24.06.2015 Views

o_19oiipp1p23h1j7oaqg1d63k12a.pdf

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Keramica | CTCV | 1


FICHA TÉCNICA<br />

PROPRIEDADE E EDIÇÃO<br />

APICER [Associação Portuguesa da Indústria de Cerâmica]<br />

DIREÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, REDAÇÃO E PUBLICIDADE<br />

Rua Coronel Veiga Simão, Edifício C<br />

3020-053 Coimbra<br />

[t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601<br />

[e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt<br />

DIRETOR<br />

Duarte Garcia<br />

DIRETOR ADJUNTO E EDITOR<br />

Virgílio Pimenta<br />

PUBLICAÇÃO<br />

BIMESTRAL<br />

Ano XXXVIII<br />

N318<br />

NOVEMBRO<br />

2012<br />

Depósito legal nº 21079/88<br />

Publicação Periódica inscrita<br />

na ERC [Entidade Reguladora<br />

para a Comunicação Social]<br />

com o nº 122304<br />

ISSN 0871 - 780X<br />

Sumário<br />

04 Dos Valores e Visão para uma estratégia de futuro<br />

06 Enquadramento industrial, estratégia e o desenvolvimento<br />

do CTCV<br />

10 O CTCV recordado 25 anos depois<br />

12 Memórias de um projeto de sucesso<br />

14 A minha passagem pelo CTCV: uma experiência gratificante,<br />

uma relação que perdura<br />

16 O CTCV que conheci<br />

18 A minha passagem pelo CTCV<br />

20 25 anos do CTCV<br />

Sumário<br />

22 Aniversário do CTCV<br />

24 A indústria de cerâmica e sua evolução entre 1987 e 2010<br />

26 A minha história do CTCV<br />

34 Os primórdios do CTCV<br />

COLABORADORES<br />

Alfredo Marques, Alice Oliveira, Ana Carvalho, António Baio Dias, António<br />

Alcântara Gonçalves, António Oliveira, Artur Serrano, Augusto Vaz Serra e Sousa,<br />

Carlos Borges Tavares, Conceição Fonseca, Francisco Bernardo de Almeida-Lobo,<br />

Francisco Pegado, Francisco Silva, Fernando Cunha, Gonçalo Ilharco de Moura,<br />

Hélio Jorge, João Barata, José Manuel Cerqueira, José L.uís Sequeira,<br />

Luc Hennetier, Luís Rodrigues, Marcelo Félix, Marcelo Sousa, Maria Helena<br />

Duarte, Mário Coelho, Marisa Almeida, Marta Ferreira, Osória Miranda,<br />

Rui Neves, Sandra Carvalho, Serafim Nunes, Sofia de Oliveira David,<br />

Susana Rajado, Teresa Monteiro, Valente de Almeida e Victor Francisco<br />

CAPA<br />

José Luís Fernandes<br />

PAGINAÇÃO E IMPRESSÃO<br />

Alumnus Media<br />

[e-mail] alumnusmedia@gmail.com<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números)<br />

PORTUGAL €32,00 (IVA incluído)<br />

UNIÃO EUROPEIA €60,00<br />

RESTO DA EUROPEIA €75,00<br />

FORA DA EUROPEIA €90,00<br />

NOTAS: Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte.<br />

Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores.<br />

36 Centro de Conhecimento em Materiais e Construção<br />

Sustentável<br />

42 GS: A evolução dos Sistemas de Gestão no CTCV<br />

44 GAPI-CTCV: A Propriedade Industrial: Um Valor a Preservar<br />

46 TEandM: TEandM um spin-off do CTCV<br />

48 ONS: Organismo de Normalização Sectorial<br />

50 GPI: Gestão e Promoção da Inovação<br />

54 NMA: Novos Materiais e Aplicações<br />

56 DEP: Desenvolvimento e Engenharia de Produto<br />

58 LAM: Laboratório de Análise de Materiais<br />

60 LEP: Laboratório de Ensaios de Produtos<br />

62 MREi: Medição e Racionalização de Energia - Indústria<br />

64 MREh: Medição e Racionalização de Energia - Habitat<br />

66 LMA: Laboratório de Monitorização Ambiental<br />

68 LHI: Laboratório de Higiene Industrial<br />

70 SGM: Sistemas de Gestão e Melhoria<br />

72 AS: Ambiente e Sustentabilidade<br />

74 SST: Segurança e Saúde do Trabalho<br />

76 STI: Sistemas e Tecnologias de Informação<br />

78 FQ: Formação e Qualificação<br />

2 | Keramica | CTCV


EDITORIAL<br />

por António Alcântara Gonçalves, António Baio Dias e Sofia de Oliveira David, Direção do CTCV<br />

É com indisfarçável orgulho que o CTCV comemora os<br />

seus 25 anos de existência!<br />

Fundado no dia 20 de Março de 1987, por um restrito<br />

grupo de pessoas que decidiu dar corpo a uma visão<br />

inovadora, o CTCV cresceu, superando diversos percalços e<br />

festejando também muitas vitórias, sem nunca esquecer o<br />

desígnio lançado pelos seus fundadores, de contribuir com<br />

o seu esforço e dedicação, para a melhoria e a inovação do<br />

tecido industrial português.<br />

O CTCV cresceu e modificou-se ao longo destes 25 anos,<br />

mas manteve sempre a sua convicção de que é com as pes-<br />

Editorial<br />

soas que se consolida a capacidade de contribuir de forma<br />

sustentável para o crescimento das empresas, lançando assim<br />

os alicerces para o futuro. Foi graças ao esforço e dedicação<br />

que sempre caracterizaram os seus colaboradores<br />

que se construiu a imagem de seriedade e competência de<br />

que o CTCV goza junto dos clientes. Acreditamos que só<br />

assim vale a pena este projeto, envolvendo de forma responsável<br />

as pessoas que connosco percorrem este caminho<br />

de crescimento, contribuindo também para o seu bem-estar<br />

pessoal, numa clara perspetiva de responsabilidade social.<br />

Nesta efeméride é fundamental lembrar as empresas que<br />

acompanharam o CTCV, algumas desde os seus primeiros<br />

passos, outras mais recentemente. Em todos os casos pautando<br />

sempre o seu relacionamento com o CTCV por uma<br />

marca indelével de confiança na equipa, resultando tantas e<br />

tantas vezes em proveitosas trocas de ideias que concorreram<br />

para o nosso crescimento conjunto com os clientes.<br />

Na comemoração destes 25 anos de existência não poderíamos<br />

deixar de lembrar um vasto conjunto de pessoas e<br />

entidades que connosco fizeram este percurso, em frutuosa<br />

colaboração com o CTCV, de que resultaram certamente<br />

inúmeras mais-valias.<br />

Assim, nunca é demais referir o precioso trabalho de cooperação<br />

entre os vários Centros Tecnológicos (CATIM, CTIC,<br />

CEVALOR, CTCOR, CITEVE, CENTINFE, CTCP e CTIMM),<br />

muitas vezes liderado e galvanizado pela RECET. São exemplo<br />

desta comunhão de interesses, vários projetos marcantes<br />

e com forte ligação à comunidade.<br />

Também a colaboração e participação na Plataforma para<br />

a Construção Sustentável (Cluster Habitat) tem permitido<br />

ao CTCV um contacto muito próximo com a realidade<br />

da construção sustentável em Portugal e no Mundo, bem<br />

como o desenvolvimento de uma larga bolsa de ideias, tantas<br />

vezes concretizadas em novos projetos de inovação ao<br />

longo destes últimos anos e com ênfase na transferência do<br />

conhecimento às empresas nossas clientes.<br />

Foram muitas as associações empresariais setoriais que<br />

nos acompanharam nestes anos, como associados do CTCV<br />

mas sobretudo como parceiros. Mesmo correndo o risco de<br />

não referir algumas que também foram importantes no<br />

nosso percurso, gostaríamos de deixar uma menção de<br />

agradecimento à colaboração e o apoio que sempre nos foi<br />

dado pela APFAC, ANIPB, ANIET, ACIB e um especial agradecimento<br />

à APICER por toda a colaboração e interesse no<br />

acompanhamento permanente das nossas pisadas.<br />

E porque a qualidade foi e sempre será um dos desígnios<br />

do CTCV para as empresas, o estreito relacionamento com<br />

a CERTIF e com a APQ tem sido uma linha orientadora para<br />

a melhoria dos nossos serviços e para o desenvolvimento de<br />

novas oportunidades de trabalho com os clientes. Ao longo<br />

de todo este tempo o CTCV cresceu, modernizou-se e<br />

expandiu as suas atividades. Este esforço permanente para<br />

acompanhar o mercado, permanecendo sempre na vanguarda,<br />

foi direcionando o CTCV para novos e renovados<br />

desafios. Foi assim que surgiu em 2000 a TEandM, um spinoff<br />

com um imenso potencial de inovação e crescimento.<br />

Esta permanente vontade de inovar culmina agora, em ano<br />

de comemoração, com o projeto do ccMCS, um Centro de<br />

Conhecimento para o desenvolvimento de novos produtos,<br />

materiais, processos e tecnologias.<br />

Foram 25 anos intensos e memoráveis e é assim que surge<br />

a vontade de lançar um marco que perdure na história do<br />

CTCV, que consubstanciámos com a presente publicação.<br />

Aos nossos fundadores, colaboradores, clientes e parceiros<br />

queremos demonstrar o nosso reconhecimento e deixar<br />

a garantia de que tudo faremos para continuar a trilhar este<br />

caminho de crescimento. Esperamos contar com muitos<br />

mais anos de sucesso, com todos e para todos os que até<br />

agora nos acompanharam.<br />

Keramica | CTCV | 3


DOS VALORES E VISÃO<br />

PARA UMA ESTRATÉGIA<br />

DE FUTURO<br />

por Marcelo Sousa, Marcelo Félix, Maria Helena Duarte, Osória Miranda e Teresa Monteiro, Conselho de Administração do CTCV<br />

Marcelo Sousa<br />

É uma enorme satisfação poder partilhar não só o aniversário<br />

de 25 anos do CTCV mas, em especial, partilhar<br />

a celebração de 25 anos de sucesso de um projeto inovador<br />

desde o seu início, de um projeto de qualidade, de um<br />

projeto diferente e de um projeto com resultados objetivos,<br />

não só ao nível económico e financeiro mas também ao nível<br />

da satisfação e realização profissional e pessoal das suas<br />

equipas, assim como da satisfação dos seus clientes pelos<br />

serviços que lhe foram prestados.<br />

Muito mais há por dizer sobre estes primeiros 25 anos de<br />

existência do CTCV, mas certamente que isso será devidamente<br />

testemunhado por outras pessoas que o presenciaram.<br />

Da minha parte, apenas devo falar por estes últimos<br />

dois anos em que fui e sou responsável pelo CTCV e naturalmente<br />

falar um pouco do presente e do futuro.<br />

O CTCV foi reconhecido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia<br />

como uma entidade de referência na Comunidade<br />

Cientifica e Tecnológica, apresenta-se no presente, e o futuro,<br />

como um parceiro de referência para a indústria em toda<br />

a sua cadeia de valor.<br />

O CTCV tem hoje competências em áreas tão distintas<br />

como sejam na prospeção, análise e caracterização de matérias-primas,<br />

realização de ensaios a produtos acabados,<br />

realização de análises para monitorização do desempenho<br />

ambiental, na IDI em novos materiais, processos tecnológicos<br />

e novas aplicações como nano materiais, sistemas de<br />

gestão da melhoria contínua e processos de certificação,<br />

nas melhores práticas para a segurança e saúde no trabalho,<br />

nas tecnologias de informação, na formação e qualificação,<br />

contribuição nas comissões técnicas de normalização e na<br />

implementação das diretivas comunitárias, no ambiente e<br />

sustentabilidade, na gestão da energia em todas as suas<br />

vertentes e na gestão e promoção da inovação.<br />

Mas não é apenas na Indústria da Cerâmica e do Vidro<br />

que o CTCV está hoje posicionado. O CTCV tem projetos<br />

em diversos setores industriais, como o caso dos setores<br />

dos cimentos, do setor automóvel, do setor da aeronáutica,<br />

do setor dos moldes, entre outros e, claro, no sector<br />

extrativo de minerais não metálicos, uma das suas áreas de<br />

excelência.<br />

E ao nível geográfico é também importante referir que<br />

hoje o CTCV já não está só no mercado nacional, desenvolvendo<br />

também projetos no mercado internacional, nomeadamente<br />

em Angola e no Brasil.<br />

Mas os 25 anos do CTCV não se esgotam no seu passado<br />

e muito menos no presente, o CTCV é uma Instituição que<br />

tem procurado sistematicamente antecipar-se e adequar-se<br />

à evolução dos mercados e dos seus clientes, de uma forma<br />

sustentável para si e para os seus clientes.<br />

Nessa perspetiva de modernidade, é privilegiada a sustentabilidade<br />

do Habitat como uma nova abordagem aos materiais,<br />

à sua forma de os utilizar e integrar na habitação.<br />

Para tal, tem sido e será determinante, não apenas a estratégia<br />

definida nos anteriores Conselhos de Administra-<br />

4 | Keramica | CTCV


ção e o investimento que o CTCV faz na formação e qualificação<br />

dos seus colaboradores, mas também o interesse, a<br />

disponibilidade, o empenhamento, o compromisso, a seriedade,<br />

o profissionalismo e a atitude pró-ativa de melhoria<br />

contínua e de inovação que os colaboradores do CTCV têm<br />

demonstrado nos constantes desafios colocados. Em nome<br />

de todos os elementos do Conselho de Administração, manifestamos<br />

e reconhecemos a sua contribuição no sucesso<br />

que o CTCV tem alcançado.<br />

O Conselho de Administração também faz questão de<br />

destacar o excelente contributo do Eng. Vaz Serra nestes<br />

25 anos, a sua dedicação e a sua visão para um CTCV que<br />

mantém a capacidade de interpretar estratégias sustentáveis<br />

de desenvolvimento, apresentando soluções às oportunidades<br />

do mercado, na qualidade de parceiro preferencial<br />

das empresas em vários domínios.<br />

E é nesta lógica de permanente evolução que destaco,<br />

já numa perspetiva de futuro, a construção que está neste<br />

momento em curso no Parque Tecnológico de Coimbra, do<br />

Centro de Conhecimento em Materiais para a Construção<br />

Sustentável (CCMCS), que se define como o projeto âncora<br />

do Cluster do Habitat Sustentável e é, mais uma vez, um<br />

projeto inovador.<br />

Com este projeto, o CTCV apresenta-se de novo como<br />

um parceiro de referência e nalgumas áreas como o único,<br />

num novo paradigma em que a responsabilidade social<br />

e a sustentabilidade na utilização de recursos naturais<br />

e finitos ganham outra dimensão, ao mesmo tempo que<br />

vai surgindo cada vez mais regulamentação legal nestas<br />

matérias.<br />

Também numa perspetiva de futuro, o CTCV tem privilegiado<br />

a análise e a exploração de possíveis modelos de<br />

Internacionalização como um vetor estratégico e onde já<br />

estão, neste momento, a ser desenvolvidos projetos exploratórios.<br />

Quanto ao futuro, muito mais haveria para dizer mas há<br />

uma nota que não pode deixar de ser referida. Não tenho<br />

dúvida que o CTCV venha a perspetivar-se para além de um<br />

Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro. Na verdade, já<br />

hoje é mais do que isso. Mas no futuro, o CTCV, face à sua<br />

diversidade setorial, face à sua transversalidade em vários<br />

domínios do seu conhecimento e, por fim, à sua especialização<br />

em alguns nichos, só pode vir a ser um verdadeiro<br />

Centro de Conhecimento Empresarial capaz de transformar<br />

Conhecimento em Valor Económico e tornar-se um modelo<br />

e exemplo neste domínio.<br />

Keramica | CTCV | 5


Enquadramento Industrial, Estratégia<br />

e o Desenvolvimento do CTCV<br />

por Augusto Vaz Serra e Sousa, Direção CTCV até 2006, Conselho de Administração (2007-2011)<br />

Para memória futura<br />

A comemoração de um tempo de existência, 25 anos da<br />

data formal de constituição do CTCV, suportado em decreto<br />

lei com a política do Governo para o desenvolvimento de infraestruturas<br />

tecnológicas, os Centro Tecnológicos (CTs) e os<br />

estatutos para dar personalidade jurídica e grandes linhas<br />

de orientação para a prática dessas entidades, é uma excelente<br />

oportunidade de colher relatos e depoimentos para<br />

memória futura.<br />

1. Enquadramento<br />

Na génese da criação do CTCV estão factores que tem<br />

a ver com a macroeconomia, o movimento associativo e<br />

a necessidade de uma indústria com acesso ao conhecimento,<br />

à internacionalização e às exigências da integração<br />

europeia.<br />

Nos anos 50 e nos anos 60, foi criado um conjunto de<br />

entidades de cariz particularmente tecnológico com destaque<br />

para o INII (Instituto Nacional de Investigação Industrial).<br />

Este organismo integrou a política de grandes laboratórios<br />

do Estado e algum desenvolvimento por sectores<br />

de actividade industrial. Foi um organismo com projecção,<br />

com publicações técnicas e de organização industrial de<br />

excelência. Era uma referencia nacional e de grande prestigio.<br />

Na prática tinha uma actividade dispersa e instalações<br />

precárias em diversos locais, todos centrados em Lisboa.<br />

Este organismo está na origem do LNETI, definido como<br />

uma entidade agregadora e integradora de todas as actividades<br />

que constituiram o INII e outras áreas de Laboratórios<br />

do Estado, incluindo as referentes à física das partículas.<br />

Destaca-se e deve-se ao Prof. Doutor José Veiga Simão,<br />

nos anos 70 e 80, esta visão de procurar estabelecer as<br />

orientações da política nacional para o desenvolvimento<br />

tecnológico, por actividade.<br />

Mas este movimento desenvolve-se em paralelo com<br />

outro iniciado pelas Associações orientado para as novas<br />

tecnologias e para a promoção das exportações. De facto,<br />

nos anos 70 regista-se um crescimento acentuado da capacidade<br />

instalada nas empresas cerâmicas nacionais com<br />

destaque para as fábricas de louça utilitária e de pavimento<br />

e revestimento; a cerâmica técnica traduzia-se essencialmente<br />

na actividade ligada aos refractários e à electroceramica<br />

para apoio à rede eléctrica nacional. A cerâmica de<br />

construção, na época referida como de "barro vermelho",<br />

inicia um processo de modernização de tecnologias e procedimentos<br />

com a especialização da produção.<br />

Nesta época e devido à complexidade das tecnologias<br />

emergentes, há necessidade da especialização da produção,<br />

em que as empresas procuram reforçar o seu conhecimento<br />

e prática industrial numa actividade bem identificada,<br />

abandonando o modelo da integração de toda a<br />

gama de produção cerâmica numa só unidade industrial/<br />

empresarial. Há uma especialização do exercício da actividade<br />

industrial, o início da produção em grande tonelagem,<br />

por produto, e uma procura do aumento da produtividade<br />

com melhoria na utilização de recursos e menores<br />

perdas industriais.<br />

Este processo de procura de produtividade é acompanhado<br />

de práticas de responsabilidade social numa reconhecida<br />

necessidade de conseguir maior conhecimento e especialização<br />

através de recursos humanos melhor preparados e<br />

especializados.<br />

Isto é, a internacionalização acentuada da cerâmica, a<br />

criação de maior abertura à mobilidade das pessoas e do<br />

conhecimento e uma evolução tecnológica permanente,<br />

vem criar o "caldo" essencial para o aparecimento de entidades<br />

especializadas, como facilitadoras dessa procura de<br />

modernidade e competitividade.<br />

6 | Keramica | CTCV


O aparecimento da Universidade de Aveiro, por iniciativa<br />

do Prof. Doutor Veiga Simão, no inicio dos anos 70 e a criação<br />

da sua especialização em Cerâmica foram os primeiros<br />

sinais desse movimento, que procurou corresponder às necessidades<br />

apontadas pelas Associações Empresariais.<br />

Ao tempo desta estruturação da Cerâmica na Universidade<br />

de Aveiro, segue-se um período de procura de outros<br />

meios tecnológicos complementares aos que estavam a ser<br />

desenvolvidos na Universidade para a formação universitária<br />

e que pudessem beneficiar do conhecimento que fosse<br />

sendo adquirido, de forma abrangente, pelas outras entidades<br />

de I+D.<br />

A questão essencial suscitada pela indústria era garantir<br />

a essas novas entidades a autonomia na orientação e nos<br />

conteúdos por forma a contribuir, de facto, para o serviço a<br />

prestar à actividade empresarial.<br />

Não foi uma questão pacífica a escolha da localização e<br />

do modelo de gestão a adoptar! Com base num trabalho<br />

realizado pela CDR, actual CCDRC, e sustentado na distribuição<br />

geográfica dos diferentes tipos de actividade industrial<br />

e logística, a opção de instalação dessa estrutura tecnológica,<br />

foi Coimbra.<br />

Essa decisão teve o acordo de todas as Associações Industriais/Empresariais<br />

do sector (APICC, APC e ANIBAVE).<br />

O modelo de gestão a adoptar segundo o exigido pela<br />

indústria, seria de autonomia relativamente a instituições<br />

públicas e de ensino. E foi esse entendimento que prevaleceu<br />

e que se veio a reflectir no decreto lei da criação do<br />

CTCV, bem como nos seus estatutos.<br />

Era então Ministro da Indústria, o Dr. Fernando Santos<br />

Martins, Secretário de Estado, o Eng. Luís Todo Bom, Presidente<br />

da APICC, o Dr. António Mota Figueiredo, da APC,<br />

o Sr. Manuel Quintela e da ANIBAVE, o Eng. Artur Alves<br />

Pereira.<br />

Estrategicamente, depois da formalização e apresentação<br />

pública da nova infraestrutura tecnológica, o CTCV, cerca<br />

de 4 meses depois, foram elaborados protocolos com a Universidade<br />

de Aveiro e de Coimbra, em cerimónia conjunta.<br />

Procurava-se apaziguar e harmonizar os diferentes entendimentos<br />

sobre a missão e a estrutura a privilegiar para o<br />

CTCV.<br />

A indústria através das suas Associações e individualmente,<br />

subscreveu a maioria do património associativo com a<br />

correspondente contrapartida na distribuição de funções<br />

nos orgãos sociais e na orientação operacional.<br />

Uma referência particular para a composição do primeiro<br />

Conselho de Administração que, além dos representantes<br />

das indústrias, Dr. António Mota Figueiredo (Presidente),<br />

Sr. José Cyrilo Machado, Sr. Manuel Maria Quintela e Eng.<br />

Carvalhão Duarte, teve três elementos da administração pública<br />

empenhados no apoio à organização do CTCV, com<br />

destaque para o Eng. Francisco Pegado (em representação<br />

do IAPMEI) e Eng. Carlos Borges Tavares (em representação<br />

do IPQ).<br />

Prestação de serviços do CTCV em ppm do PIB Português<br />

Keramica | CTCV | 7


Enquadramento Industrial, Estratégia<br />

e o Desenvolvimento do CTCV<br />

E é a partir desta data, Abril de 1987, que se inicia na<br />

prática, a estruturação do CTCV, com a criação das áreas<br />

operacionais de intervenção e de desenvolvimento, procurando<br />

aproveitar algum do equipamento já adquirido pela<br />

designada Comissão Instaladora e outro existente em instituições<br />

como o LNETI.<br />

2. Conhecimento e Desenvolvimento<br />

Com o envolvimento directo da indústria nos Orgãos<br />

Sociais e grande empenho do Presidente do Conselho de<br />

Administração, Dr. António Mota de Figueiredo (também<br />

Presidente da APICC), foi possível criar uma dinâmica notável<br />

na fase inicial e definir as grandes linhas de trabalho.<br />

Privilegiaram-se Unidades com real interesse para a modernização<br />

dos diferentes sub-sectores da indústria e a para<br />

incrementar sua competitividade com reforço da internacionalização.<br />

E foram estruturados os Laboratórios de Ensaio para as<br />

matérias-primas e produtos acabados, tendo em vista os<br />

normativos e, sempre que possível, a Normalização europeia<br />

aplicável.<br />

As áreas de processo foram integradas em grandes domínios<br />

como a Qualidade, a Energia, a Reorganização Industrial<br />

e logo de inicio a definição das melhores práticas para<br />

o exercício da actividade industrial e com menores impactos<br />

ambientais.<br />

Na indústria extractiva iniciava-se então um processo de<br />

racionalização na exploração de recursos naturais e de aproveitamento<br />

integral de jazidas em que o CTCV através da<br />

sua Unidade de Geologia, teve uma acção exemplar e determinante<br />

na adopção das melhores técnicas de extracção.<br />

Para a indústria cerâmica utilizadora de recursos naturais,<br />

começa o processo de poder ter acesso a matérias primas<br />

com garantia de estabilidade e qualidade, adequadas ao<br />

processo de modernização da indústria transformadora,<br />

que se seguiu.<br />

Mas não menos importante foi a questão da engenharia<br />

do produto que orientada para o melhor aproveitamento<br />

dos recursos (sem perdas!) e para materiais melhor integrados<br />

na habitação. A acção do CTCV, em particular para o<br />

sub-sector da Cerâmica Estrutural, permitiu o "upgrade" de<br />

novos materiais (telhas, tijolos e pavimentos) com sucesso e<br />

a adopção de novas formas de estar na indústria.<br />

Foi um facilitador para o benchmarking de produtos e de<br />

práticas de produção, com a demonstração de necessidade<br />

de evoluir...ou morrer! Procedeu-se à publicação de Manuais<br />

da Aplicação dos Produtos Cerâmicos em parceria com<br />

os Departamentos de Engenharia Civil da Universidade do<br />

Porto e de Coimbra.<br />

Assiste-se na década de 90 a uma especialização da actividade<br />

industrial e à concentração da produção. O CTCV<br />

teve sempre uma acção empenhada, disponibilizando<br />

meios e conhecimento para a indústria acompanhar estes<br />

processos e possibilitando acessos aos desenvolvimentos<br />

em curso na U.E. Como se viveu um momento de euforia<br />

na construção, nem sempre foram bem assimiladas algumas<br />

das recomendações e do desenvolvimento então<br />

apresentado.<br />

A Energia, em qualquer das suas formas, é uma questão<br />

permanente e um factor de produção essencial para todo<br />

o sector da cerâmica e do vidro. Ontem, hoje e sê-lo-à no<br />

futuro, é determinante para a competitividade industrial a<br />

exigência de uma adaptação permanente das formas de a<br />

integrar no produto e também de a produzir.<br />

Aqui o CTCV assegurou, desde o início, uma estrutura<br />

com capacidade e conhecimento, reconhecida por todos<br />

os organismos nacionais e internacionais, que disponibilizou<br />

à indústria. Foi sempre um actor activo em todas as<br />

fases do processo da introdução do GN, colaborando com<br />

as entidades da rede de transporte e com a indústria utilizadora.<br />

E como o processo industrial tem associado consumo de<br />

recursos e impactos na envolvente, o CTCV desde o início<br />

desenvolveu conhecimento e competências ao mais alto<br />

nível no domínio do Ambiente e contribuiu para a gestão e<br />

adaptação de processos fabris. Também aqui foi e é, referencia<br />

nacional reconhecida pelas Associações Industriais,<br />

clientes e organismos nacionais e internacionais.<br />

O mesmo se pode referir para a Higiene e Segurança na<br />

actividade industrial em que o CTCV de tornou uma refe-<br />

8 | Keramica | CTCV


encia nacional reconhecido pela ACT-Autoridade para as<br />

Condições do Trabalho.<br />

Ao promover a modernização e evolução das empresas,<br />

Associações e Organismos, Clientes, também o CTCV repensou,<br />

em permanência, a sua estratégia e os processos<br />

de conhecimento a privilegiar.<br />

E a sua evolução tem muito a ver com uma visão sistémica<br />

do meio industrial, do conhecimento e das exigências do<br />

meio ambiente. Não tem mais sentido falar de produto de<br />

per si, sem o enquadrar no "espaço" alargado do Habitat.<br />

Por isso, o CTCV alargou a sua esfera de acção e disponibilizou<br />

os seus conhecimentos para outras empresas deste<br />

espaço e iniciou, desde há anos, a estruturação da forma de<br />

incluir na boa tradição portuguesa de construção, a sustentabilidade<br />

como factor essencial para uma perspectiva de<br />

futuro. Por isso, o CTCV é também um elemento ativo no<br />

desenvolvimento desta nova forma de entender a prática<br />

industrial e o Habitat sustentável.<br />

E todas estas actividades consubstanciam novos conhecimentos,<br />

que foram sendo sempre privilegiados como factores<br />

de desenvolvimento dos colaboradores, que constituem<br />

os Recursos Humanos do CTCV.<br />

Ou seja, o CTCV privilegiou o conhecimento e desenvolvimento<br />

pessoal dos seus colaboradores, integrado num<br />

processo de permanente melhoria para a indústria cliente e<br />

associou a esta visão, os valores de utilidade e modernidade<br />

dos serviços e produtos que disponibiliza.<br />

"The last but not the least", o domínio dos materiais<br />

avançados mereceu sempre um lugar de particular interesse<br />

nas opções tomadas. E foi nesta área dos materiais e tecnologias<br />

de ponta que se deu origem a uma empresa de referência,<br />

a TEandM - Engenharia e Tecnologia de Materiais,<br />

S.A., especializada em revestimentos nanoestruturados e<br />

com grande potencial de crescimento.<br />

Todo este processo tem como suporte, Conselhos de<br />

Administração atentos, participantes e parceiros no desenvolvimento<br />

de novas estratégias. Pela época crítica em que<br />

exerceram os seus mandatos, como Presidentes do Conselho<br />

de Administração, têm de ser destacados pela importância<br />

e pelo impacto à data, o Dr. António Mota Figueiredo<br />

e o Eng. José Lamy Carneiro, ao contribuirem decisivamente<br />

para a consolidação do CTCV.<br />

3. Maturidade e Futuro<br />

Sem o investimento constante na aquisição de conhecimento<br />

e na valorização dos colaboradores nada neste<br />

percurso teria sido possível. Esse, é um valor essencial que<br />

nunca o CTCV pode perder, associando à utilidade, a universalidade<br />

do conhecimento.<br />

Há uma cultura forte com valores assumidos de trabalho<br />

em equipa e envolvimento nas soluções que se propõem<br />

aos clientes e, em particular, à indústria.<br />

Hoje, ganhou sentido um novo paradigma que é a sustentabilidade,<br />

quer seja no Habitat, quer na prática industrial.<br />

Não há mais soluções isoladas, nem produtos isolados;<br />

há sim, um conjunto sistémico, que deverá ser integrado e<br />

harmonioso com a sua envolvente.<br />

A expressão prática desta nova abordagem é a "cidade"<br />

e o "habitat" sustentáveis, num contexto de responsabilidade<br />

social alargada, auto-suficiente em termos de<br />

recursos, quer seja de energia ou outros, com soluções<br />

construtivas em que os materiais são multi-funcionais e<br />

"inteligentes".<br />

É aqui que o CTCV reorienta de novo algumas das suas<br />

capacidades e conhecimento, quer através dos novos materiais<br />

e tecnologias, quer das novas formas de energia ,quer<br />

ainda da divulgação das melhores práticas disponíveis com<br />

a finalidade de se constituir como parceiro a privilegiar, para<br />

a competitividade da indústria.<br />

Longa vida ao CTCV e aos seus colaboradores neste contexto<br />

de permanente actualização de conhecimento e utilidade<br />

industrial.<br />

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.<br />

Keramica | CTCV | 9


O CTCV recordado<br />

25 anos depois<br />

por Francisco Pegado, Conselho de Administração (1987-1996)<br />

Em 1987 foi oficialmente criado o CTCV – Centro Tecnológico<br />

da Cerâmica e do Vidro, que agora regista, portanto,<br />

um quartel de existência. Tive a sorte de integrar os primeiros<br />

conselhos de administração do mesmo, em representação<br />

do accionista IAPMEI, acrónimo, na altura, do Instituto<br />

de Apoio às Pequenas e Médias Empresas Industriais.<br />

Solicitam-me agora, vinte e cinco anos passados, que escreva<br />

“alguma coisa” sobre o Centro, na celebração desta<br />

efeméride. Matéria não falta. Falta é a capacidade de escrever<br />

organizadamente alguma coisa com interesse para o<br />

leitor, não repetindo os textos de outros testemunhos, que<br />

me foram antecipadamente apresentados pelos respectivos<br />

autores, numa sadia cumplicidade de vida e de trabalho,<br />

que dura, pelo menos, há outros tantos anos.<br />

Optarei, por isso, por deixar algumas notas, que dão a<br />

síntese dos factos e momentos que me marcaram ao ponto<br />

de, ainda hoje, deles me recordar com razoável nitidez.<br />

Compreenderá o leitor que o faço em termos estritamente<br />

pessoais, não comprometendo, assim, o IAPMEI, quer o da<br />

altura, quer o actual.<br />

Ora, vamos lá…<br />

1ª Nota: o início; a equipa<br />

Já não me recordo do dia em que o primeiro conselho de<br />

administração se reuniu pela primeira vez. Mas recordo-me<br />

que, para mim, foi um momento estranho; não conhecia<br />

os meus colegas do sector público, nem os do sector privado,<br />

com excepção do presidente, Dr. António Mota de Figueiredo,<br />

com quem já tinha conversado algumas vezes em<br />

encontros ocasionais de carácter profissional. Seriam talvez<br />

umas 10 horas quando a reunião começou, com um clima<br />

de formalidade que, durante o resto do dia se foi desvanecendo,<br />

por força dos pontos de vista coincidentes, de uma<br />

condução dos trabalhos objectiva mas descontraída e de<br />

uma conversa iminentemente técnica, muito patrocinada<br />

pelo Engº Vaz Serra, que todos nós, desde então, fizemos<br />

questão que estivesse presente nas reuniões. Estas foram<br />

muitas, como é fácil de calcular, numa casa que estava a ser<br />

criada. Nem sempre foram pacíficas; os diferentes pontos<br />

de vista e as orientações de que cada um era mandatário<br />

eram expostos claramente e com frontalidade. Contudo,<br />

não me lembro que alguma vez fossem desagradáveis. Os<br />

consensos obtinham-se com facilidade, por força dos mesmos<br />

princípios de conduta, dos mesmos valores sociais e<br />

profissionais e do objectivo comum e único de pôr o CTCV<br />

a funcionar de forma sustentável. Esta forma de proceder<br />

foi rapidamente passada pelo Engº Vaz Serra à equipa operacional<br />

que se ia constituindo.<br />

2ª Nota: os recursos<br />

Uma parte da equipa técnica já existia, contratada pela<br />

comissão instaladora do CTCV. Apreciados os respectivos<br />

curricula e perfis técnicos, foram, sempre que se tal revelava<br />

mais acertado, reafectados às unidades orgânicas onde se<br />

previa que dariam maior e melhor contributo.<br />

Mesmo assim, foi necessário proceder-se à contratação<br />

de mais pessoal para garantir o pleno funcionamento das<br />

unidades com que o Centro iria funcionar. Participei nas entrevistas<br />

a pessoas que ainda hoje continuam a fazer parte<br />

da equipa do centro, o que me dá muita satisfação.<br />

Começou, de imediato, a formação dos técnicos, parte<br />

dela no estrangeiro, duma forma tão intensiva que, em<br />

pouco tempo já tínhamos verdadeiros especialistas em várias<br />

áreas.<br />

Com o dinheiro disponível fomos também apetrechando<br />

as instalações com o equipamento mais actualizado, recor-<br />

10 | Keramica | CTCV


endo quase sempre à técnica de ir” bater à porta certa”.<br />

E os nossos especialistas já iam introduzindo, nesses equipamentos,<br />

aperfeiçoamentos e actualizações (alguns patenteáveis)!<br />

Lembro-me até dos saudosos Macintosh, uma<br />

novidade naquela altura e que toda a gente do CTCV sabia<br />

manejar sem hesitações…<br />

3ª Nota: a estratégia e os objectivos<br />

Desde a primeira reunião que se estabeleceu que a estratégia<br />

de desenvolvimento passaria por uma actualização constante<br />

nas áreas do saber mais importantes para os sectores<br />

a que o Centro se dedicava. E foi assim que, também em<br />

pouco tempo, o Centro começou a trabalhar com os novos<br />

materiais e tecnologias. O entusiasmo era contagiante! Por<br />

vezes os técnicos entravam pela noite dentro a trabalhar. Pessoalmente,<br />

vi-me envolvido na importação, para o Centro, da<br />

tecnologia de revestimento de superfícies por projecção de<br />

plasma (duma maneira mais simples, para o leitor, era a técnica<br />

usada no revestimento das “telhas” da fuselagem dos<br />

“Space Shuttle”). O desenvolvimento desta tecnologia viria a<br />

dar origem, mais tarde a uma empresa “spin-off” do CTCV.<br />

Os objectivos eram estabelecidos numa perspectiva realista,<br />

quero dizer, de maneira a que pudessem ser, de facto,<br />

cumpridos. E eram, eram mesmo ultrapassados sempre,<br />

de tal modo que eramos acusados de pôr a fasquia muito<br />

baixa, para facilmente a ultrapassarmos, o que não era verdade,<br />

simplesmente seguíamos os princípios de qualidade<br />

na gestão.<br />

Outras Notas<br />

Tantas mais notas eu poderia trazer para o texto! Mas não<br />

tenho espaço disponível para o seu registo. Para além disso,<br />

não quero maçá-lo, caro leitor. Apenas lhe sugiro, caso estas<br />

notas lhe tenham, pelo menos, despertado a curiosidade,<br />

que passe pelo CTCV. Talvez ainda lá encontre algumas<br />

das pessoas da equipa inicial. De qualquer modo será bem<br />

recebido e verá com facilidade, que as notas que lhe deixei<br />

não são exageradas, porque ainda estão presentes.<br />

Quanto a mim, na altura ainda um jovem, que melhor<br />

escola de gestão e de vida poderia eu ter arranjado?<br />

Por tudo isto, é muito agradável fazer este exercício de<br />

recordação. Sobretudo no tempo que vivemos!<br />

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.<br />

Keramica | CTCV | 11


Memórias de um projeto de sucesso<br />

por Carlos Borges Tavares, Conselho de Administração (1987-1994)<br />

O modelo dos Centros Tecnológicos cujo objetivo é congregar<br />

os interesses públicos e privados de um setor industrial<br />

numa parceria capaz de proporcionar aos respetivos<br />

agentes envolvidos apoio técnico de valor acrescentado potenciado<br />

e credível, teve no CTCV o exemplo paradigmático<br />

e exemplar.<br />

Fui membro dos Conselhos de Administração do CTCV<br />

desde 1987 até abril de 1994 e passados vinte cinco anos<br />

posso afirmar que foi uma das realizações profissionais mais<br />

estimulantes, bem conseguidas e que mais prazer me deu<br />

na minha vida profissional.<br />

Qualquer instituição dinâmica e de sucesso revisita o seu<br />

passado não numa perspetiva saudosista mas sim como forma<br />

de nele, encontrar razões reforçadas para enfrentar os<br />

desafios que o futuro lhe põe.<br />

É pois com muito prazer que aceitei o convite do CTCV<br />

para escrever algumas linhas sobre esta organização.<br />

O 1º Conselho de Administração de qualquer instituição<br />

enfrenta sempre muitos desafios. O 1º CA do CTCV não<br />

fugiu à regra; havia que:<br />

• Proceder às obras de adaptação do edifício em que se<br />

encontrava instalado o Centro e mais importante do que<br />

isso, clarificar e tentar legalizar a posse do edifício como<br />

património do Centro, situação que só em 1992 conheceu<br />

avanços mais significativos;<br />

• Contratar colaboradores para as diferentes valências de<br />

conhecimento do Centro;<br />

• Apetrechar o Centro de equipamento tecnologicamente<br />

avançado para apoio a projetos de investigação aplicada<br />

que pudesse satisfazer as necessidades crescentes das indústrias<br />

da cerâmica e do vidro;<br />

• Estabelecer protocolos de cooperação técnica com entidades<br />

detentoras de saber: Universidades, Laboratórios e<br />

outras que permitissem a transferência de conhecimento<br />

específico nas áreas de competência do CTCV, por forma a<br />

potenciar a implantação do Centro junto do seus associados<br />

o mais cedo possível, ultrapassando-se deste modo a<br />

inevitável imaturidade do conhecimento devido à infância<br />

da sua atividade.<br />

Toda esta atividade teve como principal linha orientadora,<br />

unanimemente assumida por todos os membros do CA,<br />

procurar gerar receitas para que o CTCV atingisse a sua sustentabilidade<br />

económica e autonomia financeira tão cedo<br />

quanto possível.<br />

Uma das lições a tirar deste projeto é a de que, tal como<br />

vem escrito nos livros da especialidade e o bom senso dita,<br />

o sucesso de uma equipa é a sua coesão e determinação na<br />

busca de objetivos comuns. Ora o 1º CA do CTCV foi disso<br />

o exemplo paradigmático.<br />

Sendo constituído por representantes de entidades públicas<br />

e privadas com idades, formações, percursos e experiências<br />

profissionais muito diferentes e que não se conheciam<br />

soube, em conjunto com o Eng. Vaz Serra e Sousa – Diretor<br />

Geral do CTCV, formar uma verdadeira equipa de gestão,<br />

pondo todos os seus conhecimentos e um empenhamento<br />

determinado, em prol da resolução dos problemas que<br />

em seu entender seriam os determinantes para o futuro do<br />

Centro.<br />

A sorte protegeu o CTCV, pois as equipas de gestão que a<br />

seguir têm vindo a tomar os destinos do Centro perceberam<br />

o que tinha sido alcançado e mantiveram o mesmo rumo,<br />

conseguindo assim, consolidar e desenvolver tudo aquilo<br />

12 | Keramica | CTCV


que hoje permite que o CTCV seja o apoio indispensável<br />

dos setores industriais nacionais da cerâmica e do vidro,<br />

mas ter ido mais além e ser também um parceiro internacional<br />

reconhecido pelos seus congéneres a nível europeu<br />

e internacional.<br />

Nos posteriores Conselhos de Administração que tive a<br />

honra de integrar, foi sempre possível manter um forte espírito<br />

de equipa o que permitiu o enfoque nos problemas<br />

que em cada momento eram os considerados fundamentais<br />

para a afirmação institucional do Centro.<br />

Foi assim que sucessivamente foram equacionados, discutidos<br />

e resolvidos, por vezes à custa de muito esforço<br />

e determinação mas sempre pela positiva, muitos outros<br />

desafios de entre os quais gostaria de sublinhar, pelo seu<br />

impacto ou relevância para a afirmação do CTCV como entidade<br />

muito competente, os seguintes:<br />

• Instalação do reactor de plasma para deposição de cerâmicos<br />

para tratamento de superfícies;<br />

• Início do funcionamento da Instalação Piloto;<br />

• Acreditação do CTCV como laboratório de Ensaios;<br />

• Reconhecimento do CTCV pelo IPQ como Organismo<br />

de Normalização Setorial (ONS);<br />

• Acreditação do CTCV como Organismo de Certificação<br />

Sectorial;<br />

• Integração da CERLABS – Rede Europeia de Laboratórios<br />

Cerâmicos;<br />

• Construção do Edifício B para instalação do Laboratório<br />

de Ensaios de Produtos;<br />

• Aquisição dos equipamentos de Eflorescência de Raios-X<br />

e o Microscópio Eletrónico de Varrimento;<br />

• Acreditação do CTCV para a realização de ensaios a<br />

vidro Automóvel pela American Association Motor Vehicle<br />

Administrators (AAMVA);<br />

• Registo de patente para a produção de Wolastonite sintética.<br />

A geração de receitas pelos serviços prestados trouxe na<br />

altura (anos 80/90 do século passado) um outro desafio interessante<br />

que foi o demonstrar aos sócios do CTCV, privados<br />

e públicos, que qualquer instituição para ser sustentável<br />

deveria necessariamente dar lucro e que a diferença estava<br />

na utilização dada a esse excedente.<br />

Uma organização de sucesso como o CTCV tem que contar<br />

com o saber e empenho dos seus colaboradores e nestas<br />

singelas linhas quero manifestar-lhes todo o meu apreço e<br />

reconhecimento, em particular aqueles que estão no Centro<br />

desde 1987 e que assistiram de uma forma participativa à<br />

construção e crescimento deste magnífico projeto.<br />

Não quero destacar ninguém mas sinto o dever de aproveitar<br />

esta oportunidade para prestar a minha homenagem<br />

a todos os meus companheiros dos diferentes CA de que fiz<br />

parte, alguns dos quais já não estão entre nós.<br />

A eles devo a vivência de muitas situações das mais estimulantes<br />

e enriquecedoras da minha carreira profissional.<br />

Para a instituição CTCV e para todos aqueles que dão e<br />

continuarão a dar continuidade a este projeto exemplar vão<br />

os meus desejos de que consigam comemorar muitos quartos<br />

de século para bem dos seus parceiros e do país.<br />

Dados Curriculares<br />

Licenciado em Engenharia Eletrotécnica, ramo Telecomunicações<br />

e Eletrónica pelo Instituto Superior Técnico, 1972<br />

Atividade profissional<br />

Cargo atual: Diretor do Departamento de Normalização do<br />

Instituto Português da Qualidade - IPQ<br />

Atividade anterior<br />

Sub Diretor-Geral da Direcção-Geral da Aviação Civil<br />

Vogal do Conselho Fiscal da STCP Sociedade de Transportes<br />

Coletivos do Porto SA<br />

Desempenho de vários cargos de chefia no IAPMEI, Direçãogeral<br />

da Indústria e IPQ<br />

Delegado do IPQ nos Bureaux Técnico do CEN e do CENE-<br />

LEC<br />

Consultor para a área da normalização em projectos comunitários<br />

na Eslovénia e Moçambique<br />

Presidente da Comissão Permanente para a Normalização<br />

do Conselho Nacional da Qualidade<br />

Diretor industrial numa fábrica de mobiliário<br />

Chefia da Divisão da Manutenção Eléctrica na Fábrica Militar<br />

de Braço de Prata<br />

Keramica | CTCV | 13


A minha passagem pelo CTCV: Uma experiência<br />

gratificante, uma relação que perdura<br />

por Alfredo Marques, Conselho de Administração (1997-2000)<br />

É muito gratificante, para quem passou pela Administração<br />

do CTCV - como foi o meu caso entre 1997 e 2000 -<br />

ver, neste seu 25º aniversário, o percurso feito pelo Centro<br />

não só desde aí, mas desde a sua fundação em 1987. Dedicado<br />

numa primeira fase, essencialmente (como era sua<br />

vocação), à assistência técnica especializada às empresas<br />

dos setores da cerâmica e do vidro, o CTCV já dispunha,<br />

quando com ele convivi de perto, de capacidades que<br />

lhe permitiam alargar a sua prestação de serviços a outros<br />

setores, os quais representavam já nessa altura entre 30%<br />

e 40% da faturação total nesta atividade de serviços. Essa<br />

transversalidade foi-se desenvolvendo, sendo hoje o peso<br />

relativo dos «outros setores» de metade da faturação.<br />

Este alargamento do seu âmbito de intervenção apresenta<br />

três aspetos que gostaria de realçar. Por um lado,<br />

mostra a transversalidade crescente da própria economia,<br />

em que as fronteiras entre os setores se foram esbatendo,<br />

porque os produtos e os inputs necessários à sua produção<br />

cada vez se identificam menos com os setores tradicionais<br />

e assentam cada vez mais em combinações daquilo que<br />

estes produziam.<br />

Por outro lado, esta intervenção alargada não só não<br />

prejudicou os setores iniciais, como os beneficiou, pelo conhecimento<br />

que o Centro ia adquirindo sobre as necessárias<br />

ligações e interações que esses setores precisavam de<br />

desenvolver com outros.<br />

Por último (e o último podia vir em primeiro lugar), se<br />

isso foi possível foi porque o CTCV contava, e conta, com<br />

um excelente corpo técnico, com uma formação avançada,<br />

graças não só aos graus académicos cada vez mais<br />

elevados que possui, mas também (e este ponto é crucial)<br />

aos projetos de investigação aplicada e desenvolvimento<br />

em que se tem envolvido.<br />

Durante os anos em que estive do Centro, muitos foram<br />

os grandes problemas na agenda. Evoco apenas quatro,<br />

pela sua representatividade e para não fazer deste testemunho<br />

um relatório.<br />

Havia o eterno problema do financiamento do Centro,<br />

mas que se cruzava com o das empresas. Estas tinham (e<br />

continuam a ter – não é novidade) fortes restrições financeiras,<br />

mas também revelavam pouca propensão a recorrer<br />

a serviços especializados (mesmo quando a necessidade<br />

era evidente). Os centros tecnológicos, por sua vez, dependiam<br />

nessa altura, em grande parte, da subsidiação<br />

pública para a sua atividade corrente. As empresas eram,<br />

assim, subsidiadas indiretamente pela via da subsidiação<br />

da oferta. Contudo, como o apoio público provinha dos<br />

Fundos Comunitários (onde a elegibilidade desta atividade<br />

era problemática), e também devido às restrições impostas<br />

pela política comunitária de concorrência a este tipo de<br />

mecanismo, a incerteza era grande sobre a sustentabilidade<br />

financeira do Centro.<br />

Por outro lado, julgava-se que seria mais adequado<br />

estimular diretamente a procura, para envolver mais diretamente<br />

as empresas e para as habituar a recorrer ao<br />

apoio técnico, que não só servia para resolver pequenos<br />

problemas (por vezes com grandes resultados) no produto<br />

ou no processo, como permitia frequentemente introduzir<br />

inovação incremental (mudança no produto ou no processo,<br />

e não apenas solução pontual). Revelava-se, contudo,<br />

mais difícil convencer os responsáveis governamentais das<br />

virtudes deste modo de financimento (que assumiria a forma<br />

simplificada de cheque, ou vale, que nunca envolveria<br />

grandes montantes e já tinha existido anteriormente, com<br />

êxito, e que posteriormente foi reintroduzido e existe atualmente<br />

no QREN) do que das potencialidades da subsi-<br />

14 | Keramica | CTCV


diação de projetos de investimento (que ocorria em larga<br />

escala e com montantes e intensidades muito elevados).<br />

O Centro conseguiu entretanto a sua autonomia financeira,<br />

sendo hoje autossustentável com os serviços que<br />

presta e os projetos de investigação aplicada e desenvolvimento<br />

que realiza.<br />

Havia, nessa altura, a necessidade de passar à fase de<br />

utilização produtiva e em larga escala de uma tecnologia<br />

de ponta, já testada pelo CTCV e pioneira em Portugal, no<br />

domínio dos revestimentos de superfícies de peças, componentes<br />

de equipamentos, ferramentas e instrumentos,<br />

submetidas a um elevado desgaste ou requerendo acabamentos<br />

ou outras propriedades particulares. Foi assim<br />

fundada, em 2000, a TEAndM – Tecnologia, Engenharia<br />

e Materiais, S.A., spin-off do Centro, em parceria com<br />

a DURIT (que veio a ficar com uma posição maioritária) e<br />

com a participação de uma sociedade de capital de risco.<br />

Foi-me muito grato pertencer aos corpos sociais desta pequena<br />

empresa tecnológica durante os primeiros anos da<br />

sua existência, a qual tem crescido a um ritmo exponencial<br />

desde a sua criação.<br />

Havia o grande problema _ no âmago da atividade do<br />

Centro _ da sustentabilidade da construção. Remetia para<br />

os materiais, para o modo de construção, para a eficiência<br />

energética, para a produção de energia para auto-consumo,<br />

para as TIC, etc. Construção sustentável e casa inteligente,<br />

eram expressões e preocupações omnipresentes no<br />

quotidiano do CTCV, refletindo uma prioridade central da<br />

sua agenda. Duas realizações desta prioridade que entretanto<br />

ocorreram: a participação ativa do Centro na organização<br />

do cluster do habitat e a recentíssima construção,<br />

no Coimbra I-Parque, do “Centro de Conhecimento em<br />

Materiais para a Construção Sustentável”, que iniciará a<br />

sua atividade em 2012 e constitui um projeto âncora do<br />

cluster.<br />

Havia ainda na agenda a questão da certificação dos<br />

produtos, que até aí, era uma componente importante da<br />

atividade do Centro, mas precisava de ser autonomizada<br />

do ensaio e do apoio técnico. O CTCV esteve, assim, na<br />

fundação da CERTIF, associação independente que veio<br />

dar corpo a essa necessidade.<br />

Por tudo isto, e pelo muito mais que fica por dizer, foi<br />

uma experiência marcante a que tive o privilégio de viver<br />

no CTCV durante aqueles anos. Mas esses anos, na verdade,<br />

não acabaram (e, pela minha parte, não acabarão),<br />

pois tenho continuado sempre em contacto com o Centro<br />

como se da minha casa se tratasse.<br />

Os meus parabéns ao CTCV pelas suas bodas de prata e<br />

as vivas felicitações a todos os que têm contribuído - e, em<br />

particular, aos seus dirigentes - para o afirmar como uma<br />

entidade de referência no panorama do sistema científico<br />

e tecnológico nacional.<br />

Keramica | CTCV | 15


O CTCV que conheci<br />

por Francisco Bernardo de Almada-Lobo, Conselho de Administração (2001-2002)<br />

Em fins de 1988 e após dezasseis anos de atividade profissional<br />

no projeto e produção de máquinas elétricas rotativas<br />

de média e grande dimensão decidi mudar de rumo<br />

e entrar num mundo novo para mim, a cerâmica. Trocava<br />

os grandes alternadores das principais centrais portuguesas<br />

pela eletrocerâmica.<br />

Sou engenheiro eletrotécnico. Entrei, pois, com cuidado,<br />

começando pela cerâmica eletrotécnica que tinha em comum<br />

com a minha experiência anterior a sua aplicação e<br />

o mundo dos clientes. Aprendi o que significa porcelana<br />

eletrotécnica, grés, porcelana e faiança, o processo complexo<br />

desde as matérias-primas, as argilas, os caulinos, os<br />

feldspatos, até ao processo de fabricação da pasta cerâmica,<br />

a sua complicada matriz de secagem e de sinterização.<br />

Aprendi a vidragem. Tive por missão reestruturar uma indústria<br />

decadente e transformá-la em atividade viável num<br />

contexto cada vez mais internacional. Como em qualquer<br />

desafio criamos o mais importante, uma equipa de técnicos<br />

e gestores motivados, casando o domínio da engenharia<br />

dos processos e dos produtos com as técnicas de marketing<br />

e comercialização internacional.<br />

Já mais por dentro do processo cerâmico aceitei, quatro<br />

anos passados, passar à cerâmica doméstica e decorativa,<br />

à verdadeira porcelana, pratos, chávenas, terrinas, vasos,<br />

estatuetas.<br />

Aprendi o valor da marca e a marca do valor com que<br />

servimos.<br />

Cedo contactei com o CTCV. Como uma entidade que<br />

nos apoiou nas diferentes frentes tecnológicas, tanto nos<br />

processos correntes como sobretudo nas mutações, modernizações<br />

tecnológicas e organizacionais.<br />

Conheci o CTCV durante os doze anos da minha vida dedicada<br />

à indústria cerâmica. Assisti ao seu desenvolvimento,<br />

ao crescimento e alargamento das suas atividades. De apoio<br />

primário ao sector para que fora criado, na caracterização,<br />

seleção e tratamento das matérias-primas, no apoio aos processos<br />

de fabricação, investigando, realizando todo o tipo<br />

de ensaios laboratoriais e aconselhando, foi sofisticando<br />

esse apoio nas áreas da qualidade e organização industrial,<br />

no desenvolvimento de produtos, nas frentes de marketing<br />

e de comercialização num horizonte cada vez mais internacional.<br />

Novos meios e ferramentas de apoio ao processo e<br />

à gestão foram sendo introduzidas e novos departamentos<br />

foram sendo criados para recolher e desenvolver knowhow,<br />

para prestar formação, treinamento e aconselhamento<br />

nessas áreas. Fortaleceu novas valências, recrutou e formou<br />

novos profissionais. Formou equipas pluridisciplinares,<br />

bem preparadas e motivadas postas ao serviço da indústria<br />

não só do sector tradicional mas também doutros sectores<br />

onde a aplicação destes novos conhecimentos se revelou<br />

interessante. Da engenharia dos materiais da cerâmica e do<br />

vidro passou para a engenharia de outros materiais avançados.<br />

Ganhou massa crítica e começou a vocacionar-se como<br />

nicho de empresas de matriz tecnológica.<br />

Lembro-me bem do spin-off da TEandM, em parceria<br />

com uma empresa especializada, promovendo a tecnologia<br />

de revestimentos nano estruturados.<br />

Conheci ainda melhor o CTCV nos anos em que presidi<br />

ao seu Conselho de Administração. Era gerido não como<br />

um normal centro tecnológico exercendo o seu objeto<br />

social, mas como uma excelente empresa. Tinha ambição<br />

individual e coletiva, com visão desafiante e missão precisa.<br />

Tinha organização bem esquematizada, com planos de<br />

atividade bem definidos, com um sistema de monitorização<br />

eficiente. Revia e ajustava os seus planos em função do seu<br />

desenvolvimento. Tratava os seus recursos humanos com a<br />

16 | Keramica | CTCV


noção clara que consistiam o seu mais importante ativo.<br />

Planos de avaliação do desempenho, de desenvolvimento<br />

pessoal e profissional e de reconhecimento foram aplicados<br />

seguindo as mais modernas técnicas. Respirava-se um<br />

ambiente saudável e uma orientação clara para os novos<br />

desafios e seus resultados.<br />

Foi simples a minha missão de presidente. Os dossiers<br />

apareciam bem estudados e preparados, com argumentação<br />

clara, precisa, correta. A análise dos números perfeitamente<br />

elaborada e sustentada. As medidas de correção e<br />

reação aos desvios já pensadas. E os resultados apareciam<br />

naturalmente.<br />

As relações institucionais com a APICER e com as outras<br />

associações, com as entidades oficiais e do pelouro e com<br />

outros centros foram mais do que um exemplo de diplomacia,<br />

sendo vistas sempre como uma oportunidade para<br />

fazer melhor na procura de sinergias ao serviço dum saber<br />

fazer cada vez mais em rede.<br />

E se agraciamos na comemoração destes vinte e cinco<br />

anos os promotores e os que desenvolveram o CTCV, tenho<br />

no meu lapso de cruzamento com ele de fazer personalizar<br />

o impulso organizacional e a excelência institucional que<br />

testemunhei na pessoa que mais anos esteve à sua frente<br />

como Director Geral, o Eng. Vaz Serra e Sousa. A ele dedicou<br />

a maior parte da sua vida profissional, desde o seu<br />

início em 1987 até à sua reforma há pouco mais de um par<br />

de anos atrás.<br />

Foram curtos os meus doze anos de atividade profissional<br />

na indústria cerâmica. Foi muito curta a minha passagem<br />

direta pelo CTCV. Mas foram experiências muito gratificantes<br />

e estruturantes para o meu desenvolvimento pessoal e<br />

profissional. A imagem que permanece em mim do CTCV<br />

é a de uma entidade de alto valor e estima, como poucas<br />

ao serviço deste país que temos de recriar uma vez mais.<br />

Vinte e cinco anos passados permitiram construir a base de<br />

alavancagem do CTCV para o futuro. Os atuais responsáveis,<br />

engenheiros, técnicos e todos os colaboradores têm<br />

a missão difícil de o perpetuar com certeza adaptando-o,<br />

como sempre foi feito, aos novos tempos. Estou certo que<br />

o farão.<br />

Keramica | CTCV | 17


A minha passagem pelo CTCV<br />

por Serafim Nunes, Conselho de Administração (2006-2008)<br />

Da minha passagem pela Presidência do CA do CTCV<br />

retenho três importantes momentos: A substituição, em<br />

Dezembro de 2006, do Sr. Eng. Vaz Serra, a seu pedido,<br />

nas funções de Diretor Geral do CTCV que vinha assegurando<br />

desde a sua criação e as decisões tomadas em 2008<br />

de promover e coordenar o processo de reconhecimento do<br />

“Cluster Habitat Sustentável” e de avançar definitivamente<br />

com a construção do ccMCS – Centro de Conhecimento<br />

em Materiais para a Construção Sustentável, no iParque –<br />

Coimbra Inovação Parque, dando corpo ao respectivo projeto<br />

de arquitetura.<br />

A primeira das decisões referidas revestia-se, como facilmente<br />

o compreenderão todos os que de perto acompanharam<br />

a trajectória do CTCV, da maior importância para<br />

o CTCV e seus associados e para o próprio futuro da instituição.<br />

Estava em causa substituir uma personalidade incomum,<br />

que pelo conhecimento, competência, dedicação,<br />

sagacidade, capacidade de gestão, equilíbrio e bom-senso<br />

tinha projetado o CTCV muito para além dos limites dos<br />

setores industriais que tinham estado na sua génese tornando-o<br />

uma referência destacada, pelo lado positivo, no<br />

universo dos Centros Tecnológicos do país.<br />

Como referi de início, e nunca é demais sublinhar, o impulso<br />

para a substituição partiu do próprio Eng. Vaz Serra<br />

e da sua preocupação em assegurar uma transição sem sobressaltos<br />

no dia a dia do Centro, tendo-me a mim cabido,<br />

e aos restantes colegas de Administração, apenas conduzir<br />

o processo por forma a que a decisão recaísse em alguém<br />

que desse garantias à continuidade perseguida.<br />

Com a participação activa de todos, e do próprio Eng.<br />

Vaz Serra, acabamos por nos decidir pelo Eng. Alcântara<br />

Gonçalves e, passados quatro anos, creio poder dizer que<br />

fomos felizes na escolha. Privilegiamos a prática e a experiência<br />

industrial a abordagens mais académicas – embora<br />

tais componentes também estivessem fortemente presentes<br />

no curriculum do candidato, ou não fosse ele um homem<br />

da casa – numa perspectica de que o futuro do CTCV<br />

passaria pelo aprofundamento da sua interligação com a<br />

indústria, quer com os setores que estiveram na sua génese,<br />

quer com novos setores industriais a que pudesse estender<br />

a sua influência.<br />

Aliás, foi justamente esta dupla perspectiva, a da consolidação<br />

e a de conquista de novas competências, que nos<br />

levou no mandato seguinte a propor e dinamizar o reconhecimento<br />

do “Cluster Habitat Sustentável”, o que viria a<br />

acontecer em Fevereiro de 2009, e a tomar a decisão, depois<br />

de uma longa ponderação, de avançar definitivamente<br />

para a construção de instalações complementares do CTCV<br />

nos terrenos do iParque que lhe estavam prometidos.<br />

Tenho notícia de que ambos os projectos seguem o seu<br />

caminho, sublinhando o facto de estar já em construção<br />

o primeiro edifício do ccMCS. Fico muito feliz e penso poder<br />

incluir neste estado de alma todos os meus colegas de<br />

Administração de então – a Dr.ª Osória Miranda, o Prof.<br />

João Mascarenhas, o Sr. Carlos Teixeira e o Eng. Vaz Serra,<br />

a quem aproveito para mais uma vez manifestar o meu público<br />

apreço pela simpatia, colaboração e lealdade com que<br />

comigo sempre trataram.<br />

Antes de terminar esta minha curta nota sobre a minha<br />

passagem pela Administração do CTCV gostaria de deixar<br />

três referências finais.<br />

A primeira a uma outra entidade que, por vezes, quase<br />

com ele se confunde: a APICER. Mantivemos no período<br />

em que administrámos o CTCV a mesma estreita relação<br />

18 | Keramica | CTCV


vinda do passado, que tentámos aprofundar e privilegiar,<br />

agradecendo também aqui toda a colaboração recebida,<br />

destacando nessa colaboração o Dr. José Sequeira e a sua<br />

inquebrantável persistência.<br />

A segunda, de natureza mais estratégica, ao futuro do<br />

CTCV.<br />

A meu ver o futuro do CTCV, que ganhou um novo fôlego<br />

com o projeto de expansão em curso, deverá passar<br />

não só pelo aprofundamento do seu relacionamento com<br />

os setores “tradicionais” – cerâmica, vidro, cimentos, etc.<br />

– mas pelo seu alargamento arrojado e sem preconceitos a<br />

novos setores, pondo ao dispor do tecido industrial o capital<br />

de conhecimento, experiência, instalações, equipamentos e<br />

tecnologia que acumulou ao longo dos anos e que tão bem<br />

tem sabido preservar e desenvolver. E não só porque não<br />

fazê-lo constituiria um lamentável desaproveitamento de<br />

todo o seu potencial. Mas também, e sobretudo, porque, a<br />

meu ver, e como defendi perante algumas incompreensões,<br />

o CTCV tem de alargar o espectro das suas fontes de financiamento,<br />

reforçando a componente das receitas próprias<br />

oriundas dos serviços prestados à indústria, tornando-se<br />

financeiramente mais autónomo em relação aos fundos estruturais,<br />

e acautelando por esse via o futuro que, estou em<br />

crer, passará cada vez menos por aqueles fundos.<br />

A terceira, e última, aos trabalhadores do CTCV. O CTCV<br />

dispõe de um quadro de pessoal competente e empenhado,<br />

que tem sabido valorizar e motivar, apesar de todas as<br />

dificuldades, e que espero continue a fazê-lo. É o seu principal<br />

ativo e como tal deve ser tratado. Aos trabalhadores<br />

do CTCV deixo também o meu apreço pela forma como<br />

colaboraram com a minha Administração e deles retenho<br />

uma grata memória.<br />

Keramica | CTCV | 19


25 anos do CTCV<br />

por José Manuel Cerqueira, Conselho de Administração (2009-2010)<br />

Na altura da comemoração dos 25 anos sobre o início<br />

das atividades do Centro Tecnológico da Cerâmica e do<br />

Vidro, feitos no passado 20 de Março, vimos aqui deixar<br />

um depoimento que é também uma homenagem àqueles<br />

que estiveram na fundação e na condução dos destinos<br />

desta casa. A nossa passagem pela presidência do<br />

seu Conselho de Administração foi para nós um enorme<br />

orgulho, e uma tarefa que assumimos como mais uma<br />

missão, talvez a mais fácil das que abraçámos, pois a<br />

gestão operacional estava entregue a profissionais de<br />

enorme competência e dedicação, a quem prestamos<br />

aqui a nossa homenagem, nas pessoas do Administrador<br />

Executivo Eng. Vaz Serra, do Director Geral Eng.<br />

Alcântara Gonçalves e da Directora Financeira Dr.ª . Maria<br />

de Lurdes.<br />

Durante o nosso mandato acompanhámos a preocupação<br />

e atenção dada à sustentabilidade financeira<br />

do Centro, sobretudo atentos a que os seus resultados<br />

não ficassem comprometidos sem os projetos com<br />

apoios comunitários. Essa atenção era a garantia de<br />

continuidade e robustez. Sobretudo num período que<br />

se adivinhava toldado por nuvens negras de incerteza<br />

da economia nacional.<br />

Como facto mais relevante do período em que participámos<br />

na Administração do Centro queremos citar<br />

as formalizações da compra dos terrenos ao IParque,<br />

onde se iria instalar o ccMCS- Centro de Conhecimento<br />

em Materiais e Construção Sustentável , o lançamento<br />

do concurso para a sua execução bem com a<br />

assinatura do contrato com o Mais Centro do projecto<br />

de investimento e de expansão da atividade do ccMCS<br />

– Centro de Conhecimento em Materiais e Construção<br />

Sustentável no iParque, com um investimento global<br />

elegível de mais de 5 milhões de euros com a presença<br />

do Dr. José António Vieira da Silva - Ministro da Economia,<br />

da Inovação e do Desenvolvimento. Este projeto<br />

desenhado anteriormente e em concretização agora,<br />

é a evidência de que fomos apenas um elo nesta cadeia<br />

cuja robustez se encontra nas suas competências<br />

internas, na dedicação e saber dos seus colaboradores<br />

postos ao serviço da organização.<br />

Numa data marcante da sua vida, aqui expressamos os<br />

nossos votos de que o Centro Tecnológico da Cerâmica<br />

e do Vidro continue a ser um marco importante no desenvolvimento<br />

do tecido industrial pela inovação e apoio<br />

multissectorial que não se confina ao núcleo em torno do<br />

qual foi criado.<br />

20 | Keramica | CTCV


Keramica | CTCV | 21


Aniversário do CTCV<br />

por José Luís Sequeira, APICER<br />

Tendo-me sido pedido um depoimento sobre a passagem<br />

dos 25 anos do CTCV, não foi necessário um grande<br />

esforço para concluir sobre o que queria e gostaria de<br />

abordar.<br />

No fundo, e para celebrar qualquer aniversário, é inevitável<br />

que nos cheguem ao pensamento as “fotografias”<br />

que retemos na memória, sejam elas de episódios da época,<br />

sejam relatos de decisões marcantes que por isso mesmo<br />

é bom recordar.<br />

Antes porém destes episódios, é bom felicitar o CTCV<br />

pelo seu aniversário que senta à mesma mesa todos os<br />

dirigentes que por ele passaram, e todos os colaboradores<br />

que o fizeram crescer até ser adulto, mas sem envelhecer.<br />

Estas organizações nascem por vezes com legendas de<br />

entusiasmo e promessas, as quais se vão apagando com o<br />

tempo até se extinguirem de vez.<br />

Felizmente que o CTCV está vivo e com saúde, pronto a<br />

continuar a crescer para bem do seu futuro e da indústria<br />

que lhe deu origem.<br />

Posto isto, vamos aos tais episódios que recordo, um dos<br />

quais porque transmite uma mensagem da época, e outro<br />

porque marcou de certo modo um rumo que ficou :<br />

O cenário é o do atual hall de entrada do CTCV, se bem<br />

que na fase de construção, espaço onde se improvisavam<br />

as condições mínimas necessárias à realização das reuniões<br />

da comissão instaladora.<br />

As personagens que davam vida a esse cenário, na parte<br />

mais adiantada deste moroso processo (e que me recorde<br />

...), eram o Professor Simões Redinha da Universidade<br />

de Coimbra que coordenava os trabalhos, o Sr. José Cirylo<br />

Machado pela APC e Eng. Manuel Pinheiro pela APICC,<br />

em representação de cada uma das partes outorgantes daquele<br />

que viria a ser mais tarde o Acordo Constitutivo do<br />

Centro Tecnológico da Cerâmica e Vidro.<br />

Antes, importa referir que os intervalos para almoço<br />

eram penosos pela quebra que provocavam no curso normal<br />

das reuniões, já que se procurava um restaurante que<br />

embora próximo, não nos “despachava” com a celeridade<br />

que precisávamos. Pelo que, foi então criado um sistema<br />

que passava por trazer a merenda de casa, em torno da<br />

qual se improvisava o almoço, com os tradicionais salgadinhos<br />

caseiros, que acompanhavam com o vinho da Quinta<br />

da Abrigada, trazido pelo Sr. José Machado.<br />

São esses momentos de trabalho e convívio que retenho,<br />

pela necessidade que havia de estreitar relações entre<br />

os vários outorgantes, questão essencial para o êxito da<br />

missão que lhes estava confiada, numa altura em que o<br />

parentesco entre o Barro Vermelho e o Barro Branco era<br />

marcado por entidades com casa e motivações próprias,<br />

vivendo em locais distantes para a época, cada um defendendo<br />

legitimamente o seu reduto.<br />

Esse parentesco de facto estreitou-se também por essa<br />

via, bastante mais facilitadora do que a mesa do restaurante<br />

com o bulício que normalmente lhe está associado.<br />

Este episódio só vem à colação neste aniversário, por<br />

ter sido em torno destes momentos que se desenvolveu a<br />

ideia de um setor industrial único, identificado por cerâmica,<br />

com uma única associação representativa, criada em<br />

1996, ano em que se constituiu a APICER.<br />

Se bem pensarmos, compreenderemos que o passo<br />

dado em 1996, embora arrojado para a época pela sua<br />

singularidade no panorama associativo nacional, é hoje<br />

tido como uma medida que teve incontornável visão do<br />

futuro.<br />

22 | Keramica | CTCV


O outro episódio que considero mais significativo por<br />

ter sido marcante para o processo de desenvolvimento do<br />

CTCV, tem a ver com a assinatura do seu Acordo Constitutivo,<br />

feita no Ministério da Indústria chefiado pelo então<br />

Ministro Prof. Veiga Simão.<br />

Acontece que três dias antes da data prevista para essa<br />

assinatura, tinha tomado posse como presidente da Direção<br />

da APICC o Dr. António de Mota Figueiredo, recentemente<br />

chegado ao setor de cerâmica de Barro Vermelho.<br />

Completamente fora das reuniões e dos compromissos<br />

que conduziram à versão final do acordo, e mandatado<br />

para proceder à respetiva assinatura com data previamente<br />

marcada, o Dr. Mota Figueiredo viajou de comboio<br />

de Aveiro até Lisboa, viagem em que eu o acompanhei<br />

a seu pedido, para o ir inteirando das vicissitudes do<br />

processo negocial, dos parceiros e das conclusões a que<br />

se chegou.<br />

Cumpri o meu papel de informação, com vista a uma<br />

reunião que se previa muito rápida por se tratar apenas do<br />

ato formal de assinatura.<br />

Chegados ao local e reunidos para esse efeito já na presença<br />

do Ministro, o Dr. Mota Figueiredo suscitou a questão<br />

da paridade da participação institucional da APICC<br />

que, na fase de negociações, tinha aceite por opção própria,<br />

subscrever um número de Unidades de Participação<br />

inferior ao da APC.<br />

As implicações desta opção traduziam-se no número de<br />

representantes que cada uma das associações passaria a<br />

deter nos órgãos sociais do CTCV.<br />

Perante esta inversão de posições da APICC, o Sr. José<br />

Machado fechou os seus documentos com claro agastamento,<br />

tendo dito que assim era impossível chegar a qualquer<br />

acordo, já que o texto final dependeria do presidente<br />

que em cada momento estivesse a presidir à Direção da<br />

APICC.<br />

Perante esta constatação, o Sr. José Machado fez menção<br />

de abandonar a reunião sem assinar o Acordo, só não<br />

o tendo feito a pedido do Ministro.<br />

O antagonismo dos dois representantes da APICC e da<br />

APC, baseava-se no facto de que na ótica da APC, e de<br />

acordo com a repartição negociada antes, a APC teria dois<br />

representantes seus no CA do CTCV que responderiam<br />

pelos interesses do subsetor do Barro Branco, enquanto o<br />

elemento designado pela APICC responderia pelos interesses<br />

do Barro Vermelho.<br />

O Dr. Mota Figueiredo contestava esta repartição de<br />

interesses, com base em que os representantes designados<br />

por qualquer das duas associações deveriam ter<br />

como escopo a defesa dos interesses do CTCV e da indústria<br />

de cerâmica em geral, fosse qual fosse a sua<br />

proveniência associativa. Neste sentido, não só não haveria<br />

lugar a participações diferentes, como seria de rejeitar<br />

a defesa de interesses subsetoriais, quando estava<br />

em causa a administração de um organismo autónomo,<br />

criado para defesa dos interesses da indústria de cerâmica<br />

em geral.<br />

O Ministro foi sensível a estes argumentos, pedindo ao<br />

Sr. José Machado que os ponderasse no sentido do seu<br />

acolhimento, o que de facto aconteceu.<br />

Porém, este novo entendimento implicava alterações<br />

de substância no texto anteriormente acordado, pelo que<br />

ficou o desafio de se conseguir fazer de imediato a sua<br />

adaptação, desafio que obrigou a um curto intervalo para<br />

uma sanduiche tomada no bar em frente do Ministério,<br />

após o que foram retomadas as negociações, que duraram<br />

até cerca da uma hora da manhã. A partir daí, e dado que<br />

a previsão da deslocação seria de ida pela volta, acabamos<br />

por ter que pernoitar em Lisboa, sem roupa e sem os artigos<br />

essenciais à higiene pessoal.<br />

Certo é que, indiferentes a isso, e já num ambiente de<br />

franca colaboração e abertura, foi assinada no dia seguinte<br />

pela manhã, a versão final do Acordo Constitutivo que<br />

ainda hoje mantém a visão setorial que ditou as mudanças<br />

e os desagrados acima referidos.<br />

Devo dizer que o saldo deste episódio, acabou por se<br />

traduzir numa relação de grande cordialidade entre os<br />

dois representantes inicialmente “desavindos”, com reflexo<br />

na eleição do Dr. Mota Figueiredo como primeiro<br />

presidente do CA do CTCV, a que se seguiu uma presidência<br />

não menos importante, protagonizada pelo Eng.<br />

Lamy Carneiro.<br />

Parabéns ao CTCV e a todos os protagonistas que lhe<br />

deram vida e que a sustentam. Entre os primeiros, será<br />

injusto não referir também o nome do Eng. Augusto Vaz<br />

Serra, seu Diretor Geral e posteriormente seu Administrador,<br />

tal como o carismático Presidente do seu Conselho<br />

Geral, Dr. José António Martinez.<br />

Keramica | CTCV | 23


A Indústria Cerâmica E SUA<br />

Evolução entre 1987 e 2010<br />

por António Oliveira, APICER<br />

Ao longo deste artigo iremos analisar alguns indicadores<br />

que retratam a indústria de cerâmica em 1987 e em 2010,<br />

num trajeto que corresponde aproximadamente ao período<br />

de atividade do CTCV, que agora completa 25 anos de<br />

existência.<br />

A Indústria Cerâmica em 1987<br />

Em 1987 a indústria de cerâmica era enquadrada nas seguintes<br />

classificações de atividades económicas (CAE):<br />

• 3610.00 Fabricação de Porcelanas, Faianças, Grés Fino<br />

e Olaria de Barro;<br />

• 3691.00 Fabricação de produtos de Barro para Construção<br />

e Produtos Refratários.<br />

No Quadro I apresentam-se os dados do Valor Bruto da<br />

Produção (VBP) e Valor Acrescentado Bruto (VAB) a preços<br />

correntes para a indústria cerâmica e indústria transformadora.<br />

Verifica-se que, em relação ao total da indústria<br />

transformadora, a indústria cerâmica representava 1,81%<br />

do valor bruto da produção e 3,11% do respetivo valor<br />

acrescentado bruto.<br />

Em termos de emprego total (ver Quadro I), a indústria<br />

cerâmica empregava 26.291 trabalhadores, o que representava<br />

4,17% do emprego total da indústria transformadora.<br />

Existiam então 408 empresas na indústria cerâmica, ou<br />

seja, 2,99% do total de empresas da indústria transformadora.<br />

A dimensão empregadora era, em termos médios, de 64<br />

trabalhadores na indústria cerâmica, face aos 46 trabalhadores<br />

no total da indústria transformadora.<br />

As exportações de porcelana, faianças, grés fino e olaria<br />

de barro ascenderam no ano de 1987 a 22.742 milhares de<br />

contos, ou seja, 113,4 milhões de euros.<br />

No mesmo ano, as exportações totais de bens e serviços<br />

cifraram-se nos 1.774.700 milhares de contos, o equivalente<br />

a 8.852,2 milhões de euros.<br />

A indústria cerâmica representava, assim, 1,28% das exportações<br />

nacionais de bens e serviços.<br />

Em 1987 o PIB a preços de mercado atingiu os 32.836<br />

milhões de euros.<br />

A contribuição da indústria cerâmica para o PIB, medida<br />

através do respetivo valor acrescentado bruto, era então de<br />

0,50%.<br />

Em termos associativos, a representação institucional da<br />

indústria cerâmica era repartida entre a APICC, a ANIBA-<br />

VE (estes 2 organismos para o chamado “barro vermelho”,<br />

sendo que a área de influência da APICC compreendia a<br />

Quadro I<br />

VBP (Valor Bruto de Produção), VAB (Valor Acrescentado Bruto), Emprego e Número de Empresas na Indústria de Cerâmica e Indústria Transformadora<br />

em 1987 (Fonte: “A Indústria Portuguesa em Números”, Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Indústria e Energia, 1993)<br />

CAE<br />

Subsetores<br />

VBP<br />

(euros)<br />

VAB<br />

(euros)<br />

Emprego<br />

Total<br />

Empresas<br />

(número)<br />

Dimensão<br />

Empregadora<br />

3610.00<br />

3691.00<br />

Fabricação de Porcelanas, Faianças,<br />

Grés fino e Olaria de Barro<br />

Fabricação de Produtos de Barro para<br />

Construção e Produtos Refratários<br />

180.096.113<br />

119.526.506<br />

101.132.915<br />

62.823.520<br />

14.993<br />

11.298<br />

131<br />

277<br />

114<br />

40<br />

Total Cerâmica<br />

299.622.619<br />

163.956.435<br />

26.291<br />

408<br />

64<br />

Total Indústria Transformadora<br />

16.598.289.023<br />

5.276.556.334<br />

631.082<br />

13.638<br />

46<br />

24 | Keramica | CTCV


Quadro II<br />

Volume de Negócios, VAB, Número de Trabalhadores e de Empresas na Indústria de Cerâmica e Indústria Transformadora em 2010 (Fonte: INE – Empresas<br />

em Portugal, 2010 | Quadros de Pessoal, GEP – MTSS, 2010 | APICER)<br />

Indicadores 2010<br />

Volume de Negócios<br />

(milhões euros)<br />

VAB<br />

(milhões euros)<br />

Pessoal ao<br />

Serviço<br />

Número de<br />

Empresas<br />

Dimensão<br />

Empregadora<br />

Indústria Cerâmica<br />

990<br />

357<br />

16.712<br />

450<br />

37<br />

Total Indústria Transformadora<br />

76.551<br />

18.009<br />

695.628<br />

74.081<br />

9<br />

zona geográfica a norte do distrito de Lisboa e a ANIBAVE<br />

os distritos a Sul de Lisboa, embora ambos tivessem um âmbito<br />

nacional) e a APC (esta também de âmbito nacional e<br />

representando o “barro branco”).<br />

Em 1987 a APICC contava com cerca de 150 empresas<br />

associadas, que representavam aproximadamente 65% do<br />

volume de negócios total da indústria de cerâmica de barro<br />

vermelho.<br />

A Indústria Cerâmica em 2010<br />

Após diversas revisões da classificação portuguesa das atividades<br />

económicas, em 2010 a indústria de cerâmica tinha<br />

enquadramento nos Grupos 232, 233 e 234 da CAE – Rev.<br />

3, e abrangia os seguintes subsetores: cerâmica estrutural<br />

(telhas, tijolos e abobadilhas); pavimentos e revestimentos;<br />

louça sanitária; cerâmica utilitária e decorativa (louça em<br />

porcelana, faiança, grés e barro comum) e cerâmicas especiais<br />

(isoladores e peças isolantes, cerâmica para usos técnicos,<br />

outros produtos cerâmicos não refratários e produtos<br />

cerâmicos refratários).<br />

Conforme os dados apresentados no Quadro II, no ano<br />

de 2010 encontravam-se em atividade 450 empresas na indústria<br />

cerâmica, que empregavam 16.712 trabalhadores,<br />

o que representava 2,4% do total do emprego na indústria<br />

transformadora.<br />

Verificava-se também que a dimensão média das empresas<br />

cerâmicas (37 trabalhadores por empresa) mais que<br />

quadruplicava a média da indústria transformadora nacional<br />

(9 trabalhadores por empresa).<br />

Em relação à indústria transformadora nacional, a indústria<br />

cerâmica representava então 1,29% do valor bruto da<br />

produção e 1,98% do respetivo valor acrescentado bruto.<br />

Em 2010 o PIB a preços de mercado atingiu os 172.670<br />

milhões de euros.<br />

A contribuição da indústria cerâmica para o PIB, medida<br />

através do respetivo valor acrescentado bruto, foi de<br />

0,21%.<br />

Por seu lado, as exportações de produtos cerâmicos em<br />

2010 ascenderam a 535,5 milhões de euros e a sua importância<br />

relativa correspondia a 1,46% do total das exportações<br />

nacionais de bens. O saldo da balança comercial de<br />

produtos cerâmicos era positivo em 400 milhões de euros<br />

e a taxa de cobertura das importações pelas exportações<br />

ascendia a 395,3%.<br />

Nos termos do indicador de vantagem comparativa revelada,<br />

que estabelece a comparação do peso das exportações<br />

de um setor/produto no total das exportações de<br />

um país, com o peso relativo das exportações desse mesmo<br />

setor/produto no mercado mundial, conclui-se também que<br />

a cerâmica constituía um dos setores mais especializados<br />

em Portugal. No ano de 2010 o grau de especialização da<br />

cerâmica em Portugal representou 5,4 vezes a especialização<br />

que a cerâmica apresentava a nível mundial.<br />

Também em termos associativos a mudança chegou à<br />

indústria de cerâmica. As três estruturas associativas existentes<br />

(APICC, ANIBAVE e APC), que durante mais de 20<br />

anos repartiram entre si a representação setorial nacional da<br />

cerâmica portuguesa, deram lugar à APICER, constituindose<br />

esta última em 20 de Dezembro de 1996.<br />

Em 31/12/2010 a APICER contava com 76 empresas associadas,<br />

que representavam 76,5% do volume de negócios<br />

total da indústria cerâmica nacional.<br />

Keramica | CTCV | 25


A minha história do CTCV<br />

por Gonçalo Ilharco de Moura<br />

Os antecedentes<br />

É quase um requisito normativo começar toda e qualquer<br />

história pelo conhecidíssimo intróito “Era uma vez…”.<br />

Não será este o caso. Quero crer que de todas as vezes<br />

que os industriais da Indústria Cerâmica portuguesa “deitaram<br />

contas à vida”, eles concluíram que lhes poderia ser útil<br />

o recurso a uma entidade independente e preparada para<br />

lhes propor soluções e perspetivas de evolução dos seus setores,<br />

problemas e decisões de melhoria orientadas para a<br />

valorização das suas atividades produtivas.<br />

E do somatório de todas essas preocupações, experiências<br />

e, tantas vezes, noites mal dormidas, resultou algo de<br />

interessante cujos dados aqui referidos serão poucos, mas<br />

suficientes para que os eventuais interessados possam aprofundar<br />

um pouco mais este tema. E são os seguintes:<br />

• Diário do Governo nº 243/73 Série I (Quarta-feira 17 de<br />

Outubro de 1973);<br />

• Ministério da Economia – Secretaria de Estado da Indústria;<br />

• Portaria n.º 713/73: Cria o Centro Técnico da Cerâmica<br />

e aprova os respetivos estatutos.<br />

Pelo Governo da República Portuguesa assinou o então<br />

Secretário de Estado da Indústria, Hermes Augusto dos Santos<br />

e nos Estatutos aí publicados que previsivelmente iriam<br />

reger o funcionamento do Centro Técnico da Cerâmica<br />

como pessoa coletiva de direito privado sem fins lucrativos,<br />

já se estabelecia no “Art. 1º – 2. O Centro Técnico da Cerâmica<br />

terá a sua sede em Coimbra.”. Não foi exatamente<br />

esse o destino do CTC, mas foi o do CTCV, não obstante as<br />

questões processuais suscitadas que foram morosas e fundamentadas,<br />

devidamente enquadradas e resolvidas.<br />

À época era estabelecida para o CTC a seguinte missão:<br />

Art. 3.º – O Centro Técnico tem, fundamentalmente, as<br />

seguintes atribuições:<br />

a) Promover a aplicação pelas empresas industriais dos<br />

conhecimentos e inovações adquiridos no País e no estrangeiro,<br />

com vista a facilitar a modernização das mesmas nos<br />

seus diferentes aspetos, sem prejuízo da propriedade e confidencialidade<br />

de tecnologias específicas das empresas;<br />

b) Realizar e promover investigação aplicada e desenvolvimento<br />

experimental adequado à solução dos problemas da<br />

indústria portuguesa, pelo estímulo da inovação tecnológica<br />

e pela adaptação de tecnologias importadas, nomeadamente<br />

nos domínios dos materiais, equipamentos, processos<br />

de fabrico e produtos finais;<br />

c) Promover a qualidade na indústria, divulgar técnicas e<br />

métodos de controlo de qualidade e apoiar a atividade de<br />

normalização;<br />

d) Promover a formação e o aperfeiçoamento do pessoal<br />

de todas as categorias, organizar e concretizar ações que<br />

correspondam a necessidades específicas, aproveitando,<br />

sempre que conveniente, as possibilidades oferecidas pelas<br />

diversas entidades que se dedicam a esta matéria;<br />

e) Elaborar estudos setoriais e outros com interesse para<br />

a expansão dos setores e promover ações de índole coletiva.<br />

Considerando as circunstâncias e a envolvente da época,<br />

pode dizer-se que estava em consonância com o que<br />

foi oportunamente estatuído como missão do CTCV e que<br />

nessa época, mais de uma dúzia de anos antes, já constituía<br />

uma necessidade premente da Indústria Cerâmica em Portugal.<br />

E os Estatutos dispunham ainda que:<br />

“Os representantes dos empresários serão propostos ao<br />

Secretário de Estado da Indústria pelo Grémio dos Industriais<br />

26 | Keramica | CTCV


de Cerâmica, subsequentemente e através da Corporação<br />

da Indústria, por forma que cada um deles represente os<br />

subsetores do barro vermelho e barro branco não representados<br />

pelos membros eleitos e que são: barro vermelho para<br />

construção, grés comum, louça sanitária, azulejos, cerâmica<br />

electrotécnica e louça de mesa e ornamental, pertencendo<br />

apenas os dois primeiros ao sector do barro vermelho.”.<br />

A decisão formal da criação do Centro Técnico da Cerâmica<br />

foi adiada em 1974 e ficou aguardando melhor<br />

oportunidade, mas o projecto não morreu … Nos anos 80<br />

os dirigentes associativos da indústria Cerâmica e do Vidro<br />

reiniciaram a procura dos meios adequados para a reactivação<br />

do processo. Esta concertação de interesses e vontades<br />

deu origem ao Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro,<br />

tendo encontrado um facilitador relevante na pessoa do<br />

Professor Doutor José Veiga Simão.<br />

O contributo deste Professor de Coimbra foi decisivo para<br />

a criação do Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia<br />

Industrial (LNETI) em 1979, já previsto na lei orgânica do<br />

Ministério da Indústria e Tecnologia em 1977. Ao nascer, o<br />

LNETI absorveu o antigo Instituto Nacional de Investigação<br />

Industrial (INII), criado em 1959 e que, tendo sido o parceiro<br />

estatal do CTC nos respectivos Estatutos, já disponibilizava<br />

serviços de I&D no sector da Indústria Cerâmica. E a estrutura<br />

do LNETI foi uma alavanca importante no levantamento<br />

do CTCV.<br />

Em 1992, o LNETI deixou de ser um agrupamento de<br />

institutos, passando a ser um instituto público com a designação<br />

de Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia<br />

Industrial (INETI). Mas à data o CTCV já contava com uma<br />

estrutura orgânica bem definida e visava objectivos bem<br />

definidos e articulados com a indústria. Essa estrutura e a<br />

sua autonomia permitiram ao CTCV atingir o destaque de<br />

que hoje usufrui no conjunto das infra-estruturas tecnológicas<br />

nacionais, com créditos firmados a uma escala que já<br />

transcendeu fronteiras, com impacte internacional.<br />

Os primórdios<br />

Corria o mês de Maio de 1980 quando, na sequência de<br />

um anúncio encontrado no Diário de Coimbra “procurando<br />

um engenheiro para Associação Industrial”, me ocorreu a<br />

ideia de que poderia ser interessante estabelecer o contacto<br />

solicitado.<br />

E assim foi: na segunda feira seguinte, na Rua Simões de<br />

Castro, nº 51 - 2º andar esquerdo, APICC – Associação Portuguesa<br />

dos Industriais da Cerâmica de Construção e com o<br />

Secretário-Geral Dr. José Luís Sequeira, decorreu a primeira<br />

tomada de contacto com essa nova realidade, a que se seguiu<br />

uma entrevista com a Direcção da APICC, na pessoa do<br />

Sr. Saul Vitorino (o 3º a contar da direita na fotografia).<br />

À data a Direcção da APICC tinha a seguinte constituição<br />

(da esquerda para a direita):<br />

1. Arq. Vasco Shearman de Macedo (Fábrica de Cerâmica<br />

TIJOMEL – CAXARIAS);<br />

2. Sr. João Teixeira Botelho (Cerâmica Barbosa Ribeiro – TA-<br />

VEIRO);<br />

3. Sr. Hildebrando Veiga (Cerâmica Sotelha – Bustos);<br />

4. Dr. Alípio Barbosa Coimbra (Cerâmica Estrela de Alva –<br />

Presidente da Direcção);<br />

5. Sr. Saul Vitorino (Cerâmica A. Vitorino, Lda. – BATALHA);<br />

6. Eng. Adolfo Roque (Revigrés – ÁGUEDA);<br />

7. Sr. Jorge Pinheiro (Cerâmica de Vagos – VAGOS).<br />

E no 1º de Junho de 1980 pelas 9 h da manhã iniciei aqui<br />

a minha colaboração com a APICC que, posteriormente levou<br />

à participação no dimensionamento do CTCV, nas áreas<br />

da Medição e Ensaios e da Normalização.<br />

Oportunamente a APICC assinara com o IAPMEI um protocolo<br />

que era ambicioso nos seus objetivos últimos, os<br />

quais não foram totalmente atingidos. Fora decidido pelas<br />

instâncias superiores envolvidas o seu relançamento, após<br />

contratação de um coordenador para esse projecto, o ATIC<br />

– Apoio Técnico à Indústria Cerâmica. E nas circunstâncias<br />

Keramica | CTCV | 27


A minha história do CTCV<br />

referidas fui indigitado para proceder ao desenvolvimento<br />

do ATIC nos cinco anos seguintes.<br />

Foi um trabalho enriquecedor humana, intelectual e profissionalmente,<br />

valeu a pena. Muito do seu sucesso resultou<br />

de vários apoios empenhados de entre os quais será da mais<br />

elementar justiça recordar os Eng. Francisco Costa e Francisco<br />

Pegado do IAPMEI, que sempre disponibilizaram as<br />

suas capacidades para o melhor encaminhamento e desenvolvimento<br />

do ATIC. O Eng. Pegado ainda não fazia disso a<br />

menor ideia, mas no futuro iria integrar o 1º Conselho de<br />

Administração do CTCV.<br />

Houve momentos relevantes e com impacto, como foi o<br />

caso das Jornadas Técnicas de Cerâmica na Figueira da Foz<br />

e do arranque do carro-laboratório e do excelente trabalho<br />

realizado com o contributo do Eng. Elias João Bernardo.<br />

A formação deste técnico bem como o projecto e equipamento<br />

do carro-laboratório ATIC, contaram com um apoio<br />

decisivo por parte do grupo espanhol VERDÉS, fornecedor<br />

de equipamento para a indústria cerâmica, com o empenho<br />

pessoal do seu agente em Portugal, Sr. Leopoldo Salavisa, e<br />

o elevado profissionalismo do Director do Laboratório Central<br />

do Grupo VERDÉS em Igualada/Barcelona, Dr. Marcelino<br />

Fernandes Abajo. A distância no tempo, aqui fica obrigatoriamente<br />

e com todo o gosto, um abraço de agradecimento<br />

e estima para ambos.<br />

A montagem do equipamento laboratorial e a adaptação<br />

do carro-laboratório ATIC à sua função específica decorreram<br />

em Caxarias e muito beneficiaram com a criatividade<br />

e competência do Arq. Vasco Shearman de Macedo, que<br />

orientou (e colaborou!) cuidadosamente esses trabalhos<br />

durante cerca de um mês. Outras inteligências e vontades<br />

se interessaram por esta ideia e deram o seu contributo,<br />

tantas vezes de forma desinteressada. Após o tempo que<br />

passou já não é possível nomear todos, mas gostaria ainda<br />

de lembrar a pessoa do Sr. Luís Aranha, representante em<br />

Portugal do grupo francês CERIC (concorrente da Verdés),<br />

que abriu ao ATIC as portas do CTTB – Centre Technique<br />

des Tuiles et Briques e da Société Française de Céramique,<br />

de que aqui se recordam as colaborações de quadros seus<br />

logo nas Jornadas Técnicas de Cerâmica em Outubro de<br />

1981 na Figueira da Foz. E mais tarde, por extensão, sempre<br />

o CTCV encontrou o melhor acolhimento e apoio junto<br />

destas instituições.<br />

O retomar da ideia<br />

Conseguida a normalidade de funcionamento, o ATIC foi<br />

sendo desenvolvido nem sempre de forma fácil mas com<br />

apoio constante e decidido da Direcção da APICC, muitas<br />

vezes concretizado pelo Dr. Alípio Ribeiro em reuniões complexas<br />

com o IAPMEI, onde eram resolvidas as dificuldades<br />

de percurso que sempre foram existindo. Até que no dia 21<br />

de Junho de 1982, foi recebido na sede da APICC o ofício<br />

nº 218/410.42.01 do LNETI – Laboratório Nacional de Engenharia<br />

e Tecnologia Industrial, assinado pelo Presidente,<br />

Professor Doutor José Veiga Simão,<br />

Este ofício criava a Comissão Instaladora do Centro Tecnológico<br />

da Cerâmica e do Vidro e solicitava à Direcção da<br />

O Dr. Marcelino Fernandes Abajo na Nova Cerâmica de<br />

Chaves, apresentando uma comunicação sobre processos<br />

cerâmicos. A secretariar, o Eng. Manuel Dinis Pinheiro (Cerâmica<br />

Carriça de Coja), Coordenador do Gabinete Técnico<br />

da APICC.<br />

28 | Keramica | CTCV


APICC a indicação de um seu representante na CI/CTCV,<br />

assim constituída:<br />

• LNETI – Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia<br />

Industrial;<br />

• IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas<br />

Industriais;<br />

• UA – Universidade de Aveiro;<br />

• UC – Universidade de Coimbra;<br />

• IPL – Instituto Politécnico de Leiria;<br />

• APC – Associação Portuguesa de Cerâmica;<br />

• AIVE – Associação dos Industriais do Vidro de Embalagem;<br />

• AIVDA – Associação dos Industriais do Vidro Doméstico<br />

e Afins;<br />

• APICC – Associação Portuguesa dos Industriais da Cerâmica<br />

de Construção.<br />

Neste ofício eram traçadas as principais linhas de orientação<br />

para os trabalhos a desenvolver pela CI/CTCV e destacava<br />

os seguintes objectivos:<br />

1. Elaboração dos Estatutos do CTCV;<br />

2. Perspetivação das actividades do CTCV nos seguintes<br />

domínios:<br />

a) Controlo de matérias-primas e de produtos;<br />

b) Assistência tecnológica às empresas industriais;<br />

c) Informação técnica;<br />

d) Design;<br />

3. Propositura de Contratos-Programa de I,D&D específicos<br />

envolvendo as Universidades de Aveiro, Coimbra e o Instituto<br />

Politécnico de Leiria, em coordenação com o LNETI.<br />

Era marcada a data de 30 de Setembro de 1982 para a<br />

apresentação dos documentos preliminares, o que não veio<br />

a verificar-se por razões de algum academismo, que não<br />

permitiam à indústria identificar-se com o projeto e assumi-<br />

-lo como seu.<br />

E a Direcção da APICC na sua reunião do dia 15 de Julho<br />

de 1982 indigitou como seu representante o Eng. Manuel Dinis<br />

Pinheiro, Coordenador do Gabinete Técnico APICC, cuja<br />

intervenção mereceu desde logo a consideração e respeito da<br />

Comissão Instaladora e foi altamente dignificante para a imagem<br />

e responsabilidades da APICC em todo este processo.<br />

Entretanto, as entidades integrantes da Comissão Executiva<br />

foram indigitando os seus elementos e a breve prazo,<br />

esta tinha a seguinte composição:<br />

• LNETI – Eng.ª Maria Helena Araújo;<br />

• IAPMEI – Dr. José dos Santos Garcia Júnior;<br />

• UA – A Universidade de Aveiro nunca se fez representar<br />

na CI/CTCV;<br />

• UC – Professor Doutor José Simões Redinha;<br />

• IPL/ESEL – Dr. António José Veríssimo de Azevedo;<br />

• APC – Sr. José Cyrilo Machado + Eng. José António Ferreira<br />

de Barros;<br />

• AIVE – Eng. Carvalhão Duarte;<br />

• GAIVE – Dr. Pedro Schiappa;<br />

• APICC – Eng. Manuel Dinis Pinheiro + Arq. Vasco Shearman<br />

de Macedo;<br />

• ANIBAVE – Eng. Artur Alves Pereira das Neves + Sr. António<br />

Dias Coelho;<br />

• CIBAVE – Sr. Elísio Santos;<br />

• CCRC – Dr.ª Maria José Castanheira Neves;<br />

• DRCMIE – Eng. José Paulo Ferrand d’Almeida.<br />

Entretanto, com o acordo da CI/CTCV fora criada em<br />

Junho de 1984 a Comissão Executiva do CTCV, cuja missão<br />

apontava para o estudo e resolução dos problemas<br />

técnicos e logísticos que iam surgindo, associados à concretização<br />

física das instalações do CTCV. Tinha a seguinte<br />

composição:<br />

• Representante do LNETI: Sr. Coronel Júlio Veiga Simão<br />

(Coordenador da delegação de Coimbra do LNETI);<br />

• Representante da APC: Eng. Augusto Vaz Serra e<br />

Sousa;<br />

• Representante da APICC: Eng. Gonçalo Ilharco de<br />

Moura.<br />

A CE/CTCV entrou em funções logo nessa data e também<br />

colaborou sempre nas reuniões da CI/CTCV, cuja<br />

principal missão consistia na redacção e aprovação dos<br />

Estatutos e do Acordo Constitutivo do CTCV. Foi tarefa<br />

longa, com centenas de horas de discussões e de propostas,<br />

das mais variadas, até se chegar a um acordo. Nestas<br />

reuniões ouviram-se por vezes propostas e comentários<br />

de que não era de todo fácil discernir as possíveis conexões<br />

com a matéria a que se estava ali a procurar dar o<br />

melhor encaminhamento … Houve até um personagem<br />

que um certo dia se lembrou de afirmar alto e bom som<br />

que, de cerâmica sabia distinguir uma chávena de um<br />

penico e pouco mais! Como contributo não terá sido dos<br />

mais motivadores...<br />

Keramica | CTCV | 29


A minha história do CTCV<br />

Mas enfim, tudo se passa nos caminhos desta vida! Em<br />

compensação, os trabalhos específicos da CE/CTCV, enquanto<br />

desenvolvidos sob coordenação do Sr. Coronel Júlio<br />

Veiga Simão, foram extremamente motivadores e gratificantes,<br />

devido a diversas razões que é da mais elementar<br />

justiça aqui referir.<br />

Em primeiro lugar, o Sr. Coronel apercebeu-se desde o<br />

início da importância e transcendência do projecto e a ele<br />

dedicou todo o seu empenho e capacidades, sem nunca<br />

deixar de dar o seu contributo, por mais fatigante e<br />

complexo que tivesse de ser. Em segundo lugar, tinha um<br />

invulgar sentido de oportunidade para falar com as pessoas<br />

certas nos momentos chave e com as palavras certas:<br />

recordo as conversações com o Eng. Jorge Anjinho, que<br />

resultaram na oferta que este fez do edifício dos serviços<br />

administrativos da ex-Cerâmica LUFAPO, expressamente<br />

“para nele ser instalado o Centro Tecnológico da Cerâmica<br />

e do Vidro”.<br />

Esta oferta teve de passar pela concordância da Câmara<br />

Municipal de Coimbra e também aí os bons ofícios do Sr.<br />

Coronel Veiga Simão foram decisivos para encurtar prazos.<br />

Graças ao excelente relacionamento pessoal e institucional<br />

que sempre manteve com o Presidente dessa época, Dr. Fernando<br />

Mendes Silva, foi até possível garantir a elaboração<br />

dos projectos técnicos de recuperação e remodelação deste<br />

edifício no Gabinete de Apoio Técnico Distrital, de Coimbra.<br />

30 | Keramica | CTCV


Muito ficou o CTCV a dever também ao Dr. Mendes Silva e<br />

muito perdeu com a sua morte brutal e prematura. E teremos<br />

de pensar o mesmo relativamente ao desaparecimento<br />

do Sr. Coronel Veiga Simão, na Primavera de 1984, outra<br />

perda que teve reflexos sensíveis no desenvolvimento e concretização<br />

do Projeto CTCV.<br />

Não há homens insubstituíveis. Mas há uns muito mais<br />

difíceis de substituir do que outros e também essa circunstância<br />

foi verificável no projeto CTCV.<br />

A obra arranca, no “anno horribilis”<br />

do Projeto CTCV<br />

Os projectos de especialidades e de arquitetura para as<br />

obras de recuperação/remodelação do edifício da LUFAPO<br />

para instalação do CTCV foram da autoria dos técnicos do<br />

GAT/Coimbra e do Arq. José Santiago Faria, tendo ficado<br />

concluídos no ano de 1984. E o Presidente da CI/CTCV<br />

anunciou a adjudicação da empreitada à empresa VIPRU-<br />

MO na reunião realizada no dia 31 de Maio de 1984, tendo<br />

sido atribuída aos técnicos do GAT a responsabilidade pela<br />

fiscalização da obra.<br />

Em 1986 outra entidade com intervenção no Projecto<br />

CTCV, o CEDINTEC – Centro para o Desenvolvimento<br />

e Inovação Tecnológicos, passou a estar representada nas<br />

reuniões da CI/CTCV, quer pelo seu Presidente, Eng. Vítor<br />

Vasques, quer pelo Vice-Presidente, Eng. Carvalho de Oliveira.<br />

Foi a seu pedido que foi apresentado o 1º Plano de<br />

Atividades e Orçamento do CTCV (1985).<br />

A definição das áreas laboratoriais e respectivos equipamentos<br />

foi iniciada em reuniões da CE/CTCV, participadas<br />

por técnicos de créditos firmados na Indústria Cerâmica que<br />

gostaria de lembrar, com admiração e também gratidão:<br />

• Eng.ª Noémia Sampaio – Cerâmicas ESTACO;<br />

• Eng.ª Maria Manuela Cabral Sampaio – VISTA ALEGRE/<br />

/ELECTROCERÂMICA;<br />

• Eng. António Cardoso – SECLA;<br />

• Eng. Póvoas – ABRIGADA;<br />

• Eng. António Serpa Oliva – CERÂMICA ESTRELA-<br />

D’ALVA;<br />

• Eng. António Corte Real – CERAVE.<br />

As obras no edifício CTCV decorriam com atrasos, não<br />

obstante o empenho dos Eng.ºs Sucena Reis e Alves Pereira<br />

(LNETI) em iniciativas que desenvolveram junto da VIPRU-<br />

MO! A CE/CTCV também não conseguiu repor a situação e<br />

o Presidente da CI/CTCV decidiu a sua suspensão.<br />

Não constituiu surpresa o agravamento da situação, com<br />

o Projecto CTCV em roda livre… E como era inevitável, chegou<br />

o momento da verdade, em que as pessoas que tanto<br />

haviam já investido exigiram um ponto de situação claro<br />

e nítido. Deve-se ao Presidente da Direção da APICC, Dr.<br />

António Mota de Figueiredo, a clarificação da situação. A<br />

reunião da CI/CTCV do dia 4 de Dezembro de 1985 foi um<br />

ponto de viragem importante, em que o Presidente da CI/<br />

/CTCV e a sua interpretação do Projecto CTCV foram reorientados<br />

e os representantes da indústria detalharam mais<br />

precisamente a sua posição.<br />

Foi aqui fixado o limite temporal desta CI para Outubro<br />

de 1986 e requerida a elaboração do relatório das suas atividades<br />

desde a tomada de posse. Ficou igualmente estabelecido<br />

que após essa data teria de entrar em funções a<br />

entidade que dirigisse o CTCV até à eleição dos seus órgãos<br />

diretivos legais.<br />

O trunfo já não era ouros …<br />

Em 1986 há nova orientação política (X Governo Constitucional)<br />

e o novo Ministro da Indústria e Comércio, Eng.<br />

Fernando Santos Martins, decidiu a reorganização do LNETI<br />

e do IAPMEI e, conjuntamente com o Ministro das Finanças,<br />

Dr. Miguel Cadilhe, o levantamento das respetivas situações<br />

patrimoniais. A rede de Centros Tecnológicos foi reorientada<br />

na sua estrutura funcional.<br />

Foi entretanto tentada pelo Eng. Azevedo Pereira, que<br />

sucedera ao Sr. Coronel Veiga Simão como coordenador do<br />

LNETI em Coimbra, uma receção provisória do edifício para<br />

9 de Janeiro de 1986, que não veio a acontecer.<br />

Na sequência da intervenção do Presidente do CEDINTEC,<br />

presente em reunião no CTCV (25 de Março de 1986) de<br />

que resultou a marcação da data firme de recomeço das<br />

obras, foram impostas condições financeiras e técnicas que<br />

permitiram fazer a receção provisória do edifício em 14 de<br />

Junho de 1986.<br />

Entretanto o Secretário de Estado Eng. Luís Todo Bom assume<br />

o projeto de instalação do CTCV e desloca-se a Coimbra<br />

para avaliar “in loco” o ponto de situação do projeto<br />

tendo, para esse efeito, sido promovida uma reunião no<br />

CTCV a 8 de Julho de 1986.<br />

Keramica | CTCV | 31


A minha história do CTCV<br />

Estiveram presentes:<br />

1. Secretário de Estado da Indústria: Eng. Luís Todo Bom;<br />

2. Presidente do LNETI: Professor Doutor José Veiga Simão;<br />

3. Presidente da CI/CTCV: Professor Doutor José Simões<br />

Redinha;<br />

4. Presidente IAPMEI: Eng. Amadeu Pires;<br />

5. Vice-Presidente IAPMEI: Eng. Carvalho de Oliveira;<br />

6. Diretor do IAPMEI/COIMBRA: Dr. Garcia Júnior;<br />

7. Diretor do LNETI/COIMBRA: Eng. Azevedo Pereira;<br />

8. LNETI: Eng.ª Inês Florêncio;<br />

9. LNETI: Eng.ª Maria Helena Araújo;<br />

10. LNETI: Dr. Horta da Silva;<br />

11. COVINA: Eng. A. Carvalhão Duarte;<br />

12. APC: Sr. Manuel Quintela;<br />

13. APC: Sr. Cyrilo Machado;<br />

14. APC: Eng. José António Barros;<br />

15. APC: Sr. Artur Marques de Almeida;<br />

16. APC: Sr. Fernando Urbano;<br />

17. APICC: Dr. António Mota de Figueiredo;<br />

18. APICC: Dr. José Sequeira.<br />

Em foco esteve a revisão aos Estatutos já apresentados às<br />

entidades supervenientes pelo Presidente da CI/CTCV e das<br />

regras para constituição do Capital Social CTCV. O Secretário<br />

de Estado teve um discurso próximo da visão das Associações<br />

e industriais da cerâmica e do vidro, em geral. Mas<br />

foi o Professor Veiga Simão, na qualidade de Presidente do<br />

LNETI, que calendarizou a revisão aos Estatutos para Setembro<br />

de 1986 e a definição dos Corpos Sociais do CTCV e sua<br />

personalidade jurídica para Outubro de 1986, seguindo-se<br />

o envio ao Secretário de Estado.<br />

Da parte da tarde decorreu uma reunião com as Associações<br />

em que foi definido o fundo de maneio para arranque<br />

do CTCV, previsto até final de Julho de 1986 e a constituição<br />

do Capital Social (o Secretário de Estado indicou como<br />

mínimo admissível o valor de 50.000.000$00, cerca de<br />

250.000 Euros).<br />

Na sequência deste reforço do projecto CTCV em Novembro<br />

de 1986 foi proposta a composição do Conselho<br />

de Administração e eleito o Presidente, em reunião do<br />

seu Conselho Geral. E a 20 de Março de 1987 no Diário<br />

da República nº 66 – III Série eram finalmente publicados<br />

os Estatutos CTCV. Como fundadores do CTCV assinavam:<br />

• LNETI: 60 unidades de participação;<br />

• IAPMEI: 60 unidades de participação;<br />

• APC: 85 unidades de participação;<br />

• APICC: 85 unidades de participação;<br />

• COVINA: 10 unidades de participação.<br />

Havia ainda mais 130 UP’s, a dispersar por empresas que<br />

pretendessem ser sócias do CTCV.<br />

E o 1º CA/CTCV iniciou funções com a seguinte constituição:<br />

• Dr. António Mota de Figueiredo (APICC/Fábricas CAM-<br />

POS) – Presidente;<br />

• Sr. Manuel Quintela (APC/VISTA ALEGRE);<br />

• Sr. Cyrilo Machado (APC/ABRIGADA);<br />

• Eng. J. M. Santos Oliveira (DGGM);<br />

• Eng. Francisco Pegado (IAPMEI);<br />

• Eng. Carlos Borges Tavares (IPQ);<br />

• Eng. A. Carvalhão Duarte (COVINA).<br />

A Assembleia-Geral ficou presidida pelo Eng. José António<br />

Barros (APC/CINCA).<br />

“Alea jacta est!”<br />

O 1º CA/CTCV decidiu convidar para Director-Geral CTCV<br />

o Professor Michel Anseau (Universidade de Mons) e para<br />

Subdiretor o Eng. Augusto Vaz Serra e Sousa.<br />

E em Julho de 1987 o CA/CTCV submeteu às instâncias<br />

superiores o seu 1º Plano de Actividades efetivo!<br />

Em 1989 o CTCV acolheu e promoveu a organização do<br />

1º Congresso da Cerâmica Portuguesa que decorreu de<br />

14 a 19 de Maio de 1990 em Vilamoura e foi um caso de<br />

sucesso! Posteriormente, com a dinâmica resultante desse<br />

sucesso e por força da evolução do movimento associativo,<br />

veio a verificar-se em 20 de Dezembro de 1996 a fusão das<br />

Associações:<br />

APC + APICC + ANIBAVE = APICER (Associação<br />

Portuguesa da Indústria Cerâmica)<br />

32 | Keramica | CTCV


Desde o início do funcionamento do CTCV se deveu ao<br />

Eng. Carlos Borges Tavares, em representação do IPQ no<br />

CA/CTCV, a sensibilização para a necessidade da adoção de<br />

práticas de Qualidade como orientação geral nas actividades<br />

desenvolvidas.<br />

Daí resultou a elaboração do 1º Manual da Qualidade e<br />

respectivos Procedimentos, trabalho longo e de grande empenho<br />

pessoal, em que pude contar com o apoio de dois<br />

especialistas na matéria (se é que à data já os havia!): o<br />

Eng. Sousa de Almeida (VISTA ALEGRE) e o Eng. Agostinho<br />

Rodrigues (COVINA), que em tempo recente haviam feito<br />

esse mesmo trabalho nas suas empresas. Cerca de um ano<br />

depois, era apresentado e aprovado o 1º Manual da Qualidade<br />

CTCV e em tempo útil, eram certificados os laboratórios<br />

do CTCV.<br />

É bem certo que não foi trabalho fácil e muito menos<br />

perfeito, à época ainda ninguém fazia a mais pequena ideia<br />

que iriam ser escritas as normas internacionais ISO 9000!<br />

Mas foi um trabalho precursor, abriu outras perspetivas ao<br />

CTCV.<br />

O Dr. Michel Anseau não resistiu ao apelo da sua Universidade<br />

de Mons e decidiu não prosseguir como DG/CTCV.<br />

O CA/CTCV, colocado perante a decisão do seu retorno à<br />

Bélgica, optou por convidar o Eng. Vaz Serra e Sousa para<br />

o cargo de DG/CTCV tendo este decidido aceitar o convite.<br />

Em boa hora o convite foi aceite, com o novo Diretor o<br />

Centro iniciou uma expansão da sua intervenção para outras<br />

áreas de saber, para outros setores de atividade, para<br />

novas técnicas e tecnologias, muito para lá das fronteiras<br />

das Indústrias da Cerâmica e do Vidro. O CTCV começou a<br />

ser reconhecido como caso de sucesso e foi ascendendo a<br />

lugar de destaque, de referência mesmo, no contexto das<br />

Estruturas Tecnológicas nacionais.<br />

E o que tinha de ser, teve muita força!<br />

Nos anos 90 houve ideias, houve colaboração, entreajuda,<br />

as pessoas exerciam as suas funções e atividades de forma<br />

empenhada em vez de se obcecarem com a sabotagem<br />

ao parceiro do lado! Realizavam-se coisas úteis e interessantes,<br />

havia perspetivas de futuro, projetos motivadores.<br />

No CTCV, as pessoas tinham praticamente uma segunda<br />

família, sempre que necessário lá iam os horários de trabalho<br />

para a prateleira! E em Lisboa não se era recebido com<br />

enfado, como sendo mais um da “província” a perturbar<br />

o equilíbrio neurovegetativo dos da capital. Por momentos<br />

pairou no ar a sensação de que o velho slogan anarquista<br />

do Maio de 1968 em França “L’ intelligence au pouvoir!” se<br />

tornara na nova ordem vigente no País!<br />

Foi bom ter vivido este tempo e esta epopeia por dentro<br />

do CTCV!<br />

Talvez fosse agora de temer que esses anos bons não tivessem<br />

preparado o CTCV para condicionalismos diferentes,<br />

para outras circunstâncias de vida da instituição …<br />

Essa dúvida não tem lógica, é fundamental pensar positivo<br />

já que, mesmo em tempos de “crise”, atrás de tempo,<br />

tempo vem e nada, mesmo nada é para sempre. Verso<br />

e anverso da mesma moeda, o certo e o errado hão-de<br />

continuar na sua eterna alternância e, além disso, desânimo<br />

não paga os impostos a ninguém. O CTCV resistiu<br />

a muita coisa, resistirá a muito mais … porque teve ótima<br />

escola de resistência! Aos que carregam presentemente<br />

a responsabilidade pelo CTCV, aqui ficam votos sinceros<br />

de muita sorte, determinação e capacidade de resistência,<br />

com a recomendação:<br />

“Força pessoal, que esta é hora pró futebol total!!!”<br />

Meus amigos da APICER<br />

Meus amigos do CTCV<br />

Sem pretender assumir-me como bruxo, atrever-me-ia a<br />

dizer que um dia irão dar convosco a pensar, porventura até<br />

com algum espanto, “afinal não foi assim tão complicado<br />

de resolver como chegou a parecer!”. É assim, é a lei da<br />

vida … E será sempre porque, não esqueçam, o que tinha<br />

de ser teve, tem e terá sempre muita força!<br />

A terminar, cumpre-me afirmar que tive muito gosto em<br />

vos conhecer!<br />

Keramica | CTCV | 33


Os primórdios do CTCV<br />

por Mário Coelho<br />

É escassa a bibliografia existente que contemple pormenorizadamente<br />

a Fábrica Lufapo de Faianças e Porcelanas<br />

(também conhecida como Fábrica da Estação Velha) _ uma<br />

empresa que foi pioneira em algumas áreas da cerâmica<br />

portuguesa.<br />

Não é, pois, consensual a data de abertura da Lufapo,<br />

mas é seguro o facto de ela ter sido adquirida pela Fábrica<br />

Cerâmica Lusitânia (de Lisboa), em 1930. Durante a década<br />

de 194O, a unidade fabril de Coimbra adopta a marca "Lufapo<br />

Lusitânia Portugal", inscrita na cerâmica num timbre<br />

em forma triangular, com um “L” central. Para além dos artefactos<br />

com aquele timbre triangular, identificam-se também<br />

várias outras peças ornamentais, talvez das décadas de<br />

30 e 4O do século passado, que exibem o timbre “Lusitânia<br />

Coimbra Portugal”. Esta unidade industrial, situada no Loreto<br />

em Coimbra, encerrou quase meio século depois, ainda<br />

com a designação “Lufapo”.<br />

Da planta de 1970 do edifício principal, destaca-se o<br />

“forno mufla contínuo” a gás, no piso térreo, além de vários<br />

fornos intermitentes. No 1º andar, realce para o “forno<br />

túnel a altas temperaturas”, para cozer ladrilhos, enquanto<br />

que os andares de cima estavam orientados para a fabricação<br />

de sanitários e grés, respectivamente.<br />

Do vasto espólio de peças produzidas durante décadas<br />

pela Lufapo subsistem, ainda, serviços de louça, os quais<br />

incluíam pratos, terrinas, taças, travessas, tigelas, saladeiras,<br />

malgas, bules/chaleiras, canecas, açucareiros, etc.<br />

Em 1982, iniciava-se o processo da execução fiscal à empresa.<br />

Entretanto, o edifício da então Rua da Fábrica Lusitânia<br />

(actual Rua Coronel Veiga Simão), degradava-se bastante.<br />

Tendo em vista preparar o local para que nele fosse<br />

implantado condignamente o CTCV, a vereação camarária<br />

abriu um concurso para a demolição das instalações da antiga<br />

unidade industrial, sendo que a base de licitação foi de<br />

34 | Keramica | CTCV


EUR 20 250.00. A área em causa era bastante grande, pois<br />

englobava um quarteirão inteiro. Do projeto de loteamento<br />

da Unidade Residencial do Loreto, executado em 1983 pela<br />

firma Eugénio Cunha & Jorge Anjinho, Lda. para a Câmara<br />

Municipal de Coimbra _ CMC, é referido a cedência ao município<br />

da escola primária e outras casas geminadas existentes<br />

no Alto da Estação Velha, outrora pertencentes à fábrica<br />

(o designado Bairro da Lufapo).<br />

A Ata nº 1 do CTCV, relativa à reunião de 14 de Junho de<br />

1983, refere que o Presidente da Comissão Instaladora informou<br />

que esta Comissão tinha realizado um estudo da área<br />

que seria necessária para o futuro Centro Tecnológico, para<br />

levar ao conhecimento da CMC. Não obstante o facto da área<br />

proposta ser maior, a Câmara cedeu as instalações da Lufapo<br />

para o efeito, pois a diferença não dificultaria a implantação<br />

do CTCV neste local, já que seria somente preciso adaptar as<br />

obras de reparação do edifício, entretanto já aprovadas.<br />

De acordo com o Plano de Atividades do CTCV de 1985,<br />

o ano anterior representou para este Centro o lançamento<br />

da sua fase de instalação efetiva, com o início das obras de<br />

construção civil, as primeiras aquisições do equipamento laboratorial<br />

e, no campo institucional, com a conclusão, pela<br />

Comissão Instaladora, dos projetos do Acordo Constitutivo<br />

e dos Estatutos. As obras de execução de construção civil<br />

foram adjudicadas em Junho de 1984 e abrangeram, também,<br />

trabalhos de demolição e arranjo no terreno anexo ao<br />

edifício principal. Foi à empresa Viprumo que as obras de<br />

“Adaptação do edifício da ex-fábrica Lufapo para as instalações<br />

do CTCV” foram entregues. No contrato de adjudicação<br />

da empreitada de construção é salientado que o<br />

edifício, bem como a zona anexa ao imóvel, foram postos à<br />

disposição do LNETI para as instalações do CTCV, de acordo<br />

com o ofício nº 4458 da CMC. A realização integral da obra<br />

foi feita pelo preço fixo global de EUR 370 625.00, com<br />

o apoio do organismo Cedintec. Foi, justamente, nas comemorações<br />

do 120º aniversário da Associação Comercial<br />

e Industrial de Coimbra, em 1983, que o então Ministro<br />

da Indústria e Tecnologia, Prof. Veiga Simão, anunciou a<br />

atribuição daquela verba, como forma de combate ao centralismo<br />

da Lisboa.<br />

O trabalho distribuiu-se por quatro pisos, nos quais foram<br />

instalados laboratórios, gabinetes, salas de reunião, e<br />

um auditório. À medida que as<br />

obras de remodelação e adaptação<br />

do edifício foram andando,<br />

ia igualmente surgindo o<br />

equipamento, sobretudo laboratorial<br />

e tecnológico.<br />

Finalmente, em 1987 foi publicado<br />

o Acordo Constitutivo do<br />

Centro Tecnológico e os seus Estatutos,<br />

e na sequência disto foi<br />

empossado o primeiro Conselho<br />

de Administração do CTCV.<br />

Keramica | CTCV | 35


Centro de Conhecimento em<br />

Materiais e Construção Sustentável<br />

por António Alcântara Gonçalves, Diretor Geral do CTCV<br />

Das áreas económicas na Região Centro, apresentam-se<br />

com especial relevo as relacionadas com o Habitat, quer<br />

pelo seu elevado potencial, quer devido à base produtiva<br />

existente, com uma forte capacidade competitiva, alicerçada<br />

também nos recursos naturais existentes na região.<br />

Distinguem-se os minerais não-metálicos e respetivos<br />

produtos transformados, com destaque para a cerâmica, o<br />

vidro, o cimento e seus derivados, as argamassas, os produtos<br />

de betão, os agregados, os compósitos e os materiais<br />

especiais ou de elevado desempenho.<br />

É manifesto que a Região Centro tenderá a especializar-se<br />

em torno de um agregado de atividades económicas, potenciando<br />

economias de proximidade territorial existentes na região,<br />

correspondendo o Habitat a um conjunto de atividades<br />

com forte potencial de afirmação (a par com outras atividades<br />

já conhecidas como a saúde, a biotecnologia ou a floresta).<br />

Com base nas expectativas e tendências dos setores industriais<br />

da esfera do Habitat, a iniciativa de investimento<br />

do CTCV no ccMCS surgiu também no cumprimento da<br />

sua missão de inovação, desenvolvimento e teste de materiais<br />

para o Habitat, para integrar na indústria, valores<br />

que proporcionam soluções novas ambiental e socialmente<br />

adequadas. Este plano de consolidação e expansão da sua<br />

atividade constituiu-se também como um dos pilares para<br />

a estruturação e afirmação de um cluster do Habitat na Região<br />

Centro.<br />

A opção pela “clusterização” de atividades é a base da estruturação<br />

deste Centro de Conhecimento, desenvolvendo<br />

uma especialização em torno de um conjunto alargado de<br />

atividades de suporte ao Habitat, em linha com os requisitos<br />

atuais da construção sustentável. A incorporação de inovação<br />

e tecnologia na cadeia de valor de sectores tradicionais<br />

com aptidão exportadora, serve também de motivação para<br />

a implementação deste Centro.<br />

Este investimento permite ainda colmatar as dificuldades<br />

de espaço sentidas nos últimos anos e que têm inibido a<br />

expansão da atividade sobretudo nas áreas laboratoriais de<br />

teste de materiais e produtos, quando são necessários equipamentos<br />

de maior porte e capacidade de movimentação.<br />

Os primeiros contactos com a Câmara Municipal de Coimbra,<br />

no sentido de encontrar uma solução para o CTCV e<br />

para a APICER nos espaços contíguos às atuais instalações,<br />

sucedem-se em 2005, mas esta possibilidade de solução<br />

é abandonada. No final do mesmo ano o CTCV manifesta<br />

à CMC o interesse na aquisição de espaço no iParque,<br />

concretizando-se a aquisição que ocorreu em 2010. Entretanto,<br />

em 2009, o CTCV iniciou o projeto de arquitectura e<br />

construção civil e submeteu a sua candidatura de financiamento<br />

ao investimento ao Mais Centro. Aprovado em 2010<br />

e contratualizado em Dezembro desse ano, o CTCV iniciou<br />

de imediato a implementação do ccMCS, com a construção<br />

a começar em Julho de 2011.<br />

Objetivos e Atividades a Desenvolver<br />

O principal objetivo do ccMCS está centrado na criação<br />

de um Centro de Conhecimento que sustente a componente<br />

de desenvolvimento de novos produtos, materiais,<br />

processos e tecnologias de produção, constituindo-se como<br />

36 | Keramica | CTCV


espaço de desenvolvimento, teste e validação para materiais<br />

e produtos sustentáveis:<br />

• Sistemas energéticos;<br />

• Materiais e produtos multifuncionais;<br />

• Novas técnicas construtivas;<br />

• Novos processos de construção.<br />

O ccMCS reúne também as condições necessárias para<br />

poder demonstrar, à escala da produção piloto, a caracterização,<br />

teste e validação de produtos e tecnologias. Pretende-se<br />

assim instalar as valências físicas e desenvolver o<br />

conhecimento necessário para a execução estruturada de<br />

alguns dos projectos complementares e das acções de apoio<br />

às empresas do Cluster Habitat Sustentável, no sentido de<br />

reforçar a sua competitividade.<br />

O desenvolvimento e aplicação de nanomateriais é outra<br />

das vertentes privilegiadas no ccMCS.<br />

Uma das primeiras áreas a ser instalada neste Centro é<br />

um Laboratório de teste e validação de sistemas solares<br />

para incorporar na habitação e noutros edifícios, alinhado<br />

com uma preocupação de construção para a obtenção do<br />

futuro “Edifício de Balanço Energético Quase Zero”. Isto é,<br />

com um consumo energético mínimo e auto-produção da<br />

energia elétrica, seguindo as recomendações da Diretiva da<br />

União Europeia que foi recentemente reformulada para o<br />

Desempenho Energético dos Edifícios. De salientar que esta<br />

Diretiva recomenda que em 2018 os novos edifícios públicos<br />

e em 2020 os restantes edifícios, sejam praticamente<br />

auto-suficientes em energia. Nesta primeira fase das atividades<br />

salientam-se as relacionadas com:<br />

• Teste, ensaio e validação de sistemas de produção de<br />

energias alternativas por via solar;<br />

• Caracterização, teste e validação industrial de novos materiais<br />

e produtos para as fileiras “construção” e “casa”;<br />

• Instalação piloto para o desenvolvimento e produção de<br />

nanomateriais para incorporação em produtos da “construção”<br />

e “casa”;<br />

• Conformação e sinterização em atmosferas controladas<br />

de materiais de elevada especificação.<br />

Das novas áreas de desenvolvimento, incluem-se o uso<br />

racional de materiais e novas aplicações, nomeadamente<br />

a incorporação de nanomateriais para obtenção de novas<br />

funcionalidades.<br />

Keramica | CTCV | 37


Centro de Conhecimento em<br />

Materiais e Construção Sustentável<br />

Exemplos de ações de demonstração nesta área são:<br />

• Tecnologia de produção de nanomateriais e de produtos<br />

para aplicação específica e incorporação em produtos<br />

destinados ao habitat;<br />

• Sistemas de aproveitamento de energias renováveis integrados<br />

na construção e práticas construtivas;<br />

• Novos métodos de construção com alvenarias resistentes<br />

e elevado comportamento térmico;<br />

• Processos de construção automatizados;<br />

• Comportamento de materiais em ambiente natural, nomeadamente<br />

de revestimentos ativos (auto limpeza, antibactericidas<br />

e anti-aderência).<br />

O ccMCS irá constituir-se numa estrutura com as valências<br />

para o desenvolvimento e demonstração de projetos<br />

complementares do Cluster da Construção Sustentável. Os<br />

projetos de em colaboração e parceria com empresas e entidades<br />

do sistema sistema científico e tecnológico visam<br />

principalmente o reforço da competitividade das empresas<br />

nacionais através da incorporação de conhecimento e tecnologia<br />

nos seus produtos e a consequente diferenciação<br />

no mercado.<br />

Referem-se, a título de exemplo, alguns dos mais recentes<br />

projetos dinamizados pelo CTCV no âmbito da estratégia<br />

do Cluster:<br />

• SolarTiles – Desenvolvimento de placas cerâmicas para<br />

o revestimento exterior de edifícios com a funcionalidade<br />

adicional de produção de energia;<br />

• SelfClean – Desenvolvimento de revestimentos com a<br />

função de auto limpeza por foto catálise;<br />

• CBloco – Desenvolvimento de um sistema de alvenarias<br />

estruturais;<br />

• SenseTiles – Desenvolvimento de sistemas de domótica<br />

com sensores itegrados em revestimentos cerâmicos;<br />

• HardPIM – Desenvolvimento de novos processos de<br />

conformação de materiais por injeção de pós metálicos;<br />

• Cerâmica Técnica – Desenvolvimento de novos materiais,<br />

aplicações e funcionalidades através da adição de nanomateriais;<br />

• GreenWave – Produção de porcelana em cozedura assistida<br />

por microondas;<br />

• Inedic – Desenvolvimento de matérias de formação e<br />

ferramentas para o setor cerâmico promovendo o desenvolvimento<br />

de produtos mais sustentáveis;<br />

• ThermoCer – Pavimentos cerâmicos com materiais com<br />

mudança de fase para melhoria da eficiência energética em<br />

edifícios.<br />

Numa sequência lógica do ciclo da cadeia de valor das actividades<br />

desde a conceção, o desenvolvimento de produtos<br />

até ao mercado, para além das valências e competências<br />

associadas ao desenvolvimento de produtos, materiais, processos<br />

e tecnologias de produção, e do ensaio, validação,<br />

pré-industrialização e certificação, o CCMCS - Centro de<br />

Conhecimento em Materiais para a Construção Sustentável<br />

será também um espaço privilegiado para a demonstração<br />

e potenciação de spin-offs tecnológicos em parceria.<br />

Esta operação constitui um dos Projetos Âncora do Cluster<br />

da Construção Sustentável, já reconhecido pelo QREN-<br />

COMPETE Programa Operacional Fatores de Competitividade<br />

como Cluster de incidência regional, no âmbito das<br />

Estratégias de Eficiência Coletiva.<br />

O Espaço e as Instalações, a Sustentabilidade<br />

na Construção e o Efeito Demonstrador<br />

A construção dos edifícios e dos espaços envolventes<br />

segue as melhores técnicas disponíveis da construção sustentável.<br />

Incorpora também alguns dos novos produtos desenvolvidos<br />

em projetos do próprio Cluster da Construção<br />

Sustentável.<br />

Trata-se de um edifício de baixo consumo energético<br />

(classe energética A);<br />

• A construção dos edifícios incorpora vários métodos<br />

construtivos, favorecendo a utilização de materiais nacionais<br />

e produzindo o efeito demonstrador das várias técnicas<br />

de construção sustentável utilizadas;<br />

• As alvenarias da envolvente são construídas com cBloco<br />

com isolamento térmico em cortiça, tendo depois três revestimentos<br />

possíveis: fachada ventilada na vertente Sul, com<br />

revestimento de placas cerâmicas que poderão ser facilmente<br />

substituídas por placas cerâmicas foto voltaicas solarTiles;<br />

tijolo de face à vista na fachada norte; ETICS (revestimento<br />

com isolamento pelo exterior) na envolvente dos gabinetes;<br />

38 | Keramica | CTCV


• Os gabinetes, com amplos vãos envidraçados, privilegiam<br />

a iluminação natural com controlo da entrada directa dos<br />

raios solares pela aplicação de lâminas de sombreamento;<br />

• As naves são dotadas de clarabóias a todo o seu comprimento<br />

para iluminação zenital com pala de sombreamento<br />

para evitar a entrada directa dos raios solares;<br />

• O ar na nave é renovado com recurso a ventilação natural<br />

por meio de grelhas de entrada de ar junto ao solo na fachada<br />

norte e saída pelas aberturas reguláveis das clarabóias,<br />

orientadas a sul e localizadas nas coberturas das naves;<br />

• Os gabinetes e os laboratórios da nave terão iluminação<br />

de baixo consumo (lâmpadas LED);<br />

• A orientação dos edifícios e o lay-out foi projetado para<br />

otimizar as atividades a desenvolver, nomeadamente as relacionadas<br />

com a necessidade de radiação solar;<br />

• As águas pluviais da cobertura são recolhidas e aproveitadas<br />

para rega gota a gota;<br />

• O espaço envolvente tem uma baixa percentagem de<br />

permeabilização do solo e será arborizado por espécies autóctones,<br />

como o pinheiro manso e prado sequeiro;<br />

• O projeto e as instalações permitem a expansão do espaço<br />

para eventuais necessidades futuras.<br />

A aplicação do cBloco nas alvenarias da envolvente é uma<br />

demonstração do desenvolvimento de novos materiais, em<br />

parceria com as empresas, e da sua aplicação prática. De<br />

salientar que este sistema foi desenvolvido recentemente<br />

numa parceria que envolveu o CTCV, a Universidade do<br />

Porto, a Universidade do Minho e o NAC e é a primeira<br />

aplicação prática na construção de um edifício, sendo já de<br />

registar os bons resultados obtidos.<br />

O ccMCS é uma aposta clara do CTCV na Inovação e da<br />

nossa parte tudo faremos para colocar esta infraestrutura<br />

ao serviço do desenvolvimento de novos produtos e para a<br />

competitividade das empresas.<br />

Keramica | CTCV | 39


40 | Keramica | CTCV


Keramica | CTCV | 41


GS<br />

A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS<br />

DE GESTÃO NO CTCV<br />

Conceição Fonseca<br />

O Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV) é<br />

uma entidade com um longo percurso na área da Qualidade<br />

e dos Sistemas de Gestão.<br />

São prova disso a obtenção da Acreditação, em 1990<br />

dos Laboratórios então designados, Laboratório de Ensaios<br />

de Materiais (LEM), Laboratório de Análise Química<br />

(LAQ), Laboratório de Ensaios Físicos e Aptidão Tecnológica<br />

(LEFAT) e Laboratório de Análises de Estrutura e<br />

Microestrutura (LAEM), pelo Instituto Português da Qualidade<br />

(IPQ) e pela Norma NP EN 45001 (esta norma surgiu<br />

em 1989 na Europa, na procura de credibilidade e<br />

qualidade laboratorial).<br />

Hoje os Laboratórios do CTCV mantêm-se em número<br />

de quatro embora com outras designações tendo sido<br />

fundidos uns e criados outros, com as designações atuais<br />

de Laboratório de Ensaios de Produtos (LEP), Laboratório<br />

de Análise de Materiais (LAM), Laboratório de Monitorização<br />

Ambiental (LMA) e Laboratório de Higiene Industrial<br />

(LHI), todos igualmente acreditados pelo Instituto<br />

Português de Acreditação (IPAC) e de acordo com a Norma<br />

NP EN ISO/IEC 17025, datando a acreditação do LMA<br />

de 2003 e do LHI de 2007.<br />

A Norma NP EN ISO/IEC 17025:2005 – Requisitos Gerais<br />

de Competência para Laboratórios de Ensaio e Calibração<br />

privilegia igualmente a competência técnica dos laboratórios<br />

de ensaios e calibrações e apresenta os princípios de<br />

Gestão e Técnicos a serem observados por um laboratório<br />

interessado em garantir a qualidade dos serviços prestados<br />

e demonstrar a sua competência técnica.<br />

A Acreditação de Laboratórios oferece reconhecimento<br />

formal a laboratórios competentes, proporcionando um<br />

meio rápido para os clientes identificarem e selecionarem<br />

serviços de ensaio, medição e calibração confiáveis. Para<br />

manter esse reconhecimento, os laboratórios são reavaliados<br />

periodicamente pelo organismo de acreditação a<br />

fim de assegurar a sua contínua conformidade com os<br />

requisitos e para verificar se o seu nível de qualidade se<br />

mantém.<br />

Com a evolução natural da acreditação, e com a uniformização<br />

dos procedimentos a nível da European Accreditation<br />

(EA) entre todos os países signatários do acordo multilateral,<br />

a acreditação tem-se tornado cada vez mais exigente,<br />

quer a nível das próprias auditorias, quer a nível de todo o<br />

trabalho desenvolvido internamente pelos Laboratórios do<br />

CTCV, tendo contribuído também para uma cultura interna<br />

de cada vez maior rigor.<br />

42 | Keramica | CTCV


O CTCV tem procurado desenvolver uma cultura de inovação e contribuir<br />

para um desenvolvimento económico sustentável<br />

Este incentivar de uma cultura de exigência é também<br />

demonstrado pelas novas valências na área da acreditação<br />

concedidas a um dos laboratórios do CTCV em 2012, nomeadamente<br />

na área da Espectrofotometria de Absorção<br />

Atómica (EAA) com a implementação da acreditação de<br />

âmbito flexível, demonstrando uma melhoria das competências<br />

de validação de métodos de ensaio e uma forma<br />

de trabalho mais autónoma e adaptável às necessidades do<br />

mercado.<br />

Noutro domínio não menos significativo, foi concedida<br />

em 2001 a acreditação do CTCV pelo então INOFOR,<br />

para a atividade de formação nos domínios de intervenção<br />

“Diagnóstico e Necessidades de Formação, Planeamento,<br />

Conceção, Organização e Desenvolvimento”. Esta acreditação,<br />

tem sofrido várias renovações, sendo hoje o CTCV<br />

acreditado pela DGERT para todos os domínios de intervenção,<br />

nomeadamente “Diagnóstico de Necessidades de<br />

Formação, Planeamento, Conceção, Organização e Promoção,<br />

Desenvolvimento e Acompanhamento e Avaliação das<br />

intervenções ou atividades formativas”.<br />

A acreditação do CTCV pela DGERT é um requisito essencial<br />

para considerar certificada, nos termos do Sistema Nacional<br />

de Qualificação, a formação profissional que o CTCV<br />

realiza. Tem por objetivo a melhoria da capacidade, qualidade<br />

e fiabilidade do serviço de formação prestado pelo CTCV<br />

significando um fator distintivo no mercado e a garantia de<br />

um claro compromisso com uma oferta de maior qualidade<br />

para os clientes finais da formação.<br />

É de salientar também, em 2003 a acreditação do Organismo<br />

de Inspeção Técnica e Auditoria (OITA) do CTCV pelo<br />

Instituto Português de Acreditação (IPAC) segundo a Norma<br />

NP EN ISO/IEC 17020, organismo este vocacionado para a<br />

realização de auditorias, nomeadamente no âmbito da Certificação<br />

NF-UPEC de ladrilhos cerâmicos.<br />

Este Organismo de Inspeção Técnica e Auditoria (OITA –<br />

CTCV) é o Organismo de Inspeção em Portugal reconhecido<br />

pelo CSTB – Centre Scientifique et Technique du Bâtiment<br />

em França, para a realização de auditorias de Acompanhamento<br />

da Certificação NF-UPEC a empresas portuguesas<br />

produtoras de ladrilhos cerâmicos, sendo o Laboratório de<br />

Ensaios de Produtos (LEP) do CTCV reconhecido também<br />

pelo CSTB para a realização dos ensaios a ladrilhos cerâmicos.<br />

Em 2005 foi concedida ao CTCV a Certificação da Qualidade<br />

como entidade prestadora de serviços pela NP EN ISO<br />

9001 pela APCER, renovada em 2011 pela CERTIF e para<br />

o âmbito “Investigação industrial ou aplicada, desenvolvimento<br />

e inovação, transferência do saber e de tecnologia,<br />

consultoria, análises, medição, formação e informação”. O<br />

Sistema de Gestão da Qualidade então implementado seguiu<br />

a linha de orientação da norma de referência, introduzindo<br />

o conceito de gestão por Processos. Esta abordagem<br />

identifica as atividades chave e de suporte e monitoriza<br />

essas atividades através de indicadores mensuráveis que<br />

acompanha periodicamente. Esta forma de gestão foi concretizada<br />

com a convicção de que aportaria melhorias na<br />

satisfação do Cliente, indo de encontro aos seus requisitos<br />

de forma mais direcionada.<br />

O sistema evoluiu a par das alterações introduzidas à norma<br />

de referência aquando da sua revisão, em 2008.<br />

Atualmente e desde 2011 o CTCV tem em curso a integração<br />

de outras vertentes no seu sistema de gestão da<br />

qualidade já consolidado, nomeadamente a vertente de higiene<br />

e segurança do trabalho.<br />

A busca da melhoria contínua através da gestão de sistemas<br />

tem sido um dos lemas do CTCV, tendo sempre em vista<br />

o cumprimento dos requisitos dos seus clientes e a procura<br />

da sua satisfação. O CTCV tem procurado desenvolver uma<br />

cultura de inovação e contribuir para um desenvolvimento<br />

económico sustentável, sendo os Sistemas de Gestão uma<br />

ferramenta indispensável para alcançar esse desígnio, contribuindo<br />

inegavelmente para que o CTCV vá de encontro<br />

a um dos seus principais valores, a “preocupação de mudar<br />

na procura da melhoria”.<br />

Keramica | CTCV | 43


GAPI-CTCV<br />

A Propriedade Industrial:<br />

Um Valor a Preservar<br />

Rui Neves<br />

A Rede de GAPI’s – Gabinetes de Apoio à<br />

Promoção da Propriedade Industrial<br />

A implementação de uma rede de GAPI teve início em<br />

2001 com uma iniciativa do INPI, com vista a promover e<br />

divulgar a importância do uso da Propriedade Industrial (PI).<br />

Esta iniciativa foi desenvolvida em parceria com 22 entidades<br />

(Centros Tecnológicos, Associações Empresariais e Parques<br />

de Ciência e Tecnologia e Universidades) e foi objeto<br />

de apoio, entre 2001 e 2007, no âmbito de projetos de<br />

“Valorização do Sistema de Propriedade Industrial (SPI)”,<br />

cofinanciados pelos programas POE (Programa Operacional<br />

da Economia) e PRIME (Programa de Incentivos à Modernização<br />

da Economia) do III Quadro Comunitário de Apoio.<br />

Os GAPI são unidades operacionais autónomas do INPI,<br />

sedeadas em Universidades e Interfaces Universidade-Empresa<br />

| Centros Tecnológicos que promovem e disseminam<br />

a PI, através da organização de um conjunto de iniciativas<br />

direcionadas para a sensibilização e para a aquisição de<br />

conhecimentos e competências em matéria de direitos de<br />

propriedade industrial.<br />

Os resultados obtidos com a criação desta rede foram<br />

objeto de reconhecimento, quer a nível nacional quer internacional,<br />

tendo, inclusivamente, a Rede GAPI sido considerada<br />

como um modelo de boas práticas, replicado a nível<br />

internacional.<br />

Atendendo ao impacto das atividades desenvolvidas pela<br />

rede GAPI no nível de utilização da PI em Portugal, o INPI<br />

considerou ser extremamente relevante assegurar a manutenção<br />

e desenvolvimento das atividades desta rede.<br />

Nesse sentido, foi aprovado o projeto GAPI 2ª Geração<br />

com financiamento de fundos próprios do INPI (decorreu<br />

até final de 2009) e o GAPI Tecnologia que decorreu entre<br />

Outubro 2009 e Junho 2012. Com estes projetos pretendeu-se<br />

consolidar a valorização do Sistema de Propriedade<br />

Industrial, reforçando as competências da rede e dotando-a<br />

de novas valências que vão ao encontro das necessidades<br />

identificadas nas anteriores fases do projeto.<br />

A mudança estratégica centra-se na reorientação da<br />

atividade dos GAPI, evoluindo de uma lógica de formato<br />

comum, para uma intervenção em função das suas competências<br />

e áreas de atuação mais prementes, tendo em conta<br />

o seu público-alvo.<br />

Numa lógica de competências específicas, os gabinetes<br />

foram divididos, de acordo com a sua tipologia em GAPI<br />

Conhecimento (Universidades e Interfaces U-E), GAPI Inovação<br />

(COTEC) e GAPI Tecnologia (Centros Tecnológicos)<br />

tendo áreas privilegiadas de intervenção e no caso do GAPI<br />

do CTCV as seguintes:<br />

• Promover uma maior aproximação e sensibilização das<br />

PME em matérias de PI, apostando em novas metodologias<br />

que privilegiem os contatos de proximidade (ex.: Pré-Diagnósticos);<br />

• Implementar atividades de suporte ao “enforcement”;<br />

• Levar a PI a públicos complementares, desenvolvendo<br />

materiais e atividades específicas, por exemplo para escolas:<br />

• Desenvolver competências em “soft IP” (acordos de<br />

confidencialidade, acordos de transferência de materiais,<br />

segredo de negócio).<br />

O GAPI do CTCV<br />

O CTCV está envolvido desde o início em 2001 numa estratégia<br />

de promoção da PI através do seu GAPI, associado<br />

ao INPI e à criação de uma rede de GAPI’s, integrados no<br />

meio industrial, empresarial e académico.<br />

O GAPI do CTCV está inserido no Projeto GAPI Tecnologia<br />

que tem como objetivo Valorizar e Promover o Sistema de<br />

PI e a Inovação, com a prestação de informações e dinamização<br />

de acções de promoção da PI, visando o reforço<br />

da competitividade das empresas portuguesas, nomeadamente<br />

através do fortalecimento da capacidade de criação,<br />

proteção e transferência de tecnologia. Tem desenvolvido<br />

um trabalho importante ao nível da difusão da informação<br />

e esclarecimento, edição de material promocional, organi-<br />

44 | Keramica | CTCV


A posse do saber sob a forma de propriedade intelectual e industrial é<br />

um dos mais importantes ativos das pessoas e organizações<br />

zação de Seminários e workshops, e ações de sensibilização<br />

e de formação com as empresas.<br />

No gapi@ctcv, as pessoas, as empresas e demais entidades<br />

intervenientes nesta importante fileira industrial nacional,<br />

têm ao seu dispor um apoio especializado na área da PI, o<br />

acesso a base de dados nacionais e internacionais de pedidos<br />

e registos de patentes, marcas e outros dados para as empresas<br />

que pretendam investir na proteção da sua inovação.<br />

A Propriedade Industrial – Introdução<br />

Hoje, mais do que nunca, importa o preço, a qualidade, os<br />

prazos, a flexibilidade, mas, fundamentalmente, a diferença.<br />

Esta é conseguida através do desenvolvimento dos produtos,<br />

do apurar dos processos, enfim da inovação, numa atitude<br />

pró-ativa para se ser diferente e melhor.<br />

A diferenciação deixou tanto de ser a qualidade – todos<br />

procuram produzir com qualidade, ou a preocupação ambiental<br />

– uma constante em todas as empresas, para passar<br />

a ser a inovação de produtos e processos, a força da marca<br />

e a força da imagem.<br />

É neste contexto que nos países mais desenvolvidos a PI<br />

é um conceito importante para as empresas que lutam pelo<br />

futuro. Em Portugal tem de tornar-se rapidamente uma realidade<br />

presente e um factor de sucesso das empresas. Será<br />

algo que irá constituir um ativo da empresa moderna, um<br />

reforço importante para a sua competitividade e como tal<br />

deverá ser valorizado.<br />

Propriedade Industrial: O que é?<br />

A Propriedade Industrial, conjuntamente com os Direitos<br />

de Autor, constitui o que se designa como Propriedade<br />

Intelectual. Enquanto a PI tem por objeto a proteção<br />

das invenções, das criações estéticas (design) e dos sinais<br />

usados para distinguir produtos e empresas no mercado, os<br />

DA visam a proteção das obras literárias e artísticas (incluindo<br />

as criações originais da literatura e das artes).<br />

As várias Modalidades de Propriedade Industrial são:<br />

• Proteção de Invenções – as Patentes e Modelos de<br />

Utilidade são o resultado da atividade inventiva em todos<br />

os domínios tecnológicos;<br />

• Proteção do design – os Modelos e Desenhos protegem<br />

a aparência ou o design dos produtos, bi ou tridimensionais,<br />

ou seja, a configuração estética resultante da<br />

atividade criativa;<br />

• Proteção de Sinais Distintivos do Comércio – As Marcas<br />

e outros sinais distintivos, os Logótipos, as Denominações<br />

de Origem e as Indicações Geográficas, protegem<br />

os elementos gráficos, como uma figura ou uma palavra,<br />

que servem para identificar no mercado produtos ou serviços,<br />

estabelecimentos ou entidades.<br />

Todos estes aspetos representam esforço, saber, criatividade,<br />

valor e deverão ser património das empresas que os<br />

desenvolvem e neles investiram. Mas como é sabido, o património<br />

carece de registo: só o registo garante a proteção.<br />

Na sociedade do conhecimento, a posse do saber sob a<br />

forma de propriedade intelectual e industrial é um dos mais<br />

importantes ativos das pessoas e organizações, sendo uma<br />

alavanca da inovação, condição essencial para o desenvolvimento.<br />

Propriedade Industrial, um valor para o futuro das empresas<br />

de hoje!<br />

Keramica | CTCV | 45


TEandM<br />

TEandM um spin-off do CTCV<br />

António Alcântara Gonçalves<br />

Criada em 2000 a TEandM resultou da conjugação dos<br />

esforços e interesses entre o CTCV e a DURIT – Metalurgia<br />

Portuguesa do Tungsténio, Lda. (empresa associada do<br />

CTCV) em se associarem na criação de uma empresa orientada<br />

para um mercado de aplicações técnicas de materiais<br />

de elevada especificação para diversas áreas de atividade<br />

industrial.<br />

Através de processos de desenvolvimento orientados<br />

para as empresas, as tecnologias de produção e as aplicações<br />

industriais desenvolvidas pelo CTCV desde 1988 na<br />

sua Unidade de Revestimentos Técnicos, foram ganhando<br />

o seu espaço junto da indústria, levando à decisão de externalizar<br />

num processo de transferência (spin-off) para uma<br />

nova empresa, o conhecimento, a tecnologia e os mercados<br />

adquiridos ao longo de 12 anos.<br />

Numa primeira fase, além do CTCV e da DURIT, participou<br />

também no capital acionista da TEandM a sociedade de<br />

capital de risco PME Investimentos, SA, representando uma<br />

mais-valia nos primeiros anos de atividade.<br />

Os princípios de base da parceria industrial estabelecida<br />

entre o CTCV e a DURIT assentaram na complementaridade<br />

das aplicações industriais dos produtos desenvolvidos<br />

pelo CTCV, na área dos tratamentos de superfície em<br />

componentes industriais, recorrendo a materiais cerâmicos,<br />

compósitos cerâmicos, metais e superligas metálicas<br />

e nas aplicações típicas do Metal Duro da DURIT. As duas<br />

entidades movimentavam-se em mercados de aplicações<br />

de elevada especificação e valor acrescentado. Nesta parceria,<br />

a estrutura comercial da DURIT permitiria o acesso<br />

46 | Keramica | CTCV


Para além do mercado nacional, as soluções técnicas e produtos da TEandM<br />

estão também presentes no mercado europeu e sul-americano<br />

facilitado das soluções técnicas do CTCV aos mercados<br />

externos.<br />

Para além do mercado nacional, as soluções técnicas e<br />

produtos da TEandM estão também presentes no mercado<br />

europeu e sul-americano, com especial incidência em Espanha,<br />

Alemanha, França e Brasil.<br />

A tipologia de clientes é transversal, mas tem especial<br />

expressão em setores industriais da produção de energia,<br />

química e petroquímica, papel e pasta de papel, produtos<br />

alimentares e farmacêuticos, vidro, moldes, ferramentas de<br />

corte, metalomecânica, automóvel e aeronáutico.<br />

Na base das aplicações dos materiais e soluções estão<br />

as tecnologias de Thermal Spraying e deposição em fase<br />

vapor, nomeadamente, Plasma Spraying, HVOF, LVOF, Arc<br />

Spraying, PVD e PACVD.<br />

A Inovação permanente nas soluções disponibilizadas<br />

aos clientes é factor chave na estratégia da empresa e<br />

na diferenciação dos seus produtos no mercado. Revestimentos<br />

baseados em estruturas nanométricas, desenvolvidas<br />

internamente, são uma das linhas de IDT. Alguns<br />

dos processos de desenvolvimento decorrem em parcerias<br />

nacionais e internacionais com outras empresas e<br />

entidades do sistema científico e tecnológico. A TEandM<br />

é membro da COTEC, tem o Sistema de Gestão da Inovação<br />

certificado pela norma NP EN 4457 e aposta no<br />

permanente reforço das competências e na qualificação<br />

dos seus colaboradores, como fator chave do bem-estar<br />

coletivo e de potenciação da diferenciação junto dos seus<br />

clientes e parceiros.<br />

Para além da estratégia de expansão da sua atividade nos<br />

mercados externos, os esforços estão também direcionados<br />

para o sector aeronáutico. O Sistema de Gestão<br />

da Qualidade é certificado pela EN 9100 AS (Aerospace<br />

Series). A TEandM detém ainda qualificações específicas<br />

como fornecedor de empresas aeronáuticas nacionais e<br />

internacionais.<br />

A nanotecnologia e processos de conformação de<br />

materiais com tecnologias near net shape para materiais<br />

e aplicações de alto valor acrescentado, são exemplos<br />

da atenção dispensada nos processos de desenvolvimento,<br />

nomeadamente para aplicações médicas e<br />

aeronáuticas.<br />

Keramica | CTCV | 47


ONS<br />

Organismo de<br />

Normalização Sectorial<br />

Com a entrada em funções do 1º Conselho de Administração<br />

do CTCV (Julho de 1987), em que o Instituto Português<br />

da Qualidade (IPQ) era representado pelo Eng.Carlos<br />

Borges Tavares, tornou-se desde logo consensual a necessidade<br />

da orientação das atividades do Centro segundo práticas<br />

de Qualidade reconhecidas. O IPQ surgia como herdeiro<br />

da Direção Geral da Qualidade e, sob a direção do Eng. Machado<br />

Jorge, desenvolvia as grandes linhas do Plano Nacional<br />

da Qualidade em que uma das vertentes principais era<br />

a Normalização. A operacionalização do Plano foi apoiada<br />

pelo Conselho Nacional da Qualidade (CNQ), onde o CTCV<br />

esteve representado desde a 1ª hora.<br />

Foi o tempo da aprovação da Diretiva dos Produtos de<br />

Construção (CPD – 89/106/CEE) e dos seus Requisitos Essenciais<br />

– hoje substituída pelo Regulamento dos Produtos<br />

de Construção 305/2011 e seus Requisitos Básicos – ditada<br />

pelo objetivo da criação do Espaço Económico Europeu<br />

(EEE), o qual determinou o arranque de um programa de<br />

Normalização Europeia de grande dimensão, para elaboração<br />

de normas harmonizadas que sustentassem a marcação<br />

CE dos Produtos de Construção: com base na emissão de<br />

mandatos de normalização pela Comissão Europeia (CE) e<br />

pela Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA) foram<br />

sendo elaboradas normas de produto e de ensaio para sustentar<br />

a marcação CE dos produtos de construção a colocar<br />

no EEE.<br />

O Comité Europeu de Normalização (CEN) passou a desenvolver<br />

uma atividade normativa de grande intensidade<br />

da qual, apenas referida à CPD, resultou entre 1991 e 2005<br />

(ano da conclusão da maioria das normas mandatadas) uma<br />

produção de mais de 650 normas EN de produto (especificação)<br />

de 1200 métodos de ensaio normalizados, para verificação<br />

da conformidade com as especificações.<br />

António Baio Dias<br />

Na qualidade de Organismo de Normalização Nacional<br />

(ONN) o IPQ tem a responsabilidade da elaboração de versões<br />

portuguesas (NP) das Normas Europeias (EN). Perante<br />

a magnitude desta tarefa decidiu estruturar uma rede de<br />

Organismos de Normalização Sectorial (ONS), cuja missão<br />

é normalizada pela NP EN 45020:1995 – Termos gerais e<br />

suas definições, respeitantes à Normalização e atividades<br />

correlacionadas.<br />

Nesse sentido, propôs ao CTCV um Protocolo de Normalização<br />

que, ainda com carácter provisório, começou a<br />

vigorar em Março 1989, atuando o CTCV como Organismo<br />

de Normalização Sectorial (ONS) para a Cerâmica e para o<br />

Vidro.<br />

Em 1991 o ONS/CTCV adquiriu o seu estatuto com a assinatura<br />

do Protocolo (baseado na Diretiva CNQ 4/93) pelos<br />

Presidentes do IPQ e do CA/CTCV, como reconhecimento<br />

da capacidade do Centro Tecnológico para, entre outras<br />

competências, intervir e apoiar o IPQ em:<br />

• Gestão e dinamização da atividade normativa nos sectores<br />

da Cerâmica e do Vidro;<br />

• Participação em trabalhos de Normalização Europeia<br />

(EN) e Internacional (ISO);<br />

• Apoio a Comissões Técnicas nacionais e à elaboração<br />

de versões Portuguesas de normas EN e ISO;<br />

• Apoio ao IPQ em votações de projetos de normas.<br />

Dada a sua importância estratégica, o ONS/CTCV participou<br />

desde então em atividades desenvolvidas em áreas de<br />

intervenção relevantes:<br />

• Formação e informação à indústria;<br />

• Campanhas de ensaios pró-normativos;<br />

• Validação de novos métodos de ensaio nos laboratórios<br />

do CTCV;<br />

• Qualificação de produtos com normas harmonizadas;<br />

48 | Keramica | CTCV


Passados mais de 20 anos, o ONS/CTCV prossegue o objetivo do<br />

acompanhamento dos trabalhos da Normalização Europeia e Nacional<br />

• Normalização de terminologias técnicas;<br />

• Colaboração/participação em projetos comunitários e/<br />

/ou nacionais, em que a componente “Normalização” é relevante.<br />

Ainda na sequência do desenvolvimento do Protocolo, o<br />

ONS/CTCV participou na criação da Associação Portuguesa<br />

dos Organismos de Normalização Sectorial (APONS), em<br />

que foram desenvolvidos trabalhos relevantes de harmonização<br />

e colaboração nas atividades da Normalização desenvolvidas<br />

por todos os ONS (cerca de 44 ONS). No período de<br />

1994 a 1997, o ONS/CTCV presidiu à Direção da APONS.<br />

Passados mais de 20 anos, o ONS/CTCV prossegue o<br />

objetivo do acompanhamento dos trabalhos da Normalização<br />

Europeia e Nacional, do setor da cerâmica e do vidro<br />

e setores horizontais, tais como as alvenarias, coberturas e<br />

chaminés. Com ligação clara ao Cluster Habitat Sustentável,<br />

pretende-se igualmente prosseguir o acompanhamento da<br />

normalização europeia que está a ser desenvolvida no âmbito<br />

da Sustentabilidade da Construção e que conterá as<br />

especificações básicas para as Declarações Ambientais de<br />

Produto (EPD) que servirão de base na avaliação da sustentabilidade<br />

dos edifícios.<br />

Os Comités Técnicos do CEN que o ONS acompanha são:<br />

• CEN\TC 67 – Ladrilhos cerâmicos;<br />

• CEN\TC 125 – Alvenarias;<br />

• CEN\TC 128 – Coberturas;<br />

• CEN\TC 129 – Vidro de construção;<br />

• CEN\TC 163 – Sanitários;<br />

• CEN\TC 166 – Chaminés;<br />

• CEN\TC 339 – Escorregamento;<br />

• CEN\TC 350 – Sustentabilidade na Construção.<br />

No presente, a atividade do ONS consiste em:<br />

• Participar em reuniões internacionais de normalização<br />

CEN e ISO;<br />

• Traduzir normas EN adotadas como NP;<br />

• Divulgar normas junto dos potenciais interessados e futuros<br />

utilizadores;<br />

• Editar coletâneas de normas em suporte digital, em colaboração<br />

com o IPQ;<br />

• Dinamizar Comités Técnicos Nacionais de Normalização;<br />

• Desenvolver ações de gestão de Produto e de benchmarking.<br />

O ONS/CTCV apoia e participa nos trabalhos de normalização<br />

europeia que são objeto da atividade em Comissões<br />

Técnicas de Normalização nacionais, nomeadamente:<br />

• CT 171 – Sustentabilidade nos edifícios;<br />

• CT 139 – Aparelhos sanitários;<br />

• CT 176 – Alvenarias.<br />

Além disso, mantém o interesse na criação de novas Comissões<br />

Técnicas nas áreas dos Revestimentos Cerâmicos<br />

e das Coberturas de Edifícios, prosseguindo atividades de<br />

procura dos parceiros que as venham a integrar em representação<br />

das partes interessadas.<br />

Keramica | CTCV | 49


GPI<br />

Gestão e Promoção da Inovação<br />

Victor Francisco<br />

Enquanto infraestrutura tecnológica que integra o Sistema<br />

Científico e Tecnológico Nacional (SCTN), o CTCV desenvolveu,<br />

ao longo destes 25 anos, uma vocação intrínseca<br />

para a realização de atividades de elevado conteúdo técnico<br />

e de desenvolvimento tecnológico aplicado, com caráter<br />

inovador, que se traduziram, desde cedo, numa participação<br />

ativa em projetos de Investigação, Desenvolvimento e<br />

inovação (I+D+i).<br />

Este envolvimento continuado em atividades de I&DT<br />

e inovação, contratadas por empresas ou financiadas por<br />

diversos programas, europeus, inter-regionais, nacionais e<br />

regionais, passando pelos primeiros programas quadro de<br />

investigação e desenvolvimento da Comunidade Europeia<br />

até ao atual QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional,<br />

visou, sobretudo, promover uma maior participação<br />

e envolvimento do tecido empresarial em atividades de elevado<br />

conteúdo tecnológico.<br />

A criação de uma Unidade para a Gestão e Promoção<br />

da Inovação teve por base uma atividade sistemática de vigilância<br />

e prospetiva tecnológica, desenvolvida pelo CTCV<br />

desde a sua fundação. Pretendeu-se assim dar maior consistência<br />

à componente de inovação e desenvolvimento, de<br />

crescente importância no atual contexto, permitindo promover<br />

e mobilizar para o efeito e de forma transversal a<br />

participação das diversas áreas de competência do CTCV no<br />

desenvolvimento destas atividades.<br />

O enfoque em atividades de I&D colaborativo, através da<br />

formação de consórcios para o desenvolvimento de projetos,<br />

tem permitido promover a ligação do CTCV a toda a<br />

rede de infraestruturas do SCTN, bem como ao ecossistema<br />

regional de inovação.<br />

Atualmente, esta unidade centra a sua atividade em<br />

torno da dinamização, preparação e gestão de projetos<br />

de Investigação, Desenvolvimento e inovação (I+D+i), associadas<br />

à componente de planeamento e execução, em<br />

diversos programas de financiamento nacionais e europeus,<br />

apoiando atividades de inovação e desenvolvimento<br />

do CTCV e das empresas. Todo este trabalho continua a<br />

assentar numa vigilância tecnológica ativa em áreas relevantes<br />

para o Habitat. Este envolvimento inclui atividades<br />

que vão desde a avaliação prévia de requisitos e enquadramento<br />

dos projetos, à gestão de ideias e brainstorming,<br />

passando pela preparação de conteúdo técnico e financeiro<br />

e apresentação de candidatura a sistemas de incentivos.<br />

Posteriormente, segue-se o acompanhamento do processo<br />

de avaliação e contratualização e o suporte à gestão<br />

dos projetos, incluindo dos mecanismos de propriedade<br />

intelectual e industrial.<br />

Entre os programas de apoio visados, encontram-se os<br />

diversos programas do QREN, nomeadamente sistemas<br />

de incentivos às empresas, apoio a ações coletivas (SIAC),<br />

medidas do Programa Mais Centro, do POPH, Programas<br />

europeus – LIFE+ e 7º Programa-quadro, programas de<br />

50 | Keramica | CTCV


A GPI centra a sua atividade em torno da dinamização, preparação e gestão<br />

de projetos de I+D+i<br />

cooperação inter-regional (POCTEP e INTERREG-SUDOE),<br />

entre diversos outros.<br />

Dos projetos de maior relevo nos últimos anos, destacam-se<br />

a dinamização do Cluster Habitat Sustentável<br />

(2008), uma das Estratégias de Eficiência Coletiva aprovada<br />

pelo Programa COMPETE e atualmente em curso, a<br />

promoção de um projeto âncora deste Cluster, o Centro de<br />

Conhecimento em Materiais para a Construção Sustentável<br />

(2009), um dos projetos de maior relevo do CTCV; o Projeto<br />

Solar Tiles, um projeto de I&D, que visou o desenvolvimento<br />

de sistemas solares fotovoltaicos em coberturas e<br />

revestimentos cerâmicos, envolvendo diversas entidades do<br />

SCTN e empresas da Região (2008-2012). Este projeto foi<br />

considerado pelo Jornal Público, em Janeiro deste ano, um<br />

dos dez exemplos de projetos que mostram a “qualidade da<br />

ciência nacional em 2011”.<br />

No domínio da Formação-ação, destaque para o projeto<br />

QI-PME Centro (POPH), atualmente na 3ª edição, o qual<br />

envolveu até ao momento a intervenção em cerca de 75<br />

empresas (PMEs).<br />

Projetos de menor dimensão, mas igualmente relevantes,<br />

têm sido os projetos simplificados de Inovação/I&DT – ou<br />

Vales Inovação/IDT, uma das ferramentas importantes na<br />

atividade do CTCV, dirigida ao reforço da competitividade<br />

das PME. O CTCV tem vindo a ser qualificado em diversos<br />

domínios de atividade para a prestação de serviços enquadrados<br />

nestes Vales, que se traduz no desenvolvimento de<br />

cerca de 90 projetos dirigidos a PMEs desde 2008.<br />

O contributo do CTCV para a afirmação do Cluster Habitat<br />

Sustentável, uma dinâmica concertada dirigida às empresas<br />

da fileira do Habitat, assente na inovação, no desenvolvimento<br />

tecnológico e na qualificação, implicará, num<br />

futuro próximo, uma maior procura de envolvimento em<br />

programas europeus como o 7º Programa-quadro de apoio<br />

à investigação e inovação no espaço europeu, bem como no<br />

futuro programa-quadro de I&DT (HORIZON 2020), tendo<br />

em conta que a afirmação deste Cluster implica necessariamente<br />

a sua progressão sustentada<br />

para estádios mais amadurecidos<br />

de desenvolvimento,<br />

através da sua estruturação e<br />

afirmação internacional. Incentivar<br />

de forma sistemática e ativa<br />

a participação de empresas e<br />

entidades do SCTN em projetos<br />

europeus permitiria alavancar a<br />

participação em atividades de<br />

I&DT destas fileiras, reforçando<br />

os fatores de competitividade,<br />

inovação e internacionalização<br />

do Cluster Habitat Sustentável<br />

e, simultaneamente, acrescentando<br />

valor, reforçando o setor<br />

e contribuindo decisivamente<br />

para a sua dinâmica coletiva.<br />

Num contexto adverso em que se ensaiam soluções para<br />

o aumento da competitividade das empresas, com estas a<br />

assumirem o maior contributo para o aumento da I&DT a<br />

nível nacional, a promoção de processos de Inovação e de<br />

I&DT, configurados em projetos individuais ou em consórcios,<br />

constitui um desafio permanente, sobretudo pela tão<br />

necessária rentabilização económica dos investimentos nesta<br />

matéria. É tendo como objetivo a colocação da Inovação<br />

ao serviço das empresas que a aposta do CTCV nesta área<br />

permanecerá um compromisso para o futuro, tal como tem<br />

sido neste percurso de 25 anos.<br />

Keramica | CTCV | 51


52 | Keramica | CTCV


Keramica | CTCV | 53


NMA<br />

NOVOS MATERIAIS E<br />

APLICAÇÕES<br />

Hélio Jorge<br />

Luc Hennetier<br />

Génese<br />

Na sequência da estratégia de desenvolvimento de novas<br />

tecnologias de processamento de pulveromateriais, que<br />

pautou desde sempre a missão do CTCV, em 1998 foi criada<br />

uma unidade com competências nas tecnologias avançadas<br />

de conformação de materiais cerâmicos, à data denominada<br />

“Unidade de Conformação Avançada”. Nesse ano, deu-<br />

-se início à instalação de uma unidade-piloto de produção<br />

por moldação por injeção de pós (PIM), uma tecnologia de<br />

conformação near-net shape usada em materiais cerâmicos<br />

ou em metálicos. Nessa década de 90, registava-se,a nível<br />

mundial, um “fervilhar” de primeiras unidades industriais<br />

usando esta tecnologia inovadora, baseadas em conhecimento<br />

existente em diversas entidades tecnológicas, uma<br />

vez que uma linha de produção típica assenta num conhecimento<br />

multidisciplinar e bastante específico. O CTCV apostou,<br />

desta forma, no desenvolvimento desta tecnologia em<br />

Portugal, tendo sempre como base a investigação e o desenvolvimento<br />

tecnológico (I&DT) próprio ou em colaboração<br />

com parceiros nacionais, com o objetivo de gerar valor<br />

nesta área de inovação.<br />

Experiência antecedente<br />

No período de arranque na unidade de conformação<br />

avançada, realizava-se um spin-off de uma tecnologia avançada<br />

de revestimentos técnicos, cujo desenvolvimento tecnológico<br />

e de novas aplicações adaptadas à realidade nacional<br />

tinha sido promovida na Unidade de Revestimento<br />

Técnicos, que partilhava meios físicos e humanos com a unidade<br />

de conformação. O resultado foi a fundação em 2000<br />

de empresa industrial – TEandM Tecnologia e Engenharia de<br />

Materiais SA – dedicada à aplicação de revestimento avançados,<br />

produzidos por projeção térmica e por deposição em<br />

fase-vapor (PVD). Atualmente, certificada de acordo com as<br />

normas ISO 9001:2000, ISO 9100 (Aerospace Series) e NP<br />

4457 (Gestão de IDI), a empresa é conhecida pelo desenvolvimento<br />

de soluções inovadoras em revestimentos para<br />

a melhoria do desempenho dos materiais em diversos tipos<br />

de solicitações.<br />

A experiência na gestão dos processos de I&DT de carácter<br />

fortemente objetivo, prático e para aplicação no mercado<br />

implementados pela unidade de revestimentos, que<br />

culminaram num processo bem-sucedido de transferência<br />

de tecnologia, foram, em grande medida, os alicerces para<br />

a criação da unidade de conformação avançada.<br />

Breve cronologia<br />

Numa primeira fase, foram desenvolvidos projetos de demonstração<br />

da tecnologia PIM nas áreas de aplicação mais<br />

promissora, nomeadamente para a produção de componentes<br />

para o automóvel, e produtos injetados em cerâmica<br />

54 | Keramica | CTCV


A NMA tornou-se num parceiro de referência para idealizar, preparar<br />

e executar projectos de I&DT para o tecido industrial português<br />

técnica para aplicações de desgaste. Na primeira década do<br />

milénio foram implementados projetos que visavam não só<br />

a demonstração tecnológica junto das empresas, mas também<br />

o desenvolvimento de novos materiais e otimização<br />

do processo, visando a inovação no processo e ganho de<br />

conhecimento diferenciado e competitivo. Foram fortalecidas<br />

parcerias com institutos, universidades e empresas,<br />

que proporcionaram a geração de know-how dentro de<br />

um conjunto de organizações portuguesas com interesse<br />

na tecnologia PIM.<br />

O ano 2003 apresenta-se como um marco na vida da<br />

unidade, quando adquire a designação atual – Unidade de<br />

Novos Materiais e Aplicações (UNMA) – com a aquisição<br />

de novas competências ao nível da conceção e desenvolvimento<br />

de produto com apoio em ferramentas informáticas,<br />

pretendendo-se maximizar cariz application-driven nos<br />

projetos. Mais do que o desenvolvimento da tecnologia,<br />

pretendia-se oferecer um “pacote” tecnologia-produto às<br />

empresas, para responder à cada vez maior competitividade<br />

económica que se sentia. Nos projetos de I&DT podem-se<br />

destacar o desenvolvimento de novos materiais cerâmicos,<br />

como são exemplos as porcelanas de fosfato ou as porcelanas<br />

utilitárias reforçadas, novos ligantes poliméricos para<br />

PIM e a micromoldação de pós (micro-PIM).<br />

Em linha com a estratégia geral do CTCV, ao longo do<br />

tempo, as competências da UNMA alargam-se para novas<br />

áreas tecnológicas, adaptando-se a um número crescente de<br />

solicitações das empresas. Destas novas áreas, destaque-se a<br />

produção de nanomateriais por fragmentação, a utilização de<br />

materiais à escala micro e nanométrica, em aplicações para<br />

a melhoria da eficiência energética dos processos produtivos,<br />

novos materiais com desempenho melhorado ou materiais<br />

multifuncionais, recorrendo à nano-engenharia de superfícies.<br />

Projetos inovadores<br />

No portfolio da UNMA encontra-se uma fração mais significativa<br />

o desenvolvimento de projetos de I&DT em parceria<br />

com empresas e outras infraestruturas tecnológicas, em<br />

que o modelo de financiamento é apoiado por um incentivo<br />

público. Por outro lado, faz parte da oferta da unidade a<br />

prestação de serviços de I&DT contratada, em que o cliente<br />

possui todos os direitos de propriedade dos resultados do<br />

projeto.<br />

Numa breve seleção dos projetos de I&DT estão o desenvolvimento<br />

de produtos cerâmicos com capacidade de<br />

produzir energia (SolarTiles) ou com propriedades de autolimpeza<br />

e de purificação do ar (SelfClean), o uso de novas<br />

tecnologias produtivas energeticamente mais eficientes,<br />

como por exemplo a utilização de radiação micro-ondas na<br />

cozedura (Greenwave). Dentro da área dos materiais avançados,<br />

há a destacar o desenvolvimento da tecnologia PIM<br />

para a produção de componentes anti-desgaste em metal<br />

duro (HardPIM) e de componentes em ligas de titânio (MIM-<br />

Ti) com potencial aplicação na medicina e na aeronáutica.<br />

A unidade de hoje<br />

Para responder à necessidade crescente das empresas em<br />

inovar e desenvolver novos produtos, a UNMA trabalha no<br />

sentido de apoiar as empresas na área da inovação em processos<br />

e produtos. Aproveitando, entre outros, as linhas de<br />

financiamentos do QREN para a I&DT, a UNMA tornou-se<br />

num parceiro de referência para idealizar, preparar e executar<br />

projetos de I&DT para o tecido industrial português, e,<br />

sempre que necessário, em colaboração com entidades do<br />

Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN) na área de<br />

Ciência e Engenharia de Materiais.<br />

(micro-site UNMA: www.ctcv.pt/nma.html)<br />

Keramica | CTCV | 55


DEP<br />

Desenvolvimento e<br />

Engenharia de Produto<br />

Luís Rodrigues<br />

A unidade de Engenharia e Desenvolvimento de Produto<br />

(DEP) foi criada no CTCV com o objetivo de colaborar e<br />

apoiar as empresas no desenvolvimento de novos produtos,<br />

tendo em conta o design bem como os estudos estruturais<br />

inerentes em conformidade com os processos de produção.<br />

Tendo em conta o know-how do CTCV nas mais variadas<br />

áreas de materiais e processos, apoiamos assim as empresas<br />

no seu desenvolvimento pela via da inovação, com a transferência<br />

de conhecimento que permite construir um futuro<br />

mais sólido.<br />

Desde a sua génese, a DEP tem apostado no investimento<br />

em equipamentos e ferramentas informáticas de vanguarda,<br />

que permitam que os serviços prestados reflitam inequivocamente<br />

o desígnio da unidade. Assim, a DEP dispõem<br />

de ferramentas e equipamentos que permitem o desenvolvimento<br />

do produto, centrando-se nas seguintes principais<br />

atividades:<br />

• Conceção e design de produto;<br />

• Modelação virtual 3D;<br />

• Engenharia inversa;<br />

• Digitalização 3D;<br />

• Simulação numérica de desempenho em elementos finitos<br />

(MEF);<br />

• Prototipagem rápida;<br />

• Apresentação e fotorrealismo.<br />

A Conceção e Design passam essencialmente por uma<br />

fase de estudo não só do design dos modelos e suas propriedades,<br />

bem como a atenção aos processos posteriores<br />

de produção industrial.<br />

Relativamente à Modelação Virtual (3D) a DEP dispõe<br />

de várias aplicações 3D para a criação e desenvolvimento<br />

dos seus modelos. Tendo em conta a geometria e complexidade<br />

dos produtos a criar, podem-se utilizar modeladores<br />

tanto de sólidos paramétricos, como modeladores de superfícies.<br />

O CTCV oferece ainda o serviço de Engenharia Inversa,<br />

o qual é apoiado por sistemas de Digitalização 3D de<br />

tecnologia recente. Assim e quando há a necessidade de<br />

modificar um produto existente no seu design, ou simplesmente<br />

reproduzir um produto único existente, a Engenharia<br />

Inversa é o processo a seguir. Pode-se aplicar ainda esta<br />

técnica a peças danificadas que se pretendam recuperar ou<br />

reproduzir. Os equipamentos disponíveis têm ainda a capacidade<br />

de verificação e inspecção de dimensões de peças e<br />

ferramentas tais como moldes.<br />

No desenvolvimento de produto o CTCV está equipado<br />

com aplicações MEF (Método dos Elementos Finitos),<br />

que permitem a determinação do estado de tensão e de<br />

deformação de um sólido sujeito a acções exteriores, designado<br />

também por análise estrutural. Estas análises permitem<br />

detetar eventuais futuros constrangimentos, diminuin-<br />

56 | Keramica | CTCV


Com a Prototipagem Rápida o desenvolvimento de produto torna-se não só<br />

mais rápido, como mais económico<br />

do assim problemas de comportamento pós produção do<br />

produto.<br />

O CTCV está ainda equipado com máquinas de Prototipagem<br />

Rápida, com tecnologia 3D Print da Z-Corp, que<br />

permitem a criação de modelos reais de uma forma muito<br />

mais eficaz e assim o design dos produtos. É uma excelente<br />

ferramenta para o desenvolvimento de novos produtos.<br />

Com esta tecnologia o desenvolvimento de produto tornase<br />

não só mais rápido, como mais económico. Os modelos<br />

resultantes podem ainda ser monocromáticos ou policromáticos,<br />

dependendo de qual a sua finalização. O CTCV<br />

trabalha nas mais variadas áreas, tal como: Produtos de<br />

bens de consumo e utilitários, maquetes de arquitetura e<br />

GIS, embalagem e desenvolvimento de ferramentas como<br />

criação de moldes.<br />

Por último, a Apresentação e Fotorrealismo é mais<br />

um dos produtos da DEP, que consiste na apresentação do<br />

modelo em 2D como imagem realista, tendo os respectivos<br />

materiais e acabamentos futuros pós produção. Normalmente<br />

esta técnica é usada para apresentação e divulgação<br />

do produto.<br />

As valências da DEP não se esgotam nas técnicas e serviços<br />

acima referidos, já que a unidade coloca o seu know-<br />

-how e as suas ferramentas à disposição de outras unidades<br />

do CTCV, potenciando assim os resultados de diversos projetos<br />

de I&DT através da sua colaboração. Muitas vezes em<br />

parceria com empresas e outras infra-estruturas tecnológicas,<br />

em que o modelo de financiamento é apoiado por um<br />

incentivo público, a DEP participa nestes desafios sempre<br />

que as competências da<br />

unidade são requeridas<br />

para o desenvolvimento<br />

dos mesmos.<br />

Dentro da área dos materiais<br />

avançados, e em<br />

especial no desenvolvimento<br />

da tecnologia PIM,<br />

a intervenção centra-se<br />

nas fases de conceção de<br />

ferramentas (moldes) e<br />

componentes, recorrendo<br />

às ferramentas de modelação<br />

3D (HARDPIM). O recurso<br />

às valências da DEP<br />

materializa-se igualmente<br />

nos projetos de I&DT nas<br />

fases de idealização e fabrico<br />

de protótipos funcionais<br />

e modelos reais<br />

(projetos SOLARTILES e<br />

SENSETILES).<br />

No contexto atual, em<br />

que a competitividade e o futuro das empresas dependem<br />

em larga escala da sua capacidade de inovação, mas em<br />

que os meios disponíveis para investir na I&D escasseiam, o<br />

recurso a valências externas é uma solução vantajosa. A DEP<br />

oferece serviços de apoio à conceção e desenvolvimento de<br />

produtos à medida das necessidades da indústria.<br />

Keramica | CTCV | 57


LAM<br />

LABORATÓRIO DE<br />

ANÁLISE DE MATERIAIS<br />

Alice Oliveira<br />

Nota cronológica<br />

Em 1987/88 o CTCV arranca com 4 laboratórios, estando<br />

3 deles na génese do actual Laboratório de Análise de<br />

Materiais (LAM):<br />

• Laboratório de Análise Química (LAQ);<br />

• Laboratório de Ensaios Físicos e Aptidão Tecnológica (LE-<br />

FAT);<br />

• Laboratório de Análise de Estrutura e Microestrutura<br />

(LAEM).<br />

O LAQ estava vocacionado para a caracterização qualitativa<br />

e quantitativa de matérias-primas, produtos cerâmicos,<br />

vidros e outros materiais, em especial os de carácter inorgânico.<br />

Dispunha de laboratórios de preparação de amostras,<br />

química clássica e de métodos analíticos de análise instrumental.<br />

O LEFAT realizava ensaios de caracterização física e tecnológica<br />

a matérias-primas, materiais em curso de fabricação<br />

e produtos cerâmicos e vítreos.<br />

O LAEM dedicava-se à realização de ensaios de caracterização<br />

da estrutura cristalina e microestrutural de materiais<br />

cerâmicos e vidros.<br />

Estes laboratórios reuniam meios e ensaios que ainda<br />

hoje perduram no LAM, donde destacamos:<br />

• Determinação da composição química de matérias-primas<br />

(areias, argilas, feldspatos, calcites, caulinos, dolomites,<br />

cromites, gessos, talcos, etc.);<br />

• Determinação dos teores de chumbo e cádmio em produtos<br />

que contactam com alimentos (louça vidrada e decorada,<br />

materiais em vidro);<br />

• Ensaios orientados para a certificação de vidro cristal e<br />

sonoro;<br />

• Análises granulométricas de uma vasta gama de materiais;<br />

• Análise térmica diferencial e termogravimétrica;<br />

• Análises dilatométricas;<br />

• Ensaios de retração, resistência à flexão, absorção de<br />

água após secagem e cozedura de amostras experimentais;<br />

• Identificação de fases cristalinas por difracção de raios-X;<br />

• Caracterização do comportamento térmico dos materiais<br />

por microscopia de aquecimento;<br />

• Avaliação de defeitos (inclusões por desvitrificação, impurezas,<br />

zonas de corrosão, etc.) em metais, vidros e respetivas<br />

interfaces.<br />

Em 1998 surge a primeira reestruturação interna surgindo<br />

o Laboratório de Química dos Materiais (LQM) e o Laboratório<br />

de Física dos Materiais (LFM): O LQM mantinha a<br />

estrutura do LAQ, enquanto que o LFM reunia os meios e<br />

ensaios do LEFAT e do LAEM.<br />

Mais tarde em 2006, fruto de uma nova reestruturação,<br />

há uma fusão do LQM e do LFM num único laboratório,<br />

que adquire a designação atual: Laboratório de Análise de<br />

Materiais.<br />

A unidade de hoje<br />

O LAM é um laboratório de serviços analíticos, direcionado<br />

para o controlo de qualidade de matérias-primas mine-<br />

58 | Keramica | CTCV


O LAM é um laboratório acreditado pelo IPAC, segundo a norma<br />

NP EN ISO/IEC 17025, Anexo Técnico de Acreditação Nº L0022-1<br />

rais, materiais inorgânicos não metálicos e outros materiais<br />

industriais, servindo de suporte às atividades de I+D desenvolvidas<br />

pela generalidade da equipa técnico-científica do<br />

CTCV, empresas e entidades do Sistema Científico e Tecnológico<br />

Nacional.<br />

A diversidade dos ensaios efetuados é um dos principais<br />

fatores diferenciadores do LAM, sendo uma mais-valia determinante<br />

na oferta global do CTCV.<br />

Como garante da competência técnica, para além de um<br />

vasto leque de equipamentos, o laboratório está dotado de<br />

recursos humanos especializados e experientes, composto<br />

por técnicos que garantem a competência, a idoneidade e<br />

isenção dos ensaios que realiza. Uma equipa que está habilitada<br />

para o controlo da qualidade de diversas matrizes, segundo<br />

metodologias de análise descritas em normas nacionais<br />

ou internacionais, ou mesmo através de metodologias<br />

desenvolvidas internamente, devidamente validadas.<br />

No âmbito do Controlo de Qualidade, o LAM tem como<br />

objetivo principal a fiabilidade dos resultados obtidos e desenvolve<br />

ações de Controlo de Qualidade Interno e Externo.<br />

Em relação a estas últimas, podemos salientar o uso regular<br />

de Materiais de Referência Certificados e a participação<br />

continuada em diversos programas de ensaios interlaboratoriais<br />

internacionais.<br />

O LAM é um laboratório acreditado pelo Instituto Português<br />

para a Acreditação, IPAC, segundo a norma NP EN ISO/<br />

/IEC 17025, Anexo Técnico de Acreditação Nº L0022-1.<br />

Dentro do âmbito da acreditação o laboratório tem uma<br />

série de análises a variadas matrizes:<br />

• Agregados e inertes;<br />

• Ar ambiente;<br />

• Betões, cimentos e argamassas;<br />

• Efluentes gasosos;<br />

• Efluentes líquidos;<br />

• Resíduos sólidos;<br />

• Rochas e pedras naturais (e<br />

outros materiais geológicos);<br />

• Vidros e cerâmica.<br />

O Laboratório procura atingir<br />

e manter permanentemente<br />

um elevado nível da Qualidade<br />

em todos os aspetos do seu<br />

trabalho, apostando no desenvolvimento<br />

de novos serviços,<br />

para dar resposta a novas solicitações<br />

do mercado.<br />

Como exemplo, no último<br />

ano implementou os seguintes<br />

ensaios:<br />

• Determinação de partículas<br />

em suspensão na atmosfera:<br />

Fracção PM10, segundo a<br />

norma EN 12341;<br />

• Determinação de partículas<br />

em suspensão na atmosfera:<br />

Fracção PM2,5, segundo a norma EN 14907;<br />

• Determinação de fibras de amianto e minerais artificiais<br />

no ar em filtro membrana, por Microscopia ótica de contraste<br />

de fase.<br />

Estes ensaios foram alvo de auditoria externa e já se encontram<br />

no Âmbito da acreditação do laboratório.<br />

Em 2012 o laboratório viu ainda ser-lhe reconhecida mais<br />

uma nova competência:<br />

A Acreditação Flexível, para a técnica de Espectrofotometria<br />

de Absorção Atómica (EAA), tendo assim a capacidade<br />

de implementar e validar os métodos de ensaio para novos<br />

elementos e novas normas, dentro das matrizes já acreditadas.<br />

Ao longo destes 25 anos o laboratório tem superado muitos<br />

desafios e atualmente, para além do apoio às indústrias<br />

nacionais, tem vindo a incrementar os serviços prestados<br />

para outros mercados, alguns de volume significativo, merecendo<br />

realce os seguintes trabalhos:<br />

• Caracterização de matérias-primas para a indústria do<br />

cimento, no mercado africano;<br />

• Caracterização da composição de vidro, para diversos<br />

centros de reciclagem europeus;<br />

• Participação no desenvolvimento de pastas para telha,<br />

no mercado brasileiro.<br />

Keramica | CTCV | 59


LEP<br />

LABORATÓRIO DE<br />

ENSAIOS DE PRODUTOS<br />

Valente de Almeida<br />

Falar de 25 anos de existência do CTCV é falar, de forma<br />

vincada e indissociável, da história do LEP, quer pelo crescimento<br />

sustentado quer pela dinâmica e evolução de ambos.<br />

Foram 25 anos de esforço e dedicação de todos os colaboradores<br />

que trabalharam no LEP e que muito contribuíram<br />

para o que o laboratório representa hoje em dia no CTCV.<br />

O LEP, que curiosamente teve como primeira designação<br />

Laboratório de Ensaios de Materiais (LEM), passou por diversas<br />

mutações desde a sua criação mantendo sempre um<br />

fio condutor na sua actividade, ou seja, o seu desígnio – servir<br />

toda a Indústria Nacional nos sectores em que o CTCV<br />

intervém.<br />

O LEP nasceu pela necessidade crescente a nível nacional<br />

de um laboratório de referência para ensaios de produtos<br />

cerâmicos e de vidro. Numa fase inicial centrou muita da sua<br />

atividade no apoio à certificação, nomeadamente da certificação<br />

de tijolos, telhas e abobadilhas cerâmicas. Esta atividade<br />

foi-se desenvolvendo até ao aparecimento da Diretiva<br />

dos Produtos da Construção (89/106/EEC), que originou<br />

mais uma etapa no crescimento do LEP – Marcação CE dos<br />

Produtos da Construção. Hoje em dia, e em consequência<br />

da futura revogação desta Diretiva pelo novo Regulamento<br />

(EU) nº 305/2011 teremos, em termos de adaptação, mais<br />

uma atividade a desenvolver a curto prazo.<br />

Face a esta nova etapa o laboratório foi obrigado a uma<br />

nova reorientação estratégia e de negócio – a fileira da<br />

Construção. É aqui que se dá a viragem do LEP passando a<br />

ser reconhecido como um Laboratório Nacional de referência<br />

na área dos Produtos da Construção, ocupando assim<br />

um espaço que faltava e que a Indústria reclamava.<br />

O LEP abraça outras tipologias de produtos, para além<br />

dos tradicionais cerâmicos e do vidro, como sejam os produtos<br />

à base de cimento (principalmente produtos pré-fabricados<br />

– blocos, abobadilhas, pavés, lancis, lajetas e vigotas<br />

pré-esforçadas – e argamassas de construção – adesivos,<br />

argamassas de assentamento e de reboco, betonilhas),<br />

agregados (naturais e reciclados), produtos de pedra (guias,<br />

cubos, lajes, pavimentos e revestimentos).<br />

Outra área de relevo na atividade do LEP é a homologação<br />

de vidro automóvel, nomeadamente no âmbito da<br />

marca DOT (homologação americana AMECA) em que o<br />

LEP é o único laboratório reconhecido na Península Ibérica,<br />

sendo esta a sua atividade exportadora, nomeadamente<br />

para Espanha e Brasil.<br />

Para além da atividade de ensaios (a mais importante), o<br />

LEP desenvolve também trabalhos de análise e de investigação<br />

na área das patologias da construção, quer através<br />

de pareceres solicitados por clientes (empresas e particulares),<br />

quer através da divulgação técnico-científica em<br />

eventos correlacionados. O crescente número de solicitações<br />

com que o laboratório tem vindo a ser confrontado<br />

revela o grau de importância desta atividade no afirmar<br />

do CTCV na área dos produtos da construção, proporcionando<br />

igualmente um crescente acumular de “know-<br />

-how” bastante relevante para o desenvolvimento futuro<br />

do LEP/CTCV.<br />

60 | Keramica | CTCV


A competitividade dos dias de hoje, mais do que um desafio é uma<br />

oportunidade de crescimento que o LEP está empenhado em “agarrar”<br />

No âmbito de projectos Europeus o LEP participou em<br />

alguns de relevância – ECOBRICK (redesenho de tijolo cerâmico<br />

com propriedades térmicas e acústicas melhoradas),<br />

ECOCEL (incorporação de resíduos da indústria de papel<br />

para melhoria dos produtos do ponto de vista térmico) e<br />

DURAMATER (avaliação do comportamento de produtos da<br />

construção quando submetidos à intempérie litoral), para<br />

além dos projetos industrialmente orientados “Eflorescências<br />

nos Produtos da Construção” e “Defeitos na Cerâmica<br />

e Vidro”.<br />

A competência e capacidade técnica dos colaboradores<br />

do LEP permite que também sejam desenvolvidos trabalhos<br />

de auditoria (qualidade e produto) para Entidades Certificadoras<br />

Nacionais e Estrangeiras, bem como a designação de<br />

peritos técnicos para questões relacionadas com Tribunais.<br />

Neste âmbito, a atividade do LEP tem vindo a crescer de<br />

forma sustentada, cimentando a importância deste tipo de<br />

atividade não só no laboratório como também no CTCV.<br />

O LEP possui uma variedade de equipamentos de ensaios,<br />

desde os simples paquímetros até máquinas sofisticadas de<br />

ensaios climáticos (ex. gelo-degelo) que permitem efetuar<br />

um leque alargado de ensaios:<br />

• Ensaios dimensionais;<br />

• Ensaios mecânicos (ex. flexão, tracção e compressão);<br />

• Ensaios físicos (ex. abrasão, durabilidade);<br />

• Ensaios químicos (ex. resistência às manchas, químicos).<br />

A equipa atual do laboratório conta com dois colaboradores<br />

licenciados e com cinco colaboradores (operadores<br />

especializados) com escolaridade ao nível do 12º ano, formando<br />

assim uma equipa que se complementa de forma a<br />

levar a cabo a sua missão.<br />

O LEP tem a maioria dos seus<br />

ensaios acreditados pelo IPAC,<br />

sendo que a acreditação data<br />

já de 1990. Ao longo destes<br />

22 anos de experiência com<br />

a acreditação de ensaios, tem<br />

sido possível agregar maisvalias<br />

importantes e melhorias<br />

constantes no desempenho do<br />

laboratório, traduzindo-se por<br />

uma crescente organização e<br />

sistematização das atividades<br />

de rotina, com evidente ganhos<br />

de eficácia e eficiência no trabalho.<br />

Um novo desafio aí está para o LEP – o ccMCS – Centro<br />

de Conhecimentos em Materiais para a Construção Sustentável,<br />

que sem dúvida terá uma contribuição decisiva no<br />

futuro da sustentabilidade do laboratório e no contínuo<br />

reforço de competências sempre ao serviço da Indústria Nacional.<br />

O ccMCS proporcionará ao LEP a hipótese de crescer<br />

no sentido do reforço da sua atividade, alinhando-a mais<br />

com a nova realidade actual.<br />

A competitividade dos dias de hoje, mais do que um desafio,<br />

é uma oportunidade de crescimento que o LEP está<br />

empenhado em “agarrar”, dotando-se de estrutura e quadros<br />

técnicos capazes de perceberem a nova dinâmica do<br />

mercado de ensaios, que evolui para a avaliação não só redutora<br />

dos produtos em si mas dos sistemas em que esses<br />

produtos se inserem. Aqui está o desafio que o novo laboratório<br />

no ccMCS terá de abraçar e levar a cabo com êxito.<br />

Keramica | CTCV | 61


MREi<br />

Medição e Racionalização<br />

de Energia _ Indústria<br />

Artur Serrano<br />

Focando a sua atenção na promoção da inovação e do desenvolvimento<br />

das capacidades técnicas e tecnológicas das<br />

indústrias, foi criada, aquando da fundação do CTCV em<br />

1987, a Unidade de Energia, que contribuiu também para<br />

a formação e primeiros passos da “Unidade de Ambiente”<br />

nos anos 90. Esta Unidade veio a consolidar a sua forma<br />

de estar no mercado ao longo dos últimos 25 anos. Numa<br />

fase intermédia, juntamente com a Unidade de Ambiente,<br />

veio a ser integrada numa nova unidade, designada de UEA<br />

(Unidade de Energia e Ambiente). Posteriormente, a UEA<br />

deu origem, de novo, a duas Unidades distintas, a Unidade<br />

de Sistemas de Energia e a Unidade de Ambiente e Sustentabilidade,<br />

pondo ao serviço dos clientes o “know-how”<br />

específico de cada uma para corresponder à necessidade<br />

em áreas que mereciam dedicação especial, face à evolução<br />

do mercado de prestação de serviços em Consultoria. Em<br />

finais de 2011 a Unidade de Sistemas de Energia converteu-<br />

-se nas Unidades de Medição e Racionalização de Energia na<br />

Indústria (UMREi) e no Habitat (UMREh), indo de encontro à<br />

nova visão estratégica do CTCV adoptada para a energia.<br />

Constituída por uma equipa técnica multidisciplinar, com<br />

profissionais especializados nas áreas da Engenharia Mecânica,<br />

Electrotécnica e Ambiente, dirigida pelo Eng. Artur<br />

Serrano, Auditor de Planos de Racionalização dos Consumos<br />

de Energia e Examinador acreditado pela DGEG para<br />

elaborar Exames a Centrais de Produção de Energia Eléctrica<br />

e Calor (Instalações de Cogeração). A UMREi apresenta-<br />

-se como uma unidade pioneira do sistema científico e tecnológico,<br />

com uma vasta experiência na área da energia e<br />

competência para dotar os seus clientes das ferramentas<br />

necessárias para a tomada de decisões, no âmbito da utilização<br />

eficiente de energia.<br />

As Empresas Industriais estão abrangidas por um programa<br />

designado por Sistema de Eficiência Energética na<br />

Indústria que inclui o regulamento denominado Sistema de<br />

Gestão dos Consumos Intensivos de Energia (SGCIE), destacando-se<br />

entre outras algumas áreas de grande atualidade<br />

no setor industrial designadamente: a cogeração, a optimização<br />

de motores elétricos, a produção de calor e frio,<br />

os sistemas de iluminação, a recuperação de calor e outras<br />

medidas de promoção da eficiência no processo industrial.<br />

O SGCIE prevê que as instalações Consumidoras Intensivas<br />

de Energia realizem, periodicamente, auditorias<br />

energéticas, e que elaborem e executem Planos de Racionalização<br />

dos Consumos de Energia, estabelecendo acordos<br />

de racionalização desses consumos com a DGEG que<br />

contemplem objetivos mínimos de eficiência energética,<br />

associando ao seu cumprimento a obtenção de incentivos<br />

pelos operadores.<br />

Os clientes-alvo da UMREi são, na sua maioria, indústrias<br />

abrangidas pelo SGCIE, embora preste também apoio técnico<br />

a indústrias que, apesar de não estarem abrangidas,<br />

62 | Keramica | CTCV


Uma unidade pioneira do sistema científico e tecnológico, com uma<br />

vasta experiência na área da energia<br />

queiram maximizar a sua eficiência energética e implementar<br />

medidas de melhoria contínua nesta área.<br />

No seguimento da legislação em vigor (Decreto-Lei nº<br />

71/2008), os principais serviços promovidos pela UMREi<br />

são:<br />

• Auditorias energéticas a Indústrias abrangidas pelo SG-<br />

CIE e realização dos respetivos Planos de Racionalização dos<br />

Consumos de Energia;<br />

• Instalação de Sistemas de monitorização de consumos,<br />

e consumos específicos;<br />

• Análise termográfica;<br />

• Análise da energia elétrica e dos equipamentos consumidores<br />

de energia;<br />

• Consultoria na área de Energias renováveis;<br />

• Estudos técnico-económicos de optimização energética<br />

e de recuperação de calor;<br />

• Apoio nas candidaturas a incentivos na área de eficiência<br />

energética;<br />

• Diagnósticos Energéticos;<br />

• Auditorias e apoio técnico a Instalações de Cogeração;<br />

• Realização de Relatórios bienais de Execução e Progresso<br />

(REP) de acompanhamento aos Planos de Racionalização<br />

de Racionalização dos Consumos de Energia, aprovados<br />

pela DGEG (ARCE – Acordo de Racionalização dos Consumos<br />

de Energia).<br />

Pela diversidade das tecnologias utilizadas na Indústria,<br />

os colaboradores da UMREi acompanham assiduamente a<br />

evolução e soluções existentes no mercado, quer através da<br />

participação em acções de formação, quer na participação<br />

em congressos e seminários, de forma a manter a sua competitividade,<br />

a qualidade dos seus serviços, a competência e<br />

atualização neste domínio.<br />

Ao longo dos seus 25 anos de existência ao serviço da<br />

Energia, a UMREi tem vindo a participar em inúmeros projetos<br />

de sensibilização que consistiram na análise dos consumos<br />

energéticos, bem como na identificação de possíveis<br />

melhorias a implementar para reduzir o consumo de<br />

energia, aumentar a eficiência energética e, desse modo,<br />

diminuir substancialmente os gastos financeiros ligados aos<br />

consumos de energia, na Indústria.<br />

Esta Unidade participou até à data, em inúmeros projetos<br />

entre os quais se referenciam os seguintes:<br />

• Projeto de sensibilização da Indústria Portuguesa promovido<br />

pela ADENE em parceria com o IAPMEI com caracterização<br />

da Indústria Nacional abrangendo diversos setores<br />

da Indústria Transformadora Portuguesa;<br />

• Ações de formação<br />

em parceria com empresas<br />

Brasileiras na área da<br />

Indústria Cerâmica;<br />

• Projeto RENOVARE,<br />

desenvolvido no âmbito<br />

do programa da União<br />

Europeia INTERREG IIIA,<br />

para reforçar a coesão<br />

económica e social dos<br />

países membros, com a<br />

participação de Centros<br />

Tecnológicos de Espanha<br />

e Portugal: CARTIF, RECET<br />

(CITEVE, CTCV e CTIC);<br />

• Realização do “Manual<br />

de Boas Práticas na<br />

Utilização Racional de<br />

Energia e Energias Renováveis”,<br />

em parceria com<br />

a APICER;<br />

• Projeto READI (Regiões,<br />

Energia, Ambiente,<br />

Desenvolvimento e Inovação),<br />

promovido pelo<br />

CEC/CCIC (Conselho Empresarial<br />

do Centro e<br />

Câmara de Comércio e<br />

Indústria do Centro), em<br />

parceria com a União das<br />

Associações Empresariais<br />

da Região Norte (UERN),<br />

dividido em duas fases:<br />

Experiência Rua do Comércio<br />

e Experiência Praça<br />

da Indústria;<br />

• Projeto EFINERG, promovido pelo IAPMEI e AEP em parceria<br />

com RECET, CITEVE, CATIM, CTCV, ADENE, LNEG e<br />

Pólo de Competitividade e Tecnologia da Energia.<br />

Mantendo a sua consistência, a UMREi apresenta já uma<br />

agenda laboral extremamente preenchida para o ano que<br />

decorre, consequência da sua nítida diferenciação da concorrência,<br />

da sua vasta carteira de clientes fidelizados, qualidade<br />

superior e multidisciplinar dos seus serviços e da sua<br />

vasta experiência na área.<br />

UMREi, na vanguarda da Energia…<br />

Keramica | CTCV | 63


MREh<br />

Medição e Racionalização<br />

de Energia _ HABITAT<br />

Fernando Cunha<br />

A crescente preocupação global com a energia motivada<br />

pelos impactos ambientais e financeiros, tem vindo a dinamizar<br />

o desenvolvimento de energias renováveis e adopção<br />

de sistemas e equipamentos mais eficientes, promovendo a<br />

utilização racional da energia.<br />

Os edifícios representam cerca de 40% do consumo global<br />

de energia final, surgem como uma área de atuação onde é<br />

urgente a monotorização, gestão e racionalização de energia.<br />

O mercado da reabilitação dos edifícios apresenta um<br />

enorme potencial na redução do consumo de energia, onde<br />

se deverá investir no recurso a materiais com melhor desempenho<br />

energético e menores impactos ambientais, procurando<br />

integrar soluções mais eficientes. O aproveitamento da<br />

energia solar, tanto de uma forma passiva como ativa, como<br />

o recurso a energias renováveis, contribuem para a redução<br />

do consumo de energia. Estas boas práticas deverão ser, sempre<br />

que aplicáveis, regra no caso de novas edificações.<br />

As medidas implementadas nos edifícios têm o objectivo<br />

de manter e nalguns casos até aumentar, os atuais padrões<br />

de qualidade de vida e de conforto no interior dos edifícios,<br />

contribuindo para o aumento desempenho energético do<br />

edifício.<br />

O comportamento energético dos edifícios está relacionado<br />

com o layout urbano em cada cidade ou vila, o terreno<br />

onde estão implementados, a arquitetura dos edifícios e<br />

principalmente o tipo de soluções construtivas e eficiências<br />

dos sistemas de climatização.<br />

Para atingir as metas de redução do consumo de energia,<br />

propostas pela união europeia, foram publicados em<br />

Portugal o Regulamento das Características de Comportamento<br />

Térmico dos Edifícios (RCCTE) e o Regulamento dos<br />

Sistemas Energéticos de Climatização dos Edifícios (RSE-<br />

CE). Ambos os regulamentos visam criar regras de boas<br />

práticas que devem ser adoptadas na concepção de novos<br />

edifícios de habitação e de serviços, para que estes apresentem<br />

uma classificação energética mínima de B-.<br />

Principais marcos e serviços da UMREh<br />

A Unidade de Medição e Racionalização de Energia do<br />

Habitat (UMREh) surgiu no final de 2011, indo de encontro<br />

à nova visão estratégica do CTCV adoptada para a energia,<br />

por forma a dar resposta a uma recente e crescente necessidade<br />

do mercado.<br />

Orientada preferencialmente para a energia em edifícios,<br />

oferece serviços na área de certificação energética, nomeadamente<br />

no âmbito do RSECE, desde diagnósticos e auditorias<br />

energéticas até à simulação dinâmica.<br />

Os principais serviços prestados pela UMERh vão desde a<br />

realização da certificação energética, simulação dinâmica,<br />

plano de racionalização energética, diagnósticos energéticos,<br />

auditorias energéticas, estudo térmico de coberturas,<br />

análise termográfica, determinação da condutibilidade térmica,<br />

ensaio de refletividade, entre outros.<br />

Face ao mercado actual, os clientes alvos da UMREh serão<br />

na sua maioria os grandes edifícios de serviços (GES)<br />

existentes, pois o setor da construção tem vindo a registar<br />

um decréscimo significativo ao longo dos últimos anos,<br />

64 | Keramica | CTCV


Serviços na área de certificação energética, desde diagnósticos e auditorias<br />

energéticas até à simulação dinâmica<br />

consequência da atual conjuntura económica que atinge o<br />

mercado da construção.<br />

A UMREh possui uma carteira de clientes dos mais diversos<br />

sectores, desde de estabelecimento de ensino, passando<br />

por unidades hoteleiras até hospitais, onde nos apraz<br />

salientar clientes como a Fundação Bissaya Barreto, HUC,<br />

Hotel Your &SPA, MRG, etc.<br />

Desde a sua constituição é preocupação da UMREh<br />

manter-se na vanguarda da oferta de serviços de eficiência<br />

energética, possuindo uma variedade de equipamentos necessários<br />

à realização de medições em edifícios.<br />

A concentração de vários centros de competências no<br />

CTCV, contribui para que em muitos trabalhos desenvolvidos<br />

haja uma participação inter-unidades, apresentando<br />

um trabalho de maior qualidade e rigor ao cliente.<br />

No início de 2012 a UMREh criou um novo serviço para<br />

medição e determinação da refletividade, segundo a norma<br />

ASTM 1918 “Measuring Solar Reflectance of Horizontal and<br />

Low-Sloped Surfaces in the Field” A influência da cor num<br />

elemento opaco releva-se fulcral na determinação das necessidades<br />

de arrefecimento de um edifício. Torna-se assim<br />

necessário determinar a absortividade desses elementos, a<br />

partir da quantidade de energia refletida quando exposta<br />

a uma dada quantidade de energia radiante incidente (radiação<br />

solar). O conhecimento da refletividade permite escolher<br />

soluções que aumentem a eficiência energética dos<br />

edifícios, proporcionando melhores condições de conforto<br />

térmico no interior dos edifícios.<br />

A UMREh possui equipamento e competências para realizar<br />

medições segundo a ISO 9869 e ASTM C1155 e C1046<br />

padrões, para determinar a resistência térmica de elementos<br />

construtivos.<br />

O conhecimento da resistência térmica da envolvente de<br />

um edifício, desde as suas paredes até à cobertura, permitirá<br />

determinar a condutibilidade térmica destes elementos<br />

interiores e exteriores, para posterior verificação do cumprimento<br />

dos requisitos mínimos dos coeficientes de transmissão<br />

térmica superficiais, exigidos pela actual legislação em<br />

vigor (RCCTE e RSECE).<br />

O tema das energias renováveis é um tema cada vez mais<br />

atual, não só pelo impacto que tem na redução da fatura<br />

energética mas principalmente pelo contributo para redução<br />

do consumo dos combustíveis fósseis. A UMREh posiciona-se<br />

neste mercado, como entidade que oferece os seus<br />

serviços de auditoria energética no âmbito da miniprodução<br />

(D.L. 34/2011, de 8 de Março).<br />

A troca de experiência com outras entidades nacionais<br />

e internacionais, tem vindo a contribuir para o desenvolvimento<br />

da UMREh, não só pelo enriquecimento de competência<br />

dos seus técnicos mas também pelo ao acesso a<br />

novas soluções e tecnologias, podendo apresentar estas MTD’s aos<br />

seus clientes.<br />

Actualmente a UMREh está envolvida em vários projectos, com<br />

parceiros europeus e nacionais, dos quais se destacam:<br />

• ENERBUILCA – Caracterização de soluções construtivas e ciclo<br />

de vida do produto;<br />

• RENERPATH – Reabilitação em edifícios históricos;<br />

• NEWSOLUTIONS4OLDHousing – Eficiência energética em habitação<br />

social;<br />

• APICER – Coberturas Cerâmicas.<br />

UMREh – Perspetivas para o futuro<br />

A área da certificação energética de edifícios apesar de recente,<br />

já apresenta uma concorrência audaz e feroz. A UMREh pretende<br />

diferenciar-se da concorrência quer pela qualidade de prestação de<br />

serviços integrados, quer pela qualidade e diversidade dos equipamentos<br />

de medição.<br />

Em 2012 espera-se que a actual legislação em vigor seja revista,<br />

dando uma nova impulsão ao mercado da certificação, e permita agilizar<br />

e dinamizar o processo da certificação energética em Portugal.<br />

O trabalho realizado pelos técnicos da UMREh enquadrados na<br />

anterior Unidade de Sistemas de Energia conjugado pela actividade<br />

desenvolvida ao serviço da UMERh, permitiu que estes apresentem<br />

um nível de competências que reforça a confiança dos nossos clientes<br />

em nós.<br />

Recentemente o CTCV tornou-se numa entidade de Serviços Energéticos<br />

(ESE), iniciando o processo de qualificação no sentido de se<br />

constituir como uma ECO.AP nível 2, surgindo no mercado como<br />

um player devidamente credenciado para prestar serviços na área<br />

energética. Este reconhecimento permitirá uma maior divulgação<br />

e oferta dos nossos serviços a clientes do setor público e privado,<br />

contribuindo para o aumento da eficiência energética e redução da<br />

dependência energética de Portugal.<br />

Keramica | CTCV | 65


LMA<br />

LABORATÓRIO DE<br />

MONITORIZAÇÃO AMBIENTAL<br />

Ana Carvalho<br />

A sustentabilidade ambiental da indústria cerâmica e do<br />

vidro fez com que a atividade de monitorização e caracterização<br />

dos poluentes emitidos pela indústria para o meio<br />

ambiente surgisse desde a origem do Centro Tecnológico<br />

da Cerâmica e do Vidro (CTCV) como uma atividade relevante.<br />

Durante estes vinte e cinco anos, o CTCV cresceu, aprendeu,<br />

alargou o seu campo de atuação, especializou-se nesta<br />

área e construiu o que é hoje o Laboratório de Monitorização<br />

Ambiental (LMA).<br />

Tendo participado em inúmeros projetos de investigação<br />

e desenvolvimento, destacando-se um dos seus últimos, o<br />

Projeto Centrar, Avaliação da Qualidade do Ar na região<br />

centro, envolvendo cerca de 364 dias de amostragem de<br />

poluentes da do ar ambiente exterior, monitorizando cerca<br />

de 1000 fontes fixas (chaminés) por ano, cerca de 50 caracterizações<br />

anuais de Ruído Ambiental, conseguindo a certificação<br />

energética e da qualidade do ar interior de diversos<br />

grandes edifícios de serviços após passarem as várias fases<br />

das auditorias de Qualidade do Ar Interior; o LMA é sem<br />

dúvida um Laboratório de excelência.<br />

Estando acreditado para todos os ensaios relevantes para<br />

o sector industrial, pelo Instituto Português de Acreditação<br />

(Anexo Técnico nº L-0307), cerca de 26 ensaios (Ruído Ambiente,<br />

Efluentes Gasosos e Ar Ambiente Exterior), o LMA<br />

é reconhecido pela indústria e pelas entidades oficiais, pela<br />

sua competência técnica, qualidade dos resultados e capacidade/rapidez<br />

de resposta. Tornando-se no seu parceiro em<br />

todas as áreas da Monitorização Ambiental: Efluentes Gasosos;<br />

Efluentes Líquidos; Ar Ambiente Exterior, Qualidade<br />

do Ar Ambiente interior (QAI) e Ruído Ambiental.<br />

Um sinal do reconhecimento de instituições de referência<br />

como a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Associação<br />

de Laboratórios Acreditados de Portugal (Relacre) é a<br />

integração dos colaboradores do LMA na Comissão Técnica<br />

ONS/APA (CT71) da Qualidade do Ar e a Coordenação da<br />

Comissão Técnica Relacre/IPAC 1 – Emissões Gasosas.<br />

Desde o início que o CTCV tem apostado nos melhores<br />

equipamentos disponíveis no mercado, homologados pelas<br />

entidades oficiais e que cumprem com os métodos de<br />

referência, permitindo ser um dos laboratórios mais bem<br />

equipado do país e com maior autonomia, dispondo de<br />

equipamentos para 4 equipas de amostragem de efluentes<br />

gasosos, para 4 equipas de ar ambiente exterior e para 3<br />

equipas de ruído ambiente. Sendo que as determinações<br />

analíticas são asseguradas internamente pelo Laboratório<br />

de Análise de Materiais (LAM).<br />

A aposta na qualificação de excelência tem sido um investimento<br />

contínuo nos colaboradores do LMA de maneira<br />

a estarem sempre a par dos últimos desenvolvimentos metodológicos<br />

e sendo por isso dos melhores técnicos especialistas<br />

a atuar no mercado da monitorização ambiental.<br />

De realçar que o LMA é associado da Source Testing Association<br />

(STA), uma instituição de referência mundial no<br />

âmbito das emissões gasosas e qualidade do ar, estando<br />

em constante contacto com esta entidade e participando<br />

ativamente nas suas formações especializadas, conferências<br />

e comissões técnicas.<br />

66 | Keramica | CTCV


O LMA continuará seguramente a ser o melhor parceiro da indústria para as<br />

monitorizações ambientais<br />

As sinergias existentes entre as diversas unidades e laboratórios<br />

do CTCV, têm também permitido que a atividade<br />

da monitorização ambiental se complemente com atividades<br />

de consultoria técnica ambiental, de HST ou de qualidade<br />

ou com outros serviços laboratoriais, tais como: monitorizações<br />

no âmbito da HST ou no âmbito da qualidade<br />

do produto ou das matérias-primas, permitindo oferecer ao<br />

cliente um serviço completo.<br />

Nesta área de atividade foram superados ao longo dos<br />

anos inúmeros desafios técnicos: surgiram novas metodologias<br />

de amostragem e determinação cada vez mais complexas;<br />

novos equipamentos cada vez mais sofisticados e sensíveis;<br />

novas áreas de monitorização ambiental; novos setores<br />

industriais; novos colaboradores; novos clientes; nova legislação;<br />

muitas exigências do IPAC, da APA da CCDR e dos<br />

clientes; muita concorrência nem sempre leal…<br />

Infelizmente nem sempre o rigor técnico das amostragens<br />

e a fiabilidade dos resultados é relevante para os clientes.<br />

Em especial nesta altura de crise económica, tem-se verificado<br />

que o preço das monitorizações ambientais a qualquer<br />

custo (ou abaixo do preço de custo) tem ganho terreno em<br />

detrimento da qualidade e da fiabilidade dos resultados.<br />

Este fator poderá colocar em risco, não só a atividade de<br />

monitorização ambiental, descredebilizando-a, mas também<br />

contribuir para a degradação do meio ambiente e dos<br />

ecossistemas nacionais.<br />

Apesar de todas estas pressões, o LMA não tem cedido<br />

e tem não só mantido os seus níveis de qualidade, como<br />

continuamente melhorado quer as suas metodologias, quer<br />

o report dado ao cliente, permitindo ter resultados cada vez<br />

mais precisos.<br />

Por outro lado, têm também sido superados muitos desafios<br />

físicos: continuam a existir muitas chaminés e seus<br />

acessos sem condições de segurança para trabalhos em altura<br />

ou para executar as medições de acordo com as metodologias<br />

obrigatórias por lei; por vezes trabalha-se sob<br />

temperaturas extremas (os nossos máximos são +67ºC e<br />

-13ºC); poeiras e odores irrespiráveis (falta-nos depois o<br />

apetite para o jantar); longas noites passadas ao relento;<br />

longos dias passados ao sol sem qualquer sombra; vento e<br />

chuva; veículos atolados na lama; muito peso sempre para<br />

carregar; longas viagens…<br />

Mas no final de todo o esforço, temos o privilégio de ver<br />

o mundo noutra perspetiva, ficamos mais perto do céu…<br />

Todos os colaboradores, clientes e fornecedores que passaram<br />

pelo LMA, deram o seu contributo para superar os<br />

desafios, construíram uma equipa forte que foi mudando<br />

e amadurecendo ao longo dos anos deixando um legado<br />

fundamental no meio das Monitorizações Ambientais que<br />

perdurará e crescerá.<br />

Da contínua aposta em novas áreas da monitorização<br />

ambiental, destaca-se uma nova área de especialização do<br />

LMA, os Odores.<br />

A problemática dos odores no meio ambiente é um processo<br />

complexo, pois leva a uma insatisfação e uma incomodidade<br />

das populações difícil de solucionar. Existem uma<br />

série de fatores que afectam a problemática dos Odores,<br />

que vão desde a qualidade e as características das emissões<br />

gasosas de fontes fixas a factores climatéricos, sociais, económicos<br />

e culturais da comunidade afectada, que muitas<br />

vezes se relacionam entre si. Há no entanto metodologias<br />

de monitorização de Odores perfeitamente validadas com<br />

resultados quantificáveis e comparáveis que podem ser utilizadas,<br />

consoante o objetivo das medições.<br />

Superando os novos desafios que se avizinham, a equipa<br />

do LMA continuará seguramente a ser para os próximos 25<br />

anos o melhor parceiro da indústria para as monitorizações<br />

ambientais.<br />

Keramica | CTCV | 67


LHI<br />

LABORATÓRIO DE<br />

HIGIENE INDUSTRIAL<br />

Susana Rajado<br />

O Laboratório de Higiene Industrial (LHI) surgiu em 2008<br />

a partir de uma necessidade de reorientação estratégia dos<br />

serviços do CTCV.<br />

Os serviços prestados pelo LHI estiveram desde a sua<br />

génese integrados na Unidade de Saúde e Segurança do<br />

Trabalho do CTCV, numa complementaridade de serviços<br />

que potencia os resultados junto dos clientes de ambas as<br />

unidades.<br />

Este Laboratório está particularmente vocacionado para<br />

a realização de ensaios que permitem monitorizar um conjunto<br />

alargado de parâmetros de risco e de contaminantes<br />

do ambiente de trabalho e, apesar da sua juventude, tem<br />

tido uma dinâmica inovadora de atuação, acompanhando<br />

de perto os desenvolvimentos do mercado e do quadro legislativo.<br />

No seu ano de arranque o LHI começou por oferecer um<br />

conjunto de serviços que já eram oferecidos pelo CTCV,<br />

mas no âmbito da Unidade de Segurança e Saúde no trabalho.<br />

Desde logo, a aposta na acreditação como sinónimo<br />

de credibilidade e competência técnica foi assumida como<br />

fundamental, tendo o LHI obtido, logo no seu ano de arranque,<br />

a acreditação dos ensaios de Avaliação da exposição<br />

a ruído laboral, de Avaliação da exposição a vibrações no<br />

corpo humano, de Amostragem de fibras em suspensão no<br />

ar (amianto) e de Amostragem de partículas (incluindo sílica<br />

livre cristalina).<br />

Gradualmente, as suas atividades foram sendo alargadas,<br />

para dar resposta às crescentes necessidades do seu mercado<br />

de atuação e à crescente exigência legislativa que se<br />

impõe às empresas suas clientes. Assim em 2011 foi concedida<br />

a extensão da acreditação para a Determinação de<br />

índices de stress térmico em ambientes severos e para a Determinação<br />

dos níveis de iluminância.<br />

Já em 2012, o LHI alargou novamente o seu leque de<br />

atuação, ao adquirir um radiómetro portátil para medição<br />

de radiações óticas e artificiais não coerentes, no âmbito da<br />

Diretiva comunitária 2006/25/CE e Lei 25/2010, relativa às<br />

prescrições mínimas de saúde e segurança em matéria de<br />

exposição dos trabalhadores aos riscos de vidos aos agentes<br />

físicos (radiação ótica artificial).<br />

FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />

Para além dos serviços de monitorização e ensaio, o LHI<br />

tem também um papel ativo na melhoria das práticas de<br />

trabalho, nomeadamente colaborando com a Unidade de<br />

Saúde e Segurança do Trabalho e a Unidade de Formação e<br />

Qualificação para ministrar cursos de formação de especialidade<br />

com destaque para algumas ações, nomeadamente:<br />

1. Avaliação e Controlo do Ruído, Vibrações e Ambiente<br />

Térmico (que inclui uma sessão de prática simulada para<br />

familiarização da prática de medições e equipamentos de<br />

medição);<br />

2. Segurança e Saúde no Trabalho para Trabalhadores Designados,<br />

Empregadores e Representante do Empregador.<br />

68 | Keramica | CTCV


O LHI realiza ensaios que permitem monitorizar um conjunto alargado de<br />

parâmetros de risco e de contaminantes do ambiente de trabalho<br />

PROJETOS DE RELEVÂNCIA<br />

Desde a sua criação em 2008, o LHI tem procurado estabelecer<br />

um estreito relacionamento com as entidades<br />

oficiais e associações, com todas as mais-valias que este<br />

esforço representa para os clientes do laboratório. Assim,<br />

em 2009 e 2010, o LHI foi a entidade seleccionada pela<br />

Associação Empresarial de Portugal (AEP) para a realização<br />

das monitorizações do ambiente de trabalho, no âmbito do<br />

Programa PREVENIR. O trabalho foi realizado num universo<br />

de 100 empresas: 40 empresas do sector da Indústria da<br />

Cerâmica e do Vidro, 40 empresas dos sectores das Indústrias<br />

de Plásticos e Borrachas e em 20 empresas da Indústria<br />

Química.<br />

Em 2012, o LHI foi novamente selecionado pela Associação<br />

Empresarial de Portugal (AEP) para a realização das<br />

monitorizações do ambiente de trabalho, no âmbito do<br />

estudo “IMPACTO DO PROGRAMA PREVENIR”, desta feita<br />

abrangendo 40 empresas dos sectores: Metalúrgico e Metalomecânico,<br />

Mobiliário e de Madeira, Têxtil e do Vestuário,<br />

Cerâmica e do Vidro, Plásticos e Borracha, Alimentação e<br />

Bebidas, Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria e Produtos Químicos.<br />

Já em 2011 foi aprovado pelo QREN e contratado pela<br />

APICER um projecto na área da sílica livre cristalina, que<br />

envolveu um conjunto de 32 empresas do sector cerâmico,<br />

e que apresentou uma forte componente participativa do<br />

LHI, nomeadamente na monitorização dos teores de sílica<br />

livre cristalina nas diversas empresas.<br />

PAPEL DO LHI NO TECIDO INDUSTRIAL PORTUGUÊS –<br />

QUE FUTURO?<br />

O LHI tem apostado, desde<br />

o início, numa sólida formação<br />

dos seus Técnicos Higienistas<br />

(quer do ponto de vista<br />

técnico, quer humano), com o<br />

intuito de que as suas funções<br />

(Recolha de toda a informação<br />

pertinente e necessária à<br />

realização dos trabalhos, preparação<br />

dos equipamentos<br />

de amostragem e medição,<br />

trabalho de campo e tratamento<br />

de dados e elaboração<br />

dos relatórios) sejam desempenhadas com o máximo rigor<br />

e profissionalismo.<br />

O tratamento de dados e elaboração de relatórios é efetuado<br />

sempre com um olhar crítico sobre os resultados,<br />

comparando-os com os parâmetros e valores de referência<br />

e fazendo recomendações e sugestões de melhoria, apostando<br />

neste tipo de mais-valia para o cliente como forma de<br />

se impor num mercado cada vez mais concorrencial.<br />

O LHI está preparado para prestar serviços de grande profissionalismo,<br />

acrescentando valor aos clientes e maximizando<br />

as sinergias entre as empresas e o laboratório, acreditando<br />

que será possível crescer e afirmar-se como uma<br />

marca de referência no panorama nacional.<br />

Keramica | CTCV | 69


SGM<br />

Sistemas de Gestão e Melhoria<br />

Marta Ferreira<br />

Enquadramento aos Sistemas de Gestão<br />

A constante evolução do contexto sócio-económico torna<br />

cada vez mais relevante que as organizações mantenham<br />

as suas vantagens competitivas sobre a concorrência, melhorando<br />

continuamente os seus processos. Assim, é imperativo<br />

que estas se diferenciem dos seus concorrentes<br />

em relação ao serviço prestado e produto fornecido, sem<br />

descurar a sua organização interna, força motriz para o desenvolvimento<br />

sustentado.<br />

Num tecido industrial em dificuldades, as empresas devem<br />

distinguir-se entre si pelo valor acrescentado nos seus<br />

trabalhos para o cliente e pela melhoria contínua dos seus<br />

processos, produtos e serviços prestados. Mas todas as organizações<br />

operam num equilíbrio dinâmico que resulta da<br />

interligação entre os vetores associados aos seus colaboradores,<br />

aos recursos existentes e à relação mais ou menos<br />

estável com os seus clientes. Trata-se de um ciclo contínuo<br />

em que, com o suporte da gestão, os colaboradores da organização<br />

se especializam na sua função e através do seu<br />

desempenho produzem um produto ou prestam um serviço<br />

que no cliente invoca sentimentos de satisfação ou insatisfação.<br />

A melhoria deste ciclo apresenta-se como um dos<br />

maiores desafios da gestão das organizações.<br />

Embora em todos os estilos de gestão exista o fator intuitivo<br />

e relacionado com a experiência, é inquestionável que<br />

as decisões devem ser, tanto quanto possível, baseadas em<br />

factos credíveis e quantificáveis. Nunca foi tão marcante a<br />

necessidade de obter o “quanto” correto para que se possa<br />

acertar no “como”. Esta lógica empresarial tem ganho relevância<br />

nas últimas décadas e, sendo hoje uma verdade incontestada,<br />

suportou no passado as primeiras necessidades<br />

da indústria portuguesa ao nível da organização e melhoria<br />

dos Sistemas de Gestão, despertando o CTCV para uma<br />

nova área de prestação de serviços.<br />

História da USGM<br />

A década de 90 constituiu para o tecido empresarial<br />

português o início da cruzada de adaptação aos mercados<br />

internacionais. Novas políticas, novas regras e novas exigências<br />

tornavam imperativo que as empresas mudassem<br />

o paradigma de gestão fazendo-o evoluir no sentido da reestruturação<br />

tecnológica e humana. No mesmo sentido, o<br />

CTCV alinhou a sua estratégia de acordo com estes objetivos<br />

tendo, em 1992, iniciado a definição das regras básicas<br />

do seu Sistema de Gestão da Qualidade, documentando-as<br />

num manual e implementando-as ao longo da sua cadeia<br />

de valor.<br />

Paralelamente a este desenvolvimento interno, o CTCV<br />

recebeu solicitações para que os seus serviços fossem prestados<br />

diretamente em ambiente industrial, no cliente, sob a<br />

forma de consultoria com técnicos especializados. O objetivo<br />

era transpor para a realidade das empresas os requisitos<br />

normativos, nomeadamente da ISO 9001, incorporando o<br />

70 | Keramica | CTCV


Nunca foi tão marcante a necessidade de obter o “quanto” correto para<br />

que se possa acertar no “como”<br />

know-how existente e incrementando-o com as melhores<br />

práticas em vigor. Em 1995, à equipa inicialmente composta<br />

pelo Eng. Vaz Serra e pelo Eng. Ilharco de Moura, juntou-se<br />

o Eng. Valente de Almeida, a Eng.ª Conceição Fonseca e o<br />

Eng. Baio Dias, ainda hoje colaboradores do CTCV, embora<br />

atualmente noutras áreas de intervenção. Como complemento<br />

às suas atividades principais, estes técnicos prestavam<br />

consultoria na recentemente criada QCV “Qualidade<br />

na Cerâmica e no Vidro”.<br />

A relevância dos projetos desenvolvidos conduziu à necessidade<br />

de criar uma estrutura permanente, dedicada aos<br />

Sistemas de Gestão a tempo inteiro. Em 1997 surge a Unidade<br />

de Sistemas de Gestão da Qualidade (USGQ) com a<br />

entrada da Engª Sofia David e a passagem definitiva do Eng.<br />

Baio Dias para os Sistemas de Gestão.<br />

A USGQ foi alargando a sua intervenção quer ao nível<br />

da tipologia de projetos, quer na diversidade de clientes.<br />

Inicialmente ligada aos Sistemas de Gestão da Qualidade,<br />

evoluiu naturalmente para a integração de sistemas, proporcionando<br />

também conhecimento técnico ao nível dos<br />

Sistemas de Controlo da Produção. Com o decorrer dos<br />

anos incorporou no seu leque de competências áreas e serviços<br />

diversificados, operacionalizando o desenvolvimento e<br />

incrementando o desempenho dos sistemas de gestão em<br />

que atuava. A abrangência alcançada foi determinante para<br />

a evolução na sua designação: Unidade de Sistemas de Gestão<br />

e Melhoria – USGM.<br />

A USGM no Presente<br />

Atualmente a USGM encontra-se integrada na Direção de<br />

Processos e Sistemas do CTCV e presta serviços de consultoria<br />

e suporte técnico no âmbito dos sistemas de gestão,<br />

formatados de acordo com as necessidades dos seus clientes<br />

e orientados para cumprimento dos seus objetivos. Privilegia<br />

o trabalho em parceria e aporta aos seus projetos um<br />

conhecimento técnico profundo, fruto de anos de contacto<br />

prático com as empresas, nomeadamente de Cerâmica e<br />

Vidro, embora se dedique também a outros setores.<br />

Para além das tradicionais temáticas associadas aos sistemas<br />

de gestão, a USGM agrega atualmente competências<br />

ao nível da Responsabilidade Social, Gestão de IDI, Gestão<br />

de Energia e Controlo da Produção (Marcação CE e Certificação<br />

de Produto), entre outras.<br />

A profundidade e a abrangência dos projetos desenvolvidos<br />

pela USGM depende dos objetivos da organização sua<br />

cliente. Podem estar ligados a melhorias pontuais em áreas<br />

definidas ou à implementação integral de referenciais normativos<br />

que conduzam à melhoria integrada do desempenho<br />

e à certificação do sistema em causa. Através de uma<br />

metodologia de trabalho desenvolvida internamente e testada<br />

em organizações dos mais diversos setores, os técnicos<br />

da USGM planeiam os projetos com base na identidade e<br />

dinâmica da organização, tendo em conta as suas necessidades,<br />

aportando ganhos de eficiência que se traduzam na<br />

melhoria do desempenho e apostando na eficácia dos processos.<br />

Esta metodologia de trabalho tem garantido taxas<br />

de sucesso elevadas sendo a razão da fidelização de muitos<br />

clientes a esta equipa de trabalho.<br />

Adicionalmente aos projetos desenvolvidos com os seus<br />

clientes, a USGM colabora com outras entidades no desenvolvimento<br />

de documentação técnica de referência de<br />

apoio à indústria. Neste âmbito, destacam-se os Manuais<br />

de Controlo da Produção para a Cerâmica Estrutural, Pavimento<br />

e Revestimento e a Caracterização do Subsetor<br />

da Indústria Cerâmica Estrutural em Portugal (ambos em<br />

parceria com a APICER). A USGM integra também regularmente<br />

projetos de cooperação internacional (ex: Interreg),<br />

colaborando com outras instituições congéneres na análise<br />

e desenvolvimento de ferramentas de boas práticas associadas<br />

aos sistemas de gestão.<br />

Quer seja em parcerias duradouras ou em projetos pontuais,<br />

a USGM encontra-se focalizada no cumprimento dos<br />

objetivos estabelecidos pelos seus clientes procurando sempre<br />

proporcionar mais-valias e potenciar o sucesso das organizações<br />

com as quais tem o privilégio de trabalhar.<br />

Keramica | CTCV | 71


AS<br />

ambiente e sustentabilidade<br />

Marisa Almeida<br />

Missão<br />

A unidade de ambiente e sustentabilidade (UAS) do Centro<br />

Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV) tem como<br />

missão apoiar as empresas e outras organizações no suporte<br />

técnico e de conhecimento conducentes à implementação<br />

de melhores práticas ambientais, melhoria contínua, ecoinovação<br />

e sustentabilidade.<br />

Breve resenha histórica<br />

A UAS tem mais de 2 décadas de existência, tendo evoluído<br />

em termos de forma, conteúdo e recursos em consonância<br />

com a visão estratégica do próprio CTCV.<br />

Esta unidade surgiu na década de 90, fruto de crescentes<br />

preocupações de diversas partes interessadas na preservação<br />

do ambiente, de forma a salvaguardar um crescimento<br />

sustentável da indústria. Este equilíbrio entre o desenvolvimento<br />

económico, ambiental e social é vital para a prosperidade<br />

das atividades económicas, quer ao nível do seu<br />

próprio processo de funcionamento, quer ao nível da sua<br />

política de mercado.<br />

Foi também uma década onde se publicaram, a nível<br />

nacional e da Comunidade Europeia, diversos requisitos<br />

legislativos, relativos ao controlo da emissão de efluentes<br />

gasosos, líquidos, resíduos, ruído e à prevenção e controlos<br />

integrados da poluição, avaliação de impacte ambiental,<br />

entre outros.<br />

A atividade da UAS iniciou-se assim no seio da Unidade<br />

de Energia com apenas 1 técnico superior dedicado à área,<br />

tendo rapidamente evoluído para 3 técnicos superiores.<br />

Foi fundamental em 1995 a criação do então designado<br />

Laboratório da Qualidade Ambiente (LQA) para apoio nas<br />

monitorizações de efluentes líquidos, gasosos e caracterização<br />

de alguns resíduos, medição de ruído ambiental e laboral,<br />

medições de vários parâmetros de higiene industrial, bem<br />

como apoiar a investigação de novas opções de valorização<br />

de resíduos e desenvolvimento de produtos inovadores.<br />

Mais tarde, em 1998, fruto de uma estratégia de especialização<br />

de conhecimento foi criada a unidade de ambiente<br />

que abarcava por um lado as atividades do LQA, as atividades<br />

de consultadoria e apoio à indústria, a I&D, formação,<br />

bem como atividades no âmbito da saúde e segurança, possuindo<br />

nessa altura um total de 10 colaboradores só nesta<br />

área. Em 2002 a UAS tornou-se autónoma do laboratório<br />

móvel e de amostragem e da unidade de saúde e segurança,<br />

tendo posteriormente sofrido algumas restruturações,<br />

consequência duma aposta crescente no tema da sustentabilidade.<br />

Principais marcos históricos<br />

Como marcos históricos desta unidade salientam-se em<br />

1998/1999 o apoio aos associados da APICER no contrato<br />

de adaptação à legislação ambiental, bem como no contrato<br />

de melhoria contínua à AIVE e respectivos associados.<br />

Salientam-se ainda uma série de projectos de valorização<br />

de resíduos como lamas de ETAR (Ecobrick) e ETARI, resíduos<br />

de fundição, pasta e papel (Ecocel), indústria automóvel,<br />

72 | Keramica | CTCV


Implementação de melhores práticas ambientais, melhoria contínua,<br />

eco-inovação e sustentabilidade<br />

em materiais cerâmicos, numa perspectiva de mais-valia<br />

em termos de melhorias de desempenho térmico, acústico,<br />

etc., ou seja criando simbioses industriais.<br />

Destaca-se ainda a participação numa série de projetos<br />

sobre boas práticas ambientais como:<br />

• Estudo sobre a redução do teor em flúor nos efluentes<br />

gasosos da indústria cerâmica (2000);<br />

• Tratamento e reutilização de resíduos sólidos na indústria<br />

cerâmica (eco.valor) (2000);<br />

• Projeto ETIV – emas technical implementations and verification<br />

(2006), onde se desenvolveu e apresentou casos de<br />

estudo de cerâmicas que implementaram o EMAS;<br />

• Quality-SME – Guia para um gestão integrada da qualidade,<br />

do ambiente e da saúde e segurança no trabalho nas<br />

PME ao abrigo do Interreg co financiado FEDER;<br />

• Projeto nacional de Benchmarking e Boas Práticas – BBP<br />

– nomeadamente a parte relativa ao ambiente e sutentabilidade;<br />

• Projetos na área da qualidade do ar nomeadamente<br />

o projeto QUALMAR (2007-2009) sobre qualidade do ar<br />

na Marinha Grande, através de uma parceria com a CM<br />

Marinha Grande e AIVE e o projeto CENTRAR (2008-2010)<br />

sobre qualidade do ar na Região Centro, em parceria com<br />

a CCDRC;<br />

• InEDIC – Innovation and Ecodesign in the Ceramic Industry<br />

(2009-2011), projeto no qual foram desenvolvidos<br />

materiais de formação e ferramentas na área do ecodesign<br />

para a indústria cerâmica;<br />

• Greenwave – Sinterização Assistida por Microondas de<br />

Porcelana, com vista a contribuir para a melhoria da eficiência<br />

energética e ambiental da indústria de fabrico de porcelas.<br />

Projeto em parceria com diversas instituições;<br />

• Elaboração de DAP – declarações ambientais de produto<br />

– materiais cerâmicos, em parceria com a APICER.<br />

Esta unidade publicou também mais de 5 dezenas de artigos<br />

em revistas da especialidade, congressos e seminários<br />

nas mais diversas áreas temáticas do ambiente e alguns manuais,<br />

dos quais se destaca:<br />

• Almeida M, Serra V, Dias B. – Impactes Ambientais e<br />

Comércio de Emissões, Indústria Cerâmica – Um caso de<br />

estudo. Ed. APICER – Associação Portuguesa da Indústria<br />

Cerâmica, Coimbra; 2004.<br />

A atividade de formação tem sido também uma constante,<br />

executando planos de formação à medida das necessidades<br />

das organizações, em regra integrados com outros<br />

temas que o CTCV disponibiliza, ou num plano de oferta da<br />

especialidade no domínio.<br />

Principais atividades<br />

Em termos de apoio técnico, destacam-se áreas muito diversificadas<br />

como o apoio a:<br />

• Licenciamento industrial e de barreiros;<br />

• Estudos de impacte ambiental;<br />

• Licenciamento ambiental e à implementação das melhores<br />

técnicas disponíveis (MTDs), PDA e RAA, registo PRTR;<br />

• Implementação e operação de sistemas de gestão ambiental<br />

e auditoria ambiental;<br />

• Gestão da economia de carbono nomeadamente no<br />

comércio europeu de licenças de emissão;<br />

• Relatórios de sustentabilidade;<br />

• Avaliação do ciclo de vida (ACV) e declarações ambientais<br />

de produto (DAP);<br />

• Ecodesign e ecoinovação;<br />

• Construção sustentável.<br />

Perspetivas futuras<br />

Em termos de perspetivas futuras a UAS pretende estar<br />

alinhada com os principais eixos estratégicos e factores de<br />

competitividade da indústria, promovendo a valorização de<br />

produtos particularmente orientados com a perspetiva de<br />

pensamento de ciclo de vida, nomeadamente integrando<br />

conceitos de eco-design (integração sistemática de considerações<br />

ambientais no processo de conceção de produto ou<br />

processos) e de eco-inovação que visem a prevenção ou a<br />

redução dos impactes ambientais ou que contribuem para<br />

a otimização da utilização dos recursos ao longo do ciclo<br />

de vida.<br />

Por outro lado, a valorização da sustentabilidade e habitat<br />

e o lançamento de projetos complementares alinhados<br />

com o cluster Habitat Sustentável são também temas estratégicos<br />

a desenvolver.<br />

A orientação de acordo com políticas e estratégias governamentais<br />

europeias e nacionais, será, como aliás têm<br />

sido, um eixo fundamental a considerar, perspectivando-se<br />

nesta área grandes evoluções ao nível de comércio europeu<br />

de licenças de emissão e outros instrumentos de gestão de<br />

carbono com vista à descarbonatização da economia, bem<br />

como novas abordagens na área dos instrumentos voluntários<br />

de comunicação ambiental (rótulos, pegadas, etc.),<br />

uma vez que tem existido uma grande proliferação destes<br />

instrumentos e ferramentas de eco-marketing, sem que por<br />

vezes o mercado reconheça as diferenças e vantagens de<br />

tais instrumentos. Uma sistematização destas ferramentas<br />

promoveria a credibilização e confiança no produto e a responsabilização<br />

dos produtores.<br />

Keramica | CTCV | 73


SST<br />

SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO<br />

Francisco Silva<br />

A Unidade de Segurança e Saúde do Trabalho (USST) foi<br />

criada em 2000, pela necessidade de se criar no CTCV uma<br />

estrutura orgânica que assegurasse a prestação de serviços<br />

na área da Segurança e Higiene no Trabalho (SHT). Desde<br />

então que os principais objetivos da USST são:<br />

• Apoio aos setores das indústrias cerâmica e do vidro<br />

na definição e implementação das medidas legais e boas<br />

práticas de prevenção de riscos profissionais;<br />

• Criação e divulgação de conhecimento na área da Segurança,<br />

Higiene e Saúde no Trabalho;<br />

• Prestação de serviços de qualidade diferenciada às empresas.<br />

Em conjunto com o Laboratório de Higiene Industrial<br />

(LHI), criado em 2008 para assegurar as medições de contaminantes<br />

químicos e físicos no ambiente de trabalho, a<br />

USST tem desenvolvido e continuará a desenvolver atividades<br />

de promoção da SHT que contribuem decisivamente<br />

para a melhoria das empresas e dos sectores que assiste.<br />

Atualmente, encontra-se em fase de conclusão o projeto<br />

“Desenvolvimento e Sensibilização para as Boas Práticas de<br />

Redução da Exposição dos Trabalhadores da Indústria Cerâmica<br />

à Sílica Cristalina Respirável”, desenvolvido para a<br />

APICER no âmbito do SIAC, com o qual se pretende ajudar<br />

na resposta a mais um desafio posto à indústria cerâmica.<br />

Campanha para a Melhoria das Condições de<br />

Trabalho na Indústria Cerâmica<br />

Iniciada em 2001, esta campanha marca de forma indelével<br />

a atividade da USST e de todo o setor cerâmico, devido<br />

à visibilidade que deu às questões de SHT entre os empresários,<br />

quadros, chefias e trabalhadores das empresas.<br />

De entre as muitas iniciativas levadas a cabo, salienta-se a<br />

publicação de 4 Manuais de Prevenção específicos para as<br />

empresas cerâmicas e de material didático para a Formação<br />

em SST dos trabalhadores do setor.<br />

Salienta-se, igualmente a realização de um estudo da<br />

74 | Keramica | CTCV


A implementação de uma cultura de segurança no seio das empresas<br />

demonstra que estas são organizações confiáveis<br />

sinistralidade laboral no sector cerâmico e, em colaboração<br />

com o Laboratório de Ergonomia da Universidade do<br />

Minho, o Estudo Ergonómico dos postos de trabalho dos<br />

subsectores da Louça Sanitária e da Louça Utilitária e Decorativa.<br />

Serviços de Segurança no Trabalho<br />

Em 2005 o CTCV foi a 3ª entidade a nível nacional a ser<br />

autorizada pelas entidades oficiais para a prestação dos Serviços<br />

de Segurança e Higiene do Trabalho.<br />

Em 2012 foi feita a 1ª auditoria para manutenção da autorização<br />

para prestação dos serviços sendo, também, alargada<br />

a autorização para prestação dos Serviços de ST em<br />

empresas com atividades de risco elevado:<br />

• Trabalhos em obras de construção, escavação, movimentação<br />

de terras, de túneis, com riscos de quedas de<br />

altura ou de soterramento, demolições e intervenção em<br />

ferrovias e rodovias sem interrupção de tráfego;<br />

• Atividades de indústrias extrativas;<br />

• Atividades que impliquem a exposição a agentes biológicos<br />

do grupo 3 ou 4;<br />

• Atividades com risco de silicose.<br />

Nesta atividade o CTCV destaca-se da maioria das restantes<br />

empresas pela personalização do serviço, pelo rigor<br />

técnico e pela adequação das práticas às características da<br />

empresa cliente.<br />

prestação de apoio técnico especializado em áreas como<br />

a prevenção e resposta a emergências, segurança contra<br />

incêndios, ergonomia, remoção de materiais contendo amianto,<br />

entre outras, permitem às empresas responder adequadamente<br />

às suas necessidades nesta área. Complementarmente,<br />

a colaboração com o Laboratório de Higiene Industrial<br />

coloca ao dispor dos nossos clientes um conjunto<br />

alargado de meios de medição dos contaminantes potencialmente<br />

existentes nos seus locais de trabalho.<br />

O futuro agora<br />

A implementação de uma cultura de segurança no seio<br />

das empresas demonstra que estas são organizações confiáveis,<br />

desenvolvendo a sua atividade de forma socialmente<br />

sustentável.<br />

A USST está a desenvolver competências necessárias para<br />

fazer face aos desafios lançados por riscos emergentes, nomeadamente,<br />

no trabalho com nanomateriais, possuindo<br />

meios técnicos e humanos para acompanhar as empresas<br />

do setor cerâmico no seu desenvolvimento tecnológico, assegurando,<br />

ao mesmo tempo, a proteção da segurança e<br />

saúde dos colaboradores.<br />

SST – Uma visão integrada<br />

A USST presta serviços na área da SST de forma integrada,<br />

apoiando as empresas na avaliação e controlo dos riscos,<br />

tendo em consideração a legislação aplicável e as práticas<br />

de gestão.<br />

Os benefícios que a SST pode trazer para as empresas que<br />

a utilizam como vantagem competitiva só são atingidos se<br />

for encarada como algo inserido na empresa, que faz parte<br />

do seu dia-a-dia.<br />

A USST propõe às empresas um conjunto de serviços que<br />

lhes permitem atingir esse propósito. A atividade dos técnicos<br />

da USST nos seus clientes divide-se em três grandes<br />

grupos:<br />

• Prestação de Serviços de Segurança no Trabalho;<br />

• Apoio na implementação de Sistemas de Gestão de Segurança<br />

e Saúde do Trabalho;<br />

• Consultoria especializada.<br />

As ações de apoio técnico, formação, informação e<br />

consulta dos trabalhadores, diagnósticos e auditorias e a<br />

Keramica | CTCV | 75


STI<br />

SISTEMAS E TECNOLOGIAS<br />

DE INFORMAÇÃO<br />

João Barata<br />

A missão da Unidade de Sistemas e Tecnologias de Informação<br />

(USTI) consiste no desenvolvimento de soluções<br />

informáticas inovadoras para gestão de referenciais ISO.<br />

Criámos e consolidámos uma visão das tecnologias ao serviço<br />

das pessoas, privilegiando a simplicidade e a utilidade.<br />

Inspiramo-nos em normas e recorremos a elas para a melhoria<br />

dos produtos e processos.<br />

Desde a sua fundação que o CTCV procurou complementar<br />

a oferta de serviços com tecnologias de informação,<br />

facultando uma diferenciação, automatizando processos e<br />

promovendo as melhores práticas através de software. Esteve<br />

sempre subjacente a vocação de “consultoria eletrónica”,<br />

através de ferramentas de elevada incorporação de<br />

conhecimento.<br />

Em 1997 foi criada a primeira equipa de desenvolvimento,<br />

tendo como objetivo a conceção de um software para<br />

apoio à norma ISO 9001, em especial nos seus requisitos de<br />

documentação e análise. É então lançado o ISI9000, uma<br />

das primeiras soluções nacionais para gestão da qualidade.<br />

Em poucos anos esta solução tornou-se líder nas indústrias<br />

cerâmicas, com os módulos de gestão documental, avaliação<br />

de fornecedores, processos e indicadores, formação,<br />

auditorias, não conformidades, ações, reclamações, entre<br />

outros processos relacionados com a certificação.<br />

Foi devido à sua simplicidade e conformidade normativa<br />

que o sistema ISI9000 se generalizou a toda a indústria e<br />

também a serviços. A informática passou a ser um aliado da<br />

certificação, melhorando a imagem interna da norma, reduzindo<br />

a burocracia, melhorando a produtividade. Constituiu<br />

para muitos uma surpresa que os setores tradicionais da cerâmica<br />

e vidro tivessem a capacidade de gerar tecnologia representativa<br />

do que de melhor existe para gestão da qualidade.<br />

O ISI9000 passou a ser uma solução ambicionada por<br />

consultores nas suas implementações, foi apresentado em<br />

exposições nacionais e internacionais, passando a constar<br />

em cursos de formação profissional e de ensino superior.<br />

Outras soluções mais específicas foram também desenvolvidas<br />

em complemento ao ISI9000: MPCalc, um software<br />

para cálculo de composições cerâmicas recorrendo<br />

a algoritmos de investigação operacional; I-Quime, um software<br />

muito generalizado na cerâmica para a gestão das<br />

fichas de dados de segurança; Calibra, uma aplicação de<br />

referência para gestão das calibrações e EMMs; GFS, uma<br />

plataforma para gestão da formação profissional; eCO2®,<br />

uma solução de gestão ambiental orientada para o comércio<br />

de emissões; GENE, uma plataforma para monitorização<br />

de consumos energéticos; myDoX®, um sistema de gestão<br />

documental, vigilância tecnológica e difusão de informação,<br />

incluindo documentos internos e externos como a legislação,<br />

normas ou manuais técnicos.<br />

No início da década de 2000, tendo como base uma tese<br />

de mestrado em informática na FCTUC, é desenvolvida a<br />

primeira versão do software GTM – Gestão Total da Manutenção.<br />

Apesar de ser uma atividade essencial à indústria e<br />

existirem já no mercado várias soluções de suporte, a manutenção<br />

era uma área pouco desenvolvida na sua gestão.<br />

76 | Keramica | CTCV


A STI é atualmente um Centro de Inovação Microsoft (MIC), líder em soluções<br />

informáticas referenciais<br />

Era fonte de não conformidades frequentes na certificação,<br />

eram raras as instalações com um registo completo e adequado<br />

do histórico de intervenções, o planeamento era<br />

insuficiente. Foi identificado que uma das dificuldades das<br />

ferramentas informáticas para manutenção era a elevada<br />

complexidade, pouco compatível com as necessidades do<br />

nosso tecido industrial.<br />

Uma vez mais o CTCV se concentrou na proximidade<br />

industrial para desenvolver uma nova solução de sucesso,<br />

simples mas completa, com o essencial para o processo de<br />

manutenção. Estava encontrado o fio condutor para a evolução<br />

desta unidade tecnológica: incorporação de conhecimento<br />

com grande proximidade do terreno, concentração<br />

na simplicidade e necessidades dos utilizadores, inspiração<br />

nas normas internacionais. Todas as ferramentas informáticas<br />

do CTCV passaram a ter como principais designers os<br />

seus utilizadores finais, aos quais é justo transmitir o nosso<br />

reconhecimento.<br />

Nos últimos 5 anos a unidade tem investido na melhoria<br />

destas plataformas para web (ISIMILL®) e na sua ampliação<br />

a novas áreas, nomeadamente, a gestão da inovação<br />

– software heiDI, desenvolvido em investigação realizada<br />

na Universidade do Minho, gestão do relacionamento com<br />

clientes (CRM), ambiente, segurança e responsabilidade social.<br />

A nossa visão atual do sistema de informação vai muito<br />

além de um sistema de suporte, na realidade a tecnologia é<br />

apenas um dos componentes desse sistema. A relação das<br />

pessoas neste sistema, a lógica e adequação dos processos,<br />

a validação e qualidade dos próprios dados e ferramentas,<br />

todos estes elementos constituem um sistema de informação<br />

e requerem uma abordagem profissional para a qual<br />

colaboramos nos nossos clientes.<br />

Estabelecendo pontes entre a ciência e a prática industrial,<br />

a USTI protagoniza uma das funções essenciais dos<br />

centros tecnológicos. A USTI é atualmente um Centro de<br />

Inovação Microsoft (MIC), líder em soluções informáticas<br />

referenciais, dando confiança aos seus clientes na evolução<br />

e continuidade das soluções. Esta liderança comprova-se<br />

nos projetos em múltiplos setores, ao longo de 14 anos,<br />

com mais de 140 clientes. Promovemos a transversalidade<br />

de atuação setorial.<br />

A USTI já implementou soluções em Espanha e Angola.<br />

Empresas internacionais como a BP utilizam aplicações do<br />

CTCV para gerir os seus ativos. O ISIMILL® GTM é utilizado<br />

pela Universidade de Coimbra para gerir os seus edifícios.<br />

Indústrias no setor alimentar, água, automóvel, metalomecânica,<br />

turismo ou ambiente, utilizam aplicações do CTCV<br />

para gerir os seus equipamentos. Grupos globais como a<br />

Renault, Mitsubishi, Daimler, KPMG ou Exide confiaram ao<br />

CTCV o desenvolvimento informático de áreas críticas da sua<br />

certificação ou processos de negócio. Instituições de prestígio<br />

como o ISQ, LNEG, CTIC, CHSUL ou Certif, utilizam as plataformas<br />

ISIMILL® para gerir os seus processos da qualidade.<br />

Contamos na nossa equipa com profissionais altamente<br />

qualificados em engenharia industrial, informática e sistemas<br />

de informação. Trabalhamos com os nossos clientes<br />

para alcançar a excelência, antecipamos as suas necessidades<br />

e convertemos ideias em soluções eletrónicas viáveis.<br />

Keramica | CTCV | 77


FQ<br />

FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO<br />

Sandra Carvalho<br />

A importância dada à vertente de formação enquanto<br />

ferramenta competitiva para as empresas e a Sociedade em<br />

geral está patente naquele que é o principal instrumento de<br />

financiamento para empresas e instituições, sendo referida<br />

a sua importância em diversos documentos e planos estratégicos<br />

como o Plano Tecnológico, a Estratégia de Lisboa e<br />

outros instrumentos do Quadro de Referência Estratégica<br />

Nacional – QREN.<br />

O QREN foi delineado, tendo como grande desígnio estratégico<br />

a qualificação dos portugueses, valorizando o<br />

conhecimento, a ciência, a tecnologia e a inovação, tendo<br />

sido mobilizado para o Programa Operacional Potencial Humano<br />

(POPH), a maior fatia do orçamento total dos fundos<br />

comunitários (cerca de 1/3 do orçamento total), sendo<br />

que 90% deste orçamento está consignado a medidas que<br />

visam o reforço da participação no ensino e na formação<br />

contínua, seja formação inicial, profissional ou de ensino<br />

superior, bem como a qualidade dos sistemas de ensino e<br />

da formação profissional.<br />

Os comportamentos, conhecimentos e aptidões das pessoas<br />

são o principal alicerce de qualquer organização que<br />

se quer competitiva. Numa era de constante mudança, a<br />

competitividade das empresas passa pelo reforço tecnológico<br />

e pela inovação. É por isso premente que as organizações<br />

apostem num corpo de colaboradores, além de qualificados,<br />

com competências que lhes permitam uma atitude<br />

construtiva e orientada para o projeto da organização onde<br />

estão integrados.<br />

Além da gestão da formação dos seus colaboradores,<br />

o CTCV tem um conjunto de serviços que presta aos seus<br />

clientes, na área da formação profissional, nomeadamente:<br />

• Oferta de formação de especialidade (incluindo formato<br />

e-learning);<br />

• Formação intraempresa, à medida das necessidades dos<br />

seus clientes;<br />

• Diagnósticos de necessidades de Formação;<br />

• Avaliação de projetos de Formação;<br />

• Auditorias da Formação;<br />

• Consultoria formativa, que passa pelo apoio na implementação<br />

de Sistemas de Gestão da Formação e Gestão de<br />

Projetos de Formação;<br />

• Candidaturas a projetos de Gestão do Conhecimento e<br />

Formação Profissional.<br />

Vantagem Competitiva na<br />

Diferenciação de Serviços<br />

O CTCV é uma infra-estrutura tecnológica com elevada<br />

notoriedade no mercado em que atua, em todas as suas<br />

áreas de atividade e em particular na área da formação profissional,<br />

uma vez que integra uma bolsa de técnicos especialistas,<br />

com competências técnicas e pedagógicas comprovadas,<br />

pela sua experiência e conhecimento intrínseco<br />

da realidade das organizações aos seus diversos níveis, bem<br />

como a agregação de sinergias entre as várias unidades<br />

que possui, oferecendo um leque de serviços integrados e<br />

78 | Keramica | CTCV


As atitudes e competências das pessoas são o principal alicerce de qualquer<br />

organização que se quer competitiva<br />

de maior valor acrescentado. A estrutura do CTCV, aliada<br />

com o conhecimento amplo e enfoque nas necessidades<br />

dos clientes, permite-nos apresentar serviços integrados e<br />

diferenciados e oferecer soluções personalizadas, rápidas e<br />

flexíveis.<br />

A Formação Profissional (área de atuação acreditada pela<br />

DGERT e outras entidades reguladoras competentes), constitui<br />

uma área complementar e transversal aos diversos serviços<br />

prestados pelo CTCV, nomeadamente em áreas como<br />

a Energia, o Ambiente, a Qualidade, a Saúde e Segurança,<br />

a Inovação, a Responsabilidade Social, Otimização de Processos,<br />

entre outras.<br />

Na área laboratorial, promove o acesso aos seus diversos<br />

laboratórios acreditados, complementando e aproximando<br />

à realidade industrial e laboratorial, as ações de formação<br />

que promove.<br />

No seu portefólio de projetos na área da Gestão do Conhecimento<br />

e Valorização de Pessoas, conta com projetos<br />

desenvolvidos em parceria com empresas, universidades<br />

e outras Entidades do Sistema Cientifico Tecnológico, nas<br />

suas múltiplas áreas de atuação.<br />

Ao longo dos 25 anos de existência o CTCV tem vindo<br />

a desenvolver um conjunto alargado de intervenções<br />

ao nível da gestão do conhecimento, nomeadamente na<br />

área da formação e desenvolvimento de competências,<br />

tendo liderado e participado em projetos, dos quais se<br />

destacam iniciativas como o PEDIP II, PRONACI, Ser PME<br />

Responsável, RSOpt (Rede Nacional de Responsabilidade<br />

Social); MODELAR; CH@TMOULD; GlassChallenge; FOR-<br />

BEN – Benchmarking para o Sucesso na Indústria; RE-<br />

SEG – Rede de Segurança; Literacia Digital (Microsoft);<br />

Inov Jovem, principal projeto na integração de jovens no<br />

mercado de trabalho, Pense Indústria – Principal Projeto<br />

desenvolvido em Portugal na mobilização de jovens para<br />

a Indústria, integrando recentemente a iniciativa F1 in<br />

Schools, um projecto de âmbito mundial, que envolve<br />

mais de 10 milhões de jovens, com o objetivo principal<br />

de estimular nos jovens a inovação, a criatividade e o<br />

empreendedorismo para áreas tecnológicas e de engenharia.<br />

Está em curso a 3ª edição do projecto QI PME, projeto<br />

de Formação – ação, desenvolvido em parceria com a ACIB<br />

– Associação Comercial e Industrial da Bairrada e muitos<br />

outros que visam sobretudo colmatar o fosso que muitas<br />

vezes existe entre as competências individuais e a realidade<br />

das organizações.<br />

O CTCV tem integrado várias comissões técnicas sob a<br />

gestão do Instituto Português da Qualidade – IPQ, e outros<br />

organismos competentes, nomeadamente na área da Qualidade<br />

na Formação Profissional.<br />

Neste âmbito, o CTCV, a convite do IPQ, integrou recentemente<br />

uma comissão técnica para a criação de uma norma<br />

para a Sistemas de Gestão da Formação Profissional, que foi<br />

publicada no passado mês de Julho a “NP 4512:2012 – Sistema<br />

de gestão da formação profissional, incluindo aprendizagem<br />

enriquecida por tecnologia”.<br />

Actualmente, na área da Formação Profissional, o CTCV<br />

tem além dos serviços regulares que presta uma oferta formativa<br />

baseada no Catálogo Nacional de Qualificações, em<br />

parceria com a APICER – Associação Portuguesa da Indústria<br />

Cerâmica, que permite desenvolver competências em<br />

áreas-chave, como a gestão, a inovação, e o marketing.<br />

Apesar do período conturbado que atravessamos, as organizações<br />

e os seus colaboradores crêem que podem ser<br />

mais competitivos, através do desenvolvimento de competências<br />

individuais e organizacionais, assentes em modelos<br />

de formação adequados e ajustados às suas reais necessidades.<br />

Acreditamos que cada organização é única e embora<br />

haja traços comuns às diversas realidades, o nosso foco é<br />

o de ir sempre ao encontro de meios de demarcar sempre<br />

o que é singular em cada organização, através de metodologias<br />

inovadoras, capazes de potenciar a analogia entre a<br />

teoria e a prática.<br />

Keramica | CTCV | 79


80 | Keramica | CTCV


Keramica | CTCV | 81


82 | Keramica | CTCV

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!