O admirável Mundo das Notícias - Livros LabCom - UBI
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22 O <strong>admirável</strong> <strong>Mundo</strong> <strong>das</strong> <strong>Notícias</strong><br />
a complexidade do ambiente externo. Simultaneamente, funcionam como barreiras<br />
ou “defesas” que ajudam o indivíduo e o grupo a proteger os seus valores,<br />
os seus interesses, as suas ideologias, em suma, a sua posição numa<br />
rede de relações sociais. Trata-se de uma reflexão sobre os limites humanos<br />
no reconhecimento do ambiente exterior e no subsequente processamento de<br />
informação. Nesse sentido, os estereótipos responderiam a uma economia de<br />
esforço na compreensão do ambiente, apesar de o autor reconhecer a natureza<br />
rígida, generalizadora e exagerada destes esquemas cognitivos.<br />
À complexidade crescente do mundo moderno soma-se a apatia <strong>das</strong> massas<br />
não dota<strong>das</strong> <strong>das</strong> competências necessárias para participar directamente <strong>das</strong><br />
questões do Estado e da formação do governo. A verdade acerca dos assuntos<br />
distantes complexos não é evidente em si própria e as exigências necessárias<br />
à reunião e tratamento de informação são complexas e dispendiosas. Para se<br />
obviar a esta situação, apresenta-se um modelo “realista democrático” baseado<br />
na representação política e na competência técnica <strong>das</strong> elites, reservandose<br />
à Imprensa o papel de canal de comunicação entre as elites governantes<br />
e o público. Em Public Opinion, diagnostica-se a importância fundamental<br />
desempenhada pela imprensa, embora numa perspectiva crítica. Ao longo do<br />
capítulo IV, Lippman debruça-se sobre o tempo e atenção necessários em cada<br />
dia para obterem a informação necessária sobre os assuntos públicos. No capítulo<br />
V analisam-se as limitações da linguagem em geral e da linguagem jornalística<br />
em particular para poder resumir, sumariar de uma forma adequada e<br />
correcta os assuntos do Estado. Na parte VII do livro intitulada “The Newspapers”,<br />
entre as limitações da Imprensa refere-se a dependência <strong>das</strong> audiências<br />
(ver em especial, todo o capítulo XXI, The Buying People); a orientação <strong>das</strong><br />
rotinas jornalísticas para ângulos <strong>das</strong> questões que despertem o interesse <strong>das</strong><br />
mesmas audiências; a necessidade de espaço e de tempo para um jornalista<br />
desenvolver um ponto de vista menos convencional; a dependência de convenções<br />
e não de padrões objectivos que orientam as escolhas do que será<br />
impresso, aonde será impresso, que espaço e que ênfase será dada à notícia.<br />
Deste diagnóstico resulta a ideia segundo a qual “as notícias não são a verdade<br />
e entre ambas tem que ser estabelecida uma distinção clara” (2004). “Assim,<br />
“enquanto a função <strong>das</strong> notícias é assinalar um acontecimento, a função da<br />
verdade é trazer à luz os factos escondidos, relacioná-los uns com os outros e<br />
construir uma imagem da realidade que permita ao homem agir” (2004).<br />
A exactidão <strong>das</strong> notícias depende da precisão com que um acontecimento<br />
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