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Guardados da Memória - Academia Brasileira de Letras

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Sylvio B. Pereirasua Antologia Portuguesa, chama-lhe, com assaz <strong>de</strong> justiça, o Tito Lívio Português.Dom Fernando Alvia <strong>de</strong> Castro o compara, com não menos acerto, ao famosoautor <strong>da</strong> Ilía<strong>da</strong>. Francisco José Freire (mais conhecido talvez por CândidoLusitano) discorrendo, nas Reflexões, acerca dos clássicos <strong>de</strong> sua terra,dá-lhe, entre outros gabos, o título <strong>de</strong> Mestre <strong>da</strong> Linguagem Portuguesa. ParaAntônio Pereira <strong>de</strong> Figueiredo, João <strong>de</strong> Barros é aquele, em que mais reluz aeloqüência <strong>da</strong> Língua Portuguesa consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> no seu fundo e que assim mereceBarros ser o Escritor, <strong>de</strong> cuja lição mais se aproveitem todos os que aspirama falar bem a mesma língua. Nicolau Antônio chamou ao estilo <strong>de</strong> tão clarohistoriador luculenta oratorio, Levianae aemulae, etc. Cícero, se fora seu contemporâneo,ou póstero chamar por certo illustris oratio.Muito longe iríamos no enumerar dos louvores a tão conspícuo escrito, aquem cabe a honra <strong>de</strong> haver disciplinado e polido a linguagem, enfadonha e<strong>de</strong>satavia<strong>da</strong>, dos Cancioneiros e <strong>da</strong>s crônicas, que eram então os melhores monumentosliterários. Outro, porém, é o nosso intento. Da leitura, paciente eatenta, <strong>de</strong> tão pomposa obra, vimos tal curiosos exemplos do falar antigo –muitos dos quase, por obra <strong>de</strong> um feliz e sensato ressurgimento, começam aaparecer nas obras <strong>de</strong> alguns bons escritores <strong>da</strong>qui e <strong>de</strong> Portugal – que pensamosnão haja malbarato <strong>de</strong> tempo no transcrever <strong>de</strong> parte <strong>de</strong>les. Poucos sãocertamente os que, nestes tempos, se entregam a leitura e análise dos nossosclássicos. É ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, e ver<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> todos conheci<strong>da</strong>, que os Luíses <strong>de</strong> Sousa e osVieiras, com seres <strong>de</strong> muita castiça e elegante elocução, fazem ao abandono, napoeira <strong>da</strong>s bibliotecas, on<strong>de</strong>, só <strong>de</strong> raro em raro, um ou outro estudioso, an<strong>da</strong>ndo,no novo garimpeiro, á carta do ouro do genuíno e são dizer português,os arranca para o sempre proveitoso manuseio.Tamanha <strong>de</strong>safeição aos velhos e colendíssimos mestres é tanto mais <strong>de</strong> estranharquanto é gran<strong>de</strong> o número dos que por ali an<strong>da</strong>m a jactar-se <strong>de</strong> sabedores<strong>de</strong> português.Este trabalhinho – fruto <strong>da</strong>s nossas vigílias após os labores cotidianos – émais que mo<strong>de</strong>sto e não sonha por si as honras <strong>de</strong> artigo. Não é nenhuma novi<strong>da</strong><strong>de</strong>o que vamos dizer, com permissão dos doutos, cuja benigni<strong>da</strong><strong>de</strong> pedi-250

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