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Gestão e Representação do Conhecimento Instituto de Informática ...

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<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>Hellen Carmo <strong>de</strong> OliveiraCedric Luiz <strong>de</strong> CarvalhoTechnical Report - RT-INF_003-08 - Relatório TécnicoMarch - 2008 - MarçoThe contents of this <strong>do</strong>cument are the sole responsibility of the authors.O conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> presente <strong>do</strong>cumento é <strong>de</strong> única responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s autores.<strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> <strong>Informática</strong>Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Goiáswww.inf.ufg.br


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>Hellen Carmo <strong>de</strong> Oliveira ∗hellen.sistemas@gmail.comCedric Luiz <strong>de</strong> Carvalho †cedric@inf.ufg.brAbstract. The knowledge is a good that should be properly stored so that its retrievaland distribution can be <strong>do</strong>ne efficiently. In or<strong>de</strong>r to <strong>do</strong> this the knowledge must be sintaticalyand semanticaly <strong>de</strong>scribed. In a computational environment, the knowledgeshould be represented according to logics and rules of a specific language, so thatone can use it to solve problems in an efficient and effective way. Thus, knowledge representationcan be seen as an intelligent way to organize information to help peoplesolving complex problems. Information Technology provi<strong>de</strong>s database to store data,information and knowledge. This text shows how the knowledge can be representedand stored in a computer and the steps to be followed to achive this, according to theKnowledge Engeneering, by using rules, logics, semantic networks, frames, etc.Keywords: Knowledge, Information Management, Knowledge RepresentationResumo. O conhecimento é um bem que <strong>de</strong>ve ser armazena<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma a permitirsua recuperação e distribuição com organização e objetivida<strong>de</strong>.Para o conhecimentoser armazena<strong>do</strong>, recupera<strong>do</strong> e apresenta<strong>do</strong> ele <strong>de</strong>ve estar <strong>de</strong>scrito <strong>de</strong> forma sintáticae semântica. Em um ambiente computacional, o conhecimento <strong>de</strong>ve ser representa<strong>do</strong><strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com lógicas e regras <strong>de</strong> uma linguagem específica, a fim <strong>de</strong> que se permitasua utilização para solução <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> forma eficiente e eficaz. Sen<strong>do</strong> assim,a representação <strong>do</strong> conhecimento po<strong>de</strong> ser vista como uma forma inteligente <strong>de</strong> seorganizar informações para auxílio na solução <strong>de</strong> problemas complexos. A Tecnologiada Informação contribui com recursos <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s para armazenar da<strong>do</strong>s,informações e conhecimento. Desta forma, este trabalho trata da representação computacional<strong>do</strong> conhecimento, as etapas para esta representação <strong>de</strong>ntro da Engenharia<strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> utilizan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> regras, lógicas, re<strong>de</strong>s semânticas, quadros etc.Palavras-Chave: <strong>Conhecimento</strong>, <strong>Gestão</strong> da Informação, <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>1 IntroduçãoUma das principais tendências que se po<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar no momento atual é o <strong>de</strong>slocamento<strong>do</strong> paradigma <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> industrial para socieda<strong>de</strong> da informação ou socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> conhecimento.∗ Mestran<strong>do</strong> em Ciência da Computação – INF/UFG† Orienta<strong>do</strong>r – INF/UFG1


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 2O conhecimento é essencial para toma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> se planejar e implementarprodutos, serviços e sistemas <strong>de</strong> informação. Nos países mais avança<strong>do</strong>s, o acúmulo<strong>de</strong> informações e a sua reunião para estruturar esquemas <strong>de</strong> conhecimentos cada vez maiores emais sofistica<strong>do</strong>s permitiu mudanças qualitativas no setor econômico. Hoje, o po<strong>de</strong>rio econômicointernacional <strong>de</strong> um país está diretamente relaciona<strong>do</strong> ao fator conhecimento. Por isso,este <strong>de</strong>ve ser exposto para qualquer cidadão para promoção <strong>de</strong> avanços em to<strong>do</strong>s os setores(econômicos, tecnológicos, científicos, culturais etc).Na socieda<strong>de</strong> da informação, on<strong>de</strong> o conhecimento é o único recurso realmente significativo,é necessário que existam espaços <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> textos, ví<strong>de</strong>os, imagens e outros queretratem o pensamento <strong>do</strong>s profissionais, pesquisa<strong>do</strong>res, professores e estudantes. Em to<strong>do</strong>sesses espaços <strong>de</strong> divulgação é necessária uma or<strong>de</strong>m e coerência das informações para que oconhecimento seja realmente adquiri<strong>do</strong>.A tecnologia da informação encontra-se diante <strong>do</strong> crescente <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> proporcionar aostoma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão a apresentação <strong>de</strong> informações confiáveis, precisas, oportunas e relevantes.Segun<strong>do</strong> Lévy[11], atualmente, a informação po<strong>de</strong> estar registrada em diferentes suportesconcomitantemente, seja em <strong>do</strong>cumento impresso, <strong>do</strong>cumento eletrônico e/ou <strong>do</strong>cumentodigital. Estes <strong>do</strong>cumentos po<strong>de</strong>m estar disponíveis em diversos ambientes da informação: noambiente atual, no ambiente eletrônico, no ambiente digital e/ou no ambiente virtual.A World Wi<strong>de</strong> Web ou simplesmente, Web, é um caminho <strong>de</strong> acesso à informação naInternet. É um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio público <strong>de</strong> informação que foi construí<strong>do</strong> para a busca <strong>de</strong>informações, o que po<strong>de</strong> ocorrer através <strong>de</strong> diretórios, mecanismos <strong>de</strong> busca e metabusca<strong>do</strong>res.Se, por um la<strong>do</strong>, a tecnologia e o <strong>de</strong>senvolvimento das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> informações possibilitama difusão <strong>do</strong> conhecimento, por outro la<strong>do</strong> impulsionam a publicação direta da fonte ao consumi<strong>do</strong>r.Isto gera uma falta <strong>de</strong> padrões para a disponibilização <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos/informação naInternet e, conseqüentemente, dificulta a busca e a recuperação da informação nesses ambientesvirtuais.O processamento da informação é uma ativida<strong>de</strong> complexa uma vez que a informação,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> contexto e <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> conhecimento, po<strong>de</strong> ter significa<strong>do</strong>s diversos, ou seja,um termo ora representa um conceito ora po<strong>de</strong> representar outro e constituir relações conceituaisdiferentes[14].Neste trabalho, será discuti<strong>do</strong> o potencial <strong>do</strong>s fundamentos teórico-meto<strong>do</strong>lógicos paraorganização <strong>do</strong> conhecimento, visan<strong>do</strong> a representação e recuperação da informação na Web.Serão apresentadas formas <strong>de</strong> representar computacionalmente o saber, a crença, ou a suposição.Também se discutirá como o computa<strong>do</strong>r po<strong>de</strong> usar os da<strong>do</strong>s para guiar o seu comportamento,isto é, formas <strong>de</strong> representar o conhecimento computacionalmente, permitin<strong>do</strong> que esteseja recupera<strong>do</strong> posteriormente.Na seção 2, serão apresenta<strong>do</strong>s os conceitos liga<strong>do</strong>s ao Gerenciamento <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>,tais como: o que é o conhecimento, quais são os fundamentos da gestão <strong>do</strong> conhecimento ecomo é o processo <strong>de</strong> transição da gestão da informação à gestão <strong>do</strong> conhecimento. Na seção 3,serão aborda<strong>do</strong>s os processos <strong>de</strong> representação <strong>do</strong> conhecimento, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os méto<strong>do</strong>s daengenharia <strong>do</strong> conhecimento, no âmbito da Inteligência Artificial. Nesta seção, serão trata<strong>do</strong>sos processos envolvi<strong>do</strong>s na aquisição e na representação <strong>do</strong> conhecimento. Por fim, na seção4, examinar-se-á quais os benefícios da gestão <strong>do</strong> conhecimento e em que a representação <strong>do</strong>conhecimento po<strong>de</strong>rá ser útil para uma gestão efeciente.


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 32 <strong>Gestão</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>A gestão <strong>do</strong> conhecimento envolve a sua <strong>de</strong>scrição, organização, representação e tratamento.Nas subseções a seguir serão apresenta<strong>do</strong>s algumas <strong>de</strong>finições e conceitos sobre estasquestões.2.1 <strong>Conhecimento</strong>Segun<strong>do</strong> Platão, filósofo da Grécia antiga e um <strong>do</strong>s primeiros pensa<strong>do</strong>res a sistematizara <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> conhecimento, ele po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> “a crença verda<strong>de</strong>iramente justificada”.Os filósofos mais mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong>finem o conhecimento como a representação elaborada pela inteligência,exclusivamente a partir <strong>de</strong> impressões pessoais, como um processo humano e dinâmicopara justificar a crença pessoal com relação à verda<strong>de</strong>. O conhecimento po<strong>de</strong> ainda ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>como a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agir. Ou seja, a criação <strong>do</strong> conhecimento é unicamente feita porindivíduos[23].Segun<strong>do</strong> o Dicionário Aurélio [5], as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> conhecer e conhecimento são:“Conhecer: <strong>do</strong> Lat. cognoscere v. tr., ter conhecimento; ter a idéia ou a noção <strong>de</strong>; terrelações com alguém; saber, estar certo <strong>de</strong>; ser muito versa<strong>do</strong> em; distinguir, apreciar; julgar,avaliar; reconhecer, admitir; ter visto ou visita<strong>do</strong>; v. int., tomar conhecimento.”“<strong>Conhecimento</strong>: s. m., ato ou efeito <strong>de</strong> conhecer; idéia; noção; informação; notícia; experiência;discernimento; relações entre pessoas não íntimas; consciência <strong>de</strong> si próprio; recibo<strong>de</strong> contribuição paga; (no pl.) instrução; (no pl.) perícia; (no pl.) erudição; (no pl.) cultura;”Segun<strong>do</strong> Burnham [3]: “<strong>Conhecimento</strong> é uma mistura fluída <strong>de</strong> experiência con<strong>de</strong>nsada,valores, informação contextual e introspecção experimentada, a qual proporciona uma estruturapara a avaliação e incorporação <strong>de</strong> novas experiências e informações.”O conhecimento po<strong>de</strong> estar sob <strong>do</strong>is formatos:• Tácito (subjetivo): conhecimento que o indivíduo adquiriu ao longo da vida, que está nacabeça das pessoas. Geralmente, é difícil <strong>de</strong> ser formaliza<strong>do</strong> ou explica<strong>do</strong> a outra pessoa,pois é subjetivo e inerente às habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma pessoa. É <strong>de</strong> difícil captura, registro edivulgação;• Explícito (objetivo): se refere ao conhecimento que po<strong>de</strong> ser transmiti<strong>do</strong> em linguagemformal e sistemática. É o conhecimento formal, claro, regra<strong>do</strong>, fácil <strong>de</strong> ser comunica<strong>do</strong>.Po<strong>de</strong> ser formaliza<strong>do</strong> em textos, <strong>de</strong>senhos, diagramas, etc. assim como guarda<strong>do</strong> embases <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s ou publicações.Transformar o conhecimento tácito em explícito, tornan<strong>do</strong>-o reutilizável por outras pessoas,não é uma tarefa simples pois, como <strong>de</strong>scrito anteriormente, o conhecimento tácito épessoal e difícil <strong>de</strong> ser articula<strong>do</strong> em uma linguagem formal, já que envolve diversos fatores(emocionais, psicológicos e outros). Para haver a transformação <strong>do</strong> conhecimento e, conseqüentemente,a expansão <strong>de</strong>ste, é necessária uma interação social entre os <strong>do</strong>is formatos <strong>do</strong>mesmo, ou seja, fazer uma “mistura” <strong>do</strong>s conhecimentos tácitos e explícitos. A partir daí, o conhecimentoindividual acumula<strong>do</strong> precisará ser socializa<strong>do</strong> novamente <strong>de</strong> forma a gerar novosconceitos, quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> à novas necessida<strong>de</strong>s.A reestruturação das informações existentes através da classificação, <strong>do</strong> acréscimo, dacombinação e da categorização <strong>do</strong> conhecimento explícito po<strong>de</strong> levar a novos conhecimentos.


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 4A interação entre o conhecimento explícito e o conhecimento tácito resulta em quatromo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> conversão <strong>do</strong> conhecimento, discuti<strong>do</strong>s a seguir e apresenta<strong>do</strong>s na Figura 1, <strong>de</strong>scritapor Nonaka e Takeuchi[16].• Socialização - é o processo <strong>de</strong> compartilhamento <strong>de</strong> experiências entre os indivíduos <strong>de</strong>um grupo e que se <strong>de</strong>senvolve, freqüentemente, por meio da observação, da imitação e daprática. Dessa forma, é possível transferir o conhecimento tácito entre os indivíduos e aassociação <strong>de</strong> um mesmo tipo <strong>de</strong> conhecimento a diferentes contextos individuais;• Externalização - é o processo <strong>de</strong> organização <strong>do</strong> conhecimento tácito em conhecimentoexplícito, por meio <strong>de</strong> metáforas, analogias, conceitos, hipóteses e mo<strong>de</strong>los, permitin<strong>do</strong> acriação <strong>de</strong> conceitos novos e explícitos basean<strong>do</strong>-se no conhecimento tácito;• Combinação - é o processo <strong>de</strong> sistematização <strong>de</strong> conceitos em um sistema <strong>de</strong> conhecimento.Assim, envolve a combinação <strong>de</strong> conjuntos <strong>de</strong> conhecimento explícito (tais como,a classificação, a sumarização, a pesquisa e a categorização das informações) com a utilizaçãoda tecnologia <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> levar à criação <strong>de</strong> novos conhecimentos;• Internalização - é o processo <strong>de</strong> incorporação <strong>do</strong> conhecimento explícito no conhecimentotácito, ou seja, é o mo<strong>do</strong> pelo qual o conhecimento explícito torna-se ferramenta <strong>de</strong> aprendizagem,por meio <strong>de</strong> manuais ou <strong>do</strong>cumentos, e volta a assumir um contexto abstrato esubjetivo para cada membro na organização.Figura 1: O processo cíclico <strong>de</strong> conversão <strong>do</strong> conhecimento2.2 Fundamentos da gestão <strong>do</strong> conhecimentoO conceito <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> conhecimento surgiu no início da década <strong>de</strong> 1990 e logo setornou parte da estratégia empresarial[26]. Diversas <strong>de</strong>finições são apresentadas na literatura,mas, em resumo, a gestão <strong>do</strong> conhecimento é uma coleção <strong>de</strong> processos responsáveis pelacriação, disseminação e utilização <strong>do</strong> conhecimento, visan<strong>do</strong> atingir plenamente os objetivos daorganização[7].Por ser uma área muito abrangente, a gestão <strong>do</strong> conhecimento é tratada atualmente sobdiferentes enfoques <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a área <strong>de</strong> atuação e interesse <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res,estudiosos e profissionais <strong>de</strong> negócio[25]. A seguir, são aborda<strong>do</strong>s alguns termos, e respectivas<strong>de</strong>finições, referentes à gestão <strong>do</strong> conhecimento:• Memória organizacional - é o conjunto <strong>de</strong> to<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> artefatos e <strong>do</strong>cumentos <strong>de</strong> que setem registro na organização.


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 5• Aprendiza<strong>do</strong> organizacional - tem seu entendimento basea<strong>do</strong> num quadro <strong>de</strong> mudançasorganizacionais cuja base <strong>de</strong> conhecimento está centrada em novos valores e novas formas<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r o mun<strong>do</strong>, as pessoas e as organizações.• Ecologia da informação - po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada como o ramo <strong>do</strong> conhecimento que estudao meio no qual a informação se origina, se prolifera, sofre refinamentos e é compartilhadageran<strong>do</strong>, nesse processo, novas informações.• Inteligência competitiva - é uma estratégia para a organização <strong>de</strong>scobrir o que se passano ambiente <strong>de</strong> negócios <strong>do</strong> seu setor, e esse conhecimento dá aos gestores condições <strong>de</strong>tomar atitu<strong>de</strong>s que forneçam à organização vantagem competitiva.Esses termos estão diretamente liga<strong>do</strong>s à gestão <strong>do</strong> conhecimento no ambiente organizacionale a ela compete estabelecer a correta conexão entre as estratégias <strong>de</strong> negócios, o conhecimentoe a tecnologia da informação.Em resumo, a gestão <strong>do</strong> conhecimento apresenta como objetivos:• Tornar acessível gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação corporativa;• Permitir a i<strong>de</strong>ntificação e mapeamento <strong>do</strong>s ativos <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> informações relacionadasa uma certa instituição ou comunida<strong>de</strong>;• Dar apoio à criação <strong>de</strong> novos conhecimentos, visan<strong>do</strong> benefícios administrativos, empesquisas e outros;• Dar utilida<strong>de</strong> e lógica aos da<strong>do</strong>s, transforman<strong>do</strong>-os em informação compreensível e essencialao <strong>de</strong>senvolvimento da instituição.2.3 Da gestão da informação à gestão <strong>do</strong> conhecimentoA tecnologia da informação (TI) possibilita coletar, processar e armazenar da<strong>do</strong>s pelautilização <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> informação, objetivan<strong>do</strong> proporcionar aos toma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão aapresentação <strong>de</strong> informações confiáveis, precisas, oportunas e relevantes[24].A TI representa um papel importante no processo <strong>de</strong> armazenamento e disseminação eficazdas informações. É nesse contexto que a gestão <strong>do</strong> conhecimento atua com o objetivo <strong>de</strong>agregar valores às informações.Drucker[6] refere-se à gestão <strong>do</strong> conhecimento como o passo seguinte à gestão da informação.Com base no pressuposto <strong>de</strong> que a gestão da informação é condição básica e fundamentalpara a gestão <strong>do</strong> conhecimento, é necessário diferenciá-las (Figura 2).


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 6Figura 2: Relação entre gestão da informação e gestão <strong>do</strong> conhecimentoDa<strong>do</strong>s e informação não são conhecimentos, embora muitas vezes sejam consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>scomo tal. Da<strong>do</strong>s representam um conjunto <strong>de</strong> fatos discretos e objetivos sobre eventos, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>ser entendi<strong>do</strong>s numa organização como a matéria-prima básica da informação. A informação,por sua vez, constitui-se <strong>de</strong> um fluxo <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s interpreta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> relevância epropósito[6].Conforme Setzer[27], tem-se as seguintes <strong>de</strong>finições:• Da<strong>do</strong>: é a informação bruta, envolven<strong>do</strong> a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> um objeto ou <strong>de</strong> um evento. Emsi não é <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> relevância, mas é a matéria-prima para a criação da informação.• Informação: são os da<strong>do</strong>s interpreta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> relevância e objetivo, capazes <strong>de</strong>gerar conhecimento.• <strong>Conhecimento</strong>: é <strong>de</strong>riva<strong>do</strong> da informação, sen<strong>do</strong> uma mistura <strong>de</strong> elementos, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> sercompara<strong>do</strong> a um sistema vivo, pois cresce e sofre modificações conforme interage com omeio.A <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> conhecimento é caracterizada como um processo composto por váriasetapas operacionais. Na Figura 2 são apresentadas as três etapas essenciais. Em resumo, a etapa<strong>de</strong> Processamento <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s compreen<strong>de</strong> as funções relacionadas à captação, à organização etratamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s. Esta etapa tem como objetivo a preparação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s para os algoritmosda etapa seguinte, a gestão da informação. Durante a etapa <strong>de</strong> gestão da informação é realizadaa busca por conhecimentos úteis no contexto da aplicação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> conhecimento embase <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s. A etapa <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> conhecimento, tem como objetivo viabilizar a avaliação dautilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong>scoberto [9].Na próxima seção, será apresenta<strong>do</strong> como viabilizar ou representar to<strong>do</strong> o conhecimentoavalia<strong>do</strong> pela etapa <strong>de</strong> gestão <strong>do</strong> conhecimento.3 <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> conhecimentoNas seções anteriores foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s os conceitos <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, informações e conhecimento.Foram apresenta<strong>do</strong>s os motivos da busca pela aquisição <strong>do</strong> conhecimento na atualida<strong>de</strong>.Também foi mostra<strong>do</strong> que para obter, armarzenar e organizar tanta informação e abstrair dasmesmas o conhecimento útil é necessário executar algumas etapas, sen<strong>do</strong> a principal <strong>de</strong>las agestão <strong>do</strong> conhecimento como foi apresenta<strong>do</strong> na Seção 2.1.Os da<strong>do</strong>s são geralmente armazena<strong>do</strong>s em bancos <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s. O conhecimento po<strong>de</strong> serarmazena<strong>do</strong> em estrutura semelhantes. Entretanto, essas estruturas, <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> “bases


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 7<strong>de</strong> conhecimento”, não são como os bancos <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s tradicionais, são bases que constituempartes <strong>de</strong> programas/sistemas computacionais inteligentes ou especialistas. Elas não são umasimples coleção <strong>de</strong> informações. A base tradicional <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s com da<strong>do</strong>s, arquivos, registros eseus relacionamentos estáticos é aqui substituída por uma base <strong>de</strong> regras e fatos e também heurísticasque correspon<strong>de</strong>m ao conhecimento <strong>do</strong> especialista (ou <strong>do</strong>s especialistas) no <strong>do</strong>míniosobre o qual foram construí<strong>do</strong>s os sistemas[13]. Esses sistemas utilizam-se <strong>de</strong> várias técnicaspara a representação <strong>do</strong> conhecimento na memória <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r (regras <strong>de</strong> produção, re<strong>de</strong>ssemânticas, frames etc).Programas <strong>de</strong> computa<strong>do</strong>r são basea<strong>do</strong>s em mo<strong>de</strong>los abstratos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Esses mo<strong>de</strong>lossão onipresentes não só em programas <strong>de</strong> computa<strong>do</strong>r, mas também no pensamento e na linguagemhumana. Quan<strong>do</strong> se programa um computa<strong>do</strong>r, faz-se uma <strong>de</strong>scrição explícita <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo, codifican<strong>do</strong> na linguagem a<strong>de</strong>quada, as regras e fatos, que se consi<strong>de</strong>ra relevantes aocomportamento <strong>do</strong> programa. Este trabalha seguin<strong>do</strong> estas regras e manipulan<strong>do</strong> estas representações.De fato, os computa<strong>do</strong>res diferem <strong>de</strong> outras máquinas porque funcionam manipulan<strong>do</strong>as representações que são formuladas sempre nos termos <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los. Resume-se assim que“não há computação sem representação"[10].A representação que o computa<strong>do</strong>r manipula a fim <strong>de</strong> alcançar as soluções representa ummo<strong>de</strong>lo mental <strong>de</strong> um certo <strong>do</strong>mínio ou mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Essa representação preocupa-secom três tipos <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s[10], como mostra<strong>do</strong> na Figura 3.Figura 3: Relação entre mun<strong>do</strong>, mo<strong>de</strong>lo e representaçãoO mun<strong>do</strong> possui uma infinita riqueza e complexida<strong>de</strong>, das quais só se percebe parte.Um mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> é uma abstração que captura as suas aparências relevantes acerca <strong>de</strong>um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> problema ou tarefa. A representação <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo ou <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> é umconjunto <strong>de</strong> regras e afirmações que expressam o mo<strong>de</strong>lo usan<strong>do</strong> uma linguagem.A seguir, são apresentadas algumas <strong>de</strong>finições, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a Engenharia <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>,no âmbito da Inteligência Artificial.A Inteligência artificial (IA) é a área da computação que estuda o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>programas que se comportam <strong>de</strong> maneira inteligente. É orientada ao entendimento, construçãoe validação <strong>de</strong> sistemas inteligentes, isto é, que exibem, <strong>de</strong> alguma forma, características associadasao que se chama inteligência [10][18]; ou “Inteligência Artificial é a parte da ciência dacomputação que compreen<strong>de</strong> o projeto <strong>de</strong> sistemas computacionais que exibam característicasassociadas, quan<strong>do</strong> presentes no comportamento humano, à inteligência”[1].O <strong>de</strong>senvolvimento real da IA é, na maior parte, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao conceito <strong>de</strong> um sistema computa<strong>do</strong>riza<strong>do</strong>capaz <strong>de</strong> usar uma parcela <strong>do</strong> conhecimento, explicitamente representa<strong>do</strong>, raciocinan<strong>do</strong>sobre seus objetivos, sobre seu ambiente, sobre outros agentes, e mesmo sobre a sipróprio[10]. O campo da IA vai ainda mais além: ele tenta não apenas compreen<strong>de</strong>r, mastambém construir entida<strong>de</strong>s inteligentes. Russell e Norvig[20] <strong>de</strong>finem a IA como o estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 9• Entendimento <strong>do</strong> Domínio: É o primeiro passo na aquisição <strong>do</strong> conhecimento; é umperío<strong>do</strong> <strong>de</strong> familiarização <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio, uma visão <strong>de</strong> muito alto nível <strong>de</strong>ste por parte <strong>do</strong>engenheiro <strong>do</strong> conhecimento. Nessa fase, obtém-se uma <strong>de</strong>scrição geral <strong>do</strong> problema (<strong>do</strong>mínio),uma relação <strong>de</strong> referências bibliográficas importantes e um glossário que <strong>de</strong>screveos termos próprios <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio, símbolos e siglas;• I<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> problema mo<strong>de</strong>lo: Essa fase é a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> exemplos <strong>de</strong> problemasa serem usa<strong>do</strong>s no protótipo inicial, através <strong>de</strong> uma análise em amplitu<strong>de</strong> que <strong>de</strong>vei<strong>de</strong>ntificar uma lista <strong>de</strong> possíveis problemas existentes[8];• Formulação <strong>do</strong>s conceitos <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio:<strong>do</strong>mínio[8];I<strong>de</strong>ntificar as subtarefas que formam o• <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> conhecimento: O Engenheiro <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> <strong>de</strong>ve selecionar umaforma <strong>de</strong> representação <strong>do</strong> conhecimento procuran<strong>do</strong> especificamente mantê-lo em umnível explícito[17];• Implementação <strong>de</strong> um problema mo<strong>de</strong>lo: A forma mais comum é a simulação <strong>de</strong> cenáriosprogressivos. O Engenheiro <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> <strong>de</strong>ve manter uma visão global eextrair o conhecimento que torna-se disponível somente durante o processo <strong>de</strong> resolução<strong>do</strong> problema. A investigação completa <strong>do</strong> problema <strong>de</strong>ve ser em profundida<strong>de</strong>, pois limitaa complexida<strong>de</strong> e permite o acesso a conhecimento <strong>de</strong> baixo nível seqüencialmente[17];• Implementação <strong>do</strong> protótipo: Essa é a fase final. Quan<strong>do</strong> o protótipo já passou por todasas fases anteriores e já está pronto para adquirir conhecimento necessário e adicioná-lo àBase <strong>de</strong> <strong>Conhecimento</strong>[17].Méto<strong>do</strong>s ou técnicas para aquisição <strong>de</strong> conhecimento variam, pois não seguem um protocoloformal. Lira e Fantinato[17] consi<strong>de</strong>ram que as seis melhores classes <strong>de</strong> técnicas comumenteusadas são:• Entrevistas: é a interação entre pessoas on<strong>de</strong> o elicitante é o entrevista<strong>do</strong>r e a fonte<strong>de</strong> conhecimento humano é o entrevista<strong>do</strong>. Baseia-se em uma estratégia <strong>de</strong> perguntas erespostas.• Protocolos: tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> elicitação <strong>de</strong> conhecimento, protocolos <strong>de</strong>vem ser entendi<strong>do</strong>scomo registros externos, usualmente em ví<strong>de</strong>o ou áudio, em tempo real ou retrospectivamente.• Programação Neurolingüística: méto<strong>do</strong> para capturar informações a partir <strong>de</strong> sinais nãoverbais, que representam ativida<strong>de</strong>s internalizadas (visão, audição, etc.) <strong>do</strong> prove<strong>do</strong>r <strong>de</strong>conhecimento.• Traits: a força da maioria <strong>do</strong>s sistemas basea<strong>do</strong> em conhecimento está na habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>selecionar opções, basean<strong>do</strong>-se em características das informações. A maioria <strong>do</strong>s especialistastomam suas <strong>de</strong>cisões com base em atributos <strong>de</strong> objetos, em eventos capazes <strong>de</strong>diferenciar os mesmos <strong>de</strong> outros objetos ou eventos. Traits é a técnica em que o engenheiro<strong>do</strong> conhecimento e o especialista estabelecem fatores e atributos característicos <strong>de</strong>objetos, que são refina<strong>do</strong>s e então incorpora<strong>do</strong>s à aplicação.


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 10• Análise: <strong>de</strong>ve-se analisar e organizar toda fonte <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s explorada, além <strong>de</strong> compará-lacom os objetivos <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio. O objetivo da análise <strong>de</strong> material que fornece conhecimentoé construir representações <strong>de</strong> conhecimento para validação e construção <strong>do</strong> sistema. Éusada para esclarecer situações problemáticas, consi<strong>de</strong>rações alternativas e conjuntos <strong>de</strong>soluções apropriadas.• Aquisição Automatizada: a aquisição manual <strong>de</strong> conhecimento é um processo caro e<strong>de</strong>mora<strong>do</strong>, porém, a utilização <strong>de</strong> ferramentas para aquisição automatizada <strong>de</strong> conhecimentoreduz estes pontos negativos. Uma série <strong>de</strong> módulos integra<strong>do</strong>s realizam algunsaspectos <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> aquisição e representação <strong>de</strong> conhecimento, e geração <strong>de</strong> código.Outro tipo <strong>de</strong> aquisição automatizada é o aprendiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> máquina, on<strong>de</strong> o sistemaconsegue buscar novos conhecimentos a partir <strong>de</strong> bases <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, textos, periódicos queserão digitaliza<strong>do</strong>s, analisa<strong>do</strong>s, sintetiza<strong>do</strong>s e incorpora<strong>do</strong>s a uma base <strong>de</strong> conhecimentoinicial. Este processo emula o processo humano <strong>de</strong> remontar mo<strong>de</strong>los através da captação<strong>de</strong> informações recentes.3.1.2 <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>A manifestação inteligente pressupõe aquisição, armazenamento e inferência <strong>de</strong> conhecimento.Para que o conhecimento possa ser armazena<strong>do</strong> é essencial que se possa representá-lo.A IA tem se esforça<strong>do</strong> para aperfeiçoar o formalismo para a representação <strong>do</strong> conhecimento.A representação <strong>do</strong> conhecimento é uma forma mais a<strong>de</strong>quada para implementação <strong>de</strong>soluções <strong>do</strong>s problemas mais complexos na IA pois, para isso, é necessário uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> conhecimento e certos mecanismos para manipulá-lo[20].A representação <strong>do</strong> conhecimento po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como um conjunto <strong>de</strong> convençõessintáticas e semânticas que torna possível <strong>de</strong>screver coisas. Consiste na utilização <strong>de</strong> linguagensespecíficas, frases ou números que correspon<strong>de</strong>m à <strong>de</strong>scrição ou condição <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>[10]. Háuma enorme quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> técnicas que são utilizadas para po<strong>de</strong>r representar conhecimento.Caberá ao engenheiro <strong>do</strong> conhecimento escolher aquela que melhor se a<strong>de</strong>quar ao problema emquestão.A seguir, são apresentadas três perspectivas no campo <strong>de</strong> representação <strong>do</strong>conhecimento[17]:1. <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> conhecimento como epistemologia aplicada: utiliza como princípio acomplexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> conhecimento, ou seja, envolve-se com o problema <strong>do</strong> conhecimentopressuposto na ativida<strong>de</strong> inteligente e a forma <strong>de</strong> representá-lo em uma base como estruturase programas.2. <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> conhecimento como um módulo <strong>de</strong> pergunta resposta: é a mais baixaexpectativa <strong>de</strong> um módulo <strong>de</strong> representação <strong>do</strong> conhecimento. Provém, no mínimo, duasoperações:Tell (K, F) = Dada uma base <strong>de</strong> conhecimento K, o fato F é soma<strong>do</strong> a ela, resultan<strong>do</strong> emuma nova base K’.Ask (K, F) = A base <strong>de</strong> conhecimento K é examinada sobre um fato F.A resposta, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> paradigma <strong>de</strong> <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> usa<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>ser sim, não ou <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>...


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 113. <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> conhecimento como incorporação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> IA: esta é a visãoconexionista, para a qual há várias unida<strong>de</strong>s interconectadas idênticas que são coletivamenteresponsáveis por representar vários conceitos. Um conceito é representa<strong>do</strong> numsenso distribuí<strong>do</strong> e é indica<strong>do</strong> por um envolvimento em ativida<strong>de</strong>s sobre uma coleção <strong>de</strong>unida<strong>de</strong>sLira e Fantinato[17] citam algumas das características das formas <strong>de</strong> representação <strong>do</strong>conhecimento:• escopo e granulosida<strong>de</strong>: partes <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio consi<strong>de</strong>radas, <strong>de</strong>talhamento.• in<strong>de</strong>terminância e <strong>de</strong>finição das noções primitivas <strong>de</strong> representação: alternativas <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem.• modularida<strong>de</strong>/compreensibilida<strong>de</strong>: agrupamento (clusterização) <strong>do</strong> conhecimento, legibilida<strong>de</strong>.• conhecimento explícito e flexibilida<strong>de</strong>: toda a informação necessária à solução <strong>do</strong> problemana Base <strong>de</strong> <strong>Conhecimento</strong>, e não embutida em outro componente.3.2 Paradigmas <strong>de</strong> <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>Para se representar o conhecimento é necessária a escolha <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s. Alinguagem associada ao méto<strong>do</strong> escolhi<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser suficientemente expressiva (mas não mais <strong>do</strong>que o suficiente) para permitir a representação <strong>do</strong> conhecimento a respeito <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio escolhi<strong>do</strong><strong>de</strong> maneira completa e eficiente.Em tese, uma representação geral como a lógica seria suficientemente expressiva pararepresentar qualquer tipo <strong>de</strong> conhecimento. No entanto, problemas <strong>de</strong> eficiência, facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>uso e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressar conhecimento incerto e incompleto levaram ao <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> paradigmas (ou técnicas <strong>de</strong> representação) e o <strong>de</strong>senvolve<strong>do</strong>r <strong>de</strong>um sistema <strong>de</strong>ve avaliar qual <strong>de</strong>stes se a<strong>de</strong>qua ao problema que ele tem para solucionar. São<strong>de</strong>scritos a seguir alguns paradigmas chave, observan<strong>do</strong>-se que a quantida<strong>de</strong> existente é muitogran<strong>de</strong>[2].• <strong>Conhecimento</strong> procedimental: O conhecimento é representa<strong>do</strong> em forma <strong>de</strong> funções/procedimentos.Estabelece como fazer algo, méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> questionamento; critériospara utilização <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s, algoritmos, técnicas e méto<strong>do</strong>s.• Árvores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão: Conceitos são organiza<strong>do</strong>s em forma <strong>de</strong> árvores.A Árvore <strong>de</strong> Decisão é um <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los mais práticos e mais usa<strong>do</strong>s em inferência indutiva.Este méto<strong>do</strong> representa funções como árvores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. Estas árvores são treinadas<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com um conjunto <strong>de</strong> treino (exemplos previamente classifica<strong>do</strong>s) e, posteriormente,outros exemplos são classifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com essa mesma árvore.As árvores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão classificam instâncias partin<strong>do</strong> da raiz da árvore para algum no<strong>do</strong>folha que fornece a classe da instância. Cada no<strong>do</strong> da árvore especifica o teste <strong>de</strong> algum


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 12atributo da instância, e cada arco alternativo que <strong>de</strong>sce daquele no<strong>do</strong> correspon<strong>de</strong> a um<strong>do</strong>s possíveis valores <strong>de</strong>ste atributo. Uma instância é classificada começan<strong>do</strong> no no<strong>do</strong> raizda árvore, testa o atributo relaciona<strong>do</strong> a este no<strong>do</strong>, segue o arco que correspon<strong>de</strong> ao valor<strong>do</strong> atributo na instância em questão. Este processo é repeti<strong>do</strong> então para a sub-árvoreabaixo até chegar a um no<strong>do</strong> folha [15].Na Figura 5 é apresentada uma árvore <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão típica. Esta árvore <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão classificaos dias para jogar tênis, conforme eles são satisfatórios ou não.Figura 5: Árvore <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão para jogar tênis• Processamento paralelo distribuí<strong>do</strong>: Utiliza-se <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los conexionistas. Consiste emdividir uma tarefa em partes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e na execução <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>stas partes emdiferentes processa<strong>do</strong>res [4].Basicamente é necessário:– paralelizar os algoritmos;– um mecanismo para distribuição <strong>do</strong> processamento pelos diversos processa<strong>do</strong>resdisponíveis;– um mecanismo para troca <strong>de</strong> mensagens (informações e da<strong>do</strong>s) entre os diferentesprocessos.• Esquemas híbri<strong>do</strong>s: Qualquer representação <strong>do</strong> formalismo que emprega a combinação<strong>de</strong> esquemas <strong>de</strong> representação <strong>do</strong> conhecimento.• Regras: Regra é a forma mais conhecida <strong>de</strong> representar conhecimento, usada atualmenteapenas em sistemas <strong>de</strong> pequeno porte[17]. Usam sistemas <strong>de</strong> produção para codificarregras <strong>de</strong> condição-ação.Regras <strong>de</strong> produção: Consiste em representar o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> conhecimento através <strong>de</strong>um conjunto <strong>de</strong> regras. Suas principais características são: modularida<strong>de</strong>, facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>implantação e também a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pacotes <strong>de</strong>sta técnica existentes para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Sistemas Especialistas (SE) 2 .2 SEs são sistemas computacionais que usam as técnicas <strong>de</strong> conhecimento e raciocínio para resolver problemasque normalmente requeiram perícia humana [19].


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 13A representação <strong>do</strong> conhecimento baseada em regras po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificada nas linguagens<strong>de</strong> computa<strong>do</strong>r, que permitem o armazenamento <strong>de</strong> conhecimentos na forma <strong>de</strong> um“SE"«Condição» e “ENTÃO"«Agir ou concluir alguma coisa». Exemplifican<strong>do</strong>[12]:SE um líqui<strong>do</strong> inflamável foi <strong>de</strong>rrama<strong>do</strong> nas instalaçõesENTÃO chamar os bombeirosSE o “PH"<strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> <strong>de</strong>rrama<strong>do</strong> é menor <strong>do</strong> que 6ENTÃO o material <strong>do</strong> líqui<strong>do</strong> é áci<strong>do</strong>.• Lógica: Uma das mais primitivas formas <strong>de</strong> representação <strong>do</strong> raciocínio ou conhecimentohumano.Lógica proposicional: é consi<strong>de</strong>rada a forma mais comum da lógica. Usam-se proposiçõese relações lógicas entre proposições. As proposições po<strong>de</strong>m ser verda<strong>de</strong>iras oufalsas, assim como <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> na Tabela 1 [10][22].Tabela 1: Ilustração da irrelevância <strong>do</strong> valor-verda<strong>de</strong>Valor-Verda<strong>de</strong> Argumento Váli<strong>do</strong> Argumento Inváli<strong>do</strong>condição e conclusãoTo<strong>do</strong>s os homens são mortais To<strong>do</strong>s os números pares sãomúltiplos <strong>de</strong> 2(Verda<strong>de</strong>iro, Sócrates é homem .: to<strong>do</strong>s os múltiplos <strong>de</strong> 2 sãonúmeros paresVerda<strong>de</strong>iro) .: Sócrates é mortal- To<strong>do</strong>s os cachorros são animais.(Verda<strong>de</strong>iro, Falso).: to<strong>do</strong>s os animais são ca-To<strong>do</strong>s os pássaros são humanoschorrosto<strong>do</strong>s os animais são cachorros(Falso, Verda<strong>de</strong>iro) To<strong>do</strong>s os humanos têm pena .: to<strong>do</strong>s os cachorros são animais.: to<strong>do</strong>s os pássaros têm penaTo<strong>do</strong>s os gatos são caninos To<strong>do</strong>s cachorros são gatos(Falso, Falso) to<strong>do</strong>s os caninos têm pena .: to<strong>do</strong>s os gatos são cachorros.: to<strong>do</strong>s os gatos têm penaEm linguagem natural, a premissa e a conclusão são normalmente separadas por palavrastais como “então”, “portanto”, “assim”, e assim por diante. Nos argumentos utiliza<strong>do</strong>s natabela acima, o símbolo “.:” está sen<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> para separar a premissa da conclusão.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os argumentos apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 1, para dizer se são váli<strong>do</strong>s ou inváli<strong>do</strong>s,a forma <strong>do</strong>s mesmos po<strong>de</strong> ser estudada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> assunto das preposições.De fato, um argumento é váli<strong>do</strong> ou inváli<strong>do</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à sua forma e não por causa<strong>de</strong> seu assunto. Isto significa que to<strong>do</strong>s os argumentos com a mesma forma po<strong>de</strong>rão serváli<strong>do</strong>s ou inváli<strong>do</strong>s [10].


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 14Lógica <strong>de</strong> predica<strong>do</strong>s: é consi<strong>de</strong>rada como uma extensão da lógica proposicional. Nalógica <strong>de</strong> predica<strong>do</strong>s os elementos fundamentais são, além <strong>do</strong> objeto, também os seuspredica<strong>do</strong>s[2].• Inferências: Examinam as regras existentes e <strong>de</strong>duzem novos procedimentos quan<strong>do</strong>possível. Existem várias estratégias para inferir novos fatos. Uma <strong>de</strong>las é a “modusponens", a mais comum, na qual se inferem novos fatos na base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> que se oantece<strong>de</strong>nte da regra é verda<strong>de</strong>iro então o consequente é aceito como verda<strong>de</strong>[10].• Re<strong>de</strong>s: <strong>Conhecimento</strong> é representa<strong>do</strong> por um rótulo <strong>de</strong> grafos direciona<strong>do</strong>s cujos nós representamconceitos e entida<strong>de</strong>s, enquanto os arcos representam a relação entre entida<strong>de</strong>se conceitos.Re<strong>de</strong>s Semânticas: São primitivas <strong>de</strong> representação. É a forma <strong>de</strong> representação maisa<strong>de</strong>quada para <strong>do</strong>mínios on<strong>de</strong> problemas po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>scritos como taxonomias, classificaçõescomplexas. Re<strong>de</strong>s semânticas são representadas como um conjunto <strong>de</strong> nós ouno<strong>do</strong>s que são liga<strong>do</strong>s por meio <strong>de</strong> arcos, on<strong>de</strong> cada no<strong>do</strong> representa um objeto, uma entida<strong>de</strong>conceitual ou um evento e cada arco representa o relacionamento existente entrecada par <strong>de</strong> no<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> que cada par <strong>de</strong> no<strong>do</strong>s representa um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fato [20].As re<strong>de</strong>s semânticas foram originalmente projetadas como um meio <strong>de</strong> representar os significa<strong>do</strong>s<strong>de</strong> palavras <strong>de</strong> língua inglesa. A representação em re<strong>de</strong>s inspirou-se no mo<strong>de</strong>lopsicológico da memória humana associativa[19].As re<strong>de</strong>s semânticas também po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidas como um conjunto heterogêneo <strong>de</strong>sistemas. Em última análise, a única característica comum a to<strong>do</strong>s estes sistemas é anotação utilizada - uma re<strong>de</strong> semântica consiste em um conjunto <strong>de</strong> no<strong>do</strong>s conecta<strong>do</strong>spor um conjunto <strong>de</strong> arcos . Os no<strong>do</strong>s em geral representam objetos e os arcos, relaçõesbinárias entre esses objetos. Mas, os no<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m também ser utiliza<strong>do</strong>s para representarpredica<strong>do</strong>s, classes, palavras <strong>de</strong> uma linguagem, entre outras possíveis interpretações,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s semânticas em questão[2].Os nós po<strong>de</strong>m representar objetos, conceitos ou eventos e os arcos <strong>de</strong>finem as relaçõeshierárquicas existentes entre os nós(é-um, tem-um, tipo-<strong>de</strong>, maior-que) ou <strong>de</strong>finem novasentida<strong>de</strong>s(altura, cor). Eles po<strong>de</strong>m estar em diferentes níves: tokens estão nos níveishierárquicos mais baixos e <strong>de</strong>notam indivíduos ou instâncias, e são conecta<strong>do</strong>s por arcosé-um; types são nós <strong>de</strong> níveis hierárquicos mais altos, representam classes ou categorias<strong>de</strong> indivíduos e são abstrações <strong>de</strong>finidas sobre tokens que captam generalizações úteisdaqueles.


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 15Figura 6: Re<strong>de</strong> SemânticaExemplo: Consi<strong>de</strong>re-se a re<strong>de</strong> semântica da Figura 6, que representa conceitos relaciona<strong>do</strong>scom mobiliário. Os arcos é-um e parte-<strong>de</strong> estão <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> a herança <strong>de</strong>proprieda<strong>de</strong>s. Os <strong>de</strong>mais arcos (Dono, Cor, Estofamento) são específicos <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio e,como já foi cita<strong>do</strong> acima, representam proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conceitos.Os nós Pessoa, Mobília, Couro, Preto são exemplos <strong>de</strong> types, os nós Ca<strong>de</strong>ira-27 sãoexemplos <strong>de</strong> tokens e o nó Ca<strong>de</strong>ira é um type e um token ao mesmo tempo, pois está em<strong>do</strong>is níveis.Sen<strong>do</strong> uma simples coleção <strong>de</strong> nós e arcos, essa re<strong>de</strong> é uma estrutura semântica menoscomplexa que os quadros, empregada com um conjunto <strong>de</strong> regras <strong>de</strong> inferência, especialmenteprojetadas para tratar <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> correto os tipos específicos <strong>de</strong> arcos presentes nare<strong>de</strong>[19].Conforme Rover[19] as vantagens das re<strong>de</strong>s semânticas são que as associações po<strong>de</strong>mser feitas <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> explícito e sucinto, isto é, os fatos relevantes acerca <strong>de</strong> um objeto ouconceito po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>duzi<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s nós a que eles estão liga<strong>do</strong>s diretamente, sem umaprocura através <strong>de</strong> uma extensa base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s, à existência <strong>de</strong> meto<strong>do</strong>logias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoe a represetnação natural. As <strong>de</strong>svantagens são que, por ser uma simples coleção<strong>de</strong> nós e arcos, cujas informações estão armazenadas neles <strong>de</strong> forma direta, torna-se umfator <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> formalismo quan<strong>do</strong> objetos bem mais complexos fizerem parte <strong>do</strong><strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> conhecimento a ser implementa<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong> assim, verifica-se que os quadrossão estruturas mais po<strong>de</strong>rosas.• Frames ou Quadros: <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> conhecimento baseada em estruturas, que categorizamo conhecimento em objeto, atributo e valor. <strong>Conhecimento</strong> em objeto é a <strong>de</strong>scriçãobaseada em seus atributos[12].Quadros são muito pareci<strong>do</strong>s com as re<strong>de</strong>s semânticas, exceto que cada nó representaconceitos e/ou situações. Cada nó tem várias proprieda<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m ser especificadasou herdadas por padrão. É a forma <strong>de</strong> se representar o conhecimento <strong>de</strong> um objetoatravés da “observação visual”, ou seja, ten<strong>do</strong>-se uma idéia <strong>do</strong> objeto pré-<strong>de</strong>finida na memória,faz-se a comparação da mesma com aquelas proprieda<strong>de</strong>s que se po<strong>de</strong> observarvisualmente[17].O méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> quadros também está na origem das idéias que levaram às linguagens <strong>de</strong>


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 16programação orientadas a objetos e consistem em sistemas <strong>de</strong> quadros especializa<strong>do</strong>s na<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> seqüências <strong>de</strong> eventos.Em geral, um quadro consiste em um conjunto <strong>de</strong> atributos que, através <strong>de</strong> seus valores,<strong>de</strong>screvem as características <strong>do</strong> objeto representa<strong>do</strong> por eles. Os valores atribuí<strong>do</strong>s aestes atributos po<strong>de</strong>m ser outros quadros, crian<strong>do</strong>-se uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendências entreeles. Quadros são também organiza<strong>do</strong>s em uma hierarquia <strong>de</strong> especialização, crian<strong>do</strong> umaoutra dimensão <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência entre si. Os atributos também apresentam proprieda<strong>de</strong>s,que dizem respeito ao tipo <strong>de</strong> valores e às restrições <strong>de</strong> número que po<strong>de</strong>m ser associa<strong>do</strong>sa cada atributo. Essas proprieda<strong>de</strong>s são chamadas facetas[2].Figura 7: QuadrosExemplo: Quadros <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> um cômo<strong>do</strong> e uma sala são mostra<strong>do</strong>s na Figura 7. Poresta <strong>de</strong>scrição, po<strong>de</strong>-se concluir que uma sala é um tipo <strong>de</strong> cômo<strong>do</strong>, normalmente comquatro pare<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> formato retangular, com um mobiliário específico. As facetas <strong>do</strong>s atributosespecificam os tipos <strong>de</strong> valores espera<strong>do</strong>s e, se for o caso, procedimentos a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>spara calcular o valor <strong>do</strong> atributo [17].Rover [19] diz que as vantagens na utilização <strong>de</strong> linguagens baseadas em quadros, comopor exemplo, Common Lisp, são consi<strong>de</strong>ráveis: capturam a maneira que especialistaspensam a respeito <strong>de</strong> seu conhecimento, fornecem uma representação estrutural concisa<strong>de</strong> relações e dão suporte a uma técnica <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição por especialização que é fácil <strong>de</strong>ser utilizada pela maioria <strong>do</strong>s especialistas.As linguagens baseadas em quadros são particularmentepo<strong>de</strong>rosas, uma vez que as relações taxonômicas entre os mesmos capacitamas informações <strong>de</strong>scritivas serem compartilhadas entre múltiplos quadros - via herança- e também <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato que a estrutura interna <strong>do</strong>s mesmos capacita a manutençãoautomática <strong>de</strong> restrições semânticas.Por outro la<strong>do</strong>, é consenso geral em tecnologia <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> conhecimento que o <strong>do</strong>mínio<strong>do</strong> conhecimento po<strong>de</strong> ser efetivamente utiliza<strong>do</strong> e mais facilmente entendi<strong>do</strong> pelosusuários, se for representa<strong>do</strong> na forma <strong>de</strong>clarativa, ao invés da forma procedimental. En-


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 17tretanto, sistemas basea<strong>do</strong>s em quadros não fornecem facilida<strong>de</strong>s diretas para <strong>de</strong>screver,<strong>de</strong>clarativamente, como o conhecimento armazena<strong>do</strong> nos quadros <strong>de</strong>ve ser utiliza<strong>do</strong> [19].A Figura 8 mostra a representação abstrata da estrutura <strong>de</strong> um frame.Figura 8: <strong>Representação</strong> abstrata da estrutura <strong>de</strong> um Frame4 Consi<strong>de</strong>rações finaisPara não se per<strong>de</strong>r o valor <strong>do</strong> conhecimento adquiri<strong>do</strong> em uma organização é indispensávela utilização <strong>de</strong> sistemas capazes <strong>de</strong> validar esse conhecimento, armazená-lo e disponibilizálopara sua <strong>de</strong>vida utilização e recuperação. É necessário fazer-se uma avaliação das concepçõesepistemológicas com relação às noções básicas que sustentam tais sistemas, como exemplifica<strong>do</strong>aqui com a questão <strong>de</strong> conhecimento tácito e explícito.Os sistemas computacionais capazes <strong>de</strong> representar o conhecimento utilizam técnicas ouméto<strong>do</strong>s como regras, lógica, re<strong>de</strong>s semânticas e quadros para ajudar na organização e aquisição<strong>do</strong> mesmo.Conclui-se que a construção <strong>de</strong>sses sistemas quase sempre exige a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> formasdiferentes <strong>de</strong> representação <strong>de</strong> conhecimento, ten<strong>do</strong>-se em vista as <strong>de</strong>ficiências que estas, isoladamente,possuem. Esses sistemas são produtos da combinação tanto <strong>de</strong> técnicas como <strong>de</strong>formalismos <strong>de</strong> representação diferentes.Regras <strong>de</strong> produção e quadros são <strong>do</strong>is esquemas contrastantes e complementares por representartipos diferentes <strong>de</strong> conhecimento. As árvores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão são mais simples e maisusa<strong>do</strong>s em inferências. O conhecimento procedimental difere das regras, pois utiliza funções/procedimentospara representar o conhecimento no lugar <strong>de</strong> condições. As regras sãoapropriadas para representar implicações lógicas nas quais é possível associar ações com condições.Os quadros são apropria<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>finir termos e <strong>de</strong>screver objetos e as relações entreeles. As re<strong>de</strong>s semânticas, como os quadros, são estruturas <strong>de</strong> finalida<strong>de</strong> geral, nos quais conjuntosparticulares <strong>de</strong> conhecimentos específicos <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio po<strong>de</strong>m ser encaixa<strong>do</strong>s.Quan<strong>do</strong> o objetivo é combinar representações, é preciso focar a atenção tanto nas formas,quanto nos mecanismos, regras, procedimentos e objetos computacionais os quais dão cohecimentoao sistema.Sen<strong>do</strong> assim, a IA está revolucionan<strong>do</strong> o campo da gestão <strong>do</strong> conhecimento, sistematizan<strong>do</strong>a realida<strong>de</strong>, facilitan<strong>do</strong> e levan<strong>do</strong> informações relevantes a to<strong>do</strong>s os gestores que neces-


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 18sitam <strong>do</strong> conhecimento para guiar e gerir uma organização, ou até mesmo, auxilian<strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>rese estudantes na evolução <strong>de</strong> novas pesquisas em vários <strong>do</strong>mínios.5 Agra<strong>de</strong>cimentoAo Prof. Dr. João Carlos da Silva, pela avaliação <strong>do</strong> presente texto e pelas sugestõesfeitas, as quais muito contribuíram para a melhoria <strong>do</strong> texto original.Referências[1] BARR, A; FEIGENBAUM, E. The Handbook of Artificial Intelligence, volume v. I-II.William Kaufmann Inc., Los Altos, California, 1981.[2] BARRETO, J. M. Inteligência Artificial no Limiar <strong>do</strong> Século XXI. Florianópolis,Duplic, 3a. edição edition, 2001.[3] BURNHAM, T. F. Aprendizagem Organizacional e <strong>Gestão</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>. In:Informação, <strong>Conhecimento</strong> e Socieda<strong>de</strong> Digital, Bahia, Jun. 2007. In: Anais <strong>do</strong> VI CIN-FORM - Encontro Nacional <strong>de</strong> Ciência da Computação.[4] CÉLIO ODA MORETTI. Análise <strong>de</strong> Estruturas Utilizan<strong>do</strong> Técnicas <strong>de</strong> ProcessamentoParalelo Distribuí<strong>do</strong>. Master’s thesis, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, USP, 1997.[5] DE HOLANDA FERREIRA, A. B. Dicionário Aurélio. Editora Nova Fronteira, 4 ◦edição edition, 2001.[6] DRUCKER, P. Socieda<strong>de</strong> Pós-Capitalista. Editora Thomson Learning, ed. 1 edition,2001.[7] FILHO, J. T. Gerencian<strong>do</strong> conhecimento: Como a Empresa Po<strong>de</strong> Usar a MemóriaOrganizaçional e a Inteligência Competitiva no Desenvolvimento <strong>do</strong>s Negócios. EditoraSENAC, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2000.[8] FURNIVAL, A. C. Delinean<strong>do</strong> as Limitações: Sistemas Especialistas e <strong>Conhecimento</strong>Tácito. Ciência da Informação, 24(2), 1995.[9] GOLDSCHIMIDT, R; PASSOS, E. Data Mining: Um Guia Prático. Editora Campus,2005.[10] JOHN, S. F. Knowledge Representation: Logical, Philosophical, and ComputationalFoundations. Brooks Cole Publishing Co., Pacific Grove, CA, actual publication dateedition, Aug. 2000.[11] LÉVY, P. As Tecnologias da Inteligência: O Futuro <strong>do</strong> Pensamento na Era da <strong>Informática</strong>.Tradução Carlos Irineu da Costa. Editora 34, Rio <strong>de</strong> Janeiro, ed. 1 edition,1993.[12] MAÑAS, A. V. Administração <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Informação : Como Otimizar a EmpresaPor Meio <strong>do</strong>s Sistemas <strong>de</strong> Informação. Editora Érica, quarta edição edition, 1999.


<strong>Gestão</strong> e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> 19[13] MENDES, R. D. Inteligência Artificial: Sistemas Especialistas no Gerenciamento daInformação. Ciência da Informação, 26(1), Jan./Abr. 1997.[14] MIRANDA, M. L. Organização e <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>: FundamentosTeórico-Meto<strong>do</strong>lógicos na Busca e Recuperação da Informação em AmbientesVirtuais. http://www.portalppgci.marilia.unesp.br/enancib/viewabstract.php?id=274, último acesso em Abril <strong>de</strong> 2007, 2006.[15] MITCHELL, T. Machine Learning. McGraw Hill, USA, 1997.[16] NONAKA, I; TAKEUCHI, H. Criação <strong>de</strong> <strong>Conhecimento</strong> na Empresa: Como as EmpresasJaponesas Geram a Dinâmica da Inovação. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Campus, 1997.[17] RICH, E; KNIGHT, K. Artificial Intelligence. McGraw Hill, USA, 2nd ed. edition, 1983.[18] RICH, E; KNIGHT, K. Inteligência Artificial. Makron Books, São Paulo, 2 a ediçãoedition, 1994.[19] ROVER, A. J. <strong>Representação</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong> Legal em Sistemas Especialistas: OUso da Técnica <strong>de</strong> Enquadramentos. PhD thesis, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina,UFSC, http://www.infojur.ufsc.br/aires/princi.html, últimoacesso em Junho <strong>de</strong> 2007, 1999.[20] RUSSELL, S; NORVIG, P. Inteligência Artificial. Editora Campus, tradução da segundaedição edition, 2004.[21] SCHWABE, D; CARVALHO, R. L. Engenharia <strong>de</strong> <strong>Conhecimento</strong> e Sistemas Especialistas.Editora Kapelusz - EBAI, 1987.[22] SOUZA, J. N. Lógica para Ciência da Computação. Campus, edição 1 edition, 2002.[23] SOUZA, T. F. C. Documento, Informação e <strong>Conhecimento</strong>: Ainda uma Questão.http://www.cinform.ufba.br/vi_anais/<strong>do</strong>cs/TerezinhaSouza.pdf, último acesso em Abril <strong>de</strong> 2007, 2007.[24] TAIT, T. F. C. Um Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Arquitetura <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Informação para o SetorPúblico: Estu<strong>do</strong> em Empresas Estatais Presta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> Serviços <strong>de</strong> <strong>Informática</strong>. PhDthesis, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, UFSC, 2000.[25] TERRA, J. C. C. <strong>Gestão</strong> <strong>do</strong> <strong>Conhecimento</strong>: Aspectos Conceituais e Estu<strong>do</strong> ExploratórioSobre as Práticas <strong>de</strong> Empresas Brasileiras. PhD thesis, Escola Politécnicada USP, http://www.terraforum.com.br/sites/terraforum/paginas/teses/teses.aspx, último acesso em Junho <strong>de</strong> 2007, 1999.[26] WAH, L. Muito Além <strong>de</strong> um Modismo. HSM Management, Ano 4(22), Set./Out. 2000.[27] W.SETZER, V. Da<strong>do</strong>, Informação, <strong>Conhecimento</strong> e Competência . DataGramaZero -Revista <strong>de</strong> Ciência da Informação, n. zero, Dez. 1999.

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