11.07.2015 Views

Consenso_tratamento empírico da infecção em pacientes graves ...

Consenso_tratamento empírico da infecção em pacientes graves ...

Consenso_tratamento empírico da infecção em pacientes graves ...

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

VOLUME 1 • NÚMERO 1 • JULHO DE 2006En Em españolportuguêsMensagensdos editores■Critérios para o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico <strong>da</strong> infecção <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> <strong>graves</strong>hospitalizados na uni<strong>da</strong>de de terapia intensivaIntroduçãoDr. Pedro Cahn■Resistência bacteriana na uni<strong>da</strong>de de terapia intensivaProf. José María CasellasDr. Edgar Jiménez■Manejo <strong>em</strong>pírico <strong>da</strong>s infecções na uni<strong>da</strong>de de terapia intensiva: a perspectivado intensivistaDr. Edgar Jiménez■Controvérsias sobre o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico <strong>da</strong>s infecções <strong>em</strong> uni<strong>da</strong>desde terapia intensivaProf. Juan José PicazoDr. Mitchell Levy■Infecções <strong>graves</strong> na uni<strong>da</strong>de de terapia intensiva pediátricaDr. Javier María Casellas■■Resistência a antibacterianos na América LatinaProf. José María CasellasConclusões e recomen<strong>da</strong>çõesGrupos de especialistas


Em português4 Mensagens dos editoresDr. Edgar JiménezDr. Mitchell LevyCritérios para o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico <strong>da</strong> infecção <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> <strong>graves</strong>hospitalizados na uni<strong>da</strong>de de terapia intensiva5 IntroduçãoDr. Pedro Cahn6 Resistência bacteriana na uni<strong>da</strong>de de terapia intensivaProf. José María Casellas9 Manejo <strong>em</strong>pírico <strong>da</strong>s infecções na uni<strong>da</strong>de de terapia intensiva:a perspectiva do intensivistaDr. Edgar Jiménez13 Controvérsias sobre o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico <strong>da</strong>s infecções <strong>em</strong> uni<strong>da</strong>desde terapia intensivaProf. Juan José Picazo16 Infecções <strong>graves</strong> na uni<strong>da</strong>de de terapia intensiva pediátricaDr. Javier María Casellas20 Resistência a antibacterianos na América LatinaProf. José María Casellas22 Conclusões e recomen<strong>da</strong>çõesGrupos de especialistas


EDITORSCCM SecretaryMitchell Levy, MD, FCCMDirector, Medical ICURhode Island HospitalProfessor of MedicineBrown University School of MedicineGuest EditorSCCM President-electFrederick P. Ognibene, MD, FCCMDirector, Office of Clinical ResearchTraining and Medical Education, CCDirector, Clinical Research TrainingProgram, OIRAttending, Critical Care MedicineDepartment, CCNational Institutes of HealthAssociate Editor for PodcastingRichard Savel, MDAssociate Director,Surgical Intensive Care UnitMaimonides Medical CenterAssistant Professor of MedicineMt. Sinai School of MedicineEditorial Advisory BoardSCCM PresidentCharles G. Durbin Jr., MD, FCCMProfessor of Anesthesiology and SurgeryMedical Director, Respiratory CareUniversity of Virginia Health Syst<strong>em</strong>SCCM Immediate Past PresidentPeter B. Angood, MD, FCCMVice President and Chief Patient SafetyOfficer, Joint Commission on Accreditation ofHealthcare OrganizationsSCCM President-electFrederick P. Ognibene, MD, FCCMDirector, Office of Clinical Research Training andMedical Education, CCDirector, Clinical Research TrainingProgram, OIRAttending, Critical Care MedicineDepartment, CCNational Institutes of HealthSCCM TreasurerPhillip S. Barie, MD, MBA, FCCMProfessor of Surgery and Public HealthChief, Division of Trauma and Critical CareWeill Medical College of Cornell UniversityCritical Connections StaffMelissa NielsenManaging EditorDave ZwierzGraphic DesignerDeborah L. McBrideDirector of PublicationsDavid Julian Martin, CAEChief Executive Officer andExecutive Vice PresidentContributing AuthorsPat LangfordEric ChandlerEditorMitchell Levy, MD, FCCMSecretario, SCCMDirector, Medical ICU Rhode Island Hospital.Profesor de Medicina, Brown University School of Medicine.Editor <strong>da</strong> edição <strong>em</strong> espanhol e portuguêsEdgar Jimenez, MD, FCCMTesoureiro, World Federation of Societies of Intensive and Critical Care MedicineDiretor, Uni<strong>da</strong>de Médica de Terapia Intensiva e Professor Associado de Medicina,Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Flori<strong>da</strong>. Orlando Regional Medical Center.ARGENTINAPedro CahnJavier María CasellasJosé María CasellasBernardo MaskinNéstor RaimondiJuan J. VidelaBRASILJosé Maria <strong>da</strong> Costa OrlandoThais GuimarãesCHILERicardo EspinozaPatricia GonzálezCOLÔMBIAFrancisco MolinaCarlos Humberto Saavedra TrujilloCritical connectionsEm portuguêsVolume 1, Número 1, Julho 2006© 2006 ACINDESAssociação Civil de Pesquisa eDesenvolvimento en SaúdePesquisa e Ensino Médico Continuado paraos Profissionais <strong>da</strong> Saúde e <strong>da</strong> Comuni<strong>da</strong>deDIRETOR:Jacobo A. Tieffenberg, MD-MPH-MSComitê Editor Convi<strong>da</strong>doCOSTA RICAJaime Fernández AlpizarESPANHAJuan J. PicazoMÉXICOFederico Javier Ortiz IbarraLuis Antonio Sánchez LópezPANAMÁNéstor SosaPERULuis Cuellar Ponce de LeónURUGUAIMaria Cristina RizziVENEZUELAAlfredo López StraussAntonio MartinelliPRODUÇÃO EDITORIAL:Editorial Médica A.W.W.E. S.A.(Alliance for World Wide Editing)Padre Vanini 380 (B1602EEF) Buenos Aires, ArgentinaTel: (5411) 4761-3339 / Fax: (5411) 4761-0763e-mail: info@<strong>em</strong>awwe.comhttp://www.<strong>em</strong>awwe.comEDIÇÃO: Equipe ACINDESDESENHO E COMPOSIÇÃO: I & M S.A.i-m@vianetworks.com.arImpresso <strong>em</strong> São Paulo, Brasil, <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro de 2006.Esta reunião foi realiza<strong>da</strong> mediante um aporte educacional irrestrito do laboratório AstraZeneca.Esta publicação é ofereci<strong>da</strong> como um serviço educacional do laboratório AstraZeneca para os médicos. Os pontos devista aqui expressados reflet<strong>em</strong> a experiência e as opiniões dos autores.Antes de prescrever qualquer medicamento eventualmente citado nesta publicação, deve-se consultar a informaçãopara prescrever <strong>em</strong>iti<strong>da</strong> pelo fabricante.


ParticipantesARGENTINAPedro CahnCHEFE, SERVIÇO DE INFECTOLOGIA, HOSPITAL FERNÁNDEZ,BUENOS AIRES. PRESIDENTE, INTERNATIONAL AIDS SOCIETYBernardo MaskinDIRETOR, DEPARTAMENTO DE CUIDADOS INTENSIVOS, HOSPITAL POSADAS,BUENOS AIRESJavier María CasellasINFECTOLOGISTA. PEDIATRA, DIVISÃO DE INFECTOLOGIA PEDIÁTRICA,HOSPITAL MATERNO INFANTIL DE SAN ISIDRO, BUENOS AIRESJosé María CasellasMICROBIOLOGISTA. PROFESSOR, UNIVERSIDADE NACIONAL DEROSARIO, SANTA FÉNéstor RaimondiUNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, HOSPITAL FERNÁNDEZ, BUENOS AIRES.PRÓ-SECRETÁRIO, SOCIEDADE ARGENTINA DE TERAPIA INTENSIVA (SATI)Juan J. VidelaSECRETÁRIO, COMITÊ DE INFECÇÕES CRÍTICAS, SOCIEDADEARGENTINA DE TERAPIA INTENSIVA (SATI)BRASILJosé Maria <strong>da</strong> Costa OrlandoMÉDICO INTENSIVISTA. PRESIDENTE, ASSOCIAÇÃO DE MEDICINAINTENSIVA BRASILEIRA, SÃO PAULOThais GuimarãesMÉDICA INFECTOLOGISTA, HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUALDE SÃO PAULO E HOSPITAL SANTA CRUZ. REPRESENTANTE,SOCIEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA, SÃO PAULOCHILEPatricia GonzálezMICROBIOLOGISTA. COMITÊ DE INFECÇÕES HOSPITALARES,CLÍNICA ALEMANA, SANTIAGO DE CHILERicardo EspinozaINFECTOLOGISTA, CLÍNICA LAS CONDES, SANTIAGO DE CHILECOLÔMBIAFrancisco MolinaESPECIALISTA EM MEDICINA CRÍTICA E CUIDADOS INTENSIVOS E EM MEDICINAINTERNA. UNIVERSIDADE PONTIFÍCIA BOLIVARIANA DE MEDELLÍN. COORDENADOR,UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, CLÍNICA UNIVERSITÁRIA BOLIVARIANA.INTENSIVISTA, HOSPITAL GERAL DE MEDELLÍN, MEDELLÍNCarlos Humberto Saavedra TrujilloINTERNISTA INFECTOLOGISTA. CHEFE, SERVIÇO DE INFECTOLOGIA,HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLÍNICA SAN RAFAEL, ORDENHOSPITALARIA DE SAN JUAN DE DIOS, BOGOTÁCOSTA RICAJaime Fernández AlpizarINFECTOLOGISTA. CHEFE, SERVIÇO DE INFECTOLOGIA, HOSPITALCALDERÓN GUARDIA, SAN JOSÉE.U.A.Edgar JiménezDIRETOR, UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, ORLANDO REGIONALMEDICAL CENTER. PROFESSOR ASSOCIADO DE MEDICINA CRÍTICAE MEDICINA INTERNA, UNIVERSIDADE DA FLÓRIDA. SOCIETY OFCRITICAL CARE MEDICINE (SCCM), ORLANDOESPANHAJuan J. PicazoPRESIDENTE, FUNDAÇÃO PARA O ESTUDO DA INFECÇÃO,FACULDADE DE MEDICINA, UNIVERSIDADE COMPLUTENSE DEMADRI. CATEDRÁTICO DE MICROBIOLOGÍA CLÍNICA,UNIVERSIDADE COMPLUTENSE DE MADRI, MADRIMÉXICOFederico Javier Ortíz IbarraCHEFE DE INFECTOLOGIA, INSTITUTO NACIONAL DEPERINATOLOGIA, MÉXICO DFLuis Antonio Sánchez LópezMEDICO INTERNISTA INFECTOLOGISTA. PRESIDENTE, ASOCIACIÓN DEINFECTOLOGÍA DEL NORTE DE MÉXICO. PROFESSOR DEINFECTOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE MONTERREY.COORDENADOR, CLÍNICA DE ATENCIÓN INTEGRAL DE LASECRETARÍA DE SALUD DE NUEVO LEÓNPANAMÁNéstor SosaCHEFE DE INFECTOLOGIA, CAIXA DE SEGURO SOCIAL, PANAMÁPERULuis Cuellar Ponce de LeónMÉDICO INFECTOLOGISTA. CHEFE, DEPARTAMENTO DEESPECIALIDADES MÉDICAS, INSTITUTO ESPECIALIZADO DEENFERMIDADES NEOPLÁSICAS. PROFESSOR DE MEDICINA,UNIVERSIDADE NACIONAL “FEDERICO VILLARREAL”, LIMAURUGUAIMaria Cristina RizziINTENSIVISTA E INFECTOLOGISTA. CHEFE, UNIDADE DE CUIDADOSINTENSIVOS, HOSPITAL MILITAR. INFECTOLOGISTA, HOSPITAL DELCÍRCULO CATÓLICO DE OBREROS DE MONTEVIDEO,MONTEVIDÉUVENEZUELAAlfredo Lopez StraussMÉDICO INTERNISTA E INFECTOLOGISTA. CHEFE, UNIDADE DEINFECTOLOGIA, HOSPITAL DOMINGO LUCIANI DE CARACAS.COORDENADOR, COMITÊ DE INFECÇÕES INTRA-HOSPITALARES,HOSPITAL DOMINGO LUCIANI. COORDENADOR E ASSESSOR,PROGRAMA DE INFECÇÕES EM UTI PARA A SOCIEDADEVENEZUELANA DE MEDICINA CRÍTICA, CARACASAntonio MartinelliCIRURGIÃO INTENSIVISTA. CENTRO MÉDICO CARACAS, CARACASAMMCTIAsociación Mexicana de MedicinaCrítica y Terapia IntensivaSocie<strong>da</strong>d Argentinade Terapia Intensiva


Mensag<strong>em</strong> dos editoresB<strong>em</strong>-vindos. É uma ver<strong>da</strong>deirahonra e motivo de grande orgulhodirigir-me a todos vocês e, aomesmo t<strong>em</strong>po, oferecer-lhes este valiosorecurso, que iniciamos hoje com a primeiraedição <strong>em</strong> espanhol e português <strong>da</strong> CriticalConnections.Dr. Edgar JiménezEm janeiro passado, a Society ofCritical Care Medicine (SCCM) me propôs que assumisse aposição de co-editor desta revista, com o desejo de publicarartigos pertinentes para a grande comuni<strong>da</strong>de de colegas defala hispana e portuguesa.Tenho o prazer de trabalhar junto com o Dr. Mitchell Levy,editor <strong>da</strong> versão <strong>em</strong> inglês desta revista, que, com sua ampla erenoma<strong>da</strong> trajetória na área de terapia intensiva e com nossaSocie<strong>da</strong>de, nos aju<strong>da</strong>rá a fazer desta publicação uma valiosafonte de informação. Obviamente, para poder levar a cabouma tarefa dessa magnitude, depend<strong>em</strong>os do valoroso apoionos Estados Unidos de Debbie McBride, diretora de publicações<strong>da</strong> SCCM e de seu grupo, através <strong>da</strong> coordenadoraMelissa Nielsen. No âmbito latino-americano, a publicação<strong>em</strong> espanhol e <strong>em</strong> português é coordena<strong>da</strong> pelo Dr. Jacobo A.Tieffenberg, presidente <strong>da</strong> Associação Civil de Pesquisa eDesenvolvimento na Saúde (ACINDES), e CarolinaBerduque, coordenadora <strong>da</strong> Editora Médica Alliance forWorld Wide Editing (AWWE), com sedes <strong>em</strong> Buenos Aires,São Paulo, México e Madri.A plurali<strong>da</strong>de de nossa comuni<strong>da</strong>de torna necessário que,através de meios como este, possamos manter o intercambiode <strong>da</strong>dos, conceitos e idéias. Nesta edição, apresentamos osresultados de uma reunião de consenso com recomen<strong>da</strong>çõespara o uso <strong>em</strong>pírico de antibióticos <strong>em</strong> infecções <strong>graves</strong> nasuni<strong>da</strong>des de terapia intensiva, celebra<strong>da</strong> <strong>em</strong> Buenos Aires <strong>em</strong>junho de 2005. Espero que lhes seja de grande utili<strong>da</strong>de.Nossa edição vai se nutrir de uma grande varie<strong>da</strong>de de artigosdo contexto norte-americano e europeu que serão traduzidosao espanhol e ao português, assim como de artigos próprios<strong>da</strong> área hispano-americana que sejam propostos portodos vocês. Além disso, serão publica<strong>da</strong>s notícias e informaçãosobre ativi<strong>da</strong>des específicas de nossa área. Contamoscom todos vocês para fazer desta revista uma ver<strong>da</strong>deira ferramentana área de terapia intensiva.Agradeço a confiança deposita<strong>da</strong> <strong>em</strong> nós pela SCCM, ao<strong>da</strong>r-nos a responsabili<strong>da</strong>de de seguir adiante com este projeto.Assim, cumprir<strong>em</strong>os com a missão de oferecer os últimosavanços clínicos, enquanto brin<strong>da</strong>mos o melhor cui<strong>da</strong>do possívela nossos <strong>pacientes</strong> <strong>graves</strong>.Muito obrigado por seu apoio e seguir<strong>em</strong>os <strong>em</strong> contato...4 Julho 2006Dr. Edgar JiménezTesoureiro, World Federation of Societiesof Intensive Critical Care MedicineDiretor, Uni<strong>da</strong>de de Terapia Intensiva,Orlando Regional Medical Center.Professor Associado de Medicina Críticae Medicina Interna, Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Flóri<strong>da</strong>.Society of Critical Care Medicine (SCCM),Orlando, Flóri<strong>da</strong>, EUA.Comecei como editor de CriticalConnections <strong>em</strong> janeiro e já conheçoa importância que t<strong>em</strong> estapublicação como ferramenta para unir osm<strong>em</strong>bros <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de que atende<strong>pacientes</strong> <strong>graves</strong> <strong>em</strong> todo o mundo. Olançamento <strong>da</strong> edição latino-americana <strong>da</strong>Dr. Mitchell LevyCritical Connections é uma iniciativa <strong>da</strong>Associação Civil de Pesquisa e Desenvolvimento na Saúde(ACINDES) e prova do contínuo crescimento internacional <strong>da</strong>Society of Critical Care Medicine (SCCM). A Socie<strong>da</strong>de esperafortalecer sua relação com os médicos de atendimento de<strong>pacientes</strong> <strong>graves</strong> nessa região e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, proporcionarum recurso valioso.A editora – Editorial Médica A.W.W.E. – também publicaa edição <strong>em</strong> espanhol dos manuais Fun<strong>da</strong>mental Critical CareSupport (FCCS) e Fun<strong>da</strong>mentals of Disaster Manag<strong>em</strong>ent(FDM) e a edição <strong>em</strong> português do FCCS.O Dr. Edgar Jiménez é um dos muitos profissionais dedicadosque tornam possível esta publicação. Este médico t<strong>em</strong>uma grande visão para aumentar a consciência sobre a atendimentode <strong>pacientes</strong> <strong>graves</strong> <strong>em</strong> to<strong>da</strong> a região e, assim, oferecerlhesas últimas novi<strong>da</strong>des clínicas e proporcionar a melhoratenção possível. Os re<strong>da</strong>tores dos Estados Unidos e <strong>da</strong>América Latina trabalharão juntos para lograr esses objetivosenquanto nos esforçamos <strong>em</strong> conservar a missão global <strong>da</strong>Socie<strong>da</strong>de.A Socie<strong>da</strong>de já t<strong>em</strong> fortes laços com a comuni<strong>da</strong>de de atendimentode <strong>pacientes</strong> <strong>graves</strong> na América Latina. A região é omercado de maior crescimento para os cursos de FCCS <strong>da</strong>SCCM, com Brasil e Argentina liderando essa tendência. ASocie<strong>da</strong>de também participou do World Congress on CriticalCare <strong>em</strong> Buenos Aires, Argentina, <strong>em</strong> agosto de 2005. Foi omaior congresso mundial até esta <strong>da</strong>ta, o que reflete aimportância crescente <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de de atenção a doentes<strong>graves</strong> na América Latina. A comuni<strong>da</strong>de latino-americanaestá claramente ávi<strong>da</strong> por conhecimentos sobre o <strong>tratamento</strong>de seus <strong>pacientes</strong> grav<strong>em</strong>ente enfermos e lesionados, eCritical Connections atuará como outro recurso excelente.Esta publicação t<strong>em</strong> servido como a voz <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de, aoproporcionar aos profissionais <strong>da</strong> saúde artigos clínicos informativose atualizações sobre as ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de.Estamos orgulhosos de oferecer uma edição especialmentea<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> às necessi<strong>da</strong>des dessa comuni<strong>da</strong>de.Dr. Mitchell LevySecretário <strong>da</strong> Societyof Critical Care MedicineProfessor de Medicina e Diretor,Uni<strong>da</strong>de Médica de Terapia IntensivaFacul<strong>da</strong>de de Medicina, Universi<strong>da</strong>de Brown,Hospital de Rhode IslandCritical Connections <strong>em</strong> português


IntroduçãoDr. Pedro CahnChefe, Serviço de Infectologia, Hospital Fernández, Buenos Aires, Argentina.Presidente, International Aids Society.As diretrizes de <strong>tratamento</strong> são recomen<strong>da</strong>ções basea<strong>da</strong>sna evidência científica disponível e elabora<strong>da</strong>spor meio do consenso de especialistas sobre umt<strong>em</strong>a determinado. A elaboração de diretrizes t<strong>em</strong> por objetivome-lhorar a quali<strong>da</strong>de dos cui<strong>da</strong>dos médicos <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong>com determina<strong>da</strong>s doenças, proporcionar informaçãosobre <strong>tratamento</strong>s com uma relação custo-benefício adequa<strong>da</strong>e servir como material de formação para profissionaiscom menos experiência clínica. Quando utiliza<strong>da</strong>s de maneiraadequa<strong>da</strong>, as diretrizes são úteis para aperfeiçoar o <strong>tratamento</strong>dos <strong>pacientes</strong>. É importante, porém, ressaltar queesses documentos não substitu<strong>em</strong> o julgamento clínico, e asrecomen<strong>da</strong>ções são generaliza<strong>da</strong>s, basea<strong>da</strong>s <strong>em</strong> estudospopulacionais randômicos, além <strong>da</strong> opinião de especialistas.É o médico que deve avaliar as circunstâncias particularesdo paciente para poder aplicar as diretrizes elabora<strong>da</strong>s pelosespecialistas. O objetivo desta reunião foi desenhar, a partirdo consenso, um guia clínico baseado nas evidências médicase na experiência dos países participantes <strong>da</strong> AméricaLatina, para fornecer à comuni<strong>da</strong>de uma ferramenta útil parao manejo <strong>da</strong>s infecções <strong>graves</strong> <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> internados <strong>em</strong>uni<strong>da</strong>des de terapia intensiva.Nestes casos, <strong>em</strong> particular, existe uma série de questõeschavena hora de elaborar normas de <strong>tratamento</strong>. As perguntasmais freqüentes sobre o manejo do paciente grave procuramsaber se há necessi<strong>da</strong>de de se contar com documentaçãomicrobiológica, se é conveniente variar o esqu<strong>em</strong>a terapêuticoiniciado e se dev<strong>em</strong> ser reservados certos antibióticosquando o indivíduo necessita de internação prolonga<strong>da</strong>.Outras questões que geram discussão se relacionam à duraçãodo <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong> infecções <strong>graves</strong>, o manejo <strong>da</strong> infecçãoassocia<strong>da</strong> a cateteres e o valor <strong>da</strong>s culturas negativas.Durante o encontro, um dos pontos especialmente abor<strong>da</strong>dosfoi a relevância <strong>da</strong> resistência antimicrobiana na evoluçãode <strong>pacientes</strong> <strong>graves</strong>. Expôs-se a experiência com infecçõesnas uni<strong>da</strong>des de terapia intensiva (UTI) e se comparou a sensibili<strong>da</strong>dea diferentes antibióticos.Entre os t<strong>em</strong>as destacados, estavam o manejo <strong>em</strong>pírico <strong>da</strong>sinfecções <strong>em</strong> UTI na perspectiva do intensivista, as controvérsiasna impl<strong>em</strong>entação do <strong>tratamento</strong> inicial de cobertura e aadequação posterior <strong>da</strong> terapia. A pneumonia intra-hospitalard<strong>em</strong>andou um capítulo especial, por sua alta prevalência entreas infecções <strong>em</strong> UTI. Do mesmo modo, foram trazidos <strong>da</strong>dosimportantes sobre o manejo na pediatria. Assim, o painel deespecialistas revisou a informação disponível sobre as reali<strong>da</strong>deslocais nas UTIs, os microorganismos prevalentes e o perfilde resistência na região.Por último, foram analisa<strong>da</strong>s as diferentes opções de <strong>tratamento</strong><strong>em</strong>pírico e discuti<strong>da</strong>s as medi<strong>da</strong>s preventivas necessáriaspara se diminuir o aparecimento de resistências.Chegou-se a uma série de recomen<strong>da</strong>ções que buscam colaborarcom o manejo <strong>da</strong>s infecções dos <strong>pacientes</strong> <strong>graves</strong>internados <strong>em</strong> UTI.As sessões foram marca<strong>da</strong>s pelo alto nível <strong>da</strong>s intervençõese pela absoluta independência de critério dos participantes dopainel, e por isso este documento certamente será uma fontede referência importante para o manejo <strong>da</strong>s infecções <strong>graves</strong>dos <strong>pacientes</strong> internados nas UTIs <strong>da</strong> região.Critical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 5


Resistência bacteriana na uni<strong>da</strong>de de terapia intensivaDr. José María CasellasMicrobiólogo. Professor, Universi<strong>da</strong>de Nacional de Rosário, Santa Fé, Argentina.Dentro do grupo de antibacterianos carbapenêmicos,exist<strong>em</strong> diferenças significativas. Esta família deantimicrobianos está representa<strong>da</strong> na Argentina porertapen<strong>em</strong>, imipen<strong>em</strong> e meropen<strong>em</strong>. Segundo estudos comparativos,o meropen<strong>em</strong> d<strong>em</strong>onstrou, <strong>em</strong> diferentes patologiasinfecciosas, ativi<strong>da</strong>de superior frente à piperacilina/tazobactame à cefepima.No caso do ertapen<strong>em</strong>, não se recomen<strong>da</strong> sua utilização nauni<strong>da</strong>de de terapia intensiva (UTI), por causa <strong>da</strong> resistência <strong>da</strong>Pseudomonas aeruginosa e <strong>da</strong> Acinetobacter baumannii, esim nas infecções adquiri<strong>da</strong>s na comuni<strong>da</strong>de. Estas bactériasapresentam taxas de resistência ao imipen<strong>em</strong> e ao meropen<strong>em</strong>entre 20% e 40% na América Latina. Além disso, com o ertapen<strong>em</strong>estão surgindo cepas resistentes a algumas enterobactérias(Klebsiella pneumoniae e Enterobacter cloacae), o queé raro para o imipen<strong>em</strong> e o meropen<strong>em</strong> (Tabela 1).Um t<strong>em</strong>a de grande relevância é a dosag<strong>em</strong> dos antimicrobianos.Os parâmetros farmacocinéticos e farmacodinâmicosdos carbapenêmicos – antibacterianos betalactâmicos –depend<strong>em</strong> do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que se mantêm acima <strong>da</strong> concentraçãoinibitória mínima (CIM). Para estes agentes, não éimportante o pico sérico.Para o meropen<strong>em</strong>, o ponto de corte foi estabelecido <strong>em</strong>4 mg/l. Supõe-se que a meta farmacodinâmica (t<strong>em</strong>po >CIM)deveria ser de 50% para microorganismos Gram-positivos ede 80% para Gram-negativos. Nas cepas isola<strong>da</strong>s na AméricaLatina, isto é atingido pelo meropen<strong>em</strong> para Staphylococcusspp sensíveis à meticilina, Streptococcus pneumoniae,Ha<strong>em</strong>ophilus influenzae, Moraxella catarrhalis, famíliaEnterobacteriaceae e anaeróbios; 70% para Pseudomonasaeruginosa, 60% Acinetobacter baumannii e 60% paraEnterococcus spp. Com base nestas considerações, doses de1 g IV (intravenoso) a ca<strong>da</strong> 8 horas são úteis s<strong>em</strong>pre que aCIM for menor que 4 mg/l. Para CIM de 8 ou 16 mg/l, recomen<strong>da</strong>-seo uso de infusões intermitentes de 2 g a ca<strong>da</strong> 8horas, com duração de três horas (dose total: 6g/dia). Tambémé possível fazer uso de infusões contínuas, com dose de ataquede 500 mg, após a qual se introduz gotejamento para6 g/24 h. Esta forma apresentaria a vantag<strong>em</strong> de diminuir oscustos de enfermag<strong>em</strong>.Com respeito à etiologia <strong>da</strong>s infecções <strong>em</strong> UTIs, comparou-sea sensibili<strong>da</strong>de ao meropen<strong>em</strong>, piperacilina/tazobactame cefepima – determina<strong>da</strong> por microdiluição segundo oClinical and Laboratory Stan<strong>da</strong>rds Institute (CLSI, antesdenominado National Committee for Clinical LaboratoryStan<strong>da</strong>rds [NCCLS]) – com base <strong>em</strong> estudos efetuados noslaboratórios do Centro de Investigaciones Biológicas yClínicas (CIBIC) de Rosário e do Centro de Estudios enAntimicrobianos de San Isidro, Buenos Aires, ambos naArgentina, sobre amostras clínicas obti<strong>da</strong>s de UTIs de diversoscentros assistenciais <strong>da</strong>quele país.Em casos de sepse intra-abdominal – <strong>em</strong> amostras colhi<strong>da</strong>s pormeio de punção-aspiração – as infecções mistas mostraram taxade prevalência de 87%, com 13% de h<strong>em</strong>oculturas positivas concomitantes.Nas infecções de pele e tecidos moles, a proporção deinfecções mistas foi de 66%. As amostras foram coleta<strong>da</strong>s porpunção através de pele sadia e anaeróbios foram cultivados <strong>em</strong>todos os casos. As h<strong>em</strong>oculturas positivas foram 5%.Diversamente, na pneumonia associa<strong>da</strong> à ventilação mecânica,isolou-se predominant<strong>em</strong>ente apenas uma bactéria, com incidênciade 95% (não se consideraram as infecções por Chlamydophilapneumoniae). As amostras foram obti<strong>da</strong>s pelas técnicas habituais– lavado broncoalveolar (LBA), mini-LBA, aspirado traqueal – e26% dos <strong>pacientes</strong> apresentaram h<strong>em</strong>oculturas positivas.Na pneumonia associa<strong>da</strong> à ventilação mecânica, ao comparara sensibili<strong>da</strong>de (taxa de êxito baseado na sensibili<strong>da</strong>de doisolamento, não na cura do paciente) ao meropen<strong>em</strong>, piperacilina/tazobactame cefepima, os microorganismos conflitivossão os bacilos Gram-negativos não fermentadores (BGNNF),como P. aeruginosa e A. baumannii. Neste caso, a sensibili<strong>da</strong>deao meropen<strong>em</strong> é de 80%; a sensibili<strong>da</strong>de a piperacina/tazobactame cefepima é muito baixa. A ativi<strong>da</strong>de do meropen<strong>em</strong>é excelente para os patógenos envolvidos na pneumonia, comexceção dos isolados de Staphylococcus aureus resistentes àmeticilina (MRSA) (Tabela 2).Na sepse intra-abdominal, a ativi<strong>da</strong>de do meropen<strong>em</strong> ésuperior; piperacina/tazobactam é o antimicrobiano seguinte<strong>em</strong> eficácia, pois também cobre anaeróbios. A cefepima épouco ativa contra anaeróbios, portanto não se recomen<strong>da</strong> suautilização como monoterapia (Tabela 3).Tabela 1. Carbapenêmicos comercializados na ArgentinaAntibacterianos Indicado <strong>em</strong> UTI Indicado ou aprovado<strong>em</strong> pediatriaResistência <strong>em</strong>Enterobactérias P. aeruginosa EnterococosAcinetobacterErtapen<strong>em</strong> NÃO SIM (FDA) Aparecendo SIM SIMNÃO (ANMAT)Meropen<strong>em</strong> SIM SIM Muito raro P. aeruginosa ~20% E. faeciumAcinetobacter ~30%FDA: Food and Drug Administration (E.U.A.)ANMAT: Administração Nacional de Medicamentos, Alimentos e Tecnologia Médica (Argentina)6 Julho 2006Critical Connections <strong>em</strong> português


Em infecções de pele e tecidos moles, deve-se destacar aalta prevalência de microorganismos anaeróbios (especialmenteGram-positivos). Nestas infecções, também são necessáriosantibacterianos que cubram anaeróbios (Tabela 4).Ao projetar os resultados com base na possível efetivi<strong>da</strong>declínica <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> paciente frente aos achados nas diferentespatologias, observa-se que o meropen<strong>em</strong> apresenta umaeficácia projeta<strong>da</strong> superior a 90% para sepse intra-abdomi-Tabela 2. Pneumonia associa<strong>da</strong> à ventilação mecânica (<strong>pacientes</strong> n = 40; cepas isola<strong>da</strong>s n = 43). (1)Grupos de espécies (2) Cepas Pacientes Meropen<strong>em</strong> Piperacilina/tazobactam Cefepiman % n % n % n % n %S. pneumoniae 19 44 19 48 19 100 19 100 19 100BGNNF (3) 10 23 10 40 8 80 4 40 3 30Enterobacteriaceae (4) 4 9 4 10 4 100 2 50 1 25S. aureus (5) 4 9 4 10 2 50 2 50 2 50Ha<strong>em</strong>ophilus spp (6) 3 7 3 8 3 100 3 100 3 100M. catarrhalis 2 5 2 5 2 100 2 100 2 100E. faecalis 1 2 1 3 1 100 1 100 0 0Total 43 39 33 30(1) Inclui primeira pneumonia e pneumonias tardias. Não foram incluí<strong>da</strong>s pneumonias aspirativas.(2) Não foram tabulados 2 casos com PCR positiva para Chlamydiophila pneumoniae.(3) BGNNF: 3 P. aeruginosa e 1 complexo Acinetobacter baumannii/A. calcoaceticus(4) K. pneumoniae:2 betalactamases de espectro estendido (ESBL) e 1 Enterobacter cloacae (ampC desreprimi<strong>da</strong>)(5) Staphylococcus:2 MRSA e 2 S. aureus sensíveis à meticilina (MSSA)(6) Ha<strong>em</strong>ophilus spp: 2 H. influenzae e 1 H. parainfluenzae (to<strong>da</strong>s as betalactamases negativas).Sensibili<strong>da</strong>de aTabela 3. Sepse intra-abdominal (<strong>pacientes</strong> n = 60; cepas isola<strong>da</strong>s n = 199).Sensibili<strong>da</strong>de aGrupos de espécies (2) Cepas Pacientes Meropen<strong>em</strong> Piperacilina/tazobactam Cefepiman % n % n % n % n %Enterobacteriaceae (1) 68 40 57 95 68 100 59 87 62 91Enterococcus spp (2) 48 27 48 80 47 98 47 98 0 –Anaerobios Gram-positivos (3) 36 20 30 50 36 100 36 100 0 –Anaerobios Gram-negativos (4) 32 17 28 47 32 100 32 100 0 –BGNNF (5) 11 6 11 18 7 64 4 4 3 3S. aureus (6) 4 1 4 7 2 50 2 50 2 50Total 199 192 96 180 90 67 35(1) Enterobactérias: 48 E. coli; 8 P. mirabilis; 8 Klebsiella spp; 4 outros; 9 ESBL (CTX-M2; SHV5).(2) 47 E. faecalis; 1 E. faecium.(3) Anaeróbios Gram-positivos: 10 Clostridium spp; 10 Streptococcus anginosus-constellatus, só cresceram <strong>em</strong> anaerobiose; 10 Peptostreptococcus spp(4) Anaeróbios Gram-negativos: 10 Bacteroides fragilis; 8 B. não fragilis; 6 Porphyromonas spp, Prevotella spp; 2 Eubacterium spp(5) 8 P. aeruginosa (uma cepa VIM-2); 8 Acinetobacter spp; 1 S. maltophilia.(6) 2 MRSA e 2 MSSA.Tabela 4. Infecções de pele e tecidos moles (<strong>pacientes</strong> n = 62; cepas isola<strong>da</strong>s n = 123).Grupos de espécies (1) Cepas Pacientes Meropen<strong>em</strong> Piperacilina/tazobactam Cefepiman % n % n % n % n %S. aureus (2) 48 39 48 80 38 95 38 95 38 95Anaerobios Gram-positivos 20 16 16 26 20 100 20 100 0 –S. pyogenes 18 15 18 29 18 100 18 100 18 100Enterobacteriaceae (3) 18 13 16 26 18 100 13 72 13 72Anaeróbios Gram-negativos 8 7 8 13 8 100 8 100 0 –BGNNF 8 7 8 13 5 63 3 38 3 38Enterococcus spp (4) 3 2 2 3 3 100 3 100 0 –Total 123 – – – 110 89 103 84 72 59(1) Não foram incluídos Staphylococcus coagulase negativos n<strong>em</strong> Streptococcus viri<strong>da</strong>ns (prováveis contaminantes <strong>da</strong> pele).(2) 38 MSSA e 10 MRSA.(3) 6 E. coli; 6 P. mirabilis; 4 Klebsiella spp; 2 outros. Produtores de ESBL: 5 (28%).(4) E. faecalis.Sensibili<strong>da</strong>de aCritical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 7


Tabela 5. Efetivi<strong>da</strong>de clínica projeta<strong>da</strong> dos achados in vitro por paciente.Meropen<strong>em</strong> Piperacilina/tazobactam Cefepiman % n % n %Sepse intra-abdominal (SIA) 54/60 90 43/60 72 8/60 13*Pneumonia associa<strong>da</strong> à ventilação mecânica (PAVM) 36/39 92 30/39 77 27/39 69Infecções de pele e tecidos moles (IPTM) 47/62 76 44/62 71 32/62 52* Em associação com metroni<strong>da</strong>zol 36/60: 60%Significância:Meropen<strong>em</strong> vs. Piperacilina/tazobactamSIA: P = 0,23*PAVM: P = 0,129IPTM: P = 0,669Meropen<strong>em</strong> vs. CefepimeSIA: P = 0,000*PAVM: P = 0,023*IPTM: P = 0,009*Piperacilina/tazobactam vs. CefepimeSIA: P = 0,000*PAVM: P = 0,589IPTM: P = 0,047** Exist<strong>em</strong> diferenças significativas entre as proporções compara<strong>da</strong>snal e pneumonia associa<strong>da</strong> à ventilação mecânica. Eminfecções de pele e tecidos moles, a taxa de efetivi<strong>da</strong>de é de76%, devido à presença de MRSA. Piperacilina/tazobactame cefepima apresentam taxas de efetivi<strong>da</strong>de inferiores a75% <strong>em</strong> todos os casos. A baixa ativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cefepima nasepse intra-abdominal é devi<strong>da</strong> à não-cobertura de anaeróbios;se combina<strong>da</strong> a metroni<strong>da</strong>zol, a efetivi<strong>da</strong>de sobe a60% (Tabela 5).ConclusõesOs carbapenêmicos, <strong>em</strong> especial o meropen<strong>em</strong>, apresentam efetivi<strong>da</strong>d<strong>em</strong>uito eleva<strong>da</strong> quando <strong>em</strong>pregados como monoterapia<strong>em</strong> casos de pneumonia associa<strong>da</strong> à ventilação mecânica, sepseintra-abdominal e infecções de pele e tecidos moles. O meropen<strong>em</strong>d<strong>em</strong>onstrou superiori<strong>da</strong>de frente a piperacilina/tazobactame cefepima. Porém, deve-se levar <strong>em</strong> conta a baixa sensibili<strong>da</strong>dedo MRSA, caso haja suspeitas de sua presença.8 Julho 2006Critical Connections <strong>em</strong> português


Manejo <strong>em</strong>pírico <strong>da</strong>s infecções na uni<strong>da</strong>de de terapiaintensiva: a perspectiva do intensivistaDr. Edgar JiménezTesoureiro, World Federation of Societies of Intensive Critical Care MedicineDiretor, Uni<strong>da</strong>de de Terapia Intensiva, Orlando Regional Medical Center.Professor Associado de Medicina Crítica e Medicina Interna, Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Flóri<strong>da</strong>.Society of Critical Care Medicine (SCCM), Orlando, Flóri<strong>da</strong>, EUA.ResumoO <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico adequado <strong>da</strong>s infecções na uni<strong>da</strong>de deterapia intensiva (UTI) requer a avaliação correta dos fatoresde risco distintos do paciente e <strong>da</strong>s reali<strong>da</strong>des locais, que condicionamo <strong>tratamento</strong>. As diretrizes acor<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>em</strong> consensosão fun<strong>da</strong>mentais para se desenvolver <strong>tratamento</strong>s apoiadospor evidências.Entre as infecções na UTI, a pneumonia intra-hospitalar esuas variantes, a pneumonia associa<strong>da</strong> à ventilação mecânicae a pneumonia associa<strong>da</strong> a cui<strong>da</strong>dos médicos, ocupam lugaresde destaque, por suas freqüências.Para o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico inicial do paciente grave, deveseconsiderar: o início <strong>da</strong> infecção (inicial ou tardia), os fatoresde risco do paciente, os microorganismos locais prevalentese as possíveis resistências. O <strong>tratamento</strong> inicial deve seruma cobertura ampla contra os possíveis patógenos envolvidos.Entretanto, é necessário assumir o compromisso de reduziro espectro, de acordo com os resultados microbiológicos ecom a avaliação clínica. Desta forma, passa-se então a um <strong>tratamento</strong>específico, para se evitar principalmente a superutilizaçãode antibióticos, o que gera o aparecimento de resistências.Na escolha dos antimicrobianos, deve-se optar por aquelesque geram menor seleção de cepas resistentes.IntroduçãoEm 2005, a Socie<strong>da</strong>de Americana do Tórax (ATS) e aSocie<strong>da</strong>de de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos(IDSA) publicaram um documento sobre o <strong>tratamento</strong> deadultos com pneumonias intra-hospitalares (PIH) associa<strong>da</strong>s aventilação mecânica ou a <strong>tratamento</strong> médico. 1 Este documentoé importante pela alta freqüência de pneumonia entra asinfecções <strong>em</strong> uni<strong>da</strong>des de terapia intensiva (UTI).O guia recomen<strong>da</strong> tratar o <strong>pacientes</strong> com antibióticos adequados– precoc<strong>em</strong>ente e <strong>em</strong> doses adequa<strong>da</strong>s – , evitar aA PATM pode aparecer quando há exposição a patógenos não habituais,por alguma <strong>da</strong>s seguintes circunstâncias:• Paciente internado <strong>em</strong> um hospital de agudos por mais de doisdias, nos três meses anteriores à infecção.• Paciente que mora <strong>em</strong> asilos ou centro de <strong>tratamento</strong> para doentescrônicos.• Pacientes <strong>em</strong> h<strong>em</strong>odiálise.• Paciente que recebeu antibióticos intravenosos (IV), quimioterapiaou cui<strong>da</strong>do de ferimentos nos 30 dias anteriores.superutilização de antimicrobianos, por meio <strong>da</strong> redução deespectro – segundo <strong>da</strong>dos microbiológicos e clínicos – e ajustaro <strong>tratamento</strong> a um mínimo efetivo. Também se destacamcomo objetivos a classificação dos <strong>pacientes</strong> segundo o riscode infecções por patógenos multirresistentes e a definição deum novo grupo com pneumonia associa<strong>da</strong> a <strong>tratamento</strong>smédicos (PATM) , que inclui a PIH. A PIH é a que ocorre dentrode 48 horas pós-internação, e que não estava <strong>em</strong> incubaçãono início <strong>da</strong> internação.Epid<strong>em</strong>iologia <strong>da</strong>s PIHA PIH é a segun<strong>da</strong> infecção hospitalar mais freqüente nosEstados Unidos: 5 a 10 casos a ca<strong>da</strong> 1.000 internações; seuaparecimento aumenta o t<strong>em</strong>po de internação <strong>em</strong> 7 a 9 diaspor paciente. Além <strong>da</strong>s enfermi<strong>da</strong>des associa<strong>da</strong>s, aumenta significativamenteos gastos com saúde <strong>em</strong> mais de 40.000 dólarespor paciente. As PIH representam 25% <strong>da</strong>s infecções <strong>em</strong>UTI e 50% do uso de antibióticos. Apresenta altos índices d<strong>em</strong>ortali<strong>da</strong>de: 33-59%.A pneumonia associa<strong>da</strong> a ventilação mecânica (PAVM)ocorre <strong>em</strong> 9 a 27% dos <strong>pacientes</strong> intubados. O risco por dia éde 3% nos primeiros cinco dias, 2% entre 5 e 10 dias, e de 1%após o décimo dia. Cinqüenta por cento aparec<strong>em</strong> nos primeirosquatro dias. São dividi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> precoces e tardias. AsPAVM precoces ocorr<strong>em</strong> nos primeiros quatro dias, têm melhorprognóstico e, muito provavelmente, são causa<strong>da</strong>s pormicroorganismos sensíveis aos antibióticos. As tardias ocorr<strong>em</strong>após cinco dias de intubação, são causa<strong>da</strong>s por microorganismosmultirresistentes e têm alta mortali<strong>da</strong>de.Exist<strong>em</strong> fatores de risco que predispõ<strong>em</strong> a infecções compatógenos multirresistentes. Isto é importante ao decidir o <strong>tratamento</strong><strong>em</strong>pírico, mais do que a classificação entre precocese tardias.Fatores ADROde risco para patógenos multirresistentes <strong>em</strong> PIH, PAVM ePATM:• Fatores Tratamento de com risco antibióticos para patógenos durante os multi-resistentes três meses anteriores. na PIH,PAVM • Hospitalização e PATM: maior que 5 dias.Tratamento com antibióticos nos três meses anteriores.• Alta incidência de resistência a antibióticos na comuni<strong>da</strong>de ou naInternaçãouni<strong>da</strong>de específicamaiordoquehospital.5 dias.Alta incidência de resistência a antibióticos na comuni<strong>da</strong>deou na uni<strong>da</strong>de específica do hospital.• Enferme<strong>da</strong>de ou <strong>tratamento</strong> inmunossupressor.• Doença Fatores de ou risco <strong>tratamento</strong> para PATM. imunossupressor.As PIH, PAVM ou as PATM pod<strong>em</strong> ser causa<strong>da</strong>s por muitasbactérias diferentes. Os patógenos mais freqüentes são osCritical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 9


aeróbios Gram-negativos (Klebsiella pneumoniae,Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Acinetobacter sp,Serratia marcescens) e Gram-positivos (Staphylococcusaureus, especialmente resistentes a meticilina – MRSA – ,Streptococcus pneumoniae). A etiologia pode também serpolimicrobiana.Segundo <strong>da</strong>dos do Orlando Regional Medical Center(ORMC), a incidência de microorganismos <strong>em</strong> infecções <strong>em</strong>UTI, <strong>em</strong> abril de 2005, foi de 19% para MRSA, 18% paraStaphylococcus aureus sensíveis a meticilina (MSSA), 14%para Pseudomonas, e 11% de resultados negativos.Dev<strong>em</strong>-se conhecer, <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de, os microorganismosprevalentes e suas resistências, para se ajustar as diretrizesde <strong>tratamento</strong> às circunstâncias regionais. Dev<strong>em</strong>-setambém estabelecer estratégias preventivas de acordo com asreali<strong>da</strong>des locais e particulares a ca<strong>da</strong> paciente. Em geral,aconselha-se evitar o quanto possível as intubações, elevar acabeceira <strong>da</strong> cama a 30 o a 45 o , alimentação enteral pós-pilóricae controle rigoroso <strong>da</strong> glic<strong>em</strong>ia.DiagnósticoDeve-se suspeitar do diagnóstico de pneumonia diante <strong>da</strong>associação de febre, catarro purulento, leucocitose e piora <strong>da</strong>oxigenação, juntamente com infiltrado radiológico novo ouprogressivo. A ausência de um patógeno multirresistente notrato respiratório inferior nos <strong>pacientes</strong> intubados – s<strong>em</strong> trocade antibiótico nas últimas 72 horas – indica que a etiologianão é de um microorganismo resistente. Isto se deve ao fatode que a depuração dos patógenos é muito lenta. Nessescasos, preconiza-se a redução de espectro do <strong>tratamento</strong> antibacteriano.Um aspirado traqueal negativo (s<strong>em</strong> bactérias oucélulas inflamatórias) <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> s<strong>em</strong> mu<strong>da</strong>nças de antibióticosrecentes, t<strong>em</strong> um valor preditivo negativo de 94% paraPAVM; é aconselhável investigar outras causas para a febre. 2Vários estudos d<strong>em</strong>onstraram que o atraso no uso de antibióticosadequados na PIH se associa a uma maior mortali<strong>da</strong>de.3-5 A estratégia clínica é iniciar um <strong>tratamento</strong> precoce comantibióticos de amplo espectro, limitar a terapia a 2-3 dias eFigura 1. Algoritmo de <strong>tratamento</strong> de PIH, PAVM e PATM.10 Julho 2006controlar os resultados com as culturas. Entretanto, estas condutasapresentam a limitação de ser<strong>em</strong> extr<strong>em</strong>amente sensíveis,com maior utilização de antibióticos, e <strong>em</strong>prego destes<strong>em</strong> processos não infecciosos resultantes de achados clínicos(atelectasias, insuficiência cardíaca, trombo<strong>em</strong>bolismo pulmonar,etc.) 6 .A estratégia bacteriológica compreende culturas quantitativas<strong>da</strong>s secreções respiratórias baixas para se definir a presençade pneumonia e sua etiologia. Os benefícios são amenor utilização de antibióticos e uso de agentes de espectrolimitado. Os probl<strong>em</strong>as são os <strong>pacientes</strong> tratados previamentecom antibióticos, pelas culturas falso-negativas, e conseqüentesfalhas nos <strong>tratamento</strong>s adequados. Outro inconveniente é ot<strong>em</strong>po de obtenção dos resultados microbiológicos, não é bomatrasar a terapia.A estratégia terapêutica ideal deve ter por objetivo a utilização<strong>em</strong>pírica, precoce, de antibióticos de amplo espectro–avaliando to<strong>da</strong>s as circunstâncias do paciente e <strong>da</strong> região –com o compromisso de reduzir o espectro, de acordo com os<strong>da</strong>dos clínicos e microbiológicos. Desta forma, espera-se diminuiro aparecimento de resistências bacterianas (Figura 1). 1Antibioticoterapia <strong>da</strong>s PIHNo <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong>s PIH, deve ser considerado o início precoceou tardio <strong>da</strong> PIH, e os fatores de risco para patógenos multirresistentes.1Segundo as recomen<strong>da</strong>ções <strong>da</strong> ATS/IDSA, nas PIH ouPAVM precoces com baixo risco de multirresistência, os patógenospotenciais são S.pneumoniae, H.influenzae, MSSA ebacilos sensíveis Gram-negativos. Nestes casos, é aconselha<strong>da</strong>a terapia <strong>em</strong>pírica com ceftriaxona ou levofloxacina, moxifloxacinaou ciprofloxacina ou ampicilina/sulbactam ou ertapen<strong>em</strong>.Nas PIH, PAVM e PATM tardias, com alto risco de multirresistência,os patógenos que dev<strong>em</strong> cobrir a terapia <strong>em</strong>píricasão, além dos anteriores, P.aeruginosa, K.pneumoniae (betalactamasesde espectro expandido [ESBL]+), Acinetobactersp. É necessário administrar antibióticos ou combinações ativascontra esses microorganismos (Figura 2). 1No ORMC, os <strong>pacientes</strong> com PIH precoces e de baixorisco receb<strong>em</strong> um <strong>tratamento</strong> antibacteriano mais completopela freqüência de resistência registra<strong>da</strong> na região. Pelos probl<strong>em</strong>ascom ESBL, S.pneumoniae e prevalência de aproxima<strong>da</strong>mente60% de MRSA na comuni<strong>da</strong>de, o esqu<strong>em</strong>a <strong>em</strong>píricocompreende cefalosporinas antipseudomonas (cefepima, ceftazidima)ou carbapenêmicos antipseudomonas (meropen<strong>em</strong>,imipen<strong>em</strong>) ou betalactâmico/inibidor (piperacilina/tazobactam),mais fluoroquinolona ou aminoglicosídeo + linezoli<strong>da</strong>ou vancomicina, por causa <strong>da</strong> resistência à meticilina.No ORMC, o padrão de sensibili<strong>da</strong>de para S. pneumoniaeindica boa ativi<strong>da</strong>de de levofloxacina; para P. aeruginosa, háuma resposta muito boa à amicacina e tobramicina, mas probl<strong>em</strong>as<strong>graves</strong> com ciprofloxacina (resistência ao redor de40%).Para <strong>pacientes</strong> com antibioticoterapia recente, é recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>terapia <strong>em</strong>pírica com antimicrobianos de classes diferentes.O <strong>tratamento</strong> recente aumenta a probabili<strong>da</strong>de deCritical Connections <strong>em</strong> português


Patógenos potenciaisAntibiótico recomen<strong>da</strong>doS. pneumoniae Cefalosporina antipseudomonas(cefepima, ceftazidima)H. Influenzae ouCarbapen<strong>em</strong> antipseudomonasMSSA(meropen<strong>em</strong> ou imipen<strong>em</strong>)Bacilos Gram-negativos sensíveis ouBetalactâmico/InibidorE. coli (piperacilina/tazobactam)K. pneumoniae maisProteus sp.Serratia marcescensSerratia marcescensPseudomonas aeruginosaFluoroquinolona antipseudomonas(Ciprofloxacina ou Levofloxacina)Aminoglicosídeo (amicacina,K. pneumoniae (ESBL+) gentamicina, tobramicina)Acinetobacter sp.maisMRSALinezoli<strong>da</strong> ou vancomicinaFigura 2. Antibióticos <strong>em</strong>píricos <strong>em</strong> PIH, PAVM e PATM tardias e de alto risco paramultirresistência.cobertura inadequa<strong>da</strong>, podendo predispor à resistência aomesmo tipo de antibiótico.A ATS/IDSA recomen<strong>da</strong> as seguintes doses de antibióticospara PIH de início tardio ou com fatores de risco para patógenosmultirresistentes (Figura 3). 1Os antibióticos <strong>em</strong> aerossol são utilizados contra patógenosmultirresistentes que não respond<strong>em</strong> à terapia sistêmica;aumentam a penetração do antimicrobiano nas vias respiratóriasinferiores. Há uma maior erradicação microbiológica,mas não uma melhora no prognóstico. O efeito colateral é obroncoespasmo.A terapia combina<strong>da</strong> é freqüente no <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong> PIH comsuspeita de microorganismos Gram-negativos, buscando asinergia contra P.aeruginosa. Entretanto, a sinergia só é relata<strong>da</strong>in vitro e <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> com neutropenia ou bacter<strong>em</strong>ia. Édifícil d<strong>em</strong>onstrar a importância clínica do sinergismo. Na ver<strong>da</strong>de,a terapia combina<strong>da</strong> inicial para se tratar de uma possívelinfecção por Pseudomonas não é pela sinergia, e sim paraampliar a cobertura. Alguns <strong>da</strong>dos suger<strong>em</strong> mu<strong>da</strong>r para monoterapiase houver melhora e comprovação microbiológica.Em um estudo multicêntrico, randômico e controlado, os<strong>pacientes</strong> com PAVM que receberam <strong>tratamento</strong> adequado poroito dias tiveram uma evolução s<strong>em</strong>elhante aos tratadosdurante 14 dias. 7 As terapias prolonga<strong>da</strong>s favorec<strong>em</strong> a colonizaçãopor patógenos multirresistentes. Em situações especiais,como septic<strong>em</strong>ias ou infecções por Pseudomonas ouAcinetobacter, o <strong>tratamento</strong> de 14 dias previne recorrências.Em outros casos, convém limitar a oito dias o <strong>tratamento</strong>,s<strong>em</strong>pre levando <strong>em</strong> consideração a evolução clínica.Conhecendo os resultados microbiológicos, a redução deespectro aju<strong>da</strong> a prevenir resistências, reduz o uso de antibióticosinadequados, diminui possíveis reações alérgicas e reduzcustos médicos.Regimes especiaisPseudomonas: não há <strong>da</strong>dos de que a terapia combina<strong>da</strong> melhorea evolução, mas com a monoterapia há taxas de 30 a40% de desenvolvimento de resistência. A terapia combina<strong>da</strong>diminuiu efetivamente a mortali<strong>da</strong>de de <strong>pacientes</strong> com bacter<strong>em</strong>ia.Acinetobacter: t<strong>em</strong> resistência natural a muitos antibióticos,sendo eficazes carbapenêmicos, sulbactam e polimixinas.A susceptibili<strong>da</strong>de a aminoglicosídeos varia e sua penetraçãoé controversa.Patógenos com ESBL: as cefalosporinas de terceira geraçãosão inúteis e se discut<strong>em</strong> as de quarta geração. A eficácia <strong>da</strong>piperacilina/tazobactam também é incerta. Os carbapenêmicostêm os melhores resultados. Não há <strong>da</strong>dos sobre combinações.MRSA: O fracasso supera 40% com a vancomicina. Estudosfarmacocinéticos suger<strong>em</strong> que isto se deve a dosag<strong>em</strong> inadequa<strong>da</strong>.A linezoli<strong>da</strong>, por sua vez, que t<strong>em</strong> grande penetraçãono epitélio pulmonar, d<strong>em</strong>onstrou equivalência com a vancomicinana PIH. Além disso, é o <strong>tratamento</strong> de escolha para<strong>pacientes</strong> com função renal altera<strong>da</strong> ou tratados simultaneamentecom drogas nefrotóxicas.Resposta terapêuticaHabitualmente, há melhora clínica logo após 48-72 horas de<strong>tratamento</strong>. Recomen<strong>da</strong>-se manter o regime <strong>em</strong>pírico por esseperíodo, a menos que haja deterioração. Em segui<strong>da</strong> à identificaçãomicrobiológica, faz-se a redução de espectro máximano <strong>tratamento</strong>.A radiografia t<strong>em</strong> valor limitado para definir a melhora. Osparâmetros de evolução clínica são recontag<strong>em</strong> de leucócitos,curva febril e oxigenação. É importante detectar condiçõesnão infecciosas (atelectasias, insuficiência cardíaca, trombo<strong>em</strong>bolismopulmonar, contusão pulmonar, pneumonite química)e outros processos infecciosos.Exist<strong>em</strong> várias causas possíveis de má evolução: diagnósticoerrôneo (não se trata de pneumonia), terapia inadequa<strong>da</strong>para um microorganismo (patógeno resistente à terapia: bactériamultirresistente, micobactéria, vírus, fungo) e outrosAntibióticoCefalosporina antipseudomonasCefepimaCeftazidimaCarbapen<strong>em</strong>Meropen<strong>em</strong>Imipen<strong>em</strong>Betalactâmico/InibidorPiperacilina/tazobactamAminoglicosídeoGentamicinaTobramicinaAmicacinaFluoroquinolona antipseudomonasLevofloxacinaCiprofloxacinaVancomicinaLinezoli<strong>da</strong>Dose1-2 g a ca<strong>da</strong> 8-12 h2 g a ca<strong>da</strong> 8 h500-1.000 mg a ca<strong>da</strong> 6-8 h500 mg a ca<strong>da</strong> 6 h ou 1 g a ca<strong>da</strong> 8 h4,5 g a ca<strong>da</strong> 6 h7 mg/kg/dia (


fatores do hóspede (<strong>em</strong>pi<strong>em</strong>a, abscesso pulmonar, infecçãooculta, febre medicamentosa).ConclusõesEntre as infecções de UTI, a pneumonia se destaca por suaincidência e por sua alta taxa de mortali<strong>da</strong>de. O <strong>tratamento</strong><strong>em</strong>pírico inicial deve ser precoce e adequado; isto é fun<strong>da</strong>mentalpara o prognóstico e a evolução. Para a escolha inicialdo antibiótico, é necessário considerar circunstâncias própriasdo paciente, como o momento de início <strong>da</strong> infecção, antecedentes,estado clínico e fatores de risco para resistências.Além do mais, é vital conhecer a prevalência local de microorganismose possíveis resistências. A avaliação de tudo issodetermina que o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico é o adequado.Logo após a documentação microbiológica, deve-se realizara redução de espectro: adequação específica do <strong>tratamento</strong>aos patógenos envolvidos, de acordo com sua sensibili<strong>da</strong>de.Este manejo otimiza o uso de antimicrobianos, com economiade recursos econômicos e diminuição <strong>da</strong> seleção d<strong>em</strong>icroorganismos multirresistentes.De modo geral, a duração <strong>da</strong> terapia específica deve ser deoito dias; não há relatos de benefícios clínicos com regimes maisprolongados, <strong>em</strong>bora seja necessário considerar as situações epatógenos especiais. Limitar a terapia é um manejo que tambémtende a evitar o aparecimento de resistências futuras.PerspectivasO aparecimento <strong>da</strong>s glicilciclinas (antibióticos derivados <strong>da</strong>stetraciclinas), como a tigeciclina, proporcionará novas opçõesde <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong>s infecções. Tigeciclina, recent<strong>em</strong>ente aprova<strong>da</strong>pelo Food and Drug Admnistration (FDA), parece teruma ativi<strong>da</strong>de sobre uma ampla gama de patógenos comoMRSA, S. pneumoniae multirresistente e enterococos resistentesa vancomicina. 8,9 Será interessante para o <strong>tratamento</strong> deinfecções complica<strong>da</strong>s de pele e tecidos moles, e na PIH.O surgimento de uma nova determinação por imunotransferência,de um marcador confiável de infecções, a forma solúveldo receptor disparador expresso <strong>em</strong> células mielóides-1(Soluble form of the Triggering Receptor Expressed on Myeloidcells-1 - STREM-1), poderá ter um importante valor clínico,particularmente na sepse e pneumonia. O STREM-1 é umreceptor solúvel expresso sobre as células mielóides, m<strong>em</strong>bro <strong>da</strong>superfamília de imunoglobulinas. Sua expressão sobre as célulasfagocíticas é regula<strong>da</strong> pela presença de bactérias e fungos. 10A determinação deste receptor oferece um valor preditivo muitoalto. É obtido por lavado broncoalveolar, e quando é positivo hágrande probabili<strong>da</strong>de de que o paciente esteja com PIH. Estatécnica poderia ser especialmente útil nos <strong>pacientes</strong> <strong>em</strong> que édifícil se estabelecer pela clínica se há infecção, e poderia aju<strong>da</strong>rno uso mais discriminado e restrito dos antibióticos.Referências bibliográficas1. Joint ATS/IDSA Guidelines for the Manag<strong>em</strong>ent of Adults with Hospital-acquired,Ventilator—associated, and Healthcare-associated Pneumonia. Am J Respir CritCare Med 2005; 171:388-416.2. Blot F et al. Value of Gram stain examination of lower respiratory tract secretions forearly diagnosis of nosocomial pneumonia. Am J Respir Crit Care Med 2002;162:1731-1737.3. Luna CM et al. Impact of BAL <strong>da</strong>ta on the therapy and outcome of ventilatorassociatedpneumonia. Chest 1997; 140:306-310.4. Iregui M et al. Clinical importance of delays in the initiation of appropriate antibiotictreatment for ventilator-associated pneumonia. Chest 2002; 122:262-268.5. Alvarez-Lerma F, ICU-acquired Pneumonia Study Group. Modification of <strong>em</strong>piricantibiotic treatment in patients with pneumonia acquired in the intensive care unit.Intensive Care Med 1996; 22:387-394.6. Fagon JY et al. Invasive and non-invasive strategies for manag<strong>em</strong>ent of suspectedventilator-associated pneumonia: a randomized trial. Ann Intern Med 2000; 132:621-630.7. Chastre J et al. Comparison of 8 vs 15 <strong>da</strong>ys of antibiotic therapy for ventilatorassociatedpneumonia in adults: a randomized trial. JAMA 2003; 290:2588-2598.8. Zhanel GG et al. The glycylcyclines: a comparative review with the tetracyclines.Drugs 2004; 64:63-88.9. Garrison MW et al. Tigecycline: an investigational glycylcycline antimicrobial withactivity against resistant Gram-positive organisms. Clin Ther 2005; 27:12-22.10. Gibot S, Cravoisy A. Soluble Form of the Triggering Receptor Expressed on MyeloidCells-1 as a Marker of Microbial Infection. Clin Med Res 2004; 2:181-187.12 Julho 2006Critical Connections <strong>em</strong> português


Controvérsias sobre o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico <strong>da</strong>s infecções<strong>em</strong> uni<strong>da</strong>des de terapia intensivaProf. Juan J. PicazoPresidente, Fun<strong>da</strong>ção para o Estudo <strong>da</strong> Infecção (FEI), Facul<strong>da</strong>de de Medicina, Universi<strong>da</strong>de Complutense de Madri.Catedrático de Microbiologia Clínica, Universi<strong>da</strong>de Complutense de Madri, Madri, Espanha.ResumoAs infecções <strong>em</strong> uni<strong>da</strong>des de terapia intensiva (UTIs) são umprobl<strong>em</strong>a importante <strong>da</strong> prática médica. A esta<strong>da</strong> <strong>em</strong> UTIs,particularmente pelo uso de antibióticos, é acompanha<strong>da</strong> deuma probabili<strong>da</strong>de crescente de infecção hospitalar, com conseqüenteaumento <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de.O <strong>tratamento</strong> antimicrobiano adequado requer a avaliaçãodo paciente e de seus antecedentes (riscos e possibili<strong>da</strong>de deresistências). É relevante avaliar o quadro clínico, obter amostrasadequa<strong>da</strong>s, conhecer os patógenos potencialmente envolvidose considerar as resistências locais. Inicialmente, deve-seintroduzir um <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico de cobertura e com os resultadosmicrobiológicos, iniciar o ajuste, adequando o <strong>tratamento</strong>para evitar seleção de cepas resistentes e diminuir o custo.Impacto <strong>da</strong>s resistênciasO aumento <strong>da</strong>s resistências cria diversas inconveniências,incluindo a utilização de antimicrobianos mais tóxicos, que <strong>em</strong>muitos casos têm menor eficácia e aumentam os custos.N<strong>em</strong> todos os antibióticos se portam <strong>da</strong> mesma maneira aoproduzir resistências. As cefalosporinas de segun<strong>da</strong> e terceiragerações e o aztreonam induz<strong>em</strong> a produção de betalactamasesde espectro ampliado (ESBL), mais do que outros antibióticos(Figura 1). 1Uma metanálise sobre o impacto do Staphylococcusaureus resistente à meticilina (MRSA) concluiu que a bacter<strong>em</strong>iapor MRSA está associa<strong>da</strong> a taxas de mortali<strong>da</strong>de significant<strong>em</strong>ent<strong>em</strong>aiores que a produzi<strong>da</strong> pelo Staphylococcusaureus sensível à meticilina (MSSA). 2 Em um trabalho deGonzalez et al., a mortali<strong>da</strong>de de <strong>pacientes</strong> com pneumoniapor MSSA foi superior quando tratados com vancomicina doque quando se indicou cloxacilina (47% vs. 0; P 8mcg/ml) e 54% quando recebeu cefalosporinascom CIM sensível (≤ 8mcg/ml). É clinicamente importantedetectar a produção de ESBL+ por Klebsiella pneumoniae ouEscherichia coli, mesmo CIM de cefalosporina estiver nafaixa de sensibili<strong>da</strong>de, e l<strong>em</strong>brar que os microorganismosESBL+ são resistentes ao aztreonam e a to<strong>da</strong>s as cefalosporinas(exceto às cefamicinas). 4 Na bacter<strong>em</strong>ia por K. pneumoniaeESBL+, quando o antibiótico indicado não for ativo, ataxa de mortali<strong>da</strong>de atinge 63,6%. Os carbapenêmicos foramassociados a menor mortali<strong>da</strong>de <strong>em</strong> 14 dias de <strong>tratamento</strong>quando comparados a outros antibióticos ativos in vitro.Ad<strong>em</strong>ais, a administração de um carbapenêmico durante oscinco dias posteriores ao início de bacter<strong>em</strong>ia por bactériasESBL+ relacionou-se independent<strong>em</strong>ente com menor mortali<strong>da</strong>de.5O mecanismo mais relevante de resistência <strong>da</strong>s enterobactériasàs cefalosporinas são as ESBL. Porém, a K. pneumoniaeproduz duas porinas de m<strong>em</strong>brana; quando estas estãoausentes (cepas P-), aumenta a resistência às cefalosporinas ea outros antibióticos betalactâmicos; os mecanismos somamse.6 E. coli, Enterococcus aerogenes e outros microorganismosexib<strong>em</strong> o mesmo fenômeno.A Pseudomonas aeruginosa também t<strong>em</strong> altos índices deresistência antimicrobiana. Na América Latina, seu perfil desensibili<strong>da</strong>de é preocupante. Dados do programa SENTRYindicam 66% de sensibili<strong>da</strong>de à ceftazidima e 80% ao meropen<strong>em</strong>(o antibiótico de melhor ativi<strong>da</strong>de no SENTRY). 7A resistência causa pior evolução <strong>da</strong>s infecções, com maiorperíodo de internação e cui<strong>da</strong>dos, e aumento de custos.Cosgrove et al. observaram que a resistência <strong>da</strong> Enterobactersp. a cefalosporinas de terceira geração foi um fator prognósticode mortali<strong>da</strong>de, com aumento dos riscos relativos (RR)de mortali<strong>da</strong>de (RR: 5,02; P = 0,01), t<strong>em</strong>po de hospitalização(RR:1,47; P < 0,001) e custos (RR:1,51; P < 0,001). 8PRODUÇÃO DE ESBL:Bacter<strong>em</strong>ia nosocomial: 30,8%Infecções <strong>em</strong> UTI: 43,5%Risco relativoPenicilinas 0,82Cefalosporina 1ª geração 0,92Cefuroxima 2,55Ceftriaxona 3,31Ceftazidima 2,26Cefalosporina 4ª geração 1,63Aztreonam 3,27Carbapanêmicos 1,15Figura 1. Resistências (ESBL) <strong>em</strong> bacter<strong>em</strong>ia por K. pneumoniae. Relação com ouso de antimicrobianos (14 dias anteriores).Critical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 13


Em infecções por MRSA, também aumentam a taxa d<strong>em</strong>ortali<strong>da</strong>de e os custos <strong>em</strong> comparação com MSSA. Segundoum estudo, a carga econômica média para o hospital <strong>em</strong>infecção cirúrgica foi de US$ 29.455 <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> controle,US$ 52.791 <strong>em</strong> infectados por MSSA e US$ 92.363,00 <strong>em</strong>infecções por MRSA. 9Tratamento AdequadoEscolha do antimicrobianoA escolha do antimicrobiano é um ponto-chave que condiciona<strong>em</strong> grande parte a evolução do paciente. A mortali<strong>da</strong>deaumenta significativamente com antibioticoterapia inicial inadequa<strong>da</strong>.Ibrahim et al. observaram que a taxa de mortali<strong>da</strong>dehospitalar de <strong>pacientes</strong> septicêmicos que receberam antibioticoterapiainicial inadequa<strong>da</strong> foi estatisticamente maior que averifica<strong>da</strong> <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> com terapia adequa<strong>da</strong> (61,9% vs28,4%, respectivamente). A análise multivaria<strong>da</strong> d<strong>em</strong>onstrouque a antibioticoterapia inadequa<strong>da</strong> foi o fator de risco maisimportante para mortali<strong>da</strong>de hospitalar (razão de probabili<strong>da</strong>de[odds ratio, OR] ajusta<strong>da</strong>: 6,86; IC 95%; P < 0,001). 10 Em<strong>pacientes</strong> internados <strong>em</strong> UTI, este também é o fator determinanteindependente mais importante para mortali<strong>da</strong>de.Ad<strong>em</strong>ais, há mais probabili<strong>da</strong>de de <strong>tratamento</strong> inadequadoquando o paciente tiver recebido antibióticos previamente. 11Vários estudos d<strong>em</strong>onstram que o t<strong>em</strong>po de internação ede UTI aumentam quando a terapia <strong>em</strong>pírica é inadequa<strong>da</strong>,com aumento proporcional de custos. O t<strong>em</strong>po de hospitalizaçãomédio também foi mais prolongado <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> tratadoscom terapia <strong>em</strong>pírica inadequa<strong>da</strong> (55,9 dias), <strong>em</strong> comparaçãocom <strong>pacientes</strong> que receberam antibioticoterapia inicialadequa<strong>da</strong> (40,8 dias). 12Precoci<strong>da</strong>de do <strong>tratamento</strong>O <strong>tratamento</strong> antibiótico deve ser oportuno e muito precoce,já que a mortali<strong>da</strong>de por pneumonia adquiri<strong>da</strong> na comuni<strong>da</strong>deé maior se o <strong>tratamento</strong> é retar<strong>da</strong>do. A administração deantibióticos nas primeiras quatro horas de entra<strong>da</strong> no hospitalestá relaciona<strong>da</strong> a menor mortali<strong>da</strong>de e t<strong>em</strong>po de internação. 13Na pneumonia associa<strong>da</strong> à ventilação mecânica (PAVM), amortali<strong>da</strong>de com <strong>tratamento</strong> precoce é de 10,8% e de 39,4%quando retar<strong>da</strong>do. 14Se a antibioticoterapia inicial não é adequa<strong>da</strong> por coberturainsuficiente, a mortali<strong>da</strong>de aumenta notavelmente, ain<strong>da</strong>que se corrija o <strong>tratamento</strong>. A modificação <strong>da</strong> terapia inicialsegundo a sensibili<strong>da</strong>de antimicrobiana gera pior prognósticodo que quando é apropria<strong>da</strong> desde o início (Figura 2). 15Com introdução muito precoce de antibioticoterapia adequa<strong>da</strong>(antes do lavado broncoalveolar), a mortali<strong>da</strong>de se reduz, <strong>em</strong>comparação com casos de terapia inadequa<strong>da</strong> ou ausente.Quando se troca o antibiótico inadequado com base nos resultadosdo lavado broncoalveolar, a mortali<strong>da</strong>de é comparável à de<strong>pacientes</strong> que continuam com <strong>tratamento</strong> inadequado. 16Duração do <strong>tratamento</strong>Não há diferença na evolução do quadro infeccioso <strong>em</strong>relação à duração do <strong>tratamento</strong> (oito ou 14 dias). Porém, há14 Julho 2006% de mortali<strong>da</strong>de403020100RR: 3,18%Tratamento<strong>em</strong>pírico inicialRR: 2,46%Pós culturaRR: 1,00%Pós antibiogramaFigura 2. Bacter<strong>em</strong>ia e fung<strong>em</strong>ia: mortali<strong>da</strong>de associa<strong>da</strong> à terapia antimicrobiana.A correção do <strong>tratamento</strong> após a avaliação de sensibili<strong>da</strong>de leva a pior prognósticoquando compara<strong>da</strong> a <strong>tratamento</strong> inicial apropriado. Mortali<strong>da</strong>de relaciona<strong>da</strong>:17,5%.diferença no surgimento de resistências. Quando a antibioticoterapiaé mais prolonga<strong>da</strong>, aumentam as recorrências porpatógenos multirresistentes. Em <strong>pacientes</strong> com infecçõesrecorrentes, estes patógenos são menos freqüentes quando aterapia anterior durou oito dias (42,1%) do que com 15 diasde <strong>tratamento</strong> (62%). 17 Entre os <strong>pacientes</strong> que receb<strong>em</strong> terapia<strong>em</strong>pírica inicial adequa<strong>da</strong> (exceto <strong>em</strong> infecções por bacilosGram-negativos não fermentadores), a eficácia clínica naPAVM é s<strong>em</strong>elhante <strong>em</strong> regimes de oito e 15 dias. Outra vantag<strong>em</strong><strong>da</strong> terapia curta é o menor consumo de antibióticos.A terapia de oito dias parece suficiente e conveniente paraa maioria <strong>da</strong>s infecções, mas alguns patógenos requer<strong>em</strong>maior duração, como P. aeruginosa. Em um trabalho que avaliaa eliminação de microorganismos endotraqueais ao longodo t<strong>em</strong>po, Ha<strong>em</strong>ophilus influenzae e S. pneumoniae são erradicadosrapi<strong>da</strong>mente, enquanto S. aureus, enterobactérias e P.aeruginosa, <strong>em</strong>bora sensíveis aos antibióticos administrados,persist<strong>em</strong> por mais t<strong>em</strong>po. 18 Após 15 dias de <strong>tratamento</strong> comantibióticos ativos, percebe-se, no aspirado traqueal, diminuiçãona proporção de enterobactérias, mas não há alteraçõesna P. aeruginosa. A resposta clínica na PAVM ocorre nos seisprimeiros dias; apesar disto, a colonização endotraqueal combactérias Gram-negativas persiste, mesmo sendo estas susceptíveis.A colonização acontece na segun<strong>da</strong> s<strong>em</strong>ana e precedeepisódios de recorrência. Portanto, a infecção por P. aeruginosarequer <strong>tratamento</strong> mais prolongado.Monoterapia vs. terapia combina<strong>da</strong>Segundo uma recente metanálise, 19 a mortali<strong>da</strong>de por to<strong>da</strong>s ascausas e as falhas clínicas não mostram diferença entre monoterapiae combinação (com leve vantag<strong>em</strong> para a monoterapia).Os fracassos bacteriológicos e o risco relativo deresistências favorec<strong>em</strong> a monoterapia; porém, na infecçãofúngica, a terapia combina<strong>da</strong> apresenta vantagens. Os efeitosadversos, especialmente a nefrotoxici<strong>da</strong>de, aumentam significant<strong>em</strong>entecom a terapia combina<strong>da</strong>. A combinação amino-Critical Connections <strong>em</strong> português


1. Avaliar o paciente e seus antecedentes–Risco (resposta imune)–ResistênciasEsta<strong>da</strong> prévia <strong>em</strong> hospital, residênciaUso prévio de antimicrobianos2. Avaliar o quadro clínico atual3. Coleta de amostras4. Conhecer os possíveis patógenos envolvidos5. Avaliar as resistências locais6. Iniciar <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico de cobertura. Avaliar toxici<strong>da</strong>de.–Protocolos gerais/locais–Monoterapia vs. combinações7. Corrigir o <strong>tratamento</strong> conforme os resultados–Evitar a seleção de resistências–Diminuir os custosFigura 3. Manejo adequado do <strong>tratamento</strong> antimicrobiano.glicosídeo/beta-lactâmico para <strong>tratamento</strong> de sepse é desaconselha<strong>da</strong>.Na septic<strong>em</strong>ia por P. aeruginosa, há maior mortali<strong>da</strong>decom monoterapia como <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico. 20Uso prévio de antimicrobianosA exposição prévia a antimicrobianos condiciona o <strong>tratamento</strong>posterior porque induz, por ex<strong>em</strong>plo, infecção por E. coli eK. pneumoniae ESBL+, e aumenta o uso de antibióticos, ot<strong>em</strong>po de internação e os custos. 21 É um fator a ser consideradoao indicar terapia <strong>em</strong>pírica.Na PAVM, a proporção de infecções por bactérias multirresistentesaumenta significant<strong>em</strong>ente caso tenha havido exposiçãoprévia a antibióticos. Este fenômeno t<strong>em</strong> maior relevânciaque o t<strong>em</strong>po de ventilação mecânica. 22Em <strong>pacientes</strong> com antibioticoterapia prévia, aparec<strong>em</strong>grandes proporções de microorganismos que são menos freqüentes<strong>em</strong> indivíduos s<strong>em</strong> exposição a antimicrobianos, taiscomo P. aeruginosa, Acinetobacter baumannii e MRSA. Se,além disto, a ventilação mecânica durar mais de sete dias,aumenta a proporção destes patógenos e somam-se outros,como Stenotrophomonas maltophilia.A variável independente mais importante relaciona<strong>da</strong> combactérias multirresistentes associa<strong>da</strong> à ventilação mecânica éa exposição prévia a antimicrobianos, <strong>em</strong> comparação aot<strong>em</strong>po prolongado de ventilação e ao uso de antibióticos deamplo espectro. 22ConclusõesO <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico adequado deve considerar fatoresdeterminantes <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> infecção, como a exposiçãoprévia a antimicrobianos. Este <strong>da</strong>do é essencial, já queaumenta a possibili<strong>da</strong>de de que a infecção seja produzi<strong>da</strong> porpatógenos multirresistentes.Ao impl<strong>em</strong>entar o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico, conhecer osmicroorganismos prevalentes e as resistências locais colaboracom a escolha <strong>da</strong> terapia antimicrobiana adequa<strong>da</strong>, que deveser muito precoce e de ampla cobertura. Estas medi<strong>da</strong>s reduz<strong>em</strong>a mortali<strong>da</strong>de dos <strong>pacientes</strong> com infecções e geram benefíciosadicionais nos custos.A coleta de amostras é outra <strong>da</strong>s circunstâncias que não sepode desconsiderar: é fun<strong>da</strong>mental para comprovar a infecção,e, posteriormente, interromper o <strong>tratamento</strong>. Desta maneira, aterapia é focaliza<strong>da</strong> de acordo com a sensibili<strong>da</strong>de, para otimizaro uso de antibióticos e diminuir os custos (Figura 3).Referências bibliográficas1. Paterson DL et al. International prospective study of Klebsiella pneumoniaebacter<strong>em</strong>ia: implications of extended-spectrum β-lactamase production innosocomial infections. Ann Intern Med 2004; 140:26-32.2. Cosgrove SE, et al. Comparison of mortality associated with methicillin-resistant andmethicillin-susceptible Staphylococcus aureus bacter<strong>em</strong>ia: a meta-analysis. ClinInfect Dis 2003; 36:53-59.3. González C et al. Bacter<strong>em</strong>ic pneumonia due to Staphylococcus aureus:A comparisonof disease caused by methicillin-resistant and methicillin-susceptible organisms. ClinInfect Dis 1999; 29:1171-1177.4. Paterson DL et al. Outcome of cephalosporin treatment for serious infections due toapparently susceptible organisms producing extended-spectrum β-lactamases:implications for the clinical microbiology laboratory. JMC 2001; 39:2206-2212.5. Paterson DL et al. Antibiotic therapy for Klebsiella pneumoniae bacter<strong>em</strong>ia:Implications of production of extended-spectrum β-lactamases. Clin Infect Dis 2004;39:31-37.6. Doménech-Sánchez A, et al. Activity of nine antimicrobial agents against clinicalisolates of Klebsiella pneumoniae producing extended-spectrum β-lactamases anddeficient or not in porins. J Antimicrob Ch<strong>em</strong>other 2000; 46:858-859.7. Fritsche TR, Sader HS, Tol<strong>em</strong>an MA, Walsh TR, Jones RN. Emerging metallo-betalactamase-mediatedresistances: a summary report from the worldwide SENTRYantimicrobial surveillance program. Clin Infect Dis 2005; 41(Suppl4):S276-278.8. Cosgrove SE et al. Health and economic outcomes of the <strong>em</strong>ergence of thirdgenerationcephalosporin resistance in Enterobacter species. Arch Intern Med 2002;162:185-190.9. Eng<strong>em</strong>ann JJ et al. Adverse clinical and economic outcomes attributable to methicillinresistance among patients with Staphylococcus aureus surgical site infection. ClinInfect Dis 2003; 36:292-298.10. Ibrahim EH et al. The influence of inadequate antimicrobial treatment of bloodstreaminfections on patients outcomes in the ICU setting. CHEST 2000; 118:146-155.11. Kollef MH et al. Inadequate Antimicrobial treatment of infections: A risk factor forhospital mortality among critically III patients. CHEST 1999; 115:462-474.12. Garnacho-Montero J et al. Impact of adequate <strong>em</strong>pirical antibiotic therapy on theoutcome of patients admitted to the intensive care unit with sepsis. Crit Care Med2003; 31:2742-2751.13. Houck PM, et al. Timing of antibiotic administration and outcomes for Medicarepatients hospitalized with community-acquired pneumonia. Arch Intern Med 2004;164:637-644.14. Iregui M et al. Clinical importance in the initiation of appropriate antibiotic treatmentfor ventilator-associated pneumonia. CHEST 2002; 122:262-268.15. Weinstein MP et al. The clinical significance of positive blood cultures in the 1990s: Aprospective comprehensive evaluation of the microbiology, epid<strong>em</strong>iology, andoutcome of bacter<strong>em</strong>ia and fung<strong>em</strong>ia in adults. Clin Infect Dis 1997; 24:584-602.16. Luna CM et al. Impact of BAL <strong>da</strong>ta on the therapy and outcome of ventilatorassociatedpneumonia. CHEST 1997; 111:676-685.17. Chastre J et al. Comparison of 8 vs 15 <strong>da</strong>ys of antibiotic therapy for ventilatorassociatedpneumonia in adults: A randomized trial. JAMA 2003; 290:2588-2598.18. Dennesen PJW et al. Resolution of infectious parameters after antimicrobial therapyin patients with ventilator-associated pneumoniae. Am J Respir Crit Care Med 2001;163:1371-1375.19. Paul M et al. β-lactam monotherapy versus β lactam-aminoglycoside combinationtherapy for sepse in immunocompetent patients: syst<strong>em</strong>atic review and metaanalysisof randomised trials. BJM 2004; 328:668.20. Chamot E et al. Effectiveness of combination antimicrobial therapy for Pseudomonasaeruginosa bacter<strong>em</strong>ia. Antimicrob Agents Ch<strong>em</strong>other 2003; 47:2756-2764.21. Lautenbach E, et al. Changes in the prevalence of vancomycin-resistant enterococciin response to antimicrobial formulary interventions: impact of progressiverestrictions on use of vancomycin and third-generation cephalosporins. Clin Infect Dis2003; 36:440-446.22. Trouillet J-L et al. Ventilator-associated pneumonia caused by potentially drugresistantbacteria. Am J Respir Crit Care Med 1998; 157:531-539.Critical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 15


Infecções <strong>graves</strong> na uni<strong>da</strong>de de terapia intensiva pediátricaDr. Javier María CasellasInfectologista. Pediatra, Divisão de Infectologia Pediátrica, Hospital Materno Infantil de San Isidro, Buenos Aires, Argentina.IntroduçãoMuitas <strong>da</strong>s considerações no momento de selecionar o <strong>tratamento</strong><strong>em</strong>pírico mais apropriado para infecções <strong>graves</strong> <strong>em</strong>adultos e crianças são muito s<strong>em</strong>elhantes, a saber: presença etipo do foco de infecção, gravi<strong>da</strong>de, estado imunológico dopaciente, i<strong>da</strong>de, aquisição na comuni<strong>da</strong>de ou hospitalar. 1-4O diagnóstico e o manejo <strong>da</strong>s infecções <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> internadosna uni<strong>da</strong>de de terapia intensiva (UTI) é um desafio, jáque até um terço dos <strong>pacientes</strong> que são internados apresentamfebre s<strong>em</strong> foco <strong>em</strong> algum momento <strong>da</strong> internação. Isto geralmenteleva a um prolongamento <strong>da</strong> internação, solicitação d<strong>em</strong>últiplos exames laboratoriais e, <strong>em</strong> certas ocasiões, uso inadequadode antibióticos. 5Por outro lado, aproxima<strong>da</strong>mente 20-30% dos <strong>pacientes</strong>com sepse não apresentam foco clínico evidente. Estasituação é agrava<strong>da</strong> pelo fato de que a possibili<strong>da</strong>de de documentaras infecções na uni<strong>da</strong>de de terapia intensiva pediátrica(UTIP) n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre é uma tarefa fácil, já que apenas cercade 30% têm h<strong>em</strong>ocultura positiva quando o foco não é endovascular(bacter<strong>em</strong>ia associa<strong>da</strong> a cateteres venosos centrais).O início tardio do <strong>tratamento</strong> antibiótico está relacionado aum aumento <strong>da</strong> mortali<strong>da</strong>de associa<strong>da</strong> a estas infecções,motivo pelo qual seu <strong>tratamento</strong> precoce e adequado é fun<strong>da</strong>mental.6-10Fatores de risco, morbi<strong>da</strong>de, mortali<strong>da</strong>deAs infecções hospitalares são um pouco mais freqüentes <strong>em</strong>crianças que <strong>em</strong> adultos, caso sejam incluí<strong>da</strong>s as infecçõesvirais. 9 Nas UTIPs, as taxas de infecção variam entre 3-25%(média 11%), fun<strong>da</strong>mentalmente devido à heterogenei<strong>da</strong>de<strong>da</strong>s diferentes terapias. 8-12 Entre os fatores de risco descritosnas UTIPs, a freqüência de infecção é maior <strong>em</strong> menores de24 meses, enfermi<strong>da</strong>de preexistente grave, exposição prolonga<strong>da</strong>a procedimentos invasivos, antibioticoterapia prévia,esta<strong>da</strong> anterior <strong>em</strong> UTIs e imunossupressão. 6,13-15Focos de infecção e sua abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> diagnósticaNas UTIPs, os focos mais importantes de infecção porord<strong>em</strong> de freqüência são: bacter<strong>em</strong>ia, infecção do trato urinário(ITU) e pneumonia. As bacter<strong>em</strong>ias representam até65% dos focos de infecção hospitalar, a pneumonia 5,6-29% e a ITU 4-25%. Ca<strong>da</strong> um dos focos de infecção se relacionageralmente com dispositivos invasivos. Os patógenosmais freqüentes variam segundo o tipo de UTI (geral, cardiovascular,neurocirúrgica, queimados, etc.), mas são descritos:Staphylococcus spp, Klebsiella spp, Pseudomonasspp, E. coli, Enterobacter spp, Acinetobacter spp e Candi<strong>da</strong>sp. 10,16-1816 Julho 2006Tratamento <strong>em</strong>pírico inicialO <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong>s infecções <strong>graves</strong> nas UTIPs deve estar dirigidoàqueles <strong>pacientes</strong> nos quais a gravi<strong>da</strong>de clínica faz comque a bacter<strong>em</strong>ia seja altamente provável. Porém, devido aofato de que n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre os microorganismos responsáveispor estas infecções são isolados nas h<strong>em</strong>oculturas, ressalta-sea importância de culturas quantitativas de urina, ferimentos,trato respiratório baixo e cateteres venosos centrais antes deiniciar o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico inicial (doravante referidocomo TEI). 5O TEI deve ter ≥ 90% de ativi<strong>da</strong>de frente a patógenospotenciais e baixa probabili<strong>da</strong>de de selecionar resistência edurar no máximo 72 horas (reavaliar conforme a evolução clínicae resultados de culturas) (Tabela 1). Posteriormente, adequaro espectro de acordo com a espécie, sensibili<strong>da</strong>de, focoe medicamentos disponíveis (custo, toxici<strong>da</strong>de, indução deresistência). Na seleção do TEI <strong>em</strong> UTIPs, deve-se levar <strong>em</strong>conta os seguintes fatores: i<strong>da</strong>de, local e gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>infecção, estado imunológico do paciente, local de aquisição(padrão de susceptibili<strong>da</strong>de: previsibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> etiologia),segurança, toxici<strong>da</strong>de, eficácia e coleta prévia e adequa<strong>da</strong> deculturas representativas. L<strong>em</strong>brar que é necessário procurarnão transformar sist<strong>em</strong>aticamente o TEI <strong>em</strong> <strong>tratamento</strong> definitivo.1,19-21Experiência <strong>em</strong> nossa UTIPEm nossa UTIP no Hospital de Niños de San Isidro, observamos,<strong>em</strong> um corte recente, uma incidência de pneumoniaassocia<strong>da</strong> à ventilação mecânica (PAVM) de 9% (21/211 ventilados<strong>em</strong> 12 meses de observação).Na população avalia<strong>da</strong>, os agentes etiológicos repartiramsede maneira eqüitativa entre infecções virais, bacterianas <strong>em</strong>istas (viral + bacteriana). Em 50% dos casos o diagnósticofoi feito após o início do <strong>tratamento</strong> clínico, recorreu-se aomini-LBA ou escovado broncoalveolar <strong>em</strong> 30% dos casos e,quando não factível a realização de estudos quantitativos(geralmente por instabili<strong>da</strong>de do paciente), utilizou-se o aspiradotraqueal (20%).Os microorganismos prevalentes na PAVM de nossauni<strong>da</strong>de são os bacilos Gram-negativos (60%). Entre eles,os mais freqüentes são Pseudomonas aeruginosa, Enterobactercloacae, Klebsiella pneumoniae, Acinetobacter baumannii(pneumonias tardias) e Ha<strong>em</strong>ophylus influenzae(pneumonias precoces), os mais encontrados nos mini-BALs. Entre os cocos Gram-positivos, descrev<strong>em</strong>-se commaior freqüência: Streptococcus pneumoniae, Streptococcussp. (pneumonia precoce) e Staphylococcus aureus (pneumoniatardia).Critical Connections <strong>em</strong> português


Tabela 1. Patógenos mais freqüentes e <strong>tratamento</strong> antibiótico de escolha para diferentes localizações de infecçãoFoco Tipo Agentes etiológicos Não necessitam de cobertura Tratamento preferidoProváveisAbdominalBiliarÍleo terminal, cólon,fígado.E. coliKlebsiella sppEnterococcus sppColiformesB. fragilisS. aureusB. fragilisS. aureusPiperacilina/tazobactam;BLA/sulbactam; piperacilina + amicacinaMetroni<strong>da</strong>zol + amicacina oupiperacilina/tazobactam ouBLA/sulbactam + amicacina ou meropen<strong>em</strong>Gênito-urinárioBexigaRimColiformesEnterococo (1)P. aeruginosaS. aureusB. fragilisAmicacina oupiperacilina/tazobactamCateter venoso central(CVC); outros sist<strong>em</strong>asinvasivos; feri<strong>da</strong>cirúrgicaCVCDrenag<strong>em</strong> LCRPróteseFeri<strong>da</strong>s cirúrgicasS. epidermidisS. aureusKlebsiella sppEnterobacter sppOutros BGN IHColiformes comunsB. fragilisVancomicina + amicacina ou meropen<strong>em</strong> (2) (Drenag<strong>em</strong>de LCR vancomicina + ceftazidima)Pneumonia intra-hospitalar<strong>em</strong> paciente ventiladoPrecoceTardiaH. influenzaePseudomonasS. pneumoniae MRSA adquiridos naMSSAcomuni<strong>da</strong>de?BGN não multirresistentesId<strong>em</strong> +P. aeruginosaBGN multirresistenteAcinetobacterMRSACefotaxima c/ ou s/ vancomicina+ macrolídeo ou azalídeoVancomicina + meropen<strong>em</strong> (2)ou piperacilina/tazobactamambos + amicacinaS<strong>em</strong> foco aparenteSegundo epid<strong>em</strong>iologia local e dirigi<strong>da</strong> a CGP e BGN.Vancomicina + amicacinavancomicina + piperacilina/tazobactam ou meropen<strong>em</strong>1. Caso sejam encontrados no exame direto cocos Gram-positivos <strong>em</strong> cadeia <strong>em</strong> uma cultura de urina, associar <strong>em</strong>piricamente ampicilina.2. Em pediatria, recomen<strong>da</strong>-se o uso de meropen<strong>em</strong> (aprovado para meningites, menor toxici<strong>da</strong>de <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> com insuficiência renal ou convulsões, ca<strong>da</strong> 8 h, mais ativo frente a BGN, estávelpor 48 h sob refrigeração).Abreviaturas:BLA: Betalactâmicos; BGN: Bacilos Gram-negativos; CGP: Cocos Gram-positivos; CVC: Cateter venoso central; LCR: Líquido cefalorraquidiano; MRSA: S. aureus resistentes à meticilina; MSSA: S.aureus sensíveis à meticilinaEm relação ao perfil de sensibili<strong>da</strong>de, P. aeruginosa apresenta100% de susceptibili<strong>da</strong>de à ceftazidima, amicacina,piperacilina/tazobactam. Quanto aos carbapenêmicos, detectamosapenas 2 cepas resistentes desde 2001, ambas <strong>em</strong><strong>pacientes</strong> com fatores de risco para multirresistência antibiótica,devido ao que também apresentaram resistência à ciprofloxacina.As cepas de Enterobacter spp d<strong>em</strong>onstram 100% de sensibili<strong>da</strong>dea fluoroquinolonas, carbapenêmicos e amicacina.Embora não tenham sido registrados casos de cepas desreprimi<strong>da</strong>s,evitamos – por normas escritas – o uso prolongado ouinjustificado de cefalosporinas de terceira geração (ceftazidima,ceftriaxona), a fim de evitar que surjam cepas resistentesde Enterobacter spp e/ou selecionar K. pneumoniae produtorasde betalactamases de espectro ampliado (ESBL) (apenas 2casos desde 2001, ambos com fatores de risco).A Acinetobacter baumannii é relativamente infreqüente <strong>em</strong>nossa UTI, e mostra excelente sensibili<strong>da</strong>de a carbapenêmicos,motivo pelo qual o <strong>tratamento</strong> dirigido a este microorganismoé feito com este grupo de antibióticos.Pelo que foi exposto, o TEI para a PAVM tardia (Tabela 1)<strong>em</strong> nossa uni<strong>da</strong>de pode iniciar-se com piperazina/tazobactamassociado à vancomicina; para a PAVM precoce, recomen<strong>da</strong>moscefotaxima ± macrolídeo (menores de 6 e maiores de 60meses). Recent<strong>em</strong>ente (nov<strong>em</strong>bro/2004), tiv<strong>em</strong>os um casofatal de pneumonia necrotizante por Staphylococcus aureusresistente à meticilina adquirido na comuni<strong>da</strong>de. Por estarazão, a combinação com vancomicina está sendo considera<strong>da</strong>para <strong>pacientes</strong> com suspeita desta forma tão grave deinfecção.Na UTIP, a adequa<strong>da</strong> relação enfermeira/paciente é determinantepara evitar este tipo de infecções. Como medi<strong>da</strong>s preventivas,deve-se evitar a sobrecarga do pessoal, realizar rigorosamentea lavag<strong>em</strong> de mãos e impl<strong>em</strong>entar diretrizes de condutaobti<strong>da</strong>s por consenso entre formadores de opinião. 1,19-21Utilização de carbapenêmicos na UTIPComo o <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong>s infecções <strong>graves</strong> na UTIP requer certezade que a cobertura antibiótica seja desde o início ampla eadequa<strong>da</strong>, recent<strong>em</strong>ente foi proposta a política de “desescala<strong>da</strong>”(redução de espectro). 7Entre os grandes desafios no manejo destas infecções,estão as produzi<strong>da</strong>s por bacilos Gram-negativos com multirresistênciaantibiótica (produtores de ESBL, betalactamasescromossômicas induzíveis tipo AmpC, etc.). Os carbapenêmicosrepresentam uma classe de antibióticos muito úteis paratratar <strong>em</strong>piricamente este tipo de infecções, devido a seuamplo espectro (aeróbicos e anaeróbicos) e estabili<strong>da</strong>de frenteà maioria <strong>da</strong>s betalactamases. 23Os custos do <strong>tratamento</strong> destas infecções não apenas estãorelacionados ao valor do medicamento <strong>em</strong> si, mas tambémcom o t<strong>em</strong>po de internação de que o paciente necessitou atésua melhora e/ou cura, a compatibili<strong>da</strong>de com outros fármacos,sua toxici<strong>da</strong>de, necessi<strong>da</strong>de de doses múltiplas diárias <strong>em</strong><strong>pacientes</strong> com muitas outras medicações intravenosas, volumee t<strong>em</strong>po requeridos para sua infusão. Levando <strong>em</strong> contaCritical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 17


Superinfecções com suspeita de bacilos Gram-negativos durante o TEI deamplo espectro.Infecções por bacilos Gram-negativos ESBL +.Cepas hospitalares multirresistentes.Superinfecção <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> imunocomprometidos ou falta de resposta aantibióticos de amplo espectro <strong>em</strong> infecções hospitalares.Infecções polimicrobianas (aeróbicos/anaeróbicos) hospitalares.TEI de sepse grave hospitalar (<strong>em</strong> associação com vancomicina).TEI de PAVM de início tardio.Figura. Motivos mais freqüentes de uso de antibióticos carbapenêmicos <strong>em</strong> UTIPsestas variáveis, o uso de monoterapia para TEI é atraentes<strong>em</strong>pre que se faz a redução de espectro, uma vez obtidos osresultados microbiológicos e frente a uma boa evolução clínica.7,23,24A utilização de carbapenêmicos para o manejo de infecções<strong>graves</strong> <strong>em</strong> pediatria deve seguir certas pautas preestabeleci<strong>da</strong>s,regular-se por normas estritas (uso restringido) <strong>da</strong>do seu amploespectro; já que, ante a aparição de resistência a este grupo deantibióticos, as alternativas são muito poucas e n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre livresde toxici<strong>da</strong>de (por ex<strong>em</strong>plo, colistina).Com base <strong>em</strong> estudos recentes, o meropen<strong>em</strong> surge comoo carbapenêmico com melhor perfil pediátrico, devido a suabaixa toxici<strong>da</strong>de, aprovação para uso <strong>em</strong> menores de 3 mesese <strong>em</strong> meningites, ativi<strong>da</strong>de frente a algumas cepas de P. aeruginosaresistentes ao imipen<strong>em</strong>, melhor tolerabili<strong>da</strong>de a altasdoses (sist<strong>em</strong>a nervoso central, renal), menor necessi<strong>da</strong>de deaporte de líquidos (importante no manejo de pr<strong>em</strong>aturos),doses com intervalos de 8 horas (requerendo menor manipulaçãodos cateteres venosos), curtos períodos de infusão (1-15minutos), entre outros benefícios (Tabela 2). 1,23-24Tabela 2. Quadro comparativo de doses, cobertura e indicações entre imipen<strong>em</strong>e meropen<strong>em</strong>.Doses 15-25 mg/kg c/6 h 3 meses-12 anos: 20 mg/kgExperiência limita<strong>da</strong> <strong>em</strong>


17. Mercuri E, Rutherford M, Cowan F, Pennock J, Counsell S, Papadimitriou M,Azzopardi D, Bydder G, Dubowitz L. Early prognostic indicators of outcome in infantswith neonatal cerebral infarction: a clinical, electroencephalogram, and magneticresonance imaging study. Pediatrics 1999; 103:39-46.18. National Nosocomial Infections Surveillance (NNIS) Syst<strong>em</strong> report, <strong>da</strong>ta summaryfrom October 1986-April 1998, issued June 1998. Am J Infect Control 1998;26:522-533.19. Ibrahim EH, Sherman G, Ward S, Fraser VJ, Kollef MH. The influence of inadequateantimicrobial treatment of bloodstream infections on patient outcomes in the ICUsetting. Chest 2000; 118:146-155.20. Calil R, Marba ST, von Nowakonski A, Tresoldi AT. Reduction in colonization andnosocomial infection by multiresistant bacteria in a neonatal unit after institution ofeducational measures and restriction in the use of cephalosporins. Am J InfectControl 2001; 29:133-138.21. Kollef MH, Fraser VJ. Antibiotic resistance in the intensive care unit. Ann Intern Med2001; 134:298-314. Revisão.22. (Resumo enviado ao ICAAC, New Orleans, Set<strong>em</strong>bro de 2005)23. Ayalew K, Nambiar S, Yasinskaya Y, Jantausch BA. Carbapen<strong>em</strong>s in pediatrics. TherDrug Monit 2003; 25:593-599. Revisão24. Perez-Gorricho B, Zapardiel Ferrero J; Grupo de Estudio de Meropen<strong>em</strong> enPediatria. Meropen<strong>em</strong> as <strong>em</strong>pirical therapy in moderate to severe infections inhospitalized children aged 3 to 12 months and 1 to 14 years. Rev Esp Quimioter2004; 17:341-349.25. Bradley JS. Meropen<strong>em</strong>: a new, extr<strong>em</strong>ely broad spectrum beta-lactam antibioticfor serious infections in pediatrics. Pediatr Infect Dis J 1997; 16:263-268.Revisão.26. Bradley JS, Garau J, Lode H, Rolston KV, Wilson SE, Quinn JP. Carbapen<strong>em</strong>s inclinical practice: a guide to their use in serious infection. Int J Antimicrob Agents1999; 11:93-100. Revisão.27. Hurst M, Lamb HM. Meropen<strong>em</strong>: a review of its use in patients in intensive care.Drugs 2000; 59:653-680. Revisão28. Klugman KP, Dagan R. Randomized comparison of meropen<strong>em</strong> with cefotaxime fortreatment of bacterial meningitis. Meropen<strong>em</strong> Meningitis Study Group. AntimicrobAgents Ch<strong>em</strong>other. 1995; 39:1140-1146.29. Wong VK, Wright HT Jr, Ross LA, Mason WH, Inderlied CB, Kim KS.Imipen<strong>em</strong>/cilastatin treatment of bacterial meningitis in children. Pediatr Infect Dis J1991; 10:122-125.30. Schuler D. Safety and efficacy of meropen<strong>em</strong> in hospitalised children: randomisedcomparison with cefotaxime, alone and combined with metroni<strong>da</strong>zole or amikacin.Meropen<strong>em</strong> Paediatric Study Group. J Antimicrob Ch<strong>em</strong>other 1995; 36(Suppl A):99-108.31. Arrieta A. Use of meropen<strong>em</strong> in the treatment of serious infections in children:review of the current literature. Clin Infect Dis 1997; 24(Suppl 2):S207-S212.Revisão.32. Norrby SR, Newell PA, Faulkner KL, Lesky W. Safety profile of meropen<strong>em</strong>:international clinical experience based on the first 3125 patients treated withmeropen<strong>em</strong>. J Antimicrob Ch<strong>em</strong>other 1995; 36(Suppl A):207-223.33. Karadeniz C, Oguz A, Canter B, Ser<strong>da</strong>roglu A. Incidence of seizures in pediatriccancer patients treated with imipen<strong>em</strong>/cilastatin. Pediatr H<strong>em</strong>atol Oncol 2000;17:585-590.34. Norrby SR, Gildon KM. Safety profile of meropen<strong>em</strong>: a review of nearly 5,000patients treated with meropen<strong>em</strong>. Scand J Infect Dis 1999; 31:3-10. Revisão.Critical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 19


Resistência a antibacterianos na América LatinaProf. José María CasellasMicrobiólogo. Professor, Universi<strong>da</strong>de Nacional de Rosário, Santa Fé, Argentina.AAmérica Latina (AL) é um conglomerado de paísescom diferentes localizações, mas com probl<strong>em</strong>associais s<strong>em</strong>elhantes, que repercut<strong>em</strong> na área médica.Dentro do t<strong>em</strong>a que nos ocupa, existe um incr<strong>em</strong>ento deinfecções hospitalares e de resistência a antibacterianos.Não restam dúvi<strong>da</strong>s de que os projetos pendentes na ALsão:1) Melhorar as medi<strong>da</strong>s de barreira para frear as infecções.2) Impedir a ven<strong>da</strong> de antibacterianos s<strong>em</strong> prescriçãomédica, o que determinou a presença de resistência a antibacterianos<strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> que são internados e que não tiveramcontato prévio com hospital.Em relação ao primeiro dos probl<strong>em</strong>as, geralmente nãonecessitamos de melhor enfermaria e sim de mais enfermarias,incluindo enfermeiros epid<strong>em</strong>iológicos <strong>em</strong> todos os hospitais.Na AL exist<strong>em</strong>:• Probl<strong>em</strong>as de resistência a antibacterianos que são compartilhadosmundialmente, como a resistência a betalactâmicos,resistência a meticilina <strong>em</strong> estafilococos e a panresistência<strong>em</strong> Pseudomonas aeruginosa.• Probl<strong>em</strong>as acentuados <strong>em</strong> nosso continente, como: betalactamasesde espectro ampliado (ESBL) e, também, a alta incidênciade isolamentos do complexo Acinetobacter baumannii-calcoaceticusou P.aeruginosa sensível somente a polimixinas.Tabela 1: Dados comparativos de taxas de sensibili<strong>da</strong>de (2003-2004) <strong>em</strong> cepas provenientes de infecções intra-hospitalaresSENTRYEE.UU. E.U.A. AL12ArgentinaSIR CIBIC34Brasil Chile Colômbia Colombia Costa Rica SE dos EUA México PanamáHSPE5MYSTIC67 8 9 10 11 12K p vs CAZ 91 65 79 94 36 62 93 75 – 91 59 86 51 40 46CTX 92 54 65 94 55 62 90 – 100 93 50 93 41 – 42FEP 99 67 68 94 6 62 – 88 – 93 – 96 41 – 72PTZ 93 71 70 94 10 87 – 70 – 91 95 83 74 – 62CAR 100 99 100 100 58 100 100 99 100 91 98 99 100 100 91GEN 93 55 68 94 – 66 95 70 81 95 43 – 68 58 –AMc 96 81 78 97 – – 80 92 92 97 78 95 83 90 51CIP 90 81 78 88 8 72 90 95 88 93 94 87 50 78 76P a vs CAZ 88 61 73 85 67 48 75 79 65 76 70 49 56 59 79FEP 89 62 73 85 3 55 – 79 – 73 69 53 55 – 72PTZ 92 72 75 95 79 68 – 84 – 92 89 65 80 61 67CAR 89 68 74 95 50 60 75 80 86 77 84 61 73 80 61GEN 91 58 61 – – 48 – – 55 65 49 – – 59 –AMc 98 71 76 95 – – 92 78 78 93 71 72 53 76 74CIP 75 57 56 75 35 54 85 68 58 59 71 63 49 60 65Ac vs AMS – – 37 88 75 - 41 65 – 86 – – – 20 49CAR 84 81 54 88 35 90 92 45 94 92 – 11 94 28 25CIP 55 22 6 25 3 31 5 38 – 71 – 7 60 20 21AMK 81 32 29 25 – – 39 50 – 87 – 9 59 20 191. Programa SENTRY. Dados correspondentes aos EUA 2. Programa SENTRY. Dados correspondentes à AL. 3. Programa SIR <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Argentina de Bacteriologia Clínica (SADEBAC). Corte outubro-nov<strong>em</strong>bro 2004 4. Dados proporcionados por José María Casellas, Laboratório CIBIC, Rosário, Argentina.5. Dados apresentados por Thais Guimarães, Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, Brasil. 6. Dados proporcionados por Caio Mendes, do Programa MYSTIC do Brasil e por Flávia Rossi (Enterococos resistentes a vancomicina [ERV]). 7. Dados proporcionados por Patricia González, ClínicaAl<strong>em</strong>ana, e Ricardo Espinoza, Clínica Las Condes, Santiago, Chile. 8. Dados proporcionados por Francisco Molina, Universi<strong>da</strong>de Pontifícia Bolivariana de Medellín e Carlos H. Saavedra, Universi<strong>da</strong>de Nacional de Colômbia, Bogotá, Colômbia. 9. Dados proporcionados por Jaime Fernandez Alpizar, Hospital CalderonGuardiã, San José, Costa Rica. 10. Sudeste dos EUA. Dados proporcionados por Edgar Jiménez. 11. Dados proporcionados por Federico Javier Ortiz, Instituto Nacional de Perinatología, México DF e Luis A. Sánchez, Universi<strong>da</strong>de de Monterrey, México. 12. Dados proporcionados por Nestor Sosa, Panamá. 13.Dados proporcionados por Luis Cuellar e por William Vicente, Instituto de Enferme<strong>da</strong>des Neoplásicas, Lima, Perú. 14. Dados proporcionados pelo grupo INBARCI de intensivistas e por Maria Cristina Rizzi, Montevideo, Uruguay. 15. Dados proporcionados por Alfredo López Strauss, Hospital Domingo Luciani, Caracas,Venezuela. Kp: Klebsiella pneumoniae. Pa: Pseudomonas aeruginosa. Ab: Acinetobacter baumannii AMC: amicacina AMS: ampicilina-sulbactam CAR: meropen<strong>em</strong> ou imipen<strong>em</strong> CAZ: ceftazidima CTX: cefotaxima ou ceftriaxona CIP: ciprofloxacina GEN: gentamicina FEP: cefepima PTZ: piperacilina/tazobactamAL: América Latina CIBIC: Centro de Investigaciones Biológicas y Clínicas, Rosario, Argentina. HSPE: Hospital do Servidor Estadual de São Paulo, São Paulo, Brasil. MYSTIC: Meropen<strong>em</strong> Yearly Susceptibility Test Information Collection SIR: Sist<strong>em</strong>a informático de Resistencia.Peru Perú13Uruguai14Venezuela1520 Julho 2006Critical Connections <strong>em</strong> português


Tabela 2. Taxas de resistência à oxacilina <strong>em</strong> Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA) e à vancomicina <strong>em</strong> Enterococcus spp (ERV).SENTRYEE.UU. E.U.A.1AL2ArgentinaSIR CIBIC34HSPE5BrasilMYSTIC6Chile7Colômbia Colombia8Costa Rica9SE dos EUA10México11Panamá12Peru Perú13Uruguai14Venezuela15% SARM 47 50 50 22 88 – 50 60 50 57 48 32 64 40 40% EVR 22 6 0 – 6 1 3 59 0 6 –SARM: S. aureus resistente à meticilina. EVR: Enterococcus resistente à vancomicinaCarec<strong>em</strong>os, entretanto, de probl<strong>em</strong>as que são importantesnos Estados Unidos, mas que não têm grande transcendênciano restante <strong>da</strong> América, como a resistência dos enterococos àvancomicina.A tabela 1 mostra as taxas de sensibili<strong>da</strong>de a diferentesantibacterianos, utilizados geralmente nas uni<strong>da</strong>des de terapiaintensiva (UTI), <strong>da</strong>s três espécies de bacilos Gram-negativosque causam maiores probl<strong>em</strong>as na AL. Estes <strong>da</strong>dos estãobaseados <strong>em</strong> resultados do programa SENTRY nos EUAcomparados à AL. Foram incluídos resultados do programacolaborativo “Sist<strong>em</strong>a Informático de Resistência” (SIR), realizadopela Socie<strong>da</strong>de Argentina de Bacteriologia Clínica, queinclui 26 hospitais de diferentes províncias argentinas, e também<strong>da</strong>dos do programa “Meropen<strong>em</strong> Yearly SusceptibilityTest Information Collection” (MYSTIC), realizado no Brasil.Na tabela 2 estão os valores de resistência à meticilina doStaphylococcus aureus e à vancomicina do Enteroccocus spp.De acordo com os resultados, destacamos as seguintes conclusões:– É relevante a diferença de sensibili<strong>da</strong>de entre EUA e ALnos isolamentos de K.pneumoniae. Enquanto nos EUA estabactéria se mostra mais de 90% sensível a todos os antibacterianoshabitualmente utilizados, a resistência a antibacterianosna AL desta espécie é eleva<strong>da</strong>. Ressaltamos particularmentea taxa de resistência à cefotaxima – indicativa dealta freqüência de isolamentos de produtores de ESBL – oque implica que estas enzimas sejam fun<strong>da</strong>mentalmentecefotaximases. Isto se corresponde ao achado prevalente deESBL <strong>da</strong> família CTX-M nos países <strong>da</strong> AL.– A resistência <strong>da</strong> P.aeruginosa é também superior na AL, <strong>em</strong>relação à observa<strong>da</strong> nos EUA. Chama atenção a reduzi<strong>da</strong>sensibili<strong>da</strong>de à ciprofloxacina nas cepas isola<strong>da</strong>s desta espécie,o que pode ser indicativo de superutilização desta fluoroquinolona,e que se relaciona com o aumento <strong>da</strong>s ESBL,já que foi d<strong>em</strong>onstra<strong>da</strong> uma correlação significativa entre ouso de ciprofloxacina e a ocorrência de ESBL nas UTI.– Em relação ao complexo A. baumannii-calcoaceticus,aparent<strong>em</strong>enten<strong>em</strong> todos os países utilizam aminopenicilinascom sulbactam. Apesar dele, a ativi<strong>da</strong>de desta combinaçãonão parece ser muito convincente na AL. Não foram incluídosos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> cefoperazona-sulbactam – utilizado <strong>em</strong>vários países <strong>da</strong> AL – devido à inexistência de pontos decorte propostos pelo Clinical and Laboratory Stan<strong>da</strong>rdsInstitute (CLSI, antes chamado de National Committee forClinical Laboratory Stan<strong>da</strong>rds [NCCLS]) para esta combinação,e por isso se ignora como determinar a sensibili<strong>da</strong>de.A resistência do Acinetobacter spp é muito variável nosdiferentes países. Na AL, a faixa de sensibili<strong>da</strong>de aos carbapenêmicosvaria de 11% a 94%. Deve-se ter <strong>em</strong> contaque mesmo dentro de um mesmo país pod<strong>em</strong> ser observa<strong>da</strong>sdiferenças muito importantes na incidência de isolamentosdestas espécies. É característica a existência de clonesresistentes endêmicos <strong>em</strong> determinados hospitais.– A resistência à meticilina <strong>em</strong> estafilococos apresenta valorescaracterísticos encontrados <strong>em</strong> outras regiões domundo, enquanto que, como já mencionamos, é notável areduzi<strong>da</strong> proporção de enterococos resistentes à vancomicinana AL, <strong>em</strong> comparação aos EUA.Critical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 21


Critérios para o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico de infecção <strong>em</strong><strong>pacientes</strong> internados <strong>em</strong> uni<strong>da</strong>de de terapia intensivaCONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕESGrupo de especialistasIntroduçãoEste guia foi elaborado por um comitê de especialistas <strong>em</strong>microbiologia, doenças infecciosas e terapia intensiva, <strong>da</strong>Espanha, dos Estados Unidos e de diferentes países <strong>da</strong>América Latina. Em uma reunião realiza<strong>da</strong> <strong>em</strong> junho de 2005,<strong>em</strong> Buenos Aires, ca<strong>da</strong> participante revisou a epid<strong>em</strong>iologia eos padrões de sensibili<strong>da</strong>de antimicrobiana locais <strong>da</strong>sinfecções ocorri<strong>da</strong>s <strong>em</strong> uni<strong>da</strong>des de terapia intensiva (UTI).O objetivo central foi delinear pautas para o <strong>tratamento</strong>antimicrobiano <strong>em</strong>pírico (TAE) mais adequado e sua posteriorredução de espectro, nas infecções mais freqüentes <strong>em</strong>UTI. Entre essas infecções, a pneumonia intra-hospitalar(PIH) (especialmente associa<strong>da</strong> a ventilação) foi o eixo doconsenso.Este documento foi confeccionado a partir de recomen<strong>da</strong>çõesrecentes e de trabalhos destacados publicados até oinício de 2005 <strong>em</strong> revistas reconheci<strong>da</strong>s.Há poucos estudos controlados sobre o manejo <strong>da</strong>s infecçõesadquiri<strong>da</strong>s <strong>em</strong> UTI <strong>em</strong> crianças, visto que a maioria dos <strong>da</strong>dosdisponíveis provêm de estudos realizados <strong>em</strong> adultos.As recomen<strong>da</strong>ções deste documento não substitu<strong>em</strong> o julgamentoclínico, e sim serv<strong>em</strong> para orientar o <strong>tratamento</strong> de<strong>pacientes</strong> <strong>graves</strong>. 1-21Sist<strong>em</strong>a utilizado para a classificação deevidência clínicaNível I (alto): Estudos controlados randomizadosNível II (moderado): Estudos controlados s<strong>em</strong> randomizaçãoNível III (baixo): Estudos de casos e opinião de especialistasConsiderações gerais• As infecções mais freqüentes na UTI são: infecção urináriaou bacteriúria associa<strong>da</strong> a cateter vesical (IU-AC ou BAC),pneumonia associa<strong>da</strong> a ventilação mecânica (PAVM) e bacter<strong>em</strong>iaassocia<strong>da</strong> a cateter venoso central (BA-CVC), commorbimortali<strong>da</strong>de muito alta. A ord<strong>em</strong> de freqüência relativavaria segundo o tipo de UTI: neonatal, pediátrica, adulta,queimados, cardiovascular, pós-cirúrgica. As IU-AC sãomais freqüentes <strong>em</strong> adultos, e as BA-CVC na neonatologiae pediatria.• O diagnóstico microbiológico é fun<strong>da</strong>mental, mas a coletade amostras não deve adiar o TAE.• As amostras para definir a etiologia <strong>da</strong> IU-AC, PAVM ou BA-CVC dev<strong>em</strong> ser obti<strong>da</strong>s adequa<strong>da</strong>mente, para diferenciarinfecção de colonização (se possível métodos quantitativos).22 Julho 2006• As culturas positivas afetam as modificações do TAE, nachama<strong>da</strong> redução de espectro (redução de intensi<strong>da</strong>de ouamplitude); as culturas negativas (amostras representativase técnicas adequa<strong>da</strong>s) e a evolução clínica afetam a decisãode continuar o TAE.• O fun<strong>da</strong>mento para selecionar o TAE para infecções maisfreqüentes na UTI são aplicáveis a outros focos nest<strong>em</strong>esmo grupo de <strong>pacientes</strong>. Foge deste guia a análise detodos os focos possíveis de infecção na UTI e suas particulari<strong>da</strong>desdiagnósticas e terapêuticas.• O TAE deve ser adequado, precoce (antes de 4 horas), deamplo espectro, com doses e intervalos adequados, e incluirantimicrobianos de grupos diferentes dos recebidos recent<strong>em</strong>entepelo paciente.• A terapia combina<strong>da</strong> busca cobrir a maioria dos possíveisagentes etiológicos. Deve-se suspender os antibióticos(ATB) cuja toxici<strong>da</strong>de exce<strong>da</strong> o benefício, uma vez alcançadosos resultados microbiológicos, e segundo a evoluçãoclínica do paciente (aminoglicosídeos < 5 dias).• Deve-se evitar prolongar desnecessariamente o <strong>tratamento</strong>com ATB.Princípios gerais do <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong>s infecções <strong>em</strong> UTI(IU-AC ou BAC, PAVM, BA-CVC)1. Evitar que os episódios de infecção fiqu<strong>em</strong> s<strong>em</strong> <strong>tratamento</strong>ou sejam tratados inadequa<strong>da</strong>mente; o <strong>tratamento</strong> tardioou inadequado se associa a uma maior morbimortali<strong>da</strong>de.2. Reconhecer a diversi<strong>da</strong>de bacteriológica entre diferenteshospitais (e entre ci<strong>da</strong>des, países e ain<strong>da</strong> continentes), salase períodos; utilizar esta informação para definir o TAEmais adequado à reali<strong>da</strong>de particular.3. Evitar o uso indiscriminado de ATB; cumprir a redução deespectro do TAE segundo a evolução clínica e microbiologia,e encurtar a duração do <strong>tratamento</strong> ao mínimo efetivo comprovado.4. Aplicar medi<strong>da</strong>s necessárias para modificar fatores de risco(<strong>tratamento</strong> inadequado <strong>da</strong> doença de base, internação prolonga<strong>da</strong>,antibioticoterapia prolonga<strong>da</strong>, técnicas invasivas).Pneumonia intra-hospitalar (PIH), pneumonia associa<strong>da</strong>a <strong>tratamento</strong> médico (PATM) e pneumonia associa<strong>da</strong> aventilação mecânica (PAVM) 1• PIH: Pneumonia que aparece 48 horas após a internação eque não estava <strong>em</strong> incubação neste momento.• PAVM: Pneumonia que aparece 48 a 72 horas após a intubação.Critical Connections <strong>em</strong> português


• PATM:–Qualquer paciente internado <strong>em</strong> hospital de agudos pormais de dois dias, nos 90 dias anteriores.–Pacientes que resid<strong>em</strong> <strong>em</strong> alojamento ou centro de <strong>tratamento</strong>de doentes crônicos.–Pacientes <strong>em</strong> h<strong>em</strong>odiálise.–Pacientes com ATB intravenosos, quimioterapia ou <strong>tratamento</strong>de feri<strong>da</strong>s nos 30 dias anteriores.Suspeitar de PATM quando existir três <strong>da</strong>s seguintes condições:febre, radiografia de tórax com infiltrado recente, leucocitose,broncorréia purulenta, aumento <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de deoxigênio.Métodos diagnósticos e pontos de corte• Lavado broncoalveolar-broncoscópico (LBA-B) ou escovadobroncoalveolar (EBA) com broncoscopia telescópica ouLBA não broncoscópica (LBA-NB). É significativa a culturacom recontag<strong>em</strong> >10 3 UFC/ml (EBA) ou >10 4 UFC/ml(LBA-B e LBA-NB); monomicrobiano e com 2%.• Se não houver LBA ou EBA, pode-se valorizar a cultura deaspirado traqueal (difícil diferenciar agente colonizador depatógeno), quando se cumpre o seguinte: amostra representativacom menos de 10 células epiteliais no exame comcoloração de Gram, fibras de elastina <strong>em</strong> preparado comhidróxido de potássio, crescimento monomicrobiano oupredomínio de um microorganismo, bactérias intra-PMN erecontag<strong>em</strong> ≥ 10 6 UFC/ml. Enviar amostras para cultura depatógenos comuns (virais na pediatria; de acordo com a epid<strong>em</strong>iologia<strong>em</strong> adultos). O valor preditivo negativo (VPN)de aspirados traqueais negativos (ausência de bactérias oucélulas inflamatórias) para PAVM <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> s<strong>em</strong> trocarecente de ATB é de aproxima<strong>da</strong>mente 94%.• Em <strong>pacientes</strong> com antibioticoterapia prévia, sugere-se reduzirum logaritmo no corte de UFC/ml.Recomen<strong>da</strong>ções para antibioticoterapia <strong>em</strong>píricana PIH 1Aspectos epid<strong>em</strong>iológicos <strong>em</strong> destaque• Muitos <strong>pacientes</strong> com PIH, PAVM e PATM têm um riscomaior de colonização e infecção por microorganismos multirresistentes(MMR) (Nível II).• É difícil estimar com precisão a incidência de PATM ePAVM, por causa <strong>da</strong> superposição diagnóstica com a traqueobronquite,especialmente <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> sob assistênciarespiratória (Nível III).• A incidência de PAVM é de 6 a 20 vezes maior <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong>com assistência respiratória (Nível II).• A PIH e a PAVM têm maior mortali<strong>da</strong>de que outrasinfecções hospitalares (Nível II).• Os <strong>pacientes</strong> com PIH ou PAVM de início tardio têm riscoaumentado de infecção por MMR e maior taxa de mortali<strong>da</strong>deque os <strong>pacientes</strong> com doença precoce (Nível II).• A maioria <strong>da</strong>s PIH, PATM e PAVM é causa<strong>da</strong> por bacilosGram-negativos aeróbios e cocos Gram-positivos (especialmenteStaphylococcus aureus resistente a meticilina[MRSA]); os anaeróbios são pouco freqüentes (Nível II).• A incidência de Legionella pneumophila varia nos diferentescentros (Nível II).• As PIH, PATM e PAVM virais e micóticas são pouco freqüentescomo causa (na pediatria até 20% pod<strong>em</strong> ser virais)(Nível I).• A prevalência de MMR varia entre os centros, ressaltando avigilância <strong>da</strong> resistência local (Nível II).• Os patógenos multirresistentes são mais freqüentes <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong>com doenças crônicas de base, doenças <strong>graves</strong>, fatores derisco para PATM e PIH ou PAVM de início tardio (Nível II).• Os agentes responsáveis pela PAVM variam de acordo coma UTI, mas os mais freqüentes são:–Aeróbios Gram-negativos: Klebsiella spp, E.coli,Pseudomonas spp, Acinetobacter spp, Stenotropho-monasmaltophilia, Burkholderia cepacia, Serratia spp, Ente- robacterspp.–Aeróbios Gram-positivos: Streptococcus pneumoniae,MRSA, S.aureus sensíveis a meticilina (MSSA).–PolimicrobianaAspectos <strong>em</strong> destaque e recomen<strong>da</strong>ções para fatores de riscomodificáveis: patógenos multirresistentes• Profilaxia geral mediante medi<strong>da</strong>s de controle de infecçãoefetivas (Nível I); vigilância <strong>da</strong>s infecções nas UTIs paraidentificar e quantificar patógenos endêmicos e multiresistênciasnovas, para definir pautas epid<strong>em</strong>iológicas eterapêuticas (Nível II).• Evitar o quanto possível a intubação e reintubação, utilizarventilação não invasiva (Nível I).• Elevar a cabeceira 30 o a 45 o (Nível I).• Alimentação enteral com son<strong>da</strong>s pós-pilóricas (Nível I).• Descontaminação digestiva seletiva agu<strong>da</strong> de cepas multirresistentes(não como rotina) (Nível I).• Profilaxia de úlceras de estresse; sucralfato (Nível I).• Controle rigoroso de glic<strong>em</strong>ia (Nível I).Aspectos <strong>em</strong> destaque e recomen<strong>da</strong>ções para o diagnóstico• Infiltrado radiológico novo ou progressivo, mais correspondenteclínico. O infiltrado e dois critérios clínicos (febre,leucocitose, escarro purulento) têm sensibili<strong>da</strong>de de 69% eespecifici<strong>da</strong>de de 75% <strong>em</strong> relação à histologia (culturaspositivas) (Nível II).• O diagnóstico de pneumonia <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> com síndrome dedesconforto respiratório agudo (SDRA) requer um critérioclínico. Existe alta suspeita <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> sob assistênciarespiratória por SDRA com deterioração h<strong>em</strong>odinâmicaabrupta ou nos gases sanguíneos (Nível II).• A colonização traqueal precede a PAVM; o uso do aspiradotraqueal geralmente não diferencia claramente entre colonizaçãoe infecção s<strong>em</strong> os critérios descritos na seção d<strong>em</strong>étodos diagnósticos e pontos de corte (Nível II).• A ausência de patógenos multirresistentes no trato respiratórioinferior de <strong>pacientes</strong> intubados, s<strong>em</strong> mu<strong>da</strong>nça de ATBnas 72 horas anteriores, indica fort<strong>em</strong>ente que o agente etiológiconão é multirresistente (a depuração dos microorganismosmultirresistentes geralmente é lenta) (Nível II).Critical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 23


• Nos <strong>pacientes</strong> com suposta PAVM, deve-se realizar h<strong>em</strong>oculturas;as culturas positivas indicam pneumonia ou umfoco extrapulmonar (Nível II).• Todo paciente com derrame pleural requer toracocentese:<strong>em</strong>pi<strong>em</strong>a ou derrame parapneumônico (Nível III).Estratégia clínicaO início precoce do TAE (dentro de 4 horas) <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong>com PAVM ou PATM presumi<strong>da</strong>s, d<strong>em</strong>onstrou reduzir amorbimortali<strong>da</strong>de a elas associa<strong>da</strong>. A antibioticoterapiadeve ser reavalia<strong>da</strong> <strong>em</strong> 48 a 72 horas após a resposta clínicae os <strong>da</strong>dos de cultura s<strong>em</strong>iquantitativos do trato respiratórioinferior (o exame com coloração de Gram e a cultura deaspirado traqueal têm alto valor prognóstico negativo). Estaestratégia não requer estudos microbiológicos sofisticados.Assim, todos os <strong>pacientes</strong> com suposta pneumonia são tratados,com possível inclusão de <strong>pacientes</strong> com diagnósticonão infeccioso (SDRA, trombo<strong>em</strong>bolismo pulmonar, h<strong>em</strong>orragiapulmonar, etc.).Acreditamos que é necessário basear as decisões terapêuticas<strong>em</strong> métodos diagnósticos quantitativos, para evitar o super<strong>tratamento</strong>de <strong>pacientes</strong> não infectados.Aspectos <strong>em</strong> destaque e recomen<strong>da</strong>ções para a estratégiaclínica• O exame direto (Gram) e a cultura do aspirado traqueal serv<strong>em</strong>para guiar o TAE, junto com os critérios clínicos dediagnóstico (Nível II).• Diante <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de se realizar culturas quantitativasde LBA ou EBA, o aspirado traqueal negativo (ausência debactérias ou reação inflamatória) <strong>em</strong> um paciente s<strong>em</strong>mu<strong>da</strong>nça recente de ATB (últimas 72 horas) possui altoVPN (94%) para PAVM; dev<strong>em</strong> ser investigados outrosfocos responsáveis por febre (Nível II).• Um infiltrado radiográfico novo e progressivo, e dois oumais <strong>da</strong>dos clínicos (febre > 38 o C, leucocitose ou leucopenia,secreções purulentas) é o critério clínico mais acertadopara o TAE. Entre o 2 o e 3 o dia, o TAE deverá ser reavaliadoe modificado, de acordo com as culturas s<strong>em</strong>iquantitativase a resposta clínica.• A seleção de <strong>pacientes</strong> para suspender o ATB, de acordocom critérios de baixo risco, requer ain<strong>da</strong> vali<strong>da</strong>ção quandohá presença de PAVM grave (Nível I).Estratégia bacteriológicaA base desta estratégia são as culturas quantitativas do aparelhorespiratório baixo (ARB) (LBA, EBA, broncoscópico ounão), que permit<strong>em</strong> conhecer a epid<strong>em</strong>iologia local <strong>da</strong>s PIH,orientar a antibioticoterapia e formular o TAE mais adequadopara ca<strong>da</strong> centro e período.Idealmente, estas amostras dev<strong>em</strong> ser colhi<strong>da</strong>s antes doTAE; deve-se l<strong>em</strong>brar que o atraso no TAE é negativo para aevolução clínica <strong>da</strong> PAVM.A utilização <strong>da</strong> estratégia bacteriológica, mais um TAEamplo com posterior redução de espectro reduz significativamentea mortali<strong>da</strong>de no dia 14. 2224 Julho 2006Aspectos <strong>em</strong> destaque e recomen<strong>da</strong>ções para a estratégiabacteriológica• Quando se suspeita de PAVM, deve-se obter amostras deARB para cultura quantitativa e descartar infecção extrapulmonar,antes do TAE (Nível II).• Se houver alta probabili<strong>da</strong>de de pneumonia e/ou evidênciade sepse, é necessário iniciar rapi<strong>da</strong>mente o TAE ain<strong>da</strong> s<strong>em</strong>a presença comprova<strong>da</strong> de bactérias no ARB (Nível II).• A estratégia bacteriológica reduziu a mortali<strong>da</strong>de no dia 14,<strong>em</strong> comparação à estratégia clínica (Nível I).• O retardo do TAE adequado aumenta a mortali<strong>da</strong>de naPAVM: não se deve postergar o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong>instáveis para a realização de estudos (Nível II).Antibioticoterapia para a pneumonia intra-hospitalarEnfoque geralOs ATB dev<strong>em</strong> ser selecionados de acordo com os fatores derisco para patógenos multirresistentes (Tabela 1). A figura 1mostra os algoritmos para a seleção adequa<strong>da</strong> do TAE para aPIH, de acordo com os patógenos freqüentes (tabelas 2 e 3) 23-26 .O TAE com ATB de amplo espectro deve incluir o compromissode reduzir o espectro, de acordo com <strong>da</strong>dos clínicos <strong>em</strong>icrobiológicos, para diminuir o aparecimento de cepasFigura 1. Algoritmo para o início de TAE na PIH, PATM, PAVM.MRA: microorganismo com resistência antibiótica.Tabela 1. Fatores de risco para patógenos com MRA causadores de PIH•Tratamento com ATB nos 90 dias anteriores•Internação atual de mais de 5 dias• Alta freqüência de resistência a ATB na comuni<strong>da</strong>de ou na uni<strong>da</strong>de específica dohospital• Presença de fatores de risco para PATM:– Hospitalização de 2 ou mais dias nos últimos 90 dias– Residência <strong>em</strong> comuni<strong>da</strong>de fecha<strong>da</strong> (ex., geriátrico)– Antecedentes de infusão de ATB ou cui<strong>da</strong>do de feri<strong>da</strong>s– Diálise crônica durante os últimos 30 dias– Familiar com antecedente de infecção por patógeno MRA• Doença ou <strong>tratamento</strong> imunossupressorMRA: microorganismo com resistência antibiótica; PIH: pneumonia intra-hospitalar; ATB:antibiótico; PATM: pneumonia associa<strong>da</strong> a <strong>tratamento</strong>s médicos.Critical Connections <strong>em</strong> português


Tabela 2. TAE para PATM, PIH, ou PAVM precoce s<strong>em</strong> fatores de risco para MRA.PATÓGENO POTENCIALANTIBIÓTICO RECOMENDADOStreptococcus pneumoniaeCefotaximaHa<strong>em</strong>ophilus influenzaeouSASMAminopenicilina/sulbactamBacilos Gram-negativos entéricos sensíveis a ATBouEscherichia coli Ertapen<strong>em</strong> (1)Proteus sppSerratia marcescensnovo macrolídeo ou azolídeo intravenososBactérias responsáveis por pneumonía atípicaLevofloxacina, moxifloxacina (1)TAE: <strong>tratamento</strong> antimicrobiano <strong>em</strong>pírico; PATM: pneumonia associa<strong>da</strong> a <strong>tratamento</strong>s médicos; PIH: pneumonia intra-hospitalar; PAVM:pneumonia associa<strong>da</strong> a ventilação mecânica; MSSA: Staphylococcus aureus sensível a meticilina1. Avaliar o beneficio de sua utilização vs. risco de resistência e custos. Fluoroquinolonas não estão aprova<strong>da</strong>s para este uso na pediatria,por isso sua indicação t<strong>em</strong> que ser justifica<strong>da</strong>. 24-27Tabela 3. TAE para o manejo de PIH, PATM, PAVM. tardia ou risco de infecção por patógenos MRA(inclui todo tipo de gravi<strong>da</strong>de)PATÓGENO POTENCIALTAE DE COMBINAÇÃOPatógenos descritos na tabela 1 e Carbapenêmico Fluoroquinolonaspatógenos MRA antipseudomonas antipseudomônicasBacilos Gram-negativos: (meropen<strong>em</strong>) Ciprofloxacina ouPseudomonas aeruginosalevofloxacinaKlebsiella pneumoniae (ESBL)+ ouAcinetobacter sppaminoglicosídeoou(amicacina)piperacilina/tazobactamStaphilococcus aereusmaisantipseudomonasvancomicinaresistente à meticilinaTAE: <strong>tratamento</strong> antimicrobiano <strong>em</strong>pírico; PIH: pneumonia intra-hospitalar; PATM: pneumonia associa<strong>da</strong> a <strong>tratamento</strong>s médicos;PAVM: pneumonia associa<strong>da</strong> a ventilação mecânica; MRA: microorganismo com resistência antibiótica; ESBL: betalactamases deespectro expandido; MRSA: Staphylococcus aureus resistente a meticilina.Tabela 4. Doses e intervalos sugeridos dos ATB recomen<strong>da</strong>dos para PIH, PATM, e PAVM.Antibiótico Dose adultos* Dose pediátrica*CarbapenêmicosMeropen<strong>em</strong> 500 mg a 1 g a ca<strong>da</strong> 6-8 h 20-40 mg/kg a ca<strong>da</strong> 8 hImipen<strong>em</strong> 500 mg a ca<strong>da</strong> 6-8 h 15-25 mg/kg a ca<strong>da</strong> 6 h (1)Betalactâmico/inibidor de betalactamasesPiperacilina/tazobactam 4,5 g a ca<strong>da</strong> 6 h 75 mg/kg a ca<strong>da</strong> 8 hAminoglicosídeosGentamicina 5-7 mg/kg/dia (2)Amicacina 15-20 mg/kg/dia (2)Fluoroquinolonas antipseudomonasLevofloxacina 750 mg a ca<strong>da</strong> 24 h 10 mg/kg a ca<strong>da</strong> 12 h (3)Ciprofloxacina 400 mg a ca<strong>da</strong> 8 h 20-30 mg/kg a ca<strong>da</strong> 12 h (3)Vancomicina 15 mg/kg a ca<strong>da</strong> 12 h (4) 20 mg/kg a ca<strong>da</strong> 8 hOxazolidinonaLinezoli<strong>da</strong> 600 mg a ca<strong>da</strong> 12 h 10 mg/kg a ca<strong>da</strong> 8-12 h (5)ATB: antibióticos; PIH: pneumonia intra-hospitalar; PATM: pneumonia associa<strong>da</strong> a <strong>tratamento</strong>s médicos; PAVM: pneumonia associa<strong>da</strong>a ventilação mecânica.* Doses basea<strong>da</strong>s <strong>em</strong> funcões renal e hepática normais.(1) Imipen<strong>em</strong> não está autorizado <strong>em</strong> crianças com peso


esta situação, independente do t<strong>em</strong>po entre a internação e oinício <strong>da</strong> pneumonia (Nível II).• O <strong>tratamento</strong> inadequado aumenta o risco de permanênciaprolonga<strong>da</strong> no hospital e mortali<strong>da</strong>de. Geralmente, estasituação se associa a patógenos multirresistentes (Nível II).• A antibioticoterapia recente favorece a probabili<strong>da</strong>de depatógenos resistentes. Para evitar erros, a seleção do ATBdeve levar <strong>em</strong> conta os antecedentes de <strong>tratamento</strong>s prévios(Nível III).• O TAE deve ser precoce (Nível II).• O TAE é mais adequado quando se ajusta a recomen<strong>da</strong>ções<strong>da</strong>s tabelas 2-4, e se a<strong>da</strong>pta aos padrões locais de resistência(Nível II).Seleção adequa<strong>da</strong> do ATB e dosePara instituir TAEs adequados é necessário o ATB correto,mas também a melhor via de administração, dose e intervalos,assegurando a penetração adequa<strong>da</strong> no foco infeccioso.Utilizar o <strong>tratamento</strong> combinado quando a situaçãoclínica/epid<strong>em</strong>iológica indicar (P. aeruginosa, provável patógenomultirresistente). As doses e intervalos recomen<strong>da</strong>dospara a PAVM são mostrados na tabela 4. 31-38A farmacodinâmica e a farmacocinética dev<strong>em</strong> ser leva<strong>da</strong>s<strong>em</strong> conta na seleção do ATB para a PAVM.A efetivi<strong>da</strong>de dos betalactâmicos depende do t<strong>em</strong>po <strong>em</strong>que seus níveis séricos estão acima <strong>da</strong> concentração inibitóriamínima (CIM); isto requer intervalos curtos entre as doses,inclusive infusão contínua. Esta última parece de maior utili<strong>da</strong>depara P. aeruginosa (meropen<strong>em</strong> <strong>em</strong> infusão contínua por3 horas). 37,39 As doses altas uma vez ao dia são úteis para ATBdependentes <strong>da</strong> concentração, tornando assim prolonga<strong>da</strong>s(fluoroquinolonas, aminoglicosídeos). 40O TAE inicial para PAVM deve ser intravenoso. Em certos<strong>pacientes</strong> (com boa resposta clínica, tolerância à via oral, estabili<strong>da</strong>deh<strong>em</strong>odinâmica e com ATB com boa biodisponibili<strong>da</strong>deoral), é possível mu<strong>da</strong>r de via (fluoroquinolonas oulinezoli<strong>da</strong>). 41,42Mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des terapêuticasAntibióticos <strong>em</strong> aerossolA erradicação microbiológica é significativamente maior comATB <strong>em</strong> aerossol, mas os resultados clínicos são s<strong>em</strong>elhantes. Sãoúteis para microorganismos multirresistentes s<strong>em</strong> resposta à terapiasistêmica (Acinetobacter spp Multirresistente e colistina). 43-45Combinação vs. monoterapiaP. aeruginosa é o único microorganismo causador de PAVM<strong>em</strong> que a terapia combina<strong>da</strong> reduz a mortali<strong>da</strong>de, principalmentena bacter<strong>em</strong>ia ou neutropenia. 46,47Alguns apóiam a terapia combina<strong>da</strong> para evitar a seleçãode resistência. Isto não foi comprovado; surgiram resistênciasmesmo com <strong>tratamento</strong> combinado. Além disso, esta terapiapode aumentar a toxici<strong>da</strong>de renal. 31,48A combinação se justifica fun<strong>da</strong>mentalmente por ampliar oespectro e diminuir a possibili<strong>da</strong>de de se deixar s<strong>em</strong> coberturamicroorganismos resistentes a algum componente doesqu<strong>em</strong>a, sendo susceptíveis a ATBs de grupos diferentes26 Julho 2006(glicopeptídeo + carbapenêmico + aminoglicosídeo). Paradiminuir a toxici<strong>da</strong>de, não utilizar aminoglicosídeos por maisde 5 dias <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> com melhoria clínica ou s<strong>em</strong> justificativamicrobiológica. 49,50Utilizar monoterapia se a epid<strong>em</strong>iologia local e os antecedentesdo paciente permitir<strong>em</strong>, o que reduz custos etoxici<strong>da</strong>de. 31-51 Ciprofloxacina, levofloxacina, imipen<strong>em</strong>,meropen<strong>em</strong>, cefepima e piperacilina/tazobactam têm boasegurança e eficácia. 31,33-38Duração do <strong>tratamento</strong>Ha<strong>em</strong>pophilus influenzae e S. pneumoniae são mais difíceisde erradicar do ARB que as enterobactérias, S. aureus e P.aeruginosa, e a duração do <strong>tratamento</strong> deve assegurar a cura<strong>da</strong> PAVM. 43 Se com o TAE adequado houver melhora clínicanos primeiros 5 dias, pode-se tratar por 8 dias (excetoPseudomonas), com sucesso comparável aos <strong>tratamento</strong>s prolongados(14 a 21 dias), s<strong>em</strong> aumentar a toxici<strong>da</strong>de, resistênciaou custos. 50-53Resposta terapêutica - redução de espectro do TAEA falha terapêutica se define por parâmetros clínicos (aoxigenação parece ser a mais adequa<strong>da</strong>), já que não seestudou prospectivamente a utili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> microbiologia paradefinir a resposta terapêutica.Vários motivos explicam a falta de melhoria: foco deinfecção distinto <strong>da</strong> pneumonia, fatores do ATB oumicrobiológicos não considerados, ou processo não infecciosocom comprometimento radiológico e <strong>da</strong> oxigenação (SDRA).Algumas infecções pod<strong>em</strong> ter uma evolução mais lenta oudesfavorável: PAVM por bacilos Gram-negativos, infecçãopolimicrobiana, microorganismo multirresistente ou resistênciaadquiri<strong>da</strong> durante o <strong>tratamento</strong>.A etiologia <strong>da</strong> pneumonia pode ser não habitual (vírusrespiratórios, MRSA, gripe aviária, hantavírus) ou nãotratável com antimicrobianos comuns (M. tuberculosis,fungos), ou favorecido por condições desconheci<strong>da</strong>s (AIDS epneumonia por Pneumocystis jirovecii – antes P. carinii).A presença de outros focos infecciosos simultâneos ou posterioresao TAE para PAVM pod<strong>em</strong> simular falha terapêuticae merec<strong>em</strong> atenção especial (sinusite, BA-CVC, IU-AC,enterocolite pseudom<strong>em</strong>branosa).No paciente que não melhora, pode ser necessário readequara antibioticoterapia enquanto se esperam os resultados decultura e outros procedimentos diagnósticos. A reavaliaçãodeve ser integral e completa, para não se perder nenhum diagnósticodiferencial. Dev<strong>em</strong>-se repetir as h<strong>em</strong>oculturas,uroculturas e culturas de ARB e de cateteres venosos centrais,ain<strong>da</strong> durante a antibioticoterapia. Pod<strong>em</strong> ser necessáriosoutros estudos por imag<strong>em</strong> (TC de tórax, ecografia pleural).Raramente se justificam procedimentos invasivos (biópsiapulmonar) <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> imunocomprometidos com PAVM,PIH ou PATM, sendo aconselhável antes tentar umabroncoscopia.O TAE deve ser reavaliado e modificado, se possível, deacordo com as culturas e resposta clínica. Esta modificaçãopode ser para adequar o <strong>tratamento</strong> à descoberta de patógenosCritical Connections <strong>em</strong> português


dos quais não se suspeitava e multirresistentes, ou diante <strong>da</strong>falta de melhora clínica.Se não se recuperar microorganismos habitualment<strong>em</strong>ultirresistentes (P. aeruginosa ou Acinetobacter spp),reduzir o espectro do TAE para ATB ativos contra o microorganismo,com espectro menor.PSEUDOMONAS AERUGINOSAOs <strong>da</strong>dos acerca do benefício do <strong>tratamento</strong> combinado parainfecções não bacterêmicas é controverso, mas sugere-se fort<strong>em</strong>enteo <strong>tratamento</strong> combinado nas infecções comprova<strong>da</strong>s poreste microorganismo. Com monoterapia, aparece resistência <strong>em</strong>30 a 50% dos <strong>pacientes</strong>, sendo a mortali<strong>da</strong>de maior <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong>com bacter<strong>em</strong>ia e/ou imunodeprimidos. São necessáriosestudos prospectivos para mostrar este benefício na PAVM.ACINETOBACTER SP.Por causa <strong>da</strong> multirresistência freqüente na maioria <strong>da</strong>s UTIs,é complicado tratar <strong>da</strong>s infecções causa<strong>da</strong>s por este microorganismo.Quando existe sensibili<strong>da</strong>de confirma<strong>da</strong> bacteriologicamente,os ATB recomen<strong>da</strong>dos são carbapenêmicos, sulbactam/betalactâmicos,fluoroquinolonas e polimixinas (colistina).A <strong>em</strong>ergência de clones resistentes a carbapenêmicosexige a utilização de doses adequa<strong>da</strong>s desses ATB. Surgiramnovas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des (infusão contínua de meropen<strong>em</strong>) quepod<strong>em</strong> ser úteis <strong>em</strong> cepas com sensibili<strong>da</strong>de limítrofe eevitam ATB com maior toxici<strong>da</strong>de (colistina). Na infusãocontínua de meropen<strong>em</strong> 38 , administram-se 250 mg ou 500 mgde dose de ataque, seguidos de 1.500 mg ou 3.000 mg,respectivamente, <strong>em</strong> infusão contínua durante 24 horas. Osníveis projetados permit<strong>em</strong> tratar microorganismos com 4mg/l (dose de ataque alta) e 2 mg/l (dose de ataque baixa).Para bactérias com CIM alta para carbapenêmicos, estamo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de pode ser recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>, <strong>em</strong>bora sejam necessáriosestudos prospectivos.Há estudos com eficácia e tolerabili<strong>da</strong>de aceitáveis <strong>da</strong> colistinapor via intravenosa; também há experiência com aforma aerossol. 54BACILOS GRAM-NEGATIVOS ESBL+As cefalosporinas de terceira geração são contra-indica<strong>da</strong>squando se detectam estes microorganismos. São ATB úteis:carbapenêmicos (ertapen<strong>em</strong>, imipen<strong>em</strong>, meropen<strong>em</strong>), amicacina.47 Não administrar fluoroquinolonas na América Latinapara tratar de infecções por estes germes ESBL+, já que aresistência é maior que na Europa e EUA. 56MRSAExist<strong>em</strong> falhas com vancomicina na PAVM por MRSA. A freqüênciaalcança valores maiores que 40%, utilizando dosespadrão de vancomicina (1 g/12 h). A combinação aminoglicosídeos/rifampicinaé microbiologicamente racional, faltamestudos prospectivos que mostr<strong>em</strong> benefícios na PIH.Alguns sustentam que para alcançar concentrações adequa<strong>da</strong>s<strong>em</strong> tecido pulmonar são necessários níveis séricos devancomicina maiores que 15 microg/dl. Não há <strong>da</strong>dosprospectivos para se avaliar isto.A linezoli<strong>da</strong> foi equivalente à vancomicina na PIH; t<strong>em</strong>alta penetração tecidual, pode ser preferível <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> comfunção renal flutuante ou que receb<strong>em</strong> fármacos nefrotóxicos(aminoglicosídeos). 57-59Aspectos <strong>em</strong> destaque e recomen<strong>da</strong>ções para antibioticoterapiaadequa<strong>da</strong>• O TAE se modificará de acordo com parâmetros clínicoscorrelacionados à melhora e <strong>da</strong>dos microbiológicos(Nível II).• A melhora clínica aparece habitualmente <strong>em</strong> 48-72 horas;não modificar o TAE até esse momento, exceto frente a umarápi<strong>da</strong> deterioração clínica (Nível III).• Reduzir o espectro do TAE <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> que respond<strong>em</strong>;ajustá-lo segundo a microbiologia (Nível II).• Reavaliar os não-respondedores para identificar situaçõesque simul<strong>em</strong> pneumonia, microorganismos resistentes ounão suspeitados, focos infecciosos extrapulmonares oucomplicações <strong>da</strong> pneumonia (Nível III).• O TAE para PAVM requer ATB <strong>em</strong> doses e intervalos adequados,para assegurar máxima eficácia (Nível I). Deve serinicialmente intravenoso; mu<strong>da</strong>r para via oral <strong>em</strong> determinados<strong>pacientes</strong> (Nível II).• Os ATB <strong>em</strong> aerossol não têm utili<strong>da</strong>de na PAVM. Pod<strong>em</strong> serconsiderados terapia adjuvante na PAVM por patógenosmultirresistentes, s<strong>em</strong> resposta à terapia sistêmica ou comopções terapêuticas escassas (Nível III). Se não houverrisco de multirresistência, pode-se utilizar a monoterapiapara determinados <strong>pacientes</strong> com PATM ou PAVM (NívelI). Se houver risco de multirresistência, iniciar s<strong>em</strong>pre comcombinação, até se confirmar (com as culturas) se é possívelutilizar apenas um ATB (Nível II).• Para <strong>pacientes</strong> com risco de multirresistência, recomen<strong>da</strong>seTAE combinado (Nível II). Como único benefício,aumenta a possibili<strong>da</strong>de de TAE inicial adequado (Nível I).Neste caso, os aminoglicosídeos poderiam ser suspensosapós 5-7 dias, <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> respondedores (Nível III).• Com TAEs inicialmente adequados, procurar diminuir o <strong>tratamento</strong>para 7-8 dias, se o patógeno não for P. aeruginosa,e houver melhora clínica (Nível I).• A restrição de ATB, junto com antibiograma dirigido, aju<strong>da</strong>ma prevenir ataques por microorganismos multirresistentes(Nível II). 60Infecções urinárias ou bacteriúrias associa<strong>da</strong>s a cateteresvesicais na UTI 18,61-64A IU-AC é a infecção intra-hospitalar mais freqüente na UTIde adultos e a segun<strong>da</strong> na UTI pediátrica (UTIP). 6 A incidênciadiária de bacteriúria é de 3 a 10% <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> com son<strong>da</strong>;25% desenvolv<strong>em</strong> sintomas de IU e 3% bacter<strong>em</strong>ia. A prevençãodestas infecções reduziria significativamente os gastoshospitalares mundialmente gerados. 3 Esses <strong>pacientes</strong> têm umrisco 7 vezes maior de pielonefrite que aqueles s<strong>em</strong> son<strong>da</strong>,com um risco maior de mortali<strong>da</strong>de (1%). NA UTIP mais de90% dos casos se associam a son<strong>da</strong> vesical.O fator de risco mais importante nas infecções relaciona<strong>da</strong>sa son<strong>da</strong> vesical é a permanência prolonga<strong>da</strong>. A administraçãoCritical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 27


concomitante de ATB de amplo espectro é outro fator importante.Esses ATB diminu<strong>em</strong> a freqüência de IU nos primeiros 5dias de son<strong>da</strong>g<strong>em</strong>, mas logo aumentam o risco de infecção porbacilos Gram-negativos multirresistentes. Desta forma, é contra-indica<strong>da</strong>a profilaxia com ATB <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> com son<strong>da</strong>.Muitas vezes o paciente febril com son<strong>da</strong> vesical apresentabacteriúria s<strong>em</strong> que esta represente IU ver<strong>da</strong>deira. Todopaciente son<strong>da</strong>do deve ser avaliado exaustivamente, para seidentificar o foco infeccioso ou a causa do processo febril.O risco de IU-AC depende <strong>da</strong> duração <strong>da</strong> cateterização, <strong>da</strong>inviolabili<strong>da</strong>de do sist<strong>em</strong>a de drenag<strong>em</strong>, do cui<strong>da</strong>do do sist<strong>em</strong>ae <strong>da</strong> susceptibili<strong>da</strong>de do hóspede.Os agentes patogênicos são vários e inclu<strong>em</strong>: Enterococcusspp, E. coli, Klebsiella spp, Proteus mirabilis, Pseudomonasspp, Enterobacter spp, Serratia spp e Candi<strong>da</strong> spp Serratiamarcescens e Burkholderia cepacia dev<strong>em</strong> levantar suspeitasde uma fonte não endógena de infecção e têm grandeimportância epid<strong>em</strong>iológica.Os cateteres dev<strong>em</strong> ser utilizados somente quando necessários,e pelo menor t<strong>em</strong>po possível.A troca de cateteres a intervalos fixos não diminui aincidência de IU-AC; deve ser feita somente <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong>com alta suspeita de infecção ou infecção documenta<strong>da</strong>microbiologicamente e naqueles com obstrução do sist<strong>em</strong>aque ain<strong>da</strong> requer<strong>em</strong> drenag<strong>em</strong> vesical.Métodos diagnósticos e pontos de corteA diferença de outras categorias de IU (cistite agu<strong>da</strong>, pielonefriteagu<strong>da</strong> e IU complica<strong>da</strong>) é que o ponto de corte para definirIU-AC é mais baixo. Em <strong>pacientes</strong> sintomáticos – febres<strong>em</strong> foco, sepse, alteração do estado mental, cistite, prostatite,epididimite, pielonefrite – com cultura positiva, está definidopor:• Recontag<strong>em</strong> ≥10 2 UFC/ml monomicrobiano, com sedimentopatológico (≥10 leucócitos por campo de alto aumento) eamostra obti<strong>da</strong> mediante son<strong>da</strong> nova-estéril, por punção deson<strong>da</strong>, ou por meio de acesso específico com técnica assépticae ≤24h de colocação.• Recontag<strong>em</strong> ≥10 2 UFC/ml persistent<strong>em</strong>ente positivo, commais de um microorganismo e com sedimento patológico.• Em <strong>pacientes</strong> com antibioticoterapia, avaliar e priorizarindividualmente a recontag<strong>em</strong> de UFC/ml obti<strong>da</strong> <strong>em</strong> urocultura;não existe ponto de corte definido.Uma <strong>da</strong>s considerações mais importantes nestes <strong>pacientes</strong>é decidir se tratar bacteriúria assintomática ou somente episódiossintomáticos de IU-AC.Uma vez escolhido o ATB, determina-se a sua duração.Quando se suspeita de IU-AC, s<strong>em</strong>pre obter amostras adequa<strong>da</strong>spara urocultura antes do TAE.Bacteriúria assintomáticaNão se deve tratar quando há manipulação cirúrgica prévia ouantecedentes de uropatia. Recomen<strong>da</strong>-se administrar este <strong>tratamento</strong>pelo mínimo período efetivo. A primeira medi<strong>da</strong> éretirar o cateter e colher uma amostra de urocultura com umanova son<strong>da</strong> (se o paciente ain<strong>da</strong> tiver critérios para necessitarde uma son<strong>da</strong> vesical).28 Julho 2006Discute-se a importância <strong>da</strong> candidúria assintomática.Deve-se erradicar a Candi<strong>da</strong> spp <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> portadores decateteres por t<strong>em</strong>po prolongado, com uropatia ou assintomáticos.Administrar fluconazol ou anfotericina B <strong>em</strong> doses baixasdurante 7-14 dias (com uropatias, instrumentação urológicaprévia, pr<strong>em</strong>aturos, transplante renal e outros tipos de imunodeficiência).Bacteriúria sintomáticaO <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong>s IU-AC sintomáticas é baseado na retira<strong>da</strong> docateter e na escolha do ATB apropriado. O TAE deve se orientarsegundo a microscopia (Gram) e cobrir tanto enterococoscomo BGN intra-hospitalares, de acordo com a epid<strong>em</strong>iologialocal. A duração mínima do <strong>tratamento</strong> com ATB deve ser de5 a 7 dias, com um máximo de 14 dias <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong> selecionados.O TAE se baseia na apresentação clínica <strong>da</strong> IU, na duraçãodo cateterismo, na doença de base e uso recente de ATB.Em <strong>pacientes</strong> s<strong>em</strong> co-morbi<strong>da</strong>des, com cateterização brevee pouco <strong>tratamento</strong> com outros fármacos tóxicos, pode-se iniciarTAE com monoterapia com aminoglicosídeo (amicacina),com ou s<strong>em</strong> ampicilina (de acordo com exame de urina).Na IU-AC grave, com co-morbi<strong>da</strong>des, o TAE deve incluirmais de um ATB; os recomen<strong>da</strong>dos são piperacilina/tazobactam,ou um carbapenêmico. O TAE deverá ser ajustado deacordo com a tipificação e sensibili<strong>da</strong>de ao ATB. O uso devancomicina dependerá <strong>da</strong> descoberta de MRSA, <strong>em</strong> uma raravez <strong>em</strong> que se indica como TAE para IU. 64Bacter<strong>em</strong>ia associa<strong>da</strong> a cateter venoso central(CVC) 14-17ProvávelIsolamento no sangue de um microorganismo habitual de pele<strong>em</strong> uma ou mais h<strong>em</strong>oculturas, e manifestações de sepse(febre, calafrios, hipotensão), e s<strong>em</strong> fonte aparente deinfecção, exceto ao CVC.DefinitivoBacter<strong>em</strong>ia primária causa<strong>da</strong> por qualquer microorganismocom evidência clínica e microbiológica quantitativa que indicao CVC como fonte de infecção, de acordo com os seguintescritérios:1. Pus no local de inserção, com isolamento do mesmo microorganismoneste local e na h<strong>em</strong>ocultura.2. Sepsis refratária a ATB, que desaparece ao se retirar oCVC.3. Cultura s<strong>em</strong>iquantitativa (técnica de Maki) positiva, <strong>da</strong>ponta e/ou segmento subdérmico do CVC, com h<strong>em</strong>oculturaprévia positiva para o mesmo microorganismo.4. H<strong>em</strong>ocultura quantitativa diferencial (não “retroculturasimples” <strong>em</strong> frasco de h<strong>em</strong>ocultura), com recontag<strong>em</strong> decolônias ≥ 10 UFC a favor do extraído por meio do CVCpara o mesmo microorganismo. Este método é útil <strong>em</strong>CVC com mais de 10 dias de permanência – de uso exclusivoe de material pouco trombogênico – <strong>em</strong> paciente febrils<strong>em</strong> outros sinais de sepse e bom estado geral, que nãoqueiram “sacrificar” o CVC.Critical Connections <strong>em</strong> português


5. H<strong>em</strong>oculturas automatiza<strong>da</strong>s positivas antes de 2 horas, colhidopor meio de CVC, <strong>em</strong> relação à h<strong>em</strong>ocultura periférica.A patogenia <strong>da</strong>s infecções relaciona<strong>da</strong>s ao CVC (IRCVC)é variável e depende fun<strong>da</strong>mentalmente de três fontes: pele,conexões do CVC e, raramente, <strong>da</strong> colonização h<strong>em</strong>atogênicaa partir de outros focos. Os microorganismos associados aBA-CVC, <strong>em</strong> cateteres de curta permanência (menos de 10dias) provêm <strong>da</strong> pele do paciente, enquanto nos cateteres delonga permanência (mais de 10 dias) provêm <strong>da</strong>s conexões ecolonizam a porção intraluminal (Figura 2).Em todo paciente com bacter<strong>em</strong>ia, investigar IRCVC,especialmente CVC prolongado e/ou uso múltiplo.Notavelmente, exist<strong>em</strong> sinais locais de infecção <strong>em</strong> menosde 50% <strong>da</strong>s IRCVC, e até 80% dos CVC com supuração localnão estão infectados (reação local ao material do CVC). Poristo, é praticamente impossível prever IRCVC, mesmo comclínica local compatível.Duas situações básicas pod<strong>em</strong> se apresentar:1. Dados de infecção local (erit<strong>em</strong>a, supuração, celulite notrajeto ou peri-CVC) e t<strong>em</strong>peratura ≥ 38 o C: forte suspeitade BA-CVC. Retirar e cultivar o CVC, com h<strong>em</strong>oculturasperiféricas.2. S<strong>em</strong> evidência local de infecção, s<strong>em</strong> febre (s<strong>em</strong> fonteóbvia de febre) e CVC de ≥ 96 h, assumir como provávelorig<strong>em</strong> o CVC. Mu<strong>da</strong>r por um novo (preferencialmente <strong>em</strong>outro sítio), com coleta prévia de h<strong>em</strong>ocultura periférica.Se a cultura s<strong>em</strong>iquantitativa <strong>da</strong> ponta e segmento subdérmicofor<strong>em</strong> negativos (≤ 15 UFC /segmento), o CVCrecém-colocado por guia pode permanecer. Se a ponta retira<strong>da</strong>for positiva (>15 UFC /segmento), o novo CVC inseridopor guia deve ser retirado.3. A “retrocultura não quantitativa” t<strong>em</strong> pouco valor diagnósticode IRCVC, por sua alta sensibili<strong>da</strong>de associa<strong>da</strong> a baixaespecifici<strong>da</strong>de; basta que apenas um microorganismo colonizeo CVC para que esta seja positiva (não se distinguecolonização de infecção). Se uma cultura periférica e umaretrocultura for<strong>em</strong> positivas com o mesmo microorganismo,confirma-se a BA-CVC; com a retrocultura positiva eh<strong>em</strong>ocultura periférica negativa, ou vice-versa, não se confirma.No CVC com menos de 10 dias de permanência, acolonização bacteriana ocorre na superfície externa, o queexplica a pouca utili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> retrocultura nesses casos, e anecessi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> técnica de Maki.TAE para BA-CVCA antibioticoterapia para BA-CVC é habitualmente <strong>em</strong>pírica.A seleção do TAE depende <strong>da</strong> gravi<strong>da</strong>de do estado do paciente,dos fatores de risco para infecção e <strong>da</strong> epid<strong>em</strong>iologia local(Figuras 3-5). O TAE deve incluir vancomicina – <strong>em</strong> UTI comalta incidência de MRSA e Staphylococcus coagulase negativos– junto com um ATB que cubra BGN e P. aeruginosa,como a piperacilina/tazobactam, um carbapenêmico ou a ceftazidima(restringir seu uso para evitar a seleção de cepas produtorasde ESBL).Os cocos Gram-positivos são os microorganismos mais freqüent<strong>em</strong>enteassociados a BA-CVC, mas os BGN têmaumentado. A retira<strong>da</strong> do CVC e o <strong>tratamento</strong> <strong>em</strong>pírico adequadosão fun<strong>da</strong>mentais para o manejo <strong>da</strong>s infecçõescausa<strong>da</strong>s por estes microorganismos (Quadro 1).Particularmente na candid<strong>em</strong>ia associa<strong>da</strong> a CVC, o <strong>tratamento</strong>antifúngico se torna man<strong>da</strong>tório, juntamente com aretira<strong>da</strong> precoce do cateter. Fluconazol (400 mg/dia durante14 dias após a última h<strong>em</strong>ocultura negativa) é tão efetivo eBainha defibrina, tromboPeleFigura 2. Patogenia.Critical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 29


Figura 3. Tratamento de paciente com CVC, permanência curta e episódio febrilgrave. HMC: h<strong>em</strong>ocultura; NTF: neutropenia febril.Figura 5. CVC r<strong>em</strong>ovível e BA-CVC.Quadro 1. BA-CVC não complica<strong>da</strong> por Staphylococcus aureus• R<strong>em</strong>over CVC• Tratar com ATB por 14 dias• MSSA (cefalosporina 1 a geração) e se for MRSA (vancomicina)• Ecocardiograma antes de finalizar ATB• Endocardite: prolongar ATB para 4-6 s<strong>em</strong>anasQuadro 2. BA-CVC complica<strong>da</strong> por trombose sépticaFigura 4. Tratamento de paciente com CVC de curta permanência e episódio febrilagudo.menos tóxico que a anfotericina B (0,5 mg/kg/dia) <strong>em</strong> <strong>pacientes</strong>não neutropênicos, s<strong>em</strong>pre que o microorganismo for sensível(Candi<strong>da</strong> albicans, não C. glabrata e n<strong>em</strong> C.krusei).Nesses casos, recomen<strong>da</strong>-se r<strong>em</strong>over o CVC e tratar com ATBdurante 10-14 dias.A antibioticoterapia inicial deve ser intravenosa. Quando opaciente estiver estabilizado e se conhecer a sensibili<strong>da</strong>de aATB, pode-se completar o <strong>tratamento</strong> por via oral, com ciprofloxacina,linezoli<strong>da</strong> ou cotrimoxazol.A duração específica dependerá se é uma BA-CVC complica<strong>da</strong>(trombose, endocardite, osteomielite ou focos metastáticos)ou não (Quadros 2 e 3).Com resposta rápi<strong>da</strong> ao TAE, s<strong>em</strong> imunossupressão, n<strong>em</strong>valvulopatia cardíaca ou prótese intravascular, tratar 10-14dias para patógenos distintos de estafilococos coagulase-negativos.Considerar uma duração maior (4-6 s<strong>em</strong>anas) se houverbacter<strong>em</strong>ia ou fung<strong>em</strong>ia persistentes após retirar o CVC; comendocardite, trombose séptica ou osteomielite: 6-8 s<strong>em</strong>anas. A30 Julho 2006• S<strong>em</strong>pre se deve r<strong>em</strong>over o CVC• Drenag<strong>em</strong> e excisão de veia infecta<strong>da</strong> e tributárias comprometi<strong>da</strong>s• Avaliar anticoagulação• Grandes veias: ATB por 4-6 s<strong>em</strong>anas, excisão geralmentedesnecessária• Não são recomen<strong>da</strong>dos trombolíticosQuadro 3. BA-CVC complica<strong>da</strong> por endocardite/bacter<strong>em</strong>ia persistente• R<strong>em</strong>over o CVC• Falta de melhora ou HMC (+) após 3 dias de terapia efetiva apesar<strong>da</strong> retira<strong>da</strong> do CVC: ATB ≥4 s<strong>em</strong>anas• Avaliar cirurgia• Deve-se s<strong>em</strong>pre cobrir Staphylococcus spp• Endocardite direita: ATB por 2 s<strong>em</strong>anas• Endocardite fúngica: anfotericina B (avaliar cirurgia)maioria <strong>da</strong>s infecções por Staphylococcus coagulase-negativospod<strong>em</strong> ser resolvi<strong>da</strong>s apenas com a retira<strong>da</strong> do CVC (s<strong>em</strong> antibioticoterapia),os especialistas concor<strong>da</strong>m <strong>em</strong> tratá-las porperíodos curtos, de 5 a 7 dias. Nestes casos, recomen<strong>da</strong>-ser<strong>em</strong>over o CVC e tratar com ATB por 5-7 dias, e avaliar valvulopatiae necessi<strong>da</strong>de de ecocardiografia.Critical Connections <strong>em</strong> português


Quando a infecção é por germes e não existe suspeita decomplicações, o CVC pode ser mantido. Considerar isto <strong>em</strong><strong>pacientes</strong> com dificul<strong>da</strong>de para encontrar acessos venosos eecocardiografia s<strong>em</strong> vegetações.Quando somente a ponta do CVC t<strong>em</strong> resultado de culturapositivo, com h<strong>em</strong>oculturas negativas, não há <strong>da</strong>dos bibliográficospara apoiar a antibioticoterapia. Alguns especialistasrecomen<strong>da</strong>m avaliar e tratar com ATB durante 5 a 7 diassomente <strong>pacientes</strong> febris com valvulopatia ou neutropênicos,cujas culturas s<strong>em</strong>iquantitativas <strong>da</strong> ponta do CVC mostr<strong>em</strong>desenvolvimento significativo de S. aureus ou C. albicans, ouquantitativo maior que 10 2 UFC. Isto se baseia no fato de queS. aureus e Candi<strong>da</strong> spp têm maior probabili<strong>da</strong>de de causarBA-CVC complica<strong>da</strong>s que enterococos ou BGN. Nestescasos, recomen<strong>da</strong>-se r<strong>em</strong>over o CVC, tratar com antifúngicospor 14 dias após a h<strong>em</strong>ocultura negativa (fluconazol) ou atécompletar 10-15 mg/kg/total (anfotericina B) e avaliar focos adistância (fundo de olho, ecografia renal e cardíaca).Em <strong>pacientes</strong> com S. aureus, a rifampicina se mostrou útilpara tratar de infecções <strong>graves</strong> associa<strong>da</strong>s a CVC; sugere-seutilizar uma dose diária para atingir uma área sob a curvamaior do que a alcança<strong>da</strong> com duas doses/dia.Referências bibliográficas1. American Thoracic Society; Infectious Diseases Society of America. Guidelines forthe manag<strong>em</strong>ent of adults with hospital-acquired, ventilator-associated, andhealthcare-associated pneumonia. Am J Respir Crit Care Med 2005; 171:388-416.2. Dellinger RP, Carlet JM, Masur H, Gerlach H, Calandra T, Cohen J, Gea-Banacloche J,Keh D, Marshall JC, Parker MM, Ramsay G, Zimmerman JL, Vincent JL, Levy MM;Surviving Sepsis Campaign Manag<strong>em</strong>ent Guidelines Committee. Surviving SepsisCampaign guidelines for manag<strong>em</strong>ent of severe sepsis and septic shock. Crit CareMed 2004; 32:858-873.3. Saint S, Savel RH, Matthay MA. Enhancing the safety of critically ill patients byreducing urinary and central venous catheter-related infections. Am J Respir CritCare Med 2002; 165:1475-1479.4. Niederman MS, Mandell LA, Anzueto A, Bass JB, Broughton WA, Campbell GD, DeanN, File T, Fine MJ, Gross PA, Martinez F, Marrie TJ, Plouffe JF, Ramirez J, Sarosi GA,Torres A, Wilson R, Yu VL; American Thoracic Society. Guidelines for th<strong>em</strong>anag<strong>em</strong>ent of adults with community-acquired pneumonia. Diagnosis,assessment of severity, antimicrobial therapy, and prevention. Am J Respir Crit CareMed 2001; 163:1730-1754.5. Friedman ND, Kaye KS, Stout JE, McGarry SA, Trivette SL, Briggs JP, Lamm W, ClarkC, MacFarquhar J, Walton AL, Reller LB, Sexton DJ. Health care—associatedbloodstream infections in adults: a reason to change the accepted definition ofcommunity-acquired infections. Ann Intern Med 2002; 137:791-797.6. Kollef MH. Inadequate antimicrobial treatment: an important determinant of outcomefor hospitalized patients. Clin Infect Dis 2000; 31(Suppl4):S131-S138.7. Mutnick AH, Rhomberg PR, Sader HS, Jones RN. Antimicrobial usage and resistancetrend relationships from the MYSTIC Programme in North America (1999-2001). JAntimicrob Ch<strong>em</strong>other 2004; 53:290-296.8. Sader HS, Jones RN, Gales AC, Winokur P, Kugler KC, Pfaller MA, Doern GV.Antimicrobial susceptibility patterns for pathogens isolated from patients in LatinAmerican medical centers with a diagnosis of pneumonia: analysis of results fromthe SENTRY Antimicrobial Surveillance Program (1997). SENTRY Latin AmericaStudy Group. Diagn Microbiol Infect Dis 1998; 32:289-301.9. Mendes C, Oplustil C, Sakagami E, Turner P, Kiffer C; MYSTIC Brazil Group.Antimicrobial susceptibility in intensive care units: MYSTIC Program Brazil 2002.Braz J Infect Dis 2005; 9(1):44-51.10. Toltzis P, Blumer JL. Nosocomial acquisition and transmission of antibiotic-resistantGram-negative organisms in the pediatric intensive care unit. Pediatr Infect Dis J2001; 20:612.11. Jarvis WR, Edwards JR, Culver DH, Hughes JM, Horan T, Emori TG, Banerjee S,Tolson J, Henderson T, Gaynes RP, et al. Nosocomial infection rates in adult andpediatric intensive care units in the United States. National Nosocomial InfectionsSurveillance Syst<strong>em</strong>. Am J Med 1991; 91:185S-191S.12. Kluger MJ, Kozak W, Conn CA, Leon LR, Soszynski D. The a<strong>da</strong>ptive value of fever.Infect Dis Clin North Am. 1996 ;10(1):1-20.13. Paterson DL. Recommen<strong>da</strong>tion for treatment of severe infections caused byEnterobacteriaceae producing extended-spectrum beta-lactamases (ESBLs). ClinMicrobiol Infect 2000; 6:460-463.14. Mermel LA, Farr BM, Sherertz RJ, Raad II, O’Grady N, Harris JS, Craven DE;Infectious Diseases Society of America; American College of Critical Care Medicine;Society for Healthcare Epid<strong>em</strong>iology of America. Guidelines for the manag<strong>em</strong>ent ofintravascular catheter-related infections. Clin Infect Dis 2001; 32:1249-1272.15. Crnich CJ, Maki DG. The promise of novel technology for the prevention ofintravascular device-related bloodstream infection. I. Pathogenesis and short-termdevices. Clin Infect Dis 2002; 34:1232-1242.16. O’Grady NP, Alexander M, Patchen Dellinger E, Gerberding JL, Heard SO, Maki DG,Masur H, McCormick RD, Mermel LA, Pearson ML, Raad II, Randolph A, WeinsteinRA. Guidelines for the Prevention of Intravascular CatheterRelated Infections. ClinInfect Dis 2002; 35:1281-1307.17. Gross PA, Barrett TL, Dellinger EP, et.al. Quality Stan<strong>da</strong>rd for the Treatment ofBacter<strong>em</strong>ia. Clin Infect Dis 1994; 18:428-430.18. Wong ES, Hooton TM. Guideline for Prevention of Catheter-associated Urinary TractInfections. Centers for Disease Control and Prevention. Guideline for Prevention ofCatheter-associated Urinary Tract Infections. 2002. Disponível <strong>em</strong>:http://www.cdc.gov/ncidod/dhqp/gl_catheter_assoc.html. Último acesso: março de2006.19. Milliken J, Tait G, Ford-Jones EL, Mindorff CM, Gold R, Mullins G. Nosocomialinfections in a pediatric intensive care unit. Crit Care Med 1988; 16:233-237.20. Stein F, Trevino R. Nosocomial infections in the pediatric intensive care unit. PediatrClin North Am 1994; 41:1245-1257.21. Kaye D, Hessen M. Infections Associated with Foreign Bodies in the Urinary Tract. In:Infections Associated with Indwelling Medical Devices, 2 nd ed. Edited by Alan L.Bisnoand Francis A. Waldvogel. ASM, 1994.22. Vi<strong>da</strong>ur L, Sirgo G, Rodriguez AH, Rello J. Clinical approach to the patient withsuspected ventilator-associated pneumonia. Respir Care 2005; 50:965-74;discussão 974.23. American Acad<strong>em</strong>y of Pediatrics. Red book: 2003 report of the committee oninfectious diseases. 26 ed. Elk Grove Village. IL American Acad<strong>em</strong>y of Pediatrics,2003.24. Burkhardt JE, Walterspiel JN, Schaad UR Quinolone Arthropathy in Animals VersusChildren Clin Infect Dis 1997; 25:1196-1204.25. Grady R. Safety profile of quinolone antibiotics in the pediatric population. PediatrInfect Dis J 2003; 22:1128-1132.26. Lundstrom TS, Sobel JD. Antibiotics for Gram-positive bacterial infections.Vancomycin, teicoplanin, quinupristin/<strong>da</strong>lfopristin, and linezolid. Infect Dis Clin NorthAm 2000; 14:463-474. Revisão.27. Blumer JL, Reed MD, Kearns GL, Jacobs RF, Gooch WM 3rd, Yogev R, Willims K, EwingBJ. Sequential, single-dose pharmacokinetic evaluation of meropen<strong>em</strong> in hospitalizedinfants and children. Antimicrob Agents Ch<strong>em</strong>other 1995; 39:1721-1725.28. Kearns GL, Abdel-Rahman SM, Blumer JL, Reed MD, James LP, Jacobs RF, BradleyJA, Welshman IR, Jungbluth GL, Stalker DJ; Pediatric Pharmacology Research UnitNetwork. Single dose pharmacokinetics of linezolid in infants and children. PediatrInfect Dis J 2000; 19:1178-1184.29. Kaplan SL, Deville JG, Yogev R, Morfin MR, Wu E, Adler S, Edge-Padbury B,Naberhuis-Stehouwer S, Bruss JB; Linezolid Pediatric Study Group. Linezolid versusvancomycin for treatment of resistant Gram-positive infections in children. PediatrInfect Dis J 2003; 22:677-686.30. Abdel-Rahman SM, Kearns GL. The beta-lactamase inhibitors: clinical pharmacologyand rational application to combination antibiotic therapy. Pediatr Infect Dis J1998;17:1185-1194.31. Fink MP, Snydman DR, Niederman MS, Leeper KVJ, Johnson RH, Heard SO,Wunderink RG, Caldwell JW, Schentag JJ, Siami GA, et al., Severe Pneumonia StudyGroup. Treatment of severe pneumonia in hospitalized patients: results of amulticenter, randomized, doubleblind trial comparing intravenous ciprofloxacin withimipen<strong>em</strong>–cilastatin. Antimicrob Agents Ch<strong>em</strong>other 1994; 38:547–557.32. Wunderink RG, Rello J, Cammarata SK, Croos-Dabrera RV, Kollef MH. Linezolid vsvancomycin: analysis of two double-blind studies of patients with methicillinresistantStaphylococcus aureus nosocomial pneumonia. Chest 2003;124:1789–1797.33. Jaccard C, Troillet N, Harbarth S, Zanetti G, Aymon D, Schneider R, Chiolero R, RicouB, Romand J, Huber O, et al. Prospective randomized comparison ofimipen<strong>em</strong>–cilastatin and piperacillin–tazobactam in nosocomial pneumonia orperitonitis. Antimicrob Agents Ch<strong>em</strong>other 1998; 42:2966–2972.34. West M, Boulanger BR, Fogarty C, Tennenberg A, Wiesinger B, Oross M, Wu SC,Fowler C, Morgan N, Kahn JB. Levofloxacin compared with imipen<strong>em</strong>/cilastatinfollowed by ciprofloxacin in adult patients with nosocomial pneumonia: amulticenter, prospective, randomized, open-label study. Clin Ther 2003;25:485–506.Critical Connections <strong>em</strong> português Julho 2006 31


35. Chapman TM, Perry CM. Cefepime: a review of its use in the manag<strong>em</strong>ent ofhospitalized patients with pneumonia. Am J Respir Med 2003; 2:75–107.35. Sieger B, Berman SJ, Geckler RW, Farkas SA, Meropen<strong>em</strong> Lower RespiratoryInfection Group. Empiric treatment of hospital-acquired lower respiratory tractinfections with meropen<strong>em</strong> or ceftazidime with tobramycin: a randomized study. CritCare Med 1997; 25:1663–1670.37. Rubinstein E, Lode H, Grassi C, Antibiotic Study Group. Ceftazidime monotherapy vs.ceftriaxone/tobramycin for serious hospital-acquired Gram-negative infections. ClinInfect Dis 1995; 20:1217–1228.38. Nicolau DP, McNabb J, Lacy MK, Quintiliani R, Nightingale CH. Continuous versusintermittent administration of ceftazidime in intensive care unit patients withnosocomial pneumonia. Int J Antimicrob Agents 2001; 17:497–504.39. Krueger WA, Bulitta J, Kinzig-Schippers M, et al. Evaluation by Monte CarloSimulation of the Pharmacokinetics of Two Doses of Meropen<strong>em</strong> AdministeredIntermittently or as a Continuous Infusion in Healthy Volunteers. Antimicrob AgentsCh<strong>em</strong>other 2005; 49:1881–1889.40. Hatala R, Dinh T, Cook DJ.Once-<strong>da</strong>ily aminoglycoside dosing in immunocompetentadults: a meta-analysis. Ann Intern Med 1996; 124:717–725.41. Paladino JA, Sperry HE, Backes JM, Gelber JA, Serrianne DJ, Cumbo TJ, SchentagJJ. Clinical and economic evaluation of oral ciprofloxacin after an abbreviatedcourse of intravenous antibiotics. Am J Med 1991; 91:462–470.42. Paladino JA. Pharmacoeconomic comparison of sequential IV/oral ciprofloxacinversus ceftazidime in the treatment of nosocomial pneumonia. Can J Hosp Pharm1995; 48:276–283.43. Stein A, Raoult D. Colistin: an antimicrobial for the 21st century? Clin Infect Dis2002; 35:901-902.44. Hamer DH. Treatment of nosocomial pneumonia and tracheobronchitis caused bymultidrug-resistant Pseudomonas aeruginosa with aerosolized colistin. Am J RespirCrit Care Med 2000; 162:328–330.45. Brown RB, Kruse JA, Counts GW, Russell JA, Christou NV, Sands ML, EndotrachealTobramycin Study Group. Double-blind study of endotracheal tobramycin in thetreatment of Gram-negative bacterial pneumonia. Antimicrob Agents Ch<strong>em</strong>other1990; 34:269–272.46. American Thoracic Society. Hospital-acquired pneumonia in adults: diagnosis,assessment of severity, initial antimicrobial therapy, and preventive strategies[consensus stat<strong>em</strong>ent]. Am J Respir Crit Care Med 1996; 153:1711–1725.47. Hilf M, Yu VL, Sharp J, Zuravleff JJ, Korvick JA,Muder RR. Antibiotic therapy forPseudomonas aeruginosa bacter<strong>em</strong>ia: outcome correlations in a prospective studyof 200 patients. Am J Med 1989; 87:540– 546.48. Chow JW, Fine MJ, Shlaes DM, Quinn JP, Hooper DC, Johnson MP, Ramphal R,Wagener MM, Miyashiro DK, Yu VL. Enterobacter bacter<strong>em</strong>ia: clinical features and<strong>em</strong>ergence of antibiotic resistance during therapy. Ann Intern Med 1991;115:585–590.49. Gruson D, Hilbert G, Vargas F, Valentino R, Bebear C, Allery A, Bebear C, Gbikpi-Benissan G, Cardinaud JP. Rotation and restricted use of antibiotics in a medicalintensive care unit: impact on the incidence of ventilator-associated pneumoniacaused by antibioticresistant Gram-negative bacteria. Am J Respir Crit Care Med2000; 162:837–843.50. Fowler RA, Flavin KE, Barr J, Weinacker AB, Parsonnet J, Gould MK. Variability inantibiotic prescribing patterns and outcomes in patients with clinically suspectedventilator-associated pneumonia. Chest 2003; 123:835–844.51. Singh N, Rogers P, Atwood CW, Wagener MM, Yu VL. Short-course <strong>em</strong>piric antibiotictherapy for patients with pulmonary infiltrates in the intensive care unit: a proposedsolution for indiscriminate antibiotic prescription. Am J Respir Crit Care Med 2000;162:505–511.52. Dennesen PJ, Van der Ven AJ, Kessels AG, Ramsay G, Bonten MJ. Resolution ofinfectious parameters after antimicrobial therapy in patients with ventilatorassociatedpneumonia. Am J Respir Crit Care Med 2001; 163:1371–1375.53. Chastre J, Wolff M, Fagon JY, Chevret S, Thomas F, Wermert D, Cl<strong>em</strong>enti E, Gonzalez J,Jusserand D, Asfar P, et al. Comparison of 8 vs 15 <strong>da</strong>ys of antibiotic therapy for ventilatorassociatedpneumonia in adults: a randomized trial. JAMA 2003; 290: 2588–2598.54. Garnacho-Montero J, Ortiz-Leyba C, Jimenez-Jimenez FJ, Barrero-Almodovar AE,Garcia-Garmendia JL, Bernabeu-WittelI M, Gallego-Lara SL, Madrazo-Osuna J.Treatment of multidrug-resistant Acinetobacter baumannii ventilator-associatedpneumonia (VAP) with intravenous colistin: a comparison with imipen<strong>em</strong>-susceptibleVAP. Clin Infect Dis 2003; 36:1111–1118.55. Paterson DL, Ko WC, Von Gottberg A, Mohapatra S, Casellas JM, Goossens H,Mulazimoglu L, Trenholme G, Klugman KP, Bonomo RA, Rice LB, Wagener MM,McCormack JG, Yu VL. Antibiotic therapy for Klebsiella pneumoniae bacter<strong>em</strong>ia:implications of production of extended-spectrum beta-lactamases. Clin Infect Dis2004; 39:31-37.56. Paterson DL, Mulazimoglu L, Casellas JM, Ko WC, Goossens H, Von Gottberg A, MohapatraS, Trenholme GM, Klugman KP, McCormack JG, Yu VL. Epid<strong>em</strong>iology of ciprofloxacinresistance and its relationship to extended-spectrum beta-lactamase production inKlebsiella pneumoniae isolates causing bacter<strong>em</strong>ia. Clin Infect Dis 2000; 30:473-47857. Wysocki M, Thomas F, Wolff MA, Pean Y, Ravaud Y, Herman B. Comparison ofcontinuous with discontinuous intravenous infusion of vancomycin in severe MRSAinfections. J Antimicrob Ch<strong>em</strong>other 1995; 35:352–354.58. Goetz MB, Sayers J. Nephrotoxicity of vancomycin and aminoglycoside therapyseparately and in combination. J Antimicrob Ch<strong>em</strong>other 1993; 32:325-334.59. Elting LS, Rubenstein EB, Kurtin D, Rolston KV, Fangtang J, Martin CG, Raad II,Whimbey EE, Manzullo E, Bodey GP. Mississippi mud in the 1990s: risks andoutcomes of vancomycin-associated toxicity in general oncology practice. Cancer1998; 83:2597-2607.60. Gruson D, Hilbert G, Vargas F, Valentino R, Bui N, Pereyre S, Bebear C, Bebear CM,Gbikpi-Benissan G. Strategy of antibiotic rotation: long-term effect on incidence andsusceptibilities of Gram-negative bacilli responsible for ventilator-associatedpneumonia. Crit Care Med 2003; 31:1908-1914.61. Stamm WE, Hooton TM. Manag<strong>em</strong>ent of urinary tract infections in adults. N Engl JMed 1993; 329:1328-1334.62. Stamm WE, Norrby SR. Urinary tract infections: disease panorama and challenges. JInfect Dis 2001 ;183( Suppl 1):S1-4.63. Warren JW. Catheter-associated urinary tract infections. Int J Antimicrob Agents2001; 17:299-303.64. Nicolle LE. Urinary tract infection: traditional pharmacologic therapies. Am J Med2002; 113(Suppl 1A):35S-44S.32 Julho 2006Critical Connections <strong>em</strong> português


CONTRA-CAPALOGOAZ

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!