A pregar para os peixes - Centro de Biologia Ambiental

Para alcançaremeste feito, os investigadores criaram umdispositivo que emvez da membranada câmara de ar quedistinguem os altifalantes,usa um discomaciço e rígido queereproduz sons através da deslocação dedois imanes. Paulo Fonseca e Jorge MaiaAlves recordam com bonomia o primeiroensaio laboratorial com o Fishtalk frentea um oscilograma, que replicava as frequênciasalcançadas pelos sons de umcaboz da areia: «As frequências eram tãoparecidas com as gravações que julgámosque tínhamos trocado algum cabo...só que eram mesmopelo Fishtalk».os sons produzidosPaulo Fonseca está entusiasmado como leque de oportunidades que o Fishtalkpode representarno que toca à investigaçãodos habitantes de rios, lagos e oceanos Namente do investigadordo CAB, está a criaçãodas primeiras entradas de um dicionário de"peixes". «Com este sistema, podemos emitirum som e ver qual é a reação dos peixes.Podemos usar esse sinal de forma isolada e,sem qualquer influência de ordem químicaou visual, tentar descobriro que cada somsignifica para os peixes».Além dos ensaios efetuados em aquáriose habitats naturais, os investigadorespretendemPauto Fonsecae RaquelVasconcelosrodeadosfazer uma análise eletrofisiológicados peixes, enquanto escutam determinadossons. Esta vertente de estudocontempla a medição da sensibilidadeauditiva de algumas espécies, através dacolocação de elétrodos nos ouvidos internose um pequeno dispositivo sobre determinadaszonas do cérebro dos peixes.«Com esta parte do estudo poderemosdescobrir qual a representação que umsinal acústico pode ter no cérebro dos peixes»,refere Raquel Vasconcelos, estudantede doutoramento no CAB, que participadepeixes e aquáriosdos laboratórios doCentro de BiologiaAmbientalno desenvolvimento do futuro dicionáriode "peixes", com a realização das análiseseletrofisiológicas dos animais.Paulo Fonseca e os investigadores doCAB admitem que muito trabalho aindavai ter de ser feito até se conseguir criaras primeiras "páginas" de um dicionáriodo "peixes". Hoje, os biólogos acreditamque algumas espécies usam sons parafazer a corte ou lançar alertas de perigo,mas continuam sem saber ao certo os"significados" de um grande número desonoridades e não têm forma de apurarcomo é que estas tentativas de comunicação afetam outras espécies.Além dos projetos de investigação doCAB, o Fishtalk poderá vir a produzir frutosa nível comercial. «Já fizemos contactoscom a indústria e já solicitámos umregisto de patente. Acreditamos que é possíveliniciar a industrialização e produzirestes dispositivos para outros laboratóriosdo mundo a partir de 201 2», prevê PauloFonseca. Hugo Sfreca