A Descoberta da Estrutura do DNA - Química Nova na Escola
A Descoberta da Estrutura do DNA - Química Nova na Escola
A Descoberta da Estrutura do DNA - Química Nova na Escola
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
18<br />
e Crick para resolver a estrutura foi<br />
<strong>na</strong>quele mesmo outono de 1951. Crick<br />
se encarregou de realizar os cálculos<br />
teóricos fun<strong>da</strong>mentais sobre a difração<br />
de hélices. Nessa mesma época<br />
Watson foi assistir a um seminário de<br />
Franklin no King’s College sobre seus<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong>s de difração; porém, por não<br />
tomar nota <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s<br />
por ela, errou a quanti<strong>da</strong>de de água<br />
estima<strong>da</strong> por Franklin <strong>na</strong>s fibras de<br />
<strong>DNA</strong>. Basea<strong>do</strong>s nessa informação<br />
incorreta, eles decidiram que a hélice<br />
de <strong>DNA</strong> deveria ser composta por três<br />
cadeias de nucleotídeos. Para poderem<br />
obter a regulari<strong>da</strong>de de hélice<br />
observa<strong>da</strong> nos experimentos de difração,<br />
decidiram que os fosfatos estariam<br />
posicio<strong>na</strong><strong>do</strong>s para o interior <strong>da</strong> estrutura<br />
e não, para o exterior. Para compensar<br />
as cargas negativas <strong>do</strong>s fosfatos,<br />
adicio<strong>na</strong>ram ao modelo íons magnésio<br />
no interior <strong>da</strong> hélice (Figura 13).<br />
No ano seguinte, o filho de Linus<br />
Pauling, Peter, foi para Cambridge fazer<br />
<strong>do</strong>utora<strong>do</strong> com Kendrew. Por intermédio<br />
dele, Watson e Crick ficaram saben<strong>do</strong><br />
de um artigo de Pauling descreven<strong>do</strong><br />
a estrutura <strong>do</strong> <strong>DNA</strong> como uma tripla<br />
hélice, à semelhança <strong>da</strong> estrutura em<br />
que estavam trabalhan<strong>do</strong>. Rapi<strong>da</strong>mente<br />
perceberam o erro, pois os fosfatos<br />
para o interior <strong>da</strong> estrutura os tor<strong>na</strong>riam<br />
Figura 14: Empregan<strong>do</strong> as bases desenha<strong>da</strong>s em cartões, Watson percebeu como deveriam<br />
se formar pontes de hidrogênio entre elas e a importância <strong>da</strong> relação de Chargaff. Nesta<br />
figura está ilustra<strong>da</strong> a primeira hipótese <strong>na</strong> qual o número de pontes de hidrogênio entre C<br />
e G é de ape<strong>na</strong>s duas. Posteriormente verificaram a possibili<strong>da</strong>de de se formarem três<br />
pontes entre C e G. Fi<strong>na</strong>lmente, após alguns refi<strong>na</strong>mentos no modelo, chegaram à proposta<br />
fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> estrutura <strong>do</strong> <strong>DNA</strong>.<br />
proto<strong>na</strong><strong>do</strong>s e assim o <strong>DNA</strong> perderia o<br />
seu caráter áci<strong>do</strong>.<br />
Esse erro de Pauling estimulou-os<br />
a retomarem com vigor essa linha de<br />
pesquisa, pois sabiam que não demoraria<br />
muito para Pauling perceber o seu<br />
erro e corrigi-lo. Em uma discussão<br />
com Wilkins no King’s College sobre o<br />
artigo de Pauling, Watson viu novamente<br />
as figuras de difração <strong>do</strong> <strong>DNA</strong> <strong>na</strong><br />
forma hidrata<strong>da</strong> (B), obti<strong>da</strong>s por Franklin,<br />
e ficou saben<strong>do</strong> de sua conclusão<br />
de que os fosfatos deveriam estar <strong>do</strong><br />
la<strong>do</strong> de fora <strong>da</strong> hélice.<br />
Depois de segui<strong>da</strong>s tentativas, em<br />
28 de fevereiro de 1953 Watson fez modelos<br />
<strong>da</strong>s bases (A, C, G e T) em pe<strong>da</strong>ços<br />
de cartão (Figura 14), <strong>na</strong> tentativa<br />
de identificar possíveis mo<strong>do</strong>s de<br />
interação. Percebeu então que os pares<br />
A - T e C - G formavam ligações de<br />
hidrogênio, resultan<strong>do</strong> em pares de<br />
dimensões quase idênticas, o que permitiria<br />
que a hélice se mantivesse com<br />
o mesmo diâmetro, independente <strong>do</strong><br />
pareamento de bases no interior. Esse<br />
arranjo satisfez à regra proposta por<br />
Chargaff, pela qual A = T e C = G.<br />
Depois de trabalharem sobre esse modelo<br />
por mais alguns dias, refi<strong>na</strong>n<strong>do</strong> o<br />
mesmo para que fosse coerente com<br />
os <strong>da</strong><strong>do</strong>s de difração de raios X, eles<br />
chegaram ao modelo fi<strong>na</strong>l (Figura 14).<br />
Pouco depois, em março, Wilkins e<br />
Franklin visitaram o laboratório onde<br />
trabalhavam Watson e Crick para ver o<br />
modelo (Figura 15). Nessa ocasião,<br />
Franklin mostrou seus <strong>da</strong><strong>do</strong>s que inquestio<strong>na</strong>velmente<br />
posicio<strong>na</strong>vam os<br />
fosfatos para fora <strong>da</strong> hélice. Em uma<br />
visita subseqüente de Linus Pauling,<br />
eles mostraram o modelo que foi rapi<strong>da</strong>mente<br />
aprova<strong>do</strong> por Pauling. Em 2<br />
de abril de 1953 submeteram seu mo-<br />
Figura 13: (A) Se sabia que o <strong>DNA</strong> era um polímero de nucleotídeos, onde um nucleotídeo e o seguinte são uni<strong>do</strong>s por uma ligação tipo<br />
fosfodiester. Esse fosfato confere a característica áci<strong>da</strong> ao <strong>DNA</strong>. (B) Primeira proposta de Watson e Crick para a estrutura <strong>do</strong> <strong>DNA</strong>: uma<br />
tripla hélice com os fosfatos no interior e as bases para fora (no modelo, para compensar as cargas negativas <strong>do</strong>s fosfatos, eles introduziram<br />
íons de magnésio).<br />
QUÍMICA NOVA NA ESCOLA A descoberta <strong>da</strong> estrutura <strong>do</strong> <strong>DNA</strong><br />
N° 17, MAIO 2003