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O Corredor Central da Mata Atlântica - Conservação Internacional

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O CORREDOR CENTRALDA MATA ATLÂNTICAUMA NOVA ESCALADE CONSERVAÇÃODA BIODIVERSIDADEMinistério do Meio Ambiente<strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong>Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>BRASÍLIA2006


Presidente <strong>da</strong> RepúblicaLuiz Inácio Lula <strong>da</strong> SilvaMinistério do Meio AmbienteMinistra Marina SilvaSecretário-ExecutivoCláudio Roberto Bertoldo LangoneSecretária de Coordenação <strong>da</strong> AmazôniaMuriel SaragoussiCoordenadora do Programa-Piloto para Proteção <strong>da</strong>s Florestas TropicaisNazaré Lima SoaresPROJETO CORREDORES ECOLÓGICOSMinistério do Meio AmbienteCoordenador GeralMilitão de Moraes RicardoCoordenador do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>Roberto Xavier de LimaCoordenador Técnico do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> – Espírito SantoMarcelo MoresCoordenador do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> AmazôniaVictor Paulo de OliveiraTécnicos AmbientaisAugusto Marcos de Oliveira Santiago (UCE/Bahia)Erico Grassi Cadermatori (UCG/Brasília)Felipe Martins Cordeiro de Mello (UCE/Espírito Santo)Márcio Amorim Maia <strong>da</strong> Silva (UCE/Amazonas)Renata Pires Nogueira Lima (UCG/Brasília)Tatiana Bichara Dantas (UCE/Bahia)Técnicos Administrativo-FinanceirosJesuito Barbosa CruzJorge Luis PereiraUni<strong>da</strong>des de Coordenação Estaduais – UCEsBahiaGovernador do EstadoPaulo César Ganem SoutoSecretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos HídricosJorge Khoury He<strong>da</strong>yeCoordenador Institucional do Projeto <strong>Corredor</strong>es EcológicosCarlos Augusto Pamponet DantasCoordenador ExecutivoIvan Barreto de Carvalho FilhoTécnico Administrativo-FinanceiroHamilton GonçalvesEstagiáriaFernan<strong>da</strong> Gomes Lima


Espírito SantoGovernador do EstadoPaulo Hartung GomesSecretária de Estado de Meio Ambiente e Recursos HídricosMaria <strong>da</strong> Glória Britto AbaurreSecretário de Estado de Agricultura, Abastecimento, Aqüicultura e PescaRicardo FerraçoCoordenadora Institucional do Projeto <strong>Corredor</strong>es EcológicosSueli Passoni ToniniTécnicos AmbientaisErica Rodrigues MunaroEvie Ferreira Costa NegroGerusa Bueno RochaJayme Henrique Pacheco HenriquesSandra RibeiroTécnicos AdministrativosCláudia Santos MachadoPatricia de CarliEstagiáriosAntonio de Oliveira JuniorLigia Maria Conforti ProttiFranciele Rodrigues RamalhoALIANÇA PARA CONSERVAÇÃO DA MATA ATLÂNTICACONSERVAÇÃO INTERNACIONALPresidenteAngelo B. M. MachadoVice-presidentesJosé Maria C. <strong>da</strong> SilvaCarlos A. BouchardetPrograma <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>DiretorLuiz Paulo S. PintoEquipeAdriana PaeseAdriano PagliaIvana R. LamasLúcio BedêMônica FonsecaFUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICAPresidenteRoberto Luiz Leme KlabinVice-presidentePaulo Nogueira-NetoDiretora de Gestão do ConhecimentoMárcia Makiko HirotaDiretor de Captação de RecursosA<strong>da</strong>uto Tadeu BasílioDiretor de MobilizaçãoMario César MantovaniCoordenadora <strong>da</strong> Aliança para<strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>Érika Guimarães


TextoIvana R. LamasLuiz Paulo S. PintoMônica FonsecaRenata Pires N. LimaRoberto Xavier de LimaRevisão de textoAna Martins MarquesMarcílio França CastroProjeto gráficoGDESIGNG – Cláudia BarcellosFotosCyro JoséAdriano Gambarini (p. 23 e 41)Bill Constant (p. 19)Ficha catalográfica elabora<strong>da</strong> pela Bibliotecária Ana Cristina de Vasconcellos – CRB / 6 - 505B823cBrasil. Ministério do Meio Ambiente.O corredor central <strong>da</strong> mata atlântica : uma nova escala deconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de / Ministério do Meio Ambiente,<strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong> e Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. –Brasília : Ministério do Meio Ambiente ; <strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong>,2006.46 p. : il. color., fots., maps.Inclui bibliografia.ISBN: 85-7738-014-91. <strong>Conservação</strong> no Brasil. 2. Diversi<strong>da</strong>de biológica.3. <strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> natureza. 4. <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e biológica.I. <strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong>. II. Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>. III. TítuloCDU : 504.75


APRESENTAÇÃOA publicação que aqui apresentamos, resultado de uma parceria entre o Ministériodo Meio Ambiente, por meio do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos, e a Aliançapara <strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, que congrega a <strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong> ea Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, oferece uma contribuição fun<strong>da</strong>mental aos técnicose ao público em geral para a compreensão dos corredores ecológicos oucorredores de biodiversi<strong>da</strong>de.A gestão territorial de corredores constitui uma experiência de mais de dez anosno Brasil. Os corredores foram concebidos como forma de conectar áreas protegi<strong>da</strong>s,buscando-se sempre alternativas para o desenvolvimento de práticas depouco impacto nas áreas de interstícios com uma estratégia de ação descentraliza<strong>da</strong>.Sendo parte do Programa-Piloto para a Proteção <strong>da</strong>s Florestas Tropicais doBrasil, o Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos selecionou dois corredores como campoinicial para a sua atuação: o <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e o <strong>Corredor</strong><strong>Central</strong> <strong>da</strong> Amazônia.No <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, que abrange uma área de 8,5 milhões dehectares, estão sendo realiza<strong>da</strong>s ações de conservação dos recursos naturais pormeio <strong>da</strong> consoli<strong>da</strong>ção de uni<strong>da</strong>des de conservação, <strong>da</strong> restauração ambiental, <strong>da</strong>fiscalização e do monitoramento. Participação social é uma marca do programa,desde o seu planejamento até a implantação <strong>da</strong>s ações. O objetivo atual é concentrarinvestimentos e esforços na execução <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> fase do Projeto, que seinicia neste ano de 2006.


Do montante de recursos destinados ao Projeto para os quatro anos desta segun<strong>da</strong>fase, aproxima<strong>da</strong>mente 49 milhões de reais estão reservados para o <strong>Corredor</strong><strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e provêm de doações do governo <strong>da</strong> Alemanha, porintermédio do banco alemão Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), do FundoFiduciário para Proteção <strong>da</strong>s Florestas Tropicais (RFT), administrado pelo BancoMundial e de contraparti<strong>da</strong>s <strong>da</strong> União e dos estados. Uma outra parcela de recursosdeve ain<strong>da</strong> ser obti<strong>da</strong> por meio de projetos que busquem o apoio <strong>da</strong> iniciativapriva<strong>da</strong>.A integração entre o Ministério do Meio Ambiente e a Aliança para <strong>Conservação</strong><strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> responde de forma exemplar ao compromisso do governo deestabelecer parcerias com a socie<strong>da</strong>de civil para a gestão ambiental de territórios.O objetivo é conciliar a conservação dos recursos naturais e a busca de alternativaseconômicas para as populações locais.Esta publicação, ao relatar a experiência do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>,aju<strong>da</strong> a perceber como um empreendimento complexo – o de criar uma novaescala de conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de – pode, com a participação de todos,tornar-se concreto e bem-sucedido.Marina SilvaMinistra do Meio Ambiente


SUMÁRIO• O que é um corredor ecológico ou corredor de biodiversi<strong>da</strong>de? ................ 9• Breve história do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos no Brasil ............................ 12Estrutura institucional do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos ............................. 15• O <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> .................................................................... 19• Avanços na implementação do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicosno <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> ................................................................. 23Interfaces do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos .................................................. 23Capacitação de atores sociais ........................................................................... 26Monitoramento e conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de ......................................... 27Plano integrado de fiscalização e controle ...................................................... 30• O Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos no <strong>Corredor</strong><strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> ........................................................................................... 32Planejamento de paisagem e implementação dos corredores .................... 33Expansão e fortalecimento de uni<strong>da</strong>des de conservação ............................. 36Proteção às espécies ameaça<strong>da</strong>s ..................................................................... 37Outras ações do CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> .............................................................. 38• Perspectivas e desafios ............................................................................................... 41• Referências bibliográficas .......................................................................................... 45


UppvidingeKOMMUNSAMMANTRÄDESPROTOKOLL Si<strong>da</strong> 10 (21)Sammanträdes<strong>da</strong>tumSocialnämnden 2011-12-08§ 161 Dnr. 2011-000171AnhörigstödSammanfattningSocialnämnden i Uppvidinge kommun har beviljats stimulansmedel för att utvecklaoch utforma anhörigstöd inom socialförvaltningens ansvarsområde. From 2009-07-01är det inskrivet i socialtjänstlagen att det ska finnas anhörigstöd. Det är upp till varjeenskild kommun att utforma sitt eget anhörigstöd.Att ge ett stöd i ett tidigt stadium innebär att den anhörige ska få en bättrelivssituation och att risken för ohälsa minskar. Det kan även innebära en minskadkostnad för kommunerna.BeslutsunderlagSkrivelse projekt anhörigstöd <strong>da</strong>terad 2011-11-11Socialnämndens beslut1. Godkänna skrivelsen, projekt anhörigstöd 2007 — 2011 <strong>da</strong>terad 2011-11-112. Ge förvaltningen i uppdrag att anställa en person på 50 procent för attsamordna anhörigstödet.BeslutsexpedieringSamtliga verksamhetsansvariga och myndighetsutövare på socialförvaltningen.JusteraretyUtdragsbestyrkande


O QUE É UM CORREDOR ECOLÓGICOOU CORREDOR DE BIODIVERSIDADE?O Brasil é um dos países com maior biodiversi<strong>da</strong>de do planeta: quase umterço <strong>da</strong>s florestas tropicais remanescentes do mundo estão em seu território,e elas são reconheci<strong>da</strong>s como um dos mais importantes repositórios <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>debiológica global. Entretanto, por diversos fatores, essas áreas vêm sendorapi<strong>da</strong>mente converti<strong>da</strong>s para outros fins.Grandes extensões de ecossistemas naturais são necessárias para a manutenção<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e de importantes processos ecológicos e evolutivos.Hoje, as oportuni<strong>da</strong>des de proteção de grandes áreas são reduzi<strong>da</strong>s e, portanto,outras áreas, sujeitas a níveis variados de manejo e uso <strong>da</strong> terra, devemtambém fazer parte <strong>da</strong>s estratégias de conservação. As uni<strong>da</strong>des de conservaçãogeralmente são muito pequenas e isola<strong>da</strong>s; muito comumente, também,os hábitats remanescentes não protegidos encontram-se fragmentados e sobforte pressão e ameaça. Nessas circunstâncias, os esforços de conservação <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de devem concentrar-se na ampliação <strong>da</strong> conectivi<strong>da</strong>de entre asáreas remanescentes e no manejo <strong>da</strong> paisagem em vastas zonas geográficas(Forman, 1995; Weins, 1996; Fonseca et al., 1997).Para enfrentar esses desafios, o governo brasileiro e várias organizações nãogovernamentais(ONGs) vêm desenvolvendo o conceito de corredor ecológico


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEBREVE HISTÓRIA DO PROJETOCORREDORES ECOLÓGICOS NOBRASILAté há pouco tempo, os principais instrumentos para proporcionar a conservação<strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de biológica in situ, sobre a qual o Estado exerce o direitode posse e controle, eram as uni<strong>da</strong>des de conservação públicas. O conceitode corredores ecológicos ou corredores de biodiversi<strong>da</strong>de é relativamentenovo. No Brasil, essa estratégia de conservação vem sendo construí<strong>da</strong> dentrodo Ministério do Meio Ambiente desde 1997, com apoio do Banco Mundial,por meio do Fundo Fiduciário <strong>da</strong> Floresta Tropical (RFT – Rain Forest TrustFund), no âmbito do Programa-Piloto para a Proteção <strong>da</strong>s Florestas Tropicaisno Brasil (PPG-7). Esse Programa li<strong>da</strong> com a dinâmica <strong>da</strong> fragmentação epromove a formação e a conservação de grandes corredores na Amazônia ena <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (Ayres et al., 2005).Na fase de estruturação do Programa-Piloto, em meados dos anos 90, havia oprojeto denominado “Parques e Reservas”. As primeiras versões desse projetoforam desenvolvi<strong>da</strong>s pela Diretoria de Ecossistemas do Instituto Brasileiro doMeio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e propunham ofortalecimento <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de conservação federais, com ênfase no planejamento,na gestão participativa e em uma maior integração com a zona de12


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAamortecimento, abor<strong>da</strong>gem que já vinha sendo adota<strong>da</strong> no País. No processode discussão <strong>da</strong>s propostas, buscaram-se procedimentos que avançassem alémdo simples financiamento <strong>da</strong> elaboração dos planos de manejo, do investimentoem infra-estrutura e <strong>da</strong> capacitação de pessoal em uni<strong>da</strong>des deconservação.O Programa-Piloto desenvolveu, entre 1996 e 1997, uma proposta que procuravatornar viável a conservação <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de biológica a longo prazo a partirdo manejo de grandes extensões de terra, por meio <strong>da</strong> implantação de corredoresecológicos na Amazônia e na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, o que constituía umaconcepção inovadora para o País. Dessa proposta surgiu o Projeto <strong>Corredor</strong>esEcológicos.Os corredores ecológicos são definidos, no Projeto, como grandes áreas quecontêm ecossistemas florestais biologicamente prioritários e viáveis para aconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de na Amazônia e na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Integramesses corredores conjuntos de uni<strong>da</strong>des de conservação, terras indígenas eáreas com diferentes formas de uso <strong>da</strong> terra. O Projeto prevê a formação dequadros econômicos, sociais e políticos sustentáveis para conservar abiodiversi<strong>da</strong>de nos corredores.Para a consecução do Projeto, foram indicados sete grandes corredores, correspondentesa cerca de 25% <strong>da</strong>s florestas tropicais úmi<strong>da</strong>s do Brasil, sendocinco deles localizados na Amazônia (<strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> Amazônia, <strong>Corredor</strong>Norte <strong>da</strong> Amazônia, <strong>Corredor</strong> Oeste <strong>da</strong> Amazônia, <strong>Corredor</strong> Sul <strong>da</strong> Amazônia,<strong>Corredor</strong> dos Ecótonos Sul-amazônicos) e dois, na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (<strong>Corredor</strong><strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e <strong>Corredor</strong> Sul <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> ou <strong>Corredor</strong> <strong>da</strong>Serra do Mar), conforme mostra a Figura 1. Recentemente, a Socie<strong>da</strong>de CivilMamirauá, no livro “Os <strong>Corredor</strong>es Ecológicos <strong>da</strong>s Florestas Tropicais doBrasil”, relatou a construção desse conceito e mostrou os estudos e projetosnecessários para implementá-lo (Ayres et al., 2005).Em função <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de do Projeto, iniciou-se um processo de discussãoe de ajustes sucessivos, com a realização de seminários e reuniões e aemissão de pareceres técnicos por especialistas. Depois <strong>da</strong> missão de préavaliação,foi criado no IBAMA, em junho de 1998, por iniciativa <strong>da</strong> SecretariaTécnica do Programa-Piloto, um Grupo Técnico de Trabalho, com o objetivode realizar os últimos ajustes no Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos e acompanhá-lo13


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEFIGURA 1 – <strong>Corredor</strong>es propostos para o Brasil, segundo Ayres et al. (2005).Fonte: IBAMA/DIREC/CGEUCaté a avaliação final. Esse Grupo Técnico de Trabalho, coordenado pelo IBAMA,reunia representantes do Programa-Piloto no Ministério do Meio Ambiente;de enti<strong>da</strong>des de meio ambiente dos estados do Amazonas, <strong>da</strong> Bahia, do EspíritoSanto e de Minas Gerais; <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção Nacional do Índio (FUNAI); doGrupo de Trabalho Amazônico (GTA) e <strong>da</strong> Rede de Organizações Não-Governamentais<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (RMA).O documento que serviu de base para a avaliação final do Projeto <strong>Corredor</strong>esEcológicos foi concluído em dezembro de 2000 pela Diretoria de ArticulaçãoInstitucional <strong>da</strong> Secretaria Executiva do Ministério do Meio Ambiente, apósvárias discussões envolvendo a coordenação do Programa-Piloto, o BancoMundial e os doadores. O acordo de doação entre o Ministério do MeioAmbiente e o Banco Mundial foi firmado em dezembro de 2001, e a efetivaçãodo Projeto ocorreu em março de 2002.14


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICADeu-se priori<strong>da</strong>de à implementação do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> Amazônia e do<strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> tendo em vista o propósito de abor<strong>da</strong>r etestar diferentes condições nos dois principais biomas e, com base nas liçõesaprendi<strong>da</strong>s, preparar e apoiar a criação e a implantação dos demais corredores(Ministério do Meio Ambiente, 2002).Devido ao caráter inovador do Projeto, sua execução foi estabeleci<strong>da</strong> em duasfases. A primeira, financia<strong>da</strong> pelo Fundo Fiduciário <strong>da</strong>s Florestas Tropicais (RFT),administrado pelo Banco Mundial, com contraparti<strong>da</strong> do governo federal edos governos estaduais, fixou como objetivos estabelecer e operar a estruturainstitucional; elaborar os planos de gestão dos corredores; aprimorar os procedimentosde fiscalização e monitoramento; elaborar planos de manejo edesenvolver ações em uni<strong>da</strong>des de conservação seleciona<strong>da</strong>s; e elaborar odocumento executivo para a segun<strong>da</strong> fase do Projeto.Na segun<strong>da</strong> fase, será <strong>da</strong><strong>da</strong> priori<strong>da</strong>de às ações de apoio à criação e à consoli<strong>da</strong>çãode uni<strong>da</strong>des de conservação, ao planejamento e à implantação deminicorredores, à vigilância, à fiscalização e ao monitoramento. Para aimplementação dessas ativi<strong>da</strong>des, estão previstos recursos financeiros provenientesdo governo alemão, por meio de seu agente financiador, o Kreditanstaltfür Wiederaufbau (KfW), e <strong>da</strong> Comissão Européia. As metodologias e as abor<strong>da</strong>gensdesenvolvi<strong>da</strong>s, na primeira fase, para a proteção <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>denos corredores selecionados deverão consoli<strong>da</strong>r-se na segun<strong>da</strong> fase.ESTRUTURA INSTITUCIONAL DO PROJETO CORREDORESECOLÓGICOSO <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e o <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> Amazônia estãosendo implementados por meio de acordos de cooperação técnica entre o Ministériodo Meio Ambiente e os estados do Amazonas, <strong>da</strong> Bahia e do Espírito Santo.A estruturação institucional do Projeto tem buscado a mais ampla participação,por meio de um processo decisório descentralizado, que envolve, além<strong>da</strong> União e dos estados, na função de mobilizadores, a socie<strong>da</strong>de civil e osresponsáveis pelas ações de conservação dos recursos naturais, na condiçãode participantes nos comitês de gestão e executores.15


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEA gestão do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos envolve, pois, vários agentes dedecisão, que atuam em conjunto para promover a conservação <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>debiológica. O sistema de gerenciamento do Projeto é descentralizado tanto noplano <strong>da</strong>s decisões quanto no <strong>da</strong> execução e divide-se em quatro esferas deação: a de gerenciamento estratégico, a cargo <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de de CoordenaçãoGeral; a deliberativa, a cargo dos Comitês de Gestão; a operacional, a cargo<strong>da</strong>s Uni<strong>da</strong>des de Coordenação Estadual; e a executiva, a cargo dos executores.Uni<strong>da</strong>de de Coordenação GeralÀ Uni<strong>da</strong>de de Coordenação Geral (UCG) do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos,sob a responsabili<strong>da</strong>de do Ministério do Meio Ambiente, compete cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong>sinterfaces do Projeto com outras áreas do próprio Ministério, com outros ministérios,com doadores internacionais e com órgãos de apoio, como o Programa<strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s para o Desenvolvimento (PNUD) e a Agência Alemã deCooperação Técnica (GTZ). A UCG assegura condições logísticas para que asuni<strong>da</strong>des de coordenação estaduais, os comitês e os executores possam realizaras ações que lhes competem. É nessa instância que se faz o gerenciamentoestratégico do Projeto, para garantir que sua implementação esteja de acordocom os objetivos estabelecidos, com as diretrizes do Ministério e com os procedimentosacor<strong>da</strong>dos com os agentes financeiros. Cabe também ao Ministériodo Meio Ambiente realizar a negociação do ajuste de políticas públicasfederais e estaduais com as diretrizes do plano de gestão de ca<strong>da</strong> corredor.Comitês de GestãoAs decisões sobre as ações necessárias e prioritárias em ca<strong>da</strong> corredor são decompetência dos comitês de gestão, compostos, em caráter paritário, por representantesde órgãos governamentais e não-governamentais que atuam naárea. Esses comitês são responsáveis pelas seguintes ações: avaliação anual<strong>da</strong> implementação do Projeto e aprovação dos relatórios semestrais de avanço;monitoramento do desenvolvimento e aprovação dos planos de gestão;proposição de critérios de seleção e classificação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des a seremapoia<strong>da</strong>s; aprovação do Plano Operativo Anual (POA); aprovação de subprojetos16


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAe ativi<strong>da</strong>des que receberão apoio do Projeto; participação no desdobramentoe na implementação de estratégias para a disseminação de informações sobreos corredores; e desenvolvimento de parcerias para apoiar a implantação doscorredores. Essa é uma estrutura que permite que ca<strong>da</strong> um dos agentesenvolvidos seja considerado co-gestor e co-executor. Com esse mecanismode gestão, as decisões e as priori<strong>da</strong>des para a alocação de recursos estão maispróximas <strong>da</strong> instância de execução.Nos <strong>Corredor</strong>es Centrais, os comitês estaduais <strong>da</strong> Reserva <strong>da</strong> Biosfera atuamcomo os comitês de gestão do Projeto e possuem representantes de populaçõestradicionais, de ONGs ambientalistas, de setores produtivos e empresariaise <strong>da</strong>s três esferas governamentais. Essa forma de gestão assegura queo governo e a socie<strong>da</strong>de compartilhem a responsabili<strong>da</strong>de pela conservação<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e planejem e atuem juntos na adequa<strong>da</strong> utilização e dosrecursos naturais.O compartilhamento <strong>da</strong>s decisões tem levado a um engajamento efetivo dosparticipantes. Progressivamente, os comitês de gestão vêm alterando suasestruturas, com a inclusão de novos membros. No <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, participam dos comitês, hoje, 22 membros, 11 representantesgovernamentais e 11 não-governamentais, em ca<strong>da</strong> um dos estados (Bahia eEspírito Santo).17


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAFigura 2 – Limites do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, de acordo com oProjeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos, com suas áreas protegi<strong>da</strong>s.21


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAAVANÇOS NA IMPLEMENTAÇÃO DOPROJETO CORREDORES ECOLÓGICOSNO CORREDOR CENTRAL DA MATAATLÂNTICAO planejamento do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> está avançando por meiode um processo de intensa participação <strong>da</strong>s instituições que atuam na região.Como parte <strong>da</strong> estratégia, foram indica<strong>da</strong>s 11 áreas prioritárias para a segun<strong>da</strong>fase do Projeto, que estão sendo denomina<strong>da</strong>s áreas focais. Essas áreasfocais foram defini<strong>da</strong>s a partir do aprimoramento <strong>da</strong>s informações existentese correspondem aos espaços estratégicos assinalados nas Figuras 3 e 4.INTERFACES DO PROJETO CORREDORES ECOLÓGICOSMais de 200 organizações envolveram-se na primeira fase do Projeto <strong>Corredor</strong>esEcológicos, que também manteve relações de parceria direta ou indiretacom projetos e políticas do Ministério do Meio Ambiente, entre os quais sedestacam as ações de capacitação em gestão ambiental nos municípios(realização de dez encontros regionais, envolvendo todos os municípios doestado do Espírito Santo, para discutir e incentivar a formação de corredores23


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEFIGURA 3 – Áreas focais do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos na Bahia.24


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAFIGURA 4 – Áreas focais do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos no Espírito Santo.25


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEecológicos); a promoção <strong>da</strong> fiscalização ambiental integra<strong>da</strong>, por meio <strong>da</strong>realização de campanhas e de capacitação; e a gestão descentraliza<strong>da</strong>, com oenvolvimento de diferentes fóruns e organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil. Ressalte-se,ain<strong>da</strong>, o apoio às ONGs, por meio de oficinas de elaboração de projetos parao edital “Mosaicos de áreas protegi<strong>da</strong>s: uma estratégia de desenvolvimentoterritorial com base conservacionista”, publicado pelo Fundo Nacional do MeioAmbiente (FNMA), e para o edital dos Projetos Demonstrativos <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>(PDA-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>).Dentro do mesmo esforço de integração, as áreas prioritárias de conservação<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> do PROBIO foram utiliza<strong>da</strong>s como base para a escolha <strong>da</strong>sáreas focais <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> fase do Projeto, e promoveu-se a articulação com oPrograma dos Sítios do Patrimônio Natural do Brasil em áreas de atuaçãocomum.CAPACITAÇÃO DE ATORES SOCIAISUma vez que a participação é muito importante para o sucesso <strong>da</strong>s estratégiasdo Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos, um grande investimento foi feito emcapacitação de atores sociais. Na primeira fase do Projeto foram realiza<strong>da</strong>s 47oficinas de capacitação, que envolveram aproxima<strong>da</strong>mente mil pessoas, entretécnicos do IBAMA, representantes <strong>da</strong>s organizações estaduais de meio ambiente,dos municípios, <strong>da</strong>s ONGs, <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de conservação (incluindo asReservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPNs) e do setor privado elideranças locais.No Espírito Santo, foi realiza<strong>da</strong> uma série de treinamentos com o objetivo dedivulgar o conceito de corredor, auxiliar na elaboração de políticas públicaspara subsidiar a implantação dos corredores e promover a atualização profissionalde técnicos e fiscais envolvidos com as ações do Projeto, destacando-seos seguintes cursos: atualização sobre fiscalização ambiental nos corredoresecológicos, workshop sobre o plano de prevenção e combate a incêndios florestais,gestão ambiental em assentamentos de reforma agrária, ecoturismo,estímulo à formação de RPPNs no Espírito Santo, ICMS ecológico, além doseminário “Uni<strong>da</strong>des de conservação: novos temas em debate” e do fórumtécnico capixaba de ecoturismo e turismo sustentável.26


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICADentre as ativi<strong>da</strong>des realiza<strong>da</strong>s no estado <strong>da</strong> Bahia, destaca-se a oficina sobregestão e manejo de uni<strong>da</strong>des de conservação do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, com a participação de 25 gestores, que apontaram soluções para osproblemas relacionados com as uni<strong>da</strong>des de conservação inseri<strong>da</strong>s no <strong>Corredor</strong>e discutiram temas como conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, presença <strong>da</strong>smonoculturas, introdução de espécies exóticas <strong>da</strong> fauna e <strong>da</strong> flora, elaboraçãode planos de manejo, método de avaliação ecológica rápi<strong>da</strong> e fontes de financiamentonacionais e internacionais para áreas protegi<strong>da</strong>s. Foi também realizadoum curso de fiscalização ambiental, com 130 horas de duração.Em ca<strong>da</strong> um dos estados, Bahia e Espírito Santo, foi realizado um curso deinterpretação ambiental, com o objetivo de difundir um novo modo de ver amata e de formar multiplicadores <strong>da</strong>s práticas de interpretação ambiental.Ambos os estados também promoveram um curso sobre métodos e técnicasde condução de reuniões e sobre planejamento participativo, tendo comopúblico-alvo os gestores de uni<strong>da</strong>des de conservação e membros do Comitê edos Subcomitês <strong>da</strong> Reserva <strong>da</strong> Biosfera <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.MONITORAMENTO E CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEAs uni<strong>da</strong>des de conservação também têm sido foco <strong>da</strong>s ações do Projeto<strong>Corredor</strong>es Ecológicos. Dentro dos limites do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>,sete uni<strong>da</strong>des de conservação tiveram planos de manejo realizados, oitoreceberam apoio para a formação de conselhos gestores e cinco, para implantaçãode infra-estrutura.No estado <strong>da</strong> Bahia, destacam-se as seguintes ativi<strong>da</strong>des:• elaboração dos planos de manejo do Parque Estadual Serra do Conduru e<strong>da</strong> Área de Proteção Ambiental (APA) do Pratigi;• atualização e mapeamento <strong>da</strong> cobertura florestal e levantamentosocioambiental <strong>da</strong> APA Itacaré/Serra Grande;• revisão do zoneamento <strong>da</strong>s APAs Itacaré/Serra Grande e Tinharé/Boipeba;• implantação dos conselhos gestores <strong>da</strong> APA Tinharé/Boipeba e do ParqueEstadual Serra do Conduru;• implementação de ações de agroecologia no entorno dos ParquesNacionais do Monte Pascoal e do Pau-Brasil;27


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE• aquisição e instalação de equipamentos para a implementação dos planosde manejo do Parque Estadual Serra do Conduru e <strong>da</strong>s APAs do Pratigi eItacaré/Serra Grande;• apoio à formação dos conselhos gestores <strong>da</strong>s APAs Santo Antônio, Caraíva/Trancoso e Ponta <strong>da</strong> Baleia/Abrolhos e <strong>da</strong> Estação Ecológica WenceslauGuimarães;• monitoramento <strong>da</strong> cobertura florestal do estado <strong>da</strong> Bahia.No Espírito Santo, destacam-se:• elaboração do plano de manejo do Parque Estadual <strong>da</strong> Pedra Azul;• levantamento <strong>da</strong> avifauna e <strong>da</strong> mastofauna e investimentos em infra-estruturade fiscalização e combate a incêndios florestais no Parque Estadual do FornoGrande;• implantação de infra-estrutura para educação ambiental, fiscalização e combatea incêndios florestais e do sistema de radiocomunicação do ParqueEstadual de Itaúnas;• apoio à criação do Parque Nacional dos Pontões Capixabas, com a realizaçãodo levantamento fundiário <strong>da</strong> área.Novas informações sobre a importância biológica de várias áreas foram obti<strong>da</strong>spor meio dessas iniciativas. A partir <strong>da</strong> elaboração do plano de manejo <strong>da</strong>APA do Pratigi, por exemplo, foram descobertos vários sítios arqueológicos naregião, 22 espécies de anfíbios foram adiciona<strong>da</strong>s ao diagnóstico e 4 novasespécies foram descobertas para a ciência, além de terem sido registra<strong>da</strong>snovas ocorrências para a área, a exemplo do peixe do gênero Rivulus, endêmicodo bioma. O diagnóstico do plano de manejo do Parque Estadual Serra doConduru confirmou a grande relevância <strong>da</strong> flora e <strong>da</strong> fauna dessa uni<strong>da</strong>de deconservação. Estudos de pesquisadores <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual de SantaCruz, durante a elaboração do plano de manejo do parque, registraram o maiornúmero de espécies arbóreas já detecta<strong>da</strong>s em uma área: 144 espécies deárvores, em apenas 1.000m 2 . Outro fato relevante foi o reconhecimento, pormeio <strong>da</strong> revisão do zoneamento <strong>da</strong> APA Itacaré/Serra Grande, <strong>da</strong> formaçãovegetal denomina<strong>da</strong> Campo Cheiroso como uma área relictual de extremarelevância biológica. Essa formação havia sido anteriormente caracteriza<strong>da</strong>como agrícola/antropiza<strong>da</strong>.28


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAPara a segun<strong>da</strong> fase do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos, a criação de uni<strong>da</strong>desde conservação terá como base os trabalhos já em an<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> equipetécnico-científica responsável pela proposta de criação e ampliação <strong>da</strong> redede uni<strong>da</strong>des de conservação <strong>da</strong> Bahia. Essa equipe é constituí<strong>da</strong> por representantesdo Ministério do Meio Ambiente, do IBAMA, de organizações governamentaisestaduais e municipais, de organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil e deuniversi<strong>da</strong>des com atuação na região. Os trabalhos contam ain<strong>da</strong> com o apoiodo Comitê e dos Subcomitês <strong>da</strong> Reserva <strong>da</strong> Biosfera <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.O Projeto, que também recebe apoio do CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, prevê a criaçãode 14 e a ampliação de 3 uni<strong>da</strong>des de conservação na porção baiana do<strong>Corredor</strong>, aumentando em seis vezes a cobertura de espaços protegidos naregião. Segundo simulações realiza<strong>da</strong>s, esse incremento no sistema de uni<strong>da</strong>desde conservação teria impacto positivo direto sobre ao menos 35 espéciesde vertebrados terrestres endêmicas e ameaça<strong>da</strong>s, conforme a “lista vermelha”<strong>da</strong> União Mundial para a Natureza (IUCN), <strong>da</strong>s quais 3 constam na categoria“criticamente em perigo”, 17, na categoria “em perigo” e 15, na categoria“vulnerável”. O incremento <strong>da</strong> área protegi<strong>da</strong> atingiria 67% <strong>da</strong>s espécies devertebrados terrestres ameaça<strong>da</strong>s e endêmicas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> que ocorremno <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> e 78% <strong>da</strong>s espécies que têm sua distribuição restritaao sul <strong>da</strong> Bahia. As novas uni<strong>da</strong>des contribuirão também para incluirecossistemas ain<strong>da</strong> pouco ou na<strong>da</strong> representados pela rede atual de áreas29


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEprotegi<strong>da</strong>s, como as florestas submontanas, as florestas estacionais semideciduais,as restingas e as muçunungas.O Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos possibilitou ain<strong>da</strong> a formação e o fortalecimento<strong>da</strong> rede de gestores de uni<strong>da</strong>des de conservação do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong><strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, um fórum que facilita o estabelecimento de parcerias, atroca de experiências, o desenvolvimento de planejamentos conjuntos e adiscussão de temas atuais relevantes para os gestores. Foram realizados, entre2003 e 2005, três encontros de gestores de uni<strong>da</strong>des de conservação do<strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, por meio de uma parceria entre o Projeto<strong>Corredor</strong>es Ecológicos e as ONGs <strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong>, Instituto deEstudos Socioambientais do Sul <strong>da</strong> Bahia (IESB) e Associação Flora Brasil.PLANO INTEGRADO DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLENos dois estados que fazem parte do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>foram elaborados planos integrados de fiscalização. Esses planos têm comoobjetivo a integração dos diversos órgãos responsáveis pelas ativi<strong>da</strong>des defiscalização, a fim de unificar procedimentos e de garantir maior eficiência naproteção e na conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de. As ações integra<strong>da</strong>s promovemo fortalecimento <strong>da</strong>s estruturas institucionais relaciona<strong>da</strong>s com os setores delicenciamento ambiental, vigilância e controle.No Espírito Santo, o plano de fiscalização foi elaborado com a participação doIEMA, do IDAF, do IBAMA, <strong>da</strong> Companhia de Polícia Ambiental e do Projeto<strong>Corredor</strong>es Ecológicos, tendo como principal estratégia o patrulhamentoaéreo <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. As ações de fiscalização foram feitas com o uso dohelicóptero do governo do Estado. Foram realizados sobrevôos em dez diferentessetores, com uma média de duração de cinco horas por setor e periodici<strong>da</strong>dequinzenal. Agressões ambientais como desmatamentos, queima<strong>da</strong>s,impactos causados por mineração e barragens irregulares foram identifica<strong>da</strong>se georeferencia<strong>da</strong>s. Após a realização do patrulhamento aéreo, os pontos deagressão eram plotados em mapas e encaminhados para as equipes de terra,que se dirigiam aos locais indicados e, quando necessário, formalizavam autosde infração, com informações sobre a localização, a situação encontra<strong>da</strong> e asações realiza<strong>da</strong>s.30


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICANa Bahia, está sendo consoli<strong>da</strong>do o Plano Integrado de Fiscalização, um sistemade cooperação administrativa entre órgãos públicos federais e estaduais(CRA, IBAMA, Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Uni<strong>da</strong>des de<strong>Conservação</strong>, Polícia Civil, Companhia de Polícia de Proteção Ambiental,Polícia Federal, Polícias Rodoviária Federal e Estadual e Ministério Público),que conta também com a participação <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil. O plano tem porobjetivo elevar a eficiência e a eficácia <strong>da</strong>s ações de fiscalização e desenvolvermecanismos de monitoramento e vigilância no <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>. Também está sendo implementado um Programa de Capacitação,Treinamento e Sensibilização Ambiental, para servir como instrumento deplanejamento participativo, visando à redução e à gra<strong>da</strong>tiva erradicação <strong>da</strong>sagressões ambientais. Participaram dos cursos realizados em Salvador eIlhéus, com 260 horas de aulas práticas e teóricas sobre temas relacionadoscom a fiscalização ambiental, 130 técnicos e fiscais ambientais. Já foramrealiza<strong>da</strong>s operações de fiscalização nas três sub-regiões do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong><strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> na Bahia (Baixo Sul, Sul e Extremo Sul). Será elaborado,ain<strong>da</strong>, um roteiro de procedimentos administrativos e jurídicos para elevar aeficiência e a eficácia <strong>da</strong>s ações públicas de fiscalização e controle, para cujaexecução será firmado um acordo interinstitucional. Estão também sendorealizados a revisão e o desenvolvimento de procedimentos para <strong>da</strong>r agili<strong>da</strong>deao an<strong>da</strong>mento dos processos de crime ambiental, de modo a acelerar e tornarefetivos a recuperação dos <strong>da</strong>nos e o pagamento <strong>da</strong>s multas.31


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEO FUNDO DE PARCERIA PARAECOSSISTEMAS CRÍTICOSNO CORREDOR CENTRAL DAMATA ATLÂNTICAO Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF) é fruto de uma aliançaentre a <strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong>, o Banco Mundial, o Fundo Mundial para oMeio Ambiente (GEF), a Fun<strong>da</strong>ção MacArthur e o governo do Japão paraapoiar projetos de conservação dos hotspots de biodiversi<strong>da</strong>de mundiais(Mittermeier et al., 2004). O CEPF procura favorecer o engajamento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>decivil nesses projetos e promover alianças de trabalho entre gruposcomunitários, ONGs, instituições de ensino e pesquisa e o setor privado.O CEPF destinou 8 milhões de dólares à <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, um dos hotspotsbrasileiros, e desempenha um papel inédito nesse bioma ao valorizar a abor<strong>da</strong>gemde certos temas que complementam os objetivos estabelecidos peloProjeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos. A coordenação local do Fundo nesse bioma érealiza<strong>da</strong> pela Aliança para a <strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, parceria entre aFun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e a <strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong>. A coordenação,em conjunto com parceiros regionais, definiu duas regiões prioritárias parainvestimentos em conservação: o <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e o <strong>Corredor</strong><strong>da</strong> Serra do Mar. As linhas temáticas para investimento do CEPF na <strong>Mata</strong>32


○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICA<strong>Atlântica</strong> podem ser sintetiza<strong>da</strong>s em:planejamento de paisagem e implantaçãodos corredores, expansão efortalecimento de uni<strong>da</strong>des deconservação e proteção às espéciesameaça<strong>da</strong>s.Os hotspots de biodiversi<strong>da</strong>desão áreas que apresentam umadiversi<strong>da</strong>de biológica única,com grande riqueza de espéciesendêmicas, e que sofrem gravesameaças de destruição. Em todo omundo, foram reconhecidos 34hotspots, regiões que representam2,3% <strong>da</strong> superfície terrestre e abrigam50% de to<strong>da</strong>s as espécies deplantas e 42% <strong>da</strong>s espécies devertebrados terrestres do mundo.A operacionalização do CEPF na <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> dá-se pelo recebimento depropostas por deman<strong>da</strong> espontâneaou por meio de editais lançadospelos Programas Especiais. Foram criados três Programas Especiais para facilitaro apoio a pequenos projetos: o Programa de Fortalecimento Institucional,o Programa de Incentivo às RPPNs <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e o Programa para <strong>Conservação</strong>de Espécies Ameaça<strong>da</strong>s <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.Pela deman<strong>da</strong> espontânea são apoiados projetos propostos por organizações<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil, por institutos de pesquisa e pelo setor privado cujos temascentrais estejam de acordo com as priori<strong>da</strong>des de investimento aprova<strong>da</strong>spelo Conselho de Doadores do CEPF. Desde o início de sua operação, em2002, o CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> aprovou 45 projetos apresentados por deman<strong>da</strong>espontânea e 201 pelos Programas Especiais. Os principais resultados dosprojetos relativos ao <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, em ca<strong>da</strong> linha temática,são apresentados a seguir.PLANEJAMENTO DE PAISAGEM E IMPLEMENTAÇÃO DOSCORREDORESMuitos dos projetos apoiados pelo CEPF no <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>envolvem estratégias varia<strong>da</strong>s de conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, comdiferentes escalas de planejamento, podendo abranger desde locali<strong>da</strong>desrestritas ou cursos d’água até bacias hidrográficas e grandes regiões, como aregião cacaueira tradicional, ou mesmo um estado inteiro.Vários projetos objetivam a definição de áreas ou ações prioritárias para aconservação, a exemplo do projeto “<strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong>33


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE<strong>Atlântica</strong> no estado do Espírito Santo”. Nessa mesma linha, estão sendo propostasações de manejo e conservação de ambientes de cavernas emalgumas regiões do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, a partir <strong>da</strong> avaliaçãodo estado de preservação dessas cavernas, <strong>da</strong> identificação <strong>da</strong>s principais pressõesque atuam sobre elas e <strong>da</strong> análise <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des de invertebradoscavernícolas.O desenvolvimento de instrumentos legais para a conservação <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>debiológica é o foco de alguns projetos apoiados pelo CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Umdeles trata do fortalecimento de leis ambientais e de sua aplicação, com vistasà integração e à melhoria <strong>da</strong> atuação dos órgãos de proteção dos recursosnaturais no <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Destaca-se também o diagnósticosobre o tráfico de animais silvestres no <strong>Corredor</strong>, que levará à elaboraçãode um plano estratégico de combate a esse crime ambiental. Com esses projetos,pretende-se incentivar a melhoria <strong>da</strong>s ações de proteção e a articulaçãoentre os órgãos de pesquisa, gestão, manejo, fiscalização e controle.Ain<strong>da</strong> no tocante ao desenvolvimento de instrumentos legais para conservação,tem destaque o apoio às listas de espécies <strong>da</strong> flora e <strong>da</strong> fauna ameaça<strong>da</strong>s,já concluí<strong>da</strong>s para o estado do Espírito Santo e em processo de elaboraçãopara a Bahia. As chama<strong>da</strong>s “listas vermelhas” são um instrumento importantepara o monitoramento do estado <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de e para a identificação deestratégias de conservação de espécies. O governo federal e alguns estadosadotaram essa estratégia e estabeleceram políticas para a proteção <strong>da</strong>s espécies<strong>da</strong> fauna e <strong>da</strong> flora ameaça<strong>da</strong>s de extinção.Diversas ações de recuperação florestal são executa<strong>da</strong>s por projetos distintos,como a implantação de um sistema sustentado de recuperação ambiental egestão coletiva <strong>da</strong> paisagem na bacia do rio Caraíva, operado pela comuni<strong>da</strong>delocal, e o incentivo à criação de um comitê de gestão <strong>da</strong> bacia. A produçãode mu<strong>da</strong>s de espécies nativas do bioma, o plantio em áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s e apromoção de cursos sobre recuperação ambiental para produtores rurais sãoativi<strong>da</strong>des comumente executa<strong>da</strong>s por várias instituições parceiras do CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.A busca de ativi<strong>da</strong>des econômicas compatíveis com a implantação do <strong>Corredor</strong><strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> também é um tema estratégico que está sendodiscutido e implementado por meio de vários projetos, como o relativo aos34


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAsistemas agroflorestais (SAFs) no Baixo Sul <strong>da</strong> Bahia, que inclui a realização deum diagnóstico ecológico e socioeconômico, o resgate do conhecimentoformal e informal sobre SAFs, o intercâmbio de experiências entre as comuni<strong>da</strong>desagrícolas e estudos de viabili<strong>da</strong>de econômica dos SAFs.O CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> também estabeleceu parceria com o Programa para a<strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> Biodiversi<strong>da</strong>de nos Sítios do Patrimônio Mundial Natural doBrasil. Os sítios do patrimônio natural são áreas com formações físicas, biológicase geológicas excepcionais, locais de ocorrência de espécies animais evegetais ameaça<strong>da</strong>s e áreas de alto valor científico, de conservação ou estético.O Programa Sítios do Patrimônio Mundial no Brasil é uma ampla parceriaque envolve o Ministério do Meio Ambiente, a Organização <strong>da</strong>s NaçõesUni<strong>da</strong>s para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>sNações Uni<strong>da</strong>s, o WWF, a The Nature Conservancy e a <strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong>.A aliança entre o CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e o Programa está em sua faseinicial e visa a apoiar ações de conservação no Sítio <strong>da</strong> Costa do Descobrimento,que se encontra inteiramente inserido no <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong> e engloba cinco uni<strong>da</strong>des de conservação (as Reservas Biológicas deUna e de Sooretama, a RPPN Veracruz e os Parques Nacionais do Pau-Brasil,do Monte Pascoal e do Descobrimento) e uma área priva<strong>da</strong> (a Reserva Florestalde Linhares). As ativi<strong>da</strong>des propostas envolvem ações estruturais, como proteçãode espécies e ecossistemas, conscientização e educação ambiental,treinamento e promoção do ecoturismo e outras iniciativas de desenvolvimentosocioeconômico sustentável.35


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEEXPANSÃO E FORTALECIMENTO DE UNIDADES DECONSERVAÇÃORecursos do CEPF vêm sendo destinados para uni<strong>da</strong>des de conservaçãopúblicas e para reservas priva<strong>da</strong>s. Os projetos que envolvem uni<strong>da</strong>des deconservação investem tanto em implantação, criação ou expansão de áreasespecíficas quanto no fortalecimento do sistema de áreas protegi<strong>da</strong>s.O CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> apoiou a criação <strong>da</strong> equipe técnico-científica que trabalha,juntamente com o Ministério do Meio Ambiente, no aprimoramento deuma proposta de ampliação <strong>da</strong> rede de uni<strong>da</strong>des de conservação de proteçãointegral na porção baiana do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, como relatadono item “Monitoramento e conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de (Avanços naimplementação do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos no <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>)”.Várias ações estão sendo conduzi<strong>da</strong>s especificamente para o entorno <strong>da</strong>suni<strong>da</strong>des de conservação. A conexão entre os Parques Nacionais do Descobrimentoe do Monte Pascoal, por exemplo, está sendo estimula<strong>da</strong> por meiodo incentivo à adoção de técnicas agrícolas de baixo impacto pelos agricultoresfamiliares e proprietários de terras. No entorno <strong>da</strong> Reserva Biológica deUna estão sendo realiza<strong>da</strong>s a identificação de modelos de sistemasagroflorestais e de uso sustentável <strong>da</strong> terra e a disseminação desses modelosentre os agricultores.A disseminação de conhecimentos e de experiências que favoreçam a proteção<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, a diminuição <strong>da</strong>s pressões sobre as uni<strong>da</strong>des de conservaçãoe o uso adequado <strong>da</strong>s zonas de amortecimento está sendo realiza<strong>da</strong>por meio de um programa de educação ambiental para alunos <strong>da</strong> rede escolare de um plano de capacitação de professores e de sensibilização de agricultorese proprietários rurais que vivem no entorno de duas RPPNs na região Sul<strong>da</strong> Bahia, que estão sendo chama<strong>da</strong>s de Centros de Difusão Ambiental.Um diagnóstico sobre a efetivi<strong>da</strong>de do manejo <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de conservaçãoestaduais e federais do estado do Espírito Santo foi realizado e poderá servirde referência para o monitoramento e o planejamento dessas áreas. Estudosdessa natureza servem como indicadores <strong>da</strong>s condições <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des e<strong>da</strong> adequação <strong>da</strong>s políticas nelas desenvolvi<strong>da</strong>s. A aplicação <strong>da</strong> mesma36


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAmetodologia no sul <strong>da</strong> Bahia poderá fornecer uma visão integral <strong>da</strong>s condições<strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des de conservação do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.No bioma <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, devido às limitações do sistema público de áreasprotegi<strong>da</strong>s, vem-se ampliando a importância <strong>da</strong> participação do setor privadonas estratégias de conservação in situ <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, principalmente pormeio <strong>da</strong> criação de RPPNs. Nesse contexto, o CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, por meiodo Programa de Incentivo às RPPNs <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, coordenado pela Aliançapara <strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, apóia diretamente os proprietáriosrurais em iniciativas que promovam condições para a criação e a manutençãode RPPNs. Nos quatro editais já lançados, o programa apoiou, no <strong>Corredor</strong><strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, 19 projetos voltados para a gestão de RPPNs e 20projetos de criação de pelo menos 45 novas reservas. A maioria desses projetosconcentra-se na região cacaueira <strong>da</strong> Bahia. Esse incentivo permitirá aduplicação do número de reservas no <strong>Corredor</strong>. O Programa diferencia-se porpermitir que um proprietário de terra, como pessoa física, seja proponente egestor dos recursos financeiros do projeto.PROTEÇÃO ÀS ESPÉCIES AMEAÇADASNo que se refere à proteção de espécies, são apoiados projetos mediantedeman<strong>da</strong> espontânea ou por meio do Programa de Espécies Ameaça<strong>da</strong>s, coordenadopela Fun<strong>da</strong>ção Biodiversitas juntamente com o Centro de PesquisasAmbientais do Nordeste (CEPAN). Os investimentos desse Programa, diferentemente<strong>da</strong>s outras linhas de financiamento do CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, não sãorestritos aos corredores, mas estendem-se para todo o bioma.Os recursos investidos por meio do Programa de Espécies Ameaça<strong>da</strong>s estãocontribuindo para aumentar os conhecimentos biológicos e para definir estratégiasde conservação para 15 espécies ameaça<strong>da</strong>s de extinção com ocorrênciano <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>: o pau-brasil (Caesalpinia echinata) ebromélias do gênero Lymania; os invertebrados Leptagrion acutum (libélula)e Heliconius nattereri (borboleta); os peixes peracuca (Kalyptodoras bahensis),andirá (Henochilus wetlandii), surubim-do-doce (Stein<strong>da</strong>chneridion doceana)e mero (Epinephelus itajara); as aves mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii)e papagaio-chauá (Amazona rhodocorytha); e os mamíferos rato-<strong>da</strong>-árvore37


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE(Phyllomys unicollor), preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), muriqui(Brachyteles hypoxanthus), bugio-marrom (Alouatta guariba guariba) emacaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos).Outros projetos desenvolvidos a partir <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> espontânea merecemdestaque, por tratarem de espécies raras ou endêmicas do <strong>Corredor</strong>, comoaqueles sobre viabili<strong>da</strong>de populacional do macaco-prego-do-peito-amarelo(Cebus xanthosternos), sobre a definição <strong>da</strong>s áreas prioritárias para a conservaçãodo mico-leão-<strong>da</strong>-cara-doura<strong>da</strong> (Leontopithecus chrysomelas) e sobrepromoção <strong>da</strong> conservação e do uso sustentável de uma rede de áreas importantespara a conservação de algumas <strong>da</strong>s espécies de aves mais ameaça<strong>da</strong>s<strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>: macuquinho-baiano (Scytalopus psychopompus),gravatazeiro (Rhopornis ardesiaca) e saíra-apunhala<strong>da</strong> (Nemosia rourei).Essas áreas são considera<strong>da</strong>s como Important Bird Areas (IBAs) pela BirdLifeInternational.Estudos que envolvem a avaliação de espécies explora<strong>da</strong>s economicamentetambém auxiliam na implantação dos corredores, além de contribuir para omanejo adequado dessas espécies. Destaca-se o estudo do estoque pesqueirodo caranguejo-uçá (Ucides cor<strong>da</strong>tus), espécie ameaça<strong>da</strong> de sobreexplotação(Instrução Normativa do MMA n° 5, de 21 de maio de 2004), cujos resultadospoderão também subsidiar o manejo dos manguezais de Canavieiras, na Bahia.OUTRAS AÇÕES DO CEPF-MATA ATLÂNTICAO CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> contribui para a consoli<strong>da</strong>ção e para uma maior articulaçãoe projeção de pequenas organizações que atuam em questõesambientais nos corredores, por meio do Programa de FortalecimentoInstitucional. O Instituto de Estudos Socioambientais do Sul <strong>da</strong> Bahia (IESB)coordena esse programa no <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, e a AssociaçãoMico-Leão Dourado, no <strong>Corredor</strong> <strong>da</strong> Serra do Mar.No <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong>, o programa, além de ter apoiado 33 projetos, realizou 7oficinas de capacitação, envolvendo mais de 50 organizações. As oficinastrataram dos temas gestão do terceiro setor, conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>dee políticas públicas. To<strong>da</strong>s as instituições com projetos aprovados foram38


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAvisita<strong>da</strong>s, e foi cria<strong>da</strong> uma rotina de compartilhamento de informações, assistênciana estruturação dos relatórios e apoio na elaboração de novos projetos.Algumas ações do programa merecem destaque: a difusão de informaçõessobre corredores e agroecologia, o incentivo à certificação de proprietáriosagrícolas como produtores orgânicos, a recomposição florestal por meio doplantio de mu<strong>da</strong>s, a pesquisa científica e o apoio à criação de uni<strong>da</strong>des deconservação públicas e priva<strong>da</strong>s.Como resultado do apoio <strong>da</strong>do pelo Programa, muitas ONGs vêm conquistandomaior projeção no cenário conservacionista, e é níti<strong>da</strong> a sua evolução,tanto no plano executivo quanto no de sua organização. Pelo menos 20 instituiçõesjá conseguiram novos apoios para seus trabalhos, que incluem desdefinanciamentos para execução de projetos, a exemplo <strong>da</strong>queles concedidospelo PDA-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, até pequenos apoios institucionais e estruturais. Enovas conquistas são obti<strong>da</strong>s continuamente.Outra iniciativa do CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> foi o desenvolvimento de um plano decomunicação para os corredores. O plano de comunicação para o <strong>Corredor</strong><strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> foi elaborado em uma oficina participativa lidera<strong>da</strong>pela Aliança para <strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, com a contribuição do Projeto<strong>Corredor</strong>es Ecológicos e de outras instituições com atuação na região.39


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADETodos os produtos definidos como prioritários no plano estão sendo desenvolvidospelo CEPF. Foi criado um site na internet exclusivamente sobre oscorredores de biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> (www.corredores.org.br), noqual, entre outras informações, apresenta-se a relação dos parceiros e dosprojetos apoiados pelo CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Além disso, foi lança<strong>da</strong> uma campanhade divulgação do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e distribuídomaterial específico sobre esse <strong>Corredor</strong>. Está sendo manti<strong>da</strong> uma assessoriade imprensa para ampla divulgação de questões de destaque para a mídia, ehá previsão de realização de oficinas sobre biodiversi<strong>da</strong>de e conservação parajornalistas.Além dessas iniciativas, o livro “<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>: biodiversi<strong>da</strong>de, ameaças eperspectivas”, publicado originalmente em inglês pelo Centro para Ciência Aplica<strong>da</strong>à Biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong>, em 2003, foi traduzidopara o português e amplamente distribuído, principalmente entre instituiçõesde pesquisa, ONGs, órgãos de governo e ambientalistas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. Oobjetivo dessa divulgação é contribuir para um melhor conhecimento sobre a<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e recomen<strong>da</strong>r indicadores e medi<strong>da</strong>s de conservação <strong>da</strong>biodiversi<strong>da</strong>de para o bioma.Os recursos destinados à <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> pelo CEPF estão comprometidos nosprojetos em an<strong>da</strong>mento, finalizados ou em fase de contratação. A previsão deencerramento <strong>da</strong> atuação do CEPF no bioma é o final de 2007. Até essa <strong>da</strong>ta,terão prosseguimento as ativi<strong>da</strong>des de monitoramento dos projetos, integraçãoentre as instituições envolvi<strong>da</strong>s, execução do plano de comunicação e avaliaçãogeral de impacto do CEPF, bem como as de fortalecimento e estreitamento<strong>da</strong>s relações com outros programas existentes nos corredores. Será possível,porém, perceber a influência do CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> por um período bem maisextenso que o de sua atuação direta. Em primeiro lugar, em função dos resultadosconcretos de conservação obtidos nas escalas de paisagem, áreas protegi<strong>da</strong>se espécies, que irão perdurar por longo tempo. Em segundo lugar,porque novos recursos financeiros estão sendo investidos por outras iniciativaspara <strong>da</strong>r prosseguimento aos projetos apoiados pelo CEPF ou aos queestão surgindo como desdobramentos desses projetos iniciais.40


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAPERSPECTIVAS E DESAFIOSA adoção <strong>da</strong> concepção de corredores ecológicos ou de biodiversi<strong>da</strong>de noBrasil fez emergir uma nova etapa no desenvolvimento <strong>da</strong> estratégia de conservaçãodo governo federal e <strong>da</strong>s várias ONGs e desencadeou programasmais ambiciosos, como é o caso do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos. O conceitode corredor foi rapi<strong>da</strong>mente incorporado pelas ONGs com atuação na <strong>Mata</strong><strong>Atlântica</strong>, e elas buscaram desenvolver ferramentas e parcerias para pôr emprática ações integra<strong>da</strong>s de conservação no sul <strong>da</strong> Bahia e no Espírito Santo.No plano institucional, o trabalho nos corredores tem estimulado a participação<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de civil em novos níveis e promovido a interação <strong>da</strong>s diferentesinstâncias administrativas do setor público.Nesse contexto, a participação do CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, com o apoio estratégicoe financeiro que oferece, eleva a possibili<strong>da</strong>de de êxito <strong>da</strong>s ações deconservação e valoriza as parcerias para a criação de uma estrutura desuporte e coordenação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des de campo. Na execução dessas iniciativas,as ONGs e os governos federal e estaduais têm trabalhado juntos, comobjetivos comuns, e buscado o envolvimento ativo dos atores locais e odesenvolvimento de sua capaci<strong>da</strong>de de planejamento e de implementaçãode ações, fun<strong>da</strong>mentais para a real conservação dos recursos naturais do<strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.41


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEO desenvolvimento dessa estratégia, como se procurou mostrar, tem possibilitadoavanços importantes, como o melhor planejamento para a conservação,o aumento <strong>da</strong> escala de atuação, o fortalecimento <strong>da</strong> rede de áreas protegi<strong>da</strong>s,com a criação e a ampliação de uni<strong>da</strong>des de conservação, a proteção de espéciesameaça<strong>da</strong>s de extinção, a capacitação de pessoal, a integração de açõesde fiscalização e, sobretudo, a formação de redes institucionais. Ao se adotar aescala de corredores, foram forma<strong>da</strong>s várias redes de trabalho, agrupando,por exemplo, ONGs, pesquisadores ou gestores de uni<strong>da</strong>des de conservaçãopúblicas e priva<strong>da</strong>s, e, mais recentemente, empresas em setores estratégicos,como o de turismo e o de papel e celulose, o que deu maior capilari<strong>da</strong>de àsações de conservação. As iniciativas estão sendo desenvolvi<strong>da</strong>s em etapas, e aconsoli<strong>da</strong>ção dos projetos a partir de áreas prioritárias (ou áreas focais), quefuncionam como núcleos irradiadores de ações, será fun<strong>da</strong>mental para o avançono processo de implementação do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e paraa proteção <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de em to<strong>da</strong> a região.Um dos grandes desafios desse processo é a ampliação de programas destinadosa eluci<strong>da</strong>r questões sobre a dinâmica do território, as relações entre asdiferentes uni<strong>da</strong>des de conservação e as áreas de florestas remanescentes,além <strong>da</strong>quelas relaciona<strong>da</strong>s com os aspectos socioeconômicos e culturais queinfluenciam os padrões de uso <strong>da</strong> terra. Temas como recuperação florestal,fiscalização e controle, práticas adequa<strong>da</strong>s de uso do solo, mobilização socialpara a conservação, gestão compartilha<strong>da</strong> e pagamento por serviços ambientaisnecessitam avançar em resultados e escala. É necessário estimular oengajamento <strong>da</strong>s corporações e ampliar a integração entre os programas dosagentes financiadores (por exemplo, o PDA-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, o Fundo Nacionaldo Meio Ambiente, o PROBIO/MMA, o CEPF-<strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, entre outros), afim de permitir um melhor direcionamento de recursos e a obtenção do máximode resultados positivos para a conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, com customínimo para a socie<strong>da</strong>de.A implementação de um corredor pode ser considera<strong>da</strong> um projeto ambicioso,porém, os resultados iniciais do Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos dão já indicações<strong>da</strong> viabili<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> eficiência do conceito. A proposta trata os problemasde conservação de forma mais ampla e sob uma perspectiva multiinstitucionale interdisciplinar, que leva em conta também os instrumentos de políticaspúblicas e econômicas na manutenção de paisagens. Os corredores têm um42


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAgrande potencial para servir de estímulo à atuação em rede e à gestão ambientalintegra<strong>da</strong>. A experiência do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> vem sendoreproduzi<strong>da</strong> em outras partes do bioma, como na Serra do Mar e na regiãoNordeste, acima do rio São Francisco. Espera-se que essa abor<strong>da</strong>gem tragauma contribuição nova e promissora para um manejo dinâmico e integrado<strong>da</strong> paisagem, e que, com isso, se ampliem as conquistas e se consolidem osresultados de conservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e no Brasil,aju<strong>da</strong>ndo o País a proteger o seu patrimônio natural e a cumprir as metas <strong>da</strong>Convenção sobre Diversi<strong>da</strong>de Biológica.43


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASAguiar, A. P.; Chiarello, A. G.; Mendes, S. L.; Matos, E. N. 2005. Os <strong>Corredor</strong>es <strong>Central</strong> e <strong>da</strong> Serrado Mar na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> brasileira. In: Galindo-Leal, C.; Câmara, I. G. (Eds.). <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>:biodiversi<strong>da</strong>de, ameaças e perspectivas. Belo Horizonte: Fun<strong>da</strong>ção SOS <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>,<strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong> e Centro de Ciências Aplica<strong>da</strong>s à Biodiversi<strong>da</strong>de. cap. 11, p. 119-132.Araújo, M. 1997. <strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> na região cacaueira <strong>da</strong> Bahia. In: Anais do VSeminário <strong>da</strong> Reserva <strong>da</strong> Biosfera <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. União dos Palmares: Conselho Nacional<strong>da</strong> Reserva <strong>da</strong> Biosfera <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. p. 11-16.Ayres, J. M.; Fonseca, G. A. B.; Rylands, A.B.; Queiroz, H.L.; Pinto, L. P.; Masterson, D.; Cavalcanti,R. B. 2005. Os corredores ecológicos <strong>da</strong>s florestas tropicais do Brasil. Belém: Socie<strong>da</strong>de CivilMaminaurá. 256p.Cordeiro, P. H. C. 2003. Análise dos padrões de distribuição geográfica <strong>da</strong>s aves endêmicas <strong>da</strong><strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e a importância do <strong>Corredor</strong> <strong>da</strong> Serra do Mar e do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> paraconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de brasileira. In: Prado P. I.; Lan<strong>da</strong>u E. C.; Moura R. T.; Pinto L. P. S.;Fonseca G. A. B; Alger K. N. (Orgs.). <strong>Corredor</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> do sul <strong>da</strong>Bahia. CD-ROM. Ilhéus: IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP.Costa, L. P.; Leite, Y. L. R.; Fonseca, G. A. B.; Fonseca, M. T. 2000. Biogeography of South AmericanForest mammals: endemism and diversity in the Atlantic Forest. Biotropica 32(4b): 872-881.Fonseca, G. A. B., Pinto, L. P; Rylands, A. B. 1997. Biodiversi<strong>da</strong>de e uni<strong>da</strong>des de conservação. In:Anais do I Congresso Brasileiro de Uni<strong>da</strong>des de <strong>Conservação</strong> – Conferências e Palestras.Curitiba: Universi<strong>da</strong>de Livre do Meio Ambiente, Rede Pró-Uni<strong>da</strong>des de <strong>Conservação</strong> e InstitutoAmbiental do Paraná. p. 189-209.Fonseca, G. A. B.; Alger, K.; Pinto, L. P.; Araújo, M.; Cavalcanti, R. 2004. <strong>Corredor</strong>es de biodiversi<strong>da</strong>de:o <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>. In: Arru<strong>da</strong>, M. B.; Sá, L. F. S. N. (Orgs.). <strong>Corredor</strong>esecológicos: uma abor<strong>da</strong>gem integradora de ecossistemas no Brasil. Brasília: IBAMA. p. 47-65Forman, R. T. T. 1995. Land mosaics: the ecology of landscapes and regions. Cambridge: CambridgeUniversity Press.IPEMA (Instituto de Pesquisas <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>). 2005. <strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> noEspírito Santo: cobertura florestal e uni<strong>da</strong>des de conservação. Vitória: IPEMA, <strong>Conservação</strong><strong>Internacional</strong>. 142p.Kinzey, W. G. 1982. Distribution of primates and forest refuges. In: Prance, G. T. (Ed.) Biologicaldiversification in the tropics. New York: Columbia University Press. p. 455-482.Ministério do Meio Ambiente (MMA). 2002. Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos. Programa-Piloto paraa Proteção <strong>da</strong>s Florestas Tropicais do Brasil – PPG7. Brasília. 137p. Não publicado.Mittermeier, R. A.; Gil, P. R.; Hoffmann, M.; Pilgrim, J.; Brooks, J.; Miitermeier, C. G.; Lamourux, J.;Fonseca, G. A. B. 2004. Hotspots revisited: earth’s biologically richest and most en<strong>da</strong>ngeredterrestrial ecoregions. Washington, DC: Cemex.Moura, R. T. 1999. Análise comparativa <strong>da</strong> estrutura de comuni<strong>da</strong>des de pequenos mamíferosem remanescente de <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> e em plantio de cacau em sistema de cabruca no Sul <strong>da</strong>Bahia. Dissertação de Mestrado, Universi<strong>da</strong>de Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.45


UMA NOVA ESCALA DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADEMüller, P. 1973. The dispersal centers of terrestrial vertebrates in the neotropical realm. TheHague, Junk.Peixoto, A. L.; Gentry, A. 1990. Diversi<strong>da</strong>de e composição florística <strong>da</strong> mata de tabuleiro naReserva Florestal de Linhares (Espírito Santo, Brasil). Revista Brasileira de Botânica 13: 19-25.Pinto, L. P. S. 1994. Distribuição geográfica, população e estado de conservação de mico-leão<strong>da</strong>-cara-doura<strong>da</strong>,Leonthopithecus chrysomelas (Callithrichi<strong>da</strong>e, Primates). Dissertação deMestrado, Universi<strong>da</strong>de Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.Prado P. I.; Lan<strong>da</strong>u E. C.; Moura R. T.; Pinto L. P. S.; Fonseca G. A. B.; Alger, K. (Orgs.). 2003.<strong>Corredor</strong> de biodiversi<strong>da</strong>de na <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> do Sul <strong>da</strong> Bahia. CD-ROM II. Ilhéus: IESB/CI/CABS/UFMG/UNICAMP.Prance, G. T. 1982. Forest refuges: evidence from woody angiosperms. In: Prance, G. T. (Ed.)Biological diversification in the tropics. New York: Columbia University Press. p. 137-158.Rambaldi, D. M.; Oliveira, D. A. S. (Eds.). 2003. Fragmentação de ecossistemas: causas, efeitossobre a biodiversi<strong>da</strong>de e recomen<strong>da</strong>ções de políticas públicas. Brasília: Ministério do MeioAmbiente - Secretaria de Biodiversi<strong>da</strong>de e Florestas. 510p.Sanderson, J.; Alger, K.; Fonseca, G. A. B.; Galindo-Leal, C.; Inchausty, V. H.; Morrison, K. 2003.Biodiversity conservation corridors: planning, implementing, and monitoring sustainablelandscapes. Washington, DC: Conservation International.Silva, J. M. C.; Sousa, M. C.; Casteleti, C. H. M. 2004. Areas of endemism for passerine birds in theAtlantic Forest. Global Ecology and Biogeography 13: 85-92.Soderstrom, T. R.; Judziewicz, E. J.; Clark, L. G. 1988. Distribution patterns of Neotropical bamboos.In: Vanzolini; P. E.; Hever, W. R. (Eds.). Proceedings of a workshop on Neotropical distributionpatterns. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências. p. 121-157.Thomas, W. W.; Carvalho, A. M. V.; Amorim, A. M. A.; Garrison, J.; Arbeláez, A. L. 1998. Plantendemism in two forests in southern Bahia, Brazil. Biodiversity and Conservation 7: 311-322.Thomaz, L. D.; Monteiro, R. 1997. Composição florística <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong> de encosta <strong>da</strong> EstaçãoBiológica de Santa Lúcia, município de Santa Teresa, ES. Boletim do Museu de Biologia MelloLeitão (N.Ser.) 7: 3-48.Tyler, H.; Brown, K. S. Jr.; Wilson, K. 1994. Swallowtail butterflies of the Americas: a study inbiological dynamics, ecological diversity, biosystematics and conservation. Gainesville: ScientificPublishers.Weinz, J. A. 1996. Wildlife in patchy environments: metapopulations, mosaics and management.In: McCullugh, D. R. (Ed.) Metapopulations and wildlife management. Washington, D. C.: IslandPress. p. 53-84.Werner, T. B.; Pinto, L.P.; Dutra, G. F.; Pereira, P. G. P. 2000. Abrolhos 2000: conserving theSouthern Atlantic’s richest coastal biodiversity into the next century. Coastal Management 28:99-108.46


O CORREDOR CENTRAL DA MATA ATLÂNTICAAGRADECIMENTOSO Ministério do Meio Ambiente e a Aliança para <strong>Conservação</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>agradecem ao Fundo Fiduciário para Proteção <strong>da</strong>s Florestas Tropicais,administrado pelo Banco Mundial, e ao governo <strong>da</strong> Alemanha, por intermédiodo banco alemão Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), doadores derecursos ao Projeto <strong>Corredor</strong>es Ecológicos, que integra o Programa Pilotopara Proteção <strong>da</strong>s Florestas Tropicais do Brasil; ao governo do Japão, à Fun<strong>da</strong>çãoMcArthur, ao Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF) e ao BancoMundial, que, junto com a <strong>Conservação</strong> <strong>Internacional</strong>, compõem o grupo dedoadores do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF).Agradecem também ao IBAMA e aos órgãos e enti<strong>da</strong>des de governo dosestados <strong>da</strong> Bahia e do Espírito Santo empenhados na implantação do <strong>Corredor</strong><strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>, em especial a Secretaria de Estado de MeioAmbiente e Recursos Hídricos <strong>da</strong> Bahia, o Centro de Recursos Ambientais <strong>da</strong>Bahia, o Ministério Público <strong>da</strong> Bahia, o Instituto Estadual de Meio Ambiente eRecursos Hídricos e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e RecursosHídricos do Espírito Santo, a Secretaria de Estado de Agricultura do EspíritoSanto, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo, oInstituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural; aoComitê e aos Subcomitês <strong>da</strong> Reserva <strong>da</strong> Biosfera <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>; e, porfim, às ONGs, às associações de classe, aos proprietários de RPPNs, às universi<strong>da</strong>des,às empresas e aos ci<strong>da</strong>dãos envolvidos e comprometidos com aconservação <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de que, de várias formas, vêm contribuindo paraa implantação do <strong>Corredor</strong> <strong>Central</strong> <strong>da</strong> <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>.


Projeto <strong>Corredor</strong>es EcológicosUni<strong>da</strong>de de Coordenação GeralCRS 514 – Bloco B – Loja 59 – 1° an<strong>da</strong>rW3 Sul – Brasília – DFCEP 70380-525Tel: (61) 4009-9194Fax: (61) 4009-9193e-mail: corredores.ecologicos@mma.gov.brUni<strong>da</strong>de de Coordenação Estadual – Bahia (UCE/BA)Parque Zoobotânico Getúlio VargasRua Alto de Ondina, s/n, OndinaSalvador – BACEP 40170-110Tel: (71) 3237-9403 / 9407 / 9408Fax: (71) 3237-9410Uni<strong>da</strong>de de Coordenação Estadual – Espírito Santo (UCE/ES)Projeto <strong>Corredor</strong>es EcológicosBR-262 km 0 – Pátio Porto Velho – Núcleo “B”Jardim América – Cariacica – ESCEP 29140-500Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos – <strong>Mata</strong> <strong>Atlântica</strong>Coordenação localAv. Getúlio Vargas, 1300 / 7 o an<strong>da</strong>rBelo Horizonte – MGCEP 30112-021www.corredores.org.brwww.cepf.net

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