Baharestani et al - Sobende
Baharestani et al - Sobende
Baharestani et al - Sobende
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
I Simpósio Paulista de Enfermagem em Dermatologia<br />
Associação Brasileira de Enfermagem em Dermatologia<br />
SOBENDE - 2011<br />
Atuação do especi<strong>al</strong>ista<br />
em cuidados com a pele na prevenção de<br />
UP em crianças<br />
Carla Mye Matuo Kayo<br />
Enfermeira Estomaterapeuta<br />
Instituto da Criança - HCFMUSP
Características da Pele do RN<br />
Foto: Helpful hints in neonatology wound<br />
care; Louise Forest L<strong>al</strong>ande, 2001.<br />
� Translúcida, avermelhada, brilhante e<br />
de aparência gelatinosa<br />
� Epitélio pouco desenvolvido<br />
� Estrato córneo: poucas camadas de<br />
células<br />
� Imaturidade da estrutura de ancoragem<br />
da pele: junção da derme e epiderme<br />
frágeis<br />
� Perda de água trans-epidérmica<br />
(M<strong>al</strong>loy, 1995; L<strong>al</strong>ande, 2001)
Características da Pele do RN<br />
� Barreira de pele ef<strong>et</strong>iva:<br />
- Termo e crianças: 10 a 20 camadas<br />
de extrato córneo<br />
- Pré-termo(
Particularidades da Pele do RN<br />
�Perda de água trans-epidérmica:<br />
�Pré-termo: 30% do seu peso nas primeiras 24<br />
horas, causando desidratação e hipotensão<br />
�Edema:<br />
(DARMSTADT; DINULOS, 2000)<br />
�Pré-termo: presente, pois apresentam menos<br />
colágeno e fibras elásticas na derme, fator de risco<br />
para lesões isquêmicas, devido diminuição do<br />
fluxo sanguíneo (CUNHA <strong>et</strong> <strong>al</strong>,2002)
Agentes tópicos usados com cautela em<br />
neonatos
Cuidados com a pele no RN<br />
� Mínimo manuseio: 4/4 horas<br />
� Mantê-lo em posição f<strong>et</strong><strong>al</strong>: confortável<br />
� Manter controle da UR do ar na incubadora entre 70% a 75%<br />
� Uso de óleos à base de p<strong>et</strong>rolatum, girassol, canola: manter umidade<br />
da pele (2xdia)<br />
� Banho do RN prematuro (menor que 1500g e acima de 1500g)<br />
� Antissepsia da pele para procedimentos: uso do clorexidine 0,5%<br />
expondo-a por 30s, r<strong>et</strong>irando com água destilada estéril ou SF0,9%<br />
estéril<br />
� Medidas preventivas através do uso de barreiras prot<strong>et</strong>oras de pele,<br />
coxins e superfícies de suporte apropriadas<br />
� Evitar uso de adesivos<br />
� Certificar-se dos agentes contidos nos produtos e sua recomendação<br />
(Samaniego, 2003; Curley <strong>et</strong> <strong>al</strong>, 2004; Dixon <strong>et</strong> <strong>al</strong>, 2004;<br />
Mc Cord, 2004; Groeveneld, 2004; <strong>Baharestani</strong>, 2007)
Cuidados na prevenção de lesões<br />
� Condutas para manter a pele íntegra:<br />
Fonte: Louise Forest-L<strong>al</strong>ande<br />
� Uso de colchão piramid<strong>al</strong>, para diminuir área de pressão<br />
� Uso de barreiras prot<strong>et</strong>oras (hidrocolóide, pectina) entre a<br />
pele e todos os tipos de adesivos/fitas para fixação de<br />
cat<strong>et</strong>er, sonda, AVP, <strong>et</strong>c.<br />
� Uso de filme transparente para prevenir futuros traumas e<br />
queimaduras, princip<strong>al</strong>mente em locais de verificação de<br />
saturação de O2, proeminências ósseas e locais de maior<br />
atrito. Melhor visu<strong>al</strong>ização da inserção de cat<strong>et</strong>er e dreno.<br />
(M<strong>al</strong>loy, 1995; Darmstadt, 2000; Ferreira, 2004)
Cuidados na prevenção de lesões<br />
� Condutas para manter a pele íntegra:<br />
� Hidratação da pele (Prematuros: óleo de cártamo /safflower,<br />
p<strong>et</strong>rolatum, óleo miner<strong>al</strong>, cera miner<strong>al</strong> e álcool de lanolina e TCM)<br />
� Preferência para el<strong>et</strong>rodos de monitorização cardíaca de uso em<br />
extremidades ou à base de hidrogel. Se não disponível, re<strong>al</strong>izar<br />
remoção e rodízio dos el<strong>et</strong>rodos pelo menos a cada 24 horas, devido<br />
risco de queimadura e necrose<br />
� Uso de ataduras flexíveis para fixar el<strong>et</strong>rodos e conter braços e<br />
extremidades<br />
� Troca de fr<strong>al</strong>da com maior freqüência, usando água morna a cada troca,<br />
e pomadas para assaduras somente quando necessário<br />
(Ferreira, 2004) (M<strong>al</strong>loy, 1995) (Darmstadt, 2000)
Superfícies de Suporte no RN e na Pediatria<br />
� No RN:<br />
� não há estudos que mostrem a eficácia das SS<br />
usadas nos adultos<br />
� Lund (1999) recomenda uso de SS nas<br />
articulações, atrás das orelhas e na região occipit<strong>al</strong><br />
� Na Pediatria:<br />
� as SS são recomendadas, mas não há evidências<br />
científicas da sua eficácia<br />
(<strong>Baharestani</strong> <strong>et</strong> <strong>al</strong>, 2007)
Cuidados na prevenção de lesões<br />
� Para remoção dos adesivos:<br />
� Uso de bolas de <strong>al</strong>godão embebidas em água morna ou<br />
diluídas em sabão suave e neutro (M<strong>al</strong>loy, 1995)<br />
� Uso de emolientes (óleo miner<strong>al</strong>, AGE), mas lembrar que<br />
estes dificultam posterior fixação (Darmstadt, 2000)<br />
� Re<strong>al</strong>izar r<strong>et</strong>irada do adesivo através de remoção delicada e<br />
par<strong>al</strong>ela à superfície, aplicando água ou óleo sobre a<br />
interface adesivo/pele e enrolando-o sobre si mesmo<br />
(Darmstadt, 2000)<br />
� Após uso de removedores de adesivos ou álcool , em caso de<br />
emergência, lavar o loc<strong>al</strong> com água e sabão neutro<br />
(M<strong>al</strong>loy, 1995)
Estudo Epidemiológico da UP<br />
• Curley <strong>et</strong> <strong>al</strong> (2003):<br />
estudo prospectivo, em<br />
UTI, 322 pacientes (3sem.<br />
a 8a.). Tot<strong>al</strong>: 27%, sendo<br />
que 70% em estágio I, 27%<br />
estágio II e 3% estágio III.<br />
Locais: estágios I e II em<br />
cefálica (occipit<strong>al</strong> e<br />
orelhas) com 32%, sendo<br />
que em esterno, cotovelo,<br />
sacro, cóccix e m<strong>al</strong>éolo foi<br />
de 6,7% cada um.<br />
32%<br />
6,7%<br />
6,7%<br />
6,7%<br />
6,7%<br />
32%<br />
32%<br />
6,7%
Estudo Epidemiológico da UP<br />
• <strong>Baharestani</strong> <strong>et</strong> <strong>al</strong> (2007): as UP surgiram após 2˚ dia<br />
de internação, a região de maior incidência foi a<br />
occipit<strong>al</strong>, com taxas de prev<strong>al</strong>ência de:<br />
- UTIP: 27%<br />
- UTIN: 23%
Fatores de Risco associada à UP<br />
� Desenvolvimento imaturo da pele relacionada à idade<br />
� Extremos de idade: pouca idade<br />
� Portadores de lesões na medula espinh<strong>al</strong><br />
� Oxigenação / perfusão comprom<strong>et</strong>ida / Hipotensão arteri<strong>al</strong><br />
� Estado nutricion<strong>al</strong>: baixo peso, desnutrição, anemia, uso de NPT<br />
� Quadros de infecção e sepse<br />
� Sedação: <strong>al</strong>teração no nível de consciência<br />
� Uso de drogas vasoconstritoras<br />
� Áreas com diminuição de sensibilidade<br />
� Imobilidade e par<strong>al</strong>isia<br />
� Uso de equipamentos de tração<br />
� Edema, fricção, cis<strong>al</strong>hamento e umidade<br />
� Tempo de internação prolongada<br />
(Samaniego, 2003; Curley <strong>et</strong> <strong>al</strong>, 2004; Dixon <strong>et</strong> <strong>al</strong>, 2004;<br />
Mc Cord, 2004; Groeveneld, 2004; <strong>Baharestani</strong>, 2007)
Instrumentos de Av<strong>al</strong>iação<br />
de Risco de UP<br />
na Pediatria
Esc<strong>al</strong>a de Braden Q<br />
� Quigley e Curley, em 1996, adaptaram a Esc<strong>al</strong>a de<br />
Braden para a população pediátrica, criando assim<br />
a “Braden Q”<br />
� Tradução, Adaptação e V<strong>al</strong>idação da Esc<strong>al</strong>a de<br />
Braden Q para a língua portuguesa: Ana Cláudia<br />
Amoroso Ribeiro de Maia (2007)<br />
� Escore ≤ 16 = risco de desenvolver a UP<br />
� Faixa <strong>et</strong>ária: a partir de 3 semanas de vida ~ 8anos<br />
� Uso em UTI pediátrica
MOBILIDADE<br />
Capacidade de mudar e<br />
controlar a posição do<br />
corpo.<br />
ATIVIDADE<br />
Grau de atividade física.<br />
PERCEPÇÃO<br />
SENSORIAL<br />
Capacidade de responder<br />
de maneira apropriada<br />
ao desconforto<br />
relacionado à pressão<br />
1. Compl<strong>et</strong>amente<br />
Imóvel<br />
Não faz mudanças, nem<br />
mesmo pequenas, na<br />
posição do corpo ou das<br />
extremidades, sem ajuda.<br />
1. Acamado:<br />
Permanece no leito o<br />
tempo todo.<br />
1. Compl<strong>et</strong>amente<br />
limitada:<br />
Não responde ao<br />
estímulo doloroso (não<br />
geme, não se encolhe ou<br />
se agarra), devido à<br />
diminuição do nível de<br />
consciência, ou sedação<br />
ou limitação da<br />
capacidade de sentir dor<br />
na maior parte da<br />
superfície corpor<strong>al</strong>.<br />
2. Muito limitado:<br />
Faz pequenas<br />
mudanças ocasionais<br />
na posição do corpo ou<br />
das extremidades, mas<br />
é incapaz de fazer<br />
mudanças<br />
compl<strong>et</strong>amente<br />
sozinho.<br />
2. Restrito à cadeira:<br />
A capacidade de<br />
deambular está<br />
gravemente limitada ou<br />
inexistente. Não<br />
consegue sustentar o<br />
próprio peso e/ou<br />
precisa de ajuda para<br />
sentar-se em uma<br />
cadeira ou cadeira de<br />
rodas.<br />
2. Muito limitada:<br />
Responde apenas ao<br />
estímulo doloroso. Não<br />
consegue comunicar<br />
desconforto, exc<strong>et</strong>o<br />
por gemido ou<br />
inqui<strong>et</strong>ação;<br />
ou apresenta <strong>al</strong>guma<br />
disfunção sensori<strong>al</strong> que<br />
limita a capacidade de<br />
sentir dor ou<br />
desconforto em mais da<br />
m<strong>et</strong>ade do corpo.<br />
3. Levemente limitado:<br />
Faz mudanças freqüentes,<br />
embora pequenas, na<br />
posição do corpo ou das<br />
extremidades, sem ajuda.<br />
3. Deambula<br />
ocasion<strong>al</strong>mente:<br />
Deambula<br />
ocasion<strong>al</strong>mente durante<br />
o dia, porém por<br />
distâncias bem curtas,<br />
com ou sem ajuda. Passa<br />
a maior parte do turno no<br />
leito ou na cadeira.<br />
3. Levemente limitada:<br />
Responde aos comandos<br />
verbais, mas nem sempre<br />
consegue comunicar o<br />
desconforto ou a<br />
necessidade de ser<br />
mudado de posição, ou<br />
apresenta <strong>al</strong>guma<br />
disfunção sensori<strong>al</strong> em<br />
uma ou duas<br />
extremidades que limita a<br />
capacidade de sentir dor<br />
4. Nenhuma limitação:<br />
Faz mudanças<br />
importantes e freqüentes<br />
na posição do corpo, sem<br />
ajuda.<br />
4. Todas as crianças que<br />
são jovens demais para<br />
deambular ou<br />
deambulam<br />
freqüentemente:<br />
Deambula fora do quarto<br />
pelo menos duas vezes<br />
por dia e dentro do<br />
quarto pelo menos uma<br />
vez a cada duas horas<br />
durante as horas está<br />
acordado.<br />
4. Nenhuma <strong>al</strong>teração:<br />
Responde aos comandos<br />
verbais. Não apresenta<br />
déficit sensori<strong>al</strong> que<br />
limite a capacidade de<br />
sentir ou comunicar dor<br />
ou desconforto.
UMIDADE<br />
Grau de exposição da pele à<br />
umidade.<br />
FRICÇÃO E<br />
CISALHAMENTO<br />
Fricção: ocorre quando a pele<br />
se move contra as estruturas de<br />
suporte.<br />
Cis<strong>al</strong>hamento: ocorre quando a<br />
pele e a superfície óssea<br />
adjacente deslizam uma sobre a<br />
outra.<br />
NUTRIÇÃO<br />
Padrão habitu<strong>al</strong> de consumo<br />
<strong>al</strong>imentar.<br />
PERFUSÃO TISSULAR E<br />
OXIGENAÇÃO<br />
1. Constantemente úmida:<br />
A pele fica constantemente<br />
úmida por suor, urina, <strong>et</strong>c. A<br />
umidade é percebida cada<br />
vez que o paciente é<br />
movimentado ou mudado de<br />
posição.<br />
1. Problema importante:<br />
A espasticidade, a contratura,<br />
o prurido ou a agitação levam<br />
a criança debater-se no leito e<br />
há fricção quase constante.<br />
1. Muito pobre:<br />
Em jejum e/ou mantido com<br />
ingesta hídrica ou hidratação<br />
IV por mais de 5 dias ou<br />
<strong>al</strong>bumina < 2,5 mg/dl ou<br />
nunca come uma refeição<br />
compl<strong>et</strong>a. Raramente come<br />
mais da m<strong>et</strong>ade de <strong>al</strong>gum<br />
<strong>al</strong>imento oferecido.O<br />
consumo de proteínas inclui<br />
apenas duas porções de carne<br />
ou derivados de leite por dia.<br />
Ingere pouco líquido. Não<br />
ingere suplemento di<strong>et</strong>ético<br />
líquido.<br />
1. Extremamente<br />
comprom<strong>et</strong>ida:<br />
Hipotenso (PAM
Pontos importantes<br />
• Av<strong>al</strong>iar o paciente após compl<strong>et</strong>ar 24 horas de internação<br />
• Pacientes com escore
Implantação da Esc<strong>al</strong>a<br />
• Nível de aceitação e suporte da liderança da<br />
instituição e da equipe de enfermagem<br />
• Criação de sistemas de suporte: inclusão da<br />
Esc<strong>al</strong>a de Braden Q no sistema de<br />
documentação já existente<br />
• Planos Educacionais: casos ilustrativos<br />
• Auditoria das unidades de tratamento e<br />
relatórios de feedback
Dificuldades<br />
• Conscientização da equipe de enfermagem<br />
da importância da prevenção da UP, através<br />
de pequenos ajustes na rotina de cuidados<br />
• O porquê do uso da Esc<strong>al</strong>a de Braden Q<br />
• Continuidade da conduta no tratamento da<br />
UP: perda de informações<br />
• “Velhos hábitos”<br />
• Resistência e dificuldades na introdução de<br />
novas tecnologias
Considerações importantes<br />
�Os poucos estudos nos norteam em relação a que condutas<br />
tomar, no que devemos nos basear para tomar decisões,<br />
quais fatores devemos levar em conta para utilizar este ou<br />
outro produto, não esquecendo do que dispomos em nosso<br />
serviço, tanto em relação a recursos humanos quanto<br />
materiais.<br />
�Muitos dos produtos disponíveis não tem sua segurança<br />
garantida quando se trata em uso para RN e crianças,<br />
portanto cabe a nós, enfermeiras, nos informar sobre a<br />
composição exata do produto a ser utilizado, junto aos<br />
laboratórios. (L<strong>al</strong>ande, 2003)
Considerações importantes<br />
�Afin<strong>al</strong>, de acordo com o Código de Ética de Enfermagem,<br />
no cap. III, art. 16, é dever : “assegurar ao cliente uma<br />
assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de<br />
imperícia, negligência ou imprudência.”<br />
�A criação de protocolos garante uma assistência uniforme,<br />
a educação continuada presente não só para a equipe de<br />
enfermagem, mas também para o pais/cuidador, que a<br />
acompanhará desde sua admissão até a <strong>al</strong>ta, dando<br />
continuidade ao tratamento, muitas vezes, no seu ambiente<br />
domiciliar.
Obrigada pela atenção !!!<br />
carla.matuo@icr.usp.br