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morfologia pós-craniana de candidodon itapecuruense - Sociedade ...

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NOBRE – MORFOLOGIA PÓS-CRANIANA DE CANDIDODON ITAPECURUENSE91Figura 4. Esqueleto pós-craniano <strong>de</strong> Candidodon <strong>itapecuruense</strong>. A-H. UFRJ-DG 114-R e I. UFRJ-DG 113-R. A. Escápula esquerda emvista lateral. B. Porção proximal do úmero esquerdo em vista lateral. C. Porção proximal do úmero direito em vista anterior. D. Porção distaldo úmero direito em vista posterior e anterior. E. Rádio e ulna direito em vista posterior. F. Porção proximal do fêmur direito em vista lateral;G. Porção distal do fêmur esquerdo em vista anterior. H. Osteo<strong>de</strong>rmo <strong>de</strong> contorno cordiforme, superfície externa (acima) e superfícieinterna (abaixo). I. Conjunto fíbula e metatarsos esquerdos, em vista anterior ventral (fíbula) e vista dorsal (metatarsos).Figure 4. Postcranial skeleton of Candidodon <strong>itapecuruense</strong>: A-H. UFRJ-DG 114-R , I. UFRJ-DG 113-R. A. Left scapula in lateral view; B.Proximal portion of left humerus in lateral view. C. Proximal portion of right humerus in anterior view. D. Distal portion of humerus in posteriorand anterior view. E. Right radius and ulna in posterior view. F. Proximal portion of right femur in lateral view. G. Distal portion of left femurin anterior view; H. Osteo<strong>de</strong>rms shape cordiform, external surface (above) and internal surface (below); I. Left fibula and metatarsals inanterior ventral view (fibula) and dorsal view (metatarsals).mais próxima às extremida<strong>de</strong>s, observa-se uma leve <strong>de</strong>pressão,tornando esta superfície aplainada e a superfície opostaconvexa. Nas extremida<strong>de</strong>s, observam-se dois pequenos sulcoslaterais. A diáfise possui uma forma alongada e é cerca <strong>de</strong>duas vezes mais estreita que as extremida<strong>de</strong>s, medindo aproximadamente<strong>de</strong> 1,5 a 2 mm <strong>de</strong> diâmetro.Falanges. Apenas duas falanges distais estão parcialmentepreservadas. São pequenas, com as extremida<strong>de</strong>s pouco expandidase arredondadas. A diáfise sofre uma constrição emrelação às extremida<strong>de</strong>s e possui uma forma oval em seçãotransversal, com o maior diâmetro medindo 1 mm.Osteo<strong>de</strong>rmos. Os osteo<strong>de</strong>rmos são muito <strong>de</strong>lgados, não ultrapassando1 mm <strong>de</strong> espessura. A margem é ainda mais <strong>de</strong>lgada,chegando a menos da meta<strong>de</strong> da espessura da regiãocentral. A superfície interna é lisa e a superfície externa ornamentadacom rugosida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>pressões irregulares (Figuras3A, B, C e 4H). Em todos os osteo<strong>de</strong>rmos preservados, observa-se,na superfície externa, uma pequena crista localiza-PROVASda no terço posterior da peça. Esta crista é pouco <strong>de</strong>senvolvidae possui uma orientação no sentido do seu maior comprimento.Os osteo<strong>de</strong>rmos apresentam um contornoquadrangular e cordiforme e entre as 10 peças encontradas, 3<strong>de</strong>las apresentam contorno bem preservado, medindo, aproximadamente,8 mm x 8 mm.DISCUSSÃO E CONCLUSÃOO pós-crânio <strong>de</strong> crocodiliformes apresenta gran<strong>de</strong>svariações morfológicas, contribuindo significativamente paraestudos taxonômicos e filogenéticos (Pol, 1999; Nobre, 2000).Nestes estudos, as estruturas articulares e <strong>de</strong> inserção muscularsão <strong>de</strong> fundamental importância para se estabelecerdiferenciações. No caso do esqueleto pós-craniano <strong>de</strong>Candidodon <strong>itapecuruense</strong> os ossos encontram-se bastantefragmentados. O tamanho reduzido do material torna as peçasmuito frágeis e <strong>de</strong> difícil retirada da rocha matriz. Uma forte ação


92REVISTA BRASILEIRA DE PALEONTOLOGIA, Nº 7, 2004do intemperismo tornaram-no ainda mais friável, <strong>de</strong>struindoalgumas estruturas importantes para se estabelecer comparações.Baseado nas pequenas dimensões apresentadas pelos ossosdo esqueleto pós-craniano dos exemplares UFRJ.DG 113-R eUFRJ.DG 114-R, conclui-se tratar-se <strong>de</strong> um espécimem jovem,cujo tamanho não <strong>de</strong>veria ultrapassar 80 cm <strong>de</strong> comprimento.De maneira geral o esqueleto pós-craniano <strong>de</strong> Candidodonapresenta uma estrutura típica dos crocodiliformes,porém uma análise morfológica mais aprofundada refletediferenças significativas. Características como membroslocomotores posteriores maiores que os anteriores, úmeroe fêmur estreitos com diáfise alongada, reta e <strong>de</strong>lgada,apontam para um hábito <strong>de</strong> vida provavelmente mais cursoriale não nadador como nas formas atuais.A escápula <strong>de</strong> Candidodon possui a extremida<strong>de</strong> dorsalreta, sendo expandida apenas anteriormente, diferindo, assim,<strong>de</strong> Notosuchus terrestris Woodward, 1896, e da maioria doscrocodiliformes que apresentam expansão anterior e posterior.Em Malawisuchus, a margem posterior da escapula é <strong>de</strong>scritacomo sendo suavemente curvada posteriormente.O úmero <strong>de</strong> Candidodon e Malawisuchus apresentam-secomo uma estrutura <strong>de</strong>lgada, alongada, com a região proximalexpandida, exibindo seção oval e com uma crista <strong>de</strong>ltopeitoralbem <strong>de</strong>senvolvida. O extremo proximal do úmero não éexpandido lateralmente, <strong>morfologia</strong> observada também emcrocodilomorfos mais primitivos como DibotrosuchusSimmons, 1965. O úmero difere <strong>de</strong> Notosuchus terrestris eoutros crocodiliformes cretácicos como UruguaysuchusRusconi, 1933 e Mariliasuchus amarali Carvalho & Bertini,1999, por apresentarem um osso <strong>de</strong> aspecto robusto e com oextremo anterior expandido lateralmente, exibindo uma formatriangular. A extremida<strong>de</strong> distal do úmero <strong>de</strong> Candidodonencontra-se muito fragmentada, impossibilitando comparações.Os osteo<strong>de</strong>rmos pertencentes a Candidodon não foramencontrados articulados, impossibilitando, <strong>de</strong>sta maneira, o corretoposicionamento <strong>de</strong>stas peças ao longo do corpo do animal. Porém,comparando-se os osteo<strong>de</strong>rmos <strong>de</strong> Candidodon com aqueles <strong>de</strong>Araripesuchus patagonicus Ortega, Gasparini, Buscalione &Calvo, 2000, observa-se uma gran<strong>de</strong> semelhança entre eles. Ambasespécies apresentam osteo<strong>de</strong>rmas <strong>de</strong> contorno quadrangular acordiforme, com uma crista principal localizada na porção lateralda peça. Em Araripesuchus patagonicus, os osteo<strong>de</strong>rmos estãolocalizados lateralmente ao longo do esqueleto axial e emCandidodon, po<strong>de</strong>riam ocupar a mesma posição.Comparando-se espécimes jovens <strong>de</strong> Notosuchus,Uruguaysuchus e Mariliasuchus, o esqueleto pós-craniano <strong>de</strong>Candidodon mostra-se menos robusto, assemelhando-se aMalawisuchus e outros Crocodylomorpha mais primitivos comoDibohtrosuchus elaphros Simmons, 1965 (Wu & Chatterjee, 1993).AGRADECIMENTOSAgra<strong>de</strong>cimentos à CAPES, à FAPERJ e ao CNPq, pelo apoionos trabalhos <strong>de</strong> campo. À Antônio Carlos SequeiraFernan<strong>de</strong>s, Ismar <strong>de</strong> Souza Carvalho e Lílian PaglarelliBergqvist pela coleta do material. Aos revisores <strong>de</strong>ste estudo,Zulma Gasparini (Museo <strong>de</strong> La Plara Argentina) e Ismar <strong>de</strong>Souza Carvalho, pelas sugestões e avaliação crítica. AoDepartamento <strong>de</strong> Geologia da UFRJ, pelo apoio durante asativida<strong>de</strong>s laboratoriais e empréstimo do material para estudo.BIBLIOGRAFIACarvalho, I.S. 1994. Candidodon: um crocodilo com heterodontia(Notosuchia, Cretáceo Inferior). Anais da Aca<strong>de</strong>mia Brasileira<strong>de</strong> Ciências, 66(3):331-346.Carvalho, I.S. & Bertini, R.J. 1999. Mariliasuchus, um novoCrocodylomorpha (Notosuchia) do Cretáceo da Bacia Bauru,Brasil. Geologia Colombiana, 24: 83-105.Carvalho, I.S. & Bertini, R.J. 2000. Contexto geológico dosnotossúquios (Crocodylomorpha) cretácicos do Brasil. GeologiaColombiana, 25:163-184.Carvalho, I.S. & Campos, D.A. 1988. Um mamífero triconodontedo Cretáceo Inferior do Maranhão, Brasil. Anais da Aca<strong>de</strong>miaBrasileira <strong>de</strong> Ciências, 60(4): 437-446.Clark, J.M.; Jacobs, L.L. & Downs, W.R. 1989. Mammal-like<strong>de</strong>ntition in a Mesozoic Crocodylian. Science, 244: 1064-1066.Gasparini, Z.B. 1971. Los Notosuchia <strong>de</strong>l Cretacico <strong>de</strong> América <strong>de</strong>lSur como um nuevo infraor<strong>de</strong>n <strong>de</strong> los Mesosuchia (Crocodilia).Revista <strong>de</strong> la Asociación Paleontológica Argentina, 8: 83-103.Gomani, E.M. 1997. A crocodyliform from the Early CretaceousDinosaur Beds, Northern Malawi. Journal of VertebratePaleontology, 17(2): 280-294.Nobre, P.H. 1999. Elementos pós-cranianos <strong>de</strong> Candidodon(Crocodylomorpha, Notosuchia) do Cretáceo do Brasil. In:CONGRESSO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA, 16,1999. Boletim <strong>de</strong> Resumos. Crato, URCA, p. 78.Nobre, P.H. 2000. Análise da <strong>morfologia</strong> pós-<strong>craniana</strong> <strong>de</strong>Notosuchia (Crocodylomorpha, Mesosuchia), do Cretáceo doBrasil. Programa <strong>de</strong> pós-graduação, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral doRio <strong>de</strong> Janeiro, Dissertação <strong>de</strong> Mestrado, 82 p.Nobre, P.H. & Carvalho, I. S. 2001. Morfologia do crânio <strong>de</strong>Candidodon <strong>itapecuruense</strong>, um Crocodylomorpha (Notosuchia)cretácico do Brasil. Revista Brasileira <strong>de</strong> Paleontologia, 2(1):45.Nobre, P.H. & Carvalho, I. S 2002. Osteologia do crânio <strong>de</strong> Candidodon<strong>itapecuruense</strong> (Crocodylomorpha, Mesoeucrocodylia) doCretáceo do Brasil. In: SIMPÓSIO SOBRE O CRETÁCEO DOBRASIL, 6, 2002. Boletim, São Pedro, p. 77-82.Ortega, F.; Gasparini, Z.; Buscalioni, A.D. & Calvo, J.O. 2000. Anew species of Araripesuchus (Crocodylomorpha, Mesoeucrocodylia)from the Lower Cretaceous of Patagonia (Argentina).Journal of Vertebrate Paleontology, 20(1):57-76.Pol, D. 1999. El esqueleto postcraneano <strong>de</strong> Notosuchus terrestris(Archosauria: Crocodyliformes) <strong>de</strong>l Cretácico Superior <strong>de</strong> laCuenca Neuquina y su información filogenética. Facultad <strong>de</strong>Ciencias Exactas y Naturalis, Universidad <strong>de</strong> Buenos Aires.Tesis <strong>de</strong> Licenciatura, 158 p.Rusconi, C. 1933. Sobre reptiles cretácicos <strong>de</strong>l Uruguay (Uruguaysuchusaznarezi, n. g., n. sp.) y sus relaciones con los notosúquidos <strong>de</strong>Patagonia. Instituto <strong>de</strong> Geología e Perforaciones, 19:3-63.Woodward, A.S. 1896. On two Mesozoic crocodilians, Notosuchus(genus novum) and Cynodontosuchus (genus novum) from thered sandstones of the Territory of Neuquén (Argentine Republic).Anales <strong>de</strong>l Museo <strong>de</strong> la Plata (Paleontología), 4:1-20.Wu, X. & Chatterjee, S. 1993. Dibothrosuchus elaphros, acrocodylomorph from the lower Jurassic of China and thephylogeny of the Sphenosuchia. Journal of VertebratePaleontology, 13(1):58-59.PROVASReceived August, 2002; Accepted December, 2003.

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