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Revista Mack. Arte - Universidade Presbiteriana Mackenzie

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<strong>Revista</strong> <strong>Mack</strong>. <strong>Arte</strong> 11/8/05 06:34 PM Page 121PERSPECTIVAS DE ANÁLISESHISTÓRICAS: QUESTÕES SOBRE AHISTÓRIA TRADICIONAL E HISTÓRIASOCIALHISTORIC ANALYSIS PERSPECTIVE:DEBATES ABOUT TRADITIONAL HISTORYAND SOCIAL HISTORYRosana Schwartz*Resumo: Este artigo procura dar um panorama geral sobre asabordagens do campo da história social, destacando os campos deinvestigação da experiência e do cotidiano no texto historiográfico.Palavras-chave: história; aspectos metodológicos.Abstract: This article intends to give a general overview regardingapproaches to social history as well pointing out the areas of experimentalinvestigation, daily issues, within historical texts.Keywords: history; methodological aspects.1. INTRODUÇÃOEste artigo não realiza uma descrição complexa dasposições metodológicas sobre o estudo da história,mas sim mapeia algumas questões sobre a perspectivade análise e investigação pela história social voltada parao público de professores e de alunos interessados nas áreasdas ciências sociais, bem como aos docentes de história vinculadosao ensino médio e fundamental.Expõe alguns conceitos básicos sobre esse campo deinvestigação e algumas questões sobre as mudanças de paradigmassofridas pela disciplina, além de indicar caminhossobre como pensar modelos teóricos, métodos de análise,fontes de trabalho e dilemas sobre o saber historiográfico.* Doutoranda em História pela Pontifícia <strong>Universidade</strong> Católica de São Paulo (PUC/SP), Docenteda <strong>Universidade</strong> <strong>Presbiteriana</strong> <strong>Mack</strong>enzie (UPM).Pesquisadora do Núcleo de Estudos da Faculdade de Comunicação e <strong>Arte</strong>s da <strong>Universidade</strong> <strong>Presbiteriana</strong><strong>Mack</strong>enzie (UPM) e do Núcleo de Estudos da Mulher (NEM) da PUC/SP.[ 121 ]


<strong>Revista</strong> <strong>Mack</strong>. <strong>Arte</strong> 11/8/05 06:34 PM Page 122<strong>Revista</strong> <strong>Mack</strong>enzie Educação, <strong>Arte</strong> e História da Cultura, ano 3/4, n. 3/4, 2003/2004, p. 121-124Assim, ao se propor traçar esse panorama geral, as primeiras linhas destacam a oposição metodológica entre a históriatradicional e as do movimento da denominada Escola dos Annales, que com as suas múltiplas interferências constituiuuma perspectiva diferenciada de análise histórica.O movimento da Escola dos Annales fundado pelos historiadores Marc Bloch e Lucien Febvre, na França, em 1929, tornou-seum marco simbólico em oposição às abordagens da historia tradicional, baseada nos conceitos positivistas de pensamentolinear e cronológico, rankianos, manifesta por uma historiografia factualista e generalizante, centrada em grandespersonagens, batalhas e estratégias oficiais predominantes entre os historiadores até a metade do século XX.Os historiadores dos Annales, propuseram um novo modo de “reconstruir o passado”, partindo do estudo de uma história-problema,viabilizada pelos demais ramos das ciências humanas, como a sociologia, etnologia, geografia, psicologia,literatura, dentre outras, num constante processo de revisão, releitura e aperfeiçoamento metodológico.Essa interdisciplinaridade e esse avanço metodológico possibilitaram a formulação de novos problemas, métodos e abordagenshistóricas, inscritos no contexto social por meio de uma história social.Assim, o estudo pela perspectiva da história social passou a despontar como especialidade e procurou recuperar o ladosocial, sexual, psicológico e comportamental dos sujeitos históricos.Os historiadores voltaram-se para o problema das durações ou temporalidades, ritmos, tempo das experiências e do vivido cotidianamentecom suas especificidades, como intimidade do lar, espaços físicos e simbólicos de territorialidade, permanências e transformações,ressignificações, contingências, subjetividades, gerações, identidades, além dos comportamentos e ações das camadas populares,desclassificados, despossuídos, mulheres, homossexuais, crianças, enfim, os excluídos da antiga forma de escrever a história.Essa postura levou os historiadores a privilegiar questões sobre as durações mais curtas em relação às abordagens econômicasou demográficas, sem que estas deixassem de compor o campo de referência.2. ATIVISMO OPERÁRIOAs pesquisas iniciais concentraram-se no campo do ativismo operário e da luta de classes; contudo, a tradição marxistabritânica de história social nos trabalhos e obras de E. P. Thompson e de Stuart Hall ultrapassou esses interesses e se concentrouna compreensão das experiências das pessoas comuns e de suas ações e reações com relação a essa própria experiência.Esses historiadores destacaram a importância do pesquisador em trabalhar com a abordagem da experiência e da culturano cerne das análises sobre a ação social e afirmaram que o conceito de experiência possui status de explicações porestabelecer um campo da realidade fora do discurso, além de equacionar o político com o pessoal (privado) na história epor se constituir em uma configuração carregada de explicações de época, tempo e situação sociocultural específicas.Consideram a experiência e o cotidiano, objeto de investigação, condutor de construção de identidades, uma vez quepassa pela atuação dos sujeitos, por meio de situações impostas no dia-a-dia (HALL; WOODWARD, 2003; THOMPSON, 1992).As representações e as ações sociais são “textos” passíveis de serem interpretados, traduzidos pela comunidade acadêmica.Assim, essas profundas reavaliações metodológicas e novos métodos de leitura e de tratamento de fontes e documentos,que priorizam a experiência humana e os processos de diferenciação e de individualização dos comportamentos e identidadessociais nas explicações históricas, abriram possibilidades para questionar a história tradicional com suas abordagensgeneralizantes centradas nos estudos das universalidades e não na ação dos sujeitos históricos.Por meio da experiência, o historiador pode postular o conhecimento, confirmar ou não o que já foi escrito sobre determinadoassunto, estabelecer diferenças e semelhanças, analisar projetos, realizar relações entre passado/presente, com conceitosestabelecidos e a história desses conceitos.Segundo Walter Benjamim: A história é uma construção de acontecimentos, de momentos vividos e esses acontecimentosnecessitam de reconhecimento para tornarem-se história (BENJAMIN, 1990).3. CONCLUSÕESNas vozes dos sujeitos históricos e no espaço das relações cotidianas, a história encontra os meios para sua transformaçãoe redefinição. É no cotidiano que se pode assegurar a permanência do social, o conflito entre o individual e o social,o público e o privado, o lugar de combate, onde se quebram os preconceitos e se inaugura um novo tempo.[ 122 ]


<strong>Revista</strong> <strong>Mack</strong>. <strong>Arte</strong> 11/8/05 06:34 PM Page 128<strong>Revista</strong> <strong>Mack</strong>enzie Educação, <strong>Arte</strong> e História da Cultura, ano 3/4, n. 3/4, 2003/2004, p. 125-134diversão. Com essa multiplicação das alternativas de divertimentos caseiros proporcionada pelas novas tecnologias e pelas convencionaisrecicladas, passa a ser mais atraente ficar em casa, embora também esteja ocorrendo uma elevação de diversões forado lar, tais como: clubes, cinemas, parques de diversão, opções de turismo etc. Na avaliação de Dizard Jr. (2000, p. 56-58): “cadavez mais, ela (a mídia) vê seu futuro papel como o de um provedor eletrônico de produtos, informação e entretenimento”.Em síntese, os estudiosos defensores da sociedade da informação crêem que o seu advento impulsiona as sociedades aum desenvolvimento de maior prosperidade, de lazer e de satisfação para todos, ao diminuir as horas trabalhada e aumentaro tempo livre. O que quer dizer que é na esfera do lazer e do consumo – e não do trabalho e da produção – que se dáo impacto mais importante desse fenômeno, suscitando novas formas de interação comportamental.Assim, o entretenimento – há muito tempo relegado e posto em segundo plano em relação ao trabalho – passa a serum dos aspectos da vida social mais relevantes, apresentando-se como um dos valores principais na atualidade.3. ENTRETENIMENTO: RESGATE DO HOMO LUDENSGeralmente, o entretenimento visa a proporcionar uma válvula de distração, de prazer e de divertimento às pessoas,tendo, dentre os seus muitos papéis, diminuir as tensões que ameaçam as pessoas a serem levadas à doença ou à loucura,à liberação e à renovação de suas energias, além de proporcionar segurança emocional, ao promover o descanso e ocuparo tempo livre, isto é, aquele tempo fora do trabalho.De maneira geral, a definição de entretenimento diz respeito a toda narrativa, performance ou qualquer outra experiênciaque envolva e agrade alguém ou a um grupo de pessoas, podendo trazer ainda embutido um conteúdo que usualmentecultiva temas, pontos de vista e perspectivas convencionais e ideológicos, sendo, por isso, chamado por muitos deinformação para aquele que não procura a informação.Para Richard Dyer (1992, p. 11), “parte do significado de entretenimento alude-se ao fato de ele remeter à anti-seriedade,à rejeição da moralidade, à política e a não estética – ele não é arte, é somente entretenimento”. Nesse sentido, um dosdesígnios mais comuns é o que o reconhece como sinônimo de comunicação de massa, ou seja, de: “filmes, rock, romancessanguinários, histórias em quadrinhos, televisão, jogos cativos, levando-nos cada vez mais para dentro dele e de nósmesmos, ou de pelo menos de nossas emoções e sentidos, antes de nos libertar” (GABLER, 1999).Segundo DeFleur e Ball-Rockeach, o entretenimento é uma importante ferramenta de socialização.Ele é um aspecto de todas as sociedades e é mais do que mera fuga ou liberação de tensões; é também uma forma de nostornarmos “sociais”, aprender papéis, normas e valores, ao lidar com outros. Outrossim, em nosso divertimento expressamosa nós mesmos e as nossas culturas, tais como a dança, o esporte, as cerimônias e as comemorações (DEFLAUR eBALL-ROCKEACH, 1993, p. 324).Todavia, seguindo os rastos do longo itinerário do pensamento ocidental, constata-se que este ainda não constitui focoimportante nos estudos acadêmicos dentro das ciências humanas e sociais nem nas pesquisas nas ciências da comunicação(principalmente quando associado aos trabalhos sobre o jornalismo). Até recentemente, as pesquisas a respeito dessetema eram quase inexistentes, e mesmo com o crescimento de investigações na última década, decorrentes, bem provável,do advento da sociedade da informação, ainda hoje se pode dizer que esse objeto não se estabeleceu em um campo de pesquisapara nenhuma das áreas citadas.Na maioria dos estudos encontrados, o assunto possui uma abordagem negativa. Neles, o entretenimento é acusado deapelar ao prazer, ao sexo, à violência, ou melhor, por estimular as emoções e os pensamentos das pessoas ao mais baixodenominador comum, os instintos primários humanos.Existe ainda a idéia de que os meios de comunicação, quando o oferecem, visam a não somente divertir as pessoas, masprincipalmente buscar uma forma de imbecilizá-las, com o intuito de dominação e de manipulação.As abordagens que geram tais polêmicas ocorrem porque a discussão, desde as primeiras pesquisas até o momento contemporâneo,polarizam-se em duas perspectivas de análise. Tem-se, de um lado, uma atitude positiva em relação a todosos instrumentos de socialização do indivíduo, e de outro, uma profunda preocupação pelo destino interior da pessoa sobo impacto das forças niveladoras das formas institucionais e outras maneiras organizadas das atividades de diversão.[ 128 ]

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