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ATIVAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE ... - Esec

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<strong>ATIVAÇÃO</strong> <strong>DO</strong> <strong><strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO</strong> <strong>COGNITIVO</strong> <strong>DE</strong> CRIANÇAS<br />

CARENTES ­ INTERVENÇÃO E RESULTA<strong>DO</strong>S<br />

Lívia Christina Andreucci ­ UNIFAC­ Fac. Integradas de Botucatu ­ landreucci@hotmail.com<br />

Maria de Lurdes Cró ­ESE do Instituto Politécnico de Coimbra­ lurdescro@esec.pt<br />

Introdução<br />

Tendo como objetivo o desenvolvimento global e harmonioso da criança,<br />

procuramos buscar soluções para a diminuição do elevado índice de repetência em 1999<br />

( em torno de 40%), dos alunos de Primeira á Quarta Séries do Ensino Fundamental do<br />

Educandário Professor Eurípedes Barsanulfo. Os repetentes foram avaliados em 2000,<br />

pela Neuropediatria da Instituição, obtendo­se os resultados que seguem:<br />

50<br />

QI INSUFICIENTE<br />

45<br />

40<br />

35<br />

<strong>DE</strong>FICIÊNCIAS COGNITIVAS E QI<br />

NORMAL<br />

DIFICULDA<strong>DE</strong>S ESPECÍFICAS <strong>DE</strong><br />

LEITURA<br />

30<br />

OUTROS PROBLEMAS<br />

25<br />

20<br />

15<br />

SÍNDROME <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>FICIÊNCIA <strong>DE</strong><br />

ATENÇÃO<br />

<strong>DE</strong>PRESSÃO<br />

10<br />

SEM EXPLICAÇÃO PELO EXAME<br />

5<br />

0<br />

Material e Métodos<br />

Em 2003, foram estudadas 65 crianças que frequentavam a Primeira série do<br />

Ensino Fundamental e os 3 anos do Pré­Escolar. As idades variam de 04 a 08 anos, que<br />

foram selecionadas segundo dois critérios: 1.º) admissão recente na Escola, sem terem<br />

sido educadas pelo método psicopedagógico escolhido (19 crianças). 2.º) Quarenta e<br />

seis crianças que frequentavam o Pré­Escolar o Ensino Fundamental e o há 1 ano ou<br />

mais, as quais trabalharam segundo o modelo de ativação cognitiva..<br />

As crianças permanecem 10 horas na escola. Além das atividades do ensino<br />

fundamental, são ministradas aulas de pintura, história da arte, canto e coral,<br />

computação, xadrez, aulas de piano, teclado, inglês e espanhol. Recebem também<br />

assistência pediátrica, odontológica e oftalmológica., sendo encaminhadas a tratamentos<br />

fonoaudiológicos, psicológicos quando se julgar necessário pela equipa multidisciplinar.


2<br />

Métodos Pedagógicos de Ativação Cognitiva<br />

Na perspectiva do Modelo de Activação do Desenvolvimento Psicológico a<br />

aprendizagem e o desenvolvimento resultam de interação entre a criança,o adulto e o<br />

meio,em um processo que pode ser estimulado e dinamizado. (Sousa, 1995).<br />

A Ativação do Desenvolvimento Psicológico como processo, deverá ser<br />

examinada atendendo a quatro elementos essenciais que estarão sempre presentes: os<br />

sujeitos e os seus estádios de desenvolvimento, as atividades a realizar, os<br />

conhecimentos a adquirir ou a construir e os contextos físicos , biológicos e<br />

psicossociais , o que vem de encontro á nossa pesquisa .(Tavares, 1975).<br />

Conforme orientação e supervisão da segunda autora deste trabalho, após análise<br />

dos resultados obtidos nos Pré­Testes e Pós­Testes do Perfil de Carolina (Lillie, 1975),<br />

realizados no Pré Escolar entre Fevereiro e Abril, apresentados em Maio de 2000,<br />

passamos a utilizar a metodologia da Escola Ativa desde as classes do Pré­Escolar ,<br />

(Hohmann et all 1995), com base em Piaget .<br />

Através do conflito cognitivo, resultante das interações entre crianças de níveis<br />

de desenvolvimento diferentes (grupo vertical) e “sócio­cognitivo” a partir de dois<br />

pontos de vista distintos, suscitados pelo educador a criança é confrontada por<br />

diferentes pontos de vista.<br />

Utilizou­se também o “Guide – expression et mouvement”, de Marie­José Laval<br />

Lambert (1972), desde o Pré­Escolar até a 4.a série do Ensino Fundamental,<br />

padronizados e facilmente reproduzíveis, visando ativação de noção de esquema<br />

corporal, lateralidade, orientação espacial, temporal e linguagem. Estes exercícios foram<br />

realizados diariamente, em sessões de 30 minutos, pelas professoras do Educandário,<br />

formadas pela primeira autora deste trabalho, uma vez que o Modelo ADP parte<br />

também do pressuposto da psicomotricidade como via de ativação.<br />

As atividades psicomotoras são consideradas como meio de desenvolvimento<br />

intelectual ou cognitivo, linguístico e da sua influência na elaboração do pensamento<br />

(segundo as possibilidades de cada criança e também do desenvolvimento afetivo).<br />

A Pedagogia de Projetos permitiu ás crianças progredirem intelectualmente,<br />

formando espírito crítico e vontade na realização das tarefas.<br />

As situações de aprendizagem são organizadas a levarem o sujeito à tentativa de<br />

resolver uma questão ou um problema, à sua reflexão e á construção de novas estruturas<br />

utilizando os elementos que a situação oferece.


3<br />

Educar é conhecer profundamente a criança no seu desenvolvimento, para<br />

intervir, tanto individualmente, como em grupo. Uma educação positiva ­ uma<br />

pedagogia intervencionista ­ deve atuar de forma a compensar as lacunas das<br />

aprendizagens e do desenvolvimento, desenvolvimento esse que se pretende em todas as<br />

faces da personalidade ­ cognitivo­linguístico, afetivo, físico, psicomotor, intelectual,<br />

empenhamento na ação com os seus aspectos morais ou valores, encarados de forma<br />

integrativa e não cumulativa.( Cró, 2001)<br />

O papel do “outro” é fundamental no processo de aprendizagem: fator<br />

dinamizador do desenvolvimento cognitivo e da inteligência, uma vez que favorece a<br />

indução de novas organizações cognitivas. Os pares de iguais e crianças de idades<br />

diferentes são geradores de novas tentativas de solução. Cada criança tem um ritmo<br />

diferente de aprendizagem, algumas precisarão de uma atenção mais individualizada<br />

para certas aprendizagens, outras, de um tempo mais longo para as realizar.<br />

Assim, quer o Jardim da Infância, quer a escola, nos diversos ciclos, devem<br />

otimizar a ação da família e/ou colmatar as suas insuficiências. Embora o<br />

desenvolvimento pessoal se dê por toda a vida , o problema da ativação do<br />

desenvolvimento por­se­á com maior acuidade durante a primeira e a segunda infâncias,<br />

adolescência e juventude, pois é nesta idade que o desenvolvimento se processa a ritmo<br />

maior.<br />

Não se violenta a natureza da criança, mas ajudamo­la a desenvolver­se em<br />

função das suas próprias metas pessoais. (Cró, 1995).Mudança essa qualitativa, com<br />

alteração de comportamentos e atitudes, chegando a um nível de comportamento<br />

superior àquele em que o sujeito se encontra.<br />

Passamos á formação dos professores e educadores, tendo como ponto de partida<br />

e foco o aluno, a aprendizagem pela ação, pela interação e a reflexão sobre a ação,<br />

através do conflito cognitivo e sócio­cognitivo, na linha dos neopiagetianos (Doise,<br />

Mugny e Perret­Clermont. 1975; Doise e Perret Clermont , 1976, Doise e Mugny, 1981;<br />

e Mugny , 1985) e da contra­argumentação, enfatizada por Vargas de Dufau ( 1988) e<br />

Vanbersy (1989), além dos conceitos de Piaget, Bruner e Vygotsky.<br />

<strong>DE</strong>SCRIÇÃO <strong>DE</strong> UMA EXPERIÊNCIA <strong>DE</strong> <strong>ATIVAÇÃO</strong> <strong>DO</strong><br />

<strong><strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO</strong> PSICOLÓGICO<br />

A presente investigação realizou­se em situação normal de Pré­Escolar e de<br />

Ensino Fundamental. Envolveu os alunos dos 03 anos do Pré­Escolar e do 1.o ano do


4<br />

Ensino Fundamental, assim como as educadoras, que foram convidadas a desenvolver<br />

um plano de ativação do desenvolvimento tendo como referência a Pedagogia de<br />

Projetos e a inclusão de exercícios psicomotores nas atividades desenvolvidas.<br />

2000 2001 2002 2003 2004<br />

Pré­Escolar 3 Pré­Escolar 3,2 e Pré­Escolar3, 2,1<br />

1.a Série<br />

(repetentes)<br />

1.a série<br />

2.a série<br />

Pré­Escolar3,2,1<br />

1.ª série<br />

2.ª série<br />

3.ª série<br />

Pré­ Escolar3,2,1,<br />

1.a série<br />

2.a série<br />

3.a série<br />

4.a série<br />

RESULTA<strong>DO</strong>S DA INVESTIGAÇÃO<br />

EFICÁCIA DA PRÁTICA <strong>DE</strong> <strong>ATIVAÇÃO</strong> <strong>DO</strong> <strong><strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO</strong> – 2003<br />

Esquema Global da Experiência:<br />

PROBLEMA AÇÃO AVALIAÇÃO DA PERTINÊNCIA<br />

DA HIPÓTESE<br />

Possibilidade de Intervenção Resultados<br />

Ativação<br />

Para identificar, descrever e medir os efeitos da ação, deve proceder­se ás<br />

seguintes operações:<br />

antes da intervenção Ação ou intervenção depois da Intervenção<br />

medida do ponto intervenção concreta utilização do mesmo instrumento<br />

de desenvolvimento<br />

de observação/ avaliação do<br />

psicológico com a utilização<br />

desenvolvimento psicológico<br />

de um instrumento<br />

São efetuados registros e observações de todas as atividades realizadas, em<br />

grelhas, uma vez que da qualidade da observação vai depender a qualidade das<br />

intervenções educativas, uma vez que a observação é um pré­requisito da ativação do<br />

desenvolvimento.


5<br />

Teste Escolhido:<br />

Para medir o ponto de desenvolvimento das crianças, antes da experiência e<br />

depois da experiência foi utilizado o Perfil de Carolina (Cró, 1987) para as classes de<br />

Pré­Escolar, e 1.ª séries, que abrange os seguintes aspectos: motricidade global,<br />

motricidade fina, inteligência e linguagem. Para os da 2.a série em diante, o “Guide de<br />

Expression et Mouvement” de Marie­José Laval Lambert, que abrange exercícios de<br />

psicomotricidade: espaço, tempo, espaço­tempo, esquema corporal, pré­escrita e préleitura,<br />

tendo em vista que os alunos já desenvolveram o Perfil nos anos anteriores, além<br />

do Teste de Raven.<br />

O pré­teste e o primeiro pós­teste do Perfil de Carolina foram separados por um<br />

período de 3 semanas, e os demais, ao longo do ano, de Fevereiro a Dezembro.<br />

O pós­teste indicará os efeitos imediatos sobre o desenvolvimento nos seus<br />

diversos aspectos, medindo o nível de desenvolvimento a que se chegou, no momento<br />

pontual..<br />

Classe/ Idade Pré­1 Pré­2 Pré­3 1.a série<br />

Alunos com ADP<br />

11 7 11 9<br />

Alunos sem ADP<br />

inicial<br />

7 8 4<br />

RESULTA<strong>DO</strong>S<br />

Pré­teste Pre 1 Pré 2 Pré 3 1.a Pré 2 Pré 3 1.a<br />

MG­20 52,27 75,9 88,57 62,2 60,7 86,23 58,75<br />

MF­15 55,15 81,6 86,1 64,4 85,7 73,3 66,6<br />

MV­12 65,9 83,3 90,4 90,7 89,2 78,12 70,83<br />

R­12 63,6 81,25 97,6 87,96 89,2 89,5 79,16<br />

LE­12 78,7 79,8 95,8 84,2 83,3 81,25 83,3<br />

LR­12 78,7 79,8 94,6 74 80,9 92,6 77,08


6<br />

Pós­teste Pre 1 Pré 2 Pré 3 1.a Pré 2 Pré 3 1.a<br />

MG­20 81,36 90 91,07 87,2 82,85 86,25 90<br />

MF­15 92,72 88,8 93,8 91,8 97,1 94 86,6<br />

MV­12 88 88,2 99,4 95,37 94,04 98,7 79,16<br />

R­12 84,8 90,97 100 97,2 98,8 100 97,9<br />

LE­12 71,96 91,6 98,8 91,6 97,59 97,9 97,9<br />

LR­12 97,7 87,5 99,4 97,2 94,04 100 97,8<br />

Ganhos Percentuais Pré­Teste<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

MG­20<br />

MF­15<br />

MV­12<br />

R­12<br />

LE­12<br />

LR­12<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Pre 1 Pré 2 Pré 3 1.a Pré 2 Pré 3 1.a<br />

Ganhos Percentuais Pós­Teste<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

MG­20<br />

MF­15<br />

MV­12<br />

R­12<br />

LE­12<br />

LR­12<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Pre 1 Pré 2 Pré 3 1.a Pré 2 Pré 3 1.a


7<br />

ANÁLISE <strong>DO</strong>S RESULTA<strong>DO</strong>S OBTI<strong>DO</strong>S ­2003<br />

ESCLARECIMENTOS <strong>DO</strong>S RESULTA<strong>DO</strong>S <strong>DO</strong> PRÉ­TESTE E <strong>DO</strong> PÓS­<br />

TESTE Á LUZ <strong>DO</strong> CONTEÚ<strong>DO</strong> DAS OBSERVAÇÕES REGISTRADAS<br />

Em todas as classes da Educação Infantil e do Ensino Fundamental têm­se a<br />

estratégia da estrutura vertical, isto é, numa mesma sala temos crianças de várias faixas<br />

de idade, uma vez que a escola não adota o Sistema de Progressão Continuada.<br />

Por ser uma Obra Assistencial que atende famílias socialmente carentes, recebe<br />

crianças com dificuldades de linguagem, aprendizagem e com graves problemas<br />

familiares, como desnutrição, stress, maus tratos, analfabetismo e falta de estimulação<br />

adequada. Por isso, dentro do Planejamento das atividades a serem desenvolvidas,<br />

procuram­se estimular ao máximo situações de conflito cognitivo no período integral<br />

das atividades, das 8 da manhã ás 5 da tarde.<br />

Pré­1<br />

Onze crianças com idades entre 4 e 5 anos frequentaram essa classe, em seu<br />

primeiro ano escolar. As atividades realizadas, segundo curriculum da Escola Ativa<br />

foram: Exploração de objetos, em todos os aspectos; senso de si, atividades artísticas e<br />

musicais, coral, dramatizações, contar histórias, faz­de­conta, colagens, pintura, além de<br />

exercícios psicomotores duas vezes ao dia.<br />

Quanto aos resultados do Perfil de Carolina, realizados entre Fevereiro (Pré­<br />

Teste) e Novembro (vários Pós­Testes), observamos que houve ganho na Motricidade<br />

Global e na Motricidade Fina, na Percepção Visual, no Raciocínio , na Linguagem<br />

Receptiva e na Linguagem Expressiva, observou­se queda. Verificadas as grelhas de<br />

observações, notamos muitas faltas seguidas por problemas de saúde (surtos de<br />

catapora, rubéola, conjuntivite na cidade) e também a idade dos alunos: dos onze, oito<br />

completaram 5 anos no segundo semestre. Por permanecerem em suas casas, por<br />

períodos prolongados, semanas inteiras, não puderam beneficiar­se de atividade da<br />

Linguagem Expressiva, a de maior déficit, tendo como exemplos, seus familiares e não<br />

as educadoras. Quando retornaram, não conseguiram repetir os testes que já haviam sido<br />

feitos anteriormente. Quanto aos outros índices, não sofreram alterações, nem quedas de<br />

desempenho.<br />

Pré­2<br />

Com 2 anos de Programa ADP, e crianças entre 5 e 6 anos foi estabelecida a<br />

continuação do Programa da Escola Ativa, com a parte de Representação Criativa,<br />

Classificação, Seriação, Números, além das atividades anteriormente dadas no Pré­1. Os


8<br />

exercícios psicomotores eram realizados duas vezes ao dia. De acordo com o que foi<br />

planejado pela Equipe Pedagógica e a Educadora , observou­se que, até a metade do<br />

ano, os alunos não haviam desenvolvido os Projetos propostos, não classificavam, nem<br />

realizavam as tarefas pedidas. Com a mudança da Educadora, que passou a atuar em<br />

outra classe, houve um melhor desempenho, registrado nas grelhas de observação e os<br />

Índices de Pós­Teste do Perfil de Carolina melhoraram: na Motricidade Global, na<br />

Motricidade Fina na Percepção Visual, no Raciocínio, na Linguagem Expressiva e na<br />

Linguagem Receptiva .<br />

Pré – 3<br />

Por tratar­se de crianças socialmente carentes, entre 6 e a completar 7 anos, que<br />

apresentam desnutrição, stress familiar, dificuldades de aprendizagem e como parte de<br />

ativação, utilizamos o Perfil de Carolina para avaliação do desempenho de 14 alunos.<br />

Obtivemos resultados positivos e a comprovação do exame feito pelo departamento<br />

médico da instituição, conforme gráfico que o melhor desempenho cognitivo ocorre<br />

depois de 3 anos de método ADP .Obteve­se ganhos em todas as Motricidades: Grossa,<br />

Fina, Percepção Visual; no Raciocínio, na Linguagem Expressiva e na Linguagem<br />

Receptiva. Foi a classe mais próxima dos 100 % em 4 atividades. O programa da Escola<br />

Ativa foi mantido, assim como os Projetos e os exercícios Psicomotores.<br />

1.a série<br />

Foram selecionados 9 alunos, com dificuldades de aprendizagem e nas<br />

motricidades, com 7 e 8 anos, para avaliação do desempenho e também como reforço na<br />

área da psicomotricidade. Desde o Pré 2 aprendem pelo método ADP, pelo curriculum<br />

da Escola Ativa e por Projetos e têm demonstrado melhora nas atividades escolares. Os<br />

índices do Pré­Teste foram menores que os do Pré 3, mas apresentaram bom<br />

desempenho na Percepção Visual. Ao longo do ano, com programa específico de<br />

ativação, conseguiram melhora significativa nas Motricidades Global, na Motricidade<br />

Fina e Percepção Visual, bem como no Raciocínio, Linguagem Expressiva e Linguagem<br />

Receptiva.


9<br />

Grupos Controle – SEM <strong>ATIVAÇÃO</strong> INICIAL<br />

Os 3 últimos grupos da tabela e do gráfico são os de alunos que vieram de outras<br />

escolas, que não receberam aulas com o Modelo ADP. Ingressaram nas turmas, de<br />

acordo com as normas da LDB, de acordo com o seu nível de conhecimento, após prova<br />

de avaliação e consultas variadas com a Equipe Multidisciplinar da Instituição<br />

(médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos e psicopedagogos).<br />

Pré 2<br />

Foram admitidos no Pré 2, 7 alunos com 6 anos e 6 anos e meio, que não tinham<br />

os conceitos de Classificação, Seriação e Números e dificuldades nos exercícios<br />

psicomotores. No Pré­Teste apresentaram menor índice na Motricidade Global. No Pós­<br />

Teste, após quase 1 ano de intervenção, e com idades acima das da estabelecida no<br />

Perfil de Carolina, superaram as dificuldades.<br />

Pré 3<br />

Esse grupo continha 8 alunos matriculados na 1.a série, 7 e 8 anos de idade,<br />

vindos de outras escolas, que faziam atividades de reforço para adaptarem­se ao Método<br />

ADP, em um trabalho conjunto das Educadoras das 2 classes. Os resultados do Pré­<br />

Teste indicam resultados menores obtidos na Motricidade Global,Percepção Visual,<br />

Raciocínio e Linguagem Expressiva, quando comparados com os que receberam a<br />

ativação por 3 anos seguidos, mesmo tendo idades superiores às avaliadas pelo Perfil de<br />

Carolina. No Pós­Teste, apresentam índices maiores na Motricidade Global, no<br />

Raciocínio, Linguagem Expressiva e Linguagem Receptiva. Por apresentarem<br />

dificuldades na escrita e na leitura, têm índices menores na Motricidade Fina e na<br />

Percepção Visual.


10<br />

Figura 1<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Percentil entre 0 e 25% Percentil 50 Maior que 75%<br />

Com estimulação<br />

Sem estimulação<br />

Figura 1 ­ Percentual de crianças segundo percentil de desempenho (Perfil<br />

de Carolina) e Modelo de Activação do Desenvolvimento Psicológico.<br />

Figur a 2<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

P75<br />

Percentil<br />

­ 1 ANO<br />

­ 2 ANO<br />

­ 3 ANO<br />

Figura 2 – Percentual de crianças segundo percentil de inteligência (Teste de<br />

Raven) e número de anos de permanência na escola. Teste exato de Fisher (0.018).


11<br />

Como pode­se observar através dos gráficos, há um ganho percentual ao longo<br />

dos anos de Pré­Escolar. Há ganho no Pré 1, uma certa estabilidade no Pré 2 e ganho no<br />

Pré­3. Os que trabalharam segundo Modelo ADP, são ativadores dos grupos controles<br />

de cada classe, uma vez que as atividades feitas são sempre em grupos que contenham 1<br />

aluno sem grande dificuldade (leader), 1 com pequena dificuldade e 1 aluno com grande<br />

dificuldade, para que haja o conflito sócio cognitivo e a aprendizagem e o<br />

desenvolvimento de todos. Os leaders influenciam, pela contra­argumentação e pela<br />

forma como respondem às situações.<br />

As teses de Vargas e de Vanbersy citam que um grupo com crianças de níveis<br />

diferentes influência o desenvolvimento de crianças mais novas e contribui para a<br />

consolidação das aprendizagens das mais velhas.<br />

Neste caso, com a implantação do Modelo ADP em 2000 , as crianças vindas do<br />

Pré­Escolar,em 2001, foram as ativadoras dos alunos repetentes da l.ª série, que vinham<br />

de uma metodologia da Escola Tradicional. Juntos, no ano seguinte, foram os ativadores<br />

dos alunos repetentes da 2.a série .<br />

Com os alunos da 2.a, 3.a e 4.a séries, que trabalham segundo o Modelo<br />

de Activação do Desenvolvimento Psicológico (ADP), os sinais de progresso são<br />

verificados nas grelhas de observação, de cada matéria lecionada, e os sinais que<br />

apresentam sob forma de respostas, processos ou mecanismos mentais, dos<br />

processos adquiridos e reutilizados em situações novas e antigas e na eficácia ­<br />

respostas exatas, mais econômicas do ponto de vista tempo/esforço, fato que não<br />

ocorre, logo de imediato, aos alunos que são transferidos de outras escolas, uma<br />

vez que não trabalharam segundo aquele Modelo.<br />

A linguagem é mais elaborada, as redações são mais minuciosas e criativas, as<br />

descrições mais detalhadas, o raciocínio lógico e as respostas aos problemas<br />

matemáticos com mais rapidez e acertos.<br />

Como vimos pelos gráficos, os alunos que não receberam a ativação por estarem<br />

em outras escolas e que ingressam neste sistema também são beneficiados, além dos<br />

alunos repetentes.<br />

Diante do que foi demonstrado, entendemos que o modelo de Activação do<br />

Desenvolvimento Psicológico poderá ser uma solução eficaz para ajudar crianças<br />

carentes a pensarem e a resolverem problemas, terem confiança e autonomia,<br />

diminuindo o índice de insucesso escolar, as repetências, tornando­as melhores cidadãs.<br />

.


12<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

Cró,M.L ­ Actividades na Educação pré­escolar e activação do desenvolvimento<br />

psicológico , 1 Ed. Lisboa: Escola Superior de Educação João de Deus , 1994<br />

Cró, ML –Activação do Desenvolvimento Psicológico.1 Ed. Lisboa : Escola<br />

Superior João de Deus , 2001<br />

Cró , M L – Modelos e teorias da educação Pré­Escolar . In : Para intervir em<br />

Educação – Contributos dos Colóquios CIDInE , Cadernos CIDInE , 1994 : 139­147 .<br />

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Educação Psicomotora . In :Activação do Desenvolvimento Psicológico nos Sistemas de<br />

Formação , Cadernos CIDInE , 1995 :125­185<br />

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Lambert , M J L – Fichier et guide sur la psychomotricité: pour les enfants de 4 à<br />

8 ans .Paris: Librairie Hachette, 1975<br />

Lillie, D. L . – Early childhood education : an individualized approach to<br />

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Mugny, G , Doise, W , Perret­Clermont , A N – Conflit de centrations et progrès<br />

cognitif.Bulletin de Psicologie 1976: 29 , 979­985<br />

Raven J C – Test de matrices progressivas para la medida de la capacidad<br />

intelectual , escala especial. 4 Ed. Buenos Aires : Paidós , 1966<br />

Sousa, C. Activação do Desenvolvimento Psicológico nos Sistemas de<br />

Formação.Aveiro : Edições CIDInE ,1995<br />

Tavares ,José . – Activação do Desenvolvimento Psicológico nos Sistemas de<br />

Formação.Aveiro : Edições CIDInE ,1995<br />

Vargas de Dufau , M –L ‘ examen de l’apport de la méthodologie piagétienne à<br />

l’action pédagogique comme fondement de la formation dês enseignants au Venezuela:<br />

Mémoire. Louvain : Université Catholique, 1988<br />

Vanbersy, F – Contribuition á l’activation du processus de la construction du<br />

nombre . Louvain ; Université Catholique , 1989

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