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Análise da contribuição das variáveis meteorológicas no estresse ...

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ARTIGO ARTICLE65Análise <strong>da</strong> contribuição <strong>da</strong>s variáveismeteorológicas <strong>no</strong> <strong>estresse</strong> térmico associa<strong>da</strong>à morte de cortadores de cana-de-açúcarAnalysis of the contribution of meteorologicalvariables to thermal stress associated withdeath among sugarcane cuttersDaniel Pires Bitencourt 1Álvaro César Ruas 2Paulo Alves Maia 2AbstractIntrodução1 Fun<strong>da</strong>ção Jorge DupratFigueiredo de Segurança eMedicina do Trabalho, CentroEstadual de Santa Catarina,Florianópolis, Brasil.2 Fun<strong>da</strong>ção Jorge DupratFigueiredo de Segurançae Medicina do Trabalho,Centro Técnico Nacional,Campinas, Brasil.CorrespondênciaD. P. BitencourtFun<strong>da</strong>ção Jorge DupratFigueiredo de Segurança eMedicina do Trabalho, CentroEstadual de Santa Catarina.Rua Silva Jardim 213,Florianópolis, SC 88020-200,Brasil.<strong>da</strong>niel@fun<strong>da</strong>centro.sc.gov.brSugarcane cutters perform heavy work underadverse conditions. Environmental factorscan be an aggravating factor for thermal stressamong these workers. This study analyzed theatmospheric conditions on the <strong>da</strong>y of death of14 sugarcane cutters in São Paulo State, Brazil.Historical <strong>da</strong>ta for temperature, humidity, wind,and sunlight were compared with the same meteorologicalvariables on the <strong>da</strong>ys the deaths thatoccurred. The meteorological <strong>da</strong>ta were obtainedfrom a reanalysis of the National Center for EnvironmentalPrediction/National Center for AtmosphericResearch (NCEP/NCAR). In 10 of the14 cases, the temperature on the <strong>da</strong>y of deathwas higher than or equal to the mean plus thestan<strong>da</strong>rd deviation. In six of these cases, the temperaturereached or came close to record levels.These findings suggest that atmospheric conditionscan be an important factor in the analysisof overall work conditions for sugarcane cutters.Heat Stress Disorders; Occupational Health; AtmosphereA área utiliza<strong>da</strong> para o plantio de cana-de-açúcar<strong>no</strong> Brasil em 2008 foi de 8.141.228ha, com umaprodução de 648.973.981 tonela<strong>da</strong>s (InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística. Levantamentosistemático <strong>da</strong> produção agrícola. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/default.shtm, acessado em08/Set/2009). No a<strong>no</strong> de 2009 a área planta<strong>da</strong> <strong>no</strong>Brasil aumentou em 3,2%, possivelmente devidoà procura de alternativas ao uso do petróleo.No Estado de São Paulo, desde meados <strong>da</strong>déca<strong>da</strong> de 80, tem aumentado a mecanização docorte <strong>da</strong> cana devido aos problemas ambientaisgerados pela queima e os sérios problemas desaúde característicos <strong>da</strong> realização manual destatarefa 1. Segundo Petti & Fredo 2, atualmente40,7% <strong>da</strong>s áreas cultiva<strong>da</strong>s em São Paulo já sãoexplora<strong>da</strong>s por meio de máquinas agrícolas. Entretanto,mesmo que a tendência de aumento<strong>da</strong> mecanização continue, há áreas que exigirãomuitos investimentos na adequação do terre<strong>no</strong>para que possam ser explora<strong>da</strong>s por esse processo.No Brasil, há atualmente 335 mil cortadoresde cana-de-açúcar 3.Embora as tec<strong>no</strong>logias aplica<strong>da</strong>s na produção<strong>da</strong> cana-de-açúcar tenham evoluído <strong>no</strong>súltimos a<strong>no</strong>s, as condições de trabalho ofereci<strong>da</strong>saos trabalhadores envolvidos <strong>no</strong> processocontinuam extremamente precárias. O empre-Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(1):65-74, jan, 2012


CONTRIBUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA MORTE DE CORTADORES DE CANA-DE-AÇÚCAR67se período como <strong>no</strong> anterior a outubro de 2005.Há também casos registrados que não possueminformação de <strong>da</strong>ta precisa e, portanto, não puderamser utilizados neste estudo. Uma falhaimportante <strong>no</strong>s <strong>da</strong>dos diz respeito à ausência deregistro para a causa <strong>da</strong> maioria <strong>da</strong>s mortes. Oslocais que os óbitos ocorreram são apresentadosna Figura 1 por meio <strong>da</strong>s letras A, B, C, D, E, F, G,H, I, J, K e L. Obteve-se, também, a i<strong>da</strong>de e sexodo trabalhador.Os <strong>da</strong>dos meteorológicos foram obtidos nareanálise do National Center for EnvironmentalPrediction/National Center for Atmospheric Research(NCEP/NCAR) 21. Esses <strong>da</strong>dos são organizadosem pontos de grade uniformemente espaçadosa ca<strong>da</strong> 2,5º de latitude e longitude. Pontosde grade são posições georreferencia<strong>da</strong>s, para osquais são atribuídos valores de variáveis atmosféricas.As localizações dos pontos de grade utilizadosneste estudo são apresenta<strong>da</strong>s na Figura1 por P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P10 e P11. Os<strong>da</strong>dos do NCEP/NCAR são disponibilizados emquatro horários diários, 00, 06, 12 e 18 UTC. Asigla UTC significa universal time coordinated, referentea um horário padrão internacional adiantadoem três horas em relação ao horário oficialde Brasília. A reanálise do NCEP/NCAR é obti<strong>da</strong>usando-se os <strong>da</strong>dos meteorológicos de superfícieem terra, navios, radiosson<strong>da</strong>s, aeronaves,satélites e outros meios, sendo que o controle dequali<strong>da</strong>de e assimilação desses <strong>da</strong>dos é realizadopelo mesmo sistema desde 1957. Entende-se porassimilação o método utilizado para atribuir aca<strong>da</strong> ponto de grade o valor <strong>da</strong>s variáveis meteorológicasmedi<strong>da</strong>s pelas diferentes formasde observação. Portanto, tanto para os dias emque ocorreram os óbitos como para o períodoutilizado para obtenção dos parâmetros estatísticos,o conjunto de informações meteorológicasdo NCEP/NCAR foi obtido com padrão únicode coleta e assimilação de <strong>da</strong>dos. A reanálise doNCEP/NCAR é acessa<strong>da</strong> pelo endereço eletrôni-Figura 1Mapa do Estado de São Paulo, Brasil, com a localização <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des: (A) Valparaíso, (B) Rio <strong>da</strong>s Pedras, (C) Guariba,(D) Teodoro Sampaio, (E) Jaborandi, (F) Monte Alto, (G) Taiaçu, (H) Itapira, (I) Colina, (J) Ribeirão Preto, (K) Ipaussu e(L) Presidente Prudente.Nota: os círculos fechados mostram a localização dos pontos de grade (P1, P2, P3, P4, P5, P6, P7, P8, P10 e P11), dos quaissão obti<strong>da</strong>s as variáveis meteorológicas.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(1):65-74, jan, 2012


68Bitencourt DP et al.co: http://www.cdc.<strong>no</strong>aa.gov/<strong>da</strong>ta/re-analysis/reanalysis.shtml (acessado em 17/Mar/2009).As variáveis meteorológicas, para os locaisonde os óbitos ocorreram, foram obti<strong>da</strong>s usandosea interpolação dos valores dos pontos de gradelocalizados ao redor destes locais. Por exemplo,de acordo com a disposição espacial <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>dese dos pontos de grade mostrados na Figura 1, asinterpolações para as ci<strong>da</strong>des A, D e L são obti<strong>da</strong>scom base <strong>no</strong>s valores dos pontos de grade P1, P2,P5 e P6. O cálculo para interpolação é <strong>da</strong>do pelaseguinte expressão:Inicialmente, as variáveis T, UR, V e R foramobti<strong>da</strong>s para o dia e local do óbito e compara<strong>da</strong>scom a média, desvio-padrão e valores mínimoe máximo, extraídos <strong>da</strong> série histórica de 1957 a2008, considerando o mesmo local, dia e mês emque o óbito ocorreu. Não foram feitas comparaçõesestatísticas entre os <strong>da</strong>dos de óbito e os <strong>da</strong>dosmeteorológicos devido às significativas diferençasde escala e níveis organizativos existentesentre estas duas bases de <strong>da</strong>dos. Posteriormente,calculou-se a distribuição de frequência <strong>da</strong> T,UR, V e R para todos os dias do a<strong>no</strong>, <strong>no</strong> períodode 1957 a 2008. Nesse caso, os locais onde ocorreramos óbitos foram representados pela médiados quatro pontos de grade localizados ao redor.Resultados e discussõesAs condições de trabalho <strong>no</strong> canavialem que V Loc é o valor <strong>da</strong> variável meteorológica<strong>no</strong> local do óbito, V 1 , V 2 , V 3 e V 4 são os valores<strong>da</strong>s variáveis meteorológicas <strong>no</strong>s quatro pontosde grade ao redor e d1, d2, d3 e d4 são as distânciasentre estes pontos de grade e o local do óbito.As variáveis meteorológicas analisa<strong>da</strong>s são: temperaturado ar (T), umi<strong>da</strong>de relativa do ar (UR),veloci<strong>da</strong>de do vento (V) e a radiação incidente(R), <strong>da</strong><strong>da</strong> pela soma <strong>da</strong> radiação de on<strong>da</strong>s curta elonga, ambas na superfície terrestre. A T, UR e Vsão <strong>da</strong> coordena<strong>da</strong> vertical sigma, que é um nívelatmosférico comumente utilizado em modelosnuméricos. Esse nível fica próximo <strong>da</strong> superfíciee caracteriza-se por contornar o relevo. As variáveisT, UR e V foram analisa<strong>da</strong>s para o horário<strong>da</strong>s 18 UTC, 15h local. A variável R representa aincidência média que ocorreu na superfície terrestreentre as 12 e 18 UTC, ou seja, entre as 9h e15h local. A escolha dessas variáveis meteorológicasse deu por serem os parâmetros ambientaismedidos em áreas abertas mais importantes paraa estimativa de sobrecarga térmica, por meio doÍndice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo(IBUTG) 22. A <strong>no</strong>rma ISO 7243 23 descreve o IBUTGcomo metodologia de avaliação de <strong>estresse</strong> térmicodo trabalhador, e a Norma Regulamentadorade Segurança e Higiene do Trabalho (NR 15) 24estabelece-o legalmente como índice térmicobrasileiro para avaliação <strong>da</strong>s condições de trabalhoem ambientes sob temperaturas eleva<strong>da</strong>s.Fischer et al. 9 desenvolveram uma reflexão sobrea organização do trabalho na agroindústriacanavieira de São Paulo, e dividiram o processona fase de obtenção <strong>da</strong> matéria-prima e na doseu processamento industrial. Os autores subdividema obtenção <strong>da</strong> matéria-prima em trêsprincipais ativi<strong>da</strong>des agrícolas: o plantio, a carpae o corte.A análise que se faz neste estudo tem o objetivode abor<strong>da</strong>r rapi<strong>da</strong>mente as condições detrabalho na fase de obtenção <strong>da</strong> matéria-prima,em geral, sem distinção de ativi<strong>da</strong>des, apesar <strong>da</strong>maioria dos artigos referenciados tratarem <strong>da</strong>ativi<strong>da</strong>de de corte 1,3,7,8. Geralmente, as condiçõesde trabalho são inadequa<strong>da</strong>s e podem serresumi<strong>da</strong>s como segue:(i) O pagamento é feito por produção, o que implicamaior dispêndio de energia e de esforçosfísicos para cortar mais cana 8,25. A exigência deintensificação <strong>da</strong> produção decorre <strong>da</strong> maior deman<strong>da</strong><strong>da</strong> agroindústria do álcool e açúcar 9;(ii) Ocorre aquecimento <strong>da</strong> terra pela prática <strong>da</strong>queima <strong>da</strong> cana antes de seu corte. Algumas vezes,o calor se conserva até o início <strong>da</strong> próximajorna<strong>da</strong>, contribuindo para a sobrecarga térmicados trabalhadores 7. Além disso, a fuligem e a fumaçaprovocam problemas respiratórios 5;(iii) A alimentação é insuficiente, inadequa<strong>da</strong> erealiza<strong>da</strong> sem as condições mínimas de higiene.O intervalo de tempo entre a alimentação e o retor<strong>no</strong>ao trabalho é muito peque<strong>no</strong>. Há consumoinsuficiente de líquidos e ausência de pausas paradescanso durante a jorna<strong>da</strong> de trabalho;(iv) Os alojamentos, os meios de transporte e asinstalações sanitárias sãos precários;(v) O uso de EPI é improvisado e inadequado àproteção. As vestimentas utiliza<strong>da</strong>s cobrem todoCad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(1):65-74, jan, 2012


CONTRIBUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA MORTE DE CORTADORES DE CANA-DE-AÇÚCAR69o corpo e dificultam a troca de calor necessáriaao equilíbrio térmico. Não há equipamentos deprimeiros socorros <strong>no</strong> local de trabalho.Entre os óbitos registrados pela Pastoral doMigrante de Guariba, poucos possuem informaçõessobre a causa <strong>da</strong> morte (Tabela 1). Oficialmente,em nenhum dos casos foi menciona<strong>da</strong> aligação com o trabalho excessivo ou calor, apesardos relatos de familiares e colegas de trabalhoindicarem claramente uma dessas relações. Grégoireet al. 17 ao analisarem o efeito de seis on<strong>da</strong>sde calor na França, identificaram as doençascardiovasculares e do sistema respiratório comoas principais causas para as mortes ocorri<strong>da</strong>s duranteos dias quentes. Neste estudo, percebemosque dos cinco casos em que há registro para acausa do óbito, pelo me<strong>no</strong>s três (casos 03, 09 e 14– Tabela 1) estão diretamente relaciona<strong>da</strong>s comessas doenças. É bastante provável que a maioriados trabalhadores do corte de cana-de-açúcar,por serem desprovidos de assistência médicaadequa<strong>da</strong>, apresente pré-disposição para doençasrespiratórias e cardiovasculares e, quandoexpostos ao <strong>estresse</strong> térmico e outros fatores prejudiciaisà saúde, como a fumaça <strong>da</strong>s queima<strong>da</strong>s,por exemplo, potencializam a manifestação destasdoenças.Outro fator que merece ser considerado naanálise dessas mortes é relativo à i<strong>da</strong>de: 10 dos14 trabalhadores mortos tinham mais de 35 a<strong>no</strong>s.No estudo de Grégoire et al. 17 foi encontrado queentre 20% e 33% <strong>da</strong>s mortes ocorri<strong>da</strong>s durante ason<strong>da</strong>s de calor <strong>da</strong> França foram de pessoas coma faixa etária de 35 a 74 a<strong>no</strong>s.Relação <strong>da</strong>s variáveis meteorológicascom os óbitosA ciência que analisa os efeitos <strong>da</strong>s condições atmosféricassobre a saúde e bem-estar huma<strong>no</strong>é conheci<strong>da</strong> como biometeorologia 26. É sensocomum e também demonstrado por meio depesquisas que reações adversas sobre a saúdepodem ser provoca<strong>da</strong>s por essas condições 25,27.Segundo Tromp 28, os parâmetros meteorológicosque mais afetam as pessoas são: temperaturado ar, umi<strong>da</strong>de do ar, veloci<strong>da</strong>de do vento e radiação,embora a condição extrema de calor oufrio tenha se mostrado de maior significância emtermos de morbi<strong>da</strong>de e mortali<strong>da</strong>de humana 29.Os óbitos dos cortadores de cana ocorreramem épocas distintas do a<strong>no</strong>, três <strong>no</strong>s meses deprimavera, seis <strong>no</strong> outo<strong>no</strong> e cinco <strong>no</strong> inver<strong>no</strong>(Tabela 1). Não há registro de mortes <strong>no</strong>s mesesTabela 1Óbitos dos cortadores de cana-de-açúcar registrados <strong>no</strong> Estado de São Paulo, Brasil.Caso Data Ci<strong>da</strong>de I<strong>da</strong>de Sexo Causa do óbito01 04/Out/2005 Valparaíso 43 M Desconheci<strong>da</strong>02 21/Out/2005 Rio <strong>da</strong>s 45 M Desconheci<strong>da</strong>Pedras03 23/Nov/2005 Guariba 55 M Edema hemorrágico pulmonar e cardiopatiadilata<strong>da</strong> descompensa<strong>da</strong>04 13/Abr/2006 Teodoro 42 F Desconheci<strong>da</strong>Sampaio05 29/Jun/2006 Jaborandi 37 M Desconheci<strong>da</strong>06 24/Jul/2006 Monte Alto 54 F Desconheci<strong>da</strong>07 26/Jul/2006 Taiaçu 41 M Desconheci<strong>da</strong>08 15/Set/2006 Itapira 48 M Desconheci<strong>da</strong>09 28/Mar/2007 Guariba 51 M Enfarto do miocárdio10 24/Abr/2007 Colina 20 M Desconheci<strong>da</strong>11 19/Mai/2007 Ribeirão 34 M Choque anafilático causado por infecçãoPreto12 20/Jun/2007 Ipaussu 33 M Desconheci<strong>da</strong>13 11/Set/2007 Guariba 28 M Púrpura trombocitopênica idiopática14 19/Mai/2008 Presidente 53 M Para<strong>da</strong> cardiorrespiratóriaPrudenteF: femini<strong>no</strong>; M: masculi<strong>no</strong>.Fonte: Pastoral do Migrante 20.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(1):65-74, jan, 2012


70Bitencourt DP et al.de verão, pois nesta época <strong>no</strong>rmalmente não éfeita a colheita <strong>da</strong> cana-de-açúcar 30.Seis dos 14 casos de óbito ocorreram em diasem que a T <strong>da</strong>s 15h foi igual ou muito próximaà maior T registra<strong>da</strong> <strong>no</strong> mesmo horário e diadurante o período de 1957 a 2008. Isso ocorreu<strong>no</strong>s casos 01, 06, 07, 08, 09 e 12 (Figura 2a). Oscasos 02, 04, 10 e 14 apresentaram T superior àmédia climatológica distando desta, pelo me<strong>no</strong>s,um desvio-padrão, indicando uma condição demuito calor para o dia em questão. Os casos 03,11 e 13 tiveram T acima <strong>da</strong> média, mas dentro dointervalo de um desvio-padrão. Somente o caso05 apresentou T abaixo <strong>da</strong> média, coincidindocom o limite inferior do desvio-padrão. A metadedos óbitos ocorreu em dias com T superior a 27ºCe, conforme análise <strong>da</strong> Figura 3a, os valores iguaisou superiores a 27ºC ocorrem numa frequênciamédia de 16,4%, dependendo <strong>da</strong> localização <strong>da</strong>ci<strong>da</strong>de.A baixa umi<strong>da</strong>de relativa possibilita a per<strong>da</strong>de calor por evaporação, contribuindo para diminuição<strong>da</strong> sobrecarga térmica, mas as vestimentasutiliza<strong>da</strong>s pelos cortadores de cana prejudicamsignificativamente este processo. Emtrês casos com T igual ao valor máximo histórico,registrou-se UR mínimas históricas (Figura 2b).A comparação dos gráficos apresentados nas Figuras2a e 2b também mostra que, na maioria<strong>da</strong>s vezes, quando a T fica acima <strong>da</strong> média climatológica,a UR fica abaixo <strong>da</strong> média. Há apenastrês exceções. Nos casos 10 e 14 a T apresentouvalor acima <strong>da</strong> média e a UR valor igual ou muitopróximo <strong>da</strong> média. No caso 11, a T e a UR ficarampouco acima <strong>da</strong> média climatológica. Isso indicaque embora o caso 11 não tenha sido de T muitoalta (T = 25, 2ºC às 15h), a umi<strong>da</strong>de mais eleva<strong>da</strong>que a <strong>no</strong>rmal pode ter contribuído para maiorsobrecarga térmica.O vento pode minimizar os efeitos do calorsobre os trabalhadores <strong>da</strong> cana-de-açúcar. Entretanto,na maioria dos casos de óbitos, 12 casos,a veloci<strong>da</strong>de do vento ficou abaixo <strong>da</strong> médiaclimatológica. Nos dois casos restantes o valor <strong>da</strong>veloci<strong>da</strong>de do vento ficou dentro dos limites dedesvio-padrão. Em nenhum caso de óbito a veloci<strong>da</strong>dedo vento ultrapassou o valor de 5 m.s-1(Figura 2c).A soma <strong>da</strong>s radiações de on<strong>da</strong> curta e de on<strong>da</strong>longa incidente sobre os trabalhadores <strong>da</strong> canade-açúcaré outro parâmetro importante para aqualificação <strong>da</strong> sobrecarga térmica. Nos casos 06,07, 08, 12 e 13, a radiação <strong>no</strong> dia do óbito atingiuou ficou muito próxima do valor máximo <strong>da</strong> sériehistórica (Figura 2d). Nos quatro primeiros casos,o mesmo aconteceu em relação a T (Figura2a). Em três casos, a radiação observa<strong>da</strong> <strong>no</strong> diado óbito foi igual ou muito próxima <strong>da</strong> médiaclimatológica. E, <strong>no</strong>s cinco casos restantes, ficouabaixo <strong>da</strong> média climatológica, sendo que <strong>no</strong> caso05 o valor de R foi igual ao recorde inferior deto<strong>da</strong> a série histórica, coincidindo com o caso deme<strong>no</strong>r temperatura.Distribuição de frequência <strong>da</strong>s variáveismeteorológicas <strong>no</strong> período de 1957 a 2008O oeste do Estado de São Paulo, onde se localizamas ci<strong>da</strong>des de Valparaíso, Teodoro Sampaioe Presidente Prudente (Região 1), apresenta asocorrências de T mais eleva<strong>da</strong>s (Figura 3a). Nessaregião, valores iguais ou superiores a 27ºCocorreram em cerca de 28,3%, enquanto naregião de Guariba, Monte Alto, Taiaçu, Colinae Ribeirão Preto (Região 2) a frequência foi de18,8%. Para as outras duas regiões, a ocorrênciade T igual ou superior a 27ºC é de 9,7% <strong>no</strong>s municípiosde Jaborandi e Itapira (Região 3) e de8,8% <strong>no</strong>s municípios de Rio <strong>da</strong>s Pedras e Ipaussu(Região 4). Especificamente para o períodoque se tem registro de óbitos <strong>no</strong>s canaviais deSão Paulo (outubro de 2005 – maio de 2008) aocorrência de dias com T igual ou superior a27ºC é maior, 37,9% na Região 1, 24,8% na 2,14,7% na 3 e 13,4% na Região 4 (<strong>da</strong>dos não mostradosem figura).Valores de T acima de 30ºC ocorrem em11,2%, 7,4%, 2,7% e 2,2%, respectivamente, nasregiões 1, 2, 3 e 4. Valores acima de 33ºC, consideradoscomo muito altos, possuem frequência deaproxima<strong>da</strong>mente 3,8% e 1,6%, respectivamente,nas regiões 1 e 2, e de aproxima<strong>da</strong>mente 0,2% nasregiões 3 e 4.No período estu<strong>da</strong>do, 51 a<strong>no</strong>s, os dias demaior umi<strong>da</strong>de relativa (entre 80% e 100%) ocorreramcom maior frequência em to<strong>da</strong>s as ci<strong>da</strong>desonde foram registrados os óbitos (Figura 3b). Entretanto,devido a UR tender a ser maior quantome<strong>no</strong>r for a T, não se pode afirmar que os diascom alta umi<strong>da</strong>de são coincidentes com os diasde eleva<strong>da</strong>s temperaturas.Por outro lado, em cerca de 50% dos diasobservaram-se ventos significativos, entre 2 e 4m.s-1, que favoreceram as trocas térmicas (Figura3c), embora o seu efeito seja minimizado devidoa barreira estabeleci<strong>da</strong> pela vestimenta usualmenteutiliza<strong>da</strong>. Veloci<strong>da</strong>des acima de 8 m.s-1ocorreram em aproxima<strong>da</strong>mente 1% dos dias.Em Rio <strong>da</strong>s Pedras e Ipaussu a ocorrência de veloci<strong>da</strong>desdo ar superiores a 4 m.s-1 foi maior quenas outras ci<strong>da</strong>des onde se registraram morte detrabalhadores.A soma <strong>da</strong> radiação de on<strong>da</strong>s curta e longaapresentou valores entre 950 e 1150 W.m-2, quecorresponde ao intervalo entre 31% e 37% dosdias analisados (Figura 3d).Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(1):65-74, jan, 2012


CONTRIBUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA MORTE DE CORTADORES DE CANA-DE-AÇÚCAR71Figura 2Relação entre os valores <strong>da</strong>s variáveis meteorológicas quando <strong>da</strong> ocorrência <strong>da</strong>s mortes com os <strong>da</strong> série histórica.2a) Temperatura do ar (ºC) 2b) Umi<strong>da</strong>de relativa do ar (%)2c) Veloci<strong>da</strong>de do vento (m.s-1) 2d) Radiação (W.m-2)Nota: o símbolo mostra: (a) T, (b) UR, (c) V e (d) R <strong>no</strong> dia e local de ocorrência do óbito. Para ca<strong>da</strong> caso, os gráficos mostram a média climatológica (), odesvio-padrão acima e abaixo <strong>da</strong> média (caixa maior) e os valores mínimo () e máximo () extraídos <strong>da</strong> série histórica de 1957-2008. Os casos de óbitos sãoreferentes aos registros apresentados na Tabela 1.Percebe-se por meio dos gráficos <strong>da</strong> Figura 3que os valores dos parâmetros que podem levaresses trabalhadores à sobrecarga térmica são relativamentecomuns nas ci<strong>da</strong>des que registraramos óbitos. Esses resultados são coerentes com ascaracterísticas climáticas do Estado de São Pauloe, por isto, podem ser válidos para a maioria <strong>da</strong>sci<strong>da</strong>des paulistas.ConclusõesOs artigos que abor<strong>da</strong>m esse tema apontam oexcessivo esforço físico na ativi<strong>da</strong>de de cortede cana, incentivado pelo ganho por produção,como a principal causa dos óbitos. Os estudosanteriores mostram as más condições de trabalho,mencionando rapi<strong>da</strong>mente o calor na regiãode São Paulo como fator contribuinte. Por isso,a principal contribuição deste artigo é a discussãosobre a possível contribuição <strong>da</strong>s variáveismeteorológicas, utiliza<strong>da</strong>s na estimativa <strong>da</strong> sobrecargatérmica, para a ocorrência dos 14 casosCad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(1):65-74, jan, 2012


72Bitencourt DP et al.Figura 3Distribuição de frequência para intervalos fixos de (a) T, (b) UR, (c) V e (d) R. Os valores são representativos <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des ondeos óbitos ocorreram, conforme legen<strong>da</strong>.Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(1):65-74, jan, 2012


CONTRIBUIÇÃO ATMOSFÉRICA NA MORTE DE CORTADORES DE CANA-DE-AÇÚCAR73de óbitos de cortadores de cana-de-açúcar. Osvalores dessas variáveis, obtidos para os dias dosóbitos, foram comparados com os parâmetrosestatísticos <strong>da</strong> série histórica de 1957 a 2008.O conjunto de informações disponíveis indicaque a maioria <strong>da</strong>s mortes possivelmentetenha ocorrido devido a combinação <strong>da</strong> precarie<strong>da</strong>de<strong>da</strong> saúde individual do trabalhador, máscondições de trabalho, excesso de esforço físicoe sobrecarga térmica. Apesar <strong>da</strong> temperatura teratingido valores iguais ou muito próximos do recordehistórico em seis dos 14 casos de óbitos, asprecárias condições sociais, econômicas e de trabalhodesses trabalhadores não permitem apontaro fator atmosférico como causa predominantepara os óbitos. Entretanto, é possível concluirque a condição meteorológica pode ser um fatorimportante a ser considerado na análise <strong>da</strong>s condiçõesgerais de trabalho desses trabalhadores.Neste estudo, foram utilizados <strong>da</strong>dos meteorológicosobtidos <strong>da</strong> reanálise do NCEP/NCARque, embora demonstrem adequa<strong>da</strong>mente aocorrência de on<strong>da</strong>s de calor, não são <strong>da</strong>dos observadosexatamente <strong>no</strong>s canaviais onde os óbitosocorreram. Além disso, há grande carência dedetalhamento para os <strong>da</strong>dos de óbitos, principalmente<strong>no</strong> que diz respeito à causa <strong>da</strong>s mortes e àfalta de informação do contingente de trabalhadores.Essas características soma<strong>da</strong>s à significativadiferença de escala e níveis organizativos entreessas duas bases de <strong>da</strong>dos são fatores limitantespara as constatações deste estudo. Sugere-se,portanto, o desenvolvimento de estudos específicossobre as causas de óbitos como indicadores<strong>da</strong>s condições de trabalho dessa população detrabalhadores, <strong>no</strong>s quais as condições atmosféricassejam também considera<strong>da</strong>s.Também sugere-se estudos que realizem omonitoramento <strong>da</strong>s variáveis atmosféricas emparalelo à vigilância <strong>da</strong>s condições de trabalhodos trabalhadores rurais. Considera-se importanterepensar a organização do trabalho demaneira a diminuir a sua sobrecarga térmica,adequando o seu ritmo de trabalho às condiçõesatmosféricas. Nesse sentido, o aumento <strong>da</strong> frequênciade pausas para descanso é uma medi<strong>da</strong>de proteção importante, principalmente <strong>no</strong>s diasmais quentes. Essa medi<strong>da</strong> e outras como o estímuloà hidratação, a ingestão controla<strong>da</strong> de sais,a aclimatização e o monitoramento do calor pormeio de avaliações ambientais <strong>no</strong>s mesmos locaise hora onde o trabalho é realizado deveriamser aplica<strong>da</strong>s até que <strong>no</strong>vos estudos desenvolvamum limite de segurança relacionado ao conjuntode parâmetros meteorológicos para o trabalho acéu aberto em dias quentes.ResumoOs cortadores de cana-de-açúcar exercem ativi<strong>da</strong>demuito pesa<strong>da</strong> e em condições precárias de trabalho.Além disso, fatores ambientais podem ser um importanteagravante à sobrecarga térmica desses trabalhadores.Neste artigo, analisa-se a condição atmosférica<strong>no</strong> dia <strong>da</strong> morte de 14 trabalhadores do corte de canade-açúcar<strong>no</strong> Estado de São Paulo, Brasil. Compara-sevalores estatísticos históricos <strong>da</strong> temperatura, umi<strong>da</strong>de,vento e radiação com os valores destas variáveismeteorológicas observa<strong>da</strong>s <strong>no</strong> dia de ca<strong>da</strong> óbito. Os<strong>da</strong>dos atmosféricos foram obtidos <strong>da</strong> reanálise do NationalCenter for Environmental Prediction/NationalCenter for Atmospheric Research (NCEP/NCAR). Em 10dos 14 casos analisados, as temperaturas observa<strong>da</strong>s<strong>no</strong>s dias dos óbitos foram maiores ou iguais à médiasoma<strong>da</strong> ao desvio-padrão. Em seis desses casos o valor<strong>da</strong> temperatura atingiu ou ficou muito próxima dorecorde histórico. Constatou-se que a condição atmosféricapode ser um fator importante a ser consideradona análise <strong>da</strong>s condições gerais de trabalho dos cortadoresde cana-de-açúcar.ColaboradoresD. P. Bitencourt participou na concepção e projeto,análise e interpretação dos <strong>da</strong>dos, re<strong>da</strong>ção do artigo eaprovação final <strong>da</strong> versão a ser publica<strong>da</strong>. A. C. Ruas eP. A. Maia colaboraram na concepção e projeto, análisee interpretação dos <strong>da</strong>dos, revisão crítica relevante doconteúdo intelectual e aprovação final <strong>da</strong> versão a serpublica<strong>da</strong>.AgradecimentosAgradecemos à Pastoral do Migrante de Guariba pelosregistros de óbitos e ao National Center for EnvironmentalPrediction/National Center for AtmosphericResearch (NCEP/NCAR) pelos <strong>da</strong>dos meteorológicos.Agradecemos aos colaboradores Cloduardo Gomes <strong>da</strong>Silva, Luiz Roberto Monteiro e Marcelo Cândido de Oliveirapelas discussões acerca do tema estu<strong>da</strong>do e contribuiçõesobti<strong>da</strong>s em pesquisa de campo.Transtor<strong>no</strong> de Estresse por Calor; Saúde do Trabalhador;AtmosferaCad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 28(1):65-74, jan, 2012


74Bitencourt DP et al.Referências1. Scopinho RA, Eid F, Vian CEF, Silva PRC. Novas tec<strong>no</strong>logiase saúde do trabalhador: a mecanizaçãodo corte <strong>da</strong> cana-de-açúcar. Cad Saúde Pública1999; 15:147-61.2. Petti R, Fredo CE. Emprego formal na cana-deaçúcar.ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/AIA/AIA-012009.pdf (acessado em 08/Set/2009).3. Juttel LP. Esforço físico excessivo busca aumentode ren<strong>da</strong>. Ciênc Cult (São Paulo) 2008; 60:6-7.4. Tatsch JD. Uma análise dos fluxos de superfície edo microclima sobre cerrado, cana-de-açúcar eeucalipto, com implicações para mu<strong>da</strong>nças climáticasregionais [Dissertação de Mestrado]. SãoPaulo: Universi<strong>da</strong>de de São Paulo; 2006.5. Ribeiro H. Queima<strong>da</strong>s de cana-de-açúcar <strong>no</strong> Brasil:efeitos à saúde respiratória. Rev Saúde Pública2008; 42:370-6.6. Cançado JED. 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