <strong>de</strong> água variando entre 4 e 9 m<br />
<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, caracterizando um aquífero suspenso. O Cemitério Areia Branca está<br />
implantado em área <strong>de</strong> predomínio <strong>de</strong> sedimentos quaternários marinhos, ditos arenosos e<br />
com alta porosida<strong>de</strong>. Por estar em área litorânea, com predominância <strong>de</strong> relevo plano, sofre a<br />
influência do regime das marés e apresenta um nível <strong>de</strong> água entre 0,60 a 2,20 m <strong>de</strong><br />
profundida<strong>de</strong>. As diferenças geológicas influenciaram na qualida<strong>de</strong> bacteriológica das águas<br />
estudadas. O solo arenoso parece contribuir nas condições <strong>de</strong> aerobiose e passagem da<br />
matéria orgânica para o lençol freático, on<strong>de</strong> as proteínas são convertidas em nitratos e ali<br />
permanecem, como observado no Cemitério Areia Branca. Os solos com alternância <strong>de</strong><br />
argilosos e areno-argilosos parecem servir como filtro natural, retendo microrganismos e<br />
matéria orgânica no solo, explicando a baixa <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> nitratos nas águas subterrâneas,<br />
como po<strong>de</strong> ser observado no Cemitério Vila Formosa. Na avaliação dos indicadores <strong>de</strong><br />
9 Solo composto <strong>de</strong> areia residual, com argilas <strong>de</strong> granulometria menor, muitas vezes laterizado e que recobrem<br />
um arenito <strong>de</strong> quartzo. DENT, B.B. The hydrogeological contexto of cemetery operations and planning in<br />
Australia. Sidney, 2002. p. 104.
47<br />
poluição fecal nos três cemitérios foram encontrados níveis elevados <strong>de</strong> bactérias lipolíticas e<br />
proteolíticas, cuja origem mais provável é do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição dos corpos ali<br />
sepultados (MARTINS et al., 1991).<br />
Matos (2001) realizou a avaliação da ocorrência e o transporte <strong>de</strong> microrganismos no<br />
aquífero freático do Cemitério <strong>de</strong> Vila Nova Cachoeirinha, no bairro Vila Cachoeirinha, no<br />
município <strong>de</strong> São Paulo, estado <strong>de</strong> São Paulo. Inaugurado em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1968 numa área <strong>de</strong><br />
360.000 m 2 e que até o ano <strong>de</strong> 2001 havia recebido 190.066 sepultamentos. A distribuição<br />
interna espacial se dá em quadras, predominando as inumações diretas no solo, recobertos por<br />
pequena cobertura <strong>de</strong> terra. O cemitério está assentado sobre o manto <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong> rochas<br />
granitói<strong>de</strong>s intrusivas que formam o maciço da Cantareira, próximo aos limites da bacia<br />
sedimentar <strong>de</strong> São Paulo (MATOS, 2001, p. 21). Há predominância <strong>de</strong> materiais argilosos e<br />
argilo-arenosos, em que a porosida<strong>de</strong> média diminui com o aumento da profundida<strong>de</strong>,<br />
caracterizando a presença <strong>de</strong> materiais com menor teor <strong>de</strong> argila, formando horizontes mais<br />
arenosos. O solo é ácido (pH 5,5), pobre em matéria orgânica e com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> troca<br />
catiônica pequena. Pertence a unida<strong>de</strong> morfológica do Planalto Paulistano, inserido na bacia<br />
hidrográfica do Alto Tietê, implantado no divisor <strong>de</strong> águas, tendo seu fluxo dividido em duas<br />
direções: uma para o rio Cabaçu <strong>de</strong> Baixo e outra para o córrego que atravessa o cemitério. A<br />
avaliação da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas foi realizada por meio <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> amostras<br />
retiradas dos 20 poços <strong>de</strong> monitoramento. Para cada poço <strong>de</strong> monitoramento foram analisados<br />
os seguintes parâmetros: temperatura, pH, potencial redox, condutivida<strong>de</strong> elétrica, oxigênio<br />
dissolvido, alcalinida<strong>de</strong>, ânions cloro, bromo, nitrato, nitrito, fosfato e sulfato, cátions sódio e<br />
potássio, cobre, chumbo, zinco, manganês, níquel, bário, alumínio, estrôncio, mercúrio,<br />
cádmio, cálcio, manganês, ferro total, cromo total, bactérias heterotróficas, coliformes totais e<br />
fecais, bactérias proteolíticas, Clostridium perfringes e Enterovírus. A condutivida<strong>de</strong><br />
hidráulica variou entre 2,9x10 -8 m.s -1 a 8,41x10 -5 m.s -1 e uma velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> migração<br />
estimada <strong>de</strong> 8 cm.dia -1 , se consi<strong>de</strong>rado meio homogêneo, isotrópico e com uma porosida<strong>de</strong><br />
efetiva <strong>de</strong> 2%. As conclusões foram que as principais fontes <strong>de</strong> contaminação são sepulturas<br />
com menos <strong>de</strong> um ano, localizadas nas cotas mais baixas, próximas ao nível do aquífero<br />
freático. Verificou que as sepulturas provocam um acréscimo na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sais minerais,<br />
aumentando a condutivida<strong>de</strong> elétrica. Segundo o autor, os resultados das análises sugerem que<br />
haja um aumento na concentração dos íons bicarbonato, cloreto, sódio e cálcio e dos metais<br />
ferro alumínio, chumbo e zinco nas águas próximas <strong>de</strong> sepulturas. Além disso, que as<br />
bactérias são transportadas a alguns metros, diminuindo em concentração com o aumento da<br />
distância da fonte <strong>de</strong> contaminação. Os vírus parecem ter mobilida<strong>de</strong> maior que bactérias,
48<br />
tendo sido transportados pelo menos 3,20 m na zona não saturada até alcançar o aquífero<br />
(MARTINS, 2001).<br />
Rodrigues et al. (2003) avaliaram a provável contaminação das águas subterrâneas por<br />
meio dos resultados <strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong> amostragem e <strong>de</strong> diagnóstico preliminar sobre o<br />
comportamento do aquífero freático no Cemitério São Miguel. Este cemitério localiza-se no<br />
município <strong>de</strong> Palmas, estado do Tocantins e, em 2002, foi interditado pelo Ministério Público<br />
Estadual <strong>de</strong>vido ao afloramento do lençol freático em períodos <strong>de</strong> chuvas intensas, atingindo<br />
o fundo das covas. A área apresenta uma camada espessa <strong>de</strong> material arenoso, elevada<br />
condutivida<strong>de</strong> hidráulica, facilitando a migração <strong>de</strong> contaminantes para o lençol e corpos<br />
receptores. Foram realizadas coletas <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> águas subterrâneas <strong>de</strong> dois poços <strong>de</strong><br />
monitoramento e analisados os parâmetros: sólidos totais dissolvidos, cor, ferro, manganês,<br />
nitrato, nitrito, nitrogênio amoniacal, pH, turbi<strong>de</strong>z, dureza, coliformes fecais e totais. Os<br />
resultados apontaram indícios <strong>de</strong> contaminação da água subterrânea expresso pela presença <strong>de</strong><br />
coliformes fecais e totais. Recomendam a caracterização <strong>de</strong> eventual pluma <strong>de</strong> contaminação,<br />
características, extensão e velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propagação (RODRIGUES et al., 2003).<br />
Migliorini et al. (2007) realizaram análise dos resultados <strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong><br />
amostragem das águas subterrâneas, expresso por parâmetros físicos, químicos, físicoquímicos<br />
e bacteriológicos dos Cemitérios Municipal São Gonçalo e Parque Bom Jesus <strong>de</strong><br />
Cuiabá, ambos localizados região metropolitana <strong>de</strong> Cuiabá, estado do Mato Grosso. O<br />
Cemitério Municipal São Gonçalo opera <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995 em uma área <strong>de</strong> 22.610 m 2 , com 50<br />
sepultamentos por mês, sendo 20 adultos e 30 crianças. O cemitério Parque Bom Jesus <strong>de</strong><br />
Cuiabá opera <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1977 em uma área <strong>de</strong> 290.920 m 2 , com uma média <strong>de</strong> 160 sepultamentos<br />
por mês (MIGLIORINI et al., 2007). Em ambas as áreas, pratica-se o sepultamento direto no<br />
solo, que se caracteriza por relevo <strong>de</strong> planície, <strong>de</strong>senvolvido sobre rochas pré-cambrianas<br />
fortemente <strong>de</strong>formadas do Planalto dos Guimarães e a Província Serrana. Em relação à<br />
geologia da área dos dois cemitérios é caracterizada pelo <strong>Grupo</strong> Cuiabá, expostos pelos<br />
metadiamectitos 10 com matriz argilosa da Formação do Rio Coxipó. A hidrogeologia local é<br />
composta por duas unida<strong>de</strong>s aquíferas, sendo uma porosa e granular sobreposta a uma<br />
unida<strong>de</strong> maciça e fraturada, o que confere a primeira unida<strong>de</strong> um aquífero do tipo livre,<br />
10 Conjunto litológico que mantém contato por falhas inversas ou transicionais com a Formação Miguel Sutil e<br />
correspon<strong>de</strong> à metadiamictitos maciços, cinza-esver<strong>de</strong>ado a amarelados, com matriz argilo-siltosa, micácea, em<br />
parte feldspática, que suporta fragmentos centimétricos a métricos, <strong>de</strong> composição muito diversificada (granitos,<br />
xistos, quartzitos, anfibolitos, gnaisses, arenitos, filitos, quartzo, etc) e formato prolato resultante do achatamento<br />
regional provocado pela <strong>de</strong>formação (MIGLIORINI, 2004, P. 41).
49<br />
homogêneo e isotrópico 11 e a segunda um aquífero do tipo livre, heterogêneo e anisotrópico 12 .<br />
A profundida<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> água encontrada varia entre 4,50 a 6,90 m no Cemitério<br />
Municipal São Gonçalo, tendo uma permeabilida<strong>de</strong> variável entre 1,4x10 -3 cm.s -1 e 8,3x10 -3<br />
cm.s -1 , característico <strong>de</strong> solos permeáveis, corroborado pelo estudo do solo feito em<br />
trincheiras, que <strong>de</strong>monstra ser <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> infiltração vertical e baixo escoamento superficial. A<br />
mesma caracterização não foi realizada no Cemitério Parque Bom Jesus <strong>de</strong> Cuiabá por ter<br />
sido encontrado cascalho, o qual impedia a continuida<strong>de</strong> do trado. Já no estudo <strong>de</strong> solo feito<br />
em trincheiras, este solo possui uma infiltração vertical não pronunciada e escoamento<br />
superficial predominante. A avaliação da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas foi realizada por<br />
meio <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> amostras retiradas dos cinco poços <strong>de</strong> monitoramento presentes em cada um<br />
dos cemitérios. Para cada poço <strong>de</strong> monitoramento foram analisados os seguintes parâmetros:<br />
temperatura, pH, condutivida<strong>de</strong> elétrica, alcalinida<strong>de</strong>, fósforo, sólidos totais dissolvidos,<br />
nitrato, nitrito, amônia, sulfato, silício, potássio, sódio, manganês, ferro, zinco, cromo,<br />
chumbo, cádmio, coliformes termotolerantes, coliformes totais, Salmonella sp e Escherichia<br />
coli. Os resultados apontaram para a não comprovação da contaminação das águas<br />
subterrâneas nos dois cemitérios, por produtos nitrogenados (nitrato, nitrito e amônia) e por<br />
metais. Este fato possivelmente está associado ao pequeno número <strong>de</strong> sepultamentos mensais,<br />
permitindo que ocorram reações físicas, químicas e biológicas no solo, tornando o<br />
necrochorume menos ofensivo às águas subterrâneas. Já o aumento da condutivida<strong>de</strong> elétrica<br />
em ambas as áreas, que tem sua origem mais provável no necrochorume, que por sua vez<br />
altera o teor <strong>de</strong> sais dissolvidos nas águas subterrâneas, assim como para o aumento da<br />
concentração <strong>de</strong> sólidos dissolvidos totais. Foi i<strong>de</strong>ntificada a presença <strong>de</strong> Salmonela sp nas<br />
águas subterrâneas dos dois cemitérios (MIGLIORINI et al., 2007).<br />
Braz e Lopes (2005) apresentam os resultados da avaliação da presença <strong>de</strong><br />
contaminação na área do Cemitério Municipal São José ou Bengui, localizado Belém, estado<br />
do Pará no ano <strong>de</strong> 2000. Em 1995, uma ação movida pela comunida<strong>de</strong>, junto ao Ministério<br />
Público, <strong>de</strong>nunciou a contaminação das águas superficiais e subterrâneas. Os estudos foram<br />
intensificados e comprovados, resultando no fechamento da área em 1997. Este cemitério<br />
encontra-se implantado em uma área cuja ativida<strong>de</strong> exploratória anterior era a extração<br />
mineral classe II, resultando na presença do lençol freático bem próximo à superfície. Suas<br />
construções tumulares caracterizavam-se por jazigos <strong>de</strong> barro e cimento, <strong>de</strong> caráter<br />
temporário pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda. Decorrente da antiga<br />
11 Quando a condutivida<strong>de</strong> hidráulica é a mesma em todas as direções num <strong>de</strong>terminado ponto (CLEARY, 2007)<br />
12 Oposto ao isotrópico (CLEARY, 2007).
50<br />
exploração mineral da área e <strong>de</strong>vido à composição do solo ser mais arenosa há uma facilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> percolação do líquido coliquativo, favorecendo a passagem <strong>de</strong> bactérias do solo e dos<br />
jazigos para as águas subterrâneas. Além disso, o alto índice pluviométrico da região contribui<br />
para a presença <strong>de</strong> bactérias nas águas superficiais. Como o lençol é relativamente raso, há<br />
favorecimento do processo <strong>de</strong> saponificação, que prolonga o tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição e<br />
consequentemente o processo <strong>de</strong> contaminação. Os resultados das análises dos parâmetros<br />
bacteriológicos das águas superficiais <strong>de</strong>tectaram a presença <strong>de</strong> coliformes totais, coliformes<br />
fecais, estreptococos e bactérias heterotróficas e Salmonella sp. Nas amostras <strong>de</strong> águas<br />
subterrânea também foram i<strong>de</strong>ntificados coliformes totais e fecais. Foram encontrados<br />
clostrídios nas amostras das águas superficiais e subterrâneas, que sugere a infiltração do<br />
necrochorume para o aquífero <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a implantação do cemitério por ser um indicador <strong>de</strong><br />
contaminação antiga. Estes resultados apontam para patogenicida<strong>de</strong> da contaminação,<br />
infiltração do necrochorume para as águas subterrâneas, agravado pela saponificação<br />
<strong>de</strong>corrente da umida<strong>de</strong> do terreno, justificando a continuida<strong>de</strong> da contaminação mesmo após<br />
três anos <strong>de</strong> interdição e sem novos sepultamentos (BRAZ; LOPES, 2005).<br />
Neira et al. (2008) avaliaram o impacto <strong>de</strong> componentes do necrochorume no lençol<br />
freático do Cemitério Santa Inês, localizado em Vila Velha, estado do Espírito Santo, por<br />
meio <strong>de</strong> análises <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> água subterrânea. Implantado por volta <strong>de</strong> 1945, hoje se<br />
encontra no perímetro urbano, ocupando 47.730 m 2 sobre um aterro <strong>de</strong> um antigo mangue,<br />
sendo originalmente solo arenoso. A profundida<strong>de</strong> do lençol freático varia entre 4 a 4,90 m<br />
acima do nível do mar. Os resultados apontaram para altos índices <strong>de</strong> compostos<br />
nitrogenados, inclusive amônia, indicando poluição recente, <strong>de</strong> primeiro estagio <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>composição da matéria orgânica. Além da ausência <strong>de</strong> cuidados sanitários e higiênicos no<br />
interior das instalações, no procedimento das exumações, <strong>de</strong>stinação ina<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> resíduos<br />
(NEIRA et al., 2008).<br />
Lara et al. (2005) apresentaram os resultados da caracterização hidrogeológica da área<br />
<strong>de</strong> influência e do entorno do Cemitério Municipal do Boqueirão, localizado em Curitiba,<br />
estado do Paraná. Este cemitério está assentado sobre os sedimentos da Formação<br />
Guabirotuba, constituído <strong>de</strong> sedimentos argilosos com contribuições <strong>de</strong> silte e areia,<br />
associadas a camadas <strong>de</strong> arcósios <strong>de</strong>scontínuos e lenticulares, compatível com o valor obtido<br />
para o coeficiente <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> hidráulica <strong>de</strong> 6,71x10 -5 cm.s -1 . A potenciometria do local<br />
acompanha a superfície topográfica, direcionado para leste, on<strong>de</strong> foram i<strong>de</strong>ntificados poços<br />
cacimba para abastecimento doméstico. O estudo recomendou a instalação <strong>de</strong> novos poços <strong>de</strong><br />
monitoramento localizados nas porções su<strong>de</strong>ste e norte-nor<strong>de</strong>ste do cemitério, assim como
51<br />
ampliar o conhecimento dos parâmetros hidráulicos (porosida<strong>de</strong> e permeabilida<strong>de</strong>) (LARA et<br />
al., 2005).<br />
Lupatini et al. (2005) apresentaram os resultados <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> monitoramento<br />
da qualida<strong>de</strong> da água subterrânea da área do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula,<br />
localizado em Curitiba, estado do Paraná. Foram <strong>de</strong>finidos como parâmetros a serem<br />
avaliados pH, condutivida<strong>de</strong>, sólidos dissolvidos totais, dureza, nitrogênio amoniacal, nitrato,<br />
cálcio, sódio, fósforo, fosfatos, sulfatos e cloretos por representarem relação direta com a<br />
carga contaminante dos sepultamentos, e também os parâmetros complementares DBO, DQO,<br />
cromo, chumbo, zinco, níquel, cádmio, cobre, ferro total e solúvel, cor coliformes totais e<br />
fecais e bactérias heterotróficas. Os resultados <strong>de</strong>monstraram que há um baixo nível <strong>de</strong><br />
influência do cemitério na qualida<strong>de</strong> da água subterrânea local. As concentrações <strong>de</strong> ferro<br />
encontradas relacionam-se mais fortemente com a geologia local do que propriamente<br />
migração <strong>de</strong> liquido coliquativo. Além disso, recomendou-se a inclusão <strong>de</strong> parâmetros<br />
complementares <strong>de</strong> monitoramento com o propósito <strong>de</strong> quantificar a presença <strong>de</strong> vírus<br />
entéricos e parasitas (Cryptosporidium e Giárdia) (LUPATINI et al., 2005).<br />
Barros et al. (2008) estudaram a mineralogia da fração <strong>de</strong> argila e os teores <strong>de</strong> metais<br />
pesados dos solos do Cemitério Municipal Santa Cândida, Curitiba - PR, além <strong>de</strong> estimar o<br />
risco <strong>de</strong> contaminação ambiental por estes poluentes. O cemitério está implantado sobre<br />
sedimentos da Formação Guabirotuba e Embasamento Cristalino, em alto topográfico, com<br />
nível hidrostático mais distante da superfície do solo, <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> acentuada. Foram coletadas<br />
21 amostras <strong>de</strong> solo, dispersos na área <strong>de</strong> sepultamentos <strong>de</strong> indigentes e dos jazigos, as quais<br />
permitiram concluir que o solo <strong>de</strong>ste cemitério apresentou um gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong><br />
tamponamento <strong>de</strong> metais pesados, por apresentar alta capacida<strong>de</strong> adsortiva <strong>de</strong> metais, alta<br />
troca catiônica, predomínio <strong>de</strong> caulinita, ocorrência <strong>de</strong> vermiculita com hidroxi-alumínio<br />
entrecamadas e esmectita na fração <strong>de</strong> argila, minerais com predomínio <strong>de</strong> cargas elétricas<br />
negativas. Os sepultamentos da área <strong>de</strong> estudo eram feitos diretamente no solo, sugerindo ser<br />
o responsável pelo aumento dos teores <strong>de</strong> metais pesados nas amostras coletadas na<br />
subsuperfície, possivelmente pela maior proximida<strong>de</strong> aos locais <strong>de</strong> sepultamentos. Não foi<br />
possível estabelecer a interação entre as características químicas e mineralógicas do solo<br />
sobre o acúmulo <strong>de</strong> metais pesados. E, por fim, concluiu que o tipo <strong>de</strong> jazigo influenciou o<br />
potencial <strong>de</strong> poluição do solo por metais pesados, sendo i<strong>de</strong>ntificado o cromo e chumbo como<br />
os metais <strong>de</strong> maior risco <strong>de</strong> poluição ambiental (BARROS et al., 2008).
52<br />
3 MATERIAL E MÉTODOS<br />
A presente pesquisa envolveu a seleção das áreas <strong>de</strong> estudo, vistorias nos locais,<br />
análise da situação dos jazigos, análise da vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero, análise dos resultados<br />
das campanhas <strong>de</strong> averiguação da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas do cemitério Municipal<br />
Água Ver<strong>de</strong>.<br />
3.1 SELEÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO<br />
Para a seleção das áreas <strong>de</strong> estudo, a pesquisa documental foi direta e exploratória do<br />
território e das características geológicas, geomorfológicas e hidrogeológicas on<strong>de</strong> estes<br />
cemitérios estão assentados, consistindo na primeira etapa da pesquisa.<br />
Curitiba, capital do estado do Paraná, localiza-se na porção centro-leste do estado,<br />
ocupando 432,17 km 2 <strong>de</strong> área na latitu<strong>de</strong> 25º25´40” S e longitu<strong>de</strong> 49º16´23”W, na região sul<br />
do Brasil (Fig. 3.1).<br />
Curitiba localiza-se em região climática em que alguns fatores interferem em suas<br />
características, <strong>de</strong>stacando-se sua localização em relação ao Trópico <strong>de</strong> Capricórnio, pertencer<br />
ao primeiro planalto e possuir presença da barreira geográfica natural da Serra do Mar.<br />
(CURITIBA, 2008a).<br />
No domínio geomorfológico, localiza-se no Primeiro Planalto <strong>de</strong> Curitiba, constituído<br />
pelas unida<strong>de</strong>s geológicas: Complexo Gnáissico-Migmatitíco (Embasamento Cristalino),<br />
metassedimentos do grupo Açungui (Formação Capiru), sedimentos da calha da Bacia<br />
Sedimentar <strong>de</strong> Curitiba (Formação Guabirotuba) e <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> planícies <strong>de</strong> inundações e<br />
baixos terraços da planície atual do rio Iguaçu e afluentes (CURITIBA, 2011), apresentada na<br />
Figura 3.2.
Figura 3. 1 – Mapa <strong>de</strong> localização <strong>de</strong> Curitiba no estado do Paraná, no Brasil e América do Sul.<br />
53
54<br />
Figura 3. 2 – Mapa <strong>de</strong> geologia e unida<strong>de</strong>s litoestratigráficas <strong>de</strong> Curitiba<br />
Fonte: CURITIBA, 2011.<br />
O Complexo Gnáissico-Migmatítico é composto por rochas metamórficas <strong>de</strong> alto grau,<br />
compostas por gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> litológica, indicada pela ocorrência <strong>de</strong> ganisses, migmatitos e<br />
subordinadamente, xistos, quartzitos, ultrabasito, metabasito e anfibolito (MINEROPAR,<br />
2006 apud CURITIBA, 2011; TALAMINI NETO, 2001). A Formação Guabirotuba é a<br />
principal unida<strong>de</strong> sedimentar da Bacia <strong>de</strong> Curitiba, compreen<strong>de</strong> toda a porção centro-sul do<br />
Primeiro Planalto <strong>de</strong> Curitiba, sendo composta por bancos pouco consolidados <strong>de</strong> argilas,<br />
arcósios, <strong>de</strong>pósitos rudáceos (conglomeráticos) e <strong>de</strong> finos <strong>de</strong>pósitos carbonáticos (caliches),<br />
bem como areias arcoseanas e cascalhos (SALAMUNI; STELLFELD, 2001; SALAMUNI et<br />
al., 2004). Geralmente, as camadas argilíticas são maciças, possuem coloração variando do<br />
cinza ao cinza esver<strong>de</strong>ado e gradam para os termos mais grossos <strong>de</strong> forma interdigitada ou
55<br />
abrupta. E os <strong>de</strong>pósitos rudáceos, geralmente, são oligomíticos com predominância <strong>de</strong> seixos<br />
<strong>de</strong> quartzo e são encontrados com frequência na borda da bacia <strong>de</strong> Curitiba (SALAMUNI;<br />
STELLFELD, 2001). Segundo este mesmo autor, a espessura dos sedimentos da Formação<br />
Guabirotuba varia <strong>de</strong> 1 a 85 m, cuja média é em torno <strong>de</strong> 40 m.<br />
Muller (2007) apresenta a classificação dos sistemas aquíferos <strong>de</strong> Curitiba distintos em<br />
três grupos, <strong>de</strong> acordo com a natureza litológica e proprieda<strong>de</strong>s hidráulicas:<br />
a) sistema aquífero sedimentar representado pelas camadas arenosas da Formação<br />
Guabirotuba e <strong>de</strong>pósitos aluvionares;<br />
b) sistema aquífero fraturado representado pelo Embasamento Cristalino;<br />
c) sistema aquífero cárstico representado pela Formação Capiru.<br />
A qualida<strong>de</strong> e a composição química das águas dos aquíferos variam em função dos<br />
processos químicos, físicos e biológicos a que estão submetidos. As águas pertencentes ao<br />
Embasamento Cristalino compreen<strong>de</strong>m as unida<strong>de</strong>s geológicas <strong>de</strong> mesmo nome, sendo o<br />
armazenamento <strong>de</strong> água condicionado à existência <strong>de</strong> fraturas que afetam estas rochas, que<br />
permitem a infiltração e percolação da água, sendo assim consi<strong>de</strong>ra-se que este aquífero<br />
apresenta baixa vulnerabilida<strong>de</strong> às contaminações, contudo se esta ocorrer po<strong>de</strong>rá ser<br />
irremediável. A exploração <strong>de</strong> água <strong>de</strong>ste aquífero po<strong>de</strong> ser realizada por meio <strong>de</strong> poços<br />
profundos, cujas entradas <strong>de</strong> água estão entre 60 e 150 m (INSTITUTO DAS ÁGUAS, 2010).<br />
A água <strong>de</strong>ste aquífero po<strong>de</strong> ser classificada como bicarbonatadas cálcio-magnesianas, com<br />
teores <strong>de</strong> sólidos dissolvidos totais entre 100 e 150 mg.L -1 , pH entre 6,5 a 7,2 e dureza inferior<br />
a 100 mg.L -1 <strong>de</strong> CaCO 3 . Predominam a presença dos cátions cálcio e magnésio (MULLER,<br />
2007). Segundo o relatório do Diagnóstico das Disponibilida<strong>de</strong>s Hídricas Subterrâneas do<br />
Estado do Paraná, os parâmetros químicos das águas do aquífero do Embasamento Cristalino<br />
po<strong>de</strong>m ser visualizados na Tabela 3.1.
Tabela 3. 1 – Resumo estatístico dos parâmetros químicos das águas do aquíferos do Embasamento<br />
Cristalino em MG. L -1<br />
PARÂMETRO MÁXIMO MÍNIMO MÉDIA MEDIANA<br />
Alcalinida<strong>de</strong> total 206,23 5,94 79,80 65,16<br />
Dureza total 204,48 6,78 63,42 49,01<br />
Sólidos dissolvidos totais 379,00 18,00 126,69 120,00<br />
Sílica dissolvida 75,20 0,50 32,05 35,00<br />
Bicarbonato 251,60 7,25 95,72 78,67<br />
Carbonato 10,73 0,00 0,48 0,00<br />
Cloreto 22,90 0,04 2,73 1,47<br />
Fluoreto 18,00 0,01 0,84 0,18<br />
Fosfato 4,76 0,01 0,33 0,15<br />
Sulfato 40,80 0,01 2,48 0,50<br />
Nitrato 70,72 0,02 3,22 0,51<br />
Nitrito 0,04 0,00 0,01 0,01<br />
Cálcio 55,28 1,21 16,33 12,09<br />
Magnésio 22,71 0,09 5,60 4,40<br />
Sódio 36,60 0,70 10,76 8,19<br />
Potássio 16,15 0,01 2,00 1,89<br />
Ferro 35,00 0,01 0,74 0,09<br />
Fonte: INSTITUTO DAS ÁGUAS, 2010.<br />
56<br />
O aquífero Guabirotuba possui um armazenamento e fluxo <strong>de</strong> água associados à<br />
porosida<strong>de</strong> natural das lentes <strong>de</strong> areias arcosenas, do tipo intergranular, na qual a água<br />
subterrânea ocupa os interstícios entre os grãos. Possui um grau <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> média a<br />
baixa por possuir uma cobertura argilosa, que permite a ação dos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>puração dos<br />
eventuais efluentes na superfície do solo (INSTITUTO DAS ÁGUAS, 2010). As águas do<br />
Aquífero Guabirotuba tem a composição ten<strong>de</strong>ndo a bicarbonatadas sódicas, apresentam<br />
concentrações <strong>de</strong> sólidos dissolvidos totais entre 90 e 297 mg.L -1 , pH entre 6,7 a 8,1, não<br />
sendo raro encontrar teores <strong>de</strong> ferro total e manganês acima dos valores máximos permitidos<br />
para consumo humano, além da presença <strong>de</strong> sódio, cálcio, magnésio e potássio (MULLER,<br />
2007). Segundo o relatório do Diagnóstico das Disponibilida<strong>de</strong>s Hídricas Subterrâneas do<br />
estado do Paraná, os parâmetros químicos das águas do aquífero Guabirotuba po<strong>de</strong>m ser<br />
visualizados na Tabela 3.2.
Tabela 3. 2 – Resumo estatístico dos parâmetros químicos das águas do aquífero Guabirotuba em mg.<br />
L -1 PARÂMETRO MÁXIMO MÍNIMO MÉDIA MEDIANA<br />
Alcalinida<strong>de</strong> total 247,50 4,46 101,53 106,49<br />
Dureza total 286,69 2,94 84,87 81,00<br />
Sólidos dissolvidos totais 419,00 11,00 156,74 152,00<br />
Sílica dissolvida 103,50 2,30 38,49 38,02<br />
Bicarbonato 301,95 5,43 122,54 124,49<br />
Carbonato 8,76 0,00 0,64 0,00<br />
Cloreto 41,52 0,04 4,63 1,75<br />
Fluoreto 3,52 0,01 0,35 0,18<br />
Fosfato 5,36 0,00 0,59 0,15<br />
Sulfato 65,21 0,50 4,45 0,50<br />
Nitrato 74,00 0,02 3,65 0,13<br />
Nitrito 0,59 0,00 0,02 0,01<br />
Cálcio 81,85 0,65 22,13 21,05<br />
Magnésio 35,47 0,31 7,24 6,10<br />
Sódio 50,60 0,80 13,86 10,60<br />
Potássio 5,00 0,01 2,18 2,00<br />
Ferro 9,00 0,01 0,70 0,12<br />
Fonte: INSTITUTO DAS ÁGUAS, 2010.<br />
57<br />
Segundo o mapeamento da vulnerabilida<strong>de</strong> geoambiental do estado do Paraná,<br />
Curitiba apresenta possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimentos <strong>de</strong> massa nas áreas com altas <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>s e<br />
nas áreas on<strong>de</strong> ocorrem a Formação Guabirotuba existe a susceptibilida<strong>de</strong> dos solos a erosão,<br />
colapsos por compactação e instabilização em talu<strong>de</strong>s (SANTOS et al., 2007).<br />
Para a realização <strong>de</strong>ste trabalho, foram selecionadas as quatro áreas <strong>municipais</strong><br />
<strong>de</strong>stinadas a sepultamentos no município <strong>de</strong> Curitiba: Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong><br />
Paula, Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>, Cemitério Municipal do Boqueirão e Cemitério<br />
Municipal Santa Cândida, uma vez que, pelo levantamento dos dados existentes, havia<br />
disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações documentadas na Secretaria Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente –<br />
SMMA, além <strong>de</strong> artigos científicos, jornais, legislação existente e fotografias <strong>de</strong> diferentes<br />
fontes <strong>de</strong> divulgação.<br />
Apesar do Município <strong>de</strong> Curitiba ser constituído por seis bacias hidrográficas, os<br />
Cemitérios Municipais São Francisco <strong>de</strong> Paula, Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>, Cemitério<br />
Municipal do Boqueirão estão assentados na bacia do Belém e o Cemitério Municipal Santa<br />
Cândida está implantado na bacia do Atuba, como po<strong>de</strong> ser visualizado na Figura 3.3.
58<br />
BACIA DO RIO<br />
PASSAÚNA<br />
BACIA DO<br />
RIO ATUBA<br />
BACIA DO<br />
RIO BARIGUI<br />
BACIA DO<br />
RIO BELÉM<br />
BACIA DO<br />
RIBEIRÃO DOS<br />
PADILHAS<br />
BACIA DO RIO<br />
IGUAÇU<br />
Figura 3. 3 – Mapa do Município <strong>de</strong> Curitiba por bacia hidrográfica e localização dos Cemitérios<br />
Municipais
59<br />
3.2 VISTORIA LOCAL<br />
A vistoria do local foi feita em visitas técnicas a cada cemitério com vários objetivos,<br />
entre eles, acompanhar e fiscalizar os procedimentos adotados pelas equipes do laboratório<br />
contratado para realizar as coletas <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> águas subterrâneas dos poços <strong>de</strong><br />
monitoramento <strong>de</strong> todos os cemitérios <strong>municipais</strong>. Outro objetivo das vistorias foi verificar as<br />
condições atuais das estruturas físicas existentes nas áreas, como condições <strong>de</strong> pavimentação<br />
interna, sinais <strong>de</strong> inoperância da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> microdrenagem, condições operacionais dos poços <strong>de</strong><br />
monitoramento, acondicionamento <strong>de</strong> resíduos sólidos, condições externas dos jazigos, que<br />
po<strong>de</strong>m apontar possíveis relações dos impactos ambientais que a área está sujeita quanto aos<br />
aspectos construtivos e operacionais <strong>de</strong> cada área. Para cada área vistoriada foram elaborados<br />
relatórios técnicos com registros fotográficos da situação <strong>de</strong> cada local.<br />
3.3 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS CONSTRUTIVOS DOS JAZIGOS<br />
A pesquisa documental nos Planos <strong>de</strong> Controle Ambiental (PCA) <strong>de</strong> cada cemitério,<br />
on<strong>de</strong> estão apresentados os levantamentos das informações relativas ao tipo <strong>de</strong> jazigos<br />
existentes (aéreos, subterrâneos ou aéreos e subterrâneos), ao tipo <strong>de</strong> revestimento encontrado<br />
nos jazigos (revestidos com pedra ornamental, azulejo, acabamento convencional ou um<br />
misto) e quanto aos aspectos construtivos dos jazigos e as condições que se encontravam os<br />
revestimentos (com danos aparentes, com rachaduras, parcialmente comprometido, totalmente<br />
comprometido, sem pintura), tampas (com revestimento parcialmente comprometido, com<br />
revestimento totalmente comprometido, aberta, entre abertas, sem tampa), sinais <strong>de</strong><br />
basculamento, vegetação junto à base, odor aparente e vazamento <strong>de</strong> líquido coliquativo.<br />
Foram excetuadas as análises relativas aos gavetários.<br />
Para cada conjunto <strong>de</strong> informações, os dados foram compilados em tabelas para<br />
posterior avaliação dos dados, bem como a edição <strong>de</strong> gráficos isolados ou comparativos dos<br />
resultados obtidos nas análises.<br />
Durante a elaboração do plano <strong>de</strong> controle ambiental do Cemitério Municipal Água<br />
Ver<strong>de</strong> foram realizados levantamentos georeferenciados dos jazigos, que possibilitaram a<br />
construção <strong>de</strong> mapa i<strong>de</strong>ntificando-os por tipos e, ainda, permitindo a geração <strong>de</strong> mapas por<br />
tipos <strong>de</strong> danos encontrados.
60<br />
3.4 AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE DO AQUÍFERO<br />
A avaliação da vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero iniciou-se por pesquisa documental nos<br />
planos <strong>de</strong> controle ambientais <strong>de</strong> cada cemitério, on<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>terminadas as condições <strong>de</strong><br />
vulnerabilida<strong>de</strong> dos aquíferos para o ano <strong>de</strong> 2007, utilizando o método GOD, por ter sido<br />
consi<strong>de</strong>rado método <strong>de</strong> rápida aplicação e avaliação da fragilida<strong>de</strong> do meio em estudo<br />
(CURITIBA, 2007; CURITIBA, 2008a; CURITIBA, 2008b; CURITIBA, 2008c).<br />
Este método basicamente fundamenta-se nos mecanismos <strong>de</strong> recarga e na capacida<strong>de</strong><br />
natural dos materiais que compõem os extratos das zonas não saturadas em atenuar fluídos,<br />
que varia em função das condições geológicas superficiais e das profundida<strong>de</strong>s do nível <strong>de</strong><br />
água subterrânea. Naturalmente este método simplifica a entrada <strong>de</strong> dados e é bastante útil<br />
para avaliação <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> política <strong>de</strong> proteção das águas subterrâneas, sendo assim,<br />
quando da contratação dos serviços <strong>de</strong> elaboração dos planos <strong>de</strong> controle ambiental dos<br />
cemitérios propôs-se uma adaptação <strong>de</strong>ste método para as áreas dos cemitérios, utilizando os<br />
dados <strong>de</strong>scritos em sondagens, ensaios granulométricos e medições dos níveis estáticos das<br />
águas nos poços <strong>de</strong> monitoramentos.<br />
3.5 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DAS CAMPANHAS DE MONITORAMENTO<br />
DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS<br />
Para avaliar o monitoramento das águas subterrâneas foram utilizados os dados<br />
apresentados nos planos <strong>de</strong> controle ambiental <strong>de</strong> cada cemitério, on<strong>de</strong> foram verificados<br />
dados dos poços <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> todos os cemitérios <strong>municipais</strong>.<br />
A caracterização da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas constituiu em pesquisa<br />
documental nos laudos laboratoriais <strong>de</strong> cada ano amostrado somente para o Cemitério<br />
Municipal Água Ver<strong>de</strong>, uma vez que a situação dos jazigos encontrava-se georreferenciados,<br />
permitindo uma correlação dos resultados nas várias etapas. Assim, por meio da análise dos<br />
resultados laboratoriais obtidos com a realização <strong>de</strong> campanhas <strong>de</strong> monitoramento das águas<br />
subterrâneas nos anos <strong>de</strong> 2004, 2007 e 2009 verificou-se a possível influência sobre a<br />
qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas.<br />
No ano <strong>de</strong> 2004, foram realizadas quatro campanhas <strong>de</strong> monitoramento, no ano <strong>de</strong><br />
2007 foram realizadas três campanhas amostrais e em 2009 foi realizada apenas uma<br />
campanha <strong>de</strong> monitoramento. Os resultados das campanhas <strong>de</strong> amostragens apresentados a
seguir foram agrupadas por ano <strong>de</strong> coleta. Os resultados serão discutidos individualmente por<br />
tipo <strong>de</strong> parâmetro, por poço <strong>de</strong> monitoramento e ano amostrado.<br />
61<br />
3.5.1 Poços <strong>de</strong> Monitoramento<br />
No ano <strong>de</strong> 1999, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SMMA iniciou o<br />
monitoramento da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas, com a implantação <strong>de</strong> poços <strong>de</strong><br />
monitoramento i<strong>de</strong>ntificou as possíveis alterações <strong>de</strong>correntes da percolação <strong>de</strong> líquidos<br />
resultantes da coliquação <strong>de</strong> corpos nas áreas <strong>de</strong> estudo. Com o aprofundamento do<br />
conhecimento sobre o sentido <strong>de</strong> fluxo das águas subterrâneas foi percebido que as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
poços <strong>de</strong> monitoramento instaladas não refletiam dados relativos a 100% das áreas. Então, no<br />
ano <strong>de</strong> 2004, foi ampliada a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> monitoramento nos cemitérios <strong>municipais</strong> e, entre 2007 e<br />
2009, houve uma nova ampliação dos poços <strong>de</strong> monitoramento, sendo que, atualmente, são 40<br />
poços distribuídos nos quatro cemitérios, conforme apresentado na Tabela 3.3.<br />
Tabela 3. 3 – Número <strong>de</strong> poços <strong>de</strong> monitoramente por cemitério <strong>de</strong> Curitiba em 1999, 2004 e 2007<br />
CEMITÉRIOS<br />
POÇOS DE MONITORAMENTO<br />
1999 2004 2007<br />
São Francisco <strong>de</strong> Paula 06 09 09<br />
Água Ver<strong>de</strong> 08 08 10<br />
Boqueirão 04 04 10<br />
Santa Cândida 06 11 11<br />
Cabe ressaltar que, como foram construídos dois poços <strong>de</strong> monitoramento no<br />
Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> e outros seis no Cemitério Municipal do Boqueirão, estes<br />
oito poços serão <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rados na análise por terem somente um registro.<br />
A <strong>de</strong>nominação dos poços <strong>de</strong> monitoramento foi dada pelas letras iniciais <strong>de</strong> cada<br />
cemitério, seguido <strong>de</strong> numeração em or<strong>de</strong>m crescente, sendo sempre aquele localizado à<br />
montante 13 o menor numeral.<br />
O registro do perfil do solo quando da execução das sondagens permitiu i<strong>de</strong>ntificar a<br />
geologia local e nos poços <strong>de</strong> monitoramento é possível ler o nível estático do aquífero<br />
freático, por meio <strong>de</strong> medidor <strong>de</strong> nível eletrônico. Este nível é expresso nas tabelas <strong>de</strong><br />
características físicas dos poços <strong>de</strong> monitoramento como a profundida<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> água e<br />
13 Poço <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> montante é sempre o primeiro poço que recebe contribuição da área externa para a<br />
área interna do empreendimento; seus dados refletem o entorno imediato que o prece<strong>de</strong>, indicando ou não<br />
contaminação externa.
62<br />
representa a distância entre a boca do poço e a superfície superior <strong>de</strong> água. Nos casos em que<br />
não foi encontrada a presença <strong>de</strong> água nos poços foi registrado com a expressão “poço seco”.<br />
A cota da superfície piezométrica foi calculada para cada ponto amostrado, por meio<br />
da diferença entre a cota do terreno e a profundida<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> água e, por conseguinte, a<br />
<strong>de</strong>terminação das linhas equipotenciais para cada área, para os anos <strong>de</strong> 2004, 2007 e 2009,<br />
com o auxílio <strong>de</strong> programa computacional Arcview 3.2a associado ao levantamento<br />
aerofotogramétrico <strong>de</strong> Curitiba permitiu a exportação dos dados, plotagem dos poços <strong>de</strong><br />
monitoramento existentes e geração dos mapas potenciométricos. Nos poços em que não foi<br />
encontrada a presença <strong>de</strong> água, estes não foram consi<strong>de</strong>rados para efeito <strong>de</strong> cálculo e geração<br />
do mapa potenciométrico.<br />
3.5.2 Procedimento <strong>de</strong> Coleta das Águas Subterrâneas nos Poços <strong>de</strong> Monitoramento<br />
Os procedimentos <strong>de</strong> coleta, preservação e transporte das amostras ao laboratório<br />
foram realizados conforme estabelecido na Norma ABNT 13.895/97. Todas as coletas foram<br />
fiscalizadas por profissional da Secretaria Municipal do Meio Ambiente <strong>de</strong> Curitiba e as<br />
análises <strong>de</strong> laboratório foram realizadas por laboratórios cre<strong>de</strong>nciados.<br />
De uma maneira geral, para os procedimentos <strong>de</strong> coleta realizou-se limpeza da área<br />
externa dos poços com a retirada da água estagnada junto a abertura <strong>de</strong> entrada do poço,<br />
seguida da abertura e esgotamento ou purgamento da coluna <strong>de</strong> água acumulada ao longo da<br />
profundida<strong>de</strong> do poço, com o objetivo amostrar água representativa do aquífero freático.<br />
Antece<strong>de</strong> à operação <strong>de</strong> purga dos poços <strong>de</strong> monitoramento, a realização <strong>de</strong> medidas<br />
do nível estático e da profundida<strong>de</strong> dos poços, por meio <strong>de</strong> um medidor eletrônico <strong>de</strong> nível,<br />
com escala graduada em centímetros, tomando-se como referência a extremida<strong>de</strong> acima da<br />
superfície do tubo <strong>de</strong> revestimento. Com base na altura da coluna <strong>de</strong> água armazenada no<br />
poço, calculou-se o volume <strong>de</strong> água a ser extraído equivalente a, no mínimo, três vezes o<br />
volume armazenado no poço, utilizando-se bal<strong>de</strong> graduado e amostradores <strong>de</strong>scartáveis. Após<br />
24 horas da realização do esgotamento dos poços, foram coletadas as amostras <strong>de</strong> água para<br />
os ensaios laboratoriais.<br />
Para a coleta e preservação das amostras são utilizados amostradores (bailers)<br />
<strong>de</strong>scartáveis <strong>de</strong> polietileno com 38 mm <strong>de</strong> diâmetro e frascos <strong>de</strong> polietileno, polipropileno,<br />
vidro, com capacida<strong>de</strong>s apropriadas, para os vários parâmetros a serem analisados. Todos os
frascos foram i<strong>de</strong>ntificados, acondicionados em caixas revestidas com isolante térmico e<br />
refrigerados com gelo.<br />
63<br />
3.5.3 Avaliação <strong>de</strong> Parâmetros <strong>de</strong> Monitoramento<br />
Os resultados das análises físico-químicas e microbiológicas das coletas foram<br />
avaliados para cada ano da série histórica <strong>de</strong> três anos (2004, 2007 e 2009). Os valores<br />
máximos permitidos (VMP) dos padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da água são os estabelecidos pela<br />
Portaria MS 518/04, Resoluções CONAMA n° 396/2008 e 357/05, a que for mais restritivo.<br />
Para aqueles parâmetros que não tiveram padrão <strong>de</strong> comparação <strong>de</strong>finido, foi adotada<br />
como referência a ausência na amostra analisada.<br />
No momento da coleta foram <strong>de</strong>terminados os parâmetros pH, condutivida<strong>de</strong> e<br />
temperatura ambiente e <strong>de</strong>vidamente registrados na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> custódia da referida coleta. Os<br />
métodos analíticos utilizados foram os estabelecidos pelo Standard Methods for the<br />
Examination of Water and Wastewater, exceto para os parâmetros clostrídios sulfito redutores<br />
e Salmonella sp. que seguiram os procedimentos da Tabela 3.4.<br />
Os parâmetros monitorados foram <strong>de</strong>terminados em função da Resolução SEMA n°<br />
19/04, que estabelece critérios para licenciamento <strong>de</strong> cemitérios e que preconizava o<br />
monitoramento dos parâmetros: alcalinida<strong>de</strong>, dureza total, dureza (cálcio e magnésio), pH,<br />
condutivida<strong>de</strong>, oxigênio dissolvido, oxigênio consumido, cloreto, amônia e nitrato. Mesmo<br />
em 2009, apesar da vigência da nova resolução (Resolução SEMA n° 02/09) foram mantidos<br />
os mesmos parâmetros <strong>de</strong> análise, inclusive os microbiológicos, estabelecendo assim um<br />
critério único <strong>de</strong> monitoramento.
Tabela 3. 4 – Procedimentos analíticos utilizados pelos laboratórios na <strong>de</strong>terminação das<br />
concentrações dos parâmetros bacteriológicos e físico-químicos.<br />
PARÂMETRO MÉTODO ANALÍTICO REFERÊNCIA<br />
Condutivida<strong>de</strong> Condutivímetro Met. 2510 B(APHA,1995)<br />
Cor Espectrofotometria Met. 2120 B(APHA,1995)<br />
Dureza total Titulometria - EDTA Met. 2340 C (APHA,1995)<br />
Temperatura<br />
Termômetro digital<br />
Turbi<strong>de</strong>z Turbidímetro Met. 2130 B(APHA,1995)<br />
Sólidos dissolvidos totais Gravimetria (180°C) Met. 2540 C(APHA,1995)<br />
Cálcio Titulometria (EDTA) Met. 3500-Ca D<br />
(APHA,1995)<br />
Magnésio Calculado Met. 3500-Mg E<br />
(APHA,1995)<br />
Sódio<br />
Fotometria <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong><br />
chama<br />
Met. 3500-Na D<br />
(APHA,1995)<br />
Alumínio<br />
Espectrometria <strong>de</strong> absorção<br />
atômica<br />
Met. 3500-Al B<br />
(APHA,1995)<br />
Chumbo<br />
Espectrometria <strong>de</strong> absorção<br />
atômica<br />
Met. 3500-Pb B<br />
(APHA,1995)<br />
Cromo total<br />
Espectrometria <strong>de</strong> absorção<br />
atômica<br />
Met. 3500-Cr B<br />
(APHA,1995)<br />
Ferro total<br />
Espectrometria <strong>de</strong> absorção<br />
atômica<br />
Met. 3500-Fe B<br />
(APHA,1995)<br />
pH Eletrométrico Met. 4500-H B (APHA,1995)<br />
Cloreto Titulometria (argentométrico) Met. 4500-Cl B<br />
(APHA,1995)<br />
Fosfato Calculado Met. 4500-P E (APHA,1995)<br />
Fósforo total Método do ácido ascórbico Met. 4500-P E (APHA,1995)<br />
Nitrato Espectrofotometria UV Met. 4500-NO 3 B<br />
(APHA,1995)<br />
Nitrito Colorimétrico Met. 4500-NO 2 B<br />
(APHA,1995)<br />
Nitrogênio total<br />
Calculado<br />
Nitrogênio amoniacal Método do fenato Met. 4500-NH 3 G<br />
(APHA,1995)<br />
Nitrogênio Kjedahl total Macro-Kjedahl Met. 4500-N org B<br />
(APHA,1995)<br />
Nitrogênio orgânico<br />
Calculado<br />
Oxigênio dissolvido Titulometria (iodotimétrico) Met. 4500-O B (APHA,1995)<br />
Sulfato Turbidimetria Met. 4500-SO 2- 4 E<br />
(APHA,1995)<br />
DBO 5 Manometria Met. 5210 B (APHA,1998)<br />
DQO Colorimétrico Met. 5220 B (APHA,1998)<br />
Clostrídios sulfito redutores Tubos múltiplos CETESB, 1993<br />
Bactérias heterotróficas Contagem em placa pelo Met. 9215 (APHA,1998)<br />
método <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong><br />
Coliformes fecais Substrato cromogênico Met. 9223 A (APHA,2005)<br />
<strong>de</strong>finido - Colilert<br />
Enterococcus spp. Contagem por número mais<br />
provável<br />
Salmonella sp. Pesquisa <strong>de</strong> Salmonella em 25 ITAL, 1995.<br />
g ou 25 mL<br />
Fonte: CURITIBA, 2008d; 2008e.<br />
64
65<br />
4 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO<br />
A Resolução CONAMA n° 335/2003 e Resolução SEMA n° 002/2009 classificam os<br />
cemitérios em tradicionais, tipo parques e verticais. Os cemitérios tradicionais são aqueles<br />
horizontais, com jazigos sobre o solo, no subsolo ou mistos (Fig. 4.1 A). Já os cemitérios<br />
parque ou jardim são predominantemente recoberto por jardins, cujas sepulturas ficam<br />
totalmente no subsolo, sendo possível i<strong>de</strong>ntificar o local do jazigo por meio <strong>de</strong> uma lápi<strong>de</strong><br />
pequena sobre solo (Fig. 4.1 B). Um terceiro tipo <strong>de</strong> cemitério é o vertical, concebido em uma<br />
edificação térrea ou não, com espaços para os lóculos (Fig. 4.1 C) (PARANÁ, 2009).<br />
Figura 4. 1 – Exemplos <strong>de</strong> cemitérios<br />
(A: tipo horizontal - Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> – Curitiba – PR; B: tipo parque - Cemitério<br />
Municipal Santa Cândida – Curitiba – PR; C: tipo vertical - Necrópole Ecumênica Vertical - Curitiba –<br />
PR - (Disponível em: . Acesso em: 15<br />
mai 2010).<br />
Três das quatro áreas objetos <strong>de</strong>ste estudo são classificadas como cemitérios<br />
horizontais, a saber: Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula, Cemitério Municipal Água<br />
Ver<strong>de</strong> e Cemitério Municipal Boqueirão. O quarto cemitério é classificado como parque e
<strong>de</strong>nomina-se Cemitério Municipal Santa Cândida. Não há cemitérios <strong>municipais</strong> do tipo<br />
vertical.<br />
66<br />
4.1 CEMITÉRIO MUNICIPAL SÃO FRANCISCO DE PAULA - SF<br />
O mais antigo da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Curitiba é o Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula,<br />
popularmente conhecido como Cemitério Municipal. Situa-se no bairro São Francisco,<br />
latitu<strong>de</strong> 25º 25’ 16,64” sul e longitu<strong>de</strong> 49º 16’ 30,75” leste, altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 920,02 m em relação<br />
ao nível do mar e o acesso principal po<strong>de</strong> ser feito pela Praça Padre João Sotto Maior.<br />
Sua implantação foi iniciada em 1854, com o lançamento <strong>de</strong> sua pedra fundamental,<br />
logo após a emancipação política do Paraná com a proibição dos sepultamentos junto às<br />
igrejas. Inicialmente, o terreno pertencia ao padre Agostinho Machado <strong>de</strong> Lima (1842-1882),<br />
que ce<strong>de</strong>u à construção do cemitério em virtu<strong>de</strong> da corrente <strong>de</strong> pensamento da época, a<br />
higienista, e das novas diretrizes do governo fe<strong>de</strong>ral sobre saú<strong>de</strong> pública (CAROLLO, 1995).<br />
Neste cemitério, estão sepultados vários ícones da história <strong>curitiba</strong>na, como os mortos na<br />
Revolução Fe<strong>de</strong>ralista (1893-1894), Maria Bueno, família Hauer, Mateus Leme, entre outros.<br />
A Figura 4.2 ilustra o portal <strong>de</strong> entrada principal do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong><br />
Paula.<br />
Figura 4. 2 – Foto do portal <strong>de</strong> entrada do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula<br />
Fonte:
67<br />
O Cemitério possui uma área total <strong>de</strong> 51.414 m 2 , 5.700 túmulos, tendo ocorrido<br />
aproximadamente 67.579 sepultamentos. Não dispõe <strong>de</strong> local específico para ossuário, sendo<br />
os mesmos acomodados no interior dos jazigos. Conta com uma área para administração, lojas<br />
comerciais, posto da guarda municipal, capelas mortuárias e área para os funcionários.<br />
Internamente, o cemitério está organizado espacialmente em quadras e ruas numeradas<br />
(CURITIBA, 2008c). Des<strong>de</strong> a sua concepção, possui a mesma área atual, tendo passado por<br />
diversas obras <strong>de</strong> infra-estrutura para melhoria do empreendimento.<br />
O Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula está assentado sobre substrato rochoso<br />
do Complexo Atuba (Embasamento Cristalino) e da Formação Guabirotuba, sendo esta última<br />
em menor área <strong>de</strong> abrangência. Os solos do Complexo Atuba caracterizam-se pelas<br />
composições argilo-siltosos, areno-argilosos, com cores marrom, vermelho, cinza, com<br />
porções ocres, muitas vezes evi<strong>de</strong>nciando uma foliação requiliar. Os solos da Formação<br />
Guabirotuba caracterizam-se pelas composições siltico-argilosa a argilosa, cor cinza<br />
variegado com vermelho, <strong>de</strong> alta plasticida<strong>de</strong> (CURITIBA, 2008c).<br />
Pertence a bacia do Rio Belém, entretanto foi implantado sobre um alto topográfico,<br />
em local on<strong>de</strong> não há cursos hídricos ou nascentes em suas proximida<strong>de</strong>s imediatas, com<br />
relevo levemente ondulado, sem alterações bruscas <strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>. Integra a bacia<br />
hidrográfica do Rio Belém. As águas pluviais são conduzidas por gravida<strong>de</strong>, captadas em<br />
bocas <strong>de</strong> lobo com gra<strong>de</strong>s <strong>de</strong> concreto. Há registros <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> alagamentos em dias <strong>de</strong><br />
chuvas intensas em áreas isoladas do cemitério (CURITIBA, 2008c).<br />
As cotas da superfície piezométrica e da profundida<strong>de</strong> dos níveis da água subterrânea<br />
encontrados nos poços <strong>de</strong> monitoramento nos anos amostrados objeto <strong>de</strong>ste estudo (2004,<br />
2007 e 2009) são apresentados na Tabela 4.1.<br />
Tabela 4. 1 – Características físicas dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal São<br />
Francisco <strong>de</strong> Paula<br />
POÇOS<br />
COTA PROFUNDI PROFUNDIDADE DO COTA DA SUPERFÍCIE<br />
(m) DADE DO NÍVEL DE ÁGUA (m) PIEZOMÉTRICA (m)<br />
POÇO 2004 2007 2009 2004 2007 2009<br />
(m)<br />
SF-01 929,01 5,08 2,89 4,09 0,95 926,12 924,92 928,06<br />
SF-02 936,90 5,32 2,18 2,08 2,50 934,72 934,82 934,40<br />
SF-03 927,51 5,95 4,75 4,73 3,50 922,76 922,78 924,01<br />
SF-04 922,73 6,10 3,16 3,22 3,30 919,57 919,51 919,43<br />
SF-05 923,26 (a) Seco 9,87 (b) - 913,39 -<br />
SF-06 921,10 (a) Seco 8,00 (b) - 913,20 -<br />
SF-07 930,50 11,75 10,27 10,88 10,60 920,23 919,62 919,90<br />
SF-08 922,87 7,89 4,34 4,58 2,67 918,53 918,29 920,20<br />
SF-09 923,22 5,16 1,39 1,27 1,27 921,83 921,95 921,95<br />
(a) profundida<strong>de</strong> encontrada diferente do perfil construtivo; (b) profundida<strong>de</strong>s não medidas
68<br />
No ano <strong>de</strong> 2004, os poços <strong>de</strong> monitoramento SF-05 e SF-06 encontravam-se com os<br />
níveis do aquífero freático abaixo da coluna disponível para coleta, não sendo possível<br />
amostrá-lo. Em 2007, foi observado que estes poços apresentam, provavelmente, problemas<br />
<strong>de</strong> entupimento, visto que a profundida<strong>de</strong> a qual o medidor <strong>de</strong> nível atinge é menor que o<br />
informado no perfil construtivo (CURITIBA, 2008c). No ano <strong>de</strong> 2009, os mesmos poços <strong>de</strong><br />
monitoramento não foram localizados em função <strong>de</strong> furtos da tampa superior e avarias no piso<br />
que acabaram por encobrir-los.<br />
Notou-se que as profundida<strong>de</strong>s dos níveis <strong>de</strong> água encontrados no poço SF-09 nos três<br />
anos amostrados são menores que 1,50 m, altura mínima da camada <strong>de</strong> solo que <strong>de</strong>ve recobrir<br />
o aquífero freático recomendada pela legislação. Contudo, o poço SF-01 na campanha <strong>de</strong><br />
2009 apresentou nível do lençol praticamente aflorante que po<strong>de</strong> ser justificado por um<br />
possível aumento da intensida<strong>de</strong> pluviométrica no período amostral.<br />
Os dados da Tabela 4.1 associados a aerofotogrametria <strong>de</strong> Curitiba permitiram a<br />
geração dos mapas potenciométricos para os anos <strong>de</strong> 2004, 2007 e 2009, que po<strong>de</strong>m ser<br />
visualizados na Figura 4.3.
Figura 4. 3 - Lay-out do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula (A) e fotos aéreas parciais da<br />
área sobreposta aos poços <strong>de</strong> monitoramento e potenciometria dos anos 2004 (B), 2007 (C) e 2009<br />
(D).<br />
69
70<br />
4.2 CEMITÉRIO MUNICIPAL ÁGUA VERDE - AV<br />
O Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> foi o terceiro construído em Curitiba e inaugurado<br />
no ano <strong>de</strong> 1888, nos arredores da Igreja da Paróquia da Água Ver<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> residiam os<br />
católicos italianos e o primeiro sepultamento nele registrado foi em 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1888.<br />
Segundo informações extraídas do plano <strong>de</strong> controle ambiental, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a criação do Cemitério<br />
até o ano <strong>de</strong> 1928, a responsabilida<strong>de</strong> da administração foi realizada pela Capelania Curada da<br />
Água Ver<strong>de</strong>. Posteriormente, por meio da Lei Municipal n° 728 <strong>de</strong> 02 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1928, a<br />
responsabilida<strong>de</strong> da administração passou a ser da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba<br />
(CURITIBA, 2008a).<br />
Localiza-se no bairro Água Ver<strong>de</strong>, latitu<strong>de</strong> 25º 27’ 51,28” sul e longitu<strong>de</strong> 50º 16’<br />
36,93” leste, altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 908 m em relação ao nível do mar. Possui uma área construída <strong>de</strong><br />
97.827 m², 12.049 túmulos e aproximadamente 90.578 sepultamentos (CURITIBA, 2008a),<br />
organizado espacialmente em quadras e ruas numeradas. Não há local específico para<br />
ossuário. Conta com uma área para administração, lojas comerciais, posto da guarda<br />
municipal, capelas mortuárias e área para os funcionários. O acesso po<strong>de</strong> ser feito pelas duas<br />
entradas principais, uma pela Praça Sagrado Coração <strong>de</strong> Jesus (Fig. 4.4.) e outra pela Avenida<br />
Água Ver<strong>de</strong> e ainda por outras três distribuídas pelo perímetro da área.<br />
Há registros da realização <strong>de</strong> ampliações em 1930 e 1935, com aquisição <strong>de</strong> uma área<br />
<strong>de</strong> 3.153 m 2 , e uma terceira ampliação ocorrida em 1997, quando foram realizadas reformas<br />
na fachada do cemitério e houve o aumento do número <strong>de</strong> capelas (CURITIBA, 2008a).
71<br />
Figura 4. 4 - Foto do portão principal <strong>de</strong> entrada do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> - Praça Sagrado<br />
Coração <strong>de</strong> Jesus<br />
Fonte: Acesso em: 01 mai 2011.<br />
Este cemitério está inserido na bacia hidrográfica do Rio Belém, implantado nas<br />
vertentes do rio Guaíra, cujo corpo hídrico atravessa canalizado em seu interior. As águas<br />
pluviais são conduzidas por gravida<strong>de</strong>, captadas em bocas <strong>de</strong> lobo com gra<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ferro. Há<br />
registros <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> alagamentos em dias <strong>de</strong> chuvas intensas nas áreas mais baixas do<br />
cemitério.<br />
O Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> está assentado em uma área cuja geologia é<br />
caracterizada basicamente pela Formação Guabirotuba, com argilas gradam localmente para<br />
siltes e ocasionalmente lentes <strong>de</strong> arcóseos, sedimentos estes inconsolidados (CURITIBA,<br />
2008a).<br />
As cotas da superfície piezométrica e a profundida<strong>de</strong> dos níveis da água subterrânea<br />
encontrados nos poços <strong>de</strong> monitoramento em 2004, 2007 e 2009 estão apresentadas na Tabela<br />
4.2. Observa-se que os poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> foram<br />
construídos com profundida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 5,00 m, exceto no poço AV-03. Também se observa<br />
que apesar <strong>de</strong>stas gran<strong>de</strong>s profundida<strong>de</strong>s, os níveis do aquífero freático são rasos, quase<br />
aflorantes. De acordo com estes dados, verificou-se que somente o poço AV-05 aten<strong>de</strong>ria a<br />
distância mínima <strong>de</strong> 1,50 m do fundo do jazigo até atingir o aquífero freático, sendo que os<br />
<strong>de</strong>mais poços não aten<strong>de</strong>m. Esta constatação implica numa discussão legal quanto ao<br />
licenciamento <strong>de</strong>sta área, uma vez que este cemitério está instalado há mais <strong>de</strong> 100 anos e a
<strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> áreas não sepultáveis implica em prover estas famílias novos espaços que<br />
possam ser licenciáveis.<br />
72<br />
Tabela 4. 2 - Características físicas dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong><br />
POÇOS COTA (m) PROFUNDI<br />
DADE DO<br />
PROFUNDIDADE DO<br />
NÍVEL DE ÁGUA (m)<br />
COTA DA SUPERFÍCIE<br />
PIEZOMÉTRICA (m)<br />
POÇO (m)<br />
2004 2007 2009 2004 2007 2009<br />
AV-01 918,00 10,22 3,84 1,54 1,62 914,16 916,46 916,38<br />
AV-02 918,00 8,44 2,68 0,82 0,98 915,32 917,18 917,02<br />
AV-03 908,00 4,23 1,45 1,44 1,44 906,55 906,56 906,56<br />
AV-04 903,00 5,34 0,69 0,78 1,16 902,31 902,22 901,84<br />
AV-05 911,00 7,85 3,61 3,57 3,65 907,39 907,43 907,35<br />
AV-06 913,00 6,61 2,95 0,82 0,83 910,05 912,18 912,17<br />
AV-08 906,00 9,83 (b) 1,32 1,30 - 904,68 904,70<br />
AV-09 907,00 8,09 (b) 1,22 1,15 - 905,78 905,85<br />
AV-10 908,00 (a) (b) 1,78 (b) - 906,22 -<br />
AV-11 907,00 (a) (b) 2,36 (b) - 904,64 -<br />
(a) informação não encontrada; (b) profundida<strong>de</strong>s não medidas<br />
Não foram realizadas medidas no poço <strong>de</strong> monitoramento AV-07 por encontrar-se<br />
<strong>de</strong>sativado em função <strong>de</strong> avarias que inviabilizaram a permanência do poço. Houve falhas <strong>de</strong><br />
coletas no ano <strong>de</strong> 2004, não tendo sido encontrado registros das ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> custódia dos poços<br />
<strong>de</strong> monitoramento AV-08, AV-09. No ano <strong>de</strong> 2009 também ocorreram falhas <strong>de</strong> coleta nos<br />
dois poços <strong>de</strong> monitoramento novos (AV-10 e AV-11) inseridos após a realização do Plano <strong>de</strong><br />
Controle Ambiental em 2008.<br />
De acordo com os dados da Tabela 4.2 e o levantamento aerofotogramétrico <strong>de</strong><br />
Curitiba foram gerados os mapas potenciométricos para os anos <strong>de</strong> 2004, 2007 e 2009, que<br />
po<strong>de</strong>m ser visualizados na Figura 4.5.<br />
Em 2008, foi realizada uma avaliação do sistema <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> águas pluviais do<br />
cemitério. Neste estudo da vazão, a área contribuinte a ser drenada pela área foi <strong>de</strong> 45,76 ha,<br />
tempo <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> 17,7 minutos, intensida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> precipitação diária <strong>de</strong> 304,32<br />
L.s -1 .ha. Ao aplicar o método racional obteve-se uma vazão <strong>de</strong> 11.140,97 L.s -1 a ser drenada<br />
pelo sistema <strong>de</strong> galerias. Neste mesmo estudo, avaliou-se o sistema <strong>de</strong> drenagem existente no<br />
cemitério e foi consi<strong>de</strong>rada uma redução <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50% da vazão captada, ou seja,<br />
escoa superficialmente 5.570,85 L.s -1 . Com base nos volumes represados e cotas<br />
planialtimétricas da área do cemitério obteve-se um mapa com área sujeita à alagamentos que<br />
po<strong>de</strong> ser visualizado na Figura 4.6 (CURITIBA, 2008a).
Figura 4. 5 - Lay-out do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> (A) e fotos aéreas parciais da área<br />
sobreposta aos poços <strong>de</strong> monitoramento e potenciometria dos anos 2004 (B), 2007 (C) e 2009 (D).<br />
73
74<br />
Figura 4. 6 - Mapa da aérea do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> sobreposta à possível área <strong>de</strong><br />
alagamento simulada. Destaque em amarelo correspon<strong>de</strong>nte à área passível <strong>de</strong> alagamento.<br />
Fonte: CURITIBA, 2008.<br />
4.3 CEMITÉRIO MUNICIPAL DO BOQUEIRÃO - BQ<br />
O Cemitério Municipal do Boqueirão foi o quarto cemitério <strong>de</strong> Curitiba, construído<br />
em 1950, com o nome <strong>de</strong> Cemitério Nossa Senhora das Dores do Boqueirão, sendo<br />
originalmente pertencente à comunida<strong>de</strong> menonita, <strong>de</strong> origem alemã, resi<strong>de</strong>nte na região.<br />
Registros atestam que o primeiro sepultamento foi realizado em 08 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1950. A<br />
doação <strong>de</strong>sta área à Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba ocorreu em 1954, quando passou a ser<br />
chamado como atualmente é conhecido.<br />
Ao longo dos anos sofreu ampliações e, atualmente, conta com 45.214 m² <strong>de</strong> área<br />
total, 6.050 túmulos e aproximadamente 30.000 sepultamentos (CURITIBA, 2007). A última<br />
ampliação aconteceu em novembro <strong>de</strong> 2005, quando foi adquirida mais uma área contígua<br />
para construção <strong>de</strong> gavetários, que ocorreu em meados <strong>de</strong> 2008. A fachada atual em seu<br />
acesso principal po<strong>de</strong> ser visualizada na Figura 4.7.
75<br />
Figura 4. 7 - Foto do portão <strong>de</strong> acesso principal do Cemitério Municipal Boqueirão<br />
Fonte: CURITIBA, 2007.<br />
Situa-se na Wal<strong>de</strong>mar Loureiro <strong>de</strong> Campos, no bairro Boqueirão, inserido na bacia<br />
hidrográfica do rio Belém, latitu<strong>de</strong> 25º 30’ 43,45” sul e longitu<strong>de</strong> 49º 14’ 54,65” leste, altitu<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> 921,68 m em relação ao nível do mar (CURITIBA, 2007). Po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um<br />
cemitério tradicional, horizontal e está organizado espacialmente em quadras e ruas<br />
numeradas.<br />
O Cemitério situa-se em alto topográfico, on<strong>de</strong> não há cursos hídricos próximos,<br />
contudo há relatos <strong>de</strong> existência <strong>de</strong> poços artesianos nas proximida<strong>de</strong>s (LARA et al., 2005),<br />
contudo não foram i<strong>de</strong>ntificados estes poços durante a elaboração do plano <strong>de</strong> controle<br />
ambiental. As águas pluviais são conduzidas por gravida<strong>de</strong>, captadas em bocas <strong>de</strong> lobo com<br />
gra<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ferro ou concreto. Há registros <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> alagamentos em dias <strong>de</strong> chuvas<br />
intensas em áreas cujo sistema <strong>de</strong> drenagem é <strong>de</strong>ficiente (CURITIBA, 2007).<br />
A área do Cemitério Municipal do Boqueirão e seu entorno estão inseridos na<br />
Formação Guabirotuba, cujos sedimentos são argilo-arenosos e <strong>de</strong> solos residuais e<br />
coluvionares originados <strong>de</strong>sses sedimentos (CURITIBA, 2007).<br />
Foram verificadas as cotas da superfície piezométrica e a profundida<strong>de</strong> dos níveis da<br />
água subterrânea nos poços <strong>de</strong> monitoramento nos anos <strong>de</strong> 2004, 2007 e 2009 que estão<br />
apresentados na Tabela 4.3. Notou-se que, para o ano <strong>de</strong> 2009, haveria restrições <strong>de</strong> ocupação<br />
no entorno dos poços BQ-04 e BQ-06, cujas alturas <strong>de</strong> coluna <strong>de</strong> água limitariam a uma<br />
gaveta subterrânea, aten<strong>de</strong>ndo aos limites impostos pela legislação atual.
Tabela 4. 3 - Características físicas dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal Boqueirão<br />
POÇOS COTA (m) PROFUNDI<br />
DADE DO<br />
PROFUNDIDADE DO<br />
NÍVEL DE ÁGUA (m)<br />
COTA DA SUPERFÍCIE<br />
PIEZOMÉTRICA (m)<br />
POÇO (m)<br />
2004 2007 2009 2004 2007 2009<br />
BQ-01 922,00 10,50 2,70 6,60 5,00 919,30 915,40 917,00<br />
BQ-02 920,50 9,00 6,69 5,68 6,90 913,81 914,82 913,60<br />
BQ-03 919,87 8,50 1,92 5,55 2,90 916,03 914,32 914,32<br />
BQ-04 (a) 6,38 4,31 NE 4,40 - - -<br />
PP-01 919,62 (a) (b) 5,10 (b) - 914,52 -<br />
PP-02 921,80 (a) (b) 6,55 (b) - 915,25 -<br />
PP-03 920,72 (a) (b) 5,54 (b) - 915,18 -<br />
BQ-06 919,87 3,48 (b) (b) 2,60 - - 917,27<br />
BQ-08 918,50 7,34 (b) (b) 4,50 - - 914,00<br />
BQ-09 919,93 6,24 (b) 3,15 3,10 - 916,78 916,83<br />
BQ-09A 921,45 (a) (b) 3,30 7,30 - 918,15 915,15<br />
BQ-09B 919,93 (a) (b) 2,90 7,10 - 917,03 912,83<br />
(a) informação não encontrada; (b) profundida<strong>de</strong>s não medidas<br />
76<br />
Em 2004, eram apenas quatro poços <strong>de</strong> monitoramento distribuídos no Cemitério<br />
Municipal do Boqueirão, contudo não foi localizada nos registros a cota do poço <strong>de</strong><br />
monitoramento BQ-04, não sendo possível calcular a carga hidráulica para este poço. Para a<br />
elaboração do plano <strong>de</strong> controle ambiental, em 2007, foram instalados poços piezométricos<br />
provisórios, <strong>de</strong>nominados PP, para a coleta <strong>de</strong> dados do aquífero freático. Os poços<br />
piezométricos PP-01, 02 e 03 serviram <strong>de</strong> apoio na elaboração do plano <strong>de</strong> controle<br />
ambiental, uma vez que a área ainda era somente uma proposta para ampliação do cemitério.<br />
Com a efetiva ampliação, os poços piezométricos foram selados e foram construídos os poços<br />
BQ-09-A e BQ-09B para o monitoramento da área junto aos PP-02 e PP-03. Não foram<br />
realizadas medidas no poço <strong>de</strong> monitoramento BQ-04 em 2007, <strong>de</strong>sativado <strong>de</strong>vido a avarias<br />
na tampa <strong>de</strong> vedação que inviabilizaram a utilização do poço.<br />
Os dados da Tabela 4.3 associados a localização dos poços <strong>de</strong> monitoramento<br />
existentes e ao levantamento aerofotogramétrico <strong>de</strong> Curitiba para a geração dos mapas<br />
potenciométricos para os anos <strong>de</strong> 2007 e 2009 (Fig. 4.8).
Figura 4. 8 - Lay-out do Cemitério Municipal Boqueirão (A) e fotos aéreas parciais sobrepostas aos<br />
poços <strong>de</strong> monitoramento e potenciometria dos anos 2007 (B), 2009 (C).<br />
77
78<br />
Não foram geradas as linhas equipotenciais para o ano <strong>de</strong> 2004 em função do pequeno<br />
número <strong>de</strong> pontos conhecidos (três) e que restringem a extrapolação <strong>de</strong> dados, po<strong>de</strong>ndo<br />
produzir distorções quando se gera o mapa potenciométrico.<br />
4.4 CEMITÉRIO MUNICIPAL DE SANTA CÂNDIDA - SC<br />
O Cemitério Municipal <strong>de</strong> Santa Cândida foi o quinto cemitério construído na cida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Curitiba. Inaugurado na década <strong>de</strong> 50, mais precisamente no ano 1957, para suprir a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> local para sepultamentos. O primeiro sepultamento foi realizado em 08 <strong>de</strong><br />
abril <strong>de</strong> 1957.<br />
Localiza-se na Estrada Nova <strong>de</strong> Colombo, s/n°, no bairro Santa Cândida, latitu<strong>de</strong> 25º<br />
22’ 20,49” sul e longitu<strong>de</strong> 49º 13’ 19,94” leste, altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 952,50 m em relação ao nível do<br />
mar, contido na bacia do Rio Atuba (CURITIBA, 2008b). É um cemitério tradicional, do tipo<br />
parque e em área <strong>de</strong>scoberta, como po<strong>de</strong> ser visualizado na Figura 4.9.<br />
Figura 4. 9 - Foto da vista parcial do interior do Cemitério Municipal Santa Cândida<br />
Fonte: Acesso em: 01 mai 2011.<br />
Implantado em uma área <strong>de</strong> 132.299,75 m 2 , 8.000 túmulos e aproximadamente 96.584<br />
sepultados (CURITIBA, 2008b). Está organizado espacialmente em quadras e ruas
79<br />
numeradas. Há dois locais específicos para acomodação exclusiva para ossos, um <strong>de</strong>les ainda<br />
sem uso.<br />
Está inserido na bacia hidrográfica do rio Atuba, foi implantado em alto topográfico e<br />
dois corpos hídricos circundam a área externa, afluentes da margem direita do Rio Atuba. Por<br />
ser um cemitério do tipo parque, as águas pluviais são parcialmente infiltradas no solo quando<br />
em contato com a grama, ou captadas por meio <strong>de</strong> bocas <strong>de</strong> lobo gra<strong>de</strong>adas e galerias até o<br />
lançamento final nos cursos hídricos do entorno. Não há registros <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong><br />
alagamentos em dias <strong>de</strong> chuvas intensas (CURITIBA, 2008b).<br />
O Cemitério Municipal Santa Cândida está assentado sobre solos <strong>de</strong> rochas do<br />
Complexo Atuba (Embasamento Cristalino), em menor parte por solos das rochas<br />
sedimentares da Formação Guabirotuba e ainda porções dos terraços aluvionares,<br />
caracterizado por rochas argilo-arenosas cinza, logo abaixo <strong>de</strong> camada <strong>de</strong> solo orgânico.<br />
A cota da superfície piezométrica e a profundida<strong>de</strong> dos níveis da água subterrânea<br />
<strong>de</strong>terminados nos poços <strong>de</strong> monitoramento nos anos <strong>de</strong> 2004, 2007 e 2009 estão apresentadas<br />
na Tabela 4.4. Neste cemitério também se nota que, para o ano <strong>de</strong> 2009, haveria restrições <strong>de</strong><br />
ocupação no entorno dos poços SC-04, SC-05 e SC-10, cujas alturas <strong>de</strong> coluna <strong>de</strong> água<br />
limitariam a uma gaveta subterrânea, aten<strong>de</strong>ndo aos limites impostos pela legislação atual. Já<br />
o poço SC-01 estaria infringindo o limite mínimo <strong>de</strong> 1,50 m <strong>de</strong> distância do fundo dos jazigos<br />
até a superfície do freático.<br />
Tabela 4. 4 - Características físicas dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal Santa<br />
Cândida<br />
POÇOS COTA (m) PROFUNDI<br />
DADE DO<br />
PROFUNDIDADE DO<br />
NÍVEL DE ÁGUA (m)<br />
COTA DE SUPERFÍCIE<br />
PIEZOMÉTRICA (m)<br />
POÇO (m)<br />
2004 2007 2009 2004 2007 2009<br />
SC-01 951,37 6,47 3,09 3,17 1,00 948,28 948,20 950,37<br />
SC-02 944,50 5,21 4,15 4,24 Seco 940,35 940,26 -<br />
SC-03 931,00 5,41 2,69 (b) (b) 928,31 - -<br />
SC-04 924,99 3,10 1,16 1,69 2,39 923,83 923,30 922,60<br />
SC-05 926,69 3,96 2,97 2,94 2,44 923,72 923,75 924,25<br />
SC-07 934,93 10,82 (b) 9,01 7,07 - 926,49 928,43<br />
SC-08 934,40 8,84 (b) 6,94 (b) - 927,99 -<br />
SC-09 938,32 6,63 (b) 3,89 3,20 - 930,51 931,20<br />
SC-10 929,72 5,64 (b) 2,88 2,75 - 935,44 935,57<br />
SC-11 (a) (a) (b) Seco Seco - - -<br />
(a) informação não encontrada; (b) profundida<strong>de</strong>s não medidas
80<br />
Nos registros consultados da Secretaria Municipal do Meio Ambiente do ano <strong>de</strong> 2004<br />
não foram localizados dados relativos aos poços <strong>de</strong> monitoramento SC-07, SC-08, SC-09,<br />
SC-10 e SC-11.<br />
Em 2007, não foram realizadas coletas nos poço <strong>de</strong> monitoramento SC-03 e SC-06. O<br />
poço SC-06 encontrava-se seco e o poço SC-03 estava avariado, em função <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento<br />
<strong>de</strong> solo por processo erosivo junto à margem esquerda do córrego próximo.<br />
Na campanha do ano <strong>de</strong> 2009, não foram realizadas medidas no poço SC-02, SC-06 e<br />
SC-11 por encontrarem-se secos e o poço <strong>de</strong> monitoramento SC-08 não foi localizado, por<br />
estar numa área <strong>de</strong>scampada, coberta por vegetação rasteira e com muitos “ninhos <strong>de</strong> cupim”,<br />
que <strong>de</strong>vem ter encoberto o referido poço.<br />
Neste cemitério, a distribuição dos poços <strong>de</strong> monitoramento avaliados está apresentada<br />
na Figura 4.10 e associada ao levantamento aerofotogramétrico <strong>de</strong> Curitiba permitiu a geração<br />
dos mapas potenciométricos para os anos <strong>de</strong> 2004, 2007 e 2009.
Figura 4. 10 - Lay-out do Cemitério Municipal Santa Cândida (A) e fotos aéreas parciais da área<br />
sobreposta aos poços <strong>de</strong> monitoramento e potenciometria dos anos 2004 (B), 2007 (C) e 2009 (D).<br />
81
82<br />
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
5.1 AVALIAÇÃO DOS ASPECTOS CONSTRUTIVOS DOS JAZIGOS<br />
Os cemitérios horizontais possuem uma ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> construções, que refletem<br />
características históricas da arquitetura da época e aspectos religiosos, assim como as mais<br />
variadas formas <strong>de</strong> acabamento, diferentemente dos cemitérios parque predominantemente<br />
recoberto por jardins. Os jazigos dos cemitérios horizontais possuem as mais variadas formas<br />
<strong>de</strong> acabamento: pedras ornamentais, granitos e mármores, cerâmicas, argamassa convencional<br />
com pintura <strong>de</strong>corativa, o que reflete as diferenças culturais, classes econômicas e sociais. No<br />
cemitério parque, como os jazigos não são aparentes, há uma homogeneida<strong>de</strong> da paisagem,<br />
não sendo possível i<strong>de</strong>ntificar classes econômicas e sociais.<br />
Ambos são construídos em forma <strong>de</strong> gavetas <strong>de</strong> material <strong>de</strong> concreto armado prémoldado,<br />
com fechamentos laterais em alvenaria, tendo apenas como diferença o número <strong>de</strong><br />
gavetas, que possuem medidas internas iguais a: 0,80 m <strong>de</strong> largura, 0,60 m <strong>de</strong> altura e 2,20 m<br />
<strong>de</strong> comprimento (CURITIBA, 2008a).<br />
Em <strong>de</strong>corrência das adaptações nas estruturas feitas ao longo dos anos, muitos jazigos<br />
alteraram sua aparência física, sobrelevando-se em dois ou três jazigos. Não necessariamente<br />
as a<strong>de</strong>quações construtivas foram feitas, refletindo em problemas <strong>de</strong> recalques diferenciais,<br />
ocasionados por um ou mais fatores associados: sobrepeso da estrutura com fundação<br />
ina<strong>de</strong>quada, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte extrapolada em função da sobrecarga e subdimensionamento<br />
<strong>de</strong> peças estruturais.<br />
A concepção <strong>de</strong>stes espaços em relação à captação dos gases exalados e o<br />
necrochorume gerado na <strong>de</strong>composição não sofreram alteração, tendo como premissa básica o<br />
confinamento até sua <strong>de</strong>composição total.<br />
Por se tratar <strong>de</strong> instalações civis comuns, sujeitas as ações das intempéries, clima,<br />
vento e insolação, que naturalmente provocam <strong>de</strong>sgastes nas estruturas, os jazigos po<strong>de</strong>m<br />
expor os cemitérios a problemas ambientais, em <strong>de</strong>corrência da infiltração da água <strong>de</strong> chuva<br />
para o interior dos jazigos, da infiltração do necrochorume à água do subsolo e da lixiviação<br />
<strong>de</strong>stes compostos para o ambiente externo, on<strong>de</strong> há circulação <strong>de</strong> pessoas e animais.<br />
Sendo assim, a avaliação da situação dos jazigos possui um caráter relevante para as<br />
questões ambientais, po<strong>de</strong>ndo contribuir na i<strong>de</strong>ntificação dos principais tipos <strong>de</strong> problemas e<br />
seus responsáveis, uma vez que as famílias dos sepultados são permissionários dos espaços e
83<br />
co-responsáveis pela manutenção dos jazigos. Não foram encontrados trabalhos similares<br />
publicados com este tipo <strong>de</strong> análise.<br />
Os cemitérios horizontais e tradicionais possuem construções tumulares variadas, com<br />
jazigos com uma gaveta ou vários compartimentos, aéreos, enterrados ou aéreos e enterrados,<br />
edificados na forma <strong>de</strong> criptas, templos, mausoléus, com acabamentos em pintura,<br />
revestimento com pedras cerâmicas e ornamentais variadas e o cemitério parque possuem<br />
construções tumulares enterradas, com uma ou mais gavetas, lacrados por tampas <strong>de</strong> concreto<br />
e recobertos por jardim (CURITIBA, 2007; CURITIBA, 2008a; CURITIBA, 2008b;<br />
CURITIBA, 2008c).<br />
Totalizam 32.132 jazigos, sendo 21.555 jazigos com gavetas aéreas e 10.441 jazigos<br />
com gavetas enterradas, distribuídos conforme apresentado na Tabela 5.1.<br />
Tabela 5. 1 - Avaliação <strong>de</strong> campo dos tipos <strong>de</strong> jazigos nos Cemitérios Municipais em Curitiba<br />
NÚMERO DE JAZIGOS POR CEMITÉRIO SF AV BQ SC<br />
Total <strong>de</strong> jazigos 5741 12049 5839 8503<br />
Gavetas aéreas 5055 11455 5045 0<br />
Gavetas subterrâneas 662 585 691 8503<br />
Gavetas aéreas e subterrâneas 24 9 99 0<br />
Gavetas dos gavetários 0 0 1800 596<br />
SF = São Francisco <strong>de</strong> Paula; AV = Água Ver<strong>de</strong>; BQ = Boqueirão; SC = Santa Cândida<br />
Fonte: CURITIBA, 2007; 2008a; 2008b; 2008c.<br />
As gavetas aéreas predominam nos Cemitérios Municipais São Francisco <strong>de</strong> Paula,<br />
Água Ver<strong>de</strong> e Boqueirão, que juntos resultam em 67% do total <strong>de</strong> jazigos. As Figuras 5.1 A,<br />
B e C apresentam o interior dos Cemitérios Municipais São Francisco <strong>de</strong> Paula, Cemitério<br />
Municipal Água Ver<strong>de</strong>, Cemitério Municipal Boqueirão, respectivamente. A exceção <strong>de</strong>sta<br />
classificação é o Cemitério Municipal Santa Cândida, composto apenas por gavetas enterradas<br />
(Fig. 5.1 D).
84<br />
Figura 5. 1 - Fotos gerais da predominância <strong>de</strong> jazigos por Cemitérios Municipais em Curitiba<br />
A: Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula, B: Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>, C: Cemitério<br />
Municipal Boqueirão e D: Cemitério Municipal Santa Cândida, E: gavetário do Cemitério Municipal<br />
Santa Cândida e F: gavetário do Cemitério Municipal Boqueirão.<br />
Para suprir uma <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> jazigos, foram implantados gavetários nos Cemitérios<br />
Municipais Santa Cândida e Boqueirão, aproveitando as áreas disponíveis nestes locais. Os<br />
gavetários são construídos em estruturas <strong>de</strong> concreto armado, que abrigam gavetas aéreas<br />
geminadas com altura máxima equivalente a quatro gavetas. No Cemitério Municipal Santa<br />
Cândida são 596 gavetas distribuídas em 15 gavetários (Fig. 5.1 E) e no Cemitério Municipal
85<br />
Boqueirão são 1.800 gavetas em 10 gavetários (Fig. 5.1 F). Os Cemitérios Municipais São<br />
Francisco <strong>de</strong> Paula e Água Ver<strong>de</strong> não possuem gavetários.<br />
O Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental do Cemitério Municipal Santa Cândida não avaliou as<br />
condições dos gavetários, contudo em visita ao local foram i<strong>de</strong>ntificadas manchas escurecidas<br />
nas laterais, o que indica a infiltração <strong>de</strong> água <strong>de</strong> chuva. Também foram verificadas manchas<br />
marron-acinzentadas nas tampas frontais que indicam problemas <strong>de</strong> estanqueida<strong>de</strong> e vedação,<br />
o qual po<strong>de</strong> proporcionar o extravasamento <strong>de</strong> necrochorume. Os gavetários do Cemitério<br />
Municipal Boqueirão foram construídos em 2008, após a elaboração do Plano <strong>de</strong> Controle<br />
Ambiental, razão pela qual não há registros documentados sobre a situação <strong>de</strong>stas estruturas.<br />
Em vistoria local, foi percebido que as condições gerais são melhores se comparadas ao<br />
Cemitério Municipal Santa Cândida, apresentando número <strong>de</strong> pontos reduzidos e isolados <strong>de</strong><br />
extravasamento <strong>de</strong> necrochorume.<br />
Normalmente, os jazigos apresentam algum tipo <strong>de</strong> acabamento ou revestimento, que<br />
varia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a argamassa à pedra ornamental. Nos cemitérios avaliados, são encontrados<br />
jazigos revestidos por pedra ornamental (granitos e mármores), azulejo, acabamento<br />
convencional (alvenaria com revestimento argamassado) e combinações nas tampas e laterais<br />
dos mesmos revestimentos já citados. A distribuição nos quatro cemitérios em estudo<br />
encontra-se na Tabela 5.2.<br />
Tabela 5. 2 - Número <strong>de</strong> jazigos por tipos <strong>de</strong> revestimentos nos Cemitérios Municipais em Curitiba<br />
TIPO DE REVESTIMENTO SF AV BQ SC<br />
Total <strong>de</strong> jazigos 5741 12049 5839 8503<br />
Revestidos em pedra ornamental 2334 8710 3146 890<br />
Revestidos em azulejo 2176 0 0 469<br />
Acabamento convencional 1216 3339 2693 1981<br />
Tampa revestida em pedra ornamental e laterais<br />
revestidas com acabamento convencional<br />
9 0 0 482<br />
Tampa revestida em azulejo e laterais revestidas<br />
com acabamento convencional<br />
6 0 0 4681<br />
SF = São Francisco <strong>de</strong> Paula; AV = Água Ver<strong>de</strong>; BQ = Boqueirão; SC = Santa Cândida<br />
Fonte: CURITIBA, 2007; 2008a; 2008b; 2008c.<br />
Destaca-se a aplicação <strong>de</strong> pedra ornamental nos Cemitérios Municipais São Francisco<br />
<strong>de</strong> Paula (Fig. 5.2 A), e Água Ver<strong>de</strong> (Fig. 5.2 B), os mais antigos e tradicionais da cida<strong>de</strong>,<br />
construídos em bairros colonizados por alemães e italianos, respectivamente (FENIANOS,<br />
1998). Neles encontram-se sepultados entes <strong>de</strong> famílias ilustres <strong>de</strong> Curitiba, com forte elo <strong>de</strong><br />
ligação com a história da cida<strong>de</strong>, assim como Maria Bueno consi<strong>de</strong>rada santa por muitos e<br />
que recebe um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> visitantes (GRASSI, 2006).
86<br />
Figura 5. 2 - Fotos gerais dos tipos <strong>de</strong> revestimentos dos jazigos por Cemitérios Municipais em<br />
Curitiba (A: Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula, B: Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>, C:<br />
Cemitério Municipal Boqueirão e D: Cemitério Municipal Santa Cândida.)<br />
No Cemitério Municipal Boqueirão (Fig. 5.2 C), o número <strong>de</strong> jazigos revestidos com<br />
pedra ornamental é um pouco superior ao número <strong>de</strong> jazigos construídos com acabamento<br />
convencional. Em 1950, ano <strong>de</strong> sua criação, ocupava uma área <strong>de</strong> 31.678 m 2 e pertencia à<br />
comunida<strong>de</strong> menonita que habitava a região. O tipo <strong>de</strong> acabamento e a manutenção dada aos<br />
jazigos po<strong>de</strong> ter relação com traços culturais característicos dos imigrantes alemães<br />
colonizadores <strong>de</strong>ste bairro (FENIANOS, 2000). Sucessivas ampliações ocorreram em 1970,
87<br />
1974 e 2008, totalizando uma área 45.214 m 2 e o perfil dos padrões <strong>de</strong> revestimentos foi<br />
sendo alterado, po<strong>de</strong>ndo ser notado visivelmente ao percorrer a área.<br />
No Cemitério Municipal Santa Cândida, há um predomínio <strong>de</strong> jazigos revestidos em<br />
azulejo com laterais em acabamento convencional (Fig. 5.2 D). Em visita ao local, observouse<br />
a falta <strong>de</strong> manutenção dos jazigos por parte dos permissionários.<br />
Na Tabela 5.3 estão apresentados os tipos <strong>de</strong> danos observados nos jazigos, como:<br />
rachaduras, queda <strong>de</strong> revestimento, posição da tampa, presença <strong>de</strong> vegetação arbórea ou<br />
arbustiva junto à base dos jazigos, odor aparente, vazamento do produto <strong>de</strong> coliquação.<br />
Tabela 5. 3 - Avaliação <strong>de</strong> campo dos danos i<strong>de</strong>ntificados nos jazigos nos Cemitérios Municipais <strong>de</strong><br />
Curitiba<br />
NÚMERO DE DANOS IDENTIFICADO POR<br />
JAZIGO POR CEMITÉRIO<br />
SF AV BQ SC<br />
Sem danos aparentes 3483 3172 4806 2657<br />
Revestidos com acabamento convencional sem danos<br />
aparentes<br />
249 N.A. 3039 92<br />
Revestidos com acabamento convencional com rachaduras 1121 2134 912 1925<br />
Revestidos com acabamento convencional totalmente<br />
comprometido<br />
0 76 194 16<br />
Revestidos com acabamento convencional parcialmente<br />
comprometido<br />
764 1680 760 1712<br />
Revestidos com acabamento convencional sem pintura 906 1389 1270 1858<br />
Revestidos em pedra ornamental com rachaduras 282 N.A. N.A. 105<br />
Revestidos em azulejo com rachaduras 582 N.A. N.A. 742<br />
Tampa revestida em pedra ornamental e laterais revestidas<br />
em acabamento convencional parcialmente comprometido<br />
N.A. N.A. N.A. 196<br />
Tampa revestida em pedra ornamental e laterais revestidas<br />
com acabamento convencional totalmente comprometido<br />
N.A. N.A. N.A. 45<br />
Tampa revestida em azulejo e laterais revestidas em<br />
acabamento convencional totalmente comprometido<br />
N.A. N.A. N.A. 2647<br />
Tampa revestida em azulejo e laterais com acabamento<br />
convencional totalmente comprometido<br />
N.A. N.A. N.A. 164<br />
Laterais com acabamento convencional e aberturas nas<br />
laterais<br />
44 N.A. N.A. 108<br />
Não apresentam problemas na tampa N.A. 8723 N.A. N.A.<br />
Não apresentam tampa, apenas recobertos com terra 15 N.A. N.A. N.A.<br />
Não apresentam tampa N.A. 25 N.A. N.A.<br />
Apresentam tampa entreaberta 52 3222 146 698<br />
Apresentam tampa aberta 3 79 98. 68<br />
Apresentam basculamento 23 N.A. N.A. 150<br />
Apresentam vegetação junto à base do jazigo 843 3762 586 2109<br />
Apresentam odor aparente 4 2 16 0<br />
Apresentam vazamento <strong>de</strong> líquidos coliquativos 39 23 2 0<br />
SF = São Francisco <strong>de</strong> Paula; AV = Água Ver<strong>de</strong>; BQ = Boqueirão; SC = Santa Cândida; N.A. = não<br />
apontado pelo PCA.<br />
Fonte: CURITIBA, 2007; 2008a; 2008b; 2008c.
N° <strong>de</strong> jazigos<br />
88<br />
Os acabamentos ditos convencionais são aqueles que receberam aplicação <strong>de</strong><br />
revestimento em argamassa. E os danos que “não apresentam problemas na tampa” são<br />
aqueles que visualmente encontravam-se intactos e sem vestígios <strong>de</strong> problemas; o dano<br />
“tampa entreaberta” refere-se a um <strong>de</strong>slocamento parcial da tampa fechada.<br />
Do total <strong>de</strong> jazigos, nas quatro áreas <strong>de</strong> estudo, 14.118 jazigos (43,94%) não<br />
apresentam danos aparentes e 18.014 jazigos (56,06%) apresentam danos (CURITIBA, 2007;<br />
CURITIBA, 2008a; CURITIBA, 2008b; CURITIBA, 2008c) (Fig. 5.3).<br />
14000<br />
12000<br />
10000<br />
8000<br />
6000<br />
4000<br />
2000<br />
0<br />
5741<br />
3483<br />
2258<br />
12049 3172<br />
8877<br />
5839 4806<br />
1033<br />
SF AV BQ SC<br />
Número total <strong>de</strong> jazigos<br />
Cemitérios<br />
Número total <strong>de</strong> jazigos sem danos<br />
Número total <strong>de</strong> jazigos com danos<br />
8503 2657<br />
5846<br />
Figura 5. 3 - Gráfico comparativo entre o número <strong>de</strong> jazigos que apresentaram e os que não<br />
apresentaram danos por Cemitérios Municipais em Curitiba.<br />
SF = São Francisco <strong>de</strong> Paula; AV = Água Ver<strong>de</strong>; BQ = Boqueirão; SC = Santa Cândida<br />
Nota-se que o Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula, o mais antigo, e o<br />
Cemitério Municipal Boqueirão, o mais recente, possuiam o menor número <strong>de</strong> jazigos com<br />
danos (39,33% e 17,69%, respectivamente). Nestes locais o tipo <strong>de</strong> acabamento predominante<br />
dos jazigos foi pedra ornamental (Tab. 5.3), que apresenta maior durabilida<strong>de</strong> do revestimento<br />
às ações das intempéries diárias e das variações <strong>de</strong> temperatura ao longo do ano. Aliado a este<br />
fator, é importante <strong>de</strong>stacar que também po<strong>de</strong> influenciar na manutenção dos jazigos, a<br />
presença da administração do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> serviços especiais junto ao Cemitério<br />
Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula.<br />
No Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>, mesmo com a predominância <strong>de</strong> jazigos<br />
construídos com acabamento em pedra ornamental, o número <strong>de</strong> jazigos com danos foi <strong>de</strong><br />
8.807 ou 73,67% do total. Diferente dos outros cemitérios avaliados, constatou-se que no<br />
Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> houve uma <strong>de</strong>gradação do espaço pela não conservação e<br />
manutenção dos jazigos, po<strong>de</strong>ndo ser um reflexo <strong>de</strong> falhas operacionais no controle da<br />
manutenção dada pelos permissionários aos jazigos ou ser uma constatação do distanciamento
89<br />
da socieda<strong>de</strong> atual em relação à morte e o significado da preservação da memória <strong>de</strong> seus<br />
entes queridos. Ariès 14 (1977, apud KOVÀCS, 2002) afirma que os túmulos representam para<br />
os homens o lugar on<strong>de</strong> se relembra a importância que os vivos <strong>de</strong>ram para a morte e,<br />
principalmente, para os mortos, assim como Araújo (2008) afirma que os monumentos<br />
representam o elo entre o passado e o presente, dando um sentido <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> à vida.<br />
No Cemitério Municipal Santa Cândida, foram i<strong>de</strong>ntificados 5.846 jazigos com danos,<br />
o que representa 68,75% do total. Neste cemitério, o acabamento construtivo era azulejo na<br />
tampa superior e acabamento convencional nas laterais.<br />
Entre os danos mais freqüentes observados nos quatro cemitérios estão: rachaduras<br />
nos jazigos revestidos com acabamento convencional, jazigos com revestimento parcialmente<br />
comprometido i<strong>de</strong>ntificado pela queda <strong>de</strong> reboco, além da falta <strong>de</strong> pintura, sugerindo baixo<br />
índice <strong>de</strong> conservação e manutenção dos espaços (Fig. 5.4).<br />
O Cemitério Municipal Boqueirão apresentou o menor número <strong>de</strong> jazigos com danos<br />
(1.033), representando apenas 17,67% do total <strong>de</strong> jazigos. Foram registrados 3.984 danos em<br />
jazigos (Fig. 5.4), sendo os mais representativos a presença <strong>de</strong> rachaduras (22,89%) e com<br />
revestimento parcialmente comprometido (19,07%), o que sugere uma possível ocorrência<br />
simultânea <strong>de</strong>stes danos em jazigos, cujo acabamento era convencional com argamassa. Além<br />
disso, a ausência <strong>de</strong> pintura nos jazigos com acabamento convencional (32,88%) provoca, ao<br />
longo do tempo, uma <strong>de</strong>gradação das pare<strong>de</strong>s e, em casos <strong>de</strong> extremo abandono, o<br />
<strong>de</strong>scolamento e queda do revestimento. Os danos em jazigos <strong>de</strong>correntes da presença <strong>de</strong><br />
vegetação junto à base representaram 14,70% do total com danos <strong>de</strong>tectados para o Cemitério<br />
Municipal Boqueirão.<br />
No Cemitério Municipal Santa Cândida, foram registrados 12.543 danos em jazigos<br />
(Fig. 5.4), sendo a presença <strong>de</strong> rachaduras a mais frequente (15,34%), seguido por<br />
revestimento parcialmente comprometido (13,64%) e ausência <strong>de</strong> pintura nos jazigos com<br />
acabamento convencional (14,81), sugerindo uma possível ocorrência simultânea <strong>de</strong>stes danos<br />
em jazigos em razão do acabamento com argamassa. Diferentemente dos <strong>de</strong>mais, foram<br />
i<strong>de</strong>ntificados 21,11% <strong>de</strong> danos em jazigos com tampa <strong>de</strong> azulejo e laterais revestidas com<br />
acabamento convencional totalmente comprometido. Foram i<strong>de</strong>ntificados danos <strong>de</strong>correntes<br />
da presença <strong>de</strong> vegetação junto à base que representam 16,81% do total com danos<br />
<strong>de</strong>tectados. Estes resultados sugerem a ocorrência simultânea <strong>de</strong> vegetação nos jazigos on<strong>de</strong><br />
14 ARIÈS, P. A história da morte no Oci<strong>de</strong>nte. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Francisco Alves, 1977.
ocorrem rachaduras, uma vez que as aberturas po<strong>de</strong>m permitir o enraizamento e sustentação<br />
da vegetação.<br />
90<br />
Figura 5. 4 - Gráfico comparativo do número total <strong>de</strong> danos mais representativos i<strong>de</strong>ntificados e tipos<br />
<strong>de</strong> danos associados nos Cemitérios Municipais <strong>de</strong> Curitiba
91<br />
Dos 5.741 jazigos do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula, 2.258 jazigos<br />
apresentam danos aparentes (39,33%), sendo que a presença <strong>de</strong> rachaduras representou<br />
23,96% dos danos encontrados, ou seja, 4.678 jazigos com danos. O revestimento<br />
parcialmente comprometido resultou em 16,33% dos danos e ausência <strong>de</strong> pintura nos jazigos<br />
com acabamento convencional foi <strong>de</strong> 19,36% (Fig. 5.4). Os danos <strong>de</strong>correntes da presença <strong>de</strong><br />
vegetação junto à base representaram 18,02% do total com danos <strong>de</strong>tectados. Assim como no<br />
Cemitério Municipal Santa Cândida, estes resultados sugerem a mesma simultaneida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ocorrência dos danos mais representativos.<br />
Em contraposição, no Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> foram registrados 21.115<br />
danos em jazigos (Fig. 5.4), sendo os mais representativos: a presença <strong>de</strong> rachaduras em<br />
jazigos com acabamento convencional (8,96%), seguido pela ocorrência <strong>de</strong> tampa entre aberta<br />
(15,26%) e presença <strong>de</strong> vegetação junto à base (17,82%). Assim, neste cemitério houve falhas<br />
na conservação e manutenção dos jazigos, apesar da predominância <strong>de</strong> jazigos construídos<br />
com acabamento em pedra ornamental e os mapas dos Anexos C, D e E ilustram a<br />
distribuição <strong>de</strong>stes danos na área. Em relação aos danos nas tampas dos jazigos, estes po<strong>de</strong>m<br />
estar relacionados a furtos <strong>de</strong> lápi<strong>de</strong>s, roubo <strong>de</strong> peças anatômicas, sugerindo à ação <strong>de</strong><br />
vandalismo recorrente, como apontado no plano <strong>de</strong> controle ambiental. Embora o cemitério<br />
tivesse uma predominância <strong>de</strong> jazigos subterrâneos em uma <strong>de</strong>terminada área, o poço AV-10,<br />
que po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>monstrar a influência <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> instalação sobre a qualida<strong>de</strong> das águas<br />
subterrâneas, foi construído em 2008, não tendo sido amostrado na campanha <strong>de</strong> 2009. A<br />
ocorrência <strong>de</strong> tampas abertas e entre abertas no cemitério estão dispersas pela área, não sendo<br />
possível estabelecer correlações <strong>de</strong> contaminação das águas subterrâneas. No Anexo B po<strong>de</strong>m<br />
ser melhor visualizados os tipos <strong>de</strong> jazigos distribuídos na área.<br />
O conjunto <strong>de</strong> dados para todas as áreas ainda <strong>de</strong>monstrou que são baixos os índices<br />
<strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> jazigos com presença <strong>de</strong> odor e vazamento <strong>de</strong> necrochorume, não atingindo<br />
sequer 1,49% dos danos i<strong>de</strong>ntificados em todos os cemitérios. É válido observar que<br />
vazamentos <strong>de</strong> necrochorume nas gavetas subterrâneas não foram objeto <strong>de</strong> análise,<br />
restringindo-se o levantamento a danos externos e visíveis.<br />
Cabe <strong>de</strong>stacar que os dados dos Planos <strong>de</strong> Controle Ambiental apontam para baixos<br />
índices <strong>de</strong> jazigos com basculamento. Estes planos registraram danos <strong>de</strong>sta natureza somente<br />
nos Cemitérios Municipais São Francisco <strong>de</strong> Paula (0,49%) e Santa Cândida (1,20%).<br />
Contudo, em visita ao local, observou-se movimentações nas outras duas áreas, como<br />
<strong>de</strong>monstra a Figura 5.5.
92<br />
Figura 5. 5 - Fotos gerais <strong>de</strong> jazigos com danos <strong>de</strong> basculamento nos Cemitérios Municipais em<br />
Curitiba<br />
A: Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula, B: Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>, C: Cemitério Municipal<br />
Boqueirão e D: Cemitério Municipal Santa Cândida.<br />
As prováveis causas para estas movimentações po<strong>de</strong> ser ausência <strong>de</strong> fundação capaz<br />
<strong>de</strong> absorver o peso próprio da estrutura e do sobrepeso pós-sepultamento, ou ainda, po<strong>de</strong> não<br />
ter a<strong>de</strong>quado o padrão construtivo dos jazigos, em possíveis reformas, e terem mantido no<br />
fundo dos jazigos peças anatômicas dos sepultamentos antigos feitos diretamente no solo.<br />
Assim, estas peças anatômicas ao sofrerem a ação da <strong>de</strong>composição natural, geraram espaços<br />
vazios e, por ação do peso próprio da estrutura, estejam sofrendo acomodações.<br />
Os danos i<strong>de</strong>ntificados, como: a existência <strong>de</strong> falhas na estrutura como rachaduras,<br />
comprometimento no revestimento, tampas entre aberta, ocorreram em todas as áreas<br />
estudadas. Isto po<strong>de</strong> estar acarretando em acúmulos <strong>de</strong> águas pluviais no interior dos jazigos,<br />
o que po<strong>de</strong> resultar em conservação dos corpos sepultados, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tempo <strong>de</strong><br />
sepultamento e interferir no estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição. Além disso, a água acumulada po<strong>de</strong><br />
carrear produto da coliquação para fora dos jazigos, através das rachaduras ou fissuras<br />
presentes, colaborando com o aumento da fragilida<strong>de</strong> ambiental <strong>de</strong>stas áreas.
N° <strong>de</strong> jazigos<br />
93<br />
Outro dano comum a todas as áreas é o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> calçadas que afetem a base<br />
do jazigo <strong>de</strong>corrente da presença <strong>de</strong> vegetação arbustiva ou arbórea. A presença <strong>de</strong> vegetação<br />
po<strong>de</strong> ser fruto do plantio ou da casualida<strong>de</strong> da própria natureza ao semear exatamente nas<br />
aberturas dos jazigos. Como consequência do <strong>de</strong>senvolvimento das espécies arbóreas ou<br />
arbustivas, o local sugere a presença <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> suficiente para a sua existência. Depen<strong>de</strong>ndo<br />
do tipo <strong>de</strong> vegetação suas raízes po<strong>de</strong>m ser radiculares, crescendo lateralmente, provocando<br />
movimentações no solo que são notadas nas ondulações <strong>de</strong> calçadas e nos pisos laterais dos<br />
jazigos, assim como po<strong>de</strong>m permanecer imperceptíveis e danificando as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong><br />
água pluvial. Nas duas situações contribuem para a fragilida<strong>de</strong> ambiental da área.<br />
Entretanto, no levantamento da situação <strong>de</strong> cada área, foi consi<strong>de</strong>rada a existência <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> dano por jazigo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da localização, sendo possível ocorrer<br />
alterações ambientais atreladas à situação <strong>de</strong> danos nos jazigos. Na Figura 5.6, é possível<br />
visualizar esta relação entre o número <strong>de</strong> jazigos existentes dos quatro cemitérios avaliados, o<br />
número total <strong>de</strong> jazigos com danos e o número <strong>de</strong> danos múltiplos por jazigos.<br />
25000<br />
21115<br />
20000<br />
15000<br />
10000<br />
5000<br />
5741 2258 4678<br />
12049<br />
8877<br />
5839<br />
1033<br />
3984<br />
8503<br />
5846 12543<br />
0<br />
SF AV BQ SC<br />
Cemitérios<br />
Número total <strong>de</strong> jazigos<br />
Número total <strong>de</strong> jazigos com danos<br />
Número <strong>de</strong> danos múltiplos i<strong>de</strong>ntificados<br />
Figura 5. 6 - Gráfico do comparativo entre o número <strong>de</strong> jazigos existentes e o número <strong>de</strong> danos<br />
encontrados nos jazigos por Cemitérios Municipais em Curitiba.<br />
SF = São Francisco <strong>de</strong> Paula; AV = Água Ver<strong>de</strong>; BQ = Boqueirão; SC = Santa Cândida<br />
No Cemitério Municipal Boqueirão foram i<strong>de</strong>ntificados cerca <strong>de</strong> 3,86 danos em cada<br />
jazigo, ou seja, é o cemitério que apresenta o maior índice <strong>de</strong> danos múltiplos por jazigo entre<br />
as áreas avaliadas. Contudo, estes jazigos danificados não se <strong>de</strong>stacam na área porque 4.806<br />
jazigos (82,31%) não apresentam danos aparentes. Em segundo lugar, o Cemitério Municipal<br />
Água Ver<strong>de</strong> apresentou 2,38 danos múltiplos em cada jazigo e que possui um número
94<br />
significativo <strong>de</strong> jazigos com danos (73,67%), seguido pelo Cemitério Municipal Santa<br />
Cândida, com 2,15 danos por jazigo. Por último, o Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong><br />
Paula revelou o menor índice <strong>de</strong> danos, com 2,07 danos múltiplos por jazigo.<br />
Num extremo <strong>de</strong>sta avaliação está o Cemitério Municipal Boqueirão, implantado<br />
recentemente, e que apresentou 1033 jazigos com danos (17,67%) e a pior condição <strong>de</strong><br />
manutenção e conservação com, aproximadamente, quatro danos em cada jazigo. No outro<br />
extremo, o São Francisco <strong>de</strong> Paula, primeiro a ser implantado em Curitiba, que apresentou<br />
2.258 jazigos com danos aparentes (39,33%) e a ocorrência <strong>de</strong> 2,07 danos em cada jazigo. A<br />
razão para tal po<strong>de</strong> estar associada à representativida<strong>de</strong> histórico-cultural do Cemitério<br />
Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula em relação às personalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque da socieda<strong>de</strong><br />
<strong>curitiba</strong>na, ali sepultadas e que são visitadas constantemente pela socieda<strong>de</strong> em geral e já no<br />
Cemitério Municipal Boqueirão estão sepultadas pessoas que pertencem à socieda<strong>de</strong> em geral<br />
e que são visitadas somente pelos familiares mais próximos.<br />
Por sua vez, o Cemitério Municipal Santa Cândida, o único cemitério-parque<br />
municipal, implantado em uma gran<strong>de</strong> área territorial, com ampla área gramada, vegetação<br />
arbórea isolada ou em maciços, com túmulos praticamente rentes ao solo, apresentou um<br />
índice <strong>de</strong> danos múltiplos próximo ao encontrado no Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong><br />
Paula, contudo na leitura visual do espaço interfere pouco e atenua a percepção do espaço por<br />
parte do visitante.<br />
5.2 AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE DO AQUÍFERO<br />
A vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero para cada área individualmente foi por meio da<br />
reavaliação da aplicação do método GOD feita quando da elaboração dos planos <strong>de</strong> controle<br />
ambiental <strong>de</strong> cada cemitério, que permitirá avaliar as condições do substrato e do aquífero<br />
local, bem como apontar as peculiarida<strong>de</strong>s e similarida<strong>de</strong>s entre as áreas estudadas,<br />
justificando os índices parciais adotados no momento da aplicação do método propriamente<br />
dito.<br />
O Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula está assentado sobre duas unida<strong>de</strong>s<br />
geológicas distintas, que são o Complexo Atuba (Embasamento Cristalino) e a Formação<br />
Guabirotuba (Fig. 5.7), sendo a primeira em menor proporção <strong>de</strong> área, evi<strong>de</strong>nciando a<br />
característica geológica <strong>de</strong> Curitiba. Basicamente os solos da Formação Guabirotuba possuem
95<br />
uma composição mineralógica mais expressiva <strong>de</strong> argilas, sendo comum a presenças <strong>de</strong> siltes<br />
e areias inconsolidadas.<br />
Os resultados dos ensaios <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> da área do Cemitério Municipal São<br />
Francisco <strong>de</strong> Paula apontam para uma condutivida<strong>de</strong> hidráulica na área entre 8,2x10 -5 cm.s -1 e<br />
8,5x10 -7 cm.s -1 e uma velocida<strong>de</strong> aparente <strong>de</strong> fluxo entre 15,97 m.ano -1 e 0,17 m.ano -1<br />
(CURITIBA, 2008c). Isto indica que os solos presentes na área são mais impermeáveis, o que<br />
po<strong>de</strong> dificultar a percolação <strong>de</strong> efluentes para a as camadas mais profundas e, assim, proteger<br />
as águas subterrâneas <strong>de</strong> possíveis contaminações externas.<br />
Figura 5. 7 - Mapa da formação geológica da área do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula.<br />
Fonte: Adaptado <strong>de</strong> CURITIBA, 2008c
96<br />
Aplicando o método GOD, o grau <strong>de</strong> confinamento hidráulico dos aqüíferos (G)<br />
presentes em solos <strong>de</strong>rivados do Complexo Atuba no Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong><br />
Paula, <strong>de</strong>monstrados por sondagens realizadas na elaboração do plano <strong>de</strong> controle ambiental,<br />
foi consi<strong>de</strong>rado confinado, tendo sido atribuído um índice <strong>de</strong> 0,2.<br />
O substrato geológico da zona não-saturada (O) para solos do Complexo Atuba no<br />
Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula <strong>de</strong>rivam das formações ígneas, metamórficas e<br />
vulcânicas antigas e caracterizam-se por uma composição argilo-siltosa, areno-argilosa, com<br />
cores variando <strong>de</strong> marrom, vermelho, cinza, tendo sido atribuído então os valores <strong>de</strong> 0,6 e 0,7.<br />
A profundida<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> água em aqüíferos não-confinados ou a profundida<strong>de</strong> do<br />
teto do primeiro aqüífero confinado (D) encontrados nos poços SF-05, SF-08 e SF-09 (ano <strong>de</strong><br />
2007) é, em média, <strong>de</strong> 5,24 m, o que enquadra entre uma profundida<strong>de</strong> entre 5 e 20 m e po<strong>de</strong><br />
ser atribuído índice <strong>de</strong> 0,8.<br />
Aplicando o produto dos três fatores, a condição <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero em<br />
solos <strong>de</strong>rivados do Complexo Atuba, ilustrado na Tabela 5.4, resultou em um índice <strong>de</strong><br />
susceptibilida<strong>de</strong> insignificante, ou seja, as águas subterrâneas estão sob condições <strong>de</strong><br />
confinamento, assentados sobre um substrato mais consolidado do Complexo Atuba, cuja<br />
presença <strong>de</strong> água se dá em profundida<strong>de</strong>s maiores e que favorecem positivamente para uma<br />
vulnerabilida<strong>de</strong> insignificante do aquífero freático, dificultando a dispersão <strong>de</strong> contaminantes.<br />
Tabela 5. 4 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados do<br />
Complexo Atuba do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula para o ano <strong>de</strong> 2007<br />
PARÂMETROS<br />
ÍNDICE<br />
(G) Aqüífero: confinado 0,2<br />
(O) Substrato geológico: formações ígneas, metamórficas e 0,6 a 0,7<br />
vulcânicas antigas<br />
(D) Profundida<strong>de</strong> do teto do aqüífero: 5 a 20 m 0,8<br />
Índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> 0,10 – 0,11<br />
Enquadramento da vulnerabilida<strong>de</strong><br />
Insignificante<br />
Fonte: CURITIBA, 2008c.<br />
Ao aplicar o método nas mesmas condições para solos <strong>de</strong>rivados da Formação<br />
Guabirotuba no Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula, o grau <strong>de</strong> confinamento<br />
hidráulico do aqüífero (G) foi consi<strong>de</strong>rado livre e, portanto, foi atribuído um índice <strong>de</strong> 0,6.<br />
O substrato geológico da zona não-saturada (O) para solos da Formação Guabirotuba<br />
no Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong> solos residuais, rochas ígneas e<br />
arenitos (porções arcoseanas) e caracterizam-se por uma composição síltico-argilosa a
97<br />
argilosa, cor cinza variegado com vermelho, <strong>de</strong> alta plasticida<strong>de</strong>, tendo sido atribuído então os<br />
valores <strong>de</strong> 0,6 e 0,5.<br />
A profundida<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> água em aqüíferos não-confinados ou a profundida<strong>de</strong> do<br />
teto do primeiro aqüífero confinado (D) encontrados nos poços SF-01, SF-02, SF-03, SF-04,<br />
SF-06 E SF-07 (ano <strong>de</strong> 2007) é, em média, <strong>de</strong> 5,50 m, o que enquadra entre uma<br />
profundida<strong>de</strong> entre 5 e 20 m e po<strong>de</strong> ser atribuído índice <strong>de</strong> 0,8 a 0,9.<br />
Aplicando, novamente, o produto dos três fatores, a condição <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do<br />
aquífero em solos <strong>de</strong>rivados da Formação Guabirotuba no Cemitério Municipal São Francisco<br />
<strong>de</strong> Paula, ilustrado na Tabela 5.5, resultou em um índice <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong> baixa a<br />
mo<strong>de</strong>rada.<br />
Tabela 5. 5 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos da Formação<br />
Guabirotuba do Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula para o ano <strong>de</strong> 2007<br />
PARÂMETROS<br />
ÍNDICE<br />
(G) Aquífero: livre (coberto) 0,6<br />
(O) Substrato geológico: média entre solo residual e rochas<br />
ígneas e média entre o solo residual e arenitos (porções<br />
0,6 a 0,5<br />
arcoseanas)<br />
(D) Profundida<strong>de</strong> do teto do aqüífero: 1,20 a 11 m 0,9 – 0,8<br />
Índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> 0,24- 0,32<br />
Enquadramento da vulnerabilida<strong>de</strong><br />
Baixa a mo<strong>de</strong>rada<br />
Fonte: CURITIBA, 2008c.<br />
Como o nível do aquífero freático em alguns pontos encontrava-se a profundida<strong>de</strong>s<br />
menores que 2 m, ou seja, o solo <strong>de</strong>sta área é mais vulnerável a contaminações, favorecendo a<br />
dispersão <strong>de</strong> contaminantes quando continuamente <strong>de</strong>scarregados ou lixiviados.<br />
O Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> por sua vez, está assentado numa área<br />
basicamente da Formação Guabirotuba, com predominância <strong>de</strong> argilas a siltes, e<br />
ocasionalmente lentes <strong>de</strong> arcóseo, que são sedimentos inconsolidados. Os resultados dos<br />
ensaios <strong>de</strong> campo realizados durante a elaboração do Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental resultaram<br />
numa condutivida<strong>de</strong> hidráulica (k) média <strong>de</strong> 9,90x10 -6 cm.s -1 e a velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> fluxo<br />
subterrâneo é <strong>de</strong> 0,14 m.ano -1 (CURITIBA, 2008a).<br />
Ao aplicar o método GOD para os solos <strong>de</strong>rivados da Formação Guabirotuba no<br />
Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> estão ilustrados na Tabela 5.6, a susceptibilida<strong>de</strong><br />
encontrada é mo<strong>de</strong>rada (CURITIBA, 2008a).
Tabela 5. 6 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados da<br />
Formação Guabirotuba no Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> para o ano <strong>de</strong> 2007<br />
PARÂMETROS<br />
ÍNDICE<br />
(G) Confinamento hidráulico 0,60<br />
(O) Substrato geológico 0,90<br />
(D) Profundida<strong>de</strong> do aquífero 0,90<br />
Índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> 0,49<br />
Enquadramento da vulnerabilida<strong>de</strong><br />
Mo<strong>de</strong>rada<br />
Fonte: CURITIBA, 2008c.<br />
98<br />
O grau <strong>de</strong> confinamento hidráulico do aqüífero (G) foi consi<strong>de</strong>rado não-confinado<br />
(coberto) e, portanto, foi atribuído um índice <strong>de</strong> 0,6. O substrato geológico da zona nãosaturada<br />
(O) para solos da Formação Guabirotuba neste cemitério <strong>de</strong>rivam com uma<br />
composição argilo-siltosa, tendo sido atribuído índice <strong>de</strong> 0,90. A profundida<strong>de</strong> média do<br />
nível <strong>de</strong> água em aqüíferos não-confinados ou a profundida<strong>de</strong> do teto do primeiro aqüífero<br />
confinado (D) encontrados nos poços <strong>de</strong> monitoramento (ano <strong>de</strong> 2007) foi <strong>de</strong> 2,21 m, o que<br />
enquadra entre uma profundida<strong>de</strong> menor que 5 m e atribuí-se um índice <strong>de</strong> 0,9.<br />
Estes resultados apontam para um índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rado à contaminação<br />
<strong>de</strong> água subterrânea para este tipo <strong>de</strong> solo característico da área (Formação Guabirotuba), por<br />
ser mais permeável, apesar da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> percolação <strong>de</strong> efluentes para as camadas mais<br />
profundas pela presença das argilas. Esta permeabilida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>corrente da presença <strong>de</strong> córrego<br />
canalizado que atravessa transversalmente a área, cujos níveis do aquífero freático são mais<br />
aflorantes.<br />
O Cemitério Municipal Boqueirão está assentado sobre duas unida<strong>de</strong>s geológicas<br />
distintas: o Complexo Gnáissico-Migmatitico (Embasamento Cristalino) e Formação<br />
Guabirotuba, como ilustra a Figura 5.8.
99<br />
Figura 5. 8 - Mapa da formação geológica regional com <strong>de</strong>staque para a área do Cemitério Municipal<br />
Boqueirão).<br />
Fonte: CURITIBA, 2007.<br />
Os resultados dos ensaios <strong>de</strong> campo realizados durante a elaboração do Plano <strong>de</strong><br />
Controle Ambiental resultaram numa condutivida<strong>de</strong> hidráulica (k) <strong>de</strong> 2,9398x10 -5 cm.s -1 .<br />
(CURITIBA, 2007).<br />
Aplicando o método GOD, para os solos <strong>de</strong>rivados do Embasamento Cristalino na fase<br />
do grau <strong>de</strong> confinamento hidráulico do aqüífero (G) para o Cemitério Municipal do Boqueirão<br />
foi consi<strong>de</strong>rado confinado e, portanto, foi atribuído um índice <strong>de</strong> 0,2. Já quanto ao substrato<br />
geológico da zona não-saturada (O) para solos do Embasamento Cristalino neste cemitério<br />
<strong>de</strong>rivam <strong>de</strong> solos residuais, rochas ígneas e arenitos (porções arcoseanas), tendo sido atribuído<br />
índice <strong>de</strong> 0,60. E a profundida<strong>de</strong> média do nível <strong>de</strong> água em aqüíferos confinados ou a<br />
profundida<strong>de</strong> do teto do primeiro aqüífero confinado (D) foi enquadrada entre 20 e 100 m e<br />
atribuí-se um índice <strong>de</strong> 0,5.<br />
A partir da aplicação do método GOD na área do Cemitério Municipal do Boqueirão<br />
resultou numa condição <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero para os solos <strong>de</strong>rivados do<br />
Embasamento Cristalino insignificante (Tab. 5.7).
100<br />
Tabela 5. 7 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados do<br />
Embasamento Cristalino do Cemitério Municipal Boqueirão para o ano <strong>de</strong> 2007<br />
PARÂMETROS<br />
ÍNDICE<br />
(G) Aqüífero: confinado 0,20<br />
(O) Substrato geológico: formações ígneas, metamórficas e<br />
0,60<br />
vulcânicas antigas<br />
(D) Profundida<strong>de</strong> do teto do aqüífero: 20 a 100 m 0,50<br />
Índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> 0,06 a 0,07<br />
Enquadramento da vulnerabilida<strong>de</strong><br />
Insignificante<br />
Fonte: CURITIBA, 2007.<br />
Este resultado refletiu que as águas subterrâneas <strong>de</strong>ste cemitério estão sob condições<br />
<strong>de</strong> confinamento, cuja presença ocorre em profundida<strong>de</strong>s maiores e que favorecem<br />
positivamente para uma vulnerabilida<strong>de</strong> insignificante do aquífero freático, dificultando a<br />
dispersão <strong>de</strong> contaminantes.<br />
Já ao aplicar o mesmo método para os solos <strong>de</strong>rivados da Formação Guabirotuba neste<br />
mesmo cemitério, a condição <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático, ilustrado na Tabela 5.8,<br />
evi<strong>de</strong>nciou um índice <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong> baixa.<br />
Tabela 5. 8 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados da<br />
Formação Guabirotuba do Cemitério Municipal Boqueirão para o ano <strong>de</strong> 2007<br />
PARÂMETROS<br />
ÍNDICE<br />
(G) Aqüífero: semi-confinado 0,4<br />
(O) Substrato geológico: areias e cascalhos aluviais 0,70<br />
(D) Profundida<strong>de</strong> do teto do aqüífero: 5 a 20 m 0,8<br />
Índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> 0,224<br />
Enquadramento da vulnerabilida<strong>de</strong><br />
Baixa<br />
Fonte: CURITIBA, 2007.<br />
Foi consi<strong>de</strong>rado semi-confinado o grau <strong>de</strong> confinamento hidráulico do aqüífero (G) e,<br />
assim, atribuí-se um índice <strong>de</strong> 0,4. Quanto ao substrato geológico da zona não-saturada (O)<br />
para solos da Formação Guabirotuba neste cemitério <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong> uma composição arenosa e<br />
encontram-se semi-confinadas pelas camadas argilosas, implicando num semi-confinamento<br />
das águas subterrâneas pela impermeabilida<strong>de</strong> natural das argilas, favorecendo as condições<br />
da baixa susceptibilida<strong>de</strong> às contaminações (CURITIBA, 2007), sendo, então, atribuído índice<br />
<strong>de</strong> 0,70. A profundida<strong>de</strong> média do nível <strong>de</strong> água em aqüíferos semi-confinados (D)<br />
encontrados nos poços <strong>de</strong> monitoramento (ano <strong>de</strong> 2007) foi enquadrada entre uma<br />
profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5 a 20 m e atribuiu-se um índice <strong>de</strong> 0,8.
101<br />
E o Cemitério Municipal Santa Cândida também apresenta-se assentado, em sua maior<br />
parte, sobre o Embasamento Cristalino e em proporções menores sobre a Formação<br />
Guabirotuba (Fig. 5.9), no entanto, localiza-se no outro extremo da cida<strong>de</strong>.<br />
Figura 5. 9 - Mapa da geologia local do Cemitério Municipal Santa Cândida<br />
Fonte: CURITIBA, 2008b.<br />
Os resultados <strong>de</strong> ensaios realizados durante a elaboração do Plano <strong>de</strong> Controle<br />
Ambiental indicou que a área possui uma condutivida<strong>de</strong> hidráulica (k) entre 3,3x10 -5 e<br />
1,7x10 -6 cm.s -1 e a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo subterrâneo variou entre 0,44 m.ano -1 e 8,61 m.ano -1<br />
(CURITIBA, 2008b). Ao aplicar o método <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> GOD para os solos<br />
<strong>de</strong>rivados do Embasamento Cristalino, o resultado indica uma condição <strong>de</strong> alta<br />
susceptibilida<strong>de</strong> (Tab. 5.9).<br />
Tabela 5. 9 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados do<br />
Embasamento Cristalino do Cemitério Municipal Santa Cândida para o ano <strong>de</strong> 2007<br />
PARÂMETROS<br />
ÍNDICE<br />
(G) Aqüífero: livre 0,9<br />
(O) Substrato geológico: substrato geológico e formações<br />
0,6<br />
ígneas, metamórficas e vulcânicas antigas)<br />
(D) Profundida<strong>de</strong> do teto do aquífero (todas as<br />
1,0<br />
profundida<strong>de</strong>s)<br />
Índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> 0,54<br />
Enquadramento da vulnerabilida<strong>de</strong><br />
Alta<br />
Fonte: CURITIBA, 2008b.
102<br />
Foi consi<strong>de</strong>rado livre o grau <strong>de</strong> confinamento hidráulico do aqüífero (G) e, assim,<br />
atribuí-se um índice <strong>de</strong> 0,9. Quanto ao substrato geológico da zona não-saturada (O) para<br />
solos do Embasamento Cristalino neste cemitério <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> formações ígneas, metamórficas e<br />
vulcânicas antigas, sendo, então, atribuído índice <strong>de</strong> 0,60. A profundida<strong>de</strong> média do nível <strong>de</strong><br />
água em aqüíferos (D) encontrados nos poços <strong>de</strong> monitoramento (ano <strong>de</strong> 2007) foi<br />
enquadrada como livre e atribuiu-se um índice igual a 1,0.<br />
Ao aplicar o método <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> GOD para os solos <strong>de</strong>rivados da<br />
Formação Guabirotuba, o resultado indicou uma condição <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada susceptibilida<strong>de</strong> (Tab.<br />
5.10).<br />
Tabela 5. 10 - Avaliação do índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático em solos <strong>de</strong>rivados da<br />
Formação Guabirotuba do Cemitério Municipal Santa Cândida para o ano <strong>de</strong> 2007<br />
PARÂMETROS<br />
ÍNDICE<br />
(G) Aqüífero: semi-confinado (coberto) 0,70<br />
(O) Substrato geológico: solo residual e arenitos 0,55<br />
(D) Profundida<strong>de</strong> do teto do aqüífero: menor que 5 m 0,90<br />
Índice <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> 0,34<br />
Enquadramento da vulnerabilida<strong>de</strong><br />
Mo<strong>de</strong>rada<br />
Fonte: CURITIBA, 2008b.<br />
Isto, porque foi consi<strong>de</strong>rado semi-confinado e atribuiu-se um grau <strong>de</strong> confinamento<br />
hidráulico do aqüífero (G) <strong>de</strong> 0,7. Quanto ao substrato geológico da zona não-saturada (O)<br />
para solos da Formação Guabirotuba neste cemitério, <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> solo residual e arenitos foi<br />
atribuído índice <strong>de</strong> 0,55. E quanto a profundida<strong>de</strong> média do nível <strong>de</strong> água em aqüíferos semiconfinados<br />
(D) encontrados nos poços <strong>de</strong> monitoramento (ano <strong>de</strong> 2007) foi enquadrada a uma<br />
profundida<strong>de</strong> menor que 5 m e atribuiu-se um índice <strong>de</strong> 0,90.<br />
A vulnerabilida<strong>de</strong> alta é representada pela fração <strong>de</strong> solos do Embasamento Cristalino<br />
que po<strong>de</strong>m lixiviar a contaminação por meio <strong>de</strong> fraturas que facilitam o contato com o<br />
aquífero profundo. E ainda possui uma área com vulnerabilida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>corrente dos<br />
solos da Formação Guabirotuba presentes na área (CURITIBA, 2008b).<br />
O cemitério mais vulnerável quanto a contaminação das águas do aquífero freático é o<br />
Cemitério Municipal Santa Cândida, cuja formação geológica predominante é o<br />
Embasamento Cristalino, que po<strong>de</strong> conter falhas geológicas, ditas fraturas, e facilitar a<br />
contaminação do aquífero profundo. Em contraposição, os <strong>de</strong>mais cemitérios estão assentados<br />
sobre a Formação Guabirotuba predominantemente e refletem sua baixa ou até insignificante<br />
vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminação do aquífero freático por serem compostos por argilas, siltes
103<br />
e areias que conferem um arranjo impermeável e <strong>de</strong> semi-confinamento das areias, exceto o<br />
Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> que possui um curso hídrico canalizado sob a área.<br />
A condutivida<strong>de</strong> hidráulica <strong>de</strong> todas as áreas variou entre 3,3x10 -5 cm.s -1 e 8,5x10 -7<br />
cm.s -1 , resultados que indicaram uma baixa condutivida<strong>de</strong> hidráulica, dificultando a migração<br />
<strong>de</strong> contaminantes, exceto para o Cemitério Municipal Santa Cândida que por estar assentado<br />
em sua maior parte, sobre o Embasamento Cristalino com possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rochas mais<br />
aflorante po<strong>de</strong> representar um fator <strong>de</strong> risco para eventos <strong>de</strong> contaminação do aquífero<br />
profundo. Em estudo publicado por Rodrigues et al. (2003) realizado no Cemitério São<br />
Miguel (Palmas, TO), este apresentou uma alta condutivida<strong>de</strong> por apresentar uma camada<br />
espessa <strong>de</strong> material arenoso, fato este que não acontece nos Cemitérios Municipais <strong>de</strong><br />
Curitiba, uma vez que argilas e lentes <strong>de</strong> areia formam camadas <strong>de</strong> espessuras tais que geram<br />
uma impermeabilização natural ou um semi-confinamento das camadas <strong>de</strong> areia.<br />
As quatro áreas possuem classificação que abrange <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a insignificância até alta<br />
vulnerabilida<strong>de</strong>, como po<strong>de</strong> ser visualizada no quadro síntese na Tabela 5.11.<br />
Tabela 5. 11 - Quadro-síntese da vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero freático dos Cemitérios Municipais <strong>de</strong><br />
Curitiba aplicado o método GOD<br />
GEOLOGIA NÍVEL DE K ÍNDICE DE CLASSE DE<br />
PREDOMI- ÁGUA (cm.s -1 ) VULNERABI- VULNERABILIDADE<br />
CEMITÉRIO<br />
NANTE NOS PM´S<br />
LIDADE<br />
(m)<br />
FG EC FG EC<br />
0,95 a 8,2 x 10 -5 a 0,24 – 0,10 – Baixa - Insignificante<br />
SF FG > EC<br />
10,60 8,5 x 10 -7 0,32 0,11 mo<strong>de</strong>rada<br />
AV FG 0,69 a 3,84 9,9 x 10 -6 0,49 (b) Mo<strong>de</strong>rada (b)<br />
BQ FG > EC 1,92 a 6,69 (a) 0,22<br />
0,06 –<br />
0,07<br />
Baixa<br />
SC EC > FG 1,00 a 9,01<br />
Insignificante<br />
3,3 x 10 -5 a<br />
1,7 x 10 -6 0,34 0,54 Alta Mo<strong>de</strong>rada<br />
FG – Formação Guabirotuba; EC – Embasamento Cristalino; k – condutivida<strong>de</strong> hidráulica; PM´S –<br />
poços <strong>de</strong> monitoramento; (a) informação não encontrada; (b) formação geológica não encontrada no<br />
Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong><br />
Sendo assim, a faixa <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> encontrada para todos os cemitérios em estudo<br />
po<strong>de</strong> ser justificada pelas diferentes composições <strong>de</strong> solo local das quatro áreas, que mesmo<br />
sendo prepon<strong>de</strong>rante o mesmo tipo <strong>de</strong> formação geológica (Formação Guabirotuba), os níveis<br />
do aquífero freático <strong>de</strong> cada área diferem uma das outras.
104<br />
5.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DOS POÇOS DE<br />
MONITORAMENTO DO CEMITÉRIO MUNICIPAL ÁGUA VERDE<br />
No Brasil, os padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para água subterrânea estão estabelecidos pela<br />
Resolução CONAMA n° 396/08, que consi<strong>de</strong>ra os níveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, avaliados por<br />
parâmetros e indicadores específicos, para assegurar os usos prepon<strong>de</strong>rantes dos aquíferos<br />
(CONAMA, 2008). Entretanto, em relação aos padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para poços <strong>de</strong><br />
abastecimento público, os padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem seguir a Portaria do Ministério da<br />
Saú<strong>de</strong> n° 518/04 (CONAMA, 2004).<br />
De acordo com o levantamento planialtimétrico apresentado no Anexo A, o mapa<br />
potenciométrico apresentado na Figura 4.5 (p. 73), os poços <strong>de</strong> monitoramento AV-01, AV-<br />
02, AV-05 e AV-06 foram consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> montante, ou seja, background. Estes poços são<br />
aqueles que não sofrem interferência das ativida<strong>de</strong>s cemiteriais, em função <strong>de</strong> sua localização<br />
nas proximida<strong>de</strong>s dos limites da área e do sentido <strong>de</strong> fluxo das águas subterrâneas, que<br />
refletem, assim, as condições <strong>de</strong> influência externa à ativida<strong>de</strong>.<br />
Os poços AV-03, AV-04, AV-08, AV-09, AV-10 e AV-11 foram consi<strong>de</strong>rados poços<br />
<strong>de</strong> jusante, por estarem distribuídos na área <strong>de</strong> influência exclusiva do cemitério, sem sofrer<br />
qualquer interferência externa. O poço AV-04 po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado o mais à jusante a partir<br />
da análise da Figura 4.5 (p. 73), tendo sido aqui empregado para representar a influência das<br />
ativida<strong>de</strong>s cemiteriais sobre as condições da qualida<strong>de</strong> da água subterrânea.<br />
As discussões dos resultados das análises das amostras <strong>de</strong> água subterrânea para o<br />
Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> dos parâmetros físico-químicos pH, condutivida<strong>de</strong> elétrica,<br />
sólidos dissolvidos totais, cor, turbi<strong>de</strong>z, DBO e DQO, OD, cálcio e magnésio, ferro e dos<br />
parâmetros microbiológicos coliformes totais e termotolerantes estão apresentadas a seguir e<br />
os valores obtidos nas campanhas amostrais estão apresentados no Apêndice A.<br />
pH, condutivida<strong>de</strong> elétrica e sólidos dissolvidos totais<br />
Os valores <strong>de</strong> pH das amostras <strong>de</strong> água subterrânea dos poços <strong>de</strong> montante, durante os<br />
três anos <strong>de</strong> monitoramento, dos poços AV-01, AV-02, AV-03, AV-04, AV-06, AV-08 e AV-<br />
09 encontravam-se numa faixa <strong>de</strong> 5,98 a 8,50, semelhantes às características encontradas no<br />
aquífero Guabirotuba, que conforme Muller (2007) correspon<strong>de</strong> a um pH entre 6,7 a 8,1.<br />
Feitosa e Manoel Filho (2000) citam que, geralmente, o pH das águas subterrâneas varia entre<br />
5,5 e 8,5. Os resultados <strong>de</strong> pH estão <strong>de</strong>ntro dos valores aceitáveis pela Portaria do Ministério<br />
da Saú<strong>de</strong> n° 518/04, que recomenda pH entre 6 e 9,5 para água <strong>de</strong> consumo humano. Já a
105<br />
Resolução CONAMA nº 396/08, que dispõe sobre a classificação das águas subterrâneas, não<br />
estabelece nenhum padrão <strong>de</strong> pH para as diferentes classes.<br />
O único poço <strong>de</strong> monitoramento que apresentou valores <strong>de</strong> pH fora da faixa aceitável<br />
pela Portaria foi o AV-05, consi<strong>de</strong>rado como background, cujas interferências po<strong>de</strong>m referirse<br />
a ativida<strong>de</strong>s antrópicas externas ao cemitério e não relativas à ativida<strong>de</strong> cemiterial.<br />
Também foram avaliados os parâmetros condutivida<strong>de</strong> elétrica e sólidos dissolvidos<br />
totais. A condutivida<strong>de</strong> elétrica é um valor recíproco da resistivida<strong>de</strong> elétrica, utilizada<br />
indiretamente para <strong>de</strong>terminar a concentração <strong>de</strong> sólidos dissolvidos, sendo um dos<br />
parâmetros indicados para se <strong>de</strong>terminar condições <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> (MARION et al., 2007).<br />
Quanto à condutivida<strong>de</strong> não há limites estabelecidos pela legislação. Entretanto,<br />
Migliorini et al. (2007) atribuíram o aumento <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> dos poços <strong>de</strong> jusante em<br />
relação ao <strong>de</strong> background como uma possível contaminação das águas subterrâneas por<br />
necrochorume, em pesquisa realizada nos Cemitérios Municipais São Gonçalo e Parque Bom<br />
Jesus <strong>de</strong> Iguape, Cuiabá, Mato Grosso. Os autores verificaram uma condutivida<strong>de</strong> média <strong>de</strong><br />
98,6 μScm -1 , superior aos resultados obtidos <strong>de</strong> background e atribuíram esta condição a um<br />
possível impacto da ativida<strong>de</strong> cemiterial, pois o poço avaliado possuía uma profundida<strong>de</strong> e<br />
um tempo <strong>de</strong> contato maior em função da formação geológica. O autor, ainda, sugere que os<br />
cemitérios tenham provocado o aumento na concentração <strong>de</strong> sólidos dissolvidos nas águas<br />
subterrâneas.<br />
Avaliando os resultados <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> para o Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> e<br />
as verificações e conclusões <strong>de</strong> Migliorini, observou-se que as condições antrópicas externas à<br />
área têm maior influência na qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas do que a ativida<strong>de</strong> cemiterial.<br />
Consi<strong>de</strong>rando o poço AV-04 como o mais representativo da ativida<strong>de</strong> cemiterial, verificou-se<br />
que a média alcançada <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> (116,89 μS.cm -1 ), para o período <strong>de</strong> monitoramento,<br />
apresentou-se muito inferior à alcançada (180,40 μS.cm -1 ) para o poço AV-06 (poço <strong>de</strong><br />
background), que po<strong>de</strong>ria ter interferência direta em função da potenciometria.<br />
Quando comparados os resultados obtidos neste trabalho com os <strong>de</strong> Espíndula (2004)<br />
no Cemitério da Várzea, Recife, verificou-se que os encontrados em todos os poços <strong>de</strong><br />
monitoramento são muito inferiores, uma vez que o autor obteve valores acima <strong>de</strong> 1000<br />
μS.cm -1 atribuídos como <strong>de</strong>correntes da <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> corpos em área <strong>de</strong> sepultamento<br />
ocorrido há menos <strong>de</strong> um ano.<br />
Os resultados obtidos com a análise dos sólidos dissolvidos totais mostraram o mesmo<br />
comportamento que a condutivida<strong>de</strong>, o que já era esperado, pois há uma correlação intrínseca<br />
entre ambos e que, indiretamente, <strong>de</strong>monstra a presença <strong>de</strong> sais minerais nas amostras.
106<br />
Todas as amostras coletadas não ultrapassam o limite máximo permitido para sólidos<br />
dissolvidos totais, que é <strong>de</strong> 1.000 mg.L -1 pela Resolução CONAMA 396/08 e pela Portaria do<br />
Ministério da Saú<strong>de</strong> n° 518/04.<br />
Foram <strong>de</strong>tectadas alterações <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> e sólidos dissolvidos totais nos poços <strong>de</strong><br />
monitoramento AV-01, AV-02 e AV-08, os ditos <strong>de</strong> montante (background), sugerindo<br />
reflexos da área externa e que não estariam associados ao <strong>de</strong>senvolvimento da ativida<strong>de</strong><br />
cemiterial. Além disso, as águas do Aquífero Guabirotuba possuem naturalmente<br />
concentração <strong>de</strong> sólidos dissolvidos totais média <strong>de</strong> 156,74 mg.L -1 , variando entre 11,00 e<br />
419,00 mg.L -1 (INSTITUTO DAS ÁGUAS, 2010), que quando comparada aos resultados<br />
obtidos nas campanhas <strong>de</strong> monitoramento sugere que não há indícios <strong>de</strong> interferência da<br />
ativida<strong>de</strong> cemiterial.<br />
Para o poço AV-04, consi<strong>de</strong>rado o mais à jusante da área e que possui o nível do<br />
aquífero freático mais aflorante (variando entre 0,69 a 1,16 m), ou seja, mais suscetível às<br />
variações <strong>de</strong> nível por ocasião <strong>de</strong> chuvas intensas, os resultados dos parâmetros condutivida<strong>de</strong><br />
e sólidos dissolvidos totais apresentaram-se mais baixos que os <strong>de</strong>mais poços, ao contrário do<br />
que era esperado. Isto foi observado, com exceção do período <strong>de</strong> coleta das amostras em<br />
2009, on<strong>de</strong> os valores foram superiores em relação aos <strong>de</strong>mais anos, porém semelhantes aos<br />
poços <strong>de</strong> background e à condição encontrada para as águas subterrâneas do aquífero<br />
Guabirotuba. Sendo assim, não é possível afirmar que haja uma relação dos resultados do<br />
poço AV-04 com contaminação do aquífero freático <strong>de</strong>corrente da <strong>de</strong>composição humana ou<br />
ainda que ocorra uma influência direta do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> na qualida<strong>de</strong> das<br />
águas subterrâneas.<br />
Sugere-se, para monitoramento futuro, um acompanhamento periódico mensal dos<br />
níveis do aquífero freático, correlacionando-os aos índices pluviométricos verificados para<br />
Curitiba, integrando-os na análise dos resultados <strong>de</strong>stes parâmetros.<br />
Cor e turbi<strong>de</strong>z<br />
Uma forma <strong>de</strong> avaliar os resultados obtidos no parâmetro sólidos dissolvidos totais é a<br />
verificação do comportamento dos resultados para o parâmetro cor (CETESB, 2008).<br />
Também se po<strong>de</strong> associar a cor em função da presença <strong>de</strong> altos níveis <strong>de</strong> ferro, entretanto,<br />
estas relações não foram verificadas neste trabalho. Os resultados obtidos para o parâmetro<br />
cor apresentaram uma gran<strong>de</strong> variação, além <strong>de</strong> terem ultrapassado o limite máximo<br />
permitido pela Portaria MS 518/04, que é <strong>de</strong> 15 uH, nos vários anos amostrados e nos
107<br />
diferentes poços <strong>de</strong> monitoramento. As oscilações encontradas não são compreensíveis e<br />
po<strong>de</strong>m estar relacionadas a problemas analíticos envolvendo coleta e metodologia <strong>de</strong> análise.<br />
Já a turbi<strong>de</strong>z das amostras indica a presença <strong>de</strong> sólidos em suspensão, tais como<br />
partículas inorgânicas (areia, silte e argila) e <strong>de</strong>tritos orgânicos (CETESB, 2008). As<br />
legislações (Portaria MS 518/04 e Resolução CONAMA nº 396/08) não estabelecem padrões,<br />
em relação à turbi<strong>de</strong>z. Para o ano <strong>de</strong> 2004, o parâmetro turbi<strong>de</strong>z não foi amostrado, tendo sido<br />
feito para os anos <strong>de</strong> 2007 e 2009. Em 2007, o valor médio <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z foi igual a 55,28 uT e,<br />
para 2009, observou-se uma média <strong>de</strong> 48,76 NTU. Importante, porém, é ressaltar a diferença<br />
<strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> análise empregados para <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> turbi<strong>de</strong>z nas campanhas avaliadas, o<br />
que prejudica uma comparação a<strong>de</strong>quada dos dados e suas possíveis correlações com outros<br />
parâmetros. Sendo assim, recomenda-se um rigor na solicitação <strong>de</strong> análises mediante a<br />
exigência dos mesmos métodos, <strong>de</strong> modo a garantir a qualida<strong>de</strong> analítica dos dados.<br />
Ferro<br />
Quanto ao parâmetro ferro total, observou-se que no ano <strong>de</strong> 2004, os resultados<br />
encontrados nas quatro campanhas <strong>de</strong> monitoramento apresentaram gran<strong>de</strong>s oscilações, com<br />
valores <strong>de</strong> concentração variando entre menor que 0,1 mg.L -1 e 369 mg.L -1 , não tendo sido<br />
encontrados registros sobre a interpretação <strong>de</strong>stes valores na época ou que apontassem para a<br />
tomada <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> correção. No ano <strong>de</strong> 2007, observou-se valor médio <strong>de</strong> 2,18 mg.L -1 e,<br />
para o ano <strong>de</strong> 2009, foi encontrado valor médio <strong>de</strong> 3,03 mg.L -1 . Estes valores apresentam-se<br />
muito superiores ao limite correspon<strong>de</strong>nte à 0,03 mg.L -1 , estabelecido pela Portaria MS<br />
518/04 e pela Resolução CONAMA 396/08.<br />
Segundo Feitosa e Manoel Filho (2000), os processos e fatores que influem na<br />
evolução da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas po<strong>de</strong>m ser intrínsecos ou extrínsecos ao<br />
aqüífero. Em relação aos processos intrínsecos, ao que se refere à Formação Guabirotuba,<br />
observou-se que teores <strong>de</strong> ferro total po<strong>de</strong>m atingir valores médios <strong>de</strong> 0,7 mg.L -1 e máximos<br />
<strong>de</strong> até 9 mg.L -1 (INSTITUTO DAS ÁGUAS, 2010). Assim, po<strong>de</strong>-se verificar que os teores <strong>de</strong><br />
ferro encontrados na maioria da campanhas <strong>de</strong> monitoramento, com exceção, principalmente,<br />
da segunda campanha <strong>de</strong> 2004, estão em consonancia com a formação geológica local, uma<br />
vez que as variações do nível do aquífero freático num ciclo hidrológico po<strong>de</strong>m provocar o<br />
<strong>de</strong>sprendimento contínuo e constante <strong>de</strong> partículas, lixiviando tais comostos para as águas<br />
subterrâneas. Com relação aos fatores extrínsecos, po<strong>de</strong>riam estar associadas as guarnições<br />
metálicas dos caixões, bem como a pintura à base <strong>de</strong> verniz como acabamento dos caixões<br />
(MIGLIORINI, 1994).
108<br />
Cálcio, magnésio<br />
A dureza é um indicador da qualida<strong>de</strong> das águas para abastecimento e que está<br />
associada à presença <strong>de</strong> cátions cálcio e magnésio. Não há evidências da relação <strong>de</strong>stes<br />
indicadores com algum problema sanitário, há, no entanto, uma constatação <strong>de</strong> sabor<br />
<strong>de</strong>sagradável e efeitos laxativos (CETESB, 2008).<br />
A qualida<strong>de</strong> natural das águas subterrâneas do Aquífero Guabirotuba, ao qual pertence<br />
o Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>, apresenta uma composição química ten<strong>de</strong>ndo a<br />
bicarbonatadas sódicas, não sendo raro encontrar sódio, cálcio, magnésio e potássio<br />
(MULLER, 2007). Segundo o Instituto das Águas (2010), as águas do Aquífero Guabirotuba<br />
possuem em média 22,13 mg.L -1 <strong>de</strong> cálcio, po<strong>de</strong>ndo variar entre 0,65 a 81,85 mg.L -1 e 7,24<br />
mg.L -1 <strong>de</strong> magnésio, também po<strong>de</strong>ndo variar entre 0,31 e 35,47 mg.L -1 .<br />
Sendo assim, os resultados obtidos para os parâmetros cálcio e magnésio<br />
apresentaram-se com as características naturais da composição química das águas<br />
subterrâneas do aquífero Guabirotuba, não tendo sofrido qualquer alteração <strong>de</strong>corrente da<br />
ativida<strong>de</strong> cemiterial.<br />
Demanda Bioquímica <strong>de</strong> Oxigênio (DBO) e Demanda Química <strong>de</strong> Oxigênio (DQO)<br />
Os parâmetros que permitem avaliar as questões relativas à contaminação por matéria<br />
orgânica são DBO e DQO e os próprios bacteriológicos. Por <strong>de</strong>finição, a DBO é a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por <strong>de</strong>composição microbiana aeróbia<br />
para uma forma inorgânica estável (CETESB, 2008), sendo uma medida indireta para<br />
caracterização do grau <strong>de</strong> poluição. A Resolução CONAMA nº 357/2005 orienta que, para<br />
amostras <strong>de</strong> água com classe 2, a DBO <strong>de</strong>verá ser menor que 5 mg.L -1 . Feitosa e Manoel<br />
Filho (2000) afirmam que, em geral, para as águas subterrêneas, a DBO é inferior a 1 mg.L -1 e<br />
que valores maiores indicam contaminação. Já <strong>de</strong>manda química <strong>de</strong> oxigênio (DQO) é, por<br />
<strong>de</strong>finição, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio necessária para oxidação da matéria orgânica através <strong>de</strong><br />
um agente químico (CETESB, 2008). Em águas subterrâneas, são encontrados <strong>de</strong> 1 a 5 mg.L -<br />
1 e valores acima <strong>de</strong> 10 mg.L -1 indicam contaminação (FEITOSA ; MANOEL FILHO, 2000).<br />
Os resultados das campanhas <strong>de</strong> monitoramento indicam que não houve uma<br />
padronização metodológica, uma vez que em <strong>de</strong>terminadas campanhas, como por exemplo<br />
para DQO, o limite mínimo quantificado foi <strong>de</strong> 5 mg.L -1 e em outra é 2 mg.L -1 . Além disso,<br />
quando analisados conjuntamente os parâmetros DBO, DQO e coliformes termotolerantes,<br />
não foi possível estabelecer um correlação direta entre eles, sugerindo a inconsistência dos<br />
dados. Um exemplo disto po<strong>de</strong> ser verificado mediante a análise do poço AV-08, que
109<br />
apresentou em 2004 um valor <strong>de</strong> DBO <strong>de</strong> 366,50 mg.L -1 , DQO <strong>de</strong> 730,30 mg.L -1 e somente<br />
220 NMP.100 mL -1 coliformes fecais. Já em 2007, o valor <strong>de</strong> DBO encontrado foi menor que<br />
2 mg.L -1 , DQO <strong>de</strong> 2,47 mg.L -1 e coliformes fecais maior que 2419,20 NMP.100 mL -1 .<br />
Oxigênio Dissolvido (OD)<br />
Outro parâmetro que aponta as condições <strong>de</strong> sobrevivência <strong>de</strong> microrganismos na<br />
presença <strong>de</strong> oxigênio é o oxigênio dissolvido. Baixas concentrações <strong>de</strong> oxigênio dissolvido<br />
indicam que houve consumo na <strong>de</strong>composição <strong>de</strong> compostos orgânicos (CETESB, 2008),<br />
assim como a presença <strong>de</strong> elevadas concentrações <strong>de</strong> sais dissolvidos po<strong>de</strong>m influenciar o teor<br />
<strong>de</strong> oxigênio dissolvido (FIORUCCI ; BENEDETTI FILHO, 2005).<br />
O oxigênio dissolvido em águas subterrâneas po<strong>de</strong> variar entre zero e 5 mg.L -1 ,<br />
segundo Feitosa e Manoel Filho (2000). Os resultados encontrados, com exceção da<br />
campanha <strong>de</strong> 2009, sugerem que houve erro no momento da realização da purga, tendo sido<br />
provocada uma modificação das condições naturais e que interferiram não só nos resultados<br />
<strong>de</strong> oxigênio dissolvido como também po<strong>de</strong>m ter influenciado nos resultados da DBO.<br />
Demais parâmetros químicos<br />
Na natureza, são encontradas diferente formas <strong>de</strong> nitrogênio que permitem avaliar em<br />
que fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição se encontram. O nitrogênio orgânico e amoniacal são formas<br />
reduzidas <strong>de</strong> nitrogênio, dando indícios <strong>de</strong> poluição mais recente. Já a ocorrência <strong>de</strong> nitratos e<br />
nitritos são formas oxidadas do nitrogênio e apontam para poluição mais antiga (CETESB,<br />
2008).<br />
Nos resultados para a família dos nitrogenados (Apêndice A) ocorrem alternância <strong>de</strong><br />
valores em todos os poços <strong>de</strong> monitoramento, sejam para mais ou para menos. Os estudos<br />
publicados sobre a qualida<strong>de</strong> das águas do aquífero Guabirotuba indicam que a presença <strong>de</strong><br />
nitrato está acima do limite <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> em algumas amostras, que não tem origem<br />
natural, estando associada aos esgotos domésticos (INSTITUTO DAS AGUAS, 2010).<br />
Entretanto, todos os resultados das campanhas apresentaram valores <strong>de</strong>ntro dos limites <strong>de</strong><br />
potabilida<strong>de</strong>, apesar das divergências encontradas ao relacioná-los com os parâmetros<br />
nitrogênio total, Kjeldahl e amoniacal.<br />
As presenças <strong>de</strong> nitrato e nitrito (Apêndice A) <strong>de</strong>monstram a continuida<strong>de</strong> das<br />
<strong>de</strong>gradações possíveis para os compostos nitrogenados, sendo utilizados como indicadores <strong>de</strong><br />
poluição mais antiga. Os resultados das amostras coletadas no Cemitério Municipal Água<br />
Ver<strong>de</strong> indicaram a presença <strong>de</strong> nitratos nas águas subterrâneas. Contudo, o nitrato po<strong>de</strong> ser
110<br />
encontrado na composição química das águas subterrâneas do Aquífero Guabirotuba, tendo<br />
valor médio <strong>de</strong> 3,65 mg.L -1 , po<strong>de</strong>ndo variar entre 0,021 e 74,00 mg.L -1 (INSTITUTO DAS<br />
ÁGUAS, 2010).<br />
Como há relatos do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cânceres, linfomas e má formação congênita<br />
<strong>de</strong>correntes da ingestão <strong>de</strong> água contaminada com até 4 mg.L -1 <strong>de</strong> nitrato em longo prazo<br />
(NEIRA et al., 2008), sugere-se a realização <strong>de</strong> pesquisa junto aos órgãos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> para<br />
apurar a ocorrência <strong>de</strong>stas doenças na população do entorno imediato, assim como realizar um<br />
levantamento da existência <strong>de</strong> poços para abastecimento e consumo <strong>de</strong> água subterrânea.<br />
Já os teores encontrados <strong>de</strong> cloreto, sulfato, sódio, zinco, cádmio, níquel e cromo nos<br />
três anos amostrados foram baixos, e suas concentrações encontram-se muito abaixo dos<br />
limites máximos permitidos pela legislação (Apêndice A), que é <strong>de</strong> 250 mg.L -1 , 250 mg.L -1 ,<br />
200 mg.L -1 , 5 mg.L -1 , 0,005 mg.L -1 , respectivamente, sendo os valores máximos permitidos<br />
para níquel e cromo não especificados pela legislação vigente.<br />
Coliformes Totais e Fecais e outros parâmetros microbiológicos<br />
Os parâmetros microbiológicos avaliados para o Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong><br />
foram coliformes totais, coliformes fecais, bactérias heterotróficas, Salmonella e clostrídio<br />
sulfito redutor.<br />
O grupo coliforme é consi<strong>de</strong>rado o principal indicador <strong>de</strong> contaminação fecal, que<br />
associado às fezes <strong>de</strong> animais homeotermos e com o solo, sendo o coliforme termotolerante o<br />
mais significativo por se tratar <strong>de</strong> bactérias restritas ao trato intestinal <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> sangue<br />
quente (CETESB, 2008).<br />
Para os três anos amostrados, os coliformes totais e fecais foram <strong>de</strong>tectados na maioria<br />
das campanhas <strong>de</strong> amostragem. A Portaria do Ministério da Saú<strong>de</strong> MS n° 518/04 estabelece<br />
que o padrão <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> em relação a estes organismos é <strong>de</strong> ausência em 100 mL. É<br />
possível observar que algumas amostras resultaram em valores absolutos elevados e alguns<br />
abaixo do limite <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção do método utilizado. Isto se <strong>de</strong>ve a diferentes metodologias<br />
empregadas para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>stes organismos, o que <strong>de</strong>monstra a fragilida<strong>de</strong> no<br />
planejamento analítico das campanhas.<br />
Os resultados <strong>de</strong>stes parâmetros para o Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> apontaram<br />
para uma possível ocorrência <strong>de</strong> uma interferência externa à área <strong>de</strong>vido às alterações<br />
registradas nos poços <strong>de</strong> monitoramento ditos <strong>de</strong> montante em relação ao sentido <strong>de</strong> fluxo das<br />
águas subterrâneas, refletindo as condições em que o empreendimento está submetido e o<br />
contexto local no qual a área está inserida. Somado a este fato, é necessário consi<strong>de</strong>rar que os
111<br />
níveis do lençol freático são altos, praticamente aflorante em alguns pontos, incorrendo na<br />
possibilida<strong>de</strong> da influência da qualida<strong>de</strong> das águas do curso hídrico canalizado na área do<br />
cemitério ou ainda, estar relacionada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ligação clan<strong>de</strong>stina <strong>de</strong> esgotos,<br />
contaminando diretamente o rio.<br />
Quando comparado ao trabalho <strong>de</strong> Martins et al. (1991) no Cemitério Vila Formosa,<br />
São Paulo, os autores afirmaram que a geologia local <strong>de</strong>sempenha um papel <strong>de</strong> filtro natural,<br />
retendo microrganismos e matéria orgânica no solo pois, predominam a alternância <strong>de</strong> solos<br />
argilosos e areno-argilosos, e o nível do lençol freático varia entre 4 e 12 m, influenciando na<br />
qualida<strong>de</strong> bacteriológica das águas estudadas. Contudo, apesar da composição do solo do<br />
Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> ser bastante similar ao Cemitério Vila Formosa, os níveis<br />
<strong>de</strong> água mais aflorantes não garantem que haja uma coluna <strong>de</strong> solo suficiente para o bom<br />
<strong>de</strong>sempenho como filtro.<br />
A presença <strong>de</strong> coliformes fecais e totais associados à água relaciona-se à existência <strong>de</strong><br />
microrganismos patogênicos, responsáveis pela transmissão <strong>de</strong> doenças <strong>de</strong> veiculação hídrica,<br />
tais como febre tifói<strong>de</strong>, febre paratifói<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sinteria bacilar e cólera (von SPERLING, 1998).<br />
Outro indicador utilizado para verificar as condições higiênicas correspon<strong>de</strong> às<br />
bactérias heterotróficas, que utilizam os compostos orgânicos como fonte <strong>de</strong> carbono e sua<br />
presença po<strong>de</strong> indicar uma condição <strong>de</strong> aerobiose maior, indicando a passagem <strong>de</strong> matéria<br />
orgânica para o lençol freático, on<strong>de</strong> as proteínas seriam convertidas a nitrato, que se acumula<br />
na água subterrânea (MARTINS et al., 1991). Embora não sejam consi<strong>de</strong>radas patogênicas,<br />
quando presentes em nível elevado po<strong>de</strong>m constituir risco à saú<strong>de</strong> (ESPINDULA, 2008;<br />
MARTINS et al., 1991).<br />
Em relação a este parâmetro, a Portaria 518/04 do Ministério da Saú<strong>de</strong> recomenda que<br />
não ultrapasse 500 UFC.mL -1 nas águas para consumo humano. Os resultados das campanhas<br />
realizadas indicam elevadas concentrações <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> bactéria, que caracterizam<br />
anaerobiose, favorecendo a <strong>de</strong>snitrificação do nitrato, que é levado a nitrogênio e, portanto,<br />
baixando sua concentração.<br />
Para avaliar o risco da presença <strong>de</strong> microrganismos patogênicos nas águas<br />
subterrâneas, tem sido também utilizado o indicador Salmonella. Sua presença está<br />
relacionada a doenças infecciosas gastro-intestinais <strong>de</strong> relevânica para saú<strong>de</strong> pública. Não há<br />
registros ou informações quanto a este parâmetro para o ano <strong>de</strong> 2004, e os resultados das<br />
campanhas <strong>de</strong> 2007 e 2009 indicaram ausência <strong>de</strong>sta bactéria.
112<br />
E, por fim, outro parâmetro microbiológico analisado foi o indicador clostrídio sulfito<br />
redutor, cuja avaliação po<strong>de</strong> sugerir poluição mais antiga, por ser mais resistente às condições<br />
ambientais adversas, prolongando sua permanência no meio (MARTINS et al., 1991).<br />
Os clostrídios sulfito redutores não foram amostrados no ano <strong>de</strong> 2004. Para 2007,<br />
porém, os resultados das análises apontam a presença <strong>de</strong>sta báctéria em algumas amostras, o<br />
que remete a uma preocupação, em especial no que se refere à utilização <strong>de</strong> poços artesianos<br />
nas áreas <strong>de</strong> entorno do cemitério, uma vez que o Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental i<strong>de</strong>ntificou a<br />
existência <strong>de</strong> um poço à jusante no entorno imediato. Segundo Martins et al. (1991), não se<br />
po<strong>de</strong> afirmar, entretanto, que a presença <strong>de</strong>sta bactéria esteja relacionada ao processo <strong>de</strong><br />
putrefação, mas tão somente que este organismo po<strong>de</strong>ria compor mais um indicador para<br />
avaliação das águas subterrâneas.
113<br />
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES<br />
O objetivo principal <strong>de</strong>ste trabalho foi a avaliação das instalações dos cemitérios<br />
<strong>municipais</strong> <strong>de</strong> Curitiba e a possível influência sobre a qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas, tendo<br />
sido avaliados os aspectos construtivos dos jazigos existentes nestas áreas, bem como a<br />
vulnerabilida<strong>de</strong> do aquífero, a fim <strong>de</strong> verificar as condições naturais a que as águas<br />
subterrâneas estão expostas a contaminações.<br />
Os quatros cemitérios <strong>municipais</strong> <strong>de</strong> Curitiba totalizam 32.132 jazigos, com<br />
predominância <strong>de</strong> gavetas aéreas, a exceção do Cemitério Municipal Santa Cândida cujos<br />
jazigos são enterrados. Do número total <strong>de</strong> jazigos (32.132 jazigos), 56,06% (18.014 jazigos)<br />
apresentaram danos, <strong>de</strong>stacando-se rachaduras em jazigos revestidos com acabamento<br />
convencional, jazigos com revestimento parcialmente comprometido pela queda <strong>de</strong><br />
acabamento, falta <strong>de</strong> pintura, o que sugere um baixo índice <strong>de</strong> conservação e manutenção dos<br />
espaços, o que compromete a operação a<strong>de</strong>quada da área.<br />
Estabelecido o número <strong>de</strong> danos múltiplos em cada jazigo, concluiu-se que o<br />
Cemitério Municipal Boqueirão apresentou o maior número <strong>de</strong> danos múltiplos por jazigo<br />
(3,86), sugerindo uma situação <strong>de</strong> abandono em áreas pontuais. O Cemitério Municipal Água<br />
Ver<strong>de</strong> apresentou cerca <strong>de</strong> 2,38 danos múltiplos em cada jazigo, o que po<strong>de</strong> sugerir uma<br />
situação <strong>de</strong> abandono geral da área. Situação semelhante ao Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong><br />
foi encontrada no Cemitério Municipal Santa Cândida, com cerca <strong>de</strong> 2,15 danos por jazigo. Já<br />
o cemitério que apresentou os menores índices <strong>de</strong> danos foi o São Francisco <strong>de</strong> Paula, com<br />
apenas 2,07 danos múltiplos em cada jazigo, o que <strong>de</strong>monstra melhores condições <strong>de</strong><br />
conservação e manutenção dada pelos permissionários.<br />
Consi<strong>de</strong>rando a responsabilida<strong>de</strong> administrativa do po<strong>de</strong>r público em não promover<br />
qualquer alteração do ambiente em que os cemitérios estão inseridos, é necessária a adoção <strong>de</strong><br />
ações corretivas e preventivas que garantam a estanqueida<strong>de</strong> dos jazigos, por meio da boa<br />
prática da engenharia. Além disso, são necessários acompanhamento e fiscalização quanto ao<br />
agravamento da situação dos jazigos críticos, com a <strong>de</strong>vida notificação ao cessionário para<br />
que efetue a manutenção preventiva, sob pena <strong>de</strong> perda do direito <strong>de</strong> sepultar e a reintegração<br />
<strong>de</strong> posse do jazigo à municipalida<strong>de</strong>.<br />
Em relação à vulnerabilida<strong>de</strong> das águas subterrâneas, das quatro áreas analisadas,<br />
concluiu-se que o Cemitério Municipal Santa Cândida apresentou a mais alta vulnerabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> contaminação das águas subterrâneas, por estar assentado em uma área cuja geologia
114<br />
predominante é o Embasamento Cristalino, representado por solos <strong>de</strong> rochas, que o tornam<br />
frágil quanto à contaminação do aquífero freático. Os <strong>de</strong>mais cemitérios estão assentados em<br />
áreas com predominância <strong>de</strong> solos da Formação Guabirotuba, e concluiu-se que, entre os<br />
outros três cemitérios, o Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> apresentou a maior vulnerabilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> contaminação por possuir níveis do aquífero freático mais aflorantes e apresentar um<br />
córrego canalizado que atravessa a área.<br />
Além disso, especificamente para o Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>, sugere-se que<br />
as galerias <strong>de</strong> águas pluviais do cemitério sejam rea<strong>de</strong>quadas em função do exce<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />
vazão que não é captado para o sistema, uma vez que manter a re<strong>de</strong> existente nas condições<br />
atuais implica numa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carreamento <strong>de</strong> contaminações que em contato com a<br />
água superficial po<strong>de</strong> por em risco à saú<strong>de</strong> da população.<br />
Quanto à verificação da contaminação do aquífero freático por necrochorume no<br />
Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>, os resultados das amostras para o parâmetro pH sugerem<br />
que não há alterações <strong>de</strong>correntes da ativida<strong>de</strong>, nem mesmo para o AV-05, pois é um dos<br />
poços à montante da área, localizado na divisa do cemitério, sendo o mais provável estarem<br />
relacionados a ativida<strong>de</strong>s antrópicas externas à necrópole.<br />
Foram <strong>de</strong>tectadas alterações <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> e sólidos dissolvidos totais nos poços <strong>de</strong><br />
monitoramento AV-01, AV-02 e AV-08, estabelecidos como <strong>de</strong> montante, que sugerem<br />
relação com as ativida<strong>de</strong>s externas e não associadas ao cemitério, uma vez que os<br />
sepultamentos são feitos em gavetas edificadas em alvenaria e concreto. A qualida<strong>de</strong> natural<br />
das águas subterrâneas para sólidos dissolvidos totais sugere que não há interferência da<br />
ativida<strong>de</strong> no meio físico.<br />
Os resultados encontrados para os parâmetros cor e turbi<strong>de</strong>z foram variados, com<br />
oscilações não compreensíveis e po<strong>de</strong>m estar relacionados a problemas analíticos, no que se<br />
refere à coleta e metodologia <strong>de</strong> análise.<br />
Os resultados do parâmetro ferro foram significativos, na maioria das amostras<br />
analisadas, com valores acima do limite preconizado pela legislação, contudo, a geologia local<br />
predominante (Formação Guabirotuba) po<strong>de</strong> ter influenciado na qualida<strong>de</strong> das águas<br />
subterrâneas, uma vez que este aquífero po<strong>de</strong> apresentar valores máximos <strong>de</strong> 9 mg.L -1 e sua<br />
fonte mineral original po<strong>de</strong>m estar relacionadas a biotita, magnetita, pirita, piroxênios e<br />
anfibólios.<br />
O mesmo acontece para os resultados dos parâmetros cálcio e magnésio, que não<br />
sugerem alterações da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas por assemelharam-se às<br />
características químicas naturais do aquífero Guabirotuba.
115<br />
Em relação à <strong>de</strong>manda bioquímica <strong>de</strong> oxigênio e à <strong>de</strong>manda química <strong>de</strong> oxigênio, os<br />
resultados sugerem inconsistência <strong>de</strong> dados, <strong>de</strong>corrente da falta <strong>de</strong> padronização<br />
metodológica, o que dificulta, inclusive, a comparação entre estes dois parâmetros e<br />
coliformes termotolerantes, uma vez que sua presença indica a presença <strong>de</strong> matéria orgânica<br />
em <strong>de</strong>composição.<br />
A análise dos parâmetros coliformes totais e termotolerantes para o Cemitério<br />
Municipal Água Ver<strong>de</strong> indica interferência externa à área, em função dos resultados nos<br />
poços <strong>de</strong> monitoramento à montante. Internamente também po<strong>de</strong>m interferir nos resultados,<br />
uma vez que, os níveis do aquífero freático são aflorantes, e consequentemente, po<strong>de</strong>m<br />
influenciar diretamente sobre o curso hídrico canalizado, assim como ligações clan<strong>de</strong>stinas <strong>de</strong><br />
esgotos às galerias <strong>de</strong> água pluvial.<br />
Outro parâmetro microbiológico importante, a contagem <strong>de</strong> clostrídio sulfito redutor,<br />
i<strong>de</strong>ntificado nas amostras, preocupa, uma vez que não há um cadastro dos poços em<br />
exploração no entorno imeditato e sua presença compromete a utilização <strong>de</strong>stas águas.<br />
Tendo em vista a exigência legal estadual <strong>de</strong> realizar campanhas anuais <strong>de</strong><br />
monitoramento da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas, sugere-se que o po<strong>de</strong>r público revise as<br />
especificações técnicas para contratação <strong>de</strong> empresa especializada para coleta e análise das<br />
amostras <strong>de</strong> água dos poços <strong>de</strong> monitoramento, incluindo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> padronizar os<br />
métodos analíticos a serem utilizados, ao longo <strong>de</strong> várias campanhas, à luz da Resolução<br />
CONAMA 396/08, Artigo 18, seguindo os critérios mínimos <strong>de</strong> exigência para laudos<br />
analíticos e <strong>de</strong>stacando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solicitação <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> proficiência<br />
a qualquer tempo por parte do órgão ambiental competente. Partindo-se, assim, <strong>de</strong> cuidados<br />
com a ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> custódia das amostras coletadas e <strong>de</strong> laudos que contemplem os limites <strong>de</strong><br />
quantificação praticados para cada parâmetro analisado, suas incertezas <strong>de</strong> medição,<br />
resultados dos brancos dos métodos e, sobretudo, a padronização <strong>de</strong> procedimentos<br />
compatíveis com a verificação do cumprimento da legislação, será possível garantir a<br />
confiabilida<strong>de</strong> dos resultados e a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes como instrumentos para tomada <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>cisão na gestão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas.<br />
E ainda, recomenda-se que sejam realizadas campanhas mensais <strong>de</strong> verificação dos<br />
níveis do aquífero freático, com o objetivo <strong>de</strong> correlacioná-los com as chuvas ocorridas em<br />
um ano e conhecer o comportamento da área nas diferentes sazonalida<strong>de</strong>s.<br />
Sendo assim, levando-se em consi<strong>de</strong>ração o índice <strong>de</strong> danos múltiplos por jazigo no<br />
Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> (2,38) e a vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contaminação da área,<br />
<strong>de</strong>corrente do tipo <strong>de</strong> formação geológica (Formação Guabirotuba), os níveis do aquífero
116<br />
freático mais aflorantes e a presença <strong>de</strong> córrego canalizado, que atravessa a área, verificou-se<br />
a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma ação imediata nos jazigos danificados i<strong>de</strong>ntificados, uma vez que as<br />
condições das instalações possibilitam uma via <strong>de</strong> contaminação por <strong>de</strong>composição humana.<br />
Contudo, em função dos problemas i<strong>de</strong>ntificados quanto à confiabilida<strong>de</strong> analítica dos<br />
resultados da qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas e dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se estabelecer as correlações<br />
esperadas dos parâmetros analisados, não foi possível inferir quanto à ocorrência <strong>de</strong><br />
contaminação por necrochorume no Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong>. A relação entre as<br />
alterações dos parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> das águas subterrâneas e os tipos <strong>de</strong> jazigos e as<br />
condições <strong>de</strong> manutenção também não pu<strong>de</strong>ram ser estabelecidas em função <strong>de</strong>stes<br />
problemas.
117<br />
REFERÊNCIAS<br />
ALLER, L.; LEHR, J. H.; PETTY, R. DRASTIC: a standardized to evaluate ground water<br />
pollution potential using hydrogeologic settings. Estados Unidos, 20 p., 1987. Disponível em:<br />
. Acesso em: s. d.<br />
ALMEIDA, A. M.; MACEDO, J. A. B.; Parâmetros físico-químicos <strong>de</strong> caracterização da<br />
contaminação do lençol freático por necrochorume. In: SEMINÁRIO DE GESTÃO<br />
AMBIENTAL, 2005, Juiz <strong>de</strong> Fora. Minas Gerais: Instituto Vianna Junior, 1994. Disponível<br />
em< http://www.tratamento<strong>de</strong>agua.com.br/r10/Lib/Image/art_125263061_contaminacao_por_<br />
necrochorume.pdf>. Acesso em: s. d.<br />
ARAÚJO, T. N. Cemitérios: história e memória. In: Túmulos celebrativos <strong>de</strong> Porto Alegre:<br />
múltiplos olhares sobre espaço cemiterial (1889 – 1930). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008, p.<br />
39-52. Disponível em: <<br />
http://books.google.com.br/books?id=PHWdjJSQpi4C&pg=PA3&dq=<br />
thiago+nicolau+araujo+t%C3%BAmulos+celebrativos&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false><br />
Acesso em: s. d.<br />
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13.895 Construção <strong>de</strong><br />
poços <strong>de</strong> monitoramento e amostragem. Rio <strong>de</strong> Janeiro, RJ, 1997.<br />
BANDARRA, E. P.; SEQUEIRA, J. L. Tanatologia: fenômenos cadavéricos transformativos.<br />
Revista Educacional Conselho Regional <strong>de</strong> Medicina Veterinária <strong>de</strong> São Paulo, São<br />
Paulo, n. 2, p. 72-76, 1999.<br />
BARROS, Y. J.; MELO, V. F.; ZANELLO, S.; ROMANÓ, E. N. L.; LUCIANO, P. R.;<br />
Teores <strong>de</strong> metais pesados e caracterização mineralógica <strong>de</strong> solos do Cemitério Municipal <strong>de</strong><br />
Santa Cândida, Curitiba (PR). Revista Brasileira <strong>de</strong> Ciência do Solo, Viçosa, v. 32, n. 4, jul.<br />
/ ago., 2008.<br />
BORGES, M. E. Imagens <strong>de</strong>vocionais nos cemitérios do Brasil. .Net, Goiânia, 2009.<br />
Disponível<br />
em:<br />
. Acesso em: s. d.<br />
BRASIL. Lei Fe<strong>de</strong>ral n° 6938, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do<br />
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos <strong>de</strong> formulação e aplicação, e dá outras providências.<br />
DOU, Po<strong>de</strong>r Executivo, Brasília, DF, 02/09/1981. Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
BRAZ, V. N.; LOPES, M. S. B.; Presença <strong>de</strong> contaminação em áreas <strong>de</strong> cemitérios, após sua<br />
<strong>de</strong>sativação – Estudo <strong>de</strong> Caso do Cemitério do Bengui, Belém, Pará. In: CONGRESSO<br />
BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 23., 2005, Campo<br />
Gran<strong>de</strong>. Anais eletrônicos da Associação Brasileira <strong>de</strong> Engenharia Sanitária e<br />
Ambiental. Mato Grosso: ABES, 2005.<br />
CAMPOS, A. P. S. Avaliação potencial <strong>de</strong> poluição no solo e nas águas subterrâneas<br />
<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> cemiterial. São Paulo, SP. Originalmente apresentada como
dissertação <strong>de</strong> pós-graduação em Saú<strong>de</strong> Pública, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> São Paulo, 2007, 105 p.<br />
CAROLLO, C. L. Cemitério Municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula: Monumento e<br />
Documento. Curitiba: Fundação Cultural <strong>de</strong> Curitiba, 1995, 104 p.<br />
CETESB. Significado ambiental e sanitário das variáveis <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> das águas e dos<br />
sedimentos e metodologias analíticas e <strong>de</strong> amostragem. In: Relatório <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> das<br />
Águas Interiores do Estado <strong>de</strong> São Paulo, Apêndice A. São Paulo, 2008, 40 p.<br />
CLEARY, R. W. Águas subterrâneas. Associação Brasileira <strong>de</strong> Recursos Hídricos, São<br />
Paulo, 2007. Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
CONAMA. Resolução n° 1, <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1986. Critérios básicos e diretrizes gerais<br />
para a avaliação <strong>de</strong> impacto ambiental. Brasília, DF, 4 p. Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
CONAMA. Resolução n° 237, <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1997. Dispõe sobre a revisão e<br />
complementação dos procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental.<br />
Brasília, DF, 3 p. Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
CONAMA. Resolução n° 335, <strong>de</strong> 03 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2003. Licenciamento ambiental <strong>de</strong><br />
cemitérios. Brasília, DF , 5 p. Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
CONAMA. Resolução n° 368, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2006. Altera dispositivos da Resolução n°<br />
335 que dispõe sobre licenciamento ambiental <strong>de</strong> cemitérios. Brasília, DF, 2 p. Disponível<br />
em: . Acesso<br />
em: s. d.<br />
CONAMA. Resolução n° 396, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2008. Dispõe sobre a classificação e diretrizes<br />
ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas. Brasília, DF, 11 p. Disponível em:<br />
. Acesso<br />
em: s. d.<br />
CONAMA. Resolução n° 402, <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2008. Altera os artigos 11 e 12 da<br />
Resolução nº 335, <strong>de</strong> 03/04/2003, que dispões sobre o licenciamento ambiental <strong>de</strong> cemitérios.<br />
Brasília, DF, 1 p. Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
CURITIBA. IPPUC. Curitiba em Dados. Paraná, 2008, 504 p.. Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
CURITIBA. Decreto Municipal n° 1190, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004. Ficam <strong>de</strong>finidos no<br />
município <strong>de</strong> Curitiba os parâmetros <strong>de</strong> referência para qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solo e água subterrânea.<br />
DOM, Po<strong>de</strong>r Executivo, Curitiba, PR. Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
CURITIBA. Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Resolução n° 01, <strong>de</strong> 1996. Construção<br />
<strong>de</strong> poços <strong>de</strong> monitoramento. Curitiba, 1996, 24 p.<br />
118
119<br />
CURITIBA. Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental do<br />
Cemitério Municipal do Boqueirão. Curitiba, 2007.<br />
CURITIBA. Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental do<br />
Cemitério Municipal <strong>de</strong> Água Ver<strong>de</strong>. Curitiba, 2008a.<br />
CURITIBA. Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental do<br />
Cemitério Municipal <strong>de</strong> Santa Cândida. Curitiba, 2008b.<br />
CURITIBA. Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Plano <strong>de</strong> Controle Ambiental do<br />
Cemitério Municipal <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong> Paula. Curitiba, 2008c.<br />
CURITIBA. Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Monitoramento da qualida<strong>de</strong> da<br />
água do aquífero freático nos cemitérios <strong>municipais</strong> do Água Ver<strong>de</strong>, Boqueirão, Santa<br />
Cândida e São Francisco <strong>de</strong> Paula. Curitiba, 2008d.<br />
CURITIBA. Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Monitoramento da qualida<strong>de</strong> da<br />
água do aquífero freático nos cemitérios <strong>municipais</strong> do Água Ver<strong>de</strong>, Boqueirão, Santa<br />
Cândida e São Francisco <strong>de</strong> Paula. Curitiba, 2008e.<br />
CURITIBA. Instituto <strong>de</strong> Pesquisa e Planejamento Urbano <strong>de</strong> Curitiba. Estudo <strong>de</strong> impacto<br />
ambiental da Linha Azul – Santa Cândida / CIC Sul do Sistema <strong>de</strong> Metrô <strong>de</strong> Curitiba no<br />
eixo norte / sul da re<strong>de</strong> integrada <strong>de</strong> transportes. Curitiba, 2011.<br />
DENT, B. B. The hydrogeological contexto of cemetery operations and planning in<br />
Australia. Sidney, Australia, 2002. Originalmente apresentado como tese <strong>de</strong> Doctor of<br />
Philosophy in Science, University of Technology, 2002, 473 p.<br />
DOMINGUES, V. O.; TAVARES, G. D.; STÜKER, F.; MICHELOT, T. M.; REETZ, L. G.<br />
B.; BERTONCHELI, C. M.; HÖRNER, R. Contagem <strong>de</strong> bactérias heterotróficas na água para<br />
consumo humano: comparação entre duas metodologias. Revista Saú<strong>de</strong>, Santa Maria, v. 33,<br />
n. 1, p. 15-19, 2007.<br />
DUARTE, D. M. Manaus entre o passado e o presente. Manaus: Edições Mídia Ponto<br />
Comm, 2009, p. 142-153.<br />
ENVIRONMENT AGENCY. Assessing the groundwater pollution potential of cemetery<br />
<strong>de</strong>velopments. Inglaterra, 20p., 2004. Disponível em: .<br />
Acesso em: s. d.<br />
_________. Iron and manganese in groundwater. Inglaterra, 2p., 2007a. Disponível em:<br />
. Acesso em: s. d.<br />
_________. Total, fecal and E.coli bacteria in groundwater. Inglaterra, 2p., 2007b.<br />
Disponível em: . Acesso em: s. d.
FEITOSA, F. A. C.; MANOEL FILHO, J. Noções <strong>de</strong> Hidroquímica. In: Hidrogeologia:<br />
Conceitos e Aplicações. Fortaleza: CPRM/REFO, LABHID-UFPe, 2000, p. 81 – 108.<br />
FENIANOS, E. E. São Francisco: Uma história <strong>de</strong> monumentos. Curitiba: Editora<br />
UniverCida<strong>de</strong>, 1998, 54 p., (Coleção Bairros <strong>de</strong> Curitiba, 14).<br />
FENIANOS, E. E. Boqueirão, Alto Boqueirão, Hauer: Gigantes pela própria natureza.<br />
Curitiba: Editora UniverCida<strong>de</strong>, 2000, 50 p., (Coleção Bairros <strong>de</strong> Curitiba, 22).<br />
FENIANOS, E. E. Santa Cândida: Cabeças, cruzes e corações. Curitiba: Editora<br />
UniverCida<strong>de</strong>, 2002, 52 p., (Coleção Bairros <strong>de</strong> Curitiba, 28).<br />
FERREIRA, J. P. C. L. Vulnerabilida<strong>de</strong> à poluição <strong>de</strong> águas subterrâneas: fundamentos e<br />
conceitos para uma melhor gestão e protecção dos aquíferos <strong>de</strong> Portugal. Portugal, 16 p.,<br />
1998. Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
FOSTER, S.; HIRATA, R.; ROCHA, G. Riscos <strong>de</strong> poluição <strong>de</strong> águas subterrâneas: uma<br />
proposta <strong>de</strong> avaliação regional. São Paulo: ABAS, 1988, 9 p.<br />
FOSTER, S.; HIRATA, R.; GOMES, D.; D´ELIA, M.; PARIS, M. Protección <strong>de</strong> la calidad<br />
<strong>de</strong>l água subterrânea: Guia para empresas <strong>de</strong> água, autorida<strong>de</strong>s municipales y agencias<br />
ambientales. Washington, D.C.: Banco Mundial, [2002], 115 p.<br />
FOUCALT, M. O nascimento da medicina social. In: Microfísica do Po<strong>de</strong>r. Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
RJ: Edições Graal, 2001, p. 79-98.<br />
GAARDER, J.; HELLERN, V,; NOTAKER, H. O livro das religiões. São Paulo, SP:<br />
Companhia das Letras, 2000, p. 281-302.<br />
GRASSI, C. Um olhar... A Arte no silêncio. Curitiba, PR, 2006.<br />
INSTITUTO DAS ÁGUAS. Secretaria <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong> Meio Ambiente e Recursos Hídricos.<br />
Diagnóstico das disponibilida<strong>de</strong>s hídricas subterrâneas - parte B. Curitiba, 2010.<br />
Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
KIM, K. H.; HALL, M. L.; HART, A.; POLLARD S. J. T. A survey of green burial sites in<br />
England and Wales and an assessment of the feasibility of a groundwater. Enviromental<br />
Technology, Inglaterra, Volume 29, Issue 1, p. 1-12, 2008. Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
KOVÁCS, M. J. Atitu<strong>de</strong>s diante da morte: visão histórica, social e cultural. In: Morte e<br />
Desenvolvimento Humano. São Paulo: Casa do Psicólogo Lvraria e Editora Ltda, 2002, p. 29-<br />
48. Disponível em:<br />
. Acesso em:<br />
s. d.<br />
KNIGHT, M. J.; DENT, B. B.; A water grave – the role of hydrogeology in cemetry practice.<br />
In: ACCA National Conference. Sidney, Australia: 1995.<br />
120
121<br />
LARA, L. J.; LUPATINI, G.; MIGUEZ, L. A. L.; CAMARGO, E. C.; BRAGA, M. C. B.;<br />
Caracterização hidrogeológica da área do cemitério Boqueirão em Curitiba - PR. In:<br />
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 23., 2005,<br />
Campo Gran<strong>de</strong>. Anais eletrônicos da Associação Brasileira <strong>de</strong> Engenharia Sanitária e<br />
Ambiental. Mato Grosso: ABES, 2005.<br />
LUPATINI, G.; LARA, L. J.; MIGUEZ, L. A. L.; BRAGA, M. C. B.; CAMARGO, E. C.;<br />
Monitoramento ambiental da área do cemitério municipal São Francisco <strong>de</strong> Paula em Curitiba<br />
- PR. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL,<br />
23., 2005, Campo Gran<strong>de</strong>. Anais eletrônicos da Associação Brasileira <strong>de</strong> Engenharia<br />
Sanitária e Ambiental. Mato Grosso: ABES, 2005.<br />
MADIGAN, M.; MARTINKO, J,; PARKER, J. Microbiologia <strong>de</strong> Brock. São Paulo, SP:<br />
Prentice Hall, 2004, 608 p.<br />
MARION, F. A.; CAPOANE, V.; SILVA, J. L. S. Avaliação da qualida<strong>de</strong> da água subterrânea<br />
em poço no campus da UFSM, Santa Maria - RS. Revista Ciência e Natura n. 29, p. 97-109,<br />
2007.<br />
MARTINS, M. T.; PELLIZARI, V. H.; PACHECO A.; MYAKI, D. M.; ADAMS, C.;<br />
BOSSOLAN, N. R. S.; MENDES, J. M. B.; HASSUDA, S. Qualida<strong>de</strong> bacteriológica <strong>de</strong><br />
águas subterrâneas em cemitérios. Revista Saú<strong>de</strong> Pública, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 47-52,<br />
1991.<br />
MATOS, B. A. Avaliação da Ocorrência e do Transporte <strong>de</strong> Microrganismos no<br />
Aquífero Freático do cemitério Vila Nova Cachoeirinha, município <strong>de</strong> São Paulo. São<br />
Paulo, SP. Originalmente apresentado como tese <strong>de</strong> doutorado em Recursos Minerais e<br />
Hidrogeologia, Instituto <strong>de</strong> Geociências, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 2001, 113 p.<br />
MIGLIORINI, R. B. Cemitérios como fonte <strong>de</strong> poluição <strong>de</strong> aquíferos: Estudo do Cemitério<br />
Vila Formosa na bacia sedimentar <strong>de</strong> São Paulo. São Paulo, SP. Originalmente apresentado<br />
como dissertação <strong>de</strong> mestrado em Recursos Minerais e Hidrogeologia, Instituto <strong>de</strong><br />
Geociências, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 1994, 74 p.<br />
MIGLIORINI, R. B.; LIMA, Z. M.; ZEILHOFER, L. V. A. C. Qualida<strong>de</strong> das águas<br />
subterrâneas em áreas <strong>de</strong> cemitérios, região <strong>de</strong> Cuiabá - MT. Revista Águas Subterrâneas, n.<br />
1, p. 15-28, 2006.<br />
MIGLIORINI, R. B.; SILVA, E. C.; SALOMÃO, F. X. T.; VECCHIATO, A. B.;<br />
SHIRAIWA, S.; MOURA, I. B.; LIMA, Z. M.; ZEILHOFER, L. V. A. C. Cemitérios como<br />
fonte potencial <strong>de</strong> contaminação das águas subterrâneas. Região <strong>de</strong> Cuiabá e Várzea<br />
Gran<strong>de</strong> – MT. Brasília: FUNASA, 2007, 118 p.<br />
MS. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Portaria n° 518/GM, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004. Estabelece os<br />
procedimentos e responsabilida<strong>de</strong>s relativos ao controle e vigilância da qualida<strong>de</strong> da água<br />
para consumo humano e seu padrão <strong>de</strong> potabilida<strong>de</strong> e dá outras responsabilida<strong>de</strong>s. DOU,<br />
Po<strong>de</strong>r Executivo, Brasília, DF, 26/03/2004. Disponível em: . Acesso em: s. d.
MULLER, C. V. Análise hidrogeoquímica no município <strong>de</strong> Curitiba - Paraná. Curitiba,<br />
PR. Originalmente apresentado como dissertação <strong>de</strong> mestrado em Geologia Ambiental, ,<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, 2007, 151 p.<br />
NEIRA, D. F.; TERRA, V. R.; PRATTE-SANTOS, R.; BARBIÉRI, R. Impactos do<br />
necrochorume nas águas subterrâneas <strong>de</strong> cemitério <strong>de</strong> Santa Inês, Espírito Santo, Brasil. .Net,<br />
Espírito Santo, 2008 Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
PACHECO, A. Os cemitérios e o meio ambiente. São Paulo, 1986. Instituto <strong>de</strong> Geociências,<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 11 p.<br />
PACHECO, A,; BATELLO, E. A influência <strong>de</strong> fatores ambientais nos fenômenos<br />
transformativos em cemitérios. Revista Engenharia e Arquitetura,; n. 2, p. 32-39, 2000.<br />
PARANÁ. Secretaria <strong>de</strong> Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Resolução SEMA n°<br />
019, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2004. Estabelece requisitos e condições técnicas para a implantação <strong>de</strong><br />
cemitérios <strong>de</strong>stinados ao sepultamento,no que tange à proteção e à preservação do ambiente,<br />
em particular do solo e das águas subterrâneas. Diário Oficial do Estado do Paraná, Po<strong>de</strong>r<br />
Executivo, Curitiba, PR, 11/05/2004, 7 p.<br />
PARANÁ. Secretaria <strong>de</strong> Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Resolução SEMA n°<br />
016, <strong>de</strong> 03 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2005. Altera a Resolução 019/2004 - SEMA, que dispõe sobre o<br />
licenciamento ambiental <strong>de</strong> cemitérios. Diário Oficial do Estado do Paraná, Po<strong>de</strong>r<br />
Executivo, Curitiba, PR, 06/10/2005, 2 p.<br />
PARANÁ. Secretaria <strong>de</strong> Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Resolução SEMA n°<br />
02, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2009. Dispõe sobre o licenciamento ambiental <strong>de</strong> cemitérios, estabelece<br />
condições e critérios e dá outras providências. Diário Oficial do Estado do Paraná, Po<strong>de</strong>r<br />
Executivo, Curitiba, PR, 28/04/2009, 20 p.<br />
RODRIGUES. J. A.; TRAJANO, A. S. A.; NAVAL, L. P.; SILVA, G. G.; QUEIROZ, S. C.<br />
B. Avaliação preliminar do comportamento do aquífero freático no Cemitério São Miguel do<br />
município <strong>de</strong> Palmas. In CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E<br />
AMBIENTAL, 22., 2003, Joinville. Anais eletrônicos da Associação Brasileira <strong>de</strong><br />
Engenharia Sanitária e Ambiental. Santa Catarina: ABES, 2003. Disponível em:<br />
. Acesso em: s. d.<br />
ROMANÓ. E. N. <strong>de</strong> L. Cemitérios: passivo ambiental medidas preventivas e mitigadoras. In:<br />
SIMPÓSIO NACIONAL E CONGRESSO LATINO AMERICANO SOBRE<br />
RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 6., 2004, Curitiba. Paraná: CIETEP, 2004.<br />
Disponível em: . Acesso em: s. d.<br />
SALAMUNI, E.; STELLFELD, M. C. Banco <strong>de</strong> dados geológicos geo-referenciados da bacia<br />
sedimentar <strong>de</strong> Curitiba (PR) como base <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> informação geográfica (SIG). Boletim<br />
Paranaense <strong>de</strong> Geociências n. 49, p. 21-31, 2001.<br />
SALAMUNI, E.; EBERT, H. D.; HASUI, Y. Morfotectônica da bacia sedimentar <strong>de</strong> Curitiba.<br />
Revista Brasileira <strong>de</strong> Geociências n. 4, p. 469-478, 2004.<br />
122
SANTARSIERO, A.; CUTILLI, D; CAPPIELLO, G.; MINELLI, L. Environmental and<br />
legislative aspects concerning existing and new cemetery planning. Microchemical<br />
Journal, Roma, Volume 67, Issues 1-3, p. 141-145, 2000. Disponível em:<br />
. Acesso em: s. d.<br />
SANTOS, L. J. C.; OKA-FIORI, C.; CANALLI, N. E.; FIORI, A. P.; SILVEIRA, C. T.;<br />
SILVA, J. M. F. Mapeamento da vulnerabilida<strong>de</strong> geoambiental do estado do Paraná. Revista<br />
Brasileira <strong>de</strong> Geociências n. 4, p. 812-820, 2007.<br />
SÃO PAULO. CETESB. Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no<br />
estado <strong>de</strong> São Paulo. São Paulo, 2005.<br />
SILVA, F.; SILVA, J. L. S. Estudo da vulnerabilida<strong>de</strong> natural das águas subterrâneas no<br />
município <strong>de</strong> Bento Gonçalves – RS. Santa Maria, RS, 2007. Originalmente apresentado<br />
como projeto <strong>de</strong> pesquisa, Laboratório <strong>de</strong> Hidrogeologia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa<br />
Maria, 2007.<br />
SILVA, L. M. Cemitérios: fonte potencial <strong>de</strong> contaminação dos aquíferos livres. In:<br />
CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE HIDROLOGIA SUBTERRÂNEA, 1998,<br />
Montevi<strong>de</strong>o. Uruguai: ALHSUD, 1998, v. 2, p. 667-681.<br />
SILVA, V. T.; CRISPIM, J. Q.; GOCH, P.; KUERTEN, S.; MORAES, A. C. S.; OLIVEIRA,<br />
M. A.; SOUZA, I. A.; ROCHA, J. A. Um olhar sobre as necrópoles e seus impactos<br />
ambientais. In: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM<br />
AMBIENTE E SOCIEDADE, 3., 2006, Brasília. Distrito Fe<strong>de</strong>ral: 2006. Disponível em:<br />
. Acesso em: s. d.<br />
TALAMINI NETO, E. Caracterização geotécnica do subsolo <strong>de</strong> Curitiba para o<br />
planejamento <strong>de</strong> ocupação do espaço subterrâneo. São Carlos, SP. Originalmente<br />
apresentado como dissertação <strong>de</strong> mestrado em Geotecnia, Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São<br />
Carlos, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 2001, 223 p.<br />
ÜCISIK, A. S; RUSHBROOK, P. The impact of cemeteries on the environment and<br />
public health. An Introductory briefing. Copenhagen, Denmark: WHO Regional Office for<br />
Europe, 1998, 15 p.<br />
VON SPERLING, M. Introdução á qualida<strong>de</strong> das águas e ao tratamento <strong>de</strong> esgotos. Belo<br />
Horizonte, MG: Departamento <strong>de</strong> Engenharia Sanitária e Ambiental, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />
Minas Gerais, 1996, 243 p.<br />
YIN, R. K. Estudo <strong>de</strong> Caso: Planejamento e Métodos. Porto Alegre, RS: Editora Bookman,<br />
2005, p. 19-38.<br />
123
APÊNDICES<br />
124
APENDICE A – Resultados das análises das amostras <strong>de</strong> água subterrânea dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal Água<br />
Ver<strong>de</strong><br />
(continua)<br />
125
APENDICE A – Resultados das análises das amostras <strong>de</strong> água subterrânea dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal Água<br />
Ver<strong>de</strong><br />
(continuação)<br />
126
APENDICE A – Resultados das análises das amostras <strong>de</strong> água subterrânea dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal Água<br />
Ver<strong>de</strong><br />
(continuação)<br />
127
APENDICE A – Resultados das análises das amostras <strong>de</strong> água subterrânea dos poços <strong>de</strong> monitoramento do Cemitério Municipal Água<br />
Ver<strong>de</strong><br />
(conclusão)<br />
128
ANEXOS<br />
129
ANEXO A – Mapa da área do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> e o levantamento planialtimétrico (CURITIBA, 2008)<br />
130
131<br />
ANEXO B – Mapa da área do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> e a distribuição por<br />
tipo <strong>de</strong> jazigo
ANEXO C – Mapa da área do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> e a situação dos jazigos<br />
com rachaduras e vazamentos <strong>de</strong> líquidos<br />
132
ANEXO D – Mapa da área do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> e a situação dos jazigos<br />
relacionados à vegetação junto à base<br />
133
ANEXO E – Mapa da área do Cemitério Municipal Água Ver<strong>de</strong> e a situação das tampas<br />
dos jazigos<br />
134