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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SULFACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANASPROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA DAS SOCIEDADES IBÉRICAS EAMERICANASMARCIA RAQUEL DE BRITO SARAIVAPINDURICALHOS DA MEMÓRIA: USOS E ABUSOS DOS OBELISCOS NOBRASIL (SÉCULOS XIX, XX E XXI)Porto Alegre2007


5AGRADECIMENTOSDurante a realização <strong>de</strong>sta pesquisa, formou-se uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> colaboradores, os quaispreciso agra<strong>de</strong>cer.A CAPES, pela concessão da bolsa <strong>de</strong> mestrado, sem a qual não teria sido possívelrealizar a pesquisa.A Profa. Dra. Margaret Marchiori Bakos, pela excelente orientação, pelo incentivo,por sua paciência e disposição, por sua compreensão, por acreditar na minha capacida<strong>de</strong> epela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar com um tema pioneiro e fascinante.A todas as Secretarias <strong>de</strong> Educação, <strong>de</strong> Cultura e <strong>de</strong> Turismo, Museus, Casas <strong>de</strong>Cultura, Ouvidorias e <strong>de</strong>mais estabelecimentos que respon<strong>de</strong>ram às nossas correspondências,permitindo a realização <strong>de</strong>sta pesquisa.A todas as pessoas que contribuíram com informações sobre os obeliscos, pois se tornadifícil citar todos os nomes, embora seja impossível esquecer <strong>de</strong> alguém.À Direção do Instituto <strong>de</strong> Educação General Flores da Cunha e às professoras AndréaFraga, Eliane Costa e Cláudia Me<strong>de</strong>iros, pela realização dos questionários.À Direção da Escola Técnica Dimensão pelo apoio e pela realização dos questionários.Aos Professores Dr. Fábio Vergara Cerqueira e Dra. Elisabeth Rocha<strong>de</strong>l Torresini, poraceitarem constituir a Banca Examinadora.Ao grupo CEJHA, pela colaboração, oportunida<strong>de</strong>s e convívio, especialmente à AnaPaula e Karine.Aos funcionários da PUCRS, em especial a Carla e ao Davi do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em História.


6Aos professores do curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em História.Ao Prof. Dr. Arnoldo Doberstein, pela colaboração e pelo incentivo.A Carla e Roberta, pelo carinho e amiza<strong>de</strong>.Aos meus pais, Jair e Olívia, pelo apoio, pela preocupação e pelo carinho.Jarbas, Ja<strong>de</strong>r, Andréa e Ana Paula, pelas horas que passaram me ouvindo e meincentivando, e por suas colaborações; Nathalie, pela colaboração, pela paciência, peladisposição e por me incentivar sempre.A Nelson, Lenara e família, pela colaboração, pelo carinho e pela valorização.Por fim, ao Vinicius, pelo início e pelo fim <strong>de</strong>ste trabalho, por dar sentido a tudo isto,por me esperar, e por ser, sempre, meu porto seguro.


7RESUMOA presente dissertação trata das apropriações feitas dos obeliscos no Brasil, a partir <strong>de</strong>um levantamento quantitativo da existência <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> monumento no país. São 188obeliscos localizados em 20 diferentes Estados. Este número revela uma participaçãosignificativa <strong>de</strong>ste monumento na construção da história nacional, enquanto guardião damemória <strong>de</strong> personagens e <strong>de</strong> fatos <strong>de</strong>stacados a partir <strong>de</strong> um imaginário coletivo.


8ABSTRACTThis dissertation treats about appropriations done of obelisks in Brazil, through aquantitative research of the existence of this kind of monument in our country. There are 188obelisks located in 20 different states. This number shows a significative participation of thiskind of monument in the building of our national history, while guardian of personalities andfacts memories from the collective imaginary.


9SUMÁRIOINTRODUÇÃO.............................................................................................................111 – OBELISCOS – SENTIDOS ANTIGOS E MODERNOS................................231.1 Características que dificultam <strong>de</strong>scobrir os sentidos dos obeliscos.............291.2 - O obelisco e a questão da memória..............................................................312 - OBELISCOS ─ GUARDIÕES DA HISTÓRIA GAÚCHA...............................452.1 - Obelisco e o imaginário................................................................................462.2 - O obelisco: sua a inserção na literatura e no cinema...................................582.2.1 - O obelisco e a literatura ................................................................592.2.2 - O obelisco e o cinema....................................................................662.2.3 – O obelisco: outros usos.................................................................712.3 - O obelisco: o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e a Revolução Farroupilha.......................772.4 - O obelisco: o monumento e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>................ .....................................972.5 - O monumento hoje.......................................................................................1053 - OS OBELISCOS NO BRASIL...............................................................................114


103.1 - Os obeliscos no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul...........................................................1143.1.1 Obeliscos no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, exceto Porto Alegre:................1163.2 - Obeliscos nos <strong>de</strong>mais estados brasileiros..................................................1163.2.1 Santa Catarina ............................................................................1163.2.2 Paraná .........................................................................................1163.2.3 São Paulo.....................................................................................1173.2.4 Amapá .........................................................................................1173.2.5 Distrito Fe<strong>de</strong>ral ............................................................................1183.2.6 Sergipe.........................................................................................1183.2.7 Minas Gerais................................................................................1183.2.8 Rio <strong>de</strong> Janeiro..............................................................................1193.2.9 Pernambuco................................................................................. 1193.2.10 Piauí ...........................................................................................1193.2.11 Mato Grosso...............................................................................1203.2.12 Bahia ..........................................................................................1203.2.13 Acre............................................................................................ 1213.2.14 Mato Grosso do Sul ....................................................................1213.2.15 Espírito Santo..............................................................................1213.2.16 Pará ............................................................................................1213.2.17 Rio Gran<strong>de</strong> do Norte..................................................................1223.2.18 Paraíba........................................................................................1223.2.19 Alagoas ......................................................................................1223.3 Obeliscos brasileiros: classificação.........................................................................123CONCLUSÃO .............................................................................................................193ANEXOS......................................................................................................................197REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS......................................................................224


11INTRODUÇÃOAs cida<strong>de</strong>s são as paisagens contemporâneas 1 . Essa contemporaneida<strong>de</strong> calca-se emelementos que, embora presentes, não são atuais. Exemplo disso são os prédios antigos, ruas,praças e monumentos que, muitas vezes, passam <strong>de</strong>sapercebidos a um olhar habitualmentealheio a sua presença. Esse cenário silencioso, mas vivo, <strong>de</strong>veria provocar um diálogo com oobservador, o que raramente ocorre. Quando acontece a comunicação entre os objetos docenário e seu observador, o diálogo permeia, com certeza, a importância e o testemunho dosfatos e personagens que, <strong>de</strong> algum modo, outrora influenciaram ou produziram a história emseus respectivos lugares.Os monumentos, portanto, são marcas, indícios, escolhas feitas e portadoras <strong>de</strong>sentido, informação e propósito. São heranças ─ patrimônio ─ que ajudam a construir a nossahistória, ou parte <strong>de</strong>la.Nelson Peixoto, assim se refere às paisagens urbanas:Cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> histórias, dotadas do peso e da permanência das extraordinárias paisagens.Horizontes <strong>de</strong> pedra, on<strong>de</strong> o mais mo<strong>de</strong>rno convive com a <strong>de</strong>cadência, o futuro com a1 PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens Urbanas. 3ª Edição. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2004.


12antiguida<strong>de</strong>. Um solo arcaico, juncado <strong>de</strong> vestígios e lembranças. Visões da cida<strong>de</strong>como um sítio arqueológico. (PEIXOTO, 2004:13).Partindo-se do pressuposto <strong>de</strong> que <strong>de</strong>va haver uma interlocução entre os cenáriosurbanos e seus observadores, questiona-se:Como acontece, hoje, a relação entre o observador e o monumento?Antes <strong>de</strong> analisar essa questão, recorre-se a um breve histórico sobre a existência <strong>de</strong>monumentos e sua catalogação em Porto Alegre.Na década <strong>de</strong> 1960, Riopar<strong>de</strong>nse <strong>de</strong> Macedo fez apontamentos e analisou osmonumentos públicos na capital gaúcha.Em seu estudo intitulado Normas Gerais para Levantamento e Estudo dosMONUMENTOS E MARCOS COMEMORATIVOS das Praças e Parques <strong>de</strong> Porto Alegre 2divulgou um levantamento quantitativo das esculturas públicas da cida<strong>de</strong>, dividindo as peçasem quatro grupos, estabelecendo para o seu fichamento técnico:1 - Fontes, chafarizes e lagos;2 - Monumentos e Estátuas eqüestres;3 - Bustos, Hermas e Esculturas;4 - Obeliscos e Marcos comemorativos.Na classificação <strong>de</strong> Macedo, o obelisco foi consi<strong>de</strong>rado obra ímpar, catalogado junto aoutro tipo <strong>de</strong> monumento. A proposta do projeto apresenta todas as classificações e critériosadotados para o levantamento e retrata a serieda<strong>de</strong> com que Macedo trata a temática. O autorfinaliza, dizendo:[...] Como se vê, a parte do levantamento necessário a este programa [...] já representaum trabalho <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> para a administração da cida<strong>de</strong> e para finalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>or<strong>de</strong>m turística e didática. Os itens 15° e 16° se referem a trabalhos necessários para<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peças <strong>de</strong> mau gosto e evitar a concentração <strong>de</strong>las em poucosespaços centrais, <strong>de</strong>ixando os <strong>de</strong>mais vazios do enriquecimento que elasproporcionam. O início do programa interessa aos historiadores, e o restante vai ser2 ARQUIVO HISTÓRICO MOISÉS VELHINHO. Conforme documento encontrado na Caixa 1 - Monumentos.


13importante para os profissionais <strong>de</strong> áreas plásticas, da arquitetura, <strong>de</strong> urbanismo e <strong>de</strong>paisagismo (MACEDO, 1967) 3 .Macedo também chamou a atenção para a existência <strong>de</strong> diferentes finalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ummesmo monumento, o qual, às vezes, homenageava inúmeros fatos e personagens. Essaprática bastante utilizada também se evi<strong>de</strong>nciou no presente estudo, constatando-se, no<strong>de</strong>correr da pesquisa, que gran<strong>de</strong> parte dos obeliscos representa mais <strong>de</strong> uma memória.Consi<strong>de</strong>rando a importância da construção <strong>de</strong> um cadastro geral <strong>de</strong> monumentos dacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre, o professor Macedo escreveu:Como já dissemos, muitas vezes o grau <strong>de</strong> significação (significância) e o <strong>de</strong>informação (informância) são baixíssimos e então, diante da peça, nos perguntamos:Por que terão construído este monumento? Ou então: o que quer dizer isto? (...)Outras vezes tivemos dificulda<strong>de</strong> para escolher a evocação que <strong>de</strong>veríamos elegernum <strong>de</strong>terminado monumento. O monumento a Julho <strong>de</strong> Castilhos é, também, ummonumento à República e não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> sê-lo, também, à Revolução Francesa (notopo do obelisco figura a data <strong>de</strong> 1789). Na Avenida Sepúlveda, a ColôniaPortuguesa, através <strong>de</strong> um obelisco homenageia a Revolução Farroupilha e, aomesmo tempo, José Marcelino <strong>de</strong> Figueiredo, o fundador da cida<strong>de</strong>; mais tar<strong>de</strong> osescoteiros ali colocaram uma placa homenageando-se a si mesmos e ao “centenário”<strong>de</strong> Porto Alegre. Afinal: Que evocação se <strong>de</strong>veria adotar? Usamos sempre o que nospareceu original e intenção primeira” 4 .Em correspondência <strong>de</strong>stinada ao Diretor da divisão <strong>de</strong> Cultura/SMEC, Sr. LuisOsvaldo Leite, em 1976, o professor Macedo, então responsável pelo Arquivo Histórico <strong>de</strong>Porto Alegre, criticou com veemência a prática <strong>de</strong> uma segunda evocação (<strong>de</strong> homenagearmuitas coisas, fatos, pessoas em um mesmo objeto) aos monumentos já consagrados,sugerindo eliminá-la ou regulamentá-la para:...evitar que peças consagradas <strong>de</strong>ste equipamento <strong>de</strong> comunicação visual setransformem em verda<strong>de</strong>iras árvores <strong>de</strong> natal, repletas <strong>de</strong> penduricalhos que po<strong>de</strong>m,eventualmente, significar <strong>de</strong>srespeito à intenção primeira e, principalmente,3 Os itens citados pelo autor po<strong>de</strong>m ser encontrados na íntegra no documento original.4 Arquivo Histórico <strong>de</strong> Porto Alegre Moisés Vellinho. Caixa “Monumentos” – 1.


14confundir o turista ou o próprio povo porto-alegrense no conhecimento da históriario-gran<strong>de</strong>nse... 5O objeto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>sta pesquisa é o obelisco, monumento que compõe o cenárioda cida<strong>de</strong>, embeleza e contém significado. Usado no Antigo Egito para divulgar realizações<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados personagens, em sua forma original aludia a um único agente da história.Quando outro assumia o po<strong>de</strong>r, as referências antigas eram apagadas e substituídas por novas,continuando com a função <strong>de</strong> carregar uma só memória.Numa alusão à linguagem usada pelo poeta Mario Quintana, preten<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>rquais os “fantasmas” que assombram os obeliscos, quais as memórias presentes nessasconstruções originadas no seio da antiguida<strong>de</strong> Egípcia.“Não gosto <strong>de</strong> arquitetura novaporque arquitetura nova não faz casas velhas.Não gosto das casas novasPorque as casas novas não têm fantasmas.E quando digo fantasmasNão quero dizer essas assombrações vulgares,Que andam por aí” (QUINTANA. A lira dos quintanares).O Antigo Egito fascina estudiosos <strong>de</strong> sua história, seja a respeito <strong>de</strong> seus mitos, <strong>de</strong>sua escrita, <strong>de</strong> seus governantes, ou <strong>de</strong> suas magníficas construções. Essa civilização resistiu ainvasões, saques, ao tempo, ao esquecimento e, ainda hoje, proporciona olhares novos einstigantes sobre os diferentes aspectos <strong>de</strong> sua cultura 6 .5 I<strong>de</strong>m: correspondência. (os monumentos usados para exemplificar tal prática são o monumento ao Rio Branco,frente ao antigo prédio dos Correios e Telégrafos e o Monumento a Sepúlveda, frente ao portão central do cais).6 O fascínio pelo Egito antigo também me atingiu, a exemplo <strong>de</strong> Margaret Marchiori Bakos, pioneira no estudo<strong>de</strong> Egiptomania no Brasil. É ela quem primeiro atenta para as reutilizações dos elementos egípcios <strong>de</strong>ntro doterritório brasileiro. Em 1987, na University College London, on<strong>de</strong> tem início sua formação sobre Egito Antigo,Bakos percebe que o seu interesse sobre o assunto 6 causa estranhamento: o que leva uma brasileira a interessarsepela antiguida<strong>de</strong> egípcia? A partir <strong>de</strong> então, inicia um longo período <strong>de</strong> estudos para respon<strong>de</strong>r à indagações<strong>de</strong>ssa pesquisa que, atualmente, conta com membros espalhados por todo Brasil, sob sua coor<strong>de</strong>nação.Interessei-me pelo projeto Egiptomania no Brasil Séculos XIX e XX, elaborado por Bakos e fomentadopelo CNPq, contando com auxílio <strong>de</strong> pesquisadores no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Rio Gran<strong>de</strong> do


16Já, fora do Brasil, os obeliscos aparecem, especificamente, nos estudos <strong>de</strong> LabibHabachi e Fekri A. Hassan. 8Habachi estudou os obeliscos egípcios <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua origem e significado até os achados<strong>de</strong> escavações atuais, para obter informações sobre os monumentos remanescentes daantiguida<strong>de</strong>. O autor relatou os motivos que levavam os egípcios a erguer esses monumentos eimprimir escritos encontrados naqueles que sobreviveram às intempéries, e que aindamantêm seus textos originais. A partir <strong>de</strong> suas afirmações, o obelisco se revela um suporte <strong>de</strong>memória consagrado aos <strong>de</strong>uses e ao faraó.Por sua vez, Hassan constatou a apropriação <strong>de</strong> obeliscos pelos governos imperialistas,relacionando o seu significado original com o significado atribuído em cada apropriação.Para esse autor, os obeliscos foram tratados e investidos <strong>de</strong> funções i<strong>de</strong>ológicas conforme operíodo da história, mas continuam sendo um símbolo <strong>de</strong> dominação e hegemonia cultural.O objetivo do presente estudo é enten<strong>de</strong>r a reutilização <strong>de</strong>sses monumentos daAntiguida<strong>de</strong> Egípcia principalmente na atualida<strong>de</strong> brasileira; ou seja, as diferentes atribuiçõese formas que esse monumento foi adquirindo, ao longo <strong>de</strong> aproximados 5000 anos <strong>de</strong>existência.Os marcos cronológico e <strong>de</strong> espaço se referem à presença <strong>de</strong> monumentos no RioGran<strong>de</strong> do Sul, e preten<strong>de</strong>-se elucidar o histórico do monumento, no país, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiroobelisco construído e datado - obelisco do Chafariz das Saracuras, 1748 9 - até o último <strong>de</strong> quese tem conhecimento - Réplica do Obelisco que homenageia o Acordo <strong>de</strong> Ponche Ver<strong>de</strong>,2004. Por não haver um mo<strong>de</strong>lo metodológico para constituir o corpos documental dapesquisa, realizaram-se várias formas <strong>de</strong> experimentos para obter informações:8 HABACHI, Labib. The Meaning of Obelisks.IN: THE OBELISKS OF EGYPT: Skyscrapers of the Past. Editedby Charles C. Van Siclen III. London: J.M.DENT & SONS LTD, 1984.HASSAN, Fekri A. Imperialist Apropriations of Egyptian Obelisks. IN: JEFFREYS, David. Views Of AncientEgypt Since Napoleon Bonaparte: Imperialismo, colonialism and mo<strong>de</strong>rn appropriations. London: UCL Press,2003.9 BAKOS, op. Cit. p. 60.


171 – Envio <strong>de</strong> carta às secretarias estaduais do País (<strong>de</strong> Cultura, Turismo e Educação) 10 ;2 – Envio <strong>de</strong> mensagens eletrônicas à Casas <strong>de</strong> Cultura, ouvidorias, Museus, ou outrocontato com o qual se pu<strong>de</strong>sse obter respostas ou, ainda, que fosse encontrado na internet;3 - Pesquisas na Internet;4 - Pesquisas em livros sobre municípios;5 - Contatos com pessoas que moram em diferentes cida<strong>de</strong>s;6 – Visita a sítios on<strong>de</strong> existiam obeliscos 11 ;7 –Colaboração <strong>de</strong> pessoas que viajaram e encontraram o monumento;8 – Exame <strong>de</strong> filmes e documentários 12 ;10 No ano <strong>de</strong> 2003, em julho, forma enviadas as primeiras correspondências, en<strong>de</strong>reçadas às Prefeituras dascida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Porto Velho (RO), Manaus (AM), Imperatriz (MA), Fortaleza (CE), João Pessoa e Campina Gran<strong>de</strong>(PB), Arapiraca (AL), Aracaju (SE), Salvador (BA), Cárceres, Rondonópolis e Campo Gran<strong>de</strong> (MT), Dourados(MS), Belo Horizonte e Juiz <strong>de</strong> Fora (MG), Ribeirão Preto (SP), Petrópolis (RJ), Joinvile, Curitiba, Foz doIguaçu e Londrina (PR), Florianópolis (SC), Gurupá (PA), Rio Branco (AC), Recife (PE), Penedo (AL), Angrados Reis, Macaé, Cabo Frio e Mangaratiba (RJ). Também para as secretarias <strong>de</strong> governo: Rio Branco (AC),Maceió (AL), Macapá (AP), Manaus (AM), Salvador (BA), Meirelles (CE), Vitória (ES), Recife (PE), Terezinae Parnaíba (PI), Rio <strong>de</strong> Janeiro, (RJ), São Luis (MA), Cuiabá (MT), Campo Gran<strong>de</strong> e Corumbá (MS), BeloHorizonte (MG), Belém (PA), João Pessoa (PB), Penedo (AL), Curitiba e Cascavel (PR), Florianópolis (SC),São Paulo (SP), Aracaju (SE), Natal (RN), Porto Velho (RO), Palmas (TO), Fundação Cultural do Mato Grosso,Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Espírito Santo. No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, as correspondências foram <strong>de</strong>stinadas às Secretarias <strong>de</strong>Turismo (SMT), Cultura (SMC), ou Prefeitura Municipal (PM): Pelotas (Dep. Turismo), Bom Retiro do Sul(PM), Não-Me-Toque (SMT), Santana do Livramento (SMT), Santiago (SMT), Passo Fundo (SMT), e para asPrefeituras <strong>de</strong> Caxias do Sul, Camaquã, Bossoroca, Aceguá, Água Santa, Agudo, Alecrim, Alegrete, AmaralFerrador, André da Rocha, Anta Gorda, Antonio Prado, Araricá, Aratiba, Arroio do Sal, Arroio do Tigre, Arroiodos Ratos, Arroio Gran<strong>de</strong>, Arvorezinha, Bagé, Balneário Pinhal, Barão, Barão do Cotegipe, Barra do Quarai,Barra do Ribeiro, Barracão, Benjamin Constant, Boa Vista das Missões, Boa Vista do Buricá, Boa Vista do Sul,Bom Jesus, Bom Princípio, Bom Retiro do Sul, Boqueirão do Leão, Brochier, Butiá, Caçapava do Sul, Cacequi,Cambará do Sul, Campo Bom, Can<strong>de</strong>lária, Canela, Carazinho, Carlos Barbosa, Casca, Cidreira, Cotiporá,Encantado, Estrela, Farroupilha, Feliz, Fre<strong>de</strong>rico Westphalen, Gramado, Guarani das Missões, Igrejinha. Emresposta, chegaram cartas das seguintes localida<strong>de</strong>s: Ribeirão Preto, Salvador, Belo Horizonte, Terezina,Distrito Fe<strong>de</strong>ral, Mangaratiba, Parnaíba, Paraíba, Natal, Manaus, Espírito Santo, Cuiabá – todas respondidaspelas Secretarias <strong>de</strong> Turismo ou Cultura; Fundação Franklin Cacaes (SC). No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, respon<strong>de</strong>ramas secretarias das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Caxias do Sul, Caçapava, Camaquã, Bossoroca, Cotiporã e Can<strong>de</strong>lária. Por e-mail,correspondência <strong>de</strong> Arapiraca, Belo Horizonte (SME), Patrimônio Cultural <strong>de</strong> Foz do Iguaçu, Fortaleza,Fundação Gregório <strong>de</strong> Mattos (BA), Santa Catarina, Paraná (SEC), FUNCED (MG), Belo Horizonte(SMC),Fundação <strong>de</strong> Cultura e Turismo <strong>de</strong> Petrópolis, Paraíba (SEC), Juiz <strong>de</strong> Fora (Diretoria <strong>de</strong> Política Urbana),Tocantins (SEC), Agência Goiânia <strong>de</strong> Cultura, Patrimônio Histórico <strong>de</strong> Maringá, Macapá, Canela (SMT), Casca(SME), Cambará do Sul (SME), Gramado (SMT), Bagé.11 As cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Triunfo, General Câmara, São Jerônimo, Morro Reuter, Caxias do Sul, Novo Hamburgo, RioGran<strong>de</strong>, Pelotas, Viamão, Capão da Canoa, João Pessoa, <strong>de</strong>ntre muitas outras que foram visitadas.12 Os filmes foram assistidos sempre ao acaso. Deus é brasileiro, <strong>de</strong> Cacá Diegues, é o único filme nacionalassistido on<strong>de</strong> aparece um obelisco localizado em Penedo, Alagoas. No cinema internacional, o obelisco aparece


189 – Estimulo ao interesse e à colaboração <strong>de</strong> pessoas, mediante convites pessoais emJornadas, em encontros e até mesmo fora do meio acadêmico.Toda e qualquer informação recebida sobre um monumento foi preciosa: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a data<strong>de</strong> construção, o nome do construtor, as informações constantes nas placas (caso aspossuíssem ou alguma grafia no corpo do monumento), a imagem e, principalmente, o motivoda sua construção.Um exemplo do grau máximo das buscas efetuadas por obeliscos e <strong>de</strong> quão engajadosse precisa estar nessa pesquisa foi dado por Margaret Bakos, em seu livro Egiptomania noBrasil. A autora conta sua experiência:Como exemplo <strong>de</strong> como o acaso colaborou com nossa pesquisa, citamos o modocomo foram encontrados dois chafarizes, construídos no século XVIII por MestreValentim, magníficos exemplos <strong>de</strong> reutilização <strong>de</strong> elementos da cultura egípcia nomobiliário urbano brasileiro. Em visita ao Rio <strong>de</strong> Janeiro, em 2001, foram avistadosao longe, do interior do táxi que me levava à Ipanema. O motorista <strong>de</strong>ve lembrar,provavelmente, do tom emocionado com que pedi para que parasse o carro, para onecessário registro fotográfico da <strong>de</strong>scoberta (BAKOS, 2004:57).O mesmo tipo <strong>de</strong> acaso po<strong>de</strong> ser observado quando se vê em filmes monumentos <strong>de</strong>ssaor<strong>de</strong>m, por exemplo, nos filmes Deus é brasileiro, <strong>de</strong> Cacá Diegues; a Profecia – O início;Planeta dos Macacos; Senhor dos Anéis – A Socieda<strong>de</strong> do Anel; Código Da Vinci; VanHelsing, entre outros.No filme Deus é brasileiro, a cena em que aparece o obelisco é muito rápida e ele estánum segundo plano, na rua por on<strong>de</strong> caminham as personagens. Há um diálogo entre Deus e ohomem que vai acompanhá-lo durante sua estadia no local, e, sem dúvida, foi o anseio pelaprocura do monumento que me permitiu direcionar o olhar para o fundo da cena,completamente <strong>de</strong>scomprometida com o enredo do filme.nos filmes O Código Da Vinci, o Exorcista III, Van Helsin, Senhor dos Anéis, Planeta dos Macacos,In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nce Day. Dentre os documentários que assisti, um dos mais recentes foi exibido no Fantástico, em2006, tratando-se do obelisco da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pau <strong>de</strong> Ferros. O tema era sobre o problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> gerado pelasminas locais, e o obelisco apareceu, rapidamente, num panorâmico sobre a cida<strong>de</strong>.


19O fato <strong>de</strong> o obelisco ser o foco <strong>de</strong>sta pesquisa propiciou o ato <strong>de</strong> vê-lo com maisfreqüência nos lugares mais variados, mas, certamente, esses monumentos passam<strong>de</strong>spercebidos à maioria das pessoas que passam por eles. Isto porque, talvez, se negligencie aatenção ao que está ao <strong>de</strong>rredor ou porque essa mesma atenção se volte para o interesseimediato <strong>de</strong> outras questões. Além disso, o vocábulo obelisco raramente aparece na falacoloquial ou escrita, que não seja acadêmica ou a que trate <strong>de</strong> sua especificida<strong>de</strong>, sem contar aextensão territorial do Brasil e a parca inserção dos monumentos nas divulgações turísticas oupatrióticas.Esses fatores, todavia, não dificultaram a pesquisa ora apresentada, servindo, sim, <strong>de</strong>impulsos para a busca <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong>sses obeliscos embora a gran<strong>de</strong> distância entre ume outro, em um País continental do porte do Brasil.O objeto <strong>de</strong> estudo é, por <strong>de</strong>finição, um obelisco, um monumento. Esta premissatornou necessário verificar qual a função atribuída aos monumentos nos diferentes espaços <strong>de</strong>convivência social nos quais se inserem.Por sua vez, a fundamentação teórica elaborada preten<strong>de</strong>u ser o lastro para dar suporteàs questões propostas no inicio da pesquisa e subsidiar a escrita <strong>de</strong> uma dissertação, comautores que contemplam temáticas sobre os monumentos, a memória, o imaginário social, opatrimônio histórico, entre outros 13 .Segundo Françoise Choay, um monumento significa mais do que um adorno. Eleencerra um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> preservação <strong>de</strong> memória e, mais que informar, ele ativa dados através daemoção revividos diante <strong>de</strong>le 14 . Portanto sua função está diretamente ligada à memória.13BAKOS, Margaret Marchiori, HUMBERT, Jean-Marcel, HASSAN, Fekri A. e HABACHI, Labib;IZQUIERDO, Iván e LE GOFF, Jacques; CHOAY, Françoise e FUNARI, Pedro Paulo; JACKS, Nilda;BACKZO, Bronislaw e CARVALHO, José Murilo; HELLER, Agnes; HOBSBAWN, Eric, CHARTIER, Roger,etc.14 CHOAY, Françoise. Introduction: Monument and Historic Monument. IN: The Invention of HistoricMonument. Tradução <strong>de</strong> Lauren M. O’Connell. Cambridge: University Press, 2001


20A função do monumento, enquanto suporte da memória, é <strong>de</strong>legada a partir docoletivo. O imaginário social, segundo Baczko, é a elaboração da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umasocieda<strong>de</strong>, sendo, ainda, uma das forças <strong>de</strong> domínio do coletivo. Constituindo uma ferramenta<strong>de</strong> controle da vida coletiva, o imaginário torna-se, também, um dos controladores doexercício da autorida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r 15 . Assim, percebe-se a importância <strong>de</strong> assimilar cadamonumento construído como o suporte <strong>de</strong> uma memória que, além <strong>de</strong> preservada, precisa serentendida.Partindo-se <strong>de</strong>sse pressuposto, é difícil não lamentar a má conservação <strong>de</strong> muitos dosmonumentos existentes e o quase total <strong>de</strong>sconhecimento da sua significação. Eles constituemparte importante do patrimônio histórico que, como explica Françoise Choay, é a expressãoutilizada para <strong>de</strong>signar um bem <strong>de</strong>stinado ao usufruto <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>. A maneira comque se trata o nosso monumento <strong>de</strong>veria refletir essa inquietação, pois são artefatos quecarregam em si elementos reveladores <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> e das questões relativas a suahistória (CHOAY. 2001:11).Salienta-se que a exclusivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa pesquisa sobre Egiptomania no Brasil e, no caso,sobre os obeliscos no país, provocou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se obter explicações e referenciais atéentão inexistentes. Nesse momento se <strong>de</strong>stacou a contribuição <strong>de</strong> Margaret Marchiori Bakos,estudiosa <strong>de</strong> relevância inquestionável do assunto, quando ela utilizou o conceito <strong>de</strong>transculturação 16 , da reutilização dos elementos egípcios por uma cultura que está “a umoceano <strong>de</strong> distância do povo criador da mesma”:15 BACZKO, Bronislaw. Imaginário Social. In: Enciclopédia Einaudi. Antrophos-Homem. (trad. Port.) Vila daMaia, Portugal: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1985, V. 516 Fernando Ortiz ao fazer um estudo sobre Cuba e os diversos fenômenos que lá se originam, utiliza o termotransculturação. Ortiz enten<strong>de</strong> que este termo “(...) expressa melhor o processo <strong>de</strong> transição <strong>de</strong> uma cultura paraoutra, porque este processo não consiste somente em adquirir uma cultura diferente, o que, a rigor, significa ovocábulo anglo-saxão acculturação, porém o processo implica também, necessariamente, na perda,<strong>de</strong>senraizamento <strong>de</strong> uma cultura anterior, o que po<strong>de</strong>ria chamar-se <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sculturação parcial, e além do mais,significa a criação conseqüente <strong>de</strong> novos fenômenos culturais, que se po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>nominar neo-culturais. Enfim,como bem sustenta a escola <strong>de</strong> Malinowski, em todo <strong>enlace</strong> <strong>de</strong> cultura ocorre o mesmo que na cópula genital <strong>de</strong>


21De fato, o gosto pela re/utilização <strong>de</strong> elementos da cultura egípcia antiga, no Brasil,chegou até nós vindo da África às Américas, ao sabor das etnias, <strong>de</strong> credos e <strong>de</strong>valores mundanos muito diferenciados. Tais práticas se constituem, além <strong>de</strong>exemplares únicos, em fragmentos preciosos <strong>de</strong> um fenômeno <strong>de</strong> transculturação <strong>de</strong>longa duração, que vem atravessando espaços oceânicos e continentais em ummovimento contínuo e intermitente: a apropriação, por outras culturas, <strong>de</strong>elementos do antigo Egito. Elas <strong>de</strong>monstram que a civilização oci<strong>de</strong>ntal foiconstruída tomando algumas peças <strong>de</strong> empréstimo ao oriente, ainda que o mosaicoresultante fosse sempre diferente, essencialmente ele era o mesmo”.“(...) É que essa última (a Egiptomania) não condiciona a apropriação <strong>de</strong> elementosdo Antigo Egito, ao conhecimento específico e erudito <strong>de</strong> seu significado original, àépoca <strong>de</strong> sua criação, mas à sensibilida<strong>de</strong> daqueles que a utilizam, seja paraexpressão artística, seja para a venda <strong>de</strong> algum produto. 17A questão mais intrigante durante o levantamento <strong>de</strong> obeliscos foi a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> queeles podiam ser concebidos , em seu formato, diferentes do módulo padrão utilizado naAntiguida<strong>de</strong>. Alguns até suscitaram dúvida sobre a apropriação <strong>de</strong> sua indicação, mas a visãoanalítica <strong>de</strong> Margaret Bakos proporcionou o direcionamento da pesquisa aqui apresentada.Sob essa mesma orientação propõe-se as reflexões a seguir, na tentativa <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r are-apropriação dos obeliscos no território brasileiro, tendo como norte Agnes Heller, em seulivro Uma Teoria da História 18 , quando diz:Toda recordação que passou é uma interpretação: reconstruímos nosso passado. Asexperiências que tivemos, nossos interesses, sincerida<strong>de</strong>s e insincerida<strong>de</strong>s, tudo istomodifica aquilo que reconstruímos, o modo pelo qual fazemos e o tipo <strong>de</strong>significação que atribuímos ao passado reconstruído. Em síntese, mudamos nossopassado através <strong>de</strong> uma interpretação seletiva. ( HELLER, 1993. p. 53)À luz do pensamento <strong>de</strong> Heller, analisam-se os dados obtidos, a partir <strong>de</strong> uma leituraancorada na compreensão <strong>de</strong> suas origens, nas construções egípcias, a fim <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r osindivíduos: a criança sempre tem algo <strong>de</strong> seus progenitores, mas sempre algo diferente <strong>de</strong> cada um dos dois nasua totalida<strong>de</strong>, o processo é transculturação, e esse vocábulo compreen<strong>de</strong> todas as fases da parábola” . ORTIZ,Fernando. Do fenômeno social da transculturação e sua importância em Cuba. Tradução: Lívia Reis. In: Elcontrapunteo cubano <strong>de</strong>l azucar y <strong>de</strong>l tabaco. Cuba: Editorial <strong>de</strong> ciências sociales, La Habana, 1983.17 BAKOS, Margaret Marchiori. O Egito Antigo: na fronteira entre ciência e imaginação. IN: NOBRE, C.,CERQUEIRA, F; POZZER, K. (ed.).Fronteiras & Etnicida<strong>de</strong> no mundo antigo. 13 Reunião Anual da Socieda<strong>de</strong>Brasileira <strong>de</strong> Estudos Clássicos. Pelotas, 2003: Canoas: ULBRA, 2005. 271-281.18 HELLER, Agnes. Uma Teoria da História. Tradução: Dílson Bento <strong>de</strong> Faria Ferreira Lima. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Civilização Brasileira, 1993.


24seus monumentos. Em grego, obeliskos significa “pequena agulha”, alusão lógica ao seuformato.Quanto ao pirami<strong>de</strong>on, topo do obelisco, tratar-se <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> pedra consagrada aoDeus sol mesmo antes do aparecimento do primeiro faraó, diz Habachi. Conhecidas como Benou BenBen, acredita-se que tenham sido o fetiche do <strong>de</strong>us primordial ATUM (Sol Poente) edo <strong>de</strong>us RÁ ou RÁ-HARAKHTI (Sol Nascente). Essas pedras foram associadas ao pássaroFênix ou Benu, vinda do leste para viver em Heliópolis durante quinhentos anos, quandoretornava ao leste para ser enterrada pela jovem Fênix que viria tomar o seu lugar. De acordocom essa versão, o pássaro, ao invés <strong>de</strong> ser substituído por uma nova ave, reviveria, estando,assim, conectado ao <strong>de</strong>us da morte.A partir <strong>de</strong> inscrições encontradas nas pirâmi<strong>de</strong>s 21 do último rei da quinta dinastia edos reis da sexta dinastia (2345- 2182 a.C), Habachi exemplifica a ligação entre <strong>de</strong>us, ave epedra <strong>de</strong> Benben: “Ó Atum, o Criador. Você se tornou elevado nas alturas, você subiu como apedra Benben à mansão da Fênix em Heliópolis”. (HABACHI. 1984:5).Plínio, O Antigo, escreveu em sua enciclopédia que os obeliscos eram feitos pararepresentar os raios <strong>de</strong> sol. Habachi explica que essa afirmação encontra suporte em umainscrição en<strong>de</strong>reçada ao Deus Sol: “Ubenek em Benben” (Você brilha na pedra <strong>de</strong> Benben).Afirma, ainda, que durante a décima oitava dinastia (1570-1320 a.C) e, talvez, em outrostempos, os pirami<strong>de</strong>ons dos obeliscos foram recobertos <strong>de</strong> ouro ou outro metal.Os obeliscos, recobertos ou não <strong>de</strong> metais preciosos, foram motivo <strong>de</strong> homenagens emrelações internacionais. É o caso do obelisco <strong>de</strong> Paris, presente do Vice-Rei do Egito,Mehemet Allí, ao rei Luis Felipe da França, em 1831. Por estar situado na Praça <strong>de</strong> LaConcor<strong>de</strong>, e ser originário do templo <strong>de</strong> Luxor, construção do faraó Ramsés II, em Karnak, é21 As pare<strong>de</strong>s das Câmaras Mortuárias on<strong>de</strong> se encontram esses textos, segundo explica Labib Habachi, foram<strong>de</strong>coradas com os chamados Textos das Pirâmi<strong>de</strong>s, textos religiosos <strong>de</strong>dicados ao bem estar do falecido.


26Muitas vezes, os egípcios consi<strong>de</strong>ravam o obelisco o próprio <strong>de</strong>us solar, para o qual<strong>de</strong>viam encaminhar oferendas. No livro dos mortos, Habachi afirma que Rá-Harakhti érepresentado por dois obeliscos. O posicionamento dos obeliscos seguia um padrão regular.“Um dos obeliscos ficava do lado leste e era <strong>de</strong>dicado a Harakhti, o sol nascente, enquanto oposicionado do lado oeste era <strong>de</strong>dicado a Atum, o sol poente” (HABACHI, p. 11).A informação <strong>de</strong> Habachi sobre os dois obeliscos erguidos em homenagem a TutmósisIII, em Heliópolis, um dos quais está em Nova Iorque e o outro em Londres, é muitointeressante: o obelisco <strong>de</strong> Nova Iorque menciona, em sua inscrição, “Harakti”, enquanto o<strong>de</strong> Londres se refere a “Atum”. Portanto, com base em evidências paralelas é possível saberque ambos estiveram na entrada do Templo <strong>de</strong> Heliópolis, um à esquerda e outro à direita daentrada. 26A própria orientação das faces <strong>de</strong> qualquer obelisco, diz Habachi, po<strong>de</strong> ser encontradana direção dada pelos hieróglifos que marcam as inscrições dos monumentos. Os hieróglifosda face frontal do obelisco são, geralmente, inscrições <strong>de</strong>dicatórias. Alguns obeliscospequenos eram colocados na frente das tumbas e traziam as inscrições do nome e do maiortítulo do dono da tumba. Na face leste, muitos <strong>de</strong>les relatavam que o <strong>de</strong>us sol serviria <strong>de</strong> guiaao morto em sua <strong>de</strong>scida ao mundo dos mortos.Na capital do Egito Antigo no domínio dos Ramsés, conhecida por Piramesse,existiam obeliscos criados em sua maior parte por Ramsés II, mas ele se apropriou <strong>de</strong> outrosobeliscos <strong>de</strong> dinastias anteriores. Os reis que erguiam obeliscos eram <strong>de</strong>scritos, nãoraramente, como os amados dos <strong>de</strong>uses locais. Alguns referenciam vitórias reais, mas nãovitórias atuais, o que, no caso dos obeliscos erguidos por Ramsés II, <strong>de</strong>ixam suspeitas 27 .Outros motivos eram a conquista <strong>de</strong> terras, conforme Habachi comprova com as inscrições do26 HABACHI. ib. p.11.27 HABACHI, p 8.


27obelisco <strong>de</strong> Tutmosis III, hoje em Istambul: “O Rei que conquistou todas as terras, longocomo a vida e senhor dos jubileus” (HABACHI, 1984, p 9).Os reis também construíam obeliscos por ocasião das celebrações jubilares. No templo<strong>de</strong> Karnak, o obelisco construído por Hatshepsut <strong>de</strong>screve-a como “aquela cujo pai Amonestabeleceu o nome MAKARE acima da Arvore Cinza – a Arvore da eternida<strong>de</strong> – emrecompensa pela sua dureza, beleza e excelente monumento que ela fez no seu primeirojubileu”.Dentro <strong>de</strong> algumas tumbas <strong>de</strong> Hatshepsut foram encontrados pequenos obeliscos <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira, junto com caixas contendo figurinos funerários. Esses monumentos menores,chamados ushabti, serviam para respon<strong>de</strong>r “Aqui eu estou”, quando o falecido fosse chamadopara trabalhar no outro mundo (HABACHI, p 13).Para Freki Hassan, a associação da existência <strong>de</strong> obeliscos com as campanhas militaresaparece com Tutmosis III, sucessor <strong>de</strong> Hatshepsut, quando ele iniciou uma série <strong>de</strong>campanhas militares pelo sudoeste da Ásia e erigiu cinco obeliscos em Karnak e dois emHeliópolis. Desse total, quatro <strong>de</strong>sses obeliscos estão, hoje, em Roma, Londres, Istambul eNova Iorque. Ramsés II os associou a campanhas militares e ao po<strong>de</strong>r imperial. Alguns dosobeliscos da época <strong>de</strong>sse faraó estão, hoje, na Piaza Del Popolo, Piazza <strong>de</strong>lla Rotunda, VialeDelle Terme, Viela Celimontana, em Roma; no Boboli Gar<strong>de</strong>ns, em Florença e em Paris, naPlace <strong>de</strong> La Concor<strong>de</strong> , conforme já citado.Muitos povos sofreram influência dos obeliscos, tendo-os produzido ou adquirido: oscananitas, os fenícios, os reis <strong>de</strong> Kush, os assírios e, mais tar<strong>de</strong>, os romanos, os franceses, osingleses, os americanos e os alemães. Segundo Bakos 28 , Assurbanipal, rei assírio, parece tersido o primeiro a transportar obeliscos egípcios para fora <strong>de</strong> seu território <strong>de</strong> origem, noséculo VII a C. Mas foi com Augusto, o imperador romano, que a prática da Egiptomania se28 BAKOS, M.M; BRITO, M.R. Obeliscos Brasileiros. IN: BAKOS, Margaret Marchiori, (org.). Egiptomania: OEgito no Brasil. São Paulo: Paris Editorial, 2004. p.73


28propagou pela Europa. Esse governador provi<strong>de</strong>nciou o transporte <strong>de</strong> dois obeliscos paraRoma, a fim <strong>de</strong> representar, segundo Jean-Marcel Humbert 29 , o seu po<strong>de</strong>r aos súditos.Em relação a essa apropriação <strong>de</strong> monumentos Egípcios por países da Europa, Hassanrelata que os imperadores romanos removeram os obeliscos do Egito para serem erigidos emRoma, como marca <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r imperial e possessão do Egito e seu antigo passado. Asignificância simbólica do obelisco que glorifica o faraó egípcio, conquistador <strong>de</strong> todas asterras, passa então a glorificar os governantes do novo império – os romanos. Muito maisforte do que o projeto colonial europeu <strong>de</strong> exploração econômica <strong>de</strong> outros paises pela força,era a idéia <strong>de</strong> que outros países, na ânsia por civilização, <strong>de</strong>veriam ter seus anseios saciadospelos “her<strong>de</strong>iros” ou guardiões <strong>de</strong> uma herança cultural mundial: a Europa 30 .Ainda, conforme Hassan, <strong>de</strong>ver-se-ia dar mais atenção ao papel <strong>de</strong>sses obeliscos nasapropriações. De certo modo, os obeliscos tornaram-se ícones <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, glória, triunfo eproeminência – eles foram quase arquétipos, distribuídos em diferentes contextos culturaissucessivos - inspirados ultimamente por um trabalho histórico <strong>de</strong> significação e, talvez, <strong>de</strong>uma convergência para o que aparece como um simbolismo universal <strong>de</strong> superestruturamonumental. Esse parece ser o caso até mesmo quando são parodiados na forma <strong>de</strong> pequenosobjetos <strong>de</strong>corativos <strong>de</strong> mesa, como objetos <strong>de</strong> pedras brilhantes coloridas, os quais acredita-seestarem associados a po<strong>de</strong>res místicos. A herança histórica do obelisco e o seu provávelsimbolismo universal po<strong>de</strong>m estar também associados, conforme Hassan, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>Mussolini <strong>de</strong> erguer um obelisco imortalizando ele mesmo e o seu império fascista; ou o novoobelisco Faisaliyah erguido em Riyadh na Arábia Saudita, comemorando o rei Feisal, ofundador do mo<strong>de</strong>rno estado saudita. Similarmente, a supremacia da era eletrônicotecnológica também herdou um monumento <strong>de</strong> luz, o obelisco da luz, erguido em 31 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1999, para comemorar a passagem do jubileu <strong>de</strong> 2000, na Piazza Cinquecento29 BAKOS, op. cit. p74.30 HASSAN, op. Cit. p 22-23.


29em Roma. Naquele local, anteriormente havia um obelisco egípcio com uma estrelasimbolizando a Itália, com os nomes dos soldados italianos mortos na tentativa <strong>de</strong> colonizar aEtiópia.Os obeliscos, também imbuídos <strong>de</strong> significado pelo catolicismo, segundo Hassanforam negligenciados durante séculos em Roma. Muito tempo se passou até que o Papa SixtusV reerguesse os obeliscos para afirmar o po<strong>de</strong>r da Igreja católica e glorificar o triunfo <strong>de</strong> suareligião sobre as civilizações pagãs (HASSAN, 2003:39).Durante o século XVII, algumas famílias italianas também utilizaram os obeliscospara coroar seus símbolos <strong>de</strong> nobreza, entre eles a dos Médici 31 que transportaram um dosobeliscos erigidos por Ramsés II, em Heliópolis, em sua memória, à sua proprieda<strong>de</strong> emRoman Villa, Florença (posteriormente esse obelisco foi removido para o Boboli Gar<strong>de</strong>ns, emFlorença, em 1720).Em 1935-36, Mussolini invadiu a Etiópia e como troféu, os italianos removeram umobelisco e uma escultura <strong>de</strong> bronze representando o Leão <strong>de</strong> Judá. O novo estado italianopassou a usar o obelisco como representação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, da mesma forma que o fizeram osimperadores romanos e os papas. 322.1 Características que dificultam <strong>de</strong>scobrir os sentidos dos obeliscosNo livro A Invenção das Tradições 33 , Hobsbawn analisa as tradições inventadas. Ele<strong>de</strong>fine tradição inventada como prática aceita e regulada, ou não, por regras específicas, cujo31 HASSAN, Op. Cit. p 47.32 HASSAM, I<strong>de</strong>m p 51.33 HOBSBAWN, Eric; RANGER, Terence (organizadores). A INVENÇÃO DAS TRADIÇÕES. Tradução <strong>de</strong>Celina Cardim Cavalcante.3ª ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra S/A, 2002.


30objetivo principal seria atribuir valores e normas através da repetição, estabelecendo umarelação <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> com o passado e tendo por norma a invariabilida<strong>de</strong>. Na seqüência,atribui ao costume a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> inovação, pois em suas palavras, a função do costume seriadupla: ser motor e volante 34 . Assim, continua seu <strong>de</strong>bate significativo a respeito da diferençaentre a tradição e o costume, assumindo, o último, um caráter mais apropriado à perspectiva<strong>de</strong> análise do presente estudo, sobre o uso continuado dos obeliscos.A partir das reflexões <strong>de</strong>sse autor, po<strong>de</strong>-se inferir que o uso do monumento em forma<strong>de</strong> obelisco é um costume <strong>de</strong> longa duração. É através <strong>de</strong>sse monumento que as memóriasescolhidas são eternizadas, em conformida<strong>de</strong> com seu uso no antigo Egito. A inovação ficariaa cargo das significações impostas ao monumento e do formato <strong>de</strong> sua construção, indo aoencontro do que expõe Bakos, quando afirma que a cultura oci<strong>de</strong>ntal foi feita a partir doempréstimo <strong>de</strong> fragmentos da cultura do oriente, em específico do Egito Antigo, e que,mesmo resultando em um produto diferente, sua essência é a mesma.O costume, no dizer <strong>de</strong> Habsbawn, tem função <strong>de</strong> motor e volante, e, respectivamente,<strong>de</strong> impulsão e <strong>de</strong> itinerante. No caso dos monumentos aqui estudados, eles servem aospropósitos <strong>de</strong> sua utilização ao longo do tempo. Alguns foram acrescidos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadossímbolos ou sofreram algum tipo <strong>de</strong> modificação morfológica, mantêm a referencia aopassado histórico, ao Egito Antigo, e àquilo que reforçaram à época <strong>de</strong> sua criação: adivinda<strong>de</strong> e o po<strong>de</strong>r.Assim, também com base nos escritos <strong>de</strong> Fekri Hassan 35 , examinou-se o obelisco, namaior parte dos casos, como um monumento imbuído <strong>de</strong> um significado que está além daatribuição que lhe foi investida. Ele significa um espaço <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e dominação calcados na <strong>de</strong>hegemonia <strong>de</strong> idéias e / ou pessoas que o erigiram com tais objetivos.34 Ibi<strong>de</strong>m, p. 10.35 HASSAN, op. cit. p. 20.


31Porém, faz-se necessário salientar que a explicação encontrada em Hobsbawn nãocontempla, <strong>de</strong> forma alguma, todos os achados durante a pesquisa. Rotular o obelisco comoum costume é simplificá-lo em <strong>de</strong>masia. Há casos em que o monumento forma ou buscaconstruir uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. A inferência à obra <strong>de</strong> Eric Hobsbawn foi utilizada por se tratar <strong>de</strong>uma obra bastante significativa, e por existirem casos em que po<strong>de</strong> ser uma explicação queresponda bem a certos tipos <strong>de</strong> questionamento 36 .2.2 O obelisco e a questão da memóriaUma transformação da memória coletiva levou ao aparecimento da escrita. Antestransmitida às gerações pela rememoração, a memória passa a sustentar-se através dainscrição. O monumento, por sua vez, é um artefato diretamente ligado à memória, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> suaorigem.Aqui, analisam-se a memória e o monumento a partir das reflexões sobre os estudos <strong>de</strong>Jacques Le Goff, Ivan Izquierdo e Françoise Choay, cujas abordagens permitem enten<strong>de</strong>r ossignificados dos obeliscos.Dedicando-se à compreensão da memória social e coletiva, Jacques Le Goff confere àmemória a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservar certas informações. Assim, nos remete a um conjunto <strong>de</strong>36 Em um trabalho que busca enten<strong>de</strong>r qual a natureza do interesse da intelectualida<strong>de</strong> maçônica brasileira notema do Egito antigo e a finalida<strong>de</strong> da produção <strong>de</strong> textos cuja temática é esta civilização, Rodrigo Otávio daSilva adota como marco teórico o conceito <strong>de</strong> “tradição inventada” <strong>de</strong> Hobsbawnn. Para ele, este é o referencialmais a<strong>de</strong>quado ao seu objeto <strong>de</strong> estudo: o discurso maçônico. SILVA, Rodrigo Otávio. Apropriaçõescontemporâneas do Egito antigo: antiguida<strong>de</strong> e tradição no discurso maçônico brasileiro – a coleção <strong>Biblioteca</strong>do Maçon (1989-2001). Natal: UFRGN, 2004. Dissertação (Graduação em História), Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral doRio Gran<strong>de</strong> do Norte, 2004.


32funções psíquicas, em que o homem po<strong>de</strong> atualizar impressões ou informações passadas ouque ele representa como passadas 37 .Para este autor, é fundamental o estudo da memória social por se tratar <strong>de</strong> um meio <strong>de</strong>abordar os problemas do tempo e da história. Sua indicação é que se dê importância especialàs diferenças entre socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> memória essencialmente oral e socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> memóriaessencialmente escrita. Na maior parte das culturas sem escrita e em numerosos setores dabrasileira, a acumulação <strong>de</strong> elementos na memória faz parte da vida cotidiana.Nas socieda<strong>de</strong>s sem escrita, Jacques Le Goff afirma que memória coletiva se faz pelaor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> três interesses fundamentais: a ida<strong>de</strong> coletiva do grupo que se funda em certosmitos; o prestígio das famílias dominantes através da genealogia; e o saber técnico que setransmite por práticas ligadas à religiosida<strong>de</strong>.A transformação da memória coletiva originou a escrita que permitiu àquela o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> duas formas <strong>de</strong> memória: a comemoração celebrada através <strong>de</strong>monumentos; e o documento escrito num suporte <strong>de</strong>stinado à própria escrita. Nesse tipo <strong>de</strong>documento, a função da escrita é armazenar informações favorecendo uma comunicaçãoatravés do espaço e do tempo, além <strong>de</strong> promover a passagem da esfera auditiva à visual. 38Le Goff vincula o monumento à perpetuação da memória. O termo documento, <strong>de</strong>rivadodo latim docere, ensinar, tem o significado <strong>de</strong> prova e, opondo-se à intencionalida<strong>de</strong> domonumento, afirma-se como testemunho escrito, servindo muito aos propósitos da históriapositivista.É a partir disso que Le Goff reflete sobre a importância que o documento escrito teve emrelação aos monumentos. A mudança significativa no conceito, ou na abordagem do37 LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Unicamp, 1989.38 LE GOFF, 431-433.


33documento, ocorre com a necessida<strong>de</strong> apontada pelos fundadores da revista “Annalesd’histoire économique et sociale” 39 .A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando estes existem. Maspo<strong>de</strong> fazer-se, <strong>de</strong>ve fazer-se sem documentos escritos, quando não existem. Comtudo que a habilida<strong>de</strong> do historiador lhe permite utilizar para fabricar seu mel, nafalta das flores habituais. Logo, com outras palavras. Signos. Paisagens e telhas.Com as formas do campo e das ervas daninhas (LE GOFF. 1996: 540).Por enten<strong>de</strong>r documento como algo que ficou do passado, mas <strong>de</strong>rivou <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>conduzida segundo as forças que <strong>de</strong>tinham o po<strong>de</strong>r, Jacques Le Goff afirma que odocumento/monumento <strong>de</strong>ve ter por princípio a crítica do primeiro em relação à função doúltimo. “Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletivarecuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, em pleno conhecimento <strong>de</strong> causa”(LE GOFF, 1996).O autor ainda pontua que a memória coletiva “faz parte das gran<strong>de</strong>s questões dassocieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas e em <strong>de</strong>senvolvimento, das classes dominantes e das dominadas,lutando pelo po<strong>de</strong>r e pela vida, pela sobrevivência e pela promoção” (LE GOFF, 1996:475). Amemória coletiva é um instrumento e um objeto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, é nela que cresce a história, que aalimenta.Aos estudos <strong>de</strong> Jacques Le Goff, <strong>de</strong>staca-se a seguinte contribuição <strong>de</strong> Iván Izquierdo:“somos aquilo que recordamos” 40 . O acervo da memória do homem faz com que ele seja oque é, faz com que cada um seja um indivíduo, um ser para o qual não existe outro igual, poisa coleção <strong>de</strong> lembranças <strong>de</strong> cada ser é única. É o conjunto <strong>de</strong>ssas memórias que forma o ser,mas por necessida<strong>de</strong>, esse ser forma grupos, busca afinida<strong>de</strong>s que os una, que lhes forneçasegurança e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> coletiva. Com base nas memórias comuns forma-se povos, tribos,cida<strong>de</strong>s e países, afirma o autor.39 Cf. LE GOFF, 1996.40 IZQUIERDO, 2002. op. cit p.9


34Le Goff e Izquierdo têm em comum o assunto da memória. Porém, o interesse <strong>de</strong> LeGoff é o estudo da memória e a sua transformação da oralida<strong>de</strong> à escrita, agregada àsmodificações que ocorrem na maneira <strong>de</strong> transmiti-la a partir do surgimento da escrita.Izquierdo, por sua vez, tem interesse no estudo científico da memória, no processo <strong>de</strong> suaformação.Françoise Choay 41 , formada em Filosofia e historiadora das teorias e das formas urbanas earquitetônicas na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris, <strong>de</strong>dicou muito <strong>de</strong> seu trabalho à investigação na área<strong>de</strong> urbanismo. Choay restituiu a concepção, ao longo do tempo, do que vem a ser PatrimônioHistórico 42 .Na obra The Invention of the Historic Monument, traduzida para inglês por Lauren M.O’Conell, o capítulo introdutório, “Introduction: Monument and Historic Monument” a autoraparte do conceito <strong>de</strong> Patrimônio, por ela entendido como “proprieda<strong>de</strong> herdada passadaadiante <strong>de</strong> acordo com a lei, <strong>de</strong> pai e mãe para filhos / herança”, e que, em sua origem , estavaligada às estruturas familiares, econômicas e jurídicas, numa socieda<strong>de</strong> estável (CHOAY,2001).Na época da criação da Primeira Comissão <strong>de</strong> Monumentos na França, 1837, <strong>de</strong> acordocom Choay, três gran<strong>de</strong>s categorias <strong>de</strong> monumentos históricos foram constituídos: osremanescentes da antiguida<strong>de</strong>, os edifícios religiosos da Ida<strong>de</strong> Média e alguns castelos. Nofinal da II Guerra Mundial, o número <strong>de</strong> inventários tinha se multiplicado <strong>de</strong>z vezes, mas suanatureza não havia mudado. Des<strong>de</strong> então, diz a autora, todas as construções, públicas ouprivadas, foram adicionadas à lista e chamadas <strong>de</strong> arquitetura menor, na Itália, vernacular naInglaterra e arquitetura industrial (fábricas, estações <strong>de</strong> trem.), <strong>de</strong> início reconhecida pelos41 CHOAY, op. cit. p. 11.42 Também estuda como a indústria cultural convive com o patrimônio e como ele se relaciona com o turismo.Atualmente, Choay é professora da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris e Da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cornell.


35ingleses. Hoje, o patrimônio histórico inclui o conjunto <strong>de</strong> construções, fábricas urbanas,blocos <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s, vilarejos, cida<strong>de</strong>s inteiras e até conjunto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s.Na tentativa <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a problemática acerca do patrimônio histórico, Choay busca oconceito <strong>de</strong> monumento.O termo vem do latim, monumentum, <strong>de</strong>rivado do monere, que significa advertir,lembrar. Precisamente, monumento está ligado à emoção. Seu sentido é, através da percepçãoafetiva, acionar uma memória viva (CHOAY. 2001:18). Essa memória está atrelada a umacomunida<strong>de</strong> e contribui para a preservação da sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, seja ela étnica, religiosa,nacional, tribal ou familiar.Aludindo a Riegl 43 , a autora aponta a diferença fundamental entre monumento emonumento histórico. O primeiro é uma criação pensada a priori à serviço da memória,enquanto o segundo passa a ser testemunho histórico, mas sem ser concebido como tal em suaorigem.Ciro Flamarion Cardoso, ao estudar os monumentos e a memória no Antigo Egito, adotaa concepção <strong>de</strong> monumento <strong>de</strong> Le Goff, dando-lhe a característica <strong>de</strong> ser um produtopertencente à socieda<strong>de</strong> que o fabricou,segundo as relações das forças que nela <strong>de</strong>têm opo<strong>de</strong>r. Além disso, diz o autor, o monumento <strong>de</strong>ve ser entendido como um elementointegrante da cultura material, mas que imortaliza o po<strong>de</strong>r dos pensamentos e das emoções,servindo assim, aos estudos das i<strong>de</strong>ologias e das visões <strong>de</strong> mundo 44 .Assim, valoriza-se a importância do objeto <strong>de</strong>sse estudo. O obelisco, um monumentooriginário do Egito Antigo, geralmente vinculado ao simbolismo religioso, introduzido nooci<strong>de</strong>nte e fazendo parte da sua história, adquire significados específicos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes epróprios da comunida<strong>de</strong> que o erige. Portanto, pergunta-se: Quais as possíveis interpretaçõesque po<strong>de</strong>m ser feitas a partir dos dados obtidos nesta pesquisa?43 RIEGL, A. apud CHOAY. Op. cit. p. 25.44 CARDOSO, Ciro Flamarion. Monumento e memória no antigo Egito.


36Na busca <strong>de</strong>ssas especificida<strong>de</strong>s, constatam-se algumas características referentes àscondições dos obeliscos:1- Apresentam pichações;2- Estão sem placas <strong>de</strong> informação que ofereçam os dados básicos (data, etc);3- Encontram-se em locais <strong>de</strong> difícil acesso;4 – São ignorados;5- São confundidos com outros monumentos.É importante relembrar que a preservação <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> patrimônio histórico pressupõeuma série <strong>de</strong> iniciativas, a partir <strong>de</strong> sua valorização, levando o cidadão a reconhecer o seuvalor <strong>de</strong> guardião da memória. É importante, ainda, conhecer essas questões referentes aopatrimônio histórico na perspectiva <strong>de</strong> Pedro Paulo Funari e Sandra Pelegrini 45 . Segundoesses autores, o patrimônio estava ligado aos pontos <strong>de</strong> vista e interesses da aristocracia.Surgida entre os antigos romanos, a expressão patrimonium se referia a tudo o que pertenciaao pai, pater ou pater famílias, pai <strong>de</strong> família. Funari explica que família compreendia tudo oque era <strong>de</strong> domínio do senhor, incluindo mulher e filhos, escravos, bens móveis e imóveis e osanimais (FUNARI; PELEGRINI. 2006:11). Portanto, ligava-se o patrimônio à aristocraciaprivada, sendo o Estado apropriado pelos pais <strong>de</strong> família, inexistindo o conceito <strong>de</strong> patrimôniopúblico.Ao caráter aristocrático do patrimônio, durante o predomínio e difusão do cristianismoe da Igreja, somou-se o caráter religioso, <strong>de</strong> cunho simbólico e coletivo: “O culto aos santos ea valorização das relíquias <strong>de</strong>ram às pessoas comuns um sentido <strong>de</strong> patrimônio muito próprioe que, como veremos, <strong>de</strong> certa forma permanece entre nós: a valorização tanto dos lugares eobjetos como dos rituais coletivos” (FUNARI; PELEGRINI. 2006: 11-12). Conforme Funari,45 FUNARI, Pedro Paulo Abreu; PELEGRINI, Sandra <strong>de</strong> Cássia Araújo. Patrimônio Histórico e Cultural. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.


37a catedral não per<strong>de</strong>u seu tom aristocrático, mas assumiu um papel <strong>de</strong> patrimônio coletivo,especialmente na Ida<strong>de</strong> Média.Por conta do Renascimento, ocorreu uma mudança, segundo os mesmos autores, <strong>de</strong>perspectiva, mas, ainda, mantendo o caráter aristocrático dado pelo humanismo.A transformação significativa em relação ao patrimônio ocorreu com o surgimento dosEstados Nacionais. Foi a França que <strong>de</strong>senvolveu o conceito <strong>de</strong> patrimônio usado namo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Após a queda da monarquia, a República implantada pregava a igualda<strong>de</strong> entreos homens refletida na cidadania. Era preciso criar cidadãos, permitir que se comunicassementre si, que tivessem valores e costumes em comum, e que partilhassem um mesmo solo euma mesma origem (FUNARI, PELEGRINI, 2006: 14-15).O patrimônio cultural teve seu apogeu no período do entre-guerras. Pedro PauloFunari e Sandra Pelegrini relatam alguns exemplos que mostram o modo com que osresquícios mais improváveis podiam forjar a nacionalida<strong>de</strong>.Assim, os italianos usavam os vestígios dos romanos para construírem umai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> calcada nesse patrimônio, restaurado, glorificado, exaltado comoexemplo do domínio do mundo pelos romanos e seus her<strong>de</strong>iros, os italianos. Nãofoi à toa que o nacionalismo italiano usava símbolos do po<strong>de</strong>r romano, como ofeixe, do qual <strong>de</strong>riva o próprio nome do movimento nacionalista, o fascismo(FUNARI; PELEGRINI. 2006: 20-21).É voz corrente, também, o jargão que circula entre turistas e estudantes em geral: “sequeres visitar um rico e gracioso museu egípcio, viaje à Inglaterra”. A Inglaterra, conformeFunari, consi<strong>de</strong>rava-se a verda<strong>de</strong>ira her<strong>de</strong>ira das civilizações, do mesmo modo que amesopotâmica, a egípcia e a romana.


38O fim da II Guerra Mundial <strong>de</strong>terminou, também, o fim do nacionalismo associado aoimperialismo, quando foram criadas a ONU e a Unesco 46 . No fim da década <strong>de</strong> 1950, apósvários movimentos na esfera social, a legislação <strong>de</strong> patrimônio ampliou-se para o meioambiente e para os grupos sociais e locais, até então ignorados em prol da nacionalida<strong>de</strong>.Surgiu, posteriormente, seguindo essa reciclagem <strong>de</strong> conceitos, a noção <strong>de</strong> imaterialida<strong>de</strong> dopatrimônio. A partir <strong>de</strong> então, o patrimônio cultural da humanida<strong>de</strong> ganhou notabilida<strong>de</strong>,compondo-se <strong>de</strong> monumentos, conjuntos, sítios, monumentos naturais, formações geológicasou fisiográficas e sítios naturais.Salvaguardando todas as características <strong>de</strong> benfeitorias da Unesco, há, no entanto, umacrítica válida <strong>de</strong> Funari e Pelegrini que pon<strong>de</strong>ram a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interferência <strong>de</strong>sseórgão no caso <strong>de</strong> um país não ter reconhecida a sua diversida<strong>de</strong> cultural:A Unesco, contudo, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser afetada, como organização, por duascaracterísticas. Em primeiro lugar, cada Estado nacional membro representa o seupaís, e muitas vezes, por diversos motivos, não reconhece a diversida<strong>de</strong> cultural dooutro. Nesses casos a Unesco não tem como intervir. É verda<strong>de</strong>, contudo, quemesmo nessas situações minorias ou grupos põem valer-se do órgão e <strong>de</strong> cartasassinadas pelos Estados membros como meio <strong>de</strong> pressão para obter oreconhecimento <strong>de</strong> seu patrimônio (FUNARI; PELEGRINI, 2006:26).Outros autores também criticam o critério <strong>de</strong> valorização do patrimônio vinculado,com maior ênfase, às elites, principalmente as européias. Mas um ponto positivo é que talsituação já passa por mudanças.No Brasil, existem dois órgãos que atuam nas esferas <strong>de</strong> conservação do patrimônio,informam Funari e Pelegrini. A Convenção sobre a Proteção do Patrimônio Cultural eNatural atua no âmbito da fiscalização e proteção dos bens inclusos na lista do PatrimônioCultural da Humanida<strong>de</strong>. Ao IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,46 ONU – Organização das Nações Unidas; Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, aCiência e a Cultura.


39cabe a função <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar, catalogar, restaurar, conservar, preservar, fiscalizar e difundir osbens culturais em todo o território brasileiro.Destacando os programas <strong>de</strong>senvolvidos pelos governos brasileiros que aten<strong>de</strong>m aotema do Patrimônio Cultural, os autores encerram ressaltando que ainda existe muito porfazer. Ações que buscam a aproximação e o envolvimento da população acontecem emdiversas localida<strong>de</strong>s, e contribuem para consolidar políticas <strong>de</strong> inclusão social, reabilitação esustentabilida<strong>de</strong> do patrimônio no Brasil. Mas é preciso mais comprometimento dacomunida<strong>de</strong>, no sentido <strong>de</strong> apontar suas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> políticas patrimoniais, pois é elaquem aponta seus marcos i<strong>de</strong>ntitários (Funari; Pelegrini. 2006: 59).Durante esta análise constatou-se, em relação à maioria dos obeliscos, que a política<strong>de</strong> conservação do patrimônio caminha a passos lentos. Ainda prevalece um total<strong>de</strong>scomprometimento da socieda<strong>de</strong> para com os bens patrimoniais da comunida<strong>de</strong> a quepertencem, mas já provoca sensibilização por parte <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados setores da socieda<strong>de</strong>.Ensaia-se uma sensibilização direcionada às questões relativas aos bens públicos,atestadas em ações que procuram revitalizar as obras que os constituem. São, por exemplo, astentativas <strong>de</strong> limpezas feitas, em certas ocasiões semanalmente, nos monumentos localizadosnas praças, parques e avenidas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre. Constam, entre eles, os obeliscos:


40Reportagem sobre a parceria entre a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e o Atelier AlicePrati <strong>de</strong> Restaurações, dando inicio ao trabalho <strong>de</strong> higienização da Coluna Israelita.(GONÇALVES, Luis. SOS Monumento prosseguirá. Zero Hora. Porto Alegre, 9 <strong>de</strong> julhoEm uma ação que integra o SOS Monumento os técnicos em restauração fizeram umavigília próximo ao obelisco higienizado. Durante a ação, orientaram interessadossobre a remoção <strong>de</strong> pichações. (VIGÍLIA zela pela Praça Itália. . Zero Hora, PortoAlegre, 14 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2007.)


41Para além <strong>de</strong> dinâmicas como essa, faz-se necessário a implementação <strong>de</strong> leis e <strong>de</strong>programas que façam cumprir o respeito que <strong>de</strong>ve permear as escolhas coletivas dassocieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outrora e atuais, e cercear ações vândalas tão <strong>de</strong>spercebidas pela população.Como exemplos da má conservação, <strong>de</strong>scaso, e ações <strong>de</strong> vandalismo sofridas pelosmonumentos existentes, relatam-se os casos <strong>de</strong> alguns obeliscos da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre.O obelisco que a colônia Sírio-libanesa ofereceu ao Estado pela passagem doCentenário da Revolução Farroupilha foi inaugurado em 1935. Àquela época, constavam noobelisco quatro placas, com as seguintes inscrições: “A Colonia Sirio Libanesa / do Estado doRio Gran<strong>de</strong> do Sul / no Centenário Farroupilha” . Oposta a essa, outra placa com inscriçõesem árabe. Em outra, lia-se ainda: “Homenagem / À Exª Dr. Jamal E. D. Farra / I° Embaixadorda República / Árabe Unida no Brasil / Por ocasião <strong>de</strong> sua visita / Porto Alegre, 15 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1958”. Nas laterais que não continham inscrições existiam dois <strong>de</strong>senhos. Um<strong>de</strong>les representava um cavaleiro com a árvore símbolo do Líbano, o cedro, ao fundo. O outromostrava em relevo uma paisagem com um barco guerreiro navegando em direção ao solpoente. Na base do monumento, em cada lado, avistava-se uma cabeça <strong>de</strong> leão 47 .Relevo do Cavaleiro com o cedro.47 Essas informações e imagens foram pesquisadas nos arquivos do Arquivo Histórico Municipal <strong>de</strong> PortoAlegre. Também, na obra <strong>de</strong> José Francisco Alves, há dados do obelisco.


42Barco guerreiro em direção ao Sol Poente.Placa do monumentoAtualmente, não existe nenhuma i<strong>de</strong>ntificação no monumento, e o observador, mesmose interessado, não dispõe <strong>de</strong> nenhuma i<strong>de</strong>ntificação que revele o motivo daquele obelisco.Segundo Francisco Alves, algumas peças foram furtadas e outras retiradas pela administraçãodo parque para que não tenham o mesmo fim.Imagem do obelisco no dia 15/10/2006


43Outro exemplo é o obelisco oferecido pela Comunida<strong>de</strong> Israelita, também no ParqueFarroupilha, frente para a Avenida Oswaldo Aranha. Uma placa em baixo-relevo mostrava oRio Nilo (i<strong>de</strong>ntificado pelas Pirâmi<strong>de</strong>s ao fundo), as Tábuas da Lei e Moisés. Segundo Alves,foi roubada em 2003. Também não existem mais as placas com as inscrições: “Sofremoscalados tantas infâmias? Não, nossos compatriotas, os rio-gran<strong>de</strong>nses, estão dispostos, comonós, a não sofrer mais tempo a prepotência <strong>de</strong> um governo tirano e cruel como o atual.Proclamação <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1836 – no Campo do Menezes”; “A Colônia Israelita doRio Gran<strong>de</strong> do Sul ao povo gaúcho no Primeiro Centenário da Epopéia Farroupilha”;“Biênio da Colônia e Imigração 1974-1975. A Colônia Israelita homenageada por motivo dossetenta anos <strong>de</strong> trabalho integrado com vistas do bem comum, nos vários campos <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s, oferece ao povo gaúcho”.Esses exemplos mostram o <strong>de</strong>scuido com que são tratadas as memórias entregues àcida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre, a fim <strong>de</strong> que o povo lembrasse as escolhas feitas e para queconhecesse um pouco <strong>de</strong> quem as fez. Por conta da população, estão, senão totalmente, emvias <strong>de</strong> extinção. È o caso do extinto obelisco <strong>de</strong>dicado à Saint Pastous. Durante a pesquisacausou susto o fato <strong>de</strong> encontrar no local, on<strong>de</strong> antes existiu um monumento a esse notávelmédico, apenas uma base <strong>de</strong> concreto que indicava seu local. Sua história, conforme o Jornal“A Fe<strong>de</strong>ração”, <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1935, conta:A ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Clínica Médica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre, no concurso para seuprovimento, classificou em primeiro logar o Dr. Saint-Pastous. [...] Diretor doambulatório da Clínica Médica da santa Casa, radiologista <strong>de</strong> crédito firmado,matéria que, aliás, contratado, já lecionou na Faculda<strong>de</strong> mesmo; diretor da “Revista<strong>de</strong> Radiologia e Clínica” e autor <strong>de</strong> inúmeros trabalhos científicos <strong>de</strong> incontestávelmérito, o Dr. Saint-Pastous ajunta, no momento uma larga folha <strong>de</strong> serviços<strong>de</strong>dicado. (VÁRIAS. A Fe<strong>de</strong>ração. 02 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1935, p. 3)


44Em homenagem a Saint Pastous foi construído um obelisco, no Balneário Juca Batista,zona Sul da capital.Imagem do Arquivo Histórico Moysés Velhinho – 1967Imagem do local on<strong>de</strong> localizava-se o obelisco, 2006.Cabe perguntar: qual o imaginário sobre o obelisco que induziu à escolha <strong>de</strong>sse tipomonumento para guardar a memória <strong>de</strong> Saint Pastous?É o que se preten<strong>de</strong> discutir no capítulo a seguir.


453 OBELISCOS ─ GUARDIÕES DA HISTÓRIA GAÚCHAA questão que encerra o capítulo anterior é extremamente complexa e inicia com adiscussão sobre o que é o imaginário social.Parte-se da idéia <strong>de</strong> que a imaginação e o imaginário estão diretamente ligados àcondição humana e, por isso, a sua significação nunca é final, pois cada geração nasce comuma <strong>de</strong>finição diferente acerca do homem e a utiliza para conceber a idéia do que é ou <strong>de</strong>veriaser imaginação. O social, por sua vez, tem um duplo sentido, segundo Bronislaw Baczko(1986:309). O primeiro faz a ligação do imaginário com o social, ou seja, a imaginação comorepresentação da or<strong>de</strong>m social. O outro sentido seria a ativida<strong>de</strong> imaginativa individualmanifesta num fenômeno coletivo, pois todas as épocas têm suas modalida<strong>de</strong>s diferentes <strong>de</strong>imaginar, reproduzir e renovar o imaginário, e acreditam, sentem e pensam <strong>de</strong> modoespecífico.Nesse sentido, este capítulo discute os processos <strong>de</strong> escolha dos obeliscos comoguardiões da memória do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul em duas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso: a apropriação <strong>de</strong>obeliscos já existentes e a construção <strong>de</strong> novos. Ele começa pelo ato épico 48 dos gaúchos que,durante a Revolução <strong>de</strong> 1930, ataram as ré<strong>de</strong>as <strong>de</strong> seus cavalos no obelisco do Rio <strong>de</strong> Janeiro.O estudo continua com o <strong>de</strong>sdobramento do obelisco na imprensa, cinema e literatura.48 Utiliza-se a palavra épico num sinônimo <strong>de</strong> grandiosida<strong>de</strong>. Ver: Dicionário Houaiss <strong>de</strong> sinônimos e antônimosda Língua Portuguesa / Instituto Antonio Houaiss <strong>de</strong> Lexicografia e Banco <strong>de</strong> Dados da Língua Portuguesa S / CLtda. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Objetiva, 2003.


46Por último, apresenta-se os casos dos obeliscos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul pautados,principalmente, nas questões alusivas à Revolução Farroupilha e os obeliscos referentes àimigração italiana.2.1 O obelisco e o imaginárioA história das memórias, das escolhas, das idéias, enfim, <strong>de</strong> tudo o que contribuiu paraa formação do imaginário coletivo <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> é, em ultima análise, a história daprópria socieda<strong>de</strong>.Por sua vez, a memória coletiva revela as lembranças socialmente compartilhadas eselecionadas pela comunida<strong>de</strong>.É importante o que diz Baczko a respeito da imaginação social. Ela faz parte <strong>de</strong> umvasto sistema simbólico que a coletivida<strong>de</strong> produz e através do qual ela se reconhece: “(...)uma coletivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>signa a sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, elabora uma certa representação <strong>de</strong> si; estabelece adistribuição <strong>de</strong> papéis e das posições sociais; exprime e impõe crenças comuns; constrói umaespécie <strong>de</strong> código <strong>de</strong> bom comportamento (...) (BACZKO, 1986:309). O autor enten<strong>de</strong> que oimaginário passa a ser uma das forças reguladoras da vida coletiva, pois se é elaborado econsolidado por ela, torna-se uma das respostas que essa dá aos seus anseios.Os imaginários sociais e os símbolos em que eles se assentam, fazem parte <strong>de</strong> sistemascomplexos e compositórios, como os mitos, as religiões, as utopias e as i<strong>de</strong>ologias. “Osimaginários sociais operam ainda mais vigorosamente, talvez, na produção <strong>de</strong> visões futuras,<strong>de</strong>signadamente na projeção das angústias, esperanças e sonhos coletivos sobre o futuro”


47(BACZKO, 1985:312). Baczko crê que os imaginários sociais não funcionam isoladamente.Eles entram em relações diferenciadas e variáveis com outros tipos <strong>de</strong> imaginários,confun<strong>de</strong>m-se muitas vezes, com eles e com sua simbologia, por exemplo, a utilização dosimbolismo do sagrado a fim <strong>de</strong> legitimar o po<strong>de</strong>r.A geração <strong>de</strong> símbolos e ritos revolucionários é uma das facetas mais significativas daprodução intensa <strong>de</strong> imaginários sociais. Os homens não caminham nus. Buscam símbolos egestos a fim <strong>de</strong> se comunicarem e se reconhecerem. A multidão revolucionária, enquantofenômeno novo, pressupõe não só uma presença coletiva em um princípio <strong>de</strong> estruturação,mas também uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imaginação (BACZKO, 1985:321). As escolhas que ocoletivo faz para representá-lo implica-se diretamente no entendimento do significado <strong>de</strong>ssaescolha em si, seja ela uma ação, uma frase, um nome, um objeto, ou qualquer outro artifício.Portanto, é um ato consciente, proposital e <strong>de</strong> comum acordo com a maioria.A partir <strong>de</strong>sse pressuposto, analisa-se o caso do obelisco da Avenida Rio Branco quese tornou extremamente representativo para todo o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, e também para oBrasil, a partir do episódio em que os gaúchos amarraram seus cavalos em torno <strong>de</strong>le, quandoGetúlio Vargas subiu ao po<strong>de</strong>r fe<strong>de</strong>ral.Nas eleições para presi<strong>de</strong>nte, em março <strong>de</strong> 1930, Getúlio Vargas, candidato apoiadopela Aliança Liberal, foi <strong>de</strong>rrotado por Júlio Prestes. Essa <strong>de</strong>rrota gerou uma rearticulaçãodas forças opositoras, que culminou em um movimento conhecido como Revolução <strong>de</strong> 30 49 .49 Para Boris Fausto, a Revolução <strong>de</strong> 1930 acabou com a hegemonia formada pela burguesia do café eexpressou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reestruturar o país, cujo funcionamento, voltado para um único gênero <strong>de</strong>exportação, tornava-se precário. A burguesia cafeeira se constitui como única classe nacional durante a PrimeiraRepública. Diante <strong>de</strong>la não surge nenhuma outra com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecer uma alternativa econômica epolítica viável. Nos anos vinte, munidos <strong>de</strong> um programa mo<strong>de</strong>rnizador, o movimento do tenentismo é o maisimportante ataque à burguesia cafeeira.“O agravamento das tensões da década <strong>de</strong> vinte, as peripécias eleitoraisdas eleições <strong>de</strong> 1930, a crise econômica propiciam a criação <strong>de</strong> uma frente difusa, em março / outubro <strong>de</strong> 1930,que traduz a ambigüida<strong>de</strong> da resposta à dominação da classe hegemônica: em equilíbrio instável, contando como apoio das classes médias <strong>de</strong> todo os centros urbanos, reúnem-se o setor militar, agora ampliado com algunsquadros superiores, e as classes dominantes regionais”. Ver: FAUSTO, Boris. A Revolução <strong>de</strong> 1930: História eHistoriografia. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 113.


48O movimento eclodiu no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e Minas Gerais, simultaneamente, no dia3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1930, e no Nor<strong>de</strong>ste a revolução iniciou na madrugada do dia 4. Somente noRio Gran<strong>de</strong> do Sul, cerca <strong>de</strong> 50 mil voluntários que se apresentaram para lutar 50 .Depois da ocupação estratégica <strong>de</strong> várias capitais e com o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> tropasgaúchas em direção a São Paulo, Washington Luis, Presi<strong>de</strong>nte, recebeu um ultimato queexigia sua renúncia. Com a negativa, Washington Luis foi preso por militares, no dia 24 <strong>de</strong>outubro. Subiu então, ao po<strong>de</strong>r, o gaúcho Getúlio Vargas.Em pesquisa no site do CPDOC, lê-se o seguinte texto:Em 31 <strong>de</strong> outubro, precedido por três mil soldados gaúchos, <strong>de</strong>sembarcou no Rio,<strong>de</strong> uniforme militar e com um gran<strong>de</strong> chapéu gaúcho, sendo recebido com umamanifestação apoteótica <strong>de</strong> apoio. Finalmente, em 3 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1930, GetúlioVargas tomou posse como chefe do Governo Provisório. Os soldados gaúchosfizeram então o que ficaria registrado na crônica como o gesto simbólico da vitória:amarraram seus cavalos no obelisco da avenida Rio Branco, no Rio 51 .À luz do pensamento <strong>de</strong> Bakzco, essa atitu<strong>de</strong> dos vitoriosos gaúchos, ao amarrarem oscavalos no obelisco em plena Avenida Rio Branco, <strong>de</strong>nota muito mais que um gesto <strong>de</strong><strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m 52 . Traduz a efetivação da conquista, assumida por esses homens, num ápice semprece<strong>de</strong>ntes, que remete ao mito do herói gaúcho. 53O jornal Correio do Povo <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1930 traz noticia o levante em todo o país. Dentreas reportagens, há artigos assinados por Getúlio Vargas, cujo conteúdo revela muitaperspicácia, buscando motivação através do sentimento <strong>de</strong> “valentia” e <strong>de</strong> “heroísmo” que se50 http://www.cpdoc.fgv.br/nav_historia/htm/anos20/ev_rev30_001.htm. Consulta realizada em 10/12/2006.51 http://www.cpdoc.fgv.br/dhbb/verbetes htm54586.asp. Consulta dia 10/12/0652 Corrobora nossa posição as reportagens apresentadas nos jornais da época. Ver p. 51 e 52.53 Conforme Moacyr Flores, o pampa, como era chamada a região formada por parte da Argentina, Uruguai eRio Gran<strong>de</strong> do Sul, abrigava, além <strong>de</strong> diferentes tribos <strong>de</strong> índios, o gaúcho, também conhecido como gaudério.Este gaúcho não tinha pátria nem lar. Tratava-se <strong>de</strong> <strong>de</strong>sertores, vagabundos, fugitivos, criminosos, tantoportugueses como espanhóis, negros e índios, marginalizados pela socieda<strong>de</strong> da época, que, segundo o autor, eraa socieda<strong>de</strong> latifundiária e pecuarista em formação. Explica Flores, que Há duas correntes que explicam ogauchismo, uma criada pelo romantismo e outra baseada em documentos históricos. Na corrente romântica, ogaúcho recebeu atributos <strong>de</strong> cavaleiro medieval. Criou-se então, segundo este autor, uma tradição i<strong>de</strong>alizada. “Omito do gaúcho não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma fuga <strong>de</strong> um presente que se industrializa para um passado i<strong>de</strong>alizado nocampo, on<strong>de</strong> as pessoas são honestas, boas, sinceras, valentes e hospitaleiras”. Ver: FLORES, Moacyr. Históriado Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. 7ª Ed. Porto Alegre: Ediplat, 2003. p.67.


49perpetuou no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época da Revolução Farroupilha. Conformeregistrado por Moacyr Flores, na obra A Revolução Farroupilha, o manifesto assinado porBento Gonçalves, em 1838, <strong>de</strong>clarava que “o povo rio-gran<strong>de</strong>nse se <strong>de</strong>sligou do Império aoreassumir sua primitiva liberda<strong>de</strong>, constituindo-se em República in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rsua honra, felicida<strong>de</strong> e existência ameaçadas por um governo opressor, inexorável e tirano”(FLORES, 2004, p 87). Getúlio Vargas apela para esse sentimento ao convocar os homenspara a Revolução: “Rio Gran<strong>de</strong>, <strong>de</strong> pé, pelo Brasil! Não po<strong>de</strong>rás falhar ao teu <strong>de</strong>stinoheróico.” 54 .Dando graça ao ocorrido, uma poesia evi<strong>de</strong>ncia o sentimento auspicioso do gaúchomostrando <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem esse heroísmo, clamado por Vargas:A caminho do Obelisco...Para mostrar ao Nero prepotenteque o Rio Gran<strong>de</strong> ainda é o mesmo do passado,em armas, levantou-se a nossa gente,na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al puro e sagrado!Minas Geraes e o pequenino Estado,do qual João Pessoa o presi<strong>de</strong>nte,escutando do Sul heróico brado,marcharam, <strong>de</strong>cisivos para a frente!E o povo pela glória já suspira...mas o Cattete se arma com a mentirap’ra prolongar o inevitável baque...Conforme promettera: No obeliscoo gaúcho atará seu “pingo” ariscoapós, há <strong>de</strong> barbear o “cavanhaque”! 55Nota-se o toque erudito do discurso poético <strong>de</strong> Ferreira Brito, que <strong>de</strong>staca um imperadorromano e um elemento da antiguida<strong>de</strong> egípcia em um contexto caipira regional.Em outro trabalho significativo para o estudo da Egiptomania, Margaret Bakos buscouenten<strong>de</strong>r a gênese <strong>de</strong> uma poesia <strong>de</strong> Machado <strong>de</strong> Assis, cujo tema é o Egito Antigo.54 VARGAS, Getulio. À Nação. Correio do Povo, Porto Alegre, 5 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1930.55 BRITO, Ferreira. A Caminho do Obelisco. Correio do Povo, outubro <strong>de</strong> 1930.


50Denominado Cleópatra, o poema narra o caso <strong>de</strong> um personagem anônimo que se <strong>de</strong>claraescravo <strong>de</strong> uma paixão por Cleópatra 56 .Conforme a autora, sua análise é pautada na esteira <strong>de</strong> Alfredo Bosi. Assim, Margaretenten<strong>de</strong> que para analisar um poema é necessário saber que, na sua essência, esse gêneroliterário tem uma construção <strong>de</strong> cunho simbólico. Em conformida<strong>de</strong> a esse pensamento,interpreta que Machado <strong>de</strong> Assis usa a figura <strong>de</strong> Cleópatra como metáfora da força do amor.Mas, julgando-se um escravo, ainda que do amor da amada, esse personagem “simboliza odrama <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> compatriotas, encontrando eco no contexto brasileiro que estava setornando abolicionista” (Bakos, 2003).À luz dos estudos da autora, propõe-se interpretar o poema <strong>de</strong> Brito.Para referir-se a Washington Luiz e a todo o po<strong>de</strong>r do governo, Ferreira Brito buscou afigura <strong>de</strong> Nero, ao qual a história <strong>de</strong>lega ações cruéis, num total <strong>de</strong>sapego às preocupações daépoca. O anseio por parte da oligarquia gaúcha, que se sentia excluída da política central, veioà tona por duas ações específicas: amarrar os cavalos no obelisco que representava, naquelemomento, o po<strong>de</strong>r instituído; e o ato <strong>de</strong> barbear o cavanhaque: <strong>de</strong>spojar <strong>de</strong> respeito o própriogovernante.De natureza nem um pouco comum, esse gesto dos gaúchos <strong>de</strong>flagrou certa animosida<strong>de</strong>entre estes e os cariocas. Ainda hoje, esse evento propicia discussões que versam sobre aintenção dos gaúchos. Tal sentimento po<strong>de</strong> ser exemplificado consi<strong>de</strong>rando-se um <strong>de</strong>bateocorrido após o minicurso apresentado na XII Jornada <strong>de</strong> Estudos do Oriente Antigo, cujotema foi O Egito Antigo no 3° Milênio, e o título da apresentação, Ícones do po<strong>de</strong>r egípcio daantiguida<strong>de</strong> à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: os obeliscos. Com a intenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar a presença dosobeliscos nas mais diversas situações da história, o assunto aguçou um dos participantes docurso, que se manifestou contrário à conclusão que estava sendo apresentada. Conhecedor do56 BAKOS, Margaret Marchiori. O Egito Antigo: na fronteira entre ciência e imaginação. IN: NOBRE, C.;DERQUEIRA, F.; POZZER, K. (ed.) Fronteiras & Etnicida<strong>de</strong> no mundo antigo. 13 Reunião Anual daSocieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Estudos Clássicos. Pelotas, 2003: Canoas, 2005. 271-281.


51episódio, salientou que em outros eventos que participara, a hipótese era <strong>de</strong> que os gaúchospo<strong>de</strong>riam estar <strong>de</strong>scansando seus cavalos no monumento por não encontrarem local maisapropriado. O registro da situação, feito por um fotógrafo, teria, então, posteriormente,fomentado a imaginação (muito mais criativa por parte dos gaúchos 57 ) e provocado outrasinterpretações 58 .Todavia, no jornal Correio do Povo, editado em 1930, há uma referência ao mesmoepisódio: um artigo cujo conteúdo mostra que o sucedido fora pensado <strong>de</strong> antemão:Em torno do obeliscoÀquele obelisco que se ergue em plena Avenida Rio Branco, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, estáreservada uma página curiosíssima na história do movimento da regeneraçãonacional.Um dia, alguém por “blague” atribuiu ao General Flores da Cunha a frase, quelogo se tornou celebre, sobre a amarração dos cavalos do Rio Gran<strong>de</strong> no obeliscoda Avenida. Os jornais reacionários entraram a ridicularizar a frase.- Bravata! Aquela gente do sul só tem “garganta”...‘O paíz’, uma folha <strong>de</strong> luxo, com circulação limitadíssima e que vive ás abas dosmaus governos do Cattete, há quinze ou vinte dias, chamando-nos <strong>de</strong> ‘roncadores,incapazes <strong>de</strong> ação’, reavivou, entre motejos e chacotas grosseiras, a gostosa‘blague’ dos corcéis gaúchos amarrados ao obelisco.A frase, entretanto, parece que em breve, terá a confirmação dos próprios fatos. Aivem o dia da cerimônia memorável: o dia em que os guerreiros do sul, aliados aseus irmãos <strong>de</strong> todo o Brasil, atarão seus fogosos cavalos no monumento que não sóo sarcasmo como o próprio heroísmo imortalizarão... 59A idéia <strong>de</strong> amarrar os cavalos no obelisco não foi inédita, como também não era<strong>de</strong>sconhecida a animosida<strong>de</strong> entre gaúchos e cariocas, extravasada por esses em expressõescomo: ‘(...)Aquella gente só tem garganta(...)”; “(...)roncadores, incapazes <strong>de</strong> ação(...)”.Aqueles que i<strong>de</strong>alizaram tal ocorrência sabiam da importância do monumento nocontexto social e econômico do Rio <strong>de</strong> Janeiro, e também quão relevante era a Avenida RioBranco para o escoamento da cida<strong>de</strong>.57 Grifo nosso.58 SARAIVA, Marcia Raquel <strong>de</strong> Brito. Minicurso: Ícones do po<strong>de</strong>r egípcio da Antiguida<strong>de</strong> a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: osobeliscos. XII JORNADA DE ESTUDOS DO ORIENTE ANTIGO. PUCRS, 2006. Palestra realizada durante oMini-Curso, que ocorre um dia antes da abertura oficial da Jornada. A questão partiu <strong>de</strong> um ouvinte da palestraque manifestou sua opinião e o seu conhecimento a respeito do assunto.59 EM TORNO DO OBELISCO. Correio do Povo, Porto Alegre, 06 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1930.


52Outro artigo do Jornal Correio do Povo corrobora a animosida<strong>de</strong> entre os gaúchos e oscariocas. Consi<strong>de</strong>rando a ameaça dos gaúchos uma anedota, o governo fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>spertou noRio Gran<strong>de</strong> do Sul o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> contrapartida: tiveram a idéia <strong>de</strong> oferecer à cida<strong>de</strong> carioca umnovo monumento que seria marco da gloriosa vitória do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.O Obelisco da AvenidaA campanha <strong>de</strong> ridículo com que os escribas do Cattete sonhavam em anular o RioGran<strong>de</strong>, teve no obelisco da Avenida um dos seus motivos mais insistentes.Os jornais estipendiados pelo governo fe<strong>de</strong>ral tiveram o cuidado <strong>de</strong> divulgar a rosados ventos que a representação gaúcha teria ameaçado a capital da República <strong>de</strong>que os centauros do Rio Gran<strong>de</strong> iriam em breve amarrar os seus cavalos naquelepequeno monumento da principal artéria da metrópole.Depois <strong>de</strong> haverem emprestado um cunho <strong>de</strong> in<strong>de</strong>smentível veracida<strong>de</strong> á pequeninainfâmia – são proteicos os profissionais da difamação – repetiram-na com sarcasmoe fizeram-na mote para a glosa insula <strong>de</strong> todos os epicuristas ligados ao Cattete.Devem agora estar eles sentindo que, sem bravatas e sem ameaças, o Rio Gran<strong>de</strong>podia, á hora que lhe aprouvesse, amarrar no obelisco, já hoje famoso, a suagalharda, invencível e tradicional cavalaria.Não se pense, porém, que o Rio Gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou no solo a luva que lhe foi lançada.Corre, já, em todas as camadas <strong>de</strong> nossa população a idéia <strong>de</strong> um revi<strong>de</strong> admirávelao ridículo com que quiseram menosprezar o Rio Gran<strong>de</strong>: afastar alguns metros oobelisco e erigir, no lugar <strong>de</strong>le, um monumento em bronze – um gaúcho a cavalo.No pe<strong>de</strong>stal da estatua apenas a inscrição: ‘3 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1930’ 60 .Assim, evi<strong>de</strong>ncia-se que o acaso nada teve a ver com o cerco ao obelisco. Foi <strong>de</strong>ssa formaque os gaúchos enten<strong>de</strong>ram po<strong>de</strong>r representar, <strong>de</strong> modo mais rápido, a sensação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Porconta do imaginário coletivo, um significado <strong>de</strong> incontestável sentimento <strong>de</strong> superiorida<strong>de</strong> foiinvestido nessa epopéia.Tão popular tornou-se o episódio no Estado, que uma peça teatral foi realizada, comrepetidos convites no jornal.60 O OBELISCO DA AVENIDA. Correio do Povo, Porto Alegre, 10 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1930.


53Anúncio da peça Teatral A Caminho do Obelisco. Anúncios. A Fe<strong>de</strong>ração, PortoAlegre, 12 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1930.Também foi feito um concurso, em Benefício à Cruz Vermelha, premiando com umabateria <strong>de</strong> alumínio para cozinha, aquele que adivinhasse o dia exato em que os gaúchosamarrariam os cavalos no obelisco.Anúncio do Concurso: A Caminho do Obelisco. Secções. A Fe<strong>de</strong>ração. Porto Alegre, 22<strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1930.


54Para se enten<strong>de</strong>r esse imaginário que permeou todas essas interpretações, é precisocompreen<strong>de</strong>r o contexto da época em que o obelisco foi construído, buscando-se assim,argumentos que auxiliem a interpretar a escolha <strong>de</strong>sse monumento.A remo<strong>de</strong>lação da capital do Império teve por base as reformas ocorridas na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Paris, por conta da administração do Barão Haussman. Consi<strong>de</strong>rada capital do século,conforme Walter Benjamim, foi, também <strong>de</strong>signada como paradigma da “cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna”. 61Este centro sofreu, em meados do século XIX, uma profunda transformação, promovida peloentão prefeito Barão Georges-Eugène Haussmann, que transformou Paris em um mito,espalhando-o ao mundo civilizado que procurava um mo<strong>de</strong>lo para construir uma imagem <strong>de</strong>cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, criando ou forjando uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional própria. 62As principais ações <strong>de</strong> Haussmann nesse processo <strong>de</strong> reforma po<strong>de</strong>m ser divididas emtrês etapas, conforme Pesavento. Num primeiro momento, o prefeito dá seguimento àquiloque já estava sendo feito, como o alargamento <strong>de</strong> ruas, cuja ação implicou evacuação <strong>de</strong>terrenos, <strong>de</strong>molição <strong>de</strong> ruelas estreitas, mudança forçada da população para a periferia. 63Num segundo feito, realizou o gran<strong>de</strong> cruzamento <strong>de</strong> Paris, que tinha como pontocentral o Chatêlet: no sentido leste-oeste, era representado pela Rue <strong>de</strong> Rivoli e, no sentidonorte-sul, pelo Boulevard <strong>de</strong> Strasbourg e pelo Boulevard <strong>de</strong> Sebastopol, ambos na margemdireita do Sena, passando a ser prolongado para a margem direita, e, ainda, a abertura doBoulevard <strong>de</strong> Saint Michel.61 PESAVENTO, Sandra J. O imaginário da cida<strong>de</strong>: visões literárias do urbano – Paris, Rio <strong>de</strong> Janeiro, PortoAlegre. Porto Alegre: UFRGS, 2002. p. 24.62 Pesavento explica o termo “mito <strong>de</strong> Paris” a partir da concepção da cida<strong>de</strong> como “além do bem e do mal” Paraa autora, é a representação contemporânea da metrópole constituída por um imaginário social que emerge com aexperiência histórica coletiva e individual da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Callois consi<strong>de</strong>ra que o “mito <strong>de</strong> Paris” dá novospo<strong>de</strong>res à Literatura, à medida que a ficção renuncia a seu mundo autônomo para tentar aquilo que, segundoPesavento, Bau<strong>de</strong>laire chama <strong>de</strong> “a tradução legendária da vida exterior”. PESAVENTO,. 2004:52)63 Pesavento cita o alargamento da Rue <strong>de</strong> Rivoli, <strong>de</strong> um lado, até o Louvre e a Place <strong>de</strong> La Concor<strong>de</strong> e, <strong>de</strong> outro,até o hotel <strong>de</strong> Ville e, posteriormente, até a Bastille. O alargamento <strong>de</strong>ssas avenidas muda completamente ovisual dos quarteirões da antiga Paris.


55Por último, Haussmann empreen<strong>de</strong>u a ação <strong>de</strong> trazer a natureza para o espaçourbanizado, recriando uma natureza artificial <strong>de</strong>ntro da cida<strong>de</strong>, através produção <strong>de</strong>montanhas, lagos, cascatas, bosques e pontes. O intento daria ao povo um meio <strong>de</strong> lazersaudável.A influência <strong>de</strong>sse país, em termos <strong>de</strong> organização do espaço urbano, já era sentida noBrasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a vinda da Missão Francesa.A convite da Corte Portuguesa veio para o Rio <strong>de</strong> Janeiro a Missão Artística Francesa,chefiada por Joaquim Lebreton, e composta por um grupo <strong>de</strong> artistas, dos quais faziam parteos pintores Jean Baptista Debret e Nicolas Antoine Taunay, os escultores Auguste MarieTaunay, Marc e Zéphirin Ferrez e o arquiteto Grandjean <strong>de</strong> Montigny. Foi esse grupo que, em1816, organizou a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, transformada, em 1826, naImperial Aca<strong>de</strong>mia e Escola <strong>de</strong> Belas Artes.Ainda no campo da arquitetura, o estilo <strong>de</strong>senvolvido pela Missão foi o neoclássico,em substituição ao estilo barroco. Grandjean <strong>de</strong> Montigny 64foi o responsável por essamudança, e autor dos projetos do prédio da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Belas-Artes, da Casa da Moeda(atual Casa França-Brasil) e do Solar da Baronesa, situado on<strong>de</strong> é hoje o atual campus daPontifícia Universida<strong>de</strong> Católica do Rio <strong>de</strong> Janeiro. 65Ao longo do século XIX, os portos do Rio <strong>de</strong> Janeiro foram o local <strong>de</strong> chegada dasidéias que se espalhavam pela América, vindas da Europa, permitindo, então, o contato comos planejamentos reformadores <strong>de</strong> Haussmann. A vinda da Família Real para o Brasil, em1808 gerou mudança significativa no processo <strong>de</strong> urbanização da cida<strong>de</strong>, que ficou conhecida64 Auguste-Henri-Victor Grandjean <strong>de</strong> Montigny mudou-se para o Rio <strong>de</strong> Janeiro em 1816. Recebeu o primeirotítulo oficialmente concedido neste país <strong>de</strong> Professor <strong>de</strong> Arquitetura. Seus princípios <strong>de</strong> circulação e higienefizeram com que seus projetos visassem modificações radicais das plantas <strong>de</strong> arquitetura usadas na época,utilizando para tal, suas concepções neoclássicas. Mais informações disponível emwww.pitoresco.com.br\grandjean.65 Informações disponíveis em www.multirio.gov.br/história


56como a maior cida<strong>de</strong> colonial, se<strong>de</strong> da Corte 66 .O impulso urbano que o Rio <strong>de</strong> Janeiro sofreufez com que a população crescesse, e a cida<strong>de</strong> colonial precisou otimizar-se por ser se<strong>de</strong> <strong>de</strong>uma monarquia. No bojo <strong>de</strong>ssas transformações aparecem as primeiras criações <strong>de</strong>egiptomania. “As primeiras e mais belas obras arquitetônicas com elementos egípcios foramerguidas no país também por iniciativa da família real” (BAKOS, 2004: 17).Quando passou <strong>de</strong> capital do Reino Unido à Capital do Império Brasileiro, osproblemas da cida<strong>de</strong> carioca se agravaram, tornando-se, à época, o maior centro urbano dopaís, tendo o maior porto, maior núcleo <strong>de</strong> escoamento da produção <strong>de</strong> café e maior mercado<strong>de</strong> escravos do país.Durante todo o século XIX, o contato com a França promoveu idéias para o Rio <strong>de</strong>Janeiro que crescia e que precisava ser reformulado. O exemplo bem-sucedido do barãoHaussmann impressionou Pereira Passos, o qual, em 1874, participou da Comissão <strong>de</strong>Melhoramentos da cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, preocupado com questões urbanístico- sanitárias,<strong>de</strong> higiene e estéticas da cida<strong>de</strong> e visava melhorias urbanas.Pereira Passos foi o prefeito do Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1902 a 1904, quando teve início oprojeto <strong>de</strong> remo<strong>de</strong>lação urbana da capital. Demolições na Cida<strong>de</strong> Velha, <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong>cortiços, becos, abertura <strong>de</strong> vias amplas e arejadas, aterro na parte norte do cais, originaramgran<strong>de</strong>s avenidas, por exemplo, a Avenida Central que conectava o porto com o centro dacida<strong>de</strong>. Esses foram alguns dos resultados do projeto.“Simbolicamente, a intenção era tornar o Rio <strong>de</strong> Janeiro uma metrópole mo<strong>de</strong>rna,aceitável, <strong>de</strong>sejável, espécie <strong>de</strong> Paris à beira-mar (...). um projeto à feição dasaspirações mais caras <strong>de</strong> uma elite educada à européia, inspirada em matrizesfrancesas, tendo por meta uma ‘cida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al’ do tipo parisiense” (PESAVENTO,2002. p. 176).66 PESAVENTO, op. Cit. p.164.


57É lugar comum na historiografia que a cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro tenha sidotransformada em uma Paris americana, pois foi mo<strong>de</strong>rnizada segundo os padrões adotadospelo Barão Haussmann. Entre os monumentos que sinalizam o processo urbano na capitalnacional, acompanhando o crescimento da cida<strong>de</strong>, estão os obeliscos.Na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro, Margaret Bakos <strong>de</strong>scobre a presença <strong>de</strong>sses monumentosali existentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1748, quando aparece um chafariz, conhecido como Chafariz dasSaracuras, projetado por Mestre Valentin, construído para fornecer água ao “Convento daAjuda”, proprieda<strong>de</strong> das freiras clarissas. As bicas são em forma <strong>de</strong> pássaro saracura, que seassemelha ao pássaro Íbis, uma das representações do <strong>de</strong>us egípcio Thot, o qual teria ensinadoa escrita aos homens (BAKOS, 2004: 60)Em 1906, foi construído o obelisco da Avenida Rio Branco, marco <strong>de</strong> abertura daAvenida Central. O monumento seria, assim, um registro do impulso rumo ao progresso, àprocura <strong>de</strong> avanços objetivando a superação do passado, seguindo para a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.Na Praça <strong>de</strong> La Concor<strong>de</strong>, situada na principal avenida <strong>de</strong> Paris, está o mais antigomonumento <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>: o obelisco <strong>de</strong> Ramsés II, doado pelo monarca Mohamed Ali a LuisXVIII.Em 1814 o rei da França solicitou ao monarca Mohamed Ali a doação <strong>de</strong> umobelisco para sua capital que sem dúvida seria uma forma <strong>de</strong> celebração erestabelecimento da Monarquia na França. Procurando favorecimento com a Françapara ganhar suporte contra a Turquia, e também a ajudá-lo na mo<strong>de</strong>rnização doEgito, Ali ofereceu à França o ainda <strong>de</strong> pé obelisco <strong>de</strong> Tutmósis III em Alexandria.Mas ele foi persuadido a oferecer o caído à Inglaterra. Assim como a Françapreparou o transporte do obelisco, a Inglaterra foi bem sucedida em sua persuasão aMohamed Ali no sentido <strong>de</strong> ce<strong>de</strong>r os direitos para eles sobre o par <strong>de</strong> obeliscos queficam enfrente ao templo <strong>de</strong> Luxor. Sob pressão, Ali ofereceu à Inglaterra omagnífico obelisco <strong>de</strong> Hatshepsut em Karnak, ce<strong>de</strong>ndo o par <strong>de</strong> obeliscos <strong>de</strong> Luxorpara a França para cuja ainda manteve o obelisco <strong>de</strong> Alexandria. A Inglaterraaceitou. Entretanto, consi<strong>de</strong>rando que a França não conseguiria transportar os trêsobeliscos optou seguindo os conselhos <strong>de</strong> Champollion, por transportar primeiro omais bonito <strong>de</strong>les todos, aquele a Oeste da entrada do templo <strong>de</strong> Luxor.Quando Lebas, o engenheiro apontado para dirigir as operações <strong>de</strong> transporteagra<strong>de</strong>ceu ele por assegurar o obelisco para a França. E assim, Mohamed Alirespon<strong>de</strong>u:“Eu <strong>de</strong>i à França a relíquia <strong>de</strong> uma civilização Antiga, esta é a mudança para a novacivilização que expandiu as suas sementes no Oriente. Deixe o obelisco ser um laçoentre os nossos dois países”.


58Em 25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1836, o obelisco foi erguido no Praça da Concórdia emParis 67 .Na capital francesa, o obelisco faz, assim, uma dupla celebração: o restabelecimento<strong>de</strong> um governo e a consolidação <strong>de</strong> um relacionamento estável entre dois países, Egito eFrança; no caso do obelisco do Rio <strong>de</strong> Janeiro: foi a vitória na Revolução <strong>de</strong> 1930. Amodalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apropriação dos obeliscos aqui <strong>de</strong>monstrada não é o único caso. Essamodalida<strong>de</strong> repete-se, ainda, na literatura e no cinema, em que escritores e diretores,respectivamente, fazem uso <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> apropriação.O obelisco do Rio <strong>de</strong> Janeiro, à época <strong>de</strong> sua construção, foi um marco ligado àmo<strong>de</strong>rnização da cida<strong>de</strong> seguindo o estilo europeu. Esse foi o monumento on<strong>de</strong> os gaúchosamarraram os seus cavalos. Evi<strong>de</strong>ncia-se, assim, que o episódio, acima <strong>de</strong> tudo, significouuma mudança firmada em idéias inovadoras, direcionadas ao <strong>de</strong>senvolvimento do país, vistoque a Revolução <strong>de</strong> 1930 findou com a Primeira República.2.2 O obelisco: sua a inserção na literatura e no cinema67 “ In 1814, Louis XVIII asked Mohammed Ali to Grant him an obelisk for his capital, no doubt as a form ofcelebration for the re-establishment of kingship in France. Seeking favour with the French to gain their supportagainst Turkey and to help him in mo<strong>de</strong>rnizing Egypt, Ali offered the French the still standing obelisk ofTuthmosis III at Alexandria, but he was coaxed into offering the fallen one to the British (Bourbon 1996: 30-31).As the French prepared to transport the obelisk, the British succe<strong>de</strong>d in also persuading Mohammed Ali toassign them the pair of obelisks standing in front of the Luxor temple. Un<strong>de</strong>r pressure, Ali offered the British themagnificent obelisk of Hatshepsut in Karnak, ceding the pair of Luxor obelisks to the French, who woud alsokeep the standing Alexandria obelisk. The British accepted. However, on consi<strong>de</strong>ration the French realized thatthey could not transport three obelisks and opted, following Champollion’s advice, to transport first the mostbeautiful of them all, the one west of the entrance to the Luxor Temple (Bourbon 1993: 136, 157; Habachi 1984:152-158).When Lebas, the engineer appointed to direct transport operations, thanked him for securing the obelisk forFrance, Mohammed Ali (quoted in Tompkins 1981: 238) replied:I give her (France) the relic of an old civilization, it is in exchange for the new civilization of which she had spread the seedsin Orient. Let the Obelisk be a tie between our two countries.On 25 october 1936, the obelisk was erected in the Place <strong>de</strong> la Concor<strong>de</strong>, Paris”. HASSAN, op. Cit. p. 61.


59Seguindo a perspectiva <strong>de</strong> análise da escolha do obelisco como guardião <strong>de</strong> umamemória, a partir da apropriação <strong>de</strong> monumentos existentes,analisa-se aa inserção dosobeliscos na literatura regional e internacional, tendo como referência a função que o autor<strong>de</strong>legou ao monumento na composição da sua obra. Também se faz uma breve reflexão sobreo aparecimento <strong>de</strong> obeliscos no cinema nacional e internacional.2.2.1 O obelisco e a literaturaEm estudo realizado em 2004, parte da pesquisa foi <strong>de</strong>dicada ao estudo <strong>de</strong> casos emque os obeliscos apareciam inseridos no contexto literário e no cinema 68 . Foram encontradas<strong>de</strong>z poesias e três narrativas literárias em forma <strong>de</strong> romance. Na tentativa <strong>de</strong> averiguar osignificado da palavra “obelisco”, no contexto, e verificar se conferia ou não com o sentidoatribuído a essa mesma palavra na antiguida<strong>de</strong> egípcia foram analisadas seis das <strong>de</strong>z poesias(BRITO, 2004: 23).Metáfora para sensualida<strong>de</strong>, atribuição <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle, <strong>de</strong>sprezo evaloração <strong>de</strong> tesouro, foram algumas das atribuições atreladas à palavra obelisco, no enredoem que foram aproveitadas. Dos romances encontrados, dois eram literatura brasileira e umaestrangeira: Gaúchos no Obelisco 69 (1984), O Tempo e o Vento 70 (1949-1962) e Sangue noObelisco 71 (1975).68 BRITO, Marcia Raquel <strong>de</strong>. Obeliscos Egípcios: História e Transculturação. Porto Alegre: PUCRS, 2004.Monografia (Bacharelado em História), Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia e Ciências Humanas, Pontifícia Universida<strong>de</strong>Católica do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Orientação: BAKOS, Margaret Marchiori.69 MARTINS, Cyro. Gaúchos no Obelisco. Porto Alegre: Editora Movimento, 1984.70 VERÍSSIMO, Érico. O Arquipélago. In: O Tempo e o Vento – Tomo III. 11 a Ed. Porto Alegre: Editora Globo,1962.71 MARTON, George e BURREN, Michael. Sangue no Obelisco. Tradução: Ruy Jungmann. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Companhia Editora Americana, 1975.


60Sangue no Obelisco, romance escrito por George Marton e Michael Burren, narra aação <strong>de</strong> um carrasco nazista <strong>de</strong> Lyon, França, que em uma floresta, executa prisioneiros <strong>de</strong>guerra. Como testemunha do fato, um obelisco. Três pessoas passaram a perseguir o nazistaque <strong>de</strong>sapareceu após o termino da guerra, com o objetivo <strong>de</strong> um ajuste <strong>de</strong> contas próximo aomesmo obelisco, consi<strong>de</strong>rado cúmplice dos assassinatos. A história envolve um movimentoterrorista Palestino e a Máfia Francesa 72 .Cyro Martins é o autor do romance contextualizado no período da história do Brasil,entre 1929 e 1937, no cenário da política gaúcha e carioca da época. O romance narra aatmosfera política que prece<strong>de</strong>u 1930, <strong>de</strong>screvendo cenários, famílias, o cotidiano <strong>de</strong> PortoAlegre, na perspectiva histórica. O ponto alto do romance é o momento em que algunshomens <strong>de</strong> Flores da Cunha encilham seus cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco. Oautor, adotou o episódio do obelisco para título, por julgá-lo simbólico do arrebatamento daépoca e do triunfo revolucionário, conforme se lê na orelha / resumo do livro 73 .Por último, citou-se o trecho da obra O Tempo e o Vento, uma das mais importantesnarrativas literárias da história do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, a qual encerra importantes episódioshistóricos mesclados com personagens criados com a maestria que somente Erico Veríssimopossui.“O Cavalo e o Obelisco” entitula um capítulo que se encontra em O Arquipélago 3,on<strong>de</strong> Santa Fé, a cida<strong>de</strong> da história, prepara-se para a Revolução <strong>de</strong> 1930.Transcreve-se aqui, a citação em que Rodrigo Cambará é visitado pelo filho Floriano epelo amigo Roque Ban<strong>de</strong>ira:- Quero mostrar a vocês um documento histórico precioso que encontreihoje numa gaveta – diz Rodrigo, tirando do bolso da camisa um pequenoinstantâneo fotográfico e entregando-o ao filho.72 BRITO, 2004. op. cit p 31-32.73 BRITO, 2004. op. cit. p. 33.


61Floriano sorri, vendo na foto três gaúchos – chapelões <strong>de</strong> abas largas combarbicacho, lenços vermelhos, bombachas, botas e esporas – postados àfrente do obelisco da Avenida Rio Branco e cercados <strong>de</strong> curiosos.- Reconheces os heróis?- Claro. O Neco, o Chiru e o Liroca.- Queriam por força amarrar os cavalos ao obelisco – sorri Rodrigo. –Diziam que era um compromisso sagrado. Não foi fácil tirar a idéia dacabeça <strong>de</strong>les... Me <strong>de</strong>ram um trabalho danado.- Mas, afinal <strong>de</strong> contas – pergunta Ban<strong>de</strong>ira – amarrar nossos cavalosno obelisco não foi o objetivo principal da Revolução <strong>de</strong> 30?- Não me venhas com tuas ironias – repreen<strong>de</strong>-o Rodrigo.- Quer dizer então que o movimento tinha mesmo um conteúdoi<strong>de</strong>ológico?- Tu sabes que tinha, não te faças <strong>de</strong> tolo. (VERÍSSIMO.1962: 709)Na lista <strong>de</strong> escritores gaúchos que se valem do episódio dos cavalos atados aoobelisco, durante a Revolução <strong>de</strong> 1930, encontra-se o Escritor Moacyr Scliar. Tambémmédico especialista em saú<strong>de</strong> pública, esse porto-alegrense é autor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> sessenta livros,publicados em <strong>de</strong>zoito países e com várias obras adaptadas para o cinema.Cavalos e Obeliscos 74 é uma obra que trata <strong>de</strong> um tema tipicamente gaúcho, cujopersonagem principal, Ernesto, chega ao Rio <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter um texto selecionadopara a televisão. O tema do texto eram as histórias contadas a respeito do seu avô, pelopróprio pai. Eram narrativas do lendário coronel Picucha, que combatera na Revolução <strong>de</strong>1923 e um dia <strong>de</strong>saparecera. Ao passear pelo Rio <strong>de</strong> Janeiro, o jovem Ernesto é abordado porum idoso. Era o próprio coronel Picucha.Dentre as histórias que o seu avô Picucha lhe contou, após o encontro, está o episódioinusitado do obelisco da Avenida Rio Branco.(...) Getúlio Vargas – disse, e o tom agora era respeitoso, <strong>de</strong> admiração. – Aquelefoi um gran<strong>de</strong> homem. Pelo menos no inicio <strong>de</strong> sua carreira, que foi quando oconheci. Depois virou populista, meteu-se com uma corja <strong>de</strong> pelegos, acabou tendoaquele fim trágico. Mas em trinta Getúlio era o caudilho legítimo, o homem capaz<strong>de</strong> abrir seu próprio caminho <strong>de</strong> peito aberto. Ele sabia que eu andava rolando paralá e para cá, mandou me chamar. Picucha, disse, quero que te ajuntes a mim, vamosmostrar a esse Brasil o que é o Rio Gran<strong>de</strong>. Com todo o prazer, eu disse, rindo <strong>de</strong>74 SCLIAR, Moacyr. Cavalos e Obeliscos. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1981. 60p.


62gosto. Ele achou graça, mas <strong>de</strong>pois ficou sério: quero que me prometas, ele disse,que acabada a revolução vais voltar para a tua mulher e teu filho; aliás, eu mesmovou te levar a eles, Picucha. Respondi: com o senhor vou a qualquer lugar. Ecomeçamos a subir para o Rio. Foi no meio <strong>de</strong>ssa jornada que me ocorreu a idéia <strong>de</strong>amarrarmos os nossos cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco.- Mas a idéia foi sua? – Ernesto espantado.- Foi minha sim – disse o velho irritado. – Por quê? Me achas incapaz <strong>de</strong> ter tidoessa idéia? Eu, o homem que laçou o avião dos chimangos? Tive essa idéia, e tivemuitas outras, que botei em prática, mas agora até perdi a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> contar.Calou-se amuado.- Me <strong>de</strong>sculpe – disse Ernesto constrangido. – Eu não quis ofen<strong>de</strong>r. Continue, porfavor.- Bom, disse o velho, ainda indignado – mas então não me faz mais essas perguntasimpertinentes. Isso me irrita muito; para dizer a verda<strong>de</strong>, é a coisa que mais meirrita, duvidarem <strong>de</strong> mim. Mas então: tive a idéia <strong>de</strong> amarrar os cavalos no obeliscoe logo compreendi que aquilo teria enorme importância, seria o símbolo da nossavitória, enten<strong>de</strong>ste? De modos que fui ao Getúlio, contei o plano.. ele não aprovou<strong>de</strong> imediato – naquela época já estava ficando esperto, finório – <strong>de</strong>pois concordou,mas disse que não tomaria conhecimento oficial do assunto. A coisa <strong>de</strong>veria parecerespontânea, um gesto tipicamente gaúcho, o que impressionaria ainda mais oscariocas. A operação foi ficando sob meu comando, reuni um grupo <strong>de</strong> cabras fiéis,disse-lhes o que íamos fazer, perguntei quem iria comigo. E adverti: não sei se seráperigoso ou não, mas quero que a coisa seja feita com dignida<strong>de</strong>. Que se mostre aomundo <strong>de</strong> uma vez por todas que o gaúcho não é lacaio. Como eu esperava,nenhum recuou. E assim, quando chegamos ao Rio, a primeira coisa que fizemosfoi ir ao obelisco...- E amarraram lá os cavalos? – Ernesto, os olhos brilhando.Mas claro – disse Picucha. Hesitou e – tom agora era <strong>de</strong> leve contrarieda<strong>de</strong> –prosseguiu:- Quer dizer: eles amarraram. Eu não.- Mas por quê? Ernesto, <strong>de</strong>sapontado.- Porque eu estava bêbado - disse o coronel, seco. – Bêbado como um gambá.Estava comemorando nossa vitória, enten<strong>de</strong>u? Então bebi. Quando chegamos aoobelisco estava tão bêbado que não consegui dar o nó nas ré<strong>de</strong>as. E o pior é quemeu cavalo, que nunca se assustava com nada, <strong>de</strong> repente ouviu uma buzinaestri<strong>de</strong>nte e disparou. Saiu galopando avenida acima e eu atrás <strong>de</strong>le. Uma pena.(...) – Depois? – disse o velho, numa voz incolor. – Ora, <strong>de</strong>pois não aconteceu maisnada que valha a pena contar. Fiquei trabalhando com o Getúlio, mas os cariocas<strong>de</strong>ram um jeito <strong>de</strong> me afastar <strong>de</strong>le. Me arranjaram um carguinho burocrático, <strong>de</strong>poisoutro menos importante, até que enjoei daquilo e larguei. Os cariocas são gentemuito matreira, Ernesto. Tinham raiva <strong>de</strong> mim... Porque eu era <strong>de</strong> confiança doPresi<strong>de</strong>nte e também porque eu lhes lembrava constantemente o dia em queamarramos os cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco. E com Getúlio, tu sabeso que aconteceu. Não terminaria assim, te garanto, se eu tivesse junto a ele. Sematar? Nunca. Eu não <strong>de</strong>ixaria. Faria ele brigar até o fim. Contra os gringos, contraquem fosse (SCLIAR, 1981: 29).Ao final da narrativa, Picucha perguntou ao suposto neto se a história suscitariainteresse ao pessoal da TV.- Tu achas – insistiu o velho - que o pessoal da TV vai gostar <strong>de</strong>sses causos?- Claro que vai.


63- Que bom. Fico contente... por ti. – Uma idéia incômoda ocorreu-lhe: - Mas tuachas que os cariocas vão topar essas histórias? Tu achas que eles vão mostrar naTV os gaúchos amarrando os cavalos no obelisco?- Talvez façam uma adaptação...(SCLIAR, 1981:31).Moacyr Scliar, nessa obra, retrata o gaúcho estancieiro, a imagem do gaúcho valente ecorajoso, <strong>de</strong>stemido e leal. Aquele gaúcho que faz parte do imaginário coletivo, presençaheróica dos pampas.O contato que se fez com o escritor Moacyr Scliar, através do seu en<strong>de</strong>reço eletrônico,disponível na coluna do jornal Zero Hora, do qual é colunista, teve o intuito <strong>de</strong> saber o que olevou a escrever sobre a façanha <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> homens que amarraram seus cavalos numobelisco. Scliar respon<strong>de</strong>u que o livro partiu do seu interesse em escrever sobre um episódioacontecido na Revolução <strong>de</strong> 1930, mas que a história contada não era real.Em um contato posterior que se fez com esse autor, <strong>de</strong>sta vez antes <strong>de</strong> uma palestraque ele iria proferir, Scliar falou novamente sobre o caráter fictício da obra, salvo oacontecimento documentado: os cavalos atados no obelisco. Também falou sobre aimportância que atribui ao acontecido, consi<strong>de</strong>rando-o pouco discutido em termos históricos.Nas narrativas que incluem os obeliscos, salienta-se o episódio que envolve o obeliscodo Rio <strong>de</strong> Janeiro e as <strong>de</strong>savenças entre cariocas e gaúchos. Os personagens que aparecem naliteratura acima citada tem seus nomes transmudados <strong>de</strong> acordo com a visão do autor da obra:os homens <strong>de</strong> Flores da Cunha, segundo Cyro Martins; Neco, Chiru e Liroca, segundo oolhar <strong>de</strong> Rodrigo Cambará 75 , o personagem central <strong>de</strong> o Tempo e o Vento; e Picucha, na ótica<strong>de</strong> Moacyr Scliar.O nome dos realizadores <strong>de</strong>ssa façanha não importa para este estudo, porque nele seprivilegiaram escolhas do momento que incutem o imaginário que elabora a própriai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> gaúcha, levada ao ápice naquele ato.75 Personagem fictício narrador do episódio, na obra O Tempo e o Vento – O Arquipélago.


64A análise <strong>de</strong> Zilá Bernd soma-se à presente. Para essa outra, a construção <strong>de</strong> umanação passa pela recuperação e afirmação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional a qual se funda numpatrimônio comum <strong>de</strong> mitos, lendas, tradições orais e feitos históricos com seus respectivosheróis. A preservação <strong>de</strong>sse patrimônio é o legado maior que uma geração transfere à outra( BERND, 2003, p. 89).Essa passagem da história, inserida na literatura, sobre o obelisco do Rio <strong>de</strong> Janeiro,colabora para a afirmação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do gaúcho eternizada como herói. Não se trata,apenas, da afirmação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> regional, mas sim, na <strong>de</strong> homens que tradicionalmente nãotemem as lutas <strong>de</strong>ntro das esferas políticas e sociais.Ainda sobre obelisco, outra obra tornou-se conhecida mundialmente, em parte peloassunto polêmico que levanta 76 : O Código Da Vinci 77 . Livro, posteriormente adaptado para ocinema 78 , conta a história da linhagem do Santo Graal, baseando-se na crença <strong>de</strong> que JesusCristo ter-se-ia casado com Maria Madalena e que, <strong>de</strong>sta união, haveria uma <strong>de</strong>scendência. Ahistória inicia com um assassinato. O professor Langdon, especializado em leitura <strong>de</strong>símbolos, é o principal suspeito, por conta <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas pistas <strong>de</strong>ixadas pela vitima fatal.A fim <strong>de</strong> provar sua inocência, o professor precisa <strong>de</strong>cifrar todos os segredos, enten<strong>de</strong>r o queaconteceu antes do crime e o que levou a vítima a indicar o seu nome antes <strong>de</strong> morrer.Já, no segundo capítulo do livro, um homem chamado Silas faz uma ligação e assumeseu envolvimento nos crimes. Por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> seu mestre, Aringarosa, vai a Paris no intuito <strong>de</strong>encontrar um objeto que, supostamente, estaria <strong>de</strong>ntro da Igreja Saint-Sulpice. Ao chegar, odiscípulo se <strong>de</strong>svencilha da madre que o recebe e, sozinho, admira o monumento.76 O livro traz à tona questões sobre a vida <strong>de</strong> Jesus Cristo. Por conta disto, a National Geographic Channelexibiu um documentário, incluindo entrevistas com personalida<strong>de</strong>s ligadas à Igreja, entre outras a Católica, e opróprio escritor Dan Brown, contrapondo opiniões e mostrando ainda outras pesquisas sobre o assunto.77 BROWN, Dan. O Código Da Vinci; tradução <strong>de</strong> Celina Cavalcante Falk-Cook – Rio <strong>de</strong> Janeiro: Sextante,2004.78 O filme O Código Da Vinci foi dirigido por Ron Howard e estreou em 2006, EUA. No papel do professorLangdon, o atorTom Hanks.


65Silas olhou pensativo para o alto do obelisco <strong>de</strong> Saint-Sulpice, calculando a alturadaquele impressionante monumento <strong>de</strong> mármore. Seus tendões vibraram <strong>de</strong>euforia. Olhou em torno uma vez para se certificar <strong>de</strong> que estava sozinho na igreja.Então, ajoelhou-se junto à base da estrutura, não por reverencia, mas pornecessida<strong>de</strong>.A pedra-chave está escondida sob a linha Rosa.Na base do obelisco <strong>de</strong> Saint-Sulpice [...].(BROWN, 2004:125).É do conhecimento geral a polêmica em torno <strong>de</strong>sse livro, por conta da posição <strong>de</strong>algumas igrejas cristãs frente às interpretações que Dan Brown utilizou para tornar sua obramais interessante. Em uma reportagem, o jornal Zero Hora 79 salienta que a Europa chegou acriar uma pequena indústria turística com roteiro baseado nos enigmas da história mística.Entre os lugares visitados, evi<strong>de</strong>ncia-se a Igreja <strong>de</strong> Saint Sulpice, em Paris, on<strong>de</strong> está umobelisco que participa da história.Esse monumento, que interessou aos leitores <strong>de</strong> várias partes do mundo, tambéminteressa, aqui, pelo significado que lhe foi dado por Dan Brown. Uma atmosfera mística e <strong>de</strong>segredo envolve o ambiente da Igreja quando o personagem olha para o obelisco. Esperandoencontrar nele uma chave do interesse da or<strong>de</strong>m à qual pertence, a Opus Dei, o personagemSilas procura, golpeando o chão próximo à base do monumento, abrir alguma fenda, eencontra uma pedra com a seguinte inscrição: Jó, 38:11. Ao procurar o versículo, eis amensagem que o obelisco revela: “TU CHEGARÁS ATÉ ESTE PONTO E DAQUI NÃOPASSARÁS” (BROWN, 2004:139).Uma interpretação a respeito da existência <strong>de</strong>sse obelisco <strong>de</strong>ntro da igreja <strong>de</strong> SaintSulpice po<strong>de</strong> remeter à apropriação, pela igreja, <strong>de</strong> dois símbolos preexistentes: um, a linharosa que em tempos antigos dividia, segundo a crença comum, a Terra em dois hemisfériosiguais; outro, seria o presença do próprio obelisco sobre esta linha, o que dá ao filme um tommisterioso, porque ele não explica o motivo <strong>de</strong> o monumento estar naquele local.79 ERTEL, Lur<strong>de</strong>te. No rastro do mistério. Zero Hora., 10 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2004. Informe Econômico, p.28.


66Na esfera da literatura, arrisca-se, aqui, a falar um pouco sobre a história em sala <strong>de</strong>aula. De modo algum se quer abrir uma discussão filosófica <strong>de</strong> tom conceitual sobreEducação, mas fazer um breve comentário sobre as fontes que po<strong>de</strong>m cruzar informações coma história.A literatura é uma maneira não tanto convencional, mas que interdisciplinarmente,po<strong>de</strong> aguçar a curiosida<strong>de</strong> dos estudantes e <strong>de</strong>spertar um interesse maior pela história. FrançaPaiva 80 diz que o professor <strong>de</strong> história tem que ser um bom historiador, e como tal, <strong>de</strong>ve saberlidar criticamente com as fontes e com a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> registros existentes. É precisointerrogá-los, interpretá-los e explorá-los no intuito <strong>de</strong> que sirvam às versões.Isso é o que <strong>de</strong>veria ocorrer nas salas <strong>de</strong> aula <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o ensino fundamental. (...) tratase<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver, <strong>de</strong> maneira adaptada à ida<strong>de</strong> e as condições materiais e culturaisexistentes, suas competências, suas habilida<strong>de</strong>s e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, assim, lercriticamente não apenas a história dos livros e da escola, mas principalmente, ahistória do seu tempo, a própria vida cotidiana na qual eles <strong>de</strong>sempenhamimportante papel transformador”(PAIVA, 2002, p. 13).O estudo da história, a partir <strong>de</strong>ssa perspectiva, motivaria o interesse pelosmonumentos e promoveria um <strong>de</strong>bate substancial para a retomada da valorização quemerecem, hoje em quase total abandono. Assim, retornar-se-ia o interesse pelos obeliscos queguardavam memórias ímpares, como o obelisco do Rio <strong>de</strong> Janeiro, restabelecendo acomunicação com esses artefatos que já foram símbolo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s conquistas e <strong>de</strong> tantashistórias.2.2.2 O obelisco e o cinema.80 PAIVA, Eduardo França. História e Imagens. Belo Horizonte: Autentica, 2002.


67Semelhante à literatura, o cinema também apresenta o obelisco em diferentescontextualizações, sob a mesma ótica <strong>de</strong> investir significados aos monumentos já existentes.Ele po<strong>de</strong> aparecer como mero elemento figurativo, mas também po<strong>de</strong> ser a representação <strong>de</strong>algo mais importante para a narração, constituindo significados que traduzem idéiaspreconcebidas e que visualizam nesse monumento o melhor meio <strong>de</strong> representação.Em uma entrevista concedida à revista Cahiers du Cinema, publicada em um capítulodo livro Cinema e História, Marc Ferro diz que a imagem foi, por muito tempo, <strong>de</strong>sprezadapelas classes dirigentes e subordinada ao texto 81 . E <strong>de</strong>staca: “Sem dúvida, esses cineastas,conscientemente ou não, estão cada um a serviço <strong>de</strong> uma causa, <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ologia,explicitamente ou sem colocar abertamente as questões” (FERRO, 1992:14).A presença dos obeliscos aparece muito mais no cinema internacional. No filmeamericano Bad Boys II, ele está em uma praça, cuja cena mostra um dos personagens sendomorto em frente ao monumento. O filme Senhor Dos Anéis-A Socieda<strong>de</strong> do Anel, mostra,como elemento <strong>de</strong> cenário, um obelisco pequeno e que aparece muito rapidamente. EmPlaneta dos Macacos e In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ce Day aparecem, consecutivamente, o obelisco <strong>de</strong>Washington e o do Vaticano.Planeta dos Macacos, <strong>de</strong> Tim Burton, conta a história da conquista do Planeta Terrapelos macacos. Após viajar para o Planeta dos Macacos, o personagem representado pelo atorMark Wahboerg retorna à Terra, constatando que o Planeta é o mesmo e que ele apenasviajou no tempo, indo até o futuro. É o obelisco <strong>de</strong> Washington que, <strong>de</strong>stacado em umaimagem, i<strong>de</strong>ntifica o local. Mas, esta cena exibe a idéia <strong>de</strong> senso comum, que consi<strong>de</strong>ra maisimportantes os po<strong>de</strong>res econômico e político nessa mesma panorâmica, creditando à Casa81 FERRO, Marc. Cinema e História; tradução Flávia Nascimento. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 1992. p. 71.


68Branca o distintivo <strong>de</strong> centro do po<strong>de</strong>r mundial. A cena proporciona a idéia <strong>de</strong> que, paradominar a Terra, é necessário conquistar o po<strong>de</strong>r mais significativo: EUA.Deus é brasileiro (Brasil, 2003), <strong>de</strong> Cacá Diegues, é um dos poucos casos em que oobelisco aparece como tal: um monumento existente na praça da pequena cida<strong>de</strong> 82 . Po<strong>de</strong>-se,inclusive, não perceber o marco, pois sua aparição ocorre durante a conversa entre Deus(personagem <strong>de</strong> Antonio Fagun<strong>de</strong>s) e seu acompanhante, que também se torna seu guia(Wagner Moura). Não há nenhum tipo <strong>de</strong> interesse no monumento, que faz parte do cenário,da composição do fundo da cena.Diferente é o caso do filme dirigido por Stephen Sammers, Van Helsing (EUA, 2004).À procura do Drácula, Van Helsing (personagem <strong>de</strong> Hugh Jackman) e, <strong>de</strong>scobre,aci<strong>de</strong>ntalmente, um mapa que o leva a uma “passagem secreta” aberta em uma pintura napare<strong>de</strong>, que conduz ao castelo do Con<strong>de</strong>. Ao atravessar a passagem, o caçador é seguido pordois outros personagens (vividos por Kate Bekinsale e Richard Rocburgh). Após a“travessia”, os três partem em busca <strong>de</strong> Drácula, e a cena que se segue mostra que, ao invés<strong>de</strong> uma pare<strong>de</strong> ou <strong>de</strong> um muro, a chegada acontece através <strong>de</strong> um obelisco, localizado naponta <strong>de</strong> um penhasco.Farenheit – 11 <strong>de</strong> Setembro, dirigido pelo conhecido diretor e escritor Michael Moore(EUA 2004), atuante crítico do governo <strong>de</strong> George W. Bush e dos EUA, é um documentárioque narra a história do atentado do 11 <strong>de</strong> Setembro aos Estados Unidos e o envolvimento doPresi<strong>de</strong>nte Bush com a família Bin La<strong>de</strong>n, cujo filho Osama Bin La<strong>de</strong>n assumiu a autoria docrime.Em uma cena do filme, a mãe <strong>de</strong> um jovem morto em combate e que serviu aoexército americano viaja até Washington para visitar e confrontar a Casa Branca, símbolo <strong>de</strong>todo o po<strong>de</strong>r americano. Moore consegue captar e transmitir toda a dor e a revolta da82 Esse obelisco está localizado na Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Penedo, Alagoas.


69americana em relação ao autoritarismo e <strong>de</strong>scaso do governo. Incrível torna-se a leitura que sepo<strong>de</strong> fazer quando o diretor faz a filmagem e monta uma fotografia/cena, enquadrando a CasaBranca tendo como resguardo o imenso Obelisco <strong>de</strong> Washington. No contexto, o obelisco fazuma espécie <strong>de</strong> “proteção” à Casa Branca, como uma conivência, uma concessão à idéia <strong>de</strong>dominação, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> jugo que os Estados Unidos <strong>de</strong>sperta em gran<strong>de</strong> parte da populaçãomundial. E, para isso, evi<strong>de</strong>ntemente, contribui o fato <strong>de</strong> ser o documentário uma críticaferrenha a esse sentimento <strong>de</strong> superiorida<strong>de</strong>.Em O Exorcista – O início, <strong>de</strong> Paul Scra<strong>de</strong>r e Renny Harlyn (EUA, 2004), a IgrejaCatólica encontra um templo on<strong>de</strong> eram realizados rituais <strong>de</strong> sacrifício humano e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>construir uma igreja sobre este templo. Todavia, ao não conseguir conter o mal manifestadono lugar, <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> soterrá-lo. Mais tar<strong>de</strong>, durante o período <strong>de</strong> dominação européia no norte daÁfrica, acontece a re<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>ssa igreja e, naquele momento, começam a acontecer fatosestranhos e mortes inexplicáveis, provavelmente relacionadas ao mal daquele lugar. A partirdisso, são chamados um padre e um arqueólogo para explorar o local. Na cena final do filme,o arqueólogo, já reor<strong>de</strong>nado padre, está no Vaticano e após breve encontro com outropersonagem, sai <strong>de</strong> um café e passa pela Praça da Basílica <strong>de</strong> São Pedro, com a Basílica e oObelisco ao fundo.Para se discutir a apropriação dos obeliscos pelo cinema é necessário um estudo sobrea imagem. França Paiva 83 diz que a imagem não se esgota em si mesma, ou seja, muito maispo<strong>de</strong> ser apreendido além do que é lido ou visto nela. O pesquisador da imagem <strong>de</strong>ve ir alémda dimensão mais visível ou mais explícita para i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>cifrar as lacunas, silêncios ecódigos que estão aptos a serem compreendidos. Diz, ainda, o outor, que por meio dacomparação da imagem o historiador po<strong>de</strong> fazer a análise <strong>de</strong> outros temas, em diversoscontextos.83 PAIVA, 2002. op. cit. p 19.


70A imagem não é a verda<strong>de</strong> nem a representação fiel <strong>de</strong> eventos ou <strong>de</strong> objetoshistóricos. A história e os registros históricos são resultantes <strong>de</strong> escolhas e <strong>de</strong> olhares daquelesque os produziram do mesmo modo que a imagem. E são sempre uma construção do presente,forjados, lidos e explorados a partir do presente. À imagem, no conjunto ou nos <strong>de</strong>talhes, sãoagregados novos significados e valores (FRANÇA PAIVA, 2002).No documentário <strong>de</strong> Michael Moore, a figura do obelisco como “protetor” ou como“evidência” do po<strong>de</strong>r pertinente à Casa Branca, conseqüentemente, ao governo, éprepon<strong>de</strong>rante. É o recado que Moore tenta <strong>de</strong>ixar durante todo o documentário: Bush <strong>de</strong>témo po<strong>de</strong>r e não <strong>de</strong>lega a ninguém autorida<strong>de</strong> ou sequer direito <strong>de</strong> questioná-lo. Crê-se que oobelisco evi<strong>de</strong>ncia e, ao mesmo tempo, simboliza o po<strong>de</strong>r da se<strong>de</strong> do governo dos EUA e dapessoa do presi<strong>de</strong>nte, alvo <strong>de</strong> todas as críticas do diretor.A cena comentada em O Exorcista – o início, <strong>de</strong>nota o po<strong>de</strong>r que se concentra, ou quese mantém, no Vaticano. O personagem do padre, após tornar-se um <strong>de</strong>scrente, é levado a umconfronto com o mal, representado por uma possessão <strong>de</strong>moníaca no corpo <strong>de</strong> uma mulher.Vencido o <strong>de</strong>mônio e morta a personagem pela qual o padre se apaixona, ele retorna à vidareligiosa, e, no final, passeia pela Praça do Vaticano, tendo ao fundo a imagem do obelisco.Única relíquia <strong>de</strong> origem egípcia presente na Praça <strong>de</strong> São Pedro, o obelisco doVaticano teria sido testemunha do martírio <strong>de</strong> São Pedro, pois a pintura representando acrucificação <strong>de</strong> São Pedro, com o obelisco ao fundo, po<strong>de</strong> ser vista em San Pietro a Grado,perto <strong>de</strong> Pisa (DONADONI, 1990:54) 84 .84 DONADONI, Sérgio. Egypt over the Centuries. In: DONADONI, S.; CURTO, S.; ROVERI, A.D. EgyptFrom Myth to Egyptology. Milan: Grupo Editoriale Fabbri S.p.A., 1990.


71Representação do martírio <strong>de</strong> São Pedro.O Papa Sixto V, durante seu trabalho <strong>de</strong> santificação <strong>de</strong> toda a imagem ou arquiteturaque estivesse relacionada à idolatria <strong>de</strong> <strong>de</strong>uses pagãos, resolveu tornar santo aquelemonumento, ao colocar um fragmento da cruz <strong>de</strong> Cristo em seu topo, on<strong>de</strong>, anteriormente,encontravam-se as cinzas <strong>de</strong> Júlio César. O que se po<strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>sse ato é uma espécie <strong>de</strong>representação do po<strong>de</strong>r do bem (Igreja) subjugando o mal (<strong>de</strong>mônio). Ao mesmo tempo,revela que o mal é antigo e po<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tempo, retornar; e o obelisco permanecerá,como permaneceu até então, para simbolizar a majesta<strong>de</strong> Católica sediada por Roma.No filme Van Helsing, o obelisco assume uma característica misteriosa, pois suafigura é, na verda<strong>de</strong>, um portal. A mística <strong>de</strong>ssa imagem credita po<strong>de</strong>res <strong>de</strong>sconhecidos emágicos ao obelisco, longe da compreensão humana.2.2.3 O obelisco: outros usos


72No livro Práticas <strong>de</strong> Leitura , <strong>de</strong> Roger Chartier 85 , Luis Marin escreve um capítulo,sob o título Ler um quadro: uma carta <strong>de</strong> Poussin em 1639. Segundo esse autor: “ler éreconhecer uma estrutura <strong>de</strong> significância: que tal forma, tal figura, tal traço, seja um signo,que representa qualquer coisa sem que saibamos necessariamente qual seja essa coisarepresentada”. E complementa: “Ler é também, e enfim, <strong>de</strong>cifrar, interpretar, visar e talvezadivinhar o sentido <strong>de</strong> um discurso” (CHARTIER, 1996).Regis Debray 86 , em Vida y muerte <strong>de</strong> la Imagem: historia <strong>de</strong> la mirada en occi<strong>de</strong>nte,escreve a seguinte frase: “Comutador do céu e da terra, intermediário entre o homem e seus<strong>de</strong>uses, a imagem cumpre uma função <strong>de</strong> relação. Põe em contato términos opostos. Aoassegurar uma transmissão (<strong>de</strong> sentido, <strong>de</strong> graça ou <strong>de</strong> energia) serve <strong>de</strong> <strong>enlace</strong>”. (DEBRAY,1992). No mesmo texto, o autor diz:Durante milênios, as imagens fizeram os homens entrar em um sistema <strong>de</strong>correspondências simbólicas, or<strong>de</strong>m cósmica e or<strong>de</strong>m social, muito antes que aescrita linear viesse pentear as sensações e as cabeças. Assim, os mitogramas epictogramas do paleolítico, quando ninguém sabia ler e escrever. Assim os egípciose os gregos, <strong>de</strong>pois da invenção da escrita. Os vitrais, os baixo-relevos e a estatuáriatransmitiram o cristianismo a comunida<strong>de</strong>s iletradas. Estes não teriam necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> um código <strong>de</strong> leitura iconológica para captar os significados secundários, osvalores simbólicos da genuflexão, da crucificação ou da trinda<strong>de</strong>. Estas imagens eos rituais aos quais estão associadas, afetaram as representações subjetivas <strong>de</strong> seusespectadores e, em conseqüência, contribuíram para formar manter ou transformarsua situação no mundo, pois transmitir um ismo não é somente popularizar valores,é também mo<strong>de</strong>lar comportamentos, instaurar um estilo <strong>de</strong> existência (DEBRAY,1992: 47).Além <strong>de</strong> ser utilizado na forma <strong>de</strong> monumento tanto na literatura quanto no cinema, oobelisco também é usado, como imagem, em charges, informativo sobre a cida<strong>de</strong> 87 e brasão.85 MARIN, Louis. Ler um quadro: uma carta <strong>de</strong> Poussin em 1639. IN: CHARTIER, Roger. Práticas <strong>de</strong> Leitura.São Paulo: Estação Liberda<strong>de</strong>, 1996.86 DEBRAY, Régis. El nascimiento por la muerte. IN: Vida y muerte <strong>de</strong> la imagen. Barcelona: Paidos, 1992.87 No caso da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santana do Livramento, o <strong>de</strong>senho faz parte do Fol<strong>de</strong>r / convite da cida<strong>de</strong>; em <strong>de</strong> Paudos Ferros, o <strong>de</strong>senho está no site do município.


73No dia 24 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2004, quando houve uma partida <strong>de</strong> futebol entreInternacional, <strong>de</strong> Porto Alegre, e Boca Juniors, da Argentina, pela Copa Sul Americana, 88 ojornal ZH aproveitou-se do Obelisco <strong>de</strong> Buenos Aires e fez uma alusão ao episódio dosgaúchos em 1930, quando estes amarram os cavalos no obelisco do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Em umacharge, o mascote do internacional, conhecido como Saci, <strong>de</strong>spreocupadamente amarra ocavalo no obelisco da capital Argentina.Inaugurado em 23 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1923 e localizado na Avenida 9 <strong>de</strong> Julho, o obeliscoargentino tornou-se polêmico por ter sido escolha pessoal <strong>de</strong> um inten<strong>de</strong>nte que não consultouo po<strong>de</strong>r executivo ou plano regulador, nem previu um concurso público para que a populaçãopu<strong>de</strong>sse escolher um monumento para o local. Este obelisco é um dos símbolos que i<strong>de</strong>ntificaa capital Argentina 89 .Conforme Chartier <strong>de</strong>staca, na introdução <strong>de</strong> sua obra A História Cultural: entrepráticas e representações, um dos sentidos da representação é o da relação simbólica, queconsiste na representação <strong>de</strong> um pouco <strong>de</strong> moral através das imagens ou das proprieda<strong>de</strong>s dascoisas naturais. Como exemplo, Chartier cita que o leão é visto como símbolo <strong>de</strong> valor, e opelicano, o representante do amor paternal (CHARTIER, 1991:20). Estabelece-se assim umarelação entre o signo visível e o referente por ele significado, não sendo estável e unívoca,necessariamente. No caso da charge do obelisco argentino, percebe-se que junto com oimaginário criado a partir do ato dos cavalos amarrados no obelisco do Rio <strong>de</strong> Janeiro,durante a Revolução <strong>de</strong> 1930, ela representa a vitória sobre os adversários, o pensamento <strong>de</strong>superiorida<strong>de</strong> em relação a eles.Do mesmo modo, um gaúcho, através <strong>de</strong> uma charge, utiliza mais uma vez o obeliscopara amarrar seu cavalo e <strong>de</strong>monstrar a sua valentia.88 Resultados: na Bonbonera – Internacional 2 x Boca Juniors 4; no Beira Rio – Internacional 0 x Boca Junior89 TARTARINI, Jorge. El Obelisco. In: Alberto Prebish: Una vanguardia con tradición. Buenos Aires:CEDODAL.


74No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, incrustado no brasão da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pelotas, há um obelisco, oqual foi construído em comemoração aos 150 anos da cida<strong>de</strong>, em 1961 90 (BAKOS; BRITO,2004:73). Figura, além do obelisco, uma coroa que i<strong>de</strong>ntifica a cida<strong>de</strong> como Princesa do Sul;uma espiga <strong>de</strong> arroz, representando a maior economia da região; um índio numa embarcação<strong>de</strong> couro e a pelota que <strong>de</strong>u nome à cida<strong>de</strong>; um boi, relembrando as charqueadas existentes naregião; a Cruz <strong>de</strong> Malta, homenagem aos portugueses; e a Rosa, símbolo da carida<strong>de</strong> doPatrono São Francisco <strong>de</strong> Paula. O obelisco, por sua vez, faz alusão ao monumento erguidodurante o período monárquico, 1885, pelos republicanos. É o marco inicial do povoamento dacida<strong>de</strong>.Brasão da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PelotasA cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pau dos Ferros, no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, também impriniu um obeliscono seu brasão 91 . Construído para ser um marco da comemoração, em uma mesma data, do90 Ver BAKOS, M.M.; BRITO, M.R. obeliscos Brasileiro. In: Egiptomania: O Egito no Brasil. BAKOS,Margaret. Marchiori. Org. São Paulo: Paris Editorial, 2004.91 Conforme site do município: http://www.paudosferros.com.br/in<strong>de</strong>x.php, em 05/02/2007.


75bicentenário da paróquia da cida<strong>de</strong> e do Centenário do município, o monumento foi umprojeto do Arquiteto Souza Lelles, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Natal.O símbolo da cida<strong>de</strong>, segundo José Edmilson <strong>de</strong> Holanda 92 , é a árvore oiticica com osferros dos fazen<strong>de</strong>iros gravados no seu tronco, a qual <strong>de</strong>u origem ao topônimo da cida<strong>de</strong>.Porém, <strong>de</strong>vido à sua história, muitas pessoas consi<strong>de</strong>ram o obelisco um símbolo. Por contadisto, o site <strong>de</strong> localização da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pau dos Ferros mostra um obelisco (estilizado) nocanto superior esquerdo, e no brasão da cida<strong>de</strong>, a árvore e o obelisco.Brasão <strong>de</strong> Pau dos Ferros – Rio Gran<strong>de</strong> do Norte 93 .92 Ex-prefeito municipal, responsável pelo texto que consta no site da cida<strong>de</strong>.93 O site do município não especifica se esta imagem é do brasão ou da ban<strong>de</strong>ira do município. Nósconsi<strong>de</strong>ramos brasão.


76Imagem do site do município <strong>de</strong> Pau dos FerrosEm resposta à correspondência que se enviou à Secretaria Municipal <strong>de</strong> Turismo,Indústria, Comércio e Desporto <strong>de</strong> Sant’Ana do Livramento, obteve-se alguns dados sobre oobelisco localizado naquele município, e alguns informativos sobre a cida<strong>de</strong> 94 . A cartarespostainformava que a Secretaria não dispunha <strong>de</strong> muitas informações relativas aomonumento, por isso, enviava material retirado <strong>de</strong> uma publicação do Jornal local A Platéia.Junto às informações constantes na matéria recebida, o que se <strong>de</strong>staca nacorrespondência é o obelisco representado no informativo da cida<strong>de</strong>, e o logotipo daadministração. Ambos evi<strong>de</strong>nciam o caráter simbólico <strong>de</strong>sse monumento e sua importânciapara a localida<strong>de</strong>. No informativo, o obelisco é, além <strong>de</strong> atração turística, um referencial parao município; no papel timbrado da carta-resposta, percebe-se que o governo local tambémutilizou o monumento como i<strong>de</strong>ntificação, num sinal <strong>de</strong> valorização à sua importância para olugar.Imagem do obelisco na carta-resposta.Imagem (em cores) no informativo94 Correspondência recebida em 09 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2006, assinada pela Secretária <strong>de</strong> Turismo, Indústria,Comércio e Desporto, Sra. Elisa Domingues Largura.


77Capa do informativo da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sant’Ana do Livramento.Portanto, mais do que sua utilização como monumento, guardião <strong>de</strong> uma memória, oobelisco também po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar um lugar a partir <strong>de</strong> sua imagem, seja no brasão, seja noinformativo, ou ainda, como é o caso da charge, ele po<strong>de</strong> relembrar parte da história atravésdo entretenimento, da brinca<strong>de</strong>ira. De maneira inteligente, nesse caso ele foi associado a umapartida <strong>de</strong> futebol, e po<strong>de</strong> passar <strong>de</strong>spercebido se não existir um conhecimento prévio dahistória nacional.2.3 O obelisco: o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e a Revolução Farroupilha


78Na segunda modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usos do obelisco, está a construção <strong>de</strong> novos monumentos.No Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre, tem-se os obeliscos que homenageiam aRevolução Farroupilha e que se tornaram representantes dos anseios do gaúcho por i<strong>de</strong>aisdiferenciados.Analisa-se, aqui, o processo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização da cida<strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> apreen<strong>de</strong>r osignificado e as razões para a construção dos obeliscos <strong>de</strong> Porto Alegre, muito além do <strong>de</strong>sejo<strong>de</strong> embelezamento.Localizada em uma região portuária, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre nasceu da disputa entreportugueses e espanhóis visando a ampliação <strong>de</strong> seus territórios no continente americano.Depois <strong>de</strong> ser povoada por casais açorianos e por militares, os quais se responsabilizavampela <strong>de</strong>fesa das fronteiras, se estruturou <strong>de</strong> maneira bastante precária: seus caminhos serestringiam a três ruas principais cortadas por becos que subiam uma la<strong>de</strong>ira. 95 O centroeconômico da cida<strong>de</strong> situava-se às margens do Guaíba, por causa do porto.Entre os anos <strong>de</strong> 1835-45, Porto Alegre estagnou economicamente, <strong>de</strong>vido aos abalosprovocados pela luta farroupilha. As ativida<strong>de</strong>s irregulares que ocorriam <strong>de</strong>ntro dasfortificações que <strong>de</strong>limitavam o espaço urbano (abate <strong>de</strong> gado, <strong>de</strong>spejo <strong>de</strong> lixo, esgoto semregulamentação) causavam transtornos para a cida<strong>de</strong> que, ao término da revolução, urgiamedidas saneadoras e construções que a colocassem em dia com os avanços da época.A transformação do espaço urbano <strong>de</strong> Porto Alegre, no século XIX, visava, portanto, aeliminar um território insalubre e dar continuida<strong>de</strong> à marcha do progresso, <strong>de</strong>limitando novosusos e ocupações da cida<strong>de</strong>.95 As três ruas principais eram Rua da Praia, Rua da Ponte e Rua Formosa. Para melhor entendimento, consultara obra <strong>de</strong> SEVERO, Fernanda. O Mercado <strong>de</strong> Porto Alegre: entre a cida<strong>de</strong> real e as cida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ais. Dissertação<strong>de</strong> Mestrado, 1999.


79O fim da revolução Farroupilha fez com que a cida<strong>de</strong> começasse a se expandir nosentido das estradas e caminhos do povoamento. 96 A segunda meta<strong>de</strong> do século XIX produziusignificativas modificações na cida<strong>de</strong>: a construção do Teatro São Pedro, do atual MercadoPúblico, implantação da primeira linha férrea, as linhas <strong>de</strong> bon<strong>de</strong> com tração animal, além dafundação <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s e clubes que abarcavam a comunida<strong>de</strong> imigrante da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PortoAlegre.Segundo Charles Monteiro, a população <strong>de</strong> Porto Alegre passou <strong>de</strong> 52 mil habitantes,em 1890, para 72 mil habitantes em 1900. Com as reformas que aconteceram no espaçourbano, o núcleo central da cida<strong>de</strong>, antes preenchido pelas camadas populares, serviu paraaten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> uma nova concepção burguesa da cida<strong>de</strong> preenchida pela elite. Apopulação foi transferida para os locais que se tornaram, mais tar<strong>de</strong>, bairros <strong>de</strong> PortoAlegre 97 .Conforme o mesmo autor, em fins do século XVIII, os “largos” da cida<strong>de</strong> eramespaços on<strong>de</strong> ocorriam o encontro e a atualização das sociabilida<strong>de</strong>s públicas. 98Era umespaço menos dinâmico, em função da lentidão do processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento. Depois, osespaços foram transformados e <strong>de</strong>stinados a inspirar a socieda<strong>de</strong> para uma nova “condutacivilizada”.Em 1914, o engenheiro-arquiteto João Moreira Maciel apresentou o Plano Geral <strong>de</strong>Melhoramentos <strong>de</strong> 1914, encomendado pela Intendência 99 , e que visava implantar reformasno conjunto da cida<strong>de</strong>.Segundo Fernanda Severo 100 , Maciel seguiu o mesmo processo queHaussmann e Passos, projetando para Porto Alegre uma cida<strong>de</strong> segundo as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong>circulação, higiene e estética.97 MONTEIRO, Charles. Porto Alegre: urbanização e mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>: a construção do espaço urbano. PortoAlegre: EDIPUCRS, 1995.98 Monteiro fala sobre o Largo da Quitanda, o Largo dos Ferreiros, o Largo do Pelourinho e o Largo do Arsenal.99 O Inten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Porto Alegre à época era José Montauri.100 SEVERO, Fernanda. O Mercado <strong>de</strong> Porto Alegre: entre a cida<strong>de</strong> rel e as cida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ais. Dissertação <strong>de</strong>Mestrado. PUCRS, 1999.


80Muitas das avenidas e áreas ver<strong>de</strong>s por ele traçadas possuíam um carátermonumentalista saneador, pois simultaneamente expressavam a harmonia dacomposição, a profilaxia dos ambientes públicos e a praticida<strong>de</strong> funcional dasligações entre o centro e periferia evi<strong>de</strong>nciando a sua filiação teórica à matrizfrancesa, difundida no ensino da Escola Nacional <strong>de</strong> Belas Artes e na EscolaPolitécnica, on<strong>de</strong> realizou sua formação (SEVERO, 1999:116).Localiza-se o obelisco como um elemento do mobiliário urbano, a partir do início doséculo XX, quando a cida<strong>de</strong> capital do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul preten<strong>de</strong>u atingir o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>mo<strong>de</strong>rnização, tendo como premissa as reformas do Rio <strong>de</strong> Janeiro e Paris.As concepções urbanas que faziam parte do universo do homem mo<strong>de</strong>rno eramoriginárias <strong>de</strong> uma ampliação no modo <strong>de</strong>sse mesmo homem “enxergar” o mundo e, também,pela percepção <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> atuação frente a um imaginário medieval que via o homemcomo mero espectador da vida, sem nenhum po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> atuação.Esse pensamento encontrou suporte no <strong>de</strong>senvolvimento científico que tentava retirara figura <strong>de</strong> Deus como centro do universo, e, ao mesmo tempo, colocar no homem aexpectativa <strong>de</strong> um <strong>de</strong>vir triunfante.Monteiro 101afirma que a idéia <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> era um projeto da burguesia emascensão nos países industrializados. Essa burguesia ditava as novas normas <strong>de</strong> vivência, osnovos valores, um novo imaginário social, promovendo uma estilização do modo <strong>de</strong> viver,consolidando, assim, sua posição e garantindo os processos <strong>de</strong> reprodução do capital, meios<strong>de</strong> produção e força <strong>de</strong> trabalho.Todo esse pensamento se pautava no Iluminismo, utilizando o <strong>de</strong>senvolvimentotecnológico para reestruturar esse novo ritmo do espaço do cotidiano. Essas transformações,refletidas no espaço urbano, serviriam como testemunhas dos acontecimentos.101 MONTEIRO, 1992. Passim.


81A ascensão dos regimes totalitários na Alemanha, na França e na Inglaterra <strong>de</strong>usuporte ao Estado, que passou a intervir na economia e a planejar, juntamente com o governomunicipal, as reformas urbanas. Essas reformas se faziam necessárias a partir do momento emque o <strong>de</strong>senvolvimento científico / tecnológico / industrial oferecia soluções para osproblemas do dia-dia (transporte, saneamento, iluminação...) o qual não cabia em um espaço<strong>de</strong>sorganizado, irracional, sem planejamento.Na década <strong>de</strong> 1920, o Rio Gran<strong>de</strong> do Sul passou por uma transformação no seu modo<strong>de</strong> planejar e organizar o espaço urbano, exigência das transformações que ocorriam noscontextos social, político e econômico. Pretendia-se uma mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> ditada pelos gruposdirigentes, pertinentes à elite.Durante a administração <strong>de</strong> Otávio Rocha, (1924-1928), a inserção do Rio Gran<strong>de</strong> doSul na economia nacional, o <strong>de</strong>senvolvimento industrial, o aumento da população e aemergência <strong>de</strong> novos grupos sociais, justificaram a necessida<strong>de</strong> das reformas empreendidasno período. 102Otávio Rocha teve um importante papel na remo<strong>de</strong>lação da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> PortoAlegre, propondo-se a executar o projeto <strong>de</strong> planejamento pensado pelo inten<strong>de</strong>nte JoséMontaury, ainda em 1914. 103Segundo Margaret Bakos, essa atitu<strong>de</strong> é extremamente importante quando entendidacomo um reforço ao po<strong>de</strong>r dos republicanos, enfraquecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Revolução <strong>de</strong> 1923. “À luzdo pensamento <strong>de</strong> Gramsci, quando se verificar uma crise hegemônica, é pru<strong>de</strong>nte apresentarprojetos novos na intenção <strong>de</strong> cooptar a a<strong>de</strong>são popular” (BAKOS, 1996:101). É nesse sentidoque a construção dos obeliscos no período assinala a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> erigir monumentos<strong>de</strong>stinados à memória dos novos valores da época.102 MONTEIRO, op. Cit, p.91.103 BAKOS. Margaret M. Porto Alegre e seus eternos inten<strong>de</strong>ntes. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996, p. 100-101.


82O projeto <strong>de</strong> Planejamento i<strong>de</strong>alizado por Montaury previa: “abrir largas avenidas,provendo a cida<strong>de</strong> com espaços livres para o lazer; criar bom sistema <strong>de</strong> viação urbana paraprevenir a superpopulação em <strong>de</strong>terminados pontos; arborizar as vias públicas; e promover aremoção constante <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos” (BAKOS, 1996:101).O po<strong>de</strong>r público concedia benefícios à Socieda<strong>de</strong> Civil, visando ao estímulo àrealização do projeto. Conforme Margaret Bakos, não contemplando o auxílio necessário, oprojeto recebeu apoio <strong>de</strong> Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, no Governo do Estado.A abertura <strong>de</strong> crédito para a cida<strong>de</strong> no valor <strong>de</strong> 4.000.000,00 dólares realiza-senovamente com a intermediação do Banco Pelotense e entre os mesmoscontractuantes anteriores: o banco norte-americano Lo<strong>de</strong>nsburg e Tholmann & Cia.E a Intendência Municipal <strong>de</strong> Porto Alegre. Oferecem-se como garantia aosbanqueiros todas as rendas do município (LEI n° 363 <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1925.In: BAKOS, 1996:102).Com o financiamento, diz Bakos, foram iniciadas as obras para a abertura das avenidasJúlio <strong>de</strong> Castilhos e Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, calçamentos <strong>de</strong> outras ruas, <strong>de</strong>sapropriação <strong>de</strong> casase o ajardinamento da Re<strong>de</strong>nção. Sucessor <strong>de</strong> Otávio Rocha, Alberto Bins continou os mesmosplanos, tendo Getúlio Vargas no governo do Estado e Oswaldo Aranha na Secretaria doInterior e Justiça, ambos apoiadores dos planos <strong>de</strong> reforma, com intenção <strong>de</strong> reestruturar aeconomia regional e reforçar o controle da socieda<strong>de</strong> política sobre a civil.Em seu estudo, Monteiro também conclui que a remo<strong>de</strong>lação da cida<strong>de</strong>, nesse período,foi uma necessida<strong>de</strong> estética urbana e <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> pública. Os espaços mo<strong>de</strong>rnizados, dizo autor, seriam o cenário para <strong>de</strong>senvolver uma “pedagogia social” burguesa para atransmissão <strong>de</strong> novos hábitos, costumes e valores que sustentavam a nova organização socialnesse novo <strong>de</strong>senvolvimento capitalista. A praça e as novas avenidas dariam um tom <strong>de</strong>aristocracia aos hábitos <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre (MONTEIRO, 1992:218).


83Foi nesses espaços, apontados por Charles Monteiro, que se ergueram em PortoAlegre, oito obeliscos, a seguir listados, escrevendo-se, após, suas memórias e outrasinformações a respeito <strong>de</strong> suas origens 104 .Obelisco da Praça Itália:Localização: a Praça entre as Avenidas Praia <strong>de</strong> Belas e Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros.Ano <strong>de</strong> construção: 1925Artista: Edolo PistelliDescrição: Monumento e base <strong>de</strong> granito. Inscrições: “Tito Lívio Zambecari 30-06-1802 02-12-1862”; “Herói italiano da Revolução Farroupilha 30-06-1802 a 02-12-1862”;“Homenagem ao Cinqüentenário da Colonização Italiana 1875 – 1925”; “Homenagem daComissão Estadual dos 125 anos da imigração Italiana no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Porto Alegre23-05-2001”.Oferecimento: Colônia Italiana.104 Os obeliscos da Praça Itália, da Praça Sepúlveda, do Parque Farroupilha, Vicente Monteggia e obeliscoGuilherme Sócias Vilela estão apontados em: BRIGIDI, Bianca. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s do Bolsista PIBIC-CNPq. Orientação: BAKOS, Margaret. Porto Alegre: PUCRS, 2002.


84Obelisco da Praça Sepúlveda:Localização: Praça Sepúlveda, da Avenida Mauá até a rua 7 <strong>de</strong> Setembro.Ano <strong>de</strong> construção: 1935Artista: Luiz SanguinDescrição: base <strong>de</strong> granito. Inscrições: “Ao Rio Gran<strong>de</strong> do Sul comemorando o CentenárioFarroupilha oferece a Colônia Portuguesa”; “General José Marcelino <strong>de</strong> Figueiredo fundadorda cida<strong>de</strong>”; “Homenagem aos escoteiros rio-gran<strong>de</strong>nses aos fundadores <strong>de</strong> Porto Alegre 1740e a Portugal 1140-1640”; “1835-1935”.Oferecimento: Colônia Portuguesa.Obelisco do Parque Farroupilha


85Localização: Parque Farroupilha, localizado na Avenida João Pessoa.Ano <strong>de</strong> construção: 1935Artista: A. A. AdolfDescrição: base <strong>de</strong> granito. Inscrições das placas: “A colônia Sírio-libanesa do Estado do RioGran<strong>de</strong> do Sul no Primeiro Centenário Farroupilha”; “Esta homenagem recorda a visita aPorto Alegre do Exmo. Sr. Joseph Souda 1 o . Ministro Plenipotenciário do Líbano no Brasil,em 21 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1946”. Apresenta, também, placas em bronze com a representações <strong>de</strong> ummar imenso, com um fenício navegante e audaz em busca do oci<strong>de</strong>nte, e atravessando áridos<strong>de</strong>sertos, o fenício cavaleiro em busca do oriente distante.Oferecimento: Colônia Sírio-Libanesa.Obelisco Parque Farroupilha.Localização: Parque Farroupilha, ao lado do Instituto <strong>de</strong> Educação General Flores da Cunha.Artista: Vittorio Livi.Descrição: Na época <strong>de</strong> sua construção foi consi<strong>de</strong>rado o maior da América Latina. Inscriçõesdas placas: “Sofremos calados tantas infâmias? Não, nossos compatriotas, os rio-gran<strong>de</strong>nses,estão dispostos, como nós, a não sofrer mais tempo a prepotência <strong>de</strong> um governo tirano ecruel como o atual. Proclamação <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1836 – no Campo do Menezes”;“1835-1935”; “A Colônia Israelita do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul ao povo gaúcho no Primeiro


86Centenário da Epopéia Farroupilha”; “Biênio da Colônia e Imigração 1974-1975. A ColôniaIsraelita homenageada por motivo dos setenta anos <strong>de</strong> trabalho integrado com vistas do bemcomum, nos vários campos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, oferece ao povo gaúcho”.Oferecimento: Colônia Hebraica.Obelisco Vicente Monteggia:Localização: Bairro Vila Nova, em frente à Igreja Nossa Senhora.Ano <strong>de</strong> construção: 1935.Artista: Leonardi e Teixeira.Descrição: Monumento e base <strong>de</strong> granito. Construído para homenagear, através <strong>de</strong> umimigrante, Vicente Monteggia, toda a Colônia. Monteggia foi um imigrante italiano queimplantou um núcleo <strong>de</strong> colonização italiana por volta <strong>de</strong> 1894, no Bairro Vila Nova, emPorto Alegre. Doou lotes <strong>de</strong> terra para a construção <strong>de</strong> uma capela e uma escola. Essahomenagem se realizou por ocasião da Semana Farroupilha.Oferecimento: Colônia Italiana.


87Obelisco Guilherme Socias Villella:Localização: Bairro Ipanema em frente à Igreja Santa Rita <strong>de</strong> Cássia;Data <strong>de</strong> construção: 1977Artista: <strong>de</strong>sconhecido;Descrição: Inscrição das placas: “Ao Prefeito Municipal <strong>de</strong> Porto Alegre, economistaGuilherme Socias Villella, o reconhecimento da comissão no Ano Jubilar do Santuário <strong>de</strong>Santa Rita <strong>de</strong> Cássia. 22.05.1977”, “No jubileu do Santuário <strong>de</strong> Santa Rita <strong>de</strong> Cássia, osagra<strong>de</strong>cimentos dos i<strong>de</strong>alizadores e párocos: Julieta Abbud, Iracy Dariano, HerculanoAzambuja, Ligia Lauermann, A<strong>de</strong>lina Abudd, Antonio Diladi, dos padres Ignácio Frener,Antonio Lorenzatto, Tarcisio Pedro Schere, Ernesto Fabian. 22/05/1977”; “Colaboração daEmpresa Porto-Alegrense <strong>de</strong> Turismo S/A EPATUR”.Oferecimento: Comunida<strong>de</strong> da Igreja Santa Rita <strong>de</strong> Cássia.Obelisco do Parque Harmonia:


88Data <strong>de</strong> Inauguração: 18-09-2004Localização: Parque da Harmonia.Artista: <strong>de</strong>sconhecidoDescrição: réplica do monumento da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Dom Pedrito que comemora o Tratado doPonche Ver<strong>de</strong>, acordado entre farroupilhas e o governo do país. A construção do obeliscomarcou a participação dos tradicionalistas na campanha Paz é a gente que faz, da Assembléialegislativa. (fonte: ZH <strong>de</strong> 20\09\2004).Obelisco da Praça Libanesa 105 .Data <strong>de</strong> inauguração: 1997Localização: Praça Libanesa.Artista: <strong>de</strong>sconhecido;Descrição: Obelisco em granito vermelho polido; marca a visita do Presi<strong>de</strong>nte da RepúblicaLibanesa ao Rio Gran<strong>de</strong> do Sul: “Homenagem da comunida<strong>de</strong> libanesa a sua excelência Elias105 Autor da Imagem e contribuição: Jarbas Francisco <strong>de</strong> Brito.


89Hraqui, Presi<strong>de</strong>nte da República do Líbano por ocasião <strong>de</strong> sua visita oficial ao Rio Gran<strong>de</strong> doSul no dia 8 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1997”.Doado por Ricardo Malcon.Desses oito obeliscos, cinco alu<strong>de</strong>m à Revolução Farroupilha, através <strong>de</strong> homenagemaos seus personagens, acontecimentos ou ao seu centenário, o que <strong>de</strong>spertou o interesse emestudá-los.Na história do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, o movimento Farroupilha tem gran<strong>de</strong> significadopor ser oriundo da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma elite contrária às idéias imperialistas e absolutistas e que searticula culminando em uma República separatista. Segundo o professor Dr. Moacyr Flores, aRevolução Farroupilha foi um movimento liberal que pretendia a liberda<strong>de</strong> garantida pelasleis, a fe<strong>de</strong>ração com autonomia da província e do município e o controle do po<strong>de</strong>r do Estadopelos representantes do povo. 106Porém, afirma o professor Moacyr Flores, a Revolução teve seu sentido modificado,em fins do século XIX, por historiadores propagandistas da república e pelos positivistas ,que sustentavam o governo numa ditadura científica do po<strong>de</strong>r executivo, contrário do quepretendiam os farrapos: a soberania do po<strong>de</strong>r legislativo.O Partido Farroupilha foi fundado em Porto Alegre, em 1832, um ano <strong>de</strong>pois daabdicação <strong>de</strong> D. Pedro I, quando este sofreu o golpe militar dos liberais e, no mesmo dia, noRio <strong>de</strong> Janeiro, os farroupilhas comandaram as agitações nas ruas. 107Em um primeiro momento, o movimento Farroupilha foi marcado pela <strong>de</strong>posição dopresi<strong>de</strong>nte Braga e pela Proclamação da República, feita por Antônio <strong>de</strong> Souza Neto. Apóslongos anos <strong>de</strong> intensos confrontos, em 1844, Bento Gonçalves iniciou conversações <strong>de</strong> paz106 FLORES, Moacyr. A Revolução Farroupilha. 4 a . ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. P. 34.107 FLORES, 2004. Op. cit p. 90.


90com o Barão <strong>de</strong> Caxias, presi<strong>de</strong>nte da província pelo Império. Mas, somente em 1845, emPonche Ver<strong>de</strong>, David Canabarro e os oficiais Republicanos assinaram a ata do Tratado <strong>de</strong>Paz.As reformas mo<strong>de</strong>rnizadoras foram iniciadas na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre,sucessivamente, pelos Inten<strong>de</strong>ntes José Montaury (1896-1923), Otávio Rocha (1924-1928) eAlberto Bins (1928-1937), todos pertencentes ao Partido Republicano. Esse continuísmo 108 ,com apenas três homens no governo <strong>de</strong> Porto Alegre, tinha por finalida<strong>de</strong> a estratégia <strong>de</strong>manter o po<strong>de</strong>r no Estado com os republicanos (BAKOS, 1996:185).É no período do assim <strong>de</strong>nominado “continuísmo” que se constroem os obeliscosoferecidos pela Colônia Italiana (1925 e 1935), Colônia Portuguesa (1935), Colônia Sírio-Libanesa (1935), Colônia Israelita (1935).A superposição e a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> representações e símbolos introduzidos com o<strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong> revela a dimensão do que ficou impregnado na sua paisagem eque se constituiu na expressão <strong>de</strong> seu progresso. 109Conforme Doberstein 110 , a partir dos anos 1930, a temática dos heróis armados sesobrepõe à dos heróis letrados, e é buscado naqueles o símbolo maior do homem riogran<strong>de</strong>nse.O mo<strong>de</strong>lo para representação <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong> fácil <strong>de</strong>codificação e compreensão porparte do público.A construção <strong>de</strong> monumentos nas praças e nas avenidas <strong>de</strong> Porto Alegre integrava oprojeto que objetivava implementar idéias reformadoras <strong>de</strong> melhorias na circulação,higienização e embelezamento da cida<strong>de</strong>. Essas idéias tinham influencia das reformas108 A expressão Continuísmo é cunhada por Margaret Marchiori Bakos, em seu texto Porto Alegre e seus eternosinten<strong>de</strong>ntes, no qual a autora realiza um estudo minuncioso sobre os governantes da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre, aolongo <strong>de</strong> quarenta anos.109 MATTAR, Leila Nesralla. Porto Alegre: Voluntários da Pátria e a Experiência da Rua Plurifuncional (1900-1930). Dissertação <strong>de</strong> Mestrado. PUCRS, 2001.110 DOBERSTEIN, Arnoldo W. Estatuários, Catolicismo e Gauchismo. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. Pág.336-339.


91implementadas na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> Paris, conforme explicado anteriormente, jáque objetivava uma mo<strong>de</strong>rnização segundo os princípios vigentes na Europa da época, maisprecisamente, nas atitu<strong>de</strong>s reformadoras do Barão Georges-Eugène Haussmann, então prefeitoda cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paris.Os lugares <strong>de</strong> lazer e as avenidas tomam um significado diferente <strong>de</strong> até então,tornando-se meios pelos quais a população po<strong>de</strong>ria e <strong>de</strong>veria perceber as nuances ditadas poruma nova elite burguesa.No caso dos obeliscos <strong>de</strong> Porto Alegre, construídos na época <strong>de</strong>stas reformas, o quepropomos como entendimento é que a elite dirigente (os republicanos) tenha se apropriado<strong>de</strong>ste artefato para perpetuar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> gaúcha representativa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>,liberda<strong>de</strong> e busca <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r não totalitária, como foi o movimento dos Farrapos:“um movimento liberal que pretendia a liberda<strong>de</strong> garantida pelas leis, a fe<strong>de</strong>ração comautonomia da província e do município e o controle do po<strong>de</strong>r do Estado pelos representantesdo povo. 111A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre constrói os obeliscos, na sua maioria, para perpetuar amemória, através da escrita nestes monumentos, dos atos e heróis republicanos. Além <strong>de</strong>embelezar a cida<strong>de</strong>, esses monumentos tinham, portanto, a função <strong>de</strong> instruir os transeuntessobre os importantes feitos dos antecessores daqueles que se encontravam no po<strong>de</strong>r.Em consonância com essa interpretação está o caso do monumento <strong>de</strong> Pelotas 112 .Trata-se da primeira homenagem erguida à República no Brasil, ainda no período do Império.José Murilo <strong>de</strong> Carvalho, no Livro A Formação das Almas 113 , trabalha com a questãoda formação da República no Brasil e com a apropriação <strong>de</strong> símbolos, mitos e alegorias. No111 FLORES, Moacyr. 2004. op. cit p 34.112 CUNHA, Welksoner Silva da. A Egiptomania no sul do estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Texto disponível emwww.<strong>pucrs</strong>.br/ffch/história /egiptomania. Cunha apresenta em seu texto referências sobre os obeliscos da cida<strong>de</strong><strong>de</strong> Pelotas, Canguçu e Piratini.113 CARVALHO, José Murilo <strong>de</strong>. A Formação das Almas: o imaginário da República no Brasil. São Paulo:Companhia das Letras, 1990.


92caso da República no Brasil, os i<strong>de</strong>alizadores que se voltavam para a França, tinham umavasta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material inspirador.A França apresentava uma produção simbólicaacerca da Revolução bastante reconhecida, passando pela ban<strong>de</strong>ira tricolor, a Marselhesa, obarrete frígio, símbolo da liberda<strong>de</strong>, a imagem feminina, pelo tratamento por cidadão, <strong>de</strong>enorme força igualitária, entre outros que foram exaustivamente usados durante aRevolução 114 .Carvalho faz uso das palavras <strong>de</strong> um oficial da Marinha para aludir à influênciafrancesa entre os propagandistas da República. Lembrando os tempos da propaganda, o oficial<strong>de</strong>clara: “Todas as nossas aspirações, todas as preocupações dos republicanos da propaganda,eram <strong>de</strong> fato copiados das tradições francesas”. (CARVALHO. 1990:12).“Não só a Marselhesa era tomada <strong>de</strong> empréstimo. A alegoria feminina da República jáera utilizada mesmo antes da Proclamação; o barrete frígio aparecia invariavelmente, isoladoou cobrindo a cabeça da figura feminina”. (CARVALHO, 1990. P.13).No obelisco <strong>de</strong> Pelotas, inaugurado no ano <strong>de</strong> 1885, encontramos o barrete frígio, osímbolo da fraternida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>dicatória a um dos revolucionários <strong>de</strong> 1835, o mineiro JoséDomingos <strong>de</strong> Almeida, ministro do Interior e da Fazenda na República Rio-Gran<strong>de</strong>nse 115 e,conforme aponta Welcsoner S. Cunha, um dos i<strong>de</strong>alizadores da Revolução Farroupilha 116 .Em consonância com o pensamento <strong>de</strong> Baczko, apontado anteriormente, po<strong>de</strong>mosinferir que a presença <strong>de</strong>stes símbolos agregados ao monumento, investem-lhe umarepresentação que soma os i<strong>de</strong>ais republicanos e com a função original do obelisco, qual seja<strong>de</strong> perpetuar e exaltar a memória dos governantes.114 Carvalho cita, ainda, a árvore da liberda<strong>de</strong>, o calendário revolucionário iniciado em 1792, as gran<strong>de</strong>s festascívicas e ainda, os símbolos chamados símbolos e alegorias menores, como a balança, o nível, o feixe, o leme, alança, o galo gaulês, o leão, etc. Ver: CARVALHO, 1990. p. 12.115 “Haveria no máximo três ministros, distribuídos em seis ministérios. Inicialmente, a República teveDomingos José <strong>de</strong> Almeida como ministro do Interior e da Fazenda; José Mariano <strong>de</strong> Matos, ministro daMarinha e da Guerra; e José Pinheiro <strong>de</strong> Ulhoa Cintra, ministro da Justiça e do Exterior” (FLORES, 2004: 75).116 CUNHA, 2005. Op. cit. p. 3.


93Referindo-se a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imaginação, Carvalho aponta que um símboloestabelece uma relação <strong>de</strong> significado entre objetos e idéias ou entre imagens. Embora oestabelecimento <strong>de</strong>ssa relação venha a partir <strong>de</strong> um ato <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>, a sua aceitação e eficáciapolítica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ssa comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imaginação. Não existindo esse pensamento comumque po<strong>de</strong> estar ligado tanto ao imaginário preexistente quanto às aspirações coletivas embusca <strong>de</strong> um novo imaginário, a relação <strong>de</strong> significado não se estabelece e o símbolo cai novazio 117 .Enten<strong>de</strong>mos que o obelisco da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pelotas externou a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma elite quebuscava os i<strong>de</strong>ais da República, efetuando as idéias <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>, liberda<strong>de</strong> e a busca pelosdireitos do cidadão, na existência <strong>de</strong> um governo menos totalitário. O barrete frígio evi<strong>de</strong>nciao vínculo com as idéias das representações <strong>de</strong> República vindas da França. No lugar da figurafeminina, o ícone egípcio.Com fins <strong>de</strong> comemorar a pacificação do Estado entre os Farroupilhas e o Império,ocorrido no ano <strong>de</strong> 1935, um obelisco comemorativo ao Tratado <strong>de</strong> Ponche Ver<strong>de</strong> éconstruído no município <strong>de</strong> Dom Pedrito marcando o local on<strong>de</strong> foi assinado o acordo 118 .Também em Piratini, região tomada pelos Farroupilhas e por eles elevada à categoria<strong>de</strong> cida<strong>de</strong> com o nome <strong>de</strong> Mui Real e Patriótica do Sul (até 1 o <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1845) vindo atornar-se, por um período, capital da República Rio-Gran<strong>de</strong>nse, encontramos um obelisco queexalta a República, localizado na praça que também faz referencias a mesma.Em Porto Alegre, uma personagem <strong>de</strong> veemente significado, Antônio <strong>de</strong> Souza Neto,o farrapo proclamador da República Rio-Gran<strong>de</strong>nse, recebe em sua memória, a <strong>de</strong>dicatória doobelisco do Parque Farroupilha, situado ao lado do Instituto <strong>de</strong> Educação. Este obelisco, emgranito, trazia as seguintes inscrições:117 CARVALHO, 1990. Op. Cit. P.13.118 Conforme Moacyr Flores, a <strong>de</strong>signação Tratado <strong>de</strong> Ponche Ver<strong>de</strong> é incorreto, pois na ata constam, apenas, asassinaturas <strong>de</strong> David Canabarro e dos oficiais republicanos. Como Tratado ocorre entre nações, essa<strong>de</strong>nominação esta, segundo Flores, ina<strong>de</strong>quada. Ver FLORES, 2004. Op. cit. p. 102.


94- Frente para Avenida Oswaldo Aranha: “1835-1945”;- abaixo, há um medalhão com a figura do General Antonio <strong>de</strong> Souza Neto e osseguintes dizeres: “E sofreremos calados tanta infâmia? Não. Nossoscompatriotas, os riogran<strong>de</strong>nses estão dispostos, como nós, a não sofrer pormais tempo a prepotência <strong>de</strong> um governo Tirano, arbitrário e cruel como oatual. Proclamação do 11 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 1836 no Campo do Menezes”.- Mais abaixo: “A colônia Israelita do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul ao povo gaúcho no1 o Centenário da Epopéia Farroupilha”. 119- À direita, em baixo relevo, um barco representando o Rio Nilo, e Moisés comas Tábuas da Lei, aparecendo três pirâmi<strong>de</strong>s ao fundo.Outro farrapo que recebe homenagem, esse no obelisco da Praça Itália, situado entreas avenidas Praia <strong>de</strong> Belas e Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, é o italiano Tito Livio Zambecari, que foipreso, juntamente com Bento Gonçalves, Onofre Pires, Pedro Boticário e Corte Real, naBatalha da Ilha do Fanfa 120 . O obelisco homenageia, também, o Cinqüentenário daColonização Italiana (1875-1925).José Francisco Alves, em um brilhante trabalho sobre a escultura pública <strong>de</strong> PortoAlegre 121 , reporta-se a esse monumento, em particular, como “obelisco itinerante” (ALVES,2004: 72). Essa <strong>de</strong>nominação, como sugere, <strong>de</strong>ve-se ao fato do monumento encontrar-se hojeem seu quarto sítio <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua instauração, em 1926.Constatamos em nossas pesquisas que outras dificulda<strong>de</strong>s acompanharam omonumento, que principiaram já em sua inauguração. Conforme artigo do jornal A119 MACEDO, Francisco Riopar<strong>de</strong>nse <strong>de</strong>. Normas Gerais para Levantamento e Estudo dos MONUMENTOS EMARCOS COMEMORATIVOS das Praças e Parques <strong>de</strong> Pôrto Alegre. 1967. Arquivo Histórico MunicipalMoysés Velhinho. Caixa 1, Monumentos.120 Zambeccari recebeu anistia do Império e viajou para a Europa. Ver FLORES, 2004: 81.121 ALVES José Francisco. A Escultura pública em Porto Alegre – História, contexto e significado. PortoAlegre: Artfolio, 2004. 264p.


95Fe<strong>de</strong>ração, o monumento foi executado para as comemorações do Cinqüentenário daColonização Italiana 122 , em homenagem aos italianos e filhos <strong>de</strong> italianos presentes:Um obelisco:Numa das alamedas centrais do jardim da Exposição será colocado um altoobelisco, confeccionado com granito róseo riogran<strong>de</strong>nse, <strong>de</strong>vidamente polido eretirado <strong>de</strong> uma das pedreiras existentes na Tristeza, subúrbio da capital. (...).Dedicado aos italianos e filhos <strong>de</strong> italianos que festejam presentemente o 50°anniversário dos primeiros imigrantes <strong>de</strong>ssa nacionalida<strong>de</strong> aqui chegados, terá elle,em uma das faces, uma inscrição alusiva a esse evento histórico (50 ANNOS DECOLONISAÇÃO ITALIANA NO RIO GRANDE DO SUL. A Fe<strong>de</strong>ração, PortoAlegre, 3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1925. p.2).O obelisco foi esculpido pelos Irmãos Piatelli, e recebeu atenção da imprensa, quedivulgou e prestigiou o projeto:(...) – Os senhores Piatelli e Irmãos construíram um obelisco todo <strong>de</strong> granito dosarredores da capital.Me<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 3 metros <strong>de</strong> altura, e <strong>de</strong>scansa também sobre um pe<strong>de</strong>stal <strong>de</strong> granitotodo polido.O obelisco está sendo colocado no jardim, situado logo na entrada do local daexposição (...). (VÁRIAS. A Fe<strong>de</strong>ração, Porto Alegre, 2 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1925.p.5).Porém, a inauguração do obelisco aconteceu no ano subseqüente, e o local escolhidofoi o Campo da Re<strong>de</strong>nção, atual Parque Farroupilha, em frente à Avenida João Pessoa 123 . O“roteiro turístico” do monumento é apresentado em <strong>de</strong>talhes por José Francisco Alves.122 Segundo Alves, o ápice das comemorações foi a “ESPOSIZIONE DEL LAVORO ITALIANO IN PORTOALEGRE”, que acorreu <strong>de</strong> 5 a 24 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1925 no Bairro Menino Deus, em Porto Alegre. ALVES.Op.cit. p. 167.123 ALVES, 2004. loc. Cit.


96Segundo o autor, a primeira transferência <strong>de</strong> local do monumento <strong>de</strong>u-se em data e pormotivos <strong>de</strong>sconhecidos. O obelisco foi transportado para o antigo aeroporto do Bairro SãoJoão, atual Fundação Rubem Berta. Na década <strong>de</strong> 80, o obelisco foi novamente transferido eseu novo en<strong>de</strong>reço passou a ser a confluência das Avenidas Benjamin Constant e ruas DomPedro II, Pereira Franco e Souza Reis, em Frente a Esplanada Atílio Fontana.Por enten<strong>de</strong>r que o local não era apropriado para acatar o monumento, na épocaescondido por árvores, a comissão que organizava os preparativos das comemorações dosesquicentenário da imigração italiana promove, outra vez, uma reinauguração nomonumento, que recebeu seu quarto en<strong>de</strong>reço: Praça Itália, Bairro Menino Deus 124 , em 23 <strong>de</strong>maio <strong>de</strong> 2001.Ainda pelas comemorações Farroupilhas, a Colônia Sírio-Libanesa oferece ao Estadoum obelisco, no Parque Farroupilha. Por sua vez, a colônia Portuguesa escolhe a principalabertura do Porto da cida<strong>de</strong> para fazer frente ao obelisco que homenageia num mesmomonumento, o Centenário da Revolução e o Fundador <strong>de</strong> Porto Alegre, o português JoséMarcelino <strong>de</strong> Figueiredo, na Avenida Mauá.Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Viamão, outrora se<strong>de</strong> do governo da Província <strong>de</strong> São Pedro, antiga<strong>de</strong>nominação do nosso Estado, um obelisco, na Praça Júlio <strong>de</strong> Castilhos, construído em 1935,comemora os cem anos da Revolução Farroupilha e, posteriormente, e homenageia a ForçaExpedicionária.Encontramos, ainda, em Novo Hamburgo e Garibaldi, outros obeliscos que lembramos méritos farrapos. Respectivamente, o primeiro, na Praça 20 <strong>de</strong> Setembro, rememora oCentenário, e o segundo, exalta a memória <strong>de</strong> Bento Gonçalves, Garibaldi e, em <strong>de</strong>staque, ointerventor Flores da Cunha.124 A Praça Itália está localizada entre as Avenidas Praia <strong>de</strong> Belas e Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros, atrás do Shopping Praia<strong>de</strong> Belas.


97A leitura que fazemos <strong>de</strong>sses monumentos passa, conseqüentemente , pelo viés dainterpretação <strong>de</strong> que foram escolhidos para representar um governo que se pretendia maisjusto e igualitário, afirmado nas leis. Conforme sabemos, o obelisco foi, no antigo Egito, aforma <strong>de</strong> escultura escolhida para figurar o <strong>de</strong>us solar, Rá, e eternizar o nome do faraó,encarnação <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>us na terra. Assim, foi uma escolha singular representar o movimentoFarroupilha num símbolo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que encarnou o grau maior <strong>de</strong> domínio para umacivilização.2.4 O obelisco: o monumento e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>Encontramos, até agora, o obelisco com atribuição <strong>de</strong> manter a memória e oimaginário <strong>de</strong> cunho político. Entretanto, encontramos outros monumentos com finalida<strong>de</strong>sdiferentes, mas não menos importante. Por exemplo, o obelisco <strong>de</strong> Nova Milano, cida<strong>de</strong>localizada próximo à Serra Gaúcha, que encerra em sua história a representação <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> com o monumento.Para compreen<strong>de</strong>rmos a utilização do obelisco através <strong>de</strong>ste olhar, tornou-se muitoimportante a noção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural, bem discutida por Nilda Jacks, em Querência:Cultura Regional como Mediação Simbólica 125 . Essa autora utiliza os estudos <strong>de</strong> Martín-Barbero e Canclini para o entendimento <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural da América Latina.Segundo palavras <strong>de</strong> Nilda Jacks, para Martín-Ribero, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é “sempresocialmente atribuída, socialmente mantida e também só se transforma socialmente” 126 .Assim, explica Jacks, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural só é reconhecível no coletivo, como uma espécie125 JACKS, Nilda. Querência: culturaq regional como mediação simbólica – um estudo <strong>de</strong> recepção. PortoAlegre: Ed. Universida<strong>de</strong>/UFRGS, 1999.126 MARTÍN-RIBERO apud JACKS, op. Cit. P. 64.


98<strong>de</strong> reflexo da imagem social. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural, segue autora, sempre realiza acontextualização do homem com seu meio, seu grupo social, sua história, em um processo <strong>de</strong>consciência que impe<strong>de</strong> sua alienação.Portanto, a função da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural é a interação entre o sujeito, individual ousocial, e a realida<strong>de</strong> que o cerca, mediando os processos <strong>de</strong> produção e <strong>de</strong> apropriação dosbens culturais.É essa mediação que garante o significado da produção cultural e o sentido doconsumo <strong>de</strong> bens simbólicos, sem o qual esse consumo torna-se um processo vazio,po<strong>de</strong>ndo vir a ser um ato alienado e alienador. Nos termos proposto por Orozco, ai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural é a expressão do imaginário e das condições materiais <strong>de</strong> umapopulação historicamente <strong>de</strong>terminada, <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretação.(JACKS, 1999:65 ).Em um estudo cujo tema principal foi a Festa da Uva, Cleo<strong>de</strong>s Maria Piazza JulioRiberio retomou o inicio das comemorações, discutindo as representações da festa através doaparato discursivo 127 .Afirmar a própria i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, serem reconhecidos como iguais pelos <strong>de</strong>maisbrasileiros para além do que prescreve a legislação, mostrar o resultado do própriotrabalho e reivindicar o po<strong>de</strong>r que <strong>de</strong>le recorre são sentidos que os promotores daFesta da Uva <strong>de</strong> 1932 lhe conferem”. (RIBEIRO, 2002:94).Ribeiro utiliza Baczko ao analisar o imaginário social inteligível e comunicável pormeio da produção dos discursos. Para a autora, o valor simbólico atribuído ao trabalho, nocontexto cultural da Festa da Uva, apresenta duplo sentido: o primeiro, remete à Bíblia, emque o trabalho não é apenas um <strong>de</strong>ver, mas um castigo; o outro sentido que, segundo Ribeiro,127 RIBEIRO, Cleo<strong>de</strong>s Maria Piazza Julio. Festa & I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>: como se fez a Festa da Uva. Caxias do Sul:EDUCS, 2002.


99sobressai no contexto da festa, é o trabalho relacionado às conquistas <strong>de</strong>correntes do que échamado fonte <strong>de</strong> valor 128 . Portanto, nessa festa são celebrados o direito que os imigrantestêm <strong>de</strong> serem reconhecidos por seus feitos nos âmbitos políticos e social, posto que o trabalhodo colono produz o milagre da fartura.A idéia do progresso tem um papel importante nas comemorações da Festa da Uva,pois os i<strong>de</strong>ais positivistas e republicanos eram significativos na primeira meta<strong>de</strong> do século XXno Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, época em que Caxias comemorou a Festa consi<strong>de</strong>rada “do trabalho eda abundância” (RIBEIRO, 2002). Ao mesmo tempo em que sugere exaltar o viés social eeconômico <strong>de</strong> Caxias do Sul, a Festa da Uva também faz analogia às festas agrárias daAntiguida<strong>de</strong> Clássica. Segundo Ribeiro, isso é visualizado no discurso dos poetas portadores<strong>de</strong> uma herança iluminista. Mas, em sua análise, foi no ano <strong>de</strong> 1934 que a associação da festacom a antiguida<strong>de</strong> ganhou, <strong>de</strong> fato, contornos que po<strong>de</strong>riam ser chamados <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ológicos,inserindo a cultura primária do colono na tradição da cultura oci<strong>de</strong>ntal.A Festa da Uva é a festa tradicional que nos vem <strong>de</strong> longínquos tempos da Grécia,que fazia as colheitas opulentas entre os cânticos das oscoforias, entre sátiros,mêna<strong>de</strong>s e tría<strong>de</strong>s, colhiam cachos dourados dos parreirais maravilhosos doParnaso, <strong>de</strong> Caos, Chio <strong>de</strong> Cypro e <strong>de</strong> Ro<strong>de</strong>s. (...)É belo, portanto, e é justo que essas festas antigas sejam mantidas e repetidas namaior zona produtora <strong>de</strong> uva do Brasil, neste recanto rio-gran<strong>de</strong>nse, coberto pelaver<strong>de</strong>jante luxúria dos parreirais, nesta terra em que os colonos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeirosimigrantes, quase por uma inconsciente preferência atávica, parecem obe<strong>de</strong>cer aomandamento <strong>de</strong> Alceo: Nullan... sacra vitae prius severis arborem. (Não plantarásoutra árvore antes <strong>de</strong> ter plantado a sagrada vi<strong>de</strong>ira) (Diário <strong>de</strong> notícias, PortoAlegre, p. 28, fev. 1934 apud RIBEIRO, 2002. p. 100).Nesse contexto, em <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1925 foi inaugurado, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova Milano,um obelisco, construído em pedra basáltica e com uma placa <strong>de</strong> bronze. O monumento faziaparte das comemorações do Cinqüentenário da imigração italiana na região, e foi construído128 RIBEIRO, Op. cit. p.96.


100na Praça da vila <strong>de</strong> Nova Milano, no mesmo local em que a Comissão <strong>de</strong> Terras eColonização havia construído, cinqüenta anos antes, o primeiro barracão <strong>de</strong>stinado a abrigaros imigrantes recém-chegados. Na placa <strong>de</strong> bronze fixada no obelisco lê-se a seguinteinscrição: “Ai pionieri <strong>de</strong>lla civiltá latina 1875-1925” 129 .Reinauguração do obelisco <strong>de</strong> Nova MilanoO evento da inauguração do obelisco contou com a presença <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s, incluindoo Embaixador da Itália, Barão Montagna, conforme artigos do Jornal A Fe<strong>de</strong>ração, <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1925:(...) “Segunda, 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro - 9 horas: <strong>de</strong>scoberta da lápi<strong>de</strong> <strong>de</strong> bronze domonumento <strong>de</strong> José Garibaldi, em homenagem aos outros italianos fazedores daRepública <strong>de</strong> 35 Zambeccari, Anzanni e Rosseti.(...) Terça, 8 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro – partida para Caxias, do embaixador da Itália, o qualpresidirá a cerimônia <strong>de</strong> inauguração da Columna Comemorativa doCincoentenário e <strong>de</strong> uma lápi<strong>de</strong> em Nova Milano”. (VÁRIAS. A Fe<strong>de</strong>ração, 2 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1925. p.5).Em um fragmento do convite feito pelo Presi<strong>de</strong>nte do Comitato Italiano <strong>de</strong> Caxias aojornal A Fe<strong>de</strong>ração, lê-se:(...) “No 50° anniversario da vinda dos primeiros colonos italianos, Caxias<strong>de</strong>liberou erguer um perene símbolo <strong>de</strong> gratidão aos seus valorosos pioneiros. Umobelisco será inaugurado, no dia 9 do próximo mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, no Parque doCincoentenário , nesta cida<strong>de</strong> , e um monumento se inaugurará, no dia 10, em NovaMilano (...). (INAUGURAÇÃO DOS MONUMENTOS. A Fe<strong>de</strong>ração, 5 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro, 1925).129 RIBEIRO,op. cit. p.101.


101O impacto provocado pelo segundo conflito mundial refletiu diretamente sobre o queRibeiro chamou <strong>de</strong> “a mais bem-sucedida construção, no plano da representação coletiva” dasocieda<strong>de</strong> colonial: a Festa da Uva. A participação do Brasil na Segunda Guerra, ao lado dosAliados, rompendo diplomaticamente com a Itália, fez com que os colonos, que na década <strong>de</strong>1930 eram exaltados, fossem suspeitos <strong>de</strong> ameaçar a soberania do país, posto que suascomemorações remetiam à saudação da nação italiana.Entre tantos fatos que ocorreram na tentativa <strong>de</strong> coibir a manifestação dos colonos noRio Gran<strong>de</strong> do Sul, a retirada da placa <strong>de</strong> bronze do obelisco da Praça <strong>de</strong> Nova Milano foisignificativa sobremaneira. “De inegável valor simbólico, aquele monumento à lembrançafora inaugurado em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1925, em homenagem à fundação da região Nor<strong>de</strong>ste do RioGran<strong>de</strong> do Sul, por imigrantes italianos” (RIBEIRO. 2002: 141).Mediante o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong> uma testemunha, Ribeiro <strong>de</strong>screve o episódio.(...) Durante a Segunda Guerra Mundial, lá por volta <strong>de</strong> 1941, 1942, chegou ummilitar e uns soldados e lá, na praça <strong>de</strong> Nova Milano, com um pé-<strong>de</strong>-cabra,arrancaram a placa do monumento e levaram embora. Na manhã seguinte apareceuno mesmo lugar da placa um pedaço <strong>de</strong> tábua, com a mesma inscrição, em tintaazul. Lembro bem. A tinta era azul e a inscrição era a mesma. A tábua estavaamarrada no obelisco com um fio <strong>de</strong> arame <strong>de</strong> cada lado. E lá ficou. Anos <strong>de</strong>poisficamos sabendo que o tal que arrancou a placa levou ela para a MetalúrgicaGazola, em Caxias, e mandou <strong>de</strong>rreter e fazer cinzeiros. Aquele que recebeu a placaviu do que se tratava. Não falou nada. Endireitou e guardou ela bem guardada. Fezos cinzeiros e mandou entregar pro Tenente. Na festa dos 75 anos (da imigração),com as autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Caxias, muita gente, todo povo <strong>de</strong> Nova Milano, a placavoltou pro seu lugar (...) (Piazza; Aleixo apud Ribeiro) 130 .A questão cultural antece<strong>de</strong> o episódio <strong>de</strong> Nova Milano. Conforme se narrou, em outrotópico <strong>de</strong>ste estudo, existem, na Itália, obeliscos originais do Antigo Egito, que pertenceram a130 PIAZZA; ALEIXO; 1983; entrevista que integra o Acervo do Projeto Ecirs – IMEHC/ Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Caxias do Sul. IN: RIBEIRO, 2002. Op. cit. p. 142.


102Ramsés II, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então lotados na Piaza Del Popolo, Piazza <strong>de</strong>lla Rotunda, Viale DelleTerme, Viela Celimontana, em Roma; e o Boboli Gar<strong>de</strong>ns em Florença 131 . Quando houve adominação romana no Egito, houve também a transculturação <strong>de</strong> parte <strong>de</strong> suas tradições. Osromanos adotaram os obeliscos como expressão arquitetônica nas suas cida<strong>de</strong>s, conformecertificamos nos estudos <strong>de</strong> Labib Habachi.É importante questionar o porquê da construção do obelisco <strong>de</strong> Nova Milano emhomenagem aos italianos e ao seu passado histórico. A recorrência da construção <strong>de</strong>obeliscos ligada a fatos da história dos grupos <strong>de</strong> imigrantes, às suas conquistas históricas, àcoragem <strong>de</strong> se lançarem em busca <strong>de</strong> um território distante e <strong>de</strong>sconhecido, remete àinscrição: “Al pioneri <strong>de</strong>lla civiltá latina 1875-1925”; e leva o pesquisador a refletir sobre essatambém transculturação. Percebe-se, então, que além <strong>de</strong> ser o símbolo da resistência 132contra o confisco da memória coletiva nas palavras <strong>de</strong> Ribeiro, o obelisco simbolizaria,também, e até antes disso, a consciência do passado histórico <strong>de</strong>ssa imigração.Conforme o pensamento <strong>de</strong> Baczko:Em qualquer conflito social grave – uma guerra, uma revolução – não serão asimagens exaltantes e magnificentes dos objetivos a atingir e dos frutos da vitóriaprocurada uma condição <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> da própria ação das forças em presença?[...] Os bens simbólicos que qualquer socieda<strong>de</strong> fabrica nada têm <strong>de</strong> irrisório e nãoexistem, efetivamente, em quantida<strong>de</strong> ilimitada. Alguns <strong>de</strong>les são particularmenteraros e preciosos. A prova disso é que constituem objeto <strong>de</strong> lutas e conflitosencarniçados e que qualquer po<strong>de</strong>r impõe uma hierarquia entre eles, procurandomonopolizar certas categorias <strong>de</strong> símbolos e controlar as outras. Os dispositivos <strong>de</strong>repressão que os po<strong>de</strong>res constituídos põem <strong>de</strong> pé, a fim <strong>de</strong> preservarem o lugarprivilegiado que a si próprio se atribuem no campo simbólico, provam, senecessário fosse, o caráter <strong>de</strong>certo imaginário, mas <strong>de</strong> modo algum ilusório, dosbens assim protegidos, tais como os emblemas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, os monumentos erigidosem sua glória, o carisma do chefe, etc (BACZKO, 1985:299).131 Ver p. 21.132 “além <strong>de</strong> seu valor intrínseco como obra comemorativa, há um outro valor que faz do obelisco <strong>de</strong> NovaMilano um monumento emblemático: é o <strong>de</strong> ser símbolo da resistência contra o confisco da memória coletiva(Ribeiro. 2002: 141).


103Em Caxias do Sul há o Monumento Nacional ao Imigrante, tombado como PatrimônioHistórico Cultural do Estado. Situado às margens da BR 116, no Km 150 <strong>de</strong>ssa rodovia,localiza-se num dos principais acessos ao centro da cida<strong>de</strong> 133 .Durante as comemorações da 75º Festa da Uva, fez-se o lançamento da pedrafundamental pelo então presi<strong>de</strong>nte Eurico Gaspar Dutra. A obra tem autoria <strong>de</strong> AntonioCaringi, e foi construída por Silvio Toigo e José Zambom. As obras <strong>de</strong> fundição foramexecutadas na Metalúrgica Abramo Eberle, supervisionadas por Tito Bettini 134 .O monumento é composto por um casal <strong>de</strong> imigrantes ao centro, fundidos em bronze.A cripta localizada abaixo tem as pare<strong>de</strong>s revestidas com mármore, doação do governoitaliano. Atrás do casal <strong>de</strong> imigrantes, um obelisco medindo 20, 96m, que contém três baixosrelevos alegóricos: no primeiro, a representação da chegada dos imigrantes, o segundo a suavitória pelo trabalho e o último, a integração ao espírito da pátria brasileira.133 A concepção do monumento tinha, inicialmente, o intuito <strong>de</strong> homenagear os colonos que povoaram a regiãoda Encosta Superior do Nor<strong>de</strong>ste Gaúcho, durante as comemorações do 75° Aniversário da Colonização Italianono Estado. No lançamento da pedra fundamental, durante as comemorações da Festa da Uva, passou a tratar-se,então, <strong>de</strong> um monumento Nacional a todos os imigrantes do país. Site:http://www.caxias.rs.gov.br/cultura/museu/museu/mon_imigrante.php4134 Site: http://www.caxias.rs.gov.br/cultura/museu/museu/mon_imigrante.php4 . Ultima consulta em 04/01/07.


104Monumento Nacional ao Imigrante – Caxias do Sul 135Em outra homenagem da cida<strong>de</strong> aos italianos, situado em frente à prefeituramunicipal, o obelisco também foi o suporte utilizado para assegurar aos imigrantes acontinuação da sua memória. O obelisco é uma homenagem ao Centenário da ColonizaçãoItaliana e ao Presi<strong>de</strong>nte da República da Itália na sua visita à região em 13 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong>1958.Em sua inscrição, lê-se:“Cada pedra <strong>de</strong>ste monumento é uma parcela dos municípios que construíram oalicerce da colonização italiana no RS. Município: Antonio Prado, BentoGonçalves, Caxias do Sul, Encantado, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi,Nova Prata, Veranópolis”.“Homenagem ao Exmo. Sr. Giovanni Granchi, Presi<strong>de</strong>nte da República da Itáliapor ocasião da sua visita a esta Região 13-09-1958” 136 .Obelisco ao Imigrante Italiano - Caxias do Sul 137135 Imagem disponível no site: http://www.caxias.rs.gov.br/cultura/museu/museu/mon_imigrante.php4. Junto àporta <strong>de</strong> acesso ao interior do museu que fica abaixo do monumento lê-se: "Ó louro imigrante que trazes aenxada ao ombro. Sobe comigo a este píncaro e olha a manhã brasileira que nasce, Por <strong>de</strong>ntro da serra, como umpunhado <strong>de</strong> cores jogado na terra!(...)"136 BRITO, 2004.137 Foto <strong>de</strong> Júlio César Machado.


105Esses monumentos vinculam os feitos <strong>de</strong>sses colonos italianos aos monumentos quemarcaram os louros da hegemonia e da dominação no passado, enquanto formam umaunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> significado em que a comunida<strong>de</strong> se reconhece e se i<strong>de</strong>ntifica.Outra homenagem, <strong>de</strong> tom nada festivo, recebeu como marco um obelisco, também nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Caxias do Sul. Em 1943, a explosão <strong>de</strong> um dos pavilhões <strong>de</strong> munição, no interiorda empresa Gazola, Travi & Cia, vitimou moças entre quatorze e vinte anos, todasfuncionárias nos setores <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> material bélico, utilizados durante a Segunda GuerraMundial. Em memória às vitimas, foi construído no pátio da empresa, hoje conhecida comoMetalúrgica Gazola, um obelisco, em alvenaria.Obelisco da Metalúrgica Gazola 138A placa <strong>de</strong> bronze fixada junto ao obelisco preserva a inscrição:“As <strong>de</strong>nodadas e infelizes companheiras <strong>de</strong> trabalhoOdila GubertGraciema Formolo (+)Júlia Gomes (+)Olívia Gomes (+)Ilma Zago (+)Maria Bohn (+)Tereza Morais138 Imagens enviadas por Flávia Oliboni, do setor <strong>de</strong> Recursos Humanos da Metalúrgica Gazola.


106Aqui vitimadas quando cumpriam seu <strong>de</strong>ver pelo esforço <strong>de</strong> guerra do Brasil, namanhã lutuosa <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> julho último. Homenagem, em continência, da firmaGazola, Travi & Cia. Caxias, 25 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1943”. 139Assim, conclui-se que, além <strong>de</strong> ser um monumento aos colonos por seu trabalho e suaprosperida<strong>de</strong>, o obelisco da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova Milano tornou-se um símbolo, a partir doepisódio que o envolveu, produzido por um imaginário que o tornou representante dapersistência contra a repressão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> italiana.2.5 O monumento hojeEncerra-se, aqui, a abordagem sobre os obeliscos como modalida<strong>de</strong> que vislumbra aconstrução <strong>de</strong> novos monumentos para guardar <strong>de</strong>terminada memória.Conforme se constatou, o obelisco foi bastante utilizado no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul:(...) O <strong>de</strong>staque <strong>de</strong>stes marcos é a utilização do obelisco em obras bem relevantespor suas execuções e narrativas, além <strong>de</strong> exemplificar o uso tradicional <strong>de</strong>sse tipo<strong>de</strong> marco na arte pública porto-alegrense (e também do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul) – amais prevalecente forma egípcia ainda utilizada em monumentos. (Alves.2004:60-61).Parte-se, então, para a metodologia utilizada na presente pesquisa. Elaborou-se umquestionário aplicado aos alunos <strong>de</strong> duas escolas, em diferentes localida<strong>de</strong>s, a fim <strong>de</strong> tentarcompreen<strong>de</strong>r como ocorreu o esquecimento dos obeliscos, enquanto portadores da função jámencionada, <strong>de</strong> monumento.Durante a pesquisa, <strong>de</strong>stacou-se um significativo <strong>de</strong>sconhecimento do obelisco comomonumento e, até mesmo, um estranhamento dos estudantes questionados ou <strong>de</strong> instituições139 Pesquisa realizada no site http://www.caxias.rs.gov/cultura/museu/bens tombados.php4. Lançamento no livrodo Tombo em 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2003.


107em relação ao próprio nome da escultura. Isso ficou evi<strong>de</strong>nte em uma carta recebida doServiço Municipal <strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado município, e que, erroneamente, apontavaausência <strong>de</strong> “elementos referentes ao Egito Antigo no contexto brasileiro”, em particular,obeliscos. Posteriormente, através da colaboração <strong>de</strong> outras pessoas, <strong>de</strong> pesquisa bibliográficae em sites, foram localizados três obeliscos, um <strong>de</strong>les no largo da própria prefeitura cujoserviço <strong>de</strong> Turismo enviou a carta.Aqui encontra-se um motivo para retornar à questão do patrimônio. De acordo com otexto <strong>de</strong> Pedro Paulo Funari, o homem pertence, durante a vida, a inúmeras coletivida<strong>de</strong>s, oque lhe permite diversificar interesses. As suas atribuições <strong>de</strong> valores po<strong>de</strong>m, ou não, mudarconforme o grupo com qual se relaciona. Nesse aspecto, Funari faz comenta a dificulda<strong>de</strong>que cerca a relação estabelecida com o patrimônio cultural: “O que para uns é patrimônio,para outros não é. Além disso, os valores sociais mudam com o tempo” (FUNARI;PELEGRINI, 2006: 10).Com base nesses argumentos, <strong>de</strong>cidiu-se investigar, junto aos alunos do InstitutoFlores da Cunha, o seu conhecimento sobre o obelisco construído em 1935, por ocasião doCentenário da Revolução Farroupilha, e que se encontra ao lado da escola (aaproximadamente 20m). Outra pesquisa foi feita na Escola Técnica Dimensão, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Charqueadas, próxima da capital, mas que não possui nenhum monumento <strong>de</strong>ssa natureza.O questionário aplicado no Instituto Flores da Cunha tinha por objetivo saber se osalunos conheciam o monumento situado ao lado da Instituição, seu significado, o motivo <strong>de</strong>sua construção e, por último, se conheciam outros monumentos com a mesma forma. Asquestões foram entregues às professoras, que repassaram aos seus alunos. Respon<strong>de</strong>ram aoquestionário alunos <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e 1° ano do Ensino Médio.Na Escola Técnica Dimensão, on<strong>de</strong> trabalho, o questionário foi entregue pessoalmenteaos alunos em sala <strong>de</strong> aula.


108Sabe-se que os monumentos, hoje, estão expostos à ação do vandalismo e da falta <strong>de</strong>recursos. A função do monumento <strong>de</strong> suporte da memória está comprometida por problemas<strong>de</strong> furto <strong>de</strong> suas placas e, não em menor importância, por ser relegado ao esquecimento pelacomunida<strong>de</strong> em geral.Na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte, a Fundação João Pinheiro publicou um artigo sobre aEducação Patrimonial 140 , a partir <strong>de</strong> um estudo que objetivava obter esclarecimentos, porparte das escolas públicas estaduais <strong>de</strong> ensino médio, quanto ao conhecimento, experiência einteresse em trabalhar com o tema patrimônio cultural.Em suas consi<strong>de</strong>rações finais, o texto revela que os educadores abordados naquelapesquisa <strong>de</strong>monstravam gran<strong>de</strong> interesse pelo tema patrimônio histórico. Cerca <strong>de</strong> um quarto<strong>de</strong>sses educadores revelaram conceitos satisfatórios e médios sobre o conceito <strong>de</strong> patrimôniocultural, em conformida<strong>de</strong> com a classificação adotada como parâmetro pela pesquisa. Comoelementos constitutivos <strong>de</strong> um amplo conceito <strong>de</strong> patrimônio cultural, apareceram osseguintes dados: proprieda<strong>de</strong> coletiva, bens materiais, história, preservação e conservação,conhecimento, gerações futuras, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e raízes, memória, cidadania e política e meioambiente.Porém, <strong>de</strong>ve ser ressaltada a observação feita por gran<strong>de</strong> parte daqueles educadores:Para o <strong>de</strong>senvolvimento do tema patrimônio cultural faz-se necessário o suporte, tanto paraprofessores quanto para os alunos, <strong>de</strong> material <strong>de</strong> referencia e consulta e <strong>de</strong> recursosaudiovisuais (Fundação João Pinheiro, 2001: 31).Uma pesquisa importante, direcionada ao conhecimento prévio que os alunos levampara a sala <strong>de</strong> aula, a respeito do Egito Antigo, foi realizada por Raquel dos Santos Funari 141 .140 Fundação João Pinheiro / Centro <strong>de</strong> Estudos Históricos e Culturais – CEHC. Pesquisa e educaçãopatrimonial: subsídios para elaboração <strong>de</strong> proposta <strong>de</strong> ação educativa. Ca<strong>de</strong>rnos do CEHC. Série Cultura, n°141 FUNARI, Raquel dos Santos. Imagens do Egito antigo: um estudo <strong>de</strong> representações históricas. São Paulo:Annablume; Unicamp, 2006.


109As questões que nortearam o estudo <strong>de</strong> Funari partiram da observação feita sobre osalunos que ingressavam na quinta série do Ensino Fundamental e as informações que tinham,à priori, sobre a antiguida<strong>de</strong> egípcia. Em sua maioria, diz a autora, essas informações eraminfluenciadas por filmes, documentários, revistas, jornais e pela família, <strong>de</strong>ntre outros meios((FUNARI, 2006:33). As perguntas feitas por Funari foram: Qual a contribuição daAntiguida<strong>de</strong> Oriental para a formação <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> pensar do brasileiro? Como as influênciasdo Oriente chegam ao Brasil 142 ?Dentre os resultados, Funari constatou um significativo número <strong>de</strong> alunos, acima <strong>de</strong>90%, que já tinham assistido a algum filme com a temática do Egito. Os interesses variavamum pouco conforme o gênero, mas o filme mais assistido por ambos os sexos foi A Múmia,seguido <strong>de</strong> Príncipe do Egito e O Retorno da Múmia 143 . Outro dado salutar da pesquisa foi arecorrência dos temas pirâmi<strong>de</strong>s e faraós nas publicações que mais interessavam aos alunos.Na seqüência, Funari relatou dados do segundo questionário, realizado após o Estudodo Egito em sala <strong>de</strong> aula, baseado em livros didáticos, apostilas ou aulas expositivas. Comoanteriormente, as respostas são reveladoras e constituem parte importante para um estudo quepretenda versar sobre o Egito Antigo e a influência que socieda<strong>de</strong> receba <strong>de</strong>le.Neste estudo, dar-se-á ênfase a duas colaborações da pesquisa <strong>de</strong> Funari. A primeira,diz respeito à localização do Egito. A gran<strong>de</strong> maioria dos alunos entrevistados pela autorareconheceu a África como berço da civilização egípcia. Porém, um pequeno, mas razoável,número <strong>de</strong> alunos que acreditavam que o Egito <strong>de</strong>veria estar em outro lugar 144 ! Em segundolugar, e tão reveladora quanto a primeira, estava o interesse <strong>de</strong>monstrado pelas crianças emconhecer o Egito: nove em cada <strong>de</strong>z crianças.142 FUNARI, 2006. op. cit. p. 33.143 Em seu livro, Funari <strong>de</strong>dica um espaço maior para explicação do conteúdo <strong>de</strong> cada película, bem como osdados <strong>de</strong> suas conclusões.144 Conforme o texto, 126 meninos e 122 meninas, num total <strong>de</strong> 248 alunos .


110Outra experiência, vivida pela pesquisadora do presente estudo, que se julgaimportante relatar, ocorreu com crianças <strong>de</strong> quarta série, em uma escola <strong>de</strong> EnsinoFundamental da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Charqueadas, no ano <strong>de</strong> 2002. A pedido da professora que estavatrabalhando o conteúdo <strong>de</strong> História, realizou-se uma oficina com os alunos, após a exibiçãodo filme A Múmia. O maior interesse dos alunos consistiu em saber sobre os escaravelhos queaparecem como <strong>de</strong>voradores <strong>de</strong> pessoas. Existiam mesmo? Qual o tamanho? Po<strong>de</strong>m matar?Satisfeitas as curiosida<strong>de</strong>s e apresentados alguns aspectos da civilização, os alunosdirecionaram uma pergunta objetiva e bastante complicada <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r: “Professora, nósvamos ven<strong>de</strong>r nega-maluca e refri e juntar dinheiro para uma excursão ao Egito. A senhorapo<strong>de</strong> nos levar?”.A fluência <strong>de</strong>ssa pergunta, associada ao contexto, revelou que os alunos estavamestudando uma civilização, mas não a localizavam no espaço, e, talvez, também não alocalizavam no tempo. Isso vai ao encontro dos dados <strong>de</strong> Funari, quando diz que os alunosnão associavam o Egito à África, indicando que seu lugar <strong>de</strong>veria ser outro. Por que?Diferente do estudo <strong>de</strong> Funari, o questionário aplicado na Escola Flores da Cunha teveo interesse, por um lado, <strong>de</strong> diagnosticar o conhecimento e o interesse dos alunos que,visualmente, estavam em constante contato com um obelisco. E, por outro, com oquestionário aplicado na Escola Técnica Dimensão, foi o <strong>de</strong> verificar o grau <strong>de</strong> conhecimentosobre esse objeto, por alunos que vivem num município on<strong>de</strong> não há nenhuma escultura nesseestilo.As respostas ao questionário aplicado na Escola Flores da Cunha revelaram gran<strong>de</strong>(quase total) <strong>de</strong>sconhecimento em relação ao obelisco. Nenhum aluno conhecia o significadodo monumento. Dos 136 alunos, apenas três (3) sabiam que o obelisco mostrado na imagemdiz respeito ao evento Revolução Farroupilha.


111A Re<strong>de</strong>nção e a Avenida João Pessoa são, respectivamente, os locais mais referidoscomo localização <strong>de</strong> um monumento igual ao apresentado pela imagem, no caso, o obeliscodo Parque Farroupilha. Em seguida, a Praça da Matriz (citada três vezes), o Instituto <strong>de</strong>Educação (citado duas vezes), a Praça da Alfân<strong>de</strong>ga (citada uma vez) e proximida<strong>de</strong>s docentro (também citado uma vez).Por duas vezes o monumento do Laçador, que representa um homem vestido à modagaúcha, foi comparado ao obelisco, e o monumento ao Expedicionário também foi citado.Frases como “ praças e ruas da cida<strong>de</strong>”, ou “ não me lembro”, chegaram a um número <strong>de</strong>doze como resposta.O obelisco que ilustrou o questionário é, como já foi explicado, o monumento emhomenagem à Revolução Farroupilha, localizado no Parque Farroupilha ou Re<strong>de</strong>nção.Quando há inferência sobre a Re<strong>de</strong>nção como local on<strong>de</strong> existe um monumento igual ao daimagem, os alunos po<strong>de</strong>m estar se referindo à mesma obra, ainda que se especifique, noquestionário, que o dito monumento se encontra ao lado da escola. Existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>que os alunos não tenham reconhecido o monumento ou não saibam que aquele localpertence ao Parque. Ainda assim, o número <strong>de</strong> alunos que se refere ao Parque da Re<strong>de</strong>nção foiquatorze, número pequeno se comparado ao total <strong>de</strong> alunos que respon<strong>de</strong>ram as questões.Ao se iniciar a análise <strong>de</strong>sses dados surge a pergunta: De que modo os estudos <strong>de</strong> IvanIzquierdo po<strong>de</strong>m auxiliar nessa análise?Sob o pensamento <strong>de</strong>sse autor, po<strong>de</strong>mos analisar que o obelisco, enquantomonumento, <strong>de</strong>sempenhando a função <strong>de</strong> guardião <strong>de</strong> memória, foi esquecido porque nãorepresenta, não tem significação nenhuma para a memória <strong>de</strong>sses alunos.Por sua vez, Pedro Paulo Funari e Sandra C. A. Pelegrini afirmam: os valores sociaismudam com o tempo. A coletivida<strong>de</strong> responsável pela escolha do obelisco, como significativo


112<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada memória não é a mesma que hoje vê o monumento. O interesse foidiversificado e, conforme já se disse, a má conservação associada a outros problemas tratou<strong>de</strong> colaborar para o quase total esquecimento do monumento junto à sua memória.Na Escola Técnica Dimensão, o questionário aplicado foi diferente, pois não há, nessalocalida<strong>de</strong> nenhum obelisco. Foram 45 alunos entrevistados, <strong>de</strong> 6ª a 8ª séries do EnsinoFundamental e <strong>de</strong> 1º ao 3° ano do Ensino Médio. O único aluno, no total <strong>de</strong> 45, que afirmousaber o nome do monumento, chamou-o <strong>de</strong> “oblisco”.Mesmo com a enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> marcos, estátuas, obeliscos, etc, existentes nascida<strong>de</strong>s, hoje eles não traduzem mais a <strong>de</strong>signação que lhes foi atribuída. A análise dasquestões vem, apenas, confirmar esse fato.Acredita-se que, mediante o interesse por estudos que atentem para a importância dosmonumentos públicos à memória da socieda<strong>de</strong>, seja possível reaver a sua condição <strong>de</strong>significância para a história do lugar. Cita-se o caso do obelisco em homenagem à SaintPastous. O sentido atribuído à escolha <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> monumento para homenagear essepersonagem po<strong>de</strong> ser apreendido a partir do olhar <strong>de</strong> Margaret Bakos. A construção doimaginário que visualizou no obelisco a melhor forma <strong>de</strong> fazer uma reverência, efetivou-se noviés da transculturação 145 .Segundo a autora, o contexto do Egito Antigo tem propiciado a criação <strong>de</strong> figuras,presentes no imaginário coletivo, e que permanecem vivas <strong>de</strong>vido à historiografia grega.Como exemplo, Bakos cita a imagem do Egito como terra da prosperida<strong>de</strong>, duração e riquezaon<strong>de</strong>, no lugar da fome, existiam gran<strong>de</strong>s riquezas, faraós imortais e <strong>de</strong>uses po<strong>de</strong>rosos.O contexto do Egito Antigo tem se mostrado propício para a criação <strong>de</strong> figuras,presentes no imaginário coletivo (BACZKO, 1985:4), algumas <strong>de</strong>las continuammuito vivas, graças a uma extensa historiografia <strong>de</strong> origem Grega (FUNARI, P.P..145 BAKOS, Margaret M. The Invention of Antiquity in South America through Egiptomania. No prelo.


1132004:9), a qual foi responsável por sua natureza duradoura. Entre eles, estão asimagens do Egito como a Terra da prosperida<strong>de</strong>, durabilida<strong>de</strong> e riqueza – a cesta <strong>de</strong>trigo do mundo antigo – um lugar no qual, ao invés <strong>de</strong> fome, gran<strong>de</strong>s riquezas,faraós imortais e <strong>de</strong>uses po<strong>de</strong>rosos eram encontrados. 146São essas fantasias, na concepção da autora, as responsáveis pela propagação e peloreuso das criações egípcias.É nesse sentido que se apresenta, no capítulo a seguir, o resultado quantitativo dapesquisa sobre os obeliscos, os motivos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> cada monumento e o sentido da suaconstrução. Porém, como já foi mencionado, no inicio, não se dispõe <strong>de</strong> todas as informaçõesreferentes aos monumentos, o que não invalida o estudo. Ao contrário, esse fato motiva acontinuar a busca dos dados, com a certeza <strong>de</strong> que muito po<strong>de</strong>rá ser apreendido do que sepossa, certamente, ainda encontrar.146 The context of Ancient Egypt has been shown to be propitious for the creation of figures, present in thecollective imagination (BACZKO, 1985:4), some of them still very much alive, thanks to an expensivehistoriography of Greek origin (FUNARI, P.P. 2044:9), that was responsible for their enduring nature. Amongthem, is the image of Egypt as the land of prosperity, endurance, and wealth – the wheat basket of the ancientworld – a place in which, instead of hunger, great riches, immortal pharaohs and powerful gods were found.(BAKOS. No prelo).


114III OS OBELISCOS NO BRASILO primeiro projeto <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> Margaret Marchiori Bakos sobre os obeliscospreten<strong>de</strong>u estudar os monumentos no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Os resultados <strong>de</strong>ssa primeirapesquisa se <strong>de</strong>sdobraram em outras que, associadas à ausência <strong>de</strong> estudos mais aprofundadossobre o tema, <strong>de</strong>spertaram o interesse em investigar a presença ou não <strong>de</strong>sses monumentos norestante do paísAssim, o pressente estudo, que é um dos <strong>de</strong>sdobramentos daquela primeira pesquisa,investigou a possível presença <strong>de</strong> obeliscos no Brasil <strong>de</strong> modo quantitativo. Isto porque houvea necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer parâmetros que contivessem, <strong>de</strong> maneira limitada, o foco da


115pesquisa 147 . Apresentam-se, neste capítulo, os resultados sobre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> obeliscoserguidos em todo o Brasil, classificados por estados.3.1 Os obeliscos no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.Na capital do Estado, Porto Alegre, havia onze obeliscos, mas apenas nove continuam<strong>de</strong> pé. Cinco <strong>de</strong>les contemplam, em si, mais <strong>de</strong> uma memória.Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> MonumentosHomenagem07 Revolução Farroupilha / Heróis da Revolução Farroupilha04 Colonização / Imigração06 Personalida<strong>de</strong>s (Ministro, General, prefeito, povo gaúcho)01 Festa das Árvores01 Desconhecida 148Quadro: Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Monumento e suas representaçõesNo restante do Estado, foram encontrados 48 monumentos 149 que, somados aos <strong>de</strong>Porto Alegre, perfazem o total <strong>de</strong> 61 obeliscos em solo gaúcho. Porém, ainda não foi possívelcolher todas as informações relativas a estes marcos, pois <strong>de</strong>ste resultado, faltam imagens e /ou informações sobre o motivo <strong>de</strong> suas construções. O quadro 2 <strong>de</strong>monstra os elementosausentes nesses marcos.Cida<strong>de</strong>O que falta147 Outras pesquisas estão acontecendo <strong>de</strong>ntro do projeto <strong>de</strong> Bakos, realizadas pelo grupo <strong>de</strong> pesquisa do Cejha(Centro <strong>de</strong> Estudos e Jornada <strong>de</strong> História Antiga), conforme citado na introdução <strong>de</strong>ste estudo.148 Trata-se do obelisco da Avenida Padre Cacique, atualmente removido ou <strong>de</strong>struído.149 Existem 16 obeliscos que não se conhece o significado ou não se tem a imagem.


116CanguçuImbéSão PedroCerro LargoItaquiPinheiro MachadoRestinga SecaNão-Me-ToqueJaguariAceguáSobradinhoBagéVacariaSão GabrielAlegreteJaguarãoImagemMotivo <strong>de</strong> construçãoMotivo <strong>de</strong> construçãoImagemImagemImagemImagemImagemImagemMotivo <strong>de</strong> construçãoMotivo <strong>de</strong> construção e imagemImagemMotivo <strong>de</strong> construçãoImagemMotivo <strong>de</strong> construçãoImagemQuadro: Elementos ausentes nos monumentos3.1.1 Obeliscos no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, exceto Porto Alegre:HomenagemMonumentos com imagemHomenagem a personalida<strong>de</strong>s (prefeitos, presi<strong>de</strong>ntes,07governadores, Barão, Ferroviários)Fundadores <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong> 03Marco (<strong>de</strong> Fronteira, local, inauguração <strong>de</strong> parque) 04Colonização / imigração / imigrante 09In<strong>de</strong>pendência do Brasil 04Revolução Farroupilha / heróis farroupilha 9Motivos religiosos 02Centenário emancipação política <strong>de</strong> município 06Obelisco maçom 01Possuem mais <strong>de</strong> uma homenagem no mesmo monumento. 6Quadro: Obeliscos no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, exceto Porto Alegre:3.2 Obeliscos nos <strong>de</strong>mais estados brasileiros3.2.1 Santa CatarinaObelisco02 Personalida<strong>de</strong>sHomenagem


11701 Aos heróis Lagunenses na epopéia <strong>de</strong> 1839 (à República Catarinense e àAnita Garibaldi)02 religioso02 Marco divisório /marco zero*01 Fazem mais <strong>de</strong> uma homenagem no mesmo monumento.Quadro: obeliscos em Santa Catarina, com imagem.obeliscoHomenagem01 Marco Zero da cida<strong>de</strong>01 -Quadro: obeliscos em Santa Catarina sem imagem3.2.2 Paraná:ObeliscosHomenagem07 Homenagem à personalida<strong>de</strong>s (Interventor, Dr, prefeito, expedicionário,ban<strong>de</strong>irantes, vereadores).03 Marco <strong>de</strong> fronteira (país, Estado) / inauguração.06 Centenário da cida<strong>de</strong> / Estado.03 Inauguração (praça, rua, calçada)01 Fundadores da cida<strong>de</strong>Quadro dos obeliscos existentes no Paraná3.2.3 São Paulo:ObeliscoHomenagem02 Obeliscos maçônicos01 Obelisco do Lions02 Alusão à abolição da escravatura03 Marco Geodésico / marco estrada02 Centenário <strong>de</strong> In<strong>de</strong>pendência / Descobrimento do Brasil02 Centenário <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> / emancipação <strong>de</strong> município01 Aos lusíadas03 Obelisco à Paz09 Guerra (heróis <strong>de</strong> Guerra, Rev. 32, II GM, FEB)03 Personalida<strong>de</strong>s (Viscon<strong>de</strong>, Marechal)Quadro: obeliscos em São Paulo, com imagem.


118ObeliscoHomenagem01 Presente da Empresa NGK para a cida<strong>de</strong>.01 Comemoração do Centenário da In<strong>de</strong>pendência.01 Homenagem ao soldado Pérsio <strong>de</strong> Queiróz01 Homenagem aos Pracinhas Vicentinos01 Aos propagandistas da República e aos trabalhadores da abolição.01 Homenagem ao sesquicentenário da cida<strong>de</strong>.Quadro: obeliscos em São Paulo, sem imagem.3.2.4 Amapá:ObeliscoHomenagem01 Observação ao equinócioQuadro <strong>de</strong> Obelisco no Amapá3.2.5 Distrito Fe<strong>de</strong>ral:Obeliscohomenagem01 Centenário da In<strong>de</strong>pendênciaQuadro <strong>de</strong> obelisco no Distrito Fe<strong>de</strong>ral3.2.6 Sergipe:ObeliscoHomenagem01 Homenagem ao fundador da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aracaju.Quadro <strong>de</strong> obelisco em Sergipe, com imagem.ObeliscoMotivo01 Comemoração dos 150 anos <strong>de</strong> emancipação do município.Quadro <strong>de</strong> obelisco em Sergipe, sem imagem


1193.2.7 Minas GeraisObeliscosHomenagem02 In<strong>de</strong>pendência do Brasil / IV Centenário do Descobrimento do Brasil03 Homenagem aos combatentes da II GM01 Fundação da cida<strong>de</strong>01 Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Eubiose01 Centenário da cida<strong>de</strong> (São João Del Rei)Quadro: obeliscos em Minas Gerais, com imagem.obeliscoSão João DelReiHomenagemComemoração ao Centenário da cida<strong>de</strong>.Quadro: obelisco em Minas Gerais, sem imagem.3.2.8 Rio <strong>de</strong> Janeiro:ObeliscoHomenagem03 Marco abertura <strong>de</strong> avenida / lugar03 Homenagem ao centenário <strong>de</strong> emancipação <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>.05 Homenagem à personalida<strong>de</strong>s (prefeitos, imperador, trabalhador)01 Náufragos <strong>de</strong> navio01 Centenário da in<strong>de</strong>pendência01 Municipalida<strong>de</strong> do RJ (Convento)01 Motivo religioso.*01 Trocou seu significado original (Convento)Quadro: obeliscos no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro3.2.9 Pernambuco:obeliscoHomenagem01 Restauração Pernambucana01 Vitória sobre os holan<strong>de</strong>ses; elevação à categoria <strong>de</strong> vila; confe<strong>de</strong>ração doEquador; Revolta Republicana.


12001 Localização do Forte.01 Marco astronômico01 Homenagem às heroínasQuadro: obeliscos em Pernambuco, com imagem.ObeliscoHomenagem01 Marco da passagem do planeta Vênus pelo sol, em 1882.Quadro: Obelisco em Pernambuco sem imagem3.2.10 Piauí:obeliscoHomenagem01 Centenário da cida<strong>de</strong>Quadro: obelisco no Piauí3.2.11 Mato Grosso:ObeliscoHomenagem03 Marco símbolo geodésico / marco coor<strong>de</strong>nadas geográficas / marcoinauguração04 Personalida<strong>de</strong>s (viscon<strong>de</strong>, major, antepassados históricos, constituintes doestado, Coronel)03 Heróis <strong>de</strong> guerra02 Aos fundadores da cida<strong>de</strong>02 fundação <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>Quadro: obeliscos no Mato GrossoObeliscoHomenagem01 Em homenagem aos heróis mortos em <strong>de</strong>fesa da Pátria.Quadro:Obeliscos em Mato Grosso sem imagem3.2.12 Bahia:


121ObeliscoHomenagem01 Marco à in<strong>de</strong>pendência01 Homenagem aos combatentes da II GM01 Homenagem aos heróis da in<strong>de</strong>pendência da Bahia01 Homenagem à Dom João VI.*02 Mais <strong>de</strong> uma homenagem por monumento.Quadro: Obelisco na Bahia, com imagem.obeliscoHomenagem01 Homenagem ao <strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> Dom João VI na Bahia, em 1808.Quadro: Obeliscos na Bahia sem imagem3.2.13 Acre:obeliscoHomenagem01 Homenagem aos heróis da revolução Acreana.Obelisco no Acre3.2.14 Mato Grosso do Sul:ObeliscoHomenagem01 Homenagem à comitiva da fundação da cida<strong>de</strong>.Quadro: obelisco no Mato Grosso do Sul3.2.15 Espírito Santo:ObeliscoHomenagem01 Centenário do povoamento do estado01 Homenagem a chegada do povoador01 Homenagem aos ex-combatentes da II GM01 Ao imigrante italiano.Quadro: obeliscos no Espírito Santo


1223.2.16 Pará:ObeliscoHomenagem03 Homenagem abertura / inauguração <strong>de</strong> canal, dique, rampa.02 Homenagem guerra / revoluções.02 Personalida<strong>de</strong>01 Descobrimento do Brasil.01 Fundação / instalação <strong>de</strong> município.02* Mais <strong>de</strong> uma homenagem no mesmo monumento.Quadro: obeliscos no Pará, com imagem.obeliscoHomenagem01 Inscrições alusivas aos feitos <strong>de</strong> guerra da velha Praça <strong>de</strong> Guerra.Quadro: Obeliscos no Pará sem imagem3.2.17 Rio Gran<strong>de</strong> do Norte:ObeliscoHomenagem01 Motivo religioso.01 Centenário <strong>de</strong> município.01 Centenário <strong>de</strong> In<strong>de</strong>pendência do Brasil02 Homenagem à personalida<strong>de</strong>s.01 Mais <strong>de</strong> uma homenagem no mesmo monumento.Quadro: obeliscos no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte, com imagem.obeliscoHomenagem01 Bicentenário da Paróquia e Centenário do Município.01 Homenagem ao fundador da cida<strong>de</strong>.Quadro: Obeliscos no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte sem imagem.3.2.18 Paraíba:


123ObeliscoHomenagem01 Marco da transamazônica.Quadro: obelisco na Paraíba.3.2.19 Alagoas:ObeliscoHomenagem01 Homenagem aos 300 anos <strong>de</strong> expulsão dos holan<strong>de</strong>ses.Quadro <strong>de</strong> obelisco em AlagoasDe acordo com os dados coletados, classificam-se os obeliscos quanto à suautilização, ou reutilização, no Brasil, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XIX até os dias atuais. Essa classificaçãoobjetiva enten<strong>de</strong>r os significados investidos nos monumentos no contexto nacional.3.3 Obeliscos brasileiros: classificação.A classificação que se apresenta teve como premissa satisfazer os questionamentospropostos no início do estudo: enten<strong>de</strong>r os sentidos da construção <strong>de</strong> um obelisco no contextoda mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e saber qual a memória e a história que guardam. Para maior visibilida<strong>de</strong>,agruparam-se seus sentidos <strong>de</strong> construção / suas memórias, como segue no Quadro:classificação dos motivos/sentidos <strong>de</strong> construção, a seguir:Motivos / sentidos <strong>de</strong> construçãoQuantida<strong>de</strong>Comemorações <strong>de</strong> Centenário da Revolução Farroupilha, Revolução 41<strong>de</strong> Laguna, 2ª Guerra Mundial, FEB, heróis <strong>de</strong> guerra.Personalida<strong>de</strong>s: Presi<strong>de</strong>nte, Governador, Prefeito, Barão, Imperador, 40


124Escritor, Professor, etc.Marcos <strong>de</strong> fronteira, abertura / inauguração <strong>de</strong> Avenidas, praças, 26parques, observações <strong>de</strong> fenômenos da natureza, marco geográfico.Emancipação / fundação <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s. 25Homenagem à imigração / aos imigrantes 14Descobrimento e In<strong>de</strong>pendência do Brasil 13Fundadores <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>. 07Motivos religiosos 05Obelisco à Paz 04Obelisco maçom 03Outros motivos 09Desconhecido 14Quadro: classificação dos motivos/sentidos <strong>de</strong> construçãoConhecer os sentidos da reutilização dos obeliscos na atualida<strong>de</strong>, no contexto nacionalbrasileiro, propiciou que se enten<strong>de</strong>sse:a) o obelisco compondo o cenário das cida<strong>de</strong>s brasileiras;b) o sentido <strong>de</strong> memória do obelisco.E, finalmente, o estudo reiterou a perspectiva levantada por Margaret Bakos, <strong>de</strong> quetodos os sentidos i<strong>de</strong>ntificados são uma modificação dos sentidos originais. Portanto, não sepo<strong>de</strong> falar simplesmente <strong>de</strong> uma utilização pura e simples, e sim <strong>de</strong> transculturação.À luz <strong>de</strong> Jacques Le Goff, que enten<strong>de</strong> o monumento (e o documento) como umproduto da socieda<strong>de</strong> que o fabricou a partir das relações das forças que nela exerceram opo<strong>de</strong>r (LE GOFF. 1991: 227), este estudo procurou estabelecer a relação entre a históriaescrita – a partir <strong>de</strong> documentos elaborados por historiadores – e a história dos monumentos –a partir <strong>de</strong> seu significado original e da tentativa <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a ligação entre este significado eo sentido dado aos monumentos.


125Cida<strong>de</strong>RioBrancoEstadoACData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoEntreAvenidaGetúlioVargas eRua PortoLealHomenagem/ComemoraçãoObelisco da Batalha da Corrente. Homenagem aosheróis da Revolução Acreana.Artista/Oferecimento_ImagemPenedo AL 1945Praça RuiBarbosaHomenagem aos 300 anos <strong>de</strong> expulsão dosholan<strong>de</strong>ses *(data e motivo a confirmar)._Macapá Amapá _Praça Meiodo MundoMonumento erguido para observação do Equinócio.Localizado junto ao monumento Marco Zero, quecorrespon<strong>de</strong> à linha imaginária que divi<strong>de</strong> a terra emdois hemisférios._Ilhéus BA 1927Avenida 2<strong>de</strong> JulhoObelisco do Belve<strong>de</strong>re: homenagem aos heróis daIn<strong>de</strong>pendência da Bahia. Feito em uma pedra só,existiam placas em suas laterais com os nomes <strong>de</strong>Joana Angélica, Ana Nery e Borges <strong>de</strong> Barros, entreoutros que lutaram pela in<strong>de</strong>pendência da Bahia._


126Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemNazarédasFarinhasBA 1930PraçaCamamuMarco da In<strong>de</strong>pendência. Inscrição: “Homenagem àpatriótica cooperação alimentícia aos combatentesque no litoral <strong>de</strong>rrotaram a frota Lusiana”; do ladooposto: “Aos bravos Pracinhas <strong>de</strong> 1945,homenagem da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nazaré, Julho <strong>de</strong> 1951”.Gestão doprefeito Cel.PedroTavares.Salvador BA 23/01/1815 Praça PadreAspilcueta,em frente aoPalácio daAclamaçãoObelisco à Dom João VI. Construído em Pedra <strong>de</strong>Lioz, com 12m <strong>de</strong> altura e base <strong>de</strong> 2,31X2,31 etécnica <strong>de</strong> entalhe e gravação.O obelisco foi mandado erigir pelo Senado daBahia, em homenagem ao fato histórico do<strong>de</strong>sembarque <strong>de</strong> D. João VI na Bahia, em 22 <strong>de</strong>janeiro <strong>de</strong> 1808.Instalado no Passeio Público, foi inaugurado em1815, com gran<strong>de</strong>s pompas, pelo então governador,o 8° Con<strong>de</strong> dos Arcos, D. Marcos <strong>de</strong> Noronha eBrito. Em 1914, foi trasladado para a Praça daAclamação, por or<strong>de</strong>m do governador baiano <strong>de</strong>então, sob protestos da minoria da bancada doConselho Municipal. Essa transferência é <strong>de</strong>scritano livro "Bahia Histórica - Reminiscências dopassado - Registro do' presente", <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> SílvioBocanera Júnior, editado em 1921, nestes termos:"E sobe <strong>de</strong> ponto essa irreverência praticada por umgoverno da Bahia, ao saber-se que, na trasladaçãoreferida do Obelisco para o parque da Praça daAclamação, <strong>de</strong>ixaram ficar <strong>de</strong>sprezados,abandonados, como objetos <strong>de</strong> nenhum valor, <strong>de</strong>SalvadorBA


nenhuma importância, <strong>de</strong> nenhum culto cívico,sobre o local do Passeio Público, on<strong>de</strong> a Históriaerguera, há um século passado, esse Monumentolapidar, todos os belos ornamentos <strong>de</strong> Arte que ocircundavam e lhe emprestavam relevo, que já nãomais possui! Dentre esses ornamentos, <strong>de</strong>stacavamsemuitas estatuetas <strong>de</strong> fino mármore, cujo <strong>de</strong>stinoignoramos, sabendo, porém que muitas ficaraminutilizadas. Um verda<strong>de</strong>iro vandalismo que nossoespírito <strong>de</strong> sincero tradicionalista, revoltado, nãopo<strong>de</strong> aqui <strong>de</strong>ixar passar no silêncio e o averba com omais solene protesto. O secular monumento foiduplamente ofendido: em sua história e em suaestética. Hoje é um monumento <strong>de</strong>turpado".A facevoltada para o Palácio da Aclamação, vê-se agravação:JOANNIPRINC REG. P.F.P.P.XI CAL.FEBRUAR.A.D.MDCCCVIIIBAHIAE SENATUSMONUMENTUMPOSSUITMDCCCXVhttp://www.cultura.salvador.ba.gov.br/sitios-historicosficha41.php127


128Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemRe<strong>de</strong>nção CE - Praça daLiberda<strong>de</strong>Obelisco da Praça da Liberda<strong>de</strong>._Planaltina DF 07/09/1922 Morro doCentenárioSuas faces são orientadas para os pontos car<strong>de</strong>ais epossui 3,75m <strong>de</strong> altura.Pedra Fundamental em comemoração ao Centenárioda In<strong>de</strong>pendência._VilaVelhaES 20/05/1935 -Comemoração ao IV Centenário <strong>de</strong> povoamento doEspírito Santo por Vasco Coutinho (1535-1935).Homenagem prestada ao Estado pela famíliaOliveira Santos durante o governo <strong>de</strong> João PunaroBley._


129Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemES_ _ Monumento em homenagem a chegada <strong>de</strong> VascoFernan<strong>de</strong>s Coutinho à Capitania do Espírito Santo._SantaTeresaES_PraçaDomingosMartinsHomenagem aos Ex-Combatentes teresenses da 2ªguerra Mundial._Vitória ES _ Bairro:CentroA Prefeitura <strong>de</strong> Vitória inaugurou o Monumento aoImigrante Italiano, uma obra arquitetônica que marca oreconhecimento da importância da cultura italiana emnosso Estado. Dois obeliscos em granito ver<strong>de</strong> com 30metros <strong>de</strong> altura e com 12 refletores, representando ospovos capixaba e italiano, aproximam-se gradualmenteaté tocarem-se suavemente no topo. O monumento<strong>de</strong>monstra simbolicamente que a distância geográficanão é uma barreira para a integração cultural entre ospovos. Uma iluminação especial, com as cores daban<strong>de</strong>ira italiana, cria um gran<strong>de</strong> impacto visual, fazendodo monumento uma nova referência para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Vitória. Créditos: Acervo da Secretaria Municipal <strong>de</strong>Vitóriahttp://www.brasilviagem.com/pontur/?CodAtr=3528_foto (site): ElizabethNa<strong>de</strong>r


130Cida<strong>de</strong> Estado Data <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemArcosMG_ _ Monumentos aos Ex-Combatentes da 2ª GuerraMundial._BeloHorizonteMGConfluência dasavenidas AfonsoPena e AmazonasObelisco conhecido popularmente como"Pirulito", marco comemorativo do Centenárioda In<strong>de</strong>pendência do Brasil._Guaxupe MG Década <strong>de</strong>1946.Homenagem aos expedicionáriosguaxupeanos que lutaram na 2º GuerraMundial para livrar o mundo da ameaçanazista. É uma construção simples em suaconcepção arquitetônica, mas <strong>de</strong> inestimávelvalor histórico e <strong>de</strong> gratidão do povoguaxupeano, para com aqueles que forampara o front.http://www.guaxupe.mg.gov.br/Patrimonio_Historico/body_patrimonio_historico.html


131Cida<strong>de</strong> Estado Data <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemMuzambinho MG 1900 Praça Pedro <strong>de</strong>AlcântaraOuro Fino MG Praça FranciscoBueno Brandão.Obelisco erigido em comemoração ao IVCentenário do Descobrimento do Brasil. Foiutilizado para homenagear os pracinhasmuzambinhenses que serviram na II GM.10m.Monumento Comemorativo aos 200 anos <strong>de</strong>fundação <strong>de</strong> Ouro Fino._Inauguradadurante aadministração doPrefeito UlissesQuaglia.São João DelReiSãoLourençoMG 1938 _ Comemoração do Centenário da cida<strong>de</strong> _ _MGNo Templo daSocieda<strong>de</strong>Brasileira <strong>de</strong>Eubiose_Face voltada para o Oci<strong>de</strong>nte:"Glória a todos aqueles que chegaram a estelugar como sendo o dos 22 para 23 graus <strong>de</strong>latitu<strong>de</strong>-sul, no trópico <strong>de</strong> capricórnio, porLei traçado como <strong>de</strong>marcação final <strong>de</strong> umciclo para começo <strong>de</strong> outro - acompanhandotais pessoas os Gêmeos Espirituais ouParelha Manúsica através do itinerário“Itinerário IO”;ITAPARICA - NITERÓIRIO DE JANEIROS. PAULO – S. LOURENÇOFace voltada para o Oriente:"Glória do mesmo modo aqueles que vindos_


<strong>de</strong> toda parte do globo, assim o fazendo<strong>de</strong>vido às excelsas irradiações que <strong>de</strong>stelugar emanam, pois é o do Templo <strong>de</strong>dicadoao Supremo Arquiteto manifestado noavatara cíclico,conhecido pelo nome <strong>de</strong>Maitreya, aos mesmos a Lei que a tudo e atodos rege, faculta o insigne privilégio <strong>de</strong>serem consi<strong>de</strong>rados como SEMENTE DANOVA CIVILIZAÇÃO”O Oriente se volta para o Oci<strong>de</strong>nte!AUM132


133Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoSão Luis MA 1841 Cais daSagraçãoHomenagem/ComemoraçãoPedra da Memória. Também chamado <strong>de</strong> Baluarte <strong>de</strong>São Cosme e Damião, é um obelisco <strong>de</strong> cantaria cominscrição alusiva à maiorida<strong>de</strong> do Imperador DomPedro II. O monumento está la<strong>de</strong>ado por dois canhõese protegido do mar por muralhas, que são resquíciosdo Forte São Felipe. Na face voltada para o mar está aseguinte inscrição: “À memória da coroação <strong>de</strong> S.M.I.o Sr. D. Pedro II, I. C. e P.D. do B., erigem esteMonumento os membros do Exército, que naProvíncia estão sendo Presi<strong>de</strong>nte do Ilmo. Sr. CoronelFrancisco José Martins. 1841” Localizadooriginalmente no Campo <strong>de</strong> Ourique, foi transferidopara o Cais da Sagração.Artista/OferecimentoMembros doExército <strong>de</strong>1841.ImagemAquidauana MT 15/08/1944Praça NossaSenhora daConceiçãoMonumento comemorativo da Fundação da Cida<strong>de</strong>.Obelisco <strong>de</strong> marmorite.Projeto: Arqt.Camilo Boni.Execução:Arnaldo <strong>de</strong>Freitas.


134Cida<strong>de</strong> Estado Data <strong>de</strong>ConstruçãoAquidauanaMTLocalização Homenagem / Comemoração Artista /OferecimentoMonumento ao Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taunay. Constituído <strong>de</strong>um obelisco <strong>de</strong> concreto armado. Inscrição: “OPresi<strong>de</strong>nte dos Estados Unidos do Brasil, Dr. Arthur Iniciativa doda Silva Bernar<strong>de</strong>s e o Ministro e Secretário do Estado Governodos Negócios da Guerra, General Fernando Fe<strong>de</strong>ral.Setembrino <strong>de</strong> Carvalho, nesta homenagemconsagram em nome da Nação a memória do escritorilustre que ao narrar com as simples vozes da verda<strong>de</strong>os feitos gloriosos e os sacrifícios indizíveis das forçasempenhadas na Campanha <strong>de</strong> Mato Grosso e daRetirada da Laguna tão alto celebrou a constância e ovalor dos soldados do Brasil. Julho <strong>de</strong> 1923”.07/1923 Praça Internado Quartel doExércitoImagemBela Vista MT 31/12/1931 CemitérioPúblico dacida<strong>de</strong>Monumento à memória dos heróis brasileiros quetombaram na Batalha <strong>de</strong> “Nhan<strong>de</strong>-Pá”. É constituídopor um obelisco sobre pe<strong>de</strong>stal circundado por 8pequenas pilastras, tudo em alvenaria. Inscrição: “OExército Brasileiro em reverência aos seus heróis aquisacrificados na <strong>de</strong>fesa do território Pátrio, <strong>de</strong>cidiufazer presente nesta placa <strong>de</strong> bronze, que lhesrelembra os feitos, a sua eterna homenagem” –28/10/1955.Iniciativa docidadãoParaguaioDototeu Frutos(Nhan<strong>de</strong>-Páquer dizerNosso fim).


135Cida<strong>de</strong> Estado Data <strong>de</strong>ConstruçãoBela Vista MT 31/12/1931Localização Motivo / Homenagem Artista /OferecimentoO monumento é idêntico ao anterior, inclusive a Iniciativa doCerca <strong>de</strong> 500 iniciativa e cooperação. Foi aposta a Inscrição: cidadãometros do “Viageros que por aqui pasarem orai por el reposo <strong>de</strong> Paraguaiocemitério los soldados Del Ejercito Paraguayo que sucumbieron Dototeupúblico da em <strong>de</strong>fesa Del honor <strong>de</strong> su Pátria”, hoje inexistente. Frutos,cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Inscrição: “ La guarnicion <strong>de</strong> Bella Vista a los 97 mediante ajudaNhan<strong>de</strong>-Pá. heroes muertos em este sítio el 11 <strong>de</strong> mayo <strong>de</strong> 1867 popular eem <strong>de</strong>fensa <strong>de</strong> la Pátria – Ladario 1931”.oficial.ImagemImagemidêntica àanterior.Cáceres MT 1937 Praça Barão doRio BrancoMonumento ao Major Oswaldo Cícero <strong>de</strong> Sá.Obelisco <strong>de</strong> Alvenaria com Placa. Inscrição: “AoMajor Oswaldo Cícero <strong>de</strong> Sá. I<strong>de</strong>alizador e construtor<strong>de</strong>ste Jardim – A homenagem do Povo Cacerense –Cáceres 1937”.IniciativaPopular.CáceresMTTransportadoem 1867.Praça Barão doRio Branco.Anteriormente, omonumentolocalizava-se noslimites do Brasilcom a Bolívia,“Trata-se <strong>de</strong> um curioso marco <strong>de</strong> mármore sobrepe<strong>de</strong>stal <strong>de</strong> alvenaria. Lembra-nos fatos eloqüentes danossa história e os ingentes e gigantescos esforços <strong>de</strong>


136sendotransportado peloGal. Rondon,quando iniciou ostrabalhos daComissão <strong>de</strong>LinhasEstratégicas <strong>de</strong>MT aoAmazonas.nossos valorosos antepassados”.Inscrição: Nascente: “SVB, Ioanne V LusitanorumRege Fi<strong>de</strong>líssimo”. Poente: “SVB, Ferdinando VIHespaniae Rege Cathólico”. Sul: “Justitia et PaxOsculatae Sunt”. Norte: “Ex Pactis FiniumRegundorum Conventis Madriti Idib IanvarMDCCL”._CampoGran<strong>de</strong> MT 26/08/1933AvenidaAfonso Pena(Cruzamentocom a RuaJosé Antônio)Obelisco <strong>de</strong> concreto com 12 metros <strong>de</strong> altura, com base <strong>de</strong>alvenaria. Monumento aos Fundadores da Cida<strong>de</strong>.Inscrição: Face anterior “ Aos seus bravos fundadores” –“Homenagem <strong>de</strong> Campo Gran<strong>de</strong> 1875 – 1933”. Faceposterior: “ Obelisco mandado construir na administração doPrefeito Engenheiro Ítrio Corrêa da Costa e i<strong>de</strong>alizado pelo Sr.Coronel Newton Cavalcante, Comandante da CircunscriçãoMilitar” – “ 26-8-1933”.Projeto doEng°. ÍtrioCorrêa daCosta.CorumbáMT15/08/1891 Praça daRepúblicaObelisco construído em monolito <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong>cálcio, lavrado e polido, com 8,60m. O suporte on<strong>de</strong>se assenta a agulha pesa 3,966 kg.Inscrições: face anterior: “À memória dos fundadores<strong>de</strong> Corumbá”; face lateral direita: “ Aos heróis daretomada – 13-6-1867”; face lateral esquerda: “Aosconstituintes do Estado – 15-8-1891”.IniciativaMunicipal.Autor: JoséAntônioMarinho(Português).


137Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoData <strong>de</strong>ConstruçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemCorumbáMTPraça daIn<strong>de</strong>pendência 09/08/1936Marco Comemorativo da Inauguração do ParqueTenente-Coronel Adhemar Alves <strong>de</strong> Brito.Constituído por um bloco <strong>de</strong> alvenaria sem placa <strong>de</strong>bronze.Inscrição: “ Parque Tenente-Coronel Adhemar Alves<strong>de</strong> Brito. Inaugurado em 9-VIII-1936”._Cuiabá MT Praça Luiz <strong>de</strong>Albuquerque08/04/1919Obelisco <strong>de</strong> granito polido, <strong>de</strong> Corumbá. Oferta dacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Corumbá.Inscrição: “Homenagem da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Corumbá, pelapassagem do Bicentenário da fundação <strong>de</strong> Cuiabá – 8-IV-919”._Cuiabá MT Obelisco símbolo do Centro Geodésio. Revestido pormármore branco, tem 20m <strong>de</strong> altura.


138Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoPraça MoreiraCabral, antigocampo <strong>de</strong>Cuiabá MTOurique,justamente noponto que<strong>de</strong>marca o Centroda América do SulData <strong>de</strong>Construção1909Homenagem/ComemoraçãoObelisco <strong>de</strong> Alvenaria.Inscrições: “Com Rondon – Latitu<strong>de</strong> Sul: 15° 35’, 80”- Long 0 green: 56° 06’ 05”, 55 – 1° Tenente RenatoBarbosa R.P. – 1909”Artista/OferecimentoIniciativa daComissãoRondon.Autor: JúlioCaetano.ImagemJardim MT Praça 15 <strong>de</strong>Novembro1934Monumento aos Cel. Camisão – Ten-Cel Juvêncio –Guia Lopes. Obelisco <strong>de</strong> alvenaria sobre pe<strong>de</strong>stal <strong>de</strong>concreto armado.Inscrição: “1934” – Oficiais e Praças do 6° Batalhão <strong>de</strong>Engenharia prestam esta singela homenagem aos heróis <strong>de</strong>Laguna – Cel Carlos <strong>de</strong> Moraes Camisão – Tem-Cel Juvêncio C.<strong>de</strong> Moraes – Guia José Francisco Lopes.Iniciativa doBatalhão <strong>de</strong>EngenhariaNioaque MT Praça 15 <strong>de</strong>NovembroJulho <strong>de</strong> 1923Obelisco <strong>de</strong> alvenaria tendo no pe<strong>de</strong>stal um canhão daépoca e na parte superior três granadas.Inscrição: face anterior, placa em bronze: “Em nomeda Nação, o Governo da República, pelo seuPresi<strong>de</strong>nte Dr, Arthur da Silva Bernar<strong>de</strong>s, e o Ministroe Secretário <strong>de</strong> Estado dos Negócios da Guerra,General Setembrino <strong>de</strong> Carvalho, consagra este preito,<strong>de</strong> admiração e reconhecimento à glória imortal dosHeróis da Retirada <strong>de</strong> Laguna, soldados da constânciae do valor, que acabrunhados por privaçõesinexcedíveis, perseguidos por inimigo cruel eincomparavelmente mais forte, cercados peloincêndio, dizimados pela cólera e os combates,Iniciativa doGovernoFe<strong>de</strong>ral.


exauridos <strong>de</strong> forças, mas nunca <strong>de</strong> ânimo, salvaram asBan<strong>de</strong>iras e os canhões que o Brasil lhes confiara –julho <strong>de</strong> 1923”.Face posterior: placa <strong>de</strong> bronze com: “Efemerida<strong>de</strong> daRetirada <strong>de</strong> Laguna – 1867:23 <strong>de</strong> março – Deci<strong>de</strong>-se a invasão do Paraguai14 <strong>de</strong> abril – Enceta-se a marcha sobre o Apa20 <strong>de</strong> abril – Primeiro encontro com o inimigo21 <strong>de</strong> abril – Passagem do Apa1 <strong>de</strong> maio – Tomada da Laguna6 <strong>de</strong> maio – Combates do Apa7 <strong>de</strong> maio – Encete-se a Retirada8 <strong>de</strong> maio – Combate do Bayendí11 <strong>de</strong> maio – Passagem do Apa- Combate <strong>de</strong> Nhuan<strong>de</strong>-Pá- 1° incêndio na macega16 <strong>de</strong> maio – Incerteza do caminho18 <strong>de</strong> maio – Primeiros casos da cólera-morbo25 <strong>de</strong> maio – Abandono dos coléricos27 <strong>de</strong> maio – Morte do Guia Lopes29 <strong>de</strong> maio – Morte do Cel. Camisão30 <strong>de</strong> maio – Passagem do Miranda4 <strong>de</strong> junho – Chegada a Nioaque11 <strong>de</strong> junho – Chegada ao AquidauanaFim da Retirada.”139


140Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoData <strong>de</strong>ConstruçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemNioaqueMTLocalizado àmargem direitado RioNioaque, aolado daRodoviaAquidauana-Bela Vista1932Monumento ao Coronel Pedro Rufino. Obelisco <strong>de</strong>alvenaria.Inscrição: gravada numa lápi<strong>de</strong>: “Ao Bravo CoronelPedro Rufino – Homenagem dos Oficiais e Praças do6° BE”.Autoria:Oficiais ePraças do 6°Batalhão <strong>de</strong>Engenharia.


141Cida<strong>de</strong> Estado Data <strong>de</strong>ConstruçãoBelém PA 24/05/1925LocalizaçãoAntigoBoulevard daRepública,atualComandanteCastilhos <strong>de</strong>França.Homenagem/ComemoraçãoMarco do primeiro Congresso <strong>de</strong> Pescadores do Pará/Pela In<strong>de</strong>pendência e Integrida<strong>de</strong> da Pátria.Características: Frente: 1823 no centro <strong>de</strong> duasramagens <strong>de</strong> cimento; mais abaixo:“Na paz e na guerraGuiando os nautasSalvando os náufragosDefen<strong>de</strong>ndo a naçãoSemeavam <strong>de</strong> luz a luz dos maresEm feitos, nunca feitos, singulares!... (Aug. Meira,Brasileis).Artista/OferecimentoAutor doprojeto: ObedSilvaImagemBelém PA _ _ Obelisco comemorativo da Descoberta do Brasil e daFundação <strong>de</strong> Belém._


142Cida<strong>de</strong> Estado Data <strong>de</strong>ConstruçãoBelém PA 1/05/1933LocalizaçãoParque JoãoCoelhoHomenagem/ComemoraçãoMonumento aos Revolucionários <strong>de</strong> 24 e 30. Na faceque faz frente para a fonte chamada “5 <strong>de</strong> outubro”, háuma placa com os nomes dos revolucionários paraensesmortos no levante <strong>de</strong> 24:“26 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1926Belarmino RebeloArminio <strong>de</strong> Mello ValleGenuíno Ferreira GomesJoaquim da Silva PantojaBenendito Epifanio dos Santos”.Na face oposta, os da arrancada <strong>de</strong> 30:“5 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 1930João MirandaJoão Queiroz CoelhoAntonio Rodrigues da Silva”.Na face frente ao passeio da Praça da República:“Inaugurado a 1° <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1933”.Lado oposto:“Interventor Fe<strong>de</strong>ral Major Magalhães BarataPrefeito Municipal Abelardo Condurú”.Artista/Oferecimento_ImagemBelém PA 7/09/1932 Em frente aocanal doYuna.Marco comemorativo da inauguração do Canal <strong>de</strong>Yuna.Inscrição na placa <strong>de</strong> mármore: “Canal <strong>de</strong> águapreta mandado construir pelo Interventor Fe<strong>de</strong>ral doEstado Major Joaquim <strong>de</strong> Magalhães Cardoso Barata.4/10/1931”; “Projeto e Construção do EngenheiroAndré Bene<strong>de</strong>tto”.Projeto: Eng°.AndréBene<strong>de</strong>tto.


143Cida<strong>de</strong> Estado Data <strong>de</strong>ConstruçãoBelém PA 1907LocalizaçãoMuseuParaenseEmílioGoeldiHomenagem/ComemoraçãoMonumento em homenagem aos naturalistas VonMartius e Von Pix. É todo <strong>de</strong> mármore, tendo o formato<strong>de</strong> uma agulha, assentando o pe<strong>de</strong>stal sobre um singelo<strong>de</strong>grau. No alto do obelisco, uma chapa <strong>de</strong> bronze cm aefígie <strong>de</strong> Von MARTIUS em relevo, tendo por baixo aseguinte inscrição na pedra: “Carolvs <strong>de</strong> Martivs ExBavária Ortvs Florae Brasiliensis Prescrvatione EtCollectione Praeclarissimvs”; e mais abaixo: “SvbAvspicvs Lvitpoldi – Principis – Regentis – BaváriaMvseo Goeldiano Avctore Aca<strong>de</strong>mis MonacensisHoc monvmentvm Posvit”. Na parte oposta, uma chapa<strong>de</strong> bronze com a efígie <strong>de</strong> Von SPIX: “Iohanes <strong>de</strong> SpixEx Bavária Ortvs De Animalievs Brasiliae IndagandisEt Cosnoscendis Optime Meritvs”. No lado que fazfrente à travaessa 9 <strong>de</strong> janeiro, inscrição: “In memoriamexpeditionis annorvm MDCCCIIIXX MDCCCXX”; porbaixo <strong>de</strong>sta: “Karl Kiefer Fec M Venchen 1907”. Comoornamento, a copa ramada <strong>de</strong> uma árvore cujo tronco<strong>de</strong>sce até o pe<strong>de</strong>stal, nos lados opostos às efígies.Artista/OferecimentoConstruído por:Karl kiefer Fec.ImagemBelém PA 14/12/1944No Dique <strong>de</strong>BelémMarco comemorativo da Inauguração do Dique <strong>de</strong>Belém. Marco todo <strong>de</strong> cimento, tendo placa <strong>de</strong> bronzecom a inscrição: “M. E. S. Serviço especial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>pública Este dique, símbolo <strong>de</strong> uma sã política <strong>de</strong> boavizinhança, foi construído pelos governos dos Estadosunidos do Brasil e dos Estados Unidos da América1944._


144Cida<strong>de</strong> Estado Data <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemBelém PA 1916Ângulo darua GasparViana com a15 <strong>de</strong>Agosto, emfrente aoedifício daCia. Booth.Obelisco comemorativo da inauguração da rampa àAvenida 15 <strong>de</strong> Agosto. Tem, aproximadamente, 5m <strong>de</strong>altura. Na face voltada para a avenida, inscrição: “Novarampa construída na Administração do Exmo. Sr. Dr. A.Martins Pinheiro”.Obra doGovernoMunicipalGurupá PA _ Forte <strong>de</strong>SantoAntônioObelisco do Forte <strong>de</strong> Santo Antônio, as margens do Rioamazonas. Inscrições Alusivas aos Feitos heróicos davelha Praça <strong>de</strong> Guerra._Salvaterra PA _ _ Consi<strong>de</strong>rado um marco para a instalação do município. _


145Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemCampinaGran<strong>de</strong>PB _ _ _ _JoãoPessoaPBMarco da TransamazônicaCuritiba PR 19/12/1953PraçaDezenove <strong>de</strong>DezembroMonumento comemorativo ao Centenário doEstado. Obelisco <strong>de</strong> Concreto Armado.Inscrição: “1853-1953 – Centenário daProvíncia do Paraná;Imperador – Dom Pedro IIGovernador – Zacarias Gois <strong>de</strong> VasconcellosPresi<strong>de</strong>nte – Getúlio VargasGovernador – Bento Munhoz da Rocha NetoRegulado pela Lei n. 702 da CâmaraMunicipal <strong>de</strong> 23-X-953Inaugurado em 19-XII-953”Iniciativa dosGovernosEstadual eMunicipal.


146Cida<strong>de</strong>Foz doIguaçuEstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoPR 20/07/1903LocalizaçãoErguido noânguloformado pelaembocadura doRio Iguaçu noParaná. Ao Sulfica aRepúblicaArgentina e aOesteRepública doParaguai.Homenagem/ComemoraçãoMarco das três Fronteiras, estabelece o limiteterritorial entre Brasil, Argentina e Paraguai. Omarco é constituído por uma pirâmi<strong>de</strong>, construída<strong>de</strong> Blocos <strong>de</strong> pedra e cimento sobre base também<strong>de</strong> pedra. Me<strong>de</strong> da base ao vértice 6,12m sendo 5m<strong>de</strong> altura da coluna. A largura da base é <strong>de</strong> 7,25m.Inscrições: Lado sul:“ Frente a República Argentina / Armas daRepública 1903 / Ministério da Guerra / Inspeção<strong>de</strong> Fronteiras 1930General Rondon / Inspetor”Lado Nor<strong>de</strong>ste: “Brasil / General D. Cerqueira/ M.G./SE 5ª R.M. – Reparação / 1° Tenente AntonioZumbach da Silva”.Artista/OferecimentoIniciativa dosGeneraisRondon eDionísioCerqueira.ImagemLapaPRLapa PR 19431926 Proximida<strong>de</strong>sdo Rio daVárzeaRuaWestephália,ao lado doGinásioGeneralCarneiroMonumento comemorativo da Inauguração doAterro e Ponte do Rio da Várzea. Constituídopor um marco <strong>de</strong> granito <strong>de</strong> 3m <strong>de</strong> altura por0,65m na base.Monumento ao interventor Manoel Ribas.Constituído por uma coluna dórica <strong>de</strong> granito,com 3m <strong>de</strong> altura e 0,50m <strong>de</strong> base. Na faceanterior há um medalhão em bronze, altorelevodo Interventor Manoel Ribas e nocentro, placa <strong>de</strong> bronze <strong>de</strong> 0,30 X 0,15m com ainscrição: “A Manoel Ribas, gran<strong>de</strong>paranaense e emérito administradorhomenagem da Lapa. 1943”.Iniciativa doGovernoEstadual._


147Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemLapa PR 30/10/1927 Sanatório SãoSebastiãoMonumento comemorativo da inauguração doSanatório <strong>de</strong> São Sebastião.Inscrição: “Construído e inaugurado napresidência do Exmo.Sr. Dr. Caetano Munhozda Rocha. 30 Out 1927”.Autor: JoãoTurim(italiano)Lapa PR 1923Rua Dr.Manoel PedroMonumento ao Dr. Eduardo Santos Lima.Marco <strong>de</strong> granito, com 1,50m <strong>de</strong> altura por0,95m <strong>de</strong> base. Possui placa comemorativa docalçamento da cida<strong>de</strong> em homenagem ao Dr.Eduardo Santos Lima – Prefeito da cida<strong>de</strong>._Londrina PR 1977Margens doLago Igapó.Monumento à Bíblia. Quatro bases dispostasem cruz buscam o infinito formando umobelisco. Textos dos quatro evangelistas estãonas bases. 10m.Arq. PanayotesSaridakis.


148Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemPalmas PR 26/12/1936Praça BomJesus, fronteiraà Matriz.Palmas PR 07/09/1922 PraçaCentenárioMonumento ao Centenário <strong>de</strong> Palmas. Éconstituído <strong>de</strong> um obelisco com placa <strong>de</strong>bronze. Por ocasião dos festejos <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1936 a 1 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1937,comemorativos do primeiro centenário dafundação <strong>de</strong> palmas.Inscrição: “Inaugurado às onze horas <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1936 – Palmas – Aos seusintrépidos ban<strong>de</strong>irantes povoadores – 1836-1936”.Monumento ao Centenário <strong>de</strong> Palmas.Constituído por um obelisco <strong>de</strong> concreto comtrês placas <strong>de</strong> mármore.Inscrição: Na placa da frente: “José Bonifácio”; naplaca da esquerda: “7-9-1822”; na placa daretaguarda: “D.Pedro I”.Obs. Nota do autor: Por ocasião da tirada dapresente fotografia – <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1957 – o marcoapresentava-se em mau estado <strong>de</strong> conservação;entretanto, a Prefeitura local projetava repará-lo,bem como a praça. (Gal. MATTOS, João Baptista<strong>de</strong>. Os Monumentos Nacionais: Estado do Paraná.P. 235)Iniciativaoficial.Iniciativaoficial.


149Cida<strong>de</strong>ParanaguáEstadoPRData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalização29/07/1948 Largo doMonsenhorCelso Itiberêda Cunha.Homenagem/ComemoraçãoMonumento ao Tricentenário <strong>de</strong> Paranaguá.Obelisco <strong>de</strong> granito com placa <strong>de</strong> bronze.Inscrição:“Este marco assinala a comemoração dotricentenário da fundação do Paranaguá. Berçoda civilização paranaense pela Carta Régia <strong>de</strong>29 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1648. Tributo <strong>de</strong> admiração erespeito <strong>de</strong> seu povo, às gerações que atravésos séculos legaram ao Brasil esta cida<strong>de</strong>, JoãoGonçalves Penedo. Em 1648 – João EugenioCominese. Prefeito em 1948”.Artista/OferecimentoIniciativa doGovernoMunicipal (lein. 58, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong>abril <strong>de</strong> 1950).Escultor: Peone Tourinho.ImagemParanaguáPR10 <strong>de</strong>novembro <strong>de</strong>1943AvenidaGabriel <strong>de</strong>Lara e Av.GovernadorManoel RibasMonumento comemorativo ao Centenário dacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Paranaguá. Obelisco <strong>de</strong> granito.Inscrição:“Comemoração do 1° Centenário da elevação<strong>de</strong> Paranaguá à categoria <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> – 5 <strong>de</strong>fevereiro 1842 – 1942 – oferece o comércio”.Iniciativa dogovernomunicipal.PiraquaraPR7 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>1945Avenida RioBrancoMonumento a Manoel Ribas e Ten. NelsonNascimento Ribeiro. Obelisco <strong>de</strong> granito.Inscrição:“ Homenagem do povo <strong>de</strong> Piraquara aos seusbenfeitores: Sr. Manoel Ribas e TenenteNelson Nascimento Ribeiro”._


150Cida<strong>de</strong>PontaGrossaEstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoPR 15/09/1942 PraçaMarechalFlorianoPeixotoHomenagem/ComemoraçãoMonumento aos fundadores da cida<strong>de</strong>.Obelisco <strong>de</strong> granito. Inscrição:“Homenagem aos fundadores da cida<strong>de</strong>. 15-9-1923”.“Freguesia a 7-4-1855. Elevação a vila – 18-4-1876 elevação a Comarca”.“Ao benemérito Prefeito Albary Guimarães, oPovo Pontagrossense, em homenagem sinceracomemora o primeiro <strong>de</strong>cênio <strong>de</strong> sua fecundaadministração – 18-8-1934 – 18-8-1944”. Esteobelisco foi removido do local para a lateral dapraça, para dar lugar a outro monumento emcomemoração aos 150 anos da Elevação <strong>de</strong> PontaGrossa à Freguesia. Pesquisa em 04/05/2006. (Sitewww.tibagi.uepg.br/epuepg/turismo/localida<strong>de</strong>.htm)Artista/OferecimentoTrabalho <strong>de</strong>:Rafael Gricca.Autor: JoséDaros.ImagemRioNegroPR28 <strong>de</strong> março<strong>de</strong> 1948.Localizado nase<strong>de</strong> doDistrito <strong>de</strong>PienMonumento ao Expedicionário Luiz EstoebelFilho. Obelisco: uma placa <strong>de</strong> bronze colocadaem uma coluna <strong>de</strong> cimento. Inscrição:“Homenagem do Povo <strong>de</strong> Piên ao bravosoldado expedicionário Luiz Estoebel Filho,morto na Itália em <strong>de</strong>fesa da honra do Brasil”._


151Cida<strong>de</strong>São JosédosPinhaisEstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoPR 8/01/1953 Praça 8 <strong>de</strong>JaneiroHomenagem/ComemoraçãoMonumento comemorativo do 1° Centenáriodo Município. Obelisco <strong>de</strong> granito. Inscrição:“- 1853 – 8 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1853 – Obeliscoinaugurado na data do 1° Centenário dainstalação do Município <strong>de</strong> Saõ José dosPinhais”.“Homenagem dos povos aos primeiros ediseleitos do município – Vereadores Antonio J.<strong>de</strong> Oliveira Portes – Francisco I <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong> –Francisco <strong>de</strong> P. Portes Branco – José J. Passos<strong>de</strong> Oliveira – José Lionel da Silva – ManoelAlves Pereira – Com. Manoel Men<strong>de</strong>s Leitão”.Artista/OferecimentoIniciativa daPrefeituraMunicipal.ImagemTeixeiraSoaresPR 14/06/1939 Praça ManoelRibasMonumento a Manoel Ribas. Inscrição: placa<strong>de</strong> bronze – “Praça Manoel Ribas”.Autor daPraça: Dr.Enory TeixeiraPinto –Prefeito.TeixeiraSoaresPR19 <strong>de</strong> abril<strong>de</strong> 1942.Praça GetulioVargasMonumento a Getulio Vargas. Obelisco <strong>de</strong>Granito com placa <strong>de</strong> bronze. Inscrição: Naplaca se achava gravada a data aniversária dohomenageado.“Praça Getulio Vargas. O Município ao Povo10-IV-1942”Autor daPraça: Dr.Peregrino FiasRosa.


152Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemUnião daVitóriaPR 1919Margemesquerda doRio Iguaçu,sob a ponte daEstrada <strong>de</strong>Ferro SãoPaulo – RioGran<strong>de</strong>.Marco divisório Paraná – Santa Catarina. Pilar<strong>de</strong> seção quadrada, feito <strong>de</strong> concreto armado,com alicerces <strong>de</strong> alvenaria <strong>de</strong> pedra. Composto<strong>de</strong> 3 partes: base, fuste e capitel. 30 cm <strong>de</strong>base, 3,05m <strong>de</strong> fuste e 15cm <strong>de</strong> capitel.Inscrições: Na parte superior dos ladosdivisórios, duas placas pequenas: <strong>de</strong> um lado“PARANÁ”, <strong>de</strong> outro “SANTACATARINA”; parte inferior lado do Paraná:“Este marco foi inaugurado no governo do Dr.Delphin Moreira sendo Ministro da Justiça Dr.Urbano Santos, Presi<strong>de</strong>nte do Paraná o Dr.Affonso Camargo, Governador <strong>de</strong> Sta.Catarina o Dr. Hercílio Luz – 1919-“. Parteinferior lado <strong>de</strong> SC: “20 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1916,data da assignatura do accordo entre os estados<strong>de</strong> Sta Catarina e Paraná para a solução daquestão <strong>de</strong> limites proposto pelo Presi<strong>de</strong>nte daRepública Dr. Wenceslau Braz”. Lado do leitodo Iguaçu: “-1919- Linha Wenceslau Braz-Este marco assignala a intersecção do Talwegdo R. Iguassú com a projecção horizontal doeixo da Pone da E.F.S. Paulo – R. Gran<strong>de</strong>.D’elle distante 216,-.5 mts com o rumoverda<strong>de</strong>iro “ N 77° 28° 2” E_


153Cida<strong>de</strong>União daVitóriaEstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoPR 1949 Praça CoronelAmazonasHomenagem/ComemoraçãoMarco <strong>de</strong> inauguração. Monólito <strong>de</strong> pedraferro,entalhado à mão, com mais <strong>de</strong> 3000quilos, com 5 placas <strong>de</strong> bronze. Insc.(Escudo da República) “União da Vitória –Paraná – Brasil”;“Sê justo e Leal. Ama a tua terra. Edifica comcarinho a sua gran<strong>de</strong>za e terás cumprido o teu<strong>de</strong>ver”;(medalhão com a efígie do Governador MoisésLupion) “Tudo por um Paraná maior -Governador Moisés Lupion 8-12-49”;“Praça Coronel Amazonas – Construída naadministração do Prefeito Snr José Cleto –1949”;“Gratidão a todos que têm trabalhado pelaprosperida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste município”Artista/Oferecimento_ImagemUnião daVitóriaPR 1972 BR 476 saídapara SãoMateus do SulMarco da inauguração da BR 476, que liga Uniãoda Vitória a São Mateus do Sul. Obelisco <strong>de</strong>concreto, cortado na parte inferior por uma rampatambém <strong>de</strong> concreto, simbolizando uma estrada.Inscrição: “República Fe<strong>de</strong>rativa do BrasilMinistério dos Transportes Departamentonacional <strong>de</strong> estradas <strong>de</strong> Rodagem obra<strong>de</strong>legada ao Departamento <strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong>Rodagem do Paraná BR 476 TrechoSão Mateus – União da Vitória Inauguradoem 7-Março-1972”. Gestão Prefeito TancredoBenghi._


154Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoGoiana PEReduto doTejucupapoData <strong>de</strong>Construção04/1996Homenagem/Comemoração1 - "AQUI, EM 1646 AS MULHERES DE TEJUCOPAPOCONQUISTARAM O TRATAMENTO DE HEROINAS, PORTEREM COM AS ARMAS, AO LADO DOS MARIDOS,FILHOS E IRMÃOS, REPELIDO 600 HOLANDESES QUERECUARAM DERROTADOS. MEMÓRIA DO INSTITUTOARQUEOLOGICO EM 1931”.DERROTADOS.2 - "A Polícia Militar homenageia os trezentos e cinqüenta anos dofeito memorável das Heroínas do Tejucupapo, patenteando abravura DO POVO PERNAMBUCANO. 24 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1996".Artista/Oferecimento_ImagemOlinda PE Alto da Sé _3 - "Os po<strong>de</strong>res Executivo e Legislativo <strong>de</strong> Goiana celebramsolenemente os 350 anos da batalha do Monte das Trincheiras,conhecida pela epopéia das 'Heroinas <strong>de</strong> Tejucupapo', realizada nodia 24 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1646. Goiana, abril <strong>de</strong> 1996. José RobertoTavares Ga<strong>de</strong>lha - Prefeito João José Monteiro <strong>de</strong> Souza - Vice-Prefeito Vereador Paulo Geraldo dos Santos Veigas - Presi<strong>de</strong>nte".Marco astronômico, este obelisco <strong>de</strong> pedra marca a passagem <strong>de</strong>Vênus pelo Sol, fenômeno raro que foi observado em Olinda, em1882. Esta passagem ocorre a cada 130 anos e foi observada, nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Olinda, por astrônomos enviados pelo Imperador D.Pedro II. O obelisco lembra o fenômeno que permitiu a<strong>de</strong>terminação da distância do Sol. Este monumento recebeu visita<strong>de</strong> astrônomos conhecidos, como Ronaldo Freitas <strong>de</strong> Mourão, quelançou um apelo para que o marco seja conservado. Com poucomais <strong>de</strong> um metro, o obelisco está escondido por cabi<strong>de</strong>s numaloja <strong>de</strong> artesanato da Sé. Segundo este astrônomo, a UniãoAstronômica Internacional recomendou, em um encontro nacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Manchester (EUA), que todos os marcos, documentos einstrumentos relativos aos locais on<strong>de</strong> foi estudada a passagem <strong>de</strong>Vênus <strong>de</strong>vem ser conservados. A expedição teve o comando doastrônomo Julião <strong>de</strong> Oliveira Lacaille (1851-1926).http://www2.uol.com.br/JC/_2001/1007/cm1007_1.htm


155Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoData <strong>de</strong>ConstruçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemRecife PEBairro Praia daBoa Viagem_O Obelisco tem quatro datas celebrando os seguintesfatos: a vitória sobre os Holan<strong>de</strong>ses (1645), elevação <strong>de</strong>Recife à categoria <strong>de</strong> Vila (1710), Confe<strong>de</strong>ração doEquador (1824) e Revolta Republicana <strong>de</strong> 1817._Recife PECais daAlfân<strong>de</strong>ga,Pátio da velhaEstaçãoCentral_A idéia do autor foi construir um obelisco emergente,baseado em uma figura geométrica quadrangular.Marca os 350 anos da Restauração Pernambucana.Projeto do ArquitetoMaia Gomes,esculpida peloescultor FranciscoNóvoa. Projetooriginal <strong>de</strong>Francisco BrennandFoto: Andréa BritoRecifePEAvenida doForte, bairroEngenho doMeio, <strong>de</strong>ntrodo Forte doArraial Novodo Bom Jesus._O obelisco marca a localização do Forte do Bom Jesus,uma das puçás fortificações construídas no Brasil cujosvestígios ainda se encontram aparentes.http://www.magmarqueologia.pro.br/F_ArraialNovoBomJesus.htmConstruído peloInstitutoArqueológico,Histórico eGeográficoPernambucano


156Cida<strong>de</strong>EstadoLocalizaçãoData <strong>de</strong>ConstruçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemParnaíbaPIPraça SantoAntonio 1944 Monumento ao Centenário da Cida<strong>de</strong>. _AngradosReisRJ 1913Monumento aos náufragos do Aquidabã, on<strong>de</strong> cerca<strong>de</strong> 60 tripulantes morreram em um naufrágio em1906._ArraialdoCaboRJPraia dos anjos_Obelisco Américo Vespúcio. Marca o local on<strong>de</strong> aprimeira armada Portuguesa chegou em 1503._


157Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoData <strong>de</strong>ConstruçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemIpanemaRJAvenidaViscon<strong>de</strong> <strong>de</strong>Pirajá1996Marca o local on<strong>de</strong> o bon<strong>de</strong> fazia a curva, há 50 anos,no cruzamento. Feito em ferro galvanizado, com 22m<strong>de</strong> altura.Arquiteto PauloHamilton Case.Macaé RJPraçaVeríssimoMelo29/07/1913Monumento em homenagem ao Primeiro Centenárioda Emancipação, construído em pedra <strong>de</strong> cantaria.MangaratibaRJPraça RobertoSimões1931Comemoração do Primeiro Centenário <strong>de</strong>Emancipação Político Administrativa do município.Construído peloPortuguês ManuelPinto <strong>de</strong> Araújo, apedido do prefeitoArthur AngrensePires


158Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoData <strong>de</strong>ConstruçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemPetrópolisRJBosque doimperador 1925Obelisco D. Pedro II. Homenagem a Dom Pedro II.Inscrição: “A D. Pedro II o povo <strong>de</strong> Petrópolis, poriniciativa do Sindicato <strong>de</strong> Turismo. 02/12/1925”.1,85m.Autoria: CorreaLima.PetrópolisRJBosque doImperador15/10/1979Inscrição da Placa: “Figura Universal do MestreUma luz nas trevas. Homenagem doCRECT/Petrópolis”. 1,85m.Marmoraria JoãoLopes e Cia.PetrópolisRJ _ _Homenagem a Paulo Carneiro no Primeiro Centenário<strong>de</strong> seu nascimento. (1854-1954). Inscrição na Placa:“Praça reconstruída na administração <strong>de</strong> Nelson <strong>de</strong> SáEarp.Projeto <strong>de</strong> Flávio <strong>de</strong> Sá Carvalho. 1980”_


159Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoData <strong>de</strong>ConstruçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemPetrópolisRJRua doImperador_ Monumento Comemorativo ao Centenário daElevação <strong>de</strong> Petrópolis à categoria <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>.Projeto Eng°Glasl Veiga;Execução EllyrAllah Rodrigues.PetrópolisRJRua Dr.Nelson<strong>de</strong> Sá Easp_ Obelisco da Rua Dr. Sá Earp. _PetrópolisRJ _ _Comemoração ao primeiro Centenário dain<strong>de</strong>pendência do Brasil._


160Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoData <strong>de</strong>ConstruçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemRio <strong>de</strong>janeiroRJPraça GeneralOsório 1748Sua função primordial era abastecer <strong>de</strong> água oConvento das freiras Clarissas, chamado Convento daAjuda. Em 1911, foi presenteado pelo Arcebispado àmunicipalida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro. Feito em granitoescuro, com <strong>de</strong>talhes em bronze.Mestre Valentim.Rio <strong>de</strong>JaneiroRJAvenida RioBranco1906Marco comemorativo da abertura da Avenida Central.18,15m altura. Inscrição: “Sendo Presi<strong>de</strong>nte daRepública Sua Exa. Sud. D. Francisco <strong>de</strong> PaulaRodrigues Alves e Ministro da Industria, Viação eObras públicas o Exma. Sud. D. Lauro SeverianoMünner, foi <strong>de</strong>cretada construída e inaugurada aAvenida Central, executando os trabalhos a ComissãoConstrutora tendo como Engenheiro Chefe D. AndréGustavo Paulo <strong>de</strong> Frontin”.Escultor: EduardoSá.


161Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoData <strong>de</strong>ConstruçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemRio <strong>de</strong>JaneiroRJAvenidaPresi<strong>de</strong>nteAntonio Carlos1943 Homenagem ao Barão do Rio Branco. _VoltaRedondaRJPraça BrasilHomenagem ao trabalhador. O obelisco, esculpido empedra, homenageio os quatro principais setores daCSN._


162Cida<strong>de</strong> Estado LocalizaçãoCurraisNovos RN Praça CristoReiData <strong>de</strong>Construção_Homenagem/ComemoraçãoHomenagem à Ulisses Telêmaco, poeta, jornalista,professor primário, auto-didata, tabelião público eprofundo conhecer dos problemas da terra.http://www.wmdigital.com.br/serido/turismo/currais.htm#Atrativos_Historicos 03/01/2007Artista/Oferecimento_Imagem_CurraisNovosRNCruzamentoAvenida CelJosé Bezerracom RuaLula Gomes24/12/1908Homenagem ao Cap. Mor. Cipriano Lopes Galvão,fundador da cida<strong>de</strong>.http://www.wmdigital.com.br/serido/turismo/currais.htm#Atrativos_Historicos 03/01/2007__MacauRNPraçaConceição 07/09/1922Obelisco comemorativo do I Centenário daIn<strong>de</strong>pendência do Brasil, erigido na administraçãomunicipal <strong>de</strong> José Gonçalves <strong>de</strong> Melo.NatalRN_ _Obelisco comemorativo_


163Cida<strong>de</strong>Pau dosFerrosEstado LocalizaçãoRNPraça doCentenárioData <strong>de</strong>Construção14/12/1956Homenagem/ComemoraçãoBicentenário da Paróquia e Centenário do município.O obelisco foi construído para ser através dos temposo marco vivo daquele acontecimento.Artista/OferecimentoProjeto:ArquitetoSouza Lelles.Construção:José Florêncio<strong>de</strong> Queiroz,mestre <strong>de</strong>obras.ImagemRibeira -NatalRN _ _Obelisco da Tavares <strong>de</strong> Lira, juntamente com ocanhão encontrado enterrado durante as obras <strong>de</strong>saneamento da Ribeira._


164Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemAceguá RS _ _ _ _Alegrete RS - - - -ArroioGran<strong>de</strong>ArvorezinhaRS - - - - -RS 04/03/2006Bagé RS 07/09/1922Rua FélixFachinetto, junto aotrevo da cerâmicaFachinettoPraça SilveiraMartins.Obelisco maçom. Representa a existência doLeo Clube em Arvorezinha.http://www.vizza.com.br/cgibin/clientes/notiserra/notiserra_content_listar.pl?classe=municipios&subclasse=arvorezinha&id=388 27/10/06 as 13:29Obelisco Comemorativo ao Centenário daIn<strong>de</strong>pendênciaAutor Projeto:HenriqueTobal(espanhol)._


165Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemBomJesusRS _ _Homenagem ao Capitão Gentil Machado <strong>de</strong>Godoy, por sua brilhante administração comoprefeito da cida<strong>de</strong>._Canguçu RS 1957 Praça principal dacida<strong>de</strong>Homenagem aos fundadores <strong>de</strong> Canguçu.Governo <strong>de</strong>JacquesMachado daRosaCapãodaCanoaRS 13/08/1949 _“Homenagem a Ramiro da Silva <strong>de</strong> amigos emoradores <strong>de</strong> Capão da Canoa”. (Inscrição daplaca)._Caxiasdo SulRS- Em frente àPrefeitura MunicipalHomenagem ao Centenário da ColonizaçãoItaliana;“Cada pedra <strong>de</strong>ste monumento / é uma parcelados municípios / que constituíram o alicerce / daColonização Italiana no / Rio Gran<strong>de</strong> do Sul.Homenagem / ao Exmo. Sr. Giovanni Gronchi,/Presi<strong>de</strong>nte da República da Itália / por ocasiãoda sua visita / à região em 13/09/1958.Antonio Prado / Bento Gonçalves / Caxias do-


166Sul / Encantado / Farroupilha / Flores da Cunha /Guaporé / Nova Prata / Veranópolis”.Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemCaxiasdo SulRS - BR 116 – Km 150 –Bairro Petrópolis.As estátuas me<strong>de</strong>m 4,5m <strong>de</strong> altura.O casal lembra a época <strong>de</strong> 1875, quandochegaram os pioneiros da imigração italiana naregião. O Monumento Nacional ao Imigranteretrata o heroísmo, o espírito <strong>de</strong> luta e o trabalho<strong>de</strong>stescolonizadores.Autor: AntônioCaringiCaxiasdo SulRSPátio da MetalúrgicaGazolaMonumento construído para homenagear asmulheres que morreram em uma explosão queocorreu na empresa, na época em que estafabricava materiais bélicos.I<strong>de</strong>alizado peladireção daempresaàquela época.CerroLargoRS 1974_Homenagem ao Sesquicentenário da imigraçãoalemã.__Cruz Alta RS_Rua PinheiroMachado. Em frenteao prédio da antigaEstação Ferroviária.Homenagem aos imigrantes alemães;1824 – 1974.foto: Leila Rocha.


167Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemDomPedritoRS1935Obelisco daPazLocal on<strong>de</strong> foiassinado o Acordodo Ponche Ver<strong>de</strong>.Comemora a Pacificação do Estado entre osFarroupilhas e o acordo <strong>de</strong> Ponche Ver<strong>de</strong>._EncruzilhadadoSulRS _ Avenida Rio Branco Homenagem ao Barão do Rio Branco. _EncruzilhadadoSulRS _ Praça do Quaraí Homenagem ao Primeiro Centenário daEmancipação Política do Município._


168Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemEstrela RS 29/03/1924 _ Comemoração ao Centenário da ColonizaçãoAlemã; 75° aniversário da Emancipação Política<strong>de</strong> Estrela._Imagem: Ivo QuoosGaribaldiRS 1935Homenagem ao Centenário da RevoluçãoFarroupilha. Foram colocadas na face principaldo obelisco três medalhões, sendo um <strong>de</strong> BentoGonçalves, outro <strong>de</strong> Garibaldi, e num lugar <strong>de</strong>maior <strong>de</strong>staque, um relevo do interventor Floresda Cunha.Construçãocontratada peloarquitetoescultorJoséGhiringuelli.GeneralCâmara RS 1961Em frente àPrefeitura MunicipalHomenagem ao Centenário <strong>de</strong> Emancipação ehomenagem ao Engenheiro Leonel Brizola e aoPrefeito Francisco Pereira Rodrigues._


169Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemImbé RS _ _ _ _Itaqui RS 1958_Comemoração do 1° Centenário <strong>de</strong>Emancipação Política do Município.__Jaguarão - - - Homenagem ao médico - -Junto ao trevo da Comemoração ao Centenário <strong>de</strong> In<strong>de</strong>pendência __Jaguari RS 1923 entrada Norte do Brasil.MorroReuterRS 2004BR 116 – Trevo <strong>de</strong>acesso à cida<strong>de</strong>.Homenagem ao livro.“Minha preocupação era a <strong>de</strong> não fazer algo jábatido. O que existe são milhares <strong>de</strong> obeliscos,não um obelisco <strong>de</strong> livros”. (UMA PAIXÃOFORJADA EM BRONZE. Gessica Trinda<strong>de</strong>.Zero Hora, 31/10/2003)Escultor:Gustavo Nakle(uruguaio)Não-Me-ToqueRS 1924 _ Monumento ao imigrante alemão. _ _


170Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemNovaMilano(Distrito<strong>de</strong>Farroupilha)RS 12/1925Praça <strong>de</strong> NovaMilanoHomenagem ao centenário da Imigração italianano RS. Inscrição: “Ai pionieri <strong>de</strong>lla civiltá latina1875-1925”. A placa foi removida entre 1941-42, época da II GM, mas reinaugurada durante acomemoração dos 75 anos da imigração, nosfestejos da Festa da Uva <strong>de</strong> 1950._NovoHamburgoRS_Praça 20 <strong>de</strong> Setembro,entre as ruas BentoGonçalves, Júlio <strong>de</strong>Castilhos, JoaquimNabuco e Ignácio Piangg Homenagem ao Centenário da RevoluçãoFarroupilha._Osório RS 19/03/1971Entrada do ParqueManoel OsórioNa pedra fundamental <strong>de</strong>ste obelisco foram<strong>de</strong>positados exemplares dos jornais Correio do Povo,Diário <strong>de</strong> Notícias, Zero Hora, Folha da Manhã,Jornal do Comércio, Folha da Tar<strong>de</strong> e Jornal daSemana, além <strong>de</strong> moedas em circulação no país.Estavam presentes autorida<strong>de</strong>s civis, militares eeclesiásticas, que assinaram o documento <strong>de</strong> título“Ata do Lançamento da Pedra Fundamental doObelisco”. O lançamento da Pedra Fundamental foifeita por Sua Excelência o Coronel Mario DavidAndreazza, Ministro dos Transportes da RepúblicaFe<strong>de</strong>rativa do Brasil.foto: autora.


171Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemPassoFundoRS 1957 Avenida Brasil 1° Centenário <strong>de</strong> Passo Fundo; ao FundadorJoaquim Fagun<strong>de</strong>s dos Reis.GovernoMunicipalPassoFundoRS 1922/1972? Avenida Brasil Centenário da In<strong>de</strong>pendência do Brasil; _PelotasRS1884(inauguradoem07/04/1885)Bairro Areal,Distrito <strong>de</strong> VilaDunas.Obelisco <strong>de</strong> alvenaria, pintado em branco, com8,71m altura. Possui placas <strong>de</strong> bronze relativas amemória <strong>de</strong> Domingos José <strong>de</strong> Almeida (1884) e aocentenário da Pacificação Farroupilha (1945). Oescudo da República Riogran<strong>de</strong>nse, o emblema daFraternida<strong>de</strong> e o Barrete Frígio aparecem em relevo.Homenagem a Domingos José <strong>de</strong> Almeida, mineiroque fixou-se em Pelotas aos 22 anos. Ricoproprietário <strong>de</strong> charqueada e dono <strong>de</strong> um estaleiro,foi um dos financiadores da Revolução Farroupilha(1835-1845), Ministro da Fazenda do governoprovisório e <strong>de</strong>fensor da proclamação da República.http://www2.iphan.gov.br/ans.net/tema_consulta.asp?Linha=tc_hist.gif&Cod=1839Construídopelo PartidoRepublicano,tendo à frenteÁlvaroChaves.


172Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemPelotasRSEstrada <strong>de</strong> acesso aomunicípio <strong>de</strong>CanguçuObelisco do Canhão: sua função é explicar aprocedência <strong>de</strong> um antigo canhão.PinheiroMachado RS 1922_Obelisco maçônico. Ao Gran<strong>de</strong> Mestre eBenfeitor Nelson Nogues_Welksoner Silva daCunha_Piratini RS _Praça da RepúblicaRio-Gran<strong>de</strong>nse, emfrente à Igreja.Homenagem aos heróis da RevoluçãoFarroupilha. 1935 – Piratini comemora o 1°Centenário da Revolução Farroupilha.Inaugurado um busto <strong>de</strong> Bento Gonçalves daSilva no interior da Prefeitura Municipal; umobelisco na Praça da República, em homenagemaos heróis <strong>de</strong> 35 e uma ponte metálica sobre oRio Piratini, no local <strong>de</strong>nominado Passo doCosta.(http://paginas.terra.com.br/arte/piratini/história.html)28/09/06_Foto: WelksonerSilva da Cunha.PortoAlegreRS 24/09/1935Praça Sepúlveda –Avenida MauáObelisco Sepúlveda. Erguido em comemoração doCentenário Farroupilha em 1935, também homenageandoo português José Marcelino <strong>de</strong> Figueiredo e toda a ColôniaPortuguesa. Figuras em bronze:Face voltada para o portão do cais: efígie <strong>de</strong> Manuel JorgeGomes <strong>de</strong> Sepúlveda – José Marcelino <strong>de</strong> Figueiredo - ;abaixo, a inscrição “Fundador da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre”;Face sul: brasão do estado e as datas “1835-1935”;Lado oriental: brasão português;O monumento foioferecido pelacasa <strong>de</strong> Portugal,construído nasoficinas dosIrmãos KellerSantos. Osmedalhões são <strong>de</strong>autoria <strong>de</strong> Luiz


173Lado oci<strong>de</strong>ntal: baixo-relevo <strong>de</strong> uma caravela navegandoem direção à Torre <strong>de</strong> Belém, em Portugal;Posteriormente, o obelisco recebeu uma placa dosEscoteiros: “Homenagem aos escoteiros Rio-gran<strong>de</strong>nsesaos fundadores <strong>de</strong> Porto Alegre 1740 e a Portugal 1140 –1640”.Sanguin,realizados naFundição IrmãosParraga, com<strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> José<strong>de</strong> Brito e Cunha.PortoAlegreRS 15/11/1935Parque Farroupilha,ao lado do Instituto<strong>de</strong> EducaçãoGeneral Flores daCunha.Homenagem da Colônia Israelita ao General Antonio <strong>de</strong>Souza Neto, durante as comemorações da SemanaFarroupilha. Também faz breve comemoração daimigração judaica no Estado.Base <strong>de</strong> granito, com placas em bronze. Inscrição:“Sofremos calados tantas infâmias? Não, nossoscompatriotas, os rio-gran<strong>de</strong>nses, estão dispostos, comonós, a não sofrer mais tempo a prepotência <strong>de</strong> um governotirano e cruel como o atual. Proclamação <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong>setembro <strong>de</strong> 1836 – no Campo do Menezes”(relevo ausente); “1835-1935”; “A Colônia Israelita doRio Gran<strong>de</strong> do Sul ao povo gaúcho no primeiroCentenário da Epopéia Farroupilha”; “Biênio da Colônia eImigração 1974-1975.Originalmente, havia, ainda, outro relevo, retratando o RioNilo, Moisés e as Tábuas da Lei.Autoria: VitórioLivi ; projeto <strong>de</strong>FranciscoBellanca.Oferecimento daColôniaIsraelita.*Foi consi<strong>de</strong>rado o maior obelisco da América Latina naépoca <strong>de</strong> sua construção, com 10m altura.PortoAlegreRS27/10/1935Parque Farroupilha– Avenida JoãoPessoaObelisco em granito, 7,2m altura. Inscrição:“A Colônia Sírio-Libanesa do Estado do RS noPrimeiro Centenário Farroupilha” e “Estahomenagem recorda a visita a Porto Alegre doExmo. Sr. Joseph Saonda I° MinistroPlenipotenciário do Líbano no Brasil, em 21 <strong>de</strong>Julho <strong>de</strong> 1946” (placas ausentes);Do outro lado: “Homenagem à S. Exª Dr. JamalAutoria:relevos <strong>de</strong>bronze <strong>de</strong>Alfred Adolf eprojeto <strong>de</strong>FranciscoBellanca;granito


174E. D. Farra / I° Embaixador da República ÁrabeUnida no Brasil / Por Ocasião <strong>de</strong> sua Visita /Porto Alegre, 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1958” e outraPlaca em árabe (placas ausentes);Em bronze com frente para Avenida João Pessoaum baixo relevo com a figura <strong>de</strong> um cavaleiro,com pose semelhante a representação do gaúchobombeador, com o cedro, árvore símbolo doLíbano; no outro lado, a figura representando umbarco a remo navegando em direção ao sol(ambos relevos ausentes). Na base domonumento existiam quatro cabeças <strong>de</strong> Leão embronze, uma em cada lado.trabalhado nasoficinasPiatelli &Irmãos;oferecido pelaColônia Sírio-Libanesa.PortoAlegreRS13/05/1926Praça da Itália, entreas Avenidas Praia <strong>de</strong>Belas e Borges <strong>de</strong>Me<strong>de</strong>iros.Obelisco em granito vermelho, comemorativo aoCinqüentenário da Colonização Italiana noEstado, e ao imigrante Tito Livio Zambeccari,“herói da Revolução Farroupilha”.Atualmente encontra-se sem i<strong>de</strong>ntificação.Execução: firmaIrmãos Piatelli.Medalhões embronze <strong>de</strong> LuisSanguin.Oferecido pelaColônia ItalianaPortoAlegreRS 21/09/1911Praça Guia Lopes -AvenidaTeresópolis, esquinaSepé Tiarajú.Monumento a Arvore, também conhecida porObelisco à Alarico Ribeiro. Construído emgranito rosa e acinzentado, também com<strong>de</strong>talhes em mármore. Acima do obelisco haviauma esfera, que significava o gosto pela vidarural (Alves, 2004:167). A parte superior domonumento não existe mais.Encontra-se ainda as placas com as seguintesinscrições: “Inten<strong>de</strong>nte Municipal Dr. JoséAutoria:porcelana –JoséWollmann.Cantaria –AlexandreSayerce;mármore –FranciscoPriori.


175Montaury”; “Presi<strong>de</strong>nte do Estado Dr. CarlosBarbosa Gonçalves” “Placa Brasil, Música <strong>de</strong>Murilo Furtado”; “hymno das Árvores / música<strong>de</strong> Murilo Furtado” com uma pauta musical<strong>de</strong>senhada em relevo.PortoAlegreRS 1997Praça Libanesa,Bairro JardimLindóia.Obelisco em granito vermelho polido. Possuigravada a árvore símbolo do Líbano, o cedro eas inscrições: “Homenagem / da Comunida<strong>de</strong>Libanesa / a sua Excelência Elias Hraoui /Presi<strong>de</strong>nte da República do Líbano / Por ocasião<strong>de</strong> sua visita oficial / ao Rio Gran<strong>de</strong> do Sul / nodia 08 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1997”.-José Francisco Alves-.Construção porconta doempresárioRicardoMalcon.imagem: JarbasFrancisco <strong>de</strong> Brito.PortoAlegreRS 18/09/2004Parque MaurícioSirotsky SobrinhoRéplica do obelisco <strong>de</strong> Dom Pedrito, estemonumento marcou a participação dostradicionalistas na campanha “Paz é a gente quefaz” da Assembléia Legislativa. Foi construídonos mol<strong>de</strong>s do obelisco <strong>de</strong> Ponche Ver<strong>de</strong> (marcodo Tratado (ou Acordo) <strong>de</strong> Paz que pôs fim àRevolução Farroupilha, em Dom Pedrito).(RÉPLICA DO OBELISCO PEDE PAZ. ZeroHora . Geral, 20/09/2004 ,p. 36)Construídopela empresaJoalTeitelbaum.


176Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemPortoAlegreRS11/02/1937ObeliscoSaint-PastousAvenida OsvaldoCruz e Beira Rio –Balneário JucaBatistaHá informação <strong>de</strong> que homenageia o cientistaOswaldo Cruz. Porém, a classificação <strong>de</strong>Francisco Riopar<strong>de</strong>nse <strong>de</strong> Macedo faz referenciaà Saint Pastous. O monumento não existe mais.O local está marcado pela base do antigoobelisco.A foto antiga pertencente ao Arquivo HistóricoMunicipal <strong>de</strong> Porto Alegre.-PortoAlegreRSObelisco da Avenida Padre Cacique. Feito emgranito cinza, este obelisco foi removido <strong>de</strong> seulocal, ao lado do Asilo. Não foi possívelencontrar nenhum registro <strong>de</strong> data, construtor ouhomenagem.Imagem: JoséFrancisco Alves.


177Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemPortoAlegreRS 22/05/1977Bairro Ipanema, emfrente a Igreja SantaRita <strong>de</strong> Cássia.O obelisco é uma homenagem ao PrefeitoGuilherme Socias Villela, por ocasião dacomemoração do ano jubilar do Santuário <strong>de</strong>Santa Rita <strong>de</strong> Cássia. Inscrição: “Ao PrefeitoMunicipal <strong>de</strong> Porto Alegre economistaGuilherme Socias Villela, o reconhecimento daComissão no ano jubilar do Santuário <strong>de</strong> SantaRita <strong>de</strong> Cássia, os agra<strong>de</strong>cimentos dosi<strong>de</strong>alizadores e párocos: Julieta Abbud, IracyDariano, Herculano Azambyja, LígiaLauermann, A<strong>de</strong>lina Abbud, Antonio Diladi, dosPadres: Ignácio Frener, Antonio Lorenzatto,Tarcísio Pedro Schere, Ernesto Fabian.20/05/1977”. “Colaboração da Empresa PortoAlegrense <strong>de</strong> Turismo S/A EPATUR”.I<strong>de</strong>alizadores epároco doJubileu doSantuário <strong>de</strong>Santa Rita <strong>de</strong>Cássia.RestingaSeca RS 1925_Homenagem à Imigração Alemã.__


178Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemRioGran<strong>de</strong>RS 27/06/1935Avenida PortugalPlaca voltada para a rua Aquidaban:“A Colônia PortuguesaA cida<strong>de</strong> do Rio Gran<strong>de</strong>No seu primeiro centenário 1835 - 1935”;Placa voltada para o posto <strong>de</strong> gasolina: “Acolônia Portuguesa ao Rio Gran<strong>de</strong>Em comemoração ao bicentenário da chegada doBriga<strong>de</strong>ito José Silva Paes que <strong>de</strong>u início a estacida<strong>de</strong>, célula Mater do Estado do Rio Gran<strong>de</strong>do Sul1737 19/02/1937”Placa voltada para os canteiros da Portugal:“Da Colônia Portuguesa ao Prefeito <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong>Dr. R. Meirelles Leite que <strong>de</strong>u a esta artéria onome <strong>de</strong> Avenida Portugal”;Placa localizada para o lado do teatro:“Homenagem do Consulado e ColôniaPortuguesa à comunida<strong>de</strong> do Rio Gran<strong>de</strong> pelarestauração <strong>de</strong> Portugal.1640 01/12/1981”Ofertado pelaColôniaPortuguesa


179Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemRioGran<strong>de</strong>RS _ Avenida Itália Obelisco em homenagem a colônia Italiana.__Foto: Antonio LuisCorrea PereiraRioGran<strong>de</strong>RSInauguradoem 28 <strong>de</strong>junho <strong>de</strong>1935Praça MontevidéoObelisco em homenagem a Colônia Sírio-LibanesaFoto: Antonio LuisCorrea PereiraSantaMariaRS1935MonumentoaosFerroviáriosRua Antônio Dias,Bairro ItararéHomenagem aos Ferroviários <strong>de</strong> Santa Maria,construído pelo governo do Estado em um dosmorros que circundam a cida<strong>de</strong>.Governo doEstado


180Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemSantanadoLivramentoSãoGabrielRS 1935Obelisco daPazRS 2003Parque Internacional(Fronteira entreSantana doLivramento eRiveira)Localiza-se nointerior da fazenda<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>Marcos PauloMarques ÁvilaMarco <strong>de</strong> Fronteira. Obelisco triangular, combase construída em 3 <strong>de</strong>graus. Simboliza aliberda<strong>de</strong>.(Correspondência Secretaria Municipal <strong>de</strong> Turismo,Industria, Comercio e Desporto; recebida em novembro <strong>de</strong>2006).Denominado Marco Gaúcho das Águas, é ummonumento que i<strong>de</strong>ntifica o ponto comum <strong>de</strong>nascimento das três regiões hidrográficas doEstado. Possui três faces: uma voltada para aregião hidrográfica do Rio Uruguai, outra à doLago Guaíba e a terceira na direção das águaslitorâneas.É, também, uma homenagem ao engenheiroquímico Zeno Simon, ambientalista.http://www.sema.rs.gov.br/sema/jsp/<strong>de</strong>scnoticias.jsp?ITEM=518&TIPO=1 03/01/2007_Iniciativa doGoverno doEstado;escultor:AdalbertoRocha Ramos._SãoJerônimo RS 1961 Praça da MatrizHomenagem ao Centenário <strong>de</strong> Emancipação doMunicípio._


181Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemSãoLourençodo SulRSHomenagem ao fundador da Colônia <strong>de</strong> SãoLourenço, Jacob Rheingantz.imagem: WelksonerSilva da Cunha.SãoPedroRS _ _ _ _SobradinhoRSTrecho da AvenidaBenjamin Constant,frente à Praça 3 <strong>de</strong>Dezembro.__Triunfo RS Praça em frente àIgrejaConstruído para comemorar o bicentenário daconstrução da Igreja. (informação concedidapela Secretaria M. <strong>de</strong> Cultura <strong>de</strong> Triunfo)._


182Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemUruguaianaRS_Confluência dasAvenida Flores daCunha e Presi<strong>de</strong>nteVargas.Homenagem ao local on<strong>de</strong> Dom Pedro IIrecebeu a espada do Coronel Estigarriba, quandoos paraguaios se uniram às Tropas da TrípliceAliança, 1865._VacariaRS_ Praça Daltro Filho _ _VeranópolisRS _ Praça da IgrejaFrente: “Bento Gonçalves da Silva, DaviCanabarro, Vasconcelos Jardim, Gal. PortinhoAlfredo Chaves 7/9/1935”; “1835 – 1935”Atrás: José Garibaldi, Zambeccari, ArzaniRossetti, Simeão Barreto, Jose Calvet”.*Alfredo Chaves era o antigo nome <strong>de</strong>Veranópolis._foto: Ana Paula <strong>de</strong>Jesus


183Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/comemoraçãoArtista/OferecimentoImagemVeranópolisRS_Obelisco da Malte Whisk: “Religião, civismo,trabalho e amor balizam a história do povo <strong>de</strong>Veranópolis”;“1ª Missa 16/07/1886Centenário 16/07/1986”Comendador Elias Ruas AmantinoPrefeitura MunicipalFrei Antoninho Pasqualan (Vigário)_foto: Ana Paula <strong>de</strong>JesusViamão RS 1935Praça Júlio <strong>de</strong>CastilhosHomenagem ao Centenário da RevoluçãoFarroupilha. Homenagem à FEB, 1977._


184Cida<strong>de</strong> EstadoData <strong>de</strong>Construção LocalizaçãoCascavel SC _ Praça GetúlioVargas, Av.Brasil.Homenagem/Artista/ComemoraçãoOferecimento ImagemMarco Zero da cida<strong>de</strong>. _ _FlorianópolisSC 1985_Em memória do comendador FelicianoNunes Pires e à Policia Militar do Estadono ano <strong>de</strong> seu Sesquicentenário._Joinville SC _Laguna SC 29/07/1939Praça LauroMiller (e-mailda arquitetaSimoneSchroe<strong>de</strong>rJablonski)Praça pintoBan<strong>de</strong>ira_ _ _Obelisco em granito branco comemorando oCentenário da República Catarinense. Nasplacas lê-se as seguintes inscrições: “A heroína<strong>de</strong> dois mundos - sua terra natal”; “Aos heróisLagunenses da epopéia <strong>de</strong> 1839”. Este obeliscofoi, primeiramente, instalado na praçaRepública Juliana e transferido para o localatual em 1964, quando naquela praça foiinaugurada a estátua <strong>de</strong> Anita Garibaldi.Posteriormente, na administração do prefeitoJoão Gualberto Pereira, 1987, foi inserida nestemonumento uma placa em homenagem aosvoluntários da Guerra do Paraguai._


185Cida<strong>de</strong> EstadoData <strong>de</strong>Construção LocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoMirim SC 1956? - Homenagem ao Bicentenário da Paróquia<strong>de</strong> MirimArtista/OferecimentoImagemPortoUniãoSC 1919Bairro Vice-King – quintaldo casebre n°16 , ao ladodireito da Av.João Pessoa.Marco Divisório Santa Catarina – Paraná.Pilar <strong>de</strong> Seção quadrada , feito <strong>de</strong> concretoarmado. 30cm <strong>de</strong> base, 3, 05m <strong>de</strong> fuste e15 cm <strong>de</strong> capitel. Existem duas placas comas inscrições “Paraná” <strong>de</strong> um lado e “Sta.Catarina” <strong>de</strong> outro. Marco divisório entreos dois estados construído na mesmaocasião do marco divisório sob a ponte daestrada <strong>de</strong> Ferro SP-Rio Gran<strong>de</strong>. Tem asmesmas medidas também._Aracajú SE _ _ Monumento em homenagem à InácioBarbosa, fundador <strong>de</strong> Aracajú._


186Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemAssis SP _Praça ArlindoLuzObelisco em Homenagem aos Ex-Combatentes <strong>de</strong> Assis._DoisCórregosSP 04/02/2006 Avenida LuizFaulin FilhoHomenagem ao Sesquicentenário <strong>de</strong> DoisCórregos.http://www.doiscorregos.sp.gov.br/003/0030/1009.asp?ttCD_CHAVE=34021._Dourados SP _ _ Marca o centro geográfico do Estado <strong>de</strong>São Paulo._Icém SP _Praça NossaSenhora daAbadiaMonumento à Paz.http://www.icem.sp.gov.br/vernoticia.asp?idnoticia=96_


187Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemItuverava SP 08/04/2004 PraçaRotatóriaOswaldoValizi.Obelisco à Paz.A obra fica no caminhochamado “estrada do ouro”, rumo aos“goiases”, hoje Goiás. O caminho tambémé conhecido como reta do governo.__Jaguariúna SP _AvenidaMarginalesquina ruaJúlio FrankHomenagem aos ferroviários.www.jaguariuna.sp.gov.br/pracas.phpJaú SP 18/08/2002 Cruzamentoavenidas JoãoFerraz Neto eIsaltino doAmaralCarvalhoEm 18 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2002, por ocasião dofestejos do 149º aniversário <strong>de</strong>emancipação do município <strong>de</strong> Jaú/SP, etambém para comemorar o dia do maçom(20 <strong>de</strong> agosto), foi inaugurado o "obeliscomaçônico" pelas Lojas "União e Carida<strong>de</strong>Jauense" e "Acácia <strong>de</strong> Jaú", conjuntamentecom a Prefeitura e Câmara Municipal <strong>de</strong>Jaú.Autoria: irmãoArnaldoLeonelli


188JaúCida<strong>de</strong>EstadoSPData <strong>de</strong>Construção_LocalizaçãoPraça SiqueiraCamposJaú SP _ Praça SiqueiraCampos.Mogi dasCruzesSP 1946 Praça dosExpedicionáriosHomenagem/ComemoraçãoA cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jaú teve o seu primeiroobelisco por ocasião da passagem doséculo XIX para o século XX. O obeliscofoi colocado em frente para a Igreja Matriz<strong>de</strong> Nossa Senhora do Patrocínio, é todo <strong>de</strong>mármore branco <strong>de</strong> Carrara/Itália.Inscrições:"DEUS - 1900 - 1901 - XIX"; em outraface está o seguinte: "AO PASSADO -AMÉRICA DO SUL - BRASIL - SÃOPAULO -JAÚ - XX - AO PRESENTE". Na outraface:"SCIENCIA - PÁTRIA E FAMILIA".Obelisco João Ribeiro <strong>de</strong> Barros.Homenagem ao comandante do hidroaviãoJAHU, com o qual cruzou o OceanoAtlântico em 1927, através do memorávelrei<strong>de</strong> internacional "Gênova – SantoAmaro", tendo como tripulantes onavegador Newton Braga, o co-piloto JoãoNegrão e o mecânico Vasco Cinquini.http://www.camarajau.sp.gov.br/cida<strong>de</strong><strong>de</strong>jau/joaoribeirobarros.asp. Pesquisa03/01/2007.Homenagem aos pracinhas mogianos quelutaram na 2ª GM. Antes, ficava na PraçaOswaldo Cruz, sendo transferido para aatual em 1970.www.odiario<strong>de</strong>mogi.inf.br/mogi/2003.cida<strong>de</strong>03.aspem 15/08/04Artista/Oferecimento___Imagem_


189Cida<strong>de</strong>Mogi dasCruzesEstadoData <strong>de</strong>Construção LocalizaçãoSP 1930 Praça emfrente àPrefeituraHomenagem/ComemoraçãoPresente da Empresa NGK para Mogi. Apeça em cerâmica sobreposta à pedra érepresentada por um bloco quadrangular <strong>de</strong>+- 3,5m <strong>de</strong> altura e com relevos esculpidosem terracota na parte superior.www.odiario<strong>de</strong>mogi.inf.br/mogi/2003.cida<strong>de</strong>03.asp em 15/08/04.Artista/OferecimentoJoão Rossi.Imagem_PirassunungaSP 1947AvenidaNewton Prado,Praça da Vilado ExércitoObelisco em Homenagem aos Ex-Combatentes Pirassununga, SP_Poá SP 1920 Rua CoronelBeneditoO obelisco ficou popularmente conhecido comoPirâmi<strong>de</strong> <strong>de</strong> Poá, <strong>de</strong>vido ao seu <strong>de</strong>senhoarquitetônico.Placas: “A memória dos propagandistas daRepública, Dr. Rangel Pestana, Dr. M.F. <strong>de</strong>Campos Salles e Gal. Francisco Glicério 15 <strong>de</strong>novembro <strong>de</strong> 1881”.“ A memória dos batalhadores da abolição –Viscon<strong>de</strong> do Rio Branco, Luiz Gama e AntonioBento 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1888”. “A homenagem aosheróis nacionais Tira<strong>de</strong>ntes, José Bonifácio e Silva– Jardim em recordação aos meus protetores, Dr.Joaquim Fiúza <strong>de</strong> Carvalho e Emílio RangelPestana. Aos 15 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1881 –Recordação em memória do Marechal Deodoro daFonseca e Floriano Peixoto”. “7 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong>1920. Lançamento da primeira pedra da pirâmi<strong>de</strong>em memória da abolição. Iniciativa dos Srs. AltinoManoel da Conceição, Marcolina Maria daConceição e Domingos Perelli”. O obelisco tinha__


190Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãocomo objetivo prestar uma homenagem aosprincipais batalhadores pela Abolição daEscravatura. Encontra-se hoje próximo a casebres.Homenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemRibeirãoPretoSP_Praça Luis <strong>de</strong>CamõesObelisco aos Lusíadas_RibeirãoPretoSP 1922 _ Comemora o Centenário da In<strong>de</strong>pendência. _SantaIsabelSP _ _Santos SP 1922Calçada <strong>de</strong>Lorena –Caminho doMar.Em 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1888, algunsfazen<strong>de</strong>iros reuniram-se e assinaram aLibertação dos Escravos <strong>de</strong> suas fazendas.Em homenagem à tal episódio, foiconstruído o obelisco do “13 <strong>de</strong> maio”.Conhecido como Monumento do Pico.Washington Luis solicitou ao prefeito <strong>de</strong> SãoPaulo, Firmiano <strong>de</strong> Moraes Pinto, que fizesseum monumento on<strong>de</strong> outrora existira outro,construído em 1790, em homenagem a Lorenapela construção <strong>de</strong> sua famosa calçada._VictorDubugras (nãoconfirmadopela fonte).


191Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoLocalizaçãoHomenagem/ComemoraçãoArtista/OferecimentoImagemSão Paulo SP 1814Obelisco damemóriaPrimeiro monumento público <strong>de</strong> SãoPaulo, levantado para lembrar a abertura daestrada <strong>de</strong> Piques. Também conhecido porPirâmi<strong>de</strong> <strong>de</strong> Piques. Pedra 8,78 X 1,80.Inscrição face frontal Anno...Placa Bronze, face frontal da peça:obelisco da memória Vicente Gomes.Vicente GomesPereira eDaniel PedroMuller. Imagem por cartaSão Paulo SP 09/07/1955;concluído em1970.ParqueIbirapueraHomenagem aos heróis da Revolução <strong>de</strong>1932. Compõe-se <strong>de</strong> um obelisco <strong>de</strong>mármore travertino romano e <strong>de</strong> umacripta em formato <strong>de</strong> cruz grega. Tem 72 m<strong>de</strong> altura e esculturas em alto-relevo emsuas faces.Projeto:GalileuEmendabiliimagem: livroSãoVicenteSP Anos 60 Praça 22 <strong>de</strong>JaneiroObelisco Pérsio <strong>de</strong> Queiroz: monumentoem sinal <strong>de</strong> reconhecimento e gratidão aeste soldado que se alistou por São__


192SãoVicenteCida<strong>de</strong>SPEstado_Data <strong>de</strong>ConstruçãoPraça CoronelLopesLocalizaçãoVicente.Obelisco aos Pracinhas Vicentinos:inaugurado para perpetuar o nome <strong>de</strong> todosos vicentinos que serviram na FEB atuandono último conflito mundial.Homenagem/Comemoração_Artista/Oferecimento_ImagemSãoVicenteSP 1900 _Obelisco ao IV Centenário doDescobrimento do Brasil.Imagem:www.saovicente.sp.gov.br/noticias/visualizarnoticia.asp 03/01/2007.Projeto <strong>de</strong>BenedictoCalixto.SãoVicenteSP _ _Obelisco do Lions Clubhttp://lions-saovicentepraia.blogspot.com/2004_07_01_lionssaovicente-praia_archive.html(10/10/06:12:03)_Praça FreiPlaca:” Associação dos Ex-Combatentesdo Brasil – Secção <strong>de</strong> Sorocaba. À Pátria_


193Sorocaba SP 07/09/1948 Baraúna tudo se dá e nada se pe<strong>de</strong>. Heróis queSorocaba enviou aos campos <strong>de</strong> batalha daItália na II GM: 1944-45.Homenagem aos ferroviários da EstradaSorocabana à Gloriosa FEB. 08/05/1965.Cida<strong>de</strong>EstadoData <strong>de</strong>ConstruçãoSorocaba SP -LocalizaçãoPraçaCruzeiro:AvenidaEngenheiroCarlosReinaldoMen<strong>de</strong>s.Homenagem/ComemoraçãoObelisco com símbolos maçônicos.http://Site.cruzeironet.com.br/Sorocaba/monumentos/15/08/2004.Artista/Oferecimento_Imagem_Ubatuba SP 30/10/1937 Largo daMatrizMarco das comemorações do 3°Centenário <strong>de</strong> Ubatuba. 8,5m. Feito emgranito picolado, tem <strong>de</strong> um lado a esferaarmilar do Brasil, marco da época dacolonização; e do outro o brasão <strong>de</strong> armas,ambos em bronze.EscultorVicenteLarocca.


CONCLUSÃOOs porquês (sentidos) que levam à reutilização dos obeliscos por parte da socieda<strong>de</strong>brasileira não são evi<strong>de</strong>ntes. É necessário tecer esse entendimento sob um olhar cuidadoso,embasado em autorida<strong>de</strong>s (autores, estudiosos do assunto, pesquisadores, ...) que respal<strong>de</strong>m etornem sólidas as análises, a fim <strong>de</strong> que satisfaçam as indagações aguçadas pelosquestionamentos que o estudo instigou.Por que o Antigo Egito fascina tanto o Brasil? 1Para respon<strong>de</strong>r a esta questão,Margaret Bakos tomou por referência o pensamento <strong>de</strong> alguns egiptólogos, que afirmam que“essa atração resi<strong>de</strong> no compartilhamento do <strong>de</strong>sejo da imortalida<strong>de</strong>, tão cultivado pelasocieda<strong>de</strong> egípcia” (BAKOS, 2004: no prelo). Em outras áreas, essa simbologia é utilizada<strong>de</strong>vido à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seduzir o consumidor, tais seus traços <strong>de</strong> grandiosida<strong>de</strong>, durabilida<strong>de</strong>e beleza.Em realida<strong>de</strong>, o Egito dispõe <strong>de</strong> inúmeros motivos que po<strong>de</strong>m colaborar com asexpectativas dos diferentes setores da socieda<strong>de</strong>: a mídia, o marketing, a ciência, aimaginação. Esses fatores <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do viés pelos qual se abordam os objetos pertencentesàquele povo.1 BAKOS, Margaret Marchiori. Porque o Antigo Egito fascina tanto o Brasil. Zero Hora, Porto Alegre, 13 <strong>de</strong>novembro <strong>de</strong> 2004.


E quanto aos obeliscos?O presente estudo captou resultados significativos. De uma primeira pesquisa que <strong>de</strong>ua conhecer a existência <strong>de</strong> 29 obeliscos em 16 localida<strong>de</strong>s diferentes 2 do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul,chega-se, neste momento, a um total <strong>de</strong> 159 monumentos. Portanto, espalhados em 20Estados brasileiros, tem-se um total <strong>de</strong> 184 obeliscos. São muitos obeliscos!Não foram poucas as cartas nem as mensagens eletrônicas. Foram horas <strong>de</strong> Internet,biblioteca, arquivos, filmes, leituras, passeios, nem sempre feito a propósito e, talvez por isso,o acaso tenha contribuído. Foram, ainda, muitas as colaborações <strong>de</strong> pessoas que se tornaramímpares para que este estudo se efetivasse . Porém, algo foi fundamental: a paixão pelo temada pesquisa.Tentou-se traçar, ao longo da pesquisa, o caminho percorrido pelos obeliscos:enten<strong>de</strong>r, através <strong>de</strong>les, o que não foi dito do lugar e das pessoas que o construíram. Istoporque os monumentos se assemelham a mapas: traçam inexoravelmente o perfil da cida<strong>de</strong>.São marcos que estabelecem, sem apelação, a história e os caminhos do lugar, que reduzemsuas espessas camadas <strong>de</strong> vida a signos exteriores erguidos sobre a grama. Eles excluem onão-dito e o invisível da cida<strong>de</strong> 3 .Chartier relata que as representações do mundo social são <strong>de</strong>terminadas segundointeresses dos que a escolhem como tal. Por isso, estão coesos o discurso e a posição <strong>de</strong> quemos utiliza 4 . A função simbólica, ou <strong>de</strong> representação, informa diferentes modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>apreensão do real (CHARTIER, 1990:19). As <strong>de</strong>finições antigas do termo, conforme esseautor, são dadas a partir <strong>de</strong> dois sentidos: a representação como insinuando algo ausente,supõe uma distinção entre o que representa e o que foi representado; e a representação como2 BRIGIDI., 2002. op. cit. p 8.3 PEIXOTO, 2004. op. cit. p. 29.4 CHARTIER, Roger. A História Cultural. Entre práticas e representações. Tradução <strong>de</strong> Maria ManuelaGalhardo. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Editora Bertrand Brasil S.A., 1990.


exibição <strong>de</strong> uma presença, como apresentação pública <strong>de</strong> algo 5 . Então, faz-se necessárioreconhecer as práticas <strong>de</strong> apropriação cultural como formas diferenciadas <strong>de</strong> interpretações(CHARTIER, 1990:28).É preciso restabelecer o diálogo com o monumento e buscar, nas suas memórias, o quepertence ao homem: a história da construção da socieda<strong>de</strong>, a partir do conhecimento guardadono cerne <strong>de</strong>ssas reflexões.Os estudos <strong>de</strong> Heller provocaram muitas reflexões sobre o tema e proporcionarammuitas inferências <strong>de</strong>ntro da sua perspectiva. Sabiamente, Heller instiga o seu leitor ao dizer:“Naquele tempo havia um homem lá. Ele existiu naquele tempo. Se existiu, já não existe.Existiu, logo existe porque sabemos que naquele tempo havia um homem e existirá, enquantoalguém contar sua história” (HELLER, 1993:13). Tem-se consciência <strong>de</strong> que os monumentosestão aí para contar a história daqueles que fizeram <strong>de</strong>les escolhas para dar sentido às suasrepresentações. Se houve alguém, um coletivo, que participou <strong>de</strong>ssas escolhas, o monumentocontinuará existindo somente à medida que houver preocupação em recuperar seussignificados.Dar sentido a alguma coisa, segundo Heller, significa mover os fenômenos, asexperiências e similares para o mundo em que se vive, o presente. É tornar conhecido, o<strong>de</strong>sconhecido, tentar explicar o que não estava explicado. É dar um nome. Nesse sentido,surge a contribuição <strong>de</strong> relevância <strong>de</strong> Bakos quanto à sua interpretação do estudo pelo olharda transculturação, a qual permitiu a interpretação que encerrou a pesquisa.5 Esta colocação é explicada por Carlo Guinzburg, que trabalha com a idéia <strong>de</strong> representação sob os escritos <strong>de</strong>Chartier: “Por um lado, a “representação” faz as vezes <strong>de</strong> realida<strong>de</strong> representada e, portanto, evoca a ausência;por outro, torna visível a realida<strong>de</strong> representada e, portanto, sugere presença. Mas a contradição po<strong>de</strong>ria serfacilmente invertida: no primeiro caso, a representação é presente, ainda que como sucedâneo; no segundo, elaacaba remetendo, por contraste, à realida<strong>de</strong> ausente que preten<strong>de</strong> representar”. Ver: GUINZBURG, Carlo.Representação: a palavra, a idéia, a coisa. In: Olhos <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira: Nove reflexões sobre a distância. Tradução <strong>de</strong>Eduardo Brandão. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.


Este estudo produziu certas consi<strong>de</strong>rações e inferências inexistentes até entãosobre os obeliscos no Brasil, tornando-se um ato altamente pedagógico, ao ensinar que énecessário partilhar interesses e entendimentos, visto ser a crítica parte importante naconstrução do saber e propulsora <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> leitura e <strong>de</strong> abordagens. Por estarinserido numa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa espera-se que este estudo seja discutido e, ao mesmo tempo,acolhido, a fim <strong>de</strong> gerar uma integração entre o projeto e a preocupação atualizada, sobrepatrimônio histórico e a memória nacional, com <strong>de</strong>sdobramentos que tornem os obeliscosmais do que, como atenta Riopar<strong>de</strong>nse <strong>de</strong> Macedo, penduricalhos <strong>de</strong> informações, mas sejamcapazes <strong>de</strong> incentivar o interesse das pessoas sobre fatos e personagens que construíram ahistória nacional. O obelisco é, portanto, parte importante e imprescindível <strong>de</strong>ssa memória.Ou seu guardião silencioso cujo silencio memoriza a construção humana para divulgá-la semalar<strong>de</strong>s vocais, porém, com a perene presença <strong>de</strong> sua representação.Conhecer, manter ou preservar um obelisco é preservar parcela inquestionável dohomem, da história pretérita, presente e futura <strong>de</strong>sse homem.


ANEXOS


ANEXO AQuestionário aplicado no Instituto <strong>de</strong> Educação General Flores da Cunha / resultados1) Ida<strong>de</strong>:QUESTIONÁRIO2) Escolarida<strong>de</strong> (ano) :3) Sexo: Feminino Masculino4) Você conhece o significado do monumento que se encontra ao lado dainstituição escolar?5) Você sabe porque ele foi construído?Não.Sim. Foi construído_________________________________________6) Você já leu o que está escrito na placa fixada no monumento? Em casoafirmativo, o que diz?7) Você já viu outro monumento como esse?NãoSim.On<strong>de</strong>?_______________________________________________O número <strong>de</strong> alunos entrevistados no Instituto <strong>de</strong> Educação General Flores daCunha foi 136 estudantes, distribuídos em uma turma <strong>de</strong> cada série, <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries doEnsino Fundamental, e três turmas <strong>de</strong> 1° ano do Ensino Médio.As respostas foram colocadas em tabelas, para melhor visualização.


5ª Série Ensino Fundamental 6Questões Em Branco Sim Não4 10 1 105 - - 216 5 - 167 - 5 166ª Série Ensino Fundamental 7Questões: Em Branco Sim Não4 14 - 85 1 3 186 4 - 187 - 5 177ª Série Ensino Fundamental 8Questões: Em Branco Sim Não4 15 - 175 - - 276 5 - 227 - 8 198ª série Ensino Fundamental 9Questões: Em Branco Sim Não4 12 - 115 - - 236 - - 237 - 3 206 21 alunos, em ida<strong>de</strong>s entre ____________7 22 alunos; ida<strong>de</strong> entre 11 e 16 anos.8 27 alunos; ida<strong>de</strong> entre 13 e 15 anos.9 23 alunos, ida<strong>de</strong> entre 13 e 16 anos.


1° Ano Ensino Médio 10Questões: Em Branco Sim Não4 3 - 85 - - 116 1 - 107 - 4 71° Ano Ensino Médio 11Questões: Em Branco Sim Não4 3 105 136 1 3 97 5 81° Ano Ensino Médio 12Questões: Em Branco Sim Não4 4 2 135 - - 196 - - 197 - 9 10As respostas obtidas a partir das questões 5 e 7, foram:5ª Série Ensino FundamentalQuestão 7: Você Já viu outro monumento igual a esse? On<strong>de</strong>?Número <strong>de</strong>alunos naturma: 21RespostasNúmero <strong>de</strong> alunos que respon<strong>de</strong>ram a questão: 5- No lado do Instituto <strong>de</strong> Educação- Na Re<strong>de</strong>nção, o monumento do Expedicionário;- Já vi mas não é igual: é gran<strong>de</strong> e tem aquela ponta.10 11 alunos, ida<strong>de</strong> entre 13 e 16 anos.11 13 alunos, ida<strong>de</strong> entre 13 e 17 anos.12 19 alunos, ida<strong>de</strong> entre 14 e 17 anos.


É o monumento da Praça da Matriz;- Pelas ruas da cida<strong>de</strong>;- Na Re<strong>de</strong>nção.6ª Série Ensino Fundamental:Questão 5:Você sabe porque ele foiconstruído?Questão 7:Você Já viu outromonumento igual a esse?On<strong>de</strong>?N° <strong>de</strong>alunos naturma: 22RespostasNúmero <strong>de</strong> alunos querespon<strong>de</strong>ram a questão: 6- Pelo Centenário daRevolução Farroupilha;- Pela RevoluçãoFarroupilha;- Por causa da RevoluçãoFarroupilha;Número <strong>de</strong> alunos querespon<strong>de</strong>ram a questão: 5- Na Avenida João Pessoa, OLaçador;- Avenida João Pessoa;- Na Re<strong>de</strong>nção;- Na Re<strong>de</strong>nção;- Na Praça da Matriz. Umaobra que possui um tomesver<strong>de</strong>ado com uma espada,é a <strong>de</strong>usa Themis.7ª Série Ensino Fundamental:Questão 7: Você Já viu outro monumento igual a esse? On<strong>de</strong>?Número<strong>de</strong> alunos na Número <strong>de</strong> alunos que respon<strong>de</strong>ram a questão: 8turma: 27- No livro <strong>de</strong> História, nos sacrifícios Astecas;- Não lembro;- Vi um parecido na Re<strong>de</strong>nção;Respostas - Na Praça da Re<strong>de</strong>nção;- Em vários lugares da Re<strong>de</strong>nção;- Não sei o lugar, mas é aquele Laçador;- Em várias praças;- Na Praça da Alfân<strong>de</strong>ga.8ª série Ensino Fundamental:Questão 7: Você Já viu outro monumento igual a esse? On<strong>de</strong>?Número<strong>de</strong> alunos naturma: 23RespostasNúmero <strong>de</strong> alunos que respon<strong>de</strong>ram a questão: 3- Na Re<strong>de</strong>nção;- Na Re<strong>de</strong>nção;- Na João Pessoa.


1° Ano Ensino Médio:Questão 7: Você Já viu outro monumento igual a esse? On<strong>de</strong>?Número <strong>de</strong>alunos na Número <strong>de</strong> alunos que respon<strong>de</strong>ram a questão: 4turma: 11Respostas- Na Avenida João Pessoa;- Na Praça da Matriz e na Avenida João Pessoa;- Na Re<strong>de</strong>nção;- Na Re<strong>de</strong>nção.1° Ano Ensino Médio:Questão 7: Você já viu outro monumento igual a esse? On<strong>de</strong>?Número <strong>de</strong> alunos que respon<strong>de</strong>ram a questão: 5Número <strong>de</strong> alunosna turma: 13Respostas- Não lembro;- Em parques e praças;- Um parecido perto do centro;- Não prestei atenção;- Pela Re<strong>de</strong>nção.1° Ano Ensino Médio:Questão 7: Você já viu outro monumento igual a esse? On<strong>de</strong>?Número <strong>de</strong> alunos que respon<strong>de</strong>ram a questão: 9Número <strong>de</strong>alunos naturma: 19Respostas- Não me lembro;- Em vários lugares <strong>de</strong> Porto Alegre;- Em vários locais da cida<strong>de</strong>, na Re<strong>de</strong>nção, porexemplo;- Não me recordo;- Não me lembro;- Perto do DINAB, anexo do Instituto;- Na Re<strong>de</strong>nção;- Não lembro;- Não lembro.


ANEXO BQuestionário aplicado na Escola Técnica Dimensão / resultadosQUESTIONÁRIO1) Ida<strong>de</strong>:2) Escolarida<strong>de</strong> (ano):3) Sexo: Feminino Masculino4) Você conhece algum monumento semelhante a este? On<strong>de</strong>?5) Você sabe porque ele foi construído?*Não.Sim. Foi construído______________________________________________________6) Sabe como se chama esse tipo <strong>de</strong> monumento?NãoSim. Como?_______________________________________________________________* OBS: Mantivemos a ilustração para que os alunos que não <strong>de</strong>sconheciam o obelisco tivessem umareferência sobre o monumento que estava em questão.


6ª série Ensino Fundamental 13 :Questões Em Branco Sim Não4 - 1 145 14 17 14 17ª Série Ensino Fundamental 14 :Questões Em Branco Sim Não4 - - 185 - - 187 - - 188ª Série Ensino Fundamental 15 :Questões Em Branco Sim Não4 - 3 65 - 1 -7 - - 91° e 2° Ano Ensino Médio 16 :Questões Em Branco Sim Não4 - 3 85 - - -7 - - 113° Ano Ensino Médio 17 :Questões Em Branco Sim Não4 - 1 85 - - 97 - 1 813 15 alunos com ida<strong>de</strong> entre 11 e 13 anos. O único aluno <strong>de</strong>sta turma que reconheceu o obelisco e apontou outromonumento semelhante, no caso o obelisco <strong>de</strong> Buenos Aires, salientou que foi durante um passeio realizado emfamília que a mãe lhe <strong>de</strong>ra explicações a respeito do monumento. Esta resposta remete à importância da famíliana formação da criança quanto à aquisição <strong>de</strong> conhecimento e ao interesse voltado para as manifestaçõesculturais.14 18 alunos com ida<strong>de</strong> entre 12 e 14 anos.15 9 alunos, ida<strong>de</strong> entre 13 e 15 anos.16 11 alunos com ida<strong>de</strong> entre 14 e 19 anos.17 9 alunos com ida<strong>de</strong> entre 16 e 21 anos.


Resposta das questões 4 e 5:Série:Questão 4: Você conhece algum monumentosemelhante a este? On<strong>de</strong>?Questão 5: Você sabe porque ele foiconstruído?6ª O obelisco da Avenida !° <strong>de</strong> Maio, em Buenos-Aires.7ª - -8° - No Chile,- Não lembro;- Para mostrar como a terra <strong>de</strong> lá é ricaem cobre.- Parecido, não lembro on<strong>de</strong>.1° e 2° - Não lembro on<strong>de</strong>;-- Em Porto Alegre, na Re<strong>de</strong>nção;- Em Porto alegre, na Re<strong>de</strong>nção.3° - No Uruguai. -


ANEXO CFonte <strong>de</strong> pesquisa / ObeliscosRio Gran<strong>de</strong> do Sul:Porto Alegre:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.ALVES José Francisco. A Escultura pública em Porto Alegre – História, contexto esignificado. Porto Alegre: Artfolio, 2004.Arquivo Histórico <strong>de</strong> Porto Alegre Moysés Velhinho.Praça Sepúlveda:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.ALVES José Francisco. A Escultura pública em Porto Alegre – História, contexto esignificado. Porto Alegre: Artfolio, 2004. 264p.Arquivo Histórico <strong>de</strong> Porto Alegre Moysés Velhinho.Colônia Israelita:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.ALVES José Francisco. A Escultura pública em Porto Alegre – História, contexto esignificado. Porto Alegre: Artfolio, 2004. 264p.Arquivo Histórico <strong>de</strong> Porto Alegre Moysés Velhinho.Parque Farroupilha:Jornal Zero Hora, setembro <strong>de</strong> 2004.http://www.al.rs.gov.br/ag/noticias.asp?txtIDMATERIA=83776&txtIdTipoMateria=3Colônia Italiana:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.


ALVES José Francisco. A Escultura pública em Porto Alegre – História, contexto esignificado. Porto Alegre: Artfolio, 2004. 264p.Arquivo Histórico <strong>de</strong> Porto Alegre Moysés Velhinho.Praça Guia Lopes:Réplica do Obelisco <strong>de</strong> Dom Pedrito:Vinte Monteggia:Saint Pastous:Caxias do Sul:Centenário da Colonização Italiana: Visita ao monumento;Monumento Nacional ao Imigrante:http://www.caxias.rs.gov.br/cultura/museu/museu/mon_imigrante.php4http://www.al.rs.gov.br/<strong>de</strong>p/site/materia_antiga.asp?txtIDMateria=145517&txtIdDep=101Arquivo Histórico <strong>de</strong> Porto Alegre Moysés Velhinho.Metalúrgica Gazzola: Correspondência com a Metalúrgica. Colaboração Flávia Oliboni - RHMorro Reuter:Jornal Zero Hora. 08 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2003 – quarta –feira.www.atica.com.br/materias/?m=112Nova Milano:RIBEIRO, Cleo<strong>de</strong>s Maria Piazza Julio. Festa & I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>: como se fez a Festa da Uva. Caxias do Sul: EDUCS,2002.Pelotas:CUNHA, Welksoner Silva da . A Egiptomania no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Publicação: siteEgiptomania;www.pelotas.com.br;www.iphan.gov.br/banco<strong>de</strong>dados/benstombados/mostrabemtombados.asp?codbem=183www.vivaocharque.com.br/projetos%20tematicos.htmhttp://www2.iphan.gov.br/ans.net/tema_consulta.asp?Linha=tc_hist.gif&Cod=1839


São Lourenço do Sul:CUNHA, Welksoner Silva da . A Egiptomania no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Publicação: siteEgiptomania;Site www.diariopopular.com.brPiratini:PIRES, Arthur Porto; COUTO SILVA; Morency do; SCHIDROWITZ, Léo. Rio Gran<strong>de</strong> doSul Imagem e Terra Gaúcha. Porto Alegre: Ed. Cosmos, 1942.Site do município;Canguçu:CUNHA, Welksoner Silva da . A Egiptomania no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul. Publicação: siteEgiptomania;Site www.resenet.com.br/ahimtb/cangureenchist.htmBom Jesus:ABREU, Enio Farias <strong>de</strong>. Bom Jesus: Duas épocas. Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Bom Jesus, 1981.Encruzilhada do Sul:Correspondência Departamento Municipal <strong>de</strong> Cultura.Santana do Livramento:Correspondência Secretaria Municipal <strong>de</strong> Cultura.Novo Hamburgo:PIRES, Arthur Porto; COUTO SILVA; Morency do; SCHIDROWITZ, Léo. Rio Gran<strong>de</strong> doSul Imagem e Terra Gaúcha. Porto Alegre: Ed. Cosmos, 1942.Santa Maria:www.santamaria.rs.gov.br;BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.PIMENTEL, Fortunato. O Rio Gran<strong>de</strong> do Sul e Suas riquezas. Livraria Continente.


Uruguaiana:www.uruguaiana.rs.gov.br/turismo.html;Correio do Povo 18/09/2003;PIRES, Arthur Porto; COUTO SILVA; Morency do; SCHIDROWITZ, Léo. Rio Gran<strong>de</strong> doSul Imagem e Terra Gaúcha;Capão da Canoa:Visita local;Imbé:Visita Local;São Pedro:PIRES, Arthur Porto; COUTO SILVA; Morency do; SCHIDROWITZ, Léo. Rio Gran<strong>de</strong> doSul Imagem e Terra Gaúcha. Porto Alegre: Ed. Cosmos, 1942.General Câmara:Visita local.São Jerônimo:Visita LocalTriunfo:Visita local;Secretaria <strong>de</strong> Cultura – Guia localVeranópolis:Colaboração <strong>de</strong> Ana Paula <strong>de</strong> Jesus.Dom Pedrito:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.www.dompedrito.org.br/obelisco.htm;


www.pampaonline.com.br/gaúchossite/revolucao_farroupilhaCerro Largo:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.Estrela:Colaboração Ivo Quoos;Garibaldi:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.DOBERSTEIN, Arnoldo. Estatuária, Catolicismo e Gauchismo. Porto Alegre: EDIPUCRS,2002.Itaqui:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.Pinheiro Machado:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.Restinga Seca:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.Rio Gran<strong>de</strong>:Colaboração <strong>de</strong> Antonio Luis Pereira;Viamão:Colaboração;Não-Me-Toque:


www.rodaterra.com/naometoqueJaguari:www.turismo.rs.com/guiaturismo/dicas_dicas.aspCruz Alta:BRIGIDI, Bianca Hennies. Pesquisa e Sistematização <strong>de</strong> Obeliscos existentes no Rio Gran<strong>de</strong>do Sul. Relatório <strong>de</strong> Pesquisa PIBIC / CNPq. PUCRS: Porto Alegre, 2002.Colaboração Leila Rocha.Aceguá:Ca<strong>de</strong>rno Especial Zero Hora. Porto Alegre, 12 junho <strong>de</strong> 2006.Sobradinho:PIRES, Arthur Porto; COUTO SILVA; Morency do; SCHIDROWITZ, Léo. Rio Gran<strong>de</strong> doSul Imagem e Terra Gaúcha;Passo Fundo:Visita local;Bagé:Correspondência do Diretor do Arquivo Público Municipal Sr. Cláudio Antunes Boucinha.www.bage.rs.gov.br/pmb_turismo_pontos.phpSão Gabriel:www.sema.rs.gov.br/sema/isp/<strong>de</strong>scnoticia.jsp?ITEM=518&TIPO=1Vacaria:Túnel do Tempo. Zero Hora. Porto Alegre, 21 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2004.Osório:Visita local;Correspondência com Parque Osório www.osorio.org.br/fundacao.htmArvorezinha:


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ANEXO DCorrespondência da Secretaria <strong>de</strong> Turismo, Industria, Comércio e Desporto <strong>de</strong> Sant’Ana doLivramento


ANEXO EInformativo sobre a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santana do Livramento. No canto superior direito e esquerdo,respectivamente, a imagem do obelisco e o símbolo do governo


ANEXO FMonumento aos 60 Casais Açorianos, projetado pelos urbanistas Edvaldo Pereira Paiva eArtur Ubatuba <strong>de</strong> Faria, para a urbanização <strong>de</strong> Porto Alegre. O local pretendido para a obraseria próximo à Usina do Gasômetro 1818 ALVES. 2004:225


ANEXO GPequenos obeliscos esculpidos em arenito, instalados no século XIX nas ruas <strong>de</strong> Porto Alegrepara evitar o trafego <strong>de</strong> carroças sobre as calçadas e vias públicas 19 .19 ALVES. 2004:207


ANEXO HEM TORNO DO OBELISCO. Correio do Povo, Porto Alegre, 06 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1930.Arquivo Histórico <strong>de</strong> Porto Alegre Moysés Velhinho


ANEXO INormas Gerais para Levantamento e Estudo dos Monumentos e Marcos Comemorativos dasPraças <strong>de</strong> Porto Alegre. Francisco Riopar<strong>de</strong>nse <strong>de</strong> Macedo.Arquivo Histórico <strong>de</strong> Porto Alegre Moysés Velhinho


ANEXO JCharge <strong>de</strong> Marco Aurélio. Zero Hora. Porto Alegre, 24 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2004.


ANEXO LNo rastro do mistério. Zero Hora, Porto Alegre, 10 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2004.


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