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ALAGOAS - Ministério do Meio Ambiente

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EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | <strong>ALAGOAS</strong>Os cursos dágua parecem serem controla<strong>do</strong>s pela declividade <strong>do</strong>s tabuleiros (Barbosa,1985).A margem continental defronte à região costeira de Alagoas apresenta relevo irregulare acidenta<strong>do</strong> (França, 1979). A plataforma continental é estreita, varian<strong>do</strong> emlargura de 40 km (trecho ao norte de Maceió) a 20 km (trecho ao sul de Maceió),com quebra nas profundidades de 60 a 80 m, com declividade de 1:700 a 1:300. Ocanal de Maceió, constituin<strong>do</strong> a feição mais marcante da plataforma, é verifica<strong>do</strong> apartir de 20 m de profundidade (Zembruscki et al., 1972). Estes autores apontamuma bifurcação ortogonal deste canal como sen<strong>do</strong> a continuidade <strong>do</strong> rio São Miguele das lagoas Mundaú e Manguaba, testemunhos <strong>do</strong> afogamento de antigos rios pelaascenção <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar. Outras feições apontadas são as inflexões das linhasisobatimétricas coincidentes com os rios Manguaba (80 km ao norte de Maceió) eCoruripe (50 km ao norte <strong>do</strong> rio São Francisco).Asmus e Carvalho (1978) descreveram as seguintes províncias sedimentares comocoberturas da plataforma continental <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas:a) areias calcárias e cascalhosas, quase que exclusivamente constituídas de fragmentosorgânicos recentes;b) areias terrígenas com menos de 5% de lama e 15% de cascalho;c) lama terrígena e areia lamosa, com mais de 75% de argila e silte, na foz <strong>do</strong> rioSão Francisco.PROCESSOS COSTEIROSClima201O clima, segun<strong>do</strong> a classificação de Köppen, é identifica<strong>do</strong> pelos tipos AMS´ e AS´.O tipo AMS´, caracteriza-se por ser tropical chuvoso, com perío<strong>do</strong> seco no verão ecom temperaturas varian<strong>do</strong> de 23° a 28°C, encontra<strong>do</strong> entre o limite norte da áreae as imediações ao sul da cidade de Maceió. O segun<strong>do</strong> tipo, AS´, é tropical compoucas chuvas, verão seco e com temperaturas de 20°C a 25°C, ten<strong>do</strong> temperaturasmais frias inferiores a 18°C, e encontra<strong>do</strong> na área entre o sul da cidade de Maceió eo extremo sul da área.No geral, as precipitações são elevadas na planície costeira, aproximan<strong>do</strong>-se de1.800 mm (Projeto RADAM, 1983). Na região costeira, as chuvas ocorrem maisfreqüente nos meses de abril a junho, com ventos sopran<strong>do</strong> de sudeste. No restante<strong>do</strong> ano, os ventos sopram de leste-nordeste.


OndasAs ondas, segun<strong>do</strong> Marques (1987), na maior parte <strong>do</strong> ano, são <strong>do</strong> quadrante SE,porém de dezembro a fevereiro se propagam na direção E/SE com altura média de1,0 m. No inverno, de junho a agosto, elas apresentam uma altura média varian<strong>do</strong>de 1,15 a 0,65 m. Durante o verão, a convergência das ortogonais de ondas de 5 a6,5 s sofrem influência <strong>do</strong> canyon de Maceió, direcionan<strong>do</strong> o transporte de sedimentosde NE para SW, e as ortogonais de onda de 8 a 10,5 segun<strong>do</strong>s, de menorocorrência que as anteriores, mostram uma relação de divergência com o canyonde Maceió.Oliveira & Kjerfve (1993) citam os estu<strong>do</strong>s de registro de ondas realiza<strong>do</strong>s peloDanish Hydraulic Institut (1972-73), numa área defronte a Salgema, na cidade deMaceió, onde se conclui que as ondas mais freqüentes são as que chegam normaisà praia, com perío<strong>do</strong> de 5 a 9 segun<strong>do</strong>s, e menos de 1 metro de altura. Nos meses dejaneiro a abril as ondas são características de tempo bom, poden<strong>do</strong> apresentarcondições de tempestade nos meses de junho a outubro, alcançan<strong>do</strong> alturas de 2,0m e perío<strong>do</strong> acima de 9 segun<strong>do</strong>s.Araújo & Lima (2000), estudan<strong>do</strong> as praias <strong>do</strong> município de Paripueira registraram,através de observações visuais, altura significativa das ondas na zona de arrebentaçãovarian<strong>do</strong> de 0,30 a 0,52 m, com perío<strong>do</strong> de 6 segun<strong>do</strong>s.Circulação costeira202Com base nos relatórios da PORTOBRAS-INPH (1984/1985), a circulação costeira écondicionada pelos ventos e marés. Os ventos no perío<strong>do</strong> chuvoso (junho/ julho)são mais freqüentes e intensos os <strong>do</strong> quadrante SE, enquanto que no perío<strong>do</strong> seco(janeiro/ fevereiro), os mais intensos e freqüentes são <strong>do</strong> quadrante NE.As marés da área se enquadram no regime de micro e mesomaré semidiurna, o queocasiona a ruptura <strong>do</strong>s cordões litorâneas no perío<strong>do</strong> chuvoso, devi<strong>do</strong> a grandedescarga fluvial.O transporte longitudinal residual, segun<strong>do</strong> Silvester (1968, apud Muehe, 1998) ébastante reduzi<strong>do</strong>. No litoral norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Alagoas o transporte seria orienta<strong>do</strong>para norte. O ponto de mudança de direção <strong>do</strong> transporte litorâneo, segun<strong>do</strong>França (1979) é Porto de Pedras, o que se confirma pela orientação, para sul, <strong>do</strong>spontais nas desembocaduras fluviais.


COMPARTIMENTAÇÃO FISIOGRÁFICA E CLASSIFICAÇÃO DOLITORALNo Esta<strong>do</strong> de Alagoas, o estu<strong>do</strong> geológico das formações quaternárias sempre ocorreude forma bastante modesta. Trabalhos pioneiros de Ottman (1960) e Laborel(1969), reportaram sobre as construções recifais. Bittencourt et al. (1982 e 1983)mapearam a zona de progradação associada à desembocadura <strong>do</strong> rio São Francisco.Barbosa (1985) concluiu o mapeamento geológico <strong>do</strong> quaternário Costeiro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>de Alagoas, na escala de 1:250.000, sen<strong>do</strong> este até o momento, o mapeamentoque existe para este importante segmento da costa nordestina. Lima (1998) realizouestu<strong>do</strong> sedimentológico e geoambiental detalha<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema lagunar Mundaú.A distribuição e o contato entre os depósitos da Formação Barreiras, as planíciescosteiras e as principais bacias hidrográficas, alia<strong>do</strong>s a distribuição geográfica, permitiudividir a costa de Alagoas em três setores: Setor Norte: compreende o litoral entre a divisa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas com oEsta<strong>do</strong> de Pernambuco e o rio Barra de Santo Antônio, caracteriza<strong>do</strong> pela grandeocorrência de afloramentos de arenitos de praia e recifes de coral e/ou algálicosnas desembocaduras fluviais (recifes tipo barreira) ou liga<strong>do</strong>s a praia (recifestipo franja). Em alguns trechos, a planície quaternária é estreita, limitada porfalésias vivas de rochas mesozóicas da Bacia Alagoas. Setor Central: estende-se <strong>do</strong> rio Barra de Santo Antônio ao rio Barra de SãoMiguel, engloban<strong>do</strong> a cidade de Maceió. A planície costeira é mais desenvolvidaneste trecho, e os recifes de coral e/ou algálicos mais escassos, com exceçãoda região da cidade de Maceió (Pajuçara), onde correm os recifes tipo franja. Setor Sul: compreende o litoral entre o rio Barra de São Miguel e o limite sul <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> de Alagoas, delimita<strong>do</strong> pela desembocadura <strong>do</strong> rio São Francisco. É caracteriza<strong>do</strong>na sua porção norte pelas falésias vivas da Formação Barreiras emcontato direto com a praia, e ao sul pela extensa planície quaternária, associadaa desembocadura <strong>do</strong> rio São Francisco com o desenvolvimento de extensos camposde dunas.203A costa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas apresenta um caráter transgressivo jovem, com pre<strong>do</strong>minânciade estuários, devi<strong>do</strong> principalmente ao pequeno aporte de sedimentosfluviais. A presença de mangues nos estuários é marcante, sen<strong>do</strong> reflexo de umacosta com influência de marés. O desenvolvimento de dunas é observa<strong>do</strong> apenas noextremo sul <strong>do</strong> litoral, o que reflete a falta de condições favoráveis á acumulaçãodesses depósitos.


TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSO204Figura 1. Mapa síntese da erosão e progradação <strong>do</strong> litoral <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Alagoas


EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | <strong>ALAGOAS</strong>TIPOLOGIA DAS PRAIASEstu<strong>do</strong>s referentes às praias e à erosão no litoral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas são aindabastante escassos. Entretanto, nos três últimos anos começaram trabalhos sistemáticosno litoral norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, além da intensificação <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s na região deMaceió. Destacam-se os trabalhos de Araújo e Lima (2000), Lima et al. (2000) eAraújo e Lima (2001) para a região de Paripueira, engloban<strong>do</strong> análise devulnerabilidade <strong>do</strong> litoral e classificação morfodinâmica. Araújo e Michelli (2001)realizaram uma caracterização ambiental de um trecho <strong>do</strong> litoral norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>,identifican<strong>do</strong> áreas com indícios de erosão e/ou deposição.A interação entre os elementos geológicos e climáticos no litoral resulta na grandediversidade das praias observadas ao longo da costa alagoana, apresentan<strong>do</strong> diferentescomportamentos erosivos e/ou construtivos. A seguir serão analisa<strong>do</strong>s ediscuti<strong>do</strong>s os três setores individualiza<strong>do</strong>s para a costa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas, cujasíntese encontra-se na figura 1. Os setores serão analisa<strong>do</strong>s e discuti<strong>do</strong>s de sul paranorte.Setor sulLimita<strong>do</strong> ao sul pela desembocadura <strong>do</strong> rio São Francisco, estende-se até a desembocadura<strong>do</strong> rio Barra de São Miguel, perfazen<strong>do</strong> ao to<strong>do</strong> 90 km de extensão, sen<strong>do</strong>o trecho menos urbaniza<strong>do</strong> <strong>do</strong> litoral alagoano. Do extremo sul até o Pontal <strong>do</strong>Peba é caracteriza<strong>do</strong> por uma extensa planície costeira, com desenvolvimento decampos de dunas tipo barcana. A praia arenosa é ampla, exposta, com tipologiadissipativa. Esta área pertence à Área de Proteção Ambiental Piaçabuçu. Do Pontal<strong>do</strong> Peba até a foz <strong>do</strong> rio Coruripe há uma longa área de praia arenosa exposta, comdesenvolvimento de extensos cordões arenosos, caracterizan<strong>do</strong> assim uma área deprogradação, como pode ser visto na Figura 2, na localidade de Feliz Deserto. É umtrecho <strong>do</strong> litoral ocupa<strong>do</strong> apenas por comunidades locais.205Figura 2. Praia arenosaexposta com desenvolvimentode cordões arenosos, nalocalidade de Feliz Deserto.Vista para norte, em outubrode 2000.


TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSOO trecho <strong>do</strong> litoral entre Coruripe e Poxim é caracteriza<strong>do</strong> por indícios de erosão,como pode ser observa<strong>do</strong> nas figuras 3 e 4. No Pontal <strong>do</strong> Coruripe a praia é classificadacomo intermediária, semi-exposta, devi<strong>do</strong> a presença de corpos de arenito depraia. A figura 3 ilustra a ocupação antrópica no pontal, avançan<strong>do</strong> sobre o cordãoarenoso, enquanto na figura 4 podem ser vistas as obras de contenção na praia <strong>do</strong>Pontal de Coruripe.O extremo norte deste trecho é caracteriza<strong>do</strong> pela presença de falésias da FormaçãoBarreiras em contato direto com a praia, como pode ser observa<strong>do</strong> na Figura 5. Éum trecho com tendência erosiva, devi<strong>do</strong> a presença das falésias e o conseqüentealto grau de exposição às ondas, desencandean<strong>do</strong> o processo erosivo sobre os depósitosterciários.Figura 3. Ocupação antrópicano Pontal de Coruripe,avançan<strong>do</strong> sobre o cordãoarenoso. Vista para sul, emoutubro de 2000.206Figura 4. Obras de contençãomarinha na praia de Coruripe.Vista para norte, em outubro de2000.Figura 5. Falésias da FormaçãoBarreiras em contato direto coma praia, em Lagoa Doce, sul daBarra de São Miguel. Vista paranorte, em outubro de 2000.


EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | <strong>ALAGOAS</strong>Setor centralÉ o trecho mais urbaniza<strong>do</strong> <strong>do</strong> litoral alagoano, perfazen<strong>do</strong> ao to<strong>do</strong> 64 km, limita<strong>do</strong>pelos rios Barra de São Miguel e Barra de Santo Antônio. Em Barra de SãoMiguel as praias apresentam caráter refletivo, com declividade em torno de 9° eareias médias. Neste trecho é comum a presença de arenitos de praia, caracterizan<strong>do</strong>uma praia semi-abrigada. Os cordões arenosos estão ocupa<strong>do</strong>s, principalmentepor loteamentos, casas de veraneios e hotéis, como pode ser visto na Figura 6. Aonorte encontra-se a praia <strong>do</strong> Francês, um conheci<strong>do</strong> balneário <strong>do</strong> litoral alagoano,com praias dissipativas, associadas a dunas frontais, geralmente alteradas pelaocupação humana, como visto na figura 7, o que indisponibiliza os sedimentoscosteiros ao transporte, causan<strong>do</strong> erosão.Na região de Maceió, as praias localizadas entre o porto e o inlet estão livres deprocessos erosivos, apresentan<strong>do</strong> uma largura relativamente regular, estan<strong>do</strong> emprocesso de engordamento em alguns trechos (Lima, 1998). A construção <strong>do</strong> portode Maceió acarretou acumulação de sedimentos na praia adjacente e erosão naenseada da Pajuçara. Atualmente, esta praia está sujeita a processo de erosão, resultante<strong>do</strong> barramento <strong>do</strong> transporte de sedimentos após as diversas ampliações<strong>do</strong> porto de Maceió, agravan<strong>do</strong>-se ainda mais com a crescente urbanização, onde ocalçadão e bares passaram a ocupar a berma, o que tem leva<strong>do</strong> a constantes obrasde contenção.O trecho norte deste setor é caracteriza<strong>do</strong> por indícios de erosão, apresentan<strong>do</strong>praias dissipativas, semi-protegidas da ação direta das ondas pela presença de extensasáreas de recifes na plataforma interna. A praia de Paripueira apresentoucaráter intermediário para o perío<strong>do</strong> de março de 1999 a setembro de 2000, combalanço sedimentar negativo de 14,01 m 3 para o perío<strong>do</strong> (Araújo e Lima, 2001). Nocentro da cidade, encontra-se instala<strong>do</strong> um processo erosivo há mais de 10 anos, oque tem acarreta<strong>do</strong> a construção de obras de contenção, e desencadea<strong>do</strong> maiserosão a norte (Figura 8). No extremo norte deste setor, mesmo livre de ocupaçãohumana, os indícios de erosão são evidencia<strong>do</strong>s pela grande quantidade de coqueiroscaí<strong>do</strong>s e/ou com raízes expostas (Figura 9).207Figura 6. Ocupação antrópica <strong>do</strong>scordões arenosos na praia de Barrade São Miguel. Vista para sul, emoutubro de 2000.


TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSOFigura 7. Ocupaçãoantrópica <strong>do</strong>s cordõesarenosos e dunas frontaisna praia <strong>do</strong> Francês. Vistapara sul, em outubro de2000.Figura 8. Processo erosivoinstala<strong>do</strong> na praia deParipueira. Vista para norte,em março de 1999.Figura 9. Indíciosde erosão na praiaa sul de Barra deSanto Antônio.Vista para sul, emmarço de 1999.Setor norte208Compreende 70 km de extensão, engloban<strong>do</strong> o litoral extremo norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Éum trecho com grande incremento de atividades turísticas, devi<strong>do</strong> ao Projeto CostaDourada. Entre a barra <strong>do</strong> rio Santo Antônio e o rio Camaragibe as praias apresentamtipologia dissipativa, com pequena declividade. Em curtos trechos deste litoral,falésias vivas de rochas mesozóicas da Bacia Alagoas estão em contato direto coma praia, como na localidade de Carro Quebra<strong>do</strong> (Figura 10).O trecho entre São Miguel <strong>do</strong>s Milagres e Tatuamunha apresenta praias dissipativas,com pequena declividade e semi-protegidas devi<strong>do</strong> a presença de extensas áreas derecifes na plataforma interna. A ocupação humana é pequena, com longos trechosdesertos, porém apresentan<strong>do</strong> uma grande quantidade de coqueiros caí<strong>do</strong>s e/oucom raízes expostas (Figura 11), indican<strong>do</strong> indícios de erosão. Entre as localidadesde Tatuamunha e Porto de Pedras, é comum a presença de longos trechos apresentan<strong>do</strong>praias amplas e bem desenvolvidas, com tipologia dissipativas esemi-protegidas, com presença de cordões arenosos amplos e extenso coqueiral(Figura 12).O litoral entre os rios Manguaba e Maragogi apresenta uma grande diversidade. Aspraias encontradas são protegidas por extensas áreas de recifes de coral e/ou algálicos,o que lhes confere uma tipologia dissipativa. Foram encontradas várias áreas apresentan<strong>do</strong>indícios de erosão, principalmente nos centros urbanos. Em alguns trechos


EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | <strong>ALAGOAS</strong>Figura 10. Falésia vivade rochas mesozóicas daBacia Alagoas emcontato direto com apraia, na localidade deCarro Quebra<strong>do</strong>, nortede Barra de SantoAntônio. Vista para sul,em outubro de 2000.Figura 11. Indícios deerosão na praia <strong>do</strong>Marceneiro, norte deSão Miguel <strong>do</strong>sMilagres. Vista para sul,em outubro de 2000.Figura 12. Praiaarenosa com presençade cordões arenosos, anorte de Tatuamunha.Vista para sul, emoutubro de 2000.209Figura 13. Falésia vivade rochas mesozóicas daBacia Alagoas emcontato direto com apraia, a sul deJaparatinga. Vista parasul, em outubro de2000.podem ser observadas, também, a presença de falésias vivas de rochas mesozóicasda Bacia Alagoas, em contato direto com a praia, como a sul de Japaratinga (Figura13). A erosão <strong>do</strong>s cordões arenosos é bem evidenciada na localidade de Bitingui,aonde pode ser observa<strong>do</strong> um cemitério (Figura 14) sen<strong>do</strong> ameaça<strong>do</strong> pela erosão. Asul da desembocadura <strong>do</strong> rio Maragogi, o processo erosivo instala<strong>do</strong> já ameaça aro<strong>do</strong>via Al-101 (Figura 15).


TEREZA MEDEIROS DE ARAÚJO | ROCHANA CAMPOS DE ANDRADE LIMA SANTOS | JOSÉ CARLOS SÍCOLI SEOANE | VALDIR DO AMARAL VAZ MANSOO extremo norte deste trecho é caracteriza<strong>do</strong> pela presença de praias dissipativas,com baixo grau de inclinação e semi-protegidas pela presença de extensas áreasrecifais na plataforma interna. Não obstante, indícios de erosão são encontra<strong>do</strong>s aolongo de to<strong>do</strong> o trecho, agrava<strong>do</strong>s no centro da cidade de Maragogi, pela ocupaçãodesordenada da orla (Figura 16).Figura 15. Processoerosivo a sul dadesembocadura <strong>do</strong> rioMaragogi, ameaçan<strong>do</strong> aAL-1001. Vista paranorte, em março de1999.210Figura 16. Ocupaçãoantrópica na praia deMaragogi. Vista parasul, em outubro de2000.Figura 14. Indícios deerosão na praia deBitingui, destruin<strong>do</strong> umcemitério. Outubro de2000.


EROSÃO E PROGRADAÇÃO DO LITORAL BRASILEIRO | <strong>ALAGOAS</strong>SÍNTESE E TENDÊNCIAS ATUAISA costa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas caracteriza-se por um caráter transgressivo jovem,com grande desenvolvimento de estuários e manguezais, plataforma continentalestreita coberta por sedimentos carbonáticos e com grande desenvolvimento derecifes, além <strong>do</strong> desenvolvimento de campos de dunas restritos ao extremo sul <strong>do</strong>litoral. Tal configuração, aliada ao fraco fornecimento de sedimentos pelos rios,confere a esta costa uma alta vulnerabilidade.Segun<strong>do</strong> Dominguez (1995), a tendência erosiva <strong>do</strong> litoral <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas écomprovada pela presença de falésias vivas da Formação Barreiras e de rochasmesozóicas da Bacia Alagoas, pela quase ausência de planícies e terraçosplesitocênicos, pela presença freqüente de alinhamentos de arenitos de praia, caracterizan<strong>do</strong>a retrogradação <strong>do</strong> litoral, ocorrência de campos de dunas, cujossedimentos oriun<strong>do</strong>s da plataforma continental interna deixam de está disponíveispara a progradação costeira.Estas condições, mais agravadas, ainda, por intervenções antrópicas e o alto nívelde ocupação <strong>do</strong> litoral, são responsáveis pelos graves problemas ambientais relaciona<strong>do</strong>sà erosão marinha que atinge as praias <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. A erosão marinha é maisevidenciada nos setores norte e central, sen<strong>do</strong> estes os mais ocupa<strong>do</strong>s e urbaniza<strong>do</strong>s<strong>do</strong> litoral alagoano.Referências bibliográficasARAÚJO, T.C.M., LIMA, R.C.A. – 2000 – Caracterização morfodinâmica das praias <strong>do</strong> município de Paripueira –AL. Anais <strong>do</strong> Simpósio Brasileiro sobre Praias Arenosas, Itajaí-SC, 158-159.ARAÚJO, T.C.M., LIMA, R.C.A. – 2001 – Variação volumétrica nas praias <strong>do</strong> município de Paripueira, Esta<strong>do</strong> deAlagoas. VIII Congresso da ABEQUA, Mariluz-Imbé/RS, Anais, 190-192.ARAÚJO, T.C.M., MICHELLI, M. – 2001 – Caracterização <strong>do</strong> litoral localiza<strong>do</strong> entre os rios Manguaba e Maragogi,Norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas. XIX Simpósio de Geologia <strong>do</strong> Nordeste, SBG, Natal-RN, Resumos, Boletim 17,107-108.ASMUS, H.E., CARVALHO, J.C. – 1978 – Condicionamento tectônico da sedimentação nas bacias marginais <strong>do</strong>nordeste brasileiro (Sergipe/Alagoas e Pernambuco/Paraíba). IN: Projeto REMAC – Aspectos estruturais damargem continental leste brasileira e sudeste <strong>do</strong> Brasil, Rio de Janeiro, RJ, no. 4, 7-24.BARBOSA, L.M. – 1985 – Quaternário costeiro <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de Alagoas: Influências das variações <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar.Dissertação de mestra<strong>do</strong> em geologia, UFBA, 58p.BITTENCOURT, A.C.S.P., DOMINGUEZ, J.M.L., MARTIN, L., FERREIRA, Y.A. – 1982 – Da<strong>do</strong>s preliminares sobre aevolução <strong>do</strong> delta <strong>do</strong> rio São Francisco (SE/AL) durante o Quaternário: influências das variações <strong>do</strong> nível <strong>do</strong>mar. IN: Suguio, K. et al. (eds.), Anais <strong>do</strong> IV Simpósio <strong>do</strong> Quaternário <strong>do</strong> Brasil (CTCQ/SBG), Rio de Janeiro,RJ. 49-58.BITTENCOURT, A.C.S.P., MARTIN, L., DOMINGUEZ, J.M.L., FERREIRA, Y.A. – 1983 – Evolução paleogeográficaquaternária da costa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Sergipe e da costa sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas. Rev. Bras. Geoc., 13(2), 93-97.DOMINGUEZ, J.M.L. – 1995 – Regional assesment of short and long term trends of coastal erosion in northeasternBrazil. IN: 1995 LOICZ (Land Ocean Interactions in the Coastal Zone). São Paulo, 8-10.211


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