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a avaliação dos estabelecimentos de ensino à lupa - ESEC

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EURYDICE NUM RELANCEEste primeiro número <strong>de</strong>“Eurydice num relance” dirige-sea to<strong>dos</strong> quantos se interessampela qualida<strong>de</strong> <strong>dos</strong>sistemas educativos na Europae, consequentemente,pela sua <strong>avaliação</strong>. Constituio primeiro <strong>de</strong> uma série quese propõe apresentar regularmente,em breves linhas ecom algumas ilustrações, osprincipais resulta<strong>dos</strong> do trabalhoque a Re<strong>de</strong> Eurydicetem vindo a <strong>de</strong>senvolver sobretemas em <strong>de</strong>bate no âmbitoda cooperação europeiaem matéria <strong>de</strong> educação. Oleitor po<strong>de</strong>rá aprofundar ainformação sumária assimveiculada reportando-se aoestudo in extenso, cujascoor<strong>de</strong>nadas e formas <strong>de</strong>acesso encontrará no finaldo presente número.A AVALIAÇÃODOS ESTABELECIMENTOSDE ENSINOÀ LUPA“Eurydice num relance” serápublicado <strong>de</strong> dois em doismeses. Preten<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>stemodo fomentar a difusão <strong>dos</strong>resulta<strong>dos</strong> das nossas análisese ser-vos úteis no vossotrabalho diário. Naturalmente,as vossas observaçõesno sentido <strong>de</strong> melhorar estanova forma <strong>de</strong> fazer circularuma informação original,serão bem-vindas. Para tanto,bastará enviar um e-mailpara o seguinte en<strong>de</strong>reço:comment@eurydice.orgNo intuito <strong>de</strong> melhorar a qualida<strong>de</strong> do <strong>ensino</strong> obrigatório,quase to<strong>dos</strong> os países da Europa proce<strong>de</strong>m <strong>à</strong> <strong>avaliação</strong>das suas escolas. Que objectivos, que instâncias, queprocedimentos e que critérios <strong>de</strong>finem essa <strong>avaliação</strong>?São estas as questões a que se propõe respon<strong>de</strong>r orecente estudo <strong>de</strong> Eurydice, intitulado: «A <strong>avaliação</strong> <strong>dos</strong><strong>estabelecimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> obrigatório na Europa».Boa leitura.Patricia Wastiau-SchlüterChefe da Unida<strong>de</strong> Europeia<strong>de</strong> Eurydicewww.eurydice.orgEditor responsável: Patricia Wastiau-Schlüter


2Melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> sistemas <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>: eis a preocupação fulcral das políticas educativas <strong>dos</strong>países europeus. Trata-se, efectivamente, <strong>de</strong> um objectivo essencial para manter ou reforçar a suacompetitivida<strong>de</strong> económica e a sua coesão social. Sendo hoje indiscutível que a melhoria da qualida<strong>de</strong>pressupõe a <strong>avaliação</strong> <strong>dos</strong> sistemas educativos, torna-se indispensável – tanto para os <strong>de</strong>cisores comopara os actores directos – examinar atentamente a forma como se <strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r a essa <strong>avaliação</strong>, discutiros critérios a que esta <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer e analisar os meios a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> para alcançar os objectivosestabeleci<strong>dos</strong>. A análise comparativa realizada pela Re<strong>de</strong> Eurydice traz a lume numerosos procedimentosou instâncias <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>, <strong>de</strong> formas várias e prosseguindo objectivos diferentes, a que recorremos sistemas educativos europeus. O estudo preten<strong>de</strong> ser simultaneamente uma «fotografi a» do conjunto<strong>dos</strong> sistemas <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> e uma <strong>de</strong>scrição da articulação <strong>dos</strong> procedimentos. Analisa os problemasque se <strong>de</strong>param e oferece pistas <strong>de</strong> refl exão para melhor os compreen<strong>de</strong>r . Tendo como base jurídica aRecomendação do Parlamento Europeu e do Conselho, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2001, sobre a cooperaçãoeuropeia com vista <strong>à</strong> <strong>avaliação</strong> da qualida<strong>de</strong> do <strong>ensino</strong> básico e secundário (COM(1999) 709), faz o pontoda situação sob diversos aspectos: o lugar da <strong>avaliação</strong> interna, sua articulação com a <strong>avaliação</strong> externa,o conjunto <strong>de</strong> agentes implica<strong>dos</strong> e a transparência <strong>dos</strong> processos.O estabelecimento <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>, alvo da <strong>avaliação</strong>Por que motivo nos centrámos na <strong>avaliação</strong> <strong>dos</strong> <strong>estabelecimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>? Porque, na sequência da<strong>de</strong>scentralização <strong>dos</strong> meios, os <strong>estabelecimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> estão cada vez mais no cerne <strong>dos</strong> <strong>de</strong>safi osque se colocam <strong>à</strong> educação. É uma opção cada vez mais frequente, visto permitir não só a<strong>de</strong>quar a ofertaeducativa <strong>à</strong>s exigências económicas como fazer face <strong>à</strong> crescente heterogeneida<strong>de</strong> da população escolar.Em contrapartida, esta <strong>de</strong>scentralização é frequentemente acompanhada <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>fi nição <strong>de</strong> padrões,<strong>de</strong>sta vez muito mais centraliza<strong>dos</strong>, a fi m <strong>de</strong> assegurar a coerência e a igualda<strong>de</strong> da oferta educativa.Se examinarmos o lugar que ocupa o estabelecimento <strong>de</strong><strong>ensino</strong> nos sistemas <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>dos</strong> países europeus,encontramos dois gran<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>los (fi gura A). No primeiro,indiscutivelmente maioritário (23 países em 30), o estabelecimento<strong>de</strong> <strong>ensino</strong> está no centro do sistema <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>.Neste caso, a escola é frequentemente avaliada por umcorpo <strong>de</strong> inspecção externo, bem como, a nível interno,pela própria comunida<strong>de</strong> educativa; segundo este mo<strong>de</strong>lo,16 países proce<strong>de</strong>m aliás a uma <strong>avaliação</strong> individual <strong>dos</strong>docentes; nos 7 países restantes, os docentes são avalia<strong>dos</strong>apenas em situações excepcionais (ex.: candidatura a umapromoção).No segundo mo<strong>de</strong>lo, as avaliações têm lugar a outros níveisque não o do estabelecimento <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>. Na Bélgica(Comunida<strong>de</strong>s francesa a germanófona), Grécia, França(no <strong>ensino</strong> primário), Luxemburgo e Bulgária, os docentessão avalia<strong>dos</strong> por avaliadores externos. Verifi ca-se porém que, nestes Esta<strong>dos</strong> europeus, a <strong>avaliação</strong>do estabelecimento <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> vai ganhando terreno progressivamente. Os países nórdicos (Dinamarca,Finlândia, Suécia, Noruega) subscrevem igualmente este segundo mo<strong>de</strong>lo. A <strong>de</strong>scentralização ocorreaqui em favor <strong>dos</strong> municípios, responsáveis pela oferta educativa. Por conseguinte, são estes que estãono centro da <strong>avaliação</strong> do sistema educativo. Isto torna a situação bastante próxima <strong>de</strong> uma <strong>avaliação</strong><strong>dos</strong> <strong>estabelecimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>, ou das chefi as <strong>de</strong>sses <strong>estabelecimentos</strong>, já que o objectivo resi<strong>de</strong> emavaliar o enquadramento pedagógico, administrativo, etc., e não os professores.Avaliação externa e interna: abordagens complementaresFigura A.Aspectos que estão no centro do sistema <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>.Ensino obrigatório.Ano lectivo 2000/2001.Ensino primárioA escola como entida<strong>de</strong>e os professores (e igualmenteas autorida<strong>de</strong>slocais em alguns países)Apenas a escolacomo entida<strong>de</strong>Principalmenteos professoresPrincipalmenteas autorida<strong>de</strong>s locaisUma vez assente que existem estes dois mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> <strong>dos</strong> <strong>estabelecimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>, queabordagens foram adoptadas nos países que colocam o estabelecimento <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> no centro do seusistema <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>?Na maioria <strong>dos</strong> países em causa, os <strong>estabelecimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong> são objecto <strong>de</strong> dois tipos <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>:a <strong>avaliação</strong> externa e a <strong>avaliação</strong> interna. Distinguem-se tanto pelos seus procedimentos como pelosseus actores e objectivos.Fonte: Eurydice


3A <strong>avaliação</strong> externa: aconselhamento e controloLocal, regional ou nacional, a <strong>avaliação</strong> externa é efectuada por agentes que não se encontram directamenteimplica<strong>dos</strong> nas activida<strong>de</strong>s <strong>dos</strong> <strong>estabelecimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>. Em diversos países, a tarefa édividida pelo menos por duas instâncias, cabendo frequentemente a uma a <strong>avaliação</strong> da componente <strong>de</strong><strong>ensino</strong>, e, <strong>à</strong> outra, a da gestão administrativa. Po<strong>de</strong> acontecer – como no caso da Roménia – que duasinstâncias procedam <strong>à</strong> mesma <strong>avaliação</strong>, embora com objectivos diferentes: aconselhar as escolas econtrolar o respeito pelas normas.A <strong>avaliação</strong> interna: múltiplos actoresPor seu turno, a <strong>avaliação</strong> interna é levada a cabo pelos próprios agentes educativos. Actualmente, temcarácter obrigatório em 22 países e é recomendada noutros 6. Des<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> noventa que <strong>de</strong>ixou<strong>de</strong> ser prerrogativa <strong>dos</strong> directores <strong>dos</strong> <strong>estabelecimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>. Os sistemas educativos europeus optarampor promover a implicação <strong>de</strong> muitos outros actores na <strong>avaliação</strong> interna: representantes <strong>dos</strong> professores,<strong>dos</strong> encarrega<strong>dos</strong> <strong>de</strong> educação, da comunida<strong>de</strong> local e, por vezes, <strong>dos</strong> próprios alunos, tendoessencialmente em vista motivar os agentes educativos para melhorar a qualida<strong>de</strong> do <strong>ensino</strong>, bem comopara aceitar ou iniciar mudanças, mas também apreen<strong>de</strong>r melhor toda a complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma situaçãomercê da multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> olhares lança<strong>dos</strong> sobre a escola.Muitas vezes, essa <strong>avaliação</strong> interna encarna numa estrutura:Conselho <strong>de</strong> Escola, grupos “ad hoc” ou assembleias <strong>de</strong>professores. Muito embora a <strong>avaliação</strong> interna esteja amplamentedifundida, pouco se sabe sobre as suas práticas, aten<strong>de</strong>ndo<strong>à</strong> autonomia <strong>de</strong> que gozam as escolas. A participaçãodo Conselho <strong>de</strong> Escola, por exemplo, po<strong>de</strong> limitar-se <strong>à</strong> meraaprovação <strong>de</strong> um relatório <strong>de</strong>scritivo sobre as activida<strong>de</strong>sdo estabelecimento <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>, ou originar uma participaçãomais substancial através <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates aprofunda<strong>dos</strong> sobre aspolíticas a adoptar. Por outro lado, embora haja tendênciapara aumentar o número <strong>dos</strong> agentes educativos implica<strong>dos</strong>,a priorida<strong>de</strong> é dada aos que se encontram mais próximos daactivida<strong>de</strong> docente: directores <strong>de</strong> <strong>estabelecimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>e professores. Para além <strong>de</strong>stas estruturas participativas,os encarrega<strong>dos</strong> <strong>de</strong> educação ou actores locais, quandoimplica<strong>dos</strong>, são-no geralmente a título consultivo.Dois mo<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> em sinergiaQuando coexistem, a <strong>avaliação</strong> interna e a <strong>avaliação</strong> externa serão in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ou inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes?A fi gura B mostra que a maioria <strong>dos</strong> sistemas previu a sua inter<strong>de</strong>pendência: a <strong>avaliação</strong> interna constituifrequentemente o ponto <strong>de</strong> partida da <strong>avaliação</strong> externa, uma fonte <strong>de</strong> compreensão do contexto específico do estabelecimento <strong>de</strong> <strong>ensino</strong>. Em contrapartida, raramente as escolas são incentivadas a tomaremem conta a <strong>avaliação</strong> externa aquando da <strong>avaliação</strong> interna. Em alguns países, a inter<strong>de</strong>pendência da<strong>avaliação</strong> interna e externa é mais forte: a primeira é supervisionada e avaliada pelas instâncias <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong>externa.Uma uniformização crescente <strong>dos</strong> procedimentosFigura B.Relações entre mo<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>avaliação</strong> interna e externadas escolas como entida<strong>de</strong>s. Ensino obrigatório.Ano lectivo 2000/2001.Inter<strong>de</strong>pendênciaPouca interacçãoou abordagens paralelasNão existe <strong>avaliação</strong>externa/internaou autonomia localQuem diz <strong>avaliação</strong>, diz <strong>de</strong>fi nição <strong>de</strong> critérios. A primeira questão que se coloca é saber quem os <strong>de</strong>fi nee se eles são idênticos para to<strong>dos</strong> ou tomam em consi<strong>de</strong>ração a especifi cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada estabelecimento<strong>de</strong> <strong>ensino</strong>. No que respeita a <strong>avaliação</strong> externa, a <strong>de</strong>fi nição <strong>dos</strong> critérios está relacionada com o nível<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> o avaliador: quanto mais central este for, mais os critérios são uniformiza<strong>dos</strong>através <strong>de</strong> uma lista-padrão. É esta a situação que se verifi ca em cerca <strong>de</strong> <strong>de</strong>z países. No caso da <strong>avaliação</strong>interna, a situação é dupla: quando se trata <strong>de</strong> melhorar a qualida<strong>de</strong>, o pessoal da escola é muitasvezes associado <strong>à</strong> <strong>de</strong>fi nição <strong>dos</strong> critérios, <strong>de</strong> forma a po<strong>de</strong>r atingi-los mais facilmente. Todavia, quandoos resulta<strong>dos</strong> da <strong>avaliação</strong> interna são utiliza<strong>dos</strong> a título <strong>de</strong> informação prestada a uma instância externa,geralmente é a esta que cabe a <strong>de</strong>fi nição <strong>dos</strong> critérios.Defi nir critérios signifi ca igualmente falar do conteúdo da <strong>avaliação</strong>. Por outras palavras, o que é seavalia? Na maioria <strong>dos</strong> países, duas coisas: procedimentos, ou seja, meios utiliza<strong>dos</strong> na activida<strong>de</strong> doFonte: Eurydice

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