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A pregar para os peixes - Centro de Biologia Ambiental

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Investigadores da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa criaramum disp<strong>os</strong>itivo que promete comunicar com <strong>peixes</strong>e ajudar a criar um dicionário <strong>de</strong> <strong>peixes</strong>Em 1 654, o padre António Vieira animais no quotidiano - e essa até nem foiproferiu o Sermão a<strong>os</strong> Peixes em São Luís uma missão difícil: «Já há hidrofones muitodo Maranhão, Brasil. Não consta que um bons a captar sons, mas não há altifalantesúraco peixe tenha compreendido o texto suficientemente bons <strong>para</strong> reproduzir sons<strong>de</strong>s<strong>de</strong> essa data. Mais <strong>de</strong> 350 an<strong>os</strong> <strong>de</strong>pois, <strong>de</strong> baixas frequências <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> água»,investigadores do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Biologia</strong> atenta Jorge Maia Alves, investigador<strong>Ambiental</strong> da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências da do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Investigação em SistemasUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa (CBA) criaram Sustentáveis <strong>de</strong> Energia da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>um disp<strong>os</strong>itivo que promete dar a<strong>os</strong> Ciências da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, quehuman<strong>os</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>se juntou ao projeto dacomunicar com <strong>peixes</strong>. Aequipa do CAB.solução, cjue dá pelo nomeA equipa do CAB, aindachegou a testar altifa-<strong>de</strong> Fishtalk, <strong>de</strong>verá entrarem industrialização emlantes usad<strong>os</strong> na natação2012. Mas ainda não serásincronizada. Só que estes<strong>de</strong>sta que a literaturaaltifalantes estão limitad<strong>os</strong>às altas frequências,lusófona ganha nov<strong>os</strong> fãs:«Eventualmente, po<strong>de</strong> sere só funcionam em profundida<strong>de</strong>smáximas <strong>de</strong>útil <strong>para</strong> afastar espécies<strong>de</strong> zonas perig<strong>os</strong>as outrês metr<strong>os</strong>. «Os disp<strong>os</strong>itiv<strong>os</strong>que existem produzem sons muitoatrair apenas <strong>peixes</strong> adult<strong>os</strong> com sons,que permitem racionalizar a pesca», refere diferentes d<strong>os</strong> emitid<strong>os</strong> pel<strong>os</strong> <strong>peixes</strong>. NoPaulo Fonseca, investigador do CAB. fundo, seria como falar "<strong>peixes</strong>" com umA i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> criar Fishtalk surgiu há cerca sotaque muito mau», acrescenta Jorge<strong>de</strong> cinco an<strong>os</strong>, quando <strong>os</strong> investigadores Maia Alves.do CAB <strong>de</strong>cidiram estudar a função d<strong>os</strong>sons emitid<strong>os</strong> por algumas espécies <strong>de</strong><strong>peixes</strong>. Para chegarem a<strong>os</strong> "significad<strong>os</strong>", Para conseguirem reproduzir <strong>os</strong> sons d<strong>os</strong><strong>os</strong> investigadores gravaram sons d<strong>os</strong> <strong>peixes</strong> <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> água, <strong>os</strong> investigadoresda Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa foram obrigad<strong>os</strong>a reinventar o conceito <strong>de</strong> altifalante - aponto <strong>de</strong> terem criado um disp<strong>os</strong>itivo que,tecnicamente, não é um altifalante, massim um gerador <strong>de</strong> som, que conseguereproduzir variações <strong>de</strong> frequênciasmuito similares às das comunicações d<strong>os</strong><strong>peixes</strong>.


Para alcançaremeste feito, <strong>os</strong> investigadores criaram umdisp<strong>os</strong>itivo que emvez da membranada câmara <strong>de</strong> ar quedistinguem <strong>os</strong> altifalantes,usa um discomaciço e rígido queereproduz sons através da <strong>de</strong>slocação <strong>de</strong>dois imanes. Paulo Fonseca e Jorge MaiaAlves recordam com bonomia o primeiroensaio laboratorial com o Fishtalk frentea um <strong>os</strong>cilograma, que replicava as frequênciasalcançadas pel<strong>os</strong> sons <strong>de</strong> umcaboz da areia: «As frequências eram tãoparecidas com as gravações que julgám<strong>os</strong>que tínham<strong>os</strong> trocado algum cabo...só que eram mesmopelo Fishtalk».<strong>os</strong> sons produzid<strong>os</strong>Paulo Fonseca está entusiasmado como leque <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que o Fishtalkpo<strong>de</strong> representarno que toca à investigaçãod<strong>os</strong> habitantes <strong>de</strong> ri<strong>os</strong>, lag<strong>os</strong> e ocean<strong>os</strong> Namente do investigadordo CAB, está a criaçãodas primeiras entradas <strong>de</strong> um dicionário <strong>de</strong>"<strong>peixes</strong>". «Com este sistema, po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> emitirum som e ver qual é a reação d<strong>os</strong> <strong>peixes</strong>.Po<strong>de</strong>m<strong>os</strong> usar esse sinal <strong>de</strong> forma isolada e,sem qualquer influência <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m químicaou visual, tentar <strong>de</strong>scobriro que cada somsignifica <strong>para</strong> <strong>os</strong> <strong>peixes</strong>».Além d<strong>os</strong> ensai<strong>os</strong> efetuad<strong>os</strong> em aquári<strong>os</strong>e habitats naturais, <strong>os</strong> investigadorespreten<strong>de</strong>mPauto Fonsecae RaquelVasconcel<strong>os</strong>ro<strong>de</strong>ad<strong>os</strong>fazer uma análise eletrofisiológicad<strong>os</strong> <strong>peixes</strong>, enquanto escutam <strong>de</strong>terminad<strong>os</strong>sons. Esta vertente <strong>de</strong> estudocontempla a medição da sensibilida<strong>de</strong>auditiva <strong>de</strong> algumas espécies, através dacolocação <strong>de</strong> elétrod<strong>os</strong> n<strong>os</strong> ouvid<strong>os</strong> intern<strong>os</strong>e um pequeno disp<strong>os</strong>itivo sobre <strong>de</strong>terminadaszonas do cérebro d<strong>os</strong> <strong>peixes</strong>.«Com esta parte do estudo po<strong>de</strong>rem<strong>os</strong><strong>de</strong>scobrir qual a representação que umsinal acústico po<strong>de</strong> ter no cérebro d<strong>os</strong> <strong>peixes</strong>»,refere Raquel Vasconcel<strong>os</strong>, estudante<strong>de</strong> doutoramento no CAB, que participa<strong>de</strong><strong>peixes</strong> e aquári<strong>os</strong>d<strong>os</strong> laboratóri<strong>os</strong> do<strong>Centro</strong> <strong>de</strong> <strong>Biologia</strong><strong>Ambiental</strong>no <strong>de</strong>senvolvimento do futuro dicionário<strong>de</strong> "<strong>peixes</strong>", com a realização das análiseseletrofisiológicas d<strong>os</strong> animais.Paulo Fonseca e <strong>os</strong> investigadores doCAB admitem que muito trabalho aindavai ter <strong>de</strong> ser feito até se conseguir criaras primeiras "páginas" <strong>de</strong> um dicionáriodo "<strong>peixes</strong>". Hoje, <strong>os</strong> biólog<strong>os</strong> acreditamque algumas espécies usam sons <strong>para</strong>fazer a corte ou lançar alertas <strong>de</strong> perigo,mas continuam sem saber ao certo <strong>os</strong>"significad<strong>os</strong>" <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>sonorida<strong>de</strong>s e não têm forma <strong>de</strong> apurarcomo é que estas tentativas <strong>de</strong> comunicação afetam outras espécies.Além d<strong>os</strong> projet<strong>os</strong> <strong>de</strong> investigação doCAB, o Fishtalk po<strong>de</strong>rá vir a produzir frut<strong>os</strong>a nível comercial. «Já fizem<strong>os</strong> contact<strong>os</strong>com a indústria e já solicitám<strong>os</strong> umregisto <strong>de</strong> patente. Acreditam<strong>os</strong> que é p<strong>os</strong>síveliniciar a industrialização e produzirestes disp<strong>os</strong>itiv<strong>os</strong> <strong>para</strong> outr<strong>os</strong> laboratóri<strong>os</strong>do mundo a partir <strong>de</strong> 201 2», prevê PauloFonseca. Hugo Sfreca

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