Portugal - Axencia Audiovisual Galega
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www.famafest.org
Editor: FAMAFEST ’2009<br />
Título: FAMAFEST ‘2009<br />
11º Festival Internacional de Cinema e Video de Famalicão<br />
“Cinema e Literatura”<br />
Internet: www.famafest.org<br />
Coordenação, Textos e Design: Lauro António<br />
Todos os textos são da autoria de Lauro António,<br />
excepto os assinados por outros autores.<br />
Fotografias de separadores (imagens de sedução): Louise Brooks, Cyd Charisse,<br />
Lauren Bacall, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn e Natalie Wood.<br />
E-mail: famafest2009@gmail.com; famafest@netcabo.pt<br />
Tiragem: 400 exemplares<br />
Impressão: DPI Cromotipo<br />
Depósito Legal: 135.446/99<br />
Edição: Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão<br />
Internet: famafest@famafest.org<br />
Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
_Cinema e Literatura, uma relação fascinante<br />
Sendo Vila Nova de Famalicão a terra de um das fi guras maiores da literatura<br />
portuguesa, Camilo Castelo Branco, faz todo o sentido a dinamização de<br />
um Festival de Cinema alicerçado na adaptação de obras literárias. Tem<br />
sido essa a fi losofi a do Famafest – Festival de Cinema e Vídeo de Vila Nova<br />
de Famalicão, exibindo nos vários espaços municipais a relação íntima e<br />
fascinante entre o Cinema e a Literatura.<br />
O Famafest é uma iniciativa de inegável valor cultural, que muito tem<br />
contribuído para a projecção de Famalicão, no País e no mundo do cinema.<br />
Neste festival, recebemos em Famalicão as mais diversas fi guras da cultura<br />
portuguesa, cujo trabalho homenageamos, consagrando as suas carreiras<br />
com o galardão “Pena de Camilo”. Este ano, vamos homenagear os actores<br />
Laura Soveral, Susana Borges e Luís Miguel Cintra e os escritores Mário<br />
Cláudio e Urbano Tavares Rodrigues.<br />
Entre 14 e 22 de Março, mês em que se comemoram 184 anos do nascimento<br />
de Camilo Castelo Branco, o Famafest 2009 levará o cinema a quatro salas<br />
municipais – na Casa das Artes (dois auditórios), na Biblioteca Municipal<br />
e no Centro de Estudos Camilianos –, com a exibição gratuita de mais de<br />
uma centena de fi lmes.<br />
A programação infantil volta a ser muito forte, garantindo a promoção<br />
do cinema entre o publico escolar. Estamos, por isso, orgulhosos do<br />
Famafest 2009, uma edição que contribui para a projecção de Famalicão,<br />
promovendo o cinema e a literatura.<br />
Armindo Costa, Arq.<br />
Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão<br />
3 | Apresentação
_FAMAFEST 2009<br />
A XI edição do Famafest, Festival de Cinema e Vídeo de Famalicão, como sempre<br />
dedicado às relações entre “Cinema e Literatura” arranca com uma programação<br />
invulgarmente importante e diversifi cada, procurando não só colmatar graves lacunas<br />
cinematográfi cas e culturais, como ainda impor-se como um dos mais signifi cativos<br />
certames a nível nacional e internacional. Cerca de três centenas de obras inscritas, das<br />
quais mais de três dezenas foram seleccionadas a concurso, com origem em diversos<br />
países do mundo (particularmente signifi cativas as presenças portuguesa e francesa),<br />
estreia de novos realizadores (inclusive revelações famalicenses, que o Famafest<br />
ajudou a fazer despontar), cerca de uma centenas de obras em projecção simultânea<br />
em quatro salas, eis um conjunto de factores poderosíssimos para continuar a justifi car<br />
a realização deste festival, com este formato, desde sempre um projecto que pretendia<br />
ser algo de completamente diferente do que existia até então no nosso País, e mesmo<br />
internacionalmente: um festival para abordar as relações entre o cinema e a literatura,<br />
incentivando o gosto pelo cinema e pela literatura, procurando estudar as complexas<br />
e contraditórias relações que existiram desde sempre entre estas duas formas de<br />
narrativa, e também lutar contra a debandada dos espectadores das salas de cinema<br />
e dos leitores das livrarias.<br />
Uma secção presente desde a primeira edição do Famafest é “Da Palavra à Imagem”,<br />
que este ano volta a chamar a atenção para muitos dos fi lmes estreados em <strong>Portugal</strong> e<br />
que tiveram particular relevo nas relações entre a escrita literária e a cinematográfi ca.<br />
Desde “Ensaio sobre a Cegueira” até alguns dos melhores fi lmes que disputaram os<br />
recentes Oscars há um pouco de tudo para ver.<br />
Entre os ciclos paralelos, de homenagem a escritores, temos uma fortíssima mostra<br />
de Edgar Allan Poe no Cinema, por altura das comemorações dos 200 anos sobre o<br />
nascimento deste decisivo escritor norte-americano. De Griffi th a Corman, dezenas de<br />
raridades preciosas podem ser vistas. De Yukio Mishima apresentam-se igualmente<br />
vários fi lmes que sublinham a particularíssima relação do escritor japonês com o<br />
cinema. De Machado de Assis tenta-se uma aproximação idêntica, por altura do<br />
seu centenário, numa colaboração com a Embaixada Brasileira junto da CPLP, que<br />
5 | Apresentação
6 | Apresentação<br />
muito agradecemos. Numa curta homenagem a Alexandre Soljenitsin, cuja morte<br />
ocorreu em Agosto do ano passado, projectam-se obras onde se testemunha o<br />
pensamento deste escritor russo que teve preponderante papel crítico e humanista.<br />
De colaboração com o recém-criado FICAP (Festival Internacional de Cinema e Artes<br />
Performativas) organizam-se duas mostras absolutamente imperdíveis sobre dois dos<br />
maiores encenadores da actualidade, Peter Brook e Robert Wilson. Ainda associado<br />
às comemorações do centenário do nascimento de Carmen Miranda, recorda-se a<br />
vida e a obra da popularíssima actriz de origem portuguesa que o Brasil viu explodir<br />
em talento natural. Os 80 anos de Tintim, cinema português, animação para os mais<br />
jovens são outros temas não esquecidos, relembrando-se que desde a primeira edição<br />
do Famafest já passaram pelas suas salas largos milhares de crianças, muitas das quais<br />
tiveram aqui o seu primeiro contacto com o cinema.<br />
Tal como nas anteriores edições, também este ano o Famafest homenageia algumas<br />
personalidades do mundo da literatura e do espectáculo. Luís Miguel Cintra, Laura<br />
Soveral, Suzana Borges, no campo do teatro, do cinema ou da televisão, Mário Cláudio<br />
e Urbano Tavares Rodrigues, no da literatura são os nomes que este ano passarão pelo<br />
palco do Famafest e que o “Passeio do Famafest” irá eternizar com inscrições alusivas<br />
nos passeios circundantes à Casa das Artes.<br />
Finalmente, dois fabulosos concertos portugueses, irão abrir e fechar o Famafest deste<br />
ano. Carlos do Carmo e Corvos dispensam apresentação. O nosso reconhecimento pela<br />
presença. No Júri Internacional teremos a comparência, este ano, de gratas fi guras da<br />
cultura nacional e internacional, como Uxia Blanco, actriz, e Anxo Santomil, realizador,<br />
ambos de Espanha, e Ibrahim Spahic, director do Festival de Inverno de Sarajevo, Bósnia<br />
Herzegovina, além dos portugueses Laura Soveral e Susana Borges, actrizes, João<br />
Pereira Bastos, musicólogo, António Colaço, sociólogo, e Fernando Dacosta, escritor,<br />
todos de <strong>Portugal</strong>. O Júri da Juventude mantém-se e a todos os que colaboraram<br />
nos dois júris o meu mais sincero obrigado, em nome pessoal e do Famafest. Muito<br />
obrigado ainda ao Embaixador Lauro Moreira pela disponibilidade para nos vir falar de<br />
Machado de Assis, ao João Pereira Bastos, por aceitar relembrar Cármen Miranda, ao<br />
escritor António Mega Ferreira por ajudar a sublinhar a importância de Mishima.<br />
Finalmente, resta-me agradecer a todos quantos têm acreditado neste festival,<br />
nomeadamente à actual equipa que dirige o Município de Vila Nova de Famalicão,<br />
personalizado na fi gura do seu presidente, Arquitecto Armindo Costa, bem como<br />
o vereador Dr. Leonel Rocha. Sem eles este festival não existiria em Famalicão. Um<br />
agradecimento muito especial também ao actual director da Casa das Artes, Dr. Álvaro<br />
Santos, que mantém esta Casa como uma referência de programação nas casas de<br />
cultura deste País. Um muito obrigado ainda aos realizadores e produtores com<br />
obras presentes a concurso, que nos honram com a sua actividade, o seu saber, a sua<br />
amizade. Ainda um obrigado muito especial a todos os que colaboram anonimamente<br />
neste festival, ao público que acarinha esta iniciativa, ao cidadão famalicense que nos<br />
brinda com a sua amizade e carinho. O Famafest 2009 tem tudo para ser um sucesso.<br />
Famalicão bem o merece.<br />
Lauro António<br />
(Director do Famafest)
FAMAFEST<br />
2009<br />
ORGANIZAÇÃO E AGRADECIMENTOS
CÂMARA MUNICIPAL DE VILA NOVA DE FAMALICÃO<br />
Direcção do FAMAFEST<br />
Lauro António<br />
Comissão de Honra<br />
Armindo Costa<br />
(Presidente da Câmara Municipal de V. N. Famalicão)<br />
Nuno Melo<br />
(Presidente da Assembleia Municipal de V. N. Famalicão)<br />
José Pedro Ribeiro<br />
(Presidente do ICA)<br />
Jorge Vaz de Carvalho<br />
(Director do Instituto das Artes)<br />
Secretariado<br />
(em Vila Nova de Famalicão)<br />
Leonel Rocha<br />
(Vereador da Educação e Cultura)<br />
Artur Sá da Costa<br />
(Director do Departamento de Educação e Cultura)<br />
Álvaro Santos<br />
(Director da Casa das Artes)<br />
Luís Paulo Rodrigues<br />
(Adjunto do Presidente para a Área de Comunicação Social)<br />
Ivete Ferreira<br />
(Casa das Artes)<br />
Marco Magalhães<br />
(Dep. Educação e Cultura)<br />
Vasco Freitas<br />
(Dep. Educação e Cultura)<br />
(em Lisboa)<br />
Frederico Corado<br />
(secretariado / contactos internacionais)<br />
Maria Eduarda Colares<br />
(secretariado / traduções)<br />
Tânia Espírito Santo<br />
(fi chas de obras a concurso)<br />
Alexandra Amorim<br />
(secretariado / apoio júri e convidados)<br />
Sónia Barbosa<br />
(revisão)<br />
Rodrigo Moreira<br />
(design de mascote)
apoios:<br />
Restaurante Sara Cozinha Regional, Lda<br />
Restaurante Tapas & Ca.<br />
Restaurante Massimo<br />
Restaurante Torres<br />
Restaurante Moutados<br />
Residencial Francesa<br />
Hotel Moutados<br />
Jornal e Rádio Cidade Hoje – pela divulgação<br />
Rádio Digital e Jornal Opinião Pública – pela divulgação<br />
Famalicão.T.V. – pela divulgação<br />
Jornal de Famalicão – pela divulgação<br />
Povo Famalicense – pela divulgação<br />
Repórter Local – pela divulgação<br />
Viver a Nossa Terra – pela divulgação<br />
Noticias de Famalicão – pela divulgação<br />
ACB – Associação Cultural dos Trabalhadores do Município<br />
Salas do Famafest<br />
Casa das Artes - Grande e Pequeno Auditórios<br />
Auditório da Biblioteca Municipal - Camilo Castelo Branco<br />
Auditório da Casa de Camilo em São Miguel de Seide<br />
Agradecimentos<br />
Anxo Santomil<br />
António Colaço<br />
Fernando Dacosta<br />
João Perreira Bastos<br />
Laura Soveral<br />
Ibrahim Spahic<br />
Suzana Borges<br />
Uxia Blanco<br />
Pela participação no Júri Internacional<br />
Ana Regina Loureiro Abreu<br />
Andreia Silva<br />
Augusta Isabel Santos Figueiredo<br />
Cátia Filipa Gonçalves Ferreira<br />
Catherine Boutaud<br />
Cláudia Teixeira de Almeida<br />
Joana Andreia Paiva Mendes<br />
Silvana Fontes<br />
Tânia Espírito Santo<br />
Vanessa Pelerigo<br />
Pela participação no Júri da Juventude<br />
Laura Soveral<br />
Luis Miguel Cintra<br />
Mário Cláudio<br />
Suzana Borges<br />
Urbano Tavares Rodrigues<br />
Por existirem e terem participado nesta edição do Famafest<br />
9 | Organização e Agradecimentos
10 | Organização e Agradecimentos<br />
Carlos do Carmo<br />
Corvos<br />
Pela participação nos concertos<br />
de abertura e encerramento<br />
do Famafest 2009<br />
António Mega Ferreira<br />
João Perreira Bastos<br />
Lauro Moreira<br />
Pela participação em debates<br />
e ainda aos autores<br />
e produtores das obras<br />
Connie Walther<br />
Eric Schulz<br />
Claus Wisemann<br />
(Alemanha)<br />
Jorge Bompart<br />
(Argentina)<br />
Georg Misch<br />
(Áustria)<br />
Adela Peeva<br />
(Bulgária)<br />
Antón Dobao<br />
Maria Suarez<br />
Esteban Varade<br />
Ángel Santos Touza<br />
(Espanha)<br />
Willam Farley<br />
(EUA)<br />
Jean-Pierre Prevost<br />
Jean-Jacques Bernard<br />
Robert Bober<br />
Esther Hoffenbere<br />
Carole Giacobbi<br />
Bernard Gorge<br />
Luc Lagier<br />
Dominique Gros<br />
Jean-Jacques Bernard<br />
Lade Michel Follin<br />
Pierre Boutron<br />
Jean- Philippe Puymartin<br />
Marianne Basiler<br />
(França)<br />
Massimo Amici<br />
(Itália, Canadá)<br />
Posidónio Cachapa<br />
Hélder Magalhães<br />
Nicolau Breyner<br />
Isabel Chaves<br />
Graça Castanheira<br />
Alberto Serra<br />
Patrícia Lino<br />
João Osório<br />
Eduardo Adelino<br />
Francisco José Viegas<br />
Frederico Corado<br />
(<strong>Portugal</strong>)<br />
Lucia Hossu Longin, Dan Necsulea<br />
(Roménia)<br />
*<br />
DPI Cromotipo<br />
Pelo empenho manifestado<br />
na execução dos trabalhos tipográfi cos<br />
Atalanta Filmes<br />
Columbia Filmes<br />
Filmes Castello Lopes<br />
Filmes Zon - Lusomundo<br />
Midas Filmes<br />
Prisvídeo<br />
Valentim de Carvalho Filmes<br />
Pelo aluguer e cedência de obras<br />
Agradecimentos especiais a todos os<br />
funcionários da Câmara Municipal,<br />
Casa das Artes, Biblioteca Municipal e<br />
Centro de Estudos Camilianos,<br />
que ajudaram a tornar possível mais<br />
esta edição do Famafest,<br />
com o seu trabalho e dedicação
FAMAFEST<br />
2009<br />
JÚRIS
12 | Júri Internacional<br />
LAURA SOVERAL, actriz (<strong>Portugal</strong>)<br />
Presidente do Júri<br />
Laura Soveral<br />
Laura Soveral nasceu em Benguela, Angola, a 23 de Março de 1933.<br />
Com inúmeros trabalhos em teatro, Laura Soveral foi também reconhecida pela sua actividade<br />
cinematográfi ca, salientando “Uma Abelha na Chuva”, de Fernando Lopes (1972) como um dos seus<br />
primeiros trabalhos.<br />
Depois de trabalhar em Benguela como educadora de infância, vem para Lisboa onde cursa Filologia<br />
Germânica e se começa a interessar por teatro. Estreia-se em 1964 no Grupo Fernando Pessoa, dirigido<br />
por João d’Ávila. Foi no Conservatório Nacional, com professores como Henriette Morineau, que<br />
desenvolveu a arte de representar. E em 1968 recebeu o Prémio de Melhor Actriz de Cinema pelo SNI<br />
e pela Casa da Imprensa. Ao mesmo tempo, na televisão, ía sendo chamada para fazer teatro ou para<br />
declamar poemas no programa Hospital das Letras de David Mourão-Ferreira.<br />
Na temporada de 1970/1971 tem uma das suas mais importante época, fazendo “O Processo de Kafka”<br />
e “Depois da Queda”, de Arthur Miller. Representou textos de Fernando Pessoa, José Saramago, Almada<br />
Negreiros, Ferenc Molnar, Moliére, Kafka, Yves Jamiacque, entre outros. Esteve em cena no Teatro D.<br />
Maria II, Teatro São Luíz, Teatro da Cornucópia, Teatro da Comuna, Teatro Aberto, Teatro Sá da Bandeira,<br />
Teatro Maria Matos, Teatro Villaret, onde trabalhou com Gracindo Júnior, Adolfo Marsillach, Carlos<br />
Avillez, Fernando Amado, João D’Ávila, Norberto Barroca, Maria do Céu Guerra, Diogo Infante e Christine<br />
Laurent.<br />
A sua longa experiência cinematográfi ca passa por fi lmes como Vale Abraão, A Divina Comédia e<br />
Francisca de Manoel de Oliveira, Terra Sonâmbula de Teresa Prata, O Fatalista e Tráfi co de João Botelho,<br />
Quaresma de João Álvaro Morais, Uma Abelha na Chuva e O Delfi m de Fernando Lopes, Encontros<br />
Imperfeitos de Jorge Marecos Duarte, entre muitos outros.<br />
Pontualmente continuou a aparecer na televisão. Em 1976, num período da sua vida em que viveu no<br />
Brasil, actuou na novela Duas Vidas, da Rede Globo de Televisão, no papel de Leonor. Mais tarde, integrou<br />
o elenco da novela Tempo de Viver (2006), e participou na série O Testamento para a RTP no papel de<br />
Conceição.
Uxia Blanco<br />
UXIA BLANCO IGLESIAS, actriz (Galiza - Espanha)<br />
Actriz. Nascida em Touro (A Coruña), 1952. Licenciada en Geografia e História, durante a sua etapa<br />
universitária participa em diversos grupos de teatro. Em 1984 co-dirige - com Daniel Dominguez<br />
- a curta-metragem “O Segredo”. Uxía vai converter-se num icono popular do audiovisual galego ao<br />
encarnar a protagonista de “Sempre Xonxa” (Chano Piñeiro 1989). A partir desse momento Uxia será<br />
um rosto habitual em numerosos programas de TVG (Dezine, Planeta Cine); séries de TV, (Mareas vivas,<br />
Pratos combinados, El comisario, Familia Pita, Hospital central, Makinavaja, Libro de familia, Cuéntame...)<br />
curtas e longas-metragens do audiovisual espanhol e galego. Longas-metragens: 1989: Sempre Xonxa;<br />
1992: Fuxidos; 1995: Ni en sueños; 1998: A lingua das bolboretas; 1999: Terra de fogo; 2000: Dagon; 2002:<br />
Juegos y Mentiras; 2004: Mis estimadas víctimas, Somne, Los venenos de Ildara; 2005: La velocidad<br />
funda el olvido, Hotel Tívoli.<br />
13 | Júri Internacional
14 | Júri Internacional<br />
IBRAHIM SPAHIC, director do Festival de Sarajevo (Bósnia-Herzgovina)<br />
Ibrahim Spahic<br />
Ibrahim Spahiç nasceu em Sarajevo, em 1952. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Sarajevo. De 1974 a<br />
1982, foi presidente da Associação de Estudantes. Participou em numerosos foruns europeus para a juventude.<br />
Foi fundador e membro do Conselho de várias comissões na área da defesa dos direitos humanos. Fundador<br />
e co-Presidente da primeira organização ecológica “Skakavac” e editor das revistas de ambiente “Eko oko”e<br />
“Spektar”. Fundador e impulsionador de vários projectos culturais ligados à literatura. Entre 1990-1993, foi<br />
Presidente do SSRN e do DSS (Partido Socialista Democrático de Sarajevo), Presidente do City Democratic Party<br />
desde 1993 e membro do Sarajevo Council of City Commissioners entre 1992 e 1993. É autor da Declaração<br />
de Abril para uma Sarajevo Unificada e Livre (1992), para além de muitas outras actividades políticas<br />
onde desempenhou destacados lugares. É Presidente e organizador do Festival Internacional de Sarajevo<br />
“Sarajevo Winter,” presidente do International Peace Centre (IPC), e da Bienal dos Jovens Artistas da Europa<br />
e Mediterrâneo, de 2001-2006. A sua vastíssima actividade em defesa da cultura, dos direitos humanos e da<br />
liberdade têm-lhe valido numerosos prémios e homenagens internacionalmente.
Suzana Borges<br />
SUZANA BORGES, actriz (<strong>Portugal</strong>)<br />
Suzana Borges, nasceu em Lisboa, 7 de Julho de 1956. Licenciada em Filosofi a e Pós-graduada em Filosofi a<br />
Contemporânea. Estagiou Formação Teatral com Rudy Shelley e Lin Britt, do Old Vic Bristol School; Prof.<br />
Markert e Eva Winkler, do RDA de Berlim; Marcia Haufrecht do Lee Strasberg Theatre Institute de Nova<br />
Iorque; entre outros.<br />
Intérprete em inúmeras peças, salienta autores como Bertolt Brecht, Samuel Beckett, Tennessee Williams,<br />
Wedekind, Whitehead, Beth Henley, J. B. Priestley, José Luís Peixoto, Irene Lisboa ou Cecília Meireles. Foi<br />
dirigida por encenadores como João Canijo, Caldeira Pires, Osório Mateus, Rui Madeira, João Lagarto,<br />
Fernando Heitor, Fernanda Lapa, Manuel Cintra, João Lourenço ou Diogo Dória.<br />
Encenou Uale – Não Posso Encontrar, de José Luís Peixoto e Adília Lopes; fez a concepção de diversos<br />
espectáculos, entre os quais A Vida Não é Literatura, de Irene Lisboa. Criou e encenou espectáculos<br />
de poesia onde também participou, tendo trabalhado a partir de autores como Emily Dicknson, Eça<br />
de Queirós, Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Luís de Camões, Sophia de Mello Breyner. Em ópera,<br />
trabalhou a partir de José Saramago e A. Corghi, sob a direcção de João Paulo Santos e Jerôme Savari.<br />
No cinema participou em fi lmes de Ana Luísa Guimarães, José Nascimento (Repórter X e Tarde Demais),<br />
Jean Pierre Grasset, Rosa Coutinho Cabral, Benoit Jacquot, Luís Vidal Lopes, António de Macedo (Emissários<br />
de Khalom), João Mário Grilo (O Processo do Rei e A Falha), Daniel Schmid, Raoul Ruiz, Mário Gamus, João<br />
Botelho (Quem és Tu?, Tráfi co, A Mulher Que Acreditava Ser A Presidente dos EUA e O Fatalista), Maurizio<br />
Sciarra, Fernando Matos Silva, Fernando Lopes (Lá Fora), Rui Simões, João César Monteiro (Vai e Vem),<br />
entre outros. Trabalhou em televisão, a nível nacional e internacional, nomeadamente em telefi lmes e<br />
séries.<br />
15 | Júri Internacional
16 | Júri Internacional<br />
JOÃO PEREIRA BASTOS, musicólogo (<strong>Portugal</strong>)<br />
J. Pereira Bastos<br />
Ingressa em 1967 na Emissora Nacional. Em 1977 inicia a sua colaboração regular no Diário de Notícias,<br />
como crítico musical. Como produtor discográfico e supervisor de som, mantém actividade regular,<br />
até aos dias de hoje desde o início da era digital. Em 1981 ingressa no Teatro Nacional de São Carlos<br />
desempenhando sucessivamente as funções de Coordenador da Produção, Director da Produção/<br />
Director Técnico e Director Artístico. Em 1988 integra a Direcção da Fundação Musical dos Amigos das<br />
Crianças. Director Artístico do Festival Internacional de Música de Macau, cargo que acumula com as<br />
suas actividades em <strong>Portugal</strong>, durante 8 anos e até à realização do último Festival sob administração<br />
portuguesa, em 1999. É ainda nomeado Director Artístico do projecto de inauguração do Centro Cultural<br />
de Macau (1999), que incluiu um concerto com o pianista António Rosado e a Orquestra Nacional da<br />
China sob a direcção de Manuel Ivo Cruz. A inauguração também permitiu levar à China pela primeira<br />
vez uma ópera de Richard Wagner, O Navio Fantasma (3 récitas), com um elenco misto de cantores<br />
portugueses e estrelas do Festival de Bayreuth. Após 15 anos de actividade no São Carlos em 1996 regressa<br />
à RDP como Director da Antena 2. Da acção desenvolvida resulta a distinção da Antena 2 com o Prémio<br />
Bordalo da Casa da Imprensa em 1997 (só anteriormente atribuído em 1957) e às nomeações da Antena<br />
2 em dois anos consecutivos, para os Globos de Ouro da SIC (1999 e 2000), nas únicas edições em que<br />
a “modalidade rádio” foi incluída na lista dos concorrentes. Como investigador do musical americano<br />
aceita o convite para realizar uma série de programas na Antena 2 intitulada Da Broadway ao West End<br />
- o Musical, que se prolongou por três anos. Realiza e encena dez espectáculos diferentes, oito dos quais<br />
no Teatro Municipal de São (Os Grandes Mestres do Musical Americano - 7) e (De Regresso à Broadway).<br />
De Regresso à Broadway, conjuntamente com José Carreras e a Orquestra Metropolitana de Lisboa,<br />
inaugura o Cine-Teatro Micaelenese em Setembro de 2004. Na Antena 2, “descobre” e responsabilizase<br />
pela edição em CD de La Traviata-Lisboa 1958 com Maria Callas na protagonista. Agraciado com a<br />
Cruz da Ordem Soberana e Militar de Malta, em Maio de 1998, e com a Medalha de Mérito Cultural, de<br />
Governador de Macau, General Rocha Vieira.
António Colaço<br />
ANTÓNIO COLAÇO, antropólogo (<strong>Portugal</strong>)<br />
Iniciou a sua colaboração com este Festival Ecocine da Serra da Estrela promovendo as extensões de<br />
Serpa e Albufeira. É professor universitário na área das ciências sociais tendo exercido a actividade<br />
docente e investigação em <strong>Portugal</strong> e em várias partes do mundo. Sempre privilegiou a antropologia<br />
visual que o levou ao guionismo e consultoria de produção filmica documental.<br />
17 | Júri Internacional
18 | Júri Internacional<br />
ANXO SANTOMIL, director Cinemas Dixitais (Galiza - Espanha)<br />
Anxo Santomil<br />
Nasceu em Santiago de Compostela em 1952. Desenhador. Foi um dos impulsores e fundadores da<br />
Federação de Cine clubes de Galicia (1984); Vicepresidente da Confederación de Cine Clubs do Estado<br />
Español durante vários anos. Fez parte da equipa que desenvolveu a unidade didáctica sobre projecção<br />
cinematográfi ca em todo o estado español, em colaboração com o Ministério da Cultura e a Filmoteca<br />
Española. Participou no desenvolvemento do programa “Cine español. Algunos jalones signifi cativos<br />
(1896-1936)”. Através da Federación de Cine Clubs de Galicia participa, desde 1984, nos programas de<br />
intercâmbio e difusão do audiovisual galego e português nos dois países. Dirigiu diversas experiências<br />
audiovisuais no ensino. Participou na organização das primeiras Xornadas de Cine e Video en Galicia<br />
(XOCIVIGA) sendo coordenador nas edicções de 2002 a 2005. Coordenou a secção “En clave-07” no<br />
Festival Internacional de Cine Independiente de Ourense. Membro do Júri do prémio “Don Quixote” da<br />
International Federation of Film Societies em diferentes festivais internacionais de cine. Tem realizado<br />
decorações de cenários para diversos eventos. Trabalha num estúdio de arquitectura em desenho gráfi co<br />
e comercial. Actualmente dirige o projecto CINEMAS DIXITAIS da Agencia <strong>Audiovisual</strong> <strong>Galega</strong>, Junta<br />
de Galiza. Participou na produção de “Sempre Xonxa” (1989) de Chano Piñeiro; “Camiño das Estrelas”<br />
(1993) de Chano Piñeiro e “A Lenda da Doncella” (1994) de Juán Pinzás; realizou os documentários de<br />
montagem: “Carballiño, recuperando as súas imaxes”, “A Veracruz, así se concebíu, así se construíu.”,<br />
“Elixio González, reporteiro gráfi co da emigración” e “Pegadas de Muller”.
Fernando Dacosta<br />
FERNANDO DACOSTA, escritor (<strong>Portugal</strong>)<br />
Romancista, dramaturgo, jornalista, conferencista, Fernando Dacosta nasceu em Luanda a 12 de Dezembro<br />
de 1945 de onde foi, ainda criança, para o Alto Douro. Após frequentar o liceu na cidade de Lamego fixa-se<br />
em Lisboa, cursa Letras e inicia-se no jornalismo e na literatura. Foi director dos “Cadernos de Reportagem”<br />
e co-editor da “Relógio d´Água”. A sua primeira peça de teatro, “Um Jipe em Segunda Mão”, sobre a guerra<br />
colonial, vale-lhe o Grande Prémio de Teatro RTP, o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos e o Prémio<br />
Casa da Imprensa. “A Súplica ” (monólogo de uma mulher em ruptura com a realidade pós 25 de Abril),<br />
“Sequestraram o Senhor Presidente” (obra localizada no período revolucionário), “A Nave Adormecida ”<br />
(oratória do <strong>Portugal</strong> colonialista) e “A Frigideira” (inédito), são outros dos seus trabalhos dramatúrgicos.<br />
“Os Retornados Estão a Mudar <strong>Portugal</strong>”, narrativa da integração dos portugueses regressados de África,<br />
obtém o “Prémio Clube Português de Imprensa”. “Moçambique, todo o sofrimento do mundo ”, vence<br />
os prémios “Gazeta” e “Fernando Pessoa” de 1991. “O despertar dos Idosos ” recebe o prémio “Gazeta”<br />
de 1994. Com “O Viúvo”, metáfora sobre a perda do império, conquista o Grande Prémio de Literatura<br />
Círculo de Leitores. “Os Infieis”, parábola à volta dos que ousam trair o estabelecido, como os navegadores<br />
de quinhentos, e “Máscaras de Salazar”, crónica memoralista, são, respectivamente, os seus últimos<br />
romances e narrativa. Apresentou durante 1991 e 1992 uma rubrica sobre livros na RTP-1. Integrou os júris<br />
dos principais prémios literários portugueses. Foi agraciado em 2005 pelo Presidente da República com a<br />
Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.<br />
Bibliografia: Romance: “O Viúvo”, edições Dom Quixote, Círculo de Leitores, 1986, Editorial Notícias 1996, Planeta Agostini (edição de<br />
bolso) 2001 e Casa das Letras 2007 (sete edições) — Grande Prémio de Literatura Círculo de Leitores, “Os Infieis”, edições Dom Quixote<br />
1992, Círculo de Leitores 1993 e Editorial Notícias 1998; Teatro: “Um Jipe em Segunda Mão”, edição Ulmeiro, 1983 (esgotado) — Grande<br />
Prémio de Teatro RTP, Prémio da Associação da Associação Portuguesa de Críticos e Prémio Casa da Imprensa; “A Súplica”, edição<br />
Ulmeiro, 1983 (esgotado); “Sequestraram o Senhor Presidente”, edição, Relógio D´Água, 1984 (esgotado); “A Nave Adormecida”, Teatro<br />
Aberto, 1988; Narrativa: “Máscaras de Salazar”, Editorial Notícias 1998, Círculo de Leitores 1999 e Casa das Letras 2006 (18 edições);<br />
“Nascido no Estado Novo”, Editorial Notícias 2001, Círculo de Leitores 2002, Casa das Letras 2007; “Mineiros”, Edições Audiovisuais,<br />
2001; “A Escrita do Mar”, Edições Audiovisuais, 1998; “Cartas de Amigo”, Edições Audiovisuais, 1997; “O Príncipe dos Açores”,Edições<br />
Audiovisuais, 1996; “A Clínica das Inovações”,edição Império, 1995; “O Despertar dos Idosos”, edições “Público”, 1994 - Prémio Gazeta;<br />
“Moçambique, todo o sofrimento do mundo”, edições “Público”, 1991 — Prémios Gazeta e Fernando Pessoa; “Os Retornados Estão a<br />
Mudar <strong>Portugal</strong>”, edição Relógio D´Água, 1984 (esgotado) — Prémio Clube Português de Imprensa; “Paixão de Marrocos”, Edições<br />
Asa, 1992; “A Ilha da Sabedoria”, edições Éter, 1996; Conto: “Onde o mar acaba” (antologia), Dom Quixote, 1991; “Um olhar português”<br />
(antologia), Círculo de Leitores, 1992; “Imaginários Portugueses ” (antologia), edições Fora do Texto, 1992.v<br />
19 | Júri da Juventude
20 | Júri da Juventude<br />
_Júri da Juventude<br />
ANA REGINA LOUREIRO ABREU<br />
Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />
Actividades de expressão plástica, de dinâmica de grupo, no Centro Social e<br />
Paroquial de Ribeirão.<br />
ANDREIA SILVA<br />
Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />
Actividades de expressão plástica, de dinâmica de grupo, no ACB- Associação Cultural,<br />
Benefi cente e Desportiva dos Trabalhadores do Município de VN de Famalicão.<br />
AUGUSTA ISABEL SANTOS FIGUEIREDO<br />
Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />
Actividades de expressão plástica, de dinâmica de grupo, no Centro Social Cultural<br />
Dona Maria Gomes de Oliveira - ATL.<br />
CATHERINE BOUTAUD<br />
Francesa. Formação no LISAA, L’Institut Supérieur des Arts Appliqués, em Nantes,<br />
França (Infografi a: illustração, pintura, desenho de nu, fotografi a, historia de arte,<br />
etc.). Frequência da Universidade Nova de Lisboa. Cinema/Imagem em movimento<br />
na ARCO, Lisboa. Criação de jóias, acessórios e miniaturas. 6 anos de prática teatral.<br />
CÁTIA FILIPA GONÇALVES FERREIRA<br />
Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />
Actividades de expressão plástica, de dinâmica de grupo, no Centro Social e<br />
Paroquial de Ribeirão.<br />
CLÁUDIA TEIXEIRA DE ALMEIDA<br />
Assistente de produção no Nextart - Centro de Formação Artística, em Lisboa. Licenciatura<br />
em Gestão de Actividades Culturais. Frequentou 2 anos na área de Audiovisuais e<br />
Multimédia, Curso de Ciências da Comunicação e da Cultura, pela Univ. Lusófona de Lisboa.<br />
Formação teórica na Gulbenkian e no Ar.co, na área do cinema e do vídeo.<br />
JOANA ANDREIA PAIVA MENDES<br />
Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />
Actividades de expressão plástica, de dinâmica de grupo.<br />
SILVANA FONTES<br />
Aluna de Animação Sócio cultural, da Escola Profi ssional Cior (Escola Profi ssional)<br />
Actividades Psicologia, Sociologia, Área de Expressões Plásticas e Corporal e Área de<br />
Estudos da Comunidade.<br />
TÂNIA ESPÍRITO SANTO<br />
Licenciada na Univ. Autónoma de Lisboa, no curso de Ciências da Comunicação,<br />
Jornalismo. Estagiou no teatro Actores Produtores Associados, como Assistente<br />
de Produção. Participou em 2008 no Festival Internacional de Cinema de Artes<br />
Performativas e no CineEco.<br />
VANESSA PELERIGO<br />
Licenciada em Direito (Fac. Direito, Univ. Nova, Lisboa), Curso de História de Arte;<br />
Mestrado na área de Ciências Jurídico-Forenses; Frequenta Doutoramento em<br />
Direito; Frequenta especialização em Direito Penal Económico e Europeu no<br />
Instituto de Direito Penal Económico e Europeu da Fac. Direito de Coimbra.<br />
Escreve, pinta e já fez fi guração em séries de televisão.
FAMAFEST<br />
2009<br />
PROGRAMAÇÃO
22 | Programação Geral<br />
Programação Geral<br />
CASA DAS ARTES – GRANDE AUDITÓRIO<br />
Sábado, dia 14 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: Wall•E, de Andrew Stanton (EUA, 2008); com Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin,<br />
Fred Willard, MacInTalk, Sigourney Weaver, etc. Animação; 98’; M/ 6 anos.<br />
21,30 ABERTURA OFICIAL<br />
HOMENAGENS: LAURA SOVERAL, SUSANA BORGES, MÁRIO CLÁUDIO<br />
CONCERTO: CARLOS DO CARMO, HOMENAGEM CARLOS DO CARMO<br />
Domingo, dia 15 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa), de Eric Darnell, Tom McGrath (EUA,<br />
2008); 89’; M/ 6 anos.<br />
15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: O Estranho Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin<br />
Button), de David Fincher (EUA, 2008); com Brad Pitt, Cate Blanchett, Julia Ormond, Tilda<br />
Swinton, Taraji P. Henson, etc. 166’; M/ 12 anos.<br />
18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Destruir Depois de Ler (Burn After Reading), de Ethan Coen, Joel Coen<br />
(EUA, Inglaterra, França, 2008); com George Clooney, Frances McDormand, John Malkovich,<br />
Tilda Swinton, Brad Pitt, Richard Jenkins etc. 96’: M/ 12 anos.<br />
21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: O Estranho Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin<br />
Button), de David Fincher (EUA, 2008); com Brad Pitt, Cate Blanchett, Julia Ormond, Tilda<br />
Swinton, Taraji P. Henson, etc. 166’; M/ 12 anos.<br />
24,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Este País não é para Velhos (No Country for Old Men), de Ethan Coen,<br />
Joel Coen (EUA, 2007); com Tommy Lee Jones, Javier Bardem, Josh Brolin, Woody Harrelson, etc.<br />
122´; M/18 anos.<br />
Segunda-feira, dia 16 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: Wall•E, de Andrew Stanton (EUA, 2008); com Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin,<br />
Fred Willard, MacInTalk, Sigourney Weaver, etc. Animação; 98’; M/ 6 anos.<br />
15,00 CINEMA PORTUGUÊS: Amália, de Carlos Coelho da Silva (<strong>Portugal</strong>, 2008); com Sandra Barata,<br />
Carla Chambel, Ricardo Carriço, José Fidalgo, António Pedro Cerdeira, Ricardo Pereira, António<br />
Montez, Maria João Abreu, etc.127’; M/ 12 anos.<br />
18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Corações (Coeurs), de Alain Resnais (França, Itália, 2006); com Sabine<br />
Azéma, Isabelle Carré, Laura Morante, Pierre Arditi, André Dussollier, Lambert Wilson, etc. 120’;<br />
M/12 anos.<br />
21,30 HOMENAGENS: LUÍS MIGUEL CINTRA, URBANO TAVARES RODRIGUES<br />
CINEMA PORTUGUÊS: Amália, de Carlos Coelho da Silva (<strong>Portugal</strong>, 2008); com Sandra Barata,<br />
Carla Chambel, Ricardo Carriço, José Fidalgo, António Pedro Cerdeira, Ricardo Pereira, António<br />
Montez, Maria João Abreu, etc.127’; M/ 12 anos.<br />
Terça-feira, dia 17 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa), de Eric Darnell, Tom McGrath (EUA,<br />
2008); 89’; M/ 6 anos.<br />
15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight), de Christopher Nolan (EUA,<br />
2008); com Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart, Michael Caine, Maggie Gyllenhaal,<br />
Gary Oldman, Morgan Freeman, etc. 152’ ‘M/ 12 anos.<br />
18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Gomorra, de Matteo Garrone (Itália, 2008); com Toni Servillo,<br />
Gianfelice Imparato, Maria Nazionale, etc. 137’; M/ 16 anos.<br />
21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: A Troca (Changeling), de Clint Eastwood (EUA, 2008); com Angelina<br />
Jolie, John Malkovich, Gattlin Griffi th, etc. 141’; M/ 16 anos.<br />
24,00 DA PALAVRA À IMAGEM: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight), de Christopher Nolan (EUA,<br />
2008); com Christian Bale, Heath Ledger, Aaron Eckhart, Michael Caine, Maggie Gyllenhaal,<br />
Gary Oldman, Morgan Freeman, etc. 152’ ‘M/ 12 anos.
Quarta-feira, dia 18 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa), de Eric Darnell, Tom McGrath (EUA,<br />
2008); 89’; M/ 6 anos.<br />
15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: “Viagem ao Centro da Terra” (Journey to the Center of the Earth), de<br />
Eric Brevig (EUA, 2008); com Brendan Fraser, Josh Hutcherson, Anita Briem, etc. 93’ M/ 12 anos.<br />
18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: A Valsa com Bashir (Vals Im Bashir), de Ari Folman (Israel, Alemanha,<br />
França, EUA, 2008); Animação. 90’; M/ 12 anos.<br />
21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: Ensaio sobre a Cegueira (Blindness ou Ensaio Sobre a Cegueira),<br />
de Fernando Meirelles (Canadá, Brasil, Japão, 2008); com Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice<br />
Braga, etc. 120’; M/16 anos.<br />
24,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Virtude Fácil (Easy Virtue), de Stephan Elliott (Inglaterra, 2008); com<br />
Jessica Biel, Ben Barnes, Kristin Scott Thomas, Colin Firth, etc. 97’; M/ 12 anos.<br />
Quinta-feira, dia 19 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: Bolt, de Byron Howard, Chris Williams (EUA, 2008); Animação. 103’; M/ 6 anos.<br />
15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Austrália, de Baz Luhrmann (Austrália, EUA, 2008); com Nicole<br />
Kidman, Hugh Jackman, Bryan Brown, Brandon Walters, Ray Barrett, etc. 165’; M /12 anos.<br />
18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: A Turma (Entre les Murs), de Laurent Cantet (França, 2008); com<br />
François Bégaudeau, Nassim Amrabt, Laura Baquela, etc.128’; M/12 anos.<br />
21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: Austrália, de Baz Luhrmann (Austrália, EUA, 2008); com Nicole<br />
Kidman, Hugh Jackman, Bryan Brown, Brandon Walters, Ray Barrett, etc. 165’; M /12 anos.<br />
24,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Haverá Sangue (There Will Be Blood), de Paul Thomas Anderson (EUA,<br />
2007); com Daniel Day-Lewis, Paul Dano, David Willis, Kellie Hill, etc. 158’; M/ 12 anos.<br />
Sexta-feira, dia 20 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: A Lenda de Despereaux (The Tale of Despereaux), de Sam Fell, Robert Stevenhagen<br />
(EUA, Inglaterra, 2008); Animação. 93’; M/ 6 anos.<br />
15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: “O Dia em que a Terra Parou” (The Day the Earth Stood Still), de<br />
Scott Derrickson (Canadá, EUA, 2008); com Keanu Reeves, Jennifer Connelly, Kathy Bates, John<br />
Cleese, etc. 104’; M/ 12 anos.<br />
18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Sedução, Conspiração (Se, jie ou Se jie ou Lust, Caution), de Ang Lee<br />
(EUA, China, Taiwan, Hong Kong, 2007); com Tony Leung Chiu Wai, Wei Tang, Joan Chen, etc.<br />
157’; M/ 18 anos.<br />
21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: Frost/Nixon, de Ron Howard (EUA, França, Inglaterra, 2008); com<br />
Frank Langella, Michael Sheen, Sam Rockwell, Kevin Bacon, etc. 122’; M/ 12 anos.<br />
24,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Tropa de Elite, de José Padilha (Brasil, 2007); com Wagner Moura, Caio<br />
Junqueira, André Ramiro, Maria Ribeiro, Fernanda Machado, etc.115’; M/18 anos.<br />
Sábado, dia 21 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: Bolt, de Byron Howard, Chris Williams (EUA, 2008); Animação. 103’; M/ 6 anos.<br />
21,30 ENCERRAMENTO ATRIBUIÇÃO DE PRÉMIOS<br />
CONCERTO “CORVOS”<br />
Domingo, dia 22 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: A Lenda de Despereaux (The Tale of Despereaux), de Sam Fell, Robert Stevenhagen<br />
(EUA, Inglaterra, 2008); Animação. 93’; M/ 6 anos.<br />
15,00 DA PALAVRA À IMAGEM: “O Dia em que a Terra Parou” (The Day the Earth Stood Still), de<br />
Scott Derrickson (Canadá, EUA, 2008); com Keanu Reeves, Jennifer Connelly, Kathy Bates, John<br />
Cleese, etc. 104’; M/ 12 anos.<br />
18,00 DA PALAVRA À IMAGEM: Virtude Fácil (Easy Virtue), de Stephan Elliott (Inglaterra, 2008); com<br />
Jessica Biel, Ben Barnes, Kristin Scott Thomas, Colin Firth, etc. 97’; M/ 12 anos.<br />
21,30 DA PALAVRA À IMAGEM: Revolutionary Road, de Sam Mendes (EUA, Inglaterra, 2008); com<br />
Leonardo DiCaprio, Kate Winslet, Michael Shannon, etc. 119’; M/ 12 anos.<br />
23 | Programação Geral
24 | Programação Geral<br />
CASA DAS ARTES – PEQUENO AUDITÓRIO<br />
Sábado, dia 14 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “Objectivo Lua” (Objectif Lune) (1991) 45’; “Pisando a Lua”<br />
(On a Marche sur la Lune) (1991) 45’.<br />
15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Edgar Allan Poe, a Concise Biography”, de Malcolm<br />
Hossick (The Famous Authors) (EUA, 1993) 30’ (V.O. inglesa).<br />
HOMENAGEM A ALEXANDRE SOLJENITSIN: “Alexander Solzhenitsyn” (série “Great Writers”)<br />
45’ (V.O. inglesa).<br />
18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Edgar Allen Poe”, de D.W. Griffi th (EUA, 1908) 7’ (V.O.<br />
inglesa, mudo); “The Avenging Conscience”, de D.W. Griffi th (EUA, 1914) 84’ (V.O. inglesa,<br />
mudo).<br />
21,30 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Fall of the House of Usher”, de J. S. Watson e Melville<br />
Webber (EUA, 1926) 13’ (V.O. inglesa, mudo); “La Chute de la Maison Usher”, de Jean Epstein<br />
(França, 1928) 66’ (V.O. inglesa, mudo).<br />
24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Murders in the Rue Morgue”, de Robert Florey (EUA,<br />
1932) 61’ (V.O. inglesa, leg. espanhol); “The Raven”, de Lew Landers (EUA, 1934) 61’ (V.O. inglesa,<br />
leg. espanhol).<br />
Domingo, dia 15 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “A Ilha Negra” (L’Ile Noire) (1990) 45’; “O Ceptro de Ottokar”<br />
(Sceptre d’ Ottokar) (1990) 45’.<br />
15,00 CONCURSO: “Little White Wires”, de Massimo Amici (Itália, Canadá) 7’; “O Adeus à Brisa”, de<br />
Posidónio Cachapa (<strong>Portugal</strong>) 55’; “Levantado do Chão”, de Alberto Serra (<strong>Portugal</strong>) 50’.<br />
18,00 CONCURSO: “L’Affaire Kravchenko”, de Bernard Gorge (França) 52’; “Discorama, Signé Glaser”,<br />
de Esther Hoffenbere (França ) 67’.<br />
21,30 CONCURSO: “Cântico Negro”, de Hélder Magalhães (<strong>Portugal</strong>) 7’; “La Reine Morte”, de Pierre<br />
Boutron (França, <strong>Portugal</strong>) 90’.<br />
24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Tell-Tale Heart”, de Jules Dassin (EUA, 1941) 20’ (V.O.<br />
leg. português); “House of Usher”, de Roger Corman (EUA, 1960) 76’ (V.O. inglesa, leg. francês).<br />
Segunda-feira, dia 16 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “As Jóias de Castafi ore” (Les Bijoux de la Castafi ore) (1991)<br />
45’; “A Estrela Misteriosa” (L’Etoile Mysterieuse) (1990) 25’.<br />
15,00 CONCURSO: “Wagner’s Mastersinger Hitler’s Siegrfried”, de Eric Schulz e Claus Wisemann<br />
(Alemanha) 52’; “Divorce Albanian Style”, de Adela Peeva (Bulgária) 66’.<br />
18,00 CONCURSO: “Hitchcock et la Nouvelle Vague”, de Jean-Jacques Bernard (França) 55’; “Godard,<br />
l’Amour, la Poesie”, de Luc Lagier (França) 53’.<br />
21,30 CONCURSO: “Contrato”, de Nicolau Breyner (<strong>Portugal</strong>) 97’; “André Gide, un Petit Air de<br />
Famille”, de Jean-Pierre Prevost (França) 42’.<br />
24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Pit and the Pendulum”, de Roger Corman (EUA, 1961)<br />
78’ (V.O. inglesa, leg. português).<br />
Terça-feira, dia 17 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Segredo do Licorne” (Le Secret de la Licorne) (1991); “O<br />
Tesouro de Rackham, o Terrível” (Le Tresor de Rackham le Rouge) (1990) 25’.<br />
15,00 CONCURSO: “La Passion Boléro”, de Michel Follin (França) 59’ ; “Fernando Lopes Graça”, de<br />
Graça Castanheira (<strong>Portugal</strong>) 52’; “Simone de Beauvoir, une Femme Actuelle », de Dominique<br />
Gros (França) 51’.<br />
18,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: APRESENTAÇÃO: JOÃO PEREIRA BASTOS E LAURO<br />
ANTÓNIO; Documentário: “Carmen Miranda - Bananas is my Business”, de Helena Solberg e<br />
David Mayer (Brasil, 1995) 91’ (V.O. portuguesa).<br />
21,30 CONCURSO: “La Double Inconstance”, de Carole Giacobbi (França) 90’; “El Triángulo<br />
Imperfecto”, de Jorge Bompat (Argentina) 9’.<br />
24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Tales of Terror”, de Roger Corman (EUA, 1962) 90’ (V.O.<br />
inglesa, leg. francês).
Quarta-feira, dia 18 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “Os Charutos do Faraó” (Cigare du Pharaon) (1990) 45’; “O<br />
Lotus Azul” (Le Lotus Bleu) (1991) 45’.<br />
15,00 CONCURSO: “Song of Myself”, de William Farley (EUA) 50’; “Welles Angels”, de Jean-Jacques<br />
Bernard (França) 52’; “The King Does Not Exit”, de Dan Necsulea e Lucia Hossulongin<br />
(Roméria) 50’.<br />
18,00 CONCURSO : “Re-Lectures Pour Tous”, de Robert Bober (França) 58’ ; “En Revoyant, “Lire C’est<br />
Vivre”, de Robert Bober (França) 58’.<br />
21,30 CONCURSO: “Grandes Livros, Os Maias”, de João Osório (<strong>Portugal</strong>) 50’; “Monsieur X”, de Jean-<br />
Philippe Puymartin e Marianne Basiler (França) 76’<br />
24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Raven” (O Corvo), de Roger Corman, (EUA, 1963) 75’<br />
(V.O. inglesa, leg. português).<br />
Quinta-feira, dia 19 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Voo 714 para Sidney” (Vol 714 pour Sydney) (1991) 45’;<br />
“Tintim na América” (Tintin en Amerique) (1990) 25’.<br />
15,00 EXTRA-CONCURSO: “Laura Soveral”, de Graça Castanheira 50’; “Maria do Céu Guerra”, de<br />
Frederico Corado 50’; “Humberto Delgado: Obviamente Demito-o!”, de Lauro António 57'.<br />
18,00 CONCURSO: “Guarda-livros”, de Eduardo Adelino /Francisco José Viegas (<strong>Portugal</strong>) 4X 25’.<br />
21,30 CONCURSO: “12 Means: I Love You”, de Connie Walther (Alemanha) 90’; “Cuentos: Primeros<br />
Auxilios”, de Maria Suarez, Esteban Varade (Espanha) 55’.<br />
24,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Edgar Allan Poe, a Concise Biography”, de Malcolm<br />
Hossick (The Famous Authors) (EUA, 1993) 30’ (V.O. inglesa); “The Masque of the Red Death”,<br />
de Roger Corman (EUA, 1964) 85’ (V.O. inglesa, leg. francês).<br />
Sexta-feira, dia 20 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “Carvão no Porão” (Coke en stock) (1991) 45’; “Tintim no<br />
Tibete” (Tintin au Tibet) (1991) 45’.<br />
15,00 CONCURSO: “A Road to Meca”, de Georg Misch (Áustria) 98’; “Jean-Pierre Melville<br />
18,00 CONCURSO: “O Cazador”, de Ángel Santos Touza (Espanha, Galiza) 25’; “O Club da Calceta”, de<br />
Antón Dobao (Espanha, Galiza) 90’.<br />
21,30 HOMENAGEM A ALEXANDRE SOLJENITSIN; “Dialogues with Solzhenitsyn”, de Alexander<br />
Sokurov (Rusia, 1999) 188’ (V.O. russa, leg. inglês) I Parte.<br />
24,00 HOMENAGEM A ALEXANDRE SOLJENITSIN: “Dialogues with Solzhenitsyn”, de Alexander<br />
Sokurov (Rusia, 1999) 188’ (V.O. Russa, leg. inglês) II Parte.<br />
Sábado, dia 21 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Ídolo Roubado” (L’Oreille Cassée) (1990) 45’; “O<br />
Caranguejo das Tenazes de Ouro” (Crabe aux Pinces d’Or) (1990) 45’.<br />
15,00 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: APRESENTAÇÃO: EMBAIXADOR LAURO MOREIRA E LAURO<br />
ANTÓNIO; Documentário: “Machado de Assis, Alma Curiosa de Perfeição”, de Maria Maia.<br />
18,00 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: “Memórias Póstumas” (2001), de André Klotzel.<br />
21,30 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: “Dom” (2003), de Moacyr Góes<br />
24,00 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: “A Cartomante” (2004), de Wagner de Assis e Pablo<br />
Uranga.<br />
Domingo, dia 22 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Caso Girassol” (L’Affoir Tournesol) (1991) 45’; “Tintim no<br />
País do Ouro Negro” (Tintin au Pays de L’Or Noir) (1991) 45’.<br />
15,00 OBRAS PREMIADAS NO FAMAFEST 2009 (A anunciar).<br />
18,00 OBRAS PREMIADAS NO FAMAFEST 2009 (A anunciar).<br />
21,30 OBRAS PREMIADAS NO FAMAFEST 2009 (A anunciar).<br />
25 | Programação Geral
26 | Programação Geral<br />
BIBLIOTECA MUNICIPAL – AUDITÓRIO<br />
Sábado, dia 14 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “As 7 Bolas de Cristal” (1990) 45’; “O Templo do Sol” (1991) 45’.<br />
15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Revenge in the House of Usher”, de Jesus Franco<br />
(Espanha, 1982) 99’ (V.O. francesa).<br />
18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Murders in the Rue Morgue”, de Gordon Hessler (EUA,<br />
1971) 98’ (V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />
Domingo, dia 15 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “Objectivo Lua” (1991) 45’; “Pisando a Lua” (1991) 45’.<br />
15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Two Evil Eyes”, de George Romero e Dario Argento 120’<br />
(EUA, Itália, 1990) (V.O. inglesa).<br />
18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Raven” (O Corvo), de Ulli Lommel (EUA, 2006) 81’ (V.O.<br />
inglesa. leg. português).<br />
Segunda-feira, dia 16 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “A Ilha Negra” (1990) 45’; “O Ceptro de Ottokar” (1990) 45’.<br />
15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Raven” (O Corvo), de Roger Corman, (EUA, 1963)<br />
75’ (V.O. inglesa, leg. português); “The Tomb of Ligeia”, de Roger Corman (EUA, 1965) 78’ (V.O.<br />
inglesa, leg. francês).<br />
18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Der Rosenkönig / Le Roi des Roses” (O Rei das Rosas), de<br />
Werner Schroeter (RFA, França, <strong>Portugal</strong>, 1986) 103’ (Leg. português).<br />
Terça-feira, dia 17 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “As Jóias de Castafi ore” (1991) 45’; “A Estrela Misteriosa”<br />
(1990) 25’.<br />
15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Murders in the Rue Morgue”, de Jeannot Szwarc<br />
(França, EUA, 1986) 90’ (Leg. português).<br />
18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Mansion of Madness”, de Juan López Moctezuma<br />
(México, 1973) 85’ (V.O. espanhol, leg. Inglês).<br />
Quarta-feira, dia 18 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Segredo do Licorne” (1991); “O Tesouro de Rackham, o<br />
Terrível” (1990) 25’.<br />
15,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “Cry of the Bush”, de Gordon Hessler (EUA, 1970) 91’ (V.O.<br />
inglesa, leg. espanhol).<br />
18,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: Down Argentina Way (Serenata Tropical), de Irving<br />
Cummings (EUA, 1940) 88’ (V.O. inglesa, leg. português).<br />
Quinta-feira, dia 19 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “Os Charutos do Faraó” (1990) 45’; “O Lotus Azul” (1991) 45’.<br />
15,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: “Copacabana”, de Alfred E. Green (EUA, 1947) 91’ (V.O.<br />
inglesa)<br />
18,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: “The Gang’s All Here”, de Busby Berkeley (EUA, 1943) 99’<br />
(V.O. inglesa, leg. francês).<br />
Sexta-feira, dia 20 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Voo 714 para Sidney” (1991) 45’; “Tintim na América” (1990) 25’.<br />
15,00 CICLO YUKIO MISHIMA NO CINEMA: “The Sailor Who Fell from Grace with the Sea”, de Lewis<br />
John Carlino, segundo romance de Mishima (Inglaterra, 1976) 105’ (V.O. inglesa).<br />
18,00 CICLO YUKIO MISHIMA NO CINEMA: APRESENTAÇÃO: ANTÓNIO MEGA FERREIRA E LAURO<br />
ANTÓNIO “Patriotism”, de Yukio Mishima, com Yukio Mishima, segundo obra de Mishima<br />
(Japão, 1966) 22’ (V.O. japonesa, leg. inglês).<br />
Sábado, dia 21 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: 80 ANOS DE TINTIM: “O Ídolo Roubado” (1990) 45’; “O Caranguejo das Tenazes<br />
de Ouro” (1990) 45’.<br />
15,00 CICLO YUKIO MISHIMA NO CINEMA: “Afraid To Die”, de Yasuzo Masumura, com Yukio Mishima<br />
(Japão, 1960) 97’ (V.O. japonesa, leg. inglês).<br />
18,00 CICLO YUKIO MISHIMA NO CINEMA: “Mishima”, de Paul Schrader (EUA, 1985) 120’ (V.O. inglesa).
"CASA DE CAMILO, SEIDE" AUDITÓRIO<br />
Domingo, dia 15 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: Wall•E, de Andrew Stanton (EUA, 2008); com Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin,<br />
Fred Willard, MacInTalk, Sigourney Weaver, etc. Animação; 98’; M/ 6 anos.<br />
18,00 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: “Memórias Póstumas” (2001), de André Klotzel.<br />
Segunda-feira, dia 16 de Março de 2009<br />
18,00 MACHADO DE ASSIS NO CINEMA: “Dom” (2003), de Moacyr Góes.<br />
Terça-feira, dia 17 de Março de 2009<br />
18,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: “Down Argentina Way” (Serenata Tropical), de Irving<br />
Cummings (EUA, 1940) 88’ (V.O. inglesa, leg. português).<br />
Quarta-feira, dia 18 de Março de 2009<br />
18,00 HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA: “Carmen Miranda - Bananas is my Business”, de Helena<br />
Solberg e David Mayer (Brasil, 1995) 91’ (V.O. portuguesa).<br />
Quinta-feira, dia 19 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: Madagascar 2 (Madagascar: Escape 2 Africa), de Eric Darnell, Tom McGrath (EUA,<br />
2008); 89’; M/ 6 anos.<br />
18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Raven” (O Corvo), de Roger Corman, (EUA, 1963) 75’<br />
(V.O. inglesa, leg. português).<br />
Sexta-feira, dia 20 de Março de 2009<br />
10,00 ANIMAÇÃO: Bolt, de Byron Howard, Chris Williams (EUA, 2008); Animação. 103’; M/ 6 anos.<br />
18,00 HOMENAGEM A EDGAR ALLAN POE: “The Pit and the Pendulum” (O Fosso e o Pêndulo), de<br />
Roger Corman (EUA, 1961) 78’ (V.O. inglesa, leg. português).<br />
PROLONGAMENTO DO FAMAFEST<br />
MOSTRA ROBERT WILSON / PETER BROOK<br />
DE COLABORAÇÃO COM O FICAP<br />
(Festival Internacional de Cinema e Artes Perfomativas)<br />
Horário a confi rmar durante o Festival<br />
Segunda-feira, dia 23 de Março de 2009<br />
18,00 MOSTRA ROBERT WILSON: The Making Of A Monologue Robert Wilson’s: Hamlet Marion<br />
Kessel, 1995, 62’; La Mort De Moliere Robert Wilson, 1994, 47’ (V.o. Inglesa)<br />
21,30 MOSTRA ROBERT WILSON: Robert Wilson And The Civil Wars Howard Brookner E Peter Leippe,<br />
1985, 90’; Visions Of Robert Wilson Marion Kessel, 1993, 29’30 (V.o. Inglesa)<br />
Terça-feira, dia 24 de Março de 2009<br />
18,00 MOSTRA ROBERT WILSON: Absolute Wilson Katharina Otto-bernstein, 2006, 105’ ; The House<br />
Robert Wilson, 1965, 19’ (V.O. inglesa)<br />
Quarta-feira, dia 25 de Março de 2009<br />
15,00 MOSTRA ROBERT WILSON: Vídeo 50 Robert Wilson, 1978, 50’; Deafman Glance Robert Wilson,<br />
1981, 27’; Mr. Bojangles’ Memory: Og, Son Of Fire Robert Wilson, 1991, 7’; La Femme À La<br />
Cafetiere Robert Wilson, 1989, 7’ (V.o. Inglesa)<br />
18,00 MOSTRA ROBERT WILSON: Alice In Wonderland Thierry Thomas, 1993, 49’; Stations Robert<br />
Wilson, 1983, 58’ (V.o. Inglesa)<br />
21,30 MOSTRA ROBERT WILSON: Orphée et Eurydice Brian Large, 2000, 99’ ; Einstein On The Beach:<br />
The Changing Image Of Opera Mark Obenhaus, 1985, 58’ (V.o. Inglesa)<br />
27 | Programação Geral
28 | Programação Geral<br />
Quinta-feira, dia 26 de Março de 2009<br />
15,00 MOSTRA PETER BROOK: Meetings With Remarkable Men Peter Brook, Reino Unido 1979, 108’<br />
(V.O. inglesa, com legendas em português)<br />
18,00 MOSTRA PETER BROOK: Marat/Sade Peter Brook, Reino Unido 1967, 120’ (V.O. inglesa)<br />
Sexta-feira, dia 27 de Março de 2009<br />
15,00 MOSTRA PETER BROOK: The Beggar’s Opera Peter Brook, Reino Unido 1953, 91’ (V.O. inglesa)<br />
18,00 MOSTRA PETER BROOK: King Lear Peter Brook, Reino Unido/Dinamarca/1971, 131’ (V.O. inglesa)<br />
21,30 MOSTRA PETER BROOK: Lord Of The Flies Peter Brook, Reino Unido 1963, 87’ (V.O. inglesa)<br />
MOSTRA PETER BROOK: Brook By Brook Simon Brook, França 2002, 75’ (V.O. francesa e Inglesa,<br />
com legendas em inglês).<br />
Sábado, dia 28 de Março de 2009<br />
15,00 MOSTRA PETER BROOK: Mahabarata – The Game Of Dice Peter Brook, Bélgica/França/Reino<br />
Unido/França/Japão 1989 95’ (V.O. inglesa)<br />
18,00 MOSTRA PETER BROOK: Mahabarata – Exile In The Forest Peter Brook, Bélgica/França/Reino<br />
Unido/França/Japão 1989 109’ (V.O. inglesa)<br />
21,30 MOSTRA PETER BROOK: Mahabarata – The War Peter Brook, Bélgica/França/Reino Unido/<br />
França/Japão 1989 109’ VO em inglês (V.O. inglesa)<br />
Sábado, dia 29 de Março de 2009<br />
18,00 MOSTRA PETER BROOK: La Tragédie d’Hamlet Peter Brook, Reino Unido/França/Japão 2002,<br />
132’ (V.O. inglesa)<br />
21,30 MOSTRA ROBERT WILSON: Aida Andre Gregoire, 2004, 159’ (V.o. Inglesa)<br />
CASA DAS ARTES * PEQUENO AUDITÓRIO<br />
CICLO CARMEN MIRANDA<br />
Horário a confi rmar durante o Festival<br />
Segunda-feira, dia 6 de Abril de 2009<br />
21,30 CICLO CARMEN MIRANDA: “Doll Face” (Sonhos de Estrelas), de Lewis Seiler (EUA, 46), 80’<br />
(V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />
Terça-feira, dia 7 de Abril de 2009<br />
21,30 CICLO CARMEN MIRANDA: “Greenwich Village” (Serenata Boémia), de Walter Lang (EUA,<br />
1944), 82’(V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />
Quarta-feira, dia 8 de Abril de 2009<br />
21,30 CICLO CARMEN MIRANDA: “If I’m Lucky” (A Canção da Felicidade), de Lewis Seiler (EUA,<br />
1946), 79’ (V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />
Quinta-feira, dia 9 de Abril de 2009<br />
18,00 CICLO CARMEN MIRANDA: ”Something for the Boys” (Alegria Rapazes!), de Lewis Seiler<br />
(EUA, 1946), 80’ (V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />
Sexta-feira, dia 10 de Abril de 2009<br />
18,00 CICLO CARMEN MIRANDA: “Copacabana”, de Alfred E. Green (EUA, 1947) 91’ (V.O. inglesa).<br />
21,30 CICLO CARMEN MIRANDA: “The Gang’s All Here” (Sinfonia de Estrelas), de Busby Berkeley<br />
(EUA, 1943) 99’ (V.O. inglesa, leg. espanhol).<br />
Sábado, dia 11 de Abril de 2009<br />
18,00 CICLO CARMEN MIRANDA: “Carmen Miranda – Bananas is my Business”, de Helena Solberg<br />
e David Mayer (Brasil, 1995) 91’ (V.O. portuguesa).<br />
21,30 CICLO CARMEN MIRANDA: “Down Argentina Way” (Serenata Tropical), de Irving Cummings<br />
(EUA, 1940) 88’ (V.O. inglesa, leg. português).
FAMAFEST<br />
2008<br />
OBRAS A CONCURSO
30 | Obras a Concurso<br />
_ 12 = Amo-te<br />
Título original: 12 heißt ich liebe dich / Título em inglês:<br />
12 means I Love You<br />
Realização /Director: Connie Walther, Alemanha,<br />
2007; Argumento / Script: Scarlett Kleint, Based on<br />
the book by Regina Kaiser & Uwe Karlstedt; Fotografia<br />
(cor) / Photography: Peter Nix; Montagem / Editing:<br />
Sabine Brose; Som / Sound: Jochen Hergersberg, Mirko<br />
HÖpfner; Companhias de produção / production<br />
company: UFA-Fernsehproduktion GmbH, Noirbert Sauer<br />
/ Cornelia Wecker; Intérpretes / Cast: Claudia Michelsen,<br />
Devid Striesow, Winnie BÖwe, Michael Krabbe<br />
Duração /Running time: 90 minutos<br />
Contactos / Adress: Dianastr. 21, D-14482 Potsdam-<br />
Babelsberg; Cornélia.wecker@ufa.de<br />
Prémios/Awards: Fipa 2008, France - Fipa d’Or for Best<br />
Actress in Drama (Claudia Michelsen), German TV Award<br />
2008 for Best Director (Connie Walther), European TV<br />
Movie Festival “Zoom Igualada”2008 – Official Jury<br />
Award for Best Script (Scarlett Kleint), TV Movie Award<br />
of the German Academy of Performing Arts (Connie<br />
Walther, Scarlett Kleint)<br />
Sinopse: Alemanha Oriental 1985: a<br />
dissidente Bettina é detida e apresentada<br />
ao jovem ofi cial da Stasi, Jan, para<br />
interrogatório. Durante os meses de<br />
interrogatório o incrível acontece: eles<br />
apaixonam-se. O argumento é baseado<br />
numa história verdadeira.<br />
Synopsis: East Germany 1985: dissident<br />
Bettina is arrested and presented to the<br />
young Stasi officer Jan for questioning.<br />
During the months of interrogation the<br />
incredible happens: they fall in love with<br />
each other. The script is based on a true<br />
story.<br />
_ O Adeus À Brisa<br />
Título original: O Adeus à Brisa<br />
Título em inglês: Farwell to the Breeze<br />
Realização /Director: Possidónio Cachapa, <strong>Portugal</strong>, 2009;<br />
Argumento / Script: Possidónio Cachapa; Produção /<br />
Production: Maria João Mayer, François d’artemare, RTP2,<br />
Possidónio Cachapa; Fotografia (cor) / Cinematography:<br />
Cláudia Varejão; Montagem / Editing: Rita Figueiredo; Som /<br />
Sound: José Reis, Adriana Bolito; Pós produção áudio: Hugo<br />
Leitão; Companhias de produção / production company:<br />
Filmes do Tejo;<br />
Duração /Running time: 50 minutos<br />
Contactos / Adress: Filmes do Tejo – Av. da Liberdade, 85, 3º,<br />
1250-140 Lisboa, <strong>Portugal</strong>; filmesdotejo@ filmesdotejo.pt<br />
Sinopse: Um homem fala sobre o seu<br />
passado, que se confunde com o da História<br />
do seu país. Num discurso comovente,<br />
evoca a luta pela liberdade e a sua crença<br />
nas revoluções e na supremacia da Beleza.<br />
Sentado na sua sala, Urbano Tavares<br />
Rodrigues mantêm--se o escritor, o resistente,<br />
o que acredita no melhor do Homem. E se<br />
as coisas em que acreditou nem sempre lhe<br />
corresponderam foi porque ainda não tinha<br />
chegado o tempo certo. Mas vai haver um<br />
mundo novo. Vai haver. No meio do Tempo,<br />
Urbano refl ecte, enquanto a brisa do su! não<br />
cessa de soprar.<br />
Synopsis: A man speaks about his past, a past<br />
that blends with the country history itself.<br />
In an impressive speech, he evokes the fight<br />
for freedom and his belief in the power of<br />
revolutions and the supremacy of Beauty.<br />
Sitting in his room, Urbano Tavares Rodrigues,<br />
the writer, the resistant, the man who does<br />
not run away, remains the one who believes in<br />
the best part of Man. And if some of his ideals<br />
failed throughout the decades, that’s just<br />
because their time did not arrive yet. But there<br />
will be a new world. It will be. Resting in Time,<br />
Urbano meditates, while a warm breeze does<br />
not cease to blow.
_ Andre Gide, Um Pequeno<br />
Ar de Família<br />
Título original: Andre Gide Un Petit Air de Famille<br />
Título em inglês: André Gide: A Family Resemblance<br />
Realização /Director: Jean- Pierre Prevost, Suiça, 2007;<br />
Argumento / Script: Peter Schnyder ; Produção /<br />
Production: Archives Andre Gide SA ; Música / Music:<br />
Nocturnes de Chopin, Sonate D960 de Schubert, Editions<br />
Koka Média et K. Musik; Imagem/Image: Jean-Claude<br />
Couty, Francois Mathon ; Montagem / Editing: Anne<br />
Klotz; Intérpretes / Cast: Catherine Gide; Comentários de<br />
/ Commentation by: Marie-Pierre Simonnot, Jean-Pierre<br />
Prevost; Colaboração de /Collaboration: Isabelle et<br />
Humphrey Bowden, Dominique et Pierre Iseli, Raphael<br />
Carron, Raphael Dupouy ; Entrevistas/Interviews: Jean-<br />
Claude Perrier, Jean-Pierre Prevost ;<br />
Duração /Running time: 90 minutos<br />
Contactos / Adress: 34 Terrassenweg 5601 Olten Suisse;<br />
p_schnyder@bluewin.ch<br />
Prémios / Awards: Selection au FIPA 2009<br />
Sinopse: O grande escritor francês André<br />
Gide tinha secretamente uma fi lha<br />
Catherine, nascida em 1923. Catherine<br />
Gide fala – com apoio de documentos<br />
não publicados – pela primeira vez sobre<br />
sua relação com esse pai e descreve a sua<br />
vida e os seus encontros com celebridades<br />
como Indira Gandhi, Roger Martin du Gard,<br />
Marc Allégret…<br />
Synopsis: The great french writer André<br />
Gide had secretly a daughter Catherine,<br />
born in 1923. Catherine Gide talks – with<br />
unpublished documents in support – for the<br />
first time about her relation with this father<br />
and describes her life and her meetings with<br />
celebrities as Indira Gandhi, Roger Martin du<br />
Gard, Marc Allégret…<br />
_ Os Anjos de Welles<br />
Título original: Welles Angels<br />
Título em inglês: Welles Angels<br />
Realização /Director: Jean-Jacques Bernard, França;<br />
Argumento / Script: Jean-Jacques Bernard; Fotografia<br />
(cor) / Photography: Stephen Barcelo; Montagem /<br />
Editing: Caroline Detournay; Som / Sound: Robin Bouet;<br />
Companhias de produção / production company:<br />
Caïmans Production ; Intérpretes / Cast: Edmond<br />
Richard, Willy Kurant, Dominique Antoine, Gary Gaver,<br />
François Thomas, Jean-Pierre Berthomé.<br />
Duração /Running time: 52 minutos<br />
Contactos / Adress: 16 rue Bleue, 75009 Paris; Jerome.<br />
barthelemy@caimans-prod.com<br />
Sinopse: “ Os Anjos de Welles “ é um<br />
documentário que dá às últimas<br />
testemunhas do incrível caminho de Welles<br />
pela Europa, oportunidade de falar. Actores<br />
como Jeanne Moreau, Michel Lonsdale,<br />
bem como fotógrafos, como Edmond<br />
Richard e Willy Kurant. Pierre Cardin,<br />
Jean Pierre Berthomé, François Thomas<br />
reúnem-se aqui para nos falar sobre o<br />
espantoso percurso de Orson Welles, desde<br />
Hollywood, até à Europa.<br />
Synopsis: “Welles Angels” is a documentary<br />
that gives the last witnesses of Welles’o<br />
incredible path in Europe a chance to talk.<br />
Actores such as Jeanne Moreau, Michel<br />
Lonsdale, as well as photographers such as<br />
Edmond Richard and Willy Kurant. Pierre<br />
Cardin, Jean Pierre Berthomé, François<br />
Thomas are also here to tell us the amazing<br />
journey of Orson Welles, from Hollywood,<br />
until here in Europe.<br />
31 | Obras a Concurso
32 | Obras a Concurso<br />
_O Caçador<br />
Título original: O Cazador<br />
Título em inglês: The Huntsman<br />
Realização /Director: Ángel Santos Touza, Espanha, 2007;<br />
Argumento / Script: Ángel Santos Touza; Fotografia (cor)<br />
/ Photography: Juan Carlos Pérez Herrero; Montagem<br />
/ Editing: Ángel Santos Touza; Som / Sound: Javier<br />
Souto; Companhias de produção / production company:<br />
Matriuska Producciones S.L.; Intérpretes / Cast: Lois<br />
Soaxe, Marta Pazos, Teté García<br />
Duração /Running time: 25 minutos<br />
Contactos/ Adress: Rua do Marco 20,36910 Lourizan<br />
– Pontevedra; asantostouza@hotmail.com<br />
Prémios / Awards: Grande Prémio – Filminho 2008,<br />
Prémio Cinema Minhoto – Filminho 2008<br />
Sinopse: A história de Anton Tchekov<br />
intitulada “O Caçador”. Dois actores<br />
sozinhos em cena construindo<br />
personagens. Um caçador e uma mulher<br />
camponesa encontram-se num campo<br />
com o tormento de uma relação passada<br />
nas suas costas. A construção da emoção,<br />
a elaboração da fi cção: a partir da palavra<br />
para a imagem.<br />
Synopsis: A story by Anton Tchekov entitled<br />
“The Hunter”. Two actors on an empty stage<br />
are constructing their characters. A hunter<br />
and a peasant woman meet on a field<br />
with the heaviness of a passed relationship<br />
behind them. The construction of emotion,<br />
the elaboration of fiction: from the word to<br />
the image.<br />
_Caminho para Meca<br />
Título original: A Road to Mecca<br />
Título em inglês: A Road to Mecca<br />
Realização /Director: Georg Misch, Áustria, 2008; Música<br />
/ Music: Jim Howard; Fotografia (cor) / Photography:<br />
Joerg Burger; Montagem / Editing: Marek Kralovski; Som<br />
/ Sound: Hjalti Bager – Jonathansson; Companhias de<br />
produção / production company: Mischief Films<br />
Duração /Running time: 92 minutos<br />
Contactos / Adress: Goethegasse 1 1010 Vienna / Austria<br />
Prémios / Awards: Piagonale, Austria – Best CaMelhor<br />
fotografia; Fiadocs, Marroco – Prémio do Grande Júri.<br />
Sinopse: No início dos anos 1920 Leopold<br />
Weiss, um judeu vienense, viajou para o<br />
Médio Oriente. O deserto fascina-o, e o<br />
Islão tornou-se o seu novo lar espiritual.<br />
Ele deixou as suas raízes judaicas para trás,<br />
converteu-se ao Islamismo e mudou o seu<br />
nome para Muhammad Asad. Ele tornouse<br />
um dos muçulmanos mais importantes<br />
do século XX, primeiramente como<br />
conselheiro na corte real da Arábia Saudita,<br />
e mais tarde traduzindo o Corão para<br />
Inglês. Asad também foi um co-fundador<br />
do Paquistão e seu embaixador na ONU.<br />
O realizador segue os seus passos em vias<br />
de desaparecimento, que conduzem do<br />
deserto árabe até ao Ground Zero.<br />
Synopsis: In the early 1920s Leopold Weiss,<br />
a Viennese Jew, travelled to the Middle<br />
East. The desert fascinates him, and Islam<br />
became his new spiritual home. He left his<br />
Jewish roots behind, converted to Islam and<br />
changed his name to Muhammad Asad. He<br />
became one of the most important Muslims<br />
of the 20th century, first as an advisor at<br />
the royal court of Saudi Arabia, and later<br />
translating the Koran into English. Asad<br />
was also a co-founder of Pakistan and its<br />
ambassador to the UN. The director follows<br />
his fading footsteps, leading from the<br />
Arabian Desert to Ground Zero.
_A Canção de Mim Próprio<br />
Título original: A Song of Myself<br />
Título em inglês: A Song of Myself<br />
Realização /Director: William Farley, Estado Unidos<br />
da America, 2007; Fotografia (cor) / Photography: D.P.<br />
Barry Stone; Montagem / Editing: Richard Lovien; Som<br />
/ Sound: Pitillip Perkins; Companhias de produção /<br />
production company: wm Farley Film Group; Intérpretes<br />
/ Cast: John O’Keefe<br />
Duração /Running time: 50 minutos<br />
Contactos / Adress: Pob 883564 San Francisco, CA 94188;<br />
farleyfilm@gmail.com<br />
Sinopse: O internacionalmente aclamado<br />
dramaturgo John O’Keefe adaptou o<br />
poema de Walt Whitman numa realização<br />
primorosa, equilibrando uma recitação<br />
directa e uma interpretação imaginativa,<br />
captando a grandeza de espírito e a música<br />
das palavras de Whitman.<br />
Synopsis: Internationally acclaimed<br />
playwrights John O’Keefe has adapted Walt<br />
Whitman’s poem into a dramatic tour de<br />
force poised between a straight recitation<br />
and an imaginative interpretation,<br />
capturing the spirit grandeur and music of<br />
Whitman words.<br />
_Cântico Negro<br />
Título original: Cântico Negro<br />
Título em inglês: Dark Hymn<br />
Realização /Director: Helder João Lopes Magalhães,<br />
<strong>Portugal</strong>, 2008; Argumento / Script: Helder Magalhães,<br />
a partir de um poema de José Régio; Produção/<br />
Production: Helder Magalhães; Música / Music:<br />
Sydney Poma; Fotografia (cor) / Photography: Helder<br />
Magalhães; Montagem / Editing: Helder Magalhães;<br />
Som / Sound: Helder Magalhães, Sydney Poma;<br />
Companhias de produção / production company: Helder<br />
Magalhães Produções; Intérpretes / Cast: João Villaret<br />
(arquivo áudio, gravado ao vivo); Maria Bethânia (arquivo<br />
áudio gravado ao vivo)<br />
Duração /Running time: 7 minutos<br />
Contactos / Adress: Rua António Santos Oliveira, 397,<br />
1ºDto 4760-297 V. N. Famalicão; helder_magalhaes@<br />
hotmail.com<br />
Sinopse: “Cântico Negro” procura transpor<br />
em imagem o poema homónimo de José<br />
Régio. Não se trata de uma adaptação nem<br />
impõe uma interpretação ao espectador;<br />
pelo contrário, “Cântico Negro” tenta abrir<br />
portas a novas interpretações e a novas<br />
leituras a este poema.<br />
Synopsis: “Dark Hymn” tries to transpose<br />
into image the homonymous poem by José<br />
Régio. It is not an adaptation neither it<br />
imposes an interpretation to the spectator,<br />
by the contrary, “Dark Hymn” tries to open<br />
doors to new interpretations and new<br />
readings of this poem.<br />
33 | Obras a Concurso
34 | Obras a Concurso<br />
_O Clube da Calceta<br />
Título original: O Club da Calceta<br />
Realização /Director: Antón Dobao, Espanha, 2008;<br />
Argumento / Script: Sandra Senra; Texto: Antón Dobao,<br />
Miguel Barros; Produção / Production: Julio Casal<br />
Fernández-Couto; Fotografia (cor) / Cinematography:<br />
Alexandra Fernández Carnero, Suso Bello Giz; Montagem /<br />
Editing: Luis Faraón; Decoração / Set Decoration: Fernanda<br />
Castelo; Guarda-roupa/ Costume Design: Asier Olloquiegui;<br />
Maquilhagem / Makeup: Eva Fontenla; Assistentes de<br />
produção / production assistant: César PardiÑas, Jose<br />
BaÑos; Som / Sound: Joan Riba Roque; Companhias de<br />
produção / production company: Ficcion Producciones,<br />
Televisión de Galicia, Diagonal TV, Televisió de Catalunya.<br />
Intérpretes / Cast: Mela Casal, Susana Dans, Sonia Castelo,<br />
Maria Vázquez Rodriguez, Katia Klein.<br />
Duração /Running time: 90 minutos<br />
Contactos / Adress: produccion@ficcion-producciones.com<br />
Sinopse: Vigo. 2007. Cinco mulheres juntam-se<br />
para formar um clube. Este pequeno grupo<br />
insignifi cante aos olhos dos outros converte-se<br />
numa união de mulheres muito diferentes entre<br />
si. Através das suas reuniões elas despem-se<br />
dos seus medos e angústias provocados por<br />
uma sociedade machista. Este grupo dá-lhes<br />
força para lutarem por uma mudança individual<br />
nas suas vidas. Homens de diferentes classes<br />
sociais são vítimas das armadilhas delas. Estas<br />
armadilhas chegam cada vez mais longe e são<br />
cada vez mais fortes. Vingança, reivindicação e<br />
justiça…. Porque é uma revolução e isso não se<br />
pode parar... ou pode?...<br />
Synopsis: Vigo. 2007. Five women joined up to<br />
form a club. This small group insignificant in<br />
the eyes of others becomes a union of women<br />
very different. Through their meetings they will<br />
strip their fears and anxieties caused by a sexist<br />
society. This group gives them strength to fight for<br />
individual change in their lives. Men from different<br />
social classes suffer from the pitfalls of them.<br />
These traps come increasingly far and are growing<br />
stronger. Revenge, justice... Why a revolution and<br />
that we can not stop... or you can?...<br />
_Contrato<br />
Título original: Contrato<br />
Título em inglês: Contract<br />
Realização /Director: Nicolau Breyner, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />
Argumento / Script: Pedro Bandeira Freire, Álvaro<br />
Romão, Nicolau Breyner; Música / Music: Elvis Veiguinha;<br />
Fotografia (cor) / Photography: José António Loureiro;<br />
Montagem / Editing: João Braz; Som / Sound: Quintino<br />
Bastos e Branko Neskov; Companhias de produção /<br />
production company: Hora Mágica; Intérpretes / Cast:<br />
Pedro Lima, Cláudia Vieira, Vitor Norte, José Raposo, Sofia<br />
Aparício, José Wallenstein, Pedro Granger, George Felner,<br />
José Boavida, Joaquim Nicolau, Adelaide João e Nicolau<br />
Breyner.<br />
Duração /Running time: 1h.36m 14s<br />
Contactos / Adress: Quinta do Machado, 2605 – 011 Belas<br />
Sintra; hora.magica.pt@gmail.com<br />
Sinopse: Peter Mcshade é um hitman. No<br />
decorrer de um contrato para assassinar<br />
um homem em Marrocos, as coisas correm<br />
mal e Peter mata o sobrinho de um chefe<br />
da máfi a nova-iorquina. Peter volta a<br />
Lisboa com um novo contrato, matar um<br />
chefe da máfi a com o controlo de toda a<br />
zona da Península Ibérica. Através de várias<br />
peripécias somos atraídos para o universo<br />
de um assassino profi ssional, um sub<br />
mundo repleto de acção e erotismo que<br />
não vai deixar ninguém indiferente.<br />
Synopsis: Peter Mcshade is a hitman. During<br />
a contract to kill a man in Morocco, things<br />
go wrong and Peter kills the nephew of a<br />
mafia boss of New York. Peter returns to<br />
Lisbon with a new contract, killing a leader<br />
of the mafia who controls the whole area<br />
of the Iberian Peninsula. Through various<br />
adventures we are attracted to the world<br />
of a hitman, an underworld full of action<br />
and eroticism that will not leave anyone<br />
indifferent.
_Discorama, por Glaser<br />
Título original: Discorama, Signé Glaser<br />
Título em inglês: Discorama, by Glaser<br />
Realização /Director: Esther Hoffenberg, França, 2007;<br />
Argumento / Script: Esther Hoffenberg; Música / Music:<br />
Benjamin Bober; Fotografia (cor) / Photography: Laurent<br />
Fénart; Montagem / Editing: Sophie Reiter; Som / Sound:<br />
Benjamin Bober; Companhia de produção / production<br />
company: INA – Georges Groult<br />
Duração /Running time: 67 minutos<br />
Contactos / Adress: 4 avenue de l’europe 94360 Bry sur<br />
Marne<br />
Sinopse: Denise lançou o seu programa<br />
“Discorama” em 1959. Denise Glaser foi<br />
a primeira produtora /anfi triã a receber<br />
tratamento de estrela pela imprensa, que<br />
comemorou as suas descobertas: Barbara,<br />
Gainsbourg, Maxime Le Forestier, Michel<br />
Polnareff ... e muitos mais. Denise Glaser<br />
tornou-se a rainha das entrevistas. O fi lme<br />
descreve o destino de Denise Glaser e<br />
de muitos dos envolvidos no Discorama,<br />
procurando dar as suas imagens, ao<br />
mesmo tempo sofi sticadas e populares.<br />
Synopsis: Denise launched her programme<br />
“Discorama” in 1959. Denise Glaser was the<br />
first producer/programme-host to be given<br />
star treatment by press, which celebrated<br />
her discoveries: Barbara, Gainsbourg,<br />
Maxime Le Forestier, Michel Polnareff…and<br />
many more. Denise Glaser became the<br />
queen of interviewing. The film sketches<br />
the destiny of Denise Glaser and of many<br />
of those involved in Discorama, while<br />
attempting to be in their image, at once<br />
sophisticated and popular.<br />
_Divórcio ao Estilo Albanês<br />
Título original: Razvod po albanski<br />
Título em inglês: Divorce Albanian Style<br />
Realização /Director: Adela Peeva, Bulgária, 2007;<br />
Argumento / Script: Adela Peeva; Música / Music:<br />
Fatos Qerimaj; Fotografia (cor) / Photography: Joro<br />
Nedelkov; Montagem / Editing: Jelio Jelev; Som/Sound:<br />
Ivaylo Yanev, Mihal Pruski; Companhia de produção /<br />
production company: Adela Media Film & TV Production<br />
Duração /Running time: 66 minutos<br />
Contactos / Adress: 1164 Sofia, Bulgária 3, Babuna<br />
planina Str.; adelamedia@adelamedia.net<br />
Prémios/Awards: Nomination of the European Film<br />
Academy for: The Best Documentary 2007 – Prix Arte<br />
Special Award of the Jury: National Non – Fiction Film<br />
Festival “Golden Rython” 2007; Grand Prix “Golden Chest”<br />
for the Best Documentary International TV Festival<br />
“Golden Chest” 2007; Best Bulgarian Documentary<br />
2007 Award of the Bulgarian National Film Center;<br />
Best Documentary 2006 – 2007 Award of the Union of<br />
Bulgarian Film makers; SRG SSR Idée Suisse 2008 – Prize<br />
of the Swiss Broadcasting Corporation; Human Rights<br />
Award – XIV Sarajevo International Film Festival 2008;<br />
Special Commendation Award – Prix Europe 2008 – Best<br />
Television Documentary<br />
Sinopse: No mundo surreal da Albânia<br />
comunista de 1960, muitos milhares<br />
de famílias foram separadas à força<br />
pelo regime totalitário de Enver Hodha.<br />
“Divórcio ao Estilo Albanês” narra a história<br />
dessas famílias, e dos membros do partido<br />
e ofi ciais da polícia secreta que mudaram<br />
as suas vidas para sempre.<br />
Synopsis: In the surreal world of 1960s<br />
communist Albania, many thousands<br />
of families were forcibly separated by<br />
the totalitarian regime of Enver Hodha.<br />
“Divorce Albanian Style” tells the story of<br />
these families, and of the apparatchiks and<br />
officers of the secret police who changed<br />
their lives forever.<br />
35 | Obras a Concurso
36 | Obras a Concurso<br />
_A Dupla Inconstância<br />
Título original: La Double Inconstance<br />
Título em inglês: Double Inconstancy<br />
Realização /Director: Carole Giacobbi, França, 2007;<br />
Argumento / Script: Carole Giacobbi, segundo peça de<br />
Marivaux; Produção / Production: Jean Labib; Música /<br />
Music: Eric Neveux; Fotografia (cor) / Cinematography:<br />
Pierre Cottereau; Montagem / Editing: Raphael Vetin;<br />
Maquilhagem / Makeup: Patrick Girault; Som / Sound:<br />
Damien Aubry, Thomas Pietrucci; Companhias de<br />
produção / production company: Compagnie des Phares<br />
et Balises; Intérpretes / Cast: Jean-Hugues Anglade,<br />
Serge Hazanavicius, Eglantine Rembauville-Nicolle,<br />
Clément Sibony, Elsa Zylberstein, etc.<br />
Duração /Running time: 90 minutos<br />
Contactos / Adress: Compagnie des Phares et Balises<br />
– 55bis, rue de Lyon, 75012, Paris, França. 0033144751133<br />
– eviara@phares-balises.fr.<br />
Prémios / Awards: Estreia mundial<br />
Sinopse: Sílvia e Arlequim estão<br />
apaixonados, mas o Príncipe quer casar<br />
com Sílvia e rapta-a. Com a ajuda de<br />
Flamínia, planeia seduzi-la e fazê-la<br />
esquecer Arlequim, antes de o dia chegar<br />
ao fi m.<br />
Synopsis: Silvia and Harlequin are in love,<br />
but the Prince wants to marry Silvia and<br />
kidnaps her. With the help of Flaminia, he<br />
plans to seduce her and make her forget<br />
Harlequin before the end of the day.<br />
_Fernando Lopes Graça<br />
Título original: Fernando Lopes-Graça<br />
Realização /Director: Graça Castanheira, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />
Produção / Production: Valentim de Carvalho, Televisão;<br />
Fotografia (cor) / Cinematography: Cláudia Varejão;<br />
Montagem / Editing: Graça Castanheira, Mariana<br />
Gaivão; Direcção de produção / direction of production:<br />
; Som / Sound: Bruno Dias; Direcção de Produção/<br />
direction of production: Maria João Tomaz; Pós-Produção<br />
de Som: Tiago Matos<br />
Duração /Running time: 52 minutos<br />
Sinopse: Fernando Lopes-Graça, a sua obra<br />
musical e literária, a sua personalidade e os<br />
tempos da resistência.<br />
Synopsis: Fernando Lopes-Graça, his musical<br />
and literary work, his personality and the<br />
times of the resistance.
_Godard, Amor e Poesia<br />
Título original: Godard, L’Amour, La poesie<br />
Título em inglês: Godard, Love and Poetry<br />
Realização /Director: Luc Lagier, França, 2007;<br />
Argumento / Script: Luc Lagier; Fotografia (cor) /<br />
Photography: Alexandre Auque, Magali Roucaut;<br />
Montagem / Editing: Alexandre Auque; Companhias de<br />
produção / production company: Point du Jour<br />
Duração /Running time: 53 minutos<br />
Contactos / Adress: 23, rue de cronstadt – 75015 Paris<br />
– France; h.defremont@pointdujour.fr<br />
Sinopse: Godard, Amor e Poesia... um título<br />
que por si só é um romance. O romance de<br />
um período de tempo muito especial na<br />
carreira de um realizador muito especial.<br />
A extravagante e um pouco mítica<br />
era que conquistou a imaginação dos<br />
frequentadores das salas de cinema. Os<br />
cartazes e fotos desses tempos ainda hoje<br />
são vistos em dezenas de postais nas lojas<br />
de Paris.<br />
Synopsis: Godard, Love and Poetry… a title<br />
that is a novel in itself. The novel of a very<br />
special period of time in the career of a<br />
very special director. A flamboyant and<br />
somewhat mythical era that has captured<br />
cinema-goers’ imagination. The posters and<br />
pictures reminiscent of these years are still<br />
to be seen on dozens of postcards in the<br />
shops in Paris.<br />
_Grandes Livros – Os Maias<br />
Título original: Grandes Livros – Os Maias<br />
Título em inglês: Great Books – Os Maias<br />
Realização /Director: João Osório, <strong>Portugal</strong>, 2008-<br />
2009; Argumento / Script: Alexandre Borges; Música<br />
/ Music: R. Buracchio; Fotografia (cor) / Photography:<br />
Sérgio Correia; Montagem / Editing: João Osório; Som /<br />
Sound: Golden Pony Estúdio; Companhias de produção<br />
/ production company: Companhia de Ideias Anónimas<br />
Lda; Intérpretes / Cast: Gonçalo Cosmelli, João Pedreiro;<br />
Locução: Diogo Infante;<br />
Duração /Running time: 50 minutos<br />
Contactos / Adress: Av. António Augusto Aguiar 150 F – 2º<br />
ESQ 1050 – 021 Lisboa; sbroadbent@companhiadeideias.<br />
com<br />
Sinopse: “Grandes Livros” é uma série<br />
de 12 documentários, com 50 minutos<br />
cada, narrados por Diogo Infante. O<br />
conceito assenta na análise da obra mais<br />
emblemática de um escritor, neste caso<br />
“Os Maias”, de Eça de Queirós, a estória, o<br />
contexto histórico, a importância que tem,<br />
a história do autor.<br />
Synopsis: “Grandes Livros” is a series of 12<br />
documentaries, of 50 minutes each, narrated<br />
by Diogo Infante. The concept is based on<br />
the analysis of the most emblematic work<br />
of a writer, in this case “Os Mias”, by Eça de<br />
Queirós: the story, the historical context, the<br />
importance it has, the story of the author.<br />
37 | Obras a Concurso
38 | Obras a Concurso<br />
_Guarda Livros<br />
Título original: Guarda Livros<br />
Título em inglês: Bookkeeper<br />
Realização /Director: Eduardo Adelino, <strong>Portugal</strong>, 2008-<br />
2009; Argumento / Script: José Fanha; Apresentação<br />
/ Presentation: Francisco José Viegas; Produção /<br />
Production: Lila Lacerda; Música / Music: Phillip<br />
Glass; Fotografia (cor) / Photography: Diogo Jerves d’<br />
Authouguia; Montagem / Editing: Eduardo Adelino;<br />
Companhias de produção / production company:<br />
Xapalhok;<br />
Intérpretes / Cast: Francisco José Viegas, Rúben de<br />
Carvalho, Urbano Tavares Rodrigues, Irene Pimentel,<br />
Mário Cláudio.<br />
Duração /Running time: 25-30 minutos cada um dos 4<br />
episódios a concurso.<br />
Contactos / Adress: Xapalhok;<br />
Sinopse: Francisco José Viegas visita as<br />
bibliotecas de personalidades conhecidas<br />
e conversa sobre os livros...”Guarda livros”<br />
convidou António-Pedro Vasconcelos,<br />
António Borges Coelho, Maria Filomena<br />
Mónica, Marcello Mathias, José Miguel<br />
Júdice, Rúben de Carvalho, Vasco Graça<br />
Moura, Lauro António, Urbano Tavares<br />
Rodrigues, Irene Pimentel, Mário Cláudio,<br />
Jaime Nogueira Pinto, entre alguns mais.<br />
Cerca de 15 programas, todos eles “em casa<br />
das pessoas, junto dos seus livros, das suas<br />
estantes, das suas memórias”.<br />
Synopsis: Francisco José Viegas visits the<br />
libraries of several well known Portuguese<br />
personalities to talk about books…<br />
“Bookkeeper” invited António-Pedro<br />
Vasconcelos, António Borges Coelho, Maria<br />
Filomena Mónica, Marcello Mathias, José<br />
Miguel Júdice, Rúben de Carvalho, Vasco<br />
Graça Moura, Lauro António, Urbano<br />
Tavares Rodrigues, Irene Pimentel, Mário<br />
Cláudio, Jaime Nogueira Pinto, among<br />
others. About 15 documentaries, all of them<br />
shoot “at their own homes, by their books,<br />
their bookshelves and their memories”.<br />
_Histórias: Primeira Ajuda<br />
Título original: Cuentos: Primeros Auxilios<br />
Título em inglês: Stories: First Aids<br />
Realização /Director: María Suárez e Esteban Varadé,<br />
Espanha, 2009; Argumento / Script: María Suárez e<br />
Esteban Varadé; Música / Music: Javier Bergia; Fotografia<br />
(cor) / Photography: Jose Arana; Montagem / Editing:<br />
Esteban Varadé; Som / Sound: Sonoris; Companhias de<br />
produção / production company: Nananino S.L.<br />
Intérpretes / Cast: Tim Bowley, Quico Cadaval, Teresa<br />
Carril, Andrés Conde, Lola Edu Angue, Victoria Gullón,<br />
Montse Gutiérrez, Ana Herreros, Virginia Imaz,<br />
Magdalena Labarga, Torsten Lange, Donald Lehn, Yuya<br />
Martín, Nina Martínez de Lafuente, Miguel Mba, Isabella<br />
Méndez, Aurora Merino, Maricuela María Molina, Pedro<br />
Nguema, María Nsue, Margarita Núñez, Boniface Ofogo<br />
Nkama, Casilda Regueiro, Rosita Rey, Livia Romero,<br />
Carolina Rueda, Rafael Santamaría, Carmen Savoini,<br />
Sergio Tena, Pepe Viyuela<br />
Duração /Running time: 55 minutos<br />
Contactos / Adress: C/canillas nº2, 7Dch 28002 Madrid;<br />
nananino@telefonica.net<br />
Sinopse: Uma pessoa partilha uma história<br />
consigo. Uma viagem através de contos,<br />
fantasia, medo, amor e risos. 30 Contadores<br />
de histórias de 13 países diferentes, a contar<br />
histórias.<br />
Synopsis: A person shares a story with you. A<br />
journey through tales, fantasy, fear, love and<br />
laughter. 30 story tellers from 13 different<br />
countries telling stories.
_ Hitchcock e a<br />
"Nouvelle Vague"<br />
Título original: Hitchcock et la Nouvelle Vague<br />
Título em inglês: Hitchcock and the “Nouvelle Vague”<br />
Realização /Director: Jean-Jacques Bernard, França, 2007;<br />
Argumento/Script: Jean-Jacques Bernard ; Produção<br />
/ Production: Caïmans Productions ; Fotografia (cor)<br />
/ Cinematography: Stephen Barcelo ; Montagem /<br />
Editing: Jean-Denis Buré ; Som / Sound: Nicolas Bouvet,<br />
David Renaud ; Interpretes/cast: Charles Bitsch, Claude<br />
Chabrol, Luc Moullet, Jacques Rivette, Eric Rohmer<br />
Duração /Running time: 58minutos<br />
Contactos/Adress: 16 rue Bluee, 75009 Paris, France<br />
info@caimans-prod.com<br />
Sinopse: A infl uência de Hitchcock na<br />
“Nouvelle Vague” francesa. A “politica de<br />
autores”, a redescoberta de Hitch e os<br />
jovens cineastas dos “Cahiers du Cinema”.<br />
A teoria e a prática do cinema, em fi nais da<br />
década de 50.<br />
Synopsis: The influence of Hitchcock on<br />
the French “Nouvelle vague”. The “ authors’<br />
politic “, the rediscovery of Hitch and young<br />
people moviemakers of “Cahiers du Cinema”.<br />
The theory and practice of the cinema in the<br />
late 1950s.<br />
_ O Julgamento<br />
Kravchenko<br />
Título original: L’ Affair Kravchenko’s<br />
Título em inglês: Kravchenko’s Trial Cold War in Paris<br />
Realização /Director: Bernard George, França, 2008;<br />
Argumento / Script: Emmanuel Blanchard and Bernard<br />
George; Música / Music: Bacchenini; Fotografia (cor) /<br />
Photography: Jean-Louis Laforêt; Montagem / Editing:<br />
Pierre-Joseph Licidé; Som / Sound: Flonent Ravalec;<br />
Companhias de produção / production company:<br />
Cineteve / Mrs Lucie Pastor.<br />
Duração /Running time: 52 minutos<br />
Contactos / Adress: l.pastor@cineteve.fr<br />
Sinopse: O processo do desertor soviético Vitor<br />
Kravchenko contra o semanário comunista<br />
francês, Les Lettres Françaises, tornou-se o<br />
«julgamento do século». Kravchenko chamou<br />
testemunhas que falaram pela primeira<br />
vez sobre a fome na Ucrânia, as purgas e, 15<br />
anos antes Solshenitsyn, o inferno do Gulag<br />
soviético. O jornal apoiado por Moscovo<br />
chamou testemunhas e intelectuais,<br />
que durante a batalha judicial, negaram<br />
ferozmente as provas. Durante três meses o<br />
tribunal foi um teatro de guerra-fria: o Gulag<br />
versus ideologia. Quais são os mecanismos<br />
insidiosos que conseguem forçar as pessoas a<br />
manterem-se cegas à verdade?<br />
Synopsis: Soviet defector Vitor Kravchenko’s<br />
libel suit against the French communist weekly,<br />
Les Lettres française, became the «trail of the<br />
century». Kravchenko called on witnesses<br />
who spoke for the first time about the famine<br />
in Ukraine, the purges, and 15 years before<br />
Solshenitsyn, the hell of the Soviet gulag. The<br />
Moscow-supported paper brought in witnesses<br />
and intellectuals, who in battle order, fiercely<br />
denied the evidence. For three months the<br />
courtroom was a theatre of cold war: the gulag<br />
vs. ideology. What insidious mechanisms force<br />
one to remain blind to the truth?<br />
39 | Obras a Concurso
40 | Obras a Concurso<br />
_Levantado do Chão<br />
Título original: Levantado do Chão<br />
Título em inglês: Raised from the Ground<br />
Realização /Director: Alberto Serra, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />
Argumento / Script: Alberto Serra; Música / Music:<br />
Bruno Afonso; Fotografia (cor) / Photography: Pedro<br />
Silveira Ramos; Montagem / Editing: António Nunes;<br />
Som / Sound: Carlos Nunes; Companhia de produção /<br />
production company: RTP – Rádio e Televisão de <strong>Portugal</strong>;<br />
Contactos / Adress: Av. Marechal Gomes da Costa, 37<br />
- 1849-030 Lisboa; Alberto.serra@rtp.pt<br />
Sinopse: Documentário inédito sobre a vida<br />
e obra do Prémio Nobel da Literatura, José<br />
Saramago. Mais do que uma biografi a, este<br />
documentário pretende dar a conhecer ao<br />
grande público os momentos decisivos da<br />
vida de um homem que aos cinquenta e<br />
três anos ainda não era escritor.<br />
Synopsis: Unscreened documentary<br />
about the life and work of Nobel Prize<br />
for Literature, José Saramago. More than<br />
a biography, this documentary aims to<br />
present to the public the decisive moments<br />
in the life of a man who at fifty-three was<br />
not yet a writer.<br />
_ Mestre-Cantor de<br />
Wagner, Siegfried de<br />
Hitler – A vida e o Tempo<br />
de Max Lorenz<br />
Título original: Wagner Meistersänger, Hitlers Siegfried<br />
– Auf den Spuren von Max Lorenz<br />
Título em inglês: Wagner’s Mastersinger, Hitler’s<br />
Siegfried – The life and times of Max Lorenz<br />
Realização /Director: Eric Schulz, Wischmann Claus,<br />
Alemanha, 2008; Argumento / Script: Eric Schulz;<br />
Fotografia (cor) / Photography: Fariba Nilchian;<br />
Montagem / Editing: Peter Klum; Som / Sound: Zora<br />
Butzke; Companhias de produção / production company:<br />
EuroArts Music International GmbH; Intérpretes / Cast:<br />
Dietrich Fischer-Dieskau, René Kollo, Lieselott Tietjen,<br />
Waldemar Kmentt, etc.<br />
Duração /Running time: 52 minutos<br />
Contactos / Adress: Goldschmidtstraße 12, 04103 Leipzig;<br />
f.gerdes@euroarts.com<br />
Sinopse: O excelente cantor Max Lorenz<br />
era o tenor favorito de Hitler. Mas ele era<br />
casado com uma judia e era também<br />
homossexual. A biografi a deste notável<br />
intérprete de Wagner está intimamente<br />
ligada à história de Haus Wahnfried em<br />
Beirute. Seguindo a sua carreira fi ca-se a<br />
conhecer um período muito inconstante<br />
da história recente, da perspectiva de uma<br />
ambivalente personalidade artística.<br />
Synopsis: The outstanding singer Max<br />
Lorenz was Hitler’s favourite tenor. But<br />
he was married to a Jewess and he was<br />
also homosexual. The biography of this<br />
outstanding Wagner singer is closely bound<br />
up with the story of Haus Wahnfried<br />
in Bayreuth. Tracing his career involves<br />
contemplating a highly volatile period in<br />
recent history from the perspective of an<br />
ambivalent artistic personality.
_ O Mistério Segundo<br />
Clarice Lispector<br />
Título original: O Mistério Segundo Clarice Lispector<br />
Título em inglês: The Mystery according to Clarice<br />
Lispector<br />
Realização /Director: Patrícia Lino, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />
Argumento / Script: Patrícia Lino; Música / Music:<br />
Caetano Veloso – “Clarice”; Fotografia (cor) /<br />
Photography: Patrícia Lina; Montagem / Editing: Patrícia<br />
Lino; Som / Sound: Patrícia Lino; Intérpretes / Cast:<br />
Andreia Oliveira, Cristina Felgueiras, Dinis Leitão, Edson<br />
Basílio, Henrique Monteiro, Hugo Lima, Patrícia Lino,<br />
Tayna Borges, Tiago Lino, Tiago Sousa Garcia.<br />
Duração /Running time: 5 minutos;<br />
Contactos / Adress: Rua Padre Ricardo Marques dos<br />
Santos, 246-248 Valongo, Porto – <strong>Portugal</strong>; patricialino1@<br />
sapo.pt<br />
Sinopse: “O Mistério segundo C.L.” centrase<br />
no mistério com que nos confrontamos<br />
assim que entramos em contacto com a<br />
obra de Clarice Lispector.<br />
Synopsis: “The Mystery according to C.L.”<br />
focuses on the mystery we face as we<br />
enter into contact with the work of Clarice<br />
Lispector.<br />
_Nome de Código Melville<br />
Título original: Sous le nom de Melville<br />
Título em inglês: Code Name Melville<br />
Realização /Director: Oliver Bohler, França, 2008;<br />
Argumento / Script: Oliver Bohler; Música/Music: Jessica<br />
Lalanne; Fotografia (cor) / Cinematography: Julien<br />
Selleron; Montagem / Editing: Nicolas Dupouy; Som /<br />
Sound: Jean-Luc Peart / Renaud Michel; Companhias de<br />
produção / production company: Nocturnes Productions;<br />
Intérpretes / Cast: Jean-Pierre Melville, Volker<br />
Schlondorff, Johnnie To, Bertrand Tavernier, Masahiro<br />
Kobayashi, Rémy Grumbach, Laurent Grousset, Pierre<br />
Grasset, Philippe Labro, André S. Labarthe, Léo Fortel.<br />
Duração /Running time: 76 minutos<br />
Contactos / Adress: 59 avenue de la Résistence 93100<br />
Montreuil – France<br />
nocturnesproductions@yahoo.fr<br />
Sinopse: Combinando entrevistas a<br />
cineastas, actores, amigos e parentes<br />
de Jean-Pierre Melville, com fi lmagens<br />
inéditas de arquivo e excertos de fi lmes,<br />
Code Name: Melville mostra como o<br />
trabalho do realizador foi infl uenciado<br />
pela sua experiência durante a II Guerra<br />
Mundial, e como estruturou toda sua<br />
abordagem ao cinema, a sua temática e<br />
sua estética.<br />
Synopsis: Combining interviews of<br />
filmmakers, actors, friends and relative<br />
of Jean-Pierre Melville, with rare archival<br />
footage and film extracts, Code Name:<br />
Melville shows how the director works were<br />
impacted by his experience during World<br />
War II, and how it structured his whole<br />
approach to cinema, its thematic and its<br />
aesthetics.<br />
41 | Obras a Concurso
42 | Obras a Concurso<br />
_A Paixão “Bolero”<br />
Título original: La Passion Boléro<br />
Título em inglês: “Bolero” Passion<br />
Realização /Director: Michel Follin, França, 2007;<br />
Argumento / Script: Christian Labrande, Michel Follin;<br />
Música / Music: Maurice Ravel; Fotografia (cor) /<br />
Photography: George de Genevraie; Montagem / Editing:<br />
Adriana Komives; Som/Sound: Ives Laisne, Grazicla<br />
Barrault, Stéphan Morelli; Companhia de produção /<br />
production company: 13 Production<br />
Duração /Running time: 59m13s<br />
Contactos / Adress: 6 A rue crinas Prolongee 13007<br />
Marseille France ; 13paris@13production.com<br />
Sinopse: O tema do fi lme pode ser<br />
considerado a investigação do “Bolero<br />
mistério”: como é que um trabalho que<br />
aparenta ser tão simples se torna o maior<br />
sucesso do repertório da música clássica,<br />
repleto de musicalidade profana, mas<br />
também admirada pelos mais exigentes<br />
teóricos musicais.<br />
Synopsis: The theme of the film could<br />
said to be the investigation of the “Bolero<br />
mystery”: how a work which is so simple in<br />
appearance became the greatest success of<br />
the classical music repertoire, hummed by<br />
the musically profane, but also admire by<br />
the most demanding musical theorists.<br />
_Pequenos Cabos Brancos<br />
Título original: Little White Wires<br />
Título em inglês: Little White Wires<br />
Realização /Director: Massimo Amici, Itália, 2007;<br />
Argumento / Script: Massimo Amici; Música / Music:<br />
Massimi Amici; Fotografia (cor) / Photography: Carlo<br />
Stoppa; Montagem / Editing: Massimi Amici; Som<br />
/ Sound: Massimi Amici; Companhia de produção /<br />
production company: Acalumafilms; Intérpretes / Cast:<br />
Gianpiero Cognoli<br />
Duração /Running time: 5 minutos<br />
Contactos / Adress: Via Sogliano, 21 int.10-00165 Roma-<br />
Itália; mail@acaluma.com<br />
Prémios/Awards: Arrivano i Corti (Montelancio<br />
Itália)- Agosto 2007 Melhor argumento; CortoNOVO<br />
(Borgonovo Itália)- Abril 2008 Prémio do Publico; Salento<br />
Finibus Terrae (San Vit - Itália)- Julho 2008 Melhor Curta,<br />
argumento, actor; Inventa un Film (Lenola - Itália) - Julho<br />
2008 Revelação; Dieciminuti Film Festival (Frosinone<br />
- Itália) - Janeiro 2009 Melhor curta.<br />
Sinopse: John está a ver televisão, fazendo<br />
zapping. De repente, um rosto na TV<br />
começa a falar com ele. Embora ele não<br />
entenda onde a pessoa da TV quer chegar,<br />
ele sabe que se passa algo errado.<br />
Synopsis: John’s watching TV, zapping<br />
through the channels. Suddenly, a face in<br />
the TV starts talking to him. Though he<br />
doesn’t understand what the guy on TV<br />
is getting at, he knows there’s something<br />
wrong.
_A Rainha Morta<br />
Título original: La Reine Morte<br />
Título em inglês: The Dead Queen<br />
Realização /Director: Pierre Boutron, França, 2008;<br />
Argumento / Script: Pierre Boutron ; Música / Music:<br />
Angélique, Jean-Claude Nachon ; Fotografia (cor) /<br />
Photography: José António Loureiro; Montagem /<br />
Editing: Patrice Monnet; Companhia de produção /<br />
production company: Christian Charret, Jacques Salles;<br />
Intérpretes / Cast: Michel Aumont, Gaëlle Bonna,<br />
Thomas Jouannet, Astrid Bergès-Frisbey, Aladin Reibel<br />
Duração /Running time: 90 minutos<br />
Contactos / Adress: 8, Boulevard dês Capucines – 75009<br />
Paris – França; gfittante@marathon.fr<br />
Sinopse: Ferrante, Rei de <strong>Portugal</strong>, quer<br />
casar o seu fi lho Dom Pedro com a Infanta<br />
de Navarra. Ele não sabe que Dom Pedro já<br />
casou com Dona Inês de Castro em segredo<br />
e que ela está à espera do seu fi lho com<br />
Dom Pedro. A inocente Inês cativa Ferrante<br />
com sua seriedade e com a pureza dos seus<br />
sentimentos. Mas, apesar disso, o velho rei<br />
tem de se conformar em sacrifi car os dois<br />
amantes e sua paixão, para bem do Estado.<br />
Synopsis: Ferrante, King of <strong>Portugal</strong>, is to<br />
marry his son Don Pedro to the Infanta of<br />
Navarro. He doesn’t know that Don Pedro<br />
has already wedded Dona Inês de Castro<br />
in secret and that she is carrying his child.<br />
Candid Inês captivates Ferrante with her<br />
earnestness and the purity of her feelings.<br />
But the old king must nevertheless resign<br />
himself to sacrifice the two lovers and their<br />
passion for the sake of the state.<br />
_Re-Leituras para Todos<br />
Título original: Re-Lectures Pour Tous<br />
Título em inglês: Re- Reading for All<br />
Realização /Director: Robert Bober, França, 2007;<br />
Argumento / Script: Robert Bober; Fotografia (cor) /<br />
Photography: Jean-Claude Decoret; Montagem / Editing:<br />
Françoise Besnier; Som / Sound: Francisco Camino;<br />
Companhia de produção / production company: INA<br />
Georges Groult;<br />
Duração /Running time: 58 minutos<br />
Contactos / Adress: 4 Avenue de L’europe 94360 Bry Sur<br />
Marne; ggroult@ina.fr<br />
Sinopse: “(Re)Lectures pour tous” pode<br />
também ser lido como “Relectures pour tous”.<br />
Não é um jogo de palavras, mas antes um<br />
programa acerca de um programa, um dos<br />
mais prestigiados, num tempo em que a<br />
televisão tinha pouco que oferecer. Consistia<br />
numa conversa entre Pierre Dumayet e um<br />
escritor, seguida de uma conversa entre Pierre<br />
Desgraupes e um escritor e, por fi m, uma<br />
crónica de Max-Pol Fouchet sobre as suas<br />
leituras. Céline, Aragon, Queneau, Mauriac,<br />
Vailland, Schwarz-Bart participaram. Robert<br />
Bober seleccionou trinta programas. Depois<br />
fi lmou durante 58 minutos Pierre Dumayet a<br />
vê-los e as suas reacções.<br />
Synopsis: “(Re)Lectures pour tous” may also<br />
be read as “Relectures pour tous”. It is not a<br />
quibble, but rather a film concerning a tvshow,<br />
one of the most prestigious, in a time<br />
when television had little to offer. It included<br />
a conversation between Pierre Dumayet and<br />
a writer, followed by a conversation between<br />
Pierre Desgraupes and a writer and, at the end,<br />
a column by Max-Pol Fouchet on what he was<br />
currently reading. Céline, Aragon, Queneau,<br />
Mauriac, Vailland, Schwarz-Bart have been<br />
there. Robert Bober selected 30 shows. Then he<br />
shoot for 58 minutes Pierre Dumayet watching<br />
those images and the way he reacted to it.<br />
43 | Obras a Concurso
44 | Obras a Concurso<br />
_O Rei Não Morre<br />
Título original: Regele NU moare<br />
Título em inglês: Le Roi ne Meurt Pas<br />
Realização /Director: Lucia Hossu Longin, Dan Necsulea,<br />
Roménia, 2007; Argumento / Script: Lucia Hossu Longin;<br />
Produção / Production: Televiziunea Romana; Fotografia<br />
(cor) / Cinematography: Ion Cristodulo, Valentin Ilie,<br />
Viorel Sergovici; Montagem / Editing: Sebastian Chelu;<br />
Som / Sound: Ion Holtea<br />
Duração /Running time: 50 minutos<br />
Contactos / Adress: Calea Dorobantilor 191, Sector 1,<br />
010565 Bucarest, Roumaine<br />
Relatii.internationale@tvr.ro<br />
Sinopse: Uma biografi a de Eugène Ionesco,<br />
o grande escritor de origem romena e de<br />
cultura francesa, o dramaturgo que criou<br />
o teatro do Absurdo e cujas peças são<br />
representadas em Paris há cinquenta anos,<br />
sem interrupção, no teatro de la Huchette.<br />
Este destino, tinha-o ele pressentido, ao<br />
escrever no seu diário, aos 16 anos, « Serei<br />
um dos maiores escritores da história do<br />
mundo ».<br />
Synopsis: A biography of Eugène Ionesco, the<br />
great writer of Romanian origin and French<br />
culture, the playwright who created the<br />
theatre of the Absurd and whose plays have<br />
been played in the theatre of la Huchette, in<br />
Paris, for the last fifty years, without a break.<br />
He had perceived this outcome, when he<br />
wrote, in his diary, when he was 16 years old,<br />
“ I will be one of the greatest writers in the<br />
history of the world “.<br />
_Revendo “Lire c’est Vivre”<br />
Título original: En revoyant “Lire c’est vivre”<br />
Título em inglês: Revewing “To read is to Live”<br />
Realização /Director: Robert Bober, França, 2007;<br />
Fotografia (cor) / Photography: Jean-Claude Decoret;<br />
Montagem / Editing: Françoise Besnier; Som / Sound:<br />
Francisco Cemeno; Companhia de produção / production<br />
company: INA Georges Groult;<br />
Duração /Running time: 58 minutos<br />
Contactos / Adress: 4 Avenida de l’Europe, 94360 Bry Sur<br />
Marne; ggroult@ina.fr<br />
Sinopse: Para Pierre Dumayet a questão<br />
da leitura pareceu então mais importante<br />
do que a questão do livro. E concluiu : “É<br />
preciso saber – e mostrar – como é que os<br />
livros são lidos.” Daí a ideia de dar a ler o<br />
mesmo livro a cinco ou seis pessoas. Os<br />
leitores apropriavam-se do livro, cada um à<br />
sua maneira. Conhecer uma personagem<br />
num livro, é um pouco como conhecer<br />
alguém na vida real. Com “Lectures pour<br />
tous”, Dumayet ouvia aquele que tinha<br />
escrito. Com “Lire c’est vivre” (“Ler é Viver”),<br />
ele ouvia aqueles que o tinham lido.<br />
Synopsis: For Pierre Dumayet the question<br />
of reading therefore appeared more<br />
important than the issue of the book. And<br />
he concluded: “We need to know – and show<br />
– how the books are read.” And he thought<br />
of giving the book to five or six people to<br />
read it. The readers got in possession of<br />
the book, each in his own way. Getting to<br />
know a character in a book, is like getting to<br />
know somebody in real life. In “Lectures pour<br />
tous”, Dumayet listened to the one who had<br />
written. In “Lire c’est vivre”, he listened to the<br />
one that had read it.
_O Senhor X<br />
Título original: Monsieur X<br />
Título em inglês: Mister X<br />
Realização /Director: Jean-Phillippe Puymartin &<br />
Marianne Basler, França, 2008; Argumento / Script:<br />
Adaptação do romance de Marguerite Duras; Música /<br />
Music: Siegfried Canto; Fotografia (cor) / Photography:<br />
Paco Wiser; Montagem / Editing: Jeanne Moutard;<br />
Companhia de produção / production company:<br />
Puymartin/Basler; Intérpretes / Cast: Marianne Basler,<br />
Jean-Phillippe Puymartin, Oliver Augrond, Anne-Laure<br />
Brasey, Jacques Lassalle.<br />
Duração /Running time: 1h16m<br />
Contactos / Adress: 12 Allee Les Pinsons 78170 La Celle<br />
ST Cloud France<br />
Sinopse: Paris. Junho de 1944. Vencendo os<br />
seus medos, Marguerite Duras dirige-se ao<br />
escritório da Gestapo tentando descobrir<br />
o que se passa com o seu marido. Neste<br />
lugar sinistro ela conhece o homem que<br />
o prendeu. Durante seis semanas, até a<br />
liberação de Paris, eles vão encontrar-se<br />
todos os dias... com a morte no fi nal do<br />
caminho...<br />
Synopsis: Paris. June 1944. Overcoming her<br />
fears, Marguerite Duras goes directly to the<br />
Gestapo’s Office trying to hear from her<br />
husband. In this sinister place she meets the<br />
man who arrested him. For six weeks until<br />
the liberation of Paris, they will meet every<br />
day… with death at the end of the road…<br />
_ Simone de Beauvoir,<br />
Uma Mulher Actual<br />
Título original: Simone de Beauvoir, une Femme Actuelle<br />
Título em inglês: Simone de Beauvoir, a Woman of our<br />
Time<br />
Realização /Director: Dominique Gros, França, 2007;<br />
Argumento/Script: Dominique Gros ; Produção<br />
/ Production: Les Films d’Ici; Fotografia (cor) /<br />
Cinematography: Nathalie Durand, Dominique Gros,<br />
Bertrand Mouly ; Montagem / Editing: Martine Bouquin;<br />
Som / Sound: Antoine Rodet ;<br />
Duração /Running time: 52 minutos<br />
Sinopse: Por ocasião do centenário do<br />
nascimento de Simone de Beauvoir (Janeiro<br />
1908), Dominique Gros propõe a discussão<br />
da personalidade da romancista, fi lósofa,<br />
mas também política e activista feminista.<br />
O fi lme vai ao encontro desta mulher, em<br />
toda a sua riqueza e complexidade, à luz<br />
de uma época cheia de mudanças. A dupla<br />
que ela formou com o jovem Jean-Paul<br />
Sartre foi um pilar para a vida literária e<br />
política nos anos 1940 a 1970.<br />
Synopsis: On the occasion of the centenary<br />
of the birth of Simone de Beauvoir (January,<br />
1908), Dominique Gros proposes to discuss<br />
the personality of both the novelist and the<br />
philosopher, but also the political activist<br />
and the feminist. The film reveals this<br />
woman, in all her richness and complexity,<br />
under the light of an era full of changes. The<br />
duo she formed with young Jean-Paul Sartre<br />
has been a support of the literary and politic<br />
life in the years 1940 to 1970.<br />
45 | Obras a Concurso
46 | Obras a Concurso<br />
_ O Triângulo Imperfeito<br />
Título original: El Triangulo Imperfecto<br />
Título em inglês: The Imperfect Triangle<br />
Realização /Director: Jorge Bompart, Argentina, 2009;<br />
Argumento / Script: Claudia Gaensel, Jorge Bompart,<br />
segundo obra de Mari Gandolfo; Produção / Production:<br />
Jorge Bompart; Música / Music: Nicolas Di Paolo;<br />
Montagem / Editing: Jorge Bompart; Direcção artística<br />
/ Art Direction: Jorge Bompart; Animação / Animation:<br />
Jorge Bompart; Som / Sound: Ezequiel Ferrarotti;<br />
Duração /Running time: 9 minutos<br />
Contactos / Adress: Joge Bompart, Sucre 2661, PBC – CP<br />
1428; Buenos Aires, Argentina; jorgebompart@hotmail.<br />
com<br />
Prémios / Awards: estreia mundial.<br />
Sinopse: Numa tranquila cidade onde<br />
os habitantes vem o tempo passear,<br />
amarrados a hábitos, crenças ou talvez<br />
superstições inocentes, uma rapariga<br />
experimenta, a partir do seu encontro<br />
com uma senhora desconhecida, a dor<br />
de crescer bruscamente, descobrindo a<br />
realidade do mundo dos adultos.<br />
Synopsis: In a calm town where the<br />
inhabitants see the time pass by, tied to<br />
costumes, believes or perhaps innocent<br />
superstitions, a girl experiments from her<br />
encounter with a strange lady, the pain to<br />
grow suddenly discovering the reality of the<br />
world of the adults.
_Laura Soveral<br />
Título original: Laura Soveral<br />
Título em inglês: Laura Soveral<br />
Realização /Director: Graça Castanheira, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />
Produção / Production: Filmes do Tejo; Música / Music:<br />
Marco Figueiredo; Fotografia (cor) / Cinematography:<br />
Cláudia Varejão<br />
Montagem / Editing: Graça Castanheira; Direcção de<br />
produção / direction of production: Caroline Barraud;<br />
Som / Sound: Pedro Semedo; Pós-Produção: Real Ficção<br />
Duração /Running time: 50 minutos<br />
Sinopse: Vida e obra de Laura Soveral, uma<br />
das grandes actrizes portuguesas das<br />
últimas décadas, com um percurso muito<br />
particular tanto do teatro como no cinema,<br />
onde avultam interpretações marcantes,<br />
como a sua em “Uma Abelha na Chuva”.<br />
Synopsis: The life and work of Laura Soveral,<br />
one of the last decades’ major Portuguese<br />
actresses, with a very significant career,<br />
both in the theatre as in the cinema,<br />
where we can highlight some remarkable<br />
interpretations, such as in “Uma Abelha na<br />
Chuva”.<br />
_ Humberto Delgado:<br />
Obviamente Demito-o!<br />
Título original: Humberto Delgado: Obviamente<br />
Demito-o!<br />
Título em inglês: Humberto Delgado: Obviamente<br />
Demito-o!<br />
Realização: Lauro António (<strong>Portugal</strong>, 2008); Argumento:<br />
Lauro António; Fotografia (cor): Carlos Cunha; Música:<br />
Beethoven (Sinfonia nº 3, Heróica), Marisa (Ó Gente<br />
da minha Terra), Carlos do Carmo (Um Homem na<br />
Cidade), Amália Rodrigues (Abannono); Montagem:<br />
Francisco Sequeira; Som: Jorge Cabanelas, Ricardo<br />
Simões; Assistente de Realização: Frederico Corado;<br />
Genérico: Teresa Martins; Grafismo adicional: Nicolau<br />
Tudela; Produção: João Barrigana; RTP, Av. Marechal<br />
Gomes da Costa nº 37, 1080-030 – joão.barrigana@rtp.<br />
pt. Intérpretes: Iva Delgado, Humberto Rosa, Marcelo<br />
Rebello de Sousa, Mário Soares, Ramalho Eanes, Adriano<br />
Moreira, Fernando Dacosta, Fernando Rosas, Vasco<br />
Lourenço, Pezarat Correia, Otelo Saraiva de Carvalho,<br />
António Taborda, Luís Farinha, Maria Barroso, Jaime<br />
Nogueira Pinto, Manuel Cavaco, Varela Gomes, Manuel<br />
Serra, João Mário Mascarenhas, Joaquim Vieira, Irene<br />
Pimentel, etc. Duração: 58’<br />
Contacto: RTP, Av. Marechal Gomes da Costa nº 37, 1080-<br />
030 ou Lauro António – laproducine@gmail.com<br />
Sinopse: No dia 10 de Maio de 2008<br />
comemoraram-se 50 anos sobre o início<br />
da campanha para as eleições de 1958,<br />
protagonizada pelos candidatos da<br />
oposição, General Humberto Delgado, e<br />
da União Nacional, Almirante Américo<br />
Thomaz. Evocando e reavivando não só os<br />
tempos do Estado Novo e da ditadura de<br />
Oliveira Salazar, numa análise crítica actual<br />
e despreconceituosa, como sobretudo a<br />
personalidade vulcânica e vibrante do<br />
“General sem Medo”, como fi cou conhecido<br />
na História, este documentário recorda<br />
um período particularmente quente e<br />
signifi cativo da luta política que terá<br />
marcado toda a História da segunda<br />
metade do século XX em <strong>Portugal</strong>.<br />
47 | Extra-Concurso
48 | Extra-Concurso<br />
_ Pessoalmente<br />
Maria do Céu Guerra<br />
Título original: Pessoalmente Maria do Céu Guerra<br />
Título em inglês: Maria do Céu Guerra Herself<br />
Realização /Director: Frederico Corado, <strong>Portugal</strong>, 2008;<br />
Entrevista conduzida por Júnior Sampaio; Produção /<br />
Production: Entrar em Palco Associação Cultural com<br />
Magazin Produções para Entretanto MIT Valongo;<br />
Música / Music: António Vitorino D’Almeida; Fotografia<br />
(cor) / Cinematography: Frederico Corado; Montagem<br />
/ Editing: Frederico Corado; Direcção de produção /<br />
direction of production: Cátia Garcia; Intérpretes/cast:<br />
Maria do Céu Guerra, Rita Lello, Changuito, João Paulo<br />
Guerra, Hélder Costa, Carlos Avilez, Lauro António,<br />
António Vitorino D’Almeida, Nuno Brederode Santos<br />
Duração /Running time: 60 minutos<br />
Sinopse: A vida e a carreira de Maria do<br />
Céu Guerra, uma das maiores actrizes e<br />
encenadoras portuguesas. Excertos de<br />
“Crónica dos Bons Malandros”, “Casino<br />
Oceano”, “O Mal Amado”, “Menino ou<br />
Menina”, “Play It Again”, “Agosto – Contos<br />
da Emigração”, “Antígona”, “Pranto de<br />
Maria Parda”, “Oh Que Dia Tão Estúpido”,<br />
“Felizmente Há Luar”, etc. Fotografi as do<br />
arquivo pessoal da actriz, Museu Nacional<br />
do Teatro, Teatro Experimental de Cascais e<br />
do Teatro A Barrac.<br />
Synopsis: The life and career of Maria do<br />
Céu Guerra, one of the greatest Portuguese<br />
actresses and director. Extracts of ““Crónica<br />
dos Bons Malandros”, “Casino Oceano”, “O<br />
Mal Amado”, “Menino ou Menina”, “Play<br />
It Again”, “Agosto – Contos da Emigração”,<br />
“Antígona”, “Pranto de Maria Parda”, “Oh<br />
Que Dia Tão Estúpido”, “Felizmente Há Luar,<br />
etc. Photos from the personal archive of the<br />
actress, Museu Nacional do Teatro, Teatro<br />
Experimental de Cascais and from the Teatro<br />
A Barraca.
FAMAFEST<br />
2009<br />
DA PALAVRA À IMAGEM
50 | da Palavra à Imagem<br />
_AUSTRÁLIA<br />
Baz Luhrmann não tem sorte com a maioria dos críticos encartados. Quando os seus<br />
fi lmes se estreiam, por exemplo em <strong>Portugal</strong>, as primeiras opiniões são francamente<br />
desfavoráveis, depois com o passar do tempo e com as opiniões do comum dos<br />
espectadores que transformam os seus fi lmes em obras de culto, muitos dão a mão<br />
à palmatória, dão o dito por não dito, e aclamam os lançamentos em DVD, e outras<br />
coisas tais. Aconteceu em “Romeo + Julieta”, aconteceu de forma dramática com essa<br />
obra-prima chamada “Moulin Rouge”, volta a acontecer agora com este belíssimo e<br />
sumptuoso épico melodramático erigido em louvor da sua terra natal, “Austrália”.<br />
Como já perceberam, gosto muito do fi lme, ainda que não o considere uma obraprima<br />
(mas que importa isso? que importa se um fi lme não é perfeito, quando nos<br />
sentimos tão bem na sua companhia?). Ora já convém saber o que me leva a gostar<br />
do fi lme, porque gostar só por gostar não interessa muito (a não ser numa perspectiva<br />
pessoal).<br />
Vamos ver se consigo colocar aqui as principais razões. A primeira, porque se trata de<br />
um fi lme que gosta de contar histórias, que vive de contar histórias, o que se percebe<br />
logo desde o início quando uma criança aborígene australiana explica o que o mágico<br />
seu avô lhe confessou: “O mais importante do mundo é contar histórias”, porque ao<br />
contar histórias estamos a perpetuar a nossa História. Esta perspectiva de “contar<br />
histórias”, que começou por ser oral, passou à escrita e ao papel, e agora progride nas<br />
imagens e nos sons, é algo de fabuloso que urge preservar. “Contar histórias” pode<br />
ser tanta coisa, mas é sobretudo dialogar, ofertar saber, imaginação, e transformar o<br />
homem num ser “culto”. A cultura alimenta-se de histórias. Um fi lme que gosta de<br />
personagens que contam histórias é um fi lme que gosta de contar histórias, para<br />
um público que goste de ouvir histórias. Agrada-me. A seguir vem a história que Baz<br />
Luhrmann quer contar, o que pode ser observado sob vários pontos de vista. Mas há<br />
um que sobressai sobre todos os outros: Baz Luhrmann é australiano e ama a sua terra,<br />
a cor da paisagem, o pó dessa terra vermelha, ensanguentada, os pores-do-sol, a água<br />
que jorra em cascatas infi nitas, as montanhas rasgadas a pique sobre desfi ladeiros<br />
ou planícies, ama as vacas e os cavalos selvagens, ama a vida livre e selvagem, ama os<br />
mágicos que se sustentam do alto das montanhas só sobre um pé, ama as crianças<br />
que acreditam nos poderes sobrenaturais, ama os actores e os técnicos do seu país (o<br />
fi lme é quase integralmente criado por um elenco e uma equipa técnica australiana)<br />
e consegue transmitir-nos esse enorme amor a uma terra, uma cultura, uma história,<br />
uma realidade presente (que se torna “presente” através de uma história do passado<br />
recente). Fá-lo não de forma pretensiosa, mas com uma sinceridade que surpreende.<br />
Nada no fi lme soa a falso, nada faz lembrar um frete de encomenda (apesar do governo<br />
da Austrália, ao que se sabe, ter subsidiado em grande o fi lme, para fazer dele um cartão<br />
de visitas condigno). É, pois, uma parte da história da Austrália que Baz Luhrmann quer<br />
contar, ou, como confessou numa entrevista, “explicar aos fi lhos porque eles se devem<br />
orgulhar da sua terra.” Aos seus fi lhos e aos fi lhos de todo o mundo que olham esta<br />
gesta e se devem sentir ufanos não só de serem australianos, mas humanos. Porque<br />
esta é também uma história sobre a grandeza do homem. De um homem que para ser<br />
grande tem de ultrapassar barreiras ignóbeis criadas pelo próprio homem. Essa é já<br />
uma outra parte da história.<br />
Estamos em 1939, a Alemanha nazi invadiu a Polónia e “O Feiticeiro de Oz” estreiase<br />
nos cinemas, com Judy Garland a cantar “Over de Rainbow”. Sarah Ashley (Nicole
Kidman), uma aristocrata inglesa, cujo marido se encontra na Austrália, criando gado<br />
e preparando-se para o vender ao exército, resolve viajar até Darwin, a cidade mais<br />
próxima de “Faraway Downs”, uma quinta de criação de cavalos e vacas, com terras a<br />
perder de vista, no norte do continente. Não é o marido que a recebe, mas o condutor<br />
de gado, Drover (Hugh Jackman). Sarah e Drover não simpatizam desde logo um<br />
com o outro, Sarah vem para esta terra inóspita carregada de malas, de preconceitos<br />
e de ideias estabelecidas (julga que o marido a trocou por alguma aborígene), mas<br />
lentamente descobre várias realidades encobertas, a primeira das quais que o senhor<br />
Ashley acabara de ser assassinado, que ela se encontra viúva numa terra estranha,<br />
que dirigir “Faraway Downs” vai ser matéria dura de roer, que existe nessa fazenda<br />
um miúdo, Nullah (Brandon Walters), órfão, que “não é preto nem branco” e foge das<br />
autoridades que o querem aprisionar e tornar escravo, por quem se vai tomar de<br />
amores. Escusado será dizer que por outros amores se tomará pelo condutor de gado.<br />
Mas antes há que referir a existência de um cruel e desapiedado administrador da<br />
quinta, Neil Fletcher (David Wenham) e o tenebroso latifundiário e proprietário de gado,<br />
King Carney (Bryan Brown), que não quer concorrentes neste campo e tudo faz para<br />
afastar Sarah e “Faraway Downs” do seu caminho. Mas quanto mais a enxotam, mais<br />
Sarah parece interessada em levar a sua avante, ou não fosse ela uma continuação das<br />
mulheres abnegadas e de rija têmpera que têm em Scarlett O’Hara modelo, tal como<br />
“Austrália” tem como paradigma “E Tudo o Vento Levou” (para lá de outras epopeias de<br />
um David Lean, por exemplo), e “Faraway Downs” recorda “Tara”. As semelhanças vão<br />
mais longe. Vejam-se as heroínas: uma sai da Irlanda para a América, jovem nação, que<br />
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52 | da Palavra à Imagem<br />
entra numa guerra de Norte contra o Sul, de irmãos contra irmãos; a outra viaja de<br />
Inglaterra, rumo à Austrália, onde vai descobrir igualmente os horrores de uma guerra<br />
devastadora, a II Guerra Mundial, com os japoneses a bombardearem e invadirem a<br />
Austrália, entrando por Darwin, que destroem por completo. Uma mulher “de rendas”,<br />
vinda do velho continente, que surpreende dentro de si as forças necessárias para levar<br />
a sua tarefa até ao fi m, um condutor de gado que não aceita amarras nem conluios,<br />
uma criança que gosta de ouvir histórias, e à volta de tudo isto, exploradores de gado<br />
gananciosos, assassinos a soldo, padres vendidos, missões transformadas em bases<br />
de recrutamento de mão de obra escrava, preconceitos de raça, de sexo e de casta<br />
fi nanceira, brancos, pretos e nem uma coisa nem outra, aborígenes que lentamente<br />
foram sendo dizimados, e a II Guerra Mundial a estoirar no centro das suas vidas. Uma<br />
história e tanto!<br />
Mas o mais curioso é que Baz Luhrmann não pega na história de uma forma realista.<br />
Nada disso ou não fosse ele o autor de “Romeo + Julieta” e de “Moulin Rouge”. O que faz<br />
é precisamente recolher os estereótipos destas histórias melodramáticas e coser um<br />
puzzle onde tudo se apresenta conforme a convenção, para depois se reconduzir ao<br />
seu lugar mais realista. A inglesa (num novo continente) surge em Darwin carregada<br />
de malas azuis, de roupa interior rendada, de saltos altos, tremelicando ao andar<br />
nas ruas de terra batida, tal como a lenda diria que o que fora, assim acontecera. O<br />
“condutor de gado” anda à zaragata num bar como nos bons velhos tempos do Oeste,<br />
sozinho contra todos e acabando por vencer. O miúdo é salvo de ser espezinhado por<br />
uma manada de mil e quinhentas vacas por acção mágica. E, no entanto, pelo poder<br />
de contar uma história, ali estamos nós, comovidos e absortos, a rir intimamente com<br />
os estereótipos e a chorar por fora, que bem se ouviam os soluços na sala e os lenços<br />
amarfanhados nas mãos. Romântico até dizer chega (o par em contraluz numa baía<br />
de sonho, à noite, com as luzes da cidade a refl ectirem-se na água), melodramático<br />
até às lágrimas (o reencontro fi nal não deixa ninguém indiferente), bem intencionado<br />
até à medula (com a defesa dos fracos e dos oprimidos, dos negros e dos aborígenes,<br />
das mulheres e das crianças, e da liberdade do mundo), “Austrália” consegue ser tudo<br />
isso de uma forma tão galvanizante que, partindo da mentira do espectáculo que<br />
todos descobrem ser falso, acaba por atingir a verdade. A verdade dos travellings de<br />
Baz Luhrmann sobrevoando aquela terra mágica com uma beleza selvagem e pura.<br />
A verdade de um elenco extremamente bem dirigido, onde os momentos míticos, na<br />
linha do mais puro cinema clássico americano, surgem fulgurantes (deixemos de lado<br />
a presença de Nicole Kidman, que já conhecemos, e que se mantém igual a si própria,<br />
ou seja excelente sob todos os pontos de vista, e atentemos nas “aparições” do novo<br />
sex symbol do cinema, Hugh Jackman, que são escolhidas a preceito: toma banho para<br />
valorizar o tronco, numa cena certamente das mais épicas para o público feminino – e<br />
algum masculino; surge de súbito no cimo de uma escadaria, em impoluto fato branco,<br />
deslumbrando pelo inesperado; embrenhando-se nalguns dos beijos mais sensuais do<br />
cinema dos últimos anos; etc.). Depois temos a referência constante a “O Feiticeiro de<br />
Oz”, ao seu universo mágico, e ao prazer inesquecível de “regressar a casa”, depois da<br />
aventura e da tormenta. Todos, no fi lme, regressam a casa, a essa Austrália que os viu<br />
nascer e que os lançou no cinema mundial. Agora regressam agradecidos.<br />
Talvez um pouco excessivamente longo, talvez um pouco desequilibrado, talvez um<br />
pouco … sei lá, não é uma obra-prima perfeita, mas é um daqueles fi lmes que dá um<br />
prazer danado ver. Por isso o cinema é grande.
_AUSTRÁLIA<br />
Título original: Australia<br />
Realização: Baz Luhrmann (Austrália, EUA, 2008); Argumento: Baz Luhrmann, Stuart Beattie, Ronald Harwood, Richard<br />
Flanagan; Produção: G. Mac Brown, Catherine Knapman, Baz Luhrmann, Catherine Martin, Paul ‘Dubsy’ Watters; Música:<br />
David Hirschfelder; Fotografi a (cor): Mandy Walker; Montagem: Dody Dorn, Michael McCusker; Casting: Nikki Barrett,<br />
Ronna Kress; Design de produção: Catherine Martin; Direcção artística: Ian Gracie, Karen Murphy; Decoração: Beverley<br />
Dunn; Garda-roupa: Catherine Martin; Maquilhage: Simone Wajon, Kerry Warn; Direcção de produção: Aaron Downing,<br />
Simon Lucas; Assistentes de realização: Danielle Blake, Jeremy Grogan, Bruce Hunt, Jennifer Leacey, Scott Lovelock, Guy<br />
Norris, Simon Warnock; Departamento de arte: Kristen Anderson, Colette Birrell, Simon Elsley, Jenny Hitchcock; Som:<br />
Wayne Pashley; Efeitos especiais: Brian Cox, Thomas Van Koeverden; Efeitos visuais: Myles Asseter, Viv Baker, David Booth,<br />
Chris Godfrey, Danny Huerta, Gemma James, Chad Malbon, James E. Price, Peter Webb; Animação (cena de cangurus):<br />
Gerard Van Ommen Kloeke; Companhias de produção: Bazmark Films, Twentieth Century-Fox Film Corporation.<br />
Intérpretes: Nicole Kidman (Lady Sarah Ashley), Hugh Jackman (Drover), Bryan Brown (King Carney), Brandon Walters<br />
(Nullah), Ray Barrett (Bull), David Wenham (Neil Fletcher), Ben Mendelsohn (Capitão Dutton), Sandy Gore (Gloria<br />
Carney), Jacek Koman (Ivan), Essie Davis (Cath Carney), Tony Barry, Tara Carpenter, Rebecca Chatfi eld, Lillian Crombie,<br />
Max Cullen, Arthur Dignam, Michelle Dyzla, Haidee Gaudry, Terence Gregory, David Gulpilil, Jamie Gulpilil, Peter Gwynne,<br />
Sean Hall, Joy Hilditch, Matthew Hills, Jimmy Hong, Bill Hunter, Jarwyn Irvin-Collins, Robert Jago, John Jarratt, Eugene<br />
Kang, Crusoe Kurddal, Liam Lannigan, Siena Larsson, Cody Lea, Jack Leech, Charles Leung, Jacob Linger, Mark Malabirr,<br />
John Martin, Logan Mattingley, Adam McMongial, Dylan Minggun, Phillippe Moon, Nyalik Munungurr, Patrick Mylott,<br />
David Ngoombujarra, Barry Otto, Angus Pilakui, Robin Queree, Mark Rathbone, Garry Scott, John Sheerin, Bruce Spence,<br />
Jack Thompson, Wah Yuen, Kerry Walker, Elaine Walker, Matthew Whittet, Ursula Yovich, Anthony Cogin, Anton Monsted,<br />
etc. Duração: 165 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Filmes Castello Lopes; Classifi cação etária: M /12 anos; Estreia em<br />
<strong>Portugal</strong>: 25 de Dezembro de 2008 (<strong>Portugal</strong>).<br />
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_O CAVALEIRO DAS TREVAS<br />
“O Cavaleiro das Trevas”, de Christopher Nolan, baseia-se num conceito e numa<br />
personagem, para sobre eles erguer todo o fi lme. O conceito é a dualidade de<br />
potencialidades que existe no interior de cada ser humano, e que podem ser<br />
desenvolvidas para o Bem ou para o Mal, o que se exemplifi ca de forma bem concreta<br />
na personagem de Harvey Dent (Aaron Eckhart), mais tarde também chamado<br />
precisamente “Two-Face”, e que deita à sorte a morte ou a sobrevivência de quem consigo<br />
se cruza atirando uma moeda ao ar, uma cara clara ou uma coroa bem escura. Ou seja,<br />
para Jonathan Nolan e Christopher Nolan, que escreveram o argumento de “The Dark<br />
Knight”, conjuntamente com David S. Goyer, segundo lendárias personagens criadas<br />
por Bob Kane, na célebre banda desenhada, o Homem tem dentro de si a capacidade<br />
de escolher o seu caminho, investindo no Bem ou acometendo o Mal, consoante o<br />
seu desígnio. Mas este desígnio é prefi gurado no fi lme por dois símbolos igualmente<br />
muito signifi cativos enquanto tal: Batman (Christian Bale) e Joker (Heath Ledger). O<br />
Bem sabe-se que se chama, na realidade, Bruce Wayne, que tem uma dupla existência,<br />
sendo por vezes o misterioso Batman, que é milionário e se serve da sua riqueza não<br />
só para lutar contra o crime, como para socorrer quem precisa. Do Mal, nada se sabe. O<br />
Joker é, efectivamente, um enigma, como enigma são todos os grandes “monstros” da<br />
história humana. Como chegaram ao que foram ninguém sabe, apesar de se lançarem<br />
muitas pistas sociais e psicanalíticas. O Mal existe, está aí, é o Joker neste fi lme. Um Mal<br />
terrível, que não se preocupa com a acumulação do dinheiro ou a conquista do poder,
que não tem intenções pessoais de grandeza desmedida, que se instala e segreda ao<br />
ouvido de cada um, como o grilo do Pinóquio, sempre numa catastrófi ca perspectiva<br />
demoníaca. São as modernas “Tentações de Santo Antão”, onde as provocações do Mal<br />
existem apenas como forma de corromper o Homem, a sociedade e, sobretudo, o Bem.<br />
O Joker não tem qualquer fi to concreto na extensão do Mal a não ser precisamente<br />
isso, expandir o Mal. O seu olhar não repousa tranquilamente sobre as vítimas, vagueia<br />
no espaço, fala de forma capciosa para alguém, mas olha em redor em busca de nova<br />
vítima, quer multiplicar os pecadores, ampliar o horror, criar o caos total, sem intuitos<br />
pré-defi nidos, apenas porque o caos é assim, sem princípio nem fi m, sem arrumação<br />
possível, imprevisível e absurdo, tal qual a genial criação de Heath Ledger.<br />
Se Batman é arrumadinho e consciencioso, tem escritório e guarda-fato electrónico<br />
para a sua máscara secreta, se tem a ciência que o ajuda (que o aconselha sobretudo<br />
a ser moralmente irrepreensível e não invadir a privacidade do cidadão, coisa de<br />
somenos para a actual administração Bush), se tem um mordomo que vela pela sua<br />
comodidade, se aceita passar por vilão, para que a polis sobreviva, se Batman é a<br />
norma positiva da vida em sociedade, o Joker é obviamente o seu contrário, o triunfo<br />
do absurdo sob a forma de horror. Um horror que se estampa desde logo no seu rosto<br />
de um riso imposto, de boca riscada a lâmina, com múltiplas explicações, adaptadas a<br />
cada novo ouvinte.<br />
O Joker normalmente é a carta do baralho que traz fortuna (veja-se a ambiguidade do<br />
termo “fortuna”, que quer dizer “sorte” e “riqueza”, como se ambas se sobrepusessem).<br />
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56 | da Palavra à Imagem<br />
Aqui o Joker não anuncia nada de benigno, antes pelo contrário. Em Gotham City, o<br />
crime vive ameaçado por um promotor público que o quer erradicar da cidade e por<br />
um chefe da polícia que está igualmente disposto a não pactuar com a corrupção e<br />
o desmando. Batman é o aliado de ambos a quem se recorre para impor ordem na<br />
desordem. Basta acender rumo ao céu o holofote que a comunidade já conhece para<br />
que o temor e o respeito pela justiça desçam sobre a cidade. O que leva a Máfi a a saturarse<br />
da situação que lhe deixa pouca margem de manobra. Aceita, por isso, os serviços<br />
do Joker para restaurar a velha anarquia e impor de novo o caos. O Joker agradece.<br />
Nada lhe dá mais prazer do que o Mal. Praticá-lo, sim, mas sobretudo difundi-lo, alargar<br />
horizontes, contaminar, perverter, ir ao hospital onde se encontra um doente especial e<br />
transformar o seu rosto de belo e justo cidadão no estertor da morte. Assim seja.<br />
Um tal fi lme poderia passar por uma parábola simplista para incautos desprevenidos.<br />
Mero raciocínio falhado. Ao que se assiste é a um dos melhores fi lmes do ano,<br />
alicerçado num argumento escrito com inteligência e intencionalidade, sem<br />
primarismos nem facilidades, saído de uma banda desenhada, cujo espírito respeita,<br />
mas a que confere uma maturidade e uma universalidade evidentes, e que consegue<br />
o feito indesmentível de transmitir ao longo de toda a sua projecção um enorme mal<br />
estar, esse mal estar que se instalou há anos na sociedade norte-americana e que<br />
lentamente se vai estratifi cando numa psicose malsã. O mundo atravessa uma crise<br />
profunda, mas essa crise ainda se sentirá mais na sociedade norte-americana, dividida<br />
profundamente quanto ao que de mais essencial a democracia signifi ca, o que se pode<br />
verifi car inclusive pelos resultados das sondagens eleitorais. Sem querer identifi car de<br />
forma muito primária o Mal e o Bem com divisões partidárias, o que se pode concluir<br />
é que esta divisão (em grande parte consequência do 11 de Setembro, mas também<br />
do catastrófi co governo Bush, para lá de outras causas de menor impacto) está a<br />
gerar no subconsciente colectivo uma onda de insegurança, de pânico, de angústia,<br />
de inquietação que ninguém pode ignorar, com as consequências para o futuro dessa<br />
sociedade (e do mundo) que também ninguém pode antever com precisão.<br />
Para recriar plasticamente este clima de ameaça latente, de à beira de fi m de mundo,<br />
Christopher Nolan serve-se de uma direcção artística magnífi ca, de uma excelente<br />
fotografi a, de uma banda sonora impressionante, de uma partitura musical inspirada,<br />
de uma montagem que sabe criar o clima próprio, mas sobretudo de um conjunto de<br />
actores absolutamente invulgar. Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman, Morgan<br />
Freeman, Aaron Eckhart, Maggie Gyllenhaal, Eric Roberts e tantos outros mostram-se<br />
dignos uns dos outros, criando um elenco de luxo, onde será justo destacar a cereja em<br />
cima do bolo, o malogrado Heath Ledger que demonstra aqui o seu enorme talento<br />
e a justeza da sua representação. Ser vilão é muito mais fácil do que ser um honesto<br />
e cinzento cidadão. Mas há vilões e vilões. Este de Heath Ledger não é apenas mais<br />
uma fi gura pitoresca, uma máscara postiça, um fato que se veste como se despe. Ele<br />
carrega de vida intensa uma personagem histriónica, coloca angústia no esgar que se<br />
pensa apenas sorridente, mas nunca se afasta da fi gura da tragédia. Ele transforma<br />
o Joker num símbolo de maldade imanente e absoluta que consegue alastrar a cada<br />
espectador e imbuir de pesadelos os nossos sonhos ao sair da sala de cinema. Se<br />
há actor que se liberta da lei da morte, aqui está um que se torna inesquecível. Ele<br />
continuará a povoar de inquietação e de sardónico riso as ruas solitárias e nocturnas<br />
das grandes metrópoles.
_O CAVALEIRO DAS TREVAS<br />
Título original: The Dark Knight<br />
Realização: Christopher Nolan (EUA, 2008); Argumento: Jonathan Nolan, Christopher Nolan, David S. Goyer, segundo<br />
personagens criadas por Bob Kane; Produção: Christopher Nolan, Charles Roven, Emma Thomas, Kevin De La Noy, Jordan<br />
Goldberg, Philip Lee, Karl McMillan, Benjamin Melniker, Thomas Tull, Michael E. Uslan; Música: James Newton Howard,<br />
Hans Zimmer; Fotografi a (cor): Wally Pfi ster; Montagem: Lee Smith; Casting: John Papsidera; Design de produção: Nathan<br />
Crowley; Direcção artística: Mark Bartholomew, James Hambidge, Kevin Kavanaugh, Simon Lamont, Steven Lawrence,<br />
Naaman Marshall; Decoração: Peter Lando; Guarda-roupa: Lindy Hemming; Maquilhagem: Janice Alexander, Peter Robb-<br />
King; Direcção de produção: Chen On Chu, Bill Daly, Geoff Dibben, Jan Foster, David E. Hall, Thomas Hayslip, Michael<br />
Murray, Susan Towner; Assistentes de realização: Julian Brain, Michael T. McNerney, Nilo Otero; Departamento de arte: J.<br />
André Chaintreuil, Jenne Lee, Robert Woodruff; Som: Richard King; Efeitos especiais: Chris Corbould, Don Parsons; Efeitos<br />
visuais: Joyce Cox-Weisiger, Nick Davis, Raul Esparza III, Julie Verweij, Mark H. Weingartner; Companhias de produção:<br />
Warner Bros. Pictures, Legendary Pictures, DC Comics, Syncopy; Intérpretes: Christian Bale (Bruce Wayne ou Batman),<br />
Heath Ledger (The Joker), Aaron Eckhart (Harvey Dent ou Two-Face), Michael Caine (Alfred), Maggie Gyllenhaal (Rachel<br />
Dawes), Gary Oldman (Det. Lt. James Gordon), Morgan Freeman (Lucius Fox), Monique Curnen (Det. Anna Ramirez), Ron<br />
Dean (Detective Wuertz), Cillian Murphy (Scarecrow), Chin Han (Lau), Nestor Carbonell (Mayor Anthony Garcia), Eric<br />
Roberts (Salvatore Maroni), Ritchie Coster (The Chechen), Anthony Michael Hall (Mike Engel), Keith Szarabajka, Colin<br />
McFarlane, Joshua Harto, Melinda McGraw, Nathan Gamble, Michael Vieau, Michael Stoyanov, William Smillie, Danny<br />
Goldring, Michael Jai White, Matthew O’Neill, William Fichtner, Olumiji Olawumi, Gregory Beam, Erik Hellman, Beatrice<br />
Rosen, Vincenzo Nicoli, Edison Chen, Nydia Rodriguez Terracita, Andy Luther, James Farruggio, Tom McElroy, Will Zahrn,<br />
James Fierro, Patrick Leahy, Sam Derence, Jennifer Knox, Patrick Clear, Sarah Jayne Dunn, Chucky Venice, Winston Ellis,<br />
David Dastmalchian, Sophia Hinshelwood, Keith Kupferer, Joseph Luis Caballero, Richard Dillane, Daryl Satcher, Chris<br />
Petschler, Aidan Feore, Philip Bulcock, Paul Birchard, Walter Lewis, Vincent Riotta, Nancy Crane, K. Todd Freeman, Matt<br />
Shallenberger, Michael Andrew Gorman, Lanny Lutz, etc. Duração: 152 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Columbia<br />
Pictures; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Locais de fi lmagem: EUA: Atwood Café, 1 W Washington St, Chicago, Illinois;<br />
Hotel 71 - 71 E. Wacker Drive, Downtown, Chicago, Illinois; IBM Building - 330 N Wabash, Chicago, Illinois; (interiors) Los<br />
Angeles, California; Lower Wacker Drive, Downtown, Chicago, Illinois; McCormick Place - 2301 S. Lake Shore Drive, Near<br />
South Side, Chicago, Illinois; Millennium Station, Chicago, Illinois; Navy Pier - 600 E. Grand Avenue, Near North Side,<br />
Chicago, Illinois; Old Post Offi ce, Chicago, Illinois; Old Town, Near North Side, Chicago, Illinois; Richard J. Daley Center - 55<br />
W. Randolph Street, The Loop, Downtown, Chicago, Illinois; Trump International Hotel & Tower - 401 N Wabash, Chicago,<br />
Illinois; Twin Anchors Restaurant & Tavern - 1655 N. Sedgwick Street, Lincoln Park, Chicago, Illinois. Inglaterra: Battersea<br />
Power Station, Battersea, London; Bedford, Bedfordshire; Cardington, Bedfordshire; Chertsey, Surrey; Criterion Theatre,<br />
Jermyn Street, St James’s, London; George Farmiloe Building - 28-36 St John Street, Clerkenwell, London; Leavesden<br />
Studios, Leavesden, Hertfordshire; Liverpool, Merseyside; London; Longcross, Surrey; Piccadilly Circus, Piccadilly, London;<br />
Pinewood Studios, Iver Heath, Buckinghamshire; Senate House, University College London, Malet Street, Bloomsbury,<br />
London; St John Street, Clerkenwell, London; Twickenham, Middlesex; University of Westminster, London. China, Hong<br />
Kong: International Finance Centre, Central; Queen’s Road Central, Central; The Center, Central; The Peninsula Hong Kong<br />
Hotel, Salisbury Road, Kowloon; Victoria Harbour; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 24 de Julho de 2008.<br />
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_CORAÇÕES<br />
A peça de Alan Ayckbourn, um dos dramaturgos mais encenados em Inglaterra, chamase<br />
“Medos Privados em Lugares Públicos” (“Private fears in public spaces”) e foi o original<br />
escolhido pelo francês Alain Resnais (84 anos de idade) para adaptar ao cinema. Não é a<br />
primeira vez que ambos se encontram. Em 1993, Resnais levara ao ecrã uma outra obra<br />
de Alan Ayckbourn (“Intimate Exchanges”), que traduzira por “Smoking/No Smoking”<br />
(1993). O resultado é, em ambos os casos, muito interessante, mas fi quemo-nos por<br />
agora nestes “Corações” que muita gente olha como destroços de uma sociedade<br />
onde impera a solidão e a difi culdade de comunicação (o que é uma realidade, até de<br />
um ponto de vista físico: as relações entre as pessoas são efectivamente difi cultadas<br />
pela arquitectura, a decoração, o design modernos: divisões de casas cortadas ao meio<br />
por paredes e tapumes, salas de trabalho com divisórias absurdas, balcões de bares,<br />
etc.), mas que, no seu tom geral não desemboca numa visão pessimista da condição<br />
humana, mas muito pelo contrário, numa muito saudável busca de felicidade e<br />
amor. Ou seja: realmente a vida está organizada de uma forma algo asfi xiante, mas<br />
as pessoas não se entregam, não desistem, não fenecem sem luta, sem procura, sem<br />
por vezes uma discreta exigência de felicidade que lhes traz momentos de alguma<br />
plenitude. Que é preciso aproveitar. Prova de optimismo, num cineasta que foi dos<br />
precursores da “Nouvelle vague”, que nos deu algumas das obras-primas defi nitivas<br />
do Cinema Francês e que continua a olhar-nos (e a olhar-se) de forma crítica mas não<br />
totalmente desesperada. Antes com uma ironia de percurso desarmante (veja-se o<br />
caso desse “anjo libertador” que durante o dia trabalha numa agência de imobiliário<br />
e, à noite, acalenta de forma não muito ortodoxa, por entre rezas e cabedais negros, a<br />
solidão de desgraçados à beira da morte).<br />
Três homens, três mulheres perdidos (ou achados?) em Paris: Thierry (André Dussolier)<br />
é um agente imobiliário que tenta encontrar um apartamento para Dan (Lambert<br />
Wilson) e Nicole (Laura Morante), um casal de problemáticos clientes. Na agência<br />
onde trabalha tem como colega Charlotte (Sabine Azéma), doce companheira de horas<br />
mortas que leva o seu espírito de missão até ao ponto de emprestar semanalmente<br />
ao seu vizinho de secretária cassetes gravadas de piedosas emissões de um programa<br />
de TV, “Estas canções que mudaram a minha vida”, entrevistas e variedades de teor<br />
religioso que ela não dispensa, e que deixa entrever, após o fi nal da gravação, cenas de<br />
sado-masoquismo altamente perturbadoras. Por seu turno, Thierry, vive com uma irmã<br />
mais nova, Gaelle (Isabelle Carré), mulher sedenta de amor, que procura concretizar<br />
através de encontros fortuitos em bares, onde espera pelo príncipe encantado com uma<br />
fl or na lapela. No bar de um hotel de Bercy, Lionel (Pierre Arditi), barman e confi dente,<br />
ouve os sucessivos fracassos, profi ssionais e sentimentais, de Dan, recentemente<br />
afastado da carreira militar e separado de Nicole. Depois de deixar o trabalho no bar,<br />
Lionel regressa a casa, onde cuida do pai, Arthur, um velho acamado e irascível. É aí que<br />
encontra Charlotte, em serviço de apoio a idosos. É Charlotte quem funciona como<br />
elemento de ligação neste puzzle de “corações, solitários caçadores” que a neve caindo<br />
sobre Paris irmana numa mesma imagem. Diga-se que esse efeito de montagem é um<br />
dos trunfos desta obra discreta, amável, elegante, quase secreta, sussurrada, que se<br />
aproxima muito de uma miniatura de extrema sensibilidade e pudor. Aliás na linha de<br />
outras obras de Alain Resnais, como “É Sempre a mesma Canção”, obra que mantém<br />
com “Corações” curiosas afi nidades temáticas e de construção.<br />
Excelentes actores franceses (e não só!) que infelizmente tão mal conhecemos (pois
aros são os fi lmes franceses – e europeus - que se estreiam em <strong>Portugal</strong>!) ajudam a<br />
transformar “Corações” numa festa de emoções que sabe bem frequentar. Será curioso<br />
revelar um pormenor da direcção de actores segundo Resnais. Para ele, os actores<br />
precisam de conhecer toda a vida anterior (e futura) do seu personagem. Assim, antes<br />
do início da rodagem, cada actor recebeu, juntamente com o guião, um envelope<br />
lacrado, com um selo de “confi dencial”!, contendo a biografi a do respectivo personagem,<br />
descrevendo o que pudesse ter sido a sua vida anterior, que não é revelada no fi lme,<br />
mas poderá ser adivinhada. Cada fi gura cria assim uma densidade de comportamento<br />
inesperada, muito embora pouco se saiba realmente de cada uma delas.<br />
_CORAÇÕES<br />
Título original: Coeurs<br />
Realização: Alain Resnais (França, Itália, 2006); Argumento: Jean-Michel Ribes, segundo peça teatral de Alan Ayckbourn<br />
(“Private Fears in Public Places”); Música: Mark Snow; Fotografi a (cor): Eric Gautier; Montagem: Hervé de Luze; Design<br />
de produção: Jacques Saulnier, Solange Zeitoun; Direcção artística: Jean-Michel Ducourty; Guarda-roupa: Jackie Budin;<br />
Maquilhagem: Sylvie Aid, José-Luis Casas, Patrick Inzerillo, Delphine Jaffart; Direcção de produção: Hervé Duhamel,<br />
Frédéric Grunenwald, Béatrice Mauduit; Assistentes de realização: Charlotte Buisson-Tissot, Dorothée Chesnot, Laurent<br />
Herbiet, Christophe Jeauffroy, Iris Wong; Departamento de arte: Jacky Hardouin, Philippe Margottin, Marc Pinquier; Som:<br />
Jean-Marie Blondel, Thomas Desjonquères; Efeitos especiais: Géraldine Banet, Pascale Butkovic, Karine Dubois, Benoît<br />
Rousselin, Stéphane Ruet; Efeitos visuais: Thibault Deloof, Stéphane Keller, Frederic Moreau, Frederic Moreau, Fred Roz;<br />
Produção: Valerio De Paolis, Bruno Pésery, Julie Salvador, Vitaliy Versace; Companhias de produção: Soudaine Compagnie,<br />
Studio Canal, France 2 Cinéma, Société Française de Production (SFP), BIM, Banque Populaire Images 6, Canal+, TPS Star,<br />
Centre National de la Cinématographie (CNC), Eurimages, Région Ile-de-France. Intérpretes: Sabine Azéma (Charlotte),<br />
Isabelle Carré (Gaëlle), Laura Morante (Nicole), Pierre Arditi (Lionel), André Dussollier (Thierry), Lambert Wilson (Dan),<br />
Claude Rich (Arthur, voz); Françoise Gillard (entrevistadora de TV), Anne Kessler, Roger Mollien, Florence Muller, Michel<br />
Vuillermoz, etc. Duração: 120 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Atalanta Filmes; Classifi cação etária: M/12 anos;<br />
Prémios: Melhor Realizador, Alain Resnais, e Melhor Actriz, Laura Morante, no Festival de Veneza, 2006.<br />
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_DESTRUIR, DEPOIS DE LER<br />
Não custa muito acreditar que certa crítica tenha fi cado um pouco desasada com a<br />
última película dos irmãos Joel e Ethan Coen. Para muito boa gente, “Este País Não<br />
é Para Velhos” era apenas um grandioso e seríssimo fi lme de uma violência sem<br />
limites, sobre a violência sem limites, esquecendo que os Coen são uns brincalhões,<br />
uns humoristas, por vezes muito negros, que, no que eu me lembre, nunca fi zeram<br />
um fi lme sem uma ponta de ironia e de sarcasmo. Não está nos seus genes essa coisa<br />
de não se rirem, mesmo do que parece não ter graça nenhuma. Quando a coisa não<br />
tem graça, eles inventam-na. Uma vez por outra falham (desastroso o remake de “O<br />
Quinteto era de Cordas”), mas quase sempre acertam.<br />
Umas vezes pode pender mais para o sério, outras mais para a galhofa, mas nunca<br />
anda o grave e o austero sem a sua quota de ironia, nem o humor sem a sua parcela<br />
de crítica inteligente e corrosiva. O que se passa em “Burn After Reading” é um curioso<br />
equilíbrio entre a crítica a uma certa e despudorada actual sociedade norte-americana<br />
e a sátira a essa mesma sociedade, num fi lme em que todos os seus intervenientes se<br />
divertiram magnifi camente, uns a escrever e realizar, outros a interpretar fi guras de uma<br />
imbecilidade total, todas elas ligadas a aspectos essenciais da actualidade ianque.<br />
Há o agente da CIA, o inspector de fi nanças, a médica, a escritora, os empregados de<br />
um ginásio, os directores da CIA, e afi ns. Estamos em Washington (e por alguma razão<br />
os Coen escolheram a capital política do País), e esta gente toda, como num fi lme de<br />
Robert Altman, começa sem se conhecer entre si, mas, à medida que a acção progride, os<br />
cordelinhos vão-se interligando. São todos frustrados e estúpidos como as portas, andam<br />
todos engalfi nhados sexualmente uns com os outros e, no meio das infi delidades que<br />
se cometem a toda a hora, vai girando um CD com dados aparentemente reservados de<br />
um agente da CIA que está a escrever as memórias e cuja mulher lhe rouba os segredos<br />
do PC, sobretudo para lhe escamotear as contas bancárias. Os segredos vão parar à<br />
Embaixada da Rússia, em busca de uma boa recompensa que dê para esticar as mamas<br />
e adelgaçar o rabo e as pernas à empregadota de meia idade do ginásio, que leva consigo,<br />
a reboque, um mais que idiota “personal trainer” do mesmo estabelecimento. Não vale a<br />
pena imaginar a confusão, vale a pena mesmo ver in loco.<br />
O fi lme é divertidíssimo, interpretado com um humor irresistível por um grupo de<br />
excelentes actores que não só trabalham bem, como gostam de se divertir à grande e<br />
à americana: Brad Pitt, quase irreconhecível, com um humor de caricatura a roçar Jerry<br />
Lewis, George Clooney, como sempre a parodiar-se a si próprio e à imagem do garanhão<br />
que se lhe colou, John Malkovich, mais louco do que alguma vez já aparecera, Frances<br />
McDormand, numa personagem tão forte e convincente como a que interpretara em<br />
“Fargo”, Tilda Swinton, fria e distante, mas muito bem integrada no grupo, e ainda as<br />
breves aparições de J.K. Simmons, um dos chefes da CIA que não sabe nada de nada do que<br />
se passa na sua casa, são apenas os rostos principais de “uma conspiração colectiva” que<br />
aterrou nos EUA e nos oferece um retrato bem inquietante da América de Bush. Esta era<br />
nitidamente a intenção dos Coen. Conseguida. Ainda por cima através de uma divertida<br />
paródia que nos remete para algumas das obsessões e traumas da sociedade actual,<br />
dos encontros marcados via “chats” da Internet à mórbida dependência das cirurgias<br />
plásticas. Tudo em nome de encontrar um grande amor, o que quase todos procuram,<br />
mas nenhum consegue. Aparelhos imaginosos para provocar mecanicamente o prazer,<br />
almofadas para melhor orientar as “orgias” ou corridas pedestres de oito quilómetros<br />
para manter o físico são alguns artifícios vislumbrados, mas inefi cazes.
De resto, nada disto parece ter importância, nenhuma destas intrigas que provoca<br />
assassinatos e loucuras representa o que quer que seja, se vistas de longe, lá de cima,<br />
do majestoso universo, como nos indicam os planos iniciais e fi nais de “Burn After<br />
Reading”. Quando a câmara se afasta rumo à vastidão do desconhecido, a imbecilidade<br />
dos homens dilui-se numa paisagem liliputiana.<br />
Os Coen informaram que com esta obra deram por terminada a sua trilogia dos idiotas<br />
(os títulos anteriores tinham sido, segundo eles, “O Brother, Where Art Thou?”, 2000, e<br />
“Intolerable Cruelty”, 2003). A verdade é que quase toda a fi lmografi a destes irmãos<br />
cineastas é composta por fi lmes que não nos falam senão de idiotas em momentos de<br />
crise, que os levam a desbloquear situações de uma violência incontrolável. Uns mais<br />
sérios, outros mais parodiantes. Mas todos “loucos”.<br />
Não é uma obra-prima mas sabe muito bem.<br />
_DESTRUIR DEPOIS DE LER<br />
Título original: Burn After Reading<br />
Realização: Ethan Coen, Joel Coen (EUA, Inglaterra, França, 2008); Argumento: Joel Coen, Ethan Coen; Produção: Tim<br />
Bevan, Ethan Coen, Joel Coen, David Diliberto, Eric Fellner, Robert Graf; Música: Carter Burwell; Fotografi a (cor): Emmanuel<br />
Lubezki; Montagem: Ethan Coen, Joel Coen (sob pseudónimo de Roderick Jaynes); Casting: Ellen Chenoweth; Design<br />
de produção: Jess Gonchor; Direcção artística: David Swayze; Decoração: Nancy Haigh; Guarda-roupa: Mary Zophres;<br />
Maquilhagem: Jean Ann Black, Sherri Bramlett, Barbara Lacy, Patricia Regan, Waldo Sanchez; Direcção de produção:<br />
Karen Ruth Getchell, Neri Kyle Tannenbaum; Assistentes de realização: Bac DeLorme, Betsy Magruder, John Silvestri, Kurt<br />
Uebersax; Departamento de arte: Steve Brennan, Leann Murphy, Sha-Sha Shiau; Som: Craig Berkey, Skip Lievsay; Efeitos<br />
especiais: Steven Kirshoff; Efeitos visuais: Randall Balsmeyer, Eric J. Robertson, Adrienne Winterhalter; Companhias de<br />
produção: Mike Zoss Productions, Relativity Media, Studio Canal, Working Title Films; Intérpretes: George Clooney (Harry<br />
Pfarrer), Frances McDormand (Linda Litzke), John Malkovich (Osbourne Cox), Tilda Swinton (Katie Cox), Brad Pitt (Chad<br />
Feldheimer), Richard Jenkins (Ted Treffon), Elizabeth Marvel (Sandy Pfarrer), David Rasche, J.K. Simmons, Olek Krupa,<br />
Michael Countryman, Kevin Sussman, J.R. Horne, Hamilton Clancy, Armand Schultz, Pun Bandhu, Karla Cheatham-<br />
Mosley, Jeffrey DeMunn, Richard Poe, Carmen M. Herlihy, Raul Aranas, Judy Frank, Sándor Técsy, Yury Tsykun, Brian O’Neill,<br />
Robert Prescott, Matt Walton, Lori Hammel, Crystal Bock, Patrick Boll, Logan Kulick, Dermot Mulroney, etc. Duração:<br />
96 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Files Castello Lopes; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 2 de<br />
Outubro de 2008.<br />
61 | da Palavra à Imagem
62 | da Palavra à Imagem<br />
_O DIA EM QUE A TERRA PAROU<br />
No início dos anos 50, “O Dia em que a Terra Parou”, de Robert Wise, foi um marco<br />
no caminho da fi cção científi ca cinematográfi ca. Narrava a história de uma nave que<br />
descia à Terra com um ser sob forma humana e um robô gigantesco que, em nome dos<br />
outros planetas habitados da nossa galáxia, nos vinham avisar que o estado bélico<br />
em que nos encontrávamos punha em risco a paz cósmica. Em nome de todas as<br />
civilizações extraterrestres, ele trazia um ultimato: ou acabávamos com o potencial<br />
mortífero ou seríamos aniquilados. O enviado das estrelas - ou seria do próprio Deus?<br />
- vinha dizer ao mundo que a insanidade tem limites. No início dos anos 50, “O Dia em<br />
que a Terra Parou” era uma fi ta que contrariava a Guerra Fria, a obsessão dos militares<br />
na corrida aos armamentos e a histeria anticomunista que grassava na América, ao<br />
mesmo tempo que abria uma enorme esperança e maravilha: não estávamos sós no<br />
Universo, a paz e a harmonia eram possíveis. Tudo sem grandes efeitos especiais, pois<br />
os recursos da época eram limitados e, além disso, na sua essência, tudo se passava<br />
mais na esfera dos sentimentos e da decifração dos personagens que na dos meios<br />
espectaculares.<br />
Mais de 50 anos volvidos, a 20th Century-Fox foi desenterrar o velho e exímio<br />
argumento de Edmund II. North dotando-o de adaptações aos nossos dias (é assim<br />
que, por exemplo, o problema dos humanos já não é a guerra, mas a destruição do<br />
planeta, mudando o foco da atenção do espectador). E como, nos tempos que correm,<br />
fi lme de fi cção científi ca sem muitos efeitos especiais parece não fazer sentido, lá<br />
os temos em grande escala, mostrando-nos, mais uma vez que, em matérias de<br />
grafi smos gerados por computador, não há limites. (Porque será que, havendo meios<br />
tecnológicos é preciso usá-los, mesmo que isso provoque estrondo onde deveria<br />
aparecer subtileza e inteligência?) Curioso: Wise terá pegado no fi lme dos anos 50<br />
por não ter quinquilharia associada - era uma história de gente. Meio século depois é<br />
precisamente a quinquilharia que toma conta do ecrã. Ao invés, o extraterrestre mal
consegue perceber como nós, os humanos, somos feitos, psicologicamente, embora<br />
seja essa percepção que nos salva do apocalipse. No decorrer da acção do fi lme, muito<br />
pouco dessa especifi cidade aparece. Keanu Reeves fecha o rosto e parece um robô (mas,<br />
como conhecemos o actor demasiado bem, o processo soa a falso). Jennifer Connelly<br />
é muito bonita e o pequeno Jaden Smith obviamente querido - e mais não se lhes<br />
pede. Vale isto tudo para dizer que se houvesse por aí a edição em DVD do fi lme de<br />
Wise se aconselharia aqui a sua aquisição. Mas não há. Serve também para dizer que o<br />
“remake” de Scott Derrickson é negligenciável? Não se irá tão longe assim. Atendendo<br />
a que o cinema é sobretudo um meio de entretenimento, a verdade é que “O Dia em<br />
que a Terra Parou” é bastante competente nessa função e há de servir para ocupar<br />
alguns sábados à tarde com um balde de pipocas - e sem pensar em nada de especial.<br />
Jorge Leitão Ramos, in Expresso, 13 de Dezembro de 2008<br />
_O DIA EM QUE A TERRA PAROU<br />
Título original:The Day the Earth Stood Still<br />
Realização: Scott Derrickson (Canadá, EUA, 2008); Argumento: David Scarpa, segundo argumento do fi lme de 1951 de<br />
Edmund H. North; Produção: Paul Harris Boardman, Gregory Goodman, Erwin Stoff, Marvin Towns Jr.; Música: Tyler<br />
Bates; Fotografi a (cor): David Tattersall; Montagem: Wayne Wahrman; Casting: Heike Brandstatter, Mindy Marin, Coreen<br />
Mayrs; Design de produção: David Brisbin; Direcção artística: Don Macaulay; Decoração: Elizabeth Wilcox; Guarda-roupa:<br />
Tish Monaghan; Maquilhagem: Jill Bailey, Susan Boyd, Veronica McAleer; Direcção de produção: Joan Kelley Bierman,<br />
Jamie Leigh Dake, Juliette Davis, Drew Locke, Scott Thaler; Assistentes de realização: Jeff Habberstad, Matthew D. Smith,<br />
Pete Whyte; Departamento de arte: Britt Bancroft, David Clarke, Peter Ochotta, Eddie Yang; Som: Dane A. Davis; Efeitos<br />
especiais: Clay Scheirer, Dale Shippam, Harry Tomsic; Efeitos visuais: Alden Anderson, Malcolm Angell, Jeffrey A. Okun,<br />
Scott Puckett; Companhias de produção: 3 Arts Entertainment, Earth Canada Productions, Twentieth Century-Fox Film<br />
Corporation; Intérpretes: Keanu Reeves (Klaatu), Jennifer Connelly (Dr. Helen Benson), Kathy Bates (Regina Jackson), Jaden<br />
Smith (Jacob Benson), John Cleese (Professor Barnhardt), Jon Hamm (Michael Granier), Kyle Chandler (John Driscoll),<br />
Robert Knepper (Coronel), James Hong, John Rothman, Sunita Prasad, Juan Riedinger, Sam Gilroy, Tanya Champoux,<br />
Rukiya Bernard, Alisen Down, David Lewis, Lloyd Adams, Mousa Kraish, J.C. MacKenzie, Kurt Max Runte, Daniel Bacon,<br />
etc. Duração: 104 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Filmes Castello Lopes; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em<br />
<strong>Portugal</strong>: 11 de Dezembro de 2008.<br />
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64 | da Palavra à Imagem<br />
_O ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA<br />
A história da literatura, a do cinema, enfi m toda a história da arte está repleta de utopias<br />
e de antecipações catastrófi cas do futuro. Umas e outras querem no fundo signifi car<br />
o mesmo: que o presente que se vive não é exemplar e que, de uma forma ou outra,<br />
urge modifi car as coisas para que a vida do Homem na Terra possa ser melhor (o que<br />
anunciam as utopias, pelo lado positivo) ou para que a vida na Terra não seja um<br />
pesadelo (o que as antecipações catastrófi cas prevêem). O romance de José Saramago,<br />
“Ensaio sobre a Cegueira” é do segundo tipo, podendo colocar-se ao lado de outras obras<br />
de antecipação como “O ÚIltimo Homem sobre a Terra” ou alguns romances e fi lmes<br />
de “mortos-vivos”, de “Metrópolis” ou de “Blade Runner”. Com algumas características<br />
a diferenciá-lo, certamente. Enquanto quase todos os outros partem de antecipações<br />
catastrofi stas de cunho popular, esta assume o seu lugar erudito. Todas querem dizer<br />
mais ou menos a mesma coisa: que, se não se arrepiar caminho, o futuro do Homem<br />
é sombrio, mas em Saramago não há simbologias associadas a vampiros ou mortosvivos.<br />
Há cegos, com tudo o que a palavra comporta igualmente de simbólico (cegos =<br />
os que não vêem, os que ignoram o que os rodeia). Imagine-se que, um certo dia, uma<br />
epidemia de cegueira grassava entre os humanos. Não numa cidade em particular ou<br />
país em especial, mas na Terra, na Humanidade. Por isso o fi lme de Fernando Meirelles,<br />
rodado entre São Paulo (Brasil) e Montevideu (Uruguai), não precisa nunca qual a<br />
cidade em que estamos, e procura reunir um pouco de todas as raças, dos brancos aos<br />
negros, dos latino-americanos aos japoneses. A parábola diz respeito à Terra na sua<br />
globalidade, e à Humanidade. Se atentarmos melhor no discurso, percebe-se que se<br />
dirige a aspectos que constituem a essência do ser humano, no que este tem de pior: a<br />
necessidade de poder, a avidez, a tendência endémica para a maldade, a perversidade, a<br />
cupidez. Quando todos fi cam cegos, há logo quem se imponha, se auto nomeie “Rei” e<br />
submeta pela força os restantes, ou procurando roubar-lhes as riquezas (a propriedade<br />
privada) ou impondo-lhes a indignidade (as mulheres são obrigadas a entregarem-se<br />
aos senhores da camarata que detêm o poder, o revólver, por um lado, e a sabedoria, o<br />
cego de nascença que sabe como ninguém conviver com a desgraça da escuridão, ou da<br />
luz branca). A parábola é óbvia, basta acompanhar com alguma atenção o percurso do<br />
livro ou o do fi lme: o homem tem de ser solidário para sobreviver, e, se for caso disso, os<br />
lobos têm de ser abatidos para que os cordeiros se salvem.<br />
De uma crueldade invulgar, com cenas que psicologicamente roçam o insuportável, o<br />
fi lme de Fernando Meirelles (que nos dera “O Fiel Jardineiro” e “Cidade de Deus”, entre<br />
outros) assume-se como um exercício de escrita coerente e compacto, sem grandes<br />
deslizes e uma progressão dramática tensa e obsessiva. A parábola da cegueira mexe<br />
com os espectadores, tal como mexe com os leitores (mas no cinema a cegueira é mais<br />
“visível”), pois continua a ser uma das ameaças mais temidas. Por isso livro e fi lme<br />
adquirem tamanho impacto e desespero. Depois, o signifi cado torna-se muito claro.<br />
Os propósitos do livro eram demasiado evidentes, os do fi lme são-no igualmente. Não<br />
é preciso pensar muito para se chegar onde os autores querem chegar.<br />
Neste aspecto, acho José Saramago um óptimo e fortíssimo inventor de boas histórias<br />
com moralidades sociais mais ou menos evidentes. Depois, dependendo dos títulos,<br />
a sua escrita tem pouco de subtil, não deixa grande lugar ao leitor, manipula-o<br />
deliberadamente com um maniqueísmo óbvio, esgrimindo “lições” compulsivas, que<br />
o tornam por vezes demasiado demagógico. É uma opinião pessoal, obviamente.<br />
Devo dizer que é um autor que não perco, mas que nem sempre chego ao fi m. O fi lme
etirado deste seu romance é, porém, uma adaptação fi el ao espírito da obra, mas algo<br />
que me agrada mais. Não será uma obra-prima perfeita, longe disso, mas é um fi lme<br />
que consegue marcar os espectadores de forma indelével. Os monólogos do velho<br />
negro são escusados, mas as personagens são muito bem trabalhadas, os actores<br />
bons, Julianne Moore brilhante (fi co a aguardar pelas nomeações para a ver incluída<br />
na lista e é bem capaz de haver mais umas quantas surpresas, argumento adaptado,<br />
por exemplo). Há cenas magnífi cas, a violação colectiva, a mulher morta a ser lavada, a<br />
insurreição da camarata 1, a cena de amor entre o médico e a mulher dos óculos escuros,<br />
logo a cena inicial do primeiro anúncio de cegueira, que nos introduz num ambiente<br />
de cortar à faca, e algumas mais. A solidez de Meirelles a segurar a tensão num plano<br />
altíssimo é de assinalar. A fotografi a colabora enormemente para este clima, não só<br />
de cegueira colectiva, como de morbidez e viscosidade contagiante. No que a direcção<br />
artística funciona bem, igualmente. As cenas de ruas, com os amontoados de carros<br />
e lixo, o cenário desolador de porcaria acumulada nos corredores das camaratas, e no<br />
interior das mesmas, os supermercados esventrados, tudo contribui para restituir um<br />
ambiente de fi m de mundo convincente e brutal.<br />
Normalmente a imagem é mais demagógica que a palavra, porque mais evidente,<br />
porque mostra em vez de sugerir. Neste caso, porém, o cuidado de Fernando Meirelles e<br />
da sua equipa em manter o fi lme num nível de grande plausibilidade consegue tornar<br />
uma aposta difícil e perigosa numa aposta ganha.<br />
Tentemos explicitar melhor por que gosto mais do fi lme do que do romance, por que<br />
acho o romance redundante e o fi lme não. Agarre-se no fi nal do romance. O médico e<br />
a mulher estão na sua sala e falam. A mulher vai à janela.<br />
Lê-se no livro: “Porque foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer<br />
a razão, Queres que te diga o que penso, Sim, Penso que não cegámos, penso que<br />
estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que vendo, não vêem.<br />
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66 | da Palavra à Imagem<br />
A mulher do médico levantou-se e foi à janela. Olhou para baixo, para a rua coberta de<br />
lixo, para as pessoas que gritavam e cantavam. Depois levantou a cabeça para o céu e<br />
viu-o todo branco, Chegou a minha vez, pensou. O medo súbito fê-la baixar os olhos. A<br />
cidade ainda ali estava.”<br />
Este o fi nal do livro. Depois de 300 páginas de uma parábola muito interessante, mas<br />
óbvia, o autor ainda sentiu a necessidade de sublinhar: “Penso que não cegámos,<br />
penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que vendo, não vêem.” Totalmente<br />
desnecessário, inútil, uma confi ssão de desconfi ança nas capacidades dos leitores: será<br />
que todos perceberam, vamos lá dizê-lo outra vez.<br />
No fi lme, o médico retoma a vista, outros se seguirão, a mulher do médico chega à<br />
janela, e olha uma paisagem de cores garridas (a única paisagem realista do fi lme,<br />
julgo que de São Paulo, com os jardins em primeiro plano e a paisagem urbana lá ao<br />
fundo) e afi rma qualquer coisa como “Agora vou cegar eu!?”. Mas a paisagem continua<br />
lá. Admirável, de cor, de vida.<br />
Este fi nal é superiormente inteligente e abre para uma nova leitura da obra que nunca está<br />
contida no fi lme: imagine-se que o que o livro e o fi lme afi rmam até aqui é que nesta terra<br />
de supostos cegos, a única que “vê”, mas em sentido simbólico, é esta mulher (isto é, ela é<br />
a única que “vê”, que sente os males do mundo e os procura ultrapassar, solidarizando-se,<br />
oferecendo-se para viver com os cegos, em constante iminência de contágio, perdoando<br />
actos de infi delidade, oferecendo o seu corpo à violência nas horas más, pegando em armas<br />
contra a tirania, quando tudo se torna insuportável, etc). Mas agora podemos ir mais longe:<br />
todo o fi lme é o resultado da imaginação dela, tudo não passou de um pesadelo (por isso<br />
a fotografi a é negra, irrealista, ao longo de todo o fi lme, até aqui). Ela chegou à janela,<br />
olhou a cidade e a paisagem, e pensou na brutalidade do dia a dia, na competição feroz, na<br />
desumanidade, no aviltamento de uns pelos outros, e imaginou este mundo de injustiças<br />
constantes levado a extremos, se as circunstâncias o facilitassem, por exemplo, se todos<br />
fossem cegos. Por um momento (que para nós espectadores dura duas horas, o tempo
de projecção do fi lme) imagina esse pesadelo. Lá dentro está o marido, que ela pensou<br />
ser o primeiro atingido. Regressada à realidade, olha a fabulosa paisagem que tem à sua<br />
frente, e coloca a questão angustiosa, “E se agora for eu?”, isto é, E se agora cegar eu, Deixo<br />
eu de sentir esta solidariedade e esta humanidade que me tem acompanhado até agora?<br />
Questão que dela passa para os espectadores, sem demagogia, nem constrangimento.<br />
Com subtileza e inteligência. Tanta ou tão pouca que vejo muitos críticos a acusar o fi lme<br />
de fraquezas que não deslumbro, mas não vi nenhum ainda abrir a obra a leituras novas.<br />
_ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA<br />
Título original: Blindness ou Ensaio Sobre a Cegueira<br />
Realização: Fernando Meirelles (Canadá, Brasil, Japão, 2008); Argumento: Don McKellar, segundo romance de José<br />
Saramago (“Ensaio sobre a Cegueira”); Produção: Andrea Barata Ribeiro, Niv Fichman, Sonoko Sakai, Bel Berlinck, Sari<br />
Friedland, Simon Channing Williams, Gail Egan, Akira Ishii, Victor Loewy, Tom Yoda, Claudia Büschel, Aeschylus Poulos, Chris<br />
Romano, Austin Wong, Nicolas Aznarez; Música: Marco Antônio Guimarães; Fotografi a (cor): César Charlone; Montagem:<br />
Daniel Rezende; Casting: Deirdre Bowen, Susie Figgis; Design de Produção: Matthew Davies, Tulé Peak; Direcção artística:<br />
Joshu de Cartier; Decoração: Erica Milo; Guarda-roupa: Renée April; Maquilhagem: Debra Johnson, Janie MacKay, Susan<br />
Reilly LeHane, Micheline Trépanier, Anna Van Steen, Catherine Viot; Direcção de produção: Marcelo Cotrim, Andrezza de<br />
Faria, Ivan Teixeira; Assistentes de realização: Adam Bocknek, Penny Charter, Joana Cooper, Tyler Delben, Walter Gasparovic,<br />
Tomas Portella, Flavia Zanini; Departamento de arte: Mary Arthurs, Daniel Fernandez, Steve Stack; Som: Guilherme Ayrosa,<br />
Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima; Efeitos visuais: Martin Cobelo, Madhava Reddy, Andre Waller, Andre Waller;<br />
Companhias de Producção: Rhombus Media, O2 Filmes, Bee Vine Pictures, Alliance Films, Ancine, Asmik Ace Entertainment,<br />
BNDES, Corus Entertainment, Fox Filmes do Brasil, GAGA Communications, IFF/CINV, Movie Central Network, Téléfi lm<br />
Canada; Intérpretes: Julianne Moore (mulher do médico), Mark Ruffalo (médico), Alice Braga (mulher dos óculos escuros),<br />
Yusuke Iseya (primeiro cego), Yoshino Kimura (mulher do primeiro cego), Don McKellar (ladrão), Jason Bermingham, Maury<br />
Chaykin, Mitchell Nye (rapaz), Eduardo Semerjian, Danny Glover (negro com olho tapado), Gael García Bernal (o “rei”), Joe<br />
Pingue, Susan Coyne, Fabiana Guglielmetti, Antônio Fragoso, Lilian Blanc, Douglas Silva, Joe Cobden, Daniel Zettel, Mpho<br />
Koaho, Tom Melissis, Tracy Wright, Amanda Hiebert, Jorge Molina, Patrick Garrow, Gerry Mendicino, Matt Gordon, Sandra<br />
Oh, Anthero Montenegro, Fernando Patau, Otávio Martins, João Velho, Marvin Karon, Joseph Motiki, Johnny Goltz, Robert<br />
Bidaman, Niv Fichman, Oscar Hsu, Martha Burns, Scott Anderson, Michael Mahonen, Joris Jarsky, Billy Otis, Linlyn Lue, Toni<br />
Ellwand, Mariah Inger, Nadia Litz, Isai Rivera Blas, Rick Demas, Kelly Fiddick, Matt Fitzgerald, Mike G. Yohannes, Norman<br />
Owen, Jackie Brown, Victoria Fodor, Agi Gallus, Bathsheba Garnett, Alice Poon, Plínio Soares, Rodrigo Arijon, Mel Ciocolato,<br />
Heraldo Firmino, Carol Hubner, Fernando Macário, Eduardo Parisi, Rodrigo Pessin, Domingos Antonio, Ciça Meirelles,<br />
Katherine East, Katia Kieling, etc. Duração: 120 min; Classifi cação etária: M/16 anos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo;<br />
Data de estreia: 13 de Novembro de 2008 (<strong>Portugal</strong>).<br />
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_ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS<br />
Um caçador que se aventura pelos arredores de uma cidadezinha americana do Rio<br />
Grande do Sul, com o deserto ao fundo, descobre um macabro e bizarro achado: carros<br />
abandonados, mortos vários, um moribundo que rapidamente passa a cadáver, à falta<br />
de água, quantidade de heroína em barda, 2 milhões de dólares numa mala. Tudo pode<br />
ser ignorado, excepto a mala que Llewelyn Moss resolve tornar sua. Essa mala, porém, irá<br />
desencadear perseguições variadas, entre elas a de um “serial killer” que mata friamente,<br />
sem emoção. O humano transformado num autómato do Mal, num “profeta da<br />
destruição”, como o xerife da localidade sugere, quando afi rma: “Dizem que os olhos são<br />
as janelas da alma. Eu cá por mim não sei de que é que os olhos são as janelas e se calhar<br />
até prefi ro não saber. Mas há uma outra maneira de ver o mundo e outros olhos para o<br />
ver e é por esse caminho que nós vamos. Eu próprio o trilhei e conduziu-me a um lugar<br />
na minha vida que nunca imaginei chegar a conhecer. Algures por aí anda um profeta da<br />
destruição, um profeta genuíno, de carne e osso, e eu não o quero enfrentar.”<br />
Um profeta que, realmente, é melhor não enfrentar. Até porque todos os que o encaram<br />
não sobrevivem para contar. Pessoa não será, pelas suposições que de “pessoa” fazemos.<br />
Autómato poderia ser, mas que máquina teria esse poder de matar sistematicamente<br />
tudo o que se lhe atravessa no caminho? É, pois, algo de completamente desumano,<br />
uma máquina de destruição, um robot programado para assassinar, alguém para<br />
quem se olha e não se reconhece nele feições de gente. Este é Anton Chigurh que se<br />
passeia de mortífero pneumático na mão e uma única ideia na cabeça: matar.<br />
Este é também o retrato de uma América de violência traumatizante, desconhecida,<br />
perturbante, que é atravessada primeiro pelas palavras secas e austeras de Cormac<br />
McCarthy neste romance, nervoso, agressivo, provocador, estimulante que nos recoloca<br />
na melhor tradição da literatura norte-americana. Hemingway, sim, pela aridez dos<br />
diálogos, pela poesia dos cenários, Faulkner, sem dúvida, pela descrição das paixões e<br />
das paisagens, mas também um pouco da violência ingénua de uns “Ratos e Homens”,<br />
mas reciclada para novos continentes de um total desencanto. Depois há quem fale<br />
de escritores actuais, como Don Delillo, Philip Roth ou Thomas Pynchon, é possível,<br />
sobretudo no retrato de uma sociedade doente, dada num registo sincopado, que<br />
mostra as aparências e deixa as chagas soterradas, à espera que o leitor as descubra<br />
por si só. Terríveis os tempos que geram obras como esta, de um cinzento pesado, de<br />
um ar poluído pelo desespero, de uma humanidade desgarrada e à deriva.<br />
Há personagens absolutamente inesquecíveis, como o assassino Anton Chigurh, ou o<br />
ávido e “espertalhão” Llewelyn Moss (“O Tesouro da Sierra Madre”?), ou o desalentado<br />
xerife Ed Tom Bell, que conheceu a II Guerra Mundial, e que tem uma ideia do Vietname<br />
e dos EUA muito bem condensada nesta frase: “As pessoas dizem que foi o Vietname<br />
que pôs este país de rastos. Mas eu nunca acreditei nisso. O país já estava em muito<br />
mau estado. O Vietname foi só a cereja em cima do bolo. (…) Não sei o que vai acontecer<br />
quando vier a próxima. Não sei mesmo.” Ora a verdade é que a próxima já chegou e o<br />
que os escritores (e cineastas) norte-americanos refl ectem é esse “não sei mesmo.” A<br />
América na encruzilhada, mas mais do que isso, nós todos na mesma encruzilhada.<br />
Magnífi co livro. E fi quei à espera de um igualmente magnífi co fi lme. Que veio pela<br />
mão dos irmãos Coen. Com Oscar para melhor fi lme do ano, e ainda Oscar para<br />
melhor realização. No fi nal, não tão brilhante como apregoaram, mas um fi lme muito<br />
interessante (nada comparado, é certo, com essa obra-prima de Paul Thomas Anderson,<br />
“Haverá Sangue”).
Acompanhando o percurso do livro quase a par e passo, apenas saltando aqui e ali um<br />
ou outro episódio e elidindo quase todos os solilóquios do velho xerife (o que acaba<br />
por empobrecer o fi lme, dado que é desse confronto de dois tempos de narrativa que<br />
nasce uma das iluminações mais fortes do romance e a ideia de que o homem pode<br />
transcender-se e permanecer “humano”, apesar da brutalidade que o rodeia), o fi lme<br />
dos Coen é uma adaptação bastante fi el da obra de Cormac McCarthy, recriando a<br />
mesma terra seca, o mesmo ar saturado de poeira, a mesma solidão, a mesma<br />
violência climática, a mesma psicologia rasteira, a mesma rudeza de comportamento,<br />
a mesma agressividade de uns, o mesmo desalento de outros, a frustração de tantos,<br />
a desilusão de muitos, os gestos repetidos sem signifi cado de alguns, o desespero, sim<br />
o desespero no olhar de quem morre e o olhar vítreo de quem mata. Estamos em que<br />
País afi nal? Na América pós-Vietname, na América pós-11 de Setembro, na América<br />
pós-invasão do Afeganistão e do Iraque, na América dos adolescentes “serial killers”,<br />
que dizimam turmas de escolas, na América profunda da opressão, do racismo, do<br />
fanatismo, mas também na América da auto-crítica, da má consciência, na América<br />
que invariavelmente ergue a voz contra as injustiças, que discute, que recusa, que se<br />
insurge, que faz fi lmes como este ou “Haverá Sangue”.<br />
Actores brilhantes e um Javier Bardem magnífi co ajudam à festa. Mas fi ca a sensação<br />
de que o livro é melhor e o fi lme poderia ter ido um pouco além. Não é o melhor dos<br />
Coen, mas não deslustra. Apenas peca por participar de uma injustiça fl agrante:<br />
“Haverá Sangue” é muito melhor, sob todos os pontos de vista. Na comparação, os<br />
Coen saem por baixo, mas foram eles que arrecadaram os Oscars.<br />
Julgo que será interessante, e ajuda a compreender quer o livro, quer o fi lme, conhecer<br />
o poema que dá título às duas obras:<br />
69 | da Palavra à Imagem
70 | da Palavra à Imagem<br />
Sailing to Byzantium<br />
That is no country for old men. The young<br />
In one another’s arms, birds in the trees<br />
- Those dying generations - at their song,<br />
The salmon-falls, the mackerel-crowded seas,<br />
Fish, fl esh, or fowl, commend all summer long<br />
Whatever is begotten, born, and dies.<br />
Caught in that sensual music all neglect<br />
Monuments of unageing intellect.<br />
An aged man is but a paltry thing,<br />
A tattered coat upon a stick, unless<br />
Soul clap its hands and sing, and louder sing<br />
For every tatter in its mortal dress,<br />
Nor is there singing school but studying<br />
Monuments of its own magnifi cence;<br />
And therefore I have sailed the seas and come<br />
To the holy city of Byzantium.<br />
O sages standing in God’s holy fi re<br />
As in the gold mosaic of a wall,<br />
Come from the holy fi re, perne in a gyre,<br />
And be the singing-masters of my soul.<br />
Consume my heart away; sick with desire<br />
And fastened to a dying animal<br />
It knows not what it is; and gather me<br />
Into the artifi ce of eternity.<br />
Once out of nature I shall never take<br />
My bodily form from any natural thing,<br />
But such a form as Grecian goldsmiths make<br />
Of hammered gold and gold enamelling<br />
To keep a drowsy Emperor awake;<br />
Or set upon a golden bough to sing<br />
To lords and ladies of Byzantium<br />
Of what is past, or passing, or to come.<br />
William Butler Yeats, The Tower (1928)<br />
I<br />
Este país não é para velhos. Jovens<br />
Abraçados, pássaros que nas árvores cantam<br />
- essas gerações moribundas -<br />
Cascatas de salmões, mares de cavalas,<br />
Peixe, carne, ave, celebrando ao longo do Verão<br />
Tudo quanto se engendra, nasce e morre.<br />
Prisioneiros de tão sensual música todos abandonam<br />
Os monumentos de intemporal saber.<br />
II<br />
Um velho é coisa sem valor,<br />
Um andrajo apoiado num bordão, a não ser que<br />
A alma aplauda e cante, e cante mais alto<br />
Cada farrapo da sua mortal veste.<br />
Nem há escola de canto somente o estudo<br />
Dos monumentos de seu próprio esplendor;<br />
Por isso cruzei os mares e cheguei<br />
À sagrada cidade de Bizâncio.<br />
III<br />
Oh, sábios que estais no sagrado fogo de Deus<br />
Qual dourado mosaico sobre um muro,<br />
Vinde desse fogo sagrado, roda que gira,<br />
E sede os mestres do meu canto, da minha alma.<br />
Devorai este meu coração; doente de desejo<br />
E atado a um animal agonizante<br />
Ele não sabe o que é; juntai-me<br />
Ao artifício da eternidade.<br />
IV<br />
Da natureza liberto jamais de natural coisa<br />
Retomarei minha forma, meu corpo,<br />
Mas formas outras como as que o ourives grego<br />
Em ouro forja e esmalta em ouro<br />
Para que o sonolento Imperador não adormeça;<br />
Ou em dourado ramo pousado, cantarei<br />
Para damas e senhores de Bizâncio<br />
Cantarei o que passou, o que passa, ou o que virá<br />
Na tradução de José Agostinho Baptista
“Concordei com ele quando disse que não havia muita coisa boa para dizer sobre a<br />
velhice e ele disse que tinha descoberto uma e eu perguntei o que era. E ele disse: É que<br />
não dura muito.” - Cormac McCarthy<br />
Não conhecia nada de Cormac McCarthy (Charles Joseph McCarthy, Jr), até me<br />
alertarem para a qualidade de “A Estrada”, e para uma frase sensacionalista do<br />
Newsweek: “A cada livro, Cormac McCarthy vai alargando o território da fi cção norteamericana.”<br />
Talvez por isso recebeu o Prémio Pulitzer em 2007. Já tinha sido “National<br />
Book Award for Fiction”, em 1992, por “All the Pretty Horses”. Não era de esperar pouco<br />
da sua leitura. E não foi.<br />
Cormac McCarthy nasceu em Providence, Rhode Island, em 23 de Julho de 1933. Estudou<br />
na Knoxville Catholic High School, e depois na University of Tennessee, Knoxville, que<br />
deixou para ingressar na Força Aérea. Vive presentemente em Santa Fé, perto da<br />
fronteira sul dos Estados Unidos, com a terceira mulher e um fi lho. Foi casado com Lee<br />
Holleman (1961, de quem se divorciou em 1961, com um fi lho, Cullen), com Anne DeLisle<br />
(1966, novo divórcio), fi nalmente com Jennifer Winkley (um novo fi lho, John).<br />
O seu romance preferido é “Moby Dick”, de Herman Melville. É autor de nove romances<br />
(The Orchard Keeper (1965), Outer Dark (1968), Child of God (1974), Suttree (1979), Blood<br />
Meridian (1985), All the Pretty Horses (1992), The Crossing (1994), Cities of the Plain<br />
(1998) e No Country for Old Men (2005)), dos quais a Relógio d’Água publicou “O Filho<br />
de Deus”, “O Guarda do Pomar”, “Meridiano de Sangue” e “Este País não é para Velhos”.<br />
No cinema a sua contribuição foi até agora diminuta. Escreveu alguns episódios de<br />
uma série, “Visions” (1976), viu adaptado em 2000 “All the Pretty Horses” (Espírito<br />
Selvagem), por Billy Bob Thornton (com Matt Damon, Henry Thomas, Penélope Cruz,<br />
J.D. Young, Laura Poe, Sam Shepard, etc.), até chegar ao ano de 2007 e ao sucesso de “No<br />
Country for Old Men”. Agora tem em produção, duas outras adaptações, “The Road”,<br />
numa realização de John Hillcoat, e um elenco onde surgem Charlize Theron, Viggo<br />
Mortensen, Guy Pearce e Kodi Smit-McPhee (2008) e “Blood Meridian”, a ser dirigido<br />
por Ridley Scott (2009).<br />
_ESTE PAÍS NÃO É PARA VELHOS<br />
Título original: No Country for Old Men<br />
Realização: Ethan Coen, Joel Coen (EUA, 2007); Argumento: Joel Coen, Ethan Coen, segundo romance homónimo<br />
de Cormac McCarthy; Música: Carter Burwell; Fotografi a (cor): Roger Deakins; Montagem: Ethan Coen e Joel Coen<br />
(assinando ambos Roderick Jaynes); Casting: Ellen Chenoweth; Design de produção: Jess Gonchor; Direcção artística:<br />
John P. Goldsmith; Decoração: Nancy Haigh; Guarda-roupa: Mary Zophres; Maquilhagem: Brian Hillard, Geordie Sheffer,<br />
Dave Snyder, Christien Tinsley; Direcção de produção: Karen Ruth Getchell, Robert Graf, Omar Veytia; Assistentes de<br />
realização: Bac DeLorme, Peter Dress, Jai James, Betsy Magruder, Donald Murphy, Taylor Phillips; Departamento de arte:<br />
Mark Bankins, Sage Emmett Connell, James Fowler, Gregory Hill, Roberta Marquez; Som: Craig Berkey; Efeitos especiais:<br />
Peter Chesney, Megan Flagg, Jason Hamer, Diane Woodhouse; Efeitos visuais: Alexandre Cancado, Vincent Cirelli, Valy<br />
Lungoccia, Ashok Nayar, Ian Noe; Produção: Ethan Coen, Joel Coen, Scott Rudin, David Diliberto, Robert Graf, Mark<br />
Roybal; Companhias de produção: Paramount Vantage, Miramax Films, Scott Rudin Productions, Mike Zoss Productions;<br />
Intérpretes: Tommy Lee Jones (Ed Tom Bell), Javier Bardem (Anton Chigurh), Josh Brolin (Llewelyn Moss), Woody Harrelson<br />
(Carson Wells), Kelly Macdonald (Carla Jean Moss), Garret Dillahunt (Wendell), Tess Harper (Loretta Bell), Barry Corbin<br />
(Ellis), Stephen Root, Rodger Boyce, Beth Grant, Ana Reeder, Kit Gwin, Zach Hopkins, Chip Love, Eduardo Antonio Garcia,<br />
Gene Jones, Myk Watford, Boots Southerland, Kathy Lamkin, Johnnie Hector, Margaret Bowman, Thomas Kopache, Jason<br />
Douglas, Doris Hargrave, Rutherford Cravens, Matthew Posey, George Adelo, Mathew Greer, Trent Moore, Marc Miles,<br />
Luce Rains, Philip Bentham, Eric Reeves, Josh Meyer, Chris Warner, Brandon Smith, Roland Uribe, Richard Jackson, Josh<br />
Blaylock, Caleb Jones, Dorsey Ray, Angel H. Alvarado Jr., David A. Gomez, Milton Hernandez, John Mancha, Scott Flick,<br />
Elizabeth Slagsvol, etc. Duração: 122 minutos; Classifi cação etária: M/18 anos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo<br />
Audiovisuais; Locais de fi lmagem: Albuquerque, New Mexico (EUA); Estreia: 28 de Fevereiro de 2008 (<strong>Portugal</strong>).<br />
71 | da Palavra à Imagem
72 | da Palavra à Imagem<br />
_O ESTRANHO CASO DE BENJAMIN BUTTON<br />
Em relação a este fi lme, arrume-se de início o caso da “infl uência” de F. Scott Fitzgerald.<br />
Este foi, sem margem para grandes dúvidas, um dos maiores escritores americanos<br />
da primeira metade do século XX, um autor pertencente à “geração perdida” (Ernest<br />
Hemingway, John Dos Passos, Ezra Pound, Sherwood Anderson, Waldo Peirce, Dorothy<br />
Parker,T. S. Eliot, ou Gertrud Stein, que, dizem criou o termo, depois vulgarizado por<br />
Hemingway), que se afi rmou durante os “loucos anos 20” ou os “roaring twenties”, e<br />
que consolidou a sua celebridade, sobretudo com dois ou três romances que ajudaram<br />
a construir a moderna narrativa norte-americana, como “O Grande Gatsby”, “Terna é<br />
a Noite” ou “Este Lado do Paraíso” (os seus romances são “This Side of Paradise”, 1920;<br />
“The Beautiful and Damned”, 1922; “The Great Gatsby, 1925; “Tender is the Night”,<br />
1934 e “The Last Tycoon”, 1940). Mas F. Scott Fitzgerald cultivou igualmente o conto,<br />
sobretudo como forma de sustento diário, publicando-o em revistas literárias e depois<br />
reunindo-os em antologias várias. “Flappers and Philosophers” (1920), “Tales of the Jazz<br />
Age” (1922), “All the Sad Young Men” (1926) e “Taps at Reveille” (1935) são as principais,<br />
agrupadas em 1989 num volume, “The Short Stories of F. Scott Fitzgerald”.<br />
“The Curious Case of Benjamin Button” aparece incluído na antologia de 1922, “Tales of<br />
the Jazz Age”, e é um divertimento muito saboroso, extremamente bem escrito, numa<br />
linguagem solta e livre, que dá muito bem o tom da época, e que, segundo confi ssão<br />
do próprio Scott Fitzgerald, parece ter sido sugerido por uma frase, ou um pensamento,<br />
de Mark Twain que se lamentava que “os melhores tempos de uma vida fossem no<br />
início e os piores quando se chega ao fi m, na velhice.” Pegando nesta sugestão, F. Scott<br />
Fitzgerald construiu uma metáfora curiosa, sobre as idades da vida e a possibilidade da<br />
sua intermutação: assim Benjamin Button nasce encarquilhado e às portas da morte<br />
com setenta anos e inicia a sua cavalgada para a maturidade, depois a adolescência,<br />
até chegar a bebé e fi nar-se durante o sono. A perspectiva não é tanto metafísica ou<br />
fi losófi ca, afi rmando-se mais como uma diversão escrita com o sabor algo snobe e<br />
diletante de um frequentador do “jet-set” nova-iorquino, do champanhe embriagador<br />
da Hollywood da altura ou da boémia de Paris ou de Saint Tropez. Finou-se, apenas<br />
com 44 anos, e um coração arrasado pelo álcool, os amores, o stress emocional e uma<br />
propensão evidente para o suicídio, igualmente muito em moda nesses tempos de<br />
vida intensa e morte súbita.<br />
Foi este citado conto que serviu de base ao fi lme de David Fincher com igual nome,<br />
mas falar de inspiração é já dizer muito. Quase nada do conto de F. Scott Fitzgerald<br />
passa para o fi lme a não ser a ideia central de nascer velho e morrer bebé. Esta inversão<br />
de ciclo de vida, que já viera de Mark Twain, passara por F. Scott Fitzgerald, toma nova<br />
forma no fi lme de David Fincher, que se afasta do cinema que até agora o caracterizara<br />
para se entregar a uma obra que, se continua a ser extremamente pessoal, não deixa<br />
de representar uma ruptura com o estilo de fi lmes da sua anterior fi lmografi a (onde<br />
sobressaem títulos como “Alien 3, a Desforra”, “7 Pecados Mortais”, “Clube de Combate”,<br />
“O Jogo”, “Sala de Pânico” ou “Zodíaco”). Este universo “negro” que penetra no mais<br />
profundo da alma humana e também no que de mais sinistro nela existe parece<br />
afastar-se de uma obra aparentemente romântica e com alguma esperança no futuro,<br />
como temos visto por aí escrito. Mas será que é assim?<br />
Um dos aspectos que me deixa algo confuso em relação a “O Estranho Caso de<br />
Benjamin Button”, é precisamente a opacidade da obra que não se deixa penetrar tão<br />
facilmente quanto se pensa. Há uma leitura extremamente críptica e cerrada do fi lme
que parece escapar a uma primeira leitura. A mais óbvia é tão evidente e pueril que<br />
não pode ser só isso. David Fincher não ia realizar um fi lme sobre um homem que<br />
nasce velho e morre bebé sem ter por detrás uma interpretação metafórica para este<br />
facto inusitado. O que se pode desde logo concluir é que os homens estão condenados,<br />
qualquer que seja a cronologia da sua vida, quer nasçam bebés quer nasçam velhos, o<br />
ciclo é idêntico e intermutável. Tanto se morre novo como velho. Mas a verdade é que o<br />
ciclo não é semelhante. Senão vejamos.<br />
No conto de F. Scott Fitzgerald a narrativa inicia-se no “longínquo ano de 1860”. Os<br />
pais da criança chamam-se Button e tinham aderido ao “fascinante velho costume de<br />
ter bebés”, mas, em vez de os ter em casa, a mãe vai pari-lo no “Hospital Particular de<br />
Maryland para Damas e Cavalheiros”, onde, no dia certo, dá a luz um velho de barbas,<br />
que provoca a indisposição em todo o hospital e a ira do médico assistente: “Peço-lhe<br />
que vá e veja com os seus olhos. Escandaloso! (...) Imagina que um caso como este<br />
benefi cia a minha reputação profi ssional? Outro igual arruinar-me-ia... arruinaria<br />
qualquer um. (...) Não, não se trata de trigémeos. Sabe que mais? Vá e veja com os seus<br />
olhos. E arranje outro médico. Trouxe-o a este mundo, meu rapaz, e há quarenta anos<br />
que sou médico da sua família, mas agora acabou-se! Estou farto. Não quero voltar a<br />
vê-lo nunca mais, nem a si, nem a nenhum dos seus familiares! Passe bem.”<br />
Em lugar de depositar o bebé envelhecido à porta de um lar de idosos, o que acontece<br />
no fi lme, o pai vai “à baixa comprar roupa” para o velho que lhe apareceu no berçário.<br />
“E uma bengala, não se esqueça, pai. Preciso de uma bengala!”, relembra o rebento<br />
ao senhor Button. Óbvio que estamos no domínio da farsa. No conto. No fi lme o tom,<br />
ainda que aqui e ali permita um sorriso, é mais pesado. Um bebé (mais ou menos<br />
73 | da Palavra à Imagem
74 | da Palavra à Imagem<br />
parecido com Brad Pitt quando ele tiver 80 anos) é depositado na escadaria de um lar<br />
de terceira idade, dirigido por uma generosa negra de nome Queenie. Ela irá adoptá-lo,<br />
tratá-lo como um fi lho que se habitua a ver regredir na idade. Enquanto os velhos do<br />
lar vão murchando e morrendo, Benjamin vai transformando-se num ser cada vez mais<br />
novo. Ainda velhote descobre uma miúda, Daisy, que se irá tornar o grande amor da<br />
sua vida. Aqui ocorre o grande paradoxo do fi lme: no ciclo habitual da vida, Benjamin e<br />
Daisy nunca se encontrariam como casal normal. Ele tinha 60 anos, ela 9, quando ela<br />
tivesse 18 ele teria 69, coisa estranha para um casal (ainda que não de todo impossível,<br />
já se sabe, ele há casos). E se ele vivesse até aos cem anos (o que não é normal, mas<br />
todos nós sabemos muito possível) poderiam coexistir apaixonados ainda 31 anos.<br />
Uma pequena vida, muito pouco provável, mas possível.<br />
Mas se acontecer o ciclo inverso da vida, que o fi lme de David Fincher documenta, se<br />
ele tiver 60 e ela 9 quando se encontram pela vez primeira, irão reencontrar-se um<br />
dia com a mesma idade (qualquer coisa como ele 35, ela 34). Não é um encontro que<br />
permita uma vida “tranquila” de mais vinte anos sequer (quando ela tiver 54, ele tem<br />
15!). Quando se vive lado a lado, no mesmo sentido dos ponteiros de um relógio que<br />
ande para a frente, o que vemos é futuro. Quando o ponteiro do relógio desanda para o<br />
passado num dos parceiros, o resultado não é um encontro com futuro, mas um quase<br />
desencontro. Por isso, a tese que alguns apontam para o fi lme não me parece certa:<br />
viva-se de início para o fi m ou do termo para o princípio, o importante é viver bem a vida<br />
e aproveitar o que fi ca no meio, isto é os anos de vida plena. Esta interpretação pode<br />
ser correcta para o conto. Mas não é exacta no fi lme, que, aliás, o exemplifi ca. Benjamin<br />
afasta-se do seu grande amor, afasta-se da fi lha que será perfi lhada por outro, quando<br />
se aproxima da adolescência. A existência que se vive em comum, e que em comum<br />
evolui num mesmo sentido, permite o usufruto conjunto do amor, do nascimento dos<br />
fi lhos, do progressivo envelhecimento, da fruição dos netos… Em Benjamin Button<br />
nada disso acontece. O que parece apontar a intenção do fi lme numa outra direcção:<br />
aproveitem bem o que têm, pois, como aqui vêem demonstrado por absurdo, se fosse<br />
de outra maneira não seria tão agradável. Aliás, a corroborar esta interpretação está o<br />
facto de Benjamin viver a sua “velha meninice” num lar de velhos onde tudo acontece<br />
com uma absoluta calma e nenhuma intranquilidade. Ali se cumpre a última etapa da<br />
vida, aceitando-a com uma certa bonomia e sem grande tragédia. Como quem diz: “A<br />
vida é assim, nasce-se e morre-se e não há nada a fazer em contrário, senão aceitar o<br />
destino e aproveitar este instante de existência para se ser feliz”.<br />
Mas “O Estranho Caso de Benjamin Button” vai mais longe nas suas implicações. O<br />
fi lme inicia-se num hospital de Nova Orleans em véspera do furacão Katrina (29 de<br />
Agosto de 2005). Uma velha senhora, às portas da morte, pede à fi lha que esta lhe<br />
leia um misterioso diário que ela conserva religiosamente guardado até aquele dia.<br />
A fi lha inicia a leitura que recorda a invulgar vida de Benjamin Button, desde o seu<br />
nascimento. A leitura evoca o passado e introduz um “fl ashback” (“regresso ao passado”<br />
em “gíria” cinematográfi ca) e a imagem da fi lha lendo este diário à mãe transformase<br />
num refrão que regularmente interrompe a narrativa. Cada nova leitura reintegra<br />
uma nova fase da vida de Benjamin. É muito curioso este processo num fi lme que<br />
trabalha sobretudo com o tempo, a passagem do tempo, as intermitências do tempo,<br />
o aparecimento do tempo (o nascimento), a paragem no tempo (a morte) ou a História<br />
como a dilatação do tempo (interessante comparar este fi lme com “Forrest Gump”,<br />
também ele escrito pelo mesmo argumentista, Eric Roth).
Se se analisar bem a obra, esta estrutura-se como um encadeado de “fl ashbacks” (na<br />
actualidade, a fi lha lê o diário; no interior do diário existem novos “fl ashbacks” e bizarras<br />
anomalias de tempo, como o episódio em que Daisy é atropelada, onde se assinalam<br />
os artifícios do acaso com uma sequência rodada cronologicamente, que é depois<br />
invertida e relançada de novo, mas agora obedecendo a uma lei de imponderabilidade<br />
na existência humana). De resto, estas “evocações” da vida de Benjamin são pretexto<br />
para invocações mais amplas de momentos da História da América e da Humanidade<br />
(a II Guerra Mundial, o Flower Power e os Beatnicks, etc.). Ao ver “O Estranho Caso de<br />
Benjamin Button” é quase impossível não estabelecer algumas comparações com<br />
a obra de um escritor como Paul Auster, onde o acaso e as coincidências ocupam<br />
igualmente um importante lugar no decorrer da vida das suas personagens.<br />
Este “trabalhar do tempo” no cinema remeta para outras obras cinematográfi cas,<br />
como por exemplo “Intolerância”, de David W. Griffi th, na qual uma mãe vai cantando<br />
e embalando o berço onde se encontra a fi lha, enquanto vários episódios da eclosão<br />
da intolerância ao longa da História do homem vão sendo ilustrados. Aqui invertemse<br />
os papéis, é a fi lha que lê à mãe moribunda (inversão total: fi lha - mãe, nascimento<br />
– morte), mas o efeito é idêntico (ainda que superior em Griffi th, mais contido, sendo<br />
talvez excessivo em Fincher – há demasiadas interferências deste refrão no decorrer<br />
da obra). Mas o tempo é um fascínio para o cinema, com as suas viagens (os vários<br />
“Regressos ao Futuro”, de Rober Zemeckis; “O Efeito Borboleta”, de Eric Bress e J. Mackye<br />
Gruber, “Deja Vu”, de Tony Scott, “Donnie Darko”, de Richard Kelly, “The Final Countdown”,<br />
de Don Taylor, “Groundhog Day”, de Harold Ramis, “It’s A Wonderful Life”, de Frank Capra,<br />
“Je t’aime, je t’aime”, de Alain Resnais, “Melinda and Melinda”, de Woody Allen, “Peggy<br />
75 | da Palavra à Imagem
76 | da Palavra à Imagem<br />
Sue Got Married” , de Francis Ford Coppola, “The Philadelphia Experiment”, de Stewart<br />
Raffi ll, “Planet of the Apes” de Franklin J. Schnaffner ou de Tim Burton, “Slaughterhouse<br />
Five”, de George Roy Hill, “Time After Time”, de Nicholas Meyers, “Time Bandits”, de<br />
Terry Gilliam, “Timeline 2003”, de Richard Donner, “The Time Machine”, de Pal George<br />
ou “Time Machine”, de Simon Wells, para só citar alguns dos casos mais evidentes e<br />
mais interessantes.<br />
“Contar-vos-ei o que aconteceu e deixar-vos-ei ajuizar por vós próprios”, afi rma F.<br />
Scott Fitzgerald no início do seu conto. David Fincher, numa outra perspectiva, parece<br />
deixar igualmente ao espectador essa tarefa, sem impor uma leitura unívoca. Sem ser<br />
um fi lme que nos apaixone particularmente, “O Estranho Caso de Benjamin Button”<br />
possui, todavia, motivos bastantes para se situar entre os títulos importantes do fi m<br />
de 2008 (nos EUA) e do início de 2009 (em <strong>Portugal</strong>). As treze nomeações para Oscars<br />
não nos espantam, sobretudo porque muitas delas se situam em domínios onde o<br />
fi lme é particularmente brilhante (a fotografi a de Claudio Miranda é especialmente<br />
notável, pelas variações de estilo que ostenta, sempre perfeita, até quando copia o<br />
fi lme mudo nessas deliciosas cenas do velho que recorda os sete raios que o atingiram<br />
ao longo da vida; a direcção artística de Donald Graham Burt e o guarda-roupa, de<br />
Jacqueline Westé, são igualmente extraordinários, pela forma como vão captando<br />
o tom das épocas por onde vai passando o fi lme; a partitura musical de Alexandre<br />
Desplat é admiravelmente evocativa; o trabalho da equipa de caracterização é também<br />
excelente). Já nos parece muito duvidoso que as nomeações principais se cumpram<br />
realmente em Oscars. A realização, os actores principais e adaptação do argumento<br />
não nos parecem merecer os prémios, apenas justifi cam as nomeações. São realmente<br />
bons, mas sem deslumbrarem. Caso muito diverso é o de Taraji P. Henson, na fi gura de<br />
Queenie, inteiramente à altura do Oscar. Resumindo, se o fi lme regressar com quatro<br />
ou cinco estatuetas intermédias, já será um bom resultado.<br />
_O ESTRANHO CASO DE BENJAMIN BUTTON<br />
Título original: The Curious Case of Benjamin Button<br />
Realização: David Fincher (EUA, 2008); Argumento: Eric Roth, Robin Swicord; Produção: Ceán Chaffi n, Jim Davidson,<br />
Kathleen Kennedy, Frank Marshall, Marykay Powell; Música: Alexandre Desplat; Fotografi a (cor): Claudio Miranda;<br />
Montagem: Kirk Baxter, Angus Wall; Casting: Laray Mayfi eld; Design de produção: Donald Graham Burt; Direcção artística:<br />
Kelly Curley, Tom Reta; Decoração: Victor J. Zolfo; Guarda-roupa: Jacqueline West; Maquilhagem: Colleen Callaghan,<br />
Brian Sipe; Direcção de Produção: Manon Bougie, Marc A. Hammer, Peter Mavromates, Daniel M. Stillman; Assistentes<br />
de realização: Carl Kouri, Allen Kupetsky, Steve Lonano, Maria Mantia, Bob Wagner, Pete Waterman; Departamento de<br />
arte: Lorrie Campbell, Tammy S. Lee, Masako Masuda, Clint Wallace, Randall D. Wilkins; Som: Ren Klyce; Efeitos especiais:<br />
Ted Allen, Burt Dalton, Liah Saldaña; Efeitos visuais: Eric Barba, Charlie Bolwell, Atsushi Imamura, Chris McLeod, James<br />
Pastorius, Wendy Pirotte, Steve Preeg, David Pritchard, Kyle Ware, Kyle Ware, Daniel Warom; Animação: Jonah Austin;<br />
Anthony Rizzo; Companhias de produção: The Kennedy/Marshall Company, Paramount Pictures, Warner Bros. Pictures;<br />
Intérpretes: Brad Pitt (Benjamin Button), Cate Blanchett (Daisy), Julia Ormond (Caroline), Tilda Swinton (Elizabeth<br />
Abbott), Elias Koteas (Monsieur Gateau), Taraji P. Henson (Queenie), Jason Flemyng (Thomas Button), Faune A. Chambers<br />
(Dorothy Baker), Donna DuPlantier (Blanche Devereux), Jacob Tolano (Martin Gateau), Earl Maddox, Ed Metzger (Teddy<br />
Roosevelt), Danny Vinson, David Jensen, Joeanna Sayler (Caroline Button), Mahershalalhashbaz Ali (Tizzy), Fiona<br />
Hale, Patrick Thomas O’Brien, Danny Nelson, Marion Zinser, Peter Donald Badalamenti II, Paula Gray, Lance E. Nichols,<br />
Rampai Mohadi, Troi Bechet, Phyllis Somerville, Elle Fanning, Ted Manson, Clay Cullen, Edith Ivey, Robert Towers, Jared<br />
Harris, Sonya Leslie-Shepherd, Yasmine Abriel, Madisen Beaty, Tom Everett, Don Creech, Joshua DesRoches, Christopher<br />
Maxwell, Richmond Arquette, Josh Stewart, Ilia Volok, David Ross Paterson, Taren Cunningham, Myrton Running Wolf,<br />
Stephen Taylor, Devyn A. Tyler, Adrian Armas, Wilbur Fitzgerald, Ashley Nolan, Louis Herthum, Katta Hules, Rus Blackwell,<br />
Joel Bissonnette, Deneen Tyler, Spencer Daniels, Chandler Canterbury, Charles Henry Wyson, Jessica Cropper, Katherine<br />
Crockett, etc. Duração: 166 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Columbia TriStar Warner; Classifi cação etária: M/ 12 anos;<br />
Estreia em <strong>Portugal</strong>: 15 de Janeiro de 2009.
_FROST/NIXON<br />
“Frost/Nixon” assemelha-se muito a um combate de boxe entre duas personagens<br />
com real existência física: o apresentador de televisão David Paradine Frost (nascido a<br />
7 de Abril de 1939), que ainda há pouco mantinha na televisão inglesa um programa<br />
de entrevistas, “Frost Over The World”, na “Al Jazeera English”, e Richard Milhous Nixon<br />
(nascido em Yorba Linda, Califórnia, a 9 de Janeiro de 1913 e falecido a 12 de Abril de 1994),<br />
que foi o 37º Presidente dos Estados Unidos da América, entre 1969 e 1974, ano em que<br />
resignou, depois de se ver envolvido no caso Watergate. Nixon foi o único Presidente<br />
dos EUA até hoje a ser obrigado a afastar-se do cargo, em virtude de ter cometido<br />
graves irregularidades durante a sua administração. Republicano, tinha atrás de si uma<br />
carreira repleta de duvidosos casos políticos, desde a sua activa e decisiva contribuição<br />
para o período da “Caça às Bruxas”, durante o Machartismo, tendo depois sido Vicepresidente<br />
de Dwight D. Eisenhower (entre 1953 e 1961). Em 1960 perdeu as eleições<br />
presidenciais para John F. Kennedy, e em 1962 para governador da Califórnia. Mas, em<br />
1968, seria eleito Presidente e reeleito em 1972. A sua Presidência seria tumultuosa,<br />
com graves questões internas e externas (guerra do Vietname, a que curiosamente pôs<br />
termo, depois de uma escalada fatídica, e de ter a aceite uma má dissimulada rendição,<br />
relações com a China e a URSS, com as quais logrou alguma contenção, guerra com<br />
o Cambodja, o Laos, crise económica e caos social nos EUA). A 14 de Agosto de 1974<br />
demitia-se de Presidente, com uma curta declaração, e o seu sucessor, Gerald Ford,<br />
anunciava, pouco depois, um perdão para todos os “crimes federais” por si cometidos.<br />
Assim se retirou para a sua residência “La Casa Pacifi ca”, em San Clemente, Califórnia,<br />
onde escreveu, em 1978, as mil páginas “The Memoirs of Richard Nixon”, a que se<br />
seguiram nove outros volumes (todos muito bem remunerados).<br />
Anteriormente, porém, em 1977, Nixon pretendeu organizar um regresso à vida pública,<br />
procurando de alguma forma recuperar a imagem perdida. Foi por isso que aceitou<br />
encontrar-se com David Frost, apresentador de shows de variedades e entrevistador de<br />
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celebridades mediáticas, que tivera alguns programas de certo sucesso em Inglaterra,<br />
mas que caíra em desgraça e se encontrava então na Austrália. Forst e Nixon eram por<br />
esse tempo “anjos caídos” que viviam tempos de exílio forçado. Ambos combatentes<br />
de têmpera, ambos pretendiam um regresso em grande. As seis entrevistas que<br />
fi caram combinadas (por um chorudo pagamento de 600 mil dólares, quase todos<br />
saídos do bolso de Frost) seriam, portanto, um combate público em que só poderia<br />
“haver um vencedor”. Ou um “combate combinado” que assim teria dois vencedores, o<br />
que também chegou a ser ventilado nesse momento.<br />
As primeiras gravações das entrevistas não foram brilhantes para Frost, que se mostrava<br />
demasiado retraído, dando todos os pontos a Nixon, mas, quando chegou a ocasião<br />
de abordar o caso Watergate, tudo mudou de fi gura. Nixon acabaria por confessar<br />
publicamente alguns erros e ilegalidades (que, quando cometidas por um presidente,<br />
“não eram ilegalidades”, explicou perante a incredibilidade do país). As entrevistas que<br />
até aí não tinham motivado grande interesse por parte das cadeias de tv americanas,<br />
acabaram por ser um sucesso televisivo, com mais de 45 milhões (há quem fale em 50<br />
milhões) de espectadores em todo o mundo, o que as tornou no maior êxito de sempre<br />
no campo das entrevistas políticas televisionadas.<br />
Enquadrado historicamente o acontecimento, e o seu inequívoco interesse, cremos<br />
não andar muito longe da verdade se dissermos que o verdadeiro protagonista deste<br />
fi lme de Ron Howard é, no entanto, George W. Bush. E porquê? Porque muitas vezes<br />
ouvimos Frost, no fi lme, fazer perguntas a Nixon e quem ouvimos a responder é Bush,<br />
tal a sobreposição de questões. De certa forma as entrevistas de Frost constituíram<br />
uma espécie de julgamento público de um presidente que levou os EUA para a guerra<br />
com falsas questões, com mentiras organizadas a seu favor, acabando por desencadear<br />
uma das piores crises militares, políticas, económicas, fi nanceiras e sociais da história<br />
daquele país e do mundo. Estamos portanto a ouvir perguntas que poderiam ser<br />
endereçadas a George W. Bush, e a julgá-lo publicamente por interposta pessoa. O<br />
resultado é confrangedor para um e outro. O fi lme adquire o estatuto de requisitório<br />
indiscutível.<br />
Mas o fi lme pode (e deve) ser visto ainda sob outros pontos de vista, nomeadamente o<br />
das relações entre os meios de comunicação social e o poder instituído. Nixon era pessoa<br />
que, a bem ou a mal, “sabia” tratar com a comunicação social. Os seus processos eram<br />
quase sempre mafi osos, mas o fi lme relembra como “as coisas” se podem estruturar. A<br />
começar desde logo pelo próprio caso Watergate, que, na base, tem precisamente este<br />
problema: como calar certas vozes incómodas da oposição nos jornais? Foi para saber<br />
como que colaboradores da Casa Branca resolveram entrar em instalações do Partido<br />
Democrata para recolher informações. Ao serem descobertos, desbloquearam toda a<br />
tramóia que haveria de liquidar Nixon.<br />
Ao olharmos, porém, para estes dois homens em confronto, não nos restam muitas<br />
dúvidas de que ambos se equivalem. O duelo é de morte, mas o que está em causa<br />
será a reposição da verdade e o julgamento público de um Presidente crápula? Ou será<br />
antes os 600 mil dólares que fascinaram Nixon e saíram do bolso de Frost? Ou será o<br />
futuro profi ssional de cada um deles e da rede de colaboradores que os mantêm em<br />
exercício? Há algum quixotismo em Frost? Há algum arrependimento em Nixon? Não<br />
estarão ambos a investir ao mais alto nível nos seus futuros? Um a querer regressar<br />
à ribalta da TV de Inglaterra, outro a querer rentabilizar, o melhor possível, as suas<br />
memórias, impondo a comiseração por um lado e o branqueamento, limitado é certo,
da sua imagem pública? Afi nal o resultado foi o julgamento de Nixon, é uma realidade,<br />
mas com um perdão para todos os “crimes federais” e a nova imagem do homem que,<br />
apesar dos crimes cometidos, se tinha humilhado, confessando num acto de contrição<br />
que todo o país (e o mundo) iria compreender (e perdoar), continuando a comprar<br />
“as memórias” que iria futuramente publicar e tanto jeito lhe fariam à contabilidade<br />
pessoal.<br />
A forma como a televisão (e toda a comunicação social por arrasto) dialoga com o poder<br />
é outra questão delicada que o fi lme aborda, com alguma subtileza, mas mostrando<br />
bem o jogo de infl uências, sobretudo quando se apostam fortunas numa transmissão<br />
e se arriscam carreiras. O início da obra é esclarecedor, desvendando os mecanismos<br />
que estão na base dos projectos e como os mesmos se montam ou desmontam.<br />
Claro que Ron Howard, não sendo um cineasta particularmente criativo e um<br />
“autor” de primeiro plano, é um realizador atento e efi caz. O fi lme movimenta-se<br />
bem em interiores cerrados, as cenas das entrevistas conseguem justifi car o tom de<br />
quase “thriller” psicológico, adensando o clímax com habilidade. Há um momento,<br />
absolutamente fi ccionado no fi lme, que funciona muito bem, quando Nixon,<br />
embriagado (apenas um plano de copos e garrafa, anterior, prenuncia o desenlace),<br />
telefona a meio da noite a Frost. No dia seguinte, Frost evoca esse telefonema a Nixon,<br />
este não o recorda, mas essa confi dência do entrevistador irá retirar ao ex-presidente<br />
toda a segurança, fragilizá-lo e viabilizar a confi ssão. Também aqui as comparações<br />
com Bush não deixam de se estabelecer.<br />
Retirado de uma peça de teatro de Peter Morgan, que também a adaptou a cinema,<br />
“Frost/Nixon” não perde esse intimismo de “fi lme de câmara”, conseguindo sustentar<br />
o confronto (“aproxima-te mais dele, para o intimidares, olha-o nos olhos, interrompeo<br />
para o enervares, não o deixes monologar sobre o que quer”, aconselham os<br />
colaboradores de Frost ao apresentador, que até aí garantia a Nixon muito à vontade).<br />
A adaptação é por isso boa, mantendo certamente as virtualidades da peça que<br />
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80 | da Palavra à Imagem<br />
foi sucesso em Londres e na Broadway, procurando novos valores narrativos, sem<br />
desvirtuar o essencial. Informação adicional: Frank Langela e Michael Sheen também<br />
interpretavam os mesmos papéis no teatro que agora recriam no cinema.<br />
Vamos, pois, e fi nalmente, ao diálogo de actores. Frank Langella (Richard Nixon) e Michael<br />
Sheen (David Frost) são dois bons actores, particularmente o primeiro. Deve sublinharse<br />
o trabalho de ambos, na assimilação de características e de pormenores de gestos,<br />
olhares, entoações, mas se o desempenho é minucioso, e por vezes brilhante, há algo<br />
que nos afasta dos verdadeiros protagonistas. Percebe-se que a intenção não foi mimar<br />
ao extremo o físico de Nixon ou Frost, mas construir essas fi guras sobre a aparência<br />
física dos actores que lhe acrescentaram apenas certos tiques ou particularidades. O<br />
resultado, não afectando demasiado o fi lme, acaba por nos distanciar. Não sabemos<br />
mesmo se não haverá algo de propositado neste distanciamento (um Nixon que não<br />
é totalmente o Nixon das actualidades e dos telejornais da época, para o fi lme se<br />
centrar mais na fi gura de um Presidente dos EUA, pouco escrupuloso, dado à bebida,<br />
prepotente e ardiloso, populista e atávico – será só Nixon que corresponde ao retrato,<br />
quando o fi lme de Ron Howard se estreia em plena campanha de Barack Obama?).<br />
Resumindo: não será o grande cinema norte americano, mas é defi nitivamente o<br />
cinema norte americano liberal, que investiga, que denuncia, que tenta clarifi car, tomar<br />
partido, defender causas, e mostrar que, no fi nal, numa democracia, por muitos erros<br />
que se cometam, há sempre mecanismos que permitem de alguma forma remediar<br />
o mal. Claro que para quem não acredita nas democracias representativas, este fi lme<br />
não faz mais do que salvar a face. Aceitamos até a crítica, desde que nos mostrem<br />
alternativas, e alternativas viáveis. Mas não serão certamente exemplos do passado,<br />
carregados de prepotência, tortura e morte, que nos irão fazer mudar de ideias. Por isso<br />
achamos este fi lme um bom exemplo do que o cinema pode fazer para interferir na<br />
realidade e ajudá-la a mudar, para melhor.<br />
Curiosidade suplementar; parece que este projecto antes de ser entregue a Ron<br />
Howard passou por várias mãos que o cobiçavam: Martin Scorsese, Mike Nichols,<br />
George Clooney, Sam Mendes ou Bennett Miller foram alguns.<br />
_FROST/NIXON<br />
Título original: Frost/Nixon<br />
Realização: Ron Howard (EUA, França, Inglaterra, 2008); Argumento: Peter Morgan, segundo peça de teatro de sua<br />
autoria; Produção: Tim Bevan, William M. Connor, Eric Fellner, Brian Grazer, Todd Hallowell, Ron Howard, Kathleen McGill,<br />
Peter Morgan, Louisa Velis; Música: Hans Zimmer; Fotografi a (cor): Salvatore Totino; Montagem: Daniel P. Hanley, Mike<br />
Hill; Casting: Janet Hirshenson, Jane Jenkins; Design de produção: Michael Corenblith; Direcção artística: Brian O’Hara,<br />
Gregory Van Horn; Decoração: Susan Benjamin; Guarda-roupa: Daniel Orlandi; Maquilhagem: Colleen Callaghan,<br />
Edouard F. Henriques, Elizabeth Hoel, Karyn Huston, Sabine Roller, Justin Stafford; Direcção de Produção: Kathleen<br />
McGill; Assistentes de realização: William M. Connor, Todd Hallowell, Scott R. Meyers, Kristen Ploucha, Scott Schaeffer;<br />
Departamento de arte: Lorrie Campbell, Chad S. Frey; Som: Anthony J. Ciccolini III, Teri E. Dorman, Gary A. Hecker, Solange<br />
S. Schwalbe; Efeitos especiais: Chad Baalbergen, Jeff Miller; Efeitos visuais: Eric J. Robertson; Companhias de produção:<br />
Imagine Entertainment, Relativity Media, Studio Canal, Working Title Films; Intérpretes: Frank Langella (Richard Nixon),<br />
Michael Sheen (David Frost), Sam Rockwell (James Reston, Jr.), Kevin Bacon (Jack Brennan), Matthew Macfadyen (John<br />
Birt), Oliver Platt (Bob Zelnick), Rebecca Hall (Caroline Cushing), Toby Jones (Swifty Lazar), Andy Milder (Frank Gannon),<br />
Kate Jennings Grant (Diane Sawyer), Gabriel Jarret (Ken Khachigian), Jim Meskimen (Ray Price), Patty McCormack (Pat<br />
Nixon), Geoffrey Blake, Clint Howard, Rance Howard, Gavin Grazer, Simon James, Eloy Casados, Jay White, Wil Albert,<br />
Keith MacKechnie, Penny L. Moore, Janneke Arent, David Ross Paterson, Jennifer Hanley, Robert Pastoriza, Louie Mejia,<br />
Kevin P. Kearns, David Kelsey, James Ritz, Pete Rockwell, Ned Vaughn, Simone Kessell, Ben Pauley, Noah Craft, Talley Singer,<br />
Kaine Bennett Charleston, Gregory Alpert, Kimberly Robin, Michelle Manhart, Steve Kehela, Antony Acker, Jenn Gotzon,<br />
Googy Gress, Marc McClure, Joe Spano, etc. Duração: 122 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo; Classifi cação<br />
etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 22 de Janeiro de 2009.
_GOMORRA<br />
Roberto Saviano é um jovem escritor italiano que se impôs com um único livro que<br />
teve uma recepção entusiástica: 1.8 milhões de exemplares, tradução em 40 países,<br />
tudo isto desde Maio de 2006. O livro aborda, de foram desabrida e frontal, o “modus<br />
vivendo” da Gomorra, a Máfi a napolitana, uma organização de uma violência sem<br />
limites e de uma desumanidade extrema. Nada a ver com outras obras romanescas que,<br />
muito embora denunciando os negócios ilícitos e a atmosfera criminosa da sociedade<br />
secreta, nela encontram códigos de ética ou fraternidades complacentes. Aqui tudo e<br />
feio e sujo, sem remissão. Desde a descrição dos cenários, miseráveis e arruinados, dos<br />
bairros de Scampia e Caserta, até ao comportamento de cada interveniente.<br />
O livro passou a fi lme que conquistou o Prémio do Júri em Cannes e os favores do<br />
público por esse mundo fora. O romancista viu-se rapidamente envolvido em ameaças<br />
várias à sua integridade física, o que levou as autoridades italianas a protegê-lo nos<br />
últimos tempos, sobretudo depois de uma petição, assinada por seis prémios Nobel,<br />
que, solidarizando-se com o autor, solicitaram para ele ajuda ofi cial. “Estamos fartos<br />
de uma fi cção á volta do crime organizado”, declarou o escritor. “Nós não falamos de<br />
delinquentes comuns, falamos de uma organização poderosíssima. Nop dia em que<br />
caíram as Torres Gémeas, enquanto o mundo olhava, aterrorizado, as imagens da<br />
televisão, os chefes da Gomorra falavam pelo telefone para se investir. Para eles não<br />
havia mortos, havia um terreno livre para se investir”.<br />
Falemos do fi lme. Este assume-se como uma obra de um novo neo-realismo. Cenários<br />
naturais, actores não profi ssionais, uma quase ausência de trama fi ccionista, uma<br />
procura da realidade documental sem enfeites (ou sem efeitos especiais), uma secura<br />
de tratamento que chega a incomodar pela austeridade. O fi lme organiza-se em forma<br />
de capítulos, onze, onde se vão intercalando várias histórias, cinco para sermos mais<br />
precisos, que documentam práticas e comportamentos mafi osos: a guerra entre bandos<br />
num bairro onde a polícia não tenta sequer entrar; negócios obscuros que permitem<br />
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82 | da Palavra à Imagem<br />
enterrar bidões de resíduos altamente tóxicos em terrenos abandonados, que assim<br />
rendem chorudas quantias e dispersam o veneno sem controle; o dia a dia nuns edifícios<br />
deteriorados onde se vende droga e onde vive Totó, um adolescente que se encarrega<br />
de pequenos recados; um alfaiate de “alta costura” que trai os gomorristas e inicia<br />
um trabalho para os recém chegados chineses e que por isso mesmo é “castigado”;<br />
Ciro, um velho “contabilista” da organização, cuja tarefa é recolher dinheiros para a<br />
Gomorra e que se sente abandonado e menosprezado; e dois jovens, com um evidente<br />
atraso mental, que se apoderam de um conjunto de armas e desatam a disparar para<br />
todo o lado, julgando-se os donos do mundo. Acabam mal, porque para a Gomorra<br />
disparar só se faz com efi cácia.<br />
Cada segmento destas histórias aparece isolado, intercalando-se uns nos outros<br />
sem aparente relação, mas o espectador “sabe” que todos eles se irão interligar à<br />
medida que o fi lme avança, e pressente que, por detrás de todos eles, se encontra a<br />
omnipresente Gomorra. O que mais surpreende, se é que nos podemos surpreender<br />
com algo vindo de onde vem, é a forma totalmente desumana como todos os assuntos<br />
são tratados, com um pragmatismo e uma “objectividade” totais. As pessoas deixaram<br />
de ser pessoas, são peões, objectos, números que, se funcionam de acordo com as<br />
directrizes, sobrevivem (por vezes em situações de clara exploração infra-humana),<br />
mas que se tomam alguma posição contrária aos interesses da máfi a, são abatidos<br />
como animais num matadouro clandestino, e enterrados na areia através de uma<br />
qualquer escavadora de serviço.<br />
A câmara movimenta-se com agilidade, na mão do operador que persegue<br />
personagens em planos-sequência, como um qualquer observador privilegiado, a<br />
fotografi a é extremamente densa, de um colorido sujo e pigmentado, o som é directo<br />
quase sem tratamento, o dialecto napolitano de difícil percepção, os cenários de<br />
um desencanto e hostilidade invulgares, a montagem, por corte seco, não permite<br />
qualquer tipo de adesão emocional, o resultado é de um distanciamento óbvio e de<br />
uma brutalidade quase física. O que permite, no fi nal, um fi lme sufocante, sobre uma<br />
realidade que temos difi culdade em associar a um mundo que conhecemos, mas que<br />
tudo nos diz existir assim mesmo, na mais perfeita i-moralidade, na mais completa<br />
des-umanidade.<br />
_GOMORRA<br />
Título original: Gomorra<br />
Realização: Matteo Garrone (Itália, 2008); Argumento: Maurizio Braucci, Ugo Chiti, Gianni Di Gregorio, Matteo<br />
Garrone, Massimo Gaudioso, Roberto Saviano, segundo obra de Roberto Saviano; Produção: Laura Paolucci, Domenico<br />
Procacci; Fotografi a (cor): Marco Onorato; Montagem: Marco Spoletini; Design de produção: Paolo Bonfi ni; Guardaroupa:<br />
Alessandra Cardini; Maquilhagem: Alessandro Bertolazzi; Direcção de produção: Gianluca Chiaretti, Michela<br />
Rossi; Assistentes de realização: Gianni Di Gregorio, Gianluigi Toccafondo; Som: Maricetta Lombardo; Efeitos visuais:<br />
Fabrizio Cucinotta; Companhias de produção: Fandango, Rai Cinema, Sky, Ministero per i Beni e le Attività Culturali;<br />
Intérpretes: Toni Servillo (Franco), Gianfelice Imparato (Don Ciro), Maria Nazionale (Maria), Salvatore Cantalupo<br />
(Pasquale), Gigio Morra (Iavarone), Salvatore Abruzzese (Totó), Marco Macor (Marco), Ciro Petrone (Ciro), Carmine<br />
Paternoster (Roberto), Zhang Ronghua (Xian), Simone Sacchettino (Simone), Salvatore Ruocco (Boxer), Vincenzo<br />
Fabricino (Pitbull), Vincenzo Altamura (Gaetano), Italo Renda (Italo), Salvatore Striano, Carlo Del Sorbo, Vincenzo<br />
Bombolo, Alfonso Santagata, Massimo Emilio Gobbi, Salvatore Caruso, Italo Celoro, Manuela Lo Sicco, Giovanni<br />
Venosa, Vittorio Russo, Bernardino Terracciano, Alda D’Eusanio, etc. Duração: 137 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>:<br />
Prisvideo; Classifi cação etária: M/ 16 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 18 de Setembro de 2008.
_HAVERÁ SANGUE<br />
“Haverá Sangue”, de Paul Thomas Anderson, é um fi lme notável, uma daquelas<br />
raras obras que por vezes iluminam uma cinematografi a e nos demonstram que<br />
as obras-primas continuam a fl orescer por esse mundo fora, bastando para tanto<br />
estar atento para as reconhecer e amar. Baseado no romance “Oil!” (1927) do norteamericano<br />
Upton Sinclair, “There Will Be Blood” foi rodado, em 2006, nos cenários<br />
impressionantes do Novo México, e de Marfa, no Texas, centrando a sua história numa<br />
personagem absolutamente fascinante (e nem sempre por bons motivos), o mineiro<br />
Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis) que descobre ocasionalmente uma jazida de<br />
petróleo, corria o ano de 1898. Homem pobre, mas sagaz, com reduzidas condições,<br />
mas uma obstinação e persistência que irá manter (e robustecer) ao longo da vida,<br />
Plainview inicia a extracção, cria novas técnicas e novos apetrechos de exploração e,<br />
em 1911, é o mais bem sucedido pesquisador de petróleo da Califórnia.<br />
Um dia um dos seus empregados sofre um acidente fatal, e deixa órfão H.W., um miúdo<br />
que, a partir daí, Plainview adopta como fi lho e torna sócio do seu pequeno império<br />
em construção. Império que progride de forma desmedida, quando recebe a visita de<br />
um jovem, Paul Sunday (Paul Dano) que lhe vem vender uma secreta informação sobre<br />
uma propriedade da sua família, em Little Boston, Califórnia, onde afi ança que há<br />
infi nitas e bem abastecidas jazidas desse tão precioso óleo.<br />
Plainview e H.W. fazem-se passar por caçadores e iniciam as negociações para comprar<br />
a propriedade, depois de se certifi carem da existência de petróleo em abundância, e<br />
sem nada dizerem à família dessa confi rmação. Mas Paul Sunday tem um irmão<br />
gémeo, Eli Sunday (igualmente Paul Dano), que percebe o que se passa e exige um<br />
pagamento extra de 10.000 dólares, que reverteriam para a construção da sua própria<br />
igreja, a “Igreja da Terceira Revelação”, onde se auto-proclamaria sacerdote. Plainview<br />
paga-lhe 5.000 adiantados e promete-lhe outro tanto para mais tarde, e começa por<br />
83 | da Palavra à Imagem
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outro lado a comprar as propriedades vizinhas, fi cando apenas uma, isolada, a quinta<br />
do velho Bandy (Hans Howes), que não cede à investida.<br />
Enquanto Plainview vai reforçando o seu império e ampliando a sua cobiça, Eli funda<br />
a sua própria igreja, e inicia a pregação. Certo dia um poço de petróleo explode e<br />
H.W. deixa de ouvir. Estão criadas as premissas para “There Will Be Blood” descolar,<br />
oferecendo um admirável retrato de cobiça e ambição, de esforço e dedicação a uma<br />
obra, que não pára perante nada, que não hesita um instante, que não coloca uma<br />
questão, uma dúvida, uma interrogação. Social, moral. Pragmatismo total. Tudo se<br />
justifi ca se a obra avança e o capital se multiplica, não importando se a solidão se<br />
instala, se a bebida consome, se o crime se institui. Duas obsessões demenciais que<br />
se cruzam, se aliam, se amparam, se confrontam, se destroem: o petróleo e a religião.<br />
Em nome de um e de outra, ou em nome dos dois em simultâneo, ou em conluio dos<br />
dois, a riqueza de um cresce, a exploração de muitos aumenta, enquanto, na igreja<br />
ao lado, o sacerdote bendiz, se a comunhão da receita for a dividir. Isto não lembra<br />
nada de muito presente, de muito ouvido e repetido em noticiários e lido em jornais?<br />
Pois parece que sim e é preciso não só coragem mas uma lucidez invulgar para criar a<br />
metáfora e mantê-la bem inteligível para os espectadores.<br />
Na linha de “O Gigante”, de George Stevens, por um lado, na forma como descreve<br />
a traços largos o universo dos campos petrolíferos e das sagas familiares que<br />
alimentaram impérios à sua custa; no prolongamento de “Elmer Gantry”, de Richard<br />
Brooks, na forma como evoca os malabarismos e puritanismos de certas seitas e de<br />
sacerdotes que vivem da manipulação e da demagogia barata, perante assembleias<br />
de crentes ingénuos; próximo de “Citizen Kane”, de Orson Welles, na maneira como<br />
ergue uma personagem “bigger than life”; cruzando com “O Tesouro da Sierra Madre”,<br />
de John Huston, no estudo da ambição que conduz à loucura e à perca; perto por esse<br />
motivo também de “Greed”, de Erich Von Stroheim, a vertigem da cobiça em estado<br />
puro numa paisagem desolada. Obviamente que também vem à memória “Escrito<br />
no Vento”, de Douglas Sirk. O petróleo e a avareza, a construção de impérios sobre a<br />
perfídia, ostentam uma ilustre fi lmografi a atrás de si.<br />
Não li o romance de Upton Sinclair, “Oil!”, mas, ao que dizem, Paul Thomas Anderson<br />
apenas retém o início desta obra de cerca de 700 páginas, que acompanha a vida<br />
de uma família, cuja riqueza cresce com os campos de petróleo. No romance, o<br />
protagonista é Bunny Ross, e tem obviamente um modelo na realidade americana<br />
que inspirou a sua criação, um magnata, Edward Doheny, no palacete do qual foram<br />
fi lmadas as derradeiras sequências do fi lme. Ironias do destino! O fi lme, no entanto,<br />
não fala de Bunny Ross, mas apenas do pai deste (no romance), J. Arnold Ross, e do<br />
dealbar da construção do império.<br />
Há quem surpreenda uma inspiração evidente na fi gura do vampiro para a construção<br />
visual da personagem de Daniel Plainview (que Daniel Day-Lewis cria de uma forma<br />
absolutamente magistral, na linguagem, na pronúncia, na contenção, no nervo, na<br />
frieza do olhar de caçador por vezes acossado, mas sempre pronto a transformar o<br />
caçador em sua vítima). “Nosferatu”, de Murnau, vem realmente à recordação, quando<br />
se recorta a silhueta de Daniel Plainview na crista do horizonte, mas sobretudo o que<br />
colhe é essa avidez insaciável de se alimentar do sangue da terra e do sangue dos<br />
outros.<br />
A realização de Paul Thomas Anderson é admirável de rigor, mas também de criatividade<br />
narrativa, de efi cácia na forma como recorre a uma simbologia que relembra os
maiores cineastas americanos da era do clássico, na dimensão de um lirismo telúrico<br />
como cruza panorâmicas verticais e horizontais, acompanhando as torres que se<br />
erguem para o céu, ou os oleodutos que escorrem para o mar as entranhas da terra.<br />
Há no ar poeira e óleo, o vermelho denso do desejo e o negro trágico da ameaça, numa<br />
fotografi a esplendorosa de Robert Elswit, mas há, sobretudo, a fabulosa partitura de<br />
Johnny Greenwood, o guitarrista dos “Radiohead”, que compõe lamentos de cortar a<br />
respiração. Um grande fi lme que tem as pragas do Egipto, do “Exodus”, como epígrafe<br />
que dá o nome e um sentido mais linear à obra.<br />
_HAVERÁ SANGUE<br />
Título original: There Will Be Blood<br />
Realização: Paul Thomas Anderson (EUA, 2007); Argumento: Paul Thomas Anderson, segundo romance “Oil”, de Upton<br />
Sinclair; Música: Jonny Greenwood; Fotografi a (cor): Robert Elswit; Montagem: Dylan Tichenor; Casting: Cassandra<br />
Kulukundis; Design de produção: Jack Fisk; Direcção artística: David Crank; Decoração: Jim Erickson; Guarda-roupa:<br />
Mark Bridges; Maquilhagem: Kim Ayers, John Blake, Catherine Conrad, Linda D. Flowers, David Larson, Yesim ‘Shimmy’<br />
Osman; Durecção de produção: Erica Frauman, Jamey Pryde, Will Weiske; Assistentes de realização: Jeff Habberstad,<br />
Eric Richard Lasko, Jenny Nolan, Richard Oswald, Adam Somner, Ian Stone; Departamento de arte: Anthony D. Parrillo;<br />
Som: Richard King, Christopher Scarabosio; Efeitos especiais: Steve Cremin, Brandon K. McLaughlin; Efeitos visuais: Mark<br />
Casey, Grady Cofer, Paul Graff, Erin D. O’Connor, Robert Stromberg; Produção: Paul Thomas Anderson, Daniel Lupi, Scott<br />
Rudin, Eric Schlosser, JoAnne Sellar, David Williams; Companhias de produção: Ghoulardi Film Company, Paramount<br />
Vantage, Miramax Films. Intérpretes: Daniel Day-Lewis (Daniel Plainview), Paul Dano (Paul e Eli Sunday), David Willis<br />
(Abel Sunday), Kellie Hill (Ruth Sunday), Dillon Freasier (Jovem H.W. Plainview), Sydney McCallister, Christine Olejniczak,<br />
Martin Stringer, Kevin J. O’Connor, Jacob Stringer, Matthew Braden Stringer, Ciarán Hinds, Joseph Mussey, Barry Del<br />
Sherman, Russell Harvard, Harrison Taylor, Stockton Taylor, Colleen Foy, Paul F. Tompkins, Kevin Breznahan, Jim Meskimen,<br />
Erica Sullivan, Randall Carver, Coco Leigh, James Downey, Dan Swallow, Robert Arber, Bob Bell, David Williams, Joy Rawls,<br />
Louise Gregg, Amber Roberts, Robert Caroline, John W. Watts, Barry Bruce, Irene G. Hunter, Hope Elizabeth Reeves, John<br />
Chitwood, David Warshofsky, Tom Doyle, Colton Woodward, John Burton, Hans Howes, Robert Barge, Ronald Krut, Huey<br />
Rhudy, Steven Barr, Robert Hills, Rev. Bob Bock, Vince Froio, Phil Shelly, etc. Duração: 158 minutos; Classifi cação etária:<br />
M/ 12 anos, Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo Audiovisuais; Locais de fi lmagem: El Mirage Dry Lake, Califórnia;<br />
Greystone Park & Mansion - 905 Loma Vista Dr., Beverly Hills, Califórnia; Los Angeles, Califórnia; Marfa, Texas; Santa<br />
Clarita, California, EUA; Estreia: 14 de Fevereiro de 2008 (<strong>Portugal</strong>).<br />
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86 | da Palavra à Imagem<br />
_REVOLUTIONARY ROAD<br />
América, meados dos anos 50: numa festa de jovens, um homem e uma mulher olhamse,<br />
aproximam-se, falam, confessam sonhos. Paris, onde ele já esteve mobilizado,<br />
durante a II Guerra Mundial. Os anos passam, casaram, são os Wheelers, Frank<br />
(Leonardo DiCaprio) e April (Kate Winslet), vivem numa agradável casa nos subúrbios<br />
de Connecticut, dois fi lhos, ele empregado num escritório de uma grande empresa, ela<br />
dona de casa com aspirações a actriz que falham rotundamente na noite de estreia<br />
do grupo teatral local. A simpática senhora que lhes vendeu a casa (Kathy Bates), em<br />
Revolutionary Road, acha-os “especiais”, eles também se acham, mas começam a sentir<br />
a terra a fugir-lhes debaixo dos pés. Os sonhos vão fi cando para trás, as promessas<br />
de felicidade restringem-se ao mínimo. A vida dos subúrbios asfi xia-os, lentamente.<br />
O sonho de Paris regressa. Vender a casa, largar o emprego, pegar nos miúdos, viajar<br />
até à Europa (como os sonhos se cruzam: na Europa, por essa altura, alimenta-se o<br />
sonho de viajar até à América, “a terra das possibilidades para todos”). Ela promete<br />
que trabalha como secretária da OTAN, ele pode cumprir o destino que traçara para<br />
si, e que não sabe muito bem qual é, mas não é de certeza estar fechado o dia todo<br />
num escritório “open space”, com jaulas envidraçadas onde se multiplicam as vendas<br />
de electrodomésticos. Por isso se impõe o sonho de partir, a miragem da aventura,<br />
de viver perigosamente (na frente da batalha, Frank confessa que sentiu medo, mas<br />
acrescenta que foi nesse momento que soube o que era a vida e April olha-o fascinada,<br />
apaixonada). Frank recorda o pai e os “sábios” conselhos que este lhe dava e lembra<br />
como o detestava nesse seu sentir sem horizontes. Nunca seria como o pai a servir<br />
fi elmente durante 20 anos a mesma empresa, jura.<br />
Mas o homem sonha, e a obra quase nunca nasce. A vida, a vidinha de todos os dias,<br />
as promoções no emprego, os fi lhos, a comodidade do adquirido, os preconceitos do<br />
ambiente mesquinho destas aldeias em jeito de cidades satélites, muito convencionais,<br />
muito patéticas na sua arrumação (cidades que Tim Burton tão bem caricatura, nalguns<br />
dos seus fi lmes, cidades que Sam Mendes tão subtil e violentamente escalpelizara já<br />
em “Beleza Americana”), vão minando a resistência de uns e o equilíbrio emocional de<br />
outros. As frustrações instalam-se. A neurose progride. Até à loucura, como no caso do<br />
matemático, que os choques eléctricos, no hospital psiquiátrico, já limitaram a meras<br />
recordações. Ele faz seus os sonhos dos Wheelers, ele é o único que os compreende<br />
plenamente, será portanto o que menos compreende a sua renúncia. Ele que está preso,<br />
anseia voar. Os Wheelers que podiam voar e já tinham os bilhetes na mão, recusam o<br />
sonho. Não ela, April, mas sobretudo Frank. Porque há a possibilidade da promoção,<br />
e a promessa de um novo lugar, a anunciada chegada de outro fi lho, a vida de todos<br />
os dias que às vezes é madrasta para os sonhos. De quem os pressente, porque há<br />
muitos que vivem (ou parecem viver) felizes com o que têm. Tomem-se como exemplo<br />
alguns colegas de escritório de Frank, e alguns vizinhos, onde, todavia, há sempre<br />
dramas, o fi lho no psiquiatra, ou o desejo refreado do vizinho do lado, que explode<br />
uma noite, no interior de um carro, para continuar domesticado e bem comportado,<br />
no seu lar, deixando, no entanto, os olhos vaguear dolorosamente pelo horizonte. Que<br />
não existe.<br />
Este é um retrato magoado e confrangedor de uma América que abafa a felicidade em<br />
casinhas modelares e electrodomésticos? Claro que é. Estes bairros higienizados de<br />
subúrbios só existem assim nos EUA, e tanto Richard Yates no seu magnífi co romance,<br />
tanto Sam Mendes no seu belíssimo fi lme, falam essencialmente da América. Mas,
este é um problema próprio da condição humana, mais do que de um só país. É próprio<br />
do homem desejar o que não tem. Procurar sempre mais. Há os que se adaptam, há<br />
os que sofrem a cada revés, há os que se acomodam e os que explodem, há os raros<br />
que partem para Paris, e lá chegados descobrem que afi nal a vida está além, porque a<br />
vida está sempre além para os insatisfeitos. E não se trata sequer de uma questão de<br />
classe social.<br />
Ao ver a progressiva erosão dos sentimentos nesta família de bairro dos arredores,<br />
veio-me à lembrança uma genial sequência de Orson Welles, em “Citizen Kane”,<br />
vários pequenos-almoços ao longo de anos, ligados por “travellings” laterais que<br />
vão, de movimento em movimento, mostrando o gradual afastamento, a distância, o<br />
alheamento total de um casal, ele um dos homens mais ricos e poderosos dos EUA,<br />
ela a sobrinha do Presidente. O desgaste é algo que ataca os sentimentos como a<br />
ferrugem os metais. E fi ca sempre a sensação de que tudo poderia ter sido de outra<br />
maneira, que o presente e o futuro poderiam ter sido diferentes, que houve sempre<br />
o erro original da defi ciente avaliação das causas e o fracasso assumido, ou não, das<br />
consequências não calculadas. Por isso, entre os americanos das cidades satélites, ou<br />
ingleses, os franceses, os portugueses, os chineses ou os brasileiros, os problemas são<br />
os mesmos, ainda que os cenários variem.<br />
E depois há ainda os que não conseguem “perceber” sequer os problemas que estes<br />
romances e estes fi lmes abordam, e que são esses deserdados da terra, para quem<br />
o sonho é ter comida para os fi lhos e para si todos os dias, ter água corrente e luz<br />
eléctrica, ou mais grave ainda não estarem sujeitos a torturas diárias numa qualquer<br />
prisão miserável, ou não assistirem diariamente ao massacre de milhares de inocentes.<br />
Sem se compreender por quê.<br />
É, todavia, a insatisfação constante e o sonho do impossível que faz mover o Homem,<br />
por muito diferentes (por vezes contraditórios) que sejam esses sonhos. Um exemplo<br />
de colheita pessoal: em 1974, em <strong>Portugal</strong>, nos muros das ruas e nos quartos dos<br />
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jovens, estavam afi xados cartazes de Marx, Lenine e Che Guevara. Numa viagem que<br />
fi z à Hungria, nas paredes das ruas, nada se via, a não ser propaganda estatal, e nas<br />
camaratas dos estudantes, cartazes da Coca-Cola e de Jeans. De cada lado do muro, os<br />
sonhos eram não só diferentes, como antagónicos. Cada um sonhava com o que não<br />
tinha, e quando passaram a ter, nenhum dos lados fi cou feliz. Muito pelo contrário.<br />
Cada homem e mulher, quando sonha, se sonha, sonha com um Paris diferente.<br />
Leonardo DiCaprio e Kate Winslet, que já se tinham encontrado a bordo de “Titanic”,<br />
voltam a reunir-se numa nova aventura sentimental num cenário onde tudo se afunda<br />
à sua volta. Julgo que ambos são absolutamente notáveis, mais ela, que aqui tem uma<br />
interpretação perfeita, controlada, rigorosa, interiorizada. A forma como “sente” a<br />
solidão do tigre enjaulado, e a transmite de forma tão contida nos processos, e tão<br />
profunda nos resultados é simplesmente brilhante. Muito acima do seu trabalho em<br />
“O Leitor”, onde tudo é mais estereotipado.<br />
Depois há um conjunto de secundários notáveis, desde logo Michael Shannon, é certo,<br />
na composição de John Givings, o revoltado matemático que é, na sua loucura, um dos<br />
mais lúcidos arautos do inconformismo, mas também todos os outros companheiros<br />
de cárcere dourado. Kathy Bates é brilhante, na fi gura dessa mulher que aluga sonhos<br />
de apartamentos “muito especiais”, para casais “muito especiais”, que rapidamente o<br />
deixam de ser. Mas o marido dela é igualmente notável, tão notável que o fi lme dá-lhe<br />
a honra de terminar sobre ele, desligando o aparelho auditivo, para mais facilmente<br />
suportar o ruído que o rodeia. Há ainda o casal vizinho, a mulher que se aconchega<br />
na vida como no sofá da sala, e o marido, que concretizou o sonho de uma vida nuns<br />
minutos de felicidade sexual num banco de carro, para voltar depois ao cinzentismo de<br />
sempre (diga-se que as cenas dele com April, a dançarem num bar e a fazerem amor<br />
no carro, são das imagens mais violentamente eróticas do cinema nos últimos anos).<br />
Saliente-se ainda a jovem secretária, que é desviada uma tarde para uma tórrida cama
onde transpirou o seu sonho de sexo e amor impossível. Tudo fragilidades da condição<br />
humana, que a tornam tão fugazmente feliz e tão intensamente desditosa.<br />
A fotografi a é deslumbrante na forma como descreve ambientes e os fi ltra em solidões<br />
deserdadas, a direcção artística brilhante a restituir os anos 50, e a partitura musical<br />
(por vezes um pouco excessiva, na sua omnipresença) igualmente muito inspirada.<br />
Um grande fi lme, ternamente emocionado sobre a vacuidade da vida, sobre a tortura<br />
dos sonhos, sobre a fatalidade de existir, numa constante busca de amor e felicidade.<br />
Própria do Homem.<br />
_REVOLUTIONARY ROAD<br />
Título original: Revolutionary Road<br />
Realização: Sam Mendes (EUA, Inglaterra, 2008); Argumento: Justin Haythe, segundo romance de Richard Yates;<br />
Produção: Gina Amoroso, Bobby Cohen, Henry Fernaine, Karen Gehres, Pippa Harris, John Hart, Peter Kalmbach, Sam<br />
Mendes, Marion Rosenberg, Scott Rudin, David M. Thompson, Nina Wolarsky; Música: Thomas Newman; Fotografi a<br />
(cor): Roger Deakins; Montagem: Tariq Anwar; Casting: Ellen Lewis, Debra Zane; Design de produção: Kristi Zea; Direcção<br />
artística: Teresa Carriker-Thayer, John Kasarda, Nicholas Lundy; Decoração: Debra Schutt; Guarda-roupa: Albert Wolsky;<br />
Maquilhagem: Alan D’Angerio, Linda Melazzo; Direcção de Produção: Meryl Emmerton, Jennifer Lane; Assistentes de<br />
realização: Amy Lauritsen, Joseph P. Reidy, John Silvestri, Christian Vendetti; Departamento de arte: Derrick Kardos, Tina<br />
Khayat, Erik Knight; Som: Jacob Ribicoff, Warren Shaw; Efeitos especiais: John Stifanich; Efeitos visuais: Randall Balsmeyer,<br />
J. John Corbett, Adrienne Winterhalter; Companhias de produção: DreamWorks SKG, BBC Films, Evamere Entertainment,<br />
Neal Street Productions, Goldcrest Pictures, Scott Rudin Productions; Intérpretes: Leonardo DiCaprio (Frank Wheeler),<br />
Kate Winslet (April Wheeler), Michael Shannon (John Givings), Ryan Simpkins (Jennifer Wheeler), Ty Simpkins (Michael<br />
Wheeler), Kathy Bates (Mrs. Helen Givings), Richard Easton (Mr. Howard Givings), Sam Rosen, Maria Rusolo, Gena<br />
Oppenheim, Kathryn Dunn, Joe Komara, Allison Twyford, David Harbour (Shep Campbell), John Ottavino, Adam Mucci,<br />
Jo Twiss, Frank Girardeau, Catherine Curtin, Jonathan Roumie, Samantha Soule, Heidi Armbruster, Kathryn Hahn (Milly<br />
Campbell), Zoe Kazan (Maureen Grube), Dan Da Silva, Dylan Baker (Jack Ordway), Keith Reddin (Ted Bandy), Neal Bledsoe,<br />
Marin Ireland, Max Casella, Max Baker (Vince Lathrop), Jon Sampson, Peter Barton, Kevin Barton, Evan Covey, Dylan Clark<br />
Marshall, Jay O. Sanders (Bart Pollack), Christopher Fitzgerald, Chandler Vinton, Kelsey Robinson, Duffy Jackson, Dan<br />
Zanes, Vince Giordano, Jon-Erik Kellso, Andrew Burton, Will Sanderson, Alex Hoffman, Kristen Connolly (Mrs. Brace), John<br />
Behlmann (Mr. Brace), David Campbell, Michael Ciesla, Mary DeBellis, Jay Ferraro, Zoe Hartman, Cristina Marie, Chris<br />
Miskiewicz, Jared Morrison, Joel Ney, Ted Yudain, Jonathan Yvon, etc. Duração: 119 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>:<br />
Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 29 de Janeiro de 2009.<br />
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_SEDUÇÃO, CONSPIRAÇÂO<br />
Depois de uma permanência na América que lhe permitiu rodar dois fi lmes de<br />
seguida, “Hulk” (2003) e “O Segredo de Brokeback Mountain” (2006), Ang Lee parece<br />
ter tido necessidade de refundar a sua individualidade, regressando à China, para<br />
fi lmar “Sedução, Conspiração”, baseado num romance da escritora Eileen Chang, que<br />
aborda um tempo dramático da história da sua pátria, precisamente a época da II<br />
Guerra Mundial, durante a qual a China foi ocupada pelo Japão, e onde se incubou<br />
igualmente a China contemporânea, dividida entre a República Popular da China e<br />
Taiwan, ou simplesmente República da China.<br />
Diga-se de passagem que Ang Lee não é um nado da China comunista, da comandada<br />
por Mao Tsé-Tung, mas sim da China nacionalista de Chiang Kai-Shek, pois foi em<br />
Pingtung (Taiwan), que nasceu em 23 de Outubro de 1954, tendo estudado no National<br />
Taiwan College of Arts, emigrando depois, ainda novo, com a família para os Estados<br />
Unidos da América, onde cursaria “realização”, na University of Illinois, e produção<br />
cinematográfi ca na New York University. Durante o tempo da faculdade foi assistente<br />
de realização no fi lme de fi m de curso de Spike Lee, “Joe’s Bed-Stuy Barbershop: We Cut<br />
Heads”. Em 1992 estreia-se na longa-metragem com “A Arte de Viver”, a que se segue<br />
um pequeno grupo de fi lmes que lhe traçam uma sólida reputação: em 1993 dirige “O<br />
Banquete de Casamento”, que ganhou o Urso de Ouro em Berlim, em 1994, “Comer,<br />
Beber, Homem, Mulher”, que recebeu uma nomeação para o Oscar de Melhor Filme<br />
Estrangeiro (rodado em Taiwan), adaptando depois, no ano seguinte, uma obra de Jane<br />
Austen, “Sensibilidade e Bom Senso”, até que, depois de ter assinado ainda, em 1997,<br />
“A Tempestade de Gelo”, vê confi rmado e reconhecido o seu talento, com “O Tigre e o<br />
Dragão” (2000), fi lme com que ganha dois Globos de Ouro, triunfando igualmente<br />
no Festival de Cannes. A sua excelente versão de “Hulk” é de 2003, a que se segue, em<br />
2005, “O Segredo de Brokeback Mountain”, com apoteóticos Oscar e Globo de Ouro<br />
para Ang Lee. Casado e pai de dois fi lhos, divide a sua existência pelos EUA e a China.<br />
Realizador de uma extrema sensibilidade, voltado para as minorias e para os seus<br />
problemas, voluptuoso no seu cinema, quer nas imagens, quer nos temas abordados,<br />
onde o amor e a sexualidade impõem presença absorvente, Ang Lee é um dos grandes<br />
cineastas actuais, mais um a contribuir para o progressivo peso que a cultura e as artes<br />
orientais ocupam presentemente no panorama mundial contemporâneo, com uma<br />
ressonância muito especial nas culturas ocidentais. “Sedução, Conspiração” regressa<br />
aos tempos da II Guerra Mundial, precisamente a Xangai, 1942, durante a ocupação<br />
japonesa. O fi lme revela de início uma construção relativamente complexa com o<br />
recurso a “fl ash backs” nem sempre muito perceptíveis. Uma senhora de porte burguês,<br />
de nome Mak, passeia por uma das ruas de Xangai, entra num café, telefona de forma<br />
misteriosa, despoletando uma qualquer acção, e senta-se, olhando a rua através<br />
da vidraça. Boa altura para o seu pensamento, e nós com ele, retrocedermos a 1938,<br />
quando essa assumida senhora Mak não passava de uma estudante universitária de<br />
nome Wong Chia Chi, que é convidada para se juntar ao elenco de um grupo de teatro<br />
nacionalista e revolucionário, que não aceita representar “esse burguês drama que é “A<br />
Casa de Bonecas””, e opta por algo que faz levantar todas as noites o fervoroso público,<br />
entusiasmado, que grita “Viva a China!”. A jovem está igualmente arrebatada com a<br />
revelação da arte dramática, e timidamente apaixonada pelo colega Kuang, o mesmo<br />
que a convidara a integrar o grupo e a desvia para uma acção não já de representação<br />
em palco, mas na perigosa e sedutora vida real.
Wong Chia Chi aceita associar-se à conspiração urdida para matar um importante<br />
político chinês, Mr. Yee, que é um dos mais relevantes colaboracionistas chineses com<br />
o governo japonês. Wong passará a ser a senhora Mak, a quem cabe a difícil tarefa de<br />
se insinuar no restrito e muito bem guardado grupo de senhoras que joga todos os<br />
dias “majong”, entre as quais se conta a mulher de Mr. Yee. Será através dela que irá<br />
mais longe, até junto de Yee, tornando-se sua amante. A ligação leva tempo a assumirse<br />
e não será nessa primeira tentativa que o assassinato resultará. Anos depois, em<br />
1941, Kuang reencontra Wong, esta volta a vestir a pele da senhora Mak, e desta feita<br />
a relação amorosa com Yee resulta plenamente, para desilusão de ambos os amantes:<br />
Wong nunca terá pensado deixar-se submeter por esse desejo mórbido que a entrega<br />
literalmente nas mãos torturadoras de Yee, este deixa-se fi nalmente sucumbir aos<br />
encantos da dita senhora Mak que o entrega à morte. Nem tudo será, porém, tão<br />
simples, há muitas outras peripécias e um fi nal que não se revela, mas o breve resumo<br />
permite prever várias questões: um fi lme de fundo político, sobre a China esmagada<br />
pelo Japão, que tenta sobreviver como nação, e será deste cadilho de paixões políticas<br />
extremadas que irão surgir as duas Chinas até hoje inconciliáveis. Por outro lado,<br />
desenvolvendo-se em paralelo, uma outra história de submissão e tortura, mas esta a<br />
um nível pessoal, e atormentadamente desejada pela vítima.<br />
O fi lme não tem a desenvoltura formal de algumas outras obras de Ang Lee, arranca<br />
mal, é muito lenta e relativamente confusa na sua meia hora inicial, revela nalgumas<br />
sequências, um academismo não muito conforme ao autor em questão, mas é uma<br />
obra interessante, com uma boa descrição histórica da China desta época, e sobretudo<br />
um estudo muito curioso de uma relação intimamente confl ituosa entre um torturador<br />
sádico e uma mulher submissa no seu íntimo, mas revolucionária na sua conduta, o<br />
que torna toda a relação muito complexa. Wong deseja sexualmente a presença de Yee,<br />
que a domina, a brutaliza e a satisfaz, mas entrega-o enquanto carrasco do seu povo.<br />
O confl ito entre o seu desejo e o seu dever nunca se resolve até fi nal e ela (e os seus<br />
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camaradas) vem a ser vítima desse descontrolo. O que relembra o fascinante “Senso”, de<br />
Visconti, sem o fulgor melodramático do mestre italiano. Mas as relações entre vítima<br />
e carrasco, e a sedução que delas pode advir, inclusive para o submisso, isso aponta<br />
para Liliana Cavani e “O Porteiro da Noite”, na altura um fi lme tão incompreendido e<br />
maltratado e hoje em dia tão “in” nas sexualidades alternativas.<br />
Mais uma vez Ang Lee se embrenha num universo de uma sexualidade reprimida<br />
(e repressora: uma não existe sem a outra!), demonstrando não só tacto, como uma<br />
grande agilidade e sensibilidade a fi lmar cenas de sexo explícito, que nunca caem<br />
no pornográfi co de mau gosto, apesar de rondarem perigosamente esse abismo.<br />
Excelentes actores, com especial destaque para Tony Leung Chiu Wai, um Mr. Yee de<br />
uma frieza e de um rigor de composição notáveis, que deixa explodir na cama toda<br />
a sua agressividade, e para a estreante Wei Tang, que consegue transmitir toda a<br />
perturbante duplicidade de sentimentos.<br />
_SEDUÇÃO, CONSPIRAÇÂO<br />
Título original: Se, jie ou Se jie ou Lust, Caution<br />
Realização: Ang Lee (EUA, China, Taiwan, Hong Kong, 2007); Argumento: James Schamus, Hui-Ling Wang, segundo<br />
romance de Eileen Chang ; Produção: Lloyd Chao, William Kong, Ang Lee, David Lee, Zhong-lun Ren, James Schamus,<br />
Darren Shaw, Dai Song, Doris Tse; Música: Alexandre Desplat; Fotografi a (cor): Rodrigo Prieto; Montagem: Tim Squyres;<br />
Casting: Rosanna Ng; Design de produção: Lai Pan; Direcção artística: Kwok-wing Chong, Eric Lam, Sai-Wan Lau, Bill Lui,<br />
Alex Mok; Guarda-roupa: Lai Pan; Direcção de produção: Gerry Robert Byrne, Eric Fong, Chiu Wah Lee, Wai Luen Pang;<br />
Assistentes de realização: Tze Hung Lam, Rosanna Ng; Departamento de arte: Sai Kit Wong; Som: Eugene Gearty, Philip<br />
Stockton; Efeitos visuais: Jeff Briant, Zachary J. Gans, Matt Glover, Sarah McMurdo, Ben Simons, Brendan Taylor, Fiona<br />
Campbell Westgate; Companhias de produção: Hai Sheng Film Production Company, Focus Features, Haishang Films,<br />
Mr. Yee Productions, River Road Entertainment, Sil-Metropole Organisation. Intérpretes: Tony Leung Chiu Wai (Mr. Yee),<br />
Wei Tang (Wong Chia Chi / Mak Tai Tai), Joan Chen (Yee Tai Tai), Lee-Hom Wang (Kuang Yu Min), Chung Hua Tou (Old Wu),<br />
Chih-ying Chu (Lai Shu Jin), Ying-hsien Kao (Huang Lei), Yue-Lin Ko, Johnson Yuen, Kar Lok Chin, Su Yan, Caifei He, Ruhui<br />
Song, Anupam Kher, Liu Jie, Hui-Ling Wang, Akiko Takeshita, Hayato Fujiki, Yu Lai Cheng, Li Dou, Yuji Kojima, Lisa Lu, Jacob<br />
J Ziacan, etc. Duração: 157 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 18 anos; Data de<br />
estreia: 31 de Janeiro de 2008 (<strong>Portugal</strong>); Data de estreia: 24 de Setembro de 2007 (mundial).
_A TROCA<br />
Há verdades que já se sabem de há muito: Clint Eastwood fi lma a tragédia da condição<br />
humana como poucos. Penetra-lhe no lado mais sórdido e violento com o mesmo olhar com<br />
que fi lma mais adiante a pureza e a bondade de um gesto, e diz-nos, com o conhecimento<br />
de vida que só a idade confere, que uns e outros são autênticos, genuínos, humanos e que<br />
nada há a fazer para alterar essa condição que se abate sobre nós como uma tragédia,<br />
senão não capitular, lutar até ao fi m, procurar fazer deste mundo um mundo melhor, sem<br />
ilusões de que a vilania seja erradicada, mas que a mesma pode ser circunscrita. O terrível é<br />
que todos sabemos que, aqui ou ali, neste preciso momento, se manda para hospícios quem<br />
não agrada aos poderosos que ande solto, que se mata com requintes de malvadez crianças<br />
sabe-se lá com que justifi cação traumática, que há garotos desaparecidos que nunca<br />
regressam (e outros que felizmente voltam aos pais), que há polícias corruptos e políticos<br />
que só pensam na próxima eleição e no poder absoluto, que há médicos comprados pelo<br />
sistema para assinarem o que for preciso, todos sabemos pois que tudo isto acontece hoje,<br />
neste preciso momento, menos em sociedades mais controladas pelos direitos e deveres<br />
dos cidadãos, é verdade, mais nas despoticamente governadas por tiranos sem escrúpulos<br />
(e há-os para todas as cores e bandeiras!). Não tenhamos ilusões que nada disto mudará<br />
nunca. Basta o rastilho para a pólvora explodir. Por isso o melhor mesmo é afastar o rastilho<br />
da pólvora e esperar que a civilização vá cada vez mais controlando a barbárie, com leis<br />
justas e educações privilegiadas, sem esquecer o cutelo da lei sempre atento ao violador.<br />
Clint Eastwood é um conservador que aposta nos valores e deles não sai. Sabe-se que<br />
muitas vezes é difícil distinguir o Bem do Mal, mas há momentos em que o maniqueísmo<br />
do juízo vingará para sempre. Por exemplo, quer seja em Belém de Judá, quer seja nos<br />
campos de concentração nazis ou nos “goulags” estalinistas, quer seja em Guantánamo<br />
ou nas guerras “justas” de palestinianos (que se imolam com bombas e fazem ir pelos<br />
ares crianças inocentes de todos os credos) e israelitas (que bombardeiam sem cessar<br />
população civil), quer seja às mãos de “serial killers” isolados em qualquer pais do mundo<br />
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sabe-se, de ciência certa, que a morte de inocentes, sejam crianças ou adolescentes, nunca<br />
irá parar. E isso é o Mal, qualquer que seja a justifi cação. Haverá sempre, em qualquer parte<br />
do mundo, um tarado (ou dezenas, ou centenas de tarados, às vezes formando governos!)<br />
que acham justo matar crianças. Mas nada nos fará vacilar no juízo: é um crime, venha ele<br />
com que justifi cação, política ou religiosa, um exemplo bárbaro do exercício do Mal. Por<br />
isso, Clint Eastwood não vacila. Há utopias em que ninguém deve acreditar. Não haverá<br />
“homem novo” nunca. O que temos é o que há, é com este “homem” que teremos viver<br />
até ao fi m. É com esta natureza humana que há que lidar, que aprender a domesticar,<br />
sem retirara a identidade e a diferença, a brandamente civilizar, a tornar mais habitável<br />
o planeta. Lentamente, sem grandes ilusões. Mas vagarosamente o caminho vai sendo<br />
feito, e, sem euforias, podemos dizer, que para cada “serial killer” privado ou militarizado,<br />
há milhões de gente boa que só quer viver bem e ser feliz, de harmonia com o vizinho, sem<br />
raivas nem ódios demenciais.<br />
Antigamente, quando era “Dirty Harry” (e muitos o acusavam de um comportamento<br />
fascista, porque era polícia e fazia justiça pelas próprias mãos, eu próprio o escrevi e não<br />
retiro uma virgula), empunhava a Magnum e disparava a matar. Agora, com o avançar<br />
da idade, segura a câmara de fi lmar e atira certeiramente no alvo. Curiosamente nos tais<br />
polícias que primeiro atiram e depois fazem perguntas. “A Troca” é um ajuste de contas com<br />
a corrupta polícia de Los Angeles no fi nal dos idos anos 20, à beira da Grande Depressão,<br />
denúncia de tal forma vigorosa que deixa alguns a duvidar se esta “história real” não<br />
será antes fi ccionada. Mas não, não é na essência, parece que o argumentista J. Michael<br />
Straczynski ao descobrir o caso de Christine Collins , através de uma qualquer fonte do<br />
“Los Angeles City Hall”, se deixou por tal forma obcecar pelo tema que removeu céus e<br />
terra, e sobretudo arquivos policiais e jurídicos, para reconstituir a tragédia e recuperar<br />
igualmente o que fi cou conhecido como o “Wineville Chicken Coop Murders” ou “Wineville<br />
Chicken Murders”, uma série de raptos e de assassinatos de crianças, ocorridos em Los<br />
Angeles, durante o fi nal da década de 20 do século XX, praticados por um canadiano de<br />
nome Gordon Stewart Northcott, conjuntamente com Sanford Clark, um sobrinho de 14<br />
anos (e diz o registo ofi cial que com a cumplicidade da afi rmada mãe de Gordon, o que no<br />
fi lme é elidido).<br />
Entre as crianças mortas (ou desaparecidas) estaria Walter Collins, fi lho de Christina Collins,<br />
que, a 10 de Março de 1928, havia relatado o desaparecimento da criança à polícia de Los<br />
Angelers. É este caso que dá origem a “A Troca”: alguns meses depois da polícia iniciar<br />
as buscar, Walter é dado como aparecido em DeKalb, Illinois, e trazido para Los Angeles,<br />
para junto da mãe. Esta não reconhece o fi lho, mas a policia insiste que o deve receber<br />
“à experiência”. O que faz, mas o miúdo não é defi nitivamente o seu fi lho, o dentista<br />
confi rma-o, a professora assegura-o, a altura do corpo não bate certo, e uma mãe sabe<br />
sempre quem é o seu fi lho. Excepto se tiver “louca”, o que parece ser uma boa solução<br />
para a polícia que, querendo resolver rapidamente a questão e aquietar os ânimos, envia<br />
Christine Collins para o “Los Angeles County Hospital”, com uma indicação, assinada pelo<br />
capitão J.J Jones, dela ser internada ao abrigo de um celebrado “Code 12”, código esse que<br />
servia para afastar de cena arbitrariamente mulheres indesejáveis para a tranquilidade<br />
das autoridades locais, por essa altura a atravessar um dos períodos de maior corrupção<br />
e venalidade, associada a uma brutalidade policial impressionante. O fi lme mostra-a<br />
rapidamente. O caso apaixonou a opinião pública, subiu aos jornais e à rádio, sobretudo<br />
pela intensa actividade de um sacerdote, o reverendo Gustav Briegleb, que fez de Christina<br />
Collins bandeira para a sua cruzada contra a polícia do Estado.
Segundo se apurou, quase todo o argumento escrito por Straczynski é de uma consistência<br />
factual total, obedecendo a recolha exaustiva de situações, frases de interrogatórios, de<br />
crónicas de jornais, de testemunhos da época, com uma excepção apenas e que se prende<br />
com a estadia de Christine Collins no hospício, onde a lenda é mais forte que os dados<br />
recolhidos. Como já dizia John Ford, mestre confessado de Clint Eastwood, “quando a<br />
lenda é mais forte que a realidade, imprime-se a lenda” (em “O Homem que Matou Liberty<br />
Valance”).<br />
Filme sombrio, duro, agreste, paredes-meias entre o melodrama e o negro “thriller” de<br />
ressonância social, “A Troca” é uma daquelas obras donde se sai com um sintoma de KO na<br />
alma, muito embora o pragmatismo de Clint Eastwood não seja de molde a destruir toda<br />
a esperança na condição humana. Muito pelo contrário, como bom americano, no fi nal as<br />
instâncias judiciais acabam por funcionar, a opinião pública não desarmou e a mãe não<br />
deixou a sua tarefa a meio.<br />
Para nos dar este drama intenso, Clint Eastwood não falha um plano e aponta a câmara<br />
com mestria invulgar. Se querem saber o cinema que mais me agrada, é este, sólido,<br />
clássico, austero, sem rodriguinhos de nenhuma espécie, direito ao que quer contar, sem<br />
efeitos nem fl oreados, não vivendo de uma montagem habilidosa, mas sim de uma<br />
encenação (“mise-en-scéne” lhe chamam os franceses) rigorosa. Aquelas frases célebres<br />
que relembram que “só há um local para colocar a câmara” e que esta deve estar “à altura<br />
dos olhos do realizador” são aqui paradigmas de verdade. A câmara não anda à deriva, está<br />
quase sempre fi xa, movimentos só os essenciais, para acompanhar uma personagem, para<br />
percorrer um friso de rostos que fazem ligações telefónicas, e nada mais. O enquadramento<br />
não mentem. Esta lição de cinema clássico é uma demonstração inequívoca de que as<br />
modas passam, mas o essencial permanece imutável. De Griffi th a Eastwood. Aqui o<br />
cinema é narrativo e poético, porque é sincero e leal. É o grande cinema que faz oscilar<br />
corações e verter lágrimas da mesma forma que agita consciências e introduz dúvidas.<br />
Depois há ainda os actores, todos eles admiráveis, desde a fulgurante Angelina Jolie ao<br />
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96 | da Palavra à Imagem<br />
radical John Malkovich a roçar o fanatismo, passando por todos os polícias, os políticos,<br />
os algozes e as vítimas (que brilhante é o miúdo que confessa a sua ligação aos crimes!).<br />
Pode dizer-se que este é um fi lme de intérpretes, genialmente dirigidos, porque este é<br />
seguramente um fi lme de personagens, de pessoas, que só se poderia erguer se estas<br />
possuíssem a densidade e a autenticidade requeridas. Neste aspecto, “Changeling” é<br />
também uma lição. De resto, tudo parece perfeito nesta obra de uma sublime opacidade,<br />
de uma contagiante angustia e de um desespero eterno. Como eterna é a esperança, não<br />
numa utópica redenção que nunca virá, mas numa progressiva regeneração da condição<br />
humana.<br />
_A TROCA<br />
Título original: Changeling<br />
Realização: Clint Eastwood (EUA, 2008); Argumento: J. Michael Straczynski; Produção: Clint Eastwood, Brian Grazer, Ron<br />
Howard, Geyer Kosinski, Robert Lorenz, Tim Moorem, James Whitaker; Música: Clint Eastwood; Fotografi a (cor): Tom Stern;<br />
Montagem: Joel Cox, Gary Roach; Casting: Ellen Chenoweth; Design de produção: James J. Murakami; Direcção artística:<br />
Patrick M. Sullivan Jr.; Direcção artística: Gary Fettis; Guarda-roupa: Deborah Hopper; Maquilhagem: Tania McComas,<br />
Carol A. O’Connell; Direcção de Produção: Tim Moore; Assistentes de realização: Katie Carroll, Efrain Cortes, Peter Dress,<br />
Donald Murphy, Ruby Stillwater; Departamento de arte: Adrian Gorton, Hugo Santiago, Dianne Wager; Som: Bub Asman,<br />
Alan Robert Murray; Efeitos especiais: David A. Poole, Steve Riley, Dominic V. Ruiz, George Zamora; Efeitos visuais: Geoffrey<br />
Hancock, Claudia Meglin, Michael Owens; Companhias de produção: Imagine Entertainment, Malpaso Productions,<br />
Relativity Media; Intérpretes: Angelina Jolie (Christine Collins), Gattlin Griffi th (Walter Collins), Michelle Martin, Jan<br />
Devereaux, Michael Kelly (Detective Lester Ybarra), Erica Grant, Antonia Bennett, Kerri Randles, Frank Wood (Ben Harris),<br />
Morgan Eastwood, Madison Hodges, John Malkovich (Rev. Gustav Briegleb), Colm Feore (Chefe James E. Davis), Devon<br />
Conti (Arthur Hutchins), J.P. Bumstead, Jeffrey Donovan (Capt. J.J. Jones), Debra Christofferson, Russell Edge, Stephen W.<br />
Alvarez, Peter Gerety, Pete Rockwell, John Harrington Bland (Dr. John Montgomery), Pamela Dunlap, Roger Hewlett, Jim<br />
Cantafi o, Maria J. Rockwell, Wendy Worthington, Riki Lindhome, Dawn Flood, Dale Dickey, Jason Butler Harner (Gordon<br />
Northcott), Eddie Alderson (Sanford Clark), Sterling Wolfe, Michael McCafferty, Amy Ryan (Carol Dexter), David Goldman<br />
(Administrador), Denis O’Hare (Dr. Jonathan Steele), Anthony De Marco, Joshua Logan Moore, Joe Kaprielian, Ric Sarabia,<br />
Muriel Minot, Kevin Glikmann, Drew Richards, Hope Shapiro, Caleb Campbell, Jeff Cockey, Zach Mills, Kelly Lynn Warren,<br />
Colby French, Scott Leva, Richard King, Clint Ward, Geoffrey Pierson, Reed Birney (Mayor Cryer), Michael Dempsey, Peter<br />
Breitmayer, Phil Van Tee, Jim Nieb, Lily Knight (Mrs. Leanne Clay), Jeffrey Hutchinson (Mr. Clay), Brian Prescott, Ryan Cutrona<br />
(Juiz), Mary Stein (Janet Hutchins), Gregg Binkley, William Charlton, Cooper Thornton, Asher Axe, etc. Duração: 141 minutos;<br />
Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 16 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 8 de Janeiro de 2009.
_TROPA DE ELITE<br />
Há uma nova geração de cineastas no Brasil que traz um olhar novo sobre a realidade<br />
do seu país. Nem todos alinham pelo mesmo diapasão, mas pode dizer-se que alguns<br />
não temem enveredar pelas favelas e focar os desgraçados que ali vivem, os gangs que<br />
controlam os movimentos, os polícias que ganham com o esquema montado, os governos<br />
que tentam passar incólumes entre os pingos da chuva, ou as balas dos tiroteios, dandonos<br />
o outro lado do Brasil que o turista vê. Ainda há dias escrevi sobre a Cinelândia, os<br />
cinemas e os cafés, a confeitaria Colombo, e obviamente não reportei as colinas que<br />
descem pesadamente sobre a cidade, essas favelas de pesadelo que lá do cima parecem<br />
controlar os movimentos de quem se passeia no Centro ou na Avenida Atlântica. Não há<br />
um Brasil, há vários. Há também o das favelas, do crime organizado, da droga controlada<br />
e difundida, da polícia que coopera, que protege mediante um tanto, que vende armas<br />
ao assaltante, do coronel que recebe por baixo da mesa o “mensalão” recolhido pelo<br />
subalterno, do burguês que consome droga, sem imaginar quantas crianças é preciso<br />
morrerem para o diletante chutar uns momentos de paraíso artifi cial. Há esse Brasil,<br />
que passou em várias obras, como “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, ou a recente<br />
“Tropa de Elite”, de José Padilha. Não conheço o documentário “Ônibus 174” (que dizem<br />
ser sensacional!) com que o cineasta se estreou no cinema de longa-metragem. Vi agora<br />
no Brasil “Tropa de Elite” que provocou várias ondas de choque de diverso signifi cado,<br />
antes e depois da sua estreia. Antes, porque precedendo de dois meses a sua estreia nas<br />
salas do Brasil, o fi lme vendeu DVD pirata “p’ra caramba” em todas as ruas das cidades<br />
brasileiras, rendendo bons reais aos “camelôs” que os anunciavam clandestinamente<br />
(mas pouco, há todos os DVDs de momento à venda nas ruas do Rio ou de São Paulo).<br />
Dizem que mais de 3 ou 4 milhões de brasileiros viram o fi lme antes da estreia ofi cial<br />
nos cinemas (e na estreia ainda se conseguiu colocar entre os fi lmes brasileiros mais<br />
vistos de sempre no Brasil). É obra. Espíritos mal intencionados insinuaram mesmo e<br />
puseram a correr o boato de que este lançamento clandestino do fi lme fora manobra de<br />
marketing da própria produtora, mas a verdade é que acabou por saber-se, no tribunal,<br />
que foram funcionários sem escrúpulos de uma empresa de legendagem (que preparava<br />
cópias da obra, legendadas em inglês) quem pirateou o fi lme e inundou de reproduções<br />
o mercado. A polémica estoirou mesmo antes do fi lme estrear até porque a polícia se<br />
sentiu “insultada” e resolveu interpor providência cautelar, tentando impedir a sua<br />
exibição. Uma juíza da 1ª Vara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, de seu nome<br />
Flávia de Almeida Viveiros de Castro, negou porém o pedido dos autores, destacando:<br />
“Não existem críticas às instituições. As críticas feitas são ao sistema”. As produtoras e<br />
distribuidoras Zazen Produções e Paramount Pictures do Brasil puderam portanto exibir<br />
o fi lme, passando por cima da denúncia de que este “violava a honra, a dignidade e até<br />
mesmo a integridade física dos integrantes do BOPE”.<br />
Aproxima-nos do âmago de uma das questões: o BOPE (por extenso: Batalhão de<br />
Operações Policiais Especiais). Diz quem viu (não consegui ainda ver, nem em DVD)<br />
que, em 1999, os cineastas João Moreira Salles e Kátia Lund rodaram um documentário,<br />
“Notícias de uma Guerra Particular” (vendido clandestinamente, com o título – inventado!<br />
- “Tropa de Elite, nº 2”, ao que me contam também, o que não deixa de ser pirataria a<br />
dobrar!) onde um capitão do BOPE, Rodrigo Pimentel, confessava estar “cansado” da<br />
batalha diária que travava contra o tráfi co, “já que nenhum resultado efectivo parecia<br />
estar sendo alcançado e os governantes não demonstravam o menor interesse em<br />
fazer algo que pudesse representar uma solução eventual para a criminalidade”. Saiu<br />
97 | da Palavra à Imagem
98 | da Palavra à Imagem<br />
entretanto uma obra, “Elite da Tropa”, escrita por André Batista, Luiz Eduardo Soares e o<br />
mesmo capitão Rodrigo Pimentel (julgo que agora é ex-capitão) que denunciava muito<br />
do que se passava no interior daquela força policial. Oito anos depois da entrevista<br />
concedida a João Moreira Salles e Kátia Lund, Rodrigo Pimentel assina, ao lado de Bráulio<br />
Mantovani (argumentista de “Cidade de Deus”) e de José Padilha, o argumento de “Tropa<br />
de Elite”, que, inicialmente o realizador queria transformar num documentário. Pensou,<br />
porém, que não viveria muitos dias depois da estreia do documentário com as acusações<br />
que o mesmo encerraria, visando factos e personalidades reais, e resolveu ter um pouco<br />
de amor à (sua) vida e à dos seus mais próximos colaboradores, optando por construir<br />
uma fi cção. Que não será menos contundente.<br />
“Tropa de Elite” situa-se no ano de 1997, algum tempo antes da anunciada visita do<br />
Papa João Paulo II ao Rio de Janeiro. Sempre que alguma personalidade importante<br />
visita a cidade, a segurança é duplicada. Com o Papa, foi um pouco diferente. Nenhum<br />
político quer ser acusado de ver o Sumo Pontífi ce alvejado no seu país. Logo, a segurança<br />
é triplicada. Com meses de antecedência preparam-se os “festejos.” Prendem-se os<br />
“suspeitos do costume”, invadem-se os morros e vasculham-se as favelas, intimida-se<br />
meio mundo, tortura-se, mata-se ou deixa-se ali à mão de semear os denunciantes que<br />
pactuaram, para o gang do lado se encarregar deles. Agora mesmo, nesses dias ainda<br />
de início de Junho de 2008, uns militares em acção numa favela do Rio entregaram,<br />
como vingança, três rapazolas “dealers” a um grupo rival de trafi cantes que os torturou<br />
durante horas, cortou pernas e braços, e depois despejou nos caixotes do lixo. Percebe-se,<br />
pois, de que tipo são as relações entre os fora da lei e os agentes da autoridade.<br />
Mas voltemos ao fi lme. Este tem como protagonista o Capitão Nascimento, um dos<br />
comandantes do Batalhão de Operações Especiais, a quem foi atribuída a missão de<br />
garantir a segurança do Papa. Nascimento está cansado das suas tarefas, stressado com<br />
o ritmo e a violência do dia a dia, farto do desgaste físico e psicológico, toma drageias<br />
para sobreviver, e a sua ambição máxima é ver nascer o fi lho que se anuncia. Tem de<br />
arranjar um substituto para o seu cargo se quer uma trégua, está empenhado em várias<br />
frentes, uma delas são as aulas de recruta que ministra aos novos aspirantes. Para se<br />
pertencer ao BOPE tem de se possuir uma têmpera invulgar, passar por provas de tortura,<br />
de humilhação, de resistência, de esforço desmedido. É o que fazem Matias e Neto, os<br />
outros dois protagonistas desta obra. Assiste-se ao seu comportamento nas aulas, ao<br />
seu trabalho nas ruas, e, no caso de Matias, ainda ao seu estudo na Universidade de<br />
Direito, onde procura tirar um curso, passando ignorado junto dos colegas quanto à sua<br />
actividade policial. Descobre como alguns alunos, vindos das boas famílias do Rio Sul,<br />
consomem droga e entra na negociata, penetra no morro atrás de uma namorada que<br />
trabalha numa ONG, dá de cara com o chefe do gang, e é um dia descoberto, quando<br />
uma fotografi a sua, em acção, é colocada na primeira página de um jornal. Quando quer<br />
enviar uns óculos a um miúdo da favela, provoca uma tragédia, que irá desencadear<br />
outra tragédia, que irá desembocar numa espiral de fogo e dor.<br />
Que nos diz a obra? Que os trafi cantes matam e morrem, que os polícias morrem e matam,<br />
que ambos negoceiam entre si, que os poderes sabem e pactuam, que a corrupção<br />
passa do mais alto nível ao mais baixo, que quem não pactua no morro ou no quartel<br />
é linchado, o agente da autoridade é enviado ao morro pelos superiores hierárquicos<br />
para ser abatido, o puto delator é libertado para ser abatido, o polícia que passa na hora<br />
errada é abatido, neste universo de uma brutalidade asfi xiante não há quase rapazes<br />
bons. Quase, porque fi ca o exemplo de Neto e Matias, de Nascimento e de alguns mais
que, apesar de não fi gurarem entre os protagonistas, o fi lme deixa a esperança de, quiçá,<br />
existirem. Há quem acuse a obra de criar heróis, falsos heróis, porque ainda há polícias<br />
honestos. Querem então proclamar que “todos os agentes de segurança”, todos os<br />
“representantes do Poder instituído” são bandidos corruptos? Se for esse o vosso desejo,<br />
o melhor é desistir já. Mas há mais acusações. Que os processos de mafi osos das favelas<br />
e policiais de giro são idênticos. Todos torturam e matam. Pois, essa é uma das acusações<br />
do fi lme, parece-me, com uma ressalva. “Tropa de Elite” não é ingénua ao ponto de propor<br />
a história do pobrezinho desgraçadinho desde criança, e do polícia mauzinho desde o<br />
banco da escola, e do burguesinho de esquerda, intelectual consumidor de haxixe, que<br />
é a voz da consciência desta maldita sociedade destruída pelo dinheiro. Em “Tropa de<br />
Elite” há maus para todos os gostos. Nada é límpido e o “homem novo” está muito longe<br />
de existir. Há uns puros que se vão adaptando à realidade, como é o caso de Matias.<br />
Aliás, nesse aspecto, “Tropa de Elite” é mesmo o trajecto de uma iniciação, de uma<br />
aprendizagem, com aulas teóricas e práticas a toda a hora que, no quartel e cá fora, na<br />
vida quotidiana, em lugar de encaminharem para a honra e a dignidade, se encarregam<br />
de deformar o que de melhor existe dentro do homem. Essa viagem que acompanha o<br />
rosto de Matias, desde a sua promissora e entusiástica entrada no “corpo” da polícia até<br />
ao entrosamento fi nal na “fi losofi a” do mesmo, é um dos elementos brilhantes desta<br />
obra. O plano fi nal de “Tropa de Elite” é elucidativo desse percurso. É esclarecedor da<br />
forma como se destroem homens, como se fabricam “matadores”, como se limpa da face<br />
da terra a ternura, o amor, a bondade. Padilha oferece o retrato do polícia, e do seu ponto<br />
de vista (por exemplo, um deles pergunta: “Acha que vou subir o morro e arriscar minha<br />
vida por 500 reais - cerca de 200 euros - por mês?”). Não me parece justo que sejam<br />
só os marginais a serem “compreendidos”. “Compreender” os polícias, mesmo quando<br />
eles também se assemelham a marginais, é um bom ponto de partida para se tentar<br />
alterar, um pouco que seja, este estado de coisas, que é um “estado de sítio”, sem grandes<br />
esperanças de se ver modifi cado.<br />
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100 | da Palavra à Imagem<br />
O fi lme é ainda muito bom pela sua textura estética e a sua factura técnica. A fotografi a,<br />
de um colorido denso e garrido, saturado, é algo obsessiva, claustrofóbica. A montagem<br />
é excelente, com um ritmo nervoso, inquieto, a câmara oscilando, mudando de<br />
enquadramento, viajando pelo espaço, procurando o centro da acção, o rosto, o olhar,<br />
o fugitivo, a bala perdida ou achada. A narrativa inicia-se num determinado ponto da<br />
história, recua ao passado, e retoma a marcha depois de explicado o que fi cou para trás.<br />
É uma forma brilhante de agarrar o espectador, sem todavia tornar falsa ou rebuscada<br />
a descrição. Muito bons são os actores, na sua totalidade, desde o mais batido em<br />
representação (bom exemplo, Wagner Moura, um dos mais completos actores brasileiros<br />
da actualidade) ao neófi to (André Ramiro, que interpreta Matias, era bilheteiro de cinema<br />
do shopping “Fashion Mall”, no Rio de Janeiro). A violência do clima geral alimentase<br />
muito destas convulsões de caracteres em fúria, em tortura psicológica, em stress<br />
continuado. Por falar em stress continuado, as sequências do treino da tropa de elite são<br />
do melhor que o cinema mundial nos deu até hoje, e já nos deram muitos exemplos de<br />
casos semelhantes (sobretudo os cineastas americanos). Terminando, refi ra-se a escrita<br />
do guião, que é igualmente excelentemente trabalhado, os diálogos que são rigorosos e<br />
efi cazes, o monólogo do capitão Nascimento que é muito bem doseado e colocado nos<br />
espaços e tempos certos.<br />
De resto, Padilha e a sua equipa, fi lmando nas favelas, e introduzindo-se em espaços, no<br />
mínimo “difíceis”, demonstraram grande coragem. Como curiosidade, conte-se que, em<br />
Novembro de 2006, ainda em rodagem em cenários naturais, alguns trafi cantes do morro<br />
Chapéu Mangueira, na Zona Sul do Rio, onde as fi lmagens eram feitas, sequestraram<br />
parte da equipa que trabalhava no fi lme e roubaram as armas utilizadas nas fi lmagens.<br />
59 eram réplicas, mas 31 eram verdadeiras, adaptadas para balas de efeitos especiais.<br />
As fi lmagens foram suspensas durante cerca de duas semanas. Quer dizer: neste país,<br />
sobretudo nesta “cidade maravilhosa” (que o é mesmo!) ninguém deixa de pagar tributo<br />
a este sistema que se quer inexpugnável. Qualquer estranho que aí penetre, e que não<br />
seja trafi cante ou polícia, é olhado como suspeito ou vítima preferencial. O que um<br />
turista de passagem, olhando o morro cá de baixo, de Copacabana, não descobre. Mas<br />
intui.<br />
_TROPA DE ELITE<br />
Título original: Tropa de Elite<br />
Realização: José Padilha (Brasil, 2007); Argumento: Bráulio Mantovani, José Padilha, Rodrigo Pimentel, segundo “Elite da<br />
Tropa”, obra de André Batista, Rodrigo Pimentel, Luiz Eduardo Soares; Produção: Bia Castro, Eduardo Costantini, James<br />
D’Arcy, José Padilha, Marcos Prado, Eliana Soárez, Genna Terranova; Música: Pedro Bromfman; Fotografi a (cor): Lula<br />
Carvalho; Montagem: Daniel Rezende; Design de produção: Tulé Peak; Decoração: Odair Zani; Guarda-roupa: Claudia<br />
Kopke; Maquilhagem: Martin Macias, Ignácio Posadas, Sandro Valério; Direcção de produção: Robert Bella, Maria Clara<br />
Ferreira, Lili Nogueira, Edu Pacheco, Fernando Zagallo; Assistentes de Realização: Laura Flaksman, Laura C. Grant, Daniel<br />
Lentini, Clara Linhart, Malu Miranda, Phil Neilson, Pedro Peregrino, Rafael Salgado; Departamento de arte: Cristina Cirne,<br />
Dejair dos Santos, Thiago Marques; Som: Alessandro Laroca, Eduardo Virmond Lima, Leandro Lima, Fernando Lobo;<br />
Efeitos especiais: Marc Banich, Mauricio Couto Bevilaqua, Mike Edmonson, Sergio Farjalla Jr., Bruno Van Zeebroeck;<br />
Companhias de produção: Zazen Produções, Posto 9, Feijão Filmes, The Weinstein Company, Estúdios Mega, Quanta<br />
Centro de Produções Cinematográfi cas, Universal Pictures do Brasil, Costantini Films.Intérpretes: Wagner Moura<br />
(Capitão Nascimento), Caio Junqueira (Neto), André Ramiro (André Matias), Maria Ribeiro (Rosane), Fernanda Machado<br />
(Maria), Fernanda de Freitas (Roberta), Paulo Vilela (Edu), Milhem Cortaz (Capitão Fábio), Marcelo Valle (Capitão Oliveira),<br />
Fábio Lago (Claudio Mendes de Lima ‘Baiano’), Luiz Gonzaga de Almeida, Bruno Delia (Capitão Azevedo), Marcelo Escorel<br />
(Coronel Otávio), André Felipe (Rodrigues), Thelmo Fernandes (Sargento Alves), Emerson Gomes (Xaveco), Paulo Hamilton<br />
(Soldado Paulo), Bernardo Jablonsky, Daniel Lentini, Thiago Mendonça, Alexandre Mofatti, Erick Oliveira Otto Jr., André<br />
Santinho, Patrick Santos, Ricardo Sodré, Thogun, etc. Duração: 115 minutos; Classifi cação etária: M/18 anos; Distribuição<br />
em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo; Locais de Filmagem: Rio de Janeiro, Brasil; Data de estreia: 10 de Julho de 2008 (<strong>Portugal</strong>).
_A TURMA<br />
François Bégaudeau escreveu o romance que, conjuntamente com Robin Campillo e Laurent<br />
Cantet, adaptou ao cinema, tendo este último realizado o fi lme, enquanto o primeiro fi cava<br />
com a interpretação do protagonista, o professor de francês François Marin, a leccionar<br />
numa escola de Paris, onde, numa turma do 9º ano, se misturam jovens entre os treze e<br />
os quinze anos, de origens diversas, apesar do todos franceses (ainda que a designação<br />
de “franceses”, neste caso, pouco queira dizer). Árabes, negros, mestiços, brancos, chineses,<br />
etc. são a massa nada uniforme dos jovens das grandes cidades, quer se trate de Paris,<br />
de Lisboa, de Madrid, de Londres ou de Nova Iorque. Esta miscigenação que as grandes<br />
emigrações acarretaram traz problemas delicados à escola pública (e “republicana”, como<br />
se afi rma a escola francesa). Esse é o tema de “Entre les Murs”, um fi lme extremamente<br />
curioso que demonstra como é falsa a teoria de que um fi lme adaptado de um romance é<br />
normalmente inferior à obra de origem: aqui passa-se precisamente o contrário. O romance<br />
é interessante, mas o fi lme é bastante superior, talvez por ter condensado de forma muito<br />
hábil tudo quanto de importante o romance continha, dando-lhe uma maior consistência<br />
e coerência. Depois, a densidade psicológica e humana das personagens ganha com a sua<br />
representação (o fi lme é todo ele magnifi camente interpretado por jovens e adultos, os<br />
alunos são espantosos de autenticidade e presença, os professores são muito bons na<br />
forma como desenham personagens de certa complexidade comportamental, em raras<br />
aparições). Há sobretudo na obra uma defi nitiva negação de todo o tipo de maniqueísmo,<br />
de simplifi cação de análise, de olhar a preto e branco a realidade. Todas as fi guras merecem<br />
uma atenção especial, sem paternalismos escusados e despropositados, nem com uma<br />
compreensão exagerada, ainda que se note em toda a obra um olhar de simpatia e<br />
sincera emoção que se transmite ao espectador. Todas aquelas personagens, nos seus<br />
desencontros e querelas, estão marcadas por destinos sociais, por registos humanos, por<br />
parâmetros económicos, por defi nições conjunturais, por aprendizagens culturais, que<br />
os limitam nos movimentos e na sua forma de expressão. A aula é de francês e poucos<br />
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102 | da Palavra à Imagem<br />
sabem exprimir-se correctamente nessa língua, muito embora todos (ou quase todos)<br />
tenham nascido e habitem em Paris, capital de França. Muitos estão ali porque os pais<br />
para ali vieram trabalhar, mas não se sentem franceses, sentem-se perdidos das origens<br />
e náufragos num oceano inóspito. Reagem enquanto tal, mas o professor pretende não<br />
só pô-los a falar francês, ensinar-lhes o signifi cado de certas palavras e a conjugação dos<br />
verbos, como sobretudo quer levá-los a pensar, a agir, a tornarem-se cidadãos com direitos<br />
e deveres. A educação, diga-se o que se disser, é isso mesmo: o ensino da integração de<br />
“rebeldes” sem civilidade numa sociedade organizada, onde existem regras. Tal como<br />
domar um potro selvagem, até que ele obedeça às vozes de comando. A educação pode<br />
ser mais ou menos “moderna”, mais ou menos liberta de amarras, mas nunca será outra<br />
coisa, porque essa é a sua essência. E a sua necessidade intrínseca. A sociedade só vinga se<br />
integrar. Qualquer sociedade. Pretender o contrário é ingenuidade. O que a escola pode e<br />
deve fazer é não assassinar dentro de cada um a sua personalidade, enquanto a integra no<br />
conjunto, na sociedade. Deve ensinar as regras de convivialidade para que posteriormente<br />
cada um escolha o seu caminho, até o da “desintegração”, se acaso for esse o seu desejo.<br />
Mas o mais interessante em “A Turma” é a sua construção que tem tudo a ver com o que<br />
se pretende expressar. Ao contrário do romance (que se assume quase como um esboço<br />
para o que viria a ser depois o fi lme), onde há curtas saídas do espaço da escola, no fi lme<br />
de Laurent Cantet tudo se passa rigorosamente entre as paredes da escola, em quatro<br />
espaços defi nidos, mas que surgem como prolongamentos naturais uns dos outros: a<br />
sala de aulas, a sala dos professores, o gabinete do director, e o recreio (há umas escadas<br />
e uns corredores a ligá-los, mas nada de muito signifi cativo). Há o espaço do confronto<br />
diário, a sala de aula, há o espaço de recolha e descanso do guerreiro, que é a sala dos<br />
professores, há o outro espaço de pausa e revigoramento do outro contendor, o recreio,<br />
e há o espaço de litígio (que tanto pode ser o gabinete do director, como a improvisada<br />
sala do conselho disciplinar). Tudo se estrutura como um confronto, uma refrega diária: o<br />
professor a tentar domar os alunos da sua turma, estes a debaterem-se para não serem<br />
domados, isto é, integrados, assimilados. Luta de classes? Não me parece. Uma luta de<br />
um tipo completamente novo, que, tendo como uma das bases óbvias as diferenciações<br />
económicas, não se limita a elas e as transcende em muito: são lutas geracionais, culturais,<br />
civilizacionais, rácicas, comportamentais. Se virmos bem, ali não haverá grandes distinções<br />
de classe: na verdade, professores e alunos integram-se facilmente numa burguesia<br />
trabalhadora, com ofícios diferenciados, mas com aspirações muito semelhantes: os pais<br />
dos alunos querem o mesmo que os professores: serem integrados, participarem todos de<br />
uma mesma sociedade (basta ver os depoimentos dos pais, sempre que estes participam<br />
na intriga). O problema maior reside numa outra perspectiva do confl ito: os alunos, melhor<br />
dizendo alguns alunos que se tornam focos de indisciplina, não querem ser assimilados.<br />
Por razões políticas? Um pouco, é certo. Há vislumbres de insubmissão política nalgumas<br />
das questões suscitadas ao longo das aulas, mas também não parece ser essa a questão<br />
fulcral. Essa cinge-se a um crescente mal estar de convivência que se vai ampliando à<br />
medida que o fi lme decorre.<br />
De resto, o professor não aparece aqui como o apóstolo da boa vontade, disposto a tudo<br />
para transformar e elevar o estatuto dos alunos (há vários fi lmes que, de uma maneira ou<br />
de outra tentaram essa via, desde o magnífi co “Sementes de Violência” (Blackboard Jungle),<br />
de Richard Brooks (1955), até aos mais recentes “To Sir, With Love”, de James Clavell (1967),<br />
“Mr. Holland’s Opus”, de Stephen Herek (1995), ou “Dangerous Minds”, de John N. Smith<br />
(1995), para só citar alguns). François Marin opta por uma via de constante confronto, não
aceita qualquer tipo de insubordinação, os alunos levantam o braço para falar, pedem<br />
para se levantar, não há telemóveis nem bonés nas aulas, levantam-se quando o director<br />
entra na sala, ninguém se trata por tu, há um distanciamento obrigatório entre professor<br />
e alunos. Há provocações ao nível das perguntas e respostas. O professor não é um pacífi co<br />
instrumento de transmissão de saber. É mais do que isso, porque o que ele pretende é<br />
impor aos alunos regras de pensamento, de actuação, de civilidade. O que os alunos<br />
tentam é furtar-se a esses ensinamentos.<br />
Enquanto alguns alunos se deixam integrar facilmente, outros reagem a essa assimilação.<br />
Em nome de quê? “O professor embirra connosco”, dando a ideia de que existem<br />
tratamentos diferenciados com base na cor da pele, na raça, no estilo de vida. Sim, existem<br />
vestígios de um defi ciente enquadramento social, mas quais as ambições dos jovens? Ser<br />
Zidane, para os originários de África, mas com curiosas nuances entre os de Marrocos e<br />
os do Mali. Depois, entre os brancos, lá está a camisola da equipa portuguesa, com o seu<br />
escudo no peito e, ia jurar, com o nome de Ronaldo nas costas. E para lá de serem famosos<br />
e ricos, muito ricos, que mais os norteia? O uso do telemóvel, o “gosto de fazer amor” e de<br />
espreitar os seios das miúdas, a utilização de t-shits com dísticos alusivos e a insolência<br />
de balouçar nas cadeiras. É pouco, muito pouco, como ideal de vida, mas é o que se pode<br />
arranjar. Ao ver este fi lme, nada diferencia muito estes jovens dos que se encontram<br />
numa aula pública em <strong>Portugal</strong>. Talvez os professores franceses sejam mais exigentes<br />
em disciplina, quando não desistem clamorosamente derrotados, como é o caso de um<br />
exemplo que nos é dado ver.<br />
Estamos no perfeito domínio da tragédia grega (o que, sendo a Grécia o berço da civilização<br />
ocidental, não deixa de ser uma referência muito signifi cativa neste contexto), com um<br />
protagonista e um coro (professor e alunos), e algumas outras personagens (que por<br />
vezes também podem ser vistas como um coro: os professores), onde sobressai a fi gura<br />
do juiz e o tribunal fi nal. De resto, as três unidades de tempo, local e personagens estão<br />
estritamente comportadas no esquema narrativo. Esta estrutura oferece ao fi lme uma<br />
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densidade dramática muito forte, levando o espectador a aderir instantaneamente a uma<br />
teia fi ccional realista (sempre muito próxima da realidade) que se acompanha como um<br />
policial, sem que os autores façam a mais pequena transigência ao espectáculo ou ao<br />
facilitismo das plateias. Creio mesmo que este é um documento de uma séria e profunda<br />
refl exão sobre a educação, a escola, e sobretudo sobre o sentido a dar às sociedades actuais,<br />
onde se mantêm lutas de classes, mas onde se sobrepuseram outras de muito mais<br />
radicais consequências: o que hoje impera no mundo são lutas de culturas, civilizações,<br />
religiões que querem dominar economicamente o planeta e que para o conseguirem<br />
não hesitam em tentarem destruir-se mutuamente. Neste campo, professores e alunos,<br />
consciente ou inconscientemente, travam a sua luta nas salas de aulas, numa altura em<br />
que a globalização coloca lado a lado, numa turma qualquer de uma qualquer escola,<br />
representantes distintos e adversos. Ultrapassar este problema numa perspectiva moderna,<br />
aberta, livre, sinceramente democrática, igualitária, é o grande repto das sociedades actuais.<br />
Nomeadamente da sociedade ocidental, que, não devendo suicidar-se e não podendo<br />
renegar os seus valores e as suas características, terá de arranjar forma de coexistir com<br />
outras sociedades, fortemente ameaçadoras e invasivas. Um equilíbrio na desordem<br />
contemporânea não é fácil, mas ou se encontra, ou a tragédia global está eminente. Ver<br />
um fi lme como “A Turma” desbloqueia e antecipa as mais assustadoras perspectivas.<br />
_A TURMA<br />
Título original : Entre les Murs ou The Class<br />
Realização: Laurent Cantet (França, 2008); Argumento: François Bégaudeau, Robin Campillo, Laurent Cantet, segundo<br />
romance de François Bégaudeau; Produção: Caroline Benjo, Carole Scotta ; Fotografi a (cor): Pierre Milon; Montagem:<br />
Robin Campillo; Direcção de produção: Christina Crassaris, Michel Dubois; Assistentes de Realização: Aurelio Cardenas,<br />
Mathieu Danielo; Som: Jean-Pierre Laforce, Olivier Mauvezin, Agnes Ravez; Casting: Vicky Brougiannaki, Christine<br />
Campion; Companhias de produção: Haut et Court, Canal+, Centre National de la Cinématographie (CNC), France 2<br />
Cinéma, Memento Films Production; Intérpretes: François Bégaudeau (François Marin), Nassim Amrabt, Laura Baquela,<br />
Cherif Bounaïdja Rachedi, Juliette Demaille, Dalla Doucoure, Arthur Fogel, Damien Gomes, etc. Duração: 128 minutos;<br />
Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Midas Filmes; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 30 de Outubro de 2008.
_A VALSA COM BASHIR<br />
Um cão corre para a objectiva, o mesmo é dizer que corre em direcção ao público.<br />
Vem bem de frente, olhos nos olhos do espectador. Olhos raiados de sangue, dentes<br />
afi ados, boca a espumar de raiva e ódio. Um segundo cão junta-se-lhe, um terceiro,<br />
um vigésimo, um vigésimo sexto. O desenho (de Yoni Goodman , excelente!) é duro,<br />
agressivo, as cores limpas, azuis de noite, amarelos dourados de luzes, os transeuntes<br />
afastam-se à passagem da matilha, cadeiras de esplanadas derrubadas, uma mãe<br />
que puxa para si o fi lho que tem ao colo, a corrida é impressionante de vigor até que<br />
tudo se suspende: os cães olham uma janela no cimo de um prédio, onde um homem<br />
os olha igualmente e se interroga. É esse homem que procura, num bar perdido na<br />
noite, Ari Folman, um realizador (o realizador de “A Valsa com Bashir”), e lhe conta o<br />
sonho obsessivo que o não deixa dormir: vinte e seis cães que o perseguem, tal como<br />
a memória de uma guerra passada, onde interveio vinte anos antes. Assim começa “A<br />
Valsa com Bashir”, um longa-metragem de animação, dirigida de forma totalmente<br />
inesperada por um israelita, abordando o confl ito que opõe judeus e árabes, há largos<br />
anos, no Médio Oriente.<br />
Esse amigo confessa a Ari Folman que não percebe o signifi cado dos cães com que<br />
sonha e não recorda nada da guerra. Ari Folman também não se lembra da guerra por<br />
onde passara há vinte anos atrás e que fi cou conhecida como Guerra do Líbano. O fi lme<br />
será uma procura dessa memória, invocando testemunhos de outros combatentes<br />
que tinham estado ao lado de Ari nesse confl ito, sobretudo quando as tropas israelitas<br />
invadiram o Líbano e chegaram a Beirute, passando de caminho pelos massacres de<br />
Sabra e Chatila, que se tornaram tristemente célebres na altura e agora serviram de base<br />
de apoio para esta magnífi ca película de animação (que não é para crianças, mas sim<br />
“para adultos”, sem que a designação contenha qualquer referência a “sexo explicito”).<br />
Convém, no entanto, recuar um pouco e situar historicamente os acontecimentos de<br />
que falamos. O Líbano tinha-se tornado, a partir de 1948, um país em constante estado<br />
de guerra civil, dado que possuía uma população muito heterogénea, composta por<br />
cristãos maronitas e muçulmanos, com entrada no confl ito de países como a Síria<br />
ou Israel e a OLP, de Yasser Arafat. Cada um com ideias defi nidas sobre quem devia<br />
governar, e com os palestinianos furiosos pela sua expulsão da Jordânia, às ordens<br />
de Hussein. As alianças faziam-se e desfaziam-se, tão depressa era a Síria a aliada,<br />
como Israel, e no meio desta onda de violência descontrolada, que causava massacres<br />
de inocentes dos dois lados das barricadas, o próprio país se viu dividido em áreas de<br />
infl uência delimitadas. A luta levou a que a OLP se instalasse no sul do Líbano. Pode<br />
considerar-se que a guerra teve quatro momentos decisivos: entre 1975 e 1977, com<br />
combates e massacres entre as comunidades religiosas, e uma intervenção síria, a<br />
pedido do Parlamento Libanês; entre 1977 e 1982, caracterizada por uma intervenção de<br />
Israel no sul do Líbano, através do que fi cou conhecido como “Operação Litani”; entre<br />
1982 e 1984, com a invasão de Israel, a tomada de Beirute e a posterior intervenção das<br />
Nações Unidas; e entre 1984 e 1990, culminando com os Acordos de Taif, assinados na<br />
Arábia Saudita, onde foram criadas condições para o cessar-fogo em 1990.<br />
Massacres de católicos e de muçulmanos foi acontecimento que se tornou infelizmente<br />
banal, e poucos sabem quem começou esta guerra de guerrilha e de terrorismo insano.<br />
Cada facção aponta o inimigo como principal culpado e um observador isento tem<br />
difi culdade em julgar. Mas isso pouco importa para a análise do fi lme de Ari Folman,<br />
que é sobretudo um olhar retrospectivo sobre a entrada das tropas israelitas no<br />
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Líbano, em 1982, e os massacres do sul da capital libanesa, entre 16 e 18 de Setembro.<br />
O massacre de Sabra e Shatila imolou centenas ou milhares (os números vão de 300 a<br />
3.500, consoante o quadrante) de refugiados civis palestinos, numa acção perpetrada<br />
por milicianos cristãos maronitas, nos campos de Sabra e Shatila, então sob protecção<br />
de Israel. A opinião mundial voltou-se mais uma vez contra Israel e culpou o então<br />
ministro da defesa, Ariel Sharon, de ser pessoalmente responsável pela chacina, tendo<br />
falhado na protecção aos refugiados.<br />
Sharon, quando candidato a Primeiro-ministro de Israel, lamentou as mortes e negou<br />
qualquer responsabilidade. A repercussão do massacre, entretanto, fez com que fosse<br />
demitido do cargo de Ministro da Defesa, na época.<br />
Ari Folman foi um dos soldados israelitas que interveio na ocupação do Líbano, um dos<br />
que penetrou nas ruas da cidade, um dos que olhou o horror dos massacres, um dos que<br />
conheceu o pesadelo da guerra. A ele, como a milhões de outros soldados de qualquer<br />
guerra em qualquer parte do mundo, a memória acudiu para que a vida posterior<br />
fosse possível, e abafou as imagens do sofrimento. Chama-se a isso memória selectiva,<br />
a que enterra em zonas do subconsciente as recordações que ferem a existência do dia<br />
a dia. Há quem diga (muitos fi lmes o reafi rmam continuadamente) que os soldados<br />
quando regressam a casa não sossegam em função das memórias traumáticas da<br />
guerra que viveram. Outros, como Ari Folman, comportam-se de maneira inversa: é a<br />
falta de recordações que os leva à inquietação e à procura desesperada do passado. De<br />
conversa em conversa com antigos camaradas de armas, o realizador vai recuperando<br />
as imagens perdidas, que fi guram no fi lme como “fl ashbacks” de um puzzle que<br />
lentamente vai tomando forma. Ari Folman não vive obcecado pelas recordações, mas<br />
pela ausência delas. Diz: “Acho que é uma coisa muito pessoal. Acho que a maioria<br />
das pessoas suprime memórias dessa natureza por ser uma solução muito efi caz para<br />
a existência.” Aqui é a ausência dessas imagens que provoca a falha de consciência,<br />
o que é traumático. “Neste fi lme, sim. Mas apesar de tudo, as pessoas sobreviveram<br />
ao Holocausto. O que é que nós passámos em comparação com elas? Não é nada<br />
mau suprimir as imagens traumáticas. Mas quando vem tudo ao de cima, é preciso<br />
conseguir lidar com isso.”<br />
Neste processo de recuperação de memória, Ari Folman, conhecido documentarista<br />
israelita, entrevista nove pessoas, sete das quais aceitam dar a cara, sendo que as<br />
duas restantes deram os seus depoimentos a ler a actores. A animação parte então<br />
da imagem real, trabalhada como desenho por uma equipa de técnicos de animação.<br />
Há quem precipitadamente afi rme que se trata de um documentário em animação.<br />
Nada de mais errado, não pela técnica, mas pela pesquisa que o fi lme encerra. Não<br />
há nada de mais subjectivo do que a memória, logo não há nada que possa ser mais<br />
fi ccionado do que esta obra. O que vemos e ouvimos são recordações traumáticas,<br />
muitas vezes recalcadas, logo possivelmente distorcidas, de experiências pessoais que<br />
não têm nada de comum e de objectivo. Esse possivelmente um os fascínios desta<br />
experiência, essa procura de uma objectividade possível, esse ressuscitar da história<br />
pessoal num quadro de História colectiva que se processa através de depoimentos<br />
que nem sempre coincidem, mas que lentamente se vão ajustando na memória de Ari<br />
Folman. A memória deste homem é reavivada por testemunhos exteriores a si, fi ltrados<br />
por experiências privadas diversas, que ele, todavia, vai de certa forma assimilando,<br />
fazendo suas. A recordação da chegada a uma praia, por exemplo, num oceano<br />
juncado de cadáveres, vai sendo progressivamente reavivada. Mas nada nos diz que
se trate de uma reconstituição histórica correcta, mas sim de um puzzle cujas peças<br />
se vão ajustando com base em palavras ouvidas que encontram eco no subconsciente<br />
de Ari Folman. Nada de mais pessoal e intimista, nada de menos documental. Mas<br />
esse é seguramente um dos aspectos mais estimulantes desta pesquisa. Sobre essa<br />
cena da praia, que funciona como um “leit motiv”, o próprio realizador afi rmou (ao<br />
“Sight & Sound”): “It should be hallucinatory but also realistic,” e mais adiante, “We<br />
wanted to make a realistic scene in a very dreamy way, so that you would be confused<br />
until the very end about whether it really happened.” “Waltz With Bashir’” é, por isso<br />
mesmo, um trágico documento “pessoal” sobre o horror da guerra, que um israelita<br />
assume com invulgar coragem e desassombro. Coragem que vai até fi nal, quando, na<br />
derradeira sequência, a animação cede perante as imagens reais do brutal massacre.<br />
Da incansável procura do passado ressurge fi nalmente o passado.<br />
Um belíssimo fi lme de uma actualidade gritante. Quem nos dera que os palestinianos<br />
tivessem do seu lado a oportunidade, ou o desejo, de criarem obra idêntica. Razões não<br />
lhes faltarão certamente. E só da assunção das culpas por ambas as partes se poderá<br />
chegar a um entendimento possível, que reponha a paz na região. Que o cinema pode<br />
ser uma arma, “Valsa com Bashir” atesta-o.<br />
_A VALSA COM BASHIR<br />
Título original: Vals Im Bashir ou Valse avec Bachir ou Waltz with Bashir<br />
Realização: Ari Folman (Israel, Alemanha, França, EUA, 2008); Argumento: Ari Folman; Produção: Ari Folman, Serge Lalou,<br />
Gerhard Meixner, Yael Nahlieli, Roman Paul; Música: Max Richter; Montagem: Feller Nili; Direcção artística: David Polonsky;<br />
Direcção de Produção: David Berdah, Verona Meier; Departamento de arte: Ya’ara Buchman, Michael Faust, Asaf Hanuka,<br />
Tomer Hanuka; Som: Aviv Aldema; Efeitos visuais: Feller Eran, Nitzan Roiy; Animação: Yoni Goodman; Companhias de<br />
produção: Bridgit Folman Film Gang, Les Films d’Ici, Razor Film Produktion GmbH, Arte France, Hot Telecommunication,<br />
ITVS, Israel Film Fund, Medienboard Berlin-Brandenburg, New Israeli Foundation for Cinema and Television, Noga<br />
Communication - Channel 8; Intérpretes (vozes): Ron Ben-Yishai, Ronny Dayag, Ari Folman, Dror Harazi, Yehezkel Lazarov,<br />
Mickey Leon, Ori Sivan, Zahava Solomon, etc. Duração: 90 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Atalanta Filmes; Classifi cação<br />
etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 1 de Janeiro de 2009; Estreia mundial: 12 de Junho de 2008.<br />
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_A VIAGEM AO CENTRO DA TERRA<br />
A herança de Júlio Verne é uma das maiores aventuras do imaginário que a humanidade<br />
alguma vez conheceu - e revisitá-la é sempre um acto estimável. O pior é quando não<br />
se respeita a herança por inteiro e se quer dar alguma consistência “científi ca” ao que<br />
nunca procurou avais para as façanhas que, prodigiosamente, se congeminam. É uma<br />
das coisas que perde este regresso transformado a um dos livros centrais da bibliografi a<br />
verniana. Outra é a acumulação sucessiva e desenfreada de peripécias, mais para<br />
mostrar as hipóteses dos efeitos especiais que para dar argamassa dramática ao fi lme.<br />
Eric Brevig, o realizador, vem, de resto, da área técnica dos efeitos especiais - não admira<br />
que o melhor do fi lme seja isso mesmo. Em algumas salas com projecção digital a fi ta<br />
é exibida em 3-D e o divertimento de feira aumenta de espectacularidade.<br />
J.L.R., in Expresso, 30 de Agosto de 2008<br />
_VIAGEM AO CENTRO DA TERRA<br />
Título original:Journey to the Center of the Earth<br />
Realização: Eric Brevig (EUA, 2008); Argumento: Michael D. Weiss, Jennifer Flackett, Mark Levin, segundo romance de<br />
Julio Verne (“Journey to the Center of the Earth”); Produção: Cale Boyter, Michael Disco, Beau Flynn, Brendan Fraser, Cary<br />
Granat, Charlotte Huggins, W. Mark McNair, Alex Schwartz, Mylan Stepanovich, Evan Turner, Tripp Vinson; Música: Andrew<br />
Lockington; Fotografi a (cor): Chuck Shuman; Montagem: Steven Rosenblum, Paul Martin Smith, Dirk Westervelt; Casting:<br />
Vera Miller, Elisabeth Rudolph; Design de produção: David Sandefur; Direcção artística: Jean Kazemirchuk, Michele Laliberte,<br />
Re’al Proulx; Guarda-roupa: Mario Davignon; Maquilhagem: Kathryn Casault, Corald Giroux, Áslaug Dröfn Sigur ardóttir;<br />
Direcção de produção: Ronald Gilbert, Arni Hansson, Steven Kaminsky; Assistentes de realização: Manon Célestin, Renato<br />
De Cotiis, David Dozoretz, Sean Dwyer; Departamento de arte: C. Scott Baker, Lucie Tremblay; Som: Timothy Nielsen; Efeitos<br />
especiais: Ryal Cosgrove, Eggert Ketilsson, Pascal Souvay, Philippe Souvay, Martin St-Antoine; Efeitos visuais: Michele Linse,<br />
Lisa Marra, Brandy Nightingale, Jonathan Reynolds, Robert Rioux, Mark Theriault, Christopher Townsend; Companhias de<br />
produção: Walden Media, New Line Cinema; Intérpretes: Brendan Fraser (Prof. Trevor Anderson), Josh Hutcherson (Sean<br />
Anderson), Anita Briem (Hannah Ásgeirsson), Seth Meyers (Professor Alan Kitzens), Jean Michel Paré (Max Anderson),<br />
Jane Wheeler (Elizabeth Anderson), Frank Fontaine, Giancarlo Caltabiano, Kaniehtiio Horn, Garth Gilker, etc. Duração: 93<br />
minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Prisvideo; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 28 de Agosto de 2008.
_VIRTUDE FÁCIL<br />
Noel Coward é um dos maiores escritores e dramaturgos ingleses, um homem de um<br />
humor corrosivo, mas fi no e elegante, sarcástico e snob, mas absolutamente imprevisível.<br />
As suas obras criticam numa aparência ligeira os traumas mais profundos da natureza<br />
humana e, sobretudo, da sociedade britânica de início de século XX. Tal como Oscar<br />
Wilde, o escritor que nos parece que mais dele se aproxima, fez da “boutade” uma arte,<br />
do cinismo um modo de vida, do olhar sobranceiro sob os outros uma arte. Como ele<br />
próprio se defi nia, “my life really has been one long extravaganza”.<br />
“Virtude Fácil” foi escrita em 1925, estreada com êxito no palco, logo passada a cinema<br />
por Alfred Hictchcock em 1928. Surge agora uma nova versão, com direcção de Stephan<br />
Elliott, cineasta australiano que há anos nos dera uma extravagância fabulosa, um<br />
musical “queer”, “As Aventuras de Priscila, a Rainha do Deserto”. Esta nova “Virtude<br />
Fácil” parece afastar-se de alguma forma do original (que desconhecemos), sobretudo<br />
introduzindo alguns anacronismos musicais, e envolvendo-a num olhar actual, muito<br />
embora os cenários respeitem escrupulosamente os loucos anos vinte.<br />
A história passa-se quase toda ela numa casa de campo inglesa (o esplendoroso<br />
palacete dos falidos Whittaker), aonde regressa o fi lho da casa, o jovem John Whittaker<br />
(Ben Barnes), recém-casado com uma escultural americana, Larita (Jessica Biel), cujas<br />
maneiras chocam por completo com o puritanismo convencional e hipócrita da<br />
matriarca, Mrs. Whittaker (Kristin Scott Thomas), casada com o distante e cínico Mr.<br />
Whittaker (Colin Firth).<br />
Tal como em muitas outras obras de fi nais do século XIX e inícios do XX, assiste-se a<br />
um confronto de duas culturas e duas civilizações: de um lado a vitoriana Inglaterra,<br />
com preceitos e preconceitos arreigados, do outro lado, uma estouvada e algo<br />
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inocente América, que ousa abrir-se à novidade e à aventura e arrisca novos hábitos<br />
e uma mentalidade radicalmente diferente. Já “Diasy Miller”, de Henry James, falava<br />
do mesmo, mas há inúmeros autores a abordar o tema em diversos romances, peças,<br />
etc. O despertar da América, com o que era considerado o seu novo riquismo e a sua<br />
licenciosidade, não deixava de causar entraves na Velha Grã Bretanha. Esse o confl ito<br />
central de “Easy Virtue”, que Noel Coward desenvolve com uma ironia cortante, um<br />
humor divertidíssimo, um diálogo brilhante, que a realização de Stephan Elliott<br />
serve efi cazmente e um elenco soberbo transforma numa pequena pérola da arte de<br />
representar.<br />
Este corpo a corpo entre uma indomável americana e uma castrante família com<br />
sete gerações de antepassados a tolher-lhe os movimentos é deliciosamente letal.<br />
As mulheres Whittaker, comandadas pela fria e seca mãe, não dão tréguas à bela<br />
americana que trás atrás de si um passado misterioso, que um dia é posto a descoberto.<br />
Mas os homens Whittaker têm, curiosamente comportamentos diferentes. O fi lho<br />
regressa a casa apaixonado, mas vai lentamente sendo absorvido pela conjura materna.<br />
Enquanto isso, o pai (um admirável Colin Firth) vai progressivamente aproximando-se<br />
da nora, até… um fi nal mais ou menos previsível, ou de todo inesperado (conforme a<br />
perspectiva).<br />
O humor instala-se logo desde as primeiras imagens, mas o riso nunca explode em<br />
gargalhadas, antes fi ca suspenso num sorriso que saboreia cada frase e uma vez por<br />
outra escorrega até à farsa (como na sequência de um antipático cãozinho que Larita,<br />
inadvertidamente, transforma em almofada). Uma belíssima comédia de costumes<br />
que terá passado um pouco desapercebida no volume de excelentes estreias deste<br />
início de 2009, mas que merece inteiramente a atenção do espectador.
_VIRTUDE FÁCIL<br />
Título original: Easy Virtue<br />
Realização: Stephan Elliott (Inglaterra, 2008); Argumento: Stephan Elliott, Sheridan Jobbins, segundo peça de Noel Coward;<br />
Produção: Joseph Abrams, Paul Brett, Alexandra Ferguson, Louise Goodsill, Douglas Hansen, Ralph Kamp, Cindy Kirven,<br />
George McGhee, Peter Nichols, Tim Smith, James Spring, James D. Stern, Barnaby Thompson; Música: Marius De Vries;<br />
Fotografi a (cor): Martin Kenzie; Montagem: Sue Blainey; Design de produção: John Beard; Direcção artística: Mark Scruton;<br />
Decoração: Niamh Coulter; Guarda-roupa: Charlotte Walter; Maquilhagem: Tamsin Dorling, Paul Gooch, Paul Mooney, Paula<br />
Price, Jeremy Woodhead; Direcção de Produção: Polly Duval, Charlie Simpson, Tim Wellspring; Assistentes de realização:<br />
James Chasey, Richard Goodwin, Christopher Newman, Carly Taverner; Som: Simon Gershon; Efeitos especiais: Mark<br />
Holt; Efeitos visuais: Simon Carr; Casting: Louis Elman; Companhias de produção: Ealing Studios, Fragile Films, Endgame<br />
Entertainment, BBC Films; Intérpretes: Jessica Biel (Larita Whittaker), Ben Barnes (John Whittaker), Kristin Scott Thomas<br />
(Mrs. Whittaker), Colin Firth (Mr. Whittaker), Kimberley Nixon (Hilda Whittaker), Katherine Parkinson (Marion Whittaker),<br />
Kris Marshall (Furber), Christian Brassington (Phillip Hurst), Charlotte Riley (Sarah Hurst), Jim McManus (Jackson), Pip<br />
Torrens (Lord Hurst), Georgie Glen (Mrs. Landrigin), Laurence Richardson (Marcus), etc. Duração: 97 minutos; Distribuição<br />
em <strong>Portugal</strong>: Valentim de Carvalho; Classifi cação etária: M/ 12 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 1 de Janeiro de 2009;<br />
“Easy Virtue”, primeira adaptação da peça de Noel Coward, data de 1928, e é uma das<br />
primeiras obras de Alfred Hitchcock. O mestre do suspense anda aqui longe do seu território<br />
de eleição, longe ainda também da sua mestria de estilo, mas anuncia-se já um grande<br />
realizador em potência. O fi lme inicia-se e fecha por dois julgamentos da mesma mulher,<br />
Larita, divorciando-se litigiosamente de dois maridos. O primeiro julgamento, que dura<br />
cerca de vinte minutos, vai alternando, numa técnica muito actual, o próprio julgamento,<br />
com fl ashbacks ilustrando os episódios dramáticos que deram origem ao litígio, quando o<br />
primeiro marido de Larita a surpreende nos braços de um pintor, imaginando por isso um<br />
adultério que afi nal nunca existiu. Mais tarde, na Riviera francesa, Larita afoga as mágoas<br />
passeando por courts de ténis, onde encontra um nobre inglês por quem se apaixona e<br />
com quem casa. Nesta altura do fi lme surge a cena mais citada e aquela que surpreende<br />
pela originalidade: o jovem inglês pede Larita em casamento e os espectadores descobrem<br />
qual a resposta através das reacções de uma telefonista que intercepta a chamada e<br />
vai acompanhando o seu desenrolar. Depois, quando viaja para Inglaterra, Larita vê-se<br />
confrontada com uma família puritana e preconceituosa que lentamente lhe destrói<br />
o casamento, instalando novamente a dúvida sobre o seu comportamento. À saída do<br />
tribunal, os repórteres fotográfi cos esperam-na. Ela enfrenta sozinha os fl ashs, e responde<br />
aos jornalistas: “Shoot! Disparem. Não há mais nada que possam matar.”<br />
Uma adaptação muito diferente da versão de 2008, que todavia se mostra muito<br />
curiosa, quer a nível temático, quer a nível formal, na maneira como Hitchcock retém<br />
certos aspectos da estrutura teatral (sobretudo uma representação frontal), mas<br />
a subverte, através de planos fi lmados de outros ângulos, ou numa conjugação de<br />
diferentes grandezas de planos.<br />
Título original: Easy Virtue<br />
Realização: Alfred Hitchcock (Inglaterra, 1928); Argumento: Eliot Stannard segundo peça de Noel Coward; Produção: Michael<br />
Balcon; Fotografi a (p/b): Claude L. McDonnell; Montagem: Ivor Montagu; Direcção artística: Clifford Pember; Assistente<br />
de realização: Frank Mills; Companhias de produção: Gainsborough Pictures; Intérpretes: Isabel Jeans (Larita Filton),<br />
Franklin Dyall (Aubrey Filton), Eric Bransby Williams (Claude Robson), Robin Irvine (John Whittaker), Violet Farebrother (Mrs.<br />
Whittaker), Frank Elliott (Coronel Whittaker), Dacia Deane (Marion Whittaker), Dorothy Boyd (Hilda Whittaker), Enid Stamp-<br />
Taylor (Sarah), Ian Hunter, Alfred Hitchcock (homem perto do court de ténis), Benita Hume, etc. Duração: 79 min | 89 min<br />
(versão restaurada); Distribuição em <strong>Portugal</strong> (DVD): Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 12 anos.<br />
111 | da Palavra à Imagem
http://cineeco2009.blogspot.com/<br />
cineeco@gmail.com<br />
CINEECO2009<br />
XV FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA E VÍDEO DE AMBIENTE DA SERRA DA ESTRELA<br />
17.10 a 24.10<br />
SEIA_SERRA DA ESTRELA
Homenagem a<br />
Edgar Allan Poe
114 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
_THE RAVEN, 1 VERSÃO E 3 TRADUÇÕES<br />
“O Corvo”, o mais célebre poema de Edgar Allan Poe, teve duas versões<br />
e inúmeras traduções. Aqui fi ca a versão defi nitiva do autor e três<br />
traduções brilhantes, todavia, cada uma delas tão representativa de<br />
Edgar Allan Poe como de cada um dos escritores que as traduziram<br />
(Baudelaire, Fernando Pessoa e Machado de Assis). O que demonstra<br />
bem que quem lê, o faz segundo a sua experiência e sensibilidade, pelo<br />
que não há duas “leituras” iguais, e que traduzir pode não ser trair, mas<br />
nunca reproduz a experiência do original.
_THE RAVEN<br />
Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,<br />
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore —<br />
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,<br />
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.<br />
“’Tis some visiter,” I muttered, “tapping at my chamber door —<br />
Only this and nothing more.”<br />
Ah, distinctly I remember it was in the bleak December;<br />
And each separate dying ember wrought its ghost upon the fl oor.<br />
Eagerly I wished the morrow; — vainly I had sought to borrow<br />
From my books surcease of sorrow — sorrow for the lost Lenore —<br />
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore —<br />
Nameless here for evermore.<br />
And the silken, sad, uncertain rustling of each purple curtain<br />
Thrilled me — fi lled me with fantastic terrors never felt before;<br />
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating<br />
“’Tis some visiter entreating entrance at my chamber door —<br />
Some late visiter entreating entrance at my chamber door; —<br />
This it is and nothing more.”<br />
Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,<br />
“Sir,” said I, “or Madam, truly your forgiveness I implore;<br />
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,<br />
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,<br />
That I scarce was sure I heard you” — here I opened wide the door; ——<br />
Darkness there and nothing more.<br />
Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,<br />
Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before;<br />
But the silence was unbroken, and the stillness gave no token,<br />
And the only word there spoken was the whispered word, “Lenore?”<br />
This I whispered, and an echo murmured back the word, “Lenore!” —<br />
Merely this and nothing more.<br />
115 | Edgar Allan Poe no Cinema
116 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Back into the chamber turning, all my soul within me burning,<br />
Soon again I heard a tapping somewhat louder than before.<br />
“Surely,” said I, “surely that is something at my window lattice;<br />
Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore —<br />
Let my heart be still a moment and this mystery explore;—<br />
‘Tis the wind and nothing more!”<br />
Open here I fl ung the shutter, when, with many a fl irt and fl utter,<br />
In there stepped a stately Raven of the saintly days of yore;<br />
Not the least obeisance made he; not a minute stopped or stayed he;<br />
But, with mien of lord or lady, perched above my chamber door —<br />
Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door —<br />
Perched, and sat, and nothing more. [column 5:]<br />
Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,<br />
By the grave and stern decorum of the countenance it wore,<br />
“Though thy crest be shorn and shaven, thou,” I said, “art sure no craven,<br />
Ghastly grim and ancient Raven wandering from the Nightly shore —<br />
Tell me what thy lordly name is on the Night’s Plutonian shore!”<br />
Quoth the Raven “Nevermore.”<br />
Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse so plainly,<br />
Though its answer little meaning — little relevancy bore;<br />
For we cannot help agreeing that no living human being<br />
Ever yet was blessed with seeing bird above his chamber door —<br />
Bird or beast upon the sculptured bust above his chamber door,<br />
With such name as “Nevermore.”<br />
But the Raven, sitting lonely on the placid bust, spoke only<br />
That one word, as if his soul in that one word he did outpour.<br />
Nothing farther then he uttered — not a feather then he fl uttered —<br />
Till I scarcely more than muttered “Other friends have fl own before —<br />
On the morrow he will leave me, as my Hopes have fl own before.”<br />
Then the bird said “Nevermore.”<br />
Startled at the stillness broken by reply so aptly spoken,<br />
“Doubtless,” said I, “what it utters is its only stock and store<br />
Caught from some unhappy master whom unmerciful Disaster<br />
Followed fast and followed faster till his songs one burden bore —<br />
Till the dirges of his Hope that melancholy burden bore<br />
Of ‘Never — nevermore’.”<br />
But the Raven still beguiling my sad fancy into smiling,<br />
Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird, and bust and door;<br />
Then, upon the velvet sinking, I betook myself to linking<br />
Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore —<br />
What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore<br />
Meant in croaking “Nevermore.”
This I sat engaged in guessing, but no syllable expressing<br />
To the fowl whose fi ery eyes now burned into my bosom’s core;<br />
This and more I sat divining, with my head at ease reclining<br />
On the cushion’s velvet lining that the lamp-light gloated o’er,<br />
But whose velvet-violet lining with the lamp-light gloating o’er,<br />
She shall press, ah, nevermore!<br />
Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen censer<br />
Swung by seraphim whose foot-falls tinkled on the tufted fl oor.<br />
“Wretch,” I cried, “thy God hath lent thee — by these angels he hath sent thee<br />
Respite — respite and nepenthe, from thy memories of Lenore;<br />
Quaff, oh quaff this kind nepenthe and forget this lost Lenore!”<br />
Quoth the Raven “Nevermore.”<br />
“Prophet!” said I, “thing of evil! — prophet still, if bird or devil! —<br />
Whether Tempter sent, or whether tempest tossed thee here ashore,<br />
Desolate yet all undaunted, on this desert land enchanted —<br />
On this home by Horror haunted — tell me truly, I implore —<br />
Is there — is there balm in Gilead? — tell me — tell me, I implore!”<br />
Quoth the Raven “Nevermore.”<br />
“Prophet!” said I, “thing of evil! — prophet still, if bird or devil!<br />
By that Heaven that bends above us — by that God we both adore —<br />
Tell this soul with sorrow laden if, within the distant Aidenn,<br />
It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore —<br />
Clasp a rare and radiant maiden whom the angels name Lenore.”<br />
Quoth the Raven “Nevermore.”<br />
“Be that word our sign of parting, bird or fi end!” I shrieked, upstarting —<br />
“Get thee back into the tempest and the Night’s Plutonian shore!<br />
Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!<br />
Leave my loneliness unbroken! — quit the bust above my door!<br />
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!”<br />
Quoth the Raven “Nevermore.”<br />
And the Raven, never fl itting, still is sitting, still is sitting<br />
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;<br />
And his eyes have all the seeming of a demon’s that is dreaming,<br />
And the lamp-light o’er him streaming throws his shadow on the fl oor;<br />
And my soul from out that shadow that lies fl oating on the fl oor<br />
Shall be lifted — nevermore!<br />
Versão fi nal, revista por Põe,<br />
aparecida em “Richmond Semi-Weekly Examiner”, em 1849.<br />
117 | Edgar Allan Poe no Cinema
118 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
_LE CORBEAU<br />
Une fois, sur le minuit lugubre, pendant que je méditais, faible et<br />
fatigué, sur maint précieux et curieux volume d’une doctrine oubliée,<br />
pendant que je donnais de la tête, presque assoupi, soudain il se fi t un<br />
tapotement, comme de quelqu’un frappant doucement, frappant à la porte<br />
de ma chambre. «C’est quelque visiteur, - murmurai-je, - qui frappe à la<br />
porte de ma chambre; ce n’est que cela, et rien de plus.»<br />
Ah! distinctement je me souviens que c’était dans le glacial décembre,<br />
et chaque tison brodait à son tour le plancher du refl et de son agonie.<br />
Ardemment je désirais le matin; en vain m’étais-je efforcé de tirer de<br />
mes livres un sursi à ma tristesse, ma tristesse pour ma Léonore perdue,<br />
pour la précieuse et rayonnante fi lle que les anges nomment Lénore, - et<br />
qu’ici on ne nommera jamais plus.<br />
Et le soyeux, triste et vague brissement des rideaux pourprés me<br />
pénétrait, me remplissait de terreurs fantastiques, inconnues pour moi<br />
jusqu’à ce jour; si bien qu’enfi n, pour apaiser le battement de mon<br />
coeur, je me dressai, répétant: «C’est quelque visiteur qui sollicite<br />
l’entrée à la porte de ma chambre; - c’est cela même, et rien de plus.»<br />
Mon âme en ce moment se sentit plus forte. N’hésitant donc pas plus<br />
longtemps: «Monsieur, - dis-je, - ou madame, en vérité, j’implore votre<br />
pardon; mais le fait est que je sommeillais, et vous êtes venu taper à<br />
la porte de ma chambre, qu’à peine étais-je certain de vous avoir<br />
entendu.» Et alors j’ouvris la porte toute grande; - les ténèbres, et<br />
rien de plus!<br />
Scrutant profondément ces ténèbres, je me tins longtemps plein<br />
d’étonnements, de crainte, de doute, révant des rêves qu’aucun mortel<br />
n’a jamais osé réver; mais le silence ne fut pas troublé, et<br />
l’immobilité ne donna aucun signe, et le seul mot proféré fut un nom<br />
chuchoté: «Léonore!» - C’était moi qui le chuchotais, et un écho à son<br />
tour murmura ce mot: «Lénore!» Purement cela, et rien de plus.
Rentrant dans ma chambre, et sentant en moi toute mon âme incendiée,<br />
j’entendis bientôt un coup un peu plus fort que le premier. «Sûrement, -<br />
dis-je, - sûrement il y a quelque chose aux jalousies de ma fenêtre;<br />
voyons donc ce que c’est, et explorons ce mystère. Laissons mon coeur se<br />
calmer un instant, et explorons ce mystère; c’est le vent, et rien de<br />
plus.»<br />
Je poussais alors le volet, et, avec un tumultueux battement d’ailes,<br />
entra un majestueux corbeau digne des anciens jours. Il ne fi t pas la<br />
moindre révérence, il ne s’arrêta pas, il n’hésita pas une minute; mais,<br />
avec la mine d’un lord ou d’une lady, il se percha au-dessus de la porte<br />
de ma chambre; il se percha sur un buste de Pallas juste au-dessus de la<br />
porte de ma chambre; - il se percha, s’installa, et rien de plus.<br />
Alors, cet oiseau d’ébène, par la gravité de son maintien et la sévérité<br />
de sa physionomie, induisant ma triste imagination à sourire: «Bien que<br />
la tête, - lui dis-je, - soit sans huppe et sans cimier, tu n’es certes<br />
pas un poltron, lugubre et ancien corbeau, voyageur parti des rivages de<br />
la nuit. Dis-moi quel est ton nom seigneurial aux rivages de la nuit<br />
plutonienne! «Le corbeau dit: Jamais plus!»<br />
Je fus émerveillé que ce disgracieux volatile entendît si facilement la<br />
parole, bien que sa réponse n’eût pas un bien grand sens et ne me fît<br />
pas d’un grand secours; car nous devons convenir que jamais il ne fut<br />
donné à un homme vivant de voir un oiseau au-dessus de la porte de sa<br />
chambre, un oiseau ou une bête sur un buste sculpté au-dessus de la<br />
porte de sa chambre, se nommant d’un nom tel que - Jamais plus!<br />
Mais le corbeau, perché solitairement sur le buste placide, ne proféra<br />
que ce mot unique, comme si dans ce mot unique il répandait toute son<br />
âme. Il ne prononça rien de plus; il ne remua pas une plume, - jusqu’à<br />
ce que je me prisse à murmurer faiblement: «D’autres amis se sont déjà<br />
envolés loin de moi; vers le matin, lui aussi, il me quittera comme mes<br />
anciennes espèrances déjà envolées.» L’oiseau dit alors: «Jamais plus!»<br />
Tressaillant au bruit de cette réponse jetée avec tant d’à-propos: «Sans<br />
doute, - dis-je, - ce qu’il prononce est tout son bagage de savoir,<br />
qu’il a pris chez quelque maître infortuné que le Malheur impitoyable a<br />
poursuivi ardement, sans répit, jusqu’à ce que ses chansons n’eussent<br />
plus qu’un seul refrain, jusqu’á ce que le De profundis de son Espérance<br />
eût pris ce mélancolique refrain: «Jamais, jamais plus!»<br />
Mais, le corbeau induisant encore toute ma triste âme à sourire, je<br />
roulai tout de suite un siège à coussins en face de l’oiseau et du buste<br />
et de la porte; alors, m’enfonçant dans le velours, je m’appliquai à<br />
enchaîner les idées aux idées, cherchant ce que cet augural oiseau des<br />
anciens jours, ce que ce triste, disgracieux, sinistre, maigre et<br />
119 | Edgar Allan Poe no Cinema
120 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
augural oiseau des anciens jours voulait faire entendre en croassant son<br />
- Jamais plus!<br />
Je me tenais ainsi, rêvant, conjecturant, mais n’adressant plus une<br />
syllabe à l’oiseau, dont les yeux ardents me brûlaient maintenant<br />
jusqu’au fond du coeur; je cherchai à deviner cela, et plus encore, ma<br />
tête reposant à l’aise sur le velours du coussin que caressait la<br />
lumière de la lampe, ce velours violet caressé par la lumière de la<br />
lampe que sa tête, à Elle, ne pressera plus, - ah! jamais plus!<br />
Alors, il me sembla que l’air s’épaississait, parfumé par un encensoir<br />
invisible que balançaient des séraphins dont les pas frôlaient le tapis<br />
de la chambre. «Infortuné! - m’écriai-je, - ton Dieu t’a donné par ses<br />
anges, il t’a envoyé du répit, du répit et du népenthès dans tes<br />
ressouvenirs de Lénore perdue!» Le corbeau dit: «Jamais plus!»<br />
«Phrophète! - dis-je, - être de malheur! oiseau ou démon, mais toujours<br />
phrophète! que tu sois un envoyé du Tentateur, ou que la tempête t’ait<br />
simplement échoué, naufragé, mais encore intrépide, sur cette terre<br />
déserte, ensocelée, dans ce logis par l’Horreur hanté, - dis-moi<br />
sincèrement, je t’en supplie, existe-t-il ici un baume de Judée! Dis,<br />
dis, je t’en supplie!» Le corbeau dit: «Jamais plus!»<br />
«Phrophète! - dis-je, - être de malheur! oiseau ou démon! Toujours<br />
phrophète! par ce ciel tendu sur nos têtes, par ce Dieu que tous deux<br />
nous adorons, dis à cette âme chargée de douleur si, dans le Paradis<br />
lointain, elle pourra embrasser une fi lle sainte que les anges nomment<br />
Lénore, embrasser une précieuse et rayonnante fi lle que les anges<br />
nomment Léonore.» Le corbeau dit: «Jamais plus!»<br />
«Que cette parole soit le signal de notre séparation, oiseau ou démon! -<br />
hurlai-je en me redressant. - Rentre dans la tempête, retourne au rivage<br />
de la nuit plutonienne; ne laisse pas ici une seule plume noire comme<br />
souvenir du mensonge que ton âme a proféré; laisse ma solitude inviolée;<br />
quitte ce buste au-dessus de ma porte; arrache ton bec de mon coeur, et<br />
précipite ton spectre loin de ma porte!» Le corbeau dit: «Jamais plus!»<br />
Et le corbeau, immuable, est toujours installé, toujours installé sur le<br />
buste pâle de Pallas, juste au-dessus de la porte de ma chambre; et ses<br />
yeux ont toute la semblance des yeux d’un démon qui rêve; et la lumière<br />
de la lampe, en ruisselant sur lui, projette son ombre sur le plancher;<br />
et mon âme, hors du cercle de cette ombre qui gît fl ottant sur le<br />
plancher, ne pourra plus s’élever, - jamais plus!<br />
(Tradução de Charles Baudelaire, 1856)
_O CORVO<br />
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,<br />
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,<br />
E já quase adormecia, ouvi o que parecia<br />
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.<br />
“Uma visita”, eu me disse, “está batendo a meus umbrais.<br />
É só isto, e nada mais.”<br />
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio Dezembro,<br />
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.<br />
Como eu qu’ria a madrugada, toda a noite aos livros dada<br />
P’ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -<br />
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,<br />
Mas sem nome aqui jamais!<br />
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo<br />
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!<br />
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,<br />
“É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;<br />
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.<br />
É só isto, e nada mais”.<br />
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,<br />
“Senhor”, eu disse, “ou senhora, decerto me desculpais;<br />
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,<br />
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,<br />
Que mal ouvi...” E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.<br />
Noite, noite e nada mais.<br />
A treva enorme fi tando, fi quei perdido receando,<br />
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.<br />
Mas a noite era infi nita, a paz profunda e maldita,<br />
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -<br />
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.<br />
121 | Edgar Allan Poe no Cinema
122 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Isso só e nada mais.<br />
Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,<br />
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.<br />
“Por certo”, disse eu, “aquela bulha é na minha janela.<br />
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.”<br />
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.<br />
“É o vento, e nada mais.”<br />
Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,<br />
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.<br />
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,<br />
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,<br />
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,<br />
Foi, pousou, e nada mais.<br />
E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura<br />
Com o solene decoro de seus ares rituais.<br />
“Tens o aspecto tosquiado”, disse eu, “mas de nobre e ousado,<br />
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!<br />
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais.”<br />
Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />
Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,<br />
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.<br />
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido<br />
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,<br />
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,<br />
Com o nome “Nunca mais”.<br />
Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,<br />
Que essa frase, qual se nela a alma lhe fi casse em ais.<br />
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento<br />
Perdido, murmurei lento, “Amigo, sonhos - mortais<br />
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais”.<br />
Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />
A alma súbito movida por frase tão bem cabida,<br />
“Por certo”, disse eu, “são estas vozes usuais,<br />
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono<br />
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,<br />
E o bordão de desesp’rança de seu canto cheio de ais<br />
Era este “Nunca mais”.<br />
Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,<br />
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;<br />
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira<br />
Que qu’ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,<br />
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele “Nunca mais”.<br />
Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo<br />
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,<br />
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando<br />
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,<br />
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,<br />
Reclinar-se-á nunca mais!<br />
Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso<br />
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.<br />
“Maldito!”, a mim disse, “deu-te Deus, por anjos concedeu-te<br />
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,<br />
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!”<br />
Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />
“Profeta”, disse eu, “profeta - ou demónio ou ave preta!<br />
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,<br />
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,<br />
A esta casa de ânsia e medo, dize a esta alma a quem atrais<br />
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!<br />
Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />
“Profeta”, disse eu, “profeta - ou demónio ou ave preta!<br />
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.<br />
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida<br />
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,<br />
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!”<br />
Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />
“Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!”, eu disse. “Parte!<br />
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!<br />
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!<br />
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!<br />
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!”<br />
Disse o corvo, “Nunca mais”.<br />
E o corvo, na noite infi nda, está ainda, está ainda<br />
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.<br />
Seu olhar tem a medonha cor de um demónio que sonha,<br />
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,<br />
Libertar-se-á... nunca mais!<br />
(Tradução de Fernando Pessoa)<br />
123 | Edgar Allan Poe no Cinema
124 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
_O CORVO<br />
Em certo dia, à hora<br />
Da meia-noite que apavora,<br />
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,<br />
Ao pé de muita lauda antiga,<br />
De uma velha doutrina agora morta,<br />
Ia pensando, quando ouvi à porta<br />
Do meu quarto um soar devagarinho,<br />
E disse estas palavras tais:<br />
“É alguém que me bate à porta de<br />
mansinho;<br />
Há de ser isso e nada mais”.<br />
Ah! bem me lembro! bem me lembro!<br />
Era no glacial Dezembros;<br />
Cada brasa do lar sobre o colchão refl etia<br />
A sua última agonia.<br />
Eu ansioso pelo Sol, buscava<br />
Sacar daqueles livros que estudava<br />
Repouso (em vão!) à dor esmagadora<br />
Destas saudades imortais<br />
Pela que ora nos céus anjos chamam<br />
Lenora,<br />
E que ninguém chamará mais.<br />
E o rumor triste, vago, brando<br />
Das cortinas ia acordando<br />
Dentro em meu coração um rumor não<br />
sabido,<br />
Nunca por ele padecido.<br />
Enfi m, por aplacá-lo aqui, no peito,<br />
Levantei-me de pronto, e “Com efeito,<br />
(Disse), é visita amiga e retardada<br />
“Que bate a estas horas tais.<br />
“É visita que pede à minha porta<br />
entrada:<br />
“Há de ser isso e nada mais”.<br />
Minh’alma então sentiu-se forte;<br />
Não mais vacilo, e desta sorte<br />
Falo: “Imploro de vós - ou senhor ou<br />
senhora,<br />
Me desculpeis tanta demora.<br />
“Mas como eu, precisando de descanso<br />
“Já cochilava, e tão de manso e manso,<br />
“Batestes, não fui logo, prestemente,<br />
“Certifi car-me que aí estais”.<br />
Disse; a porta escancar, acho a noite<br />
somente,<br />
somente a noite, e nada mais.<br />
Com longo olhar escruto a sombra<br />
Que me amedronta, que me assombra.<br />
E sonho o que nenhum mortal há já<br />
sonhado,<br />
Mas o silêncio amplo e calado,<br />
Calado fi ca; a quietação quieta;<br />
Só tu, palavra única e dilecta,<br />
Lenora, tu, com um suspiro escasso,<br />
Da minha triste boca sais;<br />
E o eco, que te ouviu, murmurou-te no<br />
espaço;<br />
Foi isso apenas, nada mais.<br />
Entro co’a alma incendiada.<br />
Logo depois outra pancada<br />
Soa um pouco mais forte; eu, voltandome<br />
a ela:<br />
“Seguramente, há na janela<br />
Alguma coisa que sussurra. Abramos,<br />
“Eia, fora o temor, eia, vejamos<br />
“A explicação do caso misterioso<br />
Dessas duas pancadas tais,<br />
“Devolvamos a paz ao coração medroso,<br />
“Obra do vento, e nada mais”.
Abro a janela, e de repente,<br />
Vejo tumultuosamente<br />
Um nobre corvo entrar, digno de antigos<br />
dias.<br />
Não despendeu em cortesias<br />
Um minuto, um instante. Tinha o<br />
aspecto<br />
de um lord ou de uma lady. E pronto e<br />
reto,<br />
Movendo no ar as suas negras alas,<br />
Acima voa dos portais,<br />
Trepa, no alto da porta em um busto de<br />
Palas:<br />
Trepado fi ca, e nada mais.<br />
Diante da ave feia e escura,<br />
Naquela rígida postura,<br />
Com o gosto severo, - o triste<br />
pensamento<br />
Sorriu-me ali por um momento,<br />
E eu disse: “Ó tu que das nocturnas<br />
plagas<br />
“Vens, embora a cabeça nua tragas,<br />
“Sem topete, não és ave medrosa,<br />
“Dize os teus nomes senhoriais;<br />
“Como te chamas tu na grande noite<br />
umbrosa?”<br />
E o corvo disse: “Nunca mais”.<br />
Vendo que o pássaro entendia<br />
A pergunta que eu lhe fazia,<br />
Fico atônito, embora a resposta que dera<br />
Difi cilmente lha entendera.<br />
Na verdade, jamais homem há visto<br />
Coisa na terra semelhante a isto:<br />
Uma ave negra, friamente posta<br />
Num busto, acima dos portais,<br />
Ouvir uma pergunta a dizer em resposta<br />
Que este é seu nome: “Nunca mais”.<br />
No entanto, o corvo solitário<br />
Não teve outro vocabulário.<br />
Como se essa palavra escassa que ali<br />
disse<br />
Toda sua alma resumisse,<br />
Nenhuma outra proferiu, nenhuma.<br />
Não chegou a mexer uma só pluma,<br />
Até que eu murmurei: “Perdi outrora<br />
“Tantos amigos tão leais!<br />
“Perderei também este em regressando<br />
a aurora”.<br />
E o corvo disse: “Nunca mais!”<br />
Estremeço. A resposta ouvida<br />
É tão exata! é tão cabida!<br />
“Certamente, digo eu, essa é toda a<br />
ciência<br />
“Que ele trouxe da convivência<br />
“De algum mestre infeliz e<br />
acabrunhado<br />
“Que o implacável destino há castigado<br />
“Tão tenaz, tão sem pausa, nem fadiga,<br />
“Que dos seus cantos usuais<br />
“Só lhe fi cou, na amarga e última<br />
cantiga,<br />
“Esse estribilho: “Nunca mais”.<br />
Segunda vez nesse momento<br />
Sorriu-me o triste pensamento;<br />
Vou sentar-me defronte ao corvo<br />
magro e rudo;<br />
E, mergulhando no veludo<br />
Da poltrona que eu mesmo ali trouxera,<br />
Achar procuro a lúgubre quimera,<br />
A alma, o sentido, o pávido segredo<br />
Daquelas sílabas fatais,<br />
Entender o que quis dizer a ave do<br />
medo<br />
Grasnando a frase: “Nunca mais”.<br />
Assim posto, devaneando,<br />
Meditando, conjecturando,<br />
Não lhe falava mais; mas, se lhe não<br />
falava,<br />
Sentia o olhar que me abrasava.<br />
Conjecturando fui, tranquilo, a gosto,<br />
Com a cabeça no macio encosto<br />
Onde os raios da Lâmpada caíam,<br />
Onde as tranças angelicais<br />
De outra cabeça outrora ali se<br />
desparziam<br />
E agora não se esparzem mais.<br />
Supus então que o ar, mais denso,<br />
Todo se enchia de um incenso,<br />
Obra de serafi ns que, pelo chão<br />
roçando<br />
Do quarto, estavam meneando<br />
Um ligeiro turíbulo invisível:<br />
E eu exclamei então: “Um Deus sensível<br />
“Manda repouso à dor que te devora<br />
“Destas saudades imortais.<br />
“Eia, esquece, eia, olvida essa extinta<br />
Lenora”.<br />
E o corvo disse: “Nunca mais”.<br />
125 | Edgar Allan Poe no Cinema
126 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
“Profeta, ou o que quer que sejas!<br />
“Ave ou demónio que negrejas!<br />
“Profeta sempre, escuta: Ou venhas tu do<br />
inferno<br />
“Onde reside o mal eterno,<br />
“Ou simplesmente náufrago escapado<br />
“Venhas do temporal que te há lançado<br />
“Nesta casa onde o Horror, o Horror<br />
profundo<br />
“Tem os seus lares triunfais,<br />
“Dize-me: existe acaso um bálsamo no<br />
mundo?”<br />
E o corvo disse: “Nunca mais”.<br />
“Profeta, ou o que quer que sejas!<br />
“Ave ou demónio que negrejas!<br />
“Profeta sempre, escuta, atende, escuta,<br />
atende!<br />
“Por esse céu que além se estende,<br />
“Pelo Deus que ambos adoramos, fala,<br />
“Dize a esta alma se é dado inda escutá-la<br />
“No Éden celeste a virgem que ela chora<br />
“Nestes retiros sepulcrais,<br />
“Essa que ora nos céus anjos chamam<br />
Lenora!”<br />
E o corvo disse: “Nunca mais!”<br />
“Ave ou demónio que negrejas!<br />
“Profeta, ou o que quer que sejas!<br />
“Cessa, ai, cessa! (clamei, levantando-me)<br />
cessa!<br />
“Regressando ao temporal, regressa<br />
“À tua noite, deixa-me comigo...<br />
“Vai-te, não fi que no meu casto abrigo<br />
“Pluma que lembre essa mentira tua.<br />
“Tira-me ao peito essas fatais<br />
“Garras que abrindo vão a minha dor já<br />
crua”<br />
E o corvo disse: “Nunca mais”.<br />
E o corvo aí fi ca; ei-lo trepado<br />
No branco mármore lavrado<br />
Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.<br />
Parece, ao ver-lhe o duro cenho,<br />
Um demónio sonhando. A luz caída<br />
Do lampião sobre a ave aborrecida<br />
No chão espraia a triste sombra; e fora<br />
Daquelas linhas funerais<br />
Que fl utuam no chão, a minha alma que<br />
chora<br />
Não sai mais, nunca, nunca mais.<br />
(tradução de Machado de Assis)
Edgar Allan Poe<br />
no Cinema
128 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
_NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA<br />
_EDGAR ALLAN POE, A VIDA<br />
Em Janeiro de 2009 comemoram-se dois séculos sobre o nascimento de Edgar Allan Poe,<br />
certamente um dos vultos maiores da literatura norte-americana e um dos homens que<br />
mais infl uência exerceu sobre o imaginário (não só a literatura, mas também o cinema, o<br />
teatro, a música, as artes plásticas…) dos séculos XIX e XX.<br />
Nascido em Boston, nos Estados Unidos da América, a 19 de Janeiro de 1809 e falecido a 7<br />
de Outubro de 1849, em Baltimore, foi escritor, poeta, romancista, crítico literário e editor,<br />
cultivando (ou mesmo inventando) géneros como o policial, a fi cção científi ca, o terror,<br />
o horror, o fantástico… Na verdade, ao lado de Jules Verne, ele é um dos precursores da<br />
literatura de fi cção científi ca e fantástica modernas. Algumas das suas novelas, e lembramos<br />
“The Murders in the Rue Morgue” (Os Crimes da Rua Morgue), “The Purloined Letter” (A Carta<br />
Roubada) ou “The Mystery of Marie Roget” (O Mistério de Maria Roget), fi guram entre as<br />
primeiras obras reconhecidas como policiais. Foi ainda o autêntico iniciador de uma moderna<br />
literatura norte-americana. Todos lhe devem muito.<br />
Os pais de Edgar Allan Poe provinham de famílias irlandesas e escocesas. Era fi lho de um actor,<br />
David Poe Jr., que abandonou a família em 1810, e de uma actriz, Elizabeth Arnold Hopkins Poe,<br />
que morreu de tuberculose em 1811. Órfão aos dois anos de idade, Poe saltou para o colo de<br />
Francis Allan, que ao que tudo indica o idolatrava, e do marido John Allan, mercador de tabaco<br />
de Richmond, comerciante bem sucedido na vida que, todavia, nunca mostrou particular<br />
afeição pelo jovem. Nunca o adoptou legalmente, apesar de Edgar usar o sobrenome Allan.<br />
Viajaram até Londres, onde frequentou a escola de Misses Duborg, e a Manor School, em<br />
Stoke Newington, tendo depois a família regressado a Richmond em 1820. Em 1826, cursou<br />
durante um ano a Universidade da Virgínia, sendo expulso mercê do seu estilo aventureiro e<br />
boémio. Noitadas, jogo, mulheres, e álcool, a que tudo indica era ultra susceptível: o que seria<br />
Edgar Allan Poe Virginia Poe
uma dose inofensiva para a maioria, nele revelava-se de efeito fulminante. Por tudo isto, e<br />
muitas dívidas ao jogo, desentende-se com o padrasto, e alista-se nas forças armadas, sob o<br />
nome Edgar A. Perry, em 1827. Nesse ano, Poe publicou o seu primeiro livro, “Tamerlane and<br />
Other Poems”. Depois de dois anos de serviço militar, foi dispensado. Em 1829, a madrasta<br />
morre, ele publicou o seu segundo livro, “Al Aaraf”, e reconciliou-se com o seu padrasto, que<br />
o auxilia a entrar para a Academia Militar de West Point. Desobediente e rebelde, acaba de<br />
novo expulso, em 1831. Foi a gota que transbordou e o padrasto repudiou-o defi nitivamente.<br />
Morreria em 1834, sem o considerar no seu testamento.<br />
Edgar Allan Poe mudou-se, para Baltimore, para casa de uma sua tia viúva, Maria Clemm,<br />
e da fi lha, Virgínia Clemm. Durante esta época, Poe escreveu muita fi cção que o ajudou a<br />
sobreviver. Em fi nais de 1835, tornou-se editor do jornal “Sothern Literary Messenger”, em<br />
Richmond, lugar que ocupou até 1837. Entretanto, casa, em segredo, em 1836, com a sua<br />
prima Virgínia, que contava na altura apenas treze anos.<br />
Em 1837, Poe vai para Nova Iorque, onde passaria quinze meses aparentemente improdutivos,<br />
antes de se mudar para Filadélfi a, e pouco depois publicar “The Narrative of Arthur Gordon<br />
Pym”. No verão de 1839, é editor assistente da “Burton’s Gentleman’s Magazine”, onde<br />
publicou um grande número de artigos, histórias e críticas. Nesse mesmo ano, foi publicada,<br />
em dois volumes, a sua colecção “Tales of the Grotesque and Arabesque” (traduzida para<br />
francês por Baudelaire como “Histoires Extraordinaires” e para português como Histórias<br />
Extraodinárias), que, apesar do fracasso de vendas, se torna rapidamente uma referência da<br />
literatura norte-americana.<br />
Pouco depois, Virgínia Clemm descobre que sofre de tuberculose, e o desenlace é rápido. A<br />
doença e a morte da mulher levam Poe ao consumo excessivo de álcool e, algum tempo<br />
depois, este deixou a “Burton’s Gentleman’s Magazine” para procurar um novo emprego.<br />
Regressa a Nova Iorque, onde trabalhou brevemente no “Evening Mirror”, antes de se tornar<br />
editor do “Broadway Journal”. No início de 1845, foi publicado, no jornal “Evening Mirror”, o seu<br />
A casa de Nova Iorque onde viveram E. A. Poe e Virginia Poe.<br />
129 | Edgar Allan Poe no Cinema
130 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
popular poema “The Raven” (“O Corvo”). Em 1846, o “Broadway Journal” faliu, e Poe mudou-se<br />
para uma casa no Bronx, hoje conhecida como “Poe Cottage”, casa museu aberta ao público.<br />
Aí continuaria a morar Virgínia até falecer no ano seguinte ao da morte de Poe. Cada vez mais<br />
instável, Poe tenta seduzir a poeta Sarah Helen Whitman, noivado que acabaria por falhar,<br />
alegadamente em virtude do comportamento errático e alcoólico de Poe, mas provavelmente<br />
também devido à intromissão da mãe da noiva. Nesta época, segundo relatos próprios, Poe<br />
tenta o suicídio, encharcando-se em láudano. Acaba por regressar a Richmond, onde retoma<br />
a relação com uma paixão de infância, Sarah Elmira Royster, nessa altura viúva.<br />
A 3 de Outubro de 1849, Poe foi encontrado nas ruas de Baltimore, com roupas que não eram<br />
as suas, em estado de “delirium tremens”. É levado para o Washington College Hospital, onde<br />
veio a morrer quatro dias depois. Nos derradeiros dias nunca conseguiu estabelecer um<br />
discurso coerente, de modo a explicar como tinha chegado à situação na qual foi encontrado.<br />
As suas últimas palavras teriam sido, de acordo com determinadas fontes, “It’s all over now:<br />
write Eddy is no more” (“Está tudo acabado: escrevam Eddy já não existe”). De acordo com<br />
outras fontes, as últimas palavras teriam sido “Lord, help my poor soul” (Senhor, ajuda a minha<br />
pobre alma!”). Se a vida de Edgar Allan Poe nunca foi linear e clara, a sua morte transformá-loá<br />
num mito, tal a invulgar difi culdade em ser esclarecida. As causas nunca foram apuradas,<br />
sendo vulgar, atribui-la a embriaguez comatosa. Mas surgem outras explicações ao longo<br />
dos anos, como diabetes, sífi lis, raiva, e doenças cerebrais não especifi cadas.<br />
Todo este universo de extrema lucidez e/ou profunda loucura acaba por ser usado/<br />
aproveitado/ transfi gurado de forma brilhante e genial pelo autor na escrita da sua<br />
obra literária, muito mais propensa a um terror psicológico, à criação de uma ambiência<br />
fantástica, do que comprazer-se na descrição de actos de terror gratuito. A loucura e a doença<br />
dos seus protagonistas (todas as suas obras se mostram, não diremos autobiográfi cas, mas<br />
assumidamente pessoais, porque escritas na primeira pessoa) leva-os a actos estranhos,<br />
delírios, pesadelos, odientos crimes.
_ROGER CORMAN E O “CICLO POE” - NA REVISTA FILME (1963)<br />
A recuperação deste texto meu, datado de 1963, e aparecido na revista “Filme”, dirigida<br />
por Luís de Pina, é uma curiosidade que não deixa de suscitar nostalgia e um irónico<br />
sorriso. Creio que foi o meu primeiro trabalho para essa revista, e motivou um dos<br />
primeiros encontros com Luís de Pina, de quem tive o privilégio de vir a ser amigo, até à<br />
sua morte prematura. Depois, nesse ano, muito poucos davam atenção a obras estreadas<br />
em cinemas populares como o Olympia, onde se lançaram em <strong>Portugal</strong> quase todos os<br />
fi lmes de Roger Corman. Na altura eram salas “inferiores”, onde raramente se estreavam<br />
obras de certa “dignidade” cinematográfi ca. Foi lá que descobri Roger Corman, foi nessa<br />
altura que o defendi com unhas e dentes, este um dos textos onde isso aconteceu. Mais<br />
tarde, tudo mudou e Corman tornou-se um “must” da “inteligência” internacional (logo<br />
da “inteligência” nacional). Ultimamente até com passagem na elitista Cinemateca<br />
Portuguesa. Mas no catálogo do Ciclo dedicado a Roger Corman não aparece uma<br />
única referência a estes textos, escritos por um crítico de 21 anos. Mas surgem muitas<br />
transcrições de textos estrangeiros, todos eles referentes a publicações posteriores a 1985.<br />
Curioso.<br />
A recente exibição entre nós, com o curto intervalo de dois meses, de várias películas<br />
de Roger Corman – “A Queda da Casa Usher” (“The Fall of House of Usher”), “O Fosso<br />
e o Pêndulo” (“The Pit and the Pendulum”), “A Maldita, o Gato e a Morte” (“Tales of<br />
Terror”) e “Armas em Fúria” (“The Gunlinger”) (1), chamou a atenção do público e da<br />
crítica lisboeta para este jovem realizador que produziu já cerca de sessenta películas,<br />
tendo realizado, dentre estas, quarenta e tantas.<br />
Roger Corman (2) nasceu em Michigan (Detroit), a 5 de Abril de 1926. Fez os estudos<br />
primários na Califórnia e frequentou a Universidade de Standford. Durante a 2ª Grande<br />
Guerra, encontramo-lo num curso preparatório para ofi ciais da Marinha, donde sai<br />
bacharelado em ciências marítimas. Quando a guerra terminou, Corman trabalhou<br />
como engenheiro, “durante quatro dias” (como ele próprio afi rma), fi ndos os quais se<br />
emprega na Twentieth Century Fox.<br />
Tendo passado por quase todos os lugares que conduzem à criação cinematográfi ca,<br />
propriamente dita, Corman tornou-se, rapidamente, um “story analyst”, altura em<br />
que partiu para Inglaterra, a fi m de apresentar uma tese na Universidade de Oxford,<br />
sobre literatura inglesa. Antes de regressar à América, viajou pela Europa, tendo-se<br />
fi xado algum tempo em Paris. De volta à Califórnia dispersou colaboração literária<br />
por diversas revistas e escreveu alguns argumentos que mereceram a adaptação ao<br />
cinema.<br />
Finalmente, em 1954, produziu um fi lme sobre um “script” seu (“Monster from the<br />
Ocean Floor”) e nesse mesmo ano funda uma nova empresa produtora de fi lmes (a<br />
American-lnternational-Pictures) cuja primeira película foi “The Fast and the Furious”,<br />
com Dorothy Malone e John Ireland.<br />
No ano seguinte (1955) realiza o seu primeiro fi lme (“Five Guns West”), um “western”<br />
que teve muito bom acolhimento e lhe abriu as portas a uma carreira fecunda e<br />
promissora.<br />
Quase nunca a abundância refl ecte qualidade ou, pelo menos, honestidade de<br />
processos e de fi ns. Poderá, portanto, começar por pensar-se que Roger Corman,<br />
realizando uma média de sete ou oito fi lmes anuais (quarenta e cinco, em sete anos),<br />
alcançando mesmo os dez, nalguns anos, é o género de realizador puramente comercial,<br />
131 | Edgar Allan Poe no Cinema
132 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
sem pretensões de qualquer espécie, a não ser as sempre deploráveis intenções de<br />
mistifi car, agradando ao público, servindo-o nos seus instintos mais primários. Ora<br />
tal não parece ter sido nunca o caso de Roger Corman, de quem conhecemos apenas<br />
três das obras atrás mencionadas, mas de quem colhemos excelentes referências de<br />
probidade profi ssional e cujas duas últimas obras conhecidas – “Young Racers” e “The<br />
Intruder” - refl ectem preocupações de ordem social, bem defi nidas.<br />
O caminho percorrido por este jovem - o inverso do de um Martin Ritt, de um Sidney<br />
Lumet ou de um Delbert Mann, que começaram as suas carreiras com obras que<br />
se recusavam moldar ao esquema comercial da máquina de Hollywood - parece<br />
igualmente assegurar um interessante futuro onde serão possíveis películas de grande<br />
qualidade.<br />
É interessante referir o tipo de produção que Corman adoptou e que revela, apesar de<br />
ser genuinamente americano, uma certa originalidade de processos. Para conseguir<br />
um ritmo de produção que lhe permitisse alcançar a média de sete a oito fi lmes por<br />
ano, Corman rodeou-se de uma equipa de colaboradores, que tem mantido, o mais que<br />
lhe é possível, de película em película, desde 1960.<br />
Deste grupo homogéneo e seguro fazem parte o operador Floyd Crosby, o director<br />
artístico Daniel Haller, o escritor Richard Matheson (que, como veremos, foi o homem<br />
da ideia de um ciclo de adaptações cinematográfi cas de obras do grande escritor<br />
norte-americano Edgar Allan Poe), o músico Ronald Stein, o primeiro actor Vincent<br />
Price e mais alguns actores secundários. Uma equipa assim estruturada possibilita<br />
a realização duma película, num tempo de rodagem mínima e com um orçamento<br />
reduzido, em comparação com o que é normal e usual entre as empresas norteamericanas.<br />
Assim, uma película para este jovem director demora, em regra, quinze dias em<br />
fi lmagens (Roger Corman conta que terminou uma das suas histórias em dois dias e<br />
uma noite!) e o orçamento nunca ultrapassou os 750.000 dólares, tendo até conseguido
dirigir alguns com a importância de 15.000 dólares. No respeitante ao elenco, Corman<br />
chama, somente, para cada uma das suas obras, um actor de nomeada, a quem entrega<br />
o papel mais espinhoso (Boris Karloff, Peter Lorre, Ray Milland, Dorothy Malone ou<br />
Vincent Price), trabalhando, nos restantes personagens, com actores desconhecidos.<br />
A maioria das suas obras são de uma grande honestidade e as suas pretensões<br />
nunca vão além do que lhes é lícito pedir. Na sua fi lmografi a encontramos fi lmes de<br />
“cow-boys”, musicais (de “rock-and-roll”), de fi cção-científi ca, biografi as de gangsters,<br />
reconstituições históricas, fantasias interplanetárias, fi lmes de terror, adaptações<br />
shakespearianas e, por último, obras de pretensões sociais (como a luta anti-racista<br />
e anti-fascista em “The Intruder”). Em todos estes géneros, segundo o testemunho<br />
de críticos conhecedores de grande parte da sua fi lmografi a, revela-se Corman um<br />
director que sabe enquadrar e se integra bem em qualquer espécie de confl ito e dele<br />
extrair as necessárias ilações, que tornam as obras curiosas e interessantes.<br />
Autor extraordinariamente fecundo, Roger Corman, ao falar dos seus fi lmes, afi rmou:<br />
“Os fi lmes de pequeno orçamento que fi z no passado foram para mim uma excelente<br />
ocasião de aprender o meu ofício e creio que divertiram muita gente.”<br />
Noutra passagem, Corman diz: “Verdadeiramente não me lembro de todos os meus<br />
fi lmes, mas entre os mais importantes que produzi e realizei, posso citar, por ordem:<br />
“Five guns west”, “Apache Women”, “The day the word ended”, “Swamp women”,<br />
“Thunder over Hawaii”, “Rock all night”, “The Undead”, “The Gunshinger”, “Not of this<br />
Earth”, “Machine gun Kelly”, “l Mobster”, “Bucket of blood”, “War of the satellite”, “The<br />
wasp woman”, “Ski troop attack”, “The lost woman on earth”, “Little shop of horrors”,<br />
“The fall of the house Usher”, “The pit and the pendulum”, “The primature burial”, “The<br />
intruder”, “Tales of terror”, “The young racers”, “The Terror” e “The Raven”.<br />
Roger Corman tornou-se conhecido e admirado sobretudo a partir de 1960, altura em<br />
que, como vimos, resolveu adaptar ao cinema um ciclo de obras de Edgar Allan Poe.<br />
Entregando o trabalho da adaptação ao argumentista Richard Matheson, que Iho<br />
133 | Edgar Allan Poe no Cinema
134 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
havia sugerido, Corman rodou em três anos, cinco películas baseadas em histórias<br />
desse escritor (em 1960, “A Queda da Casa Usher”; em 1961, “O Fosso e o Pêndulo”, “The<br />
premature Burial”, “A Maldita, o Gato e a Morte” e 1962, “The Raven”.<br />
Na realização destas obras, importantíssimas numa futura história do fantástico<br />
no cinema, Corman conseguiu uma reconstituição felicíssima da ambiência<br />
fantasmagórica, característica de Poe, desse “universo necrófi lo”, perfeitamente<br />
captado das obras literárias, que conferem a estas películas um lugar destacado, no<br />
que poderemos chamar, a tradição aristocrática, de fundo literário, do fi lme de terror.<br />
Galeria de monstros psicológicos, de heróis dementes, de homens atacados pela<br />
loucura, de seres em cujo inconsciente se revelam as mais completas e profundas<br />
obsessões, eis o que se poderá generalizar, através duma visão rápida do ciclo dedicado<br />
a Poe. Convém aqui lembrar que Richard Matheson concebeu os argumentos mediante<br />
o estudo de Marie Bonaparte (discípula de Freud) das obras completas do desditoso<br />
escritor norte-americano. Assim compreenderemos melhor e mais facilmente<br />
aceitaremos este universo poético, é certo, mas psicologicamente doentio, patológico,<br />
atormentado pelos mais variados casos de demência, que vão desde a alucinação, ao<br />
sonambulismo, ao estado cataléptico, à hipersensibilidade, passando pelas heranças<br />
hereditárias, pela obsessão ou pelos espíritos visionários, onde o espectro da morte<br />
balança, constantemente, frente aos olhos aterrados das suas vítimas, em quem<br />
parece pesar um destino inalterável.<br />
Em “A Queda da Casa Usher” encontramos Roderick Usher que, por herança familiar, é<br />
hipersensível, atormentado com um som mais agudo, numa luz mais forte, um odor<br />
mais penetrante. Esses sentidos haviam causado já a perdição dos seus ascendentes<br />
que degeneraram em loucos assassinos. A sombra da fatalidade, fazendo-se sentir<br />
ao longo de toda a película, predispunha os espectadores a aceitarem como única a<br />
destruição daquela casa, no interior da qual, em ambientes de requintado bom gosto,<br />
evoluíam os personagens.<br />
É, igualmente, um caso de hereditariedade o narrado em “O Fosso e o Pêndulo” (cuja<br />
sequência fi nal, no fosso, é digna de uma antologia do simbolismo em cinema). Aqui,<br />
o protagonista é Nicholas Medino, que em criança vê o pai matar o tio e emparedar<br />
viva a mulher, que o atraiçoara, depois de a haver fl agelado, selvaticamente. Esta visão<br />
gravou-se no espírito de Nicholas que, auto-sugestionando-se, pensa igualmente ter<br />
emparedado viva a mulher. Como por fatalidade as previsões confi rmam-se e acaba<br />
por se repetir a história.<br />
Em “A Maldita, o Gato e a Morte” é a morte o elemento de ligação entre os três contos que<br />
constituem o fi lme. Se bem que não respeitando totalmente as intrigas engendradas<br />
pela prodigiosa imaginação de Poe, Corman capta, de modo feliz, este ambiente<br />
doentio, mórbido e fatalista do genial poeta. As três histórias são “Morella” (um caso de<br />
vingança, tendo por base a transmudação dos espíritos; “O Gato Preto” (onde Corman<br />
se compraz na descrição do emparedamento dum casal, levado a cabo por um marido<br />
atraiçoado e da sua consequente descoberta, tudo isto envolvido em momentos de<br />
espirituoso sadismo) e “O Estranho Caso do dr. Valdemar” (um problema de hipnotismo<br />
“in articulo mortis”). Dentre todas estas narrativas fantásticas, preferimos, sem dúvida<br />
“O Gato Preto” que é, estrutural e esteticamente, o melhor pedaço de cinema deste<br />
fi lme. “Morella”, aparte uns pequenos e dispersos apontamentos de bom efeito, não<br />
logra alcançar o nível a que Corman nos habituou já, o mesmo se podendo dizer de “O<br />
Estranho Caso do dr. Valdemar”, por demais estético para subjugar o espectador.
O mérito de Roger Corman, ao fi lmar as películas consagradas ao ciclo Poe, consiste<br />
na perfeita identifi cação conseguida com o universo do escritor, quer na ambiência<br />
escolhida (exteriores, decoração de interiores, guarda-roupa, etc.), quer na utilização<br />
frequente duma simbologia em que Poe se revelou um antecessor de Freud e da<br />
psicanálise, quer na composição de “fl ash–backs” ou na construção de sonhos (fi lmados<br />
por intermédio de lentes de uma só cor), quer ainda na escolha dos intérpretes, donde<br />
sobressai, de forma brilhante, o trabalho de Vincent Price, actor de extraordinários<br />
recursos histriónicos e vocais que conseguiu, tanto em “O Fosso e o Pêndulo” (onde,<br />
em sucessivas gradações, se vai observando a sua lenta evolução para a loucura), como<br />
em “A Queda da Casa Usher”, criações duma perfeita concepção. Neste particular,<br />
“A Maldita, o Gato e a Morte” é um fi lme decisivo: Vincent Price interpreta nele três<br />
fi guras diferentes e em qualquer delas o seu trabalho é magnífi co. Em “O Gato Preto”,<br />
encarnando um conhecido e enfático provador de vinhos, contracenando com esse<br />
magnífi co Peter Lorre, “arranca” um desempenho notável. Como afi rmou Robert<br />
Benayoun, Roger Cormon, “nesta série incomparável, rende a mais bela homenagem<br />
do cinema a Edgar Poe.”<br />
“The Intruder” foi exibido, no ano passado, no Festival Internacional de Veneza,<br />
alcançando uma inegável corrente de simpatia por parte da crítica presente. Como<br />
esta obra nos não visitou ainda, vejamos o que dela disseram:<br />
135 | Edgar Allan Poe no Cinema
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Roger Corman: “De todos os meus fi lmes o que prefi ro é “The Intruder”. Quando o fi z<br />
estava para fi nanciar qualquer fi lme de pequeno orçamento, mas incapaz de obter<br />
um fi nanciamento qualquer para um fi lme mais caro ou um assunto mais sério.<br />
Comprei os direitos do romance por duas razões: primeiramente, acreditava no tema<br />
e estava seguro de poder extrair dele um bom fi lme, e em segundo lugar, estava um<br />
pouco fatigado com o género de fi lmes que rodava e queria ensaiar qualquer coisa<br />
de fundamentalmente diferente. Quando preparava o argumento apercebi-me com<br />
surpresa que ninguém me queria fi nanciar o fi lme. Todos os grandes estúdios de<br />
Hollywood me desencorajaram e fi nalmente decidi jogar todas as minhas economias,<br />
que me vinham dos fi lmes de pequeno orçamento, e adiantar eu próprio os créditos.”<br />
“O fi lme foi inteiramente rodado em exteriores no Sul e em três semanas, com todos<br />
os papéis (excepto os protagonistas) interpretados por pessoas da região. Até agora os<br />
críticos americanos têm-no elogiado bastante e espero que ele anunciará para mim<br />
uma série de fi lmes mais signifi cativos”.<br />
Roberto Benayoun (crítico de “Positiv”): “The Intruder” continua fi el à linha geral do<br />
seu autor. Corman descreve o fanático Adam Cramer, vindo para sabotar a integração<br />
numa pequena cidade do Sul, como um revolucionário, um visitante de um outro<br />
mundo. Cramer, de físico sedutor, apresenta-se a todos de uma gentileza extrema, com<br />
a frase-chave: “Vamos ser amigos, não é verdade?” Depois, com o nome de Patrick Henry<br />
Society, começa a semear a dúvida nos espíritos, sobe a uma tribuna e lança mensagens<br />
infl amadas, onde sugere a invasão da América, pelos judeus e pelos comunistas: “Quereis<br />
dirigentes negros como em Chicago? Quereis que sejam médicos negros a trazerem os<br />
vossos fi lhos ao mundo?” Por fi m, assegura a colaboração dos elementos turbulentos<br />
da cidade, blusões negros, políticos desonestos e linchadores em potência, constrói com<br />
todas as peças um véu de licenciosidade que poderia lançar fogo à pólvora.”<br />
“Mas como todos os heróis de Corman, Cramer tem falhas características que o<br />
perderão. Pueril e galanteador, brinca com o revólver diante do espelho e ensaia os<br />
seus dotes juvenis de sedução nas mulheres alheias. É um marido enganado, inimigo<br />
subestimado, que o desmascarará fi nalmente e voltará contra ele a cidade revoltada.”<br />
«Corman reuniu aqui um testemunho incisivo, um retrato inquietante sobre um<br />
aspecto contemporâneo do fascismo nos EUA, sem qualquer tipo de conciliação<br />
específi ca do género, nem atenuando a realidade. Seria muito fácil proclamar que<br />
Corman se entrega por fi m a um assunto sério. “The Intruder” para mim não fez senão<br />
confi rmar o génio dum realizador cuja obra, rica e diversa, sobe o declive.”<br />
Júlio C. Acerete (crítico de “Nuestro Cine”): “Sem dúvida, “The Intruder” não chega<br />
aonde seria necessário, o que não impede que o fi lme tenha sofrido pressões para a<br />
sua distribuição nos Estados Unidos. De qualquer modo, fi ca claro que a prolixidade<br />
criadora de Corman não signifi ca vulgaridade, já que os seus fi lmes possuem um certo<br />
interesse. Mas, como acontece com muitos realizadores, pode ser que Corman tenha<br />
mais importância em fi lmes como os pertencentes ao seu ciclo dedicado a Poe que em<br />
obras aparentemente mais importantes, como este “The Intruder”.<br />
in Revista “Filme” (1963)<br />
(1) - Da lista de programação da Sif para 1963-64, consta ainda uma película de Roger Corman, “The<br />
Prematore Bureal”, com o título, “Enterrado Vivo”, pelo que é natural que o vejamos brevemente.<br />
(2) - Sobre Roger Corman, chamo a atenção dos leitores para o excelente estudo de Robert Benayoun,<br />
publicado no n.º 50-51-52, da revista “Positif”, e ainda para o artigo “Presentación de Roger Corman”, de<br />
Júlio C. Acerete, vindo a público no n.° 20 de “Nuestro Cine”.
_NOTAS SOBRE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA<br />
Ao analisar de forma muito rápida e sucinta a fi lmografi a extraída de obras de Edgar<br />
Allan Poe, cumpre desde logo fazer ressaltar algumas ideias chaves. A primeira é a de<br />
que, apesar deste escritor ser um dos expoentes máximos da literatura fantástica e um<br />
dos mestres da literatura mundial, mais ainda um dos iniciadores da literatura moderna,<br />
um poeta admirável, um contista exemplar, um precursor do romance policial, poucos<br />
foram os grandes mestres da História do Cinema que dele se aproximaram buscando<br />
inspiração para obras suas. Há casos, certamente, Griffi th e Fellini são dois exemplos<br />
possíveis, mas nem os fi lmes daí resultantes foram dos mais conseguidos, nem dois ou<br />
três títulos em mais de duas centenas de fi lmes são marca signifi cativa.<br />
Vejamos, então, quem se tem interessado pela obra de Edgar Allan Poe no campo do<br />
cinema. Não erraremos muito se os juntarmos em três grupos: alguns, não muitos,<br />
vanguardistas europeus e norte-americanos, ligados a escolas surrealistas ou<br />
expressionistas (Jean Epstein, Robert Florey, Edgar G. Ulmer, etc.), alguns mestres de<br />
série B, que representam o que de melhor a inspiração de Poe nos legou no cinema<br />
(nomeadamente Roger Corman, Gordon Hessler, ) e um grupo vasto de artesãos<br />
de série Z, mais interessados no negócio do que em arte, mas que não deixa de ser<br />
signifi cativo preferirem Poe em tantas ocasiões, umas por oportunismo, servindo-se<br />
do nome e do prestígio do escritor, outras por sincero interesse literário, nem sempre<br />
devidamente vertido em imagens, é certo!.<br />
Outro aspecto curioso a sublinhar: as obras de Edgar Allan Poe raras vezes são adaptadas<br />
de forma muito fi el à intriga e ao esquema dramático das mesmas, preferindo-se-lhes<br />
uma adaptação ao espírito, à atmosfera, às obsessões do escritor. Nem por isso, no<br />
entanto, muitas das adaptações não serão conseguidas, sobretudo na forma como<br />
continuam ou prolongam o clima gótico de uma indisfarçável estranheza e mistério.<br />
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_“MURDERS IN THE RUE MORGUE”, VÁRIAS ABORDAGENS<br />
No início da década de 30, nos EUA, uma produtora, a Universal, inspirando-se nas<br />
obras expressionistas que tinham feito o sucesso do cinema alemão nos anos 20,<br />
recorreu a um conjunto de clássicos da literatura fantástica que adaptou ao cinema, e<br />
lançou no mercado um grupo de fi lmes de terror que marcaram uma época. “Drácula”,<br />
“Frankenstein”, “O Homem Invisível”, “O Homem Lobo”, “A Múmia” foram alguns títulos<br />
dos mais recordados, onde se notabilizaram cineastas como Tod Browning ou James<br />
Whale, e actores como Boris Karloff e Bela Lugosi. Mas houve outros títulos igualmente<br />
notáveis, alguns retirados de obras de Edgar Allan Poe, como “Os Crime da Rua Morgue”,<br />
“O Corvo” e “Magia Negra” (The Black Cat). São todas elas de princípios dos anos 30,<br />
assinadas por realizadores de prestígio, como Robert Florey ou Edgar G. Ulmer, todas<br />
interpretadas por Bela Lugosi, então no auge do seu fascínio, em duas delas ao lado de<br />
Boris Karloff, e que não fi cam muito atrás dos clássicos sempre citados deste período.<br />
“Os Crime da Rua Morgue”, de 1932, parte do romance homónimo de Edgar Allan Poe,<br />
não se cingindo nem muito nem pouco à intriga original da obra literária, antes usando<br />
e abusando das liberdades criativas dos seus argumentistas, realizador e produtores.<br />
Desta adaptação consta, aliás, uma lista de participantes bem larga (Robert Florey, Tom<br />
Reed, Dale Van Every, John Huston e Ethel M. Kelly) que devem ter mexido e remexido o<br />
caldo até este conhecer a espessura que hoje lhe dá o sabor da época.<br />
Consta que Bela Lugosi e Robert Florey, actor e realizador do elenco fi xo da Universal<br />
e que estavam indigitados para representar e dirigir “Frankenstein” (substituídos, à<br />
ultima hora, respectivamente por Boris Karloff e James Whale), vieram parar a “Murders<br />
In The Rue Morgue” como compensação pela saída dessa outra obra que se tornaria<br />
um dos mais sólidos clássicos da história do fantástico no cinema. Mas, na verdade,<br />
tanto Bela Lugosi, que triunfara brilhantemente meses antes em “Drácula”, como Boris<br />
Karloff, que atingiria o estrelato com “Frankenstein”, se tornaram de um dia para o<br />
outro os símbolos máximos do terror em terras norte-americanas.<br />
Como se sabe, no original de 1841 de Edgar Allan Poe, o essencial é o elogio de uma lógica<br />
dedutiva e analítica em que o protagonista, o jovem August Dupin, é pródigo. A novela<br />
vive muito do esclarecimento de um caso, de aparente impossível resolução, ocorrido na<br />
rua Morgue, de Paris. Duas mulheres, mãe e fi lha, são assassinadas barbaramente, mas o<br />
mais estranho de tudo, é a forma como os cadáveres de ambas aparecem, um escondido<br />
no interior de uma chaminé de lareira, o outro, degolado, nas traseiras do prédio.<br />
A multidão e a polícia que acorreram e subiram escadas acima, impediam a fuga de<br />
qualquer intruso por essa via, mas dentro de casa, num cenário de dantesca brutalidade,<br />
as janelas estavam fechadas e trancadas e não havia qualquer outra hipótese de fuga.<br />
Mas a multidão ouvira vozes masculinas, para lá dos gritos estridentes das mulheres<br />
assaltadas. Todos afi rmam que uma das vozes era de um francês, mas a outra voz merece<br />
os mais desencontrados comentários. A polícia investiga, os poderes inquietam-se, os<br />
cidadãos vivem aterrorizados, mas ninguém parece acertar com a identidade do ou dos<br />
assassinos. Há mesmo um empregado de banco que é preso, suspeito de se ter servido<br />
de informações pessoais para certamente extorquir pesada soma às damas em questão,<br />
mas não há roubo, apesar de existirem quatrocentas moedas de ouro espalhadas pelo<br />
chão. Pierre Dupin necessita apenas de ler as notícias publicadas nos jornais locais e de<br />
uma sóbria peritagem no local do crime, para fazer publicar um anúncio num diário<br />
parisiense e esperar calmamente que o dono do chimpanzé apareça para o reclamar,<br />
levando-o depois a confessar como tudo se passou. “Elementar, meu caro Watson”, dirá,
anos mais tarde, Conan Doyle, depois de ter lido e relido Poe, que lhe serviu obviamente<br />
de inspiração para conceber a sua fabulosa fi gura de Sherlock Holmes, com o mesmo<br />
tipo de faro intuitivo, a mesma dedução, o mesmo cariz analítico. Nada brota do zero,<br />
tudo se transforma, é conceito comummente sabido e aceite. Se a novela é deste tipo,<br />
esta versão de Robert Florey, de 1934, exagera nos fl oreados, ainda que se mantenha<br />
muito perto da atmosfera original, uma brumosa cidade de Paris, no ido ano de 1845,<br />
carregada de sombras ameaçadoras, de escadas de sinistro traçado, de contrastada<br />
iluminação de um claro-escuro de franco alento expressionista (podem referir-se como<br />
fontes de infl uência, mais ou menos directas, obras como “O Gabinete do Dr. Caligary” ou<br />
“Der Golem”, ambas de 1920, ou “Nosferatu”, de 1922, por exemplo), mas muito distante<br />
da intriga da novela. Pouco se fala de análise dedutiva, mas entra-se abertamente no<br />
campo dos sábios loucos e obstinados, das torturas e das experiências científi cas, temas<br />
igualmente tão do agrado de Poe: Bela Lugosi, aqui na personagem do Dr. Mirakle, que<br />
não existe na novela, vive obcecado pela teoria darwineana da evolução, na qual o<br />
homem descende do macaco, e procura demonstrá-la a todo o transe, utilizando um<br />
gorila como atracção de feira (muito na linha de um “O Gabinete do Dr. Caligary”), que<br />
atrai jovens donzelas, que o louco rapta para nelas injectar sangue do gorila e descobrir<br />
os resultados. Que não são brilhantes, nem para a ciência, nem para as incautas jovens<br />
que sucumbem a tantos maus-tratos. Até que um dia é Camille, a noiva do jovem médico<br />
Pierre Dupin (Leon Ames), a cair nos braços dos experimentalistas. Obviamente que a<br />
dedução de Dupin funciona a tempo de evitar maiores danos. A transferência do centro<br />
de interesse da novela para o fi lme é evidente. Na novela não se sabe, até perto do fi m,<br />
quem assassina e como o crime é praticado e é nessa investigação puramente dedutiva<br />
que se materializa a inquietação. No fi lme, desde início que nós, espectadores, sabemos<br />
quem mata quem e como, resta saber apenas como se descobre o criminoso e se as<br />
forças do Bem chegam ao local do crime antes de se processar novo crime (agora com<br />
uma vítima que nós bem conhecemos e por quem nos batemos). Um novo tipo de<br />
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suspense, é certo, introduzindo novas personagens, diferentes intrigas, multiplicidade<br />
de cenários e a personagem de um sábio louco que, não existindo na novela, não anda<br />
longe de outras personagens maléfi cas da corte de Edgar Allan Poe.<br />
Mas o fi lme mostra-se particularmente curioso e interessante, em grande parte<br />
pela magnífi ca fotografi a de Karl Freund, num preto e branco brumoso, conseguindo<br />
excelentes sequências, como as que mostram Paris à noite ou a cena passada na<br />
barraca do Dr. Mirakle. Há mesmo alguns momentos altíssimos de realização, como<br />
aquele em que Camille evolui num balouço, acompanhada pela câmara que oscila<br />
segundo os movimentos de um inquietante pêndulo, ou quando percorremos a câmara<br />
de horrores do malvado cientista. O clima é de série B, o orçamento não era certamente<br />
elástico (mas nesses anos de grande depressão os estúdios contiveram-se um pouco<br />
em todos os sentidos), mas o resultado não desmerece e Bela Lugosi brilha num tipo de<br />
representação amaneirada que o iria tornar célebre (durante uns anos, depois a queda<br />
foi mais ou menos vertiginosa, acabando nas mãos de Ed Wood!). Curiosamente, para<br />
se ver como tudo isto anda ligado, não foi só Conan Doyle que foi beber a Edgar Allan<br />
Poe, também Ernest B. Schoedsack e Merian C. Cooper foram buscar muitas ideias a<br />
esta obra de Florey para o seu clássico “King Kong” (toda a sequência fi nal do gorila<br />
fugindo pelos telhado de Paris com a sua amada aos ombros nos faz recordar muito<br />
do que depois se veria em “King Kong”).<br />
Esta não foi a primeira vez que “The Murders in the Rue Morgue” foi adaptado ao<br />
cinema. Tanto esta primeira aventura literária de Dupin, como as duas outras que se<br />
lhe seguiram (“The Mystery of Marie Roget” e “The Purloined Letter”) conheceram<br />
várias adaptações. Mantendo-nos apenas no território de “Os Crimes da Rua Morgue”<br />
há logo a referir, ainda em 1908, uma primeira aproximação, muito curiosa. “Sherlock<br />
Holmes in the Great Murder Mystery” conta com argumento do próprio Arthur Conan<br />
Doyle, segundo a obra de Edgar Allan Poe, e é certamente lamentável não haver cópia<br />
disponível para se poder ver como ambos os mestres da literatura policial coexistiam
numa mesma aventura. Outro fi lme mudo, este de 1914, é “Murders in the Rue Morgue”,<br />
de que não se possui nenhuma cópia igualmente, sendo portanto esta versão de<br />
Robert Florey de 1932 a primeira a poder ser vista presentemente.<br />
Outras se lhe seguiram, a mais famosa das quais (possivelmente) data de 1954. “O<br />
Fantasma da Rua Morgue” (Phantom of the Rue Morgue), de Roy Del Ruth, com Karl<br />
Malden (Dr. Marais), Claude Dauphin (Insp. Bonnard), Patricia Medina (Jeanette) e Steve<br />
Forrest (Prof. Paul Dupin), uma produção da Warner que pretendia objectivamente<br />
repetir o êxito estrondoso de “Máscaras de Cera”, em 3D. O título de Roy del Ruth é uma<br />
recuperação do fi lme de Robert Florey, agora em voluptuoso e garrido Warnercolor, com<br />
um jovem médico acusado de um violento crime na Rue Morgue, em Paris, que não<br />
cometeu, e um obsessivo Dr. Marais (excelente Karl Malden), que aproveitando-se da<br />
sua permanência no zoo local, consegue treinar um gorila para efectuar em seu nome<br />
os crimes que imagina, sempre sobre mulheres indefesas que se encontram fechadas<br />
no interior de solitários apartamentos. Numa Paris sedutora, onde impera a loucura<br />
do Can Can, e simultaneamente sombria, como convém, o gorila (interpretado por<br />
Charles Gemora, um especialista que já interpretara a mesma personagem na versão<br />
de 1932, e se tornara numa espécie de “must” sempre que havia por essa altura gorila,<br />
orangotango ou chimpanzé a movimentar) vai estilhaçando corpos com inaudita<br />
violência, numa versão muito “gore” que, infelizmente, não se encontra disponível<br />
ainda em DVD. Mais uma vez em lugar de um pobre marinheiro que traz de longe um<br />
gorila assassino, a loucura de um homem se sobrepõe à da besta inocente que utiliza<br />
a sua força bruta sob comando à distância. Em vez de um crime duplo cometido numa<br />
casa, várias sádicas investidas relembram um Jack, o Estripador, que troca Londres<br />
por Paris. Roy Del Ruth foi um divertido realizador de séries B, e o fi lme adquire essa<br />
atmosfera de folhetim popular contando crimes do século XIX. Vi esta fi ta há muitos<br />
anos, retenho boa recordação de adolescente traumatizado (!) pelo seu terror, mas<br />
precisaria de rever a obra para uma opinião mais segura. Fica a dica.<br />
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Em 1968, surge um episódio de uma série de TV, “Detective”, contando a história de“The<br />
Murders in the Rue Morgue”, numa realização de James Cellan Jones, com argumento<br />
de James MacTaggart. Não vi.<br />
Há muito que não via “Murders in the Rue Morgue”, de Gordon Hessler, com Jason Robards<br />
(Cesar Charron), Herbert Lom (Rene Marot), Christine Kaufmann (Madeleine Charron),<br />
Adolfo Celi (Inspector Vidocq) e Maria Perschy (Genevre). Como o próprio Gordon Hessler<br />
afi rmou, numa entrevista que o DVD recorda, “adaptar “Os Crimes da Rua Morgue” é difícil,<br />
pois já se lhe conhece o desfecho: foi o macaco que matou.” Este aspecto (que julgo um falso<br />
problema: quantos fi lmes adaptam obras e situações de que todos sabemos o desfecho,<br />
basta recordar “Titanic”?) levou Hessler a imaginar algo mais complexo para esta sua versão:<br />
estamos em pleno século XIX, na Rue Morgue, em Paris (o fi lme foi, porém, integralmente<br />
rodado em Espanha), onde uma companhia de teatro, especializada em “Grand Guignol”<br />
sangrento e melodramático, dirigida por um espalhafatoso Cesar Charron (Jason Robards),<br />
leva a cena uma adaptação de “Murders in the Rue Morgue”, segundo Edgar Allan Poe. Esta<br />
premissa serve às mil maravilhas para roubar o nome da obra de Poe, e depois associar-lhe<br />
uma intriga externa, que, muito embora tenha um pouco a ver com o universo Poe, não se<br />
lhe pode associar de imediato: René Marot, um louco mascarado, apaixonado por uma das<br />
actrizes da companhia, Madeleine (Christine Kaufmann), vai assassinando, por vingança, um<br />
a um, os membros do elenco desse teatro, onde se representa uma peça robustecida pela<br />
presença de um gorila que dá nome à obra, “Erik, o Macaco”. Todos julgavam René Marot<br />
morto, aquando de um acidente que vitimara a ex-mulher de Marot, mas afi nal este salvarase<br />
ainda que muito desfi gurado. O fi lme joga com alguma perícia com estes ingredientes,<br />
com um colorido saturado de tons fortes e uma inquietante direcção artística, que sublinha<br />
bem algumas das virtudes da realização de Gordon Hessler, um experimentado artesão de<br />
série B, aqui mobilizando um orçamento favorecido pela sorte (que, todavia, lhe haveria de<br />
trazer contrariedades, pois a versão estreada era uma montagem do produtor e não a sua,<br />
que só muito recentemente foi restaurada, aquando do lançamento internacional do DVD).
Um fi lme que se vê com muito agrado, integrado no seu contexto específi co. Estamos, na<br />
verdade, cada vez mais distantes de Poe e da sua história original e cada vez mais perto de “The<br />
Phantom of the Opera” (não é por acaso que o louco mascarado é interpretado por Herbert<br />
Lom que também aparecia na versão da década de 50 de “O Fantasma da Ópera”). Mas há<br />
indícios de Poe na loucura das personagens, nos sonhos perturbadores, nos assassinatos<br />
mórbidos (das gargantas friamente cortadas pela lâmina ao ácido vertido em inocentes<br />
rostos), nos sepultados vivos, numa certa atmosfera tenebrosa de horror psicológico.<br />
A versão francesa de Jacques Nahum, de “Le Double assassinat de la rue Morgue”, com<br />
Georges Descrières e Daniel Gélin (Dupin), emitida pela TV em 1973, também é do meu<br />
desconhecimento, mas revi com agrado uma outra versão televisiva, esta assinada<br />
por Jeannot Szwarc, e que se chamou “The Murders in the Rue Morgue” ou “Le Tueur<br />
de la Rue Morgue”, produção norte americana e francesa, rodada em Paris, com<br />
argumento de David Epstein, que se aproxima um pouco mais da dedução analítica<br />
da novela, ainda que transforme Dupin num velho polícia francês, reformado a contra<br />
gosto, por inimizades com o novo director da gendarmerie. Os crimes acontecem<br />
como Poe imaginou, as investigações fazem apelo amiúde a conjecturas de argúcia<br />
dedutiva, existe um marinheiro e um gorila que só aparecem no fi nal da história, e as<br />
liberdades “poéticas” são aqui reduzidas. Procura-se respeitar o tom da obra donde se<br />
parte, a imaginação visual não é estonteante, tudo se cumpre dentro dos cânones do<br />
teledramático de sólida construção técnica, as representações são boas por parte de<br />
um elenco resistente (George C. Scott, Rebecca De Mornay, Ian McShane, Val Kilmer,<br />
…). Não é Poe de primeira colheita, falta-lhe fantasia e um pouco de fancaria popular,<br />
esta é uma versão para telespectador bem instalado na vida, que se vê como um<br />
entretenimento sem mácula. De uma outra versão tenho conhecimento, russa, “Ubitye<br />
molniey”, de 2002, assinada por Yevgeny Yufi t, com argumento de Vera Novikova.<br />
Apenas conhecimento, nada mais. Assim se completa o ciclo de “Os Crimes da Rua<br />
Morgue” no cinema. Mas muitas obras de Edgar Allan Poe requerem a nossa atenção.<br />
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_AS VÁRIAS VERSÕES CINEMATOGRÁFICAS DE “THE RAVEN”<br />
Um dos poemas mais célebres de Edgar Allan Poe, senão mesmo o mais conhecido e<br />
citado, é “The Raven” (O Corvo), obviamente uma das suas obras igualmente mais<br />
adaptadas ao cinema. Sabe-se que, logo em 1912, nos EUA, surgiu uma primeira versão, de<br />
que se desconhece autor, mas de que se conhecem os intérpretes (Guy Oliver, como Edgar<br />
Allan Poe e Muriel Ostriche), e que se sabe ter sido uma produção Eclair American.<br />
A adaptação seguinte data de 1935, novamente americana, uma produção Universal<br />
Pictures, com realização de Lew Landers. Este “The Raven”, com argumento de David<br />
Boehm, Florence Enright, Michael L. Simmons, Dore Schary, Guy Endore, Clarence<br />
Marks, Jim Tully e John Lynch, tinha um elenco de peso na época. Nada menos que os<br />
dois mais famosos “monstros” da altura, Boris Karloff e Bela Lugosi, respectivamente<br />
Frankenstein e Drácula dessa década de ouro do fantástico. Lew Landers, nascido em<br />
Nova Iorque, mas que inicialmente assinava as suas obras com o nome de baptizado,<br />
Louis Friedlander, foi um dos realizadores mais prolíferos do cinema norte-americano.<br />
“The Raven”, do início da sua carreira, será mesmo das suas obras de maior qualidade,<br />
mantendo, tal como muitas outras desses anos, uma larga dependência do cinema<br />
expressionista alemão da década precedente.<br />
Tal como muitas outras adaptações de obras de Poe, este “The Raven” contenta-se<br />
em manter o título, algumas obsessões temáticas e um clima que se poderá dizer ter<br />
origem no belíssimo poema. Bela Lugosi interpreta a fi gura de um estranho doutor<br />
Richard Vollin, grande admirador de Poe que, nas horas livres da sua actividade de<br />
médico, se entretém a reconstituir, na cave da sua casa, uma verdadeira câmara de<br />
torturas, fabricando ele próprio cada um dos instrumentos de suplício imaginados por<br />
Edgar Allan Poe. Depois a história vai evoluindo em função de um crescendo de terror<br />
que conduzirá as vítimas a esse território de horror, encimado pelo célebre pêndulo da<br />
morte, mas onde não deixa de ter lugar igualmente uma câmara que se fecha sobre si<br />
própria, após o que as paredes começam a movimentarem-se no sentido de esmagar<br />
quem esteja aprisionado no seu interior.<br />
Para introduzir um elemento romântico indispensável ao conforto das plateias, Friedlander<br />
inventa uma paixão louca de Vollin por uma jovem que ele salva da morte, depois de um<br />
aparatoso acidente de automóvel, com que abre o fi lme, e que hipnotiza por forma a roubála<br />
ao seu noivo. A frágil fi gura da mulher perante as arremetidas brutais do sábio louco, eis<br />
as premissas habituais ao género. Há outras referências ao poema de Poe: a jovem que<br />
recupera inteiramente do acidente é bailarina e interpreta no teatro uma adaptação de<br />
“The Raven”. Vollin fi ca defenitivamente apaixonado pela mulher e pela sua interpretação,<br />
o que agudiza as situações e irá conduzir ao grande clímax.<br />
Entretanto, pelas ruas da cidade, Edmond Bateman (Boris Karloff, aqui com um<br />
papel secundário, muito curioso, nitidamente subsidiário do seu “Frankenstein”), um<br />
conhecido e temido criminoso, esconde-se e bate à porta de Vollin, procurando que este<br />
o transforme, através de uma operação de plástica estética, numa noutra pessoa, e assim<br />
passar desapercebido. Mas o resultado não é o melhor. E tudo se conjuga para um fi nal<br />
em crescendo, na tenebrosa câmara de horrores que o médico criou. O fi lme consegue,<br />
com simplicidade e efi cácia, na sua modéstia de orçamento, criar um bom clima de<br />
inquietação e sedução, com planos bem delineados, enquadramentos desassossegados,<br />
iluminações perturbantes e personagens de algum sadismo, sabiamente aproveitadas.<br />
O corvo impera ao longo da obra, como presença obsidiante.<br />
Posteriormente houve muitas outras versões, que desconhecemos (quase todas)
por completo. Um episódio da série televisiva espanhola, “Historias para no dormir”,<br />
precisamente chamada “El Cuervo” (1967), com realização de Narciso Ibáñez Serrador,<br />
com Rafael Navarro na fi gura de Edgar Allan Poe; uma adaptação alemã, “Der Wilde<br />
Rabe”, de Peter Sempel (RFA, 1985); um episódio, “Treehouse of Horror”, da série de TV,<br />
“The Simpsons”, com direcção de David Silverman; uma outra incursão espanhola,<br />
desta feita com a assinatura de Tinieblas González; uma curta-metragem com o título<br />
“The Raven... Nevermore” ou “El Cuervo” e Gary Piquer na personagem de Edgar Allan<br />
Poe; fi nalmente duas cinematizações americanas, uma nova curta-metragem, desta<br />
feita com a assinatura de Peter Bradley (EUA, 2003), e uma longa de 2006, dirigida<br />
por Ulli Lommel, que escreveu também o argumento, e entregou a interpretação a<br />
Jillian Swanson (Lenore), Victoria Ullmann (Annabel Lee), e Michael Barbour (Edgar<br />
Allan Poe). Ulli Lommel é conhecido sobretudo por ter assinado “The Boogeyman”, um<br />
fi lme de terror de culto entre os fanáticos do género, sobretudo os que apreciam obras<br />
de pequeno orçamento, alguma imaginação e violência a preceito. Este “O Corvo” é,<br />
de certa forma, uma desilusão, ainda que mantenha algumas dessas características:<br />
o orçamento deverá ter sido mínimo, os actores são de terceira escolha (se é que<br />
houve escolha!), os cenários são minimalistas, a estrutura defi ciente, mas bastante<br />
pretensiosa, o resultado não deixa lugar a muitas dúvidas.<br />
Como se sabe, o poema de Poe fala da fatal tristeza de alguém que chora uma<br />
Lenora que partiu, e de um corvo que aparece, vindo da escuridão da noite, trazendo<br />
a mensagem de um “Nunca Mais”, ou seja da inexorabilidade da morte e da solidão<br />
que ela deixa nos que fi cam chorosos de saudade. Partindo desta premissa, aberta a<br />
todas as interpretações, tudo é possível, desde que apareçam dois ou três símbolos<br />
carismáticos: o corvo, o nome de Lenora, a morte.<br />
No fi lme de Ulli Lommel, Lenora em criança ouve o avô ler poemas de Edgar Allan<br />
Poe, o que lhe provoca pesadelos de terror. Mais tarde, encontramo-la, em Los Angeles,<br />
vocalista de uma banda, e perseguida por um assassino que vai dizimando todos os<br />
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amigos à sua volta até chegar ao confronto fi nal com a própria Lenora. Rara a excitação<br />
e a inquietação provocada por esta série B que procura elidir a falta de ideias com uma<br />
montagem modernaça, obcecada por postes e linhas de cabos eléctricos (o que tem a<br />
sua justifi cação, no argumento). Nada de muito extraordinário, portanto.<br />
Já no século XXI, na Argentina, em 2007, surgiu “El Cuervo”, uma média metragem de<br />
30 minutos, dirigida por Richie Ercolalo. No meio destas versões todas tivemos “Der<br />
Rosenkönig” ou “Le Roi des Roses” (O Rei das Rosas), do alemão Werner Schroeter (RFA,<br />
França, <strong>Portugal</strong>, 1986). Filme estranho e invulgar é este, obra romântica e demencial,<br />
construída em forma de poema, sem obedecer a qualquer tipo de narrativa clássica, sem<br />
uma intriga exposta de forma linear. Werner Schroeter, um dos chefes de fi la do novo<br />
cinema alemão surgido nos anos 60-70, procura sobretudo um encadeado de imagens,<br />
personagens, situações, sons, vozes (em diferentes idiomas), músicas (de origem variada,<br />
da ópera às ladainhas populares), luzes, que restituam um clima, uma ambiência<br />
fantástica, onírica. Neste aspecto, esta é uma das obras onde se sente mais a proximidade<br />
de Edgar Allan Poe, e do seu poema “The Raven”, de que se ouvem, lidos, alguns dos seus<br />
versos, bem assim como excertos de “City in the Sea” ou “Alone”, do mesmo autor, poesias<br />
de Pablo Neruda, fragmentos de “Chants de la Vie”, de Abou Kassem Ech’ Chabbi, um<br />
pedaço de uma peça de rádio, “série negra”, de 1943, dita por Gloria Swanson, além de<br />
vozes dos padres católicos napolitanos e de alguns contos populares portugueses.<br />
O fi lme parece ter sido escrito dia a dia, ao longo das fi lmagens, num improviso<br />
constante ou numa “rêverie” contínua, tanto por Werner Schroeter, como pela sua<br />
actriz predilecta, Magdalena Montezuma (que se chamava verdadeiramente Erica<br />
Kruger), e que aqui se despedia do cinema e da vida.<br />
Rodado no nosso país, pelo produtor Paulo Branco, com vários portugueses na fi cha<br />
técnica e no elenco, “O Rei das Rosas” fala-nos de uma mulher, Anna, alemã de<br />
nascimento, a viver em <strong>Portugal</strong>, num palacete abandonado numa quinta de mau<br />
augúrio, acompanhada por Albert, um fi lho que cultiva rosas e paixões funestas,
nomeadamente por Fernando, um jovem que apanha um dia a roubar na sua capela, e<br />
que transforma num prisioneiro da sua sensualidade e ardor.<br />
Filme de uma perversidade que se instala à medida que o tempo passa, obra sobre o<br />
amor e morte, por vezes mórbido, de maligna crueldade e de terrível beleza, “Le Roi des<br />
Roses” joga com um imaginário que tem muito a ver com a obra de um Mishima, de<br />
“Confi ssões de uma Máscara” a “O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar” (há uma<br />
concordância temática e de atmosfera quase obsessiva: mãe e fi lho, ausência da fi gura<br />
do pai, crueldade para com animais, o mar como referência de liberdade, exaltação do<br />
sofrimento, homossexualismo, imagem de martiriologia, São Sebastião, etc.).<br />
Celebração, ritualismo, oratória, a simbologia mais forte inscreve-se a cada passo:<br />
mãe e fi lho na mesma cama numa sugestão de incesto que o fi lho renega, o sangue<br />
que escorre das rosas e passa ao corpo imolado de Fernando, a lavagem do corpo e a<br />
dependência de uma sensualidade exarcebada, o gato morto, a rã aprisionada numa<br />
gaiola dentro de água, o fogo redentor nas imagens fi nais, a morte suspensa de cada<br />
fotograma… A versão de “The Raven” mais conhecida, porém, é de Roger Corman,<br />
realizada em 1963, e que é o quinto fi lme da série dedicada a Edgar Allan Poe por este<br />
cineasta (os anteriores foram “A Queda da Casa Usher”, 1960; “O Fosso e o Pêndulo”,<br />
1961, “O Sepultado Vivo”, 1962, “A Maldita, o Gato e a Morte”, 1962; a que se seguiram “A<br />
Máscara da Morte Vermelha”, 1964, e “O Túmulo de Ligeia”, 1964).<br />
Neste conjunto de títulos, todos eles de forte inspiração fantástica, inscrevendo-se no<br />
mais puro terror gótico, “O Corvo” faz fi gura de desalinhado, pois, se mantém todas as<br />
características de série, quanto a valores de produção, equipa técnica e artística, cenários,<br />
guarda roupa, etc, acrescenta-lhe uma outra que só tinha sido pressentida aqui e ali ao<br />
longo dos outros fi lmes: o humor. Na verdade pode considerar-se “O Corvo” uma comédia<br />
fantástica, baseando muito do seu humor na presença de três actores míticos no género<br />
(Vincent Price, Peter Lorre e Boris Karloff) que aqui se auto parodiam com imensa subtileza<br />
e graça, criando situações divertidíssimas e saboreando de forma incomparável o seu<br />
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trabalho. Nem o facto de Boris Karloff se encontrar doente, durante as fi lmagens, retirou<br />
algum encanto ao resultado fi nal, acrescentando-lhe até algum se possível: como Karloff<br />
estava doente, o duelo fi nal entre ele e Vincent Price efectua-se com os actores sentados<br />
em enormes poltronas, o que acaba por ampliar o efeito da paródia. De resto, e para<br />
completar o que deve ser dito sobre o elenco, brilhante, há que referir a presença do então<br />
muito jovem Jack Nicholson, num papel que prenuncia já as geniais loucuras que se lhe<br />
seguiram, e ainda a bela Hazel Court, outra presença regular neste conjunto de fi lmes.<br />
Uma das razões da qualidade desta série, é o facto de ter alguns escritores de grande<br />
qualidade a adaptarem os contos, e neste caso o poema, do celebrado escritor<br />
americano. Richard Matheson é um nome grande do romance fantástico e a ele se<br />
deve a adaptação do poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe (outros escritores ao serviço<br />
de Corman nesta série foram, por exemplo, Charles Beaumont e Robert Towne).<br />
Tudo se passa entre mágicos: o sorumbático Erasmus Craven (Vicent Price), que vive<br />
solitário no seu castelo, saudoso da sua Lenora desaparecida, vê inesperadamente<br />
entrar pela janela dentro um corvo que fala e que lhe confessa ser um antigo mago,<br />
enfeitiçado durante uma rixa de mágicos, e que lhe pede a salvação, ou seja, uma<br />
mezinha que o faça regressar à sua antiga forma humana. Craven acaba por reunir os<br />
condimentos necessários à sopa de pedra que trará Bedlo (Peter Lorre) de novo à sua<br />
existência normal. Nessa altura, Bedlo confessa a Craven que a mulher deste, a tão<br />
suspirada Lenora, não se encontra morta e sepultada no esquife que o marido venera,<br />
mas sim nas mãos do perverso Scarabus (Boris Karloff), que vive por ali perto num<br />
outro castelo amaldiçoado. Para lá se dirigem, e por lá dirimem o que têm a dirimir.<br />
Com algum suspense e muita diversão.<br />
O fi lme volta a mostrar como, com meios reduzidos mas alguma imaginação, muito<br />
talento e sensibilidade se consegue erguer uma obra particularmente interessante,<br />
recuperando algo do universo de Poe, e conceber em simultâneo um fi lme esteticamente<br />
de algum requinte e de assegurado sucesso popular.
_“THE FALL OF HOUSE OF USHER” A VÁRIAS VOZES<br />
“A Queda da Casa Usher”, que Edgar Allan Poe escreveu em 1839, é um dos seus<br />
trabalhos mais conhecidos e mais adaptados não só ao cinema como a outras<br />
formas de expressão e de narrativa. No cinema são inúmeras as versões conhecidas,<br />
a começar logo pela década de 20, onde surgem duas adaptações vanguardistas,<br />
uma americana, de 1926-28, da dupla James Sibley Watson e Melville Webber, outra<br />
francesa, de um dos nomes grandes da vanguarda dessa época, Jean Epstein. A<br />
primeira é uma curiosa experiência de recorte nitidamente expressionista, filmada<br />
em Rocheter, Nova Iorque, com uma forte influência de poetas e artistas plásticos,<br />
expressa aliás na colaboração de Melville Webber, que assegurou o lado plástico,<br />
procurando recuperar certos aspectos dos frescos medievais, e de James Sibley<br />
Watson, que se interessou mais pelos efeitos visuais em que o pequeno filme (13<br />
minutos) é pródigo e que logram resultados muito sugestivos.<br />
“A Queda da Casa de Usher” (La Chute de la Maison Usher), de 1928, França, tem<br />
argumento de Jean Epstein e Luis Buñuel (que foi ainda assistente de realização)<br />
e interpretação de Jean Debucourt (Sir Roderick Usher), Marguerite Gance<br />
(Madeleine Usher), Charles Lamy (Allan), Fournez-Goffard (médico), Luc Dartagnan,<br />
Abel Gance, Halma, Pierre Hot, Pierre Kefer, etc. São 63 minutos do melhor que Poe<br />
inspirou ao cinema, uma verdadeira obra-prima do fantástico e do onírico, logrando<br />
criar Jean Epstein uma atmosfera poética admirável, através da fabulosa utilização<br />
da imagem, dos enquadramentos, dos movimentos, do jogo de combinação de<br />
grandeza de planos, da iluminação, da própria “encenação” dos espaços.<br />
Por uma terra de ninguém ventosa e lúgubre, solitária e inóspita, avança um<br />
homem carregando duas malas. Entra numa estalagem e pede para alguém o<br />
conduzir a casa dos Usher. Olham-no surpresos e com estranheza. Percebe-se a<br />
razão que leva o desconhecido até ali: uma carta de Roderick Usher convida Allan,<br />
um velho amigo, a visitá-lo, adiantando que está doente e a mulher também.<br />
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Um saco de moedas na mão de Allan e o aparecimento de alguém numa carroça<br />
provoca o efeito desejado. Chegado ao palácio, e depois das boas vindas, o jantar<br />
onde Roderick e Allan recuperam memórias. Mas Roderick está impaciente. Quer<br />
continuar a trabalhar no retrato da mulher, Madeleine (subtil desvio do conto de<br />
Poe, Madeleine passa de irmã a mulher). Por isso, Allan é enviado para uma passeata<br />
pelo campo, enquanto Roderick (magnificamente interpretado por Jean Debucourt,<br />
num tipo de composição extremamente conseguida, em vigor e subtileza, uma<br />
mistura invulgar que surpreende e fascina) volta ao quadro e à mulher que posa,<br />
ameaçada pelo olhar do marido que a consome, a domina, a submete. Há uma cena<br />
brilhante que confere todas essas sensações: grande plano do rosto de Roderick, o<br />
seu olhar obsessivo; plano de Madeleine, posando, inscrita num cenário soturno,<br />
implorando tréguas com o olhar; pormenor das mãos de Roderick apertando-se;<br />
plano da paleta, do pincel escolhendo as cores e as tintas.<br />
Madeleine é o modelo, a inspiração; Roderick pinta-a, olha-a, suga-lhe a vida com<br />
o olhar. Cada nova pincelada no quadro reflecte-se no rosto de Madeleine, que<br />
se sente atingida, macerada. Roderick pinta à luz de velas que se consomem. A<br />
imagem desta sequência restitui a tortura, o martírio, a posse, a violação. Súbito<br />
a câmara afasta-se e descobre-se a grandeza do cenário, um salão enorme, onde<br />
Roderick dá pasto à sua obsessão. Olha a mulher, olha a paleta, olha o quadro. Está<br />
obviamente muito mais interessado no quadro do que no modelo. Dirá mais tarde:<br />
“O quadro é a verdadeira vida”. A mulher jaz no chão, desfalecida. Ele continua a<br />
pintar sem dar por nada. Madeleine morre. Roderick transporta-a então nos braços,<br />
horrorizado. Allan, lendo um livro comenta: “Roderick estava possuído pela teoria<br />
do magnetismo.” (algo que interessava muito Edgar Allan Poe).<br />
Segue-se toda a sequência da preparação do enterro, as dúvidas (“Ela não está<br />
talvez morta!?”), Roderick quer impedir o enterro, o quadro toma definitivamente<br />
o lugar da mulher morta (“Ela não nos abandonará!”), o pintor olha-o, extasiado,<br />
enquanto o caixão é fechado, perante o horror de Roderick. Sequência que relembra<br />
em muitos aspectos planos de “Nosferatu”, de Murnau. O enterro inicia-se, passam<br />
por áleas de jardins, por entre o nevoeiro, vogam ao sabor das águas de um rio, o<br />
véu branco desta fúnebre noiva deslizando nas águas, erguendo-se no ar, preso<br />
da barcaça. Descem à cripta, uma boca aberta iluminada do exterior, projectando<br />
luz. O caixão é fechado, pregado finalmente, o martelo do horror descendo sobre o<br />
prego, iluminados por velas. Ratos que fogem pelos cantos, um sapo.<br />
Depois do enterro, o silêncio que tudo envolve. A monotonia. A natureza-morta. Rio,<br />
serra, palacete, ninguém. Um gato. Roderick olha escadas e corredores desertos,<br />
os cortinados esvoaçando. O mínimo ruído exaspera-o. A guitarra abandonada.<br />
As mãos cruzadas. Sonho, pesadelo, imagens deformadas, sobreposições, grandes<br />
planos de rostos, pormenores ameaçadores. As cordas da guitarra que se soltam,<br />
sozinhas, “Roderick não volta a proferir o nome de Madeleine”. Parece paralisado<br />
pela dor. Um relógio. Um pêndulo que se assemelha muito ao pêndulo de “The<br />
Pit and the Pendulum”. O tempo que passa. A tempestade que avança. Allan lê<br />
num livro uma passagem sobre uma sepultada viva. Enquanto isso, na cripta, o<br />
caixão de Madeleine tomba da prateleira onde fora depositado. Roderick, no vasto<br />
salão, junto ao fogo que crepita na lareira, balouça os pés sentado numa cadeira.<br />
As velas pegam fogo aos cortinados com a ventania que se abate sobre o palácio,<br />
que começa também a desmoronar-se. As armaduras metálicas nos corredores
desabam. Roderick olha fascinado a destruição. Será loucura, a que transparece<br />
deste olhar? Madeleine regressa, de branco, noiva, de véus ao vento, flutuando<br />
como um fantasma. “Sim, ouço-a, ouço-a desde o primeiro dia!”, grita Roderick. “Nós<br />
enterrámo-la viva!”. O fogo tudo cobre. Allan afasta-se para o exterior do palácio.<br />
Madeleine e Roderick abraçam-se, e é assim que tentam fugir das labaredas. Com<br />
que destino? O quadro representando Madeleine é engolido igualmente por esse<br />
inferno de chamas.<br />
Nesta obra que interpreta da melhor forma o universo de Poe, inspirando-se em<br />
Dreyer (“O Vampiro”), e Murnau, em “O Retrato de Dorian Gray”, na literatura,<br />
Epstein cria um ambiente de cortar à faca, com uma enorme economia de meios,<br />
usando uma linguagem vanguardista que vai buscar muito aos expressionistas,<br />
mas também ao surrealismo e aos vanguardistas franceses dessa época. Um<br />
grande momento de cinema.<br />
“The Fall of the House of Usher” regressa aos ecrãs, em 1949, com assinatura de<br />
Ivan Barnett, numa produção inglesa. Que desconhecemos.<br />
A partir dos anos 50, a televisão não larga a obra de Poe, com várias versões<br />
conhecidas. Ainda em 1949, o produtor Fred Coe, na série de TV “Lights Out”, faz uma<br />
primeira versão televisiva de “The Fall of the House of Usher”. Ainda na América, em<br />
1956, em “Matinee Theatre”, é Boris Sagal quem dirige o episódio dedicado à “House<br />
of Usher”. Em Inglaterra, em 1966, Kim Mills volta ao tema, num dos episódios de<br />
“Mystery and Imagination”, interpretado por Denholm Elliott (Roderick Usher), e<br />
Susannah York (Madeleine Usher). Em França, em 1981, será Alexandre Astruc quem<br />
dirigirá Fanny Ardant (Madeleine Usher), Mathieu Carrière (Sir Roderick Usher) e<br />
Pierre Clémenti, num dos episódios de “Histoires Extraordinaires: La Chute de la<br />
Maison Usher”. Na Hungria, Attila Apró, em 1982, assina “AzElitélt”, igualmente para<br />
TV, segundo o mesmo conto. James L. Conway, numa produção norte-americana e<br />
checoslovaca, no mesmo ano, adapta ao pequeno ecrã o mesmo texto de Poe, com<br />
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um bom elenco: Martin Landau (Roderick Usher), Charlene Tilton e Ray Walston. Em<br />
1988 é a vez de outro americano, Alan Birkinshaw, se lançar na mesma empreitada,<br />
com interpretações de Oliver Reed (Roderick Usher), Donald Pleasence e Romy<br />
Windsor. “La Chute de la Maison Usher” surge na Bélgica, em 1992, com realização<br />
de Marc Julian Ghens. A série de TV “Tales of Mystery and Imagination”, com<br />
realização de vários cineastas (James Ryan, Bill Hays, Dejan Sorak, Rod Stewart, Neil<br />
Hetherington, Hugh Whysall), data de 1995, e volta a penetrar na casa de Usher<br />
(além de incursões por outros textos de Poe), com resultados nulos. Parece mesmo<br />
que a série, de tão má, nunca chegou a exibir-se por essa altura na TV, e só agora<br />
foi posta a circular em DVD. Infelizmente. Trata-se globalmente de um daqueles<br />
produtos excelentes para mostrar em salas de aula de cinema, para demonstrar o<br />
que está errado e o que não deve ser feito. Mas há também aquilo que não se ensina,<br />
nem pelo absurdo: o mau gosto, a falta de sensibilidade, a total inépcia narrativa.<br />
Em 2002, “Usher”, de Curtis Harrington, poderá ser uma versão a considerar (ainda<br />
que difícil de encontrar, pelo que ainda não a visionei), com o próprio realizador<br />
Curtis Harrington a interpretar dois papéis, Roderick Usher e Madeleine Usher.<br />
Uma investida “queer”, em 40 minutos que gostaríamos certamente de ter visto,<br />
mas não conseguimos<br />
Mas a obra mais carismática de entre todas as retiradas deste conto de Poe terá<br />
sido “House of Usher”, de 1960, com a assinatura de Roger Corman, e argumento<br />
adaptado por Richard Matheson. Foi o início do ciclo dedicado por Roger Corman<br />
a Edgar Allan Poe. Com uma equipa que variou muito pouco, produção de Roger<br />
Corman e James H. Nicholson, música original de Les Baxter, fotografia, de excelente<br />
colorido, com a assinatura de Floyd Crosby, montagem de Anthony Carras, direcção<br />
artística de Daniel Haller e um reduzido elenco onde sobressaía Vincent Price<br />
(Roderick Usher), bem acompanhado por Mark Damon (Philip Winthrop), Myrna<br />
Fahey (Madeleine Usher) e Harry Ellerbe (Bristol).<br />
Abordemos então do conto, antes de passarmos à versão cinematográfica. Na obra<br />
de Poe, o narrador que viaja até casa dos Ushers empreende essa viagem para<br />
visitar um velho amigo de juventude, Roderick Usher, que não via há muito, e que<br />
lhe escrevera a solicitar companhia nos momentos difíceis por que passava, por<br />
motivos de saúde própria e de sua irmã, Madeleine. É deste modo que o cavaleiro<br />
se aproxima da destroçada casa dos Usher, por caminhos de mau agoiro, como<br />
que hipnotizado pelo destino que ali o conduz. No filme, Philip Winthrop viaja até<br />
àquela mansão amaldiçoada porque se encontra noivo de Madeleine, Roderick<br />
pede-lhe que se afaste, manda-o embora, insiste, exorta-o, mas Philip permanece<br />
na sua, querendo ir embora apenas se for acompanhado da sua amada. Depois,<br />
no conto, há várias personagens que se cruzam na casa, no filme quase toda a<br />
acção roda à volta de Roderick, Madeleine, Philip e um velho criado da casa. Todo o<br />
conto é muito intimista, referindo-se a pensamentos de Philip e às considerações<br />
de Roderick, que se voltam muito para ele próprio. Trata-se quase de um confronto<br />
de duas mentes, de duas vontades, de dois projectos. No filme, obviamente que as<br />
acções se concretizam mais no plano da realidade. Corman “mostra” onde Poe evoca,<br />
mas a transposição não deixa de ser não só eficaz como mesmo sugestiva. Corman<br />
é um cineasta com uma sensibilidade que se coaduna bem com os ambientes e<br />
as personagens criadas por Poe, desenvolve climas de um fantástico inquietante<br />
sem jogar no primarismo do sangue a jorros e dos efeitos em catadupa, explora
sobretudo o suspense perturbador, através de efeitos puramente plásticos, a<br />
duração do plano, O filme baseia-se, sobretudo, em quatro personagens e uma casa,<br />
um palácio à beira da ruína, atravessado por fendas que, hora a hora, vão criando<br />
clivagens mais aterrorizadoras, enterrando-se progressivamente num pântano<br />
onde a natureza fenece e nada se cria. É a maldição dos Usher a estender-se à<br />
paisagem ou esta a estrangular a família no interior do seu palácio a desmoronarse.<br />
Casa e família sucumbem ao mesmo mal. Roderick Usher lamenta-se de uma<br />
absoluta hipersensibilidade, algo que quase não o permite contactar com o mundo<br />
exterior, uma luz mais intensa violenta-lhe os olhos, qualquer pequeno som<br />
atravessa-lhe os tímpanos como um trovão, um sabor mais forte atormenta-o, só<br />
suporta tecidos de uma macieza rara, move-se como que pairando sobre o chão…<br />
Madeleine parece atreita ao mesmo mal, ambos se declaram, pela voz de Roderick,<br />
próximos da morte. Por isso Roderick não permite a Philip partir com a sua amada,<br />
que, no entanto, não parece assumir a mesma atitude. Mas a vontade de Roderick<br />
é mais forte, e a maldição estende-se sobre o palácio, que no final conhecerá uma<br />
dupla “morte”, incendiado e submergido nas águas do pântano, enquanto temas<br />
como o incesto e a catalepsia se assenhoreiam da obra e os sepultados vivos saem<br />
das criptas com as mãos ensanguentadas e as gargantas roucas de gritarem por<br />
socorro. Puro terror de criação Edgar Allan Poe muito bem recriado pela fantasia<br />
e o competente talento de Corman, a sua enorme economia de meios, o seu bom<br />
gosto visual, o refinamento de um estilo que não pode deixar-se de sublinhar.<br />
A economia de meios é de tal forma que um fi lme destes é rodado em menos de duas<br />
semanas, outro se lhe segue de imediato, rodado com a mesma equipa, um elenco<br />
semelhante, os mesmos cenários, iguais adereços e guarda-roupa, de forma a que<br />
essa produção contínua embarateça o orçamento. O talento e a habilidade de Corman<br />
permitem que estas produções de série B sobrevivam como clássicos e fi lmes de culto,<br />
mantendo toda a sua magia, quase cinquenta anos depois da sua realização.<br />
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Sobre o mesmo tema, Jesus Franco (ou Jess Franco), em Espanha, no ano de 1982,<br />
recoloca as personagens em cena, numa interessante série B, que conheceu<br />
diversos títulos: “Revenge in the House of Usher” ou “La Chute de la Maison Usher”<br />
ou “Los Crímenes de Usher” ou “El Hundimiento de la Casa Usher” ou “Neurosis” ou<br />
“Nevrose” ou “Revolt of the House of Usher” ou “Zombie 5”. O veterano Jesus Franco<br />
(mais de 180 títulos na sua filmografia!) nunca foi cineasta para grandes subtilezas,<br />
mas o seu cinema, muito popular e por vezes excessivamente oportunista no<br />
namoro ao público (no sexo e no gore), conseguia ter alguma graça, numa<br />
demonstração de uma certa “inocência” cultural, apesar do realizador manifestar<br />
alguns conhecimentos sobre literatura e estética cinematográfica. Curiosamente,<br />
Jesus Franco considera esta sua versão de “A Queda da Casa Usher” uma das<br />
mais fiéis a Edgar Allan Poe e a sua obra mais pessoal e menos comercial, um<br />
verdadeiro “filme de autor”. O filme tem momentos fracos, mas ostenta algumas<br />
sequências bastante bem conseguidas num plano plástico, onde as influências do<br />
expressionismo são evidentes. Neste aspecto, todas as cenas a preto e branco, que<br />
remetem para flashbacks, conseguem impressionar pela positiva, muito embora<br />
a interpretação dos actores não seja das mais convincentes. Mas globalmente é<br />
um filme interessante, que aproxima a Casa Usher de um covil de vampiros, para<br />
onde são levadas, depois de raptadas, mulheres de vida fácil, para abastecerem<br />
de sangue a muito debilitada filha de Usher (para lá de outras personagens com<br />
gostos afins). Há uma personagem que relembra o velho de “O Coração Revelador”.<br />
Há sequências que recordam outros filmes de Franco (particularmente “El Secreto<br />
del Dr. Orloff”). Curioso, tanto mais que o DVD onde se disponibiliza esta pequena<br />
fita de terror contém uma curiosa entrevista com o cineasta espanhol, personagem<br />
particularmente singular no universo do cinema fantástico. Nada, porém, que se<br />
possa comparar com Roger Corman.<br />
“The House of Usher” volta a interessar os estúdios norte-americanos, uma vez<br />
em 1988, com realização a cargo de Alan Birkinshaw, argumento de Michael<br />
J. Murray, e interpretação de Oliver Reed (Roderick Usher), Donald Pleasence<br />
(Walter Usher) e Romy Windsor; outra já em 2006, numa interessante direcção de<br />
Hayley Cloake, sobre argumento de Collin Chang que transporta a história para a<br />
actualidade (o que parece quase impossível é assegurado com alguma coerência<br />
pelos responsáveis). Uma casa senhorial perdida numa zona rural da província, a<br />
morte declarada de Madeleine, irmã de Roderick Usher, uma amiga, Jill Michaelson,<br />
que vem ao funeral, e que fora antiga namorada de Roderick, e uma governanta<br />
intrigante que relembra a personagem de “Rebecca” e se chama, por alguma razão,<br />
Mrs. Thatcher. A casa não racha mas assusta, não há incêndio ou descalabro que a<br />
destrua na derradeira sequência, mas de resto, apesar de passar-se no século XXI, a<br />
família sofre das mesmas maldições e doenças afins (com modernos tratamentos a<br />
condizer com a época), o incesto não só paira no ar, como se insinua mesmo de forma<br />
mais descarada, a danação dos Usher tem razão de ser numa consanguinidade<br />
que passa de irmãos para irmãos e de pais para filhos, e a loucura dessa herança<br />
que se quer manter a todo o custo acaba por ter os seus dissabores. O filme é<br />
discreto, mas mantém um bom clima, uma fotografia aceitável, uma interpretação<br />
de actores desconhecidos que não comprometem. É uma versão que se vê com<br />
agrado, numa noite em que não se tiver nada de melhor a fazer (ou se esteja a ver<br />
– quase - de castigo as obras de Edgar Allan Poe adaptadas ao cinema!).
_OUTROS FILMES DO CICLO CORMAN-POE<br />
_O FOSSO E O PÊNDULO<br />
“The Pit and the Pendulum” é uma das obras-primas de Poe no campo do conto. Escrito<br />
em 1842, trata-se de um monólogo interior de alguém que está preso nas masmorras<br />
da Inquisição espanhola, precisamente numa cela de Toledo, depois de ter sido preso e<br />
condenado pelo Santo Ofi cio. O conto evoca o terror sentido por alguém que se encontra<br />
fechado sem luz, preso na escuridão total, e que tenta perceber quais as torturas a que<br />
está a ser (e vai ser) sujeito. Desde um poço infestado por ratazanas onde os inquisidores<br />
esperam que caia, e de que se salva por um fortuito acaso, até às pesadas paredes de<br />
metal aquecido que se fecham em seu redor, passando pelo pêndulo que corta o ar e se<br />
apresta a trespassar as suas débeis carnes, de tudo se apercebe de forma tão violenta<br />
e obsessiva que chega a desejar a tranquilidade da morte, perante tamanhas torturas<br />
que o ameaçam e tão trágicos pensamentos que o visitam. Claro que ultrapassa a crise,<br />
salvo pelas tropas do francês general Lassalle que toma Toledo e resgata os prisioneiros.<br />
O conto é admiravelmente escrito, a sensação de horror e de claustrofobia é imensa, o<br />
pavor instala-se no leitor de forma progressiva e letal.<br />
Roger Corman e o seu hábil argumentista Richard Matheson não adaptam o conto,<br />
como o fi lme afi rma, inspiram-se nele, sobretudo nas máquinas de tortura da diabólica<br />
Inquisição, nomeadamente nesse exasperante pêndulo mortal, para criar uma história<br />
totalmente diversa, mas muito bem engendrada. Li há tempos que um dos produtores<br />
desta série afi rmou sobre a mesma, no que se refere à sua relação com Poe: “Cada<br />
fi lme tinha um terço, o primeiro ou o último, adaptado de Poe. Os dois restantes terços<br />
das obras eram totalmente devidos a Cormam e aos argumentistas.” Assim aconteceu<br />
com este “O Fosso e o Pêndulo”, onde apenas o terço fi nal contempla óbvias ligações<br />
ao conto de Poe. O próprio Matheson explica: “O método que adoptámos na adaptação<br />
de “The Pit and the Pendulum” foi usar o clímax do conto de Poe só no terceiro acto<br />
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do fi lme, porque um conto de duas páginas não pode dar-nos um fi lme de noventa<br />
minutos. Então construímos os dois primeiros actos na esperança de ser fi el ao espírito<br />
de Poe, e então o clímax apareceria no ecrã no fi nal.”<br />
Conta-se que no seu argumento Matheson incluía um fl ashback onde Nicholas e<br />
Elizabeth faziam um piquenique e uma viagem a cavalo pela paisagem, antes de se<br />
declarar a doença da mulher. Mas Corman cortou esta sequência e não a fi lmou, com<br />
uma explicação que me parece extremamente inteligente: “Eu tinha várias teorias<br />
enquanto fi lmava a série Poe. Uma delas era que essas histórias tinham sido criadas<br />
no subconsciente de Poe e não podiam ter nada de realistas. Assim, até fi lmar “The<br />
Tomb of Ligeia”, nunca se rodou nada no mundo real. Em “Pit and the Pendulum”, John<br />
Kerr chega numa carruagem que é fi lmada contra um fundo de oceano. Apesar disso<br />
creio que é sobretudo representativa do subconsciente.”<br />
Tendo em conta todas estas condicionantes julgo não errar muito se disser que a versão<br />
de “The Pit and the Pendulum”, de Roger Corman, de 1961, é uma das mais conseguidas<br />
obras do fantástico e do terror gótico da vasta galeria de adaptações de Poe e um dos<br />
grandes momentos do fantástico na década de 60.<br />
Perante o sucesso comercial e de crítica que constituiu a estreia de “House of Usher” em<br />
1960, os produtores James H. Nicholson e Samuel Z. Arkoff, da American International<br />
Productions, anunciaram desde logo um segundo fi lme retirado de Poe. Mas não<br />
pensaram numa série, como se veio a verifi car depois. “The Pit and the Pendulum”,<br />
publicitado em Agosto de 1960, foi rodado durante quinze dias, a partir de início de<br />
Janeiro de 1961, com um orçamento de quase um milhão de dólares.<br />
Em Espanha, em meados do século XVI (1546, para se ser mais exacto, como se pode ver<br />
pela datação da morte de Elizabeth), um jovem cavaleiro inglês, Francis Barnard (John<br />
Kerr) visita o castelo de Nicholas Medina (Vincent Price) para tentar perceber as causas<br />
da morte da irmã, Elizabeth (Barbara Steele), casada com Nicholas. Encontra a irmã<br />
deste, Catherine (Luana Anders), que começa por lhe dar exíguas informações, o que
o leva a querer pernoitar para se inteirar melhor dos estranhos acontecimentos. Fala<br />
então com Nicholas e o seu médico particular, o Dr. Leon (Antony Carbone), e ambos lhe<br />
confi rmam a morte da irmã com base num ataque de coração provocado pelo medo,<br />
obcecada pela câmara de torturas que existe no castelo. Fechada nesse espaço de<br />
loucura e dor, morre proferindo o nome de “Sebastian”. Francis não acredita no que ouve<br />
e descobre através de Catherine que Nicholas vive traumatizado desde criança pela<br />
morte da mãe, vítima do pai, Sebastian Medina, membro da Inquisição espanhola, que<br />
assassina o irmão Bartolome e a mulher, acusando-os a ambos de adultério. Nicholas,<br />
escondido a um canto da sala , observa toda a cena que o irá perseguir pela vida fora.<br />
Mas, mais tarde, Francis vem a saber, através do Dr. Leon, que a mãe de Nicholas não<br />
fora torturada até à morte, mas sim emparedada viva. É esse horror que consome<br />
Nicholas: o pavor de Elisabeth ter sido igualmente sepultada viva. Mas afi ança sem<br />
margem para dúvida: “Se Elizabeth Medina caminha por estes corredores, só pode ser<br />
o seu espírito, nada mais.” Acontece que não é somente o espírito de Elizabeth que<br />
caminha pelos corredores e atormenta o cada vez mais enlouquecido Nicholas, e o Dr.<br />
Leon sabe-o bem …<br />
Segundo título da série dedicada por Roger Corman a adaptações de Edgar Allan<br />
Poe, “The Pit and the Pendulum” é talvez a sua melhor obra, resultando num fi lme<br />
que, se se afasta consideravelmente do conto original, consegue criar uma atmosfera<br />
verdadeiramente digna do universo do escritor e sobretudo uma extraordinária<br />
reconstituição de época, com uma direcção artística brilhante de Daniel Haller, e<br />
uma fabulosa fotografi a, em cores vivas e voluptuosas de Floyd Crosby, muito bem<br />
orquestradas pela música de Les Baxter.<br />
Como se sabe, Roger Corman tinha sempre reduzidos orçamentos e curtos períodos<br />
de rodagem (uma semana para realizar um fi lme era vulgar). Mas “O Fosso e o<br />
Pêndulo” deixa a sensação de uma quase super-produção, com ambientes e cenários<br />
rigorosamente recriados ao pormenor, um guarda-roupa esplendoroso, e um elenco<br />
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brilhante, onde justo é destacar Vincent Price, numa composição avassaladora, uma<br />
das mais conseguidas da sua magnífi ca carreira, muito bem acompanhado por toda a<br />
restante equipa, sendo ainda de sublinhar a presença de uma das divas do terror, por<br />
essa altura, a italiana Barbara Steele.<br />
O extraordinário sucesso de bilheteira e de crítica que este fi lme conheceu aquando<br />
do seu lançamento, levou a American International Productions a prolongar a série<br />
retirada de contos de Edgar Allan Poe. Seguiram-se “The Premature Burial” (1962), “Tales<br />
of Terror” (1962), “The Raven” (1963), “The Haunted Palace” (1963, mais H. P. Lovecraft do<br />
que Poe), “The Masque of the Red Death” (1964), e “The Tomb of Ligeia” (1965).<br />
Curiosidade adicional: em 1968 o fi lme foi vendido à cadeia de televisão ABC-TV para<br />
ser emitido. Como, porém, não tinham a metragem ideal para o espaço previsto, o canal<br />
televisivo sugeriu a rodagem de algumas cenas extra, para conseguirem a metragem<br />
necessária. Tamara Asseyev, assistente de Roger Corman, rodou cerca de cinco minutos<br />
que foram acrescentados no fi nal, prolongando a “vida” de Catherine Medina, enviada<br />
para um manicómio. Razão de ser desta opção? A actriz Luana Anders era a única<br />
disponível para essas fi lmagens. O fi lme terminava então com uma nova sequência,<br />
durante a qual Catherine confessa a alguém todo o drama que havia vivido, colocando<br />
toda a narrativa anterior da obra como um longo fl ashback. Nalgumas edições de DVD<br />
esta fi lmagem extra aparece como bónus, apresentando-o como “Original theatrical<br />
prologue” (o que não corresponde à verdade).<br />
“The Pit and the Pendulum” foi uma das obras de Edgar Allan Poe mais vezes adaptadas<br />
ao cinema, começando logo por versões mudas, uma de 1913, da americana Alice Guy,<br />
outra de 1914, com a assinatura de D.W. Griffi th e o título “The Avenging Conscience”<br />
(que já abordaremos mais à frente). Depois da versão de Roger Corman, de 1961, outras<br />
se seguiram: “Le Puits et le Pendule”, realizada para a televisão pelo francês Alexandre<br />
Astruc, em 1964, outra dirigida por Harald Reinl, na Alemanha Federal, em 1967, com a<br />
designação de “Die Schlangengrube und das Pendel”, outra integrada em “An Evening of
Edgar Allan Poe”, de Kenneth Johnson (EUA, 1972), onde Vincent Price tem uma notável<br />
leitura dramatizada do texto de Poe. Em 1983, na Checoslováquia, Jan Svankmajer recria<br />
o tema em animação, em “Kyvadlo, Jáma a Nadeje” e em 1991, Stuart Gordon (EUA,<br />
1991), volta ao conto em “The Inquisitor”. Na série de televisão “Tales of Mystery and<br />
Imagination” (1995), vários realizadores rodaram adaptações de contos de Poe, entre os<br />
quais “The Pit and the Pendulum”. Finalmente, anuncia-se para 2009 uma nova versão<br />
assinada por David DeCoteau. Mas certamente que muitas outras abordagens foram<br />
efectuadas ao longo dos anos, como a animação do canadiano Marc Lougee.<br />
_O SEPULTADO VIVO<br />
“O Sepultado Vivo” é o terceiro fi lme do ciclo realizado por Corman com base em<br />
contos e poemas de Edgar Allan Poe, e o único que não tem Vincent Price como<br />
protagonista, que aqui cede esse lugar a Ray Milland. Este é o inquieto Guy Carrell que<br />
vive atormentado pela morte do pai, que julga ter sido enterrado vivo, pois pensa-o<br />
vítima de catalepsia. Esta ameaça do passado, projecta-se sobre o seu presente (ele<br />
também é cataléptico) e sobretudo sobre o seu futuro (apavorado com a possibilidade<br />
de também ele ser sepultado vivo). Como em quase todos os fi lmes desta série, que fala<br />
de pesadelos e maldições que se tornam realidade, o prenúncio que paira sobre Guy<br />
Carrell concretiza-se e a vingança sobre aqueles que prematuramente o enterraram<br />
vai prolongar-se inexoravelmente.<br />
Casado com a bela Emily (Hazel Court), e por esta encorajado a comprovar os seus<br />
receios quanto à morte do pai, resolve abrir a cripta da família. O espectáculo com que<br />
depara fá-lo sucumbir de horror. Efectivamente os receios confi rmam-se: o pai morrera<br />
sufocado vivo no interior do seu túmulo. No transe por que Guy passa, é dado como<br />
morto por fulminante ataque cardíaco. Mas a verdade é que mais uma vez a catalepsia<br />
fez das suas. Guy, porém, tivera ao cuidado prévio de mandar construir uma cripta com<br />
várias saídas de emergência…<br />
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Ray Miland é um também actor de particular estimação de Roger Corman, que com<br />
ele faz “O Homem com Visão Raio X”, e que se sai bastante bem desta aventura de cariz<br />
obsessivo. A realização de Corman é, como sempre, muito inteligente e efi caz, num<br />
voluptuoso colorido, em cenários de um gótico algo estilizado, de efeito seguro e de<br />
um bom gosto irrepreensível.<br />
“The Premature Burial” foi várias vezes adaptado ao cinema. Logo em 1927, em<br />
Inglaterra, Castleton Knight tenta uma primeira aproximação com “Prelude”. John H.<br />
Auer, nos EUA, em 1935, roda “The Crime of Dr. Crespi”, com base no mesmo texto, e<br />
o fabuloso Erich von Stroheim em protagonista. Douglas Heyes (EUA, 1961), na série<br />
de TV, “Thriller”, assina o episódio “The Premature Burial”, com Boris Karloff. Depois da<br />
versão de Roger Corman, só há notícia de uma nova passagem ao cinema, numa obra<br />
intitula “Sílení” ou “Lunay”, dirigida por Jan Svankmajer (co-produção da República<br />
Checa e da Eslováquia, em 2005).
_A MALDITA, O GATO E A MORTE<br />
Em “A Maldita, o Gato e a Morte” (Tales of Terror), Roger Corman e o seu argumentista<br />
Richard Matheson, reúnem quatro contos de Poe para comporem três histórias de<br />
cerca de meia hora cada uma, “Morella”, “The Black Cat”, “The Cask of Amontiallado” e<br />
“The Case of M. Valdemar”.<br />
Na primeira história de inequívoco tom gótico, os elementos tradicionais destas<br />
narrativas estão todos presentes: o castelo no cimo de uma ravina com o mar aos pés,<br />
a carruagem solitária que atravessa a paisagem inóspita e descarrega uma donzela à<br />
porta do arruinado edifício, a presença de um ocupante com ar alucinado, a presença<br />
da morte, perdurando no cadáver embalsamado de Morella, conservado no seu leito<br />
pelo desesperado marido, Locke (Vincent Price), que vive amargurado por recordações<br />
do passado. Quem o visita é sua fi lha, Lenore (Maggie Pierce) que regressa após 26 anos<br />
e desenterra do passado um pesadelo terrível. Morella e Locke acham que foi a fi lha a<br />
causadora da morte da mãe, que faleceu no parto. Lenora tenta a reconciliação com o<br />
pai, que acaba por aceitar a versão da fi lha. Morella, porém, não esqueceu e regressa do<br />
além para se apoderar do corpo da fi lha e vingar-se. O que aproxima muito este conto<br />
de “A Queda da Casa Usher”, por um lado (através da fi gura de Locke) e de “Ligeia”,<br />
por outro, sobretudo na vingança fi nal da mulher que ressuscita dos mortos para se<br />
vingar do marido. Sem ser um exemplo do melhor Corman/Poe, nomeadamente por<br />
uma certa inefi cácia das actrizes, que nunca se colocam ao nível de um Vincent Price,<br />
o episódio mantém as características da série (tal como os dois seguintes, ambos<br />
consideravelmente melhores em todos os aspectos), quer ao nível da fotografi a como<br />
da direcção artística, dos cenários ao guarda-roupa.<br />
“The Black Cat”, o conto seguinte, desta feita incorporando certas passagens de um outro<br />
conto de Poe, “The Cask of Amontiallado”, marca uma curiosa e muito divertida incursão<br />
de Corman e do seu argumentista no campo da comédia, servida por dois actores<br />
absolutamente notáveis, o habitual Vincent Price, num registo burlesco, subtil e irónico, e<br />
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Peter Lorre. Este interpreta a fi gura de Montressore, um desmedido apreciador de vinho,<br />
casado com a sedutora Annabel (Joyce Jameson), que descobre a melhor maneira de dar<br />
largas ao seu prazer preferido, entrando num duelo de escanções com o perito Fortunato<br />
Lucresi (Vincent Price). Uma noite, em que Montressore já não se consegue manter de<br />
pé, Fortunato Lucresi leva-o a casa, conhece Annabel e não resiste aos encantos desta,<br />
nem ao etilizado estado de coma do marido, e principia aí um idílio adúltero e fatal.<br />
Quando Montressore se apercebe do que está a acontecer nas suas costas, mata a<br />
mulher e empareda-a, não se apercebendo que acaba de emparedar igualmente o gato<br />
que tanto detesta e cujo estridente miar lhe será profundamente nocivo. Esta pequena<br />
pérola de humor negro vive sobretudo da inexcedível interpretação dos dois actores,<br />
num duelo particularmente expressivo e diversifi cado quanto a processos. É curioso<br />
ver o que Corman disse sobre o seu trabalho com Peter Lorre: “Foi fantástico! Devo<br />
dizer que Peter Lorre era uma das pessoas mais divertidas que me foi dado conhecer. E<br />
extremamente inteligente e muito culto. Portanto estava a lidar com um homem que<br />
era capaz de surgir de repente com excelentes ideias para pura farsa e simultaneamente<br />
justifi cá-las intelectual e tematicamente dentro do contexto de Poe. Era tremendamente<br />
estimulante. A formação de Peter Lorre era diferente da de Vincent. Vincent frequentara<br />
a Escola de Teatro de Yale; tinha uma enorme preparação como actor clássico. Peter viera<br />
da Alemanha, onde trabalhara com Bertol Brecht, e estava muito familiarizado com a<br />
versão alemã do método de Stanislavsky, que era muito semelhante à alemã. Os estilos<br />
deles eram completamente diferentes, mas eram ambos actores muito inteligentes e de<br />
uma grande sensibilidade e fi zeram um excelente trabalho em conjunto, especialmente<br />
na sequência da prova de vinhos. Nessa cena eu disse: “Peter, tu vais improvisar; vais<br />
parecer completamente passado. Vincent, tu mantém-te absolutamente clássico.”<br />
Quando o fi lme foi estreado, essa cena obteve uma grande reacção por parte do público.<br />
Eu disse ao provador, ou semi-especialista de vinhos – já nem me lembro o que é que ele<br />
era – “Fala com o Vincent, mas afasta-te do Peter.”
Vincent Price, pelo seu lado, não compreendia a forma de representar de Peter<br />
Lorre, chama-o “um homenzinho triste”, e acrescentou: “ele não se sentia feliz; tinha<br />
engordado imenso e não se sentia bem. Na realidade, ele nunca conseguiu decorar o<br />
guião; sentia que podia improvisar e que conseguiria melhores resultados, o que, em<br />
muitos casos, se verifi cou. Outrora ele havia sido um actor, mas naquela época era já<br />
apenas uma caricatura: fazia imitações de si próprio falando com uma voz fanhosa.<br />
Tinha-se transformado numa personagem chamada Peter Lorre e achava que era o<br />
que o público queria, e por isso era essa receita que dava ao público.”<br />
“The Case of M. Valdemar” termina o fi lme com outro duelo de representação, mas<br />
desta feita mais coerente nos processos. Basil Rathbone (que vinha de interpretar a<br />
série “Sherlock Holmes” nos anos 40), transportando a sua multicolorida lanterna, é o<br />
Dr. Carmichael, um fervoroso adepto do hipnotismo, e consegue convencer o Senhor<br />
Valdemar (Vincent Price) a ser hipnotizado momentos antes da morte, fi cando assim<br />
suspenso numa terra de ninguém, que dará todas as vantagens ao hipnotizador que<br />
quer fi car como herdeiro da bela esposa de Valdemar (Debra Paget). O conto fi naliza<br />
com uma cena macabra que repõe a ordem natural das coisas e a justiça na Terra.<br />
Sobre Rathbone, Vincent Price afi rmou: “Acho que ele estava muito desiludido, muito<br />
amargo porque ele tinha sido uma grande estrela. As pessoas haviam esquecido esse<br />
aspecto porque só o viam como Sherlock Holmes, ou como o vilão da fi ta. Mas ele tinha<br />
sido um grande actor shakespeariano, uma grande estrela do teatro e do cinema. E de<br />
repente deu por si – como todos nós quando Jimmy Dean e Marlon Brando e esses<br />
outros apareceram e se criou uma nova forma de falar e todos nós falávamos com<br />
sotaques muito trabalhados, num inglês muito trabalhado – quem queria continuar a<br />
trabalhar não tinha outro remédio senão fazer fi lmes de época. E o Basil ressentia-se<br />
muito disso.”<br />
“A Maldita, o Gato e a Morte” tem qualidades inequívocas e pode mesmo dizer-se que<br />
cada conto por si oferecia uma mais rigorosa aproximação do universo de Poe do que<br />
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as longas-metragens. Mas o resultado fi nanceiro fi nal não foi de molde a entusiasmar<br />
a produtora a continuar esta via.<br />
Vincent Price, Peter Lorre e Basil Rathbone, voltariam a encontrar-se todavia em 1963,<br />
numa nova comédia de terror, “Comedy of Terror”, de novo escrita por Richard Matheson,<br />
mas desta feita dirigida por Jacques Tourneur. Veremos igualmente que “Two Evil Eyes”,<br />
de Dario Argento e George Romero, volta à mesma estrutura, oferecendo novas versões<br />
dos contos “The Case of M. Valdemar” e “The Black Cat”.<br />
_O PALÁCIO MALDITO<br />
“O Palácio Maldito”, dirigido por Roger Corman em 1963, não adapta uma obra de Edgar<br />
Allan Poe, apenas toma alguma infl uência sua, sendo, isso sim, uma adaptação de “The<br />
Case of Charles Dexter Ward”, de H.P. Lovecraft. Poe serve de abertura e fecho para<br />
esta história toda ela Lovecraft, ainda que este autor possa manter com Poe algumas<br />
curiosas afi nidades. De todas as formas, a ambiência e o estilo que Corman utilizou<br />
em todo o seu ciclo Poe mantêm-se aqui, bem assim como a equipa técnica e até o<br />
elenco. Este é, aliás, um exemplo bastante típico dos métodos de produção e realização<br />
de Roger Corman. Rodado quase inteiramente em estúdios, inclusive os exteriores,<br />
em três semanas de fi lmagens, o que, não sendo um tempo record, demonstra um<br />
bom aproveitamento de cenários e actores, “The Haunted Palace” prova as virtudes<br />
e os limites do cinema deste mago da produção de série B que conseguiu uma boa<br />
aceitação entre os cinéfi los de todo o mundo. A intriga desdobra-se em inquietantes<br />
profecias e ameaças: há cem anos atrás, os habitantes de uma aldeia tinham queimado<br />
vivo, sob a acusação de feitiçaria e bruxaria, o sinistro proprietário de um castelo<br />
local. Agora, como que cumprindo a profecia então lançada pelo martirizado senhor<br />
do palácio, aparece um novo dono, com a mulher, em tudo semelhante ao anterior. O<br />
medo instala-se e tudo parece apontar para que se re-edite o ritual.<br />
Dizia Roger Corman que o que fez o sucesso desta sua série Edgar Allan Poe foi a<br />
combinação de vários factores que permitiram aos fi lmes terem uma exploração normal<br />
em circuitos tradicionais do cinema de terror, e, por outro lado, serem muito apreciados<br />
por públicos mais cultos e exigentes, em virtude da base donde partem, Allan Poe, mas<br />
também do cuidado posto nas adaptações, quer se fale no rigor na criação dos ambientes,<br />
como na escolha de alguns intérpretes, como ainda no próprio tom adoptado.<br />
Veja-se o caso de “O Palácio Maldito”. A acção centraliza-se em três polos essenciais:<br />
o palácio, a aldeia e alguns exteriores. Tudo fi lmado em estúdio, o que permite uma<br />
atmosfera brumosa, com muitos fumos sabiamente distribuídos, que não só criam<br />
um clima propício, como escondem defi ciências de cenários e possíveis anacronismos.<br />
A técnica de Corman é óbvia: se não pode mostrar-se, esconde-se com fumo. Mas a<br />
forma como isto é feito, cria uma certa plausibilidade e um efeito plástico bastante<br />
satisfatório. Muitos dos cenários possuem uma envergadura que não se coaduna com<br />
as reduzidas verbas dispendidas. O segredo é utilizar cenários de outros fi lmes, antes<br />
deles serem destruídos. Uns adereços estrategicamente colocados e uns fuminhos<br />
para disfarçar, eis o palácio transformado por completo.<br />
O tom adoptado é igualmente muito inteligente. Por um lado, assume-se o fantástico<br />
e o terror tradicional, dito “gótico” entre os especialistas. Por outro lado, insinuam-se<br />
anotações culturais evidentes e um humor distanciador.<br />
Finalmente, para que tudo isto seja possível, era necessário recrutar actores que<br />
permitissem a façanha. Desde logo, Vincent Price, “the right price in the right place”.
Vincent Price é o protagonista de quase todos os fi lmes desta série: “A Queda da<br />
Casa Usher”, “O Fosso e o Pêndulo”, “A Maldita, o Gato e a Morte”, “O Corvo”, “O Palácio<br />
Maldito”, “O Túmulo de Ligeia” e “A Máscara da Morte Vermelha”. De fora fi ca apenas “O<br />
Sepultado Vivo”, onde Price foi trocado por Ray Milland.<br />
Por vezes, como no caso de “The Haunted Palace”, Vincent Price dá réplica a outros<br />
actores de certa qualidade, como Lon Chaney, Jn, Debra Paget ou mesmo Leo Gordon.<br />
Noutros, é sobre os seus únicos ombros que repousa toda a responsabilidade de<br />
defender personagens e situações. E Vincent Price fá-lo sempre com uma segurança<br />
e uma subtileza invulgares.<br />
Roger Corman, falando do seu actor preferido, disse: “ Vincent é verdadeiramente o<br />
Mestre nesta matéria. Pessoalmente, estudei como trabalhar com actores tendo como<br />
base “O Método”, mas nunca encontrei ninguém como Price. Com efeito, ele está de<br />
acordo com numerosos princípios de “O Método” mas pode interpretar igualmente<br />
com base no barroco ou no grandiloquente e situar-se nos limites da farsa. Ele sabe<br />
exactamente onde deve parar, servindo-se do humor e de uma espécie de refl exão<br />
irónica sobre si próprio e sobre o que está a dizer. Se ele fosse menos grandiloquente,<br />
mais realista, seria certamente muito menos divertido, e não nos poderia dar os seus<br />
grandes momentos. E se fosse um pouco mais longe, cairia tudo pela base. Ele sabe,<br />
com um rigor notável, onde se situar e dali não se afasta nunca.”<br />
Vincent Price nasceu em St. Louis, no Missouri, a 27 de Maio de 1911. Formado pela<br />
Universidade de Yale, nos EUA, e de Oxford, em Inglaterra, Vincent Price é um dos<br />
actores mais cultos da sua geração. Foi o principal responsável, entre 1955 e 1958,<br />
por um programa sobre arte ($64,000 Questions), na cadeia CBS da televisão norte<br />
americana. Foi conselheiro artístico de fi rmas comerciais como a Sears Roebuck, e era<br />
considerado uma das maiores autoridades mundiais em arte mexicana. Neste campo,<br />
era ainda um dos mais conhecidos coleccionadores de arte índia e pré-colombiana, o<br />
que fi cou atestado em obras como “The Vincent Price Treasure of American Art” (1972)<br />
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ou “A Treasure of Great Recipes”. Mas era igualmente uma autoridade em culinária e<br />
gastronomia, tendo mesmo escrito algumas obras, de colaboração com a sua segunda<br />
mulher, consideradas clássicos, nesta arte, como “The Come Into the Kitchen Cook Book”<br />
(1969). Por outro lado, os seus conhecimentos da arte de representar, levavam-no a ser<br />
convidado, com regularidade, pelas universidades americanas, para proferir conferências<br />
e dar cursos. Registou, em disco, obras de Shakespeare e de Edgar Allan Poe.<br />
Iniciou a sua carreira de actor no teatro, em 1935, em Londres, e, posteriormente, na<br />
Broadway, em Nova Iorque, tendo sido primeira fi gura no Mercury Theatre, lendária<br />
companhia dirigida por Orson Welles. Estreou-se no cinema em 1938 e trabalhou<br />
em fi lmes de Michael Curtiz, John Stahl, Henry Hathaway, Samuel Fuller, James<br />
Whale, Henry King, Otto Preminger, Joseph L. Mankiewicz ou Fritz Lang, até que em<br />
1953 protagoniza “Máscaras de Cera”, de André De Toth, que o lança no campo do<br />
cinema fantástico, género que nunca mais abandonará, deixando o seu talento bem<br />
representado num impressionante conjunto de obras que vão desde a primeira versão<br />
de “A Mosca” até “O Caçador de Bruxas”, de “O Senhor do Mundo” até “Eduardo Mãos de<br />
Tesoura”, de “O Gato Miou Três Vezes” até “O Abominável Dr. Phibes”.<br />
Mas a série Edgar Allan Poe-Roger Corman transformou-o numa verdadeira vedeta<br />
do fi lme fantástico, um autêntico príncipe das trevas, que se afasta radicalmente da<br />
imagem de muitos outros “monstros” do terror. Vincent Price emprestava sempre às<br />
personagens que interpretava o fascinante recorte da aristocracia decadente, snobe e<br />
cínica, atormentada por pesadelos de antanho, como é o caso de Charles Dexter Ward,<br />
o protagonista deste “Palácio Maldito” que re-encarna a maldição de um antepassado,<br />
condenado à fogueira pela justiça popular na aldeia de Arkham. Admire-se a<br />
sonoridade da sua fala, a fi na ironia da sua representação, a aristocrática elegância do<br />
seu porte. Há, neste aspecto, algumas cenas dignas de referência especial, sobretudo<br />
as que testemunham o diálogo que Charles Dexter Ward mantém com o retrato do<br />
seu defunto antepassado.
_A MÁSCARA DA MORTE VERMELHA<br />
“A Máscara da Morte Vermelha”, de 1963, dirigida por Roger Corman, segundo uma nova<br />
adaptação de um conto de Edgar Allan Poe, recoloca os problemas deste surto de fi lmes<br />
da American International Productions. Como ser-se fi el, adaptando um conto de meia<br />
dúzia de páginas, quase sem intriga, vivendo essencialmente de uma atmosfera criada<br />
pela subtil utilização das palavras e da sua sugestiva densidade poética. No conto, as<br />
terras do príncipe Próspero estão fl ageladas pela “peste vermelha”, que num instante,<br />
desbarata exércitos de pessoas, deixadas com os corpos repletos de chagas por onde brota<br />
o vermelho do sangue contaminado. Para se furtar a tal sorte, o príncipe Próspero e os seus<br />
amigos mais chegados barricam-se numa abadia bem abastecida para meses e meses de<br />
consentido bloqueio, julgando assim esquivarem-se à sorte madrasta. Por festas e bailes,<br />
em salas de traçado arquitectónico único, julgam enganar o inimigo até este aparecer no<br />
meio deles, num baile de máscaras, onde a única sem disfarce é a própria morte. No fi lme,<br />
Corman aproxima-se ao máximo do texto, mas recria intrigas complementares para criar<br />
enredo e manter os espectadores presos, não só do ambiente obsessivo, mas também das<br />
próprias peripécias. Uma constante nesta série dedicada a Poe.<br />
Para quem gosta de cinema fantástico, este é um conjunto de obras de eleição dentro<br />
do que se pode chamar o terror gótico. Pela qualidade plástica revelada, pela subtileza<br />
das anotações, pelas referências psicanalíticas e culturais pouco vulgares no género,<br />
pelo tratamento da narrativa.<br />
Roger Corman era então um produtor e realizador muito jovem, mas já não um novato<br />
nestas andanças, pois dirigira anteriormente um volume impressionante de fi lmes de<br />
série C, daqueles que se destinavam a preencher as sessões duplas dos cinemas de<br />
bairro e dos “drive-ins” norte-americanos. Passara por todos os géneros, do “western”<br />
ao policial, do fi lme de denúncia social, à fi cção científi ca, e rodava estas películas em<br />
meia dúzia de dias, às vezes em dois dias e uma noite, outras vezes dois em simultâneo,<br />
aproveitando cenários de outros fi lmes, antes de serem destruídos.<br />
167 | Edgar Allan Poe no Cinema
168 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Os orçamentos eram mínimos, e a maioria dos técnicos e actores eram recrutados<br />
sabiamente entre os alunos da UCLA, Universidade de Cinema de Los Angeles. Foi<br />
assim que, ainda na American International Pictures, revelou, vejam só, realizadores<br />
da envergadura de Peter Bogdanovich, Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Irving<br />
Kershner, Richard Rush, Curtis Harrington, Denis Sanders, Bernard Kowalski, Brian De<br />
Palma, Monte Hellman, Dennis Hopper ou Daniel Haller, para continuar a sua tarefa<br />
na New World, com o lançamento de uma nova fornada de talentos: Joe Dante, Steve<br />
Carver, Jonathan Kaplan, Paul Bartel, Jonathan Demme, Lewis Teague, entre muitos<br />
outros.<br />
Actores como Jack Nicholson, Robert De Niro, Bruce Dern, Peter Fonda, Ellen Burstyn,<br />
David Carradine, saíram também da sua “escola”. E mesmo técnicos, como o<br />
argumentista Robert Towne, os directores de fotografi a Haskell Wexler e John Alonzo<br />
ou o produtor John Davidson passaram pela “fábrica”. Primeiramente, deu-lhes<br />
emprego nos seus fi lmes, depois lançou-os em obras por si produzidas.<br />
Roger Corman marcou, por isso, uma geração de cineastas norte-americanos, e ainda<br />
hoje é lembrada uma das suas casas, a New World, precisamente como uma mítica<br />
maternidade de talentos. Para lá disso, distribuiu nos EUA, ao lado de muitos títulos<br />
de série B e Z, fi lmes europeus de cineastas como Ingmar Bergman, François Truffaut,<br />
Volker Schlondorff, Joseph Losey, Jeanne Moreau ou Federico Fellini, afi rmando-se<br />
também neste campo como uma personagem sui generis e lendária.<br />
As histórias e experiências que se contam à sua volta davam para horas de conversas e<br />
algumas seriam certamente de algum proveito, como o foram para quem com ele teve<br />
o privilégio de trabalhar. Não era um produtor fácil. Dizia-se que tinha a mão férrea,<br />
mas quase todos os seus discípulos desculpam os cortes e remontagens de fi lmes,<br />
em função do muito que com ele aprenderam. Sobretudo em economia de meios.<br />
Filme de cowboys e índios com mais de vinte fi gurantes era já superprodução para<br />
Roger Corman. Ele inventava formas de colocar os vinte disponíveis pelo orçamento<br />
de tal maneira que pareciam centenas, e eu próprio, quando fi z a “Manhã Submersa”,<br />
à míngua de fi gurantes seminaristas, que também eram vinte em lugar dos duzentos<br />
pretendidos, tentei seguir o que com ele aprendera, vendo os seus fi lmes, arranjando<br />
maneiras de multiplicar os fi gurantes.<br />
Roger Corman é, pois, uma referência para muita gente do cinema. “The Masque of<br />
the Red Death” é, no entanto, um fi lme que não revela já a pobreza franciscana de<br />
produção de outras obras de outrora do mesmo cineasta. Sendo um fi lme de reduzido<br />
orçamento, ostenta, todavia, uma largueza de meios invulgares em Corman. A base<br />
é um conto notável de Edgar Allan Poe, adaptado a cinema por Charles Beaumont e<br />
Wright Campbell. Do tema disse Roger Corman: “A personagem de Próspero coloca o<br />
fi lme sob o signo da inteligência e da consciência. Uma frase do fi lme resume muito<br />
bem esta óptica: “Cada homem cria o seu próprio paraíso e o seu próprio inferno.” Eu<br />
pretendi mostrar que, no essencial, tudo depende da escolha de base”.<br />
Voluntariamente enclausurado nas salas bizarras de um castelo, o príncipe Próspero<br />
e os seus convidados entregam-se às mais exóticas práticas, pensando-se a coberto<br />
da ameaça de uma epidemia de peste (A Morte Vermelha), que grassa na região. Mas<br />
a devassidão inconsciente deste grupo de privilegiados está longe de estar salva.<br />
Durante um baile de máscaras, uma fi gura inesperada irá surgir e cortar a respiração<br />
aos circundantes. Se se disser que esta adaptação de Poe não tem a força lírica nem<br />
o peso demencial, sombrio e insólito do conto, creio que estaremos inteiramente de
acordo. Corman reduz a dimensão da obra literária, tornando-a talvez mais decorativa,<br />
mais espectacular, mais vistosa e berrante, concessões evidentes ao grande público<br />
a que se destinava. Mas se integrarmos este fi lme no conjunto restrito do cinema<br />
de terror da época, então estamos na presença de uma obra invulgar, pelo requinte<br />
plástico, pelo bom gosto, pelo rigor da composição, inclusive pela afi rmação cultural<br />
que obviamente reivindicava. A que não é também alheia a escolha de Vincent Price<br />
como protagonista. Se há actor de uma cultura invulgar e de uma sensibilidade notável,<br />
ele é Vincent Price.<br />
Parece justo e oportuno voltar a sublinhar o extraordinário talento de Vincent Price.<br />
Vejam-no deambular como uma sombra, falar com aquela voz e aquela fabulosa dicção<br />
que só ele tinha, insinuar-se com a discreta sedução de uma serpente, deslizar pelo<br />
palácio envolto em pesadas capas que o cobrem como se fossem a sua própria pele, e<br />
teremos de concluir que se trata de um actor admirável, tão admirável em obras como<br />
“Laura”, de Otto Preminger, como neste “A Máscara da Morte Vermelha”, uma viagem<br />
pelo “reino das trevas, da ruína e da “Morte Vermelha” que impuseram sobre todas as<br />
coisas o seu império ilimitado”, segundo as palavras de Edgar Allan Poe. À sua volta,<br />
neste caso, instalou-se o deserto. Não há um único actor à sua altura. Apenas temos<br />
por detrás da câmara um realizador rendido aos encantos de um autêntico príncipe<br />
das trevas, no palco ou no ecrã.<br />
_O TÚMULO DE LIGEIA<br />
Vincent Price, Edgar Allan Poe e Roger Corman regressam com “O Túmulo de Ligeia”,<br />
último título desta série fantástica que reuniu estes três expoentes máximos do<br />
filme de terror dos anos 60, nos EUA. Depois desta nova incursão pelo universo de<br />
Poe, Corman e Vincent Price, em conjunto e isoladamente, prosseguiriam as suas<br />
carreiras mas tendo por base textos de outros escritores.<br />
Rodado em Inglaterra, “The Tomb of Ligeia” apresenta algumas novidades. Desde<br />
169 | Edgar Allan Poe no Cinema
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logo, o facto de grande parte da sua acção ser filmada em exteriores naturais,<br />
numas fabulosas ruínas que Roger Corman aproveita sabiamente, delas retirando<br />
a expressividade dramática e estilística que melhor se adaptava à história que<br />
tinha para contar. História de Verden Fell que depois de sepultar Ligeia, a sua<br />
jovem esposa, no cemitério local, contra a vontade do pároco, irá desencadear<br />
uma súbita paixão em Lady Rowena com quem se encontra durante uma caçada<br />
que provoca um acidente. É evidente que depois tudo irá girar à volta de Ligeia<br />
que repousa no túmulo e a recém chegada Rowena, cada vez mais abandonada<br />
pelo enigmático marido. Mas, fiquemos por aqui quanto a peripécias.<br />
Roger Corman afirmou, numa entrevista, que “Ligeia” foi um regresso às origens,<br />
ao verdadeiro espírito de Poe. Mas, a óptica mudara entretanto. “De início pensava,<br />
diz Corman, que o mundo onde evoluíam as nossas personagens era uma pura<br />
criação do espírito de Poe, ilustração de um mundo subconsciente, onde acreditava<br />
nada ser real. Era por essa razão que eu não rodava os filmes em exteriores.<br />
Julgava que o menor plano realista não revelaria senão o artifício desse mundo<br />
que eu criava. Em “Ligeia”, pelo contrário, eu utilizei pela primeira vez na série Poe<br />
cenários naturais. Estava farto de cenários brumosos e tinha medo de me repetir.<br />
Com “Ligeia” tentei uma aproximação tipicamente gótica. Encontrei uma velha<br />
abadia perto de Norfolk e foi aí que rodámos os exteriores, mas tenho dúvidas<br />
se as minhas teorias estavam certas, se será bom introduzir elementos realistas<br />
neste tipo de filmes.”<br />
Corman prosseguiu: “O Túmulo de Ligeia é, de todos os meus filmes, o que se<br />
encontra mais próximo de uma verdadeira história de amor. Há um aspecto,<br />
muito importante em Poe, que nós tínhamos trabalhado pouco. É o tema do amor<br />
perdido: Annabella Lee, Leonora, Morella e Ligeia são bons exemplos. Penso poder<br />
definir “Ligeia”, dizendo que é uma história de amor gótico.”<br />
Para quem gosta de encontrar explicações mais ou menos explícitas para este<br />
tipo de filmes, Roger Corman também acrescenta algo: “É possível que Verden Fell<br />
tenha recebido da sua mulher uma sugestão hipnótica e que ela tenha morrido<br />
sem o libertar dessa sugestão. Mas a verdadeira solução, por detrás de tudo isso, é<br />
que o espírito de Ligeia sobrevive à sua morte. Ela disse que seria a mulher de Fell<br />
para sempre, e sê-lo-á.”<br />
Todos os filmes de Roger Corman deste ciclo Poe são exemplos do seu trabalho<br />
na American International Pictures, empresa de James H. Nicholson e Samuel Z.<br />
Arkoff, onde trabalhou e deixou marcas profundas na década de 60. Depois, Corman<br />
fundaria uma empresa própria, primeiramente a Filmgroup, posteriormente a New<br />
World Pictures, onde concretizou métodos de trabalho e processos de produção.<br />
Ao contrário de muitos realizadores de filmes de terror, que jogam mão de<br />
sucessivos golpes de teatro para fustigarem a atenção e a emoção dos espectadores,<br />
Roger Corman quase não os utiliza nos seus filmes. O efeito criado, por exemplo,<br />
com o aparecimento de um gato preto em “O Túmulo de Ligeia”, é um efeito raro<br />
nos seus filmes. O que sobressai é a criação de um ambiente inquietante, mais<br />
do que a sucessão de momentos fortes. É esse clima que faz algum do fascínio<br />
deste tipo de filmes, bem assim como a leveza dos movimentos de câmara de<br />
Corman e a invulgar interpretação de Vincent Price que serve admiravelmente<br />
essa mesma envolvência pela subtileza da sua representação, mas sobretudo pela<br />
musicalidade da sua palavra.
_DAVID W. GRIFFITH E EDGAR ALLEN POE (sic)<br />
David W. Griffi th era um admirador incondicional de Edgar Allan Poe e dedicou-lhe várias<br />
obras. Uma, datada de 1909, com o título “Edgar Allen Poe” (sic), é um curioso esboço<br />
biográfi co, composto por seis planos, com um total de pouco mais de sete minutos.<br />
Primeiro (falso) plano (são dois planos, unidos por uma trucagem): num quarto, uma<br />
cama onde repousa uma rapariga visivelmente doente, virada para uma longa janela<br />
que recebe a luz do dia. Entra Edgar Allan Poe que se preocupa com o estado da jovem<br />
mulher. A um canto, uma pequena mesa, sobre a qual, numa prateleira, repousa um<br />
busto. Súbito (trucagem, logo um falso plano único), surge nessa mesma prateleira, um<br />
corvo negro. Poe olha-o, surpreso, sente-se que a inspiração o invade, escrevinha algo<br />
numa folha de papel que vai mostrando, entusiasticamente, repetidas vezes à mulher.<br />
Terceiro plano: redacção de um jornal, onde se encontram dois jornalistas, trabalhando.<br />
Entra Poe, mostra o seu trabalho (obviamente o poema “The Raven”) a um que o rejeita,<br />
depois ao outro, que o afasta igualmente. Quarto plano: numa redacção de um outro<br />
jornal, uma mesa, um homem, com o letreiro “Editor” sobre a mesa, conversando com<br />
uma mulher. Entra Poe, mostra o poema à mulher que o recusa rapidamente, depois de<br />
ler algumas frases, mas o editor chama Poe, lê agradado o poema e paga a Poe por ele,<br />
que parte encantado com o dinheiro na mão. Quinto plano: de novo o quarto com a jovem<br />
doente, mas desta feita com um enquadramento mais fechado (sem se ver a prateleira):<br />
a mulher sofre, soergue-se, e desfalece. Entra Poe com mantimentos, um cobertor e um<br />
ar triunfante. Sexto plano (o enquadramento anterior, do primeiro plano, vendo-se a<br />
prateleira): Poe começa a agasalhar a jovem, mas, ao pegar-lhe no braço, compreende<br />
que chegou tarde e o corpo não passa de um cadáver. Desespero de Poe. Fim.<br />
O fi lme é nitidamente uma fi cção sobre um aspecto da vida de EAP, tentando explicar a<br />
génese de um poema, e estabelecendo uma relação dramática entre a criação literária<br />
e a vida quotidiana. Um fi lme dos primórdios do cinema que mostra como EAP era já<br />
mitifi cado como escritor romântico e maldito no início do século XX.<br />
171 | Edgar Allan Poe no Cinema
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Ainda em 1909, Griffi th realiza “The Sealed Room”, segundo argumento de Frank E.<br />
Woods, baseado numa reunião de obras de Honoré de Balzac (“La Grande Breteche”) e<br />
Edgar Allan Poe (“The Cask of Amontillado”). Estamos em França, durante a monarquia.<br />
O rei que mantém uma amante, manda construir um ninho de amor que todavia será<br />
aproveitado pela infi el amante para se encontrar com o romântico baladeiro da corte.<br />
Um dia, julgando o rei afastado, entregam-se aos jogos do amor. Mas ambos são<br />
emparedados vivos nesse refúgio voluptuoso, quando o monarca descobre a traição.<br />
Não se percebe muito bem se um tal fi lme era considerado de horror na época. Hoje<br />
assemelha-se mais a uma deliciosa comédia, com os pedreiros, dirigidos pela soberana<br />
fi gura, a construírem um muro em lugar da porta que liga o rei aos amantes em arrufo.<br />
Construído em quadros, vários planos que se sucedem, num enquadramento teatral,<br />
sem alteração de grandeza, esta é uma obra apenas curiosa. Arthur V. Johnson (rei),<br />
Marion Leonard (cortesã), Henry B. Walthall (baladeiro), Linda Arvidson, William J.<br />
Butler, Verner Clarges, Owen Moore, George Nichols, Anthony O’Sullivan, Mary Pickford,<br />
Gertrude Robinson, Mack Sennett e George Siegmann são os intérpretes, alguns deles<br />
em papéis meramente de fi gurante (caso de Mary Pickford ou Mack Sennett).<br />
Dois anos depois, Griffi th volta a Poe, em “The Two Paths”, onde se sente uma forte<br />
infl uência da Bíblia e de Edgar Allan Poe. Não é dos fi lmes mais signifi cativos deste<br />
período de Griffi th (que rodava por ano dezenas e dezenas de pequenos fi lmes de<br />
duas bobines). Trata-se de um melodrama sobre duas irmãs que tomam diferentes<br />
direcções nas suas vidas. Uma, Florence, mais irreverente e ambiciosa (Dorothy<br />
Bernard), vai para a cidade e torna-se amante de um milionário. A outra, Nellie, mais<br />
calma (Linda Arvidson), fi ca na casa do campo e casa-se por amor. Um belo trabalho<br />
de Griffi th que imagina diversas cenas particularmente interessantes de um ponto<br />
de vista de narrativa audiovisual, e de signifi cação imagética, sendo de realçar ainda a<br />
interpretação, onde fi guram Donald Crisp, Lottie Pickford, Blanche Sweet, Charles West,<br />
Dorthy West e Wildred Lucas em pequenas aparições.
_ALGUMAS OUTRAS OBRAS DE EDGAR ALLAN POE NO CINEMA<br />
_CONSCIÊNCIA VINGADORA<br />
O outro fi lme em que David W. Griffi th se aproximou do universo de Edgar Allan Poe,<br />
foi “The Avenging Conscience”, rodado em 1914, e que mescla poemas e fi cção, sendo<br />
que a base são “Annabel Lee” e “The Tell-Tale Heart”, com algumas citações de “The Pit<br />
and the Pendulum”, “The Black Cat” e “The Conqueror Worm”.<br />
Uma das personagens chama-se Annabela (Blanche Sweet) e está apaixonada por um<br />
jovem, que vive com um tio zarolho. O jovem lê poesia de Edgar Allan Poe (precisamente<br />
“Annabela Lee”) e apresenta ao tio a sua apaixonada. Mas este trata-a de forma grosseira,<br />
chamando-lhe “uma mulher vulgar”, e expulsando-a de casa. O órfão (Henry B. Walthall)<br />
não aceita de bom grado o comportamento tirânico do tio (Spottiswoode Aitken), e<br />
imagina a vingança, no que é auxiliado por algumas situações que observa no seu jardim,<br />
uma aranha envolvendo uma mosca no seu letal abraço ou uma multidão de formigas<br />
imobilizando e matando um insecto. Imagina então o assassinato do tio. Mas o crime é visto<br />
através da vidraça por um brutamontes de origem italiana (George Siegmann) que inicia<br />
logo ali a chantagem. O fi lme prolonga-se então como um melodrama muito ao estilo de<br />
Griffi th, com uma ou outra incursão pelo fantástico e o místico (aparições de sobreposições<br />
da imagem de Cristo), terminando com uma alusão ao deus Pan, e um “happy end”<br />
escusado. Mas trata-se de uma obra invulgar (não esquecer que é uma realização de 1914,<br />
com cerca de 80 minutos, antecipando a obra-prima do ano seguinte, “O Nascimento de<br />
Uma Nação”), com uma construção dramática em muitos momentos admirável, o recurso<br />
a notas de observação inusitadas (planos de cães, gatos, um sapato tocando a porta de<br />
casa, tudo anotações de uma elegância e subtileza sem par na época), enquadramentos<br />
brilhantes, encadeados de imagens que relembram obras vanguardistas (muitas delas<br />
muito posteriores), e um extraordinário efeito sonoro sugerido pela imagem (num fi lme<br />
mudo), quando o detective bate com um lápis numa mesa, ao lado de um relógio de parede,<br />
o que leva o jovem órfão a “ouvir” o coração do tio e a confessar o seu crime.<br />
_O CORAÇÃO REVELADOR (1941)<br />
“The Tell-Tale Heart” é um conto de Edgar Allan Poe que serviu de base a numerosas<br />
adaptações ao cinema. Uma que conhecemos e que nos parece dos melhores trabalhos<br />
cinematográfi cos saídos de temas poeanos é a versão de 1941, assinada por Jules<br />
Dassin, que com esta curta-metragem iniciava a sua carreira de realizador.<br />
Interpretada com brio por Joseph Schildkraut e Roman Bohnen, “The Tell-Tale Heart”<br />
mantém-se muito próxima da obra literária, ainda que transpondo com felicidade os<br />
valores literários para valores de imagem (e som, diga-se de passagem, aqui essenciais).<br />
Um jovem homem vive amedrontado pela prepotência do seu velho amo, zarolho, que<br />
o trata mal, o esbofeteia, que o amesquinha como se ele fosse uma criança. O jovem<br />
trabalha num tear, cuida da casa, e sente a revolta crescer dentro de si. Um dia ameaça<br />
o velho com a fuga, mas este desdenha. Nessa noite, sobe ao quarto do despótico<br />
patrão, e mata-o, enterrando o corpo por baixo do soalho da casa. Mas a partir daí<br />
começa a ouvir o coração do velho a bater, como que exigindo vingança. Um coração<br />
que se tornará “revelador” para algumas visitas.<br />
A fotografi a é de um excelente preto e branco, a iluminação torna-se um aspecto<br />
essencial no fi lme, jogando importante papel no acentuar de sombras que se agigantam,<br />
na forma como é utilizada uma lanterna para criar focos de luz, nomeadamente na<br />
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cena do assassinato, a realização é cuidada, alternando criteriosamente a grandeza<br />
dos enquadramentos, utilizando sabiamente certos processos simbólicos de narrar<br />
algumas cenas (o assassinato: o velho arrasta violentamente com uma mão uma<br />
pequena tapeçaria que tem por cima da cama, e que lhe cobre o rosto, quando morto,<br />
regressando à parede – e à normalidade reposta - depois do crime escondido), optando<br />
por uma expressividade sonora muito coerente com o projecto. Desde início que se<br />
chama a atenção do espectador para a acuidade do ouvido do jovem, que pressente<br />
a chegada do velho através dos seus passos, o que voltará depois a acontecer após<br />
o crime, quando o gotejar de uma bica de água ou o tiquetaque de um relógio se<br />
agigantam e se transformam no latejar de um coração que, apesar de morto, continua<br />
a trabalhar. Mas o som é talvez o elemento central desta pequena obra, sobretudo<br />
quando a voz off do velho ensombra a casa e a consciência humilhada do criado.<br />
Trata-se de um belíssimo trabalho, cerca de vinte minutos que prenunciavam uma<br />
bela carreira a Jules Dassin. O que veio a acontecer.<br />
Nota: Esta curta-metragem aparece inscrita no DVD “A Sombra do Homem Sombra”, da série “O<br />
Homem Sombra”, Ed. Warner em <strong>Portugal</strong>.<br />
Em 1953, surgiu outra famosa adaptação de “The Tell-Tale Heart” ao cinema, desta feita<br />
em animação, com argumento de Fred Gable e Bill Scott e realização de Ted Parmelee. É<br />
uma excelente versão, produzida pela UPA, muito fi el ao original, que aliás tem alguns<br />
excertos lidos na voz de James Mason, que funciona como o protagonista-narrador<br />
(Stanley Baker dá-lhe réplica nalguns momentos). Foi nomeado para Melhor Curtametragem<br />
de Animação do ano, e em 1994 considerado um dos 50 melhores desenhos<br />
animados de sempre. Em 2001 foi seleccionado pela United States Library of Congress<br />
para ser considerado fi lme de relevante signifi cado cultural e assim preservado no<br />
National Film Registry.<br />
Nota: apareceu incluído como extra na edição de DVD de “Hellboy”. Pode ser visto no You Tube<br />
no seguinte endereço: http://br.youtube.com/watch?v=W4s9V8aQu4c&eurl=http://laboratoriode-realizacao-audiovisual.blogspot.com/2008/05/tell-tale-hear.html
_ALONE<br />
From childhood’s hour I have not been / As others were; I have not seen / As others saw;<br />
I could not bring / My passions from a common spring. / From the same source I have<br />
not taken / My sorrow; I could not awaken / My heart to joy at the same tone; / And all<br />
I loved, I loved alone. / Then- in my childhood, in the dawn / Of a most stormy life- was<br />
drawn / From every depth of good and ill / The mystery which binds me still: / From the<br />
torrent, or the fountain, / From the red cliff of the mountain, / From the sun that round<br />
me rolled / In its autumn tint of gold, / From the lightning in the sky / As it passed me<br />
fl ying by, / From the thunder and the storm, / And the cloud that took the form / (When<br />
the rest of Heaven was blue) / Of a demon in my view.<br />
Edgar Allan Poe<br />
Este poema aparece publicado no “Scribner’s Monthly Magazine”, de Setembro de<br />
1875, mas o manuscrito deveria datar de 1829, mais coisa menos coisa, segundo os<br />
estudiosos da obra de Poe, que detectam nele fortes infl uências de Lord Byron. O<br />
poema nunca foi titulado por Edgar Allan Poe, e a designação “Alone” é atribuída aos<br />
editores da sua obra póstuma. É com base neste poema que os argumentistas Paul<br />
Hart-Wilden, David Ball, Philip Claydon, John P. Davies e Mark Laughman e o realizador<br />
Philip Claydon constroem o esquema de “Alone”, fi lme de 2001, que assinala a estreia<br />
na realização deste cineasta inglês (que se prepara para lançar em Londres “Lesbian<br />
Vampires Killers”).<br />
Filme de terror ambientado na actualidade, “Alone” não será uma surpresa, mas é uma<br />
obra que se acompanha com atenção e sem esforço. Vivendo, em certas sequências,<br />
de uma montagem rápida, e de um encadeado de imagens que relembram os fi lmes<br />
de vanguarda, com planos muito fechados, câmara desequilibrada, solarizações e<br />
uma utilização violenta das cores, cenários estranhos e enquadramentos invulgares,<br />
“Alone” assemelha-se em muito a episódios de séries televisivas de temática policial,<br />
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com uma dupla de detectives, ele mais velho, ela mais nova, que investigam o caso<br />
de uma mulher que aparece morta, depois de ter descido aos repelões pelas escadas<br />
abaixo da sua casa. Todos se parecem inclinar para acidente ou suicídio, mas o crime<br />
transparece nalguns aspectos. O que se torna mais óbvio quando aparecem outros<br />
casos, não semelhantes, mas que podem ter relação entre si.<br />
Enquanto a polícia investiga por um lado, nós, espectadores, temos a visão da<br />
criminosa (não a visão do seu corpo, mas temos literalmente a visão do que ela vai<br />
vendo, através de câmara subjectiva), e vamos acompanhando os seus pensamentos,<br />
as suas obsessões, os seus fantasmas. E compreendemos as causas que a levam a<br />
matar “sem querer” (“O pior criminoso é aquele que não tem a noção do mal que faz”,<br />
diz a certa altura o detective), que a impelem a procurar alguém a quem ofertar o seu<br />
amor, das formas mais trágicas. Alex, que quase desde início sabemos ser a criminosa,<br />
teve uma infância infeliz, os pais morreram quando ela era adolescente, e a partir daí<br />
vive obcecada por vozes e por uma solidão irremediável que a atormenta. Procura<br />
amores, cumplicidades. Em mulheres de todos os géneros. Da prostituta de cabaret à<br />
secretária de uma psiquiatra.<br />
O fi lme é, pois, uma obra interessante, com muito pouco a ver com Poe, mas uma forte<br />
dose de pretensões narrativas, ainda assim denotando qualidades que poderão, ou<br />
não, ser confi rmadas num futuro próximo. Mantendo-se no campo do lesbianismo, aí<br />
teremos brevemente “Lesbian Vampires Killers” para tirar teimas.<br />
_THE MANSION OF MADNESS<br />
Em 1844, Edgar Allan Poe escreveu “The System of Dr. Tarr and Professor Fether”, um<br />
conto inicialmente aparecido no nº 5 do vol. XXVIII, da revista “Graham’s Magazine” (de<br />
Novembro), e posteriormente integrado no volume de “Histórias Grotescas e Sérias”.<br />
Trata-se de uma obra particularmente interessante, parodiando algumas teorias em<br />
voga na altura sobre o tratamento da loucura. O conto é escrito na primeira pessoa do<br />
singular por um narrador que visita um castelo isolado, situado numa das províncias<br />
do extremo sul de França. Esse viajante encontra um estranho Dr. M. Maillard que<br />
dirige aí um manicómio, e aborda, de forma metafórica e algo satírica, a teoria da cura<br />
em liberdade, o “sistema da doçura”, no qual os pacientes não são contrariados nas<br />
suas alucinações e fantasias, mas antes impulsionados a satisfazer os seus instintos,<br />
procurando “curá-los” pelo absurdo. Se alguém pensa ser um galo, pois que se alimente<br />
de milho e farináceos, e logo perderá a loucura. O sistema parece, no entanto, não<br />
funcionar muito bem, apesar da áurea ganha nos meios científi cos, na explicação de<br />
Maillard, que leva o visitante a percorrer as instalações da instituição, onde aparecem<br />
estranhas personagens, que se reúnem num jantar pantagruélico. É nessa altura que<br />
o narrador percebe que, durante a vigência do “sistema da doçura”, os internados se<br />
tinham revoltado, encarcerado médicos e enfermeiros e tomado conta do castelo que<br />
agora administravam com “um grão de loucura”.<br />
Este conto está na base de um fi lme mexicano muito curioso, datado de 1973, que se<br />
passa em França (como no original de Poe), mas que foi rodado no México, falado em<br />
inglês, dirigido por um mítico Juan López Moctezuma e que conheceu vários títulos:<br />
“The Mansion of Madness”, “Dr. Goudron’s System”, “Dr. Tarr’s Pit of Horrors”, “Dr. Tarr’s<br />
Torture Dungeon”, “Edgar Allan Poe: Dr. Tarr’s Torture Dungeon”, “House of Madness”,<br />
“La Mansión de la Locura” ou “The System of Dr. Tarr and Professor Feather”.<br />
Juan López Moctezuma é herdeiro de uma tradição mexicana de fi lmes de terror, que
teve em Luís Buñuel e na sua permanência neste país durante alguns anos, uma forte<br />
motivação para uma inspiração surrealista e anti-clerical. Moctezuma foi colaborador<br />
de Alejandro Jodorowsky, conheceu Fernando Arrabal e pode dizer-se que fez parte de<br />
um grupo que nos anos 60-70 se intitulou “Panic”, onde militava ainda Roland Topor. O<br />
“Movimento Pânico” tinha como musa a deusa Pã e uma forte infl uência de Buñuel e<br />
dos surrealistas franceses, bem assim como do teatro da crueldade de Antonin Artaud.<br />
A proposta era anárquica, surreal, caótica, libertina, fantástica, grotesca, libertadora…<br />
Durou mais ou menos até 1973.<br />
Compreende-se assim a aproximação de Juan López Moctezuma da obra de Poe,<br />
particularmente do conto em questão, onde se defendem teses libertárias em relação<br />
à psiquiatria e à loucura. Aliás, parece que o próprio Poe se inspirou nos trabalhos de<br />
Philippe Pinel (1745-1826), o pai da psiquiatria francesa, que iniciou sistemas de cura<br />
benigna, libertando os doentes das grilhetas e exigindo a sua separação dos presos de<br />
delito comum e das prostitutas, no manicómio de Salpêtrière. Também William Tuke,<br />
em Inglaterra, e Dorethea Dix, nos EUA, iniciaram, no fi m do século XVIII, princípios do<br />
XIX, idênticas lutas a favor de uma maior humanidade do tratamento das doenças<br />
mentais. Edgar Allan Poe mais não faz do que adaptar a conto as teorias que circulavam<br />
no seu tempo. Juan López Moctezuma, por seu turno, fará o mesmo, adaptando<br />
esse conto ao cinema, ainda que com profundas alterações. Enquanto no conto, o<br />
manicómio é um espaço fechado, limpo e quase sofi sticado, em Moctezuma os loucos<br />
fazem esperas a visitantes, vestidos de soldados e armados, evoluem livremente pela<br />
fl oresta circundante, e habitam um palácio em ruínas, completamente deteriorado<br />
e escalavrado (grande parte do fi lme foi rodado numa fábrica de têxteis há muito<br />
abandonada).<br />
Em ambos os casos, porém, o que se condena é a anarquia e o caos a que conduz uma<br />
liberdade mal entendida, moralidade que se ilustra através de certas situações de<br />
crítica satírica e de momentos de cruel paródia, dados de forma subtil. Aliás, existe<br />
177 | Edgar Allan Poe no Cinema
178 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
como que uma dualidade de olhar, ora crítico, ora complacente para com a loucura<br />
instalada, o que poderá igualmente ter uma segunda leitura, fazendo equivaler, aos<br />
olhos do público, loucos e sãos de espírito, sem que se saiba muito bem onde começam<br />
uns e acabam os outros. O que contém igualmente alguma crítica: muitas vezes são os<br />
loucos que ocupam os lugares dos ditos sãos de mentes, sem que nada aparentemente<br />
o faça notar.<br />
Primeira experiência cinematográfi ca de Juan López Moctezuma, “The Mansion<br />
of Madness” não é uma obra-prima, mas mostra-se uma surpresa muito curiosa e<br />
um fi lme de indiscutível interesse, quer como aproximação de um tema querido do<br />
fantástico, quer como estilo de narrativa, que oscila entre o terror gótico e o humor de<br />
uns Monty Python, o exacerbamento visual de um Federico Fellini ou de um “Marat-<br />
Sade”, de Peter Brook. Há uma tendência para uma representação teatral que faz<br />
lembrar processos do “The Living Theatre” e, simultaneamente, uma enorme cinefi lia<br />
que não hesita em repescar réplicas de vários clássicos.<br />
O fi lme é plasticamente muito curioso, acompanhando-se com prazer, muito embora<br />
não seja uma produção de orçamento elevado. Mas o bom gosto de cenários e guardaroupa<br />
e a intencionalidade da narrativa remetem esta obra para o nível dos fi lmes não<br />
muito conhecidos do grande público, mas que merecem seguramente fi gurar na lista<br />
“de culto” de muitos afi cionados do fantástico. Poe deveria gostar desta obra e sentir<br />
com ela alguma cumplicidade.<br />
Anos depois, o checo Jan Svankmajer, partindo deste mesmo conto de Edgar Allan<br />
Poe (e também de “O Sepultado Vivo”) dirige “Lunacy”, “um fi lme de terror fi losófi co”,<br />
nas palavras do seu autor. “Uma fantasia transgressora que combina imagem real e<br />
animação. Nesta delirante alegoria à sociedade contemporânea encontramos o jovem<br />
Jean Berlot, um rapaz assombrado por terríveis pesadelos. Berlot trava conhecimento<br />
com Marquiz (inspirado no divino Marquês de Sade), um aristocrata com um glorioso<br />
apetite por blasfémias e orgias, e inicia uma odisseia “terapêutica”. Como temas<br />
centrais a liberdade, a manipulação e a repressão exercidas pela civilização.” O fi lme<br />
passou numa das edições do Indie Lisboa, de onde se retiram os dados.<br />
_TWO EVIL EYES<br />
O projecto inicialmente era muito mais ambicioso: quatro realizadores, mestres do<br />
fantástico, iam adaptar outros tantos contos retirados da obra de Edgar Allan Poe.<br />
George Romero, Dario Argento, Wes Craven e John Carpenter eram os escolhidos<br />
e o produtor o primeiro. Mas por razões várias, que se prenderam sobretudo com<br />
sobreposição de datas, apenas os dois primeiros corresponderam à chamada. Assim<br />
surgiu “Two Evil Eyes”, onde é possível descortinar dois estilos muito diferentes de<br />
olhar o fantástico e o cinema, sendo que a diferença entre cinema americano e cinema<br />
italiano é também visível a olho nu. Um muito mais seco e austero nos processos,<br />
mais rectilíneo e clássico na planifi cação, o outro mais barroco, de progressão errática,<br />
menos comedido.<br />
“The Facts in the Case of M. Valdemar”, de George Romero, é uma curiosa adaptação<br />
do universo de Poe ao universo de Romero, que, como se sabe, vive há muito obcecado<br />
pelos mortos-vivos. Transforma assim Valdemar autêntico num morto-vivo (o que não<br />
anda muito longe da ideia do próprio Poe, já que no seu conto Valdemar sobrevive<br />
vivo, apesar de morto, mercê da sessão de hipnotismo a que se submete in articulus<br />
mortis), que regressa do Além para se vingar da sua mulher, Jessica (Adrienne Barbeau),
e do Dr. Robert Hoffman (Ramy Zada), médico que o assistia, depois de ambos terem<br />
roubado a sua imensa fortuna que pretendiam usufruir num futuro conjunto, mas<br />
que também não se antevê muito harmonioso. O episódio é narrado com efi cácia e<br />
economia de meios, justeza de tom, suspense qb, e alguma inquietação extra, com um<br />
fi nal surpreendente e interpretações aceitáveis que não comprometem o resultado<br />
fi nal.<br />
“The Black Cat”, de Dario Argento, tem desde logo um suporte muito bom que é a<br />
presença de Harvey Keitel na personagem de Usher, um fotógrafo alcoolizado que<br />
se especializa em foto-reportagem de crimes violentos, tal como o famoso fotógrafo<br />
norte-americano Weegee (que já deu origem, igualmente, a algumas obras no<br />
cinema). Casado, Usher prepara um álbum tétrico, “Metropolitan Horrors”, e toda a sua<br />
vivência é abalada por estranhas visões e perturbantes reacções, que o aproximam da<br />
loucura. O resto também é mais ou menos previsível para quem conhecer o conto de<br />
Poe: uma noite mais agitada mata a mulher que pretende abandoná-lo e empareda-a<br />
num esconderijo laboriosamente forjado, até que o miar do gato que tanto detestara<br />
em vida o denuncia à polícia. Ao lado de Keitel surge um bom naipe de actores (John<br />
Amos, Kim Hunter, Sally Kirkland ou Martin Balsam). Mas o sketch é algo arrastado<br />
e prolongado com sequências deslocadas, como uma incursão de pesadelo por um<br />
cerimonial medieval. A câmara viaja sem parar e a aparente “intelectualização” do<br />
projecto acaba por desiludir um pouco. Não o bastante para deixar de ser interessante.<br />
Coisa que resulta igualmente na globalidade destes “Two Devil Eyes”.<br />
179 | Edgar Allan Poe no Cinema
180 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Entretanto convém lembrar que Edgar Allan Poe se transforma, com o correr<br />
dos anos, numa forte caução cultural e inclusive comercial para certos projectos<br />
cinematográfi cos que quase nada lhe fi cam a dever, a não ser uma subtil (e muitas<br />
vezes injusta e oportunista) referência ao seu nome. Depois do sucesso do ciclo Poe<br />
realizado por Corman e interpretado quase integralmente por Vincent Price, este volta<br />
a aparecer em inúmeras obras que se dizem “baseadas” ou “inspiradas” em obras de<br />
Poe. Algumas delas, sem que exista a mais pequena sombra de parentesco com o<br />
escritor e os seus textos. A começar, desde logo, por uma que, como já vimos, se integra<br />
ainda na série Corman, “The Haunted Palace” (O Palácio Maldito), mas que deve quase<br />
tudo a Lovecraft, e quase nada a Poe.<br />
Mas há a citar uma película de Jacques Tourneur, de 1965, “City Under The Sea” ou<br />
“War Gods of the Deep” (A Cidade Submarina), de excelente recordação, mas que não<br />
revemos desde a data da sua estreia, e ainda duas outras que efectivamente, apesar<br />
de se dizerem “segundo obras de Poe”, nada tem a ver directamente com obras deste<br />
autor. Uma delas, de 1968, “Witchifi nder General” ou “The Conqueror Worm” (O Caçador<br />
de Bruxas), de Michael Reeves, é uma obra notável de um cineasta desaparecido<br />
precocemente e que nos deixou uma magnifi ca incursão pelo terror de raiz histórica,<br />
ambientada durante os pesados e tenebrosos tempos das perseguições e das fogueiras<br />
inquisitoriais. Não sendo Poe numa linha directa, tem todavia muito de Poe nos temas<br />
e nos ambientes. De 1970, é “Cry of the Banshee” (O Chorar dos Mortos), de Gordon<br />
Hessler, que, não possuindo a qualidade cinematográfi ca e plástica da anterior, se situa<br />
num campo ainda bastante interessante, apesar de a referência a Poe ser notoriamente<br />
abusiva. Esta insistência no nome de Edgar Allan Poe para “abrilhantar” cometimentos<br />
fantásticos na área do cinema não deixa, no entanto, de ser uma confi rmação da<br />
perenidade do talento e do universo muito pessoal de um escritor que, com o avançar<br />
nos anos, se nos apresenta cada vez mais actual e “moderno”.
Vincent Price e Roger Corman em rodagem.<br />
_ Edgar Allan Poe<br />
Fichas<br />
Título original: Sherlock Holmes in the Great Murder<br />
Mystery (1908)<br />
Argumento: Arthur Conan Doyle, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe (“Murders in the Rue Morgue”); Companhia de<br />
produção: Crescent Film Manufacturing Co.<br />
Título original: Le Puits et le Pendule ou The Golden Bug<br />
Realização: Henri Desfontaines (França, 1909) ;<br />
Argumento: Edgar Allan Poe.<br />
Título original: Edgar Allen Poe (sic)<br />
Realização: D.W. Griffi th (EUA, 1909); Argumento: D.W.<br />
Griffi th e Frank E. Woods, segundo Edgar Allan Poe;<br />
Fotografi a (p/b): G.W. Bitzer; Companhia de produção:<br />
Biograph Company; Intérpretes: Herbert Yost, Linda<br />
Arvidson, etc. Duração: 7 min.<br />
Título original: The Sealed Room<br />
Realização: D.W. Griffi th (EUA, 1909); Argumento: Frank<br />
E. Woods, segundo obra de Honoré de Balzac (“La Grande<br />
Breteche”), Edgar Allan Poe (“The Cask of Amontillado”);<br />
Fotografi a (p/b): G.W. Bitzer; Companhia de produção:<br />
Biograph Company; Intérpretes: Arthur V. Johnson,<br />
Marion Leonard, Henry B. Walthall, Linda Arvidson, William<br />
J. Butler, Verner Clarges, Owen Moore, George Nichols,<br />
Anthony O’Sullivan, Mary Pickford, Gertrude Robinson,<br />
Mack Sennett, George Siegmann, etc. Duração: 11 min.<br />
Título original: The pit and the pendulum (Itália, 1910) (1)<br />
Título original: Hop frog the jester (Itália, 1910) (1)<br />
Título original: Une Vengeance d’ Edgar Poe<br />
Realização: Gérard Bourgeois (França, 1912); Argumento:<br />
Abel Gance, segundo obra de Edgar Allan Poe; Intérpretes:<br />
Édouard de Max, Jean Worms, Pierre Pradier, Louis Tunc.<br />
Título original: The Raven<br />
Argumento: Edgar Allan Poe (poema) (EUA, 1912);<br />
Intérpretes: Guy Oliver (Edgar Allan Poe), Muriel Ostriche,<br />
etc. Companhia de produção: Eclair American.<br />
Título original: The Pit and the Pendulum<br />
Realização: Alice Guy (EUA, 1913); Argumento: Edgar Allan<br />
Poe.<br />
Título original: The Bells<br />
Realização: Oscar Apfel (EUA, 1913); Argumento: Forrest<br />
Halsey, segundo peça de Emile Erckmann (Erckmann-<br />
Chatrian), “Le Juif Polonais” e de Edgar Allan Poe;<br />
Companhia de produção: Reliance Film Company;<br />
Intérpretes: Edward P. Sullivan, Irving Cummings,<br />
Gertrude Robinson, Irene Howley, Oscar Apfel, James<br />
Ashley, Sue Balfour, Wilbur Hudson, Irving Lewis, George<br />
Siegmann, Margery Wheeler; Duração: 30 min.<br />
Título original: The Bells<br />
Realização: George Lessey (EUA, 1913); Argumento: Sir<br />
Henry Irving (peça), segundo poema de Edgar Allan Poe;<br />
Companhia de produção: Edison Company; Intérpretes:<br />
May Abbey, Robert Brower, Frank McGlynn Sr., Augustus<br />
Phillips, etc.<br />
O ESTUDANTE DE PRAGA<br />
Título original: Der Student von Prag<br />
Realização: Stellan Rye, Paul Wegener (Alemanha, 1913);<br />
Argumento: Hanns Heinz Ewers, segundo poema de Alfred<br />
de Musset e Edgar Allan Poe (“William Wilson”); Música:<br />
Josef Weiss; Fotografi a (p/b): Guido Seeber; Design de<br />
Produção: Robert A. Dietrich, Klaus Richter; Guarda-roupa:<br />
Robert A. Dietrich, Klaus Richter; Companhia de produção:<br />
Deutsche Bioscop GmbH; Intérpretes: Paul Wegener<br />
(Balduin), John Gottowt (Scapinelli), Grete Berger<br />
(Komtesse Margit), Lyda Salmonova (Lyduschka), Lothar<br />
Körner (Graf von Schwarzenberg), Fritz Weidemann,<br />
Alexander Moissi, etc. Duração: 85 min.<br />
181 | Edgar Allan Poe no Cinema
182 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Título original: Le Système du Docteur Goudron et du<br />
Professeur Plume<br />
Realização: Maurice Tourneur (França, 1913); Argumento:<br />
André de Lorde, segundo obra de Edgar Allan Poe («The<br />
System of Doctor Tarr and Professor Fether»); Companhia<br />
de produção: Société Française des Films Éclair;<br />
Intérpretes: Henri Gouget, Henry Roussel, Renée Sylvaire,<br />
Robert Saidreau, etc. Duração: 15 min.<br />
Título original: Die Braune Bestie<br />
Realização: Harry Piel (Alemanha, 1914); Argumento: Harry<br />
Piel, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Jules<br />
Greenbaum; Fotografi a (p/b): Alfons Hepke; Companhia<br />
de produção: Vitascope GmbH; Intérpretes: Ludwig<br />
Trautmann, Hedda Vernon, etc.<br />
Título original: The Murders in the Rue Morgue (EUA, 1914)<br />
Argumento: Sol A. Rosenberg, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Companhia de produção: Paragon Photo Plays<br />
Company.<br />
CONSCIÊNCIA VINGADORA<br />
Título original: The Avenging Conscience: or ‘Thou Shalt<br />
Not Kill’<br />
Realização: D.W. Griffi th (EUA, 1914); Argumento: D.W.<br />
Griffi th, segundo obras de Edgar Allan Poe (“The Tell-Tale<br />
Heart” e “Annabel Lee” e ainda “The Black Cat”, “The Pit and<br />
the Pendulum” e “The Conqueror Worm”); Produção: D.W.<br />
Griffi th; Fotografi a (cor): G.W. Bitzer; Montagem: James<br />
Smith,Rose Smith; Companhia de produção: Majestic<br />
Motion Picture Company; Intérpretes: Henry B. Walthall,<br />
Spottiswoode Aitken, Blanche Sweet, George Siegmann,<br />
Ralph Lewis, Mae Marsh, Robert Harron, George Beranger,<br />
Josephine Crowell, Donald Crisp, Walter Long, Wallace<br />
Reid, etc. Duração: 84 min (DVD).<br />
Título original: The Raven<br />
Realização: Charles Brabin (EUA, 1915); Argumento:<br />
Charles Brabin, George Cochran Hazelton, segundo “The<br />
Raven: The Love Story of Edgar Allan Poe”; Intérpretes:<br />
Henry B. Walthall (Edgar Allan Poe), Warda Howard<br />
(Virginia Clemm, Helen Whitman, Lenore, um espírito),<br />
Ernest Maupain (John Allan), Eleanor Thompson (Mrs.<br />
Allan), Marian Skinner, Harry Dunkinson, Grant Foreman,<br />
Hugh Thompson, Peggy Meredith, Frank Hamilton, Billy<br />
Robinson, Bert Weston, Charles Harris, etc. Duração: 57<br />
min; 45 min (DVD).<br />
Título original: Freitag, der 13. - Das unheimliche Haus, 2. Teil<br />
Realização: Richard Oswald (Alemanha, 1916);<br />
Argumento: Richard Oswald, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: Richard Oswald; Fotografi a (p/<br />
b): Max Fassbender; Direcção artística: Manfred Noa;<br />
Departamento de arte: Alfred Dahlheim; Companhias de<br />
produção: Richard-Oswald-Produktion; Intérpretes: Ernst<br />
Ludwig, Hans Marton, Franz Ramharter, Werner Krauss,<br />
Rose Lichtenstein, Emil Rameau, Nelly Lagarst, Kissa von<br />
Sievers, Reinhold Schünzel, Max Gülstorff, Lupu Pick, etc.<br />
Título original: Ostrov zabenya ou Isle of Oblivision<br />
Realização: Viktor Tourjansky (Rússia, 1917); Argumento:<br />
Lev Nikulin, segundo obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a<br />
(p/b): F. Verigo-Darovsky; Intérpretes: Yelena Chaika, V.<br />
Elsky, Viktor Tourjansky, etc.<br />
Título original: Die Pest in Florenz<br />
Realização: Otto Rippert (Alemanha, 1919); Argumento: Fritz<br />
Lang, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Masque of the<br />
Red Death”); Produção: Erich Pommer; Fotografi a (p/b): Willy<br />
Hameister, Carl Hoffmann, Emil Schünemann; Direcção<br />
artística: Franz Jaffe, Walter Reimann, Walter Röhrig,<br />
Hermann Warm; Companhia de produção: Decla-Bioscop<br />
AG; Intérpretes: Theodor Becker, Karl Bernhard, Julietta<br />
Brandt, Erner Huebsch, Franz Knaak, Otto Mannstaedt,<br />
Auguste Prasch-Grevenberg, Marga von Kierska, Hans<br />
Walter, Anders Wikman, etc. Duração: 92 min.<br />
Título original: Unheimliche Geschichten ou Eerie Tales<br />
ou Five Sinister Stories ou Tales of Horror ou Tales of the<br />
Uncanny<br />
Realização: Richard Oswald (Alemanha, 1919); Argumento:<br />
Anselma Heine, Robert Liebmann; Intérpretes: Anita<br />
Berber, Conrad Veidt, Reinhold Schünzel, Hugo Döblin,<br />
Paul Morgan, Georg John, etc. Duração: 112 min.<br />
Título original: La Notte romantica di Dolly<br />
Realização: Arnaldo Fratelli (Itália, 1920); Argumento:<br />
Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor): Gioacchino Gengarelli;<br />
Companhia de produção: Tespi Film; Intérpretes: Rina<br />
Calabria, Luciano Molinari, Dolly Morgan, Romano<br />
Zampieri, etc.<br />
Título original: Annabel Lee<br />
Realização: William J. Scully (EUA, 1921); Argumento:<br />
Arthur Brilliant, segundo poema de Edgar Allan Poe;<br />
Companhias de produção: American Motion Picture<br />
Corporation, Joe Mitchell Chopple; Intérpretes: John B.<br />
O’Brien, Lorraine Harding, Florida Kingsley, Louis Stern,<br />
Arline Blackburn, Ernest Hilliard, Ben Grauer, etc.<br />
Título original: Edgar Allan Poe<br />
Realização: James A. FitzPatrick (EUA, 1922); Argumento:<br />
segundo poema de Edgar Allan Poe (“Annabel Lee”);<br />
Companhia de produção: Kineto Films.<br />
Título original: Prizrak brodit po Yevrope ou A Specter<br />
Haunts Europe ou A Spectre Haunts Europe<br />
Realização: Vladimir Gardin (URSS, 1923); Argumento:<br />
Georgi Tasin, segundo obra de Edgar Allan Poe («The<br />
Masque of the Red Death»); Fotografi a (p/b): Boris<br />
Savelyev; Design de Produção: Vladimir Yegorov;<br />
Intérpretes: Zoya Barantsevich, Oleg Frelikh, Vasili<br />
Kovrigin, Iona Talanov, etc.<br />
O ESTUDANTE DE PRAGA<br />
Título original: Der Student von Prag<br />
Realização: Henrik Galeen (Áustria, Alemanha, 1926);<br />
Argumento: Hanns Heinz Ewers, segundo romance de<br />
Henrik Galeen e conto de Edgar Allan Poe (“William<br />
Wilson”); Intérpretes: Fritz Alberti (Graf Schwarzenberg),<br />
Agnes Esterhazy (Condesa Margit), Ferdinand von Alten<br />
(Barão Waldis-Schwarzenberg), Conrad Veidt (Balduin),<br />
Elizza La Porta (Liduschka), Werner Krauss, Erich Kober,<br />
Max Maximilian, etc. Duração: 91 min (DVD).<br />
Título original: Prelude<br />
Realização: Castleton Knight (Inglaterra, 1927); Argumento:<br />
Castleton Knight, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />
Premature Burial”); Companhia de produção: Castleton<br />
Knight; Intérpretes: Castleton Knight, etc.
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Leon Shamroy (EUA, 1928); Argumento: Charles<br />
Klein, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-Tale<br />
Heart”); Produção: Maurice Barber; Fotografi a (p/b): Leon<br />
Shamroy; Companhias de produção: Klein & Shamroy;<br />
Intérpretes: Otto Matieson, etc. Duração: 24 min.<br />
Título original: The Fall of the House of Usher<br />
Realização: James Sibley Watson, Melville Webber (EUA,<br />
1928); Argumento: Edgar Allan Poe; Música: Alec Wilder;<br />
Fotografi a (cor): James Sibley Watson, Melville Webber;<br />
Direcção artística: James Sibley Watson, Melville Webber;<br />
Intérpretes: Herbert Stern (Roderick Usher), Hildegarde<br />
Watson (Madeline Usher), Melville Webber, Friedrich<br />
Haak, Dorthea House, etc. Duração: 13 min.<br />
A QUEDA DA CASA USHER<br />
Título original: La Chute de la Maison Usher ou The Fall of<br />
the House of Usher<br />
Realização: Jean Epstein (França, 1928); Argumento: Luis<br />
Buñuel, Jean Epstein, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Jean Epstein; Fotografi a (p/b): Georges Lucas,<br />
Jean Lucas; Direcção artística: Pierre Kefer; Guardaroupa:<br />
Oclise; Assistentes de realização: Luis Buñuel;<br />
Companhias de produção: Films Jean Epstein; Intérpretes:<br />
Jean Debucourt (Sir Roderick Usher), Marguerite Gance<br />
(Madeleine Usher), Charles Lamy (Allan), Fournez-Goffard<br />
(médico), Luc Dartagnan, Abel Gance, Halma, Pierre Hot,<br />
Pierre Kefer, etc. Duração: 63 min.<br />
Título original: L’ Étrange Fiancée<br />
Realização: George Pallu (França, 1930) ; Argumento:<br />
Dimitri Fexis, George Pallu, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Música: Eman Fiala; Fotografi a (cor): Karol<br />
Kopriva, Jan Stallich; supervisão de direcção: Leo Marten;<br />
Intérpretes: Henri Baudin (Médico), Lilian Constantini<br />
(Cléopâtre), Frédéric Mariotti (motorista), Jirí Hron, Jan W.<br />
Speerger, etc.<br />
Título original: Operené stíny<br />
Realização: Leo Marten (Checoslováquia, 1931);<br />
Argumento: Frantisek Hork , segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Fotografi a (p/b): Karol Kopriva, Jan Stallich; Direcção<br />
artística: Bohumil Hes; Companhias de produção:<br />
Frantisek Hork ; Intérpretes: Jan W. Speerger (Petr Leroy),<br />
Milada Matysova (Milada Leroyová), Jirí Hron (Jan), Erna<br />
Zenísková (Olga), Eduard Simácek, Theodor Pistek, Henri<br />
Baudin, Václav Mlckovsk , Josef Belsk , Karel Schleichert,<br />
Eman Fiala, Ruzena Hofmanová, Robert Guttmann,<br />
Eduard Slégl, Ferry Seidl, etc.<br />
O CRIME DA RUA MORGUE<br />
Título original: Murders in the Rue Morgue<br />
Realização: Robert Florey (EUA, 1932); Argumento: Robert<br />
Florey, Tom Reed, Dale Van Every, John Huston, Ethel M.<br />
Kelly, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: E.M.<br />
Asher, Carl Laemmle Jr.; Fotografi a (p/b): Karl Freund;<br />
Montagem: Milton Carruth; Direcção artística: Charles<br />
D. Hall; Maquilhagem: Jack P. Pierce; Assistentes de<br />
realização: Scott R. Beal, Charles S. Gould, Joseph A.<br />
McDonough; Departamento de arte: Herman Rosse; Som:<br />
C. Roy Hunter; Efeitos Especiais: John P. Fulton; Companhias<br />
de produção: Universal Pictures; Intérpretes: Sidney Fox<br />
(Mlle. Camille L’Espanaye), Bela Lugosi (Dr. Mirakle), Leon<br />
Ames (Pierre Dupin), Bert Roach (Paul), Betty Ross Clarke,<br />
Brandon Hurst, D’Arcy Corrigan, Noble Johnson, Arlene<br />
Francis, Ted Billings, Herman Bing, Agostino Borgato,<br />
Christian J. Frank, Charles Gemora, Harrison Greene,<br />
Charlotte Henry, etc. Duração: 61 min.<br />
183 | Edgar Allan Poe no Cinema
184 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
O CLUBE DOS SUICIDAS<br />
Título original: Unheimliche Geschichten ou Fünf<br />
unheimliche Geschichten ou Five Sinister Stories ou<br />
Ghastly Tales ou Tales of the Uncanny ou The Living Dead<br />
ou Unholy Tales<br />
Realização: Richard Oswald (Alemanha, 1932);<br />
Argumento: Heinz Goldberg, Richard Oswald, Eugen<br />
Szatmari, segundo obras de Edgar Allan Poe (“The Black<br />
Cat”, “The System of Doctor Tarr” e “Professor Fether”) e<br />
Robert Louis Stevenson (“The Suicide Club”); Produção:<br />
Richard Oswald, Gabriel Pascal; Música: Rolf Marbot, Bert<br />
Reisfeld; Fotografi a (p/b): Heinrich Gärtner; Montagem:<br />
Max Brenner, Friedel Buckow; Direcção artística: Walter<br />
Reimann, Franz Schroedter; Direcção de produção: Walter<br />
Zeiske; Som: Fritz Seeger; Companhias de produção:<br />
G.P. Film GmbH, Roto Film, Süd-Film; Intérpretes: Paul<br />
Wegener, Harald Paulsen, Roma Bahn, Mary Parker,<br />
Gerhard Bienert, Paul Henckels, John Gottowt, Eugen<br />
Klöpfer, Maria Koppenhöfer, Erwin Kalser, Franz Stein,<br />
Gretel Berndt, Carl Heinz Charrell, Ilse Fürstenberg, Fred<br />
Goebel, Natascha Silvia, etc. Duração: 89 min.<br />
MAGIA NEGRA<br />
Título original: The Black Cat ou The House of Doom ou<br />
The Vanishing Body<br />
Realização: Edgar G. Ulmer (EUA, 1934); Argumento: Edgar<br />
G. Ulmer, Peter Ruric, Tom Kilpatrick, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: E.M. Asher; Música: Heinz Roemheld;<br />
Fotografi a (p/b): John J. Mescall; Montagem: Ray Curtiss;<br />
Direcção artística: Charles D. Hall; Guarda-roupa: Edgar G.<br />
Ulmer; Maquilhagem: Jack P. Pierce; Direcção de produção:<br />
M.F. Murphy; Assistentes de realização: William J. Reiter,<br />
Sam Weisenthal; Departamento de arte: Edgar G. Ulmer;<br />
Som: Gilbert Kurland; Efeitos Especiais: John P. Fulton;<br />
Efeitos visuais: Russell Lawson; Companhias de produção:<br />
Universal Pictures; Intérpretes: Boris Karloff (Hjalmar<br />
Poelzig), Bela Lugosi (Dr. Vitus Werdegast), David Manners<br />
(Peter Alison), Julie Bishop (Joan Alison), Egon Brecher<br />
(Mordomo), Harry Cording, Lucille Lund, Henry Armetta,<br />
Albert Conti, Virginia Ainsworth, Luis Alberni, King Baggot,<br />
Herman Bing, Symona Boniface, John Carradine, André<br />
Cheron, George Davis, etc. Duração: 65 min.
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Brian Desmond Hurst (Inglaterra, 1934);<br />
Argumento: David Plunkett Greene, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”); Produção: Harry Clifton;<br />
Intérpretes: Norman Dryden (rapaz), John Kelt (velho),<br />
Yolande Terrell (rapariga), Thomas Shenton, James Fleck,<br />
Colonel Cameron, Tom Shenton, etc. Duração: 55 min.<br />
Título original: Maniac<br />
Realização: Dwain Esper (EUA, 1934); Argumento: Hildegarde<br />
Stadie, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Black Cat”);<br />
Produção: Dwain Esper, Louis Sonney, Hildegarde Stadie;<br />
Fotografi a (p/b): William C. Thompson; Assistentes de<br />
realização: J. Stuart Blackton Jr.; Departamento de arte: Dan<br />
Sonney; Companhias de produção: Roadshow Attractions;<br />
Intérpretes: William Woods (Don Maxwell), Horace B.<br />
Carpenter (Dr. Meirschultz), Ted Edwards (Buckley), Phyllis<br />
Diller (Mrs. Buckley), Thea Ramsey (Alice Maxwell), Jenny<br />
Dark, Marvelle Andre, Celia McCann, John P. Wade, Marian<br />
Constance Blackton, Umberto Guarracino, Bartolomeo<br />
Pagano, etc. Duração: 51 min.<br />
Título original: The Raven<br />
Realização: Lew Landers (EUA, 1935); Argumento: David<br />
Boehm, Florence Enright, Michael L. Simmons, Dore Schary,<br />
Guy Endore, Clarence Marks, Jim Tully, John Lynch, segundo<br />
obra de Edgar Allan Poe; Produção: David Diamond,<br />
Stanley Bergerman; Música: Clifford Vaughan; Fotografi a<br />
(p/b): Charles J. Stumar; Montagem: Albert Akst; Direcção<br />
artística: Albert S. D’Agostino; Maquilhagem: Otto Lederer,<br />
Jack P. Pierce, Hazel Rogers; Assistentes de realização: Scott<br />
R. Beal, Victor Noerdlinger; Efeitos Especiais: John P. Fulton;<br />
Companhias de produção: Universal Pictures; Intérpretes:<br />
Boris Karloff (Edmond Bateman), Bela Lugosi (Dr. Richard<br />
Vollin), Lester Matthews (Dr. Jerry Holden), Irene Ware<br />
(Jean Thatcher), Samuel S. Hinds, Spencer Charters, Inez<br />
Courtney, Ian Wolfe, Maidel Turner, etc. Duração: 61 min.<br />
O CRIME DO DR. CRESPI<br />
Título original: The Crime of Dr. Crespi<br />
Realização: John H. Auer (EUA, 1935); Argumento: John H.<br />
Auer, Lewis Graham, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />
Premature Burial”); Produção: John H. Auer, Herb Hayman;<br />
Fotografi a (p/b): Larry Williams; Montagem: Leonard Wheeler;<br />
Direcção artística: William Saulter; Maquilhagem: Fred C.<br />
Ryle; Direcção de produção: W.J. O’Connor; Som: Clarence R.<br />
Wall; Companhias de produção: Liberty Pictures; Intérpretes:<br />
Erich von Stroheim (Dr. Andre Crespi), Harriet Russell (Estelle<br />
Gorham Ross), Dwight Frye (Dr. Thomas), Paul Guilfoyle (Dr.<br />
John Arnold), John Bohn, Geraldine Kay, Jean Brooks, Patsy<br />
Berlin, Joe Verdi, Dean Raymond, etc. Duração: 63 min.<br />
O ESTUDANTE DE PRAGA<br />
Título original: Der Student von Prag ou The Student of<br />
Prague<br />
Realização: Arthur Robison (Alemanha, 1935); Argumento:<br />
Hanns Heinz Ewers, Hans Kyser, Arthur Robison, segundo<br />
romance de Henrik Galeen e conto de Edgar Allan Poe<br />
(“William Wilson”); Produção: Fritz Klotsch; Música: Theo<br />
Mackeben; Fotografi a (p/b): Bruno Mondi; Montagem:<br />
Roger von Norman; Direcção artística: Karl Haacker; Guardaroupa:<br />
Edward Suhr; Maquilhagem: Martin Gericke, Willi<br />
Grabow, Bruno Heckmann; Assistentes de realização: C.W.<br />
Tetting; Som: Fritz Seeger; Intérpretes: Anton Walbrook<br />
(Balduin), Theodor Loos (Dr. Carpis), Dorothea Wieck (Julia),<br />
Erich Fiedler (Baron Waldis), Edna Greyff (Lydia), Karl Hellmer<br />
(Krebs), Volker von Collande, Fritz Genschow, Elsa Wagner,<br />
Miliza Korjus, Kurt Getke, Fred Goebel, Kurt Herfuth, Heinz<br />
Herkommer, Franz List, Paul Rehkopf, etc. Duração: 87 min<br />
Título original: Le Joueur d’ Échecs<br />
Realização: Jean Dréville (França, 1938); Argumento: André<br />
Doderet, Jean Dréville, Albert Guyot, Roger Vitrac, Bernard<br />
Zimmer, segundo romance de Henry Dupuis-Mazuel;<br />
Música: Jean Lenoir; Fotografi a (p/b): René Gaveau, André<br />
Thomas; Montagem: Raymond Leboursier; Intérpretes:<br />
Françoise Rosay (Catherine II da Russia), Conrad Veidt<br />
(Barão de Kempelen), Paul Cambo (Boleslas), Delphin<br />
(Yegor), Micheline Francey (Sonia), Manuel Gary, Jacques<br />
Grétillat, Edmonde Guy, Bernard Lancret, Gaston Modot,<br />
Jean Témerson, etc. Duração: 70 min. (Este título aparece<br />
citado como tendo a ver com Poe, em “The Cinema Poe”,<br />
mas não conseguimos estabelecer a ligação).<br />
Título original: The Tell-Tale Heart (TV)<br />
Realização: Frank Wisbar (Inglaterra, 1939); Argumento:<br />
Michael Hogan, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Dallas Bower; Música: James Hartley; Direcção<br />
artística: Edmund Hogan; Companhias de produção:<br />
British Broadcasting Corporation (BBC); Intérpretes: Basil<br />
Cunard, Stuart Latham, Ernest Milton, Olaf Olsen, Esme<br />
Percy, A. Harding Steerman,etc. Duração: 25 min; Data de<br />
emissão: 4 de Janeiro de 1939.<br />
O GATO PRETO<br />
Título original: The Black Cat<br />
Realização: Albert S. Rogell (EUA, 1941); Argumento: Robert<br />
Lee, Robert Neville, Frederic I. Rinaldo, Eric Taylor, segundo<br />
obra de Edgar Allan Poe; Produção: Burt Kelly; Música:<br />
Hans J. Salter; Fotografi a (p/b): Stanley Cortez; Montagem:<br />
Ted J. Kent; Guarda-roupa: Vera West; Companhias de<br />
produção: Universal Pictures; Intérpretes: Basil Rathbone<br />
(Montague Hartley), Hugh Herbert (Mr. Penny), Broderick<br />
Crawford (Hubert A. Gilmore ‘Gil’ Smith), Bela Lugosi<br />
(Eduardo), Anne Gwynne (Elaine Winslow), Gladys Cooper<br />
(Myrna Hartley), Gale Sondergaard, Cecilia Loftus, Claire<br />
Dodd, John Eldredge, Alan Ladd, Erville Alderson, Harry C.<br />
Bradley, Jack Cheatham, etc. Duração: 70 min.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Jules Dassin (EUA, 1941); Argumento: Doane<br />
R. Hoag, segundo obra de Edgar Allan Poe; Música: Sol<br />
Kaplan; Fotografi a (p/b): Paul Vogel; Montagem: Adrienne<br />
Fazan; Direcção artística: Richard Duce; Companhias de<br />
185 | Edgar Allan Poe no Cinema
186 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
produção: Loew’s, Metro-Goldwyn-Mayer; Intérpretes:<br />
Joseph Schildkraut (jovem), Roman Bohnen (velho), Oscar<br />
O’Shea, Will Wright, etc. Duração: 20 min; Distribuição em<br />
<strong>Portugal</strong>: curta metragem incluída no pack de DVDs “The<br />
Complete Thin Man Collection”, da Warner Home Vídeo;<br />
Classifi cação etária: M/ 12 anos.<br />
Título original: Mystery of Marie Roget ou Phantom of<br />
Paris<br />
Realização: Phil Rosen (EUA, 1942); Argumento: Michael<br />
Jacoby, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Paul<br />
Malvern; Fotografi a (cor): Elwood Bredell; Montagem:<br />
Milton Carruth; Direcção artística: Jack Otterson;<br />
Decoração: Russell A. Gausman; Guarda-roupa: Vera West;<br />
Departamento de arte: Richard H. Riedel; Som: Bernard<br />
B. Brown, Robert Pritchard; Companhias de produção:<br />
Universal Pictures; Intérpretes: Patric Knowles (Dr. Paul<br />
Dupin), Maria Montez (Marie Roget), Maria Ouspenskaya<br />
(Madame Cecile Roget), John Litel (M. Henri Beauvais),<br />
Edward Norris (Marcel Vigneaux), Lloyd Corrigan, Nell<br />
O’Day, Frank Reicher, Clyde Fillmore, Paul E. Burns, Norma<br />
Drury Boleslavsky, Charles Middleton, William Ruhl, Reed<br />
Hadley,etc. Duração: 61 min.<br />
OS AMORES DE EDGAR POE<br />
Título original: The Loves of Edgar Allan Poe<br />
Realização: Harry Lachman (EUA, 1942); Argumento:<br />
Samuel Hoffenstein, Tom Reed, Arthur Caesar, Bryan<br />
Foy, segundo história “Annabel Lee”; Intérpretes: Linda<br />
Darnell (Virginia Clemm), Shepperd Strudwick (Edgar<br />
Allan Poe), Virginia Gilmore (Elmira Royster), Jane Darwell<br />
(Mrs. Mariah Clemm), Mary Howard (Frances Allan),<br />
Frank Conroy (John Allan), Harry Morgan (Ebenezer<br />
Burling), Walter Kingsford (T.W. White), Morris Ankrum<br />
(Mr. Graham), Skippy Wanders, Freddie Mercer, Erville<br />
Alderson, Peggy McIntyre, William Bakewell, Frank Melton,<br />
etc. Duração: 67 min.<br />
Título original: The Fall of the House of Usher<br />
Realização: Ivan Barnett (Inglaterra, 1949); Argumento:<br />
Dorothy Catt, Kenneth Thompson, segundo obra de<br />
Edgar Allan Poe; Produção: Ivan Barnett; Música: W.L.<br />
Trytel; Fotografi a (cor): Ivan Barnett; Companhias de<br />
produção: G.I.B., Vigilant; Intérpretes: Gwen Watford<br />
(Lady Usher), Kay Tendeter (Lord Roderick Usher), Irving<br />
Steen (Jonathan), Vernon Charles (Dr. Cordwall), Connie<br />
Goodwin (Louise), Gavin Lee, Keith Lorraine, Lucy Pavey,<br />
Tony Powell-Bristow, Robert Wolard, etc. Duração: 70 min.<br />
Título original: série de TV “Actor’s Studio” - episódio<br />
“The Tell-Tale Heart” (EUA, 1949)<br />
Argumento: George Batson, Mary Eleanor Freeman,<br />
Charles Granillo, Richard McCracken, William MacLeod<br />
Raine, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Hume<br />
Cronyn; Intérpretes: Warren Stevens, Russell Collins: Data<br />
de emissão: 20 de Fevereiro de 1949.<br />
Título original: série de TV “Suspense” A Cask of<br />
Amontillado<br />
Realização: Robert Stevens (EUA, 1949); Argumento:<br />
Halsted Welles, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Robert Stevens; Intérpretes: Bela Lugosi (Gen.<br />
Fortunato), Romney Brent, Rex Marshall, Frank Marth,<br />
Ray Walston, etc. Data de emissão: 11 de Outubro de 1949<br />
(Temporada 2, Episódio 6).<br />
Título original: Histoires extraordinaires à faire peur ou à<br />
faire rire... ou Unusual Tales<br />
Realização: Jean Faurez (França, 1949); Argumento:<br />
segundo obras de Thomas De Quincey (“Murder<br />
Considered as One of the Fine Arts”) e Edgar Allan Poe (“The<br />
Tell-Tale Heart” e “The Cask of Amontillado”); Intérpretes:<br />
Fernand Ledoux (Montrésor), Suzy Carrier (Léontine),<br />
Jules Berry (Fortunato), Paul Frankeur (Dugelay), Olivier<br />
Hussenot, Marina de Berg, Roger Rafal, Jean-François<br />
Laley, Pierre Collet, Jandeline, Fernand Gilbert, Henri San<br />
Juan, Jacques Dufi lho, Martial Rèbe, Barbara Val, etc. Data<br />
de emissão: 27 de Outubro de 1949.<br />
Título original: série de TV “Lights Out” The Fall of the<br />
House of Usher (EUA, 1949)<br />
Argumento: segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Fred Coe; Intérpretes: Stephen Courtleigh, Helmut<br />
Dantine, Jack La Rue, etc. Data de emissão: 21 de Novembro<br />
de 1949 (Temporada 2, Episódio 11).<br />
Título original: The Cuckoo Clock<br />
Realização: Tex Avery (EUA, 1950); Argumento: Rich Hogan,<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Fred Quimby;<br />
Música: Scott Bradley; Animação: Walt Clinton, Michael<br />
Lah, Grant Simmons; Companhias de produção: Metro-<br />
Goldwyn-Mayer (MGM); Duração: 6 min.<br />
O HOMEM DAS SOMBRAS<br />
Título original: The Man with a Cloak<br />
Realização: Fletcher Markle (EUA, 1951); Argumento:<br />
Frank Fenton, segundo história de John Dickson Carr;<br />
Intérpretes: Joseph Cotten (Dupin), Barbara Stanwyck<br />
(Lorna Bounty), Louis Calhern (Charles Theverner),<br />
Leslie Caron (Madeline Minot), Joe De Santis (Martin),<br />
Jim Backus (Flaherty), Margaret Wycherly (Mrs. Flynn),<br />
Richard Hale, Nicholas Joy, Roy Roberts, Mitchell Lewis,<br />
etc. Duração: 84 min. (A relação com Poe, advém do facto<br />
do detective Dupin se inspirar no inspector de “Os Crimes<br />
da Rua Morgue”).<br />
Título original: Der Rabe<br />
Realização: Kurt Steinwendner (Alemanha, 1951);<br />
Argumento: Kurt Steinwendner, Wolfgang Kudrnofsky,<br />
segundo poema de Edgar Allan Poe; produção: Wolfgang<br />
Kudrnofsky, Kurt Steinwendner; Música: Paul Kont ;<br />
Fotografi a (p/b): Wolfgang Kudrnofsky; Direcção de<br />
produção: Pepino Wieternik ; Intérpretes: Leopold Rudolf,<br />
Margit Jergins (Leonore), etc. Duração: Austria: 14 min.<br />
Título original: The Assignation<br />
Realização: Curtis Harrington (EUA, 1952); Argumento: Curtis<br />
Harrington, segundo “The Assignation”, de Edgar Allan Poe;<br />
Duração: 8 min. (Filme experimental, vanguardista, julgado<br />
perdido e recuperado recentemente).<br />
Título original: série de TV “Coração Delator”<br />
Realização: Chianca de Garcia (Brasil, 1953); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”);<br />
Intérpretes: Avalone Filho, Fregolente, Ida Gomes, Lourdes<br />
Mayer, Paulo Porto, etc.<br />
Título original: La Résurrection de Barnabé<br />
Realização: Jean Faurez (França, 1953); Argumento: Jean<br />
Faurez, segundo obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor):<br />
Louis Page; Intérpretes: Olivier Hussenot, Martial Rèbe,<br />
etc.
Título original: série de TV “Your Favorite Story” - episódio<br />
The Gold Bug<br />
Realização: Robert Florey (EUA, 1953); Argumento:<br />
segundo obras de Edgar Allan Poe e Leo Tolstoy; Produção:<br />
Herbert L. Strock, Frederick W. Ziv; Música: Jack Shaindlin;<br />
Intérpretes: Adolphe Menjou, etc. Data de emissão: 1 de<br />
Fevereiro de 1953 (Temporada 1, Episódio 4).<br />
Título original: série de TV “Your Favorite Story” - episódio<br />
God Sees the Truth<br />
Realização: Lewis Allen (EUA, 1953); Argumento: Robert<br />
Libott, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Herbert L. Strock, Frederick W. Ziv; Música: Jack Shaindlin;<br />
Intérpretes: ???: Data de emissão: 26 de Outubro de 1953<br />
(Temporada 2, Episódio 3).<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Ted Parmelee (EUA, 1953): Argumento: Bill Scott,<br />
Fred Grable, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Stephen Bosustow; Música: Boris Kremenliev; Direcção<br />
de produção: Herbert Klynn; Departamento de arte: Paul<br />
Julian; Animação: Paul Julian, Pat Matthews; Companhias<br />
de produção: United Productions of America (UPA);<br />
Intérpretes: James Mason (Narrador); Duração: 8 min.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: J.B. Williams (Inglaterra, 1953); Argumento:<br />
J.B. Williams, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-<br />
Tale Heart”); Produção: Isadore Goldsmith; Música: Hans<br />
May; Companhias de produção: Alliance Productions Ltd.;<br />
Intérpretes: Stanley Baker (Edgar Allan Poe), etc. Duração:<br />
20 min.<br />
Título original: Bérénice<br />
Realização: Eric Rohmer (França, 1954); Argumento: Eric<br />
Rohmer, segundo obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor):<br />
Jacques Rivette; Intérpretes: Teresa Gratia (Bérénice), Eric<br />
Rohmer (Aegeus), etc. Duração: 15 min.<br />
Título original: Manicomio<br />
Realização: Luis María Delgado, Fernando Fernán Gómez<br />
(Espanha, 1954); Argumento: Fernando Fernán Gómez,<br />
F. Tomás Comes, segundo obras de Leonid Andreyev (“El<br />
médico loco”), Ramón Gómez de la Serna (“La mona<br />
de imitación”), Aleksandr Kuprin (“Una equivocación”)<br />
e Edgar Allan Poe (“The System of Doctor Tarr and<br />
Professor Fether”); Música: Manuel Parada; Fotografi a<br />
(p/b): Cecilio Paniagua, Sebastián Perera; Montagem:<br />
Félix Suárez Inclán; Companhias de produção: Helenia<br />
Films; Intérpretes: José Alburquerque, Manuel Alexandre,<br />
José Altabella, María Asquerino, María Baus, Rafael Calvo<br />
Revilla, Susana Canales, Camilo José Cela, Aurora de<br />
Alba, Carlos Díaz de Mendoza, Fernando Fernán Gómez,<br />
Gabilán, Jesús Juan Garcés, José María Lado, Ana de Leyva,<br />
Concha López Silva, Margarita Lozano, Alfredo Marqueríe,<br />
Vicente Parra, Julio Peña, Elvira Quintillá, María Rivas,<br />
Manuel San Román, Ernestina Siria, Cayetano Torregrosa,<br />
Antonio Vico, etc. Duração: 80 min.<br />
O FANTASMA DA RUA MORGUE<br />
Título original: Phantom of the Rue Morgue<br />
Realização: Roy Del Ruth (EUA, 1954); Argumento: Harold<br />
Medford, James R. Webb, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe (“The Murders in the Rue Morgue”); Produção:<br />
Henry Blanke; Música: David Buttolph; Fotografi a (cor):<br />
J. Peverell Marley; Montagem: James Moore; Direcção<br />
artística: Bernard Tuttle; Decoração: William L. Kuehl;<br />
Maquilhagem: Gordon Baú; Assistentes de realização:<br />
Frank Mattison; Som: Stanley Jones; Guarda-roupa: Moss<br />
Mabry; Companhias de produção: Warner Bros. Pictures;<br />
Intérpretes: Karl Malden (Dr. Marais), Claude Dauphin<br />
(Insp. Bonnard), Patricia Medina (Jeanette, Steve Forrest<br />
(Prof. Paul Dupin), Allyn Ann McLerie (Yvonne), Anthony<br />
Caruso (Jacques the One-Eyed), Veola Vonn (Arlette),<br />
Dolores Dorn, Merv Griffi n, Paul Richards, Rolfe Sedan,<br />
Erin O’Brien-Moore, The Flying Zacchinis, Richard Avonde,<br />
Chuck Couch, Claire Du Brey, Charles Gemora, Mary Lou<br />
Holloway, Frank Lackteen, Louis Merrill, John Parrish, Ruth<br />
Swanson,l etc. Duração: 83 min<br />
Título original: série de TV “Die Galerie der großen<br />
Detektive” - episódio Auguste Dupin fi ndet den<br />
entwendeten Brief<br />
Realização: Peter A. Horn (RFA, 1954); Argumento: Peter A.<br />
Horn, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Purloined<br />
Letter”); Intérpretes: Walter Andreas Schwarz (Auguste<br />
Dupin), Heinz Schimmelpfennig (Elmer Arthur Pym),<br />
Alfred Schnös, Gert Michenfelder, etc. Duração: 40 min;<br />
Data de emissão: 8 de Dezembro de1954 (Temporada 1,<br />
Episódio 2).<br />
Título original: “Hallmark Hall of Fame”; episódio “Cadet<br />
Poe” Série de TV<br />
Realização: Albert McCleery (EUA, 1955); Argumento:<br />
Marcia Dealy, Will Price, Peter Kortner<br />
Intérpretes: John Carlyle (Edgar Allan Poe), Carolyn<br />
Craig (Virginia Clemm), Harvey Daniels (Jack Hume), Gil<br />
Harman (Ten. Joseph Locke), Ian Keith (John Allan), Robert<br />
187 | Edgar Allan Poe no Cinema
188 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
King, Tyler McVey, Charles Meredith, Robert Sampson, etc.<br />
Data de emissão: 12 de Junho de 1955<br />
Título original: Manfi sh<br />
Realização: W. Lee Wilder (EUA, 1956); Argumento: Myles<br />
Wilder, Joel Murcott, segundo obras de Edgar Allan Poe<br />
(“The Gold Bug” e “The Tell-Tale Heart”); Produção: W.<br />
Lee Wilder; Música: Albert Elms; Fotografi a (cor): Scotty<br />
Welbourne; Montagem: Gerald Turney-Smith; Companhias<br />
de produção: W. Lee Wilder Productions (Planet Filmplays);<br />
Intérpretes: John Bromfi eld (Capt. Brannigan), Lon Chaney<br />
Jr. (Swede), Victor Jory (‘Professor’), Tessa Prendergast,<br />
Barbara Nichols, Vincent Chang, Theodore Purcell, John<br />
Vere, Arnold Shanks, Eric Coverly, Clyde Hoyte, Jack Lewis,<br />
etc. Duração: 76 min | 87 min (DVD).<br />
Título original: série de TV “Matinee Theatre” - episódio<br />
The Fall of the House of Usher<br />
Realização: Boris Sagal (EUA, 1956); Argumento deste<br />
episódio: Robert Esson, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Produção: George Lowther; Intérpretes: Eduardo<br />
Ciannelli, Marshall Thompson, Tom Tryon, etc.; Realização<br />
(da série de TV): John Drew Barrymore, Lawrence Menkin,<br />
Pace Woods, Walter Grauman (80 Episódios) e Lamont<br />
Johnson; Argumento (da série de TV): Marjorie Duhan<br />
Adler (Episódio “But When She Was Bad” e “The Story<br />
of Marcia Gordon”); George Sumner Albee (Episódio<br />
“Mysterious Mr. Todd”); Theodore Apstein (Episódio “The<br />
Quiet Street”); Theodore Apstein (Episódio “The Century<br />
Plant”); Newt Arnold (Episódio “The 65th Floor”); Kay<br />
Arthur (Episódio “Big-Hearted Herbert”); Nicholas E.<br />
Baehr (Episódio “The Road to Recovery”); Philip Barry Jr.<br />
(Episódio “Black Chiffon”); Peter Barry (Episódio “Voyage<br />
to Mandok”); George Bradshaw (Episódio “The Phony<br />
Venus”); George Bruce (Episódio “The Red Sanders Story”);<br />
Elizabeth Cadell (Episódio “The Lark Shall Sing”); Joseph<br />
Caldwell (Episódio “The Bridge”); Stephen R. Callahan<br />
(Episódio “The Declaration”); Harold Callen (Episódio<br />
“The Last Battlefi eld”); Dorothy Canfi eld (Episódio<br />
“Temporadaed Timber”); Burnham Carter (Episódio “Town<br />
in Turmoil”); Rosemary Casey (Episódio “Velvet Glove”);<br />
Alan Cooke (Episódio “Much Ado About Nothing - Part I”)<br />
(Episódio”Much Ado About Nothing - Part II”); Alan Cooke<br />
(Episódio “Dandy Dick”); Jim Davis (Episódio “A Light in<br />
the Sky”); Honoré de Balzac (Episódio “Eugenie Grandet”);<br />
Michael Dyne (Episódios “Queen of Spades”, “The Green<br />
Shores” e “Temptation for a King”); Robert Esson (Episódio<br />
“The Alleyway”); Roger Garis (Episódio “High Places”);<br />
Harold Gast (Episódios “A Light in the Sky”, “Design for<br />
Glory”, “The Gift and the Giver” e “Threat That Runs True”);<br />
Nikolai Gogol story (Episódio “The Inspector General”);<br />
Herman Goldberg (Episódio “Cadenza”); Jess Gregg<br />
(Episódio “In Dread of Winter”); Arthur Hailey (Episódio<br />
“Course for Collison”); Sam Hall (Episódio “The 10th<br />
Muse”); Helene Hanff (Episódios “The Brass Ring” e “The<br />
Remarkable Mr. Jerome”); Roy Hargrave (Episódio “The<br />
Brat’s House”); Elizabeth Hart (Episódio “Dispossessed”<br />
e “Summer Cannot Last”); H.R. Hays (Episódio “Roman<br />
Fever” e “Without Fear or Favor”); Greer Johnson (Episódio<br />
“Eden End”); Edmond Kelso (Episódio “Progress and<br />
Minnie Sweeney”); Sophie Kerr (Episódio “Big-Hearted<br />
Herbert”); Bruce Kimes (Episódio “The Hollow Man”);<br />
Mary George Kochos (Episódio “Thursday’s Child”); David<br />
Lamson (Episódio “Anxious Night”); Warner Law (Episódio<br />
“The 19th Hole” e “The Inspector General”); Anita Leslie<br />
(Episódio “The Remarkable Mr. Jerome”); Jack Lewis<br />
(Episódio “Son of 37 Different Fathers”); George Lowther<br />
(Episódios “Anxious Night”, “The Gentleman Caller”,<br />
“Town in Turmoil” e “Webster and the Sea Serpent”);<br />
Ellen McCracken (Episódios “The Shuttered Heart” e<br />
“Thursday’s Child”); Henry Misrock (Episódio “The First<br />
Captain”); N. Richard Nash (Episódio “The Young and<br />
the Fair”); Peggy Phillips (Episódio “The Lark Shall Sing”,<br />
“Her Son’s Wife” e “The Shining Palace”); Arthur Wing<br />
Pinero (Episódio “Dandy Dick”); Zelda Popkin (Episódio<br />
“The Quiet Street”); J.B. Priestley (Episódio “Eden End”);<br />
Alexander Pushkin (Episódio “Queen of Spades”); Samson<br />
Raphaelson (Episódio “Stopover”); Jacqueline Rhodes<br />
(Episódio “The Brass Ring”); A.J. Richardson (Episódio “Big-<br />
Hearted Herbert”); Anna Steese Richardson (Episódio<br />
“Big Hearted Herbert”); Meade Roberts (Episódio “The<br />
Hickory Limb”); Jerome Ross (Episódio “A Case of Pure<br />
Fiction”); Will Schneider (Episódio “Cadenza”); Gertrude<br />
Schweitzer (Episódio “The Charmer”); Robert J. Shaw<br />
(Episódios “The Catbird Seat”, e “The Tender Leaves”);<br />
A.B. Shiffrin (Episódio “Prominent Citizens”); Mac Shoub<br />
(Episódio “Hush, Mahala, Hush”); Dodie Smith (Episódio<br />
“Call It a Day”); Anthony Spinner (Episódio “Barricade at<br />
the Big Black”) (Episódio “The Day Before the Wedding”);<br />
Sheldon Stark (Episódio “Day of Discoveries”); Lesley<br />
Storm (Episódio “Black Chiffon”); Helen Taini (Episódio<br />
“Velvet Glove”); Betty Ulius (Episódio “Eugenie Grandet”);<br />
John Van Druten (Episódios “The Hickory Limb” e “There’s<br />
Always Juliet”); John Vlahos (Episódio “The Declaration”);<br />
Mary Jane Waldo story (Episódio “The Shuttered Heart”);<br />
Claire Wallis (Episódio “Her Son’s Wife”); Robert Wallstens<br />
(Episódios “The Phony Venus” e “The Silver Spider”); Dale<br />
Wasserman (Episódio “Fiddlin’ Man”, “The Man That<br />
Corrupted Hadleyburg” e “The Milwaukee Rocket”); H.G.<br />
Wells (Episódio “The Invisible Man”); Richard Wendley<br />
(Episódio “Stopover”); Edith Wharton (Episódio “Roman<br />
Fever”); Elihu Winer (Episódio “Temporadaed Timber”);<br />
Produção: George Cahan, Frank Price; Data de emissão: 6<br />
de Agosto de 1956 (Temporada 1, Episódio 198).<br />
Título original: série de TV “Armchair Theatre” - episódio<br />
The Cash of Amontillado<br />
Realização: John Knight (EUA, 1957); Argumento: Juan<br />
Cortés, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Dennis<br />
Vance; Intérpretes: Janet Barrow, Lorenza Colville, Adrienne<br />
Corri, Raymond Huntley, Paul Stassino, etc. Data de emissão:<br />
17 de Março de 1957 (Temporada 1, Episódio 25).<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Joseph Marzano (EUA, 1958); Argumento:<br />
Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor): Bob James; Design<br />
de Produção: Joseph G. Pacelli Jr.; Intérpretes: Joseph<br />
Marzano, etc.<br />
Título original: El Grito de la Muerte ou Scream of Death<br />
ou The Living Coffi n<br />
Realização: Fernando Méndez (México, 1959); Argumento:<br />
Ramón Obón, sugerido por “The Permature Burial”, de<br />
Edgar Allan Poe; Intérpretes: Gastón Santos (Gastón), María<br />
Duval (María Elena García), Pedro de Aguillón (Coyote Loco),<br />
Carlos Ancira (Felipe), Carolina Barret (Clotilde), Antonio
Raxel, Hortensia Santoveña, Quintín Bulnes, etc. Duração:<br />
72 min. (O argumento deste western mexicano contém<br />
elementos de terror sugeridos por Poe).<br />
Título original: Ligeia (TV)<br />
Realização: Marta Reguera (Argentina, 1959); Argumento:<br />
Narciso Ibáñez Serrador, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Companhias de produção: Canal 7 Buenos Aires;<br />
Intérpretes: Narciso Ibáñez Menta, Myriam de Urquijo, etc.<br />
Título original: El Corazón delator (TV)<br />
Realização: Marta Reguera (Argentina, 1959); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Companhias de<br />
produção: Canal 7 Buenos Aires; Intérpretes: Narciso<br />
Ibáñez Menta, Narciso Ibáñez Serrador.<br />
Título original: Berenice (1959) (TV)<br />
Realização: Marta Reguera (Argentina, 1959); Argumento:<br />
Narciso Ibáñez Serrador, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Direcção artística: Narciso Ibáñez Menta; Companhias<br />
de produção: Canal 7 Buenos Aires; Intérpretes: Narciso<br />
Ibáñez Menta, Narciso Ibáñez Serrador, etc.<br />
A QUEDA DA CASA USHER<br />
Título original: House of Usher ou The Fall of the House of<br />
Usher ou The Mysterious House of Usher<br />
Realização: Roger Corman (EUA, 1960); Argumento: Richard<br />
Matheson, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Fall of<br />
The House of Usher”); Produção: Roger Corman, James<br />
H. Nicholson; Música: Les Baxter; Fotografi a (cor): Floyd<br />
Crosby; Montagem: Anthony Carras; Design de Produção:<br />
Daniel Haller; Maquilhagem: Fred B. Phillips; Assistentes de<br />
realização: Jack Bohrer; Departamento de arte: Richard M.<br />
Rubin, Burt Shonberg; Som: Alfred R. Bird, Philip Mitchell;<br />
Efeitos Especiais: Lawrence W. Butler, Pat Dinga, Ray Mercer;<br />
Guarda-roupa: Marjorie Corso; Companhias de produção:<br />
Alta Vista Productions; Intérpretes: Vincent Price (Roderick<br />
Usher), Mark Damon (Philip Winthrop), Myrna Fahey<br />
(Madeline Usher), Harry Ellerbe (Bristol), Eleanor LeFaber,<br />
Ruth Oklander, Géraldine Paulette, David Andar, Bill<br />
Borzage, Mike Jordan, Nadajan, George Paul, Phil Sulvestre,<br />
John Zimeas, etc. Duração: 79 min.<br />
Título original: Obras Maestras del Terror ou Master<br />
of Horror ou Masterworks of Terror ou Short Stories of<br />
Terror<br />
Realização: Enrique Carreras (Argentina, 1960);<br />
Argumento: Narciso Ibáñez Serrador (Luis Peñafi el),<br />
Rodolfo M. Taboada, segundo obras de Edgar Allan Poe<br />
(“The Facts in the Case of M. Valdemar”, “The Cask of<br />
Amontillado”, e “The Tell-Tale Heart”); Produção: Nicolás<br />
Carreras, Jaime Gates, Jack H. Harris, Enrique Torres<br />
Tudela; Música: Víctor Slister; Fotografi a (cor): Américo<br />
Hoss; Montagem: José Gallego; Design de Produção:<br />
Mario Vanarelli; Maquilhagem: Narciso Ibáñez Menta,<br />
Blanca Olavego; Assistentes de realização: Angel<br />
Acciaresi; Som: Mario Fezia; Companhias de produção:<br />
Argentina Sono Film S.A.C.I.; Intérpretes: Narciso Ibáñez<br />
Menta (Dr. Eckstrom), Manuel Alcón, Alberto Barcel,<br />
Francisco Cárdenas, Mercedes Carreras, Rafael Diserio,<br />
Carlos Estrada, Roberto Germán, Narciso Ibáñez Serrador,<br />
Adolfo Linvel, Armando Lopardo, Silvia Montanari, Inés<br />
Moreno, Luis Orbegozo, Osvaldo Pacheco, Jesús Pampín,<br />
Miguel Paparelli, Gilberto Peyret, Luis Sorel, Lilian Valmar,<br />
etc. Duração: 115 min | 61 min (EUA).<br />
Título original: The Tell-Tale Heart ou The Hidden Room<br />
of 1,000 Horrors ou The Horror Man<br />
Realização: Ernest Morris (Inglaterra, 1960); Argumento:<br />
Brian Clemens, Eldon Howard, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”); Produção: Edward J.<br />
Danziger, Harry Lee Danziger; Música: Tony Crombie,<br />
Bill LeSage; Fotografi a (cor): James Wilson; Montagem:<br />
Derek Parsons; Direcção artística: Norman G. Arnold,<br />
Peter Russell; Maquilhagem: Aldo Manganaro; Direcção<br />
de produção: John Draper, Brian Taylor; Assistentes de<br />
realização: Geoffrey Holman; Som: George Adams, W.<br />
Anson Howell, John Smith; Guarda-roupa: Rene Coke;<br />
Companhias de produção: Danziger Productions Ltd.<br />
Intérpretes: Laurence Payne (Edgar Marsh), Adrienne<br />
Corri (Betty Clare), Dermot Walsh (Carl Loomis), Selma Vaz<br />
Dias, John Scott, John Martin, Annette Carell, David Lander,<br />
Rosemary Rotheray, Suzanne Fuller, Yvonne Buckingham,<br />
David Courtney, Richard Bennett, Joan Peart, etc. Duração:<br />
78 min.<br />
Título original: The Pit<br />
Realização: Edward Abraham (Inglaterra, 1960);<br />
Argumento: Edward Abraham, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Intérpretes: Brian Peck, etc. Duração: curtametragem<br />
(?).<br />
Título original: Le Scarabée d’ Or<br />
Realização: Robert Lachenay (França, 1961); Argumento:<br />
Robert Lachenay, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: François Truffaut; Música: Geoffroy Dechaume;<br />
Fotografi a (cor): André Mrugalski; Montagem: Hélène<br />
Plemiannikov; Companhias de produção: Les Films du<br />
Carrosse; Intérpretes: Didier Pontet, Odile Geoffroy, Karim<br />
Seck, etc. Duração: 24 min.<br />
189 | Edgar Allan Poe no Cinema
190 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Título original: série de TV “Great Ghost Tales”<br />
Realização: Ron Winston (EUA, 1961); Realização da série:<br />
Lewis Freedman, Karl Genus, William A. Graham, Daniel<br />
Petrie, Allen Reisner, Seymour Robbie, Ron Winston (cada<br />
um, um episódio, em 1961); Argumento: Audrey Gellen,<br />
Algernon Blackwood, Irving Gaynor, Hector Hugh Munro,<br />
Edgar Allan Poe, Gordon Russell; Intérpretes da série:<br />
John Abbott, R.G. Armstrong, Cynthia Baxter, Eric Berry,<br />
Peter Brandon, James Broderick, Roger C. Carmel, Clifford<br />
David, Mildred Dunnock, Robert Duvall (William Wilson),<br />
Alvin Epstein, Judith Evelyn, Vincent Gardenia, Lee Grant,<br />
William Hansen, James Hickman, Arthur Hill, Salome<br />
Jens, Virginia Leith, Joanne Linville, Laurie Main, Kevin<br />
McCarthy, Harry Millard, Dan Morgan, Lois Nettleton,<br />
Collin Wilcox Paxton, William Redfi eld, Edmon Ryan, Gene<br />
Saks, David J. Stewart, Richard Thomas, Diana Van der<br />
Vlis, Herb Voland, Janet Ward, Ruth White, Ann Williams,<br />
Blanche Yurka, etc. Duração: 30 min (12 Episódios); Data<br />
de emissão: 6 de Julho de 1961.<br />
O FOSSO E O PÊNDULO<br />
Título original: Pit and the Pendulum<br />
Realização: Roger Corman (EUA, 1961); Argumento: Richard<br />
Matheson, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Samuel Z. Arkoff, Roger Corman, James H. Nicholson;<br />
Música: Les Baxter; Fotografi a (cor): Floyd Crosby;<br />
Montagem: Anthony Carras; Design de Produção: Daniel<br />
Haller; Direcção artística: Daniel Haller; Decoração: Harry<br />
Reif; Maquilhagem: Ted Coodley; Direcção de produção:<br />
Robert Agnew, Bartlett A. Carre; Assistentes de realização:<br />
Jack Bohrer, Paul Rapp; Departamento de arte: Ross Hahn,<br />
Tom Matsumoto, Richard M. Rubin; Som: Roy Meadows,<br />
Kay Rose; Efeitos Especiais: Pat Dinga; Efeitos visuais: Ray<br />
Mercer; Guarda-roupa: Marjorie Corso; Companhias de<br />
produção: Alta Vista Productions; Intérpretes: Vincent<br />
Price (Nicholas / Sebastian Medina), John Kerr (Francis),<br />
Barbara Steele (Elizabeth), Luana Anders (Catherine),<br />
Antony Carbone (Doctor Leon), Patrick Westwood, Lynette<br />
Bernay, Larry Turner, Mary Menzies, Charles Victor, Randee<br />
Lynne Jensen, etc. Duração: 80 min.<br />
Título original: série de TV “Thriller” - episódio The<br />
Premature Burial<br />
Realização: Douglas Heyes (EUA, 1961); Argumento:<br />
William D. Gordon, Douglas Heyes, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: Hubbell Robinson, Douglas Benton,<br />
William Frye; Música: Morton Stevens; Fotografi a (cor):<br />
Bud Thackery; Montagem: Danny B. Landres; Direcção<br />
artística: George Patrick; Decoração: Julia Heron, John<br />
McCarthy Jr.; Maquilhagem: Jack Barron, Florence<br />
Bush; Assistentes de realização: John Clarke Bowman;<br />
Departamento de arte: Jerome Gould; Som: David H.;<br />
Guarda-roupa: Vincent Dee; Companhias de produção:<br />
Hubbell Robinson Productions, National Broadcasting<br />
Company (NBC); Intérpretes: Sidney Blackmer (Edward<br />
Stapleton), Boris Karloff (Dr. Thorne), Richard Flato,<br />
William D. Gordon, Scott Marlowe, Patricia Medina, J.<br />
Pat O’Malley, Lillian O’Malley, etc. Data de emissão: 2 de<br />
Outubro de 1961 (Temporada 2, Episódio 3).<br />
O SEPULTADO VIVO<br />
Título original: Premature Burial<br />
Realização: Roger Corman (EUA, 1962); Argumento:<br />
Charles Beaumont, Ray Russell segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: Samuel Z. Arkoff, Gene Corman, Roger<br />
Corman; Música: Ronald Stein, Les Baxter; Fotografi a<br />
(cor): Floyd Crosby; Montagem: Ronald Sinclair; Direcção<br />
artística: Daniel Haller; Guarda-roupa: Marjorie Corso;<br />
Maquilhagem: Lou Lacava; Direcção de produção: Jack<br />
Bohrer; Assistentes de realização: Francis Ford Coppola;<br />
Departamento de arte: Richard M. Rubin, Burt Shonberg;<br />
Som: John Bury Jr.; Companhias de produção: American<br />
International Pictures (AIP), Santa Clara Productions;<br />
Intérpretes: Ray Milland (Guy Carrell), Hazel Court (Emily<br />
Gault), Richard Ney (Miles Archer), Heather Angel (Kate<br />
Carrell), Alan Napier (Dr. Gideon Gault), John Dierkes
(Sweeney), Dick Miller, Clive Halliday, Brendan Dillon, etc.<br />
Duração: 81 min.<br />
A MALDITA, O GATO E A MORTE<br />
Título original: Tales of Terror ou Edgar Allan Poe’s Tales<br />
of Terror ou Poe’s Tales of Terror<br />
Realização: Roger Corman (EUA, 1962); Argumento:<br />
Richard Matheson segundo obras de Edgar Allan Poe<br />
(“Morella”, “The Black Cat”, “The Facts in the Case of M.<br />
Valdemar”, e “A Cask of Amontillado”); Produção: Samuel<br />
Z. Arkoff, Roger Corman, James H. Nicholson; Música:<br />
Les Baxter; Fotografi a (cor): Floyd Crosby; Montagem:<br />
Anthony Carras; Design de Produção: Bartlett A. Carre,<br />
Daniel Haller; Decoração: Harry Reif; Maquilhagem:<br />
Ray Forman, Lou LaCava; Direcção de produção: Robert<br />
Agnew, Bartlett A. Carre; Assistentes de realização: Jack<br />
Bohrer; Departamento de arte: Richard M. Rubin; Som:<br />
Jack Woods; Efeitos Especiais: Pat Dinga; Efeitos visuais:<br />
Ray Mercer; Guarda-roupa: Marjorie Corso; Companhias<br />
de produção: Alta Vista Productions; Intérpretes: Vincent<br />
Price (Fortunato / Valdemar / Locke), Maggie Pierce (Lenora<br />
Locke (episódio “Morella”), Leona Gage (Morella Locke<br />
(episódio “Morella”), Edmund Cobb (conductor) (episódio<br />
“Morella”), Peter Lorre (Montresor Herringbone) (episódio<br />
“The Black Cat”), Joyce Jameson (Annabel Herringbone)<br />
(episódio “The Black Cat”), John Hackett (Policia) (episódio<br />
“The Black Cat”), Lennie Weinrib (Policia) (episódio “The<br />
Black Cat”), Wally Campo (Barman Wilkins) (episódio “The<br />
Black Cat”), Alan DeWitt, Basil Rathbone (Carmichael)<br />
(episódio “The Facts in the Case of M. Valdemar”), Debra<br />
Paget (Helene Valdemar) (episódio “The Facts in the<br />
Case of M. Valdemar”), David Frankham (Dr. Elliot James)<br />
(episódio “The Facts in the Case of M. Valdemar”), Scott<br />
Brown, etc. Duração: 89 min.<br />
O CORVO<br />
Título original: The Raven<br />
Realização: Roger Corman (EUA, 1963); Argumento:<br />
Richard Matheson segundo poema de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Samuel Z. Arkoff, Roger Corman, James H.<br />
Nicholson; Música: Les Baxter; Fotografi a (cor): Floyd<br />
Crosby; Montagem: Ronald Sinclair; Design de Produção:<br />
Daniel Haller; Direcção artística: Daniel Haller; Decoração:<br />
Harry Reif; Maquilhagem: Ted Coodley, Betty Pedretti;<br />
Direcção de produção: Robert Agnew, Bartlett A. Carre;<br />
Assistentes de realização: Jack Bohrer; Departamento<br />
de arte: Karl Brainard, Ross Hahn; Som: John Bury Jr.,<br />
Gene Corso; Efeitos Especiais: Pat Dinga; Guarda-roupa:<br />
Marjorie Corso; Companhias de produção: Alta Vista<br />
Productions; Intérpretes: Vincent Price (Dr. Erasmus<br />
Craven), Peter Lorre (Dr. Adolphus Bedlo), Boris Karloff (Dr.<br />
Scarabus), Hazel Court (Lenore Craven), Olive Sturgess<br />
(Estelle Craven), Jack Nicholson (Rexford Bedlo), Connie<br />
Wallace, William Baskin, Aaron Saxon, John Dierkes, etc.<br />
Duração: 86 min.<br />
Título original: Horror<br />
Realização: Alberto De Martino (Itália, Espanha, 1963);<br />
Argumento: Bruno Corbucci, Sergio Corbucci, Giovanni<br />
Grimaldi, Natividad Zaro, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Alberto Aguilera, Natividad Zaro, Italo Zingarelli;<br />
Música: Carlo Franci, Giuseppe Piccillo; Fotografi a (cor):<br />
Alejandro Ulloa; Montagem: Otello Colangeli; Direcção<br />
artística: Leonard Bubleg; Decoração: Antonio Simont;<br />
Maquilhagem: Shirley Dryant, Artur Grunher; Direcção<br />
de produção: Robert Palace; Assistentes de realização:<br />
Bruce Stevenson; Efeitos Especiais: Emilio Ruiz del Rio;<br />
Guarda-roupa: Henzy Stecklar; Companhias de produção:<br />
Film Columbus, Llama Films; Intérpretes: Gérard Tichy<br />
(Rodrigue De Blancheville), Leo Anchóriz (Dr. Lerouge),<br />
Ombretta Colli (Emily De Blancheville), Helga Liné<br />
(Miss Eleonore), Irán Eory (Alice Taylor), Vanni Materassi,<br />
Francisco Morán, Emilia Wolkowicz, Harry Winter, etc.<br />
Duração: 90 min | EUA:87 min (DVD).<br />
191 | Edgar Allan Poe no Cinema
192 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
O PALÁCIO MALDITO<br />
Título original: The Haunted Palace ou Edgar Allan Poe’s<br />
The Haunted Palace ou The Case of Charles Dexter Ward<br />
ou The Haunted Village<br />
Realização: Roger Corman (EUA, 1963); Argumento: Charles<br />
Beaumont, Francis Ford Coppola (diálogos), segundo obra<br />
de H.P. Lovecraft (“The Case of Charles Dexter Ward”)<br />
e inspiração de Edgar Allan Poe; Produção: Samuel<br />
Z. Arkoff, Roger Corman, James H. Nicholson, Ronald<br />
Sinclair; Música: Ronald Stein; Fotografi a (cor): Floyd<br />
Crosby; Montagem: Ronald Sinclair; Direcção artística:<br />
Daniel Haller; Maquilhagem: Ted Coodley, Verne Langdon,<br />
Lorraine Roberson; Direcção de Produção: Jack Bohrer;<br />
Assistentes de realização: Paul Rapp; Departamento<br />
de arte: Harry Reif; Som: John L. Bury; Companhias de<br />
produção: American International Pictures (AIP), La<br />
Honda Productions; Intérpretes: Vincent Price (Charles<br />
Dexter Ward), Debra Paget (Ann Ward), Lon Chaney Jr.<br />
(Simon Orne), Frank Maxwell (Dr. Willet / Priam Willet),<br />
Leo Gordon (Edgar Weeden / Ezra Weeden), Elisha Cook<br />
Jr. (Gideon Smith / Micah Smith), John Dierkes, Milton<br />
Parsons, Cathie Merchant, Guy Wilkerson, I. Stanford<br />
Jolley, Harry Ellerbe, Barboura Morris, Darlene Lucht,<br />
Bruno VeSota, etc. Duração: 87 min<br />
Título original: Le Puits et le Pendule (TV)<br />
Realização: Alexandre Astruc (França, 1964); Argumento:<br />
Alexandre Astruc, segundo obra de Edgar Allan Poe («The<br />
Pit and the Pendulum»); Música: Antoine Duhamel;<br />
Fotografi a (cor): Nicolas Hayer; Montagem: Sophie Bhaud,<br />
Monique Chalmandrier; Decoração: André Bakst ; Guardaroupa:<br />
Marie-Thérèse Respens; Assistentes de realização:<br />
Pierre-André Boutang, Yves Kovacs; Departamento de arte:<br />
Jean-Louis Crozet ; Som: Paul Bonnefond, Daniel Couteau;<br />
Intérpretes: Maurice Ronet (Condenado à morte), etc.<br />
Duração: 37 min ; Data de emissão: 9 de Janeiro de 1964<br />
(França).<br />
A MÁSCARA DA MORTE VERMELHA<br />
Título original: The Masque of the Red Death<br />
Realização: Roger Corman (Inglaterra, EUA, 1964);<br />
Argumento: Charles Beaumont, R. Wright Campbell,<br />
segundo obras de Edgar Allan Poe (“The Masque of the<br />
Red Death” e “Hop-Frog”); Produção: Roger Corman,<br />
George Willoughby; Música: David Lee; Fotografi a (cor):<br />
Nicolas Roeg; Montagem: Ann Chegwidden; Casting:<br />
G.B. Walker; Design de Produção: Daniel Haller; Direcção<br />
artística: Robert Jones; Decoração: Colin Southcott;<br />
Maquilhagem: Elsie Alder, George Partleton; Assistentes<br />
de realização: Peter Price, Julio Sempere, Mike Gowans;<br />
Departamento de arte: Ray Frift; Som: Len Abbott, Richard<br />
Bird; Efeitos Especiais: George Blackwell; Guarda-roupa:<br />
Laura Nightingale; Companhias de produção: Alta Vista<br />
Productions;<br />
Intérpretes: Vincent Price (Prince Prospero), Hazel Court<br />
(Juliana), Jane Asher (Francesca), David Weston (Gino),<br />
Nigel Green (Ludovico), Patrick Magee (Alfredo), Paul<br />
Whitsun-Jones, Robert Brown, Julian Burton, David<br />
Davies, Skip Martin, Gaye Brown, Verina Greenlaw, Doreen<br />
Dawn, Brian Hewlett, Sarah Brackett, David Allen, Dorothy<br />
Anelay, Gerry Atkins, Jill Bathurst, Julian Bolt, Norris Boyd,<br />
Ricky Clarke, Ronald Curran, Alan Dalton, Gladys Davison,<br />
Fred Peters, Maureen Sims, etc. Duração: 89 min.<br />
O TÚMULO DE LIGEIA<br />
Título original: The Tomb of Ligeia ou Edgar Allan Poe’s<br />
The Tomb of Ligeia ou Last Tomb of Ligeia ou Ligeia ou<br />
Tomb of the Cat<br />
Realização: Roger Corman (Inglaterra, EUA, 1964);<br />
Argumento: Robert Towne, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Produção: Pat Green, Samuel Z. Arkoff; Música: Kenneth<br />
V. Jones; Fotografi a (cor): Arthur Grant; Montagem: Alfred<br />
Cox; Direcção artística: Colin Southcott, Daniel Haller;<br />
Maquilhagem: George Blackler, Pearl Orton; Assistentes<br />
de realização: David Tringham; Som: John Aldred, Don
Ranasinghe, Bert Ross, Les Wiggins; Efeitos Especiais: Ted<br />
Samuels; Guarda-roupa: Mary Gibson; Companhias de<br />
produção: Alta Vista Film Production; Intérpretes: Vincent<br />
Price (Verden Fell), Elizabeth Shepherd (The Lady Rowena<br />
Trevanion / The Lady Ligeia), John Westbrook (Christopher<br />
Gough), Derek Francis (Lord Trevanion), Oliver Johnston,<br />
Richard Vernon, Frank Thornton, Ronald Adam, Denis<br />
Gilmore, Penelope Lee, etc. Duração: 81 min.<br />
A LONGA NOITE DO TERROR<br />
Título original: Danza Macabra ou Castle of Blood ou Coffi n<br />
of Terror ou La Danse macabre ou Dimensions in Death<br />
ou Edgar Allan Poe’s Castle of Blood ou La Lunga Notte<br />
de Terrore ou Terrore ou The Castle of Terror ou The Long<br />
Night of Terror ou Tombs of Horror ou Tombs of Terror<br />
Realização: Antonio Margheriti (Anthony M. Dawson)<br />
(Itália, França, 1964); Argumento: Sergio Corbucci (Gordon<br />
Wilson Jr.), Giovanni Grimaldi (Jean Grimaud) (nalguma<br />
publicidade, o fi lme aparece como inspirado numa obra<br />
de Edgar Allan Poe, “Dance Macabre”, mas tal informação<br />
é errada. Poe surge sim como personagem); Produção: Leo<br />
Lax, Marco Vicario; Música: Riz Ortolani; Fotografi a (cor):<br />
Riccardo Pallottini; Montagem: Otello Colangeli; Design de<br />
produção: Ottavio Scotti; Assistentes de realização: Ruggero<br />
Deodato; Efeitos especiais: Enrico Catalucci; Companhias de<br />
produção: Giovanni Addessi Produzione Cinematografi ca,<br />
Ulysse Productions, Vulsinia Films; Intérpretes: Barbara<br />
Steele (Elisabeth Blackwood), Georges Rivière (Alan Foster),<br />
Margarete Robsahm (Júlia), Arturo Dominici (Dr. Carmus),<br />
Silvano Tranquilli (Edgar Allan Poe), Sylvia Sorrente (Elsi),<br />
Giovanni Cianfriglia, etc. Duração: 87 min.<br />
Título original: El Demonio en la Sangre<br />
Realização: René Múgica (Argentina, 1964); Argumento:<br />
Tomás Eloy Martínez, René Múgica, Augusto Roa Bastos,<br />
parcialmente baseado no conto de Edgar Allan Poe, “The<br />
Tell-Tale Heart”; Música: Rodolfo Arizaga; Fotografi a (cor):<br />
Oscar Melli, Ricardo Younis; Montagem: Gerardo Rinaldi,<br />
Antonio Ripoll; Design de produção: Germán Gelpi;<br />
Intérpretes: Rosita Quintana, Ubaldo Martínez, Ernesto<br />
Bianco, Arturo García Buhr, Wolf Ruvinskis, Lydia Lamaison,<br />
Graciela Dufau, Jorge De La Riestra, Pinky, Mario Savino,<br />
etc. Duração: ???<br />
Título original: El Trapero (TV)<br />
Realização: Narciso Ibáñez Serrador (Espanha, 1965);<br />
Argumento: Narciso Ibáñez Serrador, segundo obra de<br />
Edgar Allan Poe; Música: Waldo de los Rios; Companhias<br />
de produção: Televisión Española (TVE); Intérpretes:<br />
Narciso Ibáñez Menta (Edmund); Duração: 70 min.<br />
A CIDADE SUBMARINA<br />
Título original: The City Under the Sea ou City in the Sea<br />
ou War-Gods of the Deep<br />
Realização: Jacques Tourneur (Inglaterra, 1965);<br />
Argumento: Charles Bennett, Louis M. Heyward, David<br />
Whitaker, segundo obra de Edgar Allan Poe (“City in the<br />
Sea”); Produção: George Willoughby, Samuel Z. Arkoff,<br />
Daniel Haller; Música: Stanley Black; Fotografi a (cor):<br />
Stephen Dade; Montagem: Gordon Hales; Casting: Harvey<br />
Woods; Direcção artística: Frank White; Maquilhagem:<br />
Elsie Alder, W.T. Partleton, Geoffrey Rodway; Direcção de<br />
produção: Pat Green; Assistentes de realização: David<br />
Tringham; Departamento de arte: Leon Davis, Colin<br />
Southcott, Peter Wood; Som: C. Le Mesurier, Ken Rawkins;<br />
Efeitos Especiais: Les Bowie, Frank George, Eiji Tsuburaya;<br />
Guarda-roupa: Ernie Farrer; Companhias de produção:<br />
Bruton Film Productions; Intérpretes: Vincent Price (Sir<br />
Hugh, The Captain), David Tomlinson (Harold Tufnell-<br />
Jones), Tab Hunter (Ben Harris), Susan Hart (Jill Tregillis),<br />
John Le Mesurier, Henry Oscar, Derek Newark, Roy Patrick,<br />
Bart Allison, Dennis Blake, Steven Brooke, Hilda Campbell-<br />
Russell, Herbert the Rooster, Arthur Hewlett, Michael<br />
Heyland, William Hurndell, George Ricarde, Tony Selby, Jim<br />
Spearman, etc. Duração: 84 min.<br />
Título original: 5 tombe per un medium ou Cemetery<br />
of the Living Dead ou Cinque tombe per un medium ou<br />
Coffi n of Terror ou Five Graves for a Medium ou Terror-<br />
Creatures from the Grave ou Tombs of Horror<br />
Realização: Ralph Zucker (Massimo Pupillo) (Itália,<br />
1965); Argumento: Ruth Carter, Cesare Mancini, Romano<br />
Migliorini, Roberto Natale, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Produção: Francesco Merli, Massimo Pupillo, Ralph<br />
Zucker; Música: Aldo Piga; Fotografi a (cor): Carlo Di<br />
Palma; Montagem: Mariano Arditi; Decoração: Frank<br />
Small; Guarda-roupa: Serge Selig; Maquilhagem: Bud<br />
Dexter; Assistentes de realização: Nick Berger; Som:<br />
Goffredo Salvatori; Companhias de produção: G.I.A.<br />
Cinematográfi ca, International Entertainment Corp.,<br />
M.B.S. Cinematografi ca; Intérpretes: Walter Brandi (Albert<br />
Kovac), Mirella Maravidi (Corinne Hauff), Barbara Steele<br />
(Cleo Hauff), Alfredo Rizzo (Dr. Nemek), Riccardo Garrone<br />
(Joseph Morgan), Luciano Pigozzi, Tilde Till, Ennio Balbo,<br />
Steve Robinson, René Wolf, etc. Duração: 87 min.<br />
Título original: The Black Cat ou Edgar Allen Poe’s The<br />
Black Cat<br />
Realização: Harold Hoffman (EUA, 1966); Argumento:<br />
Harold Hoffman, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
193 | Edgar Allan Poe no Cinema
194 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Argumento: Harold Hoffman, Segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: Patrick Sims; Fotografi a (cor): Walter<br />
Schenk; Montagem: Charles G. Schelling; Direcção<br />
artística: Robert Dracup; Maquilhagem: Beverly Gilbert;<br />
Assistentes de realização: George Costello; Som: Charles<br />
G. Schelling; Efeitos Especiais: Manel De Aumente, Sheilds<br />
Mitchell; Companhias de produção: Falcon International<br />
Corp.,Hemisphere Pictures; Intérpretes: Robert Frost<br />
(Lou), Robyn Baker (Diana), Sadie French (Lillian), Scotty<br />
McKay, George Russell, George Edgley, Annabelle Weenick,<br />
Jeff Alexander, Tommie Russell, Scott Shewmake, Bill<br />
Thurman, Nelson Spencer, etc. Duração: 73 min.<br />
O JARDIM DA TORTURA<br />
Título original: Torture Garden<br />
Realização: Freddie Francis (Inglaterra, 1967); Argumento:<br />
Robert Bloch; Intérpretes: Jack Palance (Ronald Wyatt),<br />
Burgess Meredith (Dr. Diabolo), Beverly Adams (Carla<br />
Hayes), Peter Cushing (Lancelot Canning), Michael Bryant<br />
(Colin Williams), John Standing, Robert Hutton, John<br />
Phillips, Michael Ripper, Bernard Kay, Catherine Finn,<br />
Maurice Denham, Ursula Howells, David Bauer, Niall<br />
MacGinnis, etc. Duração: 93 min. (O fi lme aborda o caso<br />
de coleccionadores de obras de Edgar Allan Poe).<br />
Título original: Historias para no Dormir - episódio El<br />
cuervo (1964 - ?)<br />
Realização: Narciso Ibáñez Serrador (Espanha, 1967);<br />
Argumento: Luis Peñafi el (Narciso Ibáñez Serrador),<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Raven”); Fotografi a<br />
(cor): Ricardo Torres; Decoração: Fernando Sáenz; Design<br />
de Produção: Antonio Mingote; Maquilhagem: Narciso<br />
Ibáñez Menta; Intérpretes: Rafael Navarro (Edgar Allan<br />
Poe), Luis Peña, Paloma Valdés (Virginia Poe), Nélida<br />
Quiroga, Javier Loyola, Emilio Gutiérrez Caba (Emilio<br />
Sheldon), Estanis González (Doctor), José Franco, Joaquín<br />
Escola, Lola Lemos, Mary Delgado, Alberto Fernández,<br />
Álvaro de Luna, José Luis Lespe, Héctor Quiroga, Maite<br />
Brit, Isabel Braos, Mari González, Fernando Lewis, Ricardo<br />
G. Lilló, Agustín Bescos, etc. Data de emissão: 1967.<br />
Título original: série de TV “Historias para no dormir” -<br />
episódio El Pacto (1964 - ?)<br />
Realização: Narciso Ibáñez Serrador (Espanha, 1966);<br />
Argumento: segundo obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a<br />
(cor): Federico G. Larraya; Design de Produção: Antonio<br />
Mingote; Maquilhagem: Narciso Ibáñez Menta; Intérpretes:<br />
Montserrat Carulla, Félix Dafauce, Joaquín Escola, Manuel<br />
Galiana, Estanis González, Narciso Ibáñez Menta, Roberto<br />
Llamas, etc. Data de emissão: 25 de Março de 1966.<br />
Título original: Die Schlangengrube und das Pendel ou<br />
Blood of the Virgins ou Castle of the Walking Dead ou<br />
Pendulum ou The Blood Demon ou The Snake Pit ou The<br />
Snake Pit and the Pendulum ou The Torture Chamber of<br />
Dr. Sadism ou The Torture Room ou Torture Chamber<br />
Realização: Harald Reinl (RFA, 1967); Argumento: Manfred<br />
R. Köhler, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Pit and<br />
the Pendulum”); Produção: Erwin Gitt, Wolfgang Kühnlenz;<br />
Música: Peter Thomas; Fotografi a (cor): Ernst W. Kalinke,<br />
Dieter Liphardt; Montagem: Hermann Haller; Direcção<br />
artística: Will Achtmann; Gabriel Pellon; Decoração:<br />
Gabriel Pellon; Guarda-roupa: Irms Pauli; Maquilhagem:<br />
Erich L. Schunckel; Direcção de produção: Erwin Gitt,<br />
Wolfgang Kühnlenz; Assistentes de realização: Charles<br />
Wakefi eld; Som: Hans Joachim Richter; Efeitos Especiais:<br />
Erwin Lange, Theo Nischwitz; Guarda-roupa: Irms Pauli;<br />
Companhias de produção: Constantin Film Produktion;<br />
Intérpretes: Lex Barker (Roger Mont Elise / Roger von<br />
Marienberg), Christopher Lee (conde Frederic Regula, Graf<br />
von Andomai), Karin Dor (baronesa Lilian von Brabant),<br />
Carl Lange (Anathol), Vladimir Medar, Christiane Rücker,<br />
Dieter Eppler, Horst Naumann, etc. Duração: 85 min.<br />
Título original: House of Evil ou Dance of Death ou<br />
Macabre Serenade<br />
Realização: Jack Hill, Juan Ibáñez (México, EUA, 1968);<br />
Argumento: Jack Hill, Luis Enrique Vergara, segundo obra<br />
de Edgar Allan Poe; Produção: Juan Ibáñez, Luis Enrique<br />
Vergara; Música: Enrico C. Cabiati, Alice Uretta; Fotografi a<br />
(cor): Raúl Domínguez, Austin McKinney; Assistentes de<br />
realização: Barry Langley; Companhias de produção: Azteca<br />
Films; Intérpretes: Boris Karloff (Matthias Morteval), Julissa<br />
(Lucy Durant), Andrés García (Beasley), José Ángel Espinosa<br />
‘Ferrusquilla’, Beatriz Baz, Quintín Bulnes, Manuel Alvarado,<br />
Arturo Fernández, Carmen Velez, Felipe de Flores, Fernando<br />
Saucedo, Estuardo Mora, José Luis G. de León, Victor Jordan,<br />
José Antonio Garcia, etc. Duração: 89 min<br />
HISTÓRIAS EXTRAORDIONÁRIAS<br />
Título original: Histoires extraordinaires ou Spirits of<br />
the Dead ou Tales of Mystery ou Tales of Mystery and<br />
Imagination ou Tre passi nel delirio ou Trois histoires<br />
extraordinaires d’Edgar Poe<br />
Realização: Federico Fellini (episódio “Toby Dammit”),<br />
Louis Malle (episódio “William Wilson”), Roger Vadim<br />
(episódio “Metzengerstein”) (Itália, França, 1968);<br />
Argumento: Edgar Allan Poe (story “Metzengerstein”)<br />
(episódio “Metzengerstein”) (as Edgar Allan Poë); Roger<br />
Vadim, Pascal Cousin, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />
(episódio “Metzengerstein”); Louis Malle, Clement Biddle<br />
Wood, Daniel Boulanger, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />
(episódio “William Wilson” e “Metzengerstein”); Federico<br />
Fellini, Bernardino Zapponi, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe (“Ne pariez jamais votre tête avec le Diable” (Never Bet<br />
the Devil Your Head)) (episódio “Toby Dammit”); Produção:<br />
Raymond Eger, Alberto Grimaldi; Música: Diego Masson<br />
(episódio “William Wilson”); Jean Prodromidès (episódio<br />
“Metzengerstein”); Nino Rota (episódio “Toby Dammit”);<br />
Fotografi a (cor): Tonino Delli Colli (episódio “William<br />
Wilson”); Claude Renoir (episódio “Metzengerstein”);<br />
Giuseppe Rotunno (episódio “Toby Dammit”); Montagem:<br />
Franco Arcalli e Suzanne Baron (episódio “William Wilson”);<br />
Ruggero Mastroianni (episódio “Toby Dammit”); Helène<br />
Plemiannikov (episódio “Metzengerstein”); Design de<br />
Produção: Jean André (episódio “Metzengerstein”); Piero<br />
Tosi (supervising production designer) (episódio “Toby<br />
Dammit”); Ghislain Uhry (episódio “William Wilson”);<br />
Direcção artística: Fabrizio Clerici (episódio “Toby<br />
Dammit”); Carlo Leva (episódio “William Wilson”); Direcção<br />
de produção: André Cultet e Ludmilla Goulian (episódio<br />
“Metzengerstein”), Thomas Sagone (episódios “William<br />
Wilson” e “Toby Dammit”), Enzo Provenzale (episódio<br />
“Toby Dammit”); Assistentes de realização: Vana Caruso<br />
(episódio “William Wilson”), Michel Clément, Serge Vallin<br />
e Jean-Michel Lacor (episódio “Metzengerstein”), Eschilo
Tarquini, Francesco Aluigi e Liliane Betti (episódio “Toby<br />
Dammit”); Efeitos visuais: Joseph Nathanson (episódio<br />
“Toby Dammit”); Guarda-roupa: Jacques Fonteray<br />
episódio (“Metzengerstein”), Piero Tosi (episódio “Toby<br />
Dammit”), Ghislain Uhry e Carlo Leva (episódio “William<br />
Wilson”); Companhias de produção: Les Films Marceau<br />
(Paris), Produzioni Europee Associati (PEA), Cocinor, Les<br />
Films Marceau; Intérpretes: Brigitte Bardot (Giuseppina<br />
- episódio “William Wilson”), Alain Delon (William Wilson),<br />
Katia Christine (jovem), Umberto D’Orsi (Hans), Renzo<br />
Palmer (padre), Marco Stefanelli, Daniele Vargas, John<br />
Karlsen (episódio “William Wilson”); Jane Fonda (Condessa<br />
Frederica ), James Robertson Justice (conselheiro), Françoise<br />
Prévost (amigo da condessa), Peter Fonda (Barão Wilhelm),<br />
Marlène Alexandre, Marie-Ange Aniès, David Bresson,<br />
Peter Dane, Georges Douking, Philippe Lemaire, Carla<br />
Marlier, Serge Marquand, Audoin de Bardot, Anny Duperey,<br />
Andréas Voutsinas (episódio “Metzengerstein”); Terence<br />
Stamp (Toby Dammit), Salvo Randone (padre), Monica<br />
Pardo, Anne Tonietti, Marina Yaru, Fabrizio Angeli, Franco<br />
Arcalli, Federico Boido, Ernesto Colli, Paul Cooper, Dakar,<br />
Gabriel Lagay, Irina Maleeva, Antonia Pietrosi, Polidor,<br />
Mimmo Poli, Alfredo Rizzo, Marisa Traversi, Milena Vukotic,<br />
Aleardo Ward (episódio “Toby Dammit”) e ainda Clement<br />
Biddle Wood, Vincent Price e Maurice Ronet (narradores);<br />
Duração: 121 min.<br />
Título original: Witchfi nder General ou Edgar Allan Poe’s<br />
Conqueror Worm ou Matthew Hopkins: Conqueror<br />
Worm ou Matthew Hopkins: Witchfi nder General ou The<br />
Conqueror Worm<br />
Realização: Michael Reeves (Inglaterra, 1968); Argumento:<br />
Tom Baker, Michael Reeves, Louis M. Heyward, segundo<br />
romance de Ronald Bassett e poema de Edgar Allan Poe<br />
(“The Conqueror Worm”); Produção: Louis M. Heyward,<br />
Arnold L. Miller, Tony Tenser, Philip Waddilove; Música: Paul<br />
Ferris, Kendall Schmidt; Fotografi a (cor): John Coquillon;<br />
Montagem: Howard Lanning; Casting: Freddie Vale;<br />
Direcção artística: Jim Morahan; Maquilhagem: Dorrie<br />
Hamilton, Henry Montsash; Direcção de produção: Ricky<br />
Howard; Assistentes de realização: Ian Goddard, Iain<br />
Lawrence; Departamento de arte: Dennis Cantrell, Jimmy<br />
James, Andrew Low; Som: Paul Le Mare, Hugh Strain; Efeitos<br />
Especiais: Roger Dicken; Guarda-roupa: Jill Thompson;<br />
Companhias de produção: Tigon British Film Productions,<br />
American International Productions; Intérpretes: Vincent<br />
Price (Matthew Hopkins), Ian Ogilvy (Richard Marshall),<br />
Rupert Davies (John Lowes), Hilary Heath (Sarah Lowes),<br />
Robert Russell (John Stearne), Nicky Henson (Trooper<br />
Robert Swallow), Tony Selby, Bernard Kay, Godfrey James,<br />
Michael Beint, John Trenaman, Bill Maxwell, Paul Ferris,<br />
Maggie Kimberly, Peter Haigh, Hira Talfrey, Anne Tirard,<br />
Peter Thomas, Edward Palmer, David Webb, Lee Peters,<br />
David Lyell, Alf Joint, Martin Terry, Jack Lynn, Beaufoy Milton,<br />
Dennis Thorne, Michael Segal, Toby Lennon, Margaret<br />
Nolan, Sally Douglas, Donna Reading, Patrick Wymark (Gen.<br />
Oliver Cromwell), Wilfrid Brambell, etc. Duração: 86 min.<br />
Título original: série de TV “Mystery and Imagination”<br />
– episódio “The Fall of the House of Usher”<br />
Realização: Kim Mills (Inglaterra, 1966); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Jonathan<br />
Alwyn, Raymond Collier; Companhias de produção:<br />
Independent Television (ITV); Intérpretes: David Buck<br />
(Richard Beckett), Denholm Elliott (Roderick Usher),<br />
Dudley Jones (médico), Oliver MacGreevy (Finn), Mary<br />
Miller (Lucy), Susannah York (Madeleine Usher), etc.<br />
Duração: 50 min; Data de emissão: 12 de Fevereiro de 1966<br />
(Temporada 1, Episódio 3).<br />
Título original: série de TV “Mystery and Imagination”<br />
– episódio The Tell-tale Heart<br />
Realização: Robert Tronson (Inglaterra, 1968); Argumento:<br />
Peter Van Greenaway segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
195 | Edgar Allan Poe no Cinema
196 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Produção: Jonathan Alwyn; Companhias de produção:<br />
Independent Television (ITV); Intérpretes: Norman Eshley<br />
(Jean Lemaistre), Sandra Fehr (Martine), Gillian French,<br />
Leslie French, Bob Hornery, Freddie Jones (Vaudin), Kenneth<br />
J. Warren, Antony Webb, Avril Yarrow, etc. Duração: 50 min;<br />
Data de emissão: 20 June 1968 (Temporada 3, Episódio 5).<br />
Título original: “Detective” – episódio “The Murders in<br />
the Rue Morgue”<br />
Realização: James Cellan Jones (EUA, 1968); Argumento:<br />
James MacTaggart, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Verity Lambert; Design de produção Tim<br />
Gleeson; Intérpretes: Guido Adorni (Mentoni), Philip<br />
Anthony (Beloir), Christopher Benjamin (Rodier), Ray<br />
Callaghan (Le Bon), John DeVaut (Bird), Dennis Edwards<br />
(Dumas), Jimmy Gardner (Muset), Beatrice Greek<br />
(Madame Douterc), James Hall, Walter Horsbrugh (Duval),<br />
Charles Kay (Edgar Allan Poe), Charles Kinross, Anthony<br />
Langdon, Kevork Malikyan, Geoffrey Rose, Edward<br />
Woodward, Marguerite Young, etc. Data de emissão: 1 de<br />
Setembro de 1968 (Temporada 2, Episódio 17).<br />
Título original: Masca crvene smrti<br />
Realização: Branko Ranitovic, Pavao Stalter (Jugoslávia,<br />
1969); Argumento: Zdenko Gasparovic, Branko Ranitovic,<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Animação; Companhias<br />
de produção: Zagreb Film; Duração: 10 min.<br />
Título original: The Oblong Box ou Dance, Mephisto ou<br />
Edgar Allan Poe’s The Oblong Box<br />
Realização: Gordon Hessler (EUA, 1969); Argumento:<br />
Lawrence Huntington, Christopher Wicking, segundo obra<br />
de Edgar Allan Poe; Produção: Pat Green, Gordon Hessler,<br />
Louis M. Heyward; Música: Harry Robertson; Fotografi a<br />
(cor): John Coquillon; Montagem: Max Benedict; Design<br />
de Produção: George Provis; Guarda-roupa: Kay Gilbert;<br />
Maquilhagem: Jimmy Evans, Bobbie Smith; Assistentes<br />
de realização: Derek Whitehurst; Departamento de arte:<br />
Terence Morgan, W. Simpson Robinson; Som: Bob Jones,<br />
Bob Peck; Guarda-roupa: Kay Gilbert; Companhias de<br />
produção: American International Productions; Intérpretes:<br />
Vincent Price (Sir Julian Markham), Christopher Lee (Dr. J.<br />
Neuhart), Rupert Davies (Joshua Kemp), Uta Levka (Heidi),<br />
Sally Geeson, Alister Williamson, Peter Arne, Hilary Heath,<br />
Maxwell Shaw, Carl Rigg, Harry Baird, Godfrey James, James<br />
Mellor, John Barrie, Ivor Dean, Danny Daniels, Michael<br />
Balfour, Hira Talfrey, etc. Duração: 97 min (DVD).<br />
O CHORAR DOS MORTOS<br />
Título original: Cry of the Banshee<br />
Realização: Gordon Hessler (Inglaterra, 1970); Argumento:<br />
Tim Kelly, Christopher Wicking (aparece no início do fi lme<br />
uma citação de Poe retirada do poema “The Bells”);<br />
Intérpretes: Vincent Price (Lord Edward Whitman), Hilar<br />
y Heath (Maureen Whitman), Carl Rigg (Harry Whitman),<br />
Patrick Mower (Roderick), Essy Persson (Lady Patricia<br />
Whitman), Marshall Jones (Father Tom), Elisabeth<br />
Bergner, Stephan Chase, Sally Geeson, Hugh Griffi th,<br />
Robert Hutton, Andrew McCulloch, Pamela Fairbrother,<br />
Quinn O’Hara, Jan Rossini, etc. Duração: 91 min.<br />
Título original: Nella Stretta Morsa del Ragno ou And<br />
Comes the Dawn... But Colored Red ou Dracula im Schloß<br />
des Schreckens ou Dracula in the Castle of Blood ou E venne<br />
l’alba... ma tinto di rosse ou Edgar Poe chez les morts vivants<br />
ou Les Fantômes de Hurlevent ou In the Grip of the Spider<br />
ou Le Prisonnier de l’araignée ou Web of the Spider<br />
Realização: Antonio Margheriti (Anthony M. Dawson)<br />
(Itália,França, RFA, 1971); Argumento: Giovanni Addessi,<br />
Bruno Corbucci, Giovanni Grimaldi, Antonio Margheriti,<br />
afi rma-se “baseado em Edgar Allan Poe, “Night of the<br />
Living Dead” (?);Produção: Giovanni Addessi; Música: Riz<br />
Ortolani; Fotografi a (cor): Guglielmo, Sandro Mancori,<br />
Silvano Spagnoli; Montagem: Otello Colangeli, Fima<br />
Noveck; Design de produção: Ottavio Scotti; Decoração:<br />
Camillo Del Signore; Guarda-roupa: Mario Giorsi;<br />
Maquilhagem: Maria Luisa Jilli, Nicla Palombi, Marisa Tilly;<br />
Direcção de Produção: Franco Caruso, Salvatore De Rosa,<br />
Ennio Di Meo; Assistentes de Realização; Ignazio Dolce;<br />
Som: Pietro Spadoni; Efeitos especiais: Cataldo Galliano;<br />
Companhias de produção: Paris-Cannes Productions,<br />
Produzione DC7, Terra-Filmkunst; Intérpretes: Anthony<br />
Franciosa (Alan Foster), Michèle Mercier (Elisabeth<br />
Blackwood), Klaus Kinski (Edgar Allan Poe), Peter Carsten<br />
(Dr. Carmus), Silvano Tranquilli (William Perkins), Karin<br />
Field (Julia), Raf Baldassarre, Irina Maleeva, Enrico<br />
Osterman, Marco Bonetti, Vittorio Fanfoni, Carla Mancini,<br />
Paolo Gozlino, etc. Duração: 109 min.<br />
Título original: série de TV “Hora once” – episódio<br />
“Eleonora”<br />
Realização: Josefi na Molina (Espanha, 1971); Argumento:<br />
José María Fernández, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Intérpretes: Ana Belén (Eleonora / Ligeia), Eusebio<br />
Poncela (Edgar), Mary Delgado (Tía Frances), etc. Duração:<br />
64 min.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Steve Carver (EUA, 1971); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Steve Carver;<br />
Música: Elmer Bernstein; Fotografi a (cor): Irv Goodnoff;<br />
Maquilhagem: Doug Kelly; Bob Stein; Intérpretes: Sam<br />
Jaffe (velho), Alex Cord (assassino), Ed Binns, Dennis Cross,<br />
Dan Desmond, etc.<br />
Título original: Murders in the Rue Morgue ou Edgar<br />
Allan Poe’s Murders in the Rue Morgue<br />
Realização: Gordon Hessler (EUA, 1971); Argumento:<br />
Christopher Wicking, Henry Slesar, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: Samuel Z. Arkoff, Louis M. Heyward,<br />
James H. Nicholson, Clifford Parkes; Música: Waldo de los<br />
Ríos; Fotografi a (cor): Manuel Berenguer; Montagem: Max<br />
Benedict; Design de Produção: José Luis Galicia; Guardaroupa:<br />
Tony Pueo; Maquilhagem: Francisco Ramón<br />
Ferrer, Carmen Martín, Carmen Sánchez, Jack H. Young;<br />
Direcção de produção: Luis Hernanz, Roberto Roberts;<br />
Assistentes de realização: Kuki López Rodero; Som: Wally<br />
Milner, Enrique Molinero, Anne Parsons; Companhias<br />
de produção: American International Pictures (AIP);<br />
Intérpretes: Jason Robards (Cesar Charron), Herbert Lom<br />
(Rene Marot), Christine Kaufmann (Madeleine Charron),<br />
Adolfo Celi (Inspector Vidocq), Maria Perschy (Genevre),<br />
Michael Dunn (Pierre Triboulet, Lilli Palmer (Mrs. Charron),<br />
Peter Arne, Rosalind Elliot, Marshall Jones, María Martín,<br />
Ruth Plattes, Rafael Hernández, Pamela McInnes, Sally<br />
Longley, Luis Rivera, Dean Selmier, Virginia Stach, Werner<br />
Umberg, Xan das Bolas, Brooke Adams, José Calvo, Víctor<br />
Israel, etc. Duração: 87 min | 98 min.
Título original: Hjertet, der sladrede (TV)<br />
Realização: Jørgen Vestergaard (Dinamarca, 1971);<br />
Argumento: Jørgen Vestergaard, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”); Design de Produção:<br />
Per Tønnes Nielsen; Animação: Per Tønnes Nielsen;<br />
Companhias de produção: Danmarks Radio (DR);<br />
Intérpretes: Erik Mørk (voz); Duração: 25 min.<br />
Título original: Legend of Horror<br />
Realização: Enrique Carreras, Bill Davies (EUA,1972);<br />
Argumento: segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-<br />
Tale Heart”); Produção: Enrique Torres Tudela; Companhias<br />
de produção: General Film Corporation; Intérpretes:<br />
William Bates, Karin Field, Fawn Silver, Narciso Ibáñez<br />
Menta, Narciso Ibáñez Serrador, etc.<br />
Título original: An Evening of Edgar Allan Poe<br />
Realização: Kenneth Johnson (EUA, 1972); Argumento:<br />
Kenneth Johnson, David Welch, segundo obras de Edgar<br />
Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”, “The Sphinx”, “The Cask of<br />
Amontillado” e “The Pit and the Pendulum”); Produção:<br />
Samuel Z. Arkoff, Kenneth Johnson, Dan Kibbie, James H.<br />
Nicholson; Música: Les Baxter; Montagem: Jerry Greene;<br />
Direcção artística: Henry Lickel; Guarda-roupa: Mary<br />
Grant; Maquilhagem: Joe DiBella; Direcção de produção:<br />
Tim Steele; Som: Norm Schwartz, Bill Smay; Companhias<br />
de produção: American-International Television (AIP-TV);<br />
Intérpretes: Vincent Price (Narrador); Duração: 53 min.<br />
Título original: One Minute Before Death ou Edgar Allan<br />
Poe’s One Minute Before Midnight ou El Retrato Ovalado<br />
ou The Oval Portrait<br />
Realização: Rogelio A. González (EUA, México, 1972);<br />
Argumento: Enrique Torres Tudela, segundo obra de<br />
Edgar Allan Poe (“The Oval Portrait”); Produção: Enrique<br />
Torres Tudela; Música: Les Baxter; Fotografi a (cor): León<br />
Sánchez; Montagem: Sigfrido Garcia; Som: Larry Sutton;<br />
Intérpretes: Wanda Hendrix (Genevieve Howard), Barry<br />
Coe (Paul Howard), Gisele MacKenzie (Agatha), Maray<br />
Ayres, Ty Haller, Pia Shandel, D. Goldrick, Terence Kelly,<br />
Doris Buckinham, Leanna Heckey, Pamela Allen, Jack<br />
Ammon, Dax Logan, Ivor Harries, George Spracklin,<br />
Shanna Dickson, Allan Anderson, Barney O’Sullivan, etc.<br />
Duração: 68 min.<br />
Título original: Il Tuo vizio è una stanza chiusa e solo io<br />
ne ho la chiave ou Excite Me ou Eye of the Black Cat ou<br />
Gently Before She Dies ou Your Vice Is a Closed Room and<br />
Only I Have the Key ou Your Vice Is a Locked Room and<br />
Only I Have the Key (DVD)<br />
Realização: Sergio Martino (Itália, 1972); Argumento:<br />
Adriano Bolzoni, Ernesto Gastaldi, Luciano Martino,<br />
Sauro Scavolini, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />
Black Cat”); Produção: Luciano Martino; Música: Bruno<br />
Nicolai; Fotografi a (cor): Giancarlo Ferrando; Montagem:<br />
Attilio Vincioni; Design de Produção: Giorgio Bertolini;<br />
Guarda-roupa: Oscar Capponi; Maquilhagem: Iolanda<br />
Conti, Giulio Natalucci; Direcção de produção: Lamberto<br />
Palmieri, Furio Rocchi; Assistentes de realização:<br />
Vittorio Caronia; Som: Bruno Moreal, Roberto Moreal;<br />
Companhias de produção: Lea Film; Intérpretes: Edwige<br />
Fenech (Floriana), Anita Strindberg (Irina Rouvigny), Luigi<br />
Pistilli (Oliviero Rouvigny), Ivan Rassimov (Walter), Franco<br />
Nebbia (Inspector), Riccardo Salvino (Dario), Angela La<br />
Vorgna (Brenda), Enrica Bonaccorti, Daniela Giordano,<br />
Ermelinda De Felice, Marco Mariani, Nerina Montagnani,<br />
Carla Mancini, Bruno Boschetti, Dalila Di Lazzaro, etc.<br />
Duração: 96 min.<br />
Título original: The Sabbat of the Black Cat<br />
Realização: Ralph Lawrence Marsden (Austrália, 1973);<br />
Argumento: Ralph Lawrence Mariden, segundo obra<br />
de Edgar Allan Poe (“The Black Cat”); Produção: Ralph<br />
Lawrence Marsden; Fotografi a (cor): Ralph Lawrence<br />
Marsden; Companhias de produção: Ralph Lawrence<br />
197 | Edgar Allan Poe no Cinema
198 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Marsden; Intérpretes: Ralph Lawrence Marsden (Edward<br />
Alden), Barbara Brighton (Virginia Alden), Babylon, Tracey<br />
Tombs, David Bingham, Jim Fitch, etc. Duração: 80 min.<br />
Título original: Le Double Assassinat de la Rue Morgue ou<br />
The Murders in the Rue Morgue (TV)<br />
Realização: Jacques Nahum (França, 1973); Argumento:<br />
Jacques Nahum, Albert Simonin, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Fotografi a (cor): Jean Limousin; Intérpretes:<br />
Georges Descrières (Le Dandy), Daniel Gélin (Dupin),<br />
Jean Danet, Philippe Ogouz, Nadine Alari, Catherine Rich,<br />
Jacques Duby, Henri Gilabert, Edmond Tamiz, Eva Damien,<br />
Evelyne Ker, Tony Rödel, Jean Lepage, César Torres, Paul<br />
Pavel, Jacques Faber, Jacques Marin, etc. Data de emissão:<br />
2 de Junho de 1973 (França).<br />
Título original: The Mansion of Madness ou Dr. Goudron’s<br />
System ou Dr. Tarr’s Pit of Horrors ou Dr. Tarr’s Torture<br />
Dungeon ou Edgar Allan Poe: Dr. Tarr’s Torture Dungeon<br />
ou House of Madness ou La Mansión de la Locura ou The<br />
System of Dr. Tarr and Professor Feather<br />
Realização: Juan López Moctezuma (México, 1973);<br />
Argumento: Carlos Illescas, Juan López Moctezuma<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe: Intérpretes: Claudio<br />
Brook (Dr. Maillard / Raoul Fragonard), Arthur Hansel<br />
(Gaston LeBlanc), Ellen Sherman (Eugénie), Martin LaSalle<br />
(Julien Couvier), David Silva, Mónica Serna, Max Kerlow,<br />
Susana Kamini, Pancho Córdova, Roberto Dumont, Henry<br />
West, Jorge Bekris, René Alís, Mario Castillón Bracho, Oscar<br />
Saro, etc. Duração: 99 min | EUA : 88 min.<br />
Título original: Hilda Muramer (TV)<br />
Realização: Jacques Trébouta (França, 1973); Argumento:<br />
Loys Masson, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />
(«Metzengerstein»); Fotografi a (cor): André Diot, Georges<br />
Leclerc; Decoração: Georges Wakhévitch; Guarda-roupa:<br />
Georges Wakhévitch; Intérpretes: Loumi Iacobesco (Helda<br />
Muramer), Jacques Weber (Frédérick von Glauda), Paul<br />
Crauchet (Wolfgang), Tony Taffi n (Frédérick von glauda,<br />
velho), Dominique Toussaint, Hervé Jolly, etc. Duração: 65<br />
min; Data de emissão: 12 de Setembro de 1973 (França).<br />
Título original: The Spectre of Edgar Allan Poe<br />
Realização: Mohy Quandour (EUA, 1974); Argumento:<br />
Denton Foxx, Kenneth Hartford; Intérpretes: Robert<br />
Walker Jr. (Edgar Allan Poe), Cesar Romero (Dr. Richard<br />
Grimaldi), Tom Drake (Dr. Adam Forrest), Carol Ohmart<br />
(Lisa Grimaldi), Mary Grover (Lenore), Mario Milano, Karen<br />
Hartford, Frank Packard, Marcia Mae Jones, Dennis Fimple,<br />
Paul Bryar, etc. Duração: 89 min.<br />
Título original: Satanás de todos los Horrores<br />
Realização: Julián Soler (México, 1974); Argumento:<br />
Alfredo Ruanova, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />
Fall of The House of Usher”); Produção: Alfredo Ruanova;<br />
Música: Ernesto Cortázar Filho; Fotografi a (cor): Xavier<br />
Cruz; Montagem: Raul J. Casso; Casting: Guillermo<br />
Díaz; Maquilhagem: Virgínia Campos, Antonio Ramírez;<br />
Direcção de produção: Daniel Bautista; Assistentes<br />
de realização: Fernando Durán Rojas; Som: Consuelo<br />
Jaramillo, Jorge Mayorga; Efeitos Especiais: Ricardo Sáinz;<br />
Companhias de produção: Estudios América; Intérpretes:<br />
Enrique Lizalde (Roberto Ortiz), Enrique Rocha (Eric<br />
Gerard), Carlos López Moctezuma (Manuel), Illya Shanell,<br />
Jesús Gómez, etc. Duração: 73 min.<br />
Título original: El Trapero (TV)<br />
Realização: Narciso Ibáñez Serrador (Argentina, 1974);<br />
Argumento: Narciso Ibáñez Serrador segundo obra de<br />
Edgar Allan Poe; Produção: Rodolfo Vivas; Companhias<br />
de produção: Teleonce; Intérpretes: Narciso Ibáñez<br />
Menta (Edmond), Aída Luz (Berenice), Luis Medina Castro<br />
(Bernard), Beto Gianola, Noemí Laserre, Adolfo Linvel, etc.<br />
Título original: série de TV “El Quinto Jinete” – episódio<br />
El gato negro<br />
Realização: José Antonio Páramo (??); Argumento: José<br />
Antonio Páramo segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />
Black Cat”); Produção: Fernando Moreno; Fotografi a<br />
(cor): Rafael de Casenave; Montagem: José Luis Gil;<br />
Design de Produção: Rafael Borqué; Decoração: Fernando<br />
Sáenz; Guarda-roupa: Javier Artiñano; Maquilhagem:<br />
Gloria Castellanos, Fernando Martínez, Francisco Puyol;<br />
Assistentes de realização: Luis Ligero; Departamento<br />
de arte: Fernando Quejido; Juan Francisco Rodríguez;<br />
Intérpretes: José Vivó (Crane), Lola Gaos (Drusila), Ana del<br />
Arco (Vecina), etc.<br />
Título original: série de TV “Les Grands Détectives”<br />
(França, 1975)<br />
Realização: Jean Herman (França, 1975); Argumento da<br />
série: Pierre Chevalier, Jacques Nahum, Michel Andrieu,<br />
François Chevallier, Peter Cheyney, Arthur Conan Doyle,<br />
Jean Ferry, Émile Gaboriau, Edgar Allan Poe, Stanislas-<br />
André Steeman; Música: Vladimir Cosma; Companhias<br />
de produção: Antenne-2, Bavaria-Filmkunst Verleih, Mars<br />
International Productions, Technisonor; Intérpretes: Roger<br />
Van Hool (L’inspecteur Wens), Laurent Terzieff (Auguste<br />
Dupin), Pierre Vernier (Santerre), Corinne Marchand,<br />
Claude Degliame, François Simon, Bernard Rousselet, etc.<br />
Duração: 52 min (6 Episódios).
Título original: Het Testament van Edgar Allan Poe: De<br />
onrust van het graf (TV)<br />
Realização: Emanuel Boeck (Bélgica, Holanda, 1975);<br />
Argumento: Emanuel Boeck, Hugo Heinen; Companhias<br />
de produção: Belgische Radio en Televisie (BRT);<br />
Intérpretes: Henk van Ulsen (Edgar Allan Poe), etc.<br />
Título original: Testament van Edgar Allan Poe: De doem<br />
van het bloed (TV)<br />
Realização: Emanuel Boeck (Bélgica, Holanda, 1975);<br />
Argumento: Emanuel Boeck, Hugo Heinen; Companhias<br />
de produção: Belgische Radio en Televisie (BRT);<br />
Intérpretes: Henk van Ulsen (Edgar Allan Poe), Marielle<br />
Fiolet, Caro Van Eyck, etc.<br />
Título original: El Acomodador<br />
Realização: Edgardo Rosso (Argentina, 1975); Argumento:<br />
Enrique Butti, Estela Figueroa, Edgardo Rosso, segundo<br />
obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor): Esteban<br />
Courtalon; Montagem: Enrique Butti, Edgardo Rosso;<br />
Som: Enrique Butti, Edgardo Rosso; Intérpretes: Irma de<br />
Auquín, Martha Barros, Armonía Bugueiro, Raúl Cerda,<br />
Ana Cohen, Coco Di Paola, Alicia Dolinski, Alicia Figueroa,<br />
Estela Figueroa, Lechuga, Roberto Maurer, Chela Mengui,<br />
Oscar Meyer, Susana Paradot, Ramón Pati, Chiry Rodríguez,<br />
Juan Carlos Rodríguez, Estela Torti, Juan Vergel, Leticia<br />
Villamea, etc. Duração: 70 min.<br />
Título original: La Noche de los Asesinos ou Night of the<br />
Assassins ou Night of the Skull oui Suspiri<br />
Realização: Jesus Franco (Espanha, 1976); Argumento:<br />
Jesus Franco (com o pseudónimo James P. Johnson),<br />
segundo obras de Edgar Allan Poe (“The Cat and the<br />
Canary”) e Edgar Wallace; Produção: Arturo Marcos;<br />
Música: Carlo Savina; Fotografi a (cor): Javier Pérez Zofi o;<br />
Montagem: Antonio Gimeno; Companhias de produção:<br />
Copercines, Cooperativa Cinematográfi ca, Fénix<br />
Cooperativa Cinematográfi ca; Intérpretes: Alberto Dalbés<br />
(Major Oliver Brooks), Evelyne Scott (Lady Marta Tobias),<br />
William Berger (Barão Simon Tobias), Maribel Hidalgo<br />
(Lady Cecilia Marian), Lina Romay, Vicente Roca. Yelena<br />
Sacarina, Antonio Mayans, Ángel Menéndez, Luis Barboo,<br />
Swan Heinze, José María Palácios, P. Martínez, Eduardo<br />
Puceiro, Ricardo Vázquez, Jesus Franco, Dan van Husen,<br />
etc. Duração: 82 min.<br />
Título original: série de TV “Centre Play” William Wilson<br />
Realização: James Ormerod (Inglaterra, 1976); Argumento:<br />
Hugh Whitemore, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Louis Marks; Companhias de produção: British<br />
Broadcasting Corporation (BBC); Intérpretes: Norman<br />
Eshley (William Wilson), Stephen Murray (Dr. Bransby),<br />
Matthew Stones (William Wilson, jovem), Charles Spicer<br />
(William Wilson), Thomas Bulman, Peter Demin, Anthony<br />
Daniels, Robert Tayman, Nigel Bowden, Anthony Herrick,<br />
Ludmilla Nova, etc. Data de emissão: 19 de Dezembro de<br />
1976 (Temporada 6, Episódio 1).<br />
Título original: série de TV “Centre Play” - episódio The<br />
Imp of the Perverse<br />
(Inglaterra, 1975); Argumento: Andrew Davies, segundo<br />
obra de Edgar Allan Poe; Companhias de produção: British<br />
Broadcasting Corporation (BBC); Intérprete: Michael<br />
Kitchen; Data de emissão: 20 de Dezembro de 1975<br />
(Temporada 3, Episódio 3).<br />
Título original: Valdemar, el Homonculus Dormido<br />
Realização: Tomás Muñoz Torres (Espanha, 1977);<br />
Argumento: Tomás Muñoz Torres, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Fotografi a (p/b): Carles Gusi; Montagem: José<br />
María Aragonês; Companhias de produção: Sebastián<br />
Dan Producciones Cinematográfi cas; Intérpretes: Carlos<br />
Bernabeu Sender, Juan Manuel García, Luis Pinto Rey, José<br />
Reig, Juan Reverte, José Siles, etc. Duração: 29 min.<br />
Título original: Das Verräterische Herz (TV)<br />
Realização: Karl-Heinz Kramberg (RFA, 1979); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Intérpretes: Hans<br />
Clarin, Ferdy Mayne, etc. Duração: 60 min.<br />
Título original: série de TV I Racconti fantastici di Edgar<br />
Allan Poe<br />
Realização: Daniele D’Anza (Itália, 1979); Argumento:<br />
Daniele D’Anza, Biagio Proietti, segundo obras de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: Arturo La Pegna; Companhias de<br />
produção: CEP, Produzioni Cinematografi che C.E.P. S.r.l.;<br />
Intérpretes: Nino Castelnuovo (William Wilson), Silvia<br />
Dionisio (Morella), Dagmar Lassander (Ligeia), Maria<br />
Rosaria Omaggio, Philippe Leroy (Roderick Usher), Vittorio<br />
Mezzogiorno, Gastone Moschin, Umberto Orsini (Robert<br />
Usher), Janet Agren (Eleanor), Paola Gassman, Giorgio<br />
Biavati, Christina Businari, Sergio Doria, Margherita<br />
Guzzinati, Licinia Lentini, Giancarlo Maestri, Dario<br />
Mazzoli, Sergio Nicolai, Giuseppe Pertile, Victoria Zinny,<br />
etc; Duração: 240 min (4 Episódios); Data de emissão: 11<br />
de Março de 1979 (Itália).<br />
Título original: Die Schwarze Katze (TV)<br />
Realização: Karl-Heinz Kramberg (RFA, 1980); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Intérpretes: Anita Mally,<br />
Rainer Rudolph, etc.; Duração: 60 min.<br />
Título original: série de TV - ABC Weekend Specials -<br />
episódio The Gold Bug<br />
Realização: Robert Fuest (EUA, 1980); Argumento: Edward<br />
Pomerantz, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Don Bachrach, Linda Gottlieb; Música: Charles Gross;<br />
Fotografi a (cor): Alex Thomson; Montagem: Dennis M.<br />
O’Connor; Casting: Isabel Halliburton; Design de Produção:<br />
Charles C. Bennett; Decoração: J. Edward Hudson; Guardaroupa:<br />
Dorothy Weaver; Maquilhagem: Steve Atha;<br />
Assistentes de realização: Robert Barth, Walter Rearick;<br />
Departamento de arte: Harry Drennan, Denny Mooradian;<br />
Som: Al Nahmias, Nigel Noble; Companhias de produção:<br />
Learning Corporation of América; Intérpretes: Roberts<br />
Blossom (Mr. LeGrand), Geoffrey Holder (Jupiter), Anthony<br />
Michael Hall, Robert Moberly, Sudie Bond, Anne Haney,<br />
Alix Elias, Philip Bruns, etc. Duração: 45 min; Data de<br />
emissão:2 de Fevereiro de 1980 (Temporada 3, Episódio 7).<br />
O NEVOEIRO<br />
Título original: The Fog ou John Carpenter’s The Fog<br />
Realização: John Carpenter (EUA; 1980); Argumento:<br />
John Carpenter & Debra Hill; Música: John Carpenter;<br />
Fotografi a (cor): Dean Cundey; Montagem: Charles<br />
Bornstein, Tommy Lee Wallace; Design de produção:<br />
Tommy Lee Wallace; Direcção artística: Craig Stearns;<br />
199 | Edgar Allan Poe no Cinema
200 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Guarda roupa: Stephen Loomis, Bill Whittens;<br />
Maquilhagem: Rob Bottin, Tina Cassady, Steve Johnson,<br />
Dante Palmiere, Edward Ternes, Erica Ulland; Direcção<br />
de produção: Don Behrns; Assistentes de realização:<br />
Larry J. Franco; Departamento de arte: Kathleen Hughes,<br />
Charles Moore, Randy Moore; Som: Craig Felburg, Ron<br />
Horwitz, Frank Serafi ne, William L. Stevenson, Elliot<br />
Tyson; Efeitos Especiais: Richard Albain; Produção: Barry<br />
Bernardi, Charles B. Bloch, Pegi Brotman, Debra Hill;<br />
Companhias de produção: AVCO Embassy Pictures; EDI;<br />
Intérpretes: Adrienne Barbeau (Stevie Wayne), Jamie Lee<br />
Curtis (Elizabeth Solley), Janet Leigh (Kathy Williams),<br />
John Houseman (Mr. Machen), Tom Atkins (Nick Castle),<br />
James Canning (Dick Baxter), Charles Cyphers (Dan<br />
O’Bannon), Nancy Kyes (Sandy Fadel), Ty Mitchell (Andy<br />
Wayne), Hal Holbrook (Padre Malone), John F. Goff,<br />
George ‘Buck’ Flower, Regina Waldon, Jim Haynie, Darrow<br />
Igus, John Vick, Jim Jacobus, Fred Franklyn, Ric Moreno,<br />
Lee Socks, Tommy Lee Wallace, Bill Taylor, Rob Bottin,<br />
Charles Nicklin, Darwin Joston, Laurie Arent, Lindsey<br />
Arent, Shari Jacoby, Christopher Cundey, John Strobel,<br />
John Carpenter (Bennett), etc. Duração: 89 minutos;<br />
Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Filmes Castello Lopes; Edição<br />
vídeo: Costa do Castelo; Classifi cação: M/ 16 anos.<br />
Título original: Histoires extraordinaires: La chute de la<br />
maison Usher ou The Fall of the House of Usher (TV)<br />
Realização: Alexandre Astruc (França, 1981); Argumento:<br />
Pierre Pelegri, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Música: Georges Delerue; Design de Produção: Pierre<br />
Cadiou; Guarda-roupa: Jacques Fonteray; Intérpretes:<br />
Fanny Ardant (Madeline Usher), Mathieu Carrière<br />
(Sir Roderick Usher), Pierre Clémenti (Allan), Jacques<br />
Dacqmine, Fernand Guiot, Jean Rupert, Georges Lucas,<br />
Michel Tugot-Doris, France Anerfo, Joël Duigou, Raphaël<br />
Maykowski, etc.<br />
Título original: Le Système du Docteur Goudron et du<br />
Professeur Plume (TV)<br />
Realização: Claude Chabrol (França, 1981); Argumento:<br />
Paul Gégauff, segundo obra de Edgar Allan Poe; Música:<br />
Gérard Anfosso; Fotografi a (cor): Jean Rabier; Montagem:<br />
Monique Fardoulis; Design de Produção: Hilton<br />
McConnico; Departamento de arte: Gérard Marcireau;<br />
Som: Pierre Lenoir; Intérpretes: Ginette Leclerc, Pierre Le<br />
Rumeur, Jean-François Garreaud, Coco Ducados, Vincent<br />
Gauthier, Sacha Briquet, Henri Attal, Noëlle Noblecourt,<br />
Pierre Risch, Arthur Denberg, Charles Charras, Jacques<br />
Galland, Michel Delahaye, Jean-François Dupas, Pierrette<br />
Dupoyet, Elisabeth Kaza, Christian Le Hémonet, etc.<br />
Duração: 55 min.<br />
Título original: Zánik domu Usheru<br />
Realização: Jan Svankmajer (Checoslováquia, 1981);<br />
Argumento: Jan Svankmajer, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Produção: Viktor Mayer; Música: Jan Klusák; Design<br />
de Produção: Jan Svankmajer; Animação: Bedrich Glaser,<br />
Jan Svankmajer; Intérpretes: Petr Cepek (Narrador);<br />
Duração: 15 min.<br />
Título original: Ligeia (TV)<br />
Realização: Maurice Ronet (França, 1981); Argumento:<br />
Napoléon Murat, Maurice Ronet, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Música: Gérard Anfosso; Design de Produção:<br />
Jean Thomen; Intérpretes: Josephine Chaplin (Lady Rowena<br />
Trevanion), Georges Claisse (Verden Fell), Arielle Dombasle,<br />
Arlette Balkis, Albert Michel, Hervé Le Boterf, etc.<br />
Título original: Histoires extraordinaires: Le joueur<br />
d’échecs de Maelzel (TV)<br />
Realização: Juan Luis Buñuel (França, 1981); Argumento:<br />
Juan Luis Buñuel, Hélène Peychayrand, segundo obra de<br />
Edgar Allan Poe; Música: Gérard Anfosso; Intérpretes:<br />
Jean-Claude Drouot (Maelzel), Diana Bracho (Éléonore),<br />
Martin LaSalle (Schlumberger), Julio Lucena (Don Lope),<br />
Santanón, Eduardo Alcaraz, Pablo Mandoki, Ely Menz,<br />
Alfonso Meza, Beatriz Sheridan, etc. Duração: 60 min;<br />
Data de emissão: 7 de Febereiro de 1981 (França).<br />
Título original: Histoires extraordinaires: Le Scarabée<br />
d’Or (TV)<br />
Realização: Maurice Ronet (México, França, 1981);<br />
Argumento: Claudine Reinach, Maurice Ronet, segundo<br />
obra de Edgar Allan Poe; Música: Gérard Anfosso;<br />
Intérpretes: Vittorio Caprioli (M. Ulysse), Dominique Zardi<br />
(Edmond), Leopoldo Francés (Jupiter), Martin LaSalle<br />
(Legrand), Humberto Gurza, Miguel Gurza, etc. Duração:<br />
60 min; Data de emissão: 21 de Fevereiro de 1981 (França).<br />
Título original: Black Cat ou Gatto Nero<br />
Realização: Lucio Fulci (Itália, 1981); Argumento: Lucio<br />
Fulci, Biagio Proietti, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Giulio Sbarigia; Música: Pino Donaggio;<br />
Fotografi a (cor): Sergio Salvati; Montagem: Vincenzo<br />
Tomassi; Design de Produção: Franco Calabrese; Direcção<br />
artística: Massimo Antonello Geleng; Guarda-roupa:<br />
Massimo Lentini; Maquilhagem: Maria Pia Crapanzano,<br />
Franco Di Girolamo; Direcção de produção: Renato<br />
Angiolini, Antonio Da Padova, Ennio Onorati; Tommaso<br />
Pantano; Assistentes de realização: David Del Bufalo,
Roberto Giandalia, Victor Tourjansky; Departamento de<br />
arte: Alfredo D’Angelo; Som: Fernando Caso, Ugo Celani,<br />
Alvaro Gramigna; Efeitos Especiais: Paolo Ricci; Guardaroupa:<br />
Mina Tacconi; Companhias de produção: Italian<br />
International Film, Selenia Cinematográfi ca; Intérpretes:<br />
Patrick Magee (Professor Robert Miles), Mimsy Farmer<br />
(Jill Trevers), David Warbeck (Inspector Gorley), Al Cliver,<br />
Dagmar Lassander, Bruno Corazzari, Geoffrey Copleston,<br />
Daniela Doria, Lucio Fulci, etc. Duração: 92 min.<br />
Título original: Histoires Extraordinaires: La Lettre Volée (TV)<br />
Realização: Ruy Guerra (França, 1981); Argumento: Ruy<br />
Guerra, Gérard Zingg, Viviane Zingg, segundo obra de<br />
Edgar Allan Poe; Companhias de produção: France 3 (FR 3);<br />
Intérpretes: Pierre Vaneck (Dupin), Michel Pilorgé (Duval),<br />
Henrique Viana (Director da polícia), Rui Mendes (Primeiro<br />
Ministro), Maria do Céu Guerra (Rainha), Agostinho Alves,<br />
Amílcar Botica, Johnny David, José Gomes (Rei), Pedro<br />
Pinheiro, etc. Duração: 60 min; Data de emissão: 4 de Abril<br />
de 1981 (França).<br />
Título original: El Jugador de Ajedrez<br />
Realização: Juan Luis Buñuel (México, 1981); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor): Gabriel<br />
Figueroa; Intérpretes: Jean-Claude Drouot (Maelzel),<br />
Diana Bracho, Julio Lucena, Santanón, Martin LaSalle,<br />
Elpidia Carrillo, Beatriz Sheridan, Eduardo Alcaraz, Alfonso<br />
Meza, etc. Duração: 50 min.<br />
Título original: El Trapero (TV)<br />
Realização: Narciso Ibáñez Serrador (Espanha, 1982);<br />
Argumento: Narciso Ibáñez Serrador, segundo obra de<br />
Edgar Allan Poe; Música: Waldo de los Ríos; Companhias<br />
de produção: Televisión Española (TVE); Intérpretes:<br />
Narciso Ibáñez Menta (Edmond), Daniel Dicenta (Bernard),<br />
Amparo Baró (Berenice), Javier Loyola, Aurora Redondo,<br />
José Albert, Luisa Fernanda Gaona, etc. Duração: 74 min.<br />
Título original: Revenge in the House of Usher ou La<br />
Chute de la Maison Usher ou Los Crímenes de Usher ou El<br />
Hundimiento de la casa Usher ou Neurosis ou Nevrose ou<br />
Revolt of the House of Usher ou Zombie 5<br />
Realização: Jesus Franco (Espanha, 1982); Argumento:<br />
Jesus Franco, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Argumento: Jesus Franco, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe (“The Fall of the House of Usher”); Produção: Jesus<br />
Franco, Daniel Lesoeur, Marius Lesoeur; Música: Jesus<br />
Franco, Daniel White; Fotografi a (cor): Jesus Franco, Alain<br />
Hardy; Montagem: Laura Árias; Companhias de produção:<br />
Elite Films; Intérpretes: Howard Vernon (Roderic Usher),<br />
Antonio Mayans (Alan Harker), Lina Romay (Helen), Fata<br />
Morgana, Ana Galán, Antonio Marín, Daniel White, José<br />
Llamas, Françoise Blanchard, Analía Ivars, Olivier Mathot,<br />
Valerie Russel, Jean Tolzac, etc. Duração: 93 min.<br />
Título original: AzElitélt (TV)<br />
Realização: Attila Apró (Hungria, 1982); Argumento: Edgar<br />
Allan Poe (“The Fall of the House of Usher”); Produção:<br />
György Lakatos; Música: Tamás Deák; Fotografi a (cor):<br />
Iván Márk; Montagem: Anikó Almási; Design de Produção:<br />
Lajos Jánosa; Guarda-roupa: Barna Tóth; Companhias de<br />
produção: Music Television (MTV); Intérpretes: György<br />
Emõd, István Rozsos, etc. Duração: 36 min; Data de<br />
emissão: 18 de Janeiro de 1982 (Hungria).<br />
Título original: The Fall of the House of Usher (TV)<br />
Realização: James L. Conway (EUA, Checoslováquia,<br />
1982); Argumento: Stephen Lord, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: James L. Conway, Charles E. Sellier<br />
Jr.; Música: Bob Summers; Fotografi a (cor): Paul Hipp;<br />
Montagem: Trevor Jolly; Direcção artística: Paul Staheli;<br />
Direcção de produção: James Bryan; Departamento de<br />
arte: Douglas Vandegrift; Som: Dale Angell, Jonathon<br />
‘Earl’ Stein, Douglas Vaughan; Guarda-roupa: Laurie<br />
Young; Companhias de produção: Krátk Film Praha, Sunn<br />
Classic Pictures; Intérpretes: Martin Landau (Roderick<br />
Usher), Charlene Tilton (Jennifer Cresswell), Ray Walston<br />
(Thaddeus), Robert Hays, Dimitra Arliss, Peggy Stewart,<br />
Michael Ruud, H.E.D. Redford, etc. Duração: 101 min.<br />
Título original: En Busca del Dragón Dorado<br />
Realização: Jesus Franco (Espanha, 1983); Argumento:<br />
Jesus Franco, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />
Golden Beetle”); Música: Jesus Franco; Fotografi a<br />
(cor): Juan Soler; Montagem: Jesus Franco; Direcção de<br />
produção: Antonio Mayans; Assistentes de realização:<br />
Lina Romay; Companhias de produção: Golden Films<br />
Internacional S.A.; Intérpretes: Jesus Franco, Flavia Hervás,<br />
Ivana Mayans, Rosa Maria Minumer, Luis Rodríguez, César<br />
Antonio Serrano, Trino Trives, etc. Duração: 83 min.<br />
Título original: Kyvadlo, Jáma a Nadeje<br />
Realização: Jan Svankmajer (Checoslováquia, 1983);<br />
Argumento: Jan Svankmajer, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe (“The Pit and the Pendulum” ); Produção: Klára<br />
Stoklasová; Fotografi a (cor): Miloslav Spála; Montagem:<br />
Helena Lebdusková; Design de Produção: Jan Svankmajer,<br />
Eva Svankmajerová; Som: Ivo Spalj; Animação: Bedrich<br />
Glaser; Companhias de produção: Krátk Film Praha;<br />
Intérprete: Jan Zácek; Duração: 15 min.<br />
Título original: Berenice<br />
Realização: Juan Manuel Chumilla (Espanha, 1985);<br />
Argumento: Juan Manuel Chumilla, Edi Liccioli, segundo<br />
obra de Edgar Allan Poe; Fotografi a (cor): Fabio Zamarion;<br />
Montagem: Michael Esser, Annalisa Forgione, Diego Tapia<br />
Figueroa; Design de Produção: Giacomo Caló Carducci,<br />
Michele Della Cioppa; Guarda-roupa: Luigi Bonanno,<br />
Marina Roberti; Direcção de produção: Agnese Fontana;<br />
Assistentes de realização: Ezio Tarantino; Som: Davide<br />
Castrati; Intérpretes: Luigi Di Gianni (Professor), Alberto<br />
Di Stasio (Matteo), Francesca Giordani (Berenice), etc.<br />
Duração: 17 min.<br />
Título original: Der Wilde Rabe ou The Wild Raven<br />
Realização: Peter Sempel (RFA, 1985); Argumento: Peter<br />
Sempel, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Peter<br />
Sempel; Música: Einstürzende Neubauten, Mona Mur;<br />
Fotografi a (cor): Peter Sempel; Companhias de produção:<br />
Blitze im Eierbecher; Intérpretes: Jochen Abegg, Marion<br />
Buchmann, Hellena Stemm, Gitta Luckau, Yves Musard,<br />
etc. Duração: 90 min.<br />
Título original: El Hombre de la Multitud<br />
Realização: Juan Manuel Chumilla (Espanha, 1986);<br />
Argumento: Juan Manuel Chumilla, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: Juan Manuel Chumilla; Fotografi a (cor):<br />
Arnaldo Catinari; Montagem: Annalisa Forgione; Design de<br />
201 | Edgar Allan Poe no Cinema
202 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Produção: Marta Maffucci; Guarda-roupa: Marina Roberti;<br />
Direcção de produção: Gianluca Arcopinto; Assistentes<br />
de realização: Leopoldo Santovicenzo; Intérpretes: Cesare<br />
Apolito (Vagabundo), Juan Manuel Chumilla (Jovem), Pino<br />
Locchi (Narrador), etc.; Duração: 17 min.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Joseph Marzano (EUA, 1986); Argumento:<br />
Joseph Marzano, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Fotografi a (cor): Nathan Schiff; Assistentes de realização:<br />
Joseph Cacace, Joseph F. Parda; Companhias de produção:<br />
JM Pictures; Intérpretes: Joseph Marzano, Joseph F. Parda,<br />
Joseph Cacace, Nathan Schiff.<br />
O REI DAS ROSAS<br />
Título original: Der Rosenkönig ou Le Roi des Roses ou<br />
The Rose King<br />
Realização: Werner Schroeter (RFA, França, <strong>Portugal</strong>, 1986);<br />
Argumento: Magdalena Montezuma, Werner Schroeter,<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Raven”); Produção:<br />
Paulo Branco, Udo Heiland; Fotografi a (cor): Elfi Mikesch,<br />
Wolfgang Pilgrim; Montagem: Juliane Lorenz; Design de<br />
Produção: Caritas de Witt; Decoração: Isabel Branco, Rita<br />
Azevedo Gomes; Assistentes de realização: João Canijo,<br />
Corita de Witt, Pedro M. Ruivo, Rainer Will; Som: Vasco<br />
Pimentel, Joaquim Pinto; Companhias de produção: Udo<br />
Heiland Filmproduktion, Les Films du Passage, Road<br />
Movies Filmproduktion, Thomas Harlan, Filmverlag der<br />
Autoren, Rotterdam Film Festival, António Vaz da Silva,<br />
Futra Film, Gémini Films, Metro Filmes, Werner Schroeter<br />
Filmproduktion; Intérpretes: Magdalena Montezuma<br />
(Anna, a mãe), Mostefa Djadjam (Albert), Antonio Orlando<br />
(Fernando), Karina Fallenstein, etc. Duração: 110 min.<br />
OS CRIMES DA RUA MORGUE<br />
Título original: The Murders in the Rue Morgue ou Le<br />
Tueur de la Rue Morgue (TV)<br />
Realização: Jeannot Szwarc (EUA, França, 1986);<br />
Argumento: David Epstein, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe (“The Murders in the Rue Morgue”); Produção:<br />
David Epstein, Robert Halmi Jr., Edward J. Pope, David L.<br />
Watters; Música: Charles Gross; Fotografi a (cor): Bruno<br />
de Keyzer; Montagem: Eric Albertson; Direcção artística:<br />
André Guérin; Decoração: Nady Chauviret; Guarda-roupa:<br />
Christiane Coste; Maquilhagem: Del Acevedo, Patrick<br />
Archambault, Stuart Artingstall, Eric Muller; Direcção de<br />
produção: Jean-Pierre Spiri-Mercanton, Daniel Szuster;<br />
Assistentes de realização: Francis De Gueltz, Dominique<br />
Talmon; Departamento de arte: Yves Seigneuret ; Som:<br />
Daniel Brisseau, Jack Cooley, Jess Soraci; Efeitos Especiais:<br />
Lyle Conway; Efeitos visuais: Moses Weitzman; Guardaroupa:<br />
Michèle Richer; Companhias de produção:<br />
International Film Productions S.A., Robert Halmi;<br />
Intérpretes: George C. Scott (Auguste Dupin), Rebecca De<br />
Mornay (Claire Dupin), Ian McShane (Prefect of Police),<br />
Neil Dickson (Adolphe Le Bon), Val Kilmer (Phillipe Huron),<br />
Maud Rayer (Melle L’Espanaye), Maxence Mailfort,<br />
Fernand Guiot, Patrick Floersheim, Roger Lumont, Erick<br />
Desmarestz, Yvette Petit, Serge Ridoux, Mak Wilson,<br />
Sebastian Roché, etc. Duração: 100 min | 92 min (TV); Data<br />
de emissão: 7 de Dezembro de 1986 (EUA). Distribuição<br />
em <strong>Portugal</strong> (DVD): Filmes UNimundos, SA; Classifi cação<br />
etária: M/ 12 anos.<br />
Título original: The House of Usher ou The Fall of the<br />
House of Usher<br />
Realização: Alan Birkinshaw (EUA, 1988); Argumento:<br />
Michael J. Murray, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Avi Lerner, John Stodel, Harry Alan Towers;<br />
Música: Gary Chang, George S. Clinton; Fotografi a (cor):<br />
Yossi Wein; Montagem: Michael J. Duthie; Design de<br />
Produção: Leonardo Coen Cagli; Guarda-roupa: Dianna<br />
Cilliers; Maquilhagem: Scott Wheeler; Som: Jerry Jacobson;
Efeitos Especiais: Greg Pitts; Companhias de produção:<br />
Breton Film Productions; Intérpretes: Oliver Reed (Roderick<br />
Usher), Donald Pleasence (Walter Usher), Romy Windsor<br />
(Molly McNulty), Rufus Swart (Ryan Usher), Norman<br />
Coombes, Anne Stradi, Philip Godawa, Lenorah Ince,<br />
Jonathan Fairbirn, Carole Farquhar, etc. Duração: 92 min.<br />
Título original: Il Gatto Nero ou Demons 6 ou Demons 6:<br />
De Profundis ou Edgar Allan Poe’s The Black Cat ou The<br />
Black Cat<br />
Realização: Luigi Cozzi (Itália, 1989); Argumento: Luigi<br />
Cozzi, Daria Nicolodi, segundo obras de Edgar Allan Poe<br />
(“The Black Cat”) e de Thomas De Quincey (“Suspiria de<br />
Profundis”); Produção: Lucio Lucidi; Música: Vince Tempera;<br />
Fotografi a (cor): Pasquale Rachini; Montagem: Piero Bozza;<br />
Direcção artística: Marina Pinzuti Anzolini; Guarda-roupa:<br />
Donatella Cazzola; Maquilhagem: Franco Casagni, Franco<br />
Casagni, Piero Cucchi, Rosario Prestopino; Direcção de<br />
produção: Piero Amati, Lillo Capoano, Giovanni Mongini;<br />
Assistentes de realização: Fabio Di Biagio, Stefano Oddi;<br />
Departamento de arte: Osvaldo Monaco; Som: Benito<br />
Alchimede, Fulgenzio Ceccon; Efeitos Especiais: Antonio<br />
Corridori; Efeitos visuais: Armando Valcauda; Guardaroupa:<br />
Silvana Cocuccione; Companhias de produção:<br />
21st Century Film Corporation, World Picture; Intérpretes:<br />
Florence Guérin (Anne Ravenna), Urbano Barberini (Marc<br />
Ravenna), Caroline Munro (Nora McJudge), Brett Halsey<br />
(Leonard Levin), Luisa Maneri (Sara), Karina Huff, Alessandra<br />
Acciai, Giada Cozzi, Michele Marsina, Jasmine Maimone,<br />
Maurizio Fardo, Michele Soavi,etc. Duração: 89 min.<br />
Título original: Masque of the Red Death ou Edgar Allan<br />
Poe’s Masque of the Red Death<br />
Realização: Larry Brand (EUA, 1989); Argumento: Daryl<br />
Haney, Larry Brand, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Roger Corman, Sally Mattison, Adam Moos;<br />
Música: Mark Governor; Fotografi a (cor): Edward J. Pei;<br />
Montagem: Stephen Mark; Casting: Al Guarino; Design<br />
de Produção: Stephen Greenberg; Guarda-roupa: Sanja<br />
Milkovic Hays; Maquilhagem: Dean Jones, Robin Slater;<br />
Assistentes de realização: Jeffrey Delman; Departamento de<br />
arte: Alexandra Buresch, Mark Richardson, Richard K. Wright;<br />
Som: Bill V. Robbins, Cathie Speakman; Efeitos visuais: Pony<br />
R. Horton; Guarda-roupa: Greg Hildreth; Companhias de<br />
produção: Concorde Pictures; Intérpretes: Patrick Macnee<br />
(Machiavel), Adrian Paul (Prospero), Clare Hoak (Julietta),<br />
Jeff Osterhage (Claudio), Tracy Reiner (Lucrecia), Kelly Ann<br />
Sabatasso (Ornelia), Maria Ford (Isabella), Paul Michael,<br />
Michael Leopard, Daryl Haney, Gregory P. Alcus, Richard Keats,<br />
Marcelo Tubert, Charles Zucker, Patrick McCord, George<br />
Derby, Nicholas Rapattoni, Mel M. Metcalfe III, Dean Jones,<br />
Gil Christner, Michael Vlastas, Victoria Sloan, Bill Dunnam,<br />
Jan Bina, etc. Duração: 85 min.<br />
Título original: Due occhi diabolici ou Two Evil Eyes<br />
Realização: Dario Argento (Episódio “The Black Cat”),<br />
George A. Romero (Episódio “The Facts in the Case of Mr.<br />
Valdemar”) (Itália, EUA, 1990); Argumento: Dario Argento,<br />
Franco Ferrini, Peter Koper, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe (“The Black Cat”), George A. Romero, segundo obra de<br />
Edgar Allan Poe ( “The Facts in the Case of Mr. Valdemar”);<br />
Produção: Claudio Argento, Dario Argento, Achille<br />
Manzotti; Música: Pino Donaggio; Fotografi a (cor): Peter<br />
Reniers; Montagem: Pasquale Buba; Design de Produção:<br />
Cletus Anderson; Decoração: Diana Stoughton; Guardaroupa:<br />
Barbara Anderson; Maquilhagem: Everett Burrell,<br />
Will Huff, Jeannee Josefczyk, Tom Savini, John Vulich;<br />
Direcção de produção: Carol Cuddy, Fabrizio Diaz, Fernando<br />
Franchi, Andrea Tinnirello; Assistentes de realização: Luigi<br />
Cozzi, Fred ‘Fredo’ Donatelli, Nicholas Mastandrea, Maria<br />
L. Melograne, Nicola Pecorini; Departamento de arte:<br />
Eloise Albrecht, Francine Byrne, Gary Kosko; Som: Luciano<br />
Anzellotti, Massimo Anzellotti; Efeitos Especiais: J.C.<br />
Brotherhood, Tom Savini; Guarda-roupa: Kathy Borland,<br />
Nancy Palmentier; Companhias de produção: ADC Films,<br />
Gruppo Bema; Intérpretes: Adrienne Barbeau (Jessica<br />
Valdemar), Ramy Zada (Dr. Robert Hoffman), Bingo<br />
O’Malley (Ernest Valdemar), Jeff Howell (polícia), E.G.<br />
Marshall (Steven Pike), Chuck Aber, Jonathan Adams,<br />
Tom Atkins, Mitchell Baseman (episódio “The Facts in the<br />
Case of Mr. Valdemar”); Harvey Keitel (Roderick Usher),<br />
Madeleine Potter (Annabel), John Amos (Det. Legrand),<br />
Sally Kirkland (Eleonora), Kim Hunter (Mrs. Pym), Holter<br />
Graham (Christian), Martin Balsam (Mr. Pym), Julie Benz,<br />
Barbara Bryne, Lanene Charters (episódio “The Black<br />
Cat”) e ainda Mario Caputo, Bill Dalzell, Anthony Dileo Jr.,<br />
Christine Forrest, J.R. Hall, Scott House, James MacDonald,<br />
Charles McPherson, Larry John Meyers, Jeff Monahan,<br />
Fred Moore, Christina Romero, Peggy McIntaggart, Ben<br />
Tatar, Lou Valenzi, Jeffrey Wild, Ted Worsley, Jonathan<br />
Sachar, Tom Savini, etc. Duração: 120 min.<br />
Título original: “Alien Nation” – episódio Gimme, Gimme (TV)<br />
Realização: David Carson (EUA, 1990); Argumento: Rockne<br />
S. O’Bannon, Diane Frolov, Kenneth Johnson, Andrew<br />
Schneider; Produção: Tom Chehak, Diane Frolov, Kenneth<br />
Johnson, Andrew Schneider, Art Seidel; Música: Kenneth<br />
Johnson, David Kurtz; Fotografi a (cor): Roland ‘Ozzie’<br />
Smith; Montagem: Alan C. Marks; Casting: Irene Cagen;<br />
Design de produção: Ira Diamond; Decoração: Sam Gross;<br />
Guarda-roupa: Brienne Glyttov; Maquilhagem: Michèle<br />
Burke, William Howard; Direcção de Produção: John Liberti;<br />
Assistentes de realização: Alice Blanchard, Ken Stringer;<br />
Departamento de arte: Craig Binkley; Som: Charles<br />
Bruce, Claude Riggins; Efeitos especiais: Burt Dalton, Rick<br />
Stratton; Intérpretes: Gary Graham (Detective Matthew<br />
Sikes), Eric Pierpoint (Detective George Francisco), Michele<br />
Scarabelli (Susan Francisco), Sean Six (Buck Francisco),<br />
Terri Treas, Jeff Marcus, Ron Fassler, Kim Braden, Joseph<br />
Cali, Alan Fudge, Jenny Gago, Beverly Leech (Rita Allan<br />
Poe), Bob Minor, Charles Howerton, Lance E. Nichols,<br />
Michele Lamar Richards, David Selburg (Edgar Allan Poe),<br />
Armin Shimerman, Michael Zand, etc.<br />
Título original: The Haunting of Morella<br />
Realização: Jim Wynorski (EUA, 1990); Argumento: R.J.<br />
Robertson, Jim Wynorski, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Alida Camp, Roger Corman, Rodman Flender,<br />
Sally Mattison; Música: Chuck Cirino, Fredric Ensign<br />
Teetsel; Fotografi a (cor): Zoran Hochstätter; Montagem:<br />
Diane Fingado; Casting: Kevin Reidy; Design de Produção:<br />
Gary Randall; Maquilhagem: Dean Jones; Direcção de<br />
produção: Jonathan Winfrey; Departamento de arte:<br />
Richard K. Wright; Som: Bill V. Robbins; Companhias de<br />
produção: Concorde-New Horizons; Intérpretes: David<br />
McCallum (Gideon), Nicole Eggert (Morella / Lenora),<br />
203 | Edgar Allan Poe no Cinema
204 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Christopher Halsted (Guy), Lana Clarkson (Coel), Maria<br />
Ford, Jonathan Farwell, John O’Leary, Brewster Gould,<br />
Gail Harris, Clement von Franckenstein, R.J. Robertson,<br />
Deborah Dutch, Sandra Knight, etc. Duração: 82 min.<br />
Título original: Buried Alive ou Edgar Allan Poe’s Buried<br />
Realização: Gérard Kikoïne (EUA, África do Sul, 1990);<br />
Argumento: Jake Chesi, Stuart Lee, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: Avi Lerner, John Stodel, Harry Alan<br />
Towers; Música: Frédéric Talgorn; Fotografi a (cor): Gérard<br />
Loubeau; Montagem: Gilbert Kikoïne; Casting: Jane Warren;<br />
Design de Produção: Leonardo Coen Cagli; Maquilhagem:<br />
William Butler, Cleone Johnson, Dave Murat, Scott Wheeler;<br />
Direcção de produção: K.C. Jones, Danny Lerner; Assistentes<br />
de realização: Dominique Combe, Mark Gilbert, Melody<br />
Wernick; Departamento de arte: Lisa Hart, Henrietta<br />
Potgieter, Leith Ridley; Som: John Murray, Stewart Nelson,<br />
Marva Zand; Efeitos Especiais: Tony de Groot, Maxine<br />
Lourens, Greg Pitts; Guarda-roupa: Ruy Filipe; Companhias<br />
de produção: Breton Film Productions; Intérpretes: Robert<br />
Vaughn (Gary), Donald Pleasence (Dr. Schaeffer), Karen<br />
Witter (Janet), John Carradine (Jacob), Ginger Lynn Allen,<br />
Nia Long, William Butler, Janine Denison, Arnold Vosloo,<br />
Ashley Hayden, Stefa Popic, Hayley Dorskey, Roslynn<br />
Farrell, Dee Dee Eybers, Isabel Kastrikis, Sharlene Benn, etc.<br />
Duração: 87 min.<br />
Título original: série de TV - “The Simpsons” – episódio<br />
“Treehouse of Horror”<br />
Realização: David Silverman (episódio “The Raven”)<br />
(EUA, 1990); Argumento: Sam Simon (episódio The<br />
Raven), segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Raven”);<br />
Produção: Larina Adamson, James L. Brooks, Gabor Csupo,<br />
Matt Groening, Sherry Gunther, Al Jean, Jay Kogen, J.<br />
Michael Mendel, George Meyer, Mike Reiss, Richard Sakai,<br />
Sam Simon, Wallace Wolodarsky; Música: Alf Clausen;<br />
Montagem: Don Barrozo, Brian K. Roberts; Casting: Bonita<br />
Pietila; Direcção de produção: Joseph A. Boucher, Maria<br />
Elena Rodriguez, Michael Stanislavsky, Pamela Kleibrink<br />
Thompson, Ken Tsumura; Departamento de arte: Jeffrey<br />
Lynch, David Silverman (episódio “The Raven”); Som: Brad<br />
Brock, Travis Powers, Brian K. Roberts; Departamento<br />
de arte: Jeff ‘Swampy’ Marsh, Chris Reccardi, Lance<br />
Wilder; Som: John Rotondi, Wade Wilson; Efeitos visuais:<br />
Simon de Jong, Adam Howard, Andy Jolliff, Steven J.<br />
Scott; Animação: Lolee Áries, Julie Forte, Nollan Obena,<br />
William Powloski, Gary Yap; Companhias de produção:<br />
20th Century Fox Television, Gracie Films; Intérpretes:<br />
Dan Castellaneta (Homer Simpson), Julie Kavner (Marge<br />
Simpson), Nancy Cartwright (Bart Simpson), Yeardley<br />
Smith (Lisa Simpson), Harry Shearer, James Earl Jones, etc.<br />
Duração: 30 min; Data de emissão: 25 de Outubro de 1990<br />
(Temporada 2, Episódio 3).<br />
Título original: The Tell-Tale Heart (TV)<br />
Realização: John Carlaw (Inglaterra, 1991); Argumento:<br />
Steven Berkoff, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Intérpretes: Steven Berkoff (homem), Peter Brennan<br />
(magistrado), Neil Caplan (medico), etc. Duração: 30 min.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Scott Mansfi eld (EUA, 1991); Argumento: Scott<br />
Mansfi eld, segundo obra de Edgar Allan Poe; Companhias<br />
de produção: Monterey Media; Intérpretes: Robert E.<br />
Reynolds, Michael Sollazzo; Duração: 25 min.<br />
Título original: The Pit and the Pendulum ou The<br />
Inquisitor<br />
Realização: Stuart Gordon (EUA, 1991); Argumento: Dennis<br />
Paoli, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Albert<br />
Band, Charles Band; Música: Richard Band; Fotografi a<br />
(cor): Adolfo Bartoli; Montagem: Andy Horvitch; Casting:<br />
Perry Bullington, Robert MacDonald; Design de Produção:<br />
Giovanni Natalucci; Direcção artística: Giovanni Natalucci;<br />
Decoração: Maurizio Garrone; Guarda-roupa: Michaela<br />
Gisotti; Maquilhagem: Roland Blancafl or, Adriana Sforza,<br />
Pietro Tenoglio; Direcção de produção: Angelo D’Antoni,<br />
Remo Lombardo, Gretchen G. Wieland; Assistentes de<br />
realização: David Ambrosi, Carlos Hansen; Departamento<br />
de arte: David Zen Mansley, David Russell; Som: John<br />
Brasher, Adriane Marfi ak, Giuseppe Muratori; Efeitos<br />
Especiais: Giovanni Corridori; Companhias de produção:<br />
Empire Picturesm, Full Moon Entertainment; Intérpretes:<br />
Lance Henriksen (Torquemada), Stephen Lee (Gomez),<br />
William J. Norris (Dr. Huesos), Mark Margolis (Mendoza),<br />
Carolyn Purdy-Gordon, Barbara Bocci, Benito Stefanelli,<br />
Jeffrey Combs, Oliver Reed, Tom Towles, Rona De Ricci,<br />
Jonathan Fuller, Geoffrey Copleston, Larry Dolgin, Tunny<br />
Piras, Fabio Carfora, etc. Duração: 97 min.<br />
Título original: Haunting Fear<br />
Realização: Fred Olen Ray (EUA, 1991); Argumento: Fred<br />
Olen Ray, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Diana Jaffe, Fred Olen Ray; Música: Chuck Cirino;<br />
Fotografi a (cor): Gary Graver; Montagem: Christopher<br />
Roth; Guarda-roupa: Jill Conners; Assistentes de<br />
realização: John T. Melick, Joe Zimmerman; Efeitos<br />
visuais: Bret Mixon; Companhias de produção: American<br />
Independent Productions; Intérpretes: Brinke Stevens<br />
(Victoria Munroe), Jan-Michael Vincent (Detective James<br />
Trent), Jay Richardson (Terry Munroe), Delia Sheppard<br />
(Lisa), Karen Black (Dr. Julia Harcourt), Robert Clarke (Dr.<br />
Carlton), Robert Quarry (Visconti), Michael Berryman,<br />
Hoke Howell, Greta Carlson, Mark Thomas McGee, Jeff<br />
Yesko, etc. Duração: 88 min.<br />
Título original: La Chute de la Maison Usher<br />
Realização: Marc Julian Ghens (Bélgica, 1992); Argumento:<br />
Marc Julian Ghens, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Arnaud Demuynck; Música: Guy Drieghe;<br />
Montagem: Henri Erismann; Assistentes de realização:<br />
Bert Beyens; Som: Françoise Hivelin, Michel Mondo;<br />
Companhias de produção: Lux Fugit Film; Intérpretes:<br />
Carine François, Isabelle Hubert, Claudine Laroche, etc.<br />
Duração: 29 min.<br />
Título original: Fool’s Fire (TV)<br />
Realização: Julie Taymor (EUA, 1992); Argumento: segundo<br />
obra de Edgar Allan Poe; Produção: Kerry Orent, Julie Taymor;<br />
Música: Elliot Goldenthal; Fotografi a (cor): Bobby Bukowski;<br />
Montagem: Alan Miller; Casting: Judy Dennis; Design<br />
de Produção: G.W. Mercier; Guarda-roupa: Julie Taymor;<br />
Assistentes de realização: Steve Apicella; Som: Laurel<br />
Bridges; Efeitos Especiais: Mark O. Forker, Neil Smith; Efeitos<br />
visuais: Mark O. Forker, Neil Smith; Intérpretes: Michael J.<br />
Anderson (Hopfrog), Mireille Mossé, Tom Hewitt, Paul
Kandel, Reg E. Cathey, Kelly Walters, Thomas Derrah, Patrick<br />
Breen, Glenn Santiago, Patrick O’Connell, Robert Dorfman,<br />
Joan MacIntosh, Cynthia Darlow, Pippa Pearthree, Betsy<br />
Aidem, Harriet Sansom Harris, Norma Pratt, Christopher<br />
Medina, Andrew Asnes, Kathleen Kane, etc.<br />
Título original: Tale of a Vampire<br />
Realização: Shimako Sato (Inglaterra, 1992); Argumento:<br />
Shimako Sato, Jane Corbett, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Produção: Simon Johnson, Stephen Margolis, Noriko<br />
Shishikura; Música: Julian Joseph; Fotografi a (cor): Zubin<br />
Mistry; Design de Produção: Alice Normington; Direcção<br />
artística: Tom Burton; Som: Ronald Bailey, Jaime Estrada<br />
Torres, Andy Kennedy; Efeitos Especiais: David H. Watkins;<br />
Intérpretes: Julian Sands (Alex), Suzanna Hamilton (Anne<br />
/ Virginia), Kenneth Cranham (Edgar), Marion Diamond,<br />
Michael Kenton, Catherine Blake, Mark Kempner, Nik<br />
Myers, Ken Pritchard, Ian Rollison, David King, Adrianne<br />
Alexander, etc. Duração: 93 min.<br />
Título original: The Mummy Lives<br />
Realização: Gerry O’Hara (EUA, 1993); Argumento: Nelson<br />
Gidding, segundo obra de Edgar Allan Poe (“Some<br />
Words with A Mummy”); Produção: Harry Alan Towers,<br />
Yoram Globus, Anita Hope, Christopher Pearce; Música:<br />
Dov Seltzer; Fotografi a (cor): Avi Koren; Montagem:<br />
Danny Shick; Design de Produção: Kuli Sander; Direcção<br />
artística: Yoram Shayer; Guarda-roupa: Laura Dinolesko;<br />
Maquilhagem: Scott Wheeler; Assistentes de realização:<br />
Adi Arbel, Michal Engel; Departamento de arte: Ze’ev<br />
Aloni, Ornit Shanit; Som: Yann Delpuech, Shabtai Sarig;<br />
Companhias de produção: Global Pictures; Intérpretes:<br />
Tony Curtis (Aziru / Dr. Mohassid), Leslie Hardy (Sandra<br />
Barnes / Kia), Greg Wrangler (Dr. Carey Williams), Jack<br />
Cohen (Lord Maxton), Mohammed Bakri, Mosko Alkalai,<br />
Moshe Ivgy, Joseph Shiloach, Uri Gavriel, Yigal Naor, Eli<br />
Danker, Yossi Graber, Charlie Buzaglo, Rafi Weinstock, etc.<br />
Duração: 97 min.<br />
Título original: Drug-Taking and the Arts<br />
Realização: Storm Thorgerson (Inglaterra, 1994);<br />
Argumento: David Galo, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />
(cartas), Charles Baudelaire (On Wine and Hashish), Paul<br />
Bowles (“Let It Come Down”), Elizabeth Barrett Browning<br />
(“Aurora Leigh”), William S. Burroughs (“The Naked Lunch”),<br />
Jean Cocteau (“Opium”), Samuel Taylor Coleridge (“Kubla<br />
Khan” e “The Rime of the Ancient Mariner”), Thomas<br />
De Quincey (“Confessions of an English Opium Eater”),<br />
Philip K. Dick (“A Scanner Darkly”), Théophile Gautier -<br />
“The Hashish Club”), Allen Ginsberg (poema “Laughing<br />
Gas”), Robert Graves (carta Between Moon and Moon),<br />
Aldous Huxley (“Moksha”), Anna Kavan novel “Ice”), Jack<br />
Kerouac (“On The Road”), Ken Kesey (notas), Jay McInerney<br />
(“Bright Lights, Big City”), Gérard de Nerval (“Voyage to<br />
the Orient”), Anaïs Nin (Diário), Arthur Rimbaud (cartas<br />
“Letters of the Visionary”); Produção: Jon Blair; Música:<br />
David Gilmour; Documentário. Intérpretes: Bernard Hill<br />
(apresentador), Phil Daniels (Thomas De Quincey), Jon<br />
Finch (Gérard de Nerval), Danny Webb (Jean Cocteau),<br />
Brian Aldiss, J.G. Ballard, Virginia Berridge, Paul Bowles,<br />
Todd Boyco, Robin Buss, Carolyn Cassady, Ann Charters,<br />
E.M.R. Critchley, Margaret Crosland, Tony Dickenson,<br />
Annette Dolphin, David Gascoyne, Allen Ginsberg, Ronald<br />
Hayman, John Hemmings, Bernard Howells, Francis<br />
Huxley, Laura Archera Huxley, Oscar Janiger, Marek Kohn,<br />
Malcolm Lader, Timothy Leary, Grevel Lindop, George Melly,<br />
Eric Mottram, Paul O’Prey, Diana Quick, Peggy Reynolds,<br />
John Richardson, Avital Ronell, June Rose, Hubert Selby Jr.,<br />
John Sessions, Harry Shapiro, Jay Stevens, Robert Stone,<br />
Lawrence Sutin, Ian Walker, etc.<br />
Título original: “Biography” - Edgar Allan Poe: The<br />
Mystery of Edgar Allan Poe<br />
Argumento: Agnes Nixon (EUA, 1994); Intérpretes: Paul<br />
Clemens, Norman George (Edgar Allan Poe)<br />
Título original: Série de TV “Tales of Mystery and<br />
Imagination”<br />
Realização: James Ryan, Bill Hays, Dejan Sorak, Rod Stewart,<br />
Neil Hetherington, Hugh Whysall (1995); Argumento:<br />
Hugh Whysall, segundo obras de Edgar Allan Poe (The<br />
Fall of the House of Usher, The Oval Portrait, Berenice, The<br />
Black Cat, Ligeia, The cask of Amontillado, Mr. Valdemar,<br />
The Tell-Tale Heart, Morella, The Pit and the Pendulum e<br />
The Masque of the Red Death); Produção: Carrie Dempsey,<br />
Terry Dempsey, Neil Hetherington, Zdravko Mihalic;<br />
Assistentes de realização: Anthony Himbs; Companhia<br />
de produção: BFS; Intérpretes: Jeremy Crutchley, Graham<br />
Hopkins, Kruno Simon, Christopher Lee (Apresentador),<br />
etc. Duração: 330 min.<br />
Título original: The Dark Eye<br />
Realização: Russel Lees (Canadá, Japão, EUA, 1995);<br />
Argumento: Russel Lees, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Produção: Michael Nash; Música: Thomas Dolby;<br />
Fotografi a (cor): Jim Aupperle; Guarda-roupa: Ariel Jones;<br />
Efeitos visuais: Don Waller; Animação: Joel Fletcher;<br />
Intérpretes: William S. Burroughs, Jack Angel, Ryan<br />
Cutrona, Roberta Farkas, Jennifer Hale, Jessica Hecht, Tom<br />
Kane, Robert Machray, David Purdham, etc.<br />
Título original: série de TV “American Masters” – episódio<br />
“Edgar Allan Poe: Terror of the Soul”<br />
Realização: Joyce Chopra, Karen Thomas (EUA, 1995);<br />
Argumento: Joyce Chopra, Kenneth Silverman, Daniel Blake<br />
Smith, Karen Thomas, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Karen Thomas, Elizabeth Keyishian, Susan Lacy,<br />
Robert J. Sloane, Cindy E. Vaughn; Música: Peter Rodgers<br />
Melnick; Fotografi a (cor): James Glennon; Montagem:<br />
Joseph Gutowski, Mark Muheim, Mark Mulheim; Design<br />
de Produção: David Wasco; Direcção artística: Bernardo<br />
F. Munoz; Decoração: Sandy Reynolds-Wasco; Guardaroupa:<br />
Hilary Wright; Maquilhagem: Felicity Bowring, Karl<br />
Wessen; Assistentes de realização: Robert Leveen, Timothy<br />
Marx; Departamento de arte: Emily Ferry; Som: David<br />
Kirschner; Efeitos Especiais: Paul Staples; Companhias de<br />
produção: Film Odyssey Inc., WNET Channel 13 New York;<br />
Intérpretes: Eric Christmas (velho), Sky Rumph (Edgar,<br />
jovem), Michelle Joyner (Eliza Poe), Pam Van Sant (Kind<br />
Lady), Devyn Puett (Virginia Poe), Marianne Muellerleile,<br />
Robert Dowdell, Val Bettin, Rene Auberjonois (Fortunata,<br />
episódio “The Cask of Amontillado”), Ruby Dee (Narrador),<br />
Philip Glass, John Heard (Montresor, episódio “The Cask<br />
of Amontillado”), Alfred Kazin, Anthony Maggio (Edgar<br />
Allan Poe), Patrick Quinn, etc. Duração: 60 min: Data de<br />
emissão: 22 de Março de 1995.<br />
205 | Edgar Allan Poe no Cinema
206 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Título original: The Black Cat<br />
Realização: Rob Green (Inglaterra, 1995); Argumento:<br />
Rob Green, Clive Perrott, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Produção: Rob Green, Clive Perrott; Música: Russell<br />
Currie; Fotografi a (cor): Simon Margetts; Montagem: Tina<br />
Hetherington; Design de Produção: Tricia Stephenson;<br />
Direcção artística: Richard Campling; Maquilhagem:<br />
Patti Harrison; Direcção de produção: Sarah Lane; Som:<br />
Michael A. Cárter, Les Derby, Nick Pocock; Efeitos visuais:<br />
Clive Dawson; Animação: Clive Dawson; Companhias de<br />
produção: Black Cat Productions Ltd.; Intérpretes: David<br />
Kincaid, Alison Morrow, Clive Perrott; Duração: 18 min.<br />
Título original: “A.J.’s Time Travelers” – episódio Edgar<br />
Allan Poe – série de TV<br />
Realização: Mike Finney (EUA, 1995); Argumento: Barry<br />
Friedman; Produção: Gianni Russo; Fotografi a (cor): Steve<br />
Priola; Casting: Eric Dawson; Animação: Keith Alcorn,<br />
Paul Claerhout; Intérpretes: Jeremiah Birkett, Larry Cedar<br />
(Ollie), Teresa Jones (Mrs. Malloy), Richard Lewis (Edgar<br />
Allan Poe), Patty Maloney (B.I.T.), Julie St. Claire (Maria),<br />
John Patrick White (A.J. Malloy), Wayne Thomas Yorke<br />
(Izzy / Mr. Malloy), etc. Data de emissão: 1995 (Temporada<br />
1, Episódio 21).<br />
Título original: “Bone Chillers” – episódio Edgar Allan<br />
Poe-Session – série de TV<br />
Realização: Christopher Coppola (EUA, 1996);<br />
Argumento: Carl V. Dupré; Produção: Fred Silverman,<br />
John A. Smith; Música: Christopher Hoag; Fotografi a<br />
(cor): Howard Wexler; Guarda-roupa: Rosanna Norton;<br />
Maquilhagem: Tony Gardner; Direcção de Produção: Les<br />
Nordhauser; Assistentes de realização: Laurence Barbera;<br />
Departamento de arte: Flora Carnevale, Leslie Lawson;<br />
Som: Ricardo Broadus; Efeitos especiais: Tony Gardner,<br />
Rodd Matsui; Efeitos visuais: Tony Gardner, Scott Ramsey;<br />
Intérpretes: Trey Alexander (Kirk), Jim Beaver (Edgar Allan<br />
Poe), Linda Cardellini (Sarah), Saadia Persad (Lexi), Esteban<br />
Powell (Brian Holsapple), John Patrick White (Fitzgerald<br />
Crump), etc. Data de emissão: 16 de Novembro de 1996<br />
(Temporada 1, Episódio 11).<br />
Título original: Het Verraderlijke Hart<br />
Realização: Bert Lemmens (1996); Argumento: Bert<br />
Lemmens, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-<br />
Tale Heart”); Intérpretes: Ben Bellekens, Garin Cael, Bart<br />
Vandersmissen, etc. Duração: 15 min.<br />
Título original: Morella<br />
Realização: James Glenn Dudelson (EUA, 1997);<br />
Argumento: Ana Clavell, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Produção: James Glenn Dudelson, Robert Franklin<br />
Dudelson, Stanley Dudelson; Música: Chris Anderson,<br />
Carl Schurtz; Fotografi a (cor): Jesse Weathington; Casting:<br />
Pamela Guest; Design de Produção: William ‘Jamaal’ Fort;<br />
Direcção artística: Beat Frutiger; Guarda-roupa: Nanette<br />
M. Acosta; Direcção de produção: Alicia Valdez; Assistentes<br />
de realização: Sam Hill, Chad Rosen; Som: Randall Lawson;<br />
Companhias de produção: Allott Productions; Intérpretes:<br />
Lisa Blair (Jovem Sarah), Lisa Darr (Jenny Lynden), Nicholas<br />
Guest (Dr. Edgar Lynden), Khrystyne Haje (Inspector<br />
Farrow), Angela Jones (Dr.Patricia Morella / Sarah Lynden),<br />
David Kirkwood, Robert Lipton, Lou Rawls, Darlene Vogel,<br />
etc. Duração: 90 min.<br />
Título original: Der Rabe<br />
Realização: Hannes Rall (Alemanha, 1998); Argumento:<br />
Hannes Rall, segundo obra de Edgar Allan Poe; Música:<br />
Eckart Gadow; Som: Eckart Gadow; Philip Ulikowski;<br />
Animação: Hannes Rall; Companhias de produção: Meier &<br />
Rall Animation; Intérpretes: Hans Paetsch; Duração: 8 min.<br />
Título original: Mind’s Eye<br />
Realização: Kristian Fraga (EUA, 1998); Argumento: Kristian<br />
Fraga, Kimberly Ruane, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />
(“The Tell-Tale Heart”); Produção: Karli Bardosh, Kristian<br />
Fraga, Marc Perez, Kimberly Ruane; Fotografi a (cor): Yurgi<br />
Ganter; Montagem: Kristian Fraga; Maquilhagem: Voki<br />
Kalfi yan; Som: James Lefkowitz; Efeitos visuais: Chris<br />
Haak; Intérpretes: Christopher Sutherland (Narrador),<br />
Nicol Paone, Carlos Molina IV, Pete Fokas, etc.<br />
Título original: Corazón Delator<br />
Realização: Facundo De Rosas (Argentina, 1999);<br />
Argumento: Facundo De Rosas, Adrián Manetti, segundo<br />
obra de Edgar Allan Poe; Música: Litto Nebbia, Gustavo<br />
Peña; Fotografi a (cor): Andrés Fontana; Montagem:<br />
Facundo De Rosas, Marcelo Riveros; Direcção artística:<br />
Máximo Becci; Duração: 15 min.<br />
Título original: Corazón Delator<br />
Realização: Alex Stilman (Argentina, 1999); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Tell-Tale Heart”);<br />
Fotografi a (cor): Carlos Zanzottera; Montagem: Carlos<br />
Zanzottera; Direcção artística: Alex Stilman; Duração: 12 min.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart (TV)<br />
(EUA, 1999); Argumento: Wayne A. Hazle, segundo obra<br />
de Edgar Allan Poe; Produção: Wayne A. Hazle, Velvet<br />
Marshall; Fotografi a (cor): John Rhode; Direcção de<br />
produção: Cameron McIntyre; Companhias de produção:<br />
Jaguar Productions; Intérpretes: Kim Delgado (Detective),<br />
Jeff Ricketts, Kristen Shaw, Kristabelle Skyy, Barbara<br />
Stolzoff, etc.<br />
Título original: William Wilson<br />
Realização: Jorge Dayas (com o pseudónimo William<br />
Wilson) (Espanha, 1999); Argumento: segundo obra<br />
de Edgar Allan Poe; Produção: María Carmen Dayas;<br />
Animação; Companhias de produção: Maria Carmen<br />
Dayas; Duração: 10 min.<br />
Título original: El Escarabajo de Oro<br />
Realização: Vicente J. Martín (Espanha, 1999); Argumento:<br />
Juan Piquer Simón, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: José Ortega, Primitivo Rodríguez; Fotografi a (cor):<br />
Tomás Mas; Som: Manuel Carrión, José Manuel Sospedra;<br />
Companhias de produção: Grup Somni; Intérpretes: Andrés<br />
Alexis, Frank Braña, Stephen Charlwood, Tsung Cheng, Juan<br />
Carlos Gabarda, Rubén Gálvez, Juan Carlos Lee, John Legget,<br />
Manuel Máñez, Antonio Mayans, Germán Montaner, Alicia<br />
Ramirez, Alicia Ramírez, José Antonio Sánchez, Francisco<br />
Sanchís, Mónica Valero, etc.<br />
Título original: The Raven... Nevermore ou El Cuervo<br />
Realização: Tinieblas González (Espanha, 1999);<br />
Argumento: Karra Elejalde, Tinieblas González, segundo<br />
obra de Edgar Allan Poe (“The Raven”); Produção: Tinieblas
González; Fotografi a (cor): Unax Mendía; Efeitos visuais:<br />
Úrsula garcia; Companhias de produção: Tinieblas Films;<br />
Intérpretes: Gary Piquer (Edgar Allan Poe), Savitri Ceballos<br />
(Leonor), etc. Duração: 16 min.<br />
Título original: “Sabrina, the Teenage Witch” – episódio<br />
LXXXI: The Phantom Menace - Série de TV (EUA, 1996-2001)<br />
Realização: Paul Hoen, Mark Cendrowski (EUA, 1999);<br />
Argumento: John Hoberg, Nell Scovell; Produção: Nick<br />
Bakay; Música: Derek Syverud; Maquilhagem: Eryn Krueger<br />
Mekash, Colleen LaBaff; Casting: Kimberly Nordlinger;<br />
Assistentes de realização: Ellen Rosentreter; Som: James<br />
M. McCann, Wilson Dyer; Efeitos especiais: Jim Greenall;<br />
Efeitos visuais: David Carriker (1996-1997), Rick Cortes<br />
(1997-2003), Mark Spatny (1998-2003); Companhias de<br />
produção: Warner Bros. Television; Intérpretes: Melissa<br />
Joan Hart (Sabrina Spellman), Caroline Rhea (Hilda<br />
Spellman), Beth Broderick (Zelda Spellman), Nick Bakay<br />
(Salem Saberhagen), Nate Richert (Harvey Kinkle),<br />
Gabriel Carpenter, Jon Huertas, David Lascher, Tom Novak,<br />
Edgar Allan Poe IV (Edgar Allan Poe), China Shavers, etc.<br />
Duração: 30 min; Data de emissão: 29 de Outubro de 1999<br />
(Temporada 4, Episódio 6).<br />
Título original: “Mentors” – episódio The Raven - Série de TV<br />
Realização: Gil Cardinal (EUA, 2000); Argumento: Greg<br />
Kennedy; Produção: Will Dixon; Música: Bruce Leitl;<br />
Casting: Bette Chadwick, Candice Elzinga; Design de<br />
produção: Ken Rempel; Assistentes de realização: Greg<br />
Fawcett, Victor Landrie, Craig Wallace; Som: Jeff Hamon,<br />
Evan Rust; Efeitos especiais: Robert Sheridan; Intérpretes:<br />
Michael Sarrazin (Edgar Allan Poe), Belinda Metz, Brian<br />
Martell, Jane Sowerby, Daryl Shuttleworth, Samantha<br />
Krutzfeldt, Davina Stewart, etc. Data de emissão: 5 de<br />
Março de 2000 (Temporada 1, Episódio 10).<br />
Título original: Scary Tales<br />
Realização: Michael Hoffman Jr. (EUA, 2001); Argumento:<br />
Bill Cassinelli, Michael Hoffman Jr.; Produção: Bill<br />
Cassinelli, Michael Hoffman Jr., Tim Ritter; Música:<br />
Orange Nightmare, Duane Peery; Fotografi a (cor): Michael<br />
Hoffman Jr.; Montagem: Michael Hoffman Jr.; Som:<br />
Michael Hoffman Jr.; Efeitos especiais: Michael Hoffman<br />
Jr.; Efeitos visuais: Michael Hoffman Jr.; Companhias<br />
de produção: Twisted Illusions, Wet Floor Productions;<br />
Intérpretes: Bill Cassinelli (Dennis Frye), Ria Rampersad,<br />
Joel D. Wynkoop (episódio “Terminally Unemployed”);<br />
Chelsea Opolin, Eileen Opolin, Michael Hoffman Jr.<br />
(episódio “Hit And Run”); Joe Mengotti, Lindsay Horgan,<br />
Maggie Kennedy (episódio “I Ain’t Got No Body”); Kevin<br />
Bangos, Thorin Taylor Hannah, Tina Frankl, Shannon<br />
Semler, Gus Perez, Mark A. Nash, Lee Pinder (Edgar Allan<br />
Poe), David McGowan, Phil Dejesus (episódio “The Death<br />
Of...”), Richard Cecere, etc. Duração: 76 min.<br />
Título original: Monkeybone<br />
Realização: Henry Selick (EUA, 2001); Argumento: Sam<br />
Hamm, segundo banda desenhada de Kaja Blackley (“Dark<br />
Town”); Produção: Michael Barnathan, Chris Columbus,<br />
Paula DuPré Pesman, Sam Hamm, Mark Radcliffe, Lata<br />
Ryan, Henry Selick; Música: Anne Dudley; Fotografi a (cor):<br />
Andrew Dunn; Montagem: Jon Poll, Nicholas C. Smith,<br />
Mark Warner; Casting: Sheila Jaffe, Georgianne Walken;<br />
Design de produção: Bill Boes; Direcção artística: John<br />
Chichester, Bruce Robert Hill Decoração: Jackie Carr;<br />
Guarda-roupa: Beatrix Aruna Pasztor; Maquilhagem:<br />
Thomas Floutz, Robert Hallowell II, Michael Mills,<br />
Mark Nieman, Ben Nye Jr., Danny Valencia; Direcção de<br />
Produção: Doris Donnenberg, Paul Moen; Assistentes<br />
de realização: Dan Bradley, Pamela Cederquist, Peter<br />
Crosman, Valerie Finkel, Michael McCue, Lisa C. Satriano,<br />
Gregory Kent Simmons, Mike Topoozian, Bob Wagner;<br />
Departamento de arte: Martin Charles, Everett Chase,<br />
Jann K. Engel, A. Todd Holland, Martin Roy Mervel, Jeff<br />
Ozimek, Hugo Santiago; Som: Steve Boeddeker; Efeitos<br />
especiais: Paul J. Lombardi, Frank W. Tarantino, Dick Wood;<br />
Efeitos visuais: Terry Clotiaux, Buckley Collum, Peter<br />
Crosman, Adam Howard, Pete Kozachik, Brad Kuehn,<br />
Charles Lem, Rodney Montague, Tricia Mulgrew, Jaime<br />
Norman, Peter Oberdorfer, Mike Schmitt, Laura Schultz;<br />
Animação: Damon Bard, Paul Berry, Gisela Hermeling;<br />
Companhias de produção: Twentieth Century-Fox Film<br />
Corporation, 1492 Pictures, Twitching Image Studio;<br />
Intérpretes: Brendan Fraser (Stu Miley), Bridget Fonda (Dr.<br />
Julie McElroy), John Turturro (Monkeybone) (voz), Chris<br />
Kattan (Organ Donor Stu), Giancarlo Esposito (Hypnos),<br />
Rose McGowan (Miss Kitty), Dave Foley, Megan Mullally,<br />
Bob Odenkirk, Pat Kilbane, Lisa Zane, Whoopi Goldberg,<br />
Sandra Thigpen, Wayne Wilderson, Amy Higgins, Alan<br />
Gelfant, Kristin Norton, Chris Hogan, Lucy Butler, John<br />
Sylvain, Lou Romano, Leon Laderach, Edgar Allan Poe IV<br />
(Edgar Allan Poe), etc. Duração: 93 min.<br />
Título original: Le Portrait Ovale<br />
Realização: Marc Julian Ghens (Bélgica, 2001); Argumento:<br />
Marc Julian Ghens, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Patrice Bauduinet; Música: Marc Geonet;<br />
Fotografi a (cor): Federico D’Ambrosio, Jean Christophe<br />
Delinaoumis, Michel Mondo; Montagem: Nathalie<br />
Julien; Som: Cyrille Carillon; Companhias de produção:<br />
Ambiances, PBC Pictures; Intérpretes: Sandrine Blancke,<br />
Bernard Breuse, Annemiek Coenen, Claudine Laroche,<br />
Pierre Laroche, Véronique Lemaire; Duração: 20 min.<br />
Título original: “The Fear”<br />
Realização: Blake Bedford, Luke Watson, Konika Shankar<br />
(Inglaterra, 2001); Argumento: segundo obras de Edgar Allan<br />
Poe, Honoré de Balzac e Arthur Conan Doyle; Produção: Anne<br />
Mensah; Montagem: Tania Reddin; Design de Produção:<br />
David Hill; Companhias de produção: British Broadcasting<br />
Corporation (BBC); Intérpretes: Jason Flemyng, Anna Friel,<br />
Sadie Frost, David Harewood, Marianne Jean-Baptiste, Kelly<br />
Macdonald, Neve McIntosh, Nick Moran, Sean Pertwee, Ray<br />
Winstone, etc. Duração: 15 min.<br />
Título original: Usher<br />
Realização: Curtis Harrington (EUA, 2002); Argumento:<br />
Curtis Harrington, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Música: Dan Schmeidler; Fotografi a (cor): Gary Graver;<br />
Montagem: Tyler Hubby, Jeffrey Schwarz; Guarda-roupa:<br />
Shura Reininger; Departamento de arte: Sue Slutzky;<br />
Som: Maui Holcomb; Intérpretes: Curtis Harrington<br />
(Roderick Usher / Madeline Usher), Sean Nepita (Truman<br />
Jones), Fabrice Uzan (Pierre), Renate Druke, Robert Mundy,<br />
Nicholas Schreck, Ruth-Ellen Taylor, Zeena Taylor, etc.<br />
Duração: 40 min.<br />
207 | Edgar Allan Poe no Cinema
208 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Título original: Silencio<br />
Realização: Alonso Filomeno Mayo (Peru, 2002); Argumento:<br />
Alonso Filomeno Mayo, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Melina León; Música: Darko Saric; Fotografi a<br />
(cor): Michel Barbachan; Montagem: Alonso Filomeno<br />
Mayo; Design de Produção: Marco Melgar, Giuliana Torres;<br />
Guarda-roupa: María del Carmen Herrera; Maquilhagem:<br />
María del Carmen Herrera; Direcção de produção: Romina<br />
Cruz, Jimena Mora; Assistentes de realização: Gabriela<br />
Yepes; Som: Guillermo Palácios, Ricardo Vidal; Efeitos<br />
visuais: Carlos Chuquisengo; Companhias de produção:<br />
Manzana Azul; Intérpretes: Kareen Spano (Marta), Enrique<br />
Victoria, Oriana Cicconi, Sergio Galliani, Paco Varela, etc.<br />
Duração: 30 min.<br />
Título original: Hatred of a Minute<br />
Realização: Michael Kallio (EUA, 2002); Argumento: Lisa<br />
Jesswein, Michael Kallio, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe (“To-”); Produção: Bruce Campbell; Música: Dan<br />
Kolton; Fotografi a (cor): George Lieber; Montagem: Paul<br />
Hart, Michael Kallio, John W. Walter; Casting: Christine<br />
Claussen, Kathy Mooney; Design de Produção: Michael<br />
Kallio; Direcção artística: Matt Cantu, Arthur Clark;<br />
Guarda-roupa: Scarlett Jade; Maquilhagem: Kimberley<br />
Kirkpatrick, James Korloch, Jacki Ramsey; Direcção de<br />
produção: Michelle Kuhl; Assistentes de realização: Paul<br />
Domick, Michelle Kuhl, Jen Losey, Kurt Rauf; Departamento<br />
de arte: Michael Kallio, John Ray; Som: Joel H. Newport;<br />
Efeitos Especiais: Roger White; Companhias de produção:<br />
Campbell Productions, Darkart Entertainment, End of my<br />
Rope Limited Partnership; Intérpretes: Gunnar Hansen<br />
(Barry), Michael Kallio (Eric Seaver), Tracee Newberry<br />
(Jamie), Tim Lovelace (Detective Glenn Usher), Lisa<br />
Jesswein (Sarah Usher), Michael Robert Brandon, Jeffery<br />
Steiger, June Munger, Matthew Fennelly, Colleen Nash,<br />
Michelle Kuhl, Rebecka Read, John F. Gray, John Reneaud,<br />
Steve Dixon, Michael Jarema, etc. Duração: 83 min.<br />
Título original: Alone<br />
Realização: Phil Claydon (Inglaterra, 2002); Argumento:<br />
Paul Hart-Wilden, segundo obra de Edgar Allan Poe<br />
(“Alone”); Produção: David Ball, John P. Davies; Música:<br />
Jim Betteridge, Carver, Phil Claydon, Jonathan Rudd;<br />
Fotografi a (cor): Peter Thornton; Montagem: Jonathan<br />
Rudd; Casting: Lucy Jenkins; Design de Produção: Keith<br />
Maxwell; Guarda-roupa: Leila Ransley; Maquilhagem:<br />
Carole Williams; Direcção de produção: Ray Adams, Jon<br />
Wilkins; Assistentes de realização: Richard Bird, Chris Hill,<br />
Bob Wright; Departamento de arte: Dave Feeney, Hannah<br />
Nicholson, Yvonne Toner; Som: Ian ‘Spike’ Banks; Efeitos<br />
visuais: Craig Chandler, Alan Church, Diane Kingston;<br />
Companhias de produção: CF1 Cyf, Evolution Films, Vine<br />
International Pictures; Intérpretes: Miriam Margolyes,<br />
John Shrapnel, Laurel Holloman, Isabel Brook, Caroline<br />
Carver, Claire Goose, Susan Vidler, Claudia Harrison, Phil<br />
Claydon, Kate Crowther, Stephanie Shaw, Gwen Vaughan,<br />
Rick Wakeman, Rachel Woodeson, etc. Duração: 110 min.<br />
Título original: Ubitye molniey<br />
Realização: Yevgeny Yufi t (Rússia, Holanda, Suíça, 2002);<br />
Argumento: Vera Novikova, Natalya Skorokhod, Yevgeny<br />
Yufi t, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The Murders in<br />
the Rue Morgue”); Produção: Sergei Selyanov; Fotografi a<br />
(cor): Yevgeny Yufi t; Design de Produção: Yevgeny Yufi t;<br />
Companhias de produção: Direktion für Entwicklung und<br />
Zusammenarbeit (DEZA), Fondazione MonteCinemaVerità<br />
Locarno, Hubert Bals Fund, Kinokompaniya CTB, Nikola<br />
Film; Intérpretes: Aleksandr Anikeyenko, Aleksandr<br />
Maskalin, Vera Novikova, Olga Semyonova, Yelena<br />
Simonova, etc.<br />
Título original: “Creepy Canada” - episódio The Grave of<br />
Edgar Allan Poe/The Ghost of the Silver Run Tunnel/Isle<br />
of Demons Série de TV (Canadá, 2002)<br />
Música: Mark Dwyer, Martin Deller, Tony Tosti; Som: Jeff<br />
McCormack, Russ Mackay; Fotografi a (cor): Roger Singh,<br />
Eli M. Yonova; Intérpretes: Dave Ehrman, Ashley Hall,<br />
Deborah L. Murphy, Sandra Lynn O’Brien, Mark Redfi eld<br />
(Edgar Allan Poe), Jennifer Rouse, Tony Tsendeas, etc. Data<br />
de emissão:??? (Temporada 3, Episódio 2).<br />
Título original: Das Verräterische Herz<br />
Realização: Marc Malze (Alemanha, 2003); Argumento:<br />
Marc Malze, segundo obra de Edgar Allan Poe (“The<br />
Tell-Tale Heart”); Produção: Fabian Massah, Masud Rajai;<br />
Música: Lars Löhn; Fotografi a (cor): Florian Schilling;<br />
Montagem: Piet Schmelz; Casting: Suse Marquardt;<br />
Design de Produção: Sebastian T. Krawinkel; Direcção<br />
artística: Bülent Akgün, Lea Bohm, Axel Weller; Guardaroupa:<br />
Senay Ay, Kirstin Groppe, Inga Kusche, Beate<br />
Scheel; Maquilhagem: Ariane Kohlheim; Direcção de<br />
produção: André Cerbe, Ricarda Hibbeln, Fabian Massah;<br />
Assistentes de realização: Katrin Goetter; Som: Stefan<br />
Soltau; Companhias de produção: Cinex Film- und<br />
Fernsehproduktion, Deutsche Film- und Fernsehakademie<br />
Berlin (DFFB), Malze Massah Joint Film Production;<br />
Intérpretes: Nicolas von Wackerbarth (Edgar), Martin<br />
Eckermann, Hansgeorg Gantert, Detlef Bierstedt, Ilona<br />
Schulz, Alexander Wikarski, Maximilian Schierstädt, etc.<br />
Duração: 15 min.
Título original: The Raven<br />
Realização: Peter Bradley (EUA, 2003); Argumento: Peter<br />
Bradley, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Peter Bradley; Música: Steven Lovelace; Fotografi a (cor):<br />
Christopher Webb; Montagem: Peter Bradley; Direcção<br />
artística: John Jerard; Maquilhagem: Rachel C. Hunter;<br />
Departamento de arte: Mary Creede, John Jerard; Som:<br />
Mike Arafeh, Steven Lovelace; Efeitos visuais: David Fino,<br />
Dan LeRoy; Companhias de produção: Trilobite Pictures;<br />
Intérpretes: Jenny Guy (Lenore), Louis Morabito, Michael<br />
G. Sayers (Narrador), etc. Duração: 11 min.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Jeff Hoffman (EUA, 2003); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Jeff Hoffman,<br />
Terry McCoy; Fotografi a (cor): Eric Leach; Montagem:<br />
Yusaku Mizoguchi; Guarda-roupa: Stacy Stagnaro;<br />
Assistentes de realização: Roy Maurer; Companhias de<br />
produção: Button Pictures; Intérpretes: John Fava, James<br />
R. Taber, Ronald Roberts, Bob Peterson, Steven Stedman;<br />
Duração: 18 min.<br />
Título original: El Barril del amontillado<br />
Realização: Alexis Puig (Argentina, 2003); Argumento:<br />
Alexis Puig, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
María Rosa Grandinetti; Fotografi a (cor): Hugo Ponce;<br />
Montagem: Ernesto Zabatarelli; Direcção de produção:<br />
Nene Vidal; Assistentes de realização: Marina Ferrari; Som:<br />
Diego Dománico; Efeitos Especiais: Rolo Villar; Intérpretes:<br />
Lola Cordero (Ana), Gaia Rosviar (Rafaela), Nicolás Scarpino<br />
(Fortunato), Jorge Schubert (Monterrey), etc.<br />
Título original: El Corazón Delator<br />
Realização: Alfonso S. Suárez (Espanha, 2003); Argumento:<br />
Alfonso S. Suárez, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Carlos Espina, Alfonso S. Suárez; Música:<br />
Juan Carlos Casimiro; Fotografi a (cor): Gregorio Torre;<br />
Montagem: Fernando Rodríguez; Direcção de produção:<br />
José Luis Martínez Díaz; Companhias de produção: Verité<br />
de Cinematgrafía; Intérpretes: Paul Naschy (Louco), Eladio<br />
Sánchez, Paco Hernández, Javier Franquelo, etc. Duração:<br />
9 min.<br />
Título original: Il Gatto Nero<br />
Realização: Lucrezia Le Moli (Itália, 2003); Argumento:<br />
Lucrezia Le Moli, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Lucrezia Le Moli, Luca Magri; Música: Klaverna;<br />
Fotografi a (cor): Francesco Campanini; Montagem: Ash<br />
Campbell, Lucrezia Le Moli; Design de Produção: Johanna<br />
Munck; Guarda-roupa: Johanna Munck; Direcção de<br />
produção: Andrea Zannoni; Assistentes de realização:<br />
Federica Faroldi; Som: Ash Campbell; Intérpretes:<br />
Elisabetta Pozzi, Roberto Abbati, Luca Magri, Primo<br />
Giroldini, Adriano Guareschi, etc. Duração: 12 min.<br />
Título original: Descendant<br />
Realização: Kermit Christman, Del Tenney (EUA, 2003);<br />
Argumento: Kermit Christman, Margot Hartman, William<br />
Katt, Del Tenney; Produção: Kermit Christman, Joseph<br />
Dickstein, Joyce North, Del Tenney; Música: Timothy<br />
Wynn; Fotografi a (cor): D. Alan Newman; Montagem: Ted<br />
Thompson; Casting: Katy Wallin; Direcção artística: Robert<br />
La Liberte; Decoração: Marisa Vargo; Guarda-roupa:<br />
Bernie White; Maquilhagem: Rick Bongiovanni, Tanya<br />
Cookingham, Lorraine Martin; Direcção de Produção:<br />
Sirad Balducci, Lionel Ball; Assistentes de realização: Craig<br />
Borden, Alfi e Kiernan, Aaron Walters; Som: Lionel Ball,<br />
Woody Stubblefi eld; Efeitos especiais: Rick Bongiovanni;<br />
Companhias de produção: Mainline Releasing, Del Mar<br />
Productions; Intérpretes: Jeremy London (Ethan Poe /<br />
Frederick Usher), Katherine Heigl (Ann Hedgerow / Emily<br />
Hedgerow), Arie Verveen (Edgar Allan Poe), Nick Stabile<br />
(John Burns), William Katt (Dr. Tom Murray), Whitney<br />
Dylan (Lisa), Matt Farnsworth, Margot Hartman, Cheryl<br />
Dent, Lissa Pallo, Jodi Stevens, Jenna Bodnar, Craig Patton,<br />
Diane Foster, Amy Lindsay, Bryan Crump, Val Tasso, etc.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Stephanie Sinclaire (Inglaterra, 2004);<br />
Argumento: Stephanie Sinclaire, segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe; Produção: Brian Freeston, Stephanie Sinclaire,<br />
Nigel Wooll; Fotografi a (cor): Jack Cardiff; Montagem:<br />
Jack Cardiff; Direcção de produção: Jo Harrop; Assistentes<br />
de realização: Steve Newton; Companhias de produção:<br />
Dragonfl y Films, Silk Road Productions; Intérpretes: Oliver<br />
Bradshaw, Stephen Lord (Ed Poe), Michael Roberts, Mark<br />
White, etc.<br />
Título original: Berenice<br />
Realização: Geoffrey Ciani, Christian Twiste (EUA, 2004);<br />
Argumento: Geoffrey Ciani, Christian Twiste, segundo<br />
obra de Edgar Allan Poe; Produção: Geoffrey Ciani, S.E.<br />
Hackett, Christian Twiste; Música: Ariel Ramos, Gama<br />
Viesca; Fotografi a (cor): Christian Twiste; Montagem:<br />
Geoffrey Ciani, Christian Twiste; Casting: Toni Cusumano;<br />
Companhias de produção: Mushroom Cloud Productions<br />
LLC; Intérpretes: Paul Boccadoro, David F. Cressman, John<br />
Cusumano, Billy Ehrlacher, Trisha Hershberger (Berenice),<br />
Dick Nepon, Tesia Nicoli, Dan Quigley, Christian Twiste,<br />
Robert Twiste, Bob Weick, etc. Duração: 58 min | 60 min<br />
(DVD).<br />
Título original: El Hombre Largo<br />
Realização: Hernán Sáez (Argentina, 2004); Argumento:<br />
Paulo Soria, segundo obra de Edgar Allan Poe; Montagem:<br />
Hernán Sáez, Ernesto Zavatarelli; Companhias de<br />
produção: Canal 7, Instituto Nacional de Cine y Artes<br />
<strong>Audiovisual</strong>es (INCAA); Intérpretes: Carlos Belloso, Walter<br />
Cornás, Enrique Liporace, Bárbara Lombardo, Hernán<br />
Salinas, Paulo Soria, etc. Duração: 60 min.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Raúl Garcia (Luxemburgo, Espanha, EUA,<br />
2005); Argumento: Raul Garcia, Raúl García, segundo obra<br />
de Edgar Allan Poe; Produção: Rocío Ayuso, Raul Garcia,<br />
Raúl García, Catherine Knott, Stéphane Roelants, Manuel<br />
Sicilia, Craig Standen; Música: Javier López de Guereña,<br />
Erik Matro; Montagem: Raul Garcia; Direcção artística:<br />
Manuel Sicília; Direcção de produção: Miguel A.S.<br />
Cogolludo; Som: Mike Butcher; Intérpretes: Bela Lugosi<br />
(Narrador); Duração: 10 min.<br />
Título original: Sílení ou Lunay<br />
Realização: Jan Svankmajer (República Checa, Eslováquia,<br />
2005); Argumento: Jan Svankmajer, segundo obras de<br />
Edgar Allan Poe (“The Premature Burial” e “The System of<br />
209 | Edgar Allan Poe no Cinema
210 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Dr. Tarr and Professor Fether”) e Marquês de Sade; Produção:<br />
Juraj Galvánek, Jaromír Kallista, Jaroslav Kucera, Dusan<br />
Kukal, Helena Uldrichová; Fotografi a (cor): Juraj Galvánek;<br />
Montagem: Marie Zemanová; Casting: Radek Hruska;<br />
Design de Produção: Jan Svankmajer, Eva Svankmajerová;<br />
Guarda-roupa: Veronika Hrubá, Eva Svankmajerová;<br />
Direcção de produção: Vera Ferdová; Assistentes de<br />
realização: Mendel Hardeman, Martin Kublák, Marketa<br />
Tom; Departamento de arte: Daniel Bird, Karel Vanásek;<br />
Som: Ivo Spalj; Companhias de produção: Athanor, Ceská<br />
Televize; Intérpretes: Pavel Liska, Jan Triska, Anna Geislerová,<br />
Jaroslav Dusek, Martin Huba, Pavel Nov , Stano Danciak, Jirí<br />
Krytinár, Jan Svankmajer, etc. Duração: 118 min.<br />
Título original: Berenice<br />
Realização: Bruno Duarte, Luciana Penna (Brasil, 2005);<br />
Argumento: Anna Karinne Ballalai, Augusto Dos Anjos, Bruno<br />
Duarte, Luciana Penna, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Bruno Duarte, Luciana Penna; Música: Marcelo<br />
Neves; Fotografi a (cor): Thiago Lima Silva; Montagem:<br />
Marina Meliande; Companhias de produção: Bruno<br />
Duarte, Luciana Penna, Universidade Federal Fluminense;<br />
Intérpretes: Fernando Eiras (Egeu), Cristina Flores (Berenice),<br />
Afonso Henriques Neto (Doorman), etc. Duração: 24 min.<br />
Título original: Der Verrückte, das Herz und das Auge<br />
Realização: Gregor Dashuber, Annette Jung (Alemanha,<br />
2006); Argumento: segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe; Produção: Fabian Gasmia; Música: Max Knoth;<br />
Companhias de produção: Hochschule für Film und<br />
Fernsehen ‘Konrad Wolf’; Intérpretes: Andreas Fröhlich,<br />
Tom Strauss, etc. Animação; Duração: 8 min.<br />
Título original: The House of Usher<br />
Realização: Hayley Cloake (EUA, 2006); Argumento: Collin<br />
Chang, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Boyd<br />
Hancock, Alyssa Weisberg; Fotografi a (cor): Eric Trageser;<br />
Montagem: Jo Francis; Casting: Alyssa Weisberg; Design<br />
de Produção: Lawrence Sampson; Guarda-roupa: Candice<br />
Carella; Maquilhagem: Christina LaPointe; Assistentes<br />
de realização: Melissa DeSimone, Roy Holt, Karlina Lyons;<br />
Departamento de arte: Kurt Bergeron, Susan Haynes Davis,<br />
Allison Morrissette; Som: Jeffery Alan Jones; Companhias<br />
de produção: Abernathy Productions; Intérpretes: Austin<br />
Nichols (Roderick Usher), Izabella Miko (Jill Michaelson),<br />
Beth Grant (Mrs. Thatcher), Stephen Fischer (Rupert<br />
Johnson), Danielle McCarthy, Elizabeth Duff, Robin Kurian,<br />
Jason Fields, Jamey Jasta, Ann Howland, Henry Ebinger,<br />
Chris Eagan, Tim Hancock, etc. Duração: 81 min.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Michael Swertfager, Lawrence ‘Law’ Watford<br />
(EUA, 2006); Argumento: segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Lawrence ‘Law’ Watford, Tiffany Wilson; Música:<br />
Nick Bagg; Fotografi a (cor): Lawrence ‘Law’ Watford;<br />
Montagem: Lawrence ‘Law’ Watford; Companhias de<br />
produção: Lawville Solutions; Intérpretes: Dave Hobbs,<br />
Antwon Smallwood, etc. Duração: 15 min.<br />
Título original: Nightmares from the Mind of Poe<br />
Realização: Ric White (EUA, 2006); Argumento: Ric<br />
White, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Linda<br />
Thornton, Ric White; Música: Joe Riley; Fotografi a (cor):<br />
John Gerhart; Companhias de produção: Willing Hearts<br />
Productions; Intérpretes: James Anderson, David Ballasso,<br />
David Bayer, Dave Bielawski, Emma Cardosi, David<br />
Chattam, Clayton Laurence Cheek, Deanne Collins, Ron<br />
Cushman, Retika Dial, Tom Dolan, Kenneth Dozier, Judith<br />
Draper, William Hendry, etc. Duração: 93 min.<br />
O CORVO<br />
Título original: The Raven<br />
Realização: Ulli Lommel (EUA, 2006); Argumento: Ulli<br />
Lommel, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Jeff Frentzen, Ulli Lommel, Nola Roeper; Música: Robert<br />
J. Walsh; Fotografi a (cor): Bianco Pacelli; Montagem:<br />
Christian Behm, Brian Lancaster; Casting: Rachael Devlin;<br />
Design de Produção: Patricia Devereaux; Maquilhagem:<br />
Aimee Galicia Torres; Direcção de produção: Trista Beard,<br />
Howard Berstein; Departamento de arte: Jim Swain; Som:<br />
Larry Bryanston, Derek Frentzen; Efeitos Especiais: Aimee<br />
Galicia Torres; Guarda-roupa: Jimmy Williams; Companhias<br />
de produção: Hollywood House of Horror, The Shadow<br />
Factory Inc.; Intérpretes: Jillian Swanson (Lenore), Jack<br />
Quinn (Skinner), Victoria Ullmann (Annabel Lee), Michelle<br />
Guest (Doree), Sharon Senina (Jackie), Jaquelyn Aurora<br />
(Shannon), Michael Barbour (Edgar Allan Poe), Trista Beard,<br />
Ernest Borneo, Nicole Cooke, Janelle Dote, Carsten Frank,<br />
Tisha Franklin, Jeff Frentzen, Laura Hofrichter, Ulli Lommel,<br />
etc. Duração: 81 min; Classifi cação etária: M/ 16 anos;<br />
Disribuição em <strong>Portugal</strong> (DVD): Prisvideo.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Brett Kelly (Canadá, 2006); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Anne-Marie<br />
Frigon; Música: Chris Nickel; Companhias de produção:<br />
Dudez Productions; Intérpretes: Brett Kelly (Narrador).<br />
Título original: “The Venture Bros.” Escape to the House<br />
of Mummies, Part II<br />
Realização: Christopher McCulloch (EUA, 2006); Argumento:<br />
Doc Hammer, Christopher McCulloch; Produção: Nathan
Graf, Christopher McCulloch, Jeremy Rosenberg, Rachel<br />
Simon, Steven S.H. Yoon; Música: J.G. Thirlwell; Montagem:<br />
Doc Hammer; Direcção de Produção: Nisa Contreras, Keith<br />
Crofford, Michael Lazzo; Departamento de arte: Liz Artinian,<br />
Peter Brown, Marina Dominis-Dunnigan, Siobhan Mullen;<br />
Som: Rachel Chancey, Dave Paterson; Efeitos visuais: Luciano<br />
DiGeronimo, Doc Hammer; Animação: Kimson Albert,<br />
Jennifer Batinich, Tom Bayne, Nick DeMayo, Chris George,<br />
Matthew I. Jenkins, Agatha Sarim Kim, Sadie Y.E. Lee, Miguel<br />
Martinez-Joffre, Martin Wittig; Companhias de produção:<br />
Williams Street; Intérpretes (vozes): James Urbaniak, Patrick<br />
Warburton, Michael Sinterniklaas, Christopher McCulloch,<br />
Steven Rattazzi, Doc Hammer, H. Jon Benjamin, Lisa Hammer,<br />
etc. Duração: 22 min. Data de emissão: 16 de Julho de 2006<br />
(Temporada 2, Episódio 4).<br />
Título original: The Death of Poe<br />
Realização: Mark Redfi eld (EUA, 2006); Argumento:<br />
Mark Redfi eld, Stuart Voytilla; Produção: Tom Brandau,<br />
Wesley Nolan, Mark Redfi eld, Jennifer Rouse, Robert<br />
Sprowls, Stuart Voytilla, J.J. Weber; Música: Jennifer Rouse;<br />
Fotografi a (cor): Jeff Herberger; Montagem: Jay Carroll,<br />
Sean Paul Murphy; Maquilhagem: Mary ‘Dugan’ Buono,<br />
Eric Supensky; Assistentes de realização: Thomas Brandau;<br />
Departamento de arte: William Kelley, Clay Supensky;<br />
Companhias de produção: Redfi eld Arts; Intérpretes:<br />
Mark Redfi eld (Edgar Allan Poe), Kevin G. Shinnick (Dr.<br />
John Moran), Jennifer Rouse (Mrs. Moran), Tony Tsendeas<br />
(Neilson Poe), Kimberly Hannold (Virginia Clemm), Wayne<br />
Shipley, Jonathon Ruckman, George Stover, J.R. Lyston, Curt<br />
Boushel, Sandra Lynn O’Brien, Chuck Richards, Deborah<br />
L. Murphy, Dave Ellis, Jimmyo Burril, Thomas E. Cole, Erik<br />
DeVito, Pete Karas, Andrew Ready, Tom Brandau, Holly<br />
Huff, T.B. Griffi th, Douglas Spence, Shawn Jones, Johanna<br />
Supensky, Josh Metz, Samuel DiBlasi Jr., Richard Arnold,<br />
Michael H. Alban, etc. Duração: 80 min.<br />
Título original: Nightmares from the Mind of Poe<br />
Realização: Ric White (EUA, 2006); Argumento: Ric White,<br />
Edgar Allan Poe; Produção: Clayton Laurence Cheek, Tom<br />
Dolan, Toni Sowell, Linda Thornton, Tom Varenchick, Ric<br />
White; Música: Joe Riley; Fotografi a (cor): John Gerhart;<br />
Companhias de produção: Willing Hearts Productions;<br />
Intérpretes: James Anderson, David Ballasso, David Bayer,<br />
Dave Bielawski, Emma Cardosi, David Chattam, Clayton<br />
Laurence Cheek, Deanne Collins, Ron Cushman, Retika Dial,<br />
Tom Dolan, Kenneth Dozier, Judith Draper, William Hendry,<br />
John Huber, Steve Jarrell, Stephen Jerrell Jr., Carey Kotsionis,<br />
Mickey Love, Stephanie Love, Jay McMahon, Doug Moore,<br />
Lisa Parham, Michael Roark, Cole Schaefer, Ricky Smith, Toni<br />
Sowell, Linda Thornton, Tom Varenchick, Jamie Vincent, Ric<br />
White (Edgar Allan Poe), etc. Duração: 93 min.<br />
Título original: E.A.P.<br />
Realização: Bradford R. Youngs (EUA, 2007); Argumento:<br />
Bradford R. Youngs; Produção: Bradford R. Youngs, Gina<br />
Youngs; Fotografi a (cor): John Darbonne, Bradford R. Youngs;<br />
Montagem: Robert Dias, Allen Kaufman; Som: Allen Kaufman;<br />
Companhias de produção: Twilight Entertainment, Twilight<br />
Studios; Intérpretes: Colin Branca (Edgar Allan Poe), Elwood<br />
Carlisle (Velho), etc. Duração: 8 min.<br />
Título original: El Cuervo<br />
Realização: Richie Ercolalo (Argentina, 2007); Argumento:<br />
Richie Ercolalo, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Cristian De Ricci, José Ercolado, Richie Ercolalo;<br />
Música: Pablo Borghi; Fotografi a (cor): Malco Alonso;<br />
Montagem: Richie Ercolalo; Direcção artística: Richie<br />
Ercolalo; Maquilhagem: Mariana Rosselli, Mariana Talta;<br />
Assistentes de realização: Camila Rossi; Departamento<br />
de arte: Patricia Gallardo; Som: Alejandro G. Ludueña;<br />
Animação: Marcos Ilari; Intérpretes: Pascual Aldana, Javier<br />
Darío Alfonso, José Andrada, María Victoria Baldomir,<br />
Verónica Belloni, Fernando A. Beracochea, Daniel<br />
Bonapartian, Eduardo Bonapartian, Santiago Cadenas,<br />
Belén Céspedes, Néstor Cunzo, etc. Duração: 30 min.<br />
Título original: série de TV “Masters of Horror” – episódio<br />
“The Black Cat”<br />
Realização: Stuart Gordon (EUA, Canadá, 2007); Argumento:<br />
Dennis Paoli, Stuart Gordon segundo obra de Edgar<br />
Allan Poe (“The Black Cat”); Produção: Ken Abraham,<br />
Ben Browning, Adam Goldworm, Lisa Richardson, Tom<br />
Rowe; Música: Rich Ragsdale; Fotografi a (cor): Jon Joffi n;<br />
Montagem: Marshall Harvey; Casting: Stuart Aikins, Sean<br />
Cossey, Lindsey Hayes Kroeger, David Rapaport; Design<br />
de Produção: Don Macaulay; Direcção artística: Margot<br />
Ready; Guarda-roupa: Lyn Kelly; Maquilhagem: Sarah<br />
Graham, Adina Shore, Margaret Solomon; Assistentes de<br />
realização: Alexia S. Droz, Rob Duncan, David Markowitz,<br />
Ania Musiatowicz; Departamento de arte: Jean Brophey,<br />
Nick Dibley, John Wilcox; Som: Anke Bakker, Kris Fenske;<br />
Efeitos Especiais: Howard Berger, Gregory Nicotero, Chris<br />
Sturges; Efeitos visuais: Julie Bergman; Guarda-roupa: Debra<br />
Torpe; Companhias de produção: Starz Productions, Nice<br />
Guy Productions, Industry Entertainment, Reunion Pictures;<br />
Intérpretes: Jeffrey Combs (Edgar Allan Poe), Elyse Levesque<br />
(Virginia Poe), Aron Tager (George Graham), Eric Keenleyside,<br />
Patrick Gallagher, Christopher Heyerdahl, Ken Kramer, Ian<br />
Alexander Martin, Ryan Crocker, etc. Duração: 58 min.<br />
Título original: Berenice<br />
Realização: Alejandro Aguilera (México, 2007); Argumento:<br />
segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Alejandro<br />
Aguiler; Fotografi a (cor): Alejandro Aguilera; Companhias<br />
de produção: Ultima Realidad Films; Intérpretes: David<br />
Nava; Duração: 10 min.<br />
Título original: The Raven (TV)<br />
Realização: David DeCoteau (EUA, 2007); Argumento:<br />
Matthew Jason Walsh segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: Paul Colichman, David DeCoteau, Stephen<br />
P. Jarchow; Música: Richard Band, Joe Silva; Fotografi a<br />
(cor): Vincent G. Cox; Montagem: Christopher Bavota;<br />
Efeitos visuais: Sergey Musin; Guarda-roupa: Gitta Cox;<br />
Companhias de produção: Rapid Heart Pictures; Intérpretes:<br />
Rick Armando (Roderick), Litha Booi (Pembroke), Ivan<br />
Botha (Greg), Joy Lucelle De Gee (Helen), Richard Johnson<br />
(narrador), John Jordan, Traverse Le Goff; Justin Mancer,<br />
Justin McGibbon, Brian Mitchell, Graeme Richards, Andre<br />
Velts, Nicholas Wickstrom, etc. Duração: 96 min.<br />
Título original: Edgar Allan Poe’s Ligeia<br />
Realização: Michael Staininger (EUA, 2008); Argumento:<br />
John Shirley, segundo obra de Edgar Allan Poe (“Ligeia”);<br />
211 | Edgar Allan Poe no Cinema
212 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
Produção: Chris Benson, Wes Bentley, Donald P. Borchers,<br />
Robert Crombie, Randall Emmett, George Furla, Van<br />
Johnson, Jeff Most, Artur Novikov, Jeff Rice, Sergei<br />
Veremeenko; Música: Patrick Cassidy, Michael Edwards;<br />
Fotografi a (cor): Chris Benson; Montagem: Danny<br />
Saphire, Michal Shemesh; Casting: Shannon Makhanian,<br />
Rosemary Welden; Design de Produção: Cat Cacciatore;<br />
Direcção artística: Jim Tudor; Guarda-roupa: Mandi<br />
Line; Maquilhagem: Lisa Brockman-Kalz; Direcção de<br />
produção: Matt Corrado, Jeff Most, Jeff Most; Assistentes<br />
de realização: Aaron Crozier, Brent Jaimes, Charles Leslie,<br />
Jeff Most ; Departamento de arte: Chris Shader, Flynn<br />
Smith; Som: Steven Avila, Peter D. Lago, Steven Utt;<br />
Efeitos Especiais: Greg Goad; Efeitos visuais: David A.<br />
Davidson, Joseph Emerling; Companhias de produção:<br />
Yalta-Film, Jeff Most Productions, Poe Vision; Intérpretes:<br />
Wes Bentley (Jonathan), Kaitlin Doubleday (Rowena),<br />
Mackenzie Rosman (Loreli), Michael Madsen (George), Eric<br />
Roberts (Vaslov), Cary-Hiroyuki Tagawa, Sofya Skya (Ligeia<br />
Romanova), Joel Lewis, Christa Campbell, Lydia Hull, Jeff<br />
Most, Susan L. Fry, Matthew Gowan, Ryan O’Quinn, etc.<br />
Título original: Morella<br />
Realização: Jeff Ferrell (EUA, 2008); Argumento: Jeff<br />
A. Ferrell, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Jeff Ferrell; Música: Semih Tareen; Fotografi a (cor): Jeff<br />
Vigil; Montagem: Jeremy Schmidt; Intérpretes: Dennis<br />
Kleinsmith (homem, narrador), Lisa Coronado (Morella),<br />
Hannah Morwell, etc. Duração: 10 min.<br />
Título original: The Horror Vault 2<br />
Realização: Henric Brandt (episódio “The Dead Chick<br />
In The Closet”), Lars Gustavsson (episódio “Restroom”),<br />
Oscar Malm (episódio “Restroom”), Martin Vrede<br />
Nielsen (episódio “Repugnant”), Michael Vrede Nielsen<br />
(episódio “Repugnant”), Guy Pearson (episódio “Mr.<br />
Happy Sunshine”), Kim Sønderholm (episódio “Invasion<br />
of Privacy”), Ben Wydeven (episódio “The Medium”) (EUA,<br />
Suécia, Dinamarca, 2008); Argumento: Stefan Bommelin,<br />
Henric Brandt, Lars Gustavsson, H.P. Lovecraft, Oscar<br />
Malm, Paul Meagher, Andreas Rylander, Kim Sønderholm,<br />
Rasmus Tirzitis, Ben Wydeven, Martin Vrede Nielsen,<br />
Michael Vrede Nielsen, segundo obra de Edgar Allan<br />
Poe (episódio “Repugnant”); Produção: Adrian Alfonso,<br />
David Ballerstein, Henric Brandt, Jarrod Crooks, Lars<br />
Gustavsson, Jan T. Jensen, Kelly Karnetsky, Oscar Malm,<br />
Gunnel Neltzen, Guy Pearson, Jim Pedersen, Jason<br />
Perlzweig, Joseph Pozo, Kim Sønderholm, Melanie Sparks,<br />
Scott Christian Spencer, Jeff Stoll, Fabrizio Wiederkehr;<br />
Música: Samir El Alaoui (episódio: “The Dead Chick In The<br />
Closet”), Just J. (episódio “The Medium”), Michael Ohlsson<br />
(episódio: ‘Restroom’); Carl Sharrocks (episódio “Mr. Happy<br />
Sunshine”); Fotografi a (cor): Stefan Bommelin (episódio:<br />
“The Dead Chick In The Closet”), Lars Gustavsson (episódio:<br />
‘Restroom’), Joachim Johansen (episódio “Invasion of<br />
Privacy”), Oscar Malm (episódio: ‘Restroom’), Guy Pearson<br />
(episódio “Mr. Happy Sunshine”); Montagem: Krede<br />
Andersen, Henric Brandt (episódio “The Dead Chick In The<br />
Closet”), Oscar Malm (episódio: ‘Restroom’), Guy Pearson<br />
(episódio “Mr. Happy Sunshine”), Kim Sønderholm<br />
(episódio “Invasion of Privacy”), Ben Wydeven (episódio<br />
“The Medium”); Maquilhagem: Ulla Glud (episódio<br />
“Repugnant”), Lars Gustavsson (episódio: ‘Restroom’),<br />
Oscar Malm (episódio: ‘Restroom’), Lisa Stenlid (episódio<br />
“The Dead Chick In The Closet”); Direcção de produção:<br />
James Rubino (episódio “The Medium”); Assistentes de<br />
realização: Rasmus Tirzitis (episódio “The Dead Chick<br />
In The Closet”); Som: Becky Kostlevy, Paul Meagher, Guy<br />
Pearson, Yia Xiong; Efeitos visuais: Andreas Feix, Oscar<br />
Malm; Companhias de produção: Cetus Productions;<br />
Intérpretes: Kim Sønderholm (Dennis), Ditte U. (Laura),<br />
Vibeke Zeuthen (Rebecca), Lars Bjarke (Reuben) (episódio<br />
‘Invasion of Privacy’); Dennis Haladyn (homem), Michael<br />
Vrede Nielsen (animal) (episódio ‘Repugnant’), Dan<br />
Burger (Joe Valentino), Jarrod Crooks (corvo), Jeffrey<br />
Glenn (Tom Geideman), Jessica Heyel (Lenore Derry),<br />
Jon Lipscomb (Rodriguez), Jessie Mueller (Jenny Cavoto)<br />
(episódio “The Medium”); Yohanna Idha (galinha<br />
morta), Anders Menzinsky (Ben), Pontus Olgrim (John),<br />
Penelope Papakonstantinou (Sandra), Andreas Rylander<br />
(Phillip) (episódio ‘The Dead Chick In The Closet’); Mark<br />
Baker (Steven), Daniel Garthwright (Lee), Paul Meagher<br />
(Saul), Gary Wall (segunda vítima) (episódio “Mr. Happy<br />
Sunshine”); Christoffer Jonsson (homem que grita)<br />
(episódio “Restroom”), etc. Duração: 90 min.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Robert Eggers (EUA, 2008); Argumento: Robert<br />
Eggers, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção: Maura<br />
Anderson, Michael Neal; Música: Johann Sebastian Bach,<br />
Thomas Ulrich; Fotografi a (cor): Jarin Blaschke; Montagem:<br />
Louise Aldersay; Design de produção: Robert Eggers;<br />
Guarda-roupa: Robert Eggers; Assistentes de realização:<br />
Amanda Michaels; Departamento de arte: Jennie Green,<br />
Edouard Langlois; Som: Dave Groman, Matt Rocker, Damian<br />
Volpe; Efeitos visuais: Gordon Arkenberg; Companhias de<br />
produção: Palehorse Productions; Intérpretes: Carrington<br />
Vilmont, Richard Easton, Dan Charlton, Nathan Allison, Dan<br />
Murphy, etc. Duração: 21 min.<br />
Título original: “Muchachada nui” – episódio 2.10 - Série<br />
de TV (2008)<br />
Realização: Joaquín Reyes (Espanha, 2008); Argumento:<br />
Joaquín Reyes, Carlos Areces, Ernesto Sevilla, Raúl Cimas,<br />
Julián López; Produção: Flipy; Música: Enrique Borrajeros;<br />
Montagem: Juanma Ibáñez, Rebeca Saenz de Jubera;<br />
Decoração: Noe Cabañas; Maquilhagem: Oscar del Monte,<br />
Nacho Díaz, Antonio Hortas, Cristina Malillos; Direcção de<br />
Produção: Manuel Sánchez, Jorge Torrens ; Assistentes de<br />
realização: Paula Palmero, Ernesto Sevilla; Departamento<br />
de arte: Rafael Sanz; Som: Miguel Angel Walter, Roberto<br />
Fernández; Animação: Joaquín Reyes; Intérpretes: Joaquín<br />
Reyes, Ernesto Sevilla, Raúl Cimas (Edgar Allan Poe), Julián<br />
López, Carlos Areces, Mercedes Navarro, Jesús Reyes, Mark<br />
García, Jesús Herrero, Duane Jones, Judith O’Dea, etc. Data<br />
de emissão: 11 de Junho de 2008 (Temporada 2, Episódio 10).<br />
Título original: The Pit and the Pendulum<br />
Realização: David DeCoteau (EUA, 2009); Argumento:<br />
Simon Savory, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Paul Colichman, Stephen P. Jarchow, John Schouweiler;<br />
Música: Jerry Lambert, Fotografi a (cor): Howard Wexler;<br />
Montagem: Jack Harkness; Assistentes de realização:<br />
Wise Lee; Som: David Tarango; Companhias de produção:<br />
Rapid Heart Pictures; Intérpretes: Lorielle New (JB Divay),<br />
Stephen Hansen (Jason), Bart Voitila (Kyle), Danielle
Demski (Alicia), Amy Paffrath (Gemma), Tom Sandoval<br />
(Vinnie), Michael King, Jason-Shane Scott, Andrew Bowen,<br />
Jason Stuart, Greg Sestero, etc. Duração: 86 min.<br />
Título original: Tell-Tale<br />
Realização: Michael Cuesta (EUA, 2009); Argumento:<br />
Dave Callaham, segundo obra de Edgar Allan Poe;<br />
Produção: John Baca, Dave Callaham, Matthew E.<br />
Chausse, Michael Costigan, Michael Ellenberg, Myles<br />
Nestel, Malcolm Reeve, Robert Salerno, Ridley Scott, Tony<br />
Scott, Martin Shore, Gordon Steel, Christopher Tuffi n,<br />
Patrick Wabl; Música: Pierre Földes; Fotografi a (cor): Terry<br />
Stacey; Montagem: Kane Platt; Casting: Beth Bowling,<br />
Kim Miscia; Design de Produção: Patti Podesta; Direcção<br />
artística: Jordan Jacobs; Decoração: Anuradha Mehta;<br />
Guarda-roupa: Mary Claire Hannan; Maquilhagem:<br />
Frank Barbosa, Kate Biscoe, Cheryl Daniels, Paula Dion;<br />
Direcção de produção: Craig Ayers, Jonathan Ferrantelli,<br />
Chris Ward; Assistentes de realização: Ivan J. Fonseca,<br />
Elizabeth MacSwan, Adam T. Weisinger; Departamento<br />
de arte: Dawson Nolley; Som: Drazen Bosnjak; Efeitos<br />
visuais: Seb Caudron; Companhias de produção: Artina<br />
Films, Oceana Media Finance, Poe Boy Productions, Scott<br />
Free Productions, Social Capital, The Steel Company,<br />
Tax Credit Finance; Intérpretes: Josh Lucas (Ferry), Lena<br />
Headey (Elizabeth), Brian Cox (Van Doren), Beatrice Miller<br />
(Angela), Dallas Roberts, Ulrich Thomsen, Pablo Schreiber,<br />
Jamie Harrold, Tom Riis Farrell, Michael K. Williams, Scott<br />
Winters, Tom Kemp, Cassandre Fiering, Kara Lund, Desiree<br />
April Connolly, Roger Dillingham Jr., Alba Albanese, Darya<br />
Zabinski, Susan Farese, Albert Gornie, etc. Distribuição em<br />
<strong>Portugal</strong>: Filmes Lusomundo (2009) (<strong>Portugal</strong>).<br />
Título original: The Pit and the Pendulum<br />
Realização: David DeCoteau (EUA, 1009); Argumento:<br />
Simon Savory, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Paul Colichman, Stephen P. Jarchow, John Schouweiler;<br />
Fotografi a (cor): Howard Wexler; Montagem: Jack<br />
Harkness; Assistentes de realização: Wise Lee; Som:<br />
David Tarango; Companhias de produção: Rapid Heart<br />
Pictures; Intérpretes: Lorielle New (J.B.), Stephen Hansen<br />
(Jason), Bart Voitila (Kyle), Danielle Demski (Alicia), Amy<br />
Paffrath (Gemma), Tom Sandoval (Vinnie), Michael King<br />
(Trevor), Jason-Shane Scott, Greg Sestero, Jason Stuart,<br />
etc. Duração: 86 min; em produção.<br />
Título original: Lighthouse<br />
(EUA, 2008); Argumento: Richard Selzer, segundo obras de<br />
A.W. Knuudsen e Edgar Allan Poe; Produção: Tom O’Brien;<br />
Caroline Stern; Casting: Mary Vernieu; Companhias de<br />
produção: Irreverent Media; Intérpretes: Kevin Zegers<br />
(John Jacob Moran), Saul Rubinek (DeGrat), etc. Duração:<br />
104 min; em produção.<br />
Título original: The Tell-Tale Heart<br />
Realização: Ryan Shovey (EUA, 2008); Argumento: Ryan<br />
Shovey, segundo obra de Edgar Allan Poe; Produção:<br />
Ryan Shovey; Música: Vaughn Morris; Fotografi a (cor):<br />
Chris Tharp; Montagem: Ryan Shovey; Companhias de<br />
produção: Freak Daddy Productions; Intérpretes: Glenn<br />
Bain, John Archer Lundgren, Sebastian Montoya, John<br />
Salamone, C.J. Smith, etc. Duração: 26 min.<br />
Título original: Poe: Last Days of the Raven<br />
Realização: Brent Fidler (Canadá, 2008); Argumento: Brent<br />
Fidler; Produção: Barry Backus; Bob Bottieri, Brent Fidler,<br />
Mackenzie Gray; Música: Tuomas Kantelinen; Fotografi a<br />
(cor): Eric J. Goldstein; Montagem: Barry Backus; Design<br />
de produção: Bob Bottieri; Direcção artística: Phil Trumbo;<br />
Decoração: Sebastian Bruski; Guarda-roupa: Sandra J.<br />
Blackie; Maquilhagem: Stacey Butterworth, Courtney<br />
Frey; Assistentes de realização: Laurent Piche; Som:<br />
Benjamin MacDonald; Efeitos especiais: Sebastian Bruski;<br />
Efeitos visuais: Ted Gervan; Intérpretes: Brent Fidler (Edgar<br />
Allan Poe), Mackenzie Gray (John Allan), Richard Keats (Dr.<br />
Moran), Emily Tennant (Virginia Poe), Lisa Langlois (Jane<br />
Stanard), Alex Diakun (Joseph Snodgrass), Alec Willows<br />
(Neilson Poe), Jerry Rector, Shannon Jardine, Sarah<br />
Deakins, Irina Fidler, Stanley Katz, Dave Newham, Olivia<br />
Rameau, Jeff Sarsfi eld, Janaki Singh, Michael Sunczyk,<br />
Elizabeth Volpe, etc. Duração: 80 min.<br />
Título original: Lives and Deaths of the Poets<br />
Realização: Leland Steigs (EUA, 2009); Argumento:<br />
Leland Steigs; Produção: Sydney-Chanele R. Dawkins,<br />
Leland Steigs; Maquilhagem: Laurie Freedman; Eve Yiotis;<br />
Som: Doris Baker, Steven P. Bryant, Erik Dunbar, Laurie<br />
Freedman, Bronson Hall, Derek Axel Rose, Cory Siansky,<br />
David Steiger, Leslie Steiger, David Tong; Companhias de<br />
produção: One Of A Kind Company; Intérpretes: Edward<br />
Robert Bach (Wendell Kennedy), Jonah Baker (Ernest<br />
Hemingway / Elvis Presley), Rob Stull (Joseph Kennedy<br />
- Jr.), Savannah Costello, Tom Townsend, Patrick Michael<br />
Strange (Jose Feliciano / Salvador Dali), Sharon Carpenter-<br />
Rose (Virginia Woolf / Kick Kennedy / Anne Hathaway /<br />
Miz Compson), Sam Navarro, Chelsea Connell, Larry<br />
Carter (Lord FitzWilliam / Jackson’s Manager), Kit Farrell<br />
(Teddy Kennedy), Kevin Tan (Samurai de Mishima), Gayle<br />
Yiotis (Yoko Ono), Bruce Allen Dawson (Jimi Hendrix<br />
/ Ralph Ellison / Leroy), Nora Bauer (Colette / Marie /<br />
Hendrix), Steven A. Webb, Terry Ward (Ed Wood), Rockzana<br />
Flores, Joseph Thornhill (Ritchie Valens), Lou Zammichieli<br />
(Jim Morrison / Lord Byron), Tiffany Ariany, Greg Coale<br />
(Edgar Allan Poe / Woody Allen / Snopes / Imperador<br />
Nero), Laura J. Scott, Amanda O’Connor (Mary Jo), Phil<br />
Filsoof (Hugh Hefner / Gustave Flaubert), Brandon<br />
Waite (Stephen King), Abraham Askew, Terria Monay<br />
(Janis Joplin), David Seemiller (Quentin Tarantino), Taylor<br />
Campbell, Raja Deka (Pablo Picasso), Erin Kaufman<br />
(Emily Bronte), Michelle Trout (Agatha Christie / Rose<br />
Kennedy), Karn Henderson (Charlotte Bronte), Gerald<br />
B. Browning (Percy Shelley), Frank Mancino (William<br />
Faulkner / Marcel Proust), Matt de Nesnera (Branwell<br />
Bronte), Ashley Edmiston (Mary Shelley), Brady Kirchberg<br />
(Nathaniel Hawthorne), Samantha Merrick (Mona Lisa<br />
/ Joan Vollmer), Steve Leventhal (Victor Hugo / Joseph<br />
Kennedy Sr.), Boris Alexander (F. Scott Fitzgerald), John<br />
Geoffrion (William Shakespeare / James Joyce), Bronson<br />
Hall, Jacob Canon (John F. Kennedy), Annalisa Pitman,<br />
Bill Jones (Leo Tolstoy), Peggy Swails, Peter Yiotis (Yukio<br />
Mishima), Erica Leigh Clare, Leo Reynolds (Michael<br />
Jackson), Benjamin Kingsland (Jack Kerouac), Jimmy Day,<br />
Kat Schadt (Marilyn Monroe), Carlyn Paschall (Aaliyah<br />
/ Fanny Ellison), Alexis Barone, Alistair Faghani, Cary<br />
Meltzer (Henry Miller), Sheri Cohen (Alice B. Toklas), Louis<br />
Bullock, Ginger Moss, Brian Mac Ian (William Wordsworth<br />
213 | Edgar Allan Poe no Cinema
214 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
/ Ted Hughes), Belinda Fadlelmola (Kaisha), Jean Burgess<br />
(Gertrude Stein), Victoria Fraser (Anne Bronte), Terrell<br />
Jenkins, Michael Shawn Montgomery (Robert F. Kennedy),<br />
Ed Swails, Gordon Gantt (Buddy Holly), Lydia Carroll<br />
(Kennedy Daughter), Luca Ducceschi (D.H. Lawrence),<br />
Rebecca A. Herron (Frieda Lawrence), Lenny Levy (Stanley<br />
Kubrick), Brandon Dawson, Lanny Slusher (W.C. Fields),<br />
Cory Siansky, Errol Sperling (Isaac Singer, Russten Motes,<br />
Ted Culler (James Whale), Jerry Stough, Matthew Bullock,<br />
Brian Sparrow, Bianca Roberts, Thomas Rotella (Leonardo<br />
Da Vinci), Josh Anderson (William Burroughs / Gavin<br />
Stevens), Carol Goldstone, etc.<br />
Título original: Poe<br />
Realização: Michael Sporn (EUA, 2009); Argumento:<br />
Maxine Fisher; Filme de animação, em rodagem; Biografi a<br />
de Edgar Allan Poe, com referência a cinco contos do<br />
autor; Produção: Philip Erdoes, Daria Jovicic, Michael<br />
Sporn; Montagem: Paul Carrillo; Animação: Matthew<br />
Clinton, Tissa David; Companhias de produção: Michael<br />
Sporn Animation, Wild Bear Films; Intérpretes: Hugh<br />
Dancy (Edgar Allan Poe) (voz), Alfred Molina (“The Black<br />
Cat”), Dianne Wiest, Joanna Scanlan, Mark Somen, etc.<br />
Título original: The Pit and the Pendulum<br />
Realização: Marc Lougee (Canadá, 200?); Produção: Ray<br />
Harryhausen & Fred Fuchs, Susan Ma e Marc Lougee;<br />
Animação; Duração: 7 min.<br />
Título original: The Horror Vault 3<br />
Realização: James Barclay (episódio “Unchangeable”),<br />
Henric Brandt (episódio “I Watch You Die”), Lars Gustavsson<br />
(episódio “The Sinister”), Dave Holt (episódio “The<br />
Psychomanteum”), Oscar Malm (episódio “The Sinister”),<br />
Kim Sønderholm (episódio “Little Big Boy”) (EUA, Suécia,<br />
Dinamarca, 2010); Argumento: James Barclay (episódio<br />
“Unchangeable”), Henric Brandt (episódio “I Watch You<br />
Die”), Lars Gustavsson (episódio “The Sinister”), Kim<br />
Sønderholm (episódio “Little Big Boy”), Dave Holt (episódio<br />
“The Psychomanteum”), segundo obras de H.P. Lovecraft e<br />
Edgar Allan Poe; Produção: James Barclay, Henric Brandt,<br />
Dave Holt, Jan T. Jensen, Jim Pedersen, Kim Sønderholm;<br />
Música: Samir El Alaoui (episódio “I Watch You Die”),<br />
Martin Kaufmann (episódio “Unchangeable”), Adam<br />
Sandberg (episódio “The Psychomanteum”), Palle Schultz<br />
(episódio “Unchangeable”); Fotografi a (cor): James Barclay<br />
(episódio “Unchangeable”), Stefan Bommelin (episódio<br />
“I Watch You Die”), Lars Gustavsson (episódio “The<br />
Sinister”), Dave Holt (episódio “The Psychomanteum”),<br />
Oscar Malm (episódio “The Sinister”); Montagem: James<br />
Barclay, Jonas Dahl (episódio “Unchangeable”), Stefan<br />
Bommelin, Henric Brandt (episódio “I Watch You Die”),<br />
Dave Holt (episódio “The Psychomanteum”), Oscar Malm<br />
(episódio “The Sinister”); Guarda-roupa: Camilla Kjær<br />
(episódio “Unchangeable”); Assistentes de realização:<br />
Shanon Briles, Leslie Hinge; Som: Jon Andersen, Buster<br />
Jensen, Peter Thorneman (episódio “Unchangeable”);<br />
Efeitos especiais: Lars Gustavsson, Oscar Malm (episódio<br />
“The Sinister”); Efeitos visuais: Jonas Dahl (episódio<br />
“Unchangeable”), Antonio de Jesus Jimenez Orozco;<br />
Companhias de produção: Cetus Productions, Branbomm;<br />
Intérpretes: Urban Bergsten, Christian Magdu (episódio<br />
“I Watch You Die”); Sofi a Brattwall, Lars Gustavsson<br />
(Narrador) (voz), Stefan Öhrn (episódio “The Sinister”);<br />
James Barclay, Kim Sønderholm, Lene Storgaard, André<br />
Babikian, Thomas Biehl, Leslie Hinge, Anders Brink,<br />
Madsen Henrik, Vestergaard Nielsen, Jesper Vidkjær<br />
(episódio “Unchangeable”); Julia Bogen, Delbert Briones,<br />
Don Fuller, Megon Kirkpatrick, Colleen O’Donnell, Jonas<br />
Sandberg, Helen Sanger Pierce, David Staley, etc. Duração:<br />
90 min. (em produção).<br />
(1) Títulos que aparecem referidos no livro “The Poe<br />
Cinema (A Critical Filmography)”, mas de que não<br />
conseguimos obter qualquer outra referência.
_Edgar Allan Poe<br />
Bibliografi a<br />
Contos:<br />
1833 - Message Found In A Bottle<br />
1834 - The Assignation<br />
1835 - Berenice<br />
1835 - King Pest - A Tale Containing An Allegory<br />
1835 - Scenes From Politian<br />
1837 - Silence - A Fable<br />
1838 - Ligeia<br />
1839 - The Fall Of The House Of Usher<br />
1839 - William Wilson<br />
1841 - A Descent Into The Maelstrom<br />
1841 - The Murders In The Rue Morgue<br />
1842 - The Masque Of The Red Death<br />
1842 - The Pit And The Pendulum<br />
1843 - The Black Cat<br />
1843 - The Gold-Bug<br />
1843 - The Tell-Tale Heart<br />
1845 - The Facts In The Case Of M. Valdemar<br />
1845 - The Purloined Letter<br />
1846 - The Cask Of Amontillado<br />
1850 - A Tale Of The Ragged Mountains<br />
1850 - Bon-Bon<br />
1850 - Diddling - Considered As One Of The Exact<br />
Sciences<br />
1850 - Eleonora<br />
1850 - Four Beasts In One- The Homo-Cameleopard<br />
1850 - Hans Phaall<br />
1850 - Hop-Frog Or The Eight Chained Ourang-Outangs<br />
1850 - Landor’s Cottage - A Pendant To “The Domain Of<br />
Arnheim”<br />
1850 - Lionizing<br />
1850 - Mellonta Tauta<br />
1850 - Mesmeric Revelation<br />
1850 - Metzengerstein<br />
1850 - Morella<br />
1850 - Morning On The Wissahiccon<br />
1850 - Mystifi cation<br />
1850 - Never Bet The Devil Your Head - A Tale With A<br />
Moral<br />
1850 - Shadow- A Parable<br />
1850 - Some Words With A Mummy<br />
1850 - Tale Of Jerusalem<br />
1850 - The Angel Of The Odd- An Extravaganza<br />
1850 - The Balloon-Hoax<br />
1850 - The Business Man<br />
1850 - The Colloquy Of Monos And Una<br />
1850 - The Conversation Of Eiros And Charmion<br />
1850 - The Devil In The Belfry<br />
1850 - The Domain Of Arnheim<br />
1850 - The Duc De l’Omlette<br />
1850 - The Imp Of The Perverse<br />
1850 - The Island Of The Fay<br />
1850 - The Landscape Garden<br />
1850 - The Man Of The Crowd<br />
1850 - The Man That Was Used Up - A Tale Of The Late<br />
Bugaboo And Kickapoo Campaign<br />
1850 - The Mystery Of Marie Roget - A Sequel To “The<br />
Murder In The Rue Morgue”<br />
1850 - The Narrative Of Arthur Gordon Pym Of<br />
Nantucket<br />
1850 - The Oblong Box<br />
1850 - The Oval Portrait<br />
1850 - The Power Of Words<br />
1850 - The Premature Burial<br />
1850 - The Spectacles<br />
1850 - The Sphinx<br />
1850 - The System Of Dr. Tarr And Prof. Fether<br />
1850 - The Thousand-And-Second Tale Of Scheherazade<br />
1850 - Thou Art The Man<br />
1850 - Three Sundays In A Week<br />
1850 - Von Kempelen And His Discovery<br />
1850 - Why The Little Frenchman Wears His Hand In A<br />
Sling<br />
1850 - X-Ing A Paragrab<br />
Outras obras:<br />
1835 - Politian – única peça de teatro<br />
1838 - The Narrative of Arthur Gordon Pym of Nantucket<br />
1838 - The Balloon-Hoax<br />
1846 - The Philosophy of Composition” – ensaio<br />
1848 - Eureka: A Prose Poem – ensaio<br />
1848 - The Poetic Principle – ensaio<br />
1849 - The Light-House – obra incompleta<br />
Poesia:<br />
“Al Aaraaf”<br />
“Annabel Lee”<br />
“The Bells”<br />
“The City in the Sea”<br />
“The Conqueror Worm”<br />
“A Dream Within A Dream”<br />
“Eldorado”<br />
“Eulalie”<br />
“The Haunted Palace”<br />
“To Helen”<br />
“Lenore”<br />
“Tamerlane”<br />
“The Raven”<br />
“Ulalume”<br />
215 | Edgar Allan Poe no Cinema
216 | Edgar Allan Poe no Cinema<br />
_OS FILMES APRESENTADOS NO CICLO DEDICADO<br />
A EDGAR ALLAN POE NO CINEMA<br />
“Edgar Allen Poe”, de D.W. Griffi th (EUA, 1908) 7’ (V.O. inglesa, mudo)<br />
“The Avenging Conscience”, de D.W. Griffi th (EUA, 1914) 84’ (V.O. inglesa, mudo)<br />
“The Fall of the House of Usher”, de J. S. Watson e Melville Webber (EU, 1926) 13’<br />
(V.O. inglesa, mudo)<br />
“The Tell-Tale Heart”, de Jules Dassin (EUA, 1941) 20’ (V.O. leg. português)<br />
“La Chute de la Maison Usher”, de Jean Epstein (França, 1928) 66’ (V.O. inglesa,<br />
mudo)<br />
“Murders in the Rue Morgue”, de Robert Florey (EUA, 1932) 61’ (V.O. inglesa, leg.<br />
espanhol)<br />
“The Raven”, de Lew Landers (EUA, 1934) 61’ (V.O. inglesa, leg. Espanhol)<br />
“House of Usher”, de Roger Corman (EUA, 1960) 76’ (V.O.Inglesa, leg.francês)<br />
“The Pit and the Pendulum”, de Roger Corman (EUA, 1961) 78’ (V.O.Inglesa, leg.<br />
português)<br />
“Tales of Terror”, de Roger Corman (EUA, 1962) 90’ (V.O.Inglesa, leg.francês)<br />
“Edgar Allan Poe, a Concise Biography”, de Malcolm Hossick (The Famous Authors)<br />
(EUA, 1993) 30’ (V.O. inglesa)<br />
“The Masque of the Red Death”, de Roger Corman (EUA, 1964) 85’ (V.O.Inglesa, leg.<br />
francês)<br />
“The Raven” (O Corvo), de Roger Corman, (EUA, 1963) 75’ (V.O.Inglesa, leg.<br />
português)<br />
“The Tomb of Ligeia”, de Roger Corman (EUA, 1965) 78’ (V.O.Inglesa, leg.francês)<br />
“Witchfi nder General”, de Michael Reeves (Inglaterra, 1968) 82’ (V.O. inglesa)<br />
“Cry of the Bush”, de Gordon Hessler (EUA, 1970) 91’ (V.O. inglesa, leg. espanhol)<br />
“Murders in the Rue Morgue”, de Gordon Hessler (EUA, 1971) 98’ (V.O. inglesa, leg.<br />
espanhol)<br />
“The Mansion of Madness”, de Juan López Moctezuma (México, 1973) 85’ (V.O.<br />
espanhol, leg. Inglês)<br />
“Two Evil Eyes”, de George Romero e Dario Argento 120’ (EUA, Itália, 1990) (V.O.<br />
inglesa)<br />
“Revenge in the House of Usher”, de Jesus Franco (Espanha, 1982) 99’<br />
(V.francesa)<br />
“The Murders in the Rue Morgue”, de Jeannot Szwarc (França, EUA, 1986) 90’ (Leg.<br />
português)<br />
“Der Rosenkönig / Le Roi des Roses”, de Werner Schroeter (RFA, França, <strong>Portugal</strong>,<br />
1986) 103’ (Leg. português)<br />
“Alone”, de Philip Claydon (EUA, 2001) 110’ (V.O. inglesa)<br />
“The Raven”, de Ulli Lommel (EUA, 2006) 81’ (V. O. Inglesa. Leg. português)<br />
“The House of Usher”, de Hayley Cloake (EUA, 2006) 81’ (V.O. inglesa, leg.francês)<br />
“The Haunted Palace”, de Roger Corman (EUA, 1963) (V.O.Inglesa, leg.francês)
FAMAFEST<br />
2009<br />
MACHADO DE ASSIS NO CINEMA
218 | Machado de Assis no Cinema<br />
_MACHADO DE ASSIS NO CINEMA<br />
Quando se procura relacionar o universo fi ccional de Machado de Assis com o cinema,<br />
poder falar-se de “Machado de Assis e o Cinema” ou de “Machado de Assis no Cinema”.<br />
Ao tentar esta breve aproximação optei pela segunda designação, porque a primeira<br />
implicava reconhecer que existira algures no tempo uma relação do escritor com o<br />
cinema, o que nada me leva a supor ter acontecido. Machado de Assis quanto muito<br />
poderá ter assistido, nos derradeiros anos da sua vida, a alguma sessão de cinema mudo<br />
numa das várias salas que se inauguraram no Rio de Janeiro, e de que Daniel Piza dá<br />
conta na sua biografi a “Machado de Assis, Um Génio Brasileiro”. Mas este autor, ao<br />
referir-se ao aparecimento destas salas, em data próxima da morte do escritor (1908)<br />
cita precisamente: “Os primeiros cinemas, como o Grande Cinematógrafo Parisiense e o<br />
Palace, na avenida Central, exibiam fi lmetes.” E como legenda de uma fotografi a refere”<br />
O Cine Pathé, fundado por Marc Ferrez, na avenida Central, c. 1908.” Como se vê, surgiam<br />
as primeiras salas quando Machado de Assis agonizava nos derradeiros anos da sua<br />
vida. Saia pouco, e não consta que frequentasse o cinematógrafo. Mesmo que o tivesse<br />
feito, uma ou duas vezes, para matar a curiosidade da novidade, nunca o poderia ter feito<br />
muito antes, logo nunca antes de escrever o conjunto das suas obras-mestras, que se<br />
situam entre “Memórias Póstumas de Braz Cubas” (1881) e “Dom Casmurro” (1899).<br />
Mas há uma ou outra referência curiosa e de reter. Veja-se, por exemplo, a que aparece<br />
num site da Internet, “Memórias Cinematográfi cas de Machado de Assis”, onde se lê:<br />
“Entretanto, se a ascensão de uma sociedade moderna o interessou à medida que<br />
alterava o modo como as pessoas pensavam e se relacionavam, os aspectos exteriores,<br />
mais visíveis, não foram objecto de sua excitação, ao contrário do que aconteceu a<br />
outros cronistas da época. Machado conviveu, em seus últimos doze anos de vida, com<br />
a existência do cinema na cidade do Rio de Janeiro, mas a sétima arte não lhe despertou<br />
qualquer interesse.” Isso mesmo parece ser confi rmado, e ampliado, no estudo “O Cinema<br />
Sónia Braga em "Memórias Póstumas" de André Klotzel, 2001.
e Machado”, de Hernani Heffner, de que cito as seguintes passagens que começam por<br />
situar Machado de Assis como cronista: “ É sabido que Machado de Assis tratou tudo<br />
com fi na e ferina ironia. É menos comentado que sempre considerou algo bem menor as<br />
atracções de feira, os espectáculos de lazer eventual, os maquinismos destinados à mera<br />
distracção, espaço onde, em princípio, deveria se encaixar o cinema. Tais experiências<br />
– ele parecia se referir a elas mais como teratologias – estavam destinadas a enganar o<br />
vulgo e a revelar seus baixos instintos. Na verdade, a caracterizar o povo como crédulo<br />
em excesso, para além da desprezível ignorância habitual.<br />
O cinema não se tornou uma novidade passageira, mas Machado assim parece tê-lo<br />
tratado até o fi m da vida. Diga-se a seu favor que sua carreira de cronista se encerrou<br />
antes que as imagens em movimento tivessem uma presença mais destacada na<br />
vida da cidade: em 1897, de forma mais quotidiana, e, por volta de 1904, de forma mais<br />
defi nitiva, quando Carolina morreu. Mesmo assim, como artista sensível e como bom<br />
leitor, sabia que a novidade tinha vindo para fi car. Assim, seu interesse episódico e lateral<br />
pelo cinema não parece caracterizar só o desprezo pelas engenhocas que constituíam o<br />
tímido panis et circenses local.” Hernani Heffner sugere então que o escritor brasileiro<br />
não desconfi ava apenas de mais um logro técnico, mas sobretudo “de uma ameaça à<br />
hegemonia da literatura no comércio das ideias e das emoções”, (…) “pelo impacto da<br />
imagem em movimento como expressão de verdade do mundo, associada justamente<br />
a esta origem pouco nobre.”<br />
“Um conhecedor de Shakespeare como Machado sabia que o cinema não alteraria<br />
signifi cativamente o sentido da vida. O cinema como forma de expressão talvez tivesse<br />
acuado um pouco o escritor em seus temores não revelados, mas não a ponto de<br />
empanar seus vaticínios. Daí talvez seu desprezo displicente. Uma atitude cobrada por<br />
Paulo Emílio Sales Gomes em sua crítica aos intelectuais brasileiros por ignorarem o<br />
cinema brasileiro por décadas e décadas, desde o começo.”<br />
"Azyllo Muito Louco" de Nelson Perreira dos Santos, 1971.<br />
219 | Machado de Assis no Cinema
220 | Machado de Assis no Cinema<br />
Fica assim bem provado que as relações de Machado de Assis com as salas de cinema,<br />
foram nulas, ou quase e, se existiram, não terão sido propriamente de cumplicidade<br />
e encantamento, como um pouco mais tarde iria acontecer com os surrealistas.<br />
Confi rmámos portanto que não houve nenhuma infl uência possível do cinema na<br />
escrita de Machado de Assis, mas apenas “premonições”, se assim se podem chamar.<br />
Mas notam-se outras “premonições” na arte deste escritor enorme. Atrevendo-me a<br />
entrar por território alheio, apenas com um olhar de leitor interessado, não com o do<br />
crítico ou ensaísta literário, interrogo-me sobre onde pára a infl uência romântica do<br />
autor de “Helena” e onde começa a opção realista do escritor de “Memórias Póstumas<br />
de Brás Cubas”. Acontece que esta descontinuidade estilística entre estes dois romances<br />
é evidente, como também é clara a continuidade entre ambas. Nem Machado de Assis<br />
deixou de ser “romântico” de um dia para o outro, nem passou a ser um “realista”<br />
exemplar. O que mais me espanta, hoje em dia, na escrita de Machado de Assis, sobretudo<br />
a partir de “Memórias Póstumas”, é a multiplicidade de registos que o colocam como um<br />
ainda romântico nalguns aspectos, um realista em plena maturidade, mas igualmente<br />
um modernista “avant-la-letre”, um surrealista, um concretista, um vanguardista, enfi m,<br />
também um homem que alguns cuidam ser um irremediável moralista conservador,<br />
mas que eu sinto mais um militante de valores morais caídos em desuso, ou um critico<br />
da condição humana que não é tão elogiável na sua totalidade como seria de desejar,<br />
corrompida pela eterna hipocrisia, pela omnipresente corrupção, pelo viciante carreirismo,<br />
pela falta de verdade e de hombridade. Para Machado de Assis a Humanidade é, sempre<br />
o foi para trás, e não parece mudar muito no futuro, uma realidade que merece não<br />
muita credibilidade, pouca simpatia e muita desconfi ança quanto aos seus propósitos<br />
mais íntimos. Céptico, pessimista, escritor de uma sibilina ironia, extremamente subtil,<br />
mas ferozmente observadora, Machado de Assis capta aí muita da simpatia do público<br />
do século XXI. Igualmente descrente e pessimista quanto ao futuro da espécie.<br />
Mas, atenção, a existência é uma contradição insistente: lendo Machado de Assis percebese<br />
que, para lá do seu ingénito pessimismo e cepticismo, há uma devoradora vontade de<br />
viver, um gosto pelos prazeres da vida que é visível em qualquer das suas páginas. Podemos<br />
estar muito incrédulos em relação ao Homem, mas lendo Machado de Assis não podemos<br />
deixar de glorifi car a sua arte, afi nal resultado de um “humano”. Lendo as suas descrições,<br />
não deixaremos de nos seduzir pelo olhar “obliquo e dissimulado” de Capitu, pelas ruas<br />
do Rio de Janeiro, entre as quais a de Matacavalos, pelas jantaradas, pelos bailes, pelas<br />
travessias das noites e dos dias tropicais, pelo urbanismo de metrópole, pela densidades<br />
das personagens que se não esquecem. Afi nal por esta Humanidade frágil que, não sendo<br />
perfeita, longe disso, não deixa de ser sedutoramente apetecível. Ler Machado de Assis é<br />
ler alguém que nos dá ganas de viver, mas muita vontade de lutar contra o que está mal, e<br />
tentar modifi car, pouco que seja, o que estiver ao nosso alcance.<br />
Posto isto, se alguma relação existe entre a narrativa literária de Machado de Assis e<br />
a cinematográfi ca, será pura coincidência, ou premonição, como o escrevi atrás. Logo,<br />
as afi nidades de “Machado de Assis e o Cinema” só poderão ser de sentido único: ser<br />
a escrita do escritor a infl uenciar o cinema, ou algum cinema. O que, a acontecer, só se<br />
verifi caria muito mais tarde.<br />
Mas há aspectos muito curiosos a salientar neste aspecto. Na verdade, sobretudo desde<br />
“Memórias Póstumas de Braz Cubas”, o tal romance que introduziu uma ruptura na<br />
literatura brasileira (e não só), rompendo com o romantismo e introduzindo um realismo<br />
de sabor muito próprio, onde se descobrem já indícios de algum modernismo, prenúncios
Reginaldo Faria em "Memórias Póstumas" de André Klotzel, 2001.<br />
de um certo surrealismo, sólidos apontamentos de um romance moderno, surgem na<br />
prosa de Machado de Assis algumas novidades estilísticas que devem muito a uma<br />
escrita realista, concreta, de descrição sucinta, que quase se pode associar à chamada<br />
“sequência literária”, “planifi cação”, “guião” (ou “roteiro”, na terminologia brasileira) de<br />
um fi lme. Abraça-se o capítulo 45, de “Memórias Póstumas de Braz Cubas”, que tem por<br />
título “Notas” e leia-se:<br />
“Soluços, lágrimas, casa armada, veludo preto nos portais, um homem que veio vestir o<br />
cadáver, outro que tomou a medida do caixão, caixão, essa, tocheiros, convites, convidados<br />
que entravam. Lentamente, a passo surdo, e apertavam a mão à família, alguns tristes,<br />
todos sérios e calados, padre e sacristão, rezas, aspersões d’água benta, o fechar do caixão<br />
a prego e martelo, seis pessoas que o tomam da essa, e o levantam, e o descem a custo<br />
pela escada, não obstante os gritos, soluços e novas lágrimas da família, e vão até o coche<br />
fúnebre, e o colocam em cima e traspassam e apertam as correias, o rodar do coche, o<br />
rodar dos carros, um a um... Isto que parece um simples inventário, eram notas que eu<br />
havia tomado para um capítulo triste e vulgar que não escrevo.”<br />
O escritor tem a noção de que não escreveu “um capítulo”, mas que tomou notas, “um<br />
simples inventário”. “Notas para um capítulo”. Que outra coisa é um guião cinematográfi co<br />
senão notas para um fi lme? Mas um “inventário” que é uma sucessão de imagens de tal<br />
forma forte que todo o velório e sucessivo enterro nos é dado numa sequência que é ela<br />
própria uma montagem cinematográfi ca.<br />
Há muito de cinematográfi co na escrita de Machado de Assis. Se tempo houvera para tal<br />
aqui vos poderia trazer exemplos de “fl ash backs”, de “montages” (aquelas sequências de<br />
montagem muito rápida, que dão a passagem do tempo e do espaço: uma companhia<br />
de circo ou de teatro em itinerância, rolando por diversas localidades), de vários tipos de<br />
montagem literária que remetem para montagens cinematográfi cas, por ruptura, pela<br />
súbita introdução de uma narrador que se dirige ao leitor/espectador, pela acumulação de<br />
221 | Machado de Assis no Cinema
222 | Machado de Assis no Cinema<br />
sons, pela justaposição de ideias, de situações, idênticas, contrárias, enfi m um não acabar<br />
de sugestões imagéticas que Machado de Assis usa magistralmente na sua literatura e<br />
que anos depois muitos, senão todos, de uma maneira ou de outra, utilizaram nos seus<br />
fi lmes. Infl uência directa? Não creio, obviamente. Apenas é interessante referir que muito<br />
do que hoje se chama “narrativa cinematográfi ca” já pré-existia à invenção do cinema<br />
e que Machado da Assis foi decisivamente um dos seus mais criativos cultores. O que<br />
torna não apenas provável, mas absolutamente credível, uma infl uência indirecta deste<br />
escritor em cineastas que o leram e o admiram. Ao ler Machado de Assis é impossível<br />
não se fi car impregnado pela sua criatividade estilística, pela sua modernidade de<br />
recursos, pela liberdade total da sua escrita. Fatal é que essa construção fi que a larvar no<br />
cérebro e se refl icta em futuras obras. Afi nal nada de novo existe. A criação artística não<br />
é mais do que baralhar e dar de novo o que previamente absorvemos, com resultados<br />
mais ou menos brilhantes consoante a força da personalidade que o restitui aos leitores,<br />
ouvintes ou espectadores.<br />
Neste aspecto acho que todos os que passaram pelas páginas de Machado de Assis são<br />
seus devedores. Que o diga Woody Allen, quando em 1996, questionado por um jornalista<br />
brasileiro, sobre “se já tivera algum ídolo brasileiro, na área do futebol?”, respondeu,<br />
depois de uma pausa para pensar, - “Ídolo brasileiro? Há pouco tempo, li Machado de<br />
Assis. Achei que é um escritor excepcional. Uma amiga ofereceu-me um livro de Machado<br />
de Assis- “Epitaph for a Small Winner” (tradução em inglês de “Memórias Póstumas<br />
de Brás Cubas’). Fiquei muito, muito impressionado. (…) Achei Machado de Assis<br />
excepcionalmente espirituoso, dono de uma perspectiva sofi sticada e contemporânea,<br />
o que é não é comum, já que o livro foi escrito há tantos anos. Fiquei muito surpreso. É<br />
muito sofi sticado, divertido, irónico. Alguns dirão: ele é cínico. Eu diria que Machado de<br />
Assis é realista.” O jornalista, patrioticamente entusiasmado, pergunta-lhe logo se estava<br />
a pensar adaptar o romance, ao que Woody Allen, inteligentemente, responde: “Gosto de<br />
escrever os meus próprios fi lmes. Mas Machado de Assis é um momento maravilhoso na<br />
literatura. Dei cópias do livro para a minha fi lha e para os meus amigos.”<br />
Este “fait divert”, citado quase sempre que se fala de “Machado de Assis no Cinema”, tem<br />
duas interpretações mais ou menos lógicas. A primeira, de que a qualidade de escrita<br />
deste escritor de meados-fi ns do século XIX, continua viva e a entusiasmar muita gente.<br />
A segunda, que a arte de Machado de Assis é muito difícil de adaptar ao cinema, o que,<br />
não desculpa, mas atenua, o falhanço de boa parte das adaptações cinematográfi cas de<br />
obras suas conhecidas.<br />
Mas então digo-me e desdigo-me? Afi rmo-o muito cinematográfi co no estilo, e depois<br />
digo-o difícil de adaptar. Aparentemente poderá haver uma incompatibilidade, mas creio<br />
não existir. Há muito de cinematográfi co na escrita e nos recursos estilísticos de Machado<br />
de Assis, é verdade. Mas o seu húmus não é muito facilmente adaptável. Machado de<br />
Assis é um pessimista, um céptico, um moralista desiludido, um fi lósofo que fi cciona<br />
situações para sobre elas discorrer. As situações são facilmente adaptáveis. A ironia, o<br />
cepticismo, a fi losofi a (quer seja o “Humanitismo”, de Quincas Borba, quer o próprio<br />
pensamento de Machado de Assis e o seu frequente apelo a uma análise psicológica das<br />
personagens), difi cilmente o são.<br />
Muitas foram as abordagens cinematográfi cas da obra de Machado de Assis, mas poucas<br />
as eleitas. A maioria são falhanços, alguns imensos. Há mesmo, machadistas radicais<br />
que, por causa deles, recusam toda a tentativa de adaptação à nova arte das imagens e<br />
dos sons.
Reginaldo Faria em "Memórias Póstumas" de André Klotzel, 2001.<br />
Mas concretizemos algumas refereências:.<br />
Parece que a primeira adaptação de uma obra de Machado de Assis data de 1937,<br />
chamava-se “A Agulha e a Linha” e resumia-se á fi lmagem de uma peça pelo Instituto<br />
Nacional do Cinema Educativo do Brasil. A primeira obra realmente interessante terá<br />
sido a do mestre brasileiro do cinema mudo, Humberto Mauro, “Um Apólogo - Machado<br />
de Assis”, realizado por ocasião do centenário de nascimento de Machado de Assis, em<br />
1939, misturando biografi a e uma nova adaptação de “A Agulha e a Linha”.<br />
Recorde-se que existe uma interpretação da fi gura de Machado de Assis num fi lme de<br />
um cineasta português, Leitão de Barros, numa co-produção luso-brasileira de 1949,<br />
chamada “Vendaval Maravilhoso”, contando “a vida agitada e trágica de Castro Alves,<br />
desde o seu nascimento, em 1847, à luta contra a escravatura como estudante de Direito<br />
e como poeta, mostrando, também, como o sua relação com a actriz Eugénia Câmara,<br />
grande amor de sua vida, que acaba por o levar à ruína. Neste enredo romântico mal<br />
recebido na época por crítica e público, e quase desconhecida em <strong>Portugal</strong>, surge<br />
Machado de Assis, numa interpretação de Jaime Santos. Com música de João Nobre,<br />
Eugénia Câmara e Raul Ferrão, “Vendaval Maravilhoso” contava no elenco com Paulo<br />
Maurício (Castro Alves) e Amália Rodrigues (Eugénia Câmara), além de Barreto Poeira,<br />
Edmundo Lopes, Maria Albertina e do já referido Jaime Santos.<br />
Há depois a referir muitos documentários sobre a vida do escritor, a sua obra e inclusive<br />
sobre o Rio de Machado de Assis. Neste mesmo Encontro passaram hoje de manhã<br />
dois títulos produzidos por instituições prestigiadas, o Senado Brasileiro e a Academia<br />
Brasileiras das Letras, que permitem uma boa aproximação do universo machadiano,<br />
respectivamente “Alma Curiosa de Perfeição”, de Maria Maia, e “Machado de Assis – o<br />
Filme”, de Luelane Corrêa, onde se cruzaram imagens do tempo e do lugar de Machado<br />
de Assis com depoimentos de estudiosos e especialistas da personalidade e da obra do<br />
escritor. Houve mesmo a oportunidade, no primeiro destes títulos, de ver e ouvir trechos<br />
223 | Machado de Assis no Cinema
224 | Machado de Assis no Cinema<br />
do autor na voz clara e apaixonada do nosso anfi trião neste Encontro, o embaixador<br />
Lauro Moreira.<br />
Um projecto interessante, rodado para televisão, é “O Rio de Machado de Assis”, de 1990,<br />
produção de Norma Bengell, numa realização de Sónia Nercessian e Kika Lopes, com<br />
Paulo José, Fernanda Torres, José de Abreu, Tonico Pereira. É uma série de três fi lmes que<br />
procuram apresentar o Rio de Janeiro sob a perspectiva das obras e dos personagens de<br />
Machado de Assis. As fi lmagens decorreram em construções históricas do Rio de Janeiro,<br />
como a Casa de Osório, na Rua Riachuelo (antiga Rua Mata-Cavalos), e o casario da Av.<br />
Mem de Sá. Curiosamente já em 1965 “O Rio de Machado de Assis” fora nome de fi lme,<br />
desta vez escrito e realizado por Nelson Pereira dos Santos.<br />
Obviamente que a televisão não podia fi car arredada da obra daquele que é considerado<br />
um dos, ou mesmo o maior escritor de toda a literatura brasileira. Mas não foram muitas<br />
as versões televisivas, apesar de tudo.<br />
A romântica “Helena” foi adaptada a novela por Gilberto Braga, com direcção de Herval<br />
Rossano, e um elenco numeroso, Lúcia Alves, Osmar Prado, Ida Gomes, Rogério Fróes, Ruth de<br />
Sousa, Sidney Marques,Regina Vianna, Gilberto Salvio, Ângela Valério, José Augusto Branco.<br />
“O Alienista” serviu para mini-série da rede Globo,em 1993, interpretada por Marco<br />
Nanini, Giulia Gam, Milton Gonçalves, Cláudio Correa e Castro, Antônio Calloni, Marisa<br />
Orth, Sérgio Manberti, e Luís Fernando Guimarães. Outra mini-série, seria “Trio em Lá<br />
Menor” (segundo conto homónimo), produzida em 1999 por Wolf Maia e realizada por<br />
Luciano Sabino, com adaptação de Geraldo Carneiro para a Central Globo de Produção.<br />
No elenco contam-se os nomes de Elenco: Letícia Sabatella, Leonardo Brício, Marco Ricca,<br />
Laura Cardoso, Bel Kutner.<br />
Voltando ao cinema e às adaptações de obras, há a considerar dezenas de fi lmes, mas<br />
só alguns merecem ser recordados. Pelo menos bem recordados. Nas fi cções de longametragem,<br />
surgem a valer a pena ser mencionados:<br />
“Noite de Almirante” (1961), de Carlos Hugo Christiansen, segundo o conto homónimo,<br />
episódio de “Esse Rio que eu Amo”,<br />
“Viagem ao Fim do Mundo” (1967), de Fernando Cony Campos, baseado em “Memórias<br />
Póstumas de Brás Cubas”,<br />
“Capitu” (1967), de Paulo Cesar Saraceni, conforme o romance “Dom Casmurro”,<br />
“Azyllo Muito Louco” (1969), do excelente Nelson Pereira dos Santos, colocando em<br />
imagens “O Alienista”,<br />
“A Cartomante” (1974), de Marcos Farias, baseado no conto homónimo,<br />
“O Homem Célebre” (1974), de Miguel Faria Jr, apoiado no conto homónimo,<br />
“Confi ssões de uma Viúva Moça” (1976), de Adnor Pitanga,<br />
“Iaiá Garcia” (1977), de Geraldo Vietri, baseado no romance homónimo,<br />
“Missa do Galo” (1982), de Nelson Pereira dos Santos, igualmente retirado de um conto<br />
homónimo,<br />
“Brás Cubas” (1985), do polémico Júlio Bressane, um grande admirador de Machado<br />
de Assis, que, aliás, prepara neste momento uma nova adaptação de um outra obra de<br />
Machado de Assis,<br />
“Quincas Borba” (1986), de Roberto Santos,<br />
“A Causa Secreta” (1995), de Sergio Bianchi, baseado no conto homónimo,<br />
“Memórias Póstumas” (2001), de André Klotzel, que irão ver seguidamente, com um<br />
elenco desigual de que fazem parte Reginaldo Faria, Sônia Braga, Walmor Chagas, Stepan<br />
Nercessian, Petrônio Gontijo, Viétia Rocha.
"A Erva do Rato" de Júlio Bressane, 2008.<br />
As duas mais recentes adaptações, “Dom” (2003), de Moacyr Góes, e “A Cartomante”<br />
(2004), de Wagner de Assis e Pablo Uranga, fi cam muito longe do sofrível.<br />
Finalmente umas rápidas palavras sobre o fi lme que irão ver já de seguida. “Memórias<br />
Póstumas”, de André Klotzel, aceita-se como uma adaptação digna e inteligente do<br />
torrencial fabulário de Machado de Assis. Estas “Memórias”, não “de um defunto escritor,<br />
mas de um escritor defunto” são objectivamente difíceis de adaptar, já por serem<br />
recordadas na primeira pessoa do singular, já por conterem muito de intimista e de<br />
secreto que coloca delicados problemas de transposição, já ainda por se expressarem<br />
em discursos descontínuos, em estilos diversos, introduzindo constantes rupturas,<br />
remetendo para uma ironia fi na e subtil. Mas André Klotzel consegue dar uns laivos<br />
da arte de Machado, ou, pelo menos, consegue transmitir ao espectador o desejo de<br />
ler o original. A reconstituição de época assegura alguma verosimilhança ainda que<br />
não raro se fi que pelo decorativismo. Falta alguma densidade “vivida” aos “quadros”<br />
apresentados. Mais defi ciente é a representação, onde apenas Sónia Braga, numa<br />
pequena aparição, e Reginaldo Faria, na composição de Brás Cubas, “defunto escritor”, se<br />
impõem num elenco não muito entusiasmante. Obviamente que, não sendo um fi lme<br />
desdenhável, não é ainda a obra que Machado de Assis justifi ca. Mas é, ainda assim,<br />
uma das melhores aproximações do universo deste caminhante que atravessou o século<br />
XIX brasileiro atravessando almas e palmilhando ruas com uma argúcia de psicólogo e<br />
uma atenção voraz de caçador de borboletas. Delicado, mágico, expectante, directo e<br />
decisivo na estocada. O Brasil deve-lhe a perpetuação da sua alma, a língua portuguesa<br />
coloca-o entre os seus maiores cultores, a Humanidade fi cou defi nitivamente muito<br />
mais rica, e mais apetecível, com as suas introspecções e as agudas dissecações das suas<br />
personagens. O seu cepticismo é a nossa esperança.<br />
Lauro António, texto escrito para o “Encontro Internacional sobre Machado de Assis”,<br />
Lisboa, Fundação Gulbenkian, 30 de Setembro de 2008.<br />
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_MACHADO DE ASSIS<br />
CRONOLOGIA<br />
1839 - Nasce a 21 de Junho, no Rio de Janeiro, Joaquim Maria Machado de Assis, fi lho<br />
legítimo de Francisco José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis, moradores<br />
no morro do Livramento, ele brasileiro, da mesma cidade, ela portuguesa, da Ilha de<br />
São Miguel. Pelo pai, descendia de pardos forros. Pouco se sabe de sua infância: cedo<br />
perdeu a mãe e a única irmã; foi amparado, até o segundo casamento do pai, pela<br />
madrinha, senhora abastada. Morto Francisco José, fi cou em companhia da madrasta,<br />
Maria Inês. Quer a tradição que tenha sido auxiliar do culto na igreja da Lampadosa.<br />
1855 - De 12 de Janeiro desse ano, data da publicação de seu primeiro poema, “Ela”, até<br />
3 de Maio de 1861, colabora na Marmota Fluminense de Paula Brito.<br />
1856 - Admitido como aprendiz de tipógrafo na Tipografi a Nacional, exerce o ofício até<br />
1858.<br />
1858 - Encontra no Padre António José da Silveira Sarmento, cura da Capela de S. João<br />
Batista, do palácio imperial de São Cristóvão, um professor gratuito. Passa a revisor<br />
de provas de Paula Brito, em cuja livraria terá servido também como caixeiro. De 11 de<br />
Abril desse ano até, pelo menos, 26 de Junho do seguinte, escreve em “O Paraíba”, de<br />
Petrópolis. Por esse tempo auxilia o escritor francês Charles de Ribeyrolles na tradução<br />
de “O Brasil Pitoresco”. De 25 de Outubro desse ano até, pelo menos, 1 de Março de 1868,<br />
colabora, com bastante irregularidade, no “Correio Mercantil”, do qual fora revisor de<br />
provas.<br />
1859 - Estreia como crítico teatral na revista “O Espelho”; nela fi gura, com produções<br />
várias, do n.1, de 4 de Setembro desse ano, ao n.18, provavelmente o último, de 1 de<br />
Janeiro de 1860.<br />
1860 - Convidado para redactor do “Diário do Rio de Janeiro”, que, em segunda fase,<br />
reaparece em 25 de Março, exerce o lugar até Março de 1867. Esporadicamente, escreve<br />
ainda no “Diário” até 30 de Julho de 1869. De 16 de Dezembro desse ano até, pelo<br />
menos 4 de Julho de 1875, inclui-se entre os redactores de “A Semana Ilustrada”, que<br />
surge naquela data.<br />
1861 - Publica “Desencantos” (comédia) e “Queda que as Mulheres tem para os Tolos”<br />
(sátira em prosa).<br />
1862 - Admitido, a 31 de Dezembro, como sócio do Conservatório Dramático Brasileiro,<br />
exerce as funções de auxiliar da censura. De 15 de Setembro desse ano até 1 de Julho do<br />
seguinte, fi gura em todos os números da revista “O Futuro”.<br />
1863 - Publica o “Teatro de Machado de Assis”, volume que se compõe de duas comédias,<br />
“O Protocolo” e “O Caminho da Porta”. De Julho desse ano a Dezembro de 1878, com<br />
interrupção em 1867 e 1868, é constante a sua colaboração no “Jornal das Famílias”, ao<br />
qual dá de preferência contos.<br />
1864 - Vai até a Barra do Piraí, trecho então recente da Estrada de Ferro D. Pedro II.<br />
Publica seu primeiro livro de versos, “Crisálidas”.
1866 - Publica “Os Deuses de Casaca” (comédia). Publica no “Diário do Rio de Janeiro” a<br />
sua tradução do romance “Os Trabalhadores do Mar”, de Victor Hugo, que aparece em<br />
volume no mesmo ano.<br />
1867 - Agraciado com a Ordem da Rosa, no grau de cavaleiro. Nomeado, a 8 de Abril,<br />
ajudante do director do “Diário Ofi cial”, exerce o cargo até 6 de Janeiro de 1874.<br />
1868 - Em carta de 18 de Fevereiro, José de Alencar apresenta-lhe o jovem Castro Alves.<br />
1869 - Casa-se, a 12 de Novembro, com Carolina Augusta Xavier de Novais, moça<br />
portuguesa havia pouco chegada ao Brasil, onde residiam seus irmãos.<br />
1870 - Começa, a 23 de Abril, a publicar no “Jornal da Tarde” uma tradução, logo<br />
interrompida, do romance “Olivier Twist”, de Dickens. Publica “Falenas” (versos) e<br />
“Contos Fluminenses”.<br />
1871 - É nomeado, a 4 de Janeiro, membro do Conservatório Dramático, recentemente<br />
reorganizado.<br />
1872 - Publica “Ressurreição” (romance). Faz parte do Comissão do Dicionário Marítimo<br />
Brasileiro<br />
1873 - Publica “Histórias da Meia-Noite” e a tradução de “Higiene para uso dos Mestres-<br />
Escolas”, do Dr. Gallard. É nomeado, a 31 de Dezembro, primeiro-ofi cial da Secretaria de<br />
Agricultura, Comércio e Obras Públicas.<br />
1874 - De 26 de Setembro a 3 de Novembro, publica, em “O Globo”, o romance “A Mão e<br />
a Luva”, editado no mesmo ano.<br />
1875 - Publica “Americanas” (versos)<br />
1876 - De Julho desse ano a Abril de 1878, escreve em todos os números da revista<br />
“Ilustração Brasileira”. De 6 de Agosto a 11 de Setembro, publica em “O Globo” o romance<br />
“Helena”, editado no mesmo ano. É promovido, em 7 de Dezembro, a chefe de secção da<br />
Secretaria de Agricultura.<br />
1878 - De 1 de Janeiro a 2 de Março publica, em “O Cruzeiro”, o romance “Iaiá Garcia”,<br />
editado no mesmo ano. Sua colaboração nesse jornal continua até 1 de Setembro.<br />
Entra, a 27 de Dezembro, em licença, e segue, doente, para Friburgo, onde fi ca até Março<br />
de 1879.<br />
1879 - De Junho desse ano a Dezembro do seguinte, escreve na “Revista Brasileira” (fase<br />
Midosi), e nela publica, entre outros trabalhos, o romance “Memórias Póstumas de<br />
Brás Cubas” (15 de Março a 15 de Dezembro de 1880). De 15 de Julho desse ano até, pelo<br />
menos, 31 de Março de 1898, escreve na revista “A Estação”, onde publica, entre outros<br />
trabalhos, o romance “Quincas Borba” (15 de Junho de 1886 a 15 de Setembro de 1891).<br />
1880 - Entra, a 6 de Fevereiro, em licença de um mês, por estar sofrendo dos olhos.<br />
Designado, a 28 de Março, ofi cial-de-gabinete do Ministro da Agricultura, Manuel<br />
Buarque de Macedo, exerce as mesmas funções com o sucessor deste, Pedro Luís<br />
Pereira de Sousa. É representada, no teatro de D. Pedro II, a comédia “Tu só, tu, Puro<br />
Amor...”, por ocasião das festas organizadas pelo Real Gabinete Português de Leitura<br />
227 | Machado de Assis no Cinema
228 | Machado de Assis no Cinema<br />
para comemorar o tricentenário de Camões, e para essa celebração especialmente<br />
escrita. Foi publicada, em volume, no ano seguinte.<br />
1881 - Publica em volume as “Memórias Póstumas de Brás Cubas”. De 18 de Dezembro<br />
desse ano até 28 de Fevereiro de 1897, escreve com assiduidade na “Gazeta de Notícias”;<br />
esporádica, a sua colaboração alcança o número de 2 de Junho de 1904. Entre outras<br />
secções, redige “A Semana” (crónicas).<br />
1882 - Publica “Papéis Avulsos” (contos). Entra, a 5 de Janeiro, em licença de três meses,<br />
para tratar-se fora do Rio.<br />
1884 - Publica “Histórias sem Data”.<br />
1886 - Sai o volume “Terras, Compilação para Estudo”, por ele redigido.<br />
1888 - É elevado a ofi cial da Ordem da Rosa. Desfi la, a 20 de Maio, no préstito organizado<br />
para celebrar a Abolição.<br />
1889 - É promovido, em 30 de Março, a director da Directoria de Comércio, na Secretaria<br />
da Agricultura.<br />
1890 - Vai, em companhia de Carolina e dos Barões de Vasconcelos, visitar as fazendas<br />
da Companhia Pastoril Mineira, em Sítio e Três Corações. De carta sua depreende-se<br />
não ter sido esta a única viagem que fez a Minas.<br />
1891 - Publica em volume o “Quincas Borba”.<br />
1892 - Passa, em 3 de Dezembro, a director-geral do Ministério da Viação.<br />
1895 - De Dezembro desse ano a Outubro de 1898, escreve na “Revista Brasileira” (fase<br />
Veríssimo).<br />
1896 - Publica “Várias Histórias”. Aclamado, em 15 de Dezembro, para dirigir a primeira<br />
sessão preparatória da fundação da Academia Brasileira de Letras, tem parte<br />
preponderante na criação desse instituto que preside até morrer.<br />
1898 - É posto em disponibilidade, no dia 1 de Janeiro, em virtude da reforma no<br />
Ministério da Viação. Volta ao Ministério, como secretário do Ministro Severino Vieira.<br />
Exerce depois as mesmas funções com Epitácio Pessoa e Alfredo Maia.<br />
1899 - Publica “Dom Casmurro” (romance) e “Páginas Recolhidas” (contos, ensaios, teatro).<br />
1901 - Publica “Poesias Completas”.<br />
1902 - Volta à actividade, em 18 de Novembro, como director da Secretaria da Indústria,<br />
no Ministério da Viação. É transferido, a 18 de Dezembro, para director-geral de<br />
Contabilidade do mesmo Ministério.<br />
1904 - Publica “Esaú e Jacob” (romance). Segue em Janeiro para Friburgo, com a esposa<br />
enferma. A 20 de Outubro morre Carolina, dias antes de completarem 35 anos de<br />
casados.<br />
1906 - Publica “Relíquias de Casa Velha” (contos, crítica, teatro).
1908 - Publica o “Memorial de Aires” (romance). Entra, a 1 de Junho, em licença para<br />
tratamento de saúde. Na madrugada de 29 de Setembro, ás 3 h. 20 m, morre em sua<br />
casa, a Rua Cosme Velho, 18; é enterrado, segundo determinação sua, na sepultura de<br />
Carolina, jazigo perpétuo 1359, Cemitério de São João Batista.<br />
_MACHADO DE ASSIS<br />
Bibliografi a<br />
Romances<br />
Ressurreição - 1872 | A mão e a luva - 1874 | Helena - 1876 | Iaiá Garcia - 1878 | Memórias<br />
Póstumas de Brás Cubas - 1881 | Quincas Borba - 1891 | Dom Casmurro - 1899 | Esaú e<br />
Jacó - 1904 | Memorial de Aires - 1908<br />
Poesia<br />
Crisálidas - 1864 | Falenas - 1870 | Americanas - 1875 | Ocidentais - 1880 | Poesias<br />
completas - 1901<br />
Livros de contos<br />
Contos Fluminenses, 1870 | Histórias da Meia-Noite, 1873 | Papéis Avulsos, 1882 |<br />
Histórias sem Data, 1884 | Várias Histórias, 1896 | Páginas Recolhidas, 1899 | Relíquias<br />
da Casa Velha, 1906 |<br />
Alguns contos<br />
A Carteira e Miss Dollar (contos do livro “Contos Fluminenses”) | O Alienista, A Sereníssima<br />
República, O Segredo do Bonzo, Teoria do Medalhão, Uma Visita de Alcibíades e O Espelho<br />
(conto do livro “Papéis Avulsos”) | Noite de Almirante (conto do livro “Histórias sem<br />
Data”) | Um Homem Célebre, Conto da Escola, Uns Braços, A Cartomante, O Enfermeiro<br />
e Trio em Lá Menor (contos do livro “Várias Histórias”) | O Caso da Vara e Missa do Galo<br />
(conto do livro “Páginas Recolhidas”) | Almas Agradecidas<br />
Teatro<br />
Hoje avental, amanhã luva - 1860 | Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861 |<br />
Desencantos - 1861 | O caminho da porta, 1863 | O protocolo, 1863 | Quase ministro -<br />
1864 | Os deuses de casaca - 1866 | Tu, só tu, puro amor - 1880 | Não consultes médico,<br />
1896 | Lição de botânica - 1906 |<br />
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230 | Machado de Assis no Cinema<br />
_MACHADO DE ASSIS<br />
NO CINEMA E NA TELEVISÃO<br />
Cinema<br />
Título original: A Agulha e a Linha (1937)<br />
Peça fi lmada no Instituto Nacional do Cinema<br />
Educativo. Em duas partes: a) Planos fi lmados no<br />
Morro do Livramento (texto de Lúcia Miguel Pereira,<br />
dito pelo director daquele Instituto, Roquette Pinto); b)<br />
Dramatização da peça<br />
Título original: Um Apólogo - Machado de Assis.<br />
Realização: Humberto Mauro; Fotografi a: Manuel Ribeiro;<br />
Comentário: Lúcia Miguel Pereira; Locução: Roquette<br />
Pinto; Intérpretes: Gracie Moema, Júlia Dias, Déa Selva,<br />
Nelma Costa, Darcy Cazarré.<br />
Título original: O Rio de Machado de Assis.<br />
Realização: Sónia Nercessian e Kika Lopes; Produção:<br />
Norma Bengell/ NB Produções e Globosat; Intérpretes:<br />
Paulo José, Fernanda Torres, José de Abreu, Tonico Pereira.<br />
Título original: Alma Curiosa de Perfeição - Machado de<br />
Assis.<br />
Produção: José Maria Ulles, Marcos Brochado e Raquel<br />
Madeira; Locução: Lauro Moreira e Myriam Violeta;<br />
Documentário.<br />
Título original: Esse Rio que eu Amo - Episódio Noite de<br />
Almirante (1961)<br />
Realização: Carlos Hugo Christensen; Baseado no conto<br />
“Noite de Almirante”, em “Hisórias sem Data”; Intérpretes:<br />
Tonia Carrero, Agildo Ribeiro, Monah Delacy<br />
Título original: O Rio de Machado de Assis (1965)<br />
Realização e argumento: Nelson Pereira dos Santos;<br />
Locução: Paulo Mendes Campos. Documentário.<br />
Título original: Capitu (1968)<br />
Realização, argumento e produção: Paulo César Saraceni;<br />
Baseado no romance “Dom Casmurro”; Adaptação: Lygia<br />
Fagundes Telles, Paulo Emílio Salles Gomes e Paulo César<br />
Saraceni; Intérpretes: Othon Bastos, Raul Cortez, Marília<br />
Carneiro.<br />
Título original: Viagem ao Fim do Mundo (1968)<br />
Realização, argumento e produção: Fernando Cony<br />
Campos; Baseado nos capítulos “O Delírio” e “O Sermão<br />
do Livro” do romance “Memórias Póstumas de Brás<br />
Cubas”; Intérpretes: Jofre Soares, Annik Malvil, Talula<br />
Campos, Karin Rodrigues.<br />
Título original: “Azyllo muito Louco” (1971)<br />
Realização e argumento: Nelson Pereira dos Santos;<br />
Baseado no conto “O Alienista”; Intérpretes: Nildo Parente,<br />
Isabel Ribeiro, Arduíno Colasanti, Irene Stefânia, Leila<br />
Diniz.<br />
Título original: A Causa Secreta (1972)<br />
Realização e adaptação: José Américo Ribeiro; Baseado<br />
no conto homónimo, em “Várias Histórias”; Intérpretes:<br />
Milton Gontijo, Ricardo T. Salles, Walkiria Lacerda<br />
Título original: A Cartomante (1974)<br />
Realização e argumento: Marco Farias; Baseado no<br />
conto homónimo, em “Várias Histórias”; Adaptação:<br />
Marco Farias, Salim Miguel, Eglê Malheiros; Intérpretes:<br />
Maurício do Valle, Ítala Nandi, Ivan Cândido.<br />
Título original: Um Homem Célebre (1974)<br />
Realização: Miguel Faria Júnior; Baseado no conto<br />
homónimo, em “Várias Histórias”; Adaptação: Miguel<br />
Faria Junior e Jorge Laclette; Intérpretes: Walmor Chagas,<br />
Darlene Glória, Bibi Vogel<br />
Título original: Confi ssões de uma Viúva Moça (1975)<br />
Realização e argumento: Adnor Pitanga; Baseado no<br />
conto homónimo, em “Contos Fluminenses”; Intérpretes:<br />
Sandra Barsotti, José Wilker, Celso Faria, Myriam Pérsia.<br />
Título original: Que Estranha Forma de Amar (1978)<br />
Realização e argumento: Geraldo Vietri; Baseado no<br />
romance “Iaiá Garcia”; Intérpretes: Solange Machado,<br />
Wilson Fragoso, Márcia Maria<br />
Título original: Missa do Galo (1982)<br />
Realização e argumento: Nelson Pereira dos Santos:<br />
Baseado no conto homónimo, em “Páginas Recolhidas”;<br />
Intérpretes: Isabel Ribeiro, Nildo Parente, Olney São<br />
Paulo<br />
Título original: A Cartomante (1984)<br />
Realização: Alexander Vancellote; Baseado no conto<br />
homónimo em “Várias Histórias”; Intérpretes: Ricardo<br />
Sabença, Roberta Guariento, Yeda Hamilin.<br />
Título original: Brás Cubas (1985)<br />
Realização: Julio Bressane; Baseado no romance<br />
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”; Adaptação: António<br />
Medina e Julio Bressane; Intérpretes: Luiz Fernando<br />
Guimarães, Renato Borghi, Bia Nunes, Regina Casé.<br />
Título original: Quincas Borba (1987)<br />
Realização, adaptação e produção: Roberto Santos;<br />
Baseado no romance homónimo; Intérpretes: Helber<br />
Rangel, Brigitte Broder, Fulvio Stefanini.<br />
Título original: Memórias Póstumas (2001)<br />
Realização de André Klotzel; Adaptação: José Roberto<br />
Torero; Baseado no romance “Memórias Póstumas de<br />
Brás Cubas”; Intérpretes: Reginaldo Faria, Sônia Braga,<br />
Walmor Chagas, Stepan Nercessian, Petrônio Gontijo,<br />
Viétia Rocha.<br />
Título original: Dom (2003)<br />
Realização: Moacyr Góes: Intérpretes: Marcos Palmeira,<br />
Maria Fernanda Cândido, Bruno Garcia, Luciana Braga,<br />
Malu Galli, Walter Rosa e Leon Góes.<br />
Título original: A Cartomante (2004)<br />
Realização: Wagner de Assis e Pablo Uranga; Intérpretes:<br />
Deborah Secco, Luigi Baricelli, Sívia Pfeifer, Christiane<br />
Alves, Giovanna Antonelli, Mel Lisboa, Sílvio Guindane.<br />
Título original: Quanto Vale ou é por Quilo? (2005)<br />
Realização: Sergio Bianchi; Argumento: Sabina Anzuategui,
Eduardo Benain, segundo Machado de Assis (“Pai Contra<br />
Mãe”); Intérpretes: Antonio Abujamra, Caio Blat, Herson<br />
Capri, Ana Carbatti, Marcelia Cartaxo, Clara Carvalho,<br />
Leona Cavalli, José Rubens Chachá, Caco Ciocler, Joana<br />
Fomm, Ênio Gonçalves, Silvio Guindane, Umberto<br />
Magnani, Noemi Marinho, Leonardo Medeiros, Cláudia<br />
Mello, Danton Mello, Zezé Motta, Bárbara Paz, Teca Pereira,<br />
Ariclê Perez, Míriam Pires, Lázaro Ramos, Odelair Rodrigues,<br />
Lena Roque, Ana Lúcia Torre<br />
Título original: A Erva do Rato (2008)<br />
Realização: Júlio Bressane, Rosa Dias; Argumento: Júlio<br />
Bressane, segundo Machado de Assis; Intérpretes: Selton<br />
Mello, Alessandra Negrini.<br />
Televisão<br />
Título original: Helena - Série de TV (1952)<br />
Intérpretes: Jane Batista, Paulo Goulart, Vera Nunes,<br />
Hélio Souto<br />
Título original: Iaiá Garcia - Série de TV (1953)<br />
Título original: Your Favorite Story - episódio “The<br />
Attendant’s Confession” - Série de TV (1954); Argumento:<br />
Jack Rock, sobre Machado de Assis.<br />
Título original: Helena - Adaptação de obra de Machado<br />
de Assis. Telenovela: Capítulos 1 e 28.<br />
Realização: Herval Rossano; Adaptação: Gilberto Braga;<br />
Intérpretes: Lúcia Alves, Osmar Prado, Ida Gomes, Rogério<br />
Fróes, Ruth de Sousa, Sidney Marques,Regina Vianna,<br />
Gilberto Salvio, Ângela Valério, José Augusto Branco.<br />
Título original: Vila do Arco - Série de TV (1975)<br />
Realização: Luiz Gallon; Argumento: Sérgio Jockyman,<br />
segundo Machado de Assis (“O Alienista”); Intérpretes:<br />
Laerte Morrone, Maria Isabel de Lizandra, Rodrigo Santiago,<br />
Célia Helena, Elias Gleizer, Liana Duval, Herson Capri, Nize<br />
Silva, Geraldo Del Rey, Isadora de Farias, Kleber Afonso,<br />
Edwin Luisi, Rogério Márcico, Ivete Bonfá, Older Cazarré<br />
Título original: Iaiá Garcia - Série de TV (1982)<br />
Argumento: Rubens Ewald Filho, segundo Machado de<br />
Assis; Intérpretes: Elaine Cristina, Dênis Derkian, Patrícia<br />
Godoy, Amilton Monteiro, Arlete Montenegro, Alceu<br />
Nunes, Geraldo Rosa, Fúlvio Stefanini, Silvana Teixeira.<br />
Título original: Helena - Série de TV (1987)<br />
Realização: Luiz Fernando Carvalho, Denise Saraceni;<br />
Argumento: Dagomir Marquezi, Reinaldo Moraes,<br />
segundo Machado de Assis; Intérpretes: Luciana Braga,<br />
Thales Pan Chacon, Elias Andreato, Othon Bastos, Ivan<br />
de Albuquerque, Mayara Magri, Aracy Balabanian, Isabel<br />
Ribeiro, Yara Amaral, Paulo Villaça, Sérgio Mamberti,<br />
Walter Forster, Eliane Giardini, Buza Ferraz, Luiz Maçãs.<br />
Título original: O Alienista - Adaptação da obra de<br />
Machado de Assis. Mini-série (1993).<br />
Produção: TV Globo; Intérpretes: Marco Nanini, Giulia Gam,<br />
Milton Gonçalves, Cláudio Correa e Castro, Antônio Calloni,<br />
Marisa Orth, Sérgio Manberti, e Luís Fernando Guimarães.<br />
Título original: Trio em Lá Menor (baseado no conto<br />
homónimo de Machado de Assis). Mini-série. (1999).<br />
Realização: Luciano Sabino; Produção: Wolf Maia / Central<br />
Globo de Produção; ; Adaptação: Geraldo Carneiro;<br />
Intérpretes: Letícia Sabatella, Leonardo Brício, Marco<br />
Ricca, Laura Cardoso, Bel Kutner.<br />
Título original: Capitu (2008)<br />
Argumento: Luiz Fernando Carvalho, Edna Palatinik,<br />
segundo Machado de Assis; Intérpretes: Maria Fernanda<br />
Cândido, Michel Melamed, Eliane Giardini, Letícia Persiles,<br />
César Cardadeiro, Pierre Baitelli, Rita Elmor, Sandro<br />
Christopher, Charles Fricks, Izabella Bicalho, Antônio<br />
Karnewale, Jacy Marques, Gabriela Luiz.<br />
Título original: Machado de Assis - sua Vida e Obra (dez<br />
programas) (1999)<br />
1 - Machado de Assis em canto e prosa; 2 - Machado<br />
de Assis - o ano em que nasceu; 3 - Machado de Assis<br />
- A restauração do mobiliário; 4 - Machado de Assis e a<br />
fundação da Academia; 5 - Machado de Assis e seu patrono<br />
na Academia; 6 - Machado de Assis - A morada fi nal; 7 - O<br />
Rio de Janeiro de Machado de Assis I; 8 - O Rio de Janeiro de<br />
Machado de Assis II; 9 - Machado de Assis – Cronologia; 10<br />
- Machado de Assis - o ano em que morreu.<br />
231 | Machado de Assis no Cinema
FAMAFEST<br />
2009<br />
YUKIO MISHIMA NO CINEMA
234 | Yukio Mishima no Cinema<br />
_NOTAS SOBRE MISHIMA, O ESCRITOR, O CINEMA, O TEATRO<br />
_YUKIO MISHIMA NO CINEMA<br />
Yukio Mishima, escritor brilhante e personalidade polémica e conturbada, teve uma intensa<br />
actividade cinematográfi ca, quer como autor de várias obras adaptadas ao cinema e como<br />
argumentista, quer ainda como realizador e actor. Nada de espantar num homem que era<br />
notoriamente um exibicionista, que fazia da sua vida e do seu corpo espectáculo, levando<br />
esta ritualização ao extremo, quando “encenou” publicamente o seu próprio suicídio.<br />
Entre as múltiplas obras cinematográfi cas, japonesas e ocidentais, que tiveram na base<br />
romances e peças teatrais suas, creio que a mais importante será uma média metragem<br />
de 30 minutos, de título original japonês “Yûkoku” (traduzida por “Patriotismo” ou “Ritos<br />
de Amor e Morte”). É uma realização conjunta de Yukio Mishima e Domoto Masaki,<br />
de 1966, partindo de uma história do próprio Mishima, com produção sua e design de<br />
produção, para lá de ser interpretada igualmente pelo escritor, ao lado de Yoshiko Tsuruoka<br />
(Reiko), que encarna a mulher do protagonista, Shinji Takeyama, tenente do Batalhão de<br />
Transportes, que, no dia 28 de Fevereiro de 1936, terceiro dia depois do incidente de 26 de<br />
Fevereiro, resolve, “profundamente perturbado ao saber que os seus colegas mais próximos<br />
eram coniventes com os amotinados, e indignado ante a iminente perspectiva do ataque<br />
das tropas imperiais, tomar a sua espada de ofi cial e, cerimoniosamente, esventrar as suas<br />
entranhas no quarto de oito tatamis da sua residência privada, a Residência Yotsuya, na sexta<br />
rua de Aoba-Cho, no Distrito de Iotsuya. Seguiu-se-lhe Reiko, a sua mulher, que se matou,<br />
apunhalando-se” (palavras de Mishima). O fi lme, num sóbrio preto e branco, encena, com<br />
um rigor e uma austeridade invulgares, todo o cerimonial “de amor e morte” que preside a<br />
este acto, que se quer de “patriotismo” extremo e de total devoção a uma causa.<br />
Outro grande fi lme inspirado no universo de Mishima, tanto na sua vida, quanto na sua<br />
obra, é “Mishima”, do norte-americano Paul Schrader, datado de 1985. “Mishima: A Life in<br />
Four Chapters” é precisamente isto: Mishima em quatro capítulos, com uma reconstituição<br />
em estúdio (solução muito inteligente para uma vida que esteve sempre em palco. Leiamse<br />
as palavras do próprio escritor: “Todos dizem que a vida é um palco de teatro, mas
poucos são os que fi cam obcecados com esta ideia, pelo menos tão precocemente como<br />
eu fi quei. Desde os últimos anos da infância que eu estava fi rmemente convencido de<br />
que assim era e que eu próprio teria um papel a desempenhar nesse palco, sem nunca ser<br />
obrigado a revelar o meu verdadeiro eu.” (in “Confi ssões de uma Máscara”.)<br />
Os quatro capítulos são “Beauty”, “Art”, “Action” e “Fusion of Pen and Sword”. No primeiro,<br />
adaptam-se excertos de “The Temple of the Golden Pavilion”, história de um jovem<br />
gago e não muito dado à beleza, que, por vingança contra a formosura do templo que<br />
não consegue suportar, o incendeia. Em “Art”, Paul Schrader e o irmão Leonard Schrader<br />
adaptam cenas de “Kyoko´s House”, romance dividido por quatro personagens que<br />
encarnam aspectos distintos da personalidade de Mishima. “Runaway Horses” está na<br />
base do terceiro momento, “Action” e prepara a eclosão fi nal, essa “Fusion of Pen and<br />
Sword”, com que termina a obra e a vida do escritor. Excelente a realização de Schrader,<br />
inventiva e sóbria, teatral e voluptuosa, bem como a partitura musical de Philip Glass.<br />
Não foi nada fácil a produção desta obra que ocupou dez anos a Schrader. Muitas foram<br />
as difi culdades criadas, sobretudo pelas autoridades japonesas e a família do escritor.<br />
Dois ou três temas sobretudo se mostravam tabu.<br />
Um americano a recriar a vida e a obra de um escritor, que detestava a América e o muito<br />
que representava (muito embora Mishima considerasse que uma visita à Disneylandia<br />
era das suas melhores recordações), parecia algo de chocante para os japoneses. Mas as<br />
duas razões principais eram de outra índole. Desde a sua morte que Mishima é erguido<br />
pela extrema-direita japonesa como o seu herói nacionalista e um símbolo político que<br />
o próprio governo teme. Segundo Paul Schrader, “só um ocidental poderia ter realizado<br />
este fi lme, pelo motivo que muitos japoneses preferem esquecer que Mishima existiu.”<br />
A outra razão foi a difi culdade em conseguir da família do escritor os direitos para a<br />
adaptação, dado que a viúva se opunha terminantemente a qualquer referência à<br />
homossexualidade do escritor. Acabou por ceder nos direitos, com a excepção do romance<br />
“Cores Interditas”, onde é feita alusão directa à homossexualidade. Mas apesar disso o<br />
fi lme nunca foi exibido comercialmente no Japão, a não ser pela televisão (censurado na<br />
cena do bar gay, que desapareceu) e em DVD.<br />
235 | Yukio Mishima no Cinema
236 | Yukio Mishima no Cinema<br />
_“O MARINHEIRO QUE PERDEU AS GRAÇAS DO MAR”<br />
1. 1977 (17 de Junho), na crítica cinematográfi ca diária do “DN”, sobre “Os Dias Impuros<br />
de um Marinheiro”, escrevi (o que transcrevo apenas com uma ou outra rectifi cação de<br />
somenos importância):<br />
O universo infantil, o seu mundo de perversidade e inocência, cujos limites perigosamente<br />
se esfumam, tem justifi cado diversas aproximações por parte do cinema, por vezes com<br />
resultados notáveis. “Os Dias Impuros de um Marinheiro” (The Sailar who Fell from Grase into<br />
The Sea), de Lewis John Carlino, recoloca o tema na ordem do dia, nada lhe acrescentando,<br />
todavia, em relação a obras como “Os Inocentes” ou “Todas as Noites às Nove”, ambos de<br />
Jack Clayton, ou, num outro sentido, “O Jovem Toerless”, de Volker Schlondoerf.<br />
Uma viúva, Anne Qsborne (Sarah Miles} e o seu fi lho, Jonathan, vivem numa pequena cidade<br />
irlandesa, à beira de uma baia de fraco tráfego marítimo. Jonathan e quatro colegas de colégio<br />
formam uma seita iniciática, cujo “chefe” não deixa de debitar algumas máximas, que se<br />
aproximam directamente de uma mentalidade com algo de nazi. Um dia, um marinheiro,<br />
Jim (Kriss Kristofferson) refugia-se naquele porto, depois de se ter apaixonado por Anne.<br />
Jonathan, que espreita os amores clandestinos da progenitora através de um orifício que<br />
descobre na parede que liga o seu quarto ao da mãe, reconhece no marinheiro o apelo da<br />
aventura, do desconhecido, do ignoto, até que Jim aceita abandonar o mar, casar com a<br />
viúva, despir a farda do risco quotidiano, trocando-a pelo conforto burguês das núpcias, da<br />
família, do lar. O que ultrapassa os esquemas mentais de Jonathan, que não permite uma<br />
tal “deserção”. Para Jonathan, Jim traíra o código do mar, tal como o velho felino que deixara<br />
de ser caçador, envelhecera e se transformara num gato de sala, domesticado e medroso.<br />
Em nome de uma pureza de comportamento que se não pode renegar, de uma aventura<br />
que se não aceita ver suspensa, o clã decreta o ritual de imolação.<br />
“Os Dias Impuros de um Marinheiro” parte de um romance do japonês Yukio Mishima (cujo<br />
título original, “O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar”, se encontrava, obviamente, muito<br />
mais de acordo com o signifi cado da obra, do que a sua adulterada tradução para português),<br />
adaptado ao cinema pelo próprio realizador. Se bem que desconhecendo o romance - que<br />
nos afi ançam de grande qualidade -, pode dizer-se que o trabalho de adaptação não terá<br />
sido muito fi el, tendo em conta, somente os resultamos fi nais. A transferência da acção do<br />
Japão para a Irlanda, na actualidade, não terá sido a mais indicada, dado que o romance<br />
se refere seguramente a uma mentalidade e a uma psicologia orientais que encontram<br />
defi cientes equivalências quando transpostas à letra para o Ocidente. A ambiência ritualista<br />
que sobrevive no fi lme encontra-se algo desenquadrada, desde que retirada do seu cenário<br />
natural, e a ausência de talento por parte de John Carlino acentua defi ciências e agrava essa<br />
clamorosa falta de um clima fantástico onde se reúna a poesia e a violência, o erotismo e o<br />
sonho, a aventura e o drama. Tudo isso, que deveria ser a essência de “Os Dias Impuros de<br />
um Marinheiro”, se esbate por detrás de um clima meramente decorativo, sobrecarregado<br />
de efeitos visuais fáceis (desde os contínuos encadeados e sobreposições, até ao rodriguinho<br />
fotográfi co, que não recua perante um pôr-do-sol amaneirado, uma praia dourada pelo sol<br />
de fi m de tarde, as ondas investindo, etc.). Em lugar de uma atmosfera densa de presságios<br />
e ameaças latentes, fi ca o gosto duvidoso de um álbum fotográfi co e a utilização simplista<br />
do símbolo que, em lugar de valorizar o signifi cado global do fi lme, o esvazia de sentido.<br />
Mesmo a interpretação não muito brilhante de Sarah Miles (rememorando “A Filha de<br />
Ryan”, para pior) e a um pouco cabotina do fotogénico Kris Kristofferson demonstram<br />
bem a incapacidade real de John Carlino, que assim desbarata uma incursão pelo universo<br />
perverso da criança, que poderia ser inquietante e nunca o é.
2. Em 1985, a Assírio e Alvim edita a excelente tradução portuguesa (de Carlos Leite) de<br />
“O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar” e, posteriormente, surgem no mercado<br />
nacional muitos outros títulos de Yukio Mishima, o que permite ter-se uma ideia mais<br />
aproximada da importância da obra deste escritor japonês que, a 25 de Novembro<br />
de 1970, com apenas 45 anos de idade e uma já vasta produção literária publicada, se<br />
suicida, de forma espectacular, segundo o ritual nipónico do “seppuku”.<br />
Basta ler-se “Confi ssões de uma Máscara” ou “O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar”<br />
para se ter a noção da força da personalidade de Mishima, que rapidamente se torna<br />
um escritor de culto. Vários aspectos da sua vida e obra (que se interligam dramática<br />
e harmoniosamente) concorrem para este facto. Primeiramente a qualidade impar da<br />
sua escrita que alia uma elegância e subtileza invulgares com um vigor impositivo e<br />
uma temática obsessiva. É neste universo de fantasmas e máscaras, de fi delidade a<br />
um conservadorismo tradicional e de abertura a rupturas extremas, que se opera<br />
todo o drama da confl itualidade de Mishima. Ele que é um dos mais ocidentalizados<br />
dos artistas japoneses, suicida-se por que sente que os valores tradicionais do Japão<br />
se deterioram e enfraquecem. Homossexual confesso (“Confi ssões de uma Máscara”<br />
é uma das mais brilhantes confi ssões de um prazer “proibido”que se assume como<br />
prioritário), casa-se, tem fi lhos, ostenta uma vida familiar “normalizada”. Homem de<br />
uma sensibilidade decantada, atento ao mais íntimo e secreto dos sentimentos, afi rmase<br />
defensor de organizações paramilitares, apela à violência e à revolta sangrenta, em<br />
nomes de princípios que se aproximam muito dos ideais fascistas. Dividido dentro de<br />
si, divide quem o lê. Não só em grupos de entusiastas seguidores e de críticos radicais,<br />
como divide na sua consciência mais profunda cada leitor seu. Sinto-me dividido entre<br />
a beleza de uma escrita que investiga com argúcia e inteligência a natureza humana,<br />
e a violência panfl etária de algumas das suas propostas e de muitas das suas acções,<br />
encenações de uma violência sem recuo que vão até ao seu próprio suicídio, mas que<br />
passam igualmente por situações de livros seus insustentáveis (veja-se, em “O Marinheiro<br />
237 | Yukio Mishima no Cinema
238 | Yukio Mishima no Cinema<br />
que Perdeu as Graças do Mar”, a prova de virilidade e de lealdade ao “chefe”, imposta a<br />
Noboru, a criança que é o centro do romance, que observa e é observada, e que a seita<br />
a que pertence obriga a matar e a esfolar um gatinho, para assim demonstrar a sua<br />
vontade e força: “Fui eu que o matei. Posso fazer tudo por mais terrível que seja!”).<br />
3. 2008: vendo o fi lme hoje, agora que já conheço o livro, e muita da obra literária e<br />
cinematográfi ca de Mishima, acrescentaria alguma coisa ao comentário, não à opinião<br />
dominante. Ou melhor: seria mais negativo em relação ao resultado fi nal e à adaptação.<br />
Começando por este último aspecto: transladar a acção do Japão para a Irlanda, retira<br />
à obra toda a dimensão simbólica, todo o seu signifi cado mais profundo. Este é um<br />
tema que julgo só ter completa compreensão se defi nido no interior de uma paisagem<br />
humana e geográfi ca precisa. Como sempre a enorme universalidade de “O Marinheiro<br />
que Perdeu as Graças do Mar” vem-lhe do facto da obra ser genuinamente japonesa<br />
e profundamente mishimeana. Só se compreende integralmente referindo-se àquela<br />
latitude e longitude, mais ainda, ao universo daquele escritor.<br />
A relação com a mãe, o espírito do grupo, a reverência em relação ao “chefe”, o tipo de<br />
iniciação praticada, a decepção para com o comportamento de demissão do marinheiro,<br />
a veneração pelo mar, pela viagem, pela aventura, tudo isto pode existir em qualquer<br />
lugar, mas “sentida” daquela só existe no Japão e mais precisamente e Mishima. O que<br />
Lewis John Carlino consegue com o seu fi lme é tornar banal o que não o é, à partida,<br />
oferecer um olhar rasteiro sobre o que é único, pessoal, privado.<br />
_“COM OS MEUS RESPEITOSOS CUMPRIMENTOS…”<br />
Correspondência entre Yukio Mishima e Yasunari Kawabata<br />
No dia 25 de Novembro de 2008, no pequeno auditório do CCB, decorreu, em sessão<br />
única, para raros eleitos, um espectáculo invulgar. Uma leitura encenada de alguma da<br />
correspondência que, ao longo de décadas (de 1945 a 1970), se estabeleceu entre Yukio<br />
Mishima e Yasunari Kawabata, indiscutivelmente dois dos maiores escritores japoneses<br />
do século XX. Yasunari Kawabata (1899-1972), único Nobel japonês, de que conheço apenas<br />
“Terra de Neve”, “Chá e Amor”, “A Dançarina de Izu” e “A Casa das Belas Adormecidas”, é<br />
um escritor de palavra fi na e delicada, um observador atento da psicologia humana, que<br />
retrata de forma miniaturista, discreta, secreta, intimista. Era muito admirado por Yukio<br />
Mishima (1925-1970), defensor das tradições e da obediência ao Imperador, um autor<br />
de escrita delicada é certo, mas abrasante, sensual e voluptuosa, arrogante e ostensiva,<br />
impositiva mesmo. Dele retenho livros admiráveis como “Confi ssões de uma Máscara” ou<br />
“O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar”, “Morte no Verão” ou “O Tumulto das Ondas”,<br />
“O Templo da Aurora" ou “A Ruína do Anjo”. Ambos mantiveram correspondência regular<br />
onde demonstravam mutuamente enorme respeito e estima. Uma troca de cartas que<br />
refl ecte não só pontos de vista políticos, sociais, literários, humanos, como sobretudo<br />
um enorme afecto pessoal. Num palco despojado, numa encenação minimalista que<br />
conferia sobretudo importância à palavra, Luís Madureira e José Manuel Mendes<br />
encheram o espaço com a recatada magia de um texto delicadamente trabalhado sem<br />
afecção, que se ouvia com prazer e se entendia por vezes com paixão. A descoberta da<br />
relação de amizade e assombro que existiu entre dois escritores e dois homens com<br />
tanto de diferente entre si. A leitura foi encenada por António Mega Ferreira, um dos<br />
especialistas em Mishima em <strong>Portugal</strong>. Muito pouco público para uma hora de bailado<br />
de palavras. A repor?
_ YUKIO MISHIMA<br />
Filmografi a<br />
Título original: Shiosai ou The Sound of Surf ou The Sound<br />
of Waves ou The Surf<br />
Realização: Senkichi Taniguchi (Japão, 1954); Argumento:<br />
Shinichirô Nakamura, Senkichi Taniguchi, segundo romance<br />
de Yukio Mishima; Produção: Tomoyuki Tanaka; Música:<br />
Toshirô Mayuzumi; Fotografi a (p/b): Taiichi Kankura;<br />
Design de produção: So Matsuyama; Som: Ariaki Hosaka;<br />
Companhias de produção: Toho Company; Intérpretes: Akira<br />
Kubo (Shinji), Sadako Sawamura (Tomi), Minoru Takashima<br />
(Hiroshi), Kyôko Aoyama (Hatsue), Kichijiro Ueda, Keiko Miya,<br />
Daisuke Katô, Sue Mitobe, Hiroshi Tachikawa, Wataru Omae,<br />
Yoshio Kosugi, Ikichi Ishii, Toshirô Mifune, Fumiko Honma,<br />
Eijirô Tôno, Noboru Akao, Yu Yamazaki, Eitarô Ozawa, etc.<br />
Duração: 96 min.<br />
Título original: Nagasugita haru<br />
Realização: Shigeo Tanaka (Japão, 1957); Argumento: Yoshio<br />
Shirasaka, segundo romance de Yukio Mishima; Produção:<br />
Hiroaki Fujii, Masaichi Nagata; Música: Yuji Koseki; Fotografi a<br />
(cor): Kimio Watanabe; Direcção artística: Atsuji Shibata;<br />
Companhias de produção: Daiei Studios; Intérpretes:<br />
Ayako Wakao (Momoko Kida), Hiroshi Kawaguchi (Ikuo<br />
Takarabe), Eiji Funakoshi (Toichiro Kida), Yuzo Hayakawa,<br />
Keizo Kawasaki, Yoshiro Kitahara, Bontarô Miyake, Chieko<br />
Murata, Sadako Sawamura, Rieko Sumi, Hisako Takihana,<br />
etc. Duração: 99 min.<br />
Título original: Bitoku no yoromeki<br />
Realização: Kô Nakahira (Japão, 1957); Argumento: Kaneto<br />
Shindô, segundo romance de Yukio Mishima; Produção:<br />
Kazu Otsuka; Música: Toshirô Mayuzumi; Fotografi a (p/b):<br />
Kazumi Iwasa; Montagem: Masanori Tsujii; Companhias<br />
de produção: Nikkatsu; Intérpretes: Yumeji Tsukioka<br />
(Sestuko Kurakoshi), Rentaro Mikuni (Ichiro Kurakoshi), Ryoji<br />
Hayama (Tsuchiya), Shinsuke Ashida, Tanie Kitabayashi, Yôko<br />
Minamida, Chikako Miyagi, Koreya Senda, Kinzo Shin, Misako<br />
Watanabe, etc. Duração: 96 min.<br />
Título original: Enjo ou Confl agration ou Flame of Torment<br />
ou The Temple of the Golden Pavilion<br />
Realização: Kon Ichikawa (Japão, 1958); Argumento: Keiji<br />
Hasebe, Kon Ichikawa, Natto Wada, segundo romance de<br />
Yukio Mishima; Produção: Hiroaki Fujii, Masaichi Nagata;<br />
Música: Toshirô Mayuzumi; Fotografi a (p/b): Kazuo Miyagawa;<br />
Montagem: Shigeo Nishida; Direcção artística: Yoshinobu<br />
Nishioka; Som: Masao Okada; Companhias de produção:<br />
Daiei Kyoto, Daiei Motion Picture Company; Intérpretes: Raizô<br />
Ichikawa (Goichi Mizoguchi), Tatsuya Nakadai (Tokari), Ganjiro<br />
Nakamura (Tayama Dosen), Yoichi Funaki (Tsurukawa), Tamao<br />
Nakamura, Jun Hamamura, Tanie Kitabayashi, Michiyo<br />
Aratama, Kinzo Shin, Yôko Uraji, Saburo Date, Ryosuke Kagawa,<br />
Keiko Koyanagi, etc. Duração: 99 min.<br />
Título original: Ojôsan<br />
Realização:Taro Yuge (Japão, 1961); Argumento: Kimiyuki<br />
Hasegawa, segundo romance de Yukio Mishima;<br />
Produção: Hiroaki Fujii; Música: Sei Ikeno; Fotografi a<br />
(cor): Setsuo Kobayashi; Companhias de produção: Daiei<br />
Studios; Intérpretes: Ayako Wakao (Kasumi Fujisawa),<br />
Hiroshi Kawaguchi (Keiichi Sawai), Hitomi Nozoe (Chieko<br />
Hanamura), Jiro Tamiya, Yoshiro Kitahara, Kuniko Miyake,<br />
Yasuko Nakata, Masao Shimizu, etc. Duração: 79 min.<br />
Título original: Kurotokage ou Black Lizard<br />
Realização: Umetsugu Inoue (Japão, 1962); Argumento:<br />
Yukio Mishima, Kaneto Shindô, segundo romance de Rampo<br />
Edogawa; Produção: Itsuo Dói, Masaichi Nagata; Música:<br />
Toshirô Mayuzumi; Fotografi a (cor): Yoshihisa Nakagawa;<br />
Direcção artística: Shigeo Mano; Companhias de produção:<br />
Daiei Studios; Intérpretes: Machiko Kyô (Mrs. Midorikawa),<br />
Minoru Ohki (Kogoro Akechi), Junko Kano (Sanae Iwase),<br />
Hiroshi Kawaguchi, Masao Mishima, Sachiko Meguro,<br />
Chiharu Kuri, Shizuo Nakajo, etc. Duração: 101 min.<br />
Título original: Shiosai ou The Sound of the Waves<br />
Realização: Kenjiro Morinaga (Japão, 1964); Argumento: Goro<br />
Tanada, segundo romance de Yukio Mishima; Produção:<br />
Hideo Sasai; Fotografi a (cor): Umeyo Matsuzaki; Companhias<br />
de produção: Nikkatsu; Intérpretes: Sayuri Yoshinaga (Hatsue<br />
Miyata), Mitsuo Hamada (Shinji Kubo), Nijiko Kiyokawa<br />
(Tomi Kubo), Kenjiro Ishiyama (Terukichi Miyata), Ichirô Sugai,<br />
Daizaburo Hirata, Toyoko Takahashi, Masao Shimizu, Keiko<br />
Hara, Kayo Matsuo, etc. Duração: 82 min.<br />
Título original: Ken<br />
Realização: Kenji Misumi (Japão, 1964); Argumento: Kazuro<br />
Funabashi, segundo romance de Yukio Mishima; Produção:<br />
Hiroaki Fujii; Música: Sei Ikeno; Fotografi a (p/b): Chishi Makiura;<br />
Direcção artística: Akira Naito; Som: Masahiko Okumura;<br />
Companhias de produção: Daiei Studios; Intérpretes: Raizô<br />
Ichikawa (Jiro Kokubun), Yusuke Kawazu (Kagawa), Hisaya<br />
Morishige (Mibu), Akio Hasegawa (Mibu), Noriko Sengoku<br />
(Kiuchi), Keiju Kobayashi, Yuka Konno, Junko Kozakura, Yoshio<br />
Inaba, Rieko Sumi, Kunîchi Takami, etc. Duração: 94 min.<br />
Título original: Kemono no tawamure<br />
Realização: Sokichi Tomimoto (Japão, 1964); Argumento:<br />
Kazuro Funabashi, segundo romance de Yukio Mishima;<br />
Produção: Hiroaki Fujii; Fotografi a (p/b): Nobuo Munekawa;<br />
Direcção artística: Shigeo Mano; Companhias de produção:<br />
Daiei Studios; Intérpretes: Ayako Wakao (Yuko Kusakado),<br />
Seizaburô Kawazu (Ippei Kusakado), Takao Ito (Koji Umemiya),<br />
Masao Mishima, Yoshi Kato, etc. Duração: 94 min.<br />
239 | Yukio Mishima no Cinema
240 | Yukio Mishima no Cinema<br />
Título original: Nikutai no gakko ou School for Sex ou School<br />
of Love ou School of Sex<br />
Realização: Ryo Kinoshita (Japão, 1965); Argumento: Toshirô<br />
Ide, segundo história de Yukio Mishima; Produção: Masakatsu<br />
Kaneko; Música: Sei Ikeno; Fotografi a (p/b e cor): Yuzuru<br />
Aizawa; Montagem: Yoshitami Kuroiwa; Design de produção:<br />
Kazuo Takenaka; Som: Hisashi Shimonaga, Norio Tone;<br />
Companhias de produção: Toho Company; Intérpretes: Kyôko<br />
Kishida (Taeko Asano), Tsutomu Yamazaki (Senkichi Sato), Yuki<br />
Nakagawa (Satoko Muromachi), Sô Yamamura (Toshinobu<br />
Hira), Masahiko Arima, Emiko Azuma, Kazuko Ezaki, Shigeru<br />
Kôyama, Akira Kubo, Senshô Matsumoto, Haruo Nakajima,<br />
Tadashi Okabe, Ernest Richter, Marjorie Richter, Kazuo Suzuki,<br />
Akio Tanaka, Keisuke Yamada, etc. Duração: 92 min.<br />
Título original: Yûkoku ou Patriotism ou The Rite of Love<br />
and Death<br />
Realização: Domoto Masaki, Yukio Mishima (Japão,<br />
1966); Argumento: segundo história de Yukio Mishima;<br />
Produção: Hiroaki Fujii, Yukio Mishima; Fotografi a (p/b):<br />
Kimio Watanabe; Design de produção: Yukio Mishima;<br />
Companhias de produção: Toho Company; Intérpretes:<br />
Yukio Mishima (Shinji Takeyama), Yoshiko Tsuruoka (Reiko),<br />
etc. Duração: 30 min.<br />
Título original: Die Hundertste Nacht (TV)<br />
Realização: Frank Guthke (Alemanha, 1966); Argumento:<br />
Eckart Stein, segundo peça de Yukio Mishima; Companhias de<br />
produção: Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF); Intérpretes:<br />
Hela Gruel, Michael Maien, Dorit Amann, Irmgard Först, Curt<br />
Bois, Friedrich Schütter, Karl Merkatz, Thomas Reiner, Gerda-<br />
Maria Jürgens, etc. Duração: 95 min.<br />
Título original: Ai no kawaki ou Longing for Love ou The<br />
Thirst for Love<br />
Realização: Koreyoshi Kurahara (Japão, 1966); Argumento:<br />
Toshiya Fujita, Koreyoshi Kurahara, segundo romance de<br />
Yukio Mishima; Produção: Kazu Otsuka; Música: Toshirô<br />
Mayuzumi; Fotografi a (cor): Yoshio Miyajima; Design de<br />
produção: Kazuhiko Chiba; Companhias de produção:<br />
Nikkatsu; Intérpretes: Ruriko Asaoka (Etsuko), Nobuo<br />
Nakamura, Tetsuo Ishidate, Akira Yamanouchi, Chitose<br />
Kurenai, Yûko Kusunoki, Yoko Ozono, etc. Duração: 105 min.<br />
Título original: Kurotokage ou Black Lizard<br />
Realização: Kinji Fukasaku (Japão, 1968); Argumento:<br />
Masashige Narusawa, Yukio Mishima, segundo romance de<br />
Rampo Edogawa; Produção: Akira Oda; Música: Isao Tomita;<br />
Fotografi a (cor): Hiroshi Dowaki; Montagem: Keiichi Uraoka;<br />
Direcção artística: Kyohei Morita, Keinosuke Ishiwatari;<br />
Guarda-roupa: Masako Watanabe; Som: Hirobumi Sato,<br />
Toshio Tanaka; Companhias de produção: Shochiku<br />
Company, Shochiku Kinema Kenkyû-jo; Intérpretes: Akihiro<br />
Miwa (Black Lizard), Isao Kimura (Detective Akechi), Kikko<br />
Matsuoka (Sanaye), Junya Usami (Shobei Iwasa), Yusuke<br />
Kawazu, Kô Nishimura, Toshiko Kobayashi, Sonosuke Oda,<br />
Kinji Hattori, Koichi Sato, Jun Kato, Ryuji Funakoshi, Mitsuko<br />
Takara, Tetsuro Tamba, Yukio Mishima, etc. Duração: 86 min.<br />
Título original: Kuro bara no yakata ou Black Rose ou Black<br />
Rose Mansion ou Mansion of the Black Rose<br />
Realização: Kinji Fukasaku (Japão, 1969); Argumento: Kinji<br />
Fukasaku, Hirô Matsuda, segundo peça de Yukio Mishima;<br />
Produção: Akira Oda; Música: Hajime Kaburagi; Fotografi a<br />
(cor): Takashi Kawamata; Direcção artística: Kumagai Masao;<br />
Companhias de produção: Shochiku Company; Intérpretes:<br />
Akihiro Miwa (Ryuko), Eitarô Ozawa (Kyohei), Masakazu<br />
Tamura (Wataru), Ayako Hosho, Kô Nishimura, Kikko Matsuoka,<br />
Ryohei Uchida, Akira Jo, Hideo Murota, etc. Duração: 91 min.<br />
Título original: Shiosai ou The Sound of the Waves<br />
Realização: Shirô Moritani (Japão, 1971); Argumento: Toshirô<br />
Ide, segundo romance de Yukio Mishima; Produção: Osamu<br />
Tanaka; Música: Takeshi Shibuya; Fotografi a (cor): Asakazu<br />
Nakai; Montagem: Michiko Ikeda; Design de produção: Iwao<br />
Akune; Som: Toshiya Ban; Companhias de produção: Toho<br />
Company; Intérpretes: Katsuhiko Sasaki, Midori Kiuchi, Miki<br />
Odagiri, Susumu Fujita, Noboru Mitani, etc. Duração: 88 min.<br />
Título original: Ongaku<br />
Realização: Yasuzo Masumura (Japão, 1972); Argumento:<br />
Yasuzo Masumura, segundo romance de Yukio Mishima;<br />
Produção: Hiroaki Fujii, Kinshirô Kuzui; Música: Hikaru<br />
Hayashi; Fotografi a (cor): Setsuo Kobayashi; Montagem:<br />
Tatsuji Nakashizu; Direcção artística: Shigeo Mano; Som:<br />
Mutsutoshi Ohta; Companhias de produção: Art Theatre<br />
Guild, Koudousha; Intérpretes: Noriko Kurosawa (Reiko),<br />
Toshiyuki Hosokawa (Shiomi), Choei Takahashi, Koji<br />
Moritsugu, Noboru Mitani, etc. Duração: 104 min.<br />
Título original: Shiosai ou The Sound of the Waves<br />
Realização: Katsumi Nishikawa (Japão, 1975); Argumento:<br />
Katsuya Susaki, segundo romance de Yukio Mishima;<br />
Produção: Takeo Hori, Hideo Sasai; Fotografi a (cor): Kenji<br />
Hagiwara; Montagem: Akira Suzuki; Design de produção:<br />
Teruyoshi Satani; Companhias de produção: Hori Production,<br />
Toho Company; Intérpretes: Momoe Yamaguchi (Hatsue<br />
Miyata), Tomokazu Miura (Shinji Kubo), Ichirô Arishima,<br />
Keiko Tsushima, Yoshio Aoki, Tokue Hanazawa, Kotoe Hatsui,<br />
Atsushi Kawaguchi, Mihoko Nakagawa, Hisayuki Nakajima,<br />
Takeya Nakamura, Haruo Tanaka, Kiyoko Tange, etc. Duração:<br />
93 min.<br />
Título original: Kinkakuji ou Temple of the Golden Pavillion<br />
Realização: Yoichi Takabayashi (Japão, 1976); Argumento:<br />
Yukio Mishima, segundo romance do próprio (“Temple of<br />
the Golden Pavilion”); Companhias de produção: Art Theatre<br />
Guild, Kosha Ltd.;<br />
OS DIAS IMPUROS DE UM MARINHEIRO<br />
Título original: The Sailor Who Fell from Grace with the Sea<br />
Realização: Lewis John Carlino (Inglaterra, 1976); Argumento:<br />
Lewis John Carlino, segundo romance de Yukio Mishima<br />
(“Gogo no eiko”); Produção: Martin Poll, David White;<br />
Música: Johnny Mandel; Fotografi a (cor): Douglas Slocombe;<br />
Montagem: Antony Gibbs; Casting: Miriam Brickman,<br />
Joyce Selznick; Design de produção: Ted Haworth; Direcção<br />
artística: Brian Ackland-Snow, Lee Poll; Guarda-roupa: Lee<br />
Poll; Som: David Hildyard, Peter Horrocks, John Stevenson;<br />
Companhias de produção: AVCO Embassy Pictures, Martin<br />
Poll-Lewis John Carlino Production, Sailor Company;<br />
Intérpretes: Sarah Miles (Anne Osborne), Kris Kristofferson<br />
(Jim Cameron), Jonathan Kahn (Jonathan Osborne), Margo<br />
Cunningham (Mrs. Elizabeth Palmer), Earl Rhodes, Paul<br />
Tropea, Gary Lock, Stephen Black, Peter Clapham, Jennifer<br />
Tolman, etc. Duração: 105 min.
MISHIMA<br />
Título original: Mishima: A Life in Four Chapters ou<br />
Mishima<br />
Realização: Paul Schrader (EUA, 1985); Argumento: Chieko<br />
Schrader, Leonard Schrader, Paul Schrader, segundo vida e<br />
romances de Yukio Mishima; Produção: Francis Ford Coppola,<br />
George Lucas, Tom Luddy, Leonard Schrader, Mataichiro<br />
Yamamoto; Música: Philip Glass; Fotografi a (cor): John<br />
Bailey; Montagem: Michael Chandler; Design de produção:<br />
Eiko Ishioka; Guarda-roupa: Eiko Ishioka; Som: Leslie Shatz;<br />
Companhias de produção: American Zoetrope, Lucasfi lm,<br />
M Company, Tristone Entertainment Inc.; Intérpretes:<br />
Ken Ogata (Yukio Mishima), Masayuki Shionoya (Morita),<br />
Hiroshi Mikami (Cadete), Junya Fukuda (Cadete 2), Shigeto<br />
Tachihara (Cadete 3), Junkichi Orimoto (General Mashita),<br />
Naoko Otani, Gô Rijû, Masato Aizawa, Yuki Nagahara, Kyuzo<br />
Kobayashi, Yuki Kitazume, Haruko Kato, Yasosuke Bando,<br />
Hisako Manda, Naomi Oki, Miki Takakura, Imari Tsujikoichi<br />
Sato, Kenji Sawada, Reisen Lee, Setsuko Karasuma, Tadanori<br />
Yokoo, Yasuaki murata, Mitsuru Hirata, Toshiyuki Nagashima,<br />
Hiroshi Katsuno, Naoya Makoto, Hiroki Ida, Jun Negami, Ryo<br />
Ikebe, Toshio Hosokawa, Hideo Fukuhara, Yosuke Mizuno,<br />
Eimei Ezumi, Roy Scheider (Narrador), etc. Duração: 121 min.<br />
Título original: Shiosai ou The Sound of the Waves<br />
Realização: Shusei Kotani (Japão, 1985); Argumento: segundo<br />
romance de Yukio Mishima; Produção: Hideo Koi, Masakatsu<br />
Saito; Música: Kentaro Haneda; Fotografi a (cor): Kenji<br />
Hagiwara; Montagem: Osamu Inoue; Design de produção:<br />
Yoshie Kikukawa; Som: Nobuo Fukushima; Companhias de<br />
produção: Hori Production; Intérpretes: Chiemi Hori, Shingo<br />
Tsurumi, Hitomi Takahashi, Takayuki Godai, Hideo Murota,<br />
Natsuko Kahara, Jiro Sakagami, Tetsuro Tamba; Duração: 101<br />
min.<br />
Título original: Rokumeikan ou The Hall of the Crying Deer<br />
Realização: Kon Ichikawa (Japão, 1986); Argumento: Shinya<br />
Hidaka, Kon Ichikawa, segundo peça de Yukio Mishima;<br />
Produção: Kazuo Baba, Hiroaki Fujii; Fotografi a (cor): Setsuo<br />
Kobayashi; Design de produção: Shinobu Muraki; Guardaroupa:<br />
Emi Wada; Som: Tetsuya Ohashi; Companhias de<br />
produção: Marugen Company Ltd., High Society of Meiji;<br />
Intérpretes: Bunta Sugawara (Conde Kageyama), Ruriko<br />
Asaoka (Condessa Asako), Koji Ishizaka (Einosuke Shimizu),<br />
Kiichi Nakai (Hisao), Toshinori Omi (Kenjiro), Kyôko Kishida,<br />
Yasuko Sawaguchi, Kazuyo Asari, Seiji Endô, Jun Hamamura,<br />
Hisashi Igawa, Shigeru Kôyama, Tatsuya Mihashi, Miki Sanjo,<br />
Katsuhiko Sasaki, Atsushi Watanabe, Michino Yokoyama, etc.<br />
Duração: 125 min.<br />
Título original: Markisinnan de Sade (TV)<br />
Realização: Ingmar Bergman (Suécia, 1992); Argumento:<br />
Ingmar Bergman, segundo peça de Yukio Mishima; tradução<br />
de Gunilla Lindberg-Wada, Per Erik Wahlund; Produção:<br />
Måns Reuterswärd, Katarina Sjöberg; Música: Ingrid Yoda;<br />
Montagem: Sylvia Ingemarsson; Design de produção:<br />
Charles Koroly, Mette Möller; Guarda-roupa: Charles Koroly,<br />
Maggie Strindberg, Helvi Treffner; Som: Roland Engström,<br />
Curre Forsmark, Göran Örjeheim; Companhias de produção:<br />
SVT Drama; Intérpretes: Stina Ekblad (Renee), Anita Björk<br />
(Madame de Monteuil), Marie Richardson (Anne), Margareta<br />
Byström (de Simiane), Agneta Ekmanner (Condessa de Saint-<br />
Fond), Helena Brodin (Charlotte), etc. Duração: 104 min.<br />
Título original: L’ École de la Chair ou The School of Flesh<br />
Realização: Benoît Jacquot (França, Luxemburgo, Bélgica,<br />
1998); Argumento: Jacques Fieschi, segundo romance de<br />
Yukio Mishima; Produção: Zakaria Alaoui, Vincent Malle,<br />
Patrick Quinet, Fabienne Tsaï, Fabienne Vonier, Claude<br />
Waringo, Arlette Zylberberg; Fotografi a (cor): Caroline<br />
Champetier; Montagem: Luc Barnier; Casting: Stéphane<br />
Foenkinos, Frédérique Moidon; Design de produção: Katia<br />
Wyszkop, Gérard Marcireau; Guarda-roupa: Corinne Jorry;<br />
Som: Jean-Claude Laureux ; Companhias de produção:<br />
Artémis Productions, Bel Age Distribution, La Sept Cinéma,<br />
Orsans Productions, Samsa Film, V.M.P. ; Intérpretes: Isabelle<br />
Huppert (Dominique), Vincent Martinez (Quentin), Vincent<br />
Lindon (Chris), Marthe Keller (Madame Thorpe), François<br />
Berléand (Soukaz), Danièle Dubroux, Bernard Le Coq,<br />
Roxane Mesquida, Jean-Louis Richard, Jean-Claude Dauphin,<br />
Michelle Goddet, Laurent Jumeaucourt, Pierre Laroche,<br />
Richard Schroeder, Jonathan Ubrette, Nicolas Pignon,<br />
Jean-Pierre Barbou, Richard Dieux, Alain Figlarz, Stéphane<br />
Foenkinos, Margaret Grassone, Roger To Thanh Hien, Marja-<br />
Leena Junker, Rebecca Pinette, etc. Duração: 110 min.<br />
Título original: Haru no yuki ou Snowy Love Fall in Spring<br />
ou Spring Snow<br />
Realização: Isao Yukisada (Japão, 2005); Argumento: Chihiro<br />
Itou, Shinsuke Sato, segundo romance de Yukio Mishima;<br />
Produção: Kei Haruna; Música: Tarô Iwashiro, Hikaru Utada<br />
(“Be My Last”); Fotografi a (cor): Pin Bing Lee; Montagem:<br />
Takeshi Imai; Direcção artística: Osamu Yamaguchi; Som:<br />
Hiroki Ito; Companhias de produção: Cine Bazar, Fuji<br />
Television Network, Hakuhodo DY Media Partners, Horipro,<br />
S.D.P., Toho Company; Intérpretes: Satoshi Tsumabuki (Kiyoaki<br />
Matsugae), Yuko Takeuchi (Satoko Ayakura), Sosuke Takaoka<br />
(Shigekuni Honda), Mitsuhiro Oikawa, Tomorowo Taguchi,<br />
Atsuko Takahata, Kenjiro Ishimaru, Yoshiko Miyazaki, Kyôko<br />
Kishida, Kyôko Maya, Takaaki Enoki, etc. Duração: 150 min.<br />
Título original: Rokumeikan (TV).<br />
Realização: Akiji Fujita (Japão, 2008); Argumento: Toshio<br />
Kamata, segundo peça de Yukio Mishima; Música: Iwao<br />
Furusawa; Companhias de produção: TV Asahi; Intérpretes:<br />
Yumi Asou, Tomoko Fujita, Cleve Gray, Isao Hashizume,<br />
Satomi Ishihara, Morio Kazama, Hitomi Kuroki, Kôhei Majima,<br />
Shota Matsuda, Yôko Nogiwa, Christopher Pellegrini, Kyohei<br />
Shibata, Kazuma Suzuki, Junko Takahata, Masakazu Tamura,<br />
Mariko Tsutsui, Mirai Yamamoto; Duração: 120 min.<br />
241 | Yukio Mishima no Cinema
242 | Yukio Mishima no Cinema<br />
_DUAS CARTAS DE MISHIMA A KAWABATA<br />
Estou há uma semana em Nova Iorque.<br />
O Sr. e a Sr.ª Strauss têm tratado muito bem de mim. Especialmente a Sr.ª Strauss,<br />
que sob o seu aspecto um pouco intimidante, esconde uma personalidade amável e<br />
simpática. No sábado passado levaram-me à moradia deles no Connecticut, de onde<br />
regressei esta manhã. Aí travei conhecimento, entre outras pessoas, com Norman<br />
Mailer (autor de Os Nus e os Mortos). Com o Sr. Strauss falo muitas vezes de si. Como a<br />
moradia dele fi ca num lugar que se parece muito com Karuizawa, onde fi ca a sua casa,<br />
já comentámos que se sentiria aqui certamente muito bem.<br />
Em Nova Iorque, como tenho difi culdade em compreender o teatro, comecei pelas<br />
comédias musicais. Nas cenas de dança, entre outras, as raparigas são todas<br />
deslumbrantes, os trajos magnífi cos, e comparativamente o “novo teatro” japonês tem<br />
um aspecto tão miserável que até faz dó.<br />
É falso dizer-se que a comida nos Estados Unidos é má. Não é de todo verdade. Desde<br />
que se coma caro ou que se seja convidado para casas particulares, onde nos oferecem<br />
comida familiar tradicional.<br />
De um modo geral vivo a um ritmo muito tranquilo. E não se passa nada digno de<br />
menção. Mas o fundamental é que as relações entre as pessoas não são complicadas<br />
como no Japão. Imagino que nesta estação dos calores sufocantes esteja muito<br />
ocupado com o seu trabalho no Pen Club. Acima de tudo, tenha cuidado com a saúde.<br />
No dia 31, Donald Keee, o perito em literatura japonesa, vai abandonar Nova Iorque<br />
para ir para o Japão. Vou sentir-me muito só, quando ele não estiver aqui, mas enfi m,<br />
é a vida. Estou quase todos os dias com ele e ele toma conta de mim de uma forma<br />
verdadeiramente afável. Nas recepções, quando já estou cansado de falar inglês, o meu<br />
maior prazer é trocar umas palavras com ele em japonês: dizemos mal dos presentes,<br />
mesmo debaixo dos narizes deles, o que nos faz rir a bandeiras despregadas.<br />
Apresente os meus cumprimentos à sua esposa e fi lha. (29 de Julho de 1957).<br />
Peço desculpa por ainda não lhe ter enviado notícias depois da minha partida. Em<br />
Honolulu passámos quatro dias bem descansados, e descontraí o mais possível.<br />
Depois fi cámos dois dias em São Francisco, em que andámos na rua de manhã à noite,<br />
a minha mulher excitadíssima, tendo por fi m a sensação de se encontra efectivamente<br />
no Ocidente. Em Los Angeles tivemos a pouca sorte de fi car no mesmo hotel onde<br />
estava o Nixon e que funcionava como quartel-general do partido conservador para<br />
as eleições presidenciais, o que nos trouxe, por arrasto, uma data de inconvenientes:<br />
lentidão inacreditável no serviço de restaurante e um ambiente de febre eleitoral em<br />
todo o estabelecimento. Em contrapartida, divertimo-nos imenso na Disneylândia,<br />
não creio que exista lugar mais divertido em todo o mundo. Agora estamos em Nova<br />
Iorque, já desde há duas semanas, mas aqui – como sabe – os encontros encadeiam-se<br />
uns nos outros, e nem sequer me fi ca tempo para dormir a sesta. […]<br />
Imagine que o nosso hotel, o Astor, fi ca em pleno coração de Times Square e mesmo<br />
quando à noite regressamos tarde, há sempre uma multidão na rua, e nestas condições,<br />
dormir é quase uma perda de tempo. Um dia destes, em casa do Faubion Bowers,<br />
encontrámos a Greta Garbo, o que foi para nós uma enorme emoção. Partimos para a<br />
Europa no dia 2 de Dezembro mas, na realidade, penso que é em Nova Iorque que eu<br />
me sinto mais à vontade. (24 de Novembro de 1960).<br />
Tradução de Maria Eduarda Colares
FAMAFEST<br />
2009<br />
HOMENAGEM A ALEXANDRE SOLJENITSIN
244 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin<br />
_ALEXANDRE SOLJENITSIN<br />
Alexandre Soljenitsin, 89 anos, Nobel da Literatura, símbolo da dissidência soviética, morreu<br />
em Moscovo (4 de Agosto de 20008), pouco antes da meia-noite, de “insufi ciência cardíaca<br />
aguda”. Raros escritores tiveram tão grande impacto em vida. Mudou a percepção da tragédia<br />
russa e do terror estalinista, de forma quase absoluta, em poucos anos e por todo o mundo.<br />
Morreu feliz, disse sua mulher, Natalia: “Queria morrer no Verão e morreu no Verão. Queria<br />
morrer em casa e morreu em casa.” A primeira parte da sua obra não pode ser circunscrita à<br />
narração da barbárie. Diz também respeito à irredutibilidade da condição humana, resumida<br />
numa frase do livro O Primeiro Círculo (1968) sobre o Gulag: “Quando privais alguém de tudo,<br />
ele deixa de estar sob o vosso poder. Ele volta a ser inteiramente livre.”<br />
Soljenitsin tornou-se célebre em 1962, ao publicar na revista literária russa Novi Mir uma<br />
curta narrativa, Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch, sobre um prisioneiro num campo de<br />
trabalhos forçados na Sibéria, imediatamente traduzido em todo o mundo e celebrado<br />
inclusive por escritores comunistas ocidentais. No campo, sem passado nem futuro, Ivan não<br />
se deixa desapossar do que lhe resta de humanidade, “capaz de experimentar algumas das<br />
grandes alegrias prometidas ao homem na terra: matar a sua fome, acabar um trabalho,<br />
contemplar um céu”, escreveu o seu tradutor Georges Nivat.<br />
Depois de outras obras marcantes, como A Casa de Matriona, a primeira bomba explode em<br />
1968, com a tradução francesa de O Primeiro Círculo, em que descreve o horror dos campos<br />
destinados a intelectuais e cientistas e a demência do estalinismo do pós-guerra. Publica ao<br />
mesmo tempo, no Ocidente, o Pavilhão dos Cancerosos (proibido na União Soviética, onde<br />
circula em edições clandestinas). É-lhe atribuído o Nobel em 1970, mas não o recebe, pois<br />
teme não poder regressar à Rússia.<br />
Em 1973, o KGB interroga a sua dactilógrafa – que depois se enforcará – e apodera-se de uma<br />
cópia de O Arquipélago do Gulag, que vinha escrevendo há anos, tendo já mandado um<br />
microfi lme para a Europa. Ordena a imediata tradução em francês. Torna-se subitamente, à<br />
direita e à esquerda, o testemunho da falência política e da catástrofe humana do comunismo<br />
soviético. É um livro que combina romance, autobiografi a, testemunhos e refl exão fi losófi ca,<br />
na senda de escritores russos, como Tolstoi. O seu pressuposto é: o arquipélago grego foi o<br />
berço da nossa civilização, o arquipélago dos campos é a nossa nova civilização do século XX.<br />
“A fábrica da desumanização.”<br />
É sobre ele que se vai desenvolver um novo tipo de crítica radical do sistema. Foi defi nido<br />
pelo diplomata e sovietólogo americano George Kennan como “a maior e mais poderosa<br />
acusação isolada contra um regime político nos tempos modernos”. O Times, de Londres,<br />
escreveu que “virá o tempo em que situaremos o princípio do colapso do sistema soviético<br />
na data de publicação do Gulag”.<br />
Preso e despojado da cidadania soviética, é metido num avião para a Alemanha em 12<br />
de Fevereiro de 1974. Moscovo acabava de cometer mais um erro. Em vez de o condenar<br />
ao silêncio, deu-lhe uma tribuna e uma projecção universais. É um romance peculiar,<br />
rigorosamente documentado, com testemunhos e análises que permitem compreender,<br />
de uma forma radicalmente nova, a engrenagem do sistema concentracionário soviético,<br />
rompendo os quadros tradicionais da historiografi a e impondo uma releitura não só do<br />
estalinismo como da Revolução de 1917. “Gulag” (acrónimo de “Direcção principal dos campos<br />
de trabalho”) passa a ser sinónimo da barbárie soviética.<br />
O dissidente Alexandre Soljenitsin nasceu a 11 de Dezembro de 1918 em Kislovodosk, no<br />
Cáucaso, originário de famílias camponesas abastadas, já depois da morte do pai. A família
muda-se para Rostov. Acompanha a mãe à igreja, que para sempre o marcará. Cedo se increve<br />
nas juventudes comunistas. Na Universidade de Rostov, faz o curso de Matemática e Física,<br />
começando a ensinar. É infl uenciado pela cultura alemã e não c o n c e b e viver sem a sua<br />
música. Passa ao lado das “grandes purgas” estalinistas de 1936-37, reconhecerá mais tarde<br />
numa carta a um amigo “que lhe tentou abrir os olhos”. Casa-se com uma colega<br />
e conclui estudos complementares em Literatura. É mobilizado em 1941, combatendo como<br />
capitão de artilharia na Prússia Orientel. Recebe duas condecorações. A sua vida muda<br />
em 9 de Fevereiro de 1945, quando a polícia secreta (NKVD) o detém no gabinete do seu<br />
comandante. A polícia vigiava a correspondência que livremente trocava com um amigo,<br />
em que manifestava dúvidas sobre o génio militar de Estaline. Interrogado na prisão<br />
Lubianka de Moscovo, é condenado a oito anos de trabalhos forçados, passando por vários<br />
campos. Começa a escrever em restos de papel, que esconde e que, dirá mais tarde, fi xará<br />
rigorosamente na memória.<br />
Em 1952, é operado a um tumor maligno no pescoço. É libertado no dia da morte de Estaline,<br />
5 de Março de 1953. Será reabilitado três anos depois, durante a desestalinização de Nikita<br />
Khrutchov. Volta ao ensino e começa a escrever. Propõe à revista Novi Mir, de orientação<br />
renovadora, a publicação de Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch. O director obtém a<br />
aprovação de Khrutchov e Soljenitsin torna-se célebre. A lua-de-mel termina com a queda de<br />
Khrutchov, em 1964, e a ascensão o poder de Brejnev. Começa a perseguição aos escritores<br />
dissidentes. Apesar de autocensura, é recusada a publicação do Pavilhão dos Cancerosos.<br />
Entra em confronto aberto com o regime. Após a edição do Pavilhão dos Cancerosos e de<br />
O Primeiro Círculo no estrangeiro, é expulso da União dos Escritores. Passa a viver com<br />
Natália Svetlova. Encontra refúgio na casa do violencelista Rostropovitch. Dá sucessivas<br />
entrevistas à imprensa internacional, em que denuncia as perseguições e as calúnias de que<br />
é alvo na imprensa ofi cial. Numa “Carta Aberta” ao ministro do Interior explica a recusa de<br />
ir a Estocolmo receber o Nobel e protesta contra as restrições que lhe são impostas, como a<br />
probição de residir em Moscovo com Natalia. “Aproveito a ocasião para lhe lembrar que a<br />
servidão foi abolida no nosso país há 112 anos. E diz-se que a Revolução de Outubro suprimiu<br />
os seus derradeiros vestígios.”<br />
Obceca-o a conclusão do Gulag. Cortadas as pontes, publicado o livro no Ocidente, é preso e<br />
metido num avião para Berlim, onde é recebido pelo escritor alemão Heinrich Böll. Instala-se<br />
em Zurique, tal como Lenine, viaja frequentemente até Paris.<br />
Em 1976, muda-se defi nitivamente para os Estados Unidos, passando a viver numa mansão<br />
isolada em Cavendish, Vermont. O equívoco cedo se revela. Soljenitsin é acolhido como um<br />
paladino da democratização da URSS. Ora, ele começa a falar obsessivamente da Rússia<br />
vítima duma ideologia nascida no Ocidente. Acusa a ocidentalização da Rússia e demarca-se<br />
do modelo liberal do Ocidente. Ataca as Luzes e a Revolução Francesa. Defende a Vendeia.<br />
Condena a retirada americana do Vietname e a Revolução dos Cravos em <strong>Portugal</strong>.<br />
Em 1978, fez em Harvard um discurso célebre sobre o declínio do Ocidente. “O declínio da<br />
coragem é hoje o traço mais saliente do Oeste para um observador externo. O mundo<br />
ocidental perdeu a sua coragem cívica, no conjunto e individualmente, em cada país, em<br />
cada governo e, certamente, nas Nações Unidas.”<br />
“Vivi toda a minha vida num regime comunista, e posso dizer-vos que uma sociedade sem<br />
referências legais é terrível. Mas uma sociedade baseada na letra da lei, e não indo mais longe,<br />
fracassa em desenvolver em seu proveito o largo campo das possibilidades humanas. A letra<br />
da lei é demasiado fria e formal para ter uma infl uência benéfi ca sobre a sociedade. Quando<br />
toda a vida se tece através de relações legalistas, resulta uma atmosfera de mediocridade<br />
245 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin
246 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin<br />
espiritual que paralisa as tendências mais nobres do homem.” “Como pôde o Ocidente<br />
declinar, da sua marcha triunfal até à sua debilidade presente?”<br />
Soljenitsin centra-se então na escrita daquela que considerará a sua obra máxima, A Roda<br />
Vermelha, 6600 páginas, concluída em 1990, a mais amada e a menos lida. Composta<br />
num estilo aparentemente caótico, combinando fi cção, documentos e longas dissertações<br />
históricas e fi losófi cas, é a narração do desastre histórico da Rússia, do princípio do século e<br />
das reformas de Stolipin, à catástrofe da guerra de 1914 e à instauração da ordem comunista.<br />
Mais do que a vitória de Lenine, é a crónica do fracasso do liberalismo russo e da Revolução de<br />
Fevereiro, “que só podia levar à anarquia”. Acusou os historiadores ocidentais de andarem a<br />
reboque da historiografi a soviética. Organizou-a em diferentes “nós”: é no nó que se constrói<br />
a orientação dos ramos. Assim aconteceu na revolução, “esta roda que marcha”, “esta mó que<br />
tritura as nossas almas” e se torna sangue. Daí o título.<br />
Só regressará à Rússia em 1994. Em 1990 publica um longo artigo, uma espécie de “encíclica”<br />
com uma tiragem de 28 milhões de exemplares: Como ordenar a nossa Rússia? Opõese<br />
a uma organização do Estado em moldes ocidentais. Um parlamentarismo partidário<br />
fracassará, a organização política deve ser construída a partir da base, dos conselhos de aldeia<br />
(zemstvos). Defendeu a “descolonização” dos povos não russos, mas dilacerou-o a separação<br />
dos eslavos, a perda da Ucrânia e da Bieolorrússia. Doravante, fala como um profeta que os<br />
compatriotas não escutam. Acusa de novo os liberais russos. “É um mundo estranho e de<br />
ilusões o que nasceu na Rússia nos anos 90”, disse numa entrevista de 1988. “Somos uma<br />
República de eleições livres, com uma imprensa na aparência livre. Todavia, as personalidades<br />
mais corruptas mantiveram os seus lugares e é em vão que se procuram os assassinos. Por<br />
causa da cínica crueldade dos bandidos, o preço da vida humana está reduzido a um zero. (...)<br />
É a oligarquia que governa e tanto lhe faz que o povo sobreviva ou não.”<br />
Em 2007, aceitou o Prémio do Estado, concedido por Vladimir Putin, a quem dava o benefício<br />
da dúvida. Eslavófi lo e partidário de um “Estado forte” e dos valores tradicionais russos,<br />
saudou a sua política de resistência ao “cerco da Rússia”, que já “não representa nenhum<br />
perigo”, pelas potências da NATO – da Ucrânia ao Cáucaso e à Ásia Central. Soljenitsin “já<br />
entrou no Panteão da literatura russa”, dizem em Moscovo. Mas um panteão muito especial.<br />
Ele pertence àquela espécie de romancistas que são os grandes sociólogos de uma época,<br />
a que só através deles podemos aceder. Neste caso, um sociólogo daquela Rússia que ele<br />
amava: a que já não existe.<br />
Jorge Almeida Fernandes, in Público, de 5 de Agosto de 2008<br />
_OBRAS EM PORTUGUÊS<br />
A lista das obras traduzidas:<br />
Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch;<br />
Europa América<br />
O Pavilhão dos Cancerosos; Dom<br />
Quixote/Círculo de Leitores<br />
Arquipélago Gulag; Bertrand<br />
O Declínio da Coragem; Rolim<br />
O Erro do Ocidente; Europa--América<br />
Os Direitos do Escritor; Brasília<br />
Agosto, 1914: Primeiro Nó; Dom Quixote<br />
O Primeiro Círculo; Íbis<br />
O Carvalho e o Bezerro: Esboços da Vida<br />
Literária; Bertrand<br />
A Casa de Matriona; Arcádia<br />
Venho Dizer-vos a Verdade; Coopertipo<br />
Paz e Violência: a Hipocrisia do Ocidente;<br />
Liber<br />
Como Reordenar a Nossa Rússia?:<br />
Refl exões...; Livros do Brasil<br />
Carta aos Governantes Soviéticos: Apelodenúncia<br />
Feito por Um Homem Livre;<br />
Resistência<br />
Carta aos Governantes Soviéticos;<br />
Resistência
_O PROFESSOR SEM DISCÍPULOS OU UM GRANDE ESCRITOR RUSSO?<br />
Uns comparam-no a Tolstoi, Dostoievski. Outros vêem-no como mestre de coragem<br />
moral, um escritor fechado nas tradições do século XIX<br />
Em 1962, quando um até aí desconhecido professor de liceu russo chamado Alexandre<br />
Soljenitsin publica Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch torna-se, subitamente, um<br />
fenómeno no mundo literário. Mas o impacto político da sua obra – sobretudo depois<br />
da publicação de Arquipélago Gulag – foi tão grande, tornando-se indissociável da sua<br />
obra, que torna difícil avaliar o seu real peso literário.<br />
José Saramago acredita que foi a pátria de Soljenitsin que acabou por “dar razão”<br />
ao escritor — foi quando o mundo descobriu “o que estava por baixo dessa manta<br />
infecta que foi a aceitação passiva do que se estava a passar no país” durante o período<br />
estalinista. “Não havia apenas um fundo de verdade: era a autêntica verdade.” A<br />
denúncia dos “crimes de um sistema supostamente soviético”, nos livros de Soljenitsin,<br />
não poderia “cair bem nos ânimos da hierarquia do Governo e do partido [PCUS]”,<br />
diz. Por isso, o ostracismo a que foi votado e a proibição de viajar até Estocolmo para<br />
receber o Prémio Nobel da Literatura (1970) suscitam a Saramago este comentário:<br />
“Isto é triste, se não desolador.”<br />
247 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin
248 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin<br />
Em Soljenistin, ou melhor, na sua bibliografi a, as identidades de escritor e de político<br />
confundem-se.<br />
“Afortunadamente, ele foi ao mesmo tempo um escritor e um político”, aponta<br />
Saramago, aproveitando para criticar aqueles que julgam que os literatos devem<br />
afastar-se da política. “Um escritor é um cidadão e como tal tem todo o direito e o<br />
dever de opinar sobre aquilo que se passa no seu país e no mundo. E foi isso que<br />
Soljenitsin fez”, diz, recordando que, quando o escritor regressou à sua terra natal, em<br />
1994, “denunciou com a mesma veemência aquilo que era a suposta democratização<br />
da Rússia e que deu os resultados que todos conhecemos”.<br />
“É muito russo a escrever” Zita Seabra, que só começou a ler Soljenitsin quando se<br />
afastou do Partido Comunista — “a esquerda não o lia” —, não tem dúvidas de que<br />
ele “é um grande escritor, na linha dos grandes russos do século XIX”. Para a editora da<br />
Alêtheia, o impacto que Arquipélago<br />
Gulag teve em todo o mundo não se fi cou a dever tanto à denúncia do sistema<br />
prisional soviético mas sim à forma como Soljenitsin escreveu sobre ele. “A grande<br />
denúncia do gulag já vinha de antes, o que ele fez foi transformá-la em literatura.<br />
Panfl etos há muitos, literatura há pouca. Ele tem a força da literatura.” José Pacheco<br />
Pereira é da mesma opinião. “Ele é um grande escritor russo do século XX, na linha<br />
do grande romance histórico, uma literatura quase épica.” Para o historiador, há<br />
em Soljenitsin “um grande investimento histórico para tentar, no fundo, perceber<br />
a Rússia” e os seus livros são “o retrato de uma certa perplexidade russa perante a<br />
história trágica do país, um perguntar: ‘Porque é que nos acontece isto?’” “Não é tanto<br />
um romancista das relações interpessoais”, mas sim um escritor preocupado com as<br />
questões da identidade nacional e, ao mesmo tempo, “muito meticuloso do ponto de<br />
vista histórico”. Há na sua escrita “um fôlego do espaço e do tempo” que o integra<br />
claramente na tradição russa. “É muito russo a escrever”, sublinha<br />
Zita Seabra. E os seus livros, sobretudo Um Dia na Vida..., “têm a força da vivência<br />
pessoal”. Não hesita, por isso, em situá-lo na tradição de escritores como Turgueniev,<br />
Tolstoi e Dostoievski, “em contraponto a autores menores, como Gorki, que é um<br />
escritor militante”.<br />
António Pescada, tradutor para português de alguns destes gigantes da literatura<br />
russa, confessa ser um “fraco conhecedor” da obra de Soljenitsin, tendo lido apenas<br />
Um Dia na Vida... e O Pavilhão dos Cancerosos, e ter adiado a leitura de Arquipélago<br />
Gulag por querer fazê-lo na língua original. Mas o que conhece permitelhe confi rmar<br />
que “é um estilo que se enquadra na literatura russa”,<br />
embora, na sua opinião, num patamar abaixo de Turgueniev, Tolstoi e Dostoievski.<br />
Sente-se na escrita dele “uma urgência de dizer as coisas”, sobretudo em Um Dia na<br />
Vida... “Em O Pavilhão dos Cancerosos há um maior cuidado com a linguagem.”<br />
No blogue de livros do diário britânico The Guardian, Donald Rayfi eld, professor de<br />
Russo na Universidade Queen Mary é bastante mais duro, considerando que “a<br />
infl uência de Soljenitsin residirá exclusivamente na sua coragem moral, que inspirou<br />
dissidentes mais jovens a prosseguir a luta, tanto na literatura como na defesa dos<br />
direitos humanos”. Como escritor, Rayfi eld descreve-o como “totalmente fechado nas<br />
tradições do século XIX”. Por isso, conclui: “Em termos puramente literários, Soljenitsin<br />
é um professor sem discípulos.”<br />
Alexandra Prado Coelho e Maria José Oliveira, in Público, de 5 de Agosto de 2008.
Soljenitsin usou a literatura como arma política, denunciando as atrocidades do regime<br />
soviético. As reacções à sua morte são consensuais em valorizar o seu papel político, mas<br />
há quem recorde que teve dois pesos e duas medidas para os ditadores e que estendeu a<br />
mão a Vladimir Putin.<br />
Grande parte das reacções à sua morte não foram além do elogio. “Patriota” (Presidente<br />
russo, Dmitri Medvedev); “a consciência da humanidade face ao totalitarismo” (chefe da<br />
diplomacia francesa, Bernard Kouchner); “uma fi gura romanesca, herdeira de Dostoiévski”<br />
(Presidente francês, Nicolas Sarkozy); “contribuiu para mudar o curso da história” (chefe da<br />
diplomacia da União Europeia, Javier Solana). O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin,<br />
lembrou-o como “um exemplo de autêntica abnegação”. O escritor chegou a receber Putin<br />
e elogiou o seu papel na “reconstrução” da Rússia. “Putin recebeu em herança um país<br />
pilhado e de rastos, com a maioria da população desmoralizada e na miséria. E começou<br />
a sua reconstrução, pouco a pouco, lentamente. Os seus esforços não foram apreciados<br />
desde logo”, declarou num encontro. Esta indulgência para com Putin gerou controvérsia<br />
nos meios intelectuais russos. O escritor Viktor Erofeiev fala de uma fi gura “contraditória”,<br />
que manteve o silêncio sobre acontecimentos da era moderna russa, como a guerra na<br />
Tchetchénia e a tomada de reféns em Beslan. A visão que Soljenitsin tinha do futuro<br />
era “muito conservadora”, disse à AFP. “Era um conservador ortodoxo russo e não um<br />
democrata”, corroborou o politólogo Boris Kagarlitski. Já o dissidente soviético Alexander<br />
Podrabinek diz que Soljenitsin “nunca apoiou Putin”. “Putin visitou-o como uma nulidade<br />
que se encontra com a grandeza para obter valor”, ironizou. O fundador da Renovação<br />
Comunista Carlos Brito falou ao PÚBLICO das contradições de Soljenitsin. “Ao mesmo tempo<br />
que denunciava a brutal injustiça dos campos de concentração soviéticos, elogiava outros<br />
torturadores”, como Franco e Pinochet. Já o deputado do Bloco de Esquerda João Semedo<br />
recorda Soljenitsin por ter mostrado que “não há socialismo sem liberdades”. “Para a minha<br />
geração, teve o mérito de acordar muitas consciências para a natureza antidemocrática<br />
do sistema soviético. Olhávamos para a União Soviética como um farol, uma sociedade<br />
de progresso e bem-estar, mais evoluída”, conta. Sofi a Branco<br />
249 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin
250 | Homenagem a Alexandre Soljenitsin<br />
_ ALEXANDER SOLJENITSIN<br />
NO CINEMA<br />
Título original: Série de TV: “Bob Hope Presents the Chrysler Theatre” episódio One Day in the Life of Ivan Denisovich<br />
Realização: Daniel Petrie (EUA, 1963); Argumento: Mark Rodgers, segundo obra de Alexander Soljenitsin; Intérpretes: Jason<br />
Robards (Ivan Denisovich), eorge Kennedy, Albert Paulsen, John Abbott, Rodolfo Acosta, Andy Albin, Curt Conway, Henry Corden,<br />
John Fiedler, Hurd Hatfi eld, Anthony Jochim, Mike Kellin, Peter Mamakos, Harold J. Stone, Torin Thatcher, Peter J. Votrian, etc.<br />
Duração: 60 min.<br />
Título original: Ett Möte på Kretjetovkastationen<br />
Argumento: segundo obra de Alexander Soljenitsin (Suécia, 1970); Intérpretes: Christian Berling, Dennis Dahlsten, Mona Dan-<br />
Bergman, Göthe Grefbo, Maud Hansson, Sven-Olof Hultgren, Ulf Johanson, Tommy Johnson, Gunnar Olsson, Tord Peterson, etc.<br />
Título original: Krebsstation (TV)<br />
Realização: Heinz Schirk (RFA, 1970); Argumento: Karl Wittlinger, segundo obra de Alexander Soljenitsin; Intérpretes: Martin<br />
Benrath (Oleg Kostoglotow), Siegfried Lowitz (Pawel Rusanow), Vera Tschechowa (Dr. Wera), Ruth Hausmeister (Dr. Ljudmila<br />
Afanassjewna), Anneliese Römer, Nora Minor, Dieter Borsche, Alfred Balthoff, Dagmar Bienerm, etc. Duração: 150 min.<br />
UM DIA NA VIDA DE IVAN DENISOVICH<br />
Título original: One Day in the Life of Ivan Denisovich ou En Dag i Ivan Denisovitsj’ liv<br />
Realização: Caspar Wrede (Inglaterra, Noruega, 1970); Argumento: Ronald Harwood, segundo obra de Alexander Soljenitsin<br />
(“Odin den iz zhizni Ivana Denisovicha”); Produção: Howard O. Barnes, Erik Borge, Richard M. Pack, Caspar Wrede; Música:<br />
Arne Nordheim; Fotografi a (cor): Sven Nykvist; Montagem: Thelma Connell; Direcção artística: Per Schwab; Guarda roupa: Ada<br />
Skolmen; Maquilhagem: Nurven Bredangen; Companhias de produção: Group W Films LLC, Leontes, Norsk Film; Intérpretes:<br />
Tom Courtenay (Ivan Denisovich), Espen Skjønberg (Tiurin), Alf Malland (Fetiukov), Frimann Falck Clausen (Senka), Jo Skønberg<br />
(Gopchik), Odd Jan Sandsdalen, Torstein Rustdal, James Maxwell, Alfred Burke, Eric Thompson, John Cording, Matthew Guinness,<br />
Roy Bjørnstad, Paul Connell, Sverre Hansen, Wolfe Morris, Kjell Stormoen, Caspar Wrede, etc. Duração: 105 min.<br />
Título original: Den Foerste Kreds ou Den Första kretsen ou The First Circle<br />
Realização: Aleksander Ford (Dinamarca, Suécia, 1973); Argumento: Aleksander Ford, segundo obra de Alexander Soljenitsin;<br />
Produção:Artur Brauner, Mogens Skot-Hansen; Música: Roman Palester; Fotografi a (cor): Wladyslaw Forbert; Montagem:<br />
Carl Lerner; Companhias de produção: Laterna Film, Tele Cine Film; Intérpretes: Gunther Malzacher (Gleb Nerzhin), Elzbieta<br />
Czyzewska (Simochka), Peter Steen (Volodin), Vera Tschechowa (Clara), Ole Ernst, Ingolf David, Preben Neergaard, Preben Lerdorff<br />
Rye, etc. Duração: 98 min.<br />
Título original: Série de TV: “BBC Play of the Month” episódio The Love Girl and the Innocent<br />
Realização: Alan Clarke (Inglaterra, 1973); Argumento: segundo obra de Alexander Soljenitsin; Intérpretes: David Leland (Nemov),<br />
Gabrielle Lloyd (Lyuba), Richard Durden (Khomich), Patrick Stewart (Gurvich), Allan Surtees (Brylov), Michael Poole, Barry Jackson,<br />
John Kane, Barbara Hickmott, Theresa Watson, Alan Gerrard, Terence Davies, John Quarmby, Jan Conrad, Forbes Collins, etc.<br />
Título original: Petite Flamme dans la Tourmente (TV)<br />
Realização: Michel Wyn (França, 1973); Argumento: Alfreda Aucouturier, segundo obra de Alexander Soljenitsin; Intérpretes:<br />
Louis Velle (Alex), Sarah Sanders (Alda), Judith Magre (Tilia), Maurice Barrier (Philippe), Roland Armontel, Claudia Morin, François<br />
Timmerman, Hervé Sand, Tola Koukoui, Charles Millot, Jean-Claude Magret, etc.<br />
Título original: The First Circle ou Le Premier Cercle (TV)<br />
Realização: Sheldon Larry (EUA, França, 1992); Argumento: segundo obra de Alexander Soljenitsin; Música: Gabriel Yared;<br />
Fotografi a (cor): Ron Orieux ; Som: Eric Rophe; Intérpretes: Robert Powell (Gleb Nershin), Victor Garber (Lew Rubin), Dominic<br />
Raacke (Nikolaj Schtschagow), Günther Maria Halmer (Wladimir Tschelnow), F. Murray Abraham (Estaline), David Hemblen,<br />
David Hewlett, Heath Lamberts, Laurent Malet, Alexandra Stewart (Aletvina Makaraguine), Raf Vallone (Pyotr Makaraguine),<br />
Coraly Zahonero, Vernon Dobtcheff, Daniel Emilfork, Corinne Touzet, Danute Kristo, Jennifer Morehouse, Christopher Plummer<br />
(Victor Abakumov), Rebecca Potok, Delphine Rich, André Rouyer, Michel Voletti, etc. Duração: 180 min.<br />
Título original: Uzel ou The Dialogues with Solzhenitsyn<br />
Realização: Aleksandr Sokurov (Russia, 1999); Produção: Svetlana Voloshina; Fotografi a (cor): Aleksandr Degtyaryov, Aleksandr<br />
Fyodorov; Montagem: Konstantin Stafeyev; Som: Sergei Moshkov, Vladimir Persov; Companhias de produção: Studio Nadezhda;<br />
Intérpretes: Aleksandr Sokurov, Alexander Soljenitsin; Duração: 91 min.<br />
Título original: Série de TV: “The Power of Nightmares: The Rise of the Politics of Fear”<br />
Argumento: Adam Curtis (Inglaterra, 2004); Intérpretes: Adam Curtis (Narrador); Duração: 180 min.<br />
Título original: V Kruge Pervom ou The First Circle<br />
Realização: Gleb Panfi lov (Rússia, 2006); Argumento: segundo obra de Alexander Soljenitsin; Intérpretes: Yevgeni Mironov (Gleb<br />
Nerzhin), Dmitri Pevtsov (Innokenti Volodin), Sergei Kariakin (Dmitry Sologdin), Aleksei Kolubkov (Lev Rubin), Yana Yesipovich,<br />
Yevgeni Stychkin, Igor Kvasha, Roman Madyanov, Aleksandr Tyutin, Vladimir Konkin, Igor Ugolnikov, Vyacheslav Bogachyov, etc.<br />
Duração: 440 min (45 min, em 10 partes).<br />
Título original: Elegiya zhizni. Rostropovich. Vishnevskaya. ou Rostropovich, Vishnevskaya<br />
Realização: Aleksandr Sokurov (Rússia, 2006); Argumento: Aleksandr Sokurov; Intérpretes: Mstislav Rostropovich, Galina<br />
Vishnevskaya, Aleksandr Sokurov, Krzysztof Penderecki, Seiji Ozawa, Alexander Soljenitsin, Boris Yeltsin, etc. Duração: 101 min.
MOSTRA FICAP<br />
FAMAFEST<br />
2009<br />
ROBERT<br />
WILSON<br />
PETER<br />
BROOK
252 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />
_ROBERT WILSON<br />
Durante a adolescência, Robert Wilson participa em vários espectáculos no Teatro<br />
Infantil de Waco e no Grupo de Teatro Juvenil da Academia de Baylor. Em 1959 termina<br />
o Liceu em Waco e inscreve-se na Universidade do Texas em Austin. Enquanto estuda<br />
Gestão, organiza workshops para crianças com defi ciências mentais e trabalha<br />
também noutros grupos de teatro infantil. Em 1962 muda-se para Nova York onde<br />
estuda Arquitectura e Design de Interiores no Pratt Institute em Brooklyn, que<br />
termina em 1965 (B.F.A.).<br />
Em Nova York descobre o trabalho de Merce Cunningham e de Martha Graham,<br />
que o convida a assistir às suas aulas. É ainda convidado para trabalhar com Alwin<br />
Nikolais e com Murray Louis, onde começa a criar fi gurinos e cenários para eventos<br />
multidisciplinares. Em 1963 concebe “Slant”, para a WNET-TV, um fi lme experimental<br />
de dez minutos. Em 1964 viaja para Paris onde estuda Pintura com o pintor<br />
abstraccionista americano George McNeil. No mesmo ano, regressa a Nova York e<br />
concebe ainda alguns espectáculos que misturam e se baseiam em movimento, luz,<br />
cinema, fi gurinos e som. Concebe ainda o cenário para o espectáculo “Landscapes<br />
and Junk Dances” de Murray Louis. Em 1965 apresenta o evento de Teatro – Dança<br />
“Duricglte & Tomorrow” para a exposição Universal de Nova York. Concebe o cenário<br />
e os fi gurinos para o “América Hurrah!” de Jean-Claude Van Itallie. Mantem o trabalho<br />
com crianças defi cientes.<br />
Durante o verão lecciona o curso de Pintura e Movimento na Universidade San<br />
Antonio Trinity, de onde surgem duas performances apresentadas em Waco, incluindo<br />
“Modern Dance”, uma paródia à Miss América.<br />
Em 1966 concebe em Nova York dois espectáculos de Ballet (Clorox, Opus 2) e lecciona<br />
no American Theater Laboratory. Com o arquitecto visionário Paolo Soleri, participa<br />
no projecto de construcção de uma comunidade utópica do Arizona. Regressa a Nova<br />
York em 1967 e aluga o sótão onde antes funcionara a Joseph Cakin’s Open Theater.<br />
Rapidamente junta um grupo de trabalho a quem dá workshops de Performance.<br />
Nesta altura vive das aulas de professor especializado no departamento de saúde<br />
e no departamento de apoio à educação, onde lecciona, tanto em Nova York como<br />
em New Jersey. Robert Wilson mistura o trabalho que desenvolve nas suas aulas,<br />
com o trabalho que desenvolve com defi cientes mentais e ainda com os seus<br />
conhecimentos de dança, teatro e artes plásticas. A partir destas referências e do<br />
trabalho desenvolvido nos workshops do sótão, surge um grupo muito heterogéneo,<br />
a que dá o nome “Byrd Hoffman”. (Nome do bailarino que libertou o pequeno Robert<br />
Wilson de um distúrbio na fala). Foi este o grupo que o acompanhou nos primeiros<br />
trabalhos.<br />
Em 1968, em Ohio, concebe “The Poles”, uma instalação com oito metros quadrados<br />
onde alinha postes de telecomunicações. Em Nova York forma um dueto e apresenta<br />
“Alley Cats” com a coreografa e compositora Meredith Monk. No mesmo ano cria<br />
“Byrd Woman” e apresenta o espectáculo “Byrd WoMAN” em Nova York.<br />
Em 1969 apresenta o espectáculo “Le Roi D’Espagne” com a companhia Byrd Hoffam.<br />
O cenário é composto por três grandes palcos que representam uma praia, uma sala<br />
Vitoriana desenhada e uma cave. A partir deste espectáculo Robert Wilson centra a<br />
exploração do seu trabalho na composição de imagens teatrais que exploram a luz<br />
e o tempo como elementos vitais. Rapidamente concebe e apresenta “The Life Times
of Sigmund Freud”, um espectáculo de quatro horas onde cruza a dança com o teatro<br />
e as artes plásticas. Desde “Le Roi D’Espagne” que o desenho se apresenta como o<br />
elemento principal da sua cenografi a. Os objectos e a mobília são criados pelo próprio<br />
Robert Wilson e ocupam um lugar essencial no seu trabalho. Estas esculturas são<br />
apresentadas pela primeira vez no espectáculo “The Life Time of Sigmund Freud”.<br />
Em 1970 no Teatro Universitário da cidade de Iowa, concebe “Deafman Glance”, que<br />
é reposto mais tarde em Nancy, Roma, Paris e Amesterdão. Com este espectáculo,<br />
Robert Wilson alcança reconhecimento internacional recebendo o Drama Desk<br />
Award (1970) e o prémio da Critica Francesa para o Melhor Espectáculo Estrangeiro.<br />
Dirige ainda o épico com duração de sete dias: “KA Mountain AND GUARDenia<br />
TERRACE”. Em 1973 apresenta em Nova York, no Byrd Hoffman Studio,” King Lyre and<br />
Lady in the Wasteland” com Elanie Luthy. Produz depois “The Life and Times of Joseph<br />
Stalin”, apresentado em Copenhaga, Nova York e São Paulo. Em 1974 o Museu Galliéra<br />
de Paris organiza a exposição “Robert Wilson: Dessins et Sculptures”. Em Roma,<br />
Washington DC, Milão, Irão e outros locais apresenta o espectáculo em colaboração<br />
com Christopher Knowles, “Dia Log / A Mad Man A Mad Giant A Mad Dog A Mad<br />
Urge A Mad Face. Apresentam de seguida “A Letter From Queen Victoria. Em 1975, em<br />
Nova York apresentam a leitura a solo “The $ Value of Man” e o espectáculo “Dia Log”.<br />
Termina o ano em Bona com o espectáculo “To Street”, novamente a solo.<br />
No início de 1976 cria “Spaceman”, em colaboração com o escultor Ralph Hilton<br />
apresentada na “The Kitchen”. Uma estrutura em forma de paralelepípedo<br />
transparente no seu todo, construída em madeira e plástico transparente, com os<br />
performers e os objectos no interior, incluindo um vídeo-wall. Esta performance<br />
foi reposta em 1984 no Museu Stedelijk em Amesterdão, incluída na exposição “A<br />
Imagem Luminosa”.<br />
Em 1977 juntamente com Lucinda Childs, encena “I Was Sitting On My Patio This<br />
Guy Appeared I Thought I Was Allucinating”. No ano seguinte apresenta “Death<br />
253 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP
254 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />
Destruction and Detriot”, uma peça musicada em dois actos / uma história de amor<br />
em dezasseis cenas, com músicas de Alan Lloyd, Keith Jarret e Randy Newman. Em<br />
1979 apresenta “Edison”, com música de Michael Riesman. Desde 1976 que Robert<br />
Wilson expõe com frequência, os seus desenhos e esculturas em várias galerias.<br />
Em 1980, Robert Stearns organiza uma exposição sobre o trabalho de Robert Wilson<br />
no Centro de Arte Contemporânea de Cincinnati, Ohio. A exposição chama-se “De<br />
um Teatro de Imagens” e reúne esculturas, projectos cenográfi cos, desenhos e “Vídeo<br />
50” que acabara de ser produzida pelo Centro Georges Pompidou.<br />
O seu trabalho em vídeo continuou: “Deafman Glance” (1981), Stations (1982), “Mr.<br />
Bojangles’ Memory (1991), e numerosas produções como: “La Femme à la Cafetière”<br />
(1989), “The Death of King Lear”, para a televisão espanhola (1989), “Don Juan Ultimo”<br />
(1992), “The Tragedy of Hamlet, Prince of Denmark” (1994).<br />
De 1981 a 1998, Robert Wilson apresenta no mundo inteiro, um vasto número de<br />
peças de teatro e de óperas, paralelamente com algumas reposições do seu próprio<br />
trabalho:<br />
“A Tree is Best Measured When i tis Down” (1981), “Great Day in the Morning” (1982)”,<br />
com Jessy Norman, “Medeia” (1984), Rei Lear (1985), Alceste de Euripedes (1986) e<br />
“Hamletmachine” (1986) de Heiner Muller, “The Man in the Raincoat”, com música<br />
de Laurie Anderson, “Salomé” de Strauss (1987), “Cosmopolitan Greetings” (1988),<br />
com texto de Allan Ginsberg, “Orlondo” (1989), “Frederich Laun et Thomas Quincey”<br />
(1990), com texto de W.S. Burrought e música de Tom Waits, “La Maladie de la Mort”<br />
(1991) de Marguerite Duras, “A Flauta Encantada” de Mozart (1991), “Alice” de Lewis<br />
Carrol, com música de Tom Waits. “Dr. Faustus Lights the Lights” de Gertrud Stein<br />
(1992), “Time Rocker” (1996) com música de Lou Reed, “White Raven” com música de<br />
Philip Glass (1998).<br />
Robert Wilson é igualmente prolífero em exibições de artes plásticas. Em 1987,<br />
“Memory of a Revolution” corresponde a uma comissão de um museu em Estugarda<br />
para as comemorações da Revolução Francesa. Em 1991, “Robert Wilson’s Vision”, em<br />
Boston, uma segunda retrospectiva do seu trabalho em artes plásticas. Projecta<br />
toda a exposição e concebe o percurso teatralizado que guia o espectador ao<br />
longo da exposição. No fi nal do mesmo ano, o Centro Georges Pompidou apresenta<br />
“Mr. Bojangles Memory: og son of Fire”, um projecto sobre as múltiplas facetas do<br />
seu trabalho, onde o espectador é conduzido de forma extravagante ao longo da<br />
exposição. Em 1992, é instalada em Hamburgo uma escultura monumental de sua<br />
autoria. Em 1993, depois de Harald Szeemann e de Peter Greenaway, é escolhido para<br />
organizar a terceira apresentação da colecção permanente do Museu Boymansvan<br />
Beuningen em Roterdão. Para a Bienal de Veneza de 1993, cria “Memory/Loss”,<br />
com que ganha o Leão de Ouro para a escultura. Na galeria Akira Ikeda, em Nova<br />
York, apresenta “Three Rooms”, três espaços dedicados aos quatros elementos. Em<br />
1995, numa velha prisão de Londres, constrói juntamente com Hans Peter Kuhn e<br />
Michael Howells, uma série de “Tableuxs” denominadas “H.G.”. Em 1997, produz uma<br />
instalação para o centenário da Villa Stuck, em Munique.<br />
Em 1992 dá inicio ao Watermill Center num enorme edifício industrial, adquirido<br />
em 1980. Dedica-se desde então a este centro de desenvolvimento de estudos de<br />
estética e criação artística.<br />
Dominique Garrigues in Encyclopédie Nouveaux Médias du Centre Georges Pompidou
_ROBERT WILSON, UM OLHAR<br />
O que é que estará ainda por dizer acerca de Robert Wilson? Existem já tantos retratos,<br />
tantas anedotas, tantos registos. E o que é que estará ainda por dizer acerca da sua forma<br />
de entender o teatro? Que palavras falta ainda dizer para o defi nir? O que é que estará<br />
ainda por dizer acerca desse seu olhar enigmático?<br />
Sabemos que Wilson nasceu em Waco, Texas, no dia 4 de Outubro de 1941, no seio de<br />
uma família branca, protestante e de classe média. O pai era advogado e foi presidente<br />
da câmara e gerente municipal da cidade. A mãe fora criada num orfanato. Segundo o<br />
próprio Wilson, nenhum deles se interessava por arte.<br />
Em 1958, tendo terminado os estudos secundários na sua cidade natal, frequentou as<br />
aulas de dança da senhora Byrd Hoffman, uma bailarina clássica então com cerca de<br />
setenta anos, onde aconteceu a sua lendária cura dos problemas de fala. Wilson recorda<br />
assim o episódio: “Ela ensinava dança e compreendia o corpo de uma forma excepcional.<br />
Disse-me: Podes perfeitamente aprender a falar. Sei que consegues. E após uns três<br />
meses de trabalho com ela, aprendendo a descontrair e dando ao processo o tempo<br />
necessário, acabei por aprender a pronunciar, a conseguir falar… não sou um grande<br />
dançarino, mas aprendi a lidar com o meu corpo e consegui reduzir a tensão, consegui,<br />
diga-se em abono da verdade, com todo o meu esforço… Aprender a falar foi para mim<br />
uma enorme aventura.” [Brecht, 1994, p. 14)]. Apesar de este episódio ter sido desmentido<br />
por algumas testemunhas oculares bastante dignas de crédito, ele não perde, mesmo<br />
assim a sua aura de lenda.<br />
Entre 1959 e 1962, estuda na Universidade do Texas, que abandonará pouco antes de se formar,<br />
na época em que começou a trabalhar para o grupo de teatro infantil da Universidade de<br />
Baylor. Em 1963 encontramo-lo em Paris, onde estuda pintura com um tal George McNeil. No<br />
ano seguinte regressa aos Estados Unidos, a Nova Iorque, como estudante de arquitectura<br />
no Pratt Institute, de Brooklin, tendo-se formado em 1966. Enquanto frequenta o curso<br />
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256 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />
em Nova Iorque, continua com o seu trabalho no teatro infantil, com crianças com lesões<br />
cerebrais e, durante o Verão, em Waco, com o seu grupo de sempre. A partir de 1967 têm<br />
início as suas primeiras performances em Manhattan. Contabilizam-se quatro, anteriores,<br />
e de certo modo preparatórias de The King of Spain (1969) – segundo parece tratava-se de<br />
peças muito dispersas, infl uenciadas, entre outras coisas, pelos concertos de Cage: Baby<br />
Blood (1967), Theatre Activity I e II, ByrdwoMAN e Alley Catos (1968).<br />
1967 será também o ano de Poles, uma instalação em plena natureza (em Grail Retreat,<br />
Loveland, Ohio), marcada contudo por uma certa utopia própria da época, que Wilson<br />
evoca nos seguintes termos: “Em 1968, numa seara do Ohio, fi z uma escultura com 676<br />
postes telefónicos; a estrutura era a de uma vedação, mas era possível subir por ela, como<br />
pelos fl ancos de uma montanha, até ao alto. Os agricultores da zona chamaram-me louco<br />
porque aquilo não parecia nada, no meio da seara. Depois, quando chegou o momento<br />
de manter os postes em pé e agrupá-los, interessaram-se pela construção que, pouco<br />
a pouco se transformou na nossa obra colectiva, uma obra de que estão orgulhosos. É<br />
um lugar de festa, de reunião, de conferências, uma tribuna para se assistir a um jogo<br />
de futebol, ou um espaço lúdico, pois é possível trepar por ele ou até mesmo passear<br />
pelo seu interior. Uma experiência desta índole é sempre uma fonte de contactos: foram<br />
tantas as coisas que aconteceram enquanto trabalhámos juntos… na actualidade, nas<br />
cidades, já ninguém cuida das construções, por todos os lados se vêem imóveis com<br />
andares que são destruídos porque não existe qualquer sentimento ou relação entre o<br />
habitante e o lugar. É importante recuperar o contacto.” [Brunel, 1971].<br />
Durante esta época, o seu nome encontra-se associado a trabalhos de terapia teatral,<br />
psicossomática e de desenvolvimento pessoal, embora Wilson se tenha sempre recusado<br />
a ser considerado um guru, ou a deixar catalogar o seu trabalho sob a designação do<br />
termo terapia, seja em que sentido for que seja utilizado.<br />
Em 1968, cria a Byrd Hoffmam School of Byrds, da qual se torna director artístico. Segundo<br />
consta nos documentos de inscrição desta como Fundação (4 de Maio de 1970), os seus<br />
objectivos são: “1. Dirigir ofi cinas de dança, teatro, cinema e artes afi ns para crianças e<br />
adultos. 2. Preparar pessoas como chefes de grupo de dança como actividade teatral.<br />
3. Realizar um programa de Verão para crianças e adultos nas zonas de Nova Iorque e<br />
New Jersey e num rancho do Texas. 4. Realizar representações públicas de dança como<br />
actividade teatral como resultado dos vários seminários.” [Brecht, 1994, pg. 31.] Com a<br />
Byrd Hoffman, Wilson percorrerá o espaço que medeia entre as suas primeiras tentativas,<br />
happenings e performances, até à sua profi ssionalização defi nitiva, cujo ponto de<br />
infl exão é marcado por Einstein on the Beach, onde profi ssionais já de reputação feita<br />
como Lucinda Childs, partilhavam o cenário com actores não profi ssionais.<br />
Destes primeiros anos, Wilson costuma recordar com especial prazer os ensinamentos<br />
de alguns professores. Em primeiro lugar, Sybil Moholy-Nagy, com vínculo à Bauhaus,<br />
sua professora de História da Arquitectura em Nova Iorque: “A forma como ela tinha<br />
estruturado o curso agradava-me muito, porque utilizava uma iconografi a sem relação<br />
directa com o que dizia. Bem, quer dizer, havia efectivamente uma relação, mas quase<br />
por coincidência, por acaso. Às vezes tinha por trás até três projecções de diapositivos em<br />
3D. As imagens sucediam-se rapidamente enquanto ela falava com muita calma, num<br />
tom muito relaxado, de coisas diferentes, dos “antídotos”, poder-se-á dizer, daquelas<br />
coisas que os livros de história nunca conseguem ensinar. E depois, aí uns cinco anos<br />
mais tarde, começavam a surgir associações de ideias, e então era possível associar o<br />
texto às imagens… ao princípio tive difi culdade em assimilá-lo, mas depois foi sempre
uma coisa em que eu pensava como tendo tido grande importância para mim, e era<br />
o curso de História da Arquitectura. Uma vez disse-nos: “Bom! Têm três minutos para<br />
desenhar uma cidade!” e tínhamos de raciocinar sobre o que fazer para se conseguir<br />
desenhar uma cidade em três minutos. Então eu pensei numa maçã com um cubo de<br />
cristal no interior, e pensei que esse cristal podia ser o osso, o núcleo da maçã, o centro da<br />
aldeia, um pouco como… uma catedral da época medieval, um centro de estudos, uma<br />
concentração de pessoas de todos os tipos e classes, um lugar onde o artista tivesse o<br />
seu sítio” [Grillet, 1992]<br />
E, em segundo lugar, Paolo Soleri, cujos ensinamentos seguirá em 1966, durante uma<br />
temporada em Phoenix, Arizona. “No princípio dos anos 60 fi z um curso com Soleri. Naquele<br />
tempo interessavam-me mais as ideias que estavam subjacentes na sua arquitectura do<br />
que as suas criações arquitectónicas em si. Fascinava-me a escala do seu pensamento. Era<br />
um sonhador. Construía cidades debaixo de água, sobre a água ou no céu. Era o meu último<br />
ano do curso e os outros alunos estavam ocupados a desenhar imóveis de escritórios para<br />
conseguirem a licenciatura. Eu não era capaz. Aquilo não me interessava absolutamente<br />
nada. Soleri fazia desenhos de arquitectura na areia, com um pauzinho. Não se sabia o que<br />
é que ia sair dali, um casino, uma sala de espectáculos, ou o que quer que fosse. Punha-se<br />
simplesmente a desenhar. E era assim que ele concebia os imóveis. Era espantoso ver um<br />
arquitecto a trabalhar assim. Aquilo marcou-me profundamente. O mesmo se pode dizer<br />
de Einstein. Einstein também era um sonhador. Na época em que estava para terminar<br />
os meus estudos, sentia-me completamente perdido, e estes homens ajudaram-me a ver<br />
claro porque também eu era um sonhador. Para o trabalho de fi m de curso desenhei uma<br />
maçã com um cubo de cristal no centro. O cubo de cristal pretendia ser uma janela aberta<br />
para o mundo. Podia refl ectir todo o universo. [Eco, 1991]<br />
Uma maçã com um cubo de cristal no interior, coração transparente, janela ou catedral<br />
da rate, Guckkastenbühne, símbolo que prenuncia já o destino teatral que o aguardava.<br />
Miguel Morey e Carmen Pardo in Robert Wilson<br />
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258 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />
_ Robert Wilson<br />
Trabalhos teatrais<br />
1964<br />
“Dance Event at New York Horld’s Fair”<br />
“Dance Pieces at Peerless Movie House”<br />
“Junk Dances” de Murray Louis; Cenografía: Robert Wilson<br />
“Landscapes” de Murray Louis; Cenografía: Robert Wilson<br />
1965<br />
“Modern Dance” (quatro danças) de Robert Wilson.<br />
“[Silent Play]“ Interpretação: Robert Wilson e outros<br />
“America Hurrah” de Jean-Claude van Itallie; Encenação:<br />
Robert Wilson<br />
“Duricglte & Tomorrow” de Robent Wilson<br />
1966<br />
“Clorox y Opus 2” [danças]<br />
1967<br />
“Baby Blood” [Evening with Baby Byrd Johnson and Baby<br />
Blood] Interpretação: Robert Wilson<br />
“Poles” [escultura ao ar livre, com performances de Robert<br />
Wilson e outros].<br />
1968<br />
“Alley Cats” Interpretação: Robert Wilson e Menedith Monk<br />
“ByrdwoMAN” Interpretação: Robert Wilson, S.k. Dunn,<br />
Kikuo Saito, Raymond Andrews, Hope Kondnat, Robyn<br />
Brentano, Meredith Monk, y outros<br />
“Theater Activity [2]” Textos escritos e gravados de<br />
Buckminster Fuller; Interpretação: Robert Wilson, Devora<br />
Bornír, Kenneth King e Hope kondrat. American Theatne<br />
Laboratory, Nueva York, 19 abril .<br />
“Theatre Activity [1]” Interpretação: Robert Wilson, Andrew<br />
de Groat, Kenneth King, e outros.<br />
1969<br />
“The King of Spain” de Byrd Hoffman; Interpretação: Robert<br />
Wilson e Byrd Hoffman School of Byrds.<br />
“Hauco – 1941” [performance/conferencia /demonstração];<br />
Interpretação: Robert Wilson e Byrd Hoffman School of Byrds.<br />
“The Life and Times of Sigmund Freud” de Robert Wilson<br />
Interpretação: Robert Wilson e Byrd Hoffman School of<br />
Byrds; Brooklyn Academy of Music, Opera House<br />
1970<br />
“George School Activity” [performance/demonstração].<br />
Encenação/Interpretação: Robert Wilson; George School,<br />
New Hope<br />
“Handbill” de Robert Wilson; Texto: Kenneth King; Música:<br />
Alan Lloyd e Julie Weber; Interpretação: Robert Wilson e<br />
outros.<br />
“Deafman Glance” de Robert Wilson; Música: Alan Lloyd,<br />
Igor Demjen y outros; Interpretação: Robert Wilson,<br />
Raymond Andrews, Sheryl Sutton e Byrd Hoffman School of<br />
Byrds; Brooklyn Academy of Music<br />
1971<br />
“Watermill” [performance/demonstração]. Música/som:<br />
Melvin Andringa, Igor Demjen, Alan Lloyd e Pierre Ruiz;<br />
Interpretação: Robert Wilson, Andrew de Groat, Cynthia<br />
Lubar e outros.<br />
“Program Prologue Now.: Overture for a Deafman” de<br />
Robert Wilson<br />
“[Demonstration/Lecture/ Press Conference]”<br />
Interpretación: Robert Wilson<br />
1972<br />
Overture [New York (Overture for KA MOUNTain AND<br />
GUARDenia TERRACE)] de Robert Wilson e Byrd Hoffman<br />
School of Byrds<br />
Overture [Shiraz (Overture for KA MOUNTain AND<br />
GUARDenia TERRACE)] Interpretação: Robert Wilson e Byrd<br />
Hoffman School of Byrds. Narenjestan<br />
KA MOUNTain AND GUARDenia TERRACE: a story about<br />
a family and some people changing; Encenação: Robert<br />
Wilson, Andrew de Groat, Cynthia Lubar, James Neu, Ann<br />
Wilson, Mel Andringa, S.K. Dunn e outros; Textos: Robert<br />
Wilson, Andrew de Groat, Jessie Dunn Gilbert, Kikuo Saito,<br />
Cynthia Lubar, Susan Sheehy e Ann Wilson; Música/som:<br />
Igor Demjen; Interpretação: Robert Wilson e Byrd Hoffman<br />
School of Byrds.<br />
Overture [París (Overture for KA MOUNTain AND<br />
GUARDenia TERRACE)] Cenografi a: Robert Wilson, Melvin<br />
Andringa, Kathryn Kean, Kikuo Saito, Ann Wilson e outros;<br />
música/som: Igor Demjen; Interpretação: Robert Wilson y<br />
Byrd Hoffman School of Byrds. [24 horas de performance<br />
continua]).<br />
1973<br />
“Workshop/Performance” Interpretação: Robert Wilson e<br />
Byrd Hoffman School of Byrds.<br />
“The Byrd Hoffman School of Byrds Spring Student<br />
Concerts”<br />
“King Lyre and Lady in the Wasteland” Interpretação:<br />
Robert Wilson e Elaine Luthy.<br />
“The Life and Times of Joseph Stalin”de Robert Wilson.<br />
Música: Alan Lloyd, Igor Demjen, Juli e Weber e Michael<br />
Galasso; Textos: Robert Wilson, Cynthia Lubar, Christopher<br />
Knowles e Ann Wilson; coreografi a: Andrew de Groat;<br />
Interpretação: Robert Wilson e Byrd Hoffman School of<br />
Byrds.<br />
1974<br />
“DiaLog A Mad Man A Mad Giant A Mad Dog A Mad Urge<br />
A Mad Face” de Robert Wilson e Christopher Knowles.<br />
Interpretação: Robert Wilson, Christopher Knowles e outros.<br />
“Prologue to A Letter for Queen Victoria” [apresentação<br />
numa galeria] de Robert Wilson<br />
“A Letter for Queen Victoria” de Robert Wilson. Textos<br />
adicionais: Christopher Knowles, Cynthia Lubar, Stefan<br />
Brecht e James Neu; música: Alan Lloyd e Michael Galasso;<br />
coreografía: Andrew de Groat, Interpretação: Robert Wilson<br />
e Byrd Hoffman School of Byrds.<br />
1975<br />
“Dialog of the Sundance Kid” de Christopher Knowles e<br />
Robert Wilson [leitura]; Interpretação: Christopher Knowles<br />
e Robert Wilson.<br />
“A Solo Reading” Voz e desenhos: Robert Wilson<br />
“The $ Value of Man” de Robert Wilson e Christopher<br />
Knowles<br />
“DiaLog [2]” de Robert Wilson e Christopher Knowles.<br />
Interpretação: Robert Wilson e Christopher Knowles.<br />
“To Street: One Man Show” Interpretação: Robert Wilson<br />
1976<br />
“DiaLog [3]” de Robert Wilson e Christopher Knowles;<br />
Interpretação: Robert Uilson, Christopher Knowles e<br />
Lucinda ChiIds<br />
“Einstein on the Beach” de Robert Wilson e Philip Glass<br />
Música: Philip Glass; Textos: Christopher Knowles, Samuel<br />
M. Johnson e Lucinda Childs; Coreografía: Andrew de Groat.<br />
“Bob Wilson Solo” [inclue extractos de “Deafman Glance”,
“A Letter for Queen Victoria” e “The King of Spain”]<br />
“reconfi rmation of reservations” [sólo Robert Wilson]<br />
1977<br />
“I was sitting on my patio this guy appeared I thought<br />
I was hallucinating” de Robert Wilson. Co-encenação:<br />
Lucinda Childs; música: Alan Lloyd, Interpretação: Robert<br />
Wilson e Lucinda Childs.<br />
“Dialog/Network” de Christopher Knowles e Robert Wilson.<br />
1978<br />
“Prologue to Deafman Glance” de Robert Wilson.<br />
1979<br />
“Death, Destruction, and Detroit: a play with music<br />
in 2 acts / a love story in 16 scenes” de Robert Wilson.<br />
Música: Alan Lloyd, Keith Jarrett e Randy Newman; textos<br />
adicionais: Maita de Niscemi<br />
“Edison” de Robert Wilson<br />
1980<br />
“Overture to the Fourth Act of Deafman Glance” de Robert<br />
Wilson., Interpretação: Robert Wilson<br />
“DiaLog/Curious George” de Robert Wilson e Christopher<br />
Knowles<br />
1981<br />
“Medea” de Robert Wilson e Gavin Bryars<br />
“Shirley, Keep Off” (apresentação por alunos de um atlier<br />
de uma semana)<br />
“The Man in the Raincoat” de Robert Wilson. Música: Hans<br />
Peter Kuhn; Interpretação: Robert Wilson.<br />
“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down”<br />
[primeiro atelier de trabalho]<br />
“Relative Calm” de Lucinda Childs; Encenação: Lucinda<br />
Childs; desenho de luz e desenhos: Robert Wilson:<br />
1982<br />
“The Golden Windows” [Die Goldenen Fenster] de Robert<br />
Wilson [versão alemã - versão americana 1985; versão de<br />
Montreal 1988]. Música: Tania León, Gavin Bryars e Johann<br />
Pepusch<br />
“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down”<br />
[segundo] workshop<br />
“Great Day in the Morning” de Robert Wilson e Jessye<br />
Norman<br />
“Overture to the Fourth Act of Deafman Glance” de Robert<br />
Wilson. Interpretação: Robert Wilson, Carol Miles e Chizuko<br />
Sugiura<br />
1983<br />
“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down.<br />
Rotterdam Section” [Acto I, Cena B] de Robert Wilson.<br />
Música: Nicolás Economou; coreografía: Jim Self; texto<br />
adicional: Maita di Niscemi.<br />
1984<br />
“The Knee Plays [de CIVIL warS]“ de Robert Wilson y David<br />
Byrne. Música y textos: David Byrne; coreografía: Suzushi<br />
Hanayagi.<br />
“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down.<br />
Colonia Section” [Acto I, Cena A; Acto III. Cena E; Acto IV,<br />
Cena A e Epilogo] de Robert Wilson e Heiner Müller. Música:<br />
Philip Glass, David Byrne, Hans Peter Kuhn, Frederick the<br />
Great, Thomas Tallis e Franz Schubert.<br />
“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down.<br />
Rome Section” [Prólogo y Acto V - véase 1995]<br />
de Robert Wilson e Philip Glass. Música: Philip Glass; texto;<br />
Maita di Niscemi; Coreografía: Jim Self.<br />
“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down.”<br />
Workshop Marselha [Acto II, Cenas A e B; Acto III, Cenas A e<br />
B]. Texto: Etel Adnan; música: Gavin Bryars.<br />
“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down.”<br />
Workshop de Tóquio [Acto I, Cena C; Acto II, Cena C; Acto III,<br />
Cenas C e D].<br />
“Medea” de Robert Wilson e Gavin Bryars; Baseado na obra<br />
de Eurípides. Música: Gavin Bryars; textos adicionais: Heiner<br />
Müller e Vladimir Mayakovsky.<br />
“Einstein on the Beach” de Robert Wilson e Philip Glass<br />
[nova representação].<br />
“King Lear” de William Shakespeare<br />
“Reading/Performance 1969-1984” Textos: Robert Wilson,<br />
Christopher Knowles, Ben Halley, Chris Moore e David<br />
Byrne; Interpretação: Robert Wilson<br />
“The Golden Windows” de Robert Wilson [versão<br />
americana]<br />
1986<br />
“Alcestis” de Eurípides [versão americana –versão alemã,<br />
1987]. Adaptação: Robert Wilson; tradução: Dudley Fitts e<br />
Robert Fitzgerald, textos adicionais: Heiner Müller; Música/<br />
som: Hans Peten Kuhn e Laurie Anderson; coreografía:<br />
Suzushi Hanayagi<br />
“Hamletmachine” de Heiner Müller [versão americana].<br />
Tradução: Cari Weber; música: Jerry Leiber e Mike Stoller.<br />
“Hamletmaschine” de Heiner Mullen [Versão alemã]<br />
“Overture to the Fourth Act of Deafman Glance” de Robert<br />
Wilson. Interpretação: Robert Wilson e outros.<br />
“Alceste” de Christoph Willibald Gluck Baseado na obra de<br />
Eurípides. Coreografía: Suzushi Hanayagi.<br />
1987<br />
“Parzival: Auf der anderen Seite des Sees” de Robert<br />
Wilson e Tankred Dorst. Texto: Tankred Dorst e Christopher<br />
Knowles; música: Tassilo Jelde.<br />
“Quartett” [versão alemã - 1988 versão americana]. Basado<br />
em “Les Liaisons Dangereuses” de Choderlos de Lados.<br />
Texto: Heiner Müller; música: Christoph Eschenbach.<br />
SchloBtheater Ludwigsburg<br />
“Overture to the Fourth Act of Deafman Glance” de Robert<br />
Wilson. Interpretação: Robert Wilson e Sheryl Sutton.<br />
Ancient Stadium of Delphi (International Meeting of<br />
Ancient Greek Drama),<br />
“The Man in the Raincoat” de Robert Wilson. Música:<br />
Laurie Anderson; Interpretação: Michael Matthews. Het<br />
Muziektheater,<br />
“Alkestis” de Eurípides [versão alemã].<br />
“Death, Destruction, and Detroit II” de Robert Wilson.<br />
Textos: Franz Kafka, Heiner Müller, Robert Wilson, Malta di<br />
Niscemi y Cynthia Lubar<br />
“Salomé” de Richard Strauss. Basado na obra de Oscar<br />
Wilde. Guarda-Roupa: Gianni Versace.<br />
1988<br />
“The Forest” Texto: Heiner Müller e Darryl Pinckney; música:<br />
David Byrne<br />
“Einstein on the Beach” de Robert Wilson e Philip Glass<br />
[nova representação]. Cenografía e encenação: Achim<br />
Freyer; música: Philip Glass<br />
“Cosmopolitan Greetings” Texto: Alien Ginsberg; música:<br />
Rolf Liebermann e George Gruntz.<br />
“Le Martyre de Saint Sébastien” de Gabriele d’Annunzio.<br />
Música: Claude Debussy; coreografía: Robert Wilson e<br />
Suzushi Hanayagi.<br />
259 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP
260 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />
“The Golden Windows” de Robert Wilson [representação<br />
Universidad de Montreal].<br />
“Quartet” [versão americana]<br />
1989<br />
“Swan Song” de Antón Chéjov.<br />
“Orlando” Do romance de Virginia Woolf [versão alemã,<br />
versão inglesa (1996)]. Adaptação: Robert Wilson e Darryl<br />
Pinckney; texto: Darryl Pinckney; Interpretação: Jutta<br />
Lampe.<br />
“La Nuít d’Avant le Jour” (Inauguração da Opera Bastille,<br />
Paris).<br />
“De Materie” de Robert Wil son. Música: Louis Andreissen.<br />
“Doctor Faustus” Basado na novela de Thomas Mann.<br />
Música: Giacomo Manzoni ; Guarda Roupa: Gianni Versace<br />
1990<br />
“Alceste” Música: Christophe Willibald Gluck<br />
“Overture to the Fourth Act of Deafman Glance” de Robert<br />
Wilson<br />
“What Room: A Play for 3 Minutes” de Robert Wilson<br />
“The Black Rider: The Casting of the Magic Bullets”<br />
Baseado en “Der Freischütz” de August Apel e Friedrich<br />
Laun e em “The Fatal Marksman” de Thomas de Quincey.<br />
Adaptação: Robert Wilson, Tom Waits (música/letras) e<br />
William S. Burroughs (texto).<br />
“King Lear” de William Shakespeare<br />
1991<br />
“The Malady of Death” de Marguerite Duras Música:<br />
Hans Peten Kuhn<br />
“Grace for Grace” de Robert Wilson<br />
“The Magic Flute” Música: Wolfgang Amadeus Mozart<br />
“Parsifal” de Richard Wagner.<br />
“When We Dead Awaken” de Henrik Ibsen Adapção:<br />
Robert Wilson; música: Charles “Honi” Coles.<br />
1992<br />
“Alice” Baseado em “Alice in Wonderland” de Lewis Carrol<br />
Texto: Paul Schmidt, música y letras: Tom Waits e Kathleen<br />
Brennan; Estreou em <strong>Portugal</strong> no Centro Cultural de Belém<br />
“Danton’s Death” de Georg Büchner<br />
“Don Juan Último” de Vicente Molina Foix. Música:<br />
Mariano Díaz<br />
“Dr. Faustus Lights the Lights” de Gertrude Stein. Música:<br />
Hans Peter Kuhn<br />
1993<br />
“Madame Butterfl y” de Giacomo Puccini . Música: Giacomo<br />
Puccini;<br />
“Alice in Bed” de Susan Sontag. Música: Hans Peter Kuhn.<br />
“Orlando” [versão francesa]. Basado no romance de<br />
Virginia Woolf. Adaptação: Robert Wilson e Darryl Pinckney;<br />
música: Hans Peter Kuhn; Interpretação: Isabelle Huppert.<br />
Estreou em <strong>Portugal</strong> na Culturgest<br />
1994<br />
“Der Mond im Gras: einmal keininal immer” de Robert<br />
Wilson. Baseado em relatos dos irmãos Grimm e Georg<br />
Büchner. Música: Robyn Schulkowsky<br />
“Hanjo/Hagoromo: Dittico Giapponese” de Yukio Mishima<br />
(Hanjo) e Zeami (Hagoromo). Música e libreto: MarceHo<br />
Panni (Hanjo) e Jo Kondo (Hagoromo).<br />
“T.S.E.: “come in under the shadow of this red rock”” de<br />
Robert Wilson. Música: Philip Glass; texto: T. S. Eliot e outros.<br />
“The Meek Girl” Baseado num conto de Fiódor Dostoievski.<br />
Adaptação: Robert Wilson e Wolfgang Wiens: música:<br />
Stephan Kurt e Gerd Bessler; Interpretação: Robert Wilson,<br />
Charles Chemin, Marianna Kavallieratos e Thomas<br />
Lehmann<br />
“Skin, Meat, Bone: The Wesleyan Project” de Robert Wilson<br />
e Alvin Lucier. Música: Alvin Lucier<br />
1995<br />
“the CIVIL warS: a tree is best measured when it is down”<br />
Rome Section [versão para concerto 1984]. Carnegie Hall<br />
“Snow on the Mesa” [peça para dança]. Texto: Paul<br />
Schmidt; guarda-roupa: Donna Karan; Interpretação:<br />
Martha Graham Dance Company.<br />
“The Golden Windows” [Die Goldenen Fenster] de Robert<br />
Wilson<br />
“Bluebeard’ s Castle/Erwartung” de Bela Bartók<br />
(Bluebeard’s Castle) e Arnold Schónberg (Erwartung)<br />
“Persephone” Textos: Homer, Brad Gooch, Malta di<br />
Niscemi; Música: Gioachino Rossini e Philip Glass; desenho<br />
de luz: A. J. Weisbard e Robert Wilson.<br />
“HAMLET: a monologue” Basado na obra de William<br />
Shakespeare. Adaptação: Robert Wilson e Wolfgang Wiens.<br />
Música: Hans Peter Kuhn. Interpretação: Robert Wilson.<br />
“The Magic Flute” Música: Wolfgang Amadeus<br />
“Knee Plays and Other Acts: A Gala Benefi t for The Kitchen”<br />
[versão de “Skin, Meat, Bones: The Wesleyan Project”, 1994]<br />
de Robert Wilson e Alvin Lucier. Música: Alvin Lucier<br />
1996<br />
“Jessye Norman Sings for the Healing of AIDS” [concerto<br />
de benefeciencia]. Direcção: George C. Wolfe; Cenografi a:<br />
Robert Wilson.<br />
“Oedipus Rex” de Igor Stravinsky, com “Silent Prologue” de<br />
Robert Wilson. Música: Igor Stravinsky; texto: Jean Cocteau.<br />
Orlando de Virginia Woolf [versão inglesa] Interpretação:<br />
Miranda Ríchardson<br />
“G.A. Story : Giorgio Armani: la sua storia, la sua moda” de<br />
Robert Wilson<br />
“Time Rocker” de Robert Wilson, Darryl Pinckney (texto) e<br />
Lou Reed (música e letras)<br />
“La Maladie de la Mort” (The Malady of Death) de<br />
Marguerite Duras. [versão em francês]. Interpretação:<br />
Lucinda Childs e Michel Piccoli<br />
“Four Saints in Three Acts” de Virgil Thomson (música) e<br />
Gertrude Stein (texto).<br />
1998<br />
“70 ANGELS ON THE FACADE: Domus 1928-1998” Textos:<br />
Lisa Ponti e Christopher Knowles<br />
“Ett DrSmspel” [Dream Play] Texto: August Strindberg;<br />
música: Michael Galasso<br />
“White Raven” [O Corvo Branco] de Robert Wilson e Philip<br />
Glass. Música: Philip Glass; direcção musical: Dennis Russell<br />
Davies; texto: Luisa Costa Gomes; fi gurinos: Moidele Bickel<br />
; desenho de luz: Heinrich Brunke. Estreia na Sala Julio<br />
Verne, Teatro Camoes (Expo ‘98), Lisboa, 26, 28, 29 Setembro.<br />
Seguindo depois para o Teatro Real, Madrid, Carnegie Hall<br />
(American Composers Orchestra), Nova Iorque York. 2000<br />
[Acto V, concerto, com narração de Robert Wilson]. New York<br />
State Theater (Lincoln Center Festival), Nova Iorque, 10-14<br />
Julho 2001.<br />
“The Wind” [leitura de Robert Wilson e Christopher<br />
Knowles] Textos: Christopher Knowles<br />
“Dantons Tod” (Danton’s Death) de Georg Büchner<br />
[reestreno - véase representación de Houston, 1992] Texto:<br />
Georg Büchner; música: Thierry de Mey<br />
“Donna del mare” (The Lady from the Sea) de Henrik Ibsen.<br />
Texto adaptado por Susan Sontag; fi gurinos de Giorgio
Armani; música: Michael Galasso; desenho de luz: A.J.<br />
Weissbard e Robert Wilson;<br />
“Wings on Rock” Baseado em “The Little Prince” de<br />
Antoine de Saint-Exupery. Interpretação: Francois Chat e<br />
Marianna Kavallieratos; música: Pascal Comelade; fi gurinos:<br />
Kenzo Takada.<br />
“Monsters of Grace: A Digital Opera in Three Dimensions”<br />
de Philip Glass e Robert Wilson; desenho e conceito visual:<br />
Robert Wilson; música: Philip Glass; letras: Rumi; desenho<br />
de som: Kurt Munkacsi; direcção musical: Michael Riesman;<br />
“Lohengrin” de Richard Wagner Música e texto: Richard<br />
Wagner; iluminação: Heinrich Brunke; fi gurinos: Frida<br />
Parmeggiani<br />
“Der Ozeanfl ug” [Oceanfl ight] de Bertolt Brecht. Texto:<br />
Bertolt Brecht; música: Hans Peten Kuhn; fi gurinos: Jacques<br />
Reynaud. Berliner Ensemble<br />
“Saints and Singing” de Robert Wilson e Hans Peter Kuhn,<br />
segundo Gertrude Stein. Texto: Gertrude Stein; música:<br />
Hans Peter Kuhn,<br />
“Rescue” (parte do espectáculo de Laurie Anderson<br />
no Meltdown Festival de South Bank) Direcção: Laurie<br />
Anderson. Com Laurie Anderson, Christopher Knowles, Lou<br />
Reed, Robert Wilson e otros.<br />
“Prometeo: Tragedia dell’asco!to” de Luigi Nono. Música:<br />
Luigi Nono; texto: Massimo Cacciari;<br />
“Pelléas et Mélisande” de Claude Debussy. Música: Claude<br />
Debussy; texto: Maurice Maeterlinck; fi gurinos: Frida<br />
Parmeggiani; iluminación: Heinrich Brunke e Robert Wilson.<br />
1999<br />
“Orphée et Euridice” de Christoph Willibald Gluck. Música:<br />
Christoph Willibald Gluck: Texto: Pierre-Louis Moline<br />
segundo Ranieri de’ Calzabigi<br />
“THE DAYS BEFORE: death, destruction and detroit III” de<br />
Robert Wilson. Textos: Umberto Eco e Christopher Knowles;<br />
música: Ryuichi Sakamoto; vestuario: Jacques Reynaud.<br />
Estreia em <strong>Portugal</strong> no Rivolí Teatro Municipal (Porto Natal<br />
Teatro Internacional)<br />
“Scourge of Hyacinths” de Tania León. Música: Tania León;<br />
texto: Tania León e Mole Soyinka segundo a obra de Wole<br />
Soyinka; fi gurinos: Susanne Raschig; desenho de luz:<br />
Andreas Fuchs e Robert Wilson.<br />
2000<br />
“Woyzeck” de Georg Büchner. Adaptação de Wolfgang<br />
Wiens e Ann-Christin Rommen da obra de Georg Büchner.<br />
Música e letras: Tom Waits e Kathleen Brennan; fi gurinos:<br />
Jacques Reynaud<br />
“Relative Light de Robert Wilson. Música: Johann Sebastian<br />
Bach e John Cage;<br />
“Das Rheingold” de Richard Wagner. Música e libreto:<br />
Richard Wagner; fi gurinos: Frida Parmeggiani; desenho de<br />
luz: Robert Wilson e Andreas Fuchs.<br />
“Hot Water” de Robert Wilson. Interpretação: BARTO;<br />
fi gurinos: Susanne Rauschig, Dorothée Uhrmacher;<br />
desenho de luz: Urs Schonebaum; video: Chris Kondek;<br />
“POEtry” de Robert Wilson e Lou Reed. Basado nas obras de<br />
Edgar Allan Poe. Texto, letras e música: Lou Reed; fi gurinos e<br />
maquilhagem: Jacques Reynaud<br />
2001<br />
“Die Walküre” de Richard Wagner. Música e libreto: Richard<br />
Wagner; fi gurinos: Frida Parmeggiani; desenho de luz:<br />
Robert Wilson e Andreas Fuchs.<br />
“Prometheus” de Robert Wilson. Música: lannis Xenakis;<br />
desenho de luz: A. J. Weissbard e Robert Wilson;<br />
“Three Sisters” de Antón Chéjov. Co-direcção: Ann-Christin<br />
Rommen; fi gurinos e maquilhagem: Jacques Reynaud;<br />
música: Michael Galasso; desenho de luz: Andreas Fuchs e<br />
Robert Wilson<br />
“Winterreise” Música: Franz Schubert; fi gurinos: Yves Saint<br />
Laurent; Interpretação: Jessye Norman e Mark Markham.<br />
“Siegfred” de Richard Wagner. Música e texto: Richard<br />
Wagner; direcção musical: Franz Ueiser-Most; desenho<br />
de luz: Robert Wilson e Andreas Fuchs; fi gurinos: Frida<br />
Parmeggiani<br />
2002<br />
“Aída” de Giuseppe Verdi. Música: Giuseppe Verdi; libreto:<br />
Antonio Ghislanzoni ; direcção musical: Antonio Pappano;<br />
fi gurinos: Jacques Reynaud; direcção de coros: Renato<br />
Balsadonna. La Monnaie / De Munt, Bruxelas<br />
“Doctor Caligari” de Robert Wilson, basado no fi lme “Das<br />
Kabinett des Dr. Caligari” de Carl Mayer, Hans Janowitz e<br />
Robert Wiene. Música: Michael Galasso; fi gurinos: Jacques<br />
Reynaud; desenho de luz: Urs Schonebaum e Robert Wilson<br />
“Osud” de Leos Janácek. Música: Leos Janácek; libreto: Leos<br />
Janácek e Fedora Bartosová; fi gurinos: Jacques Reynaud;<br />
desenho de luz: A. J. Weissbard<br />
in Dossier Robert Wilson organizado por Frederico Corado<br />
para o FICAP 2008.<br />
261 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP
262 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />
_CONVERSAS COM PETER BROOK 1970 – 2000<br />
Peter Brook, cujas produções têm cativado pessoas por todo o mundo, tem muitas<br />
vezes sido referido como o mais importante encenador contemporâneo do Oeste. O<br />
seu revolucionário “Marat/Sade” e “King Lear”, o seu “A Midsummer Night’s Dream”<br />
aéreo e a muito pouco tradicional “La Tragedie de Carmen”, o seu “The Man Who” e “The<br />
Tragedy of Hamlet”, e a sua obra-prima, a produção de nove horas do mito indiano, “The<br />
Mahabharata”, colocaram-no na linha da frente dos artistas que conseguem chegar a<br />
vários públicos independentemente das barreiras culturais.<br />
Numa época em que o interesse pelas artes cénicas se virou do palco para o ecrã, quando<br />
o trabalho de actualmente famosos realizadores, em vez de peças, parece oferecer<br />
vitalidade, Peter Brook continua a encontrar o seu fórum de expressão primordialmente<br />
no teatro, através da interacção de actores e público em espectáculos ao vivo.<br />
Para expandir a area de actuação da suas actividades, criou (nos anos 70) com grande<br />
sucesso uma companhia fl exível, não institucionalizada no seu International Center<br />
of Theatre Research em Paris, que oferecia uma fusão de culturas, temperamentos e<br />
estilos, um teatro que expressava uma certa variedade, uma mistura de tradições e uma<br />
sensibilidade universal. Durante os anos que passou em Paris com o seu grupo, e mesmo<br />
antes disso, Brook tornou-se um símbolo da constante criatividade dos artistas de teatro,<br />
mostrou o que era possível um artista conseguir atingir com coragem, integridade, e<br />
acreditando no valor da arte que defi ne a própria vida de Brook e o seu trabalho.<br />
Hoje, depois de mais de quarenta anos no teatro e de ter dirigido mais de oitenta<br />
produções, muitas visto em todo o mundo, Brook não abrandou. A sua assinatura continua<br />
a ser a abordagem iconoclasta e a crença no poder e no valor da arte em todas as culturas.<br />
Possivelmente nenhum outro encenador, no Ocidente tem tido a confi ança e a ousadia de<br />
desafi ar as convenções, Brook tem, e no processo infl uenciou várias gerações de artistas e<br />
público de teatro em todo o lado. Sua é uma induvidavel busca de novos signifi cados, para<br />
uma maior visão, e para aquilo que pode ser visto fora das linhas do que alcança o olho<br />
nu. Mesmo antes do multiculturalismo entrar na moda no Ocidente, Brook viajou para a<br />
África e para a Ásia para explorar as tradições culturais locais não-ocidentais e alcançar<br />
audiências. Sempre que se esforça para encontrar uma forma estética mais refi nada para<br />
expressar os mistérios do espírito humano, Brook é enfrentado por desafi os e difi culdades.<br />
Na verdade ele gosta bastante de difi culdades, pois tem uma visão clara, uma forte crença<br />
no que está a fazer, e o génio para cumprir o seu objectivo.<br />
Desde a sua juventude, Brook procura novas formas. Um bem sucedido encenador aos<br />
vinte anos, foi nomeado diretor de Covent Garden aos vinte e quatro, quando criou o<br />
que foi considerado um escândalosa Salomé e uma inovadora Boris Godunov. Mais<br />
tarde dirigiu todos os tipo de peças, ido de Arthur Miller às obras de Jean-Paul Sartre<br />
e Jean Genet, Tennessee Williams a Shakespeare e George Bernard Shaw, para não<br />
falar nos musicais da Broadway, a programas de televisão e fi lmes. Quando se tornou<br />
um dos encenadores da recém-organizada Royal Shakespeare Company na década de<br />
1960, Brook revolucionou as encenações de Shakespeare com um audacioso e austero<br />
Rei Lear, que serviu de modelo para voltar a analisar os conceitos convencionais da<br />
encenação Shakespeareana. Foi também o primeiro encenador de Londres a trabalhar<br />
experimentalmente com um grupo de actores da RSC que estava interessada em explorar<br />
as técnicas de Brecht e Artaud. Depois veio a conhecida produção de Marat/Sade, um<br />
estudo sobre a revolução e a loucura, um marco artístico que integrava conceitos radicais
de interagir com o público, encenação e espaço, seguido por Sonho de uma Noite de<br />
Verão, que cativou os críticos e o público também.<br />
Em 1968, depois de embarcar num projeto experimental em Paris com uma companhia<br />
internacional (interrompido pela revolta dos estudantes), Brook decidiu formar um<br />
grupo próprio. Foi um tempo para a aventura, para uma ruptura com o passado, não<br />
só politicamente, mas artisticamente. Grupos radicais estavam-se a organizar: o Living<br />
Theatre e o Open Theatre, em Nova Iorque atraiam audiências de todo o lado, e o<br />
fenómeno de Jerzy Grotowski e as suas brilhantes produções não lineares solicitavam<br />
uma reavaliação da base do teatro. Alguma coisa estava a acontecer e Peter Brook estava<br />
no meio de tudo.<br />
Animado por todos os novos desenvolvimentos, Brook voltou para Paris, em 1970, para<br />
organizar o seu grupo permanente: o Centro Internacional de Teatro de Investigação,<br />
uma organização que se concentrará tanto em investigação como em produção. A<br />
guerra do Vietnam tinha atingido uma fase crítica, rebeldes e jovens artistas estavam<br />
fartos dos conceitos tradicionais, com aquilo que consideravam conversa dupla, e com<br />
tudo o estabelecimento representava. Vários grupos teatrais deram voz a este desagrado<br />
com a corrupção política e social. Assim, dois campos foram-se formando no teatro: a do<br />
naturalismo tradicional, representada pela dominância do dramaturgo e na encenação<br />
de produções tradicionais, bem como o teatro experimental não literal de imagens e<br />
de comportamento não verbal, representados por grupos da contracultura que foram<br />
fl orescendo em caves , estúdios, e lojas. Apesar de alguns dos últimos grupos terem<br />
acabado em fi nais dos anos 70, Brook e sua companhia recém-formada permaneceram<br />
e fl oresceram. Qual foi o segredo deste sucesso?<br />
Desde o início, Peter Brook teve sempre um pensamento quase revolucionária. Quando<br />
ele estava a encenar, no West End, nos seus vinte anos, ele era um Enfant Terrible, sem<br />
medo de tentar todos os tipos de peças. O seu fervor revolucionário, no entanto, não vem<br />
inteiramente a partir da teoria política ou das convulsões sociais, embora ele tenha sido<br />
263 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP
264 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />
por ela algumas vezes infl uenciado e ainda é, em vez disso, é o resultado de uma extrema<br />
singularidade, uma sensibilidade especial que permite que ele continue a ser aberto a<br />
todas as possibilidades, aberto às implicações de acontecimentos contemporâneos que<br />
faz com que não se amarre apenas por necessidades comerciais. É esse entusiasmo para<br />
a criação e a sua capacidade para viver, combinada com uma energia extraordinária, que<br />
defi ne a individualidade de Brook. Por conseguinte, era lógico que ele organizasse um<br />
grupo seu, para ser dono de si próprio, para poder largar o mundo comercial, no qual ele<br />
tinha sido extremamente bem sucedido, de modo a que possa emergir como um artista<br />
verdadeiramente original e independente.<br />
Na construção de seu Centro Internacional de Teatro de Investigação, Brook foi capaz<br />
de estabelecer uma plateia de estudantes, intelectuais, de vizinhança e as pessoas que<br />
apoiaram as suas produções, independentemente da crítica ou polémica. Um grande<br />
pedaço de sorte foi a descoberta de um local ideal para a sua obra - Les Bouffes du Nord,<br />
uma velha casa de vaudeville degradada que tinha mantido alguma da sua beleza<br />
original apesar da sua crescente decadência; desde então tem permanecido a casa de<br />
todas as produções de Brook. A sobrevivência de Brook também foi ligada ao facto de já<br />
ter construído uma reputação internacional, que o seu prestígio reforçado e tornandoo<br />
atraente para o francês. Os parisienses fi caram felizes em o apoiar a ele e aos seus<br />
esforços criativos, para eles é considerado um privilégio fazê-lo. Também foi sem dúvida<br />
uma fonte de orgulho que a França tenha sido fundamental no apoio a alguns dos mais<br />
brilhantes espectáculos vistos no continente.<br />
O aspecto mais importante de Brook do personagem e da sua obra é que ele é um buscador,<br />
um fenómeno raro no teatro. Encenadores de teatro encenam peças; são contratados por<br />
várias semanas e depois saem para outro emprego, não existe continuidade e ensaiam<br />
muito pouco tempo. A maioria dos encenadores têm pouca noção de trabalho conjunto,<br />
tendo tido poucas oportunidades de trabalhar com uma companhia permanente. Nem<br />
muitos encenadores têm oportunidade de mostrar um ponto de vista ou expressar-se<br />
através da peça que encenam. Brook, pelo contrário, tem uma assinatura, uma fi losofi a,<br />
uma razão de ser. Ele escolhe o material porque ele quer dizer alguma coisa através do<br />
trabalho - ele é um au-teur, embora poucos que são chamados auteurs realmente são.<br />
E, como um auteur, Brook é um perguntador, um professor, ele está sempre a colocar<br />
problemas. Em Mahabharata, por exemplo, uma questão essencial é levantada sobre as<br />
forças de destruição e do papel da batalha entre o bem e o mal. Que posição deverá<br />
tomar uma? Na A Conferência das Aves, uma pergunta semelhante se coloca: Será que<br />
um tem a força de fazer sacrifícios para atingir iluminação, ou deverse-ia viver sem a<br />
experiência? Em La Tragedie de Carmen, diversas questões se colocam: Qual é a natureza<br />
do amor obsessional? E qual é o preço a pagar por isso?<br />
Depois, há o poder da sua personalidade, o seu enorme conhecimento, e a sua energia<br />
sem limites. Ele olha sempre para o mundo com olhos frescos, quase como uma criança<br />
teria, mas as suas percepções são altamente sofi sticadas. Quando ele fala, é totalmente<br />
envolvido com o que está a dizer e com quem está a falar. O seu foco parece nunca vacilar.<br />
O olhar dos seus olhos azuis incandescente é ferozmente penetrante e atento. E tem<br />
um dom brilhante para a conversa, para explicações, para contar histórias a qualquer<br />
momento do dia ou da noite, e pode falar em grande pormenor, como esta compilação<br />
das nossas muitas conversas com o passar dos anos vai mostrar. Embora muitas vezes<br />
eu não concorde com ele sobre muitas das suas explorações, ele permaneceu, defendeu<br />
o seu terreno, e ofereceu mais explicações, ele gosta de ser contestado.
Na minha correspondência a partir de Brook 1970 a 2000, falou livremente sobre a sua<br />
grande obra, como Sonho de uma Noite de Verão, a criação do Observatório de Paris; seu<br />
persa Africano e experiências; sua incursão na ópera com La Tragedie de Carmen; seu<br />
retorno para a Royal Shakespeare Company por Anthony e Cleópatra; a sua monumental<br />
Mahabharata, assim como A Tempestade, The Man Who, e A Tragédia de Hamlet, e seu<br />
fi lmagens de Encontros com Homens Notáveis. Também estão incluídas conversas<br />
aleatórias, reminiscências e bocados e partes díspares sobre tais assuntos como sexo,<br />
política, pais, e fi losofi a.<br />
Em cada segmento, Brook discute os seus objectivos artísticos e conceitos, assim como<br />
o seu teatro e a razão por detrás das suas escolhas. No decurso das conversas, uma<br />
pode facilmente rastrear seu desenvolvimento artístico e a sua direcção ir ter a várias<br />
produções. Na qualidade de buscador, ele fala sobre o que isso signifi ca e os seus efeitos<br />
sobre o seu estilo de vida e busca artística. Ele defi ne as suas técnicas de encenação,<br />
o que ele espera de actores, e seu antigo esforço para forjar uma verdadeira relação<br />
entre actores e plateia. Contar histórias e a sua relação com as culturas étnicas tem sido<br />
sempre de interesse fundamental para ele, e fala sobre a importância de suas viagens a<br />
Pérsia, África, Índia e, a este respeito. Mas é o seu amor de Shakespeare, que, afi rma ele,<br />
tem sido sempre o seu modelo, que está no centro do seu trabalho. A sua construção<br />
do Centro Internacional de Teatro de Investigação e de uma companhia veio a partir da<br />
idéia, disse ele, de produzir teatro que fosse cómico e trágico, político e frívolo, agreste e<br />
santo - a exemplo do que foi alcançado na época Isabelina.<br />
Os meus encontros com o notável Peter Brook e conhecê-lo todos estes anos tem<br />
sido uma gratifi cante e signifi cativa experiência. Ele tem sido um querido amigo, um<br />
mentor, e um guia, um ser humano verdadeiramente invulgar, e, para mim, um artista<br />
consumado.<br />
Margaret Croyden, Nova Iorque, Maio 2002<br />
265 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP
266 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />
_PETER BROOK<br />
Peter Stephen Paul Brook nasceu em Londres a 21 de Março de 1925 e estudou<br />
em Oxford. Mundialmente famoso pelo seu trabalho pioneiro no teatro, numa<br />
espectacular carreira que acompanhou mais de metade do século XX, Brook realizou<br />
também alguns fi lmes signifi cativos na cinematografi a mundial tanto no Reino Unido<br />
como em França.<br />
Fez a sua estreia no cinema inglês com a adaptação da sátira de John Gay “The<br />
Beggar’s Opera” (1953), com Laurence Olivier no papel de “MacHeath”. O seguinte fi lme<br />
inglês de Brook, “Lord of the Flies” (1963), é uma adaptação do clássico da literatura de<br />
William Golding, uma parábola da decadência da sociedade. O fi lme, feito muito au<br />
naturelle, com não só actores amadores mas também director de fotografi a amador,<br />
leva-nos até um grupo de crianças de uma escola pública, perdidos numa ilha tropical<br />
deserta. A sua luta inicial pela sobrevivência em breve se tornará numa desesperada e<br />
mortífera luta de poder entre dois grupos, um humanista e civilizado, o outro selvagem<br />
e militarista. Apesar do fi lme ter tido um impacto limitado quando foi inicialmente<br />
lançado, foi gradualmente atingindo o grau de fi lme de culto pelo seu naturalismo, a<br />
sua inventiva montagem e a sua sensível interpretação cinematográfi ca do romance<br />
de Golding.<br />
Duas das mais famosas produções teatrais de Brook para a Royal Shakespeare<br />
Company no anos 60, o “Marat-Sade” do modernista alemão Peter Weiss e “King Lear”<br />
de Shakespeare, acabaram por se tornar em fi lme com o mesmo elenco das produções<br />
teatrais. Destes, King Lear (1970) é indubitavelmente o melhor trabalho de Brook<br />
dentro do cinema britânico. A sua produção teatral for a infl uenciada pelo teatro épico<br />
de Bertolt Brecht e pela negra visão política do estudioso de Shakespeare Jan Kott.<br />
Estas eram agora complementadas com as técnicas da nouvelle vague francesa, a<br />
descontinuidade da montagem, os pouco convencionais ângulos de câmara, a fotografi a<br />
a preto e branco com grão e a estéril paisagem do Norte da Jutlândia na Dinamarca<br />
onde o fi lme foi rodado. Muitos críticos na altura acharam o fi lme desolador, mas agora<br />
é visto como um grande acontecimento cinematográfi co: uma brilhante investigação<br />
no meta-cinema, que testa os limites entre o teatral e o cinematográfi co, sendo a cena<br />
mais famosa quando Paul Scofi eld, enquanto o Lear moribundo, literalmente cai para<br />
fora do enquadramento.<br />
Brook também realizou dois documentários dramáticos no Reino Unido: “Tell me<br />
Lies” (1968), sobre o sentimento inglês anti-Guerra do Vietnam do fi m dos anos 60, e<br />
“Meetings with Remarkable Men” (1979), a história de Gurdjieff, um fi lósofo Asiático.<br />
Desde a conclusão desse fi lme em 1979, Brook tem continuado a sua carreira como<br />
realizador em França.<br />
Erik Hedling, in “Reference Guide to British and Irish Film Directors”
_ PETER BROOK<br />
TEATRO<br />
1943 - “Dr. Faustus”, de C.Marlowe - Torch Theatre, Londres<br />
1945 - “Man and Superman”, de B. Shaw, “King John” de<br />
W. Shakespeare e “The Lady from the Sea” de H. Ibsen<br />
- Birmingham Repertory Theatre; “The Infernal Machine”<br />
(“La Machine Infernale”) de J.Cocteau - Chanticlear Theatre<br />
Club, Londres<br />
1946 - “Love’s Labour’s Lost” de W. Shakespeare - Stratford<br />
upon Avon; “The Brothers Karamazov”, adaptado por A.<br />
Guinness - Lyric Theatre, Londres; “Vicious Circle” (“Huit-<br />
Clos”) de J.P Sartre - Arts Theatre, Londres<br />
1947 - “Romeo and Juliet” de W. Shakespeare - Stratford<br />
upon Avon; “The Respectful P…”, (“La P…Respecteuse”) de<br />
J.P Sartre - Lyric Theatre, Londres<br />
1949 - “Dark of the Moon”, de H.Richardson & W.Berney<br />
- Ambassador’s Theatre, Londres<br />
1950 - “Ring Round the Moon” (“L’invitation au cháteau”)<br />
de J. Anouilh - Globe Theatre, Londres; “Measure for<br />
Measure”, de W. Shakespeare - Stratford upon Avon; “The<br />
Little Hut” (“La Petite Hutte”)<br />
1951 - “Death of a Salesman”, de A. Miller - Théâtre National,<br />
Bruxelas; “Penny for a Song”, de J. Whiting - Haymarket<br />
Theatre, Londres; “A Winter’s Tale” de W. Shakespeare<br />
- Phoenix Theatre, Londres<br />
1952 - “Colombe”, de J. Anouilh - New Theatre, Londres<br />
1953 - “Venice Preserved” de T. Otway - Lyric Theatre,<br />
Londres<br />
1954 - “The Dark is Light Enough”, de C. Fry - Aldwych<br />
Theatre, Londres; “House of Fowers” de Truman Capote,<br />
musica de Harold Arlen – Nova Iorque<br />
1955 - “The Lark” (“L’Aloutte”) de J. Anouilh - Londres; “Titus<br />
Andronicus”, de W.Shakespeare - Stratford upon Avon;<br />
“Hamlet”, de W.Shakespeare - Phoenix Theatre, Londres<br />
1956 - “A View from the Bridge”, de A. Miller - Comedy<br />
Theatre, Londres; “Cat on a Hot Tin Roof”, de T. Williams<br />
- Théâtre Antoine, Paris; “The Power and the Glory”<br />
adaptado de G.Green - Phoenix Theatre, Londres; “The<br />
Family Reunion”, de T.S Elliot - Phoenix Theatre, Londres<br />
1957 - “The Tempest”, de W.Shakespeare - Stratford upon<br />
Avon; “Both Ends Meet” - Apollo Theatre, Londres<br />
1958 - “Vue du Pont” (“A view from the Bridge”) de A. Miller<br />
- Théâtre Antoine, Paris; “The Visit”, de F.Dürrenmatt – Nova<br />
Iorque e Londres<br />
1959 - “Irma la Douce”, musical - Lyric Theatre, Londres; “The<br />
Fighting Cock” (“L’Hurluberlu”), de J. Anouilh – Nova Iorque<br />
1960 - “The Balcony” (“Le Balcon”), de J. Genet - Théâtre du<br />
Gymnase, Paris.<br />
1962 - “King Lear”, de W. Shakespeare - Stratford upon Avon,<br />
Londres e Nova Iorque<br />
1963 - “Sergeant Musgrave’s Dance”, de J.Arden - Théâtre<br />
de l’Athénée, Paris; “The Physicists” de F.Dürrenmatt<br />
- RST, Aldwych Theatre, Londres; “The Representative” de<br />
R.Hochhuth - Théâtre de l’Athénée, Paris<br />
1964 - “Marat/Sade” de P.Weiss - RST, Aldwych Theatre,<br />
Londres e Nova Iorque; “The Screens” (“Les Paravents”) de<br />
J.Genet - Donmar Theatre, Londres<br />
1965 - “The Investigation”, de P.Weiss - RST, Aldwych<br />
Theatre, Londres<br />
1966 - “U S”, RST - Aldwych Theatre, Londres<br />
1968 - “Oedipus”, de Séneca - National Theatre, Londres;<br />
“The Tempest” de W.Shakespeare, RST - Aldwych Theatre,<br />
Londres<br />
1970 - “A Midsummer Night’s Dream”, de W.Shakespeare<br />
- Stratford upon Avon<br />
1972 - “A Midsummer Night’s Dream” – Nova Iorque e<br />
Tournée Mundial<br />
1971 - Inicio do International Centre of Theatre Research<br />
(CIRT); “Orghast”, de T.Hughes - Festival de Persépolis, Irão;<br />
Viagem a África<br />
1972 - Viagem ao EUA<br />
1974 - Inicio do International Centre of Theatre Creations<br />
(CICT) Paris. Abertura do Le Théâtre des Bouffes du Nord.<br />
1974 - “Timon of Athens”, de W. Shakespeare<br />
1975 - “The Iks”<br />
1977 - “Ubu aux Bouffes” adaptado de A.Jarry<br />
1978 - “Measure for Measure” de W. Shakespeare<br />
1979 - “Conference of the Birds”, adaptado de F. Uddin Attar,<br />
Festival d’Avignon; “L’Os” de B. Diop<br />
1981 - “The Cherry Orchard” de A.Tchekhov.<br />
1985 - “The Mahabharata” – criação para o 39º Festival<br />
d’Avignon.<br />
1989 - “Woza Albert!”, de P.Mtwa, M.Ngema e B.Simon<br />
1990 - “The Tempest”, de W.Shakespeare<br />
1993 - “The Man Who…”, adaptado de “The man who took<br />
his wife for a hat”, de Oliver Sacks<br />
1995 - “Qui est l’à?”; “Happy Days”, de S.Beckett - coproducção<br />
Vidy- Lausanne, ETE.<br />
1997 - “The Man Who…” (reposição)<br />
1998 - “Je Suis un phénomène” adaptado de «Une<br />
Prodigieuse Mémoire», de A. Luria<br />
1999 - “Le Costume”, de Can Themba<br />
2000 - “The Tragedy of Hamlet”, de W. Shakespeare (Versão<br />
inglesa)<br />
2003 - “Le Costume”, de Can Themba; Adaptado por<br />
Mothobi Mutloatse e Barney Simon; Adaptação francesa de<br />
Marie-Helene Estienne<br />
_CINEMA<br />
1943 - “Sentimental Journey” realização, montagem e<br />
argumento<br />
267 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP
268 | Robert Wilson | Peter Brook Mostra FICAP<br />
1953 - “The Beggar’s Opera” realização<br />
1960 - “Moderato Cantabile” ou “Seven Days... Seven<br />
Nights” realização, adaptação e diálogos<br />
1963 - “Lord Of The Flies” realização, montagem e<br />
argumento<br />
1966 - “The Persecution And Assassination Of Jean-Paul<br />
Marat As Performed By The Inmates Of The Asylum Of<br />
Charenton Under The Direction Of The Marquis De Sade”<br />
ou “The Marat/Sade” realização<br />
1967 - “Ride Of The Valkyrie” realização<br />
1967 - “Tell Me Lies” realização, produção, argumento<br />
1968 - “The Tempest” produção sob a sua direcção<br />
1970 - “King Lear” realização<br />
1975 - “Empty Space” participação<br />
1978 - “Meetings With Remarkable Men” realização,<br />
argumento<br />
1983 - “Tadada” ou “Peter Brook’s Paris Cabaret” (França)<br />
realização<br />
1983 - “Amour De Swann” ou “Swann In Love” (França/<br />
Alemanha) argumento<br />
1983 - “Tragédie De Carmen” ou “The Tragedy Of Carmen”<br />
(França) realização e adaptação<br />
1983 - “Tragédie De Carmen” ou “The Tragedy Of Carmen”<br />
(França) realização e adaptação<br />
1983 - “Tragédie De Carmen” ou “The Tragedy Of Carmen”<br />
(França) realização e adaptação<br />
1984 - “Jean-Louis Barrault - A Man Of The Theatre”, de<br />
Muriel Balash (EUA) elenco<br />
1989 - “The Mahabharata” (França) realização e argumento<br />
1996 - Looking For Richard”, de Al Pacino (EUA) entrevistado<br />
2001 - “The Tragedy Of Hamlet” (França/Reino Unido/<br />
Japão) realização<br />
_LIVROS<br />
1968 – “The Empty Space” (traduzido em mais de 15 línguas)<br />
1987 – “Shifting Point” (traduzido em mais de 19 línguas)<br />
1991 – “Le Diable c’est l’ennui”<br />
1993 – “The Open Door, There Are No Secrets”<br />
1998 – “Avec Shakespeare”, “Threads of Time”,<br />
“L’homme qui”, “Je suis un phénomène”<br />
1999 – “Forget Shakespeare”, Nick Hern Books, Londres<br />
2003 – “Oublier le temps”, Editions du Seuil, Paris<br />
_TELEVISÃO<br />
1949 - “Box For One” para a BBC (argumento)<br />
1953 - “Box For One” para a BBC (argumento)<br />
1953 - “King Lear” para a CBS (encenador)<br />
1955 - “The Red Carpet” para a ITV (produtor)<br />
1955 - “Appointment With Drama: The Birthday Present”<br />
para a BBC (argumento)<br />
1955 – “Celebrity Spot” para a ITV (entrevistado)<br />
1955 – “Christmas Afternoon” para a ITV(entrevistado)<br />
1957 – “Heaven And Earth” para a ITV (realização e<br />
argumento)<br />
1958 – “Monitor: Peter Brook” para a BBC (entrevistado)<br />
1958 - “Sir Thomas At Lincoln’s Inn” para a ITV (entrevistado)<br />
1963 – “Stanislavsky’s Spell” para a BBC (participação em<br />
ecrãn)<br />
1964 – “Meeting Point: Lord of the Flies” para a BBC<br />
(entrevistado)<br />
1964 – “Monitor: Peter Brook” para a BBC(entrevistado)<br />
1966 – “New Release: Theatre Laboritorium” para a<br />
BBC(entrevistado)<br />
1968 – “Actor Abc” (participação em ecrãn)<br />
1968 – “Late Night Line-Up” para a BBC2 (entrevistado)<br />
1970 – “A Midsummer Night’s Dream” (realização)<br />
1971 – “Review” para a BBC2 (entrevistado)<br />
1976 – “Aquarius: Brook in Paris” para a ITV (entrevistado)<br />
1976 – “Arena” para a BBC2 (entrevistado)<br />
1976 – “2nd House: The Ik” para a BBC2 (produção)<br />
1977 – “Arena: Hands off the Classics” para a BBC2<br />
(entrevistado)<br />
1978 - “Omnibus: After the Dream” para a BBC1 (tema)<br />
1979 – “Tonight - In Town” para a BBC1 (entrevistado)<br />
1979 – “Tonight - In Town” para a BBC1 (entrevistado)<br />
1981 – “Arena: Stages” para BBC2 (elenco)<br />
1982 – “The Levin Interviews: Peter Brook” para a<br />
BBC2(entrevistado)<br />
1983 – “The South Bank Show: Peter Brook and the Tragedy<br />
of Carmen” (entrevistado)<br />
1984 – “All The World’s A Stage: Makers of Magic” para a<br />
BBC2 (participação)<br />
1984 - “All The World’s A Stage: Muse of Fire” para a BBC2<br />
(participação)<br />
1987 – “The South Bank Show: King Lear” para a ITV<br />
(entrevistado)<br />
1988 – “Reporting Scotland” para a BBC1 (entrevistado)<br />
1988 – “Newsnight” para a BBC2 (entrevistado)<br />
1988 – “Review” para a BBC2 (entrevistado)<br />
1989 – “A South Bank Show Special: Peter Brook” para a<br />
ITV (tema)<br />
1989 – “Signals: Greatest Story” para o Channel 4<br />
(entrevistado)<br />
1990 – “The Late Show” para a BBC2 (entrevistado)<br />
1990 – “Reporting Scotland” para a BBC1 (entrevistado)<br />
1994 – “The South Bank Show: Jean-Claude Carrière” para a<br />
ITV (entrevistado)<br />
1994 – “Look North” para a BBC1 (entrevistado)<br />
1994 – “Omnibus: Gielgud: Scenes from Nine Decades” para<br />
a BBC1 (entrevistado)<br />
1996 – “TX: Time Flies” para a BBC2 (participação)<br />
2000 – “The South Bank Show: Carmen” para a ITV<br />
(participação)<br />
2000 – “Changing Stages: Between Brecht and Beckett”<br />
para a BBC2 (entrevistado)<br />
2000 – “Changing Stages: The Law of Gravity” para a BBC2<br />
(participação)<br />
2001 – “Brief Encounters: Peter Brook” para a ITV<br />
(entrevistado)<br />
2002 – “Peter Brook On Hamlet” para a BBC4 (entrevistado)<br />
2002 – “Peter Brook’s Hamlet” para a BBC4 (adaptação)<br />
2003 – “Don Giovanni” para a BBC2 (adaptação)<br />
Este levantamento de participações televisivas foi feito<br />
pelo British Film Institute, logo trata primordialmente<br />
do panorama da televisão inglesa, deixando de fora uma<br />
grande parte das colaborações de Peter Brook em canais<br />
televisivos de outros países, como será o caso da França.
FAMAFEST<br />
2009<br />
HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA
270 | Homenagem a Carmen Miranda<br />
_HOMENAGEM A CARMEN MIRANDA<br />
Tem muito a ver com cinema, quase nada a ver com literatura, mas este é um festival<br />
de cinema, e fi ca bem não esquecer uma mulher que, por acaso nasceu portuguesa,<br />
mas rapidamente se transformou numa vedeta do mundo e sobretudo num símbolo<br />
de uma certa lusofonia, ainda que genuinamente brasileira. Carmen Miranda foi<br />
indiscutivelmente uma das grandes estrelas internacionais da música, do teatro, do<br />
cinema dos anos 30 e 40, numa altura em que a sétima arte tinha aprendido a falar<br />
(e a cantar) não há muito e o musical era uma das suas grandes conquistas. Foram os<br />
anos de ouro das comédias musicais e Carmen Miranda, primeiro no Brasil, depois em<br />
Hollywood, estabeleceu records de popularidade difíceis de imaginar hoje em dia. Por<br />
isso, recordá-la agora que se perfaz um século sobre a data do seu nascimento, é um acto<br />
de mera justiça e uma forma de ajudar a perpetuar a sua imagem, a sua graça natural,<br />
o seu ritmo inebriante, o colorido das suas apresentações, a raça invulgar do seu talento,<br />
a explosiva entrega à sua arte. No palco, ou no ecrã, Carmen Miranda foi uma das mais<br />
fortes representantes da língua portuguesa, ainda que a sua principal magia fosse o<br />
samba bem brasileiro, mas um samba que é também arrevesada criação de portugueses<br />
que misturaram raças e cruzaram genes por esse mundo fora, mas particularmente no<br />
Brasil. Sem nunca ter renunciado à nacionalidade portuguesa, e às suas origens marco<br />
canaviesas, Carmen Miranda foi desde sempre um produto e um refl exo da cultura<br />
popular brasileira, urbana, sambista, garrida, exultante de vida, de comunicação, de arrojo<br />
e irreverência. Os seus fi lmes, alguns muito medíocres como argumento e realização, são<br />
pérolas que resistem ao tempo mercê unicamente da sua presença esfusiante, dos seus<br />
turbantes de uma inexcedível originalidade, das suas sandálias de plataforma, dos seus<br />
vestidos espampanantes, do seu sorriso atrevido e doce.<br />
“O que é que a baiana tem?” Tem esse talento inqualifi cável que torna uma mulher de<br />
um metro e cinquenta e um corpinho frágil num mito que os anos não apagam. Tem esse<br />
toque de génio que transforma em ouro puro os pechisbeques onde aparece. Tem essa<br />
magia que faz de alguém vulgar, nascida modista ou tamanqueira, um ser muito especial<br />
que foge às classifi cações e às defi nições e ultrapassa todas as previsões.<br />
Para Carmen Miranda o aplauso do Famafest. Ela estaria, e está, no nosso “Passeio do<br />
Famafest” de pleno direito. Num “Passeio do Famafest” que recorda infi nitamente (ainda<br />
que de forma não visível) os maiores na glória do espectáculo.<br />
A 5 de Agosto de 1955, morre Carmen Miranda em sua casa (Los Angeles, Beverly Hills,<br />
Bedford Drive, 616), aos 46 anos de idade, vítima de um colapso cardíaco, após fi lmar com<br />
Jimmy Durante um programa para a televisão. A 12 de Agosto, o corpo embalsamado<br />
chega ao Brasil, para ser velado na antiga Câmara de Vereadores do Rio. Das 13 horas<br />
desse dia até às 13 horas do dia 13, mais de 60.000 pessoas desfi laram em preito de<br />
gratidão e homenagem. No dia seguinte, Carmen Miranda seria sepultada no Cemitério<br />
de São João Batista, num lote cedido pela Santa Casa de Misericórdia. Fala-se que entre<br />
500.000 e um milhão de pessoas acompanhou o enterro, que foi considerado o mais<br />
concorrido de toda a história do Rio de Janeiro. O Brasil chorava a diva que <strong>Portugal</strong> tinha<br />
oferecido ao mundo.<br />
Foi a 9 de Fevereiro de 1909 que nasceu na Freguesia da Várzea da Ovelha, Concelho de<br />
Marco de Canavezes, antiga São Martinho da Aliviada, no Distrito do Porto, em <strong>Portugal</strong>,<br />
uma menina de nome Maria do Carmo Miranda da Cunha. Filha de José Maria Pinto da
272 | Homenagem a Carmen Miranda<br />
Cunha (17-2-1887 / 21-6-1938) e de Maria Emília Miranda da Cunha (10-3-1886 / 9-11-1971),<br />
foi baptizada na Igreja de São Martinho da Aliviada. Logo no ano seguinte a família parte<br />
para o Brasil, primeiro o pai, depois a mãe e a irmã Olinda. O pai estabeleceu-se como<br />
barbeiro, no “Salão Sacadura”, à Rua da Misericórdia nº 70, no Rio. Em 1919, matriculase<br />
na Escola Santa Tereza, à Rua da Lapa nº 24, no Rio. Em 1925, mudam-se para o nº<br />
13 da Travessa do Comércio, no centro comercial do Rio, onde instalaram uma pensão,<br />
para fazer face às despesas com o tratamento pulmonar de Olinda em <strong>Portugal</strong>, num<br />
sanatório do Caramulo. Carmen Miranda, com 14 anos, deixa a escola e emprega-se<br />
numa loja de gravatas. Em 26 de Setembro de 1926, a revista “Selecta” publica o retrato<br />
de CM, na secção de cinema do jornalista Pedro Lima, sem citação de seu nome. Três anos<br />
depois canta num festival, organizado pelo baiano Aníbal Duarte, no Instituto Nacional<br />
de Música no centro do Rio. Josué de Barros, compositor e violonista baiano, interessa-se<br />
por esta voz e promove-a junto de estações de rádio, clubes e discográfi cas. No mesmo<br />
ano, canta na Rádio Educadora e na Rádio Sociedade. Em Setembro, grava o seu primeiro<br />
disco na Brunswick (Lado A: “Não Vá Sim’bora”, samba, Lado B: “Se O Samba É Moda”,<br />
chôro), lançado no fi m do ano, e, em Dezembro, volta a gravar, pela etiqueta “Victor”, com<br />
“Triste Jandaia” e “Dona Balbina”.<br />
Em Fevereiro de 1930, o lançamento de “Tá hi”, consagra-a durante o ano. Participa em<br />
vários espectáculos, “Noite Brasileira de Francisco Alves”, “Monroe”, “Tarde da Alma<br />
Brasileira”, “Miss Rio de Janeiro”, “Tarde do Folclore Brasileiro”, até organizar o seu<br />
próprio, Festival Carmen Miranda, no Teatro Lírico. “O País” publica uma entrevista com<br />
CM, considerando-a a maior cantora popular brasileira. De 13 a 21 de Setembro, canta<br />
na revista musical “Vai Dar o que Falar”, no Teatro João Caetano. É um fenómeno de<br />
popularidade. Requisitada internacionalmente: em Outubro de 1931 embarca com<br />
Francisco Alves e Mário Reis, e outros artistas, para Buenos Aires, com contrato de um<br />
mês no Cine Broadway. Voltam pelo “Astúrias” a 8-11-1931. Continua a gravar com êxito<br />
redobrado pela “Victor”. Sucedem-se espectáculos por todo o Brasil. Em 1933, estreia-se<br />
no cinema com “A Voz do Carnaval”, no Cine Odeon. Em Agosto, assina contrato de 2 anos<br />
com a Rádio Mayrink Veiga, ganhando 2 contos de réis mensais. Foi a primeira cantora de<br />
rádio a merecer contrato. César Ladeira, director desta rádio, chamou-a de “Cantora do It”,<br />
e depois de “Ditadora Risonha do Samba” e, em 1934 ou 1935, de “Pequena Notável”.<br />
Embarca para Buenos Aires com outros artistas, para cantar na L.R.-5. Volta a 5 de<br />
dezembro de 1933. Começa a ser conhecida como a “Embaixatriz do Samba”. É eleita<br />
“Rainha do Broadcasting Carioca”, em concurso do jornal “A Hora”. Em Julho de 1934, de<br />
visita ao Brasil, para promoção do fi lme “Voando para o Rio”, Ramon Novarro encontra<br />
CM numa recepção. Começa a falar-se na sua provável ida para Hollywood. Passa por<br />
São Paulo com sucesso louco, embarca para Buenos Aires, com Aurora Miranda, sua irmã,<br />
e o “Bando da Lua”, contratados por Jaime Yankelevisch, da Rádio Belgrano, para uma<br />
temporada de um mês. Em 1935, estreia “Alô, Alô Brasil”, primeiro fi lme brasileiro com som<br />
directo na película. Inicia as gravações na Odeon, com contratos milionários. Estreia novo<br />
fi lme, “Estudantes”, no Cine Alhambra. Em 1936, actua no Cassino Copacabana, estreia<br />
“Alô, Alô Carnaval” no Cine Alhambra, exibe-se no Teatro Coliseu de Santos e, nesse ano,<br />
fala-se na vinda das irmãs Miranda para <strong>Portugal</strong>. CM recusa outro vantajoso contrato<br />
da Rádio El Mundo, de Buenos Aires, e rejeita a participação num fi lme argentino em que<br />
faria o segundo papel. Surge na Rádio Tupi, que a roubou à rádio Mayrink Veiga, mercê<br />
de um fabuloso contrato de 5 contos de réis por mês, para 4 horas mensais, isto é, dois<br />
programas semanais de meia hora. Triunfa no Cassino da Urca.
274 | Homenagem a Carmen Miranda<br />
Viagens e sucessivos êxitos no Brasil e no mundo. A 21 de Junho de 1938, morre o pai.<br />
Em Dezembro, Tyrone Power e a noiva Annabella visitam o Rio e tornam-se amigos de<br />
CM, a quem convencem a rumar aos Estados Unidos prometendo-lhe triunfo certo em<br />
Hollywood. 1939, de novo no ecrã, com “Banana da Terra”, onde assume a personagem de<br />
“baiana”. Grava com Dorival Caymmí “O Que É Que a Baiana Tem”. A 3 de Maio de 1939,<br />
parte para os Estados Unidos, onde à chegada afi rma: “Vocês verão principalmente que<br />
sou cantora e tenho ritmo”. Estreia-se na revista “Streets of Paris”, em Boston, com êxito<br />
estrondoso. Depois, em Nova Iorque, com o “Bando da Lua”, revoluciona a Broadway, a “Feira<br />
Mundial” e toda a metrópole se lhe rende. Grava os seus primeiros discos na Decca. Em<br />
Fevereiro de 1940, canta nas fi lmagens de “Serenata Tropical”. Volta ao Brasil, triunfal. Mas,<br />
entre 2 e 27 de Setembro de 1940, grava as últimas músicas no Brasil, tentando reagir às<br />
críticas que a viam “americanizada”. A 3 de Outubro de 1940, regressa aos Estados Unidos.<br />
No ano seguinte, suprema honra: Imprime mãos e sapatos no cimento do passeio do Teatro<br />
Chinês de Los Angeles, até aí primeira e única sul-americana a receber tal honraria. Integra<br />
o elenco da revista de Schubert “Sons O’ Fun”, no Teatro Winter Garden de Nova Iorque.<br />
Entre 1941 a 1953, intervém em 13 fi lmes em Hollywood, para lá de se tornar presença<br />
assídua nos mais importantes programas de rádio, televisão, “night-clubs”, casinos e<br />
teatros. Em 1946 é tida como a mulher que mais impostos paga nos E.U.A. Casa-se com o<br />
americano David Sebastian. Em Abril de 1948, estreia-se no Teatro Palladium, de Londres,<br />
onde esperava fazer 4 semanas, e teve de fi car 6, ganhando 100.000 dólares. Em Agosto de<br />
1948, perde um fi lho que esperava. Em 1951, é a artista de show que mais dinheiro ganha<br />
nos E.U.A. Visita o Havai. Excursão por vários países da Europa. Em Dezembro de 1954,<br />
depois de 14 anos de ausência, volta ao Brasil, traz consigo um profundo esgotamento<br />
nervoso. Matou saudades, compareceu a homenagens em teatros e festas, e a 4 de Abril<br />
de 1955, aparentemente restabelecida, volta aos E.U.A. Trabalha em Las Vegas, em Havana,<br />
em Cuba e na televisão. Não dura muito.<br />
A 5 de Dezembro de 1956, o prefeito Negrão de Lima assina a Lei nº 886, que cria o Museu<br />
Carmen Miranda, para guardar, conservar e expor o acervo da artista, doado pelo marido,<br />
que reúne sapatos, roupas, jóias e troféus. A 5 de Agosto de 1976, é inaugurado o “Museu<br />
Carmen Miranda”, em frente ao número 560 da Avenida Rui Barbosa, no Aterro do<br />
Flamengo, Rio de Janeiro.<br />
Carmen Miranda: “Nasci em <strong>Portugal</strong>, mas me criei no Brasil e, portanto, considero-me<br />
brasileira. O local do nascimento não importa, nem sequer o sangue. O que importa é<br />
o que os americanos chamam de “environment”, a infl uência do país e dos costumes<br />
em que vivemos, se bem que sempre existe um grau de gratidão e fi delidade aos pais<br />
que nos geraram. Da minha parte, sou mais carioca, mais sambista de favela, mais<br />
carnavalesca do que cantora de fados. O sangue tem uma certa importância, mas só no<br />
temperamento, não na maneira de sentir as coisas.”<br />
Heitor Villa Lobos, compositor: “Nenhum brasileiro pode ignorar o que Carmen fez por<br />
nós lá fora. Ela espalhou nossa língua, ensinou pessoas que nunca ouviram falar da<br />
gente a cantar nossas músicas e a amar nossos ritmos. Ela irá sempre signifi car muito<br />
para nós.”<br />
Kevin Stayton, vice-director do Brooklyn Museum: “Carmen Miranda era uma portuguesa<br />
que virou brasileira e levou a sua música e as suas fantasias - temperadas com elementos<br />
e ritmos dos escravos - para os Estados Unidos, e ainda conquistou a América através do<br />
cinema. E tudo isso em plena Segunda Guerra Mundial.”
276 | Homenagem a Carmen Miranda<br />
Filmografi a:<br />
No Brasil:<br />
1932 - O Carnaval Cantado no Rio, de Ademar Gonzaga e Humberto Mauro<br />
1933 - A Voz do Carnaval, de Ademar Gonzaga e Humberto Mauro<br />
1935 - Alô, Alô Brasil!, de Wallance Downey, João de Barro e Alberto Ribeiro<br />
1935 – Estudantes, de Wallace Downey<br />
1936 - Alô, Alô Carnaval, de Adhemar Gonzaga<br />
1939 - Banana da Terra, de João de Barro<br />
Nos EUA:<br />
1940 – Sinfonia dos Trópicos (Pt) Serenata Tropical (Br) (Down Argentine Way), de Irving<br />
Cummings;<br />
1941 – Uma Noite no Rio (Pt e Br) (That Night in Rio), de Irving Cummings;<br />
1941 – Férias em Havana (Pt) Aconteceu em Havana (Br) (Weekend in Havana), de Walter<br />
Lang;<br />
1942 – Primavera nas Montanhas (Pt) Minha Secretária Brasileira (Br) (Springtime in the<br />
Rockies), de Irving Cummings;<br />
1943 – Sinfonia de Estrelas (Pt) Entre a Loira e Morena (Br) (The Gang´S All Here), de Busby<br />
Berkeley;<br />
1944 – Quatro Raparigas Encantadoras (Pt) Quatro Moças num Jeep (Br) (Four Jills in A<br />
Jeep), de William A. Seiter;<br />
1944 – Serenata Boémia (Pt e Br) (Greenwich Village), de Walter Lang;<br />
1944 – Alegria Rapazes! (Pt e Br) (Something For the Boys), de Lewis Seiler;<br />
1945 – Sonhos de Estrelas (Pt e Br) (Doll Face), de Lewis Seiler;<br />
1945 – A Canção da Felicidade (Pt) Se eu Fosse Feliz (Br) (If I´M Lucky), de Lewis Seiler;<br />
1947 – Copacabana, de Alfred E. Green<br />
1948 – A Professora de Rumba (Pt) O Príncipe Encantado (Br) (A Date with Judy), de<br />
Richard Thorpe;<br />
1950 – Festa no Brasil (Pt) Romance Carioca (Br.) (Nancy Goes To Rio), de Robert Z.<br />
Leonard;<br />
1953 – O Castelo das Surpresas (Pt) Morrendo de Medo (Br) (Scared Stiff), de George<br />
Marshall.
FAMAFEST<br />
2008<br />
80 ANOS DE TINTIM<br />
277 | Kafka no cinema
278 | 80 Anos de Tintim<br />
_OS 80 ANOS DE TINTIM<br />
AS AVENTURAS DE TINTIM<br />
“No fundo, vocês sabem, o meu único rival internacional é Tintim”.<br />
Charles de Gaulle<br />
“Sou eu, eu sob todas as formas!<br />
Tintim, sou eu quando gostaria de ser heróico, perfeito;<br />
os Dupondt, sou eu quando sou estúpido;<br />
Haddock, sou eu quando tenho vontade de me exteriorizar.”<br />
Hergé<br />
“As Aventuras de Tintim” (“Les Aventures de Tintin”, em francês) é o título de uma série<br />
de histórias em quadradinhos, ou banda desenhada, criada pelo autor belga Georges<br />
Prosper Remi, mais conhecido como Hergé. Localizadas num mundo meticulosamente<br />
examinado que muito tem em comum com o nosso, “As Aventuras de Tintim”<br />
apresentam vários personagens em cenários distintos. As séries foram as favoritas dos<br />
leitores e também dos críticos por mais de 70 anos.<br />
O herói das séries é o personagem epónimo Tintim, um jovem repórter e viajante belga. Ele<br />
é auxiliado nas suas aventuras desde o começo por seu fi el cão Milu (Milou, em francês).<br />
Os dois apareceram pela primeira vez em 10 de Janeiro de 1929, no “Le Petit Vingtième”, um<br />
suplemento do jornal “Le Vingtième Siècle” destinado aos jovens. Mais tarde, o elenco foi<br />
expandido com a adição do Capitão Haddock e outros personagens pitorescos.<br />
Esta série de sucesso foi publicada em semanários e, no fi m de cada história, os<br />
quadradinhos eram reunidos em livros (23 no total, em 2008). Tintim passou a uma<br />
revista própria de grande tiragem (“Le Journal de Tintin”) e foi adaptado para versões<br />
animadas, para o teatro e para o cinema. As séries são uma das histórias em europeias<br />
de banda desenhada mais populares do século XX, traduzidas para mais de 50 línguas<br />
e tendo mais de 200 milhões de cópias vendidas.<br />
As séries de banda desenhada são há muito admiradas pelos desenhos claros e<br />
expressivos, com o estilo ligne claire, típico de Hergé. O autor emprega enredos bem<br />
elaborados de géneros variados: aventuras Swashbuckler com elementos de fantasia;<br />
mistério; espionagem; e fi cção científi ca. As histórias nas séries de Tintim caracterizamse<br />
tradicionalmente pelo humor, o que se prolonga depois em álbuns posteriores com<br />
a sofi sticada sátira e comentários político-culturais.<br />
Tintim é apresentado como um repórter: Hergé usa tal artifício para exibir o personagem<br />
numa série de aventuras ambientadas em períodos contemporâneos àquele em que<br />
ele estava trabalhando (mais precisamente, a revolução bolchevique na Rússia, a<br />
Segunda Guerra Mundial ou a chegada do homem à Lua). Hergé criou também um<br />
mundo de Tintim, que conseguiu reduzir a um simples detalhe, mas reconhecível e<br />
com representação realista, um efeito que Hergé foi capaz de alcançar com referência<br />
a um bem mantido arquivo de imagens.<br />
Apesar de as “Aventuras de Tintim” serem padronizadas - apresentando um mistério,<br />
que é, então, logicamente resolvido - Hergé encheu-as com o seu próprio senso de<br />
humor, e criou personagens de apoio que, embora sejam previsíveis, apresentaram-se<br />
com um certo encanto que permitiu ao leitor criar uma enorme empatia com eles.<br />
Esta fórmula de uma confortável e bem–humorada previsibilidade é semelhante a
da apresentação do elenco de “Peanuts” ou em “Three Stooges”. Hergé também teve<br />
um grande entendimento da mecânica da banda desenhada, especialmente de seu<br />
andamento, uma habilidade demonstrada em “As Jóias de Castafi ore”, um trabalho<br />
que pretende ser envolvido com a tensão de que nada realmente acontece.<br />
Hergé inicialmente improvisou na criação das aventuras de Tintim, excepto como<br />
Tintim iria escapar de qualquer situação que aparecia. Somente após a conclusão<br />
de “Os Charutos do Faraó”, Hergé foi incentivado a reformular e a planifi car as suas<br />
histórias. O impulso veio de Zhang Chongren, um estudante chinês que, sabendo<br />
que Hergé iria mandar Tintim à China na sua próxima aventura, o instou a evitar que<br />
perpetuassem a visão que europeus tinham da China no momento. Hergé e Zhang<br />
trabalharam juntos na série seguinte, “O Lótus Azul”, que foi citado pelos críticos como<br />
a primeira obra-prima de Hergé.<br />
Outras alterações à mecânica de Hergè criar as suas histórias deram-se a partir de<br />
infl uências por parte de acontecimentos externos. A Segunda Guerra Mundial e a<br />
invasão da Bélgica pelos exércitos de Hitler determinaram o encerramento do jornal no<br />
qual Tintim era republicado. Os trabalhos foram interrompidos em “Tintim no País do<br />
Ouro Negro”, e os já publicados “Tintim na América” e “A Ilha Negra” foram proibidas pela<br />
censura nazi, que não concordou com sua apresentação da América e da Grã-Bretanha.<br />
No entanto, Hergé foi capaz de continuar com “As Aventuras Tintim”, publicando quatro<br />
livros e relançando mais duas aventuras no “Le Soir2, jornal licenciado pelos alemães.<br />
Durante e após a ocupação alemã, Hergé foi acusado de ser um colaboracionista, por<br />
causa do controle nazi do jornal, sendo detido brevemente após a guerra. Alegou que<br />
estava simplesmente realizando um trabalho sob a ocupação, como um canalizador ou<br />
carpinteiro. Sua obra desse período, ao contrário do seu trabalho anterior e posterior, é<br />
politicamente neutra e resultou nas aventuras histórias clássicas, como “O Segredo do<br />
Licorne” e “O Tesouro de Rackham o Terrível”, mas a apocalíptica “A Estrela Misteriosa”<br />
refl ecte o sentimento de Hergé durante esse período político incerto.<br />
279 | 80 Anos de Tintim
280 | 80 Anos de Tintim<br />
A escassez de papel no pós-guerra exigiu mudanças no formato dos livros. Hergé<br />
geralmente desenvolvia suas histórias de forma que o tamanho fosse adequado à<br />
história, mas agora com o papel de dimensão reduzida, os editores Casterman pediram<br />
a Hergé para ele considerar a utilização de menores dimensões e adoptar um tamanho<br />
estipulado de 62 páginas. Hergé continuou e aumentou sua equipe (os dez primeiros<br />
livros foram feitos por ele e sua esposa), surgindo assim os Studios Hergé.<br />
A adopção da cor permitiu que Hergé expandisse o alcance das suas obras. Sua<br />
utilização da cor era mais avançada do que a dos quadradinhos norte-americanos da<br />
época, com valores que permitiam uma melhor combinação das quatro impressões<br />
tons e, consequentemente uma abordagem cinematográfi ca em relação à iluminação<br />
e sombreamento. Hergé e seu estúdio permitiriam que as imagens enchessem meia<br />
página ou, mais simplesmente, mostrassem detalhadamente e acentuassem a cena,<br />
usando cores para realçar pontos importantes. Hergé cita este facto, declarando que<br />
“Considero as minhas histórias como se fossem fi lmes. Sem narração, sem descrições, a<br />
ênfase é dada às imagens.” A vida pessoal de Hergé também afectou a série, com “Tintim<br />
no Tibete” a ser fortemente infl uenciada pelo seu colapso nervoso. Os seus pesadelos,<br />
descritos por ele como sendo “todos em branco”, refl ectem-se em paisagens cheias de<br />
neve. O enredo tem Tintim patinando em busca de Tchang Chong-Chen, previamente<br />
encontrado em “O Lótus Azul”, e a peça não tem vilões e uma pequena lição de moral,<br />
com Hergé a recusar-se a referir o Homem das Neves do Himalaia como “abominável”.<br />
A conclusão das aventuras de Tintim fi cou incompleta. Hergé morreu em 3 de Março<br />
de 1983 e deixou a 24ª aventura, “Tintim e a Alph-Art”, inacabada. O enredo viu Tintim<br />
embrenhar-se no mundo da arte moderna, e a história é interrompida no momento<br />
em que Tintim está aparentemente prestes a ser assassinado para ser transformado<br />
em uma estátua de acrílico a ser vendida.
_Personagens<br />
Tintim é um jovem repórter que se envolve em casos perigosos e realiza acções<br />
heróicas para salvar o dia. Quase todas as aventuras retratam Tintim trabalhando,<br />
empenhado nas suas investigações jornalísticas. Ele é um jovem de atitudes mais ou<br />
menos neutras e é menos pitoresco que o elenco secundário.<br />
Milu é um cão “terrier” branco, o companheiro insearável de Tintim. Eles salvam-se<br />
regularmente um ao outro de situações perigosas. Milu frequentemente “fala” com o<br />
leitor por meio de seus pensamentos (muitas vezes mostrando um humor um tanto<br />
seco), que supostamente não são ouvidos pelos personagens da história.<br />
Como o Capitão Haddock, Milu tem gosto pelo uísque Loch Lomond, e suas ocasionais<br />
“bebedeiras” tendem a colocá-lo em problemas, assim como sua intensa aracnofobia.<br />
O nome francês “Milou” foi largamente atribuído como uma referência indirecta a<br />
uma namorada da juventude de Hergé, Marie-Louise Van Cutsem, que tinha o apelido<br />
de “Milou”.<br />
Existe outra explicação para as origens dos dois personagens. Explicam que Robert<br />
Sexé, um fotógrafo-repórter, cujas proezas eram recordadas na imprensa belga entre a<br />
metade e o fi nal da década de 1920, foi uma inspiração para o personagem Tintim. Sexé<br />
tinha uma aparência similar à de Tintim, e a Fundação Hergé na Bélgica admitiu que<br />
não é difícil imaginar como Hergé poderia ter sido infl uenciado pelas proezas de Sexé.<br />
Naquele tempo, Sexé viajara pelo mundo numa motocicleta feita por Gillet de Herstal.<br />
René Milhoux era um campeão do Grand-Prix e detinha o recorde de motocicleta da<br />
época, e, em 1928, enquanto Sexé estava em Herstal falando com Leon Gillet sobre<br />
seus projectos futuros, o Sr. Gillet colocou-o em contrato com seu novo campeão,<br />
Milhoux, que acabara de deixar as motocicletas prontas para Gillet de Herstal. Os dois<br />
rapidamente iniciaram uma amizade, e passavam horas falando sobre motocicletas e<br />
viagens; Sexé explica suas difi culdades e Milhoux oferece o seu conhecimento sobre<br />
mecânica e motocicletas pequenas trabalhando acima de seus limites. Graças a essa<br />
união de conhecimento e experiência, Sexé partiria em numerosas viagens por todo<br />
o mundo, escrevendo incontáveis relatos jornalísticos. O secretário geral da Fundação<br />
Hergé na Bélgica admitiu que não é difícil imaginar como o jovem George Rémi, mais<br />
conhecido como Hergé, poderia ter sido inspirado pelas proezas publicadas desses<br />
dois amigos,<br />
Capitão Archibald Haddock, um capitão navegador de origem discutível (pode ser<br />
de origem inglesa, francesa ou belga), é o melhor amigo de Tintim, e apareceu pela<br />
primeira vez em “O Caranguejo das Tenazes de Ouro”. Haddock foi inicialmente descrito<br />
como um personagem fraco e alcoólatra, tendo-se tornado mais tarde mais respeitável.<br />
Evoluiu para se tornar genuinamente heróico e até mesmo da alta sociedade, depois<br />
de encontrar um tesouro de seu ancestral Sir Francis Haddock (François de Hadoque<br />
em francês), no episódio “O Tesouro de Rackham, o Terrível”. A natureza rude do capitão<br />
e seu sarcasmo representam uma contradição ao frequente e improvável heroísmo<br />
de Tintim; ele sempre rompe com um comentário seco ou satírico quando o repórter<br />
parece demasiado idealista. O Capitão Haddock vive em sua luxuosa mansão chamada<br />
Moulinsart. Haddock usa uma série de pitorescos insultos e maldições para expressar<br />
os seus sentimentos: “com mil milhões de mil macacos”, “com mil raios e trovões”,<br />
281 | 80 Anos de Tintim
282 | 80 Anos de Tintim<br />
“trogloditas”, “cleptomaníaco”, “anacoluto”, “iconoclasta”, mas nada que seja realmente<br />
considerado uma grosseria. Haddock é um beberrão, particularmente chegado ao<br />
uísque Loch Lomond, e sua embriaguez é frequentemente usada para propósitos<br />
cómicos. Hergé afi rmou que o sobrenome de Haddock deriva de um “peixe inglês triste<br />
que bebe muito”. Haddock permaneceu sem um nome próprio até a última história<br />
completa, “Tintim e os Tímpanos” (1976), quando o nome Archibald foi sugerido.<br />
Personagens secundários<br />
As personagens secundárias de Hergé já foram mencionadas como muito mais<br />
desenvolvidas que os principais, cada um imbuído de força de temperamento e<br />
personalidade que se comparam às personagens de Charles Dickens. Hergé usava os<br />
personagens secundários para criar um mundo realista onde colocar os protagonistas<br />
das aventuras. Para mais realismo e continuidade, as personagens voltariam às<br />
séries. Foi conjecturado que a ocupação da Bélgica e as restrições impostas a Hergé<br />
forçaram-no a focar-se na caracterização para evitar o surgimento de situações<br />
políticas incómodas. A maior parte das personagens secundárias foi desenvolvida<br />
nesse período.<br />
Dupond e Dupont<br />
São dois detectives desajeitados que, mesmo não tendo nenhum parentesco, parecem<br />
ser gémeos, tendo uma única diferença física: a forma de seus bigodes. Eles contribuem<br />
em muito para o humor da série, devido às suas antístrofes e incompetência. Os<br />
detectives foram, em parte, baseados no pai e no tio de Hergé, gémeos idênticos.<br />
Trifólio Girassol<br />
O Professor Trifólio Girassol é um cientista quase surdo, que entende e age diante<br />
de tudo de maneira equivocada como resultado de sua defi ciência auditiva. É um<br />
personagem menor mas que aparece regularmente nas aventuras de Tintim. Estreouse<br />
em “O Tesouro de Rackham o Terrível”, sendo baseado, parcialmente, em Auguste<br />
Piccard.<br />
Bianca Castafi ore<br />
Bianca Castafi ore é uma cantora de ópera, que o capitão Haddock despreza. Contudo,<br />
ela aparece de súbito constantemente onde quer que eles estivessem, junto com a sua<br />
criada Irma e o pianista Igor Wagner. Seu nome signifi ca “fl or branca e pura”, algo que<br />
o Professor Girassol entende quando oferece uma rosa branca à cantora pela qual é<br />
secretamente apaixonado em “As Jóias de Castafi ore”. Inspirada nas grandes cantoras<br />
de ópera em geral (de acordo com a percepção de Hergé), tanto na tia de Hergé, Ninie,<br />
como na célebre Maria Callas.<br />
Outros personagens secundários: o General Alcazar, um ditador sul-americano;<br />
Mohammed Ben Kalish Ezab, um emir, e seu fi lho Abdallah; Serafi m Lampião, um<br />
vendedor de seguros; Tchang Chong-Chen, um menino chinês; o Doutor J.W. Müller, um<br />
maléfi co médico alemão; Nestor, o mordomo; Roberto Rastapopoulos, o responsável<br />
pelos crimes; Oliveira da Figueira; o Coronel Sponsz; Piotr Szut; Allan Thompson; além<br />
do açougue Sanzot, que é um local recorrente na série.
_Hergé<br />
Georges Prosper Remi Remi nasceu em Etterbeek, Bruxelas, a 22 de Maio de 1907,<br />
festejaria hoje o centenário se fosse vivo. Assistiu-se, nos dias precedentes, a um<br />
inusitado interesse dos média pelo criador de Tintin e várias outras personagens -<br />
entrevistas na televisão e na rádio, e artigos nos jornais. Curiosamente, nota-se nos<br />
entrevistadores (que, regra quase geral, conhecem muito pouco do autor e da obra)<br />
uma insistência obsessiva pelo facto de Hergé ter sido acusado de colaboracionismo<br />
com os nazis que invadiram a Bélgica.<br />
Ora esta ideia que, a certa altura, começou a espalhar-se, é injusta, com raízes geradas<br />
pela posição conservadora inicial, detectável nos primeiros episódios de Tintin. Com<br />
efeito, Remi começou a trabalhar no diário “XXe Siècle”, um jornal católico de direita,<br />
portanto conservador, onde, no suplemento semanal “Le Petit Vingtième”, destinado<br />
à juventude, apareceu pela primeira vez Tintin, a sua personagem mais carismática,<br />
no episódio “Les Aventures de Tintin, Reporter du Petit Vingtième, au Pays des Soviets”,<br />
publicação iniciada em Janeiro de 1929, e onde se refl ectiam os pontos de vista do<br />
patrão, o abade Wallez, que lhe passou para as mãos um livro ostensivamente sectário,<br />
onde, por exemplo, uma cena de votação na Rússia era decidida sob ameaça de<br />
pistola.<br />
O director do jornal, e do “Le Petit Vingtième”, depois da aventura que lhe encomendara<br />
com cenário na Rússia bolchevista, decidiu que Tintin iria viajar até ao Congo (“Tintin<br />
au Congo”), então uma colónia belga. E as cenas racistas e xenófobas sucedem-se,<br />
bem ao espírito da época (e será que esse espírito já se alterou?), com os nativos a<br />
falarem “à preto” - passe a expressão, inequivocamente racista, ao tempo muito usada,<br />
e que servia para fazer humor, tanto na BD como nos fi lmes ou nas anedotas... Claro<br />
que estes dois primeiros episódios nunca foram esquecidos, nem pelos detractores de<br />
Hergé, nem pelo próprio autor.<br />
Como ele disse a Numa Sadoul, em 1983, no livro “Entretiens avec Hergé”:<br />
“Para o “Le Congo”, tal como para o “Tintin au Pays des Soviets”, eu estava infl uenciado<br />
pelos preconceitos do meio burguês a que pertencia... Estava-se em 1930. Eu apenas<br />
conhecia daquele país aquilo que as pessoas diziam na época: «Os negros são crianças<br />
grandes... Felizmente para eles que nós [belgas] estamos lá! etc.». E eu desenhei os<br />
africanos segundo esses critérios, no puro espírito paternalista que era o da época, na<br />
Bélgica.”<br />
Estas palavras demonstram que Hergé já está longe daquela fase, e olha para ela com<br />
olhar crítico e distanciado.<br />
Mas até muitos anos antes, em “Le Sceptre d’Ottokar” - iniciado no “Le Petit Vingtième”<br />
em 4 de Agosto de 1938, terminado a 10 de Agosto do ano seguinte, um tempo<br />
conturbado pela inicialmente previsível e posterior defl agração do confl ito mundial -,<br />
ele criara uma personagem sinistra que baptizara por Musstler, cruzamento óbvio dos<br />
nomes dos ditadores Mussolini e Hitler, já nessa altura não restariam dúvidas de que a<br />
posição política de Hergé se modifi cara no sentido progressista.<br />
Por conseguinte, pode classifi car-se de abusivo o carimbo-chavão que alguns<br />
apressados e radicais comentadores portugueses lhe continuam a aplicar, muito<br />
infl uenciados pelo facto de ele ter sido preso em 1944 (embora libertado logo no dia<br />
seguinte), acusado de colaboracionismo. Isto porque, durante a ocupação da Bélgica<br />
pelos nazis, Remi tinha continuado a trabalhar na publicação das aventuras de Tintin<br />
no jornal “Le Soir”. Por exemplo, estava a ser reproduzido o episódio “Les Septes Boules<br />
283 | 80 Anos de Tintim
284 | 80 Anos de Tintim<br />
de Cristal” quando, em 3 de Setembro de 1944, a publicação foi interrompida pela<br />
libertação de Bruxelas. E logo no dia 8, o “Haute Commandemement Allié” deu ordens<br />
para que todos os jornalistas que tivessem trabalhado na redacção dos jornais durante<br />
a ocupação, fossem interditados de exercer a profi ssão.<br />
O que quer dizer que, tal como Hergé, toda a gente que escrevia (ou desenhava)<br />
nos jornais para se sustentar estava nas mesmas circunstâncias. Mas tal como os<br />
jornalistas, também médicos, professores, arquitectos, autores de banda desenhada,<br />
operários e agricultores, tinham continuado a labutar, para subsistirem. O que<br />
signifi caria, em última análise, que todos eles, todos os belgas, devido a esse facto,<br />
podem ser acusados de colaboracionistas...<br />
Geraldes Lino, in blogue “Divulgando Banda Desenhada” Hergé (1907/1989) -<br />
Centenário de Hergé - Maio 22, 2007<br />
_Tintim, a personagem<br />
A 10 de Janeiro de 1929 “nasceu” Tintim (aportuguesamento de Tintin, nome original),<br />
no episódio Les Aventures de Tintin, Reporter au pays des soviets.<br />
Perfazem-se hoje 80 anos, conta redonda propícia a considerar-se efeméride. E é devido<br />
a esse hoje tão badalado acontecimento nos média, que estou aqui a postar o presente<br />
texto (…).<br />
Convém acrescentar já (a paciência dos leitores na internet é escassa) que a 16 de<br />
Abril de 1936, tínhamos em <strong>Portugal</strong> a presença da iniciante personagem, na revista O<br />
Papagaio. E vem “a talhe de foice” (esta “frase feita”, ou “chavão” da língua portuguesa,<br />
parece ter sido criada de propósito para se encaixar no episódio) dizer que a publicação<br />
entre nós foi feita a cores, coisa inédita em toda a Europa.<br />
Vamos lá então por partes:<br />
1) Les Aventures de Tintin, Reporter au Pays des Soviets é, apenas assim, o título do<br />
primeiro episódio - impresso a preto e branco -protagonizado pelo jovem repórter.<br />
2) Em 1930 é editado o primeiro álbum, de capa colorida, mas igualmente com o<br />
episódio impresso a preto e branco, com o título (ligeiramente diferente do que tinha<br />
sido escrito por Hergé) Les Aventures de Tintin, reporter du “Petit Vingtième” au Pays<br />
des Soviets, sob chancela de Les Editions du Petit “Vingtième” , e assim se percebe<br />
a alteração feita ao título com que o episódio tinha sido originalmente publicado<br />
naquele suplemento editado pelo jornal Le XXe Siècle, editado em Bruxelas.<br />
Ainda mais um pormenor: como se pode ver, ao ampliar-se a imagem da capa, sob<br />
o nome da editora (criada, quiçá, de propósito para a edição do álbum...), aparece o<br />
respectivo endereço: 11, Boulevard Bischoffsheim, Bruxelles, local que suscitará romaria<br />
obrigatória aos tintinófi los ferrenhos e amantes desse tipo de folclore; até não<br />
estranharia que a associação Les Amis de Hergé já lá tivesse afi xado uma placa...<br />
3) Em 1973, a editora Casterman cria a colecção Archives Hergé, em cujo volume de<br />
estreia é feita a reedição deste episódio inicial das aventuras de Tintim.<br />
4) Em 1981, a mesma Casterman começa a editar uma colecção de álbuns em facsimile,<br />
igualmente iniciada pela aventura de estreia do “herói” localizada no país dos<br />
sovietes (embora dele pouco se visse, o que seria impensável anos mais tarde, quando<br />
o autor-artista se documentava exaustivamente, por fotografi as, acerca dos locais da<br />
acção das posteriores aventuras).<br />
5) Registe-se, por mera curiosidade, que este episódio foi o único que manteve sempre<br />
a impressão a preto e branco. Isto porque Hergé nunca o redesenhou, contrariamente
ao que fez com os outros vinte e dois completos (fi ca de fora o “Alph’Art”), a que além<br />
disso acrescentou cor aos que, inicialmente, também tinham sido impressos apenas<br />
a preto e branco.<br />
6) A 31 de Julho de 1982, a edição portuguesa da revista Tintin iniciava a publicação<br />
desse episódio no seu nº 12 (15º Ano), em versão fi el à original - obviamente a preto e<br />
branco. Todavia, não seria ainda dessa vez que os bedéfi los portugueses iriam conhecer<br />
a história na totalidade, visto que a citada revista deixaria de ser editada, em defi nitivo,<br />
no seu nº 21 - 15º Ano, a 2 de Outubro de 1982.<br />
Ficaram publicadas apenas 20 páginas, de um total de 138, tantas quantas tem a<br />
edição original.<br />
Hergé, o autor<br />
1) Hergé, como sabem todos os amantes da BD, é um pseudónimo baseado no som das<br />
letras iniciais do nome do autor belga Georges Remi, por ordem inversa (R, G).<br />
Também já há muitos bedéfi los que sabem da existência do intercalar apelido<br />
Prosper.<br />
Todavia, graças ao estudo editado em Abril de 1999, intitulado Tracé RG - Le Phenomène<br />
HERGÉ, da autoria de H. van Opstal, fi cou a saber-se o que o autor belga sempre tinha<br />
calado: o seu nome completo, Georges Prosper Remi Remi.<br />
Assim mesmo, com o apelido fi nal duplicado.<br />
2) Georges Remi fez os seus estudos secundários num colégio religioso. Enquanto<br />
adolescente, fez algumas histórias para a revista Le Boy-Scout belge. Foi aí que, em<br />
Dezembro de 1924, apareceu pela primeira vez o seu pseudónimo, o tal Hergé que para<br />
sempre passaria a usar.<br />
3) Georges Remi, aliás Hergé, nasceu a 22 de Maio de 1907 em Etterbeek, e faleceu a 3<br />
de Maio de 1983.<br />
Geraldes Lino, in blogue “Divulgando Banda Desenhada”<br />
285 | 80 Anos de Tintim
286 | 80 Anos de Tintim<br />
_Álbuns originais de Hergé<br />
Tintin au pays des Soviets (Tintim no País dos Sovietes) 1930<br />
Tintin au Congo (Tintim na África ou Tintim no Congo) 1931<br />
Tintin en Amérique (Tintim na América) 1932<br />
Les cigares du pharaon (Os Charutos do Faraó) 1934<br />
Le lotus bleu (O Lótus Azul) 1936<br />
L’oreille cassée (O Ídolo Roubado ou A Orelha Quebrada) 1937<br />
L’île noire (A Ilha Negra) 1938<br />
Le sceptre d’Ottokar (O Ceptro de Ottokar ou O Cetro de Ottokar) 1939<br />
Le crabe aux pinces d’or (O Caranguejo das Tenazes de Ouro ou O Caranguejo das<br />
Pinças de Ouro) 1941<br />
L’étoile mysterieuse (A Estrela Misteriosa) 1942<br />
Le secret de la Licorne (O Segredo do Licorne ou O Segredo do Unicórnio) 1943<br />
Le trésor de Rackham le Rouge (O Tesouro de Rackham o Terrível ou O Tesouro de<br />
Rackham o Vermelho) 1944<br />
Les sept boules de cristal (As Sete Bolas de Cristal) 1948<br />
Le temple du soleil (O Templo do Sol) 1949<br />
Tintin au pays de l’or noir (Tintim no País do Ouro Negro) 1950<br />
Objectif Lune (Rumo à Lua ou Objectivo Lua) 1953<br />
On a marché sur la Lune (Explorando a Lua ou Pisando a Lua) 1954<br />
L’affaire Tournesol (O Caso Girassol) 1956<br />
Coke en stock (Perdidos no Mar ou Carvão no Porão) 1958<br />
Tintin au Tibet (Tintim no Tibete) 1960<br />
Les bijoux de la Castafi ore (As Jóias de Castafi ore) 1963<br />
Vol 714 pour Sydney (Vôo 714 para Sydney) 1968<br />
Tintin et les picaros (Tintim e os Tímpanos ou Tintim e os Pícaros) 1976<br />
Tintin et l’Alph-Art (Tintim e a Alph-Art) 1986, reeditado em 2004 (incompleto)<br />
_Projetos inacabados e nunca editados<br />
“La Piste Indienne” (1958) - Projeto inacabado no qual Hergé desejava tratar da<br />
problemática dos ameríndios com mais seriedade do que em “Tintim na América”.<br />
“Nestor et la Justice” (1958) - Projeto de aventura na qual Nestor é acusado de morte.<br />
“Les Pilules” (1960) - Com pouca inspiração, Hergé pede para Greg lhe escrever um<br />
roteiro. Este foi abandonado, pois Hergé decidira ter a liberdade de criar sozinho suas<br />
histórias.<br />
“Tintin et le Thermozéro” (1960) - Continuação, novamente com Greg, do projeto<br />
“Pilules”, retomando a trama deste último. Igualmente abandonado pelas mesmas<br />
razões. Um pouco menos de dez pranchas esboçadas foram desenhadas.<br />
“Un Jour d’Hiver, dans un Aéroport” (1976 - 1980 - data desconhecida) - Projeto de<br />
aventura que se desenrolaria unicamente em um aeroporto, frequentado por vários<br />
personagens pitorescos. Abandonado em proveito de “Tintim e a Alph-Art”.<br />
_Tintim no cinema<br />
Foram realizados cinco fi lmes baseados em “As Aventuras de Tintim”. O primeiro, “Le<br />
Crabe aux Pinces d’Or” de 1947, teve roteiro escrito pelo próprio Hergé baseado no álbum<br />
“O Carangueijo das Tenazes de Ouro”. É um fi lme de animação com marionetas, e foi<br />
dirigido por Claude Misonne. Durante certo tempo a versão em francês foi considerada
perdida, restando apenas a versão dobrada em inglês. Porém, actualmente, no site ofi cial,<br />
os membros pagantes do clube de Tintim têm acesso a uma cópia do fi lme em francês.<br />
O segundo fi lme, “Tintin et le Mystère de la Toison d’Or” (Tintim e o Mistério do Tosão<br />
de Ouro), de 1961, com cenários e actores reais, foi dirigido por Jean-Jacques Vierne. É<br />
considerado pelos fãs como um dos melhores fi lmes com o personagem.<br />
O terceiro, “Tintin et les Oranges Bleues” (Tintim e as Laranjas Azuis), de 1964, também<br />
contou com actores reais, e foi dirigido por Philippe Condroyer. Não teve o mesmo<br />
sucesso que o fi lme que o antecedeu.<br />
O quarto, “Tintin et le Temple du Soleil” (Tintim e o Templo do Sol), de 1971, é um fi lme<br />
de animação dirigido por Eddie Lateste e com argumento baseado em “Les Sept Boules<br />
de Cristal” e “Le Temple du Soleil”.<br />
O quinto e último fi lme, “Tintin et le Lac aux Requins” (Tintim e o Lago dos Tubarões), de<br />
1972, também um fi lme de animação, foi dirigido por Raymond Leblanc, e o argumento<br />
não se baseou em nenhuma história original de Hergé.<br />
_Filmes previstos: Trilogia Tintim<br />
Steven Spielberg comprou uma opção sobre os direitos autorais de Tintim pouco antes<br />
da morte de Hergé, em 1983. Entretanto, naquele momento era incerta uma adaptação<br />
de Tintim para o cinema, já que Hergé recusara a assinar qualquer contrato. Finalmente,<br />
em Novembro de 2002, a Dreamworks comprou os direitos cinematográfi cos de<br />
toda a série. Em 15 de Maio de 2007, Steven Spielberg e Peter Jackson ofi cializaram<br />
a realização de uma trilogia adaptada das histórias, a ser realizada em computação<br />
gráfi ca e “motion capture”. O director do terceiro fi lme ainda não foi anunciado. De<br />
acordo com a revista “Variety”, a equipe de Jackson já produziu um fi lme piloto de vinte<br />
minutos como demonstração. Para Spielberg e Jackson, um fi lme com actores reais<br />
não faria jus às histórias em banda desenhada de Tintim.<br />
287 | 80 Anos de Tintim
288 | 80 Anos de Tintim<br />
_Televisão<br />
Após uma primeira tentativa em semi-animação não colorida, feita por Jeah Nohain, surgiram:<br />
“Les Aventures de Tintin, d’après Hergé“, de 1961, série da Belvision dirigida por Ray Goossens;<br />
“As Aventuras de Tintim”, de 1991, série da Nelvana dirigida por Stéphane Bernasconi.<br />
_Série de 1991 para televisão<br />
“Objectivo Lua” (Objectif Lune) (1991) 45’ ;<br />
“Pisando a Lua” (On a Marche sur la Lune) (1991) 45’<br />
“A Ilha Negra” (L’Ile Noire) (1990) 45’<br />
“O Ceptro de Ottokar” (Sceptre d’ Ottokar) (1990) 45’<br />
“As Jóias de Castafi ore” (Les Bijoux de la Castafi ore) (1991) 45’<br />
“A Estrela Misteriosa” (L’Etoile Mysterieuse) (1990) 25’<br />
“O Segredo do Licorne” (Le Secret de la Licorne) (1991)<br />
“O Tesouro de Rackham, o Terrível” (Le Tresor de Rackham le Rouge) (1990) 25’<br />
“Os Charutos do Faraó” (Cigare du Pharaon) (1990) 45’<br />
“O Lotus Azul” (Le Lotus Bleu) (1991) 45’<br />
“O Voo 714 para Sidney” (Vol 714 pour Sydney) (1991) 45’<br />
“Tintim na América” (Tintin en Amerique) (1990) 25’<br />
“Carvão no Porão” (Coke en stock) (1991) 45’<br />
“Tintim no Tibete” (Tintin au Tibet) (1991) 45’<br />
“O Ídolo Roubado” (L’Oreille Cassée) (1990) 45’<br />
“O Caranguejo das Tenazes de Ouro” (Crabe aux Pinces d’Or) (1990) 45’<br />
“O Caso Girassol” (L’Affoir Tournesol) (1991) 45’<br />
“Tintim no País do Ouro Negro” (Tintin au Pays de L’Or Noir) (1991) 45’<br />
“As 7 Bolas de Cristal” (Les 7 Boules de Cristal) (1990) 45’<br />
“O Templo do Sol” (Le Temple du Soleil) (1991) 45’<br />
“Tintim e os Pícaros” (Tintin et les picaros) 45’<br />
_Teatro<br />
“Tintin aux Indes”, ou “Le Mystère du Diamant Bleu”, de 1941, peça escrita por Hergé e<br />
Jacques Van Melkebeke, não adaptada de nenhum álbum em particular. Existe ainda a<br />
comédia musical, “Kuifje - De Zonnetempel”, de 2001, com música de Dirk Brossé.<br />
Esta recolha de informações baseou-se na Wikipédia, versão brasileira, e no blogue de<br />
Geraldes Lino.
FAMAFEST<br />
2009<br />
CINEMA PORTUGUÊS
290 | Cinema Português<br />
_AMÁLIA<br />
“Amália”, de Carlos Coelho da Silva, coloca velhas questões. O cinema é arte e indústria,<br />
sempre. Tal como a literatura, a música, a pintura, o teatro, todas as formas de manifestação<br />
artística, comporta uma base industrial óbvia. Apenas nalguns casos, o factor artístico<br />
ultrapassa o lado industrial e comercial da questão. No caso de “Amália” esta dicotomia<br />
é gritante. Industrialmente este fi lme é um sucesso. Anunciado o projecto, programadas<br />
as fi lmagens, montado e sonorizado em tempo record, assume a estreia em 66 salas<br />
em <strong>Portugal</strong> no dia programado, tem prevista venda para diversos países. A produção é<br />
boa, a reconstituição formal dos espaços e do tempo em que decorreu a vida de Amália<br />
é cuidada, procura-se não haver anacronismos, o guarda-roupa respeita as épocas e as<br />
classes sociais, os adereços funcionam, os cenários estão certos. Parece que o orçamento<br />
foi o maior de sempre no cinema português. Dinheiro que procura multiplicar-se em<br />
vendas. Tudo certo segundo as regras do mercado. Nada a apontar.<br />
Artisticamente o caso muda diametralmente de fi gura. “Amália” é, na minha opinião,<br />
um completo fracasso. Não há quase nada a sublinhar nesta obra sem respiração,<br />
sem fôlego, sem nervo, sem vibração. Dir-se-ia uma viagem por um (medíocre) museu<br />
de máscaras de cera (o que chega a ser afl itivo, nas sequências de Amália em Nova<br />
Iorque). Mas se falamos em máscaras de cera não é só pela perturbante caracterização<br />
de algumas fi guras (particularmente Amália), mas sobretudo porque o que vemos<br />
são manequins vestidos à época, sem qualquer densidade humana, sem nenhuma<br />
verdade. São títeres que evoluem, debitando um diálogo, movimentando-se, mas sem<br />
um sopro de existência plena. Uma vez ou outra o talento de alguns actores oferece um<br />
lampejo. Sandra Barata, na personagem de Amália na idade adulta, consegue defender<br />
bem a personagem (esqueça-se a Amália em Nova Iorque, de fugir! Não por culpa da<br />
actriz, diga-se). Carla Chambel não destoa em Celeste Rodrigues. Ricardo Carriço é<br />
um aceitável César Seabra. António Pedro Cerdeira é um bom Ricardo Espírito Santo.<br />
António Montez mostra que um actor é logo outra coisa. Maria João Abreu, Lourdes<br />
Norberto, Ana Padrão, Pedro Pinheiro não se pode dizer que vão mal, como alguns mais.<br />
Apenas lhes falta personagens.<br />
Comecemos pelo argumento, assinado por Pedro Marta Santos e João Tordo. O que de<br />
melhor surge parece inspirado no musical “Amália”, de Filipe La Féria. Se os diálogos são<br />
fl uentes e se ouvem bem, a estrutura da narrativa é de tal forma artifi cial e descosida<br />
que chega a irritar. A realização nada faz para a tornar plausível. Frenética, sincopada,<br />
não dando tréguas ao espectador, numa montagem com um ritmo vertiginoso<br />
transforma o fi lme em duas horas e meia de Le Mans. Nada é olhado com respeito,<br />
com atenção, com delicadeza. O resultado é uma estrutura de telenovela mexicana<br />
de terceira categoria, fi lmada com um olhar de abutre que não se cansa de espiar as<br />
personagens e os acontecimentos em picados de mau agoiro. Imensos planos são<br />
fi lmados de cima para baixo, sem qualquer tipo de intencionalidade. Faz-se assim,<br />
porque faz efeito, mostram que têm gruas e as utilizam. Os actores são os principais<br />
prejudicados com esta estética de maratona: não conseguem impor uma presença,<br />
não têm tempo para respirar, mal esboçam um gesto ou um olhar, corta e estamos já<br />
no plano seguinte.<br />
De resto, este não é um fi lme que procure aprofundar nada. Apenas rentabilizar o<br />
nome de “Amália”. Vender bilhetes e cópias. Suporta-se porque há na banda sonora<br />
uns tantos fados cantados por Amália Rodrigues e vistos em “playback”. Mas o mito<br />
maior da música portuguesa merecia melhor sorte.
_AMÁLIA<br />
Título original: Amália<br />
Realização: Carlos Coelho da Silva (<strong>Portugal</strong>, 2008); Argumento: Pedro Marta Santos, João Tordo; Produção: Manuel<br />
S. Fonseca, Ana Torres; Música (original): Nuno Malo (The Budapest Symphony Orchestra); Fotografi a (cor): Carlos<br />
Santana; Direcção artística: Augusto Mayer; Maquilhagem: Aracelli Fuente; Direcção de produção : Gerardo Fernandes;<br />
Assistentes de realização: César Fernandes, Guilherme Pinto; Guarda-roupa: Silvia Meireles; Companhia produtora: VC<br />
Filmes; Intérpretes: Sandra Barata (Amália), Carla Chambel (Celeste Rodrigues), Ricardo Carriço (César Seabra), José<br />
Fidalgo (Francisco da Cruz), António Pedro Cerdeira (Ricardo Espírito Santo), Ricardo Pereira (Eduardo Ricciardi), António<br />
Montez (Avô António), Maria João Abreu (Ercília Costa), Tina Barbosa, Adriano Carvalho (Sebastião Lima), Ana Marta<br />
Contente (Amália, jovem), Maria Emília Correia (Casimira), Beatriz Costa (Aninhas), Matilde Coelho da Silva (Detinha - 13<br />
anos), Carla de Sá (Natália Correia), João Didelet (Ary dos Santos), Licinio França (Barman), Sofi a Grilo (Mulher de Ricardo<br />
Espírito Santo), Philippe Leroux (Bruno Coquatrix), Eurico Lopes (Pai de Amália), Natália Luísa (Leonor), André Maia<br />
(Alain Oulman), Luís Mascarenhas (Martins), Susana Mendes (Filipina), Mariana Monteiro (Yoshabel), Miguel Monteiro<br />
(Jornalista RTP), Lourdes Norberto (Mãe de Ricciardi), Ana Padrão (Mãe de Amália), Carlos Pimenta (Rei Humberto), Pedro<br />
Pinheiro (Sr. Alfredo), Mário Redondo (Rui Valentim de Carvalho), Carla Salgueiro (Viscondessa Asseca), Janita Salomé<br />
(Alberto Janes), Carlos Sebastião (Médico), Leonor Seixas (Detinha), Jorge Sequerra (Agostinho Barbieri), Amélia Videira<br />
(Avó Amália), Carlos Vieira (Frederico Valério), etc. Duração: 127 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Valentim de Carvalho<br />
- VC Multimedia; Classifi cação etária: M/12 anos; Data de estreia: 4 de Dezembro de 2008 (<strong>Portugal</strong>)<br />
291 | Cinema Português
FAMAFEST<br />
2009<br />
SÓ ANIMAÇÃO
294 | só Animação<br />
_BOLT<br />
Para o super-cão Bolt, todos os dias são de aventura, perigo e intriga – pelo menos<br />
até as câmaras do seu programa de televisão se desligarem. Quando a estrela canina<br />
do programa de TV de maior sucesso é acidentalmente enviada, do seu palco em<br />
Hollywood, para a cidade de Nova York, Bolt inicia a sua maior aventura de sempre<br />
– uma viagem pelo país real até reencontrar a sua dona e co-protagonista, Penny.<br />
Armado apenas com a ilusão de que os seus feitos e poderes são reais, e com a ajuda<br />
dos dois mais improváveis companheiros de viagem – um aborrecido e abandonado<br />
gato doméstico chamado Mittens, e um hamster - numa bola de plástico - obcecado<br />
por TV chamado Rhino – Bolt descobre que ele não precisa de super-poderes para ser<br />
um herói. (notas de produção).<br />
_BOLT<br />
Título original: Bolt<br />
Realização: Byron Howard, Chris Williams (EUA, 2008); Argumento: Dan Fogelman, Chris Williams; Produção: John<br />
Lasseter, Lisa M. Poole, Clark Spencer, Makul Wigert; Música: John Powell; Montagem: Tim Mertens; Casting: Curtis<br />
A. Koller; Direcção artística: Paul A. Félix; Decoração: Thomas Baker; Direcção de produção: Jason Hintz-Llopis, Tom<br />
Meredith, Troy Nethercott; Departamento de arte: Laurent Ben-Mimoun, Jim Martin, Bill Perkins, Gil Zimmerman; Som:<br />
Frank E. Eulner, Randy Thom; Efeitos visuais: Brett Boggs, Kevin Lee, Dale Mayeda, John Murrah; Animação: Doug Bennett,<br />
Nathan Greno, Sang-Jin Kim, John Yoon; Companhias de produção: Walt Disney Animation Studios, Walt Disney Pictures;<br />
Intérpretes (vozes): John Travolta (Bolt), Miley Cyrus (Penny), Susie Essman (Mittens), Mark Walton (Rhino), Malcolm<br />
McDowell (Dr. Calico), James Lipton, Greg Germann, Diedrich Bader, Nick Swardson, J.P. Manoux, Dan Fogelman, Kari<br />
Wahlgren, Chloe Moretz, Randy Savage, Ronn Moss, Grey DeLisle, Sean Donnellan, etc. Duração: 103 minutos; Distribuição<br />
em <strong>Portugal</strong>: Zon-Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 6 anos; Estreia em <strong>Portugal</strong>: 11 de Dezembro de 2008.
_A LENDA DE DESPEREAUX<br />
Era uma vez... no reino distante de Dor - havia magia no ar, riso com fartura e litros<br />
e litros de sopa de fazer crescer água na boca. Mas um acidente partiu o coração do<br />
Rei, deixou a Princesa cheia de saudades e as pessoas da cidade sem a sua sopa. A luz<br />
do sol desapareceu. O mundo fi cou cinzento. Toda a esperança se desvaneceu nesta<br />
terra... até Despereaux nascer. Um conto de fadas com heróis improváveis: Despereaux,<br />
um valente ratinho com umas grandes orelhas, que prefere ler livros a comê-los;<br />
Roscuro, uma ratazana infeliz exilada na escuridão; e Mig, uma criada com couves-fl or<br />
no lugar das orelhas. Quando a princesa Pea é raptada, Despereaux, que descobriu<br />
nos livros histórias de cavaleiros, dragões e donzelas, resolve salvá-la. Mesmo sendo<br />
tão pequenino, ele está determinado a provar que pode ter a coragem de um bravo<br />
cavaleiro. Porque a aparência nem sempre equivale ao que se é. (notas de produção).<br />
_A LENDA DE DESPEREAUX<br />
Título original: The Tale of Despereaux<br />
Realização: Sam Fell, Robert Stevenhagen (EUA, Inglaterra, 2008); Argumento: Will McRobb, Gary Ross, Chris Viscardi,<br />
segundo livro de Kate DiCamillo; Produção: Robin Bissell, Celia Boydell, Casey Crowe, Peiyu H. Foley, Ryan Kavanaugh, David<br />
Lipman, Jamal McLemore, Gary Ross, William Sargent, Tracy Shaw, Allison Thomas; Música: William Ross; Fotografi a (cor):<br />
Brad Blackbourn; Montagem: Mark Solomon; Casting: Debra Zane; Design de produção: Evgeni Tomov; Direcção artística:<br />
Olivier Adam; Direcção de produção: Lizi Bedford, Amanda Davison, Kacy Durbridge, Tripp Hudson, Danielle Legovich,<br />
Frederick Lissau, Cheryl Murphy; Departamento de arte: Olivier Adam; Som: Jon Title; Efeitos visuais: Paulina Kuszta,<br />
Soeren Bendt Pedersen; Animação: Melanie Byrne, Andres Puente, Tim Watts, Gabriele Zucchelli; Companhias de produção:<br />
Universal Pictures, Relativity Media, Larger Than Life Productions, Framestore Feature Animation, Universal Animation<br />
Studios; Intérpretes: Matthew Broderick (Despereaux), Dustin Hoffman (Roscuro), Emma Watson (Princesa Pea), Tracey<br />
Ullman (Miggery Sow), Kevin Kline (Andre), William H. Macy (Lester), Stanley Tucci (Boldo), Ciarán Hinds (Botticelli), Robbie<br />
Coltrane (Gregory), Tony Hale, Frances Conroy, Frank Langella, Richard Jenkins, Christopher Lloyd, Charles Shaughnessy,<br />
Sigourney Weaver (Narradora), Patricia Cullen, Sam Fell, Jane Karen, Bronson Pinchot, McNally Sagal, Robin Atkin Downes,<br />
etc. Duração: 93 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Zon-Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 6 anos;<br />
295 | só Animação
296 | só Animação<br />
_MADAGASCAR 2<br />
Na sequela altamente antecipada de “Madagáscar,” Alex, Marty, Melman, Glória, o<br />
Rei Juliano, Maurício e os pinguins e os chimpanzés encontram-se abandonados nas<br />
costas distantes de Madagáscar. Perante este obstáculo, os nova-iorquinos elaboraram<br />
um plano tão maluco que talvez até resulte. Com precisão militar, os pinguins<br />
repararam um velho avião despenhado – mais ou menos. Assim que estão nos céus,<br />
esta inesperada tripulação fi ca no ar o tempo sufi ciente para chegarem ao lugar mais<br />
selvagem de todos - as vastas planícies de África, onde os nossos amigos criados no<br />
Zoo encontram pela primeira vez animais da sua própria espécie. África parece ser um<br />
lugar espantoso…mas será que é melhor do que a sua casa em Central Park? (notas de<br />
produção).<br />
_MADAGASCAR 2<br />
Título original: Madagascar: Escape 2 Africa<br />
Realização: Eric Darnell, Tom McGrath (EUA, 2008); Argumento: Etan Cohen; Produção: Mireille Soria, Mark Swift;<br />
Música: Hans Zimmer; Montagem: Mark A. Hester, H. Lee Peterson; Direcção de produção: Wendy Berry, Jason Bertsch,<br />
Alison Fedrick Donahue, Jannette Eng, Ryan Harris, Christopher Leahy, Diana K. Lee, Robyn Mesher, Craig Rittenbaum, Erik<br />
Vignau; Departamento de arte: Jessie Carbonaro; Som: Will Files; Efeitos especiais: Stephanie Siebert; Efeitos visuais: Jeff<br />
Budsberg, Lindsey Caplan, Greg Gladstone, Tobin Jones, Alex Patanjo, Jason Rickwald, Scott Singer, Ji Hyun Yoon, Alfred<br />
Young, Melva Young; Animação: Denis Couchon, Cassidy Curtis, Craig Kellman, Sean Mahoney, Carlos M. Rosas, Jason<br />
Schleifer; Companhias de produção: DreamWorks Animation, Pacifi c Data Images (PDI); Intérpretes: Ben Stiller (Alex),<br />
Chris Rock (Marty / Zebras), David Schwimmer (Melman), Jada Pinkett Smith (Gloria), Sacha Baron Cohen (Julien), Cedric<br />
the Entertainer (Maurice), Andy Richter (Mort), Bernie Mac (Zuba), Alec Baldwin (Makunga), Sherri Shepherd, Will i Am,<br />
Elisa Gabrielli, Tom McGrath, Chris Miller, Christopher Knights, Conrad Vernon, Quinn Dempsey Stiller, Conner Rayburn,<br />
Lynnanne Zager, etc. Duração: 89 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Zon-Lusomundo; Classifi cação etária: M/ 6 anos;<br />
Country:USA Estreia em <strong>Portugal</strong>: 27 de Novembro de 2008
_WALL•E<br />
Surpreendente fi lme de animação, que trás a assinatura de Andrew Stanton, numa<br />
produção da Pixar (“Toy Story”, “Monstros e Companhia”, “À Procura de Nemo”, “Uma Vida<br />
de Insecto”, “The Incredibles: os Super-Heróis” ou “Ratatui”), agora aliada à Disney. Não<br />
que a animação não tenha dado um grande salto quantitativo (e qualitativo também,<br />
em muitos e honrosos casos) nos últimos anos, devido sobretudo às novas tecnologias.<br />
Muitos têm sido os fi lmes que continuamente nos surpreendem, mas este contém<br />
outros ingredientes para a surpresa ser maior e o resultado mais “surpreendente”.<br />
Estamos na presença de um grande fi lme, é certo, de um fi lme para a família, como é<br />
norma nos fi lmes de animação (isto é: fi lmes que têm em conta todas as faixas etárias,<br />
apesar de especialmente concebidos para um público infantil), mas há sobretudo duas<br />
“novidades”: uma obra que aborda temas “adultos”, ainda que as crianças a eles tenham<br />
acesso pela forma como os mesmos são colocados, e uma narrativa algo contemplativa<br />
e raramente dada a grandes e frenéticos desenvolvimentos, privilegiando a poesia e<br />
a ternura, impondo personagens de forma discreta (e secreta), deixando respirar as<br />
situações. Enfi m, um fi lme que não trata as crianças como defi cientes.<br />
Situe-se o tema: na Terra, num futuro certamente longínquo (setecentos anos, será?),<br />
deserta de humanos e envolvida numa camada de lixo indescritível, que levou os seus<br />
derradeiros habitantes a exilarem-se numa estação espacial, continua a funcionar<br />
placidamente um robot de nome Wall.E. Executa as tarefas para que foi programado<br />
sem hesitar. Persiste na inglória (será mesmo?) tarefa de reunir montanhas de lixo<br />
no seu interior e a compactá-las, colocando depois o metálico e agressivo rectângulo<br />
assim produzido no cima de resmas e resmas de outros idênticos rectângulos de lixo<br />
de igual modo comprimido. Visto através de algumas panorâmicas aéreas dir-se-ia que<br />
297 | só Animação
298 | só Animação<br />
estamos na presença de uma grande metrópole, com os seus arranhas céus (lembramse<br />
de “West Side Story”, planos iniciais?) a serem sobrevoados pela câmara. Mas cedo<br />
se percebe que tudo aquilo são arranha-céus de lixo, de consumismo desmedido e<br />
desenfreado que acabou com a vida no planeta. Sobrevive um robot. Que organizou<br />
a sua existência de forma muito monótona, mas com alguns momentos de relaxe e<br />
de prazer. Ver um excerto de um musical (“Hello, Dolly”), num antiquado gravador de<br />
cassetes é uma delas. Sempre a mesma sequência (a belíssima “Put On Your Sunday<br />
Clothes”). Mas o cantinho onde se refugia depois de um dia de trabalho também tem<br />
os seus encantos, umas luzinhas escrupulosamente repescadas do lixo, algum conforto,<br />
mesmo para um metálico e insensível robot. Aí é que todos vossências se enganam,<br />
se assim pensarem. A Terra pode ter afastado os humanos, mas alguns dos seus mais<br />
delicados sentimentos permaneceram no interior de um robot que cria amizades (com<br />
uma baratinha de antenas no ar que não o larga), e que “sente” defi nitivamente como<br />
anteriormente alguns humanos sentiam (não muitos é certo, senão a coisa não tinha<br />
chegado ao descalabro que se vê).<br />
Enfi m, Wall.E é defi nitivamente um sentimental, o que se comprova logo que aterra no<br />
solo terrestre uma nave vinda, nessa altura não se sabe de onde, que larga um esférico<br />
e muito bem lançado robot branco metalizado, que por sinal é “uma” robot de nome<br />
Eve. Eve desconfi a inicialmente de tudo e todos, envia raios poderosos que desfazem<br />
as ameaças, possíveis e improváveis, mas tomba de amores por Wall-E, depois de um<br />
início de romance não muito prometedor. Acontece nos fi lmes, dizem. Nos românticos,<br />
em que é preciso acreditar para se manter a saúde, física e psíquica. Daí em diante o<br />
que temos é uma história de amor, contrariada pelas circunstâncias, mas que acabará<br />
como culminam todas as histórias de fadas.<br />
Importante a reter: a qualidade da planifi cação da obra, a descrição do planeta Terra<br />
fatalmente devastado, a admirável direcção artística, com cenários fabulosos, mas<br />
profundamente efi cazes, a antropomorfi zação dos robots que é magnifi ca e nos<br />
permite uma identifi cação total com as duas personagens centrais, que conseguem<br />
durante muito tempo monopolizar a acção do fi lme sempre com um interesse notável,<br />
a excelente partitura musical de Thomas Newman que não procura o rodriguinho fácil<br />
mas a grande composição sinfónica, emparelhando com clássicos como o “número” já<br />
citado de “Hello, Dolly”, uma versão de “La Vie em Rose” (cantada por Louis Armstrong)<br />
ou os acordes de “Assim Falou Zaratustra” (utilizado no mítico “2001: Uma Odisseia no<br />
Espaço”, de Kubrick, outra referência óbvia quando da relação das citações cinéfi las,<br />
que são muitas e boas).<br />
Um “coup de force” é toda a primeira parte do fi lme sem diálogos, em que o empenhado<br />
trabalho de Wall.E ultrapassa, ou torna estimulante, a concepção de quase fi lme<br />
mudo. Aliás este tom de “fi lme mudo” acaba por resultar ao tornar mais efi caz o lado<br />
catastrófi co das sequências iniciais, onde a ausência de fi guras humanas cria uma<br />
paisagem particularmente estranha, o que se acentua com a falta de diálogo, com a<br />
incomunicabilidade do robot, a solidão e o “silêncio de vozes”, opressivo e ameaçador.<br />
Uma planta, germinando numa bota escalavrada, é o fi o de esperança que resta aos<br />
humanos que vivem numa estação espacial, com todas as comodidades, mas obesos<br />
e presos a ecrãs de televisão que repetem publicidade e imagens idílicas e que os<br />
afastam da realidade primordial e da comunicação. Uma vida que pode bem ser<br />
a dos humanos daqui a pouco, não num fi lme de animação e antecipação, mas no<br />
concreto da existência. Outra das profecias que cai bem num fi lme visto por milhões
de jovens, quando se agiganta, perante eles, a ameaça de futuras gerações de seres<br />
descompensados pela má alimentação, pela inactividade, pela solidão, pela alienação<br />
perante a realidade, trocada por essa outra “realidade virtual” que ganha terreno a<br />
cada dia.<br />
Fica a promessa de que o amor triunfa e a revolta de alguns acaba por ser a felicidade<br />
de muitos. O que, num fi lme americano da Disney-Pixar, não deixa de ser uma<br />
surpreendente novidade. Um belíssimo fi lme, uma das grandes certezas de 2008.<br />
Imaginem os “blockbusters” e a animação a fi gurarem entre os 10 melhores do ano.<br />
De certeza.<br />
_WALL•E<br />
Título original: WALL•E<br />
Realização: Andrew Stanton (EUA, 2008); Argumento: Andrew Stanton, Pete Docter, Jim Reardon; Produção: Lindsey Collins,<br />
John Lasseter, Jim Morris, Thomas Porter; Música: Thomas Newman; Montagem: Stephen Schaffer; Casting: Natalie Lyon, Kevin<br />
Reher; Direcção de produção: Ralph Eggleston; Maquilhagem: Gretchen Davis; Direcção de produção: Joshua Hollander, Andrea<br />
Warren; Departamento de arte: James S. Baker, Anthony B. Christov, Jason Deamer, Angus MacLane, Kevin O’Brien, Justin Wright;<br />
Som: Ben Burtt; Efeitos visuais: Chris Chapman, David MacCarthy, Carlos Monzon, David Munier, etc.; Direcção de produção: Pixar<br />
Animation Studios, Walt Disney Pictures. Intérpretes (vozes): Ben Burtt (WALL•E / M-O); Elissa Knight (EVE), Jeff Garlin (Capttão),<br />
Fred Willard (Shelby Forthright - BnL CEO), MacInTalk (AUTO), John Ratzenberger (John), Kathy Najimy (Mary), Sigourney Weaver<br />
(computador), Kim Kopf, Garrett Palmer, etc. Duração: 98 minutos; Distribuição em <strong>Portugal</strong>: Lusomundo; Classifi cação etária:<br />
M/ 6 anos; Data de estreia: 14 de Agosto de 2008 (<strong>Portugal</strong>);<br />
299 | só Animação
FAMAFEST<br />
2009<br />
HOMENAGENS
302 | Homenagens<br />
_O PASSEIO DO FAMAFEST<br />
Há já alguns anos que o Famafest, Festival Internacional de Cinema<br />
e Vídeo de Famalicão, dedicado às complexas e fascinantes relações<br />
do Cinema com a Literatura, homenageia de forma discreta, mas<br />
sincera, aqueles que acha que se tornaram um exemplo nacional no<br />
campo da cultura, da arte e do espectáculo, em particular no que se<br />
refere ao cinema e à literatura, quer seja como escritores, realizadores,<br />
actores, compositores… São vidas dedicadas a uma causa, são carreiras<br />
carregadas de triunfos, mas também de luta, persistência, coragem,<br />
são nomes que evocam talentos inequívocos, são portugueses que se<br />
notabilizaram por uma total entrega a um difícil, intenso, abnegado<br />
diálogo com outros homens e mulheres, portugueses ou não,<br />
permitindo-lhes conhecerem-se melhor, apelando a uma sensibilidade<br />
mais generosa, sendo mais cúmplices na forma de entender o que há<br />
de mais humano em todos nós, na sua complexidade, na sua aparente<br />
contradição, na alegria e na dor, da exaltação da excepção ou na<br />
serenidade do dia a dia.<br />
Por aqui já passaram nomes grandes da cultura e da arte portuguesa,<br />
a começar por Virgílio Teixeira, o nosso primeiro homenageado com a<br />
Pena de Camilo, em 2001, a que se seguiram Camacho Costa, Ruy de<br />
Carvalho e José Pinto, Raul Solnado, António Vitorino D’ Almeida, Carlos<br />
Mendes, Agustina Bessa Luís, Lia Gama, Eunice Muñoz, Lurdes Norberto,<br />
Lídia Jorge, Maria do Céu Guerra, Manoel de Oliveira, Nicolau Breyner,<br />
Maria Barroso, Teolinda Gersão, Graça Lobo, Artur Agostinho, Carmen<br />
Dolores, Eduardo Prado Coelho, Joaquim Rosa, Fernando Dacosta,<br />
Rita Ribeiro, Simone de Oliveira, Mariza, Carlos do Carmo, Fernando<br />
Lopes, Adelaide João e Camilo de Oliveira. Não faltam candidatos no<br />
futuro, porque grande é o engenho e a arte de tantos portugueses<br />
que anualmente elevam o nome do nosso país, através de obras de<br />
reconhecida grandeza e inspiração.<br />
No “Passeio do Famafest”, num dos acessos que conduzem à Casa das<br />
Artes, um “Passeio” que se inspira directamente no “Passeio da Fama”<br />
de Hollywood Boulevard, acrescentam-se este ano mais cinco nomes,<br />
mais cinco carreiras inesquecíveis que merecem ser recordadas,<br />
quando por elas passamos na lufa-lufa do dia a dia. São elas Laura<br />
Soveral, Luís Miguel Cintra, Mário Claudio, Susana Borges eUrbano<br />
Tavares Rodrigues. A todos eles continuamos a agradecer o facto de<br />
existirem e serem portugueses.<br />
Lauro António
Nasceu em Madrid, a 29.IV.1949. Filho do fi lólogo Luís Filipe Lindley Cintra, inicia-se<br />
no teatro, em 1968, no Grupo de Teatro da Faculdade de Letras de Lisboa, enquanto<br />
frequenta o Curso de Filologia Românica. Entre 1970 e 1972 frequenta a Bristol<br />
Old Vic Theatre School, bolseiro da Fundação Gulbenkian. Em 1973 funda o Teatro<br />
da Cornucópia, com Jorge Silva Melo. Faz críticas de teatro em O Tempo e o Modo;<br />
dirige a Colecção de Teatro Seara Nova (ed. Estampa) e a Colecção de Teatro (ed.<br />
Ulmeiro); é professor do Conservatório Nacional. Declamador de poesia. Director<br />
e fundador da Cornucópia, onde dirigiu peças de dos mais importantes autores<br />
clássicos e modernos. Actor em quase todos os espectáculos por si encenados.<br />
Encenou ópera no Teatro S. Carlos, em Lisboa. Encenações nos mais prestigiados<br />
teatros de <strong>Portugal</strong> e estrangeiro. Em 1984 participa na Bienal de Veneza. Em<br />
1988 encenou no Festival de Avignon, “La Mort du Prince et Autres Fragments”,<br />
de Fernando Pessoa, que esteve ainda no Festival de Outono de Paris. Em Itália<br />
(Udine), o Teatro da Cornucópia leva a cena “L’École des Maitres”. Em 1991 esteve<br />
em Bruxelas durante a Europália. Foi dirigido em 1997 por Brigite Jacques, no<br />
Théâtre de la Commune-Pandora, em Paris, em “Sertório”, de Corneille e encenou<br />
“Comedia sin Titulo”, de F. García Lorca para o Teatro de La Abadia em Madrid<br />
(2005). No cinema apareceu em fi lmes de João César Monteiro, Paulo Rocha, Luís<br />
Filipe Rocha, Solveig Nordlund, Jorge Silva Melo, Manoel de Oliveira, José Álvaro<br />
de Morais, Pedro Costa, Joaquim Pinto, Maria de Medeiros, Teresa Villaverde, João<br />
Botelho, John Malkovich, Raquel Freire ou Catarina Ruivo, entre outros. Prémio<br />
Bordalo da Casa da Imprensa em 1995 (cinema) e 1997 (teatro); Globo de Ouro em<br />
1999 para a Personalidade do Ano; Globo de Ouro para Melhor Actor de Teatro,<br />
em “Esopaida”, de António José da Silva, O Judeu (2003); Prémio Universidade de<br />
Coimbra (2005); Prémio Pessoa, atribuído pelo Jornal Expresso(2005); Recebeu o<br />
grau de Grande-Ofi cial da Ordem de Sant’Iago da Espada em 1998.<br />
LUIS MIGUEL CINTRA<br />
303 | Homenagens
304 | Homenagens<br />
LAURA SOVERAL<br />
Nasceu em Benguela, Angola, a 23 de Março de 1933. Com inúmeros trabalhos em<br />
teatro, Laura Soveral foi também reconhecida pela sua actividade cinematográfi ca,<br />
salientando “Uma Abelha na Chuva”, de Fernando Lopes (1972) como um dos<br />
seus primeiros trabalhos. Depois de trabalhar em Benguela como educadora de<br />
infância, vem para Lisboa onde cursa Filologia Germânica e se começa a interessar<br />
por teatro. Estreia-se em 1964 no Grupo Fernando Pessoa, dirigido por João d’Ávila.<br />
Foi no Conservatório Nacional, com professores como Henriette Morineau, que<br />
desenvolveu a arte de representar. E em 1968 recebeu o Prémio de Melhor Actriz de<br />
Cinema pelo SNI e pela Casa da Imprensa. Ao mesmo tempo, na televisão, ía sendo<br />
chamada para fazer teatro ou para declamar poemas no programa Hospital das<br />
Letras de David Mourão-Ferreira.Na temporada de 1970/1971 tem uma das suas mais<br />
importante época, fazendo “O Processo de Kafka” e “Depois da Queda”, de Arthur<br />
Miller. Representou textos de Fernando Pessoa, José Saramago, Almada Negreiros,<br />
Ferenc Molnar, Moliére, Kafka, Yves Jamiacque, entre outros. Esteve em cena no<br />
Teatro D. Maria II, Teatro São Luíz, Teatro da Cornucópia, Teatro da Comuna, Teatro<br />
Aberto, Teatro Sá da Bandeira, Teatro Maria Matos, Teatro Villaret, onde trabalhou<br />
com Gracindo Júnior, Adolfo Marsillach, Carlos Avillez, Fernando Amado, João D’Ávila,<br />
Norberto Barroca, Maria do Céu Guerra, Diogo Infante e Christine Laurent.<br />
A sua longa experiência cinematográfi ca passa por fi lmes como Vale Abraão,<br />
A Divina Comédia e Francisca de Manoel de Oliveira, Terra Sonâmbula de Teresa<br />
Prata, O Fatalista e Tráfi co de João Botelho, Quaresma de João Álvaro Morais, Uma<br />
Abelha na Chuva e O Delfi m de Fernando Lopes, Encontros Imperfeitos de Jorge<br />
Marecos Duarte, entre muitos outros.<br />
Pontualmente continuou a aparecer na televisão. Em 1976 actuou na novela Duas<br />
Vidas, da Rede Globo de Televisão, no papel de Leonor. Mais tarde, integrou o elenco<br />
da novela Tempo de Viver (2006), e participou na série O Testamento para a RTP.
Mário Cláudio, pseudónimo de Rui Manuel Pinto Barbot Costa, nasceu no<br />
Porto em 1941. Frequentou o curso de Direito em Lisboa, tendo-o terminado na<br />
Universidade de Coimbra. Frequentou a Universidade de Londres, graduando-se<br />
como Master of Arts. De regresso a <strong>Portugal</strong>, tem exercido funções como técnico<br />
do Museu Nacional de Literatura e como professor universitário. Ganhou o<br />
prémio APE de Romance e Novela em 1984 com a obra Amadeo.<br />
É considerado um dos mais importantes autores portugueses das últimas duas<br />
décadas. Embora se tenha dedicado à poesia, ao teatro e ao ensaio, é no romance<br />
que Mário Cláudio mais se tem destacado. Em 2004 foi agraciado com o Prémio<br />
Fernando Pessoa.<br />
Obras de fi cção: Um Verão Assim (1974), As Máscaras de Sábado (1976), Damascena<br />
(1983), Amadeo (1984), Guilhermina (1986), A Fuga para o Egipto (1987), Rosa<br />
(1988), A Quinta das Virtudes (1990), Tocata para Dois Clarins (1992), Trilogia da<br />
Mão (1993), Itinerários (contos, 1993), As Batalhas do Caia (1995), Dois Equinócios<br />
(contos, 1996), O Pórtico da Glória (1997), O Último Faroleiro de Muckle Flugga<br />
(1998), Peregrinação de Barnabé das Índias (1998), Ursamaior (2000), O Anel de<br />
Basalto e Outras Narrativas (narrativas, 2002), Oríon (romance, 2003), Gémeos<br />
(romance, 2004), Camilo Broca (romance, 2006), Boa Noite, Senhor Soares<br />
(romance, 2008).<br />
Obras poéticas: Ciclo de Cypris (1969), Sete Solstícios (1972), A Voz e as Vozes<br />
(1977), Estâncias (1980), Terra Sigillata (1982), Dois Equinócios (1996).<br />
Teatro: Noites de Anto (1988), A Ilha de Oriente (1989), Henriqueta Emília da<br />
Conceição (1997) e O Estranho Caso do Trapezista Azul (1998), Medeia (2008).<br />
Outras obras: Fotobiografi a de António Nobre (2001), Meu Porto (2001), Triunfo<br />
do Amor Português (2004).<br />
MÁRIO CLÁUDIO<br />
305 | Homenagens
306 | Homenagens<br />
SUZANA BORGES<br />
Suzana Borges, nasceu em Lisboa, 7 de Julho de 1956. Licenciada em Filosofi a e<br />
Pós-graduada em Filosofi a Contemporânea. Estagiou Formação Teatral com Rudy<br />
Shelley e Lin Britt, do Old Vic Bristol School; Prof. Markert e Eva Winkler, do RDA<br />
de Berlim; Marcia Haufrecht do Lee Strasberg Theatre Institute de Nova Iorque;<br />
entre outros.<br />
Intérprete em inúmeras peças, salienta autores como Bertolt Brecht, Samuel<br />
Beckett, Tennessee Williams, Wedekind, Whitehead, Beth Henley, J. B. Priestley, José<br />
Luís Peixoto, Irene Lisboa ou Cecília Meireles. Foi dirigida por encenadores como<br />
João Canijo, Caldeira Pires, Osório Mateus, Rui Madeira, João Lagarto, Fernando<br />
Heitor, Fernanda Lapa, Manuel Cintra, João Lourenço ou Diogo Dória.<br />
Encenou Uale – Não Posso Encontrar, de José Luís Peixoto e Adília Lopes; fez a<br />
concepção de diversos espectáculos, entre os quais A Vida Não é Literatura, de<br />
Irene Lisboa. Criou e encenou espectáculos de poesia onde também participou,<br />
tendo trabalhado a partir de autores como Emily Dicknson, Eça de Queirós,<br />
Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Luís de Camões, Sophia de Mello Breyner.<br />
Em ópera, trabalhou a partir de José Saramago e A. Corghi, sob a direcção de João<br />
Paulo Santos e Jerôme Savari.<br />
No cinema participou em fi lmes de Ana Luísa Guimarães, José Nascimento<br />
(Repórter X e Tarde Demais), Jean Pierre Grasset, Rosa Coutinho Cabral, Benoit<br />
Jacquot, Luís Vidal Lopes, António de Macedo (Emissários de Khalom), João Mário<br />
Grilo (O Processo do Rei e A Falha), Daniel Schmid, Raoul Ruiz, Mário Gamus, João<br />
Botelho (Quem és Tu?, Tráfi co, A Mulher Que Acreditava Ser A Presidente dos EUA<br />
e O Fatalista), Maurizio Sciarra, Fernando Matos Silva, Fernando Lopes (Lá Fora),<br />
Rui Simões, João César Monteiro (Vai e Vem), entre outros. Trabalhou em televisão,<br />
a nível nacional e internacional, nomeadamente em telefi lmes e séries.
Urbano Augusto Tavares Rodrigues, nasceu em Lisboa, em 1923. Filho do escritor<br />
e jornalista Urbano Rodrigues. Passou grande parte da sua infância em Moura.<br />
Licenciou-se em Filologia Românica na Universidade de Lisboa, doutorando-se<br />
em 1984 com uma tese sobre o escritor Manuel Teixeira Gomes.<br />
Foi leitor de português em várias Universidades estrangeiras - Montpellier, Aix<br />
e Paris - entre os anos de 1949 e 1955, época em que se encontrava impedido<br />
de exercer docência universitária em <strong>Portugal</strong> por motivos políticos. Depois da<br />
Revolução de 1974 retoma, em <strong>Portugal</strong>, a actividade docente. Em 1993, jubilase<br />
como Professor Catedrático da Faculdade de Letras de Lisboa, continuando<br />
a exercer a docência na Universidade Autónoma de Lisboa. Membro efectivo<br />
da Academia de Ciências de Lisboa e membro correspondente da Academia<br />
Brasileira de Letras. Tem colaboração dispersa por publicações variadas, entre as<br />
quais o Bulletin des Études Portugaises, Colóquio-Letras, Jornal de Letras, Artes e<br />
Ideias, Vértice, Nouvel Observateur, etc. Foi director da revista Europa e jornalista<br />
de O Século e de O Diário de Lisboa. Prémios Ricardo Malheiros, da Academia das<br />
Ciências de Lisboa, da Associação Internacional de Críticos Literários, da Imprensa<br />
Cultural, Prémio Vida Literária, da Associação Portuguesa de Escritores, Grande<br />
Prémio de Conto Camilo Castelo Branco.<br />
Bibliografi a principal, entre viagens, ensaios, romances, contos, crónicas, teatro:<br />
1960; 1981 - O Mito de Don Juan; 1981 - Um Novo Olhar sobre o Neo-Realismo; 1984<br />
- Manuel Teixeira Gomes: O Discurso do Desejo; 1959; 1994 - Bastardos do Sol; 1957;<br />
1998 - Uma Pedrada no Charco; 1960; 1978 - Nus e Suplicantes; 2008 - A Última<br />
Colina; 1961; 2003 - Os Insubmissos; 1966; 1988 - Imitação da Felicidade; 1967; 1974 -<br />
Despedidas de Verão; 1968 - Tempo de Cinzas; 1974; 1999 – Dissolução; 1991 - Violeta<br />
e a Noite; 1993 – Deriva; 1995 - A Hora da Incerteza; 2005 - O Eterno Efémero; 2006<br />
- Ao contrário das Ondas; 2007 - Os Cadernos Secretos do Prior do Crato.<br />
URBANO TAVARES RODRIGUES<br />
307 | Homenagens
308 | Homenagens<br />
Vírgilio<br />
Teixeira<br />
Camacho<br />
Costa<br />
José Pinto<br />
Ruy de<br />
Carvalho<br />
António<br />
Vitorino<br />
D’ Almeida<br />
Carlos<br />
Mendes<br />
Raul<br />
Solnado<br />
Lia Gama<br />
Eunice<br />
Muñoz<br />
Agustina<br />
Bessa Luís<br />
Lurdes<br />
Norberto<br />
Lídia Jorge<br />
Manoel<br />
de Oliveira<br />
Maria do<br />
Céu Guerra<br />
Nicolau<br />
Breyner
Maria<br />
Barroso<br />
Teolinda<br />
Gersão<br />
Graça Lobo<br />
Artur<br />
Agostinho<br />
Carmen<br />
Dolores<br />
Eduardo<br />
Prado Coelho<br />
Joaquim Rosa<br />
Fernando<br />
Dacosta<br />
Rita Ribeiro<br />
Simone<br />
de Oliveira<br />
Adelaide<br />
João<br />
Mariza<br />
Camilo<br />
de Oliveira<br />
Fernando<br />
Lopes<br />
Carlos<br />
do Carmo<br />
309 | Homenagens
FAMAFEST<br />
2009<br />
ACTIVIDADES PARALELAS
312 | Actividades Paralelas_Casa das Artes<br />
_CARLOS DO CARMO<br />
Casa das Artes 14 de Março | 21h30
Numa altura em que o fado regressa em força ao coração dos portugueses, numa<br />
época em que surgem regularmente novas vozes, e quase todas com algo de novo a<br />
acrescentar a uma história já de si inquestionável, ouvir Carlos do Carmo reconduznos<br />
ao que de mais autêntico tem o fado, e também à sua renovação mais genuína<br />
e legítima. Sempre que o pudemos ver e ouvir ressalta uma realidade insofi smável:<br />
estamos na presença de um dos maiores valores da nossa cultura contemporânea<br />
e sabe bem recordar uma vez por outra que <strong>Portugal</strong> não é só este país de apagada<br />
e vil tristeza a que muitos nos tentam reduzir, mas que esse mesmo país já nos deu<br />
talentos dos maiores que o mundo conheceu. No fado, Amália é uma referência,<br />
mas num outro registo Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira também o são, tal<br />
como o é Carlos do Carmo.<br />
Ele próprio diz que nunca escreveu poesia ou compôs música. Basta-lhe emprestar<br />
a voz, esta voz quente e macia, por onde escorregam docemente as palavras de<br />
poetas como Alexandre O’ Neil ou Ary dos Santos.<br />
O espectáculo do Coliseu pode constituir-se como uma lição. Um palco deserto,<br />
uma luz ou outra, músicos de primeiríssima água, e Carlos do Carmo munido<br />
de um reportório feito de exigência e rigor. A melhor poesia e a melhor música,<br />
executada pelos melhores intérpretes. Nada mais. Nenhum preciosismo de vedeta.<br />
Nenhum piscar de olho oportunista a modernices pindéricas. Uma forma clássica<br />
de cantar o fado, a que o espírito irrequieto de Carlos do Carmo (e moderno,<br />
revolucionário na sua simplicidade) empresta variações de insuspeitado alcance:<br />
um fado acompanhado unicamente por contrabaixo (fabuloso Carlos Bica em “Teu<br />
Nome Lisboa”) ou por um cavaquinho de que se desistiu até das cordas (magnífi co<br />
Júlio Pereira em “O Homem das Castanhas”). Mas também acompanhado por<br />
uma orquestra (a Sinfonietta de Lisboa, dirigida por Vasco Pearce do Amaral, com<br />
notáveis arranjos de Bernardo Sasseti, veja-se a frescura arrancada a “Por Morrer<br />
uma Andorinha”) Carlos do Carmo demonstra que tudo é possível ao fado, até<br />
dialogar com o tango de Piazola (um incrível duelo entre o novo fenómeno da<br />
guitarra portuguesa, Ricardo Rocha, e Walter Idalgo, no “bandoneon”, em “Dois<br />
Portos”).<br />
O que traz de verdadeiramente didáctico este espectáculo é mostrar de que forma<br />
se pode re-inventar o fado, já que é dele que estamos a falar. Não é necessário, é<br />
sobretudo evitável, gritar a modernice a sete ventos e destruir, com espaventos sem<br />
nexo, o fado. A melhor forma de re-inventar o que já existe é preservar o existente<br />
com o respeito do amor que merece e subtilmente, com a ternura de quem<br />
amamenta um fi lho, dar-lhe novo alento com delicadeza e sobriedade. O espavento<br />
não cobre, a não ser para inglês ver. O novo-riquismo nunca fi cou na história, a não<br />
ser como exemplo de mau gosto e de ostentação sem critério. Carlos do Carmo,<br />
para lá da “voz”, dá-nos o exemplo de como revolucionar por dentro uma canção<br />
que ama. Basta cantá-la como só ele sabe e respeitosamente arranjar-lhe novos<br />
pretendentes para acasalamentos de amor. O resto virá com a serenidade das coisas<br />
certas e das renovações que se fazem com seiva nova de sedentas raízes.<br />
Depois, há a magia sem paralelo de ouvir a música das palavras de Ary na voz<br />
única de Carlos do Carmo – e as lágrimas descem alegres e felizes pelos rostos dos<br />
ouvintes. O prazer do prazer.<br />
Lauro António (Jornal do Fundão, 2004)<br />
313 | Actividades Paralelas_Casa das Artes
314 | Actividades Paralelas_Casa das Artes
_CORVOS<br />
Casa das Artes 21 de Março | 21h30<br />
Exímios executantes, todos eles de sólida formação clássica, com passagem por inúmeras<br />
bandas (Ornatos Violeta, Mafalda Veiga, Santos e Pecadores, Jorge Palma, Titãs, Jethro Tull<br />
e algumas mais), admiradores incondicionais dos “Xutos e Pontapés” (a quem dedicaram<br />
o primeiro álbum, “Corvos Visitam Xutos”, que funcionou como um magnifi co cartão-devisita<br />
para o grupo), “Corvos” vão agora no seu quarto álbum, recentemente saído, “The<br />
Jinx”, depois de “Post Scriptum” (evocando Kurt Weill, Jim Morrison, Kurt Cobain. Para lá<br />
dos sempre presentes Xutos e Pontapés), e de “Corvos 3”.<br />
Tocar rock como se fosse Mozart ou Ravel, tocar Bach ou Mahler como se fosse rock não<br />
é crime de lesa música, mas uma forma de tornar viva e actual a música que se ama. Os<br />
“Corvos”, vestidos de preto e com os rostos rasgados por uma maquilhagem “gótica”, levam<br />
mais longe a aposta, criando uma sonoridade que é só deles, que passa pela noite brumosa<br />
dos fi lmes fantásticos de antanho, pela vibração céltica, pelos sons medievais da gesta<br />
portucalense, assim como pelas fl orestas de Siegfried, pelo terror intimista de Edgar Allan<br />
Poe, pelas inquietações mais profundas da alma humana. Temos aqui seguramente um<br />
dos grandes grupos musicais portugueses da actualidade. A seguir com o maior interesse.<br />
Para já, ia 21 de Março, encerram o Famafest, por mérito próprio, associando-se assim às<br />
comemorações do segundo centenário sobre o nascimento de Edgar Allan Poe, o autor<br />
de “O Corvo”, um dos poemas mais célebres da literatura mundial. LA<br />
PEDRO TEIXEIRA DA SILVA violino Terminou o Curso Superior do Conservatório Nacional de Lisboa<br />
com 20 valores. É pós-graduado pelo Conservatório de Roterdão e frequentou a Mason Gross School<br />
of the Arts (Nova Iorque) e a Dartington International School (Inglaterra). Recebeu numerosos<br />
primeiros prémios: Juventude Musical Portuguesa, Juventude Nacional Portuguesa, Prémios Jovens<br />
Músicos, Fundação Eng.º António de Almeida e Jovens da Cultura. Tem vindo a apresentar-se como<br />
solista com as Orquestras RDP Lisboa e Porto e a participar, como músico convidado, em numerosos<br />
registos discográfi cos. É primeiro violino na Orquestra Sinfónica Portuguesa.<br />
TIAGO FLORES violino É diplomado pelo Conservatório Nacional de Lisboa em violino. Integrou, como<br />
músico convidado, a Orquestra Gulbenkian e a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Foi membro da<br />
Orquestra Sinfónica Juvenil. Participou em vários espectáculos do cantor Paulo Bragança.<br />
NUNO FLORES viola d'arco É formado pelo Conservatório Nacional de Lisboa e em Ciências Musicais<br />
na Universidade Nova de Lisboa. Integrou, entre outras, a Orquestra Sinfónica Juvenil, Orquestra<br />
da Juventude Musical Portuguesa, Orquestra Calouste Gulbenkian e Orquestra Metropolitana de<br />
Lisboa. De entre as suas colaborações, contam-se a participação no segundo trabalho discográfi co<br />
do grupo Entre Aspas e em «Mysterium» de Rodrigo Leão/Vox Ensemble. Efectuou várias digressões<br />
e gravações com o cantor Paulo Bragança e tem-se apresentado, como violinista, em numerosos<br />
locais. É violonista do grupo Quinta do Bill.<br />
CARLOS COSTA violoncelo Iniciou os seus estudos musicais aos 6 anos e terminou o Curso Superior<br />
do Conservatório Nacional de Música de Lisboa com 19 valores. Foi solista da Orquestra Sinfónica<br />
Juvenil e músico convidado da Orquestra de Câmara Robert Schumann, de Dusseldorf. Colaborou,<br />
como instrumentista, no trabalho discográfi co «Mysterium» de Rodrigo Leão/Vox Ensemble.<br />
Apresenta-se regularmente, como músico convidado, com a Orquestra Sinfónica Portuguesa e com<br />
a Orquestra Gulbenkian.<br />
315 | Actividades Paralelas_Casa das Artes
ª<br />
12edição<br />
V I L A N O V A D E F A M A L I C Ã O<br />
FAMAFEST<br />
2010<br />
14.03 a 22.03<br />
CINEMA E LITERATURA
FAMAFEST<br />
2009<br />
ÍNDICE
318 | Índice<br />
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03<br />
Armindo Costa, Presidente da Câmara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03<br />
Lauro António, Director do Famafest . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05<br />
Organização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08<br />
Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09<br />
Júri . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11<br />
Júri Internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12<br />
Júri Juventude . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29<br />
Programação Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21<br />
Obras a Concurso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29<br />
12=Amo-te, de Connie Walther (Alemanha, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30<br />
O Adeus à Brisa, de Possidónio Cachapa (<strong>Portugal</strong>, 2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30<br />
Andre Gide, Um Pequeno Ar de Família, de Jean- Pierre Prevost (Suiça, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . 31<br />
Os Anjos de Welles, de Jean-Jacques Bernard (França) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31<br />
O Caçador, de Ángel Santos Touza (Espanha, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32<br />
Caminho para Meca, de Georg Misch (Áustria, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32<br />
A Canção de Mim Próprio, de William Farley (Estado Unidos da America, 2007) . . . . . . . . . . . . .33<br />
Cântico Negro, de Helder João Lopes Magalhães (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .33<br />
O Clube da Calceta, de Antón Dobao (Espanha, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34<br />
Contrato, de Nicolau Breyner (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .34<br />
Discorama, por Glaser, de Esther Hoffenberg (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35<br />
Divórcio ao Estilo Albanês, de Adela Peeva (Bulgária, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35<br />
A Dupla Inconstância, de Carole Giacobbi (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36<br />
Fernando Lopes Graça, de Graça Castanheira (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36<br />
Godard, Amor e Poesia, de Luc Lagier (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37<br />
Grandes Livros – Os Maias, de João Osório (<strong>Portugal</strong>, 2008-2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37<br />
Guarda Livros, de Eduardo Adelino (<strong>Portugal</strong>, 2008-2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38<br />
Histórias: Primeiras Ajudas, de María Suárez e Esteban Varadé (Espanha, 2009) . . . . . . . . . . . 38<br />
Hitchcock e a “Nouvelle Vague”, de Jean-Jacques Bernard (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />
O Julgamento Kravchenko, de Bernard George (França, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />
Levantado do Chão, de Alberto Serra (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40<br />
Mestre-Cantor de Wagner, Siegfred de Hitler – A Vida e o Tempo de Max Lorenz,<br />
de Eric Schulz, Wischmann Claus (Alemanha, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40<br />
O Mistério Segundo Clarice Lispector, de Patrícia Lino (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41<br />
Nome de Código Melville, de Oliver Bohler (França, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41<br />
A Paixão “Bolero”, de Michel Follin (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42<br />
Pequenos Cabos Brancos, de Massimo Amici (Itália, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42<br />
A Rainha Morta, de Pierre Boutron (França, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43<br />
Re-Leituras para Todos, de Robert Bober (França, 2007). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43<br />
O Rei Não Morre, de Lucia Hossu Longin, Dan Necsulea (Roménia, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44<br />
Revendo “Lire c’est Vivre”, de Robert Bober (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44<br />
O Senhor X, de Jean-Phillippe Puymartin & Marianne Basler (França, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . 45<br />
Simone de Beauvoir, Uma Mulher Actual, de Dominique Gros (França, 2007) . . . . . . . . . . . . . . 45<br />
O Triângulo Imperfeito, de Jorge Bompart (Argentina, 2009) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46<br />
Laura Soveral, de Graça Castanheira (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47<br />
Humberto Delgado, Obviamente Demito-o!, de Lauro António (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . .47<br />
Pessoalmente Maria do Céu Guerra, de Frederico Corado (<strong>Portugal</strong>, 2008) . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Da Palavra à Imagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49<br />
Austrália . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50<br />
O Cavaleiro das Trevas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54<br />
Corações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58<br />
Destruir Depois de Ler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60<br />
O Dia em Que a Terra Parou . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62<br />
Ensaio Sobre a Cegueira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64<br />
Este País Não É Para Velhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68<br />
O Estranho Caso de Benjamin Button . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .72<br />
Frost/Nixon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .77<br />
Gomorra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .81<br />
Haverá Sangue . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83<br />
Revoltionary Road . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86<br />
Sedução, Conspiração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90<br />
A Troca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93<br />
Tropa de Elite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97<br />
A Turma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101<br />
A Valsa com Bashir . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105<br />
A Viagem ao Centro da Terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108<br />
Virtude Fácil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109<br />
Homenagem a Edgar Allan Poe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113<br />
The Raven, 1 Versão e 3 Traduções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114<br />
Edgar Allan Poe no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127<br />
Notas Sobre Edgar Allan Poe no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .128<br />
Outros Filmes do Ciclo Corman-Poe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155<br />
Algumas Outras Obras de Edgar Allan Poe no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173<br />
Edgar Allan Poe – Fichas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181<br />
Edgar Allan Poe – Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215<br />
Os Filmes Apresentados no Ciclo Dedicado a Edgar Allan Poe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .216<br />
Machado de Assis no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217<br />
Machado de Assis no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .218<br />
Machado de Assis – Cronologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226<br />
Machado de Assis – Bibliografi a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229<br />
Machado de Assis – no Cinema e na Televisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230<br />
Yukio Mishima no Cinema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233<br />
Notas Sobre Mishima, o Escritor, o Cinema, o Teatro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234<br />
Yukio Mishima – Filmografi a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239<br />
Duas Cartas de Mishima a Kawabata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 242<br />
Homenagem a Alexandre Soljenitsin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243<br />
Alexandre Soljenitsin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244<br />
Alexandre Soljenitsin – Filmografi a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250<br />
Robert Wilson/Peter Brook – Mostra FICAP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251<br />
Robert Wilson . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252<br />
Robert Wilson, Um Olhar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .255<br />
Robert Wilson – Trabalhos Teatrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258<br />
Conversas com Peter Brook 1970-2000 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262<br />
Peter Brook . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 266<br />
Peter Brook – Teatro, Livros e Televisão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 267<br />
319 | Índice
320 | Índice<br />
Homenagem a Carmen Miranda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .269<br />
Homenagem A Carmen Miranda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270<br />
Filmografi a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276<br />
80 Anos de Tintim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277<br />
Os 80 Anos de Tintim – As Aventura de Tintim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 278<br />
Cinema Português . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .289<br />
Amália . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290<br />
Só Animação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293<br />
Bolt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294<br />
A Lenda de Despereaux . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295<br />
Madagascar 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296<br />
Wall•E . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297<br />
Homenagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301<br />
O Passeio do Famafest . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302<br />
Luis Miguel Cintra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303<br />
Laura Soveral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 304<br />
Mário Cláudio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 305<br />
Suzana Borges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 306<br />
Urbano Tavares Rodrigues . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 307<br />
Actividades Paralelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .311<br />
Carlos do Carmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 312<br />
Corvos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .314