ATIVAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE ... - Esec
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<strong>ATIVAÇÃO</strong> <strong>DO</strong> <strong><strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO</strong> <strong>COGNITIVO</strong> <strong>DE</strong> CRIANÇAS<br />
CARENTES INTERVENÇÃO E RESULTA<strong>DO</strong>S<br />
Lívia Christina Andreucci UNIFAC Fac. Integradas de Botucatu landreucci@hotmail.com<br />
Maria de Lurdes Cró ESE do Instituto Politécnico de Coimbra lurdescro@esec.pt<br />
Introdução<br />
Tendo como objetivo o desenvolvimento global e harmonioso da criança,<br />
procuramos buscar soluções para a diminuição do elevado índice de repetência em 1999<br />
( em torno de 40%), dos alunos de Primeira á Quarta Séries do Ensino Fundamental do<br />
Educandário Professor Eurípedes Barsanulfo. Os repetentes foram avaliados em 2000,<br />
pela Neuropediatria da Instituição, obtendose os resultados que seguem:<br />
50<br />
QI INSUFICIENTE<br />
45<br />
40<br />
35<br />
<strong>DE</strong>FICIÊNCIAS COGNITIVAS E QI<br />
NORMAL<br />
DIFICULDA<strong>DE</strong>S ESPECÍFICAS <strong>DE</strong><br />
LEITURA<br />
30<br />
OUTROS PROBLEMAS<br />
25<br />
20<br />
15<br />
SÍNDROME <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>FICIÊNCIA <strong>DE</strong><br />
ATENÇÃO<br />
<strong>DE</strong>PRESSÃO<br />
10<br />
SEM EXPLICAÇÃO PELO EXAME<br />
5<br />
0<br />
Material e Métodos<br />
Em 2003, foram estudadas 65 crianças que frequentavam a Primeira série do<br />
Ensino Fundamental e os 3 anos do PréEscolar. As idades variam de 04 a 08 anos, que<br />
foram selecionadas segundo dois critérios: 1.º) admissão recente na Escola, sem terem<br />
sido educadas pelo método psicopedagógico escolhido (19 crianças). 2.º) Quarenta e<br />
seis crianças que frequentavam o PréEscolar o Ensino Fundamental e o há 1 ano ou<br />
mais, as quais trabalharam segundo o modelo de ativação cognitiva..<br />
As crianças permanecem 10 horas na escola. Além das atividades do ensino<br />
fundamental, são ministradas aulas de pintura, história da arte, canto e coral,<br />
computação, xadrez, aulas de piano, teclado, inglês e espanhol. Recebem também<br />
assistência pediátrica, odontológica e oftalmológica., sendo encaminhadas a tratamentos<br />
fonoaudiológicos, psicológicos quando se julgar necessário pela equipa multidisciplinar.
2<br />
Métodos Pedagógicos de Ativação Cognitiva<br />
Na perspectiva do Modelo de Activação do Desenvolvimento Psicológico a<br />
aprendizagem e o desenvolvimento resultam de interação entre a criança,o adulto e o<br />
meio,em um processo que pode ser estimulado e dinamizado. (Sousa, 1995).<br />
A Ativação do Desenvolvimento Psicológico como processo, deverá ser<br />
examinada atendendo a quatro elementos essenciais que estarão sempre presentes: os<br />
sujeitos e os seus estádios de desenvolvimento, as atividades a realizar, os<br />
conhecimentos a adquirir ou a construir e os contextos físicos , biológicos e<br />
psicossociais , o que vem de encontro á nossa pesquisa .(Tavares, 1975).<br />
Conforme orientação e supervisão da segunda autora deste trabalho, após análise<br />
dos resultados obtidos nos PréTestes e PósTestes do Perfil de Carolina (Lillie, 1975),<br />
realizados no Pré Escolar entre Fevereiro e Abril, apresentados em Maio de 2000,<br />
passamos a utilizar a metodologia da Escola Ativa desde as classes do PréEscolar ,<br />
(Hohmann et all 1995), com base em Piaget .<br />
Através do conflito cognitivo, resultante das interações entre crianças de níveis<br />
de desenvolvimento diferentes (grupo vertical) e “sóciocognitivo” a partir de dois<br />
pontos de vista distintos, suscitados pelo educador a criança é confrontada por<br />
diferentes pontos de vista.<br />
Utilizouse também o “Guide – expression et mouvement”, de MarieJosé Laval<br />
Lambert (1972), desde o PréEscolar até a 4.a série do Ensino Fundamental,<br />
padronizados e facilmente reproduzíveis, visando ativação de noção de esquema<br />
corporal, lateralidade, orientação espacial, temporal e linguagem. Estes exercícios foram<br />
realizados diariamente, em sessões de 30 minutos, pelas professoras do Educandário,<br />
formadas pela primeira autora deste trabalho, uma vez que o Modelo ADP parte<br />
também do pressuposto da psicomotricidade como via de ativação.<br />
As atividades psicomotoras são consideradas como meio de desenvolvimento<br />
intelectual ou cognitivo, linguístico e da sua influência na elaboração do pensamento<br />
(segundo as possibilidades de cada criança e também do desenvolvimento afetivo).<br />
A Pedagogia de Projetos permitiu ás crianças progredirem intelectualmente,<br />
formando espírito crítico e vontade na realização das tarefas.<br />
As situações de aprendizagem são organizadas a levarem o sujeito à tentativa de<br />
resolver uma questão ou um problema, à sua reflexão e á construção de novas estruturas<br />
utilizando os elementos que a situação oferece.
3<br />
Educar é conhecer profundamente a criança no seu desenvolvimento, para<br />
intervir, tanto individualmente, como em grupo. Uma educação positiva uma<br />
pedagogia intervencionista deve atuar de forma a compensar as lacunas das<br />
aprendizagens e do desenvolvimento, desenvolvimento esse que se pretende em todas as<br />
faces da personalidade cognitivolinguístico, afetivo, físico, psicomotor, intelectual,<br />
empenhamento na ação com os seus aspectos morais ou valores, encarados de forma<br />
integrativa e não cumulativa.( Cró, 2001)<br />
O papel do “outro” é fundamental no processo de aprendizagem: fator<br />
dinamizador do desenvolvimento cognitivo e da inteligência, uma vez que favorece a<br />
indução de novas organizações cognitivas. Os pares de iguais e crianças de idades<br />
diferentes são geradores de novas tentativas de solução. Cada criança tem um ritmo<br />
diferente de aprendizagem, algumas precisarão de uma atenção mais individualizada<br />
para certas aprendizagens, outras, de um tempo mais longo para as realizar.<br />
Assim, quer o Jardim da Infância, quer a escola, nos diversos ciclos, devem<br />
otimizar a ação da família e/ou colmatar as suas insuficiências. Embora o<br />
desenvolvimento pessoal se dê por toda a vida , o problema da ativação do<br />
desenvolvimento porseá com maior acuidade durante a primeira e a segunda infâncias,<br />
adolescência e juventude, pois é nesta idade que o desenvolvimento se processa a ritmo<br />
maior.<br />
Não se violenta a natureza da criança, mas ajudamola a desenvolverse em<br />
função das suas próprias metas pessoais. (Cró, 1995).Mudança essa qualitativa, com<br />
alteração de comportamentos e atitudes, chegando a um nível de comportamento<br />
superior àquele em que o sujeito se encontra.<br />
Passamos á formação dos professores e educadores, tendo como ponto de partida<br />
e foco o aluno, a aprendizagem pela ação, pela interação e a reflexão sobre a ação,<br />
através do conflito cognitivo e sóciocognitivo, na linha dos neopiagetianos (Doise,<br />
Mugny e PerretClermont. 1975; Doise e Perret Clermont , 1976, Doise e Mugny, 1981;<br />
e Mugny , 1985) e da contraargumentação, enfatizada por Vargas de Dufau ( 1988) e<br />
Vanbersy (1989), além dos conceitos de Piaget, Bruner e Vygotsky.<br />
<strong>DE</strong>SCRIÇÃO <strong>DE</strong> UMA EXPERIÊNCIA <strong>DE</strong> <strong>ATIVAÇÃO</strong> <strong>DO</strong><br />
<strong><strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO</strong> PSICOLÓGICO<br />
A presente investigação realizouse em situação normal de PréEscolar e de<br />
Ensino Fundamental. Envolveu os alunos dos 03 anos do PréEscolar e do 1.o ano do
4<br />
Ensino Fundamental, assim como as educadoras, que foram convidadas a desenvolver<br />
um plano de ativação do desenvolvimento tendo como referência a Pedagogia de<br />
Projetos e a inclusão de exercícios psicomotores nas atividades desenvolvidas.<br />
2000 2001 2002 2003 2004<br />
PréEscolar 3 PréEscolar 3,2 e PréEscolar3, 2,1<br />
1.a Série<br />
(repetentes)<br />
1.a série<br />
2.a série<br />
PréEscolar3,2,1<br />
1.ª série<br />
2.ª série<br />
3.ª série<br />
Pré Escolar3,2,1,<br />
1.a série<br />
2.a série<br />
3.a série<br />
4.a série<br />
RESULTA<strong>DO</strong>S DA INVESTIGAÇÃO<br />
EFICÁCIA DA PRÁTICA <strong>DE</strong> <strong>ATIVAÇÃO</strong> <strong>DO</strong> <strong><strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO</strong> – 2003<br />
Esquema Global da Experiência:<br />
PROBLEMA AÇÃO AVALIAÇÃO DA PERTINÊNCIA<br />
DA HIPÓTESE<br />
Possibilidade de Intervenção Resultados<br />
Ativação<br />
Para identificar, descrever e medir os efeitos da ação, deve procederse ás<br />
seguintes operações:<br />
antes da intervenção Ação ou intervenção depois da Intervenção<br />
medida do ponto intervenção concreta utilização do mesmo instrumento<br />
de desenvolvimento<br />
de observação/ avaliação do<br />
psicológico com a utilização<br />
desenvolvimento psicológico<br />
de um instrumento<br />
São efetuados registros e observações de todas as atividades realizadas, em<br />
grelhas, uma vez que da qualidade da observação vai depender a qualidade das<br />
intervenções educativas, uma vez que a observação é um prérequisito da ativação do<br />
desenvolvimento.
5<br />
Teste Escolhido:<br />
Para medir o ponto de desenvolvimento das crianças, antes da experiência e<br />
depois da experiência foi utilizado o Perfil de Carolina (Cró, 1987) para as classes de<br />
PréEscolar, e 1.ª séries, que abrange os seguintes aspectos: motricidade global,<br />
motricidade fina, inteligência e linguagem. Para os da 2.a série em diante, o “Guide de<br />
Expression et Mouvement” de MarieJosé Laval Lambert, que abrange exercícios de<br />
psicomotricidade: espaço, tempo, espaçotempo, esquema corporal, préescrita e préleitura,<br />
tendo em vista que os alunos já desenvolveram o Perfil nos anos anteriores, além<br />
do Teste de Raven.<br />
O préteste e o primeiro pósteste do Perfil de Carolina foram separados por um<br />
período de 3 semanas, e os demais, ao longo do ano, de Fevereiro a Dezembro.<br />
O pósteste indicará os efeitos imediatos sobre o desenvolvimento nos seus<br />
diversos aspectos, medindo o nível de desenvolvimento a que se chegou, no momento<br />
pontual..<br />
Classe/ Idade Pré1 Pré2 Pré3 1.a série<br />
Alunos com ADP<br />
11 7 11 9<br />
Alunos sem ADP<br />
inicial<br />
7 8 4<br />
RESULTA<strong>DO</strong>S<br />
Préteste Pre 1 Pré 2 Pré 3 1.a Pré 2 Pré 3 1.a<br />
MG20 52,27 75,9 88,57 62,2 60,7 86,23 58,75<br />
MF15 55,15 81,6 86,1 64,4 85,7 73,3 66,6<br />
MV12 65,9 83,3 90,4 90,7 89,2 78,12 70,83<br />
R12 63,6 81,25 97,6 87,96 89,2 89,5 79,16<br />
LE12 78,7 79,8 95,8 84,2 83,3 81,25 83,3<br />
LR12 78,7 79,8 94,6 74 80,9 92,6 77,08
6<br />
Pósteste Pre 1 Pré 2 Pré 3 1.a Pré 2 Pré 3 1.a<br />
MG20 81,36 90 91,07 87,2 82,85 86,25 90<br />
MF15 92,72 88,8 93,8 91,8 97,1 94 86,6<br />
MV12 88 88,2 99,4 95,37 94,04 98,7 79,16<br />
R12 84,8 90,97 100 97,2 98,8 100 97,9<br />
LE12 71,96 91,6 98,8 91,6 97,59 97,9 97,9<br />
LR12 97,7 87,5 99,4 97,2 94,04 100 97,8<br />
Ganhos Percentuais PréTeste<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
MG20<br />
MF15<br />
MV12<br />
R12<br />
LE12<br />
LR12<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Pre 1 Pré 2 Pré 3 1.a Pré 2 Pré 3 1.a<br />
Ganhos Percentuais PósTeste<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
MG20<br />
MF15<br />
MV12<br />
R12<br />
LE12<br />
LR12<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Pre 1 Pré 2 Pré 3 1.a Pré 2 Pré 3 1.a
7<br />
ANÁLISE <strong>DO</strong>S RESULTA<strong>DO</strong>S OBTI<strong>DO</strong>S 2003<br />
ESCLARECIMENTOS <strong>DO</strong>S RESULTA<strong>DO</strong>S <strong>DO</strong> PRÉTESTE E <strong>DO</strong> PÓS<br />
TESTE Á LUZ <strong>DO</strong> CONTEÚ<strong>DO</strong> DAS OBSERVAÇÕES REGISTRADAS<br />
Em todas as classes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental têmse a<br />
estratégia da estrutura vertical, isto é, numa mesma sala temos crianças de várias faixas<br />
de idade, uma vez que a escola não adota o Sistema de Progressão Continuada.<br />
Por ser uma Obra Assistencial que atende famílias socialmente carentes, recebe<br />
crianças com dificuldades de linguagem, aprendizagem e com graves problemas<br />
familiares, como desnutrição, stress, maus tratos, analfabetismo e falta de estimulação<br />
adequada. Por isso, dentro do Planejamento das atividades a serem desenvolvidas,<br />
procuramse estimular ao máximo situações de conflito cognitivo no período integral<br />
das atividades, das 8 da manhã ás 5 da tarde.<br />
Pré1<br />
Onze crianças com idades entre 4 e 5 anos frequentaram essa classe, em seu<br />
primeiro ano escolar. As atividades realizadas, segundo curriculum da Escola Ativa<br />
foram: Exploração de objetos, em todos os aspectos; senso de si, atividades artísticas e<br />
musicais, coral, dramatizações, contar histórias, fazdeconta, colagens, pintura, além de<br />
exercícios psicomotores duas vezes ao dia.<br />
Quanto aos resultados do Perfil de Carolina, realizados entre Fevereiro (Pré<br />
Teste) e Novembro (vários PósTestes), observamos que houve ganho na Motricidade<br />
Global e na Motricidade Fina, na Percepção Visual, no Raciocínio , na Linguagem<br />
Receptiva e na Linguagem Expressiva, observouse queda. Verificadas as grelhas de<br />
observações, notamos muitas faltas seguidas por problemas de saúde (surtos de<br />
catapora, rubéola, conjuntivite na cidade) e também a idade dos alunos: dos onze, oito<br />
completaram 5 anos no segundo semestre. Por permanecerem em suas casas, por<br />
períodos prolongados, semanas inteiras, não puderam beneficiarse de atividade da<br />
Linguagem Expressiva, a de maior déficit, tendo como exemplos, seus familiares e não<br />
as educadoras. Quando retornaram, não conseguiram repetir os testes que já haviam sido<br />
feitos anteriormente. Quanto aos outros índices, não sofreram alterações, nem quedas de<br />
desempenho.<br />
Pré2<br />
Com 2 anos de Programa ADP, e crianças entre 5 e 6 anos foi estabelecida a<br />
continuação do Programa da Escola Ativa, com a parte de Representação Criativa,<br />
Classificação, Seriação, Números, além das atividades anteriormente dadas no Pré1. Os
8<br />
exercícios psicomotores eram realizados duas vezes ao dia. De acordo com o que foi<br />
planejado pela Equipe Pedagógica e a Educadora , observouse que, até a metade do<br />
ano, os alunos não haviam desenvolvido os Projetos propostos, não classificavam, nem<br />
realizavam as tarefas pedidas. Com a mudança da Educadora, que passou a atuar em<br />
outra classe, houve um melhor desempenho, registrado nas grelhas de observação e os<br />
Índices de PósTeste do Perfil de Carolina melhoraram: na Motricidade Global, na<br />
Motricidade Fina na Percepção Visual, no Raciocínio, na Linguagem Expressiva e na<br />
Linguagem Receptiva .<br />
Pré – 3<br />
Por tratarse de crianças socialmente carentes, entre 6 e a completar 7 anos, que<br />
apresentam desnutrição, stress familiar, dificuldades de aprendizagem e como parte de<br />
ativação, utilizamos o Perfil de Carolina para avaliação do desempenho de 14 alunos.<br />
Obtivemos resultados positivos e a comprovação do exame feito pelo departamento<br />
médico da instituição, conforme gráfico que o melhor desempenho cognitivo ocorre<br />
depois de 3 anos de método ADP .Obtevese ganhos em todas as Motricidades: Grossa,<br />
Fina, Percepção Visual; no Raciocínio, na Linguagem Expressiva e na Linguagem<br />
Receptiva. Foi a classe mais próxima dos 100 % em 4 atividades. O programa da Escola<br />
Ativa foi mantido, assim como os Projetos e os exercícios Psicomotores.<br />
1.a série<br />
Foram selecionados 9 alunos, com dificuldades de aprendizagem e nas<br />
motricidades, com 7 e 8 anos, para avaliação do desempenho e também como reforço na<br />
área da psicomotricidade. Desde o Pré 2 aprendem pelo método ADP, pelo curriculum<br />
da Escola Ativa e por Projetos e têm demonstrado melhora nas atividades escolares. Os<br />
índices do PréTeste foram menores que os do Pré 3, mas apresentaram bom<br />
desempenho na Percepção Visual. Ao longo do ano, com programa específico de<br />
ativação, conseguiram melhora significativa nas Motricidades Global, na Motricidade<br />
Fina e Percepção Visual, bem como no Raciocínio, Linguagem Expressiva e Linguagem<br />
Receptiva.
9<br />
Grupos Controle – SEM <strong>ATIVAÇÃO</strong> INICIAL<br />
Os 3 últimos grupos da tabela e do gráfico são os de alunos que vieram de outras<br />
escolas, que não receberam aulas com o Modelo ADP. Ingressaram nas turmas, de<br />
acordo com as normas da LDB, de acordo com o seu nível de conhecimento, após prova<br />
de avaliação e consultas variadas com a Equipe Multidisciplinar da Instituição<br />
(médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos e psicopedagogos).<br />
Pré 2<br />
Foram admitidos no Pré 2, 7 alunos com 6 anos e 6 anos e meio, que não tinham<br />
os conceitos de Classificação, Seriação e Números e dificuldades nos exercícios<br />
psicomotores. No PréTeste apresentaram menor índice na Motricidade Global. No Pós<br />
Teste, após quase 1 ano de intervenção, e com idades acima das da estabelecida no<br />
Perfil de Carolina, superaram as dificuldades.<br />
Pré 3<br />
Esse grupo continha 8 alunos matriculados na 1.a série, 7 e 8 anos de idade,<br />
vindos de outras escolas, que faziam atividades de reforço para adaptaremse ao Método<br />
ADP, em um trabalho conjunto das Educadoras das 2 classes. Os resultados do Pré<br />
Teste indicam resultados menores obtidos na Motricidade Global,Percepção Visual,<br />
Raciocínio e Linguagem Expressiva, quando comparados com os que receberam a<br />
ativação por 3 anos seguidos, mesmo tendo idades superiores às avaliadas pelo Perfil de<br />
Carolina. No PósTeste, apresentam índices maiores na Motricidade Global, no<br />
Raciocínio, Linguagem Expressiva e Linguagem Receptiva. Por apresentarem<br />
dificuldades na escrita e na leitura, têm índices menores na Motricidade Fina e na<br />
Percepção Visual.
10<br />
Figura 1<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
Percentil entre 0 e 25% Percentil 50 Maior que 75%<br />
Com estimulação<br />
Sem estimulação<br />
Figura 1 Percentual de crianças segundo percentil de desempenho (Perfil<br />
de Carolina) e Modelo de Activação do Desenvolvimento Psicológico.<br />
Figur a 2<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
P75<br />
Percentil<br />
1 ANO<br />
2 ANO<br />
3 ANO<br />
Figura 2 – Percentual de crianças segundo percentil de inteligência (Teste de<br />
Raven) e número de anos de permanência na escola. Teste exato de Fisher (0.018).
11<br />
Como podese observar através dos gráficos, há um ganho percentual ao longo<br />
dos anos de PréEscolar. Há ganho no Pré 1, uma certa estabilidade no Pré 2 e ganho no<br />
Pré3. Os que trabalharam segundo Modelo ADP, são ativadores dos grupos controles<br />
de cada classe, uma vez que as atividades feitas são sempre em grupos que contenham 1<br />
aluno sem grande dificuldade (leader), 1 com pequena dificuldade e 1 aluno com grande<br />
dificuldade, para que haja o conflito sócio cognitivo e a aprendizagem e o<br />
desenvolvimento de todos. Os leaders influenciam, pela contraargumentação e pela<br />
forma como respondem às situações.<br />
As teses de Vargas e de Vanbersy citam que um grupo com crianças de níveis<br />
diferentes influência o desenvolvimento de crianças mais novas e contribui para a<br />
consolidação das aprendizagens das mais velhas.<br />
Neste caso, com a implantação do Modelo ADP em 2000 , as crianças vindas do<br />
PréEscolar,em 2001, foram as ativadoras dos alunos repetentes da l.ª série, que vinham<br />
de uma metodologia da Escola Tradicional. Juntos, no ano seguinte, foram os ativadores<br />
dos alunos repetentes da 2.a série .<br />
Com os alunos da 2.a, 3.a e 4.a séries, que trabalham segundo o Modelo<br />
de Activação do Desenvolvimento Psicológico (ADP), os sinais de progresso são<br />
verificados nas grelhas de observação, de cada matéria lecionada, e os sinais que<br />
apresentam sob forma de respostas, processos ou mecanismos mentais, dos<br />
processos adquiridos e reutilizados em situações novas e antigas e na eficácia <br />
respostas exatas, mais econômicas do ponto de vista tempo/esforço, fato que não<br />
ocorre, logo de imediato, aos alunos que são transferidos de outras escolas, uma<br />
vez que não trabalharam segundo aquele Modelo.<br />
A linguagem é mais elaborada, as redações são mais minuciosas e criativas, as<br />
descrições mais detalhadas, o raciocínio lógico e as respostas aos problemas<br />
matemáticos com mais rapidez e acertos.<br />
Como vimos pelos gráficos, os alunos que não receberam a ativação por estarem<br />
em outras escolas e que ingressam neste sistema também são beneficiados, além dos<br />
alunos repetentes.<br />
Diante do que foi demonstrado, entendemos que o modelo de Activação do<br />
Desenvolvimento Psicológico poderá ser uma solução eficaz para ajudar crianças<br />
carentes a pensarem e a resolverem problemas, terem confiança e autonomia,<br />
diminuindo o índice de insucesso escolar, as repetências, tornandoas melhores cidadãs.<br />
.
12<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
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