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www.famafest.org


Editor: FAMAFEST ’2009<br />

Título: FAMAFEST ‘2009<br />

11º Festival Internacional de Cinema e Video de Famalicão<br />

“Cinema e Literatura”<br />

Internet: www.famafest.org<br />

Coordenação, Textos e Design: Lauro António<br />

Todos os textos são da autoria de Lauro António,<br />

excepto os assinados por outros autores.<br />

Fotografias de separadores (imagens de sedução): Louise Brooks, Cyd Charisse,<br />

Lauren Bacall, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn e Natalie Wood.<br />

E-mail: famafest2009@gmail.com; famafest@netcabo.pt<br />

Tiragem: 400 exemplares<br />

Impressão: DPI Cromotipo<br />

Depósito Legal: 135.446/99<br />

Edição: Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão<br />

Internet: famafest@famafest.org<br />

Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão


_Cinema e Literatura, uma relação fascinante<br />

Sendo Vila Nova de Famalicão a terra de um das fi guras maiores da literatura<br />

portuguesa, Camilo Castelo Branco, faz todo o sentido a dinamização de<br />

um Festival de Cinema alicerçado na adaptação de obras literárias. Tem<br />

sido essa a fi losofi a do Famafest – Festival de Cinema e Vídeo de Vila Nova<br />

de Famalicão, exibindo nos vários espaços municipais a relação íntima e<br />

fascinante entre o Cinema e a Literatura.<br />

O Famafest é uma iniciativa de inegável valor cultural, que muito tem<br />

contribuído para a projecção de Famalicão, no País e no mundo do cinema.<br />

Neste festival, recebemos em Famalicão as mais diversas fi guras da cultura<br />

portuguesa, cujo trabalho homenageamos, consagrando as suas carreiras<br />

com o galardão “Pena de Camilo”. Este ano, vamos homenagear os actores<br />

Laura Soveral, Susana Borges e Luís Miguel Cintra e os escritores Mário<br />

Cláudio e Urbano Tavares Rodrigues.<br />

Entre 14 e 22 de Março, mês em que se comemoram 184 anos do nascimento<br />

de Camilo Castelo Branco, o Famafest 2009 levará o cinema a quatro salas<br />

municipais – na Casa das Artes (dois auditórios), na Biblioteca Municipal<br />

e no Centro de Estudos Camilianos –, com a exibição gratuita de mais de<br />

uma centena de fi lmes.<br />

A programação infantil volta a ser muito forte, garantindo a promoção<br />

do cinema entre o publico escolar. Estamos, por isso, orgulhosos do<br />

Famafest 2009, uma edição que contribui para a projecção de Famalicão,<br />

promovendo o cinema e a literatura.<br />

Armindo Costa, Arq.<br />

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão<br />

3 | Apresentação


_FAMAFEST 2009<br />

A XI edição do Famafest, Festival de Cinema e Vídeo de Famalicão, como sempre<br />

dedicado às relações entre “Cinema e Literatura” arranca com uma programação<br />

invulgarmente importante e diversifi cada, procurando não só colmatar graves lacunas<br />

cinematográfi cas e culturais, como ainda impor-se como um dos mais signifi cativos<br />

certames a nível nacional e internacional. Cerca de três centenas de obras inscritas, das<br />

quais mais de três dezenas foram seleccionadas a concurso, com origem em diversos<br />

países do mundo (particularmente signifi cativas as presenças portuguesa e francesa),<br />

estreia de novos realizadores (inclusive revelações famalicenses, que o Famafest<br />

ajudou a fazer despontar), cerca de uma centenas de obras em projecção simultânea<br />

em quatro salas, eis um conjunto de factores poderosíssimos para continuar a justifi car<br />

a realização deste festival, com este formato, desde sempre um projecto que pretendia<br />

ser algo de completamente diferente do que existia até então no nosso País, e mesmo<br />

internacionalmente: um festival para abordar as relações entre o cinema e a literatura,<br />

incentivando o gosto pelo cinema e pela literatura, procurando estudar as complexas<br />

e contraditórias relações que existiram desde sempre entre estas duas formas de<br />

narrativa, e também lutar contra a debandada dos espectadores das salas de cinema<br />

e dos leitores das livrarias.<br />

Uma secção presente desde a primeira edição do Famafest é “Da Palavra à Imagem”,<br />

que este ano volta a chamar a atenção para muitos dos fi lmes estreados em <strong>Portugal</strong> e<br />

que tiveram particular relevo nas relações entre a escrita literária e a cinematográfi ca.<br />

Desde “Ensaio sobre a Cegueira” até alguns dos melhores fi lmes que disputaram os<br />

recentes Oscars há um pouco de tudo para ver.<br />

Entre os ciclos paralelos, de homenagem a escritores, temos uma fortíssima mostra<br />

de Edgar Allan Poe no Cinema, por altura das comemorações dos 200 anos sobre o<br />

nascimento deste decisivo escritor norte-americano. De Griffi th a Corman, dezenas de<br />

raridades preciosas podem ser vistas. De Yukio Mishima apresentam-se igualmente<br />

vários fi lmes que sublinham a particularíssima relação do escritor japonês com o<br />

cinema. De Machado de Assis tenta-se uma aproximação idêntica, por altura do<br />

seu centenário, numa colaboração com a Embaixada Brasileira junto da CPLP, que<br />

5 | Apresentação


6 | Apresentação<br />

muito agradecemos. Numa curta homenagem a Alexandre Soljenitsin, cuja morte<br />

ocorreu em Agosto do ano passado, projectam-se obras onde se testemunha o<br />

pensamento deste escritor russo que teve preponderante papel crítico e humanista.<br />

De colaboração com o recém-criado FICAP (Festival Internacional de Cinema e Artes<br />

Performativas) organizam-se duas mostras absolutamente imperdíveis sobre dois dos<br />

maiores encenadores da actualidade, Peter Brook e Robert Wilson. Ainda associado<br />

às comemorações do centenário do nascimento de Carmen Miranda, recorda-se a<br />

vida e a obra da popularíssima actriz de origem portuguesa que o Brasil viu explodir<br />

em talento natural. Os 80 anos de Tintim, cinema português, animação para os mais<br />

jovens são outros temas não esquecidos, relembrando-se que desde a primeira edição<br />

do Famafest já passaram pelas suas salas largos milhares de crianças, muitas das quais<br />

tiveram aqui o seu primeiro contacto com o cinema.<br />

Tal como nas anteriores edições, também este ano o Famafest homenageia algumas<br />

personalidades do mundo da literatura e do espectáculo. Luís Miguel Cintra, Laura<br />

Soveral, Suzana Borges, no campo do teatro, do cinema ou da televisão, Mário Cláudio<br />

e Urbano Tavares Rodrigues, no da literatura são os nomes que este ano passarão pelo<br />

palco do Famafest e que o “Passeio do Famafest” irá eternizar com inscrições alusivas<br />

nos passeios circundantes à Casa das Artes.<br />

Finalmente, dois fabulosos concertos portugueses, irão abrir e fechar o Famafest deste<br />

ano. Carlos do Carmo e Corvos dispensam apresentação. O nosso reconhecimento pela<br />

presença. No Júri Internacional teremos a comparência, este ano, de gratas fi guras da<br />

cultura nacional e internacional, como Uxia Blanco, actriz, e Anxo Santomil, realizador,<br />

ambos de Espanha, e Ibrahim Spahic, director do Festival de Inverno de Sarajevo, Bósnia<br />

Herzegovina, além dos portugueses Laura Soveral e Susana Borges, actrizes, João<br />

Pereira Bastos, musicólogo, António Colaço, sociólogo, e Fernando Dacosta, escritor,<br />

todos de <strong>Portugal</strong>. O Júri da Juventude mantém-se e a todos os que colaboraram<br />

nos dois júris o meu mais sincero obrigado, em nome pessoal e do Famafest. Muito<br />

obrigado ainda ao Embaixador Lauro Moreira pela disponibilidade para nos vir falar de<br />

Machado de Assis, ao João Pereira Bastos, por aceitar relembrar Cármen Miranda, ao<br />

escritor António Mega Ferreira por ajudar a sublinhar a importância de Mishima.<br />

Finalmente, resta-me agradecer a todos quantos têm acreditado neste festival,<br />

nomeadamente à actual equipa que dirige o Município de Vila Nova de Famalicão,<br />

personalizado na fi gura do seu presidente, Arquitecto Armindo Costa, bem como<br />

o vereador Dr. Leonel Rocha. Sem eles este festival não existiria em Famalicão. Um<br />

agradecimento muito especial também ao actual director da Casa das Artes, Dr. Álvaro<br />

Santos, que mantém esta Casa como uma referência de programação nas casas de<br />

cultura deste País. Um muito obrigado ainda aos realizadores e produtores com<br />

obras presentes a concurso, que nos honram com a sua actividade, o seu saber, a sua<br />

amizade. Ainda um obrigado muito especial a todos os que colaboram anonimamente<br />

neste festival, ao público que acarinha esta iniciativa, ao cidadão famalicense que nos<br />

brinda com a sua amizade e carinho. O Famafest 2009 tem tudo para ser um sucesso.<br />

Famalicão bem o merece.<br />

Lauro António<br />

(Director do Famafest)


FAMAFEST<br />

2009<br />

ORGANIZAÇÃO E AGRADECIMENTOS


CÂMARA MUNICIPAL DE VILA NOVA DE FAMALICÃO<br />

Direcção do FAMAFEST<br />

Lauro António<br />

Comissão de Honra<br />

Armindo Costa<br />

(Presidente da Câmara Municipal de V. N. Famalicão)<br />

Nuno Melo<br />

(Presidente da Assembleia Municipal de V. N. Famalicão)<br />

José Pedro Ribeiro<br />

(Presidente do ICA)<br />

Jorge Vaz de Carvalho<br />

(Director do Instituto das Artes)<br />

Secretariado<br />

(em Vila Nova de Famalicão)<br />

Leonel Rocha<br />

(Vereador da Educação e Cultura)<br />

Artur Sá da Costa<br />

(Director do Departamento de Educação e Cultura)<br />

Álvaro Santos<br />

(Director da Casa das Artes)<br />

Luís Paulo Rodrigues<br />

(Adjunto do Presidente para a Área de Comunicação Social)<br />

Ivete Ferreira<br />

(Casa das Artes)<br />

Marco Magalhães<br />

(Dep. Educação e Cultura)<br />

Vasco Freitas<br />

(Dep. Educação e Cultura)<br />

(em Lisboa)<br />

Frederico Corado<br />

(secretariado / contactos internacionais)<br />

Maria Eduarda Colares<br />

(secretariado / traduções)<br />

Tânia Espírito Santo<br />

(fi chas de obras a concurso)<br />

Alexandra Amorim<br />

(secretariado / apoio júri e convidados)<br />

Sónia Barbosa<br />

(revisão)<br />

Rodrigo Moreira<br />

(design de mascote)


apoios:<br />

Restaurante Sara Cozinha Regional, Lda<br />

Restaurante Tapas & Ca.<br />

Restaurante Massimo<br />

Restaurante Torres<br />

Restaurante Moutados<br />

Residencial Francesa<br />

Hotel Moutados<br />

Jornal e Rádio Cidade Hoje – pela divulgação<br />

Rádio Digital e Jornal Opinião Pública – pela divulgação<br />

Famalicão.T.V. – pela divulgação<br />

Jornal de Famalicão – pela divulgação<br />

Povo Famalicense – pela divulgação<br />

Repórter Local – pela divulgação<br />

Viver a Nossa Terra – pela divulgação<br />

Noticias de Famalicão – pela divulgação<br />

ACB – Associação Cultural dos Trabalhadores do Município<br />

Salas do Famafest<br />

Casa das Artes - Grande e Pequeno Auditórios<br />

Auditório da Biblioteca Municipal - Camilo Castelo Branco<br />

Auditório da Casa de Camilo em São Miguel de Seide<br />

Agradecimentos<br />

Anxo Santomil<br />

António Colaço<br />

Fernando Dacosta<br />

João Perreira Bastos<br />

Laura Soveral<br />

Ibrahim Spahic<br />

Suzana Borges<br />

Uxia Blanco<br />

Pela participação no Júri Internacional<br />

Ana Regina Loureiro Abreu<br />

Andreia Silva<br />

Augusta Isabel Santos Figueiredo<br />

Cátia Filipa Gonçalves Ferreira<br />

Catherine Boutaud<br />

Cláudia Teixeira de Almeida<br />

Joana Andreia Paiva Mendes<br />

Silvana Fontes<br />

Tânia Espírito Santo<br />

Vanessa Pelerigo<br />

Pela participação no Júri da Juventude<br />

Laura Soveral<br />

Luis Miguel Cintra<br />

Mário Cláudio<br />

Suzana Borges<br />

Urbano Tavares Rodrigues<br />

Por existirem e terem participado nesta edição do Famafest<br />

9 | Organização e Agradecimentos


10 | Organização e Agradecimentos<br />

Carlos do Carmo<br />

Corvos<br />

Pela participação nos concertos<br />

de abertura e encerramento<br />

do Famafest 2009<br />

António Mega Ferreira<br />

João Perreira Bastos<br />

Lauro Moreira<br />

Pela participação em debates<br />

e ainda aos autores<br />

e produtores das obras<br />

Connie Walther<br />

Eric Schulz<br />

Claus Wisemann<br />

(Alemanha)<br />

Jorge Bompart<br />

(Argentina)<br />

Georg Misch<br />

(Áustria)<br />

Adela Peeva<br />

(Bulgária)<br />

Antón Dobao<br />

Maria Suarez<br />

Esteban Varade<br />

Ángel Santos Touza<br />

(Espanha)<br />

Willam Farley<br />

(EUA)<br />

Jean-Pierre Prevost<br />

Jean-Jacques Bernard<br />

Robert Bober<br />

Esther Hoffenbere<br />

Carole Giacobbi<br />

Bernard Gorge<br />

Luc Lagier<br />

Dominique Gros<br />

Jean-Jacques Bernard<br />

Lade Michel Follin<br />

Pierre Boutron<br />

Jean- Philippe Puymartin<br />

Marianne Basiler<br />

(França)<br />

Massimo Amici<br />

(Itália, Canadá)<br />

Posidónio Cachapa<br />

Hélder Magalhães<br />

Nicolau Breyner<br />

Isabel Chaves<br />

Graça Castanheira<br />

Alberto Serra<br />

Patrícia Lino<br />

João Osório<br />

Eduardo Adelino<br />

Francisco José Viegas<br />

Frederico Corado<br />

(<strong>Portugal</strong>)<br />

Lucia Hossu Longin, Dan Necsulea<br />

(Roménia)<br />

*<br />

DPI Cromotipo<br />

Pelo empenho manifestado<br />

na execução dos trabalhos tipográfi cos<br />

Atalanta Filmes<br />

Columbia Filmes<br />

Filmes Castello Lopes<br />

Filmes Zon - Lusomundo<br />

Midas Filmes<br />

Prisvídeo<br />

Valentim de Carvalho Filmes<br />

Pelo aluguer e cedência de obras<br />

Agradecimentos especiais a todos os<br />

funcionários da Câmara Municipal,<br />

Casa das Artes, Biblioteca Municipal e<br />

Centro de Estudos Camilianos,<br />

que ajudaram a tornar possível mais<br />

esta edição do Famafest,<br />

com o seu trabalho e dedicação


FAMAFEST<br />

2009<br />

JÚRIS


12 | Júri Internacional<br />

LAURA SOVERAL, actriz (<strong>Portugal</strong>)<br />

Presidente do Júri<br />

Laura Soveral<br />

Laura Soveral nasceu em Benguela, Angola, a 23 de Março de 1933.<br />

Com inúmeros trabalhos em teatro, Laura Soveral foi também reconhecida pela sua actividade<br />

cinematográfi ca, salientando “Uma Abelha na Chuva”, de Fernando Lopes (1972) como um dos seus<br />

primeiros trabalhos.<br />

Depois de trabalhar em Benguela como educadora de infância, vem para Lisboa onde cursa Filologia<br />

Germânica e se começa a interessar por teatro. Estreia-se em 1964 no Grupo Fernando Pessoa, dirigido<br />

por João d’Ávila. Foi no Conservatório Nacional, com professores como Henriette Morineau, que<br />

desenvolveu a arte de representar. E em 1968 recebeu o Prémio de Melhor Actriz de Cinema pelo SNI<br />

e pela Casa da Imprensa. Ao mesmo tempo, na televisão, ía sendo chamada para fazer teatro ou para<br />

declamar poemas no programa Hospital das Letras de David Mourão-Ferreira.<br />

Na temporada de 1970/1971 tem uma das suas mais importante época, fazendo “O Processo de Kafka”<br />

e “Depois da Queda”, de Arthur Miller. Representou textos de Fernando Pessoa, José Saramago, Almada<br />

Negreiros, Ferenc Molnar, Moliére, Kafka, Yves Jamiacque, entre outros. Esteve em cena no Teatro D.<br />

Maria II, Teatro São Luíz, Teatro da Cornucópia, Teatro da Comuna, Teatro Aberto, Teatro Sá da Bandeira,<br />

Teatro Maria Matos, Teatro Villaret, onde trabalhou com Gracindo Júnior, Adolfo Marsillach, Carlos<br />

Avillez, Fernando Amado, João D’Ávila, Norberto Barroca, Maria do Céu Guerra, Diogo Infante e Christine<br />

Laurent.<br />

A sua longa experiência cinematográfi ca passa por fi lmes como Vale Abraão, A Divina Comédia e<br />

Francisca de Manoel de Oliveira, Terra Sonâmbula de Teresa Prata, O Fatalista e Tráfi co de João Botelho,<br />

Quaresma de João Álvaro Morais, Uma Abelha na Chuva e O Delfi m de Fernando Lopes, Encontros<br />

Imperfeitos de Jorge Marecos Duarte, entre muitos outros.<br />

Pontualmente continuou a aparecer na televisão. Em 1976, num período da sua vida em que viveu no<br />

Brasil, actuou na novela Duas Vidas, da Rede Globo de Televisão, no papel de Leonor. Mais tarde, integrou<br />

o elenco da novela Tempo de Viver (2006), e participou na série O Testamento para a RTP no papel de<br />

Conceição.


Uxia Blanco<br />

UXIA BLANCO IGLESIAS, actriz (Galiza - Espanha)<br />

Actriz. Nascida em Touro (A Coruña), 1952. Licenciada en Geografia e História, durante a sua etapa<br />

universitária participa em diversos grupos de teatro. Em 1984 co-dirige - com Daniel Dominguez<br />

- a curta-metragem “O Segredo”. Uxía vai converter-se num icono popular do audiovisual galego ao<br />

encarnar a protagonista de “Sempre Xonxa” (Chano Piñeiro 1989). A partir desse momento Uxia será<br />

um rosto habitual em numerosos programas de TVG (Dezine, Planeta Cine); séries de TV, (Mareas vivas,<br />

Pratos combinados, El comisario, Familia Pita, Hospital central, Makinavaja, Libro de familia, Cuéntame...)<br />

curtas e longas-metragens do audiovisual espanhol e galego. Longas-metragens: 1989: Sempre Xonxa;<br />

1992: Fuxidos; 1995: Ni en sueños; 1998: A lingua das bolboretas; 1999: Terra de fogo; 2000: Dagon; 2002:<br />

Juegos y Mentiras; 2004: Mis estimadas víctimas, Somne, Los venenos de Ildara; 2005: La velocidad<br />

funda el olvido, Hotel Tívoli.<br />

13 | Júri Internacional


14 | Júri Internacional<br />

IBRAHIM SPAHIC, director do Festival de Sarajevo (Bósnia-Herzgovina)<br />

Ibrahim Spahic<br />

Ibrahim Spahiç nasceu em Sarajevo, em 1952. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Sarajevo. De 1974 a<br />

1982, foi presidente da Associação de Estudantes. Participou em numerosos foruns europeus para a juventude.<br />

Foi fundador e membro do Conselho de várias comissões na área da defesa dos direitos humanos. Fundador<br />

e co-Presidente da primeira organização ecológica “Skakavac” e editor das revistas de ambiente “Eko oko”e<br />

“Spektar”. Fundador e impulsionador de vários projectos culturais ligados à literatura. Entre 1990-1993, foi<br />

Presidente do SSRN e do DSS (Partido Socialista Democrático de Sarajevo), Presidente do City Democratic Party<br />

desde 1993 e membro do Sarajevo Council of City Commissioners entre 1992 e 1993. É autor da Declaração<br />

de Abril para uma Sarajevo Unificada e Livre (1992), para além de muitas outras actividades políticas<br />

onde desempenhou destacados lugares. É Presidente e organizador do Festival Internacional de Sarajevo<br />

“Sarajevo Winter,” presidente do International Peace Centre (IPC), e da Bienal dos Jovens Artistas da Europa<br />

e Mediterrâneo, de 2001-2006. A sua vastíssima actividade em defesa da cultura, dos direitos humanos e da<br />

liberdade têm-lhe valido numerosos prémios e homenagens internacionalmente.


Suzana Borges<br />

SUZANA BORGES, actriz (<strong>Portugal</strong>)<br />

Suzana Borges, nasceu em Lisboa, 7 de Julho de 1956. Licenciada em Filosofi a e Pós-graduada em Filosofi a<br />

Contemporânea. Estagiou Formação Teatral com Rudy Shelley e Lin Britt, do Old Vic Bristol School; Prof.<br />

Markert e Eva Winkler, do RDA de Berlim; Marcia Haufrecht do Lee Strasberg Theatre Institute de Nova<br />

Iorque; entre outros.<br />

Intérprete em inúmeras peças, salienta autores como Bertolt Brecht, Samuel Beckett, Tennessee Williams,<br />

Wedekind, Whitehead, Beth Henley, J. B. Priestley, José Luís Peixoto, Irene Lisboa ou Cecília Meireles. Foi<br />

dirigida por encenadores como João Canijo, Caldeira Pires, Osório Mateus, Rui Madeira, João Lagarto,<br />

Fernando Heitor, Fernanda Lapa, Manuel Cintra, João Lourenço ou Diogo Dória.<br />

Encenou Uale – Não Posso Encontrar, de José Luís Peixoto e Adília Lopes; fez a concepção de diversos<br />

espectáculos, entre os quais A Vida Não é Literatura, de Irene Lisboa. Criou e encenou espectáculos<br />

de poesia onde também participou, tendo trabalhado a partir de autores como Emily Dicknson, Eça<br />

de Queirós, Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Luís de Camões, Sophia de Mello Breyner. Em ópera,<br />

trabalhou a partir de José Saramago e A. Corghi, sob a direcção de João Paulo Santos e Jerôme Savari.<br />

No cinema participou em fi lmes de Ana Luísa Guimarães, José Nascimento (Repórter X e Tarde Demais),<br />

Jean Pierre Grasset, Rosa Coutinho Cabral, Benoit Jacquot, Luís Vidal Lopes, António de Macedo (Emissários<br />

de Khalom), João Mário Grilo (O Processo do Rei e A Falha), Daniel Schmid, Raoul Ruiz, Mário Gamus, João<br />

Botelho (Quem és Tu?, Tráfi co, A Mulher Que Acreditava Ser A Presidente dos EUA e O Fatalista), Maurizio<br />

Sciarra, Fernando Matos Silva, Fernando Lopes (Lá Fora), Rui Simões, João César Monteiro (Vai e Vem),<br />

entre outros. Trabalhou em televisão, a nível nacional e internacional, nomeadamente em telefi lmes e<br />

séries.<br />

15 | Júri Internacional


16 | Júri Internacional<br />

JOÃO PEREIRA BASTOS, musicólogo (<strong>Portugal</strong>)<br />

J. Pereira Bastos<br />

Ingressa em 1967 na Emissora Nacional. Em 1977 inicia a sua colaboração regular no Diário de Notícias,<br />

como crítico musical. Como produtor discográfico e supervisor de som, mantém actividade regular,<br />

até aos dias de hoje desde o início da era digital. Em 1981 ingressa no Teatro Nacional de São Carlos<br />

desempenhando sucessivamente as funções de Coordenador da Produção, Director da Produção/<br />

Director Técnico e Director Artístico. Em 1988 integra a Direcção da Fundação Musical dos Amigos das<br />

Crianças. Director Artístico do Festival Internacional de Música de Macau, cargo que acumula com as<br />

suas actividades em <strong>Portugal</strong>, durante 8 anos e até à realização do último Festival sob administração<br />

portuguesa, em 1999. É ainda nomeado Director Artístico do projecto de inauguração do Centro Cultural<br />

de Macau (1999), que incluiu um concerto com o pianista António Rosado e a Orquestra Nacional da<br />

China sob a direcção de Manuel Ivo Cruz. A inauguração também permitiu levar à China pela primeira<br />

vez uma ópera de Richard Wagner, O Navio Fantasma (3 récitas), com um elenco misto de cantores<br />

portugueses e estrelas do Festival de Bayreuth. Após 15 anos de actividade no São Carlos em 1996 regressa<br />

à RDP como Director da Antena 2. Da acção desenvolvida resulta a distinção da Antena 2 com o Prémio<br />

Bordalo da Casa da Imprensa em 1997 (só anteriormente atribuído em 1957) e às nomeações da Antena<br />

2 em dois anos consecutivos, para os Globos de Ouro da SIC (1999 e 2000), nas únicas edições em que<br />

a “modalidade rádio” foi incluída na lista dos concorrentes. Como investigador do musical americano<br />

aceita o convite para realizar uma série de programas na Antena 2 intitulada Da Broadway ao West End<br />

- o Musical, que se prolongou por três anos. Realiza e encena dez espectáculos diferentes, oito dos quais<br />

no Teatro Municipal de São (Os Grandes Mestres do Musical Americano - 7) e (De Regresso à Broadway).<br />

De Regresso à Broadway, conjuntamente com José Carreras e a Orquestra Metropolitana de Lisboa,<br />

inaugura o Cine-Teatro Micaelenese em Setembro de 2004. Na Antena 2, “descobre” e responsabilizase<br />

pela edição em CD de La Traviata-Lisboa 1958 com Maria Callas na protagonista. Agraciado com a<br />

Cruz da Ordem Soberana e Militar de Malta, em Maio de 1998, e com a Medalha de Mérito Cultural, de<br />

Governador de Macau, General Rocha Vieira.


António Colaço<br />

ANTÓNIO COLAÇO, antropólogo (<strong>Portugal</strong>)<br />

Iniciou a sua colaboração com este Festival Ecocine da Serra da Estrela promovendo as extensões de<br />

Serpa e Albufeira. É professor universitário na área das ciências sociais tendo exercido a actividade<br />

docente e investigação em <strong>Portugal</strong> e em várias partes do mundo. Sempre privilegiou a antropologia<br />

visual que o levou ao guionismo e consultoria de produção filmica documental.<br />

17 | Júri Internacional


18 | Júri Internacional<br />

ANXO SANTOMIL, director Cinemas Dixitais (Galiza - Espanha)<br />

Anxo Santomil<br />

Nasceu em Santiago de Compostela em 1952. Desenhador. Foi um dos impulsores e fundadores da<br />

Federação de Cine clubes de Galicia (1984); Vicepresidente da Confederación de Cine Clubs do Estado<br />

Español durante vários anos. Fez parte da equipa que desenvolveu a unidade didáctica sobre projecção<br />

cinematográfi ca em todo o estado español, em colaboração com o Ministério da Cultura e a Filmoteca<br />

Española. Participou no desenvolvemento do programa “Cine español. Algunos jalones signifi cativos<br />

(1896-1936)”. Através da Federación de Cine Clubs de Galicia participa, desde 1984, nos programas de<br />

intercâmbio e difusão do audiovisual galego e português nos dois países. Dirigiu diversas experiências<br />

audiovisuais no ensino. Participou na organização das primeiras Xornadas de Cine e Video en Galicia<br />

(XOCIVIGA) sendo coordenador nas edicções de 2002 a 2005. Coordenou a secção “En clave-07” no<br />

Festival Internacional de Cine Independiente de Ourense. Membro do Júri do prémio “Don Quixote” da<br />

International Federation of Film Societies em diferentes festivais internacionais de cine. Tem realizado<br />

decorações de cenários para diversos eventos. Trabalha num estúdio de arquitectura em desenho gráfi co<br />

e comercial. Actualmente dirige o projecto CINEMAS DIXITAIS da Agencia <strong>Audiovisual</strong> <strong>Galega</strong>, Junta<br />

de Galiza. Participou na produção de “Sempre Xonxa” (1989) de Chano Piñeiro; “Camiño das Estrelas”<br />

(1993) de Chano Piñeiro e “A Lenda da Doncella” (1994) de Juán Pinzás; realizou os documentários de<br />

montagem: “Carballiño, recuperando as súas imaxes”, “A Veracruz, así se concebíu, así se construíu.”,<br />

“Elixio González, reporteiro gráfi co da emigración” e “Pegadas de Muller”.


Fernando Dacosta<br />

FERNANDO DACOSTA, escritor (<strong>Portugal</strong>)<br />

Romancista, dramaturgo, jornalista, conferencista, Fernando Dacosta nasceu em Luanda a 12 de Dezembro<br />

de 1945 de onde foi, ainda criança, para o Alto Douro. Após frequentar o liceu na cidade de Lamego fixa-se<br />

em Lisboa, cursa Letras e inicia-se no jornalismo e na literatura. Foi director dos “Cadernos de Reportagem”<br />

e co-editor da “Relógio d´Água”. A sua primeira peça de teatro, “Um Jipe em Segunda Mão”, sobre a guerra<br />

colonial, vale-lhe o Grande Prémio de Teatro RTP, o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos e o Prémio<br />

Casa da Imprensa. “A Súplica ” (monólogo de uma mulher em ruptura com a realidade pós 25 de Abril),<br />

“Sequestraram o Senhor Presidente” (obra localizada no período revolucionário), “A Nave Adormecida ”<br />

(oratória do <strong>Portugal</strong> colonialista) e “A Frigideira” (inédito), são outros dos seus trabalhos dramatúrgicos.<br />

“Os Retornados Estão a Mudar <strong>Portugal</strong>”, narrativa da integração dos portugueses regressados de África,<br />

obtém o “Prémio Clube Português de Imprensa”. “Moçambique, todo o sofrimento do mundo ”, vence<br />

os prémios “Gazeta” e “Fernando Pessoa” de 1991. “O despertar dos Idosos ” recebe o prémio “Gazeta”<br />

de 1994. Com “O Viúvo”, metáfora sobre a perda do império, conquista o Grande Prémio de Literatura<br />

Círculo de Leitores. “Os Infieis”, parábola à volta dos que ousam trair o estabelecido, como os navegadores<br />

de quinhentos, e “Máscaras de Salazar”, crónica memoralista, são, respectivamente, os seus últimos<br />

romances e narrativa. Apresentou durante 1991 e 1992 uma rubrica sobre livros na RTP-1. Integrou os júris<br />

dos principais prémios literários portugueses. Foi agraciado em 2005 pelo Presidente da República com a<br />

Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.<br />

Bibliografia: Romance: “O Viúvo”, edições Dom Quixote, Círculo de Leitores, 1986, Editorial Notícias 1996, Planeta Agostini (edição de<br />

bolso) 2001 e Casa das Letras 2007 (sete edições) — Grande Prémio de Literatura Círculo de Leitores, “Os Infieis”, edições Dom Quixote<br />

1992, Círculo de Leitores 1993 e Editorial Notícias 1998; Teatro: “Um Jipe em Segunda Mão”, edição Ulmeiro, 1983 (esgotado) — Grande<br />

Prémio de Teatro RTP, Prémio da Associação da Associação Portuguesa de Críticos e Prémio Casa da Imprensa; “A Súplica”, edição<br />

Ulmeiro, 1983 (esgotado); “Sequestraram o Senhor Presidente”, edição, Relógio D´Água, 1984 (esgotado); “A Nave Adormecida”, Teatro<br />

Aberto, 1988; Narrativa: “Máscaras de Salazar”, Editorial Notícias 1998, Círculo de Leitores 1999 e Casa das Letras 2006 (18 edições);<br />

“Nascido no Estado Novo”, Editorial Notícias 2001, Círculo de Leitores 2002, Casa das Letras 2007; “Mineiros”, Edições Audiovisuais,<br />

2001; “A Escrita do Mar”, Edições Audiovisuais, 1998; “Cartas de Amigo”, Edições Audiovisuais, 1997; “O Príncipe dos Açores”,Edições<br />

Audiovisuais, 1996; “A Clínica das Inovações”,edição Império, 1995; “O Despertar dos Idosos”, edições “Público”, 1994 - Prémio Gazeta;<br />

“Moçambique, todo o sofrimento do mundo”, edições “Público”, 1991 — Prémios Gazeta e Fernando Pessoa; “Os Retornados Estão a<br />

Mudar <strong>Portugal</strong>”, edição Relógio D´Água, 1984 (esgotado) — Prémio Clube Português de Imprensa; “Paixão de Marrocos”, Edições<br />

Asa, 1992; “A Ilha da Sabedoria”, edições Éter, 1996; Conto: “Onde o mar acaba” (antologia), Dom Quixote, 1991; “Um olhar português”<br />

(antologia), Círculo de Leitores, 1992; “Imaginários Portugueses ” (antologia), edições Fora do Texto, 1992.v<br />

19 | Júri da Juventude


20 | Júri da Juventude<br />

_Júri da Juventude<br />

ANA REGINA LOUREIRO ABREU<br />

Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />

Actividades de expressão plástica, de dinâmica de grupo, no Centro Social e<br />

Paroquial de Ribeirão.<br />

ANDREIA SILVA<br />

Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />

Actividades de expressão plástica, de dinâmica de grupo, no ACB- Associação Cultural,<br />

Benefi cente e Desportiva dos Trabalhadores do Município de VN de Famalicão.<br />

AUGUSTA ISABEL SANTOS FIGUEIREDO<br />

Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />

Actividades de expressão plástica, de dinâmica de grupo, no Centro Social Cultural<br />

Dona Maria Gomes de Oliveira - ATL.<br />

CATHERINE BOUTAUD<br />

Francesa. Formação no LISAA, L’Institut Supérieur des Arts Appliqués, em Nantes,<br />

França (Infografi a: illustração, pintura, desenho de nu, fotografi a, historia de arte,<br />

etc.). Frequência da Universidade Nova de Lisboa. Cinema/Imagem em movimento<br />

na ARCO, Lisboa. Criação de jóias, acessórios e miniaturas. 6 anos de prática teatral.<br />

CÁTIA FILIPA GONÇALVES FERREIRA<br />

Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />

Actividades de expressão plástica, de dinâmica de grupo, no Centro Social e<br />

Paroquial de Ribeirão.<br />

CLÁUDIA TEIXEIRA DE ALMEIDA<br />

Assistente de produção no Nextart - Centro de Formação Artística, em Lisboa. Licenciatura<br />

em Gestão de Actividades Culturais. Frequentou 2 anos na área de Audiovisuais e<br />

Multimédia, Curso de Ciências da Comunicação e da Cultura, pela Univ. Lusófona de Lisboa.<br />

Formação teórica na Gulbenkian e no Ar.co, na área do cinema e do vídeo.<br />

JOANA ANDREIA PAIVA MENDES<br />

Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />

Actividades de expressão plástica, de dinâmica de grupo.<br />

SILVANA FONTES<br />

Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />

Actividades Psicologia, Sociologia, Área de Expressões Plásticas e Corporal e Área de<br />

Estudos da Comunidade.<br />

TÂNIA ESPÍRITO SANTO<br />

Licenciada na Univ. Autónoma de Lisboa, no curso de Ciências da Comunicação,<br />

Jornalismo. Estagiou no teatro Actores Produtores Associados, como Assistente<br />

de Produção. Participou em 2008 no Festival Internacional de Cinema de Artes<br />

Performativas e no CineEco.<br />

VANESSA PELERIGO<br />

Licenciada em Direito (Fac. Direito, Univ. Nova, Lisboa), Curso de História de Arte;<br />

Mestrado na área de Ciências Jurídico-Forenses; Frequenta Doutoramento em<br />

Direito; Frequenta especialização em Direito Penal Económico e Europeu no<br />

Instituto de Direito Penal Económico e Europeu da Fac. Direito de Coimbra.<br />

Escreve, pinta e já fez fi guração em séries de televisão.


FAMAFEST<br />

2009<br />

PROGRAMAÇÃO


22 | Programação Geral<br />

Programação Geral<br />

CASA DAS ARTES – GRANDE AUDITÓRIO<br />

Sábado, dia 14 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: Wall•E, de Andrew Stanton (EUA, 2008); com Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin,<br />

Fred Willard, MacInTalk, Sigourney Weaver, etc. Animação; 98’; M/ 6 anos.<br />

21,30 ABERTURA OFICIAL<br />

HOMENAGENS: LAURA SOVERAL, SUSANA BORGES, MÁRIO CLÁUDIO<br />

CONCERTO: CARLOS DO CARMO, HOMENAGEM CARLOS DO CARMO<br />

Domingo, dia 15 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa), de Eric Darnell, Tom McGrath (EUA,<br />

2008); 89’; M/ 6 anos.<br />

15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: O Estranho Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin<br />

Button), de David Fincher (EUA, 2008); com Brad Pitt, Cate Blanchett, Julia Ormond, Tilda<br />

Swinton, Taraji P. Henson, etc. 166’; M/ 12 anos.<br />

18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Destruir Depois de Ler (Burn After Reading), de Ethan Coen, Joel Coen<br />

(EUA, Inglaterra, França, 2008); com George Clooney, Frances McDormand, John Malkovich,<br />

Tilda Swinton, Brad Pitt, Richard Jenkins etc. 96’: M/ 12 anos.<br />

21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: O Estranho Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin<br />

Button), de David Fincher (EUA, 2008); com Brad Pitt, Cate Blanchett, Julia Ormond, Tilda<br />

Swinton, Taraji P. Henson, etc. 166’; M/ 12 anos.<br />

24,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Este País não é para Velhos (No Country for Old Men), de Ethan Coen,<br />

Joel Coen (EUA, 2007); com Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Josh Brolin, Woody Harrelson, etc.<br />

122´; M/18 anos.<br />

Segunda-feira, dia 16 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: Wall•E, de Andrew Stanton (EUA, 2008); com Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin,<br />

Fred Willard, MacInTalk, Sigourney Weaver, etc. Animação; 98’; M/ 6 anos.<br />

15,00 CINEMA PORTUGUÊS: Amália, de Carlos Coelho da Silva (<strong>Portugal</strong>, 2008); com Sandra Barata,<br />

Carla Chambel, Ricardo Carriço, José Fidalgo, António Pedro Cerdeira, Ricardo Pereira, António<br />

Montez, Maria João Abreu, etc.127’; M/ 12 anos.<br />

18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Corações (Coeurs), de Alain Resnais (França, Itália, 2006); com Sabine<br />

Azéma, Isabelle Carré, Laura Morante, Pierre Arditi, André Dussollier, Lambert Wilson, etc. 120’;<br />

M/12 anos.<br />

21,30 HOMENAGENS: LUÍS MIGUEL CINTRA, URBANO TAVARES RODRIGUES<br />

CINEMA PORTUGUÊS: Amália, de Carlos Coelho da Silva (<strong>Portugal</strong>, 2008); com Sandra Barata,<br />

Carla Chambel, Ricardo Carriço, José Fidalgo, António Pedro Cerdeira, Ricardo Pereira, António<br />

Montez, Maria João Abreu, etc.127’; M/ 12 anos.<br />

Terça-feira, dia 17 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa), de Eric Darnell, Tom McGrath (EUA,<br />

2008); 89’; M/ 6 anos.<br />

15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight), de Christopher Nolan (EUA,<br />

2008); com Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart, Michael Caine, Maggie Gyllenhaal,<br />

Gary Oldman, Morgan Freeman, etc. 152’ ‘M/ 12 anos.<br />

18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Gomorra, de Matteo Garrone (Itália, 2008); com Toni Servillo,<br />

Gianfelice Imparato, Maria Nazionale, etc. 137’; M/ 16 anos.<br />

21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: A Troca (Changeling), de Clint Eastwood (EUA, 2008); com Angelina<br />

Jolie, John Malkovich, Gattlin Griffi th, etc. 141’; M/ 16 anos.<br />

24,00 DA PALAVRA À IMAGEM: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight), de Christopher Nolan (EUA,<br />

2008); com Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart, Michael Caine, Maggie Gyllenhaal,<br />

Gary Oldman, Morgan Freeman, etc. 152’ ‘M/ 12 anos.


Quarta-feira, dia 18 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa), de Eric Darnell, Tom McGrath (EUA,<br />

2008); 89’; M/ 6 anos.<br />

15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: “Viagem ao Centro da Terra” (Journey to the Center of the Earth), de<br />

Eric Brevig (EUA, 2008); com Brendan Fraser, Josh Hutcherson, Anita Briem, etc. 93’ M/ 12 anos.<br />

18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: A Valsa com Bashir (Vals Im Bashir), de Ari Folman (Israel, Alemanha,<br />

França, EUA, 2008); Animação. 90’; M/ 12 anos.<br />

21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: Ensaio sobre a Cegueira (Blindness ou Ensaio Sobre a Cegueira),<br />

de Fernando Meirelles (Canadá, Brasil, Japão, 2008); com Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice<br />

Braga, etc. 120’; M/16 anos.<br />

24,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Virtude Fácil (Easy Virtue), de Stephan Elliott (Inglaterra, 2008); com<br />

Jessica Biel, Ben Barnes, Kristin Scott Thomas, Colin Firth, etc. 97’; M/ 12 anos.<br />

Quinta-feira, dia 19 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: Bolt, de Byron Howard, Chris Williams (EUA, 2008); Animação. 103’; M/ 6 anos.<br />

15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Austrália, de Baz Luhrmann (Austrália, EUA, 2008); com Nicole<br />

Kidman, Hugh Jackman, Bryan Brown, Brandon Walters, Ray Barrett, etc. 165’; M /12 anos.<br />

18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: A Turma (Entre les Murs), de Laurent Cantet (França, 2008); com<br />

François Bégaudeau, Nassim Amrabt, Laura Baquela, etc.128’; M/12 anos.<br />

21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: Austrália, de Baz Luhrmann (Austrália, EUA, 2008); com Nicole<br />

Kidman, Hugh Jackman, Bryan Brown, Brandon Walters, Ray Barrett, etc. 165’; M /12 anos.<br />

24,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Haverá Sangue (There Will Be Blood), de Paul Thomas Anderson (EUA,<br />

2007); com Daniel Day-Lewis, Paul Dano, David Willis, Kellie Hill, etc. 158’; M/ 12 anos.<br />

Sexta-feira, dia 20 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: A Lenda de Despereaux (The Tale of Despereaux), de Sam Fell, Robert Stevenhagen<br />

(EUA, Inglaterra, 2008); Animação. 93’; M/ 6 anos.<br />

15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: “O Dia em que a Terra Parou” (The Day the Earth Stood Still), de<br />

Scott Derrickson (Canadá, EUA, 2008); com Keanu Reeves, Jennifer Connelly, Kathy Bates, John<br />

Cleese, etc. 104’; M/ 12 anos.<br />

18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Sedução, Conspiração (Se, jie ou Se jie ou Lust, Caution), de Ang Lee<br />

(EUA, China, Taiwan, Hong Kong, 2007); com Tony Leung Chiu Wai, Wei Tang, Joan Chen, etc.<br />

157’; M/ 18 anos.<br />

21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: Frost/Nixon, de Ron Howard (EUA, França, Inglaterra, 2008); com<br />

Frank Langella, Michael Sheen, Sam Rockwell, Kevin Bacon, etc. 122’; M/ 12 anos.<br />

24,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Tropa de Elite, de José Padilha (Brasil, 2007); com Wagner Moura, Caio<br />

Junqueira, André Ramiro, Maria Ribeiro, Fernanda Machado, etc.115’; M/18 anos.<br />

Sábado, dia 21 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: Bolt, de Byron Howard, Chris Williams (EUA, 2008); Animação. 103’; M/ 6 anos.<br />

21,30 ENCERRAMENTO ATRIBUIÇÃO DE PRÉMIOS<br />

CONCERTO “CORVOS”<br />

Domingo, dia 22 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: A Lenda de Despereaux (The Tale of Despereaux), de Sam Fell, Robert Stevenhagen<br />

(EUA, Inglaterra, 2008); Animação. 93’; M/ 6 anos.<br />

15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: “O Dia em que a Terra Parou” (The Day the Earth Stood Still), de<br />

Scott Derrickson (Canadá, EUA, 2008); com Keanu Reeves, Jennifer Connelly, Kathy Bates, John<br />

Cleese, etc. 104’; M/ 12 anos.<br />

18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Virtude Fácil (Easy Virtue), de Stephan Elliott (Inglaterra, 2008); com<br />

Jessica Biel, Ben Barnes, Kristin Scott Thomas, Colin Firth, etc. 97’; M/ 12 anos.<br />

21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: Revolutionary Road, de Sam Mendes (EUA, Inglaterra, 2008); com<br />

Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Michael Shannon, etc. 119’; M/ 12 anos.<br />

23 | Programação Geral


24 | Programação Geral<br />

CASA DAS ARTES – PEQUENO AUDITÓRIO<br />

Sábado, dia 14 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “Objectivo Lua” (Objectif Lune) (1991) 45’; “Pisando a Lua”<br />

(On a Marche sur la Lune) (1991) 45’.<br />

15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Edgar Allan Poe, a Concise Biography”, de Malcolm<br />

Hossick (The Famous Authors) (EUA, 1993) 30’ (V.O. inglesa).<br />

HOMENAGEM A ALEXANDRE SOLJENITSIN: “Alexander Solzhenitsyn” (série “Great Writers”)<br />

45’ (V.O. inglesa).<br />

18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Edgar Allen Poe”, de D.W. Griffi th (EUA, 1908) 7’ (V.O.<br />

inglesa, mudo); “The Avenging Conscience”, de D.W. Griffi th (EUA, 1914) 84’ (V.O. inglesa,<br />

mudo).<br />

21,30 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Fall of the House of Usher”, de J. S. Watson e Melville<br />

Webber (EUA, 1926) 13’ (V.O. inglesa, mudo); “La Chute de la Maison Usher”, de Jean Epstein<br />

(França, 1928) 66’ (V.O. inglesa, mudo).<br />

24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Murders in the Rue Morgue”, de Robert Florey (EUA,<br />

1932) 61’ (V.O. inglesa, leg. espanhol); “The Raven”, de Lew Landers (EUA, 1934) 61’ (V.O. inglesa,<br />

leg. espanhol).<br />

Domingo, dia 15 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “A Ilha Negra” (L’Ile Noire) (1990) 45’; “O Ceptro de Ottokar”<br />

(Sceptre d’ Ottokar) (1990) 45’.<br />

15,00 CONCURSO: “Little White Wires”, de Massimo Amici (Itália, Canadá) 7’; “O Adeus à Brisa”, de<br />

Posidónio Cachapa (<strong>Portugal</strong>) 55’; “Levantado do Chão”, de Alberto Serra (<strong>Portugal</strong>) 50’.<br />

18,00 CONCURSO: “L’Affaire Kravchenko”, de Bernard Gorge (França) 52’; “Discorama, Signé Glaser”,<br />

de Esther Hoffenbere (França ) 67’.<br />

21,30 CONCURSO: “Cântico Negro”, de Hélder Magalhães (<strong>Portugal</strong>) 7’; “La Reine Morte”, de Pierre<br />

Boutron (França, <strong>Portugal</strong>) 90’.<br />

24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Tell-Tale Heart”, de Jules Dassin (EUA, 1941) 20’ (V.O.<br />

leg. português); “House of Usher”, de Roger Corman (EUA, 1960) 76’ (V.O. inglesa, leg. francês).<br />

Segunda-feira, dia 16 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “As Jóias de Castafi ore” (Les Bijoux de la Castafi ore) (1991)<br />

45’; “A Estrela Misteriosa” (L’Etoile Mysterieuse) (1990) 25’.<br />

15,00 CONCURSO: “Wagner’s Mastersinger Hitler’s Siegrfried”, de Eric Schulz e Claus Wisemann<br />

(Alemanha) 52’; “Divorce Albanian Style”, de Adela Peeva (Bulgária) 66’.<br />

18,00 CONCURSO: “Hitchcock et la Nouvelle Vague”, de Jean-Jacques Bernard (França) 55’; “Godard,<br />

l’Amour, la Poesie”, de Luc Lagier (França) 53’.<br />

21,30 CONCURSO: “Contrato”, de Nicolau Breyner (<strong>Portugal</strong>) 97’; “André Gide, un Petit Air de<br />

Famille”, de Jean-Pierre Prevost (França) 42’.<br />

24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Pit and the Pendulum”, de Roger Corman (EUA, 1961)<br />

78’ (V.O. inglesa, leg. português).<br />

Terça-feira, dia 17 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Segredo do Licorne” (Le Secret de la Licorne) (1991); “O<br />

Tesouro de Rackham, o Terrível” (Le Tresor de Rackham le Rouge) (1990) 25’.<br />

15,00 CONCURSO: “La Passion Boléro”, de Michel Follin (França) 59’ ; “Fernando Lopes Graça”, de<br />

Graça Castanheira (<strong>Portugal</strong>) 52’; “Simone de Beauvoir, une Femme Actuelle », de Dominique<br />

Gros (França) 51’.<br />

18,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: APRESENTAÇÃO: JOÃO PEREIRA BASTOS E LAURO<br />

ANTÓNIO; Documentário: “Carmen Miranda - Bananas is my Business”, de Helena Solberg e<br />

David Mayer (Brasil, 1995) 91’ (V.O. portuguesa).<br />

21,30 CONCURSO: “La Double Inconstance”, de Carole Giacobbi (França) 90’; “El Triángulo<br />

Imperfecto”, de Jorge Bompat (Argentina) 9’.<br />

24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Tales of Terror”, de Roger Corman (EUA, 1962) 90’ (V.O.<br />

inglesa, leg. francês).


Quarta-feira, dia 18 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “Os Charutos do Faraó” (Cigare du Pharaon) (1990) 45’; “O<br />

Lotus Azul” (Le Lotus Bleu) (1991) 45’.<br />

15,00 CONCURSO: “Song of Myself”, de William Farley (EUA) 50’; “Welles Angels”, de Jean-Jacques<br />

Bernard (França) 52’; “The King Does Not Exit”, de Dan Necsulea e Lucia Hossulongin<br />

(Roméria) 50’.<br />

18,00 CONCURSO : “Re-Lectures Pour Tous”, de Robert Bober (França) 58’ ; “En Revoyant, “Lire C’est<br />

Vivre”, de Robert Bober (França) 58’.<br />

21,30 CONCURSO: “Grandes Livros, Os Maias”, de João Osório (<strong>Portugal</strong>) 50’; “Monsieur X”, de Jean-<br />

Philippe Puymartin e Marianne Basiler (França) 76’<br />

24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Raven” (O Corvo), de Roger Corman, (EUA, 1963) 75’<br />

(V.O. inglesa, leg. português).<br />

Quinta-feira, dia 19 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Voo 714 para Sidney” (Vol 714 pour Sydney) (1991) 45’;<br />

“Tintim na América” (Tintin en Amerique) (1990) 25’.<br />

15,00 EXTRA-CONCURSO: “Laura Soveral”, de Graça Castanheira 50’; “Maria do Céu Guerra”, de<br />

Frederico Corado 50’; “Humberto Delgado: Obviamente Demito-o!”, de Lauro António 57'.<br />

18,00 CONCURSO: “Guarda-livros”, de Eduardo Adelino /Francisco José Viegas (<strong>Portugal</strong>) 4X 25’.<br />

21,30 CONCURSO: “12 Means: I Love You”, de Connie Walther (Alemanha) 90’; “Cuentos: Primeros<br />

Auxilios”, de Maria Suarez, Esteban Varade (Espanha) 55’.<br />

24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Edgar Allan Poe, a Concise Biography”, de Malcolm<br />

Hossick (The Famous Authors) (EUA, 1993) 30’ (V.O. inglesa); “The Masque of the Red Death”,<br />

de Roger Corman (EUA, 1964) 85’ (V.O. inglesa, leg. francês).<br />

Sexta-feira, dia 20 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “Carvão no Porão” (Coke en stock) (1991) 45’; “Tintim no<br />

Tibete” (Tintin au Tibet) (1991) 45’.<br />

15,00 CONCURSO: “A Road to Meca”, de Georg Misch (Áustria) 98’; “Jean-Pierre Melville<br />

18,00 CONCURSO: “O Cazador”, de Ángel Santos Touza (Espanha, Galiza) 25’; “O Club da Calceta”, de<br />

Antón Dobao (Espanha, Galiza) 90’.<br />

21,30 HOMENAGEM A ALEXANDRE SOLJENITSIN; “Dialogues with Solzhenitsyn”, de Alexander<br />

Sokurov (Rusia, 1999) 188’ (V.O. russa, leg. inglês) I Parte.<br />

24,00 HOMENAGEM A ALEXANDRE SOLJENITSIN: “Dialogues with Solzhenitsyn”, de Alexander<br />

Sokurov (Rusia, 1999) 188’ (V.O. Russa, leg. inglês) II Parte.<br />

Sábado, dia 21 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Ídolo Roubado” (L’Oreille Cassée) (1990) 45’; “O<br />

Caranguejo das Tenazes de Ouro” (Crabe aux Pinces d’Or) (1990) 45’.<br />

15,00 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: APRESENTAÇÃO: EMBAIXADOR LAURO MOREIRA E LAURO<br />

ANTÓNIO; Documentário: “Machado de Assis, Alma Curiosa de Perfeição”, de Maria Maia.<br />

18,00 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: “Memórias Póstumas” (2001), de André Klotzel.<br />

21,30 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: “Dom” (2003), de Moacyr Góes<br />

24,00 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: “A Cartomante” (2004), de Wagner de Assis e Pablo<br />

Uranga.<br />

Domingo, dia 22 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Caso Girassol” (L’Affoir Tournesol) (1991) 45’; “Tintim no<br />

País do Ouro Negro” (Tintin au Pays de L’Or Noir) (1991) 45’.<br />

15,00 OBRAS PREMIADAS NO FAMAFEST 2009 (A anunciar).<br />

18,00 OBRAS PREMIADAS NO FAMAFEST 2009 (A anunciar).<br />

21,30 OBRAS PREMIADAS NO FAMAFEST 2009 (A anunciar).<br />

25 | Programação Geral


26 | Programação Geral<br />

BIBLIOTECA MUNICIPAL – AUDITÓRIO<br />

Sábado, dia 14 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “As 7 Bolas de Cristal” (1990) 45’; “O Templo do Sol” (1991) 45’.<br />

15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Revenge in the House of Usher”, de Jesus Franco<br />

(Espanha, 1982) 99’ (V.O. francesa).<br />

18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Murders in the Rue Morgue”, de Gordon Hessler (EUA,<br />

1971) 98’ (V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />

Domingo, dia 15 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “Objectivo Lua” (1991) 45’; “Pisando a Lua” (1991) 45’.<br />

15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Two Evil Eyes”, de George Romero e Dario Argento 120’<br />

(EUA, Itália, 1990) (V.O. inglesa).<br />

18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Raven” (O Corvo), de Ulli Lommel (EUA, 2006) 81’ (V.O.<br />

inglesa. leg. português).<br />

Segunda-feira, dia 16 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “A Ilha Negra” (1990) 45’; “O Ceptro de Ottokar” (1990) 45’.<br />

15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Raven” (O Corvo), de Roger Corman, (EUA, 1963)<br />

75’ (V.O. inglesa, leg. português); “The Tomb of Ligeia”, de Roger Corman (EUA, 1965) 78’ (V.O.<br />

inglesa, leg. francês).<br />

18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Der Rosenkönig / Le Roi des Roses” (O Rei das Rosas), de<br />

Werner Schroeter (RFA, França, <strong>Portugal</strong>, 1986) 103’ (Leg. português).<br />

Terça-feira, dia 17 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “As Jóias de Castafi ore” (1991) 45’; “A Estrela Misteriosa”<br />

(1990) 25’.<br />

15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Murders in the Rue Morgue”, de Jeannot Szwarc<br />

(França, EUA, 1986) 90’ (Leg. português).<br />

18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Mansion of Madness”, de Juan López Moctezuma<br />

(México, 1973) 85’ (V.O. espanhol, leg. Inglês).<br />

Quarta-feira, dia 18 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Segredo do Licorne” (1991); “O Tesouro de Rackham, o<br />

Terrível” (1990) 25’.<br />

15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Cry of the Bush”, de Gordon Hessler (EUA, 1970) 91’ (V.O.<br />

inglesa, leg. espanhol).<br />

18,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: Down Argentina Way (Serenata Tropical), de Irving<br />

Cummings (EUA, 1940) 88’ (V.O. inglesa, leg. português).<br />

Quinta-feira, dia 19 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “Os Charutos do Faraó” (1990) 45’; “O Lotus Azul” (1991) 45’.<br />

15,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: “Copacabana”, de Alfred E. Green (EUA, 1947) 91’ (V.O.<br />

inglesa)<br />

18,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: “The Gang’s All Here”, de Busby Berkeley (EUA, 1943) 99’<br />

(V.O. inglesa, leg. francês).<br />

Sexta-feira, dia 20 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Voo 714 para Sidney” (1991) 45’; “Tintim na América” (1990) 25’.<br />

15,00 CICLO YUKIO MISHIMA NO CINEMA: “The Sailor Who Fell from Grace with the Sea”, de Lewis<br />

John Carlino, segundo romance de Mishima (Inglaterra, 1976) 105’ (V.O. inglesa).<br />

18,00 CICLO YUKIO MISHIMA NO CINEMA: APRESENTAÇÃO: ANTÓNIO MEGA FERREIRA E LAURO<br />

ANTÓNIO “Patriotism”, de Yukio Mishima, com Yukio Mishima, segundo obra de Mishima<br />

(Japão, 1966) 22’ (V.O. japonesa, leg. inglês).<br />

Sábado, dia 21 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Ídolo Roubado” (1990) 45’; “O Caranguejo das Tenazes<br />

de Ouro” (1990) 45’.<br />

15,00 CICLO YUKIO MISHIMA NO CINEMA: “Afraid To Die”, de Yasuzo Masumura, com Yukio Mishima<br />

(Japão, 1960) 97’ (V.O. japonesa, leg. inglês).<br />

18,00 CICLO YUKIO MISHIMA NO CINEMA: “Mishima”, de Paul Schrader (EUA, 1985) 120’ (V.O. inglesa).


"CASA DE CAMILO, SEIDE" AUDITÓRIO<br />

Domingo, dia 15 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: Wall•E, de Andrew Stanton (EUA, 2008); com Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin,<br />

Fred Willard, MacInTalk, Sigourney Weaver, etc. Animação; 98’; M/ 6 anos.<br />

18,00 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: “Memórias Póstumas” (2001), de André Klotzel.<br />

Segunda-feira, dia 16 de Março de 2009<br />

18,00 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: “Dom” (2003), de Moacyr Góes.<br />

Terça-feira, dia 17 de Março de 2009<br />

18,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: “Down Argentina Way” (Serenata Tropical), de Irving<br />

Cummings (EUA, 1940) 88’ (V.O. inglesa, leg. português).<br />

Quarta-feira, dia 18 de Março de 2009<br />

18,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: “Carmen Miranda - Bananas is my Business”, de Helena<br />

Solberg e David Mayer (Brasil, 1995) 91’ (V.O. portuguesa).<br />

Quinta-feira, dia 19 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa), de Eric Darnell, Tom McGrath (EUA,<br />

2008); 89’; M/ 6 anos.<br />

18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Raven” (O Corvo), de Roger Corman, (EUA, 1963) 75’<br />

(V.O. inglesa, leg. português).<br />

Sexta-feira, dia 20 de Março de 2009<br />

10,00 ANIMAÇÃO: Bolt, de Byron Howard, Chris Williams (EUA, 2008); Animação. 103’; M/ 6 anos.<br />

18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Pit and the Pendulum” (O Fosso e o Pêndulo), de<br />

Roger Corman (EUA, 1961) 78’ (V.O. inglesa, leg. português).<br />

PROLONGAMENTO DO FAMAFEST<br />

MOSTRA ROBERT WILSON / PETER BROOK<br />

DE COLABORAÇÃO COM O FICAP<br />

(Festival Internacional de Cinema e Artes Perfomativas)<br />

Horário a confi rmar durante o Festival<br />

Segunda-feira, dia 23 de Março de 2009<br />

18,00 MOSTRA ROBERT WILSON: The Making Of A Monologue Robert Wilson’s: Hamlet Marion<br />

Kessel, 1995, 62’; La Mort De Moliere Robert Wilson, 1994, 47’ (V.o. Inglesa)<br />

21,30 MOSTRA ROBERT WILSON: Robert Wilson And The Civil Wars Howard Brookner E Peter Leippe,<br />

1985, 90’; Visions Of Robert Wilson Marion Kessel, 1993, 29’30 (V.o. Inglesa)<br />

Terça-feira, dia 24 de Março de 2009<br />

18,00 MOSTRA ROBERT WILSON: Absolute Wilson Katharina Otto-bernstein, 2006, 105’ ; The House<br />

Robert Wilson, 1965, 19’ (V.O. inglesa)<br />

Quarta-feira, dia 25 de Março de 2009<br />

15,00 MOSTRA ROBERT WILSON: Vídeo 50 Robert Wilson, 1978, 50’; Deafman Glance Robert Wilson,<br />

1981, 27’; Mr. Bojangles’ Memory: Og, Son Of Fire Robert Wilson, 1991, 7’; La Femme À La<br />

Cafetiere Robert Wilson, 1989, 7’ (V.o. Inglesa)<br />

18,00 MOSTRA ROBERT WILSON: Alice In Wonderland Thierry Thomas, 1993, 49’; Stations Robert<br />

Wilson, 1983, 58’ (V.o. Inglesa)<br />

21,30 MOSTRA ROBERT WILSON: Orphée et Eurydice Brian Large, 2000, 99’ ; Einstein On The Beach:<br />

The Changing Image Of Opera Mark Obenhaus, 1985, 58’ (V.o. Inglesa)<br />

27 | Programação Geral


28 | Programação Geral<br />

Quinta-feira, dia 26 de Março de 2009<br />

15,00 MOSTRA PETER BROOK: Meetings With Remarkable Men Peter Brook, Reino Unido 1979, 108’<br />

(V.O. inglesa, com legendas em português)<br />

18,00 MOSTRA PETER BROOK: Marat/Sade Peter Brook, Reino Unido 1967, 120’ (V.O. inglesa)<br />

Sexta-feira, dia 27 de Março de 2009<br />

15,00 MOSTRA PETER BROOK: The Beggar’s Opera Peter Brook, Reino Unido 1953, 91’ (V.O. inglesa)<br />

18,00 MOSTRA PETER BROOK: King Lear Peter Brook, Reino Unido/Dinamarca/1971, 131’ (V.O. inglesa)<br />

21,30 MOSTRA PETER BROOK: Lord Of The Flies Peter Brook, Reino Unido 1963, 87’ (V.O. inglesa)<br />

MOSTRA PETER BROOK: Brook By Brook Simon Brook, França 2002, 75’ (V.O. francesa e Inglesa,<br />

com legendas em inglês).<br />

Sábado, dia 28 de Março de 2009<br />

15,00 MOSTRA PETER BROOK: Mahabarata – The Game Of Dice Peter Brook, Bélgica/França/Reino<br />

Unido/França/Japão 1989 95’ (V.O. inglesa)<br />

18,00 MOSTRA PETER BROOK: Mahabarata – Exile In The Forest Peter Brook, Bélgica/França/Reino<br />

Unido/França/Japão 1989 109’ (V.O. inglesa)<br />

21,30 MOSTRA PETER BROOK: Mahabarata – The War Peter Brook, Bélgica/França/Reino Unido/<br />

França/Japão 1989 109’ VO em inglês (V.O. inglesa)<br />

Sábado, dia 29 de Março de 2009<br />

18,00 MOSTRA PETER BROOK: La Tragédie d’Hamlet Peter Brook, Reino Unido/França/Japão 2002,<br />

132’ (V.O. inglesa)<br />

21,30 MOSTRA ROBERT WILSON: Aida Andre Gregoire, 2004, 159’ (V.o. Inglesa)<br />

CASA DAS ARTES * PEQUENO AUDITÓRIO<br />

CICLO CARMEN MIRANDA<br />

Horário a confi rmar durante o Festival<br />

Segunda-feira, dia 6 de Abril de 2009<br />

21,30 CICLO CARMEN MIRANDA: “Doll Face” (Sonhos de Estrelas), de Lewis Seiler (EUA, 46), 80’<br />

(V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />

Terça-feira, dia 7 de Abril de 2009<br />

21,30 CICLO CARMEN MIRANDA: “Greenwich Village” (Serenata Boémia), de Walter Lang (EUA,<br />

1944), 82’(V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />

Quarta-feira, dia 8 de Abril de 2009<br />

21,30 CICLO CARMEN MIRANDA: “If I’m Lucky” (A Canção da Felicidade), de Lewis Seiler (EUA,<br />

1946), 79’ (V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />

Quinta-feira, dia 9 de Abril de 2009<br />

18,00 CICLO CARMEN MIRANDA: ”Something for the Boys” (Alegria Rapazes!), de Lewis Seiler<br />

(EUA, 1946), 80’ (V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />

Sexta-feira, dia 10 de Abril de 2009<br />

18,00 CICLO CARMEN MIRANDA: “Copacabana”, de Alfred E. Green (EUA, 1947) 91’ (V.O. inglesa).<br />

21,30 CICLO CARMEN MIRANDA: “The Gang’s All Here” (Sinfonia de Estrelas), de Busby Berkeley<br />

(EUA, 1943) 99’ (V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />

Sábado, dia 11 de Abril de 2009<br />

18,00 CICLO CARMEN MIRANDA: “Carmen Miranda – Bananas is my Business”, de Helena Solberg<br />

e David Mayer (Brasil, 1995) 91’ (V.O. portuguesa).<br />

21,30 CICLO CARMEN MIRANDA: “Down Argentina Way” (Serenata Tropical), de Irving Cummings<br />

(EUA, 1940) 88’ (V.O. inglesa, leg. português).


FAMAFEST<br />

2008<br />

OBRAS A CONCURSO


30 | Obras a Concurso<br />

_ 12 = Amo-te<br />

Título original: 12 heißt ich liebe dich / Título em inglês:<br />

12 means I Love You<br />

Realização /Director: Connie Walther, Alemanha,<br />

2007; Argumento / Script: Scarlett Kleint, Based on<br />

the book by Regina Kaiser & Uwe Karlstedt; Fotografia<br />

(cor) / Photography: Peter Nix; Montagem / Editing:<br />

Sabine Brose; Som / Sound: Jochen Hergersberg, Mirko<br />

HÖpfner; Companhias de produção / production<br />

company: UFA-Fernsehproduktion GmbH, Noirbert Sauer<br />

/ Cornelia Wecker; Intérpretes / Cast: Claudia Michelsen,<br />

Devid Striesow, Winnie BÖwe, Michael Krabbe<br />

Duração /Running time: 90 minutos<br />

Contactos / Adress: Dianastr. 21, D-14482 Potsdam-<br />

Babelsberg; Cornélia.wecker@ufa.de<br />

Prémios/Awards: Fipa 2008, France - Fipa d’Or for Best<br />

Actress in Drama (Claudia Michelsen), German TV Award<br />

2008 for Best Director (Connie Walther), European TV<br />

Movie Festival “Zoom Igualada”2008 – Official Jury<br />

Award for Best Script (Scarlett Kleint), TV Movie Award<br />

of the German Academy of Performing Arts (Connie<br />

Walther, Scarlett Kleint)<br />

Sinopse: Alemanha Oriental 1985: a<br />

dissidente Bettina é detida e apresentada<br />

ao jovem ofi cial da Stasi, Jan, para<br />

interrogatório. Durante os meses de<br />

interrogatório o incrível acontece: eles<br />

apaixonam-se. O argumento é baseado<br />

numa história verdadeira.<br />

Synopsis: East Germany 1985: dissident<br />

Bettina is arrested and presented to the<br />

young Stasi officer Jan for questioning.<br />

During the months of interrogation the<br />

incredible happens: they fall in love with<br />

each other. The script is based on a true<br />

story.<br />

_ O Adeus À Brisa<br />

Título original: O Adeus à Brisa<br />

Título em inglês: Farwell to the Breeze<br />

Realização /Director: Possidónio Cachapa, <strong>Portugal</strong>, 2009;<br />

Argumento / Script: Possidónio Cachapa; Produção /<br />

Production: Maria João Mayer, François d’artemare, RTP2,<br />

Possidónio Cachapa; Fotografia (cor) / Cinematography:<br />

Cláudia Varejão; Montagem / Editing: Rita Figueiredo; Som /<br />

Sound: José Reis, Adriana Bolito; Pós produção áudio: Hugo<br />

Leitão; Companhias de produção / production company:<br />

Filmes do Tejo;<br />

Duração /Running time: 50 minutos<br />

Contactos / Adress: Filmes do Tejo – Av. da Liberdade, 85, 3º,<br />

1250-140 Lisboa, <strong>Portugal</strong>; filmesdotejo@ filmesdotejo.pt<br />

Sinopse: Um homem fala sobre o seu<br />

passado, que se confunde com o da História<br />

do seu país. Num discurso comovente,<br />

evoca a luta pela liberdade e a sua crença<br />

nas revoluções e na supremacia da Beleza.<br />

Sentado na sua sala, Urbano Tavares<br />

Rodrigues mantêm--se o escritor, o resistente,<br />

o que acredita no melhor do Homem. E se<br />

as coisas em que acreditou nem sempre lhe<br />

corresponderam foi porque ainda não tinha<br />

chegado o tempo certo. Mas vai haver um<br />

mundo novo. Vai haver. No meio do Tempo,<br />

Urbano refl ecte, enquanto a brisa do su! não<br />

cessa de soprar.<br />

Synopsis: A man speaks about his past, a past<br />

that blends with the country history itself.<br />

In an impressive speech, he evokes the fight<br />

for freedom and his belief in the power of<br />

revolutions and the supremacy of Beauty.<br />

Sitting in his room, Urbano Tavares Rodrigues,<br />

the writer, the resistant, the man who does<br />

not run away, remains the one who believes in<br />

the best part of Man. And if some of his ideals<br />

failed throughout the decades, that’s just<br />

because their time did not arrive yet. But there<br />

will be a new world. It will be. Resting in Time,<br />

Urbano meditates, while a warm breeze does<br />

not cease to blow.


_ Andre Gide, Um Pequeno<br />

Ar de Família<br />

Título original: Andre Gide Un Petit Air de Famille<br />

Título em inglês: André Gide: A Family Resemblance<br />

Realização /Director: Jean- Pierre Prevost, Suiça, 2007;<br />

Argumento / Script: Peter Schnyder ; Produção /<br />

Production: Archives Andre Gide SA ; Música / Music:<br />

Nocturnes de Chopin, Sonate D960 de Schubert, Editions<br />

Koka Média et K. Musik; Imagem/Image: Jean-Claude<br />

Couty, Francois Mathon ; Montagem / Editing: Anne<br />

Klotz; Intérpretes / Cast: Catherine Gide; Comentários de<br />

/ Commentation by: Marie-Pierre Simonnot, Jean-Pierre<br />

Prevost; Colaboração de /Collaboration: Isabelle et<br />

Humphrey Bowden, Dominique et Pierre Iseli, Raphael<br />

Carron, Raphael Dupouy ; Entrevistas/Interviews: Jean-<br />

Claude Perrier, Jean-Pierre Prevost ;<br />

Duração /Running time: 90 minutos<br />

Contactos / Adress: 34 Terrassenweg 5601 Olten Suisse;<br />

p_schnyder@bluewin.ch<br />

Prémios / Awards: Selection au FIPA 2009<br />

Sinopse: O grande escritor francês André<br />

Gide tinha secretamente uma fi lha<br />

Catherine, nascida em 1923. Catherine<br />

Gide fala – com apoio de documentos<br />

não publicados – pela primeira vez sobre<br />

sua relação com esse pai e descreve a sua<br />

vida e os seus encontros com celebridades<br />

como Indira Gandhi, Roger Martin du Gard,<br />

Marc Allégret…<br />

Synopsis: The great french writer André<br />

Gide had secretly a daughter Catherine,<br />

born in 1923. Catherine Gide talks – with<br />

unpublished documents in support – for the<br />

first time about her relation with this father<br />

and describes her life and her meetings with<br />

celebrities as Indira Gandhi, Roger Martin du<br />

Gard, Marc Allégret…<br />

_ Os Anjos de Welles<br />

Título original: Welles Angels<br />

Título em inglês: Welles Angels<br />

Realização /Director: Jean-Jacques Bernard, França;<br />

Argumento / Script: Jean-Jacques Bernard; Fotografia<br />

(cor) / Photography: Stephen Barcelo; Montagem /<br />

Editing: Caroline Detournay; Som / Sound: Robin Bouet;<br />

Companhias de produção / production company:<br />

Caïmans Production ; Intérpretes / Cast: Edmond<br />

Richard, Willy Kurant, Dominique Antoine, Gary Gaver,<br />

François Thomas, Jean-Pierre Berthomé.<br />

Duração /Running time: 52 minutos<br />

Contactos / Adress: 16 rue Bleue, 75009 Paris; Jerome.<br />

barthelemy@caimans-prod.com<br />

Sinopse: “ Os Anjos de Welles “ é um<br />

documentário que dá às últimas<br />

testemunhas do incrível caminho de Welles<br />

pela Europa, oportunidade de falar. Actores<br />

como Jeanne Moreau, Michel Lonsdale,<br />

bem como fotógrafos, como Edmond<br />

Richard e Willy Kurant. Pierre Cardin,<br />

Jean Pierre Berthomé, François Thomas<br />

reúnem-se aqui para nos falar sobre o<br />

espantoso percurso de Orson Welles, desde<br />

Hollywood, até à Europa.<br />

Synopsis: “Welles Angels” is a documentary<br />

that gives the last witnesses of Welles’o<br />

incredible path in Europe a chance to talk.<br />

Actores such as Jeanne Moreau, Michel<br />

Lonsdale, as well as photographers such as<br />

Edmond Richard and Willy Kurant. Pierre<br />

Cardin, Jean Pierre Berthomé, François<br />

Thomas are also here to tell us the amazing<br />

journey of Orson Welles, from Hollywood,<br />

until here in Europe.<br />

31 | Obras a Concurso


32 | Obras a Concurso<br />

_O Caçador<br />

Título original: O Cazador<br />

Título em inglês: The Huntsman<br />

Realização /Director: Ángel Santos Touza, Espanha, 2007;<br />

Argumento / Script: Ángel Santos Touza; Fotografia (cor)<br />

/ Photography: Juan Carlos Pérez Herrero; Montagem<br />

/ Editing: Ángel Santos Touza; Som / Sound: Javier<br />

Souto; Companhias de produção / production company:<br />

Matriuska Producciones S.L.; Intérpretes / Cast: Lois<br />

Soaxe, Marta Pazos, Teté García<br />

Duração /Running time: 25 minutos<br />

Contactos/ Adress: Rua do Marco 20,36910 Lourizan<br />

– Pontevedra; asantostouza@hotmail.com<br />

Prémios / Awards: Grande Prémio – Filminho 2008,<br />

Prémio Cinema Minhoto – Filminho 2008<br />

Sinopse: A história de Anton Tchekov<br />

intitulada “O Caçador”. Dois actores<br />

sozinhos em cena construindo<br />

personagens. Um caçador e uma mulher<br />

camponesa encontram-se num campo<br />

com o tormento de uma relação passada<br />

nas suas costas. A construção da emoção,<br />

a elaboração da fi cção: a partir da palavra<br />

para a imagem.<br />

Synopsis: A story by Anton Tchekov entitled<br />

“The Hunter”. Two actors on an empty stage<br />

are constructing their characters. A hunter<br />

and a peasant woman meet on a field<br />

with the heaviness of a passed relationship<br />

behind them. The construction of emotion,<br />

the elaboration of fiction: from the word to<br />

the image.<br />

_Caminho para Meca<br />

Título original: A Road to Mecca<br />

Título em inglês: A Road to Mecca<br />

Realização /Director: Georg Misch, Áustria, 2008; Música<br />

/ Music: Jim Howard; Fotografia (cor) / Photography:<br />

Joerg Burger; Montagem / Editing: Marek Kralovski; Som<br />

/ Sound: Hjalti Bager – Jonathansson; Companhias de<br />

produção / production company: Mischief Films<br />

Duração /Running time: 92 minutos<br />

Contactos / Adress: Goethegasse 1 1010 Vienna / Austria<br />

Prémios / Awards: Piagonale, Austria – Best CaMelhor<br />

fotografia; Fiadocs, Marroco – Prémio do Grande Júri.<br />

Sinopse: No início dos anos 1920 Leopold<br />

Weiss, um judeu vienense, viajou para o<br />

Médio Oriente. O deserto fascina-o, e o<br />

Islão tornou-se o seu novo lar espiritual.<br />

Ele deixou as suas raízes judaicas para trás,<br />

converteu-se ao Islamismo e mudou o seu<br />

nome para Muhammad Asad. Ele tornouse<br />

um dos muçulmanos mais importantes<br />

do século XX, primeiramente como<br />

conselheiro na corte real da Arábia Saudita,<br />

e mais tarde traduzindo o Corão para<br />

Inglês. Asad também foi um co-fundador<br />

do Paquistão e seu embaixador na ONU.<br />

O realizador segue os seus passos em vias<br />

de desaparecimento, que conduzem do<br />

deserto árabe até ao Ground Zero.<br />

Synopsis: In the early 1920s Leopold Weiss,<br />

a Viennese Jew, travelled to the Middle<br />

East. The desert fascinates him, and Islam<br />

became his new spiritual home. He left his<br />

Jewish roots behind, converted to Islam and<br />

changed his name to Muhammad Asad. He<br />

became one of the most important Muslims<br />

of the 20th century, first as an advisor at<br />

the royal court of Saudi Arabia, and later<br />

translating the Koran into English. Asad<br />

was also a co-founder of Pakistan and its<br />

ambassador to the UN. The director follows<br />

his fading footsteps, leading from the<br />

Arabian Desert to Ground Zero.


_A Canção de Mim Próprio<br />

Título original: A Song of Myself<br />

Título em inglês: A Song of Myself<br />

Realização /Director: William Farley, Estado Unidos<br />

da America, 2007; Fotografia (cor) / Photography: D.P.<br />

Barry Stone; Montagem / Editing: Richard Lovien; Som<br />

/ Sound: Pitillip Perkins; Companhias de produção /<br />

production company: wm Farley Film Group; Intérpretes<br />

/ Cast: John O’Keefe<br />

Duração /Running time: 50 minutos<br />

Contactos / Adress: Pob 883564 San Francisco, CA 94188;<br />

farleyfilm@gmail.com<br />

Sinopse: O internacionalmente aclamado<br />

dramaturgo John O’Keefe adaptou o<br />

poema de Walt Whitman numa realização<br />

primorosa, equilibrando uma recitação<br />

directa e uma interpretação imaginativa,<br />

captando a grandeza de espírito e a música<br />

das palavras de Whitman.<br />

Synopsis: Internationally acclaimed<br />

playwrights John O’Keefe has adapted Walt<br />

Whitman’s poem into a dramatic tour de<br />

force poised between a straight recitation<br />

and an imaginative interpretation,<br />

capturing the spirit grandeur and music of<br />

Whitman words.<br />

_Cântico Negro<br />

Título original: Cântico Negro<br />

Título em inglês: Dark Hymn<br />

Realização /Director: Helder João Lopes Magalhães,<br />

<strong>Portugal</strong>, 2008; Argumento / Script: Helder Magalhães,<br />

a partir de um poema de José Régio; Produção/<br />

Production: Helder Magalhães; Música / Music:<br />

Sydney Poma; Fotografia (cor) / Photography: Helder<br />

Magalhães; Montagem / Editing: Helder Magalhães;<br />

Som / Sound: Helder Magalhães, Sydney Poma;<br />

Companhias de produção / production company: Helder<br />

Magalhães Produções; Intérpretes / Cast: João Villaret<br />

(arquivo áudio, gravado ao vivo); Maria Bethânia (arquivo<br />

áudio gravado ao vivo)<br />

Duração /Running time: 7 minutos<br />

Contactos / Adress: Rua António Santos Oliveira, 397,<br />

1ºDto 4760-297 V. N. Famalicão; helder_magalhaes@<br />

hotmail.com<br />

Sinopse: “Cântico Negro” procura transpor<br />

em imagem o poema homónimo de José<br />

Régio. Não se trata de uma adaptação nem<br />

impõe uma interpretação ao espectador;<br />

pelo contrário, “Cântico Negro” tenta abrir<br />

portas a novas interpretações e a novas<br />

leituras a este poema.<br />

Synopsis: “Dark Hymn” tries to transpose<br />

into image the homonymous poem by José<br />

Régio. It is not an adaptation neither it<br />

imposes an interpretation to the spectator,<br />

by the contrary, “Dark Hymn” tries to open<br />

doors to new interpretations and new<br />

readings of this poem.<br />

33 | Obras a Concurso


34 | Obras a Concurso<br />

_O Clube da Calceta<br />

Título original: O Club da Calceta<br />

Realização /Director: Antón Dobao, Espanha, 2008;<br />

Argumento / Script: Sandra Senra; Texto: Antón Dobao,<br />

Miguel Barros; Produção / Production: Julio Casal<br />

Fernández-Couto; Fotografia (cor) / Cinematography:<br />

Alexandra Fernández Carnero, Suso Bello Giz; Montagem /<br />

Editing: Luis Faraón; Decoração / Set Decoration: Fernanda<br />

Castelo; Guarda-roupa/ Costume Design: Asier Olloquiegui;<br />

Maquilhagem / Makeup: Eva Fontenla; Assistentes de<br />

produção / production assistant: César PardiÑas, Jose<br />

BaÑos; Som / Sound: Joan Riba Roque; Companhias de<br />

produção / production company: Ficcion Producciones,<br />

Televisión de Galicia, Diagonal TV, Televisió de Catalunya.<br />

Intérpretes / Cast: Mela Casal, Susana Dans, Sonia Castelo,<br />

Maria Vázquez Rodriguez, Katia Klein.<br />

Duração /Running time: 90 minutos<br />

Contactos / Adress: produccion@ficcion-producciones.com<br />

Sinopse: Vigo. 2007. Cinco mulheres juntam-se<br />

para formar um clube. Este pequeno grupo<br />

insignifi cante aos olhos dos outros converte-se<br />

numa união de mulheres muito diferentes entre<br />

si. Através das suas reuniões elas despem-se<br />

dos seus medos e angústias provocados por<br />

uma sociedade machista. Este grupo dá-lhes<br />

força para lutarem por uma mudança individual<br />

nas suas vidas. Homens de diferentes classes<br />

sociais são vítimas das armadilhas delas. Estas<br />

armadilhas chegam cada vez mais longe e são<br />

cada vez mais fortes. Vingança, reivindicação e<br />

justiça…. Porque é uma revolução e isso não se<br />

pode parar... ou pode?...<br />

Synopsis: Vigo. 2007. Five women joined up to<br />

form a club. This small group insignificant in<br />

the eyes of others becomes a union of women<br />

very different. Through their meetings they will<br />

strip their fears and anxieties caused by a sexist<br />

society. This group gives them strength to fight for<br />

individual change in their lives. Men from different<br />

social classes suffer from the pitfalls of them.<br />

These traps come increasingly far and are growing<br />

stronger. Revenge, justice... Why a revolution and<br />

that we can not stop... or you can?...<br />

_Contrato<br />

Título original: Contrato<br />

Título em inglês: Contract<br />

Realização /Director: Nicolau Breyner, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />

Argumento / Script: Pedro Bandeira Freire, Álvaro<br />

Romão, Nicolau Breyner; Música / Music: Elvis Veiguinha;<br />

Fotografia (cor) / Photography: José António Loureiro;<br />

Montagem / Editing: João Braz; Som / Sound: Quintino<br />

Bastos e Branko Neskov; Companhias de produção /<br />

production company: Hora Mágica; Intérpretes / Cast:<br />

Pedro Lima, Cláudia Vieira, Vitor Norte, José Raposo, Sofia<br />

Aparício, José Wallenstein, Pedro Granger, George Felner,<br />

José Boavida, Joaquim Nicolau, Adelaide João e Nicolau<br />

Breyner.<br />

Duração /Running time: 1h.36m 14s<br />

Contactos / Adress: Quinta do Machado, 2605 – 011 Belas<br />

Sintra; hora.magica.pt@gmail.com<br />

Sinopse: Peter Mcshade é um hitman. No<br />

decorrer de um contrato para assassinar<br />

um homem em Marrocos, as coisas correm<br />

mal e Peter mata o sobrinho de um chefe<br />

da máfi a nova-iorquina. Peter volta a<br />

Lisboa com um novo contrato, matar um<br />

chefe da máfi a com o controlo de toda a<br />

zona da Península Ibérica. Através de várias<br />

peripécias somos atraídos para o universo<br />

de um assassino profi ssional, um sub<br />

mundo repleto de acção e erotismo que<br />

não vai deixar ninguém indiferente.<br />

Synopsis: Peter Mcshade is a hitman. During<br />

a contract to kill a man in Morocco, things<br />

go wrong and Peter kills the nephew of a<br />

mafia boss of New York. Peter returns to<br />

Lisbon with a new contract, killing a leader<br />

of the mafia who controls the whole area<br />

of the Iberian Peninsula. Through various<br />

adventures we are attracted to the world<br />

of a hitman, an underworld full of action<br />

and eroticism that will not leave anyone<br />

indifferent.


_Discorama, por Glaser<br />

Título original: Discorama, Signé Glaser<br />

Título em inglês: Discorama, by Glaser<br />

Realização /Director: Esther Hoffenberg, França, 2007;<br />

Argumento / Script: Esther Hoffenberg; Música / Music:<br />

Benjamin Bober; Fotografia (cor) / Photography: Laurent<br />

Fénart; Montagem / Editing: Sophie Reiter; Som / Sound:<br />

Benjamin Bober; Companhia de produção / production<br />

company: INA – Georges Groult<br />

Duração /Running time: 67 minutos<br />

Contactos / Adress: 4 avenue de l’europe 94360 Bry sur<br />

Marne<br />

Sinopse: Denise lançou o seu programa<br />

“Discorama” em 1959. Denise Glaser foi<br />

a primeira produtora /anfi triã a receber<br />

tratamento de estrela pela imprensa, que<br />

comemorou as suas descobertas: Barbara,<br />

Gainsbourg, Maxime Le Forestier, Michel<br />

Polnareff ... e muitos mais. Denise Glaser<br />

tornou-se a rainha das entrevistas. O fi lme<br />

descreve o destino de Denise Glaser e<br />

de muitos dos envolvidos no Discorama,<br />

procurando dar as suas imagens, ao<br />

mesmo tempo sofi sticadas e populares.<br />

Synopsis: Denise launched her programme<br />

“Discorama” in 1959. Denise Glaser was the<br />

first producer/programme-host to be given<br />

star treatment by press, which celebrated<br />

her discoveries: Barbara, Gainsbourg,<br />

Maxime Le Forestier, Michel Polnareff…and<br />

many more. Denise Glaser became the<br />

queen of interviewing. The film sketches<br />

the destiny of Denise Glaser and of many<br />

of those involved in Discorama, while<br />

attempting to be in their image, at once<br />

sophisticated and popular.<br />

_Divórcio ao Estilo Albanês<br />

Título original: Razvod po albanski<br />

Título em inglês: Divorce Albanian Style<br />

Realização /Director: Adela Peeva, Bulgária, 2007;<br />

Argumento / Script: Adela Peeva; Música / Music:<br />

Fatos Qerimaj; Fotografia (cor) / Photography: Joro<br />

Nedelkov; Montagem / Editing: Jelio Jelev; Som/Sound:<br />

Ivaylo Yanev, Mihal Pruski; Companhia de produção /<br />

production company: Adela Media Film & TV Production<br />

Duração /Running time: 66 minutos<br />

Contactos / Adress: 1164 Sofia, Bulgária 3, Babuna<br />

planina Str.; adelamedia@adelamedia.net<br />

Prémios/Awards: Nomination of the European Film<br />

Academy for: The Best Documentary 2007 – Prix Arte<br />

Special Award of the Jury: National Non – Fiction Film<br />

Festival “Golden Rython” 2007; Grand Prix “Golden Chest”<br />

for the Best Documentary International TV Festival<br />

“Golden Chest” 2007; Best Bulgarian Documentary<br />

2007 Award of the Bulgarian National Film Center;<br />

Best Documentary 2006 – 2007 Award of the Union of<br />

Bulgarian Film makers; SRG SSR Idée Suisse 2008 – Prize<br />

of the Swiss Broadcasting Corporation; Human Rights<br />

Award – XIV Sarajevo International Film Festival 2008;<br />

Special Commendation Award – Prix Europe 2008 – Best<br />

Television Documentary<br />

Sinopse: No mundo surreal da Albânia<br />

comunista de 1960, muitos milhares<br />

de famílias foram separadas à força<br />

pelo regime totalitário de Enver Hodha.<br />

“Divórcio ao Estilo Albanês” narra a história<br />

dessas famílias, e dos membros do partido<br />

e ofi ciais da polícia secreta que mudaram<br />

as suas vidas para sempre.<br />

Synopsis: In the surreal world of 1960s<br />

communist Albania, many thousands<br />

of families were forcibly separated by<br />

the totalitarian regime of Enver Hodha.<br />

“Divorce Albanian Style” tells the story of<br />

these families, and of the apparatchiks and<br />

officers of the secret police who changed<br />

their lives forever.<br />

35 | Obras a Concurso


36 | Obras a Concurso<br />

_A Dupla Inconstância<br />

Título original: La Double Inconstance<br />

Título em inglês: Double Inconstancy<br />

Realização /Director: Carole Giacobbi, França, 2007;<br />

Argumento / Script: Carole Giacobbi, segundo peça de<br />

Marivaux; Produção / Production: Jean Labib; Música /<br />

Music: Eric Neveux; Fotografia (cor) / Cinematography:<br />

Pierre Cottereau; Montagem / Editing: Raphael Vetin;<br />

Maquilhagem / Makeup: Patrick Girault; Som / Sound:<br />

Damien Aubry, Thomas Pietrucci; Companhias de<br />

produção / production company: Compagnie des Phares<br />

et Balises; Intérpretes / Cast: Jean-Hugues Anglade,<br />

Serge Hazanavicius, Eglantine Rembauville-Nicolle,<br />

Clément Sibony, Elsa Zylberstein, etc.<br />

Duração /Running time: 90 minutos<br />

Contactos / Adress: Compagnie des Phares et Balises<br />

– 55bis, rue de Lyon, 75012, Paris, França. 0033144751133<br />

– eviara@phares-balises.fr.<br />

Prémios / Awards: Estreia mundial<br />

Sinopse: Sílvia e Arlequim estão<br />

apaixonados, mas o Príncipe quer casar<br />

com Sílvia e rapta-a. Com a ajuda de<br />

Flamínia, planeia seduzi-la e fazê-la<br />

esquecer Arlequim, antes de o dia chegar<br />

ao fi m.<br />

Synopsis: Silvia and Harlequin are in love,<br />

but the Prince wants to marry Silvia and<br />

kidnaps her. With the help of Flaminia, he<br />

plans to seduce her and make her forget<br />

Harlequin before the end of the day.<br />

_Fernando Lopes Graça<br />

Título original: Fernando Lopes-Graça<br />

Realização /Director: Graça Castanheira, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />

Produção / Production: Valentim de Carvalho, Televisão;<br />

Fotografia (cor) / Cinematography: Cláudia Varejão;<br />

Montagem / Editing: Graça Castanheira, Mariana<br />

Gaivão; Direcção de produção / direction of production:<br />

; Som / Sound: Bruno Dias; Direcção de Produção/<br />

direction of production: Maria João Tomaz; Pós-Produção<br />

de Som: Tiago Matos<br />

Duração /Running time: 52 minutos<br />

Sinopse: Fernando Lopes-Graça, a sua obra<br />

musical e literária, a sua personalidade e os<br />

tempos da resistência.<br />

Synopsis: Fernando Lopes-Graça, his musical<br />

and literary work, his personality and the<br />

times of the resistance.


_Godard, Amor e Poesia<br />

Título original: Godard, L’Amour, La poesie<br />

Título em inglês: Godard, Love and Poetry<br />

Realização /Director: Luc Lagier, França, 2007;<br />

Argumento / Script: Luc Lagier; Fotografia (cor) /<br />

Photography: Alexandre Auque, Magali Roucaut;<br />

Montagem / Editing: Alexandre Auque; Companhias de<br />

produção / production company: Point du Jour<br />

Duração /Running time: 53 minutos<br />

Contactos / Adress: 23, rue de cronstadt – 75015 Paris<br />

– France; h.defremont@pointdujour.fr<br />

Sinopse: Godard, Amor e Poesia... um título<br />

que por si só é um romance. O romance de<br />

um período de tempo muito especial na<br />

carreira de um realizador muito especial.<br />

A extravagante e um pouco mítica<br />

era que conquistou a imaginação dos<br />

frequentadores das salas de cinema. Os<br />

cartazes e fotos desses tempos ainda hoje<br />

são vistos em dezenas de postais nas lojas<br />

de Paris.<br />

Synopsis: Godard, Love and Poetry… a title<br />

that is a novel in itself. The novel of a very<br />

special period of time in the career of a<br />

very special director. A flamboyant and<br />

somewhat mythical era that has captured<br />

cinema-goers’ imagination. The posters and<br />

pictures reminiscent of these years are still<br />

to be seen on dozens of postcards in the<br />

shops in Paris.<br />

_Grandes Livros – Os Maias<br />

Título original: Grandes Livros – Os Maias<br />

Título em inglês: Great Books – Os Maias<br />

Realização /Director: João Osório, <strong>Portugal</strong>, 2008-<br />

2009; Argumento / Script: Alexandre Borges; Música<br />

/ Music: R. Buracchio; Fotografia (cor) / Photography:<br />

Sérgio Correia; Montagem / Editing: João Osório; Som /<br />

Sound: Golden Pony Estúdio; Companhias de produção<br />

/ production company: Companhia de Ideias Anónimas<br />

Lda; Intérpretes / Cast: Gonçalo Cosmelli, João Pedreiro;<br />

Locução: Diogo Infante;<br />

Duração /Running time: 50 minutos<br />

Contactos / Adress: Av. António Augusto Aguiar 150 F – 2º<br />

ESQ 1050 – 021 Lisboa; sbroadbent@companhiadeideias.<br />

com<br />

Sinopse: “Grandes Livros” é uma série<br />

de 12 documentários, com 50 minutos<br />

cada, narrados por Diogo Infante. O<br />

conceito assenta na análise da obra mais<br />

emblemática de um escritor, neste caso<br />

“Os Maias”, de Eça de Queirós, a estória, o<br />

contexto histórico, a importância que tem,<br />

a história do autor.<br />

Synopsis: “Grandes Livros” is a series of 12<br />

documentaries, of 50 minutes each, narrated<br />

by Diogo Infante. The concept is based on<br />

the analysis of the most emblematic work<br />

of a writer, in this case “Os Mias”, by Eça de<br />

Queirós: the story, the historical context, the<br />

importance it has, the story of the author.<br />

37 | Obras a Concurso


38 | Obras a Concurso<br />

_Guarda Livros<br />

Título original: Guarda Livros<br />

Título em inglês: Bookkeeper<br />

Realização /Director: Eduardo Adelino, <strong>Portugal</strong>, 2008-<br />

2009; Argumento / Script: José Fanha; Apresentação<br />

/ Presentation: Francisco José Viegas; Produção /<br />

Production: Lila Lacerda; Música / Music: Phillip<br />

Glass; Fotografia (cor) / Photography: Diogo Jerves d’<br />

Authouguia; Montagem / Editing: Eduardo Adelino;<br />

Companhias de produção / production company:<br />

Xapalhok;<br />

Intérpretes / Cast: Francisco José Viegas, Rúben de<br />

Carvalho, Urbano Tavares Rodrigues, Irene Pimentel,<br />

Mário Cláudio.<br />

Duração /Running time: 25-30 minutos cada um dos 4<br />

episódios a concurso.<br />

Contactos / Adress: Xapalhok;<br />

Sinopse: Francisco José Viegas visita as<br />

bibliotecas de personalidades conhecidas<br />

e conversa sobre os livros...”Guarda livros”<br />

convidou António-Pedro Vasconcelos,<br />

António Borges Coelho, Maria Filomena<br />

Mónica, Marcello Mathias, José Miguel<br />

Júdice, Rúben de Carvalho, Vasco Graça<br />

Moura, Lauro António, Urbano Tavares<br />

Rodrigues, Irene Pimentel, Mário Cláudio,<br />

Jaime Nogueira Pinto, entre alguns mais.<br />

Cerca de 15 programas, todos eles “em casa<br />

das pessoas, junto dos seus livros, das suas<br />

estantes, das suas memórias”.<br />

Synopsis: Francisco José Viegas visits the<br />

libraries of several well known Portuguese<br />

personalities to talk about books…<br />

“Bookkeeper” invited António-Pedro<br />

Vasconcelos, António Borges Coelho, Maria<br />

Filomena Mónica, Marcello Mathias, José<br />

Miguel Júdice, Rúben de Carvalho, Vasco<br />

Graça Moura, Lauro António, Urbano<br />

Tavares Rodrigues, Irene Pimentel, Mário<br />

Cláudio, Jaime Nogueira Pinto, among<br />

others. About 15 documentaries, all of them<br />

shoot “at their own homes, by their books,<br />

their bookshelves and their memories”.<br />

_Histórias: Primeira Ajuda<br />

Título original: Cuentos: Primeros Auxilios<br />

Título em inglês: Stories: First Aids<br />

Realização /Director: María Suárez e Esteban Varadé,<br />

Espanha, 2009; Argumento / Script: María Suárez e<br />

Esteban Varadé; Música / Music: Javier Bergia; Fotografia<br />

(cor) / Photography: Jose Arana; Montagem / Editing:<br />

Esteban Varadé; Som / Sound: Sonoris; Companhias de<br />

produção / production company: Nananino S.L.<br />

Intérpretes / Cast: Tim Bowley, Quico Cadaval, Teresa<br />

Carril, Andrés Conde, Lola Edu Angue, Victoria Gullón,<br />

Montse Gutiérrez, Ana Herreros, Virginia Imaz,<br />

Magdalena Labarga, Torsten Lange, Donald Lehn, Yuya<br />

Martín, Nina Martínez de Lafuente, Miguel Mba, Isabella<br />

Méndez, Aurora Merino, Maricuela María Molina, Pedro<br />

Nguema, María Nsue, Margarita Núñez, Boniface Ofogo<br />

Nkama, Casilda Regueiro, Rosita Rey, Livia Romero,<br />

Carolina Rueda, Rafael Santamaría, Carmen Savoini,<br />

Sergio Tena, Pepe Viyuela<br />

Duração /Running time: 55 minutos<br />

Contactos / Adress: C/canillas nº2, 7Dch 28002 Madrid;<br />

nananino@telefonica.net<br />

Sinopse: Uma pessoa partilha uma história<br />

consigo. Uma viagem através de contos,<br />

fantasia, medo, amor e risos. 30 Contadores<br />

de histórias de 13 países diferentes, a contar<br />

histórias.<br />

Synopsis: A person shares a story with you. A<br />

journey through tales, fantasy, fear, love and<br />

laughter. 30 story tellers from 13 different<br />

countries telling stories.


_ Hitchcock e a<br />

"Nouvelle Vague"<br />

Título original: Hitchcock et la Nouvelle Vague<br />

Título em inglês: Hitchcock and the “Nouvelle Vague”<br />

Realização /Director: Jean-Jacques Bernard, França, 2007;<br />

Argumento/Script: Jean-Jacques Bernard ; Produção<br />

/ Production: Caïmans Productions ; Fotografia (cor)<br />

/ Cinematography: Stephen Barcelo ; Montagem /<br />

Editing: Jean-Denis Buré ; Som / Sound: Nicolas Bouvet,<br />

David Renaud ; Interpretes/cast: Charles Bitsch, Claude<br />

Chabrol, Luc Moullet, Jacques Rivette, Eric Rohmer<br />

Duração /Running time: 58minutos<br />

Contactos/Adress: 16 rue Bluee, 75009 Paris, France<br />

info@caimans-prod.com<br />

Sinopse: A infl uência de Hitchcock na<br />

“Nouvelle Vague” francesa. A “politica de<br />

autores”, a redescoberta de Hitch e os<br />

jovens cineastas dos “Cahiers du Cinema”.<br />

A teoria e a prática do cinema, em fi nais da<br />

década de 50.<br />

Synopsis: The influence of Hitchcock on<br />

the French “Nouvelle vague”. The “ authors’<br />

politic “, the rediscovery of Hitch and young<br />

people moviemakers of “Cahiers du Cinema”.<br />

The theory and practice of the cinema in the<br />

late 1950s.<br />

_ O Julgamento<br />

Kravchenko<br />

Título original: L’ Affair Kravchenko’s<br />

Título em inglês: Kravchenko’s Trial Cold War in Paris<br />

Realização /Director: Bernard George, França, 2008;<br />

Argumento / Script: Emmanuel Blanchard and Bernard<br />

George; Música / Music: Bacchenini; Fotografia (cor) /<br />

Photography: Jean-Louis Laforêt; Montagem / Editing:<br />

Pierre-Joseph Licidé; Som / Sound: Flonent Ravalec;<br />

Companhias de produção / production company:<br />

Cineteve / Mrs Lucie Pastor.<br />

Duração /Running time: 52 minutos<br />

Contactos / Adress: l.pastor@cineteve.fr<br />

Sinopse: O processo do desertor soviético Vitor<br />

Kravchenko contra o semanário comunista<br />

francês, Les Lettres Françaises, tornou-se o<br />

«julgamento do século». Kravchenko chamou<br />

testemunhas que falaram pela primeira<br />

vez sobre a fome na Ucrânia, as purgas e, 15<br />

anos antes Solshenitsyn, o inferno do Gulag<br />

soviético. O jornal apoiado por Moscovo<br />

chamou testemunhas e intelectuais,<br />

que durante a batalha judicial, negaram<br />

ferozmente as provas. Durante três meses o<br />

tribunal foi um teatro de guerra-fria: o Gulag<br />

versus ideologia. Quais são os mecanismos<br />

insidiosos que conseguem forçar as pessoas a<br />

manterem-se cegas à verdade?<br />

Synopsis: Soviet defector Vitor Kravchenko’s<br />

libel suit against the French communist weekly,<br />

Les Lettres française, became the «trail of the<br />

century». Kravchenko called on witnesses<br />

who spoke for the first time about the famine<br />

in Ukraine, the purges, and 15 years before<br />

Solshenitsyn, the hell of the Soviet gulag. The<br />

Moscow-supported paper brought in witnesses<br />

and intellectuals, who in battle order, fiercely<br />

denied the evidence. For three months the<br />

courtroom was a theatre of cold war: the gulag<br />

vs. ideology. What insidious mechanisms force<br />

one to remain blind to the truth?<br />

39 | Obras a Concurso


40 | Obras a Concurso<br />

_Levantado do Chão<br />

Título original: Levantado do Chão<br />

Título em inglês: Raised from the Ground<br />

Realização /Director: Alberto Serra, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />

Argumento / Script: Alberto Serra; Música / Music:<br />

Bruno Afonso; Fotografia (cor) / Photography: Pedro<br />

Silveira Ramos; Montagem / Editing: António Nunes;<br />

Som / Sound: Carlos Nunes; Companhia de produção /<br />

production company: RTP – Rádio e Televisão de <strong>Portugal</strong>;<br />

Contactos / Adress: Av. Marechal Gomes da Costa, 37<br />

- 1849-030 Lisboa; Alberto.serra@rtp.pt<br />

Sinopse: Documentário inédito sobre a vida<br />

e obra do Prémio Nobel da Literatura, José<br />

Saramago. Mais do que uma biografi a, este<br />

documentário pretende dar a conhecer ao<br />

grande público os momentos decisivos da<br />

vida de um homem que aos cinquenta e<br />

três anos ainda não era escritor.<br />

Synopsis: Unscreened documentary<br />

about the life and work of Nobel Prize<br />

for Literature, José Saramago. More than<br />

a biography, this documentary aims to<br />

present to the public the decisive moments<br />

in the life of a man who at fifty-three was<br />

not yet a writer.<br />

_ Mestre-Cantor de<br />

Wagner, Siegfried de<br />

Hitler – A vida e o Tempo<br />

de Max Lorenz<br />

Título original: Wagner Meistersänger, Hitlers Siegfried<br />

– Auf den Spuren von Max Lorenz<br />

Título em inglês: Wagner’s Mastersinger, Hitler’s<br />

Siegfried – The life and times of Max Lorenz<br />

Realização /Director: Eric Schulz, Wischmann Claus,<br />

Alemanha, 2008; Argumento / Script: Eric Schulz;<br />

Fotografia (cor) / Photography: Fariba Nilchian;<br />

Montagem / Editing: Peter Klum; Som / Sound: Zora<br />

Butzke; Companhias de produção / production company:<br />

EuroArts Music International GmbH; Intérpretes / Cast:<br />

Dietrich Fischer-Dieskau, René Kollo, Lieselott Tietjen,<br />

Waldemar Kmentt, etc.<br />

Duração /Running time: 52 minutos<br />

Contactos / Adress: Goldschmidtstraße 12, 04103 Leipzig;<br />

f.gerdes@euroarts.com<br />

Sinopse: O excelente cantor Max Lorenz<br />

era o tenor favorito de Hitler. Mas ele era<br />

casado com uma judia e era também<br />

homossexual. A biografi a deste notável<br />

intérprete de Wagner está intimamente<br />

ligada à história de Haus Wahnfried em<br />

Beirute. Seguindo a sua carreira fi ca-se a<br />

conhecer um período muito inconstante<br />

da história recente, da perspectiva de uma<br />

ambivalente personalidade artística.<br />

Synopsis: The outstanding singer Max<br />

Lorenz was Hitler’s favourite tenor. But<br />

he was married to a Jewess and he was<br />

also homosexual. The biography of this<br />

outstanding Wagner singer is closely bound<br />

up with the story of Haus Wahnfried<br />

in Bayreuth. Tracing his career involves<br />

contemplating a highly volatile period in<br />

recent history from the perspective of an<br />

ambivalent artistic personality.


_ O Mistério Segundo<br />

Clarice Lispector<br />

Título original: O Mistério Segundo Clarice Lispector<br />

Título em inglês: The Mystery according to Clarice<br />

Lispector<br />

Realização /Director: Patrícia Lino, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />

Argumento / Script: Patrícia Lino; Música / Music:<br />

Caetano Veloso – “Clarice”; Fotografia (cor) /<br />

Photography: Patrícia Lina; Montagem / Editing: Patrícia<br />

Lino; Som / Sound: Patrícia Lino; Intérpretes / Cast:<br />

Andreia Oliveira, Cristina Felgueiras, Dinis Leitão, Edson<br />

Basílio, Henrique Monteiro, Hugo Lima, Patrícia Lino,<br />

Tayna Borges, Tiago Lino, Tiago Sousa Garcia.<br />

Duração /Running time: 5 minutos;<br />

Contactos / Adress: Rua Padre Ricardo Marques dos<br />

Santos, 246-248 Valongo, Porto – <strong>Portugal</strong>; patricialino1@<br />

sapo.pt<br />

Sinopse: “O Mistério segundo C.L.” centrase<br />

no mistério com que nos confrontamos<br />

assim que entramos em contacto com a<br />

obra de Clarice Lispector.<br />

Synopsis: “The Mystery according to C.L.”<br />

focuses on the mystery we face as we<br />

enter into contact with the work of Clarice<br />

Lispector.<br />

_Nome de Código Melville<br />

Título original: Sous le nom de Melville<br />

Título em inglês: Code Name Melville<br />

Realização /Director: Oliver Bohler, França, 2008;<br />

Argumento / Script: Oliver Bohler; Música/Music: Jessica<br />

Lalanne; Fotografia (cor) / Cinematography: Julien<br />

Selleron; Montagem / Editing: Nicolas Dupouy; Som /<br />

Sound: Jean-Luc Peart / Renaud Michel; Companhias de<br />

produção / production company: Nocturnes Productions;<br />

Intérpretes / Cast: Jean-Pierre Melville, Volker<br />

Schlondorff, Johnnie To, Bertrand Tavernier, Masahiro<br />

Kobayashi, Rémy Grumbach, Laurent Grousset, Pierre<br />

Grasset, Philippe Labro, André S. Labarthe, Léo Fortel.<br />

Duração /Running time: 76 minutos<br />

Contactos / Adress: 59 avenue de la Résistence 93100<br />

Montreuil – France<br />

nocturnesproductions@yahoo.fr<br />

Sinopse: Combinando entrevistas a<br />

cineastas, actores, amigos e parentes<br />

de Jean-Pierre Melville, com fi lmagens<br />

inéditas de arquivo e excertos de fi lmes,<br />

Code Name: Melville mostra como o<br />

trabalho do realizador foi infl uenciado<br />

pela sua experiência durante a II Guerra<br />

Mundial, e como estruturou toda sua<br />

abordagem ao cinema, a sua temática e<br />

sua estética.<br />

Synopsis: Combining interviews of<br />

filmmakers, actors, friends and relative<br />

of Jean-Pierre Melville, with rare archival<br />

footage and film extracts, Code Name:<br />

Melville shows how the director works were<br />

impacted by his experience during World<br />

War II, and how it structured his whole<br />

approach to cinema, its thematic and its<br />

aesthetics.<br />

41 | Obras a Concurso


42 | Obras a Concurso<br />

_A Paixão “Bolero”<br />

Título original: La Passion Boléro<br />

Título em inglês: “Bolero” Passion<br />

Realização /Director: Michel Follin, França, 2007;<br />

Argumento / Script: Christian Labrande, Michel Follin;<br />

Música / Music: Maurice Ravel; Fotografia (cor) /<br />

Photography: George de Genevraie; Montagem / Editing:<br />

Adriana Komives; Som/Sound: Ives Laisne, Grazicla<br />

Barrault, Stéphan Morelli; Companhia de produção /<br />

production company: 13 Production<br />

Duração /Running time: 59m13s<br />

Contactos / Adress: 6 A rue crinas Prolongee 13007<br />

Marseille France ; 13paris@13production.com<br />

Sinopse: O tema do fi lme pode ser<br />

considerado a investigação do “Bolero<br />

mistério”: como é que um trabalho que<br />

aparenta ser tão simples se torna o maior<br />

sucesso do repertório da música clássica,<br />

repleto de musicalidade profana, mas<br />

também admirada pelos mais exigentes<br />

teóricos musicais.<br />

Synopsis: The theme of the film could<br />

said to be the investigation of the “Bolero<br />

mystery”: how a work which is so simple in<br />

appearance became the greatest success of<br />

the classical music repertoire, hummed by<br />

the musically profane, but also admire by<br />

the most demanding musical theorists.<br />

_Pequenos Cabos Brancos<br />

Título original: Little White Wires<br />

Título em inglês: Little White Wires<br />

Realização /Director: Massimo Amici, Itália, 2007;<br />

Argumento / Script: Massimo Amici; Música / Music:<br />

Massimi Amici; Fotografia (cor) / Photography: Carlo<br />

Stoppa; Montagem / Editing: Massimi Amici; Som<br />

/ Sound: Massimi Amici; Companhia de produção /<br />

production company: Acalumafilms; Intérpretes / Cast:<br />

Gianpiero Cognoli<br />

Duração /Running time: 5 minutos<br />

Contactos / Adress: Via Sogliano, 21 int.10-00165 Roma-<br />

Itália; mail@acaluma.com<br />

Prémios/Awards: Arrivano i Corti (Montelancio<br />

Itália)- Agosto 2007 Melhor argumento; CortoNOVO<br />

(Borgonovo Itália)- Abril 2008 Prémio do Publico; Salento<br />

Finibus Terrae (San Vit - Itália)- Julho 2008 Melhor Curta,<br />

argumento, actor; Inventa un Film (Lenola - Itália) - Julho<br />

2008 Revelação; Dieciminuti Film Festival (Frosinone<br />

- Itália) - Janeiro 2009 Melhor curta.<br />

Sinopse: John está a ver televisão, fazendo<br />

zapping. De repente, um rosto na TV<br />

começa a falar com ele. Embora ele não<br />

entenda onde a pessoa da TV quer chegar,<br />

ele sabe que se passa algo errado.<br />

Synopsis: John’s watching TV, zapping<br />

through the channels. Suddenly, a face in<br />

the TV starts talking to him. Though he<br />

doesn’t understand what the guy on TV<br />

is getting at, he knows there’s something<br />

wrong.


_A Rainha Morta<br />

Título original: La Reine Morte<br />

Título em inglês: The Dead Queen<br />

Realização /Director: Pierre Boutron, França, 2008;<br />

Argumento / Script: Pierre Boutron ; Música / Music:<br />

Angélique, Jean-Claude Nachon ; Fotografia (cor) /<br />

Photography: José António Loureiro; Montagem /<br />

Editing: Patrice Monnet; Companhia de produção /<br />

production company: Christian Charret, Jacques Salles;<br />

Intérpretes / Cast: Michel Aumont, Gaëlle Bonna,<br />

Thomas Jouannet, Astrid Bergès-Frisbey, Aladin Reibel<br />

Duração /Running time: 90 minutos<br />

Contactos / Adress: 8, Boulevard dês Capucines – 75009<br />

Paris – França; gfittante@marathon.fr<br />

Sinopse: Ferrante, Rei de <strong>Portugal</strong>, quer<br />

casar o seu fi lho Dom Pedro com a Infanta<br />

de Navarra. Ele não sabe que Dom Pedro já<br />

casou com Dona Inês de Castro em segredo<br />

e que ela está à espera do seu fi lho com<br />

Dom Pedro. A inocente Inês cativa Ferrante<br />

com sua seriedade e com a pureza dos seus<br />

sentimentos. Mas, apesar disso, o velho rei<br />

tem de se conformar em sacrifi car os dois<br />

amantes e sua paixão, para bem do Estado.<br />

Synopsis: Ferrante, King of <strong>Portugal</strong>, is to<br />

marry his son Don Pedro to the Infanta of<br />

Navarro. He doesn’t know that Don Pedro<br />

has already wedded Dona Inês de Castro<br />

in secret and that she is carrying his child.<br />

Candid Inês captivates Ferrante with her<br />

earnestness and the purity of her feelings.<br />

But the old king must nevertheless resign<br />

himself to sacrifice the two lovers and their<br />

passion for the sake of the state.<br />

_Re-Leituras para Todos<br />

Título original: Re-Lectures Pour Tous<br />

Título em inglês: Re- Reading for All<br />

Realização /Director: Robert Bober, França, 2007;<br />

Argumento / Script: Robert Bober; Fotografia (cor) /<br />

Photography: Jean-Claude Decoret; Montagem / Editing:<br />

Françoise Besnier; Som / Sound: Francisco Camino;<br />

Companhia de produção / production company: INA<br />

Georges Groult;<br />

Duração /Running time: 58 minutos<br />

Contactos / Adress: 4 Avenue de L’europe 94360 Bry Sur<br />

Marne; ggroult@ina.fr<br />

Sinopse: “(Re)Lectures pour tous” pode<br />

também ser lido como “Relectures pour tous”.<br />

Não é um jogo de palavras, mas antes um<br />

programa acerca de um programa, um dos<br />

mais prestigiados, num tempo em que a<br />

televisão tinha pouco que oferecer. Consistia<br />

numa conversa entre Pierre Dumayet e um<br />

escritor, seguida de uma conversa entre Pierre<br />

Desgraupes e um escritor e, por fi m, uma<br />

crónica de Max-Pol Fouchet sobre as suas<br />

leituras. Céline, Aragon, Queneau, Mauriac,<br />

Vailland, Schwarz-Bart participaram. Robert<br />

Bober seleccionou trinta programas. Depois<br />

fi lmou durante 58 minutos Pierre Dumayet a<br />

vê-los e as suas reacções.<br />

Synopsis: “(Re)Lectures pour tous” may also<br />

be read as “Relectures pour tous”. It is not a<br />

quibble, but rather a film concerning a tvshow,<br />

one of the most prestigious, in a time<br />

when television had little to offer. It included<br />

a conversation between Pierre Dumayet and<br />

a writer, followed by a conversation between<br />

Pierre Desgraupes and a writer and, at the end,<br />

a column by Max-Pol Fouchet on what he was<br />

currently reading. Céline, Aragon, Queneau,<br />

Mauriac, Vailland, Schwarz-Bart have been<br />

there. Robert Bober selected 30 shows. Then he<br />

shoot for 58 minutes Pierre Dumayet watching<br />

those images and the way he reacted to it.<br />

43 | Obras a Concurso


44 | Obras a Concurso<br />

_O Rei Não Morre<br />

Título original: Regele NU moare<br />

Título em inglês: Le Roi ne Meurt Pas<br />

Realização /Director: Lucia Hossu Longin, Dan Necsulea,<br />

Roménia, 2007; Argumento / Script: Lucia Hossu Longin;<br />

Produção / Production: Televiziunea Romana; Fotografia<br />

(cor) / Cinematography: Ion Cristodulo, Valentin Ilie,<br />

Viorel Sergovici; Montagem / Editing: Sebastian Chelu;<br />

Som / Sound: Ion Holtea<br />

Duração /Running time: 50 minutos<br />

Contactos / Adress: Calea Dorobantilor 191, Sector 1,<br />

010565 Bucarest, Roumaine<br />

Relatii.internationale@tvr.ro<br />

Sinopse: Uma biografi a de Eugène Ionesco,<br />

o grande escritor de origem romena e de<br />

cultura francesa, o dramaturgo que criou<br />

o teatro do Absurdo e cujas peças são<br />

representadas em Paris há cinquenta anos,<br />

sem interrupção, no teatro de la Huchette.<br />

Este destino, tinha-o ele pressentido, ao<br />

escrever no seu diário, aos 16 anos, « Serei<br />

um dos maiores escritores da história do<br />

mundo ».<br />

Synopsis: A biography of Eugène Ionesco, the<br />

great writer of Romanian origin and French<br />

culture, the playwright who created the<br />

theatre of the Absurd and whose plays have<br />

been played in the theatre of la Huchette, in<br />

Paris, for the last fifty years, without a break.<br />

He had perceived this outcome, when he<br />

wrote, in his diary, when he was 16 years old,<br />

“ I will be one of the greatest writers in the<br />

history of the world “.<br />

_Revendo “Lire c’est Vivre”<br />

Título original: En revoyant “Lire c’est vivre”<br />

Título em inglês: Revewing “To read is to Live”<br />

Realização /Director: Robert Bober, França, 2007;<br />

Fotografia (cor) / Photography: Jean-Claude Decoret;<br />

Montagem / Editing: Françoise Besnier; Som / Sound:<br />

Francisco Cemeno; Companhia de produção / production<br />

company: INA Georges Groult;<br />

Duração /Running time: 58 minutos<br />

Contactos / Adress: 4 Avenida de l’Europe, 94360 Bry Sur<br />

Marne; ggroult@ina.fr<br />

Sinopse: Para Pierre Dumayet a questão<br />

da leitura pareceu então mais importante<br />

do que a questão do livro. E concluiu : “É<br />

preciso saber – e mostrar – como é que os<br />

livros são lidos.” Daí a ideia de dar a ler o<br />

mesmo livro a cinco ou seis pessoas. Os<br />

leitores apropriavam-se do livro, cada um à<br />

sua maneira. Conhecer uma personagem<br />

num livro, é um pouco como conhecer<br />

alguém na vida real. Com “Lectures pour<br />

tous”, Dumayet ouvia aquele que tinha<br />

escrito. Com “Lire c’est vivre” (“Ler é Viver”),<br />

ele ouvia aqueles que o tinham lido.<br />

Synopsis: For Pierre Dumayet the question<br />

of reading therefore appeared more<br />

important than the issue of the book. And<br />

he concluded: “We need to know – and show<br />

– how the books are read.” And he thought<br />

of giving the book to five or six people to<br />

read it. The readers got in possession of<br />

the book, each in his own way. Getting to<br />

know a character in a book, is like getting to<br />

know somebody in real life. In “Lectures pour<br />

tous”, Dumayet listened to the one who had<br />

written. In “Lire c’est vivre”, he listened to the<br />

one that had read it.


_O Senhor X<br />

Título original: Monsieur X<br />

Título em inglês: Mister X<br />

Realização /Director: Jean-Phillippe Puymartin &<br />

Marianne Basler, França, 2008; Argumento / Script:<br />

Adaptação do romance de Marguerite Duras; Música /<br />

Music: Siegfried Canto; Fotografia (cor) / Photography:<br />

Paco Wiser; Montagem / Editing: Jeanne Moutard;<br />

Companhia de produção / production company:<br />

Puymartin/Basler; Intérpretes / Cast: Marianne Basler,<br />

Jean-Phillippe Puymartin, Oliver Augrond, Anne-Laure<br />

Brasey, Jacques Lassalle.<br />

Duração /Running time: 1h16m<br />

Contactos / Adress: 12 Allee Les Pinsons 78170 La Celle<br />

ST Cloud France<br />

Sinopse: Paris. Junho de 1944. Vencendo os<br />

seus medos, Marguerite Duras dirige-se ao<br />

escritório da Gestapo tentando descobrir<br />

o que se passa com o seu marido. Neste<br />

lugar sinistro ela conhece o homem que<br />

o prendeu. Durante seis semanas, até a<br />

liberação de Paris, eles vão encontrar-se<br />

todos os dias... com a morte no fi nal do<br />

caminho...<br />

Synopsis: Paris. June 1944. Overcoming her<br />

fears, Marguerite Duras goes directly to the<br />

Gestapo’s Office trying to hear from her<br />

husband. In this sinister place she meets the<br />

man who arrested him. For six weeks until<br />

the liberation of Paris, they will meet every<br />

day… with death at the end of the road…<br />

_ Simone de Beauvoir,<br />

Uma Mulher Actual<br />

Título original: Simone de Beauvoir, une Femme Actuelle<br />

Título em inglês: Simone de Beauvoir, a Woman of our<br />

Time<br />

Realização /Director: Dominique Gros, França, 2007;<br />

Argumento/Script: Dominique Gros ; Produção<br />

/ Production: Les Films d’Ici; Fotografia (cor) /<br />

Cinematography: Nathalie Durand, Dominique Gros,<br />

Bertrand Mouly ; Montagem / Editing: Martine Bouquin;<br />

Som / Sound: Antoine Rodet ;<br />

Duração /Running time: 52 minutos<br />

Sinopse: Por ocasião do centenário do<br />

nascimento de Simone de Beauvoir (Janeiro<br />

1908), Dominique Gros propõe a discussão<br />

da personalidade da romancista, fi lósofa,<br />

mas também política e activista feminista.<br />

O fi lme vai ao encontro desta mulher, em<br />

toda a sua riqueza e complexidade, à luz<br />

de uma época cheia de mudanças. A dupla<br />

que ela formou com o jovem Jean-Paul<br />

Sartre foi um pilar para a vida literária e<br />

política nos anos 1940 a 1970.<br />

Synopsis: On the occasion of the centenary<br />

of the birth of Simone de Beauvoir (January,<br />

1908), Dominique Gros proposes to discuss<br />

the personality of both the novelist and the<br />

philosopher, but also the political activist<br />

and the feminist. The film reveals this<br />

woman, in all her richness and complexity,<br />

under the light of an era full of changes. The<br />

duo she formed with young Jean-Paul Sartre<br />

has been a support of the literary and politic<br />

life in the years 1940 to 1970.<br />

45 | Obras a Concurso


46 | Obras a Concurso<br />

_ O Triângulo Imperfeito<br />

Título original: El Triangulo Imperfecto<br />

Título em inglês: The Imperfect Triangle<br />

Realização /Director: Jorge Bompart, Argentina, 2009;<br />

Argumento / Script: Claudia Gaensel, Jorge Bompart,<br />

segundo obra de Mari Gandolfo; Produção / Production:<br />

Jorge Bompart; Música / Music: Nicolas Di Paolo;<br />

Montagem / Editing: Jorge Bompart; Direcção artística<br />

/ Art Direction: Jorge Bompart; Animação / Animation:<br />

Jorge Bompart; Som / Sound: Ezequiel Ferrarotti;<br />

Duração /Running time: 9 minutos<br />

Contactos / Adress: Joge Bompart, Sucre 2661, PBC – CP<br />

1428; Buenos Aires, Argentina; jorgebompart@hotmail.<br />

com<br />

Prémios / Awards: estreia mundial.<br />

Sinopse: Numa tranquila cidade onde<br />

os habitantes vem o tempo passear,<br />

amarrados a hábitos, crenças ou talvez<br />

superstições inocentes, uma rapariga<br />

experimenta, a partir do seu encontro<br />

com uma senhora desconhecida, a dor<br />

de crescer bruscamente, descobrindo a<br />

realidade do mundo dos adultos.<br />

Synopsis: In a calm town where the<br />

inhabitants see the time pass by, tied to<br />

costumes, believes or perhaps innocent<br />

superstitions, a girl experiments from her<br />

encounter with a strange lady, the pain to<br />

grow suddenly discovering the reality of the<br />

world of the adults.


_Laura Soveral<br />

Título original: Laura Soveral<br />

Título em inglês: Laura Soveral<br />

Realização /Director: Graça Castanheira, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />

Produção / Production: Filmes do Tejo; Música / Music:<br />

Marco Figueiredo; Fotografia (cor) / Cinematography:<br />

Cláudia Varejão<br />

Montagem / Editing: Graça Castanheira; Direcção de<br />

produção / direction of production: Caroline Barraud;<br />

Som / Sound: Pedro Semedo; Pós-Produção: Real Ficção<br />

Duração /Running time: 50 minutos<br />

Sinopse: Vida e obra de Laura Soveral, uma<br />

das grandes actrizes portuguesas das<br />

últimas décadas, com um percurso muito<br />

particular tanto do teatro como no cinema,<br />

onde avultam interpretações marcantes,<br />

como a sua em “Uma Abelha na Chuva”.<br />

Synopsis: The life and work of Laura Soveral,<br />

one of the last decades’ major Portuguese<br />

actresses, with a very significant career,<br />

both in the theatre as in the cinema,<br />

where we can highlight some remarkable<br />

interpretations, such as in “Uma Abelha na<br />

Chuva”.<br />

_ Humberto Delgado:<br />

Obviamente Demito-o!<br />

Título original: Humberto Delgado: Obviamente<br />

Demito-o!<br />

Título em inglês: Humberto Delgado: Obviamente<br />

Demito-o!<br />

Realização: Lauro António (<strong>Portugal</strong>, 2008); Argumento:<br />

Lauro António; Fotografia (cor): Carlos Cunha; Música:<br />

Beethoven (Sinfonia nº 3, Heróica), Marisa (Ó Gente<br />

da minha Terra), Carlos do Carmo (Um Homem na<br />

Cidade), Amália Rodrigues (Abannono); Montagem:<br />

Francisco Sequeira; Som: Jorge Cabanelas, Ricardo<br />

Simões; Assistente de Realização: Frederico Corado;<br />

Genérico: Teresa Martins; Grafismo adicional: Nicolau<br />

Tudela; Produção: João Barrigana; RTP, Av. Marechal<br />

Gomes da Costa nº 37, 1080-030 – joão.barrigana@rtp.<br />

pt. Intérpretes: Iva Delgado, Humberto Rosa, Marcelo<br />

Rebello de Sousa, Mário Soares, Ramalho Eanes, Adriano<br />

Moreira, Fernando Dacosta, Fernando Rosas, Vasco<br />

Lourenço, Pezarat Correia, Otelo Saraiva de Carvalho,<br />

António Taborda, Luís Farinha, Maria Barroso, Jaime<br />

Nogueira Pinto, Manuel Cavaco, Varela Gomes, Manuel<br />

Serra, João Mário Mascarenhas, Joaquim Vieira, Irene<br />

Pimentel, etc. Duração: 58’<br />

Contacto: RTP, Av. Marechal Gomes da Costa nº 37, 1080-<br />

030 ou Lauro António – laproducine@gmail.com<br />

Sinopse: No dia 10 de Maio de 2008<br />

comemoraram-se 50 anos sobre o início<br />

da campanha para as eleições de 1958,<br />

protagonizada pelos candidatos da<br />

oposição, General Humberto Delgado, e<br />

da União Nacional, Almirante Américo<br />

Thomaz. Evocando e reavivando não só os<br />

tempos do Estado Novo e da ditadura de<br />

Oliveira Salazar, numa análise crítica actual<br />

e despreconceituosa, como sobretudo a<br />

personalidade vulcânica e vibrante do<br />

“General sem Medo”, como fi cou conhecido<br />

na História, este documentário recorda<br />

um período particularmente quente e<br />

signifi cativo da luta política que terá<br />

marcado toda a História da segunda<br />

metade do século XX em <strong>Portugal</strong>.<br />

47 | Extra-Concurso


48 | Extra-Concurso<br />

_ Pessoalmente<br />

Maria do Céu Guerra<br />

Título original: Pessoalmente Maria do Céu Guerra<br />

Título em inglês: Maria do Céu Guerra Herself<br />

Realização /Director: Frederico Corado, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />

Entrevista conduzida por Júnior Sampaio; Produção /<br />

Production: Entrar em Palco Associação Cultural com<br />

Magazin Produções para Entretanto MIT Valongo;<br />

Música / Music: António Vitorino D’Almeida; Fotografia<br />

(cor) / Cinematography: Frederico Corado; Montagem<br />

/ Editing: Frederico Corado; Direcção de produção /<br />

direction of production: Cátia Garcia; Intérpretes/cast:<br />

Maria do Céu Guerra, Rita Lello, Changuito, João Paulo<br />

Guerra, Hélder Costa, Carlos Avilez, Lauro António,<br />

António Vitorino D’Almeida, Nuno Brederode Santos<br />

Duração /Running time: 60 minutos<br />

Sinopse: A vida e a carreira de Maria do<br />

Céu Guerra, uma das maiores actrizes e<br />

encenadoras portuguesas. Excertos de<br />

“Crónica dos Bons Malandros”, “Casino<br />

Oceano”, “O Mal Amado”, “Menino ou<br />

Menina”, “Play It Again”, “Agosto – Contos<br />

da Emigração”, “Antígona”, “Pranto de<br />

Maria Parda”, “Oh Que Dia Tão Estúpido”,<br />

“Felizmente Há Luar”, etc. Fotografi as do<br />

arquivo pessoal da actriz, Museu Nacional<br />

do Teatro, Teatro Experimental de Cascais e<br />

do Teatro A Barrac.<br />

Synopsis: The life and career of Maria do<br />

Céu Guerra, one of the greatest Portuguese<br />

actresses and director. Extracts of ““Crónica<br />

dos Bons Malandros”, “Casino Oceano”, “O<br />

Mal Amado”, “Menino ou Menina”, “Play<br />

It Again”, “Agosto – Contos da Emigração”,<br />

“Antígona”, “Pranto de Maria Parda”, “Oh<br />

Que Dia Tão Estúpido”, “Felizmente Há Luar,<br />

etc. Photos from the personal archive of the<br />

actress, Museu Nacional do Teatro, Teatro<br />

Experimental de Cascais and from the Teatro<br />

A Barraca.


FAMAFEST<br />

2009<br />

DA PALAVRA À IMAGEM


50 | da Palavra à Imagem<br />

_AUSTRÁLIA<br />

Baz Luhrmann não tem sorte com a maioria dos críticos encartados. Quando os seus<br />

fi lmes se estreiam, por exemplo em <strong>Portugal</strong>, as primeiras opiniões são francamente<br />

desfavoráveis, depois com o passar do tempo e com as opiniões do comum dos<br />

espectadores que transformam os seus fi lmes em obras de culto, muitos dão a mão<br />

à palmatória, dão o dito por não dito, e aclamam os lançamentos em DVD, e outras<br />

coisas tais. Aconteceu em “Romeo + Julieta”, aconteceu de forma dramática com essa<br />

obra-prima chamada “Moulin Rouge”, volta a acontecer agora com este belíssimo e<br />

sumptuoso épico melodramático erigido em louvor da sua terra natal, “Austrália”.<br />

Como já perceberam, gosto muito do fi lme, ainda que não o considere uma obraprima<br />

(mas que importa isso? que importa se um fi lme não é perfeito, quando nos<br />

sentimos tão bem na sua companhia?). Ora já convém saber o que me leva a gostar<br />

do fi lme, porque gostar só por gostar não interessa muito (a não ser numa perspectiva<br />

pessoal).<br />

Vamos ver se consigo colocar aqui as principais razões. A primeira, porque se trata de<br />

um fi lme que gosta de contar histórias, que vive de contar histórias, o que se percebe<br />

logo desde o início quando uma criança aborígene australiana explica o que o mágico<br />

seu avô lhe confessou: “O mais importante do mundo é contar histórias”, porque ao<br />

contar histórias estamos a perpetuar a nossa História. Esta perspectiva de “contar<br />

histórias”, que começou por ser oral, passou à escrita e ao papel, e agora progride nas<br />

imagens e nos sons, é algo de fabuloso que urge preservar. “Contar histórias” pode<br />

ser tanta coisa, mas é sobretudo dialogar, ofertar saber, imaginação, e transformar o<br />

homem num ser “culto”. A cultura alimenta-se de histórias. Um fi lme que gosta de<br />

personagens que contam histórias é um fi lme que gosta de contar histórias, para<br />

um público que goste de ouvir histórias. Agrada-me. A seguir vem a história que Baz<br />

Luhrmann quer contar, o que pode ser observado sob vários pontos de vista. Mas há<br />

um que sobressai sobre todos os outros: Baz Luhrmann é australiano e ama a sua terra,<br />

a cor da paisagem, o pó dessa terra vermelha, ensanguentada, os pores-do-sol, a água<br />

que jorra em cascatas infi nitas, as montanhas rasgadas a pique sobre desfi ladeiros<br />

ou planícies, ama as vacas e os cavalos selvagens, ama a vida livre e selvagem, ama os<br />

mágicos que se sustentam do alto das montanhas só sobre um pé, ama as crianças<br />

que acreditam nos poderes sobrenaturais, ama os actores e os técnicos do seu país (o<br />

fi lme é quase integralmente criado por um elenco e uma equipa técnica australiana)<br />

e consegue transmitir-nos esse enorme amor a uma terra, uma cultura, uma história,<br />

uma realidade presente (que se torna “presente” através de uma história do passado<br />

recente). Fá-lo não de forma pretensiosa, mas com uma sinceridade que surpreende.<br />

Nada no fi lme soa a falso, nada faz lembrar um frete de encomenda (apesar do governo<br />

da Austrália, ao que se sabe, ter subsidiado em grande o fi lme, para fazer dele um cartão<br />

de visitas condigno). É, pois, uma parte da história da Austrália que Baz Luhrmann quer<br />

contar, ou, como confessou numa entrevista, “explicar aos fi lhos porque eles se devem<br />

orgulhar da sua terra.” Aos seus fi lhos e aos fi lhos de todo o mundo que olham esta<br />

gesta e se devem sentir ufanos não só de serem australianos, mas humanos. Porque<br />

esta é também uma história sobre a grandeza do homem. De um homem que para ser<br />

grande tem de ultrapassar barreiras ignóbeis criadas pelo próprio homem. Essa é já<br />

uma outra parte da história.<br />

Estamos em 1939, a Alemanha nazi invadiu a Polónia e “O Feiticeiro de Oz” estreiase<br />

nos cinemas, com Judy Garland a cantar “Over de Rainbow”. Sarah Ashley (Nicole


Kidman), uma aristocrata inglesa, cujo marido se encontra na Austrália, criando gado<br />

e preparando-se para o vender ao exército, resolve viajar até Darwin, a cidade mais<br />

próxima de “Faraway Downs”, uma quinta de criação de cavalos e vacas, com terras a<br />

perder de vista, no norte do continente. Não é o marido que a recebe, mas o condutor<br />

de gado, Drover (Hugh Jackman). Sarah e Drover não simpatizam desde logo um<br />

com o outro, Sarah vem para esta terra inóspita carregada de malas, de preconceitos<br />

e de ideias estabelecidas (julga que o marido a trocou por alguma aborígene), mas<br />

lentamente descobre várias realidades encobertas, a primeira das quais que o senhor<br />

Ashley acabara de ser assassinado, que ela se encontra viúva numa terra estranha,<br />

que dirigir “Faraway Downs” vai ser matéria dura de roer, que existe nessa fazenda<br />

um miúdo, Nullah (Brandon Walters), órfão, que “não é preto nem branco” e foge das<br />

autoridades que o querem aprisionar e tornar escravo, por quem se vai tomar de<br />

amores. Escusado será dizer que por outros amores se tomará pelo condutor de gado.<br />

Mas antes há que referir a existência de um cruel e desapiedado administrador da<br />

quinta, Neil Fletcher (David Wenham) e o tenebroso latifundiário e proprietário de gado,<br />

King Carney (Bryan Brown), que não quer concorrentes neste campo e tudo faz para<br />

afastar Sarah e “Faraway Downs” do seu caminho. Mas quanto mais a enxotam, mais<br />

Sarah parece interessada em levar a sua avante, ou não fosse ela uma continuação das<br />

mulheres abnegadas e de rija têmpera que têm em Scarlett O’Hara modelo, tal como<br />

“Austrália” tem como paradigma “E Tudo o Vento Levou” (para lá de outras epopeias de<br />

um David Lean, por exemplo), e “Faraway Downs” recorda “Tara”. As semelhanças vão<br />

mais longe. Vejam-se as heroínas: uma sai da Irlanda para a América, jovem nação, que<br />

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entra numa guerra de Norte contra o Sul, de irmãos contra irmãos; a outra viaja de<br />

Inglaterra, rumo à Austrália, onde vai descobrir igualmente os horrores de uma guerra<br />

devastadora, a II Guerra Mundial, com os japoneses a bombardearem e invadirem a<br />

Austrália, entrando por Darwin, que destroem por completo. Uma mulher “de rendas”,<br />

vinda do velho continente, que surpreende dentro de si as forças necessárias para levar<br />

a sua tarefa até ao fi m, um condutor de gado que não aceita amarras nem conluios,<br />

uma criança que gosta de ouvir histórias, e à volta de tudo isto, exploradores de gado<br />

gananciosos, assassinos a soldo, padres vendidos, missões transformadas em bases<br />

de recrutamento de mão de obra escrava, preconceitos de raça, de sexo e de casta<br />

fi nanceira, brancos, pretos e nem uma coisa nem outra, aborígenes que lentamente<br />

foram sendo dizimados, e a II Guerra Mundial a estoirar no centro das suas vidas. Uma<br />

história e tanto!<br />

Mas o mais curioso é que Baz Luhrmann não pega na história de uma forma realista.<br />

Nada disso ou não fosse ele o autor de “Romeo + Julieta” e de “Moulin Rouge”. O que faz<br />

é precisamente recolher os estereótipos destas histórias melodramáticas e coser um<br />

puzzle onde tudo se apresenta conforme a convenção, para depois se reconduzir ao<br />

seu lugar mais realista. A inglesa (num novo continente) surge em Darwin carregada<br />

de malas azuis, de roupa interior rendada, de saltos altos, tremelicando ao andar<br />

nas ruas de terra batida, tal como a lenda diria que o que fora, assim acontecera. O<br />

“condutor de gado” anda à zaragata num bar como nos bons velhos tempos do Oeste,<br />

sozinho contra todos e acabando por vencer. O miúdo é salvo de ser espezinhado por<br />

uma manada de mil e quinhentas vacas por acção mágica. E, no entanto, pelo poder<br />

de contar uma história, ali estamos nós, comovidos e absortos, a rir intimamente com<br />

os estereótipos e a chorar por fora, que bem se ouviam os soluços na sala e os lenços<br />

amarfanhados nas mãos. Romântico até dizer chega (o par em contraluz numa baía<br />

de sonho, à noite, com as luzes da cidade a refl ectirem-se na água), melodramático<br />

até às lágrimas (o reencontro fi nal não deixa ninguém indiferente), bem intencionado<br />

até à medula (com a defesa dos fracos e dos oprimidos, dos negros e dos aborígenes,<br />

das mulheres e das crianças, e da liberdade do mundo), “Austrália” consegue ser tudo<br />

isso de uma forma tão galvanizante que, partindo da mentira do espectáculo que<br />

todos descobrem ser falso, acaba por atingir a verdade. A verdade dos travellings de<br />

Baz Luhrmann sobrevoando aquela terra mágica com uma beleza selvagem e pura.<br />

A verdade de um elenco extremamente bem dirigido, onde os momentos míticos, na<br />

linha do mais puro cinema clássico americano, surgem fulgurantes (deixemos de lado<br />

a presença de Nicole Kidman, que já conhecemos, e que se mantém igual a si própria,<br />

ou seja excelente sob todos os pontos de vista, e atentemos nas “aparições” do novo<br />

sex symbol do cinema, Hugh Jackman, que são escolhidas a preceito: toma banho para<br />

valorizar o tronco, numa cena certamente das mais épicas para o público feminino – e<br />

algum masculino; surge de súbito no cimo de uma escadaria, em impoluto fato branco,<br />

deslumbrando pelo inesperado; embrenhando-se nalguns dos beijos mais sensuais do<br />

cinema dos últimos anos; etc.). Depois temos a referência constante a “O Feiticeiro de<br />

Oz”, ao seu universo mágico, e ao prazer inesquecível de “regressar a casa”, depois da<br />

aventura e da tormenta. Todos, no fi lme, regressam a casa, a essa Austrália que os viu<br />

nascer e que os lançou no cinema mundial. Agora regressam agradecidos.<br />

Talvez um pouco excessivamente longo, talvez um pouco desequilibrado, talvez um<br />

pouco … sei lá, não é uma obra-prima perfeita, mas é um daqueles fi lmes que dá um<br />

prazer danado ver. Por isso o cinema é grande.


_AUSTRÁLIA<br />

Título original: Australia<br />

Realização: Baz Luhrmann (Austrália, EUA, 2008); Argumento: Baz Luhrmann, Stuart Beattie, Ronald Harwood, Richard<br />

Flanagan; Produção: G. Mac Brown, Catherine Knapman, Baz Luhrmann, Catherine Martin, Paul ‘Dubsy’ Watters; Música:<br />

David Hirschfelder; Fotografi a (cor): Mandy Walker; Montagem: Dody Dorn, Michael McCusker; Casting: Nikki Barrett,<br />

Ronna Kress; Design de produção: Catherine Martin; Direcção artística: Ian Gracie, Karen Murphy; Decoração: Beverley<br />

Dunn; Garda-roupa: Catherine Martin; Maquilhage: Simone Wajon, Kerry Warn; Direcção de produção: Aaron Downing,<br />

Simon Lucas; Assistentes de realização: Danielle Blake, Jeremy Grogan, Bruce Hunt, Jennifer Leacey, Scott Lovelock, Guy<br />

Norris, Simon Warnock; Departamento de arte: Kristen Anderson, Colette Birrell, Simon Elsley, Jenny Hitchcock; Som:<br />

Wayne Pashley; Efeitos especiais: Brian Cox, Thomas Van Koeverden; Efeitos visuais: Myles Asseter, Viv Baker, David Booth,<br />

Chris Godfrey, Danny Huerta, Gemma James, Chad Malbon, James E. Price, Peter Webb; Animação (cena de cangurus):<br />

Gerard Van Ommen Kloeke; Companhias de produção: Bazmark Films, Twentieth Century-Fox Film Corporation.<br />

Intérpretes: Nicole Kidman (Lady Sarah Ashley), Hugh Jackman (Drover), Bryan Brown (King Carney), Brandon Walters<br />

(Nullah), Ray Barrett (Bull), David Wenham (Neil Fletcher), Ben Mendelsohn (Capitão Dutton), Sandy Gore (Gloria<br />

Carney), Jacek Koman (Ivan), Essie Davis (Cath Carney), Tony Barry, Tara Carpenter, Rebecca Chatfi eld, Lillian Crombie,<br />

Max Cullen, Arthur Dignam, Michelle Dyzla, Haidee Gaudry, Terence Gregory, David Gulpilil, Jamie Gulpilil, Peter Gwynne,<br />

Sean Hall, Joy Hilditch, Matthew Hills, Jimmy Hong, Bill Hunter, Jarwyn Irvin-Collins, Robert Jago, John Jarratt, Eugene<br />

Kang, Crusoe Kurddal, Liam Lannigan, Siena Larsson, Cody Lea, Jack Leech, Charles Leung, Jacob Linger, Mark Malabirr,<br />

John Martin, Logan Mattingley, Adam McMongial, Dylan Minggun, Phillippe Moon, Nyalik Munungurr, Patrick Mylott,<br />

David Ngoombujarra, Barry Otto, Angus Pilakui, Robin Queree, Mark Rathbone, Garry Scott, John Sheerin, Bruce Spence,<br />

Jack Thompson, Wah Yuen, Kerry Walker, Elaine Walker, Matthew Whittet, Ursula Yovich, Anthony Cogin, Anton Monsted,<br />

etc. Duração: 165 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Filmes Castello Lopes; Classifi cação etária: M /12 anos; Estreia em<br />

<strong>Portugal</strong>: 25 de Dezembro de 2008 (<strong>Portugal</strong>).<br />

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_O CAVALEIRO DAS TREVAS<br />

“O Cavaleiro das Trevas”, de Christopher Nolan, baseia-se num conceito e numa<br />

personagem, para sobre eles erguer todo o fi lme. O conceito é a dualidade de<br />

potencialidades que existe no interior de cada ser humano, e que podem ser<br />

desenvolvidas para o Bem ou para o Mal, o que se exemplifi ca de forma bem concreta<br />

na personagem de Harvey Dent (Aaron Eckhart), mais tarde também chamado<br />

precisamente “Two-Face”, e que deita à sorte a morte ou a sobrevivência de quem consigo<br />

se cruza atirando uma moeda ao ar, uma cara clara ou uma coroa bem escura. Ou seja,<br />

para Jonathan Nolan e Christopher Nolan, que escreveram o argumento de “The Dark<br />

Knight”, conjuntamente com David S. Goyer, segundo lendárias personagens criadas<br />

por Bob Kane, na célebre banda desenhada, o Homem tem dentro de si a capacidade<br />

de escolher o seu caminho, investindo no Bem ou acometendo o Mal, consoante o<br />

seu desígnio. Mas este desígnio é prefi gurado no fi lme por dois símbolos igualmente<br />

muito signifi cativos enquanto tal: Batman (Christian Bale) e Joker (Heath Ledger). O<br />

Bem sabe-se que se chama, na realidade, Bruce Wayne, que tem uma dupla existência,<br />

sendo por vezes o misterioso Batman, que é milionário e se serve da sua riqueza não<br />

só para lutar contra o crime, como para socorrer quem precisa. Do Mal, nada se sabe. O<br />

Joker é, efectivamente, um enigma, como enigma são todos os grandes “monstros” da<br />

história humana. Como chegaram ao que foram ninguém sabe, apesar de se lançarem<br />

muitas pistas sociais e psicanalíticas. O Mal existe, está aí, é o Joker neste fi lme. Um Mal<br />

terrível, que não se preocupa com a acumulação do dinheiro ou a conquista do poder,


que não tem intenções pessoais de grandeza desmedida, que se instala e segreda ao<br />

ouvido de cada um, como o grilo do Pinóquio, sempre numa catastrófi ca perspectiva<br />

demoníaca. São as modernas “Tentações de Santo Antão”, onde as provocações do Mal<br />

existem apenas como forma de corromper o Homem, a sociedade e, sobretudo, o Bem.<br />

O Joker não tem qualquer fi to concreto na extensão do Mal a não ser precisamente<br />

isso, expandir o Mal. O seu olhar não repousa tranquilamente sobre as vítimas, vagueia<br />

no espaço, fala de forma capciosa para alguém, mas olha em redor em busca de nova<br />

vítima, quer multiplicar os pecadores, ampliar o horror, criar o caos total, sem intuitos<br />

pré-defi nidos, apenas porque o caos é assim, sem princípio nem fi m, sem arrumação<br />

possível, imprevisível e absurdo, tal qual a genial criação de Heath Ledger.<br />

Se Batman é arrumadinho e consciencioso, tem escritório e guarda-fato electrónico<br />

para a sua máscara secreta, se tem a ciência que o ajuda (que o aconselha sobretudo<br />

a ser moralmente irrepreensível e não invadir a privacidade do cidadão, coisa de<br />

somenos para a actual administração Bush), se tem um mordomo que vela pela sua<br />

comodidade, se aceita passar por vilão, para que a polis sobreviva, se Batman é a<br />

norma positiva da vida em sociedade, o Joker é obviamente o seu contrário, o triunfo<br />

do absurdo sob a forma de horror. Um horror que se estampa desde logo no seu rosto<br />

de um riso imposto, de boca riscada a lâmina, com múltiplas explicações, adaptadas a<br />

cada novo ouvinte.<br />

O Joker normalmente é a carta do baralho que traz fortuna (veja-se a ambiguidade do<br />

termo “fortuna”, que quer dizer “sorte” e “riqueza”, como se ambas se sobrepusessem).<br />

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Aqui o Joker não anuncia nada de benigno, antes pelo contrário. Em Gotham City, o<br />

crime vive ameaçado por um promotor público que o quer erradicar da cidade e por<br />

um chefe da polícia que está igualmente disposto a não pactuar com a corrupção e<br />

o desmando. Batman é o aliado de ambos a quem se recorre para impor ordem na<br />

desordem. Basta acender rumo ao céu o holofote que a comunidade já conhece para<br />

que o temor e o respeito pela justiça desçam sobre a cidade. O que leva a Máfi a a saturarse<br />

da situação que lhe deixa pouca margem de manobra. Aceita, por isso, os serviços<br />

do Joker para restaurar a velha anarquia e impor de novo o caos. O Joker agradece.<br />

Nada lhe dá mais prazer do que o Mal. Praticá-lo, sim, mas sobretudo difundi-lo, alargar<br />

horizontes, contaminar, perverter, ir ao hospital onde se encontra um doente especial e<br />

transformar o seu rosto de belo e justo cidadão no estertor da morte. Assim seja.<br />

Um tal fi lme poderia passar por uma parábola simplista para incautos desprevenidos.<br />

Mero raciocínio falhado. Ao que se assiste é a um dos melhores fi lmes do ano,<br />

alicerçado num argumento escrito com inteligência e intencionalidade, sem<br />

primarismos nem facilidades, saído de uma banda desenhada, cujo espírito respeita,<br />

mas a que confere uma maturidade e uma universalidade evidentes, e que consegue<br />

o feito indesmentível de transmitir ao longo de toda a sua projecção um enorme mal<br />

estar, esse mal estar que se instalou há anos na sociedade norte-americana e que<br />

lentamente se vai estratifi cando numa psicose malsã. O mundo atravessa uma crise<br />

profunda, mas essa crise ainda se sentirá mais na sociedade norte-americana, dividida<br />

profundamente quanto ao que de mais essencial a democracia signifi ca, o que se pode<br />

verifi car inclusive pelos resultados das sondagens eleitorais. Sem querer identifi car de<br />

forma muito primária o Mal e o Bem com divisões partidárias, o que se pode concluir<br />

é que esta divisão (em grande parte consequência do 11 de Setembro, mas também<br />

do catastrófi co governo Bush, para lá de outras causas de menor impacto) está a<br />

gerar no subconsciente colectivo uma onda de insegurança, de pânico, de angústia,<br />

de inquietação que ninguém pode ignorar, com as consequências para o futuro dessa<br />

sociedade (e do mundo) que também ninguém pode antever com precisão.<br />

Para recriar plasticamente este clima de ameaça latente, de à beira de fi m de mundo,<br />

Christopher Nolan serve-se de uma direcção artística magnífi ca, de uma excelente<br />

fotografi a, de uma banda sonora impressionante, de uma partitura musical inspirada,<br />

de uma montagem que sabe criar o clima próprio, mas sobretudo de um conjunto de<br />

actores absolutamente invulgar. Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman, Morgan<br />

Freeman, Aaron Eckhart, Maggie Gyllenhaal, Eric Roberts e tantos outros mostram-se<br />

dignos uns dos outros, criando um elenco de luxo, onde será justo destacar a cereja em<br />

cima do bolo, o malogrado Heath Ledger que demonstra aqui o seu enorme talento<br />

e a justeza da sua representação. Ser vilão é muito mais fácil do que ser um honesto<br />

e cinzento cidadão. Mas há vilões e vilões. Este de Heath Ledger não é apenas mais<br />

uma fi gura pitoresca, uma máscara postiça, um fato que se veste como se despe. Ele<br />

carrega de vida intensa uma personagem histriónica, coloca angústia no esgar que se<br />

pensa apenas sorridente, mas nunca se afasta da fi gura da tragédia. Ele transforma<br />

o Joker num símbolo de maldade imanente e absoluta que consegue alastrar a cada<br />

espectador e imbuir de pesadelos os nossos sonhos ao sair da sala de cinema. Se<br />

há actor que se liberta da lei da morte, aqui está um que se torna inesquecível. Ele<br />

continuará a povoar de inquietação e de sardónico riso as ruas solitárias e nocturnas<br />

das grandes metrópoles.


_O CAVALEIRO DAS TREVAS<br />

Título original: The Dark Knight<br />

Realização: Christopher Nolan (EUA, 2008); Argumento: Jonathan Nolan, Christopher Nolan, David S. Goyer, segundo<br />

personagens criadas por Bob Kane; Produção: Christopher Nolan, Charles Roven, Emma Thomas, Kevin De La Noy, Jordan<br />

Goldberg, Philip Lee, Karl McMillan, Benjamin Melniker, Thomas Tull, Michael E. Uslan; Música: James Newton Howard,<br />

Hans Zimmer; Fotografi a (cor): Wally Pfi ster; Montagem: Lee Smith; Casting: John Papsidera; Design de produção: Nathan<br />

Crowley; Direcção artística: Mark Bartholomew, James Hambidge, Kevin Kavanaugh, Simon Lamont, Steven Lawrence,<br />

Naaman Marshall; Decoração: Peter Lando; Guarda-roupa: Lindy Hemming; Maquilhagem: Janice Alexander, Peter Robb-<br />

King; Direcção de produção: Chen On Chu, Bill Daly, Geoff Dibben, Jan Foster, David E. Hall, Thomas Hayslip, Michael<br />

Murray, Susan Towner; Assistentes de realização: Julian Brain, Michael T. McNerney, Nilo Otero; Departamento de arte: J.<br />

André Chaintreuil, Jenne Lee, Robert Woodruff; Som: Richard King; Efeitos especiais: Chris Corbould, Don Parsons; Efeitos<br />

visuais: Joyce Cox-Weisiger, Nick Davis, Raul Esparza III, Julie Verweij, Mark H. Weingartner; Companhias de produção:<br />

Warner Bros. Pictures, Legendary Pictures, DC Comics, Syncopy; Intérpretes: Christian Bale (Bruce Wayne ou Batman),<br />

Heath Ledger (The Joker), Aaron Eckhart (Harvey Dent ou Two-Face), Michael Caine (Alfred), Maggie Gyllenhaal (Rachel<br />

Dawes), Gary Oldman (Det. Lt. James Gordon), Morgan Freeman (Lucius Fox), Monique Curnen (Det. Anna Ramirez), Ron<br />

Dean (Detective Wuertz), Cillian Murphy (Scarecrow), Chin Han (Lau), Nestor Carbonell (Mayor Anthony Garcia), Eric<br />

Roberts (Salvatore Maroni), Ritchie Coster (The Chechen), Anthony Michael Hall (Mike Engel), Keith Szarabajka, Colin<br />

McFarlane, Joshua Harto, Melinda McGraw, Nathan Gamble, Michael Vieau, Michael Stoyanov, William Smillie, Danny<br />

Goldring, Michael Jai White, Matthew O’Neill, William Fichtner, Olumiji Olawumi, Gregory Beam, Erik Hellman, Beatrice<br />

Rosen, Vincenzo Nicoli, Edison Chen, Nydia Rodriguez Terracita, Andy Luther, James Farruggio, Tom McElroy, Will Zahrn,<br />

James Fierro, Patrick Leahy, Sam Derence, Jennifer Knox, Patrick Clear, Sarah Jayne Dunn, Chucky Venice, Winston Ellis,<br />

David Dastmalchian, Sophia Hinshelwood, Keith Kupferer, Joseph Luis Caballero, Richard Dillane, Daryl Satcher, Chris<br />

Petschler, Aidan Feore, Philip Bulcock, Paul Birchard, Walter Lewis, Vincent Riotta, Nancy Crane, K. Todd Freeman, Matt<br />

Shallenberger, Michael Andrew Gorman, Lanny Lutz, etc. Duração: 152 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Columbia<br />

Pictures; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Locais de fi lmagem: EUA: Atwood Café, 1 W Washington St, Chicago, Illinois;<br />

Hotel 71 - 71 E. Wacker Drive, Downtown, Chicago, Illinois; IBM Building - 330 N Wabash, Chicago, Illinois; (interiors) Los<br />

Angeles, California; Lower Wacker Drive, Downtown, Chicago, Illinois; McCormick Place - 2301 S. Lake Shore Drive, Near<br />

South Side, Chicago, Illinois; Millennium Station, Chicago, Illinois; Navy Pier - 600 E. Grand Avenue, Near North Side,<br />

Chicago, Illinois; Old Post Offi ce, Chicago, Illinois; Old Town, Near North Side, Chicago, Illinois; Richard J. Daley Center - 55<br />

W. Randolph Street, The Loop, Downtown, Chicago, Illinois; Trump International Hotel & Tower - 401 N Wabash, Chicago,<br />

Illinois; Twin Anchors Restaurant & Tavern - 1655 N. Sedgwick Street, Lincoln Park, Chicago, Illinois. Inglaterra: Battersea<br />

Power Station, Battersea, London; Bedford, Bedfordshire; Cardington, Bedfordshire; Chertsey, Surrey; Criterion Theatre,<br />

Jermyn Street, St James’s, London; George Farmiloe Building - 28-36 St John Street, Clerkenwell, London; Leavesden<br />

Studios, Leavesden, Hertfordshire; Liverpool, Merseyside; London; Longcross, Surrey; Piccadilly Circus, Piccadilly, London;<br />

Pinewood Studios, Iver Heath, Buckinghamshire; Senate House, University College London, Malet Street, Bloomsbury,<br />

London; St John Street, Clerkenwell, London; Twickenham, Middlesex; University of Westminster, London. China, Hong<br />

Kong: International Finance Centre, Central; Queen’s Road Central, Central; The Center, Central; The Peninsula Hong Kong<br />

Hotel, Salisbury Road, Kowloon; Victoria Harbour; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 24 de Julho de 2008.<br />

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_CORAÇÕES<br />

A peça de Alan Ayckbourn, um dos dramaturgos mais encenados em Inglaterra, chamase<br />

“Medos Privados em Lugares Públicos” (“Private fears in public spaces”) e foi o original<br />

escolhido pelo francês Alain Resnais (84 anos de idade) para adaptar ao cinema. Não é a<br />

primeira vez que ambos se encontram. Em 1993, Resnais levara ao ecrã uma outra obra<br />

de Alan Ayckbourn (“Intimate Exchanges”), que traduzira por “Smoking/No Smoking”<br />

(1993). O resultado é, em ambos os casos, muito interessante, mas fi quemo-nos por<br />

agora nestes “Corações” que muita gente olha como destroços de uma sociedade<br />

onde impera a solidão e a difi culdade de comunicação (o que é uma realidade, até de<br />

um ponto de vista físico: as relações entre as pessoas são efectivamente difi cultadas<br />

pela arquitectura, a decoração, o design modernos: divisões de casas cortadas ao meio<br />

por paredes e tapumes, salas de trabalho com divisórias absurdas, balcões de bares,<br />

etc.), mas que, no seu tom geral não desemboca numa visão pessimista da condição<br />

humana, mas muito pelo contrário, numa muito saudável busca de felicidade e<br />

amor. Ou seja: realmente a vida está organizada de uma forma algo asfi xiante, mas<br />

as pessoas não se entregam, não desistem, não fenecem sem luta, sem procura, sem<br />

por vezes uma discreta exigência de felicidade que lhes traz momentos de alguma<br />

plenitude. Que é preciso aproveitar. Prova de optimismo, num cineasta que foi dos<br />

precursores da “Nouvelle vague”, que nos deu algumas das obras-primas defi nitivas<br />

do Cinema Francês e que continua a olhar-nos (e a olhar-se) de forma crítica mas não<br />

totalmente desesperada. Antes com uma ironia de percurso desarmante (veja-se o<br />

caso desse “anjo libertador” que durante o dia trabalha numa agência de imobiliário<br />

e, à noite, acalenta de forma não muito ortodoxa, por entre rezas e cabedais negros, a<br />

solidão de desgraçados à beira da morte).<br />

Três homens, três mulheres perdidos (ou achados?) em Paris: Thierry (André Dussolier)<br />

é um agente imobiliário que tenta encontrar um apartamento para Dan (Lambert<br />

Wilson) e Nicole (Laura Morante), um casal de problemáticos clientes. Na agência<br />

onde trabalha tem como colega Charlotte (Sabine Azéma), doce companheira de horas<br />

mortas que leva o seu espírito de missão até ao ponto de emprestar semanalmente<br />

ao seu vizinho de secretária cassetes gravadas de piedosas emissões de um programa<br />

de TV, “Estas canções que mudaram a minha vida”, entrevistas e variedades de teor<br />

religioso que ela não dispensa, e que deixa entrever, após o fi nal da gravação, cenas de<br />

sado-masoquismo altamente perturbadoras. Por seu turno, Thierry, vive com uma irmã<br />

mais nova, Gaelle (Isabelle Carré), mulher sedenta de amor, que procura concretizar<br />

através de encontros fortuitos em bares, onde espera pelo príncipe encantado com uma<br />

fl or na lapela. No bar de um hotel de Bercy, Lionel (Pierre Arditi), barman e confi dente,<br />

ouve os sucessivos fracassos, profi ssionais e sentimentais, de Dan, recentemente<br />

afastado da carreira militar e separado de Nicole. Depois de deixar o trabalho no bar,<br />

Lionel regressa a casa, onde cuida do pai, Arthur, um velho acamado e irascível. É aí que<br />

encontra Charlotte, em serviço de apoio a idosos. É Charlotte quem funciona como<br />

elemento de ligação neste puzzle de “corações, solitários caçadores” que a neve caindo<br />

sobre Paris irmana numa mesma imagem. Diga-se que esse efeito de montagem é um<br />

dos trunfos desta obra discreta, amável, elegante, quase secreta, sussurrada, que se<br />

aproxima muito de uma miniatura de extrema sensibilidade e pudor. Aliás na linha de<br />

outras obras de Alain Resnais, como “É Sempre a mesma Canção”, obra que mantém<br />

com “Corações” curiosas afi nidades temáticas e de construção.<br />

Excelentes actores franceses (e não só!) que infelizmente tão mal conhecemos (pois


aros são os fi lmes franceses – e europeus - que se estreiam em <strong>Portugal</strong>!) ajudam a<br />

transformar “Corações” numa festa de emoções que sabe bem frequentar. Será curioso<br />

revelar um pormenor da direcção de actores segundo Resnais. Para ele, os actores<br />

precisam de conhecer toda a vida anterior (e futura) do seu personagem. Assim, antes<br />

do início da rodagem, cada actor recebeu, juntamente com o guião, um envelope<br />

lacrado, com um selo de “confi dencial”!, contendo a biografi a do respectivo personagem,<br />

descrevendo o que pudesse ter sido a sua vida anterior, que não é revelada no fi lme,<br />

mas poderá ser adivinhada. Cada fi gura cria assim uma densidade de comportamento<br />

inesperada, muito embora pouco se saiba realmente de cada uma delas.<br />

_CORAÇÕES<br />

Título original: Coeurs<br />

Realização: Alain Resnais (França, Itália, 2006); Argumento: Jean-Michel Ribes, segundo peça teatral de Alan Ayckbourn<br />

(“Private Fears in Public Places”); Música: Mark Snow; Fotografi a (cor): Eric Gautier; Montagem: Hervé de Luze; Design<br />

de produção: Jacques Saulnier, Solange Zeitoun; Direcção artística: Jean-Michel Ducourty; Guarda-roupa: Jackie Budin;<br />

Maquilhagem: Sylvie Aid, José-Luis Casas, Patrick Inzerillo, Delphine Jaffart; Direcção de produção: Hervé Duhamel,<br />

Frédéric Grunenwald, Béatrice Mauduit; Assistentes de realização: Charlotte Buisson-Tissot, Dorothée Chesnot, Laurent<br />

Herbiet, Christophe Jeauffroy, Iris Wong; Departamento de arte: Jacky Hardouin, Philippe Margottin, Marc Pinquier; Som:<br />

Jean-Marie Blondel, Thomas Desjonquères; Efeitos especiais: Géraldine Banet, Pascale Butkovic, Karine Dubois, Benoît<br />

Rousselin, Stéphane Ruet; Efeitos visuais: Thibault Deloof, Stéphane Keller, Frederic Moreau, Frederic Moreau, Fred Roz;<br />

Produção: Valerio De Paolis, Bruno Pésery, Julie Salvador, Vitaliy Versace; Companhias de produção: Soudaine Compagnie,<br />

Studio Canal, France 2 Cinéma, Société Française de Production (SFP), BIM, Banque Populaire Images 6, Canal+, TPS Star,<br />

Centre National de la Cinématographie (CNC), Eurimages, Région Ile-de-France. Intérpretes: Sabine Azéma (Charlotte),<br />

Isabelle Carré (Gaëlle), Laura Morante (Nicole), Pierre Arditi (Lionel), André Dussollier (Thierry), Lambert Wilson (Dan),<br />

Claude Rich (Arthur, voz); Françoise Gillard (entrevistadora de TV), Anne Kessler, Roger Mollien, Florence Muller, Michel<br />

Vuillermoz, etc. Duração: 120 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Atalanta Filmes; Classifi cação etária: M/12 anos;<br />

Prémios: Melhor Realizador, Alain Resnais, e Melhor Actriz, Laura Morante, no Festival de Veneza, 2006.<br />

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_DESTRUIR, DEPOIS DE LER<br />

Não custa muito acreditar que certa crítica tenha fi cado um pouco desasada com a<br />

última película dos irmãos Joel e Ethan Coen. Para muito boa gente, “Este País Não<br />

é Para Velhos” era apenas um grandioso e seríssimo fi lme de uma violência sem<br />

limites, sobre a violência sem limites, esquecendo que os Coen são uns brincalhões,<br />

uns humoristas, por vezes muito negros, que, no que eu me lembre, nunca fi zeram<br />

um fi lme sem uma ponta de ironia e de sarcasmo. Não está nos seus genes essa coisa<br />

de não se rirem, mesmo do que parece não ter graça nenhuma. Quando a coisa não<br />

tem graça, eles inventam-na. Uma vez por outra falham (desastroso o remake de “O<br />

Quinteto era de Cordas”), mas quase sempre acertam.<br />

Umas vezes pode pender mais para o sério, outras mais para a galhofa, mas nunca<br />

anda o grave e o austero sem a sua quota de ironia, nem o humor sem a sua parcela<br />

de crítica inteligente e corrosiva. O que se passa em “Burn After Reading” é um curioso<br />

equilíbrio entre a crítica a uma certa e despudorada actual sociedade norte-americana<br />

e a sátira a essa mesma sociedade, num fi lme em que todos os seus intervenientes se<br />

divertiram magnifi camente, uns a escrever e realizar, outros a interpretar fi guras de uma<br />

imbecilidade total, todas elas ligadas a aspectos essenciais da actualidade ianque.<br />

Há o agente da CIA, o inspector de fi nanças, a médica, a escritora, os empregados de<br />

um ginásio, os directores da CIA, e afi ns. Estamos em Washington (e por alguma razão<br />

os Coen escolheram a capital política do País), e esta gente toda, como num fi lme de<br />

Robert Altman, começa sem se conhecer entre si, mas, à medida que a acção progride, os<br />

cordelinhos vão-se interligando. São todos frustrados e estúpidos como as portas, andam<br />

todos engalfi nhados sexualmente uns com os outros e, no meio das infi delidades que<br />

se cometem a toda a hora, vai girando um CD com dados aparentemente reservados de<br />

um agente da CIA que está a escrever as memórias e cuja mulher lhe rouba os segredos<br />

do PC, sobretudo para lhe escamotear as contas bancárias. Os segredos vão parar à<br />

Embaixada da Rússia, em busca de uma boa recompensa que dê para esticar as mamas<br />

e adelgaçar o rabo e as pernas à empregadota de meia idade do ginásio, que leva consigo,<br />

a reboque, um mais que idiota “personal trainer” do mesmo estabelecimento. Não vale a<br />

pena imaginar a confusão, vale a pena mesmo ver in loco.<br />

O fi lme é divertidíssimo, interpretado com um humor irresistível por um grupo de<br />

excelentes actores que não só trabalham bem, como gostam de se divertir à grande e<br />

à americana: Brad Pitt, quase irreconhecível, com um humor de caricatura a roçar Jerry<br />

Lewis, George Clooney, como sempre a parodiar-se a si próprio e à imagem do garanhão<br />

que se lhe colou, John Malkovich, mais louco do que alguma vez já aparecera, Frances<br />

McDormand, numa personagem tão forte e convincente como a que interpretara em<br />

“Fargo”, Tilda Swinton, fria e distante, mas muito bem integrada no grupo, e ainda as<br />

breves aparições de J.K. Simmons, um dos chefes da CIA que não sabe nada de nada do que<br />

se passa na sua casa, são apenas os rostos principais de “uma conspiração colectiva” que<br />

aterrou nos EUA e nos oferece um retrato bem inquietante da América de Bush. Esta era<br />

nitidamente a intenção dos Coen. Conseguida. Ainda por cima através de uma divertida<br />

paródia que nos remete para algumas das obsessões e traumas da sociedade actual,<br />

dos encontros marcados via “chats” da Internet à mórbida dependência das cirurgias<br />

plásticas. Tudo em nome de encontrar um grande amor, o que quase todos procuram,<br />

mas nenhum consegue. Aparelhos imaginosos para provocar mecanicamente o prazer,<br />

almofadas para melhor orientar as “orgias” ou corridas pedestres de oito quilómetros<br />

para manter o físico são alguns artifícios vislumbrados, mas inefi cazes.


De resto, nada disto parece ter importância, nenhuma destas intrigas que provoca<br />

assassinatos e loucuras representa o que quer que seja, se vistas de longe, lá de cima,<br />

do majestoso universo, como nos indicam os planos iniciais e fi nais de “Burn After<br />

Reading”. Quando a câmara se afasta rumo à vastidão do desconhecido, a imbecilidade<br />

dos homens dilui-se numa paisagem liliputiana.<br />

Os Coen informaram que com esta obra deram por terminada a sua trilogia dos idiotas<br />

(os títulos anteriores tinham sido, segundo eles, “O Brother, Where Art Thou?”, 2000, e<br />

“Intolerable Cruelty”, 2003). A verdade é que quase toda a fi lmografi a destes irmãos<br />

cineastas é composta por fi lmes que não nos falam senão de idiotas em momentos de<br />

crise, que os levam a desbloquear situações de uma violência incontrolável. Uns mais<br />

sérios, outros mais parodiantes. Mas todos “loucos”.<br />

Não é uma obra-prima mas sabe muito bem.<br />

_DESTRUIR DEPOIS DE LER<br />

Título original: Burn After Reading<br />

Realização: Ethan Coen, Joel Coen (EUA, Inglaterra, França, 2008); Argumento: Joel Coen, Ethan Coen; Produção: Tim<br />

Bevan, Ethan Coen, Joel Coen, David Diliberto, Eric Fellner, Robert Graf; Música: Carter Burwell; Fotografi a (cor): Emmanuel<br />

Lubezki; Montagem: Ethan Coen, Joel Coen (sob pseudónimo de Roderick Jaynes); Casting: Ellen Chenoweth; Design<br />

de produção: Jess Gonchor; Direcção artística: David Swayze; Decoração: Nancy Haigh; Guarda-roupa: Mary Zophres;<br />

Maquilhagem: Jean Ann Black, Sherri Bramlett, Barbara Lacy, Patricia Regan, Waldo Sanchez; Direcção de produção:<br />

Karen Ruth Getchell, Neri Kyle Tannenbaum; Assistentes de realização: Bac DeLorme, Betsy Magruder, John Silvestri, Kurt<br />

Uebersax; Departamento de arte: Steve Brennan, Leann Murphy, Sha-Sha Shiau; Som: Craig Berkey, Skip Lievsay; Efeitos<br />

especiais: Steven Kirshoff; Efeitos visuais: Randall Balsmeyer, Eric J. Robertson, Adrienne Winterhalter; Companhias de<br />

produção: Mike Zoss Productions, Relativity Media, Studio Canal, Working Title Films; Intérpretes: George Clooney (Harry<br />

Pfarrer), Frances McDormand (Linda Litzke), John Malkovich (Osbourne Cox), Tilda Swinton (Katie Cox), Brad Pitt (Chad<br />

Feldheimer), Richard Jenkins (Ted Treffon), Elizabeth Marvel (Sandy Pfarrer), David Rasche, J.K. Simmons, Olek Krupa,<br />

Michael Countryman, Kevin Sussman, J.R. Horne, Hamilton Clancy, Armand Schultz, Pun Bandhu, Karla Cheatham-<br />

Mosley, Jeffrey DeMunn, Richard Poe, Carmen M. Herlihy, Raul Aranas, Judy Frank, Sándor Técsy, Yury Tsykun, Brian O’Neill,<br />

Robert Prescott, Matt Walton, Lori Hammel, Crystal Bock, Patrick Boll, Logan Kulick, Dermot Mulroney, etc. Duração:<br />

96 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Files Castello Lopes; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 2 de<br />

Outubro de 2008.<br />

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_O DIA EM QUE A TERRA PAROU<br />

No início dos anos 50, “O Dia em que a Terra Parou”, de Robert Wise, foi um marco<br />

no caminho da fi cção científi ca cinematográfi ca. Narrava a história de uma nave que<br />

descia à Terra com um ser sob forma humana e um robô gigantesco que, em nome dos<br />

outros planetas habitados da nossa galáxia, nos vinham avisar que o estado bélico<br />

em que nos encontrávamos punha em risco a paz cósmica. Em nome de todas as<br />

civilizações extraterrestres, ele trazia um ultimato: ou acabávamos com o potencial<br />

mortífero ou seríamos aniquilados. O enviado das estrelas - ou seria do próprio Deus?<br />

- vinha dizer ao mundo que a insanidade tem limites. No início dos anos 50, “O Dia em<br />

que a Terra Parou” era uma fi ta que contrariava a Guerra Fria, a obsessão dos militares<br />

na corrida aos armamentos e a histeria anticomunista que grassava na América, ao<br />

mesmo tempo que abria uma enorme esperança e maravilha: não estávamos sós no<br />

Universo, a paz e a harmonia eram possíveis. Tudo sem grandes efeitos especiais, pois<br />

os recursos da época eram limitados e, além disso, na sua essência, tudo se passava<br />

mais na esfera dos sentimentos e da decifração dos personagens que na dos meios<br />

espectaculares.<br />

Mais de 50 anos volvidos, a 20th Century-Fox foi desenterrar o velho e exímio<br />

argumento de Edmund II. North dotando-o de adaptações aos nossos dias (é assim<br />

que, por exemplo, o problema dos humanos já não é a guerra, mas a destruição do<br />

planeta, mudando o foco da atenção do espectador). E como, nos tempos que correm,<br />

fi lme de fi cção científi ca sem muitos efeitos especiais parece não fazer sentido, lá<br />

os temos em grande escala, mostrando-nos, mais uma vez que, em matérias de<br />

grafi smos gerados por computador, não há limites. (Porque será que, havendo meios<br />

tecnológicos é preciso usá-los, mesmo que isso provoque estrondo onde deveria<br />

aparecer subtileza e inteligência?) Curioso: Wise terá pegado no fi lme dos anos 50<br />

por não ter quinquilharia associada - era uma história de gente. Meio século depois é<br />

precisamente a quinquilharia que toma conta do ecrã. Ao invés, o extraterrestre mal


consegue perceber como nós, os humanos, somos feitos, psicologicamente, embora<br />

seja essa percepção que nos salva do apocalipse. No decorrer da acção do fi lme, muito<br />

pouco dessa especifi cidade aparece. Keanu Reeves fecha o rosto e parece um robô (mas,<br />

como conhecemos o actor demasiado bem, o processo soa a falso). Jennifer Connelly<br />

é muito bonita e o pequeno Jaden Smith obviamente querido - e mais não se lhes<br />

pede. Vale isto tudo para dizer que se houvesse por aí a edição em DVD do fi lme de<br />

Wise se aconselharia aqui a sua aquisição. Mas não há. Serve também para dizer que o<br />

“remake” de Scott Derrickson é negligenciável? Não se irá tão longe assim. Atendendo<br />

a que o cinema é sobretudo um meio de entretenimento, a verdade é que “O Dia em<br />

que a Terra Parou” é bastante competente nessa função e há de servir para ocupar<br />

alguns sábados à tarde com um balde de pipocas - e sem pensar em nada de especial.<br />

Jorge Leitão Ramos, in Expresso, 13 de Dezembro de 2008<br />

_O DIA EM QUE A TERRA PAROU<br />

Título original:The Day the Earth Stood Still<br />

Realização: Scott Derrickson (Canadá, EUA, 2008); Argumento: David Scarpa, segundo argumento do fi lme de 1951 de<br />

Edmund H. North; Produção: Paul Harris Boardman, Gregory Goodman, Erwin Stoff, Marvin Towns Jr.; Música: Tyler<br />

Bates; Fotografi a (cor): David Tattersall; Montagem: Wayne Wahrman; Casting: Heike Brandstatter, Mindy Marin, Coreen<br />

Mayrs; Design de produção: David Brisbin; Direcção artística: Don Macaulay; Decoração: Elizabeth Wilcox; Guarda-roupa:<br />

Tish Monaghan; Maquilhagem: Jill Bailey, Susan Boyd, Veronica McAleer; Direcção de produção: Joan Kelley Bierman,<br />

Jamie Leigh Dake, Juliette Davis, Drew Locke, Scott Thaler; Assistentes de realização: Jeff Habberstad, Matthew D. Smith,<br />

Pete Whyte; Departamento de arte: Britt Bancroft, David Clarke, Peter Ochotta, Eddie Yang; Som: Dane A. Davis; Efeitos<br />

especiais: Clay Scheirer, Dale Shippam, Harry Tomsic; Efeitos visuais: Alden Anderson, Malcolm Angell, Jeffrey A. Okun,<br />

Scott Puckett; Companhias de produção: 3 Arts Entertainment, Earth Canada Productions, Twentieth Century-Fox Film<br />

Corporation; Intérpretes: Keanu Reeves (Klaatu), Jennifer Connelly (Dr. Helen Benson), Kathy Bates (Regina Jackson), Jaden<br />

Smith (Jacob Benson), John Cleese (Professor Barnhardt), Jon Hamm (Michael Granier), Kyle Chandler (John Driscoll),<br />

Robert Knepper (Coronel), James Hong, John Rothman, Sunita Prasad, Juan Riedinger, Sam Gilroy, Tanya Champoux,<br />

Rukiya Bernard, Alisen Down, David Lewis, Lloyd Adams, Mousa Kraish, J.C. MacKenzie, Kurt Max Runte, Daniel Bacon,<br />

etc. Duração: 104 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Filmes Castello Lopes; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em<br />

<strong>Portugal</strong>: 11 de Dezembro de 2008.<br />

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_O ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA<br />

A história da literatura, a do cinema, enfi m toda a história da arte está repleta de utopias<br />

e de antecipações catastrófi cas do futuro. Umas e outras querem no fundo signifi car<br />

o mesmo: que o presente que se vive não é exemplar e que, de uma forma ou outra,<br />

urge modifi car as coisas para que a vida do Homem na Terra possa ser melhor (o que<br />

anunciam as utopias, pelo lado positivo) ou para que a vida na Terra não seja um<br />

pesadelo (o que as antecipações catastrófi cas prevêem). O romance de José Saramago,<br />

“Ensaio sobre a Cegueira” é do segundo tipo, podendo colocar-se ao lado de outras obras<br />

de antecipação como “O ÚIltimo Homem sobre a Terra” ou alguns romances e fi lmes<br />

de “mortos-vivos”, de “Metrópolis” ou de “Blade Runner”. Com algumas características<br />

a diferenciá-lo, certamente. Enquanto quase todos os outros partem de antecipações<br />

catastrofi stas de cunho popular, esta assume o seu lugar erudito. Todas querem dizer<br />

mais ou menos a mesma coisa: que, se não se arrepiar caminho, o futuro do Homem<br />

é sombrio, mas em Saramago não há simbologias associadas a vampiros ou mortosvivos.<br />

Há cegos, com tudo o que a palavra comporta igualmente de simbólico (cegos =<br />

os que não vêem, os que ignoram o que os rodeia). Imagine-se que, um certo dia, uma<br />

epidemia de cegueira grassava entre os humanos. Não numa cidade em particular ou<br />

país em especial, mas na Terra, na Humanidade. Por isso o fi lme de Fernando Meirelles,<br />

rodado entre São Paulo (Brasil) e Montevideu (Uruguai), não precisa nunca qual a<br />

cidade em que estamos, e procura reunir um pouco de todas as raças, dos brancos aos<br />

negros, dos latino-americanos aos japoneses. A parábola diz respeito à Terra na sua<br />

globalidade, e à Humanidade. Se atentarmos melhor no discurso, percebe-se que se<br />

dirige a aspectos que constituem a essência do ser humano, no que este tem de pior: a<br />

necessidade de poder, a avidez, a tendência endémica para a maldade, a perversidade, a<br />

cupidez. Quando todos fi cam cegos, há logo quem se imponha, se auto nomeie “Rei” e<br />

submeta pela força os restantes, ou procurando roubar-lhes as riquezas (a propriedade<br />

privada) ou impondo-lhes a indignidade (as mulheres são obrigadas a entregarem-se<br />

aos senhores da camarata que detêm o poder, o revólver, por um lado, e a sabedoria, o<br />

cego de nascença que sabe como ninguém conviver com a desgraça da escuridão, ou da<br />

luz branca). A parábola é óbvia, basta acompanhar com alguma atenção o percurso do<br />

livro ou o do fi lme: o homem tem de ser solidário para sobreviver, e, se for caso disso, os<br />

lobos têm de ser abatidos para que os cordeiros se salvem.<br />

De uma crueldade invulgar, com cenas que psicologicamente roçam o insuportável, o<br />

fi lme de Fernando Meirelles (que nos dera “O Fiel Jardineiro” e “Cidade de Deus”, entre<br />

outros) assume-se como um exercício de escrita coerente e compacto, sem grandes<br />

deslizes e uma progressão dramática tensa e obsessiva. A parábola da cegueira mexe<br />

com os espectadores, tal como mexe com os leitores (mas no cinema a cegueira é mais<br />

“visível”), pois continua a ser uma das ameaças mais temidas. Por isso livro e fi lme<br />

adquirem tamanho impacto e desespero. Depois, o signifi cado torna-se muito claro.<br />

Os propósitos do livro eram demasiado evidentes, os do fi lme são-no igualmente. Não<br />

é preciso pensar muito para se chegar onde os autores querem chegar.<br />

Neste aspecto, acho José Saramago um óptimo e fortíssimo inventor de boas histórias<br />

com moralidades sociais mais ou menos evidentes. Depois, dependendo dos títulos,<br />

a sua escrita tem pouco de subtil, não deixa grande lugar ao leitor, manipula-o<br />

deliberadamente com um maniqueísmo óbvio, esgrimindo “lições” compulsivas, que<br />

o tornam por vezes demasiado demagógico. É uma opinião pessoal, obviamente.<br />

Devo dizer que é um autor que não perco, mas que nem sempre chego ao fi m. O fi lme


etirado deste seu romance é, porém, uma adaptação fi el ao espírito da obra, mas algo<br />

que me agrada mais. Não será uma obra-prima perfeita, longe disso, mas é um fi lme<br />

que consegue marcar os espectadores de forma indelével. Os monólogos do velho<br />

negro são escusados, mas as personagens são muito bem trabalhadas, os actores<br />

bons, Julianne Moore brilhante (fi co a aguardar pelas nomeações para a ver incluída<br />

na lista e é bem capaz de haver mais umas quantas surpresas, argumento adaptado,<br />

por exemplo). Há cenas magnífi cas, a violação colectiva, a mulher morta a ser lavada, a<br />

insurreição da camarata 1, a cena de amor entre o médico e a mulher dos óculos escuros,<br />

logo a cena inicial do primeiro anúncio de cegueira, que nos introduz num ambiente<br />

de cortar à faca, e algumas mais. A solidez de Meirelles a segurar a tensão num plano<br />

altíssimo é de assinalar. A fotografi a colabora enormemente para este clima, não só<br />

de cegueira colectiva, como de morbidez e viscosidade contagiante. No que a direcção<br />

artística funciona bem, igualmente. As cenas de ruas, com os amontoados de carros<br />

e lixo, o cenário desolador de porcaria acumulada nos corredores das camaratas, e no<br />

interior das mesmas, os supermercados esventrados, tudo contribui para restituir um<br />

ambiente de fi m de mundo convincente e brutal.<br />

Normalmente a imagem é mais demagógica que a palavra, porque mais evidente,<br />

porque mostra em vez de sugerir. Neste caso, porém, o cuidado de Fernando Meirelles e<br />

da sua equipa em manter o fi lme num nível de grande plausibilidade consegue tornar<br />

uma aposta difícil e perigosa numa aposta ganha.<br />

Tentemos explicitar melhor por que gosto mais do fi lme do que do romance, por que<br />

acho o romance redundante e o fi lme não. Agarre-se no fi nal do romance. O médico e<br />

a mulher estão na sua sala e falam. A mulher vai à janela.<br />

Lê-se no livro: “Porque foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer<br />

a razão, Queres que te diga o que penso, Sim, Penso que não cegámos, penso que<br />

estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que vendo, não vêem.<br />

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A mulher do médico levantou-se e foi à janela. Olhou para baixo, para a rua coberta de<br />

lixo, para as pessoas que gritavam e cantavam. Depois levantou a cabeça para o céu e<br />

viu-o todo branco, Chegou a minha vez, pensou. O medo súbito fê-la baixar os olhos. A<br />

cidade ainda ali estava.”<br />

Este o fi nal do livro. Depois de 300 páginas de uma parábola muito interessante, mas<br />

óbvia, o autor ainda sentiu a necessidade de sublinhar: “Penso que não cegámos,<br />

penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que vendo, não vêem.” Totalmente<br />

desnecessário, inútil, uma confi ssão de desconfi ança nas capacidades dos leitores: será<br />

que todos perceberam, vamos lá dizê-lo outra vez.<br />

No fi lme, o médico retoma a vista, outros se seguirão, a mulher do médico chega à<br />

janela, e olha uma paisagem de cores garridas (a única paisagem realista do fi lme,<br />

julgo que de São Paulo, com os jardins em primeiro plano e a paisagem urbana lá ao<br />

fundo) e afi rma qualquer coisa como “Agora vou cegar eu!?”. Mas a paisagem continua<br />

lá. Admirável, de cor, de vida.<br />

Este fi nal é superiormente inteligente e abre para uma nova leitura da obra que nunca está<br />

contida no fi lme: imagine-se que o que o livro e o fi lme afi rmam até aqui é que nesta terra<br />

de supostos cegos, a única que “vê”, mas em sentido simbólico, é esta mulher (isto é, ela é<br />

a única que “vê”, que sente os males do mundo e os procura ultrapassar, solidarizando-se,<br />

oferecendo-se para viver com os cegos, em constante iminência de contágio, perdoando<br />

actos de infi delidade, oferecendo o seu corpo à violência nas horas más, pegando em armas<br />

contra a tirania, quando tudo se torna insuportável, etc). Mas agora podemos ir mais longe:<br />

todo o fi lme é o resultado da imaginação dela, tudo não passou de um pesadelo (por isso<br />

a fotografi a é negra, irrealista, ao longo de todo o fi lme, até aqui). Ela chegou à janela,<br />

olhou a cidade e a paisagem, e pensou na brutalidade do dia a dia, na competição feroz, na<br />

desumanidade, no aviltamento de uns pelos outros, e imaginou este mundo de injustiças<br />

constantes levado a extremos, se as circunstâncias o facilitassem, por exemplo, se todos<br />

fossem cegos. Por um momento (que para nós espectadores dura duas horas, o tempo


de projecção do fi lme) imagina esse pesadelo. Lá dentro está o marido, que ela pensou<br />

ser o primeiro atingido. Regressada à realidade, olha a fabulosa paisagem que tem à sua<br />

frente, e coloca a questão angustiosa, “E se agora for eu?”, isto é, E se agora cegar eu, Deixo<br />

eu de sentir esta solidariedade e esta humanidade que me tem acompanhado até agora?<br />

Questão que dela passa para os espectadores, sem demagogia, nem constrangimento.<br />

Com subtileza e inteligência. Tanta ou tão pouca que vejo muitos críticos a acusar o fi lme<br />

de fraquezas que não deslumbro, mas não vi nenhum ainda abrir a obra a leituras novas.<br />

_ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA<br />

Título original: Blindness ou Ensaio Sobre a Cegueira<br />

Realização: Fernando Meirelles (Canadá, Brasil, Japão, 2008); Argumento: Don McKellar, segundo romance de José<br />

Saramago (“Ensaio sobre a Cegueira”); Produção: Andrea Barata Ribeiro, Niv Fichman, Sonoko Sakai, Bel Berlinck, Sari<br />

Friedland, Simon Channing Williams, Gail Egan, Akira Ishii, Victor Loewy, Tom Yoda, Claudia Büschel, Aeschylus Poulos, Chris<br />

Romano, Austin Wong, Nicolas Aznarez; Música: Marco Antônio Guimarães; Fotografi a (cor): César Charlone; Montagem:<br />

Daniel Rezende; Casting: Deirdre Bowen, Susie Figgis; Design de Produção: Matthew Davies, Tulé Peak; Direcção artística:<br />

Joshu de Cartier; Decoração: Erica Milo; Guarda-roupa: Renée April; Maquilhagem: Debra Johnson, Janie MacKay, Susan<br />

Reilly LeHane, Micheline Trépanier, Anna Van Steen, Catherine Viot; Direcção de produção: Marcelo Cotrim, Andrezza de<br />

Faria, Ivan Teixeira; Assistentes de realização: Adam Bocknek, Penny Charter, Joana Cooper, Tyler Delben, Walter Gasparovic,<br />

Tomas Portella, Flavia Zanini; Departamento de arte: Mary Arthurs, Daniel Fernandez, Steve Stack; Som: Guilherme Ayrosa,<br />

Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima; Efeitos visuais: Martin Cobelo, Madhava Reddy, Andre Waller, Andre Waller;<br />

Companhias de Producção: Rhombus Media, O2 Filmes, Bee Vine Pictures, Alliance Films, Ancine, Asmik Ace Entertainment,<br />

BNDES, Corus Entertainment, Fox Filmes do Brasil, GAGA Communications, IFF/CINV, Movie Central Network, Téléfi lm<br />

Canada; Intérpretes: Julianne Moore (mulher do médico), Mark Ruffalo (médico), Alice Braga (mulher dos óculos escuros),<br />

Yusuke Iseya (primeiro cego), Yoshino Kimura (mulher do primeiro cego), Don McKellar (ladrão), Jason Bermingham, Maury<br />

Chaykin, Mitchell Nye (rapaz), Eduardo Semerjian, Danny Glover (negro com olho tapado), Gael García Bernal (o “rei”), Joe<br />

Pingue, Susan Coyne, Fabiana Guglielmetti, Antônio Fragoso, Lilian Blanc, Douglas Silva, Joe Cobden, Daniel Zettel, Mpho<br />

Koaho, Tom Melissis, Tracy Wright, Amanda Hiebert, Jorge Molina, Patrick Garrow, Gerry Mendicino, Matt Gordon, Sandra<br />

Oh, Anthero Montenegro, Fernando Patau, Otávio Martins, João Velho, Marvin Karon, Joseph Motiki, Johnny Goltz, Robert<br />

Bidaman, Niv Fichman, Oscar Hsu, Martha Burns, Scott Anderson, Michael Mahonen, Joris Jarsky, Billy Otis, Linlyn Lue, Toni<br />

Ellwand, Mariah Inger, Nadia Litz, Isai Rivera Blas, Rick Demas, Kelly Fiddick, Matt Fitzgerald, Mike G. Yohannes, Norman<br />

Owen, Jackie Brown, Victoria Fodor, Agi Gallus, Bathsheba Garnett, Alice Poon, Plínio Soares, Rodrigo Arijon, Mel Ciocolato,<br />

Heraldo Firmino, Carol Hubner, Fernando Macário, Eduardo Parisi, Rodrigo Pessin, Domingos Antonio, Ciça Meirelles,<br />

Katherine East, Katia Kieling, etc. Duração: 120 min; Classifi cação etária: M/16 anos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo;<br />

Data de estreia: 13 de Novembro de 2008 (<strong>Portugal</strong>).<br />

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_ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS<br />

Um caçador que se aventura pelos arredores de uma cidadezinha americana do Rio<br />

Grande do Sul, com o deserto ao fundo, descobre um macabro e bizarro achado: carros<br />

abandonados, mortos vários, um moribundo que rapidamente passa a cadáver, à falta<br />

de água, quantidade de heroína em barda, 2 milhões de dólares numa mala. Tudo pode<br />

ser ignorado, excepto a mala que Llewelyn Moss resolve tornar sua. Essa mala, porém, irá<br />

desencadear perseguições variadas, entre elas a de um “serial killer” que mata friamente,<br />

sem emoção. O humano transformado num autómato do Mal, num “profeta da<br />

destruição”, como o xerife da localidade sugere, quando afi rma: “Dizem que os olhos são<br />

as janelas da alma. Eu cá por mim não sei de que é que os olhos são as janelas e se calhar<br />

até prefi ro não saber. Mas há uma outra maneira de ver o mundo e outros olhos para o<br />

ver e é por esse caminho que nós vamos. Eu próprio o trilhei e conduziu-me a um lugar<br />

na minha vida que nunca imaginei chegar a conhecer. Algures por aí anda um profeta da<br />

destruição, um profeta genuíno, de carne e osso, e eu não o quero enfrentar.”<br />

Um profeta que, realmente, é melhor não enfrentar. Até porque todos os que o encaram<br />

não sobrevivem para contar. Pessoa não será, pelas suposições que de “pessoa” fazemos.<br />

Autómato poderia ser, mas que máquina teria esse poder de matar sistematicamente<br />

tudo o que se lhe atravessa no caminho? É, pois, algo de completamente desumano,<br />

uma máquina de destruição, um robot programado para assassinar, alguém para<br />

quem se olha e não se reconhece nele feições de gente. Este é Anton Chigurh que se<br />

passeia de mortífero pneumático na mão e uma única ideia na cabeça: matar.<br />

Este é também o retrato de uma América de violência traumatizante, desconhecida,<br />

perturbante, que é atravessada primeiro pelas palavras secas e austeras de Cormac<br />

McCarthy neste romance, nervoso, agressivo, provocador, estimulante que nos recoloca<br />

na melhor tradição da literatura norte-americana. Hemingway, sim, pela aridez dos<br />

diálogos, pela poesia dos cenários, Faulkner, sem dúvida, pela descrição das paixões e<br />

das paisagens, mas também um pouco da violência ingénua de uns “Ratos e Homens”,<br />

mas reciclada para novos continentes de um total desencanto. Depois há quem fale<br />

de escritores actuais, como Don Delillo, Philip Roth ou Thomas Pynchon, é possível,<br />

sobretudo no retrato de uma sociedade doente, dada num registo sincopado, que<br />

mostra as aparências e deixa as chagas soterradas, à espera que o leitor as descubra<br />

por si só. Terríveis os tempos que geram obras como esta, de um cinzento pesado, de<br />

um ar poluído pelo desespero, de uma humanidade desgarrada e à deriva.<br />

Há personagens absolutamente inesquecíveis, como o assassino Anton Chigurh, ou o<br />

ávido e “espertalhão” Llewelyn Moss (“O Tesouro da Sierra Madre”?), ou o desalentado<br />

xerife Ed Tom Bell, que conheceu a II Guerra Mundial, e que tem uma ideia do Vietname<br />

e dos EUA muito bem condensada nesta frase: “As pessoas dizem que foi o Vietname<br />

que pôs este país de rastos. Mas eu nunca acreditei nisso. O país já estava em muito<br />

mau estado. O Vietname foi só a cereja em cima do bolo. (…) Não sei o que vai acontecer<br />

quando vier a próxima. Não sei mesmo.” Ora a verdade é que a próxima já chegou e o<br />

que os escritores (e cineastas) norte-americanos refl ectem é esse “não sei mesmo.” A<br />

América na encruzilhada, mas mais do que isso, nós todos na mesma encruzilhada.<br />

Magnífi co livro. E fi quei à espera de um igualmente magnífi co fi lme. Que veio pela<br />

mão dos irmãos Coen. Com Oscar para melhor fi lme do ano, e ainda Oscar para<br />

melhor realização. No fi nal, não tão brilhante como apregoaram, mas um fi lme muito<br />

interessante (nada comparado, é certo, com essa obra-prima de Paul Thomas Anderson,<br />

“Haverá Sangue”).


Acompanhando o percurso do livro quase a par e passo, apenas saltando aqui e ali um<br />

ou outro episódio e elidindo quase todos os solilóquios do velho xerife (o que acaba<br />

por empobrecer o fi lme, dado que é desse confronto de dois tempos de narrativa que<br />

nasce uma das iluminações mais fortes do romance e a ideia de que o homem pode<br />

transcender-se e permanecer “humano”, apesar da brutalidade que o rodeia), o fi lme<br />

dos Coen é uma adaptação bastante fi el da obra de Cormac McCarthy, recriando a<br />

mesma terra seca, o mesmo ar saturado de poeira, a mesma solidão, a mesma<br />

violência climática, a mesma psicologia rasteira, a mesma rudeza de comportamento,<br />

a mesma agressividade de uns, o mesmo desalento de outros, a frustração de tantos,<br />

a desilusão de muitos, os gestos repetidos sem signifi cado de alguns, o desespero, sim<br />

o desespero no olhar de quem morre e o olhar vítreo de quem mata. Estamos em que<br />

País afi nal? Na América pós-Vietname, na América pós-11 de Setembro, na América<br />

pós-invasão do Afeganistão e do Iraque, na América dos adolescentes “serial killers”,<br />

que dizimam turmas de escolas, na América profunda da opressão, do racismo, do<br />

fanatismo, mas também na América da auto-crítica, da má consciência, na América<br />

que invariavelmente ergue a voz contra as injustiças, que discute, que recusa, que se<br />

insurge, que faz fi lmes como este ou “Haverá Sangue”.<br />

Actores brilhantes e um Javier Bardem magnífi co ajudam à festa. Mas fi ca a sensação<br />

de que o livro é melhor e o fi lme poderia ter ido um pouco além. Não é o melhor dos<br />

Coen, mas não deslustra. Apenas peca por participar de uma injustiça fl agrante:<br />

“Haverá Sangue” é muito melhor, sob todos os pontos de vista. Na comparação, os<br />

Coen saem por baixo, mas foram eles que arrecadaram os Oscars.<br />

Julgo que será interessante, e ajuda a compreender quer o livro, quer o fi lme, conhecer<br />

o poema que dá título às duas obras:<br />

69 | da Palavra à Imagem


70 | da Palavra à Imagem<br />

Sailing to Byzantium<br />

That is no country for old men. The young<br />

In one another’s arms, birds in the trees<br />

- Those dying generations - at their song,<br />

The salmon-falls, the mackerel-crowded seas,<br />

Fish, fl esh, or fowl, commend all summer long<br />

Whatever is begotten, born, and dies.<br />

Caught in that sensual music all neglect<br />

Monuments of unageing intellect.<br />

An aged man is but a paltry thing,<br />

A tattered coat upon a stick, unless<br />

Soul clap its hands and sing, and louder sing<br />

For every tatter in its mortal dress,<br />

Nor is there singing school but studying<br />

Monuments of its own magnifi cence;<br />

And therefore I have sailed the seas and come<br />

To the holy city of Byzantium.<br />

O sages standing in God’s holy fi re<br />

As in the gold mosaic of a wall,<br />

Come from the holy fi re, perne in a gyre,<br />

And be the singing-masters of my soul.<br />

Consume my heart away; sick with desire<br />

And fastened to a dying animal<br />

It knows not what it is; and gather me<br />

Into the artifi ce of eternity.<br />

Once out of nature I shall never take<br />

My bodily form from any natural thing,<br />

But such a form as Grecian goldsmiths make<br />

Of hammered gold and gold enamelling<br />

To keep a drowsy Emperor awake;<br />

Or set upon a golden bough to sing<br />

To lords and ladies of Byzantium<br />

Of what is past, or passing, or to come.<br />

William Butler Yeats, The Tower (1928)<br />

I<br />

Este país não é para velhos. Jovens<br />

Abraçados, pássaros que nas árvores cantam<br />

- essas gerações moribundas -<br />

Cascatas de salmões, mares de cavalas,<br />

Peixe, carne, ave, celebrando ao longo do Verão<br />

Tudo quanto se engendra, nasce e morre.<br />

Prisioneiros de tão sensual música todos abandonam<br />

Os monumentos de intemporal saber.<br />

II<br />

Um velho é coisa sem valor,<br />

Um andrajo apoiado num bordão, a não ser que<br />

A alma aplauda e cante, e cante mais alto<br />

Cada farrapo da sua mortal veste.<br />

Nem há escola de canto somente o estudo<br />

Dos monumentos de seu próprio esplendor;<br />

Por isso cruzei os mares e cheguei<br />

À sagrada cidade de Bizâncio.<br />

III<br />

Oh, sábios que estais no sagrado fogo de Deus<br />

Qual dourado mosaico sobre um muro,<br />

Vinde desse fogo sagrado, roda que gira,<br />

E sede os mestres do meu canto, da minha alma.<br />

Devorai este meu coração; doente de desejo<br />

E atado a um animal agonizante<br />

Ele não sabe o que é; juntai-me<br />

Ao artifício da eternidade.<br />

IV<br />

Da natureza liberto jamais de natural coisa<br />

Retomarei minha forma, meu corpo,<br />

Mas formas outras como as que o ourives grego<br />

Em ouro forja e esmalta em ouro<br />

Para que o sonolento Imperador não adormeça;<br />

Ou em dourado ramo pousado, cantarei<br />

Para damas e senhores de Bizâncio<br />

Cantarei o que passou, o que passa, ou o que virá<br />

Na tradução de José Agostinho Baptista


“Concordei com ele quando disse que não havia muita coisa boa para dizer sobre a<br />

velhice e ele disse que tinha descoberto uma e eu perguntei o que era. E ele disse: É que<br />

não dura muito.” - Cormac McCarthy<br />

Não conhecia nada de Cormac McCarthy (Charles Joseph McCarthy, Jr), até me<br />

alertarem para a qualidade de “A Estrada”, e para uma frase sensacionalista do<br />

Newsweek: “A cada livro, Cormac McCarthy vai alargando o território da fi cção norteamericana.”<br />

Talvez por isso recebeu o Prémio Pulitzer em 2007. Já tinha sido “National<br />

Book Award for Fiction”, em 1992, por “All the Pretty Horses”. Não era de esperar pouco<br />

da sua leitura. E não foi.<br />

Cormac McCarthy nasceu em Providence, Rhode Island, em 23 de Julho de 1933. Estudou<br />

na Knoxville Catholic High School, e depois na University of Tennessee, Knoxville, que<br />

deixou para ingressar na Força Aérea. Vive presentemente em Santa Fé, perto da<br />

fronteira sul dos Estados Unidos, com a terceira mulher e um fi lho. Foi casado com Lee<br />

Holleman (1961, de quem se divorciou em 1961, com um fi lho, Cullen), com Anne DeLisle<br />

(1966, novo divórcio), fi nalmente com Jennifer Winkley (um novo fi lho, John).<br />

O seu romance preferido é “Moby Dick”, de Herman Melville. É autor de nove romances<br />

(The Orchard Keeper (1965), Outer Dark (1968), Child of God (1974), Suttree (1979), Blood<br />

Meridian (1985), All the Pretty Horses (1992), The Crossing (1994), Cities of the Plain<br />

(1998) e No Country for Old Men (2005)), dos quais a Relógio d’Água publicou “O Filho<br />

de Deus”, “O Guarda do Pomar”, “Meridiano de Sangue” e “Este País não é para Velhos”.<br />

No cinema a sua contribuição foi até agora diminuta. Escreveu alguns episódios de<br />

uma série, “Visions” (1976), viu adaptado em 2000 “All the Pretty Horses” (Espírito<br />

Selvagem), por Billy Bob Thornton (com Matt Damon, Henry Thomas, Penélope Cruz,<br />

J.D. Young, Laura Poe, Sam Shepard, etc.), até chegar ao ano de 2007 e ao sucesso de “No<br />

Country for Old Men”. Agora tem em produção, duas outras adaptações, “The Road”,<br />

numa realização de John Hillcoat, e um elenco onde surgem Charlize Theron, Viggo<br />

Mortensen, Guy Pearce e Kodi Smit-McPhee (2008) e “Blood Meridian”, a ser dirigido<br />

por Ridley Scott (2009).<br />

_ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS<br />

Título original: No Country for Old Men<br />

Realização: Ethan Coen, Joel Coen (EUA, 2007); Argumento: Joel Coen, Ethan Coen, segundo romance homónimo<br />

de Cormac McCarthy; Música: Carter Burwell; Fotografi a (cor): Roger Deakins; Montagem: Ethan Coen e Joel Coen<br />

(assinando ambos Roderick Jaynes); Casting: Ellen Chenoweth; Design de produção: Jess Gonchor; Direcção artística:<br />

John P. Goldsmith; Decoração: Nancy Haigh; Guarda-roupa: Mary Zophres; Maquilhagem: Brian Hillard, Geordie Sheffer,<br />

Dave Snyder, Christien Tinsley; Direcção de produção: Karen Ruth Getchell, Robert Graf, Omar Veytia; Assistentes de<br />

realização: Bac DeLorme, Peter Dress, Jai James, Betsy Magruder, Donald Murphy, Taylor Phillips; Departamento de arte:<br />

Mark Bankins, Sage Emmett Connell, James Fowler, Gregory Hill, Roberta Marquez; Som: Craig Berkey; Efeitos especiais:<br />

Peter Chesney, Megan Flagg, Jason Hamer, Diane Woodhouse; Efeitos visuais: Alexandre Cancado, Vincent Cirelli, Valy<br />

Lungoccia, Ashok Nayar, Ian Noe; Produção: Ethan Coen, Joel Coen, Scott Rudin, David Diliberto, Robert Graf, Mark<br />

Roybal; Companhias de produção: Paramount Vantage, Miramax Films, Scott Rudin Productions, Mike Zoss Productions;<br />

Intérpretes: Tommy Lee Jones (Ed Tom Bell), Javier Bardem (Anton Chigurh), Josh Brolin (Llewelyn Moss), Woody Harrelson<br />

(Carson Wells), Kelly Macdonald (Carla Jean Moss), Garret Dillahunt (Wendell), Tess Harper (Loretta Bell), Barry Corbin<br />

(Ellis), Stephen Root, Rodger Boyce, Beth Grant, Ana Reeder, Kit Gwin, Zach Hopkins, Chip Love, Eduardo Antonio Garcia,<br />

Gene Jones, Myk Watford, Boots Southerland, Kathy Lamkin, Johnnie Hector, Margaret Bowman, Thomas Kopache, Jason<br />

Douglas, Doris Hargrave, Rutherford Cravens, Matthew Posey, George Adelo, Mathew Greer, Trent Moore, Marc Miles,<br />

Luce Rains, Philip Bentham, Eric Reeves, Josh Meyer, Chris Warner, Brandon Smith, Roland Uribe, Richard Jackson, Josh<br />

Blaylock, Caleb Jones, Dorsey Ray, Angel H. Alvarado Jr., David A. Gomez, Milton Hernandez, John Mancha, Scott Flick,<br />

Elizabeth Slagsvol, etc. Duração: 122 minutos; Classifi cação etária: M/18 anos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo<br />

Audiovisuais; Locais de fi lmagem: Albuquerque, New Mexico (EUA); Estreia: 28 de Fevereiro de 2008 (<strong>Portugal</strong>).<br />

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_O ESTRANHO CASO DE BENJAMIN BUTTON<br />

Em relação a este fi lme, arrume-se de início o caso da “infl uência” de F. Scott Fitzgerald.<br />

Este foi, sem margem para grandes dúvidas, um dos maiores escritores americanos<br />

da primeira metade do século XX, um autor pertencente à “geração perdida” (Ernest<br />

Hemingway, John Dos Passos, Ezra Pound, Sherwood Anderson, Waldo Peirce, Dorothy<br />

Parker,T. S. Eliot, ou Gertrud Stein, que, dizem criou o termo, depois vulgarizado por<br />

Hemingway), que se afi rmou durante os “loucos anos 20” ou os “roaring twenties”, e<br />

que consolidou a sua celebridade, sobretudo com dois ou três romances que ajudaram<br />

a construir a moderna narrativa norte-americana, como “O Grande Gatsby”, “Terna é<br />

a Noite” ou “Este Lado do Paraíso” (os seus romances são “This Side of Paradise”, 1920;<br />

“The Beautiful and Damned”, 1922; “The Great Gatsby, 1925; “Tender is the Night”,<br />

1934 e “The Last Tycoon”, 1940). Mas F. Scott Fitzgerald cultivou igualmente o conto,<br />

sobretudo como forma de sustento diário, publicando-o em revistas literárias e depois<br />

reunindo-os em antologias várias. “Flappers and Philosophers” (1920), “Tales of the Jazz<br />

Age” (1922), “All the Sad Young Men” (1926) e “Taps at Reveille” (1935) são as principais,<br />

agrupadas em 1989 num volume, “The Short Stories of F. Scott Fitzgerald”.<br />

“The Curious Case of Benjamin Button” aparece incluído na antologia de 1922, “Tales of<br />

the Jazz Age”, e é um divertimento muito saboroso, extremamente bem escrito, numa<br />

linguagem solta e livre, que dá muito bem o tom da época, e que, segundo confi ssão<br />

do próprio Scott Fitzgerald, parece ter sido sugerido por uma frase, ou um pensamento,<br />

de Mark Twain que se lamentava que “os melhores tempos de uma vida fossem no<br />

início e os piores quando se chega ao fi m, na velhice.” Pegando nesta sugestão, F. Scott<br />

Fitzgerald construiu uma metáfora curiosa, sobre as idades da vida e a possibilidade da<br />

sua intermutação: assim Benjamin Button nasce encarquilhado e às portas da morte<br />

com setenta anos e inicia a sua cavalgada para a maturidade, depois a adolescência,<br />

até chegar a bebé e fi nar-se durante o sono. A perspectiva não é tanto metafísica ou<br />

fi losófi ca, afi rmando-se mais como uma diversão escrita com o sabor algo snobe e<br />

diletante de um frequentador do “jet-set” nova-iorquino, do champanhe embriagador<br />

da Hollywood da altura ou da boémia de Paris ou de Saint Tropez. Finou-se, apenas<br />

com 44 anos, e um coração arrasado pelo álcool, os amores, o stress emocional e uma<br />

propensão evidente para o suicídio, igualmente muito em moda nesses tempos de<br />

vida intensa e morte súbita.<br />

Foi este citado conto que serviu de base ao fi lme de David Fincher com igual nome,<br />

mas falar de inspiração é já dizer muito. Quase nada do conto de F. Scott Fitzgerald<br />

passa para o fi lme a não ser a ideia central de nascer velho e morrer bebé. Esta inversão<br />

de ciclo de vida, que já viera de Mark Twain, passara por F. Scott Fitzgerald, toma nova<br />

forma no fi lme de David Fincher, que se afasta do cinema que até agora o caracterizara<br />

para se entregar a uma obra que, se continua a ser extremamente pessoal, não deixa<br />

de representar uma ruptura com o estilo de fi lmes da sua anterior fi lmografi a (onde<br />

sobressaem títulos como “Alien 3, a Desforra”, “7 Pecados Mortais”, “Clube de Combate”,<br />

“O Jogo”, “Sala de Pânico” ou “Zodíaco”). Este universo “negro” que penetra no mais<br />

profundo da alma humana e também no que de mais sinistro nela existe parece<br />

afastar-se de uma obra aparentemente romântica e com alguma esperança no futuro,<br />

como temos visto por aí escrito. Mas será que é assim?<br />

Um dos aspectos que me deixa algo confuso em relação a “O Estranho Caso de<br />

Benjamin Button”, é precisamente a opacidade da obra que não se deixa penetrar tão<br />

facilmente quanto se pensa. Há uma leitura extremamente críptica e cerrada do fi lme


que parece escapar a uma primeira leitura. A mais óbvia é tão evidente e pueril que<br />

não pode ser só isso. David Fincher não ia realizar um fi lme sobre um homem que<br />

nasce velho e morre bebé sem ter por detrás uma interpretação metafórica para este<br />

facto inusitado. O que se pode desde logo concluir é que os homens estão condenados,<br />

qualquer que seja a cronologia da sua vida, quer nasçam bebés quer nasçam velhos, o<br />

ciclo é idêntico e intermutável. Tanto se morre novo como velho. Mas a verdade é que o<br />

ciclo não é semelhante. Senão vejamos.<br />

No conto de F. Scott Fitzgerald a narrativa inicia-se no “longínquo ano de 1860”. Os<br />

pais da criança chamam-se Button e tinham aderido ao “fascinante velho costume de<br />

ter bebés”, mas, em vez de os ter em casa, a mãe vai pari-lo no “Hospital Particular de<br />

Maryland para Damas e Cavalheiros”, onde, no dia certo, dá a luz um velho de barbas,<br />

que provoca a indisposição em todo o hospital e a ira do médico assistente: “Peço-lhe<br />

que vá e veja com os seus olhos. Escandaloso! (...) Imagina que um caso como este<br />

benefi cia a minha reputação profi ssional? Outro igual arruinar-me-ia... arruinaria<br />

qualquer um. (...) Não, não se trata de trigémeos. Sabe que mais? Vá e veja com os seus<br />

olhos. E arranje outro médico. Trouxe-o a este mundo, meu rapaz, e há quarenta anos<br />

que sou médico da sua família, mas agora acabou-se! Estou farto. Não quero voltar a<br />

vê-lo nunca mais, nem a si, nem a nenhum dos seus familiares! Passe bem.”<br />

Em lugar de depositar o bebé envelhecido à porta de um lar de idosos, o que acontece<br />

no fi lme, o pai vai “à baixa comprar roupa” para o velho que lhe apareceu no berçário.<br />

“E uma bengala, não se esqueça, pai. Preciso de uma bengala!”, relembra o rebento<br />

ao senhor Button. Óbvio que estamos no domínio da farsa. No conto. No fi lme o tom,<br />

ainda que aqui e ali permita um sorriso, é mais pesado. Um bebé (mais ou menos<br />

73 | da Palavra à Imagem


74 | da Palavra à Imagem<br />

parecido com Brad Pitt quando ele tiver 80 anos) é depositado na escadaria de um lar<br />

de terceira idade, dirigido por uma generosa negra de nome Queenie. Ela irá adoptá-lo,<br />

tratá-lo como um fi lho que se habitua a ver regredir na idade. Enquanto os velhos do<br />

lar vão murchando e morrendo, Benjamin vai transformando-se num ser cada vez mais<br />

novo. Ainda velhote descobre uma miúda, Daisy, que se irá tornar o grande amor da<br />

sua vida. Aqui ocorre o grande paradoxo do fi lme: no ciclo habitual da vida, Benjamin e<br />

Daisy nunca se encontrariam como casal normal. Ele tinha 60 anos, ela 9, quando ela<br />

tivesse 18 ele teria 69, coisa estranha para um casal (ainda que não de todo impossível,<br />

já se sabe, ele há casos). E se ele vivesse até aos cem anos (o que não é normal, mas<br />

todos nós sabemos muito possível) poderiam coexistir apaixonados ainda 31 anos.<br />

Uma pequena vida, muito pouco provável, mas possível.<br />

Mas se acontecer o ciclo inverso da vida, que o fi lme de David Fincher documenta, se<br />

ele tiver 60 e ela 9 quando se encontram pela vez primeira, irão reencontrar-se um<br />

dia com a mesma idade (qualquer coisa como ele 35, ela 34). Não é um encontro que<br />

permita uma vida “tranquila” de mais vinte anos sequer (quando ela tiver 54, ele tem<br />

15!). Quando se vive lado a lado, no mesmo sentido dos ponteiros de um relógio que<br />

ande para a frente, o que vemos é futuro. Quando o ponteiro do relógio desanda para o<br />

passado num dos parceiros, o resultado não é um encontro com futuro, mas um quase<br />

desencontro. Por isso, a tese que alguns apontam para o fi lme não me parece certa:<br />

viva-se de início para o fi m ou do termo para o princípio, o importante é viver bem a vida<br />

e aproveitar o que fi ca no meio, isto é os anos de vida plena. Esta interpretação pode<br />

ser correcta para o conto. Mas não é exacta no fi lme, que, aliás, o exemplifi ca. Benjamin<br />

afasta-se do seu grande amor, afasta-se da fi lha que será perfi lhada por outro, quando<br />

se aproxima da adolescência. A existência que se vive em comum, e que em comum<br />

evolui num mesmo sentido, permite o usufruto conjunto do amor, do nascimento dos<br />

fi lhos, do progressivo envelhecimento, da fruição dos netos… Em Benjamin Button<br />

nada disso acontece. O que parece apontar a intenção do fi lme numa outra direcção:<br />

aproveitem bem o que têm, pois, como aqui vêem demonstrado por absurdo, se fosse<br />

de outra maneira não seria tão agradável. Aliás, a corroborar esta interpretação está o<br />

facto de Benjamin viver a sua “velha meninice” num lar de velhos onde tudo acontece<br />

com uma absoluta calma e nenhuma intranquilidade. Ali se cumpre a última etapa da<br />

vida, aceitando-a com uma certa bonomia e sem grande tragédia. Como quem diz: “A<br />

vida é assim, nasce-se e morre-se e não há nada a fazer em contrário, senão aceitar o<br />

destino e aproveitar este instante de existência para se ser feliz”.<br />

Mas “O Estranho Caso de Benjamin Button” vai mais longe nas suas implicações. O<br />

fi lme inicia-se num hospital de Nova Orleans em véspera do furacão Katrina (29 de<br />

Agosto de 2005). Uma velha senhora, às portas da morte, pede à fi lha que esta lhe<br />

leia um misterioso diário que ela conserva religiosamente guardado até aquele dia.<br />

A fi lha inicia a leitura que recorda a invulgar vida de Benjamin Button, desde o seu<br />

nascimento. A leitura evoca o passado e introduz um “fl ashback” (“regresso ao passado”<br />

em “gíria” cinematográfi ca) e a imagem da fi lha lendo este diário à mãe transformase<br />

num refrão que regularmente interrompe a narrativa. Cada nova leitura reintegra<br />

uma nova fase da vida de Benjamin. É muito curioso este processo num fi lme que<br />

trabalha sobretudo com o tempo, a passagem do tempo, as intermitências do tempo,<br />

o aparecimento do tempo (o nascimento), a paragem no tempo (a morte) ou a História<br />

como a dilatação do tempo (interessante comparar este fi lme com “Forrest Gump”,<br />

também ele escrito pelo mesmo argumentista, Eric Roth).


Se se analisar bem a obra, esta estrutura-se como um encadeado de “fl ashbacks” (na<br />

actualidade, a fi lha lê o diário; no interior do diário existem novos “fl ashbacks” e bizarras<br />

anomalias de tempo, como o episódio em que Daisy é atropelada, onde se assinalam<br />

os artifícios do acaso com uma sequência rodada cronologicamente, que é depois<br />

invertida e relançada de novo, mas agora obedecendo a uma lei de imponderabilidade<br />

na existência humana). De resto, estas “evocações” da vida de Benjamin são pretexto<br />

para invocações mais amplas de momentos da História da América e da Humanidade<br />

(a II Guerra Mundial, o Flower Power e os Beatnicks, etc.). Ao ver “O Estranho Caso de<br />

Benjamin Button” é quase impossível não estabelecer algumas comparações com<br />

a obra de um escritor como Paul Auster, onde o acaso e as coincidências ocupam<br />

igualmente um importante lugar no decorrer da vida das suas personagens.<br />

Este “trabalhar do tempo” no cinema remeta para outras obras cinematográfi cas,<br />

como por exemplo “Intolerância”, de David W. Griffi th, na qual uma mãe vai cantando<br />

e embalando o berço onde se encontra a fi lha, enquanto vários episódios da eclosão<br />

da intolerância ao longa da História do homem vão sendo ilustrados. Aqui invertemse<br />

os papéis, é a fi lha que lê à mãe moribunda (inversão total: fi lha - mãe, nascimento<br />

– morte), mas o efeito é idêntico (ainda que superior em Griffi th, mais contido, sendo<br />

talvez excessivo em Fincher – há demasiadas interferências deste refrão no decorrer<br />

da obra). Mas o tempo é um fascínio para o cinema, com as suas viagens (os vários<br />

“Regressos ao Futuro”, de Rober Zemeckis; “O Efeito Borboleta”, de Eric Bress e J. Mackye<br />

Gruber, “Deja Vu”, de Tony Scott, “Donnie Darko”, de Richard Kelly, “The Final Countdown”,<br />

de Don Taylor, “Groundhog Day”, de Harold Ramis, “It’s A Wonderful Life”, de Frank Capra,<br />

“Je t’aime, je t’aime”, de Alain Resnais, “Melinda and Melinda”, de Woody Allen, “Peggy<br />

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Sue Got Married” , de Francis Ford Coppola, “The Philadelphia Experiment”, de Stewart<br />

Raffi ll, “Planet of the Apes” de Franklin J. Schnaffner ou de Tim Burton, “Slaughterhouse<br />

Five”, de George Roy Hill, “Time After Time”, de Nicholas Meyers, “Time Bandits”, de<br />

Terry Gilliam, “Timeline 2003”, de Richard Donner, “The Time Machine”, de Pal George<br />

ou “Time Machine”, de Simon Wells, para só citar alguns dos casos mais evidentes e<br />

mais interessantes.<br />

“Contar-vos-ei o que aconteceu e deixar-vos-ei ajuizar por vós próprios”, afi rma F.<br />

Scott Fitzgerald no início do seu conto. David Fincher, numa outra perspectiva, parece<br />

deixar igualmente ao espectador essa tarefa, sem impor uma leitura unívoca. Sem ser<br />

um fi lme que nos apaixone particularmente, “O Estranho Caso de Benjamin Button”<br />

possui, todavia, motivos bastantes para se situar entre os títulos importantes do fi m<br />

de 2008 (nos EUA) e do início de 2009 (em <strong>Portugal</strong>). As treze nomeações para Oscars<br />

não nos espantam, sobretudo porque muitas delas se situam em domínios onde o<br />

fi lme é particularmente brilhante (a fotografi a de Claudio Miranda é especialmente<br />

notável, pelas variações de estilo que ostenta, sempre perfeita, até quando copia o<br />

fi lme mudo nessas deliciosas cenas do velho que recorda os sete raios que o atingiram<br />

ao longo da vida; a direcção artística de Donald Graham Burt e o guarda-roupa, de<br />

Jacqueline Westé, são igualmente extraordinários, pela forma como vão captando<br />

o tom das épocas por onde vai passando o fi lme; a partitura musical de Alexandre<br />

Desplat é admiravelmente evocativa; o trabalho da equipa de caracterização é também<br />

excelente). Já nos parece muito duvidoso que as nomeações principais se cumpram<br />

realmente em Oscars. A realização, os actores principais e adaptação do argumento<br />

não nos parecem merecer os prémios, apenas justifi cam as nomeações. São realmente<br />

bons, mas sem deslumbrarem. Caso muito diverso é o de Taraji P. Henson, na fi gura de<br />

Queenie, inteiramente à altura do Oscar. Resumindo, se o fi lme regressar com quatro<br />

ou cinco estatuetas intermédias, já será um bom resultado.<br />

_O ESTRANHO CASO DE BENJAMIN BUTTON<br />

Título original: The Curious Case of Benjamin Button<br />

Realização: David Fincher (EUA, 2008); Argumento: Eric Roth, Robin Swicord; Produção: Ceán Chaffi n, Jim Davidson,<br />

Kathleen Kennedy, Frank Marshall, Marykay Powell; Música: Alexandre Desplat; Fotografi a (cor): Claudio Miranda;<br />

Montagem: Kirk Baxter, Angus Wall; Casting: Laray Mayfi eld; Design de produção: Donald Graham Burt; Direcção artística:<br />

Kelly Curley, Tom Reta; Decoração: Victor J. Zolfo; Guarda-roupa: Jacqueline West; Maquilhagem: Colleen Callaghan,<br />

Brian Sipe; Direcção de Produção: Manon Bougie, Marc A. Hammer, Peter Mavromates, Daniel M. Stillman; Assistentes<br />

de realização: Carl Kouri, Allen Kupetsky, Steve Lonano, Maria Mantia, Bob Wagner, Pete Waterman; Departamento de<br />

arte: Lorrie Campbell, Tammy S. Lee, Masako Masuda, Clint Wallace, Randall D. Wilkins; Som: Ren Klyce; Efeitos especiais:<br />

Ted Allen, Burt Dalton, Liah Saldaña; Efeitos visuais: Eric Barba, Charlie Bolwell, Atsushi Imamura, Chris McLeod, James<br />

Pastorius, Wendy Pirotte, Steve Preeg, David Pritchard, Kyle Ware, Kyle Ware, Daniel Warom; Animação: Jonah Austin;<br />

Anthony Rizzo; Companhias de produção: The Kennedy/Marshall Company, Paramount Pictures, Warner Bros. Pictures;<br />

Intérpretes: Brad Pitt (Benjamin Button), Cate Blanchett (Daisy), Julia Ormond (Caroline), Tilda Swinton (Elizabeth<br />

Abbott), Elias Koteas (Monsieur Gateau), Taraji P. Henson (Queenie), Jason Flemyng (Thomas Button), Faune A. Chambers<br />

(Dorothy Baker), Donna DuPlantier (Blanche Devereux), Jacob Tolano (Martin Gateau), Earl Maddox, Ed Metzger (Teddy<br />

Roosevelt), Danny Vinson, David Jensen, Joeanna Sayler (Caroline Button), Mahershalalhashbaz Ali (Tizzy), Fiona<br />

Hale, Patrick Thomas O’Brien, Danny Nelson, Marion Zinser, Peter Donald Badalamenti II, Paula Gray, Lance E. Nichols,<br />

Rampai Mohadi, Troi Bechet, Phyllis Somerville, Elle Fanning, Ted Manson, Clay Cullen, Edith Ivey, Robert Towers, Jared<br />

Harris, Sonya Leslie-Shepherd, Yasmine Abriel, Madisen Beaty, Tom Everett, Don Creech, Joshua DesRoches, Christopher<br />

Maxwell, Richmond Arquette, Josh Stewart, Ilia Volok, David Ross Paterson, Taren Cunningham, Myrton Running Wolf,<br />

Stephen Taylor, Devyn A. Tyler, Adrian Armas, Wilbur Fitzgerald, Ashley Nolan, Louis Herthum, Katta Hules, Rus Blackwell,<br />

Joel Bissonnette, Deneen Tyler, Spencer Daniels, Chandler Canterbury, Charles Henry Wyson, Jessica Cropper, Katherine<br />

Crockett, etc. Duração: 166 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Columbia TriStar Warner; Classifi cação etária: M/ 12 anos;<br />

Estreia em <strong>Portugal</strong>: 15 de Janeiro de 2009.


_FROST/NIXON<br />

“Frost/Nixon” assemelha-se muito a um combate de boxe entre duas personagens<br />

com real existência física: o apresentador de televisão David Paradine Frost (nascido a<br />

7 de Abril de 1939), que ainda há pouco mantinha na televisão inglesa um programa<br />

de entrevistas, “Frost Over The World”, na “Al Jazeera English”, e Richard Milhous Nixon<br />

(nascido em Yorba Linda, Califórnia, a 9 de Janeiro de 1913 e falecido a 12 de Abril de 1994),<br />

que foi o 37º Presidente dos Estados Unidos da América, entre 1969 e 1974, ano em que<br />

resignou, depois de se ver envolvido no caso Watergate. Nixon foi o único Presidente<br />

dos EUA até hoje a ser obrigado a afastar-se do cargo, em virtude de ter cometido<br />

graves irregularidades durante a sua administração. Republicano, tinha atrás de si uma<br />

carreira repleta de duvidosos casos políticos, desde a sua activa e decisiva contribuição<br />

para o período da “Caça às Bruxas”, durante o Machartismo, tendo depois sido Vicepresidente<br />

de Dwight D. Eisenhower (entre 1953 e 1961). Em 1960 perdeu as eleições<br />

presidenciais para John F. Kennedy, e em 1962 para governador da Califórnia. Mas, em<br />

1968, seria eleito Presidente e reeleito em 1972. A sua Presidência seria tumultuosa,<br />

com graves questões internas e externas (guerra do Vietname, a que curiosamente pôs<br />

termo, depois de uma escalada fatídica, e de ter a aceite uma má dissimulada rendição,<br />

relações com a China e a URSS, com as quais logrou alguma contenção, guerra com<br />

o Cambodja, o Laos, crise económica e caos social nos EUA). A 14 de Agosto de 1974<br />

demitia-se de Presidente, com uma curta declaração, e o seu sucessor, Gerald Ford,<br />

anunciava, pouco depois, um perdão para todos os “crimes federais” por si cometidos.<br />

Assim se retirou para a sua residência “La Casa Pacifi ca”, em San Clemente, Califórnia,<br />

onde escreveu, em 1978, as mil páginas “The Memoirs of Richard Nixon”, a que se<br />

seguiram nove outros volumes (todos muito bem remunerados).<br />

Anteriormente, porém, em 1977, Nixon pretendeu organizar um regresso à vida pública,<br />

procurando de alguma forma recuperar a imagem perdida. Foi por isso que aceitou<br />

encontrar-se com David Frost, apresentador de shows de variedades e entrevistador de<br />

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celebridades mediáticas, que tivera alguns programas de certo sucesso em Inglaterra,<br />

mas que caíra em desgraça e se encontrava então na Austrália. Forst e Nixon eram por<br />

esse tempo “anjos caídos” que viviam tempos de exílio forçado. Ambos combatentes<br />

de têmpera, ambos pretendiam um regresso em grande. As seis entrevistas que<br />

fi caram combinadas (por um chorudo pagamento de 600 mil dólares, quase todos<br />

saídos do bolso de Frost) seriam, portanto, um combate público em que só poderia<br />

“haver um vencedor”. Ou um “combate combinado” que assim teria dois vencedores, o<br />

que também chegou a ser ventilado nesse momento.<br />

As primeiras gravações das entrevistas não foram brilhantes para Frost, que se mostrava<br />

demasiado retraído, dando todos os pontos a Nixon, mas, quando chegou a ocasião<br />

de abordar o caso Watergate, tudo mudou de fi gura. Nixon acabaria por confessar<br />

publicamente alguns erros e ilegalidades (que, quando cometidas por um presidente,<br />

“não eram ilegalidades”, explicou perante a incredibilidade do país). As entrevistas que<br />

até aí não tinham motivado grande interesse por parte das cadeias de tv americanas,<br />

acabaram por ser um sucesso televisivo, com mais de 45 milhões (há quem fale em 50<br />

milhões) de espectadores em todo o mundo, o que as tornou no maior êxito de sempre<br />

no campo das entrevistas políticas televisionadas.<br />

Enquadrado historicamente o acontecimento, e o seu inequívoco interesse, cremos<br />

não andar muito longe da verdade se dissermos que o verdadeiro protagonista deste<br />

fi lme de Ron Howard é, no entanto, George W. Bush. E porquê? Porque muitas vezes<br />

ouvimos Frost, no fi lme, fazer perguntas a Nixon e quem ouvimos a responder é Bush,<br />

tal a sobreposição de questões. De certa forma as entrevistas de Frost constituíram<br />

uma espécie de julgamento público de um presidente que levou os EUA para a guerra<br />

com falsas questões, com mentiras organizadas a seu favor, acabando por desencadear<br />

uma das piores crises militares, políticas, económicas, fi nanceiras e sociais da história<br />

daquele país e do mundo. Estamos portanto a ouvir perguntas que poderiam ser<br />

endereçadas a George W. Bush, e a julgá-lo publicamente por interposta pessoa. O<br />

resultado é confrangedor para um e outro. O fi lme adquire o estatuto de requisitório<br />

indiscutível.<br />

Mas o fi lme pode (e deve) ser visto ainda sob outros pontos de vista, nomeadamente o<br />

das relações entre os meios de comunicação social e o poder instituído. Nixon era pessoa<br />

que, a bem ou a mal, “sabia” tratar com a comunicação social. Os seus processos eram<br />

quase sempre mafi osos, mas o fi lme relembra como “as coisas” se podem estruturar. A<br />

começar desde logo pelo próprio caso Watergate, que, na base, tem precisamente este<br />

problema: como calar certas vozes incómodas da oposição nos jornais? Foi para saber<br />

como que colaboradores da Casa Branca resolveram entrar em instalações do Partido<br />

Democrata para recolher informações. Ao serem descobertos, desbloquearam toda a<br />

tramóia que haveria de liquidar Nixon.<br />

Ao olharmos, porém, para estes dois homens em confronto, não nos restam muitas<br />

dúvidas de que ambos se equivalem. O duelo é de morte, mas o que está em causa<br />

será a reposição da verdade e o julgamento público de um Presidente crápula? Ou será<br />

antes os 600 mil dólares que fascinaram Nixon e saíram do bolso de Frost? Ou será o<br />

futuro profi ssional de cada um deles e da rede de colaboradores que os mantêm em<br />

exercício? Há algum quixotismo em Frost? Há algum arrependimento em Nixon? Não<br />

estarão ambos a investir ao mais alto nível nos seus futuros? Um a querer regressar<br />

à ribalta da TV de Inglaterra, outro a querer rentabilizar, o melhor possível, as suas<br />

memórias, impondo a comiseração por um lado e o branqueamento, limitado é certo,


da sua imagem pública? Afi nal o resultado foi o julgamento de Nixon, é uma realidade,<br />

mas com um perdão para todos os “crimes federais” e a nova imagem do homem que,<br />

apesar dos crimes cometidos, se tinha humilhado, confessando num acto de contrição<br />

que todo o país (e o mundo) iria compreender (e perdoar), continuando a comprar<br />

“as memórias” que iria futuramente publicar e tanto jeito lhe fariam à contabilidade<br />

pessoal.<br />

A forma como a televisão (e toda a comunicação social por arrasto) dialoga com o poder<br />

é outra questão delicada que o fi lme aborda, com alguma subtileza, mas mostrando<br />

bem o jogo de infl uências, sobretudo quando se apostam fortunas numa transmissão<br />

e se arriscam carreiras. O início da obra é esclarecedor, desvendando os mecanismos<br />

que estão na base dos projectos e como os mesmos se montam ou desmontam.<br />

Claro que Ron Howard, não sendo um cineasta particularmente criativo e um<br />

“autor” de primeiro plano, é um realizador atento e efi caz. O fi lme movimenta-se<br />

bem em interiores cerrados, as cenas das entrevistas conseguem justifi car o tom de<br />

quase “thriller” psicológico, adensando o clímax com habilidade. Há um momento,<br />

absolutamente fi ccionado no fi lme, que funciona muito bem, quando Nixon,<br />

embriagado (apenas um plano de copos e garrafa, anterior, prenuncia o desenlace),<br />

telefona a meio da noite a Frost. No dia seguinte, Frost evoca esse telefonema a Nixon,<br />

este não o recorda, mas essa confi dência do entrevistador irá retirar ao ex-presidente<br />

toda a segurança, fragilizá-lo e viabilizar a confi ssão. Também aqui as comparações<br />

com Bush não deixam de se estabelecer.<br />

Retirado de uma peça de teatro de Peter Morgan, que também a adaptou a cinema,<br />

“Frost/Nixon” não perde esse intimismo de “fi lme de câmara”, conseguindo sustentar<br />

o confronto (“aproxima-te mais dele, para o intimidares, olha-o nos olhos, interrompeo<br />

para o enervares, não o deixes monologar sobre o que quer”, aconselham os<br />

colaboradores de Frost ao apresentador, que até aí garantia a Nixon muito à vontade).<br />

A adaptação é por isso boa, mantendo certamente as virtualidades da peça que<br />

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foi sucesso em Londres e na Broadway, procurando novos valores narrativos, sem<br />

desvirtuar o essencial. Informação adicional: Frank Langela e Michael Sheen também<br />

interpretavam os mesmos papéis no teatro que agora recriam no cinema.<br />

Vamos, pois, e fi nalmente, ao diálogo de actores. Frank Langella (Richard Nixon) e Michael<br />

Sheen (David Frost) são dois bons actores, particularmente o primeiro. Deve sublinharse<br />

o trabalho de ambos, na assimilação de características e de pormenores de gestos,<br />

olhares, entoações, mas se o desempenho é minucioso, e por vezes brilhante, há algo<br />

que nos afasta dos verdadeiros protagonistas. Percebe-se que a intenção não foi mimar<br />

ao extremo o físico de Nixon ou Frost, mas construir essas fi guras sobre a aparência<br />

física dos actores que lhe acrescentaram apenas certos tiques ou particularidades. O<br />

resultado, não afectando demasiado o fi lme, acaba por nos distanciar. Não sabemos<br />

mesmo se não haverá algo de propositado neste distanciamento (um Nixon que não<br />

é totalmente o Nixon das actualidades e dos telejornais da época, para o fi lme se<br />

centrar mais na fi gura de um Presidente dos EUA, pouco escrupuloso, dado à bebida,<br />

prepotente e ardiloso, populista e atávico – será só Nixon que corresponde ao retrato,<br />

quando o fi lme de Ron Howard se estreia em plena campanha de Barack Obama?).<br />

Resumindo: não será o grande cinema norte americano, mas é defi nitivamente o<br />

cinema norte americano liberal, que investiga, que denuncia, que tenta clarifi car, tomar<br />

partido, defender causas, e mostrar que, no fi nal, numa democracia, por muitos erros<br />

que se cometam, há sempre mecanismos que permitem de alguma forma remediar<br />

o mal. Claro que para quem não acredita nas democracias representativas, este fi lme<br />

não faz mais do que salvar a face. Aceitamos até a crítica, desde que nos mostrem<br />

alternativas, e alternativas viáveis. Mas não serão certamente exemplos do passado,<br />

carregados de prepotência, tortura e morte, que nos irão fazer mudar de ideias. Por isso<br />

achamos este fi lme um bom exemplo do que o cinema pode fazer para interferir na<br />

realidade e ajudá-la a mudar, para melhor.<br />

Curiosidade suplementar; parece que este projecto antes de ser entregue a Ron<br />

Howard passou por várias mãos que o cobiçavam: Martin Scorsese, Mike Nichols,<br />

George Clooney, Sam Mendes ou Bennett Miller foram alguns.<br />

_FROST/NIXON<br />

Título original: Frost/Nixon<br />

Realização: Ron Howard (EUA, França, Inglaterra, 2008); Argumento: Peter Morgan, segundo peça de teatro de sua<br />

autoria; Produção: Tim Bevan, William M. Connor, Eric Fellner, Brian Grazer, Todd Hallowell, Ron Howard, Kathleen McGill,<br />

Peter Morgan, Louisa Velis; Música: Hans Zimmer; Fotografi a (cor): Salvatore Totino; Montagem: Daniel P. Hanley, Mike<br />

Hill; Casting: Janet Hirshenson, Jane Jenkins; Design de produção: Michael Corenblith; Direcção artística: Brian O’Hara,<br />

Gregory Van Horn; Decoração: Susan Benjamin; Guarda-roupa: Daniel Orlandi; Maquilhagem: Colleen Callaghan,<br />

Edouard F. Henriques, Elizabeth Hoel, Karyn Huston, Sabine Roller, Justin Stafford; Direcção de Produção: Kathleen<br />

McGill; Assistentes de realização: William M. Connor, Todd Hallowell, Scott R. Meyers, Kristen Ploucha, Scott Schaeffer;<br />

Departamento de arte: Lorrie Campbell, Chad S. Frey; Som: Anthony J. Ciccolini III, Teri E. Dorman, Gary A. Hecker, Solange<br />

S. Schwalbe; Efeitos especiais: Chad Baalbergen, Jeff Miller; Efeitos visuais: Eric J. Robertson; Companhias de produção:<br />

Imagine Entertainment, Relativity Media, Studio Canal, Working Title Films; Intérpretes: Frank Langella (Richard Nixon),<br />

Michael Sheen (David Frost), Sam Rockwell (James Reston, Jr.), Kevin Bacon (Jack Brennan), Matthew Macfadyen (John<br />

Birt), Oliver Platt (Bob Zelnick), Rebecca Hall (Caroline Cushing), Toby Jones (Swifty Lazar), Andy Milder (Frank Gannon),<br />

Kate Jennings Grant (Diane Sawyer), Gabriel Jarret (Ken Khachigian), Jim Meskimen (Ray Price), Patty McCormack (Pat<br />

Nixon), Geoffrey Blake, Clint Howard, Rance Howard, Gavin Grazer, Simon James, Eloy Casados, Jay White, Wil Albert,<br />

Keith MacKechnie, Penny L. Moore, Janneke Arent, David Ross Paterson, Jennifer Hanley, Robert Pastoriza, Louie Mejia,<br />

Kevin P. Kearns, David Kelsey, James Ritz, Pete Rockwell, Ned Vaughn, Simone Kessell, Ben Pauley, Noah Craft, Talley Singer,<br />

Kaine Bennett Charleston, Gregory Alpert, Kimberly Robin, Michelle Manhart, Steve Kehela, Antony Acker, Jenn Gotzon,<br />

Googy Gress, Marc McClure, Joe Spano, etc. Duração: 122 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo; Classifi cação<br />

etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 22 de Janeiro de 2009.


_GOMORRA<br />

Roberto Saviano é um jovem escritor italiano que se impôs com um único livro que<br />

teve uma recepção entusiástica: 1.8 milhões de exemplares, tradução em 40 países,<br />

tudo isto desde Maio de 2006. O livro aborda, de foram desabrida e frontal, o “modus<br />

vivendo” da Gomorra, a Máfi a napolitana, uma organização de uma violência sem<br />

limites e de uma desumanidade extrema. Nada a ver com outras obras romanescas que,<br />

muito embora denunciando os negócios ilícitos e a atmosfera criminosa da sociedade<br />

secreta, nela encontram códigos de ética ou fraternidades complacentes. Aqui tudo e<br />

feio e sujo, sem remissão. Desde a descrição dos cenários, miseráveis e arruinados, dos<br />

bairros de Scampia e Caserta, até ao comportamento de cada interveniente.<br />

O livro passou a fi lme que conquistou o Prémio do Júri em Cannes e os favores do<br />

público por esse mundo fora. O romancista viu-se rapidamente envolvido em ameaças<br />

várias à sua integridade física, o que levou as autoridades italianas a protegê-lo nos<br />

últimos tempos, sobretudo depois de uma petição, assinada por seis prémios Nobel,<br />

que, solidarizando-se com o autor, solicitaram para ele ajuda ofi cial. “Estamos fartos<br />

de uma fi cção á volta do crime organizado”, declarou o escritor. “Nós não falamos de<br />

delinquentes comuns, falamos de uma organização poderosíssima. Nop dia em que<br />

caíram as Torres Gémeas, enquanto o mundo olhava, aterrorizado, as imagens da<br />

televisão, os chefes da Gomorra falavam pelo telefone para se investir. Para eles não<br />

havia mortos, havia um terreno livre para se investir”.<br />

Falemos do fi lme. Este assume-se como uma obra de um novo neo-realismo. Cenários<br />

naturais, actores não profi ssionais, uma quase ausência de trama fi ccionista, uma<br />

procura da realidade documental sem enfeites (ou sem efeitos especiais), uma secura<br />

de tratamento que chega a incomodar pela austeridade. O fi lme organiza-se em forma<br />

de capítulos, onze, onde se vão intercalando várias histórias, cinco para sermos mais<br />

precisos, que documentam práticas e comportamentos mafi osos: a guerra entre bandos<br />

num bairro onde a polícia não tenta sequer entrar; negócios obscuros que permitem<br />

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enterrar bidões de resíduos altamente tóxicos em terrenos abandonados, que assim<br />

rendem chorudas quantias e dispersam o veneno sem controle; o dia a dia nuns edifícios<br />

deteriorados onde se vende droga e onde vive Totó, um adolescente que se encarrega<br />

de pequenos recados; um alfaiate de “alta costura” que trai os gomorristas e inicia<br />

um trabalho para os recém chegados chineses e que por isso mesmo é “castigado”;<br />

Ciro, um velho “contabilista” da organização, cuja tarefa é recolher dinheiros para a<br />

Gomorra e que se sente abandonado e menosprezado; e dois jovens, com um evidente<br />

atraso mental, que se apoderam de um conjunto de armas e desatam a disparar para<br />

todo o lado, julgando-se os donos do mundo. Acabam mal, porque para a Gomorra<br />

disparar só se faz com efi cácia.<br />

Cada segmento destas histórias aparece isolado, intercalando-se uns nos outros<br />

sem aparente relação, mas o espectador “sabe” que todos eles se irão interligar à<br />

medida que o fi lme avança, e pressente que, por detrás de todos eles, se encontra a<br />

omnipresente Gomorra. O que mais surpreende, se é que nos podemos surpreender<br />

com algo vindo de onde vem, é a forma totalmente desumana como todos os assuntos<br />

são tratados, com um pragmatismo e uma “objectividade” totais. As pessoas deixaram<br />

de ser pessoas, são peões, objectos, números que, se funcionam de acordo com as<br />

directrizes, sobrevivem (por vezes em situações de clara exploração infra-humana),<br />

mas que se tomam alguma posição contrária aos interesses da máfi a, são abatidos<br />

como animais num matadouro clandestino, e enterrados na areia através de uma<br />

qualquer escavadora de serviço.<br />

A câmara movimenta-se com agilidade, na mão do operador que persegue<br />

personagens em planos-sequência, como um qualquer observador privilegiado, a<br />

fotografi a é extremamente densa, de um colorido sujo e pigmentado, o som é directo<br />

quase sem tratamento, o dialecto napolitano de difícil percepção, os cenários de<br />

um desencanto e hostilidade invulgares, a montagem, por corte seco, não permite<br />

qualquer tipo de adesão emocional, o resultado é de um distanciamento óbvio e de<br />

uma brutalidade quase física. O que permite, no fi nal, um fi lme sufocante, sobre uma<br />

realidade que temos difi culdade em associar a um mundo que conhecemos, mas que<br />

tudo nos diz existir assim mesmo, na mais perfeita i-moralidade, na mais completa<br />

des-umanidade.<br />

_GOMORRA<br />

Título original: Gomorra<br />

Realização: Matteo Garrone (Itália, 2008); Argumento: Maurizio Braucci, Ugo Chiti, Gianni Di Gregorio, Matteo<br />

Garrone, Massimo Gaudioso, Roberto Saviano, segundo obra de Roberto Saviano; Produção: Laura Paolucci, Domenico<br />

Procacci; Fotografi a (cor): Marco Onorato; Montagem: Marco Spoletini; Design de produção: Paolo Bonfi ni; Guardaroupa:<br />

Alessandra Cardini; Maquilhagem: Alessandro Bertolazzi; Direcção de produção: Gianluca Chiaretti, Michela<br />

Rossi; Assistentes de realização: Gianni Di Gregorio, Gianluigi Toccafondo; Som: Maricetta Lombardo; Efeitos visuais:<br />

Fabrizio Cucinotta; Companhias de produção: Fandango, Rai Cinema, Sky, Ministero per i Beni e le Attività Culturali;<br />

Intérpretes: Toni Servillo (Franco), Gianfelice Imparato (Don Ciro), Maria Nazionale (Maria), Salvatore Cantalupo<br />

(Pasquale), Gigio Morra (Iavarone), Salvatore Abruzzese (Totó), Marco Macor (Marco), Ciro Petrone (Ciro), Carmine<br />

Paternoster (Roberto), Zhang Ronghua (Xian), Simone Sacchettino (Simone), Salvatore Ruocco (Boxer), Vincenzo<br />

Fabricino (Pitbull), Vincenzo Altamura (Gaetano), Italo Renda (Italo), Salvatore Striano, Carlo Del Sorbo, Vincenzo<br />

Bombolo, Alfonso Santagata, Massimo Emilio Gobbi, Salvatore Caruso, Italo Celoro, Manuela Lo Sicco, Giovanni<br />

Venosa, Vittorio Russo, Bernardino Terracciano, Alda D’Eusanio, etc. Duração: 137 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>:<br />

Prisvideo; Classifi cação etária: M/ 16 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 18 de Setembro de 2008.


_HAVERÁ SANGUE<br />

“Haverá Sangue”, de Paul Thomas Anderson, é um fi lme notável, uma daquelas<br />

raras obras que por vezes iluminam uma cinematografi a e nos demonstram que<br />

as obras-primas continuam a fl orescer por esse mundo fora, bastando para tanto<br />

estar atento para as reconhecer e amar. Baseado no romance “Oil!” (1927) do norteamericano<br />

Upton Sinclair, “There Will Be Blood” foi rodado, em 2006, nos cenários<br />

impressionantes do Novo México, e de Marfa, no Texas, centrando a sua história numa<br />

personagem absolutamente fascinante (e nem sempre por bons motivos), o mineiro<br />

Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) que descobre ocasionalmente uma jazida de<br />

petróleo, corria o ano de 1898. Homem pobre, mas sagaz, com reduzidas condições,<br />

mas uma obstinação e persistência que irá manter (e robustecer) ao longo da vida,<br />

Plainview inicia a extracção, cria novas técnicas e novos apetrechos de exploração e,<br />

em 1911, é o mais bem sucedido pesquisador de petróleo da Califórnia.<br />

Um dia um dos seus empregados sofre um acidente fatal, e deixa órfão H.W., um miúdo<br />

que, a partir daí, Plainview adopta como fi lho e torna sócio do seu pequeno império<br />

em construção. Império que progride de forma desmedida, quando recebe a visita de<br />

um jovem, Paul Sunday (Paul Dano) que lhe vem vender uma secreta informação sobre<br />

uma propriedade da sua família, em Little Boston, Califórnia, onde afi ança que há<br />

infi nitas e bem abastecidas jazidas desse tão precioso óleo.<br />

Plainview e H.W. fazem-se passar por caçadores e iniciam as negociações para comprar<br />

a propriedade, depois de se certifi carem da existência de petróleo em abundância, e<br />

sem nada dizerem à família dessa confi rmação. Mas Paul Sunday tem um irmão<br />

gémeo, Eli Sunday (igualmente Paul Dano), que percebe o que se passa e exige um<br />

pagamento extra de 10.000 dólares, que reverteriam para a construção da sua própria<br />

igreja, a “Igreja da Terceira Revelação”, onde se auto-proclamaria sacerdote. Plainview<br />

paga-lhe 5.000 adiantados e promete-lhe outro tanto para mais tarde, e começa por<br />

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outro lado a comprar as propriedades vizinhas, fi cando apenas uma, isolada, a quinta<br />

do velho Bandy (Hans Howes), que não cede à investida.<br />

Enquanto Plainview vai reforçando o seu império e ampliando a sua cobiça, Eli funda<br />

a sua própria igreja, e inicia a pregação. Certo dia um poço de petróleo explode e<br />

H.W. deixa de ouvir. Estão criadas as premissas para “There Will Be Blood” descolar,<br />

oferecendo um admirável retrato de cobiça e ambição, de esforço e dedicação a uma<br />

obra, que não pára perante nada, que não hesita um instante, que não coloca uma<br />

questão, uma dúvida, uma interrogação. Social, moral. Pragmatismo total. Tudo se<br />

justifi ca se a obra avança e o capital se multiplica, não importando se a solidão se<br />

instala, se a bebida consome, se o crime se institui. Duas obsessões demenciais que<br />

se cruzam, se aliam, se amparam, se confrontam, se destroem: o petróleo e a religião.<br />

Em nome de um e de outra, ou em nome dos dois em simultâneo, ou em conluio dos<br />

dois, a riqueza de um cresce, a exploração de muitos aumenta, enquanto, na igreja<br />

ao lado, o sacerdote bendiz, se a comunhão da receita for a dividir. Isto não lembra<br />

nada de muito presente, de muito ouvido e repetido em noticiários e lido em jornais?<br />

Pois parece que sim e é preciso não só coragem mas uma lucidez invulgar para criar a<br />

metáfora e mantê-la bem inteligível para os espectadores.<br />

Na linha de “O Gigante”, de George Stevens, por um lado, na forma como descreve<br />

a traços largos o universo dos campos petrolíferos e das sagas familiares que<br />

alimentaram impérios à sua custa; no prolongamento de “Elmer Gantry”, de Richard<br />

Brooks, na forma como evoca os malabarismos e puritanismos de certas seitas e de<br />

sacerdotes que vivem da manipulação e da demagogia barata, perante assembleias<br />

de crentes ingénuos; próximo de “Citizen Kane”, de Orson Welles, na maneira como<br />

ergue uma personagem “bigger than life”; cruzando com “O Tesouro da Sierra Madre”,<br />

de John Huston, no estudo da ambição que conduz à loucura e à perca; perto por esse<br />

motivo também de “Greed”, de Erich Von Stroheim, a vertigem da cobiça em estado<br />

puro numa paisagem desolada. Obviamente que também vem à memória “Escrito<br />

no Vento”, de Douglas Sirk. O petróleo e a avareza, a construção de impérios sobre a<br />

perfídia, ostentam uma ilustre fi lmografi a atrás de si.<br />

Não li o romance de Upton Sinclair, “Oil!”, mas, ao que dizem, Paul Thomas Anderson<br />

apenas retém o início desta obra de cerca de 700 páginas, que acompanha a vida<br />

de uma família, cuja riqueza cresce com os campos de petróleo. No romance, o<br />

protagonista é Bunny Ross, e tem obviamente um modelo na realidade americana<br />

que inspirou a sua criação, um magnata, Edward Doheny, no palacete do qual foram<br />

fi lmadas as derradeiras sequências do fi lme. Ironias do destino! O fi lme, no entanto,<br />

não fala de Bunny Ross, mas apenas do pai deste (no romance), J. Arnold Ross, e do<br />

dealbar da construção do império.<br />

Há quem surpreenda uma inspiração evidente na fi gura do vampiro para a construção<br />

visual da personagem de Daniel Plainview (que Daniel Day-Lewis cria de uma forma<br />

absolutamente magistral, na linguagem, na pronúncia, na contenção, no nervo, na<br />

frieza do olhar de caçador por vezes acossado, mas sempre pronto a transformar o<br />

caçador em sua vítima). “Nosferatu”, de Murnau, vem realmente à recordação, quando<br />

se recorta a silhueta de Daniel Plainview na crista do horizonte, mas sobretudo o que<br />

colhe é essa avidez insaciável de se alimentar do sangue da terra e do sangue dos<br />

outros.<br />

A realização de Paul Thomas Anderson é admirável de rigor, mas também de criatividade<br />

narrativa, de efi cácia na forma como recorre a uma simbologia que relembra os


maiores cineastas americanos da era do clássico, na dimensão de um lirismo telúrico<br />

como cruza panorâmicas verticais e horizontais, acompanhando as torres que se<br />

erguem para o céu, ou os oleodutos que escorrem para o mar as entranhas da terra.<br />

Há no ar poeira e óleo, o vermelho denso do desejo e o negro trágico da ameaça, numa<br />

fotografi a esplendorosa de Robert Elswit, mas há, sobretudo, a fabulosa partitura de<br />

Johnny Greenwood, o guitarrista dos “Radiohead”, que compõe lamentos de cortar a<br />

respiração. Um grande fi lme que tem as pragas do Egipto, do “Exodus”, como epígrafe<br />

que dá o nome e um sentido mais linear à obra.<br />

_HAVERÁ SANGUE<br />

Título original: There Will Be Blood<br />

Realização: Paul Thomas Anderson (EUA, 2007); Argumento: Paul Thomas Anderson, segundo romance “Oil”, de Upton<br />

Sinclair; Música: Jonny Greenwood; Fotografi a (cor): Robert Elswit; Montagem: Dylan Tichenor; Casting: Cassandra<br />

Kulukundis; Design de produção: Jack Fisk; Direcção artística: David Crank; Decoração: Jim Erickson; Guarda-roupa:<br />

Mark Bridges; Maquilhagem: Kim Ayers, John Blake, Catherine Conrad, Linda D. Flowers, David Larson, Yesim ‘Shimmy’<br />

Osman; Durecção de produção: Erica Frauman, Jamey Pryde, Will Weiske; Assistentes de realização: Jeff Habberstad,<br />

Eric Richard Lasko, Jenny Nolan, Richard Oswald, Adam Somner, Ian Stone; Departamento de arte: Anthony D. Parrillo;<br />

Som: Richard King, Christopher Scarabosio; Efeitos especiais: Steve Cremin, Brandon K. McLaughlin; Efeitos visuais: Mark<br />

Casey, Grady Cofer, Paul Graff, Erin D. O’Connor, Robert Stromberg; Produção: Paul Thomas Anderson, Daniel Lupi, Scott<br />

Rudin, Eric Schlosser, JoAnne Sellar, David Williams; Companhias de produção: Ghoulardi Film Company, Paramount<br />

Vantage, Miramax Films. Intérpretes: Daniel Day-Lewis (Daniel Plainview), Paul Dano (Paul e Eli Sunday), David Willis<br />

(Abel Sunday), Kellie Hill (Ruth Sunday), Dillon Freasier (Jovem H.W. Plainview), Sydney McCallister, Christine Olejniczak,<br />

Martin Stringer, Kevin J. O’Connor, Jacob Stringer, Matthew Braden Stringer, Ciarán Hinds, Joseph Mussey, Barry Del<br />

Sherman, Russell Harvard, Harrison Taylor, Stockton Taylor, Colleen Foy, Paul F. Tompkins, Kevin Breznahan, Jim Meskimen,<br />

Erica Sullivan, Randall Carver, Coco Leigh, James Downey, Dan Swallow, Robert Arber, Bob Bell, David Williams, Joy Rawls,<br />

Louise Gregg, Amber Roberts, Robert Caroline, John W. Watts, Barry Bruce, Irene G. Hunter, Hope Elizabeth Reeves, John<br />

Chitwood, David Warshofsky, Tom Doyle, Colton Woodward, John Burton, Hans Howes, Robert Barge, Ronald Krut, Huey<br />

Rhudy, Steven Barr, Robert Hills, Rev. Bob Bock, Vince Froio, Phil Shelly, etc. Duração: 158 minutos; Classifi cação etária:<br />

M/ 12 anos, Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo Audiovisuais; Locais de fi lmagem: El Mirage Dry Lake, Califórnia;<br />

Greystone Park & Mansion - 905 Loma Vista Dr., Beverly Hills, Califórnia; Los Angeles, Califórnia; Marfa, Texas; Santa<br />

Clarita, California, EUA; Estreia: 14 de Fevereiro de 2008 (<strong>Portugal</strong>).<br />

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_REVOLUTIONARY ROAD<br />

América, meados dos anos 50: numa festa de jovens, um homem e uma mulher olhamse,<br />

aproximam-se, falam, confessam sonhos. Paris, onde ele já esteve mobilizado,<br />

durante a II Guerra Mundial. Os anos passam, casaram, são os Wheelers, Frank<br />

(Leonardo DiCaprio) e April (Kate Winslet), vivem numa agradável casa nos subúrbios<br />

de Connecticut, dois fi lhos, ele empregado num escritório de uma grande empresa, ela<br />

dona de casa com aspirações a actriz que falham rotundamente na noite de estreia<br />

do grupo teatral local. A simpática senhora que lhes vendeu a casa (Kathy Bates), em<br />

Revolutionary Road, acha-os “especiais”, eles também se acham, mas começam a sentir<br />

a terra a fugir-lhes debaixo dos pés. Os sonhos vão fi cando para trás, as promessas<br />

de felicidade restringem-se ao mínimo. A vida dos subúrbios asfi xia-os, lentamente.<br />

O sonho de Paris regressa. Vender a casa, largar o emprego, pegar nos miúdos, viajar<br />

até à Europa (como os sonhos se cruzam: na Europa, por essa altura, alimenta-se o<br />

sonho de viajar até à América, “a terra das possibilidades para todos”). Ela promete<br />

que trabalha como secretária da OTAN, ele pode cumprir o destino que traçara para<br />

si, e que não sabe muito bem qual é, mas não é de certeza estar fechado o dia todo<br />

num escritório “open space”, com jaulas envidraçadas onde se multiplicam as vendas<br />

de electrodomésticos. Por isso se impõe o sonho de partir, a miragem da aventura,<br />

de viver perigosamente (na frente da batalha, Frank confessa que sentiu medo, mas<br />

acrescenta que foi nesse momento que soube o que era a vida e April olha-o fascinada,<br />

apaixonada). Frank recorda o pai e os “sábios” conselhos que este lhe dava e lembra<br />

como o detestava nesse seu sentir sem horizontes. Nunca seria como o pai a servir<br />

fi elmente durante 20 anos a mesma empresa, jura.<br />

Mas o homem sonha, e a obra quase nunca nasce. A vida, a vidinha de todos os dias,<br />

as promoções no emprego, os fi lhos, a comodidade do adquirido, os preconceitos do<br />

ambiente mesquinho destas aldeias em jeito de cidades satélites, muito convencionais,<br />

muito patéticas na sua arrumação (cidades que Tim Burton tão bem caricatura, nalguns<br />

dos seus fi lmes, cidades que Sam Mendes tão subtil e violentamente escalpelizara já<br />

em “Beleza Americana”), vão minando a resistência de uns e o equilíbrio emocional de<br />

outros. As frustrações instalam-se. A neurose progride. Até à loucura, como no caso do<br />

matemático, que os choques eléctricos, no hospital psiquiátrico, já limitaram a meras<br />

recordações. Ele faz seus os sonhos dos Wheelers, ele é o único que os compreende<br />

plenamente, será portanto o que menos compreende a sua renúncia. Ele que está preso,<br />

anseia voar. Os Wheelers que podiam voar e já tinham os bilhetes na mão, recusam o<br />

sonho. Não ela, April, mas sobretudo Frank. Porque há a possibilidade da promoção,<br />

e a promessa de um novo lugar, a anunciada chegada de outro fi lho, a vida de todos<br />

os dias que às vezes é madrasta para os sonhos. De quem os pressente, porque há<br />

muitos que vivem (ou parecem viver) felizes com o que têm. Tomem-se como exemplo<br />

alguns colegas de escritório de Frank, e alguns vizinhos, onde, todavia, há sempre<br />

dramas, o fi lho no psiquiatra, ou o desejo refreado do vizinho do lado, que explode<br />

uma noite, no interior de um carro, para continuar domesticado e bem comportado,<br />

no seu lar, deixando, no entanto, os olhos vaguear dolorosamente pelo horizonte. Que<br />

não existe.<br />

Este é um retrato magoado e confrangedor de uma América que abafa a felicidade em<br />

casinhas modelares e electrodomésticos? Claro que é. Estes bairros higienizados de<br />

subúrbios só existem assim nos EUA, e tanto Richard Yates no seu magnífi co romance,<br />

tanto Sam Mendes no seu belíssimo fi lme, falam essencialmente da América. Mas,


este é um problema próprio da condição humana, mais do que de um só país. É próprio<br />

do homem desejar o que não tem. Procurar sempre mais. Há os que se adaptam, há<br />

os que sofrem a cada revés, há os que se acomodam e os que explodem, há os raros<br />

que partem para Paris, e lá chegados descobrem que afi nal a vida está além, porque a<br />

vida está sempre além para os insatisfeitos. E não se trata sequer de uma questão de<br />

classe social.<br />

Ao ver a progressiva erosão dos sentimentos nesta família de bairro dos arredores,<br />

veio-me à lembrança uma genial sequência de Orson Welles, em “Citizen Kane”,<br />

vários pequenos-almoços ao longo de anos, ligados por “travellings” laterais que<br />

vão, de movimento em movimento, mostrando o gradual afastamento, a distância, o<br />

alheamento total de um casal, ele um dos homens mais ricos e poderosos dos EUA,<br />

ela a sobrinha do Presidente. O desgaste é algo que ataca os sentimentos como a<br />

ferrugem os metais. E fi ca sempre a sensação de que tudo poderia ter sido de outra<br />

maneira, que o presente e o futuro poderiam ter sido diferentes, que houve sempre<br />

o erro original da defi ciente avaliação das causas e o fracasso assumido, ou não, das<br />

consequências não calculadas. Por isso, entre os americanos das cidades satélites, ou<br />

ingleses, os franceses, os portugueses, os chineses ou os brasileiros, os problemas são<br />

os mesmos, ainda que os cenários variem.<br />

E depois há ainda os que não conseguem “perceber” sequer os problemas que estes<br />

romances e estes fi lmes abordam, e que são esses deserdados da terra, para quem<br />

o sonho é ter comida para os fi lhos e para si todos os dias, ter água corrente e luz<br />

eléctrica, ou mais grave ainda não estarem sujeitos a torturas diárias numa qualquer<br />

prisão miserável, ou não assistirem diariamente ao massacre de milhares de inocentes.<br />

Sem se compreender por quê.<br />

É, todavia, a insatisfação constante e o sonho do impossível que faz mover o Homem,<br />

por muito diferentes (por vezes contraditórios) que sejam esses sonhos. Um exemplo<br />

de colheita pessoal: em 1974, em <strong>Portugal</strong>, nos muros das ruas e nos quartos dos<br />

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jovens, estavam afi xados cartazes de Marx, Lenine e Che Guevara. Numa viagem que<br />

fi z à Hungria, nas paredes das ruas, nada se via, a não ser propaganda estatal, e nas<br />

camaratas dos estudantes, cartazes da Coca-Cola e de Jeans. De cada lado do muro, os<br />

sonhos eram não só diferentes, como antagónicos. Cada um sonhava com o que não<br />

tinha, e quando passaram a ter, nenhum dos lados fi cou feliz. Muito pelo contrário.<br />

Cada homem e mulher, quando sonha, se sonha, sonha com um Paris diferente.<br />

Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, que já se tinham encontrado a bordo de “Titanic”,<br />

voltam a reunir-se numa nova aventura sentimental num cenário onde tudo se afunda<br />

à sua volta. Julgo que ambos são absolutamente notáveis, mais ela, que aqui tem uma<br />

interpretação perfeita, controlada, rigorosa, interiorizada. A forma como “sente” a<br />

solidão do tigre enjaulado, e a transmite de forma tão contida nos processos, e tão<br />

profunda nos resultados é simplesmente brilhante. Muito acima do seu trabalho em<br />

“O Leitor”, onde tudo é mais estereotipado.<br />

Depois há um conjunto de secundários notáveis, desde logo Michael Shannon, é certo,<br />

na composição de John Givings, o revoltado matemático que é, na sua loucura, um dos<br />

mais lúcidos arautos do inconformismo, mas também todos os outros companheiros<br />

de cárcere dourado. Kathy Bates é brilhante, na fi gura dessa mulher que aluga sonhos<br />

de apartamentos “muito especiais”, para casais “muito especiais”, que rapidamente o<br />

deixam de ser. Mas o marido dela é igualmente notável, tão notável que o fi lme dá-lhe<br />

a honra de terminar sobre ele, desligando o aparelho auditivo, para mais facilmente<br />

suportar o ruído que o rodeia. Há ainda o casal vizinho, a mulher que se aconchega<br />

na vida como no sofá da sala, e o marido, que concretizou o sonho de uma vida nuns<br />

minutos de felicidade sexual num banco de carro, para voltar depois ao cinzentismo de<br />

sempre (diga-se que as cenas dele com April, a dançarem num bar e a fazerem amor<br />

no carro, são das imagens mais violentamente eróticas do cinema nos últimos anos).<br />

Saliente-se ainda a jovem secretária, que é desviada uma tarde para uma tórrida cama


onde transpirou o seu sonho de sexo e amor impossível. Tudo fragilidades da condição<br />

humana, que a tornam tão fugazmente feliz e tão intensamente desditosa.<br />

A fotografi a é deslumbrante na forma como descreve ambientes e os fi ltra em solidões<br />

deserdadas, a direcção artística brilhante a restituir os anos 50, e a partitura musical<br />

(por vezes um pouco excessiva, na sua omnipresença) igualmente muito inspirada.<br />

Um grande fi lme, ternamente emocionado sobre a vacuidade da vida, sobre a tortura<br />

dos sonhos, sobre a fatalidade de existir, numa constante busca de amor e felicidade.<br />

Própria do Homem.<br />

_REVOLUTIONARY ROAD<br />

Título original: Revolutionary Road<br />

Realização: Sam Mendes (EUA, Inglaterra, 2008); Argumento: Justin Haythe, segundo romance de Richard Yates;<br />

Produção: Gina Amoroso, Bobby Cohen, Henry Fernaine, Karen Gehres, Pippa Harris, John Hart, Peter Kalmbach, Sam<br />

Mendes, Marion Rosenberg, Scott Rudin, David M. Thompson, Nina Wolarsky; Música: Thomas Newman; Fotografi a<br />

(cor): Roger Deakins; Montagem: Tariq Anwar; Casting: Ellen Lewis, Debra Zane; Design de produção: Kristi Zea; Direcção<br />

artística: Teresa Carriker-Thayer, John Kasarda, Nicholas Lundy; Decoração: Debra Schutt; Guarda-roupa: Albert Wolsky;<br />

Maquilhagem: Alan D’Angerio, Linda Melazzo; Direcção de Produção: Meryl Emmerton, Jennifer Lane; Assistentes de<br />

realização: Amy Lauritsen, Joseph P. Reidy, John Silvestri, Christian Vendetti; Departamento de arte: Derrick Kardos, Tina<br />

Khayat, Erik Knight; Som: Jacob Ribicoff, Warren Shaw; Efeitos especiais: John Stifanich; Efeitos visuais: Randall Balsmeyer,<br />

J. John Corbett, Adrienne Winterhalter; Companhias de produção: DreamWorks SKG, BBC Films, Evamere Entertainment,<br />

Neal Street Productions, Goldcrest Pictures, Scott Rudin Productions; Intérpretes: Leonardo DiCaprio (Frank Wheeler),<br />

Kate Winslet (April Wheeler), Michael Shannon (John Givings), Ryan Simpkins (Jennifer Wheeler), Ty Simpkins (Michael<br />

Wheeler), Kathy Bates (Mrs. Helen Givings), Richard Easton (Mr. Howard Givings), Sam Rosen, Maria Rusolo, Gena<br />

Oppenheim, Kathryn Dunn, Joe Komara, Allison Twyford, David Harbour (Shep Campbell), John Ottavino, Adam Mucci,<br />

Jo Twiss, Frank Girardeau, Catherine Curtin, Jonathan Roumie, Samantha Soule, Heidi Armbruster, Kathryn Hahn (Milly<br />

Campbell), Zoe Kazan (Maureen Grube), Dan Da Silva, Dylan Baker (Jack Ordway), Keith Reddin (Ted Bandy), Neal Bledsoe,<br />

Marin Ireland, Max Casella, Max Baker (Vince Lathrop), Jon Sampson, Peter Barton, Kevin Barton, Evan Covey, Dylan Clark<br />

Marshall, Jay O. Sanders (Bart Pollack), Christopher Fitzgerald, Chandler Vinton, Kelsey Robinson, Duffy Jackson, Dan<br />

Zanes, Vince Giordano, Jon-Erik Kellso, Andrew Burton, Will Sanderson, Alex Hoffman, Kristen Connolly (Mrs. Brace), John<br />

Behlmann (Mr. Brace), David Campbell, Michael Ciesla, Mary DeBellis, Jay Ferraro, Zoe Hartman, Cristina Marie, Chris<br />

Miskiewicz, Jared Morrison, Joel Ney, Ted Yudain, Jonathan Yvon, etc. Duração: 119 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>:<br />

Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 29 de Janeiro de 2009.<br />

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_SEDUÇÃO, CONSPIRAÇÂO<br />

Depois de uma permanência na América que lhe permitiu rodar dois fi lmes de<br />

seguida, “Hulk” (2003) e “O Segredo de Brokeback Mountain” (2006), Ang Lee parece<br />

ter tido necessidade de refundar a sua individualidade, regressando à China, para<br />

fi lmar “Sedução, Conspiração”, baseado num romance da escritora Eileen Chang, que<br />

aborda um tempo dramático da história da sua pátria, precisamente a época da II<br />

Guerra Mundial, durante a qual a China foi ocupada pelo Japão, e onde se incubou<br />

igualmente a China contemporânea, dividida entre a República Popular da China e<br />

Taiwan, ou simplesmente República da China.<br />

Diga-se de passagem que Ang Lee não é um nado da China comunista, da comandada<br />

por Mao Tsé-Tung, mas sim da China nacionalista de Chiang Kai-Shek, pois foi em<br />

Pingtung (Taiwan), que nasceu em 23 de Outubro de 1954, tendo estudado no National<br />

Taiwan College of Arts, emigrando depois, ainda novo, com a família para os Estados<br />

Unidos da América, onde cursaria “realização”, na University of Illinois, e produção<br />

cinematográfi ca na New York University. Durante o tempo da faculdade foi assistente<br />

de realização no fi lme de fi m de curso de Spike Lee, “Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We Cut<br />

Heads”. Em 1992 estreia-se na longa-metragem com “A Arte de Viver”, a que se segue<br />

um pequeno grupo de fi lmes que lhe traçam uma sólida reputação: em 1993 dirige “O<br />

Banquete de Casamento”, que ganhou o Urso de Ouro em Berlim, em 1994, “Comer,<br />

Beber, Homem, Mulher”, que recebeu uma nomeação para o Oscar de Melhor Filme<br />

Estrangeiro (rodado em Taiwan), adaptando depois, no ano seguinte, uma obra de Jane<br />

Austen, “Sensibilidade e Bom Senso”, até que, depois de ter assinado ainda, em 1997,<br />

“A Tempestade de Gelo”, vê confi rmado e reconhecido o seu talento, com “O Tigre e o<br />

Dragão” (2000), fi lme com que ganha dois Globos de Ouro, triunfando igualmente<br />

no Festival de Cannes. A sua excelente versão de “Hulk” é de 2003, a que se segue, em<br />

2005, “O Segredo de Brokeback Mountain”, com apoteóticos Oscar e Globo de Ouro<br />

para Ang Lee. Casado e pai de dois fi lhos, divide a sua existência pelos EUA e a China.<br />

Realizador de uma extrema sensibilidade, voltado para as minorias e para os seus<br />

problemas, voluptuoso no seu cinema, quer nas imagens, quer nos temas abordados,<br />

onde o amor e a sexualidade impõem presença absorvente, Ang Lee é um dos grandes<br />

cineastas actuais, mais um a contribuir para o progressivo peso que a cultura e as artes<br />

orientais ocupam presentemente no panorama mundial contemporâneo, com uma<br />

ressonância muito especial nas culturas ocidentais. “Sedução, Conspiração” regressa<br />

aos tempos da II Guerra Mundial, precisamente a Xangai, 1942, durante a ocupação<br />

japonesa. O fi lme revela de início uma construção relativamente complexa com o<br />

recurso a “fl ash backs” nem sempre muito perceptíveis. Uma senhora de porte burguês,<br />

de nome Mak, passeia por uma das ruas de Xangai, entra num café, telefona de forma<br />

misteriosa, despoletando uma qualquer acção, e senta-se, olhando a rua através<br />

da vidraça. Boa altura para o seu pensamento, e nós com ele, retrocedermos a 1938,<br />

quando essa assumida senhora Mak não passava de uma estudante universitária de<br />

nome Wong Chia Chi, que é convidada para se juntar ao elenco de um grupo de teatro<br />

nacionalista e revolucionário, que não aceita representar “esse burguês drama que é “A<br />

Casa de Bonecas””, e opta por algo que faz levantar todas as noites o fervoroso público,<br />

entusiasmado, que grita “Viva a China!”. A jovem está igualmente arrebatada com a<br />

revelação da arte dramática, e timidamente apaixonada pelo colega Kuang, o mesmo<br />

que a convidara a integrar o grupo e a desvia para uma acção não já de representação<br />

em palco, mas na perigosa e sedutora vida real.


Wong Chia Chi aceita associar-se à conspiração urdida para matar um importante<br />

político chinês, Mr. Yee, que é um dos mais relevantes colaboracionistas chineses com<br />

o governo japonês. Wong passará a ser a senhora Mak, a quem cabe a difícil tarefa de<br />

se insinuar no restrito e muito bem guardado grupo de senhoras que joga todos os<br />

dias “majong”, entre as quais se conta a mulher de Mr. Yee. Será através dela que irá<br />

mais longe, até junto de Yee, tornando-se sua amante. A ligação leva tempo a assumirse<br />

e não será nessa primeira tentativa que o assassinato resultará. Anos depois, em<br />

1941, Kuang reencontra Wong, esta volta a vestir a pele da senhora Mak, e desta feita<br />

a relação amorosa com Yee resulta plenamente, para desilusão de ambos os amantes:<br />

Wong nunca terá pensado deixar-se submeter por esse desejo mórbido que a entrega<br />

literalmente nas mãos torturadoras de Yee, este deixa-se fi nalmente sucumbir aos<br />

encantos da dita senhora Mak que o entrega à morte. Nem tudo será, porém, tão<br />

simples, há muitas outras peripécias e um fi nal que não se revela, mas o breve resumo<br />

permite prever várias questões: um fi lme de fundo político, sobre a China esmagada<br />

pelo Japão, que tenta sobreviver como nação, e será deste cadilho de paixões políticas<br />

extremadas que irão surgir as duas Chinas até hoje inconciliáveis. Por outro lado,<br />

desenvolvendo-se em paralelo, uma outra história de submissão e tortura, mas esta a<br />

um nível pessoal, e atormentadamente desejada pela vítima.<br />

O fi lme não tem a desenvoltura formal de algumas outras obras de Ang Lee, arranca<br />

mal, é muito lenta e relativamente confusa na sua meia hora inicial, revela nalgumas<br />

sequências, um academismo não muito conforme ao autor em questão, mas é uma<br />

obra interessante, com uma boa descrição histórica da China desta época, e sobretudo<br />

um estudo muito curioso de uma relação intimamente confl ituosa entre um torturador<br />

sádico e uma mulher submissa no seu íntimo, mas revolucionária na sua conduta, o<br />

que torna toda a relação muito complexa. Wong deseja sexualmente a presença de Yee,<br />

que a domina, a brutaliza e a satisfaz, mas entrega-o enquanto carrasco do seu povo.<br />

O confl ito entre o seu desejo e o seu dever nunca se resolve até fi nal e ela (e os seus<br />

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camaradas) vem a ser vítima desse descontrolo. O que relembra o fascinante “Senso”, de<br />

Visconti, sem o fulgor melodramático do mestre italiano. Mas as relações entre vítima<br />

e carrasco, e a sedução que delas pode advir, inclusive para o submisso, isso aponta<br />

para Liliana Cavani e “O Porteiro da Noite”, na altura um fi lme tão incompreendido e<br />

maltratado e hoje em dia tão “in” nas sexualidades alternativas.<br />

Mais uma vez Ang Lee se embrenha num universo de uma sexualidade reprimida<br />

(e repressora: uma não existe sem a outra!), demonstrando não só tacto, como uma<br />

grande agilidade e sensibilidade a fi lmar cenas de sexo explícito, que nunca caem<br />

no pornográfi co de mau gosto, apesar de rondarem perigosamente esse abismo.<br />

Excelentes actores, com especial destaque para Tony Leung Chiu Wai, um Mr. Yee de<br />

uma frieza e de um rigor de composição notáveis, que deixa explodir na cama toda<br />

a sua agressividade, e para a estreante Wei Tang, que consegue transmitir toda a<br />

perturbante duplicidade de sentimentos.<br />

_SEDUÇÃO, CONSPIRAÇÂO<br />

Título original: Se, jie ou Se jie ou Lust, Caution<br />

Realização: Ang Lee (EUA, China, Taiwan, Hong Kong, 2007); Argumento: James Schamus, Hui-Ling Wang, segundo<br />

romance de Eileen Chang ; Produção: Lloyd Chao, William Kong, Ang Lee, David Lee, Zhong-lun Ren, James Schamus,<br />

Darren Shaw, Dai Song, Doris Tse; Música: Alexandre Desplat; Fotografi a (cor): Rodrigo Prieto; Montagem: Tim Squyres;<br />

Casting: Rosanna Ng; Design de produção: Lai Pan; Direcção artística: Kwok-wing Chong, Eric Lam, Sai-Wan Lau, Bill Lui,<br />

Alex Mok; Guarda-roupa: Lai Pan; Direcção de produção: Gerry Robert Byrne, Eric Fong, Chiu Wah Lee, Wai Luen Pang;<br />

Assistentes de realização: Tze Hung Lam, Rosanna Ng; Departamento de arte: Sai Kit Wong; Som: Eugene Gearty, Philip<br />

Stockton; Efeitos visuais: Jeff Briant, Zachary J. Gans, Matt Glover, Sarah McMurdo, Ben Simons, Brendan Taylor, Fiona<br />

Campbell Westgate; Companhias de produção: Hai Sheng Film Production Company, Focus Features, Haishang Films,<br />

Mr. Yee Productions, River Road Entertainment, Sil-Metropole Organisation. Intérpretes: Tony Leung Chiu Wai (Mr. Yee),<br />

Wei Tang (Wong Chia Chi / Mak Tai Tai), Joan Chen (Yee Tai Tai), Lee-Hom Wang (Kuang Yu Min), Chung Hua Tou (Old Wu),<br />

Chih-ying Chu (Lai Shu Jin), Ying-hsien Kao (Huang Lei), Yue-Lin Ko, Johnson Yuen, Kar Lok Chin, Su Yan, Caifei He, Ruhui<br />

Song, Anupam Kher, Liu Jie, Hui-Ling Wang, Akiko Takeshita, Hayato Fujiki, Yu Lai Cheng, Li Dou, Yuji Kojima, Lisa Lu, Jacob<br />

J Ziacan, etc. Duração: 157 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 18 anos; Data de<br />

estreia: 31 de Janeiro de 2008 (<strong>Portugal</strong>); Data de estreia: 24 de Setembro de 2007 (mundial).


_A TROCA<br />

Há verdades que já se sabem de há muito: Clint Eastwood fi lma a tragédia da condição<br />

humana como poucos. Penetra-lhe no lado mais sórdido e violento com o mesmo olhar com<br />

que fi lma mais adiante a pureza e a bondade de um gesto, e diz-nos, com o conhecimento<br />

de vida que só a idade confere, que uns e outros são autênticos, genuínos, humanos e que<br />

nada há a fazer para alterar essa condição que se abate sobre nós como uma tragédia,<br />

senão não capitular, lutar até ao fi m, procurar fazer deste mundo um mundo melhor, sem<br />

ilusões de que a vilania seja erradicada, mas que a mesma pode ser circunscrita. O terrível é<br />

que todos sabemos que, aqui ou ali, neste preciso momento, se manda para hospícios quem<br />

não agrada aos poderosos que ande solto, que se mata com requintes de malvadez crianças<br />

sabe-se lá com que justifi cação traumática, que há garotos desaparecidos que nunca<br />

regressam (e outros que felizmente voltam aos pais), que há polícias corruptos e políticos<br />

que só pensam na próxima eleição e no poder absoluto, que há médicos comprados pelo<br />

sistema para assinarem o que for preciso, todos sabemos pois que tudo isto acontece hoje,<br />

neste preciso momento, menos em sociedades mais controladas pelos direitos e deveres<br />

dos cidadãos, é verdade, mais nas despoticamente governadas por tiranos sem escrúpulos<br />

(e há-os para todas as cores e bandeiras!). Não tenhamos ilusões que nada disto mudará<br />

nunca. Basta o rastilho para a pólvora explodir. Por isso o melhor mesmo é afastar o rastilho<br />

da pólvora e esperar que a civilização vá cada vez mais controlando a barbárie, com leis<br />

justas e educações privilegiadas, sem esquecer o cutelo da lei sempre atento ao violador.<br />

Clint Eastwood é um conservador que aposta nos valores e deles não sai. Sabe-se que<br />

muitas vezes é difícil distinguir o Bem do Mal, mas há momentos em que o maniqueísmo<br />

do juízo vingará para sempre. Por exemplo, quer seja em Belém de Judá, quer seja nos<br />

campos de concentração nazis ou nos “goulags” estalinistas, quer seja em Guantánamo<br />

ou nas guerras “justas” de palestinianos (que se imolam com bombas e fazem ir pelos<br />

ares crianças inocentes de todos os credos) e israelitas (que bombardeiam sem cessar<br />

população civil), quer seja às mãos de “serial killers” isolados em qualquer pais do mundo<br />

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sabe-se, de ciência certa, que a morte de inocentes, sejam crianças ou adolescentes, nunca<br />

irá parar. E isso é o Mal, qualquer que seja a justifi cação. Haverá sempre, em qualquer parte<br />

do mundo, um tarado (ou dezenas, ou centenas de tarados, às vezes formando governos!)<br />

que acham justo matar crianças. Mas nada nos fará vacilar no juízo: é um crime, venha ele<br />

com que justifi cação, política ou religiosa, um exemplo bárbaro do exercício do Mal. Por<br />

isso, Clint Eastwood não vacila. Há utopias em que ninguém deve acreditar. Não haverá<br />

“homem novo” nunca. O que temos é o que há, é com este “homem” que teremos viver<br />

até ao fi m. É com esta natureza humana que há que lidar, que aprender a domesticar,<br />

sem retirara a identidade e a diferença, a brandamente civilizar, a tornar mais habitável<br />

o planeta. Lentamente, sem grandes ilusões. Mas vagarosamente o caminho vai sendo<br />

feito, e, sem euforias, podemos dizer, que para cada “serial killer” privado ou militarizado,<br />

há milhões de gente boa que só quer viver bem e ser feliz, de harmonia com o vizinho, sem<br />

raivas nem ódios demenciais.<br />

Antigamente, quando era “Dirty Harry” (e muitos o acusavam de um comportamento<br />

fascista, porque era polícia e fazia justiça pelas próprias mãos, eu próprio o escrevi e não<br />

retiro uma virgula), empunhava a Magnum e disparava a matar. Agora, com o avançar<br />

da idade, segura a câmara de fi lmar e atira certeiramente no alvo. Curiosamente nos tais<br />

polícias que primeiro atiram e depois fazem perguntas. “A Troca” é um ajuste de contas com<br />

a corrupta polícia de Los Angeles no fi nal dos idos anos 20, à beira da Grande Depressão,<br />

denúncia de tal forma vigorosa que deixa alguns a duvidar se esta “história real” não<br />

será antes fi ccionada. Mas não, não é na essência, parece que o argumentista J. Michael<br />

Straczynski ao descobrir o caso de Christine Collins , através de uma qualquer fonte do<br />

“Los Angeles City Hall”, se deixou por tal forma obcecar pelo tema que removeu céus e<br />

terra, e sobretudo arquivos policiais e jurídicos, para reconstituir a tragédia e recuperar<br />

igualmente o que fi cou conhecido como o “Wineville Chicken Coop Murders” ou “Wineville<br />

Chicken Murders”, uma série de raptos e de assassinatos de crianças, ocorridos em Los<br />

Angeles, durante o fi nal da década de 20 do século XX, praticados por um canadiano de<br />

nome Gordon Stewart Northcott, conjuntamente com Sanford Clark, um sobrinho de 14<br />

anos (e diz o registo ofi cial que com a cumplicidade da afi rmada mãe de Gordon, o que no<br />

fi lme é elidido).<br />

Entre as crianças mortas (ou desaparecidas) estaria Walter Collins, fi lho de Christina Collins,<br />

que, a 10 de Março de 1928, havia relatado o desaparecimento da criança à polícia de Los<br />

Angelers. É este caso que dá origem a “A Troca”: alguns meses depois da polícia iniciar<br />

as buscar, Walter é dado como aparecido em DeKalb, Illinois, e trazido para Los Angeles,<br />

para junto da mãe. Esta não reconhece o fi lho, mas a policia insiste que o deve receber<br />

“à experiência”. O que faz, mas o miúdo não é defi nitivamente o seu fi lho, o dentista<br />

confi rma-o, a professora assegura-o, a altura do corpo não bate certo, e uma mãe sabe<br />

sempre quem é o seu fi lho. Excepto se tiver “louca”, o que parece ser uma boa solução<br />

para a polícia que, querendo resolver rapidamente a questão e aquietar os ânimos, envia<br />

Christine Collins para o “Los Angeles County Hospital”, com uma indicação, assinada pelo<br />

capitão J.J Jones, dela ser internada ao abrigo de um celebrado “Code 12”, código esse que<br />

servia para afastar de cena arbitrariamente mulheres indesejáveis para a tranquilidade<br />

das autoridades locais, por essa altura a atravessar um dos períodos de maior corrupção<br />

e venalidade, associada a uma brutalidade policial impressionante. O fi lme mostra-a<br />

rapidamente. O caso apaixonou a opinião pública, subiu aos jornais e à rádio, sobretudo<br />

pela intensa actividade de um sacerdote, o reverendo Gustav Briegleb, que fez de Christina<br />

Collins bandeira para a sua cruzada contra a polícia do Estado.


Segundo se apurou, quase todo o argumento escrito por Straczynski é de uma consistência<br />

factual total, obedecendo a recolha exaustiva de situações, frases de interrogatórios, de<br />

crónicas de jornais, de testemunhos da época, com uma excepção apenas e que se prende<br />

com a estadia de Christine Collins no hospício, onde a lenda é mais forte que os dados<br />

recolhidos. Como já dizia John Ford, mestre confessado de Clint Eastwood, “quando a<br />

lenda é mais forte que a realidade, imprime-se a lenda” (em “O Homem que Matou Liberty<br />

Valance”).<br />

Filme sombrio, duro, agreste, paredes-meias entre o melodrama e o negro “thriller” de<br />

ressonância social, “A Troca” é uma daquelas obras donde se sai com um sintoma de KO na<br />

alma, muito embora o pragmatismo de Clint Eastwood não seja de molde a destruir toda<br />

a esperança na condição humana. Muito pelo contrário, como bom americano, no fi nal as<br />

instâncias judiciais acabam por funcionar, a opinião pública não desarmou e a mãe não<br />

deixou a sua tarefa a meio.<br />

Para nos dar este drama intenso, Clint Eastwood não falha um plano e aponta a câmara<br />

com mestria invulgar. Se querem saber o cinema que mais me agrada, é este, sólido,<br />

clássico, austero, sem rodriguinhos de nenhuma espécie, direito ao que quer contar, sem<br />

efeitos nem fl oreados, não vivendo de uma montagem habilidosa, mas sim de uma<br />

encenação (“mise-en-scéne” lhe chamam os franceses) rigorosa. Aquelas frases célebres<br />

que relembram que “só há um local para colocar a câmara” e que esta deve estar “à altura<br />

dos olhos do realizador” são aqui paradigmas de verdade. A câmara não anda à deriva, está<br />

quase sempre fi xa, movimentos só os essenciais, para acompanhar uma personagem, para<br />

percorrer um friso de rostos que fazem ligações telefónicas, e nada mais. O enquadramento<br />

não mentem. Esta lição de cinema clássico é uma demonstração inequívoca de que as<br />

modas passam, mas o essencial permanece imutável. De Griffi th a Eastwood. Aqui o<br />

cinema é narrativo e poético, porque é sincero e leal. É o grande cinema que faz oscilar<br />

corações e verter lágrimas da mesma forma que agita consciências e introduz dúvidas.<br />

Depois há ainda os actores, todos eles admiráveis, desde a fulgurante Angelina Jolie ao<br />

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radical John Malkovich a roçar o fanatismo, passando por todos os polícias, os políticos,<br />

os algozes e as vítimas (que brilhante é o miúdo que confessa a sua ligação aos crimes!).<br />

Pode dizer-se que este é um fi lme de intérpretes, genialmente dirigidos, porque este é<br />

seguramente um fi lme de personagens, de pessoas, que só se poderia erguer se estas<br />

possuíssem a densidade e a autenticidade requeridas. Neste aspecto, “Changeling” é<br />

também uma lição. De resto, tudo parece perfeito nesta obra de uma sublime opacidade,<br />

de uma contagiante angustia e de um desespero eterno. Como eterna é a esperança, não<br />

numa utópica redenção que nunca virá, mas numa progressiva regeneração da condição<br />

humana.<br />

_A TROCA<br />

Título original: Changeling<br />

Realização: Clint Eastwood (EUA, 2008); Argumento: J. Michael Straczynski; Produção: Clint Eastwood, Brian Grazer, Ron<br />

Howard, Geyer Kosinski, Robert Lorenz, Tim Moorem, James Whitaker; Música: Clint Eastwood; Fotografi a (cor): Tom Stern;<br />

Montagem: Joel Cox, Gary Roach; Casting: Ellen Chenoweth; Design de produção: James J. Murakami; Direcção artística:<br />

Patrick M. Sullivan Jr.; Direcção artística: Gary Fettis; Guarda-roupa: Deborah Hopper; Maquilhagem: Tania McComas,<br />

Carol A. O’Connell; Direcção de Produção: Tim Moore; Assistentes de realização: Katie Carroll, Efrain Cortes, Peter Dress,<br />

Donald Murphy, Ruby Stillwater; Departamento de arte: Adrian Gorton, Hugo Santiago, Dianne Wager; Som: Bub Asman,<br />

Alan Robert Murray; Efeitos especiais: David A. Poole, Steve Riley, Dominic V. Ruiz, George Zamora; Efeitos visuais: Geoffrey<br />

Hancock, Claudia Meglin, Michael Owens; Companhias de produção: Imagine Entertainment, Malpaso Productions,<br />

Relativity Media; Intérpretes: Angelina Jolie (Christine Collins), Gattlin Griffi th (Walter Collins), Michelle Martin, Jan<br />

Devereaux, Michael Kelly (Detective Lester Ybarra), Erica Grant, Antonia Bennett, Kerri Randles, Frank Wood (Ben Harris),<br />

Morgan Eastwood, Madison Hodges, John Malkovich (Rev. Gustav Briegleb), Colm Feore (Chefe James E. Davis), Devon<br />

Conti (Arthur Hutchins), J.P. Bumstead, Jeffrey Donovan (Capt. J.J. Jones), Debra Christofferson, Russell Edge, Stephen W.<br />

Alvarez, Peter Gerety, Pete Rockwell, John Harrington Bland (Dr. John Montgomery), Pamela Dunlap, Roger Hewlett, Jim<br />

Cantafi o, Maria J. Rockwell, Wendy Worthington, Riki Lindhome, Dawn Flood, Dale Dickey, Jason Butler Harner (Gordon<br />

Northcott), Eddie Alderson (Sanford Clark), Sterling Wolfe, Michael McCafferty, Amy Ryan (Carol Dexter), David Goldman<br />

(Administrador), Denis O’Hare (Dr. Jonathan Steele), Anthony De Marco, Joshua Logan Moore, Joe Kaprielian, Ric Sarabia,<br />

Muriel Minot, Kevin Glikmann, Drew Richards, Hope Shapiro, Caleb Campbell, Jeff Cockey, Zach Mills, Kelly Lynn Warren,<br />

Colby French, Scott Leva, Richard King, Clint Ward, Geoffrey Pierson, Reed Birney (Mayor Cryer), Michael Dempsey, Peter<br />

Breitmayer, Phil Van Tee, Jim Nieb, Lily Knight (Mrs. Leanne Clay), Jeffrey Hutchinson (Mr. Clay), Brian Prescott, Ryan Cutrona<br />

(Juiz), Mary Stein (Janet Hutchins), Gregg Binkley, William Charlton, Cooper Thornton, Asher Axe, etc. Duração: 141 minutos;<br />

Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 16 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 8 de Janeiro de 2009.


_TROPA DE ELITE<br />

Há uma nova geração de cineastas no Brasil que traz um olhar novo sobre a realidade<br />

do seu país. Nem todos alinham pelo mesmo diapasão, mas pode dizer-se que alguns<br />

não temem enveredar pelas favelas e focar os desgraçados que ali vivem, os gangs que<br />

controlam os movimentos, os polícias que ganham com o esquema montado, os governos<br />

que tentam passar incólumes entre os pingos da chuva, ou as balas dos tiroteios, dandonos<br />

o outro lado do Brasil que o turista vê. Ainda há dias escrevi sobre a Cinelândia, os<br />

cinemas e os cafés, a confeitaria Colombo, e obviamente não reportei as colinas que<br />

descem pesadamente sobre a cidade, essas favelas de pesadelo que lá do cima parecem<br />

controlar os movimentos de quem se passeia no Centro ou na Avenida Atlântica. Não há<br />

um Brasil, há vários. Há também o das favelas, do crime organizado, da droga controlada<br />

e difundida, da polícia que coopera, que protege mediante um tanto, que vende armas<br />

ao assaltante, do coronel que recebe por baixo da mesa o “mensalão” recolhido pelo<br />

subalterno, do burguês que consome droga, sem imaginar quantas crianças é preciso<br />

morrerem para o diletante chutar uns momentos de paraíso artifi cial. Há esse Brasil,<br />

que passou em várias obras, como “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, ou a recente<br />

“Tropa de Elite”, de José Padilha. Não conheço o documentário “Ônibus 174” (que dizem<br />

ser sensacional!) com que o cineasta se estreou no cinema de longa-metragem. Vi agora<br />

no Brasil “Tropa de Elite” que provocou várias ondas de choque de diverso signifi cado,<br />

antes e depois da sua estreia. Antes, porque precedendo de dois meses a sua estreia nas<br />

salas do Brasil, o fi lme vendeu DVD pirata “p’ra caramba” em todas as ruas das cidades<br />

brasileiras, rendendo bons reais aos “camelôs” que os anunciavam clandestinamente<br />

(mas pouco, há todos os DVDs de momento à venda nas ruas do Rio ou de São Paulo).<br />

Dizem que mais de 3 ou 4 milhões de brasileiros viram o fi lme antes da estreia ofi cial<br />

nos cinemas (e na estreia ainda se conseguiu colocar entre os fi lmes brasileiros mais<br />

vistos de sempre no Brasil). É obra. Espíritos mal intencionados insinuaram mesmo e<br />

puseram a correr o boato de que este lançamento clandestino do fi lme fora manobra de<br />

marketing da própria produtora, mas a verdade é que acabou por saber-se, no tribunal,<br />

que foram funcionários sem escrúpulos de uma empresa de legendagem (que preparava<br />

cópias da obra, legendadas em inglês) quem pirateou o fi lme e inundou de reproduções<br />

o mercado. A polémica estoirou mesmo antes do fi lme estrear até porque a polícia se<br />

sentiu “insultada” e resolveu interpor providência cautelar, tentando impedir a sua<br />

exibição. Uma juíza da 1ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, de seu nome<br />

Flávia de Almeida Viveiros de Castro, negou porém o pedido dos autores, destacando:<br />

“Não existem críticas às instituições. As críticas feitas são ao sistema”. As produtoras e<br />

distribuidoras Zazen Produções e Paramount Pictures do Brasil puderam portanto exibir<br />

o fi lme, passando por cima da denúncia de que este “violava a honra, a dignidade e até<br />

mesmo a integridade física dos integrantes do BOPE”.<br />

Aproxima-nos do âmago de uma das questões: o BOPE (por extenso: Batalhão de<br />

Operações Policiais Especiais). Diz quem viu (não consegui ainda ver, nem em DVD)<br />

que, em 1999, os cineastas João Moreira Salles e Kátia Lund rodaram um documentário,<br />

“Notícias de uma Guerra Particular” (vendido clandestinamente, com o título – inventado!<br />

- “Tropa de Elite, nº 2”, ao que me contam também, o que não deixa de ser pirataria a<br />

dobrar!) onde um capitão do BOPE, Rodrigo Pimentel, confessava estar “cansado” da<br />

batalha diária que travava contra o tráfi co, “já que nenhum resultado efectivo parecia<br />

estar sendo alcançado e os governantes não demonstravam o menor interesse em<br />

fazer algo que pudesse representar uma solução eventual para a criminalidade”. Saiu<br />

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entretanto uma obra, “Elite da Tropa”, escrita por André Batista, Luiz Eduardo Soares e o<br />

mesmo capitão Rodrigo Pimentel (julgo que agora é ex-capitão) que denunciava muito<br />

do que se passava no interior daquela força policial. Oito anos depois da entrevista<br />

concedida a João Moreira Salles e Kátia Lund, Rodrigo Pimentel assina, ao lado de Bráulio<br />

Mantovani (argumentista de “Cidade de Deus”) e de José Padilha, o argumento de “Tropa<br />

de Elite”, que, inicialmente o realizador queria transformar num documentário. Pensou,<br />

porém, que não viveria muitos dias depois da estreia do documentário com as acusações<br />

que o mesmo encerraria, visando factos e personalidades reais, e resolveu ter um pouco<br />

de amor à (sua) vida e à dos seus mais próximos colaboradores, optando por construir<br />

uma fi cção. Que não será menos contundente.<br />

“Tropa de Elite” situa-se no ano de 1997, algum tempo antes da anunciada visita do<br />

Papa João Paulo II ao Rio de Janeiro. Sempre que alguma personalidade importante<br />

visita a cidade, a segurança é duplicada. Com o Papa, foi um pouco diferente. Nenhum<br />

político quer ser acusado de ver o Sumo Pontífi ce alvejado no seu país. Logo, a segurança<br />

é triplicada. Com meses de antecedência preparam-se os “festejos.” Prendem-se os<br />

“suspeitos do costume”, invadem-se os morros e vasculham-se as favelas, intimida-se<br />

meio mundo, tortura-se, mata-se ou deixa-se ali à mão de semear os denunciantes que<br />

pactuaram, para o gang do lado se encarregar deles. Agora mesmo, nesses dias ainda<br />

de início de Junho de 2008, uns militares em acção numa favela do Rio entregaram,<br />

como vingança, três rapazolas “dealers” a um grupo rival de trafi cantes que os torturou<br />

durante horas, cortou pernas e braços, e depois despejou nos caixotes do lixo. Percebe-se,<br />

pois, de que tipo são as relações entre os fora da lei e os agentes da autoridade.<br />

Mas voltemos ao fi lme. Este tem como protagonista o Capitão Nascimento, um dos<br />

comandantes do Batalhão de Operações Especiais, a quem foi atribuída a missão de<br />

garantir a segurança do Papa. Nascimento está cansado das suas tarefas, stressado com<br />

o ritmo e a violência do dia a dia, farto do desgaste físico e psicológico, toma drageias<br />

para sobreviver, e a sua ambição máxima é ver nascer o fi lho que se anuncia. Tem de<br />

arranjar um substituto para o seu cargo se quer uma trégua, está empenhado em várias<br />

frentes, uma delas são as aulas de recruta que ministra aos novos aspirantes. Para se<br />

pertencer ao BOPE tem de se possuir uma têmpera invulgar, passar por provas de tortura,<br />

de humilhação, de resistência, de esforço desmedido. É o que fazem Matias e Neto, os<br />

outros dois protagonistas desta obra. Assiste-se ao seu comportamento nas aulas, ao<br />

seu trabalho nas ruas, e, no caso de Matias, ainda ao seu estudo na Universidade de<br />

Direito, onde procura tirar um curso, passando ignorado junto dos colegas quanto à sua<br />

actividade policial. Descobre como alguns alunos, vindos das boas famílias do Rio Sul,<br />

consomem droga e entra na negociata, penetra no morro atrás de uma namorada que<br />

trabalha numa ONG, dá de cara com o chefe do gang, e é um dia descoberto, quando<br />

uma fotografi a sua, em acção, é colocada na primeira página de um jornal. Quando quer<br />

enviar uns óculos a um miúdo da favela, provoca uma tragédia, que irá desencadear<br />

outra tragédia, que irá desembocar numa espiral de fogo e dor.<br />

Que nos diz a obra? Que os trafi cantes matam e morrem, que os polícias morrem e matam,<br />

que ambos negoceiam entre si, que os poderes sabem e pactuam, que a corrupção<br />

passa do mais alto nível ao mais baixo, que quem não pactua no morro ou no quartel<br />

é linchado, o agente da autoridade é enviado ao morro pelos superiores hierárquicos<br />

para ser abatido, o puto delator é libertado para ser abatido, o polícia que passa na hora<br />

errada é abatido, neste universo de uma brutalidade asfi xiante não há quase rapazes<br />

bons. Quase, porque fi ca o exemplo de Neto e Matias, de Nascimento e de alguns mais


que, apesar de não fi gurarem entre os protagonistas, o fi lme deixa a esperança de, quiçá,<br />

existirem. Há quem acuse a obra de criar heróis, falsos heróis, porque ainda há polícias<br />

honestos. Querem então proclamar que “todos os agentes de segurança”, todos os<br />

“representantes do Poder instituído” são bandidos corruptos? Se for esse o vosso desejo,<br />

o melhor é desistir já. Mas há mais acusações. Que os processos de mafi osos das favelas<br />

e policiais de giro são idênticos. Todos torturam e matam. Pois, essa é uma das acusações<br />

do fi lme, parece-me, com uma ressalva. “Tropa de Elite” não é ingénua ao ponto de propor<br />

a história do pobrezinho desgraçadinho desde criança, e do polícia mauzinho desde o<br />

banco da escola, e do burguesinho de esquerda, intelectual consumidor de haxixe, que<br />

é a voz da consciência desta maldita sociedade destruída pelo dinheiro. Em “Tropa de<br />

Elite” há maus para todos os gostos. Nada é límpido e o “homem novo” está muito longe<br />

de existir. Há uns puros que se vão adaptando à realidade, como é o caso de Matias.<br />

Aliás, nesse aspecto, “Tropa de Elite” é mesmo o trajecto de uma iniciação, de uma<br />

aprendizagem, com aulas teóricas e práticas a toda a hora que, no quartel e cá fora, na<br />

vida quotidiana, em lugar de encaminharem para a honra e a dignidade, se encarregam<br />

de deformar o que de melhor existe dentro do homem. Essa viagem que acompanha o<br />

rosto de Matias, desde a sua promissora e entusiástica entrada no “corpo” da polícia até<br />

ao entrosamento fi nal na “fi losofi a” do mesmo, é um dos elementos brilhantes desta<br />

obra. O plano fi nal de “Tropa de Elite” é elucidativo desse percurso. É esclarecedor da<br />

forma como se destroem homens, como se fabricam “matadores”, como se limpa da face<br />

da terra a ternura, o amor, a bondade. Padilha oferece o retrato do polícia, e do seu ponto<br />

de vista (por exemplo, um deles pergunta: “Acha que vou subir o morro e arriscar minha<br />

vida por 500 reais - cerca de 200 euros - por mês?”). Não me parece justo que sejam<br />

só os marginais a serem “compreendidos”. “Compreender” os polícias, mesmo quando<br />

eles também se assemelham a marginais, é um bom ponto de partida para se tentar<br />

alterar, um pouco que seja, este estado de coisas, que é um “estado de sítio”, sem grandes<br />

esperanças de se ver modifi cado.<br />

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O fi lme é ainda muito bom pela sua textura estética e a sua factura técnica. A fotografi a,<br />

de um colorido denso e garrido, saturado, é algo obsessiva, claustrofóbica. A montagem<br />

é excelente, com um ritmo nervoso, inquieto, a câmara oscilando, mudando de<br />

enquadramento, viajando pelo espaço, procurando o centro da acção, o rosto, o olhar,<br />

o fugitivo, a bala perdida ou achada. A narrativa inicia-se num determinado ponto da<br />

história, recua ao passado, e retoma a marcha depois de explicado o que fi cou para trás.<br />

É uma forma brilhante de agarrar o espectador, sem todavia tornar falsa ou rebuscada<br />

a descrição. Muito bons são os actores, na sua totalidade, desde o mais batido em<br />

representação (bom exemplo, Wagner Moura, um dos mais completos actores brasileiros<br />

da actualidade) ao neófi to (André Ramiro, que interpreta Matias, era bilheteiro de cinema<br />

do shopping “Fashion Mall”, no Rio de Janeiro). A violência do clima geral alimentase<br />

muito destas convulsões de caracteres em fúria, em tortura psicológica, em stress<br />

continuado. Por falar em stress continuado, as sequências do treino da tropa de elite são<br />

do melhor que o cinema mundial nos deu até hoje, e já nos deram muitos exemplos de<br />

casos semelhantes (sobretudo os cineastas americanos). Terminando, refi ra-se a escrita<br />

do guião, que é igualmente excelentemente trabalhado, os diálogos que são rigorosos e<br />

efi cazes, o monólogo do capitão Nascimento que é muito bem doseado e colocado nos<br />

espaços e tempos certos.<br />

De resto, Padilha e a sua equipa, fi lmando nas favelas, e introduzindo-se em espaços, no<br />

mínimo “difíceis”, demonstraram grande coragem. Como curiosidade, conte-se que, em<br />

Novembro de 2006, ainda em rodagem em cenários naturais, alguns trafi cantes do morro<br />

Chapéu Mangueira, na Zona Sul do Rio, onde as fi lmagens eram feitas, sequestraram<br />

parte da equipa que trabalhava no fi lme e roubaram as armas utilizadas nas fi lmagens.<br />

59 eram réplicas, mas 31 eram verdadeiras, adaptadas para balas de efeitos especiais.<br />

As fi lmagens foram suspensas durante cerca de duas semanas. Quer dizer: neste país,<br />

sobretudo nesta “cidade maravilhosa” (que o é mesmo!) ninguém deixa de pagar tributo<br />

a este sistema que se quer inexpugnável. Qualquer estranho que aí penetre, e que não<br />

seja trafi cante ou polícia, é olhado como suspeito ou vítima preferencial. O que um<br />

turista de passagem, olhando o morro cá de baixo, de Copacabana, não descobre. Mas<br />

intui.<br />

_TROPA DE ELITE<br />

Título original: Tropa de Elite<br />

Realização: José Padilha (Brasil, 2007); Argumento: Bráulio Mantovani, José Padilha, Rodrigo Pimentel, segundo “Elite da<br />

Tropa”, obra de André Batista, Rodrigo Pimentel, Luiz Eduardo Soares; Produção: Bia Castro, Eduardo Costantini, James<br />

D’Arcy, José Padilha, Marcos Prado, Eliana Soárez, Genna Terranova; Música: Pedro Bromfman; Fotografi a (cor): Lula<br />

Carvalho; Montagem: Daniel Rezende; Design de produção: Tulé Peak; Decoração: Odair Zani; Guarda-roupa: Claudia<br />

Kopke; Maquilhagem: Martin Macias, Ignácio Posadas, Sandro Valério; Direcção de produção: Robert Bella, Maria Clara<br />

Ferreira, Lili Nogueira, Edu Pacheco, Fernando Zagallo; Assistentes de Realização: Laura Flaksman, Laura C. Grant, Daniel<br />

Lentini, Clara Linhart, Malu Miranda, Phil Neilson, Pedro Peregrino, Rafael Salgado; Departamento de arte: Cristina Cirne,<br />

Dejair dos Santos, Thiago Marques; Som: Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima, Leandro Lima, Fernando Lobo;<br />

Efeitos especiais: Marc Banich, Mauricio Couto Bevilaqua, Mike Edmonson, Sergio Farjalla Jr., Bruno Van Zeebroeck;<br />

Companhias de produção: Zazen Produções, Posto 9, Feijão Filmes, The Weinstein Company, Estúdios Mega, Quanta<br />

Centro de Produções Cinematográfi cas, Universal Pictures do Brasil, Costantini Films.Intérpretes: Wagner Moura<br />

(Capitão Nascimento), Caio Junqueira (Neto), André Ramiro (André Matias), Maria Ribeiro (Rosane), Fernanda Machado<br />

(Maria), Fernanda de Freitas (Roberta), Paulo Vilela (Edu), Milhem Cortaz (Capitão Fábio), Marcelo Valle (Capitão Oliveira),<br />

Fábio Lago (Claudio Mendes de Lima ‘Baiano’), Luiz Gonzaga de Almeida, Bruno Delia (Capitão Azevedo), Marcelo Escorel<br />

(Coronel Otávio), André Felipe (Rodrigues), Thelmo Fernandes (Sargento Alves), Emerson Gomes (Xaveco), Paulo Hamilton<br />

(Soldado Paulo), Bernardo Jablonsky, Daniel Lentini, Thiago Mendonça, Alexandre Mofatti, Erick Oliveira Otto Jr., André<br />

Santinho, Patrick Santos, Ricardo Sodré, Thogun, etc. Duração: 115 minutos; Classifi cação etária: M/18 anos; Distribuição<br />

em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo; Locais de Filmagem: Rio de Janeiro, Brasil; Data de estreia: 10 de Julho de 2008 (<strong>Portugal</strong>).


_A TURMA<br />

François Bégaudeau escreveu o romance que, conjuntamente com Robin Campillo e Laurent<br />

Cantet, adaptou ao cinema, tendo este último realizado o fi lme, enquanto o primeiro fi cava<br />

com a interpretação do protagonista, o professor de francês François Marin, a leccionar<br />

numa escola de Paris, onde, numa turma do 9º ano, se misturam jovens entre os treze e<br />

os quinze anos, de origens diversas, apesar do todos franceses (ainda que a designação<br />

de “franceses”, neste caso, pouco queira dizer). Árabes, negros, mestiços, brancos, chineses,<br />

etc. são a massa nada uniforme dos jovens das grandes cidades, quer se trate de Paris,<br />

de Lisboa, de Madrid, de Londres ou de Nova Iorque. Esta miscigenação que as grandes<br />

emigrações acarretaram traz problemas delicados à escola pública (e “republicana”, como<br />

se afi rma a escola francesa). Esse é o tema de “Entre les Murs”, um fi lme extremamente<br />

curioso que demonstra como é falsa a teoria de que um fi lme adaptado de um romance é<br />

normalmente inferior à obra de origem: aqui passa-se precisamente o contrário. O romance<br />

é interessante, mas o fi lme é bastante superior, talvez por ter condensado de forma muito<br />

hábil tudo quanto de importante o romance continha, dando-lhe uma maior consistência<br />

e coerência. Depois, a densidade psicológica e humana das personagens ganha com a sua<br />

representação (o fi lme é todo ele magnifi camente interpretado por jovens e adultos, os<br />

alunos são espantosos de autenticidade e presença, os professores são muito bons na<br />

forma como desenham personagens de certa complexidade comportamental, em raras<br />

aparições). Há sobretudo na obra uma defi nitiva negação de todo o tipo de maniqueísmo,<br />

de simplifi cação de análise, de olhar a preto e branco a realidade. Todas as fi guras merecem<br />

uma atenção especial, sem paternalismos escusados e despropositados, nem com uma<br />

compreensão exagerada, ainda que se note em toda a obra um olhar de simpatia e<br />

sincera emoção que se transmite ao espectador. Todas aquelas personagens, nos seus<br />

desencontros e querelas, estão marcadas por destinos sociais, por registos humanos, por<br />

parâmetros económicos, por defi nições conjunturais, por aprendizagens culturais, que<br />

os limitam nos movimentos e na sua forma de expressão. A aula é de francês e poucos<br />

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102 | da Palavra à Imagem<br />

sabem exprimir-se correctamente nessa língua, muito embora todos (ou quase todos)<br />

tenham nascido e habitem em Paris, capital de França. Muitos estão ali porque os pais<br />

para ali vieram trabalhar, mas não se sentem franceses, sentem-se perdidos das origens<br />

e náufragos num oceano inóspito. Reagem enquanto tal, mas o professor pretende não<br />

só pô-los a falar francês, ensinar-lhes o signifi cado de certas palavras e a conjugação dos<br />

verbos, como sobretudo quer levá-los a pensar, a agir, a tornarem-se cidadãos com direitos<br />

e deveres. A educação, diga-se o que se disser, é isso mesmo: o ensino da integração de<br />

“rebeldes” sem civilidade numa sociedade organizada, onde existem regras. Tal como<br />

domar um potro selvagem, até que ele obedeça às vozes de comando. A educação pode<br />

ser mais ou menos “moderna”, mais ou menos liberta de amarras, mas nunca será outra<br />

coisa, porque essa é a sua essência. E a sua necessidade intrínseca. A sociedade só vinga se<br />

integrar. Qualquer sociedade. Pretender o contrário é ingenuidade. O que a escola pode e<br />

deve fazer é não assassinar dentro de cada um a sua personalidade, enquanto a integra no<br />

conjunto, na sociedade. Deve ensinar as regras de convivialidade para que posteriormente<br />

cada um escolha o seu caminho, até o da “desintegração”, se acaso for esse o seu desejo.<br />

Mas o mais interessante em “A Turma” é a sua construção que tem tudo a ver com o que<br />

se pretende expressar. Ao contrário do romance (que se assume quase como um esboço<br />

para o que viria a ser depois o fi lme), onde há curtas saídas do espaço da escola, no fi lme<br />

de Laurent Cantet tudo se passa rigorosamente entre as paredes da escola, em quatro<br />

espaços defi nidos, mas que surgem como prolongamentos naturais uns dos outros: a<br />

sala de aulas, a sala dos professores, o gabinete do director, e o recreio (há umas escadas<br />

e uns corredores a ligá-los, mas nada de muito signifi cativo). Há o espaço do confronto<br />

diário, a sala de aula, há o espaço de recolha e descanso do guerreiro, que é a sala dos<br />

professores, há o outro espaço de pausa e revigoramento do outro contendor, o recreio,<br />

e há o espaço de litígio (que tanto pode ser o gabinete do director, como a improvisada<br />

sala do conselho disciplinar). Tudo se estrutura como um confronto, uma refrega diária: o<br />

professor a tentar domar os alunos da sua turma, estes a debaterem-se para não serem<br />

domados, isto é, integrados, assimilados. Luta de classes? Não me parece. Uma luta de<br />

um tipo completamente novo, que, tendo como uma das bases óbvias as diferenciações<br />

económicas, não se limita a elas e as transcende em muito: são lutas geracionais, culturais,<br />

civilizacionais, rácicas, comportamentais. Se virmos bem, ali não haverá grandes distinções<br />

de classe: na verdade, professores e alunos integram-se facilmente numa burguesia<br />

trabalhadora, com ofícios diferenciados, mas com aspirações muito semelhantes: os pais<br />

dos alunos querem o mesmo que os professores: serem integrados, participarem todos de<br />

uma mesma sociedade (basta ver os depoimentos dos pais, sempre que estes participam<br />

na intriga). O problema maior reside numa outra perspectiva do confl ito: os alunos, melhor<br />

dizendo alguns alunos que se tornam focos de indisciplina, não querem ser assimilados.<br />

Por razões políticas? Um pouco, é certo. Há vislumbres de insubmissão política nalgumas<br />

das questões suscitadas ao longo das aulas, mas também não parece ser essa a questão<br />

fulcral. Essa cinge-se a um crescente mal estar de convivência que se vai ampliando à<br />

medida que o fi lme decorre.<br />

De resto, o professor não aparece aqui como o apóstolo da boa vontade, disposto a tudo<br />

para transformar e elevar o estatuto dos alunos (há vários fi lmes que, de uma maneira ou<br />

de outra tentaram essa via, desde o magnífi co “Sementes de Violência” (Blackboard Jungle),<br />

de Richard Brooks (1955), até aos mais recentes “To Sir, With Love”, de James Clavell (1967),<br />

“Mr. Holland’s Opus”, de Stephen Herek (1995), ou “Dangerous Minds”, de John N. Smith<br />

(1995), para só citar alguns). François Marin opta por uma via de constante confronto, não


aceita qualquer tipo de insubordinação, os alunos levantam o braço para falar, pedem<br />

para se levantar, não há telemóveis nem bonés nas aulas, levantam-se quando o director<br />

entra na sala, ninguém se trata por tu, há um distanciamento obrigatório entre professor<br />

e alunos. Há provocações ao nível das perguntas e respostas. O professor não é um pacífi co<br />

instrumento de transmissão de saber. É mais do que isso, porque o que ele pretende é<br />

impor aos alunos regras de pensamento, de actuação, de civilidade. O que os alunos<br />

tentam é furtar-se a esses ensinamentos.<br />

Enquanto alguns alunos se deixam integrar facilmente, outros reagem a essa assimilação.<br />

Em nome de quê? “O professor embirra connosco”, dando a ideia de que existem<br />

tratamentos diferenciados com base na cor da pele, na raça, no estilo de vida. Sim, existem<br />

vestígios de um defi ciente enquadramento social, mas quais as ambições dos jovens? Ser<br />

Zidane, para os originários de África, mas com curiosas nuances entre os de Marrocos e<br />

os do Mali. Depois, entre os brancos, lá está a camisola da equipa portuguesa, com o seu<br />

escudo no peito e, ia jurar, com o nome de Ronaldo nas costas. E para lá de serem famosos<br />

e ricos, muito ricos, que mais os norteia? O uso do telemóvel, o “gosto de fazer amor” e de<br />

espreitar os seios das miúdas, a utilização de t-shits com dísticos alusivos e a insolência<br />

de balouçar nas cadeiras. É pouco, muito pouco, como ideal de vida, mas é o que se pode<br />

arranjar. Ao ver este fi lme, nada diferencia muito estes jovens dos que se encontram<br />

numa aula pública em <strong>Portugal</strong>. Talvez os professores franceses sejam mais exigentes<br />

em disciplina, quando não desistem clamorosamente derrotados, como é o caso de um<br />

exemplo que nos é dado ver.<br />

Estamos no perfeito domínio da tragédia grega (o que, sendo a Grécia o berço da civilização<br />

ocidental, não deixa de ser uma referência muito signifi cativa neste contexto), com um<br />

protagonista e um coro (professor e alunos), e algumas outras personagens (que por<br />

vezes também podem ser vistas como um coro: os professores), onde sobressai a fi gura<br />

do juiz e o tribunal fi nal. De resto, as três unidades de tempo, local e personagens estão<br />

estritamente comportadas no esquema narrativo. Esta estrutura oferece ao fi lme uma<br />

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densidade dramática muito forte, levando o espectador a aderir instantaneamente a uma<br />

teia fi ccional realista (sempre muito próxima da realidade) que se acompanha como um<br />

policial, sem que os autores façam a mais pequena transigência ao espectáculo ou ao<br />

facilitismo das plateias. Creio mesmo que este é um documento de uma séria e profunda<br />

refl exão sobre a educação, a escola, e sobretudo sobre o sentido a dar às sociedades actuais,<br />

onde se mantêm lutas de classes, mas onde se sobrepuseram outras de muito mais<br />

radicais consequências: o que hoje impera no mundo são lutas de culturas, civilizações,<br />

religiões que querem dominar economicamente o planeta e que para o conseguirem<br />

não hesitam em tentarem destruir-se mutuamente. Neste campo, professores e alunos,<br />

consciente ou inconscientemente, travam a sua luta nas salas de aulas, numa altura em<br />

que a globalização coloca lado a lado, numa turma qualquer de uma qualquer escola,<br />

representantes distintos e adversos. Ultrapassar este problema numa perspectiva moderna,<br />

aberta, livre, sinceramente democrática, igualitária, é o grande repto das sociedades actuais.<br />

Nomeadamente da sociedade ocidental, que, não devendo suicidar-se e não podendo<br />

renegar os seus valores e as suas características, terá de arranjar forma de coexistir com<br />

outras sociedades, fortemente ameaçadoras e invasivas. Um equilíbrio na desordem<br />

contemporânea não é fácil, mas ou se encontra, ou a tragédia global está eminente. Ver<br />

um fi lme como “A Turma” desbloqueia e antecipa as mais assustadoras perspectivas.<br />

_A TURMA<br />

Título original : Entre les Murs ou The Class<br />

Realização: Laurent Cantet (França, 2008); Argumento: François Bégaudeau, Robin Campillo, Laurent Cantet, segundo<br />

romance de François Bégaudeau; Produção: Caroline Benjo, Carole Scotta ; Fotografi a (cor): Pierre Milon; Montagem:<br />

Robin Campillo; Direcção de produção: Christina Crassaris, Michel Dubois; Assistentes de Realização: Aurelio Cardenas,<br />

Mathieu Danielo; Som: Jean-Pierre Laforce, Olivier Mauvezin, Agnes Ravez; Casting: Vicky Brougiannaki, Christine<br />

Campion; Companhias de produção: Haut et Court, Canal+, Centre National de la Cinématographie (CNC), France 2<br />

Cinéma, Memento Films Production; Intérpretes: François Bégaudeau (François Marin), Nassim Amrabt, Laura Baquela,<br />

Cherif Bounaïdja Rachedi, Juliette Demaille, Dalla Doucoure, Arthur Fogel, Damien Gomes, etc. Duração: 128 minutos;<br />

Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Midas Filmes; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 30 de Outubro de 2008.


_A VALSA COM BASHIR<br />

Um cão corre para a objectiva, o mesmo é dizer que corre em direcção ao público.<br />

Vem bem de frente, olhos nos olhos do espectador. Olhos raiados de sangue, dentes<br />

afi ados, boca a espumar de raiva e ódio. Um segundo cão junta-se-lhe, um terceiro,<br />

um vigésimo, um vigésimo sexto. O desenho (de Yoni Goodman , excelente!) é duro,<br />

agressivo, as cores limpas, azuis de noite, amarelos dourados de luzes, os transeuntes<br />

afastam-se à passagem da matilha, cadeiras de esplanadas derrubadas, uma mãe<br />

que puxa para si o fi lho que tem ao colo, a corrida é impressionante de vigor até que<br />

tudo se suspende: os cães olham uma janela no cimo de um prédio, onde um homem<br />

os olha igualmente e se interroga. É esse homem que procura, num bar perdido na<br />

noite, Ari Folman, um realizador (o realizador de “A Valsa com Bashir”), e lhe conta o<br />

sonho obsessivo que o não deixa dormir: vinte e seis cães que o perseguem, tal como<br />

a memória de uma guerra passada, onde interveio vinte anos antes. Assim começa “A<br />

Valsa com Bashir”, um longa-metragem de animação, dirigida de forma totalmente<br />

inesperada por um israelita, abordando o confl ito que opõe judeus e árabes, há largos<br />

anos, no Médio Oriente.<br />

Esse amigo confessa a Ari Folman que não percebe o signifi cado dos cães com que<br />

sonha e não recorda nada da guerra. Ari Folman também não se lembra da guerra por<br />

onde passara há vinte anos atrás e que fi cou conhecida como Guerra do Líbano. O fi lme<br />

será uma procura dessa memória, invocando testemunhos de outros combatentes<br />

que tinham estado ao lado de Ari nesse confl ito, sobretudo quando as tropas israelitas<br />

invadiram o Líbano e chegaram a Beirute, passando de caminho pelos massacres de<br />

Sabra e Chatila, que se tornaram tristemente célebres na altura e agora serviram de base<br />

de apoio para esta magnífi ca película de animação (que não é para crianças, mas sim<br />

“para adultos”, sem que a designação contenha qualquer referência a “sexo explicito”).<br />

Convém, no entanto, recuar um pouco e situar historicamente os acontecimentos de<br />

que falamos. O Líbano tinha-se tornado, a partir de 1948, um país em constante estado<br />

de guerra civil, dado que possuía uma população muito heterogénea, composta por<br />

cristãos maronitas e muçulmanos, com entrada no confl ito de países como a Síria<br />

ou Israel e a OLP, de Yasser Arafat. Cada um com ideias defi nidas sobre quem devia<br />

governar, e com os palestinianos furiosos pela sua expulsão da Jordânia, às ordens<br />

de Hussein. As alianças faziam-se e desfaziam-se, tão depressa era a Síria a aliada,<br />

como Israel, e no meio desta onda de violência descontrolada, que causava massacres<br />

de inocentes dos dois lados das barricadas, o próprio país se viu dividido em áreas de<br />

infl uência delimitadas. A luta levou a que a OLP se instalasse no sul do Líbano. Pode<br />

considerar-se que a guerra teve quatro momentos decisivos: entre 1975 e 1977, com<br />

combates e massacres entre as comunidades religiosas, e uma intervenção síria, a<br />

pedido do Parlamento Libanês; entre 1977 e 1982, caracterizada por uma intervenção de<br />

Israel no sul do Líbano, através do que fi cou conhecido como “Operação Litani”; entre<br />

1982 e 1984, com a invasão de Israel, a tomada de Beirute e a posterior intervenção das<br />

Nações Unidas; e entre 1984 e 1990, culminando com os Acordos de Taif, assinados na<br />

Arábia Saudita, onde foram criadas condições para o cessar-fogo em 1990.<br />

Massacres de católicos e de muçulmanos foi acontecimento que se tornou infelizmente<br />

banal, e poucos sabem quem começou esta guerra de guerrilha e de terrorismo insano.<br />

Cada facção aponta o inimigo como principal culpado e um observador isento tem<br />

difi culdade em julgar. Mas isso pouco importa para a análise do fi lme de Ari Folman,<br />

que é sobretudo um olhar retrospectivo sobre a entrada das tropas israelitas no<br />

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Líbano, em 1982, e os massacres do sul da capital libanesa, entre 16 e 18 de Setembro.<br />

O massacre de Sabra e Shatila imolou centenas ou milhares (os números vão de 300 a<br />

3.500, consoante o quadrante) de refugiados civis palestinos, numa acção perpetrada<br />

por milicianos cristãos maronitas, nos campos de Sabra e Shatila, então sob protecção<br />

de Israel. A opinião mundial voltou-se mais uma vez contra Israel e culpou o então<br />

ministro da defesa, Ariel Sharon, de ser pessoalmente responsável pela chacina, tendo<br />

falhado na protecção aos refugiados.<br />

Sharon, quando candidato a Primeiro-ministro de Israel, lamentou as mortes e negou<br />

qualquer responsabilidade. A repercussão do massacre, entretanto, fez com que fosse<br />

demitido do cargo de Ministro da Defesa, na época.<br />

Ari Folman foi um dos soldados israelitas que interveio na ocupação do Líbano, um dos<br />

que penetrou nas ruas da cidade, um dos que olhou o horror dos massacres, um dos que<br />

conheceu o pesadelo da guerra. A ele, como a milhões de outros soldados de qualquer<br />

guerra em qualquer parte do mundo, a memória acudiu para que a vida posterior<br />

fosse possível, e abafou as imagens do sofrimento. Chama-se a isso memória selectiva,<br />

a que enterra em zonas do subconsciente as recordações que ferem a existência do dia<br />

a dia. Há quem diga (muitos fi lmes o reafi rmam continuadamente) que os soldados<br />

quando regressam a casa não sossegam em função das memórias traumáticas da<br />

guerra que viveram. Outros, como Ari Folman, comportam-se de maneira inversa: é a<br />

falta de recordações que os leva à inquietação e à procura desesperada do passado. De<br />

conversa em conversa com antigos camaradas de armas, o realizador vai recuperando<br />

as imagens perdidas, que fi guram no fi lme como “fl ashbacks” de um puzzle que<br />

lentamente vai tomando forma. Ari Folman não vive obcecado pelas recordações, mas<br />

pela ausência delas. Diz: “Acho que é uma coisa muito pessoal. Acho que a maioria<br />

das pessoas suprime memórias dessa natureza por ser uma solução muito efi caz para<br />

a existência.” Aqui é a ausência dessas imagens que provoca a falha de consciência,<br />

o que é traumático. “Neste fi lme, sim. Mas apesar de tudo, as pessoas sobreviveram<br />

ao Holocausto. O que é que nós passámos em comparação com elas? Não é nada<br />

mau suprimir as imagens traumáticas. Mas quando vem tudo ao de cima, é preciso<br />

conseguir lidar com isso.”<br />

Neste processo de recuperação de memória, Ari Folman, conhecido documentarista<br />

israelita, entrevista nove pessoas, sete das quais aceitam dar a cara, sendo que as<br />

duas restantes deram os seus depoimentos a ler a actores. A animação parte então<br />

da imagem real, trabalhada como desenho por uma equipa de técnicos de animação.<br />

Há quem precipitadamente afi rme que se trata de um documentário em animação.<br />

Nada de mais errado, não pela técnica, mas pela pesquisa que o fi lme encerra. Não<br />

há nada de mais subjectivo do que a memória, logo não há nada que possa ser mais<br />

fi ccionado do que esta obra. O que vemos e ouvimos são recordações traumáticas,<br />

muitas vezes recalcadas, logo possivelmente distorcidas, de experiências pessoais que<br />

não têm nada de comum e de objectivo. Esse possivelmente um os fascínios desta<br />

experiência, essa procura de uma objectividade possível, esse ressuscitar da história<br />

pessoal num quadro de História colectiva que se processa através de depoimentos<br />

que nem sempre coincidem, mas que lentamente se vão ajustando na memória de Ari<br />

Folman. A memória deste homem é reavivada por testemunhos exteriores a si, fi ltrados<br />

por experiências privadas diversas, que ele, todavia, vai de certa forma assimilando,<br />

fazendo suas. A recordação da chegada a uma praia, por exemplo, num oceano<br />

juncado de cadáveres, vai sendo progressivamente reavivada. Mas nada nos diz que


se trate de uma reconstituição histórica correcta, mas sim de um puzzle cujas peças<br />

se vão ajustando com base em palavras ouvidas que encontram eco no subconsciente<br />

de Ari Folman. Nada de mais pessoal e intimista, nada de menos documental. Mas<br />

esse é seguramente um dos aspectos mais estimulantes desta pesquisa. Sobre essa<br />

cena da praia, que funciona como um “leit motiv”, o próprio realizador afi rmou (ao<br />

“Sight & Sound”): “It should be hallucinatory but also realistic,” e mais adiante, “We<br />

wanted to make a realistic scene in a very dreamy way, so that you would be confused<br />

until the very end about whether it really happened.” “Waltz With Bashir’” é, por isso<br />

mesmo, um trágico documento “pessoal” sobre o horror da guerra, que um israelita<br />

assume com invulgar coragem e desassombro. Coragem que vai até fi nal, quando, na<br />

derradeira sequência, a animação cede perante as imagens reais do brutal massacre.<br />

Da incansável procura do passado ressurge fi nalmente o passado.<br />

Um belíssimo fi lme de uma actualidade gritante. Quem nos dera que os palestinianos<br />

tivessem do seu lado a oportunidade, ou o desejo, de criarem obra idêntica. Razões não<br />

lhes faltarão certamente. E só da assunção das culpas por ambas as partes se poderá<br />

chegar a um entendimento possível, que reponha a paz na região. Que o cinema pode<br />

ser uma arma, “Valsa com Bashir” atesta-o.<br />

_A VALSA COM BASHIR<br />

Título original: Vals Im Bashir ou Valse avec Bachir ou Waltz with Bashir<br />

Realização: Ari Folman (Israel, Alemanha, França, EUA, 2008); Argumento: Ari Folman; Produção: Ari Folman, Serge Lalou,<br />

Gerhard Meixner, Yael Nahlieli, Roman Paul; Música: Max Richter; Montagem: Feller Nili; Direcção artística: David Polonsky;<br />

Direcção de Produção: David Berdah, Verona Meier; Departamento de arte: Ya’ara Buchman, Michael Faust, Asaf Hanuka,<br />

Tomer Hanuka; Som: Aviv Aldema; Efeitos visuais: Feller Eran, Nitzan Roiy; Animação: Yoni Goodman; Companhias de<br />

produção: Bridgit Folman Film Gang, Les Films d’Ici, Razor Film Produktion GmbH, Arte France, Hot Telecommunication,<br />

ITVS, Israel Film Fund, Medienboard Berlin-Brandenburg, New Israeli Foundation for Cinema and Television, Noga<br />

Communication - Channel 8; Intérpretes (vozes): Ron Ben-Yishai, Ronny Dayag, Ari Folman, Dror Harazi, Yehezkel Lazarov,<br />

Mickey Leon, Ori Sivan, Zahava Solomon, etc. Duração: 90 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Atalanta Filmes; Classifi cação<br />

etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 1 de Janeiro de 2009; Estreia mundial: 12 de Junho de 2008.<br />

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_A VIAGEM AO CENTRO DA TERRA<br />

A herança de Júlio Verne é uma das maiores aventuras do imaginário que a humanidade<br />

alguma vez conheceu - e revisitá-la é sempre um acto estimável. O pior é quando não<br />

se respeita a herança por inteiro e se quer dar alguma consistência “científi ca” ao que<br />

nunca procurou avais para as façanhas que, prodigiosamente, se congeminam. É uma<br />

das coisas que perde este regresso transformado a um dos livros centrais da bibliografi a<br />

verniana. Outra é a acumulação sucessiva e desenfreada de peripécias, mais para<br />

mostrar as hipóteses dos efeitos especiais que para dar argamassa dramática ao fi lme.<br />

Eric Brevig, o realizador, vem, de resto, da área técnica dos efeitos especiais - não admira<br />

que o melhor do fi lme seja isso mesmo. Em algumas salas com projecção digital a fi ta<br />

é exibida em 3-D e o divertimento de feira aumenta de espectacularidade.<br />

J.L.R., in Expresso, 30 de Agosto de 2008<br />

_VIAGEM AO CENTRO DA TERRA<br />

Título original:Journey to the Center of the Earth<br />

Realização: Eric Brevig (EUA, 2008); Argumento: Michael D. Weiss, Jennifer Flackett, Mark Levin, segundo romance de<br />

Julio Verne (“Journey to the Center of the Earth”); Produção: Cale Boyter, Michael Disco, Beau Flynn, Brendan Fraser, Cary<br />

Granat, Charlotte Huggins, W. Mark McNair, Alex Schwartz, Mylan Stepanovich, Evan Turner, Tripp Vinson; Música: Andrew<br />

Lockington; Fotografi a (cor): Chuck Shuman; Montagem: Steven Rosenblum, Paul Martin Smith, Dirk Westervelt; Casting:<br />

Vera Miller, Elisabeth Rudolph; Design de produção: David Sandefur; Direcção artística: Jean Kazemirchuk, Michele Laliberte,<br />

Re’al Proulx; Guarda-roupa: Mario Davignon; Maquilhagem: Kathryn Casault, Corald Giroux, Áslaug Dröfn Sigur ardóttir;<br />

Direcção de produção: Ronald Gilbert, Arni Hansson, Steven Kaminsky; Assistentes de realização: Manon Célestin, Renato<br />

De Cotiis, David Dozoretz, Sean Dwyer; Departamento de arte: C. Scott Baker, Lucie Tremblay; Som: Timothy Nielsen; Efeitos<br />

especiais: Ryal Cosgrove, Eggert Ketilsson, Pascal Souvay, Philippe Souvay, Martin St-Antoine; Efeitos visuais: Michele Linse,<br />

Lisa Marra, Brandy Nightingale, Jonathan Reynolds, Robert Rioux, Mark Theriault, Christopher Townsend; Companhias de<br />

produção: Walden Media, New Line Cinema; Intérpretes: Brendan Fraser (Prof. Trevor Anderson), Josh Hutcherson (Sean<br />

Anderson), Anita Briem (Hannah Ásgeirsson), Seth Meyers (Professor Alan Kitzens), Jean Michel Paré (Max Anderson),<br />

Jane Wheeler (Elizabeth Anderson), Frank Fontaine, Giancarlo Caltabiano, Kaniehtiio Horn, Garth Gilker, etc. Duração: 93<br />

minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Prisvideo; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 28 de Agosto de 2008.


_VIRTUDE FÁCIL<br />

Noel Coward é um dos maiores escritores e dramaturgos ingleses, um homem de um<br />

humor corrosivo, mas fi no e elegante, sarcástico e snob, mas absolutamente imprevisível.<br />

As suas obras criticam numa aparência ligeira os traumas mais profundos da natureza<br />

humana e, sobretudo, da sociedade britânica de início de século XX. Tal como Oscar<br />

Wilde, o escritor que nos parece que mais dele se aproxima, fez da “boutade” uma arte,<br />

do cinismo um modo de vida, do olhar sobranceiro sob os outros uma arte. Como ele<br />

próprio se defi nia, “my life really has been one long extravaganza”.<br />

“Virtude Fácil” foi escrita em 1925, estreada com êxito no palco, logo passada a cinema<br />

por Alfred Hictchcock em 1928. Surge agora uma nova versão, com direcção de Stephan<br />

Elliott, cineasta australiano que há anos nos dera uma extravagância fabulosa, um<br />

musical “queer”, “As Aventuras de Priscila, a Rainha do Deserto”. Esta nova “Virtude<br />

Fácil” parece afastar-se de alguma forma do original (que desconhecemos), sobretudo<br />

introduzindo alguns anacronismos musicais, e envolvendo-a num olhar actual, muito<br />

embora os cenários respeitem escrupulosamente os loucos anos vinte.<br />

A história passa-se quase toda ela numa casa de campo inglesa (o esplendoroso<br />

palacete dos falidos Whittaker), aonde regressa o fi lho da casa, o jovem John Whittaker<br />

(Ben Barnes), recém-casado com uma escultural americana, Larita (Jessica Biel), cujas<br />

maneiras chocam por completo com o puritanismo convencional e hipócrita da<br />

matriarca, Mrs. Whittaker (Kristin Scott Thomas), casada com o distante e cínico Mr.<br />

Whittaker (Colin Firth).<br />

Tal como em muitas outras obras de fi nais do século XIX e inícios do XX, assiste-se a<br />

um confronto de duas culturas e duas civilizações: de um lado a vitoriana Inglaterra,<br />

com preceitos e preconceitos arreigados, do outro lado, uma estouvada e algo<br />

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inocente América, que ousa abrir-se à novidade e à aventura e arrisca novos hábitos<br />

e uma mentalidade radicalmente diferente. Já “Diasy Miller”, de Henry James, falava<br />

do mesmo, mas há inúmeros autores a abordar o tema em diversos romances, peças,<br />

etc. O despertar da América, com o que era considerado o seu novo riquismo e a sua<br />

licenciosidade, não deixava de causar entraves na Velha Grã Bretanha. Esse o confl ito<br />

central de “Easy Virtue”, que Noel Coward desenvolve com uma ironia cortante, um<br />

humor divertidíssimo, um diálogo brilhante, que a realização de Stephan Elliott<br />

serve efi cazmente e um elenco soberbo transforma numa pequena pérola da arte de<br />

representar.<br />

Este corpo a corpo entre uma indomável americana e uma castrante família com<br />

sete gerações de antepassados a tolher-lhe os movimentos é deliciosamente letal.<br />

As mulheres Whittaker, comandadas pela fria e seca mãe, não dão tréguas à bela<br />

americana que trás atrás de si um passado misterioso, que um dia é posto a descoberto.<br />

Mas os homens Whittaker têm, curiosamente comportamentos diferentes. O fi lho<br />

regressa a casa apaixonado, mas vai lentamente sendo absorvido pela conjura materna.<br />

Enquanto isso, o pai (um admirável Colin Firth) vai progressivamente aproximando-se<br />

da nora, até… um fi nal mais ou menos previsível, ou de todo inesperado (conforme a<br />

perspectiva).<br />

O humor instala-se logo desde as primeiras imagens, mas o riso nunca explode em<br />

gargalhadas, antes fi ca suspenso num sorriso que saboreia cada frase e uma vez por<br />

outra escorrega até à farsa (como na sequência de um antipático cãozinho que Larita,<br />

inadvertidamente, transforma em almofada). Uma belíssima comédia de costumes<br />

que terá passado um pouco desapercebida no volume de excelentes estreias deste<br />

início de 2009, mas que merece inteiramente a atenção do espectador.


_VIRTUDE FÁCIL<br />

Título original: Easy Virtue<br />

Realização: Stephan Elliott (Inglaterra, 2008); Argumento: Stephan Elliott, Sheridan Jobbins, segundo peça de Noel Coward;<br />

Produção: Joseph Abrams, Paul Brett, Alexandra Ferguson, Louise Goodsill, Douglas Hansen, Ralph Kamp, Cindy Kirven,<br />

George McGhee, Peter Nichols, Tim Smith, James Spring, James D. Stern, Barnaby Thompson; Música: Marius De Vries;<br />

Fotografi a (cor): Martin Kenzie; Montagem: Sue Blainey; Design de produção: John Beard; Direcção artística: Mark Scruton;<br />

Decoração: Niamh Coulter; Guarda-roupa: Charlotte Walter; Maquilhagem: Tamsin Dorling, Paul Gooch, Paul Mooney, Paula<br />

Price, Jeremy Woodhead; Direcção de Produção: Polly Duval, Charlie Simpson, Tim Wellspring; Assistentes de realização:<br />

James Chasey, Richard Goodwin, Christopher Newman, Carly Taverner; Som: Simon Gershon; Efeitos especiais: Mark<br />

Holt; Efeitos visuais: Simon Carr; Casting: Louis Elman; Companhias de produção: Ealing Studios, Fragile Films, Endgame<br />

Entertainment, BBC Films; Intérpretes: Jessica Biel (Larita Whittaker), Ben Barnes (John Whittaker), Kristin Scott Thomas<br />

(Mrs. Whittaker), Colin Firth (Mr. Whittaker), Kimberley Nixon (Hilda Whittaker), Katherine Parkinson (Marion Whittaker),<br />

Kris Marshall (Furber), Christian Brassington (Phillip Hurst), Charlotte Riley (Sarah Hurst), Jim McManus (Jackson), Pip<br />

Torrens (Lord Hurst), Georgie Glen (Mrs. Landrigin), Laurence Richardson (Marcus), etc. Duração: 97 minutos; Distribuição<br />

em <strong>Portugal</strong>: Valentim de Carvalho; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 1 de Janeiro de 2009;<br />

“Easy Virtue”, primeira adaptação da peça de Noel Coward, data de 1928, e é uma das<br />

primeiras obras de Alfred Hitchcock. O mestre do suspense anda aqui longe do seu território<br />

de eleição, longe ainda também da sua mestria de estilo, mas anuncia-se já um grande<br />

realizador em potência. O fi lme inicia-se e fecha por dois julgamentos da mesma mulher,<br />

Larita, divorciando-se litigiosamente de dois maridos. O primeiro julgamento, que dura<br />

cerca de vinte minutos, vai alternando, numa técnica muito actual, o próprio julgamento,<br />

com fl ashbacks ilustrando os episódios dramáticos que deram origem ao litígio, quando o<br />

primeiro marido de Larita a surpreende nos braços de um pintor, imaginando por isso um<br />

adultério que afi nal nunca existiu. Mais tarde, na Riviera francesa, Larita afoga as mágoas<br />

passeando por courts de ténis, onde encontra um nobre inglês por quem se apaixona e<br />

com quem casa. Nesta altura do fi lme surge a cena mais citada e aquela que surpreende<br />

pela originalidade: o jovem inglês pede Larita em casamento e os espectadores descobrem<br />

qual a resposta através das reacções de uma telefonista que intercepta a chamada e<br />

vai acompanhando o seu desenrolar. Depois, quando viaja para Inglaterra, Larita vê-se<br />

confrontada com uma família puritana e preconceituosa que lentamente lhe destrói<br />

o casamento, instalando novamente a dúvida sobre o seu comportamento. À saída do<br />

tribunal, os repórteres fotográfi cos esperam-na. Ela enfrenta sozinha os fl ashs, e responde<br />

aos jornalistas: “Shoot! Disparem. Não há mais nada que possam matar.”<br />

Uma adaptação muito diferente da versão de 2008, que todavia se mostra muito<br />

curiosa, quer a nível temático, quer a nível formal, na maneira como Hitchcock retém<br />

certos aspectos da estrutura teatral (sobretudo uma representação frontal), mas<br />

a subverte, através de planos fi lmados de outros ângulos, ou numa conjugação de<br />

diferentes grandezas de planos.<br />

Título original: Easy Virtue<br />

Realização: Alfred Hitchcock (Inglaterra, 1928); Argumento: Eliot Stannard segundo peça de Noel Coward; Produção: Michael<br />

Balcon; Fotografi a (p/b): Claude L. McDonnell; Montagem: Ivor Montagu; Direcção artística: Clifford Pember; Assistente<br />

de realização: Frank Mills; Companhias de produção: Gainsborough Pictures; Intérpretes: Isabel Jeans (Larita Filton),<br />

Franklin Dyall (Aubrey Filton), Eric Bransby Williams (Claude Robson), Robin Irvine (John Whittaker), Violet Farebrother (Mrs.<br />

Whittaker), Frank Elliott (Coronel Whittaker), Dacia Deane (Marion Whittaker), Dorothy Boyd (Hilda Whittaker), Enid Stamp-<br />

Taylor (Sarah), Ian Hunter, Alfred Hitchcock (homem perto do court de ténis), Benita Hume, etc. Duração: 79 min | 89 min<br />

(versão restaurada); Distribuição em <strong>Portugal</strong> (DVD): Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 12 anos.<br />

111 | da Palavra à Imagem


http://cineeco2009.blogspot.com/<br />

cineeco@gmail.com<br />

CINEECO2009<br />

XV FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA E VÍDEO DE AMBIENTE DA SERRA DA ESTRELA<br />

17.10 a 24.10<br />

SEIA_SERRA DA ESTRELA


Homenagem a<br />

Edgar Allan Poe


114 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

_THE RAVEN, 1 VERSÃO E 3 TRADUÇÕES<br />

“O Corvo”, o mais célebre poema de Edgar Allan Poe, teve duas versões<br />

e inúmeras traduções. Aqui fi ca a versão defi nitiva do autor e três<br />

traduções brilhantes, todavia, cada uma delas tão representativa de<br />

Edgar Allan Poe como de cada um dos escritores que as traduziram<br />

(Baudelaire, Fernando Pessoa e Machado de Assis). O que demonstra<br />

bem que quem lê, o faz segundo a sua experiência e sensibilidade, pelo<br />

que não há duas “leituras” iguais, e que traduzir pode não ser trair, mas<br />

nunca reproduz a experiência do original.


_THE RAVEN<br />

Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,<br />

Over many a quaint and curious volume of forgotten lore —<br />

While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,<br />

As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.<br />

“’Tis some visiter,” I muttered, “tapping at my chamber door —<br />

Only this and nothing more.”<br />

Ah, distinctly I remember it was in the bleak December;<br />

And each separate dying ember wrought its ghost upon the fl oor.<br />

Eagerly I wished the morrow; — vainly I had sought to borrow<br />

From my books surcease of sorrow — sorrow for the lost Lenore —<br />

For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore —<br />

Nameless here for evermore.<br />

And the silken, sad, uncertain rustling of each purple curtain<br />

Thrilled me — fi lled me with fantastic terrors never felt before;<br />

So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating<br />

“’Tis some visiter entreating entrance at my chamber door —<br />

Some late visiter entreating entrance at my chamber door; —<br />

This it is and nothing more.”<br />

Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,<br />

“Sir,” said I, “or Madam, truly your forgiveness I implore;<br />

But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,<br />

And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,<br />

That I scarce was sure I heard you” — here I opened wide the door; ——<br />

Darkness there and nothing more.<br />

Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,<br />

Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before;<br />

But the silence was unbroken, and the stillness gave no token,<br />

And the only word there spoken was the whispered word, “Lenore?”<br />

This I whispered, and an echo murmured back the word, “Lenore!” —<br />

Merely this and nothing more.<br />

115 | Edgar Allan Poe no Cinema


116 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Back into the chamber turning, all my soul within me burning,<br />

Soon again I heard a tapping somewhat louder than before.<br />

“Surely,” said I, “surely that is something at my window lattice;<br />

Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore —<br />

Let my heart be still a moment and this mystery explore;—<br />

‘Tis the wind and nothing more!”<br />

Open here I fl ung the shutter, when, with many a fl irt and fl utter,<br />

In there stepped a stately Raven of the saintly days of yore;<br />

Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;<br />

But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door —<br />

Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door —<br />

Perched, and sat, and nothing more. [column 5:]<br />

Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,<br />

By the grave and stern decorum of the countenance it wore,<br />

“Though thy crest be shorn and shaven, thou,” I said, “art sure no craven,<br />

Ghastly grim and ancient Raven wandering from the Nightly shore —<br />

Tell me what thy lordly name is on the Night’s Plutonian shore!”<br />

Quoth the Raven “Nevermore.”<br />

Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,<br />

Though its answer little meaning — little relevancy bore;<br />

For we cannot help agreeing that no living human being<br />

Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door —<br />

Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,<br />

With such name as “Nevermore.”<br />

But the Raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only<br />

That one word, as if his soul in that one word he did outpour.<br />

Nothing farther then he uttered — not a feather then he fl uttered —<br />

Till I scarcely more than muttered “Other friends have fl own before —<br />

On the morrow he will leave me, as my Hopes have fl own before.”<br />

Then the bird said “Nevermore.”<br />

Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,<br />

“Doubtless,” said I, “what it utters is its only stock and store<br />

Caught from some unhappy master whom unmerciful Disaster<br />

Followed fast and followed faster till his songs one burden bore —<br />

Till the dirges of his Hope that melancholy burden bore<br />

Of ‘Never — nevermore’.”<br />

But the Raven still beguiling my sad fancy into smiling,<br />

Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird, and bust and door;<br />

Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linking<br />

Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore —<br />

What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore<br />

Meant in croaking “Nevermore.”


This I sat engaged in guessing, but no syllable expressing<br />

To the fowl whose fi ery eyes now burned into my bosom’s core;<br />

This and more I sat divining, with my head at ease reclining<br />

On the cushion’s velvet lining that the lamp-light gloated o’er,<br />

But whose velvet-violet lining with the lamp-light gloating o’er,<br />

She shall press, ah, nevermore!<br />

Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer<br />

Swung by seraphim whose foot-falls tinkled on the tufted fl oor.<br />

“Wretch,” I cried, “thy God hath lent thee — by these angels he hath sent thee<br />

Respite — respite and nepenthe, from thy memories of Lenore;<br />

Quaff, oh quaff this kind nepenthe and forget this lost Lenore!”<br />

Quoth the Raven “Nevermore.”<br />

“Prophet!” said I, “thing of evil! — prophet still, if bird or devil! —<br />

Whether Tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,<br />

Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted —<br />

On this home by Horror haunted — tell me truly, I implore —<br />

Is there — is there balm in Gilead? — tell me — tell me, I implore!”<br />

Quoth the Raven “Nevermore.”<br />

“Prophet!” said I, “thing of evil! — prophet still, if bird or devil!<br />

By that Heaven that bends above us — by that God we both adore —<br />

Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,<br />

It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore —<br />

Clasp a rare and radiant maiden whom the angels name Lenore.”<br />

Quoth the Raven “Nevermore.”<br />

“Be that word our sign of parting, bird or fi end!” I shrieked, upstarting —<br />

“Get thee back into the tempest and the Night’s Plutonian shore!<br />

Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!<br />

Leave my loneliness unbroken! — quit the bust above my door!<br />

Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!”<br />

Quoth the Raven “Nevermore.”<br />

And the Raven, never fl itting, still is sitting, still is sitting<br />

On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;<br />

And his eyes have all the seeming of a demon’s that is dreaming,<br />

And the lamp-light o’er him streaming throws his shadow on the fl oor;<br />

And my soul from out that shadow that lies fl oating on the fl oor<br />

Shall be lifted — nevermore!<br />

Versão fi nal, revista por Põe,<br />

aparecida em “Richmond Semi-Weekly Examiner”, em 1849.<br />

117 | Edgar Allan Poe no Cinema


118 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

_LE CORBEAU<br />

Une fois, sur le minuit lugubre, pendant que je méditais, faible et<br />

fatigué, sur maint précieux et curieux volume d’une doctrine oubliée,<br />

pendant que je donnais de la tête, presque assoupi, soudain il se fi t un<br />

tapotement, comme de quelqu’un frappant doucement, frappant à la porte<br />

de ma chambre. «C’est quelque visiteur, - murmurai-je, - qui frappe à la<br />

porte de ma chambre; ce n’est que cela, et rien de plus.»<br />

Ah! distinctement je me souviens que c’était dans le glacial décembre,<br />

et chaque tison brodait à son tour le plancher du refl et de son agonie.<br />

Ardemment je désirais le matin; en vain m’étais-je efforcé de tirer de<br />

mes livres un sursi à ma tristesse, ma tristesse pour ma Léonore perdue,<br />

pour la précieuse et rayonnante fi lle que les anges nomment Lénore, - et<br />

qu’ici on ne nommera jamais plus.<br />

Et le soyeux, triste et vague brissement des rideaux pourprés me<br />

pénétrait, me remplissait de terreurs fantastiques, inconnues pour moi<br />

jusqu’à ce jour; si bien qu’enfi n, pour apaiser le battement de mon<br />

coeur, je me dressai, répétant: «C’est quelque visiteur qui sollicite<br />

l’entrée à la porte de ma chambre; - c’est cela même, et rien de plus.»<br />

Mon âme en ce moment se sentit plus forte. N’hésitant donc pas plus<br />

longtemps: «Monsieur, - dis-je, - ou madame, en vérité, j’implore votre<br />

pardon; mais le fait est que je sommeillais, et vous êtes venu taper à<br />

la porte de ma chambre, qu’à peine étais-je certain de vous avoir<br />

entendu.» Et alors j’ouvris la porte toute grande; - les ténèbres, et<br />

rien de plus!<br />

Scrutant profondément ces ténèbres, je me tins longtemps plein<br />

d’étonnements, de crainte, de doute, révant des rêves qu’aucun mortel<br />

n’a jamais osé réver; mais le silence ne fut pas troublé, et<br />

l’immobilité ne donna aucun signe, et le seul mot proféré fut un nom<br />

chuchoté: «Léonore!» - C’était moi qui le chuchotais, et un écho à son<br />

tour murmura ce mot: «Lénore!» Purement cela, et rien de plus.


Rentrant dans ma chambre, et sentant en moi toute mon âme incendiée,<br />

j’entendis bientôt un coup un peu plus fort que le premier. «Sûrement, -<br />

dis-je, - sûrement il y a quelque chose aux jalousies de ma fenêtre;<br />

voyons donc ce que c’est, et explorons ce mystère. Laissons mon coeur se<br />

calmer un instant, et explorons ce mystère; c’est le vent, et rien de<br />

plus.»<br />

Je poussais alors le volet, et, avec un tumultueux battement d’ailes,<br />

entra un majestueux corbeau digne des anciens jours. Il ne fi t pas la<br />

moindre révérence, il ne s’arrêta pas, il n’hésita pas une minute; mais,<br />

avec la mine d’un lord ou d’une lady, il se percha au-dessus de la porte<br />

de ma chambre; il se percha sur un buste de Pallas juste au-dessus de la<br />

porte de ma chambre; - il se percha, s’installa, et rien de plus.<br />

Alors, cet oiseau d’ébène, par la gravité de son maintien et la sévérité<br />

de sa physionomie, induisant ma triste imagination à sourire: «Bien que<br />

la tête, - lui dis-je, - soit sans huppe et sans cimier, tu n’es certes<br />

pas un poltron, lugubre et ancien corbeau, voyageur parti des rivages de<br />

la nuit. Dis-moi quel est ton nom seigneurial aux rivages de la nuit<br />

plutonienne! «Le corbeau dit: Jamais plus!»<br />

Je fus émerveillé que ce disgracieux volatile entendît si facilement la<br />

parole, bien que sa réponse n’eût pas un bien grand sens et ne me fît<br />

pas d’un grand secours; car nous devons convenir que jamais il ne fut<br />

donné à un homme vivant de voir un oiseau au-dessus de la porte de sa<br />

chambre, un oiseau ou une bête sur un buste sculpté au-dessus de la<br />

porte de sa chambre, se nommant d’un nom tel que - Jamais plus!<br />

Mais le corbeau, perché solitairement sur le buste placide, ne proféra<br />

que ce mot unique, comme si dans ce mot unique il répandait toute son<br />

âme. Il ne prononça rien de plus; il ne remua pas une plume, - jusqu’à<br />

ce que je me prisse à murmurer faiblement: «D’autres amis se sont déjà<br />

envolés loin de moi; vers le matin, lui aussi, il me quittera comme mes<br />

anciennes espèrances déjà envolées.» L’oiseau dit alors: «Jamais plus!»<br />

Tressaillant au bruit de cette réponse jetée avec tant d’à-propos: «Sans<br />

doute, - dis-je, - ce qu’il prononce est tout son bagage de savoir,<br />

qu’il a pris chez quelque maître infortuné que le Malheur impitoyable a<br />

poursuivi ardement, sans répit, jusqu’à ce que ses chansons n’eussent<br />

plus qu’un seul refrain, jusqu’á ce que le De profundis de son Espérance<br />

eût pris ce mélancolique refrain: «Jamais, jamais plus!»<br />

Mais, le corbeau induisant encore toute ma triste âme à sourire, je<br />

roulai tout de suite un siège à coussins en face de l’oiseau et du buste<br />

et de la porte; alors, m’enfonçant dans le velours, je m’appliquai à<br />

enchaîner les idées aux idées, cherchant ce que cet augural oiseau des<br />

anciens jours, ce que ce triste, disgracieux, sinistre, maigre et<br />

119 | Edgar Allan Poe no Cinema


120 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

augural oiseau des anciens jours voulait faire entendre en croassant son<br />

- Jamais plus!<br />

Je me tenais ainsi, rêvant, conjecturant, mais n’adressant plus une<br />

syllabe à l’oiseau, dont les yeux ardents me brûlaient maintenant<br />

jusqu’au fond du coeur; je cherchai à deviner cela, et plus encore, ma<br />

tête reposant à l’aise sur le velours du coussin que caressait la<br />

lumière de la lampe, ce velours violet caressé par la lumière de la<br />

lampe que sa tête, à Elle, ne pressera plus, - ah! jamais plus!<br />

Alors, il me sembla que l’air s’épaississait, parfumé par un encensoir<br />

invisible que balançaient des séraphins dont les pas frôlaient le tapis<br />

de la chambre. «Infortuné! - m’écriai-je, - ton Dieu t’a donné par ses<br />

anges, il t’a envoyé du répit, du répit et du népenthès dans tes<br />

ressouvenirs de Lénore perdue!» Le corbeau dit: «Jamais plus!»<br />

«Phrophète! - dis-je, - être de malheur! oiseau ou démon, mais toujours<br />

phrophète! que tu sois un envoyé du Tentateur, ou que la tempête t’ait<br />

simplement échoué, naufragé, mais encore intrépide, sur cette terre<br />

déserte, ensocelée, dans ce logis par l’Horreur hanté, - dis-moi<br />

sincèrement, je t’en supplie, existe-t-il ici un baume de Judée! Dis,<br />

dis, je t’en supplie!» Le corbeau dit: «Jamais plus!»<br />

«Phrophète! - dis-je, - être de malheur! oiseau ou démon! Toujours<br />

phrophète! par ce ciel tendu sur nos têtes, par ce Dieu que tous deux<br />

nous adorons, dis à cette âme chargée de douleur si, dans le Paradis<br />

lointain, elle pourra embrasser une fi lle sainte que les anges nomment<br />

Lénore, embrasser une précieuse et rayonnante fi lle que les anges<br />

nomment Léonore.» Le corbeau dit: «Jamais plus!»<br />

«Que cette parole soit le signal de notre séparation, oiseau ou démon! -<br />

hurlai-je en me redressant. - Rentre dans la tempête, retourne au rivage<br />

de la nuit plutonienne; ne laisse pas ici une seule plume noire comme<br />

souvenir du mensonge que ton âme a proféré; laisse ma solitude inviolée;<br />

quitte ce buste au-dessus de ma porte; arrache ton bec de mon coeur, et<br />

précipite ton spectre loin de ma porte!» Le corbeau dit: «Jamais plus!»<br />

Et le corbeau, immuable, est toujours installé, toujours installé sur le<br />

buste pâle de Pallas, juste au-dessus de la porte de ma chambre; et ses<br />

yeux ont toute la semblance des yeux d’un démon qui rêve; et la lumière<br />

de la lampe, en ruisselant sur lui, projette son ombre sur le plancher;<br />

et mon âme, hors du cercle de cette ombre qui gît fl ottant sur le<br />

plancher, ne pourra plus s’élever, - jamais plus!<br />

(Tradução de Charles Baudelaire, 1856)


_O CORVO<br />

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,<br />

Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,<br />

E já quase adormecia, ouvi o que parecia<br />

O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.<br />

“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.<br />

É só isto, e nada mais.”<br />

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio Dezembro,<br />

E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.<br />

Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada<br />

P’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -<br />

Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,<br />

Mas sem nome aqui jamais!<br />

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo<br />

Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!<br />

Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,<br />

“É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;<br />

Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.<br />

É só isto, e nada mais”.<br />

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,<br />

“Senhor”, eu disse, “ou senhora, decerto me desculpais;<br />

Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,<br />

Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,<br />

Que mal ouvi...” E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.<br />

Noite, noite e nada mais.<br />

A treva enorme fi tando, fi quei perdido receando,<br />

Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.<br />

Mas a noite era infi nita, a paz profunda e maldita,<br />

E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -<br />

Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.<br />

121 | Edgar Allan Poe no Cinema


122 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Isso só e nada mais.<br />

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,<br />

Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.<br />

“Por certo”, disse eu, “aquela bulha é na minha janela.<br />

Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.”<br />

Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.<br />

“É o vento, e nada mais.”<br />

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,<br />

Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.<br />

Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,<br />

Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,<br />

Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,<br />

Foi, pousou, e nada mais.<br />

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura<br />

Com o solene decoro de seus ares rituais.<br />

“Tens o aspecto tosquiado”, disse eu, “mas de nobre e ousado,<br />

Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!<br />

Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.”<br />

Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,<br />

Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.<br />

Mas deve ser concedido que ninguém terá havido<br />

Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,<br />

Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,<br />

Com o nome “Nunca mais”.<br />

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,<br />

Que essa frase, qual se nela a alma lhe fi casse em ais.<br />

Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento<br />

Perdido, murmurei lento, “Amigo, sonhos - mortais<br />

Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais”.<br />

Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,<br />

“Por certo”, disse eu, “são estas vozes usuais,<br />

Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono<br />

Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,<br />

E o bordão de desesp’rança de seu canto cheio de ais<br />

Era este “Nunca mais”.<br />

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,<br />

Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;<br />

E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira<br />

Que qu’ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,<br />

Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,


Com aquele “Nunca mais”.<br />

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo<br />

À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,<br />

Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando<br />

No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,<br />

Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,<br />

Reclinar-se-á nunca mais!<br />

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso<br />

Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.<br />

“Maldito!”, a mim disse, “deu-te Deus, por anjos concedeu-te<br />

O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,<br />

O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!”<br />

Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />

“Profeta”, disse eu, “profeta - ou demónio ou ave preta!<br />

Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,<br />

A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,<br />

A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais<br />

Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!<br />

Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />

“Profeta”, disse eu, “profeta - ou demónio ou ave preta!<br />

Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.<br />

Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida<br />

Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,<br />

Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!”<br />

Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />

“Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!”, eu disse. “Parte!<br />

Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!<br />

Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!<br />

Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!<br />

Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!”<br />

Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />

E o corvo, na noite infi nda, está ainda, está ainda<br />

No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.<br />

Seu olhar tem a medonha cor de um demónio que sonha,<br />

E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,<br />

Libertar-se-á... nunca mais!<br />

(Tradução de Fernando Pessoa)<br />

123 | Edgar Allan Poe no Cinema


124 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

_O CORVO<br />

Em certo dia, à hora<br />

Da meia-noite que apavora,<br />

Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,<br />

Ao pé de muita lauda antiga,<br />

De uma velha doutrina agora morta,<br />

Ia pensando, quando ouvi à porta<br />

Do meu quarto um soar devagarinho,<br />

E disse estas palavras tais:<br />

“É alguém que me bate à porta de<br />

mansinho;<br />

Há de ser isso e nada mais”.<br />

Ah! bem me lembro! bem me lembro!<br />

Era no glacial Dezembros;<br />

Cada brasa do lar sobre o colchão refl etia<br />

A sua última agonia.<br />

Eu ansioso pelo Sol, buscava<br />

Sacar daqueles livros que estudava<br />

Repouso (em vão!) à dor esmagadora<br />

Destas saudades imortais<br />

Pela que ora nos céus anjos chamam<br />

Lenora,<br />

E que ninguém chamará mais.<br />

E o rumor triste, vago, brando<br />

Das cortinas ia acordando<br />

Dentro em meu coração um rumor não<br />

sabido,<br />

Nunca por ele padecido.<br />

Enfi m, por aplacá-lo aqui, no peito,<br />

Levantei-me de pronto, e “Com efeito,<br />

(Disse), é visita amiga e retardada<br />

“Que bate a estas horas tais.<br />

“É visita que pede à minha porta<br />

entrada:<br />

“Há de ser isso e nada mais”.<br />

Minh’alma então sentiu-se forte;<br />

Não mais vacilo, e desta sorte<br />

Falo: “Imploro de vós - ou senhor ou<br />

senhora,<br />

Me desculpeis tanta demora.<br />

“Mas como eu, precisando de descanso<br />

“Já cochilava, e tão de manso e manso,<br />

“Batestes, não fui logo, prestemente,<br />

“Certifi car-me que aí estais”.<br />

Disse; a porta escancar, acho a noite<br />

somente,<br />

somente a noite, e nada mais.<br />

Com longo olhar escruto a sombra<br />

Que me amedronta, que me assombra.<br />

E sonho o que nenhum mortal há já<br />

sonhado,<br />

Mas o silêncio amplo e calado,<br />

Calado fi ca; a quietação quieta;<br />

Só tu, palavra única e dilecta,<br />

Lenora, tu, com um suspiro escasso,<br />

Da minha triste boca sais;<br />

E o eco, que te ouviu, murmurou-te no<br />

espaço;<br />

Foi isso apenas, nada mais.<br />

Entro co’a alma incendiada.<br />

Logo depois outra pancada<br />

Soa um pouco mais forte; eu, voltandome<br />

a ela:<br />

“Seguramente, há na janela<br />

Alguma coisa que sussurra. Abramos,<br />

“Eia, fora o temor, eia, vejamos<br />

“A explicação do caso misterioso<br />

Dessas duas pancadas tais,<br />

“Devolvamos a paz ao coração medroso,<br />

“Obra do vento, e nada mais”.


Abro a janela, e de repente,<br />

Vejo tumultuosamente<br />

Um nobre corvo entrar, digno de antigos<br />

dias.<br />

Não despendeu em cortesias<br />

Um minuto, um instante. Tinha o<br />

aspecto<br />

de um lord ou de uma lady. E pronto e<br />

reto,<br />

Movendo no ar as suas negras alas,<br />

Acima voa dos portais,<br />

Trepa, no alto da porta em um busto de<br />

Palas:<br />

Trepado fi ca, e nada mais.<br />

Diante da ave feia e escura,<br />

Naquela rígida postura,<br />

Com o gosto severo, - o triste<br />

pensamento<br />

Sorriu-me ali por um momento,<br />

E eu disse: “Ó tu que das nocturnas<br />

plagas<br />

“Vens, embora a cabeça nua tragas,<br />

“Sem topete, não és ave medrosa,<br />

“Dize os teus nomes senhoriais;<br />

“Como te chamas tu na grande noite<br />

umbrosa?”<br />

E o corvo disse: “Nunca mais”.<br />

Vendo que o pássaro entendia<br />

A pergunta que eu lhe fazia,<br />

Fico atônito, embora a resposta que dera<br />

Difi cilmente lha entendera.<br />

Na verdade, jamais homem há visto<br />

Coisa na terra semelhante a isto:<br />

Uma ave negra, friamente posta<br />

Num busto, acima dos portais,<br />

Ouvir uma pergunta a dizer em resposta<br />

Que este é seu nome: “Nunca mais”.<br />

No entanto, o corvo solitário<br />

Não teve outro vocabulário.<br />

Como se essa palavra escassa que ali<br />

disse<br />

Toda sua alma resumisse,<br />

Nenhuma outra proferiu, nenhuma.<br />

Não chegou a mexer uma só pluma,<br />

Até que eu murmurei: “Perdi outrora<br />

“Tantos amigos tão leais!<br />

“Perderei também este em regressando<br />

a aurora”.<br />

E o corvo disse: “Nunca mais!”<br />

Estremeço. A resposta ouvida<br />

É tão exata! é tão cabida!<br />

“Certamente, digo eu, essa é toda a<br />

ciência<br />

“Que ele trouxe da convivência<br />

“De algum mestre infeliz e<br />

acabrunhado<br />

“Que o implacável destino há castigado<br />

“Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,<br />

“Que dos seus cantos usuais<br />

“Só lhe fi cou, na amarga e última<br />

cantiga,<br />

“Esse estribilho: “Nunca mais”.<br />

Segunda vez nesse momento<br />

Sorriu-me o triste pensamento;<br />

Vou sentar-me defronte ao corvo<br />

magro e rudo;<br />

E, mergulhando no veludo<br />

Da poltrona que eu mesmo ali trouxera,<br />

Achar procuro a lúgubre quimera,<br />

A alma, o sentido, o pávido segredo<br />

Daquelas sílabas fatais,<br />

Entender o que quis dizer a ave do<br />

medo<br />

Grasnando a frase: “Nunca mais”.<br />

Assim posto, devaneando,<br />

Meditando, conjecturando,<br />

Não lhe falava mais; mas, se lhe não<br />

falava,<br />

Sentia o olhar que me abrasava.<br />

Conjecturando fui, tranquilo, a gosto,<br />

Com a cabeça no macio encosto<br />

Onde os raios da Lâmpada caíam,<br />

Onde as tranças angelicais<br />

De outra cabeça outrora ali se<br />

desparziam<br />

E agora não se esparzem mais.<br />

Supus então que o ar, mais denso,<br />

Todo se enchia de um incenso,<br />

Obra de serafi ns que, pelo chão<br />

roçando<br />

Do quarto, estavam meneando<br />

Um ligeiro turíbulo invisível:<br />

E eu exclamei então: “Um Deus sensível<br />

“Manda repouso à dor que te devora<br />

“Destas saudades imortais.<br />

“Eia, esquece, eia, olvida essa extinta<br />

Lenora”.<br />

E o corvo disse: “Nunca mais”.<br />

125 | Edgar Allan Poe no Cinema


126 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

“Profeta, ou o que quer que sejas!<br />

“Ave ou demónio que negrejas!<br />

“Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do<br />

inferno<br />

“Onde reside o mal eterno,<br />

“Ou simplesmente náufrago escapado<br />

“Venhas do temporal que te há lançado<br />

“Nesta casa onde o Horror, o Horror<br />

profundo<br />

“Tem os seus lares triunfais,<br />

“Dize-me: existe acaso um bálsamo no<br />

mundo?”<br />

E o corvo disse: “Nunca mais”.<br />

“Profeta, ou o que quer que sejas!<br />

“Ave ou demónio que negrejas!<br />

“Profeta sempre, escuta, atende, escuta,<br />

atende!<br />

“Por esse céu que além se estende,<br />

“Pelo Deus que ambos adoramos, fala,<br />

“Dize a esta alma se é dado inda escutá-la<br />

“No Éden celeste a virgem que ela chora<br />

“Nestes retiros sepulcrais,<br />

“Essa que ora nos céus anjos chamam<br />

Lenora!”<br />

E o corvo disse: “Nunca mais!”<br />

“Ave ou demónio que negrejas!<br />

“Profeta, ou o que quer que sejas!<br />

“Cessa, ai, cessa! (clamei, levantando-me)<br />

cessa!<br />

“Regressando ao temporal, regressa<br />

“À tua noite, deixa-me comigo...<br />

“Vai-te, não fi que no meu casto abrigo<br />

“Pluma que lembre essa mentira tua.<br />

“Tira-me ao peito essas fatais<br />

“Garras que abrindo vão a minha dor já<br />

crua”<br />

E o corvo disse: “Nunca mais”.<br />

E o corvo aí fi ca; ei-lo trepado<br />

No branco mármore lavrado<br />

Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.<br />

Parece, ao ver-lhe o duro cenho,<br />

Um demónio sonhando. A luz caída<br />

Do lampião sobre a ave aborrecida<br />

No chão espraia a triste sombra; e fora<br />

Daquelas linhas funerais<br />

Que fl utuam no chão, a minha alma que<br />

chora<br />

Não sai mais, nunca, nunca mais.<br />

(tradução de Machado de Assis)


Edgar Allan Poe<br />

no Cinema


128 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

_NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA<br />

_EDGAR ALLAN POE, A VIDA<br />

Em Janeiro de 2009 comemoram-se dois séculos sobre o nascimento de Edgar Allan Poe,<br />

certamente um dos vultos maiores da literatura norte-americana e um dos homens que<br />

mais infl uência exerceu sobre o imaginário (não só a literatura, mas também o cinema, o<br />

teatro, a música, as artes plásticas…) dos séculos XIX e XX.<br />

Nascido em Boston, nos Estados Unidos da América, a 19 de Janeiro de 1809 e falecido a 7<br />

de Outubro de 1849, em Baltimore, foi escritor, poeta, romancista, crítico literário e editor,<br />

cultivando (ou mesmo inventando) géneros como o policial, a fi cção científi ca, o terror,<br />

o horror, o fantástico… Na verdade, ao lado de Jules Verne, ele é um dos precursores da<br />

literatura de fi cção científi ca e fantástica modernas. Algumas das suas novelas, e lembramos<br />

“The Murders in the Rue Morgue” (Os Crimes da Rua Morgue), “The Purloined Letter” (A Carta<br />

Roubada) ou “The Mystery of Marie Roget” (O Mistério de Maria Roget), fi guram entre as<br />

primeiras obras reconhecidas como policiais. Foi ainda o autêntico iniciador de uma moderna<br />

literatura norte-americana. Todos lhe devem muito.<br />

Os pais de Edgar Allan Poe provinham de famílias irlandesas e escocesas. Era fi lho de um actor,<br />

David Poe Jr., que abandonou a família em 1810, e de uma actriz, Elizabeth Arnold Hopkins Poe,<br />

que morreu de tuberculose em 1811. Órfão aos dois anos de idade, Poe saltou para o colo de<br />

Francis Allan, que ao que tudo indica o idolatrava, e do marido John Allan, mercador de tabaco<br />

de Richmond, comerciante bem sucedido na vida que, todavia, nunca mostrou particular<br />

afeição pelo jovem. Nunca o adoptou legalmente, apesar de Edgar usar o sobrenome Allan.<br />

Viajaram até Londres, onde frequentou a escola de Misses Duborg, e a Manor School, em<br />

Stoke Newington, tendo depois a família regressado a Richmond em 1820. Em 1826, cursou<br />

durante um ano a Universidade da Virgínia, sendo expulso mercê do seu estilo aventureiro e<br />

boémio. Noitadas, jogo, mulheres, e álcool, a que tudo indica era ultra susceptível: o que seria<br />

Edgar Allan Poe Virginia Poe


uma dose inofensiva para a maioria, nele revelava-se de efeito fulminante. Por tudo isto, e<br />

muitas dívidas ao jogo, desentende-se com o padrasto, e alista-se nas forças armadas, sob o<br />

nome Edgar A. Perry, em 1827. Nesse ano, Poe publicou o seu primeiro livro, “Tamerlane and<br />

Other Poems”. Depois de dois anos de serviço militar, foi dispensado. Em 1829, a madrasta<br />

morre, ele publicou o seu segundo livro, “Al Aaraf”, e reconciliou-se com o seu padrasto, que<br />

o auxilia a entrar para a Academia Militar de West Point. Desobediente e rebelde, acaba de<br />

novo expulso, em 1831. Foi a gota que transbordou e o padrasto repudiou-o defi nitivamente.<br />

Morreria em 1834, sem o considerar no seu testamento.<br />

Edgar Allan Poe mudou-se, para Baltimore, para casa de uma sua tia viúva, Maria Clemm,<br />

e da fi lha, Virgínia Clemm. Durante esta época, Poe escreveu muita fi cção que o ajudou a<br />

sobreviver. Em fi nais de 1835, tornou-se editor do jornal “Sothern Literary Messenger”, em<br />

Richmond, lugar que ocupou até 1837. Entretanto, casa, em segredo, em 1836, com a sua<br />

prima Virgínia, que contava na altura apenas treze anos.<br />

Em 1837, Poe vai para Nova Iorque, onde passaria quinze meses aparentemente improdutivos,<br />

antes de se mudar para Filadélfi a, e pouco depois publicar “The Narrative of Arthur Gordon<br />

Pym”. No verão de 1839, é editor assistente da “Burton’s Gentleman’s Magazine”, onde<br />

publicou um grande número de artigos, histórias e críticas. Nesse mesmo ano, foi publicada,<br />

em dois volumes, a sua colecção “Tales of the Grotesque and Arabesque” (traduzida para<br />

francês por Baudelaire como “Histoires Extraordinaires” e para português como Histórias<br />

Extraodinárias), que, apesar do fracasso de vendas, se torna rapidamente uma referência da<br />

literatura norte-americana.<br />

Pouco depois, Virgínia Clemm descobre que sofre de tuberculose, e o desenlace é rápido. A<br />

doença e a morte da mulher levam Poe ao consumo excessivo de álcool e, algum tempo<br />

depois, este deixou a “Burton’s Gentleman’s Magazine” para procurar um novo emprego.<br />

Regressa a Nova Iorque, onde trabalhou brevemente no “Evening Mirror”, antes de se tornar<br />

editor do “Broadway Journal”. No início de 1845, foi publicado, no jornal “Evening Mirror”, o seu<br />

A casa de Nova Iorque onde viveram E. A. Poe e Virginia Poe.<br />

129 | Edgar Allan Poe no Cinema


130 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

popular poema “The Raven” (“O Corvo”). Em 1846, o “Broadway Journal” faliu, e Poe mudou-se<br />

para uma casa no Bronx, hoje conhecida como “Poe Cottage”, casa museu aberta ao público.<br />

Aí continuaria a morar Virgínia até falecer no ano seguinte ao da morte de Poe. Cada vez mais<br />

instável, Poe tenta seduzir a poeta Sarah Helen Whitman, noivado que acabaria por falhar,<br />

alegadamente em virtude do comportamento errático e alcoólico de Poe, mas provavelmente<br />

também devido à intromissão da mãe da noiva. Nesta época, segundo relatos próprios, Poe<br />

tenta o suicídio, encharcando-se em láudano. Acaba por regressar a Richmond, onde retoma<br />

a relação com uma paixão de infância, Sarah Elmira Royster, nessa altura viúva.<br />

A 3 de Outubro de 1849, Poe foi encontrado nas ruas de Baltimore, com roupas que não eram<br />

as suas, em estado de “delirium tremens”. É levado para o Washington College Hospital, onde<br />

veio a morrer quatro dias depois. Nos derradeiros dias nunca conseguiu estabelecer um<br />

discurso coerente, de modo a explicar como tinha chegado à situação na qual foi encontrado.<br />

As suas últimas palavras teriam sido, de acordo com determinadas fontes, “It’s all over now:<br />

write Eddy is no more” (“Está tudo acabado: escrevam Eddy já não existe”). De acordo com<br />

outras fontes, as últimas palavras teriam sido “Lord, help my poor soul” (Senhor, ajuda a minha<br />

pobre alma!”). Se a vida de Edgar Allan Poe nunca foi linear e clara, a sua morte transformá-loá<br />

num mito, tal a invulgar difi culdade em ser esclarecida. As causas nunca foram apuradas,<br />

sendo vulgar, atribui-la a embriaguez comatosa. Mas surgem outras explicações ao longo<br />

dos anos, como diabetes, sífi lis, raiva, e doenças cerebrais não especifi cadas.<br />

Todo este universo de extrema lucidez e/ou profunda loucura acaba por ser usado/<br />

aproveitado/ transfi gurado de forma brilhante e genial pelo autor na escrita da sua<br />

obra literária, muito mais propensa a um terror psicológico, à criação de uma ambiência<br />

fantástica, do que comprazer-se na descrição de actos de terror gratuito. A loucura e a doença<br />

dos seus protagonistas (todas as suas obras se mostram, não diremos autobiográfi cas, mas<br />

assumidamente pessoais, porque escritas na primeira pessoa) leva-os a actos estranhos,<br />

delírios, pesadelos, odientos crimes.


_ROGER CORMAN E O “CICLO POE” - NA REVISTA FILME (1963)<br />

A recuperação deste texto meu, datado de 1963, e aparecido na revista “Filme”, dirigida<br />

por Luís de Pina, é uma curiosidade que não deixa de suscitar nostalgia e um irónico<br />

sorriso. Creio que foi o meu primeiro trabalho para essa revista, e motivou um dos<br />

primeiros encontros com Luís de Pina, de quem tive o privilégio de vir a ser amigo, até à<br />

sua morte prematura. Depois, nesse ano, muito poucos davam atenção a obras estreadas<br />

em cinemas populares como o Olympia, onde se lançaram em <strong>Portugal</strong> quase todos os<br />

fi lmes de Roger Corman. Na altura eram salas “inferiores”, onde raramente se estreavam<br />

obras de certa “dignidade” cinematográfi ca. Foi lá que descobri Roger Corman, foi nessa<br />

altura que o defendi com unhas e dentes, este um dos textos onde isso aconteceu. Mais<br />

tarde, tudo mudou e Corman tornou-se um “must” da “inteligência” internacional (logo<br />

da “inteligência” nacional). Ultimamente até com passagem na elitista Cinemateca<br />

Portuguesa. Mas no catálogo do Ciclo dedicado a Roger Corman não aparece uma<br />

única referência a estes textos, escritos por um crítico de 21 anos. Mas surgem muitas<br />

transcrições de textos estrangeiros, todos eles referentes a publicações posteriores a 1985.<br />

Curioso.<br />

A recente exibição entre nós, com o curto intervalo de dois meses, de várias películas<br />

de Roger Corman – “A Queda da Casa Usher” (“The Fall of House of Usher”), “O Fosso<br />

e o Pêndulo” (“The Pit and the Pendulum”), “A Maldita, o Gato e a Morte” (“Tales of<br />

Terror”) e “Armas em Fúria” (“The Gunlinger”) (1), chamou a atenção do público e da<br />

crítica lisboeta para este jovem realizador que produziu já cerca de sessenta películas,<br />

tendo realizado, dentre estas, quarenta e tantas.<br />

Roger Corman (2) nasceu em Michigan (Detroit), a 5 de Abril de 1926. Fez os estudos<br />

primários na Califórnia e frequentou a Universidade de Standford. Durante a 2ª Grande<br />

Guerra, encontramo-lo num curso preparatório para ofi ciais da Marinha, donde sai<br />

bacharelado em ciências marítimas. Quando a guerra terminou, Corman trabalhou<br />

como engenheiro, “durante quatro dias” (como ele próprio afi rma), fi ndos os quais se<br />

emprega na Twentieth Century Fox.<br />

Tendo passado por quase todos os lugares que conduzem à criação cinematográfi ca,<br />

propriamente dita, Corman tornou-se, rapidamente, um “story analyst”, altura em<br />

que partiu para Inglaterra, a fi m de apresentar uma tese na Universidade de Oxford,<br />

sobre literatura inglesa. Antes de regressar à América, viajou pela Europa, tendo-se<br />

fi xado algum tempo em Paris. De volta à Califórnia dispersou colaboração literária<br />

por diversas revistas e escreveu alguns argumentos que mereceram a adaptação ao<br />

cinema.<br />

Finalmente, em 1954, produziu um fi lme sobre um “script” seu (“Monster from the<br />

Ocean Floor”) e nesse mesmo ano funda uma nova empresa produtora de fi lmes (a<br />

American-lnternational-Pictures) cuja primeira película foi “The Fast and the Furious”,<br />

com Dorothy Malone e John Ireland.<br />

No ano seguinte (1955) realiza o seu primeiro fi lme (“Five Guns West”), um “western”<br />

que teve muito bom acolhimento e lhe abriu as portas a uma carreira fecunda e<br />

promissora.<br />

Quase nunca a abundância refl ecte qualidade ou, pelo menos, honestidade de<br />

processos e de fi ns. Poderá, portanto, começar por pensar-se que Roger Corman,<br />

realizando uma média de sete ou oito fi lmes anuais (quarenta e cinco, em sete anos),<br />

alcançando mesmo os dez, nalguns anos, é o género de realizador puramente comercial,<br />

131 | Edgar Allan Poe no Cinema


132 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

sem pretensões de qualquer espécie, a não ser as sempre deploráveis intenções de<br />

mistifi car, agradando ao público, servindo-o nos seus instintos mais primários. Ora<br />

tal não parece ter sido nunca o caso de Roger Corman, de quem conhecemos apenas<br />

três das obras atrás mencionadas, mas de quem colhemos excelentes referências de<br />

probidade profi ssional e cujas duas últimas obras conhecidas – “Young Racers” e “The<br />

Intruder” - refl ectem preocupações de ordem social, bem defi nidas.<br />

O caminho percorrido por este jovem - o inverso do de um Martin Ritt, de um Sidney<br />

Lumet ou de um Delbert Mann, que começaram as suas carreiras com obras que<br />

se recusavam moldar ao esquema comercial da máquina de Hollywood - parece<br />

igualmente assegurar um interessante futuro onde serão possíveis películas de grande<br />

qualidade.<br />

É interessante referir o tipo de produção que Corman adoptou e que revela, apesar de<br />

ser genuinamente americano, uma certa originalidade de processos. Para conseguir<br />

um ritmo de produção que lhe permitisse alcançar a média de sete a oito fi lmes por<br />

ano, Corman rodeou-se de uma equipa de colaboradores, que tem mantido, o mais que<br />

lhe é possível, de película em película, desde 1960.<br />

Deste grupo homogéneo e seguro fazem parte o operador Floyd Crosby, o director<br />

artístico Daniel Haller, o escritor Richard Matheson (que, como veremos, foi o homem<br />

da ideia de um ciclo de adaptações cinematográfi cas de obras do grande escritor<br />

norte-americano Edgar Allan Poe), o músico Ronald Stein, o primeiro actor Vincent<br />

Price e mais alguns actores secundários. Uma equipa assim estruturada possibilita<br />

a realização duma película, num tempo de rodagem mínima e com um orçamento<br />

reduzido, em comparação com o que é normal e usual entre as empresas norteamericanas.<br />

Assim, uma película para este jovem director demora, em regra, quinze dias em<br />

fi lmagens (Roger Corman conta que terminou uma das suas histórias em dois dias e<br />

uma noite!) e o orçamento nunca ultrapassou os 750.000 dólares, tendo até conseguido


dirigir alguns com a importância de 15.000 dólares. No respeitante ao elenco, Corman<br />

chama, somente, para cada uma das suas obras, um actor de nomeada, a quem entrega<br />

o papel mais espinhoso (Boris Karloff, Peter Lorre, Ray Milland, Dorothy Malone ou<br />

Vincent Price), trabalhando, nos restantes personagens, com actores desconhecidos.<br />

A maioria das suas obras são de uma grande honestidade e as suas pretensões<br />

nunca vão além do que lhes é lícito pedir. Na sua fi lmografi a encontramos fi lmes de<br />

“cow-boys”, musicais (de “rock-and-roll”), de fi cção-científi ca, biografi as de gangsters,<br />

reconstituições históricas, fantasias interplanetárias, fi lmes de terror, adaptações<br />

shakespearianas e, por último, obras de pretensões sociais (como a luta anti-racista<br />

e anti-fascista em “The Intruder”). Em todos estes géneros, segundo o testemunho<br />

de críticos conhecedores de grande parte da sua fi lmografi a, revela-se Corman um<br />

director que sabe enquadrar e se integra bem em qualquer espécie de confl ito e dele<br />

extrair as necessárias ilações, que tornam as obras curiosas e interessantes.<br />

Autor extraordinariamente fecundo, Roger Corman, ao falar dos seus fi lmes, afi rmou:<br />

“Os fi lmes de pequeno orçamento que fi z no passado foram para mim uma excelente<br />

ocasião de aprender o meu ofício e creio que divertiram muita gente.”<br />

Noutra passagem, Corman diz: “Verdadeiramente não me lembro de todos os meus<br />

fi lmes, mas entre os mais importantes que produzi e realizei, posso citar, por ordem:<br />

“Five guns west”, “Apache Women”, “The day the word ended”, “Swamp women”,<br />

“Thunder over Hawaii”, “Rock all night”, “The Undead”, “The Gunshinger”, “Not of this<br />

Earth”, “Machine gun Kelly”, “l Mobster”, “Bucket of blood”, “War of the satellite”, “The<br />

wasp woman”, “Ski troop attack”, “The lost woman on earth”, “Little shop of horrors”,<br />

“The fall of the house Usher”, “The pit and the pendulum”, “The primature burial”, “The<br />

intruder”, “Tales of terror”, “The young racers”, “The Terror” e “The Raven”.<br />

Roger Corman tornou-se conhecido e admirado sobretudo a partir de 1960, altura em<br />

que, como vimos, resolveu adaptar ao cinema um ciclo de obras de Edgar Allan Poe.<br />

Entregando o trabalho da adaptação ao argumentista Richard Matheson, que Iho<br />

133 | Edgar Allan Poe no Cinema


134 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

havia sugerido, Corman rodou em três anos, cinco películas baseadas em histórias<br />

desse escritor (em 1960, “A Queda da Casa Usher”; em 1961, “O Fosso e o Pêndulo”, “The<br />

premature Burial”, “A Maldita, o Gato e a Morte” e 1962, “The Raven”.<br />

Na realização destas obras, importantíssimas numa futura história do fantástico<br />

no cinema, Corman conseguiu uma reconstituição felicíssima da ambiência<br />

fantasmagórica, característica de Poe, desse “universo necrófi lo”, perfeitamente<br />

captado das obras literárias, que conferem a estas películas um lugar destacado, no<br />

que poderemos chamar, a tradição aristocrática, de fundo literário, do fi lme de terror.<br />

Galeria de monstros psicológicos, de heróis dementes, de homens atacados pela<br />

loucura, de seres em cujo inconsciente se revelam as mais completas e profundas<br />

obsessões, eis o que se poderá generalizar, através duma visão rápida do ciclo dedicado<br />

a Poe. Convém aqui lembrar que Richard Matheson concebeu os argumentos mediante<br />

o estudo de Marie Bonaparte (discípula de Freud) das obras completas do desditoso<br />

escritor norte-americano. Assim compreenderemos melhor e mais facilmente<br />

aceitaremos este universo poético, é certo, mas psicologicamente doentio, patológico,<br />

atormentado pelos mais variados casos de demência, que vão desde a alucinação, ao<br />

sonambulismo, ao estado cataléptico, à hipersensibilidade, passando pelas heranças<br />

hereditárias, pela obsessão ou pelos espíritos visionários, onde o espectro da morte<br />

balança, constantemente, frente aos olhos aterrados das suas vítimas, em quem<br />

parece pesar um destino inalterável.<br />

Em “A Queda da Casa Usher” encontramos Roderick Usher que, por herança familiar, é<br />

hipersensível, atormentado com um som mais agudo, numa luz mais forte, um odor<br />

mais penetrante. Esses sentidos haviam causado já a perdição dos seus ascendentes<br />

que degeneraram em loucos assassinos. A sombra da fatalidade, fazendo-se sentir<br />

ao longo de toda a película, predispunha os espectadores a aceitarem como única a<br />

destruição daquela casa, no interior da qual, em ambientes de requintado bom gosto,<br />

evoluíam os personagens.<br />

É, igualmente, um caso de hereditariedade o narrado em “O Fosso e o Pêndulo” (cuja<br />

sequência fi nal, no fosso, é digna de uma antologia do simbolismo em cinema). Aqui,<br />

o protagonista é Nicholas Medino, que em criança vê o pai matar o tio e emparedar<br />

viva a mulher, que o atraiçoara, depois de a haver fl agelado, selvaticamente. Esta visão<br />

gravou-se no espírito de Nicholas que, auto-sugestionando-se, pensa igualmente ter<br />

emparedado viva a mulher. Como por fatalidade as previsões confi rmam-se e acaba<br />

por se repetir a história.<br />

Em “A Maldita, o Gato e a Morte” é a morte o elemento de ligação entre os três contos que<br />

constituem o fi lme. Se bem que não respeitando totalmente as intrigas engendradas<br />

pela prodigiosa imaginação de Poe, Corman capta, de modo feliz, este ambiente<br />

doentio, mórbido e fatalista do genial poeta. As três histórias são “Morella” (um caso de<br />

vingança, tendo por base a transmudação dos espíritos; “O Gato Preto” (onde Corman<br />

se compraz na descrição do emparedamento dum casal, levado a cabo por um marido<br />

atraiçoado e da sua consequente descoberta, tudo isto envolvido em momentos de<br />

espirituoso sadismo) e “O Estranho Caso do dr. Valdemar” (um problema de hipnotismo<br />

“in articulo mortis”). Dentre todas estas narrativas fantásticas, preferimos, sem dúvida<br />

“O Gato Preto” que é, estrutural e esteticamente, o melhor pedaço de cinema deste<br />

fi lme. “Morella”, aparte uns pequenos e dispersos apontamentos de bom efeito, não<br />

logra alcançar o nível a que Corman nos habituou já, o mesmo se podendo dizer de “O<br />

Estranho Caso do dr. Valdemar”, por demais estético para subjugar o espectador.


O mérito de Roger Corman, ao fi lmar as películas consagradas ao ciclo Poe, consiste<br />

na perfeita identifi cação conseguida com o universo do escritor, quer na ambiência<br />

escolhida (exteriores, decoração de interiores, guarda-roupa, etc.), quer na utilização<br />

frequente duma simbologia em que Poe se revelou um antecessor de Freud e da<br />

psicanálise, quer na composição de “fl ash–backs” ou na construção de sonhos (fi lmados<br />

por intermédio de lentes de uma só cor), quer ainda na escolha dos intérpretes, donde<br />

sobressai, de forma brilhante, o trabalho de Vincent Price, actor de extraordinários<br />

recursos histriónicos e vocais que conseguiu, tanto em “O Fosso e o Pêndulo” (onde,<br />

em sucessivas gradações, se vai observando a sua lenta evolução para a loucura), como<br />

em “A Queda da Casa Usher”, criações duma perfeita concepção. Neste particular,<br />

“A Maldita, o Gato e a Morte” é um fi lme decisivo: Vincent Price interpreta nele três<br />

fi guras diferentes e em qualquer delas o seu trabalho é magnífi co. Em “O Gato Preto”,<br />

encarnando um conhecido e enfático provador de vinhos, contracenando com esse<br />

magnífi co Peter Lorre, “arranca” um desempenho notável. Como afi rmou Robert<br />

Benayoun, Roger Cormon, “nesta série incomparável, rende a mais bela homenagem<br />

do cinema a Edgar Poe.”<br />

“The Intruder” foi exibido, no ano passado, no Festival Internacional de Veneza,<br />

alcançando uma inegável corrente de simpatia por parte da crítica presente. Como<br />

esta obra nos não visitou ainda, vejamos o que dela disseram:<br />

135 | Edgar Allan Poe no Cinema


136 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Roger Corman: “De todos os meus fi lmes o que prefi ro é “The Intruder”. Quando o fi z<br />

estava para fi nanciar qualquer fi lme de pequeno orçamento, mas incapaz de obter<br />

um fi nanciamento qualquer para um fi lme mais caro ou um assunto mais sério.<br />

Comprei os direitos do romance por duas razões: primeiramente, acreditava no tema<br />

e estava seguro de poder extrair dele um bom fi lme, e em segundo lugar, estava um<br />

pouco fatigado com o género de fi lmes que rodava e queria ensaiar qualquer coisa<br />

de fundamentalmente diferente. Quando preparava o argumento apercebi-me com<br />

surpresa que ninguém me queria fi nanciar o fi lme. Todos os grandes estúdios de<br />

Hollywood me desencorajaram e fi nalmente decidi jogar todas as minhas economias,<br />

que me vinham dos fi lmes de pequeno orçamento, e adiantar eu próprio os créditos.”<br />

“O fi lme foi inteiramente rodado em exteriores no Sul e em três semanas, com todos<br />

os papéis (excepto os protagonistas) interpretados por pessoas da região. Até agora os<br />

críticos americanos têm-no elogiado bastante e espero que ele anunciará para mim<br />

uma série de fi lmes mais signifi cativos”.<br />

Roberto Benayoun (crítico de “Positiv”): “The Intruder” continua fi el à linha geral do<br />

seu autor. Corman descreve o fanático Adam Cramer, vindo para sabotar a integração<br />

numa pequena cidade do Sul, como um revolucionário, um visitante de um outro<br />

mundo. Cramer, de físico sedutor, apresenta-se a todos de uma gentileza extrema, com<br />

a frase-chave: “Vamos ser amigos, não é verdade?” Depois, com o nome de Patrick Henry<br />

Society, começa a semear a dúvida nos espíritos, sobe a uma tribuna e lança mensagens<br />

infl amadas, onde sugere a invasão da América, pelos judeus e pelos comunistas: “Quereis<br />

dirigentes negros como em Chicago? Quereis que sejam médicos negros a trazerem os<br />

vossos fi lhos ao mundo?” Por fi m, assegura a colaboração dos elementos turbulentos<br />

da cidade, blusões negros, políticos desonestos e linchadores em potência, constrói com<br />

todas as peças um véu de licenciosidade que poderia lançar fogo à pólvora.”<br />

“Mas como todos os heróis de Corman, Cramer tem falhas características que o<br />

perderão. Pueril e galanteador, brinca com o revólver diante do espelho e ensaia os<br />

seus dotes juvenis de sedução nas mulheres alheias. É um marido enganado, inimigo<br />

subestimado, que o desmascarará fi nalmente e voltará contra ele a cidade revoltada.”<br />

«Corman reuniu aqui um testemunho incisivo, um retrato inquietante sobre um<br />

aspecto contemporâneo do fascismo nos EUA, sem qualquer tipo de conciliação<br />

específi ca do género, nem atenuando a realidade. Seria muito fácil proclamar que<br />

Corman se entrega por fi m a um assunto sério. “The Intruder” para mim não fez senão<br />

confi rmar o génio dum realizador cuja obra, rica e diversa, sobe o declive.”<br />

Júlio C. Acerete (crítico de “Nuestro Cine”): “Sem dúvida, “The Intruder” não chega<br />

aonde seria necessário, o que não impede que o fi lme tenha sofrido pressões para a<br />

sua distribuição nos Estados Unidos. De qualquer modo, fi ca claro que a prolixidade<br />

criadora de Corman não signifi ca vulgaridade, já que os seus fi lmes possuem um certo<br />

interesse. Mas, como acontece com muitos realizadores, pode ser que Corman tenha<br />

mais importância em fi lmes como os pertencentes ao seu ciclo dedicado a Poe que em<br />

obras aparentemente mais importantes, como este “The Intruder”.<br />

in Revista “Filme” (1963)<br />

(1) - Da lista de programação da Sif para 1963-64, consta ainda uma película de Roger Corman, “The<br />

Prematore Bureal”, com o título, “Enterrado Vivo”, pelo que é natural que o vejamos brevemente.<br />

(2) - Sobre Roger Corman, chamo a atenção dos leitores para o excelente estudo de Robert Benayoun,<br />

publicado no n.º 50-51-52, da revista “Positif”, e ainda para o artigo “Presentación de Roger Corman”, de<br />

Júlio C. Acerete, vindo a público no n.° 20 de “Nuestro Cine”.


_NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA<br />

Ao analisar de forma muito rápida e sucinta a fi lmografi a extraída de obras de Edgar<br />

Allan Poe, cumpre desde logo fazer ressaltar algumas ideias chaves. A primeira é a de<br />

que, apesar deste escritor ser um dos expoentes máximos da literatura fantástica e um<br />

dos mestres da literatura mundial, mais ainda um dos iniciadores da literatura moderna,<br />

um poeta admirável, um contista exemplar, um precursor do romance policial, poucos<br />

foram os grandes mestres da História do Cinema que dele se aproximaram buscando<br />

inspiração para obras suas. Há casos, certamente, Griffi th e Fellini são dois exemplos<br />

possíveis, mas nem os fi lmes daí resultantes foram dos mais conseguidos, nem dois ou<br />

três títulos em mais de duas centenas de fi lmes são marca signifi cativa.<br />

Vejamos, então, quem se tem interessado pela obra de Edgar Allan Poe no campo do<br />

cinema. Não erraremos muito se os juntarmos em três grupos: alguns, não muitos,<br />

vanguardistas europeus e norte-americanos, ligados a escolas surrealistas ou<br />

expressionistas (Jean Epstein, Robert Florey, Edgar G. Ulmer, etc.), alguns mestres de<br />

série B, que representam o que de melhor a inspiração de Poe nos legou no cinema<br />

(nomeadamente Roger Corman, Gordon Hessler, ) e um grupo vasto de artesãos<br />

de série Z, mais interessados no negócio do que em arte, mas que não deixa de ser<br />

signifi cativo preferirem Poe em tantas ocasiões, umas por oportunismo, servindo-se<br />

do nome e do prestígio do escritor, outras por sincero interesse literário, nem sempre<br />

devidamente vertido em imagens, é certo!.<br />

Outro aspecto curioso a sublinhar: as obras de Edgar Allan Poe raras vezes são adaptadas<br />

de forma muito fi el à intriga e ao esquema dramático das mesmas, preferindo-se-lhes<br />

uma adaptação ao espírito, à atmosfera, às obsessões do escritor. Nem por isso, no<br />

entanto, muitas das adaptações não serão conseguidas, sobretudo na forma como<br />

continuam ou prolongam o clima gótico de uma indisfarçável estranheza e mistério.<br />

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138 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

_“MURDERS IN THE RUE MORGUE”, VÁRIAS ABORDAGENS<br />

No início da década de 30, nos EUA, uma produtora, a Universal, inspirando-se nas<br />

obras expressionistas que tinham feito o sucesso do cinema alemão nos anos 20,<br />

recorreu a um conjunto de clássicos da literatura fantástica que adaptou ao cinema, e<br />

lançou no mercado um grupo de fi lmes de terror que marcaram uma época. “Drácula”,<br />

“Frankenstein”, “O Homem Invisível”, “O Homem Lobo”, “A Múmia” foram alguns títulos<br />

dos mais recordados, onde se notabilizaram cineastas como Tod Browning ou James<br />

Whale, e actores como Boris Karloff e Bela Lugosi. Mas houve outros títulos igualmente<br />

notáveis, alguns retirados de obras de Edgar Allan Poe, como “Os Crime da Rua Morgue”,<br />

“O Corvo” e “Magia Negra” (The Black Cat). São todas elas de princípios dos anos 30,<br />

assinadas por realizadores de prestígio, como Robert Florey ou Edgar G. Ulmer, todas<br />

interpretadas por Bela Lugosi, então no auge do seu fascínio, em duas delas ao lado de<br />

Boris Karloff, e que não fi cam muito atrás dos clássicos sempre citados deste período.<br />

“Os Crime da Rua Morgue”, de 1932, parte do romance homónimo de Edgar Allan Poe,<br />

não se cingindo nem muito nem pouco à intriga original da obra literária, antes usando<br />

e abusando das liberdades criativas dos seus argumentistas, realizador e produtores.<br />

Desta adaptação consta, aliás, uma lista de participantes bem larga (Robert Florey, Tom<br />

Reed, Dale Van Every, John Huston e Ethel M. Kelly) que devem ter mexido e remexido o<br />

caldo até este conhecer a espessura que hoje lhe dá o sabor da época.<br />

Consta que Bela Lugosi e Robert Florey, actor e realizador do elenco fi xo da Universal<br />

e que estavam indigitados para representar e dirigir “Frankenstein” (substituídos, à<br />

ultima hora, respectivamente por Boris Karloff e James Whale), vieram parar a “Murders<br />

In The Rue Morgue” como compensação pela saída dessa outra obra que se tornaria<br />

um dos mais sólidos clássicos da história do fantástico no cinema. Mas, na verdade,<br />

tanto Bela Lugosi, que triunfara brilhantemente meses antes em “Drácula”, como Boris<br />

Karloff, que atingiria o estrelato com “Frankenstein”, se tornaram de um dia para o<br />

outro os símbolos máximos do terror em terras norte-americanas.<br />

Como se sabe, no original de 1841 de Edgar Allan Poe, o essencial é o elogio de uma lógica<br />

dedutiva e analítica em que o protagonista, o jovem August Dupin, é pródigo. A novela<br />

vive muito do esclarecimento de um caso, de aparente impossível resolução, ocorrido na<br />

rua Morgue, de Paris. Duas mulheres, mãe e fi lha, são assassinadas barbaramente, mas o<br />

mais estranho de tudo, é a forma como os cadáveres de ambas aparecem, um escondido<br />

no interior de uma chaminé de lareira, o outro, degolado, nas traseiras do prédio.<br />

A multidão e a polícia que acorreram e subiram escadas acima, impediam a fuga de<br />

qualquer intruso por essa via, mas dentro de casa, num cenário de dantesca brutalidade,<br />

as janelas estavam fechadas e trancadas e não havia qualquer outra hipótese de fuga.<br />

Mas a multidão ouvira vozes masculinas, para lá dos gritos estridentes das mulheres<br />

assaltadas. Todos afi rmam que uma das vozes era de um francês, mas a outra voz merece<br />

os mais desencontrados comentários. A polícia investiga, os poderes inquietam-se, os<br />

cidadãos vivem aterrorizados, mas ninguém parece acertar com a identidade do ou dos<br />

assassinos. Há mesmo um empregado de banco que é preso, suspeito de se ter servido<br />

de informações pessoais para certamente extorquir pesada soma às damas em questão,<br />

mas não há roubo, apesar de existirem quatrocentas moedas de ouro espalhadas pelo<br />

chão. Pierre Dupin necessita apenas de ler as notícias publicadas nos jornais locais e de<br />

uma sóbria peritagem no local do crime, para fazer publicar um anúncio num diário<br />

parisiense e esperar calmamente que o dono do chimpanzé apareça para o reclamar,<br />

levando-o depois a confessar como tudo se passou. “Elementar, meu caro Watson”, dirá,


anos mais tarde, Conan Doyle, depois de ter lido e relido Poe, que lhe serviu obviamente<br />

de inspiração para conceber a sua fabulosa fi gura de Sherlock Holmes, com o mesmo<br />

tipo de faro intuitivo, a mesma dedução, o mesmo cariz analítico. Nada brota do zero,<br />

tudo se transforma, é conceito comummente sabido e aceite. Se a novela é deste tipo,<br />

esta versão de Robert Florey, de 1934, exagera nos fl oreados, ainda que se mantenha<br />

muito perto da atmosfera original, uma brumosa cidade de Paris, no ido ano de 1845,<br />

carregada de sombras ameaçadoras, de escadas de sinistro traçado, de contrastada<br />

iluminação de um claro-escuro de franco alento expressionista (podem referir-se como<br />

fontes de infl uência, mais ou menos directas, obras como “O Gabinete do Dr. Caligary” ou<br />

“Der Golem”, ambas de 1920, ou “Nosferatu”, de 1922, por exemplo), mas muito distante<br />

da intriga da novela. Pouco se fala de análise dedutiva, mas entra-se abertamente no<br />

campo dos sábios loucos e obstinados, das torturas e das experiências científi cas, temas<br />

igualmente tão do agrado de Poe: Bela Lugosi, aqui na personagem do Dr. Mirakle, que<br />

não existe na novela, vive obcecado pela teoria darwineana da evolução, na qual o<br />

homem descende do macaco, e procura demonstrá-la a todo o transe, utilizando um<br />

gorila como atracção de feira (muito na linha de um “O Gabinete do Dr. Caligary”), que<br />

atrai jovens donzelas, que o louco rapta para nelas injectar sangue do gorila e descobrir<br />

os resultados. Que não são brilhantes, nem para a ciência, nem para as incautas jovens<br />

que sucumbem a tantos maus-tratos. Até que um dia é Camille, a noiva do jovem médico<br />

Pierre Dupin (Leon Ames), a cair nos braços dos experimentalistas. Obviamente que a<br />

dedução de Dupin funciona a tempo de evitar maiores danos. A transferência do centro<br />

de interesse da novela para o fi lme é evidente. Na novela não se sabe, até perto do fi m,<br />

quem assassina e como o crime é praticado e é nessa investigação puramente dedutiva<br />

que se materializa a inquietação. No fi lme, desde início que nós, espectadores, sabemos<br />

quem mata quem e como, resta saber apenas como se descobre o criminoso e se as<br />

forças do Bem chegam ao local do crime antes de se processar novo crime (agora com<br />

uma vítima que nós bem conhecemos e por quem nos batemos). Um novo tipo de<br />

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suspense, é certo, introduzindo novas personagens, diferentes intrigas, multiplicidade<br />

de cenários e a personagem de um sábio louco que, não existindo na novela, não anda<br />

longe de outras personagens maléfi cas da corte de Edgar Allan Poe.<br />

Mas o fi lme mostra-se particularmente curioso e interessante, em grande parte<br />

pela magnífi ca fotografi a de Karl Freund, num preto e branco brumoso, conseguindo<br />

excelentes sequências, como as que mostram Paris à noite ou a cena passada na<br />

barraca do Dr. Mirakle. Há mesmo alguns momentos altíssimos de realização, como<br />

aquele em que Camille evolui num balouço, acompanhada pela câmara que oscila<br />

segundo os movimentos de um inquietante pêndulo, ou quando percorremos a câmara<br />

de horrores do malvado cientista. O clima é de série B, o orçamento não era certamente<br />

elástico (mas nesses anos de grande depressão os estúdios contiveram-se um pouco<br />

em todos os sentidos), mas o resultado não desmerece e Bela Lugosi brilha num tipo de<br />

representação amaneirada que o iria tornar célebre (durante uns anos, depois a queda<br />

foi mais ou menos vertiginosa, acabando nas mãos de Ed Wood!). Curiosamente, para<br />

se ver como tudo isto anda ligado, não foi só Conan Doyle que foi beber a Edgar Allan<br />

Poe, também Ernest B. Schoedsack e Merian C. Cooper foram buscar muitas ideias a<br />

esta obra de Florey para o seu clássico “King Kong” (toda a sequência fi nal do gorila<br />

fugindo pelos telhado de Paris com a sua amada aos ombros nos faz recordar muito<br />

do que depois se veria em “King Kong”).<br />

Esta não foi a primeira vez que “The Murders in the Rue Morgue” foi adaptado ao<br />

cinema. Tanto esta primeira aventura literária de Dupin, como as duas outras que se<br />

lhe seguiram (“The Mystery of Marie Roget” e “The Purloined Letter”) conheceram<br />

várias adaptações. Mantendo-nos apenas no território de “Os Crimes da Rua Morgue”<br />

há logo a referir, ainda em 1908, uma primeira aproximação, muito curiosa. “Sherlock<br />

Holmes in the Great Murder Mystery” conta com argumento do próprio Arthur Conan<br />

Doyle, segundo a obra de Edgar Allan Poe, e é certamente lamentável não haver cópia<br />

disponível para se poder ver como ambos os mestres da literatura policial coexistiam


numa mesma aventura. Outro fi lme mudo, este de 1914, é “Murders in the Rue Morgue”,<br />

de que não se possui nenhuma cópia igualmente, sendo portanto esta versão de<br />

Robert Florey de 1932 a primeira a poder ser vista presentemente.<br />

Outras se lhe seguiram, a mais famosa das quais (possivelmente) data de 1954. “O<br />

Fantasma da Rua Morgue” (Phantom of the Rue Morgue), de Roy Del Ruth, com Karl<br />

Malden (Dr. Marais), Claude Dauphin (Insp. Bonnard), Patricia Medina (Jeanette) e Steve<br />

Forrest (Prof. Paul Dupin), uma produção da Warner que pretendia objectivamente<br />

repetir o êxito estrondoso de “Máscaras de Cera”, em 3D. O título de Roy del Ruth é uma<br />

recuperação do fi lme de Robert Florey, agora em voluptuoso e garrido Warnercolor, com<br />

um jovem médico acusado de um violento crime na Rue Morgue, em Paris, que não<br />

cometeu, e um obsessivo Dr. Marais (excelente Karl Malden), que aproveitando-se da<br />

sua permanência no zoo local, consegue treinar um gorila para efectuar em seu nome<br />

os crimes que imagina, sempre sobre mulheres indefesas que se encontram fechadas<br />

no interior de solitários apartamentos. Numa Paris sedutora, onde impera a loucura<br />

do Can Can, e simultaneamente sombria, como convém, o gorila (interpretado por<br />

Charles Gemora, um especialista que já interpretara a mesma personagem na versão<br />

de 1932, e se tornara numa espécie de “must” sempre que havia por essa altura gorila,<br />

orangotango ou chimpanzé a movimentar) vai estilhaçando corpos com inaudita<br />

violência, numa versão muito “gore” que, infelizmente, não se encontra disponível<br />

ainda em DVD. Mais uma vez em lugar de um pobre marinheiro que traz de longe um<br />

gorila assassino, a loucura de um homem se sobrepõe à da besta inocente que utiliza<br />

a sua força bruta sob comando à distância. Em vez de um crime duplo cometido numa<br />

casa, várias sádicas investidas relembram um Jack, o Estripador, que troca Londres<br />

por Paris. Roy Del Ruth foi um divertido realizador de séries B, e o fi lme adquire essa<br />

atmosfera de folhetim popular contando crimes do século XIX. Vi esta fi ta há muitos<br />

anos, retenho boa recordação de adolescente traumatizado (!) pelo seu terror, mas<br />

precisaria de rever a obra para uma opinião mais segura. Fica a dica.<br />

141 | Edgar Allan Poe no Cinema


142 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Em 1968, surge um episódio de uma série de TV, “Detective”, contando a história de“The<br />

Murders in the Rue Morgue”, numa realização de James Cellan Jones, com argumento<br />

de James MacTaggart. Não vi.<br />

Há muito que não via “Murders in the Rue Morgue”, de Gordon Hessler, com Jason Robards<br />

(Cesar Charron), Herbert Lom (Rene Marot), Christine Kaufmann (Madeleine Charron),<br />

Adolfo Celi (Inspector Vidocq) e Maria Perschy (Genevre). Como o próprio Gordon Hessler<br />

afi rmou, numa entrevista que o DVD recorda, “adaptar “Os Crimes da Rua Morgue” é difícil,<br />

pois já se lhe conhece o desfecho: foi o macaco que matou.” Este aspecto (que julgo um falso<br />

problema: quantos fi lmes adaptam obras e situações de que todos sabemos o desfecho,<br />

basta recordar “Titanic”?) levou Hessler a imaginar algo mais complexo para esta sua versão:<br />

estamos em pleno século XIX, na Rue Morgue, em Paris (o fi lme foi, porém, integralmente<br />

rodado em Espanha), onde uma companhia de teatro, especializada em “Grand Guignol”<br />

sangrento e melodramático, dirigida por um espalhafatoso Cesar Charron (Jason Robards),<br />

leva a cena uma adaptação de “Murders in the Rue Morgue”, segundo Edgar Allan Poe. Esta<br />

premissa serve às mil maravilhas para roubar o nome da obra de Poe, e depois associar-lhe<br />

uma intriga externa, que, muito embora tenha um pouco a ver com o universo Poe, não se<br />

lhe pode associar de imediato: René Marot, um louco mascarado, apaixonado por uma das<br />

actrizes da companhia, Madeleine (Christine Kaufmann), vai assassinando, por vingança, um<br />

a um, os membros do elenco desse teatro, onde se representa uma peça robustecida pela<br />

presença de um gorila que dá nome à obra, “Erik, o Macaco”. Todos julgavam René Marot<br />

morto, aquando de um acidente que vitimara a ex-mulher de Marot, mas afi nal este salvarase<br />

ainda que muito desfi gurado. O fi lme joga com alguma perícia com estes ingredientes,<br />

com um colorido saturado de tons fortes e uma inquietante direcção artística, que sublinha<br />

bem algumas das virtudes da realização de Gordon Hessler, um experimentado artesão de<br />

série B, aqui mobilizando um orçamento favorecido pela sorte (que, todavia, lhe haveria de<br />

trazer contrariedades, pois a versão estreada era uma montagem do produtor e não a sua,<br />

que só muito recentemente foi restaurada, aquando do lançamento internacional do DVD).


Um fi lme que se vê com muito agrado, integrado no seu contexto específi co. Estamos, na<br />

verdade, cada vez mais distantes de Poe e da sua história original e cada vez mais perto de “The<br />

Phantom of the Opera” (não é por acaso que o louco mascarado é interpretado por Herbert<br />

Lom que também aparecia na versão da década de 50 de “O Fantasma da Ópera”). Mas há<br />

indícios de Poe na loucura das personagens, nos sonhos perturbadores, nos assassinatos<br />

mórbidos (das gargantas friamente cortadas pela lâmina ao ácido vertido em inocentes<br />

rostos), nos sepultados vivos, numa certa atmosfera tenebrosa de horror psicológico.<br />

A versão francesa de Jacques Nahum, de “Le Double assassinat de la rue Morgue”, com<br />

Georges Descrières e Daniel Gélin (Dupin), emitida pela TV em 1973, também é do meu<br />

desconhecimento, mas revi com agrado uma outra versão televisiva, esta assinada<br />

por Jeannot Szwarc, e que se chamou “The Murders in the Rue Morgue” ou “Le Tueur<br />

de la Rue Morgue”, produção norte americana e francesa, rodada em Paris, com<br />

argumento de David Epstein, que se aproxima um pouco mais da dedução analítica<br />

da novela, ainda que transforme Dupin num velho polícia francês, reformado a contra<br />

gosto, por inimizades com o novo director da gendarmerie. Os crimes acontecem<br />

como Poe imaginou, as investigações fazem apelo amiúde a conjecturas de argúcia<br />

dedutiva, existe um marinheiro e um gorila que só aparecem no fi nal da história, e as<br />

liberdades “poéticas” são aqui reduzidas. Procura-se respeitar o tom da obra donde se<br />

parte, a imaginação visual não é estonteante, tudo se cumpre dentro dos cânones do<br />

teledramático de sólida construção técnica, as representações são boas por parte de<br />

um elenco resistente (George C. Scott, Rebecca De Mornay, Ian McShane, Val Kilmer,<br />

…). Não é Poe de primeira colheita, falta-lhe fantasia e um pouco de fancaria popular,<br />

esta é uma versão para telespectador bem instalado na vida, que se vê como um<br />

entretenimento sem mácula. De uma outra versão tenho conhecimento, russa, “Ubitye<br />

molniey”, de 2002, assinada por Yevgeny Yufi t, com argumento de Vera Novikova.<br />

Apenas conhecimento, nada mais. Assim se completa o ciclo de “Os Crimes da Rua<br />

Morgue” no cinema. Mas muitas obras de Edgar Allan Poe requerem a nossa atenção.<br />

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144 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

_AS VÁRIAS VERSÕES CINEMATOGRÁFICAS DE “THE RAVEN”<br />

Um dos poemas mais célebres de Edgar Allan Poe, senão mesmo o mais conhecido e<br />

citado, é “The Raven” (O Corvo), obviamente uma das suas obras igualmente mais<br />

adaptadas ao cinema. Sabe-se que, logo em 1912, nos EUA, surgiu uma primeira versão, de<br />

que se desconhece autor, mas de que se conhecem os intérpretes (Guy Oliver, como Edgar<br />

Allan Poe e Muriel Ostriche), e que se sabe ter sido uma produção Eclair American.<br />

A adaptação seguinte data de 1935, novamente americana, uma produção Universal<br />

Pictures, com realização de Lew Landers. Este “The Raven”, com argumento de David<br />

Boehm, Florence Enright, Michael L. Simmons, Dore Schary, Guy Endore, Clarence<br />

Marks, Jim Tully e John Lynch, tinha um elenco de peso na época. Nada menos que os<br />

dois mais famosos “monstros” da altura, Boris Karloff e Bela Lugosi, respectivamente<br />

Frankenstein e Drácula dessa década de ouro do fantástico. Lew Landers, nascido em<br />

Nova Iorque, mas que inicialmente assinava as suas obras com o nome de baptizado,<br />

Louis Friedlander, foi um dos realizadores mais prolíferos do cinema norte-americano.<br />

“The Raven”, do início da sua carreira, será mesmo das suas obras de maior qualidade,<br />

mantendo, tal como muitas outras desses anos, uma larga dependência do cinema<br />

expressionista alemão da década precedente.<br />

Tal como muitas outras adaptações de obras de Poe, este “The Raven” contenta-se<br />

em manter o título, algumas obsessões temáticas e um clima que se poderá dizer ter<br />

origem no belíssimo poema. Bela Lugosi interpreta a fi gura de um estranho doutor<br />

Richard Vollin, grande admirador de Poe que, nas horas livres da sua actividade de<br />

médico, se entretém a reconstituir, na cave da sua casa, uma verdadeira câmara de<br />

torturas, fabricando ele próprio cada um dos instrumentos de suplício imaginados por<br />

Edgar Allan Poe. Depois a história vai evoluindo em função de um crescendo de terror<br />

que conduzirá as vítimas a esse território de horror, encimado pelo célebre pêndulo da<br />

morte, mas onde não deixa de ter lugar igualmente uma câmara que se fecha sobre si<br />

própria, após o que as paredes começam a movimentarem-se no sentido de esmagar<br />

quem esteja aprisionado no seu interior.<br />

Para introduzir um elemento romântico indispensável ao conforto das plateias, Friedlander<br />

inventa uma paixão louca de Vollin por uma jovem que ele salva da morte, depois de um<br />

aparatoso acidente de automóvel, com que abre o fi lme, e que hipnotiza por forma a roubála<br />

ao seu noivo. A frágil fi gura da mulher perante as arremetidas brutais do sábio louco, eis<br />

as premissas habituais ao género. Há outras referências ao poema de Poe: a jovem que<br />

recupera inteiramente do acidente é bailarina e interpreta no teatro uma adaptação de<br />

“The Raven”. Vollin fi ca defenitivamente apaixonado pela mulher e pela sua interpretação,<br />

o que agudiza as situações e irá conduzir ao grande clímax.<br />

Entretanto, pelas ruas da cidade, Edmond Bateman (Boris Karloff, aqui com um<br />

papel secundário, muito curioso, nitidamente subsidiário do seu “Frankenstein”), um<br />

conhecido e temido criminoso, esconde-se e bate à porta de Vollin, procurando que este<br />

o transforme, através de uma operação de plástica estética, numa noutra pessoa, e assim<br />

passar desapercebido. Mas o resultado não é o melhor. E tudo se conjuga para um fi nal<br />

em crescendo, na tenebrosa câmara de horrores que o médico criou. O fi lme consegue,<br />

com simplicidade e efi cácia, na sua modéstia de orçamento, criar um bom clima de<br />

inquietação e sedução, com planos bem delineados, enquadramentos desassossegados,<br />

iluminações perturbantes e personagens de algum sadismo, sabiamente aproveitadas.<br />

O corvo impera ao longo da obra, como presença obsidiante.<br />

Posteriormente houve muitas outras versões, que desconhecemos (quase todas)


por completo. Um episódio da série televisiva espanhola, “Historias para no dormir”,<br />

precisamente chamada “El Cuervo” (1967), com realização de Narciso Ibáñez Serrador,<br />

com Rafael Navarro na fi gura de Edgar Allan Poe; uma adaptação alemã, “Der Wilde<br />

Rabe”, de Peter Sempel (RFA, 1985); um episódio, “Treehouse of Horror”, da série de TV,<br />

“The Simpsons”, com direcção de David Silverman; uma outra incursão espanhola,<br />

desta feita com a assinatura de Tinieblas González; uma curta-metragem com o título<br />

“The Raven... Nevermore” ou “El Cuervo” e Gary Piquer na personagem de Edgar Allan<br />

Poe; fi nalmente duas cinematizações americanas, uma nova curta-metragem, desta<br />

feita com a assinatura de Peter Bradley (EUA, 2003), e uma longa de 2006, dirigida<br />

por Ulli Lommel, que escreveu também o argumento, e entregou a interpretação a<br />

Jillian Swanson (Lenore), Victoria Ullmann (Annabel Lee), e Michael Barbour (Edgar<br />

Allan Poe). Ulli Lommel é conhecido sobretudo por ter assinado “The Boogeyman”, um<br />

fi lme de terror de culto entre os fanáticos do género, sobretudo os que apreciam obras<br />

de pequeno orçamento, alguma imaginação e violência a preceito. Este “O Corvo” é,<br />

de certa forma, uma desilusão, ainda que mantenha algumas dessas características:<br />

o orçamento deverá ter sido mínimo, os actores são de terceira escolha (se é que<br />

houve escolha!), os cenários são minimalistas, a estrutura defi ciente, mas bastante<br />

pretensiosa, o resultado não deixa lugar a muitas dúvidas.<br />

Como se sabe, o poema de Poe fala da fatal tristeza de alguém que chora uma<br />

Lenora que partiu, e de um corvo que aparece, vindo da escuridão da noite, trazendo<br />

a mensagem de um “Nunca Mais”, ou seja da inexorabilidade da morte e da solidão<br />

que ela deixa nos que fi cam chorosos de saudade. Partindo desta premissa, aberta a<br />

todas as interpretações, tudo é possível, desde que apareçam dois ou três símbolos<br />

carismáticos: o corvo, o nome de Lenora, a morte.<br />

No fi lme de Ulli Lommel, Lenora em criança ouve o avô ler poemas de Edgar Allan<br />

Poe, o que lhe provoca pesadelos de terror. Mais tarde, encontramo-la, em Los Angeles,<br />

vocalista de uma banda, e perseguida por um assassino que vai dizimando todos os<br />

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146 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

amigos à sua volta até chegar ao confronto fi nal com a própria Lenora. Rara a excitação<br />

e a inquietação provocada por esta série B que procura elidir a falta de ideias com uma<br />

montagem modernaça, obcecada por postes e linhas de cabos eléctricos (o que tem a<br />

sua justifi cação, no argumento). Nada de muito extraordinário, portanto.<br />

Já no século XXI, na Argentina, em 2007, surgiu “El Cuervo”, uma média metragem de<br />

30 minutos, dirigida por Richie Ercolalo. No meio destas versões todas tivemos “Der<br />

Rosenkönig” ou “Le Roi des Roses” (O Rei das Rosas), do alemão Werner Schroeter (RFA,<br />

França, <strong>Portugal</strong>, 1986). Filme estranho e invulgar é este, obra romântica e demencial,<br />

construída em forma de poema, sem obedecer a qualquer tipo de narrativa clássica, sem<br />

uma intriga exposta de forma linear. Werner Schroeter, um dos chefes de fi la do novo<br />

cinema alemão surgido nos anos 60-70, procura sobretudo um encadeado de imagens,<br />

personagens, situações, sons, vozes (em diferentes idiomas), músicas (de origem variada,<br />

da ópera às ladainhas populares), luzes, que restituam um clima, uma ambiência<br />

fantástica, onírica. Neste aspecto, esta é uma das obras onde se sente mais a proximidade<br />

de Edgar Allan Poe, e do seu poema “The Raven”, de que se ouvem, lidos, alguns dos seus<br />

versos, bem assim como excertos de “City in the Sea” ou “Alone”, do mesmo autor, poesias<br />

de Pablo Neruda, fragmentos de “Chants de la Vie”, de Abou Kassem Ech’ Chabbi, um<br />

pedaço de uma peça de rádio, “série negra”, de 1943, dita por Gloria Swanson, além de<br />

vozes dos padres católicos napolitanos e de alguns contos populares portugueses.<br />

O fi lme parece ter sido escrito dia a dia, ao longo das fi lmagens, num improviso<br />

constante ou numa “rêverie” contínua, tanto por Werner Schroeter, como pela sua<br />

actriz predilecta, Magdalena Montezuma (que se chamava verdadeiramente Erica<br />

Kruger), e que aqui se despedia do cinema e da vida.<br />

Rodado no nosso país, pelo produtor Paulo Branco, com vários portugueses na fi cha<br />

técnica e no elenco, “O Rei das Rosas” fala-nos de uma mulher, Anna, alemã de<br />

nascimento, a viver em <strong>Portugal</strong>, num palacete abandonado numa quinta de mau<br />

augúrio, acompanhada por Albert, um fi lho que cultiva rosas e paixões funestas,


nomeadamente por Fernando, um jovem que apanha um dia a roubar na sua capela, e<br />

que transforma num prisioneiro da sua sensualidade e ardor.<br />

Filme de uma perversidade que se instala à medida que o tempo passa, obra sobre o<br />

amor e morte, por vezes mórbido, de maligna crueldade e de terrível beleza, “Le Roi des<br />

Roses” joga com um imaginário que tem muito a ver com a obra de um Mishima, de<br />

“Confi ssões de uma Máscara” a “O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar” (há uma<br />

concordância temática e de atmosfera quase obsessiva: mãe e fi lho, ausência da fi gura<br />

do pai, crueldade para com animais, o mar como referência de liberdade, exaltação do<br />

sofrimento, homossexualismo, imagem de martiriologia, São Sebastião, etc.).<br />

Celebração, ritualismo, oratória, a simbologia mais forte inscreve-se a cada passo:<br />

mãe e fi lho na mesma cama numa sugestão de incesto que o fi lho renega, o sangue<br />

que escorre das rosas e passa ao corpo imolado de Fernando, a lavagem do corpo e a<br />

dependência de uma sensualidade exarcebada, o gato morto, a rã aprisionada numa<br />

gaiola dentro de água, o fogo redentor nas imagens fi nais, a morte suspensa de cada<br />

fotograma… A versão de “The Raven” mais conhecida, porém, é de Roger Corman,<br />

realizada em 1963, e que é o quinto fi lme da série dedicada a Edgar Allan Poe por este<br />

cineasta (os anteriores foram “A Queda da Casa Usher”, 1960; “O Fosso e o Pêndulo”,<br />

1961, “O Sepultado Vivo”, 1962, “A Maldita, o Gato e a Morte”, 1962; a que se seguiram “A<br />

Máscara da Morte Vermelha”, 1964, e “O Túmulo de Ligeia”, 1964).<br />

Neste conjunto de títulos, todos eles de forte inspiração fantástica, inscrevendo-se no<br />

mais puro terror gótico, “O Corvo” faz fi gura de desalinhado, pois, se mantém todas as<br />

características de série, quanto a valores de produção, equipa técnica e artística, cenários,<br />

guarda roupa, etc, acrescenta-lhe uma outra que só tinha sido pressentida aqui e ali ao<br />

longo dos outros fi lmes: o humor. Na verdade pode considerar-se “O Corvo” uma comédia<br />

fantástica, baseando muito do seu humor na presença de três actores míticos no género<br />

(Vincent Price, Peter Lorre e Boris Karloff) que aqui se auto parodiam com imensa subtileza<br />

e graça, criando situações divertidíssimas e saboreando de forma incomparável o seu<br />

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trabalho. Nem o facto de Boris Karloff se encontrar doente, durante as fi lmagens, retirou<br />

algum encanto ao resultado fi nal, acrescentando-lhe até algum se possível: como Karloff<br />

estava doente, o duelo fi nal entre ele e Vincent Price efectua-se com os actores sentados<br />

em enormes poltronas, o que acaba por ampliar o efeito da paródia. De resto, e para<br />

completar o que deve ser dito sobre o elenco, brilhante, há que referir a presença do então<br />

muito jovem Jack Nicholson, num papel que prenuncia já as geniais loucuras que se lhe<br />

seguiram, e ainda a bela Hazel Court, outra presença regular neste conjunto de fi lmes.<br />

Uma das razões da qualidade desta série, é o facto de ter alguns escritores de grande<br />

qualidade a adaptarem os contos, e neste caso o poema, do celebrado escritor<br />

americano. Richard Matheson é um nome grande do romance fantástico e a ele se<br />

deve a adaptação do poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe (outros escritores ao serviço<br />

de Corman nesta série foram, por exemplo, Charles Beaumont e Robert Towne).<br />

Tudo se passa entre mágicos: o sorumbático Erasmus Craven (Vicent Price), que vive<br />

solitário no seu castelo, saudoso da sua Lenora desaparecida, vê inesperadamente<br />

entrar pela janela dentro um corvo que fala e que lhe confessa ser um antigo mago,<br />

enfeitiçado durante uma rixa de mágicos, e que lhe pede a salvação, ou seja, uma<br />

mezinha que o faça regressar à sua antiga forma humana. Craven acaba por reunir os<br />

condimentos necessários à sopa de pedra que trará Bedlo (Peter Lorre) de novo à sua<br />

existência normal. Nessa altura, Bedlo confessa a Craven que a mulher deste, a tão<br />

suspirada Lenora, não se encontra morta e sepultada no esquife que o marido venera,<br />

mas sim nas mãos do perverso Scarabus (Boris Karloff), que vive por ali perto num<br />

outro castelo amaldiçoado. Para lá se dirigem, e por lá dirimem o que têm a dirimir.<br />

Com algum suspense e muita diversão.<br />

O fi lme volta a mostrar como, com meios reduzidos mas alguma imaginação, muito<br />

talento e sensibilidade se consegue erguer uma obra particularmente interessante,<br />

recuperando algo do universo de Poe, e conceber em simultâneo um fi lme esteticamente<br />

de algum requinte e de assegurado sucesso popular.


_“THE FALL OF HOUSE OF USHER” A VÁRIAS VOZES<br />

“A Queda da Casa Usher”, que Edgar Allan Poe escreveu em 1839, é um dos seus<br />

trabalhos mais conhecidos e mais adaptados não só ao cinema como a outras<br />

formas de expressão e de narrativa. No cinema são inúmeras as versões conhecidas,<br />

a começar logo pela década de 20, onde surgem duas adaptações vanguardistas,<br />

uma americana, de 1926-28, da dupla James Sibley Watson e Melville Webber, outra<br />

francesa, de um dos nomes grandes da vanguarda dessa época, Jean Epstein. A<br />

primeira é uma curiosa experiência de recorte nitidamente expressionista, filmada<br />

em Rocheter, Nova Iorque, com uma forte influência de poetas e artistas plásticos,<br />

expressa aliás na colaboração de Melville Webber, que assegurou o lado plástico,<br />

procurando recuperar certos aspectos dos frescos medievais, e de James Sibley<br />

Watson, que se interessou mais pelos efeitos visuais em que o pequeno filme (13<br />

minutos) é pródigo e que logram resultados muito sugestivos.<br />

“A Queda da Casa de Usher” (La Chute de la Maison Usher), de 1928, França, tem<br />

argumento de Jean Epstein e Luis Buñuel (que foi ainda assistente de realização)<br />

e interpretação de Jean Debucourt (Sir Roderick Usher), Marguerite Gance<br />

(Madeleine Usher), Charles Lamy (Allan), Fournez-Goffard (médico), Luc Dartagnan,<br />

Abel Gance, Halma, Pierre Hot, Pierre Kefer, etc. São 63 minutos do melhor que Poe<br />

inspirou ao cinema, uma verdadeira obra-prima do fantástico e do onírico, logrando<br />

criar Jean Epstein uma atmosfera poética admirável, através da fabulosa utilização<br />

da imagem, dos enquadramentos, dos movimentos, do jogo de combinação de<br />

grandeza de planos, da iluminação, da própria “encenação” dos espaços.<br />

Por uma terra de ninguém ventosa e lúgubre, solitária e inóspita, avança um<br />

homem carregando duas malas. Entra numa estalagem e pede para alguém o<br />

conduzir a casa dos Usher. Olham-no surpresos e com estranheza. Percebe-se a<br />

razão que leva o desconhecido até ali: uma carta de Roderick Usher convida Allan,<br />

um velho amigo, a visitá-lo, adiantando que está doente e a mulher também.<br />

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Um saco de moedas na mão de Allan e o aparecimento de alguém numa carroça<br />

provoca o efeito desejado. Chegado ao palácio, e depois das boas vindas, o jantar<br />

onde Roderick e Allan recuperam memórias. Mas Roderick está impaciente. Quer<br />

continuar a trabalhar no retrato da mulher, Madeleine (subtil desvio do conto de<br />

Poe, Madeleine passa de irmã a mulher). Por isso, Allan é enviado para uma passeata<br />

pelo campo, enquanto Roderick (magnificamente interpretado por Jean Debucourt,<br />

num tipo de composição extremamente conseguida, em vigor e subtileza, uma<br />

mistura invulgar que surpreende e fascina) volta ao quadro e à mulher que posa,<br />

ameaçada pelo olhar do marido que a consome, a domina, a submete. Há uma cena<br />

brilhante que confere todas essas sensações: grande plano do rosto de Roderick, o<br />

seu olhar obsessivo; plano de Madeleine, posando, inscrita num cenário soturno,<br />

implorando tréguas com o olhar; pormenor das mãos de Roderick apertando-se;<br />

plano da paleta, do pincel escolhendo as cores e as tintas.<br />

Madeleine é o modelo, a inspiração; Roderick pinta-a, olha-a, suga-lhe a vida com<br />

o olhar. Cada nova pincelada no quadro reflecte-se no rosto de Madeleine, que<br />

se sente atingida, macerada. Roderick pinta à luz de velas que se consomem. A<br />

imagem desta sequência restitui a tortura, o martírio, a posse, a violação. Súbito<br />

a câmara afasta-se e descobre-se a grandeza do cenário, um salão enorme, onde<br />

Roderick dá pasto à sua obsessão. Olha a mulher, olha a paleta, olha o quadro. Está<br />

obviamente muito mais interessado no quadro do que no modelo. Dirá mais tarde:<br />

“O quadro é a verdadeira vida”. A mulher jaz no chão, desfalecida. Ele continua a<br />

pintar sem dar por nada. Madeleine morre. Roderick transporta-a então nos braços,<br />

horrorizado. Allan, lendo um livro comenta: “Roderick estava possuído pela teoria<br />

do magnetismo.” (algo que interessava muito Edgar Allan Poe).<br />

Segue-se toda a sequência da preparação do enterro, as dúvidas (“Ela não está<br />

talvez morta!?”), Roderick quer impedir o enterro, o quadro toma definitivamente<br />

o lugar da mulher morta (“Ela não nos abandonará!”), o pintor olha-o, extasiado,<br />

enquanto o caixão é fechado, perante o horror de Roderick. Sequência que relembra<br />

em muitos aspectos planos de “Nosferatu”, de Murnau. O enterro inicia-se, passam<br />

por áleas de jardins, por entre o nevoeiro, vogam ao sabor das águas de um rio, o<br />

véu branco desta fúnebre noiva deslizando nas águas, erguendo-se no ar, preso<br />

da barcaça. Descem à cripta, uma boca aberta iluminada do exterior, projectando<br />

luz. O caixão é fechado, pregado finalmente, o martelo do horror descendo sobre o<br />

prego, iluminados por velas. Ratos que fogem pelos cantos, um sapo.<br />

Depois do enterro, o silêncio que tudo envolve. A monotonia. A natureza-morta. Rio,<br />

serra, palacete, ninguém. Um gato. Roderick olha escadas e corredores desertos,<br />

os cortinados esvoaçando. O mínimo ruído exaspera-o. A guitarra abandonada.<br />

As mãos cruzadas. Sonho, pesadelo, imagens deformadas, sobreposições, grandes<br />

planos de rostos, pormenores ameaçadores. As cordas da guitarra que se soltam,<br />

sozinhas, “Roderick não volta a proferir o nome de Madeleine”. Parece paralisado<br />

pela dor. Um relógio. Um pêndulo que se assemelha muito ao pêndulo de “The<br />

Pit and the Pendulum”. O tempo que passa. A tempestade que avança. Allan lê<br />

num livro uma passagem sobre uma sepultada viva. Enquanto isso, na cripta, o<br />

caixão de Madeleine tomba da prateleira onde fora depositado. Roderick, no vasto<br />

salão, junto ao fogo que crepita na lareira, balouça os pés sentado numa cadeira.<br />

As velas pegam fogo aos cortinados com a ventania que se abate sobre o palácio,<br />

que começa também a desmoronar-se. As armaduras metálicas nos corredores


desabam. Roderick olha fascinado a destruição. Será loucura, a que transparece<br />

deste olhar? Madeleine regressa, de branco, noiva, de véus ao vento, flutuando<br />

como um fantasma. “Sim, ouço-a, ouço-a desde o primeiro dia!”, grita Roderick. “Nós<br />

enterrámo-la viva!”. O fogo tudo cobre. Allan afasta-se para o exterior do palácio.<br />

Madeleine e Roderick abraçam-se, e é assim que tentam fugir das labaredas. Com<br />

que destino? O quadro representando Madeleine é engolido igualmente por esse<br />

inferno de chamas.<br />

Nesta obra que interpreta da melhor forma o universo de Poe, inspirando-se em<br />

Dreyer (“O Vampiro”), e Murnau, em “O Retrato de Dorian Gray”, na literatura,<br />

Epstein cria um ambiente de cortar à faca, com uma enorme economia de meios,<br />

usando uma linguagem vanguardista que vai buscar muito aos expressionistas,<br />

mas também ao surrealismo e aos vanguardistas franceses dessa época. Um<br />

grande momento de cinema.<br />

“The Fall of the House of Usher” regressa aos ecrãs, em 1949, com assinatura de<br />

Ivan Barnett, numa produção inglesa. Que desconhecemos.<br />

A partir dos anos 50, a televisão não larga a obra de Poe, com várias versões<br />

conhecidas. Ainda em 1949, o produtor Fred Coe, na série de TV “Lights Out”, faz uma<br />

primeira versão televisiva de “The Fall of the House of Usher”. Ainda na América, em<br />

1956, em “Matinee Theatre”, é Boris Sagal quem dirige o episódio dedicado à “House<br />

of Usher”. Em Inglaterra, em 1966, Kim Mills volta ao tema, num dos episódios de<br />

“Mystery and Imagination”, interpretado por Denholm Elliott (Roderick Usher), e<br />

Susannah York (Madeleine Usher). Em França, em 1981, será Alexandre Astruc quem<br />

dirigirá Fanny Ardant (Madeleine Usher), Mathieu Carrière (Sir Roderick Usher) e<br />

Pierre Clémenti, num dos episódios de “Histoires Extraordinaires: La Chute de la<br />

Maison Usher”. Na Hungria, Attila Apró, em 1982, assina “AzElitélt”, igualmente para<br />

TV, segundo o mesmo conto. James L. Conway, numa produção norte-americana e<br />

checoslovaca, no mesmo ano, adapta ao pequeno ecrã o mesmo texto de Poe, com<br />

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152 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

um bom elenco: Martin Landau (Roderick Usher), Charlene Tilton e Ray Walston. Em<br />

1988 é a vez de outro americano, Alan Birkinshaw, se lançar na mesma empreitada,<br />

com interpretações de Oliver Reed (Roderick Usher), Donald Pleasence e Romy<br />

Windsor. “La Chute de la Maison Usher” surge na Bélgica, em 1992, com realização<br />

de Marc Julian Ghens. A série de TV “Tales of Mystery and Imagination”, com<br />

realização de vários cineastas (James Ryan, Bill Hays, Dejan Sorak, Rod Stewart, Neil<br />

Hetherington, Hugh Whysall), data de 1995, e volta a penetrar na casa de Usher<br />

(além de incursões por outros textos de Poe), com resultados nulos. Parece mesmo<br />

que a série, de tão má, nunca chegou a exibir-se por essa altura na TV, e só agora<br />

foi posta a circular em DVD. Infelizmente. Trata-se globalmente de um daqueles<br />

produtos excelentes para mostrar em salas de aula de cinema, para demonstrar o<br />

que está errado e o que não deve ser feito. Mas há também aquilo que não se ensina,<br />

nem pelo absurdo: o mau gosto, a falta de sensibilidade, a total inépcia narrativa.<br />

Em 2002, “Usher”, de Curtis Harrington, poderá ser uma versão a considerar (ainda<br />

que difícil de encontrar, pelo que ainda não a visionei), com o próprio realizador<br />

Curtis Harrington a interpretar dois papéis, Roderick Usher e Madeleine Usher.<br />

Uma investida “queer”, em 40 minutos que gostaríamos certamente de ter visto,<br />

mas não conseguimos<br />

Mas a obra mais carismática de entre todas as retiradas deste conto de Poe terá<br />

sido “House of Usher”, de 1960, com a assinatura de Roger Corman, e argumento<br />

adaptado por Richard Matheson. Foi o início do ciclo dedicado por Roger Corman<br />

a Edgar Allan Poe. Com uma equipa que variou muito pouco, produção de Roger<br />

Corman e James H. Nicholson, música original de Les Baxter, fotografia, de excelente<br />

colorido, com a assinatura de Floyd Crosby, montagem de Anthony Carras, direcção<br />

artística de Daniel Haller e um reduzido elenco onde sobressaía Vincent Price<br />

(Roderick Usher), bem acompanhado por Mark Damon (Philip Winthrop), Myrna<br />

Fahey (Madeleine Usher) e Harry Ellerbe (Bristol).<br />

Abordemos então do conto, antes de passarmos à versão cinematográfica. Na obra<br />

de Poe, o narrador que viaja até casa dos Ushers empreende essa viagem para<br />

visitar um velho amigo de juventude, Roderick Usher, que não via há muito, e que<br />

lhe escrevera a solicitar companhia nos momentos difíceis por que passava, por<br />

motivos de saúde própria e de sua irmã, Madeleine. É deste modo que o cavaleiro<br />

se aproxima da destroçada casa dos Usher, por caminhos de mau agoiro, como<br />

que hipnotizado pelo destino que ali o conduz. No filme, Philip Winthrop viaja até<br />

àquela mansão amaldiçoada porque se encontra noivo de Madeleine, Roderick<br />

pede-lhe que se afaste, manda-o embora, insiste, exorta-o, mas Philip permanece<br />

na sua, querendo ir embora apenas se for acompanhado da sua amada. Depois,<br />

no conto, há várias personagens que se cruzam na casa, no filme quase toda a<br />

acção roda à volta de Roderick, Madeleine, Philip e um velho criado da casa. Todo o<br />

conto é muito intimista, referindo-se a pensamentos de Philip e às considerações<br />

de Roderick, que se voltam muito para ele próprio. Trata-se quase de um confronto<br />

de duas mentes, de duas vontades, de dois projectos. No filme, obviamente que as<br />

acções se concretizam mais no plano da realidade. Corman “mostra” onde Poe evoca,<br />

mas a transposição não deixa de ser não só eficaz como mesmo sugestiva. Corman<br />

é um cineasta com uma sensibilidade que se coaduna bem com os ambientes e<br />

as personagens criadas por Poe, desenvolve climas de um fantástico inquietante<br />

sem jogar no primarismo do sangue a jorros e dos efeitos em catadupa, explora


sobretudo o suspense perturbador, através de efeitos puramente plásticos, a<br />

duração do plano, O filme baseia-se, sobretudo, em quatro personagens e uma casa,<br />

um palácio à beira da ruína, atravessado por fendas que, hora a hora, vão criando<br />

clivagens mais aterrorizadoras, enterrando-se progressivamente num pântano<br />

onde a natureza fenece e nada se cria. É a maldição dos Usher a estender-se à<br />

paisagem ou esta a estrangular a família no interior do seu palácio a desmoronarse.<br />

Casa e família sucumbem ao mesmo mal. Roderick Usher lamenta-se de uma<br />

absoluta hipersensibilidade, algo que quase não o permite contactar com o mundo<br />

exterior, uma luz mais intensa violenta-lhe os olhos, qualquer pequeno som<br />

atravessa-lhe os tímpanos como um trovão, um sabor mais forte atormenta-o, só<br />

suporta tecidos de uma macieza rara, move-se como que pairando sobre o chão…<br />

Madeleine parece atreita ao mesmo mal, ambos se declaram, pela voz de Roderick,<br />

próximos da morte. Por isso Roderick não permite a Philip partir com a sua amada,<br />

que, no entanto, não parece assumir a mesma atitude. Mas a vontade de Roderick<br />

é mais forte, e a maldição estende-se sobre o palácio, que no final conhecerá uma<br />

dupla “morte”, incendiado e submergido nas águas do pântano, enquanto temas<br />

como o incesto e a catalepsia se assenhoreiam da obra e os sepultados vivos saem<br />

das criptas com as mãos ensanguentadas e as gargantas roucas de gritarem por<br />

socorro. Puro terror de criação Edgar Allan Poe muito bem recriado pela fantasia<br />

e o competente talento de Corman, a sua enorme economia de meios, o seu bom<br />

gosto visual, o refinamento de um estilo que não pode deixar-se de sublinhar.<br />

A economia de meios é de tal forma que um fi lme destes é rodado em menos de duas<br />

semanas, outro se lhe segue de imediato, rodado com a mesma equipa, um elenco<br />

semelhante, os mesmos cenários, iguais adereços e guarda-roupa, de forma a que<br />

essa produção contínua embarateça o orçamento. O talento e a habilidade de Corman<br />

permitem que estas produções de série B sobrevivam como clássicos e fi lmes de culto,<br />

mantendo toda a sua magia, quase cinquenta anos depois da sua realização.<br />

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Sobre o mesmo tema, Jesus Franco (ou Jess Franco), em Espanha, no ano de 1982,<br />

recoloca as personagens em cena, numa interessante série B, que conheceu<br />

diversos títulos: “Revenge in the House of Usher” ou “La Chute de la Maison Usher”<br />

ou “Los Crímenes de Usher” ou “El Hundimiento de la Casa Usher” ou “Neurosis” ou<br />

“Nevrose” ou “Revolt of the House of Usher” ou “Zombie 5”. O veterano Jesus Franco<br />

(mais de 180 títulos na sua filmografia!) nunca foi cineasta para grandes subtilezas,<br />

mas o seu cinema, muito popular e por vezes excessivamente oportunista no<br />

namoro ao público (no sexo e no gore), conseguia ter alguma graça, numa<br />

demonstração de uma certa “inocência” cultural, apesar do realizador manifestar<br />

alguns conhecimentos sobre literatura e estética cinematográfica. Curiosamente,<br />

Jesus Franco considera esta sua versão de “A Queda da Casa Usher” uma das<br />

mais fiéis a Edgar Allan Poe e a sua obra mais pessoal e menos comercial, um<br />

verdadeiro “filme de autor”. O filme tem momentos fracos, mas ostenta algumas<br />

sequências bastante bem conseguidas num plano plástico, onde as influências do<br />

expressionismo são evidentes. Neste aspecto, todas as cenas a preto e branco, que<br />

remetem para flashbacks, conseguem impressionar pela positiva, muito embora<br />

a interpretação dos actores não seja das mais convincentes. Mas globalmente é<br />

um filme interessante, que aproxima a Casa Usher de um covil de vampiros, para<br />

onde são levadas, depois de raptadas, mulheres de vida fácil, para abastecerem<br />

de sangue a muito debilitada filha de Usher (para lá de outras personagens com<br />

gostos afins). Há uma personagem que relembra o velho de “O Coração Revelador”.<br />

Há sequências que recordam outros filmes de Franco (particularmente “El Secreto<br />

del Dr. Orloff”). Curioso, tanto mais que o DVD onde se disponibiliza esta pequena<br />

fita de terror contém uma curiosa entrevista com o cineasta espanhol, personagem<br />

particularmente singular no universo do cinema fantástico. Nada, porém, que se<br />

possa comparar com Roger Corman.<br />

“The House of Usher” volta a interessar os estúdios norte-americanos, uma vez<br />

em 1988, com realização a cargo de Alan Birkinshaw, argumento de Michael<br />

J. Murray, e interpretação de Oliver Reed (Roderick Usher), Donald Pleasence<br />

(Walter Usher) e Romy Windsor; outra já em 2006, numa interessante direcção de<br />

Hayley Cloake, sobre argumento de Collin Chang que transporta a história para a<br />

actualidade (o que parece quase impossível é assegurado com alguma coerência<br />

pelos responsáveis). Uma casa senhorial perdida numa zona rural da província, a<br />

morte declarada de Madeleine, irmã de Roderick Usher, uma amiga, Jill Michaelson,<br />

que vem ao funeral, e que fora antiga namorada de Roderick, e uma governanta<br />

intrigante que relembra a personagem de “Rebecca” e se chama, por alguma razão,<br />

Mrs. Thatcher. A casa não racha mas assusta, não há incêndio ou descalabro que a<br />

destrua na derradeira sequência, mas de resto, apesar de passar-se no século XXI, a<br />

família sofre das mesmas maldições e doenças afins (com modernos tratamentos a<br />

condizer com a época), o incesto não só paira no ar, como se insinua mesmo de forma<br />

mais descarada, a danação dos Usher tem razão de ser numa consanguinidade<br />

que passa de irmãos para irmãos e de pais para filhos, e a loucura dessa herança<br />

que se quer manter a todo o custo acaba por ter os seus dissabores. O filme é<br />

discreto, mas mantém um bom clima, uma fotografia aceitável, uma interpretação<br />

de actores desconhecidos que não comprometem. É uma versão que se vê com<br />

agrado, numa noite em que não se tiver nada de melhor a fazer (ou se esteja a ver<br />

– quase - de castigo as obras de Edgar Allan Poe adaptadas ao cinema!).


_OUTROS FILMES DO CICLO CORMAN-POE<br />

_O FOSSO E O PÊNDULO<br />

“The Pit and the Pendulum” é uma das obras-primas de Poe no campo do conto. Escrito<br />

em 1842, trata-se de um monólogo interior de alguém que está preso nas masmorras<br />

da Inquisição espanhola, precisamente numa cela de Toledo, depois de ter sido preso e<br />

condenado pelo Santo Ofi cio. O conto evoca o terror sentido por alguém que se encontra<br />

fechado sem luz, preso na escuridão total, e que tenta perceber quais as torturas a que<br />

está a ser (e vai ser) sujeito. Desde um poço infestado por ratazanas onde os inquisidores<br />

esperam que caia, e de que se salva por um fortuito acaso, até às pesadas paredes de<br />

metal aquecido que se fecham em seu redor, passando pelo pêndulo que corta o ar e se<br />

apresta a trespassar as suas débeis carnes, de tudo se apercebe de forma tão violenta<br />

e obsessiva que chega a desejar a tranquilidade da morte, perante tamanhas torturas<br />

que o ameaçam e tão trágicos pensamentos que o visitam. Claro que ultrapassa a crise,<br />

salvo pelas tropas do francês general Lassalle que toma Toledo e resgata os prisioneiros.<br />

O conto é admiravelmente escrito, a sensação de horror e de claustrofobia é imensa, o<br />

pavor instala-se no leitor de forma progressiva e letal.<br />

Roger Corman e o seu hábil argumentista Richard Matheson não adaptam o conto,<br />

como o fi lme afi rma, inspiram-se nele, sobretudo nas máquinas de tortura da diabólica<br />

Inquisição, nomeadamente nesse exasperante pêndulo mortal, para criar uma história<br />

totalmente diversa, mas muito bem engendrada. Li há tempos que um dos produtores<br />

desta série afi rmou sobre a mesma, no que se refere à sua relação com Poe: “Cada<br />

fi lme tinha um terço, o primeiro ou o último, adaptado de Poe. Os dois restantes terços<br />

das obras eram totalmente devidos a Cormam e aos argumentistas.” Assim aconteceu<br />

com este “O Fosso e o Pêndulo”, onde apenas o terço fi nal contempla óbvias ligações<br />

ao conto de Poe. O próprio Matheson explica: “O método que adoptámos na adaptação<br />

de “The Pit and the Pendulum” foi usar o clímax do conto de Poe só no terceiro acto<br />

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do fi lme, porque um conto de duas páginas não pode dar-nos um fi lme de noventa<br />

minutos. Então construímos os dois primeiros actos na esperança de ser fi el ao espírito<br />

de Poe, e então o clímax apareceria no ecrã no fi nal.”<br />

Conta-se que no seu argumento Matheson incluía um fl ashback onde Nicholas e<br />

Elizabeth faziam um piquenique e uma viagem a cavalo pela paisagem, antes de se<br />

declarar a doença da mulher. Mas Corman cortou esta sequência e não a fi lmou, com<br />

uma explicação que me parece extremamente inteligente: “Eu tinha várias teorias<br />

enquanto fi lmava a série Poe. Uma delas era que essas histórias tinham sido criadas<br />

no subconsciente de Poe e não podiam ter nada de realistas. Assim, até fi lmar “The<br />

Tomb of Ligeia”, nunca se rodou nada no mundo real. Em “Pit and the Pendulum”, John<br />

Kerr chega numa carruagem que é fi lmada contra um fundo de oceano. Apesar disso<br />

creio que é sobretudo representativa do subconsciente.”<br />

Tendo em conta todas estas condicionantes julgo não errar muito se disser que a versão<br />

de “The Pit and the Pendulum”, de Roger Corman, de 1961, é uma das mais conseguidas<br />

obras do fantástico e do terror gótico da vasta galeria de adaptações de Poe e um dos<br />

grandes momentos do fantástico na década de 60.<br />

Perante o sucesso comercial e de crítica que constituiu a estreia de “House of Usher” em<br />

1960, os produtores James H. Nicholson e Samuel Z. Arkoff, da American International<br />

Productions, anunciaram desde logo um segundo fi lme retirado de Poe. Mas não<br />

pensaram numa série, como se veio a verifi car depois. “The Pit and the Pendulum”,<br />

publicitado em Agosto de 1960, foi rodado durante quinze dias, a partir de início de<br />

Janeiro de 1961, com um orçamento de quase um milhão de dólares.<br />

Em Espanha, em meados do século XVI (1546, para se ser mais exacto, como se pode ver<br />

pela datação da morte de Elizabeth), um jovem cavaleiro inglês, Francis Barnard (John<br />

Kerr) visita o castelo de Nicholas Medina (Vincent Price) para tentar perceber as causas<br />

da morte da irmã, Elizabeth (Barbara Steele), casada com Nicholas. Encontra a irmã<br />

deste, Catherine (Luana Anders), que começa por lhe dar exíguas informações, o que


o leva a querer pernoitar para se inteirar melhor dos estranhos acontecimentos. Fala<br />

então com Nicholas e o seu médico particular, o Dr. Leon (Antony Carbone), e ambos lhe<br />

confi rmam a morte da irmã com base num ataque de coração provocado pelo medo,<br />

obcecada pela câmara de torturas que existe no castelo. Fechada nesse espaço de<br />

loucura e dor, morre proferindo o nome de “Sebastian”. Francis não acredita no que ouve<br />

e descobre através de Catherine que Nicholas vive traumatizado desde criança pela<br />

morte da mãe, vítima do pai, Sebastian Medina, membro da Inquisição espanhola, que<br />

assassina o irmão Bartolome e a mulher, acusando-os a ambos de adultério. Nicholas,<br />

escondido a um canto da sala , observa toda a cena que o irá perseguir pela vida fora.<br />

Mas, mais tarde, Francis vem a saber, através do Dr. Leon, que a mãe de Nicholas não<br />

fora torturada até à morte, mas sim emparedada viva. É esse horror que consome<br />

Nicholas: o pavor de Elisabeth ter sido igualmente sepultada viva. Mas afi ança sem<br />

margem para dúvida: “Se Elizabeth Medina caminha por estes corredores, só pode ser<br />

o seu espírito, nada mais.” Acontece que não é somente o espírito de Elizabeth que<br />

caminha pelos corredores e atormenta o cada vez mais enlouquecido Nicholas, e o Dr.<br />

Leon sabe-o bem …<br />

Segundo título da série dedicada por Roger Corman a adaptações de Edgar Allan<br />

Poe, “The Pit and the Pendulum” é talvez a sua melhor obra, resultando num fi lme<br />

que, se se afasta consideravelmente do conto original, consegue criar uma atmosfera<br />

verdadeiramente digna do universo do escritor e sobretudo uma extraordinária<br />

reconstituição de época, com uma direcção artística brilhante de Daniel Haller, e<br />

uma fabulosa fotografi a, em cores vivas e voluptuosas de Floyd Crosby, muito bem<br />

orquestradas pela música de Les Baxter.<br />

Como se sabe, Roger Corman tinha sempre reduzidos orçamentos e curtos períodos<br />

de rodagem (uma semana para realizar um fi lme era vulgar). Mas “O Fosso e o<br />

Pêndulo” deixa a sensação de uma quase super-produção, com ambientes e cenários<br />

rigorosamente recriados ao pormenor, um guarda-roupa esplendoroso, e um elenco<br />

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brilhante, onde justo é destacar Vincent Price, numa composição avassaladora, uma<br />

das mais conseguidas da sua magnífi ca carreira, muito bem acompanhado por toda a<br />

restante equipa, sendo ainda de sublinhar a presença de uma das divas do terror, por<br />

essa altura, a italiana Barbara Steele.<br />

O extraordinário sucesso de bilheteira e de crítica que este fi lme conheceu aquando<br />

do seu lançamento, levou a American International Productions a prolongar a série<br />

retirada de contos de Edgar Allan Poe. Seguiram-se “The Premature Burial” (1962), “Tales<br />

of Terror” (1962), “The Raven” (1963), “The Haunted Palace” (1963, mais H. P. Lovecraft do<br />

que Poe), “The Masque of the Red Death” (1964), e “The Tomb of Ligeia” (1965).<br />

Curiosidade adicional: em 1968 o fi lme foi vendido à cadeia de televisão ABC-TV para<br />

ser emitido. Como, porém, não tinham a metragem ideal para o espaço previsto, o canal<br />

televisivo sugeriu a rodagem de algumas cenas extra, para conseguirem a metragem<br />

necessária. Tamara Asseyev, assistente de Roger Corman, rodou cerca de cinco minutos<br />

que foram acrescentados no fi nal, prolongando a “vida” de Catherine Medina, enviada<br />

para um manicómio. Razão de ser desta opção? A actriz Luana Anders era a única<br />

disponível para essas fi lmagens. O fi lme terminava então com uma nova sequência,<br />

durante a qual Catherine confessa a alguém todo o drama que havia vivido, colocando<br />

toda a narrativa anterior da obra como um longo fl ashback. Nalgumas edições de DVD<br />

esta fi lmagem extra aparece como bónus, apresentando-o como “Original theatrical<br />

prologue” (o que não corresponde à verdade).<br />

“The Pit and the Pendulum” foi uma das obras de Edgar Allan Poe mais vezes adaptadas<br />

ao cinema, começando logo por versões mudas, uma de 1913, da americana Alice Guy,<br />

outra de 1914, com a assinatura de D.W. Griffi th e o título “The Avenging Conscience”<br />

(que já abordaremos mais à frente). Depois da versão de Roger Corman, de 1961, outras<br />

se seguiram: “Le Puits et le Pendule”, realizada para a televisão pelo francês Alexandre<br />

Astruc, em 1964, outra dirigida por Harald Reinl, na Alemanha Federal, em 1967, com a<br />

designação de “Die Schlangengrube und das Pendel”, outra integrada em “An Evening of


Edgar Allan Poe”, de Kenneth Johnson (EUA, 1972), onde Vincent Price tem uma notável<br />

leitura dramatizada do texto de Poe. Em 1983, na Checoslováquia, Jan Svankmajer recria<br />

o tema em animação, em “Kyvadlo, Jáma a Nadeje” e em 1991, Stuart Gordon (EUA,<br />

1991), volta ao conto em “The Inquisitor”. Na série de televisão “Tales of Mystery and<br />

Imagination” (1995), vários realizadores rodaram adaptações de contos de Poe, entre os<br />

quais “The Pit and the Pendulum”. Finalmente, anuncia-se para 2009 uma nova versão<br />

assinada por David DeCoteau. Mas certamente que muitas outras abordagens foram<br />

efectuadas ao longo dos anos, como a animação do canadiano Marc Lougee.<br />

_O SEPULTADO VIVO<br />

“O Sepultado Vivo” é o terceiro fi lme do ciclo realizado por Corman com base em<br />

contos e poemas de Edgar Allan Poe, e o único que não tem Vincent Price como<br />

protagonista, que aqui cede esse lugar a Ray Milland. Este é o inquieto Guy Carrell que<br />

vive atormentado pela morte do pai, que julga ter sido enterrado vivo, pois pensa-o<br />

vítima de catalepsia. Esta ameaça do passado, projecta-se sobre o seu presente (ele<br />

também é cataléptico) e sobretudo sobre o seu futuro (apavorado com a possibilidade<br />

de também ele ser sepultado vivo). Como em quase todos os fi lmes desta série, que fala<br />

de pesadelos e maldições que se tornam realidade, o prenúncio que paira sobre Guy<br />

Carrell concretiza-se e a vingança sobre aqueles que prematuramente o enterraram<br />

vai prolongar-se inexoravelmente.<br />

Casado com a bela Emily (Hazel Court), e por esta encorajado a comprovar os seus<br />

receios quanto à morte do pai, resolve abrir a cripta da família. O espectáculo com que<br />

depara fá-lo sucumbir de horror. Efectivamente os receios confi rmam-se: o pai morrera<br />

sufocado vivo no interior do seu túmulo. No transe por que Guy passa, é dado como<br />

morto por fulminante ataque cardíaco. Mas a verdade é que mais uma vez a catalepsia<br />

fez das suas. Guy, porém, tivera ao cuidado prévio de mandar construir uma cripta com<br />

várias saídas de emergência…<br />

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Ray Miland é um também actor de particular estimação de Roger Corman, que com<br />

ele faz “O Homem com Visão Raio X”, e que se sai bastante bem desta aventura de cariz<br />

obsessivo. A realização de Corman é, como sempre, muito inteligente e efi caz, num<br />

voluptuoso colorido, em cenários de um gótico algo estilizado, de efeito seguro e de<br />

um bom gosto irrepreensível.<br />

“The Premature Burial” foi várias vezes adaptado ao cinema. Logo em 1927, em<br />

Inglaterra, Castleton Knight tenta uma primeira aproximação com “Prelude”. John H.<br />

Auer, nos EUA, em 1935, roda “The Crime of Dr. Crespi”, com base no mesmo texto, e<br />

o fabuloso Erich von Stroheim em protagonista. Douglas Heyes (EUA, 1961), na série<br />

de TV, “Thriller”, assina o episódio “The Premature Burial”, com Boris Karloff. Depois da<br />

versão de Roger Corman, só há notícia de uma nova passagem ao cinema, numa obra<br />

intitula “Sílení” ou “Lunay”, dirigida por Jan Svankmajer (co-produção da República<br />

Checa e da Eslováquia, em 2005).


_A MALDITA, O GATO E A MORTE<br />

Em “A Maldita, o Gato e a Morte” (Tales of Terror), Roger Corman e o seu argumentista<br />

Richard Matheson, reúnem quatro contos de Poe para comporem três histórias de<br />

cerca de meia hora cada uma, “Morella”, “The Black Cat”, “The Cask of Amontiallado” e<br />

“The Case of M. Valdemar”.<br />

Na primeira história de inequívoco tom gótico, os elementos tradicionais destas<br />

narrativas estão todos presentes: o castelo no cimo de uma ravina com o mar aos pés,<br />

a carruagem solitária que atravessa a paisagem inóspita e descarrega uma donzela à<br />

porta do arruinado edifício, a presença de um ocupante com ar alucinado, a presença<br />

da morte, perdurando no cadáver embalsamado de Morella, conservado no seu leito<br />

pelo desesperado marido, Locke (Vincent Price), que vive amargurado por recordações<br />

do passado. Quem o visita é sua fi lha, Lenore (Maggie Pierce) que regressa após 26 anos<br />

e desenterra do passado um pesadelo terrível. Morella e Locke acham que foi a fi lha a<br />

causadora da morte da mãe, que faleceu no parto. Lenora tenta a reconciliação com o<br />

pai, que acaba por aceitar a versão da fi lha. Morella, porém, não esqueceu e regressa do<br />

além para se apoderar do corpo da fi lha e vingar-se. O que aproxima muito este conto<br />

de “A Queda da Casa Usher”, por um lado (através da fi gura de Locke) e de “Ligeia”,<br />

por outro, sobretudo na vingança fi nal da mulher que ressuscita dos mortos para se<br />

vingar do marido. Sem ser um exemplo do melhor Corman/Poe, nomeadamente por<br />

uma certa inefi cácia das actrizes, que nunca se colocam ao nível de um Vincent Price,<br />

o episódio mantém as características da série (tal como os dois seguintes, ambos<br />

consideravelmente melhores em todos os aspectos), quer ao nível da fotografi a como<br />

da direcção artística, dos cenários ao guarda-roupa.<br />

“The Black Cat”, o conto seguinte, desta feita incorporando certas passagens de um outro<br />

conto de Poe, “The Cask of Amontiallado”, marca uma curiosa e muito divertida incursão<br />

de Corman e do seu argumentista no campo da comédia, servida por dois actores<br />

absolutamente notáveis, o habitual Vincent Price, num registo burlesco, subtil e irónico, e<br />

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Peter Lorre. Este interpreta a fi gura de Montressore, um desmedido apreciador de vinho,<br />

casado com a sedutora Annabel (Joyce Jameson), que descobre a melhor maneira de dar<br />

largas ao seu prazer preferido, entrando num duelo de escanções com o perito Fortunato<br />

Lucresi (Vincent Price). Uma noite, em que Montressore já não se consegue manter de<br />

pé, Fortunato Lucresi leva-o a casa, conhece Annabel e não resiste aos encantos desta,<br />

nem ao etilizado estado de coma do marido, e principia aí um idílio adúltero e fatal.<br />

Quando Montressore se apercebe do que está a acontecer nas suas costas, mata a<br />

mulher e empareda-a, não se apercebendo que acaba de emparedar igualmente o gato<br />

que tanto detesta e cujo estridente miar lhe será profundamente nocivo. Esta pequena<br />

pérola de humor negro vive sobretudo da inexcedível interpretação dos dois actores,<br />

num duelo particularmente expressivo e diversifi cado quanto a processos. É curioso<br />

ver o que Corman disse sobre o seu trabalho com Peter Lorre: “Foi fantástico! Devo<br />

dizer que Peter Lorre era uma das pessoas mais divertidas que me foi dado conhecer. E<br />

extremamente inteligente e muito culto. Portanto estava a lidar com um homem que<br />

era capaz de surgir de repente com excelentes ideias para pura farsa e simultaneamente<br />

justifi cá-las intelectual e tematicamente dentro do contexto de Poe. Era tremendamente<br />

estimulante. A formação de Peter Lorre era diferente da de Vincent. Vincent frequentara<br />

a Escola de Teatro de Yale; tinha uma enorme preparação como actor clássico. Peter viera<br />

da Alemanha, onde trabalhara com Bertol Brecht, e estava muito familiarizado com a<br />

versão alemã do método de Stanislavsky, que era muito semelhante à alemã. Os estilos<br />

deles eram completamente diferentes, mas eram ambos actores muito inteligentes e de<br />

uma grande sensibilidade e fi zeram um excelente trabalho em conjunto, especialmente<br />

na sequência da prova de vinhos. Nessa cena eu disse: “Peter, tu vais improvisar; vais<br />

parecer completamente passado. Vincent, tu mantém-te absolutamente clássico.”<br />

Quando o fi lme foi estreado, essa cena obteve uma grande reacção por parte do público.<br />

Eu disse ao provador, ou semi-especialista de vinhos – já nem me lembro o que é que ele<br />

era – “Fala com o Vincent, mas afasta-te do Peter.”


Vincent Price, pelo seu lado, não compreendia a forma de representar de Peter<br />

Lorre, chama-o “um homenzinho triste”, e acrescentou: “ele não se sentia feliz; tinha<br />

engordado imenso e não se sentia bem. Na realidade, ele nunca conseguiu decorar o<br />

guião; sentia que podia improvisar e que conseguiria melhores resultados, o que, em<br />

muitos casos, se verifi cou. Outrora ele havia sido um actor, mas naquela época era já<br />

apenas uma caricatura: fazia imitações de si próprio falando com uma voz fanhosa.<br />

Tinha-se transformado numa personagem chamada Peter Lorre e achava que era o<br />

que o público queria, e por isso era essa receita que dava ao público.”<br />

“The Case of M. Valdemar” termina o fi lme com outro duelo de representação, mas<br />

desta feita mais coerente nos processos. Basil Rathbone (que vinha de interpretar a<br />

série “Sherlock Holmes” nos anos 40), transportando a sua multicolorida lanterna, é o<br />

Dr. Carmichael, um fervoroso adepto do hipnotismo, e consegue convencer o Senhor<br />

Valdemar (Vincent Price) a ser hipnotizado momentos antes da morte, fi cando assim<br />

suspenso numa terra de ninguém, que dará todas as vantagens ao hipnotizador que<br />

quer fi car como herdeiro da bela esposa de Valdemar (Debra Paget). O conto fi naliza<br />

com uma cena macabra que repõe a ordem natural das coisas e a justiça na Terra.<br />

Sobre Rathbone, Vincent Price afi rmou: “Acho que ele estava muito desiludido, muito<br />

amargo porque ele tinha sido uma grande estrela. As pessoas haviam esquecido esse<br />

aspecto porque só o viam como Sherlock Holmes, ou como o vilão da fi ta. Mas ele tinha<br />

sido um grande actor shakespeariano, uma grande estrela do teatro e do cinema. E de<br />

repente deu por si – como todos nós quando Jimmy Dean e Marlon Brando e esses<br />

outros apareceram e se criou uma nova forma de falar e todos nós falávamos com<br />

sotaques muito trabalhados, num inglês muito trabalhado – quem queria continuar a<br />

trabalhar não tinha outro remédio senão fazer fi lmes de época. E o Basil ressentia-se<br />

muito disso.”<br />

“A Maldita, o Gato e a Morte” tem qualidades inequívocas e pode mesmo dizer-se que<br />

cada conto por si oferecia uma mais rigorosa aproximação do universo de Poe do que<br />

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as longas-metragens. Mas o resultado fi nanceiro fi nal não foi de molde a entusiasmar<br />

a produtora a continuar esta via.<br />

Vincent Price, Peter Lorre e Basil Rathbone, voltariam a encontrar-se todavia em 1963,<br />

numa nova comédia de terror, “Comedy of Terror”, de novo escrita por Richard Matheson,<br />

mas desta feita dirigida por Jacques Tourneur. Veremos igualmente que “Two Evil Eyes”,<br />

de Dario Argento e George Romero, volta à mesma estrutura, oferecendo novas versões<br />

dos contos “The Case of M. Valdemar” e “The Black Cat”.<br />

_O PALÁCIO MALDITO<br />

“O Palácio Maldito”, dirigido por Roger Corman em 1963, não adapta uma obra de Edgar<br />

Allan Poe, apenas toma alguma infl uência sua, sendo, isso sim, uma adaptação de “The<br />

Case of Charles Dexter Ward”, de H.P. Lovecraft. Poe serve de abertura e fecho para<br />

esta história toda ela Lovecraft, ainda que este autor possa manter com Poe algumas<br />

curiosas afi nidades. De todas as formas, a ambiência e o estilo que Corman utilizou<br />

em todo o seu ciclo Poe mantêm-se aqui, bem assim como a equipa técnica e até o<br />

elenco. Este é, aliás, um exemplo bastante típico dos métodos de produção e realização<br />

de Roger Corman. Rodado quase inteiramente em estúdios, inclusive os exteriores,<br />

em três semanas de fi lmagens, o que, não sendo um tempo record, demonstra um<br />

bom aproveitamento de cenários e actores, “The Haunted Palace” prova as virtudes<br />

e os limites do cinema deste mago da produção de série B que conseguiu uma boa<br />

aceitação entre os cinéfi los de todo o mundo. A intriga desdobra-se em inquietantes<br />

profecias e ameaças: há cem anos atrás, os habitantes de uma aldeia tinham queimado<br />

vivo, sob a acusação de feitiçaria e bruxaria, o sinistro proprietário de um castelo<br />

local. Agora, como que cumprindo a profecia então lançada pelo martirizado senhor<br />

do palácio, aparece um novo dono, com a mulher, em tudo semelhante ao anterior. O<br />

medo instala-se e tudo parece apontar para que se re-edite o ritual.<br />

Dizia Roger Corman que o que fez o sucesso desta sua série Edgar Allan Poe foi a<br />

combinação de vários factores que permitiram aos fi lmes terem uma exploração normal<br />

em circuitos tradicionais do cinema de terror, e, por outro lado, serem muito apreciados<br />

por públicos mais cultos e exigentes, em virtude da base donde partem, Allan Poe, mas<br />

também do cuidado posto nas adaptações, quer se fale no rigor na criação dos ambientes,<br />

como na escolha de alguns intérpretes, como ainda no próprio tom adoptado.<br />

Veja-se o caso de “O Palácio Maldito”. A acção centraliza-se em três polos essenciais:<br />

o palácio, a aldeia e alguns exteriores. Tudo fi lmado em estúdio, o que permite uma<br />

atmosfera brumosa, com muitos fumos sabiamente distribuídos, que não só criam<br />

um clima propício, como escondem defi ciências de cenários e possíveis anacronismos.<br />

A técnica de Corman é óbvia: se não pode mostrar-se, esconde-se com fumo. Mas a<br />

forma como isto é feito, cria uma certa plausibilidade e um efeito plástico bastante<br />

satisfatório. Muitos dos cenários possuem uma envergadura que não se coaduna com<br />

as reduzidas verbas dispendidas. O segredo é utilizar cenários de outros fi lmes, antes<br />

deles serem destruídos. Uns adereços estrategicamente colocados e uns fuminhos<br />

para disfarçar, eis o palácio transformado por completo.<br />

O tom adoptado é igualmente muito inteligente. Por um lado, assume-se o fantástico<br />

e o terror tradicional, dito “gótico” entre os especialistas. Por outro lado, insinuam-se<br />

anotações culturais evidentes e um humor distanciador.<br />

Finalmente, para que tudo isto seja possível, era necessário recrutar actores que<br />

permitissem a façanha. Desde logo, Vincent Price, “the right price in the right place”.


Vincent Price é o protagonista de quase todos os fi lmes desta série: “A Queda da<br />

Casa Usher”, “O Fosso e o Pêndulo”, “A Maldita, o Gato e a Morte”, “O Corvo”, “O Palácio<br />

Maldito”, “O Túmulo de Ligeia” e “A Máscara da Morte Vermelha”. De fora fi ca apenas “O<br />

Sepultado Vivo”, onde Price foi trocado por Ray Milland.<br />

Por vezes, como no caso de “The Haunted Palace”, Vincent Price dá réplica a outros<br />

actores de certa qualidade, como Lon Chaney, Jn, Debra Paget ou mesmo Leo Gordon.<br />

Noutros, é sobre os seus únicos ombros que repousa toda a responsabilidade de<br />

defender personagens e situações. E Vincent Price fá-lo sempre com uma segurança<br />

e uma subtileza invulgares.<br />

Roger Corman, falando do seu actor preferido, disse: “ Vincent é verdadeiramente o<br />

Mestre nesta matéria. Pessoalmente, estudei como trabalhar com actores tendo como<br />

base “O Método”, mas nunca encontrei ninguém como Price. Com efeito, ele está de<br />

acordo com numerosos princípios de “O Método” mas pode interpretar igualmente<br />

com base no barroco ou no grandiloquente e situar-se nos limites da farsa. Ele sabe<br />

exactamente onde deve parar, servindo-se do humor e de uma espécie de refl exão<br />

irónica sobre si próprio e sobre o que está a dizer. Se ele fosse menos grandiloquente,<br />

mais realista, seria certamente muito menos divertido, e não nos poderia dar os seus<br />

grandes momentos. E se fosse um pouco mais longe, cairia tudo pela base. Ele sabe,<br />

com um rigor notável, onde se situar e dali não se afasta nunca.”<br />

Vincent Price nasceu em St. Louis, no Missouri, a 27 de Maio de 1911. Formado pela<br />

Universidade de Yale, nos EUA, e de Oxford, em Inglaterra, Vincent Price é um dos<br />

actores mais cultos da sua geração. Foi o principal responsável, entre 1955 e 1958,<br />

por um programa sobre arte ($64,000 Questions), na cadeia CBS da televisão norte<br />

americana. Foi conselheiro artístico de fi rmas comerciais como a Sears Roebuck, e era<br />

considerado uma das maiores autoridades mundiais em arte mexicana. Neste campo,<br />

era ainda um dos mais conhecidos coleccionadores de arte índia e pré-colombiana, o<br />

que fi cou atestado em obras como “The Vincent Price Treasure of American Art” (1972)<br />

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ou “A Treasure of Great Recipes”. Mas era igualmente uma autoridade em culinária e<br />

gastronomia, tendo mesmo escrito algumas obras, de colaboração com a sua segunda<br />

mulher, consideradas clássicos, nesta arte, como “The Come Into the Kitchen Cook Book”<br />

(1969). Por outro lado, os seus conhecimentos da arte de representar, levavam-no a ser<br />

convidado, com regularidade, pelas universidades americanas, para proferir conferências<br />

e dar cursos. Registou, em disco, obras de Shakespeare e de Edgar Allan Poe.<br />

Iniciou a sua carreira de actor no teatro, em 1935, em Londres, e, posteriormente, na<br />

Broadway, em Nova Iorque, tendo sido primeira fi gura no Mercury Theatre, lendária<br />

companhia dirigida por Orson Welles. Estreou-se no cinema em 1938 e trabalhou<br />

em fi lmes de Michael Curtiz, John Stahl, Henry Hathaway, Samuel Fuller, James<br />

Whale, Henry King, Otto Preminger, Joseph L. Mankiewicz ou Fritz Lang, até que em<br />

1953 protagoniza “Máscaras de Cera”, de André De Toth, que o lança no campo do<br />

cinema fantástico, género que nunca mais abandonará, deixando o seu talento bem<br />

representado num impressionante conjunto de obras que vão desde a primeira versão<br />

de “A Mosca” até “O Caçador de Bruxas”, de “O Senhor do Mundo” até “Eduardo Mãos de<br />

Tesoura”, de “O Gato Miou Três Vezes” até “O Abominável Dr. Phibes”.<br />

Mas a série Edgar Allan Poe-Roger Corman transformou-o numa verdadeira vedeta<br />

do fi lme fantástico, um autêntico príncipe das trevas, que se afasta radicalmente da<br />

imagem de muitos outros “monstros” do terror. Vincent Price emprestava sempre às<br />

personagens que interpretava o fascinante recorte da aristocracia decadente, snobe e<br />

cínica, atormentada por pesadelos de antanho, como é o caso de Charles Dexter Ward,<br />

o protagonista deste “Palácio Maldito” que re-encarna a maldição de um antepassado,<br />

condenado à fogueira pela justiça popular na aldeia de Arkham. Admire-se a<br />

sonoridade da sua fala, a fi na ironia da sua representação, a aristocrática elegância do<br />

seu porte. Há, neste aspecto, algumas cenas dignas de referência especial, sobretudo<br />

as que testemunham o diálogo que Charles Dexter Ward mantém com o retrato do<br />

seu defunto antepassado.


_A MÁSCARA DA MORTE VERMELHA<br />

“A Máscara da Morte Vermelha”, de 1963, dirigida por Roger Corman, segundo uma nova<br />

adaptação de um conto de Edgar Allan Poe, recoloca os problemas deste surto de fi lmes<br />

da American International Productions. Como ser-se fi el, adaptando um conto de meia<br />

dúzia de páginas, quase sem intriga, vivendo essencialmente de uma atmosfera criada<br />

pela subtil utilização das palavras e da sua sugestiva densidade poética. No conto, as<br />

terras do príncipe Próspero estão fl ageladas pela “peste vermelha”, que num instante,<br />

desbarata exércitos de pessoas, deixadas com os corpos repletos de chagas por onde brota<br />

o vermelho do sangue contaminado. Para se furtar a tal sorte, o príncipe Próspero e os seus<br />

amigos mais chegados barricam-se numa abadia bem abastecida para meses e meses de<br />

consentido bloqueio, julgando assim esquivarem-se à sorte madrasta. Por festas e bailes,<br />

em salas de traçado arquitectónico único, julgam enganar o inimigo até este aparecer no<br />

meio deles, num baile de máscaras, onde a única sem disfarce é a própria morte. No fi lme,<br />

Corman aproxima-se ao máximo do texto, mas recria intrigas complementares para criar<br />

enredo e manter os espectadores presos, não só do ambiente obsessivo, mas também das<br />

próprias peripécias. Uma constante nesta série dedicada a Poe.<br />

Para quem gosta de cinema fantástico, este é um conjunto de obras de eleição dentro<br />

do que se pode chamar o terror gótico. Pela qualidade plástica revelada, pela subtileza<br />

das anotações, pelas referências psicanalíticas e culturais pouco vulgares no género,<br />

pelo tratamento da narrativa.<br />

Roger Corman era então um produtor e realizador muito jovem, mas já não um novato<br />

nestas andanças, pois dirigira anteriormente um volume impressionante de fi lmes de<br />

série C, daqueles que se destinavam a preencher as sessões duplas dos cinemas de<br />

bairro e dos “drive-ins” norte-americanos. Passara por todos os géneros, do “western”<br />

ao policial, do fi lme de denúncia social, à fi cção científi ca, e rodava estas películas em<br />

meia dúzia de dias, às vezes em dois dias e uma noite, outras vezes dois em simultâneo,<br />

aproveitando cenários de outros fi lmes, antes de serem destruídos.<br />

167 | Edgar Allan Poe no Cinema


168 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Os orçamentos eram mínimos, e a maioria dos técnicos e actores eram recrutados<br />

sabiamente entre os alunos da UCLA, Universidade de Cinema de Los Angeles. Foi<br />

assim que, ainda na American International Pictures, revelou, vejam só, realizadores<br />

da envergadura de Peter Bogdanovich, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Irving<br />

Kershner, Richard Rush, Curtis Harrington, Denis Sanders, Bernard Kowalski, Brian De<br />

Palma, Monte Hellman, Dennis Hopper ou Daniel Haller, para continuar a sua tarefa<br />

na New World, com o lançamento de uma nova fornada de talentos: Joe Dante, Steve<br />

Carver, Jonathan Kaplan, Paul Bartel, Jonathan Demme, Lewis Teague, entre muitos<br />

outros.<br />

Actores como Jack Nicholson, Robert De Niro, Bruce Dern, Peter Fonda, Ellen Burstyn,<br />

David Carradine, saíram também da sua “escola”. E mesmo técnicos, como o<br />

argumentista Robert Towne, os directores de fotografi a Haskell Wexler e John Alonzo<br />

ou o produtor John Davidson passaram pela “fábrica”. Primeiramente, deu-lhes<br />

emprego nos seus fi lmes, depois lançou-os em obras por si produzidas.<br />

Roger Corman marcou, por isso, uma geração de cineastas norte-americanos, e ainda<br />

hoje é lembrada uma das suas casas, a New World, precisamente como uma mítica<br />

maternidade de talentos. Para lá disso, distribuiu nos EUA, ao lado de muitos títulos<br />

de série B e Z, fi lmes europeus de cineastas como Ingmar Bergman, François Truffaut,<br />

Volker Schlondorff, Joseph Losey, Jeanne Moreau ou Federico Fellini, afi rmando-se<br />

também neste campo como uma personagem sui generis e lendária.<br />

As histórias e experiências que se contam à sua volta davam para horas de conversas e<br />

algumas seriam certamente de algum proveito, como o foram para quem com ele teve<br />

o privilégio de trabalhar. Não era um produtor fácil. Dizia-se que tinha a mão férrea,<br />

mas quase todos os seus discípulos desculpam os cortes e remontagens de fi lmes,<br />

em função do muito que com ele aprenderam. Sobretudo em economia de meios.<br />

Filme de cowboys e índios com mais de vinte fi gurantes era já superprodução para<br />

Roger Corman. Ele inventava formas de colocar os vinte disponíveis pelo orçamento<br />

de tal maneira que pareciam centenas, e eu próprio, quando fi z a “Manhã Submersa”,<br />

à míngua de fi gurantes seminaristas, que também eram vinte em lugar dos duzentos<br />

pretendidos, tentei seguir o que com ele aprendera, vendo os seus fi lmes, arranjando<br />

maneiras de multiplicar os fi gurantes.<br />

Roger Corman é, pois, uma referência para muita gente do cinema. “The Masque of<br />

the Red Death” é, no entanto, um fi lme que não revela já a pobreza franciscana de<br />

produção de outras obras de outrora do mesmo cineasta. Sendo um fi lme de reduzido<br />

orçamento, ostenta, todavia, uma largueza de meios invulgares em Corman. A base<br />

é um conto notável de Edgar Allan Poe, adaptado a cinema por Charles Beaumont e<br />

Wright Campbell. Do tema disse Roger Corman: “A personagem de Próspero coloca o<br />

fi lme sob o signo da inteligência e da consciência. Uma frase do fi lme resume muito<br />

bem esta óptica: “Cada homem cria o seu próprio paraíso e o seu próprio inferno.” Eu<br />

pretendi mostrar que, no essencial, tudo depende da escolha de base”.<br />

Voluntariamente enclausurado nas salas bizarras de um castelo, o príncipe Próspero<br />

e os seus convidados entregam-se às mais exóticas práticas, pensando-se a coberto<br />

da ameaça de uma epidemia de peste (A Morte Vermelha), que grassa na região. Mas<br />

a devassidão inconsciente deste grupo de privilegiados está longe de estar salva.<br />

Durante um baile de máscaras, uma fi gura inesperada irá surgir e cortar a respiração<br />

aos circundantes. Se se disser que esta adaptação de Poe não tem a força lírica nem<br />

o peso demencial, sombrio e insólito do conto, creio que estaremos inteiramente de


acordo. Corman reduz a dimensão da obra literária, tornando-a talvez mais decorativa,<br />

mais espectacular, mais vistosa e berrante, concessões evidentes ao grande público<br />

a que se destinava. Mas se integrarmos este fi lme no conjunto restrito do cinema<br />

de terror da época, então estamos na presença de uma obra invulgar, pelo requinte<br />

plástico, pelo bom gosto, pelo rigor da composição, inclusive pela afi rmação cultural<br />

que obviamente reivindicava. A que não é também alheia a escolha de Vincent Price<br />

como protagonista. Se há actor de uma cultura invulgar e de uma sensibilidade notável,<br />

ele é Vincent Price.<br />

Parece justo e oportuno voltar a sublinhar o extraordinário talento de Vincent Price.<br />

Vejam-no deambular como uma sombra, falar com aquela voz e aquela fabulosa dicção<br />

que só ele tinha, insinuar-se com a discreta sedução de uma serpente, deslizar pelo<br />

palácio envolto em pesadas capas que o cobrem como se fossem a sua própria pele, e<br />

teremos de concluir que se trata de um actor admirável, tão admirável em obras como<br />

“Laura”, de Otto Preminger, como neste “A Máscara da Morte Vermelha”, uma viagem<br />

pelo “reino das trevas, da ruína e da “Morte Vermelha” que impuseram sobre todas as<br />

coisas o seu império ilimitado”, segundo as palavras de Edgar Allan Poe. À sua volta,<br />

neste caso, instalou-se o deserto. Não há um único actor à sua altura. Apenas temos<br />

por detrás da câmara um realizador rendido aos encantos de um autêntico príncipe<br />

das trevas, no palco ou no ecrã.<br />

_O TÚMULO DE LIGEIA<br />

Vincent Price, Edgar Allan Poe e Roger Corman regressam com “O Túmulo de Ligeia”,<br />

último título desta série fantástica que reuniu estes três expoentes máximos do<br />

filme de terror dos anos 60, nos EUA. Depois desta nova incursão pelo universo de<br />

Poe, Corman e Vincent Price, em conjunto e isoladamente, prosseguiriam as suas<br />

carreiras mas tendo por base textos de outros escritores.<br />

Rodado em Inglaterra, “The Tomb of Ligeia” apresenta algumas novidades. Desde<br />

169 | Edgar Allan Poe no Cinema


170 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

logo, o facto de grande parte da sua acção ser filmada em exteriores naturais,<br />

numas fabulosas ruínas que Roger Corman aproveita sabiamente, delas retirando<br />

a expressividade dramática e estilística que melhor se adaptava à história que<br />

tinha para contar. História de Verden Fell que depois de sepultar Ligeia, a sua<br />

jovem esposa, no cemitério local, contra a vontade do pároco, irá desencadear<br />

uma súbita paixão em Lady Rowena com quem se encontra durante uma caçada<br />

que provoca um acidente. É evidente que depois tudo irá girar à volta de Ligeia<br />

que repousa no túmulo e a recém chegada Rowena, cada vez mais abandonada<br />

pelo enigmático marido. Mas, fiquemos por aqui quanto a peripécias.<br />

Roger Corman afirmou, numa entrevista, que “Ligeia” foi um regresso às origens,<br />

ao verdadeiro espírito de Poe. Mas, a óptica mudara entretanto. “De início pensava,<br />

diz Corman, que o mundo onde evoluíam as nossas personagens era uma pura<br />

criação do espírito de Poe, ilustração de um mundo subconsciente, onde acreditava<br />

nada ser real. Era por essa razão que eu não rodava os filmes em exteriores.<br />

Julgava que o menor plano realista não revelaria senão o artifício desse mundo<br />

que eu criava. Em “Ligeia”, pelo contrário, eu utilizei pela primeira vez na série Poe<br />

cenários naturais. Estava farto de cenários brumosos e tinha medo de me repetir.<br />

Com “Ligeia” tentei uma aproximação tipicamente gótica. Encontrei uma velha<br />

abadia perto de Norfolk e foi aí que rodámos os exteriores, mas tenho dúvidas<br />

se as minhas teorias estavam certas, se será bom introduzir elementos realistas<br />

neste tipo de filmes.”<br />

Corman prosseguiu: “O Túmulo de Ligeia é, de todos os meus filmes, o que se<br />

encontra mais próximo de uma verdadeira história de amor. Há um aspecto,<br />

muito importante em Poe, que nós tínhamos trabalhado pouco. É o tema do amor<br />

perdido: Annabella Lee, Leonora, Morella e Ligeia são bons exemplos. Penso poder<br />

definir “Ligeia”, dizendo que é uma história de amor gótico.”<br />

Para quem gosta de encontrar explicações mais ou menos explícitas para este<br />

tipo de filmes, Roger Corman também acrescenta algo: “É possível que Verden Fell<br />

tenha recebido da sua mulher uma sugestão hipnótica e que ela tenha morrido<br />

sem o libertar dessa sugestão. Mas a verdadeira solução, por detrás de tudo isso, é<br />

que o espírito de Ligeia sobrevive à sua morte. Ela disse que seria a mulher de Fell<br />

para sempre, e sê-lo-á.”<br />

Todos os filmes de Roger Corman deste ciclo Poe são exemplos do seu trabalho<br />

na American International Pictures, empresa de James H. Nicholson e Samuel Z.<br />

Arkoff, onde trabalhou e deixou marcas profundas na década de 60. Depois, Corman<br />

fundaria uma empresa própria, primeiramente a Filmgroup, posteriormente a New<br />

World Pictures, onde concretizou métodos de trabalho e processos de produção.<br />

Ao contrário de muitos realizadores de filmes de terror, que jogam mão de<br />

sucessivos golpes de teatro para fustigarem a atenção e a emoção dos espectadores,<br />

Roger Corman quase não os utiliza nos seus filmes. O efeito criado, por exemplo,<br />

com o aparecimento de um gato preto em “O Túmulo de Ligeia”, é um efeito raro<br />

nos seus filmes. O que sobressai é a criação de um ambiente inquietante, mais<br />

do que a sucessão de momentos fortes. É esse clima que faz algum do fascínio<br />

deste tipo de filmes, bem assim como a leveza dos movimentos de câmara de<br />

Corman e a invulgar interpretação de Vincent Price que serve admiravelmente<br />

essa mesma envolvência pela subtileza da sua representação, mas sobretudo pela<br />

musicalidade da sua palavra.


_DAVID W. GRIFFITH E EDGAR ALLEN POE (sic)<br />

David W. Griffi th era um admirador incondicional de Edgar Allan Poe e dedicou-lhe várias<br />

obras. Uma, datada de 1909, com o título “Edgar Allen Poe” (sic), é um curioso esboço<br />

biográfi co, composto por seis planos, com um total de pouco mais de sete minutos.<br />

Primeiro (falso) plano (são dois planos, unidos por uma trucagem): num quarto, uma<br />

cama onde repousa uma rapariga visivelmente doente, virada para uma longa janela<br />

que recebe a luz do dia. Entra Edgar Allan Poe que se preocupa com o estado da jovem<br />

mulher. A um canto, uma pequena mesa, sobre a qual, numa prateleira, repousa um<br />

busto. Súbito (trucagem, logo um falso plano único), surge nessa mesma prateleira, um<br />

corvo negro. Poe olha-o, surpreso, sente-se que a inspiração o invade, escrevinha algo<br />

numa folha de papel que vai mostrando, entusiasticamente, repetidas vezes à mulher.<br />

Terceiro plano: redacção de um jornal, onde se encontram dois jornalistas, trabalhando.<br />

Entra Poe, mostra o seu trabalho (obviamente o poema “The Raven”) a um que o rejeita,<br />

depois ao outro, que o afasta igualmente. Quarto plano: numa redacção de um outro<br />

jornal, uma mesa, um homem, com o letreiro “Editor” sobre a mesa, conversando com<br />

uma mulher. Entra Poe, mostra o poema à mulher que o recusa rapidamente, depois de<br />

ler algumas frases, mas o editor chama Poe, lê agradado o poema e paga a Poe por ele,<br />

que parte encantado com o dinheiro na mão. Quinto plano: de novo o quarto com a jovem<br />

doente, mas desta feita com um enquadramento mais fechado (sem se ver a prateleira):<br />

a mulher sofre, soergue-se, e desfalece. Entra Poe com mantimentos, um cobertor e um<br />

ar triunfante. Sexto plano (o enquadramento anterior, do primeiro plano, vendo-se a<br />

prateleira): Poe começa a agasalhar a jovem, mas, ao pegar-lhe no braço, compreende<br />

que chegou tarde e o corpo não passa de um cadáver. Desespero de Poe. Fim.<br />

O fi lme é nitidamente uma fi cção sobre um aspecto da vida de EAP, tentando explicar a<br />

génese de um poema, e estabelecendo uma relação dramática entre a criação literária<br />

e a vida quotidiana. Um fi lme dos primórdios do cinema que mostra como EAP era já<br />

mitifi cado como escritor romântico e maldito no início do século XX.<br />

171 | Edgar Allan Poe no Cinema


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Ainda em 1909, Griffi th realiza “The Sealed Room”, segundo argumento de Frank E.<br />

Woods, baseado numa reunião de obras de Honoré de Balzac (“La Grande Breteche”) e<br />

Edgar Allan Poe (“The Cask of Amontillado”). Estamos em França, durante a monarquia.<br />

O rei que mantém uma amante, manda construir um ninho de amor que todavia será<br />

aproveitado pela infi el amante para se encontrar com o romântico baladeiro da corte.<br />

Um dia, julgando o rei afastado, entregam-se aos jogos do amor. Mas ambos são<br />

emparedados vivos nesse refúgio voluptuoso, quando o monarca descobre a traição.<br />

Não se percebe muito bem se um tal fi lme era considerado de horror na época. Hoje<br />

assemelha-se mais a uma deliciosa comédia, com os pedreiros, dirigidos pela soberana<br />

fi gura, a construírem um muro em lugar da porta que liga o rei aos amantes em arrufo.<br />

Construído em quadros, vários planos que se sucedem, num enquadramento teatral,<br />

sem alteração de grandeza, esta é uma obra apenas curiosa. Arthur V. Johnson (rei),<br />

Marion Leonard (cortesã), Henry B. Walthall (baladeiro), Linda Arvidson, William J.<br />

Butler, Verner Clarges, Owen Moore, George Nichols, Anthony O’Sullivan, Mary Pickford,<br />

Gertrude Robinson, Mack Sennett e George Siegmann são os intérpretes, alguns deles<br />

em papéis meramente de fi gurante (caso de Mary Pickford ou Mack Sennett).<br />

Dois anos depois, Griffi th volta a Poe, em “The Two Paths”, onde se sente uma forte<br />

infl uência da Bíblia e de Edgar Allan Poe. Não é dos fi lmes mais signifi cativos deste<br />

período de Griffi th (que rodava por ano dezenas e dezenas de pequenos fi lmes de<br />

duas bobines). Trata-se de um melodrama sobre duas irmãs que tomam diferentes<br />

direcções nas suas vidas. Uma, Florence, mais irreverente e ambiciosa (Dorothy<br />

Bernard), vai para a cidade e torna-se amante de um milionário. A outra, Nellie, mais<br />

calma (Linda Arvidson), fi ca na casa do campo e casa-se por amor. Um belo trabalho<br />

de Griffi th que imagina diversas cenas particularmente interessantes de um ponto<br />

de vista de narrativa audiovisual, e de signifi cação imagética, sendo de realçar ainda a<br />

interpretação, onde fi guram Donald Crisp, Lottie Pickford, Blanche Sweet, Charles West,<br />

Dorthy West e Wildred Lucas em pequenas aparições.


_ALGUMAS OUTRAS OBRAS DE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA<br />

_CONSCIÊNCIA VINGADORA<br />

O outro fi lme em que David W. Griffi th se aproximou do universo de Edgar Allan Poe,<br />

foi “The Avenging Conscience”, rodado em 1914, e que mescla poemas e fi cção, sendo<br />

que a base são “Annabel Lee” e “The Tell-Tale Heart”, com algumas citações de “The Pit<br />

and the Pendulum”, “The Black Cat” e “The Conqueror Worm”.<br />

Uma das personagens chama-se Annabela (Blanche Sweet) e está apaixonada por um<br />

jovem, que vive com um tio zarolho. O jovem lê poesia de Edgar Allan Poe (precisamente<br />

“Annabela Lee”) e apresenta ao tio a sua apaixonada. Mas este trata-a de forma grosseira,<br />

chamando-lhe “uma mulher vulgar”, e expulsando-a de casa. O órfão (Henry B. Walthall)<br />

não aceita de bom grado o comportamento tirânico do tio (Spottiswoode Aitken), e<br />

imagina a vingança, no que é auxiliado por algumas situações que observa no seu jardim,<br />

uma aranha envolvendo uma mosca no seu letal abraço ou uma multidão de formigas<br />

imobilizando e matando um insecto. Imagina então o assassinato do tio. Mas o crime é visto<br />

através da vidraça por um brutamontes de origem italiana (George Siegmann) que inicia<br />

logo ali a chantagem. O fi lme prolonga-se então como um melodrama muito ao estilo de<br />

Griffi th, com uma ou outra incursão pelo fantástico e o místico (aparições de sobreposições<br />

da imagem de Cristo), terminando com uma alusão ao deus Pan, e um “happy end”<br />

escusado. Mas trata-se de uma obra invulgar (não esquecer que é uma realização de 1914,<br />

com cerca de 80 minutos, antecipando a obra-prima do ano seguinte, “O Nascimento de<br />

Uma Nação”), com uma construção dramática em muitos momentos admirável, o recurso<br />

a notas de observação inusitadas (planos de cães, gatos, um sapato tocando a porta de<br />

casa, tudo anotações de uma elegância e subtileza sem par na época), enquadramentos<br />

brilhantes, encadeados de imagens que relembram obras vanguardistas (muitas delas<br />

muito posteriores), e um extraordinário efeito sonoro sugerido pela imagem (num fi lme<br />

mudo), quando o detective bate com um lápis numa mesa, ao lado de um relógio de parede,<br />

o que leva o jovem órfão a “ouvir” o coração do tio e a confessar o seu crime.<br />

_O CORAÇÃO REVELADOR (1941)<br />

“The Tell-Tale Heart” é um conto de Edgar Allan Poe que serviu de base a numerosas<br />

adaptações ao cinema. Uma que conhecemos e que nos parece dos melhores trabalhos<br />

cinematográfi cos saídos de temas poeanos é a versão de 1941, assinada por Jules<br />

Dassin, que com esta curta-metragem iniciava a sua carreira de realizador.<br />

Interpretada com brio por Joseph Schildkraut e Roman Bohnen, “The Tell-Tale Heart”<br />

mantém-se muito próxima da obra literária, ainda que transpondo com felicidade os<br />

valores literários para valores de imagem (e som, diga-se de passagem, aqui essenciais).<br />

Um jovem homem vive amedrontado pela prepotência do seu velho amo, zarolho, que<br />

o trata mal, o esbofeteia, que o amesquinha como se ele fosse uma criança. O jovem<br />

trabalha num tear, cuida da casa, e sente a revolta crescer dentro de si. Um dia ameaça<br />

o velho com a fuga, mas este desdenha. Nessa noite, sobe ao quarto do despótico<br />

patrão, e mata-o, enterrando o corpo por baixo do soalho da casa. Mas a partir daí<br />

começa a ouvir o coração do velho a bater, como que exigindo vingança. Um coração<br />

que se tornará “revelador” para algumas visitas.<br />

A fotografi a é de um excelente preto e branco, a iluminação torna-se um aspecto<br />

essencial no fi lme, jogando importante papel no acentuar de sombras que se agigantam,<br />

na forma como é utilizada uma lanterna para criar focos de luz, nomeadamente na<br />

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cena do assassinato, a realização é cuidada, alternando criteriosamente a grandeza<br />

dos enquadramentos, utilizando sabiamente certos processos simbólicos de narrar<br />

algumas cenas (o assassinato: o velho arrasta violentamente com uma mão uma<br />

pequena tapeçaria que tem por cima da cama, e que lhe cobre o rosto, quando morto,<br />

regressando à parede – e à normalidade reposta - depois do crime escondido), optando<br />

por uma expressividade sonora muito coerente com o projecto. Desde início que se<br />

chama a atenção do espectador para a acuidade do ouvido do jovem, que pressente<br />

a chegada do velho através dos seus passos, o que voltará depois a acontecer após<br />

o crime, quando o gotejar de uma bica de água ou o tiquetaque de um relógio se<br />

agigantam e se transformam no latejar de um coração que, apesar de morto, continua<br />

a trabalhar. Mas o som é talvez o elemento central desta pequena obra, sobretudo<br />

quando a voz off do velho ensombra a casa e a consciência humilhada do criado.<br />

Trata-se de um belíssimo trabalho, cerca de vinte minutos que prenunciavam uma<br />

bela carreira a Jules Dassin. O que veio a acontecer.<br />

Nota: Esta curta-metragem aparece inscrita no DVD “A Sombra do Homem Sombra”, da série “O<br />

Homem Sombra”, Ed. Warner em <strong>Portugal</strong>.<br />

Em 1953, surgiu outra famosa adaptação de “The Tell-Tale Heart” ao cinema, desta feita<br />

em animação, com argumento de Fred Gable e Bill Scott e realização de Ted Parmelee. É<br />

uma excelente versão, produzida pela UPA, muito fi el ao original, que aliás tem alguns<br />

excertos lidos na voz de James Mason, que funciona como o protagonista-narrador<br />

(Stanley Baker dá-lhe réplica nalguns momentos). Foi nomeado para Melhor Curtametragem<br />

de Animação do ano, e em 1994 considerado um dos 50 melhores desenhos<br />

animados de sempre. Em 2001 foi seleccionado pela United States Library of Congress<br />

para ser considerado fi lme de relevante signifi cado cultural e assim preservado no<br />

National Film Registry.<br />

Nota: apareceu incluído como extra na edição de DVD de “Hellboy”. Pode ser visto no You Tube<br />

no seguinte endereço: http://br.youtube.com/watch?v=W4s9V8aQu4c&eurl=http://laboratoriode-realizacao-audiovisual.blogspot.com/2008/05/tell-tale-hear.html


_ALONE<br />

From childhood’s hour I have not been / As others were; I have not seen / As others saw;<br />

I could not bring / My passions from a common spring. / From the same source I have<br />

not taken / My sorrow; I could not awaken / My heart to joy at the same tone; / And all<br />

I loved, I loved alone. / Then- in my childhood, in the dawn / Of a most stormy life- was<br />

drawn / From every depth of good and ill / The mystery which binds me still: / From the<br />

torrent, or the fountain, / From the red cliff of the mountain, / From the sun that round<br />

me rolled / In its autumn tint of gold, / From the lightning in the sky / As it passed me<br />

fl ying by, / From the thunder and the storm, / And the cloud that took the form / (When<br />

the rest of Heaven was blue) / Of a demon in my view.<br />

Edgar Allan Poe<br />

Este poema aparece publicado no “Scribner’s Monthly Magazine”, de Setembro de<br />

1875, mas o manuscrito deveria datar de 1829, mais coisa menos coisa, segundo os<br />

estudiosos da obra de Poe, que detectam nele fortes infl uências de Lord Byron. O<br />

poema nunca foi titulado por Edgar Allan Poe, e a designação “Alone” é atribuída aos<br />

editores da sua obra póstuma. É com base neste poema que os argumentistas Paul<br />

Hart-Wilden, David Ball, Philip Claydon, John P. Davies e Mark Laughman e o realizador<br />

Philip Claydon constroem o esquema de “Alone”, fi lme de 2001, que assinala a estreia<br />

na realização deste cineasta inglês (que se prepara para lançar em Londres “Lesbian<br />

Vampires Killers”).<br />

Filme de terror ambientado na actualidade, “Alone” não será uma surpresa, mas é uma<br />

obra que se acompanha com atenção e sem esforço. Vivendo, em certas sequências,<br />

de uma montagem rápida, e de um encadeado de imagens que relembram os fi lmes<br />

de vanguarda, com planos muito fechados, câmara desequilibrada, solarizações e<br />

uma utilização violenta das cores, cenários estranhos e enquadramentos invulgares,<br />

“Alone” assemelha-se em muito a episódios de séries televisivas de temática policial,<br />

175 | Edgar Allan Poe no Cinema


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com uma dupla de detectives, ele mais velho, ela mais nova, que investigam o caso<br />

de uma mulher que aparece morta, depois de ter descido aos repelões pelas escadas<br />

abaixo da sua casa. Todos se parecem inclinar para acidente ou suicídio, mas o crime<br />

transparece nalguns aspectos. O que se torna mais óbvio quando aparecem outros<br />

casos, não semelhantes, mas que podem ter relação entre si.<br />

Enquanto a polícia investiga por um lado, nós, espectadores, temos a visão da<br />

criminosa (não a visão do seu corpo, mas temos literalmente a visão do que ela vai<br />

vendo, através de câmara subjectiva), e vamos acompanhando os seus pensamentos,<br />

as suas obsessões, os seus fantasmas. E compreendemos as causas que a levam a<br />

matar “sem querer” (“O pior criminoso é aquele que não tem a noção do mal que faz”,<br />

diz a certa altura o detective), que a impelem a procurar alguém a quem ofertar o seu<br />

amor, das formas mais trágicas. Alex, que quase desde início sabemos ser a criminosa,<br />

teve uma infância infeliz, os pais morreram quando ela era adolescente, e a partir daí<br />

vive obcecada por vozes e por uma solidão irremediável que a atormenta. Procura<br />

amores, cumplicidades. Em mulheres de todos os géneros. Da prostituta de cabaret à<br />

secretária de uma psiquiatra.<br />

O fi lme é, pois, uma obra interessante, com muito pouco a ver com Poe, mas uma forte<br />

dose de pretensões narrativas, ainda assim denotando qualidades que poderão, ou<br />

não, ser confi rmadas num futuro próximo. Mantendo-se no campo do lesbianismo, aí<br />

teremos brevemente “Lesbian Vampires Killers” para tirar teimas.<br />

_THE MANSION OF MADNESS<br />

Em 1844, Edgar Allan Poe escreveu “The System of Dr. Tarr and Professor Fether”, um<br />

conto inicialmente aparecido no nº 5 do vol. XXVIII, da revista “Graham’s Magazine” (de<br />

Novembro), e posteriormente integrado no volume de “Histórias Grotescas e Sérias”.<br />

Trata-se de uma obra particularmente interessante, parodiando algumas teorias em<br />

voga na altura sobre o tratamento da loucura. O conto é escrito na primeira pessoa do<br />

singular por um narrador que visita um castelo isolado, situado numa das províncias<br />

do extremo sul de França. Esse viajante encontra um estranho Dr. M. Maillard que<br />

dirige aí um manicómio, e aborda, de forma metafórica e algo satírica, a teoria da cura<br />

em liberdade, o “sistema da doçura”, no qual os pacientes não são contrariados nas<br />

suas alucinações e fantasias, mas antes impulsionados a satisfazer os seus instintos,<br />

procurando “curá-los” pelo absurdo. Se alguém pensa ser um galo, pois que se alimente<br />

de milho e farináceos, e logo perderá a loucura. O sistema parece, no entanto, não<br />

funcionar muito bem, apesar da áurea ganha nos meios científi cos, na explicação de<br />

Maillard, que leva o visitante a percorrer as instalações da instituição, onde aparecem<br />

estranhas personagens, que se reúnem num jantar pantagruélico. É nessa altura que<br />

o narrador percebe que, durante a vigência do “sistema da doçura”, os internados se<br />

tinham revoltado, encarcerado médicos e enfermeiros e tomado conta do castelo que<br />

agora administravam com “um grão de loucura”.<br />

Este conto está na base de um fi lme mexicano muito curioso, datado de 1973, que se<br />

passa em França (como no original de Poe), mas que foi rodado no México, falado em<br />

inglês, dirigido por um mítico Juan López Moctezuma e que conheceu vários títulos:<br />

“The Mansion of Madness”, “Dr. Goudron’s System”, “Dr. Tarr’s Pit of Horrors”, “Dr. Tarr’s<br />

Torture Dungeon”, “Edgar Allan Poe: Dr. Tarr’s Torture Dungeon”, “House of Madness”,<br />

“La Mansión de la Locura” ou “The System of Dr. Tarr and Professor Feather”.<br />

Juan López Moctezuma é herdeiro de uma tradição mexicana de fi lmes de terror, que


teve em Luís Buñuel e na sua permanência neste país durante alguns anos, uma forte<br />

motivação para uma inspiração surrealista e anti-clerical. Moctezuma foi colaborador<br />

de Alejandro Jodorowsky, conheceu Fernando Arrabal e pode dizer-se que fez parte de<br />

um grupo que nos anos 60-70 se intitulou “Panic”, onde militava ainda Roland Topor. O<br />

“Movimento Pânico” tinha como musa a deusa Pã e uma forte infl uência de Buñuel e<br />

dos surrealistas franceses, bem assim como do teatro da crueldade de Antonin Artaud.<br />

A proposta era anárquica, surreal, caótica, libertina, fantástica, grotesca, libertadora…<br />

Durou mais ou menos até 1973.<br />

Compreende-se assim a aproximação de Juan López Moctezuma da obra de Poe,<br />

particularmente do conto em questão, onde se defendem teses libertárias em relação<br />

à psiquiatria e à loucura. Aliás, parece que o próprio Poe se inspirou nos trabalhos de<br />

Philippe Pinel (1745-1826), o pai da psiquiatria francesa, que iniciou sistemas de cura<br />

benigna, libertando os doentes das grilhetas e exigindo a sua separação dos presos de<br />

delito comum e das prostitutas, no manicómio de Salpêtrière. Também William Tuke,<br />

em Inglaterra, e Dorethea Dix, nos EUA, iniciaram, no fi m do século XVIII, princípios do<br />

XIX, idênticas lutas a favor de uma maior humanidade do tratamento das doenças<br />

mentais. Edgar Allan Poe mais não faz do que adaptar a conto as teorias que circulavam<br />

no seu tempo. Juan López Moctezuma, por seu turno, fará o mesmo, adaptando<br />

esse conto ao cinema, ainda que com profundas alterações. Enquanto no conto, o<br />

manicómio é um espaço fechado, limpo e quase sofi sticado, em Moctezuma os loucos<br />

fazem esperas a visitantes, vestidos de soldados e armados, evoluem livremente pela<br />

fl oresta circundante, e habitam um palácio em ruínas, completamente deteriorado<br />

e escalavrado (grande parte do fi lme foi rodado numa fábrica de têxteis há muito<br />

abandonada).<br />

Em ambos os casos, porém, o que se condena é a anarquia e o caos a que conduz uma<br />

liberdade mal entendida, moralidade que se ilustra através de certas situações de<br />

crítica satírica e de momentos de cruel paródia, dados de forma subtil. Aliás, existe<br />

177 | Edgar Allan Poe no Cinema


178 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

como que uma dualidade de olhar, ora crítico, ora complacente para com a loucura<br />

instalada, o que poderá igualmente ter uma segunda leitura, fazendo equivaler, aos<br />

olhos do público, loucos e sãos de espírito, sem que se saiba muito bem onde começam<br />

uns e acabam os outros. O que contém igualmente alguma crítica: muitas vezes são os<br />

loucos que ocupam os lugares dos ditos sãos de mentes, sem que nada aparentemente<br />

o faça notar.<br />

Primeira experiência cinematográfi ca de Juan López Moctezuma, “The Mansion<br />

of Madness” não é uma obra-prima, mas mostra-se uma surpresa muito curiosa e<br />

um fi lme de indiscutível interesse, quer como aproximação de um tema querido do<br />

fantástico, quer como estilo de narrativa, que oscila entre o terror gótico e o humor de<br />

uns Monty Python, o exacerbamento visual de um Federico Fellini ou de um “Marat-<br />

Sade”, de Peter Brook. Há uma tendência para uma representação teatral que faz<br />

lembrar processos do “The Living Theatre” e, simultaneamente, uma enorme cinefi lia<br />

que não hesita em repescar réplicas de vários clássicos.<br />

O fi lme é plasticamente muito curioso, acompanhando-se com prazer, muito embora<br />

não seja uma produção de orçamento elevado. Mas o bom gosto de cenários e guardaroupa<br />

e a intencionalidade da narrativa remetem esta obra para o nível dos fi lmes não<br />

muito conhecidos do grande público, mas que merecem seguramente fi gurar na lista<br />

“de culto” de muitos afi cionados do fantástico. Poe deveria gostar desta obra e sentir<br />

com ela alguma cumplicidade.<br />

Anos depois, o checo Jan Svankmajer, partindo deste mesmo conto de Edgar Allan<br />

Poe (e também de “O Sepultado Vivo”) dirige “Lunacy”, “um fi lme de terror fi losófi co”,<br />

nas palavras do seu autor. “Uma fantasia transgressora que combina imagem real e<br />

animação. Nesta delirante alegoria à sociedade contemporânea encontramos o jovem<br />

Jean Berlot, um rapaz assombrado por terríveis pesadelos. Berlot trava conhecimento<br />

com Marquiz (inspirado no divino Marquês de Sade), um aristocrata com um glorioso<br />

apetite por blasfémias e orgias, e inicia uma odisseia “terapêutica”. Como temas<br />

centrais a liberdade, a manipulação e a repressão exercidas pela civilização.” O fi lme<br />

passou numa das edições do Indie Lisboa, de onde se retiram os dados.<br />

_TWO EVIL EYES<br />

O projecto inicialmente era muito mais ambicioso: quatro realizadores, mestres do<br />

fantástico, iam adaptar outros tantos contos retirados da obra de Edgar Allan Poe.<br />

George Romero, Dario Argento, Wes Craven e John Carpenter eram os escolhidos<br />

e o produtor o primeiro. Mas por razões várias, que se prenderam sobretudo com<br />

sobreposição de datas, apenas os dois primeiros corresponderam à chamada. Assim<br />

surgiu “Two Evil Eyes”, onde é possível descortinar dois estilos muito diferentes de<br />

olhar o fantástico e o cinema, sendo que a diferença entre cinema americano e cinema<br />

italiano é também visível a olho nu. Um muito mais seco e austero nos processos,<br />

mais rectilíneo e clássico na planifi cação, o outro mais barroco, de progressão errática,<br />

menos comedido.<br />

“The Facts in the Case of M. Valdemar”, de George Romero, é uma curiosa adaptação<br />

do universo de Poe ao universo de Romero, que, como se sabe, vive há muito obcecado<br />

pelos mortos-vivos. Transforma assim Valdemar autêntico num morto-vivo (o que não<br />

anda muito longe da ideia do próprio Poe, já que no seu conto Valdemar sobrevive<br />

vivo, apesar de morto, mercê da sessão de hipnotismo a que se submete in articulus<br />

mortis), que regressa do Além para se vingar da sua mulher, Jessica (Adrienne Barbeau),


e do Dr. Robert Hoffman (Ramy Zada), médico que o assistia, depois de ambos terem<br />

roubado a sua imensa fortuna que pretendiam usufruir num futuro conjunto, mas<br />

que também não se antevê muito harmonioso. O episódio é narrado com efi cácia e<br />

economia de meios, justeza de tom, suspense qb, e alguma inquietação extra, com um<br />

fi nal surpreendente e interpretações aceitáveis que não comprometem o resultado<br />

fi nal.<br />

“The Black Cat”, de Dario Argento, tem desde logo um suporte muito bom que é a<br />

presença de Harvey Keitel na personagem de Usher, um fotógrafo alcoolizado que<br />

se especializa em foto-reportagem de crimes violentos, tal como o famoso fotógrafo<br />

norte-americano Weegee (que já deu origem, igualmente, a algumas obras no<br />

cinema). Casado, Usher prepara um álbum tétrico, “Metropolitan Horrors”, e toda a sua<br />

vivência é abalada por estranhas visões e perturbantes reacções, que o aproximam da<br />

loucura. O resto também é mais ou menos previsível para quem conhecer o conto de<br />

Poe: uma noite mais agitada mata a mulher que pretende abandoná-lo e empareda-a<br />

num esconderijo laboriosamente forjado, até que o miar do gato que tanto detestara<br />

em vida o denuncia à polícia. Ao lado de Keitel surge um bom naipe de actores (John<br />

Amos, Kim Hunter, Sally Kirkland ou Martin Balsam). Mas o sketch é algo arrastado<br />

e prolongado com sequências deslocadas, como uma incursão de pesadelo por um<br />

cerimonial medieval. A câmara viaja sem parar e a aparente “intelectualização” do<br />

projecto acaba por desiludir um pouco. Não o bastante para deixar de ser interessante.<br />

Coisa que resulta igualmente na globalidade destes “Two Devil Eyes”.<br />

179 | Edgar Allan Poe no Cinema


180 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Entretanto convém lembrar que Edgar Allan Poe se transforma, com o correr<br />

dos anos, numa forte caução cultural e inclusive comercial para certos projectos<br />

cinematográfi cos que quase nada lhe fi cam a dever, a não ser uma subtil (e muitas<br />

vezes injusta e oportunista) referência ao seu nome. Depois do sucesso do ciclo Poe<br />

realizado por Corman e interpretado quase integralmente por Vincent Price, este volta<br />

a aparecer em inúmeras obras que se dizem “baseadas” ou “inspiradas” em obras de<br />

Poe. Algumas delas, sem que exista a mais pequena sombra de parentesco com o<br />

escritor e os seus textos. A começar, desde logo, por uma que, como já vimos, se integra<br />

ainda na série Corman, “The Haunted Palace” (O Palácio Maldito), mas que deve quase<br />

tudo a Lovecraft, e quase nada a Poe.<br />

Mas há a citar uma película de Jacques Tourneur, de 1965, “City Under The Sea” ou<br />

“War Gods of the Deep” (A Cidade Submarina), de excelente recordação, mas que não<br />

revemos desde a data da sua estreia, e ainda duas outras que efectivamente, apesar<br />

de se dizerem “segundo obras de Poe”, nada tem a ver directamente com obras deste<br />

autor. Uma delas, de 1968, “Witchifi nder General” ou “The Conqueror Worm” (O Caçador<br />

de Bruxas), de Michael Reeves, é uma obra notável de um cineasta desaparecido<br />

precocemente e que nos deixou uma magnifi ca incursão pelo terror de raiz histórica,<br />

ambientada durante os pesados e tenebrosos tempos das perseguições e das fogueiras<br />

inquisitoriais. Não sendo Poe numa linha directa, tem todavia muito de Poe nos temas<br />

e nos ambientes. De 1970, é “Cry of the Banshee” (O Chorar dos Mortos), de Gordon<br />

Hessler, que, não possuindo a qualidade cinematográfi ca e plástica da anterior, se situa<br />

num campo ainda bastante interessante, apesar de a referência a Poe ser notoriamente<br />

abusiva. Esta insistência no nome de Edgar Allan Poe para “abrilhantar” cometimentos<br />

fantásticos na área do cinema não deixa, no entanto, de ser uma confi rmação da<br />

perenidade do talento e do universo muito pessoal de um escritor que, com o avançar<br />

nos anos, se nos apresenta cada vez mais actual e “moderno”.


Vincent Price e Roger Corman em rodagem.<br />

_ Edgar Allan Poe<br />

Fichas<br />

Título original: Sherlock Holmes in the Great Murder<br />

Mystery (1908)<br />

Argumento: Arthur Conan Doyle, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe (“Murders in the Rue Morgue”); Companhia de<br />

produção: Crescent Film Manufacturing Co.<br />

Título original: Le Puits et le Pendule ou The Golden Bug<br />

Realização: Henri Desfontaines (França, 1909) ;<br />

Argumento: Edgar Allan Poe.<br />

Título original: Edgar Allen Poe (sic)<br />

Realização: D.W. Griffi th (EUA, 1909); Argumento: D.W.<br />

Griffi th e Frank E. Woods, segundo Edgar Allan Poe;<br />

Fotografi a (p/b): G.W. Bitzer; Companhia de produção:<br />

Biograph Company; Intérpretes: Herbert Yost, Linda<br />

Arvidson, etc. Duração: 7 min.<br />

Título original: The Sealed Room<br />

Realização: D.W. Griffi th (EUA, 1909); Argumento: Frank<br />

E. Woods, segundo obra de Honoré de Balzac (“La Grande<br />

Breteche”), Edgar Allan Poe (“The Cask of Amontillado”);<br />

Fotografi a (p/b): G.W. Bitzer; Companhia de produção:<br />

Biograph Company; Intérpretes: Arthur V. Johnson,<br />

Marion Leonard, Henry B. Walthall, Linda Arvidson, William<br />

J. Butler, Verner Clarges, Owen Moore, George Nichols,<br />

Anthony O’Sullivan, Mary Pickford, Gertrude Robinson,<br />

Mack Sennett, George Siegmann, etc. Duração: 11 min.<br />

Título original: The pit and the pendulum (Itália, 1910) (1)<br />

Título original: Hop frog the jester (Itália, 1910) (1)<br />

Título original: Une Vengeance d’ Edgar Poe<br />

Realização: Gérard Bourgeois (França, 1912); Argumento:<br />

Abel Gance, segundo obra de Edgar Allan Poe; Intérpretes:<br />

Édouard de Max, Jean Worms, Pierre Pradier, Louis Tunc.<br />

Título original: The Raven<br />

Argumento: Edgar Allan Poe (poema) (EUA, 1912);<br />

Intérpretes: Guy Oliver (Edgar Allan Poe), Muriel Ostriche,<br />

etc. Companhia de produção: Eclair American.<br />

Título original: The Pit and the Pendulum<br />

Realização: Alice Guy (EUA, 1913); Argumento: Edgar Allan<br />

Poe.<br />

Título original: The Bells<br />

Realização: Oscar Apfel (EUA, 1913); Argumento: Forrest<br />

Halsey, segundo peça de Emile Erckmann (Erckmann-<br />

Chatrian), “Le Juif Polonais” e de Edgar Allan Poe;<br />

Companhia de produção: Reliance Film Company;<br />

Intérpretes: Edward P. Sullivan, Irving Cummings,<br />

Gertrude Robinson, Irene Howley, Oscar Apfel, James<br />

Ashley, Sue Balfour, Wilbur Hudson, Irving Lewis, George<br />

Siegmann, Margery Wheeler; Duração: 30 min.<br />

Título original: The Bells<br />

Realização: George Lessey (EUA, 1913); Argumento: Sir<br />

Henry Irving (peça), segundo poema de Edgar Allan Poe;<br />

Companhia de produção: Edison Company; Intérpretes:<br />

May Abbey, Robert Brower, Frank McGlynn Sr., Augustus<br />

Phillips, etc.<br />

O ESTUDANTE DE PRAGA<br />

Título original: Der Student von Prag<br />

Realização: Stellan Rye, Paul Wegener (Alemanha, 1913);<br />

Argumento: Hanns Heinz Ewers, segundo poema de Alfred<br />

de Musset e Edgar Allan Poe (“William Wilson”); Música:<br />

Josef Weiss; Fotografi a (p/b): Guido Seeber; Design de<br />

Produção: Robert A. Dietrich, Klaus Richter; Guarda-roupa:<br />

Robert A. Dietrich, Klaus Richter; Companhia de produção:<br />

Deutsche Bioscop GmbH; Intérpretes: Paul Wegener<br />

(Balduin), John Gottowt (Scapinelli), Grete Berger<br />

(Komtesse Margit), Lyda Salmonova (Lyduschka), Lothar<br />

Körner (Graf von Schwarzenberg), Fritz Weidemann,<br />

Alexander Moissi, etc. Duração: 85 min.<br />

181 | Edgar Allan Poe no Cinema


182 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Título original: Le Système du Docteur Goudron et du<br />

Professeur Plume<br />

Realização: Maurice Tourneur (França, 1913); Argumento:<br />

André de Lorde, segundo obra de Edgar Allan Poe («The<br />

System of Doctor Tarr and Professor Fether»); Companhia<br />

de produção: Société Française des Films Éclair;<br />

Intérpretes: Henri Gouget, Henry Roussel, Renée Sylvaire,<br />

Robert Saidreau, etc. Duração: 15 min.<br />

Título original: Die Braune Bestie<br />

Realização: Harry Piel (Alemanha, 1914); Argumento: Harry<br />

Piel, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Jules<br />

Greenbaum; Fotografi a (p/b): Alfons Hepke; Companhia<br />

de produção: Vitascope GmbH; Intérpretes: Ludwig<br />

Trautmann, Hedda Vernon, etc.<br />

Título original: The Murders in the Rue Morgue (EUA, 1914)<br />

Argumento: Sol A. Rosenberg, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Companhia de produção: Paragon Photo Plays<br />

Company.<br />

CONSCIÊNCIA VINGADORA<br />

Título original: The Avenging Conscience: or ‘Thou Shalt<br />

Not Kill’<br />

Realização: D.W. Griffi th (EUA, 1914); Argumento: D.W.<br />

Griffi th, segundo obras de Edgar Allan Poe (“The Tell-Tale<br />

Heart” e “Annabel Lee” e ainda “The Black Cat”, “The Pit and<br />

the Pendulum” e “The Conqueror Worm”); Produção: D.W.<br />

Griffi th; Fotografi a (cor): G.W. Bitzer; Montagem: James<br />

Smith,Rose Smith; Companhia de produção: Majestic<br />

Motion Picture Company; Intérpretes: Henry B. Walthall,<br />

Spottiswoode Aitken, Blanche Sweet, George Siegmann,<br />

Ralph Lewis, Mae Marsh, Robert Harron, George Beranger,<br />

Josephine Crowell, Donald Crisp, Walter Long, Wallace<br />

Reid, etc. Duração: 84 min (DVD).<br />

Título original: The Raven<br />

Realização: Charles Brabin (EUA, 1915); Argumento:<br />

Charles Brabin, George Cochran Hazelton, segundo “The<br />

Raven: The Love Story of Edgar Allan Poe”; Intérpretes:<br />

Henry B. Walthall (Edgar Allan Poe), Warda Howard<br />

(Virginia Clemm, Helen Whitman, Lenore, um espírito),<br />

Ernest Maupain (John Allan), Eleanor Thompson (Mrs.<br />

Allan), Marian Skinner, Harry Dunkinson, Grant Foreman,<br />

Hugh Thompson, Peggy Meredith, Frank Hamilton, Billy<br />

Robinson, Bert Weston, Charles Harris, etc. Duração: 57<br />

min; 45 min (DVD).<br />

Título original: Freitag, der 13. - Das unheimliche Haus, 2. Teil<br />

Realização: Richard Oswald (Alemanha, 1916);<br />

Argumento: Richard Oswald, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: Richard Oswald; Fotografi a (p/<br />

b): Max Fassbender; Direcção artística: Manfred Noa;<br />

Departamento de arte: Alfred Dahlheim; Companhias de<br />

produção: Richard-Oswald-Produktion; Intérpretes: Ernst<br />

Ludwig, Hans Marton, Franz Ramharter, Werner Krauss,<br />

Rose Lichtenstein, Emil Rameau, Nelly Lagarst, Kissa von<br />

Sievers, Reinhold Schünzel, Max Gülstorff, Lupu Pick, etc.<br />

Título original: Ostrov zabenya ou Isle of Oblivision<br />

Realização: Viktor Tourjansky (Rússia, 1917); Argumento:<br />

Lev Nikulin, segundo obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a<br />

(p/b): F. Verigo-Darovsky; Intérpretes: Yelena Chaika, V.<br />

Elsky, Viktor Tourjansky, etc.<br />

Título original: Die Pest in Florenz<br />

Realização: Otto Rippert (Alemanha, 1919); Argumento: Fritz<br />

Lang, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Masque of the<br />

Red Death”); Produção: Erich Pommer; Fotografi a (p/b): Willy<br />

Hameister, Carl Hoffmann, Emil Schünemann; Direcção<br />

artística: Franz Jaffe, Walter Reimann, Walter Röhrig,<br />

Hermann Warm; Companhia de produção: Decla-Bioscop<br />

AG; Intérpretes: Theodor Becker, Karl Bernhard, Julietta<br />

Brandt, Erner Huebsch, Franz Knaak, Otto Mannstaedt,<br />

Auguste Prasch-Grevenberg, Marga von Kierska, Hans<br />

Walter, Anders Wikman, etc. Duração: 92 min.<br />

Título original: Unheimliche Geschichten ou Eerie Tales<br />

ou Five Sinister Stories ou Tales of Horror ou Tales of the<br />

Uncanny<br />

Realização: Richard Oswald (Alemanha, 1919); Argumento:<br />

Anselma Heine, Robert Liebmann; Intérpretes: Anita<br />

Berber, Conrad Veidt, Reinhold Schünzel, Hugo Döblin,<br />

Paul Morgan, Georg John, etc. Duração: 112 min.<br />

Título original: La Notte romantica di Dolly<br />

Realização: Arnaldo Fratelli (Itália, 1920); Argumento:<br />

Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor): Gioacchino Gengarelli;<br />

Companhia de produção: Tespi Film; Intérpretes: Rina<br />

Calabria, Luciano Molinari, Dolly Morgan, Romano<br />

Zampieri, etc.<br />

Título original: Annabel Lee<br />

Realização: William J. Scully (EUA, 1921); Argumento:<br />

Arthur Brilliant, segundo poema de Edgar Allan Poe;<br />

Companhias de produção: American Motion Picture<br />

Corporation, Joe Mitchell Chopple; Intérpretes: John B.<br />

O’Brien, Lorraine Harding, Florida Kingsley, Louis Stern,<br />

Arline Blackburn, Ernest Hilliard, Ben Grauer, etc.<br />

Título original: Edgar Allan Poe<br />

Realização: James A. FitzPatrick (EUA, 1922); Argumento:<br />

segundo poema de Edgar Allan Poe (“Annabel Lee”);<br />

Companhia de produção: Kineto Films.<br />

Título original: Prizrak brodit po Yevrope ou A Specter<br />

Haunts Europe ou A Spectre Haunts Europe<br />

Realização: Vladimir Gardin (URSS, 1923); Argumento:<br />

Georgi Tasin, segundo obra de Edgar Allan Poe («The<br />

Masque of the Red Death»); Fotografi a (p/b): Boris<br />

Savelyev; Design de Produção: Vladimir Yegorov;<br />

Intérpretes: Zoya Barantsevich, Oleg Frelikh, Vasili<br />

Kovrigin, Iona Talanov, etc.<br />

O ESTUDANTE DE PRAGA<br />

Título original: Der Student von Prag<br />

Realização: Henrik Galeen (Áustria, Alemanha, 1926);<br />

Argumento: Hanns Heinz Ewers, segundo romance de<br />

Henrik Galeen e conto de Edgar Allan Poe (“William<br />

Wilson”); Intérpretes: Fritz Alberti (Graf Schwarzenberg),<br />

Agnes Esterhazy (Condesa Margit), Ferdinand von Alten<br />

(Barão Waldis-Schwarzenberg), Conrad Veidt (Balduin),<br />

Elizza La Porta (Liduschka), Werner Krauss, Erich Kober,<br />

Max Maximilian, etc. Duração: 91 min (DVD).<br />

Título original: Prelude<br />

Realização: Castleton Knight (Inglaterra, 1927); Argumento:<br />

Castleton Knight, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />

Premature Burial”); Companhia de produção: Castleton<br />

Knight; Intérpretes: Castleton Knight, etc.


Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Leon Shamroy (EUA, 1928); Argumento: Charles<br />

Klein, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-Tale<br />

Heart”); Produção: Maurice Barber; Fotografi a (p/b): Leon<br />

Shamroy; Companhias de produção: Klein & Shamroy;<br />

Intérpretes: Otto Matieson, etc. Duração: 24 min.<br />

Título original: The Fall of the House of Usher<br />

Realização: James Sibley Watson, Melville Webber (EUA,<br />

1928); Argumento: Edgar Allan Poe; Música: Alec Wilder;<br />

Fotografi a (cor): James Sibley Watson, Melville Webber;<br />

Direcção artística: James Sibley Watson, Melville Webber;<br />

Intérpretes: Herbert Stern (Roderick Usher), Hildegarde<br />

Watson (Madeline Usher), Melville Webber, Friedrich<br />

Haak, Dorthea House, etc. Duração: 13 min.<br />

A QUEDA DA CASA USHER<br />

Título original: La Chute de la Maison Usher ou The Fall of<br />

the House of Usher<br />

Realização: Jean Epstein (França, 1928); Argumento: Luis<br />

Buñuel, Jean Epstein, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Jean Epstein; Fotografi a (p/b): Georges Lucas,<br />

Jean Lucas; Direcção artística: Pierre Kefer; Guardaroupa:<br />

Oclise; Assistentes de realização: Luis Buñuel;<br />

Companhias de produção: Films Jean Epstein; Intérpretes:<br />

Jean Debucourt (Sir Roderick Usher), Marguerite Gance<br />

(Madeleine Usher), Charles Lamy (Allan), Fournez-Goffard<br />

(médico), Luc Dartagnan, Abel Gance, Halma, Pierre Hot,<br />

Pierre Kefer, etc. Duração: 63 min.<br />

Título original: L’ Étrange Fiancée<br />

Realização: George Pallu (França, 1930) ; Argumento:<br />

Dimitri Fexis, George Pallu, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Música: Eman Fiala; Fotografi a (cor): Karol<br />

Kopriva, Jan Stallich; supervisão de direcção: Leo Marten;<br />

Intérpretes: Henri Baudin (Médico), Lilian Constantini<br />

(Cléopâtre), Frédéric Mariotti (motorista), Jirí Hron, Jan W.<br />

Speerger, etc.<br />

Título original: Operené stíny<br />

Realização: Leo Marten (Checoslováquia, 1931);<br />

Argumento: Frantisek Hork , segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Fotografi a (p/b): Karol Kopriva, Jan Stallich; Direcção<br />

artística: Bohumil Hes; Companhias de produção:<br />

Frantisek Hork ; Intérpretes: Jan W. Speerger (Petr Leroy),<br />

Milada Matysova (Milada Leroyová), Jirí Hron (Jan), Erna<br />

Zenísková (Olga), Eduard Simácek, Theodor Pistek, Henri<br />

Baudin, Václav Mlckovsk , Josef Belsk , Karel Schleichert,<br />

Eman Fiala, Ruzena Hofmanová, Robert Guttmann,<br />

Eduard Slégl, Ferry Seidl, etc.<br />

O CRIME DA RUA MORGUE<br />

Título original: Murders in the Rue Morgue<br />

Realização: Robert Florey (EUA, 1932); Argumento: Robert<br />

Florey, Tom Reed, Dale Van Every, John Huston, Ethel M.<br />

Kelly, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: E.M.<br />

Asher, Carl Laemmle Jr.; Fotografi a (p/b): Karl Freund;<br />

Montagem: Milton Carruth; Direcção artística: Charles<br />

D. Hall; Maquilhagem: Jack P. Pierce; Assistentes de<br />

realização: Scott R. Beal, Charles S. Gould, Joseph A.<br />

McDonough; Departamento de arte: Herman Rosse; Som:<br />

C. Roy Hunter; Efeitos Especiais: John P. Fulton; Companhias<br />

de produção: Universal Pictures; Intérpretes: Sidney Fox<br />

(Mlle. Camille L’Espanaye), Bela Lugosi (Dr. Mirakle), Leon<br />

Ames (Pierre Dupin), Bert Roach (Paul), Betty Ross Clarke,<br />

Brandon Hurst, D’Arcy Corrigan, Noble Johnson, Arlene<br />

Francis, Ted Billings, Herman Bing, Agostino Borgato,<br />

Christian J. Frank, Charles Gemora, Harrison Greene,<br />

Charlotte Henry, etc. Duração: 61 min.<br />

183 | Edgar Allan Poe no Cinema


184 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

O CLUBE DOS SUICIDAS<br />

Título original: Unheimliche Geschichten ou Fünf<br />

unheimliche Geschichten ou Five Sinister Stories ou<br />

Ghastly Tales ou Tales of the Uncanny ou The Living Dead<br />

ou Unholy Tales<br />

Realização: Richard Oswald (Alemanha, 1932);<br />

Argumento: Heinz Goldberg, Richard Oswald, Eugen<br />

Szatmari, segundo obras de Edgar Allan Poe (“The Black<br />

Cat”, “The System of Doctor Tarr” e “Professor Fether”) e<br />

Robert Louis Stevenson (“The Suicide Club”); Produção:<br />

Richard Oswald, Gabriel Pascal; Música: Rolf Marbot, Bert<br />

Reisfeld; Fotografi a (p/b): Heinrich Gärtner; Montagem:<br />

Max Brenner, Friedel Buckow; Direcção artística: Walter<br />

Reimann, Franz Schroedter; Direcção de produção: Walter<br />

Zeiske; Som: Fritz Seeger; Companhias de produção:<br />

G.P. Film GmbH, Roto Film, Süd-Film; Intérpretes: Paul<br />

Wegener, Harald Paulsen, Roma Bahn, Mary Parker,<br />

Gerhard Bienert, Paul Henckels, John Gottowt, Eugen<br />

Klöpfer, Maria Koppenhöfer, Erwin Kalser, Franz Stein,<br />

Gretel Berndt, Carl Heinz Charrell, Ilse Fürstenberg, Fred<br />

Goebel, Natascha Silvia, etc. Duração: 89 min.<br />

MAGIA NEGRA<br />

Título original: The Black Cat ou The House of Doom ou<br />

The Vanishing Body<br />

Realização: Edgar G. Ulmer (EUA, 1934); Argumento: Edgar<br />

G. Ulmer, Peter Ruric, Tom Kilpatrick, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: E.M. Asher; Música: Heinz Roemheld;<br />

Fotografi a (p/b): John J. Mescall; Montagem: Ray Curtiss;<br />

Direcção artística: Charles D. Hall; Guarda-roupa: Edgar G.<br />

Ulmer; Maquilhagem: Jack P. Pierce; Direcção de produção:<br />

M.F. Murphy; Assistentes de realização: William J. Reiter,<br />

Sam Weisenthal; Departamento de arte: Edgar G. Ulmer;<br />

Som: Gilbert Kurland; Efeitos Especiais: John P. Fulton;<br />

Efeitos visuais: Russell Lawson; Companhias de produção:<br />

Universal Pictures; Intérpretes: Boris Karloff (Hjalmar<br />

Poelzig), Bela Lugosi (Dr. Vitus Werdegast), David Manners<br />

(Peter Alison), Julie Bishop (Joan Alison), Egon Brecher<br />

(Mordomo), Harry Cording, Lucille Lund, Henry Armetta,<br />

Albert Conti, Virginia Ainsworth, Luis Alberni, King Baggot,<br />

Herman Bing, Symona Boniface, John Carradine, André<br />

Cheron, George Davis, etc. Duração: 65 min.


Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Brian Desmond Hurst (Inglaterra, 1934);<br />

Argumento: David Plunkett Greene, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”); Produção: Harry Clifton;<br />

Intérpretes: Norman Dryden (rapaz), John Kelt (velho),<br />

Yolande Terrell (rapariga), Thomas Shenton, James Fleck,<br />

Colonel Cameron, Tom Shenton, etc. Duração: 55 min.<br />

Título original: Maniac<br />

Realização: Dwain Esper (EUA, 1934); Argumento: Hildegarde<br />

Stadie, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Black Cat”);<br />

Produção: Dwain Esper, Louis Sonney, Hildegarde Stadie;<br />

Fotografi a (p/b): William C. Thompson; Assistentes de<br />

realização: J. Stuart Blackton Jr.; Departamento de arte: Dan<br />

Sonney; Companhias de produção: Roadshow Attractions;<br />

Intérpretes: William Woods (Don Maxwell), Horace B.<br />

Carpenter (Dr. Meirschultz), Ted Edwards (Buckley), Phyllis<br />

Diller (Mrs. Buckley), Thea Ramsey (Alice Maxwell), Jenny<br />

Dark, Marvelle Andre, Celia McCann, John P. Wade, Marian<br />

Constance Blackton, Umberto Guarracino, Bartolomeo<br />

Pagano, etc. Duração: 51 min.<br />

Título original: The Raven<br />

Realização: Lew Landers (EUA, 1935); Argumento: David<br />

Boehm, Florence Enright, Michael L. Simmons, Dore Schary,<br />

Guy Endore, Clarence Marks, Jim Tully, John Lynch, segundo<br />

obra de Edgar Allan Poe; Produção: David Diamond,<br />

Stanley Bergerman; Música: Clifford Vaughan; Fotografi a<br />

(p/b): Charles J. Stumar; Montagem: Albert Akst; Direcção<br />

artística: Albert S. D’Agostino; Maquilhagem: Otto Lederer,<br />

Jack P. Pierce, Hazel Rogers; Assistentes de realização: Scott<br />

R. Beal, Victor Noerdlinger; Efeitos Especiais: John P. Fulton;<br />

Companhias de produção: Universal Pictures; Intérpretes:<br />

Boris Karloff (Edmond Bateman), Bela Lugosi (Dr. Richard<br />

Vollin), Lester Matthews (Dr. Jerry Holden), Irene Ware<br />

(Jean Thatcher), Samuel S. Hinds, Spencer Charters, Inez<br />

Courtney, Ian Wolfe, Maidel Turner, etc. Duração: 61 min.<br />

O CRIME DO DR. CRESPI<br />

Título original: The Crime of Dr. Crespi<br />

Realização: John H. Auer (EUA, 1935); Argumento: John H.<br />

Auer, Lewis Graham, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />

Premature Burial”); Produção: John H. Auer, Herb Hayman;<br />

Fotografi a (p/b): Larry Williams; Montagem: Leonard Wheeler;<br />

Direcção artística: William Saulter; Maquilhagem: Fred C.<br />

Ryle; Direcção de produção: W.J. O’Connor; Som: Clarence R.<br />

Wall; Companhias de produção: Liberty Pictures; Intérpretes:<br />

Erich von Stroheim (Dr. Andre Crespi), Harriet Russell (Estelle<br />

Gorham Ross), Dwight Frye (Dr. Thomas), Paul Guilfoyle (Dr.<br />

John Arnold), John Bohn, Geraldine Kay, Jean Brooks, Patsy<br />

Berlin, Joe Verdi, Dean Raymond, etc. Duração: 63 min.<br />

O ESTUDANTE DE PRAGA<br />

Título original: Der Student von Prag ou The Student of<br />

Prague<br />

Realização: Arthur Robison (Alemanha, 1935); Argumento:<br />

Hanns Heinz Ewers, Hans Kyser, Arthur Robison, segundo<br />

romance de Henrik Galeen e conto de Edgar Allan Poe<br />

(“William Wilson”); Produção: Fritz Klotsch; Música: Theo<br />

Mackeben; Fotografi a (p/b): Bruno Mondi; Montagem:<br />

Roger von Norman; Direcção artística: Karl Haacker; Guardaroupa:<br />

Edward Suhr; Maquilhagem: Martin Gericke, Willi<br />

Grabow, Bruno Heckmann; Assistentes de realização: C.W.<br />

Tetting; Som: Fritz Seeger; Intérpretes: Anton Walbrook<br />

(Balduin), Theodor Loos (Dr. Carpis), Dorothea Wieck (Julia),<br />

Erich Fiedler (Baron Waldis), Edna Greyff (Lydia), Karl Hellmer<br />

(Krebs), Volker von Collande, Fritz Genschow, Elsa Wagner,<br />

Miliza Korjus, Kurt Getke, Fred Goebel, Kurt Herfuth, Heinz<br />

Herkommer, Franz List, Paul Rehkopf, etc. Duração: 87 min<br />

Título original: Le Joueur d’ Échecs<br />

Realização: Jean Dréville (França, 1938); Argumento: André<br />

Doderet, Jean Dréville, Albert Guyot, Roger Vitrac, Bernard<br />

Zimmer, segundo romance de Henry Dupuis-Mazuel;<br />

Música: Jean Lenoir; Fotografi a (p/b): René Gaveau, André<br />

Thomas; Montagem: Raymond Leboursier; Intérpretes:<br />

Françoise Rosay (Catherine II da Russia), Conrad Veidt<br />

(Barão de Kempelen), Paul Cambo (Boleslas), Delphin<br />

(Yegor), Micheline Francey (Sonia), Manuel Gary, Jacques<br />

Grétillat, Edmonde Guy, Bernard Lancret, Gaston Modot,<br />

Jean Témerson, etc. Duração: 70 min. (Este título aparece<br />

citado como tendo a ver com Poe, em “The Cinema Poe”,<br />

mas não conseguimos estabelecer a ligação).<br />

Título original: The Tell-Tale Heart (TV)<br />

Realização: Frank Wisbar (Inglaterra, 1939); Argumento:<br />

Michael Hogan, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Dallas Bower; Música: James Hartley; Direcção<br />

artística: Edmund Hogan; Companhias de produção:<br />

British Broadcasting Corporation (BBC); Intérpretes: Basil<br />

Cunard, Stuart Latham, Ernest Milton, Olaf Olsen, Esme<br />

Percy, A. Harding Steerman,etc. Duração: 25 min; Data de<br />

emissão: 4 de Janeiro de 1939.<br />

O GATO PRETO<br />

Título original: The Black Cat<br />

Realização: Albert S. Rogell (EUA, 1941); Argumento: Robert<br />

Lee, Robert Neville, Frederic I. Rinaldo, Eric Taylor, segundo<br />

obra de Edgar Allan Poe; Produção: Burt Kelly; Música:<br />

Hans J. Salter; Fotografi a (p/b): Stanley Cortez; Montagem:<br />

Ted J. Kent; Guarda-roupa: Vera West; Companhias de<br />

produção: Universal Pictures; Intérpretes: Basil Rathbone<br />

(Montague Hartley), Hugh Herbert (Mr. Penny), Broderick<br />

Crawford (Hubert A. Gilmore ‘Gil’ Smith), Bela Lugosi<br />

(Eduardo), Anne Gwynne (Elaine Winslow), Gladys Cooper<br />

(Myrna Hartley), Gale Sondergaard, Cecilia Loftus, Claire<br />

Dodd, John Eldredge, Alan Ladd, Erville Alderson, Harry C.<br />

Bradley, Jack Cheatham, etc. Duração: 70 min.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Jules Dassin (EUA, 1941); Argumento: Doane<br />

R. Hoag, segundo obra de Edgar Allan Poe; Música: Sol<br />

Kaplan; Fotografi a (p/b): Paul Vogel; Montagem: Adrienne<br />

Fazan; Direcção artística: Richard Duce; Companhias de<br />

185 | Edgar Allan Poe no Cinema


186 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

produção: Loew’s, Metro-Goldwyn-Mayer; Intérpretes:<br />

Joseph Schildkraut (jovem), Roman Bohnen (velho), Oscar<br />

O’Shea, Will Wright, etc. Duração: 20 min; Distribuição em<br />

<strong>Portugal</strong>: curta metragem incluída no pack de DVDs “The<br />

Complete Thin Man Collection”, da Warner Home Vídeo;<br />

Classifi cação etária: M/ 12 anos.<br />

Título original: Mystery of Marie Roget ou Phantom of<br />

Paris<br />

Realização: Phil Rosen (EUA, 1942); Argumento: Michael<br />

Jacoby, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Paul<br />

Malvern; Fotografi a (cor): Elwood Bredell; Montagem:<br />

Milton Carruth; Direcção artística: Jack Otterson;<br />

Decoração: Russell A. Gausman; Guarda-roupa: Vera West;<br />

Departamento de arte: Richard H. Riedel; Som: Bernard<br />

B. Brown, Robert Pritchard; Companhias de produção:<br />

Universal Pictures; Intérpretes: Patric Knowles (Dr. Paul<br />

Dupin), Maria Montez (Marie Roget), Maria Ouspenskaya<br />

(Madame Cecile Roget), John Litel (M. Henri Beauvais),<br />

Edward Norris (Marcel Vigneaux), Lloyd Corrigan, Nell<br />

O’Day, Frank Reicher, Clyde Fillmore, Paul E. Burns, Norma<br />

Drury Boleslavsky, Charles Middleton, William Ruhl, Reed<br />

Hadley,etc. Duração: 61 min.<br />

OS AMORES DE EDGAR POE<br />

Título original: The Loves of Edgar Allan Poe<br />

Realização: Harry Lachman (EUA, 1942); Argumento:<br />

Samuel Hoffenstein, Tom Reed, Arthur Caesar, Bryan<br />

Foy, segundo história “Annabel Lee”; Intérpretes: Linda<br />

Darnell (Virginia Clemm), Shepperd Strudwick (Edgar<br />

Allan Poe), Virginia Gilmore (Elmira Royster), Jane Darwell<br />

(Mrs. Mariah Clemm), Mary Howard (Frances Allan),<br />

Frank Conroy (John Allan), Harry Morgan (Ebenezer<br />

Burling), Walter Kingsford (T.W. White), Morris Ankrum<br />

(Mr. Graham), Skippy Wanders, Freddie Mercer, Erville<br />

Alderson, Peggy McIntyre, William Bakewell, Frank Melton,<br />

etc. Duração: 67 min.<br />

Título original: The Fall of the House of Usher<br />

Realização: Ivan Barnett (Inglaterra, 1949); Argumento:<br />

Dorothy Catt, Kenneth Thompson, segundo obra de<br />

Edgar Allan Poe; Produção: Ivan Barnett; Música: W.L.<br />

Trytel; Fotografi a (cor): Ivan Barnett; Companhias de<br />

produção: G.I.B., Vigilant; Intérpretes: Gwen Watford<br />

(Lady Usher), Kay Tendeter (Lord Roderick Usher), Irving<br />

Steen (Jonathan), Vernon Charles (Dr. Cordwall), Connie<br />

Goodwin (Louise), Gavin Lee, Keith Lorraine, Lucy Pavey,<br />

Tony Powell-Bristow, Robert Wolard, etc. Duração: 70 min.<br />

Título original: série de TV “Actor’s Studio” - episódio<br />

“The Tell-Tale Heart” (EUA, 1949)<br />

Argumento: George Batson, Mary Eleanor Freeman,<br />

Charles Granillo, Richard McCracken, William MacLeod<br />

Raine, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Hume<br />

Cronyn; Intérpretes: Warren Stevens, Russell Collins: Data<br />

de emissão: 20 de Fevereiro de 1949.<br />

Título original: série de TV “Suspense” A Cask of<br />

Amontillado<br />

Realização: Robert Stevens (EUA, 1949); Argumento:<br />

Halsted Welles, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Robert Stevens; Intérpretes: Bela Lugosi (Gen.<br />

Fortunato), Romney Brent, Rex Marshall, Frank Marth,<br />

Ray Walston, etc. Data de emissão: 11 de Outubro de 1949<br />

(Temporada 2, Episódio 6).<br />

Título original: Histoires extraordinaires à faire peur ou à<br />

faire rire... ou Unusual Tales<br />

Realização: Jean Faurez (França, 1949); Argumento:<br />

segundo obras de Thomas De Quincey (“Murder<br />

Considered as One of the Fine Arts”) e Edgar Allan Poe (“The<br />

Tell-Tale Heart” e “The Cask of Amontillado”); Intérpretes:<br />

Fernand Ledoux (Montrésor), Suzy Carrier (Léontine),<br />

Jules Berry (Fortunato), Paul Frankeur (Dugelay), Olivier<br />

Hussenot, Marina de Berg, Roger Rafal, Jean-François<br />

Laley, Pierre Collet, Jandeline, Fernand Gilbert, Henri San<br />

Juan, Jacques Dufi lho, Martial Rèbe, Barbara Val, etc. Data<br />

de emissão: 27 de Outubro de 1949.<br />

Título original: série de TV “Lights Out” The Fall of the<br />

House of Usher (EUA, 1949)<br />

Argumento: segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Fred Coe; Intérpretes: Stephen Courtleigh, Helmut<br />

Dantine, Jack La Rue, etc. Data de emissão: 21 de Novembro<br />

de 1949 (Temporada 2, Episódio 11).<br />

Título original: The Cuckoo Clock<br />

Realização: Tex Avery (EUA, 1950); Argumento: Rich Hogan,<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Fred Quimby;<br />

Música: Scott Bradley; Animação: Walt Clinton, Michael<br />

Lah, Grant Simmons; Companhias de produção: Metro-<br />

Goldwyn-Mayer (MGM); Duração: 6 min.<br />

O HOMEM DAS SOMBRAS<br />

Título original: The Man with a Cloak<br />

Realização: Fletcher Markle (EUA, 1951); Argumento:<br />

Frank Fenton, segundo história de John Dickson Carr;<br />

Intérpretes: Joseph Cotten (Dupin), Barbara Stanwyck<br />

(Lorna Bounty), Louis Calhern (Charles Theverner),<br />

Leslie Caron (Madeline Minot), Joe De Santis (Martin),<br />

Jim Backus (Flaherty), Margaret Wycherly (Mrs. Flynn),<br />

Richard Hale, Nicholas Joy, Roy Roberts, Mitchell Lewis,<br />

etc. Duração: 84 min. (A relação com Poe, advém do facto<br />

do detective Dupin se inspirar no inspector de “Os Crimes<br />

da Rua Morgue”).<br />

Título original: Der Rabe<br />

Realização: Kurt Steinwendner (Alemanha, 1951);<br />

Argumento: Kurt Steinwendner, Wolfgang Kudrnofsky,<br />

segundo poema de Edgar Allan Poe; produção: Wolfgang<br />

Kudrnofsky, Kurt Steinwendner; Música: Paul Kont ;<br />

Fotografi a (p/b): Wolfgang Kudrnofsky; Direcção de<br />

produção: Pepino Wieternik ; Intérpretes: Leopold Rudolf,<br />

Margit Jergins (Leonore), etc. Duração: Austria: 14 min.<br />

Título original: The Assignation<br />

Realização: Curtis Harrington (EUA, 1952); Argumento: Curtis<br />

Harrington, segundo “The Assignation”, de Edgar Allan Poe;<br />

Duração: 8 min. (Filme experimental, vanguardista, julgado<br />

perdido e recuperado recentemente).<br />

Título original: série de TV “Coração Delator”<br />

Realização: Chianca de Garcia (Brasil, 1953); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”);<br />

Intérpretes: Avalone Filho, Fregolente, Ida Gomes, Lourdes<br />

Mayer, Paulo Porto, etc.<br />

Título original: La Résurrection de Barnabé<br />

Realização: Jean Faurez (França, 1953); Argumento: Jean<br />

Faurez, segundo obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor):<br />

Louis Page; Intérpretes: Olivier Hussenot, Martial Rèbe,<br />

etc.


Título original: série de TV “Your Favorite Story” - episódio<br />

The Gold Bug<br />

Realização: Robert Florey (EUA, 1953); Argumento:<br />

segundo obras de Edgar Allan Poe e Leo Tolstoy; Produção:<br />

Herbert L. Strock, Frederick W. Ziv; Música: Jack Shaindlin;<br />

Intérpretes: Adolphe Menjou, etc. Data de emissão: 1 de<br />

Fevereiro de 1953 (Temporada 1, Episódio 4).<br />

Título original: série de TV “Your Favorite Story” - episódio<br />

God Sees the Truth<br />

Realização: Lewis Allen (EUA, 1953); Argumento: Robert<br />

Libott, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Herbert L. Strock, Frederick W. Ziv; Música: Jack Shaindlin;<br />

Intérpretes: ???: Data de emissão: 26 de Outubro de 1953<br />

(Temporada 2, Episódio 3).<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Ted Parmelee (EUA, 1953): Argumento: Bill Scott,<br />

Fred Grable, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Stephen Bosustow; Música: Boris Kremenliev; Direcção<br />

de produção: Herbert Klynn; Departamento de arte: Paul<br />

Julian; Animação: Paul Julian, Pat Matthews; Companhias<br />

de produção: United Productions of America (UPA);<br />

Intérpretes: James Mason (Narrador); Duração: 8 min.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: J.B. Williams (Inglaterra, 1953); Argumento:<br />

J.B. Williams, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-<br />

Tale Heart”); Produção: Isadore Goldsmith; Música: Hans<br />

May; Companhias de produção: Alliance Productions Ltd.;<br />

Intérpretes: Stanley Baker (Edgar Allan Poe), etc. Duração:<br />

20 min.<br />

Título original: Bérénice<br />

Realização: Eric Rohmer (França, 1954); Argumento: Eric<br />

Rohmer, segundo obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor):<br />

Jacques Rivette; Intérpretes: Teresa Gratia (Bérénice), Eric<br />

Rohmer (Aegeus), etc. Duração: 15 min.<br />

Título original: Manicomio<br />

Realização: Luis María Delgado, Fernando Fernán Gómez<br />

(Espanha, 1954); Argumento: Fernando Fernán Gómez,<br />

F. Tomás Comes, segundo obras de Leonid Andreyev (“El<br />

médico loco”), Ramón Gómez de la Serna (“La mona<br />

de imitación”), Aleksandr Kuprin (“Una equivocación”)<br />

e Edgar Allan Poe (“The System of Doctor Tarr and<br />

Professor Fether”); Música: Manuel Parada; Fotografi a<br />

(p/b): Cecilio Paniagua, Sebastián Perera; Montagem:<br />

Félix Suárez Inclán; Companhias de produção: Helenia<br />

Films; Intérpretes: José Alburquerque, Manuel Alexandre,<br />

José Altabella, María Asquerino, María Baus, Rafael Calvo<br />

Revilla, Susana Canales, Camilo José Cela, Aurora de<br />

Alba, Carlos Díaz de Mendoza, Fernando Fernán Gómez,<br />

Gabilán, Jesús Juan Garcés, José María Lado, Ana de Leyva,<br />

Concha López Silva, Margarita Lozano, Alfredo Marqueríe,<br />

Vicente Parra, Julio Peña, Elvira Quintillá, María Rivas,<br />

Manuel San Román, Ernestina Siria, Cayetano Torregrosa,<br />

Antonio Vico, etc. Duração: 80 min.<br />

O FANTASMA DA RUA MORGUE<br />

Título original: Phantom of the Rue Morgue<br />

Realização: Roy Del Ruth (EUA, 1954); Argumento: Harold<br />

Medford, James R. Webb, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe (“The Murders in the Rue Morgue”); Produção:<br />

Henry Blanke; Música: David Buttolph; Fotografi a (cor):<br />

J. Peverell Marley; Montagem: James Moore; Direcção<br />

artística: Bernard Tuttle; Decoração: William L. Kuehl;<br />

Maquilhagem: Gordon Baú; Assistentes de realização:<br />

Frank Mattison; Som: Stanley Jones; Guarda-roupa: Moss<br />

Mabry; Companhias de produção: Warner Bros. Pictures;<br />

Intérpretes: Karl Malden (Dr. Marais), Claude Dauphin<br />

(Insp. Bonnard), Patricia Medina (Jeanette, Steve Forrest<br />

(Prof. Paul Dupin), Allyn Ann McLerie (Yvonne), Anthony<br />

Caruso (Jacques the One-Eyed), Veola Vonn (Arlette),<br />

Dolores Dorn, Merv Griffi n, Paul Richards, Rolfe Sedan,<br />

Erin O’Brien-Moore, The Flying Zacchinis, Richard Avonde,<br />

Chuck Couch, Claire Du Brey, Charles Gemora, Mary Lou<br />

Holloway, Frank Lackteen, Louis Merrill, John Parrish, Ruth<br />

Swanson,l etc. Duração: 83 min<br />

Título original: série de TV “Die Galerie der großen<br />

Detektive” - episódio Auguste Dupin fi ndet den<br />

entwendeten Brief<br />

Realização: Peter A. Horn (RFA, 1954); Argumento: Peter A.<br />

Horn, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Purloined<br />

Letter”); Intérpretes: Walter Andreas Schwarz (Auguste<br />

Dupin), Heinz Schimmelpfennig (Elmer Arthur Pym),<br />

Alfred Schnös, Gert Michenfelder, etc. Duração: 40 min;<br />

Data de emissão: 8 de Dezembro de1954 (Temporada 1,<br />

Episódio 2).<br />

Título original: “Hallmark Hall of Fame”; episódio “Cadet<br />

Poe” Série de TV<br />

Realização: Albert McCleery (EUA, 1955); Argumento:<br />

Marcia Dealy, Will Price, Peter Kortner<br />

Intérpretes: John Carlyle (Edgar Allan Poe), Carolyn<br />

Craig (Virginia Clemm), Harvey Daniels (Jack Hume), Gil<br />

Harman (Ten. Joseph Locke), Ian Keith (John Allan), Robert<br />

187 | Edgar Allan Poe no Cinema


188 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

King, Tyler McVey, Charles Meredith, Robert Sampson, etc.<br />

Data de emissão: 12 de Junho de 1955<br />

Título original: Manfi sh<br />

Realização: W. Lee Wilder (EUA, 1956); Argumento: Myles<br />

Wilder, Joel Murcott, segundo obras de Edgar Allan Poe<br />

(“The Gold Bug” e “The Tell-Tale Heart”); Produção: W.<br />

Lee Wilder; Música: Albert Elms; Fotografi a (cor): Scotty<br />

Welbourne; Montagem: Gerald Turney-Smith; Companhias<br />

de produção: W. Lee Wilder Productions (Planet Filmplays);<br />

Intérpretes: John Bromfi eld (Capt. Brannigan), Lon Chaney<br />

Jr. (Swede), Victor Jory (‘Professor’), Tessa Prendergast,<br />

Barbara Nichols, Vincent Chang, Theodore Purcell, John<br />

Vere, Arnold Shanks, Eric Coverly, Clyde Hoyte, Jack Lewis,<br />

etc. Duração: 76 min | 87 min (DVD).<br />

Título original: série de TV “Matinee Theatre” - episódio<br />

The Fall of the House of Usher<br />

Realização: Boris Sagal (EUA, 1956); Argumento deste<br />

episódio: Robert Esson, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Produção: George Lowther; Intérpretes: Eduardo<br />

Ciannelli, Marshall Thompson, Tom Tryon, etc.; Realização<br />

(da série de TV): John Drew Barrymore, Lawrence Menkin,<br />

Pace Woods, Walter Grauman (80 Episódios) e Lamont<br />

Johnson; Argumento (da série de TV): Marjorie Duhan<br />

Adler (Episódio “But When She Was Bad” e “The Story<br />

of Marcia Gordon”); George Sumner Albee (Episódio<br />

“Mysterious Mr. Todd”); Theodore Apstein (Episódio “The<br />

Quiet Street”); Theodore Apstein (Episódio “The Century<br />

Plant”); Newt Arnold (Episódio “The 65th Floor”); Kay<br />

Arthur (Episódio “Big-Hearted Herbert”); Nicholas E.<br />

Baehr (Episódio “The Road to Recovery”); Philip Barry Jr.<br />

(Episódio “Black Chiffon”); Peter Barry (Episódio “Voyage<br />

to Mandok”); George Bradshaw (Episódio “The Phony<br />

Venus”); George Bruce (Episódio “The Red Sanders Story”);<br />

Elizabeth Cadell (Episódio “The Lark Shall Sing”); Joseph<br />

Caldwell (Episódio “The Bridge”); Stephen R. Callahan<br />

(Episódio “The Declaration”); Harold Callen (Episódio<br />

“The Last Battlefi eld”); Dorothy Canfi eld (Episódio<br />

“Temporadaed Timber”); Burnham Carter (Episódio “Town<br />

in Turmoil”); Rosemary Casey (Episódio “Velvet Glove”);<br />

Alan Cooke (Episódio “Much Ado About Nothing - Part I”)<br />

(Episódio”Much Ado About Nothing - Part II”); Alan Cooke<br />

(Episódio “Dandy Dick”); Jim Davis (Episódio “A Light in<br />

the Sky”); Honoré de Balzac (Episódio “Eugenie Grandet”);<br />

Michael Dyne (Episódios “Queen of Spades”, “The Green<br />

Shores” e “Temptation for a King”); Robert Esson (Episódio<br />

“The Alleyway”); Roger Garis (Episódio “High Places”);<br />

Harold Gast (Episódios “A Light in the Sky”, “Design for<br />

Glory”, “The Gift and the Giver” e “Threat That Runs True”);<br />

Nikolai Gogol story (Episódio “The Inspector General”);<br />

Herman Goldberg (Episódio “Cadenza”); Jess Gregg<br />

(Episódio “In Dread of Winter”); Arthur Hailey (Episódio<br />

“Course for Collison”); Sam Hall (Episódio “The 10th<br />

Muse”); Helene Hanff (Episódios “The Brass Ring” e “The<br />

Remarkable Mr. Jerome”); Roy Hargrave (Episódio “The<br />

Brat’s House”); Elizabeth Hart (Episódio “Dispossessed”<br />

e “Summer Cannot Last”); H.R. Hays (Episódio “Roman<br />

Fever” e “Without Fear or Favor”); Greer Johnson (Episódio<br />

“Eden End”); Edmond Kelso (Episódio “Progress and<br />

Minnie Sweeney”); Sophie Kerr (Episódio “Big-Hearted<br />

Herbert”); Bruce Kimes (Episódio “The Hollow Man”);<br />

Mary George Kochos (Episódio “Thursday’s Child”); David<br />

Lamson (Episódio “Anxious Night”); Warner Law (Episódio<br />

“The 19th Hole” e “The Inspector General”); Anita Leslie<br />

(Episódio “The Remarkable Mr. Jerome”); Jack Lewis<br />

(Episódio “Son of 37 Different Fathers”); George Lowther<br />

(Episódios “Anxious Night”, “The Gentleman Caller”,<br />

“Town in Turmoil” e “Webster and the Sea Serpent”);<br />

Ellen McCracken (Episódios “The Shuttered Heart” e<br />

“Thursday’s Child”); Henry Misrock (Episódio “The First<br />

Captain”); N. Richard Nash (Episódio “The Young and<br />

the Fair”); Peggy Phillips (Episódio “The Lark Shall Sing”,<br />

“Her Son’s Wife” e “The Shining Palace”); Arthur Wing<br />

Pinero (Episódio “Dandy Dick”); Zelda Popkin (Episódio<br />

“The Quiet Street”); J.B. Priestley (Episódio “Eden End”);<br />

Alexander Pushkin (Episódio “Queen of Spades”); Samson<br />

Raphaelson (Episódio “Stopover”); Jacqueline Rhodes<br />

(Episódio “The Brass Ring”); A.J. Richardson (Episódio “Big-<br />

Hearted Herbert”); Anna Steese Richardson (Episódio<br />

“Big Hearted Herbert”); Meade Roberts (Episódio “The<br />

Hickory Limb”); Jerome Ross (Episódio “A Case of Pure<br />

Fiction”); Will Schneider (Episódio “Cadenza”); Gertrude<br />

Schweitzer (Episódio “The Charmer”); Robert J. Shaw<br />

(Episódios “The Catbird Seat”, e “The Tender Leaves”);<br />

A.B. Shiffrin (Episódio “Prominent Citizens”); Mac Shoub<br />

(Episódio “Hush, Mahala, Hush”); Dodie Smith (Episódio<br />

“Call It a Day”); Anthony Spinner (Episódio “Barricade at<br />

the Big Black”) (Episódio “The Day Before the Wedding”);<br />

Sheldon Stark (Episódio “Day of Discoveries”); Lesley<br />

Storm (Episódio “Black Chiffon”); Helen Taini (Episódio<br />

“Velvet Glove”); Betty Ulius (Episódio “Eugenie Grandet”);<br />

John Van Druten (Episódios “The Hickory Limb” e “There’s<br />

Always Juliet”); John Vlahos (Episódio “The Declaration”);<br />

Mary Jane Waldo story (Episódio “The Shuttered Heart”);<br />

Claire Wallis (Episódio “Her Son’s Wife”); Robert Wallstens<br />

(Episódios “The Phony Venus” e “The Silver Spider”); Dale<br />

Wasserman (Episódio “Fiddlin’ Man”, “The Man That<br />

Corrupted Hadleyburg” e “The Milwaukee Rocket”); H.G.<br />

Wells (Episódio “The Invisible Man”); Richard Wendley<br />

(Episódio “Stopover”); Edith Wharton (Episódio “Roman<br />

Fever”); Elihu Winer (Episódio “Temporadaed Timber”);<br />

Produção: George Cahan, Frank Price; Data de emissão: 6<br />

de Agosto de 1956 (Temporada 1, Episódio 198).<br />

Título original: série de TV “Armchair Theatre” - episódio<br />

The Cash of Amontillado<br />

Realização: John Knight (EUA, 1957); Argumento: Juan<br />

Cortés, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Dennis<br />

Vance; Intérpretes: Janet Barrow, Lorenza Colville, Adrienne<br />

Corri, Raymond Huntley, Paul Stassino, etc. Data de emissão:<br />

17 de Março de 1957 (Temporada 1, Episódio 25).<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Joseph Marzano (EUA, 1958); Argumento:<br />

Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor): Bob James; Design<br />

de Produção: Joseph G. Pacelli Jr.; Intérpretes: Joseph<br />

Marzano, etc.<br />

Título original: El Grito de la Muerte ou Scream of Death<br />

ou The Living Coffi n<br />

Realização: Fernando Méndez (México, 1959); Argumento:<br />

Ramón Obón, sugerido por “The Permature Burial”, de<br />

Edgar Allan Poe; Intérpretes: Gastón Santos (Gastón), María<br />

Duval (María Elena García), Pedro de Aguillón (Coyote Loco),<br />

Carlos Ancira (Felipe), Carolina Barret (Clotilde), Antonio


Raxel, Hortensia Santoveña, Quintín Bulnes, etc. Duração:<br />

72 min. (O argumento deste western mexicano contém<br />

elementos de terror sugeridos por Poe).<br />

Título original: Ligeia (TV)<br />

Realização: Marta Reguera (Argentina, 1959); Argumento:<br />

Narciso Ibáñez Serrador, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Companhias de produção: Canal 7 Buenos Aires;<br />

Intérpretes: Narciso Ibáñez Menta, Myriam de Urquijo, etc.<br />

Título original: El Corazón delator (TV)<br />

Realização: Marta Reguera (Argentina, 1959); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Companhias de<br />

produção: Canal 7 Buenos Aires; Intérpretes: Narciso<br />

Ibáñez Menta, Narciso Ibáñez Serrador.<br />

Título original: Berenice (1959) (TV)<br />

Realização: Marta Reguera (Argentina, 1959); Argumento:<br />

Narciso Ibáñez Serrador, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Direcção artística: Narciso Ibáñez Menta; Companhias<br />

de produção: Canal 7 Buenos Aires; Intérpretes: Narciso<br />

Ibáñez Menta, Narciso Ibáñez Serrador, etc.<br />

A QUEDA DA CASA USHER<br />

Título original: House of Usher ou The Fall of the House of<br />

Usher ou The Mysterious House of Usher<br />

Realização: Roger Corman (EUA, 1960); Argumento: Richard<br />

Matheson, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Fall of<br />

The House of Usher”); Produção: Roger Corman, James<br />

H. Nicholson; Música: Les Baxter; Fotografi a (cor): Floyd<br />

Crosby; Montagem: Anthony Carras; Design de Produção:<br />

Daniel Haller; Maquilhagem: Fred B. Phillips; Assistentes de<br />

realização: Jack Bohrer; Departamento de arte: Richard M.<br />

Rubin, Burt Shonberg; Som: Alfred R. Bird, Philip Mitchell;<br />

Efeitos Especiais: Lawrence W. Butler, Pat Dinga, Ray Mercer;<br />

Guarda-roupa: Marjorie Corso; Companhias de produção:<br />

Alta Vista Productions; Intérpretes: Vincent Price (Roderick<br />

Usher), Mark Damon (Philip Winthrop), Myrna Fahey<br />

(Madeline Usher), Harry Ellerbe (Bristol), Eleanor LeFaber,<br />

Ruth Oklander, Géraldine Paulette, David Andar, Bill<br />

Borzage, Mike Jordan, Nadajan, George Paul, Phil Sulvestre,<br />

John Zimeas, etc. Duração: 79 min.<br />

Título original: Obras Maestras del Terror ou Master<br />

of Horror ou Masterworks of Terror ou Short Stories of<br />

Terror<br />

Realização: Enrique Carreras (Argentina, 1960);<br />

Argumento: Narciso Ibáñez Serrador (Luis Peñafi el),<br />

Rodolfo M. Taboada, segundo obras de Edgar Allan Poe<br />

(“The Facts in the Case of M. Valdemar”, “The Cask of<br />

Amontillado”, e “The Tell-Tale Heart”); Produção: Nicolás<br />

Carreras, Jaime Gates, Jack H. Harris, Enrique Torres<br />

Tudela; Música: Víctor Slister; Fotografi a (cor): Américo<br />

Hoss; Montagem: José Gallego; Design de Produção:<br />

Mario Vanarelli; Maquilhagem: Narciso Ibáñez Menta,<br />

Blanca Olavego; Assistentes de realização: Angel<br />

Acciaresi; Som: Mario Fezia; Companhias de produção:<br />

Argentina Sono Film S.A.C.I.; Intérpretes: Narciso Ibáñez<br />

Menta (Dr. Eckstrom), Manuel Alcón, Alberto Barcel,<br />

Francisco Cárdenas, Mercedes Carreras, Rafael Diserio,<br />

Carlos Estrada, Roberto Germán, Narciso Ibáñez Serrador,<br />

Adolfo Linvel, Armando Lopardo, Silvia Montanari, Inés<br />

Moreno, Luis Orbegozo, Osvaldo Pacheco, Jesús Pampín,<br />

Miguel Paparelli, Gilberto Peyret, Luis Sorel, Lilian Valmar,<br />

etc. Duração: 115 min | 61 min (EUA).<br />

Título original: The Tell-Tale Heart ou The Hidden Room<br />

of 1,000 Horrors ou The Horror Man<br />

Realização: Ernest Morris (Inglaterra, 1960); Argumento:<br />

Brian Clemens, Eldon Howard, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”); Produção: Edward J.<br />

Danziger, Harry Lee Danziger; Música: Tony Crombie,<br />

Bill LeSage; Fotografi a (cor): James Wilson; Montagem:<br />

Derek Parsons; Direcção artística: Norman G. Arnold,<br />

Peter Russell; Maquilhagem: Aldo Manganaro; Direcção<br />

de produção: John Draper, Brian Taylor; Assistentes de<br />

realização: Geoffrey Holman; Som: George Adams, W.<br />

Anson Howell, John Smith; Guarda-roupa: Rene Coke;<br />

Companhias de produção: Danziger Productions Ltd.<br />

Intérpretes: Laurence Payne (Edgar Marsh), Adrienne<br />

Corri (Betty Clare), Dermot Walsh (Carl Loomis), Selma Vaz<br />

Dias, John Scott, John Martin, Annette Carell, David Lander,<br />

Rosemary Rotheray, Suzanne Fuller, Yvonne Buckingham,<br />

David Courtney, Richard Bennett, Joan Peart, etc. Duração:<br />

78 min.<br />

Título original: The Pit<br />

Realização: Edward Abraham (Inglaterra, 1960);<br />

Argumento: Edward Abraham, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Intérpretes: Brian Peck, etc. Duração: curtametragem<br />

(?).<br />

Título original: Le Scarabée d’ Or<br />

Realização: Robert Lachenay (França, 1961); Argumento:<br />

Robert Lachenay, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: François Truffaut; Música: Geoffroy Dechaume;<br />

Fotografi a (cor): André Mrugalski; Montagem: Hélène<br />

Plemiannikov; Companhias de produção: Les Films du<br />

Carrosse; Intérpretes: Didier Pontet, Odile Geoffroy, Karim<br />

Seck, etc. Duração: 24 min.<br />

189 | Edgar Allan Poe no Cinema


190 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Título original: série de TV “Great Ghost Tales”<br />

Realização: Ron Winston (EUA, 1961); Realização da série:<br />

Lewis Freedman, Karl Genus, William A. Graham, Daniel<br />

Petrie, Allen Reisner, Seymour Robbie, Ron Winston (cada<br />

um, um episódio, em 1961); Argumento: Audrey Gellen,<br />

Algernon Blackwood, Irving Gaynor, Hector Hugh Munro,<br />

Edgar Allan Poe, Gordon Russell; Intérpretes da série:<br />

John Abbott, R.G. Armstrong, Cynthia Baxter, Eric Berry,<br />

Peter Brandon, James Broderick, Roger C. Carmel, Clifford<br />

David, Mildred Dunnock, Robert Duvall (William Wilson),<br />

Alvin Epstein, Judith Evelyn, Vincent Gardenia, Lee Grant,<br />

William Hansen, James Hickman, Arthur Hill, Salome<br />

Jens, Virginia Leith, Joanne Linville, Laurie Main, Kevin<br />

McCarthy, Harry Millard, Dan Morgan, Lois Nettleton,<br />

Collin Wilcox Paxton, William Redfi eld, Edmon Ryan, Gene<br />

Saks, David J. Stewart, Richard Thomas, Diana Van der<br />

Vlis, Herb Voland, Janet Ward, Ruth White, Ann Williams,<br />

Blanche Yurka, etc. Duração: 30 min (12 Episódios); Data<br />

de emissão: 6 de Julho de 1961.<br />

O FOSSO E O PÊNDULO<br />

Título original: Pit and the Pendulum<br />

Realização: Roger Corman (EUA, 1961); Argumento: Richard<br />

Matheson, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Samuel Z. Arkoff, Roger Corman, James H. Nicholson;<br />

Música: Les Baxter; Fotografi a (cor): Floyd Crosby;<br />

Montagem: Anthony Carras; Design de Produção: Daniel<br />

Haller; Direcção artística: Daniel Haller; Decoração: Harry<br />

Reif; Maquilhagem: Ted Coodley; Direcção de produção:<br />

Robert Agnew, Bartlett A. Carre; Assistentes de realização:<br />

Jack Bohrer, Paul Rapp; Departamento de arte: Ross Hahn,<br />

Tom Matsumoto, Richard M. Rubin; Som: Roy Meadows,<br />

Kay Rose; Efeitos Especiais: Pat Dinga; Efeitos visuais: Ray<br />

Mercer; Guarda-roupa: Marjorie Corso; Companhias de<br />

produção: Alta Vista Productions; Intérpretes: Vincent<br />

Price (Nicholas / Sebastian Medina), John Kerr (Francis),<br />

Barbara Steele (Elizabeth), Luana Anders (Catherine),<br />

Antony Carbone (Doctor Leon), Patrick Westwood, Lynette<br />

Bernay, Larry Turner, Mary Menzies, Charles Victor, Randee<br />

Lynne Jensen, etc. Duração: 80 min.<br />

Título original: série de TV “Thriller” - episódio The<br />

Premature Burial<br />

Realização: Douglas Heyes (EUA, 1961); Argumento:<br />

William D. Gordon, Douglas Heyes, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: Hubbell Robinson, Douglas Benton,<br />

William Frye; Música: Morton Stevens; Fotografi a (cor):<br />

Bud Thackery; Montagem: Danny B. Landres; Direcção<br />

artística: George Patrick; Decoração: Julia Heron, John<br />

McCarthy Jr.; Maquilhagem: Jack Barron, Florence<br />

Bush; Assistentes de realização: John Clarke Bowman;<br />

Departamento de arte: Jerome Gould; Som: David H.;<br />

Guarda-roupa: Vincent Dee; Companhias de produção:<br />

Hubbell Robinson Productions, National Broadcasting<br />

Company (NBC); Intérpretes: Sidney Blackmer (Edward<br />

Stapleton), Boris Karloff (Dr. Thorne), Richard Flato,<br />

William D. Gordon, Scott Marlowe, Patricia Medina, J.<br />

Pat O’Malley, Lillian O’Malley, etc. Data de emissão: 2 de<br />

Outubro de 1961 (Temporada 2, Episódio 3).<br />

O SEPULTADO VIVO<br />

Título original: Premature Burial<br />

Realização: Roger Corman (EUA, 1962); Argumento:<br />

Charles Beaumont, Ray Russell segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: Samuel Z. Arkoff, Gene Corman, Roger<br />

Corman; Música: Ronald Stein, Les Baxter; Fotografi a<br />

(cor): Floyd Crosby; Montagem: Ronald Sinclair; Direcção<br />

artística: Daniel Haller; Guarda-roupa: Marjorie Corso;<br />

Maquilhagem: Lou Lacava; Direcção de produção: Jack<br />

Bohrer; Assistentes de realização: Francis Ford Coppola;<br />

Departamento de arte: Richard M. Rubin, Burt Shonberg;<br />

Som: John Bury Jr.; Companhias de produção: American<br />

International Pictures (AIP), Santa Clara Productions;<br />

Intérpretes: Ray Milland (Guy Carrell), Hazel Court (Emily<br />

Gault), Richard Ney (Miles Archer), Heather Angel (Kate<br />

Carrell), Alan Napier (Dr. Gideon Gault), John Dierkes


(Sweeney), Dick Miller, Clive Halliday, Brendan Dillon, etc.<br />

Duração: 81 min.<br />

A MALDITA, O GATO E A MORTE<br />

Título original: Tales of Terror ou Edgar Allan Poe’s Tales<br />

of Terror ou Poe’s Tales of Terror<br />

Realização: Roger Corman (EUA, 1962); Argumento:<br />

Richard Matheson segundo obras de Edgar Allan Poe<br />

(“Morella”, “The Black Cat”, “The Facts in the Case of M.<br />

Valdemar”, e “A Cask of Amontillado”); Produção: Samuel<br />

Z. Arkoff, Roger Corman, James H. Nicholson; Música:<br />

Les Baxter; Fotografi a (cor): Floyd Crosby; Montagem:<br />

Anthony Carras; Design de Produção: Bartlett A. Carre,<br />

Daniel Haller; Decoração: Harry Reif; Maquilhagem:<br />

Ray Forman, Lou LaCava; Direcção de produção: Robert<br />

Agnew, Bartlett A. Carre; Assistentes de realização: Jack<br />

Bohrer; Departamento de arte: Richard M. Rubin; Som:<br />

Jack Woods; Efeitos Especiais: Pat Dinga; Efeitos visuais:<br />

Ray Mercer; Guarda-roupa: Marjorie Corso; Companhias<br />

de produção: Alta Vista Productions; Intérpretes: Vincent<br />

Price (Fortunato / Valdemar / Locke), Maggie Pierce (Lenora<br />

Locke (episódio “Morella”), Leona Gage (Morella Locke<br />

(episódio “Morella”), Edmund Cobb (conductor) (episódio<br />

“Morella”), Peter Lorre (Montresor Herringbone) (episódio<br />

“The Black Cat”), Joyce Jameson (Annabel Herringbone)<br />

(episódio “The Black Cat”), John Hackett (Policia) (episódio<br />

“The Black Cat”), Lennie Weinrib (Policia) (episódio “The<br />

Black Cat”), Wally Campo (Barman Wilkins) (episódio “The<br />

Black Cat”), Alan DeWitt, Basil Rathbone (Carmichael)<br />

(episódio “The Facts in the Case of M. Valdemar”), Debra<br />

Paget (Helene Valdemar) (episódio “The Facts in the<br />

Case of M. Valdemar”), David Frankham (Dr. Elliot James)<br />

(episódio “The Facts in the Case of M. Valdemar”), Scott<br />

Brown, etc. Duração: 89 min.<br />

O CORVO<br />

Título original: The Raven<br />

Realização: Roger Corman (EUA, 1963); Argumento:<br />

Richard Matheson segundo poema de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Samuel Z. Arkoff, Roger Corman, James H.<br />

Nicholson; Música: Les Baxter; Fotografi a (cor): Floyd<br />

Crosby; Montagem: Ronald Sinclair; Design de Produção:<br />

Daniel Haller; Direcção artística: Daniel Haller; Decoração:<br />

Harry Reif; Maquilhagem: Ted Coodley, Betty Pedretti;<br />

Direcção de produção: Robert Agnew, Bartlett A. Carre;<br />

Assistentes de realização: Jack Bohrer; Departamento<br />

de arte: Karl Brainard, Ross Hahn; Som: John Bury Jr.,<br />

Gene Corso; Efeitos Especiais: Pat Dinga; Guarda-roupa:<br />

Marjorie Corso; Companhias de produção: Alta Vista<br />

Productions; Intérpretes: Vincent Price (Dr. Erasmus<br />

Craven), Peter Lorre (Dr. Adolphus Bedlo), Boris Karloff (Dr.<br />

Scarabus), Hazel Court (Lenore Craven), Olive Sturgess<br />

(Estelle Craven), Jack Nicholson (Rexford Bedlo), Connie<br />

Wallace, William Baskin, Aaron Saxon, John Dierkes, etc.<br />

Duração: 86 min.<br />

Título original: Horror<br />

Realização: Alberto De Martino (Itália, Espanha, 1963);<br />

Argumento: Bruno Corbucci, Sergio Corbucci, Giovanni<br />

Grimaldi, Natividad Zaro, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Alberto Aguilera, Natividad Zaro, Italo Zingarelli;<br />

Música: Carlo Franci, Giuseppe Piccillo; Fotografi a (cor):<br />

Alejandro Ulloa; Montagem: Otello Colangeli; Direcção<br />

artística: Leonard Bubleg; Decoração: Antonio Simont;<br />

Maquilhagem: Shirley Dryant, Artur Grunher; Direcção<br />

de produção: Robert Palace; Assistentes de realização:<br />

Bruce Stevenson; Efeitos Especiais: Emilio Ruiz del Rio;<br />

Guarda-roupa: Henzy Stecklar; Companhias de produção:<br />

Film Columbus, Llama Films; Intérpretes: Gérard Tichy<br />

(Rodrigue De Blancheville), Leo Anchóriz (Dr. Lerouge),<br />

Ombretta Colli (Emily De Blancheville), Helga Liné<br />

(Miss Eleonore), Irán Eory (Alice Taylor), Vanni Materassi,<br />

Francisco Morán, Emilia Wolkowicz, Harry Winter, etc.<br />

Duração: 90 min | EUA:87 min (DVD).<br />

191 | Edgar Allan Poe no Cinema


192 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

O PALÁCIO MALDITO<br />

Título original: The Haunted Palace ou Edgar Allan Poe’s<br />

The Haunted Palace ou The Case of Charles Dexter Ward<br />

ou The Haunted Village<br />

Realização: Roger Corman (EUA, 1963); Argumento: Charles<br />

Beaumont, Francis Ford Coppola (diálogos), segundo obra<br />

de H.P. Lovecraft (“The Case of Charles Dexter Ward”)<br />

e inspiração de Edgar Allan Poe; Produção: Samuel<br />

Z. Arkoff, Roger Corman, James H. Nicholson, Ronald<br />

Sinclair; Música: Ronald Stein; Fotografi a (cor): Floyd<br />

Crosby; Montagem: Ronald Sinclair; Direcção artística:<br />

Daniel Haller; Maquilhagem: Ted Coodley, Verne Langdon,<br />

Lorraine Roberson; Direcção de Produção: Jack Bohrer;<br />

Assistentes de realização: Paul Rapp; Departamento<br />

de arte: Harry Reif; Som: John L. Bury; Companhias de<br />

produção: American International Pictures (AIP), La<br />

Honda Productions; Intérpretes: Vincent Price (Charles<br />

Dexter Ward), Debra Paget (Ann Ward), Lon Chaney Jr.<br />

(Simon Orne), Frank Maxwell (Dr. Willet / Priam Willet),<br />

Leo Gordon (Edgar Weeden / Ezra Weeden), Elisha Cook<br />

Jr. (Gideon Smith / Micah Smith), John Dierkes, Milton<br />

Parsons, Cathie Merchant, Guy Wilkerson, I. Stanford<br />

Jolley, Harry Ellerbe, Barboura Morris, Darlene Lucht,<br />

Bruno VeSota, etc. Duração: 87 min<br />

Título original: Le Puits et le Pendule (TV)<br />

Realização: Alexandre Astruc (França, 1964); Argumento:<br />

Alexandre Astruc, segundo obra de Edgar Allan Poe («The<br />

Pit and the Pendulum»); Música: Antoine Duhamel;<br />

Fotografi a (cor): Nicolas Hayer; Montagem: Sophie Bhaud,<br />

Monique Chalmandrier; Decoração: André Bakst ; Guardaroupa:<br />

Marie-Thérèse Respens; Assistentes de realização:<br />

Pierre-André Boutang, Yves Kovacs; Departamento de arte:<br />

Jean-Louis Crozet ; Som: Paul Bonnefond, Daniel Couteau;<br />

Intérpretes: Maurice Ronet (Condenado à morte), etc.<br />

Duração: 37 min ; Data de emissão: 9 de Janeiro de 1964<br />

(França).<br />

A MÁSCARA DA MORTE VERMELHA<br />

Título original: The Masque of the Red Death<br />

Realização: Roger Corman (Inglaterra, EUA, 1964);<br />

Argumento: Charles Beaumont, R. Wright Campbell,<br />

segundo obras de Edgar Allan Poe (“The Masque of the<br />

Red Death” e “Hop-Frog”); Produção: Roger Corman,<br />

George Willoughby; Música: David Lee; Fotografi a (cor):<br />

Nicolas Roeg; Montagem: Ann Chegwidden; Casting:<br />

G.B. Walker; Design de Produção: Daniel Haller; Direcção<br />

artística: Robert Jones; Decoração: Colin Southcott;<br />

Maquilhagem: Elsie Alder, George Partleton; Assistentes<br />

de realização: Peter Price, Julio Sempere, Mike Gowans;<br />

Departamento de arte: Ray Frift; Som: Len Abbott, Richard<br />

Bird; Efeitos Especiais: George Blackwell; Guarda-roupa:<br />

Laura Nightingale; Companhias de produção: Alta Vista<br />

Productions;<br />

Intérpretes: Vincent Price (Prince Prospero), Hazel Court<br />

(Juliana), Jane Asher (Francesca), David Weston (Gino),<br />

Nigel Green (Ludovico), Patrick Magee (Alfredo), Paul<br />

Whitsun-Jones, Robert Brown, Julian Burton, David<br />

Davies, Skip Martin, Gaye Brown, Verina Greenlaw, Doreen<br />

Dawn, Brian Hewlett, Sarah Brackett, David Allen, Dorothy<br />

Anelay, Gerry Atkins, Jill Bathurst, Julian Bolt, Norris Boyd,<br />

Ricky Clarke, Ronald Curran, Alan Dalton, Gladys Davison,<br />

Fred Peters, Maureen Sims, etc. Duração: 89 min.<br />

O TÚMULO DE LIGEIA<br />

Título original: The Tomb of Ligeia ou Edgar Allan Poe’s<br />

The Tomb of Ligeia ou Last Tomb of Ligeia ou Ligeia ou<br />

Tomb of the Cat<br />

Realização: Roger Corman (Inglaterra, EUA, 1964);<br />

Argumento: Robert Towne, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Produção: Pat Green, Samuel Z. Arkoff; Música: Kenneth<br />

V. Jones; Fotografi a (cor): Arthur Grant; Montagem: Alfred<br />

Cox; Direcção artística: Colin Southcott, Daniel Haller;<br />

Maquilhagem: George Blackler, Pearl Orton; Assistentes<br />

de realização: David Tringham; Som: John Aldred, Don


Ranasinghe, Bert Ross, Les Wiggins; Efeitos Especiais: Ted<br />

Samuels; Guarda-roupa: Mary Gibson; Companhias de<br />

produção: Alta Vista Film Production; Intérpretes: Vincent<br />

Price (Verden Fell), Elizabeth Shepherd (The Lady Rowena<br />

Trevanion / The Lady Ligeia), John Westbrook (Christopher<br />

Gough), Derek Francis (Lord Trevanion), Oliver Johnston,<br />

Richard Vernon, Frank Thornton, Ronald Adam, Denis<br />

Gilmore, Penelope Lee, etc. Duração: 81 min.<br />

A LONGA NOITE DO TERROR<br />

Título original: Danza Macabra ou Castle of Blood ou Coffi n<br />

of Terror ou La Danse macabre ou Dimensions in Death<br />

ou Edgar Allan Poe’s Castle of Blood ou La Lunga Notte<br />

de Terrore ou Terrore ou The Castle of Terror ou The Long<br />

Night of Terror ou Tombs of Horror ou Tombs of Terror<br />

Realização: Antonio Margheriti (Anthony M. Dawson)<br />

(Itália, França, 1964); Argumento: Sergio Corbucci (Gordon<br />

Wilson Jr.), Giovanni Grimaldi (Jean Grimaud) (nalguma<br />

publicidade, o fi lme aparece como inspirado numa obra<br />

de Edgar Allan Poe, “Dance Macabre”, mas tal informação<br />

é errada. Poe surge sim como personagem); Produção: Leo<br />

Lax, Marco Vicario; Música: Riz Ortolani; Fotografi a (cor):<br />

Riccardo Pallottini; Montagem: Otello Colangeli; Design de<br />

produção: Ottavio Scotti; Assistentes de realização: Ruggero<br />

Deodato; Efeitos especiais: Enrico Catalucci; Companhias de<br />

produção: Giovanni Addessi Produzione Cinematografi ca,<br />

Ulysse Productions, Vulsinia Films; Intérpretes: Barbara<br />

Steele (Elisabeth Blackwood), Georges Rivière (Alan Foster),<br />

Margarete Robsahm (Júlia), Arturo Dominici (Dr. Carmus),<br />

Silvano Tranquilli (Edgar Allan Poe), Sylvia Sorrente (Elsi),<br />

Giovanni Cianfriglia, etc. Duração: 87 min.<br />

Título original: El Demonio en la Sangre<br />

Realização: René Múgica (Argentina, 1964); Argumento:<br />

Tomás Eloy Martínez, René Múgica, Augusto Roa Bastos,<br />

parcialmente baseado no conto de Edgar Allan Poe, “The<br />

Tell-Tale Heart”; Música: Rodolfo Arizaga; Fotografi a (cor):<br />

Oscar Melli, Ricardo Younis; Montagem: Gerardo Rinaldi,<br />

Antonio Ripoll; Design de produção: Germán Gelpi;<br />

Intérpretes: Rosita Quintana, Ubaldo Martínez, Ernesto<br />

Bianco, Arturo García Buhr, Wolf Ruvinskis, Lydia Lamaison,<br />

Graciela Dufau, Jorge De La Riestra, Pinky, Mario Savino,<br />

etc. Duração: ???<br />

Título original: El Trapero (TV)<br />

Realização: Narciso Ibáñez Serrador (Espanha, 1965);<br />

Argumento: Narciso Ibáñez Serrador, segundo obra de<br />

Edgar Allan Poe; Música: Waldo de los Rios; Companhias<br />

de produção: Televisión Española (TVE); Intérpretes:<br />

Narciso Ibáñez Menta (Edmund); Duração: 70 min.<br />

A CIDADE SUBMARINA<br />

Título original: The City Under the Sea ou City in the Sea<br />

ou War-Gods of the Deep<br />

Realização: Jacques Tourneur (Inglaterra, 1965);<br />

Argumento: Charles Bennett, Louis M. Heyward, David<br />

Whitaker, segundo obra de Edgar Allan Poe (“City in the<br />

Sea”); Produção: George Willoughby, Samuel Z. Arkoff,<br />

Daniel Haller; Música: Stanley Black; Fotografi a (cor):<br />

Stephen Dade; Montagem: Gordon Hales; Casting: Harvey<br />

Woods; Direcção artística: Frank White; Maquilhagem:<br />

Elsie Alder, W.T. Partleton, Geoffrey Rodway; Direcção de<br />

produção: Pat Green; Assistentes de realização: David<br />

Tringham; Departamento de arte: Leon Davis, Colin<br />

Southcott, Peter Wood; Som: C. Le Mesurier, Ken Rawkins;<br />

Efeitos Especiais: Les Bowie, Frank George, Eiji Tsuburaya;<br />

Guarda-roupa: Ernie Farrer; Companhias de produção:<br />

Bruton Film Productions; Intérpretes: Vincent Price (Sir<br />

Hugh, The Captain), David Tomlinson (Harold Tufnell-<br />

Jones), Tab Hunter (Ben Harris), Susan Hart (Jill Tregillis),<br />

John Le Mesurier, Henry Oscar, Derek Newark, Roy Patrick,<br />

Bart Allison, Dennis Blake, Steven Brooke, Hilda Campbell-<br />

Russell, Herbert the Rooster, Arthur Hewlett, Michael<br />

Heyland, William Hurndell, George Ricarde, Tony Selby, Jim<br />

Spearman, etc. Duração: 84 min.<br />

Título original: 5 tombe per un medium ou Cemetery<br />

of the Living Dead ou Cinque tombe per un medium ou<br />

Coffi n of Terror ou Five Graves for a Medium ou Terror-<br />

Creatures from the Grave ou Tombs of Horror<br />

Realização: Ralph Zucker (Massimo Pupillo) (Itália,<br />

1965); Argumento: Ruth Carter, Cesare Mancini, Romano<br />

Migliorini, Roberto Natale, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Produção: Francesco Merli, Massimo Pupillo, Ralph<br />

Zucker; Música: Aldo Piga; Fotografi a (cor): Carlo Di<br />

Palma; Montagem: Mariano Arditi; Decoração: Frank<br />

Small; Guarda-roupa: Serge Selig; Maquilhagem: Bud<br />

Dexter; Assistentes de realização: Nick Berger; Som:<br />

Goffredo Salvatori; Companhias de produção: G.I.A.<br />

Cinematográfi ca, International Entertainment Corp.,<br />

M.B.S. Cinematografi ca; Intérpretes: Walter Brandi (Albert<br />

Kovac), Mirella Maravidi (Corinne Hauff), Barbara Steele<br />

(Cleo Hauff), Alfredo Rizzo (Dr. Nemek), Riccardo Garrone<br />

(Joseph Morgan), Luciano Pigozzi, Tilde Till, Ennio Balbo,<br />

Steve Robinson, René Wolf, etc. Duração: 87 min.<br />

Título original: The Black Cat ou Edgar Allen Poe’s The<br />

Black Cat<br />

Realização: Harold Hoffman (EUA, 1966); Argumento:<br />

Harold Hoffman, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

193 | Edgar Allan Poe no Cinema


194 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Argumento: Harold Hoffman, Segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: Patrick Sims; Fotografi a (cor): Walter<br />

Schenk; Montagem: Charles G. Schelling; Direcção<br />

artística: Robert Dracup; Maquilhagem: Beverly Gilbert;<br />

Assistentes de realização: George Costello; Som: Charles<br />

G. Schelling; Efeitos Especiais: Manel De Aumente, Sheilds<br />

Mitchell; Companhias de produção: Falcon International<br />

Corp.,Hemisphere Pictures; Intérpretes: Robert Frost<br />

(Lou), Robyn Baker (Diana), Sadie French (Lillian), Scotty<br />

McKay, George Russell, George Edgley, Annabelle Weenick,<br />

Jeff Alexander, Tommie Russell, Scott Shewmake, Bill<br />

Thurman, Nelson Spencer, etc. Duração: 73 min.<br />

O JARDIM DA TORTURA<br />

Título original: Torture Garden<br />

Realização: Freddie Francis (Inglaterra, 1967); Argumento:<br />

Robert Bloch; Intérpretes: Jack Palance (Ronald Wyatt),<br />

Burgess Meredith (Dr. Diabolo), Beverly Adams (Carla<br />

Hayes), Peter Cushing (Lancelot Canning), Michael Bryant<br />

(Colin Williams), John Standing, Robert Hutton, John<br />

Phillips, Michael Ripper, Bernard Kay, Catherine Finn,<br />

Maurice Denham, Ursula Howells, David Bauer, Niall<br />

MacGinnis, etc. Duração: 93 min. (O fi lme aborda o caso<br />

de coleccionadores de obras de Edgar Allan Poe).<br />

Título original: Historias para no Dormir - episódio El<br />

cuervo (1964 - ?)<br />

Realização: Narciso Ibáñez Serrador (Espanha, 1967);<br />

Argumento: Luis Peñafi el (Narciso Ibáñez Serrador),<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Raven”); Fotografi a<br />

(cor): Ricardo Torres; Decoração: Fernando Sáenz; Design<br />

de Produção: Antonio Mingote; Maquilhagem: Narciso<br />

Ibáñez Menta; Intérpretes: Rafael Navarro (Edgar Allan<br />

Poe), Luis Peña, Paloma Valdés (Virginia Poe), Nélida<br />

Quiroga, Javier Loyola, Emilio Gutiérrez Caba (Emilio<br />

Sheldon), Estanis González (Doctor), José Franco, Joaquín<br />

Escola, Lola Lemos, Mary Delgado, Alberto Fernández,<br />

Álvaro de Luna, José Luis Lespe, Héctor Quiroga, Maite<br />

Brit, Isabel Braos, Mari González, Fernando Lewis, Ricardo<br />

G. Lilló, Agustín Bescos, etc. Data de emissão: 1967.<br />

Título original: série de TV “Historias para no dormir” -<br />

episódio El Pacto (1964 - ?)<br />

Realização: Narciso Ibáñez Serrador (Espanha, 1966);<br />

Argumento: segundo obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a<br />

(cor): Federico G. Larraya; Design de Produção: Antonio<br />

Mingote; Maquilhagem: Narciso Ibáñez Menta; Intérpretes:<br />

Montserrat Carulla, Félix Dafauce, Joaquín Escola, Manuel<br />

Galiana, Estanis González, Narciso Ibáñez Menta, Roberto<br />

Llamas, etc. Data de emissão: 25 de Março de 1966.<br />

Título original: Die Schlangengrube und das Pendel ou<br />

Blood of the Virgins ou Castle of the Walking Dead ou<br />

Pendulum ou The Blood Demon ou The Snake Pit ou The<br />

Snake Pit and the Pendulum ou The Torture Chamber of<br />

Dr. Sadism ou The Torture Room ou Torture Chamber<br />

Realização: Harald Reinl (RFA, 1967); Argumento: Manfred<br />

R. Köhler, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Pit and<br />

the Pendulum”); Produção: Erwin Gitt, Wolfgang Kühnlenz;<br />

Música: Peter Thomas; Fotografi a (cor): Ernst W. Kalinke,<br />

Dieter Liphardt; Montagem: Hermann Haller; Direcção<br />

artística: Will Achtmann; Gabriel Pellon; Decoração:<br />

Gabriel Pellon; Guarda-roupa: Irms Pauli; Maquilhagem:<br />

Erich L. Schunckel; Direcção de produção: Erwin Gitt,<br />

Wolfgang Kühnlenz; Assistentes de realização: Charles<br />

Wakefi eld; Som: Hans Joachim Richter; Efeitos Especiais:<br />

Erwin Lange, Theo Nischwitz; Guarda-roupa: Irms Pauli;<br />

Companhias de produção: Constantin Film Produktion;<br />

Intérpretes: Lex Barker (Roger Mont Elise / Roger von<br />

Marienberg), Christopher Lee (conde Frederic Regula, Graf<br />

von Andomai), Karin Dor (baronesa Lilian von Brabant),<br />

Carl Lange (Anathol), Vladimir Medar, Christiane Rücker,<br />

Dieter Eppler, Horst Naumann, etc. Duração: 85 min.<br />

Título original: House of Evil ou Dance of Death ou<br />

Macabre Serenade<br />

Realização: Jack Hill, Juan Ibáñez (México, EUA, 1968);<br />

Argumento: Jack Hill, Luis Enrique Vergara, segundo obra<br />

de Edgar Allan Poe; Produção: Juan Ibáñez, Luis Enrique<br />

Vergara; Música: Enrico C. Cabiati, Alice Uretta; Fotografi a<br />

(cor): Raúl Domínguez, Austin McKinney; Assistentes de<br />

realização: Barry Langley; Companhias de produção: Azteca<br />

Films; Intérpretes: Boris Karloff (Matthias Morteval), Julissa<br />

(Lucy Durant), Andrés García (Beasley), José Ángel Espinosa<br />

‘Ferrusquilla’, Beatriz Baz, Quintín Bulnes, Manuel Alvarado,<br />

Arturo Fernández, Carmen Velez, Felipe de Flores, Fernando<br />

Saucedo, Estuardo Mora, José Luis G. de León, Victor Jordan,<br />

José Antonio Garcia, etc. Duração: 89 min<br />

HISTÓRIAS EXTRAORDIONÁRIAS<br />

Título original: Histoires extraordinaires ou Spirits of<br />

the Dead ou Tales of Mystery ou Tales of Mystery and<br />

Imagination ou Tre passi nel delirio ou Trois histoires<br />

extraordinaires d’Edgar Poe<br />

Realização: Federico Fellini (episódio “Toby Dammit”),<br />

Louis Malle (episódio “William Wilson”), Roger Vadim<br />

(episódio “Metzengerstein”) (Itália, França, 1968);<br />

Argumento: Edgar Allan Poe (story “Metzengerstein”)<br />

(episódio “Metzengerstein”) (as Edgar Allan Poë); Roger<br />

Vadim, Pascal Cousin, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />

(episódio “Metzengerstein”); Louis Malle, Clement Biddle<br />

Wood, Daniel Boulanger, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />

(episódio “William Wilson” e “Metzengerstein”); Federico<br />

Fellini, Bernardino Zapponi, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe (“Ne pariez jamais votre tête avec le Diable” (Never Bet<br />

the Devil Your Head)) (episódio “Toby Dammit”); Produção:<br />

Raymond Eger, Alberto Grimaldi; Música: Diego Masson<br />

(episódio “William Wilson”); Jean Prodromidès (episódio<br />

“Metzengerstein”); Nino Rota (episódio “Toby Dammit”);<br />

Fotografi a (cor): Tonino Delli Colli (episódio “William<br />

Wilson”); Claude Renoir (episódio “Metzengerstein”);<br />

Giuseppe Rotunno (episódio “Toby Dammit”); Montagem:<br />

Franco Arcalli e Suzanne Baron (episódio “William Wilson”);<br />

Ruggero Mastroianni (episódio “Toby Dammit”); Helène<br />

Plemiannikov (episódio “Metzengerstein”); Design de<br />

Produção: Jean André (episódio “Metzengerstein”); Piero<br />

Tosi (supervising production designer) (episódio “Toby<br />

Dammit”); Ghislain Uhry (episódio “William Wilson”);<br />

Direcção artística: Fabrizio Clerici (episódio “Toby<br />

Dammit”); Carlo Leva (episódio “William Wilson”); Direcção<br />

de produção: André Cultet e Ludmilla Goulian (episódio<br />

“Metzengerstein”), Thomas Sagone (episódios “William<br />

Wilson” e “Toby Dammit”), Enzo Provenzale (episódio<br />

“Toby Dammit”); Assistentes de realização: Vana Caruso<br />

(episódio “William Wilson”), Michel Clément, Serge Vallin<br />

e Jean-Michel Lacor (episódio “Metzengerstein”), Eschilo


Tarquini, Francesco Aluigi e Liliane Betti (episódio “Toby<br />

Dammit”); Efeitos visuais: Joseph Nathanson (episódio<br />

“Toby Dammit”); Guarda-roupa: Jacques Fonteray<br />

episódio (“Metzengerstein”), Piero Tosi (episódio “Toby<br />

Dammit”), Ghislain Uhry e Carlo Leva (episódio “William<br />

Wilson”); Companhias de produção: Les Films Marceau<br />

(Paris), Produzioni Europee Associati (PEA), Cocinor, Les<br />

Films Marceau; Intérpretes: Brigitte Bardot (Giuseppina<br />

- episódio “William Wilson”), Alain Delon (William Wilson),<br />

Katia Christine (jovem), Umberto D’Orsi (Hans), Renzo<br />

Palmer (padre), Marco Stefanelli, Daniele Vargas, John<br />

Karlsen (episódio “William Wilson”); Jane Fonda (Condessa<br />

Frederica ), James Robertson Justice (conselheiro), Françoise<br />

Prévost (amigo da condessa), Peter Fonda (Barão Wilhelm),<br />

Marlène Alexandre, Marie-Ange Aniès, David Bresson,<br />

Peter Dane, Georges Douking, Philippe Lemaire, Carla<br />

Marlier, Serge Marquand, Audoin de Bardot, Anny Duperey,<br />

Andréas Voutsinas (episódio “Metzengerstein”); Terence<br />

Stamp (Toby Dammit), Salvo Randone (padre), Monica<br />

Pardo, Anne Tonietti, Marina Yaru, Fabrizio Angeli, Franco<br />

Arcalli, Federico Boido, Ernesto Colli, Paul Cooper, Dakar,<br />

Gabriel Lagay, Irina Maleeva, Antonia Pietrosi, Polidor,<br />

Mimmo Poli, Alfredo Rizzo, Marisa Traversi, Milena Vukotic,<br />

Aleardo Ward (episódio “Toby Dammit”) e ainda Clement<br />

Biddle Wood, Vincent Price e Maurice Ronet (narradores);<br />

Duração: 121 min.<br />

Título original: Witchfi nder General ou Edgar Allan Poe’s<br />

Conqueror Worm ou Matthew Hopkins: Conqueror<br />

Worm ou Matthew Hopkins: Witchfi nder General ou The<br />

Conqueror Worm<br />

Realização: Michael Reeves (Inglaterra, 1968); Argumento:<br />

Tom Baker, Michael Reeves, Louis M. Heyward, segundo<br />

romance de Ronald Bassett e poema de Edgar Allan Poe<br />

(“The Conqueror Worm”); Produção: Louis M. Heyward,<br />

Arnold L. Miller, Tony Tenser, Philip Waddilove; Música: Paul<br />

Ferris, Kendall Schmidt; Fotografi a (cor): John Coquillon;<br />

Montagem: Howard Lanning; Casting: Freddie Vale;<br />

Direcção artística: Jim Morahan; Maquilhagem: Dorrie<br />

Hamilton, Henry Montsash; Direcção de produção: Ricky<br />

Howard; Assistentes de realização: Ian Goddard, Iain<br />

Lawrence; Departamento de arte: Dennis Cantrell, Jimmy<br />

James, Andrew Low; Som: Paul Le Mare, Hugh Strain; Efeitos<br />

Especiais: Roger Dicken; Guarda-roupa: Jill Thompson;<br />

Companhias de produção: Tigon British Film Productions,<br />

American International Productions; Intérpretes: Vincent<br />

Price (Matthew Hopkins), Ian Ogilvy (Richard Marshall),<br />

Rupert Davies (John Lowes), Hilary Heath (Sarah Lowes),<br />

Robert Russell (John Stearne), Nicky Henson (Trooper<br />

Robert Swallow), Tony Selby, Bernard Kay, Godfrey James,<br />

Michael Beint, John Trenaman, Bill Maxwell, Paul Ferris,<br />

Maggie Kimberly, Peter Haigh, Hira Talfrey, Anne Tirard,<br />

Peter Thomas, Edward Palmer, David Webb, Lee Peters,<br />

David Lyell, Alf Joint, Martin Terry, Jack Lynn, Beaufoy Milton,<br />

Dennis Thorne, Michael Segal, Toby Lennon, Margaret<br />

Nolan, Sally Douglas, Donna Reading, Patrick Wymark (Gen.<br />

Oliver Cromwell), Wilfrid Brambell, etc. Duração: 86 min.<br />

Título original: série de TV “Mystery and Imagination”<br />

– episódio “The Fall of the House of Usher”<br />

Realização: Kim Mills (Inglaterra, 1966); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Jonathan<br />

Alwyn, Raymond Collier; Companhias de produção:<br />

Independent Television (ITV); Intérpretes: David Buck<br />

(Richard Beckett), Denholm Elliott (Roderick Usher),<br />

Dudley Jones (médico), Oliver MacGreevy (Finn), Mary<br />

Miller (Lucy), Susannah York (Madeleine Usher), etc.<br />

Duração: 50 min; Data de emissão: 12 de Fevereiro de 1966<br />

(Temporada 1, Episódio 3).<br />

Título original: série de TV “Mystery and Imagination”<br />

– episódio The Tell-tale Heart<br />

Realização: Robert Tronson (Inglaterra, 1968); Argumento:<br />

Peter Van Greenaway segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

195 | Edgar Allan Poe no Cinema


196 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Produção: Jonathan Alwyn; Companhias de produção:<br />

Independent Television (ITV); Intérpretes: Norman Eshley<br />

(Jean Lemaistre), Sandra Fehr (Martine), Gillian French,<br />

Leslie French, Bob Hornery, Freddie Jones (Vaudin), Kenneth<br />

J. Warren, Antony Webb, Avril Yarrow, etc. Duração: 50 min;<br />

Data de emissão: 20 June 1968 (Temporada 3, Episódio 5).<br />

Título original: “Detective” – episódio “The Murders in<br />

the Rue Morgue”<br />

Realização: James Cellan Jones (EUA, 1968); Argumento:<br />

James MacTaggart, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Verity Lambert; Design de produção Tim<br />

Gleeson; Intérpretes: Guido Adorni (Mentoni), Philip<br />

Anthony (Beloir), Christopher Benjamin (Rodier), Ray<br />

Callaghan (Le Bon), John DeVaut (Bird), Dennis Edwards<br />

(Dumas), Jimmy Gardner (Muset), Beatrice Greek<br />

(Madame Douterc), James Hall, Walter Horsbrugh (Duval),<br />

Charles Kay (Edgar Allan Poe), Charles Kinross, Anthony<br />

Langdon, Kevork Malikyan, Geoffrey Rose, Edward<br />

Woodward, Marguerite Young, etc. Data de emissão: 1 de<br />

Setembro de 1968 (Temporada 2, Episódio 17).<br />

Título original: Masca crvene smrti<br />

Realização: Branko Ranitovic, Pavao Stalter (Jugoslávia,<br />

1969); Argumento: Zdenko Gasparovic, Branko Ranitovic,<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Animação; Companhias<br />

de produção: Zagreb Film; Duração: 10 min.<br />

Título original: The Oblong Box ou Dance, Mephisto ou<br />

Edgar Allan Poe’s The Oblong Box<br />

Realização: Gordon Hessler (EUA, 1969); Argumento:<br />

Lawrence Huntington, Christopher Wicking, segundo obra<br />

de Edgar Allan Poe; Produção: Pat Green, Gordon Hessler,<br />

Louis M. Heyward; Música: Harry Robertson; Fotografi a<br />

(cor): John Coquillon; Montagem: Max Benedict; Design<br />

de Produção: George Provis; Guarda-roupa: Kay Gilbert;<br />

Maquilhagem: Jimmy Evans, Bobbie Smith; Assistentes<br />

de realização: Derek Whitehurst; Departamento de arte:<br />

Terence Morgan, W. Simpson Robinson; Som: Bob Jones,<br />

Bob Peck; Guarda-roupa: Kay Gilbert; Companhias de<br />

produção: American International Productions; Intérpretes:<br />

Vincent Price (Sir Julian Markham), Christopher Lee (Dr. J.<br />

Neuhart), Rupert Davies (Joshua Kemp), Uta Levka (Heidi),<br />

Sally Geeson, Alister Williamson, Peter Arne, Hilary Heath,<br />

Maxwell Shaw, Carl Rigg, Harry Baird, Godfrey James, James<br />

Mellor, John Barrie, Ivor Dean, Danny Daniels, Michael<br />

Balfour, Hira Talfrey, etc. Duração: 97 min (DVD).<br />

O CHORAR DOS MORTOS<br />

Título original: Cry of the Banshee<br />

Realização: Gordon Hessler (Inglaterra, 1970); Argumento:<br />

Tim Kelly, Christopher Wicking (aparece no início do fi lme<br />

uma citação de Poe retirada do poema “The Bells”);<br />

Intérpretes: Vincent Price (Lord Edward Whitman), Hilar<br />

y Heath (Maureen Whitman), Carl Rigg (Harry Whitman),<br />

Patrick Mower (Roderick), Essy Persson (Lady Patricia<br />

Whitman), Marshall Jones (Father Tom), Elisabeth<br />

Bergner, Stephan Chase, Sally Geeson, Hugh Griffi th,<br />

Robert Hutton, Andrew McCulloch, Pamela Fairbrother,<br />

Quinn O’Hara, Jan Rossini, etc. Duração: 91 min.<br />

Título original: Nella Stretta Morsa del Ragno ou And<br />

Comes the Dawn... But Colored Red ou Dracula im Schloß<br />

des Schreckens ou Dracula in the Castle of Blood ou E venne<br />

l’alba... ma tinto di rosse ou Edgar Poe chez les morts vivants<br />

ou Les Fantômes de Hurlevent ou In the Grip of the Spider<br />

ou Le Prisonnier de l’araignée ou Web of the Spider<br />

Realização: Antonio Margheriti (Anthony M. Dawson)<br />

(Itália,França, RFA, 1971); Argumento: Giovanni Addessi,<br />

Bruno Corbucci, Giovanni Grimaldi, Antonio Margheriti,<br />

afi rma-se “baseado em Edgar Allan Poe, “Night of the<br />

Living Dead” (?);Produção: Giovanni Addessi; Música: Riz<br />

Ortolani; Fotografi a (cor): Guglielmo, Sandro Mancori,<br />

Silvano Spagnoli; Montagem: Otello Colangeli, Fima<br />

Noveck; Design de produção: Ottavio Scotti; Decoração:<br />

Camillo Del Signore; Guarda-roupa: Mario Giorsi;<br />

Maquilhagem: Maria Luisa Jilli, Nicla Palombi, Marisa Tilly;<br />

Direcção de Produção: Franco Caruso, Salvatore De Rosa,<br />

Ennio Di Meo; Assistentes de Realização; Ignazio Dolce;<br />

Som: Pietro Spadoni; Efeitos especiais: Cataldo Galliano;<br />

Companhias de produção: Paris-Cannes Productions,<br />

Produzione DC7, Terra-Filmkunst; Intérpretes: Anthony<br />

Franciosa (Alan Foster), Michèle Mercier (Elisabeth<br />

Blackwood), Klaus Kinski (Edgar Allan Poe), Peter Carsten<br />

(Dr. Carmus), Silvano Tranquilli (William Perkins), Karin<br />

Field (Julia), Raf Baldassarre, Irina Maleeva, Enrico<br />

Osterman, Marco Bonetti, Vittorio Fanfoni, Carla Mancini,<br />

Paolo Gozlino, etc. Duração: 109 min.<br />

Título original: série de TV “Hora once” – episódio<br />

“Eleonora”<br />

Realização: Josefi na Molina (Espanha, 1971); Argumento:<br />

José María Fernández, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Intérpretes: Ana Belén (Eleonora / Ligeia), Eusebio<br />

Poncela (Edgar), Mary Delgado (Tía Frances), etc. Duração:<br />

64 min.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Steve Carver (EUA, 1971); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Steve Carver;<br />

Música: Elmer Bernstein; Fotografi a (cor): Irv Goodnoff;<br />

Maquilhagem: Doug Kelly; Bob Stein; Intérpretes: Sam<br />

Jaffe (velho), Alex Cord (assassino), Ed Binns, Dennis Cross,<br />

Dan Desmond, etc.<br />

Título original: Murders in the Rue Morgue ou Edgar<br />

Allan Poe’s Murders in the Rue Morgue<br />

Realização: Gordon Hessler (EUA, 1971); Argumento:<br />

Christopher Wicking, Henry Slesar, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: Samuel Z. Arkoff, Louis M. Heyward,<br />

James H. Nicholson, Clifford Parkes; Música: Waldo de los<br />

Ríos; Fotografi a (cor): Manuel Berenguer; Montagem: Max<br />

Benedict; Design de Produção: José Luis Galicia; Guardaroupa:<br />

Tony Pueo; Maquilhagem: Francisco Ramón<br />

Ferrer, Carmen Martín, Carmen Sánchez, Jack H. Young;<br />

Direcção de produção: Luis Hernanz, Roberto Roberts;<br />

Assistentes de realização: Kuki López Rodero; Som: Wally<br />

Milner, Enrique Molinero, Anne Parsons; Companhias<br />

de produção: American International Pictures (AIP);<br />

Intérpretes: Jason Robards (Cesar Charron), Herbert Lom<br />

(Rene Marot), Christine Kaufmann (Madeleine Charron),<br />

Adolfo Celi (Inspector Vidocq), Maria Perschy (Genevre),<br />

Michael Dunn (Pierre Triboulet, Lilli Palmer (Mrs. Charron),<br />

Peter Arne, Rosalind Elliot, Marshall Jones, María Martín,<br />

Ruth Plattes, Rafael Hernández, Pamela McInnes, Sally<br />

Longley, Luis Rivera, Dean Selmier, Virginia Stach, Werner<br />

Umberg, Xan das Bolas, Brooke Adams, José Calvo, Víctor<br />

Israel, etc. Duração: 87 min | 98 min.


Título original: Hjertet, der sladrede (TV)<br />

Realização: Jørgen Vestergaard (Dinamarca, 1971);<br />

Argumento: Jørgen Vestergaard, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”); Design de Produção:<br />

Per Tønnes Nielsen; Animação: Per Tønnes Nielsen;<br />

Companhias de produção: Danmarks Radio (DR);<br />

Intérpretes: Erik Mørk (voz); Duração: 25 min.<br />

Título original: Legend of Horror<br />

Realização: Enrique Carreras, Bill Davies (EUA,1972);<br />

Argumento: segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-<br />

Tale Heart”); Produção: Enrique Torres Tudela; Companhias<br />

de produção: General Film Corporation; Intérpretes:<br />

William Bates, Karin Field, Fawn Silver, Narciso Ibáñez<br />

Menta, Narciso Ibáñez Serrador, etc.<br />

Título original: An Evening of Edgar Allan Poe<br />

Realização: Kenneth Johnson (EUA, 1972); Argumento:<br />

Kenneth Johnson, David Welch, segundo obras de Edgar<br />

Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”, “The Sphinx”, “The Cask of<br />

Amontillado” e “The Pit and the Pendulum”); Produção:<br />

Samuel Z. Arkoff, Kenneth Johnson, Dan Kibbie, James H.<br />

Nicholson; Música: Les Baxter; Montagem: Jerry Greene;<br />

Direcção artística: Henry Lickel; Guarda-roupa: Mary<br />

Grant; Maquilhagem: Joe DiBella; Direcção de produção:<br />

Tim Steele; Som: Norm Schwartz, Bill Smay; Companhias<br />

de produção: American-International Television (AIP-TV);<br />

Intérpretes: Vincent Price (Narrador); Duração: 53 min.<br />

Título original: One Minute Before Death ou Edgar Allan<br />

Poe’s One Minute Before Midnight ou El Retrato Ovalado<br />

ou The Oval Portrait<br />

Realização: Rogelio A. González (EUA, México, 1972);<br />

Argumento: Enrique Torres Tudela, segundo obra de<br />

Edgar Allan Poe (“The Oval Portrait”); Produção: Enrique<br />

Torres Tudela; Música: Les Baxter; Fotografi a (cor): León<br />

Sánchez; Montagem: Sigfrido Garcia; Som: Larry Sutton;<br />

Intérpretes: Wanda Hendrix (Genevieve Howard), Barry<br />

Coe (Paul Howard), Gisele MacKenzie (Agatha), Maray<br />

Ayres, Ty Haller, Pia Shandel, D. Goldrick, Terence Kelly,<br />

Doris Buckinham, Leanna Heckey, Pamela Allen, Jack<br />

Ammon, Dax Logan, Ivor Harries, George Spracklin,<br />

Shanna Dickson, Allan Anderson, Barney O’Sullivan, etc.<br />

Duração: 68 min.<br />

Título original: Il Tuo vizio è una stanza chiusa e solo io<br />

ne ho la chiave ou Excite Me ou Eye of the Black Cat ou<br />

Gently Before She Dies ou Your Vice Is a Closed Room and<br />

Only I Have the Key ou Your Vice Is a Locked Room and<br />

Only I Have the Key (DVD)<br />

Realização: Sergio Martino (Itália, 1972); Argumento:<br />

Adriano Bolzoni, Ernesto Gastaldi, Luciano Martino,<br />

Sauro Scavolini, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />

Black Cat”); Produção: Luciano Martino; Música: Bruno<br />

Nicolai; Fotografi a (cor): Giancarlo Ferrando; Montagem:<br />

Attilio Vincioni; Design de Produção: Giorgio Bertolini;<br />

Guarda-roupa: Oscar Capponi; Maquilhagem: Iolanda<br />

Conti, Giulio Natalucci; Direcção de produção: Lamberto<br />

Palmieri, Furio Rocchi; Assistentes de realização:<br />

Vittorio Caronia; Som: Bruno Moreal, Roberto Moreal;<br />

Companhias de produção: Lea Film; Intérpretes: Edwige<br />

Fenech (Floriana), Anita Strindberg (Irina Rouvigny), Luigi<br />

Pistilli (Oliviero Rouvigny), Ivan Rassimov (Walter), Franco<br />

Nebbia (Inspector), Riccardo Salvino (Dario), Angela La<br />

Vorgna (Brenda), Enrica Bonaccorti, Daniela Giordano,<br />

Ermelinda De Felice, Marco Mariani, Nerina Montagnani,<br />

Carla Mancini, Bruno Boschetti, Dalila Di Lazzaro, etc.<br />

Duração: 96 min.<br />

Título original: The Sabbat of the Black Cat<br />

Realização: Ralph Lawrence Marsden (Austrália, 1973);<br />

Argumento: Ralph Lawrence Mariden, segundo obra<br />

de Edgar Allan Poe (“The Black Cat”); Produção: Ralph<br />

Lawrence Marsden; Fotografi a (cor): Ralph Lawrence<br />

Marsden; Companhias de produção: Ralph Lawrence<br />

197 | Edgar Allan Poe no Cinema


198 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Marsden; Intérpretes: Ralph Lawrence Marsden (Edward<br />

Alden), Barbara Brighton (Virginia Alden), Babylon, Tracey<br />

Tombs, David Bingham, Jim Fitch, etc. Duração: 80 min.<br />

Título original: Le Double Assassinat de la Rue Morgue ou<br />

The Murders in the Rue Morgue (TV)<br />

Realização: Jacques Nahum (França, 1973); Argumento:<br />

Jacques Nahum, Albert Simonin, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Fotografi a (cor): Jean Limousin; Intérpretes:<br />

Georges Descrières (Le Dandy), Daniel Gélin (Dupin),<br />

Jean Danet, Philippe Ogouz, Nadine Alari, Catherine Rich,<br />

Jacques Duby, Henri Gilabert, Edmond Tamiz, Eva Damien,<br />

Evelyne Ker, Tony Rödel, Jean Lepage, César Torres, Paul<br />

Pavel, Jacques Faber, Jacques Marin, etc. Data de emissão:<br />

2 de Junho de 1973 (França).<br />

Título original: The Mansion of Madness ou Dr. Goudron’s<br />

System ou Dr. Tarr’s Pit of Horrors ou Dr. Tarr’s Torture<br />

Dungeon ou Edgar Allan Poe: Dr. Tarr’s Torture Dungeon<br />

ou House of Madness ou La Mansión de la Locura ou The<br />

System of Dr. Tarr and Professor Feather<br />

Realização: Juan López Moctezuma (México, 1973);<br />

Argumento: Carlos Illescas, Juan López Moctezuma<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe: Intérpretes: Claudio<br />

Brook (Dr. Maillard / Raoul Fragonard), Arthur Hansel<br />

(Gaston LeBlanc), Ellen Sherman (Eugénie), Martin LaSalle<br />

(Julien Couvier), David Silva, Mónica Serna, Max Kerlow,<br />

Susana Kamini, Pancho Córdova, Roberto Dumont, Henry<br />

West, Jorge Bekris, René Alís, Mario Castillón Bracho, Oscar<br />

Saro, etc. Duração: 99 min | EUA : 88 min.<br />

Título original: Hilda Muramer (TV)<br />

Realização: Jacques Trébouta (França, 1973); Argumento:<br />

Loys Masson, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />

(«Metzengerstein»); Fotografi a (cor): André Diot, Georges<br />

Leclerc; Decoração: Georges Wakhévitch; Guarda-roupa:<br />

Georges Wakhévitch; Intérpretes: Loumi Iacobesco (Helda<br />

Muramer), Jacques Weber (Frédérick von Glauda), Paul<br />

Crauchet (Wolfgang), Tony Taffi n (Frédérick von glauda,<br />

velho), Dominique Toussaint, Hervé Jolly, etc. Duração: 65<br />

min; Data de emissão: 12 de Setembro de 1973 (França).<br />

Título original: The Spectre of Edgar Allan Poe<br />

Realização: Mohy Quandour (EUA, 1974); Argumento:<br />

Denton Foxx, Kenneth Hartford; Intérpretes: Robert<br />

Walker Jr. (Edgar Allan Poe), Cesar Romero (Dr. Richard<br />

Grimaldi), Tom Drake (Dr. Adam Forrest), Carol Ohmart<br />

(Lisa Grimaldi), Mary Grover (Lenore), Mario Milano, Karen<br />

Hartford, Frank Packard, Marcia Mae Jones, Dennis Fimple,<br />

Paul Bryar, etc. Duração: 89 min.<br />

Título original: Satanás de todos los Horrores<br />

Realização: Julián Soler (México, 1974); Argumento:<br />

Alfredo Ruanova, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />

Fall of The House of Usher”); Produção: Alfredo Ruanova;<br />

Música: Ernesto Cortázar Filho; Fotografi a (cor): Xavier<br />

Cruz; Montagem: Raul J. Casso; Casting: Guillermo<br />

Díaz; Maquilhagem: Virgínia Campos, Antonio Ramírez;<br />

Direcção de produção: Daniel Bautista; Assistentes<br />

de realização: Fernando Durán Rojas; Som: Consuelo<br />

Jaramillo, Jorge Mayorga; Efeitos Especiais: Ricardo Sáinz;<br />

Companhias de produção: Estudios América; Intérpretes:<br />

Enrique Lizalde (Roberto Ortiz), Enrique Rocha (Eric<br />

Gerard), Carlos López Moctezuma (Manuel), Illya Shanell,<br />

Jesús Gómez, etc. Duração: 73 min.<br />

Título original: El Trapero (TV)<br />

Realização: Narciso Ibáñez Serrador (Argentina, 1974);<br />

Argumento: Narciso Ibáñez Serrador segundo obra de<br />

Edgar Allan Poe; Produção: Rodolfo Vivas; Companhias<br />

de produção: Teleonce; Intérpretes: Narciso Ibáñez<br />

Menta (Edmond), Aída Luz (Berenice), Luis Medina Castro<br />

(Bernard), Beto Gianola, Noemí Laserre, Adolfo Linvel, etc.<br />

Título original: série de TV “El Quinto Jinete” – episódio<br />

El gato negro<br />

Realização: José Antonio Páramo (??); Argumento: José<br />

Antonio Páramo segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />

Black Cat”); Produção: Fernando Moreno; Fotografi a<br />

(cor): Rafael de Casenave; Montagem: José Luis Gil;<br />

Design de Produção: Rafael Borqué; Decoração: Fernando<br />

Sáenz; Guarda-roupa: Javier Artiñano; Maquilhagem:<br />

Gloria Castellanos, Fernando Martínez, Francisco Puyol;<br />

Assistentes de realização: Luis Ligero; Departamento<br />

de arte: Fernando Quejido; Juan Francisco Rodríguez;<br />

Intérpretes: José Vivó (Crane), Lola Gaos (Drusila), Ana del<br />

Arco (Vecina), etc.<br />

Título original: série de TV “Les Grands Détectives”<br />

(França, 1975)<br />

Realização: Jean Herman (França, 1975); Argumento da<br />

série: Pierre Chevalier, Jacques Nahum, Michel Andrieu,<br />

François Chevallier, Peter Cheyney, Arthur Conan Doyle,<br />

Jean Ferry, Émile Gaboriau, Edgar Allan Poe, Stanislas-<br />

André Steeman; Música: Vladimir Cosma; Companhias<br />

de produção: Antenne-2, Bavaria-Filmkunst Verleih, Mars<br />

International Productions, Technisonor; Intérpretes: Roger<br />

Van Hool (L’inspecteur Wens), Laurent Terzieff (Auguste<br />

Dupin), Pierre Vernier (Santerre), Corinne Marchand,<br />

Claude Degliame, François Simon, Bernard Rousselet, etc.<br />

Duração: 52 min (6 Episódios).


Título original: Het Testament van Edgar Allan Poe: De<br />

onrust van het graf (TV)<br />

Realização: Emanuel Boeck (Bélgica, Holanda, 1975);<br />

Argumento: Emanuel Boeck, Hugo Heinen; Companhias<br />

de produção: Belgische Radio en Televisie (BRT);<br />

Intérpretes: Henk van Ulsen (Edgar Allan Poe), etc.<br />

Título original: Testament van Edgar Allan Poe: De doem<br />

van het bloed (TV)<br />

Realização: Emanuel Boeck (Bélgica, Holanda, 1975);<br />

Argumento: Emanuel Boeck, Hugo Heinen; Companhias<br />

de produção: Belgische Radio en Televisie (BRT);<br />

Intérpretes: Henk van Ulsen (Edgar Allan Poe), Marielle<br />

Fiolet, Caro Van Eyck, etc.<br />

Título original: El Acomodador<br />

Realização: Edgardo Rosso (Argentina, 1975); Argumento:<br />

Enrique Butti, Estela Figueroa, Edgardo Rosso, segundo<br />

obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor): Esteban<br />

Courtalon; Montagem: Enrique Butti, Edgardo Rosso;<br />

Som: Enrique Butti, Edgardo Rosso; Intérpretes: Irma de<br />

Auquín, Martha Barros, Armonía Bugueiro, Raúl Cerda,<br />

Ana Cohen, Coco Di Paola, Alicia Dolinski, Alicia Figueroa,<br />

Estela Figueroa, Lechuga, Roberto Maurer, Chela Mengui,<br />

Oscar Meyer, Susana Paradot, Ramón Pati, Chiry Rodríguez,<br />

Juan Carlos Rodríguez, Estela Torti, Juan Vergel, Leticia<br />

Villamea, etc. Duração: 70 min.<br />

Título original: La Noche de los Asesinos ou Night of the<br />

Assassins ou Night of the Skull oui Suspiri<br />

Realização: Jesus Franco (Espanha, 1976); Argumento:<br />

Jesus Franco (com o pseudónimo James P. Johnson),<br />

segundo obras de Edgar Allan Poe (“The Cat and the<br />

Canary”) e Edgar Wallace; Produção: Arturo Marcos;<br />

Música: Carlo Savina; Fotografi a (cor): Javier Pérez Zofi o;<br />

Montagem: Antonio Gimeno; Companhias de produção:<br />

Copercines, Cooperativa Cinematográfi ca, Fénix<br />

Cooperativa Cinematográfi ca; Intérpretes: Alberto Dalbés<br />

(Major Oliver Brooks), Evelyne Scott (Lady Marta Tobias),<br />

William Berger (Barão Simon Tobias), Maribel Hidalgo<br />

(Lady Cecilia Marian), Lina Romay, Vicente Roca. Yelena<br />

Sacarina, Antonio Mayans, Ángel Menéndez, Luis Barboo,<br />

Swan Heinze, José María Palácios, P. Martínez, Eduardo<br />

Puceiro, Ricardo Vázquez, Jesus Franco, Dan van Husen,<br />

etc. Duração: 82 min.<br />

Título original: série de TV “Centre Play” William Wilson<br />

Realização: James Ormerod (Inglaterra, 1976); Argumento:<br />

Hugh Whitemore, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Louis Marks; Companhias de produção: British<br />

Broadcasting Corporation (BBC); Intérpretes: Norman<br />

Eshley (William Wilson), Stephen Murray (Dr. Bransby),<br />

Matthew Stones (William Wilson, jovem), Charles Spicer<br />

(William Wilson), Thomas Bulman, Peter Demin, Anthony<br />

Daniels, Robert Tayman, Nigel Bowden, Anthony Herrick,<br />

Ludmilla Nova, etc. Data de emissão: 19 de Dezembro de<br />

1976 (Temporada 6, Episódio 1).<br />

Título original: série de TV “Centre Play” - episódio The<br />

Imp of the Perverse<br />

(Inglaterra, 1975); Argumento: Andrew Davies, segundo<br />

obra de Edgar Allan Poe; Companhias de produção: British<br />

Broadcasting Corporation (BBC); Intérprete: Michael<br />

Kitchen; Data de emissão: 20 de Dezembro de 1975<br />

(Temporada 3, Episódio 3).<br />

Título original: Valdemar, el Homonculus Dormido<br />

Realização: Tomás Muñoz Torres (Espanha, 1977);<br />

Argumento: Tomás Muñoz Torres, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Fotografi a (p/b): Carles Gusi; Montagem: José<br />

María Aragonês; Companhias de produção: Sebastián<br />

Dan Producciones Cinematográfi cas; Intérpretes: Carlos<br />

Bernabeu Sender, Juan Manuel García, Luis Pinto Rey, José<br />

Reig, Juan Reverte, José Siles, etc. Duração: 29 min.<br />

Título original: Das Verräterische Herz (TV)<br />

Realização: Karl-Heinz Kramberg (RFA, 1979); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Intérpretes: Hans<br />

Clarin, Ferdy Mayne, etc. Duração: 60 min.<br />

Título original: série de TV I Racconti fantastici di Edgar<br />

Allan Poe<br />

Realização: Daniele D’Anza (Itália, 1979); Argumento:<br />

Daniele D’Anza, Biagio Proietti, segundo obras de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: Arturo La Pegna; Companhias de<br />

produção: CEP, Produzioni Cinematografi che C.E.P. S.r.l.;<br />

Intérpretes: Nino Castelnuovo (William Wilson), Silvia<br />

Dionisio (Morella), Dagmar Lassander (Ligeia), Maria<br />

Rosaria Omaggio, Philippe Leroy (Roderick Usher), Vittorio<br />

Mezzogiorno, Gastone Moschin, Umberto Orsini (Robert<br />

Usher), Janet Agren (Eleanor), Paola Gassman, Giorgio<br />

Biavati, Christina Businari, Sergio Doria, Margherita<br />

Guzzinati, Licinia Lentini, Giancarlo Maestri, Dario<br />

Mazzoli, Sergio Nicolai, Giuseppe Pertile, Victoria Zinny,<br />

etc; Duração: 240 min (4 Episódios); Data de emissão: 11<br />

de Março de 1979 (Itália).<br />

Título original: Die Schwarze Katze (TV)<br />

Realização: Karl-Heinz Kramberg (RFA, 1980); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Intérpretes: Anita Mally,<br />

Rainer Rudolph, etc.; Duração: 60 min.<br />

Título original: série de TV - ABC Weekend Specials -<br />

episódio The Gold Bug<br />

Realização: Robert Fuest (EUA, 1980); Argumento: Edward<br />

Pomerantz, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Don Bachrach, Linda Gottlieb; Música: Charles Gross;<br />

Fotografi a (cor): Alex Thomson; Montagem: Dennis M.<br />

O’Connor; Casting: Isabel Halliburton; Design de Produção:<br />

Charles C. Bennett; Decoração: J. Edward Hudson; Guardaroupa:<br />

Dorothy Weaver; Maquilhagem: Steve Atha;<br />

Assistentes de realização: Robert Barth, Walter Rearick;<br />

Departamento de arte: Harry Drennan, Denny Mooradian;<br />

Som: Al Nahmias, Nigel Noble; Companhias de produção:<br />

Learning Corporation of América; Intérpretes: Roberts<br />

Blossom (Mr. LeGrand), Geoffrey Holder (Jupiter), Anthony<br />

Michael Hall, Robert Moberly, Sudie Bond, Anne Haney,<br />

Alix Elias, Philip Bruns, etc. Duração: 45 min; Data de<br />

emissão:2 de Fevereiro de 1980 (Temporada 3, Episódio 7).<br />

O NEVOEIRO<br />

Título original: The Fog ou John Carpenter’s The Fog<br />

Realização: John Carpenter (EUA; 1980); Argumento:<br />

John Carpenter & Debra Hill; Música: John Carpenter;<br />

Fotografi a (cor): Dean Cundey; Montagem: Charles<br />

Bornstein, Tommy Lee Wallace; Design de produção:<br />

Tommy Lee Wallace; Direcção artística: Craig Stearns;<br />

199 | Edgar Allan Poe no Cinema


200 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Guarda roupa: Stephen Loomis, Bill Whittens;<br />

Maquilhagem: Rob Bottin, Tina Cassady, Steve Johnson,<br />

Dante Palmiere, Edward Ternes, Erica Ulland; Direcção<br />

de produção: Don Behrns; Assistentes de realização:<br />

Larry J. Franco; Departamento de arte: Kathleen Hughes,<br />

Charles Moore, Randy Moore; Som: Craig Felburg, Ron<br />

Horwitz, Frank Serafi ne, William L. Stevenson, Elliot<br />

Tyson; Efeitos Especiais: Richard Albain; Produção: Barry<br />

Bernardi, Charles B. Bloch, Pegi Brotman, Debra Hill;<br />

Companhias de produção: AVCO Embassy Pictures; EDI;<br />

Intérpretes: Adrienne Barbeau (Stevie Wayne), Jamie Lee<br />

Curtis (Elizabeth Solley), Janet Leigh (Kathy Williams),<br />

John Houseman (Mr. Machen), Tom Atkins (Nick Castle),<br />

James Canning (Dick Baxter), Charles Cyphers (Dan<br />

O’Bannon), Nancy Kyes (Sandy Fadel), Ty Mitchell (Andy<br />

Wayne), Hal Holbrook (Padre Malone), John F. Goff,<br />

George ‘Buck’ Flower, Regina Waldon, Jim Haynie, Darrow<br />

Igus, John Vick, Jim Jacobus, Fred Franklyn, Ric Moreno,<br />

Lee Socks, Tommy Lee Wallace, Bill Taylor, Rob Bottin,<br />

Charles Nicklin, Darwin Joston, Laurie Arent, Lindsey<br />

Arent, Shari Jacoby, Christopher Cundey, John Strobel,<br />

John Carpenter (Bennett), etc. Duração: 89 minutos;<br />

Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Filmes Castello Lopes; Edição<br />

vídeo: Costa do Castelo; Classifi cação: M/ 16 anos.<br />

Título original: Histoires extraordinaires: La chute de la<br />

maison Usher ou The Fall of the House of Usher (TV)<br />

Realização: Alexandre Astruc (França, 1981); Argumento:<br />

Pierre Pelegri, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Música: Georges Delerue; Design de Produção: Pierre<br />

Cadiou; Guarda-roupa: Jacques Fonteray; Intérpretes:<br />

Fanny Ardant (Madeline Usher), Mathieu Carrière<br />

(Sir Roderick Usher), Pierre Clémenti (Allan), Jacques<br />

Dacqmine, Fernand Guiot, Jean Rupert, Georges Lucas,<br />

Michel Tugot-Doris, France Anerfo, Joël Duigou, Raphaël<br />

Maykowski, etc.<br />

Título original: Le Système du Docteur Goudron et du<br />

Professeur Plume (TV)<br />

Realização: Claude Chabrol (França, 1981); Argumento:<br />

Paul Gégauff, segundo obra de Edgar Allan Poe; Música:<br />

Gérard Anfosso; Fotografi a (cor): Jean Rabier; Montagem:<br />

Monique Fardoulis; Design de Produção: Hilton<br />

McConnico; Departamento de arte: Gérard Marcireau;<br />

Som: Pierre Lenoir; Intérpretes: Ginette Leclerc, Pierre Le<br />

Rumeur, Jean-François Garreaud, Coco Ducados, Vincent<br />

Gauthier, Sacha Briquet, Henri Attal, Noëlle Noblecourt,<br />

Pierre Risch, Arthur Denberg, Charles Charras, Jacques<br />

Galland, Michel Delahaye, Jean-François Dupas, Pierrette<br />

Dupoyet, Elisabeth Kaza, Christian Le Hémonet, etc.<br />

Duração: 55 min.<br />

Título original: Zánik domu Usheru<br />

Realização: Jan Svankmajer (Checoslováquia, 1981);<br />

Argumento: Jan Svankmajer, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Produção: Viktor Mayer; Música: Jan Klusák; Design<br />

de Produção: Jan Svankmajer; Animação: Bedrich Glaser,<br />

Jan Svankmajer; Intérpretes: Petr Cepek (Narrador);<br />

Duração: 15 min.<br />

Título original: Ligeia (TV)<br />

Realização: Maurice Ronet (França, 1981); Argumento:<br />

Napoléon Murat, Maurice Ronet, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Música: Gérard Anfosso; Design de Produção:<br />

Jean Thomen; Intérpretes: Josephine Chaplin (Lady Rowena<br />

Trevanion), Georges Claisse (Verden Fell), Arielle Dombasle,<br />

Arlette Balkis, Albert Michel, Hervé Le Boterf, etc.<br />

Título original: Histoires extraordinaires: Le joueur<br />

d’échecs de Maelzel (TV)<br />

Realização: Juan Luis Buñuel (França, 1981); Argumento:<br />

Juan Luis Buñuel, Hélène Peychayrand, segundo obra de<br />

Edgar Allan Poe; Música: Gérard Anfosso; Intérpretes:<br />

Jean-Claude Drouot (Maelzel), Diana Bracho (Éléonore),<br />

Martin LaSalle (Schlumberger), Julio Lucena (Don Lope),<br />

Santanón, Eduardo Alcaraz, Pablo Mandoki, Ely Menz,<br />

Alfonso Meza, Beatriz Sheridan, etc. Duração: 60 min;<br />

Data de emissão: 7 de Febereiro de 1981 (França).<br />

Título original: Histoires extraordinaires: Le Scarabée<br />

d’Or (TV)<br />

Realização: Maurice Ronet (México, França, 1981);<br />

Argumento: Claudine Reinach, Maurice Ronet, segundo<br />

obra de Edgar Allan Poe; Música: Gérard Anfosso;<br />

Intérpretes: Vittorio Caprioli (M. Ulysse), Dominique Zardi<br />

(Edmond), Leopoldo Francés (Jupiter), Martin LaSalle<br />

(Legrand), Humberto Gurza, Miguel Gurza, etc. Duração:<br />

60 min; Data de emissão: 21 de Fevereiro de 1981 (França).<br />

Título original: Black Cat ou Gatto Nero<br />

Realização: Lucio Fulci (Itália, 1981); Argumento: Lucio<br />

Fulci, Biagio Proietti, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Giulio Sbarigia; Música: Pino Donaggio;<br />

Fotografi a (cor): Sergio Salvati; Montagem: Vincenzo<br />

Tomassi; Design de Produção: Franco Calabrese; Direcção<br />

artística: Massimo Antonello Geleng; Guarda-roupa:<br />

Massimo Lentini; Maquilhagem: Maria Pia Crapanzano,<br />

Franco Di Girolamo; Direcção de produção: Renato<br />

Angiolini, Antonio Da Padova, Ennio Onorati; Tommaso<br />

Pantano; Assistentes de realização: David Del Bufalo,


Roberto Giandalia, Victor Tourjansky; Departamento de<br />

arte: Alfredo D’Angelo; Som: Fernando Caso, Ugo Celani,<br />

Alvaro Gramigna; Efeitos Especiais: Paolo Ricci; Guardaroupa:<br />

Mina Tacconi; Companhias de produção: Italian<br />

International Film, Selenia Cinematográfi ca; Intérpretes:<br />

Patrick Magee (Professor Robert Miles), Mimsy Farmer<br />

(Jill Trevers), David Warbeck (Inspector Gorley), Al Cliver,<br />

Dagmar Lassander, Bruno Corazzari, Geoffrey Copleston,<br />

Daniela Doria, Lucio Fulci, etc. Duração: 92 min.<br />

Título original: Histoires Extraordinaires: La Lettre Volée (TV)<br />

Realização: Ruy Guerra (França, 1981); Argumento: Ruy<br />

Guerra, Gérard Zingg, Viviane Zingg, segundo obra de<br />

Edgar Allan Poe; Companhias de produção: France 3 (FR 3);<br />

Intérpretes: Pierre Vaneck (Dupin), Michel Pilorgé (Duval),<br />

Henrique Viana (Director da polícia), Rui Mendes (Primeiro<br />

Ministro), Maria do Céu Guerra (Rainha), Agostinho Alves,<br />

Amílcar Botica, Johnny David, José Gomes (Rei), Pedro<br />

Pinheiro, etc. Duração: 60 min; Data de emissão: 4 de Abril<br />

de 1981 (França).<br />

Título original: El Jugador de Ajedrez<br />

Realização: Juan Luis Buñuel (México, 1981); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor): Gabriel<br />

Figueroa; Intérpretes: Jean-Claude Drouot (Maelzel),<br />

Diana Bracho, Julio Lucena, Santanón, Martin LaSalle,<br />

Elpidia Carrillo, Beatriz Sheridan, Eduardo Alcaraz, Alfonso<br />

Meza, etc. Duração: 50 min.<br />

Título original: El Trapero (TV)<br />

Realização: Narciso Ibáñez Serrador (Espanha, 1982);<br />

Argumento: Narciso Ibáñez Serrador, segundo obra de<br />

Edgar Allan Poe; Música: Waldo de los Ríos; Companhias<br />

de produção: Televisión Española (TVE); Intérpretes:<br />

Narciso Ibáñez Menta (Edmond), Daniel Dicenta (Bernard),<br />

Amparo Baró (Berenice), Javier Loyola, Aurora Redondo,<br />

José Albert, Luisa Fernanda Gaona, etc. Duração: 74 min.<br />

Título original: Revenge in the House of Usher ou La<br />

Chute de la Maison Usher ou Los Crímenes de Usher ou El<br />

Hundimiento de la casa Usher ou Neurosis ou Nevrose ou<br />

Revolt of the House of Usher ou Zombie 5<br />

Realização: Jesus Franco (Espanha, 1982); Argumento:<br />

Jesus Franco, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Argumento: Jesus Franco, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe (“The Fall of the House of Usher”); Produção: Jesus<br />

Franco, Daniel Lesoeur, Marius Lesoeur; Música: Jesus<br />

Franco, Daniel White; Fotografi a (cor): Jesus Franco, Alain<br />

Hardy; Montagem: Laura Árias; Companhias de produção:<br />

Elite Films; Intérpretes: Howard Vernon (Roderic Usher),<br />

Antonio Mayans (Alan Harker), Lina Romay (Helen), Fata<br />

Morgana, Ana Galán, Antonio Marín, Daniel White, José<br />

Llamas, Françoise Blanchard, Analía Ivars, Olivier Mathot,<br />

Valerie Russel, Jean Tolzac, etc. Duração: 93 min.<br />

Título original: AzElitélt (TV)<br />

Realização: Attila Apró (Hungria, 1982); Argumento: Edgar<br />

Allan Poe (“The Fall of the House of Usher”); Produção:<br />

György Lakatos; Música: Tamás Deák; Fotografi a (cor):<br />

Iván Márk; Montagem: Anikó Almási; Design de Produção:<br />

Lajos Jánosa; Guarda-roupa: Barna Tóth; Companhias de<br />

produção: Music Television (MTV); Intérpretes: György<br />

Emõd, István Rozsos, etc. Duração: 36 min; Data de<br />

emissão: 18 de Janeiro de 1982 (Hungria).<br />

Título original: The Fall of the House of Usher (TV)<br />

Realização: James L. Conway (EUA, Checoslováquia,<br />

1982); Argumento: Stephen Lord, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: James L. Conway, Charles E. Sellier<br />

Jr.; Música: Bob Summers; Fotografi a (cor): Paul Hipp;<br />

Montagem: Trevor Jolly; Direcção artística: Paul Staheli;<br />

Direcção de produção: James Bryan; Departamento de<br />

arte: Douglas Vandegrift; Som: Dale Angell, Jonathon<br />

‘Earl’ Stein, Douglas Vaughan; Guarda-roupa: Laurie<br />

Young; Companhias de produção: Krátk Film Praha, Sunn<br />

Classic Pictures; Intérpretes: Martin Landau (Roderick<br />

Usher), Charlene Tilton (Jennifer Cresswell), Ray Walston<br />

(Thaddeus), Robert Hays, Dimitra Arliss, Peggy Stewart,<br />

Michael Ruud, H.E.D. Redford, etc. Duração: 101 min.<br />

Título original: En Busca del Dragón Dorado<br />

Realização: Jesus Franco (Espanha, 1983); Argumento:<br />

Jesus Franco, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />

Golden Beetle”); Música: Jesus Franco; Fotografi a<br />

(cor): Juan Soler; Montagem: Jesus Franco; Direcção de<br />

produção: Antonio Mayans; Assistentes de realização:<br />

Lina Romay; Companhias de produção: Golden Films<br />

Internacional S.A.; Intérpretes: Jesus Franco, Flavia Hervás,<br />

Ivana Mayans, Rosa Maria Minumer, Luis Rodríguez, César<br />

Antonio Serrano, Trino Trives, etc. Duração: 83 min.<br />

Título original: Kyvadlo, Jáma a Nadeje<br />

Realização: Jan Svankmajer (Checoslováquia, 1983);<br />

Argumento: Jan Svankmajer, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe (“The Pit and the Pendulum” ); Produção: Klára<br />

Stoklasová; Fotografi a (cor): Miloslav Spála; Montagem:<br />

Helena Lebdusková; Design de Produção: Jan Svankmajer,<br />

Eva Svankmajerová; Som: Ivo Spalj; Animação: Bedrich<br />

Glaser; Companhias de produção: Krátk Film Praha;<br />

Intérprete: Jan Zácek; Duração: 15 min.<br />

Título original: Berenice<br />

Realização: Juan Manuel Chumilla (Espanha, 1985);<br />

Argumento: Juan Manuel Chumilla, Edi Liccioli, segundo<br />

obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor): Fabio Zamarion;<br />

Montagem: Michael Esser, Annalisa Forgione, Diego Tapia<br />

Figueroa; Design de Produção: Giacomo Caló Carducci,<br />

Michele Della Cioppa; Guarda-roupa: Luigi Bonanno,<br />

Marina Roberti; Direcção de produção: Agnese Fontana;<br />

Assistentes de realização: Ezio Tarantino; Som: Davide<br />

Castrati; Intérpretes: Luigi Di Gianni (Professor), Alberto<br />

Di Stasio (Matteo), Francesca Giordani (Berenice), etc.<br />

Duração: 17 min.<br />

Título original: Der Wilde Rabe ou The Wild Raven<br />

Realização: Peter Sempel (RFA, 1985); Argumento: Peter<br />

Sempel, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Peter<br />

Sempel; Música: Einstürzende Neubauten, Mona Mur;<br />

Fotografi a (cor): Peter Sempel; Companhias de produção:<br />

Blitze im Eierbecher; Intérpretes: Jochen Abegg, Marion<br />

Buchmann, Hellena Stemm, Gitta Luckau, Yves Musard,<br />

etc. Duração: 90 min.<br />

Título original: El Hombre de la Multitud<br />

Realização: Juan Manuel Chumilla (Espanha, 1986);<br />

Argumento: Juan Manuel Chumilla, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: Juan Manuel Chumilla; Fotografi a (cor):<br />

Arnaldo Catinari; Montagem: Annalisa Forgione; Design de<br />

201 | Edgar Allan Poe no Cinema


202 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Produção: Marta Maffucci; Guarda-roupa: Marina Roberti;<br />

Direcção de produção: Gianluca Arcopinto; Assistentes<br />

de realização: Leopoldo Santovicenzo; Intérpretes: Cesare<br />

Apolito (Vagabundo), Juan Manuel Chumilla (Jovem), Pino<br />

Locchi (Narrador), etc.; Duração: 17 min.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Joseph Marzano (EUA, 1986); Argumento:<br />

Joseph Marzano, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Fotografi a (cor): Nathan Schiff; Assistentes de realização:<br />

Joseph Cacace, Joseph F. Parda; Companhias de produção:<br />

JM Pictures; Intérpretes: Joseph Marzano, Joseph F. Parda,<br />

Joseph Cacace, Nathan Schiff.<br />

O REI DAS ROSAS<br />

Título original: Der Rosenkönig ou Le Roi des Roses ou<br />

The Rose King<br />

Realização: Werner Schroeter (RFA, França, <strong>Portugal</strong>, 1986);<br />

Argumento: Magdalena Montezuma, Werner Schroeter,<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Raven”); Produção:<br />

Paulo Branco, Udo Heiland; Fotografi a (cor): Elfi Mikesch,<br />

Wolfgang Pilgrim; Montagem: Juliane Lorenz; Design de<br />

Produção: Caritas de Witt; Decoração: Isabel Branco, Rita<br />

Azevedo Gomes; Assistentes de realização: João Canijo,<br />

Corita de Witt, Pedro M. Ruivo, Rainer Will; Som: Vasco<br />

Pimentel, Joaquim Pinto; Companhias de produção: Udo<br />

Heiland Filmproduktion, Les Films du Passage, Road<br />

Movies Filmproduktion, Thomas Harlan, Filmverlag der<br />

Autoren, Rotterdam Film Festival, António Vaz da Silva,<br />

Futra Film, Gémini Films, Metro Filmes, Werner Schroeter<br />

Filmproduktion; Intérpretes: Magdalena Montezuma<br />

(Anna, a mãe), Mostefa Djadjam (Albert), Antonio Orlando<br />

(Fernando), Karina Fallenstein, etc. Duração: 110 min.<br />

OS CRIMES DA RUA MORGUE<br />

Título original: The Murders in the Rue Morgue ou Le<br />

Tueur de la Rue Morgue (TV)<br />

Realização: Jeannot Szwarc (EUA, França, 1986);<br />

Argumento: David Epstein, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe (“The Murders in the Rue Morgue”); Produção:<br />

David Epstein, Robert Halmi Jr., Edward J. Pope, David L.<br />

Watters; Música: Charles Gross; Fotografi a (cor): Bruno<br />

de Keyzer; Montagem: Eric Albertson; Direcção artística:<br />

André Guérin; Decoração: Nady Chauviret; Guarda-roupa:<br />

Christiane Coste; Maquilhagem: Del Acevedo, Patrick<br />

Archambault, Stuart Artingstall, Eric Muller; Direcção de<br />

produção: Jean-Pierre Spiri-Mercanton, Daniel Szuster;<br />

Assistentes de realização: Francis De Gueltz, Dominique<br />

Talmon; Departamento de arte: Yves Seigneuret ; Som:<br />

Daniel Brisseau, Jack Cooley, Jess Soraci; Efeitos Especiais:<br />

Lyle Conway; Efeitos visuais: Moses Weitzman; Guardaroupa:<br />

Michèle Richer; Companhias de produção:<br />

International Film Productions S.A., Robert Halmi;<br />

Intérpretes: George C. Scott (Auguste Dupin), Rebecca De<br />

Mornay (Claire Dupin), Ian McShane (Prefect of Police),<br />

Neil Dickson (Adolphe Le Bon), Val Kilmer (Phillipe Huron),<br />

Maud Rayer (Melle L’Espanaye), Maxence Mailfort,<br />

Fernand Guiot, Patrick Floersheim, Roger Lumont, Erick<br />

Desmarestz, Yvette Petit, Serge Ridoux, Mak Wilson,<br />

Sebastian Roché, etc. Duração: 100 min | 92 min (TV); Data<br />

de emissão: 7 de Dezembro de 1986 (EUA). Distribuição<br />

em <strong>Portugal</strong> (DVD): Filmes UNimundos, SA; Classifi cação<br />

etária: M/ 12 anos.<br />

Título original: The House of Usher ou The Fall of the<br />

House of Usher<br />

Realização: Alan Birkinshaw (EUA, 1988); Argumento:<br />

Michael J. Murray, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Avi Lerner, John Stodel, Harry Alan Towers;<br />

Música: Gary Chang, George S. Clinton; Fotografi a (cor):<br />

Yossi Wein; Montagem: Michael J. Duthie; Design de<br />

Produção: Leonardo Coen Cagli; Guarda-roupa: Dianna<br />

Cilliers; Maquilhagem: Scott Wheeler; Som: Jerry Jacobson;


Efeitos Especiais: Greg Pitts; Companhias de produção:<br />

Breton Film Productions; Intérpretes: Oliver Reed (Roderick<br />

Usher), Donald Pleasence (Walter Usher), Romy Windsor<br />

(Molly McNulty), Rufus Swart (Ryan Usher), Norman<br />

Coombes, Anne Stradi, Philip Godawa, Lenorah Ince,<br />

Jonathan Fairbirn, Carole Farquhar, etc. Duração: 92 min.<br />

Título original: Il Gatto Nero ou Demons 6 ou Demons 6:<br />

De Profundis ou Edgar Allan Poe’s The Black Cat ou The<br />

Black Cat<br />

Realização: Luigi Cozzi (Itália, 1989); Argumento: Luigi<br />

Cozzi, Daria Nicolodi, segundo obras de Edgar Allan Poe<br />

(“The Black Cat”) e de Thomas De Quincey (“Suspiria de<br />

Profundis”); Produção: Lucio Lucidi; Música: Vince Tempera;<br />

Fotografi a (cor): Pasquale Rachini; Montagem: Piero Bozza;<br />

Direcção artística: Marina Pinzuti Anzolini; Guarda-roupa:<br />

Donatella Cazzola; Maquilhagem: Franco Casagni, Franco<br />

Casagni, Piero Cucchi, Rosario Prestopino; Direcção de<br />

produção: Piero Amati, Lillo Capoano, Giovanni Mongini;<br />

Assistentes de realização: Fabio Di Biagio, Stefano Oddi;<br />

Departamento de arte: Osvaldo Monaco; Som: Benito<br />

Alchimede, Fulgenzio Ceccon; Efeitos Especiais: Antonio<br />

Corridori; Efeitos visuais: Armando Valcauda; Guardaroupa:<br />

Silvana Cocuccione; Companhias de produção:<br />

21st Century Film Corporation, World Picture; Intérpretes:<br />

Florence Guérin (Anne Ravenna), Urbano Barberini (Marc<br />

Ravenna), Caroline Munro (Nora McJudge), Brett Halsey<br />

(Leonard Levin), Luisa Maneri (Sara), Karina Huff, Alessandra<br />

Acciai, Giada Cozzi, Michele Marsina, Jasmine Maimone,<br />

Maurizio Fardo, Michele Soavi,etc. Duração: 89 min.<br />

Título original: Masque of the Red Death ou Edgar Allan<br />

Poe’s Masque of the Red Death<br />

Realização: Larry Brand (EUA, 1989); Argumento: Daryl<br />

Haney, Larry Brand, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Roger Corman, Sally Mattison, Adam Moos;<br />

Música: Mark Governor; Fotografi a (cor): Edward J. Pei;<br />

Montagem: Stephen Mark; Casting: Al Guarino; Design<br />

de Produção: Stephen Greenberg; Guarda-roupa: Sanja<br />

Milkovic Hays; Maquilhagem: Dean Jones, Robin Slater;<br />

Assistentes de realização: Jeffrey Delman; Departamento de<br />

arte: Alexandra Buresch, Mark Richardson, Richard K. Wright;<br />

Som: Bill V. Robbins, Cathie Speakman; Efeitos visuais: Pony<br />

R. Horton; Guarda-roupa: Greg Hildreth; Companhias de<br />

produção: Concorde Pictures; Intérpretes: Patrick Macnee<br />

(Machiavel), Adrian Paul (Prospero), Clare Hoak (Julietta),<br />

Jeff Osterhage (Claudio), Tracy Reiner (Lucrecia), Kelly Ann<br />

Sabatasso (Ornelia), Maria Ford (Isabella), Paul Michael,<br />

Michael Leopard, Daryl Haney, Gregory P. Alcus, Richard Keats,<br />

Marcelo Tubert, Charles Zucker, Patrick McCord, George<br />

Derby, Nicholas Rapattoni, Mel M. Metcalfe III, Dean Jones,<br />

Gil Christner, Michael Vlastas, Victoria Sloan, Bill Dunnam,<br />

Jan Bina, etc. Duração: 85 min.<br />

Título original: Due occhi diabolici ou Two Evil Eyes<br />

Realização: Dario Argento (Episódio “The Black Cat”),<br />

George A. Romero (Episódio “The Facts in the Case of Mr.<br />

Valdemar”) (Itália, EUA, 1990); Argumento: Dario Argento,<br />

Franco Ferrini, Peter Koper, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe (“The Black Cat”), George A. Romero, segundo obra de<br />

Edgar Allan Poe ( “The Facts in the Case of Mr. Valdemar”);<br />

Produção: Claudio Argento, Dario Argento, Achille<br />

Manzotti; Música: Pino Donaggio; Fotografi a (cor): Peter<br />

Reniers; Montagem: Pasquale Buba; Design de Produção:<br />

Cletus Anderson; Decoração: Diana Stoughton; Guardaroupa:<br />

Barbara Anderson; Maquilhagem: Everett Burrell,<br />

Will Huff, Jeannee Josefczyk, Tom Savini, John Vulich;<br />

Direcção de produção: Carol Cuddy, Fabrizio Diaz, Fernando<br />

Franchi, Andrea Tinnirello; Assistentes de realização: Luigi<br />

Cozzi, Fred ‘Fredo’ Donatelli, Nicholas Mastandrea, Maria<br />

L. Melograne, Nicola Pecorini; Departamento de arte:<br />

Eloise Albrecht, Francine Byrne, Gary Kosko; Som: Luciano<br />

Anzellotti, Massimo Anzellotti; Efeitos Especiais: J.C.<br />

Brotherhood, Tom Savini; Guarda-roupa: Kathy Borland,<br />

Nancy Palmentier; Companhias de produção: ADC Films,<br />

Gruppo Bema; Intérpretes: Adrienne Barbeau (Jessica<br />

Valdemar), Ramy Zada (Dr. Robert Hoffman), Bingo<br />

O’Malley (Ernest Valdemar), Jeff Howell (polícia), E.G.<br />

Marshall (Steven Pike), Chuck Aber, Jonathan Adams,<br />

Tom Atkins, Mitchell Baseman (episódio “The Facts in the<br />

Case of Mr. Valdemar”); Harvey Keitel (Roderick Usher),<br />

Madeleine Potter (Annabel), John Amos (Det. Legrand),<br />

Sally Kirkland (Eleonora), Kim Hunter (Mrs. Pym), Holter<br />

Graham (Christian), Martin Balsam (Mr. Pym), Julie Benz,<br />

Barbara Bryne, Lanene Charters (episódio “The Black<br />

Cat”) e ainda Mario Caputo, Bill Dalzell, Anthony Dileo Jr.,<br />

Christine Forrest, J.R. Hall, Scott House, James MacDonald,<br />

Charles McPherson, Larry John Meyers, Jeff Monahan,<br />

Fred Moore, Christina Romero, Peggy McIntaggart, Ben<br />

Tatar, Lou Valenzi, Jeffrey Wild, Ted Worsley, Jonathan<br />

Sachar, Tom Savini, etc. Duração: 120 min.<br />

Título original: “Alien Nation” – episódio Gimme, Gimme (TV)<br />

Realização: David Carson (EUA, 1990); Argumento: Rockne<br />

S. O’Bannon, Diane Frolov, Kenneth Johnson, Andrew<br />

Schneider; Produção: Tom Chehak, Diane Frolov, Kenneth<br />

Johnson, Andrew Schneider, Art Seidel; Música: Kenneth<br />

Johnson, David Kurtz; Fotografi a (cor): Roland ‘Ozzie’<br />

Smith; Montagem: Alan C. Marks; Casting: Irene Cagen;<br />

Design de produção: Ira Diamond; Decoração: Sam Gross;<br />

Guarda-roupa: Brienne Glyttov; Maquilhagem: Michèle<br />

Burke, William Howard; Direcção de Produção: John Liberti;<br />

Assistentes de realização: Alice Blanchard, Ken Stringer;<br />

Departamento de arte: Craig Binkley; Som: Charles<br />

Bruce, Claude Riggins; Efeitos especiais: Burt Dalton, Rick<br />

Stratton; Intérpretes: Gary Graham (Detective Matthew<br />

Sikes), Eric Pierpoint (Detective George Francisco), Michele<br />

Scarabelli (Susan Francisco), Sean Six (Buck Francisco),<br />

Terri Treas, Jeff Marcus, Ron Fassler, Kim Braden, Joseph<br />

Cali, Alan Fudge, Jenny Gago, Beverly Leech (Rita Allan<br />

Poe), Bob Minor, Charles Howerton, Lance E. Nichols,<br />

Michele Lamar Richards, David Selburg (Edgar Allan Poe),<br />

Armin Shimerman, Michael Zand, etc.<br />

Título original: The Haunting of Morella<br />

Realização: Jim Wynorski (EUA, 1990); Argumento: R.J.<br />

Robertson, Jim Wynorski, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Alida Camp, Roger Corman, Rodman Flender,<br />

Sally Mattison; Música: Chuck Cirino, Fredric Ensign<br />

Teetsel; Fotografi a (cor): Zoran Hochstätter; Montagem:<br />

Diane Fingado; Casting: Kevin Reidy; Design de Produção:<br />

Gary Randall; Maquilhagem: Dean Jones; Direcção de<br />

produção: Jonathan Winfrey; Departamento de arte:<br />

Richard K. Wright; Som: Bill V. Robbins; Companhias de<br />

produção: Concorde-New Horizons; Intérpretes: David<br />

McCallum (Gideon), Nicole Eggert (Morella / Lenora),<br />

203 | Edgar Allan Poe no Cinema


204 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Christopher Halsted (Guy), Lana Clarkson (Coel), Maria<br />

Ford, Jonathan Farwell, John O’Leary, Brewster Gould,<br />

Gail Harris, Clement von Franckenstein, R.J. Robertson,<br />

Deborah Dutch, Sandra Knight, etc. Duração: 82 min.<br />

Título original: Buried Alive ou Edgar Allan Poe’s Buried<br />

Realização: Gérard Kikoïne (EUA, África do Sul, 1990);<br />

Argumento: Jake Chesi, Stuart Lee, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: Avi Lerner, John Stodel, Harry Alan<br />

Towers; Música: Frédéric Talgorn; Fotografi a (cor): Gérard<br />

Loubeau; Montagem: Gilbert Kikoïne; Casting: Jane Warren;<br />

Design de Produção: Leonardo Coen Cagli; Maquilhagem:<br />

William Butler, Cleone Johnson, Dave Murat, Scott Wheeler;<br />

Direcção de produção: K.C. Jones, Danny Lerner; Assistentes<br />

de realização: Dominique Combe, Mark Gilbert, Melody<br />

Wernick; Departamento de arte: Lisa Hart, Henrietta<br />

Potgieter, Leith Ridley; Som: John Murray, Stewart Nelson,<br />

Marva Zand; Efeitos Especiais: Tony de Groot, Maxine<br />

Lourens, Greg Pitts; Guarda-roupa: Ruy Filipe; Companhias<br />

de produção: Breton Film Productions; Intérpretes: Robert<br />

Vaughn (Gary), Donald Pleasence (Dr. Schaeffer), Karen<br />

Witter (Janet), John Carradine (Jacob), Ginger Lynn Allen,<br />

Nia Long, William Butler, Janine Denison, Arnold Vosloo,<br />

Ashley Hayden, Stefa Popic, Hayley Dorskey, Roslynn<br />

Farrell, Dee Dee Eybers, Isabel Kastrikis, Sharlene Benn, etc.<br />

Duração: 87 min.<br />

Título original: série de TV - “The Simpsons” – episódio<br />

“Treehouse of Horror”<br />

Realização: David Silverman (episódio “The Raven”)<br />

(EUA, 1990); Argumento: Sam Simon (episódio The<br />

Raven), segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Raven”);<br />

Produção: Larina Adamson, James L. Brooks, Gabor Csupo,<br />

Matt Groening, Sherry Gunther, Al Jean, Jay Kogen, J.<br />

Michael Mendel, George Meyer, Mike Reiss, Richard Sakai,<br />

Sam Simon, Wallace Wolodarsky; Música: Alf Clausen;<br />

Montagem: Don Barrozo, Brian K. Roberts; Casting: Bonita<br />

Pietila; Direcção de produção: Joseph A. Boucher, Maria<br />

Elena Rodriguez, Michael Stanislavsky, Pamela Kleibrink<br />

Thompson, Ken Tsumura; Departamento de arte: Jeffrey<br />

Lynch, David Silverman (episódio “The Raven”); Som: Brad<br />

Brock, Travis Powers, Brian K. Roberts; Departamento<br />

de arte: Jeff ‘Swampy’ Marsh, Chris Reccardi, Lance<br />

Wilder; Som: John Rotondi, Wade Wilson; Efeitos visuais:<br />

Simon de Jong, Adam Howard, Andy Jolliff, Steven J.<br />

Scott; Animação: Lolee Áries, Julie Forte, Nollan Obena,<br />

William Powloski, Gary Yap; Companhias de produção:<br />

20th Century Fox Television, Gracie Films; Intérpretes:<br />

Dan Castellaneta (Homer Simpson), Julie Kavner (Marge<br />

Simpson), Nancy Cartwright (Bart Simpson), Yeardley<br />

Smith (Lisa Simpson), Harry Shearer, James Earl Jones, etc.<br />

Duração: 30 min; Data de emissão: 25 de Outubro de 1990<br />

(Temporada 2, Episódio 3).<br />

Título original: The Tell-Tale Heart (TV)<br />

Realização: John Carlaw (Inglaterra, 1991); Argumento:<br />

Steven Berkoff, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Intérpretes: Steven Berkoff (homem), Peter Brennan<br />

(magistrado), Neil Caplan (medico), etc. Duração: 30 min.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Scott Mansfi eld (EUA, 1991); Argumento: Scott<br />

Mansfi eld, segundo obra de Edgar Allan Poe; Companhias<br />

de produção: Monterey Media; Intérpretes: Robert E.<br />

Reynolds, Michael Sollazzo; Duração: 25 min.<br />

Título original: The Pit and the Pendulum ou The<br />

Inquisitor<br />

Realização: Stuart Gordon (EUA, 1991); Argumento: Dennis<br />

Paoli, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Albert<br />

Band, Charles Band; Música: Richard Band; Fotografi a<br />

(cor): Adolfo Bartoli; Montagem: Andy Horvitch; Casting:<br />

Perry Bullington, Robert MacDonald; Design de Produção:<br />

Giovanni Natalucci; Direcção artística: Giovanni Natalucci;<br />

Decoração: Maurizio Garrone; Guarda-roupa: Michaela<br />

Gisotti; Maquilhagem: Roland Blancafl or, Adriana Sforza,<br />

Pietro Tenoglio; Direcção de produção: Angelo D’Antoni,<br />

Remo Lombardo, Gretchen G. Wieland; Assistentes de<br />

realização: David Ambrosi, Carlos Hansen; Departamento<br />

de arte: David Zen Mansley, David Russell; Som: John<br />

Brasher, Adriane Marfi ak, Giuseppe Muratori; Efeitos<br />

Especiais: Giovanni Corridori; Companhias de produção:<br />

Empire Picturesm, Full Moon Entertainment; Intérpretes:<br />

Lance Henriksen (Torquemada), Stephen Lee (Gomez),<br />

William J. Norris (Dr. Huesos), Mark Margolis (Mendoza),<br />

Carolyn Purdy-Gordon, Barbara Bocci, Benito Stefanelli,<br />

Jeffrey Combs, Oliver Reed, Tom Towles, Rona De Ricci,<br />

Jonathan Fuller, Geoffrey Copleston, Larry Dolgin, Tunny<br />

Piras, Fabio Carfora, etc. Duração: 97 min.<br />

Título original: Haunting Fear<br />

Realização: Fred Olen Ray (EUA, 1991); Argumento: Fred<br />

Olen Ray, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Diana Jaffe, Fred Olen Ray; Música: Chuck Cirino;<br />

Fotografi a (cor): Gary Graver; Montagem: Christopher<br />

Roth; Guarda-roupa: Jill Conners; Assistentes de<br />

realização: John T. Melick, Joe Zimmerman; Efeitos<br />

visuais: Bret Mixon; Companhias de produção: American<br />

Independent Productions; Intérpretes: Brinke Stevens<br />

(Victoria Munroe), Jan-Michael Vincent (Detective James<br />

Trent), Jay Richardson (Terry Munroe), Delia Sheppard<br />

(Lisa), Karen Black (Dr. Julia Harcourt), Robert Clarke (Dr.<br />

Carlton), Robert Quarry (Visconti), Michael Berryman,<br />

Hoke Howell, Greta Carlson, Mark Thomas McGee, Jeff<br />

Yesko, etc. Duração: 88 min.<br />

Título original: La Chute de la Maison Usher<br />

Realização: Marc Julian Ghens (Bélgica, 1992); Argumento:<br />

Marc Julian Ghens, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Arnaud Demuynck; Música: Guy Drieghe;<br />

Montagem: Henri Erismann; Assistentes de realização:<br />

Bert Beyens; Som: Françoise Hivelin, Michel Mondo;<br />

Companhias de produção: Lux Fugit Film; Intérpretes:<br />

Carine François, Isabelle Hubert, Claudine Laroche, etc.<br />

Duração: 29 min.<br />

Título original: Fool’s Fire (TV)<br />

Realização: Julie Taymor (EUA, 1992); Argumento: segundo<br />

obra de Edgar Allan Poe; Produção: Kerry Orent, Julie Taymor;<br />

Música: Elliot Goldenthal; Fotografi a (cor): Bobby Bukowski;<br />

Montagem: Alan Miller; Casting: Judy Dennis; Design<br />

de Produção: G.W. Mercier; Guarda-roupa: Julie Taymor;<br />

Assistentes de realização: Steve Apicella; Som: Laurel<br />

Bridges; Efeitos Especiais: Mark O. Forker, Neil Smith; Efeitos<br />

visuais: Mark O. Forker, Neil Smith; Intérpretes: Michael J.<br />

Anderson (Hopfrog), Mireille Mossé, Tom Hewitt, Paul


Kandel, Reg E. Cathey, Kelly Walters, Thomas Derrah, Patrick<br />

Breen, Glenn Santiago, Patrick O’Connell, Robert Dorfman,<br />

Joan MacIntosh, Cynthia Darlow, Pippa Pearthree, Betsy<br />

Aidem, Harriet Sansom Harris, Norma Pratt, Christopher<br />

Medina, Andrew Asnes, Kathleen Kane, etc.<br />

Título original: Tale of a Vampire<br />

Realização: Shimako Sato (Inglaterra, 1992); Argumento:<br />

Shimako Sato, Jane Corbett, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Produção: Simon Johnson, Stephen Margolis, Noriko<br />

Shishikura; Música: Julian Joseph; Fotografi a (cor): Zubin<br />

Mistry; Design de Produção: Alice Normington; Direcção<br />

artística: Tom Burton; Som: Ronald Bailey, Jaime Estrada<br />

Torres, Andy Kennedy; Efeitos Especiais: David H. Watkins;<br />

Intérpretes: Julian Sands (Alex), Suzanna Hamilton (Anne<br />

/ Virginia), Kenneth Cranham (Edgar), Marion Diamond,<br />

Michael Kenton, Catherine Blake, Mark Kempner, Nik<br />

Myers, Ken Pritchard, Ian Rollison, David King, Adrianne<br />

Alexander, etc. Duração: 93 min.<br />

Título original: The Mummy Lives<br />

Realização: Gerry O’Hara (EUA, 1993); Argumento: Nelson<br />

Gidding, segundo obra de Edgar Allan Poe (“Some<br />

Words with A Mummy”); Produção: Harry Alan Towers,<br />

Yoram Globus, Anita Hope, Christopher Pearce; Música:<br />

Dov Seltzer; Fotografi a (cor): Avi Koren; Montagem:<br />

Danny Shick; Design de Produção: Kuli Sander; Direcção<br />

artística: Yoram Shayer; Guarda-roupa: Laura Dinolesko;<br />

Maquilhagem: Scott Wheeler; Assistentes de realização:<br />

Adi Arbel, Michal Engel; Departamento de arte: Ze’ev<br />

Aloni, Ornit Shanit; Som: Yann Delpuech, Shabtai Sarig;<br />

Companhias de produção: Global Pictures; Intérpretes:<br />

Tony Curtis (Aziru / Dr. Mohassid), Leslie Hardy (Sandra<br />

Barnes / Kia), Greg Wrangler (Dr. Carey Williams), Jack<br />

Cohen (Lord Maxton), Mohammed Bakri, Mosko Alkalai,<br />

Moshe Ivgy, Joseph Shiloach, Uri Gavriel, Yigal Naor, Eli<br />

Danker, Yossi Graber, Charlie Buzaglo, Rafi Weinstock, etc.<br />

Duração: 97 min.<br />

Título original: Drug-Taking and the Arts<br />

Realização: Storm Thorgerson (Inglaterra, 1994);<br />

Argumento: David Galo, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />

(cartas), Charles Baudelaire (On Wine and Hashish), Paul<br />

Bowles (“Let It Come Down”), Elizabeth Barrett Browning<br />

(“Aurora Leigh”), William S. Burroughs (“The Naked Lunch”),<br />

Jean Cocteau (“Opium”), Samuel Taylor Coleridge (“Kubla<br />

Khan” e “The Rime of the Ancient Mariner”), Thomas<br />

De Quincey (“Confessions of an English Opium Eater”),<br />

Philip K. Dick (“A Scanner Darkly”), Théophile Gautier -<br />

“The Hashish Club”), Allen Ginsberg (poema “Laughing<br />

Gas”), Robert Graves (carta Between Moon and Moon),<br />

Aldous Huxley (“Moksha”), Anna Kavan novel “Ice”), Jack<br />

Kerouac (“On The Road”), Ken Kesey (notas), Jay McInerney<br />

(“Bright Lights, Big City”), Gérard de Nerval (“Voyage to<br />

the Orient”), Anaïs Nin (Diário), Arthur Rimbaud (cartas<br />

“Letters of the Visionary”); Produção: Jon Blair; Música:<br />

David Gilmour; Documentário. Intérpretes: Bernard Hill<br />

(apresentador), Phil Daniels (Thomas De Quincey), Jon<br />

Finch (Gérard de Nerval), Danny Webb (Jean Cocteau),<br />

Brian Aldiss, J.G. Ballard, Virginia Berridge, Paul Bowles,<br />

Todd Boyco, Robin Buss, Carolyn Cassady, Ann Charters,<br />

E.M.R. Critchley, Margaret Crosland, Tony Dickenson,<br />

Annette Dolphin, David Gascoyne, Allen Ginsberg, Ronald<br />

Hayman, John Hemmings, Bernard Howells, Francis<br />

Huxley, Laura Archera Huxley, Oscar Janiger, Marek Kohn,<br />

Malcolm Lader, Timothy Leary, Grevel Lindop, George Melly,<br />

Eric Mottram, Paul O’Prey, Diana Quick, Peggy Reynolds,<br />

John Richardson, Avital Ronell, June Rose, Hubert Selby Jr.,<br />

John Sessions, Harry Shapiro, Jay Stevens, Robert Stone,<br />

Lawrence Sutin, Ian Walker, etc.<br />

Título original: “Biography” - Edgar Allan Poe: The<br />

Mystery of Edgar Allan Poe<br />

Argumento: Agnes Nixon (EUA, 1994); Intérpretes: Paul<br />

Clemens, Norman George (Edgar Allan Poe)<br />

Título original: Série de TV “Tales of Mystery and<br />

Imagination”<br />

Realização: James Ryan, Bill Hays, Dejan Sorak, Rod Stewart,<br />

Neil Hetherington, Hugh Whysall (1995); Argumento:<br />

Hugh Whysall, segundo obras de Edgar Allan Poe (The<br />

Fall of the House of Usher, The Oval Portrait, Berenice, The<br />

Black Cat, Ligeia, The cask of Amontillado, Mr. Valdemar,<br />

The Tell-Tale Heart, Morella, The Pit and the Pendulum e<br />

The Masque of the Red Death); Produção: Carrie Dempsey,<br />

Terry Dempsey, Neil Hetherington, Zdravko Mihalic;<br />

Assistentes de realização: Anthony Himbs; Companhia<br />

de produção: BFS; Intérpretes: Jeremy Crutchley, Graham<br />

Hopkins, Kruno Simon, Christopher Lee (Apresentador),<br />

etc. Duração: 330 min.<br />

Título original: The Dark Eye<br />

Realização: Russel Lees (Canadá, Japão, EUA, 1995);<br />

Argumento: Russel Lees, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Produção: Michael Nash; Música: Thomas Dolby;<br />

Fotografi a (cor): Jim Aupperle; Guarda-roupa: Ariel Jones;<br />

Efeitos visuais: Don Waller; Animação: Joel Fletcher;<br />

Intérpretes: William S. Burroughs, Jack Angel, Ryan<br />

Cutrona, Roberta Farkas, Jennifer Hale, Jessica Hecht, Tom<br />

Kane, Robert Machray, David Purdham, etc.<br />

Título original: série de TV “American Masters” – episódio<br />

“Edgar Allan Poe: Terror of the Soul”<br />

Realização: Joyce Chopra, Karen Thomas (EUA, 1995);<br />

Argumento: Joyce Chopra, Kenneth Silverman, Daniel Blake<br />

Smith, Karen Thomas, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Karen Thomas, Elizabeth Keyishian, Susan Lacy,<br />

Robert J. Sloane, Cindy E. Vaughn; Música: Peter Rodgers<br />

Melnick; Fotografi a (cor): James Glennon; Montagem:<br />

Joseph Gutowski, Mark Muheim, Mark Mulheim; Design<br />

de Produção: David Wasco; Direcção artística: Bernardo<br />

F. Munoz; Decoração: Sandy Reynolds-Wasco; Guardaroupa:<br />

Hilary Wright; Maquilhagem: Felicity Bowring, Karl<br />

Wessen; Assistentes de realização: Robert Leveen, Timothy<br />

Marx; Departamento de arte: Emily Ferry; Som: David<br />

Kirschner; Efeitos Especiais: Paul Staples; Companhias de<br />

produção: Film Odyssey Inc., WNET Channel 13 New York;<br />

Intérpretes: Eric Christmas (velho), Sky Rumph (Edgar,<br />

jovem), Michelle Joyner (Eliza Poe), Pam Van Sant (Kind<br />

Lady), Devyn Puett (Virginia Poe), Marianne Muellerleile,<br />

Robert Dowdell, Val Bettin, Rene Auberjonois (Fortunata,<br />

episódio “The Cask of Amontillado”), Ruby Dee (Narrador),<br />

Philip Glass, John Heard (Montresor, episódio “The Cask<br />

of Amontillado”), Alfred Kazin, Anthony Maggio (Edgar<br />

Allan Poe), Patrick Quinn, etc. Duração: 60 min: Data de<br />

emissão: 22 de Março de 1995.<br />

205 | Edgar Allan Poe no Cinema


206 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Título original: The Black Cat<br />

Realização: Rob Green (Inglaterra, 1995); Argumento:<br />

Rob Green, Clive Perrott, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Produção: Rob Green, Clive Perrott; Música: Russell<br />

Currie; Fotografi a (cor): Simon Margetts; Montagem: Tina<br />

Hetherington; Design de Produção: Tricia Stephenson;<br />

Direcção artística: Richard Campling; Maquilhagem:<br />

Patti Harrison; Direcção de produção: Sarah Lane; Som:<br />

Michael A. Cárter, Les Derby, Nick Pocock; Efeitos visuais:<br />

Clive Dawson; Animação: Clive Dawson; Companhias de<br />

produção: Black Cat Productions Ltd.; Intérpretes: David<br />

Kincaid, Alison Morrow, Clive Perrott; Duração: 18 min.<br />

Título original: “A.J.’s Time Travelers” – episódio Edgar<br />

Allan Poe – série de TV<br />

Realização: Mike Finney (EUA, 1995); Argumento: Barry<br />

Friedman; Produção: Gianni Russo; Fotografi a (cor): Steve<br />

Priola; Casting: Eric Dawson; Animação: Keith Alcorn,<br />

Paul Claerhout; Intérpretes: Jeremiah Birkett, Larry Cedar<br />

(Ollie), Teresa Jones (Mrs. Malloy), Richard Lewis (Edgar<br />

Allan Poe), Patty Maloney (B.I.T.), Julie St. Claire (Maria),<br />

John Patrick White (A.J. Malloy), Wayne Thomas Yorke<br />

(Izzy / Mr. Malloy), etc. Data de emissão: 1995 (Temporada<br />

1, Episódio 21).<br />

Título original: “Bone Chillers” – episódio Edgar Allan<br />

Poe-Session – série de TV<br />

Realização: Christopher Coppola (EUA, 1996);<br />

Argumento: Carl V. Dupré; Produção: Fred Silverman,<br />

John A. Smith; Música: Christopher Hoag; Fotografi a<br />

(cor): Howard Wexler; Guarda-roupa: Rosanna Norton;<br />

Maquilhagem: Tony Gardner; Direcção de Produção: Les<br />

Nordhauser; Assistentes de realização: Laurence Barbera;<br />

Departamento de arte: Flora Carnevale, Leslie Lawson;<br />

Som: Ricardo Broadus; Efeitos especiais: Tony Gardner,<br />

Rodd Matsui; Efeitos visuais: Tony Gardner, Scott Ramsey;<br />

Intérpretes: Trey Alexander (Kirk), Jim Beaver (Edgar Allan<br />

Poe), Linda Cardellini (Sarah), Saadia Persad (Lexi), Esteban<br />

Powell (Brian Holsapple), John Patrick White (Fitzgerald<br />

Crump), etc. Data de emissão: 16 de Novembro de 1996<br />

(Temporada 1, Episódio 11).<br />

Título original: Het Verraderlijke Hart<br />

Realização: Bert Lemmens (1996); Argumento: Bert<br />

Lemmens, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-<br />

Tale Heart”); Intérpretes: Ben Bellekens, Garin Cael, Bart<br />

Vandersmissen, etc. Duração: 15 min.<br />

Título original: Morella<br />

Realização: James Glenn Dudelson (EUA, 1997);<br />

Argumento: Ana Clavell, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Produção: James Glenn Dudelson, Robert Franklin<br />

Dudelson, Stanley Dudelson; Música: Chris Anderson,<br />

Carl Schurtz; Fotografi a (cor): Jesse Weathington; Casting:<br />

Pamela Guest; Design de Produção: William ‘Jamaal’ Fort;<br />

Direcção artística: Beat Frutiger; Guarda-roupa: Nanette<br />

M. Acosta; Direcção de produção: Alicia Valdez; Assistentes<br />

de realização: Sam Hill, Chad Rosen; Som: Randall Lawson;<br />

Companhias de produção: Allott Productions; Intérpretes:<br />

Lisa Blair (Jovem Sarah), Lisa Darr (Jenny Lynden), Nicholas<br />

Guest (Dr. Edgar Lynden), Khrystyne Haje (Inspector<br />

Farrow), Angela Jones (Dr.Patricia Morella / Sarah Lynden),<br />

David Kirkwood, Robert Lipton, Lou Rawls, Darlene Vogel,<br />

etc. Duração: 90 min.<br />

Título original: Der Rabe<br />

Realização: Hannes Rall (Alemanha, 1998); Argumento:<br />

Hannes Rall, segundo obra de Edgar Allan Poe; Música:<br />

Eckart Gadow; Som: Eckart Gadow; Philip Ulikowski;<br />

Animação: Hannes Rall; Companhias de produção: Meier &<br />

Rall Animation; Intérpretes: Hans Paetsch; Duração: 8 min.<br />

Título original: Mind’s Eye<br />

Realização: Kristian Fraga (EUA, 1998); Argumento: Kristian<br />

Fraga, Kimberly Ruane, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />

(“The Tell-Tale Heart”); Produção: Karli Bardosh, Kristian<br />

Fraga, Marc Perez, Kimberly Ruane; Fotografi a (cor): Yurgi<br />

Ganter; Montagem: Kristian Fraga; Maquilhagem: Voki<br />

Kalfi yan; Som: James Lefkowitz; Efeitos visuais: Chris<br />

Haak; Intérpretes: Christopher Sutherland (Narrador),<br />

Nicol Paone, Carlos Molina IV, Pete Fokas, etc.<br />

Título original: Corazón Delator<br />

Realização: Facundo De Rosas (Argentina, 1999);<br />

Argumento: Facundo De Rosas, Adrián Manetti, segundo<br />

obra de Edgar Allan Poe; Música: Litto Nebbia, Gustavo<br />

Peña; Fotografi a (cor): Andrés Fontana; Montagem:<br />

Facundo De Rosas, Marcelo Riveros; Direcção artística:<br />

Máximo Becci; Duração: 15 min.<br />

Título original: Corazón Delator<br />

Realização: Alex Stilman (Argentina, 1999); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”);<br />

Fotografi a (cor): Carlos Zanzottera; Montagem: Carlos<br />

Zanzottera; Direcção artística: Alex Stilman; Duração: 12 min.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart (TV)<br />

(EUA, 1999); Argumento: Wayne A. Hazle, segundo obra<br />

de Edgar Allan Poe; Produção: Wayne A. Hazle, Velvet<br />

Marshall; Fotografi a (cor): John Rhode; Direcção de<br />

produção: Cameron McIntyre; Companhias de produção:<br />

Jaguar Productions; Intérpretes: Kim Delgado (Detective),<br />

Jeff Ricketts, Kristen Shaw, Kristabelle Skyy, Barbara<br />

Stolzoff, etc.<br />

Título original: William Wilson<br />

Realização: Jorge Dayas (com o pseudónimo William<br />

Wilson) (Espanha, 1999); Argumento: segundo obra<br />

de Edgar Allan Poe; Produção: María Carmen Dayas;<br />

Animação; Companhias de produção: Maria Carmen<br />

Dayas; Duração: 10 min.<br />

Título original: El Escarabajo de Oro<br />

Realização: Vicente J. Martín (Espanha, 1999); Argumento:<br />

Juan Piquer Simón, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: José Ortega, Primitivo Rodríguez; Fotografi a (cor):<br />

Tomás Mas; Som: Manuel Carrión, José Manuel Sospedra;<br />

Companhias de produção: Grup Somni; Intérpretes: Andrés<br />

Alexis, Frank Braña, Stephen Charlwood, Tsung Cheng, Juan<br />

Carlos Gabarda, Rubén Gálvez, Juan Carlos Lee, John Legget,<br />

Manuel Máñez, Antonio Mayans, Germán Montaner, Alicia<br />

Ramirez, Alicia Ramírez, José Antonio Sánchez, Francisco<br />

Sanchís, Mónica Valero, etc.<br />

Título original: The Raven... Nevermore ou El Cuervo<br />

Realização: Tinieblas González (Espanha, 1999);<br />

Argumento: Karra Elejalde, Tinieblas González, segundo<br />

obra de Edgar Allan Poe (“The Raven”); Produção: Tinieblas


González; Fotografi a (cor): Unax Mendía; Efeitos visuais:<br />

Úrsula garcia; Companhias de produção: Tinieblas Films;<br />

Intérpretes: Gary Piquer (Edgar Allan Poe), Savitri Ceballos<br />

(Leonor), etc. Duração: 16 min.<br />

Título original: “Sabrina, the Teenage Witch” – episódio<br />

LXXXI: The Phantom Menace - Série de TV (EUA, 1996-2001)<br />

Realização: Paul Hoen, Mark Cendrowski (EUA, 1999);<br />

Argumento: John Hoberg, Nell Scovell; Produção: Nick<br />

Bakay; Música: Derek Syverud; Maquilhagem: Eryn Krueger<br />

Mekash, Colleen LaBaff; Casting: Kimberly Nordlinger;<br />

Assistentes de realização: Ellen Rosentreter; Som: James<br />

M. McCann, Wilson Dyer; Efeitos especiais: Jim Greenall;<br />

Efeitos visuais: David Carriker (1996-1997), Rick Cortes<br />

(1997-2003), Mark Spatny (1998-2003); Companhias de<br />

produção: Warner Bros. Television; Intérpretes: Melissa<br />

Joan Hart (Sabrina Spellman), Caroline Rhea (Hilda<br />

Spellman), Beth Broderick (Zelda Spellman), Nick Bakay<br />

(Salem Saberhagen), Nate Richert (Harvey Kinkle),<br />

Gabriel Carpenter, Jon Huertas, David Lascher, Tom Novak,<br />

Edgar Allan Poe IV (Edgar Allan Poe), China Shavers, etc.<br />

Duração: 30 min; Data de emissão: 29 de Outubro de 1999<br />

(Temporada 4, Episódio 6).<br />

Título original: “Mentors” – episódio The Raven - Série de TV<br />

Realização: Gil Cardinal (EUA, 2000); Argumento: Greg<br />

Kennedy; Produção: Will Dixon; Música: Bruce Leitl;<br />

Casting: Bette Chadwick, Candice Elzinga; Design de<br />

produção: Ken Rempel; Assistentes de realização: Greg<br />

Fawcett, Victor Landrie, Craig Wallace; Som: Jeff Hamon,<br />

Evan Rust; Efeitos especiais: Robert Sheridan; Intérpretes:<br />

Michael Sarrazin (Edgar Allan Poe), Belinda Metz, Brian<br />

Martell, Jane Sowerby, Daryl Shuttleworth, Samantha<br />

Krutzfeldt, Davina Stewart, etc. Data de emissão: 5 de<br />

Março de 2000 (Temporada 1, Episódio 10).<br />

Título original: Scary Tales<br />

Realização: Michael Hoffman Jr. (EUA, 2001); Argumento:<br />

Bill Cassinelli, Michael Hoffman Jr.; Produção: Bill<br />

Cassinelli, Michael Hoffman Jr., Tim Ritter; Música:<br />

Orange Nightmare, Duane Peery; Fotografi a (cor): Michael<br />

Hoffman Jr.; Montagem: Michael Hoffman Jr.; Som:<br />

Michael Hoffman Jr.; Efeitos especiais: Michael Hoffman<br />

Jr.; Efeitos visuais: Michael Hoffman Jr.; Companhias<br />

de produção: Twisted Illusions, Wet Floor Productions;<br />

Intérpretes: Bill Cassinelli (Dennis Frye), Ria Rampersad,<br />

Joel D. Wynkoop (episódio “Terminally Unemployed”);<br />

Chelsea Opolin, Eileen Opolin, Michael Hoffman Jr.<br />

(episódio “Hit And Run”); Joe Mengotti, Lindsay Horgan,<br />

Maggie Kennedy (episódio “I Ain’t Got No Body”); Kevin<br />

Bangos, Thorin Taylor Hannah, Tina Frankl, Shannon<br />

Semler, Gus Perez, Mark A. Nash, Lee Pinder (Edgar Allan<br />

Poe), David McGowan, Phil Dejesus (episódio “The Death<br />

Of...”), Richard Cecere, etc. Duração: 76 min.<br />

Título original: Monkeybone<br />

Realização: Henry Selick (EUA, 2001); Argumento: Sam<br />

Hamm, segundo banda desenhada de Kaja Blackley (“Dark<br />

Town”); Produção: Michael Barnathan, Chris Columbus,<br />

Paula DuPré Pesman, Sam Hamm, Mark Radcliffe, Lata<br />

Ryan, Henry Selick; Música: Anne Dudley; Fotografi a (cor):<br />

Andrew Dunn; Montagem: Jon Poll, Nicholas C. Smith,<br />

Mark Warner; Casting: Sheila Jaffe, Georgianne Walken;<br />

Design de produção: Bill Boes; Direcção artística: John<br />

Chichester, Bruce Robert Hill Decoração: Jackie Carr;<br />

Guarda-roupa: Beatrix Aruna Pasztor; Maquilhagem:<br />

Thomas Floutz, Robert Hallowell II, Michael Mills,<br />

Mark Nieman, Ben Nye Jr., Danny Valencia; Direcção de<br />

Produção: Doris Donnenberg, Paul Moen; Assistentes<br />

de realização: Dan Bradley, Pamela Cederquist, Peter<br />

Crosman, Valerie Finkel, Michael McCue, Lisa C. Satriano,<br />

Gregory Kent Simmons, Mike Topoozian, Bob Wagner;<br />

Departamento de arte: Martin Charles, Everett Chase,<br />

Jann K. Engel, A. Todd Holland, Martin Roy Mervel, Jeff<br />

Ozimek, Hugo Santiago; Som: Steve Boeddeker; Efeitos<br />

especiais: Paul J. Lombardi, Frank W. Tarantino, Dick Wood;<br />

Efeitos visuais: Terry Clotiaux, Buckley Collum, Peter<br />

Crosman, Adam Howard, Pete Kozachik, Brad Kuehn,<br />

Charles Lem, Rodney Montague, Tricia Mulgrew, Jaime<br />

Norman, Peter Oberdorfer, Mike Schmitt, Laura Schultz;<br />

Animação: Damon Bard, Paul Berry, Gisela Hermeling;<br />

Companhias de produção: Twentieth Century-Fox Film<br />

Corporation, 1492 Pictures, Twitching Image Studio;<br />

Intérpretes: Brendan Fraser (Stu Miley), Bridget Fonda (Dr.<br />

Julie McElroy), John Turturro (Monkeybone) (voz), Chris<br />

Kattan (Organ Donor Stu), Giancarlo Esposito (Hypnos),<br />

Rose McGowan (Miss Kitty), Dave Foley, Megan Mullally,<br />

Bob Odenkirk, Pat Kilbane, Lisa Zane, Whoopi Goldberg,<br />

Sandra Thigpen, Wayne Wilderson, Amy Higgins, Alan<br />

Gelfant, Kristin Norton, Chris Hogan, Lucy Butler, John<br />

Sylvain, Lou Romano, Leon Laderach, Edgar Allan Poe IV<br />

(Edgar Allan Poe), etc. Duração: 93 min.<br />

Título original: Le Portrait Ovale<br />

Realização: Marc Julian Ghens (Bélgica, 2001); Argumento:<br />

Marc Julian Ghens, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Patrice Bauduinet; Música: Marc Geonet;<br />

Fotografi a (cor): Federico D’Ambrosio, Jean Christophe<br />

Delinaoumis, Michel Mondo; Montagem: Nathalie<br />

Julien; Som: Cyrille Carillon; Companhias de produção:<br />

Ambiances, PBC Pictures; Intérpretes: Sandrine Blancke,<br />

Bernard Breuse, Annemiek Coenen, Claudine Laroche,<br />

Pierre Laroche, Véronique Lemaire; Duração: 20 min.<br />

Título original: “The Fear”<br />

Realização: Blake Bedford, Luke Watson, Konika Shankar<br />

(Inglaterra, 2001); Argumento: segundo obras de Edgar Allan<br />

Poe, Honoré de Balzac e Arthur Conan Doyle; Produção: Anne<br />

Mensah; Montagem: Tania Reddin; Design de Produção:<br />

David Hill; Companhias de produção: British Broadcasting<br />

Corporation (BBC); Intérpretes: Jason Flemyng, Anna Friel,<br />

Sadie Frost, David Harewood, Marianne Jean-Baptiste, Kelly<br />

Macdonald, Neve McIntosh, Nick Moran, Sean Pertwee, Ray<br />

Winstone, etc. Duração: 15 min.<br />

Título original: Usher<br />

Realização: Curtis Harrington (EUA, 2002); Argumento:<br />

Curtis Harrington, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Música: Dan Schmeidler; Fotografi a (cor): Gary Graver;<br />

Montagem: Tyler Hubby, Jeffrey Schwarz; Guarda-roupa:<br />

Shura Reininger; Departamento de arte: Sue Slutzky;<br />

Som: Maui Holcomb; Intérpretes: Curtis Harrington<br />

(Roderick Usher / Madeline Usher), Sean Nepita (Truman<br />

Jones), Fabrice Uzan (Pierre), Renate Druke, Robert Mundy,<br />

Nicholas Schreck, Ruth-Ellen Taylor, Zeena Taylor, etc.<br />

Duração: 40 min.<br />

207 | Edgar Allan Poe no Cinema


208 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Título original: Silencio<br />

Realização: Alonso Filomeno Mayo (Peru, 2002); Argumento:<br />

Alonso Filomeno Mayo, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Melina León; Música: Darko Saric; Fotografi a<br />

(cor): Michel Barbachan; Montagem: Alonso Filomeno<br />

Mayo; Design de Produção: Marco Melgar, Giuliana Torres;<br />

Guarda-roupa: María del Carmen Herrera; Maquilhagem:<br />

María del Carmen Herrera; Direcção de produção: Romina<br />

Cruz, Jimena Mora; Assistentes de realização: Gabriela<br />

Yepes; Som: Guillermo Palácios, Ricardo Vidal; Efeitos<br />

visuais: Carlos Chuquisengo; Companhias de produção:<br />

Manzana Azul; Intérpretes: Kareen Spano (Marta), Enrique<br />

Victoria, Oriana Cicconi, Sergio Galliani, Paco Varela, etc.<br />

Duração: 30 min.<br />

Título original: Hatred of a Minute<br />

Realização: Michael Kallio (EUA, 2002); Argumento: Lisa<br />

Jesswein, Michael Kallio, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe (“To-”); Produção: Bruce Campbell; Música: Dan<br />

Kolton; Fotografi a (cor): George Lieber; Montagem: Paul<br />

Hart, Michael Kallio, John W. Walter; Casting: Christine<br />

Claussen, Kathy Mooney; Design de Produção: Michael<br />

Kallio; Direcção artística: Matt Cantu, Arthur Clark;<br />

Guarda-roupa: Scarlett Jade; Maquilhagem: Kimberley<br />

Kirkpatrick, James Korloch, Jacki Ramsey; Direcção de<br />

produção: Michelle Kuhl; Assistentes de realização: Paul<br />

Domick, Michelle Kuhl, Jen Losey, Kurt Rauf; Departamento<br />

de arte: Michael Kallio, John Ray; Som: Joel H. Newport;<br />

Efeitos Especiais: Roger White; Companhias de produção:<br />

Campbell Productions, Darkart Entertainment, End of my<br />

Rope Limited Partnership; Intérpretes: Gunnar Hansen<br />

(Barry), Michael Kallio (Eric Seaver), Tracee Newberry<br />

(Jamie), Tim Lovelace (Detective Glenn Usher), Lisa<br />

Jesswein (Sarah Usher), Michael Robert Brandon, Jeffery<br />

Steiger, June Munger, Matthew Fennelly, Colleen Nash,<br />

Michelle Kuhl, Rebecka Read, John F. Gray, John Reneaud,<br />

Steve Dixon, Michael Jarema, etc. Duração: 83 min.<br />

Título original: Alone<br />

Realização: Phil Claydon (Inglaterra, 2002); Argumento:<br />

Paul Hart-Wilden, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />

(“Alone”); Produção: David Ball, John P. Davies; Música:<br />

Jim Betteridge, Carver, Phil Claydon, Jonathan Rudd;<br />

Fotografi a (cor): Peter Thornton; Montagem: Jonathan<br />

Rudd; Casting: Lucy Jenkins; Design de Produção: Keith<br />

Maxwell; Guarda-roupa: Leila Ransley; Maquilhagem:<br />

Carole Williams; Direcção de produção: Ray Adams, Jon<br />

Wilkins; Assistentes de realização: Richard Bird, Chris Hill,<br />

Bob Wright; Departamento de arte: Dave Feeney, Hannah<br />

Nicholson, Yvonne Toner; Som: Ian ‘Spike’ Banks; Efeitos<br />

visuais: Craig Chandler, Alan Church, Diane Kingston;<br />

Companhias de produção: CF1 Cyf, Evolution Films, Vine<br />

International Pictures; Intérpretes: Miriam Margolyes,<br />

John Shrapnel, Laurel Holloman, Isabel Brook, Caroline<br />

Carver, Claire Goose, Susan Vidler, Claudia Harrison, Phil<br />

Claydon, Kate Crowther, Stephanie Shaw, Gwen Vaughan,<br />

Rick Wakeman, Rachel Woodeson, etc. Duração: 110 min.<br />

Título original: Ubitye molniey<br />

Realização: Yevgeny Yufi t (Rússia, Holanda, Suíça, 2002);<br />

Argumento: Vera Novikova, Natalya Skorokhod, Yevgeny<br />

Yufi t, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Murders in<br />

the Rue Morgue”); Produção: Sergei Selyanov; Fotografi a<br />

(cor): Yevgeny Yufi t; Design de Produção: Yevgeny Yufi t;<br />

Companhias de produção: Direktion für Entwicklung und<br />

Zusammenarbeit (DEZA), Fondazione MonteCinemaVerità<br />

Locarno, Hubert Bals Fund, Kinokompaniya CTB, Nikola<br />

Film; Intérpretes: Aleksandr Anikeyenko, Aleksandr<br />

Maskalin, Vera Novikova, Olga Semyonova, Yelena<br />

Simonova, etc.<br />

Título original: “Creepy Canada” - episódio The Grave of<br />

Edgar Allan Poe/The Ghost of the Silver Run Tunnel/Isle<br />

of Demons Série de TV (Canadá, 2002)<br />

Música: Mark Dwyer, Martin Deller, Tony Tosti; Som: Jeff<br />

McCormack, Russ Mackay; Fotografi a (cor): Roger Singh,<br />

Eli M. Yonova; Intérpretes: Dave Ehrman, Ashley Hall,<br />

Deborah L. Murphy, Sandra Lynn O’Brien, Mark Redfi eld<br />

(Edgar Allan Poe), Jennifer Rouse, Tony Tsendeas, etc. Data<br />

de emissão:??? (Temporada 3, Episódio 2).<br />

Título original: Das Verräterische Herz<br />

Realização: Marc Malze (Alemanha, 2003); Argumento:<br />

Marc Malze, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />

Tell-Tale Heart”); Produção: Fabian Massah, Masud Rajai;<br />

Música: Lars Löhn; Fotografi a (cor): Florian Schilling;<br />

Montagem: Piet Schmelz; Casting: Suse Marquardt;<br />

Design de Produção: Sebastian T. Krawinkel; Direcção<br />

artística: Bülent Akgün, Lea Bohm, Axel Weller; Guardaroupa:<br />

Senay Ay, Kirstin Groppe, Inga Kusche, Beate<br />

Scheel; Maquilhagem: Ariane Kohlheim; Direcção de<br />

produção: André Cerbe, Ricarda Hibbeln, Fabian Massah;<br />

Assistentes de realização: Katrin Goetter; Som: Stefan<br />

Soltau; Companhias de produção: Cinex Film- und<br />

Fernsehproduktion, Deutsche Film- und Fernsehakademie<br />

Berlin (DFFB), Malze Massah Joint Film Production;<br />

Intérpretes: Nicolas von Wackerbarth (Edgar), Martin<br />

Eckermann, Hansgeorg Gantert, Detlef Bierstedt, Ilona<br />

Schulz, Alexander Wikarski, Maximilian Schierstädt, etc.<br />

Duração: 15 min.


Título original: The Raven<br />

Realização: Peter Bradley (EUA, 2003); Argumento: Peter<br />

Bradley, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Peter Bradley; Música: Steven Lovelace; Fotografi a (cor):<br />

Christopher Webb; Montagem: Peter Bradley; Direcção<br />

artística: John Jerard; Maquilhagem: Rachel C. Hunter;<br />

Departamento de arte: Mary Creede, John Jerard; Som:<br />

Mike Arafeh, Steven Lovelace; Efeitos visuais: David Fino,<br />

Dan LeRoy; Companhias de produção: Trilobite Pictures;<br />

Intérpretes: Jenny Guy (Lenore), Louis Morabito, Michael<br />

G. Sayers (Narrador), etc. Duração: 11 min.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Jeff Hoffman (EUA, 2003); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Jeff Hoffman,<br />

Terry McCoy; Fotografi a (cor): Eric Leach; Montagem:<br />

Yusaku Mizoguchi; Guarda-roupa: Stacy Stagnaro;<br />

Assistentes de realização: Roy Maurer; Companhias de<br />

produção: Button Pictures; Intérpretes: John Fava, James<br />

R. Taber, Ronald Roberts, Bob Peterson, Steven Stedman;<br />

Duração: 18 min.<br />

Título original: El Barril del amontillado<br />

Realização: Alexis Puig (Argentina, 2003); Argumento:<br />

Alexis Puig, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

María Rosa Grandinetti; Fotografi a (cor): Hugo Ponce;<br />

Montagem: Ernesto Zabatarelli; Direcção de produção:<br />

Nene Vidal; Assistentes de realização: Marina Ferrari; Som:<br />

Diego Dománico; Efeitos Especiais: Rolo Villar; Intérpretes:<br />

Lola Cordero (Ana), Gaia Rosviar (Rafaela), Nicolás Scarpino<br />

(Fortunato), Jorge Schubert (Monterrey), etc.<br />

Título original: El Corazón Delator<br />

Realização: Alfonso S. Suárez (Espanha, 2003); Argumento:<br />

Alfonso S. Suárez, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Carlos Espina, Alfonso S. Suárez; Música:<br />

Juan Carlos Casimiro; Fotografi a (cor): Gregorio Torre;<br />

Montagem: Fernando Rodríguez; Direcção de produção:<br />

José Luis Martínez Díaz; Companhias de produção: Verité<br />

de Cinematgrafía; Intérpretes: Paul Naschy (Louco), Eladio<br />

Sánchez, Paco Hernández, Javier Franquelo, etc. Duração:<br />

9 min.<br />

Título original: Il Gatto Nero<br />

Realização: Lucrezia Le Moli (Itália, 2003); Argumento:<br />

Lucrezia Le Moli, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Lucrezia Le Moli, Luca Magri; Música: Klaverna;<br />

Fotografi a (cor): Francesco Campanini; Montagem: Ash<br />

Campbell, Lucrezia Le Moli; Design de Produção: Johanna<br />

Munck; Guarda-roupa: Johanna Munck; Direcção de<br />

produção: Andrea Zannoni; Assistentes de realização:<br />

Federica Faroldi; Som: Ash Campbell; Intérpretes:<br />

Elisabetta Pozzi, Roberto Abbati, Luca Magri, Primo<br />

Giroldini, Adriano Guareschi, etc. Duração: 12 min.<br />

Título original: Descendant<br />

Realização: Kermit Christman, Del Tenney (EUA, 2003);<br />

Argumento: Kermit Christman, Margot Hartman, William<br />

Katt, Del Tenney; Produção: Kermit Christman, Joseph<br />

Dickstein, Joyce North, Del Tenney; Música: Timothy<br />

Wynn; Fotografi a (cor): D. Alan Newman; Montagem: Ted<br />

Thompson; Casting: Katy Wallin; Direcção artística: Robert<br />

La Liberte; Decoração: Marisa Vargo; Guarda-roupa:<br />

Bernie White; Maquilhagem: Rick Bongiovanni, Tanya<br />

Cookingham, Lorraine Martin; Direcção de Produção:<br />

Sirad Balducci, Lionel Ball; Assistentes de realização: Craig<br />

Borden, Alfi e Kiernan, Aaron Walters; Som: Lionel Ball,<br />

Woody Stubblefi eld; Efeitos especiais: Rick Bongiovanni;<br />

Companhias de produção: Mainline Releasing, Del Mar<br />

Productions; Intérpretes: Jeremy London (Ethan Poe /<br />

Frederick Usher), Katherine Heigl (Ann Hedgerow / Emily<br />

Hedgerow), Arie Verveen (Edgar Allan Poe), Nick Stabile<br />

(John Burns), William Katt (Dr. Tom Murray), Whitney<br />

Dylan (Lisa), Matt Farnsworth, Margot Hartman, Cheryl<br />

Dent, Lissa Pallo, Jodi Stevens, Jenna Bodnar, Craig Patton,<br />

Diane Foster, Amy Lindsay, Bryan Crump, Val Tasso, etc.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Stephanie Sinclaire (Inglaterra, 2004);<br />

Argumento: Stephanie Sinclaire, segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe; Produção: Brian Freeston, Stephanie Sinclaire,<br />

Nigel Wooll; Fotografi a (cor): Jack Cardiff; Montagem:<br />

Jack Cardiff; Direcção de produção: Jo Harrop; Assistentes<br />

de realização: Steve Newton; Companhias de produção:<br />

Dragonfl y Films, Silk Road Productions; Intérpretes: Oliver<br />

Bradshaw, Stephen Lord (Ed Poe), Michael Roberts, Mark<br />

White, etc.<br />

Título original: Berenice<br />

Realização: Geoffrey Ciani, Christian Twiste (EUA, 2004);<br />

Argumento: Geoffrey Ciani, Christian Twiste, segundo<br />

obra de Edgar Allan Poe; Produção: Geoffrey Ciani, S.E.<br />

Hackett, Christian Twiste; Música: Ariel Ramos, Gama<br />

Viesca; Fotografi a (cor): Christian Twiste; Montagem:<br />

Geoffrey Ciani, Christian Twiste; Casting: Toni Cusumano;<br />

Companhias de produção: Mushroom Cloud Productions<br />

LLC; Intérpretes: Paul Boccadoro, David F. Cressman, John<br />

Cusumano, Billy Ehrlacher, Trisha Hershberger (Berenice),<br />

Dick Nepon, Tesia Nicoli, Dan Quigley, Christian Twiste,<br />

Robert Twiste, Bob Weick, etc. Duração: 58 min | 60 min<br />

(DVD).<br />

Título original: El Hombre Largo<br />

Realização: Hernán Sáez (Argentina, 2004); Argumento:<br />

Paulo Soria, segundo obra de Edgar Allan Poe; Montagem:<br />

Hernán Sáez, Ernesto Zavatarelli; Companhias de<br />

produção: Canal 7, Instituto Nacional de Cine y Artes<br />

<strong>Audiovisual</strong>es (INCAA); Intérpretes: Carlos Belloso, Walter<br />

Cornás, Enrique Liporace, Bárbara Lombardo, Hernán<br />

Salinas, Paulo Soria, etc. Duração: 60 min.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Raúl Garcia (Luxemburgo, Espanha, EUA,<br />

2005); Argumento: Raul Garcia, Raúl García, segundo obra<br />

de Edgar Allan Poe; Produção: Rocío Ayuso, Raul Garcia,<br />

Raúl García, Catherine Knott, Stéphane Roelants, Manuel<br />

Sicilia, Craig Standen; Música: Javier López de Guereña,<br />

Erik Matro; Montagem: Raul Garcia; Direcção artística:<br />

Manuel Sicília; Direcção de produção: Miguel A.S.<br />

Cogolludo; Som: Mike Butcher; Intérpretes: Bela Lugosi<br />

(Narrador); Duração: 10 min.<br />

Título original: Sílení ou Lunay<br />

Realização: Jan Svankmajer (República Checa, Eslováquia,<br />

2005); Argumento: Jan Svankmajer, segundo obras de<br />

Edgar Allan Poe (“The Premature Burial” e “The System of<br />

209 | Edgar Allan Poe no Cinema


210 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Dr. Tarr and Professor Fether”) e Marquês de Sade; Produção:<br />

Juraj Galvánek, Jaromír Kallista, Jaroslav Kucera, Dusan<br />

Kukal, Helena Uldrichová; Fotografi a (cor): Juraj Galvánek;<br />

Montagem: Marie Zemanová; Casting: Radek Hruska;<br />

Design de Produção: Jan Svankmajer, Eva Svankmajerová;<br />

Guarda-roupa: Veronika Hrubá, Eva Svankmajerová;<br />

Direcção de produção: Vera Ferdová; Assistentes de<br />

realização: Mendel Hardeman, Martin Kublák, Marketa<br />

Tom; Departamento de arte: Daniel Bird, Karel Vanásek;<br />

Som: Ivo Spalj; Companhias de produção: Athanor, Ceská<br />

Televize; Intérpretes: Pavel Liska, Jan Triska, Anna Geislerová,<br />

Jaroslav Dusek, Martin Huba, Pavel Nov , Stano Danciak, Jirí<br />

Krytinár, Jan Svankmajer, etc. Duração: 118 min.<br />

Título original: Berenice<br />

Realização: Bruno Duarte, Luciana Penna (Brasil, 2005);<br />

Argumento: Anna Karinne Ballalai, Augusto Dos Anjos, Bruno<br />

Duarte, Luciana Penna, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Bruno Duarte, Luciana Penna; Música: Marcelo<br />

Neves; Fotografi a (cor): Thiago Lima Silva; Montagem:<br />

Marina Meliande; Companhias de produção: Bruno<br />

Duarte, Luciana Penna, Universidade Federal Fluminense;<br />

Intérpretes: Fernando Eiras (Egeu), Cristina Flores (Berenice),<br />

Afonso Henriques Neto (Doorman), etc. Duração: 24 min.<br />

Título original: Der Verrückte, das Herz und das Auge<br />

Realização: Gregor Dashuber, Annette Jung (Alemanha,<br />

2006); Argumento: segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe; Produção: Fabian Gasmia; Música: Max Knoth;<br />

Companhias de produção: Hochschule für Film und<br />

Fernsehen ‘Konrad Wolf’; Intérpretes: Andreas Fröhlich,<br />

Tom Strauss, etc. Animação; Duração: 8 min.<br />

Título original: The House of Usher<br />

Realização: Hayley Cloake (EUA, 2006); Argumento: Collin<br />

Chang, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Boyd<br />

Hancock, Alyssa Weisberg; Fotografi a (cor): Eric Trageser;<br />

Montagem: Jo Francis; Casting: Alyssa Weisberg; Design<br />

de Produção: Lawrence Sampson; Guarda-roupa: Candice<br />

Carella; Maquilhagem: Christina LaPointe; Assistentes<br />

de realização: Melissa DeSimone, Roy Holt, Karlina Lyons;<br />

Departamento de arte: Kurt Bergeron, Susan Haynes Davis,<br />

Allison Morrissette; Som: Jeffery Alan Jones; Companhias<br />

de produção: Abernathy Productions; Intérpretes: Austin<br />

Nichols (Roderick Usher), Izabella Miko (Jill Michaelson),<br />

Beth Grant (Mrs. Thatcher), Stephen Fischer (Rupert<br />

Johnson), Danielle McCarthy, Elizabeth Duff, Robin Kurian,<br />

Jason Fields, Jamey Jasta, Ann Howland, Henry Ebinger,<br />

Chris Eagan, Tim Hancock, etc. Duração: 81 min.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Michael Swertfager, Lawrence ‘Law’ Watford<br />

(EUA, 2006); Argumento: segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Lawrence ‘Law’ Watford, Tiffany Wilson; Música:<br />

Nick Bagg; Fotografi a (cor): Lawrence ‘Law’ Watford;<br />

Montagem: Lawrence ‘Law’ Watford; Companhias de<br />

produção: Lawville Solutions; Intérpretes: Dave Hobbs,<br />

Antwon Smallwood, etc. Duração: 15 min.<br />

Título original: Nightmares from the Mind of Poe<br />

Realização: Ric White (EUA, 2006); Argumento: Ric<br />

White, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Linda<br />

Thornton, Ric White; Música: Joe Riley; Fotografi a (cor):<br />

John Gerhart; Companhias de produção: Willing Hearts<br />

Productions; Intérpretes: James Anderson, David Ballasso,<br />

David Bayer, Dave Bielawski, Emma Cardosi, David<br />

Chattam, Clayton Laurence Cheek, Deanne Collins, Ron<br />

Cushman, Retika Dial, Tom Dolan, Kenneth Dozier, Judith<br />

Draper, William Hendry, etc. Duração: 93 min.<br />

O CORVO<br />

Título original: The Raven<br />

Realização: Ulli Lommel (EUA, 2006); Argumento: Ulli<br />

Lommel, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Jeff Frentzen, Ulli Lommel, Nola Roeper; Música: Robert<br />

J. Walsh; Fotografi a (cor): Bianco Pacelli; Montagem:<br />

Christian Behm, Brian Lancaster; Casting: Rachael Devlin;<br />

Design de Produção: Patricia Devereaux; Maquilhagem:<br />

Aimee Galicia Torres; Direcção de produção: Trista Beard,<br />

Howard Berstein; Departamento de arte: Jim Swain; Som:<br />

Larry Bryanston, Derek Frentzen; Efeitos Especiais: Aimee<br />

Galicia Torres; Guarda-roupa: Jimmy Williams; Companhias<br />

de produção: Hollywood House of Horror, The Shadow<br />

Factory Inc.; Intérpretes: Jillian Swanson (Lenore), Jack<br />

Quinn (Skinner), Victoria Ullmann (Annabel Lee), Michelle<br />

Guest (Doree), Sharon Senina (Jackie), Jaquelyn Aurora<br />

(Shannon), Michael Barbour (Edgar Allan Poe), Trista Beard,<br />

Ernest Borneo, Nicole Cooke, Janelle Dote, Carsten Frank,<br />

Tisha Franklin, Jeff Frentzen, Laura Hofrichter, Ulli Lommel,<br />

etc. Duração: 81 min; Classifi cação etária: M/ 16 anos;<br />

Disribuição em <strong>Portugal</strong> (DVD): Prisvideo.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Brett Kelly (Canadá, 2006); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Anne-Marie<br />

Frigon; Música: Chris Nickel; Companhias de produção:<br />

Dudez Productions; Intérpretes: Brett Kelly (Narrador).<br />

Título original: “The Venture Bros.” Escape to the House<br />

of Mummies, Part II<br />

Realização: Christopher McCulloch (EUA, 2006); Argumento:<br />

Doc Hammer, Christopher McCulloch; Produção: Nathan


Graf, Christopher McCulloch, Jeremy Rosenberg, Rachel<br />

Simon, Steven S.H. Yoon; Música: J.G. Thirlwell; Montagem:<br />

Doc Hammer; Direcção de Produção: Nisa Contreras, Keith<br />

Crofford, Michael Lazzo; Departamento de arte: Liz Artinian,<br />

Peter Brown, Marina Dominis-Dunnigan, Siobhan Mullen;<br />

Som: Rachel Chancey, Dave Paterson; Efeitos visuais: Luciano<br />

DiGeronimo, Doc Hammer; Animação: Kimson Albert,<br />

Jennifer Batinich, Tom Bayne, Nick DeMayo, Chris George,<br />

Matthew I. Jenkins, Agatha Sarim Kim, Sadie Y.E. Lee, Miguel<br />

Martinez-Joffre, Martin Wittig; Companhias de produção:<br />

Williams Street; Intérpretes (vozes): James Urbaniak, Patrick<br />

Warburton, Michael Sinterniklaas, Christopher McCulloch,<br />

Steven Rattazzi, Doc Hammer, H. Jon Benjamin, Lisa Hammer,<br />

etc. Duração: 22 min. Data de emissão: 16 de Julho de 2006<br />

(Temporada 2, Episódio 4).<br />

Título original: The Death of Poe<br />

Realização: Mark Redfi eld (EUA, 2006); Argumento:<br />

Mark Redfi eld, Stuart Voytilla; Produção: Tom Brandau,<br />

Wesley Nolan, Mark Redfi eld, Jennifer Rouse, Robert<br />

Sprowls, Stuart Voytilla, J.J. Weber; Música: Jennifer Rouse;<br />

Fotografi a (cor): Jeff Herberger; Montagem: Jay Carroll,<br />

Sean Paul Murphy; Maquilhagem: Mary ‘Dugan’ Buono,<br />

Eric Supensky; Assistentes de realização: Thomas Brandau;<br />

Departamento de arte: William Kelley, Clay Supensky;<br />

Companhias de produção: Redfi eld Arts; Intérpretes:<br />

Mark Redfi eld (Edgar Allan Poe), Kevin G. Shinnick (Dr.<br />

John Moran), Jennifer Rouse (Mrs. Moran), Tony Tsendeas<br />

(Neilson Poe), Kimberly Hannold (Virginia Clemm), Wayne<br />

Shipley, Jonathon Ruckman, George Stover, J.R. Lyston, Curt<br />

Boushel, Sandra Lynn O’Brien, Chuck Richards, Deborah<br />

L. Murphy, Dave Ellis, Jimmyo Burril, Thomas E. Cole, Erik<br />

DeVito, Pete Karas, Andrew Ready, Tom Brandau, Holly<br />

Huff, T.B. Griffi th, Douglas Spence, Shawn Jones, Johanna<br />

Supensky, Josh Metz, Samuel DiBlasi Jr., Richard Arnold,<br />

Michael H. Alban, etc. Duração: 80 min.<br />

Título original: Nightmares from the Mind of Poe<br />

Realização: Ric White (EUA, 2006); Argumento: Ric White,<br />

Edgar Allan Poe; Produção: Clayton Laurence Cheek, Tom<br />

Dolan, Toni Sowell, Linda Thornton, Tom Varenchick, Ric<br />

White; Música: Joe Riley; Fotografi a (cor): John Gerhart;<br />

Companhias de produção: Willing Hearts Productions;<br />

Intérpretes: James Anderson, David Ballasso, David Bayer,<br />

Dave Bielawski, Emma Cardosi, David Chattam, Clayton<br />

Laurence Cheek, Deanne Collins, Ron Cushman, Retika Dial,<br />

Tom Dolan, Kenneth Dozier, Judith Draper, William Hendry,<br />

John Huber, Steve Jarrell, Stephen Jerrell Jr., Carey Kotsionis,<br />

Mickey Love, Stephanie Love, Jay McMahon, Doug Moore,<br />

Lisa Parham, Michael Roark, Cole Schaefer, Ricky Smith, Toni<br />

Sowell, Linda Thornton, Tom Varenchick, Jamie Vincent, Ric<br />

White (Edgar Allan Poe), etc. Duração: 93 min.<br />

Título original: E.A.P.<br />

Realização: Bradford R. Youngs (EUA, 2007); Argumento:<br />

Bradford R. Youngs; Produção: Bradford R. Youngs, Gina<br />

Youngs; Fotografi a (cor): John Darbonne, Bradford R. Youngs;<br />

Montagem: Robert Dias, Allen Kaufman; Som: Allen Kaufman;<br />

Companhias de produção: Twilight Entertainment, Twilight<br />

Studios; Intérpretes: Colin Branca (Edgar Allan Poe), Elwood<br />

Carlisle (Velho), etc. Duração: 8 min.<br />

Título original: El Cuervo<br />

Realização: Richie Ercolalo (Argentina, 2007); Argumento:<br />

Richie Ercolalo, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Cristian De Ricci, José Ercolado, Richie Ercolalo;<br />

Música: Pablo Borghi; Fotografi a (cor): Malco Alonso;<br />

Montagem: Richie Ercolalo; Direcção artística: Richie<br />

Ercolalo; Maquilhagem: Mariana Rosselli, Mariana Talta;<br />

Assistentes de realização: Camila Rossi; Departamento<br />

de arte: Patricia Gallardo; Som: Alejandro G. Ludueña;<br />

Animação: Marcos Ilari; Intérpretes: Pascual Aldana, Javier<br />

Darío Alfonso, José Andrada, María Victoria Baldomir,<br />

Verónica Belloni, Fernando A. Beracochea, Daniel<br />

Bonapartian, Eduardo Bonapartian, Santiago Cadenas,<br />

Belén Céspedes, Néstor Cunzo, etc. Duração: 30 min.<br />

Título original: série de TV “Masters of Horror” – episódio<br />

“The Black Cat”<br />

Realização: Stuart Gordon (EUA, Canadá, 2007); Argumento:<br />

Dennis Paoli, Stuart Gordon segundo obra de Edgar<br />

Allan Poe (“The Black Cat”); Produção: Ken Abraham,<br />

Ben Browning, Adam Goldworm, Lisa Richardson, Tom<br />

Rowe; Música: Rich Ragsdale; Fotografi a (cor): Jon Joffi n;<br />

Montagem: Marshall Harvey; Casting: Stuart Aikins, Sean<br />

Cossey, Lindsey Hayes Kroeger, David Rapaport; Design<br />

de Produção: Don Macaulay; Direcção artística: Margot<br />

Ready; Guarda-roupa: Lyn Kelly; Maquilhagem: Sarah<br />

Graham, Adina Shore, Margaret Solomon; Assistentes de<br />

realização: Alexia S. Droz, Rob Duncan, David Markowitz,<br />

Ania Musiatowicz; Departamento de arte: Jean Brophey,<br />

Nick Dibley, John Wilcox; Som: Anke Bakker, Kris Fenske;<br />

Efeitos Especiais: Howard Berger, Gregory Nicotero, Chris<br />

Sturges; Efeitos visuais: Julie Bergman; Guarda-roupa: Debra<br />

Torpe; Companhias de produção: Starz Productions, Nice<br />

Guy Productions, Industry Entertainment, Reunion Pictures;<br />

Intérpretes: Jeffrey Combs (Edgar Allan Poe), Elyse Levesque<br />

(Virginia Poe), Aron Tager (George Graham), Eric Keenleyside,<br />

Patrick Gallagher, Christopher Heyerdahl, Ken Kramer, Ian<br />

Alexander Martin, Ryan Crocker, etc. Duração: 58 min.<br />

Título original: Berenice<br />

Realização: Alejandro Aguilera (México, 2007); Argumento:<br />

segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Alejandro<br />

Aguiler; Fotografi a (cor): Alejandro Aguilera; Companhias<br />

de produção: Ultima Realidad Films; Intérpretes: David<br />

Nava; Duração: 10 min.<br />

Título original: The Raven (TV)<br />

Realização: David DeCoteau (EUA, 2007); Argumento:<br />

Matthew Jason Walsh segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: Paul Colichman, David DeCoteau, Stephen<br />

P. Jarchow; Música: Richard Band, Joe Silva; Fotografi a<br />

(cor): Vincent G. Cox; Montagem: Christopher Bavota;<br />

Efeitos visuais: Sergey Musin; Guarda-roupa: Gitta Cox;<br />

Companhias de produção: Rapid Heart Pictures; Intérpretes:<br />

Rick Armando (Roderick), Litha Booi (Pembroke), Ivan<br />

Botha (Greg), Joy Lucelle De Gee (Helen), Richard Johnson<br />

(narrador), John Jordan, Traverse Le Goff; Justin Mancer,<br />

Justin McGibbon, Brian Mitchell, Graeme Richards, Andre<br />

Velts, Nicholas Wickstrom, etc. Duração: 96 min.<br />

Título original: Edgar Allan Poe’s Ligeia<br />

Realização: Michael Staininger (EUA, 2008); Argumento:<br />

John Shirley, segundo obra de Edgar Allan Poe (“Ligeia”);<br />

211 | Edgar Allan Poe no Cinema


212 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

Produção: Chris Benson, Wes Bentley, Donald P. Borchers,<br />

Robert Crombie, Randall Emmett, George Furla, Van<br />

Johnson, Jeff Most, Artur Novikov, Jeff Rice, Sergei<br />

Veremeenko; Música: Patrick Cassidy, Michael Edwards;<br />

Fotografi a (cor): Chris Benson; Montagem: Danny<br />

Saphire, Michal Shemesh; Casting: Shannon Makhanian,<br />

Rosemary Welden; Design de Produção: Cat Cacciatore;<br />

Direcção artística: Jim Tudor; Guarda-roupa: Mandi<br />

Line; Maquilhagem: Lisa Brockman-Kalz; Direcção de<br />

produção: Matt Corrado, Jeff Most, Jeff Most; Assistentes<br />

de realização: Aaron Crozier, Brent Jaimes, Charles Leslie,<br />

Jeff Most ; Departamento de arte: Chris Shader, Flynn<br />

Smith; Som: Steven Avila, Peter D. Lago, Steven Utt;<br />

Efeitos Especiais: Greg Goad; Efeitos visuais: David A.<br />

Davidson, Joseph Emerling; Companhias de produção:<br />

Yalta-Film, Jeff Most Productions, Poe Vision; Intérpretes:<br />

Wes Bentley (Jonathan), Kaitlin Doubleday (Rowena),<br />

Mackenzie Rosman (Loreli), Michael Madsen (George), Eric<br />

Roberts (Vaslov), Cary-Hiroyuki Tagawa, Sofya Skya (Ligeia<br />

Romanova), Joel Lewis, Christa Campbell, Lydia Hull, Jeff<br />

Most, Susan L. Fry, Matthew Gowan, Ryan O’Quinn, etc.<br />

Título original: Morella<br />

Realização: Jeff Ferrell (EUA, 2008); Argumento: Jeff<br />

A. Ferrell, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Jeff Ferrell; Música: Semih Tareen; Fotografi a (cor): Jeff<br />

Vigil; Montagem: Jeremy Schmidt; Intérpretes: Dennis<br />

Kleinsmith (homem, narrador), Lisa Coronado (Morella),<br />

Hannah Morwell, etc. Duração: 10 min.<br />

Título original: The Horror Vault 2<br />

Realização: Henric Brandt (episódio “The Dead Chick<br />

In The Closet”), Lars Gustavsson (episódio “Restroom”),<br />

Oscar Malm (episódio “Restroom”), Martin Vrede<br />

Nielsen (episódio “Repugnant”), Michael Vrede Nielsen<br />

(episódio “Repugnant”), Guy Pearson (episódio “Mr.<br />

Happy Sunshine”), Kim Sønderholm (episódio “Invasion<br />

of Privacy”), Ben Wydeven (episódio “The Medium”) (EUA,<br />

Suécia, Dinamarca, 2008); Argumento: Stefan Bommelin,<br />

Henric Brandt, Lars Gustavsson, H.P. Lovecraft, Oscar<br />

Malm, Paul Meagher, Andreas Rylander, Kim Sønderholm,<br />

Rasmus Tirzitis, Ben Wydeven, Martin Vrede Nielsen,<br />

Michael Vrede Nielsen, segundo obra de Edgar Allan<br />

Poe (episódio “Repugnant”); Produção: Adrian Alfonso,<br />

David Ballerstein, Henric Brandt, Jarrod Crooks, Lars<br />

Gustavsson, Jan T. Jensen, Kelly Karnetsky, Oscar Malm,<br />

Gunnel Neltzen, Guy Pearson, Jim Pedersen, Jason<br />

Perlzweig, Joseph Pozo, Kim Sønderholm, Melanie Sparks,<br />

Scott Christian Spencer, Jeff Stoll, Fabrizio Wiederkehr;<br />

Música: Samir El Alaoui (episódio: “The Dead Chick In The<br />

Closet”), Just J. (episódio “The Medium”), Michael Ohlsson<br />

(episódio: ‘Restroom’); Carl Sharrocks (episódio “Mr. Happy<br />

Sunshine”); Fotografi a (cor): Stefan Bommelin (episódio:<br />

“The Dead Chick In The Closet”), Lars Gustavsson (episódio:<br />

‘Restroom’), Joachim Johansen (episódio “Invasion of<br />

Privacy”), Oscar Malm (episódio: ‘Restroom’), Guy Pearson<br />

(episódio “Mr. Happy Sunshine”); Montagem: Krede<br />

Andersen, Henric Brandt (episódio “The Dead Chick In The<br />

Closet”), Oscar Malm (episódio: ‘Restroom’), Guy Pearson<br />

(episódio “Mr. Happy Sunshine”), Kim Sønderholm<br />

(episódio “Invasion of Privacy”), Ben Wydeven (episódio<br />

“The Medium”); Maquilhagem: Ulla Glud (episódio<br />

“Repugnant”), Lars Gustavsson (episódio: ‘Restroom’),<br />

Oscar Malm (episódio: ‘Restroom’), Lisa Stenlid (episódio<br />

“The Dead Chick In The Closet”); Direcção de produção:<br />

James Rubino (episódio “The Medium”); Assistentes de<br />

realização: Rasmus Tirzitis (episódio “The Dead Chick<br />

In The Closet”); Som: Becky Kostlevy, Paul Meagher, Guy<br />

Pearson, Yia Xiong; Efeitos visuais: Andreas Feix, Oscar<br />

Malm; Companhias de produção: Cetus Productions;<br />

Intérpretes: Kim Sønderholm (Dennis), Ditte U. (Laura),<br />

Vibeke Zeuthen (Rebecca), Lars Bjarke (Reuben) (episódio<br />

‘Invasion of Privacy’); Dennis Haladyn (homem), Michael<br />

Vrede Nielsen (animal) (episódio ‘Repugnant’), Dan<br />

Burger (Joe Valentino), Jarrod Crooks (corvo), Jeffrey<br />

Glenn (Tom Geideman), Jessica Heyel (Lenore Derry),<br />

Jon Lipscomb (Rodriguez), Jessie Mueller (Jenny Cavoto)<br />

(episódio “The Medium”); Yohanna Idha (galinha<br />

morta), Anders Menzinsky (Ben), Pontus Olgrim (John),<br />

Penelope Papakonstantinou (Sandra), Andreas Rylander<br />

(Phillip) (episódio ‘The Dead Chick In The Closet’); Mark<br />

Baker (Steven), Daniel Garthwright (Lee), Paul Meagher<br />

(Saul), Gary Wall (segunda vítima) (episódio “Mr. Happy<br />

Sunshine”); Christoffer Jonsson (homem que grita)<br />

(episódio “Restroom”), etc. Duração: 90 min.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Robert Eggers (EUA, 2008); Argumento: Robert<br />

Eggers, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Maura<br />

Anderson, Michael Neal; Música: Johann Sebastian Bach,<br />

Thomas Ulrich; Fotografi a (cor): Jarin Blaschke; Montagem:<br />

Louise Aldersay; Design de produção: Robert Eggers;<br />

Guarda-roupa: Robert Eggers; Assistentes de realização:<br />

Amanda Michaels; Departamento de arte: Jennie Green,<br />

Edouard Langlois; Som: Dave Groman, Matt Rocker, Damian<br />

Volpe; Efeitos visuais: Gordon Arkenberg; Companhias de<br />

produção: Palehorse Productions; Intérpretes: Carrington<br />

Vilmont, Richard Easton, Dan Charlton, Nathan Allison, Dan<br />

Murphy, etc. Duração: 21 min.<br />

Título original: “Muchachada nui” – episódio 2.10 - Série<br />

de TV (2008)<br />

Realização: Joaquín Reyes (Espanha, 2008); Argumento:<br />

Joaquín Reyes, Carlos Areces, Ernesto Sevilla, Raúl Cimas,<br />

Julián López; Produção: Flipy; Música: Enrique Borrajeros;<br />

Montagem: Juanma Ibáñez, Rebeca Saenz de Jubera;<br />

Decoração: Noe Cabañas; Maquilhagem: Oscar del Monte,<br />

Nacho Díaz, Antonio Hortas, Cristina Malillos; Direcção de<br />

Produção: Manuel Sánchez, Jorge Torrens ; Assistentes de<br />

realização: Paula Palmero, Ernesto Sevilla; Departamento<br />

de arte: Rafael Sanz; Som: Miguel Angel Walter, Roberto<br />

Fernández; Animação: Joaquín Reyes; Intérpretes: Joaquín<br />

Reyes, Ernesto Sevilla, Raúl Cimas (Edgar Allan Poe), Julián<br />

López, Carlos Areces, Mercedes Navarro, Jesús Reyes, Mark<br />

García, Jesús Herrero, Duane Jones, Judith O’Dea, etc. Data<br />

de emissão: 11 de Junho de 2008 (Temporada 2, Episódio 10).<br />

Título original: The Pit and the Pendulum<br />

Realização: David DeCoteau (EUA, 2009); Argumento:<br />

Simon Savory, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Paul Colichman, Stephen P. Jarchow, John Schouweiler;<br />

Música: Jerry Lambert, Fotografi a (cor): Howard Wexler;<br />

Montagem: Jack Harkness; Assistentes de realização:<br />

Wise Lee; Som: David Tarango; Companhias de produção:<br />

Rapid Heart Pictures; Intérpretes: Lorielle New (JB Divay),<br />

Stephen Hansen (Jason), Bart Voitila (Kyle), Danielle


Demski (Alicia), Amy Paffrath (Gemma), Tom Sandoval<br />

(Vinnie), Michael King, Jason-Shane Scott, Andrew Bowen,<br />

Jason Stuart, Greg Sestero, etc. Duração: 86 min.<br />

Título original: Tell-Tale<br />

Realização: Michael Cuesta (EUA, 2009); Argumento:<br />

Dave Callaham, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />

Produção: John Baca, Dave Callaham, Matthew E.<br />

Chausse, Michael Costigan, Michael Ellenberg, Myles<br />

Nestel, Malcolm Reeve, Robert Salerno, Ridley Scott, Tony<br />

Scott, Martin Shore, Gordon Steel, Christopher Tuffi n,<br />

Patrick Wabl; Música: Pierre Földes; Fotografi a (cor): Terry<br />

Stacey; Montagem: Kane Platt; Casting: Beth Bowling,<br />

Kim Miscia; Design de Produção: Patti Podesta; Direcção<br />

artística: Jordan Jacobs; Decoração: Anuradha Mehta;<br />

Guarda-roupa: Mary Claire Hannan; Maquilhagem:<br />

Frank Barbosa, Kate Biscoe, Cheryl Daniels, Paula Dion;<br />

Direcção de produção: Craig Ayers, Jonathan Ferrantelli,<br />

Chris Ward; Assistentes de realização: Ivan J. Fonseca,<br />

Elizabeth MacSwan, Adam T. Weisinger; Departamento<br />

de arte: Dawson Nolley; Som: Drazen Bosnjak; Efeitos<br />

visuais: Seb Caudron; Companhias de produção: Artina<br />

Films, Oceana Media Finance, Poe Boy Productions, Scott<br />

Free Productions, Social Capital, The Steel Company,<br />

Tax Credit Finance; Intérpretes: Josh Lucas (Ferry), Lena<br />

Headey (Elizabeth), Brian Cox (Van Doren), Beatrice Miller<br />

(Angela), Dallas Roberts, Ulrich Thomsen, Pablo Schreiber,<br />

Jamie Harrold, Tom Riis Farrell, Michael K. Williams, Scott<br />

Winters, Tom Kemp, Cassandre Fiering, Kara Lund, Desiree<br />

April Connolly, Roger Dillingham Jr., Alba Albanese, Darya<br />

Zabinski, Susan Farese, Albert Gornie, etc. Distribuição em<br />

<strong>Portugal</strong>: Filmes Lusomundo (2009) (<strong>Portugal</strong>).<br />

Título original: The Pit and the Pendulum<br />

Realização: David DeCoteau (EUA, 1009); Argumento:<br />

Simon Savory, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Paul Colichman, Stephen P. Jarchow, John Schouweiler;<br />

Fotografi a (cor): Howard Wexler; Montagem: Jack<br />

Harkness; Assistentes de realização: Wise Lee; Som:<br />

David Tarango; Companhias de produção: Rapid Heart<br />

Pictures; Intérpretes: Lorielle New (J.B.), Stephen Hansen<br />

(Jason), Bart Voitila (Kyle), Danielle Demski (Alicia), Amy<br />

Paffrath (Gemma), Tom Sandoval (Vinnie), Michael King<br />

(Trevor), Jason-Shane Scott, Greg Sestero, Jason Stuart,<br />

etc. Duração: 86 min; em produção.<br />

Título original: Lighthouse<br />

(EUA, 2008); Argumento: Richard Selzer, segundo obras de<br />

A.W. Knuudsen e Edgar Allan Poe; Produção: Tom O’Brien;<br />

Caroline Stern; Casting: Mary Vernieu; Companhias de<br />

produção: Irreverent Media; Intérpretes: Kevin Zegers<br />

(John Jacob Moran), Saul Rubinek (DeGrat), etc. Duração:<br />

104 min; em produção.<br />

Título original: The Tell-Tale Heart<br />

Realização: Ryan Shovey (EUA, 2008); Argumento: Ryan<br />

Shovey, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />

Ryan Shovey; Música: Vaughn Morris; Fotografi a (cor):<br />

Chris Tharp; Montagem: Ryan Shovey; Companhias de<br />

produção: Freak Daddy Productions; Intérpretes: Glenn<br />

Bain, John Archer Lundgren, Sebastian Montoya, John<br />

Salamone, C.J. Smith, etc. Duração: 26 min.<br />

Título original: Poe: Last Days of the Raven<br />

Realização: Brent Fidler (Canadá, 2008); Argumento: Brent<br />

Fidler; Produção: Barry Backus; Bob Bottieri, Brent Fidler,<br />

Mackenzie Gray; Música: Tuomas Kantelinen; Fotografi a<br />

(cor): Eric J. Goldstein; Montagem: Barry Backus; Design<br />

de produção: Bob Bottieri; Direcção artística: Phil Trumbo;<br />

Decoração: Sebastian Bruski; Guarda-roupa: Sandra J.<br />

Blackie; Maquilhagem: Stacey Butterworth, Courtney<br />

Frey; Assistentes de realização: Laurent Piche; Som:<br />

Benjamin MacDonald; Efeitos especiais: Sebastian Bruski;<br />

Efeitos visuais: Ted Gervan; Intérpretes: Brent Fidler (Edgar<br />

Allan Poe), Mackenzie Gray (John Allan), Richard Keats (Dr.<br />

Moran), Emily Tennant (Virginia Poe), Lisa Langlois (Jane<br />

Stanard), Alex Diakun (Joseph Snodgrass), Alec Willows<br />

(Neilson Poe), Jerry Rector, Shannon Jardine, Sarah<br />

Deakins, Irina Fidler, Stanley Katz, Dave Newham, Olivia<br />

Rameau, Jeff Sarsfi eld, Janaki Singh, Michael Sunczyk,<br />

Elizabeth Volpe, etc. Duração: 80 min.<br />

Título original: Lives and Deaths of the Poets<br />

Realização: Leland Steigs (EUA, 2009); Argumento:<br />

Leland Steigs; Produção: Sydney-Chanele R. Dawkins,<br />

Leland Steigs; Maquilhagem: Laurie Freedman; Eve Yiotis;<br />

Som: Doris Baker, Steven P. Bryant, Erik Dunbar, Laurie<br />

Freedman, Bronson Hall, Derek Axel Rose, Cory Siansky,<br />

David Steiger, Leslie Steiger, David Tong; Companhias de<br />

produção: One Of A Kind Company; Intérpretes: Edward<br />

Robert Bach (Wendell Kennedy), Jonah Baker (Ernest<br />

Hemingway / Elvis Presley), Rob Stull (Joseph Kennedy<br />

- Jr.), Savannah Costello, Tom Townsend, Patrick Michael<br />

Strange (Jose Feliciano / Salvador Dali), Sharon Carpenter-<br />

Rose (Virginia Woolf / Kick Kennedy / Anne Hathaway /<br />

Miz Compson), Sam Navarro, Chelsea Connell, Larry<br />

Carter (Lord FitzWilliam / Jackson’s Manager), Kit Farrell<br />

(Teddy Kennedy), Kevin Tan (Samurai de Mishima), Gayle<br />

Yiotis (Yoko Ono), Bruce Allen Dawson (Jimi Hendrix<br />

/ Ralph Ellison / Leroy), Nora Bauer (Colette / Marie /<br />

Hendrix), Steven A. Webb, Terry Ward (Ed Wood), Rockzana<br />

Flores, Joseph Thornhill (Ritchie Valens), Lou Zammichieli<br />

(Jim Morrison / Lord Byron), Tiffany Ariany, Greg Coale<br />

(Edgar Allan Poe / Woody Allen / Snopes / Imperador<br />

Nero), Laura J. Scott, Amanda O’Connor (Mary Jo), Phil<br />

Filsoof (Hugh Hefner / Gustave Flaubert), Brandon<br />

Waite (Stephen King), Abraham Askew, Terria Monay<br />

(Janis Joplin), David Seemiller (Quentin Tarantino), Taylor<br />

Campbell, Raja Deka (Pablo Picasso), Erin Kaufman<br />

(Emily Bronte), Michelle Trout (Agatha Christie / Rose<br />

Kennedy), Karn Henderson (Charlotte Bronte), Gerald<br />

B. Browning (Percy Shelley), Frank Mancino (William<br />

Faulkner / Marcel Proust), Matt de Nesnera (Branwell<br />

Bronte), Ashley Edmiston (Mary Shelley), Brady Kirchberg<br />

(Nathaniel Hawthorne), Samantha Merrick (Mona Lisa<br />

/ Joan Vollmer), Steve Leventhal (Victor Hugo / Joseph<br />

Kennedy Sr.), Boris Alexander (F. Scott Fitzgerald), John<br />

Geoffrion (William Shakespeare / James Joyce), Bronson<br />

Hall, Jacob Canon (John F. Kennedy), Annalisa Pitman,<br />

Bill Jones (Leo Tolstoy), Peggy Swails, Peter Yiotis (Yukio<br />

Mishima), Erica Leigh Clare, Leo Reynolds (Michael<br />

Jackson), Benjamin Kingsland (Jack Kerouac), Jimmy Day,<br />

Kat Schadt (Marilyn Monroe), Carlyn Paschall (Aaliyah<br />

/ Fanny Ellison), Alexis Barone, Alistair Faghani, Cary<br />

Meltzer (Henry Miller), Sheri Cohen (Alice B. Toklas), Louis<br />

Bullock, Ginger Moss, Brian Mac Ian (William Wordsworth<br />

213 | Edgar Allan Poe no Cinema


214 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

/ Ted Hughes), Belinda Fadlelmola (Kaisha), Jean Burgess<br />

(Gertrude Stein), Victoria Fraser (Anne Bronte), Terrell<br />

Jenkins, Michael Shawn Montgomery (Robert F. Kennedy),<br />

Ed Swails, Gordon Gantt (Buddy Holly), Lydia Carroll<br />

(Kennedy Daughter), Luca Ducceschi (D.H. Lawrence),<br />

Rebecca A. Herron (Frieda Lawrence), Lenny Levy (Stanley<br />

Kubrick), Brandon Dawson, Lanny Slusher (W.C. Fields),<br />

Cory Siansky, Errol Sperling (Isaac Singer, Russten Motes,<br />

Ted Culler (James Whale), Jerry Stough, Matthew Bullock,<br />

Brian Sparrow, Bianca Roberts, Thomas Rotella (Leonardo<br />

Da Vinci), Josh Anderson (William Burroughs / Gavin<br />

Stevens), Carol Goldstone, etc.<br />

Título original: Poe<br />

Realização: Michael Sporn (EUA, 2009); Argumento:<br />

Maxine Fisher; Filme de animação, em rodagem; Biografi a<br />

de Edgar Allan Poe, com referência a cinco contos do<br />

autor; Produção: Philip Erdoes, Daria Jovicic, Michael<br />

Sporn; Montagem: Paul Carrillo; Animação: Matthew<br />

Clinton, Tissa David; Companhias de produção: Michael<br />

Sporn Animation, Wild Bear Films; Intérpretes: Hugh<br />

Dancy (Edgar Allan Poe) (voz), Alfred Molina (“The Black<br />

Cat”), Dianne Wiest, Joanna Scanlan, Mark Somen, etc.<br />

Título original: The Pit and the Pendulum<br />

Realização: Marc Lougee (Canadá, 200?); Produção: Ray<br />

Harryhausen & Fred Fuchs, Susan Ma e Marc Lougee;<br />

Animação; Duração: 7 min.<br />

Título original: The Horror Vault 3<br />

Realização: James Barclay (episódio “Unchangeable”),<br />

Henric Brandt (episódio “I Watch You Die”), Lars Gustavsson<br />

(episódio “The Sinister”), Dave Holt (episódio “The<br />

Psychomanteum”), Oscar Malm (episódio “The Sinister”),<br />

Kim Sønderholm (episódio “Little Big Boy”) (EUA, Suécia,<br />

Dinamarca, 2010); Argumento: James Barclay (episódio<br />

“Unchangeable”), Henric Brandt (episódio “I Watch You<br />

Die”), Lars Gustavsson (episódio “The Sinister”), Kim<br />

Sønderholm (episódio “Little Big Boy”), Dave Holt (episódio<br />

“The Psychomanteum”), segundo obras de H.P. Lovecraft e<br />

Edgar Allan Poe; Produção: James Barclay, Henric Brandt,<br />

Dave Holt, Jan T. Jensen, Jim Pedersen, Kim Sønderholm;<br />

Música: Samir El Alaoui (episódio “I Watch You Die”),<br />

Martin Kaufmann (episódio “Unchangeable”), Adam<br />

Sandberg (episódio “The Psychomanteum”), Palle Schultz<br />

(episódio “Unchangeable”); Fotografi a (cor): James Barclay<br />

(episódio “Unchangeable”), Stefan Bommelin (episódio<br />

“I Watch You Die”), Lars Gustavsson (episódio “The<br />

Sinister”), Dave Holt (episódio “The Psychomanteum”),<br />

Oscar Malm (episódio “The Sinister”); Montagem: James<br />

Barclay, Jonas Dahl (episódio “Unchangeable”), Stefan<br />

Bommelin, Henric Brandt (episódio “I Watch You Die”),<br />

Dave Holt (episódio “The Psychomanteum”), Oscar Malm<br />

(episódio “The Sinister”); Guarda-roupa: Camilla Kjær<br />

(episódio “Unchangeable”); Assistentes de realização:<br />

Shanon Briles, Leslie Hinge; Som: Jon Andersen, Buster<br />

Jensen, Peter Thorneman (episódio “Unchangeable”);<br />

Efeitos especiais: Lars Gustavsson, Oscar Malm (episódio<br />

“The Sinister”); Efeitos visuais: Jonas Dahl (episódio<br />

“Unchangeable”), Antonio de Jesus Jimenez Orozco;<br />

Companhias de produção: Cetus Productions, Branbomm;<br />

Intérpretes: Urban Bergsten, Christian Magdu (episódio<br />

“I Watch You Die”); Sofi a Brattwall, Lars Gustavsson<br />

(Narrador) (voz), Stefan Öhrn (episódio “The Sinister”);<br />

James Barclay, Kim Sønderholm, Lene Storgaard, André<br />

Babikian, Thomas Biehl, Leslie Hinge, Anders Brink,<br />

Madsen Henrik, Vestergaard Nielsen, Jesper Vidkjær<br />

(episódio “Unchangeable”); Julia Bogen, Delbert Briones,<br />

Don Fuller, Megon Kirkpatrick, Colleen O’Donnell, Jonas<br />

Sandberg, Helen Sanger Pierce, David Staley, etc. Duração:<br />

90 min. (em produção).<br />

(1) Títulos que aparecem referidos no livro “The Poe<br />

Cinema (A Critical Filmography)”, mas de que não<br />

conseguimos obter qualquer outra referência.


_Edgar Allan Poe<br />

Bibliografi a<br />

Contos:<br />

1833 - Message Found In A Bottle<br />

1834 - The Assignation<br />

1835 - Berenice<br />

1835 - King Pest - A Tale Containing An Allegory<br />

1835 - Scenes From Politian<br />

1837 - Silence - A Fable<br />

1838 - Ligeia<br />

1839 - The Fall Of The House Of Usher<br />

1839 - William Wilson<br />

1841 - A Descent Into The Maelstrom<br />

1841 - The Murders In The Rue Morgue<br />

1842 - The Masque Of The Red Death<br />

1842 - The Pit And The Pendulum<br />

1843 - The Black Cat<br />

1843 - The Gold-Bug<br />

1843 - The Tell-Tale Heart<br />

1845 - The Facts In The Case Of M. Valdemar<br />

1845 - The Purloined Letter<br />

1846 - The Cask Of Amontillado<br />

1850 - A Tale Of The Ragged Mountains<br />

1850 - Bon-Bon<br />

1850 - Diddling - Considered As One Of The Exact<br />

Sciences<br />

1850 - Eleonora<br />

1850 - Four Beasts In One- The Homo-Cameleopard<br />

1850 - Hans Phaall<br />

1850 - Hop-Frog Or The Eight Chained Ourang-Outangs<br />

1850 - Landor’s Cottage - A Pendant To “The Domain Of<br />

Arnheim”<br />

1850 - Lionizing<br />

1850 - Mellonta Tauta<br />

1850 - Mesmeric Revelation<br />

1850 - Metzengerstein<br />

1850 - Morella<br />

1850 - Morning On The Wissahiccon<br />

1850 - Mystifi cation<br />

1850 - Never Bet The Devil Your Head - A Tale With A<br />

Moral<br />

1850 - Shadow- A Parable<br />

1850 - Some Words With A Mummy<br />

1850 - Tale Of Jerusalem<br />

1850 - The Angel Of The Odd- An Extravaganza<br />

1850 - The Balloon-Hoax<br />

1850 - The Business Man<br />

1850 - The Colloquy Of Monos And Una<br />

1850 - The Conversation Of Eiros And Charmion<br />

1850 - The Devil In The Belfry<br />

1850 - The Domain Of Arnheim<br />

1850 - The Duc De l’Omlette<br />

1850 - The Imp Of The Perverse<br />

1850 - The Island Of The Fay<br />

1850 - The Landscape Garden<br />

1850 - The Man Of The Crowd<br />

1850 - The Man That Was Used Up - A Tale Of The Late<br />

Bugaboo And Kickapoo Campaign<br />

1850 - The Mystery Of Marie Roget - A Sequel To “The<br />

Murder In The Rue Morgue”<br />

1850 - The Narrative Of Arthur Gordon Pym Of<br />

Nantucket<br />

1850 - The Oblong Box<br />

1850 - The Oval Portrait<br />

1850 - The Power Of Words<br />

1850 - The Premature Burial<br />

1850 - The Spectacles<br />

1850 - The Sphinx<br />

1850 - The System Of Dr. Tarr And Prof. Fether<br />

1850 - The Thousand-And-Second Tale Of Scheherazade<br />

1850 - Thou Art The Man<br />

1850 - Three Sundays In A Week<br />

1850 - Von Kempelen And His Discovery<br />

1850 - Why The Little Frenchman Wears His Hand In A<br />

Sling<br />

1850 - X-Ing A Paragrab<br />

Outras obras:<br />

1835 - Politian – única peça de teatro<br />

1838 - The Narrative of Arthur Gordon Pym of Nantucket<br />

1838 - The Balloon-Hoax<br />

1846 - The Philosophy of Composition” – ensaio<br />

1848 - Eureka: A Prose Poem – ensaio<br />

1848 - The Poetic Principle – ensaio<br />

1849 - The Light-House – obra incompleta<br />

Poesia:<br />

“Al Aaraaf”<br />

“Annabel Lee”<br />

“The Bells”<br />

“The City in the Sea”<br />

“The Conqueror Worm”<br />

“A Dream Within A Dream”<br />

“Eldorado”<br />

“Eulalie”<br />

“The Haunted Palace”<br />

“To Helen”<br />

“Lenore”<br />

“Tamerlane”<br />

“The Raven”<br />

“Ulalume”<br />

215 | Edgar Allan Poe no Cinema


216 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />

_OS FILMES APRESENTADOS NO CICLO DEDICADO<br />

A EDGAR ALLAN POE NO CINEMA<br />

“Edgar Allen Poe”, de D.W. Griffi th (EUA, 1908) 7’ (V.O. inglesa, mudo)<br />

“The Avenging Conscience”, de D.W. Griffi th (EUA, 1914) 84’ (V.O. inglesa, mudo)<br />

“The Fall of the House of Usher”, de J. S. Watson e Melville Webber (EU, 1926) 13’<br />

(V.O. inglesa, mudo)<br />

“The Tell-Tale Heart”, de Jules Dassin (EUA, 1941) 20’ (V.O. leg. português)<br />

“La Chute de la Maison Usher”, de Jean Epstein (França, 1928) 66’ (V.O. inglesa,<br />

mudo)<br />

“Murders in the Rue Morgue”, de Robert Florey (EUA, 1932) 61’ (V.O. inglesa, leg.<br />

espanhol)<br />

“The Raven”, de Lew Landers (EUA, 1934) 61’ (V.O. inglesa, leg. Espanhol)<br />

“House of Usher”, de Roger Corman (EUA, 1960) 76’ (V.O.Inglesa, leg.francês)<br />

“The Pit and the Pendulum”, de Roger Corman (EUA, 1961) 78’ (V.O.Inglesa, leg.<br />

português)<br />

“Tales of Terror”, de Roger Corman (EUA, 1962) 90’ (V.O.Inglesa, leg.francês)<br />

“Edgar Allan Poe, a Concise Biography”, de Malcolm Hossick (The Famous Authors)<br />

(EUA, 1993) 30’ (V.O. inglesa)<br />

“The Masque of the Red Death”, de Roger Corman (EUA, 1964) 85’ (V.O.Inglesa, leg.<br />

francês)<br />

“The Raven” (O Corvo), de Roger Corman, (EUA, 1963) 75’ (V.O.Inglesa, leg.<br />

português)<br />

“The Tomb of Ligeia”, de Roger Corman (EUA, 1965) 78’ (V.O.Inglesa, leg.francês)<br />

“Witchfi nder General”, de Michael Reeves (Inglaterra, 1968) 82’ (V.O. inglesa)<br />

“Cry of the Bush”, de Gordon Hessler (EUA, 1970) 91’ (V.O. inglesa, leg. espanhol)<br />

“Murders in the Rue Morgue”, de Gordon Hessler (EUA, 1971) 98’ (V.O. inglesa, leg.<br />

espanhol)<br />

“The Mansion of Madness”, de Juan López Moctezuma (México, 1973) 85’ (V.O.<br />

espanhol, leg. Inglês)<br />

“Two Evil Eyes”, de George Romero e Dario Argento 120’ (EUA, Itália, 1990) (V.O.<br />

inglesa)<br />

“Revenge in the House of Usher”, de Jesus Franco (Espanha, 1982) 99’<br />

(V.francesa)<br />

“The Murders in the Rue Morgue”, de Jeannot Szwarc (França, EUA, 1986) 90’ (Leg.<br />

português)<br />

“Der Rosenkönig / Le Roi des Roses”, de Werner Schroeter (RFA, França, <strong>Portugal</strong>,<br />

1986) 103’ (Leg. português)<br />

“Alone”, de Philip Claydon (EUA, 2001) 110’ (V.O. inglesa)<br />

“The Raven”, de Ulli Lommel (EUA, 2006) 81’ (V. O. Inglesa. Leg. português)<br />

“The House of Usher”, de Hayley Cloake (EUA, 2006) 81’ (V.O. inglesa, leg.francês)<br />

“The Haunted Palace”, de Roger Corman (EUA, 1963) (V.O.Inglesa, leg.francês)


FAMAFEST<br />

2009<br />

MACHADO DE ASSIS NO CINEMA


218 | Machado de Assis no Cinema<br />

_MACHADO DE ASSIS NO CINEMA<br />

Quando se procura relacionar o universo fi ccional de Machado de Assis com o cinema,<br />

poder falar-se de “Machado de Assis e o Cinema” ou de “Machado de Assis no Cinema”.<br />

Ao tentar esta breve aproximação optei pela segunda designação, porque a primeira<br />

implicava reconhecer que existira algures no tempo uma relação do escritor com o<br />

cinema, o que nada me leva a supor ter acontecido. Machado de Assis quanto muito<br />

poderá ter assistido, nos derradeiros anos da sua vida, a alguma sessão de cinema mudo<br />

numa das várias salas que se inauguraram no Rio de Janeiro, e de que Daniel Piza dá<br />

conta na sua biografi a “Machado de Assis, Um Génio Brasileiro”. Mas este autor, ao<br />

referir-se ao aparecimento destas salas, em data próxima da morte do escritor (1908)<br />

cita precisamente: “Os primeiros cinemas, como o Grande Cinematógrafo Parisiense e o<br />

Palace, na avenida Central, exibiam fi lmetes.” E como legenda de uma fotografi a refere”<br />

O Cine Pathé, fundado por Marc Ferrez, na avenida Central, c. 1908.” Como se vê, surgiam<br />

as primeiras salas quando Machado de Assis agonizava nos derradeiros anos da sua<br />

vida. Saia pouco, e não consta que frequentasse o cinematógrafo. Mesmo que o tivesse<br />

feito, uma ou duas vezes, para matar a curiosidade da novidade, nunca o poderia ter feito<br />

muito antes, logo nunca antes de escrever o conjunto das suas obras-mestras, que se<br />

situam entre “Memórias Póstumas de Braz Cubas” (1881) e “Dom Casmurro” (1899).<br />

Mas há uma ou outra referência curiosa e de reter. Veja-se, por exemplo, a que aparece<br />

num site da Internet, “Memórias Cinematográfi cas de Machado de Assis”, onde se lê:<br />

“Entretanto, se a ascensão de uma sociedade moderna o interessou à medida que<br />

alterava o modo como as pessoas pensavam e se relacionavam, os aspectos exteriores,<br />

mais visíveis, não foram objecto de sua excitação, ao contrário do que aconteceu a<br />

outros cronistas da época. Machado conviveu, em seus últimos doze anos de vida, com<br />

a existência do cinema na cidade do Rio de Janeiro, mas a sétima arte não lhe despertou<br />

qualquer interesse.” Isso mesmo parece ser confi rmado, e ampliado, no estudo “O Cinema<br />

Sónia Braga em "Memórias Póstumas" de André Klotzel, 2001.


e Machado”, de Hernani Heffner, de que cito as seguintes passagens que começam por<br />

situar Machado de Assis como cronista: “ É sabido que Machado de Assis tratou tudo<br />

com fi na e ferina ironia. É menos comentado que sempre considerou algo bem menor as<br />

atracções de feira, os espectáculos de lazer eventual, os maquinismos destinados à mera<br />

distracção, espaço onde, em princípio, deveria se encaixar o cinema. Tais experiências<br />

– ele parecia se referir a elas mais como teratologias – estavam destinadas a enganar o<br />

vulgo e a revelar seus baixos instintos. Na verdade, a caracterizar o povo como crédulo<br />

em excesso, para além da desprezível ignorância habitual.<br />

O cinema não se tornou uma novidade passageira, mas Machado assim parece tê-lo<br />

tratado até o fi m da vida. Diga-se a seu favor que sua carreira de cronista se encerrou<br />

antes que as imagens em movimento tivessem uma presença mais destacada na<br />

vida da cidade: em 1897, de forma mais quotidiana, e, por volta de 1904, de forma mais<br />

defi nitiva, quando Carolina morreu. Mesmo assim, como artista sensível e como bom<br />

leitor, sabia que a novidade tinha vindo para fi car. Assim, seu interesse episódico e lateral<br />

pelo cinema não parece caracterizar só o desprezo pelas engenhocas que constituíam o<br />

tímido panis et circenses local.” Hernani Heffner sugere então que o escritor brasileiro<br />

não desconfi ava apenas de mais um logro técnico, mas sobretudo “de uma ameaça à<br />

hegemonia da literatura no comércio das ideias e das emoções”, (…) “pelo impacto da<br />

imagem em movimento como expressão de verdade do mundo, associada justamente<br />

a esta origem pouco nobre.”<br />

“Um conhecedor de Shakespeare como Machado sabia que o cinema não alteraria<br />

signifi cativamente o sentido da vida. O cinema como forma de expressão talvez tivesse<br />

acuado um pouco o escritor em seus temores não revelados, mas não a ponto de<br />

empanar seus vaticínios. Daí talvez seu desprezo displicente. Uma atitude cobrada por<br />

Paulo Emílio Sales Gomes em sua crítica aos intelectuais brasileiros por ignorarem o<br />

cinema brasileiro por décadas e décadas, desde o começo.”<br />

"Azyllo Muito Louco" de Nelson Perreira dos Santos, 1971.<br />

219 | Machado de Assis no Cinema


220 | Machado de Assis no Cinema<br />

Fica assim bem provado que as relações de Machado de Assis com as salas de cinema,<br />

foram nulas, ou quase e, se existiram, não terão sido propriamente de cumplicidade<br />

e encantamento, como um pouco mais tarde iria acontecer com os surrealistas.<br />

Confi rmámos portanto que não houve nenhuma infl uência possível do cinema na<br />

escrita de Machado de Assis, mas apenas “premonições”, se assim se podem chamar.<br />

Mas notam-se outras “premonições” na arte deste escritor enorme. Atrevendo-me a<br />

entrar por território alheio, apenas com um olhar de leitor interessado, não com o do<br />

crítico ou ensaísta literário, interrogo-me sobre onde pára a infl uência romântica do<br />

autor de “Helena” e onde começa a opção realista do escritor de “Memórias Póstumas<br />

de Brás Cubas”. Acontece que esta descontinuidade estilística entre estes dois romances<br />

é evidente, como também é clara a continuidade entre ambas. Nem Machado de Assis<br />

deixou de ser “romântico” de um dia para o outro, nem passou a ser um “realista”<br />

exemplar. O que mais me espanta, hoje em dia, na escrita de Machado de Assis, sobretudo<br />

a partir de “Memórias Póstumas”, é a multiplicidade de registos que o colocam como um<br />

ainda romântico nalguns aspectos, um realista em plena maturidade, mas igualmente<br />

um modernista “avant-la-letre”, um surrealista, um concretista, um vanguardista, enfi m,<br />

também um homem que alguns cuidam ser um irremediável moralista conservador,<br />

mas que eu sinto mais um militante de valores morais caídos em desuso, ou um critico<br />

da condição humana que não é tão elogiável na sua totalidade como seria de desejar,<br />

corrompida pela eterna hipocrisia, pela omnipresente corrupção, pelo viciante carreirismo,<br />

pela falta de verdade e de hombridade. Para Machado de Assis a Humanidade é, sempre<br />

o foi para trás, e não parece mudar muito no futuro, uma realidade que merece não<br />

muita credibilidade, pouca simpatia e muita desconfi ança quanto aos seus propósitos<br />

mais íntimos. Céptico, pessimista, escritor de uma sibilina ironia, extremamente subtil,<br />

mas ferozmente observadora, Machado de Assis capta aí muita da simpatia do público<br />

do século XXI. Igualmente descrente e pessimista quanto ao futuro da espécie.<br />

Mas, atenção, a existência é uma contradição insistente: lendo Machado de Assis percebese<br />

que, para lá do seu ingénito pessimismo e cepticismo, há uma devoradora vontade de<br />

viver, um gosto pelos prazeres da vida que é visível em qualquer das suas páginas. Podemos<br />

estar muito incrédulos em relação ao Homem, mas lendo Machado de Assis não podemos<br />

deixar de glorifi car a sua arte, afi nal resultado de um “humano”. Lendo as suas descrições,<br />

não deixaremos de nos seduzir pelo olhar “obliquo e dissimulado” de Capitu, pelas ruas<br />

do Rio de Janeiro, entre as quais a de Matacavalos, pelas jantaradas, pelos bailes, pelas<br />

travessias das noites e dos dias tropicais, pelo urbanismo de metrópole, pela densidades<br />

das personagens que se não esquecem. Afi nal por esta Humanidade frágil que, não sendo<br />

perfeita, longe disso, não deixa de ser sedutoramente apetecível. Ler Machado de Assis é<br />

ler alguém que nos dá ganas de viver, mas muita vontade de lutar contra o que está mal, e<br />

tentar modifi car, pouco que seja, o que estiver ao nosso alcance.<br />

Posto isto, se alguma relação existe entre a narrativa literária de Machado de Assis e<br />

a cinematográfi ca, será pura coincidência, ou premonição, como o escrevi atrás. Logo,<br />

as afi nidades de “Machado de Assis e o Cinema” só poderão ser de sentido único: ser<br />

a escrita do escritor a infl uenciar o cinema, ou algum cinema. O que, a acontecer, só se<br />

verifi caria muito mais tarde.<br />

Mas há aspectos muito curiosos a salientar neste aspecto. Na verdade, sobretudo desde<br />

“Memórias Póstumas de Braz Cubas”, o tal romance que introduziu uma ruptura na<br />

literatura brasileira (e não só), rompendo com o romantismo e introduzindo um realismo<br />

de sabor muito próprio, onde se descobrem já indícios de algum modernismo, prenúncios


Reginaldo Faria em "Memórias Póstumas" de André Klotzel, 2001.<br />

de um certo surrealismo, sólidos apontamentos de um romance moderno, surgem na<br />

prosa de Machado de Assis algumas novidades estilísticas que devem muito a uma<br />

escrita realista, concreta, de descrição sucinta, que quase se pode associar à chamada<br />

“sequência literária”, “planifi cação”, “guião” (ou “roteiro”, na terminologia brasileira) de<br />

um fi lme. Abraça-se o capítulo 45, de “Memórias Póstumas de Braz Cubas”, que tem por<br />

título “Notas” e leia-se:<br />

“Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos portais, um homem que veio vestir o<br />

cadáver, outro que tomou a medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, convites, convidados<br />

que entravam. Lentamente, a passo surdo, e apertavam a mão à família, alguns tristes,<br />

todos sérios e calados, padre e sacristão, rezas, aspersões d’água benta, o fechar do caixão<br />

a prego e martelo, seis pessoas que o tomam da essa, e o levantam, e o descem a custo<br />

pela escada, não obstante os gritos, soluços e novas lágrimas da família, e vão até o coche<br />

fúnebre, e o colocam em cima e traspassam e apertam as correias, o rodar do coche, o<br />

rodar dos carros, um a um... Isto que parece um simples inventário, eram notas que eu<br />

havia tomado para um capítulo triste e vulgar que não escrevo.”<br />

O escritor tem a noção de que não escreveu “um capítulo”, mas que tomou notas, “um<br />

simples inventário”. “Notas para um capítulo”. Que outra coisa é um guião cinematográfi co<br />

senão notas para um fi lme? Mas um “inventário” que é uma sucessão de imagens de tal<br />

forma forte que todo o velório e sucessivo enterro nos é dado numa sequência que é ela<br />

própria uma montagem cinematográfi ca.<br />

Há muito de cinematográfi co na escrita de Machado de Assis. Se tempo houvera para tal<br />

aqui vos poderia trazer exemplos de “fl ash backs”, de “montages” (aquelas sequências de<br />

montagem muito rápida, que dão a passagem do tempo e do espaço: uma companhia<br />

de circo ou de teatro em itinerância, rolando por diversas localidades), de vários tipos de<br />

montagem literária que remetem para montagens cinematográfi cas, por ruptura, pela<br />

súbita introdução de uma narrador que se dirige ao leitor/espectador, pela acumulação de<br />

221 | Machado de Assis no Cinema


222 | Machado de Assis no Cinema<br />

sons, pela justaposição de ideias, de situações, idênticas, contrárias, enfi m um não acabar<br />

de sugestões imagéticas que Machado de Assis usa magistralmente na sua literatura e<br />

que anos depois muitos, senão todos, de uma maneira ou de outra, utilizaram nos seus<br />

fi lmes. Infl uência directa? Não creio, obviamente. Apenas é interessante referir que muito<br />

do que hoje se chama “narrativa cinematográfi ca” já pré-existia à invenção do cinema<br />

e que Machado da Assis foi decisivamente um dos seus mais criativos cultores. O que<br />

torna não apenas provável, mas absolutamente credível, uma infl uência indirecta deste<br />

escritor em cineastas que o leram e o admiram. Ao ler Machado de Assis é impossível<br />

não se fi car impregnado pela sua criatividade estilística, pela sua modernidade de<br />

recursos, pela liberdade total da sua escrita. Fatal é que essa construção fi que a larvar no<br />

cérebro e se refl icta em futuras obras. Afi nal nada de novo existe. A criação artística não<br />

é mais do que baralhar e dar de novo o que previamente absorvemos, com resultados<br />

mais ou menos brilhantes consoante a força da personalidade que o restitui aos leitores,<br />

ouvintes ou espectadores.<br />

Neste aspecto acho que todos os que passaram pelas páginas de Machado de Assis são<br />

seus devedores. Que o diga Woody Allen, quando em 1996, questionado por um jornalista<br />

brasileiro, sobre “se já tivera algum ídolo brasileiro, na área do futebol?”, respondeu,<br />

depois de uma pausa para pensar, - “Ídolo brasileiro? Há pouco tempo, li Machado de<br />

Assis. Achei que é um escritor excepcional. Uma amiga ofereceu-me um livro de Machado<br />

de Assis- “Epitaph for a Small Winner” (tradução em inglês de “Memórias Póstumas<br />

de Brás Cubas’). Fiquei muito, muito impressionado. (…) Achei Machado de Assis<br />

excepcionalmente espirituoso, dono de uma perspectiva sofi sticada e contemporânea,<br />

o que é não é comum, já que o livro foi escrito há tantos anos. Fiquei muito surpreso. É<br />

muito sofi sticado, divertido, irónico. Alguns dirão: ele é cínico. Eu diria que Machado de<br />

Assis é realista.” O jornalista, patrioticamente entusiasmado, pergunta-lhe logo se estava<br />

a pensar adaptar o romance, ao que Woody Allen, inteligentemente, responde: “Gosto de<br />

escrever os meus próprios fi lmes. Mas Machado de Assis é um momento maravilhoso na<br />

literatura. Dei cópias do livro para a minha fi lha e para os meus amigos.”<br />

Este “fait divert”, citado quase sempre que se fala de “Machado de Assis no Cinema”, tem<br />

duas interpretações mais ou menos lógicas. A primeira, de que a qualidade de escrita<br />

deste escritor de meados-fi ns do século XIX, continua viva e a entusiasmar muita gente.<br />

A segunda, que a arte de Machado de Assis é muito difícil de adaptar ao cinema, o que,<br />

não desculpa, mas atenua, o falhanço de boa parte das adaptações cinematográfi cas de<br />

obras suas conhecidas.<br />

Mas então digo-me e desdigo-me? Afi rmo-o muito cinematográfi co no estilo, e depois<br />

digo-o difícil de adaptar. Aparentemente poderá haver uma incompatibilidade, mas creio<br />

não existir. Há muito de cinematográfi co na escrita e nos recursos estilísticos de Machado<br />

de Assis, é verdade. Mas o seu húmus não é muito facilmente adaptável. Machado de<br />

Assis é um pessimista, um céptico, um moralista desiludido, um fi lósofo que fi cciona<br />

situações para sobre elas discorrer. As situações são facilmente adaptáveis. A ironia, o<br />

cepticismo, a fi losofi a (quer seja o “Humanitismo”, de Quincas Borba, quer o próprio<br />

pensamento de Machado de Assis e o seu frequente apelo a uma análise psicológica das<br />

personagens), difi cilmente o são.<br />

Muitas foram as abordagens cinematográfi cas da obra de Machado de Assis, mas poucas<br />

as eleitas. A maioria são falhanços, alguns imensos. Há mesmo, machadistas radicais<br />

que, por causa deles, recusam toda a tentativa de adaptação à nova arte das imagens e<br />

dos sons.


Reginaldo Faria em "Memórias Póstumas" de André Klotzel, 2001.<br />

Mas concretizemos algumas refereências:.<br />

Parece que a primeira adaptação de uma obra de Machado de Assis data de 1937,<br />

chamava-se “A Agulha e a Linha” e resumia-se á fi lmagem de uma peça pelo Instituto<br />

Nacional do Cinema Educativo do Brasil. A primeira obra realmente interessante terá<br />

sido a do mestre brasileiro do cinema mudo, Humberto Mauro, “Um Apólogo - Machado<br />

de Assis”, realizado por ocasião do centenário de nascimento de Machado de Assis, em<br />

1939, misturando biografi a e uma nova adaptação de “A Agulha e a Linha”.<br />

Recorde-se que existe uma interpretação da fi gura de Machado de Assis num fi lme de<br />

um cineasta português, Leitão de Barros, numa co-produção luso-brasileira de 1949,<br />

chamada “Vendaval Maravilhoso”, contando “a vida agitada e trágica de Castro Alves,<br />

desde o seu nascimento, em 1847, à luta contra a escravatura como estudante de Direito<br />

e como poeta, mostrando, também, como o sua relação com a actriz Eugénia Câmara,<br />

grande amor de sua vida, que acaba por o levar à ruína. Neste enredo romântico mal<br />

recebido na época por crítica e público, e quase desconhecida em <strong>Portugal</strong>, surge<br />

Machado de Assis, numa interpretação de Jaime Santos. Com música de João Nobre,<br />

Eugénia Câmara e Raul Ferrão, “Vendaval Maravilhoso” contava no elenco com Paulo<br />

Maurício (Castro Alves) e Amália Rodrigues (Eugénia Câmara), além de Barreto Poeira,<br />

Edmundo Lopes, Maria Albertina e do já referido Jaime Santos.<br />

Há depois a referir muitos documentários sobre a vida do escritor, a sua obra e inclusive<br />

sobre o Rio de Machado de Assis. Neste mesmo Encontro passaram hoje de manhã<br />

dois títulos produzidos por instituições prestigiadas, o Senado Brasileiro e a Academia<br />

Brasileiras das Letras, que permitem uma boa aproximação do universo machadiano,<br />

respectivamente “Alma Curiosa de Perfeição”, de Maria Maia, e “Machado de Assis – o<br />

Filme”, de Luelane Corrêa, onde se cruzaram imagens do tempo e do lugar de Machado<br />

de Assis com depoimentos de estudiosos e especialistas da personalidade e da obra do<br />

escritor. Houve mesmo a oportunidade, no primeiro destes títulos, de ver e ouvir trechos<br />

223 | Machado de Assis no Cinema


224 | Machado de Assis no Cinema<br />

do autor na voz clara e apaixonada do nosso anfi trião neste Encontro, o embaixador<br />

Lauro Moreira.<br />

Um projecto interessante, rodado para televisão, é “O Rio de Machado de Assis”, de 1990,<br />

produção de Norma Bengell, numa realização de Sónia Nercessian e Kika Lopes, com<br />

Paulo José, Fernanda Torres, José de Abreu, Tonico Pereira. É uma série de três fi lmes que<br />

procuram apresentar o Rio de Janeiro sob a perspectiva das obras e dos personagens de<br />

Machado de Assis. As fi lmagens decorreram em construções históricas do Rio de Janeiro,<br />

como a Casa de Osório, na Rua Riachuelo (antiga Rua Mata-Cavalos), e o casario da Av.<br />

Mem de Sá. Curiosamente já em 1965 “O Rio de Machado de Assis” fora nome de fi lme,<br />

desta vez escrito e realizado por Nelson Pereira dos Santos.<br />

Obviamente que a televisão não podia fi car arredada da obra daquele que é considerado<br />

um dos, ou mesmo o maior escritor de toda a literatura brasileira. Mas não foram muitas<br />

as versões televisivas, apesar de tudo.<br />

A romântica “Helena” foi adaptada a novela por Gilberto Braga, com direcção de Herval<br />

Rossano, e um elenco numeroso, Lúcia Alves, Osmar Prado, Ida Gomes, Rogério Fróes, Ruth de<br />

Sousa, Sidney Marques,Regina Vianna, Gilberto Salvio, Ângela Valério, José Augusto Branco.<br />

“O Alienista” serviu para mini-série da rede Globo,em 1993, interpretada por Marco<br />

Nanini, Giulia Gam, Milton Gonçalves, Cláudio Correa e Castro, Antônio Calloni, Marisa<br />

Orth, Sérgio Manberti, e Luís Fernando Guimarães. Outra mini-série, seria “Trio em Lá<br />

Menor” (segundo conto homónimo), produzida em 1999 por Wolf Maia e realizada por<br />

Luciano Sabino, com adaptação de Geraldo Carneiro para a Central Globo de Produção.<br />

No elenco contam-se os nomes de Elenco: Letícia Sabatella, Leonardo Brício, Marco Ricca,<br />

Laura Cardoso, Bel Kutner.<br />

Voltando ao cinema e às adaptações de obras, há a considerar dezenas de fi lmes, mas<br />

só alguns merecem ser recordados. Pelo menos bem recordados. Nas fi cções de longametragem,<br />

surgem a valer a pena ser mencionados:<br />

“Noite de Almirante” (1961), de Carlos Hugo Christiansen, segundo o conto homónimo,<br />

episódio de “Esse Rio que eu Amo”,<br />

“Viagem ao Fim do Mundo” (1967), de Fernando Cony Campos, baseado em “Memórias<br />

Póstumas de Brás Cubas”,<br />

“Capitu” (1967), de Paulo Cesar Saraceni, conforme o romance “Dom Casmurro”,<br />

“Azyllo Muito Louco” (1969), do excelente Nelson Pereira dos Santos, colocando em<br />

imagens “O Alienista”,<br />

“A Cartomante” (1974), de Marcos Farias, baseado no conto homónimo,<br />

“O Homem Célebre” (1974), de Miguel Faria Jr, apoiado no conto homónimo,<br />

“Confi ssões de uma Viúva Moça” (1976), de Adnor Pitanga,<br />

“Iaiá Garcia” (1977), de Geraldo Vietri, baseado no romance homónimo,<br />

“Missa do Galo” (1982), de Nelson Pereira dos Santos, igualmente retirado de um conto<br />

homónimo,<br />

“Brás Cubas” (1985), do polémico Júlio Bressane, um grande admirador de Machado<br />

de Assis, que, aliás, prepara neste momento uma nova adaptação de um outra obra de<br />

Machado de Assis,<br />

“Quincas Borba” (1986), de Roberto Santos,<br />

“A Causa Secreta” (1995), de Sergio Bianchi, baseado no conto homónimo,<br />

“Memórias Póstumas” (2001), de André Klotzel, que irão ver seguidamente, com um<br />

elenco desigual de que fazem parte Reginaldo Faria, Sônia Braga, Walmor Chagas, Stepan<br />

Nercessian, Petrônio Gontijo, Viétia Rocha.


"A Erva do Rato" de Júlio Bressane, 2008.<br />

As duas mais recentes adaptações, “Dom” (2003), de Moacyr Góes, e “A Cartomante”<br />

(2004), de Wagner de Assis e Pablo Uranga, fi cam muito longe do sofrível.<br />

Finalmente umas rápidas palavras sobre o fi lme que irão ver já de seguida. “Memórias<br />

Póstumas”, de André Klotzel, aceita-se como uma adaptação digna e inteligente do<br />

torrencial fabulário de Machado de Assis. Estas “Memórias”, não “de um defunto escritor,<br />

mas de um escritor defunto” são objectivamente difíceis de adaptar, já por serem<br />

recordadas na primeira pessoa do singular, já por conterem muito de intimista e de<br />

secreto que coloca delicados problemas de transposição, já ainda por se expressarem<br />

em discursos descontínuos, em estilos diversos, introduzindo constantes rupturas,<br />

remetendo para uma ironia fi na e subtil. Mas André Klotzel consegue dar uns laivos<br />

da arte de Machado, ou, pelo menos, consegue transmitir ao espectador o desejo de<br />

ler o original. A reconstituição de época assegura alguma verosimilhança ainda que<br />

não raro se fi que pelo decorativismo. Falta alguma densidade “vivida” aos “quadros”<br />

apresentados. Mais defi ciente é a representação, onde apenas Sónia Braga, numa<br />

pequena aparição, e Reginaldo Faria, na composição de Brás Cubas, “defunto escritor”, se<br />

impõem num elenco não muito entusiasmante. Obviamente que, não sendo um fi lme<br />

desdenhável, não é ainda a obra que Machado de Assis justifi ca. Mas é, ainda assim,<br />

uma das melhores aproximações do universo deste caminhante que atravessou o século<br />

XIX brasileiro atravessando almas e palmilhando ruas com uma argúcia de psicólogo e<br />

uma atenção voraz de caçador de borboletas. Delicado, mágico, expectante, directo e<br />

decisivo na estocada. O Brasil deve-lhe a perpetuação da sua alma, a língua portuguesa<br />

coloca-o entre os seus maiores cultores, a Humanidade fi cou defi nitivamente muito<br />

mais rica, e mais apetecível, com as suas introspecções e as agudas dissecações das suas<br />

personagens. O seu cepticismo é a nossa esperança.<br />

Lauro António, texto escrito para o “Encontro Internacional sobre Machado de Assis”,<br />

Lisboa, Fundação Gulbenkian, 30 de Setembro de 2008.<br />

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226 | Machado de Assis no Cinema<br />

_MACHADO DE ASSIS<br />

CRONOLOGIA<br />

1839 - Nasce a 21 de Junho, no Rio de Janeiro, Joaquim Maria Machado de Assis, fi lho<br />

legítimo de Francisco José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis, moradores<br />

no morro do Livramento, ele brasileiro, da mesma cidade, ela portuguesa, da Ilha de<br />

São Miguel. Pelo pai, descendia de pardos forros. Pouco se sabe de sua infância: cedo<br />

perdeu a mãe e a única irmã; foi amparado, até o segundo casamento do pai, pela<br />

madrinha, senhora abastada. Morto Francisco José, fi cou em companhia da madrasta,<br />

Maria Inês. Quer a tradição que tenha sido auxiliar do culto na igreja da Lampadosa.<br />

1855 - De 12 de Janeiro desse ano, data da publicação de seu primeiro poema, “Ela”, até<br />

3 de Maio de 1861, colabora na Marmota Fluminense de Paula Brito.<br />

1856 - Admitido como aprendiz de tipógrafo na Tipografi a Nacional, exerce o ofício até<br />

1858.<br />

1858 - Encontra no Padre António José da Silveira Sarmento, cura da Capela de S. João<br />

Batista, do palácio imperial de São Cristóvão, um professor gratuito. Passa a revisor<br />

de provas de Paula Brito, em cuja livraria terá servido também como caixeiro. De 11 de<br />

Abril desse ano até, pelo menos, 26 de Junho do seguinte, escreve em “O Paraíba”, de<br />

Petrópolis. Por esse tempo auxilia o escritor francês Charles de Ribeyrolles na tradução<br />

de “O Brasil Pitoresco”. De 25 de Outubro desse ano até, pelo menos, 1 de Março de 1868,<br />

colabora, com bastante irregularidade, no “Correio Mercantil”, do qual fora revisor de<br />

provas.<br />

1859 - Estreia como crítico teatral na revista “O Espelho”; nela fi gura, com produções<br />

várias, do n.1, de 4 de Setembro desse ano, ao n.18, provavelmente o último, de 1 de<br />

Janeiro de 1860.<br />

1860 - Convidado para redactor do “Diário do Rio de Janeiro”, que, em segunda fase,<br />

reaparece em 25 de Março, exerce o lugar até Março de 1867. Esporadicamente, escreve<br />

ainda no “Diário” até 30 de Julho de 1869. De 16 de Dezembro desse ano até, pelo<br />

menos 4 de Julho de 1875, inclui-se entre os redactores de “A Semana Ilustrada”, que<br />

surge naquela data.<br />

1861 - Publica “Desencantos” (comédia) e “Queda que as Mulheres tem para os Tolos”<br />

(sátira em prosa).<br />

1862 - Admitido, a 31 de Dezembro, como sócio do Conservatório Dramático Brasileiro,<br />

exerce as funções de auxiliar da censura. De 15 de Setembro desse ano até 1 de Julho do<br />

seguinte, fi gura em todos os números da revista “O Futuro”.<br />

1863 - Publica o “Teatro de Machado de Assis”, volume que se compõe de duas comédias,<br />

“O Protocolo” e “O Caminho da Porta”. De Julho desse ano a Dezembro de 1878, com<br />

interrupção em 1867 e 1868, é constante a sua colaboração no “Jornal das Famílias”, ao<br />

qual dá de preferência contos.<br />

1864 - Vai até a Barra do Piraí, trecho então recente da Estrada de Ferro D. Pedro II.<br />

Publica seu primeiro livro de versos, “Crisálidas”.


1866 - Publica “Os Deuses de Casaca” (comédia). Publica no “Diário do Rio de Janeiro” a<br />

sua tradução do romance “Os Trabalhadores do Mar”, de Victor Hugo, que aparece em<br />

volume no mesmo ano.<br />

1867 - Agraciado com a Ordem da Rosa, no grau de cavaleiro. Nomeado, a 8 de Abril,<br />

ajudante do director do “Diário Ofi cial”, exerce o cargo até 6 de Janeiro de 1874.<br />

1868 - Em carta de 18 de Fevereiro, José de Alencar apresenta-lhe o jovem Castro Alves.<br />

1869 - Casa-se, a 12 de Novembro, com Carolina Augusta Xavier de Novais, moça<br />

portuguesa havia pouco chegada ao Brasil, onde residiam seus irmãos.<br />

1870 - Começa, a 23 de Abril, a publicar no “Jornal da Tarde” uma tradução, logo<br />

interrompida, do romance “Olivier Twist”, de Dickens. Publica “Falenas” (versos) e<br />

“Contos Fluminenses”.<br />

1871 - É nomeado, a 4 de Janeiro, membro do Conservatório Dramático, recentemente<br />

reorganizado.<br />

1872 - Publica “Ressurreição” (romance). Faz parte do Comissão do Dicionário Marítimo<br />

Brasileiro<br />

1873 - Publica “Histórias da Meia-Noite” e a tradução de “Higiene para uso dos Mestres-<br />

Escolas”, do Dr. Gallard. É nomeado, a 31 de Dezembro, primeiro-ofi cial da Secretaria de<br />

Agricultura, Comércio e Obras Públicas.<br />

1874 - De 26 de Setembro a 3 de Novembro, publica, em “O Globo”, o romance “A Mão e<br />

a Luva”, editado no mesmo ano.<br />

1875 - Publica “Americanas” (versos)<br />

1876 - De Julho desse ano a Abril de 1878, escreve em todos os números da revista<br />

“Ilustração Brasileira”. De 6 de Agosto a 11 de Setembro, publica em “O Globo” o romance<br />

“Helena”, editado no mesmo ano. É promovido, em 7 de Dezembro, a chefe de secção da<br />

Secretaria de Agricultura.<br />

1878 - De 1 de Janeiro a 2 de Março publica, em “O Cruzeiro”, o romance “Iaiá Garcia”,<br />

editado no mesmo ano. Sua colaboração nesse jornal continua até 1 de Setembro.<br />

Entra, a 27 de Dezembro, em licença, e segue, doente, para Friburgo, onde fi ca até Março<br />

de 1879.<br />

1879 - De Junho desse ano a Dezembro do seguinte, escreve na “Revista Brasileira” (fase<br />

Midosi), e nela publica, entre outros trabalhos, o romance “Memórias Póstumas de<br />

Brás Cubas” (15 de Março a 15 de Dezembro de 1880). De 15 de Julho desse ano até, pelo<br />

menos, 31 de Março de 1898, escreve na revista “A Estação”, onde publica, entre outros<br />

trabalhos, o romance “Quincas Borba” (15 de Junho de 1886 a 15 de Setembro de 1891).<br />

1880 - Entra, a 6 de Fevereiro, em licença de um mês, por estar sofrendo dos olhos.<br />

Designado, a 28 de Março, ofi cial-de-gabinete do Ministro da Agricultura, Manuel<br />

Buarque de Macedo, exerce as mesmas funções com o sucessor deste, Pedro Luís<br />

Pereira de Sousa. É representada, no teatro de D. Pedro II, a comédia “Tu só, tu, Puro<br />

Amor...”, por ocasião das festas organizadas pelo Real Gabinete Português de Leitura<br />

227 | Machado de Assis no Cinema


228 | Machado de Assis no Cinema<br />

para comemorar o tricentenário de Camões, e para essa celebração especialmente<br />

escrita. Foi publicada, em volume, no ano seguinte.<br />

1881 - Publica em volume as “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. De 18 de Dezembro<br />

desse ano até 28 de Fevereiro de 1897, escreve com assiduidade na “Gazeta de Notícias”;<br />

esporádica, a sua colaboração alcança o número de 2 de Junho de 1904. Entre outras<br />

secções, redige “A Semana” (crónicas).<br />

1882 - Publica “Papéis Avulsos” (contos). Entra, a 5 de Janeiro, em licença de três meses,<br />

para tratar-se fora do Rio.<br />

1884 - Publica “Histórias sem Data”.<br />

1886 - Sai o volume “Terras, Compilação para Estudo”, por ele redigido.<br />

1888 - É elevado a ofi cial da Ordem da Rosa. Desfi la, a 20 de Maio, no préstito organizado<br />

para celebrar a Abolição.<br />

1889 - É promovido, em 30 de Março, a director da Directoria de Comércio, na Secretaria<br />

da Agricultura.<br />

1890 - Vai, em companhia de Carolina e dos Barões de Vasconcelos, visitar as fazendas<br />

da Companhia Pastoril Mineira, em Sítio e Três Corações. De carta sua depreende-se<br />

não ter sido esta a única viagem que fez a Minas.<br />

1891 - Publica em volume o “Quincas Borba”.<br />

1892 - Passa, em 3 de Dezembro, a director-geral do Ministério da Viação.<br />

1895 - De Dezembro desse ano a Outubro de 1898, escreve na “Revista Brasileira” (fase<br />

Veríssimo).<br />

1896 - Publica “Várias Histórias”. Aclamado, em 15 de Dezembro, para dirigir a primeira<br />

sessão preparatória da fundação da Academia Brasileira de Letras, tem parte<br />

preponderante na criação desse instituto que preside até morrer.<br />

1898 - É posto em disponibilidade, no dia 1 de Janeiro, em virtude da reforma no<br />

Ministério da Viação. Volta ao Ministério, como secretário do Ministro Severino Vieira.<br />

Exerce depois as mesmas funções com Epitácio Pessoa e Alfredo Maia.<br />

1899 - Publica “Dom Casmurro” (romance) e “Páginas Recolhidas” (contos, ensaios, teatro).<br />

1901 - Publica “Poesias Completas”.<br />

1902 - Volta à actividade, em 18 de Novembro, como director da Secretaria da Indústria,<br />

no Ministério da Viação. É transferido, a 18 de Dezembro, para director-geral de<br />

Contabilidade do mesmo Ministério.<br />

1904 - Publica “Esaú e Jacob” (romance). Segue em Janeiro para Friburgo, com a esposa<br />

enferma. A 20 de Outubro morre Carolina, dias antes de completarem 35 anos de<br />

casados.<br />

1906 - Publica “Relíquias de Casa Velha” (contos, crítica, teatro).


1908 - Publica o “Memorial de Aires” (romance). Entra, a 1 de Junho, em licença para<br />

tratamento de saúde. Na madrugada de 29 de Setembro, ás 3 h. 20 m, morre em sua<br />

casa, a Rua Cosme Velho, 18; é enterrado, segundo determinação sua, na sepultura de<br />

Carolina, jazigo perpétuo 1359, Cemitério de São João Batista.<br />

_MACHADO DE ASSIS<br />

Bibliografi a<br />

Romances<br />

Ressurreição - 1872 | A mão e a luva - 1874 | Helena - 1876 | Iaiá Garcia - 1878 | Memórias<br />

Póstumas de Brás Cubas - 1881 | Quincas Borba - 1891 | Dom Casmurro - 1899 | Esaú e<br />

Jacó - 1904 | Memorial de Aires - 1908<br />

Poesia<br />

Crisálidas - 1864 | Falenas - 1870 | Americanas - 1875 | Ocidentais - 1880 | Poesias<br />

completas - 1901<br />

Livros de contos<br />

Contos Fluminenses, 1870 | Histórias da Meia-Noite, 1873 | Papéis Avulsos, 1882 |<br />

Histórias sem Data, 1884 | Várias Histórias, 1896 | Páginas Recolhidas, 1899 | Relíquias<br />

da Casa Velha, 1906 |<br />

Alguns contos<br />

A Carteira e Miss Dollar (contos do livro “Contos Fluminenses”) | O Alienista, A Sereníssima<br />

República, O Segredo do Bonzo, Teoria do Medalhão, Uma Visita de Alcibíades e O Espelho<br />

(conto do livro “Papéis Avulsos”) | Noite de Almirante (conto do livro “Histórias sem<br />

Data”) | Um Homem Célebre, Conto da Escola, Uns Braços, A Cartomante, O Enfermeiro<br />

e Trio em Lá Menor (contos do livro “Várias Histórias”) | O Caso da Vara e Missa do Galo<br />

(conto do livro “Páginas Recolhidas”) | Almas Agradecidas<br />

Teatro<br />

Hoje avental, amanhã luva - 1860 | Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861 |<br />

Desencantos - 1861 | O caminho da porta, 1863 | O protocolo, 1863 | Quase ministro -<br />

1864 | Os deuses de casaca - 1866 | Tu, só tu, puro amor - 1880 | Não consultes médico,<br />

1896 | Lição de botânica - 1906 |<br />

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230 | Machado de Assis no Cinema<br />

_MACHADO DE ASSIS<br />

NO CINEMA E NA TELEVISÃO<br />

Cinema<br />

Título original: A Agulha e a Linha (1937)<br />

Peça fi lmada no Instituto Nacional do Cinema<br />

Educativo. Em duas partes: a) Planos fi lmados no<br />

Morro do Livramento (texto de Lúcia Miguel Pereira,<br />

dito pelo director daquele Instituto, Roquette Pinto); b)<br />

Dramatização da peça<br />

Título original: Um Apólogo - Machado de Assis.<br />

Realização: Humberto Mauro; Fotografi a: Manuel Ribeiro;<br />

Comentário: Lúcia Miguel Pereira; Locução: Roquette<br />

Pinto; Intérpretes: Gracie Moema, Júlia Dias, Déa Selva,<br />

Nelma Costa, Darcy Cazarré.<br />

Título original: O Rio de Machado de Assis.<br />

Realização: Sónia Nercessian e Kika Lopes; Produção:<br />

Norma Bengell/ NB Produções e Globosat; Intérpretes:<br />

Paulo José, Fernanda Torres, José de Abreu, Tonico Pereira.<br />

Título original: Alma Curiosa de Perfeição - Machado de<br />

Assis.<br />

Produção: José Maria Ulles, Marcos Brochado e Raquel<br />

Madeira; Locução: Lauro Moreira e Myriam Violeta;<br />

Documentário.<br />

Título original: Esse Rio que eu Amo - Episódio Noite de<br />

Almirante (1961)<br />

Realização: Carlos Hugo Christensen; Baseado no conto<br />

“Noite de Almirante”, em “Hisórias sem Data”; Intérpretes:<br />

Tonia Carrero, Agildo Ribeiro, Monah Delacy<br />

Título original: O Rio de Machado de Assis (1965)<br />

Realização e argumento: Nelson Pereira dos Santos;<br />

Locução: Paulo Mendes Campos. Documentário.<br />

Título original: Capitu (1968)<br />

Realização, argumento e produção: Paulo César Saraceni;<br />

Baseado no romance “Dom Casmurro”; Adaptação: Lygia<br />

Fagundes Telles, Paulo Emílio Salles Gomes e Paulo César<br />

Saraceni; Intérpretes: Othon Bastos, Raul Cortez, Marília<br />

Carneiro.<br />

Título original: Viagem ao Fim do Mundo (1968)<br />

Realização, argumento e produção: Fernando Cony<br />

Campos; Baseado nos capítulos “O Delírio” e “O Sermão<br />

do Livro” do romance “Memórias Póstumas de Brás<br />

Cubas”; Intérpretes: Jofre Soares, Annik Malvil, Talula<br />

Campos, Karin Rodrigues.<br />

Título original: “Azyllo muito Louco” (1971)<br />

Realização e argumento: Nelson Pereira dos Santos;<br />

Baseado no conto “O Alienista”; Intérpretes: Nildo Parente,<br />

Isabel Ribeiro, Arduíno Colasanti, Irene Stefânia, Leila<br />

Diniz.<br />

Título original: A Causa Secreta (1972)<br />

Realização e adaptação: José Américo Ribeiro; Baseado<br />

no conto homónimo, em “Várias Histórias”; Intérpretes:<br />

Milton Gontijo, Ricardo T. Salles, Walkiria Lacerda<br />

Título original: A Cartomante (1974)<br />

Realização e argumento: Marco Farias; Baseado no<br />

conto homónimo, em “Várias Histórias”; Adaptação:<br />

Marco Farias, Salim Miguel, Eglê Malheiros; Intérpretes:<br />

Maurício do Valle, Ítala Nandi, Ivan Cândido.<br />

Título original: Um Homem Célebre (1974)<br />

Realização: Miguel Faria Júnior; Baseado no conto<br />

homónimo, em “Várias Histórias”; Adaptação: Miguel<br />

Faria Junior e Jorge Laclette; Intérpretes: Walmor Chagas,<br />

Darlene Glória, Bibi Vogel<br />

Título original: Confi ssões de uma Viúva Moça (1975)<br />

Realização e argumento: Adnor Pitanga; Baseado no<br />

conto homónimo, em “Contos Fluminenses”; Intérpretes:<br />

Sandra Barsotti, José Wilker, Celso Faria, Myriam Pérsia.<br />

Título original: Que Estranha Forma de Amar (1978)<br />

Realização e argumento: Geraldo Vietri; Baseado no<br />

romance “Iaiá Garcia”; Intérpretes: Solange Machado,<br />

Wilson Fragoso, Márcia Maria<br />

Título original: Missa do Galo (1982)<br />

Realização e argumento: Nelson Pereira dos Santos:<br />

Baseado no conto homónimo, em “Páginas Recolhidas”;<br />

Intérpretes: Isabel Ribeiro, Nildo Parente, Olney São<br />

Paulo<br />

Título original: A Cartomante (1984)<br />

Realização: Alexander Vancellote; Baseado no conto<br />

homónimo em “Várias Histórias”; Intérpretes: Ricardo<br />

Sabença, Roberta Guariento, Yeda Hamilin.<br />

Título original: Brás Cubas (1985)<br />

Realização: Julio Bressane; Baseado no romance<br />

“Memórias Póstumas de Brás Cubas”; Adaptação: António<br />

Medina e Julio Bressane; Intérpretes: Luiz Fernando<br />

Guimarães, Renato Borghi, Bia Nunes, Regina Casé.<br />

Título original: Quincas Borba (1987)<br />

Realização, adaptação e produção: Roberto Santos;<br />

Baseado no romance homónimo; Intérpretes: Helber<br />

Rangel, Brigitte Broder, Fulvio Stefanini.<br />

Título original: Memórias Póstumas (2001)<br />

Realização de André Klotzel; Adaptação: José Roberto<br />

Torero; Baseado no romance “Memórias Póstumas de<br />

Brás Cubas”; Intérpretes: Reginaldo Faria, Sônia Braga,<br />

Walmor Chagas, Stepan Nercessian, Petrônio Gontijo,<br />

Viétia Rocha.<br />

Título original: Dom (2003)<br />

Realização: Moacyr Góes: Intérpretes: Marcos Palmeira,<br />

Maria Fernanda Cândido, Bruno Garcia, Luciana Braga,<br />

Malu Galli, Walter Rosa e Leon Góes.<br />

Título original: A Cartomante (2004)<br />

Realização: Wagner de Assis e Pablo Uranga; Intérpretes:<br />

Deborah Secco, Luigi Baricelli, Sívia Pfeifer, Christiane<br />

Alves, Giovanna Antonelli, Mel Lisboa, Sílvio Guindane.<br />

Título original: Quanto Vale ou é por Quilo? (2005)<br />

Realização: Sergio Bianchi; Argumento: Sabina Anzuategui,


Eduardo Benain, segundo Machado de Assis (“Pai Contra<br />

Mãe”); Intérpretes: Antonio Abujamra, Caio Blat, Herson<br />

Capri, Ana Carbatti, Marcelia Cartaxo, Clara Carvalho,<br />

Leona Cavalli, José Rubens Chachá, Caco Ciocler, Joana<br />

Fomm, Ênio Gonçalves, Silvio Guindane, Umberto<br />

Magnani, Noemi Marinho, Leonardo Medeiros, Cláudia<br />

Mello, Danton Mello, Zezé Motta, Bárbara Paz, Teca Pereira,<br />

Ariclê Perez, Míriam Pires, Lázaro Ramos, Odelair Rodrigues,<br />

Lena Roque, Ana Lúcia Torre<br />

Título original: A Erva do Rato (2008)<br />

Realização: Júlio Bressane, Rosa Dias; Argumento: Júlio<br />

Bressane, segundo Machado de Assis; Intérpretes: Selton<br />

Mello, Alessandra Negrini.<br />

Televisão<br />

Título original: Helena - Série de TV (1952)<br />

Intérpretes: Jane Batista, Paulo Goulart, Vera Nunes,<br />

Hélio Souto<br />

Título original: Iaiá Garcia - Série de TV (1953)<br />

Título original: Your Favorite Story - episódio “The<br />

Attendant’s Confession” - Série de TV (1954); Argumento:<br />

Jack Rock, sobre Machado de Assis.<br />

Título original: Helena - Adaptação de obra de Machado<br />

de Assis. Telenovela: Capítulos 1 e 28.<br />

Realização: Herval Rossano; Adaptação: Gilberto Braga;<br />

Intérpretes: Lúcia Alves, Osmar Prado, Ida Gomes, Rogério<br />

Fróes, Ruth de Sousa, Sidney Marques,Regina Vianna,<br />

Gilberto Salvio, Ângela Valério, José Augusto Branco.<br />

Título original: Vila do Arco - Série de TV (1975)<br />

Realização: Luiz Gallon; Argumento: Sérgio Jockyman,<br />

segundo Machado de Assis (“O Alienista”); Intérpretes:<br />

Laerte Morrone, Maria Isabel de Lizandra, Rodrigo Santiago,<br />

Célia Helena, Elias Gleizer, Liana Duval, Herson Capri, Nize<br />

Silva, Geraldo Del Rey, Isadora de Farias, Kleber Afonso,<br />

Edwin Luisi, Rogério Márcico, Ivete Bonfá, Older Cazarré<br />

Título original: Iaiá Garcia - Série de TV (1982)<br />

Argumento: Rubens Ewald Filho, segundo Machado de<br />

Assis; Intérpretes: Elaine Cristina, Dênis Derkian, Patrícia<br />

Godoy, Amilton Monteiro, Arlete Montenegro, Alceu<br />

Nunes, Geraldo Rosa, Fúlvio Stefanini, Silvana Teixeira.<br />

Título original: Helena - Série de TV (1987)<br />

Realização: Luiz Fernando Carvalho, Denise Saraceni;<br />

Argumento: Dagomir Marquezi, Reinaldo Moraes,<br />

segundo Machado de Assis; Intérpretes: Luciana Braga,<br />

Thales Pan Chacon, Elias Andreato, Othon Bastos, Ivan<br />

de Albuquerque, Mayara Magri, Aracy Balabanian, Isabel<br />

Ribeiro, Yara Amaral, Paulo Villaça, Sérgio Mamberti,<br />

Walter Forster, Eliane Giardini, Buza Ferraz, Luiz Maçãs.<br />

Título original: O Alienista - Adaptação da obra de<br />

Machado de Assis. Mini-série (1993).<br />

Produção: TV Globo; Intérpretes: Marco Nanini, Giulia Gam,<br />

Milton Gonçalves, Cláudio Correa e Castro, Antônio Calloni,<br />

Marisa Orth, Sérgio Manberti, e Luís Fernando Guimarães.<br />

Título original: Trio em Lá Menor (baseado no conto<br />

homónimo de Machado de Assis). Mini-série. (1999).<br />

Realização: Luciano Sabino; Produção: Wolf Maia / Central<br />

Globo de Produção; ; Adaptação: Geraldo Carneiro;<br />

Intérpretes: Letícia Sabatella, Leonardo Brício, Marco<br />

Ricca, Laura Cardoso, Bel Kutner.<br />

Título original: Capitu (2008)<br />

Argumento: Luiz Fernando Carvalho, Edna Palatinik,<br />

segundo Machado de Assis; Intérpretes: Maria Fernanda<br />

Cândido, Michel Melamed, Eliane Giardini, Letícia Persiles,<br />

César Cardadeiro, Pierre Baitelli, Rita Elmor, Sandro<br />

Christopher, Charles Fricks, Izabella Bicalho, Antônio<br />

Karnewale, Jacy Marques, Gabriela Luiz.<br />

Título original: Machado de Assis - sua Vida e Obra (dez<br />

programas) (1999)<br />

1 - Machado de Assis em canto e prosa; 2 - Machado<br />

de Assis - o ano em que nasceu; 3 - Machado de Assis<br />

- A restauração do mobiliário; 4 - Machado de Assis e a<br />

fundação da Academia; 5 - Machado de Assis e seu patrono<br />

na Academia; 6 - Machado de Assis - A morada fi nal; 7 - O<br />

Rio de Janeiro de Machado de Assis I; 8 - O Rio de Janeiro de<br />

Machado de Assis II; 9 - Machado de Assis – Cronologia; 10<br />

- Machado de Assis - o ano em que morreu.<br />

231 | Machado de Assis no Cinema


FAMAFEST<br />

2009<br />

YUKIO MISHIMA NO CINEMA


234 | Yukio Mishima no Cinema<br />

_NOTAS SOBRE MISHIMA, O ESCRITOR, O CINEMA, O TEATRO<br />

_YUKIO MISHIMA NO CINEMA<br />

Yukio Mishima, escritor brilhante e personalidade polémica e conturbada, teve uma intensa<br />

actividade cinematográfi ca, quer como autor de várias obras adaptadas ao cinema e como<br />

argumentista, quer ainda como realizador e actor. Nada de espantar num homem que era<br />

notoriamente um exibicionista, que fazia da sua vida e do seu corpo espectáculo, levando<br />

esta ritualização ao extremo, quando “encenou” publicamente o seu próprio suicídio.<br />

Entre as múltiplas obras cinematográfi cas, japonesas e ocidentais, que tiveram na base<br />

romances e peças teatrais suas, creio que a mais importante será uma média metragem<br />

de 30 minutos, de título original japonês “Yûkoku” (traduzida por “Patriotismo” ou “Ritos<br />

de Amor e Morte”). É uma realização conjunta de Yukio Mishima e Domoto Masaki,<br />

de 1966, partindo de uma história do próprio Mishima, com produção sua e design de<br />

produção, para lá de ser interpretada igualmente pelo escritor, ao lado de Yoshiko Tsuruoka<br />

(Reiko), que encarna a mulher do protagonista, Shinji Takeyama, tenente do Batalhão de<br />

Transportes, que, no dia 28 de Fevereiro de 1936, terceiro dia depois do incidente de 26 de<br />

Fevereiro, resolve, “profundamente perturbado ao saber que os seus colegas mais próximos<br />

eram coniventes com os amotinados, e indignado ante a iminente perspectiva do ataque<br />

das tropas imperiais, tomar a sua espada de ofi cial e, cerimoniosamente, esventrar as suas<br />

entranhas no quarto de oito tatamis da sua residência privada, a Residência Yotsuya, na sexta<br />

rua de Aoba-Cho, no Distrito de Iotsuya. Seguiu-se-lhe Reiko, a sua mulher, que se matou,<br />

apunhalando-se” (palavras de Mishima). O fi lme, num sóbrio preto e branco, encena, com<br />

um rigor e uma austeridade invulgares, todo o cerimonial “de amor e morte” que preside a<br />

este acto, que se quer de “patriotismo” extremo e de total devoção a uma causa.<br />

Outro grande fi lme inspirado no universo de Mishima, tanto na sua vida, quanto na sua<br />

obra, é “Mishima”, do norte-americano Paul Schrader, datado de 1985. “Mishima: A Life in<br />

Four Chapters” é precisamente isto: Mishima em quatro capítulos, com uma reconstituição<br />

em estúdio (solução muito inteligente para uma vida que esteve sempre em palco. Leiamse<br />

as palavras do próprio escritor: “Todos dizem que a vida é um palco de teatro, mas


poucos são os que fi cam obcecados com esta ideia, pelo menos tão precocemente como<br />

eu fi quei. Desde os últimos anos da infância que eu estava fi rmemente convencido de<br />

que assim era e que eu próprio teria um papel a desempenhar nesse palco, sem nunca ser<br />

obrigado a revelar o meu verdadeiro eu.” (in “Confi ssões de uma Máscara”.)<br />

Os quatro capítulos são “Beauty”, “Art”, “Action” e “Fusion of Pen and Sword”. No primeiro,<br />

adaptam-se excertos de “The Temple of the Golden Pavilion”, história de um jovem<br />

gago e não muito dado à beleza, que, por vingança contra a formosura do templo que<br />

não consegue suportar, o incendeia. Em “Art”, Paul Schrader e o irmão Leonard Schrader<br />

adaptam cenas de “Kyoko´s House”, romance dividido por quatro personagens que<br />

encarnam aspectos distintos da personalidade de Mishima. “Runaway Horses” está na<br />

base do terceiro momento, “Action” e prepara a eclosão fi nal, essa “Fusion of Pen and<br />

Sword”, com que termina a obra e a vida do escritor. Excelente a realização de Schrader,<br />

inventiva e sóbria, teatral e voluptuosa, bem como a partitura musical de Philip Glass.<br />

Não foi nada fácil a produção desta obra que ocupou dez anos a Schrader. Muitas foram<br />

as difi culdades criadas, sobretudo pelas autoridades japonesas e a família do escritor.<br />

Dois ou três temas sobretudo se mostravam tabu.<br />

Um americano a recriar a vida e a obra de um escritor, que detestava a América e o muito<br />

que representava (muito embora Mishima considerasse que uma visita à Disneylandia<br />

era das suas melhores recordações), parecia algo de chocante para os japoneses. Mas as<br />

duas razões principais eram de outra índole. Desde a sua morte que Mishima é erguido<br />

pela extrema-direita japonesa como o seu herói nacionalista e um símbolo político que<br />

o próprio governo teme. Segundo Paul Schrader, “só um ocidental poderia ter realizado<br />

este fi lme, pelo motivo que muitos japoneses preferem esquecer que Mishima existiu.”<br />

A outra razão foi a difi culdade em conseguir da família do escritor os direitos para a<br />

adaptação, dado que a viúva se opunha terminantemente a qualquer referência à<br />

homossexualidade do escritor. Acabou por ceder nos direitos, com a excepção do romance<br />

“Cores Interditas”, onde é feita alusão directa à homossexualidade. Mas apesar disso o<br />

fi lme nunca foi exibido comercialmente no Japão, a não ser pela televisão (censurado na<br />

cena do bar gay, que desapareceu) e em DVD.<br />

235 | Yukio Mishima no Cinema


236 | Yukio Mishima no Cinema<br />

_“O MARINHEIRO QUE PERDEU AS GRAÇAS DO MAR”<br />

1. 1977 (17 de Junho), na crítica cinematográfi ca diária do “DN”, sobre “Os Dias Impuros<br />

de um Marinheiro”, escrevi (o que transcrevo apenas com uma ou outra rectifi cação de<br />

somenos importância):<br />

O universo infantil, o seu mundo de perversidade e inocência, cujos limites perigosamente<br />

se esfumam, tem justifi cado diversas aproximações por parte do cinema, por vezes com<br />

resultados notáveis. “Os Dias Impuros de um Marinheiro” (The Sailar who Fell from Grase into<br />

The Sea), de Lewis John Carlino, recoloca o tema na ordem do dia, nada lhe acrescentando,<br />

todavia, em relação a obras como “Os Inocentes” ou “Todas as Noites às Nove”, ambos de<br />

Jack Clayton, ou, num outro sentido, “O Jovem Toerless”, de Volker Schlondoerf.<br />

Uma viúva, Anne Qsborne (Sarah Miles} e o seu fi lho, Jonathan, vivem numa pequena cidade<br />

irlandesa, à beira de uma baia de fraco tráfego marítimo. Jonathan e quatro colegas de colégio<br />

formam uma seita iniciática, cujo “chefe” não deixa de debitar algumas máximas, que se<br />

aproximam directamente de uma mentalidade com algo de nazi. Um dia, um marinheiro,<br />

Jim (Kriss Kristofferson) refugia-se naquele porto, depois de se ter apaixonado por Anne.<br />

Jonathan, que espreita os amores clandestinos da progenitora através de um orifício que<br />

descobre na parede que liga o seu quarto ao da mãe, reconhece no marinheiro o apelo da<br />

aventura, do desconhecido, do ignoto, até que Jim aceita abandonar o mar, casar com a<br />

viúva, despir a farda do risco quotidiano, trocando-a pelo conforto burguês das núpcias, da<br />

família, do lar. O que ultrapassa os esquemas mentais de Jonathan, que não permite uma<br />

tal “deserção”. Para Jonathan, Jim traíra o código do mar, tal como o velho felino que deixara<br />

de ser caçador, envelhecera e se transformara num gato de sala, domesticado e medroso.<br />

Em nome de uma pureza de comportamento que se não pode renegar, de uma aventura<br />

que se não aceita ver suspensa, o clã decreta o ritual de imolação.<br />

“Os Dias Impuros de um Marinheiro” parte de um romance do japonês Yukio Mishima (cujo<br />

título original, “O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar”, se encontrava, obviamente, muito<br />

mais de acordo com o signifi cado da obra, do que a sua adulterada tradução para português),<br />

adaptado ao cinema pelo próprio realizador. Se bem que desconhecendo o romance - que<br />

nos afi ançam de grande qualidade -, pode dizer-se que o trabalho de adaptação não terá<br />

sido muito fi el, tendo em conta, somente os resultamos fi nais. A transferência da acção do<br />

Japão para a Irlanda, na actualidade, não terá sido a mais indicada, dado que o romance<br />

se refere seguramente a uma mentalidade e a uma psicologia orientais que encontram<br />

defi cientes equivalências quando transpostas à letra para o Ocidente. A ambiência ritualista<br />

que sobrevive no fi lme encontra-se algo desenquadrada, desde que retirada do seu cenário<br />

natural, e a ausência de talento por parte de John Carlino acentua defi ciências e agrava essa<br />

clamorosa falta de um clima fantástico onde se reúna a poesia e a violência, o erotismo e o<br />

sonho, a aventura e o drama. Tudo isso, que deveria ser a essência de “Os Dias Impuros de<br />

um Marinheiro”, se esbate por detrás de um clima meramente decorativo, sobrecarregado<br />

de efeitos visuais fáceis (desde os contínuos encadeados e sobreposições, até ao rodriguinho<br />

fotográfi co, que não recua perante um pôr-do-sol amaneirado, uma praia dourada pelo sol<br />

de fi m de tarde, as ondas investindo, etc.). Em lugar de uma atmosfera densa de presságios<br />

e ameaças latentes, fi ca o gosto duvidoso de um álbum fotográfi co e a utilização simplista<br />

do símbolo que, em lugar de valorizar o signifi cado global do fi lme, o esvazia de sentido.<br />

Mesmo a interpretação não muito brilhante de Sarah Miles (rememorando “A Filha de<br />

Ryan”, para pior) e a um pouco cabotina do fotogénico Kris Kristofferson demonstram<br />

bem a incapacidade real de John Carlino, que assim desbarata uma incursão pelo universo<br />

perverso da criança, que poderia ser inquietante e nunca o é.


2. Em 1985, a Assírio e Alvim edita a excelente tradução portuguesa (de Carlos Leite) de<br />

“O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar” e, posteriormente, surgem no mercado<br />

nacional muitos outros títulos de Yukio Mishima, o que permite ter-se uma ideia mais<br />

aproximada da importância da obra deste escritor japonês que, a 25 de Novembro<br />

de 1970, com apenas 45 anos de idade e uma já vasta produção literária publicada, se<br />

suicida, de forma espectacular, segundo o ritual nipónico do “seppuku”.<br />

Basta ler-se “Confi ssões de uma Máscara” ou “O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar”<br />

para se ter a noção da força da personalidade de Mishima, que rapidamente se torna<br />

um escritor de culto. Vários aspectos da sua vida e obra (que se interligam dramática<br />

e harmoniosamente) concorrem para este facto. Primeiramente a qualidade impar da<br />

sua escrita que alia uma elegância e subtileza invulgares com um vigor impositivo e<br />

uma temática obsessiva. É neste universo de fantasmas e máscaras, de fi delidade a<br />

um conservadorismo tradicional e de abertura a rupturas extremas, que se opera<br />

todo o drama da confl itualidade de Mishima. Ele que é um dos mais ocidentalizados<br />

dos artistas japoneses, suicida-se por que sente que os valores tradicionais do Japão<br />

se deterioram e enfraquecem. Homossexual confesso (“Confi ssões de uma Máscara”<br />

é uma das mais brilhantes confi ssões de um prazer “proibido”que se assume como<br />

prioritário), casa-se, tem fi lhos, ostenta uma vida familiar “normalizada”. Homem de<br />

uma sensibilidade decantada, atento ao mais íntimo e secreto dos sentimentos, afi rmase<br />

defensor de organizações paramilitares, apela à violência e à revolta sangrenta, em<br />

nomes de princípios que se aproximam muito dos ideais fascistas. Dividido dentro de<br />

si, divide quem o lê. Não só em grupos de entusiastas seguidores e de críticos radicais,<br />

como divide na sua consciência mais profunda cada leitor seu. Sinto-me dividido entre<br />

a beleza de uma escrita que investiga com argúcia e inteligência a natureza humana,<br />

e a violência panfl etária de algumas das suas propostas e de muitas das suas acções,<br />

encenações de uma violência sem recuo que vão até ao seu próprio suicídio, mas que<br />

passam igualmente por situações de livros seus insustentáveis (veja-se, em “O Marinheiro<br />

237 | Yukio Mishima no Cinema


238 | Yukio Mishima no Cinema<br />

que Perdeu as Graças do Mar”, a prova de virilidade e de lealdade ao “chefe”, imposta a<br />

Noboru, a criança que é o centro do romance, que observa e é observada, e que a seita<br />

a que pertence obriga a matar e a esfolar um gatinho, para assim demonstrar a sua<br />

vontade e força: “Fui eu que o matei. Posso fazer tudo por mais terrível que seja!”).<br />

3. 2008: vendo o fi lme hoje, agora que já conheço o livro, e muita da obra literária e<br />

cinematográfi ca de Mishima, acrescentaria alguma coisa ao comentário, não à opinião<br />

dominante. Ou melhor: seria mais negativo em relação ao resultado fi nal e à adaptação.<br />

Começando por este último aspecto: transladar a acção do Japão para a Irlanda, retira<br />

à obra toda a dimensão simbólica, todo o seu signifi cado mais profundo. Este é um<br />

tema que julgo só ter completa compreensão se defi nido no interior de uma paisagem<br />

humana e geográfi ca precisa. Como sempre a enorme universalidade de “O Marinheiro<br />

que Perdeu as Graças do Mar” vem-lhe do facto da obra ser genuinamente japonesa<br />

e profundamente mishimeana. Só se compreende integralmente referindo-se àquela<br />

latitude e longitude, mais ainda, ao universo daquele escritor.<br />

A relação com a mãe, o espírito do grupo, a reverência em relação ao “chefe”, o tipo de<br />

iniciação praticada, a decepção para com o comportamento de demissão do marinheiro,<br />

a veneração pelo mar, pela viagem, pela aventura, tudo isto pode existir em qualquer<br />

lugar, mas “sentida” daquela só existe no Japão e mais precisamente e Mishima. O que<br />

Lewis John Carlino consegue com o seu fi lme é tornar banal o que não o é, à partida,<br />

oferecer um olhar rasteiro sobre o que é único, pessoal, privado.<br />

_“COM OS MEUS RESPEITOSOS CUMPRIMENTOS…”<br />

Correspondência entre Yukio Mishima e Yasunari Kawabata<br />

No dia 25 de Novembro de 2008, no pequeno auditório do CCB, decorreu, em sessão<br />

única, para raros eleitos, um espectáculo invulgar. Uma leitura encenada de alguma da<br />

correspondência que, ao longo de décadas (de 1945 a 1970), se estabeleceu entre Yukio<br />

Mishima e Yasunari Kawabata, indiscutivelmente dois dos maiores escritores japoneses<br />

do século XX. Yasunari Kawabata (1899-1972), único Nobel japonês, de que conheço apenas<br />

“Terra de Neve”, “Chá e Amor”, “A Dançarina de Izu” e “A Casa das Belas Adormecidas”, é<br />

um escritor de palavra fi na e delicada, um observador atento da psicologia humana, que<br />

retrata de forma miniaturista, discreta, secreta, intimista. Era muito admirado por Yukio<br />

Mishima (1925-1970), defensor das tradições e da obediência ao Imperador, um autor<br />

de escrita delicada é certo, mas abrasante, sensual e voluptuosa, arrogante e ostensiva,<br />

impositiva mesmo. Dele retenho livros admiráveis como “Confi ssões de uma Máscara” ou<br />

“O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar”, “Morte no Verão” ou “O Tumulto das Ondas”,<br />

“O Templo da Aurora" ou “A Ruína do Anjo”. Ambos mantiveram correspondência regular<br />

onde demonstravam mutuamente enorme respeito e estima. Uma troca de cartas que<br />

refl ecte não só pontos de vista políticos, sociais, literários, humanos, como sobretudo<br />

um enorme afecto pessoal. Num palco despojado, numa encenação minimalista que<br />

conferia sobretudo importância à palavra, Luís Madureira e José Manuel Mendes<br />

encheram o espaço com a recatada magia de um texto delicadamente trabalhado sem<br />

afecção, que se ouvia com prazer e se entendia por vezes com paixão. A descoberta da<br />

relação de amizade e assombro que existiu entre dois escritores e dois homens com<br />

tanto de diferente entre si. A leitura foi encenada por António Mega Ferreira, um dos<br />

especialistas em Mishima em <strong>Portugal</strong>. Muito pouco público para uma hora de bailado<br />

de palavras. A repor?


_ YUKIO MISHIMA<br />

Filmografi a<br />

Título original: Shiosai ou The Sound of Surf ou The Sound<br />

of Waves ou The Surf<br />

Realização: Senkichi Taniguchi (Japão, 1954); Argumento:<br />

Shinichirô Nakamura, Senkichi Taniguchi, segundo romance<br />

de Yukio Mishima; Produção: Tomoyuki Tanaka; Música:<br />

Toshirô Mayuzumi; Fotografi a (p/b): Taiichi Kankura;<br />

Design de produção: So Matsuyama; Som: Ariaki Hosaka;<br />

Companhias de produção: Toho Company; Intérpretes: Akira<br />

Kubo (Shinji), Sadako Sawamura (Tomi), Minoru Takashima<br />

(Hiroshi), Kyôko Aoyama (Hatsue), Kichijiro Ueda, Keiko Miya,<br />

Daisuke Katô, Sue Mitobe, Hiroshi Tachikawa, Wataru Omae,<br />

Yoshio Kosugi, Ikichi Ishii, Toshirô Mifune, Fumiko Honma,<br />

Eijirô Tôno, Noboru Akao, Yu Yamazaki, Eitarô Ozawa, etc.<br />

Duração: 96 min.<br />

Título original: Nagasugita haru<br />

Realização: Shigeo Tanaka (Japão, 1957); Argumento: Yoshio<br />

Shirasaka, segundo romance de Yukio Mishima; Produção:<br />

Hiroaki Fujii, Masaichi Nagata; Música: Yuji Koseki; Fotografi a<br />

(cor): Kimio Watanabe; Direcção artística: Atsuji Shibata;<br />

Companhias de produção: Daiei Studios; Intérpretes:<br />

Ayako Wakao (Momoko Kida), Hiroshi Kawaguchi (Ikuo<br />

Takarabe), Eiji Funakoshi (Toichiro Kida), Yuzo Hayakawa,<br />

Keizo Kawasaki, Yoshiro Kitahara, Bontarô Miyake, Chieko<br />

Murata, Sadako Sawamura, Rieko Sumi, Hisako Takihana,<br />

etc. Duração: 99 min.<br />

Título original: Bitoku no yoromeki<br />

Realização: Kô Nakahira (Japão, 1957); Argumento: Kaneto<br />

Shindô, segundo romance de Yukio Mishima; Produção:<br />

Kazu Otsuka; Música: Toshirô Mayuzumi; Fotografi a (p/b):<br />

Kazumi Iwasa; Montagem: Masanori Tsujii; Companhias<br />

de produção: Nikkatsu; Intérpretes: Yumeji Tsukioka<br />

(Sestuko Kurakoshi), Rentaro Mikuni (Ichiro Kurakoshi), Ryoji<br />

Hayama (Tsuchiya), Shinsuke Ashida, Tanie Kitabayashi, Yôko<br />

Minamida, Chikako Miyagi, Koreya Senda, Kinzo Shin, Misako<br />

Watanabe, etc. Duração: 96 min.<br />

Título original: Enjo ou Confl agration ou Flame of Torment<br />

ou The Temple of the Golden Pavilion<br />

Realização: Kon Ichikawa (Japão, 1958); Argumento: Keiji<br />

Hasebe, Kon Ichikawa, Natto Wada, segundo romance de<br />

Yukio Mishima; Produção: Hiroaki Fujii, Masaichi Nagata;<br />

Música: Toshirô Mayuzumi; Fotografi a (p/b): Kazuo Miyagawa;<br />

Montagem: Shigeo Nishida; Direcção artística: Yoshinobu<br />

Nishioka; Som: Masao Okada; Companhias de produção:<br />

Daiei Kyoto, Daiei Motion Picture Company; Intérpretes: Raizô<br />

Ichikawa (Goichi Mizoguchi), Tatsuya Nakadai (Tokari), Ganjiro<br />

Nakamura (Tayama Dosen), Yoichi Funaki (Tsurukawa), Tamao<br />

Nakamura, Jun Hamamura, Tanie Kitabayashi, Michiyo<br />

Aratama, Kinzo Shin, Yôko Uraji, Saburo Date, Ryosuke Kagawa,<br />

Keiko Koyanagi, etc. Duração: 99 min.<br />

Título original: Ojôsan<br />

Realização:Taro Yuge (Japão, 1961); Argumento: Kimiyuki<br />

Hasegawa, segundo romance de Yukio Mishima;<br />

Produção: Hiroaki Fujii; Música: Sei Ikeno; Fotografi a<br />

(cor): Setsuo Kobayashi; Companhias de produção: Daiei<br />

Studios; Intérpretes: Ayako Wakao (Kasumi Fujisawa),<br />

Hiroshi Kawaguchi (Keiichi Sawai), Hitomi Nozoe (Chieko<br />

Hanamura), Jiro Tamiya, Yoshiro Kitahara, Kuniko Miyake,<br />

Yasuko Nakata, Masao Shimizu, etc. Duração: 79 min.<br />

Título original: Kurotokage ou Black Lizard<br />

Realização: Umetsugu Inoue (Japão, 1962); Argumento:<br />

Yukio Mishima, Kaneto Shindô, segundo romance de Rampo<br />

Edogawa; Produção: Itsuo Dói, Masaichi Nagata; Música:<br />

Toshirô Mayuzumi; Fotografi a (cor): Yoshihisa Nakagawa;<br />

Direcção artística: Shigeo Mano; Companhias de produção:<br />

Daiei Studios; Intérpretes: Machiko Kyô (Mrs. Midorikawa),<br />

Minoru Ohki (Kogoro Akechi), Junko Kano (Sanae Iwase),<br />

Hiroshi Kawaguchi, Masao Mishima, Sachiko Meguro,<br />

Chiharu Kuri, Shizuo Nakajo, etc. Duração: 101 min.<br />

Título original: Shiosai ou The Sound of the Waves<br />

Realização: Kenjiro Morinaga (Japão, 1964); Argumento: Goro<br />

Tanada, segundo romance de Yukio Mishima; Produção:<br />

Hideo Sasai; Fotografi a (cor): Umeyo Matsuzaki; Companhias<br />

de produção: Nikkatsu; Intérpretes: Sayuri Yoshinaga (Hatsue<br />

Miyata), Mitsuo Hamada (Shinji Kubo), Nijiko Kiyokawa<br />

(Tomi Kubo), Kenjiro Ishiyama (Terukichi Miyata), Ichirô Sugai,<br />

Daizaburo Hirata, Toyoko Takahashi, Masao Shimizu, Keiko<br />

Hara, Kayo Matsuo, etc. Duração: 82 min.<br />

Título original: Ken<br />

Realização: Kenji Misumi (Japão, 1964); Argumento: Kazuro<br />

Funabashi, segundo romance de Yukio Mishima; Produção:<br />

Hiroaki Fujii; Música: Sei Ikeno; Fotografi a (p/b): Chishi Makiura;<br />

Direcção artística: Akira Naito; Som: Masahiko Okumura;<br />

Companhias de produção: Daiei Studios; Intérpretes: Raizô<br />

Ichikawa (Jiro Kokubun), Yusuke Kawazu (Kagawa), Hisaya<br />

Morishige (Mibu), Akio Hasegawa (Mibu), Noriko Sengoku<br />

(Kiuchi), Keiju Kobayashi, Yuka Konno, Junko Kozakura, Yoshio<br />

Inaba, Rieko Sumi, Kunîchi Takami, etc. Duração: 94 min.<br />

Título original: Kemono no tawamure<br />

Realização: Sokichi Tomimoto (Japão, 1964); Argumento:<br />

Kazuro Funabashi, segundo romance de Yukio Mishima;<br />

Produção: Hiroaki Fujii; Fotografi a (p/b): Nobuo Munekawa;<br />

Direcção artística: Shigeo Mano; Companhias de produção:<br />

Daiei Studios; Intérpretes: Ayako Wakao (Yuko Kusakado),<br />

Seizaburô Kawazu (Ippei Kusakado), Takao Ito (Koji Umemiya),<br />

Masao Mishima, Yoshi Kato, etc. Duração: 94 min.<br />

239 | Yukio Mishima no Cinema


240 | Yukio Mishima no Cinema<br />

Título original: Nikutai no gakko ou School for Sex ou School<br />

of Love ou School of Sex<br />

Realização: Ryo Kinoshita (Japão, 1965); Argumento: Toshirô<br />

Ide, segundo história de Yukio Mishima; Produção: Masakatsu<br />

Kaneko; Música: Sei Ikeno; Fotografi a (p/b e cor): Yuzuru<br />

Aizawa; Montagem: Yoshitami Kuroiwa; Design de produção:<br />

Kazuo Takenaka; Som: Hisashi Shimonaga, Norio Tone;<br />

Companhias de produção: Toho Company; Intérpretes: Kyôko<br />

Kishida (Taeko Asano), Tsutomu Yamazaki (Senkichi Sato), Yuki<br />

Nakagawa (Satoko Muromachi), Sô Yamamura (Toshinobu<br />

Hira), Masahiko Arima, Emiko Azuma, Kazuko Ezaki, Shigeru<br />

Kôyama, Akira Kubo, Senshô Matsumoto, Haruo Nakajima,<br />

Tadashi Okabe, Ernest Richter, Marjorie Richter, Kazuo Suzuki,<br />

Akio Tanaka, Keisuke Yamada, etc. Duração: 92 min.<br />

Título original: Yûkoku ou Patriotism ou The Rite of Love<br />

and Death<br />

Realização: Domoto Masaki, Yukio Mishima (Japão,<br />

1966); Argumento: segundo história de Yukio Mishima;<br />

Produção: Hiroaki Fujii, Yukio Mishima; Fotografi a (p/b):<br />

Kimio Watanabe; Design de produção: Yukio Mishima;<br />

Companhias de produção: Toho Company; Intérpretes:<br />

Yukio Mishima (Shinji Takeyama), Yoshiko Tsuruoka (Reiko),<br />

etc. Duração: 30 min.<br />

Título original: Die Hundertste Nacht (TV)<br />

Realização: Frank Guthke (Alemanha, 1966); Argumento:<br />

Eckart Stein, segundo peça de Yukio Mishima; Companhias de<br />

produção: Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF); Intérpretes:<br />

Hela Gruel, Michael Maien, Dorit Amann, Irmgard Först, Curt<br />

Bois, Friedrich Schütter, Karl Merkatz, Thomas Reiner, Gerda-<br />

Maria Jürgens, etc. Duração: 95 min.<br />

Título original: Ai no kawaki ou Longing for Love ou The<br />

Thirst for Love<br />

Realização: Koreyoshi Kurahara (Japão, 1966); Argumento:<br />

Toshiya Fujita, Koreyoshi Kurahara, segundo romance de<br />

Yukio Mishima; Produção: Kazu Otsuka; Música: Toshirô<br />

Mayuzumi; Fotografi a (cor): Yoshio Miyajima; Design de<br />

produção: Kazuhiko Chiba; Companhias de produção:<br />

Nikkatsu; Intérpretes: Ruriko Asaoka (Etsuko), Nobuo<br />

Nakamura, Tetsuo Ishidate, Akira Yamanouchi, Chitose<br />

Kurenai, Yûko Kusunoki, Yoko Ozono, etc. Duração: 105 min.<br />

Título original: Kurotokage ou Black Lizard<br />

Realização: Kinji Fukasaku (Japão, 1968); Argumento:<br />

Masashige Narusawa, Yukio Mishima, segundo romance de<br />

Rampo Edogawa; Produção: Akira Oda; Música: Isao Tomita;<br />

Fotografi a (cor): Hiroshi Dowaki; Montagem: Keiichi Uraoka;<br />

Direcção artística: Kyohei Morita, Keinosuke Ishiwatari;<br />

Guarda-roupa: Masako Watanabe; Som: Hirobumi Sato,<br />

Toshio Tanaka; Companhias de produção: Shochiku<br />

Company, Shochiku Kinema Kenkyû-jo; Intérpretes: Akihiro<br />

Miwa (Black Lizard), Isao Kimura (Detective Akechi), Kikko<br />

Matsuoka (Sanaye), Junya Usami (Shobei Iwasa), Yusuke<br />

Kawazu, Kô Nishimura, Toshiko Kobayashi, Sonosuke Oda,<br />

Kinji Hattori, Koichi Sato, Jun Kato, Ryuji Funakoshi, Mitsuko<br />

Takara, Tetsuro Tamba, Yukio Mishima, etc. Duração: 86 min.<br />

Título original: Kuro bara no yakata ou Black Rose ou Black<br />

Rose Mansion ou Mansion of the Black Rose<br />

Realização: Kinji Fukasaku (Japão, 1969); Argumento: Kinji<br />

Fukasaku, Hirô Matsuda, segundo peça de Yukio Mishima;<br />

Produção: Akira Oda; Música: Hajime Kaburagi; Fotografi a<br />

(cor): Takashi Kawamata; Direcção artística: Kumagai Masao;<br />

Companhias de produção: Shochiku Company; Intérpretes:<br />

Akihiro Miwa (Ryuko), Eitarô Ozawa (Kyohei), Masakazu<br />

Tamura (Wataru), Ayako Hosho, Kô Nishimura, Kikko Matsuoka,<br />

Ryohei Uchida, Akira Jo, Hideo Murota, etc. Duração: 91 min.<br />

Título original: Shiosai ou The Sound of the Waves<br />

Realização: Shirô Moritani (Japão, 1971); Argumento: Toshirô<br />

Ide, segundo romance de Yukio Mishima; Produção: Osamu<br />

Tanaka; Música: Takeshi Shibuya; Fotografi a (cor): Asakazu<br />

Nakai; Montagem: Michiko Ikeda; Design de produção: Iwao<br />

Akune; Som: Toshiya Ban; Companhias de produção: Toho<br />

Company; Intérpretes: Katsuhiko Sasaki, Midori Kiuchi, Miki<br />

Odagiri, Susumu Fujita, Noboru Mitani, etc. Duração: 88 min.<br />

Título original: Ongaku<br />

Realização: Yasuzo Masumura (Japão, 1972); Argumento:<br />

Yasuzo Masumura, segundo romance de Yukio Mishima;<br />

Produção: Hiroaki Fujii, Kinshirô Kuzui; Música: Hikaru<br />

Hayashi; Fotografi a (cor): Setsuo Kobayashi; Montagem:<br />

Tatsuji Nakashizu; Direcção artística: Shigeo Mano; Som:<br />

Mutsutoshi Ohta; Companhias de produção: Art Theatre<br />

Guild, Koudousha; Intérpretes: Noriko Kurosawa (Reiko),<br />

Toshiyuki Hosokawa (Shiomi), Choei Takahashi, Koji<br />

Moritsugu, Noboru Mitani, etc. Duração: 104 min.<br />

Título original: Shiosai ou The Sound of the Waves<br />

Realização: Katsumi Nishikawa (Japão, 1975); Argumento:<br />

Katsuya Susaki, segundo romance de Yukio Mishima;<br />

Produção: Takeo Hori, Hideo Sasai; Fotografi a (cor): Kenji<br />

Hagiwara; Montagem: Akira Suzuki; Design de produção:<br />

Teruyoshi Satani; Companhias de produção: Hori Production,<br />

Toho Company; Intérpretes: Momoe Yamaguchi (Hatsue<br />

Miyata), Tomokazu Miura (Shinji Kubo), Ichirô Arishima,<br />

Keiko Tsushima, Yoshio Aoki, Tokue Hanazawa, Kotoe Hatsui,<br />

Atsushi Kawaguchi, Mihoko Nakagawa, Hisayuki Nakajima,<br />

Takeya Nakamura, Haruo Tanaka, Kiyoko Tange, etc. Duração:<br />

93 min.<br />

Título original: Kinkakuji ou Temple of the Golden Pavillion<br />

Realização: Yoichi Takabayashi (Japão, 1976); Argumento:<br />

Yukio Mishima, segundo romance do próprio (“Temple of<br />

the Golden Pavilion”); Companhias de produção: Art Theatre<br />

Guild, Kosha Ltd.;<br />

OS DIAS IMPUROS DE UM MARINHEIRO<br />

Título original: The Sailor Who Fell from Grace with the Sea<br />

Realização: Lewis John Carlino (Inglaterra, 1976); Argumento:<br />

Lewis John Carlino, segundo romance de Yukio Mishima<br />

(“Gogo no eiko”); Produção: Martin Poll, David White;<br />

Música: Johnny Mandel; Fotografi a (cor): Douglas Slocombe;<br />

Montagem: Antony Gibbs; Casting: Miriam Brickman,<br />

Joyce Selznick; Design de produção: Ted Haworth; Direcção<br />

artística: Brian Ackland-Snow, Lee Poll; Guarda-roupa: Lee<br />

Poll; Som: David Hildyard, Peter Horrocks, John Stevenson;<br />

Companhias de produção: AVCO Embassy Pictures, Martin<br />

Poll-Lewis John Carlino Production, Sailor Company;<br />

Intérpretes: Sarah Miles (Anne Osborne), Kris Kristofferson<br />

(Jim Cameron), Jonathan Kahn (Jonathan Osborne), Margo<br />

Cunningham (Mrs. Elizabeth Palmer), Earl Rhodes, Paul<br />

Tropea, Gary Lock, Stephen Black, Peter Clapham, Jennifer<br />

Tolman, etc. Duração: 105 min.


MISHIMA<br />

Título original: Mishima: A Life in Four Chapters ou<br />

Mishima<br />

Realização: Paul Schrader (EUA, 1985); Argumento: Chieko<br />

Schrader, Leonard Schrader, Paul Schrader, segundo vida e<br />

romances de Yukio Mishima; Produção: Francis Ford Coppola,<br />

George Lucas, Tom Luddy, Leonard Schrader, Mataichiro<br />

Yamamoto; Música: Philip Glass; Fotografi a (cor): John<br />

Bailey; Montagem: Michael Chandler; Design de produção:<br />

Eiko Ishioka; Guarda-roupa: Eiko Ishioka; Som: Leslie Shatz;<br />

Companhias de produção: American Zoetrope, Lucasfi lm,<br />

M Company, Tristone Entertainment Inc.; Intérpretes:<br />

Ken Ogata (Yukio Mishima), Masayuki Shionoya (Morita),<br />

Hiroshi Mikami (Cadete), Junya Fukuda (Cadete 2), Shigeto<br />

Tachihara (Cadete 3), Junkichi Orimoto (General Mashita),<br />

Naoko Otani, Gô Rijû, Masato Aizawa, Yuki Nagahara, Kyuzo<br />

Kobayashi, Yuki Kitazume, Haruko Kato, Yasosuke Bando,<br />

Hisako Manda, Naomi Oki, Miki Takakura, Imari Tsujikoichi<br />

Sato, Kenji Sawada, Reisen Lee, Setsuko Karasuma, Tadanori<br />

Yokoo, Yasuaki murata, Mitsuru Hirata, Toshiyuki Nagashima,<br />

Hiroshi Katsuno, Naoya Makoto, Hiroki Ida, Jun Negami, Ryo<br />

Ikebe, Toshio Hosokawa, Hideo Fukuhara, Yosuke Mizuno,<br />

Eimei Ezumi, Roy Scheider (Narrador), etc. Duração: 121 min.<br />

Título original: Shiosai ou The Sound of the Waves<br />

Realização: Shusei Kotani (Japão, 1985); Argumento: segundo<br />

romance de Yukio Mishima; Produção: Hideo Koi, Masakatsu<br />

Saito; Música: Kentaro Haneda; Fotografi a (cor): Kenji<br />

Hagiwara; Montagem: Osamu Inoue; Design de produção:<br />

Yoshie Kikukawa; Som: Nobuo Fukushima; Companhias de<br />

produção: Hori Production; Intérpretes: Chiemi Hori, Shingo<br />

Tsurumi, Hitomi Takahashi, Takayuki Godai, Hideo Murota,<br />

Natsuko Kahara, Jiro Sakagami, Tetsuro Tamba; Duração: 101<br />

min.<br />

Título original: Rokumeikan ou The Hall of the Crying Deer<br />

Realização: Kon Ichikawa (Japão, 1986); Argumento: Shinya<br />

Hidaka, Kon Ichikawa, segundo peça de Yukio Mishima;<br />

Produção: Kazuo Baba, Hiroaki Fujii; Fotografi a (cor): Setsuo<br />

Kobayashi; Design de produção: Shinobu Muraki; Guardaroupa:<br />

Emi Wada; Som: Tetsuya Ohashi; Companhias de<br />

produção: Marugen Company Ltd., High Society of Meiji;<br />

Intérpretes: Bunta Sugawara (Conde Kageyama), Ruriko<br />

Asaoka (Condessa Asako), Koji Ishizaka (Einosuke Shimizu),<br />

Kiichi Nakai (Hisao), Toshinori Omi (Kenjiro), Kyôko Kishida,<br />

Yasuko Sawaguchi, Kazuyo Asari, Seiji Endô, Jun Hamamura,<br />

Hisashi Igawa, Shigeru Kôyama, Tatsuya Mihashi, Miki Sanjo,<br />

Katsuhiko Sasaki, Atsushi Watanabe, Michino Yokoyama, etc.<br />

Duração: 125 min.<br />

Título original: Markisinnan de Sade (TV)<br />

Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1992); Argumento:<br />

Ingmar Bergman, segundo peça de Yukio Mishima; tradução<br />

de Gunilla Lindberg-Wada, Per Erik Wahlund; Produção:<br />

Måns Reuterswärd, Katarina Sjöberg; Música: Ingrid Yoda;<br />

Montagem: Sylvia Ingemarsson; Design de produção:<br />

Charles Koroly, Mette Möller; Guarda-roupa: Charles Koroly,<br />

Maggie Strindberg, Helvi Treffner; Som: Roland Engström,<br />

Curre Forsmark, Göran Örjeheim; Companhias de produção:<br />

SVT Drama; Intérpretes: Stina Ekblad (Renee), Anita Björk<br />

(Madame de Monteuil), Marie Richardson (Anne), Margareta<br />

Byström (de Simiane), Agneta Ekmanner (Condessa de Saint-<br />

Fond), Helena Brodin (Charlotte), etc. Duração: 104 min.<br />

Título original: L’ École de la Chair ou The School of Flesh<br />

Realização: Benoît Jacquot (França, Luxemburgo, Bélgica,<br />

1998); Argumento: Jacques Fieschi, segundo romance de<br />

Yukio Mishima; Produção: Zakaria Alaoui, Vincent Malle,<br />

Patrick Quinet, Fabienne Tsaï, Fabienne Vonier, Claude<br />

Waringo, Arlette Zylberberg; Fotografi a (cor): Caroline<br />

Champetier; Montagem: Luc Barnier; Casting: Stéphane<br />

Foenkinos, Frédérique Moidon; Design de produção: Katia<br />

Wyszkop, Gérard Marcireau; Guarda-roupa: Corinne Jorry;<br />

Som: Jean-Claude Laureux ; Companhias de produção:<br />

Artémis Productions, Bel Age Distribution, La Sept Cinéma,<br />

Orsans Productions, Samsa Film, V.M.P. ; Intérpretes: Isabelle<br />

Huppert (Dominique), Vincent Martinez (Quentin), Vincent<br />

Lindon (Chris), Marthe Keller (Madame Thorpe), François<br />

Berléand (Soukaz), Danièle Dubroux, Bernard Le Coq,<br />

Roxane Mesquida, Jean-Louis Richard, Jean-Claude Dauphin,<br />

Michelle Goddet, Laurent Jumeaucourt, Pierre Laroche,<br />

Richard Schroeder, Jonathan Ubrette, Nicolas Pignon,<br />

Jean-Pierre Barbou, Richard Dieux, Alain Figlarz, Stéphane<br />

Foenkinos, Margaret Grassone, Roger To Thanh Hien, Marja-<br />

Leena Junker, Rebecca Pinette, etc. Duração: 110 min.<br />

Título original: Haru no yuki ou Snowy Love Fall in Spring<br />

ou Spring Snow<br />

Realização: Isao Yukisada (Japão, 2005); Argumento: Chihiro<br />

Itou, Shinsuke Sato, segundo romance de Yukio Mishima;<br />

Produção: Kei Haruna; Música: Tarô Iwashiro, Hikaru Utada<br />

(“Be My Last”); Fotografi a (cor): Pin Bing Lee; Montagem:<br />

Takeshi Imai; Direcção artística: Osamu Yamaguchi; Som:<br />

Hiroki Ito; Companhias de produção: Cine Bazar, Fuji<br />

Television Network, Hakuhodo DY Media Partners, Horipro,<br />

S.D.P., Toho Company; Intérpretes: Satoshi Tsumabuki (Kiyoaki<br />

Matsugae), Yuko Takeuchi (Satoko Ayakura), Sosuke Takaoka<br />

(Shigekuni Honda), Mitsuhiro Oikawa, Tomorowo Taguchi,<br />

Atsuko Takahata, Kenjiro Ishimaru, Yoshiko Miyazaki, Kyôko<br />

Kishida, Kyôko Maya, Takaaki Enoki, etc. Duração: 150 min.<br />

Título original: Rokumeikan (TV).<br />

Realização: Akiji Fujita (Japão, 2008); Argumento: Toshio<br />

Kamata, segundo peça de Yukio Mishima; Música: Iwao<br />

Furusawa; Companhias de produção: TV Asahi; Intérpretes:<br />

Yumi Asou, Tomoko Fujita, Cleve Gray, Isao Hashizume,<br />

Satomi Ishihara, Morio Kazama, Hitomi Kuroki, Kôhei Majima,<br />

Shota Matsuda, Yôko Nogiwa, Christopher Pellegrini, Kyohei<br />

Shibata, Kazuma Suzuki, Junko Takahata, Masakazu Tamura,<br />

Mariko Tsutsui, Mirai Yamamoto; Duração: 120 min.<br />

241 | Yukio Mishima no Cinema


242 | Yukio Mishima no Cinema<br />

_DUAS CARTAS DE MISHIMA A KAWABATA<br />

Estou há uma semana em Nova Iorque.<br />

O Sr. e a Sr.ª Strauss têm tratado muito bem de mim. Especialmente a Sr.ª Strauss,<br />

que sob o seu aspecto um pouco intimidante, esconde uma personalidade amável e<br />

simpática. No sábado passado levaram-me à moradia deles no Connecticut, de onde<br />

regressei esta manhã. Aí travei conhecimento, entre outras pessoas, com Norman<br />

Mailer (autor de Os Nus e os Mortos). Com o Sr. Strauss falo muitas vezes de si. Como a<br />

moradia dele fi ca num lugar que se parece muito com Karuizawa, onde fi ca a sua casa,<br />

já comentámos que se sentiria aqui certamente muito bem.<br />

Em Nova Iorque, como tenho difi culdade em compreender o teatro, comecei pelas<br />

comédias musicais. Nas cenas de dança, entre outras, as raparigas são todas<br />

deslumbrantes, os trajos magnífi cos, e comparativamente o “novo teatro” japonês tem<br />

um aspecto tão miserável que até faz dó.<br />

É falso dizer-se que a comida nos Estados Unidos é má. Não é de todo verdade. Desde<br />

que se coma caro ou que se seja convidado para casas particulares, onde nos oferecem<br />

comida familiar tradicional.<br />

De um modo geral vivo a um ritmo muito tranquilo. E não se passa nada digno de<br />

menção. Mas o fundamental é que as relações entre as pessoas não são complicadas<br />

como no Japão. Imagino que nesta estação dos calores sufocantes esteja muito<br />

ocupado com o seu trabalho no Pen Club. Acima de tudo, tenha cuidado com a saúde.<br />

No dia 31, Donald Keee, o perito em literatura japonesa, vai abandonar Nova Iorque<br />

para ir para o Japão. Vou sentir-me muito só, quando ele não estiver aqui, mas enfi m,<br />

é a vida. Estou quase todos os dias com ele e ele toma conta de mim de uma forma<br />

verdadeiramente afável. Nas recepções, quando já estou cansado de falar inglês, o meu<br />

maior prazer é trocar umas palavras com ele em japonês: dizemos mal dos presentes,<br />

mesmo debaixo dos narizes deles, o que nos faz rir a bandeiras despregadas.<br />

Apresente os meus cumprimentos à sua esposa e fi lha. (29 de Julho de 1957).<br />

Peço desculpa por ainda não lhe ter enviado notícias depois da minha partida. Em<br />

Honolulu passámos quatro dias bem descansados, e descontraí o mais possível.<br />

Depois fi cámos dois dias em São Francisco, em que andámos na rua de manhã à noite,<br />

a minha mulher excitadíssima, tendo por fi m a sensação de se encontra efectivamente<br />

no Ocidente. Em Los Angeles tivemos a pouca sorte de fi car no mesmo hotel onde<br />

estava o Nixon e que funcionava como quartel-general do partido conservador para<br />

as eleições presidenciais, o que nos trouxe, por arrasto, uma data de inconvenientes:<br />

lentidão inacreditável no serviço de restaurante e um ambiente de febre eleitoral em<br />

todo o estabelecimento. Em contrapartida, divertimo-nos imenso na Disneylândia,<br />

não creio que exista lugar mais divertido em todo o mundo. Agora estamos em Nova<br />

Iorque, já desde há duas semanas, mas aqui – como sabe – os encontros encadeiam-se<br />

uns nos outros, e nem sequer me fi ca tempo para dormir a sesta. […]<br />

Imagine que o nosso hotel, o Astor, fi ca em pleno coração de Times Square e mesmo<br />

quando à noite regressamos tarde, há sempre uma multidão na rua, e nestas condições,<br />

dormir é quase uma perda de tempo. Um dia destes, em casa do Faubion Bowers,<br />

encontrámos a Greta Garbo, o que foi para nós uma enorme emoção. Partimos para a<br />

Europa no dia 2 de Dezembro mas, na realidade, penso que é em Nova Iorque que eu<br />

me sinto mais à vontade. (24 de Novembro de 1960).<br />

Tradução de Maria Eduarda Colares


FAMAFEST<br />

2009<br />

HOMENAGEM A ALEXANDRE SOLJENITSIN


244 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin<br />

_ALEXANDRE SOLJENITSIN<br />

Alexandre Soljenitsin, 89 anos, Nobel da Literatura, símbolo da dissidência soviética, morreu<br />

em Moscovo (4 de Agosto de 20008), pouco antes da meia-noite, de “insufi ciência cardíaca<br />

aguda”. Raros escritores tiveram tão grande impacto em vida. Mudou a percepção da tragédia<br />

russa e do terror estalinista, de forma quase absoluta, em poucos anos e por todo o mundo.<br />

Morreu feliz, disse sua mulher, Natalia: “Queria morrer no Verão e morreu no Verão. Queria<br />

morrer em casa e morreu em casa.” A primeira parte da sua obra não pode ser circunscrita à<br />

narração da barbárie. Diz também respeito à irredutibilidade da condição humana, resumida<br />

numa frase do livro O Primeiro Círculo (1968) sobre o Gulag: “Quando privais alguém de tudo,<br />

ele deixa de estar sob o vosso poder. Ele volta a ser inteiramente livre.”<br />

Soljenitsin tornou-se célebre em 1962, ao publicar na revista literária russa Novi Mir uma<br />

curta narrativa, Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch, sobre um prisioneiro num campo de<br />

trabalhos forçados na Sibéria, imediatamente traduzido em todo o mundo e celebrado<br />

inclusive por escritores comunistas ocidentais. No campo, sem passado nem futuro, Ivan não<br />

se deixa desapossar do que lhe resta de humanidade, “capaz de experimentar algumas das<br />

grandes alegrias prometidas ao homem na terra: matar a sua fome, acabar um trabalho,<br />

contemplar um céu”, escreveu o seu tradutor Georges Nivat.<br />

Depois de outras obras marcantes, como A Casa de Matriona, a primeira bomba explode em<br />

1968, com a tradução francesa de O Primeiro Círculo, em que descreve o horror dos campos<br />

destinados a intelectuais e cientistas e a demência do estalinismo do pós-guerra. Publica ao<br />

mesmo tempo, no Ocidente, o Pavilhão dos Cancerosos (proibido na União Soviética, onde<br />

circula em edições clandestinas). É-lhe atribuído o Nobel em 1970, mas não o recebe, pois<br />

teme não poder regressar à Rússia.<br />

Em 1973, o KGB interroga a sua dactilógrafa – que depois se enforcará – e apodera-se de uma<br />

cópia de O Arquipélago do Gulag, que vinha escrevendo há anos, tendo já mandado um<br />

microfi lme para a Europa. Ordena a imediata tradução em francês. Torna-se subitamente, à<br />

direita e à esquerda, o testemunho da falência política e da catástrofe humana do comunismo<br />

soviético. É um livro que combina romance, autobiografi a, testemunhos e refl exão fi losófi ca,<br />

na senda de escritores russos, como Tolstoi. O seu pressuposto é: o arquipélago grego foi o<br />

berço da nossa civilização, o arquipélago dos campos é a nossa nova civilização do século XX.<br />

“A fábrica da desumanização.”<br />

É sobre ele que se vai desenvolver um novo tipo de crítica radical do sistema. Foi defi nido<br />

pelo diplomata e sovietólogo americano George Kennan como “a maior e mais poderosa<br />

acusação isolada contra um regime político nos tempos modernos”. O Times, de Londres,<br />

escreveu que “virá o tempo em que situaremos o princípio do colapso do sistema soviético<br />

na data de publicação do Gulag”.<br />

Preso e despojado da cidadania soviética, é metido num avião para a Alemanha em 12<br />

de Fevereiro de 1974. Moscovo acabava de cometer mais um erro. Em vez de o condenar<br />

ao silêncio, deu-lhe uma tribuna e uma projecção universais. É um romance peculiar,<br />

rigorosamente documentado, com testemunhos e análises que permitem compreender,<br />

de uma forma radicalmente nova, a engrenagem do sistema concentracionário soviético,<br />

rompendo os quadros tradicionais da historiografi a e impondo uma releitura não só do<br />

estalinismo como da Revolução de 1917. “Gulag” (acrónimo de “Direcção principal dos campos<br />

de trabalho”) passa a ser sinónimo da barbárie soviética.<br />

O dissidente Alexandre Soljenitsin nasceu a 11 de Dezembro de 1918 em Kislovodosk, no<br />

Cáucaso, originário de famílias camponesas abastadas, já depois da morte do pai. A família


muda-se para Rostov. Acompanha a mãe à igreja, que para sempre o marcará. Cedo se increve<br />

nas juventudes comunistas. Na Universidade de Rostov, faz o curso de Matemática e Física,<br />

começando a ensinar. É infl uenciado pela cultura alemã e não c o n c e b e viver sem a sua<br />

música. Passa ao lado das “grandes purgas” estalinistas de 1936-37, reconhecerá mais tarde<br />

numa carta a um amigo “que lhe tentou abrir os olhos”. Casa-se com uma colega<br />

e conclui estudos complementares em Literatura. É mobilizado em 1941, combatendo como<br />

capitão de artilharia na Prússia Orientel. Recebe duas condecorações. A sua vida muda<br />

em 9 de Fevereiro de 1945, quando a polícia secreta (NKVD) o detém no gabinete do seu<br />

comandante. A polícia vigiava a correspondência que livremente trocava com um amigo,<br />

em que manifestava dúvidas sobre o génio militar de Estaline. Interrogado na prisão<br />

Lubianka de Moscovo, é condenado a oito anos de trabalhos forçados, passando por vários<br />

campos. Começa a escrever em restos de papel, que esconde e que, dirá mais tarde, fi xará<br />

rigorosamente na memória.<br />

Em 1952, é operado a um tumor maligno no pescoço. É libertado no dia da morte de Estaline,<br />

5 de Março de 1953. Será reabilitado três anos depois, durante a desestalinização de Nikita<br />

Khrutchov. Volta ao ensino e começa a escrever. Propõe à revista Novi Mir, de orientação<br />

renovadora, a publicação de Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch. O director obtém a<br />

aprovação de Khrutchov e Soljenitsin torna-se célebre. A lua-de-mel termina com a queda de<br />

Khrutchov, em 1964, e a ascensão o poder de Brejnev. Começa a perseguição aos escritores<br />

dissidentes. Apesar de autocensura, é recusada a publicação do Pavilhão dos Cancerosos.<br />

Entra em confronto aberto com o regime. Após a edição do Pavilhão dos Cancerosos e de<br />

O Primeiro Círculo no estrangeiro, é expulso da União dos Escritores. Passa a viver com<br />

Natália Svetlova. Encontra refúgio na casa do violencelista Rostropovitch. Dá sucessivas<br />

entrevistas à imprensa internacional, em que denuncia as perseguições e as calúnias de que<br />

é alvo na imprensa ofi cial. Numa “Carta Aberta” ao ministro do Interior explica a recusa de<br />

ir a Estocolmo receber o Nobel e protesta contra as restrições que lhe são impostas, como a<br />

probição de residir em Moscovo com Natalia. “Aproveito a ocasião para lhe lembrar que a<br />

servidão foi abolida no nosso país há 112 anos. E diz-se que a Revolução de Outubro suprimiu<br />

os seus derradeiros vestígios.”<br />

Obceca-o a conclusão do Gulag. Cortadas as pontes, publicado o livro no Ocidente, é preso e<br />

metido num avião para Berlim, onde é recebido pelo escritor alemão Heinrich Böll. Instala-se<br />

em Zurique, tal como Lenine, viaja frequentemente até Paris.<br />

Em 1976, muda-se defi nitivamente para os Estados Unidos, passando a viver numa mansão<br />

isolada em Cavendish, Vermont. O equívoco cedo se revela. Soljenitsin é acolhido como um<br />

paladino da democratização da URSS. Ora, ele começa a falar obsessivamente da Rússia<br />

vítima duma ideologia nascida no Ocidente. Acusa a ocidentalização da Rússia e demarca-se<br />

do modelo liberal do Ocidente. Ataca as Luzes e a Revolução Francesa. Defende a Vendeia.<br />

Condena a retirada americana do Vietname e a Revolução dos Cravos em <strong>Portugal</strong>.<br />

Em 1978, fez em Harvard um discurso célebre sobre o declínio do Ocidente. “O declínio da<br />

coragem é hoje o traço mais saliente do Oeste para um observador externo. O mundo<br />

ocidental perdeu a sua coragem cívica, no conjunto e individualmente, em cada país, em<br />

cada governo e, certamente, nas Nações Unidas.”<br />

“Vivi toda a minha vida num regime comunista, e posso dizer-vos que uma sociedade sem<br />

referências legais é terrível. Mas uma sociedade baseada na letra da lei, e não indo mais longe,<br />

fracassa em desenvolver em seu proveito o largo campo das possibilidades humanas. A letra<br />

da lei é demasiado fria e formal para ter uma infl uência benéfi ca sobre a sociedade. Quando<br />

toda a vida se tece através de relações legalistas, resulta uma atmosfera de mediocridade<br />

245 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin


246 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin<br />

espiritual que paralisa as tendências mais nobres do homem.” “Como pôde o Ocidente<br />

declinar, da sua marcha triunfal até à sua debilidade presente?”<br />

Soljenitsin centra-se então na escrita daquela que considerará a sua obra máxima, A Roda<br />

Vermelha, 6600 páginas, concluída em 1990, a mais amada e a menos lida. Composta<br />

num estilo aparentemente caótico, combinando fi cção, documentos e longas dissertações<br />

históricas e fi losófi cas, é a narração do desastre histórico da Rússia, do princípio do século e<br />

das reformas de Stolipin, à catástrofe da guerra de 1914 e à instauração da ordem comunista.<br />

Mais do que a vitória de Lenine, é a crónica do fracasso do liberalismo russo e da Revolução de<br />

Fevereiro, “que só podia levar à anarquia”. Acusou os historiadores ocidentais de andarem a<br />

reboque da historiografi a soviética. Organizou-a em diferentes “nós”: é no nó que se constrói<br />

a orientação dos ramos. Assim aconteceu na revolução, “esta roda que marcha”, “esta mó que<br />

tritura as nossas almas” e se torna sangue. Daí o título.<br />

Só regressará à Rússia em 1994. Em 1990 publica um longo artigo, uma espécie de “encíclica”<br />

com uma tiragem de 28 milhões de exemplares: Como ordenar a nossa Rússia? Opõese<br />

a uma organização do Estado em moldes ocidentais. Um parlamentarismo partidário<br />

fracassará, a organização política deve ser construída a partir da base, dos conselhos de aldeia<br />

(zemstvos). Defendeu a “descolonização” dos povos não russos, mas dilacerou-o a separação<br />

dos eslavos, a perda da Ucrânia e da Bieolorrússia. Doravante, fala como um profeta que os<br />

compatriotas não escutam. Acusa de novo os liberais russos. “É um mundo estranho e de<br />

ilusões o que nasceu na Rússia nos anos 90”, disse numa entrevista de 1988. “Somos uma<br />

República de eleições livres, com uma imprensa na aparência livre. Todavia, as personalidades<br />

mais corruptas mantiveram os seus lugares e é em vão que se procuram os assassinos. Por<br />

causa da cínica crueldade dos bandidos, o preço da vida humana está reduzido a um zero. (...)<br />

É a oligarquia que governa e tanto lhe faz que o povo sobreviva ou não.”<br />

Em 2007, aceitou o Prémio do Estado, concedido por Vladimir Putin, a quem dava o benefício<br />

da dúvida. Eslavófi lo e partidário de um “Estado forte” e dos valores tradicionais russos,<br />

saudou a sua política de resistência ao “cerco da Rússia”, que já “não representa nenhum<br />

perigo”, pelas potências da NATO – da Ucrânia ao Cáucaso e à Ásia Central. Soljenitsin “já<br />

entrou no Panteão da literatura russa”, dizem em Moscovo. Mas um panteão muito especial.<br />

Ele pertence àquela espécie de romancistas que são os grandes sociólogos de uma época,<br />

a que só através deles podemos aceder. Neste caso, um sociólogo daquela Rússia que ele<br />

amava: a que já não existe.<br />

Jorge Almeida Fernandes, in Público, de 5 de Agosto de 2008<br />

_OBRAS EM PORTUGUÊS<br />

A lista das obras traduzidas:<br />

Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch;<br />

Europa América<br />

O Pavilhão dos Cancerosos; Dom<br />

Quixote/Círculo de Leitores<br />

Arquipélago Gulag; Bertrand<br />

O Declínio da Coragem; Rolim<br />

O Erro do Ocidente; Europa--América<br />

Os Direitos do Escritor; Brasília<br />

Agosto, 1914: Primeiro Nó; Dom Quixote<br />

O Primeiro Círculo; Íbis<br />

O Carvalho e o Bezerro: Esboços da Vida<br />

Literária; Bertrand<br />

A Casa de Matriona; Arcádia<br />

Venho Dizer-vos a Verdade; Coopertipo<br />

Paz e Violência: a Hipocrisia do Ocidente;<br />

Liber<br />

Como Reordenar a Nossa Rússia?:<br />

Refl exões...; Livros do Brasil<br />

Carta aos Governantes Soviéticos: Apelodenúncia<br />

Feito por Um Homem Livre;<br />

Resistência<br />

Carta aos Governantes Soviéticos;<br />

Resistência


_O PROFESSOR SEM DISCÍPULOS OU UM GRANDE ESCRITOR RUSSO?<br />

Uns comparam-no a Tolstoi, Dostoievski. Outros vêem-no como mestre de coragem<br />

moral, um escritor fechado nas tradições do século XIX<br />

Em 1962, quando um até aí desconhecido professor de liceu russo chamado Alexandre<br />

Soljenitsin publica Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch torna-se, subitamente, um<br />

fenómeno no mundo literário. Mas o impacto político da sua obra – sobretudo depois<br />

da publicação de Arquipélago Gulag – foi tão grande, tornando-se indissociável da sua<br />

obra, que torna difícil avaliar o seu real peso literário.<br />

José Saramago acredita que foi a pátria de Soljenitsin que acabou por “dar razão”<br />

ao escritor — foi quando o mundo descobriu “o que estava por baixo dessa manta<br />

infecta que foi a aceitação passiva do que se estava a passar no país” durante o período<br />

estalinista. “Não havia apenas um fundo de verdade: era a autêntica verdade.” A<br />

denúncia dos “crimes de um sistema supostamente soviético”, nos livros de Soljenitsin,<br />

não poderia “cair bem nos ânimos da hierarquia do Governo e do partido [PCUS]”,<br />

diz. Por isso, o ostracismo a que foi votado e a proibição de viajar até Estocolmo para<br />

receber o Prémio Nobel da Literatura (1970) suscitam a Saramago este comentário:<br />

“Isto é triste, se não desolador.”<br />

247 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin


248 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin<br />

Em Soljenistin, ou melhor, na sua bibliografi a, as identidades de escritor e de político<br />

confundem-se.<br />

“Afortunadamente, ele foi ao mesmo tempo um escritor e um político”, aponta<br />

Saramago, aproveitando para criticar aqueles que julgam que os literatos devem<br />

afastar-se da política. “Um escritor é um cidadão e como tal tem todo o direito e o<br />

dever de opinar sobre aquilo que se passa no seu país e no mundo. E foi isso que<br />

Soljenitsin fez”, diz, recordando que, quando o escritor regressou à sua terra natal, em<br />

1994, “denunciou com a mesma veemência aquilo que era a suposta democratização<br />

da Rússia e que deu os resultados que todos conhecemos”.<br />

“É muito russo a escrever” Zita Seabra, que só começou a ler Soljenitsin quando se<br />

afastou do Partido Comunista — “a esquerda não o lia” —, não tem dúvidas de que<br />

ele “é um grande escritor, na linha dos grandes russos do século XIX”. Para a editora da<br />

Alêtheia, o impacto que Arquipélago<br />

Gulag teve em todo o mundo não se fi cou a dever tanto à denúncia do sistema<br />

prisional soviético mas sim à forma como Soljenitsin escreveu sobre ele. “A grande<br />

denúncia do gulag já vinha de antes, o que ele fez foi transformá-la em literatura.<br />

Panfl etos há muitos, literatura há pouca. Ele tem a força da literatura.” José Pacheco<br />

Pereira é da mesma opinião. “Ele é um grande escritor russo do século XX, na linha<br />

do grande romance histórico, uma literatura quase épica.” Para o historiador, há<br />

em Soljenitsin “um grande investimento histórico para tentar, no fundo, perceber<br />

a Rússia” e os seus livros são “o retrato de uma certa perplexidade russa perante a<br />

história trágica do país, um perguntar: ‘Porque é que nos acontece isto?’” “Não é tanto<br />

um romancista das relações interpessoais”, mas sim um escritor preocupado com as<br />

questões da identidade nacional e, ao mesmo tempo, “muito meticuloso do ponto de<br />

vista histórico”. Há na sua escrita “um fôlego do espaço e do tempo” que o integra<br />

claramente na tradição russa. “É muito russo a escrever”, sublinha<br />

Zita Seabra. E os seus livros, sobretudo Um Dia na Vida..., “têm a força da vivência<br />

pessoal”. Não hesita, por isso, em situá-lo na tradição de escritores como Turgueniev,<br />

Tolstoi e Dostoievski, “em contraponto a autores menores, como Gorki, que é um<br />

escritor militante”.<br />

António Pescada, tradutor para português de alguns destes gigantes da literatura<br />

russa, confessa ser um “fraco conhecedor” da obra de Soljenitsin, tendo lido apenas<br />

Um Dia na Vida... e O Pavilhão dos Cancerosos, e ter adiado a leitura de Arquipélago<br />

Gulag por querer fazê-lo na língua original. Mas o que conhece permitelhe confi rmar<br />

que “é um estilo que se enquadra na literatura russa”,<br />

embora, na sua opinião, num patamar abaixo de Turgueniev, Tolstoi e Dostoievski.<br />

Sente-se na escrita dele “uma urgência de dizer as coisas”, sobretudo em Um Dia na<br />

Vida... “Em O Pavilhão dos Cancerosos há um maior cuidado com a linguagem.”<br />

No blogue de livros do diário britânico The Guardian, Donald Rayfi eld, professor de<br />

Russo na Universidade Queen Mary é bastante mais duro, considerando que “a<br />

infl uência de Soljenitsin residirá exclusivamente na sua coragem moral, que inspirou<br />

dissidentes mais jovens a prosseguir a luta, tanto na literatura como na defesa dos<br />

direitos humanos”. Como escritor, Rayfi eld descreve-o como “totalmente fechado nas<br />

tradições do século XIX”. Por isso, conclui: “Em termos puramente literários, Soljenitsin<br />

é um professor sem discípulos.”<br />

Alexandra Prado Coelho e Maria José Oliveira, in Público, de 5 de Agosto de 2008.


Soljenitsin usou a literatura como arma política, denunciando as atrocidades do regime<br />

soviético. As reacções à sua morte são consensuais em valorizar o seu papel político, mas<br />

há quem recorde que teve dois pesos e duas medidas para os ditadores e que estendeu a<br />

mão a Vladimir Putin.<br />

Grande parte das reacções à sua morte não foram além do elogio. “Patriota” (Presidente<br />

russo, Dmitri Medvedev); “a consciência da humanidade face ao totalitarismo” (chefe da<br />

diplomacia francesa, Bernard Kouchner); “uma fi gura romanesca, herdeira de Dostoiévski”<br />

(Presidente francês, Nicolas Sarkozy); “contribuiu para mudar o curso da história” (chefe da<br />

diplomacia da União Europeia, Javier Solana). O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin,<br />

lembrou-o como “um exemplo de autêntica abnegação”. O escritor chegou a receber Putin<br />

e elogiou o seu papel na “reconstrução” da Rússia. “Putin recebeu em herança um país<br />

pilhado e de rastos, com a maioria da população desmoralizada e na miséria. E começou<br />

a sua reconstrução, pouco a pouco, lentamente. Os seus esforços não foram apreciados<br />

desde logo”, declarou num encontro. Esta indulgência para com Putin gerou controvérsia<br />

nos meios intelectuais russos. O escritor Viktor Erofeiev fala de uma fi gura “contraditória”,<br />

que manteve o silêncio sobre acontecimentos da era moderna russa, como a guerra na<br />

Tchetchénia e a tomada de reféns em Beslan. A visão que Soljenitsin tinha do futuro<br />

era “muito conservadora”, disse à AFP. “Era um conservador ortodoxo russo e não um<br />

democrata”, corroborou o politólogo Boris Kagarlitski. Já o dissidente soviético Alexander<br />

Podrabinek diz que Soljenitsin “nunca apoiou Putin”. “Putin visitou-o como uma nulidade<br />

que se encontra com a grandeza para obter valor”, ironizou. O fundador da Renovação<br />

Comunista Carlos Brito falou ao PÚBLICO das contradições de Soljenitsin. “Ao mesmo tempo<br />

que denunciava a brutal injustiça dos campos de concentração soviéticos, elogiava outros<br />

torturadores”, como Franco e Pinochet. Já o deputado do Bloco de Esquerda João Semedo<br />

recorda Soljenitsin por ter mostrado que “não há socialismo sem liberdades”. “Para a minha<br />

geração, teve o mérito de acordar muitas consciências para a natureza antidemocrática<br />

do sistema soviético. Olhávamos para a União Soviética como um farol, uma sociedade<br />

de progresso e bem-estar, mais evoluída”, conta. Sofi a Branco<br />

249 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin


250 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin<br />

_ ALEXANDER SOLJENITSIN<br />

NO CINEMA<br />

Título original: Série de TV: “Bob Hope Presents the Chrysler Theatre” episódio One Day in the Life of Ivan Denisovich<br />

Realização: Daniel Petrie (EUA, 1963); Argumento: Mark Rodgers, segundo obra de Alexander Soljenitsin; Intérpretes: Jason<br />

Robards (Ivan Denisovich), eorge Kennedy, Albert Paulsen, John Abbott, Rodolfo Acosta, Andy Albin, Curt Conway, Henry Corden,<br />

John Fiedler, Hurd Hatfi eld, Anthony Jochim, Mike Kellin, Peter Mamakos, Harold J. Stone, Torin Thatcher, Peter J. Votrian, etc.<br />

Duração: 60 min.<br />

Título original: Ett Möte på Kretjetovkastationen<br />

Argumento: segundo obra de Alexander Soljenitsin (Suécia, 1970); Intérpretes: Christian Berling, Dennis Dahlsten, Mona Dan-<br />

Bergman, Göthe Grefbo, Maud Hansson, Sven-Olof Hultgren, Ulf Johanson, Tommy Johnson, Gunnar Olsson, Tord Peterson, etc.<br />

Título original: Krebsstation (TV)<br />

Realização: Heinz Schirk (RFA, 1970); Argumento: Karl Wittlinger, segundo obra de Alexander Soljenitsin; Intérpretes: Martin<br />

Benrath (Oleg Kostoglotow), Siegfried Lowitz (Pawel Rusanow), Vera Tschechowa (Dr. Wera), Ruth Hausmeister (Dr. Ljudmila<br />

Afanassjewna), Anneliese Römer, Nora Minor, Dieter Borsche, Alfred Balthoff, Dagmar Bienerm, etc. Duração: 150 min.<br />

UM DIA NA VIDA DE IVAN DENISOVICH<br />

Título original: One Day in the Life of Ivan Denisovich ou En Dag i Ivan Denisovitsj’ liv<br />

Realização: Caspar Wrede (Inglaterra, Noruega, 1970); Argumento: Ronald Harwood, segundo obra de Alexander Soljenitsin<br />

(“Odin den iz zhizni Ivana Denisovicha”); Produção: Howard O. Barnes, Erik Borge, Richard M. Pack, Caspar Wrede; Música:<br />

Arne Nordheim; Fotografi a (cor): Sven Nykvist; Montagem: Thelma Connell; Direcção artística: Per Schwab; Guarda roupa: Ada<br />

Skolmen; Maquilhagem: Nurven Bredangen; Companhias de produção: Group W Films LLC, Leontes, Norsk Film; Intérpretes:<br />

Tom Courtenay (Ivan Denisovich), Espen Skjønberg (Tiurin), Alf Malland (Fetiukov), Frimann Falck Clausen (Senka), Jo Skønberg<br />

(Gopchik), Odd Jan Sandsdalen, Torstein Rustdal, James Maxwell, Alfred Burke, Eric Thompson, John Cording, Matthew Guinness,<br />

Roy Bjørnstad, Paul Connell, Sverre Hansen, Wolfe Morris, Kjell Stormoen, Caspar Wrede, etc. Duração: 105 min.<br />

Título original: Den Foerste Kreds ou Den Första kretsen ou The First Circle<br />

Realização: Aleksander Ford (Dinamarca, Suécia, 1973); Argumento: Aleksander Ford, segundo obra de Alexander Soljenitsin;<br />

Produção:Artur Brauner, Mogens Skot-Hansen; Música: Roman Palester; Fotografi a (cor): Wladyslaw Forbert; Montagem:<br />

Carl Lerner; Companhias de produção: Laterna Film, Tele Cine Film; Intérpretes: Gunther Malzacher (Gleb Nerzhin), Elzbieta<br />

Czyzewska (Simochka), Peter Steen (Volodin), Vera Tschechowa (Clara), Ole Ernst, Ingolf David, Preben Neergaard, Preben Lerdorff<br />

Rye, etc. Duração: 98 min.<br />

Título original: Série de TV: “BBC Play of the Month” episódio The Love Girl and the Innocent<br />

Realização: Alan Clarke (Inglaterra, 1973); Argumento: segundo obra de Alexander Soljenitsin; Intérpretes: David Leland (Nemov),<br />

Gabrielle Lloyd (Lyuba), Richard Durden (Khomich), Patrick Stewart (Gurvich), Allan Surtees (Brylov), Michael Poole, Barry Jackson,<br />

John Kane, Barbara Hickmott, Theresa Watson, Alan Gerrard, Terence Davies, John Quarmby, Jan Conrad, Forbes Collins, etc.<br />

Título original: Petite Flamme dans la Tourmente (TV)<br />

Realização: Michel Wyn (França, 1973); Argumento: Alfreda Aucouturier, segundo obra de Alexander Soljenitsin; Intérpretes:<br />

Louis Velle (Alex), Sarah Sanders (Alda), Judith Magre (Tilia), Maurice Barrier (Philippe), Roland Armontel, Claudia Morin, François<br />

Timmerman, Hervé Sand, Tola Koukoui, Charles Millot, Jean-Claude Magret, etc.<br />

Título original: The First Circle ou Le Premier Cercle (TV)<br />

Realização: Sheldon Larry (EUA, França, 1992); Argumento: segundo obra de Alexander Soljenitsin; Música: Gabriel Yared;<br />

Fotografi a (cor): Ron Orieux ; Som: Eric Rophe; Intérpretes: Robert Powell (Gleb Nershin), Victor Garber (Lew Rubin), Dominic<br />

Raacke (Nikolaj Schtschagow), Günther Maria Halmer (Wladimir Tschelnow), F. Murray Abraham (Estaline), David Hemblen,<br />

David Hewlett, Heath Lamberts, Laurent Malet, Alexandra Stewart (Aletvina Makaraguine), Raf Vallone (Pyotr Makaraguine),<br />

Coraly Zahonero, Vernon Dobtcheff, Daniel Emilfork, Corinne Touzet, Danute Kristo, Jennifer Morehouse, Christopher Plummer<br />

(Victor Abakumov), Rebecca Potok, Delphine Rich, André Rouyer, Michel Voletti, etc. Duração: 180 min.<br />

Título original: Uzel ou The Dialogues with Solzhenitsyn<br />

Realização: Aleksandr Sokurov (Russia, 1999); Produção: Svetlana Voloshina; Fotografi a (cor): Aleksandr Degtyaryov, Aleksandr<br />

Fyodorov; Montagem: Konstantin Stafeyev; Som: Sergei Moshkov, Vladimir Persov; Companhias de produção: Studio Nadezhda;<br />

Intérpretes: Aleksandr Sokurov, Alexander Soljenitsin; Duração: 91 min.<br />

Título original: Série de TV: “The Power of Nightmares: The Rise of the Politics of Fear”<br />

Argumento: Adam Curtis (Inglaterra, 2004); Intérpretes: Adam Curtis (Narrador); Duração: 180 min.<br />

Título original: V Kruge Pervom ou The First Circle<br />

Realização: Gleb Panfi lov (Rússia, 2006); Argumento: segundo obra de Alexander Soljenitsin; Intérpretes: Yevgeni Mironov (Gleb<br />

Nerzhin), Dmitri Pevtsov (Innokenti Volodin), Sergei Kariakin (Dmitry Sologdin), Aleksei Kolubkov (Lev Rubin), Yana Yesipovich,<br />

Yevgeni Stychkin, Igor Kvasha, Roman Madyanov, Aleksandr Tyutin, Vladimir Konkin, Igor Ugolnikov, Vyacheslav Bogachyov, etc.<br />

Duração: 440 min (45 min, em 10 partes).<br />

Título original: Elegiya zhizni. Rostropovich. Vishnevskaya. ou Rostropovich, Vishnevskaya<br />

Realização: Aleksandr Sokurov (Rússia, 2006); Argumento: Aleksandr Sokurov; Intérpretes: Mstislav Rostropovich, Galina<br />

Vishnevskaya, Aleksandr Sokurov, Krzysztof Penderecki, Seiji Ozawa, Alexander Soljenitsin, Boris Yeltsin, etc. Duração: 101 min.


MOSTRA FICAP<br />

FAMAFEST<br />

2009<br />

ROBERT<br />

WILSON<br />

PETER<br />

BROOK


252 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />

_ROBERT WILSON<br />

Durante a adolescência, Robert Wilson participa em vários espectáculos no Teatro<br />

Infantil de Waco e no Grupo de Teatro Juvenil da Academia de Baylor. Em 1959 termina<br />

o Liceu em Waco e inscreve-se na Universidade do Texas em Austin. Enquanto estuda<br />

Gestão, organiza workshops para crianças com defi ciências mentais e trabalha<br />

também noutros grupos de teatro infantil. Em 1962 muda-se para Nova York onde<br />

estuda Arquitectura e Design de Interiores no Pratt Institute em Brooklyn, que<br />

termina em 1965 (B.F.A.).<br />

Em Nova York descobre o trabalho de Merce Cunningham e de Martha Graham,<br />

que o convida a assistir às suas aulas. É ainda convidado para trabalhar com Alwin<br />

Nikolais e com Murray Louis, onde começa a criar fi gurinos e cenários para eventos<br />

multidisciplinares. Em 1963 concebe “Slant”, para a WNET-TV, um fi lme experimental<br />

de dez minutos. Em 1964 viaja para Paris onde estuda Pintura com o pintor<br />

abstraccionista americano George McNeil. No mesmo ano, regressa a Nova York e<br />

concebe ainda alguns espectáculos que misturam e se baseiam em movimento, luz,<br />

cinema, fi gurinos e som. Concebe ainda o cenário para o espectáculo “Landscapes<br />

and Junk Dances” de Murray Louis. Em 1965 apresenta o evento de Teatro – Dança<br />

“Duricglte & Tomorrow” para a exposição Universal de Nova York. Concebe o cenário<br />

e os fi gurinos para o “América Hurrah!” de Jean-Claude Van Itallie. Mantem o trabalho<br />

com crianças defi cientes.<br />

Durante o verão lecciona o curso de Pintura e Movimento na Universidade San<br />

Antonio Trinity, de onde surgem duas performances apresentadas em Waco, incluindo<br />

“Modern Dance”, uma paródia à Miss América.<br />

Em 1966 concebe em Nova York dois espectáculos de Ballet (Clorox, Opus 2) e lecciona<br />

no American Theater Laboratory. Com o arquitecto visionário Paolo Soleri, participa<br />

no projecto de construcção de uma comunidade utópica do Arizona. Regressa a Nova<br />

York em 1967 e aluga o sótão onde antes funcionara a Joseph Cakin’s Open Theater.<br />

Rapidamente junta um grupo de trabalho a quem dá workshops de Performance.<br />

Nesta altura vive das aulas de professor especializado no departamento de saúde<br />

e no departamento de apoio à educação, onde lecciona, tanto em Nova York como<br />

em New Jersey. Robert Wilson mistura o trabalho que desenvolve nas suas aulas,<br />

com o trabalho que desenvolve com defi cientes mentais e ainda com os seus<br />

conhecimentos de dança, teatro e artes plásticas. A partir destas referências e do<br />

trabalho desenvolvido nos workshops do sótão, surge um grupo muito heterogéneo,<br />

a que dá o nome “Byrd Hoffman”. (Nome do bailarino que libertou o pequeno Robert<br />

Wilson de um distúrbio na fala). Foi este o grupo que o acompanhou nos primeiros<br />

trabalhos.<br />

Em 1968, em Ohio, concebe “The Poles”, uma instalação com oito metros quadrados<br />

onde alinha postes de telecomunicações. Em Nova York forma um dueto e apresenta<br />

“Alley Cats” com a coreografa e compositora Meredith Monk. No mesmo ano cria<br />

“Byrd Woman” e apresenta o espectáculo “Byrd WoMAN” em Nova York.<br />

Em 1969 apresenta o espectáculo “Le Roi D’Espagne” com a companhia Byrd Hoffam.<br />

O cenário é composto por três grandes palcos que representam uma praia, uma sala<br />

Vitoriana desenhada e uma cave. A partir deste espectáculo Robert Wilson centra a<br />

exploração do seu trabalho na composição de imagens teatrais que exploram a luz<br />

e o tempo como elementos vitais. Rapidamente concebe e apresenta “The Life Times


of Sigmund Freud”, um espectáculo de quatro horas onde cruza a dança com o teatro<br />

e as artes plásticas. Desde “Le Roi D’Espagne” que o desenho se apresenta como o<br />

elemento principal da sua cenografi a. Os objectos e a mobília são criados pelo próprio<br />

Robert Wilson e ocupam um lugar essencial no seu trabalho. Estas esculturas são<br />

apresentadas pela primeira vez no espectáculo “The Life Time of Sigmund Freud”.<br />

Em 1970 no Teatro Universitário da cidade de Iowa, concebe “Deafman Glance”, que<br />

é reposto mais tarde em Nancy, Roma, Paris e Amesterdão. Com este espectáculo,<br />

Robert Wilson alcança reconhecimento internacional recebendo o Drama Desk<br />

Award (1970) e o prémio da Critica Francesa para o Melhor Espectáculo Estrangeiro.<br />

Dirige ainda o épico com duração de sete dias: “KA Mountain AND GUARDenia<br />

TERRACE”. Em 1973 apresenta em Nova York, no Byrd Hoffman Studio,” King Lyre and<br />

Lady in the Wasteland” com Elanie Luthy. Produz depois “The Life and Times of Joseph<br />

Stalin”, apresentado em Copenhaga, Nova York e São Paulo. Em 1974 o Museu Galliéra<br />

de Paris organiza a exposição “Robert Wilson: Dessins et Sculptures”. Em Roma,<br />

Washington DC, Milão, Irão e outros locais apresenta o espectáculo em colaboração<br />

com Christopher Knowles, “Dia Log / A Mad Man A Mad Giant A Mad Dog A Mad<br />

Urge A Mad Face. Apresentam de seguida “A Letter From Queen Victoria. Em 1975, em<br />

Nova York apresentam a leitura a solo “The $ Value of Man” e o espectáculo “Dia Log”.<br />

Termina o ano em Bona com o espectáculo “To Street”, novamente a solo.<br />

No início de 1976 cria “Spaceman”, em colaboração com o escultor Ralph Hilton<br />

apresentada na “The Kitchen”. Uma estrutura em forma de paralelepípedo<br />

transparente no seu todo, construída em madeira e plástico transparente, com os<br />

performers e os objectos no interior, incluindo um vídeo-wall. Esta performance<br />

foi reposta em 1984 no Museu Stedelijk em Amesterdão, incluída na exposição “A<br />

Imagem Luminosa”.<br />

Em 1977 juntamente com Lucinda Childs, encena “I Was Sitting On My Patio This<br />

Guy Appeared I Thought I Was Allucinating”. No ano seguinte apresenta “Death<br />

253 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP


254 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />

Destruction and Detriot”, uma peça musicada em dois actos / uma história de amor<br />

em dezasseis cenas, com músicas de Alan Lloyd, Keith Jarret e Randy Newman. Em<br />

1979 apresenta “Edison”, com música de Michael Riesman. Desde 1976 que Robert<br />

Wilson expõe com frequência, os seus desenhos e esculturas em várias galerias.<br />

Em 1980, Robert Stearns organiza uma exposição sobre o trabalho de Robert Wilson<br />

no Centro de Arte Contemporânea de Cincinnati, Ohio. A exposição chama-se “De<br />

um Teatro de Imagens” e reúne esculturas, projectos cenográfi cos, desenhos e “Vídeo<br />

50” que acabara de ser produzida pelo Centro Georges Pompidou.<br />

O seu trabalho em vídeo continuou: “Deafman Glance” (1981), Stations (1982), “Mr.<br />

Bojangles’ Memory (1991), e numerosas produções como: “La Femme à la Cafetière”<br />

(1989), “The Death of King Lear”, para a televisão espanhola (1989), “Don Juan Ultimo”<br />

(1992), “The Tragedy of Hamlet, Prince of Denmark” (1994).<br />

De 1981 a 1998, Robert Wilson apresenta no mundo inteiro, um vasto número de<br />

peças de teatro e de óperas, paralelamente com algumas reposições do seu próprio<br />

trabalho:<br />

“A Tree is Best Measured When i tis Down” (1981), “Great Day in the Morning” (1982)”,<br />

com Jessy Norman, “Medeia” (1984), Rei Lear (1985), Alceste de Euripedes (1986) e<br />

“Hamletmachine” (1986) de Heiner Muller, “The Man in the Raincoat”, com música<br />

de Laurie Anderson, “Salomé” de Strauss (1987), “Cosmopolitan Greetings” (1988),<br />

com texto de Allan Ginsberg, “Orlondo” (1989), “Frederich Laun et Thomas Quincey”<br />

(1990), com texto de W.S. Burrought e música de Tom Waits, “La Maladie de la Mort”<br />

(1991) de Marguerite Duras, “A Flauta Encantada” de Mozart (1991), “Alice” de Lewis<br />

Carrol, com música de Tom Waits. “Dr. Faustus Lights the Lights” de Gertrud Stein<br />

(1992), “Time Rocker” (1996) com música de Lou Reed, “White Raven” com música de<br />

Philip Glass (1998).<br />

Robert Wilson é igualmente prolífero em exibições de artes plásticas. Em 1987,<br />

“Memory of a Revolution” corresponde a uma comissão de um museu em Estugarda<br />

para as comemorações da Revolução Francesa. Em 1991, “Robert Wilson’s Vision”, em<br />

Boston, uma segunda retrospectiva do seu trabalho em artes plásticas. Projecta<br />

toda a exposição e concebe o percurso teatralizado que guia o espectador ao<br />

longo da exposição. No fi nal do mesmo ano, o Centro Georges Pompidou apresenta<br />

“Mr. Bojangles Memory: og son of Fire”, um projecto sobre as múltiplas facetas do<br />

seu trabalho, onde o espectador é conduzido de forma extravagante ao longo da<br />

exposição. Em 1992, é instalada em Hamburgo uma escultura monumental de sua<br />

autoria. Em 1993, depois de Harald Szeemann e de Peter Greenaway, é escolhido para<br />

organizar a terceira apresentação da colecção permanente do Museu Boymansvan<br />

Beuningen em Roterdão. Para a Bienal de Veneza de 1993, cria “Memory/Loss”,<br />

com que ganha o Leão de Ouro para a escultura. Na galeria Akira Ikeda, em Nova<br />

York, apresenta “Three Rooms”, três espaços dedicados aos quatros elementos. Em<br />

1995, numa velha prisão de Londres, constrói juntamente com Hans Peter Kuhn e<br />

Michael Howells, uma série de “Tableuxs” denominadas “H.G.”. Em 1997, produz uma<br />

instalação para o centenário da Villa Stuck, em Munique.<br />

Em 1992 dá inicio ao Watermill Center num enorme edifício industrial, adquirido<br />

em 1980. Dedica-se desde então a este centro de desenvolvimento de estudos de<br />

estética e criação artística.<br />

Dominique Garrigues in Encyclopédie Nouveaux Médias du Centre Georges Pompidou


_ROBERT WILSON, UM OLHAR<br />

O que é que estará ainda por dizer acerca de Robert Wilson? Existem já tantos retratos,<br />

tantas anedotas, tantos registos. E o que é que estará ainda por dizer acerca da sua forma<br />

de entender o teatro? Que palavras falta ainda dizer para o defi nir? O que é que estará<br />

ainda por dizer acerca desse seu olhar enigmático?<br />

Sabemos que Wilson nasceu em Waco, Texas, no dia 4 de Outubro de 1941, no seio de<br />

uma família branca, protestante e de classe média. O pai era advogado e foi presidente<br />

da câmara e gerente municipal da cidade. A mãe fora criada num orfanato. Segundo o<br />

próprio Wilson, nenhum deles se interessava por arte.<br />

Em 1958, tendo terminado os estudos secundários na sua cidade natal, frequentou as<br />

aulas de dança da senhora Byrd Hoffman, uma bailarina clássica então com cerca de<br />

setenta anos, onde aconteceu a sua lendária cura dos problemas de fala. Wilson recorda<br />

assim o episódio: “Ela ensinava dança e compreendia o corpo de uma forma excepcional.<br />

Disse-me: Podes perfeitamente aprender a falar. Sei que consegues. E após uns três<br />

meses de trabalho com ela, aprendendo a descontrair e dando ao processo o tempo<br />

necessário, acabei por aprender a pronunciar, a conseguir falar… não sou um grande<br />

dançarino, mas aprendi a lidar com o meu corpo e consegui reduzir a tensão, consegui,<br />

diga-se em abono da verdade, com todo o meu esforço… Aprender a falar foi para mim<br />

uma enorme aventura.” [Brecht, 1994, p. 14)]. Apesar de este episódio ter sido desmentido<br />

por algumas testemunhas oculares bastante dignas de crédito, ele não perde, mesmo<br />

assim a sua aura de lenda.<br />

Entre 1959 e 1962, estuda na Universidade do Texas, que abandonará pouco antes de se formar,<br />

na época em que começou a trabalhar para o grupo de teatro infantil da Universidade de<br />

Baylor. Em 1963 encontramo-lo em Paris, onde estuda pintura com um tal George McNeil. No<br />

ano seguinte regressa aos Estados Unidos, a Nova Iorque, como estudante de arquitectura<br />

no Pratt Institute, de Brooklin, tendo-se formado em 1966. Enquanto frequenta o curso<br />

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256 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />

em Nova Iorque, continua com o seu trabalho no teatro infantil, com crianças com lesões<br />

cerebrais e, durante o Verão, em Waco, com o seu grupo de sempre. A partir de 1967 têm<br />

início as suas primeiras performances em Manhattan. Contabilizam-se quatro, anteriores,<br />

e de certo modo preparatórias de The King of Spain (1969) – segundo parece tratava-se de<br />

peças muito dispersas, infl uenciadas, entre outras coisas, pelos concertos de Cage: Baby<br />

Blood (1967), Theatre Activity I e II, ByrdwoMAN e Alley Catos (1968).<br />

1967 será também o ano de Poles, uma instalação em plena natureza (em Grail Retreat,<br />

Loveland, Ohio), marcada contudo por uma certa utopia própria da época, que Wilson<br />

evoca nos seguintes termos: “Em 1968, numa seara do Ohio, fi z uma escultura com 676<br />

postes telefónicos; a estrutura era a de uma vedação, mas era possível subir por ela, como<br />

pelos fl ancos de uma montanha, até ao alto. Os agricultores da zona chamaram-me louco<br />

porque aquilo não parecia nada, no meio da seara. Depois, quando chegou o momento<br />

de manter os postes em pé e agrupá-los, interessaram-se pela construção que, pouco<br />

a pouco se transformou na nossa obra colectiva, uma obra de que estão orgulhosos. É<br />

um lugar de festa, de reunião, de conferências, uma tribuna para se assistir a um jogo<br />

de futebol, ou um espaço lúdico, pois é possível trepar por ele ou até mesmo passear<br />

pelo seu interior. Uma experiência desta índole é sempre uma fonte de contactos: foram<br />

tantas as coisas que aconteceram enquanto trabalhámos juntos… na actualidade, nas<br />

cidades, já ninguém cuida das construções, por todos os lados se vêem imóveis com<br />

andares que são destruídos porque não existe qualquer sentimento ou relação entre o<br />

habitante e o lugar. É importante recuperar o contacto.” [Brunel, 1971].<br />

Durante esta época, o seu nome encontra-se associado a trabalhos de terapia teatral,<br />

psicossomática e de desenvolvimento pessoal, embora Wilson se tenha sempre recusado<br />

a ser considerado um guru, ou a deixar catalogar o seu trabalho sob a designação do<br />

termo terapia, seja em que sentido for que seja utilizado.<br />

Em 1968, cria a Byrd Hoffmam School of Byrds, da qual se torna director artístico. Segundo<br />

consta nos documentos de inscrição desta como Fundação (4 de Maio de 1970), os seus<br />

objectivos são: “1. Dirigir ofi cinas de dança, teatro, cinema e artes afi ns para crianças e<br />

adultos. 2. Preparar pessoas como chefes de grupo de dança como actividade teatral.<br />

3. Realizar um programa de Verão para crianças e adultos nas zonas de Nova Iorque e<br />

New Jersey e num rancho do Texas. 4. Realizar representações públicas de dança como<br />

actividade teatral como resultado dos vários seminários.” [Brecht, 1994, pg. 31.] Com a<br />

Byrd Hoffman, Wilson percorrerá o espaço que medeia entre as suas primeiras tentativas,<br />

happenings e performances, até à sua profi ssionalização defi nitiva, cujo ponto de<br />

infl exão é marcado por Einstein on the Beach, onde profi ssionais já de reputação feita<br />

como Lucinda Childs, partilhavam o cenário com actores não profi ssionais.<br />

Destes primeiros anos, Wilson costuma recordar com especial prazer os ensinamentos<br />

de alguns professores. Em primeiro lugar, Sybil Moholy-Nagy, com vínculo à Bauhaus,<br />

sua professora de História da Arquitectura em Nova Iorque: “A forma como ela tinha<br />

estruturado o curso agradava-me muito, porque utilizava uma iconografi a sem relação<br />

directa com o que dizia. Bem, quer dizer, havia efectivamente uma relação, mas quase<br />

por coincidência, por acaso. Às vezes tinha por trás até três projecções de diapositivos em<br />

3D. As imagens sucediam-se rapidamente enquanto ela falava com muita calma, num<br />

tom muito relaxado, de coisas diferentes, dos “antídotos”, poder-se-á dizer, daquelas<br />

coisas que os livros de história nunca conseguem ensinar. E depois, aí uns cinco anos<br />

mais tarde, começavam a surgir associações de ideias, e então era possível associar o<br />

texto às imagens… ao princípio tive difi culdade em assimilá-lo, mas depois foi sempre


uma coisa em que eu pensava como tendo tido grande importância para mim, e era<br />

o curso de História da Arquitectura. Uma vez disse-nos: “Bom! Têm três minutos para<br />

desenhar uma cidade!” e tínhamos de raciocinar sobre o que fazer para se conseguir<br />

desenhar uma cidade em três minutos. Então eu pensei numa maçã com um cubo de<br />

cristal no interior, e pensei que esse cristal podia ser o osso, o núcleo da maçã, o centro da<br />

aldeia, um pouco como… uma catedral da época medieval, um centro de estudos, uma<br />

concentração de pessoas de todos os tipos e classes, um lugar onde o artista tivesse o<br />

seu sítio” [Grillet, 1992]<br />

E, em segundo lugar, Paolo Soleri, cujos ensinamentos seguirá em 1966, durante uma<br />

temporada em Phoenix, Arizona. “No princípio dos anos 60 fi z um curso com Soleri. Naquele<br />

tempo interessavam-me mais as ideias que estavam subjacentes na sua arquitectura do<br />

que as suas criações arquitectónicas em si. Fascinava-me a escala do seu pensamento. Era<br />

um sonhador. Construía cidades debaixo de água, sobre a água ou no céu. Era o meu último<br />

ano do curso e os outros alunos estavam ocupados a desenhar imóveis de escritórios para<br />

conseguirem a licenciatura. Eu não era capaz. Aquilo não me interessava absolutamente<br />

nada. Soleri fazia desenhos de arquitectura na areia, com um pauzinho. Não se sabia o que<br />

é que ia sair dali, um casino, uma sala de espectáculos, ou o que quer que fosse. Punha-se<br />

simplesmente a desenhar. E era assim que ele concebia os imóveis. Era espantoso ver um<br />

arquitecto a trabalhar assim. Aquilo marcou-me profundamente. O mesmo se pode dizer<br />

de Einstein. Einstein também era um sonhador. Na época em que estava para terminar<br />

os meus estudos, sentia-me completamente perdido, e estes homens ajudaram-me a ver<br />

claro porque também eu era um sonhador. Para o trabalho de fi m de curso desenhei uma<br />

maçã com um cubo de cristal no centro. O cubo de cristal pretendia ser uma janela aberta<br />

para o mundo. Podia refl ectir todo o universo. [Eco, 1991]<br />

Uma maçã com um cubo de cristal no interior, coração transparente, janela ou catedral<br />

da rate, Guckkastenbühne, símbolo que prenuncia já o destino teatral que o aguardava.<br />

Miguel Morey e Carmen Pardo in Robert Wilson<br />

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_ Robert Wilson<br />

Trabalhos teatrais<br />

1964<br />

“Dance Event at New York Horld’s Fair”<br />

“Dance Pieces at Peerless Movie House”<br />

“Junk Dances” de Murray Louis; Cenografía: Robert Wilson<br />

“Landscapes” de Murray Louis; Cenografía: Robert Wilson<br />

1965<br />

“Modern Dance” (quatro danças) de Robert Wilson.<br />

“[Silent Play]“ Interpretação: Robert Wilson e outros<br />

“America Hurrah” de Jean-Claude van Itallie; Encenação:<br />

Robert Wilson<br />

“Duricglte & Tomorrow” de Robent Wilson<br />

1966<br />

“Clorox y Opus 2” [danças]<br />

1967<br />

“Baby Blood” [Evening with Baby Byrd Johnson and Baby<br />

Blood] Interpretação: Robert Wilson<br />

“Poles” [escultura ao ar livre, com performances de Robert<br />

Wilson e outros].<br />

1968<br />

“Alley Cats” Interpretação: Robert Wilson e Menedith Monk<br />

“ByrdwoMAN” Interpretação: Robert Wilson, S.k. Dunn,<br />

Kikuo Saito, Raymond Andrews, Hope Kondnat, Robyn<br />

Brentano, Meredith Monk, y outros<br />

“Theater Activity [2]” Textos escritos e gravados de<br />

Buckminster Fuller; Interpretação: Robert Wilson, Devora<br />

Bornír, Kenneth King e Hope kondrat. American Theatne<br />

Laboratory, Nueva York, 19 abril .<br />

“Theatre Activity [1]” Interpretação: Robert Wilson, Andrew<br />

de Groat, Kenneth King, e outros.<br />

1969<br />

“The King of Spain” de Byrd Hoffman; Interpretação: Robert<br />

Wilson e Byrd Hoffman School of Byrds.<br />

“Hauco – 1941” [performance/conferencia /demonstração];<br />

Interpretação: Robert Wilson e Byrd Hoffman School of Byrds.<br />

“The Life and Times of Sigmund Freud” de Robert Wilson<br />

Interpretação: Robert Wilson e Byrd Hoffman School of<br />

Byrds; Brooklyn Academy of Music, Opera House<br />

1970<br />

“George School Activity” [performance/demonstração].<br />

Encenação/Interpretação: Robert Wilson; George School,<br />

New Hope<br />

“Handbill” de Robert Wilson; Texto: Kenneth King; Música:<br />

Alan Lloyd e Julie Weber; Interpretação: Robert Wilson e<br />

outros.<br />

“Deafman Glance” de Robert Wilson; Música: Alan Lloyd,<br />

Igor Demjen y outros; Interpretação: Robert Wilson,<br />

Raymond Andrews, Sheryl Sutton e Byrd Hoffman School of<br />

Byrds; Brooklyn Academy of Music<br />

1971<br />

“Watermill” [performance/demonstração]. Música/som:<br />

Melvin Andringa, Igor Demjen, Alan Lloyd e Pierre Ruiz;<br />

Interpretação: Robert Wilson, Andrew de Groat, Cynthia<br />

Lubar e outros.<br />

“Program Prologue Now.: Overture for a Deafman” de<br />

Robert Wilson<br />

“[Demonstration/Lecture/ Press Conference]”<br />

Interpretación: Robert Wilson<br />

1972<br />

Overture [New York (Overture for KA MOUNTain AND<br />

GUARDenia TERRACE)] de Robert Wilson e Byrd Hoffman<br />

School of Byrds<br />

Overture [Shiraz (Overture for KA MOUNTain AND<br />

GUARDenia TERRACE)] Interpretação: Robert Wilson e Byrd<br />

Hoffman School of Byrds. Narenjestan<br />

KA MOUNTain AND GUARDenia TERRACE: a story about<br />

a family and some people changing; Encenação: Robert<br />

Wilson, Andrew de Groat, Cynthia Lubar, James Neu, Ann<br />

Wilson, Mel Andringa, S.K. Dunn e outros; Textos: Robert<br />

Wilson, Andrew de Groat, Jessie Dunn Gilbert, Kikuo Saito,<br />

Cynthia Lubar, Susan Sheehy e Ann Wilson; Música/som:<br />

Igor Demjen; Interpretação: Robert Wilson e Byrd Hoffman<br />

School of Byrds.<br />

Overture [París (Overture for KA MOUNTain AND<br />

GUARDenia TERRACE)] Cenografi a: Robert Wilson, Melvin<br />

Andringa, Kathryn Kean, Kikuo Saito, Ann Wilson e outros;<br />

música/som: Igor Demjen; Interpretação: Robert Wilson y<br />

Byrd Hoffman School of Byrds. [24 horas de performance<br />

continua]).<br />

1973<br />

“Workshop/Performance” Interpretação: Robert Wilson e<br />

Byrd Hoffman School of Byrds.<br />

“The Byrd Hoffman School of Byrds Spring Student<br />

Concerts”<br />

“King Lyre and Lady in the Wasteland” Interpretação:<br />

Robert Wilson e Elaine Luthy.<br />

“The Life and Times of Joseph Stalin”de Robert Wilson.<br />

Música: Alan Lloyd, Igor Demjen, Juli e Weber e Michael<br />

Galasso; Textos: Robert Wilson, Cynthia Lubar, Christopher<br />

Knowles e Ann Wilson; coreografi a: Andrew de Groat;<br />

Interpretação: Robert Wilson e Byrd Hoffman School of<br />

Byrds.<br />

1974<br />

“DiaLog A Mad Man A Mad Giant A Mad Dog A Mad Urge<br />

A Mad Face” de Robert Wilson e Christopher Knowles.<br />

Interpretação: Robert Wilson, Christopher Knowles e outros.<br />

“Prologue to A Letter for Queen Victoria” [apresentação<br />

numa galeria] de Robert Wilson<br />

“A Letter for Queen Victoria” de Robert Wilson. Textos<br />

adicionais: Christopher Knowles, Cynthia Lubar, Stefan<br />

Brecht e James Neu; música: Alan Lloyd e Michael Galasso;<br />

coreografía: Andrew de Groat, Interpretação: Robert Wilson<br />

e Byrd Hoffman School of Byrds.<br />

1975<br />

“Dialog of the Sundance Kid” de Christopher Knowles e<br />

Robert Wilson [leitura]; Interpretação: Christopher Knowles<br />

e Robert Wilson.<br />

“A Solo Reading” Voz e desenhos: Robert Wilson<br />

“The $ Value of Man” de Robert Wilson e Christopher<br />

Knowles<br />

“DiaLog [2]” de Robert Wilson e Christopher Knowles.<br />

Interpretação: Robert Wilson e Christopher Knowles.<br />

“To Street: One Man Show” Interpretação: Robert Wilson<br />

1976<br />

“DiaLog [3]” de Robert Wilson e Christopher Knowles;<br />

Interpretação: Robert Uilson, Christopher Knowles e<br />

Lucinda ChiIds<br />

“Einstein on the Beach” de Robert Wilson e Philip Glass<br />

Música: Philip Glass; Textos: Christopher Knowles, Samuel<br />

M. Johnson e Lucinda Childs; Coreografía: Andrew de Groat.<br />

“Bob Wilson Solo” [inclue extractos de “Deafman Glance”,


“A Letter for Queen Victoria” e “The King of Spain”]<br />

“reconfi rmation of reservations” [sólo Robert Wilson]<br />

1977<br />

“I was sitting on my patio this guy appeared I thought<br />

I was hallucinating” de Robert Wilson. Co-encenação:<br />

Lucinda Childs; música: Alan Lloyd, Interpretação: Robert<br />

Wilson e Lucinda Childs.<br />

“Dialog/Network” de Christopher Knowles e Robert Wilson.<br />

1978<br />

“Prologue to Deafman Glance” de Robert Wilson.<br />

1979<br />

“Death, Destruction, and Detroit: a play with music<br />

in 2 acts / a love story in 16 scenes” de Robert Wilson.<br />

Música: Alan Lloyd, Keith Jarrett e Randy Newman; textos<br />

adicionais: Maita de Niscemi<br />

“Edison” de Robert Wilson<br />

1980<br />

“Overture to the Fourth Act of Deafman Glance” de Robert<br />

Wilson., Interpretação: Robert Wilson<br />

“DiaLog/Curious George” de Robert Wilson e Christopher<br />

Knowles<br />

1981<br />

“Medea” de Robert Wilson e Gavin Bryars<br />

“Shirley, Keep Off” (apresentação por alunos de um atlier<br />

de uma semana)<br />

“The Man in the Raincoat” de Robert Wilson. Música: Hans<br />

Peter Kuhn; Interpretação: Robert Wilson.<br />

“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down”<br />

[primeiro atelier de trabalho]<br />

“Relative Calm” de Lucinda Childs; Encenação: Lucinda<br />

Childs; desenho de luz e desenhos: Robert Wilson:<br />

1982<br />

“The Golden Windows” [Die Goldenen Fenster] de Robert<br />

Wilson [versão alemã - versão americana 1985; versão de<br />

Montreal 1988]. Música: Tania León, Gavin Bryars e Johann<br />

Pepusch<br />

“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down”<br />

[segundo] workshop<br />

“Great Day in the Morning” de Robert Wilson e Jessye<br />

Norman<br />

“Overture to the Fourth Act of Deafman Glance” de Robert<br />

Wilson. Interpretação: Robert Wilson, Carol Miles e Chizuko<br />

Sugiura<br />

1983<br />

“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down.<br />

Rotterdam Section” [Acto I, Cena B] de Robert Wilson.<br />

Música: Nicolás Economou; coreografía: Jim Self; texto<br />

adicional: Maita di Niscemi.<br />

1984<br />

“The Knee Plays [de CIVIL warS]“ de Robert Wilson y David<br />

Byrne. Música y textos: David Byrne; coreografía: Suzushi<br />

Hanayagi.<br />

“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down.<br />

Colonia Section” [Acto I, Cena A; Acto III. Cena E; Acto IV,<br />

Cena A e Epilogo] de Robert Wilson e Heiner Müller. Música:<br />

Philip Glass, David Byrne, Hans Peter Kuhn, Frederick the<br />

Great, Thomas Tallis e Franz Schubert.<br />

“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down.<br />

Rome Section” [Prólogo y Acto V - véase 1995]<br />

de Robert Wilson e Philip Glass. Música: Philip Glass; texto;<br />

Maita di Niscemi; Coreografía: Jim Self.<br />

“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down.”<br />

Workshop Marselha [Acto II, Cenas A e B; Acto III, Cenas A e<br />

B]. Texto: Etel Adnan; música: Gavin Bryars.<br />

“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down.”<br />

Workshop de Tóquio [Acto I, Cena C; Acto II, Cena C; Acto III,<br />

Cenas C e D].<br />

“Medea” de Robert Wilson e Gavin Bryars; Baseado na obra<br />

de Eurípides. Música: Gavin Bryars; textos adicionais: Heiner<br />

Müller e Vladimir Mayakovsky.<br />

“Einstein on the Beach” de Robert Wilson e Philip Glass<br />

[nova representação].<br />

“King Lear” de William Shakespeare<br />

“Reading/Performance 1969-1984” Textos: Robert Wilson,<br />

Christopher Knowles, Ben Halley, Chris Moore e David<br />

Byrne; Interpretação: Robert Wilson<br />

“The Golden Windows” de Robert Wilson [versão<br />

americana]<br />

1986<br />

“Alcestis” de Eurípides [versão americana –versão alemã,<br />

1987]. Adaptação: Robert Wilson; tradução: Dudley Fitts e<br />

Robert Fitzgerald, textos adicionais: Heiner Müller; Música/<br />

som: Hans Peten Kuhn e Laurie Anderson; coreografía:<br />

Suzushi Hanayagi<br />

“Hamletmachine” de Heiner Müller [versão americana].<br />

Tradução: Cari Weber; música: Jerry Leiber e Mike Stoller.<br />

“Hamletmaschine” de Heiner Mullen [Versão alemã]<br />

“Overture to the Fourth Act of Deafman Glance” de Robert<br />

Wilson. Interpretação: Robert Wilson e outros.<br />

“Alceste” de Christoph Willibald Gluck Baseado na obra de<br />

Eurípides. Coreografía: Suzushi Hanayagi.<br />

1987<br />

“Parzival: Auf der anderen Seite des Sees” de Robert<br />

Wilson e Tankred Dorst. Texto: Tankred Dorst e Christopher<br />

Knowles; música: Tassilo Jelde.<br />

“Quartett” [versão alemã - 1988 versão americana]. Basado<br />

em “Les Liaisons Dangereuses” de Choderlos de Lados.<br />

Texto: Heiner Müller; música: Christoph Eschenbach.<br />

SchloBtheater Ludwigsburg<br />

“Overture to the Fourth Act of Deafman Glance” de Robert<br />

Wilson. Interpretação: Robert Wilson e Sheryl Sutton.<br />

Ancient Stadium of Delphi (International Meeting of<br />

Ancient Greek Drama),<br />

“The Man in the Raincoat” de Robert Wilson. Música:<br />

Laurie Anderson; Interpretação: Michael Matthews. Het<br />

Muziektheater,<br />

“Alkestis” de Eurípides [versão alemã].<br />

“Death, Destruction, and Detroit II” de Robert Wilson.<br />

Textos: Franz Kafka, Heiner Müller, Robert Wilson, Malta di<br />

Niscemi y Cynthia Lubar<br />

“Salomé” de Richard Strauss. Basado na obra de Oscar<br />

Wilde. Guarda-Roupa: Gianni Versace.<br />

1988<br />

“The Forest” Texto: Heiner Müller e Darryl Pinckney; música:<br />

David Byrne<br />

“Einstein on the Beach” de Robert Wilson e Philip Glass<br />

[nova representação]. Cenografía e encenação: Achim<br />

Freyer; música: Philip Glass<br />

“Cosmopolitan Greetings” Texto: Alien Ginsberg; música:<br />

Rolf Liebermann e George Gruntz.<br />

“Le Martyre de Saint Sébastien” de Gabriele d’Annunzio.<br />

Música: Claude Debussy; coreografía: Robert Wilson e<br />

Suzushi Hanayagi.<br />

259 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP


260 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />

“The Golden Windows” de Robert Wilson [representação<br />

Universidad de Montreal].<br />

“Quartet” [versão americana]<br />

1989<br />

“Swan Song” de Antón Chéjov.<br />

“Orlando” Do romance de Virginia Woolf [versão alemã,<br />

versão inglesa (1996)]. Adaptação: Robert Wilson e Darryl<br />

Pinckney; texto: Darryl Pinckney; Interpretação: Jutta<br />

Lampe.<br />

“La Nuít d’Avant le Jour” (Inauguração da Opera Bastille,<br />

Paris).<br />

“De Materie” de Robert Wil son. Música: Louis Andreissen.<br />

“Doctor Faustus” Basado na novela de Thomas Mann.<br />

Música: Giacomo Manzoni ; Guarda Roupa: Gianni Versace<br />

1990<br />

“Alceste” Música: Christophe Willibald Gluck<br />

“Overture to the Fourth Act of Deafman Glance” de Robert<br />

Wilson<br />

“What Room: A Play for 3 Minutes” de Robert Wilson<br />

“The Black Rider: The Casting of the Magic Bullets”<br />

Baseado en “Der Freischütz” de August Apel e Friedrich<br />

Laun e em “The Fatal Marksman” de Thomas de Quincey.<br />

Adaptação: Robert Wilson, Tom Waits (música/letras) e<br />

William S. Burroughs (texto).<br />

“King Lear” de William Shakespeare<br />

1991<br />

“The Malady of Death” de Marguerite Duras Música:<br />

Hans Peten Kuhn<br />

“Grace for Grace” de Robert Wilson<br />

“The Magic Flute” Música: Wolfgang Amadeus Mozart<br />

“Parsifal” de Richard Wagner.<br />

“When We Dead Awaken” de Henrik Ibsen Adapção:<br />

Robert Wilson; música: Charles “Honi” Coles.<br />

1992<br />

“Alice” Baseado em “Alice in Wonderland” de Lewis Carrol<br />

Texto: Paul Schmidt, música y letras: Tom Waits e Kathleen<br />

Brennan; Estreou em <strong>Portugal</strong> no Centro Cultural de Belém<br />

“Danton’s Death” de Georg Büchner<br />

“Don Juan Último” de Vicente Molina Foix. Música:<br />

Mariano Díaz<br />

“Dr. Faustus Lights the Lights” de Gertrude Stein. Música:<br />

Hans Peter Kuhn<br />

1993<br />

“Madame Butterfl y” de Giacomo Puccini . Música: Giacomo<br />

Puccini;<br />

“Alice in Bed” de Susan Sontag. Música: Hans Peter Kuhn.<br />

“Orlando” [versão francesa]. Basado no romance de<br />

Virginia Woolf. Adaptação: Robert Wilson e Darryl Pinckney;<br />

música: Hans Peter Kuhn; Interpretação: Isabelle Huppert.<br />

Estreou em <strong>Portugal</strong> na Culturgest<br />

1994<br />

“Der Mond im Gras: einmal keininal immer” de Robert<br />

Wilson. Baseado em relatos dos irmãos Grimm e Georg<br />

Büchner. Música: Robyn Schulkowsky<br />

“Hanjo/Hagoromo: Dittico Giapponese” de Yukio Mishima<br />

(Hanjo) e Zeami (Hagoromo). Música e libreto: MarceHo<br />

Panni (Hanjo) e Jo Kondo (Hagoromo).<br />

“T.S.E.: “come in under the shadow of this red rock”” de<br />

Robert Wilson. Música: Philip Glass; texto: T. S. Eliot e outros.<br />

“The Meek Girl” Baseado num conto de Fiódor Dostoievski.<br />

Adaptação: Robert Wilson e Wolfgang Wiens: música:<br />

Stephan Kurt e Gerd Bessler; Interpretação: Robert Wilson,<br />

Charles Chemin, Marianna Kavallieratos e Thomas<br />

Lehmann<br />

“Skin, Meat, Bone: The Wesleyan Project” de Robert Wilson<br />

e Alvin Lucier. Música: Alvin Lucier<br />

1995<br />

“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down”<br />

Rome Section [versão para concerto 1984]. Carnegie Hall<br />

“Snow on the Mesa” [peça para dança]. Texto: Paul<br />

Schmidt; guarda-roupa: Donna Karan; Interpretação:<br />

Martha Graham Dance Company.<br />

“The Golden Windows” [Die Goldenen Fenster] de Robert<br />

Wilson<br />

“Bluebeard’ s Castle/Erwartung” de Bela Bartók<br />

(Bluebeard’s Castle) e Arnold Schónberg (Erwartung)<br />

“Persephone” Textos: Homer, Brad Gooch, Malta di<br />

Niscemi; Música: Gioachino Rossini e Philip Glass; desenho<br />

de luz: A. J. Weisbard e Robert Wilson.<br />

“HAMLET: a monologue” Basado na obra de William<br />

Shakespeare. Adaptação: Robert Wilson e Wolfgang Wiens.<br />

Música: Hans Peter Kuhn. Interpretação: Robert Wilson.<br />

“The Magic Flute” Música: Wolfgang Amadeus<br />

“Knee Plays and Other Acts: A Gala Benefi t for The Kitchen”<br />

[versão de “Skin, Meat, Bones: The Wesleyan Project”, 1994]<br />

de Robert Wilson e Alvin Lucier. Música: Alvin Lucier<br />

1996<br />

“Jessye Norman Sings for the Healing of AIDS” [concerto<br />

de benefeciencia]. Direcção: George C. Wolfe; Cenografi a:<br />

Robert Wilson.<br />

“Oedipus Rex” de Igor Stravinsky, com “Silent Prologue” de<br />

Robert Wilson. Música: Igor Stravinsky; texto: Jean Cocteau.<br />

Orlando de Virginia Woolf [versão inglesa] Interpretação:<br />

Miranda Ríchardson<br />

“G.A. Story : Giorgio Armani: la sua storia, la sua moda” de<br />

Robert Wilson<br />

“Time Rocker” de Robert Wilson, Darryl Pinckney (texto) e<br />

Lou Reed (música e letras)<br />

“La Maladie de la Mort” (The Malady of Death) de<br />

Marguerite Duras. [versão em francês]. Interpretação:<br />

Lucinda Childs e Michel Piccoli<br />

“Four Saints in Three Acts” de Virgil Thomson (música) e<br />

Gertrude Stein (texto).<br />

1998<br />

“70 ANGELS ON THE FACADE: Domus 1928-1998” Textos:<br />

Lisa Ponti e Christopher Knowles<br />

“Ett DrSmspel” [Dream Play] Texto: August Strindberg;<br />

música: Michael Galasso<br />

“White Raven” [O Corvo Branco] de Robert Wilson e Philip<br />

Glass. Música: Philip Glass; direcção musical: Dennis Russell<br />

Davies; texto: Luisa Costa Gomes; fi gurinos: Moidele Bickel<br />

; desenho de luz: Heinrich Brunke. Estreia na Sala Julio<br />

Verne, Teatro Camoes (Expo ‘98), Lisboa, 26, 28, 29 Setembro.<br />

Seguindo depois para o Teatro Real, Madrid, Carnegie Hall<br />

(American Composers Orchestra), Nova Iorque York. 2000<br />

[Acto V, concerto, com narração de Robert Wilson]. New York<br />

State Theater (Lincoln Center Festival), Nova Iorque, 10-14<br />

Julho 2001.<br />

“The Wind” [leitura de Robert Wilson e Christopher<br />

Knowles] Textos: Christopher Knowles<br />

“Dantons Tod” (Danton’s Death) de Georg Büchner<br />

[reestreno - véase representación de Houston, 1992] Texto:<br />

Georg Büchner; música: Thierry de Mey<br />

“Donna del mare” (The Lady from the Sea) de Henrik Ibsen.<br />

Texto adaptado por Susan Sontag; fi gurinos de Giorgio


Armani; música: Michael Galasso; desenho de luz: A.J.<br />

Weissbard e Robert Wilson;<br />

“Wings on Rock” Baseado em “The Little Prince” de<br />

Antoine de Saint-Exupery. Interpretação: Francois Chat e<br />

Marianna Kavallieratos; música: Pascal Comelade; fi gurinos:<br />

Kenzo Takada.<br />

“Monsters of Grace: A Digital Opera in Three Dimensions”<br />

de Philip Glass e Robert Wilson; desenho e conceito visual:<br />

Robert Wilson; música: Philip Glass; letras: Rumi; desenho<br />

de som: Kurt Munkacsi; direcção musical: Michael Riesman;<br />

“Lohengrin” de Richard Wagner Música e texto: Richard<br />

Wagner; iluminação: Heinrich Brunke; fi gurinos: Frida<br />

Parmeggiani<br />

“Der Ozeanfl ug” [Oceanfl ight] de Bertolt Brecht. Texto:<br />

Bertolt Brecht; música: Hans Peten Kuhn; fi gurinos: Jacques<br />

Reynaud. Berliner Ensemble<br />

“Saints and Singing” de Robert Wilson e Hans Peter Kuhn,<br />

segundo Gertrude Stein. Texto: Gertrude Stein; música:<br />

Hans Peter Kuhn,<br />

“Rescue” (parte do espectáculo de Laurie Anderson<br />

no Meltdown Festival de South Bank) Direcção: Laurie<br />

Anderson. Com Laurie Anderson, Christopher Knowles, Lou<br />

Reed, Robert Wilson e otros.<br />

“Prometeo: Tragedia dell’asco!to” de Luigi Nono. Música:<br />

Luigi Nono; texto: Massimo Cacciari;<br />

“Pelléas et Mélisande” de Claude Debussy. Música: Claude<br />

Debussy; texto: Maurice Maeterlinck; fi gurinos: Frida<br />

Parmeggiani; iluminación: Heinrich Brunke e Robert Wilson.<br />

1999<br />

“Orphée et Euridice” de Christoph Willibald Gluck. Música:<br />

Christoph Willibald Gluck: Texto: Pierre-Louis Moline<br />

segundo Ranieri de’ Calzabigi<br />

“THE DAYS BEFORE: death, destruction and detroit III” de<br />

Robert Wilson. Textos: Umberto Eco e Christopher Knowles;<br />

música: Ryuichi Sakamoto; vestuario: Jacques Reynaud.<br />

Estreia em <strong>Portugal</strong> no Rivolí Teatro Municipal (Porto Natal<br />

Teatro Internacional)<br />

“Scourge of Hyacinths” de Tania León. Música: Tania León;<br />

texto: Tania León e Mole Soyinka segundo a obra de Wole<br />

Soyinka; fi gurinos: Susanne Raschig; desenho de luz:<br />

Andreas Fuchs e Robert Wilson.<br />

2000<br />

“Woyzeck” de Georg Büchner. Adaptação de Wolfgang<br />

Wiens e Ann-Christin Rommen da obra de Georg Büchner.<br />

Música e letras: Tom Waits e Kathleen Brennan; fi gurinos:<br />

Jacques Reynaud<br />

“Relative Light de Robert Wilson. Música: Johann Sebastian<br />

Bach e John Cage;<br />

“Das Rheingold” de Richard Wagner. Música e libreto:<br />

Richard Wagner; fi gurinos: Frida Parmeggiani; desenho de<br />

luz: Robert Wilson e Andreas Fuchs.<br />

“Hot Water” de Robert Wilson. Interpretação: BARTO;<br />

fi gurinos: Susanne Rauschig, Dorothée Uhrmacher;<br />

desenho de luz: Urs Schonebaum; video: Chris Kondek;<br />

“POEtry” de Robert Wilson e Lou Reed. Basado nas obras de<br />

Edgar Allan Poe. Texto, letras e música: Lou Reed; fi gurinos e<br />

maquilhagem: Jacques Reynaud<br />

2001<br />

“Die Walküre” de Richard Wagner. Música e libreto: Richard<br />

Wagner; fi gurinos: Frida Parmeggiani; desenho de luz:<br />

Robert Wilson e Andreas Fuchs.<br />

“Prometheus” de Robert Wilson. Música: lannis Xenakis;<br />

desenho de luz: A. J. Weissbard e Robert Wilson;<br />

“Three Sisters” de Antón Chéjov. Co-direcção: Ann-Christin<br />

Rommen; fi gurinos e maquilhagem: Jacques Reynaud;<br />

música: Michael Galasso; desenho de luz: Andreas Fuchs e<br />

Robert Wilson<br />

“Winterreise” Música: Franz Schubert; fi gurinos: Yves Saint<br />

Laurent; Interpretação: Jessye Norman e Mark Markham.<br />

“Siegfred” de Richard Wagner. Música e texto: Richard<br />

Wagner; direcção musical: Franz Ueiser-Most; desenho<br />

de luz: Robert Wilson e Andreas Fuchs; fi gurinos: Frida<br />

Parmeggiani<br />

2002<br />

“Aída” de Giuseppe Verdi. Música: Giuseppe Verdi; libreto:<br />

Antonio Ghislanzoni ; direcção musical: Antonio Pappano;<br />

fi gurinos: Jacques Reynaud; direcção de coros: Renato<br />

Balsadonna. La Monnaie / De Munt, Bruxelas<br />

“Doctor Caligari” de Robert Wilson, basado no fi lme “Das<br />

Kabinett des Dr. Caligari” de Carl Mayer, Hans Janowitz e<br />

Robert Wiene. Música: Michael Galasso; fi gurinos: Jacques<br />

Reynaud; desenho de luz: Urs Schonebaum e Robert Wilson<br />

“Osud” de Leos Janácek. Música: Leos Janácek; libreto: Leos<br />

Janácek e Fedora Bartosová; fi gurinos: Jacques Reynaud;<br />

desenho de luz: A. J. Weissbard<br />

in Dossier Robert Wilson organizado por Frederico Corado<br />

para o FICAP 2008.<br />

261 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP


262 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />

_CONVERSAS COM PETER BROOK 1970 – 2000<br />

Peter Brook, cujas produções têm cativado pessoas por todo o mundo, tem muitas<br />

vezes sido referido como o mais importante encenador contemporâneo do Oeste. O<br />

seu revolucionário “Marat/Sade” e “King Lear”, o seu “A Midsummer Night’s Dream”<br />

aéreo e a muito pouco tradicional “La Tragedie de Carmen”, o seu “The Man Who” e “The<br />

Tragedy of Hamlet”, e a sua obra-prima, a produção de nove horas do mito indiano, “The<br />

Mahabharata”, colocaram-no na linha da frente dos artistas que conseguem chegar a<br />

vários públicos independentemente das barreiras culturais.<br />

Numa época em que o interesse pelas artes cénicas se virou do palco para o ecrã, quando<br />

o trabalho de actualmente famosos realizadores, em vez de peças, parece oferecer<br />

vitalidade, Peter Brook continua a encontrar o seu fórum de expressão primordialmente<br />

no teatro, através da interacção de actores e público em espectáculos ao vivo.<br />

Para expandir a area de actuação da suas actividades, criou (nos anos 70) com grande<br />

sucesso uma companhia fl exível, não institucionalizada no seu International Center<br />

of Theatre Research em Paris, que oferecia uma fusão de culturas, temperamentos e<br />

estilos, um teatro que expressava uma certa variedade, uma mistura de tradições e uma<br />

sensibilidade universal. Durante os anos que passou em Paris com o seu grupo, e mesmo<br />

antes disso, Brook tornou-se um símbolo da constante criatividade dos artistas de teatro,<br />

mostrou o que era possível um artista conseguir atingir com coragem, integridade, e<br />

acreditando no valor da arte que defi ne a própria vida de Brook e o seu trabalho.<br />

Hoje, depois de mais de quarenta anos no teatro e de ter dirigido mais de oitenta<br />

produções, muitas visto em todo o mundo, Brook não abrandou. A sua assinatura continua<br />

a ser a abordagem iconoclasta e a crença no poder e no valor da arte em todas as culturas.<br />

Possivelmente nenhum outro encenador, no Ocidente tem tido a confi ança e a ousadia de<br />

desafi ar as convenções, Brook tem, e no processo infl uenciou várias gerações de artistas e<br />

público de teatro em todo o lado. Sua é uma induvidavel busca de novos signifi cados, para<br />

uma maior visão, e para aquilo que pode ser visto fora das linhas do que alcança o olho<br />

nu. Mesmo antes do multiculturalismo entrar na moda no Ocidente, Brook viajou para a<br />

África e para a Ásia para explorar as tradições culturais locais não-ocidentais e alcançar<br />

audiências. Sempre que se esforça para encontrar uma forma estética mais refi nada para<br />

expressar os mistérios do espírito humano, Brook é enfrentado por desafi os e difi culdades.<br />

Na verdade ele gosta bastante de difi culdades, pois tem uma visão clara, uma forte crença<br />

no que está a fazer, e o génio para cumprir o seu objectivo.<br />

Desde a sua juventude, Brook procura novas formas. Um bem sucedido encenador aos<br />

vinte anos, foi nomeado diretor de Covent Garden aos vinte e quatro, quando criou o<br />

que foi considerado um escândalosa Salomé e uma inovadora Boris Godunov. Mais<br />

tarde dirigiu todos os tipo de peças, ido de Arthur Miller às obras de Jean-Paul Sartre<br />

e Jean Genet, Tennessee Williams a Shakespeare e George Bernard Shaw, para não<br />

falar nos musicais da Broadway, a programas de televisão e fi lmes. Quando se tornou<br />

um dos encenadores da recém-organizada Royal Shakespeare Company na década de<br />

1960, Brook revolucionou as encenações de Shakespeare com um audacioso e austero<br />

Rei Lear, que serviu de modelo para voltar a analisar os conceitos convencionais da<br />

encenação Shakespeareana. Foi também o primeiro encenador de Londres a trabalhar<br />

experimentalmente com um grupo de actores da RSC que estava interessada em explorar<br />

as técnicas de Brecht e Artaud. Depois veio a conhecida produção de Marat/Sade, um<br />

estudo sobre a revolução e a loucura, um marco artístico que integrava conceitos radicais


de interagir com o público, encenação e espaço, seguido por Sonho de uma Noite de<br />

Verão, que cativou os críticos e o público também.<br />

Em 1968, depois de embarcar num projeto experimental em Paris com uma companhia<br />

internacional (interrompido pela revolta dos estudantes), Brook decidiu formar um<br />

grupo próprio. Foi um tempo para a aventura, para uma ruptura com o passado, não<br />

só politicamente, mas artisticamente. Grupos radicais estavam-se a organizar: o Living<br />

Theatre e o Open Theatre, em Nova Iorque atraiam audiências de todo o lado, e o<br />

fenómeno de Jerzy Grotowski e as suas brilhantes produções não lineares solicitavam<br />

uma reavaliação da base do teatro. Alguma coisa estava a acontecer e Peter Brook estava<br />

no meio de tudo.<br />

Animado por todos os novos desenvolvimentos, Brook voltou para Paris, em 1970, para<br />

organizar o seu grupo permanente: o Centro Internacional de Teatro de Investigação,<br />

uma organização que se concentrará tanto em investigação como em produção. A<br />

guerra do Vietnam tinha atingido uma fase crítica, rebeldes e jovens artistas estavam<br />

fartos dos conceitos tradicionais, com aquilo que consideravam conversa dupla, e com<br />

tudo o estabelecimento representava. Vários grupos teatrais deram voz a este desagrado<br />

com a corrupção política e social. Assim, dois campos foram-se formando no teatro: a do<br />

naturalismo tradicional, representada pela dominância do dramaturgo e na encenação<br />

de produções tradicionais, bem como o teatro experimental não literal de imagens e<br />

de comportamento não verbal, representados por grupos da contracultura que foram<br />

fl orescendo em caves , estúdios, e lojas. Apesar de alguns dos últimos grupos terem<br />

acabado em fi nais dos anos 70, Brook e sua companhia recém-formada permaneceram<br />

e fl oresceram. Qual foi o segredo deste sucesso?<br />

Desde o início, Peter Brook teve sempre um pensamento quase revolucionária. Quando<br />

ele estava a encenar, no West End, nos seus vinte anos, ele era um Enfant Terrible, sem<br />

medo de tentar todos os tipos de peças. O seu fervor revolucionário, no entanto, não vem<br />

inteiramente a partir da teoria política ou das convulsões sociais, embora ele tenha sido<br />

263 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP


264 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />

por ela algumas vezes infl uenciado e ainda é, em vez disso, é o resultado de uma extrema<br />

singularidade, uma sensibilidade especial que permite que ele continue a ser aberto a<br />

todas as possibilidades, aberto às implicações de acontecimentos contemporâneos que<br />

faz com que não se amarre apenas por necessidades comerciais. É esse entusiasmo para<br />

a criação e a sua capacidade para viver, combinada com uma energia extraordinária, que<br />

defi ne a individualidade de Brook. Por conseguinte, era lógico que ele organizasse um<br />

grupo seu, para ser dono de si próprio, para poder largar o mundo comercial, no qual ele<br />

tinha sido extremamente bem sucedido, de modo a que possa emergir como um artista<br />

verdadeiramente original e independente.<br />

Na construção de seu Centro Internacional de Teatro de Investigação, Brook foi capaz<br />

de estabelecer uma plateia de estudantes, intelectuais, de vizinhança e as pessoas que<br />

apoiaram as suas produções, independentemente da crítica ou polémica. Um grande<br />

pedaço de sorte foi a descoberta de um local ideal para a sua obra - Les Bouffes du Nord,<br />

uma velha casa de vaudeville degradada que tinha mantido alguma da sua beleza<br />

original apesar da sua crescente decadência; desde então tem permanecido a casa de<br />

todas as produções de Brook. A sobrevivência de Brook também foi ligada ao facto de já<br />

ter construído uma reputação internacional, que o seu prestígio reforçado e tornandoo<br />

atraente para o francês. Os parisienses fi caram felizes em o apoiar a ele e aos seus<br />

esforços criativos, para eles é considerado um privilégio fazê-lo. Também foi sem dúvida<br />

uma fonte de orgulho que a França tenha sido fundamental no apoio a alguns dos mais<br />

brilhantes espectáculos vistos no continente.<br />

O aspecto mais importante de Brook do personagem e da sua obra é que ele é um buscador,<br />

um fenómeno raro no teatro. Encenadores de teatro encenam peças; são contratados por<br />

várias semanas e depois saem para outro emprego, não existe continuidade e ensaiam<br />

muito pouco tempo. A maioria dos encenadores têm pouca noção de trabalho conjunto,<br />

tendo tido poucas oportunidades de trabalhar com uma companhia permanente. Nem<br />

muitos encenadores têm oportunidade de mostrar um ponto de vista ou expressar-se<br />

através da peça que encenam. Brook, pelo contrário, tem uma assinatura, uma fi losofi a,<br />

uma razão de ser. Ele escolhe o material porque ele quer dizer alguma coisa através do<br />

trabalho - ele é um au-teur, embora poucos que são chamados auteurs realmente são.<br />

E, como um auteur, Brook é um perguntador, um professor, ele está sempre a colocar<br />

problemas. Em Mahabharata, por exemplo, uma questão essencial é levantada sobre as<br />

forças de destruição e do papel da batalha entre o bem e o mal. Que posição deverá<br />

tomar uma? Na A Conferência das Aves, uma pergunta semelhante se coloca: Será que<br />

um tem a força de fazer sacrifícios para atingir iluminação, ou deverse-ia viver sem a<br />

experiência? Em La Tragedie de Carmen, diversas questões se colocam: Qual é a natureza<br />

do amor obsessional? E qual é o preço a pagar por isso?<br />

Depois, há o poder da sua personalidade, o seu enorme conhecimento, e a sua energia<br />

sem limites. Ele olha sempre para o mundo com olhos frescos, quase como uma criança<br />

teria, mas as suas percepções são altamente sofi sticadas. Quando ele fala, é totalmente<br />

envolvido com o que está a dizer e com quem está a falar. O seu foco parece nunca vacilar.<br />

O olhar dos seus olhos azuis incandescente é ferozmente penetrante e atento. E tem<br />

um dom brilhante para a conversa, para explicações, para contar histórias a qualquer<br />

momento do dia ou da noite, e pode falar em grande pormenor, como esta compilação<br />

das nossas muitas conversas com o passar dos anos vai mostrar. Embora muitas vezes<br />

eu não concorde com ele sobre muitas das suas explorações, ele permaneceu, defendeu<br />

o seu terreno, e ofereceu mais explicações, ele gosta de ser contestado.


Na minha correspondência a partir de Brook 1970 a 2000, falou livremente sobre a sua<br />

grande obra, como Sonho de uma Noite de Verão, a criação do Observatório de Paris; seu<br />

persa Africano e experiências; sua incursão na ópera com La Tragedie de Carmen; seu<br />

retorno para a Royal Shakespeare Company por Anthony e Cleópatra; a sua monumental<br />

Mahabharata, assim como A Tempestade, The Man Who, e A Tragédia de Hamlet, e seu<br />

fi lmagens de Encontros com Homens Notáveis. Também estão incluídas conversas<br />

aleatórias, reminiscências e bocados e partes díspares sobre tais assuntos como sexo,<br />

política, pais, e fi losofi a.<br />

Em cada segmento, Brook discute os seus objectivos artísticos e conceitos, assim como<br />

o seu teatro e a razão por detrás das suas escolhas. No decurso das conversas, uma<br />

pode facilmente rastrear seu desenvolvimento artístico e a sua direcção ir ter a várias<br />

produções. Na qualidade de buscador, ele fala sobre o que isso signifi ca e os seus efeitos<br />

sobre o seu estilo de vida e busca artística. Ele defi ne as suas técnicas de encenação,<br />

o que ele espera de actores, e seu antigo esforço para forjar uma verdadeira relação<br />

entre actores e plateia. Contar histórias e a sua relação com as culturas étnicas tem sido<br />

sempre de interesse fundamental para ele, e fala sobre a importância de suas viagens a<br />

Pérsia, África, Índia e, a este respeito. Mas é o seu amor de Shakespeare, que, afi rma ele,<br />

tem sido sempre o seu modelo, que está no centro do seu trabalho. A sua construção<br />

do Centro Internacional de Teatro de Investigação e de uma companhia veio a partir da<br />

idéia, disse ele, de produzir teatro que fosse cómico e trágico, político e frívolo, agreste e<br />

santo - a exemplo do que foi alcançado na época Isabelina.<br />

Os meus encontros com o notável Peter Brook e conhecê-lo todos estes anos tem<br />

sido uma gratifi cante e signifi cativa experiência. Ele tem sido um querido amigo, um<br />

mentor, e um guia, um ser humano verdadeiramente invulgar, e, para mim, um artista<br />

consumado.<br />

Margaret Croyden, Nova Iorque, Maio 2002<br />

265 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP


266 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />

_PETER BROOK<br />

Peter Stephen Paul Brook nasceu em Londres a 21 de Março de 1925 e estudou<br />

em Oxford. Mundialmente famoso pelo seu trabalho pioneiro no teatro, numa<br />

espectacular carreira que acompanhou mais de metade do século XX, Brook realizou<br />

também alguns fi lmes signifi cativos na cinematografi a mundial tanto no Reino Unido<br />

como em França.<br />

Fez a sua estreia no cinema inglês com a adaptação da sátira de John Gay “The<br />

Beggar’s Opera” (1953), com Laurence Olivier no papel de “MacHeath”. O seguinte fi lme<br />

inglês de Brook, “Lord of the Flies” (1963), é uma adaptação do clássico da literatura de<br />

William Golding, uma parábola da decadência da sociedade. O fi lme, feito muito au<br />

naturelle, com não só actores amadores mas também director de fotografi a amador,<br />

leva-nos até um grupo de crianças de uma escola pública, perdidos numa ilha tropical<br />

deserta. A sua luta inicial pela sobrevivência em breve se tornará numa desesperada e<br />

mortífera luta de poder entre dois grupos, um humanista e civilizado, o outro selvagem<br />

e militarista. Apesar do fi lme ter tido um impacto limitado quando foi inicialmente<br />

lançado, foi gradualmente atingindo o grau de fi lme de culto pelo seu naturalismo, a<br />

sua inventiva montagem e a sua sensível interpretação cinematográfi ca do romance<br />

de Golding.<br />

Duas das mais famosas produções teatrais de Brook para a Royal Shakespeare<br />

Company no anos 60, o “Marat-Sade” do modernista alemão Peter Weiss e “King Lear”<br />

de Shakespeare, acabaram por se tornar em fi lme com o mesmo elenco das produções<br />

teatrais. Destes, King Lear (1970) é indubitavelmente o melhor trabalho de Brook<br />

dentro do cinema britânico. A sua produção teatral for a infl uenciada pelo teatro épico<br />

de Bertolt Brecht e pela negra visão política do estudioso de Shakespeare Jan Kott.<br />

Estas eram agora complementadas com as técnicas da nouvelle vague francesa, a<br />

descontinuidade da montagem, os pouco convencionais ângulos de câmara, a fotografi a<br />

a preto e branco com grão e a estéril paisagem do Norte da Jutlândia na Dinamarca<br />

onde o fi lme foi rodado. Muitos críticos na altura acharam o fi lme desolador, mas agora<br />

é visto como um grande acontecimento cinematográfi co: uma brilhante investigação<br />

no meta-cinema, que testa os limites entre o teatral e o cinematográfi co, sendo a cena<br />

mais famosa quando Paul Scofi eld, enquanto o Lear moribundo, literalmente cai para<br />

fora do enquadramento.<br />

Brook também realizou dois documentários dramáticos no Reino Unido: “Tell me<br />

Lies” (1968), sobre o sentimento inglês anti-Guerra do Vietnam do fi m dos anos 60, e<br />

“Meetings with Remarkable Men” (1979), a história de Gurdjieff, um fi lósofo Asiático.<br />

Desde a conclusão desse fi lme em 1979, Brook tem continuado a sua carreira como<br />

realizador em França.<br />

Erik Hedling, in “Reference Guide to British and Irish Film Directors”


_ PETER BROOK<br />

TEATRO<br />

1943 - “Dr. Faustus”, de C.Marlowe - Torch Theatre, Londres<br />

1945 - “Man and Superman”, de B. Shaw, “King John” de<br />

W. Shakespeare e “The Lady from the Sea” de H. Ibsen<br />

- Birmingham Repertory Theatre; “The Infernal Machine”<br />

(“La Machine Infernale”) de J.Cocteau - Chanticlear Theatre<br />

Club, Londres<br />

1946 - “Love’s Labour’s Lost” de W. Shakespeare - Stratford<br />

upon Avon; “The Brothers Karamazov”, adaptado por A.<br />

Guinness - Lyric Theatre, Londres; “Vicious Circle” (“Huit-<br />

Clos”) de J.P Sartre - Arts Theatre, Londres<br />

1947 - “Romeo and Juliet” de W. Shakespeare - Stratford<br />

upon Avon; “The Respectful P…”, (“La P…Respecteuse”) de<br />

J.P Sartre - Lyric Theatre, Londres<br />

1949 - “Dark of the Moon”, de H.Richardson & W.Berney<br />

- Ambassador’s Theatre, Londres<br />

1950 - “Ring Round the Moon” (“L’invitation au cháteau”)<br />

de J. Anouilh - Globe Theatre, Londres; “Measure for<br />

Measure”, de W. Shakespeare - Stratford upon Avon; “The<br />

Little Hut” (“La Petite Hutte”)<br />

1951 - “Death of a Salesman”, de A. Miller - Théâtre National,<br />

Bruxelas; “Penny for a Song”, de J. Whiting - Haymarket<br />

Theatre, Londres; “A Winter’s Tale” de W. Shakespeare<br />

- Phoenix Theatre, Londres<br />

1952 - “Colombe”, de J. Anouilh - New Theatre, Londres<br />

1953 - “Venice Preserved” de T. Otway - Lyric Theatre,<br />

Londres<br />

1954 - “The Dark is Light Enough”, de C. Fry - Aldwych<br />

Theatre, Londres; “House of Fowers” de Truman Capote,<br />

musica de Harold Arlen – Nova Iorque<br />

1955 - “The Lark” (“L’Aloutte”) de J. Anouilh - Londres; “Titus<br />

Andronicus”, de W.Shakespeare - Stratford upon Avon;<br />

“Hamlet”, de W.Shakespeare - Phoenix Theatre, Londres<br />

1956 - “A View from the Bridge”, de A. Miller - Comedy<br />

Theatre, Londres; “Cat on a Hot Tin Roof”, de T. Williams<br />

- Théâtre Antoine, Paris; “The Power and the Glory”<br />

adaptado de G.Green - Phoenix Theatre, Londres; “The<br />

Family Reunion”, de T.S Elliot - Phoenix Theatre, Londres<br />

1957 - “The Tempest”, de W.Shakespeare - Stratford upon<br />

Avon; “Both Ends Meet” - Apollo Theatre, Londres<br />

1958 - “Vue du Pont” (“A view from the Bridge”) de A. Miller<br />

- Théâtre Antoine, Paris; “The Visit”, de F.Dürrenmatt – Nova<br />

Iorque e Londres<br />

1959 - “Irma la Douce”, musical - Lyric Theatre, Londres; “The<br />

Fighting Cock” (“L’Hurluberlu”), de J. Anouilh – Nova Iorque<br />

1960 - “The Balcony” (“Le Balcon”), de J. Genet - Théâtre du<br />

Gymnase, Paris.<br />

1962 - “King Lear”, de W. Shakespeare - Stratford upon Avon,<br />

Londres e Nova Iorque<br />

1963 - “Sergeant Musgrave’s Dance”, de J.Arden - Théâtre<br />

de l’Athénée, Paris; “The Physicists” de F.Dürrenmatt<br />

- RST, Aldwych Theatre, Londres; “The Representative” de<br />

R.Hochhuth - Théâtre de l’Athénée, Paris<br />

1964 - “Marat/Sade” de P.Weiss - RST, Aldwych Theatre,<br />

Londres e Nova Iorque; “The Screens” (“Les Paravents”) de<br />

J.Genet - Donmar Theatre, Londres<br />

1965 - “The Investigation”, de P.Weiss - RST, Aldwych<br />

Theatre, Londres<br />

1966 - “U S”, RST - Aldwych Theatre, Londres<br />

1968 - “Oedipus”, de Séneca - National Theatre, Londres;<br />

“The Tempest” de W.Shakespeare, RST - Aldwych Theatre,<br />

Londres<br />

1970 - “A Midsummer Night’s Dream”, de W.Shakespeare<br />

- Stratford upon Avon<br />

1972 - “A Midsummer Night’s Dream” – Nova Iorque e<br />

Tournée Mundial<br />

1971 - Inicio do International Centre of Theatre Research<br />

(CIRT); “Orghast”, de T.Hughes - Festival de Persépolis, Irão;<br />

Viagem a África<br />

1972 - Viagem ao EUA<br />

1974 - Inicio do International Centre of Theatre Creations<br />

(CICT) Paris. Abertura do Le Théâtre des Bouffes du Nord.<br />

1974 - “Timon of Athens”, de W. Shakespeare<br />

1975 - “The Iks”<br />

1977 - “Ubu aux Bouffes” adaptado de A.Jarry<br />

1978 - “Measure for Measure” de W. Shakespeare<br />

1979 - “Conference of the Birds”, adaptado de F. Uddin Attar,<br />

Festival d’Avignon; “L’Os” de B. Diop<br />

1981 - “The Cherry Orchard” de A.Tchekhov.<br />

1985 - “The Mahabharata” – criação para o 39º Festival<br />

d’Avignon.<br />

1989 - “Woza Albert!”, de P.Mtwa, M.Ngema e B.Simon<br />

1990 - “The Tempest”, de W.Shakespeare<br />

1993 - “The Man Who…”, adaptado de “The man who took<br />

his wife for a hat”, de Oliver Sacks<br />

1995 - “Qui est l’à?”; “Happy Days”, de S.Beckett - coproducção<br />

Vidy- Lausanne, ETE.<br />

1997 - “The Man Who…” (reposição)<br />

1998 - “Je Suis un phénomène” adaptado de «Une<br />

Prodigieuse Mémoire», de A. Luria<br />

1999 - “Le Costume”, de Can Themba<br />

2000 - “The Tragedy of Hamlet”, de W. Shakespeare (Versão<br />

inglesa)<br />

2003 - “Le Costume”, de Can Themba; Adaptado por<br />

Mothobi Mutloatse e Barney Simon; Adaptação francesa de<br />

Marie-Helene Estienne<br />

_CINEMA<br />

1943 - “Sentimental Journey” realização, montagem e<br />

argumento<br />

267 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP


268 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />

1953 - “The Beggar’s Opera” realização<br />

1960 - “Moderato Cantabile” ou “Seven Days... Seven<br />

Nights” realização, adaptação e diálogos<br />

1963 - “Lord Of The Flies” realização, montagem e<br />

argumento<br />

1966 - “The Persecution And Assassination Of Jean-Paul<br />

Marat As Performed By The Inmates Of The Asylum Of<br />

Charenton Under The Direction Of The Marquis De Sade”<br />

ou “The Marat/Sade” realização<br />

1967 - “Ride Of The Valkyrie” realização<br />

1967 - “Tell Me Lies” realização, produção, argumento<br />

1968 - “The Tempest” produção sob a sua direcção<br />

1970 - “King Lear” realização<br />

1975 - “Empty Space” participação<br />

1978 - “Meetings With Remarkable Men” realização,<br />

argumento<br />

1983 - “Tadada” ou “Peter Brook’s Paris Cabaret” (França)<br />

realização<br />

1983 - “Amour De Swann” ou “Swann In Love” (França/<br />

Alemanha) argumento<br />

1983 - “Tragédie De Carmen” ou “The Tragedy Of Carmen”<br />

(França) realização e adaptação<br />

1983 - “Tragédie De Carmen” ou “The Tragedy Of Carmen”<br />

(França) realização e adaptação<br />

1983 - “Tragédie De Carmen” ou “The Tragedy Of Carmen”<br />

(França) realização e adaptação<br />

1984 - “Jean-Louis Barrault - A Man Of The Theatre”, de<br />

Muriel Balash (EUA) elenco<br />

1989 - “The Mahabharata” (França) realização e argumento<br />

1996 - Looking For Richard”, de Al Pacino (EUA) entrevistado<br />

2001 - “The Tragedy Of Hamlet” (França/Reino Unido/<br />

Japão) realização<br />

_LIVROS<br />

1968 – “The Empty Space” (traduzido em mais de 15 línguas)<br />

1987 – “Shifting Point” (traduzido em mais de 19 línguas)<br />

1991 – “Le Diable c’est l’ennui”<br />

1993 – “The Open Door, There Are No Secrets”<br />

1998 – “Avec Shakespeare”, “Threads of Time”,<br />

“L’homme qui”, “Je suis un phénomène”<br />

1999 – “Forget Shakespeare”, Nick Hern Books, Londres<br />

2003 – “Oublier le temps”, Editions du Seuil, Paris<br />

_TELEVISÃO<br />

1949 - “Box For One” para a BBC (argumento)<br />

1953 - “Box For One” para a BBC (argumento)<br />

1953 - “King Lear” para a CBS (encenador)<br />

1955 - “The Red Carpet” para a ITV (produtor)<br />

1955 - “Appointment With Drama: The Birthday Present”<br />

para a BBC (argumento)<br />

1955 – “Celebrity Spot” para a ITV (entrevistado)<br />

1955 – “Christmas Afternoon” para a ITV(entrevistado)<br />

1957 – “Heaven And Earth” para a ITV (realização e<br />

argumento)<br />

1958 – “Monitor: Peter Brook” para a BBC (entrevistado)<br />

1958 - “Sir Thomas At Lincoln’s Inn” para a ITV (entrevistado)<br />

1963 – “Stanislavsky’s Spell” para a BBC (participação em<br />

ecrãn)<br />

1964 – “Meeting Point: Lord of the Flies” para a BBC<br />

(entrevistado)<br />

1964 – “Monitor: Peter Brook” para a BBC(entrevistado)<br />

1966 – “New Release: Theatre Laboritorium” para a<br />

BBC(entrevistado)<br />

1968 – “Actor Abc” (participação em ecrãn)<br />

1968 – “Late Night Line-Up” para a BBC2 (entrevistado)<br />

1970 – “A Midsummer Night’s Dream” (realização)<br />

1971 – “Review” para a BBC2 (entrevistado)<br />

1976 – “Aquarius: Brook in Paris” para a ITV (entrevistado)<br />

1976 – “Arena” para a BBC2 (entrevistado)<br />

1976 – “2nd House: The Ik” para a BBC2 (produção)<br />

1977 – “Arena: Hands off the Classics” para a BBC2<br />

(entrevistado)<br />

1978 - “Omnibus: After the Dream” para a BBC1 (tema)<br />

1979 – “Tonight - In Town” para a BBC1 (entrevistado)<br />

1979 – “Tonight - In Town” para a BBC1 (entrevistado)<br />

1981 – “Arena: Stages” para BBC2 (elenco)<br />

1982 – “The Levin Interviews: Peter Brook” para a<br />

BBC2(entrevistado)<br />

1983 – “The South Bank Show: Peter Brook and the Tragedy<br />

of Carmen” (entrevistado)<br />

1984 – “All The World’s A Stage: Makers of Magic” para a<br />

BBC2 (participação)<br />

1984 - “All The World’s A Stage: Muse of Fire” para a BBC2<br />

(participação)<br />

1987 – “The South Bank Show: King Lear” para a ITV<br />

(entrevistado)<br />

1988 – “Reporting Scotland” para a BBC1 (entrevistado)<br />

1988 – “Newsnight” para a BBC2 (entrevistado)<br />

1988 – “Review” para a BBC2 (entrevistado)<br />

1989 – “A South Bank Show Special: Peter Brook” para a<br />

ITV (tema)<br />

1989 – “Signals: Greatest Story” para o Channel 4<br />

(entrevistado)<br />

1990 – “The Late Show” para a BBC2 (entrevistado)<br />

1990 – “Reporting Scotland” para a BBC1 (entrevistado)<br />

1994 – “The South Bank Show: Jean-Claude Carrière” para a<br />

ITV (entrevistado)<br />

1994 – “Look North” para a BBC1 (entrevistado)<br />

1994 – “Omnibus: Gielgud: Scenes from Nine Decades” para<br />

a BBC1 (entrevistado)<br />

1996 – “TX: Time Flies” para a BBC2 (participação)<br />

2000 – “The South Bank Show: Carmen” para a ITV<br />

(participação)<br />

2000 – “Changing Stages: Between Brecht and Beckett”<br />

para a BBC2 (entrevistado)<br />

2000 – “Changing Stages: The Law of Gravity” para a BBC2<br />

(participação)<br />

2001 – “Brief Encounters: Peter Brook” para a ITV<br />

(entrevistado)<br />

2002 – “Peter Brook On Hamlet” para a BBC4 (entrevistado)<br />

2002 – “Peter Brook’s Hamlet” para a BBC4 (adaptação)<br />

2003 – “Don Giovanni” para a BBC2 (adaptação)<br />

Este levantamento de participações televisivas foi feito<br />

pelo British Film Institute, logo trata primordialmente<br />

do panorama da televisão inglesa, deixando de fora uma<br />

grande parte das colaborações de Peter Brook em canais<br />

televisivos de outros países, como será o caso da França.


FAMAFEST<br />

2009<br />

HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA


270 | Homenagem a Carmen Miranda<br />

_HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA<br />

Tem muito a ver com cinema, quase nada a ver com literatura, mas este é um festival<br />

de cinema, e fi ca bem não esquecer uma mulher que, por acaso nasceu portuguesa,<br />

mas rapidamente se transformou numa vedeta do mundo e sobretudo num símbolo<br />

de uma certa lusofonia, ainda que genuinamente brasileira. Carmen Miranda foi<br />

indiscutivelmente uma das grandes estrelas internacionais da música, do teatro, do<br />

cinema dos anos 30 e 40, numa altura em que a sétima arte tinha aprendido a falar<br />

(e a cantar) não há muito e o musical era uma das suas grandes conquistas. Foram os<br />

anos de ouro das comédias musicais e Carmen Miranda, primeiro no Brasil, depois em<br />

Hollywood, estabeleceu records de popularidade difíceis de imaginar hoje em dia. Por<br />

isso, recordá-la agora que se perfaz um século sobre a data do seu nascimento, é um acto<br />

de mera justiça e uma forma de ajudar a perpetuar a sua imagem, a sua graça natural,<br />

o seu ritmo inebriante, o colorido das suas apresentações, a raça invulgar do seu talento,<br />

a explosiva entrega à sua arte. No palco, ou no ecrã, Carmen Miranda foi uma das mais<br />

fortes representantes da língua portuguesa, ainda que a sua principal magia fosse o<br />

samba bem brasileiro, mas um samba que é também arrevesada criação de portugueses<br />

que misturaram raças e cruzaram genes por esse mundo fora, mas particularmente no<br />

Brasil. Sem nunca ter renunciado à nacionalidade portuguesa, e às suas origens marco<br />

canaviesas, Carmen Miranda foi desde sempre um produto e um refl exo da cultura<br />

popular brasileira, urbana, sambista, garrida, exultante de vida, de comunicação, de arrojo<br />

e irreverência. Os seus fi lmes, alguns muito medíocres como argumento e realização, são<br />

pérolas que resistem ao tempo mercê unicamente da sua presença esfusiante, dos seus<br />

turbantes de uma inexcedível originalidade, das suas sandálias de plataforma, dos seus<br />

vestidos espampanantes, do seu sorriso atrevido e doce.<br />

“O que é que a baiana tem?” Tem esse talento inqualifi cável que torna uma mulher de<br />

um metro e cinquenta e um corpinho frágil num mito que os anos não apagam. Tem esse<br />

toque de génio que transforma em ouro puro os pechisbeques onde aparece. Tem essa<br />

magia que faz de alguém vulgar, nascida modista ou tamanqueira, um ser muito especial<br />

que foge às classifi cações e às defi nições e ultrapassa todas as previsões.<br />

Para Carmen Miranda o aplauso do Famafest. Ela estaria, e está, no nosso “Passeio do<br />

Famafest” de pleno direito. Num “Passeio do Famafest” que recorda infi nitamente (ainda<br />

que de forma não visível) os maiores na glória do espectáculo.<br />

A 5 de Agosto de 1955, morre Carmen Miranda em sua casa (Los Angeles, Beverly Hills,<br />

Bedford Drive, 616), aos 46 anos de idade, vítima de um colapso cardíaco, após fi lmar com<br />

Jimmy Durante um programa para a televisão. A 12 de Agosto, o corpo embalsamado<br />

chega ao Brasil, para ser velado na antiga Câmara de Vereadores do Rio. Das 13 horas<br />

desse dia até às 13 horas do dia 13, mais de 60.000 pessoas desfi laram em preito de<br />

gratidão e homenagem. No dia seguinte, Carmen Miranda seria sepultada no Cemitério<br />

de São João Batista, num lote cedido pela Santa Casa de Misericórdia. Fala-se que entre<br />

500.000 e um milhão de pessoas acompanhou o enterro, que foi considerado o mais<br />

concorrido de toda a história do Rio de Janeiro. O Brasil chorava a diva que <strong>Portugal</strong> tinha<br />

oferecido ao mundo.<br />

Foi a 9 de Fevereiro de 1909 que nasceu na Freguesia da Várzea da Ovelha, Concelho de<br />

Marco de Canavezes, antiga São Martinho da Aliviada, no Distrito do Porto, em <strong>Portugal</strong>,<br />

uma menina de nome Maria do Carmo Miranda da Cunha. Filha de José Maria Pinto da


272 | Homenagem a Carmen Miranda<br />

Cunha (17-2-1887 / 21-6-1938) e de Maria Emília Miranda da Cunha (10-3-1886 / 9-11-1971),<br />

foi baptizada na Igreja de São Martinho da Aliviada. Logo no ano seguinte a família parte<br />

para o Brasil, primeiro o pai, depois a mãe e a irmã Olinda. O pai estabeleceu-se como<br />

barbeiro, no “Salão Sacadura”, à Rua da Misericórdia nº 70, no Rio. Em 1919, matriculase<br />

na Escola Santa Tereza, à Rua da Lapa nº 24, no Rio. Em 1925, mudam-se para o nº<br />

13 da Travessa do Comércio, no centro comercial do Rio, onde instalaram uma pensão,<br />

para fazer face às despesas com o tratamento pulmonar de Olinda em <strong>Portugal</strong>, num<br />

sanatório do Caramulo. Carmen Miranda, com 14 anos, deixa a escola e emprega-se<br />

numa loja de gravatas. Em 26 de Setembro de 1926, a revista “Selecta” publica o retrato<br />

de CM, na secção de cinema do jornalista Pedro Lima, sem citação de seu nome. Três anos<br />

depois canta num festival, organizado pelo baiano Aníbal Duarte, no Instituto Nacional<br />

de Música no centro do Rio. Josué de Barros, compositor e violonista baiano, interessa-se<br />

por esta voz e promove-a junto de estações de rádio, clubes e discográfi cas. No mesmo<br />

ano, canta na Rádio Educadora e na Rádio Sociedade. Em Setembro, grava o seu primeiro<br />

disco na Brunswick (Lado A: “Não Vá Sim’bora”, samba, Lado B: “Se O Samba É Moda”,<br />

chôro), lançado no fi m do ano, e, em Dezembro, volta a gravar, pela etiqueta “Victor”, com<br />

“Triste Jandaia” e “Dona Balbina”.<br />

Em Fevereiro de 1930, o lançamento de “Tá hi”, consagra-a durante o ano. Participa em<br />

vários espectáculos, “Noite Brasileira de Francisco Alves”, “Monroe”, “Tarde da Alma<br />

Brasileira”, “Miss Rio de Janeiro”, “Tarde do Folclore Brasileiro”, até organizar o seu<br />

próprio, Festival Carmen Miranda, no Teatro Lírico. “O País” publica uma entrevista com<br />

CM, considerando-a a maior cantora popular brasileira. De 13 a 21 de Setembro, canta<br />

na revista musical “Vai Dar o que Falar”, no Teatro João Caetano. É um fenómeno de<br />

popularidade. Requisitada internacionalmente: em Outubro de 1931 embarca com<br />

Francisco Alves e Mário Reis, e outros artistas, para Buenos Aires, com contrato de um<br />

mês no Cine Broadway. Voltam pelo “Astúrias” a 8-11-1931. Continua a gravar com êxito<br />

redobrado pela “Victor”. Sucedem-se espectáculos por todo o Brasil. Em 1933, estreia-se<br />

no cinema com “A Voz do Carnaval”, no Cine Odeon. Em Agosto, assina contrato de 2 anos<br />

com a Rádio Mayrink Veiga, ganhando 2 contos de réis mensais. Foi a primeira cantora de<br />

rádio a merecer contrato. César Ladeira, director desta rádio, chamou-a de “Cantora do It”,<br />

e depois de “Ditadora Risonha do Samba” e, em 1934 ou 1935, de “Pequena Notável”.<br />

Embarca para Buenos Aires com outros artistas, para cantar na L.R.-5. Volta a 5 de<br />

dezembro de 1933. Começa a ser conhecida como a “Embaixatriz do Samba”. É eleita<br />

“Rainha do Broadcasting Carioca”, em concurso do jornal “A Hora”. Em Julho de 1934, de<br />

visita ao Brasil, para promoção do fi lme “Voando para o Rio”, Ramon Novarro encontra<br />

CM numa recepção. Começa a falar-se na sua provável ida para Hollywood. Passa por<br />

São Paulo com sucesso louco, embarca para Buenos Aires, com Aurora Miranda, sua irmã,<br />

e o “Bando da Lua”, contratados por Jaime Yankelevisch, da Rádio Belgrano, para uma<br />

temporada de um mês. Em 1935, estreia “Alô, Alô Brasil”, primeiro fi lme brasileiro com som<br />

directo na película. Inicia as gravações na Odeon, com contratos milionários. Estreia novo<br />

fi lme, “Estudantes”, no Cine Alhambra. Em 1936, actua no Cassino Copacabana, estreia<br />

“Alô, Alô Carnaval” no Cine Alhambra, exibe-se no Teatro Coliseu de Santos e, nesse ano,<br />

fala-se na vinda das irmãs Miranda para <strong>Portugal</strong>. CM recusa outro vantajoso contrato<br />

da Rádio El Mundo, de Buenos Aires, e rejeita a participação num fi lme argentino em que<br />

faria o segundo papel. Surge na Rádio Tupi, que a roubou à rádio Mayrink Veiga, mercê<br />

de um fabuloso contrato de 5 contos de réis por mês, para 4 horas mensais, isto é, dois<br />

programas semanais de meia hora. Triunfa no Cassino da Urca.


274 | Homenagem a Carmen Miranda<br />

Viagens e sucessivos êxitos no Brasil e no mundo. A 21 de Junho de 1938, morre o pai.<br />

Em Dezembro, Tyrone Power e a noiva Annabella visitam o Rio e tornam-se amigos de<br />

CM, a quem convencem a rumar aos Estados Unidos prometendo-lhe triunfo certo em<br />

Hollywood. 1939, de novo no ecrã, com “Banana da Terra”, onde assume a personagem de<br />

“baiana”. Grava com Dorival Caymmí “O Que É Que a Baiana Tem”. A 3 de Maio de 1939,<br />

parte para os Estados Unidos, onde à chegada afi rma: “Vocês verão principalmente que<br />

sou cantora e tenho ritmo”. Estreia-se na revista “Streets of Paris”, em Boston, com êxito<br />

estrondoso. Depois, em Nova Iorque, com o “Bando da Lua”, revoluciona a Broadway, a “Feira<br />

Mundial” e toda a metrópole se lhe rende. Grava os seus primeiros discos na Decca. Em<br />

Fevereiro de 1940, canta nas fi lmagens de “Serenata Tropical”. Volta ao Brasil, triunfal. Mas,<br />

entre 2 e 27 de Setembro de 1940, grava as últimas músicas no Brasil, tentando reagir às<br />

críticas que a viam “americanizada”. A 3 de Outubro de 1940, regressa aos Estados Unidos.<br />

No ano seguinte, suprema honra: Imprime mãos e sapatos no cimento do passeio do Teatro<br />

Chinês de Los Angeles, até aí primeira e única sul-americana a receber tal honraria. Integra<br />

o elenco da revista de Schubert “Sons O’ Fun”, no Teatro Winter Garden de Nova Iorque.<br />

Entre 1941 a 1953, intervém em 13 fi lmes em Hollywood, para lá de se tornar presença<br />

assídua nos mais importantes programas de rádio, televisão, “night-clubs”, casinos e<br />

teatros. Em 1946 é tida como a mulher que mais impostos paga nos E.U.A. Casa-se com o<br />

americano David Sebastian. Em Abril de 1948, estreia-se no Teatro Palladium, de Londres,<br />

onde esperava fazer 4 semanas, e teve de fi car 6, ganhando 100.000 dólares. Em Agosto de<br />

1948, perde um fi lho que esperava. Em 1951, é a artista de show que mais dinheiro ganha<br />

nos E.U.A. Visita o Havai. Excursão por vários países da Europa. Em Dezembro de 1954,<br />

depois de 14 anos de ausência, volta ao Brasil, traz consigo um profundo esgotamento<br />

nervoso. Matou saudades, compareceu a homenagens em teatros e festas, e a 4 de Abril<br />

de 1955, aparentemente restabelecida, volta aos E.U.A. Trabalha em Las Vegas, em Havana,<br />

em Cuba e na televisão. Não dura muito.<br />

A 5 de Dezembro de 1956, o prefeito Negrão de Lima assina a Lei nº 886, que cria o Museu<br />

Carmen Miranda, para guardar, conservar e expor o acervo da artista, doado pelo marido,<br />

que reúne sapatos, roupas, jóias e troféus. A 5 de Agosto de 1976, é inaugurado o “Museu<br />

Carmen Miranda”, em frente ao número 560 da Avenida Rui Barbosa, no Aterro do<br />

Flamengo, Rio de Janeiro.<br />

Carmen Miranda: “Nasci em <strong>Portugal</strong>, mas me criei no Brasil e, portanto, considero-me<br />

brasileira. O local do nascimento não importa, nem sequer o sangue. O que importa é<br />

o que os americanos chamam de “environment”, a infl uência do país e dos costumes<br />

em que vivemos, se bem que sempre existe um grau de gratidão e fi delidade aos pais<br />

que nos geraram. Da minha parte, sou mais carioca, mais sambista de favela, mais<br />

carnavalesca do que cantora de fados. O sangue tem uma certa importância, mas só no<br />

temperamento, não na maneira de sentir as coisas.”<br />

Heitor Villa Lobos, compositor: “Nenhum brasileiro pode ignorar o que Carmen fez por<br />

nós lá fora. Ela espalhou nossa língua, ensinou pessoas que nunca ouviram falar da<br />

gente a cantar nossas músicas e a amar nossos ritmos. Ela irá sempre signifi car muito<br />

para nós.”<br />

Kevin Stayton, vice-director do Brooklyn Museum: “Carmen Miranda era uma portuguesa<br />

que virou brasileira e levou a sua música e as suas fantasias - temperadas com elementos<br />

e ritmos dos escravos - para os Estados Unidos, e ainda conquistou a América através do<br />

cinema. E tudo isso em plena Segunda Guerra Mundial.”


276 | Homenagem a Carmen Miranda<br />

Filmografi a:<br />

No Brasil:<br />

1932 - O Carnaval Cantado no Rio, de Ademar Gonzaga e Humberto Mauro<br />

1933 - A Voz do Carnaval, de Ademar Gonzaga e Humberto Mauro<br />

1935 - Alô, Alô Brasil!, de Wallance Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro<br />

1935 – Estudantes, de Wallace Downey<br />

1936 - Alô, Alô Carnaval, de Adhemar Gonzaga<br />

1939 - Banana da Terra, de João de Barro<br />

Nos EUA:<br />

1940 – Sinfonia dos Trópicos (Pt) Serenata Tropical (Br) (Down Argentine Way), de Irving<br />

Cummings;<br />

1941 – Uma Noite no Rio (Pt e Br) (That Night in Rio), de Irving Cummings;<br />

1941 – Férias em Havana (Pt) Aconteceu em Havana (Br) (Weekend in Havana), de Walter<br />

Lang;<br />

1942 – Primavera nas Montanhas (Pt) Minha Secretária Brasileira (Br) (Springtime in the<br />

Rockies), de Irving Cummings;<br />

1943 – Sinfonia de Estrelas (Pt) Entre a Loira e Morena (Br) (The Gang´S All Here), de Busby<br />

Berkeley;<br />

1944 – Quatro Raparigas Encantadoras (Pt) Quatro Moças num Jeep (Br) (Four Jills in A<br />

Jeep), de William A. Seiter;<br />

1944 – Serenata Boémia (Pt e Br) (Greenwich Village), de Walter Lang;<br />

1944 – Alegria Rapazes! (Pt e Br) (Something For the Boys), de Lewis Seiler;<br />

1945 – Sonhos de Estrelas (Pt e Br) (Doll Face), de Lewis Seiler;<br />

1945 – A Canção da Felicidade (Pt) Se eu Fosse Feliz (Br) (If I´M Lucky), de Lewis Seiler;<br />

1947 – Copacabana, de Alfred E. Green<br />

1948 – A Professora de Rumba (Pt) O Príncipe Encantado (Br) (A Date with Judy), de<br />

Richard Thorpe;<br />

1950 – Festa no Brasil (Pt) Romance Carioca (Br.) (Nancy Goes To Rio), de Robert Z.<br />

Leonard;<br />

1953 – O Castelo das Surpresas (Pt) Morrendo de Medo (Br) (Scared Stiff), de George<br />

Marshall.


FAMAFEST<br />

2008<br />

80 ANOS DE TINTIM<br />

277 | Kafka no cinema


278 | 80 Anos de Tintim<br />

_OS 80 ANOS DE TINTIM<br />

AS AVENTURAS DE TINTIM<br />

“No fundo, vocês sabem, o meu único rival internacional é Tintim”.<br />

Charles de Gaulle<br />

“Sou eu, eu sob todas as formas!<br />

Tintim, sou eu quando gostaria de ser heróico, perfeito;<br />

os Dupondt, sou eu quando sou estúpido;<br />

Haddock, sou eu quando tenho vontade de me exteriorizar.”<br />

Hergé<br />

“As Aventuras de Tintim” (“Les Aventures de Tintin”, em francês) é o título de uma série<br />

de histórias em quadradinhos, ou banda desenhada, criada pelo autor belga Georges<br />

Prosper Remi, mais conhecido como Hergé. Localizadas num mundo meticulosamente<br />

examinado que muito tem em comum com o nosso, “As Aventuras de Tintim”<br />

apresentam vários personagens em cenários distintos. As séries foram as favoritas dos<br />

leitores e também dos críticos por mais de 70 anos.<br />

O herói das séries é o personagem epónimo Tintim, um jovem repórter e viajante belga. Ele<br />

é auxiliado nas suas aventuras desde o começo por seu fi el cão Milu (Milou, em francês).<br />

Os dois apareceram pela primeira vez em 10 de Janeiro de 1929, no “Le Petit Vingtième”, um<br />

suplemento do jornal “Le Vingtième Siècle” destinado aos jovens. Mais tarde, o elenco foi<br />

expandido com a adição do Capitão Haddock e outros personagens pitorescos.<br />

Esta série de sucesso foi publicada em semanários e, no fi m de cada história, os<br />

quadradinhos eram reunidos em livros (23 no total, em 2008). Tintim passou a uma<br />

revista própria de grande tiragem (“Le Journal de Tintin”) e foi adaptado para versões<br />

animadas, para o teatro e para o cinema. As séries são uma das histórias em europeias<br />

de banda desenhada mais populares do século XX, traduzidas para mais de 50 línguas<br />

e tendo mais de 200 milhões de cópias vendidas.<br />

As séries de banda desenhada são há muito admiradas pelos desenhos claros e<br />

expressivos, com o estilo ligne claire, típico de Hergé. O autor emprega enredos bem<br />

elaborados de géneros variados: aventuras Swashbuckler com elementos de fantasia;<br />

mistério; espionagem; e fi cção científi ca. As histórias nas séries de Tintim caracterizamse<br />

tradicionalmente pelo humor, o que se prolonga depois em álbuns posteriores com<br />

a sofi sticada sátira e comentários político-culturais.<br />

Tintim é apresentado como um repórter: Hergé usa tal artifício para exibir o personagem<br />

numa série de aventuras ambientadas em períodos contemporâneos àquele em que<br />

ele estava trabalhando (mais precisamente, a revolução bolchevique na Rússia, a<br />

Segunda Guerra Mundial ou a chegada do homem à Lua). Hergé criou também um<br />

mundo de Tintim, que conseguiu reduzir a um simples detalhe, mas reconhecível e<br />

com representação realista, um efeito que Hergé foi capaz de alcançar com referência<br />

a um bem mantido arquivo de imagens.<br />

Apesar de as “Aventuras de Tintim” serem padronizadas - apresentando um mistério,<br />

que é, então, logicamente resolvido - Hergé encheu-as com o seu próprio senso de<br />

humor, e criou personagens de apoio que, embora sejam previsíveis, apresentaram-se<br />

com um certo encanto que permitiu ao leitor criar uma enorme empatia com eles.<br />

Esta fórmula de uma confortável e bem–humorada previsibilidade é semelhante a


da apresentação do elenco de “Peanuts” ou em “Three Stooges”. Hergé também teve<br />

um grande entendimento da mecânica da banda desenhada, especialmente de seu<br />

andamento, uma habilidade demonstrada em “As Jóias de Castafi ore”, um trabalho<br />

que pretende ser envolvido com a tensão de que nada realmente acontece.<br />

Hergé inicialmente improvisou na criação das aventuras de Tintim, excepto como<br />

Tintim iria escapar de qualquer situação que aparecia. Somente após a conclusão<br />

de “Os Charutos do Faraó”, Hergé foi incentivado a reformular e a planifi car as suas<br />

histórias. O impulso veio de Zhang Chongren, um estudante chinês que, sabendo<br />

que Hergé iria mandar Tintim à China na sua próxima aventura, o instou a evitar que<br />

perpetuassem a visão que europeus tinham da China no momento. Hergé e Zhang<br />

trabalharam juntos na série seguinte, “O Lótus Azul”, que foi citado pelos críticos como<br />

a primeira obra-prima de Hergé.<br />

Outras alterações à mecânica de Hergè criar as suas histórias deram-se a partir de<br />

infl uências por parte de acontecimentos externos. A Segunda Guerra Mundial e a<br />

invasão da Bélgica pelos exércitos de Hitler determinaram o encerramento do jornal no<br />

qual Tintim era republicado. Os trabalhos foram interrompidos em “Tintim no País do<br />

Ouro Negro”, e os já publicados “Tintim na América” e “A Ilha Negra” foram proibidas pela<br />

censura nazi, que não concordou com sua apresentação da América e da Grã-Bretanha.<br />

No entanto, Hergé foi capaz de continuar com “As Aventuras Tintim”, publicando quatro<br />

livros e relançando mais duas aventuras no “Le Soir2, jornal licenciado pelos alemães.<br />

Durante e após a ocupação alemã, Hergé foi acusado de ser um colaboracionista, por<br />

causa do controle nazi do jornal, sendo detido brevemente após a guerra. Alegou que<br />

estava simplesmente realizando um trabalho sob a ocupação, como um canalizador ou<br />

carpinteiro. Sua obra desse período, ao contrário do seu trabalho anterior e posterior, é<br />

politicamente neutra e resultou nas aventuras histórias clássicas, como “O Segredo do<br />

Licorne” e “O Tesouro de Rackham o Terrível”, mas a apocalíptica “A Estrela Misteriosa”<br />

refl ecte o sentimento de Hergé durante esse período político incerto.<br />

279 | 80 Anos de Tintim


280 | 80 Anos de Tintim<br />

A escassez de papel no pós-guerra exigiu mudanças no formato dos livros. Hergé<br />

geralmente desenvolvia suas histórias de forma que o tamanho fosse adequado à<br />

história, mas agora com o papel de dimensão reduzida, os editores Casterman pediram<br />

a Hergé para ele considerar a utilização de menores dimensões e adoptar um tamanho<br />

estipulado de 62 páginas. Hergé continuou e aumentou sua equipe (os dez primeiros<br />

livros foram feitos por ele e sua esposa), surgindo assim os Studios Hergé.<br />

A adopção da cor permitiu que Hergé expandisse o alcance das suas obras. Sua<br />

utilização da cor era mais avançada do que a dos quadradinhos norte-americanos da<br />

época, com valores que permitiam uma melhor combinação das quatro impressões<br />

tons e, consequentemente uma abordagem cinematográfi ca em relação à iluminação<br />

e sombreamento. Hergé e seu estúdio permitiriam que as imagens enchessem meia<br />

página ou, mais simplesmente, mostrassem detalhadamente e acentuassem a cena,<br />

usando cores para realçar pontos importantes. Hergé cita este facto, declarando que<br />

“Considero as minhas histórias como se fossem fi lmes. Sem narração, sem descrições, a<br />

ênfase é dada às imagens.” A vida pessoal de Hergé também afectou a série, com “Tintim<br />

no Tibete” a ser fortemente infl uenciada pelo seu colapso nervoso. Os seus pesadelos,<br />

descritos por ele como sendo “todos em branco”, refl ectem-se em paisagens cheias de<br />

neve. O enredo tem Tintim patinando em busca de Tchang Chong-Chen, previamente<br />

encontrado em “O Lótus Azul”, e a peça não tem vilões e uma pequena lição de moral,<br />

com Hergé a recusar-se a referir o Homem das Neves do Himalaia como “abominável”.<br />

A conclusão das aventuras de Tintim fi cou incompleta. Hergé morreu em 3 de Março<br />

de 1983 e deixou a 24ª aventura, “Tintim e a Alph-Art”, inacabada. O enredo viu Tintim<br />

embrenhar-se no mundo da arte moderna, e a história é interrompida no momento<br />

em que Tintim está aparentemente prestes a ser assassinado para ser transformado<br />

em uma estátua de acrílico a ser vendida.


_Personagens<br />

Tintim é um jovem repórter que se envolve em casos perigosos e realiza acções<br />

heróicas para salvar o dia. Quase todas as aventuras retratam Tintim trabalhando,<br />

empenhado nas suas investigações jornalísticas. Ele é um jovem de atitudes mais ou<br />

menos neutras e é menos pitoresco que o elenco secundário.<br />

Milu é um cão “terrier” branco, o companheiro insearável de Tintim. Eles salvam-se<br />

regularmente um ao outro de situações perigosas. Milu frequentemente “fala” com o<br />

leitor por meio de seus pensamentos (muitas vezes mostrando um humor um tanto<br />

seco), que supostamente não são ouvidos pelos personagens da história.<br />

Como o Capitão Haddock, Milu tem gosto pelo uísque Loch Lomond, e suas ocasionais<br />

“bebedeiras” tendem a colocá-lo em problemas, assim como sua intensa aracnofobia.<br />

O nome francês “Milou” foi largamente atribuído como uma referência indirecta a<br />

uma namorada da juventude de Hergé, Marie-Louise Van Cutsem, que tinha o apelido<br />

de “Milou”.<br />

Existe outra explicação para as origens dos dois personagens. Explicam que Robert<br />

Sexé, um fotógrafo-repórter, cujas proezas eram recordadas na imprensa belga entre a<br />

metade e o fi nal da década de 1920, foi uma inspiração para o personagem Tintim. Sexé<br />

tinha uma aparência similar à de Tintim, e a Fundação Hergé na Bélgica admitiu que<br />

não é difícil imaginar como Hergé poderia ter sido infl uenciado pelas proezas de Sexé.<br />

Naquele tempo, Sexé viajara pelo mundo numa motocicleta feita por Gillet de Herstal.<br />

René Milhoux era um campeão do Grand-Prix e detinha o recorde de motocicleta da<br />

época, e, em 1928, enquanto Sexé estava em Herstal falando com Leon Gillet sobre<br />

seus projectos futuros, o Sr. Gillet colocou-o em contrato com seu novo campeão,<br />

Milhoux, que acabara de deixar as motocicletas prontas para Gillet de Herstal. Os dois<br />

rapidamente iniciaram uma amizade, e passavam horas falando sobre motocicletas e<br />

viagens; Sexé explica suas difi culdades e Milhoux oferece o seu conhecimento sobre<br />

mecânica e motocicletas pequenas trabalhando acima de seus limites. Graças a essa<br />

união de conhecimento e experiência, Sexé partiria em numerosas viagens por todo<br />

o mundo, escrevendo incontáveis relatos jornalísticos. O secretário geral da Fundação<br />

Hergé na Bélgica admitiu que não é difícil imaginar como o jovem George Rémi, mais<br />

conhecido como Hergé, poderia ter sido inspirado pelas proezas publicadas desses<br />

dois amigos,<br />

Capitão Archibald Haddock, um capitão navegador de origem discutível (pode ser<br />

de origem inglesa, francesa ou belga), é o melhor amigo de Tintim, e apareceu pela<br />

primeira vez em “O Caranguejo das Tenazes de Ouro”. Haddock foi inicialmente descrito<br />

como um personagem fraco e alcoólatra, tendo-se tornado mais tarde mais respeitável.<br />

Evoluiu para se tornar genuinamente heróico e até mesmo da alta sociedade, depois<br />

de encontrar um tesouro de seu ancestral Sir Francis Haddock (François de Hadoque<br />

em francês), no episódio “O Tesouro de Rackham, o Terrível”. A natureza rude do capitão<br />

e seu sarcasmo representam uma contradição ao frequente e improvável heroísmo<br />

de Tintim; ele sempre rompe com um comentário seco ou satírico quando o repórter<br />

parece demasiado idealista. O Capitão Haddock vive em sua luxuosa mansão chamada<br />

Moulinsart. Haddock usa uma série de pitorescos insultos e maldições para expressar<br />

os seus sentimentos: “com mil milhões de mil macacos”, “com mil raios e trovões”,<br />

281 | 80 Anos de Tintim


282 | 80 Anos de Tintim<br />

“trogloditas”, “cleptomaníaco”, “anacoluto”, “iconoclasta”, mas nada que seja realmente<br />

considerado uma grosseria. Haddock é um beberrão, particularmente chegado ao<br />

uísque Loch Lomond, e sua embriaguez é frequentemente usada para propósitos<br />

cómicos. Hergé afi rmou que o sobrenome de Haddock deriva de um “peixe inglês triste<br />

que bebe muito”. Haddock permaneceu sem um nome próprio até a última história<br />

completa, “Tintim e os Tímpanos” (1976), quando o nome Archibald foi sugerido.<br />

Personagens secundários<br />

As personagens secundárias de Hergé já foram mencionadas como muito mais<br />

desenvolvidas que os principais, cada um imbuído de força de temperamento e<br />

personalidade que se comparam às personagens de Charles Dickens. Hergé usava os<br />

personagens secundários para criar um mundo realista onde colocar os protagonistas<br />

das aventuras. Para mais realismo e continuidade, as personagens voltariam às<br />

séries. Foi conjecturado que a ocupação da Bélgica e as restrições impostas a Hergé<br />

forçaram-no a focar-se na caracterização para evitar o surgimento de situações<br />

políticas incómodas. A maior parte das personagens secundárias foi desenvolvida<br />

nesse período.<br />

Dupond e Dupont<br />

São dois detectives desajeitados que, mesmo não tendo nenhum parentesco, parecem<br />

ser gémeos, tendo uma única diferença física: a forma de seus bigodes. Eles contribuem<br />

em muito para o humor da série, devido às suas antístrofes e incompetência. Os<br />

detectives foram, em parte, baseados no pai e no tio de Hergé, gémeos idênticos.<br />

Trifólio Girassol<br />

O Professor Trifólio Girassol é um cientista quase surdo, que entende e age diante<br />

de tudo de maneira equivocada como resultado de sua defi ciência auditiva. É um<br />

personagem menor mas que aparece regularmente nas aventuras de Tintim. Estreouse<br />

em “O Tesouro de Rackham o Terrível”, sendo baseado, parcialmente, em Auguste<br />

Piccard.<br />

Bianca Castafi ore<br />

Bianca Castafi ore é uma cantora de ópera, que o capitão Haddock despreza. Contudo,<br />

ela aparece de súbito constantemente onde quer que eles estivessem, junto com a sua<br />

criada Irma e o pianista Igor Wagner. Seu nome signifi ca “fl or branca e pura”, algo que<br />

o Professor Girassol entende quando oferece uma rosa branca à cantora pela qual é<br />

secretamente apaixonado em “As Jóias de Castafi ore”. Inspirada nas grandes cantoras<br />

de ópera em geral (de acordo com a percepção de Hergé), tanto na tia de Hergé, Ninie,<br />

como na célebre Maria Callas.<br />

Outros personagens secundários: o General Alcazar, um ditador sul-americano;<br />

Mohammed Ben Kalish Ezab, um emir, e seu fi lho Abdallah; Serafi m Lampião, um<br />

vendedor de seguros; Tchang Chong-Chen, um menino chinês; o Doutor J.W. Müller, um<br />

maléfi co médico alemão; Nestor, o mordomo; Roberto Rastapopoulos, o responsável<br />

pelos crimes; Oliveira da Figueira; o Coronel Sponsz; Piotr Szut; Allan Thompson; além<br />

do açougue Sanzot, que é um local recorrente na série.


_Hergé<br />

Georges Prosper Remi Remi nasceu em Etterbeek, Bruxelas, a 22 de Maio de 1907,<br />

festejaria hoje o centenário se fosse vivo. Assistiu-se, nos dias precedentes, a um<br />

inusitado interesse dos média pelo criador de Tintin e várias outras personagens -<br />

entrevistas na televisão e na rádio, e artigos nos jornais. Curiosamente, nota-se nos<br />

entrevistadores (que, regra quase geral, conhecem muito pouco do autor e da obra)<br />

uma insistência obsessiva pelo facto de Hergé ter sido acusado de colaboracionismo<br />

com os nazis que invadiram a Bélgica.<br />

Ora esta ideia que, a certa altura, começou a espalhar-se, é injusta, com raízes geradas<br />

pela posição conservadora inicial, detectável nos primeiros episódios de Tintin. Com<br />

efeito, Remi começou a trabalhar no diário “XXe Siècle”, um jornal católico de direita,<br />

portanto conservador, onde, no suplemento semanal “Le Petit Vingtième”, destinado<br />

à juventude, apareceu pela primeira vez Tintin, a sua personagem mais carismática,<br />

no episódio “Les Aventures de Tintin, Reporter du Petit Vingtième, au Pays des Soviets”,<br />

publicação iniciada em Janeiro de 1929, e onde se refl ectiam os pontos de vista do<br />

patrão, o abade Wallez, que lhe passou para as mãos um livro ostensivamente sectário,<br />

onde, por exemplo, uma cena de votação na Rússia era decidida sob ameaça de<br />

pistola.<br />

O director do jornal, e do “Le Petit Vingtième”, depois da aventura que lhe encomendara<br />

com cenário na Rússia bolchevista, decidiu que Tintin iria viajar até ao Congo (“Tintin<br />

au Congo”), então uma colónia belga. E as cenas racistas e xenófobas sucedem-se,<br />

bem ao espírito da época (e será que esse espírito já se alterou?), com os nativos a<br />

falarem “à preto” - passe a expressão, inequivocamente racista, ao tempo muito usada,<br />

e que servia para fazer humor, tanto na BD como nos fi lmes ou nas anedotas... Claro<br />

que estes dois primeiros episódios nunca foram esquecidos, nem pelos detractores de<br />

Hergé, nem pelo próprio autor.<br />

Como ele disse a Numa Sadoul, em 1983, no livro “Entretiens avec Hergé”:<br />

“Para o “Le Congo”, tal como para o “Tintin au Pays des Soviets”, eu estava infl uenciado<br />

pelos preconceitos do meio burguês a que pertencia... Estava-se em 1930. Eu apenas<br />

conhecia daquele país aquilo que as pessoas diziam na época: «Os negros são crianças<br />

grandes... Felizmente para eles que nós [belgas] estamos lá! etc.». E eu desenhei os<br />

africanos segundo esses critérios, no puro espírito paternalista que era o da época, na<br />

Bélgica.”<br />

Estas palavras demonstram que Hergé já está longe daquela fase, e olha para ela com<br />

olhar crítico e distanciado.<br />

Mas até muitos anos antes, em “Le Sceptre d’Ottokar” - iniciado no “Le Petit Vingtième”<br />

em 4 de Agosto de 1938, terminado a 10 de Agosto do ano seguinte, um tempo<br />

conturbado pela inicialmente previsível e posterior defl agração do confl ito mundial -,<br />

ele criara uma personagem sinistra que baptizara por Musstler, cruzamento óbvio dos<br />

nomes dos ditadores Mussolini e Hitler, já nessa altura não restariam dúvidas de que a<br />

posição política de Hergé se modifi cara no sentido progressista.<br />

Por conseguinte, pode classifi car-se de abusivo o carimbo-chavão que alguns<br />

apressados e radicais comentadores portugueses lhe continuam a aplicar, muito<br />

infl uenciados pelo facto de ele ter sido preso em 1944 (embora libertado logo no dia<br />

seguinte), acusado de colaboracionismo. Isto porque, durante a ocupação da Bélgica<br />

pelos nazis, Remi tinha continuado a trabalhar na publicação das aventuras de Tintin<br />

no jornal “Le Soir”. Por exemplo, estava a ser reproduzido o episódio “Les Septes Boules<br />

283 | 80 Anos de Tintim


284 | 80 Anos de Tintim<br />

de Cristal” quando, em 3 de Setembro de 1944, a publicação foi interrompida pela<br />

libertação de Bruxelas. E logo no dia 8, o “Haute Commandemement Allié” deu ordens<br />

para que todos os jornalistas que tivessem trabalhado na redacção dos jornais durante<br />

a ocupação, fossem interditados de exercer a profi ssão.<br />

O que quer dizer que, tal como Hergé, toda a gente que escrevia (ou desenhava)<br />

nos jornais para se sustentar estava nas mesmas circunstâncias. Mas tal como os<br />

jornalistas, também médicos, professores, arquitectos, autores de banda desenhada,<br />

operários e agricultores, tinham continuado a labutar, para subsistirem. O que<br />

signifi caria, em última análise, que todos eles, todos os belgas, devido a esse facto,<br />

podem ser acusados de colaboracionistas...<br />

Geraldes Lino, in blogue “Divulgando Banda Desenhada” Hergé (1907/1989) -<br />

Centenário de Hergé - Maio 22, 2007<br />

_Tintim, a personagem<br />

A 10 de Janeiro de 1929 “nasceu” Tintim (aportuguesamento de Tintin, nome original),<br />

no episódio Les Aventures de Tintin, Reporter au pays des soviets.<br />

Perfazem-se hoje 80 anos, conta redonda propícia a considerar-se efeméride. E é devido<br />

a esse hoje tão badalado acontecimento nos média, que estou aqui a postar o presente<br />

texto (…).<br />

Convém acrescentar já (a paciência dos leitores na internet é escassa) que a 16 de<br />

Abril de 1936, tínhamos em <strong>Portugal</strong> a presença da iniciante personagem, na revista O<br />

Papagaio. E vem “a talhe de foice” (esta “frase feita”, ou “chavão” da língua portuguesa,<br />

parece ter sido criada de propósito para se encaixar no episódio) dizer que a publicação<br />

entre nós foi feita a cores, coisa inédita em toda a Europa.<br />

Vamos lá então por partes:<br />

1) Les Aventures de Tintin, Reporter au Pays des Soviets é, apenas assim, o título do<br />

primeiro episódio - impresso a preto e branco -protagonizado pelo jovem repórter.<br />

2) Em 1930 é editado o primeiro álbum, de capa colorida, mas igualmente com o<br />

episódio impresso a preto e branco, com o título (ligeiramente diferente do que tinha<br />

sido escrito por Hergé) Les Aventures de Tintin, reporter du “Petit Vingtième” au Pays<br />

des Soviets, sob chancela de Les Editions du Petit “Vingtième” , e assim se percebe<br />

a alteração feita ao título com que o episódio tinha sido originalmente publicado<br />

naquele suplemento editado pelo jornal Le XXe Siècle, editado em Bruxelas.<br />

Ainda mais um pormenor: como se pode ver, ao ampliar-se a imagem da capa, sob<br />

o nome da editora (criada, quiçá, de propósito para a edição do álbum...), aparece o<br />

respectivo endereço: 11, Boulevard Bischoffsheim, Bruxelles, local que suscitará romaria<br />

obrigatória aos tintinófi los ferrenhos e amantes desse tipo de folclore; até não<br />

estranharia que a associação Les Amis de Hergé já lá tivesse afi xado uma placa...<br />

3) Em 1973, a editora Casterman cria a colecção Archives Hergé, em cujo volume de<br />

estreia é feita a reedição deste episódio inicial das aventuras de Tintim.<br />

4) Em 1981, a mesma Casterman começa a editar uma colecção de álbuns em facsimile,<br />

igualmente iniciada pela aventura de estreia do “herói” localizada no país dos<br />

sovietes (embora dele pouco se visse, o que seria impensável anos mais tarde, quando<br />

o autor-artista se documentava exaustivamente, por fotografi as, acerca dos locais da<br />

acção das posteriores aventuras).<br />

5) Registe-se, por mera curiosidade, que este episódio foi o único que manteve sempre<br />

a impressão a preto e branco. Isto porque Hergé nunca o redesenhou, contrariamente


ao que fez com os outros vinte e dois completos (fi ca de fora o “Alph’Art”), a que além<br />

disso acrescentou cor aos que, inicialmente, também tinham sido impressos apenas<br />

a preto e branco.<br />

6) A 31 de Julho de 1982, a edição portuguesa da revista Tintin iniciava a publicação<br />

desse episódio no seu nº 12 (15º Ano), em versão fi el à original - obviamente a preto e<br />

branco. Todavia, não seria ainda dessa vez que os bedéfi los portugueses iriam conhecer<br />

a história na totalidade, visto que a citada revista deixaria de ser editada, em defi nitivo,<br />

no seu nº 21 - 15º Ano, a 2 de Outubro de 1982.<br />

Ficaram publicadas apenas 20 páginas, de um total de 138, tantas quantas tem a<br />

edição original.<br />

Hergé, o autor<br />

1) Hergé, como sabem todos os amantes da BD, é um pseudónimo baseado no som das<br />

letras iniciais do nome do autor belga Georges Remi, por ordem inversa (R, G).<br />

Também já há muitos bedéfi los que sabem da existência do intercalar apelido<br />

Prosper.<br />

Todavia, graças ao estudo editado em Abril de 1999, intitulado Tracé RG - Le Phenomène<br />

HERGÉ, da autoria de H. van Opstal, fi cou a saber-se o que o autor belga sempre tinha<br />

calado: o seu nome completo, Georges Prosper Remi Remi.<br />

Assim mesmo, com o apelido fi nal duplicado.<br />

2) Georges Remi fez os seus estudos secundários num colégio religioso. Enquanto<br />

adolescente, fez algumas histórias para a revista Le Boy-Scout belge. Foi aí que, em<br />

Dezembro de 1924, apareceu pela primeira vez o seu pseudónimo, o tal Hergé que para<br />

sempre passaria a usar.<br />

3) Georges Remi, aliás Hergé, nasceu a 22 de Maio de 1907 em Etterbeek, e faleceu a 3<br />

de Maio de 1983.<br />

Geraldes Lino, in blogue “Divulgando Banda Desenhada”<br />

285 | 80 Anos de Tintim


286 | 80 Anos de Tintim<br />

_Álbuns originais de Hergé<br />

Tintin au pays des Soviets (Tintim no País dos Sovietes) 1930<br />

Tintin au Congo (Tintim na África ou Tintim no Congo) 1931<br />

Tintin en Amérique (Tintim na América) 1932<br />

Les cigares du pharaon (Os Charutos do Faraó) 1934<br />

Le lotus bleu (O Lótus Azul) 1936<br />

L’oreille cassée (O Ídolo Roubado ou A Orelha Quebrada) 1937<br />

L’île noire (A Ilha Negra) 1938<br />

Le sceptre d’Ottokar (O Ceptro de Ottokar ou O Cetro de Ottokar) 1939<br />

Le crabe aux pinces d’or (O Caranguejo das Tenazes de Ouro ou O Caranguejo das<br />

Pinças de Ouro) 1941<br />

L’étoile mysterieuse (A Estrela Misteriosa) 1942<br />

Le secret de la Licorne (O Segredo do Licorne ou O Segredo do Unicórnio) 1943<br />

Le trésor de Rackham le Rouge (O Tesouro de Rackham o Terrível ou O Tesouro de<br />

Rackham o Vermelho) 1944<br />

Les sept boules de cristal (As Sete Bolas de Cristal) 1948<br />

Le temple du soleil (O Templo do Sol) 1949<br />

Tintin au pays de l’or noir (Tintim no País do Ouro Negro) 1950<br />

Objectif Lune (Rumo à Lua ou Objectivo Lua) 1953<br />

On a marché sur la Lune (Explorando a Lua ou Pisando a Lua) 1954<br />

L’affaire Tournesol (O Caso Girassol) 1956<br />

Coke en stock (Perdidos no Mar ou Carvão no Porão) 1958<br />

Tintin au Tibet (Tintim no Tibete) 1960<br />

Les bijoux de la Castafi ore (As Jóias de Castafi ore) 1963<br />

Vol 714 pour Sydney (Vôo 714 para Sydney) 1968<br />

Tintin et les picaros (Tintim e os Tímpanos ou Tintim e os Pícaros) 1976<br />

Tintin et l’Alph-Art (Tintim e a Alph-Art) 1986, reeditado em 2004 (incompleto)<br />

_Projetos inacabados e nunca editados<br />

“La Piste Indienne” (1958) - Projeto inacabado no qual Hergé desejava tratar da<br />

problemática dos ameríndios com mais seriedade do que em “Tintim na América”.<br />

“Nestor et la Justice” (1958) - Projeto de aventura na qual Nestor é acusado de morte.<br />

“Les Pilules” (1960) - Com pouca inspiração, Hergé pede para Greg lhe escrever um<br />

roteiro. Este foi abandonado, pois Hergé decidira ter a liberdade de criar sozinho suas<br />

histórias.<br />

“Tintin et le Thermozéro” (1960) - Continuação, novamente com Greg, do projeto<br />

“Pilules”, retomando a trama deste último. Igualmente abandonado pelas mesmas<br />

razões. Um pouco menos de dez pranchas esboçadas foram desenhadas.<br />

“Un Jour d’Hiver, dans un Aéroport” (1976 - 1980 - data desconhecida) - Projeto de<br />

aventura que se desenrolaria unicamente em um aeroporto, frequentado por vários<br />

personagens pitorescos. Abandonado em proveito de “Tintim e a Alph-Art”.<br />

_Tintim no cinema<br />

Foram realizados cinco fi lmes baseados em “As Aventuras de Tintim”. O primeiro, “Le<br />

Crabe aux Pinces d’Or” de 1947, teve roteiro escrito pelo próprio Hergé baseado no álbum<br />

“O Carangueijo das Tenazes de Ouro”. É um fi lme de animação com marionetas, e foi<br />

dirigido por Claude Misonne. Durante certo tempo a versão em francês foi considerada


perdida, restando apenas a versão dobrada em inglês. Porém, actualmente, no site ofi cial,<br />

os membros pagantes do clube de Tintim têm acesso a uma cópia do fi lme em francês.<br />

O segundo fi lme, “Tintin et le Mystère de la Toison d’Or” (Tintim e o Mistério do Tosão<br />

de Ouro), de 1961, com cenários e actores reais, foi dirigido por Jean-Jacques Vierne. É<br />

considerado pelos fãs como um dos melhores fi lmes com o personagem.<br />

O terceiro, “Tintin et les Oranges Bleues” (Tintim e as Laranjas Azuis), de 1964, também<br />

contou com actores reais, e foi dirigido por Philippe Condroyer. Não teve o mesmo<br />

sucesso que o fi lme que o antecedeu.<br />

O quarto, “Tintin et le Temple du Soleil” (Tintim e o Templo do Sol), de 1971, é um fi lme<br />

de animação dirigido por Eddie Lateste e com argumento baseado em “Les Sept Boules<br />

de Cristal” e “Le Temple du Soleil”.<br />

O quinto e último fi lme, “Tintin et le Lac aux Requins” (Tintim e o Lago dos Tubarões), de<br />

1972, também um fi lme de animação, foi dirigido por Raymond Leblanc, e o argumento<br />

não se baseou em nenhuma história original de Hergé.<br />

_Filmes previstos: Trilogia Tintim<br />

Steven Spielberg comprou uma opção sobre os direitos autorais de Tintim pouco antes<br />

da morte de Hergé, em 1983. Entretanto, naquele momento era incerta uma adaptação<br />

de Tintim para o cinema, já que Hergé recusara a assinar qualquer contrato. Finalmente,<br />

em Novembro de 2002, a Dreamworks comprou os direitos cinematográfi cos de<br />

toda a série. Em 15 de Maio de 2007, Steven Spielberg e Peter Jackson ofi cializaram<br />

a realização de uma trilogia adaptada das histórias, a ser realizada em computação<br />

gráfi ca e “motion capture”. O director do terceiro fi lme ainda não foi anunciado. De<br />

acordo com a revista “Variety”, a equipe de Jackson já produziu um fi lme piloto de vinte<br />

minutos como demonstração. Para Spielberg e Jackson, um fi lme com actores reais<br />

não faria jus às histórias em banda desenhada de Tintim.<br />

287 | 80 Anos de Tintim


288 | 80 Anos de Tintim<br />

_Televisão<br />

Após uma primeira tentativa em semi-animação não colorida, feita por Jeah Nohain, surgiram:<br />

“Les Aventures de Tintin, d’après Hergé“, de 1961, série da Belvision dirigida por Ray Goossens;<br />

“As Aventuras de Tintim”, de 1991, série da Nelvana dirigida por Stéphane Bernasconi.<br />

_Série de 1991 para televisão<br />

“Objectivo Lua” (Objectif Lune) (1991) 45’ ;<br />

“Pisando a Lua” (On a Marche sur la Lune) (1991) 45’<br />

“A Ilha Negra” (L’Ile Noire) (1990) 45’<br />

“O Ceptro de Ottokar” (Sceptre d’ Ottokar) (1990) 45’<br />

“As Jóias de Castafi ore” (Les Bijoux de la Castafi ore) (1991) 45’<br />

“A Estrela Misteriosa” (L’Etoile Mysterieuse) (1990) 25’<br />

“O Segredo do Licorne” (Le Secret de la Licorne) (1991)<br />

“O Tesouro de Rackham, o Terrível” (Le Tresor de Rackham le Rouge) (1990) 25’<br />

“Os Charutos do Faraó” (Cigare du Pharaon) (1990) 45’<br />

“O Lotus Azul” (Le Lotus Bleu) (1991) 45’<br />

“O Voo 714 para Sidney” (Vol 714 pour Sydney) (1991) 45’<br />

“Tintim na América” (Tintin en Amerique) (1990) 25’<br />

“Carvão no Porão” (Coke en stock) (1991) 45’<br />

“Tintim no Tibete” (Tintin au Tibet) (1991) 45’<br />

“O Ídolo Roubado” (L’Oreille Cassée) (1990) 45’<br />

“O Caranguejo das Tenazes de Ouro” (Crabe aux Pinces d’Or) (1990) 45’<br />

“O Caso Girassol” (L’Affoir Tournesol) (1991) 45’<br />

“Tintim no País do Ouro Negro” (Tintin au Pays de L’Or Noir) (1991) 45’<br />

“As 7 Bolas de Cristal” (Les 7 Boules de Cristal) (1990) 45’<br />

“O Templo do Sol” (Le Temple du Soleil) (1991) 45’<br />

“Tintim e os Pícaros” (Tintin et les picaros) 45’<br />

_Teatro<br />

“Tintin aux Indes”, ou “Le Mystère du Diamant Bleu”, de 1941, peça escrita por Hergé e<br />

Jacques Van Melkebeke, não adaptada de nenhum álbum em particular. Existe ainda a<br />

comédia musical, “Kuifje - De Zonnetempel”, de 2001, com música de Dirk Brossé.<br />

Esta recolha de informações baseou-se na Wikipédia, versão brasileira, e no blogue de<br />

Geraldes Lino.


FAMAFEST<br />

2009<br />

CINEMA PORTUGUÊS


290 | Cinema Português<br />

_AMÁLIA<br />

“Amália”, de Carlos Coelho da Silva, coloca velhas questões. O cinema é arte e indústria,<br />

sempre. Tal como a literatura, a música, a pintura, o teatro, todas as formas de manifestação<br />

artística, comporta uma base industrial óbvia. Apenas nalguns casos, o factor artístico<br />

ultrapassa o lado industrial e comercial da questão. No caso de “Amália” esta dicotomia<br />

é gritante. Industrialmente este fi lme é um sucesso. Anunciado o projecto, programadas<br />

as fi lmagens, montado e sonorizado em tempo record, assume a estreia em 66 salas<br />

em <strong>Portugal</strong> no dia programado, tem prevista venda para diversos países. A produção é<br />

boa, a reconstituição formal dos espaços e do tempo em que decorreu a vida de Amália<br />

é cuidada, procura-se não haver anacronismos, o guarda-roupa respeita as épocas e as<br />

classes sociais, os adereços funcionam, os cenários estão certos. Parece que o orçamento<br />

foi o maior de sempre no cinema português. Dinheiro que procura multiplicar-se em<br />

vendas. Tudo certo segundo as regras do mercado. Nada a apontar.<br />

Artisticamente o caso muda diametralmente de fi gura. “Amália” é, na minha opinião,<br />

um completo fracasso. Não há quase nada a sublinhar nesta obra sem respiração,<br />

sem fôlego, sem nervo, sem vibração. Dir-se-ia uma viagem por um (medíocre) museu<br />

de máscaras de cera (o que chega a ser afl itivo, nas sequências de Amália em Nova<br />

Iorque). Mas se falamos em máscaras de cera não é só pela perturbante caracterização<br />

de algumas fi guras (particularmente Amália), mas sobretudo porque o que vemos<br />

são manequins vestidos à época, sem qualquer densidade humana, sem nenhuma<br />

verdade. São títeres que evoluem, debitando um diálogo, movimentando-se, mas sem<br />

um sopro de existência plena. Uma vez ou outra o talento de alguns actores oferece um<br />

lampejo. Sandra Barata, na personagem de Amália na idade adulta, consegue defender<br />

bem a personagem (esqueça-se a Amália em Nova Iorque, de fugir! Não por culpa da<br />

actriz, diga-se). Carla Chambel não destoa em Celeste Rodrigues. Ricardo Carriço é<br />

um aceitável César Seabra. António Pedro Cerdeira é um bom Ricardo Espírito Santo.<br />

António Montez mostra que um actor é logo outra coisa. Maria João Abreu, Lourdes<br />

Norberto, Ana Padrão, Pedro Pinheiro não se pode dizer que vão mal, como alguns mais.<br />

Apenas lhes falta personagens.<br />

Comecemos pelo argumento, assinado por Pedro Marta Santos e João Tordo. O que de<br />

melhor surge parece inspirado no musical “Amália”, de Filipe La Féria. Se os diálogos são<br />

fl uentes e se ouvem bem, a estrutura da narrativa é de tal forma artifi cial e descosida<br />

que chega a irritar. A realização nada faz para a tornar plausível. Frenética, sincopada,<br />

não dando tréguas ao espectador, numa montagem com um ritmo vertiginoso<br />

transforma o fi lme em duas horas e meia de Le Mans. Nada é olhado com respeito,<br />

com atenção, com delicadeza. O resultado é uma estrutura de telenovela mexicana<br />

de terceira categoria, fi lmada com um olhar de abutre que não se cansa de espiar as<br />

personagens e os acontecimentos em picados de mau agoiro. Imensos planos são<br />

fi lmados de cima para baixo, sem qualquer tipo de intencionalidade. Faz-se assim,<br />

porque faz efeito, mostram que têm gruas e as utilizam. Os actores são os principais<br />

prejudicados com esta estética de maratona: não conseguem impor uma presença,<br />

não têm tempo para respirar, mal esboçam um gesto ou um olhar, corta e estamos já<br />

no plano seguinte.<br />

De resto, este não é um fi lme que procure aprofundar nada. Apenas rentabilizar o<br />

nome de “Amália”. Vender bilhetes e cópias. Suporta-se porque há na banda sonora<br />

uns tantos fados cantados por Amália Rodrigues e vistos em “playback”. Mas o mito<br />

maior da música portuguesa merecia melhor sorte.


_AMÁLIA<br />

Título original: Amália<br />

Realização: Carlos Coelho da Silva (<strong>Portugal</strong>, 2008); Argumento: Pedro Marta Santos, João Tordo; Produção: Manuel<br />

S. Fonseca, Ana Torres; Música (original): Nuno Malo (The Budapest Symphony Orchestra); Fotografi a (cor): Carlos<br />

Santana; Direcção artística: Augusto Mayer; Maquilhagem: Aracelli Fuente; Direcção de produção : Gerardo Fernandes;<br />

Assistentes de realização: César Fernandes, Guilherme Pinto; Guarda-roupa: Silvia Meireles; Companhia produtora: VC<br />

Filmes; Intérpretes: Sandra Barata (Amália), Carla Chambel (Celeste Rodrigues), Ricardo Carriço (César Seabra), José<br />

Fidalgo (Francisco da Cruz), António Pedro Cerdeira (Ricardo Espírito Santo), Ricardo Pereira (Eduardo Ricciardi), António<br />

Montez (Avô António), Maria João Abreu (Ercília Costa), Tina Barbosa, Adriano Carvalho (Sebastião Lima), Ana Marta<br />

Contente (Amália, jovem), Maria Emília Correia (Casimira), Beatriz Costa (Aninhas), Matilde Coelho da Silva (Detinha - 13<br />

anos), Carla de Sá (Natália Correia), João Didelet (Ary dos Santos), Licinio França (Barman), Sofi a Grilo (Mulher de Ricardo<br />

Espírito Santo), Philippe Leroux (Bruno Coquatrix), Eurico Lopes (Pai de Amália), Natália Luísa (Leonor), André Maia<br />

(Alain Oulman), Luís Mascarenhas (Martins), Susana Mendes (Filipina), Mariana Monteiro (Yoshabel), Miguel Monteiro<br />

(Jornalista RTP), Lourdes Norberto (Mãe de Ricciardi), Ana Padrão (Mãe de Amália), Carlos Pimenta (Rei Humberto), Pedro<br />

Pinheiro (Sr. Alfredo), Mário Redondo (Rui Valentim de Carvalho), Carla Salgueiro (Viscondessa Asseca), Janita Salomé<br />

(Alberto Janes), Carlos Sebastião (Médico), Leonor Seixas (Detinha), Jorge Sequerra (Agostinho Barbieri), Amélia Videira<br />

(Avó Amália), Carlos Vieira (Frederico Valério), etc. Duração: 127 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Valentim de Carvalho<br />

- VC Multimedia; Classifi cação etária: M/12 anos; Data de estreia: 4 de Dezembro de 2008 (<strong>Portugal</strong>)<br />

291 | Cinema Português


FAMAFEST<br />

2009<br />

SÓ ANIMAÇÃO


294 | só Animação<br />

_BOLT<br />

Para o super-cão Bolt, todos os dias são de aventura, perigo e intriga – pelo menos<br />

até as câmaras do seu programa de televisão se desligarem. Quando a estrela canina<br />

do programa de TV de maior sucesso é acidentalmente enviada, do seu palco em<br />

Hollywood, para a cidade de Nova York, Bolt inicia a sua maior aventura de sempre<br />

– uma viagem pelo país real até reencontrar a sua dona e co-protagonista, Penny.<br />

Armado apenas com a ilusão de que os seus feitos e poderes são reais, e com a ajuda<br />

dos dois mais improváveis companheiros de viagem – um aborrecido e abandonado<br />

gato doméstico chamado Mittens, e um hamster - numa bola de plástico - obcecado<br />

por TV chamado Rhino – Bolt descobre que ele não precisa de super-poderes para ser<br />

um herói. (notas de produção).<br />

_BOLT<br />

Título original: Bolt<br />

Realização: Byron Howard, Chris Williams (EUA, 2008); Argumento: Dan Fogelman, Chris Williams; Produção: John<br />

Lasseter, Lisa M. Poole, Clark Spencer, Makul Wigert; Música: John Powell; Montagem: Tim Mertens; Casting: Curtis<br />

A. Koller; Direcção artística: Paul A. Félix; Decoração: Thomas Baker; Direcção de produção: Jason Hintz-Llopis, Tom<br />

Meredith, Troy Nethercott; Departamento de arte: Laurent Ben-Mimoun, Jim Martin, Bill Perkins, Gil Zimmerman; Som:<br />

Frank E. Eulner, Randy Thom; Efeitos visuais: Brett Boggs, Kevin Lee, Dale Mayeda, John Murrah; Animação: Doug Bennett,<br />

Nathan Greno, Sang-Jin Kim, John Yoon; Companhias de produção: Walt Disney Animation Studios, Walt Disney Pictures;<br />

Intérpretes (vozes): John Travolta (Bolt), Miley Cyrus (Penny), Susie Essman (Mittens), Mark Walton (Rhino), Malcolm<br />

McDowell (Dr. Calico), James Lipton, Greg Germann, Diedrich Bader, Nick Swardson, J.P. Manoux, Dan Fogelman, Kari<br />

Wahlgren, Chloe Moretz, Randy Savage, Ronn Moss, Grey DeLisle, Sean Donnellan, etc. Duração: 103 minutos; Distribuição<br />

em <strong>Portugal</strong>: Zon-Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 6 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 11 de Dezembro de 2008.


_A LENDA DE DESPEREAUX<br />

Era uma vez... no reino distante de Dor - havia magia no ar, riso com fartura e litros<br />

e litros de sopa de fazer crescer água na boca. Mas um acidente partiu o coração do<br />

Rei, deixou a Princesa cheia de saudades e as pessoas da cidade sem a sua sopa. A luz<br />

do sol desapareceu. O mundo fi cou cinzento. Toda a esperança se desvaneceu nesta<br />

terra... até Despereaux nascer. Um conto de fadas com heróis improváveis: Despereaux,<br />

um valente ratinho com umas grandes orelhas, que prefere ler livros a comê-los;<br />

Roscuro, uma ratazana infeliz exilada na escuridão; e Mig, uma criada com couves-fl or<br />

no lugar das orelhas. Quando a princesa Pea é raptada, Despereaux, que descobriu<br />

nos livros histórias de cavaleiros, dragões e donzelas, resolve salvá-la. Mesmo sendo<br />

tão pequenino, ele está determinado a provar que pode ter a coragem de um bravo<br />

cavaleiro. Porque a aparência nem sempre equivale ao que se é. (notas de produção).<br />

_A LENDA DE DESPEREAUX<br />

Título original: The Tale of Despereaux<br />

Realização: Sam Fell, Robert Stevenhagen (EUA, Inglaterra, 2008); Argumento: Will McRobb, Gary Ross, Chris Viscardi,<br />

segundo livro de Kate DiCamillo; Produção: Robin Bissell, Celia Boydell, Casey Crowe, Peiyu H. Foley, Ryan Kavanaugh, David<br />

Lipman, Jamal McLemore, Gary Ross, William Sargent, Tracy Shaw, Allison Thomas; Música: William Ross; Fotografi a (cor):<br />

Brad Blackbourn; Montagem: Mark Solomon; Casting: Debra Zane; Design de produção: Evgeni Tomov; Direcção artística:<br />

Olivier Adam; Direcção de produção: Lizi Bedford, Amanda Davison, Kacy Durbridge, Tripp Hudson, Danielle Legovich,<br />

Frederick Lissau, Cheryl Murphy; Departamento de arte: Olivier Adam; Som: Jon Title; Efeitos visuais: Paulina Kuszta,<br />

Soeren Bendt Pedersen; Animação: Melanie Byrne, Andres Puente, Tim Watts, Gabriele Zucchelli; Companhias de produção:<br />

Universal Pictures, Relativity Media, Larger Than Life Productions, Framestore Feature Animation, Universal Animation<br />

Studios; Intérpretes: Matthew Broderick (Despereaux), Dustin Hoffman (Roscuro), Emma Watson (Princesa Pea), Tracey<br />

Ullman (Miggery Sow), Kevin Kline (Andre), William H. Macy (Lester), Stanley Tucci (Boldo), Ciarán Hinds (Botticelli), Robbie<br />

Coltrane (Gregory), Tony Hale, Frances Conroy, Frank Langella, Richard Jenkins, Christopher Lloyd, Charles Shaughnessy,<br />

Sigourney Weaver (Narradora), Patricia Cullen, Sam Fell, Jane Karen, Bronson Pinchot, McNally Sagal, Robin Atkin Downes,<br />

etc. Duração: 93 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Zon-Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 6 anos;<br />

295 | só Animação


296 | só Animação<br />

_MADAGASCAR 2<br />

Na sequela altamente antecipada de “Madagáscar,” Alex, Marty, Melman, Glória, o<br />

Rei Juliano, Maurício e os pinguins e os chimpanzés encontram-se abandonados nas<br />

costas distantes de Madagáscar. Perante este obstáculo, os nova-iorquinos elaboraram<br />

um plano tão maluco que talvez até resulte. Com precisão militar, os pinguins<br />

repararam um velho avião despenhado – mais ou menos. Assim que estão nos céus,<br />

esta inesperada tripulação fi ca no ar o tempo sufi ciente para chegarem ao lugar mais<br />

selvagem de todos - as vastas planícies de África, onde os nossos amigos criados no<br />

Zoo encontram pela primeira vez animais da sua própria espécie. África parece ser um<br />

lugar espantoso…mas será que é melhor do que a sua casa em Central Park? (notas de<br />

produção).<br />

_MADAGASCAR 2<br />

Título original: Madagascar: Escape 2 Africa<br />

Realização: Eric Darnell, Tom McGrath (EUA, 2008); Argumento: Etan Cohen; Produção: Mireille Soria, Mark Swift;<br />

Música: Hans Zimmer; Montagem: Mark A. Hester, H. Lee Peterson; Direcção de produção: Wendy Berry, Jason Bertsch,<br />

Alison Fedrick Donahue, Jannette Eng, Ryan Harris, Christopher Leahy, Diana K. Lee, Robyn Mesher, Craig Rittenbaum, Erik<br />

Vignau; Departamento de arte: Jessie Carbonaro; Som: Will Files; Efeitos especiais: Stephanie Siebert; Efeitos visuais: Jeff<br />

Budsberg, Lindsey Caplan, Greg Gladstone, Tobin Jones, Alex Patanjo, Jason Rickwald, Scott Singer, Ji Hyun Yoon, Alfred<br />

Young, Melva Young; Animação: Denis Couchon, Cassidy Curtis, Craig Kellman, Sean Mahoney, Carlos M. Rosas, Jason<br />

Schleifer; Companhias de produção: DreamWorks Animation, Pacifi c Data Images (PDI); Intérpretes: Ben Stiller (Alex),<br />

Chris Rock (Marty / Zebras), David Schwimmer (Melman), Jada Pinkett Smith (Gloria), Sacha Baron Cohen (Julien), Cedric<br />

the Entertainer (Maurice), Andy Richter (Mort), Bernie Mac (Zuba), Alec Baldwin (Makunga), Sherri Shepherd, Will i Am,<br />

Elisa Gabrielli, Tom McGrath, Chris Miller, Christopher Knights, Conrad Vernon, Quinn Dempsey Stiller, Conner Rayburn,<br />

Lynnanne Zager, etc. Duração: 89 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Zon-Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 6 anos;<br />

Country:USA Estreia em <strong>Portugal</strong>: 27 de Novembro de 2008


_WALL•E<br />

Surpreendente fi lme de animação, que trás a assinatura de Andrew Stanton, numa<br />

produção da Pixar (“Toy Story”, “Monstros e Companhia”, “À Procura de Nemo”, “Uma Vida<br />

de Insecto”, “The Incredibles: os Super-Heróis” ou “Ratatui”), agora aliada à Disney. Não<br />

que a animação não tenha dado um grande salto quantitativo (e qualitativo também,<br />

em muitos e honrosos casos) nos últimos anos, devido sobretudo às novas tecnologias.<br />

Muitos têm sido os fi lmes que continuamente nos surpreendem, mas este contém<br />

outros ingredientes para a surpresa ser maior e o resultado mais “surpreendente”.<br />

Estamos na presença de um grande fi lme, é certo, de um fi lme para a família, como é<br />

norma nos fi lmes de animação (isto é: fi lmes que têm em conta todas as faixas etárias,<br />

apesar de especialmente concebidos para um público infantil), mas há sobretudo duas<br />

“novidades”: uma obra que aborda temas “adultos”, ainda que as crianças a eles tenham<br />

acesso pela forma como os mesmos são colocados, e uma narrativa algo contemplativa<br />

e raramente dada a grandes e frenéticos desenvolvimentos, privilegiando a poesia e<br />

a ternura, impondo personagens de forma discreta (e secreta), deixando respirar as<br />

situações. Enfi m, um fi lme que não trata as crianças como defi cientes.<br />

Situe-se o tema: na Terra, num futuro certamente longínquo (setecentos anos, será?),<br />

deserta de humanos e envolvida numa camada de lixo indescritível, que levou os seus<br />

derradeiros habitantes a exilarem-se numa estação espacial, continua a funcionar<br />

placidamente um robot de nome Wall.E. Executa as tarefas para que foi programado<br />

sem hesitar. Persiste na inglória (será mesmo?) tarefa de reunir montanhas de lixo<br />

no seu interior e a compactá-las, colocando depois o metálico e agressivo rectângulo<br />

assim produzido no cima de resmas e resmas de outros idênticos rectângulos de lixo<br />

de igual modo comprimido. Visto através de algumas panorâmicas aéreas dir-se-ia que<br />

297 | só Animação


298 | só Animação<br />

estamos na presença de uma grande metrópole, com os seus arranhas céus (lembramse<br />

de “West Side Story”, planos iniciais?) a serem sobrevoados pela câmara. Mas cedo<br />

se percebe que tudo aquilo são arranha-céus de lixo, de consumismo desmedido e<br />

desenfreado que acabou com a vida no planeta. Sobrevive um robot. Que organizou<br />

a sua existência de forma muito monótona, mas com alguns momentos de relaxe e<br />

de prazer. Ver um excerto de um musical (“Hello, Dolly”), num antiquado gravador de<br />

cassetes é uma delas. Sempre a mesma sequência (a belíssima “Put On Your Sunday<br />

Clothes”). Mas o cantinho onde se refugia depois de um dia de trabalho também tem<br />

os seus encantos, umas luzinhas escrupulosamente repescadas do lixo, algum conforto,<br />

mesmo para um metálico e insensível robot. Aí é que todos vossências se enganam,<br />

se assim pensarem. A Terra pode ter afastado os humanos, mas alguns dos seus mais<br />

delicados sentimentos permaneceram no interior de um robot que cria amizades (com<br />

uma baratinha de antenas no ar que não o larga), e que “sente” defi nitivamente como<br />

anteriormente alguns humanos sentiam (não muitos é certo, senão a coisa não tinha<br />

chegado ao descalabro que se vê).<br />

Enfi m, Wall.E é defi nitivamente um sentimental, o que se comprova logo que aterra no<br />

solo terrestre uma nave vinda, nessa altura não se sabe de onde, que larga um esférico<br />

e muito bem lançado robot branco metalizado, que por sinal é “uma” robot de nome<br />

Eve. Eve desconfi a inicialmente de tudo e todos, envia raios poderosos que desfazem<br />

as ameaças, possíveis e improváveis, mas tomba de amores por Wall-E, depois de um<br />

início de romance não muito prometedor. Acontece nos fi lmes, dizem. Nos românticos,<br />

em que é preciso acreditar para se manter a saúde, física e psíquica. Daí em diante o<br />

que temos é uma história de amor, contrariada pelas circunstâncias, mas que acabará<br />

como culminam todas as histórias de fadas.<br />

Importante a reter: a qualidade da planifi cação da obra, a descrição do planeta Terra<br />

fatalmente devastado, a admirável direcção artística, com cenários fabulosos, mas<br />

profundamente efi cazes, a antropomorfi zação dos robots que é magnifi ca e nos<br />

permite uma identifi cação total com as duas personagens centrais, que conseguem<br />

durante muito tempo monopolizar a acção do fi lme sempre com um interesse notável,<br />

a excelente partitura musical de Thomas Newman que não procura o rodriguinho fácil<br />

mas a grande composição sinfónica, emparelhando com clássicos como o “número” já<br />

citado de “Hello, Dolly”, uma versão de “La Vie em Rose” (cantada por Louis Armstrong)<br />

ou os acordes de “Assim Falou Zaratustra” (utilizado no mítico “2001: Uma Odisseia no<br />

Espaço”, de Kubrick, outra referência óbvia quando da relação das citações cinéfi las,<br />

que são muitas e boas).<br />

Um “coup de force” é toda a primeira parte do fi lme sem diálogos, em que o empenhado<br />

trabalho de Wall.E ultrapassa, ou torna estimulante, a concepção de quase fi lme<br />

mudo. Aliás este tom de “fi lme mudo” acaba por resultar ao tornar mais efi caz o lado<br />

catastrófi co das sequências iniciais, onde a ausência de fi guras humanas cria uma<br />

paisagem particularmente estranha, o que se acentua com a falta de diálogo, com a<br />

incomunicabilidade do robot, a solidão e o “silêncio de vozes”, opressivo e ameaçador.<br />

Uma planta, germinando numa bota escalavrada, é o fi o de esperança que resta aos<br />

humanos que vivem numa estação espacial, com todas as comodidades, mas obesos<br />

e presos a ecrãs de televisão que repetem publicidade e imagens idílicas e que os<br />

afastam da realidade primordial e da comunicação. Uma vida que pode bem ser<br />

a dos humanos daqui a pouco, não num fi lme de animação e antecipação, mas no<br />

concreto da existência. Outra das profecias que cai bem num fi lme visto por milhões


de jovens, quando se agiganta, perante eles, a ameaça de futuras gerações de seres<br />

descompensados pela má alimentação, pela inactividade, pela solidão, pela alienação<br />

perante a realidade, trocada por essa outra “realidade virtual” que ganha terreno a<br />

cada dia.<br />

Fica a promessa de que o amor triunfa e a revolta de alguns acaba por ser a felicidade<br />

de muitos. O que, num fi lme americano da Disney-Pixar, não deixa de ser uma<br />

surpreendente novidade. Um belíssimo fi lme, uma das grandes certezas de 2008.<br />

Imaginem os “blockbusters” e a animação a fi gurarem entre os 10 melhores do ano.<br />

De certeza.<br />

_WALL•E<br />

Título original: WALL•E<br />

Realização: Andrew Stanton (EUA, 2008); Argumento: Andrew Stanton, Pete Docter, Jim Reardon; Produção: Lindsey Collins,<br />

John Lasseter, Jim Morris, Thomas Porter; Música: Thomas Newman; Montagem: Stephen Schaffer; Casting: Natalie Lyon, Kevin<br />

Reher; Direcção de produção: Ralph Eggleston; Maquilhagem: Gretchen Davis; Direcção de produção: Joshua Hollander, Andrea<br />

Warren; Departamento de arte: James S. Baker, Anthony B. Christov, Jason Deamer, Angus MacLane, Kevin O’Brien, Justin Wright;<br />

Som: Ben Burtt; Efeitos visuais: Chris Chapman, David MacCarthy, Carlos Monzon, David Munier, etc.; Direcção de produção: Pixar<br />

Animation Studios, Walt Disney Pictures. Intérpretes (vozes): Ben Burtt (WALL•E / M-O); Elissa Knight (EVE), Jeff Garlin (Capttão),<br />

Fred Willard (Shelby Forthright - BnL CEO), MacInTalk (AUTO), John Ratzenberger (John), Kathy Najimy (Mary), Sigourney Weaver<br />

(computador), Kim Kopf, Garrett Palmer, etc. Duração: 98 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo; Classifi cação etária:<br />

M/ 6 anos; Data de estreia: 14 de Agosto de 2008 (<strong>Portugal</strong>);<br />

299 | só Animação


FAMAFEST<br />

2009<br />

HOMENAGENS


302 | Homenagens<br />

_O PASSEIO DO FAMAFEST<br />

Há já alguns anos que o Famafest, Festival Internacional de Cinema<br />

e Vídeo de Famalicão, dedicado às complexas e fascinantes relações<br />

do Cinema com a Literatura, homenageia de forma discreta, mas<br />

sincera, aqueles que acha que se tornaram um exemplo nacional no<br />

campo da cultura, da arte e do espectáculo, em particular no que se<br />

refere ao cinema e à literatura, quer seja como escritores, realizadores,<br />

actores, compositores… São vidas dedicadas a uma causa, são carreiras<br />

carregadas de triunfos, mas também de luta, persistência, coragem,<br />

são nomes que evocam talentos inequívocos, são portugueses que se<br />

notabilizaram por uma total entrega a um difícil, intenso, abnegado<br />

diálogo com outros homens e mulheres, portugueses ou não,<br />

permitindo-lhes conhecerem-se melhor, apelando a uma sensibilidade<br />

mais generosa, sendo mais cúmplices na forma de entender o que há<br />

de mais humano em todos nós, na sua complexidade, na sua aparente<br />

contradição, na alegria e na dor, da exaltação da excepção ou na<br />

serenidade do dia a dia.<br />

Por aqui já passaram nomes grandes da cultura e da arte portuguesa,<br />

a começar por Virgílio Teixeira, o nosso primeiro homenageado com a<br />

Pena de Camilo, em 2001, a que se seguiram Camacho Costa, Ruy de<br />

Carvalho e José Pinto, Raul Solnado, António Vitorino D’ Almeida, Carlos<br />

Mendes, Agustina Bessa Luís, Lia Gama, Eunice Muñoz, Lurdes Norberto,<br />

Lídia Jorge, Maria do Céu Guerra, Manoel de Oliveira, Nicolau Breyner,<br />

Maria Barroso, Teolinda Gersão, Graça Lobo, Artur Agostinho, Carmen<br />

Dolores, Eduardo Prado Coelho, Joaquim Rosa, Fernando Dacosta,<br />

Rita Ribeiro, Simone de Oliveira, Mariza, Carlos do Carmo, Fernando<br />

Lopes, Adelaide João e Camilo de Oliveira. Não faltam candidatos no<br />

futuro, porque grande é o engenho e a arte de tantos portugueses<br />

que anualmente elevam o nome do nosso país, através de obras de<br />

reconhecida grandeza e inspiração.<br />

No “Passeio do Famafest”, num dos acessos que conduzem à Casa das<br />

Artes, um “Passeio” que se inspira directamente no “Passeio da Fama”<br />

de Hollywood Boulevard, acrescentam-se este ano mais cinco nomes,<br />

mais cinco carreiras inesquecíveis que merecem ser recordadas,<br />

quando por elas passamos na lufa-lufa do dia a dia. São elas Laura<br />

Soveral, Luís Miguel Cintra, Mário Claudio, Susana Borges eUrbano<br />

Tavares Rodrigues. A todos eles continuamos a agradecer o facto de<br />

existirem e serem portugueses.<br />

Lauro António


Nasceu em Madrid, a 29.IV.1949. Filho do fi lólogo Luís Filipe Lindley Cintra, inicia-se<br />

no teatro, em 1968, no Grupo de Teatro da Faculdade de Letras de Lisboa, enquanto<br />

frequenta o Curso de Filologia Românica. Entre 1970 e 1972 frequenta a Bristol<br />

Old Vic Theatre School, bolseiro da Fundação Gulbenkian. Em 1973 funda o Teatro<br />

da Cornucópia, com Jorge Silva Melo. Faz críticas de teatro em O Tempo e o Modo;<br />

dirige a Colecção de Teatro Seara Nova (ed. Estampa) e a Colecção de Teatro (ed.<br />

Ulmeiro); é professor do Conservatório Nacional. Declamador de poesia. Director<br />

e fundador da Cornucópia, onde dirigiu peças de dos mais importantes autores<br />

clássicos e modernos. Actor em quase todos os espectáculos por si encenados.<br />

Encenou ópera no Teatro S. Carlos, em Lisboa. Encenações nos mais prestigiados<br />

teatros de <strong>Portugal</strong> e estrangeiro. Em 1984 participa na Bienal de Veneza. Em<br />

1988 encenou no Festival de Avignon, “La Mort du Prince et Autres Fragments”,<br />

de Fernando Pessoa, que esteve ainda no Festival de Outono de Paris. Em Itália<br />

(Udine), o Teatro da Cornucópia leva a cena “L’École des Maitres”. Em 1991 esteve<br />

em Bruxelas durante a Europália. Foi dirigido em 1997 por Brigite Jacques, no<br />

Théâtre de la Commune-Pandora, em Paris, em “Sertório”, de Corneille e encenou<br />

“Comedia sin Titulo”, de F. García Lorca para o Teatro de La Abadia em Madrid<br />

(2005). No cinema apareceu em fi lmes de João César Monteiro, Paulo Rocha, Luís<br />

Filipe Rocha, Solveig Nordlund, Jorge Silva Melo, Manoel de Oliveira, José Álvaro<br />

de Morais, Pedro Costa, Joaquim Pinto, Maria de Medeiros, Teresa Villaverde, João<br />

Botelho, John Malkovich, Raquel Freire ou Catarina Ruivo, entre outros. Prémio<br />

Bordalo da Casa da Imprensa em 1995 (cinema) e 1997 (teatro); Globo de Ouro em<br />

1999 para a Personalidade do Ano; Globo de Ouro para Melhor Actor de Teatro,<br />

em “Esopaida”, de António José da Silva, O Judeu (2003); Prémio Universidade de<br />

Coimbra (2005); Prémio Pessoa, atribuído pelo Jornal Expresso(2005); Recebeu o<br />

grau de Grande-Ofi cial da Ordem de Sant’Iago da Espada em 1998.<br />

LUIS MIGUEL CINTRA<br />

303 | Homenagens


304 | Homenagens<br />

LAURA SOVERAL<br />

Nasceu em Benguela, Angola, a 23 de Março de 1933. Com inúmeros trabalhos em<br />

teatro, Laura Soveral foi também reconhecida pela sua actividade cinematográfi ca,<br />

salientando “Uma Abelha na Chuva”, de Fernando Lopes (1972) como um dos<br />

seus primeiros trabalhos. Depois de trabalhar em Benguela como educadora de<br />

infância, vem para Lisboa onde cursa Filologia Germânica e se começa a interessar<br />

por teatro. Estreia-se em 1964 no Grupo Fernando Pessoa, dirigido por João d’Ávila.<br />

Foi no Conservatório Nacional, com professores como Henriette Morineau, que<br />

desenvolveu a arte de representar. E em 1968 recebeu o Prémio de Melhor Actriz de<br />

Cinema pelo SNI e pela Casa da Imprensa. Ao mesmo tempo, na televisão, ía sendo<br />

chamada para fazer teatro ou para declamar poemas no programa Hospital das<br />

Letras de David Mourão-Ferreira.Na temporada de 1970/1971 tem uma das suas mais<br />

importante época, fazendo “O Processo de Kafka” e “Depois da Queda”, de Arthur<br />

Miller. Representou textos de Fernando Pessoa, José Saramago, Almada Negreiros,<br />

Ferenc Molnar, Moliére, Kafka, Yves Jamiacque, entre outros. Esteve em cena no<br />

Teatro D. Maria II, Teatro São Luíz, Teatro da Cornucópia, Teatro da Comuna, Teatro<br />

Aberto, Teatro Sá da Bandeira, Teatro Maria Matos, Teatro Villaret, onde trabalhou<br />

com Gracindo Júnior, Adolfo Marsillach, Carlos Avillez, Fernando Amado, João D’Ávila,<br />

Norberto Barroca, Maria do Céu Guerra, Diogo Infante e Christine Laurent.<br />

A sua longa experiência cinematográfi ca passa por fi lmes como Vale Abraão,<br />

A Divina Comédia e Francisca de Manoel de Oliveira, Terra Sonâmbula de Teresa<br />

Prata, O Fatalista e Tráfi co de João Botelho, Quaresma de João Álvaro Morais, Uma<br />

Abelha na Chuva e O Delfi m de Fernando Lopes, Encontros Imperfeitos de Jorge<br />

Marecos Duarte, entre muitos outros.<br />

Pontualmente continuou a aparecer na televisão. Em 1976 actuou na novela Duas<br />

Vidas, da Rede Globo de Televisão, no papel de Leonor. Mais tarde, integrou o elenco<br />

da novela Tempo de Viver (2006), e participou na série O Testamento para a RTP.


Mário Cláudio, pseudónimo de Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nasceu no<br />

Porto em 1941. Frequentou o curso de Direito em Lisboa, tendo-o terminado na<br />

Universidade de Coimbra. Frequentou a Universidade de Londres, graduando-se<br />

como Master of Arts. De regresso a <strong>Portugal</strong>, tem exercido funções como técnico<br />

do Museu Nacional de Literatura e como professor universitário. Ganhou o<br />

prémio APE de Romance e Novela em 1984 com a obra Amadeo.<br />

É considerado um dos mais importantes autores portugueses das últimas duas<br />

décadas. Embora se tenha dedicado à poesia, ao teatro e ao ensaio, é no romance<br />

que Mário Cláudio mais se tem destacado. Em 2004 foi agraciado com o Prémio<br />

Fernando Pessoa.<br />

Obras de fi cção: Um Verão Assim (1974), As Máscaras de Sábado (1976), Damascena<br />

(1983), Amadeo (1984), Guilhermina (1986), A Fuga para o Egipto (1987), Rosa<br />

(1988), A Quinta das Virtudes (1990), Tocata para Dois Clarins (1992), Trilogia da<br />

Mão (1993), Itinerários (contos, 1993), As Batalhas do Caia (1995), Dois Equinócios<br />

(contos, 1996), O Pórtico da Glória (1997), O Último Faroleiro de Muckle Flugga<br />

(1998), Peregrinação de Barnabé das Índias (1998), Ursamaior (2000), O Anel de<br />

Basalto e Outras Narrativas (narrativas, 2002), Oríon (romance, 2003), Gémeos<br />

(romance, 2004), Camilo Broca (romance, 2006), Boa Noite, Senhor Soares<br />

(romance, 2008).<br />

Obras poéticas: Ciclo de Cypris (1969), Sete Solstícios (1972), A Voz e as Vozes<br />

(1977), Estâncias (1980), Terra Sigillata (1982), Dois Equinócios (1996).<br />

Teatro: Noites de Anto (1988), A Ilha de Oriente (1989), Henriqueta Emília da<br />

Conceição (1997) e O Estranho Caso do Trapezista Azul (1998), Medeia (2008).<br />

Outras obras: Fotobiografi a de António Nobre (2001), Meu Porto (2001), Triunfo<br />

do Amor Português (2004).<br />

MÁRIO CLÁUDIO<br />

305 | Homenagens


306 | Homenagens<br />

SUZANA BORGES<br />

Suzana Borges, nasceu em Lisboa, 7 de Julho de 1956. Licenciada em Filosofi a e<br />

Pós-graduada em Filosofi a Contemporânea. Estagiou Formação Teatral com Rudy<br />

Shelley e Lin Britt, do Old Vic Bristol School; Prof. Markert e Eva Winkler, do RDA<br />

de Berlim; Marcia Haufrecht do Lee Strasberg Theatre Institute de Nova Iorque;<br />

entre outros.<br />

Intérprete em inúmeras peças, salienta autores como Bertolt Brecht, Samuel<br />

Beckett, Tennessee Williams, Wedekind, Whitehead, Beth Henley, J. B. Priestley, José<br />

Luís Peixoto, Irene Lisboa ou Cecília Meireles. Foi dirigida por encenadores como<br />

João Canijo, Caldeira Pires, Osório Mateus, Rui Madeira, João Lagarto, Fernando<br />

Heitor, Fernanda Lapa, Manuel Cintra, João Lourenço ou Diogo Dória.<br />

Encenou Uale – Não Posso Encontrar, de José Luís Peixoto e Adília Lopes; fez a<br />

concepção de diversos espectáculos, entre os quais A Vida Não é Literatura, de<br />

Irene Lisboa. Criou e encenou espectáculos de poesia onde também participou,<br />

tendo trabalhado a partir de autores como Emily Dicknson, Eça de Queirós,<br />

Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Luís de Camões, Sophia de Mello Breyner.<br />

Em ópera, trabalhou a partir de José Saramago e A. Corghi, sob a direcção de João<br />

Paulo Santos e Jerôme Savari.<br />

No cinema participou em fi lmes de Ana Luísa Guimarães, José Nascimento<br />

(Repórter X e Tarde Demais), Jean Pierre Grasset, Rosa Coutinho Cabral, Benoit<br />

Jacquot, Luís Vidal Lopes, António de Macedo (Emissários de Khalom), João Mário<br />

Grilo (O Processo do Rei e A Falha), Daniel Schmid, Raoul Ruiz, Mário Gamus, João<br />

Botelho (Quem és Tu?, Tráfi co, A Mulher Que Acreditava Ser A Presidente dos EUA<br />

e O Fatalista), Maurizio Sciarra, Fernando Matos Silva, Fernando Lopes (Lá Fora),<br />

Rui Simões, João César Monteiro (Vai e Vem), entre outros. Trabalhou em televisão,<br />

a nível nacional e internacional, nomeadamente em telefi lmes e séries.


Urbano Augusto Tavares Rodrigues, nasceu em Lisboa, em 1923. Filho do escritor<br />

e jornalista Urbano Rodrigues. Passou grande parte da sua infância em Moura.<br />

Licenciou-se em Filologia Românica na Universidade de Lisboa, doutorando-se<br />

em 1984 com uma tese sobre o escritor Manuel Teixeira Gomes.<br />

Foi leitor de português em várias Universidades estrangeiras - Montpellier, Aix<br />

e Paris - entre os anos de 1949 e 1955, época em que se encontrava impedido<br />

de exercer docência universitária em <strong>Portugal</strong> por motivos políticos. Depois da<br />

Revolução de 1974 retoma, em <strong>Portugal</strong>, a actividade docente. Em 1993, jubilase<br />

como Professor Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, continuando<br />

a exercer a docência na Universidade Autónoma de Lisboa. Membro efectivo<br />

da Academia de Ciências de Lisboa e membro correspondente da Academia<br />

Brasileira de Letras. Tem colaboração dispersa por publicações variadas, entre as<br />

quais o Bulletin des Études Portugaises, Colóquio-Letras, Jornal de Letras, Artes e<br />

Ideias, Vértice, Nouvel Observateur, etc. Foi director da revista Europa e jornalista<br />

de O Século e de O Diário de Lisboa. Prémios Ricardo Malheiros, da Academia das<br />

Ciências de Lisboa, da Associação Internacional de Críticos Literários, da Imprensa<br />

Cultural, Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores, Grande<br />

Prémio de Conto Camilo Castelo Branco.<br />

Bibliografi a principal, entre viagens, ensaios, romances, contos, crónicas, teatro:<br />

1960; 1981 - O Mito de Don Juan; 1981 - Um Novo Olhar sobre o Neo-Realismo; 1984<br />

- Manuel Teixeira Gomes: O Discurso do Desejo; 1959; 1994 - Bastardos do Sol; 1957;<br />

1998 - Uma Pedrada no Charco; 1960; 1978 - Nus e Suplicantes; 2008 - A Última<br />

Colina; 1961; 2003 - Os Insubmissos; 1966; 1988 - Imitação da Felicidade; 1967; 1974 -<br />

Despedidas de Verão; 1968 - Tempo de Cinzas; 1974; 1999 – Dissolução; 1991 - Violeta<br />

e a Noite; 1993 – Deriva; 1995 - A Hora da Incerteza; 2005 - O Eterno Efémero; 2006<br />

- Ao contrário das Ondas; 2007 - Os Cadernos Secretos do Prior do Crato.<br />

URBANO TAVARES RODRIGUES<br />

307 | Homenagens


308 | Homenagens<br />

Vírgilio<br />

Teixeira<br />

Camacho<br />

Costa<br />

José Pinto<br />

Ruy de<br />

Carvalho<br />

António<br />

Vitorino<br />

D’ Almeida<br />

Carlos<br />

Mendes<br />

Raul<br />

Solnado<br />

Lia Gama<br />

Eunice<br />

Muñoz<br />

Agustina<br />

Bessa Luís<br />

Lurdes<br />

Norberto<br />

Lídia Jorge<br />

Manoel<br />

de Oliveira<br />

Maria do<br />

Céu Guerra<br />

Nicolau<br />

Breyner


Maria<br />

Barroso<br />

Teolinda<br />

Gersão<br />

Graça Lobo<br />

Artur<br />

Agostinho<br />

Carmen<br />

Dolores<br />

Eduardo<br />

Prado Coelho<br />

Joaquim Rosa<br />

Fernando<br />

Dacosta<br />

Rita Ribeiro<br />

Simone<br />

de Oliveira<br />

Adelaide<br />

João<br />

Mariza<br />

Camilo<br />

de Oliveira<br />

Fernando<br />

Lopes<br />

Carlos<br />

do Carmo<br />

309 | Homenagens


FAMAFEST<br />

2009<br />

ACTIVIDADES PARALELAS


312 | Actividades Paralelas_Casa das Artes<br />

_CARLOS DO CARMO<br />

Casa das Artes 14 de Março | 21h30


Numa altura em que o fado regressa em força ao coração dos portugueses, numa<br />

época em que surgem regularmente novas vozes, e quase todas com algo de novo a<br />

acrescentar a uma história já de si inquestionável, ouvir Carlos do Carmo reconduznos<br />

ao que de mais autêntico tem o fado, e também à sua renovação mais genuína<br />

e legítima. Sempre que o pudemos ver e ouvir ressalta uma realidade insofi smável:<br />

estamos na presença de um dos maiores valores da nossa cultura contemporânea<br />

e sabe bem recordar uma vez por outra que <strong>Portugal</strong> não é só este país de apagada<br />

e vil tristeza a que muitos nos tentam reduzir, mas que esse mesmo país já nos deu<br />

talentos dos maiores que o mundo conheceu. No fado, Amália é uma referência,<br />

mas num outro registo Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira também o são, tal<br />

como o é Carlos do Carmo.<br />

Ele próprio diz que nunca escreveu poesia ou compôs música. Basta-lhe emprestar<br />

a voz, esta voz quente e macia, por onde escorregam docemente as palavras de<br />

poetas como Alexandre O’ Neil ou Ary dos Santos.<br />

O espectáculo do Coliseu pode constituir-se como uma lição. Um palco deserto,<br />

uma luz ou outra, músicos de primeiríssima água, e Carlos do Carmo munido<br />

de um reportório feito de exigência e rigor. A melhor poesia e a melhor música,<br />

executada pelos melhores intérpretes. Nada mais. Nenhum preciosismo de vedeta.<br />

Nenhum piscar de olho oportunista a modernices pindéricas. Uma forma clássica<br />

de cantar o fado, a que o espírito irrequieto de Carlos do Carmo (e moderno,<br />

revolucionário na sua simplicidade) empresta variações de insuspeitado alcance:<br />

um fado acompanhado unicamente por contrabaixo (fabuloso Carlos Bica em “Teu<br />

Nome Lisboa”) ou por um cavaquinho de que se desistiu até das cordas (magnífi co<br />

Júlio Pereira em “O Homem das Castanhas”). Mas também acompanhado por<br />

uma orquestra (a Sinfonietta de Lisboa, dirigida por Vasco Pearce do Amaral, com<br />

notáveis arranjos de Bernardo Sasseti, veja-se a frescura arrancada a “Por Morrer<br />

uma Andorinha”) Carlos do Carmo demonstra que tudo é possível ao fado, até<br />

dialogar com o tango de Piazola (um incrível duelo entre o novo fenómeno da<br />

guitarra portuguesa, Ricardo Rocha, e Walter Idalgo, no “bandoneon”, em “Dois<br />

Portos”).<br />

O que traz de verdadeiramente didáctico este espectáculo é mostrar de que forma<br />

se pode re-inventar o fado, já que é dele que estamos a falar. Não é necessário, é<br />

sobretudo evitável, gritar a modernice a sete ventos e destruir, com espaventos sem<br />

nexo, o fado. A melhor forma de re-inventar o que já existe é preservar o existente<br />

com o respeito do amor que merece e subtilmente, com a ternura de quem<br />

amamenta um fi lho, dar-lhe novo alento com delicadeza e sobriedade. O espavento<br />

não cobre, a não ser para inglês ver. O novo-riquismo nunca fi cou na história, a não<br />

ser como exemplo de mau gosto e de ostentação sem critério. Carlos do Carmo,<br />

para lá da “voz”, dá-nos o exemplo de como revolucionar por dentro uma canção<br />

que ama. Basta cantá-la como só ele sabe e respeitosamente arranjar-lhe novos<br />

pretendentes para acasalamentos de amor. O resto virá com a serenidade das coisas<br />

certas e das renovações que se fazem com seiva nova de sedentas raízes.<br />

Depois, há a magia sem paralelo de ouvir a música das palavras de Ary na voz<br />

única de Carlos do Carmo – e as lágrimas descem alegres e felizes pelos rostos dos<br />

ouvintes. O prazer do prazer.<br />

Lauro António (Jornal do Fundão, 2004)<br />

313 | Actividades Paralelas_Casa das Artes


314 | Actividades Paralelas_Casa das Artes


_CORVOS<br />

Casa das Artes 21 de Março | 21h30<br />

Exímios executantes, todos eles de sólida formação clássica, com passagem por inúmeras<br />

bandas (Ornatos Violeta, Mafalda Veiga, Santos e Pecadores, Jorge Palma, Titãs, Jethro Tull<br />

e algumas mais), admiradores incondicionais dos “Xutos e Pontapés” (a quem dedicaram<br />

o primeiro álbum, “Corvos Visitam Xutos”, que funcionou como um magnifi co cartão-devisita<br />

para o grupo), “Corvos” vão agora no seu quarto álbum, recentemente saído, “The<br />

Jinx”, depois de “Post Scriptum” (evocando Kurt Weill, Jim Morrison, Kurt Cobain. Para lá<br />

dos sempre presentes Xutos e Pontapés), e de “Corvos 3”.<br />

Tocar rock como se fosse Mozart ou Ravel, tocar Bach ou Mahler como se fosse rock não<br />

é crime de lesa música, mas uma forma de tornar viva e actual a música que se ama. Os<br />

“Corvos”, vestidos de preto e com os rostos rasgados por uma maquilhagem “gótica”, levam<br />

mais longe a aposta, criando uma sonoridade que é só deles, que passa pela noite brumosa<br />

dos fi lmes fantásticos de antanho, pela vibração céltica, pelos sons medievais da gesta<br />

portucalense, assim como pelas fl orestas de Siegfried, pelo terror intimista de Edgar Allan<br />

Poe, pelas inquietações mais profundas da alma humana. Temos aqui seguramente um<br />

dos grandes grupos musicais portugueses da actualidade. A seguir com o maior interesse.<br />

Para já, ia 21 de Março, encerram o Famafest, por mérito próprio, associando-se assim às<br />

comemorações do segundo centenário sobre o nascimento de Edgar Allan Poe, o autor<br />

de “O Corvo”, um dos poemas mais célebres da literatura mundial. LA<br />

PEDRO TEIXEIRA DA SILVA violino Terminou o Curso Superior do Conservatório Nacional de Lisboa<br />

com 20 valores. É pós-graduado pelo Conservatório de Roterdão e frequentou a Mason Gross School<br />

of the Arts (Nova Iorque) e a Dartington International School (Inglaterra). Recebeu numerosos<br />

primeiros prémios: Juventude Musical Portuguesa, Juventude Nacional Portuguesa, Prémios Jovens<br />

Músicos, Fundação Eng.º António de Almeida e Jovens da Cultura. Tem vindo a apresentar-se como<br />

solista com as Orquestras RDP Lisboa e Porto e a participar, como músico convidado, em numerosos<br />

registos discográfi cos. É primeiro violino na Orquestra Sinfónica Portuguesa.<br />

TIAGO FLORES violino É diplomado pelo Conservatório Nacional de Lisboa em violino. Integrou, como<br />

músico convidado, a Orquestra Gulbenkian e a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Foi membro da<br />

Orquestra Sinfónica Juvenil. Participou em vários espectáculos do cantor Paulo Bragança.<br />

NUNO FLORES viola d'arco É formado pelo Conservatório Nacional de Lisboa e em Ciências Musicais<br />

na Universidade Nova de Lisboa. Integrou, entre outras, a Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra<br />

da Juventude Musical Portuguesa, Orquestra Calouste Gulbenkian e Orquestra Metropolitana de<br />

Lisboa. De entre as suas colaborações, contam-se a participação no segundo trabalho discográfi co<br />

do grupo Entre Aspas e em «Mysterium» de Rodrigo Leão/Vox Ensemble. Efectuou várias digressões<br />

e gravações com o cantor Paulo Bragança e tem-se apresentado, como violinista, em numerosos<br />

locais. É violonista do grupo Quinta do Bill.<br />

CARLOS COSTA violoncelo Iniciou os seus estudos musicais aos 6 anos e terminou o Curso Superior<br />

do Conservatório Nacional de Música de Lisboa com 19 valores. Foi solista da Orquestra Sinfónica<br />

Juvenil e músico convidado da Orquestra de Câmara Robert Schumann, de Dusseldorf. Colaborou,<br />

como instrumentista, no trabalho discográfi co «Mysterium» de Rodrigo Leão/Vox Ensemble.<br />

Apresenta-se regularmente, como músico convidado, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa e com<br />

a Orquestra Gulbenkian.<br />

315 | Actividades Paralelas_Casa das Artes


ª<br />

12edição<br />

V I L A N O V A D E F A M A L I C Ã O<br />

FAMAFEST<br />

2010<br />

14.03 a 22.03<br />

CINEMA E LITERATURA


FAMAFEST<br />

2009<br />

ÍNDICE


318 | Índice<br />

Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03<br />

Armindo Costa, Presidente da Câmara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03<br />

Lauro António, Director do Famafest . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05<br />

Organização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08<br />

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09<br />

Júri . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11<br />

Júri Internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12<br />

Júri Juventude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29<br />

Programação Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21<br />

Obras a Concurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29<br />

12=Amo-te, de Connie Walther (Alemanha, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30<br />

O Adeus à Brisa, de Possidónio Cachapa (<strong>Portugal</strong>, 2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30<br />

Andre Gide, Um Pequeno Ar de Família, de Jean- Pierre Prevost (Suiça, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . 31<br />

Os Anjos de Welles, de Jean-Jacques Bernard (França) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31<br />

O Caçador, de Ángel Santos Touza (Espanha, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32<br />

Caminho para Meca, de Georg Misch (Áustria, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32<br />

A Canção de Mim Próprio, de William Farley (Estado Unidos da America, 2007) . . . . . . . . . . . . .33<br />

Cântico Negro, de Helder João Lopes Magalhães (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33<br />

O Clube da Calceta, de Antón Dobao (Espanha, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34<br />

Contrato, de Nicolau Breyner (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34<br />

Discorama, por Glaser, de Esther Hoffenberg (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35<br />

Divórcio ao Estilo Albanês, de Adela Peeva (Bulgária, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35<br />

A Dupla Inconstância, de Carole Giacobbi (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36<br />

Fernando Lopes Graça, de Graça Castanheira (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36<br />

Godard, Amor e Poesia, de Luc Lagier (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37<br />

Grandes Livros – Os Maias, de João Osório (<strong>Portugal</strong>, 2008-2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37<br />

Guarda Livros, de Eduardo Adelino (<strong>Portugal</strong>, 2008-2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38<br />

Histórias: Primeiras Ajudas, de María Suárez e Esteban Varadé (Espanha, 2009) . . . . . . . . . . . 38<br />

Hitchcock e a “Nouvelle Vague”, de Jean-Jacques Bernard (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />

O Julgamento Kravchenko, de Bernard George (França, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />

Levantado do Chão, de Alberto Serra (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40<br />

Mestre-Cantor de Wagner, Siegfred de Hitler – A Vida e o Tempo de Max Lorenz,<br />

de Eric Schulz, Wischmann Claus (Alemanha, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40<br />

O Mistério Segundo Clarice Lispector, de Patrícia Lino (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41<br />

Nome de Código Melville, de Oliver Bohler (França, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41<br />

A Paixão “Bolero”, de Michel Follin (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42<br />

Pequenos Cabos Brancos, de Massimo Amici (Itália, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42<br />

A Rainha Morta, de Pierre Boutron (França, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43<br />

Re-Leituras para Todos, de Robert Bober (França, 2007). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43<br />

O Rei Não Morre, de Lucia Hossu Longin, Dan Necsulea (Roménia, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44<br />

Revendo “Lire c’est Vivre”, de Robert Bober (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44<br />

O Senhor X, de Jean-Phillippe Puymartin & Marianne Basler (França, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . 45<br />

Simone de Beauvoir, Uma Mulher Actual, de Dominique Gros (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . 45<br />

O Triângulo Imperfeito, de Jorge Bompart (Argentina, 2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46<br />

Laura Soveral, de Graça Castanheira (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47<br />

Humberto Delgado, Obviamente Demito-o!, de Lauro António (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . .47<br />

Pessoalmente Maria do Céu Guerra, de Frederico Corado (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . 48


Da Palavra à Imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49<br />

Austrália . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50<br />

O Cavaleiro das Trevas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54<br />

Corações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58<br />

Destruir Depois de Ler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60<br />

O Dia em Que a Terra Parou . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62<br />

Ensaio Sobre a Cegueira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64<br />

Este País Não É Para Velhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68<br />

O Estranho Caso de Benjamin Button . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72<br />

Frost/Nixon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77<br />

Gomorra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81<br />

Haverá Sangue . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83<br />

Revoltionary Road . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86<br />

Sedução, Conspiração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90<br />

A Troca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93<br />

Tropa de Elite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97<br />

A Turma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101<br />

A Valsa com Bashir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105<br />

A Viagem ao Centro da Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108<br />

Virtude Fácil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109<br />

Homenagem a Edgar Allan Poe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113<br />

The Raven, 1 Versão e 3 Traduções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114<br />

Edgar Allan Poe no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127<br />

Notas Sobre Edgar Allan Poe no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .128<br />

Outros Filmes do Ciclo Corman-Poe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155<br />

Algumas Outras Obras de Edgar Allan Poe no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173<br />

Edgar Allan Poe – Fichas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181<br />

Edgar Allan Poe – Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215<br />

Os Filmes Apresentados no Ciclo Dedicado a Edgar Allan Poe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .216<br />

Machado de Assis no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217<br />

Machado de Assis no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .218<br />

Machado de Assis – Cronologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226<br />

Machado de Assis – Bibliografi a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229<br />

Machado de Assis – no Cinema e na Televisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230<br />

Yukio Mishima no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233<br />

Notas Sobre Mishima, o Escritor, o Cinema, o Teatro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234<br />

Yukio Mishima – Filmografi a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239<br />

Duas Cartas de Mishima a Kawabata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242<br />

Homenagem a Alexandre Soljenitsin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243<br />

Alexandre Soljenitsin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244<br />

Alexandre Soljenitsin – Filmografi a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250<br />

Robert Wilson/Peter Brook – Mostra FICAP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251<br />

Robert Wilson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252<br />

Robert Wilson, Um Olhar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .255<br />

Robert Wilson – Trabalhos Teatrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258<br />

Conversas com Peter Brook 1970-2000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262<br />

Peter Brook . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 266<br />

Peter Brook – Teatro, Livros e Televisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267<br />

319 | Índice


320 | Índice<br />

Homenagem a Carmen Miranda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .269<br />

Homenagem A Carmen Miranda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270<br />

Filmografi a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276<br />

80 Anos de Tintim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277<br />

Os 80 Anos de Tintim – As Aventura de Tintim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 278<br />

Cinema Português . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .289<br />

Amália . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290<br />

Só Animação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293<br />

Bolt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294<br />

A Lenda de Despereaux . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295<br />

Madagascar 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296<br />

Wall•E . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297<br />

Homenagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301<br />

O Passeio do Famafest . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302<br />

Luis Miguel Cintra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303<br />

Laura Soveral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304<br />

Mário Cláudio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 305<br />

Suzana Borges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 306<br />

Urbano Tavares Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 307<br />

Actividades Paralelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .311<br />

Carlos do Carmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 312<br />

Corvos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .314

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