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Keramica | CTCV | 1
FICHA TÉCNICA<br />
PROPRIEDADE E EDIÇÃO<br />
APICER [Associação Portuguesa da Indústria de Cerâmica]<br />
DIREÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, REDAÇÃO E PUBLICIDADE<br />
Rua Coronel Veiga Simão, Edifício C<br />
3020-053 Coimbra<br />
[t] +351 239 497 600 [f] +351 239 497 601<br />
[e-mail] info@apicer.pt [internet] www.apicer.pt<br />
DIRETOR<br />
Duarte Garcia<br />
DIRETOR ADJUNTO E EDITOR<br />
Virgílio Pimenta<br />
PUBLICAÇÃO<br />
BIMESTRAL<br />
Ano XXXVIII<br />
N318<br />
NOVEMBRO<br />
2012<br />
Depósito legal nº 21079/88<br />
Publicação Periódica inscrita<br />
na ERC [Entidade Reguladora<br />
para a Comunicação Social]<br />
com o nº 122304<br />
ISSN 0871 - 780X<br />
Sumário<br />
04 Dos Valores e Visão para uma estratégia de futuro<br />
06 Enquadramento industrial, estratégia e o desenvolvimento<br />
do CTCV<br />
10 O CTCV recordado 25 anos depois<br />
12 Memórias de um projeto de sucesso<br />
14 A minha passagem pelo CTCV: uma experiência gratificante,<br />
uma relação que perdura<br />
16 O CTCV que conheci<br />
18 A minha passagem pelo CTCV<br />
20 25 anos do CTCV<br />
Sumário<br />
22 Aniversário do CTCV<br />
24 A indústria de cerâmica e sua evolução entre 1987 e 2010<br />
26 A minha história do CTCV<br />
34 Os primórdios do CTCV<br />
COLABORADORES<br />
Alfredo Marques, Alice Oliveira, Ana Carvalho, António Baio Dias, António<br />
Alcântara Gonçalves, António Oliveira, Artur Serrano, Augusto Vaz Serra e Sousa,<br />
Carlos Borges Tavares, Conceição Fonseca, Francisco Bernardo de Almeida-Lobo,<br />
Francisco Pegado, Francisco Silva, Fernando Cunha, Gonçalo Ilharco de Moura,<br />
Hélio Jorge, João Barata, José Manuel Cerqueira, José L.uís Sequeira,<br />
Luc Hennetier, Luís Rodrigues, Marcelo Félix, Marcelo Sousa, Maria Helena<br />
Duarte, Mário Coelho, Marisa Almeida, Marta Ferreira, Osória Miranda,<br />
Rui Neves, Sandra Carvalho, Serafim Nunes, Sofia de Oliveira David,<br />
Susana Rajado, Teresa Monteiro, Valente de Almeida e Victor Francisco<br />
CAPA<br />
José Luís Fernandes<br />
PAGINAÇÃO E IMPRESSÃO<br />
Alumnus Media<br />
[e-mail] alumnusmedia@gmail.com<br />
DISTRIBUIÇÃO<br />
Gratuita aos associados e assinatura anual (6 números)<br />
PORTUGAL €32,00 (IVA incluído)<br />
UNIÃO EUROPEIA €60,00<br />
RESTO DA EUROPEIA €75,00<br />
FORA DA EUROPEIA €90,00<br />
NOTAS: Proibida a reprodução total ou parcial de textos sem citar a fonte.<br />
Os artigos assinados veiculam as posições dos seus autores.<br />
36 Centro de Conhecimento em Materiais e Construção<br />
Sustentável<br />
42 GS: A evolução dos Sistemas de Gestão no CTCV<br />
44 GAPI-CTCV: A Propriedade Industrial: Um Valor a Preservar<br />
46 TEandM: TEandM um spin-off do CTCV<br />
48 ONS: Organismo de Normalização Sectorial<br />
50 GPI: Gestão e Promoção da Inovação<br />
54 NMA: Novos Materiais e Aplicações<br />
56 DEP: Desenvolvimento e Engenharia de Produto<br />
58 LAM: Laboratório de Análise de Materiais<br />
60 LEP: Laboratório de Ensaios de Produtos<br />
62 MREi: Medição e Racionalização de Energia - Indústria<br />
64 MREh: Medição e Racionalização de Energia - Habitat<br />
66 LMA: Laboratório de Monitorização Ambiental<br />
68 LHI: Laboratório de Higiene Industrial<br />
70 SGM: Sistemas de Gestão e Melhoria<br />
72 AS: Ambiente e Sustentabilidade<br />
74 SST: Segurança e Saúde do Trabalho<br />
76 STI: Sistemas e Tecnologias de Informação<br />
78 FQ: Formação e Qualificação<br />
2 | Keramica | CTCV
EDITORIAL<br />
por António Alcântara Gonçalves, António Baio Dias e Sofia de Oliveira David, Direção do CTCV<br />
É com indisfarçável orgulho que o CTCV comemora os<br />
seus 25 anos de existência!<br />
Fundado no dia 20 de Março de 1987, por um restrito<br />
grupo de pessoas que decidiu dar corpo a uma visão<br />
inovadora, o CTCV cresceu, superando diversos percalços e<br />
festejando também muitas vitórias, sem nunca esquecer o<br />
desígnio lançado pelos seus fundadores, de contribuir com<br />
o seu esforço e dedicação, para a melhoria e a inovação do<br />
tecido industrial português.<br />
O CTCV cresceu e modificou-se ao longo destes 25 anos,<br />
mas manteve sempre a sua convicção de que é com as pes-<br />
Editorial<br />
soas que se consolida a capacidade de contribuir de forma<br />
sustentável para o crescimento das empresas, lançando assim<br />
os alicerces para o futuro. Foi graças ao esforço e dedicação<br />
que sempre caracterizaram os seus colaboradores<br />
que se construiu a imagem de seriedade e competência de<br />
que o CTCV goza junto dos clientes. Acreditamos que só<br />
assim vale a pena este projeto, envolvendo de forma responsável<br />
as pessoas que connosco percorrem este caminho<br />
de crescimento, contribuindo também para o seu bem-estar<br />
pessoal, numa clara perspetiva de responsabilidade social.<br />
Nesta efeméride é fundamental lembrar as empresas que<br />
acompanharam o CTCV, algumas desde os seus primeiros<br />
passos, outras mais recentemente. Em todos os casos pautando<br />
sempre o seu relacionamento com o CTCV por uma<br />
marca indelével de confiança na equipa, resultando tantas e<br />
tantas vezes em proveitosas trocas de ideias que concorreram<br />
para o nosso crescimento conjunto com os clientes.<br />
Na comemoração destes 25 anos de existência não poderíamos<br />
deixar de lembrar um vasto conjunto de pessoas e<br />
entidades que connosco fizeram este percurso, em frutuosa<br />
colaboração com o CTCV, de que resultaram certamente<br />
inúmeras mais-valias.<br />
Assim, nunca é demais referir o precioso trabalho de cooperação<br />
entre os vários Centros Tecnológicos (CATIM, CTIC,<br />
CEVALOR, CTCOR, CITEVE, CENTINFE, CTCP e CTIMM),<br />
muitas vezes liderado e galvanizado pela RECET. São exemplo<br />
desta comunhão de interesses, vários projetos marcantes<br />
e com forte ligação à comunidade.<br />
Também a colaboração e participação na Plataforma para<br />
a Construção Sustentável (Cluster Habitat) tem permitido<br />
ao CTCV um contacto muito próximo com a realidade<br />
da construção sustentável em Portugal e no Mundo, bem<br />
como o desenvolvimento de uma larga bolsa de ideias, tantas<br />
vezes concretizadas em novos projetos de inovação ao<br />
longo destes últimos anos e com ênfase na transferência do<br />
conhecimento às empresas nossas clientes.<br />
Foram muitas as associações empresariais setoriais que<br />
nos acompanharam nestes anos, como associados do CTCV<br />
mas sobretudo como parceiros. Mesmo correndo o risco de<br />
não referir algumas que também foram importantes no<br />
nosso percurso, gostaríamos de deixar uma menção de<br />
agradecimento à colaboração e o apoio que sempre nos foi<br />
dado pela APFAC, ANIPB, ANIET, ACIB e um especial agradecimento<br />
à APICER por toda a colaboração e interesse no<br />
acompanhamento permanente das nossas pisadas.<br />
E porque a qualidade foi e sempre será um dos desígnios<br />
do CTCV para as empresas, o estreito relacionamento com<br />
a CERTIF e com a APQ tem sido uma linha orientadora para<br />
a melhoria dos nossos serviços e para o desenvolvimento de<br />
novas oportunidades de trabalho com os clientes. Ao longo<br />
de todo este tempo o CTCV cresceu, modernizou-se e<br />
expandiu as suas atividades. Este esforço permanente para<br />
acompanhar o mercado, permanecendo sempre na vanguarda,<br />
foi direcionando o CTCV para novos e renovados<br />
desafios. Foi assim que surgiu em 2000 a TEandM, um spinoff<br />
com um imenso potencial de inovação e crescimento.<br />
Esta permanente vontade de inovar culmina agora, em ano<br />
de comemoração, com o projeto do ccMCS, um Centro de<br />
Conhecimento para o desenvolvimento de novos produtos,<br />
materiais, processos e tecnologias.<br />
Foram 25 anos intensos e memoráveis e é assim que surge<br />
a vontade de lançar um marco que perdure na história do<br />
CTCV, que consubstanciámos com a presente publicação.<br />
Aos nossos fundadores, colaboradores, clientes e parceiros<br />
queremos demonstrar o nosso reconhecimento e deixar<br />
a garantia de que tudo faremos para continuar a trilhar este<br />
caminho de crescimento. Esperamos contar com muitos<br />
mais anos de sucesso, com todos e para todos os que até<br />
agora nos acompanharam.<br />
Keramica | CTCV | 3
DOS VALORES E VISÃO<br />
PARA UMA ESTRATÉGIA<br />
DE FUTURO<br />
por Marcelo Sousa, Marcelo Félix, Maria Helena Duarte, Osória Miranda e Teresa Monteiro, Conselho de Administração do CTCV<br />
Marcelo Sousa<br />
É uma enorme satisfação poder partilhar não só o aniversário<br />
de 25 anos do CTCV mas, em especial, partilhar<br />
a celebração de 25 anos de sucesso de um projeto inovador<br />
desde o seu início, de um projeto de qualidade, de um<br />
projeto diferente e de um projeto com resultados objetivos,<br />
não só ao nível económico e financeiro mas também ao nível<br />
da satisfação e realização profissional e pessoal das suas<br />
equipas, assim como da satisfação dos seus clientes pelos<br />
serviços que lhe foram prestados.<br />
Muito mais há por dizer sobre estes primeiros 25 anos de<br />
existência do CTCV, mas certamente que isso será devidamente<br />
testemunhado por outras pessoas que o presenciaram.<br />
Da minha parte, apenas devo falar por estes últimos<br />
dois anos em que fui e sou responsável pelo CTCV e naturalmente<br />
falar um pouco do presente e do futuro.<br />
O CTCV foi reconhecido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia<br />
como uma entidade de referência na Comunidade<br />
Cientifica e Tecnológica, apresenta-se no presente, e o futuro,<br />
como um parceiro de referência para a indústria em toda<br />
a sua cadeia de valor.<br />
O CTCV tem hoje competências em áreas tão distintas<br />
como sejam na prospeção, análise e caracterização de matérias-primas,<br />
realização de ensaios a produtos acabados,<br />
realização de análises para monitorização do desempenho<br />
ambiental, na IDI em novos materiais, processos tecnológicos<br />
e novas aplicações como nano materiais, sistemas de<br />
gestão da melhoria contínua e processos de certificação,<br />
nas melhores práticas para a segurança e saúde no trabalho,<br />
nas tecnologias de informação, na formação e qualificação,<br />
contribuição nas comissões técnicas de normalização e na<br />
implementação das diretivas comunitárias, no ambiente e<br />
sustentabilidade, na gestão da energia em todas as suas<br />
vertentes e na gestão e promoção da inovação.<br />
Mas não é apenas na Indústria da Cerâmica e do Vidro<br />
que o CTCV está hoje posicionado. O CTCV tem projetos<br />
em diversos setores industriais, como o caso dos setores<br />
dos cimentos, do setor automóvel, do setor da aeronáutica,<br />
do setor dos moldes, entre outros e, claro, no sector<br />
extrativo de minerais não metálicos, uma das suas áreas de<br />
excelência.<br />
E ao nível geográfico é também importante referir que<br />
hoje o CTCV já não está só no mercado nacional, desenvolvendo<br />
também projetos no mercado internacional, nomeadamente<br />
em Angola e no Brasil.<br />
Mas os 25 anos do CTCV não se esgotam no seu passado<br />
e muito menos no presente, o CTCV é uma Instituição que<br />
tem procurado sistematicamente antecipar-se e adequar-se<br />
à evolução dos mercados e dos seus clientes, de uma forma<br />
sustentável para si e para os seus clientes.<br />
Nessa perspetiva de modernidade, é privilegiada a sustentabilidade<br />
do Habitat como uma nova abordagem aos materiais,<br />
à sua forma de os utilizar e integrar na habitação.<br />
Para tal, tem sido e será determinante, não apenas a estratégia<br />
definida nos anteriores Conselhos de Administra-<br />
4 | Keramica | CTCV
ção e o investimento que o CTCV faz na formação e qualificação<br />
dos seus colaboradores, mas também o interesse, a<br />
disponibilidade, o empenhamento, o compromisso, a seriedade,<br />
o profissionalismo e a atitude pró-ativa de melhoria<br />
contínua e de inovação que os colaboradores do CTCV têm<br />
demonstrado nos constantes desafios colocados. Em nome<br />
de todos os elementos do Conselho de Administração, manifestamos<br />
e reconhecemos a sua contribuição no sucesso<br />
que o CTCV tem alcançado.<br />
O Conselho de Administração também faz questão de<br />
destacar o excelente contributo do Eng. Vaz Serra nestes<br />
25 anos, a sua dedicação e a sua visão para um CTCV que<br />
mantém a capacidade de interpretar estratégias sustentáveis<br />
de desenvolvimento, apresentando soluções às oportunidades<br />
do mercado, na qualidade de parceiro preferencial<br />
das empresas em vários domínios.<br />
E é nesta lógica de permanente evolução que destaco,<br />
já numa perspetiva de futuro, a construção que está neste<br />
momento em curso no Parque Tecnológico de Coimbra, do<br />
Centro de Conhecimento em Materiais para a Construção<br />
Sustentável (CCMCS), que se define como o projeto âncora<br />
do Cluster do Habitat Sustentável e é, mais uma vez, um<br />
projeto inovador.<br />
Com este projeto, o CTCV apresenta-se de novo como<br />
um parceiro de referência e nalgumas áreas como o único,<br />
num novo paradigma em que a responsabilidade social<br />
e a sustentabilidade na utilização de recursos naturais<br />
e finitos ganham outra dimensão, ao mesmo tempo que<br />
vai surgindo cada vez mais regulamentação legal nestas<br />
matérias.<br />
Também numa perspetiva de futuro, o CTCV tem privilegiado<br />
a análise e a exploração de possíveis modelos de<br />
Internacionalização como um vetor estratégico e onde já<br />
estão, neste momento, a ser desenvolvidos projetos exploratórios.<br />
Quanto ao futuro, muito mais haveria para dizer mas há<br />
uma nota que não pode deixar de ser referida. Não tenho<br />
dúvida que o CTCV venha a perspetivar-se para além de um<br />
Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro. Na verdade, já<br />
hoje é mais do que isso. Mas no futuro, o CTCV, face à sua<br />
diversidade setorial, face à sua transversalidade em vários<br />
domínios do seu conhecimento e, por fim, à sua especialização<br />
em alguns nichos, só pode vir a ser um verdadeiro<br />
Centro de Conhecimento Empresarial capaz de transformar<br />
Conhecimento em Valor Económico e tornar-se um modelo<br />
e exemplo neste domínio.<br />
Keramica | CTCV | 5
Enquadramento Industrial, Estratégia<br />
e o Desenvolvimento do CTCV<br />
por Augusto Vaz Serra e Sousa, Direção CTCV até 2006, Conselho de Administração (2007-2011)<br />
Para memória futura<br />
A comemoração de um tempo de existência, 25 anos da<br />
data formal de constituição do CTCV, suportado em decreto<br />
lei com a política do Governo para o desenvolvimento de infraestruturas<br />
tecnológicas, os Centro Tecnológicos (CTs) e os<br />
estatutos para dar personalidade jurídica e grandes linhas<br />
de orientação para a prática dessas entidades, é uma excelente<br />
oportunidade de colher relatos e depoimentos para<br />
memória futura.<br />
1. Enquadramento<br />
Na génese da criação do CTCV estão factores que tem<br />
a ver com a macroeconomia, o movimento associativo e<br />
a necessidade de uma indústria com acesso ao conhecimento,<br />
à internacionalização e às exigências da integração<br />
europeia.<br />
Nos anos 50 e nos anos 60, foi criado um conjunto de<br />
entidades de cariz particularmente tecnológico com destaque<br />
para o INII (Instituto Nacional de Investigação Industrial).<br />
Este organismo integrou a política de grandes laboratórios<br />
do Estado e algum desenvolvimento por sectores<br />
de actividade industrial. Foi um organismo com projecção,<br />
com publicações técnicas e de organização industrial de<br />
excelência. Era uma referencia nacional e de grande prestigio.<br />
Na prática tinha uma actividade dispersa e instalações<br />
precárias em diversos locais, todos centrados em Lisboa.<br />
Este organismo está na origem do LNETI, definido como<br />
uma entidade agregadora e integradora de todas as actividades<br />
que constituiram o INII e outras áreas de Laboratórios<br />
do Estado, incluindo as referentes à física das partículas.<br />
Destaca-se e deve-se ao Prof. Doutor José Veiga Simão,<br />
nos anos 70 e 80, esta visão de procurar estabelecer as<br />
orientações da política nacional para o desenvolvimento<br />
tecnológico, por actividade.<br />
Mas este movimento desenvolve-se em paralelo com<br />
outro iniciado pelas Associações orientado para as novas<br />
tecnologias e para a promoção das exportações. De facto,<br />
nos anos 70 regista-se um crescimento acentuado da capacidade<br />
instalada nas empresas cerâmicas nacionais com<br />
destaque para as fábricas de louça utilitária e de pavimento<br />
e revestimento; a cerâmica técnica traduzia-se essencialmente<br />
na actividade ligada aos refractários e à electroceramica<br />
para apoio à rede eléctrica nacional. A cerâmica de<br />
construção, na época referida como de "barro vermelho",<br />
inicia um processo de modernização de tecnologias e procedimentos<br />
com a especialização da produção.<br />
Nesta época e devido à complexidade das tecnologias<br />
emergentes, há necessidade da especialização da produção,<br />
em que as empresas procuram reforçar o seu conhecimento<br />
e prática industrial numa actividade bem identificada,<br />
abandonando o modelo da integração de toda a<br />
gama de produção cerâmica numa só unidade industrial/<br />
empresarial. Há uma especialização do exercício da actividade<br />
industrial, o início da produção em grande tonelagem,<br />
por produto, e uma procura do aumento da produtividade<br />
com melhoria na utilização de recursos e menores<br />
perdas industriais.<br />
Este processo de procura de produtividade é acompanhado<br />
de práticas de responsabilidade social numa reconhecida<br />
necessidade de conseguir maior conhecimento e especialização<br />
através de recursos humanos melhor preparados e<br />
especializados.<br />
Isto é, a internacionalização acentuada da cerâmica, a<br />
criação de maior abertura à mobilidade das pessoas e do<br />
conhecimento e uma evolução tecnológica permanente,<br />
vem criar o "caldo" essencial para o aparecimento de entidades<br />
especializadas, como facilitadoras dessa procura de<br />
modernidade e competitividade.<br />
6 | Keramica | CTCV
O aparecimento da Universidade de Aveiro, por iniciativa<br />
do Prof. Doutor Veiga Simão, no inicio dos anos 70 e a criação<br />
da sua especialização em Cerâmica foram os primeiros<br />
sinais desse movimento, que procurou corresponder às necessidades<br />
apontadas pelas Associações Empresariais.<br />
Ao tempo desta estruturação da Cerâmica na Universidade<br />
de Aveiro, segue-se um período de procura de outros<br />
meios tecnológicos complementares aos que estavam a ser<br />
desenvolvidos na Universidade para a formação universitária<br />
e que pudessem beneficiar do conhecimento que fosse<br />
sendo adquirido, de forma abrangente, pelas outras entidades<br />
de I+D.<br />
A questão essencial suscitada pela indústria era garantir<br />
a essas novas entidades a autonomia na orientação e nos<br />
conteúdos por forma a contribuir, de facto, para o serviço a<br />
prestar à actividade empresarial.<br />
Não foi uma questão pacífica a escolha da localização e<br />
do modelo de gestão a adoptar! Com base num trabalho<br />
realizado pela CDR, actual CCDRC, e sustentado na distribuição<br />
geográfica dos diferentes tipos de actividade industrial<br />
e logística, a opção de instalação dessa estrutura tecnológica,<br />
foi Coimbra.<br />
Essa decisão teve o acordo de todas as Associações Industriais/Empresariais<br />
do sector (APICC, APC e ANIBAVE).<br />
O modelo de gestão a adoptar segundo o exigido pela<br />
indústria, seria de autonomia relativamente a instituições<br />
públicas e de ensino. E foi esse entendimento que prevaleceu<br />
e que se veio a reflectir no decreto lei da criação do<br />
CTCV, bem como nos seus estatutos.<br />
Era então Ministro da Indústria, o Dr. Fernando Santos<br />
Martins, Secretário de Estado, o Eng. Luís Todo Bom, Presidente<br />
da APICC, o Dr. António Mota Figueiredo, da APC,<br />
o Sr. Manuel Quintela e da ANIBAVE, o Eng. Artur Alves<br />
Pereira.<br />
Estrategicamente, depois da formalização e apresentação<br />
pública da nova infraestrutura tecnológica, o CTCV, cerca<br />
de 4 meses depois, foram elaborados protocolos com a Universidade<br />
de Aveiro e de Coimbra, em cerimónia conjunta.<br />
Procurava-se apaziguar e harmonizar os diferentes entendimentos<br />
sobre a missão e a estrutura a privilegiar para o<br />
CTCV.<br />
A indústria através das suas Associações e individualmente,<br />
subscreveu a maioria do património associativo com a<br />
correspondente contrapartida na distribuição de funções<br />
nos orgãos sociais e na orientação operacional.<br />
Uma referência particular para a composição do primeiro<br />
Conselho de Administração que, além dos representantes<br />
das indústrias, Dr. António Mota Figueiredo (Presidente),<br />
Sr. José Cyrilo Machado, Sr. Manuel Maria Quintela e Eng.<br />
Carvalhão Duarte, teve três elementos da administração pública<br />
empenhados no apoio à organização do CTCV, com<br />
destaque para o Eng. Francisco Pegado (em representação<br />
do IAPMEI) e Eng. Carlos Borges Tavares (em representação<br />
do IPQ).<br />
Prestação de serviços do CTCV em ppm do PIB Português<br />
Keramica | CTCV | 7
Enquadramento Industrial, Estratégia<br />
e o Desenvolvimento do CTCV<br />
E é a partir desta data, Abril de 1987, que se inicia na<br />
prática, a estruturação do CTCV, com a criação das áreas<br />
operacionais de intervenção e de desenvolvimento, procurando<br />
aproveitar algum do equipamento já adquirido pela<br />
designada Comissão Instaladora e outro existente em instituições<br />
como o LNETI.<br />
2. Conhecimento e Desenvolvimento<br />
Com o envolvimento directo da indústria nos Orgãos<br />
Sociais e grande empenho do Presidente do Conselho de<br />
Administração, Dr. António Mota de Figueiredo (também<br />
Presidente da APICC), foi possível criar uma dinâmica notável<br />
na fase inicial e definir as grandes linhas de trabalho.<br />
Privilegiaram-se Unidades com real interesse para a modernização<br />
dos diferentes sub-sectores da indústria e a para<br />
incrementar sua competitividade com reforço da internacionalização.<br />
E foram estruturados os Laboratórios de Ensaio para as<br />
matérias-primas e produtos acabados, tendo em vista os<br />
normativos e, sempre que possível, a Normalização europeia<br />
aplicável.<br />
As áreas de processo foram integradas em grandes domínios<br />
como a Qualidade, a Energia, a Reorganização Industrial<br />
e logo de inicio a definição das melhores práticas para<br />
o exercício da actividade industrial e com menores impactos<br />
ambientais.<br />
Na indústria extractiva iniciava-se então um processo de<br />
racionalização na exploração de recursos naturais e de aproveitamento<br />
integral de jazidas em que o CTCV através da<br />
sua Unidade de Geologia, teve uma acção exemplar e determinante<br />
na adopção das melhores técnicas de extracção.<br />
Para a indústria cerâmica utilizadora de recursos naturais,<br />
começa o processo de poder ter acesso a matérias primas<br />
com garantia de estabilidade e qualidade, adequadas ao<br />
processo de modernização da indústria transformadora,<br />
que se seguiu.<br />
Mas não menos importante foi a questão da engenharia<br />
do produto que orientada para o melhor aproveitamento<br />
dos recursos (sem perdas!) e para materiais melhor integrados<br />
na habitação. A acção do CTCV, em particular para o<br />
sub-sector da Cerâmica Estrutural, permitiu o "upgrade" de<br />
novos materiais (telhas, tijolos e pavimentos) com sucesso e<br />
a adopção de novas formas de estar na indústria.<br />
Foi um facilitador para o benchmarking de produtos e de<br />
práticas de produção, com a demonstração de necessidade<br />
de evoluir...ou morrer! Procedeu-se à publicação de Manuais<br />
da Aplicação dos Produtos Cerâmicos em parceria com<br />
os Departamentos de Engenharia Civil da Universidade do<br />
Porto e de Coimbra.<br />
Assiste-se na década de 90 a uma especialização da actividade<br />
industrial e à concentração da produção. O CTCV<br />
teve sempre uma acção empenhada, disponibilizando<br />
meios e conhecimento para a indústria acompanhar estes<br />
processos e possibilitando acessos aos desenvolvimentos<br />
em curso na U.E. Como se viveu um momento de euforia<br />
na construção, nem sempre foram bem assimiladas algumas<br />
das recomendações e do desenvolvimento então<br />
apresentado.<br />
A Energia, em qualquer das suas formas, é uma questão<br />
permanente e um factor de produção essencial para todo<br />
o sector da cerâmica e do vidro. Ontem, hoje e sê-lo-à no<br />
futuro, é determinante para a competitividade industrial a<br />
exigência de uma adaptação permanente das formas de a<br />
integrar no produto e também de a produzir.<br />
Aqui o CTCV assegurou, desde o início, uma estrutura<br />
com capacidade e conhecimento, reconhecida por todos<br />
os organismos nacionais e internacionais, que disponibilizou<br />
à indústria. Foi sempre um actor activo em todas as<br />
fases do processo da introdução do GN, colaborando com<br />
as entidades da rede de transporte e com a indústria utilizadora.<br />
E como o processo industrial tem associado consumo de<br />
recursos e impactos na envolvente, o CTCV desde o início<br />
desenvolveu conhecimento e competências ao mais alto<br />
nível no domínio do Ambiente e contribuiu para a gestão e<br />
adaptação de processos fabris. Também aqui foi e é, referencia<br />
nacional reconhecida pelas Associações Industriais,<br />
clientes e organismos nacionais e internacionais.<br />
O mesmo se pode referir para a Higiene e Segurança na<br />
actividade industrial em que o CTCV de tornou uma refe-<br />
8 | Keramica | CTCV
encia nacional reconhecido pela ACT-Autoridade para as<br />
Condições do Trabalho.<br />
Ao promover a modernização e evolução das empresas,<br />
Associações e Organismos, Clientes, também o CTCV repensou,<br />
em permanência, a sua estratégia e os processos<br />
de conhecimento a privilegiar.<br />
E a sua evolução tem muito a ver com uma visão sistémica<br />
do meio industrial, do conhecimento e das exigências do<br />
meio ambiente. Não tem mais sentido falar de produto de<br />
per si, sem o enquadrar no "espaço" alargado do Habitat.<br />
Por isso, o CTCV alargou a sua esfera de acção e disponibilizou<br />
os seus conhecimentos para outras empresas deste<br />
espaço e iniciou, desde há anos, a estruturação da forma de<br />
incluir na boa tradição portuguesa de construção, a sustentabilidade<br />
como factor essencial para uma perspectiva de<br />
futuro. Por isso, o CTCV é também um elemento ativo no<br />
desenvolvimento desta nova forma de entender a prática<br />
industrial e o Habitat sustentável.<br />
E todas estas actividades consubstanciam novos conhecimentos,<br />
que foram sendo sempre privilegiados como factores<br />
de desenvolvimento dos colaboradores, que constituem<br />
os Recursos Humanos do CTCV.<br />
Ou seja, o CTCV privilegiou o conhecimento e desenvolvimento<br />
pessoal dos seus colaboradores, integrado num<br />
processo de permanente melhoria para a indústria cliente e<br />
associou a esta visão, os valores de utilidade e modernidade<br />
dos serviços e produtos que disponibiliza.<br />
"The last but not the least", o domínio dos materiais<br />
avançados mereceu sempre um lugar de particular interesse<br />
nas opções tomadas. E foi nesta área dos materiais e tecnologias<br />
de ponta que se deu origem a uma empresa de referência,<br />
a TEandM - Engenharia e Tecnologia de Materiais,<br />
S.A., especializada em revestimentos nanoestruturados e<br />
com grande potencial de crescimento.<br />
Todo este processo tem como suporte, Conselhos de<br />
Administração atentos, participantes e parceiros no desenvolvimento<br />
de novas estratégias. Pela época crítica em que<br />
exerceram os seus mandatos, como Presidentes do Conselho<br />
de Administração, têm de ser destacados pela importância<br />
e pelo impacto à data, o Dr. António Mota Figueiredo<br />
e o Eng. José Lamy Carneiro, ao contribuirem decisivamente<br />
para a consolidação do CTCV.<br />
3. Maturidade e Futuro<br />
Sem o investimento constante na aquisição de conhecimento<br />
e na valorização dos colaboradores nada neste<br />
percurso teria sido possível. Esse, é um valor essencial que<br />
nunca o CTCV pode perder, associando à utilidade, a universalidade<br />
do conhecimento.<br />
Há uma cultura forte com valores assumidos de trabalho<br />
em equipa e envolvimento nas soluções que se propõem<br />
aos clientes e, em particular, à indústria.<br />
Hoje, ganhou sentido um novo paradigma que é a sustentabilidade,<br />
quer seja no Habitat, quer na prática industrial.<br />
Não há mais soluções isoladas, nem produtos isolados;<br />
há sim, um conjunto sistémico, que deverá ser integrado e<br />
harmonioso com a sua envolvente.<br />
A expressão prática desta nova abordagem é a "cidade"<br />
e o "habitat" sustentáveis, num contexto de responsabilidade<br />
social alargada, auto-suficiente em termos de<br />
recursos, quer seja de energia ou outros, com soluções<br />
construtivas em que os materiais são multi-funcionais e<br />
"inteligentes".<br />
É aqui que o CTCV reorienta de novo algumas das suas<br />
capacidades e conhecimento, quer através dos novos materiais<br />
e tecnologias, quer das novas formas de energia ,quer<br />
ainda da divulgação das melhores práticas disponíveis com<br />
a finalidade de se constituir como parceiro a privilegiar, para<br />
a competitividade da indústria.<br />
Longa vida ao CTCV e aos seus colaboradores neste contexto<br />
de permanente actualização de conhecimento e utilidade<br />
industrial.<br />
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.<br />
Keramica | CTCV | 9
O CTCV recordado<br />
25 anos depois<br />
por Francisco Pegado, Conselho de Administração (1987-1996)<br />
Em 1987 foi oficialmente criado o CTCV – Centro Tecnológico<br />
da Cerâmica e do Vidro, que agora regista, portanto,<br />
um quartel de existência. Tive a sorte de integrar os primeiros<br />
conselhos de administração do mesmo, em representação<br />
do accionista IAPMEI, acrónimo, na altura, do Instituto<br />
de Apoio às Pequenas e Médias Empresas Industriais.<br />
Solicitam-me agora, vinte e cinco anos passados, que escreva<br />
“alguma coisa” sobre o Centro, na celebração desta<br />
efeméride. Matéria não falta. Falta é a capacidade de escrever<br />
organizadamente alguma coisa com interesse para o<br />
leitor, não repetindo os textos de outros testemunhos, que<br />
me foram antecipadamente apresentados pelos respectivos<br />
autores, numa sadia cumplicidade de vida e de trabalho,<br />
que dura, pelo menos, há outros tantos anos.<br />
Optarei, por isso, por deixar algumas notas, que dão a<br />
síntese dos factos e momentos que me marcaram ao ponto<br />
de, ainda hoje, deles me recordar com razoável nitidez.<br />
Compreenderá o leitor que o faço em termos estritamente<br />
pessoais, não comprometendo, assim, o IAPMEI, quer o da<br />
altura, quer o actual.<br />
Ora, vamos lá…<br />
1ª Nota: o início; a equipa<br />
Já não me recordo do dia em que o primeiro conselho de<br />
administração se reuniu pela primeira vez. Mas recordo-me<br />
que, para mim, foi um momento estranho; não conhecia<br />
os meus colegas do sector público, nem os do sector privado,<br />
com excepção do presidente, Dr. António Mota de Figueiredo,<br />
com quem já tinha conversado algumas vezes em<br />
encontros ocasionais de carácter profissional. Seriam talvez<br />
umas 10 horas quando a reunião começou, com um clima<br />
de formalidade que, durante o resto do dia se foi desvanecendo,<br />
por força dos pontos de vista coincidentes, de uma<br />
condução dos trabalhos objectiva mas descontraída e de<br />
uma conversa iminentemente técnica, muito patrocinada<br />
pelo Engº Vaz Serra, que todos nós, desde então, fizemos<br />
questão que estivesse presente nas reuniões. Estas foram<br />
muitas, como é fácil de calcular, numa casa que estava a ser<br />
criada. Nem sempre foram pacíficas; os diferentes pontos<br />
de vista e as orientações de que cada um era mandatário<br />
eram expostos claramente e com frontalidade. Contudo,<br />
não me lembro que alguma vez fossem desagradáveis. Os<br />
consensos obtinham-se com facilidade, por força dos mesmos<br />
princípios de conduta, dos mesmos valores sociais e<br />
profissionais e do objectivo comum e único de pôr o CTCV<br />
a funcionar de forma sustentável. Esta forma de proceder<br />
foi rapidamente passada pelo Engº Vaz Serra à equipa operacional<br />
que se ia constituindo.<br />
2ª Nota: os recursos<br />
Uma parte da equipa técnica já existia, contratada pela<br />
comissão instaladora do CTCV. Apreciados os respectivos<br />
curricula e perfis técnicos, foram, sempre que se tal revelava<br />
mais acertado, reafectados às unidades orgânicas onde se<br />
previa que dariam maior e melhor contributo.<br />
Mesmo assim, foi necessário proceder-se à contratação<br />
de mais pessoal para garantir o pleno funcionamento das<br />
unidades com que o Centro iria funcionar. Participei nas entrevistas<br />
a pessoas que ainda hoje continuam a fazer parte<br />
da equipa do centro, o que me dá muita satisfação.<br />
Começou, de imediato, a formação dos técnicos, parte<br />
dela no estrangeiro, duma forma tão intensiva que, em<br />
pouco tempo já tínhamos verdadeiros especialistas em várias<br />
áreas.<br />
Com o dinheiro disponível fomos também apetrechando<br />
as instalações com o equipamento mais actualizado, recor-<br />
10 | Keramica | CTCV
endo quase sempre à técnica de ir” bater à porta certa”.<br />
E os nossos especialistas já iam introduzindo, nesses equipamentos,<br />
aperfeiçoamentos e actualizações (alguns patenteáveis)!<br />
Lembro-me até dos saudosos Macintosh, uma<br />
novidade naquela altura e que toda a gente do CTCV sabia<br />
manejar sem hesitações…<br />
3ª Nota: a estratégia e os objectivos<br />
Desde a primeira reunião que se estabeleceu que a estratégia<br />
de desenvolvimento passaria por uma actualização constante<br />
nas áreas do saber mais importantes para os sectores<br />
a que o Centro se dedicava. E foi assim que, também em<br />
pouco tempo, o Centro começou a trabalhar com os novos<br />
materiais e tecnologias. O entusiasmo era contagiante! Por<br />
vezes os técnicos entravam pela noite dentro a trabalhar. Pessoalmente,<br />
vi-me envolvido na importação, para o Centro, da<br />
tecnologia de revestimento de superfícies por projecção de<br />
plasma (duma maneira mais simples, para o leitor, era a técnica<br />
usada no revestimento das “telhas” da fuselagem dos<br />
“Space Shuttle”). O desenvolvimento desta tecnologia viria a<br />
dar origem, mais tarde a uma empresa “spin-off” do CTCV.<br />
Os objectivos eram estabelecidos numa perspectiva realista,<br />
quero dizer, de maneira a que pudessem ser, de facto,<br />
cumpridos. E eram, eram mesmo ultrapassados sempre,<br />
de tal modo que eramos acusados de pôr a fasquia muito<br />
baixa, para facilmente a ultrapassarmos, o que não era verdade,<br />
simplesmente seguíamos os princípios de qualidade<br />
na gestão.<br />
Outras Notas<br />
Tantas mais notas eu poderia trazer para o texto! Mas não<br />
tenho espaço disponível para o seu registo. Para além disso,<br />
não quero maçá-lo, caro leitor. Apenas lhe sugiro, caso estas<br />
notas lhe tenham, pelo menos, despertado a curiosidade,<br />
que passe pelo CTCV. Talvez ainda lá encontre algumas<br />
das pessoas da equipa inicial. De qualquer modo será bem<br />
recebido e verá com facilidade, que as notas que lhe deixei<br />
não são exageradas, porque ainda estão presentes.<br />
Quanto a mim, na altura ainda um jovem, que melhor<br />
escola de gestão e de vida poderia eu ter arranjado?<br />
Por tudo isto, é muito agradável fazer este exercício de<br />
recordação. Sobretudo no tempo que vivemos!<br />
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.<br />
Keramica | CTCV | 11
Memórias de um projeto de sucesso<br />
por Carlos Borges Tavares, Conselho de Administração (1987-1994)<br />
O modelo dos Centros Tecnológicos cujo objetivo é congregar<br />
os interesses públicos e privados de um setor industrial<br />
numa parceria capaz de proporcionar aos respetivos<br />
agentes envolvidos apoio técnico de valor acrescentado potenciado<br />
e credível, teve no CTCV o exemplo paradigmático<br />
e exemplar.<br />
Fui membro dos Conselhos de Administração do CTCV<br />
desde 1987 até abril de 1994 e passados vinte cinco anos<br />
posso afirmar que foi uma das realizações profissionais mais<br />
estimulantes, bem conseguidas e que mais prazer me deu<br />
na minha vida profissional.<br />
Qualquer instituição dinâmica e de sucesso revisita o seu<br />
passado não numa perspetiva saudosista mas sim como forma<br />
de nele, encontrar razões reforçadas para enfrentar os<br />
desafios que o futuro lhe põe.<br />
É pois com muito prazer que aceitei o convite do CTCV<br />
para escrever algumas linhas sobre esta organização.<br />
O 1º Conselho de Administração de qualquer instituição<br />
enfrenta sempre muitos desafios. O 1º CA do CTCV não<br />
fugiu à regra; havia que:<br />
• Proceder às obras de adaptação do edifício em que se<br />
encontrava instalado o Centro e mais importante do que<br />
isso, clarificar e tentar legalizar a posse do edifício como<br />
património do Centro, situação que só em 1992 conheceu<br />
avanços mais significativos;<br />
• Contratar colaboradores para as diferentes valências de<br />
conhecimento do Centro;<br />
• Apetrechar o Centro de equipamento tecnologicamente<br />
avançado para apoio a projetos de investigação aplicada<br />
que pudesse satisfazer as necessidades crescentes das indústrias<br />
da cerâmica e do vidro;<br />
• Estabelecer protocolos de cooperação técnica com entidades<br />
detentoras de saber: Universidades, Laboratórios e<br />
outras que permitissem a transferência de conhecimento<br />
específico nas áreas de competência do CTCV, por forma a<br />
potenciar a implantação do Centro junto do seus associados<br />
o mais cedo possível, ultrapassando-se deste modo a<br />
inevitável imaturidade do conhecimento devido à infância<br />
da sua atividade.<br />
Toda esta atividade teve como principal linha orientadora,<br />
unanimemente assumida por todos os membros do CA,<br />
procurar gerar receitas para que o CTCV atingisse a sua sustentabilidade<br />
económica e autonomia financeira tão cedo<br />
quanto possível.<br />
Uma das lições a tirar deste projeto é a de que, tal como<br />
vem escrito nos livros da especialidade e o bom senso dita,<br />
o sucesso de uma equipa é a sua coesão e determinação na<br />
busca de objetivos comuns. Ora o 1º CA do CTCV foi disso<br />
o exemplo paradigmático.<br />
Sendo constituído por representantes de entidades públicas<br />
e privadas com idades, formações, percursos e experiências<br />
profissionais muito diferentes e que não se conheciam<br />
soube, em conjunto com o Eng. Vaz Serra e Sousa – Diretor<br />
Geral do CTCV, formar uma verdadeira equipa de gestão,<br />
pondo todos os seus conhecimentos e um empenhamento<br />
determinado, em prol da resolução dos problemas que<br />
em seu entender seriam os determinantes para o futuro do<br />
Centro.<br />
A sorte protegeu o CTCV, pois as equipas de gestão que a<br />
seguir têm vindo a tomar os destinos do Centro perceberam<br />
o que tinha sido alcançado e mantiveram o mesmo rumo,<br />
conseguindo assim, consolidar e desenvolver tudo aquilo<br />
12 | Keramica | CTCV
que hoje permite que o CTCV seja o apoio indispensável<br />
dos setores industriais nacionais da cerâmica e do vidro,<br />
mas ter ido mais além e ser também um parceiro internacional<br />
reconhecido pelos seus congéneres a nível europeu<br />
e internacional.<br />
Nos posteriores Conselhos de Administração que tive a<br />
honra de integrar, foi sempre possível manter um forte espírito<br />
de equipa o que permitiu o enfoque nos problemas<br />
que em cada momento eram os considerados fundamentais<br />
para a afirmação institucional do Centro.<br />
Foi assim que sucessivamente foram equacionados, discutidos<br />
e resolvidos, por vezes à custa de muito esforço<br />
e determinação mas sempre pela positiva, muitos outros<br />
desafios de entre os quais gostaria de sublinhar, pelo seu<br />
impacto ou relevância para a afirmação do CTCV como entidade<br />
muito competente, os seguintes:<br />
• Instalação do reactor de plasma para deposição de cerâmicos<br />
para tratamento de superfícies;<br />
• Início do funcionamento da Instalação Piloto;<br />
• Acreditação do CTCV como laboratório de Ensaios;<br />
• Reconhecimento do CTCV pelo IPQ como Organismo<br />
de Normalização Setorial (ONS);<br />
• Acreditação do CTCV como Organismo de Certificação<br />
Sectorial;<br />
• Integração da CERLABS – Rede Europeia de Laboratórios<br />
Cerâmicos;<br />
• Construção do Edifício B para instalação do Laboratório<br />
de Ensaios de Produtos;<br />
• Aquisição dos equipamentos de Eflorescência de Raios-X<br />
e o Microscópio Eletrónico de Varrimento;<br />
• Acreditação do CTCV para a realização de ensaios a<br />
vidro Automóvel pela American Association Motor Vehicle<br />
Administrators (AAMVA);<br />
• Registo de patente para a produção de Wolastonite sintética.<br />
A geração de receitas pelos serviços prestados trouxe na<br />
altura (anos 80/90 do século passado) um outro desafio interessante<br />
que foi o demonstrar aos sócios do CTCV, privados<br />
e públicos, que qualquer instituição para ser sustentável<br />
deveria necessariamente dar lucro e que a diferença estava<br />
na utilização dada a esse excedente.<br />
Uma organização de sucesso como o CTCV tem que contar<br />
com o saber e empenho dos seus colaboradores e nestas<br />
singelas linhas quero manifestar-lhes todo o meu apreço e<br />
reconhecimento, em particular aqueles que estão no Centro<br />
desde 1987 e que assistiram de uma forma participativa à<br />
construção e crescimento deste magnífico projeto.<br />
Não quero destacar ninguém mas sinto o dever de aproveitar<br />
esta oportunidade para prestar a minha homenagem<br />
a todos os meus companheiros dos diferentes CA de que fiz<br />
parte, alguns dos quais já não estão entre nós.<br />
A eles devo a vivência de muitas situações das mais estimulantes<br />
e enriquecedoras da minha carreira profissional.<br />
Para a instituição CTCV e para todos aqueles que dão e<br />
continuarão a dar continuidade a este projeto exemplar vão<br />
os meus desejos de que consigam comemorar muitos quartos<br />
de século para bem dos seus parceiros e do país.<br />
Dados Curriculares<br />
Licenciado em Engenharia Eletrotécnica, ramo Telecomunicações<br />
e Eletrónica pelo Instituto Superior Técnico, 1972<br />
Atividade profissional<br />
Cargo atual: Diretor do Departamento de Normalização do<br />
Instituto Português da Qualidade - IPQ<br />
Atividade anterior<br />
Sub Diretor-Geral da Direcção-Geral da Aviação Civil<br />
Vogal do Conselho Fiscal da STCP Sociedade de Transportes<br />
Coletivos do Porto SA<br />
Desempenho de vários cargos de chefia no IAPMEI, Direçãogeral<br />
da Indústria e IPQ<br />
Delegado do IPQ nos Bureaux Técnico do CEN e do CENE-<br />
LEC<br />
Consultor para a área da normalização em projectos comunitários<br />
na Eslovénia e Moçambique<br />
Presidente da Comissão Permanente para a Normalização<br />
do Conselho Nacional da Qualidade<br />
Diretor industrial numa fábrica de mobiliário<br />
Chefia da Divisão da Manutenção Eléctrica na Fábrica Militar<br />
de Braço de Prata<br />
Keramica | CTCV | 13
A minha passagem pelo CTCV: Uma experiência<br />
gratificante, uma relação que perdura<br />
por Alfredo Marques, Conselho de Administração (1997-2000)<br />
É muito gratificante, para quem passou pela Administração<br />
do CTCV - como foi o meu caso entre 1997 e 2000 -<br />
ver, neste seu 25º aniversário, o percurso feito pelo Centro<br />
não só desde aí, mas desde a sua fundação em 1987. Dedicado<br />
numa primeira fase, essencialmente (como era sua<br />
vocação), à assistência técnica especializada às empresas<br />
dos setores da cerâmica e do vidro, o CTCV já dispunha,<br />
quando com ele convivi de perto, de capacidades que<br />
lhe permitiam alargar a sua prestação de serviços a outros<br />
setores, os quais representavam já nessa altura entre 30%<br />
e 40% da faturação total nesta atividade de serviços. Essa<br />
transversalidade foi-se desenvolvendo, sendo hoje o peso<br />
relativo dos «outros setores» de metade da faturação.<br />
Este alargamento do seu âmbito de intervenção apresenta<br />
três aspetos que gostaria de realçar. Por um lado,<br />
mostra a transversalidade crescente da própria economia,<br />
em que as fronteiras entre os setores se foram esbatendo,<br />
porque os produtos e os inputs necessários à sua produção<br />
cada vez se identificam menos com os setores tradicionais<br />
e assentam cada vez mais em combinações daquilo que<br />
estes produziam.<br />
Por outro lado, esta intervenção alargada não só não<br />
prejudicou os setores iniciais, como os beneficiou, pelo conhecimento<br />
que o Centro ia adquirindo sobre as necessárias<br />
ligações e interações que esses setores precisavam de<br />
desenvolver com outros.<br />
Por último (e o último podia vir em primeiro lugar), se<br />
isso foi possível foi porque o CTCV contava, e conta, com<br />
um excelente corpo técnico, com uma formação avançada,<br />
graças não só aos graus académicos cada vez mais<br />
elevados que possui, mas também (e este ponto é crucial)<br />
aos projetos de investigação aplicada e desenvolvimento<br />
em que se tem envolvido.<br />
Durante os anos em que estive do Centro, muitos foram<br />
os grandes problemas na agenda. Evoco apenas quatro,<br />
pela sua representatividade e para não fazer deste testemunho<br />
um relatório.<br />
Havia o eterno problema do financiamento do Centro,<br />
mas que se cruzava com o das empresas. Estas tinham (e<br />
continuam a ter – não é novidade) fortes restrições financeiras,<br />
mas também revelavam pouca propensão a recorrer<br />
a serviços especializados (mesmo quando a necessidade<br />
era evidente). Os centros tecnológicos, por sua vez, dependiam<br />
nessa altura, em grande parte, da subsidiação<br />
pública para a sua atividade corrente. As empresas eram,<br />
assim, subsidiadas indiretamente pela via da subsidiação<br />
da oferta. Contudo, como o apoio público provinha dos<br />
Fundos Comunitários (onde a elegibilidade desta atividade<br />
era problemática), e também devido às restrições impostas<br />
pela política comunitária de concorrência a este tipo de<br />
mecanismo, a incerteza era grande sobre a sustentabilidade<br />
financeira do Centro.<br />
Por outro lado, julgava-se que seria mais adequado<br />
estimular diretamente a procura, para envolver mais diretamente<br />
as empresas e para as habituar a recorrer ao<br />
apoio técnico, que não só servia para resolver pequenos<br />
problemas (por vezes com grandes resultados) no produto<br />
ou no processo, como permitia frequentemente introduzir<br />
inovação incremental (mudança no produto ou no processo,<br />
e não apenas solução pontual). Revelava-se, contudo,<br />
mais difícil convencer os responsáveis governamentais das<br />
virtudes deste modo de financimento (que assumiria a forma<br />
simplificada de cheque, ou vale, que nunca envolveria<br />
grandes montantes e já tinha existido anteriormente, com<br />
êxito, e que posteriormente foi reintroduzido e existe atualmente<br />
no QREN) do que das potencialidades da subsi-<br />
14 | Keramica | CTCV
diação de projetos de investimento (que ocorria em larga<br />
escala e com montantes e intensidades muito elevados).<br />
O Centro conseguiu entretanto a sua autonomia financeira,<br />
sendo hoje autossustentável com os serviços que<br />
presta e os projetos de investigação aplicada e desenvolvimento<br />
que realiza.<br />
Havia, nessa altura, a necessidade de passar à fase de<br />
utilização produtiva e em larga escala de uma tecnologia<br />
de ponta, já testada pelo CTCV e pioneira em Portugal, no<br />
domínio dos revestimentos de superfícies de peças, componentes<br />
de equipamentos, ferramentas e instrumentos,<br />
submetidas a um elevado desgaste ou requerendo acabamentos<br />
ou outras propriedades particulares. Foi assim<br />
fundada, em 2000, a TEAndM – Tecnologia, Engenharia<br />
e Materiais, S.A., spin-off do Centro, em parceria com<br />
a DURIT (que veio a ficar com uma posição maioritária) e<br />
com a participação de uma sociedade de capital de risco.<br />
Foi-me muito grato pertencer aos corpos sociais desta pequena<br />
empresa tecnológica durante os primeiros anos da<br />
sua existência, a qual tem crescido a um ritmo exponencial<br />
desde a sua criação.<br />
Havia o grande problema _ no âmago da atividade do<br />
Centro _ da sustentabilidade da construção. Remetia para<br />
os materiais, para o modo de construção, para a eficiência<br />
energética, para a produção de energia para auto-consumo,<br />
para as TIC, etc. Construção sustentável e casa inteligente,<br />
eram expressões e preocupações omnipresentes no<br />
quotidiano do CTCV, refletindo uma prioridade central da<br />
sua agenda. Duas realizações desta prioridade que entretanto<br />
ocorreram: a participação ativa do Centro na organização<br />
do cluster do habitat e a recentíssima construção,<br />
no Coimbra I-Parque, do “Centro de Conhecimento em<br />
Materiais para a Construção Sustentável”, que iniciará a<br />
sua atividade em 2012 e constitui um projeto âncora do<br />
cluster.<br />
Havia ainda na agenda a questão da certificação dos<br />
produtos, que até aí, era uma componente importante da<br />
atividade do Centro, mas precisava de ser autonomizada<br />
do ensaio e do apoio técnico. O CTCV esteve, assim, na<br />
fundação da CERTIF, associação independente que veio<br />
dar corpo a essa necessidade.<br />
Por tudo isto, e pelo muito mais que fica por dizer, foi<br />
uma experiência marcante a que tive o privilégio de viver<br />
no CTCV durante aqueles anos. Mas esses anos, na verdade,<br />
não acabaram (e, pela minha parte, não acabarão),<br />
pois tenho continuado sempre em contacto com o Centro<br />
como se da minha casa se tratasse.<br />
Os meus parabéns ao CTCV pelas suas bodas de prata e<br />
as vivas felicitações a todos os que têm contribuído - e, em<br />
particular, aos seus dirigentes - para o afirmar como uma<br />
entidade de referência no panorama do sistema científico<br />
e tecnológico nacional.<br />
Keramica | CTCV | 15
O CTCV que conheci<br />
por Francisco Bernardo de Almada-Lobo, Conselho de Administração (2001-2002)<br />
Em fins de 1988 e após dezasseis anos de atividade profissional<br />
no projeto e produção de máquinas elétricas rotativas<br />
de média e grande dimensão decidi mudar de rumo<br />
e entrar num mundo novo para mim, a cerâmica. Trocava<br />
os grandes alternadores das principais centrais portuguesas<br />
pela eletrocerâmica.<br />
Sou engenheiro eletrotécnico. Entrei, pois, com cuidado,<br />
começando pela cerâmica eletrotécnica que tinha em comum<br />
com a minha experiência anterior a sua aplicação e<br />
o mundo dos clientes. Aprendi o que significa porcelana<br />
eletrotécnica, grés, porcelana e faiança, o processo complexo<br />
desde as matérias-primas, as argilas, os caulinos, os<br />
feldspatos, até ao processo de fabricação da pasta cerâmica,<br />
a sua complicada matriz de secagem e de sinterização.<br />
Aprendi a vidragem. Tive por missão reestruturar uma indústria<br />
decadente e transformá-la em atividade viável num<br />
contexto cada vez mais internacional. Como em qualquer<br />
desafio criamos o mais importante, uma equipa de técnicos<br />
e gestores motivados, casando o domínio da engenharia<br />
dos processos e dos produtos com as técnicas de marketing<br />
e comercialização internacional.<br />
Já mais por dentro do processo cerâmico aceitei, quatro<br />
anos passados, passar à cerâmica doméstica e decorativa,<br />
à verdadeira porcelana, pratos, chávenas, terrinas, vasos,<br />
estatuetas.<br />
Aprendi o valor da marca e a marca do valor com que<br />
servimos.<br />
Cedo contactei com o CTCV. Como uma entidade que<br />
nos apoiou nas diferentes frentes tecnológicas, tanto nos<br />
processos correntes como sobretudo nas mutações, modernizações<br />
tecnológicas e organizacionais.<br />
Conheci o CTCV durante os doze anos da minha vida dedicada<br />
à indústria cerâmica. Assisti ao seu desenvolvimento,<br />
ao crescimento e alargamento das suas atividades. De apoio<br />
primário ao sector para que fora criado, na caracterização,<br />
seleção e tratamento das matérias-primas, no apoio aos processos<br />
de fabricação, investigando, realizando todo o tipo<br />
de ensaios laboratoriais e aconselhando, foi sofisticando<br />
esse apoio nas áreas da qualidade e organização industrial,<br />
no desenvolvimento de produtos, nas frentes de marketing<br />
e de comercialização num horizonte cada vez mais internacional.<br />
Novos meios e ferramentas de apoio ao processo e<br />
à gestão foram sendo introduzidas e novos departamentos<br />
foram sendo criados para recolher e desenvolver knowhow,<br />
para prestar formação, treinamento e aconselhamento<br />
nessas áreas. Fortaleceu novas valências, recrutou e formou<br />
novos profissionais. Formou equipas pluridisciplinares,<br />
bem preparadas e motivadas postas ao serviço da indústria<br />
não só do sector tradicional mas também doutros sectores<br />
onde a aplicação destes novos conhecimentos se revelou<br />
interessante. Da engenharia dos materiais da cerâmica e do<br />
vidro passou para a engenharia de outros materiais avançados.<br />
Ganhou massa crítica e começou a vocacionar-se como<br />
nicho de empresas de matriz tecnológica.<br />
Lembro-me bem do spin-off da TEandM, em parceria<br />
com uma empresa especializada, promovendo a tecnologia<br />
de revestimentos nano estruturados.<br />
Conheci ainda melhor o CTCV nos anos em que presidi<br />
ao seu Conselho de Administração. Era gerido não como<br />
um normal centro tecnológico exercendo o seu objeto<br />
social, mas como uma excelente empresa. Tinha ambição<br />
individual e coletiva, com visão desafiante e missão precisa.<br />
Tinha organização bem esquematizada, com planos de<br />
atividade bem definidos, com um sistema de monitorização<br />
eficiente. Revia e ajustava os seus planos em função do seu<br />
desenvolvimento. Tratava os seus recursos humanos com a<br />
16 | Keramica | CTCV
noção clara que consistiam o seu mais importante ativo.<br />
Planos de avaliação do desempenho, de desenvolvimento<br />
pessoal e profissional e de reconhecimento foram aplicados<br />
seguindo as mais modernas técnicas. Respirava-se um<br />
ambiente saudável e uma orientação clara para os novos<br />
desafios e seus resultados.<br />
Foi simples a minha missão de presidente. Os dossiers<br />
apareciam bem estudados e preparados, com argumentação<br />
clara, precisa, correta. A análise dos números perfeitamente<br />
elaborada e sustentada. As medidas de correção e<br />
reação aos desvios já pensadas. E os resultados apareciam<br />
naturalmente.<br />
As relações institucionais com a APICER e com as outras<br />
associações, com as entidades oficiais e do pelouro e com<br />
outros centros foram mais do que um exemplo de diplomacia,<br />
sendo vistas sempre como uma oportunidade para<br />
fazer melhor na procura de sinergias ao serviço dum saber<br />
fazer cada vez mais em rede.<br />
E se agraciamos na comemoração destes vinte e cinco<br />
anos os promotores e os que desenvolveram o CTCV, tenho<br />
no meu lapso de cruzamento com ele de fazer personalizar<br />
o impulso organizacional e a excelência institucional que<br />
testemunhei na pessoa que mais anos esteve à sua frente<br />
como Director Geral, o Eng. Vaz Serra e Sousa. A ele dedicou<br />
a maior parte da sua vida profissional, desde o seu<br />
início em 1987 até à sua reforma há pouco mais de um par<br />
de anos atrás.<br />
Foram curtos os meus doze anos de atividade profissional<br />
na indústria cerâmica. Foi muito curta a minha passagem<br />
direta pelo CTCV. Mas foram experiências muito gratificantes<br />
e estruturantes para o meu desenvolvimento pessoal e<br />
profissional. A imagem que permanece em mim do CTCV<br />
é a de uma entidade de alto valor e estima, como poucas<br />
ao serviço deste país que temos de recriar uma vez mais.<br />
Vinte e cinco anos passados permitiram construir a base de<br />
alavancagem do CTCV para o futuro. Os atuais responsáveis,<br />
engenheiros, técnicos e todos os colaboradores têm<br />
a missão difícil de o perpetuar com certeza adaptando-o,<br />
como sempre foi feito, aos novos tempos. Estou certo que<br />
o farão.<br />
Keramica | CTCV | 17
A minha passagem pelo CTCV<br />
por Serafim Nunes, Conselho de Administração (2006-2008)<br />
Da minha passagem pela Presidência do CA do CTCV<br />
retenho três importantes momentos: A substituição, em<br />
Dezembro de 2006, do Sr. Eng. Vaz Serra, a seu pedido,<br />
nas funções de Diretor Geral do CTCV que vinha assegurando<br />
desde a sua criação e as decisões tomadas em 2008<br />
de promover e coordenar o processo de reconhecimento do<br />
“Cluster Habitat Sustentável” e de avançar definitivamente<br />
com a construção do ccMCS – Centro de Conhecimento<br />
em Materiais para a Construção Sustentável, no iParque –<br />
Coimbra Inovação Parque, dando corpo ao respectivo projeto<br />
de arquitetura.<br />
A primeira das decisões referidas revestia-se, como facilmente<br />
o compreenderão todos os que de perto acompanharam<br />
a trajectória do CTCV, da maior importância para<br />
o CTCV e seus associados e para o próprio futuro da instituição.<br />
Estava em causa substituir uma personalidade incomum,<br />
que pelo conhecimento, competência, dedicação,<br />
sagacidade, capacidade de gestão, equilíbrio e bom-senso<br />
tinha projetado o CTCV muito para além dos limites dos<br />
setores industriais que tinham estado na sua génese tornando-o<br />
uma referência destacada, pelo lado positivo, no<br />
universo dos Centros Tecnológicos do país.<br />
Como referi de início, e nunca é demais sublinhar, o impulso<br />
para a substituição partiu do próprio Eng. Vaz Serra<br />
e da sua preocupação em assegurar uma transição sem sobressaltos<br />
no dia a dia do Centro, tendo-me a mim cabido,<br />
e aos restantes colegas de Administração, apenas conduzir<br />
o processo por forma a que a decisão recaísse em alguém<br />
que desse garantias à continuidade perseguida.<br />
Com a participação activa de todos, e do próprio Eng.<br />
Vaz Serra, acabamos por nos decidir pelo Eng. Alcântara<br />
Gonçalves e, passados quatro anos, creio poder dizer que<br />
fomos felizes na escolha. Privilegiamos a prática e a experiência<br />
industrial a abordagens mais académicas – embora<br />
tais componentes também estivessem fortemente presentes<br />
no curriculum do candidato, ou não fosse ele um homem<br />
da casa – numa perspectica de que o futuro do CTCV<br />
passaria pelo aprofundamento da sua interligação com a<br />
indústria, quer com os setores que estiveram na sua génese,<br />
quer com novos setores industriais a que pudesse estender<br />
a sua influência.<br />
Aliás, foi justamente esta dupla perspectiva, a da consolidação<br />
e a de conquista de novas competências, que nos<br />
levou no mandato seguinte a propor e dinamizar o reconhecimento<br />
do “Cluster Habitat Sustentável”, o que viria a<br />
acontecer em Fevereiro de 2009, e a tomar a decisão, depois<br />
de uma longa ponderação, de avançar definitivamente<br />
para a construção de instalações complementares do CTCV<br />
nos terrenos do iParque que lhe estavam prometidos.<br />
Tenho notícia de que ambos os projectos seguem o seu<br />
caminho, sublinhando o facto de estar já em construção<br />
o primeiro edifício do ccMCS. Fico muito feliz e penso poder<br />
incluir neste estado de alma todos os meus colegas de<br />
Administração de então – a Dr.ª Osória Miranda, o Prof.<br />
João Mascarenhas, o Sr. Carlos Teixeira e o Eng. Vaz Serra,<br />
a quem aproveito para mais uma vez manifestar o meu público<br />
apreço pela simpatia, colaboração e lealdade com que<br />
comigo sempre trataram.<br />
Antes de terminar esta minha curta nota sobre a minha<br />
passagem pela Administração do CTCV gostaria de deixar<br />
três referências finais.<br />
A primeira a uma outra entidade que, por vezes, quase<br />
com ele se confunde: a APICER. Mantivemos no período<br />
em que administrámos o CTCV a mesma estreita relação<br />
18 | Keramica | CTCV
vinda do passado, que tentámos aprofundar e privilegiar,<br />
agradecendo também aqui toda a colaboração recebida,<br />
destacando nessa colaboração o Dr. José Sequeira e a sua<br />
inquebrantável persistência.<br />
A segunda, de natureza mais estratégica, ao futuro do<br />
CTCV.<br />
A meu ver o futuro do CTCV, que ganhou um novo fôlego<br />
com o projeto de expansão em curso, deverá passar<br />
não só pelo aprofundamento do seu relacionamento com<br />
os setores “tradicionais” – cerâmica, vidro, cimentos, etc.<br />
– mas pelo seu alargamento arrojado e sem preconceitos a<br />
novos setores, pondo ao dispor do tecido industrial o capital<br />
de conhecimento, experiência, instalações, equipamentos e<br />
tecnologia que acumulou ao longo dos anos e que tão bem<br />
tem sabido preservar e desenvolver. E não só porque não<br />
fazê-lo constituiria um lamentável desaproveitamento de<br />
todo o seu potencial. Mas também, e sobretudo, porque, a<br />
meu ver, e como defendi perante algumas incompreensões,<br />
o CTCV tem de alargar o espectro das suas fontes de financiamento,<br />
reforçando a componente das receitas próprias<br />
oriundas dos serviços prestados à indústria, tornando-se<br />
financeiramente mais autónomo em relação aos fundos estruturais,<br />
e acautelando por esse via o futuro que, estou em<br />
crer, passará cada vez menos por aqueles fundos.<br />
A terceira, e última, aos trabalhadores do CTCV. O CTCV<br />
dispõe de um quadro de pessoal competente e empenhado,<br />
que tem sabido valorizar e motivar, apesar de todas as<br />
dificuldades, e que espero continue a fazê-lo. É o seu principal<br />
ativo e como tal deve ser tratado. Aos trabalhadores<br />
do CTCV deixo também o meu apreço pela forma como<br />
colaboraram com a minha Administração e deles retenho<br />
uma grata memória.<br />
Keramica | CTCV | 19
25 anos do CTCV<br />
por José Manuel Cerqueira, Conselho de Administração (2009-2010)<br />
Na altura da comemoração dos 25 anos sobre o início<br />
das atividades do Centro Tecnológico da Cerâmica e do<br />
Vidro, feitos no passado 20 de Março, vimos aqui deixar<br />
um depoimento que é também uma homenagem àqueles<br />
que estiveram na fundação e na condução dos destinos<br />
desta casa. A nossa passagem pela presidência do<br />
seu Conselho de Administração foi para nós um enorme<br />
orgulho, e uma tarefa que assumimos como mais uma<br />
missão, talvez a mais fácil das que abraçámos, pois a<br />
gestão operacional estava entregue a profissionais de<br />
enorme competência e dedicação, a quem prestamos<br />
aqui a nossa homenagem, nas pessoas do Administrador<br />
Executivo Eng. Vaz Serra, do Director Geral Eng.<br />
Alcântara Gonçalves e da Directora Financeira Dr.ª . Maria<br />
de Lurdes.<br />
Durante o nosso mandato acompanhámos a preocupação<br />
e atenção dada à sustentabilidade financeira<br />
do Centro, sobretudo atentos a que os seus resultados<br />
não ficassem comprometidos sem os projetos com<br />
apoios comunitários. Essa atenção era a garantia de<br />
continuidade e robustez. Sobretudo num período que<br />
se adivinhava toldado por nuvens negras de incerteza<br />
da economia nacional.<br />
Como facto mais relevante do período em que participámos<br />
na Administração do Centro queremos citar<br />
as formalizações da compra dos terrenos ao IParque,<br />
onde se iria instalar o ccMCS- Centro de Conhecimento<br />
em Materiais e Construção Sustentável , o lançamento<br />
do concurso para a sua execução bem com a<br />
assinatura do contrato com o Mais Centro do projecto<br />
de investimento e de expansão da atividade do ccMCS<br />
– Centro de Conhecimento em Materiais e Construção<br />
Sustentável no iParque, com um investimento global<br />
elegível de mais de 5 milhões de euros com a presença<br />
do Dr. José António Vieira da Silva - Ministro da Economia,<br />
da Inovação e do Desenvolvimento. Este projeto<br />
desenhado anteriormente e em concretização agora,<br />
é a evidência de que fomos apenas um elo nesta cadeia<br />
cuja robustez se encontra nas suas competências<br />
internas, na dedicação e saber dos seus colaboradores<br />
postos ao serviço da organização.<br />
Numa data marcante da sua vida, aqui expressamos os<br />
nossos votos de que o Centro Tecnológico da Cerâmica<br />
e do Vidro continue a ser um marco importante no desenvolvimento<br />
do tecido industrial pela inovação e apoio<br />
multissectorial que não se confina ao núcleo em torno do<br />
qual foi criado.<br />
20 | Keramica | CTCV
Keramica | CTCV | 21
Aniversário do CTCV<br />
por José Luís Sequeira, APICER<br />
Tendo-me sido pedido um depoimento sobre a passagem<br />
dos 25 anos do CTCV, não foi necessário um grande<br />
esforço para concluir sobre o que queria e gostaria de<br />
abordar.<br />
No fundo, e para celebrar qualquer aniversário, é inevitável<br />
que nos cheguem ao pensamento as “fotografias”<br />
que retemos na memória, sejam elas de episódios da época,<br />
sejam relatos de decisões marcantes que por isso mesmo<br />
é bom recordar.<br />
Antes porém destes episódios, é bom felicitar o CTCV<br />
pelo seu aniversário que senta à mesma mesa todos os<br />
dirigentes que por ele passaram, e todos os colaboradores<br />
que o fizeram crescer até ser adulto, mas sem envelhecer.<br />
Estas organizações nascem por vezes com legendas de<br />
entusiasmo e promessas, as quais se vão apagando com o<br />
tempo até se extinguirem de vez.<br />
Felizmente que o CTCV está vivo e com saúde, pronto a<br />
continuar a crescer para bem do seu futuro e da indústria<br />
que lhe deu origem.<br />
Posto isto, vamos aos tais episódios que recordo, um dos<br />
quais porque transmite uma mensagem da época, e outro<br />
porque marcou de certo modo um rumo que ficou :<br />
O cenário é o do atual hall de entrada do CTCV, se bem<br />
que na fase de construção, espaço onde se improvisavam<br />
as condições mínimas necessárias à realização das reuniões<br />
da comissão instaladora.<br />
As personagens que davam vida a esse cenário, na parte<br />
mais adiantada deste moroso processo (e que me recorde<br />
...), eram o Professor Simões Redinha da Universidade<br />
de Coimbra que coordenava os trabalhos, o Sr. José Cirylo<br />
Machado pela APC e Eng. Manuel Pinheiro pela APICC,<br />
em representação de cada uma das partes outorgantes daquele<br />
que viria a ser mais tarde o Acordo Constitutivo do<br />
Centro Tecnológico da Cerâmica e Vidro.<br />
Antes, importa referir que os intervalos para almoço<br />
eram penosos pela quebra que provocavam no curso normal<br />
das reuniões, já que se procurava um restaurante que<br />
embora próximo, não nos “despachava” com a celeridade<br />
que precisávamos. Pelo que, foi então criado um sistema<br />
que passava por trazer a merenda de casa, em torno da<br />
qual se improvisava o almoço, com os tradicionais salgadinhos<br />
caseiros, que acompanhavam com o vinho da Quinta<br />
da Abrigada, trazido pelo Sr. José Machado.<br />
São esses momentos de trabalho e convívio que retenho,<br />
pela necessidade que havia de estreitar relações entre<br />
os vários outorgantes, questão essencial para o êxito da<br />
missão que lhes estava confiada, numa altura em que o<br />
parentesco entre o Barro Vermelho e o Barro Branco era<br />
marcado por entidades com casa e motivações próprias,<br />
vivendo em locais distantes para a época, cada um defendendo<br />
legitimamente o seu reduto.<br />
Esse parentesco de facto estreitou-se também por essa<br />
via, bastante mais facilitadora do que a mesa do restaurante<br />
com o bulício que normalmente lhe está associado.<br />
Este episódio só vem à colação neste aniversário, por<br />
ter sido em torno destes momentos que se desenvolveu a<br />
ideia de um setor industrial único, identificado por cerâmica,<br />
com uma única associação representativa, criada em<br />
1996, ano em que se constituiu a APICER.<br />
Se bem pensarmos, compreenderemos que o passo<br />
dado em 1996, embora arrojado para a época pela sua<br />
singularidade no panorama associativo nacional, é hoje<br />
tido como uma medida que teve incontornável visão do<br />
futuro.<br />
22 | Keramica | CTCV
O outro episódio que considero mais significativo por<br />
ter sido marcante para o processo de desenvolvimento do<br />
CTCV, tem a ver com a assinatura do seu Acordo Constitutivo,<br />
feita no Ministério da Indústria chefiado pelo então<br />
Ministro Prof. Veiga Simão.<br />
Acontece que três dias antes da data prevista para essa<br />
assinatura, tinha tomado posse como presidente da Direção<br />
da APICC o Dr. António de Mota Figueiredo, recentemente<br />
chegado ao setor de cerâmica de Barro Vermelho.<br />
Completamente fora das reuniões e dos compromissos<br />
que conduziram à versão final do acordo, e mandatado<br />
para proceder à respetiva assinatura com data previamente<br />
marcada, o Dr. Mota Figueiredo viajou de comboio<br />
de Aveiro até Lisboa, viagem em que eu o acompanhei<br />
a seu pedido, para o ir inteirando das vicissitudes do<br />
processo negocial, dos parceiros e das conclusões a que<br />
se chegou.<br />
Cumpri o meu papel de informação, com vista a uma<br />
reunião que se previa muito rápida por se tratar apenas do<br />
ato formal de assinatura.<br />
Chegados ao local e reunidos para esse efeito já na presença<br />
do Ministro, o Dr. Mota Figueiredo suscitou a questão<br />
da paridade da participação institucional da APICC<br />
que, na fase de negociações, tinha aceite por opção própria,<br />
subscrever um número de Unidades de Participação<br />
inferior ao da APC.<br />
As implicações desta opção traduziam-se no número de<br />
representantes que cada uma das associações passaria a<br />
deter nos órgãos sociais do CTCV.<br />
Perante esta inversão de posições da APICC, o Sr. José<br />
Machado fechou os seus documentos com claro agastamento,<br />
tendo dito que assim era impossível chegar a qualquer<br />
acordo, já que o texto final dependeria do presidente<br />
que em cada momento estivesse a presidir à Direção da<br />
APICC.<br />
Perante esta constatação, o Sr. José Machado fez menção<br />
de abandonar a reunião sem assinar o Acordo, só não<br />
o tendo feito a pedido do Ministro.<br />
O antagonismo dos dois representantes da APICC e da<br />
APC, baseava-se no facto de que na ótica da APC, e de<br />
acordo com a repartição negociada antes, a APC teria dois<br />
representantes seus no CA do CTCV que responderiam<br />
pelos interesses do subsetor do Barro Branco, enquanto o<br />
elemento designado pela APICC responderia pelos interesses<br />
do Barro Vermelho.<br />
O Dr. Mota Figueiredo contestava esta repartição de<br />
interesses, com base em que os representantes designados<br />
por qualquer das duas associações deveriam ter<br />
como escopo a defesa dos interesses do CTCV e da indústria<br />
de cerâmica em geral, fosse qual fosse a sua<br />
proveniência associativa. Neste sentido, não só não haveria<br />
lugar a participações diferentes, como seria de rejeitar<br />
a defesa de interesses subsetoriais, quando estava<br />
em causa a administração de um organismo autónomo,<br />
criado para defesa dos interesses da indústria de cerâmica<br />
em geral.<br />
O Ministro foi sensível a estes argumentos, pedindo ao<br />
Sr. José Machado que os ponderasse no sentido do seu<br />
acolhimento, o que de facto aconteceu.<br />
Porém, este novo entendimento implicava alterações<br />
de substância no texto anteriormente acordado, pelo que<br />
ficou o desafio de se conseguir fazer de imediato a sua<br />
adaptação, desafio que obrigou a um curto intervalo para<br />
uma sanduiche tomada no bar em frente do Ministério,<br />
após o que foram retomadas as negociações, que duraram<br />
até cerca da uma hora da manhã. A partir daí, e dado que<br />
a previsão da deslocação seria de ida pela volta, acabamos<br />
por ter que pernoitar em Lisboa, sem roupa e sem os artigos<br />
essenciais à higiene pessoal.<br />
Certo é que, indiferentes a isso, e já num ambiente de<br />
franca colaboração e abertura, foi assinada no dia seguinte<br />
pela manhã, a versão final do Acordo Constitutivo que<br />
ainda hoje mantém a visão setorial que ditou as mudanças<br />
e os desagrados acima referidos.<br />
Devo dizer que o saldo deste episódio, acabou por se<br />
traduzir numa relação de grande cordialidade entre os<br />
dois representantes inicialmente “desavindos”, com reflexo<br />
na eleição do Dr. Mota Figueiredo como primeiro<br />
presidente do CA do CTCV, a que se seguiu uma presidência<br />
não menos importante, protagonizada pelo Eng.<br />
Lamy Carneiro.<br />
Parabéns ao CTCV e a todos os protagonistas que lhe<br />
deram vida e que a sustentam. Entre os primeiros, será<br />
injusto não referir também o nome do Eng. Augusto Vaz<br />
Serra, seu Diretor Geral e posteriormente seu Administrador,<br />
tal como o carismático Presidente do seu Conselho<br />
Geral, Dr. José António Martinez.<br />
Keramica | CTCV | 23
A Indústria Cerâmica E SUA<br />
Evolução entre 1987 e 2010<br />
por António Oliveira, APICER<br />
Ao longo deste artigo iremos analisar alguns indicadores<br />
que retratam a indústria de cerâmica em 1987 e em 2010,<br />
num trajeto que corresponde aproximadamente ao período<br />
de atividade do CTCV, que agora completa 25 anos de<br />
existência.<br />
A Indústria Cerâmica em 1987<br />
Em 1987 a indústria de cerâmica era enquadrada nas seguintes<br />
classificações de atividades económicas (CAE):<br />
• 3610.00 Fabricação de Porcelanas, Faianças, Grés Fino<br />
e Olaria de Barro;<br />
• 3691.00 Fabricação de produtos de Barro para Construção<br />
e Produtos Refratários.<br />
No Quadro I apresentam-se os dados do Valor Bruto da<br />
Produção (VBP) e Valor Acrescentado Bruto (VAB) a preços<br />
correntes para a indústria cerâmica e indústria transformadora.<br />
Verifica-se que, em relação ao total da indústria<br />
transformadora, a indústria cerâmica representava 1,81%<br />
do valor bruto da produção e 3,11% do respetivo valor<br />
acrescentado bruto.<br />
Em termos de emprego total (ver Quadro I), a indústria<br />
cerâmica empregava 26.291 trabalhadores, o que representava<br />
4,17% do emprego total da indústria transformadora.<br />
Existiam então 408 empresas na indústria cerâmica, ou<br />
seja, 2,99% do total de empresas da indústria transformadora.<br />
A dimensão empregadora era, em termos médios, de 64<br />
trabalhadores na indústria cerâmica, face aos 46 trabalhadores<br />
no total da indústria transformadora.<br />
As exportações de porcelana, faianças, grés fino e olaria<br />
de barro ascenderam no ano de 1987 a 22.742 milhares de<br />
contos, ou seja, 113,4 milhões de euros.<br />
No mesmo ano, as exportações totais de bens e serviços<br />
cifraram-se nos 1.774.700 milhares de contos, o equivalente<br />
a 8.852,2 milhões de euros.<br />
A indústria cerâmica representava, assim, 1,28% das exportações<br />
nacionais de bens e serviços.<br />
Em 1987 o PIB a preços de mercado atingiu os 32.836<br />
milhões de euros.<br />
A contribuição da indústria cerâmica para o PIB, medida<br />
através do respetivo valor acrescentado bruto, era então de<br />
0,50%.<br />
Em termos associativos, a representação institucional da<br />
indústria cerâmica era repartida entre a APICC, a ANIBA-<br />
VE (estes 2 organismos para o chamado “barro vermelho”,<br />
sendo que a área de influência da APICC compreendia a<br />
Quadro I<br />
VBP (Valor Bruto de Produção), VAB (Valor Acrescentado Bruto), Emprego e Número de Empresas na Indústria de Cerâmica e Indústria Transformadora<br />
em 1987 (Fonte: “A Indústria Portuguesa em Números”, Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério da Indústria e Energia, 1993)<br />
CAE<br />
Subsetores<br />
VBP<br />
(euros)<br />
VAB<br />
(euros)<br />
Emprego<br />
Total<br />
Empresas<br />
(número)<br />
Dimensão<br />
Empregadora<br />
3610.00<br />
3691.00<br />
Fabricação de Porcelanas, Faianças,<br />
Grés fino e Olaria de Barro<br />
Fabricação de Produtos de Barro para<br />
Construção e Produtos Refratários<br />
180.096.113<br />
119.526.506<br />
101.132.915<br />
62.823.520<br />
14.993<br />
11.298<br />
131<br />
277<br />
114<br />
40<br />
Total Cerâmica<br />
299.622.619<br />
163.956.435<br />
26.291<br />
408<br />
64<br />
Total Indústria Transformadora<br />
16.598.289.023<br />
5.276.556.334<br />
631.082<br />
13.638<br />
46<br />
24 | Keramica | CTCV
Quadro II<br />
Volume de Negócios, VAB, Número de Trabalhadores e de Empresas na Indústria de Cerâmica e Indústria Transformadora em 2010 (Fonte: INE – Empresas<br />
em Portugal, 2010 | Quadros de Pessoal, GEP – MTSS, 2010 | APICER)<br />
Indicadores 2010<br />
Volume de Negócios<br />
(milhões euros)<br />
VAB<br />
(milhões euros)<br />
Pessoal ao<br />
Serviço<br />
Número de<br />
Empresas<br />
Dimensão<br />
Empregadora<br />
Indústria Cerâmica<br />
990<br />
357<br />
16.712<br />
450<br />
37<br />
Total Indústria Transformadora<br />
76.551<br />
18.009<br />
695.628<br />
74.081<br />
9<br />
zona geográfica a norte do distrito de Lisboa e a ANIBAVE<br />
os distritos a Sul de Lisboa, embora ambos tivessem um âmbito<br />
nacional) e a APC (esta também de âmbito nacional e<br />
representando o “barro branco”).<br />
Em 1987 a APICC contava com cerca de 150 empresas<br />
associadas, que representavam aproximadamente 65% do<br />
volume de negócios total da indústria de cerâmica de barro<br />
vermelho.<br />
A Indústria Cerâmica em 2010<br />
Após diversas revisões da classificação portuguesa das atividades<br />
económicas, em 2010 a indústria de cerâmica tinha<br />
enquadramento nos Grupos 232, 233 e 234 da CAE – Rev.<br />
3, e abrangia os seguintes subsetores: cerâmica estrutural<br />
(telhas, tijolos e abobadilhas); pavimentos e revestimentos;<br />
louça sanitária; cerâmica utilitária e decorativa (louça em<br />
porcelana, faiança, grés e barro comum) e cerâmicas especiais<br />
(isoladores e peças isolantes, cerâmica para usos técnicos,<br />
outros produtos cerâmicos não refratários e produtos<br />
cerâmicos refratários).<br />
Conforme os dados apresentados no Quadro II, no ano<br />
de 2010 encontravam-se em atividade 450 empresas na indústria<br />
cerâmica, que empregavam 16.712 trabalhadores,<br />
o que representava 2,4% do total do emprego na indústria<br />
transformadora.<br />
Verificava-se também que a dimensão média das empresas<br />
cerâmicas (37 trabalhadores por empresa) mais que<br />
quadruplicava a média da indústria transformadora nacional<br />
(9 trabalhadores por empresa).<br />
Em relação à indústria transformadora nacional, a indústria<br />
cerâmica representava então 1,29% do valor bruto da<br />
produção e 1,98% do respetivo valor acrescentado bruto.<br />
Em 2010 o PIB a preços de mercado atingiu os 172.670<br />
milhões de euros.<br />
A contribuição da indústria cerâmica para o PIB, medida<br />
através do respetivo valor acrescentado bruto, foi de<br />
0,21%.<br />
Por seu lado, as exportações de produtos cerâmicos em<br />
2010 ascenderam a 535,5 milhões de euros e a sua importância<br />
relativa correspondia a 1,46% do total das exportações<br />
nacionais de bens. O saldo da balança comercial de<br />
produtos cerâmicos era positivo em 400 milhões de euros<br />
e a taxa de cobertura das importações pelas exportações<br />
ascendia a 395,3%.<br />
Nos termos do indicador de vantagem comparativa revelada,<br />
que estabelece a comparação do peso das exportações<br />
de um setor/produto no total das exportações de<br />
um país, com o peso relativo das exportações desse mesmo<br />
setor/produto no mercado mundial, conclui-se também que<br />
a cerâmica constituía um dos setores mais especializados<br />
em Portugal. No ano de 2010 o grau de especialização da<br />
cerâmica em Portugal representou 5,4 vezes a especialização<br />
que a cerâmica apresentava a nível mundial.<br />
Também em termos associativos a mudança chegou à<br />
indústria de cerâmica. As três estruturas associativas existentes<br />
(APICC, ANIBAVE e APC), que durante mais de 20<br />
anos repartiram entre si a representação setorial nacional da<br />
cerâmica portuguesa, deram lugar à APICER, constituindose<br />
esta última em 20 de Dezembro de 1996.<br />
Em 31/12/2010 a APICER contava com 76 empresas associadas,<br />
que representavam 76,5% do volume de negócios<br />
total da indústria cerâmica nacional.<br />
Keramica | CTCV | 25
A minha história do CTCV<br />
por Gonçalo Ilharco de Moura<br />
Os antecedentes<br />
É quase um requisito normativo começar toda e qualquer<br />
história pelo conhecidíssimo intróito “Era uma vez…”.<br />
Não será este o caso. Quero crer que de todas as vezes<br />
que os industriais da Indústria Cerâmica portuguesa “deitaram<br />
contas à vida”, eles concluíram que lhes poderia ser útil<br />
o recurso a uma entidade independente e preparada para<br />
lhes propor soluções e perspetivas de evolução dos seus setores,<br />
problemas e decisões de melhoria orientadas para a<br />
valorização das suas atividades produtivas.<br />
E do somatório de todas essas preocupações, experiências<br />
e, tantas vezes, noites mal dormidas, resultou algo de<br />
interessante cujos dados aqui referidos serão poucos, mas<br />
suficientes para que os eventuais interessados possam aprofundar<br />
um pouco mais este tema. E são os seguintes:<br />
• Diário do Governo nº 243/73 Série I (Quarta-feira 17 de<br />
Outubro de 1973);<br />
• Ministério da Economia – Secretaria de Estado da Indústria;<br />
• Portaria n.º 713/73: Cria o Centro Técnico da Cerâmica<br />
e aprova os respetivos estatutos.<br />
Pelo Governo da República Portuguesa assinou o então<br />
Secretário de Estado da Indústria, Hermes Augusto dos Santos<br />
e nos Estatutos aí publicados que previsivelmente iriam<br />
reger o funcionamento do Centro Técnico da Cerâmica<br />
como pessoa coletiva de direito privado sem fins lucrativos,<br />
já se estabelecia no “Art. 1º – 2. O Centro Técnico da Cerâmica<br />
terá a sua sede em Coimbra.”. Não foi exatamente<br />
esse o destino do CTC, mas foi o do CTCV, não obstante as<br />
questões processuais suscitadas que foram morosas e fundamentadas,<br />
devidamente enquadradas e resolvidas.<br />
À época era estabelecida para o CTC a seguinte missão:<br />
Art. 3.º – O Centro Técnico tem, fundamentalmente, as<br />
seguintes atribuições:<br />
a) Promover a aplicação pelas empresas industriais dos<br />
conhecimentos e inovações adquiridos no País e no estrangeiro,<br />
com vista a facilitar a modernização das mesmas nos<br />
seus diferentes aspetos, sem prejuízo da propriedade e confidencialidade<br />
de tecnologias específicas das empresas;<br />
b) Realizar e promover investigação aplicada e desenvolvimento<br />
experimental adequado à solução dos problemas da<br />
indústria portuguesa, pelo estímulo da inovação tecnológica<br />
e pela adaptação de tecnologias importadas, nomeadamente<br />
nos domínios dos materiais, equipamentos, processos<br />
de fabrico e produtos finais;<br />
c) Promover a qualidade na indústria, divulgar técnicas e<br />
métodos de controlo de qualidade e apoiar a atividade de<br />
normalização;<br />
d) Promover a formação e o aperfeiçoamento do pessoal<br />
de todas as categorias, organizar e concretizar ações que<br />
correspondam a necessidades específicas, aproveitando,<br />
sempre que conveniente, as possibilidades oferecidas pelas<br />
diversas entidades que se dedicam a esta matéria;<br />
e) Elaborar estudos setoriais e outros com interesse para<br />
a expansão dos setores e promover ações de índole coletiva.<br />
Considerando as circunstâncias e a envolvente da época,<br />
pode dizer-se que estava em consonância com o que<br />
foi oportunamente estatuído como missão do CTCV e que<br />
nessa época, mais de uma dúzia de anos antes, já constituía<br />
uma necessidade premente da Indústria Cerâmica em Portugal.<br />
E os Estatutos dispunham ainda que:<br />
“Os representantes dos empresários serão propostos ao<br />
Secretário de Estado da Indústria pelo Grémio dos Industriais<br />
26 | Keramica | CTCV
de Cerâmica, subsequentemente e através da Corporação<br />
da Indústria, por forma que cada um deles represente os<br />
subsetores do barro vermelho e barro branco não representados<br />
pelos membros eleitos e que são: barro vermelho para<br />
construção, grés comum, louça sanitária, azulejos, cerâmica<br />
electrotécnica e louça de mesa e ornamental, pertencendo<br />
apenas os dois primeiros ao sector do barro vermelho.”.<br />
A decisão formal da criação do Centro Técnico da Cerâmica<br />
foi adiada em 1974 e ficou aguardando melhor<br />
oportunidade, mas o projecto não morreu … Nos anos 80<br />
os dirigentes associativos da indústria Cerâmica e do Vidro<br />
reiniciaram a procura dos meios adequados para a reactivação<br />
do processo. Esta concertação de interesses e vontades<br />
deu origem ao Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro,<br />
tendo encontrado um facilitador relevante na pessoa do<br />
Professor Doutor José Veiga Simão.<br />
O contributo deste Professor de Coimbra foi decisivo para<br />
a criação do Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia<br />
Industrial (LNETI) em 1979, já previsto na lei orgânica do<br />
Ministério da Indústria e Tecnologia em 1977. Ao nascer, o<br />
LNETI absorveu o antigo Instituto Nacional de Investigação<br />
Industrial (INII), criado em 1959 e que, tendo sido o parceiro<br />
estatal do CTC nos respectivos Estatutos, já disponibilizava<br />
serviços de I&D no sector da Indústria Cerâmica. E a estrutura<br />
do LNETI foi uma alavanca importante no levantamento<br />
do CTCV.<br />
Em 1992, o LNETI deixou de ser um agrupamento de<br />
institutos, passando a ser um instituto público com a designação<br />
de Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia<br />
Industrial (INETI). Mas à data o CTCV já contava com uma<br />
estrutura orgânica bem definida e visava objectivos bem<br />
definidos e articulados com a indústria. Essa estrutura e a<br />
sua autonomia permitiram ao CTCV atingir o destaque de<br />
que hoje usufrui no conjunto das infra-estruturas tecnológicas<br />
nacionais, com créditos firmados a uma escala que já<br />
transcendeu fronteiras, com impacte internacional.<br />
Os primórdios<br />
Corria o mês de Maio de 1980 quando, na sequência de<br />
um anúncio encontrado no Diário de Coimbra “procurando<br />
um engenheiro para Associação Industrial”, me ocorreu a<br />
ideia de que poderia ser interessante estabelecer o contacto<br />
solicitado.<br />
E assim foi: na segunda feira seguinte, na Rua Simões de<br />
Castro, nº 51 - 2º andar esquerdo, APICC – Associação Portuguesa<br />
dos Industriais da Cerâmica de Construção e com o<br />
Secretário-Geral Dr. José Luís Sequeira, decorreu a primeira<br />
tomada de contacto com essa nova realidade, a que se seguiu<br />
uma entrevista com a Direcção da APICC, na pessoa do<br />
Sr. Saul Vitorino (o 3º a contar da direita na fotografia).<br />
À data a Direcção da APICC tinha a seguinte constituição<br />
(da esquerda para a direita):<br />
1. Arq. Vasco Shearman de Macedo (Fábrica de Cerâmica<br />
TIJOMEL – CAXARIAS);<br />
2. Sr. João Teixeira Botelho (Cerâmica Barbosa Ribeiro – TA-<br />
VEIRO);<br />
3. Sr. Hildebrando Veiga (Cerâmica Sotelha – Bustos);<br />
4. Dr. Alípio Barbosa Coimbra (Cerâmica Estrela de Alva –<br />
Presidente da Direcção);<br />
5. Sr. Saul Vitorino (Cerâmica A. Vitorino, Lda. – BATALHA);<br />
6. Eng. Adolfo Roque (Revigrés – ÁGUEDA);<br />
7. Sr. Jorge Pinheiro (Cerâmica de Vagos – VAGOS).<br />
E no 1º de Junho de 1980 pelas 9 h da manhã iniciei aqui<br />
a minha colaboração com a APICC que, posteriormente levou<br />
à participação no dimensionamento do CTCV, nas áreas<br />
da Medição e Ensaios e da Normalização.<br />
Oportunamente a APICC assinara com o IAPMEI um protocolo<br />
que era ambicioso nos seus objetivos últimos, os<br />
quais não foram totalmente atingidos. Fora decidido pelas<br />
instâncias superiores envolvidas o seu relançamento, após<br />
contratação de um coordenador para esse projecto, o ATIC<br />
– Apoio Técnico à Indústria Cerâmica. E nas circunstâncias<br />
Keramica | CTCV | 27
A minha história do CTCV<br />
referidas fui indigitado para proceder ao desenvolvimento<br />
do ATIC nos cinco anos seguintes.<br />
Foi um trabalho enriquecedor humana, intelectual e profissionalmente,<br />
valeu a pena. Muito do seu sucesso resultou<br />
de vários apoios empenhados de entre os quais será da mais<br />
elementar justiça recordar os Eng. Francisco Costa e Francisco<br />
Pegado do IAPMEI, que sempre disponibilizaram as<br />
suas capacidades para o melhor encaminhamento e desenvolvimento<br />
do ATIC. O Eng. Pegado ainda não fazia disso a<br />
menor ideia, mas no futuro iria integrar o 1º Conselho de<br />
Administração do CTCV.<br />
Houve momentos relevantes e com impacto, como foi o<br />
caso das Jornadas Técnicas de Cerâmica na Figueira da Foz<br />
e do arranque do carro-laboratório e do excelente trabalho<br />
realizado com o contributo do Eng. Elias João Bernardo.<br />
A formação deste técnico bem como o projecto e equipamento<br />
do carro-laboratório ATIC, contaram com um apoio<br />
decisivo por parte do grupo espanhol VERDÉS, fornecedor<br />
de equipamento para a indústria cerâmica, com o empenho<br />
pessoal do seu agente em Portugal, Sr. Leopoldo Salavisa, e<br />
o elevado profissionalismo do Director do Laboratório Central<br />
do Grupo VERDÉS em Igualada/Barcelona, Dr. Marcelino<br />
Fernandes Abajo. A distância no tempo, aqui fica obrigatoriamente<br />
e com todo o gosto, um abraço de agradecimento<br />
e estima para ambos.<br />
A montagem do equipamento laboratorial e a adaptação<br />
do carro-laboratório ATIC à sua função específica decorreram<br />
em Caxarias e muito beneficiaram com a criatividade<br />
e competência do Arq. Vasco Shearman de Macedo, que<br />
orientou (e colaborou!) cuidadosamente esses trabalhos<br />
durante cerca de um mês. Outras inteligências e vontades<br />
se interessaram por esta ideia e deram o seu contributo,<br />
tantas vezes de forma desinteressada. Após o tempo que<br />
passou já não é possível nomear todos, mas gostaria ainda<br />
de lembrar a pessoa do Sr. Luís Aranha, representante em<br />
Portugal do grupo francês CERIC (concorrente da Verdés),<br />
que abriu ao ATIC as portas do CTTB – Centre Technique<br />
des Tuiles et Briques e da Société Française de Céramique,<br />
de que aqui se recordam as colaborações de quadros seus<br />
logo nas Jornadas Técnicas de Cerâmica em Outubro de<br />
1981 na Figueira da Foz. E mais tarde, por extensão, sempre<br />
o CTCV encontrou o melhor acolhimento e apoio junto<br />
destas instituições.<br />
O retomar da ideia<br />
Conseguida a normalidade de funcionamento, o ATIC foi<br />
sendo desenvolvido nem sempre de forma fácil mas com<br />
apoio constante e decidido da Direcção da APICC, muitas<br />
vezes concretizado pelo Dr. Alípio Ribeiro em reuniões complexas<br />
com o IAPMEI, onde eram resolvidas as dificuldades<br />
de percurso que sempre foram existindo. Até que no dia 21<br />
de Junho de 1982, foi recebido na sede da APICC o ofício<br />
nº 218/410.42.01 do LNETI – Laboratório Nacional de Engenharia<br />
e Tecnologia Industrial, assinado pelo Presidente,<br />
Professor Doutor José Veiga Simão,<br />
Este ofício criava a Comissão Instaladora do Centro Tecnológico<br />
da Cerâmica e do Vidro e solicitava à Direcção da<br />
O Dr. Marcelino Fernandes Abajo na Nova Cerâmica de<br />
Chaves, apresentando uma comunicação sobre processos<br />
cerâmicos. A secretariar, o Eng. Manuel Dinis Pinheiro (Cerâmica<br />
Carriça de Coja), Coordenador do Gabinete Técnico<br />
da APICC.<br />
28 | Keramica | CTCV
APICC a indicação de um seu representante na CI/CTCV,<br />
assim constituída:<br />
• LNETI – Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia<br />
Industrial;<br />
• IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas<br />
Industriais;<br />
• UA – Universidade de Aveiro;<br />
• UC – Universidade de Coimbra;<br />
• IPL – Instituto Politécnico de Leiria;<br />
• APC – Associação Portuguesa de Cerâmica;<br />
• AIVE – Associação dos Industriais do Vidro de Embalagem;<br />
• AIVDA – Associação dos Industriais do Vidro Doméstico<br />
e Afins;<br />
• APICC – Associação Portuguesa dos Industriais da Cerâmica<br />
de Construção.<br />
Neste ofício eram traçadas as principais linhas de orientação<br />
para os trabalhos a desenvolver pela CI/CTCV e destacava<br />
os seguintes objectivos:<br />
1. Elaboração dos Estatutos do CTCV;<br />
2. Perspetivação das actividades do CTCV nos seguintes<br />
domínios:<br />
a) Controlo de matérias-primas e de produtos;<br />
b) Assistência tecnológica às empresas industriais;<br />
c) Informação técnica;<br />
d) Design;<br />
3. Propositura de Contratos-Programa de I,D&D específicos<br />
envolvendo as Universidades de Aveiro, Coimbra e o Instituto<br />
Politécnico de Leiria, em coordenação com o LNETI.<br />
Era marcada a data de 30 de Setembro de 1982 para a<br />
apresentação dos documentos preliminares, o que não veio<br />
a verificar-se por razões de algum academismo, que não<br />
permitiam à indústria identificar-se com o projeto e assumi-<br />
-lo como seu.<br />
E a Direcção da APICC na sua reunião do dia 15 de Julho<br />
de 1982 indigitou como seu representante o Eng. Manuel Dinis<br />
Pinheiro, Coordenador do Gabinete Técnico APICC, cuja<br />
intervenção mereceu desde logo a consideração e respeito da<br />
Comissão Instaladora e foi altamente dignificante para a imagem<br />
e responsabilidades da APICC em todo este processo.<br />
Entretanto, as entidades integrantes da Comissão Executiva<br />
foram indigitando os seus elementos e a breve prazo,<br />
esta tinha a seguinte composição:<br />
• LNETI – Eng.ª Maria Helena Araújo;<br />
• IAPMEI – Dr. José dos Santos Garcia Júnior;<br />
• UA – A Universidade de Aveiro nunca se fez representar<br />
na CI/CTCV;<br />
• UC – Professor Doutor José Simões Redinha;<br />
• IPL/ESEL – Dr. António José Veríssimo de Azevedo;<br />
• APC – Sr. José Cyrilo Machado + Eng. José António Ferreira<br />
de Barros;<br />
• AIVE – Eng. Carvalhão Duarte;<br />
• GAIVE – Dr. Pedro Schiappa;<br />
• APICC – Eng. Manuel Dinis Pinheiro + Arq. Vasco Shearman<br />
de Macedo;<br />
• ANIBAVE – Eng. Artur Alves Pereira das Neves + Sr. António<br />
Dias Coelho;<br />
• CIBAVE – Sr. Elísio Santos;<br />
• CCRC – Dr.ª Maria José Castanheira Neves;<br />
• DRCMIE – Eng. José Paulo Ferrand d’Almeida.<br />
Entretanto, com o acordo da CI/CTCV fora criada em<br />
Junho de 1984 a Comissão Executiva do CTCV, cuja missão<br />
apontava para o estudo e resolução dos problemas<br />
técnicos e logísticos que iam surgindo, associados à concretização<br />
física das instalações do CTCV. Tinha a seguinte<br />
composição:<br />
• Representante do LNETI: Sr. Coronel Júlio Veiga Simão<br />
(Coordenador da delegação de Coimbra do LNETI);<br />
• Representante da APC: Eng. Augusto Vaz Serra e<br />
Sousa;<br />
• Representante da APICC: Eng. Gonçalo Ilharco de<br />
Moura.<br />
A CE/CTCV entrou em funções logo nessa data e também<br />
colaborou sempre nas reuniões da CI/CTCV, cuja<br />
principal missão consistia na redacção e aprovação dos<br />
Estatutos e do Acordo Constitutivo do CTCV. Foi tarefa<br />
longa, com centenas de horas de discussões e de propostas,<br />
das mais variadas, até se chegar a um acordo. Nestas<br />
reuniões ouviram-se por vezes propostas e comentários<br />
de que não era de todo fácil discernir as possíveis conexões<br />
com a matéria a que se estava ali a procurar dar o<br />
melhor encaminhamento … Houve até um personagem<br />
que um certo dia se lembrou de afirmar alto e bom som<br />
que, de cerâmica sabia distinguir uma chávena de um<br />
penico e pouco mais! Como contributo não terá sido dos<br />
mais motivadores...<br />
Keramica | CTCV | 29
A minha história do CTCV<br />
Mas enfim, tudo se passa nos caminhos desta vida! Em<br />
compensação, os trabalhos específicos da CE/CTCV, enquanto<br />
desenvolvidos sob coordenação do Sr. Coronel Júlio<br />
Veiga Simão, foram extremamente motivadores e gratificantes,<br />
devido a diversas razões que é da mais elementar<br />
justiça aqui referir.<br />
Em primeiro lugar, o Sr. Coronel apercebeu-se desde o<br />
início da importância e transcendência do projecto e a ele<br />
dedicou todo o seu empenho e capacidades, sem nunca<br />
deixar de dar o seu contributo, por mais fatigante e<br />
complexo que tivesse de ser. Em segundo lugar, tinha um<br />
invulgar sentido de oportunidade para falar com as pessoas<br />
certas nos momentos chave e com as palavras certas:<br />
recordo as conversações com o Eng. Jorge Anjinho, que<br />
resultaram na oferta que este fez do edifício dos serviços<br />
administrativos da ex-Cerâmica LUFAPO, expressamente<br />
“para nele ser instalado o Centro Tecnológico da Cerâmica<br />
e do Vidro”.<br />
Esta oferta teve de passar pela concordância da Câmara<br />
Municipal de Coimbra e também aí os bons ofícios do Sr.<br />
Coronel Veiga Simão foram decisivos para encurtar prazos.<br />
Graças ao excelente relacionamento pessoal e institucional<br />
que sempre manteve com o Presidente dessa época, Dr. Fernando<br />
Mendes Silva, foi até possível garantir a elaboração<br />
dos projectos técnicos de recuperação e remodelação deste<br />
edifício no Gabinete de Apoio Técnico Distrital, de Coimbra.<br />
30 | Keramica | CTCV
Muito ficou o CTCV a dever também ao Dr. Mendes Silva e<br />
muito perdeu com a sua morte brutal e prematura. E teremos<br />
de pensar o mesmo relativamente ao desaparecimento<br />
do Sr. Coronel Veiga Simão, na Primavera de 1984, outra<br />
perda que teve reflexos sensíveis no desenvolvimento e concretização<br />
do Projeto CTCV.<br />
Não há homens insubstituíveis. Mas há uns muito mais<br />
difíceis de substituir do que outros e também essa circunstância<br />
foi verificável no projeto CTCV.<br />
A obra arranca, no “anno horribilis”<br />
do Projeto CTCV<br />
Os projectos de especialidades e de arquitetura para as<br />
obras de recuperação/remodelação do edifício da LUFAPO<br />
para instalação do CTCV foram da autoria dos técnicos do<br />
GAT/Coimbra e do Arq. José Santiago Faria, tendo ficado<br />
concluídos no ano de 1984. E o Presidente da CI/CTCV<br />
anunciou a adjudicação da empreitada à empresa VIPRU-<br />
MO na reunião realizada no dia 31 de Maio de 1984, tendo<br />
sido atribuída aos técnicos do GAT a responsabilidade pela<br />
fiscalização da obra.<br />
Em 1986 outra entidade com intervenção no Projecto<br />
CTCV, o CEDINTEC – Centro para o Desenvolvimento<br />
e Inovação Tecnológicos, passou a estar representada nas<br />
reuniões da CI/CTCV, quer pelo seu Presidente, Eng. Vítor<br />
Vasques, quer pelo Vice-Presidente, Eng. Carvalho de Oliveira.<br />
Foi a seu pedido que foi apresentado o 1º Plano de<br />
Atividades e Orçamento do CTCV (1985).<br />
A definição das áreas laboratoriais e respectivos equipamentos<br />
foi iniciada em reuniões da CE/CTCV, participadas<br />
por técnicos de créditos firmados na Indústria Cerâmica que<br />
gostaria de lembrar, com admiração e também gratidão:<br />
• Eng.ª Noémia Sampaio – Cerâmicas ESTACO;<br />
• Eng.ª Maria Manuela Cabral Sampaio – VISTA ALEGRE/<br />
/ELECTROCERÂMICA;<br />
• Eng. António Cardoso – SECLA;<br />
• Eng. Póvoas – ABRIGADA;<br />
• Eng. António Serpa Oliva – CERÂMICA ESTRELA-<br />
D’ALVA;<br />
• Eng. António Corte Real – CERAVE.<br />
As obras no edifício CTCV decorriam com atrasos, não<br />
obstante o empenho dos Eng.ºs Sucena Reis e Alves Pereira<br />
(LNETI) em iniciativas que desenvolveram junto da VIPRU-<br />
MO! A CE/CTCV também não conseguiu repor a situação e<br />
o Presidente da CI/CTCV decidiu a sua suspensão.<br />
Não constituiu surpresa o agravamento da situação, com<br />
o Projecto CTCV em roda livre… E como era inevitável, chegou<br />
o momento da verdade, em que as pessoas que tanto<br />
haviam já investido exigiram um ponto de situação claro<br />
e nítido. Deve-se ao Presidente da Direção da APICC, Dr.<br />
António Mota de Figueiredo, a clarificação da situação. A<br />
reunião da CI/CTCV do dia 4 de Dezembro de 1985 foi um<br />
ponto de viragem importante, em que o Presidente da CI/<br />
/CTCV e a sua interpretação do Projecto CTCV foram reorientados<br />
e os representantes da indústria detalharam mais<br />
precisamente a sua posição.<br />
Foi aqui fixado o limite temporal desta CI para Outubro<br />
de 1986 e requerida a elaboração do relatório das suas atividades<br />
desde a tomada de posse. Ficou igualmente estabelecido<br />
que após essa data teria de entrar em funções a<br />
entidade que dirigisse o CTCV até à eleição dos seus órgãos<br />
diretivos legais.<br />
O trunfo já não era ouros …<br />
Em 1986 há nova orientação política (X Governo Constitucional)<br />
e o novo Ministro da Indústria e Comércio, Eng.<br />
Fernando Santos Martins, decidiu a reorganização do LNETI<br />
e do IAPMEI e, conjuntamente com o Ministro das Finanças,<br />
Dr. Miguel Cadilhe, o levantamento das respetivas situações<br />
patrimoniais. A rede de Centros Tecnológicos foi reorientada<br />
na sua estrutura funcional.<br />
Foi entretanto tentada pelo Eng. Azevedo Pereira, que<br />
sucedera ao Sr. Coronel Veiga Simão como coordenador do<br />
LNETI em Coimbra, uma receção provisória do edifício para<br />
9 de Janeiro de 1986, que não veio a acontecer.<br />
Na sequência da intervenção do Presidente do CEDINTEC,<br />
presente em reunião no CTCV (25 de Março de 1986) de<br />
que resultou a marcação da data firme de recomeço das<br />
obras, foram impostas condições financeiras e técnicas que<br />
permitiram fazer a receção provisória do edifício em 14 de<br />
Junho de 1986.<br />
Entretanto o Secretário de Estado Eng. Luís Todo Bom assume<br />
o projeto de instalação do CTCV e desloca-se a Coimbra<br />
para avaliar “in loco” o ponto de situação do projeto<br />
tendo, para esse efeito, sido promovida uma reunião no<br />
CTCV a 8 de Julho de 1986.<br />
Keramica | CTCV | 31
A minha história do CTCV<br />
Estiveram presentes:<br />
1. Secretário de Estado da Indústria: Eng. Luís Todo Bom;<br />
2. Presidente do LNETI: Professor Doutor José Veiga Simão;<br />
3. Presidente da CI/CTCV: Professor Doutor José Simões<br />
Redinha;<br />
4. Presidente IAPMEI: Eng. Amadeu Pires;<br />
5. Vice-Presidente IAPMEI: Eng. Carvalho de Oliveira;<br />
6. Diretor do IAPMEI/COIMBRA: Dr. Garcia Júnior;<br />
7. Diretor do LNETI/COIMBRA: Eng. Azevedo Pereira;<br />
8. LNETI: Eng.ª Inês Florêncio;<br />
9. LNETI: Eng.ª Maria Helena Araújo;<br />
10. LNETI: Dr. Horta da Silva;<br />
11. COVINA: Eng. A. Carvalhão Duarte;<br />
12. APC: Sr. Manuel Quintela;<br />
13. APC: Sr. Cyrilo Machado;<br />
14. APC: Eng. José António Barros;<br />
15. APC: Sr. Artur Marques de Almeida;<br />
16. APC: Sr. Fernando Urbano;<br />
17. APICC: Dr. António Mota de Figueiredo;<br />
18. APICC: Dr. José Sequeira.<br />
Em foco esteve a revisão aos Estatutos já apresentados às<br />
entidades supervenientes pelo Presidente da CI/CTCV e das<br />
regras para constituição do Capital Social CTCV. O Secretário<br />
de Estado teve um discurso próximo da visão das Associações<br />
e industriais da cerâmica e do vidro, em geral. Mas<br />
foi o Professor Veiga Simão, na qualidade de Presidente do<br />
LNETI, que calendarizou a revisão aos Estatutos para Setembro<br />
de 1986 e a definição dos Corpos Sociais do CTCV e sua<br />
personalidade jurídica para Outubro de 1986, seguindo-se<br />
o envio ao Secretário de Estado.<br />
Da parte da tarde decorreu uma reunião com as Associações<br />
em que foi definido o fundo de maneio para arranque<br />
do CTCV, previsto até final de Julho de 1986 e a constituição<br />
do Capital Social (o Secretário de Estado indicou como<br />
mínimo admissível o valor de 50.000.000$00, cerca de<br />
250.000 Euros).<br />
Na sequência deste reforço do projecto CTCV em Novembro<br />
de 1986 foi proposta a composição do Conselho<br />
de Administração e eleito o Presidente, em reunião do<br />
seu Conselho Geral. E a 20 de Março de 1987 no Diário<br />
da República nº 66 – III Série eram finalmente publicados<br />
os Estatutos CTCV. Como fundadores do CTCV assinavam:<br />
• LNETI: 60 unidades de participação;<br />
• IAPMEI: 60 unidades de participação;<br />
• APC: 85 unidades de participação;<br />
• APICC: 85 unidades de participação;<br />
• COVINA: 10 unidades de participação.<br />
Havia ainda mais 130 UP’s, a dispersar por empresas que<br />
pretendessem ser sócias do CTCV.<br />
E o 1º CA/CTCV iniciou funções com a seguinte constituição:<br />
• Dr. António Mota de Figueiredo (APICC/Fábricas CAM-<br />
POS) – Presidente;<br />
• Sr. Manuel Quintela (APC/VISTA ALEGRE);<br />
• Sr. Cyrilo Machado (APC/ABRIGADA);<br />
• Eng. J. M. Santos Oliveira (DGGM);<br />
• Eng. Francisco Pegado (IAPMEI);<br />
• Eng. Carlos Borges Tavares (IPQ);<br />
• Eng. A. Carvalhão Duarte (COVINA).<br />
A Assembleia-Geral ficou presidida pelo Eng. José António<br />
Barros (APC/CINCA).<br />
“Alea jacta est!”<br />
O 1º CA/CTCV decidiu convidar para Director-Geral CTCV<br />
o Professor Michel Anseau (Universidade de Mons) e para<br />
Subdiretor o Eng. Augusto Vaz Serra e Sousa.<br />
E em Julho de 1987 o CA/CTCV submeteu às instâncias<br />
superiores o seu 1º Plano de Actividades efetivo!<br />
Em 1989 o CTCV acolheu e promoveu a organização do<br />
1º Congresso da Cerâmica Portuguesa que decorreu de<br />
14 a 19 de Maio de 1990 em Vilamoura e foi um caso de<br />
sucesso! Posteriormente, com a dinâmica resultante desse<br />
sucesso e por força da evolução do movimento associativo,<br />
veio a verificar-se em 20 de Dezembro de 1996 a fusão das<br />
Associações:<br />
APC + APICC + ANIBAVE = APICER (Associação<br />
Portuguesa da Indústria Cerâmica)<br />
32 | Keramica | CTCV
Desde o início do funcionamento do CTCV se deveu ao<br />
Eng. Carlos Borges Tavares, em representação do IPQ no<br />
CA/CTCV, a sensibilização para a necessidade da adoção de<br />
práticas de Qualidade como orientação geral nas actividades<br />
desenvolvidas.<br />
Daí resultou a elaboração do 1º Manual da Qualidade e<br />
respectivos Procedimentos, trabalho longo e de grande empenho<br />
pessoal, em que pude contar com o apoio de dois<br />
especialistas na matéria (se é que à data já os havia!): o<br />
Eng. Sousa de Almeida (VISTA ALEGRE) e o Eng. Agostinho<br />
Rodrigues (COVINA), que em tempo recente haviam feito<br />
esse mesmo trabalho nas suas empresas. Cerca de um ano<br />
depois, era apresentado e aprovado o 1º Manual da Qualidade<br />
CTCV e em tempo útil, eram certificados os laboratórios<br />
do CTCV.<br />
É bem certo que não foi trabalho fácil e muito menos<br />
perfeito, à época ainda ninguém fazia a mais pequena ideia<br />
que iriam ser escritas as normas internacionais ISO 9000!<br />
Mas foi um trabalho precursor, abriu outras perspetivas ao<br />
CTCV.<br />
O Dr. Michel Anseau não resistiu ao apelo da sua Universidade<br />
de Mons e decidiu não prosseguir como DG/CTCV.<br />
O CA/CTCV, colocado perante a decisão do seu retorno à<br />
Bélgica, optou por convidar o Eng. Vaz Serra e Sousa para<br />
o cargo de DG/CTCV tendo este decidido aceitar o convite.<br />
Em boa hora o convite foi aceite, com o novo Diretor o<br />
Centro iniciou uma expansão da sua intervenção para outras<br />
áreas de saber, para outros setores de atividade, para<br />
novas técnicas e tecnologias, muito para lá das fronteiras<br />
das Indústrias da Cerâmica e do Vidro. O CTCV começou a<br />
ser reconhecido como caso de sucesso e foi ascendendo a<br />
lugar de destaque, de referência mesmo, no contexto das<br />
Estruturas Tecnológicas nacionais.<br />
E o que tinha de ser, teve muita força!<br />
Nos anos 90 houve ideias, houve colaboração, entreajuda,<br />
as pessoas exerciam as suas funções e atividades de forma<br />
empenhada em vez de se obcecarem com a sabotagem<br />
ao parceiro do lado! Realizavam-se coisas úteis e interessantes,<br />
havia perspetivas de futuro, projetos motivadores.<br />
No CTCV, as pessoas tinham praticamente uma segunda<br />
família, sempre que necessário lá iam os horários de trabalho<br />
para a prateleira! E em Lisboa não se era recebido com<br />
enfado, como sendo mais um da “província” a perturbar<br />
o equilíbrio neurovegetativo dos da capital. Por momentos<br />
pairou no ar a sensação de que o velho slogan anarquista<br />
do Maio de 1968 em França “L’ intelligence au pouvoir!” se<br />
tornara na nova ordem vigente no País!<br />
Foi bom ter vivido este tempo e esta epopeia por dentro<br />
do CTCV!<br />
Talvez fosse agora de temer que esses anos bons não tivessem<br />
preparado o CTCV para condicionalismos diferentes,<br />
para outras circunstâncias de vida da instituição …<br />
Essa dúvida não tem lógica, é fundamental pensar positivo<br />
já que, mesmo em tempos de “crise”, atrás de tempo,<br />
tempo vem e nada, mesmo nada é para sempre. Verso<br />
e anverso da mesma moeda, o certo e o errado hão-de<br />
continuar na sua eterna alternância e, além disso, desânimo<br />
não paga os impostos a ninguém. O CTCV resistiu<br />
a muita coisa, resistirá a muito mais … porque teve ótima<br />
escola de resistência! Aos que carregam presentemente<br />
a responsabilidade pelo CTCV, aqui ficam votos sinceros<br />
de muita sorte, determinação e capacidade de resistência,<br />
com a recomendação:<br />
“Força pessoal, que esta é hora pró futebol total!!!”<br />
Meus amigos da APICER<br />
Meus amigos do CTCV<br />
Sem pretender assumir-me como bruxo, atrever-me-ia a<br />
dizer que um dia irão dar convosco a pensar, porventura até<br />
com algum espanto, “afinal não foi assim tão complicado<br />
de resolver como chegou a parecer!”. É assim, é a lei da<br />
vida … E será sempre porque, não esqueçam, o que tinha<br />
de ser teve, tem e terá sempre muita força!<br />
A terminar, cumpre-me afirmar que tive muito gosto em<br />
vos conhecer!<br />
Keramica | CTCV | 33
Os primórdios do CTCV<br />
por Mário Coelho<br />
É escassa a bibliografia existente que contemple pormenorizadamente<br />
a Fábrica Lufapo de Faianças e Porcelanas<br />
(também conhecida como Fábrica da Estação Velha) _ uma<br />
empresa que foi pioneira em algumas áreas da cerâmica<br />
portuguesa.<br />
Não é, pois, consensual a data de abertura da Lufapo,<br />
mas é seguro o facto de ela ter sido adquirida pela Fábrica<br />
Cerâmica Lusitânia (de Lisboa), em 1930. Durante a década<br />
de 194O, a unidade fabril de Coimbra adopta a marca "Lufapo<br />
Lusitânia Portugal", inscrita na cerâmica num timbre<br />
em forma triangular, com um “L” central. Para além dos artefactos<br />
com aquele timbre triangular, identificam-se também<br />
várias outras peças ornamentais, talvez das décadas de<br />
30 e 4O do século passado, que exibem o timbre “Lusitânia<br />
Coimbra Portugal”. Esta unidade industrial, situada no Loreto<br />
em Coimbra, encerrou quase meio século depois, ainda<br />
com a designação “Lufapo”.<br />
Da planta de 1970 do edifício principal, destaca-se o<br />
“forno mufla contínuo” a gás, no piso térreo, além de vários<br />
fornos intermitentes. No 1º andar, realce para o “forno<br />
túnel a altas temperaturas”, para cozer ladrilhos, enquanto<br />
que os andares de cima estavam orientados para a fabricação<br />
de sanitários e grés, respectivamente.<br />
Do vasto espólio de peças produzidas durante décadas<br />
pela Lufapo subsistem, ainda, serviços de louça, os quais<br />
incluíam pratos, terrinas, taças, travessas, tigelas, saladeiras,<br />
malgas, bules/chaleiras, canecas, açucareiros, etc.<br />
Em 1982, iniciava-se o processo da execução fiscal à empresa.<br />
Entretanto, o edifício da então Rua da Fábrica Lusitânia<br />
(actual Rua Coronel Veiga Simão), degradava-se bastante.<br />
Tendo em vista preparar o local para que nele fosse<br />
implantado condignamente o CTCV, a vereação camarária<br />
abriu um concurso para a demolição das instalações da antiga<br />
unidade industrial, sendo que a base de licitação foi de<br />
34 | Keramica | CTCV
EUR 20 250.00. A área em causa era bastante grande, pois<br />
englobava um quarteirão inteiro. Do projeto de loteamento<br />
da Unidade Residencial do Loreto, executado em 1983 pela<br />
firma Eugénio Cunha & Jorge Anjinho, Lda. para a Câmara<br />
Municipal de Coimbra _ CMC, é referido a cedência ao município<br />
da escola primária e outras casas geminadas existentes<br />
no Alto da Estação Velha, outrora pertencentes à fábrica<br />
(o designado Bairro da Lufapo).<br />
A Ata nº 1 do CTCV, relativa à reunião de 14 de Junho de<br />
1983, refere que o Presidente da Comissão Instaladora informou<br />
que esta Comissão tinha realizado um estudo da área<br />
que seria necessária para o futuro Centro Tecnológico, para<br />
levar ao conhecimento da CMC. Não obstante o facto da área<br />
proposta ser maior, a Câmara cedeu as instalações da Lufapo<br />
para o efeito, pois a diferença não dificultaria a implantação<br />
do CTCV neste local, já que seria somente preciso adaptar as<br />
obras de reparação do edifício, entretanto já aprovadas.<br />
De acordo com o Plano de Atividades do CTCV de 1985,<br />
o ano anterior representou para este Centro o lançamento<br />
da sua fase de instalação efetiva, com o início das obras de<br />
construção civil, as primeiras aquisições do equipamento laboratorial<br />
e, no campo institucional, com a conclusão, pela<br />
Comissão Instaladora, dos projetos do Acordo Constitutivo<br />
e dos Estatutos. As obras de execução de construção civil<br />
foram adjudicadas em Junho de 1984 e abrangeram, também,<br />
trabalhos de demolição e arranjo no terreno anexo ao<br />
edifício principal. Foi à empresa Viprumo que as obras de<br />
“Adaptação do edifício da ex-fábrica Lufapo para as instalações<br />
do CTCV” foram entregues. No contrato de adjudicação<br />
da empreitada de construção é salientado que o<br />
edifício, bem como a zona anexa ao imóvel, foram postos à<br />
disposição do LNETI para as instalações do CTCV, de acordo<br />
com o ofício nº 4458 da CMC. A realização integral da obra<br />
foi feita pelo preço fixo global de EUR 370 625.00, com<br />
o apoio do organismo Cedintec. Foi, justamente, nas comemorações<br />
do 120º aniversário da Associação Comercial<br />
e Industrial de Coimbra, em 1983, que o então Ministro<br />
da Indústria e Tecnologia, Prof. Veiga Simão, anunciou a<br />
atribuição daquela verba, como forma de combate ao centralismo<br />
da Lisboa.<br />
O trabalho distribuiu-se por quatro pisos, nos quais foram<br />
instalados laboratórios, gabinetes, salas de reunião, e<br />
um auditório. À medida que as<br />
obras de remodelação e adaptação<br />
do edifício foram andando,<br />
ia igualmente surgindo o<br />
equipamento, sobretudo laboratorial<br />
e tecnológico.<br />
Finalmente, em 1987 foi publicado<br />
o Acordo Constitutivo do<br />
Centro Tecnológico e os seus Estatutos,<br />
e na sequência disto foi<br />
empossado o primeiro Conselho<br />
de Administração do CTCV.<br />
Keramica | CTCV | 35
Centro de Conhecimento em<br />
Materiais e Construção Sustentável<br />
por António Alcântara Gonçalves, Diretor Geral do CTCV<br />
Das áreas económicas na Região Centro, apresentam-se<br />
com especial relevo as relacionadas com o Habitat, quer<br />
pelo seu elevado potencial, quer devido à base produtiva<br />
existente, com uma forte capacidade competitiva, alicerçada<br />
também nos recursos naturais existentes na região.<br />
Distinguem-se os minerais não-metálicos e respetivos<br />
produtos transformados, com destaque para a cerâmica, o<br />
vidro, o cimento e seus derivados, as argamassas, os produtos<br />
de betão, os agregados, os compósitos e os materiais<br />
especiais ou de elevado desempenho.<br />
É manifesto que a Região Centro tenderá a especializar-se<br />
em torno de um agregado de atividades económicas, potenciando<br />
economias de proximidade territorial existentes na região,<br />
correspondendo o Habitat a um conjunto de atividades<br />
com forte potencial de afirmação (a par com outras atividades<br />
já conhecidas como a saúde, a biotecnologia ou a floresta).<br />
Com base nas expectativas e tendências dos setores industriais<br />
da esfera do Habitat, a iniciativa de investimento<br />
do CTCV no ccMCS surgiu também no cumprimento da<br />
sua missão de inovação, desenvolvimento e teste de materiais<br />
para o Habitat, para integrar na indústria, valores<br />
que proporcionam soluções novas ambiental e socialmente<br />
adequadas. Este plano de consolidação e expansão da sua<br />
atividade constituiu-se também como um dos pilares para<br />
a estruturação e afirmação de um cluster do Habitat na Região<br />
Centro.<br />
A opção pela “clusterização” de atividades é a base da estruturação<br />
deste Centro de Conhecimento, desenvolvendo<br />
uma especialização em torno de um conjunto alargado de<br />
atividades de suporte ao Habitat, em linha com os requisitos<br />
atuais da construção sustentável. A incorporação de inovação<br />
e tecnologia na cadeia de valor de sectores tradicionais<br />
com aptidão exportadora, serve também de motivação para<br />
a implementação deste Centro.<br />
Este investimento permite ainda colmatar as dificuldades<br />
de espaço sentidas nos últimos anos e que têm inibido a<br />
expansão da atividade sobretudo nas áreas laboratoriais de<br />
teste de materiais e produtos, quando são necessários equipamentos<br />
de maior porte e capacidade de movimentação.<br />
Os primeiros contactos com a Câmara Municipal de Coimbra,<br />
no sentido de encontrar uma solução para o CTCV e<br />
para a APICER nos espaços contíguos às atuais instalações,<br />
sucedem-se em 2005, mas esta possibilidade de solução<br />
é abandonada. No final do mesmo ano o CTCV manifesta<br />
à CMC o interesse na aquisição de espaço no iParque,<br />
concretizando-se a aquisição que ocorreu em 2010. Entretanto,<br />
em 2009, o CTCV iniciou o projeto de arquitectura e<br />
construção civil e submeteu a sua candidatura de financiamento<br />
ao investimento ao Mais Centro. Aprovado em 2010<br />
e contratualizado em Dezembro desse ano, o CTCV iniciou<br />
de imediato a implementação do ccMCS, com a construção<br />
a começar em Julho de 2011.<br />
Objetivos e Atividades a Desenvolver<br />
O principal objetivo do ccMCS está centrado na criação<br />
de um Centro de Conhecimento que sustente a componente<br />
de desenvolvimento de novos produtos, materiais,<br />
processos e tecnologias de produção, constituindo-se como<br />
36 | Keramica | CTCV
espaço de desenvolvimento, teste e validação para materiais<br />
e produtos sustentáveis:<br />
• Sistemas energéticos;<br />
• Materiais e produtos multifuncionais;<br />
• Novas técnicas construtivas;<br />
• Novos processos de construção.<br />
O ccMCS reúne também as condições necessárias para<br />
poder demonstrar, à escala da produção piloto, a caracterização,<br />
teste e validação de produtos e tecnologias. Pretende-se<br />
assim instalar as valências físicas e desenvolver o<br />
conhecimento necessário para a execução estruturada de<br />
alguns dos projectos complementares e das acções de apoio<br />
às empresas do Cluster Habitat Sustentável, no sentido de<br />
reforçar a sua competitividade.<br />
O desenvolvimento e aplicação de nanomateriais é outra<br />
das vertentes privilegiadas no ccMCS.<br />
Uma das primeiras áreas a ser instalada neste Centro é<br />
um Laboratório de teste e validação de sistemas solares<br />
para incorporar na habitação e noutros edifícios, alinhado<br />
com uma preocupação de construção para a obtenção do<br />
futuro “Edifício de Balanço Energético Quase Zero”. Isto é,<br />
com um consumo energético mínimo e auto-produção da<br />
energia elétrica, seguindo as recomendações da Diretiva da<br />
União Europeia que foi recentemente reformulada para o<br />
Desempenho Energético dos Edifícios. De salientar que esta<br />
Diretiva recomenda que em 2018 os novos edifícios públicos<br />
e em 2020 os restantes edifícios, sejam praticamente<br />
auto-suficientes em energia. Nesta primeira fase das atividades<br />
salientam-se as relacionadas com:<br />
• Teste, ensaio e validação de sistemas de produção de<br />
energias alternativas por via solar;<br />
• Caracterização, teste e validação industrial de novos materiais<br />
e produtos para as fileiras “construção” e “casa”;<br />
• Instalação piloto para o desenvolvimento e produção de<br />
nanomateriais para incorporação em produtos da “construção”<br />
e “casa”;<br />
• Conformação e sinterização em atmosferas controladas<br />
de materiais de elevada especificação.<br />
Das novas áreas de desenvolvimento, incluem-se o uso<br />
racional de materiais e novas aplicações, nomeadamente<br />
a incorporação de nanomateriais para obtenção de novas<br />
funcionalidades.<br />
Keramica | CTCV | 37
Centro de Conhecimento em<br />
Materiais e Construção Sustentável<br />
Exemplos de ações de demonstração nesta área são:<br />
• Tecnologia de produção de nanomateriais e de produtos<br />
para aplicação específica e incorporação em produtos<br />
destinados ao habitat;<br />
• Sistemas de aproveitamento de energias renováveis integrados<br />
na construção e práticas construtivas;<br />
• Novos métodos de construção com alvenarias resistentes<br />
e elevado comportamento térmico;<br />
• Processos de construção automatizados;<br />
• Comportamento de materiais em ambiente natural, nomeadamente<br />
de revestimentos ativos (auto limpeza, antibactericidas<br />
e anti-aderência).<br />
O ccMCS irá constituir-se numa estrutura com as valências<br />
para o desenvolvimento e demonstração de projetos<br />
complementares do Cluster da Construção Sustentável. Os<br />
projetos de em colaboração e parceria com empresas e entidades<br />
do sistema sistema científico e tecnológico visam<br />
principalmente o reforço da competitividade das empresas<br />
nacionais através da incorporação de conhecimento e tecnologia<br />
nos seus produtos e a consequente diferenciação<br />
no mercado.<br />
Referem-se, a título de exemplo, alguns dos mais recentes<br />
projetos dinamizados pelo CTCV no âmbito da estratégia<br />
do Cluster:<br />
• SolarTiles – Desenvolvimento de placas cerâmicas para<br />
o revestimento exterior de edifícios com a funcionalidade<br />
adicional de produção de energia;<br />
• SelfClean – Desenvolvimento de revestimentos com a<br />
função de auto limpeza por foto catálise;<br />
• CBloco – Desenvolvimento de um sistema de alvenarias<br />
estruturais;<br />
• SenseTiles – Desenvolvimento de sistemas de domótica<br />
com sensores itegrados em revestimentos cerâmicos;<br />
• HardPIM – Desenvolvimento de novos processos de<br />
conformação de materiais por injeção de pós metálicos;<br />
• Cerâmica Técnica – Desenvolvimento de novos materiais,<br />
aplicações e funcionalidades através da adição de nanomateriais;<br />
• GreenWave – Produção de porcelana em cozedura assistida<br />
por microondas;<br />
• Inedic – Desenvolvimento de matérias de formação e<br />
ferramentas para o setor cerâmico promovendo o desenvolvimento<br />
de produtos mais sustentáveis;<br />
• ThermoCer – Pavimentos cerâmicos com materiais com<br />
mudança de fase para melhoria da eficiência energética em<br />
edifícios.<br />
Numa sequência lógica do ciclo da cadeia de valor das actividades<br />
desde a conceção, o desenvolvimento de produtos<br />
até ao mercado, para além das valências e competências<br />
associadas ao desenvolvimento de produtos, materiais, processos<br />
e tecnologias de produção, e do ensaio, validação,<br />
pré-industrialização e certificação, o CCMCS - Centro de<br />
Conhecimento em Materiais para a Construção Sustentável<br />
será também um espaço privilegiado para a demonstração<br />
e potenciação de spin-offs tecnológicos em parceria.<br />
Esta operação constitui um dos Projetos Âncora do Cluster<br />
da Construção Sustentável, já reconhecido pelo QREN-<br />
COMPETE Programa Operacional Fatores de Competitividade<br />
como Cluster de incidência regional, no âmbito das<br />
Estratégias de Eficiência Coletiva.<br />
O Espaço e as Instalações, a Sustentabilidade<br />
na Construção e o Efeito Demonstrador<br />
A construção dos edifícios e dos espaços envolventes<br />
segue as melhores técnicas disponíveis da construção sustentável.<br />
Incorpora também alguns dos novos produtos desenvolvidos<br />
em projetos do próprio Cluster da Construção<br />
Sustentável.<br />
Trata-se de um edifício de baixo consumo energético<br />
(classe energética A);<br />
• A construção dos edifícios incorpora vários métodos<br />
construtivos, favorecendo a utilização de materiais nacionais<br />
e produzindo o efeito demonstrador das várias técnicas<br />
de construção sustentável utilizadas;<br />
• As alvenarias da envolvente são construídas com cBloco<br />
com isolamento térmico em cortiça, tendo depois três revestimentos<br />
possíveis: fachada ventilada na vertente Sul, com<br />
revestimento de placas cerâmicas que poderão ser facilmente<br />
substituídas por placas cerâmicas foto voltaicas solarTiles;<br />
tijolo de face à vista na fachada norte; ETICS (revestimento<br />
com isolamento pelo exterior) na envolvente dos gabinetes;<br />
38 | Keramica | CTCV
• Os gabinetes, com amplos vãos envidraçados, privilegiam<br />
a iluminação natural com controlo da entrada directa dos<br />
raios solares pela aplicação de lâminas de sombreamento;<br />
• As naves são dotadas de clarabóias a todo o seu comprimento<br />
para iluminação zenital com pala de sombreamento<br />
para evitar a entrada directa dos raios solares;<br />
• O ar na nave é renovado com recurso a ventilação natural<br />
por meio de grelhas de entrada de ar junto ao solo na fachada<br />
norte e saída pelas aberturas reguláveis das clarabóias,<br />
orientadas a sul e localizadas nas coberturas das naves;<br />
• Os gabinetes e os laboratórios da nave terão iluminação<br />
de baixo consumo (lâmpadas LED);<br />
• A orientação dos edifícios e o lay-out foi projetado para<br />
otimizar as atividades a desenvolver, nomeadamente as relacionadas<br />
com a necessidade de radiação solar;<br />
• As águas pluviais da cobertura são recolhidas e aproveitadas<br />
para rega gota a gota;<br />
• O espaço envolvente tem uma baixa percentagem de<br />
permeabilização do solo e será arborizado por espécies autóctones,<br />
como o pinheiro manso e prado sequeiro;<br />
• O projeto e as instalações permitem a expansão do espaço<br />
para eventuais necessidades futuras.<br />
A aplicação do cBloco nas alvenarias da envolvente é uma<br />
demonstração do desenvolvimento de novos materiais, em<br />
parceria com as empresas, e da sua aplicação prática. De<br />
salientar que este sistema foi desenvolvido recentemente<br />
numa parceria que envolveu o CTCV, a Universidade do<br />
Porto, a Universidade do Minho e o NAC e é a primeira<br />
aplicação prática na construção de um edifício, sendo já de<br />
registar os bons resultados obtidos.<br />
O ccMCS é uma aposta clara do CTCV na Inovação e da<br />
nossa parte tudo faremos para colocar esta infraestrutura<br />
ao serviço do desenvolvimento de novos produtos e para a<br />
competitividade das empresas.<br />
Keramica | CTCV | 39
40 | Keramica | CTCV
Keramica | CTCV | 41
GS<br />
A EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS<br />
DE GESTÃO NO CTCV<br />
Conceição Fonseca<br />
O Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV) é<br />
uma entidade com um longo percurso na área da Qualidade<br />
e dos Sistemas de Gestão.<br />
São prova disso a obtenção da Acreditação, em 1990<br />
dos Laboratórios então designados, Laboratório de Ensaios<br />
de Materiais (LEM), Laboratório de Análise Química<br />
(LAQ), Laboratório de Ensaios Físicos e Aptidão Tecnológica<br />
(LEFAT) e Laboratório de Análises de Estrutura e<br />
Microestrutura (LAEM), pelo Instituto Português da Qualidade<br />
(IPQ) e pela Norma NP EN 45001 (esta norma surgiu<br />
em 1989 na Europa, na procura de credibilidade e<br />
qualidade laboratorial).<br />
Hoje os Laboratórios do CTCV mantêm-se em número<br />
de quatro embora com outras designações tendo sido<br />
fundidos uns e criados outros, com as designações atuais<br />
de Laboratório de Ensaios de Produtos (LEP), Laboratório<br />
de Análise de Materiais (LAM), Laboratório de Monitorização<br />
Ambiental (LMA) e Laboratório de Higiene Industrial<br />
(LHI), todos igualmente acreditados pelo Instituto<br />
Português de Acreditação (IPAC) e de acordo com a Norma<br />
NP EN ISO/IEC 17025, datando a acreditação do LMA<br />
de 2003 e do LHI de 2007.<br />
A Norma NP EN ISO/IEC 17025:2005 – Requisitos Gerais<br />
de Competência para Laboratórios de Ensaio e Calibração<br />
privilegia igualmente a competência técnica dos laboratórios<br />
de ensaios e calibrações e apresenta os princípios de<br />
Gestão e Técnicos a serem observados por um laboratório<br />
interessado em garantir a qualidade dos serviços prestados<br />
e demonstrar a sua competência técnica.<br />
A Acreditação de Laboratórios oferece reconhecimento<br />
formal a laboratórios competentes, proporcionando um<br />
meio rápido para os clientes identificarem e selecionarem<br />
serviços de ensaio, medição e calibração confiáveis. Para<br />
manter esse reconhecimento, os laboratórios são reavaliados<br />
periodicamente pelo organismo de acreditação a<br />
fim de assegurar a sua contínua conformidade com os<br />
requisitos e para verificar se o seu nível de qualidade se<br />
mantém.<br />
Com a evolução natural da acreditação, e com a uniformização<br />
dos procedimentos a nível da European Accreditation<br />
(EA) entre todos os países signatários do acordo multilateral,<br />
a acreditação tem-se tornado cada vez mais exigente,<br />
quer a nível das próprias auditorias, quer a nível de todo o<br />
trabalho desenvolvido internamente pelos Laboratórios do<br />
CTCV, tendo contribuído também para uma cultura interna<br />
de cada vez maior rigor.<br />
42 | Keramica | CTCV
O CTCV tem procurado desenvolver uma cultura de inovação e contribuir<br />
para um desenvolvimento económico sustentável<br />
Este incentivar de uma cultura de exigência é também<br />
demonstrado pelas novas valências na área da acreditação<br />
concedidas a um dos laboratórios do CTCV em 2012, nomeadamente<br />
na área da Espectrofotometria de Absorção<br />
Atómica (EAA) com a implementação da acreditação de<br />
âmbito flexível, demonstrando uma melhoria das competências<br />
de validação de métodos de ensaio e uma forma<br />
de trabalho mais autónoma e adaptável às necessidades do<br />
mercado.<br />
Noutro domínio não menos significativo, foi concedida<br />
em 2001 a acreditação do CTCV pelo então INOFOR,<br />
para a atividade de formação nos domínios de intervenção<br />
“Diagnóstico e Necessidades de Formação, Planeamento,<br />
Conceção, Organização e Desenvolvimento”. Esta acreditação,<br />
tem sofrido várias renovações, sendo hoje o CTCV<br />
acreditado pela DGERT para todos os domínios de intervenção,<br />
nomeadamente “Diagnóstico de Necessidades de<br />
Formação, Planeamento, Conceção, Organização e Promoção,<br />
Desenvolvimento e Acompanhamento e Avaliação das<br />
intervenções ou atividades formativas”.<br />
A acreditação do CTCV pela DGERT é um requisito essencial<br />
para considerar certificada, nos termos do Sistema Nacional<br />
de Qualificação, a formação profissional que o CTCV<br />
realiza. Tem por objetivo a melhoria da capacidade, qualidade<br />
e fiabilidade do serviço de formação prestado pelo CTCV<br />
significando um fator distintivo no mercado e a garantia de<br />
um claro compromisso com uma oferta de maior qualidade<br />
para os clientes finais da formação.<br />
É de salientar também, em 2003 a acreditação do Organismo<br />
de Inspeção Técnica e Auditoria (OITA) do CTCV pelo<br />
Instituto Português de Acreditação (IPAC) segundo a Norma<br />
NP EN ISO/IEC 17020, organismo este vocacionado para a<br />
realização de auditorias, nomeadamente no âmbito da Certificação<br />
NF-UPEC de ladrilhos cerâmicos.<br />
Este Organismo de Inspeção Técnica e Auditoria (OITA –<br />
CTCV) é o Organismo de Inspeção em Portugal reconhecido<br />
pelo CSTB – Centre Scientifique et Technique du Bâtiment<br />
em França, para a realização de auditorias de Acompanhamento<br />
da Certificação NF-UPEC a empresas portuguesas<br />
produtoras de ladrilhos cerâmicos, sendo o Laboratório de<br />
Ensaios de Produtos (LEP) do CTCV reconhecido também<br />
pelo CSTB para a realização dos ensaios a ladrilhos cerâmicos.<br />
Em 2005 foi concedida ao CTCV a Certificação da Qualidade<br />
como entidade prestadora de serviços pela NP EN ISO<br />
9001 pela APCER, renovada em 2011 pela CERTIF e para<br />
o âmbito “Investigação industrial ou aplicada, desenvolvimento<br />
e inovação, transferência do saber e de tecnologia,<br />
consultoria, análises, medição, formação e informação”. O<br />
Sistema de Gestão da Qualidade então implementado seguiu<br />
a linha de orientação da norma de referência, introduzindo<br />
o conceito de gestão por Processos. Esta abordagem<br />
identifica as atividades chave e de suporte e monitoriza<br />
essas atividades através de indicadores mensuráveis que<br />
acompanha periodicamente. Esta forma de gestão foi concretizada<br />
com a convicção de que aportaria melhorias na<br />
satisfação do Cliente, indo de encontro aos seus requisitos<br />
de forma mais direcionada.<br />
O sistema evoluiu a par das alterações introduzidas à norma<br />
de referência aquando da sua revisão, em 2008.<br />
Atualmente e desde 2011 o CTCV tem em curso a integração<br />
de outras vertentes no seu sistema de gestão da<br />
qualidade já consolidado, nomeadamente a vertente de higiene<br />
e segurança do trabalho.<br />
A busca da melhoria contínua através da gestão de sistemas<br />
tem sido um dos lemas do CTCV, tendo sempre em vista<br />
o cumprimento dos requisitos dos seus clientes e a procura<br />
da sua satisfação. O CTCV tem procurado desenvolver uma<br />
cultura de inovação e contribuir para um desenvolvimento<br />
económico sustentável, sendo os Sistemas de Gestão uma<br />
ferramenta indispensável para alcançar esse desígnio, contribuindo<br />
inegavelmente para que o CTCV vá de encontro<br />
a um dos seus principais valores, a “preocupação de mudar<br />
na procura da melhoria”.<br />
Keramica | CTCV | 43
GAPI-CTCV<br />
A Propriedade Industrial:<br />
Um Valor a Preservar<br />
Rui Neves<br />
A Rede de GAPI’s – Gabinetes de Apoio à<br />
Promoção da Propriedade Industrial<br />
A implementação de uma rede de GAPI teve início em<br />
2001 com uma iniciativa do INPI, com vista a promover e<br />
divulgar a importância do uso da Propriedade Industrial (PI).<br />
Esta iniciativa foi desenvolvida em parceria com 22 entidades<br />
(Centros Tecnológicos, Associações Empresariais e Parques<br />
de Ciência e Tecnologia e Universidades) e foi objeto<br />
de apoio, entre 2001 e 2007, no âmbito de projetos de<br />
“Valorização do Sistema de Propriedade Industrial (SPI)”,<br />
cofinanciados pelos programas POE (Programa Operacional<br />
da Economia) e PRIME (Programa de Incentivos à Modernização<br />
da Economia) do III Quadro Comunitário de Apoio.<br />
Os GAPI são unidades operacionais autónomas do INPI,<br />
sedeadas em Universidades e Interfaces Universidade-Empresa<br />
| Centros Tecnológicos que promovem e disseminam<br />
a PI, através da organização de um conjunto de iniciativas<br />
direcionadas para a sensibilização e para a aquisição de<br />
conhecimentos e competências em matéria de direitos de<br />
propriedade industrial.<br />
Os resultados obtidos com a criação desta rede foram<br />
objeto de reconhecimento, quer a nível nacional quer internacional,<br />
tendo, inclusivamente, a Rede GAPI sido considerada<br />
como um modelo de boas práticas, replicado a nível<br />
internacional.<br />
Atendendo ao impacto das atividades desenvolvidas pela<br />
rede GAPI no nível de utilização da PI em Portugal, o INPI<br />
considerou ser extremamente relevante assegurar a manutenção<br />
e desenvolvimento das atividades desta rede.<br />
Nesse sentido, foi aprovado o projeto GAPI 2ª Geração<br />
com financiamento de fundos próprios do INPI (decorreu<br />
até final de 2009) e o GAPI Tecnologia que decorreu entre<br />
Outubro 2009 e Junho 2012. Com estes projetos pretendeu-se<br />
consolidar a valorização do Sistema de Propriedade<br />
Industrial, reforçando as competências da rede e dotando-a<br />
de novas valências que vão ao encontro das necessidades<br />
identificadas nas anteriores fases do projeto.<br />
A mudança estratégica centra-se na reorientação da<br />
atividade dos GAPI, evoluindo de uma lógica de formato<br />
comum, para uma intervenção em função das suas competências<br />
e áreas de atuação mais prementes, tendo em conta<br />
o seu público-alvo.<br />
Numa lógica de competências específicas, os gabinetes<br />
foram divididos, de acordo com a sua tipologia em GAPI<br />
Conhecimento (Universidades e Interfaces U-E), GAPI Inovação<br />
(COTEC) e GAPI Tecnologia (Centros Tecnológicos)<br />
tendo áreas privilegiadas de intervenção e no caso do GAPI<br />
do CTCV as seguintes:<br />
• Promover uma maior aproximação e sensibilização das<br />
PME em matérias de PI, apostando em novas metodologias<br />
que privilegiem os contatos de proximidade (ex.: Pré-Diagnósticos);<br />
• Implementar atividades de suporte ao “enforcement”;<br />
• Levar a PI a públicos complementares, desenvolvendo<br />
materiais e atividades específicas, por exemplo para escolas:<br />
• Desenvolver competências em “soft IP” (acordos de<br />
confidencialidade, acordos de transferência de materiais,<br />
segredo de negócio).<br />
O GAPI do CTCV<br />
O CTCV está envolvido desde o início em 2001 numa estratégia<br />
de promoção da PI através do seu GAPI, associado<br />
ao INPI e à criação de uma rede de GAPI’s, integrados no<br />
meio industrial, empresarial e académico.<br />
O GAPI do CTCV está inserido no Projeto GAPI Tecnologia<br />
que tem como objetivo Valorizar e Promover o Sistema de<br />
PI e a Inovação, com a prestação de informações e dinamização<br />
de acções de promoção da PI, visando o reforço<br />
da competitividade das empresas portuguesas, nomeadamente<br />
através do fortalecimento da capacidade de criação,<br />
proteção e transferência de tecnologia. Tem desenvolvido<br />
um trabalho importante ao nível da difusão da informação<br />
e esclarecimento, edição de material promocional, organi-<br />
44 | Keramica | CTCV
A posse do saber sob a forma de propriedade intelectual e industrial é<br />
um dos mais importantes ativos das pessoas e organizações<br />
zação de Seminários e workshops, e ações de sensibilização<br />
e de formação com as empresas.<br />
No gapi@ctcv, as pessoas, as empresas e demais entidades<br />
intervenientes nesta importante fileira industrial nacional,<br />
têm ao seu dispor um apoio especializado na área da PI, o<br />
acesso a base de dados nacionais e internacionais de pedidos<br />
e registos de patentes, marcas e outros dados para as empresas<br />
que pretendam investir na proteção da sua inovação.<br />
A Propriedade Industrial – Introdução<br />
Hoje, mais do que nunca, importa o preço, a qualidade, os<br />
prazos, a flexibilidade, mas, fundamentalmente, a diferença.<br />
Esta é conseguida através do desenvolvimento dos produtos,<br />
do apurar dos processos, enfim da inovação, numa atitude<br />
pró-ativa para se ser diferente e melhor.<br />
A diferenciação deixou tanto de ser a qualidade – todos<br />
procuram produzir com qualidade, ou a preocupação ambiental<br />
– uma constante em todas as empresas, para passar<br />
a ser a inovação de produtos e processos, a força da marca<br />
e a força da imagem.<br />
É neste contexto que nos países mais desenvolvidos a PI<br />
é um conceito importante para as empresas que lutam pelo<br />
futuro. Em Portugal tem de tornar-se rapidamente uma realidade<br />
presente e um factor de sucesso das empresas. Será<br />
algo que irá constituir um ativo da empresa moderna, um<br />
reforço importante para a sua competitividade e como tal<br />
deverá ser valorizado.<br />
Propriedade Industrial: O que é?<br />
A Propriedade Industrial, conjuntamente com os Direitos<br />
de Autor, constitui o que se designa como Propriedade<br />
Intelectual. Enquanto a PI tem por objeto a proteção<br />
das invenções, das criações estéticas (design) e dos sinais<br />
usados para distinguir produtos e empresas no mercado, os<br />
DA visam a proteção das obras literárias e artísticas (incluindo<br />
as criações originais da literatura e das artes).<br />
As várias Modalidades de Propriedade Industrial são:<br />
• Proteção de Invenções – as Patentes e Modelos de<br />
Utilidade são o resultado da atividade inventiva em todos<br />
os domínios tecnológicos;<br />
• Proteção do design – os Modelos e Desenhos protegem<br />
a aparência ou o design dos produtos, bi ou tridimensionais,<br />
ou seja, a configuração estética resultante da<br />
atividade criativa;<br />
• Proteção de Sinais Distintivos do Comércio – As Marcas<br />
e outros sinais distintivos, os Logótipos, as Denominações<br />
de Origem e as Indicações Geográficas, protegem<br />
os elementos gráficos, como uma figura ou uma palavra,<br />
que servem para identificar no mercado produtos ou serviços,<br />
estabelecimentos ou entidades.<br />
Todos estes aspetos representam esforço, saber, criatividade,<br />
valor e deverão ser património das empresas que os<br />
desenvolvem e neles investiram. Mas como é sabido, o património<br />
carece de registo: só o registo garante a proteção.<br />
Na sociedade do conhecimento, a posse do saber sob a<br />
forma de propriedade intelectual e industrial é um dos mais<br />
importantes ativos das pessoas e organizações, sendo uma<br />
alavanca da inovação, condição essencial para o desenvolvimento.<br />
Propriedade Industrial, um valor para o futuro das empresas<br />
de hoje!<br />
Keramica | CTCV | 45
TEandM<br />
TEandM um spin-off do CTCV<br />
António Alcântara Gonçalves<br />
Criada em 2000 a TEandM resultou da conjugação dos<br />
esforços e interesses entre o CTCV e a DURIT – Metalurgia<br />
Portuguesa do Tungsténio, Lda. (empresa associada do<br />
CTCV) em se associarem na criação de uma empresa orientada<br />
para um mercado de aplicações técnicas de materiais<br />
de elevada especificação para diversas áreas de atividade<br />
industrial.<br />
Através de processos de desenvolvimento orientados<br />
para as empresas, as tecnologias de produção e as aplicações<br />
industriais desenvolvidas pelo CTCV desde 1988 na<br />
sua Unidade de Revestimentos Técnicos, foram ganhando<br />
o seu espaço junto da indústria, levando à decisão de externalizar<br />
num processo de transferência (spin-off) para uma<br />
nova empresa, o conhecimento, a tecnologia e os mercados<br />
adquiridos ao longo de 12 anos.<br />
Numa primeira fase, além do CTCV e da DURIT, participou<br />
também no capital acionista da TEandM a sociedade de<br />
capital de risco PME Investimentos, SA, representando uma<br />
mais-valia nos primeiros anos de atividade.<br />
Os princípios de base da parceria industrial estabelecida<br />
entre o CTCV e a DURIT assentaram na complementaridade<br />
das aplicações industriais dos produtos desenvolvidos<br />
pelo CTCV, na área dos tratamentos de superfície em<br />
componentes industriais, recorrendo a materiais cerâmicos,<br />
compósitos cerâmicos, metais e superligas metálicas<br />
e nas aplicações típicas do Metal Duro da DURIT. As duas<br />
entidades movimentavam-se em mercados de aplicações<br />
de elevada especificação e valor acrescentado. Nesta parceria,<br />
a estrutura comercial da DURIT permitiria o acesso<br />
46 | Keramica | CTCV
Para além do mercado nacional, as soluções técnicas e produtos da TEandM<br />
estão também presentes no mercado europeu e sul-americano<br />
facilitado das soluções técnicas do CTCV aos mercados<br />
externos.<br />
Para além do mercado nacional, as soluções técnicas e<br />
produtos da TEandM estão também presentes no mercado<br />
europeu e sul-americano, com especial incidência em Espanha,<br />
Alemanha, França e Brasil.<br />
A tipologia de clientes é transversal, mas tem especial<br />
expressão em setores industriais da produção de energia,<br />
química e petroquímica, papel e pasta de papel, produtos<br />
alimentares e farmacêuticos, vidro, moldes, ferramentas de<br />
corte, metalomecânica, automóvel e aeronáutico.<br />
Na base das aplicações dos materiais e soluções estão<br />
as tecnologias de Thermal Spraying e deposição em fase<br />
vapor, nomeadamente, Plasma Spraying, HVOF, LVOF, Arc<br />
Spraying, PVD e PACVD.<br />
A Inovação permanente nas soluções disponibilizadas<br />
aos clientes é factor chave na estratégia da empresa e<br />
na diferenciação dos seus produtos no mercado. Revestimentos<br />
baseados em estruturas nanométricas, desenvolvidas<br />
internamente, são uma das linhas de IDT. Alguns<br />
dos processos de desenvolvimento decorrem em parcerias<br />
nacionais e internacionais com outras empresas e<br />
entidades do sistema científico e tecnológico. A TEandM<br />
é membro da COTEC, tem o Sistema de Gestão da Inovação<br />
certificado pela norma NP EN 4457 e aposta no<br />
permanente reforço das competências e na qualificação<br />
dos seus colaboradores, como fator chave do bem-estar<br />
coletivo e de potenciação da diferenciação junto dos seus<br />
clientes e parceiros.<br />
Para além da estratégia de expansão da sua atividade nos<br />
mercados externos, os esforços estão também direcionados<br />
para o sector aeronáutico. O Sistema de Gestão<br />
da Qualidade é certificado pela EN 9100 AS (Aerospace<br />
Series). A TEandM detém ainda qualificações específicas<br />
como fornecedor de empresas aeronáuticas nacionais e<br />
internacionais.<br />
A nanotecnologia e processos de conformação de<br />
materiais com tecnologias near net shape para materiais<br />
e aplicações de alto valor acrescentado, são exemplos<br />
da atenção dispensada nos processos de desenvolvimento,<br />
nomeadamente para aplicações médicas e<br />
aeronáuticas.<br />
Keramica | CTCV | 47
ONS<br />
Organismo de<br />
Normalização Sectorial<br />
Com a entrada em funções do 1º Conselho de Administração<br />
do CTCV (Julho de 1987), em que o Instituto Português<br />
da Qualidade (IPQ) era representado pelo Eng.Carlos<br />
Borges Tavares, tornou-se desde logo consensual a necessidade<br />
da orientação das atividades do Centro segundo práticas<br />
de Qualidade reconhecidas. O IPQ surgia como herdeiro<br />
da Direção Geral da Qualidade e, sob a direção do Eng. Machado<br />
Jorge, desenvolvia as grandes linhas do Plano Nacional<br />
da Qualidade em que uma das vertentes principais era<br />
a Normalização. A operacionalização do Plano foi apoiada<br />
pelo Conselho Nacional da Qualidade (CNQ), onde o CTCV<br />
esteve representado desde a 1ª hora.<br />
Foi o tempo da aprovação da Diretiva dos Produtos de<br />
Construção (CPD – 89/106/CEE) e dos seus Requisitos Essenciais<br />
– hoje substituída pelo Regulamento dos Produtos<br />
de Construção 305/2011 e seus Requisitos Básicos – ditada<br />
pelo objetivo da criação do Espaço Económico Europeu<br />
(EEE), o qual determinou o arranque de um programa de<br />
Normalização Europeia de grande dimensão, para elaboração<br />
de normas harmonizadas que sustentassem a marcação<br />
CE dos Produtos de Construção: com base na emissão de<br />
mandatos de normalização pela Comissão Europeia (CE) e<br />
pela Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA) foram<br />
sendo elaboradas normas de produto e de ensaio para sustentar<br />
a marcação CE dos produtos de construção a colocar<br />
no EEE.<br />
O Comité Europeu de Normalização (CEN) passou a desenvolver<br />
uma atividade normativa de grande intensidade<br />
da qual, apenas referida à CPD, resultou entre 1991 e 2005<br />
(ano da conclusão da maioria das normas mandatadas) uma<br />
produção de mais de 650 normas EN de produto (especificação)<br />
de 1200 métodos de ensaio normalizados, para verificação<br />
da conformidade com as especificações.<br />
António Baio Dias<br />
Na qualidade de Organismo de Normalização Nacional<br />
(ONN) o IPQ tem a responsabilidade da elaboração de versões<br />
portuguesas (NP) das Normas Europeias (EN). Perante<br />
a magnitude desta tarefa decidiu estruturar uma rede de<br />
Organismos de Normalização Sectorial (ONS), cuja missão<br />
é normalizada pela NP EN 45020:1995 – Termos gerais e<br />
suas definições, respeitantes à Normalização e atividades<br />
correlacionadas.<br />
Nesse sentido, propôs ao CTCV um Protocolo de Normalização<br />
que, ainda com carácter provisório, começou a<br />
vigorar em Março 1989, atuando o CTCV como Organismo<br />
de Normalização Sectorial (ONS) para a Cerâmica e para o<br />
Vidro.<br />
Em 1991 o ONS/CTCV adquiriu o seu estatuto com a assinatura<br />
do Protocolo (baseado na Diretiva CNQ 4/93) pelos<br />
Presidentes do IPQ e do CA/CTCV, como reconhecimento<br />
da capacidade do Centro Tecnológico para, entre outras<br />
competências, intervir e apoiar o IPQ em:<br />
• Gestão e dinamização da atividade normativa nos sectores<br />
da Cerâmica e do Vidro;<br />
• Participação em trabalhos de Normalização Europeia<br />
(EN) e Internacional (ISO);<br />
• Apoio a Comissões Técnicas nacionais e à elaboração<br />
de versões Portuguesas de normas EN e ISO;<br />
• Apoio ao IPQ em votações de projetos de normas.<br />
Dada a sua importância estratégica, o ONS/CTCV participou<br />
desde então em atividades desenvolvidas em áreas de<br />
intervenção relevantes:<br />
• Formação e informação à indústria;<br />
• Campanhas de ensaios pró-normativos;<br />
• Validação de novos métodos de ensaio nos laboratórios<br />
do CTCV;<br />
• Qualificação de produtos com normas harmonizadas;<br />
48 | Keramica | CTCV
Passados mais de 20 anos, o ONS/CTCV prossegue o objetivo do<br />
acompanhamento dos trabalhos da Normalização Europeia e Nacional<br />
• Normalização de terminologias técnicas;<br />
• Colaboração/participação em projetos comunitários e/<br />
/ou nacionais, em que a componente “Normalização” é relevante.<br />
Ainda na sequência do desenvolvimento do Protocolo, o<br />
ONS/CTCV participou na criação da Associação Portuguesa<br />
dos Organismos de Normalização Sectorial (APONS), em<br />
que foram desenvolvidos trabalhos relevantes de harmonização<br />
e colaboração nas atividades da Normalização desenvolvidas<br />
por todos os ONS (cerca de 44 ONS). No período de<br />
1994 a 1997, o ONS/CTCV presidiu à Direção da APONS.<br />
Passados mais de 20 anos, o ONS/CTCV prossegue o<br />
objetivo do acompanhamento dos trabalhos da Normalização<br />
Europeia e Nacional, do setor da cerâmica e do vidro<br />
e setores horizontais, tais como as alvenarias, coberturas e<br />
chaminés. Com ligação clara ao Cluster Habitat Sustentável,<br />
pretende-se igualmente prosseguir o acompanhamento da<br />
normalização europeia que está a ser desenvolvida no âmbito<br />
da Sustentabilidade da Construção e que conterá as<br />
especificações básicas para as Declarações Ambientais de<br />
Produto (EPD) que servirão de base na avaliação da sustentabilidade<br />
dos edifícios.<br />
Os Comités Técnicos do CEN que o ONS acompanha são:<br />
• CEN\TC 67 – Ladrilhos cerâmicos;<br />
• CEN\TC 125 – Alvenarias;<br />
• CEN\TC 128 – Coberturas;<br />
• CEN\TC 129 – Vidro de construção;<br />
• CEN\TC 163 – Sanitários;<br />
• CEN\TC 166 – Chaminés;<br />
• CEN\TC 339 – Escorregamento;<br />
• CEN\TC 350 – Sustentabilidade na Construção.<br />
No presente, a atividade do ONS consiste em:<br />
• Participar em reuniões internacionais de normalização<br />
CEN e ISO;<br />
• Traduzir normas EN adotadas como NP;<br />
• Divulgar normas junto dos potenciais interessados e futuros<br />
utilizadores;<br />
• Editar coletâneas de normas em suporte digital, em colaboração<br />
com o IPQ;<br />
• Dinamizar Comités Técnicos Nacionais de Normalização;<br />
• Desenvolver ações de gestão de Produto e de benchmarking.<br />
O ONS/CTCV apoia e participa nos trabalhos de normalização<br />
europeia que são objeto da atividade em Comissões<br />
Técnicas de Normalização nacionais, nomeadamente:<br />
• CT 171 – Sustentabilidade nos edifícios;<br />
• CT 139 – Aparelhos sanitários;<br />
• CT 176 – Alvenarias.<br />
Além disso, mantém o interesse na criação de novas Comissões<br />
Técnicas nas áreas dos Revestimentos Cerâmicos<br />
e das Coberturas de Edifícios, prosseguindo atividades de<br />
procura dos parceiros que as venham a integrar em representação<br />
das partes interessadas.<br />
Keramica | CTCV | 49
GPI<br />
Gestão e Promoção da Inovação<br />
Victor Francisco<br />
Enquanto infraestrutura tecnológica que integra o Sistema<br />
Científico e Tecnológico Nacional (SCTN), o CTCV desenvolveu,<br />
ao longo destes 25 anos, uma vocação intrínseca<br />
para a realização de atividades de elevado conteúdo técnico<br />
e de desenvolvimento tecnológico aplicado, com caráter<br />
inovador, que se traduziram, desde cedo, numa participação<br />
ativa em projetos de Investigação, Desenvolvimento e<br />
inovação (I+D+i).<br />
Este envolvimento continuado em atividades de I&DT<br />
e inovação, contratadas por empresas ou financiadas por<br />
diversos programas, europeus, inter-regionais, nacionais e<br />
regionais, passando pelos primeiros programas quadro de<br />
investigação e desenvolvimento da Comunidade Europeia<br />
até ao atual QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional,<br />
visou, sobretudo, promover uma maior participação<br />
e envolvimento do tecido empresarial em atividades de elevado<br />
conteúdo tecnológico.<br />
A criação de uma Unidade para a Gestão e Promoção<br />
da Inovação teve por base uma atividade sistemática de vigilância<br />
e prospetiva tecnológica, desenvolvida pelo CTCV<br />
desde a sua fundação. Pretendeu-se assim dar maior consistência<br />
à componente de inovação e desenvolvimento, de<br />
crescente importância no atual contexto, permitindo promover<br />
e mobilizar para o efeito e de forma transversal a<br />
participação das diversas áreas de competência do CTCV no<br />
desenvolvimento destas atividades.<br />
O enfoque em atividades de I&D colaborativo, através da<br />
formação de consórcios para o desenvolvimento de projetos,<br />
tem permitido promover a ligação do CTCV a toda a<br />
rede de infraestruturas do SCTN, bem como ao ecossistema<br />
regional de inovação.<br />
Atualmente, esta unidade centra a sua atividade em<br />
torno da dinamização, preparação e gestão de projetos<br />
de Investigação, Desenvolvimento e inovação (I+D+i), associadas<br />
à componente de planeamento e execução, em<br />
diversos programas de financiamento nacionais e europeus,<br />
apoiando atividades de inovação e desenvolvimento<br />
do CTCV e das empresas. Todo este trabalho continua a<br />
assentar numa vigilância tecnológica ativa em áreas relevantes<br />
para o Habitat. Este envolvimento inclui atividades<br />
que vão desde a avaliação prévia de requisitos e enquadramento<br />
dos projetos, à gestão de ideias e brainstorming,<br />
passando pela preparação de conteúdo técnico e financeiro<br />
e apresentação de candidatura a sistemas de incentivos.<br />
Posteriormente, segue-se o acompanhamento do processo<br />
de avaliação e contratualização e o suporte à gestão<br />
dos projetos, incluindo dos mecanismos de propriedade<br />
intelectual e industrial.<br />
Entre os programas de apoio visados, encontram-se os<br />
diversos programas do QREN, nomeadamente sistemas<br />
de incentivos às empresas, apoio a ações coletivas (SIAC),<br />
medidas do Programa Mais Centro, do POPH, Programas<br />
europeus – LIFE+ e 7º Programa-quadro, programas de<br />
50 | Keramica | CTCV
A GPI centra a sua atividade em torno da dinamização, preparação e gestão<br />
de projetos de I+D+i<br />
cooperação inter-regional (POCTEP e INTERREG-SUDOE),<br />
entre diversos outros.<br />
Dos projetos de maior relevo nos últimos anos, destacam-se<br />
a dinamização do Cluster Habitat Sustentável<br />
(2008), uma das Estratégias de Eficiência Coletiva aprovada<br />
pelo Programa COMPETE e atualmente em curso, a<br />
promoção de um projeto âncora deste Cluster, o Centro de<br />
Conhecimento em Materiais para a Construção Sustentável<br />
(2009), um dos projetos de maior relevo do CTCV; o Projeto<br />
Solar Tiles, um projeto de I&D, que visou o desenvolvimento<br />
de sistemas solares fotovoltaicos em coberturas e<br />
revestimentos cerâmicos, envolvendo diversas entidades do<br />
SCTN e empresas da Região (2008-2012). Este projeto foi<br />
considerado pelo Jornal Público, em Janeiro deste ano, um<br />
dos dez exemplos de projetos que mostram a “qualidade da<br />
ciência nacional em 2011”.<br />
No domínio da Formação-ação, destaque para o projeto<br />
QI-PME Centro (POPH), atualmente na 3ª edição, o qual<br />
envolveu até ao momento a intervenção em cerca de 75<br />
empresas (PMEs).<br />
Projetos de menor dimensão, mas igualmente relevantes,<br />
têm sido os projetos simplificados de Inovação/I&DT – ou<br />
Vales Inovação/IDT, uma das ferramentas importantes na<br />
atividade do CTCV, dirigida ao reforço da competitividade<br />
das PME. O CTCV tem vindo a ser qualificado em diversos<br />
domínios de atividade para a prestação de serviços enquadrados<br />
nestes Vales, que se traduz no desenvolvimento de<br />
cerca de 90 projetos dirigidos a PMEs desde 2008.<br />
O contributo do CTCV para a afirmação do Cluster Habitat<br />
Sustentável, uma dinâmica concertada dirigida às empresas<br />
da fileira do Habitat, assente na inovação, no desenvolvimento<br />
tecnológico e na qualificação, implicará, num<br />
futuro próximo, uma maior procura de envolvimento em<br />
programas europeus como o 7º Programa-quadro de apoio<br />
à investigação e inovação no espaço europeu, bem como no<br />
futuro programa-quadro de I&DT (HORIZON 2020), tendo<br />
em conta que a afirmação deste Cluster implica necessariamente<br />
a sua progressão sustentada<br />
para estádios mais amadurecidos<br />
de desenvolvimento,<br />
através da sua estruturação e<br />
afirmação internacional. Incentivar<br />
de forma sistemática e ativa<br />
a participação de empresas e<br />
entidades do SCTN em projetos<br />
europeus permitiria alavancar a<br />
participação em atividades de<br />
I&DT destas fileiras, reforçando<br />
os fatores de competitividade,<br />
inovação e internacionalização<br />
do Cluster Habitat Sustentável<br />
e, simultaneamente, acrescentando<br />
valor, reforçando o setor<br />
e contribuindo decisivamente<br />
para a sua dinâmica coletiva.<br />
Num contexto adverso em que se ensaiam soluções para<br />
o aumento da competitividade das empresas, com estas a<br />
assumirem o maior contributo para o aumento da I&DT a<br />
nível nacional, a promoção de processos de Inovação e de<br />
I&DT, configurados em projetos individuais ou em consórcios,<br />
constitui um desafio permanente, sobretudo pela tão<br />
necessária rentabilização económica dos investimentos nesta<br />
matéria. É tendo como objetivo a colocação da Inovação<br />
ao serviço das empresas que a aposta do CTCV nesta área<br />
permanecerá um compromisso para o futuro, tal como tem<br />
sido neste percurso de 25 anos.<br />
Keramica | CTCV | 51
52 | Keramica | CTCV
Keramica | CTCV | 53
NMA<br />
NOVOS MATERIAIS E<br />
APLICAÇÕES<br />
Hélio Jorge<br />
Luc Hennetier<br />
Génese<br />
Na sequência da estratégia de desenvolvimento de novas<br />
tecnologias de processamento de pulveromateriais, que<br />
pautou desde sempre a missão do CTCV, em 1998 foi criada<br />
uma unidade com competências nas tecnologias avançadas<br />
de conformação de materiais cerâmicos, à data denominada<br />
“Unidade de Conformação Avançada”. Nesse ano, deu-<br />
-se início à instalação de uma unidade-piloto de produção<br />
por moldação por injeção de pós (PIM), uma tecnologia de<br />
conformação near-net shape usada em materiais cerâmicos<br />
ou em metálicos. Nessa década de 90, registava-se,a nível<br />
mundial, um “fervilhar” de primeiras unidades industriais<br />
usando esta tecnologia inovadora, baseadas em conhecimento<br />
existente em diversas entidades tecnológicas, uma<br />
vez que uma linha de produção típica assenta num conhecimento<br />
multidisciplinar e bastante específico. O CTCV apostou,<br />
desta forma, no desenvolvimento desta tecnologia em<br />
Portugal, tendo sempre como base a investigação e o desenvolvimento<br />
tecnológico (I&DT) próprio ou em colaboração<br />
com parceiros nacionais, com o objetivo de gerar valor<br />
nesta área de inovação.<br />
Experiência antecedente<br />
No período de arranque na unidade de conformação<br />
avançada, realizava-se um spin-off de uma tecnologia avançada<br />
de revestimentos técnicos, cujo desenvolvimento tecnológico<br />
e de novas aplicações adaptadas à realidade nacional<br />
tinha sido promovida na Unidade de Revestimento<br />
Técnicos, que partilhava meios físicos e humanos com a unidade<br />
de conformação. O resultado foi a fundação em 2000<br />
de empresa industrial – TEandM Tecnologia e Engenharia de<br />
Materiais SA – dedicada à aplicação de revestimento avançados,<br />
produzidos por projeção térmica e por deposição em<br />
fase-vapor (PVD). Atualmente, certificada de acordo com as<br />
normas ISO 9001:2000, ISO 9100 (Aerospace Series) e NP<br />
4457 (Gestão de IDI), a empresa é conhecida pelo desenvolvimento<br />
de soluções inovadoras em revestimentos para<br />
a melhoria do desempenho dos materiais em diversos tipos<br />
de solicitações.<br />
A experiência na gestão dos processos de I&DT de carácter<br />
fortemente objetivo, prático e para aplicação no mercado<br />
implementados pela unidade de revestimentos, que<br />
culminaram num processo bem-sucedido de transferência<br />
de tecnologia, foram, em grande medida, os alicerces para<br />
a criação da unidade de conformação avançada.<br />
Breve cronologia<br />
Numa primeira fase, foram desenvolvidos projetos de demonstração<br />
da tecnologia PIM nas áreas de aplicação mais<br />
promissora, nomeadamente para a produção de componentes<br />
para o automóvel, e produtos injetados em cerâmica<br />
54 | Keramica | CTCV
A NMA tornou-se num parceiro de referência para idealizar, preparar<br />
e executar projectos de I&DT para o tecido industrial português<br />
técnica para aplicações de desgaste. Na primeira década do<br />
milénio foram implementados projetos que visavam não só<br />
a demonstração tecnológica junto das empresas, mas também<br />
o desenvolvimento de novos materiais e otimização<br />
do processo, visando a inovação no processo e ganho de<br />
conhecimento diferenciado e competitivo. Foram fortalecidas<br />
parcerias com institutos, universidades e empresas,<br />
que proporcionaram a geração de know-how dentro de<br />
um conjunto de organizações portuguesas com interesse<br />
na tecnologia PIM.<br />
O ano 2003 apresenta-se como um marco na vida da<br />
unidade, quando adquire a designação atual – Unidade de<br />
Novos Materiais e Aplicações (UNMA) – com a aquisição<br />
de novas competências ao nível da conceção e desenvolvimento<br />
de produto com apoio em ferramentas informáticas,<br />
pretendendo-se maximizar cariz application-driven nos<br />
projetos. Mais do que o desenvolvimento da tecnologia,<br />
pretendia-se oferecer um “pacote” tecnologia-produto às<br />
empresas, para responder à cada vez maior competitividade<br />
económica que se sentia. Nos projetos de I&DT podem-se<br />
destacar o desenvolvimento de novos materiais cerâmicos,<br />
como são exemplos as porcelanas de fosfato ou as porcelanas<br />
utilitárias reforçadas, novos ligantes poliméricos para<br />
PIM e a micromoldação de pós (micro-PIM).<br />
Em linha com a estratégia geral do CTCV, ao longo do<br />
tempo, as competências da UNMA alargam-se para novas<br />
áreas tecnológicas, adaptando-se a um número crescente de<br />
solicitações das empresas. Destas novas áreas, destaque-se a<br />
produção de nanomateriais por fragmentação, a utilização de<br />
materiais à escala micro e nanométrica, em aplicações para<br />
a melhoria da eficiência energética dos processos produtivos,<br />
novos materiais com desempenho melhorado ou materiais<br />
multifuncionais, recorrendo à nano-engenharia de superfícies.<br />
Projetos inovadores<br />
No portfolio da UNMA encontra-se uma fração mais significativa<br />
o desenvolvimento de projetos de I&DT em parceria<br />
com empresas e outras infraestruturas tecnológicas, em<br />
que o modelo de financiamento é apoiado por um incentivo<br />
público. Por outro lado, faz parte da oferta da unidade a<br />
prestação de serviços de I&DT contratada, em que o cliente<br />
possui todos os direitos de propriedade dos resultados do<br />
projeto.<br />
Numa breve seleção dos projetos de I&DT estão o desenvolvimento<br />
de produtos cerâmicos com capacidade de<br />
produzir energia (SolarTiles) ou com propriedades de autolimpeza<br />
e de purificação do ar (SelfClean), o uso de novas<br />
tecnologias produtivas energeticamente mais eficientes,<br />
como por exemplo a utilização de radiação micro-ondas na<br />
cozedura (Greenwave). Dentro da área dos materiais avançados,<br />
há a destacar o desenvolvimento da tecnologia PIM<br />
para a produção de componentes anti-desgaste em metal<br />
duro (HardPIM) e de componentes em ligas de titânio (MIM-<br />
Ti) com potencial aplicação na medicina e na aeronáutica.<br />
A unidade de hoje<br />
Para responder à necessidade crescente das empresas em<br />
inovar e desenvolver novos produtos, a UNMA trabalha no<br />
sentido de apoiar as empresas na área da inovação em processos<br />
e produtos. Aproveitando, entre outros, as linhas de<br />
financiamentos do QREN para a I&DT, a UNMA tornou-se<br />
num parceiro de referência para idealizar, preparar e executar<br />
projetos de I&DT para o tecido industrial português, e,<br />
sempre que necessário, em colaboração com entidades do<br />
Sistema Científico e Tecnológico Nacional (SCTN) na área de<br />
Ciência e Engenharia de Materiais.<br />
(micro-site UNMA: www.ctcv.pt/nma.html)<br />
Keramica | CTCV | 55
DEP<br />
Desenvolvimento e<br />
Engenharia de Produto<br />
Luís Rodrigues<br />
A unidade de Engenharia e Desenvolvimento de Produto<br />
(DEP) foi criada no CTCV com o objetivo de colaborar e<br />
apoiar as empresas no desenvolvimento de novos produtos,<br />
tendo em conta o design bem como os estudos estruturais<br />
inerentes em conformidade com os processos de produção.<br />
Tendo em conta o know-how do CTCV nas mais variadas<br />
áreas de materiais e processos, apoiamos assim as empresas<br />
no seu desenvolvimento pela via da inovação, com a transferência<br />
de conhecimento que permite construir um futuro<br />
mais sólido.<br />
Desde a sua génese, a DEP tem apostado no investimento<br />
em equipamentos e ferramentas informáticas de vanguarda,<br />
que permitam que os serviços prestados reflitam inequivocamente<br />
o desígnio da unidade. Assim, a DEP dispõem<br />
de ferramentas e equipamentos que permitem o desenvolvimento<br />
do produto, centrando-se nas seguintes principais<br />
atividades:<br />
• Conceção e design de produto;<br />
• Modelação virtual 3D;<br />
• Engenharia inversa;<br />
• Digitalização 3D;<br />
• Simulação numérica de desempenho em elementos finitos<br />
(MEF);<br />
• Prototipagem rápida;<br />
• Apresentação e fotorrealismo.<br />
A Conceção e Design passam essencialmente por uma<br />
fase de estudo não só do design dos modelos e suas propriedades,<br />
bem como a atenção aos processos posteriores<br />
de produção industrial.<br />
Relativamente à Modelação Virtual (3D) a DEP dispõe<br />
de várias aplicações 3D para a criação e desenvolvimento<br />
dos seus modelos. Tendo em conta a geometria e complexidade<br />
dos produtos a criar, podem-se utilizar modeladores<br />
tanto de sólidos paramétricos, como modeladores de superfícies.<br />
O CTCV oferece ainda o serviço de Engenharia Inversa,<br />
o qual é apoiado por sistemas de Digitalização 3D de<br />
tecnologia recente. Assim e quando há a necessidade de<br />
modificar um produto existente no seu design, ou simplesmente<br />
reproduzir um produto único existente, a Engenharia<br />
Inversa é o processo a seguir. Pode-se aplicar ainda esta<br />
técnica a peças danificadas que se pretendam recuperar ou<br />
reproduzir. Os equipamentos disponíveis têm ainda a capacidade<br />
de verificação e inspecção de dimensões de peças e<br />
ferramentas tais como moldes.<br />
No desenvolvimento de produto o CTCV está equipado<br />
com aplicações MEF (Método dos Elementos Finitos),<br />
que permitem a determinação do estado de tensão e de<br />
deformação de um sólido sujeito a acções exteriores, designado<br />
também por análise estrutural. Estas análises permitem<br />
detetar eventuais futuros constrangimentos, diminuin-<br />
56 | Keramica | CTCV
Com a Prototipagem Rápida o desenvolvimento de produto torna-se não só<br />
mais rápido, como mais económico<br />
do assim problemas de comportamento pós produção do<br />
produto.<br />
O CTCV está ainda equipado com máquinas de Prototipagem<br />
Rápida, com tecnologia 3D Print da Z-Corp, que<br />
permitem a criação de modelos reais de uma forma muito<br />
mais eficaz e assim o design dos produtos. É uma excelente<br />
ferramenta para o desenvolvimento de novos produtos.<br />
Com esta tecnologia o desenvolvimento de produto tornase<br />
não só mais rápido, como mais económico. Os modelos<br />
resultantes podem ainda ser monocromáticos ou policromáticos,<br />
dependendo de qual a sua finalização. O CTCV<br />
trabalha nas mais variadas áreas, tal como: Produtos de<br />
bens de consumo e utilitários, maquetes de arquitetura e<br />
GIS, embalagem e desenvolvimento de ferramentas como<br />
criação de moldes.<br />
Por último, a Apresentação e Fotorrealismo é mais<br />
um dos produtos da DEP, que consiste na apresentação do<br />
modelo em 2D como imagem realista, tendo os respectivos<br />
materiais e acabamentos futuros pós produção. Normalmente<br />
esta técnica é usada para apresentação e divulgação<br />
do produto.<br />
As valências da DEP não se esgotam nas técnicas e serviços<br />
acima referidos, já que a unidade coloca o seu know-<br />
-how e as suas ferramentas à disposição de outras unidades<br />
do CTCV, potenciando assim os resultados de diversos projetos<br />
de I&DT através da sua colaboração. Muitas vezes em<br />
parceria com empresas e outras infra-estruturas tecnológicas,<br />
em que o modelo de financiamento é apoiado por um<br />
incentivo público, a DEP participa nestes desafios sempre<br />
que as competências da<br />
unidade são requeridas<br />
para o desenvolvimento<br />
dos mesmos.<br />
Dentro da área dos materiais<br />
avançados, e em<br />
especial no desenvolvimento<br />
da tecnologia PIM,<br />
a intervenção centra-se<br />
nas fases de conceção de<br />
ferramentas (moldes) e<br />
componentes, recorrendo<br />
às ferramentas de modelação<br />
3D (HARDPIM). O recurso<br />
às valências da DEP<br />
materializa-se igualmente<br />
nos projetos de I&DT nas<br />
fases de idealização e fabrico<br />
de protótipos funcionais<br />
e modelos reais<br />
(projetos SOLARTILES e<br />
SENSETILES).<br />
No contexto atual, em<br />
que a competitividade e o futuro das empresas dependem<br />
em larga escala da sua capacidade de inovação, mas em<br />
que os meios disponíveis para investir na I&D escasseiam, o<br />
recurso a valências externas é uma solução vantajosa. A DEP<br />
oferece serviços de apoio à conceção e desenvolvimento de<br />
produtos à medida das necessidades da indústria.<br />
Keramica | CTCV | 57
LAM<br />
LABORATÓRIO DE<br />
ANÁLISE DE MATERIAIS<br />
Alice Oliveira<br />
Nota cronológica<br />
Em 1987/88 o CTCV arranca com 4 laboratórios, estando<br />
3 deles na génese do actual Laboratório de Análise de<br />
Materiais (LAM):<br />
• Laboratório de Análise Química (LAQ);<br />
• Laboratório de Ensaios Físicos e Aptidão Tecnológica (LE-<br />
FAT);<br />
• Laboratório de Análise de Estrutura e Microestrutura<br />
(LAEM).<br />
O LAQ estava vocacionado para a caracterização qualitativa<br />
e quantitativa de matérias-primas, produtos cerâmicos,<br />
vidros e outros materiais, em especial os de carácter inorgânico.<br />
Dispunha de laboratórios de preparação de amostras,<br />
química clássica e de métodos analíticos de análise instrumental.<br />
O LEFAT realizava ensaios de caracterização física e tecnológica<br />
a matérias-primas, materiais em curso de fabricação<br />
e produtos cerâmicos e vítreos.<br />
O LAEM dedicava-se à realização de ensaios de caracterização<br />
da estrutura cristalina e microestrutural de materiais<br />
cerâmicos e vidros.<br />
Estes laboratórios reuniam meios e ensaios que ainda<br />
hoje perduram no LAM, donde destacamos:<br />
• Determinação da composição química de matérias-primas<br />
(areias, argilas, feldspatos, calcites, caulinos, dolomites,<br />
cromites, gessos, talcos, etc.);<br />
• Determinação dos teores de chumbo e cádmio em produtos<br />
que contactam com alimentos (louça vidrada e decorada,<br />
materiais em vidro);<br />
• Ensaios orientados para a certificação de vidro cristal e<br />
sonoro;<br />
• Análises granulométricas de uma vasta gama de materiais;<br />
• Análise térmica diferencial e termogravimétrica;<br />
• Análises dilatométricas;<br />
• Ensaios de retração, resistência à flexão, absorção de<br />
água após secagem e cozedura de amostras experimentais;<br />
• Identificação de fases cristalinas por difracção de raios-X;<br />
• Caracterização do comportamento térmico dos materiais<br />
por microscopia de aquecimento;<br />
• Avaliação de defeitos (inclusões por desvitrificação, impurezas,<br />
zonas de corrosão, etc.) em metais, vidros e respetivas<br />
interfaces.<br />
Em 1998 surge a primeira reestruturação interna surgindo<br />
o Laboratório de Química dos Materiais (LQM) e o Laboratório<br />
de Física dos Materiais (LFM): O LQM mantinha a<br />
estrutura do LAQ, enquanto que o LFM reunia os meios e<br />
ensaios do LEFAT e do LAEM.<br />
Mais tarde em 2006, fruto de uma nova reestruturação,<br />
há uma fusão do LQM e do LFM num único laboratório,<br />
que adquire a designação atual: Laboratório de Análise de<br />
Materiais.<br />
A unidade de hoje<br />
O LAM é um laboratório de serviços analíticos, direcionado<br />
para o controlo de qualidade de matérias-primas mine-<br />
58 | Keramica | CTCV
O LAM é um laboratório acreditado pelo IPAC, segundo a norma<br />
NP EN ISO/IEC 17025, Anexo Técnico de Acreditação Nº L0022-1<br />
rais, materiais inorgânicos não metálicos e outros materiais<br />
industriais, servindo de suporte às atividades de I+D desenvolvidas<br />
pela generalidade da equipa técnico-científica do<br />
CTCV, empresas e entidades do Sistema Científico e Tecnológico<br />
Nacional.<br />
A diversidade dos ensaios efetuados é um dos principais<br />
fatores diferenciadores do LAM, sendo uma mais-valia determinante<br />
na oferta global do CTCV.<br />
Como garante da competência técnica, para além de um<br />
vasto leque de equipamentos, o laboratório está dotado de<br />
recursos humanos especializados e experientes, composto<br />
por técnicos que garantem a competência, a idoneidade e<br />
isenção dos ensaios que realiza. Uma equipa que está habilitada<br />
para o controlo da qualidade de diversas matrizes, segundo<br />
metodologias de análise descritas em normas nacionais<br />
ou internacionais, ou mesmo através de metodologias<br />
desenvolvidas internamente, devidamente validadas.<br />
No âmbito do Controlo de Qualidade, o LAM tem como<br />
objetivo principal a fiabilidade dos resultados obtidos e desenvolve<br />
ações de Controlo de Qualidade Interno e Externo.<br />
Em relação a estas últimas, podemos salientar o uso regular<br />
de Materiais de Referência Certificados e a participação<br />
continuada em diversos programas de ensaios interlaboratoriais<br />
internacionais.<br />
O LAM é um laboratório acreditado pelo Instituto Português<br />
para a Acreditação, IPAC, segundo a norma NP EN ISO/<br />
/IEC 17025, Anexo Técnico de Acreditação Nº L0022-1.<br />
Dentro do âmbito da acreditação o laboratório tem uma<br />
série de análises a variadas matrizes:<br />
• Agregados e inertes;<br />
• Ar ambiente;<br />
• Betões, cimentos e argamassas;<br />
• Efluentes gasosos;<br />
• Efluentes líquidos;<br />
• Resíduos sólidos;<br />
• Rochas e pedras naturais (e<br />
outros materiais geológicos);<br />
• Vidros e cerâmica.<br />
O Laboratório procura atingir<br />
e manter permanentemente<br />
um elevado nível da Qualidade<br />
em todos os aspetos do seu<br />
trabalho, apostando no desenvolvimento<br />
de novos serviços,<br />
para dar resposta a novas solicitações<br />
do mercado.<br />
Como exemplo, no último<br />
ano implementou os seguintes<br />
ensaios:<br />
• Determinação de partículas<br />
em suspensão na atmosfera:<br />
Fracção PM10, segundo a<br />
norma EN 12341;<br />
• Determinação de partículas<br />
em suspensão na atmosfera:<br />
Fracção PM2,5, segundo a norma EN 14907;<br />
• Determinação de fibras de amianto e minerais artificiais<br />
no ar em filtro membrana, por Microscopia ótica de contraste<br />
de fase.<br />
Estes ensaios foram alvo de auditoria externa e já se encontram<br />
no Âmbito da acreditação do laboratório.<br />
Em 2012 o laboratório viu ainda ser-lhe reconhecida mais<br />
uma nova competência:<br />
A Acreditação Flexível, para a técnica de Espectrofotometria<br />
de Absorção Atómica (EAA), tendo assim a capacidade<br />
de implementar e validar os métodos de ensaio para novos<br />
elementos e novas normas, dentro das matrizes já acreditadas.<br />
Ao longo destes 25 anos o laboratório tem superado muitos<br />
desafios e atualmente, para além do apoio às indústrias<br />
nacionais, tem vindo a incrementar os serviços prestados<br />
para outros mercados, alguns de volume significativo, merecendo<br />
realce os seguintes trabalhos:<br />
• Caracterização de matérias-primas para a indústria do<br />
cimento, no mercado africano;<br />
• Caracterização da composição de vidro, para diversos<br />
centros de reciclagem europeus;<br />
• Participação no desenvolvimento de pastas para telha,<br />
no mercado brasileiro.<br />
Keramica | CTCV | 59
LEP<br />
LABORATÓRIO DE<br />
ENSAIOS DE PRODUTOS<br />
Valente de Almeida<br />
Falar de 25 anos de existência do CTCV é falar, de forma<br />
vincada e indissociável, da história do LEP, quer pelo crescimento<br />
sustentado quer pela dinâmica e evolução de ambos.<br />
Foram 25 anos de esforço e dedicação de todos os colaboradores<br />
que trabalharam no LEP e que muito contribuíram<br />
para o que o laboratório representa hoje em dia no CTCV.<br />
O LEP, que curiosamente teve como primeira designação<br />
Laboratório de Ensaios de Materiais (LEM), passou por diversas<br />
mutações desde a sua criação mantendo sempre um<br />
fio condutor na sua actividade, ou seja, o seu desígnio – servir<br />
toda a Indústria Nacional nos sectores em que o CTCV<br />
intervém.<br />
O LEP nasceu pela necessidade crescente a nível nacional<br />
de um laboratório de referência para ensaios de produtos<br />
cerâmicos e de vidro. Numa fase inicial centrou muita da sua<br />
atividade no apoio à certificação, nomeadamente da certificação<br />
de tijolos, telhas e abobadilhas cerâmicas. Esta atividade<br />
foi-se desenvolvendo até ao aparecimento da Diretiva<br />
dos Produtos da Construção (89/106/EEC), que originou<br />
mais uma etapa no crescimento do LEP – Marcação CE dos<br />
Produtos da Construção. Hoje em dia, e em consequência<br />
da futura revogação desta Diretiva pelo novo Regulamento<br />
(EU) nº 305/2011 teremos, em termos de adaptação, mais<br />
uma atividade a desenvolver a curto prazo.<br />
Face a esta nova etapa o laboratório foi obrigado a uma<br />
nova reorientação estratégia e de negócio – a fileira da<br />
Construção. É aqui que se dá a viragem do LEP passando a<br />
ser reconhecido como um Laboratório Nacional de referência<br />
na área dos Produtos da Construção, ocupando assim<br />
um espaço que faltava e que a Indústria reclamava.<br />
O LEP abraça outras tipologias de produtos, para além<br />
dos tradicionais cerâmicos e do vidro, como sejam os produtos<br />
à base de cimento (principalmente produtos pré-fabricados<br />
– blocos, abobadilhas, pavés, lancis, lajetas e vigotas<br />
pré-esforçadas – e argamassas de construção – adesivos,<br />
argamassas de assentamento e de reboco, betonilhas),<br />
agregados (naturais e reciclados), produtos de pedra (guias,<br />
cubos, lajes, pavimentos e revestimentos).<br />
Outra área de relevo na atividade do LEP é a homologação<br />
de vidro automóvel, nomeadamente no âmbito da<br />
marca DOT (homologação americana AMECA) em que o<br />
LEP é o único laboratório reconhecido na Península Ibérica,<br />
sendo esta a sua atividade exportadora, nomeadamente<br />
para Espanha e Brasil.<br />
Para além da atividade de ensaios (a mais importante), o<br />
LEP desenvolve também trabalhos de análise e de investigação<br />
na área das patologias da construção, quer através<br />
de pareceres solicitados por clientes (empresas e particulares),<br />
quer através da divulgação técnico-científica em<br />
eventos correlacionados. O crescente número de solicitações<br />
com que o laboratório tem vindo a ser confrontado<br />
revela o grau de importância desta atividade no afirmar<br />
do CTCV na área dos produtos da construção, proporcionando<br />
igualmente um crescente acumular de “know-<br />
-how” bastante relevante para o desenvolvimento futuro<br />
do LEP/CTCV.<br />
60 | Keramica | CTCV
A competitividade dos dias de hoje, mais do que um desafio é uma<br />
oportunidade de crescimento que o LEP está empenhado em “agarrar”<br />
No âmbito de projectos Europeus o LEP participou em<br />
alguns de relevância – ECOBRICK (redesenho de tijolo cerâmico<br />
com propriedades térmicas e acústicas melhoradas),<br />
ECOCEL (incorporação de resíduos da indústria de papel<br />
para melhoria dos produtos do ponto de vista térmico) e<br />
DURAMATER (avaliação do comportamento de produtos da<br />
construção quando submetidos à intempérie litoral), para<br />
além dos projetos industrialmente orientados “Eflorescências<br />
nos Produtos da Construção” e “Defeitos na Cerâmica<br />
e Vidro”.<br />
A competência e capacidade técnica dos colaboradores<br />
do LEP permite que também sejam desenvolvidos trabalhos<br />
de auditoria (qualidade e produto) para Entidades Certificadoras<br />
Nacionais e Estrangeiras, bem como a designação de<br />
peritos técnicos para questões relacionadas com Tribunais.<br />
Neste âmbito, a atividade do LEP tem vindo a crescer de<br />
forma sustentada, cimentando a importância deste tipo de<br />
atividade não só no laboratório como também no CTCV.<br />
O LEP possui uma variedade de equipamentos de ensaios,<br />
desde os simples paquímetros até máquinas sofisticadas de<br />
ensaios climáticos (ex. gelo-degelo) que permitem efetuar<br />
um leque alargado de ensaios:<br />
• Ensaios dimensionais;<br />
• Ensaios mecânicos (ex. flexão, tracção e compressão);<br />
• Ensaios físicos (ex. abrasão, durabilidade);<br />
• Ensaios químicos (ex. resistência às manchas, químicos).<br />
A equipa atual do laboratório conta com dois colaboradores<br />
licenciados e com cinco colaboradores (operadores<br />
especializados) com escolaridade ao nível do 12º ano, formando<br />
assim uma equipa que se complementa de forma a<br />
levar a cabo a sua missão.<br />
O LEP tem a maioria dos seus<br />
ensaios acreditados pelo IPAC,<br />
sendo que a acreditação data<br />
já de 1990. Ao longo destes<br />
22 anos de experiência com<br />
a acreditação de ensaios, tem<br />
sido possível agregar maisvalias<br />
importantes e melhorias<br />
constantes no desempenho do<br />
laboratório, traduzindo-se por<br />
uma crescente organização e<br />
sistematização das atividades<br />
de rotina, com evidente ganhos<br />
de eficácia e eficiência no trabalho.<br />
Um novo desafio aí está para o LEP – o ccMCS – Centro<br />
de Conhecimentos em Materiais para a Construção Sustentável,<br />
que sem dúvida terá uma contribuição decisiva no<br />
futuro da sustentabilidade do laboratório e no contínuo<br />
reforço de competências sempre ao serviço da Indústria Nacional.<br />
O ccMCS proporcionará ao LEP a hipótese de crescer<br />
no sentido do reforço da sua atividade, alinhando-a mais<br />
com a nova realidade actual.<br />
A competitividade dos dias de hoje, mais do que um desafio,<br />
é uma oportunidade de crescimento que o LEP está<br />
empenhado em “agarrar”, dotando-se de estrutura e quadros<br />
técnicos capazes de perceberem a nova dinâmica do<br />
mercado de ensaios, que evolui para a avaliação não só redutora<br />
dos produtos em si mas dos sistemas em que esses<br />
produtos se inserem. Aqui está o desafio que o novo laboratório<br />
no ccMCS terá de abraçar e levar a cabo com êxito.<br />
Keramica | CTCV | 61
MREi<br />
Medição e Racionalização<br />
de Energia _ Indústria<br />
Artur Serrano<br />
Focando a sua atenção na promoção da inovação e do desenvolvimento<br />
das capacidades técnicas e tecnológicas das<br />
indústrias, foi criada, aquando da fundação do CTCV em<br />
1987, a Unidade de Energia, que contribuiu também para<br />
a formação e primeiros passos da “Unidade de Ambiente”<br />
nos anos 90. Esta Unidade veio a consolidar a sua forma<br />
de estar no mercado ao longo dos últimos 25 anos. Numa<br />
fase intermédia, juntamente com a Unidade de Ambiente,<br />
veio a ser integrada numa nova unidade, designada de UEA<br />
(Unidade de Energia e Ambiente). Posteriormente, a UEA<br />
deu origem, de novo, a duas Unidades distintas, a Unidade<br />
de Sistemas de Energia e a Unidade de Ambiente e Sustentabilidade,<br />
pondo ao serviço dos clientes o “know-how”<br />
específico de cada uma para corresponder à necessidade<br />
em áreas que mereciam dedicação especial, face à evolução<br />
do mercado de prestação de serviços em Consultoria. Em<br />
finais de 2011 a Unidade de Sistemas de Energia converteu-<br />
-se nas Unidades de Medição e Racionalização de Energia na<br />
Indústria (UMREi) e no Habitat (UMREh), indo de encontro à<br />
nova visão estratégica do CTCV adoptada para a energia.<br />
Constituída por uma equipa técnica multidisciplinar, com<br />
profissionais especializados nas áreas da Engenharia Mecânica,<br />
Electrotécnica e Ambiente, dirigida pelo Eng. Artur<br />
Serrano, Auditor de Planos de Racionalização dos Consumos<br />
de Energia e Examinador acreditado pela DGEG para<br />
elaborar Exames a Centrais de Produção de Energia Eléctrica<br />
e Calor (Instalações de Cogeração). A UMREi apresenta-<br />
-se como uma unidade pioneira do sistema científico e tecnológico,<br />
com uma vasta experiência na área da energia e<br />
competência para dotar os seus clientes das ferramentas<br />
necessárias para a tomada de decisões, no âmbito da utilização<br />
eficiente de energia.<br />
As Empresas Industriais estão abrangidas por um programa<br />
designado por Sistema de Eficiência Energética na<br />
Indústria que inclui o regulamento denominado Sistema de<br />
Gestão dos Consumos Intensivos de Energia (SGCIE), destacando-se<br />
entre outras algumas áreas de grande atualidade<br />
no setor industrial designadamente: a cogeração, a optimização<br />
de motores elétricos, a produção de calor e frio,<br />
os sistemas de iluminação, a recuperação de calor e outras<br />
medidas de promoção da eficiência no processo industrial.<br />
O SGCIE prevê que as instalações Consumidoras Intensivas<br />
de Energia realizem, periodicamente, auditorias<br />
energéticas, e que elaborem e executem Planos de Racionalização<br />
dos Consumos de Energia, estabelecendo acordos<br />
de racionalização desses consumos com a DGEG que<br />
contemplem objetivos mínimos de eficiência energética,<br />
associando ao seu cumprimento a obtenção de incentivos<br />
pelos operadores.<br />
Os clientes-alvo da UMREi são, na sua maioria, indústrias<br />
abrangidas pelo SGCIE, embora preste também apoio técnico<br />
a indústrias que, apesar de não estarem abrangidas,<br />
62 | Keramica | CTCV
Uma unidade pioneira do sistema científico e tecnológico, com uma<br />
vasta experiência na área da energia<br />
queiram maximizar a sua eficiência energética e implementar<br />
medidas de melhoria contínua nesta área.<br />
No seguimento da legislação em vigor (Decreto-Lei nº<br />
71/2008), os principais serviços promovidos pela UMREi<br />
são:<br />
• Auditorias energéticas a Indústrias abrangidas pelo SG-<br />
CIE e realização dos respetivos Planos de Racionalização dos<br />
Consumos de Energia;<br />
• Instalação de Sistemas de monitorização de consumos,<br />
e consumos específicos;<br />
• Análise termográfica;<br />
• Análise da energia elétrica e dos equipamentos consumidores<br />
de energia;<br />
• Consultoria na área de Energias renováveis;<br />
• Estudos técnico-económicos de optimização energética<br />
e de recuperação de calor;<br />
• Apoio nas candidaturas a incentivos na área de eficiência<br />
energética;<br />
• Diagnósticos Energéticos;<br />
• Auditorias e apoio técnico a Instalações de Cogeração;<br />
• Realização de Relatórios bienais de Execução e Progresso<br />
(REP) de acompanhamento aos Planos de Racionalização<br />
de Racionalização dos Consumos de Energia, aprovados<br />
pela DGEG (ARCE – Acordo de Racionalização dos Consumos<br />
de Energia).<br />
Pela diversidade das tecnologias utilizadas na Indústria,<br />
os colaboradores da UMREi acompanham assiduamente a<br />
evolução e soluções existentes no mercado, quer através da<br />
participação em acções de formação, quer na participação<br />
em congressos e seminários, de forma a manter a sua competitividade,<br />
a qualidade dos seus serviços, a competência e<br />
atualização neste domínio.<br />
Ao longo dos seus 25 anos de existência ao serviço da<br />
Energia, a UMREi tem vindo a participar em inúmeros projetos<br />
de sensibilização que consistiram na análise dos consumos<br />
energéticos, bem como na identificação de possíveis<br />
melhorias a implementar para reduzir o consumo de<br />
energia, aumentar a eficiência energética e, desse modo,<br />
diminuir substancialmente os gastos financeiros ligados aos<br />
consumos de energia, na Indústria.<br />
Esta Unidade participou até à data, em inúmeros projetos<br />
entre os quais se referenciam os seguintes:<br />
• Projeto de sensibilização da Indústria Portuguesa promovido<br />
pela ADENE em parceria com o IAPMEI com caracterização<br />
da Indústria Nacional abrangendo diversos setores<br />
da Indústria Transformadora Portuguesa;<br />
• Ações de formação<br />
em parceria com empresas<br />
Brasileiras na área da<br />
Indústria Cerâmica;<br />
• Projeto RENOVARE,<br />
desenvolvido no âmbito<br />
do programa da União<br />
Europeia INTERREG IIIA,<br />
para reforçar a coesão<br />
económica e social dos<br />
países membros, com a<br />
participação de Centros<br />
Tecnológicos de Espanha<br />
e Portugal: CARTIF, RECET<br />
(CITEVE, CTCV e CTIC);<br />
• Realização do “Manual<br />
de Boas Práticas na<br />
Utilização Racional de<br />
Energia e Energias Renováveis”,<br />
em parceria com<br />
a APICER;<br />
• Projeto READI (Regiões,<br />
Energia, Ambiente,<br />
Desenvolvimento e Inovação),<br />
promovido pelo<br />
CEC/CCIC (Conselho Empresarial<br />
do Centro e<br />
Câmara de Comércio e<br />
Indústria do Centro), em<br />
parceria com a União das<br />
Associações Empresariais<br />
da Região Norte (UERN),<br />
dividido em duas fases:<br />
Experiência Rua do Comércio<br />
e Experiência Praça<br />
da Indústria;<br />
• Projeto EFINERG, promovido pelo IAPMEI e AEP em parceria<br />
com RECET, CITEVE, CATIM, CTCV, ADENE, LNEG e<br />
Pólo de Competitividade e Tecnologia da Energia.<br />
Mantendo a sua consistência, a UMREi apresenta já uma<br />
agenda laboral extremamente preenchida para o ano que<br />
decorre, consequência da sua nítida diferenciação da concorrência,<br />
da sua vasta carteira de clientes fidelizados, qualidade<br />
superior e multidisciplinar dos seus serviços e da sua<br />
vasta experiência na área.<br />
UMREi, na vanguarda da Energia…<br />
Keramica | CTCV | 63
MREh<br />
Medição e Racionalização<br />
de Energia _ HABITAT<br />
Fernando Cunha<br />
A crescente preocupação global com a energia motivada<br />
pelos impactos ambientais e financeiros, tem vindo a dinamizar<br />
o desenvolvimento de energias renováveis e adopção<br />
de sistemas e equipamentos mais eficientes, promovendo a<br />
utilização racional da energia.<br />
Os edifícios representam cerca de 40% do consumo global<br />
de energia final, surgem como uma área de atuação onde é<br />
urgente a monotorização, gestão e racionalização de energia.<br />
O mercado da reabilitação dos edifícios apresenta um<br />
enorme potencial na redução do consumo de energia, onde<br />
se deverá investir no recurso a materiais com melhor desempenho<br />
energético e menores impactos ambientais, procurando<br />
integrar soluções mais eficientes. O aproveitamento da<br />
energia solar, tanto de uma forma passiva como ativa, como<br />
o recurso a energias renováveis, contribuem para a redução<br />
do consumo de energia. Estas boas práticas deverão ser, sempre<br />
que aplicáveis, regra no caso de novas edificações.<br />
As medidas implementadas nos edifícios têm o objectivo<br />
de manter e nalguns casos até aumentar, os atuais padrões<br />
de qualidade de vida e de conforto no interior dos edifícios,<br />
contribuindo para o aumento desempenho energético do<br />
edifício.<br />
O comportamento energético dos edifícios está relacionado<br />
com o layout urbano em cada cidade ou vila, o terreno<br />
onde estão implementados, a arquitetura dos edifícios e<br />
principalmente o tipo de soluções construtivas e eficiências<br />
dos sistemas de climatização.<br />
Para atingir as metas de redução do consumo de energia,<br />
propostas pela união europeia, foram publicados em<br />
Portugal o Regulamento das Características de Comportamento<br />
Térmico dos Edifícios (RCCTE) e o Regulamento dos<br />
Sistemas Energéticos de Climatização dos Edifícios (RSE-<br />
CE). Ambos os regulamentos visam criar regras de boas<br />
práticas que devem ser adoptadas na concepção de novos<br />
edifícios de habitação e de serviços, para que estes apresentem<br />
uma classificação energética mínima de B-.<br />
Principais marcos e serviços da UMREh<br />
A Unidade de Medição e Racionalização de Energia do<br />
Habitat (UMREh) surgiu no final de 2011, indo de encontro<br />
à nova visão estratégica do CTCV adoptada para a energia,<br />
por forma a dar resposta a uma recente e crescente necessidade<br />
do mercado.<br />
Orientada preferencialmente para a energia em edifícios,<br />
oferece serviços na área de certificação energética, nomeadamente<br />
no âmbito do RSECE, desde diagnósticos e auditorias<br />
energéticas até à simulação dinâmica.<br />
Os principais serviços prestados pela UMERh vão desde a<br />
realização da certificação energética, simulação dinâmica,<br />
plano de racionalização energética, diagnósticos energéticos,<br />
auditorias energéticas, estudo térmico de coberturas,<br />
análise termográfica, determinação da condutibilidade térmica,<br />
ensaio de refletividade, entre outros.<br />
Face ao mercado actual, os clientes alvos da UMREh serão<br />
na sua maioria os grandes edifícios de serviços (GES)<br />
existentes, pois o setor da construção tem vindo a registar<br />
um decréscimo significativo ao longo dos últimos anos,<br />
64 | Keramica | CTCV
Serviços na área de certificação energética, desde diagnósticos e auditorias<br />
energéticas até à simulação dinâmica<br />
consequência da atual conjuntura económica que atinge o<br />
mercado da construção.<br />
A UMREh possui uma carteira de clientes dos mais diversos<br />
sectores, desde de estabelecimento de ensino, passando<br />
por unidades hoteleiras até hospitais, onde nos apraz<br />
salientar clientes como a Fundação Bissaya Barreto, HUC,<br />
Hotel Your &SPA, MRG, etc.<br />
Desde a sua constituição é preocupação da UMREh<br />
manter-se na vanguarda da oferta de serviços de eficiência<br />
energética, possuindo uma variedade de equipamentos necessários<br />
à realização de medições em edifícios.<br />
A concentração de vários centros de competências no<br />
CTCV, contribui para que em muitos trabalhos desenvolvidos<br />
haja uma participação inter-unidades, apresentando<br />
um trabalho de maior qualidade e rigor ao cliente.<br />
No início de 2012 a UMREh criou um novo serviço para<br />
medição e determinação da refletividade, segundo a norma<br />
ASTM 1918 “Measuring Solar Reflectance of Horizontal and<br />
Low-Sloped Surfaces in the Field” A influência da cor num<br />
elemento opaco releva-se fulcral na determinação das necessidades<br />
de arrefecimento de um edifício. Torna-se assim<br />
necessário determinar a absortividade desses elementos, a<br />
partir da quantidade de energia refletida quando exposta<br />
a uma dada quantidade de energia radiante incidente (radiação<br />
solar). O conhecimento da refletividade permite escolher<br />
soluções que aumentem a eficiência energética dos<br />
edifícios, proporcionando melhores condições de conforto<br />
térmico no interior dos edifícios.<br />
A UMREh possui equipamento e competências para realizar<br />
medições segundo a ISO 9869 e ASTM C1155 e C1046<br />
padrões, para determinar a resistência térmica de elementos<br />
construtivos.<br />
O conhecimento da resistência térmica da envolvente de<br />
um edifício, desde as suas paredes até à cobertura, permitirá<br />
determinar a condutibilidade térmica destes elementos<br />
interiores e exteriores, para posterior verificação do cumprimento<br />
dos requisitos mínimos dos coeficientes de transmissão<br />
térmica superficiais, exigidos pela actual legislação em<br />
vigor (RCCTE e RSECE).<br />
O tema das energias renováveis é um tema cada vez mais<br />
atual, não só pelo impacto que tem na redução da fatura<br />
energética mas principalmente pelo contributo para redução<br />
do consumo dos combustíveis fósseis. A UMREh posiciona-se<br />
neste mercado, como entidade que oferece os seus<br />
serviços de auditoria energética no âmbito da miniprodução<br />
(D.L. 34/2011, de 8 de Março).<br />
A troca de experiência com outras entidades nacionais<br />
e internacionais, tem vindo a contribuir para o desenvolvimento<br />
da UMREh, não só pelo enriquecimento de competência<br />
dos seus técnicos mas também pelo ao acesso a<br />
novas soluções e tecnologias, podendo apresentar estas MTD’s aos<br />
seus clientes.<br />
Actualmente a UMREh está envolvida em vários projectos, com<br />
parceiros europeus e nacionais, dos quais se destacam:<br />
• ENERBUILCA – Caracterização de soluções construtivas e ciclo<br />
de vida do produto;<br />
• RENERPATH – Reabilitação em edifícios históricos;<br />
• NEWSOLUTIONS4OLDHousing – Eficiência energética em habitação<br />
social;<br />
• APICER – Coberturas Cerâmicas.<br />
UMREh – Perspetivas para o futuro<br />
A área da certificação energética de edifícios apesar de recente,<br />
já apresenta uma concorrência audaz e feroz. A UMREh pretende<br />
diferenciar-se da concorrência quer pela qualidade de prestação de<br />
serviços integrados, quer pela qualidade e diversidade dos equipamentos<br />
de medição.<br />
Em 2012 espera-se que a actual legislação em vigor seja revista,<br />
dando uma nova impulsão ao mercado da certificação, e permita agilizar<br />
e dinamizar o processo da certificação energética em Portugal.<br />
O trabalho realizado pelos técnicos da UMREh enquadrados na<br />
anterior Unidade de Sistemas de Energia conjugado pela actividade<br />
desenvolvida ao serviço da UMERh, permitiu que estes apresentem<br />
um nível de competências que reforça a confiança dos nossos clientes<br />
em nós.<br />
Recentemente o CTCV tornou-se numa entidade de Serviços Energéticos<br />
(ESE), iniciando o processo de qualificação no sentido de se<br />
constituir como uma ECO.AP nível 2, surgindo no mercado como<br />
um player devidamente credenciado para prestar serviços na área<br />
energética. Este reconhecimento permitirá uma maior divulgação<br />
e oferta dos nossos serviços a clientes do setor público e privado,<br />
contribuindo para o aumento da eficiência energética e redução da<br />
dependência energética de Portugal.<br />
Keramica | CTCV | 65
LMA<br />
LABORATÓRIO DE<br />
MONITORIZAÇÃO AMBIENTAL<br />
Ana Carvalho<br />
A sustentabilidade ambiental da indústria cerâmica e do<br />
vidro fez com que a atividade de monitorização e caracterização<br />
dos poluentes emitidos pela indústria para o meio<br />
ambiente surgisse desde a origem do Centro Tecnológico<br />
da Cerâmica e do Vidro (CTCV) como uma atividade relevante.<br />
Durante estes vinte e cinco anos, o CTCV cresceu, aprendeu,<br />
alargou o seu campo de atuação, especializou-se nesta<br />
área e construiu o que é hoje o Laboratório de Monitorização<br />
Ambiental (LMA).<br />
Tendo participado em inúmeros projetos de investigação<br />
e desenvolvimento, destacando-se um dos seus últimos, o<br />
Projeto Centrar, Avaliação da Qualidade do Ar na região<br />
centro, envolvendo cerca de 364 dias de amostragem de<br />
poluentes da do ar ambiente exterior, monitorizando cerca<br />
de 1000 fontes fixas (chaminés) por ano, cerca de 50 caracterizações<br />
anuais de Ruído Ambiental, conseguindo a certificação<br />
energética e da qualidade do ar interior de diversos<br />
grandes edifícios de serviços após passarem as várias fases<br />
das auditorias de Qualidade do Ar Interior; o LMA é sem<br />
dúvida um Laboratório de excelência.<br />
Estando acreditado para todos os ensaios relevantes para<br />
o sector industrial, pelo Instituto Português de Acreditação<br />
(Anexo Técnico nº L-0307), cerca de 26 ensaios (Ruído Ambiente,<br />
Efluentes Gasosos e Ar Ambiente Exterior), o LMA<br />
é reconhecido pela indústria e pelas entidades oficiais, pela<br />
sua competência técnica, qualidade dos resultados e capacidade/rapidez<br />
de resposta. Tornando-se no seu parceiro em<br />
todas as áreas da Monitorização Ambiental: Efluentes Gasosos;<br />
Efluentes Líquidos; Ar Ambiente Exterior, Qualidade<br />
do Ar Ambiente interior (QAI) e Ruído Ambiental.<br />
Um sinal do reconhecimento de instituições de referência<br />
como a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e a Associação<br />
de Laboratórios Acreditados de Portugal (Relacre) é a<br />
integração dos colaboradores do LMA na Comissão Técnica<br />
ONS/APA (CT71) da Qualidade do Ar e a Coordenação da<br />
Comissão Técnica Relacre/IPAC 1 – Emissões Gasosas.<br />
Desde o início que o CTCV tem apostado nos melhores<br />
equipamentos disponíveis no mercado, homologados pelas<br />
entidades oficiais e que cumprem com os métodos de<br />
referência, permitindo ser um dos laboratórios mais bem<br />
equipado do país e com maior autonomia, dispondo de<br />
equipamentos para 4 equipas de amostragem de efluentes<br />
gasosos, para 4 equipas de ar ambiente exterior e para 3<br />
equipas de ruído ambiente. Sendo que as determinações<br />
analíticas são asseguradas internamente pelo Laboratório<br />
de Análise de Materiais (LAM).<br />
A aposta na qualificação de excelência tem sido um investimento<br />
contínuo nos colaboradores do LMA de maneira<br />
a estarem sempre a par dos últimos desenvolvimentos metodológicos<br />
e sendo por isso dos melhores técnicos especialistas<br />
a atuar no mercado da monitorização ambiental.<br />
De realçar que o LMA é associado da Source Testing Association<br />
(STA), uma instituição de referência mundial no<br />
âmbito das emissões gasosas e qualidade do ar, estando<br />
em constante contacto com esta entidade e participando<br />
ativamente nas suas formações especializadas, conferências<br />
e comissões técnicas.<br />
66 | Keramica | CTCV
O LMA continuará seguramente a ser o melhor parceiro da indústria para as<br />
monitorizações ambientais<br />
As sinergias existentes entre as diversas unidades e laboratórios<br />
do CTCV, têm também permitido que a atividade<br />
da monitorização ambiental se complemente com atividades<br />
de consultoria técnica ambiental, de HST ou de qualidade<br />
ou com outros serviços laboratoriais, tais como: monitorizações<br />
no âmbito da HST ou no âmbito da qualidade<br />
do produto ou das matérias-primas, permitindo oferecer ao<br />
cliente um serviço completo.<br />
Nesta área de atividade foram superados ao longo dos<br />
anos inúmeros desafios técnicos: surgiram novas metodologias<br />
de amostragem e determinação cada vez mais complexas;<br />
novos equipamentos cada vez mais sofisticados e sensíveis;<br />
novas áreas de monitorização ambiental; novos setores<br />
industriais; novos colaboradores; novos clientes; nova legislação;<br />
muitas exigências do IPAC, da APA da CCDR e dos<br />
clientes; muita concorrência nem sempre leal…<br />
Infelizmente nem sempre o rigor técnico das amostragens<br />
e a fiabilidade dos resultados é relevante para os clientes.<br />
Em especial nesta altura de crise económica, tem-se verificado<br />
que o preço das monitorizações ambientais a qualquer<br />
custo (ou abaixo do preço de custo) tem ganho terreno em<br />
detrimento da qualidade e da fiabilidade dos resultados.<br />
Este fator poderá colocar em risco, não só a atividade de<br />
monitorização ambiental, descredebilizando-a, mas também<br />
contribuir para a degradação do meio ambiente e dos<br />
ecossistemas nacionais.<br />
Apesar de todas estas pressões, o LMA não tem cedido<br />
e tem não só mantido os seus níveis de qualidade, como<br />
continuamente melhorado quer as suas metodologias, quer<br />
o report dado ao cliente, permitindo ter resultados cada vez<br />
mais precisos.<br />
Por outro lado, têm também sido superados muitos desafios<br />
físicos: continuam a existir muitas chaminés e seus<br />
acessos sem condições de segurança para trabalhos em altura<br />
ou para executar as medições de acordo com as metodologias<br />
obrigatórias por lei; por vezes trabalha-se sob<br />
temperaturas extremas (os nossos máximos são +67ºC e<br />
-13ºC); poeiras e odores irrespiráveis (falta-nos depois o<br />
apetite para o jantar); longas noites passadas ao relento;<br />
longos dias passados ao sol sem qualquer sombra; vento e<br />
chuva; veículos atolados na lama; muito peso sempre para<br />
carregar; longas viagens…<br />
Mas no final de todo o esforço, temos o privilégio de ver<br />
o mundo noutra perspetiva, ficamos mais perto do céu…<br />
Todos os colaboradores, clientes e fornecedores que passaram<br />
pelo LMA, deram o seu contributo para superar os<br />
desafios, construíram uma equipa forte que foi mudando<br />
e amadurecendo ao longo dos anos deixando um legado<br />
fundamental no meio das Monitorizações Ambientais que<br />
perdurará e crescerá.<br />
Da contínua aposta em novas áreas da monitorização<br />
ambiental, destaca-se uma nova área de especialização do<br />
LMA, os Odores.<br />
A problemática dos odores no meio ambiente é um processo<br />
complexo, pois leva a uma insatisfação e uma incomodidade<br />
das populações difícil de solucionar. Existem uma<br />
série de fatores que afectam a problemática dos Odores,<br />
que vão desde a qualidade e as características das emissões<br />
gasosas de fontes fixas a factores climatéricos, sociais, económicos<br />
e culturais da comunidade afectada, que muitas<br />
vezes se relacionam entre si. Há no entanto metodologias<br />
de monitorização de Odores perfeitamente validadas com<br />
resultados quantificáveis e comparáveis que podem ser utilizadas,<br />
consoante o objetivo das medições.<br />
Superando os novos desafios que se avizinham, a equipa<br />
do LMA continuará seguramente a ser para os próximos 25<br />
anos o melhor parceiro da indústria para as monitorizações<br />
ambientais.<br />
Keramica | CTCV | 67
LHI<br />
LABORATÓRIO DE<br />
HIGIENE INDUSTRIAL<br />
Susana Rajado<br />
O Laboratório de Higiene Industrial (LHI) surgiu em 2008<br />
a partir de uma necessidade de reorientação estratégia dos<br />
serviços do CTCV.<br />
Os serviços prestados pelo LHI estiveram desde a sua<br />
génese integrados na Unidade de Saúde e Segurança do<br />
Trabalho do CTCV, numa complementaridade de serviços<br />
que potencia os resultados junto dos clientes de ambas as<br />
unidades.<br />
Este Laboratório está particularmente vocacionado para<br />
a realização de ensaios que permitem monitorizar um conjunto<br />
alargado de parâmetros de risco e de contaminantes<br />
do ambiente de trabalho e, apesar da sua juventude, tem<br />
tido uma dinâmica inovadora de atuação, acompanhando<br />
de perto os desenvolvimentos do mercado e do quadro legislativo.<br />
No seu ano de arranque o LHI começou por oferecer um<br />
conjunto de serviços que já eram oferecidos pelo CTCV,<br />
mas no âmbito da Unidade de Segurança e Saúde no trabalho.<br />
Desde logo, a aposta na acreditação como sinónimo<br />
de credibilidade e competência técnica foi assumida como<br />
fundamental, tendo o LHI obtido, logo no seu ano de arranque,<br />
a acreditação dos ensaios de Avaliação da exposição<br />
a ruído laboral, de Avaliação da exposição a vibrações no<br />
corpo humano, de Amostragem de fibras em suspensão no<br />
ar (amianto) e de Amostragem de partículas (incluindo sílica<br />
livre cristalina).<br />
Gradualmente, as suas atividades foram sendo alargadas,<br />
para dar resposta às crescentes necessidades do seu mercado<br />
de atuação e à crescente exigência legislativa que se<br />
impõe às empresas suas clientes. Assim em 2011 foi concedida<br />
a extensão da acreditação para a Determinação de<br />
índices de stress térmico em ambientes severos e para a Determinação<br />
dos níveis de iluminância.<br />
Já em 2012, o LHI alargou novamente o seu leque de<br />
atuação, ao adquirir um radiómetro portátil para medição<br />
de radiações óticas e artificiais não coerentes, no âmbito da<br />
Diretiva comunitária 2006/25/CE e Lei 25/2010, relativa às<br />
prescrições mínimas de saúde e segurança em matéria de<br />
exposição dos trabalhadores aos riscos de vidos aos agentes<br />
físicos (radiação ótica artificial).<br />
FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO<br />
Para além dos serviços de monitorização e ensaio, o LHI<br />
tem também um papel ativo na melhoria das práticas de<br />
trabalho, nomeadamente colaborando com a Unidade de<br />
Saúde e Segurança do Trabalho e a Unidade de Formação e<br />
Qualificação para ministrar cursos de formação de especialidade<br />
com destaque para algumas ações, nomeadamente:<br />
1. Avaliação e Controlo do Ruído, Vibrações e Ambiente<br />
Térmico (que inclui uma sessão de prática simulada para<br />
familiarização da prática de medições e equipamentos de<br />
medição);<br />
2. Segurança e Saúde no Trabalho para Trabalhadores Designados,<br />
Empregadores e Representante do Empregador.<br />
68 | Keramica | CTCV
O LHI realiza ensaios que permitem monitorizar um conjunto alargado de<br />
parâmetros de risco e de contaminantes do ambiente de trabalho<br />
PROJETOS DE RELEVÂNCIA<br />
Desde a sua criação em 2008, o LHI tem procurado estabelecer<br />
um estreito relacionamento com as entidades<br />
oficiais e associações, com todas as mais-valias que este<br />
esforço representa para os clientes do laboratório. Assim,<br />
em 2009 e 2010, o LHI foi a entidade seleccionada pela<br />
Associação Empresarial de Portugal (AEP) para a realização<br />
das monitorizações do ambiente de trabalho, no âmbito do<br />
Programa PREVENIR. O trabalho foi realizado num universo<br />
de 100 empresas: 40 empresas do sector da Indústria da<br />
Cerâmica e do Vidro, 40 empresas dos sectores das Indústrias<br />
de Plásticos e Borrachas e em 20 empresas da Indústria<br />
Química.<br />
Em 2012, o LHI foi novamente selecionado pela Associação<br />
Empresarial de Portugal (AEP) para a realização das<br />
monitorizações do ambiente de trabalho, no âmbito do<br />
estudo “IMPACTO DO PROGRAMA PREVENIR”, desta feita<br />
abrangendo 40 empresas dos sectores: Metalúrgico e Metalomecânico,<br />
Mobiliário e de Madeira, Têxtil e do Vestuário,<br />
Cerâmica e do Vidro, Plásticos e Borracha, Alimentação e<br />
Bebidas, Joalharia, Ourivesaria e Relojoaria e Produtos Químicos.<br />
Já em 2011 foi aprovado pelo QREN e contratado pela<br />
APICER um projecto na área da sílica livre cristalina, que<br />
envolveu um conjunto de 32 empresas do sector cerâmico,<br />
e que apresentou uma forte componente participativa do<br />
LHI, nomeadamente na monitorização dos teores de sílica<br />
livre cristalina nas diversas empresas.<br />
PAPEL DO LHI NO TECIDO INDUSTRIAL PORTUGUÊS –<br />
QUE FUTURO?<br />
O LHI tem apostado, desde<br />
o início, numa sólida formação<br />
dos seus Técnicos Higienistas<br />
(quer do ponto de vista<br />
técnico, quer humano), com o<br />
intuito de que as suas funções<br />
(Recolha de toda a informação<br />
pertinente e necessária à<br />
realização dos trabalhos, preparação<br />
dos equipamentos<br />
de amostragem e medição,<br />
trabalho de campo e tratamento<br />
de dados e elaboração<br />
dos relatórios) sejam desempenhadas com o máximo rigor<br />
e profissionalismo.<br />
O tratamento de dados e elaboração de relatórios é efetuado<br />
sempre com um olhar crítico sobre os resultados,<br />
comparando-os com os parâmetros e valores de referência<br />
e fazendo recomendações e sugestões de melhoria, apostando<br />
neste tipo de mais-valia para o cliente como forma de<br />
se impor num mercado cada vez mais concorrencial.<br />
O LHI está preparado para prestar serviços de grande profissionalismo,<br />
acrescentando valor aos clientes e maximizando<br />
as sinergias entre as empresas e o laboratório, acreditando<br />
que será possível crescer e afirmar-se como uma<br />
marca de referência no panorama nacional.<br />
Keramica | CTCV | 69
SGM<br />
Sistemas de Gestão e Melhoria<br />
Marta Ferreira<br />
Enquadramento aos Sistemas de Gestão<br />
A constante evolução do contexto sócio-económico torna<br />
cada vez mais relevante que as organizações mantenham<br />
as suas vantagens competitivas sobre a concorrência, melhorando<br />
continuamente os seus processos. Assim, é imperativo<br />
que estas se diferenciem dos seus concorrentes<br />
em relação ao serviço prestado e produto fornecido, sem<br />
descurar a sua organização interna, força motriz para o desenvolvimento<br />
sustentado.<br />
Num tecido industrial em dificuldades, as empresas devem<br />
distinguir-se entre si pelo valor acrescentado nos seus<br />
trabalhos para o cliente e pela melhoria contínua dos seus<br />
processos, produtos e serviços prestados. Mas todas as organizações<br />
operam num equilíbrio dinâmico que resulta da<br />
interligação entre os vetores associados aos seus colaboradores,<br />
aos recursos existentes e à relação mais ou menos<br />
estável com os seus clientes. Trata-se de um ciclo contínuo<br />
em que, com o suporte da gestão, os colaboradores da organização<br />
se especializam na sua função e através do seu<br />
desempenho produzem um produto ou prestam um serviço<br />
que no cliente invoca sentimentos de satisfação ou insatisfação.<br />
A melhoria deste ciclo apresenta-se como um dos<br />
maiores desafios da gestão das organizações.<br />
Embora em todos os estilos de gestão exista o fator intuitivo<br />
e relacionado com a experiência, é inquestionável que<br />
as decisões devem ser, tanto quanto possível, baseadas em<br />
factos credíveis e quantificáveis. Nunca foi tão marcante a<br />
necessidade de obter o “quanto” correto para que se possa<br />
acertar no “como”. Esta lógica empresarial tem ganho relevância<br />
nas últimas décadas e, sendo hoje uma verdade incontestada,<br />
suportou no passado as primeiras necessidades<br />
da indústria portuguesa ao nível da organização e melhoria<br />
dos Sistemas de Gestão, despertando o CTCV para uma<br />
nova área de prestação de serviços.<br />
História da USGM<br />
A década de 90 constituiu para o tecido empresarial<br />
português o início da cruzada de adaptação aos mercados<br />
internacionais. Novas políticas, novas regras e novas exigências<br />
tornavam imperativo que as empresas mudassem<br />
o paradigma de gestão fazendo-o evoluir no sentido da reestruturação<br />
tecnológica e humana. No mesmo sentido, o<br />
CTCV alinhou a sua estratégia de acordo com estes objetivos<br />
tendo, em 1992, iniciado a definição das regras básicas<br />
do seu Sistema de Gestão da Qualidade, documentando-as<br />
num manual e implementando-as ao longo da sua cadeia<br />
de valor.<br />
Paralelamente a este desenvolvimento interno, o CTCV<br />
recebeu solicitações para que os seus serviços fossem prestados<br />
diretamente em ambiente industrial, no cliente, sob a<br />
forma de consultoria com técnicos especializados. O objetivo<br />
era transpor para a realidade das empresas os requisitos<br />
normativos, nomeadamente da ISO 9001, incorporando o<br />
70 | Keramica | CTCV
Nunca foi tão marcante a necessidade de obter o “quanto” correto para<br />
que se possa acertar no “como”<br />
know-how existente e incrementando-o com as melhores<br />
práticas em vigor. Em 1995, à equipa inicialmente composta<br />
pelo Eng. Vaz Serra e pelo Eng. Ilharco de Moura, juntou-se<br />
o Eng. Valente de Almeida, a Eng.ª Conceição Fonseca e o<br />
Eng. Baio Dias, ainda hoje colaboradores do CTCV, embora<br />
atualmente noutras áreas de intervenção. Como complemento<br />
às suas atividades principais, estes técnicos prestavam<br />
consultoria na recentemente criada QCV “Qualidade<br />
na Cerâmica e no Vidro”.<br />
A relevância dos projetos desenvolvidos conduziu à necessidade<br />
de criar uma estrutura permanente, dedicada aos<br />
Sistemas de Gestão a tempo inteiro. Em 1997 surge a Unidade<br />
de Sistemas de Gestão da Qualidade (USGQ) com a<br />
entrada da Engª Sofia David e a passagem definitiva do Eng.<br />
Baio Dias para os Sistemas de Gestão.<br />
A USGQ foi alargando a sua intervenção quer ao nível<br />
da tipologia de projetos, quer na diversidade de clientes.<br />
Inicialmente ligada aos Sistemas de Gestão da Qualidade,<br />
evoluiu naturalmente para a integração de sistemas, proporcionando<br />
também conhecimento técnico ao nível dos<br />
Sistemas de Controlo da Produção. Com o decorrer dos<br />
anos incorporou no seu leque de competências áreas e serviços<br />
diversificados, operacionalizando o desenvolvimento e<br />
incrementando o desempenho dos sistemas de gestão em<br />
que atuava. A abrangência alcançada foi determinante para<br />
a evolução na sua designação: Unidade de Sistemas de Gestão<br />
e Melhoria – USGM.<br />
A USGM no Presente<br />
Atualmente a USGM encontra-se integrada na Direção de<br />
Processos e Sistemas do CTCV e presta serviços de consultoria<br />
e suporte técnico no âmbito dos sistemas de gestão,<br />
formatados de acordo com as necessidades dos seus clientes<br />
e orientados para cumprimento dos seus objetivos. Privilegia<br />
o trabalho em parceria e aporta aos seus projetos um<br />
conhecimento técnico profundo, fruto de anos de contacto<br />
prático com as empresas, nomeadamente de Cerâmica e<br />
Vidro, embora se dedique também a outros setores.<br />
Para além das tradicionais temáticas associadas aos sistemas<br />
de gestão, a USGM agrega atualmente competências<br />
ao nível da Responsabilidade Social, Gestão de IDI, Gestão<br />
de Energia e Controlo da Produção (Marcação CE e Certificação<br />
de Produto), entre outras.<br />
A profundidade e a abrangência dos projetos desenvolvidos<br />
pela USGM depende dos objetivos da organização sua<br />
cliente. Podem estar ligados a melhorias pontuais em áreas<br />
definidas ou à implementação integral de referenciais normativos<br />
que conduzam à melhoria integrada do desempenho<br />
e à certificação do sistema em causa. Através de uma<br />
metodologia de trabalho desenvolvida internamente e testada<br />
em organizações dos mais diversos setores, os técnicos<br />
da USGM planeiam os projetos com base na identidade e<br />
dinâmica da organização, tendo em conta as suas necessidades,<br />
aportando ganhos de eficiência que se traduzam na<br />
melhoria do desempenho e apostando na eficácia dos processos.<br />
Esta metodologia de trabalho tem garantido taxas<br />
de sucesso elevadas sendo a razão da fidelização de muitos<br />
clientes a esta equipa de trabalho.<br />
Adicionalmente aos projetos desenvolvidos com os seus<br />
clientes, a USGM colabora com outras entidades no desenvolvimento<br />
de documentação técnica de referência de<br />
apoio à indústria. Neste âmbito, destacam-se os Manuais<br />
de Controlo da Produção para a Cerâmica Estrutural, Pavimento<br />
e Revestimento e a Caracterização do Subsetor<br />
da Indústria Cerâmica Estrutural em Portugal (ambos em<br />
parceria com a APICER). A USGM integra também regularmente<br />
projetos de cooperação internacional (ex: Interreg),<br />
colaborando com outras instituições congéneres na análise<br />
e desenvolvimento de ferramentas de boas práticas associadas<br />
aos sistemas de gestão.<br />
Quer seja em parcerias duradouras ou em projetos pontuais,<br />
a USGM encontra-se focalizada no cumprimento dos<br />
objetivos estabelecidos pelos seus clientes procurando sempre<br />
proporcionar mais-valias e potenciar o sucesso das organizações<br />
com as quais tem o privilégio de trabalhar.<br />
Keramica | CTCV | 71
AS<br />
ambiente e sustentabilidade<br />
Marisa Almeida<br />
Missão<br />
A unidade de ambiente e sustentabilidade (UAS) do Centro<br />
Tecnológico da Cerâmica e do Vidro (CTCV) tem como<br />
missão apoiar as empresas e outras organizações no suporte<br />
técnico e de conhecimento conducentes à implementação<br />
de melhores práticas ambientais, melhoria contínua, ecoinovação<br />
e sustentabilidade.<br />
Breve resenha histórica<br />
A UAS tem mais de 2 décadas de existência, tendo evoluído<br />
em termos de forma, conteúdo e recursos em consonância<br />
com a visão estratégica do próprio CTCV.<br />
Esta unidade surgiu na década de 90, fruto de crescentes<br />
preocupações de diversas partes interessadas na preservação<br />
do ambiente, de forma a salvaguardar um crescimento<br />
sustentável da indústria. Este equilíbrio entre o desenvolvimento<br />
económico, ambiental e social é vital para a prosperidade<br />
das atividades económicas, quer ao nível do seu<br />
próprio processo de funcionamento, quer ao nível da sua<br />
política de mercado.<br />
Foi também uma década onde se publicaram, a nível<br />
nacional e da Comunidade Europeia, diversos requisitos<br />
legislativos, relativos ao controlo da emissão de efluentes<br />
gasosos, líquidos, resíduos, ruído e à prevenção e controlos<br />
integrados da poluição, avaliação de impacte ambiental,<br />
entre outros.<br />
A atividade da UAS iniciou-se assim no seio da Unidade<br />
de Energia com apenas 1 técnico superior dedicado à área,<br />
tendo rapidamente evoluído para 3 técnicos superiores.<br />
Foi fundamental em 1995 a criação do então designado<br />
Laboratório da Qualidade Ambiente (LQA) para apoio nas<br />
monitorizações de efluentes líquidos, gasosos e caracterização<br />
de alguns resíduos, medição de ruído ambiental e laboral,<br />
medições de vários parâmetros de higiene industrial, bem<br />
como apoiar a investigação de novas opções de valorização<br />
de resíduos e desenvolvimento de produtos inovadores.<br />
Mais tarde, em 1998, fruto de uma estratégia de especialização<br />
de conhecimento foi criada a unidade de ambiente<br />
que abarcava por um lado as atividades do LQA, as atividades<br />
de consultadoria e apoio à indústria, a I&D, formação,<br />
bem como atividades no âmbito da saúde e segurança, possuindo<br />
nessa altura um total de 10 colaboradores só nesta<br />
área. Em 2002 a UAS tornou-se autónoma do laboratório<br />
móvel e de amostragem e da unidade de saúde e segurança,<br />
tendo posteriormente sofrido algumas restruturações,<br />
consequência duma aposta crescente no tema da sustentabilidade.<br />
Principais marcos históricos<br />
Como marcos históricos desta unidade salientam-se em<br />
1998/1999 o apoio aos associados da APICER no contrato<br />
de adaptação à legislação ambiental, bem como no contrato<br />
de melhoria contínua à AIVE e respectivos associados.<br />
Salientam-se ainda uma série de projectos de valorização<br />
de resíduos como lamas de ETAR (Ecobrick) e ETARI, resíduos<br />
de fundição, pasta e papel (Ecocel), indústria automóvel,<br />
72 | Keramica | CTCV
Implementação de melhores práticas ambientais, melhoria contínua,<br />
eco-inovação e sustentabilidade<br />
em materiais cerâmicos, numa perspectiva de mais-valia<br />
em termos de melhorias de desempenho térmico, acústico,<br />
etc., ou seja criando simbioses industriais.<br />
Destaca-se ainda a participação numa série de projetos<br />
sobre boas práticas ambientais como:<br />
• Estudo sobre a redução do teor em flúor nos efluentes<br />
gasosos da indústria cerâmica (2000);<br />
• Tratamento e reutilização de resíduos sólidos na indústria<br />
cerâmica (eco.valor) (2000);<br />
• Projeto ETIV – emas technical implementations and verification<br />
(2006), onde se desenvolveu e apresentou casos de<br />
estudo de cerâmicas que implementaram o EMAS;<br />
• Quality-SME – Guia para um gestão integrada da qualidade,<br />
do ambiente e da saúde e segurança no trabalho nas<br />
PME ao abrigo do Interreg co financiado FEDER;<br />
• Projeto nacional de Benchmarking e Boas Práticas – BBP<br />
– nomeadamente a parte relativa ao ambiente e sutentabilidade;<br />
• Projetos na área da qualidade do ar nomeadamente<br />
o projeto QUALMAR (2007-2009) sobre qualidade do ar<br />
na Marinha Grande, através de uma parceria com a CM<br />
Marinha Grande e AIVE e o projeto CENTRAR (2008-2010)<br />
sobre qualidade do ar na Região Centro, em parceria com<br />
a CCDRC;<br />
• InEDIC – Innovation and Ecodesign in the Ceramic Industry<br />
(2009-2011), projeto no qual foram desenvolvidos<br />
materiais de formação e ferramentas na área do ecodesign<br />
para a indústria cerâmica;<br />
• Greenwave – Sinterização Assistida por Microondas de<br />
Porcelana, com vista a contribuir para a melhoria da eficiência<br />
energética e ambiental da indústria de fabrico de porcelas.<br />
Projeto em parceria com diversas instituições;<br />
• Elaboração de DAP – declarações ambientais de produto<br />
– materiais cerâmicos, em parceria com a APICER.<br />
Esta unidade publicou também mais de 5 dezenas de artigos<br />
em revistas da especialidade, congressos e seminários<br />
nas mais diversas áreas temáticas do ambiente e alguns manuais,<br />
dos quais se destaca:<br />
• Almeida M, Serra V, Dias B. – Impactes Ambientais e<br />
Comércio de Emissões, Indústria Cerâmica – Um caso de<br />
estudo. Ed. APICER – Associação Portuguesa da Indústria<br />
Cerâmica, Coimbra; 2004.<br />
A atividade de formação tem sido também uma constante,<br />
executando planos de formação à medida das necessidades<br />
das organizações, em regra integrados com outros<br />
temas que o CTCV disponibiliza, ou num plano de oferta da<br />
especialidade no domínio.<br />
Principais atividades<br />
Em termos de apoio técnico, destacam-se áreas muito diversificadas<br />
como o apoio a:<br />
• Licenciamento industrial e de barreiros;<br />
• Estudos de impacte ambiental;<br />
• Licenciamento ambiental e à implementação das melhores<br />
técnicas disponíveis (MTDs), PDA e RAA, registo PRTR;<br />
• Implementação e operação de sistemas de gestão ambiental<br />
e auditoria ambiental;<br />
• Gestão da economia de carbono nomeadamente no<br />
comércio europeu de licenças de emissão;<br />
• Relatórios de sustentabilidade;<br />
• Avaliação do ciclo de vida (ACV) e declarações ambientais<br />
de produto (DAP);<br />
• Ecodesign e ecoinovação;<br />
• Construção sustentável.<br />
Perspetivas futuras<br />
Em termos de perspetivas futuras a UAS pretende estar<br />
alinhada com os principais eixos estratégicos e factores de<br />
competitividade da indústria, promovendo a valorização de<br />
produtos particularmente orientados com a perspetiva de<br />
pensamento de ciclo de vida, nomeadamente integrando<br />
conceitos de eco-design (integração sistemática de considerações<br />
ambientais no processo de conceção de produto ou<br />
processos) e de eco-inovação que visem a prevenção ou a<br />
redução dos impactes ambientais ou que contribuem para<br />
a otimização da utilização dos recursos ao longo do ciclo<br />
de vida.<br />
Por outro lado, a valorização da sustentabilidade e habitat<br />
e o lançamento de projetos complementares alinhados<br />
com o cluster Habitat Sustentável são também temas estratégicos<br />
a desenvolver.<br />
A orientação de acordo com políticas e estratégias governamentais<br />
europeias e nacionais, será, como aliás têm<br />
sido, um eixo fundamental a considerar, perspectivando-se<br />
nesta área grandes evoluções ao nível de comércio europeu<br />
de licenças de emissão e outros instrumentos de gestão de<br />
carbono com vista à descarbonatização da economia, bem<br />
como novas abordagens na área dos instrumentos voluntários<br />
de comunicação ambiental (rótulos, pegadas, etc.),<br />
uma vez que tem existido uma grande proliferação destes<br />
instrumentos e ferramentas de eco-marketing, sem que por<br />
vezes o mercado reconheça as diferenças e vantagens de<br />
tais instrumentos. Uma sistematização destas ferramentas<br />
promoveria a credibilização e confiança no produto e a responsabilização<br />
dos produtores.<br />
Keramica | CTCV | 73
SST<br />
SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO<br />
Francisco Silva<br />
A Unidade de Segurança e Saúde do Trabalho (USST) foi<br />
criada em 2000, pela necessidade de se criar no CTCV uma<br />
estrutura orgânica que assegurasse a prestação de serviços<br />
na área da Segurança e Higiene no Trabalho (SHT). Desde<br />
então que os principais objetivos da USST são:<br />
• Apoio aos setores das indústrias cerâmica e do vidro<br />
na definição e implementação das medidas legais e boas<br />
práticas de prevenção de riscos profissionais;<br />
• Criação e divulgação de conhecimento na área da Segurança,<br />
Higiene e Saúde no Trabalho;<br />
• Prestação de serviços de qualidade diferenciada às empresas.<br />
Em conjunto com o Laboratório de Higiene Industrial<br />
(LHI), criado em 2008 para assegurar as medições de contaminantes<br />
químicos e físicos no ambiente de trabalho, a<br />
USST tem desenvolvido e continuará a desenvolver atividades<br />
de promoção da SHT que contribuem decisivamente<br />
para a melhoria das empresas e dos sectores que assiste.<br />
Atualmente, encontra-se em fase de conclusão o projeto<br />
“Desenvolvimento e Sensibilização para as Boas Práticas de<br />
Redução da Exposição dos Trabalhadores da Indústria Cerâmica<br />
à Sílica Cristalina Respirável”, desenvolvido para a<br />
APICER no âmbito do SIAC, com o qual se pretende ajudar<br />
na resposta a mais um desafio posto à indústria cerâmica.<br />
Campanha para a Melhoria das Condições de<br />
Trabalho na Indústria Cerâmica<br />
Iniciada em 2001, esta campanha marca de forma indelével<br />
a atividade da USST e de todo o setor cerâmico, devido<br />
à visibilidade que deu às questões de SHT entre os empresários,<br />
quadros, chefias e trabalhadores das empresas.<br />
De entre as muitas iniciativas levadas a cabo, salienta-se a<br />
publicação de 4 Manuais de Prevenção específicos para as<br />
empresas cerâmicas e de material didático para a Formação<br />
em SST dos trabalhadores do setor.<br />
Salienta-se, igualmente a realização de um estudo da<br />
74 | Keramica | CTCV
A implementação de uma cultura de segurança no seio das empresas<br />
demonstra que estas são organizações confiáveis<br />
sinistralidade laboral no sector cerâmico e, em colaboração<br />
com o Laboratório de Ergonomia da Universidade do<br />
Minho, o Estudo Ergonómico dos postos de trabalho dos<br />
subsectores da Louça Sanitária e da Louça Utilitária e Decorativa.<br />
Serviços de Segurança no Trabalho<br />
Em 2005 o CTCV foi a 3ª entidade a nível nacional a ser<br />
autorizada pelas entidades oficiais para a prestação dos Serviços<br />
de Segurança e Higiene do Trabalho.<br />
Em 2012 foi feita a 1ª auditoria para manutenção da autorização<br />
para prestação dos serviços sendo, também, alargada<br />
a autorização para prestação dos Serviços de ST em<br />
empresas com atividades de risco elevado:<br />
• Trabalhos em obras de construção, escavação, movimentação<br />
de terras, de túneis, com riscos de quedas de<br />
altura ou de soterramento, demolições e intervenção em<br />
ferrovias e rodovias sem interrupção de tráfego;<br />
• Atividades de indústrias extrativas;<br />
• Atividades que impliquem a exposição a agentes biológicos<br />
do grupo 3 ou 4;<br />
• Atividades com risco de silicose.<br />
Nesta atividade o CTCV destaca-se da maioria das restantes<br />
empresas pela personalização do serviço, pelo rigor<br />
técnico e pela adequação das práticas às características da<br />
empresa cliente.<br />
prestação de apoio técnico especializado em áreas como<br />
a prevenção e resposta a emergências, segurança contra<br />
incêndios, ergonomia, remoção de materiais contendo amianto,<br />
entre outras, permitem às empresas responder adequadamente<br />
às suas necessidades nesta área. Complementarmente,<br />
a colaboração com o Laboratório de Higiene Industrial<br />
coloca ao dispor dos nossos clientes um conjunto<br />
alargado de meios de medição dos contaminantes potencialmente<br />
existentes nos seus locais de trabalho.<br />
O futuro agora<br />
A implementação de uma cultura de segurança no seio<br />
das empresas demonstra que estas são organizações confiáveis,<br />
desenvolvendo a sua atividade de forma socialmente<br />
sustentável.<br />
A USST está a desenvolver competências necessárias para<br />
fazer face aos desafios lançados por riscos emergentes, nomeadamente,<br />
no trabalho com nanomateriais, possuindo<br />
meios técnicos e humanos para acompanhar as empresas<br />
do setor cerâmico no seu desenvolvimento tecnológico, assegurando,<br />
ao mesmo tempo, a proteção da segurança e<br />
saúde dos colaboradores.<br />
SST – Uma visão integrada<br />
A USST presta serviços na área da SST de forma integrada,<br />
apoiando as empresas na avaliação e controlo dos riscos,<br />
tendo em consideração a legislação aplicável e as práticas<br />
de gestão.<br />
Os benefícios que a SST pode trazer para as empresas que<br />
a utilizam como vantagem competitiva só são atingidos se<br />
for encarada como algo inserido na empresa, que faz parte<br />
do seu dia-a-dia.<br />
A USST propõe às empresas um conjunto de serviços que<br />
lhes permitem atingir esse propósito. A atividade dos técnicos<br />
da USST nos seus clientes divide-se em três grandes<br />
grupos:<br />
• Prestação de Serviços de Segurança no Trabalho;<br />
• Apoio na implementação de Sistemas de Gestão de Segurança<br />
e Saúde do Trabalho;<br />
• Consultoria especializada.<br />
As ações de apoio técnico, formação, informação e<br />
consulta dos trabalhadores, diagnósticos e auditorias e a<br />
Keramica | CTCV | 75
STI<br />
SISTEMAS E TECNOLOGIAS<br />
DE INFORMAÇÃO<br />
João Barata<br />
A missão da Unidade de Sistemas e Tecnologias de Informação<br />
(USTI) consiste no desenvolvimento de soluções<br />
informáticas inovadoras para gestão de referenciais ISO.<br />
Criámos e consolidámos uma visão das tecnologias ao serviço<br />
das pessoas, privilegiando a simplicidade e a utilidade.<br />
Inspiramo-nos em normas e recorremos a elas para a melhoria<br />
dos produtos e processos.<br />
Desde a sua fundação que o CTCV procurou complementar<br />
a oferta de serviços com tecnologias de informação,<br />
facultando uma diferenciação, automatizando processos e<br />
promovendo as melhores práticas através de software. Esteve<br />
sempre subjacente a vocação de “consultoria eletrónica”,<br />
através de ferramentas de elevada incorporação de<br />
conhecimento.<br />
Em 1997 foi criada a primeira equipa de desenvolvimento,<br />
tendo como objetivo a conceção de um software para<br />
apoio à norma ISO 9001, em especial nos seus requisitos de<br />
documentação e análise. É então lançado o ISI9000, uma<br />
das primeiras soluções nacionais para gestão da qualidade.<br />
Em poucos anos esta solução tornou-se líder nas indústrias<br />
cerâmicas, com os módulos de gestão documental, avaliação<br />
de fornecedores, processos e indicadores, formação,<br />
auditorias, não conformidades, ações, reclamações, entre<br />
outros processos relacionados com a certificação.<br />
Foi devido à sua simplicidade e conformidade normativa<br />
que o sistema ISI9000 se generalizou a toda a indústria e<br />
também a serviços. A informática passou a ser um aliado da<br />
certificação, melhorando a imagem interna da norma, reduzindo<br />
a burocracia, melhorando a produtividade. Constituiu<br />
para muitos uma surpresa que os setores tradicionais da cerâmica<br />
e vidro tivessem a capacidade de gerar tecnologia representativa<br />
do que de melhor existe para gestão da qualidade.<br />
O ISI9000 passou a ser uma solução ambicionada por<br />
consultores nas suas implementações, foi apresentado em<br />
exposições nacionais e internacionais, passando a constar<br />
em cursos de formação profissional e de ensino superior.<br />
Outras soluções mais específicas foram também desenvolvidas<br />
em complemento ao ISI9000: MPCalc, um software<br />
para cálculo de composições cerâmicas recorrendo<br />
a algoritmos de investigação operacional; I-Quime, um software<br />
muito generalizado na cerâmica para a gestão das<br />
fichas de dados de segurança; Calibra, uma aplicação de<br />
referência para gestão das calibrações e EMMs; GFS, uma<br />
plataforma para gestão da formação profissional; eCO2®,<br />
uma solução de gestão ambiental orientada para o comércio<br />
de emissões; GENE, uma plataforma para monitorização<br />
de consumos energéticos; myDoX®, um sistema de gestão<br />
documental, vigilância tecnológica e difusão de informação,<br />
incluindo documentos internos e externos como a legislação,<br />
normas ou manuais técnicos.<br />
No início da década de 2000, tendo como base uma tese<br />
de mestrado em informática na FCTUC, é desenvolvida a<br />
primeira versão do software GTM – Gestão Total da Manutenção.<br />
Apesar de ser uma atividade essencial à indústria e<br />
existirem já no mercado várias soluções de suporte, a manutenção<br />
era uma área pouco desenvolvida na sua gestão.<br />
76 | Keramica | CTCV
A STI é atualmente um Centro de Inovação Microsoft (MIC), líder em soluções<br />
informáticas referenciais<br />
Era fonte de não conformidades frequentes na certificação,<br />
eram raras as instalações com um registo completo e adequado<br />
do histórico de intervenções, o planeamento era<br />
insuficiente. Foi identificado que uma das dificuldades das<br />
ferramentas informáticas para manutenção era a elevada<br />
complexidade, pouco compatível com as necessidades do<br />
nosso tecido industrial.<br />
Uma vez mais o CTCV se concentrou na proximidade<br />
industrial para desenvolver uma nova solução de sucesso,<br />
simples mas completa, com o essencial para o processo de<br />
manutenção. Estava encontrado o fio condutor para a evolução<br />
desta unidade tecnológica: incorporação de conhecimento<br />
com grande proximidade do terreno, concentração<br />
na simplicidade e necessidades dos utilizadores, inspiração<br />
nas normas internacionais. Todas as ferramentas informáticas<br />
do CTCV passaram a ter como principais designers os<br />
seus utilizadores finais, aos quais é justo transmitir o nosso<br />
reconhecimento.<br />
Nos últimos 5 anos a unidade tem investido na melhoria<br />
destas plataformas para web (ISIMILL®) e na sua ampliação<br />
a novas áreas, nomeadamente, a gestão da inovação<br />
– software heiDI, desenvolvido em investigação realizada<br />
na Universidade do Minho, gestão do relacionamento com<br />
clientes (CRM), ambiente, segurança e responsabilidade social.<br />
A nossa visão atual do sistema de informação vai muito<br />
além de um sistema de suporte, na realidade a tecnologia é<br />
apenas um dos componentes desse sistema. A relação das<br />
pessoas neste sistema, a lógica e adequação dos processos,<br />
a validação e qualidade dos próprios dados e ferramentas,<br />
todos estes elementos constituem um sistema de informação<br />
e requerem uma abordagem profissional para a qual<br />
colaboramos nos nossos clientes.<br />
Estabelecendo pontes entre a ciência e a prática industrial,<br />
a USTI protagoniza uma das funções essenciais dos<br />
centros tecnológicos. A USTI é atualmente um Centro de<br />
Inovação Microsoft (MIC), líder em soluções informáticas<br />
referenciais, dando confiança aos seus clientes na evolução<br />
e continuidade das soluções. Esta liderança comprova-se<br />
nos projetos em múltiplos setores, ao longo de 14 anos,<br />
com mais de 140 clientes. Promovemos a transversalidade<br />
de atuação setorial.<br />
A USTI já implementou soluções em Espanha e Angola.<br />
Empresas internacionais como a BP utilizam aplicações do<br />
CTCV para gerir os seus ativos. O ISIMILL® GTM é utilizado<br />
pela Universidade de Coimbra para gerir os seus edifícios.<br />
Indústrias no setor alimentar, água, automóvel, metalomecânica,<br />
turismo ou ambiente, utilizam aplicações do CTCV<br />
para gerir os seus equipamentos. Grupos globais como a<br />
Renault, Mitsubishi, Daimler, KPMG ou Exide confiaram ao<br />
CTCV o desenvolvimento informático de áreas críticas da sua<br />
certificação ou processos de negócio. Instituições de prestígio<br />
como o ISQ, LNEG, CTIC, CHSUL ou Certif, utilizam as plataformas<br />
ISIMILL® para gerir os seus processos da qualidade.<br />
Contamos na nossa equipa com profissionais altamente<br />
qualificados em engenharia industrial, informática e sistemas<br />
de informação. Trabalhamos com os nossos clientes<br />
para alcançar a excelência, antecipamos as suas necessidades<br />
e convertemos ideias em soluções eletrónicas viáveis.<br />
Keramica | CTCV | 77
FQ<br />
FORMAÇÃO E QUALIFICAÇÃO<br />
Sandra Carvalho<br />
A importância dada à vertente de formação enquanto<br />
ferramenta competitiva para as empresas e a Sociedade em<br />
geral está patente naquele que é o principal instrumento de<br />
financiamento para empresas e instituições, sendo referida<br />
a sua importância em diversos documentos e planos estratégicos<br />
como o Plano Tecnológico, a Estratégia de Lisboa e<br />
outros instrumentos do Quadro de Referência Estratégica<br />
Nacional – QREN.<br />
O QREN foi delineado, tendo como grande desígnio estratégico<br />
a qualificação dos portugueses, valorizando o<br />
conhecimento, a ciência, a tecnologia e a inovação, tendo<br />
sido mobilizado para o Programa Operacional Potencial Humano<br />
(POPH), a maior fatia do orçamento total dos fundos<br />
comunitários (cerca de 1/3 do orçamento total), sendo<br />
que 90% deste orçamento está consignado a medidas que<br />
visam o reforço da participação no ensino e na formação<br />
contínua, seja formação inicial, profissional ou de ensino<br />
superior, bem como a qualidade dos sistemas de ensino e<br />
da formação profissional.<br />
Os comportamentos, conhecimentos e aptidões das pessoas<br />
são o principal alicerce de qualquer organização que<br />
se quer competitiva. Numa era de constante mudança, a<br />
competitividade das empresas passa pelo reforço tecnológico<br />
e pela inovação. É por isso premente que as organizações<br />
apostem num corpo de colaboradores, além de qualificados,<br />
com competências que lhes permitam uma atitude<br />
construtiva e orientada para o projeto da organização onde<br />
estão integrados.<br />
Além da gestão da formação dos seus colaboradores,<br />
o CTCV tem um conjunto de serviços que presta aos seus<br />
clientes, na área da formação profissional, nomeadamente:<br />
• Oferta de formação de especialidade (incluindo formato<br />
e-learning);<br />
• Formação intraempresa, à medida das necessidades dos<br />
seus clientes;<br />
• Diagnósticos de necessidades de Formação;<br />
• Avaliação de projetos de Formação;<br />
• Auditorias da Formação;<br />
• Consultoria formativa, que passa pelo apoio na implementação<br />
de Sistemas de Gestão da Formação e Gestão de<br />
Projetos de Formação;<br />
• Candidaturas a projetos de Gestão do Conhecimento e<br />
Formação Profissional.<br />
Vantagem Competitiva na<br />
Diferenciação de Serviços<br />
O CTCV é uma infra-estrutura tecnológica com elevada<br />
notoriedade no mercado em que atua, em todas as suas<br />
áreas de atividade e em particular na área da formação profissional,<br />
uma vez que integra uma bolsa de técnicos especialistas,<br />
com competências técnicas e pedagógicas comprovadas,<br />
pela sua experiência e conhecimento intrínseco<br />
da realidade das organizações aos seus diversos níveis, bem<br />
como a agregação de sinergias entre as várias unidades<br />
que possui, oferecendo um leque de serviços integrados e<br />
78 | Keramica | CTCV
As atitudes e competências das pessoas são o principal alicerce de qualquer<br />
organização que se quer competitiva<br />
de maior valor acrescentado. A estrutura do CTCV, aliada<br />
com o conhecimento amplo e enfoque nas necessidades<br />
dos clientes, permite-nos apresentar serviços integrados e<br />
diferenciados e oferecer soluções personalizadas, rápidas e<br />
flexíveis.<br />
A Formação Profissional (área de atuação acreditada pela<br />
DGERT e outras entidades reguladoras competentes), constitui<br />
uma área complementar e transversal aos diversos serviços<br />
prestados pelo CTCV, nomeadamente em áreas como<br />
a Energia, o Ambiente, a Qualidade, a Saúde e Segurança,<br />
a Inovação, a Responsabilidade Social, Otimização de Processos,<br />
entre outras.<br />
Na área laboratorial, promove o acesso aos seus diversos<br />
laboratórios acreditados, complementando e aproximando<br />
à realidade industrial e laboratorial, as ações de formação<br />
que promove.<br />
No seu portefólio de projetos na área da Gestão do Conhecimento<br />
e Valorização de Pessoas, conta com projetos<br />
desenvolvidos em parceria com empresas, universidades<br />
e outras Entidades do Sistema Cientifico Tecnológico, nas<br />
suas múltiplas áreas de atuação.<br />
Ao longo dos 25 anos de existência o CTCV tem vindo<br />
a desenvolver um conjunto alargado de intervenções<br />
ao nível da gestão do conhecimento, nomeadamente na<br />
área da formação e desenvolvimento de competências,<br />
tendo liderado e participado em projetos, dos quais se<br />
destacam iniciativas como o PEDIP II, PRONACI, Ser PME<br />
Responsável, RSOpt (Rede Nacional de Responsabilidade<br />
Social); MODELAR; CH@TMOULD; GlassChallenge; FOR-<br />
BEN – Benchmarking para o Sucesso na Indústria; RE-<br />
SEG – Rede de Segurança; Literacia Digital (Microsoft);<br />
Inov Jovem, principal projeto na integração de jovens no<br />
mercado de trabalho, Pense Indústria – Principal Projeto<br />
desenvolvido em Portugal na mobilização de jovens para<br />
a Indústria, integrando recentemente a iniciativa F1 in<br />
Schools, um projecto de âmbito mundial, que envolve<br />
mais de 10 milhões de jovens, com o objetivo principal<br />
de estimular nos jovens a inovação, a criatividade e o<br />
empreendedorismo para áreas tecnológicas e de engenharia.<br />
Está em curso a 3ª edição do projecto QI PME, projeto<br />
de Formação – ação, desenvolvido em parceria com a ACIB<br />
– Associação Comercial e Industrial da Bairrada e muitos<br />
outros que visam sobretudo colmatar o fosso que muitas<br />
vezes existe entre as competências individuais e a realidade<br />
das organizações.<br />
O CTCV tem integrado várias comissões técnicas sob a<br />
gestão do Instituto Português da Qualidade – IPQ, e outros<br />
organismos competentes, nomeadamente na área da Qualidade<br />
na Formação Profissional.<br />
Neste âmbito, o CTCV, a convite do IPQ, integrou recentemente<br />
uma comissão técnica para a criação de uma norma<br />
para a Sistemas de Gestão da Formação Profissional, que foi<br />
publicada no passado mês de Julho a “NP 4512:2012 – Sistema<br />
de gestão da formação profissional, incluindo aprendizagem<br />
enriquecida por tecnologia”.<br />
Actualmente, na área da Formação Profissional, o CTCV<br />
tem além dos serviços regulares que presta uma oferta formativa<br />
baseada no Catálogo Nacional de Qualificações, em<br />
parceria com a APICER – Associação Portuguesa da Indústria<br />
Cerâmica, que permite desenvolver competências em<br />
áreas-chave, como a gestão, a inovação, e o marketing.<br />
Apesar do período conturbado que atravessamos, as organizações<br />
e os seus colaboradores crêem que podem ser<br />
mais competitivos, através do desenvolvimento de competências<br />
individuais e organizacionais, assentes em modelos<br />
de formação adequados e ajustados às suas reais necessidades.<br />
Acreditamos que cada organização é única e embora<br />
haja traços comuns às diversas realidades, o nosso foco é<br />
o de ir sempre ao encontro de meios de demarcar sempre<br />
o que é singular em cada organização, através de metodologias<br />
inovadoras, capazes de potenciar a analogia entre a<br />
teoria e a prática.<br />
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